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Santa Maria, RS 2017 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL Eduardo Henrique Lucca Santos NOVOS PARADIGMAS AO PROJETO DE EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS RELACIONADOS À NBR 15575/2013, SITUAÇÃO ATUAL EM SANTA MARIA/RS

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Santa Maria, RS

2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Eduardo Henrique Lucca Santos

NOVOS PARADIGMAS AO PROJETO DE EDIFICAÇÕES

HABITACIONAIS RELACIONADOS À NBR 15575/2013, SITUAÇÃO

ATUAL EM SANTA MARIA/RS

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Santa Maria, RS

2017

Eduardo Henrique Lucca Santos

NOVOS PARADIGMAS AO PROJETO DE EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS

RELACIONADOS À NBR 15575/2013, SITUAÇÃO ATUAL EM SANTA MARIA/RS

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

curso de Engenharia Civil, da Universidade

Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como

requisito parcial para obtenção do grau de

Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. Dr. Rogério Cattelan Antocheves de Lima

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Santa Maria, RS

2017

Eduardo Henrique Lucca Santos

NOVOS PARADIGMAS AO PROJETO DE EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS

RELACIONADOS À NBR 15575/2013, SITUAÇÃO ATUAL EM SANTA MARIA/RS

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

curso de Engenharia Civil, da Universidade

Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como

requisito parcial para obtenção do grau de

Engenheiro Civil.

Aprovado em 15 de dezembro de 2017:

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AGRADECIMENTOS

Este trabalho representa o fim de uma jornada, durante a qual muitas pessoas

contribuíram de alguma forma. A todos agradeço pela ajuda, em especial:

Primeiramente, gostaria de agradecer aos meus pais, meus maiores apoiadores e

conselheiros. Obrigado por priorizarem, acima de tudo, uma educação de qualidade para mim

e para as minhas irmãs. O seu suporte incondicional e os constantes incentivos ao longo da

minha vida acadêmica atenuaram essa difícil caminhada. Por vocês, sempre terei o maior

amor e gratidão.

Às minhas irmãs, que são pessoas nas quais eu me inspiro e das quais eu tenho muito

orgulho.

Aos meus avós, que em cada conversa me ajudam a manter meu espirito e confiança,

obrigado por acreditarem em mim.

Ao professor Rogério Cattelan Antocheves de Lima, pela orientação, confiança e

conhecimentos compartilhados, sempre com paciência e dedicação, tornando possível a

conclusão deste trabalho.

Agradeço aos professores Giane de Campos Grigoletti e Joaquim Cesar Pizzutti dos

Santos pelas suas contribuições para este trabalho.

Agradeço ainda a todos os profissionais que me concederam seu tempo para a

realização das entrevistas, peças fundamentais para a realização deste trabalho.

Sou grato também aos meus colegas de graduação, pelos momentos compartilhados,

pela parceria e por tudo que ocorreu nos últimos anos. Um agradecimento especial ao meu

falecido amigo Benhur Retzlaff Rodrigues, pela amizade que construímos durante o primeiro

ano de graduação. Amizade essa que levarei comigo para sempre.

Por fim, quero agradecer a todas as pessoas que contribuíram de alguma maneira para

a minha formação como engenheiro civil e à realização deste trabalho.

Muito Obrigado.

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RESUMO

NOVOS PARADIGMAS AO PROJETO DE EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS

RELACIONADOS À NBR 15575/2013, SITUAÇÃO ATUAL EM SANTA MARIA/RS

AUTOR: Eduardo Henrique Lucca Santos

ORIENTADOR: Rogério Cattelan Antocheves de Lima

No Brasil, a indústria da construção civil encontra-se num período de grandes transformações

quanto ao conceito de desempenho em edificações. A entrada em vigor da NBR 15575 em

2013 padronizou os métodos e critérios adotados para a avaliação de desempenho de

Edificações Habitacionais, e, assim, propiciou a disseminação e uma maior inserção do

conceito de desempenho na concepção de edificações. Diante desse contexto, este trabalho

tem como objetivo analisar os impactos causados pela NBR 15575 em construtoras e

empresas de projetos do município de Santa Maria/RS, bem como identificar mudanças de

postura, providências tomadas e possíveis entraves para o atendimento da referida norma.

Para tanto, a metodologia consistiu em uma revisão bibliográfica seguida da realização de um

estudo de caso junto a empresas da cidade. Assim sendo, foram selecionadas cinco

construtoras e cinco empresas de projetos com sede em Santa Maria/RS, nas quais realizaram-

se entrevistas com os respectivos engenheiros civis e arquitetos. Como resultados, obteve-se o

cenário local e os aspectos quanto a aplicabilidade da NBR 15575 na região. As empresas

locais estão em processo de adaptação quanto a Norma de Desempenho de Edificações

Habitacionais, sendo que as construtoras que trabalham com habitações de interesse social são

as que têm maior interesse em atendê-la. Em geral, a norma propiciou as empresas a

existência de um ambiente técnico mais definido e uma maior preocupação quanto aos

materiais, sistemas e layouts utilizados nos seus empreendimentos. Quanto a aplicabilidade da

norma, nota-se uma dificuldade em encontrar fornecedores locais para determinados materiais

que estejam em conformidade com as exigências estabelecidas na norma, bem como uma

certa resistência quanto a realização de ensaios por parte das construtoras, devido ao custo que

esses agregam ao processo construtivo. Por fim, verifica-se a necessidade de um programa

estruturado para a capacitação dos profissionais envolvidos na cadeia construtiva quanto a

temática abordada na presente pesquisa.

Palavras-chave: projeto de edificações, avaliação de desempenho, edificações habitacionais.

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ABSTRACT

NEW PARADIGMS FOR THE PROJECT OF RESIDENTIAL BUILDINGS

RELATED TO THE NBR 15575/2013, CURRENT SITUATION IN SANTA MARIA/RS

AUTHOR: Eduardo Henrique Lucca Santos

ADVISOR: Rogério Cattelan Antocheves de Lima

In Brazil, the construction industry is in a period of big changes regarding the concept of

performance in buildings. The implementation of the NBR 15575 in 2013 standardized the

methods and criteria adopted for the evaluation of the performance of Residential Buildings,

and, thus, facilitated the dissemination and a greater insertion of the concept of performance

in the design of buildings. In view of this context, the objective of this work is to analyze the

impacts caused by the NBR 15575 on construction companies and project companies in the

county of Santa Maria / RS, as well as identify changes in posture, measures taken and

possible obstacles to comply with the referred standard. Thereunto, the methodology

consisted of a bibliographic review followed by a case study with companies from the city.

Therefore, were selected five construction companies and five project companies established

in Santa Maria/RS, in which interviews were conducted with the respective civil engineers

and architects. As results, the local scene was obtained, as well as aspects related to the

applicability of the NBR 15575 in the region. The local companies are in the process

adapting to the Standard of Performance of Housing Buildings, with the construction

companies that work with social housing being the ones with bigger interest in adapting to it.

In general, the standard propitiated to the companies a more defined technical environment

and more concern about the materials, systems and layouts used in their projects. As for the

applicability of the standard, there is a difficulty in finding local suppliers for certain materials

that comply with the requirements established in the standard, also, there is a certain

resistance from the constructors to the performance measurement tests, due to the cost that

these add to the constructive process. Finally, there is a need for a structured program to train

the professionals involved in the production chain regarding the theme addressed in the

present research.

Keywords: edification project, performance evaluation, residential buildings.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Esquema de Estrutura de Trabalho .......................................................................... 16

Figura 2 – Matrizes de partes e atributos: (a) abordagem prescritiva e (b) abordagem baseada

no desempenho ......................................................................................................................... 18

Figura 3 – Norma de desempenho: partes e seções .................................................................. 26

Figura 4 – Esquema da sobreposição dos sistemas da norma de desempenho......................... 27

Figura 5 – Exigências dos usuários frente a NBR 15575 ........................................................ 27

Figura 6 – Recuperação do desempenho por ações de manutenção ......................................... 32

Figura 7 – Modelo Conceitual da NBR 15575 ......................................................................... 35

Figura 8 – Estrutura do Questionário ....................................................................................... 44

Figura 9 – Mapa de Santa Maria/RS ........................................................................................ 45

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Incumbências dos intervenientes .......................................................................... 28

Quadro 2 – Vida útil de projeto conforme padrões de desempenho ......................................... 30

Quadro 3 – Características das empresas Construtoras e Incorporadoras ................................ 47

Quadro 4 – Características das empresas de Projetos............................................................... 47

Quadro 5 – Procedimentos adotados pelas Construtoras e Incorporadoras.............................. 48

Quadro 6 – Resumo das respostas obtidas nas entrevistas com as construtoras ...................... 55

Quadro 7 – Procedimentos adotados pelas Empresas de Projetos ............................................ 56

Quadro 8 – Resumo das respostas obtidas nas entrevistas com as empresas de projetos ........ 62

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Fases de Projeto ...................................................................................................... 37

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ASBEA Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura

BNH Banco Nacional da Habitação

CBIC Câmara Brasileira da Indústria da Construção

CEF Caixa Econômica Federal

CIB Conselho Internacional da Construção

DOU Diário Oficial da União

HIS Habitação de Interesse Social

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas

ISO International Organization for Standardization

MCid Ministério das Cidades

NBR Norma Técnica Brasileira

PBQP-H Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat

PCT Plano de Controle Tecnológico

PDE Perfil de Desempenho da Edificação

PeBBu Performance Based Buildings

PMSM Prefeitura Municipal de Santa Maria

PROCEL Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica

RS Rio Grande do Sul

SiAC Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da

Construção Civil

SiNAT Sistema Nacional de Avaliações Técnicas

SINDUSCON Sindicato da Indústria da Construção Civil

SVVIE Sistemas de Vedações Verticais Internas e Externas

UFSM Universidade Federal de Santa Maria

VU Vida Útil

VUP Vida Útil de Projeto

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 13

1.1 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................ 14

1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................ 14

1.2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................. 14

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................... 15

1.3 ESTRUTURA DE TRABALHO ................................................................................. 15

2. CONCEITO DE DESEMPENHO E A NBR 15575 ....................................................... 17

2.1 HISTÓRICO ................................................................................................................ 18

2.1.1 HISTÓRICO NO BRASIL ...................................................................................... 19

2.2 MUDANÇAS NO TEXTO DA NBR 15575 ............................................................... 22

2.3 PARTES DA NORMA ................................................................................................ 23

2.4 INCUMBÊNCIAS ....................................................................................................... 28

2.4.1 PROJETISTAS ........................................................................................................ 28

2.4.2 CONSTRUTORES E INCORPORADORES ......................................................... 30

2.4.3 FORNECEDORES DE MATERIAL, COMPONENTE OU SISTEMA ............... 31

2.4.4 USUÁRIOS ............................................................................................................. 32

2.4.5 ÓRGÃOS FISCALIZADORES .............................................................................. 33

2.5 NÍVEIS DE DESEMPENHO ...................................................................................... 33

2.6 PROCESSO DE PROJETOS ...................................................................................... 36

2.7 PADRONIZAÇÃO DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO .................................... 37

2.8 A NORMA NA PRÁTICA .......................................................................................... 38

2.8.1 ENTRAVES NO ATENDIMENTO À NORMA ................................................... 41

3. METODOLOGIA ............................................................................................................. 43

3.1 ELABORAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS ................................................................ 43

4. ESTUDO DE CASO.......................................................................................................... 45

4.1 CONTEXTO LOCAL ................................................................................................. 45

4.2 SELEÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS ............................................ 46

5. ANÁLISE DE DADOS ..................................................................................................... 48

5.1 CONSTRUTORAS E INCORPORADORAS ............................................................ 48

5.1.1 ESTÁGIO EM RELAÇÃO À APLICAÇÃO DA NORMA .................................. 49

5.1.2 MUDANÇAS DEVIDO A NORMA ..................................................................... 50

5.1.3 DIFICULDADES E BENEFÍCIOS DA NORMA ................................................. 54

5.1.4 RESUMO DAS RESPOSTAS OBTIDAS NAS ENTREVISTAS ........................ 55

5.2 EMPRESAS DE PROJETOS ...................................................................................... 56

5.2.1 ESTÁGIO EM RELAÇÃO À APLICAÇÃO DA NORMA .................................. 57

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5.2.2 MUDANÇAS DEVIDO A NORMA ..................................................................... 58

5.2.3 DIFICULDADES E BENEFÍCIOS DA NORMA ................................................. 60

5.2.4 RESUMO DAS RESPOSTAS OBTIDAS NAS ENTREVISTAS ........................ 62

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 63

6.1 OPORTUNIDADES DE TRABALHOS FUTUROS ................................................. 64

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................... 65

APÊNDICE A – Roteiro da entrevista aplicada em Construtoras e Incorporadoras .... 70

APÊNDICE B – Roteiro da entrevista aplicada em empresas de projetos ...................... 72

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1. INTRODUÇÃO

A indústria da construção civil brasileira vem passando por mudanças revolucionárias

nos seus conceitos de desempenho em edificações habitacionais. Em julho de 2013 passou a

vigorar a norma brasileira, NBR 15575 (ABNT, 2013), que determina exigências quanto à

segurança, habitabilidade e sustentabilidade em habitações residenciais, e assim, de forma

pioneira, uma norma brasileira passou a associar a qualidade do produto ao resultado que o

mesmo deve oferecer ao consumidor, com instruções claras e objetivas de como fazer essa

análise (ASBEA, 2015).

