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062 PóS-GRADUAçãO Um dos maiores desafios das pequenas, médias e gran- des empresas é a gestão de pessoas. Estudos recentes apontam para o fato da escassez de gente para trabalhar! Como assim... falta gente para trabalhar? De acordo com os pesquisadores, as corporações têm sido mobili- zadas a investir mais em treinamento e desenvolvimento do que em anos anteriores. Isso decorre do fato das organizações estarem sendo afetadas com a ausência de algumas competências básicas e necessárias entre as pessoas contratadas, e o espectro é amplo, passando por cultura geral, habilidades técnicas e até de relaciona- mento interpessoal. Respondendo à pergunta anterior, o que falta, portanto, são profissionais devidamente capa- citados e também com maturidade emocional para lidar com as situações reais do mundo do trabalho. Temos diariamente acesso a novas tecnologias e sua aquisição é para as empresas um tanto tentador quanto necessário, pois estamos na era da velocidade. Exemplo dessa velocidade é a teoria das gerações que a cada dia encontra uma letra nova seja ela “X”, “Y” ou “Z” para dar conta de simbolizar e organizar as informações decorrentes do dinamismo e transformação das novas formas dos jovens interagirem com o mundo e com a vida. Soma-se a isso a compreensão desse universo de mudanças simultâneas e avassaladoras por meio da pro- dução coletiva de conhecimento. Dentro desse contexto, existe um elemento cuja assimilação de novos conteúdos e a aprendizagem não acontece num simples clicar de um botão. E falamos aqui do ser humano. As organizações existem desde que haja pessoas adultas planejando e executando as incontáveis tarefas do dia a dia, de forma madura e responsável. As pessoas passam horas em treinamento ou inseridas em programas de desenvolvimento, sem, às vezes, verem muito sentido em algumas ações propostas. Todo investimento em ações internas de educação corporativa é bem-vindo, desde que o objetivo esteja muito claro. Analisando com a lente da andragogia, “gente grande” Conto de fadas Uma possibilidade de uso em T&D Por Maria Elisa Moreira, professora e coordenadora de programas do projeto Pense Melhor da FAAP. “A psicanálise sente-se à vontade no terreno das narrativas, afinal, trocando em miúdos, a vida é uma história, e o que contamos dela é sempre algum tipo de ficção. A história de uma pessoa pode ser rica em aventuras, reflexões e frustrações, mas sempre será uma trama, da qual parcialmente escrevemos o roteiro. Fre- quentar as histórias imaginadas por outros, ajuda a pensar a nos- sa existência sob pontos de vistas diferentes.” Diana e Mário Corso

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2Pós-graduação

Um dos maiores desafi os das pequenas, médias e gran-des empresas é a gestão de pessoas. Estudos recentes apontam para o fato da escassez de gente para trabalhar! Como assim... falta gente para trabalhar? De acordo com os pesquisadores, as corporações têm sido mobili-zadas a investir mais em treinamento e desenvolvimento do que em anos anteriores. Isso decorre do fato das organizações estarem sendo afetadas com a ausência de algumas competências básicas e necessárias entre as pessoas contratadas, e o espectro é amplo, passando por cultura geral, habilidades técnicas e até de relaciona-mento interpessoal. Respondendo à pergunta anterior, o que falta, portanto, são profi ssionais devidamente capa-citados e também com maturidade emocional para lidar com as situações reais do mundo do trabalho. Temos diariamente acesso a novas tecnologias e sua aquisição é para as empresas um tanto tentador quanto necessário, pois estamos na era da velocidade. Exemplo dessa velocidade é a teoria das gerações que a

cada dia encontra uma letra nova seja ela “X”, “Y” ou “Z” para dar conta de simbolizar e organizar as informações decorrentes do dinamismo e transformação das novas formas dos jovens interagirem com o mundo e com a vida. Soma-se a isso a compreensão desse universo de mudanças simultâneas e avassaladoras por meio da pro-dução coletiva de conhecimento. Dentro desse contexto, existe um elemento cuja assimilação de novos conteúdos e a aprendizagem não acontece num simples clicar de um botão. E falamos aqui do ser humano. As organizações existem desde que haja pessoas adultas planejando e executando as incontáveis tarefas do dia a dia, de forma madura e responsável. As pessoas passam horas em treinamento ou inseridas em programas de desenvolvimento, sem, às vezes, verem muito sentido em algumas ações propostas. Todo investimento em ações internas de educação corporativa é bem-vindo, desde que o objetivo esteja muito claro. Analisando com a lente da andragogia, “gente grande”

Conto de fadas Uma possibilidade de uso em T&DPor Maria Elisa Moreira, professora e coordenadora de programas do projeto Pense Melhor da FAAP.

“ A psicanálise sente-se à vontade no terreno das narrativas, afi nal, trocando em miúdos, a vida é uma história, e o que contamos dela é sempre algum tipo de fi cção. A história de uma pessoa pode ser rica em aventuras, refl exões e frustrações, mas sempre será uma trama, da qual parcialmente escrevemos o roteiro. Fre-quentar as histórias imaginadas por outros, ajuda a pensar a nos-sa existência sob pontos de vistas diferentes.” diana e mário Corso

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é motivada a aprender algo se este novo aprendizado estiver em linha com a sua real necessidade de ampliar o seu conhecimento. Essa é uma premissa básica: o adulto tem disponibilidade interior de assimilar se o conteúdo tiver significado para ele e se a sua experiência de vida puder ser compartilhada nesse processo de aquisição do saber. O que norteia a formação de um adulto não são disciplinas e matérias distantes da realidade, mas sim as situações vividas e experimentadas. É aqui que a tecnologia pode multiplicar suas possibilidades de uso, servindo como instrumento para apoiar a comunicação das ações em que esse recurso precioso e delicado, que são os contos de fadas, possam ser utilizados. Ao olhar-mos para um conto temos em muitas ocasiões a sensação de estarmos lendo histórias muito próximas de nós, e essa proximidade ancestral traz à tona a nossa própria experiência, seja para aprimorar o autoconhecimento, seja para ilustrar e iluminar uma orientação prática que necessite de uma boa analogia e metáfora. O conto certo, usado para despertar as contribuições das pessoas adultas atuantes nas organizações, será uma ferramenta espetacular para ajudar no processo de aprendizagem. Existem estudos literários que nos auxi-liam a compreender a construção básica de um conto de fadas, lembrando que autores diferentes têm também diferentes maneiras de expor o seu ponto de vista. Uma forma clássica de estrutura narrativa divide um conto em seis etapas (Tabela 1) e é possível associar essas etapas a temas relevantes e que façam parte do contexto corporativo, desenvolvendo algumas habilidades necessárias das quais as organizações necessitem.

Com essa possibilidade, somos convidados a dar sentido às ações práticas, resgatando os contos de fadas para que possam dar corpo e vida aos projetos de Treinamento e Desenvolvimento (T&D), alinhados sempre às ações estratégicas da organização, fortalecendo assim os ob-jetivos de aprimoramento das pessoas que compõe as equipes de trabalho. Ao utilizar contos, podemos nos tor-nar facilitadores mais sensíveis e completos, oferecendo algumas chaves que abrirão as portas da autoconfiança, do pensamento crítico e da maestria.

