contribuiÇÃo da engenharia de sedimentos ao … · ix encontro nacional de engenharia de...
TRANSCRIPT
IX Encontro nacional de Engenharia de Sedimentos 1
CONTRIBUIÇÃO DA ENGENHARIA DE SEDIMENTOS AO PLANEJAMENTO TERRITORIAL COM ÊNFASE EM REDUÇÃO DE
DESASTRES HIDROLÓGICOS
Masato Kobiyama1; Gisele Marilha Pereira Reginatto2; Gean Paulo Michel3
RESUMO --- O aumento da ocorrência de desastres naturais, principalmente hidrológicos, vem alavancando a iniciativa científica internacional em busca de estratégias de mitigação. Desta maneira a aplicação de conceitos hidrológicos para o gerenciamento de bacias hidrográficas se faz necessário. A escassez de áreas planas disponíveis impulsiona a ocupação de áreas de encosta, onde, mesmo livre de inundações, a população fica susceptível à ocorrência de desastres relacionados a sedimentos, tais como movimentos de massa. Faixas de áreas de preservação permanente estão sendo reduzidas pela nova legislação catarinense, agravando o problema de ocupação de áreas impróprias. Além disso, os movimentos de massa podem causar grande aporte de sedimentos aos corpos hídricos, deteriorando a qualidade da água. Os movimentos de massa são de difícil previsão, pois as técnicas necessárias para seu entendimento requerem habilidade com modelos matemáticos e traquejo na área geotécnica. Esses problemas acima mencionados são discutidos com estudos de caso, e para reduzi-los, o presente trabalho propõe a implementação da rede de bacias-escola. Trazendo as informações de geotecnia e pedologia à hidrologia, a engenharia de sedimentos poderá contribuir ao planejamento territorial.
ABSTRACT --- The increase of occurrences of natural disasters, mainly hydrological, has been leveraging the international scientific initiative to seek mitigation strategies. Thus the application of hydrologic concepts for the watershed management is necessary. The scarcity of available flat areas boosts the hillside occupation, where even free of flood, the population is susceptible to sediment-related disasters such as mass movements. Strips of permanent preservation areas have been reduced by the new state legislation in Santa Catarina, exacerbating the occupation’s problem of improper areas. Moreover, the mass movements can cause large amount of sediment to water bodies, deteriorating water quality. It is quite difficult to predict the mass movements’ occurrence, because the techniques necessary for its understanding require skills in mathematical models and the geotechnical engineering. These problems mentioned above are discussed with case studies. To reduce them, the present paper proposes the implementation of the school catchments network. Bringing information of soil mechanics and pedology to the hydrology, the sediment engineering can contribute to the land planning.
Palavras-chave: Desastres hidrológicos, bacia-escola, sedimentos.
1 Bolsista do CNPq, Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, Universidade Federal de Santa Catarina, Caixa Postal 476, Florianópolis-SC, CEP 88040-900; [email protected] 2 Bolsista do REUNI, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, Caixa Postal 476, Florianópolis-SC, CEP 88040-900; [email protected] 3 Bolsista do CNPq, Curso de Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental, Universidade Federal de Santa Catarina, Caixa Postal 476, Florianópolis-SC, CEP 88040-900; [email protected]
IX Encontro nacional de Engenharia de Sedimentos 2
1. INTRODUÇÃO
Os prejuízos econômicos na sociedade vêm sempre associados ao desastre natural que é,
segundo UNDP (2004), definido como um sério distúrbio desencadeado por um perigo natural que
causa perdas materiais, humanas, econômicas e ambientais excedentes à capacidade da comunidade
afetada de enfrentar o perigo. O aumento dramático de perdas e casualidades devido aos desastres
naturais após a década de 1950 (Figura 1) desencadeou a maior iniciativa científica internacional
em busca de possíveis estratégias de mitigação. Hoje, existe a Intenational Strategy for Disaster
Reduction – UNISDR na ONU
Figura 1 – Número de desastres naturais e seus prejuízos no mundo. (Fonte: Alcántara-Ayara,
2002). O Emergency Disaster Data Base – EM-DAT do Centre for Research on the Epidemiology of
Disasters – CRED, órgão parceiro da Organização Mundial da Saúde (World Health Organization
– WHO), é responsável pela análise dos dados mundiais das ocorrências dos desastres naturais. Em
2008, o EM-DAT reclassificou os tipos de desastres em dois grandes grupos: naturais e
tecnológicos (Scheuren et al., 2008). Os naturais foram divididos em seis sub-grupos: biológicos,
geofísicos, climatológicos, hidrológicos, meteorológicos e extraterrestres (meteoritos), e estes por
sua vez em doze tipos. Essa nova classificação resultou de uma iniciativa entre o CRED e Munich
Reinsurance Company (MunichRe), que decidiram implantar uma classificação em comum para os
seus respectivos bancos de dados. A principal mudança foi a separação dos movimentos de massa
em dois tipos: secos e molhados. O primeiro é associado apenas a eventos geofísicos (terremotos) e
o segundo a condicionantes hidrológicos e meteorológicos. De qualquer maneira, tais movimentos
de massa são chamados de escorregamentos. A UNISDR também adotou a nova classificação, visto
que o EM-DAT é o principal banco de dados utilizado pela ONU, como observado em UNDP
(2004). Em 2009 houve mais uma atualização da classificação pelo CRED, na qual não se encontra
o desastre extraterrestre (Below et al., 2009) (Tabela 1).
