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35 CONTABILIDADE Unidade II 3 BALANÇO PATRIMONIAL: INTRODUÇÃO Uma das partes mais fundamentais das demonstrações contábeis, é por meio do balanço patrimonial que podemos apurar (atestar) a situação patrimonial e nanceira de uma entidade em certo momento. Nessa demonstração, estão nitidamente demonstrados o ativo, o passivo e o patrimônio líquido da entidade. O balanço patrimonial é um demonstrativo contábil que mostra a situação econômica e nanceira de uma empresa num determinado momento. A estrutura desse demonstrativo contábil está estabelecida nos artigos 178, 179, 180 e 182 da Lei nº 6 .404/76, alterada pelas Leis nº 11.638/07 e nº 1 1.941/2009, que a seguir transcrevemos (BRASIL, 1976): Art. 178. No balanço, as contas serão classicadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação nanceira da companhia. § 1º No Ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrado s, nos seguintes grupos: I – Ativo circulante; Lei nº 11.941/09; II – Ativo não circulante, composto por Ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível (Incluído pela Lei nº 11.941/09). 2º No Passivo, as contas serão classicadas nos seguintes grupos: Passivo circulante; (Incluído pela Lei nº 11.941/09) Passivo não circulante; e (Incluído pela Lei nº 11.941/09) Patrimônio Líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. (Alterado pela Lei nº 11.941/09) 179. As contas serão classicadas do seguinte modo: I – no Ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente e as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte;

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CONTABILIDADE

Unidade II

3 BALANÇO PATRIMONIAL: INTRODUÇÃO

Uma das partes mais fundamentais das demonstrações contábeis, é por meio do balanço patrimonialque podemos apurar (atestar) a situação patrimonial e financeira de uma entidade em certo momento.Nessa demonstração, estão nitidamente demonstrados o ativo, o passivo e o patrimônio líquido da entidade.

O balanço patrimonial é um demonstrativo contábil que mostra a situação econômica e financeira deuma empresa num determinado momento. A estrutura desse demonstrativo contábil está estabelecida

nos artigos 178, 179, 180 e 182 da Lei nº 6.404/76, alterada pelas Leis nº 11.638/07 e nº 11.941/2009, quea seguir transcrevemos (BRASIL, 1976):

Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos dopatrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimentoe a análise da situação financeira da companhia.

§ 1º No Ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau deliquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos:

I – Ativo circulante; Lei nº 11.941/09;

II – Ativo não circulante, composto por Ativo realizável a longo prazo,investimentos, imobilizado e intangível (Incluído pela Lei nº 11.941/09).

2º No Passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos:

— Passivo circulante; (Incluído pela Lei nº 11.941/09)

— Passivo não circulante; e (Incluído pela Lei nº 11.941/09)

— Patrimônio Líquido, dividido em capital social, reservas de capital,ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria eprejuízos acumulados. (Alterado pela Lei nº 11.941/09)

179. As contas serão classificadas do seguinte modo:

I – no Ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no cursodo exercício social subseqüente e as aplicações de recursos em despesas doexercício seguinte;

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II – no Ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis após o términodo exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ouempréstimos a sociedades coligadas ou controladas (artigo 243), diretores,acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituíremnegócios usuais na exploração do objeto da companhia;

III – em investimentos: as participações permanentes em outras sociedades eos direitos de qualquer natureza, não classificáveis no Ativo circulante, e quenão se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa;

IV – no Ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreosdestinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresaou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operaçõesque transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens;

(Redação dada pela Lei nº 11.638, de 2007)

 VI – no intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreosdestinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade,inclusive o fundo de comércio adquirido. (Incluído pela Lei nº 11.638, de 2007)

Parágrafo único. Na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiverduração maior que o exercício social, a classificação no circulante ou longoprazo terá por base o prazo desse ciclo.

Art. 180. As obrigações da companhia, inclusive financiamentos paraaquisição de direitos do Ativo não Circulante, serão classificadas no PassivoCirculante, quando se vencerem no exercício seguinte, e no Passivo nãoCirculante, se tiverem vencimento em prazo maior, observado o disposto noparágrafo único do art. 179. (Redação dada pela Lei nº 11.941/09)

Art.182. A conta do capital social discriminará o montante subscrito e, pordedução, a parcela ainda não realizada.

