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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL CONTRIBUIÇÃO DO PLANO DIRETOR NA DEFINIÇÃO DE POLÍTICAS URBANAS LIGADAS AOS IMPACTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO LEONEL SCHWARCKE Santa Maria, RS, Brasil 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

CONTRIBUIÇÃO DO PLANO DIRETOR NA DEFINIÇÃO

DE POLÍTICAS URBANAS LIGADAS AOS IMPACTOS DA

CONSTRUÇÃO CIVIL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

LEONEL SCHWARCKE

Santa Maria, RS, Brasil

2017

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CONTRIBUIÇÃO DO PLANO DIRETOR NA DEFINIÇÃO DE POLÍTICAS URBANAS LIGADAS AOS IMPACTOS DA

CONSTRUÇÃO CIVIL

por

LEONEL SCHWARCKE

Trabalho apresentado ao curso de Engenharia Civil, área de concentração em

Construção Civil, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), como

requisito parcial para obtenção do grau de

Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. Dr. Rogerio Cattelan Antocheves de Lima

Santa Maria, RS, Brasil

2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA

MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

A comissão Examinadora, abaixo

assinada, aprova o Trabalho de

Conclusão de Curso

CONTRIBUIÇÃO DO PLANO DIRETOR NA DEFINIÇÃO DE POLÍTICAS

URBANAS LIGADAS AOS IMPACTOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Elaborado por

Leonel Schwarcke

Como requisito parcial para obtenção do grau de

Engenheiro Civil

COMISSÃO EXAMINADORA:

Prof. Dr.Rogerio Cattelan Antocheves de Lima (Presidente/Orientador)

Prof. Dr. Carlos José Antônio kümmel Félix (Examinador)

Prof. Dr. Joaquim César Pizzutti dos Santos (Examinador)

Santa Maria, RS, Brasil

2017

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“A terra é patrimônio perene da espécie humana, reserva de

riquezas e bens a serem utilizados, condivididos e permanentemente

renovados por todas as gerações. Todavia, esta atitude providencial

coerente com a finalidade do universo é neutralizada pela atitude

pragmática mercantilista que transforma a Natureza em mercadoria de

uso e troca.

Ela está em leilão e pertence à quem dá mais.”

(Coimbra).

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais José Carlos e Neuza Maria Schwarcke pelo apoio

incondicional em minha criação e formação, no qual, sempre estiveram presentes

e de mãos dadas ao longo desta caminhada.

Agradeço aos meus irmãos Marcus, Mateus e Lorenzo pelo

companheirismo de sempre e por acreditarem na minha vitória.

Agradeço a minha futura esposa Fabiane Junges Dutra por todo amor e

carinho, aos quais, se transformam em força e confiança para vencer meus

desafios.

Agradeço ao professor Dr. Rogério Cattelan Antocheves de lima pelos

ensinamentos e experiências repassadas ao orientar esse trabalho.

Por fim, a Universidade Federal de Santa Maria por promover minha

formação profissional e intelectual ao longo de minha carreira estudantil.

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RESUMO

O IMPACTO AMBIENTAL DA CONSTRUÇÃO CIVIL À LUZ

DO

PLANO DIRETOR

AUTOR: LEONEL SCHWARCKE

ORIENTADOR: Prof. Dr. Rogerio Cattelan Antocheves de Lima Santa Maria, julho de 2017

Atualmente, para termos um bom desenvolvimento de uma empresa, precisamos

de resultados favoráveis na economia e no setor de sustentabilidade, pois o

crescimento está diretamente ligado ao cuidado com o meio ambiente. O

investimento em sustentabilidade está cada vez mais associado às legislações e

normas que regem o mercado nesse sentido. Para termos uma obra sustentável,

deve-se primeiramente, ocorrer a elaboração e aprovação do Estudo Prévio de

Impacto Ambiental – EIA, que deve ser elaborada seguindo as normas da Lei

Municipal, Estadual e Federal. Esse estudo visa regulamentar a realização de

atividades referentes à construção civil de obras que causam a destruição do meio

ambiente. O Estatuto das Cidades regularizou o Plano Diretor para guiar os

municípios para que os mesmos possam fazer cumprir a função sócio-ambiental

da propriedade urbana e executar uma política de desenvolvimento urbano. Será

apresentado estudos de casos para demosntrar a teoria aplicada à prática.

Palavras-chave: Sustentabilidade. Plano Diretor. Construção Civil. Meio Ambiente. Estudo de Casos.

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ABSTRACT

THE ENVIRONMENTAL IMPACT OF CIVIL CONSTRUCTION IN THE LIGHT

OF

MASTER PLAN

AUTHOR: LEONEL SCHWARCKE ADVISOR: Prof. Dr. Rogerio Cattelan Antocheves de

Lima Santa Maria, 07 2017

Nowadays, in order to have a good development of a company, we need favorable

results in the economy and the sustainability sector, since the growth is directly

related to the care with the environment. Investment in sustainability is increasingly

associated with the laws and regulations governing the market in this regard. In

order to have a sustainable work, it is necessary to first prepare and approve the

Environmental Impact Assessment (EIA), which must be prepared following the

rules of the Municipal, State and Federal Law. This study aims to regulate the

execution of activities related to the civil construction of works that cause the

destruction of the environment. The Town Statute regularized the Master Plan to

guide municipalities so that they can enforce the socio-environmental function of

urban property and implement a policy of urban development. Case studies will be

presented to demonstrate the theory applied to practice.

Keywords: Sustainability. Master plan. Construction. Environment. Case Study.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Etapas de um empreendimento ........................................................... 53

Figura 2 – Impactos Ambientais mais gerados por canteiro de obras ...................... 54

Figura 3 – Variação dos custos e as possibilidades de intervenção em um

empreendimento ....................................................................................................... 55

Figura 4 - Situação/Localização Hospital Regional de Santa Maria/RS .................. 57

Figura 5 - Operação com Politriz Trifásica ............................................................... 58

Figura 6 - Gerador de Energia Elétrica ..................................................................... 59

Figura 7 - Rede Pluvial Contaminado por Esgoto .................................................... 60

Figura 8 - Acidente com viatura dos Correios .......................................................... 61

Figura 9 - Restauração Rua 5 de março, Bairro Camobi .......................................... 62

Figura 10 - Rua Joana R. Machado .......................................................................... 63

Figura 11 - Restauração da Rua Joana R. Machado ................................................ 63

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ACV Análise do Ciclo de Vida

CF Constituição Federal

CNUMAD Nações Unidas para o Meio Ambiente Desenvolvimento

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

EIA Estudo Prévio de Impacto Ambiental

EIV Estudo de Impacto a Vizinhança

FIESP Federação das Indústrias do Estado de São

Paulo ISO Organização Internacional para Padronização

PIB Produto Interno Bruto

RCD Resíduos de Construção e Demolição.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................11

1.1 OBJETIVOS ..................................................................................................13

1.1.1 Objetivo geral ..............................................................................................13

1.1.2 Objetivos específicos .................................................................................13

1.2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................13

1.3 MÉTODO DO ESTUDO ................................................................................15

1.4 LIMITAÇÕES DO ESTUDO .........................................................................15

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO .....................................................................16

2 A ORIGEM DO PLANO DIRETOR ...............................................................17

2.1 A Evolução Histórica do Plano Diretor...........................................................17

2.2 Os Princípios como instrumento do Plano Diretor à luz da

sustentabilidade .......................................................................................................26

2.2.1 Princípio da Função Social da Cidade ...................................................29

2.2.2 Princípio da Função Social da Propriedade...................................................29

2.2.3 Princípio da Coesão Dinâmica...................................................................30

2.2.4 Princípio da Motivação...................................................................................30

2.2.5 Princípio do Planejamento.............................................................................31

2.2.6 Princípio da Razoabilidade e proporcionalidade............................................31

2.3 Sustentabilidade e Meio Ambiente .............................................................32

3 O ESTUDO DO IMPACTO AMBIENTAL E IMPACTO DE VIZINHANÇA

CAUSADO PELA CONSTRUÇÃO CIVIL ........................................................37

3.1 O Estudo do Impacto Ambiental e o Meio Ambiente .....................................37

3.2 O Estudo de Impacto de Vizinhança .............................................................42

3.3 O Impacto Ambiental e Impacto de Vizinhança Aplicados na Construção

Civil ..........................................................................................................................46

4 ESTUDOS DE CASOS .................................................................................57

4.1 Estudo do Hospital Regional de Santa Maria - RS .......................................57

4.2 Obra de Saneamento Básico Bairro Camobi ....................................60

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................65

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................67

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1 INTRODUÇÃO

O Plano Diretor tem sua natureza jurídica na Constituição da República

Federativa do Brasil, onde pela primeira vez uma constituição brasileira, através

dos seus artigos 182 e 183, se manifesta a respeito da terra e do direito à cidade.

Os referidos artigos determinam formas para garantir na esfera de cada município,

o direito à cidade, o cumprimento da função e da propriedade (BRASIL,1988).

Segundo a Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001, o Estatuto da Cidade

vem como forma de regulamentação dos artigos 182 e 183 da Constituição. O

Estatuto cria normas, que têm como objetivo a ordem urbanística, que venha

possibilitar a construção de uma cidade sustentável, priorizando as necessidades

urbanas e criando limites necessários para o convívio em sociedade (BRASIL,

2001).

Segundo Pinto (2005), o “Plano Diretor é aplicado para municípios que tenha

população superior a 20 mil habitantes, integrantes de regiões metropolitanas, com

áreas de espacial interesse público e situados em áreas de influência de

empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental na região ou

no país.”

“Entretanto, na maior parte dos municípios não estão vigentes essas normas

de gestão urbana e ambiental, que ajudaria no planejamento de uma cidade mais

sustentável. Mesmo os munícipios onde se aplicam essas normas, ainda

enfrentam conflitos durante a aprovação e execução, ante os riscos de terem

como resultados impactos ambientais” (GASPARINI, 2001).

Segundo Novaes (1997), “a Construção Civil está diretamente ligada ao Plano

Diretor dos municípios, pois toda nova edificação traz a população impactos,

sejam eles ambientais, sociais ou econômicos. As mudanças ocorridas pela

Construção Civil atingem diretamente a população, podendo trazer benefícios ou

criar inconvenientes para as pessoas que residem ou transitam naquele lugar.”

Desse modo, surge o “Estudo de Impacto a Vizinhança, que é

de responsabilidade da Lei Municipal e que vêm para avaliar os

impactos causados por empreendimentos e atividades urbanas. O estudo, deverá

apresentar os efeitos positivos e negativos do empreendimento ou atividade

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quanto a qualidade de vida da população residente na área e suas proximidades”

(PRESTES, 2003).

Ademais, será apresentado para finalizar o presente trabalho, estudos de três

casos, aonde poderemos aplicar diretamente o Estudo de Impacto de Vizinhança e

Estudo de Impacto Ambiental. São casos que afetam a vida das pessoas, que

acabam por enfrentar problemas pela falta de agentes fiscalizadores.

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1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Objetivo Geral

O trabalho em questão tem como objetivo principal analisar a política

urbana trazida pelo Plano diretor, permitindo a aplicação dos instrumentos de

gestão encontrados no Estatuto da Cidade, frente aos impactos ambientais

decorrentes da construção civil.

1.1.2 Objetivos Específicos

Detectar quais são os aspectos e impactos ambientais decorrentes das

obras da construção civil;

Analisar a importância do Plano Diretor como instrumento para melhorar

a qualidade de vida da população;

Estudar a exigência de licenciamento ambiental para empreendimentos

causadores de impacto no meio ambiente.

Analisar casos, onde poderá ser aplicado todo conteúdo apresentado no

presente trabalho.

1.2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

“Após o surgimento do Estatuto da Cidade, surge o Plano Diretor que pode

ser definido, então como um conjunto de medidas que concilia o desenvolvimento

econômico-social de um município, com preservação e proteção ambiental. Estas

medidas devem ser selecionadas a partir do universo de suas contradições e

potencialidades.” (SCHWEIGERT, 2007).

O Plano Diretor, por sua vez, “abarca os problemas fundamentais da cidade,

como questões relativas a habitação, saneamento, transportes, educação, saúde,

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poluição das águas e do ar, enchentes, além dos aspectos relacionados ao

desenvolvimento social e econômico do município.” (VILLAÇA, 2005)

Segundo Meirelles (1993), “podemos então, entender que o Plano Diretor é o

complexo de normas legais e diretrizes técnicas para o desenvolvimento global e

constante do Município, sob os aspectos físico, social, econômico e administrativo,

desejado pela comunidade local.”

“A elaboração e instituição mediante lei, do Plano Diretor é dever dos

municípios, assim como também é dever a fiscalização de suas regras. A

implantação do Plano Diretor não é outra coisa, senão a observância e execução

de suas disposições, estando em vigor a respectiva lei. Para essa implantação

podem ser necessárias a edição de leis específicas, de regulamentos de execução

e a elaboração de planos executivos.” (GASPARINI, 2001).

Para Meirelles (1993), o “Plano Diretor é objeto de desenvolvimento de uma

cidade, se bem elaborado, torna-se indispensável para a pacificação social. Ocorre

que na maioria das cidades, o Plano Diretor não é eficaz, trazendo assim efeitos

negativos para a sociedade.”

