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ISSN 2176-1396
CONTEXTUALIZAÇÃO E PRATICAS ALFABETIZADORAS EM
DEBATE: USO DOS CADERNOS PEDAGÓGICOS NO MUNICÍPIO DO
RIO DE JANEIRO
Marcelo Macedo Corrêa e Castro1 - UFRJ
Luciene Cerdas2 - UFRJ
Rejane Maria de Almeida Amorim3 - UFRJ
Eixo–Alfabetização, Leitura e Escrita
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
A Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SME/RJ) tem se empenhado em
oferecer materiais didáticos para utilização nas turmas do ensino fundamental das escolas
públicas municipais. Dentre os materiais adotados, incluindo-se os oriundos do Programa
Nacional do Livro Didático, destacam-se os Cadernos Pedagógicos, estes elaborados por
equipes da SME/RJ, cujo protagonismo nas ações práticas pode ser examinado sob vários
prismas, como o da sua relação com o preparo para a realização dos exames de avaliação do
ensino fundamental e com os saberes universalizados (CHARLOT, 2013). Neste estudo,
focalizamos o conceito de contextualização entendido como a forma de aproximar os
processos de ensino-aprendizagem da realidade concreta dos estudantes. Assumimos o
pressuposto de que a contextualização seria condição indispensável na abordagem dos
conteúdos e na organização das atividades que se desenvolvem em sala de aula. Para tanto,
lançamos mão também das três concepções de contexto descritas por Camps (2005): como
1Pós-doutorado em Educação no Instituto de Educação da Universidade de Lisboa (2015), doutorado em
Educação UFRJ (2002), mestrado em Educação UFRJ (1985), Licenciatura em Letras, Português Literaturas na
UFRJ (1979). Professor Titular do Departamento de Didática da Faculdade de Educação da UFRJ. Atua com
formação de professores para a educação básica na área de Didática da Língua Portuguesa, Coordenador do
GRAFE - Grupo de Ações de Ensino, Extensão e Pesquisa Fórum de Ensino da Escrita. Contato:
[email protected] 2 Doutora em Educação Escolar pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar da UNESP/Araraquara
(2012). Mestre em Educação Escolar pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar da
UNESP/Araraquara (2007). Formada em Pedagogia pela UFPR (2004) e em Jornalismo pela UNESP/Bauru
(1998). Professora do Departamento de Didática da Faculdade de Educação da UFRJ, em disciplinas como
Alfabetização e Letramento e Prática de Ensino das Séries Iniciais do Ensino Fundamental. Pesquisadora do
GRAFE - Grupo de Ações de Ensino, Extensão e Pesquisa Fórum de Ensino da Escrita Contato:
[email protected]. 3 Doutora no programa de Estudos Pós-Graduados em Educação: Psicologia da Educação na PUC/ São Paulo
(2008). Mestre na área de Mídia e Conhecimento pela UFSC (2002), graduada em Pedagogia e Especialista em
Educação pela UNOESC (1998/2000). Professora Adjunta do Departamento de Didática da Faculdade de
Educação da UFRJ, nas disciplinas de formação de professores nas áreas de Didática, Ensino da Escrita,
Alfabetização e Letramento. Pesquisadora do GRAFE - Grupo de Ações de Ensino, Extensão e Pesquisa Fórum
de Ensino da Escrita. Contato: [email protected]
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situação, como comunidade discursiva e como esfera da atividade humana. Como objeto de
análise foi escolhido o Caderno Pedagógico do primeiro bimestre de 2016 da classe de
alfabetização (Primeiro Ano), que privilegia como temática a realização dos Jogos Olímpicos
no Rio de Janeiro em 2016. A análise fundamentou-se na suposição de que o material em
questão se forjou com base em uma compreensão limitada de contextualização,
insuficientemente associada aos quotidianos dos estudantes matriculados nas escolas da
SME/RJ. Dentre as conclusões iniciais a que a análise nos levou, podemos destacar: 1) a
insuficiente contextualização das propostas de escrita, 2) a carência de continuidade e
aprofundamento da temática, 3) a presença predominante de atividades mais direcionadas
para o ensino mecânico da escrita.
Palavras-chave: Formação de professores. Ensino de Leitura e Escrita. Pedagogia.
Alfabetização.
As políticas públicas e as perspectivas de alfabetização
O cenário mais amplo em que se inscreve a questão estudada nesta investigação será
descrito com foco em dois processos: o do desenvolvimento das políticas para as escolas
púbicas do município do Rio de Janeiro e o das disputas teórico-metodológicas relacionadas à
alfabetização.