§ 1º Serão classificadas como reservas de capital as contas que registrarem:

a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e aparte do preço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar aimportância destinada à formação do capital social, inclusive nos casos deconversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias;

o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição;

§ 2º Será ainda registrado como reserva de capital o resultado da correçãomonetária do capital realizado, enquanto não capitalizado.

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§ 3º Serão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, enquantonão computadas no resultado do exercício em obediência ao regime decompetência, as contrapartidas de aumentos ou diminuições de valoratribuídos a elementos do Ativo e do Passivo, em decorrência da sua avaliaçãoa valor justo, nos casos previstos nesta Lei ou, em normas expedidas pelaComissão de Valores Mobiliários, com base na competência conferida pelo §3º do art. 177. (Redação dada pela Lei nº 11.941/09)

§ 4º Serão classificados como reservas de lucros as contas constituídas pelaapropriação de lucros da companhia.

§ 5º As ações em tesouraria deverão ser destacadas no balanço comodedução da conta do patrimônio líquido que registrar a origem dos recursosaplicados na sua aquisição (BRASIL, 1976).

Assim sendo, baseado na legislação atual, o balanço patrimonial possui a estrutura a seguir.

3.1 Balanço patrimonial

Quadro 9

Ativo Passivo

Ativo circulante Passivo circulante

Ativo não circulante: Passivo não circulante

• Realizável a longo prazo

Patrimônio líquido

• Investimentos Capital

Reservas de capital

• Imobilizado Ajustes de avaliação patrimonial

Reservas de lucros

• Intangível Ações em tesouraria

A seguir, descreveremos a função de cada grupo e subgrupo componente da estrutura do balançopatrimonial.

3.1.1 Ativo

No ativo, encontramos as contas que representam os bens e direitos que a empresa possui, contasestas que deverão estar dispostas em ordem decrescente de liquidez.

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 Observação

O grau de liquidez deve ser entendido como a capacidade de um bem ou

de um direito de se transformar o mais rapidamente possível em dinheiro.

O ativo subdivide-se em dois grandes grupos: ativo circulante e ativo não circulante.

3.1.1.1 Ativo circulante

Ativo circulante: mostra as disponibilidades imediatas da empresa, tais como saldo em caixa ouconta-corrente bancária; os direitos de recebimento, como as duplicatas a receber, e os bens, como osestoques, que sejam realizáveis no decorrer do exercício social seguinte, ou seja, no prazo de até 365

dias.Esse grupo reunirá as contas representativas dos bens e dos direitos cujo prazo de realização ocorra

no curso do exercício social seguinte, isto é, até doze meses da data do balanço patrimonial.

As contas que normalmente se destacam nesse grupo são duplicatas a receber e estoques, pois elasestão diretamente relacionadas ao ciclo operacional e financeiro da empresa.

Disponibilidades

São os recursos financeiros que se encontram à disposição imediata da empresa, tais como caixa,bancos, aplicações financeiras.

Créditos

São os direitos provenientes de vendas a prazo, tais como clientes, duplicatas a receber, contas areceber. Neste item, também encontramos contas redutoras, como provisão para devedores duvidosos,duplicatas descontadas.

Estoques

São compostos por contas que representam a produção, tais como matérias-primas, a venda, comomercadorias ou produtos acabados ou o consumo, como materiais de limpeza, materiais de expediente.Como conta redutora que encontramos neste grupo, destacamos a provisão para ajustes a valores demercado dos estoques.

Esta conta representa, normalmente, um volume apreciável de recursos investidos em função dasnecessidades de produção e de comercialização da empresa. Existe, pois, uma relação direta entre ovolume de recursos e o período de estocagem dos produtos, sendo este tanto maior quanto maior for o

período em que os bens permaneçam estocados.

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CONTABILIDADE

Despesas antecipadas

São aplicações de recursos em gastos que serão apropriados no curso do período subsequente à datado balanço.

3.1.1.2 Ativo não circulante

Segundo o estabelecido pela legislação atual, é dividido em ativo realizável em longo prazo,investimentos, imobilizado e intangível.

Ativo realizável em longo prazo

São classificadas neste grupo as contas que representam bens e direitos cujos prazos de realizaçãosituam-se após o término do exercício social subsequente à data do balanço patrimonial. Neste

grupo, poderemos encontrar todas as contas componentes do ativo circulante, com exceção dasdisponibilidades.

Investimentos

São classificadas neste grupo as participações societárias de caráter permanente, além dos bense direitos que não se destinem à manutenção das atividades fins da empresa, tais como imóveis paravenda, obras de arte etc.