“A indústria da construção civil é a atividade humana mais impactante sobre o

meio ambiente que habitamos. Todas as etapas de um empreendimento –

construção, uso, manutenção e demolição – são relevantes no que diz respeito

ao consumo de recursos e geração de resíduos. Por outro lado, certos aspectos

são característicos apenas em algumas etapas, por exemplo, as emissões de

materiais particulados, ruídos e vibrações, típicas durante a construção. Além dos

impactos ambientais, a construção civil é capaz de impactar economicamente e

socialmente, podendo funcionar como forma de melhoria da qualidade de vida da

sociedade como um todo.” (ARAÚJO, 2009).

Segundo Simonetti (2010), “o impacto ambiental é a variação de um parâmetro

no ambiente em função da ação humana. Ou seja, impacto ambiental é a diferença

incremental de um parâmetro ambiental entre a situação sem e com o projeto de

Engenharia.”

Sendo assim, os Planos Diretores não podem se restringir a um vislumbre de

cidade virtual do futuro a ser executado ano a ano até chegar a um produto final –

a Cidade Desejada, mas um conjunto de princípios e regras orientadoras da ação

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da infinidade de agentes que produzem e se apropriam do espaço urbano.

(SAMPAIO, 2003).

1.3 MÉTODO DO ESTUDO

Para a realização dessa pesquisa, será adotada uma metodologia baseada na

coleta de informações importantes ao tema do trabalho, incluindo buscas

virtuais e revisões bibliográficas, para uma fundamentação teórica. Será

realizada pesquisa sobre a origem do Plano Diretor, bem como a Constituição

Federal da República de 1988, que deu origem ao Estatuto das Cidades que

regulamenta os Planos Diretores Municipais.

Após, será analisada a eficácia do Plano Diretor para a população bem como

as práticas de sustentabilidade na indústria da Construção Civil, que é uma

inclinação crescente no mercado. As empresas precisam adequar à forma que

executam suas construções para evitar, dessa maneira um impacto ambiental fruto

de suas obras.

Com base no estudo dos fundamentos teóricos analisados, será desenvolvido

o Trabalho de Conclusão do curso, que servirá como referência na busca de uma

construção civil sustentável, buscando a diminuição dos Impactos Ambientais e

tendo como guia principal o Plano diretor.

1.4 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Atualmente, a preocupação com a sustentabilidade em empreendimentos é

cada vez maior, podendo ser ela econômica, social e ambiental. O presente

trabalho conta com um estudo teórico dos impactos causados na construção civil,

ocasionados pela falta da regulamentação do Plano Diretor.

Busca-se estudar as possibilidades de enfrentar as questões de

sustentabilidade urbana, trazendo um novo patamar para a gestão municipal.

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1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está estruturado em quatro capítulos:

O Capítulo 1 apresenta a introdução, importância do tema, objetivos,

justificativa do estudo, metodologia e limitações do estudo.

O Capítulo 2 traz referências teóricas, discorrendo sobre a análise da

origem do Plano Diretor.

O Capítulo 3 apresenta referências teóricas, analisando o impacto

ambiental da construção civil à luz do Plano Diretor.

O Capítulo 4 apresenta três estudos de casos, onde fica mais fácil

entendermos a parte teórica do presente trabalho.

O Capítulo 5 trata das considerações finais, a respeito do presente tema.

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2 A ORIGEM DO PLANO DIRETOR

Conforme Pinheiro (2005), o uso das terras no Brasil acontece de forma

incoerente, à população em sua grande maioria é de baixa renda, mas em áreas

melhores localizadas a construção civil continua voltada para as classes mais

altas. As periferias continuam abrigando as classes mais baixas, que acabam

ocupando áreas ambientalmente frágeis.

Ademais, Pinheiro (2005), afirma que os Planos Diretores têm como

principal desafio acabar com a cultura de exclusão territorial urbana, sendo

obrigatório para todos os municípios com população maior a 20.000 habitantes, ou

que façam parte de aglomerações urbanas ou Regiões metropolitanas.

2.1 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PLANO DIRETOR

Segundo David (2005), com o passar dos anos, o Brasil acabou tornando-se

um país essencialmente urbano, com graves problemas econômicos, sociais e

políticos decorrentes do processo de urbanização, numa sociedade desigual, com

a minoria de pessoas pertencentes a classe alta e uma esmagadora legião

vivendo em condições de extrema pobreza. A partir desse fato começam a surgir

questionamentos com relação à propriedade urbana.

Para Carmo e Fernandes (2000),

No final da década de 90, o déficit habitacional é estimado em 5,6 milhões

em 1995, cerca de 1,43 milhão nas áreas metropolitanas e, a concentração

de renda se mantém em níveis dramáticos. Na cidade do Rio de Janeiro, a

população de favelas aumenta 23,9% na década de 90 enquanto a cidade

cresce 6,09%. A falta de habitações – habitação considerada em seu

amplo sentido, terra moradia e infraestrutura básica – em quantidade e

qualidade necessárias se consolida como um dos maiores problemas das

cidades brasileiras.

Moreira (2008), afirma que em 1930, o urbanista francês Alfred Agache

elaborou o conhecido Plano Agache, concebido para a cidade do Rio de Janeiro,

que propiciou surgir no Brasil, pela primeira vez, a palavra “plan directeur”. A partir

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daí, a ideia do Plano Diretor passou a ser prestigiada e adotada, principalmente

por arquitetos, engenheiros e geólogos ligados às questões urbanas. Consagrando

está necessidade, é que o Estatuto da Cidade demarcou adequadamente o papel

do Plano Diretor como instrumento de planejamento e norteador da política de

desenvolvimento e expansão urbana.

Ademais, Moreira (2008) diz:

o grande objeto do Plano Diretor é construir cidades com uma qualidade urbana para todos, evitando a formação de assentamentos irregulares e informais. Expressa no seu contexto, variáveis como habitação, saneamento básico, transporte urbano, uso e ocupação do solo urbano, visando sobretudo, a preservação da qualidade ambiental das cidades. A concepção do Plano Diretor tem que ser frutos de mecanismos democráticos, que possibilitem a prática da gestão compartilhada, com a participação direta da população no planejamento urbano, uma previsão constitucional que trouxe a possibilidade da participação da sociedade civil organizada na gestão democrática das políticas públicas, como poderosa forma de controle social. Por intermédio do Plano Diretor é que se define a função social da propriedade e da cidade, cujo alcance se concretizará pela intervenção públicas na busca da redução de desigualdades, segregações e exclusões sociais, contribuindo decisivamente para a expansão da cidadania.

Já para Matos (2003), embora o Plano Diretor seja o principal instrumento

definidor do conteúdo mínimo da função social da propriedade urbana em cada

municipalidade, não é o único elemento jurídico a desempenhar tal papel, uma vez

que as diretrizes gerais e as normas do Estatuto da Cidade se destinam a vincular

o direito da propriedade urbana ao efetivo cumprimento da sua função social.

Segundo David (2005),

trata-se, na realidade, da corrupção do direito à cidade, cujo os governos, através de planos e políticas, pretendem fornecer as classes excluídas os serviços e equipamentos urbanos, o acesso à terra e a infraestrutura básica para que adquiram cidadania plena, através da disponibilização de moradia e saneamento básico. No entanto, este processo de inclusão social, não surgiu espontaneamente por parte do poder público, emergindo por pressões dos movimentos sociais, e também pelo direito de voto, conquistando seu espaço na cidade e na vida política brasileira. A Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Cidade consagram assim a gestão participativa nos municípios brasileiros. Tanto o texto constitucional quanto o Estatuto da Cidade trouxeram importantes contribuições para a formulação de uma política urbana em caráter nacional, atendidas as peculiaridades locais.

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De acordo com Rogers (2001),

O crescimento veloz das cidades as transformou em estruturas complexas

e difíceis de administrar, tornando difícil lembrar que elas existem em

primeiro lugar, e acima de tudo, para satisfazer as necessidades humanas

e sociais das comunidades. A gestão urbana precisa resgatar esse sentido,

e, por isso, o desenvolvimento de estratégias fundamentadas no conceito

de sustentabilidade, implica numa revisão do modo de pensar, planejar e

produzir o espaço urbano, bem como num gerenciamento do uso de seus

recursos naturais que harmonize os interesses sócios-econômicos com

conservação de biodiversidade e absorção do inevitável aumento do

crescimento urbano.

Conforme Harvey (1992), ao se considerar que as mudanças na forma

como se imagina, pensa e planeja estão fadadas a ter consequências materias,

depreende-se que a reorganização dos pressupostos da gestão urbana pode

reverter-se em conquistas ambientais positivas.

Segundo Meirelles (1985),

O município como unidade político-administrativa, surgiu com a República

Romana, interessada em manter a dominação pacífica das cidades

conquistas pela força de seus exército. Os vencidos ficavam sujeitos,

desde a derrota, às imposições do Senado, mas, em troca de sua sujeição

e fiel obediência às leis romanas, à República lhes concedia certas

prerrogativas, que variavam de simples direitos privados até o privilégio

político de eleger os seus governantes e dirigir a própria cidade. As

comunidades que auferiam essas vantagens eram consideradas Municípios

(municipium) e se repartam em duas categorias: municipia caeritis e

municipia foederata, conforme maior ou menor autonomia de que

desfrutavam dentro do direito vigente.

Nesse contexto, para Diniz (1998), município é a pessoa jurídica de direito

público da Administração direta dotada, constitucionalmente, de autonomia político

administrativa, com capacidade de ter governo próprio e de legislar no âmbito de

suas competências, para a consecução de seus interesses peculiares e realização

de suas finalidades locais.

Além disso, para Silva (1997), cidade, no Brasil, é um núcleo urbano

qualificado por um conjunto de sistemas político-administrativos, econômico, não

agrícola, familiar e simbólico como sede de governo municipal, qualquer que seja a

população. A característica marcante da cidade, no Brasil, consiste num fato de

ser um núcleo urbano, sede do governo municipal.

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Ademais, Silva (1997), afirma que a competência municipal em matéria de

direito urbanística, ganhou força com a vigência da Constituição Federal de 1988,

que estabeleceu um capítulo específico para o referido assunto. Foram

estabelecidas as competências da União, Estados e Municípios para tratar do

direito urbanístico.

Segundo David (2005),

Os instrumentos jurídicos e político administrativos necessários à gestão

democrática urbana estão previstas no Estatuto das Cidade. Esse se

originou de um projeto de lei federal de desenvolvimento urbano, com

objetivo de instituir uma lei nacional, visando a regulamentar o Capítulo de

Política Urbana, previsto no § 4° do artigo 182 da Constituição Federal de

1988, bem como os princípios e diretrizes gerais da Política Urbana, como

a função social da propriedade, a gestão democrática da cidade e

sustentabilidade ambiental.

Conforme Jardim (2003), o Estatuto da Cidade, constitui-se de um conjunto

de normas de interesse público e interesse social, regulando o uso da propriedade

urbana de modo a garantir o bem coletivo, a segurança e o bem estar dos

cidadãos. Elaborado com a participação de diversos setores sociais,

representantes dos municípios e de instituições de agentes privados, assim como

representantes dos setores imobiliários e da construção civil.

De acordo com Monteiro (1990),

Um plano diretor pode ser definido, então, como um conjunto de medidas

que concilia o desenvolvimento econômico – social de um município, com

preservação e proteção ambiental. Estas medidas, devem ser selecionadas

a partir do universo de suas contradições e potencialidades. Assim, o rumo

que se pretende dar para seu futuro é ditado por seus objetivos, prioridades

e diretrizes estratégicas globais, que orientam a adoção de providências

concretas para a obtenção das transformações desejadas. O Plano Diretor,

muito mais que um mero ordenamento espacial das funções e atividades,

precisa delinear caminhos e catalisar procedimentos de âmbito local,

regional e até nacional, que possam repercutir positivamente sobre a área

de domínio e seu povo.

Segundo Monteiro (1990),

Fica evidente, então, que após a promulgação da Constituição Federal de

1988, o Plano Diretor se tornou bem mais abrangente que os modelos

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de Planos Diretores, propagados no Brasil nos anos 30 e anos 70. Seu

objetivo é interferir no processo evolutivo do município, por isso, ele parte

de uma compreensão global dos fenômenos políticos, sociais, econômicos

e financeiros, para promover um melhor aproveitamento das

potencialidades locais e melhoria da condição de vida de seus habitantes.

E, para se conservar coerente com a dinâmica intrínseca è evolução de

toda cidade, suas diretrizes e legislação decorrentes exigem formulações e

emendas periódicas.

De forma semelhante, para Gasparini (2001),

O Plano Diretor é uma lei, conforme se infere do art. 182 da Constituição

Federal, pois aí está prescrito que deve ser aprovado pela Câmara

Municipal. Essa inteligência também é retirada do art. 40 do Estatuto da

Cidade, cujo texto traz a locução: aprovado por lei municipal. A natureza,

pois, do Plano Diretor é de lei, ainda que a locução: “aprovado pela câmara

municipal”, consignada nesse artigo estatutário, pudessem levar a outra

inteligência. Seria suficiente, então, a remessa ao Legislativo Municipal,

pelo Executivo, de ofício capeando o Plano Diretor e sua aprovação pela

Câmara de Vereadores mediante decreto legislativo. Assim, no entanto,

não é, por força, especialmente, do princípio da legalidade que veda a

criação de deveres ou a imposição de restrições salvo por lei.

