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SOCIEDADE CULTURAL E EDUCACIONAL DE ITAPEVA FACULDADE DE CINCIAS SOCIAIS E AGRRIAS DE ITAPEVA
CONTRIBUIES DE MARIA MONTESSORI PARA AS PRTICAS PEDAGGICAS NA EDUCAO INFANTIL
Aldenia Pereira Mota Duarte
Itapeva -So Paulo - Brasil
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SOCIEDADE CULTURAL E EDUCACIONAL DE ITAPEVA FACULDADE DE CINCIAS SOCIAIS E AGRRIAS DE ITAPEVA
CONTRIBUIES DE MARIA MONTESSORI PARA AS PRTICAS PEDAGGICAS NA EDUCAO INFANTIL
Aldenia Pereira Mota Duarte Orientadora Prof Ms. Delcy Lacerda de Oliveira
Trabalho apresentado Faculdade de Cincias Sociais e Agrrias como parte das obrigaes para obteno do ttulo de Licenciatura em Pedagogia.
Dezembro/2014 Itapeva-SP
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"A professora no pode s ensinar. Ela deve ver dentro da alma, para ajudar a criana na sua cura. Ela deve formar a personalidade, no pelo ensino, mas falando sua alma, ao seu esprito, a sua inteligncia,com compreenso, humildade e respeito.
'Maria Montessori'
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"A Deus e as pessoas que sempre estiveram ao meu lado pelos caminhos da vida, me acompanhando, apoiando e principalmente acreditando em mim"
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente a meu bom Deus, pela companhia em todos os momentos de
minha vida;
Dedico esta, bem como todas as minhas demais conquistas aos meus pais,
por me permitirem a vida e a oportunidade do conhecimento, por serem referncia
de tantas maneiras e estarem sempre presente na minha vida de uma forma
indispensvel;
Ao meu eterno namorado, Reinaldo, por toda pacincia, compreenso,
carinho e amor, obrigada por partilhar comigo todos os momentos sendo eles de
tristeza ou alegria. Alm deste trabalho, dedico todo meu amor a voc;
Aos meus irmos e sobrinhas, que nos momentos de ausncia dedicados ao
estudo superior, sempre fizeram entender que o futuro feito a partir da constante
dedicao do presente;
minha querida e amvel Orientadora Prof Msc Delcy Lacerda de Oliveira
, pela dedicao e ateno;
Aos Mestres, que foram muito importantes na minha formao, por me
proporcionarem o conhecimento no apenas racional, mas a manifestao do
carter e afetividade da educao no processo de formao profissional, no
somente por me ensinar, mas por ter me feito aprender;
As minhas amigas pelo companheirismo em todos esses anos, pelos seus
inmeros conselhos, palavras de estimulo e fora e com toda a certeza vocs iro
continuar em minha vida;
A todos que de maneira direta ou indiretamente contriburam para a
construo deste trabalho.
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CONTRIBUIES DE MARIA MONTESSORI PARA AS PRTICAS PEDAGGICAS NA EDUCAO INFANTIL
RESUMO: Este trabalho bibliogrfico buscou debater o mtodo de Maria Montessori e o brincar enquanto instrumentos facilitadores e oportunizadores, para a aprendizagem e construo de valores sociais na educao infantil, contudo, a utilizao de recursos concretos foi discutido enquanto recurso pedaggico essencial das crianas em idade da educao infantil que recebe maior ateno entre dois a seis anos de idade. Observou-se ainda nas discusses apresentadas que as atividades contextualizadas e concretas possuem grande importncia no acesso ao desenvolvimento afetivo, social, motor e intelectual no contexto scio educacional das crianas, sendo assim a manipulao, construo, socializao e o contexto ldico podem contribuir consideravelmente para o desenvolvimento das potencialidades e capacidades das crianas da educao infantil possibilitando aos educadores uma oportunidade muito especial na formao integral das crianas. As anlises tericas concentraram-se em confrontar as teorias dos educadores, bem como seus conhecimentos no contexto deste estudo. Desta forma esse trabalho procurou tornar clara e evidente a importncia da aplicabilidade do mtodo de Montessori e sua relao prxima com a Educao Infantil na formao e respeito a cidadania. Considerando ainda que a Educao Infantil deve ser facilitadora do universo infantil, porm, sem deixar de ressaltar a importncia e a percepo dos educadores enquanto mediadores e conhecedores das necessidades pedaggicas da educao infantil. Toda pesquisa foi fundamentada em diversas referncias bibliogrficas, utilizando-se de livros e diversos artigos disponibilizados na internet, considerando que a pesquisa demonstrou relevante nas concepes e diversas discusses, que foram importantes para compor o texto que melhor atendeu temtica debatida.
PALAVRAS-CHAVES: Aprendizagem Concreta. Educao Infantil. Mediao do
Professor.
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CONTRIBUTIONS OF MARIA MONTESSORI FOR EDUCATIONAL PRACTICES IN CHILDHOOD EDUCATION
ABSTRACT- This literature review aimed to discuss the Montessori method Maria and play instruments and oportunizadores as facilitators for learning and building social values in early childhood education, however, the use of specific resources was discussed as essential pedagogical refuse of age kids education child who receives more attention from two to six years old. We also observed that the discussions presented in contextualized and concrete activities have great importance in access to emotional, social, motor and intellectual development of children in the educational partner, so the handling, construction, socialization and play context context can contribute considerably to developing the potential and capabilities of children from kindergarten educators enabling a very special opportunity in the integral formation of children. The theoretical analyzes focused on confronting the theories of educators, as well as their knowledge in the context of this study. Thus this study sought to make clear and evident the importance of the applicability of the Montessori method and its close relationship with the Early Childhood Education training in citizenship and respect. Considering also that the Early Childhood Education should be a facilitator of the universe of children's education, however, while stressing the importance and perception of teachers as mediators and knowledgeable about the educational needs of early childhood education. All research was based on several references, using books and many articles available on the internet, considering that it was shown in the relevant concepts and various discussions, which were important for composing text that best met the thematic debate.
Keywords: Concrete Learning. Early Childhood Education. Teacher Mediation.
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SUMRIO
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1. INTRODUO ...................................................................................................... 09
2. CONTRIBUIES DE MARIA MONTESSORI PARA AS PRTICAS
PEDAGGICAS NA EDUCAO INFANTIL ............................................................ 11
2.1 Histria da Educao: a corrente Montessoriana .......................................... 11
2.2 Concepes Contemporneas da Educao Infantil ..................................... 12
2.3 Anlise do Discurso Montessoriano na educao Infantil ............................. 17
2.4 Educao Infantil: e suas princpais caractersticas didticas e
metodolgicas ..................................................................................................... 21
3. MATERIAIS E MTODOS ..................................................................................... 30
4. RESULTADOS E DISCUSSES .......................................................................... 31
5. CONSIDERAES FINAIS .................................................................................. 34
6. REFERNCIAS ..................................................................................................... 36
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1. INTRODUO
Este trabalho de pesquisa bibliogrfica teve como objeto de estudo conhecer
e analisar o mtodo montessoriano em associao com o brincar e, suas principais
caractersticas em relao ao desenvolvimento intelectual e social da criana, bem
como a formao de valores sociais desenvolvidos na educao infantil.
Inicialmente as hipteses apresentadas apontavam para a importncia do
Mtodo de Maria Montessori e do brincar enquanto ferramentas ou instrumentos de
desenvolvimento global da criana, contudo, buscou analisar as relaes entre
desenvolvimento infantil e a importncia dos mesmos para esta fase to importante
de desenvolvimento e formao de nossas crianas no contexto social e tambm
educacional.
A justificativa pautou-se nas diversas teorias apresentadas, revelando que a
temtica desta pesquisa precisa ser devidamente conhecida por todos os pais e
educadores comprometidos com a formao integral e social das crianas, uma vez
que ao verificar a aprendizagem concreta possui um papel fundamental no
desenvolvimento infantil, bem como, qual a proposta e valores este trabalho
pretende proporcionar gera diferentes opinies no universo educacional.