O conjunto normativo da NBR 15575 (ABNT, 2013) traz como novidade o conceito

de comportamento em uso de cada uma das partes componentes de uma edificação, quais

sejam, estrutura, pisos, vedações, coberturas e instalações. A construção habitacional deve

atender e cumprir as exigências dos usuários ao longo dos anos, promovendo o

amadurecimento e melhoria da relação de consumo no mercado imobiliário, na medida em

que todos os partícipes da produção habitacional são incumbidos de suas responsabilidades;

projetistas, fornecedores, construtores, incorporadores e usuários (CBIC, 2013a).

Segundo Oliveira e Mitidieri Filho (2012), o conceito de desempenho na construção

civil está relacionado principalmente ao atendimento das exigências e necessidades dos

usuários, mas também está associado ao termo durabilidade, ao qual foram introduzidos

importantes conceitos, como vida útil de projeto (VUP) e prazos de garantia. Através destas

exigências é possível estimar o desempenho potencial a partir de uma combinação de métodos

de avaliação para avaliar o produto prevendo seu comportamento, quando em utilização

normal (MITIDIERI FILHO, 1998).

Apesar do conceito ser simples, segundo Borges (2008), sua aplicação prática por

todas as partes envolvidas na Construção Civil pode enfrentar certa dificuldade, pois envolve

questões técnicas complexas, a atual conjuntura socioeconômica brasileira, e também a

necessidade em atender às exigências dos usuários de imóveis, que são subjetivas, variáveis,

crescentes e de difícil mensuração.

Portanto, a NBR 15575 (ABNT, 2013) surge no Brasil como um marco diferencial no

estabelecimento de requisitos mínimos de qualidade para casas e edifícios residenciais. E,

embora a sua aplicabilidade seja alvo de discussões, existe a certeza de que avaliar o

desempenho dos sistemas construtivos é um avanço para o setor e constitui o caminho para a

evolução de todos que compõem a cadeia da construção civil (CBIC, 2013a).

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1.1 JUSTIFICATIVA

Em geral, as normas brasileiras no setor da construção civil podem ser enquadradas

como normas prescritivas, pois focam essencialmente no necessário para que materiais e

tecnologias construtivas possam ser empregados na execução de obras. De encontro a essa

vertente, a NBR 15575 (ABNT, 2013) introduziu itens e requisitos relacionados à garantia de

conforto e segurança na utilização de imóveis ao longo da sua vida útil.

"Essa norma não é de entrada, que trata de como o produto deve ser quando vai à obra,

mas de saída, regulamentando a forma como a edificação deve se comportar depois de

entregue” (THOMAZ, 2013 apud LEAL, 2014).

“A publicação da NBR 15575 ocorre em momento oportuno para o mercado da

construção civil, o de sustentação do crescimento verificado nos últimos anos com agregação

de valores imprescindíveis aos nossos imóveis, como segurança, qualidade e conforto”

(BERNARDES, 2013 apud BEZERRA, 2013a).

Dessa forma, a norma busca o disciplinamento das relações entre os elos da cadeia

econômica, a redução das incertezas dos critérios subjetivos, a instrumentação do Código de

Defesa do Consumidor, o estímulo à redução da concorrência predatória e um instrumento de

diferenciação das empresas (CBIC, 2013a).

Mas tão importante quanto o surgimento de uma norma que padronize a avaliação do

desempenho de edificações habitacionais, é a aceitação e implementação desta norma pelas

partes envolvidas na cadeia de produção de edificações residenciais. Assim, o presente

trabalho de conclusão de curso pretende analisar o quanto a NBR 15575 (ABNT, 2013) está

inserida no dia a dia das construtoras e empresas de projetos de Santa Maria/RS, bem como

ponderar sobre a aplicabilidade da referida norma considerando possíveis dificuldades

encontradas no contexto local.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo principal deste trabalho é analisar o impacto das mudanças trazidas pela

NBR 15575 (ABNT, 2013) na indústria da construção civil da região de Santa Maria/RS, bem

como ponderar sobre a sua aplicabilidade.

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1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

I. Identificar questões relevantes relacionadas ao impacto da NBR 15575 na indústria da

construção brasileira em geral, a fim de amparar o estudo.

II. Conhecer métodos e ferramentas utilizados por projetistas e construtores para se

adaptarem a esta nova realidade, tanto nacionalmente como localmente.

III. Avaliar possíveis problemas que inviabilizem a implementação da NBR 15575 pelos

construtores, incorporadores e projetistas, tanto nacionalmente como localmente.

IV. Obter o posicionamento e a percepção de empresas em relação às novas demandas.

V. Avaliar a possibilidade de melhorias e alternativas para o desenvolvimento do setor da

construção civil na cidade de Santa Maria/RS no quesito de qualidade das edificações

residenciais.

1.3 ESTRUTURA DE TRABALHO

O presente trabalho de conclusão de curso se divide em seis capítulos.

O primeiro, referente à Introdução do trabalho, é composto pela contextualização da

pesquisa, seus objetivos e a estrutura na qual o trabalho se apoia.

No segundo capítulo são abordados aspectos relevantes ao desempenho de edificações

residenciais no contexto da construção civil no Brasil, utilizando a NBR 15575 (ABNT, 2013)

como objeto de estudo.

Já no terceiro capitulo é apresentada a metodologia utilizada para o desenvolvimento

do tema.

O quarto capítulo refere-se aos Estudos de Caso realizados junto as empresas

selecionadas, e no quinto capítulo são apresentadas as análises relativas aos resultados obtidos

nestes estudos.

Por último, no sexto capítulo, são realizadas as considerações finais referentes à

pesquisa em questão.

A Figura 1 mostra o esquema da estrutura do trabalho, que foi dividida em seis fases:

pesquisa bibliográfica, estruturação do questionário, seleção e caracterização das empresas,

realização das entrevistas, analise de dados e conclusões.

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Figura 1 – Esquema de Estrutura de Trabalho.

Fonte: O autor.

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2. CONCEITO DE DESEMPENHO E A NBR 15575

A palavra desempenho possui diferentes conceitos dependendo do contexto em que for

empregada, cada setor da sociedade possui necessidades e características particulares e a

partir destas especifica-se um determinado conceito de desempenho. Segundo Santos (2017),

para cada cenário distinto são determinados parâmetros mínimos de desempenho esperados

para seus produtos finais, que assim se tornam instrumento de comparação com o

desempenho entregue.

O conceito de desempenho no setor da construção civil, no que diz respeito a

edificações e seus sistemas é objeto de estudo internacionalmente há mais de cinquenta anos

(BORGES, 2008), sendo considerado como assunto de grande relevância no meio acadêmico

e técnico na maioria dos países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Na construção civil, existem duas diferentes formas de abordar desempenho. A

primeira é a abordagem prescritiva, onde o desempenho final da edificação é obtido pela

interação dos desempenhos inerentes às soluções adotadas em cada uma das partes da

construção. Já a segunda é a abordagem baseada no desempenho, que é a adotada pela NBR

15575 (ABNT, 2013), onde parte-se do desempenho desejado global, considerando-se os

atributos desejados, para a escolha e definição das soluções adotadas em todas as partes da

construção, devendo o desempenho final da edificação ser igual ou maior que o inicialmente

desejado (BORGES, 2008).

A Figura 2 ilustra os dois tipos de abordagens através de matrizes de partes e atributos,

deixando claro os diferentes caminhos adotados em cada uma.

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Figura 2 – Matrizes de partes e atributos: (a) abordagem prescritiva e (b) abordagem baseada no desempenho.

Fonte: BORGES (2008).

2.1 HISTÓRICO

Na construção civil, as primeiras formulações e debates acerca do conceito de

desempenho de edificações ocorreram a partir de questões apresentadas em 1962 no segundo

Congresso do antigo Conseil International du Bâtiment (CIB - Conselho Internacional de

Construção), atualmente conhecido como International Council for Research and Innovation

in Bulding and Construction (KERN; SILVA; KAZMIERCZAK, 2014).

Ainda na mesma década, o tema recebeu maior atenção quando, em 1967, foi

publicada a primeira edição do livro intitulado Savoir Batir: Habitabilite, Durabilite,

Economiedes Batiments (Saber Construir: Habitabilidade, Durabilidade, Economia dos

Edifícios) de Gerard Blachere, na qual o desempenho de edificações foi conceituado como o

comportamento em uso, ao longo de sua vida útil (KERN; SILVA; KAZMIERCZAK, 2014).

Nas décadas seguintes, várias organizações internacionais buscaram desenvolver o

tema de desempenho em edificações, com especial destaque ao próprio CIB, que é

protagonista internacionalmente na realização de estudos e disseminação de informações

voltadas a este tema (BORGES, 2008).

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Outro marco histórico neste tema foi a publicação da norma ISO 6241 (ISO, 1984) -

avaliação de desempenho em edifícios, que consolidou o conceito de desempenho

Internacionalmente e reformulou a cultura de aplicação deste conceito no que se refere a

concepção de edificações habitacionais. A partir desta norma, vários países elaboraram suas

normas referentes à qualidade de produtos e serviços, fazendo adaptações de acordo com a

realidade de cada localidade (SOUZA; ABIKO, 1997).

Um dos últimos grandes acontecimentos em nível internacional ocorreu em 2000,

quando a Rede Temática PeBBu (Performance Based Buildings) foi criada na União Europeia

com foco na aplicação do conceito de desempenho para promover iniciativas de crescimento

competitivo e sustentável (SZIGETI; DAVIS, 2005). A rede PeBBu, liderada pelo CIB,

desenvolveu o importante trabalho na consolidação de pesquisas sobre o tema, concluindo-o

em 2005 (LORENZI, 2013).

2.1.1 HISTÓRICO NO BRASIL

No Brasil, no período entre 1950 e 1980, a população urbana cresceu de maneira

extraordinária, gerando um grave problema de falta de habitações adequadas nas cidades, o

que incitou construções irregulares e em áreas periféricas urbanas, contribuindo para o

aumento das favelas (LAY; REIS, 2010). Neste cenário surgiu o conceito de Habitações de

Interesse Social (HIS) (BONDUKI, 2004).

Em especial, a década de 1960 pode ser caracterizada pela preocupação política com

HIS. Em 1964 foi criado o Banco Nacional da Habitação (BNH), com a finalidade de orientar

e controlar o Sistema Financeiro da Habitação. Esta iniciativa acabou por fomentar a

construção e a aquisição de casas próprias, especialmente pelas classes de menor renda

(AZEVEDO; ANDRADE, 1982).

Neste contexto, novos sistemas construtivos foram desenvolvidos visando a atualizar

os materiais e processos construtivos tradicionais até então utilizados, pensando

principalmente na racionalização e industrialização da construção. Porém, por falta de

referências técnicas e padronizações, a implantação de tecnologias insuficientemente

desenvolvidas levou, na maioria dos casos, a experiências pouco exitosas, com graves

prejuízos para todos os agentes do processo de construção. Aos usuários restaram os

problemas das patologias e os altos custos de manutenção (GONÇALVES et al., 2003).

Foi na década de 1980 que pesquisas sobre o tema desempenho de edificações

tomaram maiores proporções no Brasil, especialmente pelo trabalho do Instituto de Pesquisas

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Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). Segundo Borges (2008), em 1981, o BNH, no

final de sua existência, contratou o IPT na tentativa de resolver o problema de falta de normas

técnicas no país, investindo assim em pesquisas para a elaboração de critérios voltados à

avaliação de sistemas construtivos inovadores.

No final da década de 1990, a Caixa Econômica Federal (CEF) juntamente com o

Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBPQ-H) apresentaram

critérios mínimos de desempenho para habitações térreas de interesse social” e, em 2000, a

CEF financiou o projeto de pesquisa Normas Técnicas para Avaliação de Sistemas

Construtivos Inovadores para Habitações, que foi o precursor para o desenvolvimento da atual

Norma de Desempenho de Edificações (SANTOS, 2017).

Em 12 de maio de 2008, foi publicada a primeira versão da NBR 15575 - Edifícios

habitacionais de até cinco pavimentos – Desempenho, com um prazo de dois anos para sua

aplicação. Durante este período, foi realizada uma discussão pública, para avaliação dos

textos base da norma com toda a cadeia produtiva da construção civil. Participaram deste

processo o governo, através do Ministério das Cidades e da CAIXA, a Câmara Brasileira da

Indústria da Construção (CBIC), e diversos atores do setor da construção, como construtoras,

incorporadoras, projetistas, universidades, laboratórios e institutos de pesquisa, além de

fabricantes de materiais e componentes (KERN; SILVA; KAZMIERCZAK, 2014).

A primeira versão da norma sofreu fortes críticas da comunidade, que não considerava

possível a sua implementação. Desta forma, o prazo para a NBR 15575 entrar em vigor,

inicialmente estipulado para 2010, foi primeiro prorrogado para março de 2012 e finalmente

postergado para julho de 2013.

Ferreira Neto (2009) descreve a importância da norma de desempenho para o

consumidor e para a indústria da construção civil. Para o consumidor, a norma traz a

confiança de se adquirir produtos com maior certeza do que esperar quanto ao desempenho

destes. Já para a indústria da construção civil, a norma dá suporte para a circulação de

produtos com a qualidade mínima de habitabilidade e uso.

Segundo Kern, Silva e Kazmierczak (2014), não existe um programa oficial de

incentivo para projetistas, construtores e fornecedores se adaptarem à NBR 15575 (ABNT,

2013). Porém, o Ministério das Cidades trabalha neste objetivo, por meio do Programa

Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H).

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Programas de certificação de produtos (selo PROCEL) e para edificações (PROCEL

edifica e Selo Casa Azul da CAIXA), apesar de estarem relacionados ao desempenho, não

estão diretamente associados à norma (KERN; SILVA; KAZMIERCZAK, 2014).