IX Encontro nacional de Engenharia de Sedimentos 3
Tabela 1 – Classificação dos desastres naturais.
Classificação antiga (até 2007)
Classificação atual Principais tipos
Geológico Geofísico Terremotos, vulcões, movimentos de massa (secos)
Hidrometeorológico Meteorológico Tempestades Hidrológico Inundações, movimentos de massa (úmidos)
Climatológico Temperaturas extremas, secas, incêndios Biológico Biológico Epidemias, pragas e infestações de insetos
A Figura 2 mostra a distribuição anual de 1950 a 2008 das cinco principais categorias de
desastres naturais. Nota-se que, apesar de todos os itens apresentarem um aumento na sua
freqüência ao longo do tempo, os desastres hidrológicos seguidos dos meteorológicos, tais como as
inundações, escorregamentos e as tempestades severas são os que tiveram um maior aumento.
Figura 2 – Ocorrências de desastres naturais no mundo no período entre 1950-2008.
Os três princípios hidrológicos dos recursos hídricos são: (i) ciclo hidrológico que ocorre
naturalmente; (ii) variabilidade espacial; e (iii) variabilidade temporal. Esses princípios regem a
disponibilidade da água em cada região (Kobiyama et al., 2008). Em outras palavras, devido ao
ciclo hidrológico natural, excessos e escassez de água ocorrem naturalmente em qualquer lugar no
mundo e a qualquer momento. Tais ocorrências de excessos e escassezes causam naturalmente os
desastres.
Para minimizar os prejuízos causados pelos desastres naturais, Lamontagne (2002) destacou a
importância da popularização da ciência. Como os desastres naturais no Brasil ocorrem
principalmente devido à ação da água, acredita-se que a hidrologia possui uma grande contribuição
nesse assunto. Segundo UNESCO (2007), a hidrologia é uma das principais ciências envolvidas no
estudo de desastres naturais. Além de demonstrar os mecanismos desencadeadores desses desastres,
a hidrologia traz também a percepção dos fenômenos hidrológicos vivenciados diariamente, e
evidencia a importância da água e do convívio integrado com a natureza.
IX Encontro nacional de Engenharia de Sedimentos 4
No contexto de gerenciamento de desastres naturais – GDN, é essencial que cada pessoa seja
responsável pela sua própria vida. Entretanto, como o poder de cada indivíduo é pequeno e
limitado, é necessário uni-los para criar uma força significativa. UNISDR (2007) discutiu o GDN
em três níveis: comunitário, nacional e internacional, concluindo que o mesmo com base
comunitária é essencial. Isto enfatiza a importância das comunidades estarem fortalecidas contra
desastres naturais.
O ideal é que todas as pessoas dentro de uma comunidade tenham conhecimento da aplicação
da hidrologia no cotidiano. O conhecimento de cada indivíduo poderá fortalecer sua auto-confiança
o que conseqüentemente intensificará a sua participação nas atividades comunitárias. A participação
fortalecida de cada um aumentará naturalmente a qualidade e a quantidade das ações das
comunidades, as quais conseguirão fazer o gerenciamento participativo de desastres naturais
(GPDN) (Figura 3).
Professor
A lunos (Crianças)
Conscientização (Hidrologia)
Cidadão
Participação Intensificada
Participação Intensificada
Comunidades
Participação Intensificada
Gerenciamento de
Desastres
Naturais
Gerenciamento
Participativo de
Desastres
Naturais
Redução de Desastres
Figura 3 – Efeito da conscientização no gerenciamento participativo de desastres naturais.
Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi discutir alguns aspectos gerais dos
desastres hidrológicos por meio de apresentação de quatro estudos de caso, e demonstrar o desafio
da engenharia de sedimentos no planejamento territorial.
2. CAUSAS DOS DESASTRES HIDROLÓGICOS – ESTUDO DE CASO Silveira et al. (2009) realizaram o levantamento dos registros históricos de inundações,
demografia, área urbana, e precipitação anual no município de Joinville (Figura 4), maior município
do Estado de Santa Catarina (SC) durante o período de 1851 (fundação do município) até 2008.
IX Encontro nacional de Engenharia de Sedimentos 5
Figura 4 – Locais dos municípios de estudo no estado de Santa Catarina. Os resultados mostram que as ocorrências das inundações em Joinville possuem mais relação
com a urbanização do que com a pluviosidade (Figura 5). Em outras palavras, as ocorrências dos
desastres são associadas mais ao fator humano do que ao ambiental (ou climático). A Figura 5(b)
mostra uma leve tendência na diminuição da precipitação anual no município. Embora as
inundações sejam consideradas geralmente como desastres hidrológicos, em Joinville parece ser de
caráter mais humano do que hidrológico.