Desta maneira pode-se afirmar que o conhecimento conquistado atravs da
experimentao prtica e manipulativa um momento srio para os educadores,
considerando ainda ser fundamental no s para o desenvolvimento intelectual, mas
tambm para o relacionamento social e afetivo da criana, pois os mesmos implicam
em trocas constantes de experincias e adaptaes.
Cabe aos educadores proporcionarem um ambiente descontrado e propcio
sua aprendizagem em relao s propostas e os objetivos, com tudo preciso que
os contedos sejam propostos com intuito de facilitar e proporcionar s crianas
maior ateno e prazer durante as atividades, pois no se pode desconsiderar que
uma prtica educativa prazerosa pode contribuir para que as crianas explorando
seus recursos didticos possam manifestar seus anseios suas vontades e ainda, nos
revelar muito do seu convvio social.
Pode-se considerar a construo do conhecimento realizado pelas prprias
crianas mais do que uma ferramenta importante para educao infantil e que pode
proporcionar uma educao prazerosa utilizando uma diversidade muito grande de
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oportunidades que conduzam ao interesse e ao desenvolvimento emocional, motor e
crtico para a criana.
A construo concreta da aprendizagem ainda proporciona um desafio muito
grande para as crianas, pois elas aprendem com as interaes. Sendo preciso,
portanto, preparar as crianas para situaes onde elas tenham que resolver os
problemas, e isto far parte da sua vida, ou seja, uma atividade educacional pode
preparar uma criana para ser um indivduo com condies necessrias de atuar e
viver em sociedade, sendo, portanto capaz de interagir e compreender o seu meio.
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2. CONTRIBUIES DE MARIA MONTESSORI PARA AS PRTICAS PEDAGGICAS NA EDUCAO INFANTIL
2.1. Histria da Educao: a corrente Montessoriana
Examina-se que a compreenso do mtodo Montessori exige tambm
abranger o caminho de sua autora. A Italiana Maria Montessori nascida no ano1870,
na cidade de Chiaravalle, numa Provncia de Ancona, certamente marcou sua
existncia em funo de suas pesquisas e descobertas cientficas que envolveram
anos de dedicao ao desenvolvimento infantil e respeito criana. Foi a primeira
mulher na Itlia a se graduar como Doutora em medicina, um grande marco para
poca (OLIVEIRA, 2010).
Sua ateno e atuao voltada paixo pela cincia e pela Educao
fundiram-se quando Montessori preparou na Universidade de Roma uma pesquisa
sobre os tratamentos at ento empregados s crianas excepcionais,
compreendendo que durante o perodo da recuperao as crianas se sentiam
tristes, deprimidas como ela mesmo enfatizava, uma vez que a sociedade no
proporcionava nada alm do tratamento mdico que tambm era destinado aos
adultos. Efetivamente seu trabalho teve inicio 1899, num Congresso Pedaggico que
ocorreu na cidade italiana de Turim, onde Montessori exps seu trabalho de
Educao Moral, onde ela ressaltava suas pesquisas e conhecimentos adquiridos
com suas pesquisas de que as crianas deficientes no podem ser ignoradas
socialmente, mas sim que devem ser includas, pois o ganho seria para todos
(POMBO, 2014).
Imediatamente aps o Congresso houve uma grande repercusso que induziu
o Ministrio de Educao da Itlia a amparar as experincias propostas por
Montessori com crianas internadas em asilos para crianas que eram intitulados
anormais ou portadoras de qualquer deficincia que as impedissem de frequentar as
escolas normais. A Escola Ortofrnica na cidade de Roma foi o ponto de partida
para as pesquisas que mudariam o curso da histria destas crianas que chegaram
a um extraordinrio nvel de aprendizagem, induzindo Montessori a completar seus
estudos cientficos como um admirvel recurso construdo em prol das crianas
consideradas anormais na poca (OLIVEIRA, 2010).
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O mtodo Montessoriano passou a ser um novo mtodo educacional que
ampararia as crianas a se desenvolverem de modo pleno. Maria Montessori se
dedicou a estudar Psicologia e Filosofia, tornando-se em 1904 a professora titular de
Antropologia da Universidade de Roma. Em 1907, fundou sua primeira Casa Dei
Bambini, uma instituio para crianas de um bairro pobre e de classe proletria,
apresentando resultados surpreendentes, e seu trabalho ganhou uma rpida
divulgao por todo mundo. Em 1910 Montessori escreve seu primeiro livro
intitulado: O Mtodo da Pedagogia Cientfica, esta obra torna seu trabalho popular
mundialmente (POMBO, 2014).
Toda essa expressividade da filosofia montessoriana permitiu que em 1913,
Maria Montessori ministrasse seu 1 Curso de Formao para Professores. Deste
modo, o seu mtodo ganhou mais popularidade. Este foi o inicio da escrita de
diversas obras que ampararam sua teoria e pesquisas. Com a Segunda Guerra
Mundial, Montessori foi obrigada a fugir para a Holanda e Espanha onde prosseguiu
seu trabalho. Durante os anos de 1939 e 1947 foi morar na ndia, como exilada,
onde concretizou uma profunda amizade com Mahatma Ghandi, Javara Nehru e
Rabindranath Tagore. Ao trmino da Segunda Guerra Mundial em 1947, ela ganhou
o convite do governo italiano e regressou Itlia. Permaneceu a dar cursos em
vrios pases e se tornou uma Cidad do Mundo, com grande reconhecimento da
UNESCO, sendo indicada por duas vezes ao Prmio Nobel da Paz, ou seja, sendo
reconhecida por seus estudos e pesquisas em prol da melhoria de vida de toda
sociedade (OLIVEIRA, 2010).
O mtodo de Montessori objetiva desenvolver a globalidade da
individualidade infantil, e no exclusivamente suas capacidades mentais. Ele
tambm se preocupa com as capacidades de iniciativa, de resoluo de problemas
sem que este possua interdependncia componentes emocionais (POMBO, 2014).
2.2. Concepes Contemporneas da Educao Infantil
Inicialmente preciso descrever um conceito de Educao, que permite uma
amplitude que atende em especial a Educao Infantil, pois neste universo que o
educador e o aluno convivem com situaes diversificadas e que pode se beneficiar
do aprendizado, para dialogar de maneira competente com a comunidade, aprender
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a respeitar e a ser respeitado, a ouvir e a ser ouvido, a reivindicar direitos e a
cumprir seus deveres, participando desta maneira ativamente dos seus direitos,
tanto da vida cientfica, cultural, social e poltica que a escola pode lhe proporcionar
(VYGOTSKY, 2002).
Porm, a Educao Infantil recebe diversas definies, porm a Educao
Infantil na atualidade atende as crianas de zero a cinco anos em escolas com
caractersticas prprias, uma vez que esta demanda crescente e ocorre de
maneira bastante acelerada, seja em decorrncia da necessidade da famlia de
contar com um local que se encarregue do cuidado educacional de seus filhos
pequenos, especialmente porque estes pais necessitam trabalhar fora de casa
(FRAUCHES, 2002).
De acordo com a histria recente, sobretudo a mo-de-obra feminina
comeou a ser indispensvel, na composio da renda das famlias. Observa-se
ento, que a educao infantil no Brasil um reflexo da transformao social e da
reestruturao familiar (MORAES, 2002).
A expanso da educao infantil principalmente no Brasil vem acontecendo
em passo acelerado nas ltimas dcadas, acompanhando a intensificao da
urbanizao, a participao cada vez mais intensa da mulher no mercado de
trabalho, o que por sua vez deriva de mudanas na reorganizao da estrutura
familiar. possvel advertir que a sociedade est mais consciente das necessidades
de se atender a criana na primeira infncia, o que gera a necessidade de criar uma
rede educacional que atenda as crianas de zero a seis anos. preciso considerar
tambm que no Brasil existem diferenas regionais considerveis, o que torna a
Educao, um contexto bem diversificado, devido as diferenas sociais sofridas em
regies mais empobrecidas (BRASIL, 1998).