Indicará as participações da empresa no capital de outras empresas, assim como os imóveis quepossui para venda e aplicações com incentivo fiscal.

Imobilizado

Indica as aplicações de recursos em bens destinados a dar suporte físico às atividades da empresa,como terreno, edifícios, máquinas, móveis e veículos. Ao analisar o volume de tais investimentosefetuados pela empresa, é importante que você conheça as características do setor em que estaatua, pois o nível dos investimentos varia de setor para setor. Em uma empresa de setor industrial,por exemplo, o nível de tais investimentos é normalmente superior se comparado a uma empresa de

prestação de serviço.

São classificadas neste grupo as contas representativas dos bens corpóreos destinados à manutençãodas atividades da empresa. Podem ser subdivididos em:

• Tangível: veículos, máquinas, imóveis, móveis e utensílios, tendo a conta depreciação acumuladacomo redutora.

• Recursos naturais: que podem ser minerais ou florestais de exploração da empresa: pedreiras,porto de areia, minas de carvão, tendo como conta redutora a exaustão acumulada.

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• Objeto de arrendamento mercantil: são bens utilizados pela empresa, mas que não são de suapropriedade. São bens alugados de terceiros que poderão ser comprados pela empresa no prazofinal do contrato de aluguel.

• Imobilização em andamento: obras em andamento, máquinas em construção.

Intangível

São recursos aplicados em itens imateriais, como marcas, patentes, direitos autorais, tendo comoconta redutora a amortização acumulada.

3.1.2 Passivo

No passivo, encontramos as contas que representam as obrigações da empresa para com terceiros

em geral (bancos, fornecedores, funcionários). Aqui, as contas são dispostas observando-se o graudecrescente de exigibilidades. Observamos que o grau de exigibilidade representa o maior ou menorprazo em que a obrigação deve ser paga pela empresa. O passivo subdivide-se em dois grandes grupos:passivo circulante e passivo não circulante.

3.1.2.1 Passivo circulante

Indica as obrigações da empresa para com terceiros a serem cumpridas no decorrer do exercícioseguinte, ou seja, aquelas com prazo de vencimento de até 365 dias.

Este grupo reunirá as contas representativas das obrigações cujo prazo de vencimento aconteça nocurso do exercício social seguinte, isto é, até doze meses da data do balanço patrimonial.

Neste grupo, encontramos contas como fornecedores, duplicatas a pagar, empréstimos, impostos apagar, impostos a recolher, salários a pagar, dividendos a pagar, financiamentos.

3.1.2.2 Passivo não circulante

São classificadas neste grupo as contas que representam obrigações cujos prazos de vencimentos

situam-se após o término do exercício social subsequente à data do balanço patrimonial. Podemosencontrar todas as contas do passivo circulante, vencíveis após o exercício social seguinte.

3.1.3 Patrimônio líquido

Araújo (2009) menciona que o patrimônio líquido corresponde à quantia do patrimônio que cabeao proprietário do negócio. Os dados do patrimônio líquido são formados pelo capital, representadopelo conjunto de investimentos realizados pelo proprietário, pelos sócios, pelas reservas de capital e delucros, entre outros. Significa, na equação patrimonial, a diferença entre o ativo e o passivo. Logo, asfontes do patrimônio líquido são os investimentos dos donos do negócio e os lucros obtidos.

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CONTABILIDADE

 Observação

Para o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), o patrimônio

líquido é o valor residual dos ativos da entidade depois de deduzidos todosos seus passivos.

 Saiba mais

Para mais aprofundamento nas exigências e nomenclaturas contábeis,consulte o CPC. Trata-se de uma entidade autônoma criada pela ResoluçãoCFC nº 1.055/05. Acesse o site www.cpc.prg.br e adquira uma infinidade de

informações interessantes.

No patrimônio líquido, encontraremos as contas que representam obrigações para com osproprietários. São os capitais próprios que representam os recursos investidos pelos proprietários, bemcomo suas variações decorrentes dos resultados obtidos pela empresa. O patrimônio líquido compreendeos subgrupos de contas listados a seguir.

Capital social

Composto pela conta capital social, conta esta que representa o investimento feito pelos proprietáriosna empresa e pela conta capital a integralizar, que corresponde ao capital social subscrito pelosproprietários, mas ainda não integralizado, sendo esta última conta redutora da conta capital social.