Conforme notícias nos jornais brasileiros, desastres hidrológicos (inundações e
escorregamentos) têm causado muitos danos sócio-ambientais no país inteiro nas últimas décadas,
mas especialmente nas regiões sul e sudeste. Além disso, existe uma tendência na qual o elevado
número de pessoas relacionam a quantia e a magnitude dos desastres hidrológicos e/ou outros
desastres naturais com a mudança climática. Hoje em dia, pulando a lógica científica, é comumente
falado que os desastres naturais ocorrem devido à mudança climática ou que a mudança climática e
os desastres naturais são sinônimos. Mas esse assunto deve ser mais estudado. Será que realmente a
mudança climática causa os desastres naturais?
IX Encontro nacional de Engenharia de Sedimentos 6
(a)
0
25
50
75
100
125
150
175
200
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1851 -1860
1861 -1870
1871 -1880
1881 -1890
1891 -1900
1901 -1910
1911 -1920
1921 -1930
1931 -1940
1941 -1950
1951 -1960
1961 -1970
1971 -1980
1981 -1990
1991 -2000
2001 -2008
Áre
a ur
bani
zada
Fre
qüên
cia
Inun
daçã
o
Freqüência inundação
Área urbanizadas (km²)
(b)
0
700
1400
2100
2800
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1851 -1860
1861 -1870
1871 -1880
1881 -1890
1891 -1900
1901 -1910
1911 -1920
1921 -1930
1931 -1940
1941 -1950
1951 -1960
1961 -1970
1971 -1980
1981 -1990
1991 -2000
2001 -2008
Pre
cipi
taçã
o em
mm
Freq
üênc
ia I
nund
ação
Freqüência inundação
Precipitação
Figura 5 – Relação da freqüência das inundações no município de Joinville no período 1851 – 2008: (a) com Área urbanizada; e (b) com a precipitação anual. (Fonte: Silveira et al., 2009)
O fato é que as inundações e os escorregamentos são fenômenos puramente naturais, nada
mais. Quando tais fenômenos geram danos à sociedade, são chamados desastres. Nesse processo de
transformação de apenas fenômeno natural para desastre natural, sempre existem fatores
antropogênicos. O aumento das ocorrências de desastres deve estar associado com ações humanas:
(i) crescimento populacional; (ii) exclusão social; (iii) expansão urbana; (iv) aumento de áreas
impermeáveis; (v) ocupação de encostas muito inclinadas; (vi) aumento do número de pessoas em
áreas de risco, entre outros. Assim, a magnitude e a freqüência das ocorrências dos desastres
naturais podem ser facilmente elevadas sem mudança climática, mas sim com ações humanas
inadequadas.
Por isso, Silveira et al. (2009) alertaram que os problemas de inundação não resultam da
mudança climática, mas sim dos problemas das ações humanas. Neste caso, pode-se dizer que
existem soluções, uma delas é fazer o gerenciamento de bacias hidrográficas de forma correta e
IX Encontro nacional de Engenharia de Sedimentos 7
adequada. Se os problemas de inundações fossem somente devido à mudança climática, as soluções
seriam muito mais difíceis.
3. EVOLUÇÃO DE DESASTRES HIDROLÓGICOS 3.1. Água para sedimentos Um dos mais relevantes fatores humanos que resultam em desastres hidrológicos é o
uso/ocupação de terras. Normalmente a implantação de uma cidade começa com a ocupação da
planície de inundação. Isto tem sido observado desde as primeiras grandes civilizações que se
desenvolveram às margens dos rios (Tigre e Eufrates na Mesopotâmia, Nilo no Egito, Indus na
Índia, e Amarelo na China) de onde garantiam o abastecimento de água e, conseqüentemente, seu
desenvolvimento social e econômico. Então, é natural que a comunidade inicialmente sofra com
inundações (desastres relacionados à água – DRA) devido ao local de ocupação.
Após a ocupação da maior parte da planície de inundação, a comunidade crescente começa
ocupar as áreas de encostas. Estas áreas possuem maior potencialidade de ocorrência de desastres
relacionados a sedimentos (DRS) em relação às áreas de planície. O momento da ocupação das
encostas condiz com o início dos DRS, e com o tempo, o número das ocorrências deste tipo de
desastre e os prejuízos associados a ele resultarão maiores do que DRA.
A Figura 6 ilustra a evolução dos desastres hidrológicos de DRA para DRS em uma cidade,
devido à mudança de ocupação de terras. Essa evolução vem tornando-se cada vez mais comum nos
municípios de SC.
Assim, esses dois tipos de desastres DRA e DRS podem ser conceitualmente definidos e
analisados. Entretanto, na prática, não é fácil distingui-los. O fato é que existem diversos
mecanismos que podem gerar tanto DRA e DRS.