Uma escola de educao infantil tem como funo principal a promoo da sade da criana de 0 a 6 anos, permanecendo disposio de pais em tempo parcial de 4 horas por dia ou at 14 horas (em pases desenvolvidos ou no), que estejam impossibilitados de dar aos filhos todos os cuidados que lhes so devidos diariamente (MORAES, 2002, p.25).
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil
(RCNEI, 1998) a educao infantil e considerada como a primeira etapa da
educao bsica, tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criana at
seis anos de idade. Evidentemente que a relao educadores e alunos est
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intimamente ligados com os laos familiares e com o meio social onde aluno est
inserido, desta forma ao buscarmos um bom entendimento nesta relao.
fundamental que a sociedade esteja comprometida e consciente de suas
responsabilidades no propsito de se efetivar um dilogo onde o objetivo no seja
apontar para eventuais culpados, e sim, efetivamente fazer com que a participao
de cada membro seja propor novos caminhos na busca por resultados que
impliquem numa educao de qualidade para todas as crianas, evidentemente que
os desafios so muitos, porm apenas uma sociedade disposta pode alcanar os
melhores resultados (BRASIL, 1998).
A educao infantil enquanto instituio formada por adultos, mas
principalmente pelas crianas. Deste modo um espao coletivo de convivncia,
onde devem acontecer diversas interaes das crianas, no seu prprio grupo e
tambm entre adultos. Possivelmente o principal objetivo educacional seja realizar e
permitir que estas interaes possam ser frutferas, no sentido de permitir ao
professor mediador sua base de formao considerando que estas devem estar
pautadas e fundamentadas nos valores sociais que fundamentam e do suporte a
proposta pedaggica (BRASIL, 2009).
Segundo o RCNEI (1998),examina-se que:
A Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, (LDB) Lei no 9.394, promulgada em dezembro de 1996, estabelece de forma incisiva o vnculo entre o atendimento s crianas de zero a seis anos e a educao. Aparecem, ao longo do texto, diversas referncias especficas educao infantil. No ttulo III, Do Direito Educao e do Dever de Educar, art. 4o, IV, se afirma que: O dever do Estado com educao escolar pblica ser efetivado mediante a garantia de atendimento gratuito em creches e pr-escolas s crianas de zero a seis anos de idade. Tanto as creches para as crianas de zero a trs anos como as pr-escolas, para as de quatro a seis anos, so consideradas como instituies de educao infantil. A distino entre ambas feita apenas pelo critrio de faixa etria (BRASIL, 1998, p.12).
Enquanto a criana permanece na escola, o controle e a preservao da
sade so de responsabilidades da direo do estabelecimento, cuidando da
higiene, proporcionando alimentao adequada, condies de recreao, de
repouso, etc. No se trata de apenas cuidar, mas de garantir que a criana receba
todos os cuidados necessrios sua faixa etria, o que significa que os profissionais
que trabalham na educao infantil devem receber formao e condies para
realizarem seu trabalho da melhor forma possvel (MORAES, 2002).
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De acordo com o RCNEI (1998), a conjuno desses fatores ensejou um
movimento da sociedade civil e de rgos governamentais para que o atendimento
s crianas de zero a seis anos fosse reconhecido na Constituio Federal de 1988.
A partir de ento, a educao infantil em creches e pr-escolas passou a ser, ao
menos do ponto de vista legal, um dever do Estado e um direito da criana, uma vez
que a educao infantil no se trata de uma instituio assistencialista, ou seja,
uma responsabilidade formalizada e prevista em lei. No passado buscaram-se
formas de atendimento s crianas menores enquanto seus pais no pudessem se
incumbir desta tarefa. (BRASIL, 1998).
Com o surgimento de creches domiciliares para as crianas filhas de
operrios. A camada mais pobre da populao s era beneficiada desta forma,
enquanto que a classe de mes mais ricas j proporcionava a seus filhos locais
chamados de centro de cuidados diurnos s crianas de 0 a 6 anos de idade. Mais
tarde, o servio social da indstria assumiu este trabalho, passando a auxiliar as
creches domiciliares mediante o seu cadastramento junto quele rgo associativo
(MORAES, 2002).
No Brasil, as iniciativas de criar vagas e atender as mes que precisavam de
vagas surgiram na iniciativa privada, entretanto, por presses e cobranas sociais
estas vagas precisavam aumentar e atender a diversas outras classes de
trabalhadoras (BRASIL, 1998).
Sendo assim, aos poucos, a mulher vem se qualificando em tarefas fora do
lar, abrindo vagas para outras tantas substitutas de seus afazeres domsticos. Ao
sair de sua casa, a lacuna preenchida pela empregada domstica, a bab e outros
tantos profissionais cujas atividades esto ligadas a este segmento. Isto ocorre, no
entanto, somente quando a famlia tem condies de contratar os servios
essenciais para a manuteno de suas casas. Considerando que a mulher vem,
cada vez mais, contribuindo para o desenvolvimento do nosso pas (MORAES,
2002).
Porm, o Estado tambm procurou assegurar e garantir direitos as mes
trabalhadoras criando leis que foravam as indstrias ou empresas com nmero
maior de funcionrias a criarem em suas dependncias um local onde as crianas
da faixa etria de 0 a 6 anos fossem atendidas em regime de creche. Contudo, foi
facultado s empresas, caso no possussem local apropriado, conveniar-se com
creches que estivessem prximas do local de trabalho. Determinadas empresas
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aceitaram prontamente tal imposio, por garantir que os custos com a produo
feminina ainda so bem mais baratos do que a masculina. Mas, neste mesmo
perodo tambm houve por parte do Estado, as primeiras iniciativas de liberar verbas
governamentais diretas s creches, o que de certo modo permitiu e facilitou a
criao de muitas entidades, porm, existia a vaga, mas a qualidade ainda deixava
muito a desejar (BRASIL, 1998).
Segundo o RCNEI (1998), existe obrigatoriedade e prioridade para o ensino
fundamental, entretanto permitida a atuao em outros nveis de ensino quando
estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua rea de competncia e
com recursos acima dos percentuais mnimos vinculados pela Constituio Federal
manuteno e desenvolvimento do ensino.
Ultimamente, de acordo com Moraes (2002), a reforma administrativa, aponta
para um novo avano, que permite aos municpios, nas atribuies de suas
secretarias de educao municipais, controlar e executar seus prprios projetos
voltados ao atendimento de crianas em escolas infantis, possibilitando e exigindo
que as crianas sejam beneficiadas, porm, observa-se que as mes que trabalham
fora tenham prioridade para as vagas, sendo preciso destacar que a educao
infantil no apenas um direito da me, mas sim da criana, que precisa ter suas
necessidades scio educativas atendidas.
Segundo Freitas (2012), frente a esta realidade, os mediadores podem
trabalhar diversos valores no contexto educacional, embora os valores devem estar
presentes na vida das pessoas tambm no ambiente social, pois se a escola procura
formar para a vida, ento se pode entender com valores tudo que est relacionado
com o respeito vida, natureza, raas, etnias, cultura, origem, dentre outros,
ressaltando que cada ser humano possui caractersticas nicas, deste modo so
diferentes, embora cada criana ou cada adulto possua sua identidade e carregue
consigo uma histria de vida.
Evidentemente, existem sim outros temas a serem abordados, e um deles a
equidade, este termo que est vinculado igualdade e justia entre todas as
camadas sociais, e est previsto na prpria Constituio Brasileira, mesmo porque a
Carta Magna afirma que todos so iguais perante a lei. Deste modo, todos tambm
se tornam responsveis pelo convvio social, pois este esprito de aceitao e co-
responsabilidade, participativa deve ser pautado em valores de convivncia social,
ainda que os valores tambm esto diretamente associados a uma disciplina que
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conduza a um comportamento adequado, a um julgamento sereno e imparcial,
noo do dever, aplicao, aos compromissos, a hbitos e atitudes com valores
morais e sociais positivos (ANDRADE, 2009).