Reservas de capital

São contas representativas de ganhos obtidos pela empresa que não transitam pelo resultado, taiscomo ágio recebido na emissão de ações, alienação de partes beneficiárias, alienação de bônus desubscrição.

Ajustes de avaliação patrimonial

São classificados como ajustes de avaliação patrimonial enquanto não computados noresultado do exercício em obediência ao regime de competência às contrapartidas de aumentos oudiminuições de valor atribuídas a elementos do ativo e do passivo, em decorrência de sua avaliaçãoa preço de mercado.

Aplicações em instrumentos financeiros e direitos e títulos de crédito classificados no ativo circulanteou no ativo realizável a longo prazo, quando forem destinados à venda, serão avaliados pelo valor de

mercado, sendo que, em função do valor de mercado, terão variações na avaliação.

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Reservas de lucros

Conforme legislação em vigor, serão classificadas como reservas de lucros as contas constituídaspela apropriação de lucros da companhia, que pode ter essa apropriação em função da lei (reserva legal)ou da vontade dos sócios (reservas estatutárias, reserva para contingências, reserva para expansão,reserva de lucros a realizar).

Prejuízos acumulados

Representam o resultado negativo apurado pela empresa no exercício atual ou em exercíciosanteriores, até a sua compensação com lucros ou reservas ou, ainda, assumidos pelos proprietários.

Ações em tesouraria

Surgem quando a empresa adquire suas próprias ações, objetivando reduzir o capital social. Deve-sedestacar no balanço patrimonial como dedução da conta do patrimônio líquido que registra a origemde recursos aplicados na sua aquisição. É uma conta redutora do patrimônio líquido.

3.2 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)

A DRE surge em função da dinâmica das atividades desenvolvidas pelas empresas entre a data deum balanço patrimonial e a de outro. Durante esse período, a empresa realiza diversas operações quealteram o seu patrimônio (compras, vendas, pagamentos, recebimentos).

Essas operações praticadas pelas empresas, quer sejam operacionais ou não operacionais, alterampara mais ou para menos o patrimônio líquido da empresa e contêm os elementos indispensáveis paraa elaboração da DRE, que são as receitas – que aumentam o patrimônio líquido – e as despesas, quediminuem o patrimônio líquido.

A seguir, trataremos da estrutura da DRE conforme a legislação atual.

3.2.1 Conceito

É um demonstrativo contábil apresentado de forma dedutiva, ou seja, das receitas subtraem-seas despesas e obtém-se o resultado do exercício, que pode ser positivo, denominado de lucro casoas receitas superem as despesas, ou negativo, denominado de prejuízo caso as despesas superem asreceitas.

 Lembrete

A DRE, ao contrário do balanço patrimonial, é uma demonstraçãocontábil dinâmica, que mostra a situação econômica e financeira de umaempresa em determinado período.

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CONTABILIDADE

Em uma primeira tentativa de apresentação da DRE, teremos:

  DRE

Receitas 100Despesas (80)= Resultado do exercício 20

3.2.1.1 O dispositivo legal da DRE

A seção V da Lei nº 11.638/07, no seu único artigo, o artigo 187, que a seguir transcreveremos,determina a estrutura da DRE (BRASIL, 1976).

Seção V 

Demonstração do Resultado do Exercício

Art. 187. A demonstração do Resultado do Exercício discriminará:

I – a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, osabatimentos e os impostos;

II – a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviçosvendidos e o lucro bruto;

III – as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidasdas receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesasoperacionais;

IV – o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas não operacionais;(Redação dada pela Lei nº 9.249, de 1995).

 V – o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão

para o imposto;

 VI – as participações de debêntures, de empregados e administradores,mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições oufundos de assistência ou previdência de empregados, que não secaracterizem como despesa; (Redação dada pela Lei nº 11.638, de2007).

 VII – o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação docapital social.

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Unidade II

§ 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados: asreceitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da suarealização em moeda; e os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ouincorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos (BRASIL, 1976).

