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O leão e o rato, fábula de La Fontaine

Um leão estava a descansar à sombra de um

palmo do seu nariz. O rei da selva, num ges

se.

Estava bem disposto nesse dia e decidiu divertir

parecia deveras assustado.

— Por piedade, Sr. Rei Leão, deixe-me ir embora!

— Se me der a liberdade, ficar-lhe

inimigos!

Ao ouvir estas palavras, o leão começou a rir às

—E onde é que já se viu um rato ajudar o rei dos animais?!

valente e eu estar bem disposto.

E, sem parar de rir, retirou a pata e deixou o rato ir em liberdade.

Este fugiu rapidamente, nem querendo acredit

sua vez, depressa esqueceu o que se tinha passado.

Algum tempo depois, porém, o rei da selva cai

por entre umas árvores sentiu-se envolvido por uma

garras, mas a corda era demasiado forte e resistiu a

próprias patas. Estava perdido!

Exausto, pensava que não era possível salvar

então, entre a erva, um pequeno rato que l

— Majestade, não tenha medo! Estou aqui para o libertar!

E, dizendo isto, o ratito pôs-se a roer a rede enquanto o leão mal acre

Rói que rói, em pouco tempo o pequeno animal logrou abrir na rede um buraco tão grande que o leão

pôde, facilmente, sair por ele! Ao ver

desejava em troca de tão grande favor.

— Nada, majestade! — respondeu

indagou então.—Sou o rato a quem um

perigo e, agora, pude cumprir a minha promessa!

Só nessa altura o leão reconheceu o pequeno rato a quem salvara a

como bons amigos, embrenharam-se

fábula de La Fontaine contada por Soledade Martinho da Costa

bra de uma árvore quando um rato, imprudentemente, surgiu a um

nariz. O rei da selva, num gesto rápido, pôs-lhe a pata em cima, impedindo

nesse dia e decidiu divertir-se um pouco com o insignificante animalzito, que

me ir embora! — pediu o ratinho.

lhe--ei eternamente grato e estarei disposto a ajudá

eão começou a rir às gargalhadas.

E onde é que já se viu um rato ajudar o rei dos animais?! — perguntou. —

E, sem parar de rir, retirou a pata e deixou o rato ir em liberdade.

rendo acreditar que tinha escapado a tão grande perigo! O

sua vez, depressa esqueceu o que se tinha passado.

Algum tempo depois, porém, o rei da selva caiu numa armadilha preparada pelos caçadores; ao passar

se envolvido por uma grossa rede. Enfurecido, ten

garras, mas a corda era demasiado forte e resistiu a modo que, por último, nem sequer podia mexer as

Exausto, pensava que não era possível salvar-se, quando ouviu uma vozinha que o chamava. Olhou e viu

re a erva, um pequeno rato que lhe fazia sinais e dizia:

Majestade, não tenha medo! Estou aqui para o libertar!

se a roer a rede enquanto o leão mal acre- ditava no que os seus olhos viam.

Rói que rói, em pouco tempo o pequeno animal logrou abrir na rede um buraco tão grande que o leão

pôde, facilmente, sair por ele! Ao ver-se livre do cativeiro, o rei dos animais perguntou ao rato o que

vor.

este. — Daquilo que fiz já recebi a paga! Não se recorda de mim?

Sou o rato a quem um dia concedeu a liberdade! Prometi que

ra, pude cumprir a minha promessa!

o pequeno rato a quem salvara a vida. Momentos depois, lado a lado,

se os dois pela floresta.

contada por Soledade Martinho da Costa

a árvore quando um rato, imprudentemente, surgiu a um

lhe a pata em cima, impedindo-o de escapar-

se um pouco com o insignificante animalzito, que

ei eternamente grato e estarei disposto a ajudá-lo contra os seus

— O que te vale é seres

ar que tinha escapado a tão grande perigo! O leão, por

rada pelos caçadores; ao passar

, tentou rompê-la com as

modo que, por último, nem sequer podia mexer as

ue o chamava. Olhou e viu

ditava no que os seus olhos viam.

Rói que rói, em pouco tempo o pequeno animal logrou abrir na rede um buraco tão grande que o leão

se livre do cativeiro, o rei dos animais perguntou ao rato o que

ga! Não se recorda de mim? —

dia concedeu a liberdade! Prometi que o ajudaria em caso de

vida. Momentos depois, lado a lado,

A galinha ruiva

A galinha ruiva achou umas espigas de trigo.

Ela chamou o gato. Ela chamou o ganso. Ela

chamou o

porco.

A galinha ruiva disse:

– Quem me ajuda a semear o trigo?

– Eu não – disse o gato.

– Eu não – disse o ganso.

– Eu não – disse o porco.

– Então semeio eu o trigo – disse a galinha ruiva.

E a galinha ruiva semeou o trigo.

O trigo cresceu.

A galinha ruiva disse:

– Quem me ajuda a ceifar o trigo?

– Eu não – disse o gato.

– Eu não – disse o ganso.

– Eu não – disse o porco.

– Então ceifo eu o trigo – disse a galinha ruiva.

E a galinha ruiva ceifou o trigo e levou

moinho.

Depois de ter já o trigo moído e feito em boa

farinha, a galinha ruiva disse:

– Quem me ajuda a fazer o pão?

– Eu não – disse o gato.

– Eu não – disse o ganso.

A galinha ruiva, contado por António Torrado

A galinha ruiva achou umas espigas de trigo.

Ela chamou o gato. Ela chamou o ganso. Ela

Quem me ajuda a semear o trigo?

disse a galinha ruiva.

disse a galinha ruiva.

e levou-o para o

Depois de ter já o trigo moído e feito em boa

– Eu não – disse o porco.

