contaminaÇÃo microbiolÓgica de presuntos … · uma alternativa para a produção de um presunto...

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FACULDADE ASSIS GURGACZ CONTAMINAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE PRESUNTOS COMERCIALIZADOS EM UM ESTABELECIMENTO COMERCIAL CERTIFICADO E OUTRO NÃO CERTIFICADO PELO PROGRAMA ALIMENTO SEGURO - PAS Cascavel 2013

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FFAACCUULLDDAADDEE AASSSSIISS GGUURRGGAACCZZ

CONTAMINAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE PRESUNTOS COMERCIALIZADOS

EM UM ESTABELECIMENTO COMERCIAL CERTIFICADO E OUTRO NÃO

CERTIFICADO PELO PROGRAMA ALIMENTO SEGURO - PAS

Cascavel

2013

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CAMILA TONELLO

CONTAMINAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE PRESUNTOS COMERCIALIZADOS

EM UM ESTABELECIMENTO COMERCIAL CERTIFICADO E OUTRO NÃO

CERTIFICADO PELO PROGRAMA ALIMENTO SEGURO - PAS

Trabalho de conclusão de curso

apresentado a Faculdade Assis

Gurgacz, FAG, Curso de Farmácia.

Prof. Orientador: Raquel Goreti

Eckert.

Cascavel

2013

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CAMILA TONELLO

CONTAMINAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE PRESUNTOS COMERCIALIZADOS

EM UM ESTABELECIMENTO COMERCIAL CERTIFICADO E OUTRO NÃO

CERTIFICADO PELO PROGRAMA ALIMENTO SEGURO - PAS

Trabalho apresentado no Curso de Farmácia da FAG, como requisito parcial para

obtenção do título de Bacharel em Farmácia, sob a orientação da Professora Raquel Goreti

Eckert.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________

Raquel Goreti Eckert

Mestre

_______________________________

Patrícia Stadler Rosa Lucca

Mestre

_______________________________

Kelen Cristiane B. Simm

Mestre

Cascavel, 08 de novembro de 2013.

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Valter e Fátima Tonello, os quais

não mediram esforços para que este sonho fosse

realizado.

“Acredito sim em amor à primeira vista, pois amo meus

pais desde a primeira vez em que abri meus olhos.”

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AGRADECIMENTOS

À professora e orientadora Raquel Goreti Eckert, pela paciência, competência e apoio

durante todo o desenvolvimento deste trabalho.

Aos coordenadores do curso de Farmácia, Giovane Douglas Zanin e Patrícia Stadler

Rosa Lucca, pela dedicação e incentivo, além de serem exemplos de profissionais.

À professora Kelen Cristiane B. Simm, pelo auxílio durante a elaboração deste

trabalho.

À todos os docentes da Faculdade Assis Gurgacz, que fizeram parte deste caminho até

chegar aqui.

Aos meus pais, Valter e Fátima Tonello, por terem me proporcionado todas as

condições para que fosse possível chegar até aqui, por serem meu maior exemplo de força de

vontade e de todos os valores fundamentais para o meu desenvolvimento. Por acreditarem na

minha capacidade e nunca me deixar desistir. E, principalmente, pelo seu amor incondicional.

À minha avó materna, que se foi, deixando parte do que foi em mim, fazendo de mim

um ser humano melhor e por ter me ensinado a nunca desistir.

Ao meu namorado Gustavo Henrique Vivan, pela paciência e por estar sempre ao meu

lado, me dando todo apoio e amor além do necessário.

Às farmacêuticas do Hospital São Lucas, Mary Anne Pompeu Smarczewski e Simone

Pereira, pela contribuição significativa no meu crescimento profissional.

Aos meus amigos Ana Caroline Renz e Tiago Maffini, pela parceria e

companheirismo durante esta etapa.

À todos os meus colegas de turma, e futuros colegas de profissão, que sempre serão

lembrados.

Finalmente, a Deus. Essa força superior que guiou todos os meus passos, e que é a

base de todas as conquistas que vieram e que ainda virão na minha vida.

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SUMÁRIO

1 - REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................................... 7

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 20

2 - ARTIGO ............................................................................................................................. 23

3 - NORMAS DA REVISTA CIENTÍFICA........................................................................36

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REVISÃO DA LITERATURA

1. PRESUNTO

O Brasil é um dos maiores produtores de carne suína do mundo, entretanto, a

população brasileira ainda consome pouco deste produto in natura. Atualmente a carne suína

é muito consumida na forma industrializada por possuir aspectos que facilitam sua

transformação, além de estar disponível em diversas formas de apresentação. As indústrias a

cada dia lançam novos produtos, aproveitando nichos de mercado potenciais (ANTONI,

2004). Dentre os produtos cárneos industrializados, um dos mais encontrados à disposição nos

mercados é o presunto. Na tabela abaixo pode-se verificar o consumo do presunto nas

diferentes regiões.

TABELA I

Presunto Prevalência de consumo alimentar (%) Consumo alimentar médio per capita (%)

_______________________________________________________________________________________

Norte 1,7 0,4

Nordeste 1,4 0,4

Sudeste 4,2 1,3

Sul 7,4 1,8

Centro-Oeste 4,4 1,2

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa de Orçamentos

Familiares 2008-2009.

Adaptado: Prevalência de consumo alimentar médio per capita, por grandes regiões segundo os alimentos –

Brasil – período 2008 – 2009.

De acordo com a definição dada pelo Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade

de Presunto Normativa nº 20, de 31 de julho de 2000 (BRASIL, 2000), entende-se por

presunto cozido o produto cárneo industrializado obtido exclusivamente com o pernil de

suínos, desossado, adicionado de ingredientes, e submetido a um processo de cozimento

adequado. Os ingredientes obrigatórios são a carne de pernil de suíno, sal, nitrito e ou nitrato

de sódio e/ou potássio em forma de salmoura e os ingredientes opcionais são: proteínas de

origem animal e/ou vegetal, açúcares, maltodextrina, condimentos, aromas e especiarias. As

proteínas não cárneas na forma agregada não devem exceder 2,0%.

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O presunto, por ser um produto obtido de pernil devidamente refilado de sua gordura

visível, pode conter índices de gorduras considerados baixos, quando comparado com outros

produtos cárneos como mortadelas. Uma alternativa para a produção de um presunto com teor

reduzido de gordura é a substituição do corte por membros posteriores de peru, por tratar-se

de uma carne mais magra que o similar suíno (HACHMEISTER; HERALD, 1998).

Produtos cárneos processados ou preparados são aqueles em que as propriedades

originais da carne fresca foram modificadas por tratamento físico, químico ou biológico, ou

ainda através da combinação destes métodos. O processo envolve geralmente cortes mais ou

menos intensos, com adição de condimentos, especiarias e aditivos diversos. Tais processos

visam o prolongamento da vida comercial dos produtos, atuando de modo a anular ou atenuar

a ação de enzimas e microorganismos, procurando sempre não só manter, o máximo possível,

as qualidades nutritivas e sensoriais, mas também preservar sua integridade (PARDI et al.,

1996).