No caso do primeiro, cabe destacar que, desde os anos 1990, as políticas direcionadas
para as escolas públicas municipais do Rio de Janeiro têm seguido a tendência nacionalmente
difundida a partir do Governo Federal, que pode ser identificada como uma combinação nem
sempre bem articulada de preceitos do gerencialismo aplicados à educação. Em tese, o Estado
estaria em busca de maior eficiência no cumprimento do seu papel. As políticas emanadas dos
sucessivos governos, desde o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso (1995-1999),
oscilam, de forma híbrida e, por vezes, contraditória, entre o enxugamento de instâncias, de
um lado, e a criação de mecanismos de controle, de outro. Por isso, em meio a discursos de
valorização da livre regulação, multiplicam-se ações centralizadoras das ações.
Para a educação, isso se faz representar por: (1) diretrizes com força de lei
relacionadas aos currículos das escolas, especialmente as públicas; (2) sistemas de avaliação
centralizados e unificados para verificação do cumprimento das diretrizes; (3) produção e
aquisição, por parte de órgãos públicos – especialmente secretarias de educação municipais e
estaduais - de materiais didáticos produzidos por especialistas para uso nas escolas; (4)
oferecimento de programas de formação continuada para professores, quase sempre com as
perspectivas de atualização dos docentes e do seu treinamento para a aplicação de métodos e o
uso de materiais didáticos e (5) investimento em tecnologias da informação e da
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comunicação, quer para o gerenciamento dos aspectos administrativos das escolas, quer para a
maior eficiência dos seus processos de ensino-aprendizagem.
Os professores das escolas públicas, em decorrência disso, atuam constrangidos por
orientações curriculares predeterminadas, provas unificadas - para as quais têm de preparar
seus alunos - e materiais didáticos que chegam em quantidade cada vez maior às escolas e
cujo uso, a princípio, seria obrigatório.
Quanto ao segundo processo, desde os anos 1980, principalmente, está estabelecida
nas políticas e nas práticas de educação uma disputa teórico-metodológica relacionada com a
alfabetização. Até à referida década, a despeito da existência de práticas diversas, era possível
afirmar que, pelo menos discursivamente, a maioria dos alfabetizadores e dos que estudam a
alfabetização convergiam para duas matrizes conceituais: os achados de Emília Ferreiro e os
preceitos de Paulo Freire. Isso significa afirmar que a alfabetização era entendida e tratada
como processo amplo e múltiplo, que se prolonga por toda a vida, e que se constrói com
protagonismo do alfabetizando. A crescente presença do conceito de letramento, no entanto, a
partir dos anos 1980, vai, de certa forma, recolocar uma questão que parecia superada: a do
isolamento pedagógico do processo de aquisição do Sistema de Escrita Alfabética (SEA).
O novo termo – letramento - teria sido cunhado para se definir melhor o processo de
desenvolvimento de uma pessoa no que se refere às práticas de leitura e de escrita na
sociedade. Na verdade, há duas consequências que se consolidaram a partir de então. Por um
lado, o termo teve seu espectro ampliado largamente, passando a significar, ao mesmo tempo,
o processo de inserção nas práticas letradas, o estágio desse processo em cada indivíduo, os
produtos desse processo, atingindo o que Geraldi (2011) considerou uma gaseificação do
conceito. Por outro lado, ao assumir tantos significados, acabou por relegar ao termo
alfabetização apenas o de aquisição do SEA.
Ao usurpar tantos lugares, o letramento ensejou o revigoramento de perspectivas
mecanicistas de alfabetização. Ou pior: alimentou a retomada de propostas e práticas que
isolam o processo de aquisição do SEA do restante daquilo que Paulo Freire (1996) entendia
como alfabetização. A usurpação do lugar da alfabetização por parte do letramento reduziu-a
a um processo empobrecido social e pedagogicamente.
Britto (2003) chama atenção para o fato de, no início dos anos 2000, já existirem, além
do termo letramento, outros três: “alfabetismo, alfabetização e cultura escrita”, sendo um
“simplismo supor que são todos equivalentes” (Id., 2003, p. 10). De fato, para o autor, há uma
disputa conceitual, oriunda do macrocenário das disputas político-ideológicas, que atua para
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definir uma perspectiva tecnicista do ensino aprendizagem da escrita, por meio de “um
aparato técnico, neutro, antipolítico (e, nesse sentido, evidentemente anti-histórico), um
discurso hegemônico, unificador e único” (Id., p. 12), à qual se opõe uma tendência que
considera a base essencialmente política das ações e dos conhecimentos humanos e que trata a
educação “a partir da desigualdade, das diferenças e disputas no interior da própria sociedade”
(Ibid., p. 13).