Funções da estrutura da narrativa de um contochaves possíveis de serem

desenvolvidas nas organizações

crise - Em geral, um conto tem uma situação de desequilíbrio que mobiliza o herói e essa crise é transformada e em desafio.

conhecimento- Mobilizar as pessoas para novos saberes, que podem gerar saída da zona de conforto. Aprender mexe com as pessoas.

aspiração - O herói aceita o desafio tendo como referência uma aspiração a ser alcançada.

habilidades - Para aceitar os novos desafios muitas vezes é necessário aprender e compartilhar.

viagem - A premissa para realizar a tarefa é “sair de casa”, o herói do conto se põe numa viagem rumo ao desconhecido.

atitudes - “Sair de casa” é um movimento, é ação, é iniciativa. É a manifestação genuína da personalidade.

obstáculo - Nos contos, os desafios são quase insuperáveis e estão sempre em oposição aos movimentos do herói.

visão - Relacionada ao planejamento, a visão dá ao “herói corpo-rativo” os instrumentos para eliminar as dificuldades.

mediação- O herói em sua jornada, na maioria das vezes, poderá contar com uma ajuda extra para realizar seu intento.

Ética - A base sólida de todas as possíveis conexões pessoais que são feitas ao longo da vida é a ética. Sem ela, nada feito.

conquista - O herói vence a partir do momento que seu objetivo é atingido.

superação - Ao encontrar significados para suas ações, as pesso-as se superam.

maria elisa moreira, psicóloga e espe-cialista em Psicologia Organizacional.

Professora universitária e coordenadora dos programas Educação de Futuro e

Era uma Vez na Empresa do projeto Pense Melhor da FAAP.

Tabela 1

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4Pós-graduação // Projetos

Em 2008, foi lançado na FAAP o projeto Pense Melhor pela diretoria de Pós-Graduação da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP).O principal objetivo desse projeto é ir ao encontro de uma das tendências mundiais no âmbito do mercado de educação executiva, que envolve qualidade e rapidez na formação de competências e habilidades para profissio-nais, tanto iniciantes como experientes no mercado onde atuam. Sua forma flexível permite que novas tendências, novos assuntos e novas obras sejam apresentados de forma rápida e dinâmica, na mesma velocidade com que surgem no mercado.Por meio de vários produtos e serviços (ver Tabela 1), as empresas podem contar com um portfólio composto por conteúdos modernos e inovadores, devidamente chancelados por uma instituição de ensino renomada em todo País. Além da infraestrutura oferecida pela FAAP, o projeto conta com uma equipe de professores-consultores em várias áreas do conhecimento e um Núcleo de Eventos. Desde o lançamento do projeto, é possível relatar os seguintes resulta-dos obtidos por este Núcleo no ano de 2009:

° 32 worshops cujas apresentações

aconteceram nas unidades da FAAP de São Paulo (SP), São José dos Campos (SJC) e Ribeirão Preto (RP), que abrangeram cerca de 600 profissionais.

° Um curso de média duração para a formação de pro-fessores-consultores em Metodologia do Pensamento Produtivo, com a participação de 40 professores.

° Criação da disciplina Metodologia do Pensamento Pro-dutivo, ministrada na Faculdade de Administração da FAAP no 1º semestre do curso para mais de 500 alunos, desde sua implantação no segundo semestre de 2008.

° Três palestras para profissionais de várias áreas do conhecimento, com cerca de 400 participantes.

° Cursos in company para cerca de 60 profissionais, que auxiliaram a compor programas de formação interna.

Para 2010, pretende-se ampliar esses números. Verifique a grade (Tabela 2) com os workshops já confirmados (ou www.faap.br/pos).as competências das pessoas: po-tencializando seus talentos e a sua realização pessoal e profissional - Ministrado pelo prof. Claudio Queiroz, este curso se propõe a apresentar e discutir as competências exigidas pelo mercado de trabalho, apoiado em exercícios e cenas de filmes, possibilitando que cada participante

Pense melhorPor prof. Victor Mirshawka Junior, diretor da FAAP Pós-Graduação e Celi Langhi, profa. dos cursos de pós-graduação e MBA da FAAP. Ambos são professores e consultores do projeto pense melhor.

Prof. Claudio Queiroz.

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trace seu plano de desenvolvi-mento, favorecendo o alcance dos objetivos pessoais e orga-nizacionais.inteligência emocional para o gerenciamento de proje-tos: liderança e habilida-des pessoais para atingir resultados extraordinários - Ministrado pelo prof. Mar-cos Alberto de Oliveira, este curso se propõe a demonstrar como o uso da inteligência emocional contribui para que o gerente de projetos use ade-quadamente suas habilidades interpessoais para obter mais dos membros de sua equipe e,

assim, atingir os resultados desejados em seus projetos. em Busca da excelência - mude seu comportamento e pratique: seja você um empreendedor dos conceitos da qualidade em sua empresa e em sua vida - Apre-sentado pelo prof. Marcos Alberto de Oliveira, este curso se propõe a demonstrar como o uso dos sistemas de gestão, alinhados com o compromisso e o envolvimento dos gestores, poderá contribuir para que os resultados sejam atingidos.

gestão Baseada em valores - por que o como fazer algo significa tudo nos negócios e na vida? - Lecionado pelos professores Getulio de Souza Nunes e Fábio Soares, este curso se propõe a demonstrar como precisamos pensar e agir para vencer nesta época de globalização, conecti-vidade e transparência, onde entender o poder do como fazer é fundamental tanto para as organizações como para as pessoas que nelas trabalham e desejam sobreviver.

produtos e serviços

carga horÁria características

Palestras 2 h • Sensibilização sobre o assunto a ser abordado.• Divulgação de informações e ideias.• Processos de motivação.• Interação por meio de perguntas e respostas.

Workshops 4 h • Exposição de conteúdos e sua respectiva prática.• Envolver a fazer algo relacionado ao assunto abordado.• Interação por meio da construção de algo ou realização de atividades.

Cursos de curta duração

De 8 ha 24 h

• Introdução do conteúdo.• Atividades interativas.

Cursos de média duração

De 25 h a 80 h

• Introdução do conteúdo.• Diversas atividades. • Aplicação de conteúdos e metodologias de forma aprofundada com a transferência de

conhecimentos para uma possível aplicação a um público específico (por exemplo, os aprendizes).

Curso de especialização

De 120 h a 360 h

• Conteúdos dos cursos de curta e média duração.• Conteúdos específicos apresentados por profissionais de várias áreas do conhecimento.• Métodos e técnicas para o ensino da metodologia específica dessa área de conhecimento.

Consultoria Tempo variável conforme a necessidade

• Análise da problemática que será desenvolvida.• Cursos para o nivelamento do conhecimento e técnicas que serão aplicadas.• Desenvolvimento de práticas específicas conforme a necessidade do cliente.• Avaliação dessas ações.• Orientações que se fizerem necessárias.

Tabela 1 - Produtos e serviços do projeto Pense Melhor.

Prof. Marcos Alberto de Oliveira.

Professores Getulio de Souza Nunes e Fábio Soares.