O produto presunto cozido deve atender a legislação vigente quanto aos critérios

microbiológicos, contidos na RDC 12 de 02 de janeiro de 2001 (BRASIL, 2001) listados na

Tabela II.

TABELA II - Padrões microbiológicos para presunto cozido.

Microorganismo Tolerância Para Tolerância Para Amostra Representativa

Amostra indicativa ___________________________________

n c m M

Coliformes a 45º C/g 10³ 5 2 10² 10³

Estaf.coag.positiva/g 3x10³ 5 1 10² 3x10³

C.sulfito redutor a 46ºC 5x10² 5 1 10² 5x10²

Salmonella sp/25g ausência 5 0 ausência -

Adaptado RDC n. ° 12 (BRASIL, 2001).

n: número de unidades a serem colhidas aleatoriamente de um mesmo lote e analisadas individualmente; c:

número máximo aceitável de unidades de amostras com contagens entre os limites de m e M (plano de três

classes). Nos casos em que o padrão microbiológico seja expresso por "ausência", c é igual a zero, aplica-se o

plano de duas classes; m: limite que, em um plano de três classes, separa o lote aceitável do produto ou lote com

qualidade intermediária aceitável; M: limite que, em plano de duas classes, separa o produto aceitável do

inaceitável. Em um plano de três classes, M separa o lote com qualidade intermediária aceitável do lote

inaceitável. Valores acima de M são inaceitáveis.

1.2 PROCESSAMENTO DO PRESUNTO

O processamento tecnológico do presunto cozido convencional envolve em linhas

gerais as seguintes operações: seleção, injeção arterial da salmoura ou desossa e injeção

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muscular por multi-agulhas, cura por 48 horas em câmara fria a 4 °C, enformagem, cozimento

a 80 °C (cerca de 72 °C internamente), resfriamento,

acondicionamento e embalagem. A operação de tumbling (tombamento sob velocidade

constante, a vácuo ou não, que permite melhor absorção da salmoura) ou massageamento,

passou a ser aplicado como regra na elaboração de produtos

curados de suínos. As principais vantagens são a melhor penetração da salmoura; a maior

uniformidade da cor; o aumento da liberação das proteínas das fibras musculares solúveis no

sal, que resulta na melhoria da liga do produto; o rendimento mais uniforme e o melhor

fatiamento. A aceleração do processo de cura também é um importante fator a seu favor.

Durante esta operação a carne sofre repetidos golpes entre as peças e contra as paredes do

próprio rotor em giro. Há extravasamento principalmente da miosina que vem à superfície,

aumentando a capacidade de retenção de água e redução da perda de peso pelo aquecimento

(PARDI et al., 1996).

Após a preparação da carne elabora-se a salmoura fria (4ºC) lembrando-se que

esta etapa é uma parte fundamental para o processo, pois os ingredientes que compõem a

salmoura respondem significativamente pela qualidade final do produto (TERRA, 1998).

Basicamente, a fabricação de presunto cozido pelo processo convencional consiste das

etapas descritas a seguir (TERRA, 1998).

• Preparo das carnes: as carnes utilizadas na fabricação do presunto (pernil suíno) são

preparadas separando-se os músculos do pernil, retirando-se os tendões, nervos e excesso de

gordura. Em seguida a carne é dividida em pequenos pedaços, para melhor distribuição da

salmoura. Esses pedaços vão constituir a peça de presunto.

• Pesagem de condimentos e aditivos: nesta etapa, são pesados os aditivos e

condimentos que serão utilizados na elaboração da salmoura. A pesagem incorreta dos

aditivos representa um perigo de contaminação química, principalmente no caso de

conservadores (nitrato e nitrito) que requerem controle rígido devido a sua toxicidade. Após a

pesagem e conferência dos ingredientes, 19inicia-se a dissolução dos mesmos na água da

formulação que deve estar a uma temperatura que varia de 4 a 6º C. Inicia-se o preparo da

salmoura, sempre mantendo sob agitação constante até completa dissolução de todos os

ingredientes.

• Adição e mistura da salmoura: após o preparo da salmoura, esta é adicionada ao

misturador de pás, onde já está a matéria prima. É realizada a mistura dos pedaços de carne

com a salmoura com a finalidade de homogeneizar os ingredientes e extrair as proteínas

miofibrilares actina e miosina, que vão dar liga a peça.

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• Enformagem: as peças são acomodadas nas formas e prensadas, sendo as formas de

aço inox.

• Cozimento: o processamento térmico das peças é realizado em estufas com

escalonamento de temperaturas: inicia-se com 60º C e, de hora em hora, esta sofre elevação

de 10º C, até que a temperatura do tanque de cozimento atinja o máximo de 80º C e o produto

atinja internamente 72º C. Nesta etapa, ocorre a destruição da maior parte das células

vegetativas dos microrganismos. Nesta fase o perigo consiste na possibilidade de

sobrevivência e/ou multiplicação de microrganismos patogênicos, caso o tratamento térmico

seja insuficiente. Além disso, esporos de patógenos não são destruídos. Para evitar esse perigo

é importante o controle da temperatura final do produto.

• Resfriamento: as peças são submetidas ao choque térmico em água fria durante 50 a

60 minutos. Em seguida, ainda nas formas, os presuntos são transferidos para câmara de

resfriamento permanecendo 24 horas. Não se deve desenformar os presuntos ainda quentes,

pois apesar do choque térmico, a peça continua quente internamente, o que pode prejudicar a

estrutura do produto, principalmente a fatiabilidade.

• Estocagem: os presuntos são estocados em câmara de 0 a 5ºC até a comercialização.

FIGURA I. Fluxograma de Produção do Presunto

A tecnologia de fabricação do “presunto cozido” evoluiu muito com o passar do

tempo, sendo a década de 80 um marco altamente significativo, pois coincide com o

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aparecimento do processo cook-in. Nesse processo, a peça cárnea é cozida dentro da

embalagem de comercialização, possibilitando a triplicação da vida de prateleira do presunto.

Outro fator marcante é que o produto passa a não mais ter quebra de peso mesmo após seu

cozimento. O pH do pernil, verificado no músculo, deve estar compreendido entre 5,8 e 6,2.

Sua temperatura deve ser de 2ºC (TERRA, 1998).

2. FATORES DE CONTAMINAÇÃO MICROBIOLÓGICA

Segundo Andrade (2008), dentre os agentes etiológicos das doenças de origem

alimentar que podem contaminar os alimentos desde o campo até a mesa do consumidor,

incluem-se as bactérias, os fungos, os agentes químicos, os parasitas, os vírus e as substâncias

tóxicas de origens animal e vegetal. Agentes químicos, como metais pesados, parasitas, e,

ainda, vírus como o da hepatite, são incriminados em alguns surtos de doenças alimentares.