Há, portanto, não apenas um cenário de políticas que apostam em materiais que, uma
vez corretamente aplicados pelos professores, levariam aos resultados previstos nas
orientações curriculares e avaliados nos testes unificados, como também uma retomada da
perspectiva didático-pedagógica que isola a aquisição do SEA das demais etapas.
Os dois movimentos, porém, não se realizam sem resistência, e mesmo oposição
explícita, por parte dos sujeitos envolvidos, ainda que muito desse embate esteja nublado pela
superfície discursiva dos documentos propostos pelos órgãos reguladores. De fato, as
orientações e os materiais a elas adequados contêm muitas palavras de ordem que
desmentiriam ou, na pior das hipóteses, atenuariam seu viés tecnicista. É o caso de contexto,
tomada neste estudo como categoria para análise.
A contextualização como princípio das práticas de alfabetização
O ensino de Língua Portuguesa consolidou suas práticas a partir da tríade leitura,
escrita e estudo da gramática. Ler os clássicos, escrever como eles e analisar os fatos
gramaticais com base em uma gramática – a escolar – voltada para a prescrição do uso de uma
norma forjada tendo como corpus a literatura lusitana dos séculos XVIII e XIX.
Essa perspectiva perdurou até o final dos anos 1950, quando teve início a ampliação
da oferta de educação escolar para a população em geral, trazendo para as escolas um número
cada vez maior de estudantes que não estavam expostos à cultura letrada privilegiada até
então nos currículos, o que evidenciou a ineficiência, para os novos estudantes, dos
pressupostos e das práticas vigentes no ensino de Língua Portuguesa.
Paralelamente, a partir dos anos 1960, muitas vertentes do estudo da língua passaram a
disputar o território dos conceitos aplicados ao ensino de Língua Portuguesa: a Línguística, a
Psicolonguística, a Sociolinguística, a Pragmática, a Semiótica, a Análise do Discurso etc. À
combinação dos dois aspectos – novos estudantes e novos saberes sobre a língua – podem ser
associados outros fatores, como a expansão das tecnologias e dos veículos de comunicação, as
sucessivas crises econômicas e políticas, as conquistas sociais das minorias historicamente
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preteridas - e, quase sempre, oprimidas -, para se entender a busca de novos paradigmas para
o ensino de língua.
Segundo Soares (1998), partindo de uma perspectiva fundante que considerava a
língua como um sistema, o ensino de Língua Portuguesa, no Brasil, tenta deslocar-se, nos
anos 1970, para a concepção de língua como instrumento de comunicação e, a partir da
década seguinte, para a de língua como interação/discurso.
Em todo esse percurso em busca de uma mudança de paradigma, passa a integrar o rol
de preocupações básicas o deslocamento de uma prática de ensino que isola fonemas,
grafemas, morfemas, palavras, frases e períodos para estudá-los em direção a uma nova
prática, em que a língua é estudada, tanto quanto possível, em sua realização regular,
cotidiana, real. E aí se inscreve a primazia do contexto.
Contextualizar as atividades passa a ser fundamental para que se desenvolvam
concepções renovadoras do ensino de Língua Portuguesa. Para superar o artificialismo das
práticas de ensino consagradas na perspectiva tradicional, pesquisadores e docentes passaram
a se mobilizar para a construção de práticas que tenham o contexto da sua realização
respeitado e valorizado.
Para Camps (2005), as perspectivas que vêm sendo construídas para o ensino
aprendizagem da escrita – nosso foco de atenção neste estudo – apontam para quatro
elementos: o texto, o processo de escrita, o contexto e a atividade discursiva, que, embora
surjam em sucessão, não se excluem, segundo a autora.
Assumindo como pressuposto a complexidade e diversidade do conceito de contexto,
Camps (2005, p. 17) identifica três significados adotados para o termo: contexto como
situação, como comunidade discursiva e como esfera da atividade humana.
O primeiro significado remete à “[…] realidade objectiva que condiciona a produção
textual e que inclui a situação em que se realiza a tarefa e as características do destinatário”
(Ibid., p.17).
O segundo tem por pressuposto o fato de que “[…] os contextos de uso da linguagem
escrita, as diversas comunidades discursivas, são contextos partilhados que tornam possível
dar sentido e interpretar os textos” (Ibid., p. 17). Nesse sentido, poderiam também ser
denominados “[…] contexto social, uma vez que definem papéis e formas de participação
específica” (Ibid., p. 17).
O terceiro concebe os textos como “[…] resultado e, ao mesmo tempo, instrumento de
mediação na construção do diálogo como processo cultural” (Ibid, p. 17). Ainda nos termos
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da própria autora: “Nesta perspectiva, a diversidade de elementos contextuais (escritor, tarefa,
textos, situação, interacção) podem considerar-se variáveis que contribuem para a construção
da realidade humana através da palavra, e não etiquetas que se excluem” (CAMPS, 2005, p.