Partindo desta perspectiva de mudana, a educao infantil se torna um
exerccio para a cidadania. Porm, os valores so formados pela famlia e
educadores onde deve prevalecer convvio dirio saudvel e feliz, pois no basta
apenas ensinar quais so os valores, uma vez que o exemplo e a vivncia passam a
demonstrar como vive e se relaciona cada pessoa (FERREIRA, 2010).
O educador deve reforar ainda acerca da responsabilidade social,
destacando outro valor humano que deve ser firmemente abordado que a
solidariedade, esse um ato que evidencia amor fraternal queles que necessitam,
e neste exato momento que a criana aprende a se doar sem esperar nada em
troca. Pois a nica coisa que realmente interessa conseguir ajudar outro
semelhante que precisa (FREITAS, 2012).
O educador tem a obrigao de motivar que ser honesto, no sinnimo de
ser bobo, e sim significa ser justo e proporcionar grande paz interior. Ao lado de
todos os valores citados, se pode ainda acrescentar a tica, expresso que possui
diversos significados todos conectados ao modo correto de um ser humano realizar
seus atos, que devem respeitar a si prprio e a sociedade de maneira geral
(FERREIRA, 2010).
2.3. Anlise do Discurso Montessoriano na educao Infantil
Montessori em seu mtodo destaca que toda atividade tem um papel
importante e que a organizao do ambiente deve ser adequada para atrair a
ateno das crianas, propiciando a livre atividade articulada aos interesses que so
peculiares e naturais de toda criana. Este mtodo destaca em sua teoria, a
necessidade da estruturao de um ambiente apropriado justamente s
necessidades das crianas, o que evidentemente exige adaptao de propores,
pois tudo deve estar mo, ou em condies para que a criana possa pegar ou
tocar quando desejar.
O mtodo se inicia pelo cultivo da ateno, despertando a vontade,
articulando a inteligncia e a imaginao criativa para que a criana possa manipular
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o que est ao seu redor. Montessori defende a autoaprendizagem baseando-se na
organizao das classes como ambientes facilitadores (BUSQUETS, 2003).
Deste modo, considera a organizao do ambiente um fator facilitador
tambm para a educao moral da criana, e que cada criana deve respeitar os
objetos e a individualidade alheia de seus respectivos companheiros de sala. Ela foi
uma das educadoras que conduziram a bandeira pela adaptao do ambiente
educacional, recomendando uma adaptao da sala de aula para atender as
necessidades da infncia, com mveis e materiais prprios, ou seja, tudo deveria ter
tamanho e proporo para a utilizao das crianas (POMBO, 2014).
As escolas que empregam este mtodo constata-se que crianas de
diferentes faixas etrias podem conviver num mesmo espao, ou dentro de uma
mesma sala de aula, uma vez que o trabalho ocorre de maneira individual, ou seja,
respeitando o ritmo e os interesses de cada criana em particular. Observa-se neste
sentido uma limitao ao mtodo, especialmente em classes numerosas, o que
tornaria quase impossvel o acompanhamento do professor ou mesmo a disposio
dos objetos pedaggicos. A organizao adequada de um ambiente planejado
estabelece como um ensino dos princpios de seu mtodo e revelam um clima de
equilbrio entre a liberdade individual e a necessidade do grupo, porm esse grupo
deve ser formado por um grupo reduzido de alunos (MORAES. 2002).
O mtodo inspira o respeito mtuo e mesmo cada criana sendo responsvel
pela realizao de suas atividades, elas podem interagir, j que um dos principais
objetivos do mtodo preparar o aluno para ser livre, porm estando apto para as
prticas sociais. Contudo, ainda que o convvio social entre diferentes idades possa
ser preservado, observa-se que o mtodo conduz sempre a participao e resoluo
dos problemas (OLIVEIRA, 2010).
Outra implicao deve ser advertida, pois no caso de insero de um aluno
que j possui experincia em outros mtodos, pode ser conflitante conviver com
diferentes idades, ou mesmo se adaptar a este nvel de autonomia, o que implica
num olhar muito prximo do educador para conduzir esta adaptao. Para isso,
necessrio que o aluno esteja pronto para lidar com esta autonomia mediante a
obteno de nveis progressivos de independncia fsica e afetiva, o que pode
conduzir auto-estima e independncia de vontade e pensamento. Nas concepes
pedaggicas cientficas utilizadas por Montessori, a criana um ser de infinitos
potenciais, podendo ser comparado a um explorador, onde tudo novidade, e onde
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tudo deve ser explorado (BUSQUETS, 2003).
A postura do professor mediador deve ser a de guia para este pequeno
explorador que deve caminhar seguramente com a ateno em suas atividades,
evitando assim desgastes e eventuais desvios que possam atrapalhar seus avanos
em direo ao conhecimento e domnio do espao, so quesitos bsicos para que o
aluno se desenvolva dentro desta proposta de educao. Enfatiza-se o aprender a
manejar corretamente todo material, sabendo onde busc-lo, devolv-lo ao lugar
correto, preserv-lo, orden-lo, e auxiliar na limpeza da classe aps as atividades
tambm devem fazer parte da rotina das crianas. Esta organizao implica numa
ateno redobrada, pois as crianas tendem a deixar os materiais em qualquer lugar
em decorrncia de pegar outro. O mtodo de Montessori estima muito a organizao
do ambiente como artifcio para que a criana possa se desenvolver integralmente
suas aptides mantendo a organizao do entorno, uma vez que tudo deve estar em
perfeita ordem, no que se refere ao tempo e espao (MORAES, 2002).
Os mediadores preparam o ambiente antes do incio da aula facilitando a
criana atividade autnoma, o educador deve desde o inicio ensinar a criana a
controlar e a se apropriar desse espao. Montessori confiava que a criana tem
condies de desenvolver suas potencialidades sem a ajuda dos adultos desde que
sejam estimuladas, e no cobradas. Nas salas de aula, o material distribudo no
espao de acordo com a proposta de ensino-aprendizagem, onde se destacam os
eixos propostos por Montessori: vida prtica, psicomotricidade, vida sensorial e um
canto para leitura. Cada material tem um lugar especfico, assim as crianas
aprendem o ambiente estabelecendo uma relao de segurana e calma quanto ao
espao que convivem. O professor educador deve preparar o espao para que a
criana localize tudo o que precisa com o mximo de autonomia possvel (POMBO,
2014).
Examina-se neste momento que se torna fundamental que seja estabelecida
e construda uma relao de autonomia onde prevaleam as regras que precisam
ser respeitadas por todos na sala de aula focando o bem comum e um clima de
harmonia. Dentre as regras, recebem destaque retirar o material coloc-lo no lugar
correto ou de origem, aprender a manipular o material corretamente, transport-lo,
mover as cadeiras e mesas sem fazer barulho, fechar as portas sem bater, regar as
plantas, enfim tudo que possa preservar a autonomia sem atrapalhar o outro.
(BUSQUETS, 2003).
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Verifica-se que entre outras regras que so transmitidas pelo professor ao
longo de seu trabalho com os alunos prevalea sempre o respeito para com o outro,
uma vez que Montessori enfatizava a interao num ambiente organizado, onde a
criana possa desenvolver alm de uma relao de autonomia e liberdade, tambm
responsabilidade frente a suas atitudes e escolhas. Este ambiente necessita ser
muito organizado para que as crianas possam situar-se em seu mundo sem
depender dos outros. Neste ponto o mtodo deixa uma lacuna, pois ele deixa de
agregar ao convvio social e isola cada criana em seu respectivo espao,
reforando acentuadamente a individualidade num ambiente onde o coletivo tambm
muito importante. Apesar de ter insistido em provar a legitimidade de seu mtodo
para todas as etapas da formao, sua aplicao demonstrou mais xito na
educao infantil e na aprendizagem da leitura e da escrita, ou seja, em fases onde
as crianas so mais egocntricas, ou em atividades que devem ser realizadas
individualmente. As crianas so combinadas ao meio atravs das instrues dadas
pelos mediadores, sendo estimuladas a participarem desde a arrumao e
manuteno do ambiente at outras atividades que ordenem colaborao e trabalho
em grupo, o que nem sempre acontece, pois alguns tendem a deixar que outros
realizem suas tarefas, deste modo o mediador deve estar muito atento (MORAES,
2002).