Conforme Silva (1995), os planos urbanísticos são aprovados por lei. É

uma exigência do princípio da legalidade no sistema brasileiro, que não admite

que se criem obrigações e se imponham constrangimentos se não em virtude da

lei. É em sentido formal e material.

De acordo com Meirelles (1998), o plano diretor não é estático; é dinâmico e

evolutivo. Na fixação dos objetivos e na orientação do desenvolvimento do

município, é a lei suprema e geral que estabelece as prioridades nas realizações

do governo local, conduz e ordena o crescimento da cidade, disciplina e controla

as atividades urbanas em benefício do bem estar social.

Já para Jardim (2003), o Estatuto da Cidade constitui-se em um conjunto de

normas de interesse público e interesse social, regulando o uso da propriedade

urbana de modo a garantir o bem coletivo, a segurança e o bem estar dos

cidadãos. Elaborado com participação de vários setores sociais, representantes

dos municípios e de instituições de agentes privados, assim com representantes

dos setores imobiliários e da construção civil.

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Segundo Gomes (2006),

Um dor problemas usualmente apontados no tocante à elaboração do Plano Diretor é o alto grau de dependência dessa tarefa em relação á estrutura administrativa; com efeito, para que o planejamento urbano possa funcionar bem, faz-se necessária uma série de providências como a atualização constante de cadastros físico – territoriais, a existência de mapas e de equipe técnica capacitada e integrada, a interlocução entre áreas complementares da Prefeitura etc.. Afora a complexidade para se reunir esses elementos na prática administrativa brasileira, o custo financeiro é expresso. Embora seja uma peça eminentemente política, o Plano Diretor não se constrói sem conhecimento da realidade, o que requer informações e esclarecimentos técnicos. Na perspectiva de se construir uma nova realidade, não se prescinde do saber sistemático, seja ele científico ou não.

Segundo Monteiro (1990), a Constituição Federal de 1988, estabelece outros

instrumentos que se articulam às diretrizes do Plano Diretor, dentre elas, o plano

plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual. O objetivo de se

encadear o Plano Diretor com outros mecanismos do planejamento municipal é

resgatar sua perspectiva de um planejamento a longo prazo, assegurando

resoluções mais democráticas e continuidade de ações. Para que um Plano Diretor

alcance sucesso não se pode esquecer o componente político do planejamento,

assim como de sua viabilidade financeira e administrativa.

Nesta perspectiva, de acordo com Farah e Barboza (2001), pode-se

afirmar que:

De meros executores de políticas formuladas e controladas financeiramente pelo governo federal, os governos estaduais e municipais assumiram progressivamente novas funções e atribuições, passando a responsabilizar- se pela formulação de políticas públicas nas mais diversas áreas. Este processo ocorreu sob a influência de uma série de fatores, dentre os quais se destacam: a crise fiscal; a descentralização de atribuições e de recursos estabelecida pela Constituição Federal de 1988; pressões de descentralização, emanadas tanto de movimentos sociais – comprometidos com o processo de democratização – quanto de agências multilaterais interessadas no ajuste fiscal; maior proximidade dos governos locais em relação às demandas dos cidadãos; desmonte de estruturas federais de provisão de serviços públicos; e, finalmente, novos desafios apresentados às esferas

subnacionais de governo, num cenário de globalização.

Segundo Gomes (2006),

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As normas gerais, estabelecidas pela União a partir da competência legislativa concorrente, devem observar os primados de nosso Estado Federal. Destaca-se nesse plano a questão da autonomia das entidades federativas, as quais precisam ter espaço político para decidir seu próprio destino. Tudo isso conduz à ideia de que a expressão normas gerais, encerra ideia de limitação, como, aliás, está expresso no dispositivo constitucional, ao estabelecer que no âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.

De acordo com Schweigert (2007), no território brasileiro, pode-se afirmar que

só em 2001, com a sanção do Estatuto da Cidade – Lei 10.257 (que regulamenta os

artigos 182 e 183 da Constituição Federal), é que os Planos Diretores passaram a

ter claras todas as premissas que devem ser seguidas em seus dispositivos.

Schweigert (2007), no mesmo contexto, destaca três aspectos das diretrizes

gerais apontadas no primeiro capítulo do referido Estatuto: garantia de direitos de

cidades sustentáveis, gestão democrática e planejamento da distribuição espacial da

população (respectivamente incisos I, II, IV do seu artigo 2°). Este diploma legal está

disposto e ordenado em cinco capítulos, que versam sobre: Capítulo I – diretrizes

gerais; capítulo II – instrumentos de política urbana; Capítulo III – plano diretor;

Capítulo IV – gestão democrática da cidade; e Capítulo V: disposições gerais.

Segundo Silva (1995),

O Plano Diretor é elaborado em várias etapas: a) estudos preliminares (avaliação sumária da situação e dos problemas de desenvolvimento urbano estabelece as características e o nível de profundidade dos estudos subsequentes e institui a política de planejamento municipal); b) diagnóstico (pesquisa e análise em profundidade dos problemas de desenvolvimento, identifica e considera as variáveis para a solução desses problemas e prevê sua evolução); c) plano de diretrizes (fixa a política para a solução dos problemas escolhidos e fixa objetivos e diretrizes da organização territorial);

d) instrumentalização do plano (estudo e elaboração do instrumento de atuação, de acordo com as diretrizes estabelecidas e identifica as medidas para atingir os objetivos escolhidos).

Para Moreira (2008), para a construção do Plano Diretor, a administração

pública municipal tem o dever de promover o debate, por intermédio de audiências

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públicas na forma descentralizada, com vistas a agregar o maior número possível de

representação e participação social no processo.

Ademais, Moreira (2008), apesar da gestão participativa estar prevista no

Estatuto da Cidade, disciplinada em seu capítulo IV, muitas cidades brasileira

elaboram e aprovam os seus planos diretores, nas Câmaras Municipais, sem a

participação legítima de grupos menos favorecidas na política pública local.

Segundo David (2005),

A tramitação do Estatuto da Cidade foi longa no Congresso Nacional. O Projeto de Lei nº 5.788 – D de 1990 foi submetido a pareceres de diversas Comissões, tendo sua redação aprovada somente em 2000, no âmbito da comissão. Em fevereiro de 2001, foi aprovado na Câmara dos Deputados e enviados ao Senado, de onde se originou. Obtida a aprovação do Senado, foi à sanção presencial. Em 30 de junho de 2001, o projeto foi sancionado com vetos, transformando-se na Lei Federal nº 10.257, de 10/07/2001. O Estatuto da Cidade, em sua primeira redação, foi amplamente reproduzido nos substitutivos que se seguiram. A sua aplicabilidade centrou-se na criação de novos instrumentos jurídicos que permitem a atuação pública na atividade urbanística, introduzindo novos institutos jurídicos.

Bucci (2002), afirma que a plena realização da gestão democrática é a única

garantia de que os instrumentos de política urbana trazidos pelo Estatuto da Cidade

(como o direito de preempção, direito de construir, as operações consorciadas, etc.),

não serão ferramentas a serviço de concepção tecnocrática, mas sim, instrumentos

de promoção do direito à cidade para todos.

Para Moreira (2008),

Um cenário de transformações profundas estão ocorrendo nas grandes cidades brasileiras. De um modo geral, as principais características da atual crise urbana podem ser resumidas da seguinte forma: grande concentração populacional nas regiões metropolitanas; elevado déficit habitacional; esvaziamento das áreas centrais das cidades; expansão desordenada das periferias; violência urbana crescente; deficiência de saneamento básico e queda de qualidade ambiental; segregação sócioespacial crescente e sistemas públicos corroídos na saúde, educação, segurança e previdência.

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De forma semelhante, Bassul (2003), afirma que grande parte da produção

habitacional no Brasil não se destina a atender à demanda efetiva das moradias,

mas a produzir um ativo financeiro lastreado na constante e expressiva elevação do

preço da terra urbanizada. O mercado interessado na valorização desse ativo não é

necessariamente formado apenas pelos seus produtores, mas igualmente pelos

seus adquirentes, que tendem a somar-se aos empreendedores na resistência à

implementação de dispositivos que possam constituir ameaça às taxas médias de

rentabilidade desse tipo de aplicação.

Segundo Schweigert (2007), como o objetivo dos Planos Diretores é definir

setorialmente os parâmetros de ocupação das áreas de uma cidade, bem como

indicadores de serviços e de qualidade ambiental, tanto no que se refere aos tipos

de ocupação, como ao nível de concentração, precisa ser revisto sistematicamente

para que possam ser avaliados seus resultados. De acordo com o Estatuto da

Cidade esta revisão deve ocorrer, pelo menos a cada dez anos.

Além disso, para Pereira (2003), o Estatuto da Cidade não é uma lei auto-

aplicável. Sua vigência plena está atrelada à inserção dos novos instrumentos que o

Estatuto contempla nas diretrizes do Plano Diretor. Dessa forma, tudo que se

relacionar com o Estatuto da Cidade estará automaticamente vinculado ao que

disciplina o Plano Diretor.

Já para Oliveira e Carvalho (2002), o Estatuto da Cidade deve ser

considerado o diploma jurídico balizador de toda a legislação urbanística nacional,

funcionando como verdadeira norma geral, a ser observada pelas leis e institutos

jurídicos urbanísticos que deverão ser implementados.

Para Meirelles (1993),

O Plano Diretor não pode estar consubstanciado em várias leis. Por dita razão, é uno, indivisível, e eventuais leis que venham alterar sua estrutura, acolhendo ou proscrevendo institutos urbanísticos, não podem ser havidas como Planos Diretores. De outro lado, não pode existir mais de um Plano Diretor. Para cada Município somente deve vigorar um Plano Diretor, pois prescreve o § 2º do artigo 40 desse diploma legal que é o Plano Diretor deverá englobar o território do Município como um todo. Dois Planos Diretores, por exemplo, incidiriam em partes específicas do território municipal, afrontando, por conseguinte, está regra estatutária, pois não seriam para todo o território municipal. Em suma: o Plano Diretor á a lei municipal geral de planejamento e instrumento fundamental da política de desenvolvimento e expansão urbana do município.

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Segundo David (2005), as diretrizes gerais da Política Urbana, estabelecidas

no Estatuto da Cidade, como normas de Direito Urbanístico, são, especialmente

para os municípios, as normas balizadoras e indutoras da aplicação dos

instrumentos de Política Urbana regulamentados na lei. O Poder Público somente

estará respeitando o Estatuto da Cidade e atendendo aos objetivos do Plano Diretor

quando os instrumentos previstos no Estatuto da Cidade forem aplicados com a

finalidade de atender as diretrizes gerais previstas no Plano Diretor.

Ainda, conforme David (2005),

O Plano Diretor é incumbido da tarefa de estabelecer, como normas imperativas aos particulares e agentes privados, as metas e diretrizes da Política Urbana, os critérios para verificar se a propriedade atende sua função social, as normas condicionadoras do exercício desse direito, a fim de alcançar os objetivos da Política Urbana, quais sejam: garantir as condições dignas de vida urbana, o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade, o cumprimento da função social da propriedade, e o atendimento aos objetivos do Plano Diretor.

De forma semelhante, para Moreira (2008), a reforma urbana não pode ficar

somente concentrada nas desigualdades sociais decorrentes de uma gestão pública

ineficaz na distribuição de equipamentos e prestações de serviços, mas deve ser

pensada como uma política de ações de regulação do uso do solo e de provisão de

infra-estrutura devidamente articuladas a outras, que busquem a criação de

emprego e renda, passando pela restauração de laços de sociabilidade.

Moreira (2008), afirma ainda que a simples existência de uma moldura legal,

trazida pelo Estatuto da Cidade, não garante por si só a democratização do acesso à

terra. É imperativo que haja uma ampla disseminação do conhecimento das

possibilidades e potencialidades do Estatuto das Cidades – Lei nº 10. 257/2001.

2.2 OS PRINCÍPIOS COMO INSTRUMENTO DO PLANO DIRETOR À LUZ DA

SUSTENTABILIDADE

Segundo Mello (1982), os princípios são o mandamento nuclear de um

sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre

diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata

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compreensão e inteligência exatamente por definir a lógica e a racionalidade do

sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico.

De forma semelhante, Gomes (2006),

Afirma, que ainda é muito comum que os princípios jurídicos sejam vistos como normas sem maior concretude, ou seja, sem conter determinação clara para conformar o mundo dos fatos; por isso mesmo, não teriam maior eficácia. Doutrina e jurisprudência, no entanto, têm se permitido avanços sobre a força normativa dos princípios. Hoje, resta claro que eles não devem só orientar a interpretação das normas escritas em nosso ordenamento jurídico. Funcionam também como parâmetros para condicionar a validade dessas mesmas normas e até de atos jurídicos: ambos (norma e ato) serão nulos quando violarem os princípios jurídicos. Há um dever generalizado de otimizar, com a maior intensidade possível, os valores e pressupostos albergados nos princípios.