Embora normas técnicas não possuam caráter compulsório, algumas leis lhes tornam

obrigatórias ou estabelecem consequências por seu descumprimento, que é a situação em que

se enquadra a NBR 15575 (CBIC, 2013a). Neste sentido, o Código de Defesa do Consumidor,

Lei nº 8078 de 11/9/1990, em seu artigo 39, inciso VIII, estabelece que:

É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas,

colocar no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as

normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não

existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade

credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade

Industrial (BRASIL, 1990).

Além disso, o Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 12, estabelece que:

O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador

respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos

causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação,

construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento

de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua

utilização e riscos (BRASIL, 1990).

Assim como, em seu artigo 18, determina que o incorporador, enquanto fornecedor de

produtos de consumo duráveis, responda “solidariamente pelos vícios de qualidade ou

quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes

diminuam o valor” (BRASIL, 1990).

Deste modo, empresas construtoras e incorporadoras têm buscado uma posição central

na implementação das normas de desempenho NBR 15575 (ABNT, 2013), seja de modo

direto, em função de suas incumbências determinadas nestas normas e de requisitos legais,

seja indiretamente, ao compartilharem responsabilidades de projetistas, fornecedores de

materiais e componentes e outros intervenientes (OTERO; SPOSTO, 2016).

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2.2 MUDANÇAS NO TEXTO DA NBR 15575

Mesmo após o longo processo de revisão da NBR 15575, não houve alterações no

conceito de desempenho e nos objetivos da norma da versão original de 2008 para a final de

2013. De modo geral, o conteúdo passou por ajustes na redação para maior clareza e redução

da subjetividade, a fim de evitar má interpretação.

A mudança mais significativa foi o título da norma, que passou de “Edifícios

Habitacionais de até cinco pavimentos – Desempenho” para “Edificações Habitacionais –

Desempenho”. Apesar que já estivesse previsto, na versão original, que requisitos

independentes da altura do empreendimento poderiam ser aplicados a qualquer edificação

habitacional, essa mudança no título estendeu significativamente a aplicabilidade da norma

(SANTOS FILHO, 2015).

Com relação às responsabilidades atribuídas, a remoção da subjetividade resultou em

um esclarecimento quanto as incumbências de usuários, incorporadores, construtores e

projetistas. E ainda, houve a inclusão das responsabilidade referentes aos fornecedores de

materiais, componentes e/ou sistemas no texto da norma, importantíssima para uma maior

garantia de desempenho dos materiais utilizados nas edificações.

Alguns requisitos e critérios específicos foram alvo de novos acordos entre os agentes

da cadeia da construção civil. Desempenho térmico, por exemplo, foi um dos itens que

sofreram maiores modificações. Os requisitos de desempenho passaram de caráter

informativo para normativo e foi incluída na norma a possibilidade de avaliação da edificação

por simulação computacional. Porém, a maior mudança foi que passou-se a utilizar as zonas

bioclimáticas brasileiras definidas na NBR 15220-3 (ABNT, 2005) na análise de desempenho

térmico, uma vez que as características térmicas são muito variáveis de uma cidade brasileira

para outra (SANTOS FILHO, 2015). O desempenho acústico também foi alvo de mudanças

relevantes, um exemplo é que, na norma atual, os critérios de isolação para ruídos aéreos e

para ruídos entre unidades habitacionais passaram a ser endereçados separadamente.

De uma forma geral, as mudanças advindas da revisão da norma propiciaram uma

maior clareza e objetividade ao seu texto, ao mesmo tempo que permitiram o estabelecimento

critérios, requisitos e métodos de avaliação mais adequados a realidade brasileira. Ao longo

dos próximos capítulos serão citadas outras mudanças proporcionadas por esse processo.

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2.3 PARTES DA NORMA

A NBR 15575 (ABNT, 2013) é dividida em seis partes, sendo uma de requisitos gerais

e outras cinco referentes aos sistemas que compõem o edifício. Para cada uma delas, a norma

estabelece critérios objetivos de qualidade e os procedimentos para medir se os sistemas

atendem aos requisitos (BEZERRA, 2013b). As seis partes da norma são as seguintes:

Parte 1: Requisitos gerais

Parte 2: Requisitos para os sistemas estruturais

Parte 3: Requisitos para os sistemas de pisos

Parte 4: Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas (SVVIE)

Parte 5: Requisitos para os sistemas de coberturas

Parte 6: Requisitos para os sistemas hidrossanitários

A primeira parte da NBR 15575 (ABNT, 2013) possui um caráter de orientação geral,

funciona como um índice de referência, remetendo sempre que possível às partes específicas.

Ela também traz aspectos de natureza geral e critérios que envolvem a edificação como um

todo. Apresenta o conceito de vida útil de projeto, a definição de responsabilidades e dos

parâmetros de desempenho mínimos de caráter compulsório, além de critérios de nível

intermediário e superior (SILVA JUNIOR, 2016).

Para uma melhor compreensão dessa parte da norma e da norma em geral, alguns

conceitos como vida útil, vida útil de projeto e prazos de garantia são essenciais.

Vida útil: período de tempo em que um edifício e/ou seus sistemas se prestam às

atividades para as quais foram projetados e construídos considerando a

periodicidade e correta execução dos processos de manutenção especificados no

respectivo Manual de Uso, Operação e Manutenção (ABNT, 2013).

Vida útil de projeto: Período estimado de tempo para o qual um sistema é

projetado a fim de atender aos requisitos de desempenho estabelecidos nesta norma,

considerando o atendimento aos requisitos das normas aplicáveis, o estágio do

conhecimento no momento do projeto e supondo o cumprimento da periodicidade e

correta execução dos processos de manutenção especificados no respectivo Manual

de Uso, Operação e Manutenção (ABNT, 2013).

Prazo de garantia legal: período de tempo previsto em lei que o consumidor dispõe

para reclamar dos vícios (defeitos) verificados na compra de produtos duráveis

(ABNT, 2013).

Prazo de garantia certificada: período de tempo, acima do prazo de garantia legal,

oferecido voluntariamente pelo fornecedor (incorporador, construtor ou fabricante)

na forma de certificado ou termo de garantia ou contrato, para que o consumidor

possa reclamar dos vícios (defeitos) verificados na compra de seu produto. Este

prazo pode ser diferenciado para cada um dos componentes do produto a critério do

fornecedor (ABNT, 2013).

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A Parte 2 da norma, denominada Requisitos para os Sistemas Estruturais, explica que

o desempenho estrutural deve ser avaliado segundo o estado limite último (ELU) e o estado

limite de serviço (ELS), estabelecendo limites de estabilidade, resistência, deformações e

fissuração de todas as partes componentes do sistema estrutural das edificações habitacionais

bem como a indicação de métodos para mensurar os impactos que a estrutura deve suportar

sem que apresente falhas ou fissuras (CAS, 2017).

Essa parte da norma considera as solicitações características de acordo com as

prescrições das NBR 8681 (ABNT, 2003), NBR 6120 (ABNT, 1980) e NBR 6123 (ABNT,

1988), simulando através de modelos matemáticos e físicos as situações de ruína por

esgotamento da capacidade de resistência dos materiais ou por instabilidade do equilíbrio

(NICOLINI, 2015).

Na Parte 3 da norma, são instituídos requisitos técnicos de segurança para o usuário,

resistência ao escorregamento, resistência ao fogo, estanqueidade, desempenho acústico e

durabilidade para os sistemas de pisos (CAS, 2017). Esta foi uma das partes mais alteradas

durante o processo de revisão. O texto agora não normatiza somente os sistemas de pisos

internos, como constava na versão original, mas também os externos. Outra mudança foi a

definição mais clara de que o sistema de pisos é a combinação de diversos componentes e não

somente a camada de revestimento ou acabamento, desta forma, incluindo-se o suporte

estrutural, o contra piso, soluções térmicas e soluções acústicas, por exemplo (SILVA

JUNIOR, 2016).

A Parte 4 da norma, denominada Requisitos para os Sistemas de Vedações Verticais

Internas e Externas (SVVIE), abrange os sistemas de vedações das edificações habitacionais,

os quais podem assumir funções estruturais ou outras funções como estanqueidade à água,

isolação térmica e acústica, capacidade de fixação de peças suspensas, entre outros. A norma

abrange solicitações de cargas suspensas, ações transmitidas por impactos nas portas,

resistência dos guarda-corpos e parapeitos, umidade interna e externa (CAS, 2017).

Esta parte da norma, ao lado da terceira parte, foi a que sofreu mais alterações diante

do que constava na versão original publicada em 2008. Algumas das principais mudanças

foram a adequação de critérios relativos ao desempenho estrutural e a inclusão dos critérios

relativos à segurança ao fogo. Segundo Silva Junior (2016), quanto ao desempenho estrutural

dos SVVIE, a revisão melhorou a definição de quais eram os critérios aplicáveis ao estado

limite último, e quais eram aplicáveis ao estado limite de serviço.

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Na Parte 5, denominada Requisitos para os Sistemas de Coberturas, a norma trata da

importância da cobertura na edificação, desde a contribuição para a preservação da saúde dos

usuários até a própria proteção do corpo da construção, interferindo diretamente na

durabilidade dos demais elementos que compõem a edificação. Trata da resistência e

durabilidade, bem como da ação do granizo, deslizamento de componentes e arranchamento

pelo vento, escorregamento de águas pluviais, estanqueidade, absortância térmica, reação ao

fogo dos materiais de revestimento e acabamento, resistência ao fogo do sistema de cobertura,

entre outros (CAS, 2017).

Por fim, a Parte 6 compreende os sistemas prediais de água fria e de água quente, de

esgoto sanitário e ventilação, além dos sistemas prediais de águas pluviais (ABNT, 2013).

Essa parte da norma explora conceitos como a durabilidade dos sistemas, a previsão e

antecipação de critérios para a manutenção da edificação e suas partes, bem como o

funcionamento dos sistemas hidrossanitários. O texto também traz considerações sobre a

separação física dos sistemas de água fria potável e não potável, devido as tendências atuais

de reuso de águas cinzas (SILVA JUNIOR, 2016)

Cada uma das partes da NBR 15575 (ABNT, 2013) é dividida em 20 seções, como

mostra a Figura 3. Além disso, cada uma possui, quando necessário, anexos referentes às

questões abordadas em seu conteúdo que necessitem de maior detalhamento ou que

contenham procedimentos a serem descritos minuciosamente (SANTOS, 2017).

As duas primeiras seções (prefácio e introdução) referem-se à introdução de cada uma

das partes da norma, enquanto as demais seções referem-se aos requisitos estabelecidos pela

norma no que tange as exigências dos usuários.

As seções contêm relações específicas de requisitos a serem seguidos pelos agentes,

critérios e métodos, além dos procedimentos relativos à verificação do cumprimento dos

mesmos. Segundo Santos (2017), cada uma dessas seções contém subitens que definem os

requisitos (de caráter qualitativo) e critérios (quantitativos ou premissas) e estabelecem os

métodos de avaliação que permitem sua mensuração.

De acordo com a NBR 15575 (ABNT, 2013), os sistemas elétricos das edificações

habitacionais fazem parte de um conjunto mais amplo de normas com base na NBR 5410

(ABNT, 2004) e, portanto, os requisitos de desempenho para esses sistemas não estão

estabelecidos pela norma de desempenho.

A figura 3 representa um diagrama esquemático acerca da norma de desempenho, suas

partes e suas seções.

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Figura 3 – Norma de desempenho: partes e seções.

Fonte: SANTOS (2017).

A Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura do Rio Grande do Sul

(ASBEA-RS), publicou, em agosto de 2014, um caderno técnico sobre a norma de

desempenho. A Figura 4, extraída deste documento ilustra a complexidade da norma,

demonstrando que ela é o resultado da interação entre cada um dos sistemas especificados

pelos projetistas, o qual resultará no desempenho final obtido na edificação. Os requisitos

mínimos a serem atendidos dizem respeito à interação dos desempenhos implícitos nas

soluções adotadas, para cada parte da construção (CAS, 2017).

Como mostra a Figura 4, na norma há uma divisão das exigências dos usuários em três

grandes áreas: Segurança, Habitabilidade e Sustentabilidade. Cada área é subdividida em

responsabilidades, onde se atribui desempenho mínimo que deve ser atendido pelo edifício

quando em uso, durante a vida útil, e desempenhando sua função no meio onde está inserido

(LORENZI, 2013).

Sendo assim, a NBR 15575 (ABNT, 2013) prevê para edifícios habitacionais treze

exigências de desempenho, baseadas na norma ISO 6241 (ISO, 1984), porém adaptadas para a

realidade brasileira. Neste contexto, as exigências dos usuários estabelecidas pela NBR 15575

(ABNT, 2013), bem como as grandes áreas e suas respectivas subdivisões, estão ilustradas na

Figura 5.

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Figura 4 - Esquema da sobreposição dos sistemas da norma de desempenho.

Fonte: ASBEA-RS (2014).

Figura 5 – Exigências dos usuários frente a NBR 15575.

Fonte: Adaptado de SILVA JUNIOR (2016).

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2.4 INCUMBÊNCIAS

Para que o desempenho pretendido seja atingido e mantido durante o prazo de vida útil

de projeto, a NBR 15575 (ABNT, 2013) estabelece responsabilidades para cada uma das

partes envolvidas no processo construtivo: incorporadores, construtores, projetistas, usuários e

fornecedores. Desta forma, a norma de desempenho suprime uma série de indefinições que

existiam quanto a responsabilidade dos participes do processo de produção habitacional.

As responsabilidades de cada uma das partes serão tratadas separadamente neste

capítulo. De forma resumida, o Quadro 1 descreve as incumbências estabelecidas pela NBR

15575 (ABNT, 2013) para cada um de seus intervenientes.