– Então faço eu o pão –

E a galinha ruiva amassou o pão, que ficou

muito bem amassado, e cozeu

muito bem cozido.

– Quem me ajuda a comer o pão?

O gato disse:

– Miau! Miau! Miau! Quero eu, quero eu, quero

eu.

O ganso disse:

– Quá! Quá! Quá! Quero eu, quero eu, quero

eu!

O porco disse.

– Gurnin! Gurnin! Gurnin! Quero eu, quero eu,

quero

eu!

A galinha ruiva disse:

– Vocês não me ajudaram a semear o trigo.

Vocês não me ajudaram a ceifar o trigo. Vocês

não me ajudaram a fazer o pão. Pois então

vocês não me ajudarão a

pintainhos comerão o pão.

E a galinha ruiva e os pintainhos comeram o

pão.

Quem não trabuca não manduca.

Está contada a história. Está dada a lição.

contado por António Torrado

disse o porco.

disse a galinha ruiva.

E a galinha ruiva amassou o pão, que ficou

muito bem amassado, e cozeu-o no forno,

Quem me ajuda a comer o pão?

Miau! Miau! Miau! Quero eu, quero eu, quero

Quá! Quá! Quá! Quero eu, quero eu, quero

Gurnin! Gurnin! Gurnin! Quero eu, quero eu,

Vocês não me ajudaram a semear o trigo.

Vocês não me ajudaram a ceifar o trigo. Vocês

não me ajudaram a fazer o pão. Pois então

vocês não me ajudarão a comer o pão. Os meus

pintainhos comerão o pão.

E a galinha ruiva e os pintainhos comeram o

Quem não trabuca não manduca.

Está contada a história. Está dada a lição.

Os dez anõezinhos da Tia Verde

Era uma vez uma rapariga casada que se dava muito mal com o marido porque tudo na casa estava sempre

desarrumado e, por mais que ela cirandasse de um lado para o outro, parecia que o tempo nunca lhe chegava

para nada!

Lá em casa, a vida começou mesmo a ser insuportável, com o marido sempre a queixar

todo o instante, e ela a andar cada vez mais triste, sem saber o que fazer à vida.

Tinha, ao lado, uma vizinha que era já velhota, mas muito simpática. Havia que

amigas dela e a ajudavam quando ela mais precisava. Chamavam

porta, e disse-lhe:

− Ai, Tia! Vossemecê é que me podia valer nesta aflição.

− Pois sim, filha! Eu tenho dez anõezinhos muito habilidosos, e mando

E a velhota explicou-lhe o que devia fazer para os anõezinhos a ajudarem melhor: pela manhã, quando se

levantasse, fizesse a cama e acendesse o l

passasse a roupa, preparasse o que havia de cozinhar para o jantar... pois assim havia de ver como em tudo

ela havia de ser muito ajudada pelos anõezinhos, sem o senti

A rapariga assim fez e, se bem o cumpriu, melhor lhe saiu: o marido passou a andar muito contente e

ela cada vez mais feliz. A casa, essa então nem parecia a mesma, tão arrumadinha! Resolveu um dia ir

agradecer à sua vizinha:

− Ai, Tia Verde-Água, os seus dez anõezinhos fizeram

arranjada, e nós estamos muito felizes. O que eu lhe pedia ainda é que mos deixasse lá ficar.

A velhinha respondeu-lhe:

− Deixo, deixo. Pois tu não viste os dez anõezinhos?

− Ainda não. O que eu mais queria era vê

− Não sejas tola! Se os quiseres ver, olha para as tuas mãos. Os teus dedos é que são os dez anõezinhos!

Quando a Tia Verde-Água lhe disse isto, a rapariga perce

Verde-Água e foi para casa muito contente por ter aprendido como é que se faz luzir o trabalho.

Os dez anõezinhos da Tia Verde-Água, contado por Maria Alberta Menéres

Era uma vez uma rapariga casada que se dava muito mal com o marido porque tudo na casa estava sempre

desarrumado e, por mais que ela cirandasse de um lado para o outro, parecia que o tempo nunca lhe chegava

a vida começou mesmo a ser insuportável, com o marido sempre a queixar

todo o instante, e ela a andar cada vez mais triste, sem saber o que fazer à vida.

Tinha, ao lado, uma vizinha que era já velhota, mas muito simpática. Havia quem dissesse que as Fadas eram

amigas dela e a ajudavam quando ela mais precisava. Chamavam-lhe a Tia Verde-Água. Um dia foi bater

Ai, Tia! Vossemecê é que me podia valer nesta aflição.

nho dez anõezinhos muito habilidosos, e mando-tos para tua casa para te ajudarem.

lhe o que devia fazer para os anõezinhos a ajudarem melhor: pela manhã, quando se

levantasse, fizesse a cama e acendesse o lume, depois enchesse o cântaro de água, varresse a casa,

passasse a roupa, preparasse o que havia de cozinhar para o jantar... pois assim havia de ver como em tudo

ela havia de ser muito ajudada pelos anõezinhos, sem o sentir...

A rapariga assim fez e, se bem o cumpriu, melhor lhe saiu: o marido passou a andar muito contente e

ela cada vez mais feliz. A casa, essa então nem parecia a mesma, tão arrumadinha! Resolveu um dia ir

Água, os seus dez anõezinhos fizeram-me um servição! Agora a casa está muito

arranjada, e nós estamos muito felizes. O que eu lhe pedia ainda é que mos deixasse lá ficar.

o, deixo. Pois tu não viste os dez anõezinhos?

Ainda não. O que eu mais queria era vê-los.

Não sejas tola! Se os quiseres ver, olha para as tuas mãos. Os teus dedos é que são os dez anõezinhos!