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6Pós-graduação

campus sp campus sJc campus rp

26 de março | sexta-Feira8h às 12h - Atitude Yes!14h às 18h - Pense Melhor

16 de março | terça-Feira8h às 12h - Em Busca da Excelência14h às 18h - Inteligência Emocional para o

Gerenciamento de Projetos

16 de aBril | sexta-Feira8h às 12h - Atitude Yes!14h às 18h - Pense Melhor

13 de aBril | terça-Feira8h às 12h - Empreendedorismo Feminino14h às 18h - Marcas Pessoais

9 de aBril | sexta-Feira8h às 12h - Atitude Yes!14h às 18h - Pense Melhor

28 de aBril | quarta-Feira8h às 12h - Empreendedorismo Feminino14h às 18h - Marcas Pessoais

27 de aBril | terça-Feira8h às 12h - As Competências das Pessoas14h às 18h - Como Usar Contos e Fábulas em T&D?

19 de aBril | segunda-Feira8h às 12h - Empreendedorismo Feminino14h às 18h - Marcas Pessoais

10 de maio | segunda-Feira8h às 12h - As Competências das Pessoas14h às 18h - Como Usar Contos e Fábulas em T&D?

10 de maio | segunda-Feira8h às 12h - Vendas e Negociação

6 de maio | quinta-Feira8h às 12h - As Competências

das Pessoas14h às 18h - Como Usar Contos e Fábulas em T&D?

24 de maio | segunda-Feira8h às 12h - Vendas e Negociação

26 de maio | quarta-Feira8h às 12h - Desenvolvimento

Estratégico de Pessoas14h às 18h - Gestão Baseada em Valores

17 de maio | segunda-Feira8h às 12h - Vendas e Negociação

16 de Junho | quarta-Feira8h às 12h - Desenvolvimento

Estratégico de Pessoas14h às 18h - Gestão Baseada em Valores

18 de Junho | sexta-Feira8h às 12h - Grandes Decisões Sobre Pessoas14h às 18h - O Futuro da

Administração

09 de Junho | quarta-Feira8h às 12h - Desenvolvimento

Estratégico de Pessoas14h às 18h - Gestão Baseada em Valores

30 de Julho | sexta-Feira8h às 12h - Grandes Decisões Sobre Pessoas14h às 18h - O Futuro da Administração

29 de Junho | terça-Feira8h às 12h - Inteligência Emocional para o

Gerenciamento de Projetos14h às 18h - Em Busca da Excelência

23 de Julho | sexta-Feira8h às 12h - Grandes Decisões Sobre Pessoas14h às 18h - O Futuro da Administração

Tabela 2 - Grade de workshops do projeto Pense Melhor para 2010.

Além da infraestrutura oferecida pela FAAP, o projeto conta com uma equipe de professores-consultores em várias áreas do conhecimento e um Núcleo de eventos

Professoras Claudia Serrano e Isabela Mioto.

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grandes decisões sobre pessoas: como descobrir e colocar a pes-soa competente à função correta - Desenvolvido pela professoras Isa-bela Mioto e Cláudia Serrano, este curso se propõe a analisar questões práticas que podem auxiliar as pes-soas a melhorar o seu desempenho profissional e a entender que todo administrador, independente da área de atuação, também é um gestor de pessoas e deve tomar grandes deci-sões sobre elas.pense melhor: como pensar mais eficazmente e mais produtivamente eliminando as barreiras do pensa-mento - Apresentado pela profa. Celi Langhi, este curso se propõe a esclare-cer as diversas maneiras de incorporar e aplicar as etapas do pensamento produtivo nas organizações, em conformidade com a di-versidade cultural, globalização e processos de mudança.

atitude Yes! – o poder de assumir que tudo o que você diz e faz começa com um “sim”,

mesmo quando for um “não” - Yes! Esta resposta é a única possível

para as empresas que desejam caminhar na direção da exce-lência em serviços. Ministrado pelo prof. Humberto Emilio Mas-sareto, este curso se propõe a exercitar as diversas formas de encontrar, construir e manter uma atitude verdadeiramen-te positiva e proativa nas

dimensões pessoal e profissional, para uma vida de sucesso.

como usar contos e Fábulas em t&d: capacitação através do conhe-cimento e interpretação de fábulas, contos e histórias - Lecionado por Maria

Elisa Moreira, este curso aborda de maneira divertida e lúdica, como a interpretação de algumas

fábulas e contos de Hans Christian Andersen podem provocar reflexões quanto à construção da autoimagem e autoconfiança, da liderança, do talento, da autenticidade, da moti-vação etc., fornecendo às pessoas mensagens poderosas para seu desenvolvimento. empreender é a solução: como transformar seus colaboradores em empreendedores de oportu-nidades e inovações – Desenvol-vido pelo prof. Victor Mirshawka, diretor-cultural da FAAP, este curso abordará diferentes formas de promover o espírito empreendedor nas organizações, por meio de uma gestão criativa e inovadora, segundo os princípios da arte de empreender (a partir de junho de 2010).

a qualidade da criatividade: o crescimento pessoal e profissional sempre esteve ligado ao desenvolvimen-to da capacidade criativa e inovadora - Apresentado pelo professor Victor Mirshawka, diretor-cultural da FAAP, este curso se propõe a abordar diversas formas de pra-ticar o pensamento criativo (a partir de junho de 2010).q u a l i d a d e c o m humor: vantagens competitivas do hu-mor nos negócios e na vida - Ministrado pelo professor Victor Mirshawka, diretor-cultural da FAAP, este curso pretende analisar diversos as-suntos e temas rela-cionados ao êxito de uma empresa e ao sucesso de um profis-sional, encarando-os de maneira alegre e divertida, criando um ambiente de descon-tração, propício ao aprendizado e assimilação de novas ideias e conceitos (a partir de junho de 2010).marcas pessoais: a marca chamada você, uma ferra-menta poderosa para a construção de carreira sólida e de sucesso - Ministrado pelo prof. Richard Vinic, este curso visa mostrar a importância de se dedicar à criação de sua marca, entendendo as etapas que levam a estru-turação e manutenção deste diferencial.o Futuro da administração: a inovação da gestão frente aos desafios do presente - Desenvolvido pelo

Prof. Humberto Massareto.

Prof. Richard Vinic.

Prof. Victor Mirshawka.

Profa. Maria Elisa Moreira.

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prof. Volney Faustini, este curso apresenta uma visão abrangente das múltiplas oportunidades que uma empresa tem para se transformar, a partir de uma atuação focada e re-signada de sua liderança, abraçando novos princípios administrativos. vendas e negociação: como de-senvolver e aperfeiçoar sua habi-lidade de gerar excelentes resulta-dos? - Apresentado pelo prof. Silvio Acherboim, este curso objetiva indi-car os caminhos para a descoberta e o desenvolvimento de suas aptidões em relação à arte de vender e como utilizá-las durante as fases de uma negociação. empreendedorismo Feminino: como obter sucesso nos negócios? - Ministrado por Fádua Sleiman, este curso tem por objetivo provocar o espírito empreendedor das participantes e apresentar as diversas possibilidades

de se destacar no mundo competitivo dos negócios.desenvolvimento es-tratégico de pessoas: como garantir que o ativo mais importante da empresa seja real-mente desenvolvido e valorizado? como ali-nhar essas necessida-des com a estratégia de negócios? - Ministrado pelos professores Victor Mirshawka Junior, diretor da FAAP Pós-Graduação, e Silvio Acherboim, este curso visa estabelecer um ambiente propício para a