Quadro 1 – Incumbências dos intervenientes.

AGENTES ENVOLVIDOS INCUMBÊNCIAS

Projetistas

Estabelecer VUP.

Especificar materiais, produtos e processos que

atendam o desempenho mínimo.

Incorporadores Identificar riscos previsíveis na época do projeto.

Elaborar o manual de Uso, Operação e

Manutenção. Construtores

Fornecedores Caracterizar e comprovar o desempenho do

produto fornecido.

Usuários Utilizar corretamente a edificação.

Realizar manutenções preventivas.

Fonte: O autor (2017).

2.4.1 PROJETISTAS

A NBR 15575, em sua parte 1, item 5.3 gerais apresenta a definição das

responsabilidades dos projetistas:

Os projetistas devem estabelecer a VIDA ÚTIL PROJETADA (VUP) de cada

sistema que compõe esta norma, com base na Seção 14 (ABNT, 2013).

Cabe ao projetista o papel de especificar materiais, produtos e processos que

atendam o desempenho mínimo estabelecido nesta norma com base nas normas

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prescritivas e no desempenho declarado pelos fabricantes dos produtos a serem

empregados em projeto (ABNT, 2013).

Quando as normas específicas de produtos não caracterizem desempenho, ou quando

não existirem normas específicas, ou quando o fabricante não publicar o

desempenho de seu produto, é recomendável ao projetista solicitar informações ao

fabricante para balizar as decisões de especificação (ABNT, 2013).

Quando forem considerados valores de VUP maiores que os mínimos estabelecidos

nesta norma, estes devem constar dos projetos e/ou memorial de cálculo (ABNT,

2013).

Assim, fica visível que a norma exige mais conhecimento, detalhamento e

comprometimento na especificação de materiais por parte dos projetistas.

Segundo Santos Filho (2015), a NBR 15575 (ABNT, 2013) esclarece os aspectos de

durabilidade e manutenção, mostrando a importância da previsão da vida útil de projeto

(VUP) e a necessidade da previsão dos serviços de manutenção ao longo da vida útil da

edificação.

A VUP é sugerida pelo incorporador e definida pelo projetista e, segundo a NBR

15575 (ABNT, 2013), pode ser entendida como uma definição prévia da opção do usuário

pela melhor relação custo global versus tempo de usufruto do bem.

Segundo a NBR 15575 (ABNT, 2013), para a definição da VUP, são incorporados três

conceitos essenciais: os efeitos da falha no desempenho do sistema ou elemento; a maior

facilidade ou dificuldade de manutenção e reparação em caso de falha no desempenho; o

custo de correção da falha, considerando-se inclusive o custo de correção de outros

subsistemas ou elementos afetados.

O Quadro 2, elaborado a partir do anexo C da parte 1 da norma de desempenho,

mostra que, para cada sistema da edificação há uma estimativa de vida útil de projeto, que

deve ser adotada visando o padrão construtivo da edificação (mínimo, intermediário ou

superior).

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Quadro 2 - Vida útil de projeto conforme padrões de desempenho.

Fonte: Adaptado da ABNT (2013).

2.4.2 CONSTRUTORES E INCORPORADORES

A NBR 15575, em sua parte 1, item 5.4, apresenta a definição das responsabilidades

do construtor e do incorporador:

Salvo convenção escrita, é da incumbência do incorporador, de seus prepostos e/ou

dos projetistas envolvidos, dentro de suas respectivas competências, e não da

empresa construtora, a identificação dos riscos previsíveis na época do projeto,

devendo o incorporador, neste caso, providenciar os estudos técnicos requeridos e

alimentar os diferentes projetistas com as informações necessárias. Como riscos

previsíveis, exemplifica-se: presença de aterro sanitário na área de implantação do

empreendimento, contaminação do lençol freático, presença de agentes agressivos

no solo e outros riscos ambientais (ABNT, 2013).

Ao construtor ou incorporador cabe elaborar o manual de operação uso e

manutenção, ou documento similar, atendendo à ABNT NBR 14037:2014 e ABNT

NBR 5674:2012, que deve ser entregue ao proprietário da unidade quando da

disponibilização da edificação para uso, cabendo também elaborar o manual das

áreas comuns, que deve ser entregue ao condomínio (ABNT, 2013).

O manual de uso e operação da edificação deve atender ao disposto na ABNT NBR

14037:2014, com explicitação pelo menos dos prazos de garantia aplicáveis ao caso,

previstos pelo construtor ou pelo incorporador (ABNT, 2013).

Surge, portanto, a necessidade da elaboração de um manual de operação uso e

manutenção por parte do construtor ou incorporador. Dando, assim, mais direitos, garantias e

responsabilidades ao futuro usuário da habitação.

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O manual de operação uso e manutenção deve ser elaborado de acordo com a norma

NBR 14037 (ABNT, 2014), cujo título é Diretrizes para Elaboração de Manuais de Uso,

Operação e Manutenção das Edificações. Segundo CBIC (2013b), a norma estabelece os

requisitos mínimos para elaboração e apresentação dos conteúdos a serem incluídos nos

manuais elaborados e entregues pelo construtor e/ou incorporador, conforme legislação

vigente, devendo obrigatoriamente:

i. informar aos proprietários e ao condomínio as características técnicas da edificação;

ii. especificar prazos de garantia, bem como os respectivos projetistas e fornecedores;

iii. informar e orientar os proprietários e o condomínio, em linguagem adequada e de

forma didática, com relação às suas obrigações no tocante à realização de atividades

de manutenção e conservação, e de condições de utilização da edificação;

iv. descrever procedimentos recomendáveis e obrigatórios para a conservação, uso e

manutenção da edificação, bem como para a operação dos equipamentos; e

v. recomendar ações para contribuir para que a edificação atinja a vida útil de projeto.

2.4.3 FORNECEDORES DE MATERIAL, COMPONENTE OU SISTEMA

Ao fornecedor de material, componente ou sistema, cabe a caracterização e

comprovação do desempenho do produto fornecido de acordo com a norma NBR 15575

(ABNT, 2013). Projetistas e construtores devem exigir essas comprovações.

Também, devem ser especificados pelos fornecedores o prazo de vida útil previsto e

os cuidados necessários para a operação e a manutenção dos produtos.

Caso o material não possua norma brasileira específica, podem ser fornecidos

resultados comprobatórios do desempenho do produto com base em normas internacionais ou

estrangeiras compatíveis com a NBR 15575 (ABNT, 2013).

Informações sobre as características dos produtos, seja no que diz respeito a ensaios de

comportamento sob ação do fogo como no que tange a qualquer outro comportamento, serão

sempre de responsabilidade do fornecedor.

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2.4.4 USUÁRIOS

Ao usuário da edificação habitacional, proprietário ou não, cabe utilizar corretamente

a edificação, não realizando, sem prévia autorização da construtora ou do poder público

alterações na sua destinação, nas cargas ou nas solicitações previstas nos projetos originais

(SANTOS, 2017).

Cabe ainda realizar e registrar as manutenções preventivas de acordo com o

estabelecido no Manual de Uso, Operação e Manutenção do imóvel e nas normas NBR 5674

(ABNT, 2012) e ABNT NBR 14037 (ABNT, 2014). Além de atualizar o manual nos casos

em que ocorram modificações na edificação ou unidade e no caso de transição de usuário

repassar o manual.

Segundo Cas (2017), o termo durabilidade expressa o período de tempo esperado para

o qual um produto tem potencial de cumprir as funções a que foi destinado, em um patamar

de desempenho igual ou superior àquele predefinido. Em edificações residenciais, para que o

produto alcance a durabilidade esperada é necessário que os usuários cumpram com as suas

responsabilidades. Dessa maneira, haver-se-á garantia de atingir a vida útil de projeto

desejada. A Figura 6, extraída do anexo C da parte 1 da norma, mostra a recuperação do

desempenho de uma edificação através de ações de manutenção (CAS, 2017).

Figura 6 - Recuperação do desempenho por ações de manutenção.

Fonte: ABNT (2013).

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2.4.5 ÓRGÃOS FISCALIZADORES

De acordo com Borges e Sabbatini (2008), os sistemas regulatórios de construção civil

possuem a função de garantir que, ao se construir de acordo com esse conjunto de

instrumentos legais, as edificações propiciarão níveis sociais de saúde, segurança e bem-estar

para o usuário.

Entendendo-se como órgãos fiscalizadores as prefeituras municipais, parâmetros de

desempenho registrados na NBR 15575 (ABNT, 2013) e em qualquer outra norma do gênero

não são considerados na análise e aprovação de projetos de habitações. Nesses órgãos, a

aprovação dos projetos leva em conta o atendimento as leis e as posturas municipais,

principalmente os chamados códigos de obras ou leis de uso e ocupação do solo, que

consideram uso e ocupação do solo, limites de áreas construídas, áreas mínimas de iluminação

e ventilação, etc.

Os proprietários, em geral, não são aptos e nem obrigados a verificar o atendimento

dos empreendimentos aos requisitos da norma, pois parte-se do preceito que ao fornecedor

compete demonstrar a qualidade do produto ou do serviço oferecido no mercado. Assim, cabe

ao incorporador ou a construtora o dever de informar o atendimento aos requisitos da norma,

especificando o nível de desempenho alcançado no Manual de Uso, Operação e Manutenção.

No caso de qualquer dúvida, o proprietário poderá a qualquer tempo dentro do prazo

de vida útil recorrer a ensaios e analises especificas. Comprovado o não atendimento a norma,

o incorporador e/ou a construtora poderão ser responsabilizados inclusive por propaganda

enganosa e danos morais.

2.5 NÍVEIS DE DESEMPENHO

Para todos os requisitos e critérios incluídos na NBR 15575 (ABNT, 2013), foram

estabelecidos patamares mínimos de desempenho, que devem ser obrigatoriamente atingidos

pelos diferentes elementos e sistemas da construção, independente da classe e do custo do

edifício. Para alguns critérios são indicados outros dois níveis de desempenho, intermediário e

superior, de caráter facultativo (CBIC, 2013a). A partir disso, a norma de desempenho

viabiliza a avaliação do nível de desempenho de uma edificação habitacional, bem como

possibilita a mensuração da sua qualidade quanto aos critérios de desempenho.

Aliado às exigências da construção e do mercado, é necessário considerar a

importância da existência de um padrão mínimo habitável que atenda a todas as classes

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sociais. Para isso, torna-se imprescindível fixar normas e conceitos no que diz respeito ao

projeto e à construção de habitações residenciais.

Existe a preocupação de que as empresas busquem apenas atingir o nível mínimo

obrigatório de desempenho. Entretanto, entende-se que o atendimento aos padrões mais

elevados da NBR 15575 (ABNT, 2013) poderá ser utilizado como um instrumento de

marketing. Hoje, quando uma empresa do ramo construtivo busca comprovar ter um produto

melhor, ainda não há um meio de comprovação técnica que seja abundantemente utilizado no

Brasil.

Para Borges (2008), espera-se que o estabelecimento de níveis mais elevados de

desempenho possa estimular o mercado a elevar o nível de desempenho praticado, e assim

atender melhor às exigências dos usuários.

O consumidor, por sua vez, poderá comparar os diferentes produtos com relação ao

desempenho, em vez de pautar a tomada de decisão somente por uma análise estética e de

preço. Além disso, o cliente final poderá cobrar se o seu imóvel apresentar desempenho

inferior ao anunciado no estande de vendas (NAKAMURA, 2013).

Para cada exigência do usuário e condição de exposição da edificação, a norma

apresenta uma série de requisitos de desempenho, critérios de desempenho e respectivos

métodos de avaliação. Para estes conceitos as seguintes definições foram adotadas pela no

norma de desempenho:

Requisitos de desempenho: condições que expressam qualitativamente os atributos

que a edificação habitacional e seus sistemas devem possuir, a fim de que possam

satisfazer as exigências do usuário (ABNT, 2013).

Critérios de desempenho: especificações quantitativas dos requisitos de

desempenho, expressos em termos de quantidades mensuráveis, a fim de que possam

ser objetivamente determinados (ABNT, 2013).

Exigências do usuário: conjunto de necessidades do usuário da edificação

habitacional a serem satisfeitas por este (e seus sistemas), de modo a cumprir com

suas funções (ABNT, 2013).

Condições de exposição: conjunto de ações atuantes sobre a edificação

habitacional, incluindo cargas gravitacionais, ações externas e ações resultantes da

ocupação (ABNT, 2013).

Métodos de avaliação: servem para verificar os requisitos de desempenho previstos

na norma, considerando a realização de ensaios laboratoriais, ensaios de tipo,

ensaios em campo, inspeções em protótipos ou em campo, simulações

computacionais, cálculos analíticos e análise de projetos (ABNT, 2013).

Borges e Sabbatini (2008) afirmam que um dos grandes desafios para a utilização da

abordagem de desempenho na construção civil é a tradução das necessidades dos usuários em

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requisitos e critérios que possam ser mensurados de maneira objetiva, dentro de determinadas

condições de exposição e uso, e que sejam viáveis técnica e economicamente dentro da

realidade de cada sociedade, região ou país.

No caso brasileiro, pelo fato do país possuir grandes dimensões as condições de

exposição variam bastante de região para região. Portanto, é fundamental a consideração das

características locais quando da execução dos projetos, como por exemplo condições

climáticas e níveis de ruído externo às edificações (BORGES, 2008).

Outro aspecto bastante variável é a disponibilidade de recursos naturais de cada

região, que pode interferir nas necessidades do processo de construção e, por consequência,

na solução de projeto e no desempenho potencial do mesmo nas condições de exposição

locais (SANTOS, 2017).