17).
Com base nessas três acepções, estudamos a presença do contexto, como categoria de
produção de textos, em um material da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro.
Trata-se do Caderno de Alfabetização para o 1º Bimestre de 2016. Antes de tratar dele,
porém, cabe registrar a presença do termo contexto em dois documentos que incidem sobre o
material a ser aqui analisado.
Em primeiro lugar, destaque-se o tratamento dispensado à categoria contexto nos
Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental (BRASIL, 1997). No caso do
volume que trata da Língua Portuguesa, considerando a parte do texto que se refere ao
primeiro ciclo, há dezenove ocorrências do termo. Três fazem referência às circunstâncias de
elaboração dos PCN. Com relação às demais, encontram-se oito adjetivações–privados,
públicos, histórico, de comunicação, mais formais, comunicativos informais, significativos,
de cooperação – todas mais claramente ligadas às duas primeiras acepções de contexto de
Camps (2005): a de situação, principalmente, e a de comunidade discursiva, em plano
inferior.
Chama atenção o fato de que apenas três das ocorrências estejam em itens destacados
do texto. A primeira aparece no item Objetivos Gerais do Ensino Fundamental (BRASIL,
1997, p. 5, grifo acrescido):
[…]utilizar as diferentes linguagens — verbal, matemática, gráfica, plástica e
corporal — como meio para produzir, expressar e comunicar suas ideias, interpretar
e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo a
diferentes intenções e situações de comunicação.
Nesse caso, o significado de contexto como situação é reiterado logo a seguir no
próprio texto.
A segunda ocorrência está em Bloco de Conteúdos – Língua Escrita: Usos e formas –
Práticas de Leitura (Ibid., p. 68): “Atribuição de sentido, coordenando texto e contexto (com
ajuda)”. A terceira e a quarta se encontram em um mesmo desdobramento da atividade
“Leitura para os alunos que ainda não leem de forma independente, pertencente ao item
Análise e Reflexão sobre a Língua: “- relação texto/contexto: interrogar o texto, buscando no
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contexto elementos para antecipar ou verificar o sentido atribuído” (BRASIL, 1997, p. 70).
Também nessas ocorrências parece predominar o significado de situação.
O fato de não haver no texto dos PCN qualquer explicitação do conceito de contexto
permite supor que o termo foi empregado em seu significado mais amplo e corrente: o das
circunstâncias sociais em que se inscreve algum fato ou ação. Reforça essa hipótese o uso de
oito adjetivações diferentes para identificar recortes ou enfoques mais específicos dos
contextos. Por fim, registre-se que nenhuma das ocorrências diz respeito diretamente à
produção de textos.
O segundo documento examinado neste estudo é o das Orientações Curriculares para
o Ensino da Língua Portuguesa, elaborado pela SME/RJ, no qual o termo contexto(s) foi
empregado vinte e uma vezes. Treze dessas ocorrências aparecem em contexto de produção,
expressão, reiteradamente usada no quadro que alinha os itens Objetivos, Conteúdos,
Habilidades, Bimestres, Sugestões. Duas outras ocorrem nesse mesmo quadro, com a
formulação “expressão oral adequada aos diferentes contextos”.
Dentre as demais, uma está em citação de Soares (2004, p. 5-6) na qual a autora usa a
expressão “contextos informais”; outra refere-se ao uso da língua em “diferentes situações e
contextos”, o que permite supor uma distinção entre os dois substantivos; outra ainda remete à
necessidade de emprego da “variante padrão” em “determinados contextos sociais”, a sugerir
que o termo aqui se refira à comunidade discursiva; e mais outra fala em contextos
diferenciados, esta possivelmente adjetivada por uma contaminação do uso recentemente
incorporado ao Português Brasileiro do adjetivo diferenciado como equivalente de
excepcional.
Assim como nos PCN, não há, no texto das Orientações, qualquer definição de
contexto, o que reforça a suposição de que o termo esteja empregado em sentido amplo e
múltiplo, sem uma diferenciação das três acepções identificadas por Camps (2005).
Vale, todavia, comentar em separado uma última ocorrência. Trata-se de uma sugestão
correlacionada com a habilidade Inferir no (sic) texto o sentido de uma palavra ou expressão.
Sugere o documento que seja realizada “Análise de uma palavra ou Expressão, observando
contextos variados (humor, surpresa, ironia, terror, entre outros) em que foi utilizada” (, RIO
DE JANEIRO, 2016, p. 33). Esta acepção difere de todas as outras e remete em parte a
gêneros textuais, em parte a impressões decorrentes da atividade discursiva, em uma
apropriação bastante peculiar dos elementos que sustentam a noção de contexto.