Os DRA são normalmente chamados de inundações. No Brasil, as inundações são
classificadas em 4 tipos: inundação gradual, inundação brusca, inundação litorânea, e alagamento.
Aqui convencionalmente trata-se dos dois primeiros devido à freqüente ocorrência. Kobiyama &
Goerl (2007) mostraram a extrema complexidade e dificuldade de distinguir esses dois tipos de
inundações. Esses dois tipos ocorrem de forma transitória. A diferença entre inundações graduais e
bruscas pode ser em relação à velocidade.
Os DRS podem chamar-se de movimentos de massa que consistem em diversos tipos, tais
como: escorregamento, fluxo de detritos (debris flow), rastejamento, e queda de bloco. Os primeiros
dois são mais comuns. Similarmente ao caso da inundação, é observado que escorregamento e fluxo
de detritos ocorrem de forma transitória. Também uma das diferenças entre escorregamento e fluxo
IX Encontro nacional de Engenharia de Sedimentos 8
de detrito é a velocidade. Assim sendo, pode-se encontrar dificuldade no momento de identificá-los
e classificá-los.
Tempo
Oco
rrên
cia
de d
esas
tres
Áre
a de
ocu
paç
ão
0
100%
Implantação da cidade Presente
Des
astre
s rel
acio
nado
s a ág
ua
plan
ície
de i
nund
ação
enco
sta
Des
astre
s rel
acio
nado
s a
sedi
men
tos
?
?
Dominância dos desastres relacionados
a sedimentos
?
Tempo
Dominância dosdesastres relacionados
a água
Figura 6 – Evolução de desastres hidrológicos associada à mudança de ocupação da terra.
(Fonte: Kobiyama et al., 2010a) Além disso, os fenômenos mais rápidos, isto é, inundação brusca e fluxo de detritos, também
possuem sua transição que caracteriza o fluxo hiper-concentrado, em termos de concentração de
sedimentos. A Figura 7 conceitualmente mostra a classificação e a relação dos diferentes tipos de
desastres hidrológicos em termos de velocidade e concentração de sedimentos. Embora ocorram de
forma transitória, as ocorrências gerais pela observação macroscópica demonstram a evolução dos
tipos dos desastres hidrológicos, essa ilustrada na Figura 6.
IX Encontro nacional de Engenharia de Sedimentos 9
Velocidade
Co
ncen
trçã
o d
e se
dim
ento
s
Escorregamento
Inundação Gradual
Fluxo de detritos
Fluxo Hiperconcentrado
Inundação Brusca
Figura 7 – Classificação conceitual dos desastres hidrológicos. (Fonte: Kobiyama et al., 2010a) 3.2. Dificuldade na redução de desastres naturais relacionados a sedimentos Existem grandes diferenças no gerenciamento e na recuperação dos locais afetados pelos
DRA e DRS, sendo que os DRS apresentam maior dificuldade de avaliação e superação. Algumas
semelhanças e diferenças significativas entre os dois tipos de desastres são apresentadas na Tabela
2.
Com a realização de levantamentos em campo, Goerl et al. (2009b) relataram que muitos
escorregamentos ocorreram em virtude da ação antrópica sobre a paisagem, considerando-os mais
como desastres tecnológicos ou mistos, do que propriamente naturais. Nesse sentido, fica evidente
que a sociedade necessita de um correto entendimento dos fenômenos naturais a fim de reduzir os
desastres ocasionados pelos mesmos.
Tabela 2 - Semelhanças e diferenças entre desastres relacionados à água (DRA) e sedimentos
(DRS).
DRA DRS
Semelhanças
• Desastres hidrológicos; • Iniciados por chuvas intensas; prejuízo à saúde pública; • Prevenção exige planejamento da ocupação da terra e popularização da hidrologia; • Importância da ciência: monitoramento e modelagem hidrológica.
Diferenças
• Conseqüências: danos materiais (objetos, residências, plantações); desabrigados temporários; perdas humanas são raras. • Avaliação de risco: é visual, individual; assim que o nível da água baixa, cada um sabe que pode voltar para casa. • Superação: pode ser superado poucos dias após ocorrência, assim que o rio se normaliza.
• Conseqüências: danos materiais (residências inteiras, terrenos, plantações); desabrigados temporários e permanentes; muitas perdas humanas. • Avaliação de risco: é difícil, o retorno da população às suas residências depende de avaliação rigorosa por especialistas. • Superação: o solo fica instável por meses; superar o desastre pode demorar meses ou anos.
IX Encontro nacional de Engenharia de Sedimentos 10
De acordo com Pinto (2002) a ruptura dos solos é quase sempre um fenômeno de
cisalhamento. Portanto, é necessário compreender bem a natureza da resistência ao cisalhamento do
solo para poder atuar na prevenção de DRS. Softwares como FLO-2D (O’Brien et al., 1993) e
SHALSTAB (Dietrich & Montgomery, 1998), utilizados para o mapeamento de áreas de perigo a
escorregamento, requerem como parâmetros de entrada propriedades mecânicas do solo. Nesses
modelos, tais propriedades são sensíveis, o que exige que seus valores sejam os mais corretos
possíveis nas simulações.