A Figura 7 ilustra o modelo conceitual da norma de desempenho para a obtenção de

um determinado desempenho em função dos conceitos da NBR 15575 (ABNT, 2013).

Figura 7 – Modelo Conceitual da NBR 15575.

Fonte: CTE (2013).

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Embora existam muitas variáveis a serem consideradas para a real obtenção de um

certo nível de desempenho em uma edificação ao longo de sua vida útil, Borges (2008)

salienta que o atendimento aos requisitos estabelecidos na norma, para todos os efeitos,

considera as exigências dos usuários satisfeitas. Borges (2008) ainda complementa que este

posicionamento é importante, pois, apesar das exigências dos usuários serem subjetivas e

crescentes, é fundamental para a estabilidade jurídica do mercado que se defina claramente o

que significa atender ao usuário do ponto de vista técnico.

2.6 PROCESSO DE PROJETOS

Sheer et al. (2007) apontam que o processo de desenvolvimento de projetos no Brasil

ainda é bem arcaico em relação às outras indústrias. Ainda são comuns as trocas de

informações na forma de papel, o desenvolvimento de projetos complementares de forma

isolada, os erros de compatibilização e a dificuldade generalizada no gerenciamento das

diversas disciplinas de projetos.

Além da deficiência tecnológica, Mitidieri Filho (1998) aponta que também existem

deficiências no conhecimento, quanto à compreensão e identificação das exigências de caráter

humano e necessidades econômicas, dificuldades no estabelecimento de parâmetros para

avaliação da durabilidade, e falta de educação ou cultura quanto aos benefícios da aplicação

do conceito de desempenho.

A norma de desempenho exige aos projetistas mais conhecimento, detalhamento e

comprometimento na especificação de materiais. Negligências quanto as suas incumbências

podem lhes acarretar responsabilizações por danos, tanto por parte do cliente final, quanto

pelo executor dos projetos.

Segundo Ito (2017), extrair as informações necessárias e úteis para a elaboração de um

projeto, e saber gerenciá-las adequadamente podendo evitar erros e prever soluções é a

principal tarefa da atividade de projetar. A partir disso, subentende-se que a padronização das

intituladas fases de projeto torna-se necessária, com o intuito de se obter uma maior

organização e com isso diminuir a quantidade de erros.

A NBR 13531 (ABNT, 1995) define fases de projeto como as partes sucessivas em

que é dividido o desenvolvimento dos projetos de edificação e de seus elementos, instalações

e componentes. Baseando-se na NBR 13531 (ABNT, 1995), a Associação Brasileira dos

Escritórios de Arquitetura (ASBEA) dividiu as etapas de projeto em seis: concepção do

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produto, definição do produto, identificação e solução de interfaces, detalhamento de

especialidades, pós entrega do projeto e pós entrega da obra.

Tipicamente o projeto de edificações é composto por essas seis etapas. Denominar o

projeto básico como pré-executivo, eliminar a fase do anteprojeto ou ainda criar uma etapa

sinalizando que o projeto está liberado para a obra, em nada altera a sequência lógica de

decisões que precisam ser tomadas (ASBEA, 2015).

A Tabela 1 apresenta a divisão e a descrição das etapas de projeto conforme ASBEA

(2015) e também cita as etapas das atividades técnicas do projeto de edificação e de seus

elementos, instalações e componentes descritas na NBR 13531 (ABNT, 1995) como subfases.

Tabela 1 – Fases de Projeto.

Fonte: ASBEA (2015).

2.7 PADRONIZAÇÃO DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

No intuito de padronizar à avaliação de desempenho, a NBR 15575 (ABNT, 2013)

prevê um grupo de métodos de avaliação que devem ser utilizados. Estes métodos podem ser

subdivididos em: análise de projeto, simulações, ensaios e inspeções técnicas.

Em geral, a norma contém mais de um método capaz de avaliar o desempenho em

edificações habitacionais para determinado requisito. Segundo Lorenzi (2013), a definição de

qual ou quais métodos utilizar está ligada ao tipo de resultado que se quer obter, sendo, por

vezes, necessário combiná-los para se obter um melhor resultado.

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O Brasil encontra-se num momento de consolidação da avaliação de desempenho

através da NBR 15575 (ABNT, 2013). Lorenzi (2013) relata que, dentre os métodos de

avaliação, o método de ensaios tem papel de destaque, visto que avalia o produto

(componente, elemento e sistema construtivo) em sua utilização ao simular condições de

exposição em protótipos (escala reduzida ou real), podendo ser realizado em laboratório ou e

campo.

A realização da avaliação de desempenho de sistemas construtivos conforme a NBR

15575 (ABNT, 2013), aprimora e impulsiona a melhoria da qualidade do projeto de

edificações habitacionais. Isso ocorre em função de que as informações obtidas nos resultados

dos métodos avaliativos podem indicar a necessidade ou não de modificações nos projetos,

para que os mesmos atendam às exigências de desempenho.

Em contrapartida às melhorias citadas anteriormente, deve-se destacar que a

implementação de um padrão de avaliação de desempenho para edificações residenciais

enfrenta muitos desafios operacionais no Brasil, como por exemplo quanto a executividade de

ensaios, monitoramento de parâmetros físicos, agregação de custos e adequação de

fornecedores de materiais (KERN; SILVA; KAZMIERCZAK, 2014). De qualquer forma,

cabe ao setor da construção civil brasileira se adaptar à nova realidade.

2.8 A NORMA NA PRÁTICA

Nos últimos anos, com o objetivo de facilitar o processo de adesão da norma de

desempenho no mercado, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e a

Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (ASBEA), importantes instituições do

setor da construção civil brasileira, publicaram documentos orientativos ao atendimento da

NBR 15575 (ABNT, 2013). Santos (2017) cita os seguintes documentos:

CBIC (2013a): “Desempenho de Edificações Habitacionais – Guia orientativo para

atendimento à Norma NBR 15575”.

CBIC (2013b): “Manual de Uso, Operação e Manutenção das Edificações –

Orientações para construtoras e incorporadoras”.

CBIC (2015): “Dúvidas sobre a Norma de Desempenho – Especialistas respondem”.

CBIC (2016): “Boas práticas para entrega do empreendimento desde a sua

concepção”.

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ASBEA (2015): “Guia para arquitetos na aplicação da Norma de Desempenho NBR

15575”.

Juntamente a estes documentos, observou-se que workshops, pesquisas, dissertações e

teses acerca da temática de desempenho em edificações residenciais no Brasil estão cada vez

mais frequentes. Isso se deve às demandas da nova realidade de mercado, em que parte dos

profissionais do ramo construtivo têm buscado a capacitação para atendimento à norma de

desempenho e a outra parte questiona a sua relevância e aplicabilidade.

Neste contexto, merecem destaque iniciativas de órgãos governamentais que buscam

contribuir para a evolução dos patamares de qualidade do setor construtivo, como o Sistema

de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil (SiAC),

um dos projetos propulsores do PBQP-H.

No início deste ano, o Ministério das Cidades (MCid) publicou no Diário Oficial da

União (DOU), a Portaria nº 13, de 6 de janeiro de 2017, com o objetivo de adequar o SiAC

aos requisitos e critérios de desempenho da norma técnica NBR 15575 (ABNT, 2013). Às

empresas de construção civil participantes do PBQP-H, foi dado um prazo de transição de 180

(cento e oitenta) dias, a contar da data de publicação da Portaria para se adaptaram as

mudanças e poder continuar usufruindo dos benefícios do programa (SiAC, 2017).

Neste processo de adaptação, foi exigido das empresas a criação de mecanismos

processuais que auxiliassem no controle da concepção e execução de projetos, sendo estes

mecanismos ferramentas capazes de auxiliar as empresas a se adaptarem a NBR 15575

(ABNT, 2013). Assim, surgiram os seguintes documentos:

Perfil de Desempenho da Edificação (PDE): Documento de entrada de projeto que

registra os requisitos dos usuários e respectivos níveis de desempenho a serem

atendidos por uma edificação habitacional, conforme definido no item 4 da NBR

15575 - Parte 1: Requisitos Gerais (SiAC, 2017).

Plano de Controle Tecnológico (PCT): Documento referido no Plano de Qualidade

da Obra que relaciona os meios, as frequências e os responsáveis pela realização de

verificações e ensaios dos materiais a serem aplicados e serviços a serem executados

em uma obra, que assegurem o desempenho conforme previsto em projeto, em

atendimento à NBR 15575 (SiAC, 2017).

A partir do PDE, a empresa fica com a memória de que tomou aquela decisão de

atendimento da norma de desempenho no processo de elaboração de projetos. Já o PCT é um

passo a mais na direção do monitoramento da qualidade da execução da obra, com foco na

norma de desempenho, então é uma ferramenta importante para o construtor.

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Segundo CBIC (2013a), a comprovação do atendimento à NBR 15575 (ABNT, 2013)

poderá ser necessária, a qualquer momento futuro, em caso de dúvida ou discussão sobre a

qualidade da construção e o cumprimento de obrigações por parte dos agentes intervenientes,

seja no tocante aos projetos, seja quanto à qualidade de execução da construção. Portanto,

torna-se relevante que documentos e registros gerados no sistema de gestão da qualidade,

como o PDE e o PCT citados acima, possam prover uma descrição efetiva dos procedimentos

técnicos e administrativos realizados e dos resultados alcançados.

Ainda quanto a iniciativas de órgãos governamentais, o Sistema Nacional de

Avaliações Técnicas (SiNAT), outro projeto propulsor do PBQP-H, desenvolveu dois

catálogos, um para sistemas construtivos convencionais e outro para sistemas construtivos

inovadores.

Esse projeto foi uma iniciativa do Ministério das Cidades, em parceria com a Caixa

Econômica Federal, entidades públicas e entidades privadas, e o seu objetivo é apoiar

incorporadores, construtores, projetistas e fabricantes de componentes na obtenção de

edificações que atendam aos requisitos, critérios e parâmetros de Desempenho estabelecidos

na NBR 15575 (ABNT, 2013). Os catálogos estão disponibilizados gratuitamente no site do

Ministério das Cidades.

Embora as iniciativas governamentais citadas tenham intuitos semelhantes aos da

norma, como nas questões de padronização da qualidade no meio construtivo e da busca por

um desempenho mínimo obrigatório, em alguns quesitos a norma vai de encontro a essas

iniciativas. Por exemplo, a norma busca a flexibilização quanto aos sistemas construtivos

adotados, avaliando-os conforme os diferentes níveis de desempenho estabelecidos, enquanto

que programas como o PBQP-H acabam fazendo com que construtores busquem sistemas que

atinjam o desempenho mínimo exigido quando experimentados em determinada obra e local,

sendo esses sistemas, por questões de praticidade, adotados de maneira compulsória em

futuros empreendimentos, independentemente da localidade.

Outro assunto que merece maior destaque quanto a implementação da NBR 15575

(ABNT, 2013), é a necessidade de atendimento das exigências dos usuários de imóveis, que

são subjetivas, variáveis, crescentes e de difícil mensuração. Surge como ferramenta de

solução, a realização de pesquisas de avaliação pós-ocupação, as quais podem gerar

informações para a melhoria do ambiente construído, com a possibilidade da identificação de

problemas a ser evitados. Diferentes métodos de avaliação pós-ocupação incluem não só

avaliações comportamentais, mas também avaliações físicas.

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A avaliação do usuário da edificação identifica padrões de uso e satisfação com o

ambiente construído, enquanto avaliações técnicas geram informações objetivas

(KOWALTOWSKI et al., 2006).

Outra ferramenta útil para construtoras é a inspeção predial, como parte dos serviços

de assistência técnica pós-entrega. Este simples procedimento permite avaliar as condições de

conservação das edificações ao longo da sua vida útil, dessa forma identificando informações

sobre os padrões de uso e manutenção adotados e também sobre o desempenho do edifício e

das duas partes construtivas frente as suas condições de exposição.

2.8.1 ENTRAVES NO ATENDIMENTO À NORMA

Nesta pesquisa buscou-se conhecer fatores comuns a realidade das construtoras,

incorporadoras e empresas de projetas brasileiras, apontados como entraves para a

aplicabilidade da norma de desempenho ao processo construtivo de edificações residenciais.

Existe um grande desafio na questão dos fornecedores, que devem adequar os seus

produtos às exigências de desempenho da NBR 15575 (ABNT, 2013), bem como comprovar

o desempenho destes a partir de ensaios em laboratórios licenciados. Essa rigorosidade

dificulta a seleção de fornecedores e inclusive pode causar o aumento de custos.

A não conformidade técnica de materiais e componentes da construção civil resulta

em habitações e obras civis de baixa qualidade, afetando o cidadão, as empresas e o habitat

urbano como um todo.

Outra questão a ser resolvida é a necessidade de melhorias de laboratórios para a

realização de ensaios, assim como a capacitação de laboratoristas para que estes saibam como

ensaiar e entender os requisitos da NBR 15575 (ABNT, 2013). A falta de infraestrutura

laboratorial para a realização dos ensaios previstos na norma é um forte empecilho para a sua

implementação e foi utilizada como argumento para sua postergação (KERN; SILVA;

KAZMIERCZAK, 2014).

Além disso, o abordagem normativa tradicionalmente utilizado no Brasil para a

construção civil é prescritiva, ou seja, especifica os meios e não os fins que se deseja atingir, o

que contraria o conceito de desempenho. Esta diferença conceitual é considerada por Borges e

Sabbatini (2008) uma das maiores dificuldades para a aplicação da norma de desempenho.