Conforme Mello (1982), a Constituição Federal de 1988, contém inúmeros

princípios jurídicos em seus postulados. Dentre eles, merecem destaque os

princípios gerais da administração pública, e os princípios da função social da

propriedade, da função social das cidades e da dignidade da pessoa humana.

Outros princípios têm premissas decorrentes de lei ou da própria interpretação do

Direito, não tendo, necessariamente, uma fonte constitucional.

Mello (1982), ainda afirma que por se tratar de um ramo de Direito Público,

devem ser aplicados ao Direito Urbanístico os princípios previstos no artigo 37 da

Constituição Federal de 1988, que são os da legalidade, impessoalidade,

moralidade, publicidade e eficiência. Também servem ao Direito Urbanístico os

princípios da motivação, da razoabilidade e da proporcionalidade. Entre os

doutrinadores, esta relação de princípios aplicáveis ao Direito Urbanístico pode

variar em relação a um ou outro item.

Para Di Sarno (2007),

A indicação de princípios próprios e exclusivos a certo ramo do Direito não é tarefa fácil. Grande parte deles tem seu nascedouro em um dos princípios gerais do direito e ganham roupagem nova, uma nova nomenclatura, com interpretação particularizada, mas que, na sua essência, repetem os ensinamentos daquele que lhe deu origem. Outra ponderação a ser feita diz respeito à dificuldade de se delimitar a interpretação e alcance dos princípios entre si, pois ocorre um desdobramento interpretativo que, justamente, trará o nexo da resposta procurada.

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2.2.1. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DA CIDADE

Segundo Gomes (2006),

A função social da cidade encontra-se inscrita na Lei Maior e possui status de princípio; decerto ela é compreensível sob vários ângulos. É inequívoca a importância do espaço habitável para o homem. Do espaço material obtemos duas das providências mais básicas para a sobrevivência da espécie humana: a produção de alimentos (em sua grande maioria) e a habitação. Mas, indo além do mero aspecto físico-material, o espaço é o local sobre o qual se dá a grande maioria das ações humanas, com a construção e expressão da cultura, o desenvolvimento econômico e social, enfim, é nele que ocorre a vida em sociedade com toda sua profusão.

Já para Mello (1982), a função social da cidade é atendida na medida em que

a população tem as suas necessidades individuais supridas de modo satisfatório,

nas perspectivas de moradia, trabalho, circulação e recreação. Trata-se, de uma

abordagem sociológica, da qual o direito se ocupa no sentido de criar mecanismos

jurídicos capazes de levar ao alcance desse objetivo, em consonância com o

princípio da legalidade.

Segundo Gomes (2006),

A Carta Constitucional estabelece que a nossa República se constrói sobre o fundamento da dignidade da pessoa humana, bem como da cidadania. De igual sorte requer a construção de uma sociedade justa, livre e solidária, sem pobreza, marginalidade, ou discriminação. Pois bem, é assim que o homem se realiza ou deveria se realizar neste país, sob o prisma do Direito, e o fato de estarmos longe, muito longe, desse plano apenas reforça o compromisso que há na organização do espaço habitável, ou seja, aponta qual é a transformação a ser buscada pelo planejamento urbano.

Para Cammarosano (2006),

É bem verdade que um adequado desenvolvimento urbano constitui também condição fundamental para o desenvolvimento das atividades econômicas que ocorrem nas cidades, e sem as quais não são criadas riquezas a serem compartilhadas por todo o corpo social. Mas parece certo que a finalidade mais imediata dos dispositivos constitucionais em questão é viabilizar a democratização das funções sociais da cidade em proveito de seus habitantes, prevendo mecanismos de promoção do adequado aproveitamento do solo urbano.

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2.2.2. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE

Segundo Mello (1982), o artigo 170 da Constituição Federal de 1988, em

seu inciso III, incorporou o princípio da função social da propriedade como um dos

princípios gerais da ordem econômica, tendo por seus pilares a valorização do

trabalho e a livre iniciativa, almejando o alcance da justiça social.

Para Mello (1982), o parágrafo único do mesmo artigo, por sua vez restringe

a atividade econômica à prévia autorização dos órgãos públicos, sempre que a lei

vier a exigir, demonstrando evidência, a mitigação constitucional da liberdade

privada e a limitação do próprio direito de propriedade imposta pelo legislador.

Conforme Gomes (2006), o direito à propriedade incidente sobre bens

imprescindíveis para o desenvolvimento social traz também deveres aos seus

titulares, não só no sentido de observar limites, mas até mesmo exigir providências

de conservação e de utilização efetiva ao proprietário. Em sua obra clássica,

Rousseau já consignava a relação, a seu ver, inerente entre trabalho e

propriedade, a qual tornava os possuidores depositários do bem público, para

concluir: de qualquer modo que se faça tal aquisição, o direito da comunidade

sobre o todo.

Para Mello (2002),

O direito de propriedade não se reveste de caráter absoluto, eis que, sobre

ele, pesa grave hipoteca social, a significar que, descumprida a função

social que lhe é inerente (CF, art. 5º, XXIII), legitimar-se-á a intervenção

estatal na esfera dominial privada, observados, contudo, para esse efeito,

os limites, as formas e os procedimentos fixados na própria Constituição da

República. O acesso à terra, à solução dos conflitos sociais, o

aproveitamento racional e adequado do imóvel rural, a utilização

apropriada dos recursos naturais disponíveis e a preservação do meio

ambiente constituem elementos de realização da função social da

propriedade.

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Para Meirelles (1976), o Plano Diretor pode ser definido como o complexo

de normas legais e diretrizes técnicas para o desenvolvimento global e constante

no Município, sob os aspectos físico, social, econômico e administrativo, desejado

pela comunidade local. Deve ser a expressão das aspirações dos minicípes

quanto ao progresso do território municipal no seu conjunto cidade-campo.

Ademais, Meirelles (1976), afirma que o Plano Diretor é o instrumento

técnico legal definidor dos objetivos de cada municipalidade e por isso mesmo com

supremacia sobre os outros, para orientar toda atividade da Administração e dos

administrados nas realizações públicas e particulares que interessam ou afetem a

coletividade.

2.2.3. PRINCÍPIO DA COESÃO DINÂMICA

Segundo Di Sarno (2007),

O Princípio implícito no Direito Urbanístico que reflete o dinamismo e o

resultado que suas ações buscam ter, sendo-lhe extremamente peculiar.

Cada ação surge para atuar concretamente em certo espaço, tendo uma

finalidade específica no ato de restauração e em seu resultado, destacando

seus elementos valorativos e a saúde de sua estrutura. Esta bem faz parte

do contexto cultural de sua localidade, seja no aspecto histórico. As

atividades urbanísticas procuram interferir, modificar, resgatar, restaurar a

urbe com finalidade de melhorar a qualidade de vida local. O princípio da

coesão dinâmica surge justamente para que as modificações feitas pelas

interferências urbanísticas sejam continuadas por ações que tenham

pertinência e nexo com o contexto. Na medida em que certo plano seja

aplicado, ele vai se desatualizando com relação ao seu objeto, justamente

por transformá-lo. Assim, o plano deverá prever mecanismos de revisão e

atualização de seu conteúdo. É a coesão dinâmica.

2.2.4. PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO

Para Silva (2010), o princípio da motivação faz-se necessária a indicação

dos fundamentos de fato e de direito das decisões administrativas. Em se tratando

de planejamento urbano, é fundamental que conste expressamente na parte

explicativa dos planos o porquê das opções tomadas e do abandono de outras

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propostas formuladas durante a fase de discussão/elaboração. Esse proceder

facilita o controle sobre a lisura das escolhas promovidas pelos agentes

municipais.

2.2.5. PRINCÍPIO DO PLANEJAMENTO

Conforme Gomes (2006), o plano urbanístico deve traduzir metas para o setor

público e privado, promovendo transformações dos espaços, ou o estímulo a certas

atividades, ou a manutenção de determinadas áreas com vistas ao equilíbrio e

harmonia entre suas múltiplas funções. Como ferramentas de planejamento,

podemos citar subsídios, incentivos ou aumento das cargas fiscais, ou ainda, as

desapropriações e parcerias.

2.2.6. PRINCÍPIO DA RAZOALIDADE E PROPORCIONALIDADE

Para Silva (2010), o princípio da razoabilidade é a própria encarnação da

modernidade: segundo ele, a atuação administrativa deve se pautar pela lógica,

naturalmente adequada para satisfazer o interesse público, sem ocasionar restrições

e danos desnecessários aos administrados. A razoabilidade caracteriza-se pela

adoção de meio que, além de ser capaz de alcançar o fim público almejado,

represente menor ingerência (onerosidade) possível sobre a liberdade.

Além disso, Silva (2010), afirma que, em havendo alternativas para se obter o

mesmo resultado, a Administração deve optar por aquela que seja menos onerosa à

pessoa atingida pela decisão. Nessa condição da menor onerosidade residiria, para

alguns, um outro princípio: o da proporcionalidade em sentido estrito; para outros, a

proporcionalidade estaria no equilíbrio entre o ônus imposto e o benefício

proporcionado.

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Segundo Machado (2007),

Os princípios de Direito Urbanístico são aplicados ao Estudo de Impacto

de Vizinhança – EIV, em maior ou menor medida conforme o caso

específico, podendo ser emprestados, ainda, outros princípios peculiares

ao Direito Ambiental, com o da precaução e prevenção, que apontam para

a necessidade de prever, prevenir e evitar na origem as transformações

prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente. O vocábulo “prevenir”

tem sua raiz latina, praevenire, que significa agir antecipadamente.

Contudo, para que haja ação é preciso que se forme o conhecimento do

que prevenir. Sem informação organizada não há prevenção. E o Estudo

de Impacto de Vizinhança – EIV, em sua essência, é um documento

que se destina a compilar e organizar informações sobre os possíveis

impactos de novos empreendimentos ou atividades na ordem urbanística.

Segundo Gomes (2006), a aplicação de todos estes princípios pode

representar limitação ao direito de propriedade sobre o solo, afetando o seu

aproveitamento e restringindo sua ocupação. Todavia, a propriedade não é um

direito absoluto, estando à função social da propriedade inserida na Constituição

Federal de 1988, como garantia fundamental e como princípio da ordem

econômica, não mais se concebendo, na ordem jurídica vigente, a propriedade

voltada apenas para fins individuais, sem cumprir a sua função no âmbito coletivo.

2.3 SUSTENTABILIDADE E O MEIO AMBIENTE

Segundo Maglio (2005),

No planejamento urbano das cidades, em especial por meio da elaboração dos planos diretores prevista constitucionalmente no Brasil, a maior parte dos municípios ainda não utiliza instrumentos de gestão urbana e ambiental, para aperfeiçoar seu planejamento. Mesmos as capitais estaduais assoladas por graves problemas sócio-ambientais e em crise de sustentabilidade consideram as opções sócio-ambientais e urbanas estratégicas nos seus planos diretores, por meio de avaliações dos impactos ambientais de suas proposições de ações, por meio de processos avaliados com a participação da sociedade civil, visando o desenvolvimento futuro das cidades.

Ademais, Maglio (2005),

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As dificuldades dos municípios na aplicação dos instrumentos de gestão ambiental no planejamento urbano têm levado a uma situação em que poucos planos diretores são elaborados contendo diretrizes compatíveis com sua sustentabilidade ambiental. Mesmo naqueles municípios onde já se aplicam instrumentos urbanísticos como as operações urbanas, o zoneamento territorial e a disciplina de uso e ocupação do solo, ainda enfrentam-se conflitos durante a aprovação e execução desses instrumentos, ante os riscos destes provocarem novos impactos ambientais nos seus territórios.

De forma semelhante, Schweigert (2007), afirma que os Planos Diretores

estão diretamente ligados ao processo de crescimento e urbanização das cidades.

Também se constata que esse processo atingiu um grau devastador de impacto e

degradação sobre o meio ambiente, devido, principalmente, à inter-relação dos

seus setores territorial, social, econômico, político e cultural.

De forma semelhante, Marques (2010), diz que a ideia de desenvolvimento

sustentável surgiu desde a conferência de Estocolmo em 1972, tomando maior

força em 1987 através do documento Nosso Futuro Comum, o relatório de

Brundtland, que deu origem à conferência das Nações Unidas para o Meio

Ambiente e Desenvlvimento (CNUMAD-92), mais conhecida como Rio – 92 ou Eco

92. Segundo esse relatório a sustentabilidade é suprir as necessidades da geração

presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as suas.

Ainda, conforme Marques (2010),

Hoje em dia o termo sustentabilidade é usado de forma ampla, para todas as

atividades humanas, abrangendo vários níveis de organização, desde a vizinhança

local até o planeta inteiro. De forma sistêmica a sustentabilidade deve estar

relacionada com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais, e

ambientais da sociedade humana. De forma que o ser humano possa atingir seus

ideias e preencher suas necessidades utilizando- se do ambiente e

simultaneamente preservando seus ecossistemas naturais até atingir a pró-

eficiência do equilíbrio na manutenção.

Já para Franco (2001), o termo sustentabilidade, deriva da definição

ecológica de “comportamento prudente” que significa cautela por parte de um

predador ao explorar sua vítima, para garantir sempre que ela possa se regenerar,

constituindo uma certeza de renovação da sua própria fonte de alimento. Em outras

palavras, fazer uso com moderação, para ter por tempo indeterminado.