Água lhe disse isto, a rapariga percebeu o que lhe estava a acontecer, agradeceu muito à Tia

Água e foi para casa muito contente por ter aprendido como é que se faz luzir o trabalho.

Maria Alberta Menéres

Era uma vez uma rapariga casada que se dava muito mal com o marido porque tudo na casa estava sempre

desarrumado e, por mais que ela cirandasse de um lado para o outro, parecia que o tempo nunca lhe chegava

a vida começou mesmo a ser insuportável, com o marido sempre a queixar-se e até a ralhar-lhe a

m dissesse que as Fadas eram

Água. Um dia foi bater-lhe à

tos para tua casa para te ajudarem.

lhe o que devia fazer para os anõezinhos a ajudarem melhor: pela manhã, quando se

ume, depois enchesse o cântaro de água, varresse a casa,

passasse a roupa, preparasse o que havia de cozinhar para o jantar... pois assim havia de ver como em tudo

A rapariga assim fez e, se bem o cumpriu, melhor lhe saiu: o marido passou a andar muito contente e

ela cada vez mais feliz. A casa, essa então nem parecia a mesma, tão arrumadinha! Resolveu um dia ir

me um servição! Agora a casa está muito

arranjada, e nós estamos muito felizes. O que eu lhe pedia ainda é que mos deixasse lá ficar.

Não sejas tola! Se os quiseres ver, olha para as tuas mãos. Os teus dedos é que são os dez anõezinhos!

beu o que lhe estava a acontecer, agradeceu muito à Tia

Água e foi para casa muito contente por ter aprendido como é que se faz luzir o trabalho.

Sempre não

Um cavaleiro, casado com uma dama nobre e

formosa, teve de ir fazer uma longa jornada:

receando acontecesse algum caso desagradável

enquanto estivesse ausente, fez com que a mulher

lhe prometesse que enquanto ele estivesse fora de

casa diria a tudo: – Não. Assim pensava o cavaleiro

que resguardaria o seu castelo do atrevimento dos

pajens ou de qualquer aventureiro que por ali

passasse. O cavaleiro já havia muito que se

demorava na corte, e a mulher aborrecida na solidão

do castelo não tinha outra distração senão passar as

tardes a olhar para longe, da torre do miradouro.

Um dia passou um cavaleiro, todo galante, e

cumprimentou a dama: ela fez-lhe a sua mesura. O

cavaleiro viu-a tão formosa, que sentiu logo ali uma

grande paixão, e disse:

– Senhora de toda a formosura! Consentis que

descanse esta noite no vosso solar?

Ela respondeu:

– Não!

O cavaleiro ficou um pouco admirado da secura

daquele não, e continuou:

– Pois quereis que seja comido dos lobos ao

atravessar a serra?

Ela respondeu:

– Não.

Mais pasmado ficou o cavaleiro com aquela

mudança, e insistiu:

– E quereis que vá cair nas mãos dos salteadores ao

passar pela floresta?

Ela respondeu:

– Não.

Começou o cavaleiro a compreender que

aquele Não seria talvez sermão encomendado, e

virou as suas perguntas:

Sempre não, contado por Teófilo Braga

dama nobre e

formosa, teve de ir fazer uma longa jornada:

receando acontecesse algum caso desagradável

enquanto estivesse ausente, fez com que a mulher

lhe prometesse que enquanto ele estivesse fora de

Não. Assim pensava o cavaleiro

e resguardaria o seu castelo do atrevimento dos

pajens ou de qualquer aventureiro que por ali

passasse. O cavaleiro já havia muito que se

demorava na corte, e a mulher aborrecida na solidão

do castelo não tinha outra distração senão passar as

r para longe, da torre do miradouro.

Um dia passou um cavaleiro, todo galante, e

lhe a sua mesura. O

a tão formosa, que sentiu logo ali uma

Senhora de toda a formosura! Consentis que

O cavaleiro ficou um pouco admirado da secura

Pois quereis que seja comido dos lobos ao

Mais pasmado ficou o cavaleiro com aquela

E quereis que vá cair nas mãos dos salteadores ao

Começou o cavaleiro a compreender que

seria talvez sermão encomendado, e

– Então fechais-me o vosso caste

Ela respondeu:

– Não.

– Recusais que pernoite aqui?

– Não.

Diante destas respostas o cavaleiro entrou no

castelo e foi conversar com a dama e a tudo o que

lhe dizia ela foi sempre respondendo

– Não.

Quando no fim do serão se despediam para se

recolherem a suas câmaras, disse o cavaleiro:

– Consentis que eu fique longe de vós?

Ela respondeu:

– Não.

– E que me retire do vosso quarto?

– Não.

O cavaleiro partiu, e chegou à corte, onde estavam

muitos fidalgos conversando ao braseiro, e contando

as suas aventuras. Coube a vez ao que tinha

chegado, e contou a história do

já a contar a modo como se metera na cama da

castelã, o marido já sem ter mão em si, perguntou

agoniado:

– Mas onde foi isso cavaleiro?

O outro percebeu a aflição do

sereno:

– Ora quando ia eu a entrar para o quarto da dama,

tropeço no tapete, sinto um grande solavanco, e

acordo! Fiquei desesperado em interromper

sonho tão lindo.

O marido respirou aliviado, mas de todas as histórias

foi aquela a mais estimada.

contado por Teófilo Braga

me o vosso castelo?

Recusais que pernoite aqui?

Diante destas respostas o cavaleiro entrou no

castelo e foi conversar com a dama e a tudo o que

lhe dizia ela foi sempre respondendo

Quando no fim do serão se despediam para se

recolherem a suas câmaras, disse o cavaleiro:

Consentis que eu fique longe de vós?

E que me retire do vosso quarto?