Para demonstrar um pouco da complexidade e organicidade dos materiais
utilizados por Montessori, existe uma classificao dos materiais, de acordo como
estes materiais sero utilizados no desenvolvimento para a vida prtica, materiais de
desenvolvimento destinado educao sensorial e materiais de desenvolvimento
para a aquisio de cultura. A rotina das crianas com o mtodo Montessori
repartida em momentos (BUSQUETS, 2003).
Dedicam-se as atividades da vida cotidiana assim denominada por
Montessori, aprendendo a higiene pessoal como: lavar as mos, a assuar o nariz,
utilizar o banheiro, organizar seus pertences, comer corretamente. Estas atividades
objetivam desenvolver a autonomia nas crianas, fazendo com que se tornem
independentes dos adultos, descobrindo o tanto de atividades que podem realizar
sozinhas. Esses aprendizados fazem a criana se sentir segura e capaz de realizar
suas tarefas e desenvolver suas habilidades fsico-motoras. Atividades como vestir-
se, despir-se, banhar-se, pentear-se e todas as questes relacionadas com o
cuidado e higiene pessoal so condies fundamentais de realizao prtica contida
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na proposta montessoriana. Normalmente estes materiais so dispostos no canto
das atividades e na casinha de bonecas onde a criana pode vivenciar diversas
tarefas e papis vividos no convvio com sua famlia (POMBO, 2014).
J o material sensorial disposto segundo a qualidade dos corpos, ou seja,
tamanho, cor, textura, peso, temperatura, dimenso, etc. Dentre esses materiais ela
utiliza os encaixes geomtricos, cubos, blocos, barras, etc. Estes materiais
beneficiam o desenvolvimento da atividade motora e o desenvolvimento visual,
normalmente so no geral fabricados em madeira ou plstico, utilizam cores,
tamanhos e formas especficas, eles visam o despertar da criatividade, a fixao de
formas, a ordem, noo de limites, o equilbrio e o domnio psicomotor
(BUSQUETS, 2003)
2.4. Educao Infantil: e suas as princpais caractersticas didticas e metodolgicas
A educao o principal meio de integrao das crianas com a sociedade,
no entanto, pode se verificar que existe certa resistncia por parte de algumas
famlias que acreditam que a Educao Infantil possa ser dispensada, pois a criana
apenas brinca na escola. Nesta situao, muitas crianas acabam sendo excludas
da Educao Infantil, o que evidentemente implica num grande erro (RABIOGLIO,
1995).
Pode-se verificar que a experincia de conviver com outras crianas traz
benefcios sociais muito importantes para a socializao desta criana Os adultos e
os colegas ganham com o aprendizado sobre a diferena, descobrindo que h lugar
para todos e que h formas diferentes de ver o mundo e de interagir com ele, pois
amplia-se o olhar sobre o indivduo e sobre si mesmo. Aprende-se que h diversas
formas de ser, sendo assim desenvolve-se nova percepo e compreenso da
prpria vida em sociedade (BRASIL, 2003).
De acordo com Gadotti (2003) torna-se fundamental que o professor de
Educao Infantil tenha como parmetros para suas prxis pedaggica esta teoria.
Pois, sabe-se que alguns fatores isolados ou somados interferem na aquisio de
habilidades educacionais que so pilares bsicos para o intercambio cultural, quanto
influncia mtua educativa, para as prticas instrucionais como o manejo de
instrumentos nas atividades de vida diria, como por exemplo, a higiene pessoal,
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alimentao, a dificuldade de convivncia e socializao, nas brincadeiras prprias
de cada fase de desenvolvimento, no desenhar e no escrever.
De acordo com Gianino (2001), as crianas so dotadas de muita
sensibilidade e podem perceber se o tratamento ou a ateno do mediador
diferenciado diante das outras crianas, ou mesmo, se o professor estabelece
comparaes em relao as habilidades ou capacidades que eventualmente uma
criana possa ter em relao as demais. O ambiente fsico social apresentam as
crianas questes que podem romper com seu estado de equilbrio orgnico,
consequentemente seu estado emocional ser comprometido e sua autoestima
poder sofrer consequncias provocando at mesmo dificuldades de adaptao, ou
seja, as crianas que so desconsideradas, ou impedidas de exercer seu papel em
relao a participao em mbito coletivo, isto pode ser observado em alunos tidos
como normais, que por serem discriminados passam a ter comportamentos
antissociais, e as vezes at agressivo (GIANINO, 2001).
Conforme se pode observar, no universo infantil bem como a aprendizagem
esto transversalmente ligados, pois autoestima e valorizao da criana, devem ser
prioridades no trabalho com a educao infantil, j que a capacidade de ao e
inteirao do infante pode desenvolver sua autoestima (BRASIL, 2003).
Ainda segundo Taille (2000, p.24), a autoestima o elo entre o gostar e o
aprender, o partir e o chegar, o perder e o achar. Ela est ao alcance de quem
consegue enxergar, seguramente, a ponte entre o sonho e a realidade.
Educar um desafio que incide sobre um fator muito sensvel, ligado as
emoes envolvidas neste processo. Os recursos fsicos e os meios materiais para a
realizao de uma educao de qualidade dependem do desenvolvimento de novas
atitudes e formas de interao no processo educacional, exigindo mudanas no
relacionamento de todo o contexto escolar como: relacionamento pessoal e social e
a maneira como se realizam os processos de ensino e aprendizagem (VYGOTSKI,
1991).
Sendo assim, a Educao Infantil benfica para todas as crianas, pois os
alunos podem desenvolver melhor sua anlise pela diversidade, o que revela
crescente responsabilidade e ficando melhores preparados para a vida adulta em
sociedade. A estimulao correta pode proporcionar e facilitar a aprendizagem e
socializao da criana, isto j ocorre no ambiente familiar quando se oportuniza
novas experimentaes, porm na escola a criana possui oportunidades de se
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socializar com outras crianas e aumentar suas vivncias, atravs da explorao de
suas relaes pessoais (VYGOTSKI, 1991).
De acordo com Moyles (2006), constata-se que:
O brincar fundamenta grande parte da aprendizagem das crianas pequenas. Para que o seu valor potencial seja percebido, algumas condies precisam ser satisfeitas. Essas condies incluem adultos sensveis e informados, uma cuidadosa organizao e um planejamento para o brincar, avaliaes que permitam a continuidade e a progresso e, acima de tudo, comprometimento com a ideia de que o brincar uma atividade de status elevado na educao de crianas pequenas (MOYLES, 2006, p.95).
Contudo na constatao de Kishimoto (2008), as atividades ldicas esto
mais presente nos processos educativos escolares, o que pode proporcionar grande
inteirao e socializao natural entre as crianas. no brincar que a criana poder
estabelecer um relacionamento mais estreito com seus amigos, mas nota-se que
algumas crianas possuem dificuldade em se relacionar, ou mesmo em se fazer
parte do grupo.
Deste modo a habilidade e competncia do professor mediador podem ser
muito eficiente e enriquecedora para a criana, pois, reconhecer o brincar e seu
papel na Educao Infantil pode contribuir muito para o desenvolvimento das
crianas. Desta maneira, o brincar proporciona as crianas aprenderem com prazer
e se socializando, e que negligenciar ou ignorar o papel do brincar como um meio
educacional negar a resposta natural da criana ao ambiente e, na verdade,
prpria vida (MOYLES, 2006).