No entanto, não há dúvidas de que são as bactérias os principais agentes etiológicos das

doenças causadas por alimentos, sendo responsáveis por cerca de 70% dos surtos e 95% dos

casos.

Os principais fatores que contribuem para os surtos de origem alimentar são a

temperatura inadequada de armazenagem, tempo e temperatura de cozimento incorretos,

equipamentos e utensílios contaminados, matéria-prima de qualidade insatisfatória e más

condições higiênicas dos manipuladores (ANDRADE, 2008).

É importante frisar que a maioria desses problemas pode ser controlada. Sem dúvida a

conscientização dos manipuladores, dos processadores, enfim, daqueles que de uma forma ou

de outra trabalham com alimentos contribui para evitar ou diminuir os surtos de doenças

causadas por alimentos (ANDRADE, 2008).

No entanto, mesmo tomando-se todas as precauções, existe o risco de que os alimentos

venham causar doenças, seja por acidentes, seja por outro motivo. Por isso, o profissional da

área de alimentos deve estar preparado para ter condições de avaliar as causas e determinar o

agente etiológico responsável pela doença. Deve-se ainda, saber tomar medidas para evitar

que novos surtos aconteçam (ANDRADE, 2008).

O conhecimento sobre os fatores que afetam o crescimento microbiano é importante

no controle de doenças de origem alimentar. Esses fatores são classificados em intrínsecos e

extrínsecos. A atividade de água, o pH, o potencial de oxirredução, a composição dos

alimentos e substâncias antimicrobianas naturalmente presentes são fatores intrínsecos, ou

seja, inerentes aos alimentos. Já, à temperatura de armazenamento, a umidade relativa,

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presença e concentrações de gases e a competição entre microorganismos são fatores

extrínsecos (ANDRADE, 2008).

2.1 FATORES INTRÍNSECOS

2.1.1 ATIVIDADE DE ÁGUA (AA)

A atividade de água é um importante fator de crescimento microbiano. Ela define a

quantidade de água disponível ao desenvolvimento dos microorganismos. A atividade de água

é a razão entre a pressão de vapor de água no alimento e a pressão de vapor da água pura a 25º

C. Por exemplo, esse fator intrínseco, cujos valores estão entre 0 e 1, determina a

possibilidade de desenvolvimento de bactérias patogênicas ou produção de suas toxinas.

Assim, S. aureus se desenvolve numa atividade de água de 0,86, mas a produção de sua

toxina ocorre em valores de 0,90. Outros patógenos, como Salmonella spp., E. coli, Shigella

spp., exigem Aa acima de 0,95 para se multiplicarem nos alimentos, e atingir níveis que

provoquem as doenças (ANDRADE, 2008).

De acordo com os valores de Aa, os alimentos apresentam a seguinte classificação: i)

alimentos com Aa acima de 0,86; ii) alimentos com Aa entre 0,60 e 0,86; iii) alimentos com

Aa abaixo de 0.60 (ANDRADE, 2008).

Os alimentos com Aa entre 0,6 e 0,86 também são conhecidos como alimentos com

atividade de água intermediária. Nesse grupo de alimentos, estão as carnes curadas, os queijos

duros, como o parmesão, o mel, as farinhas lácteas, o doce de leito e o leite condensado, entre

outros (ANDRADE, 2008).

2.1.2 pH

Os valores de pH dos produtos alimentícios também apresentam grande importância

na determinação dos possíveis microorganismos presentes. Em razão desses valores, os

alimentos são classificados como “muito ácidos”, quando apresentam pH abaixo de 3,7,

“ácidos” em valores entre 3,7 e 4,6, de “média acidez” entre 4,6 e 5,3 e, ainda, de “baixa

acidez” quando acima de 5,3. De forma similar à Aa, as bactérias geralmente necessitam de

pH mais alto do que as leveduras para se desenvolverem (ANDRADE, 2008).

2.1.3 POTENCIAL DE OXIRREDUÇÃO

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O potencial de oxirredução (Eh) é um fator intrínseco dos alimentos que associado a

outros fatores afeta o desenvolvimento microbiano. Esse fator é medido por eletrodos ou

corantes apropriados, e sua unidade é o milivolt (mV). De acordo com a composição do

alimento e a atmosfera que o envolve, o potencial redox pode variar de oxidante a redutor. Os

microorganismos se desenvolvem em determinadas faixas de potencial redox. Assim, os

aeróbios estritos usam o oxigênio como aceptor final de elétrons. Dependendo de diversas

condições, as bactérias aeróbias crecem numa faixa que varia de +100 até -100 mV

(ANDRADE, 2008).

2.1.4 COMPOSIÇÃO DO ALIMENTO

Outro fator intrínseco do crescimento microbiano que, sem dúvida, influencia os

microorganismos presentes é a composição dos alimentos. Assim, carboidratos, proteínas,

lipídeos, vitaminas, sais minerais e diversos outros compostos presentes em pequenas

proporções determinam as características particulares de cada alimento, definindo os tipos de

microorganismos capazes de se desenvolverem. Devido a esse fato, os produtos de laticínios,

carnes, vegetais, grutas e cereais, entre outros, apresentem microbiota específica, originando

problemas bastante diferenciados (ANDRADE, 2008).

2.2 FATORES EXTRÍNSECOS

2.2.1 TEMPERATURA

Temperatura de estocagem, umidade e oxigênio são os principais fatores que

interferem na multiplicação de microrganismos na carne. A forma física da carne (carcaça,

partes, moída) favorece muito esta multiplicação (SILVA, 1999).

Cada microrganismo tem sua temperatura ótima de crescimento; o máximo e a

mínima. A maioria cresce bem entre 15-40ºC. O congelamento mata ou causa injúria à

maioria das bactérias na carne. Há decréscimo da contagem bacteriana com o congelamento.

A temperatura menor que 5ºC restringe o crescimento da maioria das bactérias espoliativas e

todos as patogênicas. Portanto, esta é a temperatura crítica de refrigeração (SILVA, 1999).

2.2.2 UMIDADE RELATIVA

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Está intimamente relacionada com a temperatura de refrigeração. A umidade deve ser

baixa na temperatura de refrigeração para evitar o efeito “suar” que facilita espoliação da

carne. As bactérias requerem umidade relativa elevada para multiplicação; acima de 90%, as

leveduras 87-92% e, os fungos 84% ou menos (SILVA, 1999).

2.2.3 OXIGÊNIO

Quanto a necessidade de 02 para multiplicação, os microrganismos podem ser

aeróbios, anaeróbios e facultativos. Os fungos e leveduras de carnes são aeróbios. Na

superfície da carne predominam as bactérias aeróbias e facultativas. No seu interior da carnes,

as bactérias facultativas e anaeróbias. O uso de embalagem com filmes de alta barreira e

atmosfera modificada reduzem ou previnem integralmente o desenvolvimento de bactérias

aeróbias (SILVA, 1999).