Outra dificuldade apresentada por Paula, Uechi e Melhado (2013) é referente às

deficiências gerenciais das empresas construtoras. De acordo com os autores, empresas

pesquisadas em relação à implantação da norma sentem necessidade de atualização e

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capacitação para implementação da norma e de estudo para a utilização dos softwares

previstos na norma para medição de desempenho.

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3. METODOLOGIA

Segundo Gil (2008), as pesquisas podem ser divididas em duas categorias distintas:

quanto aos objetivos ou quanto aos procedimentos técnicos. Quanto aos objetivos as pesquisas

podem ser classificadas em pesquisa exploratória, pesquisa descritiva e pesquisa explicativa.

Já quanto aos procedimentos técnicos, elas podem ser divididas em pesquisa bibliográfica,

pesquisa documental, pesquisa experimental, levantamento, estudo de campo, estudo de caso

e pesquisa-ação.

A pesquisa exploratória busca proporcionar maior familiaridade com o problema,

explicitando-o ou criando hipóteses para o mesmo. Esta pode ser realizada através de

levantamento bibliográfico, bem como entrevistas com pessoas experientes no problema

pesquisado. Geralmente, assume a forma de pesquisa bibliográfica e estudo de caso (GIL,

2008). Portanto, o tipo de pesquisa utilizada no presente trabalho de conclusão de curso foi a

exploratória. O trabalho se dividiu em duas fases: pesquisa bibliográfica e estudo de caso.

Na primeira fase, foi realizada a revisão bibliográfica para conhecimento e

identificação das questões relevantes ao estudo da NBR 15575 (ABNT, 2013) e ao impacto

desta no setor da construção civil. Como fontes de referência, foram utilizadas normas

nacionais e internacionais, leis, artigos científicos, dissertações, teses e reportagens. Já a

segunda fase da pesquisa, consistiu na realização de entrevistas em importantes escritórios e

construtoras de Santa Maria/RS, constituindo um estudo de caso. As entrevistas foram

realizadas presencialmente com arquitetos e engenheiros atuantes nessas empresas.

3.1 ELABORAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS

Foram elaborados dois questionários, um para incorporadoras e construtoras

(Apêndice A) e outro para as empresas de projetos (Apêndice B). Ambos os questionários

aplicados foram divididos em três partes (Figura 8).

A primeira parte foi utilizada para a identificação das empresas, enquanto que na

segunda parte buscou-se caracterizar os projetos desenvolvidos por estas.

Por fim, a terceira parte do questionário tinha a intenção de levantar informações sobre

a realidade das empresas em relação à implantação da NBR 15575 (ABNT, 2013), buscando

identificar o estágio em relação à aplicação da norma, as mudanças necessárias para a adoção

do conceito de desempenho e as dificuldades e benefícios que a norma traz. Nesta parte

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buscou-se realizar perguntas abertas, a fim de não limitar o entrevistado a respostas pré-

estabelecidas.

Figura 8 – Estrutura do Questionário.

Fonte: O autor.

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4. ESTUDO DE CASO

4.1 CONTEXTO LOCAL

Santa Maria é um município localizado na região central do estado do Rio Grande do

Sul. Segundo o Censo Demográfico do IBGE (2010), a cidade possui 261.031 habitantes, com

uma população estimada de 278.445 pessoas para 2017, e abrange uma área de cerca de

1.781,757 km² (Figura 9). A economia tem seu ponto forte no setor de serviços, seguido dos

setores primário e secundário. Além disso, Santa Maria/RS possui destaque nos seguintes

setores: educacional, médio hospitalar, rodoviário e militar policial. (PMSM, 2014).

Figura 9 – Mapa de Santa Maria/RS.

Fonte: IBGE (2017).

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4.2 SELEÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS

Para a seleção da população em estudo, foram consideradas as empresas atuantes na

cidade de Santa Maria/RS que possuíam empreendimentos em andamento e que estavam

devidamente regularizadas junto aos órgãos fiscalizadores, como o SINDUSCON/SM e a

Prefeitura Municipal de Santa Maria (PMSM). Foi realizada então uma triagem, excluindo-se

empresas que não tivessem sede no município ou que não fizessem parte das categorias

desejadas, dessa forma chegou-se a vinte e três construtoras e trinta e dois escritórios de

projetos.

Empresas que não responderam ao contato, via correio eletrônico, telefone ou

presencial, foram igualmente excluídas da pesquisa. Sendo assim, a amostra estudada

compôs-se de cinco empresas de projetos e cinco construtoras e incorporadoras aptas a

participar das entrevistas.

As empresas selecionadas foram classificadas através de informações coletadas nas

entrevistas, de acordo com cinco categorias: (1) padrão de empreendimentos ou projetos, (2)

porte da empresa, (3) tempo de atuação, (4) quantidade de empreendimentos lançados ou

projetos entregues e (5) quantidade de empreendimentos ou de projetos em andamento.

Buscou-se investigar uma correlação entre essas informações e os resultados obtidos nas

entrevistas.

A respeito do porte das empresas, adotou-se a definição do SEBRAE(2013) que utiliza

o número de empregados como critério de classificação do porte de empresas. Sendo assim,

adotou-se que empresas da construção civil de grande porte (EGP) possuem mais de 500

funcionários, de médio porte (EMP) de 100 a 499 funcionários, pequeno porte (EPP) possuem

de 20 a 99 funcionários e microempresas (ME) até 19 empregados.

Já a classificação quanto aos padrões dos empreendimentos utilizada para esta

pesquisa, foi baseada parcialmente na utilizada pela NBR 12721 (ABNT, 2006) para a

caracterização de projetos padrão. Assim, as classificações adotadas quanto ao padrão das

edificações habitacionais foram: Interesse Social (IS), Baixo (B), Normal (N) e Alto (A).

Por questões de sigilo, no presente trabalho as empresas não serão identificadas pelos

seus nomes fantasia ou razões sociais. As construtoras e incorporadoras serão identificadas

como empresas A, B, C, D e E, enquanto que as empresas de projetos serão identificadas

como empresas F, G, H, I e J. Os quadros 3 e 4 apresentam as características das empresas

estudas neste trabalho.

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Quadro 3 - Características das empresas Construtoras e Incorporadoras

Empresa A B C D E

Padrão de Empreendimentos N

A N

N

A

IS

B

N

A

IS

B

N

A

Porte da Empresa EMP EPP EPP EPP EMP

Tempo de Atuação (anos) 22 25 8 5 10

Número de Empreendimentos

Lançados 15 27 7 30 8

Número de Empreendimentos em

andamento 1 2 2 6 5

Fonte: O autor.

Quadro 4 - Características das empresas de Projetos

Empresa F G H I J

Padrão de Projetos N N

A

N

A

N

A

N

A

Porte da Empresa ME ME ME ME ME

Tempo de Atuação (anos) 2 4 5 7 3

Número de Projetos Entregues 20 150 70 70 50

Número de Projetos em

andamento 4 40 15 12 8

Fonte: O autor.

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5. ANÁLISE DE DADOS

Para a análise de dados procurou-se analisar o contexto inteiro no momento da

entrevista, e não somente o significado das palavras contidas nas respostas dos entrevistados.

Também, foi considerado o fenômeno descrito por Mattos (2005) como resposta retardante,

considerando assim que muitas das perguntas poderiam ser respondidas complementarmente

em questionamentos posteriores no decorrer da entrevista.

Assim, foi possível analisar a influência dos fatores que implicam no posicionamento

adotado pelas empresas em sua interação com o mercado e clientes ante as novas demandas

trazidas pela NBR 15575 (ABNT, 2013).

5.1 CONSTRUTORAS E INCORPORADORAS

Através das respostas obtidas na segunda parte do questionário aplicado nas empresas

construtoras e incorporadoras estudadas foi possível conhecer mais sobre os empreendimentos

desenvolvidos por estas, e também sobre os procedimentos adotados por elas quanto a

terceirização de projetos, contratação de fornecedores e contratação de consultarias externas.

Os resultados desta parte do questionário estão resumidos no Quadro 5.

Quadro 5 – Procedimentos adotados pelas Construtoras e Incorporadoras.

Perguntas Empresas

A B C D E

O projeto arquitetônico é realizado pela

empresa(E) ou é terceirizado(T)? E E T E E

O projeto estrutural é realizado pela empresa(E)

ou é terceirizado(T)? T E T E T

Os projetos de instalações são realizados pela

empresa(E) ou são terceirizados(T)? T E E E E

Os projetos são compatibilizados após todos

estarem prontos? Não Sim Não Sim Sim

A empresa buscou consultorias externas quanto à

NBR 15575:2013? Não Sim Não Não Sim

A empresa exige dos seus fornecedores

conformidade com a NBR 15575:2013? Sim Sim Sim Sim Sim

Fonte: O autor.

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5.1.1 ESTÁGIO EM RELAÇÃO À APLICAÇÃO DA NORMA

a) Empresa A

A Empresa A teve o primeiro contato com a norma em 2013 e a partir de então não

buscou implementá-la em seus empreendimentos. Não há uma preocupação por parte da

construtora em atender a norma, mas sim de garantir o conforto dos futuros usuários das

edificações. A empresa busca atender os critérios de desempenho previstos na norma para as

exigências dos usuários, mas por experiência empírica e bibliografias consultadas, não através

da norma. Todo o setor de engenharia é responsável pelo controle de qualidade e controle

tecnológico, que são mais focados no comportamento estrutural das edificações.

b) Empresa B

A Empresa B tomou conhecimento da norma em 2013 e buscou se adaptar a ela. Os

engenheiros da empresa são os responsáveis pela implementação. A empresa participou do

PBQP-H mas desistiu devido ao grande número de demandas extras que tornavam o processo

construtivo mais caro.

c) Empresa C

A Empresa C tomou conhecimento da norma em 2013 e a partir de então buscou

adaptar seus empreendimentos para atender os requisitos desta, pois considera que atender a

norma é uma obrigação das empresas envolvidas no processo construtivo. A empresa procura

atender principalmente os requisitos que, de acordo com o engenheiro entrevistado, são os

maiores alvos de reclamações no contexto de Santa Maria, que seriam conforto térmico e

conforto acústico.

d) Empresa D

A empresa D teve um maior contato com a norma a partir de 2015, quando em

consultoria externa acerca de outro tópico o tema foi abordado. A partir daí buscou se adequar

a ela, implementando a norma desde a fase inicial dos seus novos empreendimentos. A

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empresa também realiza ensaios nas edificações já finalizadas com o intuito de conhecer o

desempenho dos sistemas construtivos utilizados in loco. Todo o setor de engenharia procura

se organizar para atender as exigências da norma. A empresa participa do PBQP-H.

e) Empresa E

A Empresa E passou a ter conhecimento da norma em 2013, através de consultoria

externa. A empresa possui dois profissionais responsáveis pela implementação da norma, uma

arquiteta e uma engenheira. A empresa participa do PBQP-H e está se adaptando a este

programa devido a futuras auditorias.

f) Resumo do item

Nota-se que todas as construtoras participantes possuem preocupação com o

desempenho das edificações quanto as exigências dos usuários e que a maioria delas

demonstrou interesse pela norma, em especial as empresas que trabalham com habitações de

interesse social e estão participando do PBQP-H.

5.1.2 MUDANÇAS DEVIDO A NORMA

a) Empresa A

A Empresa A considera que o mais importante é a percepção do cliente em relação a

qualidade da obra, dessa forma adequando cada unidade habitacional de acordo com as

demandas dos clientes. Nesse sentido não houve mudança de postura da empresa devido a

norma. Entretanto, a empresa fornece aos futuros usuários das edificações um Manual de Uso,

Operação e Manutenção conforme a NBR 15575 exige, descrevendo sistemas estruturais,

fornecedores, prazos de garantia e vida útil dos materiais.

Além disso, a partir dos critérios da norma a empresa passou a utilizar um novo

sistema de blocos de alvenaria estrutural entre as unidades autônomas, ainda não ensaiado in

loco, e também um novo sistema de laje, cujo desempenho acústico já foi ensaiado e está em

conformidade com a norma.

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b) Empresa B

A Empresa B reformulou os seus processos internos, utilizando checklists

desenvolvidas com base em CBIC (2013a) para verificar o atendimento de todos os itens da

norma. Segundo o engenheiro entrevistado, para que a implementação da norma gere

resultados positivos todas as partes envolvidas no processo construtivo devem entrar em

consenso quantos aos materiais e sistemas adotados, projetistas devem evitar excessos no que

tange a busca de alcançar desempenhos muito altos pois isso onera a construção.

Para a contratação de fornecedores a empresa baseia-se na lista de fornecedores

disponibilizada no site do SiAC, mas os principais critérios de escolha são preço,

disponibilidade de materiais e qualidade obtida em empreendimentos prévios.

Após a norma de 2013 a empresa passou a utilizar um sistema de blocos estruturais de

alvenaria preenchidos com graute nas paredes que separam economias distintas. Além disso a

empresa fornece Manual de Uso, Operação e Manutenção conforme as exigências da NBR

15575, segundo o entrevistado.

c) Empresa C

O entrevistado da Empresa C demonstrou muito interesse em atender a norma de

desempenho. Quando não encontra fornecedores com os laudos necessários na região de

Santa Maria a empresa busca fornecedores em outras cidades. O entrevistado citou a

dificuldade de encontrar fornecedores de esquadrias de alumínio na cidade, e também que está

buscando alcançar um maior padrão de desempenho em suas edificações, sendo que

recentemente comprou tinta acrílica para utilizar no exterior das edificações de fornecedores

de outras localidades. A empresa deixou de utilizar esquadrias de madeira pois não

alcançavam as condições exigidas quanto ao comportamento acústico e térmico.