O cavaleiro partiu, e chegou à corte, onde estavam

muitos fidalgos conversando ao braseiro, e contando

uas aventuras. Coube a vez ao que tinha

chegado, e contou a história do Não; mas quando ia

já a contar a modo como se metera na cama da

castelã, o marido já sem ter mão em si, perguntou

Mas onde foi isso cavaleiro?

O outro percebeu a aflição do marido e continuou

Ora quando ia eu a entrar para o quarto da dama,

tropeço no tapete, sinto um grande solavanco, e

acordo! Fiquei desesperado em interromper-se um

O marido respirou aliviado, mas de todas as histórias

a mais estimada.

A árvore generosa, adaptado do original

Era uma vez uma Árvore que amava um menino.

E todos os dias, o menino vinha e juntava as suas folhas. E com elas fazia coroas de rei. E com a Árvore, brincava

de rei da floresta. Subia no seu grosso tronco, balançava

cansado, o menino repousava à sua sombra fresquinha.

O menino amava a Árvore profundamente.

E a Árvore era feliz!

Mas o tempo passou e o menino cresceu!

Um dia, o menino veio e a Árvore disse:

"Menino, venha subir no meu tronco, balançar

"Estou grande demais para brincar", respondeu o menino. "Quero comprar muitas coisas. Você tem algum

dinheiro que possa me oferecer?"

"Sinto muito", disse a Árvore, "eu não tenho dinheiro. Mas leve os frutos, Menino. Vá vendê

terá o dinheiro e você será feliz!"

E assim o menino subiu pelo tronco, colheu os frutos e levou

E a Árvore ficou feliz!

O menino ficou longe por um longo, longo tempo, e no dia que voltou, a Árvore ficou alegre, de uma alegria

tamanha que mal podia falar.

"Venha, venha, meu Menino", sussurrou, "venha brincar!"

"Estou velho para brincar", disse o menino, "e estou também muito triste." "Eu quero um barco ligeiro que me

leve para bem longe. Você tem algum barquinho que possa me oferecer?"

"Corte meu tronco e faça seu barco", disse a Árvore. "Viaje para longe e seja feliz!"

O menino cortou o tronco, fez um barco e viajou.

E a Árvore ficou feliz, mas não muito!

Muito tempo depois, o menino voltou.

"Desculpe, Menino", disse a Árvore. "não

"Meus dentes são fracos demais para frutos", falou o menino.

"Já se foram os galhos para você balançar", disse a Árvore.

"Já não tenho idade para me balançar", falou o menino.

"Não tenho mais tronco para você subir", disse a a Árvore.

"Estou muito cansado e já não sei subir", falou o menino.

"Eu bem que gostaria de ter qualquer coisa para lhe oferecer", suspirou a Árvore. "Mas nada me resta e eu sou

apenas um toco sem graça. Desculpe ... "

"Já não quero muita coisa", disse o menino, "só um lugar sossegado onde possa me sentar, pois estou muito

cansado."

"Pois bem", respondeu a Árvore, enchendo

sentar e descansar.

Venha, Menino, depressa, sente-se em mim e descanse."

Foi o que o menino fez.

E a Árvore ficou feliz...

adaptado do original de Shel Silverstein por Fernando Sabino

Era uma vez uma Árvore que amava um menino.

E todos os dias, o menino vinha e juntava as suas folhas. E com elas fazia coroas de rei. E com a Árvore, brincava

de rei da floresta. Subia no seu grosso tronco, balançava-se em seus galhos! Comia seus frutos. E quando ficava

sua sombra fresquinha.

O menino amava a Árvore profundamente.

Mas o tempo passou e o menino cresceu!

Um dia, o menino veio e a Árvore disse:

"Menino, venha subir no meu tronco, balançar-se nos meus galhos, repousar à minha sombra e

"Estou grande demais para brincar", respondeu o menino. "Quero comprar muitas coisas. Você tem algum

"Sinto muito", disse a Árvore, "eu não tenho dinheiro. Mas leve os frutos, Menino. Vá vendê

E assim o menino subiu pelo tronco, colheu os frutos e levou-os embora.

O menino ficou longe por um longo, longo tempo, e no dia que voltou, a Árvore ficou alegre, de uma alegria

"Venha, venha, meu Menino", sussurrou, "venha brincar!"

"Estou velho para brincar", disse o menino, "e estou também muito triste." "Eu quero um barco ligeiro que me

leve para bem longe. Você tem algum barquinho que possa me oferecer?"

"Corte meu tronco e faça seu barco", disse a Árvore. "Viaje para longe e seja feliz!"

O menino cortou o tronco, fez um barco e viajou.

Muito tempo depois, o menino voltou.

"Desculpe, Menino", disse a Árvore. "não tenho mais nada pra te oferecer. Os frutos já se foram."

"Meus dentes são fracos demais para frutos", falou o menino.

"Já se foram os galhos para você balançar", disse a Árvore.

"Já não tenho idade para me balançar", falou o menino.

nco para você subir", disse a a Árvore.

"Estou muito cansado e já não sei subir", falou o menino.

"Eu bem que gostaria de ter qualquer coisa para lhe oferecer", suspirou a Árvore. "Mas nada me resta e eu sou

apenas um toco sem graça. Desculpe ... "

ão quero muita coisa", disse o menino, "só um lugar sossegado onde possa me sentar, pois estou muito

"Pois bem", respondeu a Árvore, enchendo-se de alegria. "Eu sou apenas um toco, mas um toco é muito útil para

se em mim e descanse."

por Fernando Sabino

E todos os dias, o menino vinha e juntava as suas folhas. E com elas fazia coroas de rei. E com a Árvore, brincava

se em seus galhos! Comia seus frutos. E quando ficava

se nos meus galhos, repousar à minha sombra e ser feliz!"