Para a determinação dos parâmetros de resistência ao cisalhamento do solo, as técnicas mais
utilizadas são o ensaio de cisalhamento direto e o ensaio tri-axial. A execução desses ensaios de
laboratório necessita a coleta de amostras não deformadas de dimensões e qualidades criteriosas.
Maccarini (1999) mencionou que a representatividade dos parâmetros obtidos em laboratório
depende fundamentalmente da qualidade das amostras coletadas em campo.
Hoje na prática, a maioria dos trabalhos técnico-científico opta pela utilização de dados já
existentes relativos à resistência dos solos, ao invés de executar os ensaios. Isso acontece devido à
dificuldade na determinação correta desses parâmetros, que segundo Das (2007) requer experiência
e conhecimento teórico adequado na área de engenharia geotécnica. Além disso, o peso das
amostras e o local de coleta das mesmas, que em trabalhos deste gênero são geralmente muito
íngremes e de difícil acesso, dificultam ainda mais a realização dos ensaios.
Na natureza, os parâmetros relativos à resistência dos solos são bastante heterogêneos. Cada
tipo de solo em cada local pode apresentar diferentes valores. Portanto, é muito importante realizar
amostragens adequadas e corretos ensaios em laboratório para gerar um banco de dados maior e
significativo.
3.3. Mananciais Relatando a ocorrência de um escorregamento na bacia do rio Cubatão do Norte no município
de Joinville (Figura 4), Kobiyama et al. (2009b) trataram da influência do mesmo na turbidez e nos
sólidos totais no rio. Figura 8a mostra o comportamento normal da turbidez antes da ocorrência do
escorregamento, enquanto Figura 8b o comportamento bastante anormal da mesma durante da
ocorrência do escorregamento.
Deterioração da qualidade dos rios maiores obriga a comunidade procurar a captação de água
nas cabeceiras onde inclinação da encosta encontra-se maior e conseqüentemente maior freqüência
de escorregamento. Além disso, devido ao desenvolvimento regional descentralizado, cada vez mais
as estradas vêm sendo construídas. Essa construção pode gerar ainda mais escorregamentos.
IX Encontro nacional de Engenharia de Sedimentos 11
Portanto, os possíveis locais de escorregamento devem ser identificados, e modelos
hidrossedimentológicos que consideram escorregamentos devem ser desenvolvidos.
(a)
(b) Figura 8 – Valores de turbidez e vazão no rio Cubatão do Norte: (a) antes da ocorrência do
escorregamento (21 a 28/10 de 2008); e (b) durante da ocorrencia do escorregamento (27/11 a 04/12
de 2008). (Modificado de Kobiyama et al., 2009b)
Nem sempre a ocorrência do escorregamento aumenta a turbidez e sólidos totais no rio. Caso
a área de deposição do escorregamento não alcance o rio, eles não aumentam. Portanto, a
conectividade hidrossedimentológica deve ser investigada.
3.4. APP é APP? Recentemente ocorreram alterações no Código Estadual do Meio Ambiente de SC. Com estas
alterações, a comunidade catarinense passou a discutir qual deveria ser a faixa de APP (área de
preservação permanente) ao longo dos rios. Por esta razão, deve-se enfatizar que “APP é APP!”.
Essa afirmação é baseada em observações feitas em campo após a ocorrência das tragédias no vale
do Itajaí, SC, em 2008. As APP’s apresentam alto risco de serem atingidas por fluxos de detritos
que contêm troncos, além de serem os primeiros locais a serem inundados em épocas de cheia.
IX Encontro nacional de Engenharia de Sedimentos 12
Como em SC as árvores possuem em média 20 a 30 m de altura, uma faixa do mesmo valor a partir
da margem do rio deve ser considerada Área de Perigo Permanente, podendo também ser
denominada de APP (Figura 9). Para promover a conscientização, diz-se “APP é APP”. Assim,
através da hidrologia, é necessário discutir a relação entre água, meio ambiente e desastres naturais.
(a)
(c)
(b)
Figura 9 – Destruição da APP devido ao fluxo de detritos: (a) antes da ocorrência do fluxo de detritos, (b) transporte longitudinal dos troncos, e (c) transporte transversal dos troncos
(Fonte: Kobiyama et al., 2010a) Recentemente, os fluxos de detritos ocorridos pela chuva intensa no município de Rio dos
Cedros (Figura 4) vêm sendo investigados por Goerl et al. (2009a, 2009b) e Kobiyama et al.
(2010b). Nos locais onde ocorreram tais fluxos, observações e análises em campo comprovam que
APP (Área de Preservação Permanente) é APP (Área de Perigo Permanente). Figura 10 mostra que
o fluxo de detritos retirou as florestais ripárias com faixa de aproximadamente 30 m. A situação
atual requer com urgência zoneamentos de áreas de perigo para então reduzir os prejuízos devido
aos desastres hidrológicos. O aumento da ocupação das APP certamente resultará no aumento
abrupto da ocorrência dos DRS.