3. MICROORGANISMOS PATOGÊNICOS

3.1 SALMONELLA

As espécies do gênero Salmonella pertencem à família Enterobacteriaceae. São

Gram-negativas, bastonetes curtos, anaeróbicas facultativas e não formam esporos. A

temperatura ótima de crescimento é de 38º C e a mínima é de 5º C. A faixa de pH para

crescimento situa-se entre 4 e 9. Como não foram esporos, são relativamente termossensíveis,

podendo ser destruídas pelo tratamento de 60º C durante 15 a 20 minutos (ICMSF,1996).

Salmonella é encontrada nos tratos intestinais de mamíferos, pássaros, anfíbios, e

répteis. Uma ampla variedade de alimentos contaminados é associada à salmonelose,

incluindo carne bovina crua, aves domésticas, ovos, leite e derivados, peixes, camarões,

temperos para saladas, mistura para bolos, cacau, manteiga de amendoim, cascas de ovos e

gemas. A contaminação de alimentos ocorre devido ao controle inadequado de temperatura,

de práticas de manipulação não apropriadas ou contaminações cruzadas de alimentos crus

com processados (FORSYTHE, 2002).

De acordo com a CDC (2003), todo ano aproximadamente 40.000 casos de

salmoneloses são relatados nos Estados Unidos. Devido à ausência de relatos ou diagnóstico

de muitos casos, esse número de infecções pode ser três vezes maior.

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A prevenção da salmonelose está baseada em aspectos de higiene, além de evitar o

consumo de bebidas ou alimentos que contenham ovos crus e leite não-pasteurizado. Evitar o

uso de utensílios que entraram em contato com carnes bovinas ou avícolas cruas. Ter muito

cuidado no preparo de alimentos para crianças, idosos e imunodeprimidos. Lavar as mãos

após contatos com répteis, pássaros ou fezes de animais de estimação e não trabalhar em ares

de carnes cruas e processamento ao mesmo tempo (ANDRADE, 2008).

3.2 STAPHYLOCOCCUS AUREUS

Staphylococcus aureus é um microorganismo Gram-positivo que se apresenta na

forma de cocos em pares, pequenas cadeias ou cachos semelhantes aos de uva. É anaeróbio

facultativo e cresce na faixa de 7º C a 48º C, mas a produção das enterotoxinas, responsáveis

pela doença, ocorre entre 10º C e 46º C, sendo essa produção maior entre 40º C e 45º C. Em

condições ótimas de crescimento do microorganismo, a enterotoxina é detectada em 4 a 5 h. O

microorganismo é dividido em diversos biotipos, tendo como base os testes bioquímicos e

padrões de resistência (FRANCO; LANDGRAF, 1996; FORSYTHE, 2002).

S.aureus pode ser encontrado no solo, no ar, na água, nos homens e nos animais. No

homem, o microorganismo é encontrado principalmente nas fossas nasais, de onde se propaga

direta ou indiretamente para pele e feridas. A maioria das cepas de S. aureus cresce na faixa

de pH de 4,5 a 9,3, estando o valor de pH mais adequado para a produção da toxina na faixa

da neutralidade, entre 6 e 7 (BERGDOLL; BENNETT,1989). Esse microorganismo possui a

capacidade de crescer numa atividade de água acima de 0,86, no entando a produção de

enterotoxina é possível a partir de uma atividade de água de 0,90, sendo a ótima 0,99

(BENNETT,1992).

A toxina estafilocóccica é termoestável e muitas vezes não é inativada pela cocção

usual, sendo, então, necessário evitar a contaminação do alimento pelo microorganismo

(ANDRADE, 2008).

3.3 COLIFORMES TERMOTOLERANTES

Coliformes termotolerantes são constituídos por um sub-grupo de bactérias

pertencentes ao grupo de coliformes totais, as quais apresentam a capacidade de fermentar

lactose com produção de gás a 44-45º C em 48 horas (SILVA, et al. 2001).

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O grupo de Coliformes termotolerantes é composto por três gêneros, Escherichia,

Enterobacter e Klebsiella, sendo apenas o primeiro de origem fecal, estando presente no trato

gastrintestinal do homem e animais de sangue quente. Devido a este fato, pesquisa de

coliformes termotolerantes em alimentos é menos eficiente do que a pesquisa direta de E. Coli

(SILVA, et al. 2001).

4. A IMPORTÂNCIA DAS BOAS PRÁTICAS E DO SISTEMA APPCC

Até a década de 50, a indústria de alimentos contava apenas com a análise laboratorial

dos lotes produzidos para fins de controle da segurança e da qualidade. Assim, um lote era

preparado e, se a análise demonstrasse que estava nas condições desejadas, era liberado; caso

o contrário, era retido. Nos anos 50, a indústria de alimentos adaptou as Boas Práticas (BP) da

indústria farmacêutica, com a denominação específica de Boas Práticas de Fabricação (BPF),

dando um grande passo para melhorar e dinamizar a produção de alimentos seguros e de

qualidade (PAS, 2006).

Com as Boas Práticas (BP) começou o controle da água, das contaminações cruzadas,

das pragas, da higiene e do comportamento do manipulador, da higienização das superfícies,

do fluxo do processo e de outros itens, segundo normas estabelecidas por entidades

representativas do mercado, agências de regulação, Codex Alimentarius e outros. Assim, as

BP, juntamente com a análise do produto final, davam maior garantia à segurança dos

alimentos. Com o início dos vôos tripulados, a National Aeronautics and Space

Administration (NASA) considerou que o principal veículo de entrada de doenças para os

astronautas seria os alimentos; isto porque apenas as BP e as análises não eram suficientes

para garantir em níveis próximos a 100% a segurança dos alimentos. Por esse motivo, a

NASA desenvolveu, junto com a Pillsbury Co, o sistema Hazard Analysis and Critical

Control Point (HACCP), traduzido no Brasil como Sistema de Análise de Perigos e Pontos

Críticos de Controle (APPCC) (PAS, 2006).

Esse sistema permite levantar os perigos (biológicos, químicos e físicos) significativos

que podem ocorrer na produção de um determinado alimento em uma determinada linha de

processamento e controlá-los nos Pontos Críticos de Controle (PCC), durante a produção.

Assim, é um sistema dinâmico e, quando aplicado corretamente, o alimento produzido já tem

a garantia de não ter os perigos considerados, já que foram controlados durante o processo de

produção. Portanto, as BP (pré-requisito para o APPCC) e o Sistema APPCC, quando

aplicados, dispensam a análise de cada lote produzido. As análises passam a ser necessárias

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apenas para verificar se o sistema está funcionando adequadamente. O Sistema foi tão eficaz

que, na década de 1970, foi apresentado para as indústrias de alimentos, disseminando-se

como uma ferramenta de grande importância para produção de alimentos seguros. Nas

décadas de 80-90, organismos internacionais como a Food and Agriculture

Organization (FAO) e o Codex Alimentarius passaram a recomendar o Sistema para as

Indústrias de Alimentos (PAS, 2006).