"Estou grande demais para brincar", respondeu o menino. "Quero comprar muitas coisas. Você tem algum

"Sinto muito", disse a Árvore, "eu não tenho dinheiro. Mas leve os frutos, Menino. Vá vendê-los na cidade, então

O menino ficou longe por um longo, longo tempo, e no dia que voltou, a Árvore ficou alegre, de uma alegria

"Estou velho para brincar", disse o menino, "e estou também muito triste." "Eu quero um barco ligeiro que me

tenho mais nada pra te oferecer. Os frutos já se foram."

"Eu bem que gostaria de ter qualquer coisa para lhe oferecer", suspirou a Árvore. "Mas nada me resta e eu sou

ão quero muita coisa", disse o menino, "só um lugar sossegado onde possa me sentar, pois estou muito

se de alegria. "Eu sou apenas um toco, mas um toco é muito útil para

O carvalho e o junco

Conversando, certo dia disse o carvalho ao junco:

- Tens bons motivos para reclamar da natureza. Até um passarinho é

ventinho à toa que faça a superfície da água ondular, obriga

fronde, não contente em suportar os raios do sol, enfrenta corajosamente a tempestade. Para ti tudo é

vento violento, para mim, brisa suave. Se nascesses abrigado pela folhagem com que eu cubro a

vizinhança, não irias sofrer tanto: eu havia de defender

húmidas do reino do vento. A natureza parece bem injusta contigo.

- A tua compaixão – respondeu o junco

não são tão terríveis; eu curvo-me e não me quebro. Tu, com esse grande corpo, resistes sem entortar,

mas espera o que está a chegar.

Enquanto assim conversavam, lá no h

os ventos do norte podiam trazer.

A árvore tentou resistir, o junco curvou

O vento tornou-se mais forte. E tanto fez que destruiu aquele que tinha o céu como vizinho de cima e

raízes no andar de baixo.

O carvalho e o junco, fábula de La Fontaine

Conversando, certo dia disse o carvalho ao junco:

Tens bons motivos para reclamar da natureza. Até um passarinho é um fardo pesado para ti. Um

ventinho à toa que faça a superfície da água ondular, obriga-te a cabeça a baixar. Por outro lado a minha

fronde, não contente em suportar os raios do sol, enfrenta corajosamente a tempestade. Para ti tudo é

a mim, brisa suave. Se nascesses abrigado pela folhagem com que eu cubro a

vizinhança, não irias sofrer tanto: eu havia de defender-te da chuva. Mas costumas nascer nas bordas

húmidas do reino do vento. A natureza parece bem injusta contigo.

respondeu o junco – é sincera, eu sei, mas não te inquietes: para mim, os ventos

me e não me quebro. Tu, com esse grande corpo, resistes sem entortar,

Enquanto assim conversavam, lá no horizonte furiosamente surgiu a mais terrível das tempestades que

A árvore tentou resistir, o junco curvou-se.

se mais forte. E tanto fez que destruiu aquele que tinha o céu como vizinho de cima e

fábula de La Fontaine

um fardo pesado para ti. Um

te a cabeça a baixar. Por outro lado a minha

fronde, não contente em suportar os raios do sol, enfrenta corajosamente a tempestade. Para ti tudo é

a mim, brisa suave. Se nascesses abrigado pela folhagem com que eu cubro a

te da chuva. Mas costumas nascer nas bordas

é sincera, eu sei, mas não te inquietes: para mim, os ventos

me e não me quebro. Tu, com esse grande corpo, resistes sem entortar,

orizonte furiosamente surgiu a mais terrível das tempestades que

se mais forte. E tanto fez que destruiu aquele que tinha o céu como vizinho de cima e

A cigarra e a formiga

Certo dia, uma formiga andava à procura de água. Ela estava sequiosa e as suas forças estavam a

diminuir.

Foi então que ouviu, ao longe, o som da água a correr e dirigiu

- Oh, finalmente encontrei água. Vou matar a sede!

A formiga era pequena e inclinou-se muito para alcançar a água, que era fresca e límpida. De repente,

escorregou e caiu no ribeiro.

A corrente era forte e arrastou a formiga. Ela grit

- Socorro! Quem me acode?! Estou a afogar

A voz da formiga estava a apagar-se.

De repente, uma folha caiu do céu e pousou mesmo próximo da formiga. Fora uma pomba que, vendo o

perigo, lhe atirara a folha.

A formiga agarrou-se à folha e conseguiu sobreviver.

- Obrigada, pomba – agradeceu ela, acenando, feliz.

Alguns dias mais tarde, um caçador andava a atirar sobre os poucos animais que ainda existiam na

Natureza. Ele estava a fazer pontaria para a pomba que, distraída, repousava num ramo

A formiga andava por ali e ficou muito preocupada, temendo pela vida da pomba. Rapidamente, correu

para o caçador. Trepou apressadamente pela perna e mordeu

- Uauh!!! – O caçador gritou de dor e errou o alvo.

A formiga não largava a perna. Era determinada.

A pomba, que não pressentira o perigo, voou para bem longe, mal ouviu o disparo. Estava a salvo.

A formiga sorriu, orgulhosa, quando viu a pomba voar e regressou ao formigueiro, cansada mas feliz.

e a formiga, fábula de Esopo recontada por Vaz Nunes

Certo dia, uma formiga andava à procura de água. Ela estava sequiosa e as suas forças estavam a

Foi então que ouviu, ao longe, o som da água a correr e dirigiu-se de imediato para lá.

Oh, finalmente encontrei água. Vou matar a sede!

se muito para alcançar a água, que era fresca e límpida. De repente,

A corrente era forte e arrastou a formiga. Ela gritava:

Socorro! Quem me acode?! Estou a afogar-me! Por favor.

se.