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Análise do material: pretexto ou contexto?
O documento analisado corresponde aos Cadernos Pedagógicos que fazem parte do
material distribuído nas escolas municipais do Rio de Janeiro, e que têm orientado a
organização curricular nos últimos anos. São disponibilizados no sítio da Secretaria Municipal
de Educação, e o acesso a eles é livre. Para alunos e professores, o material de uso bimestral é
entregue impresso como suporte para a alfabetização das crianças e segundo preconiza a carta
de apresentação da SME/RJ: “Constitui-se em mais um apoio à disposição do professor que,
em interação com os já disponíveis (livros, internet, projetos da escola e outras escolhas do
professor), amplie as possibilidades de discussão de conceitos e de formação de habilidades”
(RIO DE JANEIRO, 2009). Entretanto, embora se reconheça que é na prática que o currículo
se concretiza pela ação dos professores, também se sabe que esse material, distribuído às
escolas, tem sido base para provas periódicas aplicadas pela Secretaria Municipal de
Educação, o que impõe aos professores a obrigatoriedade de uso desses Cadernos, tendo em
vista sistemas de avaliação centralizados para verificação do cumprimento das diretrizes
estabelecidas, sendo os professores responsabilizados pelo desempenho de seus alunos.
O Caderno selecionado não possui, em sua versão eletrônica, um título geral nem ficha
catalográfica. Em destaque, na capa, pode ser identificado como 1º Ano – 1º Bimestre 2016 –
Alfabetização – Aluno. Pelos créditos disponíveis na página seguinte, sabe-se que foi
elaborado por Adriana do Nascimento Querido e Janaína Cruz da Silva, com consultoria de
Iza Locatelli.
Considerando a análise das Orientações Curriculares (RIO DE JANEIRO, 2016) para
o ciclo de alfabetização tem-se como objetivos: 1. Apropriar-se da língua escrita como meio
de expressão, interação e comunicação; 2. Valorizar a leitura como forma de conhecimento e
fruição; 3. Ler diferentes gêneros discursivos, fazendo uso das estratégias seleção,
antecipação,verificação e inferências; 4. Desenvolver a expressão oral adequada aos
diferentes contextos; 5. Reconhecer a compreensão da diversidade nas formas de falar. 6.
Compreender diferentes discursos orais e escritos em diversas variantes e registros da Língua
Portuguesa, incluindo a norma padrão (com identificação dos objetivos comunicativos); 7.
Reconhecer e utilizar diferentes gêneros discursivos/textuais; 8. Desenvolver os processos de
revisão e reescritura do próprio texto, com observância à adequação ao leitor, aos objetivos
propostos, à ortografia, à pontuação e à concordância; 9. Construir a escrita adequada ao leitor
e aos objetivos da comunicação, a partir da concepção de gêneros discursivos.
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No caso desses objetivos, a palavra contexto aparece apenas uma vez, estando
associada à expressão oral, relacionando-se à acepção de Camps (2005) de contexto como
comunidade discursiva, que possibilita a produção de sentido partilhado. No entanto, a análise
do Caderno Pedagógico indica a ausência de um trabalho sistemático com a oralidade - são
poucos os enunciados que explicitam essa ênfase - que acontece de modo incidental.
Identificamos dois exemplos em que a oralidade é principal foco, embora estejam sempre
associados à atividade de desenho.
Figura 1
Fonte: 1º Ano – 1º Bimestre 2016 – Alfabetização – Aluno, p.61
Figura 2
Fonte: 1º Ano – 1º Bimestre 2016 – Alfabetização – Aluno, p. 48.
Partindo dos objetivos acima elencados, há uma relação de habilidades descritas nas
Orientações Curriculares; a SME/RJ utiliza descritores de caráter avaliativo que englobam as
habilidades a serem aferidas no ensino da Língua Portuguesa.
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Figura 3 - Descritores para o primeiro ano do ensino fundamental
1º Bimestre 2º Bimestre 3º Bimestre 4º Bimestre
Não há descritores
para a escrita no 1º
Bimestre do 1º ano.
Criar texto a partir de
imagem.
Escrever frase com apoio
de figura.
Escrever palavras com
apoio de figura.
Escrever frase ditada.
Criar texto a partir de
imagem.
Escrever frase com apoio
de figura.
Escrever palavras com
apoio de figura.
Escrever frase ditada.
Criar texto a partir de
imagem.
Escrever frase com apoio de
figura.
Escrever palavras com
apoio de figura.
Escrever frase ditada.
Escrever o nome completo.