3.2.2 Exemplo de DRE

Com base no artigo mencionado, podemos exemplificar uma DRE:

Receita bruta das vendas

(-) Devolução de vendas

(-) Abatimentos sobre vendas

(-) Descontos comerciais sobre vendas

(-) Impostos incidentes sobre vendas

= Receita líquida

(-) CMV / CPV / CSV 

= Lucro bruto

(-) Despesas com vendas

(+) Receitas financeiras

(-) Despesas financeiras

(-) Despesas gerais/administrativas

(±) Outras receitas/Despesas operacionais

= Resultado operacional

(+) Receitas não operacionais

(-) Despesas não operacionais

= Lucro antes de Imposto de Renda e contribuição social

(-) Provisão Imposto de Renda

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CONTABILIDADE

(-) Provisão contribuição social

= Lucro antes das participações em lucro

(-) Participação de empregado

(-) Participação de administradores

(-) Participação de partes beneficiárias

(-) Participação de debenturistas

(-) Contribuição para instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados

= Resultado do exercício

Lucro por ação

3.2.2.1 Contas da DRE

Para melhor compreensão da DRE, passaremos a discorrer sobre o significado das contas que delaparticipam.

Receita bruta

É o valor das vendas originadas pelo desenvolvimento das atividades previstas no estatuto ou nocontrato social da empresa. Na empresa comercial, essa receita é composta pela venda de mercadorias;na empresa industrial, pela venda de produtos; e nas empresas prestadoras de serviços, pela venda deprestação de serviços.

 Observação

A receita bruta engloba as vendas à vista e a prazo, vendas realizadasnos mercados interno e externo.

Partindo-se da receita bruta, dela subtraímos as chamadas deduções de vendas, para chegarmos àreceita líquida. As deduções de vendas são compostas por:

• Devolução: surge quando, vamos supor, a empresa vende uma mercadoria ou um produto e ocliente não aceita a mercadoria entregue, pois ela está em desacordo com o pedido, por exemplo,no que diz respeito à qualidade ou à quantidade. Neste momento, o cliente pode devolver amercadoria no todo ou em parte, ou ficar com a mercadoria entregue em desacordo com o pedidoe negociar um abatimento.

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Unidade II

• Abatimento: surge quando o cliente, em vez de devolver a mercadoria ou o produto que estáem desacordo com o pedido, ficar com a mercadoria ou o produto e negociar uma reduçãode preço.

• Desconto comercial: é aquele oferecido diretamente no preço da mercadoria ou do produto,objetivando aumentar o volume das vendas. É também conhecido como desconto incondicional.

• Impostos incidentes sobre as vendas: as empresas funcionam como arrecadadoras de impostosdos governos, pois no preço das suas mercadorias, de seus produtos ou serviços estão embutidos osimpostos, que devem ser repassados aos cofres públicos. Assim sendo, os impostos e contribuiçõesque incidem sobre as vendas fazem parte das deduções da receita bruta, sendo os mais comuns oICMS, IPI, ISS, PIS, Cofins.

Receita líquida

É a denominação de uma conta que demonstra o valor da receita bruta, deduzido das chamadas“deduções de vendas”.

Constitui-se das vendas efetuadas pela empresa depois de deduzidos os impostos, as devoluções eos abatimentos. Permite a você avaliar o nível de atividade de uma empresa, pois o desempenho irá serefletir diretamente nos resultados obtidos.

CMV/CPV/CSV 

O custo das mercadorias vendidas (CMV), o custo dos produtos vendidos (CPV) e o custo dos serviçosprestados (CSV) correspondem ao custo das vendas e mostram o quanto custou para a empresa tudo oque foi entregue ao cliente sob a forma de mercadoria, produto ou prestação de serviço.

Lucro bruto

O lucro bruto é obtido pela diferença entre a receita líquida e o custo das vendas. No caso de umaempresa industrial, mostra a eficiência em suas atividades de vendas e de produção, ou de vendas e decompras, no caso de uma empresa comercial.

Despesas com vendas

São aquelas despesas incorridas para que a empresa possa vender suas mercadorias, seus produtosou serviços, tais como frete sobre vendas, salários e encargos sociais de vendedores, manutenção de sites  na internet, propaganda.

Receitas financeiras

Juros e correção monetária obtidos nas aplicações financeiras, juros no recebimento de duplicatasem atraso.

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CONTABILIDADE

Despesas financeiras

Juros pagos ou incorridos por atraso de pagamento a fornecedores, ou em empréstimos efinanciamentos.

Despesas gerais/administrativas

Compreendem as despesas incorridas com, por exemplo, contabilidade, auditoria, energia elétrica,telefone, água, segurança, assistência médica a funcionários.

Outras receitas/despesas operacionais

Compreendem as receitas e as despesas operacionais que não se classificam nos grupos de receitas edespesas anteriores. Por exemplo, o resultado de equivalência patrimonial, que pode ser positivo (receita)

ou negativo (despesa).