De repente, uma folha caiu do céu e pousou mesmo próximo da formiga. Fora uma pomba que, vendo o

conseguiu sobreviver.

agradeceu ela, acenando, feliz.

Alguns dias mais tarde, um caçador andava a atirar sobre os poucos animais que ainda existiam na

Natureza. Ele estava a fazer pontaria para a pomba que, distraída, repousava num ramo

A formiga andava por ali e ficou muito preocupada, temendo pela vida da pomba. Rapidamente, correu

para o caçador. Trepou apressadamente pela perna e mordeu-o na coxa com as suas fortes mandíbulas.

O caçador gritou de dor e errou o alvo.

formiga não largava a perna. Era determinada.

A pomba, que não pressentira o perigo, voou para bem longe, mal ouviu o disparo. Estava a salvo.

A formiga sorriu, orgulhosa, quando viu a pomba voar e regressou ao formigueiro, cansada mas feliz.

Esopo recontada por Vaz Nunes

Certo dia, uma formiga andava à procura de água. Ela estava sequiosa e as suas forças estavam a

de imediato para lá.

se muito para alcançar a água, que era fresca e límpida. De repente,

De repente, uma folha caiu do céu e pousou mesmo próximo da formiga. Fora uma pomba que, vendo o

Alguns dias mais tarde, um caçador andava a atirar sobre os poucos animais que ainda existiam na

Natureza. Ele estava a fazer pontaria para a pomba que, distraída, repousava num ramo.

A formiga andava por ali e ficou muito preocupada, temendo pela vida da pomba. Rapidamente, correu

o na coxa com as suas fortes mandíbulas.

A pomba, que não pressentira o perigo, voou para bem longe, mal ouviu o disparo. Estava a salvo.

A formiga sorriu, orgulhosa, quando viu a pomba voar e regressou ao formigueiro, cansada mas feliz.

A cigarra e a formiga,

Era uma vez uma Cigarra que passava os dias a cantar…

… e uma Formiga que não se cansava de trabalhar…

Quando havia luar, a Cigarra fazia longas serenatas. E assim ia levando a vida

…enquanto a Formiga, a pensar nos dias de Inverno, trabalhava noite e dia e aproveitava o tempo seco para fazer

a sua casinha.

A Cigarra não compreendia por que é que a Formiga andava sempre em tão grande azáfama…

…e a Formiga lá ia prosseguindo no seu trabalho, enchendo a sua despensa.

Um dia a Cigarra disse à Formiga para deixar todos os seus trabalhos e ir cantar com ela.

deu ouvidos. Sem parar, lá seguiu no seu trabalho enquanto a Cigarra não fazia mais do que c

Até que chegou o Inverno. Vieram as primeiras chuvas e o tempo põe

alegria dos belos dias passados e só procurava agora um sítio para se abrigar. Viu um cogumelo e logo se foi pôr

debaixo da sua copa… Ali perto descobriu um cesto com uma merenda. Ia finalmente desforrar

de fome! Nisto surgiu, como por encanto, um gafanhoto que pegou no cesto e, de um salto, abalou com ele.

Desiludida, a Cigarra foi bater à primeira porta que enc

cauteloso do que ela. Apareceu de lá um mocho tão feio que a Cigarra desatou a fugir, gritando por socorro.

Foi parar à entrada de um casarão e perguntou:

com a enorme dentuça.

Tão grande foi o susto que a Cigarra não teve parança, de noite e de dia, à chuva e ao vento, até que, de

madrugada, avistou uma linda casinha. E logo pensou em ir lá pedir para ficar.

quente e uma boa soneca, bateu à porta. Era a casa da formiga!

Aqui, tudo era ordem, conforto e fartura. Ouvindo bater à porta, a Formiga foi ver quem era.

ficou a ver a cigarra a chorar. Quando a Cigarra lhe contou as dificuldades que o Inver

perguntou-lhe:

- Mas que fizeste em todo o Verão?

A Cigarra respondeu:

- Cantei…

Então a Formiga respondeu-lhe:

- Pois agora dança!!

Quando a Cigarra, triste e envergonhada, já se ia embora, a Formiga teve pena dela e chamou

e convidou-a para comer com ela. Sentaram

- Agora vamos almoçar e, até passar o Inverno, ficas aqui a viver comigo!

A Cigarra arrependeu-se de ter sido tão preguiçosa e despreocupada. Agora acompanha a For

lado, cantando como cigarra e trabalhando como formiga.

, fábula adaptada a partir da

Era uma vez uma Cigarra que passava os dias a cantar…

… e uma Formiga que não se cansava de trabalhar…

Quando havia luar, a Cigarra fazia longas serenatas. E assim ia levando a vida despreocupadamente…

…enquanto a Formiga, a pensar nos dias de Inverno, trabalhava noite e dia e aproveitava o tempo seco para fazer

A Cigarra não compreendia por que é que a Formiga andava sempre em tão grande azáfama…

sseguindo no seu trabalho, enchendo a sua despensa.

Um dia a Cigarra disse à Formiga para deixar todos os seus trabalhos e ir cantar com ela.

deu ouvidos. Sem parar, lá seguiu no seu trabalho enquanto a Cigarra não fazia mais do que c

Até que chegou o Inverno. Vieram as primeiras chuvas e o tempo põe-se frio e triste. A Cigarra já não tinha a

alegria dos belos dias passados e só procurava agora um sítio para se abrigar. Viu um cogumelo e logo se foi pôr

copa… Ali perto descobriu um cesto com uma merenda. Ia finalmente desforrar

Nisto surgiu, como por encanto, um gafanhoto que pegou no cesto e, de um salto, abalou com ele.