Fonte: Site da SME/RJEL – RJ Orientações Curriculares http://www.rioeduca.net/blogViews.php?id=5265
A análise desse quadro permite identificar que para o primeiro bimestre do primeiro
ano não há descritores. E, quando analisamos os dos demais bimestres, a ênfase está na escrita
de palavras e frases, prioritariamente, e de texto a partir de imagens. No primeiro bimestre a
ausência de descritores faz supor que tais aspectos não são abordados, relegando a esse
período um trabalho exclusivamente voltado ao estudo do SEA, na perspectiva de que
primeiro se aprende a escrever para depois se escrever. Essa suposição inicial, que vai de
encontro ao defendido por nós para a alfabetização, se confirma neste trabalho a partir do
estudo do Caderno Pedagógico. Não é dada ao aluno a possibilidade de se aventurar na escrita
espontânea de textos enquanto ainda não domina plenamente o princípio alfabético da escrita.
Indo assim de encontro à ideia de que:
Escrever é necessário para aprender a escrever, porém não é suficiente. As práticas
de ler e escrever consistem em participar na comunicação verbal humana. Para
aprender a ler e a escrever, os alunos têm que participar em atividades diversas de
leitura e escrita, com finalidades, interlocutores e âmbitos de interação diversos.
Porém, para se aprender a complexidade dos usos do escrito, tem que haver
atividades de ensino e aprendizagem que impliquem conhecimentos específicos
relacionados com as particularidades dos gêneros escritos que têm de ser ensinados
para que possam ser aprendidos. Visto de outra perspectiva, teríamos também de
dizer que as atividades de ensino por si mesmas, sem oferecer aos alunos
oportunidade para escrever em situações diferentes, não seriam suficientes para
aprender a escrever textos que devem corresponder à complexidade dos contextos
interativos. Coloca-se, portanto, a necessidade de relacionar a prática com a reflexão
(CAMPS, 2000, p. 12).
O Caderno, como se optou por denominá-lo neste estudo, possui 88 páginas e está
organizado sem indicação de seções ou unidades. Do exame da sua organização, porém,
concluiu-se que esta se dá por meio de textos seguidos de exercícios. Cada texto traz um tema
e, ao mesmo tempo, um conjunto de palavras cuja composição será explorada nos exercícios
em razão das relações entre fonemas e grafemas, como estratégia inequivocamente orientada
para a apresentação/aquisição do SEA.
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Ao todo, são cinco textos. O primeiro, Mariana, de Mary França, trata de nomes
próprios e dos segmentos deriváveis do nome da protagonista da história. O segundo, História
em 3 atos, de Bartolomeu Campos de Queirós, é dividido em três partes, cada uma
constituindo uma lição, em que as atividades brincam com as relações entres os nomes de
animais, e serve para exercícios com os grafemas de gato, pato, rato e outros dissílabos com
esquema silábico Consoante-Vogal (CV). O terceiro, A Bota do bode, de Mary França, traz a
história de uma bota que serve a inúmeros fins enquanto passa de um dono a outro no mundo
animal. A partir dela, são propostos exercícios com as possibilidades de exploração dos
grafemas e das sílabas das palavras casa, bode, bota, galo, gato, sapo. O quarto texto, De bem
com a vida, de Bia Hetzel, trata das relações de uma menina e sua gata, servindo de fonte para
exercícios gerados a partir das palavras Bia, Mel e mia, também nesse caso, é fragmentado
em duas partes, cada uma sendo uma lição. O quinto e último texto, de Ruth Roca, tem o
título M. Trata-se de um macaco maluco e manhoso que mete medo no matuto e no medroso.
A seguir de sua leitura, há exercícios que exploram as possibilidades de sílabas CV compostas
com a letra m.
Para Castro (2008, p. 60), “A escrita privilegiada pela escola, que ocupa papel tão
central em suas práticas, não é de forma alguma a que se define como atividade discursiva”.
Esta característica descrita pelo autor está presente nas atividades de escrita sobre os textos
que descrevemos acima.
Mais de 90% dos comandos para os alunos ocorre por meio de verbos no imperativo.
Ao todo, há 227 verbos de comando, dos quais os de maior ocorrência são: Leia (51),
Complete (27), Escreva (21), Circule (14), Pinte (11), Desenhe (10), Conte (10, sendo 8 no
sentido de contabilizar e 2 no de narrar), Copie (6) e Troque (5).
Os verbos selecionados e suas ocorrências permitem afirmar que, das atividades com a
língua – ouvir, falar, ler e escrever -, a leitura e a escrita sobressaem, praticamente não
havendo orientações para atividades de escuta e fala, confirmando a perspectiva de um
processo pedagógico que desconsidera o contexto de uso oral da língua e privilegia a
aquisição da SEA por meio de exercícios de leitura seguidos dos de escrita.