Verifica-se que as atividades ldicas podem ser uma importante oportunidade
de socializar e permitir a ampliao do prprio universo da criana. No entanto
necessrio que a famlia, tambm compreenda a importncia desta relao do
brincar associado ao desenvolvimento das crianas. Todas as oportunidades,
atividades e recursos devem permitir o desenvolvimento da criana, com vistas
sua real incluso escolar e social (VYGOTSKI, 1991).
De acordo com Mantoan (1998, p. 29), a diversidade no meio social, e
especialmente, no ambiente escolar, fator determinante no enriquecimento das
trocas, dos intercmbios intelectuais, sociais e culturais que ocorrem entre os
sujeitos que neles interagem".
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Para Kishimoto (2008), a realidade educacional, especialmente das crianas
da Educao Infantil o ldico pode ser um elo facilitador da socializao e propiciar
novas experimentaes para as crianas. Pois, durante as brincadeiras as crianas
podem adaptar e criar oportunidades de participao, entretanto preciso
considerar que para que isto ocorra fundamental que o professor se coloque como
mediador e esteja pronto para flexionar as regras e as atividades que se moldam a
cada dificuldade em especial.
Verifica-se que a capacidade do desenvolvimento de cada criana est
relacionada com a autodescoberta, uma vez que cada criana vai assimilando sua
conscincia em relao ao que pode construir, sabe fazer o que tem dificuldade,
como pode potencializar aquilo que faz bem e conviver e diminuir os efeitos daquilo
que tem menos habilidade. O educador hbil ir procurar alternar atividades que
requisitem habilidades da maior variedade possvel, permitindo assim, que todos se
descubram sem haver qualquer supremacia de um sobre os outros. Aquela criana
que tem habilidades de escultura perceber isto ao atender a atividade com barro,
talvez ela no tenha tido tanto xito na corrida, mas ela ter aprendido as suas
medidas e valorizar as possibilidades dos demais (GIANINO, 2001).
Compreender as potencialidades de cada criana revela-se um desafio tanto
em mbito artstico, fsico ou intelectual, porm no existe algum que seja perfeito
em tudo, cada criana possui capacidades que devem ser conhecidas e
desenvolvidas, e este desafio implica em conhecimento e ateno dos profissionais
que trabalham e observam estas crianas. Contudo, as atividades ldicas podem
permitir o desabrochar da afetividade, pois o brincar ocorre de forma espontnea em
um ambiente descontrado, tornando-se assim uma prazerosa oportunidade de
conhecer e apreciar o seu amiguinho. E assim, estes laos tendem a criar um clima
de compreenso e de estreitamento nas relaes entre as crianas (MOYLES, 2006).
Porm, conhecer as suas reais possibilidades e limitaes de cada aluno
um fator importante no contexto escolar, tanto quanto integrar este em um grupo que
poder oferecer subsdios para coloc-los em integrao no grupo, fazendo parte
deste. Isto ocorre efetivamente atravs dos jogos, as crianas aprendem que no
necessariamente precisam ter determinada habilidade para conseguir um objetivo,
basta que ela esteja estimulada e participe em conformidade com as potencialidades
que j possui (KISHIMOTO, 2008).
De acordo com as concepes de Ferland (2006), verifica-se que a
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contribuio do contexto educacional adaptado a educao Infantil pode
proporcionar maior expresso da afetividade:
Como so as crianas que decidem a histria e atribuem os papis aos personagens, a espontaneidade e o senso de iniciativa contribuem: elas podem provar um sentimento de domnio. Experimentam tambm o prazer de fazer e, se no for o caso, abandonam rapidamente a brincadeira, que no ser mais uma brincadeira para elas. O fato de dividir a atividade com um companheiro pode, entretanto, ocasionar algumas frustraes; por exemplo, se um dos dois pegar o animal desejado pelo outro. Elas aprendero, ento, a lidar com a frustrao. No somente as crianas decidem o que querem fazer os personagens, mas podem lhes dar sentimentos e, com isso, elas expressam emoes: o fazendeiro est bravo, o carneiro est triste. (FERLAND, 2006, p.08)
claro que a figura do professor educador tem vital importncia, mas ao
contrrio do que habitualmente se pode pensar, fundamental que o professor
planeje as situaes que permitam fluir a afetividade de seus alunos, mas, isso no
deve comprometer sua espontaneidade e criatividade permitindo-lhes sempre o
brincar. Ressalta-se ainda que muitos professores no possuem estratgias e
metodologias de ensino apropriadas s necessidades dos alunos, uma vez que
muitas dificuldades iniciam-se na prpria dificuldade no que se refere metodologia
de como integrar o aluno ao seu meio social, ou seja, o professor no prepara uma
aula que atenda aos interesses e capacidades de todos, isto tambm pode ocorrer
pela falta de recursos didtico-pedaggicos especficos (LEONARDO; BRAY;
ROSSATO, 2009).
As crianas tendem a exercer o controle sobre o ambiente especialmente com
a ajuda da capacidade de comunicao proporcionada pela fala produzindo novas
relaes no ambiente em que se encontra, isto tambm uma determinante na
organizao e reorganizao de sua prpria conduta. A criao dessas formas
tipicamente humanas de conduta produzem mais tarde, sua capacidade coginitiva e
ir estabelecer a base do trabalho produtivo que pode ser definida como a forma
designadamente humana do uso de instrumentos (VYGOTSKY, 1991).
A criana tem um processo contnuo de desenvolvimento que se inicia no seu
nascimento e que se caracteriza por aquisies sucessivas articuladas entre si, que
se efetuam na relao da criana com o seu meio, fsico, humano e sociocultural
(VYGOTSKI, 1991).
E para Freire (1996, p.41), prefervel, reforar o direito que tem a liberdade
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de decidir, mesmo correndo o risco de no acertar. decidindo que se aprende a
decidir, e fazendo que se aprende a realizar.
As aquisies no so realizadas em idades cronolgicas exatas, portanto,
existem diferenas entre as crianas mesmo consideradas normais, quanto ao seu
ritmo de desenvolvimento. Entretanto, a interao social e o instrumento lingustico
so decisivos para o desenvolvimento da criana, sendo assim atravs do ldico a
criana pode se relacionar e se desenvolver brincando e se adaptando a diversidade
social em que convive (VYGOTSKI, 1991).
Existem pelo menos dois nveis de desenvolvimento identificados por
Vygotsky:
Um real, j adquirido ou formado, que determina o que a criana j capaz de fazer por si prpria, e um potencial, ou seja, a capacidade de aprender com outra pessoa. A aprendizagem interage com o desenvolvimento, produzindo abertura nas zonas de desenvolvimento proximal (distncia entre aquilo que a criana faz sozinha e o que ela capaz de fazer com a interveno de um adulto; potencialidade para aprender, que no a mesma para todas as pessoas; ou seja, distncia entre o nvel de desenvolvimento real e o potencial) nas quais as interaes sociais so centrais, estando ento, ambos os processos, aprendizagem e desenvolvimento, inter-relacionados, assim, um conceito que se pretenda trabalhar, como por exemplo, em matemtica, requer sempre um grau de experincia anterior para a criana (VYGOTSKY, 1991 p. 40).
O desenvolvimento cognitivo produzido pelo processo de internalizao da
interao social com materiais fornecidos pela cultura, observa-se que em qualquer
cultura o brinquedo e o brincar sempre estiveram presentes na vida das crianas,
isto sempre ocorreu como forma de adaptao sendo que o processo se constri de
fora para dentro.
Certamente no se trata de uma tarefa fcil, se considerar a individualidade e
os diversos desafios sociais presentes no contexto educacional, compete a escola e
o corpo docente o dever de tentar promover uma reflexo com os alunos sobre os
valores humanos, que andam esquecidos pela maioria das famlias e sociedade.
Esta reflexo pode ser feita por qualquer educador, seja qual for sua formao. A
sociedade atual tem produzido indivduos que no possuem estima e respeito vida.
A violncia no tem como autores somente criminosos de classes excludas, existem
pessoas de camadas sociais elevadas que promovem atos que chocam toda
sociedade (FREITAS, 2012).