A empresa trabalha com um sistema construtivo de alvenaria estrutural, sendo o

projeto estrutural terceirizado para um escritório de Porto Alegre/RS que também faz

consultoria para atendimento a NBR 15575, e dessa forma na concepção do projeto já

emprega os conceitos da norma.

Existe uma grande preocupação quanto a conforto acústico, utiliza-se manta acústica

ao redor das tubulações de esgoto e os materiais empregados nos SVVIE variam de acordo

com o layout da edificação. Mas a questão a qual o engenheiro dá mais importância é a do

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desempenho acústico ao ruído de impacto em lajes de edifícios, para o qual a empresa busca

um desempenho padrão intermediário. Conforto térmico é uma questão muito importante

também, segundo o entrevistado, mas como a temperatura varia muito em Santa Maria é uma

questão mais difícil de solucionar.

A empresa tem a intenção de fazer ensaios in loco para atestar o desempenho dos seus

sistemas conforme a NBR 15575.

Já quanto ao Manual de Uso, Operação e Manutenção, a empresa segue as orientações

da norma, salientando as medidas de manutenção necessárias. Foi dado um exemplo de falta

de manutenção por parte dos usuários quanto a vedação de silicone em algerozes, no qual não

foram respeitadas as instruções do manual quanto as datas de manutenção.

d) Empresa D

A Empresa D percebeu uma maior organização quanto aos seus procedimentos

internos devido a implementação da norma e a participação do PBQP-H. Devido às auditorias

do programa a empresa passou a ter um maior controle de documentos e registros. Além

disso, os projetos ficaram mais detalhados, não precisando mais especificar materiais em obra.

Os materiais e sistemas construtivos utilizados nas obras foram reavaliados e as

soluções construtivas começaram a ser procuradas ainda no pré-projeto. A empresa considera

sistemas construtivos com desempenhos superiores mas a questão financeira acaba sendo um

entrave pois os custos seriam exorbitantes. Um exemplo de sistema que passou a ser utilizado

foi o de parede dupla com isolamento acústico entre economias distintas, que já foi executado

e ensaiado quanto ao requisito de desempenho acústico.

A escolha dos fornecedores depende do empreendimento, no custo e do padrão de

qualidade esperado. A empresa consulta a Lista do SiAC quando não encontra fornecedores

apropriados dentre os que já possui contato.

A empresa entrega um Manual de Uso, Operação e Manutenção para todos os seus

clientes, tanto de residências unifamiliares quanto multifamiliares, contendo informações

como medidas de manutenção, vida útil e garantia dos materiais, fornecedores, materiais e

projetos as built.

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e) Empresa E

Assim como a anterior, a Empresa E também percebeu uma maior organização quanto

aos seus procedimentos internos devido a implementação da norma e a participação do PBQP-

H. Porém, esta empresa citou dois documentos: o Perfil de Desempenho de Edificações (PDE)

e o Plano de Controle tecnológico (PCT).

Durante a entrevista a engenheira e a arquiteta entrevistadas mostraram modelos de

estereograma de desenvolvimento de projetos, memorial descritivo e checklist para

atendimento aos requisitos da norma.

Além disso, a empresa passou a exigir os laudos de conformidade aos requisitos da

norma dos seus fornecedores. Com isso, teve que mudar o fornecedor de esquadrias de

alumínio, sendo que como as esquadrias já instaladas terão que fazer ensaio in loco para

comprovar desempenho acústico. Em outro caso, um fornecedor local de blocos de alvenaria

está buscando conseguir laudos referentes a resistência ao fogo, desempenho térmico e

desempenho acústico para poder fornecer seus materiais para a empresa.

A empresa também exige das empresas que fornecem projetos a ela os respectivos

laudos atestando a conformidade com a NBR 15575.

Também, a empresa reavaliou os sistemas construtivos utilizados nas obras. Um

exemplo é que a empresa deixou de utilizar o sistema de pré-lajes para utilizar lajes maciças

com maiores espessuras ou um sistema composto de laje maciça, manta acústica e contra piso

flutuante.

A empresa entrega um Manual de Uso, Operação e Manutenção contendo informações

como medidas de manutenção, vida útil, garantia dos materiais, fornecedores, materiais e

sistemas construtivos.

f) Resumo do item

Portanto, conclui-se que as construtoras de Santa Maria estão em um processo de

adaptação a norma, em que nem todas as exigências dos usuários descritas na NBR 15575

(ABNT, 2013) estão sendo levadas em conta. As exigências relativas à segurança estrutural,

conforto térmico e conforto acústico são as que foram mais absorvidas pelo mercado. Nota-se

uma necessidade dos fornecedores locais em adaptar-se a norma para atender as novas

demandas de mercado.

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Também merece destaque que ambas as empresas participantes do PBQP-H

salientaram uma melhoria quanto aos seus procedimentos internos.

5.1.3 DIFICULDADES E BENEFÍCIOS DA NORMA

a) Empresa A

Segundo a Empresa A os textos da norma são muito extensos e pouco objetivos. Além

disso, o entrevistado considera que a implementação total da norma é inviável devido ao

aumento de custo que traria para a empresa, especialmente no contexto local.

b) Empresa B

A Empresa B considera que o maior problema em relação a implementação da norma

são os fornecedores, a empresa parou de contar com alguns fornecedores por eles não terem

laudos que comprovem a conformidade. Também, a empresa considera que a norma pode

impactar o mercado, sendo que a obtenção de níveis intermediários ou superiores de

desempenhos poderiam ser utilizados como propaganda.

c) Empresa C

A Empresa C destacou que seria muito custoso alcançar o padrão superior de

desempenho da norma e que para a realidade atual de Santa Maria uma propaganda

destacando um melhor desempenho acústico quanto ao ruído de impacto em lajes de edifícios

seria um diferencial. O entrevistado ainda comentou que deveria existir uma norma de

procedimentos que guiasse como alcançar os requisitos da norma, bem como uma checklist

que resumisse o necessário para a implementação da norma em construtoras.

d) Empresa D

A construtora considerou a norma como importante para o aumento do padrão de

edificações habitacionais, mas destacou que para que ela funcione todos os participes da

cadeia construtiva devem cumprir as suas responsabilidades. Além disso, o engenheiro

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entrevistado considerou que a norma garante maior segurança jurídica as construtoras que

aderirem a ela e maior garantia aos usuários de edificações residenciais.

Um ponto negativo, segundo o entrevistado, seria que fornecedores e construtoras de

menor expressão podem acabar perdendo espaço no mercado devido ao maior custo agregado

ao atendimento a norma.

e) Empresa E

A empresa considera positiva a mudança de comportamento no mercado e a

possibilidade fazer propaganda quanto a obtenção de maiores níveis de desempenho.

Em contrapartida, as profissionais entrevistadas consideram que a norma é de difícil

compreensão e não esclarece o que é realmente necessário ser feito para implementa-la, bem

como considera que falta na norma um modelo de checklist padrão para avaliar o

cumprimento das exigências dos usuários.

f) Resumo do item

Logo, nota-se uma certa dificuldade por parte das construtoras quanto ao

entendimento da norma, bem como um desinteresse devido a possibilidade de aumento dos

custos operacionais na empresa. Entretanto, a maioria considera o surgimento dela como algo

positivo, inclusive tratando o atendimento a norma como um diferencial no mercado.

5.1.4 RESUMO DAS RESPOSTAS OBTIDAS NAS ENTREVISTAS

O Quadro 6 apresenta um resumo da situação das empresas construtoras entrevistadas

em relação aos aspectos mais importantes abordados nas entrevistas.

Quadro 6 – Resumo das respostas obtidas nas entrevistas com as construtoras.

Perguntas Empresas

A B C D E A empresa está buscando se adaptar a norma? Não Sim Sim Sim Sim

A norma fez a empresa reavaliar os materiais e

sistemas construtivos utilizados em seus

empreendimentos residenciais?

Sim Sim Sim Sim Sim

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A norma causou mudanças nos processos de projetos,

de construção e de incorporação da empresa? Não Sim Não Sim Sim

A empresa elabora um Manual de Uso, Operação

e Manutenção para entregar aos futuros usuários

da edificação?

Sim Sim Sim Sim Sim

A empresa sente dificuldade em encontrar

fornecedores locais em conformidade com a NBR

15575?

Não Não Sim Sim Sim

Fonte: O autor.

5.2 EMPRESAS DE PROJETOS

Através das respostas obtidas na segunda parte do questionário aplicado nas empresas

de projetos estudadas foi possível conhecer mais sobre os projetos desenvolvidos por estas, e,

também, sobre os procedimentos adotados por elas quanto ao relacionamento com clientes e

contratação de consultorias externas. Os resultados desta parte do questionário estão

resumidos no Quadro 7.

Quadro 7 – Procedimentos adotados pelas Empresas de Projetos.

Perguntas Empresas

F G H I J O projeto arquitetônico é realizado pela

empresa? Sim Sim Sim Sim Sim

O projeto estrutural é realizado pela empresa? Não Não Não Não Sim

Os projetos de instalações são realizados pela

empresa? Não Sim Sim Não Sim

Os projetos são compatibilizados após todos

estarem prontos? Não Sim Sim Não Sim

A empresa buscou consultorias externas quanto à

NBR 15575:2013? Não Não Não Não Não

A empresa acompanha os seus projetos após

entregá-los aos seus clientes? Sim Sim Sim Não Sim

A empresa busca um feedback com seus clientes

quanto ao desempenho dos seus projetos? Sim Não Sim Sim Sim

Fonte: O autor.

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5.2.1 ESTÁGIO EM RELAÇÃO À APLICAÇÃO DA NORMA

a) Empresa F

A empresa teve contato com a norma em 2013, quando leu o guia CBIC (2013a).

Desde então, utilizou a norma como referencial de critérios para a seleção de materiais e

sistemas construtivos. Segundo o profissional entrevistado, a norma norteia a elaboração de

projetos, mas o mais importante são as demandas do construtor ou cliente

b) Empresa G

O escritório tomou conhecimento da norma em 2013. A empresa buscou se adaptar a

norma. Todos os projetistas são responsáveis por seguir a norma na elaboração dos projetos

da empresa.

c) Empresa H

Tomou conhecimento da norma em julho de 2013, durante a execução de um

empreendimento, pois queria saber se precisaria adaptar as obras em andamento a norma. A

empresa está em processo de implementação da NBR 15575. O arquiteto entrevistado é o

responsável na empresa quanto as questões de desempenho. A empresa H além de elaborar

projetos, também os executa.

d) Empresa I

O escritório teve contato com a norma em 2013 e não buscou se adaptar a norma, pois

considerou muito custoso e dispendioso o processo de adaptação. Entretanto consulta a norma

para verificar critérios e requisitos de desempenho. A entrevistada também ressaltou que mais

da metade dos projetos da empresa são voltados para a área de design de interiores e que

portanto projetos arquitetônicos não são o foco principal da empresa.

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e) Empresa J

A empresa tomou conhecimento da norma em 2013, e não se interessou pela sua

completa implementação, utiliza a norma como guia para especificar sistemas e materiais,

além de consultar verificações de estado limite de serviço.

f) Resumo do item

A maioria das empresas de projetos não parece se interessar por se adaptar totalmente

a norma e apenas acabam utilizando ela para consultar critérios e requisitos. A escolha dos

materiais utilizados em novos projetos geralmente ocorre de acordo com conhecimento

empírico e com as demandas dos clientes. Nota-se que todas as empresas de projetos do

presente estudo trabalham com projetos de padrão alto e de padrão normal.

5.2.2 MUDANÇAS DEVIDO A NORMA

a) Empresa F

Ao ser questionada sobre as mudanças que a norma causou na empresa, o profissional

entrevistado informou que sempre considerou a manutenibilidade das edificações nos seus

projetos, bem como as outras exigências dos usuários que constam na norma.

Uma mudança notada devido a norma foi o aumento da responsabilidade dos

fornecedores e da responsabilidade dos projetistas quando na escolha dos materiais.

b) Empresa G

A empresa reavaliou os materiais especificados em seus projetos após se informar

sobre o assunto. Por exemplo, quanto aos materiais utilizados em paredes divisórias entre

apartamentos e quanto a especificação dos materiais e sistemas construtivos para lajes.

Quanto ao layout dos projetos, procura-se evitar que cômodos com maiores exigências

quanto ao critério acústico da diferença padronizada de nível ponderada, promovida pela

vedação entre ambientes, tenham paredes divisórias em comum com outros apartamentos.

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A orientação solar da edificação é um ponto consultado com frequência pela empresa

na NBR 15575 durante a concepção de projetos.

Quanto a questão de manutenibilidade dos sistemas projetados, a empresa busca a

utilização de produtos com vidas úteis maiores, mas por exemplo na questão de escolha de

revestimentos a última palavra sempre será a do cliente,

c) Empresa H

Desde o surgimento da norma a empresa mudou seu processo de projetos, sendo que

não faz mais estudos, assim começando direto do anteprojeto. O arquiteto busca pré

dimensionar a estrutura antes de mandar o arquitetônico para o projetista estrutural, e não

apenas aloca os elementos estruturais.

Quanto a seleção de fornecedores, a empresa sentiu estar mais organizada passar a

trabalhar apenas com fornecedores que possuem os laudos de conformidade dos seus produtos

para com a norma. Recentemente a empresa mudou o seu fornecedor de argamassa e passou a

comprar de um de Porto Alegre/RS.

Assim como nas demais empresas, foi citada a preocupação com os SVVIE dos

projetos, em especial em paredes comuns a diferentes unidades autônomas em edificações,

para as quais passou a utilizar-se um sistema de blocos estruturais de alvenaria preenchidos

com graute mais argamassa de 2,50 cm em cada lado. Esse sistema ainda não foi testado in

loco, mas a empresa tem interesse em testá-lo.