Referem-se àquelas despesas relacionadas ao suporte, à produção dos bens e serviços e à suacomercialização, abrangendo as despesas de vendas, despesas administrativas e os encargos financeiros.

Pode-se acompanhar o impacto de tais despesas sobre o resultado da empresa por meio da análisede sua evolução com relação às vendas. As despesas de vendas e administrativas estão diretamenterelacionadas ao nível de atividades da empresa, expresso por suas vendas.

Resultado operacional

Obtido partindo-se do lucro bruto, somando-se as receitas e subtraindo-se as despesas operacionais.Esse resultado pode ser positivo (lucro operacional) ou negativo (prejuízo operacional).

Resultado não operacional

Refere-se às receitas e despesas não ligadas às atividades habituais da empresa. Se os valoresexpressos neste grupo de contas se mostrarem expressivos a ponto de afetar significativamente o lucrolíquido do exercício, faz-se necessária à abertura de suas contas para que você possa identificar a que

tipo de receita e de despesa se refere.

Receitas não operacionais

São geradas, por exemplo, pela venda de itens do ativo imobilizado, pelo recebimento de indenizaçãode seguradoras.

Despesas não operacionais

São geradas pelo custo do item do ativo imobilizado vendido, pela baixa de bens sinistrados.

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Unidade II

Lucro antes do Imposto de Renda e contribuição social

É o ponto de partida para se chegar ao lucro que será tributado pelo Imposto de Renda.

Imposto de Renda e contribuição social sobre o lucro

Após a apuração do lucro tributável e a base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, aplicam-seos percentuais cabíveis e se obtém o valor do Imposto de Renda e da contribuição social.

Lucro antes das participações nos lucros

Corresponde ao lucro antes do Imposto de Renda e contribuição social sobre o lucro, deduzido daprovisão para Imposto de Renda e da provisão para contribuição social.

Lucro líquido do exercício

Mostra o resultado final alcançado pela empresa em suas atividades, o qual será distribuído aosacionistas e/ou incorporado ao patrimônio líquido.

O lucro líquido é a meta principal a ser alcançada pela empresa em suas atividades. A sua geraçãovisa remunerar seus sócios pelos investimentos efetuados, além de constituir-se em importante fontede recursos, com o qual a empresa poderá financiar seus ativos e cumprir as obrigações assumidas paracom terceiros.

Participação de empregados/participação de administradores

São, na realidade, despesas, pois representam uma espécie de complemento de remuneraçãocalculada com base no lucro obtido pela empresa.

Participação de partes beneficiárias

É também uma despesa, pois representa uma participação paga aos possuidores desses títulosnegociáveis e nominativos emitidos por sociedades anônimas, que não integram o capital social.

• Participação de debenturistas: corresponde a um tipo de despesa financeira, pois, na realidade,a empresa está remunerando o capital de terceiros (debenturistas) aplicado na companhia sob aforma de debêntures.

• Resultado do exercício: pode ser lucro ou prejuízo e representa o resultado de todas as operaçõesque a empresa realizou em determinado período. Representa o quanto o patrimônio da empresacresceu, no caso de lucro, ou quanto diminuiu, no caso de prejuízo.

• Lucro por ação: representa o quociente da divisão do lucro da empresa pelo número de açõesque compõe o capital social.

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CONTABILIDADE

Por exemplo:

Uma empresa possui um capital social de $ 5.000.000, composto por 10.000.000 de ações (ordinárias epreferenciais), com valor nominal de $ 0,5 cada. Caso essa empresa apresente, ao final do período, um lucrolíquido de $ 50.000.000, seu lucro por ação será de $ 5 (50.000.000 ÷ 10.000.000).

4 DEMONSTRAÇÃO DE ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS

4.1 Introdução

Tal qual o balanço patrimonial e a DRE, a Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos (Doar)é um demonstrativo contábil. O objetivo da Doar é demonstrar a variação do capital circulante líquidode uma empresa, ocorrida entre um e outro período contábil.

O Capital Circulante Líquido (CCL) é obtido pela diferença entre o total do ativo circulante e o totaldo passivo circulante, ou seja:

CCL = AC – PC

Galvão (2008, p.81) destaca que o estudo da liquidez de uma empresa concentra-se nas contas decurto prazo, ou seja, ativo e passivo circulante. A liquidez é definida como a capacidade de a empresapagar as contas de curto prazo.