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Ainda, conforme Marques (2010),

Hoje em dia o termo sustentabilidade é usado de forma ampla, para todas

as atividades humanas, abrangendo vários níveis de organização, desde a

vizinhança local até o planeta inteiro. De forma sistêmica a sustentabilidade

deve estar relacionada com a continuidade dos aspectos econômicos,

sociais, culturais, e ambientais da sociedade humana. De forma que o ser

humano possa atingir seus ideias e preencher suas necessidades

utilizando- se do ambiente e simultaneamente preservando seus

ecossistemas naturais até atingir a pró-eficiência do equilíbrio na

manutenção.

Já para Franco (2001), o termo sustentabilidade, deriva da definição

ecológica de “comportamento prudente” que significa cautela por parte de um

predador ao explorar sua vítima, para garantir sempre que ela possa se regenerar,

constituindo uma certeza de renovação da sua própria fonte de alimento. Em

outras palavras, fazer uso com moderação, para ter por tempo indeterminado.

Segundo Commoner (1976),

A sobrevivência de todos os seres – incluindo o homem – depende da

integridade da rede complexa de fenômenos biológicos entre os quais

figura o sistema ecológico da terra. Todavia, o que o homem faz sobre a

terra viola esta lei fundamental da existência humana. Pois as tecnologias

atuam, sobre o sistema ecológico que nos mantém, de maneira

ameaçadora para a sua estabilidade; com trágica perversidade temos

ligado grande parte da nossa economia produtiva a aspectos da tecnologia

que são precisamente destruidores no plano ecológico. Estas relações

íntimas e profundas, encerraram-nos num ciclo de autodestruição. Se

quisermos escapar a esta via suicidaria devemos começar por conhecer as

realidades ecológicas da vida.

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Para Bremer (2004), as cidades são elas próprias recursos do meio

ambiente construído e necessitam ser protegidas, ao mesmo tempo em que

incrementam-se cada vez mais as demandas necessárias a sua manutenção e ao

seu desenvolvimento. Daí a propriedade do uso do termo desenvolvimento urbano

sustentável.

Marques (2010), afirma que as cidades são hoje vistas como partes

integrantes de um ecossistema. Onde as relações entre as partes buscam um

equilíbrio em uma cadeia harmônica de alimentação. Arranjos produtivos locais

interferem no todo, e as cidades sustentáveis têm como bases essas ações locais

de sustentabilidade.

Ainda, para Marques (2010), Essas ações devem estar fundamentadas em

estruturas deliberativas e democráticas entre a sociedade civil e as instituições

governamentais. Tanto os governos precisam assumir os princípios de

sustentabilidade como os cidadãos mudar seus hábitos, aprendendo a reduzir o

consumo de água e energia, escolher produtos locais, optar pelo transporte

coletivo, gerar menos lixo.

Segundo Schweigert (2007),

A sustentabilidade social pode ser mensurada pelos impactos, tanto

positivos, como negativos, que ocorrem na sociedade; é por isso que uma

modificação de comportamento social pode ser considerada um indicador

dessa sustentabilidade e, consequentemente, seu reflexo, pode levar a

novos padrões de apropriação do território urbano. Contudo, a intensidade

de um impacto transformador tem relação direta com a quantidade e

qualidade de informações a que esta sociedade tem acesso. É que sem

uma conscientização da população, praticamente torna-se impossível tratar

devidamente o meio ambiente e os recursos naturais, pois a comunidade

precisa entender com clareza a dimensão desta questão.

Para Sachs (1986), é necessário observar, que qualquer transformação,

que econômica, quer social ou até mesmo, na forma de exploração dos recursos

naturais, recaíra em mudanças estruturais que precisam garantir que os aparentes

resultados almejados a curto prazo, não venham a repercutir em custos sociais e

ecológicos excessivos a longo prazo.

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De acordo com Mucelin e Bellini (2008), é natural que os impactos

ambientais tenham surgido a partir da evolução humana, desde que o homem

começou a progredir em seu modo de vida, com o cultivo de alimentos e a criação

de animais, aumentando gradativamente os impactos gerados na natureza, depois

com a derrubada de árvores para construção de abrigo e obtenção de lenha,

tornando cada vez mais visíveis as alterações no meio ambiente.

Ademais Mucelin e Bellini (2008), as alterações na cadeia alimentar,

mudanças climáticas e diminuição da biodiversidade foram possivelmente alguns

dos primeiros impactos ocasionados pela ação do homem. A consequente criação

das cidades e a crescente ampliação das áreas urbanas têm contribuído para o

crescimento de impactos ambientais negativos. As alterações geradas ocorrem por

inúmeras causas, muitas denominadas naturais e outras oriundas de intervenções

antropólogas, consideradas não naturais.

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3 O ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL E IMPACTO DE

VIZINHANÇA CAUSADO PELA CONSTRUÇÃO CIVIL

Segundo Prestes (2005), o Estatuto da Cidade, lei federal que institui a

política urbana de que tratam os artigos 182 e 183 da Constituição Federal de

1988, criou um sistema de normas e institutos que têm em seu cerne a ordem

urbanística, fazendo nascer um direito urbano-ambiental dotado de institutos e

características peculiares, enraizado e fundamentado no texto constitucional, que

possibilita a construção do conceito de cidade sustentável.

3.1 O ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL E O MEIO AMBIENTE

Para Coelho (2005), meio ambiente é o espaço socialmente construído fruto

de processo de interação contínua entre uma sociedade em movimento e um

espaço físico particular que se modifica permanentemente. O ambiente é passivo

e ativo, é, ao mesmo tempo, suporte geofísico, condicionado e condicionante de

movimento, transformador da vida social.

Ademais, Coelho (2005), afirma que o meio-ambiente ao ser modificado,

torna-se condição para novas mudanças, modificando assim, a sociedade. Para a

ecologia social, a sociedade transforma o ecossistema natural, criando com a

civilização urbana um meio ambiente urbano, ou seja, um novo meio, um novo

ecossistema, ou melhor, um ecossistema urbano no ecossistema natural.

Segundo Prestes (2005),

A preocupação da humanidade com a degradação do meio ambiente gerou

a necessidade da criação de instrumentos de tutela ambiental, visando a

reparação do dano. Mais recentemente o direito incorporou instrumentos

que buscam a prevenção do dano ambiental. Dentre tais instrumentos

sobressaem-se o zoneamento ambiental, o planejamento ambiental e o

estudo do impacto ambiental. No Brasil, as avaliações ambientais foram

introduzidas por intermédio da Lei Federal N° 6938/81, que criou o sistema

nacional no meio ambiente. Apesar da lei não ter restringido o âmbito de

aplicação do meio ambiente natural a incidência maior de aplicação visou a

mitigação de impactos a este meio.

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Conforme Sant´anna (2007), defini meio ambiente urbano como a soma de

quatro tipos de meio ambiente:

- Meio ambiente natural: formado por todas as formas de vida e pelos

meios que sobrevivem, incluindo os elementos que são necessários para

tal sobrevivência. Como exemplos de meio ambiente natural situado em

área urbana, podemos mencionar a floresta da Tijuca localizada no Rio de

Janeiro.

- Meio ambiente artificial: formados por meio ambiente natural, como pelo

artificial, desde que tenha recebido valorização especial pela sociedade por

suas características particulares. São ambientes que com o tempo

receberam valor especial.

- Meio ambiente do trabalho: formado pelo ambiente de trabalho de cada

um, deve ter boas condições, em razão de ser um ambientes que o

cidadão mais frequenta durante a vida.

Para David (2005), O Estudo de Impacto Ambiental, foi introduzido no

Direito Brasileiro pela Lei nº 6.803, de 3 de julho de 1980, que cuida das diretrizes

básicas para zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição. Sua

abrangência era bastante limitada, cobrindo apenas áreas críticas de poluição e

nestas, aplicando-se somente às zonas de uso e estritamente industrial.

Segundo Prestes (2005),

A partir da Constituição Federal de 1988, e da Resolução Conama nº

237/97, com a definição de competências expressas aos municípios em

matéria ambiental estabelecida na Constituição Federal e com a

explicitação efetuada pela citada Resolução, é que o meio urbano passou a

ser objeto de maiores avaliações, identificando a preocupação com a

incidência da legislação ambiental e dos instrumentos de planejamento

previstos nesta. Deste movimento é que começaram a aparecer Estudos de

Impacto Ambiental para implantação de condomínios, grandes

loteamentos, shopping centers, hipermercados, todas as atividades

urbanas impactantes ao meio ambiente construído, e que precisam ser

avaliadas. Importante salientar que o conceito de meio ambiente no espaço

urbano, que é notadamente construído e modificado pelo homem, difere do

conceito de meio ambiente relacionado ao ambiente natural. A Lei Federal

nº 6.938/81, recepcionada pela Carta Magna, conceitua meio ambiente

como o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem

física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas suas

formas. A Constituição Federal, em seu artigo 225, estabelece que todos

tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso

comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao

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Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as

presentes e futuras gerações.

Conforme Coelho (2005), impacto ambiental é, portanto, o processo de

mudanças sociais e ecológicas causado por perturbações (uma nova ocupação e/ou

construção de um objeto novo: uma usina, uma estrada ou indústria) no ambiente.

Diz respeito ainda à evolução conjunta das condições sociais e ecológicas

estimulada pelos impulsos das relações entre forças externas e internas à unidade

espacial e ecológica, histórica ou socialmente determinada. É a relação entre

sociedade e natureza que se transforma diferencial e dinamicamente, alterando as

estruturas das classes sociais e reestruturando o espaço.

Ainda, para Coelho (2005),

O Impacto ambiental é indivisível. No estágio de avanço da ocupação do mundo, torna-se cada vez mais difícil separar impacto biofísico de impacto social. Na produção dos impactos ambientais, as condições ecológicas alteram as condições culturais, sociais e históricas, e são por elas transformadas. Como um processo em movimento permanente, o impacto ambiental é, ao mesmo tempo, produto e produtor de novos impactos. Como produto, atua como novo condicionante do processo no momento seguinte. É importante considerar que as novas condições não permanecem idênticas àquelas do início do processo. O impacto ambiental não é, obviamente, só resultado (de uma determinada ação realizada sobre o ambiente): é uma relação (de mudanças sociais e ecológicas em movimento). Se impacto ambiental é, portanto, movimento o tempo todo, ao fixar impacto ambiental ou retratá-lo em suas pesquisas o cientista está analisando um estágio do movimento que continua. Sua pesquisa tem, acima de tudo, a importância de um registro histórico, essencial ao conhecimento do conjunto de um processo, que não finaliza, mas se redireciona, com as ações mitigadoras.

Segundo Marques (2010), O impacto ambiental urbano dentro das cidades

poderá variar de acordo com a atividade impactante, o ambiente da localização e as

relações humanas. Regiões de população de baixa renda sentiram mais dificuldade

em lidar com situações que gerem impactos do que as regiões de alta renda. Como

exemplo, assentamentos de baixa renda costumam ficar implantados em terrenos na

periferia desvalorizada da cidade onde faltam: infra-estrutura, onde apresentam

dificuldades como inundações, desvalorização por proximidade a indústrias e usinas,

poluição sonora gerada por linhas de metrô e altos índices de criminalidade.

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Prestes (2005), afirma que a avaliação dos impactos é uma exigência

contemporânea, de uma sociedade que está assistindo ao escasseamento dos

recursos naturais, ao esgotamento dos grandes aglomerados urbanos e

a degradação das relações de vizinhança e que não tem mais como viver em

sociedade, buscando padrões de qualidade de vida, sem analisar e incidir sobre os

empreendimentos, as atividade e o seu próprio universo, a partir da relação

estabelecida do projeto com a possibilidade de absorção pelo meio no qual irá se

inserir.

Ademais, Prestes (2005), a implantação de empreendimentos e atividades,

além das tradicionais limitações administrativas físico-territoriais e de zoneamento,

relacionadas ao regime urbanístico da gleba e da atividade prevista para a região,

passa a se submeter a outro exame, relativo a possibilidade fática de absorção da

atividade/empreendimento no local proposto, bem como da compatibilidade com o

local no qual pretende se instalar.

Segundo David (2005),

O Estudo de Impacto Ambiental é um estudo das prováveis modificações nas diversas características sócio-econômicas e biofísicas do meio ambiente que podem resultar de um projeto proposto. O Estudo de Impacto Ambiental deve ser, substancialmente, um documento científico de coleta de dados de várias fontes e que prediz o resultado da introdução de novos fatores no ecossistema, envolvendo a avaliação dos impactos em quatro fases de atividade, quais sejam, projeto, construção, operação e desativação ou descomissionamento. Trata-se de instrumento de prevenção do dano ambiental, manifestando-se através de um juízo de compatibilidade entre o projeto e o dever constitucional de defesa e preservação do meio ambiente para as presentes e futuras gerações. Nenhum outro instituto de direito ambiental melhor exemplifica sua vocação essencialmente preventiva que o Estudo do Impacto Ambiental. Daí a necessidade de que o Estudo do Impacto Ambiental seja elaborado no momento certo: antes do início da execução, ou mesmo de atos preparatórios do projeto. Não é à toa que a Constituição Federal preferiu rebatizar o instituto, passando de Avaliação de Impactos Ambientais para Estudo Prévio de Impacto Ambiental.