reflexão sobre estas importantes questões, apresentar alguns argumentos que sirvam de subsídio a essa reflexão e como promover uma séria de atividades participativas

e criativas com o propósito de revelar algumas das possíveis respostas e como aplicá-las em nível pessoal e no ambiente corporativo.Como se pode notar, o projeto Pense Melhor procura atender a uma reali-dade na qual é essencial a rapidez da atualização das informações. Os conteúdos são dinâmicos, modernos e adaptáveis a situações que requerem, acima de tudo e do próprio conheci-mento, o ato de pensar. Para isso, os participantes dos cursos e workshops, receberão como material didático o li-vro que deu origem ao tema abordado.Para que seja possível visualizar a

abrangência e importância desse projeto, no artigo a seguir o leitor terá uma ideia de como esse conteúdo é aplicado na disciplina Metodologia do Pensamento Pro-dutivo (MPP), no curso de graduação da Faculdade de Administração da FAAP. Na sequência, também poderá ler uma entrevista com Tim Hurson, autor do livro Pense Melhor, que é utilizado como bibliografia básica nessa disciplina.acesse o site do projeto pense melhor e saiba mais detalhes: http://pos.faap.br/pensemelhor.

O projeto Pense Melhor procura atender a uma realidade na qual é essencial a rapidez da atualização das informações

Pós-graduação // eveNtos

Prof. Volney Faustini.

Profa. Fádua Sleiman.

Prof. Silvio Acherboim.

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0PeNsameNto Produtivo

Metodologia do Pensamento

ProdutivoPelos professores dra. Celi Langhi, Débora Dayeh Heide Tilly e Msc. José

Francisco Greco Martins, da Faculdade de Administração da FAAP.

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Os desafios que os futuros administradores enfrentarão na resolução dos problemas que estão surgindo no sé-culo XXI requerem a formação de habilidades e compe-tências específicas. Mais do que conhecer a tecnologia já existente para a manutenção de produtos e serviços, deverão atender às novas necessidades de um público globalizado, cada vez mais exigente.Esses futuros profissionais deverão ter habilidades e competências relativas à relacionamentos interpesso-ais, inovação, superação de problemas corporativos e pessoais, liderança, pensamento criativo e pensamento crítico, dentre outras.Por isso, em 2008, tendo por base o projeto Pense Me-lhor, desenvolvido pela diretoria de Pós-Graduação da FAAP, a Faculdade de Administração, ao implantar uma nova grade curricular em seu curso, criou a disciplina metodologia do pensamento produtivo. Ela é oferecida no primeiro semestre do curso, com uma carga horária de quatro horas-aula semanais, durante 20 semanas.O conteúdo desenvolvido na disciplina tem por base o livro de Tim Hurson – Pense Melhor, da editora DVS. Mas, dadas as características próprias dos alunos que iniciam um curso de ensino superior, a esse conteúdo foram acrescidos uma série de atividades e leituras das principais revistas na área de Administração, vídeos e jogos interativos. Para isso foi desenvolvido um Caderno de Exercícios da disciplina, por meio do qual os alunos anotam e analisam como suas ideias mudam no decorrer do semestre.Nas aulas são trabalhados diver-sos assuntos, entre os quais: 1º) introdução ao pensamento produtivo.Na primeira etapa, as aulas co-meçam com uma breve análise sobre o hábito geral de olhar para o aparelho celular. Os alunos são convidados a guardar seus aparelhos de telefone celular e, por três minutos, desenhá-los. Posteriormente compa-ram o desenho com o aparelho e percebem a dificuldade que têm em observar os detalhes, até mesmo de um dos objetos para o qual mais olham e que carregam para to-dos os lugares. A síntese dessa atividade é demonstrar como precisamos observar e pensar melhor sobre o que fazemos em nosso dia a dia.Em outras aulas, os alunos são apresentados às lagar-tas processionárias, que sempre seguem aquelas que tomam a iniciativa de buscar comida, e que não buscam alternativas para esse fato. Nesse momento, os alunos reunidos em grupos levantam o maior número de ações que já praticaram ou praticam agindo como se fossem la-gartas processionárias. É interessante observar a reação de todos ao perceberem que muitas vezes, até mesmo em baladas, agem como se fossem lagartas processioná-rias. Esse momento é propício para iniciarmos o assunto analogias inesperadas.

Ao estudarem casos como o de Arquimedes que empre-gou o conceito de deslocamento para averiguar a pureza do ouro na coroa do rei Hierão; a criação da primeira televisão em funcionamento por Philo T. Farnsworth; ou a criação da Nike por Bill Bowerman, ao observar a forma de waffle de sua esposa, os alunos percebem a impor-tância de se visualizar o futuro para então criá-lo. Em outras palavras, aprendem que o cerne do pensamento produtivo são as analogias inesperadas, momento em que muitas vezes descobrimos soluções criativas para problemas eminentes e que, por isso, temos até vontade de gritar: arrá!!!Estimulados por essa descoberta, os alunos debatem como grandes empresários como Herb Kelleher (na Southwest Airlines), Fred Smith (na FedEx), ou Jack Welch (na General Electric) encontraram as melhores soluções para os problemas das empresas que dirigiam. O objetivo das aulas, nesse momento, é demonstrar a importância da aplicação das analogias inesperadas nas empresas em geral.Outro conteúdo que estimula muito os alunos são as barreiras (ou obstáculos) de pensamento desenvolvidas no decorrer da vida. São utilizadas aqui as terminologias propostas por Tim Hurson, ou seja, a “mente de maca-co”, para indicar a dispersão e a distração; o “cérebro reptiliano” para a reação instintiva e o “elefante agrilho-ado” para demonstrar como essas barreiras podem nos

atrapalhar no desenvolvimento de ideias novas e criativas. Para isso, os alunos indicam situações em que agiram conforme alguns dos três tipos de barreiras propostas. Geralmente citam como se comportam diante de alguma solicitação dos pais e como agem durante os estudos. Posteriormente, estudam quais são as principais ca-racterísticas de alguns líderes que admiram e se nelas estão presentes algumas das barreiras de pensamento estudadas.2º) pensando produtivamente para a resolução de problemas.Seguros de que os alunos começam a estabelecer as principais relações pertinentes à aplicação prá-tica do conteúdo do pensamento produtivo em sua vida como futuros administradores, o curso passa a desenvolver um conjunto de conceitos estruturais e estimulantes à superação do pensamento repro-dutivo. Desenvolve-se, portanto, os conceitos de kaizen e tenkaizen:

Quando os alunos se familiarizam com o pensamento produtivo, começam a avaliar a importância da resolução de problemas corporativos