O primeiro indicador para medir a liquidez é o CCL, que é a expressão primeira da mensuração dacapacidade de pagamento da empresa. Todo desenvolvimento da mensuração do risco de liquidez deatividade empresarial tem a sua base de fundamentação no dimensionamento e análise do CCL.

O capital circulante líquido engloba tudo o que a empresa tem aplicado no curto prazo (AC)confrontado com os compromissos a pagar (PC) nesse período. O CCL é dado por: CCL = AC-PC.

 Observação

Com a vigência da Lei 11.638/07, a elaboração da Doar passou a serfacultativa, mas, pela sua importância gerencial, é importante conhecersua estrutura e sua elaboração.

 Saiba mais

Sobre o assunto, recomendamos a leitura do livro Contabilidade

Empresarial , de José Carlos Marion (Editora Atlas, São Paulo, 2009). Nestelivro, além das demais informações ali contidas, é possível encontrar demais

denominações e serventia para o Doar.

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Unidade II

4.1.1 Cálculo da variação do capital circulante líquido

A variação do capital circulante líquido de um período para outro pode ser obtida conforme a seguir:

Quadro 10 – Balanço patrimonial

Ativo X0 X1 Passivo X0 X1

Disponibilidades 100 125 Fornecedores 50 75

Estoques 10 35

Imóveis 200 200 Empréstimos LP 10 35

Patrimônio líquido

Capital 250 250

Total 310 360 310 360

Cálculo do CCL

  X0 X1AC 110 160PC (50) (75)= CCL 60 85

A variação do CCL de X0 para X1 será obtida da seguinte forma:

 Variação do CCL = CCLX1 – CCLX0

 Variação do CCL = 85 – 60 = 25

É exatamente esta variação (25) que a Doar irá explicar.

4.1.2 Regras para elaboração da Doar

Analisando o balanço patrimonial exemplificado, podemos observar, do ano de X0 para o ano de X1,duas operações:

1ª. operação: compra de mercadorias para estoque, a prazo, no valor de 25.

Seria esta operação a causa que explicaria a variação do CCL? Não, pois provocou um aumento noativo circulante de 25 e outro aumento no passivo circulante de 25.

2ª. operação: obtenção de empréstimo a longo prazo no valor de 25.

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CONTABILIDADE

Seria esta operação a causa que explicaria a variação do CCL? Sim, pois provocou um aumento noativo circulante de 25 (disponibilidade) e outro aumento no passivo não circulante, empréstimo a longoprazo de 25.

Por esses exemplos, podemos afirmar que só alteram o CCL as operações do tipo “circulante x nãocirculante”.

Operações do tipo “circulante x circulante” e “não circulante x não circulante” não afetam o CCL e,consequentemente, não afetam a Doar.

4.1.3 Origens e aplicações de recursos

Para a elaboração da Doar, consideraremos como “origens” de recursos qualquer aumento do CCLe como “aplicações” de recursos qualquer diminuição do CCL. Assim sendo, com os dados do nosso

exemplo inicial, de uma forma simples, podemos elaborar a seguinte Doar:

Doar

1. Origens de recursos

  Obtenção de empréstimos a LP 25

2. Aplicação de recursos 0

3. Variação do CCL 25

4.1.4 O lucro do exercício

O lucro líquido do exercício é a principal origem do CCL. Ele, porém, para ser assim considerado,necessita de alguns “ajustes”.

Para exemplificar, partiremos do balanço patrimonial em X1 e imaginaremos que a empresa, em X2,realizou apenas as seguintes operações:

 Venda à vista de mercadorias em estoque por $ 40. As mercadorias custaram $ 15.

A depreciação dos imóveis foi de $ 10.

Houve pagamento de despesas de aluguel, no período, de $ 5.

A DRE e o balanço patrimonial em X2 seriam:

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Unidade II

DRE

Receita de vendas 40CMV (15)= Lucro bruto 25Despesa depreciação (10)Despesa aluguel (5)= Lucro líquido 10

Quadro 11 – Balanço patrimonial

Ativo X1 X2 Passivo X1 X2

Disponibilidades 125 160

Estoques 35 20 Fornecedores 75 75

Imóveis 200 200Depreciação acumulada - (10) Empréstimos LP 35 35

Patrimônio líquido

Capital 250 250

Lucros acumulados - 10

Total 360 370 Total 360 370

Calculemos a variação ocorrida no CCL, após a inclusão das operações:

  X1 X2AC 160 180PC (75) (75)= CCL 85 105

 Variação do CCL = CCLX2 – CCLX1 = 105 – 85 = 20

Observa-se que o CCL aumentou em 20, enquanto o lucro foi de apenas 10. Isso decorre do fato deque a despesa de depreciação afetou o valor do lucro líquido, reduzindo-o, mas não afetou o CCL, poisa contrapartida dessa despesa é uma conta do “não circulante”, ou seja, depreciação acumulada.