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A criana necessita estar cercada de ateno e cuidados, mesmo para
realizar atividades ldicas, pois a criana que se expe permite o domnio dos
instrumentos de mediao, inclusive de sua transformao por uma atividade fsica e
mental, com a qual o contexto ldico se estabelece, mas fundamental que ela
esteja fisiologicamente preparada para isso.
Na concepo de Vygotsky (1991), a criana no apenas ativa, mas
interativa, porque forma conhecimentos e se constitui a partir de relaes intra e
interpessoais. Pode-se observar que o conhecimento representa muito mais do que
a aquisio de informao, ou aprendizado motor. O principal objetivo da
aprendizagem deve ser a capacidade para pensar, ou seja resolver problemas, pois
isto implica na aquisio de muitas capacidades particularizadas que devem se
completar para que a criana consiga realizar tranposies entre o concreto e o
abstrato e vice versa, porm este processo demanda tempo e trabalho incansavel do
profissional mediador. na troca com outras crianas que a criana consegue ir
internalizando conhecimentos, papis e funes sociais, o que permite a formao
de conhecimentos e da prpria conscincia.
Compreende-se que o processo educacional deve ser desenvolvido num
contexto de socializao, onde as crianas possam desde pequenas a se relacionar
com todos independentemente do gnero, religio, condio social e capacidades
intelectuais ou motoras, dentre outras que so muito importantes para as relao
interpessoais, uma vez que estas tambm se tornaram responsveis pela prpria
capacidade intrapessoal. A criana recebe muitas informaes e aprende a
desenvolver muitos comportamentos ainda de acordo com suas vivncias e
experincias familiares, desta maneira a escola necessita equilibrar o que a criana
traz consigo e a proposta que deve permear a incluso que lhe sero fundamentais
para o seu relacionamento social (LEONARDO, et.al. 2009) .
Conforme pode ser observado em qualquer sala de aula ou escola, as
atividades ldicas no desenvolvimento infantil so realizadas individualmente, em
duplas, em grupo, enfim, todas as regras, podem ser adaptadas as crianas
especiais. H momentos em que funcional para a criana realizar a atividade
sozinha, e em outros a presena do parceiro que constitui a brincadeira. Muitas
vezes, a criana procura envolver o adulto em suas brincadeiras, este, todavia, pode
no ter disponibilidade para participar do jogo da criana ou ter alguma dificuldade
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em retornar essa atividade que exerceu durante a infncia (GIANINO, 2001).
De acordo com Freire:
Toda prtica educativa demanda a existncia de sujeitos, um que, ensinando, aprende outro que, aprendendo, ensina da o seu cunho gnosiolgico (validade do conhecimento em funo do sujeito); a existncia de objetos, contedos a serem ensinados e aprendidos; envolve o uso de mtodos, de tcnicas, de materiais; implica, em funo de seu carter diretivo, objetivo, sonhos, utopias, ideais (FREIRE, 1996, p.54).
De acordo com Ferland (2006), constata-se que, o brincar no pode ser
exclusivamente definido pelo fazer, mas deve englobar tambm o ser, pois a
atitude que sustenta a ao. Uma atitude ldica se caracteriza por diferentes
elementos dentre os quais se observa a espontaneidade fsica, social e cognitiva,
um certo senso de humor e de prazer. Ao se associar esses diversos elementos
oportuniza-se a atitude de brincar. Verifica-se ainda que a criana retm o
sentimento de domnio, a habilidade de suspender a realidade e a motivao
intrnseca como critrios para determinar se a atitude de brincar forneceu indcios
sociais a seus parceiros, que permitiram aos mesmos permanecer dentro da
brincadeira.
Ainda segundo Gianino (2001, p. 58), o ldico exerce um fascnio muito
grande, uma vez que inerente ao ser humano, e o que melhor, sua parte
alegre, reporta-se aos momentos em que ele est feliz".
A convivncia humana um grande desafio para toda sociedade e
educadores comprometidos com a melhor formao das crianas, as brincadeiras
permitem que muitos valores possam ser trabalhados no ambiente educacional, pois
as diferenas sociais, condies humanas, qualidade de vida, esto diretamente
presentes no cotidiano escolar em diversas disciplinas. As brincadeiras podem
permitir a construo de uma convivncia, onde o professor, como mediador,
proporcionar momentos de reflexo para a tomada de conscincia (FERREIRA,
2010).
Consequentemente, a ludicidade torna-se um espao social, pois esta
embora estimulada, no criada espontaneamente, mas em consequncia de uma
aprendizagem social e prope significados que sero importantes na formao do
futuro cidado, que deve ter seu direito a cidadania garantidos e assegurados pela
responsabilidade educacional dos pais e da escola enquanto formadora para a
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participao e convvio social (KISHIMOTO, 2008).
Por outro lado, as relaes de cooperao e amizade infantil devem ser incentivadas
e valorizadas. Muitas vezes, rotinas herdadas do passado, adotadas de forma rgida,
representam um desrespeito ao direito e dignidade das crianas. preciso que os
adultos estejam atentos para modificar aquelas prticas que limitam ou mesmo
impedem as oportunidades de desenvolvimento infantil. Favorecer interaes
humanas positivas e enriquecedoras deve ser uma meta prioritria de educao
infantil (BRASIL, 2009).
Atualmente ocorrem algumas discusses acaloradas sobre incluso e
cidadania, mas possivelmente a importncia destas discusses deve ser a
formulao de aes prticas que permitam ser discutidos nas diferentes reas do
conhecimento maneiras de se abordar valores e sua importncia na formao
infante, uma vez que esta repleta de diferenas e multiplicidades, que necessitam
ser compreendidas pelo professor (FERREIRA, 2010).
Prope-se o compartilhamento de brincadeiras que fazem parte do repertrio
pessoal e da comunidade. A participao dos familiares e moradores da comunidade
deve ser incentivada atravs da participao voluntria, ou mesmo atravs de
pesquisas que as crianas possam realizar para trazer para o ambiente escolar a
ampliao dos repertrios para brincadeiras e jogos infantis. Esta articulao entre
escola e comunidade pode representar ganhos considerveis reconhecendo que a
cultura e o conhecimento trazido para a escola ir voltar com a criana para a casa,
e esta brincadeira aprendida e dividida com outras crianas poder ganhar variaes
e espao na aprendizagem infantil (ANDRADE, 2009).
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3. MATERIAIS E MTODOS
Esta pesquisa fundamentou-se em referncias, que foram previamente
realizadas por fichamentos e posteriormente utilizando-se de diversos recursos,
dentre estes: livros, visitas Internet na procura de artigos, para que se pudesse
elaborar um texto que confrontando e discutindo o tema com as diversas
referncias, considerando a proposta de anlise e verificao para as devidas
consideraes e comentrios necessrios em relao ao tema.
A pesquisa foi realizada na cidade Itapeva-SP, pode-se afirmar que esta
pesquisa de carter qualitativo.
Pois, uma pesquisa qualitativa se define por estudos onde a pesquisadora
observa os fatos de maneira prxima, privilegiando o contato com o ambiente ou
contexto analisado. Normalmente busca-se pesquisar e representar a qualidade dos
discursos analisados, considerando que os estudos aqui realizados proporcionaram
a pesquisadora analisar, observar e conhecer fatos associados criao,
implantao e desenvolvimento da educao infantil, o que permite de maneira
objetiva relacionar as experincias vivenciadas durante o perodo de estgio, apesar
disso mantendo o foco no contexto estudado.
Neste contexto, esta pesquisa teve como fundamentao para sua
elaborao os devidos estudos realizados pela leitura e discusses que
posteriormente permitiu a escrita desenvolvida para discutir o tema, ponderando
ainda que este texto retrata e cita com fidelidade os autores que compem as
referncias que so devidamente referidas no transcorrer do texto oferecido.