No Brasil as BP já eram exigidas há muitos anos (na década de 1960 já havia Portaria

específica do Ministério da Saúde-MS) e o Sistema APPCC foi introduzido na década de

1990 pela Secretaria de Pesca (SEPES) do Ministério da Agricultura, atual Ministério de

Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Em 1993, tanto o MAPA quanto o MS já

tinham Portarias exigindo o uso do sistema. A partir de meados da década de 1990, países

importadores, especialmente do segmento de pesca e carnes, começaram a exigir a

implantação do sistema APPCC nas indústrias exportadoras (PAS, 2006).

4.1 O PROGRAMA ALIMENTO SEGURO - PAS

O PAS, inicialmente conhecido como Projeto APPCC (Análise de Perigos e Pontos

Críticos de Controle), teve início em 1998, através de uma parceria entre a CNI/SENAI-DN e

o SEBRAE - NA, com os seguintes objetivos gerais (PAS, 2006):

Consolidar uma infraestrutura (desenvolvimento de metodologias e conteúdos,

capacitação de técnicos e formação de consultores para divulgação e aplicação dessas

ferramentas);

Mobilizar empresários, capacitar e apoiar as indústrias de agronegócios na

implantação das ferramentas de segurança dos alimentos.

Em 2000, o Projeto APPCC começou a contar com outros parceiros do Sistema “S”

(SENAC, SESC e SESI) para sua expansão aos Setores Campo (produção primária) e Mesa

(alimentos prontos para consumo), bem como a previsão para atuar em toda a cadeia de

produção de alimentos. Também foi criado um sexto subprojeto, o APPCC-Ações Especiais,

com a finalidade de dar suporte e atuar em ações específicas de sustentação do Projeto (PAS,

2006).

Em 2001, duas importantes instituições aderiram ao Projeto: a Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA) e o Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento

Page 18: CONTAMINAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE PRESUNTOS … · Uma alternativa para a produção de um presunto com teor reduzido de gordura é a substituição do corte por membros posteriores

18

Tecnológico (CNPq). Nesse mesmo ano iniciaram-se as ações do APPCC-Mesa, sob a

coordenação técnica do SENAC, para atuar em restaurantes, cozinhas industriais etc.

contemplando todo o país. Em 2002, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

(EMBRAPA) também aderiu ao Projeto e passou a coordenar tecnicamente o subprojeto

APPCC-Campo (PAS, 2006).

Em agosto de 2002, o Projeto APPCC passou a ser chamado de PAS - Programa

Alimentos Seguros, em virtude da expansão da sua abrangência e da natureza da atuação, que

se mostrava constante e permanente. O PAS ficou estruturado como um Programa do campo à

mesa, sendo composto de seis projetos: PAS-Campo, PAS-Indústria, PAS-Distribuição, PAS-

Transporte, PAS-Mesa e PAS-Ações Especiais (PAS, 2006).

É importante salientar que a segurança dos alimentos implica na atuação em toda a

cadeia de cada alimento sendo essa a visão atual do PAS para as ações do PAS - Cadeia

Produtiva, que trabalha simultaneamente com os vários elos da cadeia, promovendo mais

interação entre as mesmas e maior compromisso de cada um em fornecer produtos seguros

(PAS, 2006).

O PAS tem por missão atuar na preparação do país para a produção e comercialização de

alimentos seguros, atuando na educação, na difusão de conhecimento, na assistência técnica e

tecnológica e na certificação, de forma a ser reconhecido nacional e internacionalmente como

referência na área de segurança de alimentos. O foco de suas ações está em empresas da

cadeia produtiva de alimentos, empresas consultoras e certificadoras e órgãos

governamentais, nas quais o PAS tem objetivos específicos (PAS, 2006):

1. Ampliar a implantação de ferramentas de segurança dos alimentos nas empresas;

2. Formalizar acordos com instituições de fomento, que possibilitem a implantação de

programas de segurança de alimentos nas empresas;

3. Estabelecer parcerias com órgãos governamentais, associações setoriais, cooperativas,

sindicatos, empresas privadas, em âmbito nacional e internacional, visando maximizar

as ações do Programa na cadeia produtiva de alimentos;

4. Desenvolver ações junto às universidades, escolas técnicas e agrotécnicas visando

ampliar e aprimorar o processo de capacitação de profissionais em segurança dos

alimentos;

5. Adotar política de conscientização e mobilização dos consumidores em articulação

com órgãos do governo e outras instituições afins.

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19

Aumentando e garantindo ainda mais a segurança e qualidade dos alimentos

produzidos para a população brasileira o PAS é um programa desenvolvido por entidades do

Sistema “S” que tem o objetivo de reduzir os riscos de contaminação dos alimentos. Atua no

desenvolvimento de metodologias, conteúdos e na formação e capacitação de técnicos para

disseminar, implantar e certificar ferramentas de controle em segurança de alimentos, como as

Boas Práticas, o Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) e

NBR - ISO 22.000, nas empresas integrantes da cadeia dos alimentos, em todo o país. Com

isso, o PAS contribui para (PAS, 2006):

Aumentar a segurança e a qualidade dos alimentos produzidos pelas empresas

brasileiras, ampliando a sua competitividade nos mercados nacional e internacional;

Reduzir o risco das Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) aos consumidores.

Como um Programa que atinge toda a cadeia dos alimentos, o PAS é mantido através de

uma parceria abrangente, que procura reunir instituições com focos de atuação nas empresas

de sua base de contribuição, desde o campo até o consumo final do alimento, tais como:

SENAI, SEBRAE, SESI, SENAC e SESC (PAS, 2006).

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20

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Aprova os Regulamentos Técnicos de Identidade e Qualidade de Almôndega, de

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23

Contaminação Microbiológica de Presuntos Comercializados em um estabelecimento

comercial certificado e outro não cerfiticado ao Programa Alimento Seguro - PAS

Camila Tonello1, Raquel Goreti Eckert

2

1Acadêmica de Farmácia, Faculdade Assis Gurgaz – Universidade de Cascavel, Avenida das

Torres, 500 - Loteamento FAG, 45 33213900 Cascavel, PR - Brasil

2Professora, Faculdade Assis Gurgaz – Universidade de Cascavel, Avenida das Torres,

500 - Loteamento FAG, 45 33213900 Cascavel, PR - Brasil

Resumo: O objetivo deste trabalho foi verificar a ocorrência de Salmonella sp.,

Staphylococcus sp. e Coliformes Totais em amostras de presunto cozido comercializados em

dois tipos de estabelecimento: um credenciado ao PAS – Programa Alimento Seguro, e

outro sem este credenciamento. Foram utilizadas três amostras de cada estabelecimento, e

realizadas análises para verificar a presença dos microorganismos citados, em triplicata com

cada uma delas. Nenhuma das amostras coletadas no estabelecimento credenciado ao PAS

apresentou contaminação, enquanto que as amostras coletadas no estabelecimento não

credenciado ao PAS, todas apresentaram contaminação por Coliformes Totais. Estes dados

mostram a importância da implantação das Boas Práticas de Manipulação, afim de evitar

contaminações que podem levar a DTAs (Doenças transmitidas por alimentos).