IX Encontro nacional de Engenharia de Sedimentos 13
Figura 10 – Ausência da floresta ripária logo após da ocorrência do fluxo de detritos.
4. BACIA-ESCOLA Para o gerenciamento adequando de bacias hidrográficas com o intuito de reduzir os desastres
hidrológicos, uma série de atividades devem ser realizadas, tais como: planejamento territorial com
base no zoneamento de áreas de perigos e riscos; medidas estruturais adequadas; e implementação
de sistema de alerta com base na previsão do tempo. É importante salientar que todos os itens
necessitam de um monitoramento hidrológico. Sem os dados monitorados, é impossível obter o
gerenciamento desejado.
No caso de SC, empresas de reflorestamento normalmente possuem muitas bacias de
cabeceira nas suas propriedades. É de extrema importância a participação dessas empresas nos
projetos de hidrologia, uma vez que estas podem disponibilizar os locais de interesse (bacia de
cabeceira) para serem utilizados como áreas de estudo. É, portanto, muito difícil construir uma
bacia experimental sem a colaboração das empresas de reflorestamento e dos proprietários.
Nesta circunstância, no município de Rio Negrinho (Figura 4), a cooperação entre a
universidade e uma empresa de reflorestamento local transformou as bacias de cabeceiras em bacias
experimentais. Além disso, a realização de educação ambiental com a participação das comunidades
locais e da prefeitura possibilitou convertê-las em bacias-escola (Figura 11). Assim, através do
projeto de hidrologia florestal realizado nesse município, Kobiyama et al. (2007) definiram bacia-
escola como uma bacia experimental que serve para pesquisas científicas e atividades de educação
ambiental.
IX Encontro nacional de Engenharia de Sedimentos 14
Figura 11 – Transformação das bacias de cabeceira em bacias-escola. (Fonte: Kobiyama et al., 2008).
A bacia-escola desperta na comunidade o interesse pela hidrologia, e conseqüentemente
aumenta o conhecimento nessa área de estudo, fazendo com que aumente a participação da
população no gerenciamento dos recursos hídricos. A Figura 12 mostra a relação entre a bacia-
escola e o gerenciamento participativo. Este tipo de cooperação entre universidades e empresas de
reflorestamento, atuando em conjunto com as comunidades locais, é indispensável para assegurar
um gerenciamento integrado dos recursos hídricos. É importante ressaltar que as bacias-escola são
importantes não só para as comunidades locais, mas também para os hidrólogos. Elas são campos
(objetos) fundamentais para a realização de pesquisas hidrológicas. Segundo Uhlenbrook (2006),
nessas pesquisas, interesses puramente científicos coincidem com práticas do gerenciamento dos
recursos hídricos para apoiar o desenvolvimento sustentável. Kobiyama et al. (2007) relataram que
a conscientização da comunidade sobre a hidrologia pode ser intensificada com uso de bacias-
escola.
Figura 12 – Relação entre bacia-escola e o gerenciamento participativo. (Fonte: Kobiyama et al., 2008)
IX Encontro nacional de Engenharia de Sedimentos 15
Segundo Kobiyama et al. (2006), a prevenção de desastres naturais é dividida em dois
aspectos: (1) compreensão dos mecanismos dos fenômenos naturais que geram os desastres; e (2)
aumento do potencial de resistência da sociedade contra esses fenômenos. O primeiro item é a
execução da ciência, e o segundo necessita do apoio da ciência. Sendo assim, é bem claro que a
implementação da rede de bacias-escola certamente contribui no gerenciamento de desastres
naturais (Kobiyama et al., 2009a).
5. ITENS RELEVANTES PARA ESTUDOS AVANÇADOS
Para melhor entendimento dos processos hidrológicos ocorridos em uma bacia e correto
gerenciamento de seus recursos, se faz necessária a realização de medições em campo de diversos
parâmetros. As medições geram as variáveis utilizadas em modelos que simulam o comportamento
da bacia para inúmeros eventos, sejam eles comuns ou extremos.
A medição de sedimentos em suspensão no corpo hídrico é de extrema importância. SILVA et
al. (2003) relatam que o sedimento é, possivelmente, o mais significativo de todos os poluentes,
devido a sua concentração na água, seus impactos no uso desta e seus efeitos no transporte de outros
poluentes. As atividades agrícolas e florestais em áreas com grande declividade e o desmatamento
de encostas e margens de rios, propiciam a redução da infiltração de água no solo e, por conseguinte
o aumento do escoamento superficial. Esses fatores acabam favorecendo os processos erosivos do
solo que desestabilizam encostas e conferem maior carga sedimentar ao fluxo de água no canal.
Portanto a análise de sedimentos pode evidenciar o melhor uso de solo e cobertura vegetal para a
bacia, a fim de assegurar a qualidade da água e prevenir movimentos de massa.
A granulometria do solo, outro parâmetro a ser medido, é a base para sua classificação.