Ao reforçar atividades de escrita que não valorizam a opinião do aluno, sua livre
interpretação, ou que sugerem que em algum momento isso será solicitado, podemos supor
que esta prática, verificada no Caderno em questão, é reforçadora de uma escrita que desde o
início não tem autoria.
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Os textos e temas são trabalhados em relativa conexão com o suposto interesse dos
estudantes, sendo a eles solicitado que falem sobre seus dados (nome, endereço, idade,
composição familiar), suas brincadeiras prediletas, os animais que conhecem e de que gostam,
mas o foco principal dos exercícios mantém-se direcionado para a parte mecânica da
aquisição da língua. O que está em jogo é menos os contextos em que ocorrem as histórias e
suas possíveis relações com os contextos em que vivem os estudantes e mais a identificação
de relações entre grafemas e fonemas. É o que podemos verificar no exemplo abaixo, em uma
proposta feita após a leitura de um dos trechos do livro História em 3 atos, de Bartolomeu
Campos Queiros:
Figura 4
Fonte: 1º Ano – 1º Bimestre 2016 – Alfabetização – Aluno, p.31
Para Smolka (2012, p. 105),
A escola não concebe a possibilidade desta escrita e as próprias crianças
desconhecem sua capacidade de elaboração pois inibem suas tentativas, baseadas
que estão nas restrições – implícitas ou explícitas – dos adultos. De modo geral, a
escola não tem considerado a alfabetização como um processo de construção de
conhecimentos nem como um processo de interação, um processo discursivo,
dialógico.
Desse conjunto, destaque-se a tentativa de contextualização do processo de ensino-
aprendizagem em pauta por meio da inserção da temática dos Jogos Olímpicos, aproveitando
que a sua realização ocorreu na cidade do Rio de Janeiro em 2016. A forma como o tema está
presente no Caderno é particularmente artificial e merece, por isso, uma consideração à parte.
Previstos para ocorrer no mês de agosto, os Jogos Olímpicos foram escolhidos como
tema para um Caderno para ser usado no primeiro bimestre de 2016, antes, portanto, dos
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Jogos acontecerem. O tema dos Jogos Olímpicos, no entanto, é apresentado sem qualquer
preocupação em situar historicamente o evento. Trata-se de uma menção a algo que vai
acontecer; uma competição da qual atletas brasileiros vão participar.
Constam da lista de atletas nacionais César Scielo, que não participou dos Jogos, e
atletas paralímpicos, sem, contudo, haver qualquer trabalho com relação aos Jogos
Paralímpicos. O tema desaparece, para só reaparecer com a referências às moedas de 1 Real
com esfinges das modalidades olímpicas. Além de supor que os estudantes irão reconhecer os
ícones dos diversos esportes, a lição aposta em um objeto cuja circulação foi restrita. Na
época dos Jogos, conteúdos disponíveis em sítios eletrônicos diversos informavam que
colecionadores pagavam até 60 Reais pelas moedas mais raras. Que estudantes compraram, ao
preço de 1 Real, moedas dos lotes com tiragem de 20 milhões? Será que veem, em seus
ambientes sociais, tais moedas? Depois, o tema torna a desaparecer, para reaparecer de novo
na última lição, ainda sob a perspectiva da quantidade de medalhas conquistadas. O espírito
olímpico é ignorado, assim como qualquer ideia de promover ações ligadas a ele e aos Jogos
em sala de aula. Os exercícios se limitam a aproveitar, de forma estrutural e mecânica, parte
do léxico dos jogos.
Figura 5
Fonte: 1º Ano – 1º Bimestre 2016 – Alfabetização – Aluno, p. 17.
De um modo geral, na análise do material, prevalece a perspectiva do trabalho com
palavras, a fim de explorar sua estruturação silábica, com destaque para esquema CV e a
apropriação das vogais, por meio da sua substituição/oposição em variações de gênero e
sequências silábicas idênticas.
Segue o exemplo de uma dessas atividades comuns em todo Caderno:
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Figura 6
Fonte: 1º Ano – 1º Bimestre 2016 – Alfabetização – Aluno, p. 25.
As atividades de leitura coletiva -como são chamadas as lições em que os textos
aparecem - servem como pretexto para seleção de palavras-chaves no ensino do SEA,
lembrando em muito a perspectiva tradicional dos métodos das cartilhas, e na análise das
letras/fonemas, sílabas e palavras, que são manipuladas no desenvolvimento da consciência
fonêmica e fonológica. Assim, como não são o foco do trabalho proposto no Caderno, os
textos apresentados aos alunos são fragmentados em diferentes lições, o que contribui para o
empobrecimento do material de leitura.