Unitermos: Presunto cozido, PAS, Boas Práticas de Manipulação.

Abstract: The objective of this work was verify the occurrence of Salmonella sp.,

Staphylococcus sp and Coliforms in samples of cooked ham sold in two types of

establishment: an accredited PAS - Safe Food Program, and the other without this

accreditation. We used three samples of each facility, and analyzes in triplicate with each of

them. None of the samples collected in the establishment accredited to PAS showed

contamination, while samples collected in the establishment not accredited to PAS, all were

contaminated by Coliforms. These data show the importance of the implementation of the

Good Handling Practices, in order to avoid contamination that can lead to foodborne illness.

Keywords: Baked Ham, PAS, Good Handling Practices.

Introdução

Segundo Antoni (2004), o Brasil é um dos maiores produtores de carne suína do mundo.

Atualmente a carne suína é muito consumida na forma industrializada, por possuir aspectos

que facilitam sua transformação, além de oferecer várias opções de venda. As indústrias a

cada dia lançam novos produtos, aproveitando nichos de mercado potenciais. Dentre os

produtos cárneos industrializados, um dos mais encontrados à disposição nos mercados é o

presunto.

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24

De acordo com a definição dada pelo Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade

de Presunto (Brasil, 2000), entende-se por presunto cozido o produto cárneo industrializado

obtido exclusivamente com o pernil de suínos, desossado, adicionado de ingredientes, e

submetido a um processo de cozimento adequado. Os ingredientes obrigatórios são a carne de

pernil de suíno, sal, nitrito e ou nitrato de sódio e/ou potássio em forma de salmoura e os

ingredientes opcionais são: proteínas de origem animal e/ou vegetal, açúcares, maltodextrina,

condimentos, aromas e especiarias. As proteínas não cárneas na forma agregada não devem

exceder 2,0%.

O presunto, por ser um produto obtido de pernil devidamente refilado de sua gordura

visível, pode conter índices de gorduras considerados baixos, quando comparado com outros

produtos cárneos como mortadelas. Uma alternativa para a produção de um presunto com teor

reduzido de gordura é a substituição do corte por membros posteriores de peru, por tratar-se

de uma carne mais magra que o similar suíno (HACHMEISTER & HERALD, 1998).

No Brasil, houve um aumento no consumo de produtos cárneos processados nos

últimos anos, incluindo presuntos crus. Percebendo essa tendência, a indústria tem investido

na aplicação de tecnologias que propiciem o desenvolvimento de produtos com custo

acessível e que atendam às expectativas do consumidor. Ao mesmo tempo o comércio

varejista, especialmente as grandes redes de supermercados, vem promovendo a divulgação

dos produtos que são pouco conhecidos por grande parte da população (NIELSEN, 2005).

O alimento propicia a quem o consome um aporte nutricional de fundamental

importância. Por outro lado, essa riqueza em nutrientes faz dele um meio de cultura ideal para

a multiplicação de microrganismos. As carnes em geral apresentam uma composição química

que as tornam excelentes meios de cultura, o que favorece o crescimento microbiano

(FRANCO & LANDGRAF, 2005).

Alimentos prontos para o consumo incluindo carnes vermelhas, aves, frutos do mar e

vegetais têm sido documentados como veículos de muitas bactérias patogênicas e estão

envolvidos nas doenças de origem alimentar (BORCH & ARINDEN, 2002;

GODBJORNSDOTTIR et al., 2004).

Até a década de 50, a indústria de alimentos contava apenas com a análise laboratorial

dos lotes produzidos para fins de controle da segurança e da qualidade. Assim, um lote era

preparado e, se a análise demonstrasse que estava nas condições desejadas, era liberado; caso

o contrário, era retido. Nos anos 50, a indústria de alimentos adaptou as Boas Práticas (BP) da

indústria farmacêutica, com a denominação específica de Boas Práticas de Fabricação (BPF),

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25

dando um grande passo para melhorar e dinamizar a produção de alimentos seguros e de

qualidade (PAS, 2006).

No Brasil as BP já eram exigidas há muitos anos (na década de 1960 já havia Portaria

específica do Ministério da Saúde-MS) e o Sistema APPCC foi introduzido na década de

1990 pela Secretaria de Pesca (SEPES) do Ministério da Agricultura, atual Ministério de

Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Em 1993, tanto o MAPA quanto o MS já

tinham Portarias exigindo o uso do sistema. A partir de meados da década de 1990, países

importadores, especialmente do segmento de pesca e carnes, começaram a exigir a

implantação do sistema APPCC nas indústrias exportadoras (PAS, 2006).

O PAS, inicialmente conhecido como Projeto APPCC (Análise de Perigos e Pontos

Críticos de Controle), teve início em 1998, através de uma parceria entre a CNI/SENAI-DN e

o SEBRAE – NA.

O PAS tem por missão atuar na preparação do país para a produção e comercialização de

alimentos seguros, atuando na educação, na difusão de conhecimento, na assistência técnica e

tecnológica e na certificação, de forma a ser reconhecido nacional e internacionalmente como

referência na área de segurança de alimentos. O foco de suas ações está em empresas da

cadeia produtiva de alimentos, empresas consultoras e certificadoras e órgãos governamentais

(PAS, 2006).

Diante ao exposto, o objetivo deste trabalho foi verificar a presença de microorganismos

patogênicos em presuntos comercializados em um estabelecimento comercial credenciado ao

PAS, comparando com um estabelecimento não credenciado.

Metodologia

Amostras

Para realização das análises foram utilizadas amostras de presunto de dois

estabelecimentos: um que possuía o credenciamento pelo PAS (Programa Alimento Seguro),

e outro que não possuía, sendo ambos os estabelecimentos localizados na cidade de Cascavel

– Paraná.

As amostras foram adquiridas no momento a serem realizadas as análises, e transportadas

até o Laboratório de Análises Microbioloógicas da Faculdade Assis Gurgacz em caixa

térmica, com intuito de garantir sua temperatura de transporte inferior a 10ºC.

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26

Em cada estabelecimento foram adquiridas três amostras, e cada amostra foi analisada em

triplicata para todos os testes. Para todos os testes utilizou-se a diluição 10ˉ¹, que é obtida a

partir de 25 g da amostra adicionando-se 225 ml de água peptonada ou solução determinada

pela metodologia.

Pesquisa de Staphylococcus sp.