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2PeNsameNto Produtivo

Kaizen – Seguem-se padrões comprovados e bem estabe-lecidos e, ao mesmo tempo, procura-se alternativas para aprimorá-los. Aqui são propostas discussões: “Por que os números nas teclas das calculadoras são dispostos de forma diferente dos aparelhos de telefone celular?”; “Por que as tomadas fi cam embaixo dos computadores e não na frente para facilitar sua conexão?” Uma das principais atividades para promover a aprendizagem desse conteúdo é a observação de várias telas do pintor canadense Rob Gonsalves.tenkaizen – Aqui busca-se refl etir sobre a revolução ou mudança radical, benéfi ca ou produtiva. São estudados casos de empresas como a locadora de vídeos Netfl ix e as habilidades de pensamento criativo e crítico. A partir desses conceitos, há um debate a respeito de ações corporativas, no momento em que ocorrem pensamentos que pretendem, ao mesmo tempo, superar padrões e ousar na criação do novo, inesperado e surpreendente, isto é: tenkaizen.Após serem estudados de forma isolada, esses dois con-ceitos são contrapostos para que os alunos percebam quando devem atuar com o kaizen ou o tenkaizen.Quando os alunos já estão familiarizados com o pensa-mento produtivo, começam a avaliar a importância da resolução de problemas corporativos. São estudados casos de empresas como a General Motors e a Choco-

lates Pan, dentre outros. Aqui, chama-se a atenção dos alunos para a importância da ambiguidade na resolução de problemas. E claramente observamos o quanto os estudantes se sentem incomodados ao perceberem que em muitas ocasiões há mais de uma resposta correta para a resolução de algo. Alguns exercícios interativos colaboram nesse processo.Apresenta-se também, nesse momento, a importância do brainstorming e suas três fases: primeiro terço – reprodução das ideias já conhecidas; segundo ter-ço – início dos lampejos criativos; e o terceiro terço – surgem as ideias realmente criativas. Aí os alunos são estimulados à criação de soluções para o futuro de alguns produtos, como por exemplo, o dos automóveis em períodos de 15 e de 50 anos, bem como a desen-volverem um produto inovador que revolucionará a vida das pessoas. As soluções apresentadas são as mais diversas e muitas poderão ser viáveis num curto período de tempo. A respeito destes produtos, vale destacar o papel das alunas ao pensarem em produtos mágicos que combatam a obesidade e proporcionem os melhores arranjos para seus cabelos. 3º) estrutura do pensamento produtivo.Quando trabalhamos com essa terceira parte do conteú-do, o aluno já está sensibilizado sobre a importância de se pensar com mais qualidade. É nesse momento que apresentamos a Metodologia do Pensamento Produtivo, representada pela Figura 1, a qual aborda os assuntos estudados anteriormente e as seis etapas do pensamento produtivo.Por meio da Figura 1, o aluno percebe que para desen-volver a inovação, diferenciais competitivos e se destacar no mercado, ele precisará ter visão de futuro e desen-volver analogias inesperadas. Contudo, para que essas analogias sejam desenvolvidas, deverá se libertar das

estrutura do pensamento produtivo

Visão de Futuro

Analogia Inesperada

Superar Barreiras

Estimular Pensamento CriativoRever Pensamento Reprodutivo Exercer Pensamento Crítico

Método

° O que está havendo?° O que é sucesso?° Qual é a pergunta?° Gerar respostas.° Forjar solução.° Alinhar recursos.

Figura 1 - Estrutura do pensamento produtivo.

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barreiras que facilitam apenas o pensamento reprodutivo para, posteriormente, estimular o pensamento criativo e exercer o pensamento crítico. Como não é fácil seguir essa sequência de pensamentos produtivos de forma espontânea, surgem então as seis etapas do método do pensamento produtivo.Essas seis etapas, como mostra a Figura 1, são apresen-tadas de forma individual para, posteriormente, serem trabalhadas de forma sequencial. Os alunos desenvolvem soluções para situações como: “Como livrar-se do mo-lho de macarrão que caiu numa blusa branca antes de uma reunião de negócios” ou de um “Um avião de uma determinada empresa que precisa ser remodelado para oferecer mais lucros”. Também são utilizados casos de problemas em empresas reais para as quais deverão buscar soluções. É importante observar que para cada uma dessas etapas há ferramentas que facilitam o seu desenvolvimento. Veja exemplos na Tabela 1 a seguir.Após avaliar uma série de decisões para auxiliar na resolu-ção de problemas corporativos, os alunos são convidados a planejar seus próximos anos de estudos no curso de Administração. 4º) pensamento produtivo revisitado.Nas etapas finais do conteúdo, os alunos fazem uma revi-são das etapas da Metodologia do Pensamento Produtivo, avaliando os prós e contras de sua aplicação.Posteriormente, utilizando as seis etapas do método, elaboram um planejamento sobre o que pretendem para seu desenvolvimento profissional. O programa da disciplina é concluído com uma autoa-valiação sobre o desempenho que tiveram na disciplina.

algumas considerações.Em 2010, iniciamos o quarto semestre da aplicação dessa disciplina no curso de Administração da FAAP. É interessante notar que os principais resultados que nós, professores, podemos observar, não estão somente nas salas de aula, durante as aulas ou durante o semestre no qual a disciplina foi ministrada. Esses resultados se apresentam nos depoimentos que recebemos desses alunos quando estão nos outros semestres do curso como, por exemplo: a maneira pela qual deixaram de ser “lagartas processionárias” ou como venceram sua “mente de macaco”, seu “cérebro reptiliano” ou seu “elefante agrilhoado”. Falam também sobre a resolução de conflitos domésticos, como aprenderam a estudar para uma determinada matéria na qual não tinham boas notas ou, ainda, como aplicaram esses conhecimentos durante estágios, trabalhos e em suas vidas. Um caso que ilustra bem a aplicação do pensamento produtivo é o de uma aluna jovém, já casada, que relatou ao final do semestre das aulas, como utilizava a meto-dologia no seu cotidiano, aplicando-o tanto no âmbito profissional quanto no pessoal. Na esfera pessoal disse que desde a primeira aula começou a tentar aguçar sua percepção com as pequenas coisas de seu cotidiano e com suas relações interpessoais, principalmente em sua casa com seus pais, irmãos e amigos. Ao tentar “ver mais nitidamente”, começou a pensar melhor em suas reações instintivas, e a entender também como seriam as percepções deles com relação a diversas situações. A partir deste exercício diário, a aluna contou que seus relacionamentos melhoraram muito, pois ela havia con-seguido ultrapassar a barreira de seu cérebro reptiliano

etapas do pensamento produtivo

características Ferramentas

etapa 1 O que está havendo?

Nessa etapa obtemos uma visão abrangente do problema e a enunciação ou declaração de um futuro almejado convincente. KnoWonder |I3

etapa 2 O que é sucesso?

Nessa etapa se tem um conjunto bem-definido de critérios de sucesso e uma visão de futuro suficientemente convincente que nos impele a manter o desejo de progredir e ter êxito.

Drive

etapa 3 Qual é a pergunta?

Aqui se estreita o foco e escolhe uma ou mais questões para serem utilizadas como perguntas catalisadoras.

VIPPerguntas catalisadoras

etapa 4 Gerar respostas.

O resultado desta etapa é um pequeno conjunto que engloba as ideias mais promissoras e interessantes, as quais, uma vez totalmente desenvolvidas, podem mostrar caminhos convenien-tes para resolver o problema em questão e alcançar o futuro almejado.

C5

etapa 5 Forjar a solução.

Transformação de ideias embriônicas mais promissoras em solu-ções sólidas e resistentes.

Matriz de decisão

Power

etapa 6 Alinhar recursos.

O resultado dessa etapa é um plano de ação realista que conta com pessoas comprometidas e responsáveis por concretizar cada fase e cujo objetivo é implementar a solução, resolver o problema original e alcançar o futuro almejado.