Ainda, na escolha dos materiais a empresa sempre considera as vidas úteis de projeto

mínimas exigidas por norma para cada sistema, e as compara com as vidas úteis fornecidas

pelos fabricantes.

d) Empresa I

Após a norma, a empresa I passou a usar novos sistemas e materiais nos seus projetos,

como paredes duplas com isolamento acústico em paredes divisórias entre apartamentos.

Assim como a Empresa G, a orientação solar da edificação é um ponto da norma

consultado com frequência pelos projetistas durante a concepção de projetos.

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e) Empresa J

Após a norma, a empresa passou a ter mais cuidado quanto ao posicionamento de

paredes estruturais nos projetos, buscando coincidi-las com as paredes que precisam de maior

redução sonora entre os ambientes.

A empresa tem a percepção de que para sobreviver no mercado os fornecedores serão

obrigados a se adequar a norma. Assim como também sente que a partir do fim da

subjetividade quanto as incumbências das partes envolvidas na construção civil, as

responsabilidades de usuários, projetistas e de construtores aumentaram.

Ainda, de acordo com os entrevistados a questão da manutenibilidade dos edifícios é

considerada na elaboração dos projetos estruturais e dos projetos de instalações sanitárias.

f) Resumo do item

Das empresas de projetos estudas, a grande maioria foi impactada pela norma, sendo

que as empresas que não buscaram implementá-la, utilizam-na como consulta para a seleção

de seus materiais.

5.2.3 DIFICULDADES E BENEFÍCIOS DA NORMA

a) Empresa F

Uma dificuldade abordada sobre a NBR15575 é que não existe uma checklist para o

cumprimento das exigências em relação aos seus itens. Já quanto a aspectos positivos, a

norma traz mais níveis de desempenho, e no futuro pode ser utilizada como propagando no

caso da empresa conseguir atingir níveis superiores de desempenho.

b) A Empresa G

A empresa G constatou que falta treinamento principalmente aos fornecedores, que

devem se adequar as novas realidades, mas também para o mercado em geral. A empresa

gostaria que houvessem workshops ou cursos sobre o que a empresa precisa fazer para

implementar a NBR 15575.

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Outra questão levantada é que a norma é muito extensa e não possui modelo de

checklist para o cumprimento das exigências dos usuários.

Uma mudança positiva na mentalidade do mercado foi que as construtoras passaram a

levar em conta o desempenho nos seus projetos, e a aceitar sistemas e materiais de maior

custo desde que garantam um maior conforto.

c) A Empresa H

A empresa considera que a responsabilidade dos projetistas e construtores aumentou e

vê certa dificuldade quanto a encontrar fornecedores para certos materiais em Santa Maria,

esquadrias por exemplo. No ponto de vista do entrevistado, deveria partir dos fornecedores a

iniciativa de repassar informações de desempenho dos seus produtos aos projetistas e

construtores, apresentando laudos de conformidade destes em relação a norma.

O engenheiro entrevistado vê a norma como um meio de alcançar sistemas que

apresentem bom desempenho para as exigências dos usuários de um modo geral, e vê a

implementação dos conceitos da norma de desempenho como uma garantia de qualidade.

d) A Empresa I

A empresa I considera importante que a norma norteie a definição dos materiais e

sistemas construtivos, mas saliente que a última palavra quanto aos produtos utilizados na

edificação é a do cliente.

e) A Empresa J

A empresa J percebe a falta de uma norma que estabeleça procedimentos de

adequação a NBR 15575, e considera os guias orientativos existentes como ineficientes.

f) Resumo do item

Sendo assim, em geral, as empresas de projetos consideram que os fornecedores do

mercado da construção civil santa-mariense deveriam buscar se adaptar à nova realidade.

Também, nota-se que os escritórios não implementam totalmente a norma ao seu dia a dia

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mais por questões de desconhecimento de ferramentas para fazê-lo e por acreditarem que seria

um custo extra desnecessário.

5.2.4 RESUMO DAS RESPOSTAS OBTIDAS NAS ENTREVISTAS

O Quadro 8 apresenta um resumo da situação das empresas de projetos entrevistadas

em relação aos aspectos mais importantes abordados nas entrevistas.

Quadro 8 – Resumo das respostas obtidas nas entrevistas com as empresas de projetos.

Perguntas Empresas

F G H I J A empresa está buscando se adaptar a norma? Não Sim Sim Não Não

A norma fez a empresa reavaliar os materiais e

sistemas construtivos escolhidos para os seus

projetos?

Sim Sim Sim Sim Sim

Ocorreram mudanças nos processos de projetos? Não Não Sim Não Não

Ocorreram mudanças nos Layouts dos projetos? Não Sim Sim Não Sim

Os projetistas estabelecem vidas úteis de projeto para

os sistemas e materiais selecionados? Não Sim Sim Não Não

Os projetistas se preocupam em especificar

materiais cujos fornecedores locais estão em

conformidade com a NBR 15575?

Sim Sim Sim Não Sim

Fonte: O autor.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora a NBR 15575 (ABNT, 2013) ainda não tenha sido totalmente aceita pela

indústria da construção civil de Santa Maria/RS, entende-se que o cumprimento por parte de

todos os agentes envolvidos implica em várias vantagens para a o setor e a sociedade em

geral. Além dos aspectos ambientais e do atendimento aos usuários, a aplicação do conceito

de desempenho também pode ser considerada uma boa oportunidade para a melhoria da

qualidade das habitações brasileiras e a otimização dos recursos governamentais, pois a

aplicação do conceito exige uma visão de longo prazo.

Além disso, a norma propicia um ambiente técnico mais definido, estabelecendo o

papel de todos os agentes envolvidos. Este benefício diz respeito tanto ao construtor, quanto

para o adquirente do imóvel, que passará a ter informações sobre o desempenho do edifício.

Porém, trata-se de um processo complexo, cujos principais desafios envolvem mudanças no

processo de projeto, no processo de produção, na cadeia de fornecedores e na fiscalização.

Entende-se que a partir do estudo de caso e da pesquisa bibliográfica realizados, o

objetivo geral e os objetivos específicos deste trabalho foram alcançados, de forma que como

resultado tem-se o cenário local quanto ao atendimento a norma de desempenho, assim como

asserções sobre a sua aplicabilidade.

Conclui-se que as construtoras da cidade que trabalham com empreendimentos de

interesse social e buscam se adaptar ao PBQPH estão implementando a NBR 15575 (ABNT,

2013), e através disso estão evoluindo seus procedimentos e melhorando a qualidade de seus

empreendimentos, enquanto que as construtoras que trabalham apenas com habitações de

médio e alto desempenho, em geral não possuem tanto interesse pela norma e a utilizam mais

como referência para atingir níveis de desempenho melhores e testar seus novos sistemas

quanto a algumas das exigências dos usuários, destacando-se os quesitos de desempenho

térmico e desempenho acústico.

Já os escritórios de projetos, em geral apenas consultam a norma para verificar

especificações e critérios de determinados itens da norma, dando mais relevância a

experiência empírica e aos desejos dos seus clientes em detrimento a comprovação de

desempenho de sistemas e utilização de produtos em conformidade com a NBR 15575

(ABNT, 2013). Notou-se também que na região de Santa Maria existe escassez de

fornecedores de certos materiais, como por exemplo esquadrias de alumínio, que estejam com

seus produtos em conformidade com a norma.

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Parte das empresas da cidade insiste em uma postura passiva, apesar de reconhecer os

pontos referentes às demandas. Recomenda-se que as empresas analisem se estão preparadas

para atender às demandas e verifiquem a necessidade de alteração de seus processos,

capacitação de funcionários, treinamento interno e de parcerias com clientes e fornecedores.

Quanto a sua aplicabilidade, embora a norma tenha causado um impacto positivo no

mercado e dado um maior contexto ao padrão de qualidade para edificações habitacionais, ela

ainda possui muito a melhorar quanto a praticidade de implementação.

O processo de implantação da NBR 15575 (ABNT, 2013) carece de um programa

mais estruturado e abrangente voltado ao acompanhamento e formação dos profissionais no

que concerne aos aspectos envolvidos. Acredita-se que a ausência de tal estrutura dificulte a

percepção de obrigatoriedade para aspectos importantes para a própria empresa e sua

competitividade no mercado.

6.1 OPORTUNIDADES DE TRABALHOS FUTUROS

Frente ao cenário encontrado neste trabalho, sugerem-se novos estudos abordando os

seguintes temas:

- Realizar uma pesquisa-ação, verificar se as demandas da norma de desempenho

estavam sendo consideradas pelas empresas, e intervir para evidenciar a importância de

considerá-las estrategicamente, na busca de sua preparação para atender ao mercado;

- Realizar um Estudo de Caso abordando apenas empresas que trabalham com

Habitações de Interesse Social (HIS);

- Realizar um Estudo de caso abordando o ponto de vista de fornecedores, fabricantes,

usuários e outros envolvidos na cadeia produtiva da construção civil sobre a norma de

desempenho;

- Realizar ensaios in loco nas obras de edificações habitacionais da cidade para verificar

a performance dos sistemas construtivos em relação aos treze itens de exigências dos usuários

previstos na NBR 15575 (ABNT, 2013).

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Norma de desempenho da ABNT traz grandes mudanças para construção de

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APÊNDICE A – Roteiro da entrevista aplicada em Construtoras e Incorporadoras

Data:

Horário:

PARTE 1: IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA

1. Nome da Empresa:

2. Idade da Empresa:

3. Quantidade de funcionários:

4. Quantidade de obras em andamento:

5. Quantidade de empreendimentos já lançados:

6. A empresa trabalha com quais padrões de empreendimentos atualmente:

Interesse Social Baixo Normal Alto

7. Cargo do entrevistado na empresa:

PARTE 2: PROJETOS DA EMPRESA

1. Projeto de Arquitetura:

2. Projeto Estrutural:

3. Projeto de Instalações Hidráulicas:

4. Fornecedores:

5. A empresa contratou consultorias externas quanto a NBR 15575:2013?

6. Os projetos, após prontos, são compatibilizados? Se sim, de que maneira?

7. Há acompanhamento da obra após a sua entrega?

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

Aluno: Eduardo Henrique Lucca Santos

Orientador: Prof. Dr. Rogério Cattelan Antocheves de Lima

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PARTE 3: QUANTO A NBR 15575

1. Quando a empresa passou a ter conhecimento sobre a norma? De que forma?

2. A empresa buscou se adaptar a norma?

Sim: Como a empresa se organiza para atender as exigências? Existe algum

responsável por implementar as mudanças trazidas pela norma na empresa?

Não: Por quê? Tem interesse em se adaptar? Sabe o que teria de ser feito?

Considera a norma importante ou um entrave?

3. A norma fez a empresa reavaliar os materiais e sistemas construtivos utilizados

em seus empreendimentos residenciais?

4. A norma causou mudanças nos processos de projetos, de construção e de

incorporação da empresa?

5. A empresa elabora um Manual de Uso, Operação e Manutenção para entregar aos

futuros usuários da edificação?

6. A empresa cobra certificação dos seus fornecedores quanto a NBR 15575?

7. Como você vê a responsabilidade dos construtores, incorporadores, projetistas,

fornecedores e usuários no processo construtivo?

8. Quais os entraves encontrados pela empresa no atendimento a norma?

9. A norma pode impactar o mercado? (Competição, marketing, programas

governamentais).

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APÊNDICE B – Roteiro da entrevista aplicada em empresas de projetos

Data:

Horário:

PARTE 1: IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA

1. Nome da Empresa:

2. Idade da Empresa:

3. Quantidade de projetos em andamento:

4. Quantidade de projetos já realizados:

5. A empresa trabalha com quais padrões de empreendimentos atualmente:

Interesse Social Baixo Normal Alto

6. Cargo do entrevistado na empresa:

PARTE 2: CARACTERISTICAS DA EMPRESA

1. A empresa elabora quais tipos de projeto?

2. Os projetos, após prontos, são compatibilizados? Se sim, de que maneira?

3. Como funciona a entrega dos projetos para os clientes?

4. A empresa acompanha o comportamento dos seus projetos após a execução deles?

5. A empresa busca um feedback dos seus clientes quanto ao desemprenho dos seus

projetos?

6. A empresa contratou consultorias externas quanto a NBR 15575:2013?

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

Aluno: Eduardo Henrique Lucca Santos

Orientador: Prof. Dr. Rogério Cattelan Antocheves de Lima

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PARTE 3: QUANTO A NBR 15575

1. Quando a empresa passou a ter conhecimento sobre a norma? De que forma?

2. A empresa buscou se adaptar a norma?

Sim: Como a empresa se organiza para atender as exigências? Existe algum

responsável por implementar as mudanças trazidas pela norma na empresa?

Não: Por quê? Tem interesse em se adaptar? Sabe o que teria de ser feito?

Considera a norma importante ou um entrave?

3. A norma fez a empresa reavaliar os materiais e sistemas construtivos escolhidos

para seus empreendimentos residenciais?

4. Ocorreram mudanças nos processos de projetos?

5. Ocorreram mudanças nos Layouts dos projetos?

6. A empresa considera a facilidade de manutenção do edifício ao elaborar seus

projetos? E a vida útil dos sistemas e materiais utilizados?

7. Como você vê a responsabilidade dos construtores, incorporadores, projetistas,

fornecedores e usuários no processo construtivo?

8. Quais os entraves encontrados pela empresa no atendimento a norma?

9. A norma pode impactar o mercado? (Competição, marketing, programas

governamentais).