Cagnin (2000), entende que, a partir da detecção de todos os aspectos

ambientais decorrentes das atividades produtivas, deve-se escolher os mais

significativos. Esta escolha leva em consideração os impactos, riscos, severidade e

frequência. É de se ressaltar que, nessa avaliação, pode ser importante levantar

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outros agressores relevantes ao meio ambiente, na região onde a empresa sob

exame está localizada, com o objetivo de verificar os efeitos cumulativos das

atividades locais e a parcela que cabe à tal empresa, no impacto total. Esses dados

podem levar a empresa a atuar mais pesadamente na área externa do que

internamente, a fim de obter resultados mais adequados ao meio ambiente,

inclusive a custos mais baixos.

Segundo Rios (2014), a ISO 14004/96, que é uma série de normas

desenvolvidas pela International Organization for Standardizaton, que estabelece

diretrizes sobre a área de gestão ambiental dentro de empresas, sugere que, ao se

determinar a importância dos itens avaliados, observa-se pelo menos o seguinte: 1.

Escala do Impacto. 2. Severidade do Impacto. 3. Probabilidade de Ocorrência. 4.

Duração do Impacto.

Ademais, Rios (2014), a priorização dos aspectos e impactos se faz

necessária para que a organização possa concentrar seus recursos naqueles que

apresentam maior risco ao meio ambiente. A primeira filtragem se dá pelo

atendimento a legislação, fazendo-se necessário cumprir todas as exigências. A

segunda filtragem é realizada levando em consideração os critérios de

probabilidade ou frequência e gravidade, normalmente definidas pela organização.

Para cada aspecto significativo, a organização deve, como próxima etapa de

implantação da ISO 14001, implementar um plano de ação.

Conforme David (2005),

O Estudo de Impacto Ambiental é um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, que é um dos principais instrumentos de que é dotado o nosso ordenamento jurídico com a finalidade de assegurar o cumprimento dos objetivos constitucionais referentes ao tema meio ambiente. A complexidade dos objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente faz com que os seus instrumentos, igualmente, sejam extremamente complexos. Dentre eles todos, provavelmente o mais complexo seja o Estudo de Impacto Ambiental. A complexidade é técnica, no sentido do conjunto de disciplinas que devem ser utilizadas à adequada realização de um Estudo de Impacto Ambiental, e jurídica, pois a definição da natureza jurídica de tais estudos é bastante árdua. Existe, também, uma grande complexidade jurídica, que é causada pelas audiências públicas.

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Além disso, Machado (1991), afirma que a natureza jurídica do Estudo de

Impacto Ambiental é de “um juízo de valor, ou seja, uma avaliação favorável ou

desfavorável ao projeto. Não se admitindo um Estudo de Impacto Ambiental que

se abstenha de emitir a avaliação do projeto”.

Ademais, Machado (1991), estabelece que a função do procedimento de

avaliação não é influenciar as decisões administrativas sistematicamente a favor

das considerações ambientais, em detrimento das vantagens econômicas e

sociais suscetíveis de advirem de um projeto. O objetivo é dar às Administrações

Públicas uma base séria de informação, de modo a poder pesar os interesses em

jogo, quando da tomada de decisão, inclusive aqueles do ambiente, tendo em vista

uma finalidade superior.

3.2 O ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA – EIV

Para Soares (2006),

O Estudo Prévio de Impacto ambiental (EIV), tal como hoje é conhecido, foi uma inovação trazida pelo Estatuto da Cidade, na parte que dispõe sobre as normas gerais da política de desenvolvimento urbano. O Estatuto da Cidade, em seus artigos 36 a 38, previu a exigibilidade do EIV para os empreendimentos e atividades em área urbana, conforma definido em lei municipal. Caberá, portanto, a cada município averiguar que espécies de empreendimentos podem gerar um distúrbio de grande porte a ponto de exigir sua intervenção na prestação de serviços públicos, ou ainda, impedir que o projeto siga em frente, com a denegação da competente licença.

Rocco (2006), afirma que para entendermos o Estudo de Impacto de

Vizinhança, precisamos diferenciá-lo do Impacto Ambiental. Ele explica que quando

o homem busca adaptar-se a um ambiente natural, onde antes não habitava,

primeiro faz mudanças nesse habitat para que possa nele sobreviver, causando

assim um impacto ambiental.

Além disso, Rocco (2006), diz que quando já se encontra nesse espaço, em

equilíbrio, em condições que geram segurança, conforto, habitação e adequação às

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suas atividades e dos outros, então faz nele nova modificação alterando esse

equilíbrio, pode estar dessa forma dando origem a um impacto de vizinhança.

Explica que Impacto ambiental é a alteração do equilíbrio do ecossistema natural e

Impacto de Vizinhança é a alteração do equilíbrio do ecossistema artificial –

formador das relações humanas.”

Para Marques (2010),

Dos muitos conceitos apresentados é possível concluir que impacto de vizinhança é um tipo de impacto ambiental urbano, que acontece sempre que há uma alteração de equilíbrio no meio ambiente urbano. Impacto ocasionado pelo surgimento de uma nova atividade nesse meio, que no caso específico dos estudos de impacto de vizinhança será o ambiente artificial (a cidade). Essa implantação irá gerar impactos para a vizinhança (positivos ou negativos) dentro de uma área de influência que será definida de forma diferenciada para cada empreendimento, mas que afetará seu entorno imediato de forma direta e os outros pontos mais afastados da área do empreendimento, ou seja, na cidade como um todo, de forma indireta.

Segundo Mencio (2007), o Estudo de Impacto de Vizinhança consiste em um

instrumento que permite a tomada de medidas preventivas pelo ente estatal com o

propósito de evitar o desequilíbrio no crescimento urbano e garantir condições

mínimas de ocupação dos espaços habitáveis, principalmente, os grandes centros.

Como forma de alcançar o planejamento urbano, o EIV é capaz de prever as

repercussões que determinados empreendimentos gerarão na região em que será

implementado para que o Poder Público, no momento necessário, adote medidas

que procurem amenizar efeitos e manter o equilíbrio da vida da população ao seu

redor. Trata-se de adequar a construção ao meio no qual será inserida ou vice-

versa.

Nesse contexto, para David (2005), a análise da qualidade de vida nas

cidades é importante porque o Estatuto da Cidade, em seu artigo 2º incisos IV e VII,

coloca, entre outras diretrizes, a compatibilização necessária do crescimento das

cidades com os recursos ambientais, de forma a evitar e corrigir as distorções do

crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente e, a adoção de

padrões de expansão urbana compatíveis com os limites da sustentabilidade

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ambiental, social e econômica não só do Município e do território sob sua área de

influência.

Além disso, Salgado (2004),

Entende que o EIV pode auxiliar no planejamento urbano daqui a algum tempo, de modo que se revejam os paradigmas de localização dos estudos e da ocupação do território. Por esse entendimento, o planejamento urbano através da realização do EIV poderia verificar se determinados empreendimentos podem ou não ficar mais próximos das residências de seu entorno. A partir do entendimento de que o EIV pode auxiliar no planejamento urbano daqui a algum tempo, pode-se afirmar que se estaria aplicando o Princípio da Precaução. Esse princípio, amplamente observado quanto à elaboração do EIA, deveria, assim, ser observado, também, quanto à elaboração do EIV, configurando mais uma semelhança entre os dois estudos. O Princípio da Precaução estabelece a premissa da cautela, principalmente porque existem certas atividades que postas em prática podem provocar efeitos ainda não conhecidos, ou, ainda, provocar danos irreversíveis. Esse princípio expressa, portanto, que havendo dúvida quanto aos riscos, não deverá ser realizado o empreendimento.

Para Rocco (2006), o Estudo de Impacto de Vizinhança vem fortalecer a

cidadania, ampliando a concepção de vizinhança dos meros limites lindeiros para

uma vizinhança pública e coletiva, concebida e fundamentada no exercício da

responsabilidade cidadã pelos espaços de moradia e convivência. É mais um dos

instrumentos trazidos pelo Estatuto da Cidade que permitem a tomada de medidas

preventivas pelo ente estatal a fim de evitar o desequilíbrio no crescimento urbano

e garantir condições mínimas de ocupação dos espaços habitáveis, além de

garantir a ampliação do conceito privado do direito de vizinhança.

Segundo Chamié (2010),

Durante muitos anos, o Poder Público buscou garantir a proteção da população em relação aos usos incômodos através da homogeneização de zonas feita pela Lei de Zoneamento. Hoje mesmo que as zonas totalmente homogêneas já estejam ultrapassadas dentro da visão contemporânea do urbanismo, é importante frisar que o zoneamento por si só não é capaz de mediar todos os conflitos de vizinhança, pois o modo como são utilizados os imóveis urbanos, mesmo que de acordo com a Lei, não diz respeito somente ao proprietário do empreendimento e ao Poder Público, mas também às relações de vizinhança, que somente são tratadas de modo eficiente e completo através do Estudo de Impacto de Vizinhança. As consequências trazidas pelo imóvel se forem previamente diagnosticadas pelo EIV, podem ser evitadas buscando conciliar os direitos do proprietário de construir e usar, com o direito de propriedade dos vizinhos, solucionando demandas

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privadas e coletivas, além de compatibilizar o desenvolvimento econômico e urbano com uma melhor qualidade de vida.

Para Silva (2010), o Estudo de Impacto de Vizinhança deverá conter

elementos suficientes para demonstrar, de forma clara e precisa, todos os

prováveis efeitos que a execução do empreendimento causará à população que

habita ou circula no seu entorno, bem como antever os reflexos que serão gerados

na infra- estrutura urbana.

Ademais, Silva (2010), afirma que são diversos aspectos a serem sopesados

na confecção do Estudo de Impacto de Vizinhança, sob ponto de vista do

potencial impacto funcional, estético, paisagístico e de infra-estrutura urbana

gerado pelo novo projeto. O conteúdo mínimo previsto no artigo 37 do Estatuto da

Cidade engloba questões de adensamento populacional, equipamentos urbanos e

comunitários, uso e ocupação do solo, valorização imobiliária, geração de tráfego e

demanda por transporte público, ventilação e iluminação, paisagem urbana e ao

patrimônio natural e cultural.

Conforme Marques (2010), o Estudo de Impacto de Vizinhança é um

instrumento democrático de planejamento urbano que veio para dar voz ao

interesses da população e, mais do que isso, disciplinar a forma de implantação de

grandes empreendimentos. Não veio para inviabilizar a instalação de grandes

empreendimentos (pois se sabe que o desenvolvimento urbano de uma cidade e

seu progresso econômico depende em grande parte da instalação de grandes

empreendimentos), mas o Estudo de Impacto de Vizinhança pode ser um

importante aliado para o empreendedor que busca legitimar o empreendimento sem

atritos com a comunidade vizinha. Dessa forma, é de extrema importância que esse

processo ocorra de maneira mais responsável possível na atuação de todos os

atores envolvidos.

Para Lollo e Rohm (2005), afirmam que, em relação à definição da

vizinhança, é fundamental a caracterização de suas condições atuais (base para

previsão de impactos) e, principalmente, a definição apropriada de suas dimensões

espaciais, pois estas devem estar relacionadas com os impactos esperados na

área de influência do empreendimento, considerando seu porte e natureza, em

função do fator considerado.

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Ademais Lollo e Rohm (2005), citam como exemplo disso, no caso da

construção de um grande centro comercial, os impactos no meio natural podem

estar limitados apenas à área de construção do mesmo, o que já não ocorre, se

considerarmos os impactos no tráfego, pois, neste caso, a área de influência dos

impactos é muito maior, podendo ser estendido além das vias vizinhas até o

sistema viário principal.

Nesse Contexto, Martini (2005), no que diz respeito às construções, o

binômio dimensão da construção e finalidade pode servir de parâmetro ao

legislador municipal na criação da lei que definirá, frente à realidade local, os

empreendimentos que necessitarão do prévio estudo de impacto de vizinhança.

Entretanto cabe-nos esclarecer que nos grandes centros urbanos – como é o caso

de São Paulo, por exemplo – às vezes, este binômio pode não ser suficiente para

demonstrar o índice de impacto de vizinhança como almejado pelo Poder Público.

Ainda para Martini (2005), embora não haja outra solução senão considerar

o critério genericamente – até porque será veiculado por lei –, cada região da

cidade apresenta características diferentes, o que levará a um maior ou menor

impacto na implantação de determinado empreendimento. Mas como o Estudo

visa a demonstrar a adequação da obra ao local no qual será inserida, o

oferecimento do maior número de detalhes da construção e da região é a melhor

maneira de suplantar possíveis desvios.

3.3 O IMPACTO AMBIENTAL E IMPACTO DE VIZINHANÇA APLICADOS NA

CONSTRUÇÃO CIVIL

Segundo Prestes (2005), as primeiras licenças de construção controlavam a

estética do projeto, a acomodação às normas de polícia de construção

individualmente tratadas. A partir do advento das licenças urbanísticas passou-se

a controlar as atividades urbanas, visando a adequação ao planejamento

urbanístico, ao plano de etapas. Além disso, passou-se a controlar o como

construído, ou seja, se a construção seguia o que fora aprovado.