Desiludida, a Cigarra foi bater à primeira porta que encontrou, procurando proteção de quem tinha sido mais

Apareceu de lá um mocho tão feio que a Cigarra desatou a fugir, gritando por socorro.

Foi parar à entrada de um casarão e perguntou: - Mora aqui alguém? Salta de lá um aranhão, pront

Tão grande foi o susto que a Cigarra não teve parança, de noite e de dia, à chuva e ao vento, até que, de

madrugada, avistou uma linda casinha. E logo pensou em ir lá pedir para ficar. Sonhando já com um prato de sopa

ente e uma boa soneca, bateu à porta. Era a casa da formiga!

Aqui, tudo era ordem, conforto e fartura. Ouvindo bater à porta, a Formiga foi ver quem era.

ficou a ver a cigarra a chorar. Quando a Cigarra lhe contou as dificuldades que o Inver

Quando a Cigarra, triste e envergonhada, já se ia embora, a Formiga teve pena dela e chamou

a para comer com ela. Sentaram-se à mesa e a Formiga disse-lhe:

Agora vamos almoçar e, até passar o Inverno, ficas aqui a viver comigo!

se de ter sido tão preguiçosa e despreocupada. Agora acompanha a For

lado, cantando como cigarra e trabalhando como formiga.

adaptada a partir da de La Fontaine

despreocupadamente…

…enquanto a Formiga, a pensar nos dias de Inverno, trabalhava noite e dia e aproveitava o tempo seco para fazer

A Cigarra não compreendia por que é que a Formiga andava sempre em tão grande azáfama…

Um dia a Cigarra disse à Formiga para deixar todos os seus trabalhos e ir cantar com ela. Mas a Formiga não lhe

deu ouvidos. Sem parar, lá seguiu no seu trabalho enquanto a Cigarra não fazia mais do que cantar e preguiçar.

se frio e triste. A Cigarra já não tinha a

alegria dos belos dias passados e só procurava agora um sítio para se abrigar. Viu um cogumelo e logo se foi pôr

copa… Ali perto descobriu um cesto com uma merenda. Ia finalmente desforrar-se de tantos dias

Nisto surgiu, como por encanto, um gafanhoto que pegou no cesto e, de um salto, abalou com ele.

ontrou, procurando proteção de quem tinha sido mais

Apareceu de lá um mocho tão feio que a Cigarra desatou a fugir, gritando por socorro.

Mora aqui alguém? Salta de lá um aranhão, pronto a devorá-la

Tão grande foi o susto que a Cigarra não teve parança, de noite e de dia, à chuva e ao vento, até que, de

Sonhando já com um prato de sopa

Aqui, tudo era ordem, conforto e fartura. Ouvindo bater à porta, a Formiga foi ver quem era. Muito admirada

ficou a ver a cigarra a chorar. Quando a Cigarra lhe contou as dificuldades que o Inverno lhe trouxera, a Formiga

Quando a Cigarra, triste e envergonhada, já se ia embora, a Formiga teve pena dela e chamou-a. Mandou-a entrar

se de ter sido tão preguiçosa e despreocupada. Agora acompanha a Formiga para todo o

O cão e o burro, fábula recontada por Soledade Martinho da Costa

Por um atalho do bosque seguiam um cão, um burro e o dono.

— Que calor que está! — disse o homem a dado momento,

um pouco...

E, deitando-se à sombra de uma árvore, depressa adormeceu.

o burro, entretanto, começou a comer a erva que havia por ali. Contudo, como gostava muito de cardos, foi

afastando aos poucos, na intenção de encontrá

o cão, que se chamava Farrusco, foi andando a seu lado, dando ao rabo e aproveitando para correr atrás das

borboletas que lhe passavam perto do focinho.

No entanto, ou porque visse o burro a comer os cardos com apetite, ou porque

próprio estômago, disse ao companheiro:

— Também estou com fome. Inclina-te, por favor, para eu tirar um pouco de pão da tua cesta!

O burro, que levava com efeito dois grandes cestos com pão, fingiu

os cardos calmamente.

- Não ouves? — repetiu o cão. — estou c

Mas o burro, sem deixar de mastigar retorquiu:

- Ora deixa-me comer descansado! Era o que faltava,

O cão ficou muito magoado com a resposta do companheiro. E como não podia comer cardos como o burro,

pensou que melhor seria voltar para junto do dono.

Triste, dispunha-se a regressar quando se ouviu o uivar de um lobo.

— Um lobo! — exclamou o burro muito aflito.

O cão, que era bondoso, pensou logo em lançar

lembrar-se quanto o companheiro tinha sido injusto e indelicado para com el

— E porque hei de eu arriscar-me por ti, não me dizes?

pedi? Não! — e repetiu palavras que ouvira ao companheiro:

te como puderes.

E, dizendo isto, o cão desatou a correr.

O burro, conforme pôde, desatou a correr também. E a verdade é que teve sorte, pois conseguiu escapar ao lobo!

A partir desse dia, porém, nunca mais foi indelicado nem egoísta com os companheiros. O susto que

tão grande que lhe serviu de lição!

fábula recontada por Soledade Martinho da Costa

Por um atalho do bosque seguiam um cão, um burro e o dono.

disse o homem a dado momento, enxugando o suor do rosto.

se à sombra de uma árvore, depressa adormeceu.

o burro, entretanto, começou a comer a erva que havia por ali. Contudo, como gostava muito de cardos, foi

intenção de encontrá-los.

o cão, que se chamava Farrusco, foi andando a seu lado, dando ao rabo e aproveitando para correr atrás das

borboletas que lhe passavam perto do focinho.