BrainslippingApoiadores e opositoresA grande muralha do tempoEffect

Tabela 1 - As seis etapas do pensamento produtivo.

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e já não tinha automaticamente reações instintivas desnecessá-rias, vendo que podia dar outros desfechos a situações rotineiras desgastantes. No âmbito profis-sional o resultado também foi muito positivo. Sua equipe de trabalho notou uma postura inovadora, pois a mesma começou a apresentar uma série de resoluções aos pro-blemas corporativos de forma mais criativa. Esta postura positiva e inovadora foi bastante indagada, a ponto de a aluna contar que estava aprendendo a pensar melhor nas aulas da faculdade. A partir daí, a própria equipe pediu para que todo o dia posterior à aula ministrada na faculdade houvesse uma pequena reunião para que a aluna relatasse o que foi discutido e apresentado em sala de aula, com a finalidade de toda a equipe ter a

possibilidade de absorver um pouco desta metodologia. Este relato ilustra bem o os objetivos almejados desta disciplina, que ultrapassam a vida apenas acadêmica.É importante destacar também o fato de os alunos da primeira turma estarem ingressando no mercado de tra-balho, nos dando feedbacks de como a disciplina foi útil no processo de seleção, principalmente nas etapas em que foram aplicadas as dinâmicas de grupo. As diferenças apresentadas pelos alunos em relação ao pensamento produtivo já está trazendo sinais de sucesso.

Os professores José Francisco Greco Martins, Débora Dayeh Heidi Tilly e Celi Langhi, que implementaram na Faculdade de Administração da FAAP o Método do Pensamento Produtivo.

Alunos do 1º semestre do curso e Administração da FAAP, junto com a profa. Celi Langhi.

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“Quando a NASA (National Aeronautics and Space Admi-nistration) começou a mandar pessoas ao espaço, entre suas inúmeras descobertas, ela se deu conta de que as canetas dos astronautas não funcionavam bem por causa da ausência de gravidade. A tinta não fluía apropriada-mente. Para solucionar esse problema, a NASA gastou milhões de dólares em pesquisas para desenvolver o que passou a ser chamado de space pen, ou caneta pressu-rizada, que funcionou perfeitamente bem.No entanto, os soviéticos também conseguiram solu-cionar esse mesmo problema, mas de uma maneira bem mais barata e eficaz: eles forneciam lápis aos astronautas!”Essa breve história – real e de certa forma engraçada – nos traz o seguinte pensamento: como podemos en-carar os fatos de uma maneira diferente?Tal discussão é colocada no livro Pense Melhor de Tim Hurson, sócio-criador da empresa de formação de capital intelectual thinkX, que oferece treinamento, assistência e consultoria a empresas internacionais sobre pensamento produtivo e inovação. Segundo o autor, a padronização é algo prejudicial, pois nos leva a presumir coisas que na verdade não existem em um dado lugar ou situação. Em entrevista para a revista Qualimetria, Tim Hurson mostra como o pensamento produtivo (pp) é o método para superar a padronização de métodos e processos ainda vigentes no contexto atual, de forma a encontrarmos a superação de problemas dentro das empresas e em nossa vida pessoal.Qualimetria: qual o significado de pp nesses tempos de incerteza?tim hurson - Nos dias de hoje, as empresas têm pela

superando padrões!Entrevista com Tim Hurson, autor do livro Pense Melhor

frente um futuro incerto, cheio de decisões difíceis de serem tomadas. Seja no setor privado, no governamental, em meio às empresas sem fins lucrativos ou até mesmo dentro de sua própria casa, você tem que enfrentar a escassez de recursos. Porém, suas necessidades não diminuem. Ou seja, precisamos fazer mais com menos. Mas como? Uma maneira é através do PP. e o que é isso? O PP é uma abordagem que nos disciplina para encontrar-mos mais e melhores ideias em diversas circunstâncias. Através do PP, podemos resolver problemas de maneira

O excelente livro de Tim Hurson.

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criativa e novas oportunidades podem ser encontradas e estudadas. Claramente, todos nós precisamos disso. Empresas e governo precisam achar maneiras de se tornarem mais produtivos – fazer mais com menos. Esse não é um problema comum e muito menos de curto pra-zo. As empresas que conseguirem isso irão sobreviver e prosperar. As outras, quem sabe?O PP também é essencial à inovação. Inovação é impos-sível sem ideias. Ideias conduzem a inovação, pois são imprescindíveis à mesma. Em contrapar-tida, o PP conduz as ideias. Aqueles que desenvolvem essa habilidade produzem mais e melhores ideias, mais frequente-mente. De certa forma, essa matemática é simples. Quanto mais ideias um indiví-duo ou uma organização produzir, maio-res as chances de surgirem boas ideias desse montante. Isto é muito similar ao trabalho de um fotógrafo. Grandes fotó-grafos não tiram apenas uma fotografia para produzir uma obra de arte. Eles tiram centenas, até milhares de fotografias para produzir apenas uma boa imagem. Precisamos entender que o processo é o mesmo para se chegar a uma boa ideia. Como disse certa vez o vencedor do prêmio Nobel da Paz, Linus Pauling: “a melhor maneira de se ter boas ideias é ter muitas ideias e assim manter as boas.”Por último, PP é verdadeiramente o pensamento do sécu-lo XXI. Vivemos hoje um período de bagunça econômica. Ninguém mais duvida disso. Estamos nessa bagunça

por causa do pensamento do século XX. Por muitos anos, estivemos focados nos objetivos de curto prazo e negligenciamos o longo prazo. Por um longo tempo, estivemos satisfeitos com as melhorias incrementais ao invés das mudanças revolucionárias. É como a máquina de escrever. Podemos melhorá-la até certo ponto. Depois de certo tempo, cada melhoria aplicada se torna cada vez menor. Algum dia iremos perceber que para mudar de verdade teremos que jogar a máquina fora. e foi exata-

mente isso o que ocorreu! Não importa a quantidade de melhorias incrementais, a máquina de escrever nunca se transformará num computador. Somente o verdadeiro pensamento revolucionário pode conseguir isso. Assim como em nossa atual crise econômica. Como disse Albert Einstein: “Não se pode resolver um problema através da mesma mentalidade que o criou.” Nos não iremos resolver os problemas do século XXI com o pensamento do século XX. Precisamos de um novo paradigma. E eu acredito que esse paradigma seja o PP.

As empresas que conseguirem aplicar o pensamento produtivo (PP) irão sobreviver e prosperar. As outras, quem sabe?