Através dela, outros parâmetros podem ser estimados por meio de funções de pedo-transferência,
facilitando a aplicação de modelos de estabilidade e erosão. No corpo hídrico, a granulometria do
sedimento depositado ao longo do canal pode indicar o potencial de transporte do rio. A medida que
o rio se afasta de áreas declivosas adentrando em planícies, diminui a velocidade,
conseqüentemente sedimentos maiores vão se depositando. Portanto a estimativa deste potencial é
importante, entre outras finalidades, para avaliação da área de abrangência de um fluxo de detritos
que atinge o canal.
A espessura da camada de solo tem relação direta com a capacidade de armazenagem de
água na bacia, transmissividade e produção de sedimentos. Desta maneira, é necessário que se
conheça este parâmetro e que seja estimado na modelagem. A profundidade dos solos interfere no
IX Encontro nacional de Engenharia de Sedimentos 16
grau de estabilidade das encostas, sendo que grandes profundidades de solo acarretam em elevados
pesos.
Assim, a hidrologia necessita de informações da área de geotecnia e pedologia. Quando a
inserção dessas informações à hidrologia for obtida, a engenharia de sedimentos certamente
contribuirá ainda mais ao planejamento territorial, reduzindo desastres hidrológicos. Isto deve ser o
desafio principal da engenharia de sedimentos.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS No mundo a freqüência e a intensidade dos desastres hidrológicos vêm aumentando
consideravelmente. O presente trabalho ilustra como reduzir tais desastres através da aplicação da
hidrologia, embasado em vários estudos de caso no estado de Santa Catarina, Brasil.
O estudo de caso de Joinville mostra que as inundações resultam muito mais da ocupação
territorial mal planejada do que da pluviosidade. Isto implica que o principal fator que causa a
inundação não é a mudança climática, mas sim o fator humano. Para corrigir as ações antrópicas no
momento da implantação e ocupação de um local, é essencial que os resultados de estudos
hidrológicos sejam levados em consideração. Para tanto, a criação da rede de bacias-escola pode ser
fundamental. A importância das redes de bacias-escola foi justificada e comprovada através do
estudo de caso no município de Rio Negrinho.
Os desastres hidrológicos evoluem juntamente com a evolução da cidade. No início do
crescimento de uma cidade os desastres relacionados à água (inundação) são predominantes, porém
ao longo do tempo torna-se evidente a predominância de desastres relacionados a sedimentos. Essa
evolução pode ser observada em Rio dos Cedros, onde a redução dos desastres relacionados aos
sedimentos é um desafio para a comunidade e para os hidrólogos.
“Se não gerenciar a água, não será possível governar o país” é um dos antigos provérbios da
China. Este provérbio vem se tornando cada vez mais verdadeiro em todos os locais no mundo.
Através do mesmo pode-se dizer: “Se a sociedade entender a hidrologia e aplicar seus
conhecimentos em suas atividades, reduzirá os desastres hidrológicos, principais desastres naturais,
e conseqüentemente melhorará a qualidade de vida.”.
AGRADECIMENTOS Os autores agradecem aos membros do Laboratório de Hidrologia – LabHidro, do
Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina
pelas discussões sobre desastres naturais.
IX Encontro nacional de Engenharia de Sedimentos 17
BIBLIOGRAFIA
ALCÁNTARA-AYALA, I. (2002). Geomorphology, natural hazard, vulnerability and prevention of natural disasters developing countries. Geomorphology, 47, pp.107-124.
BELOW, R.; WIRTZ, A.; GUHA-SAPIR, D. (2009) Disaster Category - Classification and peril Terminology for Operational Purposes. Brussels: CRED / Munich: MunichRe Foundation, 19p.
DAS, B.M. (2007). Fundamentos de Engenharia Geotécnica. São Paulo: Thompson Learning, 301p.
DIETRICH, W.E.; MONTGOMERY, D.R. (1998) SHALSTAB: A Digital Terrain Model for Mapping Shallow Landslide Potential. National Council for Air and Stream Improvement. 26 p.
GOERL, R.F.; KOBIYAMA, M.; CORREA, G.P.; ROCHA, H.L.; GIGLIO, J.N. (2009a) Desastre hidrológico resultante das chuvas intensas em Rio dos Cedros – SC. In Anais do XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos. Campo Grande: ABRH, 2009. 19p. CD-rom.
GOERL, R.F.; KOBIYAMA, M.; LOURENÇO, L.L.; GRANDO, A. (2009b) Características gerais dos escorregamentos ocorridos em novembro de 2008 nos municípios de Brusque, Rio dos Cedros e Timbó – SC. In: Anais do XIII Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada. Viçosa: UFV, 2009. 16p. CD-rom.
KOBIYAMA, M.; GOERL, R.F. (2007) Quantitative method to distinguish flood and flash flood as disasters. SUISUI Hydrological Research Letters, 1, pp.11-14.