Após preparar e distribuir em placas o meio de cultura Baird-Parker, foi pesado 25 g

de cada amostra e homogeneizado com 225 ml de solução salina peptonada 0,1%. Foi

inoculado 0,1 ml desta diluição obtida na superfície seca do ágar Baird-Parker, com o auxílio

da alça de drigalski, cuidadosamente, por toda a superfície do meio. Em seguida, foram

incubadas as placas a 36 ± 1ºC por 48 horas (Normativa nº 62, 2003).

Os resultados positivos são expressos pelo crescimento de colônias de coloração

escura no meio de cultura.

Pesquisa de Salmonella sp.

Seguindo-se a metodologia foi utilizado 0,1 ml da diluição de 25 g de amostra em 225

ml de água peptonada, devidamente homogeneizado. Foi preparado o Caldo Rappaport,

utilizado como meio de enriquecimento, da mistura obtida foi transferido 1 ml para cada tudo

contendo o Caldo, e incubado por 24 horas a 42ºC. A partir do Caldo de enriquecimento

Rappaport, foram realizadas estrias na superfície das placas prontas contendo Ágar SS, e em

seguida incubadas as placas por 24 horas a 35ºC (ANDREWS, 1998).

Os resultados positivos são expressos por meio de colônias de coloração preta no ágar.

Pesquisa de Coliformes Termotolerantes

Após o preparo do Caldo EC, foram distribuídos 10 ml do mesmo em cada tubo de

ensaio, contendo tubo de Durhan invertido, após a esterilização do meio foi transferida uma

porção do diluído da amostra (25 g para 225 ml de água peptonada) com o auxílio de uma

alça de platina, devidamente flambada e resfriada. Após este procedimento os tubos foram

devidamente incubados em estufa durante 24 horas (FUNASA, 2004).

Os resultados são considerados positivos quando há formação de bolha de gás no tubo

de Durhan.

Resultados e Discussão

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27

Segundo a Normativa nº 20 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento –

BRASIL (2000) entende-se por presunto, o produto cárneo industrializado obtido dos cortes

de membros posteriores de suínos e outras espécies de animais de açougue, desossados ou

não, e submetidos a um processo térmico adequado. É um produto curado, cozido ou semi-

cozido, defumado ou não, que apresenta uma composição química de, no mínimo, 14% de

proteína bruta pH entre 5,9 e 6,1 e atividade de água na faixa de 0,91 a 0,97 (BRASIL, 2000).

Estas características tornam este produto bastante perecível e susceptível à contaminação

bacteriana (FAI et al., 2007).

Várias publicações fazem referência às ocorrências de surtos de infecções alimentares

por Salmonella em produtos cárneos. De acordo com Fortuna e Franco (2005), a presença de

Salmonella em amostras de carne armazenadas a 0º C e 18º C por noventa dias indica que

essas bactérias sobrevivem a períodos longos de armazenamento, mesmo em baixas

temperaturas.

Salmonella sp. é uma das principais bactérias causadoras de surtos de infecções

alimentares em diversos países (LACONHA et al., 2000; LOPALCO et al.,2000), além do

alimento avaliado ser pronto para o consumo, o que aumenta o risco da infecção alimentar.

Na Tabela I podem ser observados os resultados para a pesquisa de Salmonella sp. nas

amostras analisadas.

Tabela I. Resultados para Salmonella sp.

AMOSTRA 1 AMOSTRA 2 AMOSTRA 3

Estabelecimento que possui o PAS

ausência ausência ausência

_______________________________________________________________________________________________________________________

Estabelecimento que não possui o PAS

__________________________________________________________________________________________________________

ausência ausência ausência

= N = Não houve crescimento.

Como é possível verificar na Tabela I, em todas as amostras analisadas, tanto do

estabelecimento que possui o PAS, quanto do que não possui, não houve crescimento de

Salmonella sp. nas placas, o que indica que não houve contaminação por este micro-

organismo.

ausência

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Nadvorny et. al (2004), analisando a ocorrência de 99 surtos de salmonelose transmitida

por alimentos ocorridas no Rio Grande do Sul no ano de 2000, observaram que em 73% a

manipulação incorreta dos alimentos constituiu-se em fator predisponente à contaminação

por Salmonella.

Volcan et. al (21º CIC), pesquisou a presença de Salmonella sp. em presuntos e

apresuntados na cidade de Pelotas (RS), onde encontrou contaminação nas amostras de

presuntos sendo que a legislação vigente preconiza a ausência deste microorganismo. Já as

amostras analisadas de apresuntados não apresentaram contaminação.

Fai et. al (2007), observaram a ocorrência de amostras contaminadas em supermercados

de todas as Secretarias Executivas Regionais (SER) do município de Fortaleza. Verificou que

34,61% e 57,69% dos estabelecimentos apresentaram alguma amostra contaminada

por Salmonella sp. e L. monocytogenes, respectivamente, e em 15,38% constatou ambos os

micro-organismos.

Como é possível observar, na maioria dos estudos descritos foi encontrada a presença

de Salmonella sp., diferente deste trabalho, onde não houve presença em nenhuma amostra.

Outro microorganismo pesquisado foi o Staphylococcus sp. A presença do mesmo em

produtos alimentares indica que os manipuladores dos produtos não possuem condições

higiênico-sanitárias satisfatórias e/ou o estabelecimento não adota boas práticas de

manipulação.

Na Tabela II foram demonstrados os resultados para a pesquisa de Staphylococcus sp.

Tabela I. Resultados para Staphylococcus sp.

AMOSTRA 1 AMOSTRA 2 AMOSTRA 3

Estabelecimento que possui o PAS

ausência ausência ausência

_______________________________________________________________________________________________________________________

Estabelecimento que não possui o PAS

__________________________________________________________________________________________________________

ausência ausência ausência

= N = Não houve crescimento.

Conforme pode-se observar pela Tabela II, fica claro que não houve crescimento de

Staphylococcus sp. em nenhuma das amostras coletadas, o que indica que não houve

ausência

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contaminção por este microorganismo nem no estabelecimento que possui o PAS, nem no

estabelecimento que não possui.

Nesta pesquisa também foi verificada a presença de Coliformes Termotolerantes. A

presença anormal de coliformes em um alimento pode indicar contaminação por ar, poeira,

mãos, alimentos, ou ainda, contaminação fecal, quando evidenciada a presença de Escherichia

coli. Este teste viabiliza informações sobre as condições higiênicas do produto e melhor

indicação da eventual presença de enteropatógenos (FRANCO et al., 2008).

A presença de coliformes a 45ºC, além de evidenciar a ineficiência ou ausência de

controle higiênico-sanitário da matéria-prima, do processo de fabricação do alimento e/ou de

recontaminação do produto final, indica também, a possibilidade de veiculação de patógenos

entéricos, responsáveis por surtos e doenças transmitidas por alimentos (FILHO, 2002).

Na Tabela II foram expressos os resultados para pesquisa de Coliformes Totais.