QualiMetria - no mundo comercial, muitas marcas estão sofrendo e a credibilidade delas vem se de-teriorando. ainda existe espaço para as marcas e para a identidade organizacional no seu sentido convencional?tim hurson - Essa é uma boa pergunta. Na minha visão, são as companhias que criam as marcas, mas uma vez que estas entram no mercado, são os consumidores e o público no geral que assumem a sua criação. Os consu-midores estão recriando marcas o tempo todo. Eles dão sentido às marcas pela maneira como reagem a elas. A Nike serve como um bom exemplo. É claro que o pessoal da Nike criou a marca original, mas, de certa forma, a marca é hoje de propriedade pública. Ela significa hoje muito mais do que seus criadores imaginaram. Gandhi certa vez disse o seguinte sobre sua relação com as pessoas: “Lá vão eles. Preciso me apressar. Eu sou seu líder.” De certa forma, isso é verdade para as marcas também. Os donos das marcas devem se apressar em seguir seus consumidores se desejarem permanecer como seus líderes. Isso, em contrapartida, exige a mais elevada forma de pensamento analítico e criativo. E é exatamente nessa combinação de pensamento criativo e crítico, nesse exato equilíbrio, que reside a essência

do Método de Pensamento Produtivo – no cuidadoso equilíbrio entre o melhor do pensamento crítico com o melhor do pensamento criativo. Isso nos permite compre-ender verdadeiramente o passado afim de que possamos inventar o futuro.

QualiMetria - como podemos criar marcas que con-sigam sobreviver a esses tempos de dificuldades econômicas?tim hurson - Não há dúvida de que isso é possível. Mas apenas se a marca existir para servir aos seus clientes. Há pouco eu falei sobre a diferença entre o pensamento do século XX para o do século XXI. Um dos erros mais graves do pensamento do século XX era o conceito de que as marcas existiam exclusivamente para beneficiar seus próprios donos. Isso, por sua vez, levou ao pensa-mento de curto prazo e à velha visão nos Estados Unidos da América (EUA) de que “o que é bom para a General Motors (GM), é bom para o país”. Hoje sabemos que isso não faz o menor sentido. É muito mais necessário dizer, por exemplo: “O que é bom para o país, pode ser bom para a GM (se eles servirem bem ao seu país!)”. Se isso é verdade, é lógico que os sábios donos de marcas irão constantemente procurar as melhores maneiras de

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servir os seus mercados. Para conseguir isso, eles preci-sam ser inovadores, procurar por cada oportunidade de aumentar o valor de seus produtos ou serviços. É nesse sentido que o PP pode ajudar. Ele ajuda a iluminar novas oportunidades e fornece um método disciplinado para analisá-las criativamente. No século XX, muitas empre-sas viveram sob o mito do valor do acionista. Os CEOs (chief executive officers ou executivos principais) viviam e morriam por esse mantra. Novamente, isso levou ao pensamento de curto prazo. Está muito claro hoje que para uma empresa ter sucesso, ela precisa compreender que sua obrigação primordial é produzir valor para todos a sua volta. Se uma empresa produzir valor para seus clintes, seus empregados, para as comunidades nas quais ela opera, os acionistas também serão beneficiados. Mas se uma empresa buscar produzir valor apenas para seus acionistas, ela es-tará atuando como as grandes mon-tadoras americanas e com o tempo passará a ser cada vez menos com-petitiva e valiosa. Portanto, a chave para o sucesso das marcas é produzir valor. A chave para produzir valor é a inovação. A chave da inovação por sua vez são as ideias. E a chave para as ideias é o PP. Essa é uma equação que todas as empresas precisam aprender.

QualiMetria - as pessoas podem usar o pp fora de suas vidas profissionais? tim hurson - Essa é uma questão muito importante. Uma das coisas que me dá maior prazer é quando ouço as pessoas me dizerem que, apesar de descobrirem que o PP é útil no ambiente profissional, elas se beneficiam ainda mais nas suas vidas familiares e pessoais. E é verdade. O PP é relativamente fácil de aprender e diretamente apli-cável em quase toda situação onde uma visão renovada seja necessária. Isso inclui a vida em família. Imagine ter a habilidade de identificar os problemas que um filho tem na escola e descobrir maneiras úteis de resolvê-los. Imagine ser capaz de viver com orçamentos apertados ou descobrir maneiras de encontrar novos recursos. Imagine

até ser capaz de resolver problemas domésticos entre alguns membros da família, proporcionando harmonia e o bem-estar. imagine apenas ser capaz de fazer as perguntas corretas! O PP aborda todas essas questões. Eu o uso todo dia na minha vida pessoal. Ele se tornou instintivo e tem feito uma diferença positiva.

QualiMetria - quais as características das empresas que “pensam melhor”?tim hurson - Essa questão implica em assumir que o PP não será absorvido por todas as empresas. E isso está correto. Como a semente de uma árvore frondosa, o PP necessita do solo apropriado, dos nutrientes adequados

e das condições ideais para desen-volver todo seu potencial. Essas são as características que eu descobri serem necessárias:Primeiro e mais importante, tudo deve começar no topo da hierar-quia. O PP não pode se sustentar em uma empresa se o chefe não encoraja, apoia e até exige que ele seja praticado. Um motivo para isso

é que o PP é altamente desafiador. Ele constantemente desafia velhas maneiras de agir e pensar. Como resultado, se o PP não é uma expectativa dentro da empresa, ele é necessariamente uma ameaça. Ninguém estará disposto a exercitar essa habilidade caso pense que poderá perder o emprego ao questionar velhas maneiras de se fazer algo. Sendo assim, o chefe deve deixar extremamente claro que o PP é esperado, que está profundamente enraizado na cultura da empresa. Um dos maiores pro-blemas nas mudanças organizacionais de qualquer tipo é que elas geralmente duram muito pouco até as coisas voltarem a ser como eram antes. Todos nós já vivemos isso. Eu chamo esse efeito de “a força gravitacional do passado”. A gente tenta mudar. A gravidade nos puxa de volta. A gente tenta de novo e a gravidade nos puxa de volta. Umas das melhores maneiras de evitar os efeitos da força gravitacional do passado é a aprovação da lide-rança. Quando o PP se torna “a maneira como fazemos as coisas por aqui”, aí sim ele pode ter sucesso!

Os consumidores estão recriando marcas o tempo

todo

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Segundo, a fim de estabelecer o PP, precisamos procurar pequenas e rápidas vitórias. Isso significa que a empresa precisa assumir riscos. Mas eu recomendo que esses riscos sejam pequenos no começo. Talvez até mesmo tarefas simples como identificar uma melhor maneira de organizar seu ambiente de trabalho. Assim que as pesso-as perceberem o quanto o PP as ajudou nesses pequenos avanços, elas se tornarão mais suscetíveis a tentar com desafios mais significativos. Essas pequenas vitórias são importantes. Elas reforçam o valor do processo. O suces-so cresce com sucesso até que se atinja a excelência. É como tocar um instrumento musical. No começo o som é terrível, mas quando atingimos o sucesso numa pequena parte, mesmo que seja quando estamos treinando uma pequena escala, aí podemos seguir adiante.Terceiro, o vocabulário. Na versão em inglês de Pense Melhor, muita atenção foi dada ao vocabulário utilizado para descrever o processo. Eu sei que Park Jae Chan, res-ponsável pela tradução da versão coreana, gastou várias horas tentando encontrar as palavras perfeitas em corea-no para refletir com precisão as expressões originais. por que isso é importante? Porque as mudanças culturais são uma função da linguagem. Nós aprendemos a pensar de uma determinada forma porque falamos dessa maneira. A linguagem pode nos aprisionar ou nos libertar. Por exemplo, no PP nós nunca falamos sobre “afirmações de problema”. Afirmações de problemas são inertes. Elas apenas descrevem uma situação ou condição. Por exemplo, “nosso orçamento é muito pequeno” é uma afirmação sem sen-tido. Não nos diz nada sobre o que devemos fazer. No PP nos diríamos “como podemos aumentar nosso orçamento?”. Nós chamamos isso de pergunta catalisadora. Somos imediatamente intimados a responder essa questão. Ela abre possibilidades ao invés de fechá-las. Existem muitos termos específicos do PP que servem tanto para reforçar sua filosofia quanto para inseri-lo na cultura organizacional de uma empresa. Portanto, quanto mais usarmos esses termos, mais eles farão parte da cultura da empresa e mais sustentável se tornará o processo. Uma das coisas que me satisfaz é quando ouço meus clientes dizendo coisas como: “Nós estávamos discutindo nossas falhas hoje” ou “nós tra-balhamos em forçar uma solução” ou “nós estávamos reavaliando nossos objetivos”. Quando ouço pessoas usando frases como essas, tenho a certeza de que o PP passou a fazer parte da sua cultura.Em quarto lugar está o treinamento. Não há substituto para isso. Nós devemos sempre procurar oportunidades de treinar novas habilidades em qualquer atividade. Isso também serve para o PP. Por isso que a aprovação da liderança, mais as pequenas vitórias, mais o vocabulário