Os textos, ao contrário, devem não só ser trabalhados na íntegra, mas,
preferencialmente, em seus suportes originais, em geral livros de literatura infantil, para que
os alunos possam visualizar, manusear, vivenciar essa experiência com o material de leitura,
familiarizando-se com ele. Não é demais lembrar que muitos alunos das camadas populares
têm reduzido, ou nenhum, contato com os livros (o que não significa que não tenham
conhecimento sobre a leitura), sendo a escola um espaço importante não apenas de ensino da
SEA, mas de desenvolvimento do hábito e gosto pela leitura, de apropriação das práticas
sociais de escrita. A ausência das ilustrações originais das histórias também é um fator de
empobrecimento do material oferecido às crianças, já que constituem a história narrada.
A contextualização dos textos e temas trabalhados não parece ser uma preocupação
no material, ficando a cargo da ação do professor, não estando, portanto, garantida, levando-
se em conta a subjetividade do professor e a singularidade de sua prática. É o que acontece,
por exemplo, quando o material aborda a temática do bairro (Figura 7), que pode se limitar ao
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preenchimento das informações solicitadas, dependendo do trabalho desenvolvido pelo
professor.
Figura 7
Fonte: 1º Ano – 1º Bimestre 2016 – Alfabetização – Aluno, p.25
Nesse sentido, a prática docente se expressa a partir de múltiplos determinantes,
ideias, valores, crenças, representações sobre o ensinar e o aprender na alfabetização, além
das possibilidades reais dos professores, dos meios e das condições materiais existentes.
Nossa análise não tem a pretensão de ser um retrato fiel das práticas de alfabetização, embora
reconheçamos que os Cadernos Pedagógicos, como currículo prescrito, revelam indícios do
que acontece ali nas salas de aula; as atividades propostas nesse material desenham um
cenário dos ambientes das salas de aula, revelando a concretização desse currículo que
desconsidera a ação do sujeito e a autonomia do professor, sendo marcado por exercícios
mecânicos de completar frases e palavras, ou atividades de interpretação de textos, nas quais
basta aos alunos localizar informações já dadas no texto.
Considerações Finais
Embora seja possível ponderar que o professor, como articulador das práticas
apresentadas no Caderno, poderá ampliar as discussões e acrescentar informações necessárias
para tornar o processo mais significativo, não podemos depositar muita força nessa
possibilidade, uma vez que, como já afirmamos anteriormente, a preocupação com a avaliação
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realizada com base nesses conteúdos e com esses formatos vai validar sua prática com uma
política ainda mais perversa de acréscimo no salário dos profissionais da escola que alcançar
as metas traçadas.
Outra questão que se coloca quando analisamos esse Caderno num contexto
educacional atual é a consciência do ativismo ao qual o professor está submetido, com carga
horária de planejamento muitas vezes inexistente. Para Charlot (2005, p. 91), “[…] ser
professor é defrontar-se incessantemente com a necessidade de decidir imediatamente no dia-
a-dia da sala de aula”. O ato de parar, refletir, decidir com seus pares os caminhos a seguir
nem sempre é contemplado na realidade atual, deixando o material didático ser o centro do
processo educacional, retornando a um novo tecnicismo educacional.
Dentre as conclusões iniciais a que a análise nos levou, podemos destacar:
1) A insuficiente contextualização das propostas de escrita, amplamente organizadas
dentro de uma perspectiva mecanizada. A forma como os temas são abordados não sugere
que os sujeitos não sejam ativos no processo.
2) A carência de continuidade e aprofundamento da temática, aspectos fundamentais
no planejamento das ações didático-pedagógicas para alfabetização, revela-se em propostas
organizadas em temáticas soltas e em grande número, que se misturam, prevalecendo sempre
o trabalho com a questão fonológica. A falta de conexão dos conteúdos apresentados, em
especial sobre o tema das Olimpíadas Rio 2016, é evidente. O Caderno se inicia por esse
assunto, depois ele desaparece e é retomado no final, criando uma ruptura e uma
descontinuidade temática.
3) A presença predominante de atividades mais direcionadas para o ensino mecânico
da escrita. São propostas que retiram palavras do texto e direcionam as atividades,
promovendo um engessamento técnico, dando espaço muito limitado à criação, à oralidade e
a propostas que possam contemplar uma gama de possibilidade de trocas entre outros sujeitos,
como exemplo, a relação do que está sendo trabalhado com a opinião familiar e a dos próprios
estudantes.
Diante do exposto, cremos que o papel do professor como autor de sua prática está
sendo ameaçado pelo uso de materiais didáticos que servem como treinamento para provas.
Outra limitação que identificamos na prática que reforça o uso do material adotado pela rede é
a retirada do aluno como sujeito de sua aprendizagem, concepção tão fortemente marcada
pela tendência progressista da educação.
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