Tabela I. Resultados para Coliformes Termotolerantes

AMOSTRA 1 AMOSTRA 2 AMOSTRA 3

Estabelecimento que possui o PAS

ausência ausência ausência

_______________________________________________________________________________________________________________________

Estabelecimento que não possui o PAS

__________________________________________________________________________________________________________

positividade positividade positividade

= N = Não houve crescimento.

= H = Houve crescimento.

Na Figura I pode ser observada a diferença entre o tubo onde ouve contaminação e o

outro tubo onde não houve contaminação por Coliformes Termotolerantes.

positividade

ausência

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Figura I. Diferença entre tubo onde houve formação de gás (superior) e tubo que não

houve (inferior) – Indicativo de Coliformes.

Como expresso na Tabela III, todas as amostras coletadas no estabelecimento que não

possui o PAS apresentaram contaminação por Coliformes. É possível verificar a formação de

bolha de gás, indicativa do crescimento de Coliformes, na parte superior da Figura I. Percebe-

se também que o meio ficou turvo.

Por outro lado, as amostras do estabelecimento que possui o PAS, apresentaram todos

os resultados negativos, o que pode ser verificado na parte inferior da Figura I, onde além de

ausência de bolha, o meio permaneceu límpido.

Volcan et. al (21º CIC), verificaram em suas amostras analisadas, que houve a presença

de E. Coli em amostras de presuntos e apresuntados.

Olbertz (2009), verificou a presença de E. Coli e S. aureus em lingüiças coloniais

comercializadas em uma feira da cidade de Curitiba, Paraná.

Menezes et. al (2009), avaliou 30 amostras de presunto comercializadas na cidade de

São Luis, no Maranhão, no período de novembro de 2008 a março de 2009. Em suas análises

obteve índice de contaminação por Staphylococcus sp. e Coliformes termotolerantes, e

ausência para Salmonella sp.

A maioria dos autores descritos obtiveram resultados positivos para o crescimento de

Staphylococcus, e também de E. Coli (indicativo de coliformes termotolerantes). Enquanto

neste trabalho, nenhuma das amostras analisadas apresentou contaminação por

Staphylococcus. Por outro lado, todas as amostras do estabelecimento não credenciado ao

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PAS apresentaram contaminação por Coliformes. Já as amostras do estabelecimento

credenciado ao PAS, não apresentaram nenhum tipo de contaminação.

Considerando que o processo de cozimento do presunto é suficiente para

destruir Staphylococcus, bem como Salmonella e a Escherichia Coli a contaminação desse

alimento por E. Coli pode ter ocorrido em etapas pós-processamento. A presença desse gênero

pode ser atribuída ainda à contaminações cruzadas durante manuseio e fatiamento.

Conclusão

Nesta pesquisa pode ser observada a importância das Boas Práticas de Manipulação, e

a implantação do PAS capacitando manipuladores de alimentos da forma adequada, afim de

assegurar mais qualidade nos alimentos comercializados, diminuindo assim o risco de DTAs

(Doenças Transmitidas por Alimentos). Isto fica claro ao ser observado que o estabelecimento

certificado pelo PAS não apresentou nenhum tipo de contaminação, enquanto o outro

estabelecimento (não certificado pelo PAS) apresentou contaminação por Coliformes em

todas as amostras analisadas.

Referências

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plantarum e Staphylococcus carnosus na formação do perfil aromático de salames de

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Normas da Revista Científica

01. As colaborações enviadas à Revista Higiene Alimentar na forma de artigos, pesquisas,

comentários, atualizações bibliográficas, notícias e informações de interesse para toda a área

de alimentos, devem ser elaboradas utilizando softwares padrão IBM/PC (textos em Word nas

mais variadas versões do programa; gráficos em Winword, Power Point ou Excel) ou Page

Maker 7, ilustrações em Corel Draw nas mais variadas versões do programa (verificando para

que todas as letras sejam convertidas para curvas) ou Photo Shop.

02. Os trabalhos devem ser digitados em caixa alta e baixa (letras maiúsculas e minúsculas),

evitando títulos e/ou intertítulos totalmente em letras maiúsculas e em negrito. Tipo da fonte

Times New Roman, ou similar, no tamanho 12.

03. Os gráficos, figuras e ilustrações devem fazer parte do corpo do texto e o tamanho total do

trabalho deve ficar entre 6 e 9 laudas (aproximadamente 9 páginas em fonte TNR 12, com

espaçamento entre linhas 1,5 e margens superior e esquerda 3 cm, inferior e direita 2 cm).

04. Do trabalho devem constar: o nome completo do autor e co-autores, nome completo das

instituições às quais pertencem, summary, resumo e palavras-chave.

05. As referências bibliográficas devem obedecer às normas técnicas da ABNT-NBR-6023 e

as citações conforme NBR 10520 sistema autor-data.

06. Para a garantia da qualidade da impressão, são indispensáveis as fotografias e originais

das ilustrações a traço. Imagens digitalizadas deverão ser enviadas mantendo a resolução dos

arquivos em, no mínimo, 300 pontos por polegada (300 dpi).

07. Arquivos que excederem a 1 MB deverão ser enviados zipados (Win Zip ou WinRAR).

08. Será necessário que os colaboradores mantenham seus programas anti-vírus atualizados.

09. Todas as informações são de responsabilidade do primeiro autor com o qual faremos os

contatos, através de seu e-mail que será também o canal oficial para correspondência entre

autores e leitores.

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10. Juntamente com o envio do trabalho deverá ser encaminhada declaração garantindo que o

trabalho é inédito e não foi apresentado em outro veículo de comunicação.

11. Não será permitida a inclusão ou exclusão de autores e co-autores após o envio do

trabalho. Após o envio do trabalho, só será permitido realizar mudanças sugeridas pelo

Conselho Editorial.

12. Os trabalhos deverão ser encaminhados exclusivamente on-line, ao e-mail

[email protected] .

13. Recebido o trabalho pela Redação, será enviada declaração de recebimento ao primeiro

autor, no prazo de dez dias úteis; caso isto não ocorra, comunicar-se com a redação através do

e-mail [email protected]

14. As colaborações técnicas serão devidamente analisadas pelo Corpo Editorial da revista e,

se aprovadas, será enviada ao primeiro autor declaração de aceite, via e-mail.

15. As matérias serão publicadas conforme ordem cronológica de chegada à Redação. Os

autores serão comunicados sobre eventuais sugestões e recomendações oferecidas pelos

consultores.

16. Para a Redação viabilizar o processo de edição dos trabalhos, o Conselho Editorial

solicita, a título de colaboração e como condição vital para manutenção econômica da

publicação, que pelo menos um dos autores dos trabalhos enviados seja assinante da Revista.

17. Por ocasião da publicação dos trabalhos aprovados será cobrada uma taxa de R$ 50,00 por

página diagramada.

18. Quaisquer dúvidas deverão ser imediatamente comunicadas à Redação através do e-mail

[email protected]