são tão importantes. Porque todos esses itens juntos criam o ambiente necessário para a prática do PP. Quanto mais praticarmos, melhor ficaremos e mais instintivo o processo se tornará. Um dos maiores problemas dos pro-gramas de treinamento empresarial é que nos treinamos as pessoas, aí as mandamos de volta ao seu ambiente de trabalho onde elas encontrarão as mesmas condições, linguagem, colegas e problemas que já conheciam um dia antes do treinamento. Sem reforço das habilidades aprendidas – não importa o quão úteis elas possam ser – as pessoas tenderão a lidar com os problemas da mesma maneira como sempre lidaram porque, mesmo que as soluções não sejam perfeitas, pelo menos elas sabem que serão boas o suficiente. É de se espantar que as novas habilidades desapareçam em poucos dias e que as pessoas voltem a fazer as coisas exatamente da mesma maneira que faziam antes do treinamento? No PP, nós trabalhamos com a empresa para prover o que chamamos de entraining. Isso significa a combinação de apoio executivo, vitórias rápidas, reforço de vocabulário e prática, prática, prática!

QualiMetria - quais as caracterís-ticas do ceo que “pensa melhor”?tim hurson : Existem muitas é cla-ro, mas ter uma mente aberta, ser paciente, tolerante frente as ambi-guidades, corajoso e um defensor ferrenho das pessoas que assumem riscos, essas são as características cruciais do líder tenkaizen.

QualiMetria - existe uma maneira errada de se praticar o pp?tim hurson - A maneira errada é a maneira preguiçosa. Sim, o processo é um sistema disciplinado, mas isso não significa que você deva segui-lo

sempre da mesma maneira. Em cada problema ou cir-cunstância, ele deve se dar de maneira diferente. O PP é, por natureza, flexível e ele deve ser usado dessa maneira. Quando iniciamos qualquer atividade, nos sentimos inse-guros e é melhor seguir as etapas de maneira precisa e cuidadosa. Quando notamos uma evolução, podemos nos tornar mais flexíveis. Eventualmente, atingiremos a exce-lência quando aparentemente não houver mais disciplina alguma, quando as coisas fluírem livremente. A melhor analogia que pude encontrar é com relação a andar de bicicleta. Quando começamos a aprender, seguramos firmemente o guidão. Fazemos movimentos de correção violentos, giramos o guidão da esquerda para a direita para a esquerda etc. Nessa violência estamos instáveis, mas somos capazes de continuar sem cair. Quando co-meçamos a sentir mais confiança, as correções passam a ser mais suaves. Podemos andar sem nem pensar nas correções que estamos fazendo. Finalmente, quando nos tornamos realmente hábeis, somos capazes de pedalar

Se o pensamento produtivo não é

uma expectativa dentro da

empresa, ele é necessariamente

uma ameaça

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até sem as mãos. Portanto, para aplicar isso ao PP - no início devemos seguir precisamente as suas diretrizes.

QualiMetria - no seu livro você diz que qualquer pessoa pode ser beneficiada aprendendo a pensar melhor. pode descrever como as pessoas podem começar a praticar tenkaizen?tim hurson : Tenkaizen, é claro, significa uma boa revolução, ao contrário de kaizen, que significa boa mudança. Eu gosto de pensar que o PP é tenkaizen. Ele quebra os paradigmas do passado para se chegar a ideias excitantes e inovadoras. As características de um modo tenkaizen de pensar para gerentes de marca, marketeiros ou qualquer pessoa que precisa dominar o PP, são basicamente as mesmas que eu descrevi acima para executivos.O mais importante é manter sua mentalidade aberta. Ou seja, esta capacidade de dizer que só porque fize-mos algo que deu certo no passado, não significa que esse modo é o melhor ou o único caminho. Podem ha-ver melhores formas que nós ainda não descobrimos. Este tipo de mentalidade nos permite estar abertos às mudanças.A paciência é importante porque um dos principais preceitos do PP é não apressar as soluções. O PP nos pede que adiemos a solução, de modo a entendermos a situação que vivemos e explorarmos melhor as opções. E isto requer paciência, pois todos nós estamos ansiosos para ter soluções. Mas a ironia é que exercitar essa pa-ciência - retendo as coisas e permitindo que o processo viva essa magia - é algo muita mais eficiente do que pular direto para a solução. Cada vez mais, vemos pessoas e empresas gastando tempo para resolver questões que foram abordadas da forma errada, ou para as quais as soluções se mostraram incompletas ou impraticáveis, quando na verdade, elas deveriam ter gasto um pouco mais de tempo antes de tomar estas decisões, para daí fazê-las de forma acertada. Assim, ironicamente, a paciência lhe permitirá ir mais rápido. Chamamos isso de abrandar (relativizar) a velocidade.

A tolerância diante das ambiguidades é crucial. Uma das razões da nossa dificuldade em suportar a “bagunça” que é não ter respostas reside no fato de que odiamos ambiguidades. Nós odiamos quando as coisas não estão resolvidas. Aprendendo a tolerar a ambiguidade, podemos fazer o que eu chamo de “permanecer em questão”. Isso nos permite não apenas flertar com a primeira resposta “certa”, mas também com a segunda, com a terceira e assim por diante, mesmo que tenhamos uma centena de respostas certas. Uma vez que tenhamos visto toda a gama de respostas “certas”, estaremos em uma posição melhor para escolher quais delas serão úteis para nós.Outro ponto é que a coragem é importante, pois deve-mos estar dispostos a cometer erros. Sem erros, não pode haver progresso. Assim como uma criança que para aprender a andar, antes precisa cair várias vezes, nós também só evoluímos quando aprendemos a errar. O segredo é sempre “cair para frente”. E, em seguida, levantar-se novamente.Mais uma questão: defender aqueles que se arriscam em busca de novas ideias também é essencial. A menos que essas pessoas sejam apoiadas e incentivadas, novas ideias serão muito difíceis de serem geradas. Uma verda-de que eu tenho descoberto é que nenhum investimento em PP pode garantir um grande avanço, mas é igualmente verdade que qualquer investimento no PP pode garantir algum avanço!

O criativo autor Tim Hurson.

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