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Conforme Silva (2010),

Por força do artigo 36 do Estatuto da Cidade, somente estarão sujeitas à

elaboração do Estudo de Impacto de Vizinhança as obras e atividades

determinadas em lei municipal, o que vale dizer, em norma editada após o

regular processo legislativo. Isto significa a impossibilidade de definição das

obras ou atividades que dependem do Estudo de Impacto de Vizinhança

por meio de decreto, portaria, resolução ou qualquer outro meio que não

seja a lei do município onde se pretende edificar o novo empreendimento

ou instalar a nova atividade. O Direito Urbanístico, como ramo do direito

público, não deve ser interpretado como limitação do direito de construir,

nem tampouco consideramos que o Estudo de Impacto de Vizinhança deva

ser visto uma derivação do direito de vizinhança.

Ademais, Silva (2010), em que pese a interface existente entre estes

diferentes ramos da ciência jurídica, o direito de construir e o direito de vizinhança

são de ordem privada e disciplinam a construção e seus efeitos nas relações com

terceiros, enquanto o direito urbanístico ordena o espaço urbano e as áreas rurais

que nele interferem por meio de imposições de ordem pública, expressas em

normas de uso e ocupação do solo, ou de proteção ambiental, ou enuncia regras

estruturais e funcionais da edificação urbana coletivamente considerada.

Para Pereira (2004), o proprietário tem o direito de levantar em seu terreno

as construções que lhe aprazam. É uma verdade tão comezinha que não haveria

mister enunciar-se. No entanto, a lei o proclama mais com o propósito de lhe

imprimir um condicionamento: a observância a regulamentos administrativos que

subordinam as edificações a exigências técnicas, sanitárias e estéticas; e o

respeito ao direito dos vizinhos, que não deve ser violado pelas edificações.

Campos (2012), entende que a Cadeia Produtiva da Construção Civil

engloba a indústria da construção, indústria de materiais, serviços, comércio de

materiais de construção, outros fornecedores, máquinas e equipamentos para

construção. Dentro do setor industrial, a cadeia produtiva da construção civil

representa 8% das emissões do Brasil, valor estimado gerado pelos fornecedores

de materiais utilizados na construção, tais como na produção de cimento e de

aço, no transporte, e, por último, na extração madeireira.

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Segundo Heuser (2007),

A indústria da construção civil exerce impacto significativo sobre a

economia de uma nação e, portanto, pequenas alterações nas diversas

fases do processo construtivo podem promover mudanças importantes na

eficiência ambiental, além da redução dos gastos operacionais de uma

obra. Nesse mercado de competitividade crescente e submetido a

instrumentos de comando de controle, pautado por legislação e normas e

de melhoria contínua, a escolha de materiais de construção representa um

importante campo da engenharia ambientalmente responsável. Existem

hoje várias ferramentas que podem auxiliar as empresas a alcançarem

seus objetivos em relação ao meio ambiente: auditoria ambiental, avaliação

do ciclo de vida, estudos de impactos ambientais, sistemas de gestão

ambiental, relatórios ambientais, gerenciamento de riscos ambientais, etc.

Alguns são específicos, outros podem ser aplicados em qualquer empresa,

como os sistemas de gestão ambiental.

De acordo com Santos (2012), Existem inúmeras ferramentas para avaliar

os impactos ambientais especialmente sobre as alterações inerentes a

intervenções construtivas. Para o presente estudo destacou-se duas formas de

avaliar impactos ambientais da construção: a Análise do Ciclo de Vida (ACV) e o

Estudo de Impacto Ambiental (EIA). A ACV é uma forma de avaliação completa de

toda a cadeia produtiva do objeto de estudo, ela permite a visão holística e

formulação de pareceres bem fundamentados sobre o impacto de sistemas e de

produtos.

Ademais, para Santos (2012), o Estudo de Impacto Ambiental, por outro

lado, não traduz resultados tão exatos e há diversas metodologias que muitas

vezes diferem significativamente entre si. No entanto, por Lei é obrigatório realizar

tal estudo com as devidas adaptações aos contextos de cada situação e às

exigências dos órgãos ambientais de cada localidade. Desta forma, tais estudos

são complementares entre si, um pela avaliação holística e bem fundamentada, e

o outro pela utilização na maioria das intervenções causadas pela construção civil

e demais atividades potencialmente poluidoras.

Para Carneiro (2010), a cadeia produtiva da construção civil tem indiscutível

relevância no desenvolvimento socioeconômico do Brasil, pois é considerada

importante indicador socioeconômico, além de grande multiplicadora de

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investimentos como núcleo que ativa várias outras cadeias produtivas,

intensificando o mercado interno por meio da aquisição de insumos que são

transformados em bens de elevado valor agregado. Sob o aspecto social é grande

geradora e distribuidora de renda.

Segundo Theodoro (2012), conforme dados da Federação das Indústrias de

São Paulo - FIESP a construção civil foi o setor responsável por aproximadamente

7,8 milhões de postos de trabalho no ano de 2008, representando 8,3% no total de

ocupados do país, número este que demonstra a representatividade dessa cadeia

produtiva, cuja taxa de crescimento, naquele ano, foi maior que a taxa do PIB do

país. Porém, na contramão desse crescimento, vem a degradação ambiental

relacionada a vários fatores, dentre eles o expressivo desperdício de insumos e a

dificuldade de implementar sistemas de gestão, principalmente na fase de

construção dos empreendimentos.

Conforme Araújo e Cardoso (1986), as atividades de construção civil geram

aspectos ambientais, que por sua vez provocam impactos ambientais, que atingem o

meio ambiente, alterando suas propriedades naturais. Os impactos ambientais são

os elementos consequentes das atividades presentes em um canteiro de obras,

sobre os quais a equipe de obra pode agir e ter o controle. Atuando nestes, seja por

meio de inserção de medidas gerenciais ou tecnológicas, obtêm-se as reduções nas

interferências negativas causadas pela construção civil.

Ainda, Araújo e Cardoso (1986), afirmam que,

Por meio de matrizes de correlação, é possível relacionar impactos, aspectos e atividades. Assim é possível saber qual atividade gera cada aspecto, e também qual aspecto gera cada impacto. Por outro lado, a importância no conhecimento dos impactos ambientais está na escolha de onde agir em primeiro lugar e para o quê dar prioridade, já que não se pode atuar sobre tudo, pois, normalmente, os recursos disponíveis são limitados. Priorizados os impactos que precisam ser reduzidos ou eliminados, pode-se definir as tecnologias e as ações de natureza gerencial necessárias para tanto, estabelecendo os recursos que precisam ser implantados, equipamentos a serem comprados, profissionais a serem treinados ou contratados, ferramentas gerenciais a serem implantadas, etc. – e os prazos e custos envolvidos. São essas as principais informações que interessam aos profissionais de obra preocupados com a questão da sustentabilidade.

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Conforme Rios (2014), a relação entre a atividade construtora e o meio

ambiente se analisa com frequência através dos efeitos negativos sobre o mesmo,

como consumo de recursos e energia, contaminação, alteração do ecossistema,

geração de resíduos, etc. A construção, sem nenhuma consciência do tipo

ambiental tem contribuído significativamente para esta imagem negativa, que

inclusive tem levado a população muitas vezes a se opor a construção de novas

infraestruturas.

De forma semelhante, Araújo (2009), afirma,

Que a indústria da construção civil é a atividade humana mais impactante sobre o meio ambiente que habitamos. Todas as etapas de um empreendimento - construção, uso, manutenção e demolição - são relevantes no que diz respeito ao consumo de recursos e geração de resíduos. Por outro lado, certos aspectos são característicos apenas em algumas etapas, por exemplo, as emissões de materiais particulados, ruídos e vibrações, típicas durante a construção. Além dos impactos ambientais, a indústria da construção civil é capaz de impactar economicamente e socialmente, podendo funcionar como instrumento para melhoria da qualidade de vida da sociedade como um todo.

Para Costa (2008), a construção civil é considera como uma indústria de

caráter nômade, com produtos únicos e não seriados, pois sua produção é

centralizada (operários móveis em torno de um produto fixo), ao invés da produção

em cadeia (produtos passando por operários fixos), como em outras indústrias, cujo

perfil é muito tradicional e utiliza mão-de-obra intensiva e pouco qualificada, fatores

que somados ao emprego de pessoas de caráter eventual e de possibilidades

escassas de promoção, favorecem a baixa motivação no trabalho.

Segundo Cardoso (2007), na construção civil é elevada a representatividade

da informalidade que, em 2003, correspondia a 170.803 empresas informais, contra

118.993 empresas formais. Dos cerca de R$ 193 bilhões relativos ao valor da

produção setorial, R$ 75 bilhões eram provenientes do setor formal e R$ 118 bilhões

ou 61% do informal.

Ademais, Cardoso (2007), afirma que o desempenho dessa atividade

pressupõe que as empresas estejam em situação regular, mas o emprego da prática

da subcontratação pode representar um risco quando o objetivo é reduzir custos, o

que pode acabar por implicar em degradação significativa das condições de

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trabalho, pelo uso de formas precárias de contratação: sem registros; elevada

rotatividade; baixos salários; ausência de treinamento; não respeito aos aspectos

ligados à higiene, à segurança do trabalho e às condições de vida dos trabalhadores

no canteiro de obras; prática das subempreitadas em “cascata”, conhecidas também

como “quarterização” que caracterizam a subcontratação predatória, e evidencia,

para o indivíduo, a sua “descartabilidade.”

De acordo com o Santander (2011),

Quarenta por cento da energia consumida no mundo é demandada pela indústria da construção civil que, em 2005, utilizou cerca de 331 milhões de toneladas de agregados (areia, brita, etc.), dos quais 135 milhões de toneladas correspondem a pedras britadas e 196 milhões de toneladas à areia. O consumo brasileiro de agregados é estimado em cerca de 1,77 tonelada/habitante ao ano, dos quais a parcela correspondente aos resíduos de construção e de demolição (RCD) gerada é, em média, de 150 kg/m² construído, sendo que os resíduos de construção e de demolição (RCD) constituem de 41% a 70% da massa dos resíduos sólidos urbanos, número este que representa – em muitos municípios - mais da metade dos resíduos gerados, e reflete no esgotamento de reservas próximas às grandes cidades, a exemplo da areia, que tem demandado transporte a longas distâncias, implicando mais ainda no consumo de energia.

Segundo Rios (2014), Todos os aspectos apresentados se manifestam em

todas as fases do ciclo de vida das edificações. Ciclo de vida é o conceito que trata

de todas as etapas ligadas a um produto, desde a extração de suas matérias-primas

até sua disposição final. Segundo o Guia da Sustentabilidade na Construção (2008),

o ciclo de vida de edificações é geralmente dividido em cinco fases principais: 1.

Concepção. 2. Planejamento/Projeto. 3. Construção/Implantação. 4. Uso/Ocupação.

5. Requalificação/Desconstrução/Demolição.

Blumenschein (2004), O impacto no meio ambiente proveniente da cadeia

produtiva da indústria da construção ocorre ao longo de todos os seus estágios e

atividades: desde a ocupação de terras; na extração de matéria-prima e no seu

processamento e produção de elementos e componentes; no transporte dessa

matéria-prima e de seus componentes; no processo construtivo e no produto final,

ao longo de sua vida útil, até sua demolição e descarte. Ao longo de toda esta

cadeia, recursos naturais são explorados excessivamente, muitas vezes de forma

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criminal, energia é consumida indiscriminadamente e resíduos são gerados de forma

excessiva e dispostos irregularmente.

Conforme Nascimento (2012), a necessidade de minimização dos impactos

ambientais gerados pelas edificações e a difusão dos conceitos de desenvolvimento

sustentável levaram o setor a buscar construções com melhor desempenho

ambiental. Construção sustentável significa que os princípios do desenvolvimento

sustentável são aplicados ao ciclo de vida dos empreendimentos que fazem parte do

ambiente construído, desde a extração e beneficiamento da matéria prima,

passando pelo planejamento, projeto e construção das edificações e obras de infra-

estrutura, até a sua demolição e gerenciamento dos entulhos, em intensidades que

variam segundo suas especificidades.

Para Araújo e Cardoso (1986), devem-se conhecer as intensidades e

frequência dos impactos, e suas consequências para os meios físico, biótico e

antrópico do local onde a obra está inserida, para então priorizá-los. É também

necessário saber em que medida todos aqueles que sofrem impactos, as chamadas

“partes interessadas”, consideram-se prejudicados, como as pessoas que trabalham

na obra, os fornecedores, o empreendedor, os projetistas, a vizinhança, e até

mesmo a sociedade como um todo. Sobretudo, a priorização deve considerar o

contexto específico do canteiro de obras.