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4. RESULTADOS E DISCUSSES
A hiptese inicial pode ser confirmada atravs das diferentes referncias
consultadas, considerando a importncia e as afirmaes propostas pelos diferentes
autores sobre a temtica proposta por esta pesquisa.
A metodologia Montessoriana se baseia no processo de ensinar partindo do
concreto para que assim o aluno possa realizar suas abstraes, ou seja, do macro
ao micro conhecimento. fundamentada principalmente na capacidade de
observao de que as crianas possuem e que pode proporcionar uma melhor
aprendizagem por proporcionar experincias motivadoras aos infantes por meio de
descobertas e conceitos que eles podem elaborar (OLIVEIRA, 2010).
Porm, importante enfatizar que para que esse processo acontea da
maneira mais produtiva devem-se desenvolver os materiais didticos que podem
fornecer subsdios para o ensino-aprendizagem, pois o mtodo Montessoriano est
estruturado nestes recursos didticos pedaggicos que possibilitaram sua
disseminao e tornaram mundialmente conhecidos. Os materiais embora singelos
devem sempre ser encantadores e multicoloridos, isto especialmente pensado
justamente para aguar o raciocnio, o que possivelmente no universo infantil
representar um aprendizado mais atraente e que prenda a ateno desta faixa
etria (POMBO, 2014).
Os materiais foram desenvolvidos especialmente para assistir o aprendizado,
infantil desde o sistema decimal chegando tambm estrutura da linguagem. A
pedagogia ou mtodo Montessoriano busca normatizao, pautado na
necessidade, porm ele permite a autocorreo o que j facilita todo processo de
auto avaliao do aluno, entretanto ressalta-se que neste mtodo no existem
provas convencionais, pois cada aluno avaliado por suas atividades. Desta
maneira cada aluno nico e recebe sua avaliao baseada em relatrios
detalhados com a observao dos educadores, que devem especificar as maneiras
e os procedimentos dos alunos frente aos desafios encontrados (OLIVEIRA, 2010).
O mtodo Montessoriano baseado na individualidade de cada criana,
sendo assim atividade e liberdade so as bases da teoria, com proeminncia para o
conceito de indivduo, considerando ao mesmo tempo a criana enquanto sujeito e
objeto do ensino. O material pedaggico desenvolvido fator principal no trabalho
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de Montessori, pois implica na compreenso de como as coisas funcionam e a partir
delas mesmas, com objetivo claro de estimular e potencializar as crianas, para
serem curiosos e capazes de manipular os objetos com proposito da descoberta e
criatividade (POMBO, 2014).
A utilizao dos recursos materiais muito importante e desenvolve a
capacidade de concentrao nas crianas, justamente por permitir que ela manipule
e possa pensar no que est realizando. Contudo, todas as atividades devem ser
estudadas e preparadas previamente, para durante sua exposio com o material
seja apresentado de acordo com o desenvolvimento particular de cada rea do
conhecimento, pois isto possibilitar maior assimilao e aprendizagem por parte da
criana, que por sua vez se sentir mais convicta e segura na realizao de suas
atividades do seu conhecimento. Este domnio fundamental para o processo de
socializao, e ser nesta troca de experincias que o conhecimento fluir. A livre
escolha das atividades uma das marcas caractersticas do mtodo criado por
Montessori, e revela-se fundamental para que haja a concentrao e para que a
aprendizagem seja global e continue estimulando a capacidade de criao da
criana. Constata-se que estas escolhas so concretizadas com ordem, disciplina e
com valorizao do silncio (OLIVEIRA, 2010).
As habilidades individuais precisam ser percebidas e respeitadas pelas
crianas considerando principalmente os costumes, hbitos regionais, personagens
histricos, valores, e folclore j vivenciado e apreciado pela comunidade, pois tal
comportamento representa respeito a realidade construda pelas diferenas. Devem
estar refletidos numa prtica de respeito e aceitao do outro (ANDRADE, 2009).
Incentivar este conhecimento atravs de pesquisa, dana, brincadeiras
regionais ou dos familiares contribui consideravelmente para o domnio e prazer em
vivenciar na escola o que se trs de casa, isto extremamente enriquecedor na
escola e para que os alunos compartilhem tambm a confeco de brinquedos que
eram outrora, tais como: bola de meia, p de lata, vaivm, taco etc.). As
possibilidades se tornam muito grandes e podero contribuir significativamente
auxiliando a construo do conhecimento, relacionando, onde a teoria efetivamente
se transforma em prtica (FERREIRA, 2010).
Segundo Gallardo (2009), a criana deve aprender a viver em sociedade e
para isso necessrio que ela internalize os elementos da cultura corporal e motora
que so relevantes para seu grupo social, como tambm as normas de convvio
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presentes nos diferentes grupos sociais dos quais participa. Contudo, o brincar
sempre deve acontecer naturalmente entre as crianas nas diversas oportunidades
de se relacionarem, compete aos educadores a ateno para que se possam
realizar as intervenes sempre que necessrias, o que por sua vez torna o
ambiente educacional agradvel e sempre propcio as novas descobertas, vividas
individualmente e coletivamente. Desta maneira a criana pode construir sua
aprendizagem a partir de experincias sensoriais vivenciadas, partindo do concreto
para o abstrato, jamais em sentido contrrio.
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5. CONSIDERAES FINAIS
Considerando as referncias estudadas verificou-se que o mtodo de
Montessori possibilita suas diversas possibilidades de aprendizagem concreta
elaborada a partir de experimentaes e construes que devem ser relacionadas
ao contedo desenvolvido atravs de material especificamente criado para estes
propsitos, estes materiais proporcionam experincias enriquecedoras as universo
infantil, ou seja, o manipular e brincar se torna fundamental na formao integral da
criana inclusive na formao dos valores que remetem a cidadania e convvio
social.
Desta maneira se apresentou o mtodo Montessoriano relacionando com o
brincar presentes na educao infantil como recursos pedaggicos valiosos para o
desenvolvimento infantil, enfatizando o desenvolvimento global da criana e
destacando a importncia do brincar, mas sobre tudo, a implicao no
desenvolvimento da criana e seus subsdios com o cotidiano do educador.
Considera-se ento que os recursos corretos podem proporcionar a
motivao interna e externa que as crianas tanto necessitam para o seu
desenvolvimento. Esse componente de possibilidades tem uma atuao social muito
significativa em relao a autonomia das crianas e ao seu ciclo de relacionamentos
e na construo de opinies e valores que devero fazer parte de sua vida no futuro.
Os resultados foram positivos em relao as hipteses iniciais apresentadas
por esta pesquisa, destacando que ao permitir e estruturar o pensamento e o
brincar nas atividades educacionais na Educao Infantil possvel se obter
melhores resultados, considerando ainda que isto ocorrer de maneira agradvel e
prazerosa para a criana e que esta oportunidade de socializao pode permitir a
formao de valores e uma conduta social respeitosa junto as demais crianas.
Define-se ento que, certamente no existe um caminho especfico e que
cada educador deve adaptar-se a sua realidade e principalmente conhecer seus
alunos muito de perto, para que se possa valorizar sua cultura, bem como o seu
prprio meio e realidade social. Desta forma o educador j ter certamente um timo
ponto de partida, e a educao estar no caminho correto para preparar para o
convvio em sociedade das crianas com maior autonomia e capacidade de
questionamento.
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Portanto, considera-se que o mtodo de Montessori associado ao brincar
possuem uma funo social e um processo essencial para desenvolvimento
completo infantil. Ambos so importantes para a criana enquanto ser em formao,
por isso, o simples ato de valorizar a manipulao, construo e o prprio brincar
podem nos fornecer dados do cotidiano para fazer uma anlise educacional
diferenciada e pautada na realidade da prpria criana enquanto agente
transformador do seu conhecimento. Quando brinca e experimenta o mundo dentro
do seu contexto scio cultural a criana constri o seu fazer, que repercutir no seu
futuro, o que seria particularmente o objetivo da Educao enquanto agente de
transformao da realidade e do conhecimento.
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6. REFERNCIAS
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