No entanto, ou porque visse o burro a comer os cardos com apetite, ou porque sentisse um certo mal

próprio estômago, disse ao companheiro:

te, por favor, para eu tirar um pouco de pão da tua cesta!

evava com efeito dois grandes cestos com pão, fingiu ouvir o pedido do rafeiro.

estou com fome. Deixa-me tirar um pouco de pão da cesta!

sem deixar de mastigar retorquiu:

me comer descansado! Era o que faltava, incomodar-me por tua causa! Arranja

O cão ficou muito magoado com a resposta do companheiro. E como não podia comer cardos como o burro,

pensou que melhor seria voltar para junto do dono.

se a regressar quando se ouviu o uivar de um lobo.

exclamou o burro muito aflito. — Um lobo! Por favor, amigo, ajuda-me!

O cão, que era bondoso, pensou logo em lançar-se contra o lobo, para que o burro pudesse fugir. Todavia, ao

se quanto o companheiro tinha sido injusto e indelicado para com ele, resolveu dar

me por ti, não me dizes? — perguntou-lhe. — Acaso me ajudaste há quando to

e repetiu palavras que ouvira ao companheiro: — Era o que faltava, dar-

E, dizendo isto, o cão desatou a correr.

O burro, conforme pôde, desatou a correr também. E a verdade é que teve sorte, pois conseguiu escapar ao lobo!

A partir desse dia, porém, nunca mais foi indelicado nem egoísta com os companheiros. O susto que

fábula recontada por Soledade Martinho da Costa

enxugando o suor do rosto. — O melhor é descansar

o burro, entretanto, começou a comer a erva que havia por ali. Contudo, como gostava muito de cardos, foi-se

o cão, que se chamava Farrusco, foi andando a seu lado, dando ao rabo e aproveitando para correr atrás das

sentisse um certo mal-estar no

te, por favor, para eu tirar um pouco de pão da tua cesta!

pedido do rafeiro. Continuou a comer

pão da cesta!

Arranja-te como puderes.

O cão ficou muito magoado com a resposta do companheiro. E como não podia comer cardos como o burro,

me!

se contra o lobo, para que o burro pudesse fugir. Todavia, ao

e, resolveu dar-lhe uma lição:

Acaso me ajudaste há quando to

-me por tua causa! Arranja-

O burro, conforme pôde, desatou a correr também. E a verdade é que teve sorte, pois conseguiu escapar ao lobo!

A partir desse dia, porém, nunca mais foi indelicado nem egoísta com os companheiros. O susto que apanhou foi

O avarento que perdeu o seu tesouro

Quem não usa, não tem a verdadeira posse.

Não há que se esperar que alguém sequer esboce

Alguma explicação do móvel da avareza,

Do guardar por guardar

A vida do avarento lembra a do indigente,

Pois Diógenes vivia tal qual essa gente.

“O Tesouro Escondido”, famoso relato

De Esopo há de ilustrar o fato.

Um avarento vivia

Entesourando bens que nunca usufruía.

Não se sabia bem se do ouro

Ou se ele ao ouro pertencia;

O fato é que ele até perdia o sono,

Pensando, de noite e de dia,

Naquele ser tesouro enterrado no chão.

A todo instante estava a ruminar o assunto,

Sempre temendo a vinda de um sagaz ladrão,

Não lhe passando uma

Assim, de tanto ir ver se não fora roubada

A fortuna escondida, um dia alguém o viu,

E fez rica pilhagem quando ele saiu.

Tão logo ele retorna e não encontra nada,

Desesperado chora e grita.

Um homem que passava, ouvindo um tal cla

aquela gritaria aflita,

perguntou qual a causa de tamanha dor.

- “Roubaram meu rico tesouro!”

- “Um tesouro guardado de baixo da terra?

Estamos por acaso em época de guerra,

Para ter de esconder nosso ouro?

Melhor teríeis feito tendo

Para gastá-lo quando fosse necessário.”

- “Gastá-lo? Eu não sou perdulário.

Dinheiro é pra guardar!”

Não entendo por que sentis tanta aflição.

Já que o tesouro é só para a contemplação,

ponde esta pedra no lugar:

podeis só olhar, jamais gastar...”

O avarento que perdeu o seu tesouro, de La fontaine

Quem não usa, não tem a verdadeira posse.

Não há que se esperar que alguém sequer esboce

Alguma explicação do móvel da avareza,

Do guardar por guardar uma inútil riqueza.

A vida do avarento lembra a do indigente,

Pois Diógenes vivia tal qual essa gente.

“O Tesouro Escondido”, famoso relato

De Esopo há de ilustrar o fato.

Entesourando bens que nunca usufruía.

Não se sabia bem se do ouro ele era dono,

Ou se ele ao ouro pertencia;

O fato é que ele até perdia o sono,

Pensando, de noite e de dia,

Naquele ser tesouro enterrado no chão.

A todo instante estava a ruminar o assunto,

Sempre temendo a vinda de um sagaz ladrão,

Não lhe passando uma outra ideia no bestunto.

Assim, de tanto ir ver se não fora roubada

A fortuna escondida, um dia alguém o viu,

E fez rica pilhagem quando ele saiu.

Tão logo ele retorna e não encontra nada,

Desesperado chora e grita.

Um homem que passava, ouvindo um tal clamor,

perguntou qual a causa de tamanha dor.

“Roubaram meu rico tesouro!”

“Um tesouro guardado de baixo da terra?

Estamos por acaso em época de guerra,

Para ter de esconder nosso ouro?

Melhor teríeis feito tendo-o em vossa casa,

lo quando fosse necessário.”

lo? Eu não sou perdulário.

Dinheiro é pra guardar!” – “Que modo de pensar!

Não entendo por que sentis tanta aflição.

Já que o tesouro é só para a contemplação,

ponde esta pedra no lugar:

ais gastar...”

, de La fontaine