De acordo com Theodoro (2012), Em 5 de julho de 2002, entrou em vigor a

Resolução Conama nº 307, que estabeleceu e determinou a execução de um Plano

Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, atribuindo aos

municípios e ao Distrito Federal a busca de soluções para o gerenciamento de

pequenos volumes e o disciplinamento da ação dos grandes geradores. Em 2 de

agosto de 2010, entra em vigor a Lei Federal nº 12.305, que institui a Política

Nacional de Resíduos Sólidos e alterou a Lei Federal nº 9.605, de 12 de fevereiro de

1998 (lei de crimes ambientais). Dispõe sobre princípios, objetivos, instrumentos,

diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos,

incluídos os perigosos, as responsabilidades dos geradores e do poder público,

assim como os instrumentos econômicos aplicáveis.

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De forma semelhante, Nascimento (2012), diz que a construção de

edificações, especialmente a vertical, é um setor da indústria da construção civil

que gera uma série de aspectos ambientais como: desperdício de materiais;

lançamento não monitorado; descarte de recurso renovável; impermeabilização do

solo; uso da via pública; supressão da vegetação; rebaixamento do lençol freático;

remoção de edificações; impermeabilização do solo; lançamento de fragmentos;

emissão de material particulado; consumo e desperdício de água; consumo e

desperdício de energia elétrica em todas as fases e etapas do ciclo de vida do

empreendimento.

Para Nascimento (2012), as fases e etapas de um empreendimento podem

ser descritas no Quadro a seguir:

Figura 1 – Etapas de um empreendimento. Fonte: Nascimento, 2012.

Segundo CARDOSO e ARAÚJO (2007), a fase de construção, no ciclo de

vida de um edifício, responde por uma parcela significativa dos impactos causados

pela construção civil no ambiente, principalmente os consequentes às perdas de

materiais e à geração de resíduos e os referentes às interferências e poluição na

vizinhança da obra e nos meios físico, biótico e antrópico do local onde a

construção é edificada. As perdas de materiais, incorporadas ao edifício ou que

aparecem sob a forma de resíduos ou entulhos de obra, significam consumos

desnecessários de recursos extraídos da natureza.

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Para Resende e Cardoso (2008), os impactos ambientais mais gerados por

canteiro de obras na fase de execução, são:

Figura 2 – Impactos Ambientais mais gerados por canteiro de obras. Fonte:

Resende e Cardoso, 2008.

Ademais, Resende e Cardoso (2008), afirmam que

Durante a construção ou demolição de um edifício, existe uma grande quantidade de movimentações internas de materiais e resíduos gerados no processo de produção. São movimentações verticais e horizontais que visam o armazenamento, o uso ou o descarte destes materiais e resíduos. Durante muitas destas operações de movimentação, se não tomados os devidos cuidados, há um grande potencial de emissão de material particulado na atmosfera, principalmente quando são transportados materiais secos, finos ou pulverulentos, que é o caso de agregados, aglomerantes, diversos tipos de resíduos, blocos e tijolos, entre outros. Estas movimentações podem ser realizadas manualmente, com o uso de ferramentas (pás, enxadas, entre outros) ou com o uso de veículos e equipamentos de pequeno e grande porte (dutos para entulho, escavadeiras, carrinhos de mão, empilhadeiras, guinchos, gruas, guindastes, elevadores, andaimes balancins, caminhões, entre outros). Além das operações de movimentação, a armazenagem inadequada de certos tipos de materiais e resíduos, principalmente, secos, finos ou pulverulentos, também pode gerar emissão de material particulado na atmosfera. Estas emissões ocorrem principalmente, quando estes materiais são armazenados desprotegidos da ação dos ventos e chuvas.

Para Rios (2014), segundo o Guia de Sustentabilidade na Construção (2008),

a maior parte dos sistemas ainda não considera diversos aspectos sociais

relevantes na indústria da construção ao avaliar a sustentabilidade de um

empreendimento, entre eles a qualidade de vida no canteiro de obras, treinamento

da mão de obra, contratação de mão de obra formal e conformidade com normas

técnicas. No entanto, são aspectos que devem ser considerados e trabalhados na

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busca da melhor qualidade no ambiente de trabalho e seu entorno e avaliação do

desempenho dos empreendimentos em relação à sustentabilidade.

Ademais, Rios (2014), afirma que apesar da presença de todos os aspectos

de sustentabilidade em cada fase do ciclo de vida do empreendimento, as ações a

serem realizadas em cada uma delas e seu impacto potencial para a sua

sustentabilidade variam significativamente. Uma ilustração disso são os dados

levantados por Ceotto apud Guia da sustentabilidade na Construção (2008) para um

edifício comercial com ciclo de vida de 50 anos. A variação dos custos e as

possibilidades de intervenção em um empreendimento podem ser percebidos na

figura a seguir:

Figura 3 – Variação dos custos e as possibilidades de intervenção em um

empreendimento. Fonte: Rios, 2014.

Para Resende e Cardoso (2008), A etapa de identificação de aspectos

ambientais é fundamental, pois conhecendo os aspectos, pode-se atuar de forma

a mitigar ou reduzir os impactos. E, conhecendo os impactos, é possível prioriza-

los e decidir quais ações tomar. Pode-se definir as tecnologias e as ações de

natureza gerencial necessárias para tanto, estabelecendo os recursos que

precisam ser introduzidos – equipamentos a serem comprados, profissionais a

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serem treinados ou contratados, ferramentas gerenciais a serem implementadas,

os prazos e os custos envolvidos. São estas as informações que interessam aos

profissionais de obra preocupados com a questão da sustentabilidade

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4 ESTUDO DE CASO

Com o objetivo de aprofundar o apresentado até aqui, foram feitos estudos de

casos onde se pode aplicar diretamente o Estudo de Impacto Ambiental e Estudo de

Impacto de vizinhança.

4.1 Estudo Hospital Regional de Santa Maria - RS

O caso de Impacto de Vizinhança gerado pela obra do Hospital Regional de

Santa Maria originou-se pela alta demanda de energia elétrica em virtude de

equipamentos utilizados em sua construção. A figura 4 mostra a planta situação e

localização do empreendimento.

Figura 4: Situação/Localização do Hospital Regional de Santa Maria/RS

A obra situada na Rua Florianópolis, 867, bairro Pinheiro Machado, Santa

Maria-RS, aos quais possuía licença ambiental expedida pela Fepam e Estudo de

Impacto de Vizinhança aprovado pela Prefeitura, enfrentou dificuldade com questões

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energéticas em virtude da grande demanda de energia elétrica na fase de polimento

do piso empregado no hospital como mostra a figura 5.

Figura 5: Operação com Politriz trifásica.Fonte: Autor.

As falhas eram diárias, com queda de tensões que afetavam não só a obra,

mas o seu entorno, trazendo prejuízos à vizinhança como falha no abastecimento e

quebra de eletrodomésticos.

A empreiteira Portonovo Empreendimentos e Construções Ltda, responsável

pela obra, ao ser procurada por moradores insatisfeitos com os acontecimentos,

tomou por iniciativa própria medidas para sanar o problema. Dessa forma, manteve

a ida do Hospital Regional como um acontecimento positivo para aquela região, pois

sua ida para aquela localidade traz tanto melhor atendimento para a população

como prosperidade para o bairro.

A construtora a fim de resolver o problema procurou a empresa responsável

pelo abastecimento de energia elétrica AES SUL, no qual informou através de oficio,

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que não poderia resolver imediatamente o problema já que a rede que abastecia o

bairro não teria capacidade para atender a nova demanda.

A construtora ciente dos problemas que esta espera poderia acarretar, se

propôs a comprar os equipamentos necessários à adequação da rede e doá-los a

concessionária de energia. Mais tarde a concessionária de manifestou contraria a

estas medidas alegando que o problema de rede não seria pontual e que levaria

cerca de dois anos para as adequações, resolvendo o problema de energia do bairro

apenas quando o hospital já estaria em funcionamento.

Diante dos novos fatos a construtora com intuito de resolver o problema junto

a comunidade, alugou um gerador de energia a diesel, conforme mostrado na figura

6, para ser instalado dentro do canteiro de obras. Esta medida apesar de onerar os

custos operacionais diários, gerar ruído e poluir o ar no canteiro de obras foi vista

como necessária para manter a boa relação entre obra e vizinhança, tão importante

aos empreendimentos de hoje.

Figura 6: Gerador de energia elétrica. Fonte: Stema Grupo Geradores.

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4.2 Estudo obra de saneamento básico bairro Camobi.

O caso a ser analisado, é a obra de saneamento básico do bairro Camobi em

Santa Maria RS. A obra possui cerca de 72 Km de redes de esgoto cloacal onde

gera Impacto de vizinhança a moradores do bairro. Tendo inicio em 07/10/2015 e

previsão para término em 07/10/2017, onde tem repercutido entre os moradores os

impactos gerados com a passagem de redes de esgoto pelas ruas.

Entre as reclamações mais frequentes estão: Interrupções no trânsito devido

às obras, demora na restauração de ruas após a abertura de valas, trânsito intenso

de máquinas pesadas e mau cheiro devido ao lançamento irregular de esgoto em

redes pluviais. Esta última acarretando em dano ambiental já que as águas pluviais

contaminadas por esgotos são lançadas sem tratamento em córregos da cidade

como pode-se observar na rede pluvial mostrada na figura 7.

Figura 7: Rede pluvial contaminada por esgoto. Fonte: Autor.

A empresa Sul Cava Comércio e Construções Ltda, responsável pela obra,

tem colaborado com a obra e toma medidas para minimizar os impactos causados a

comunidade, como: melhora na sinalização de obras, incremento nas equipes de

restauração de ruas, informação prévia aos moradores sobre a passagem das

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equipes de instalação de redes a fim de prevenir maiores impactos a cerca do

trânsito.

Porém, uma obra deste porte deve sempre contar com a colaboração dos

moradores do entorno, já que se deve seguir as sinalizações e orientações das

equipes de trabalho, visto que nem sempre isto ocorre como podemos verificar na

figura 8, onde uma viatura dos Correios não obedeceu à orientação dos funcionários,

entrando em uma rua com trânsito bloqueado causando acidente ao cair na vala.

Figura 8: Acidente com viatura dos Correios. Fonte: Autor.

A figura 9, mostra equipe de pavimentação asfáltica restaurando a Rua 5 de

março após a passagem das redes de esgoto.

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Figura 9: Restauração Rua 5 de Março Bairro Camobi. Fonte: Autor.

Nas figuras 10 e 11, pode-se verificar na Rua Joana R. Machado, período de

instalação de ramais de esgoto e posteriormente sua restauração. Também é

possível notar a dificuldade de circulação dos pedestres em meio às máquinas.

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Figura 10: Rua Joana R. Machado. Fonte: Autor.

Figura 11: Restauração da Rua Joana R. Machado. Fonte: Autor.

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Dessa forma, podemos observar os impactos de vizinhança causados por

uma obra de saneamento básico, ficando evidente a necessidade de interação entre

empresa e sociedade.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O crescimento populacional desordenado, juntamente com a industrialização,

visa ao lucro e não ao bem estar da sociedade, acabando por destruir as relações

sociais. O setor da construção civil contribui significativamente para a modificação

do espaço em que vivemos, sendo responsável pelas alterações climáticas e pela

produção de resíduos, causando assim impactos ambientais. A busca pela

diminuição dos impactos ambientais resultou na elaboração de estratégias que

buscam sustentabilidade.

A maioria da população mundial vive nas cidades, baseado nisso, deve-se ter

a consciência de que a qualidade de vida está associada a padrões ambientais e ao

controle das atividades desenvolvidas nas cidades. A partir de mecanismos de

gestão urbana, ambiental e democrática, pode-se diminuir os impactos ambientais

desfavoráveis à população.

Pode-se afirmar que a principal evolução, quando falamos em

sustentabilidade, originou-se no o Estatuto da Cidade, que veio como forma da

gestão democrática. O presente Estatuto, surgiu como forma de determinar que o

poder público deva ordenar e controlar o uso do solo de forma a evitar, por exemplo,

a o uso incompatível, excessivo ou inadequado que está referindo-se ao Estudo de

Impacto de Vizinhança - EIV.

Como apresentado, a fase de construção de um empreendimento é

responsável pela maior parte dos impactos ambientais gerados. Baseado nisso, o

canteiro de obras deve ser tratado com responsabilidade, sendo sempre observados

os danos causados durante a construção, buscando sempre medidas para diminuir

esse dano.

As estratégias sustentáveis durante todas as etapas do ciclo produtivo de um

empreendimento vêm sendo absorvida aos poucos pelas empresas. Algumas

utilizam como forma para valorizar seu produto final, podendo ter maior retorno do

investimento, e algumas empresas já valorizam a real preocupação com a

sustentabilidade, associada aos benefícios econômicos.

A intenção de analisar as origens do Plano Diretor, bem como a importância

do Estudo de Impacto de Vizinhança, suas características e funções é para que

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esses instrumentos sejam aplicados, gerando um controle regionalizado dos

Impactos ao meio ambiente urbano e a coletividade.

Conforme casos citados, pode-se observar a visão das empresas a respeito

dos impactos ambientais e de vizinhança causados pelas obras, tendo em vista que

as reivindicações da comunidade no entorno devem ser avaliadas e sempre que

possíveis atendidas a fim de garantir a boa interação entre as partes.

Por fim, como a Construção Civil é responsável por alterações climáticas e

pela produção de resíduos, a busca pela construção sustentável resultou em

iniciativas sustentáveis nas construções para diminuição dos Impactos Ambientais.

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