KOBIYAMA, M.; MENDONÇA, M.; MORENO, D.A.; MARCELINO, I.P.V.O.; MARCELINO, E.V.; GONÇALVES, E.F.; BRAZETTI, L.L.P.; GOERL, R.F.; MOLLERI, G.; RUDORFF, F. (2006) Prevenção de desastres naturais: Conceitos básicos. Curitiba: Organic Trading, 109p.
KOBIYAMA, M.; CHECCHIA, T.; CORSEUIL, C.W.; LINO, J.F.L.; LOPES, N.H.Y.; GRISON, F.; CHAFFE, P.L.B.; MALUTTA, S.; RIBAS, U.; LANGA, R.; BASSO, S. (2007) Forest hydrology project (UFSC–MOBASA) for water resources management in Rio Negrinho City, Santa Catarina, Brazil, in Changes in Water Resources Systems: Methodologies to Maintain Water Security and Ensure Integrated Management. Ed. por Van de Giesen, N.; Xia, J.; Rosbjerg, D.; Fukushima, Y. Wellington: IAHS, pp.250-257. (IAHS Publication 315).
KOBIYAMA, M.; MOTA, A.A.; CORSEUIL, C.W. (2008) Recursos hídricos e saneamento. Curitiba: Organic Trading, 160p.
KOBIYAMA, M.; CHAFFE, P.L.B.; ROCHA, H.L.; CORSEUIL, C.W.; MALUTTA, S.; GIGLIO, J.N.; MOTA, A.A.; SANTOS, I.; RIBAS, U.; LANGA, R. (2009a) Implementation of school catchments network for water resources management of the Upper Negro River region, southern Brazil, in From Headwaters to the Ocean: Hydrological Changes and Watershed Management. Ed por Taniguchi, M.; Burnett, W.C.; Fukushima, Y.; Haigh, M.; Umezawa, Y. London: Taylor & Francis Group, pp.151-157.
KOBIYAMA, M.; MOTA, A.A.; MENEGHINI, P. (2009b) Influência do deslizamento em turbidez e sólidos totais na água do rio: estudo de caso da bacia do rio Cubatão do Norte, Santa Catarina. In Anais do XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos. Campo Grande: ABRH, 2009. 12p. CD-rom.
KOBIYAMA, M.; CHAFFE, P.L.B.; GOERL, R.F.; GIGLIO, J.N.; REGINATTO, G.M.P. (2010a) Hydrological disasters reduction: lessons from hydrology, in Science and Technology for Environmental Studies. Ed. por Sens, M.L.; Mondardo, R.I. Florianópolis: Editora Copiart Ltda, (no prelo).
IX Encontro nacional de Engenharia de Sedimentos 18
KOBIYAMA, M.; GOERL, R.F.; CORREA, G.P.; MICHEL, G.P. (2010b) Debris flow occurrences in Rio dos Cedros, Southern Brazil: meteorological and geomorphic aspects, in Monitoring, Simulation, Prevention and Remediation of Dense Debris Flows III. Org. por Wrachien, D.; Brebbia, C.A. Southampton: WITpress, pp.77-88.
LAMONTAGNE, M. (2002) An overview of some significant eastern Canadian earthquakes and their impacts on the geological environment, buildings and the public. Natural Hazards, 26, pp.55–67.
MACCARINI, M. (1999) 1º Curso Catarinense - Geossintéticos em Geotecnia e Meio Ambiente. Florianópolis: UFSC e IGS - Brasil, 2p. (apostila)
O’BRIEN, J.S.; JULIEN, P.Y.; FULLERTON, W.T. (1993) Two-dimensional water flood and mud-flow simulation. Journal of Hydraulic Engineering, 119, pp.244-261.
PINTO, C.S. (2002) Curso Básico de Mecânica dos Solos em 16 Aulas. 2a edição. São Paulo: Ofinica de Textos, 248p.
SCHEUREN, J-M.; WAROUX, O.P.; BELOW, R.; GUHA-SAPIR, D. (2008) Annual Disaster Statistical Review: the Numbers and Trends 2007. Brussels: CRED / Munich: MunichRe Foundation, 47p.
SILVA, A.M.; SCHULZ, H.E.; CAMARGO, P.B. Erosão e hidrossedimentologia em bacias hidrográficas. São Carlos: RiMa, 2003. 140p.
SILVEIRA W.N.; KOBIYAMA, M.; GOERL, R.F.; BRANDENBURG, B. (2009) História de Inundações em Joinville 1851 - 2008. Curitiba: Organic Trading, 153p.
UHLENBROOK, S. (2006) Catchment hydrology – a science in which all processes are preferential. Hydrological Processes, 20, pp.3581-3585.
UNDP (2004) Reducing disaster risk: a challenge for development. New York: UNDP, 130p.
UNESCO (1964) Notes on the UNESCO programme of scientific hydrology. Paris: UNESCO.
UNESCO (2007) About natural disasters. Paris: UNESCO. Disponível em <http://www.unesco.org/science/disaster/about_disaster.shtml#prevention>. Acesso em: 01 mai. 2007.