 Lembrete

O lucro líquido, para ser considerado origem de recursos, deve, antes,ser ajustado pelo acréscimo do valor da despesa de depreciação do período.

Lucro líquido 10+ Depreciação 10

= Lucro líquido ajustado 20

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CONTABILIDADE

É o lucro líquido ajustado que explica a variação do CCL de 20.

Outros fatos, além da depreciação, devem ser considerados no ajuste do lucro líquido.São eles:

• amortização, exaustão;

• variações monetárias ou cambiais;

• resultado da equivalência patrimonial.

Tais fatos, se tiverem natureza de receita, devem ser subtraídos do lucro líquido para obtenção dolucro líquido ajustado.

Por outro lado, se tiverem a natureza de despesa, devem ser somados ao lucro líquido para aobtenção do lucro líquido ajustado.

4.1.5 Outras origens de recursos

O lucro líquido pode ser considerado como a principal origem do CCL; entretanto, não é a única.Outras operações que envolvem contas “circulante x não circulante” também fazem variar para mais oCCL. Essas operações são divididas em dois grupos:

• dos acionistas;

• de terceiros.

Como exemplo de origem de recursos provenientes dos acionistas, podemos mencionar a integralizaçãodo capital pelos acionistas em dinheiro. E como exemplo de origem de recursos provenientes de terceiros,podemos mencionar:

• financiamentos contraídos a LP;

• transferência da ARLP para o AC;

• venda de itens do ativo imobilizado.

4.1.6 Venda dos itens do ativo imobilizado

Para melhor entendermos este item, vamos partir do exemplo anterior em X1 e dar continuidade nasoperações da empresa em X3, considerando apenas o fato de ter sido vendido à vista um imóvel cujosaldo contábil era de 50 por 75.

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Unidade II

A DRE e o balanço patrimonial em X3 seriam:

DRE X3

Receita de vendas 40CMV (15)= Lucro bruto 25Despesa de depreciação (10)Despesa de aluguel (5)= Resultado operacional 10(+) Resultado não operacional (75 – 50) 25= Lucro líquido do exercício 35

Quadro 12 – Balanço patrimonial

Ativo X1 X3 Passivo X1 X3

Disponibilidades 125 235 Fornecedores 75 75

Estoques 35 20

Imóveis 200 150 Empréstimos LP 35 35

Depreciação acumulada - (10)

Patrimônio líquido

Capital 250 250

Lucros acumulados - 35

Total 360 395 Total 360 395

Calculo da variação ocorrida no CCL:

  X1 X3AC 160 255PC (75) (75)= CCL 85 180

 Variação do CCL = CCLX3 – CCLX1 = 180 – 85 = 95

Apuremos agora o lucro líquido ajustado:

Lucro líquido do exercício 35+ Depreciação 10= Lucro líquido ajustado 45

Percebemos que a diferença entre a variação do CCL (95) e o lucro líquido (45) é de 50, que corresponde

exatamente ao saldo contábil do imóvel vendido.

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CONTABILIDADE

A Doar seria:

Doar

1. Origens de recursos

Lucro líquido 35Depreciação 10= Lucro líquido ajustado 45De terceiros Venda itens do imobilizado 50Total das origens 95

2. Aplicações 0

3. Variação do CCL 95

4.1.7 Aplicações

As aplicações de recursos originam-se de operações entre “circulante x não circulante”, que reduzemo CCL. Como exemplo, podemos mencionar:

• compra de itens do investimento, imobilizado, intangível;

• aumento de itens do ARLP;

• pagamento de obrigações a LP;

• transferência de obrigações de longo prazo para o circulante;

• distribuição de dividendo.

4.1.8 Estrutura da Doar

1. Origens

Das operações

Lucro líquido do exercício

+ Depreciação/Amortização/Exaustão

± Variação cambial (ou CM de dívida)

± Resultado equivalência patrimonial

= Lucro ajustado

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Unidade II

Dos acionistas

Integralização de capital em dinheiro

De terceiros

Novos empréstimos

Alienação de itens do imobilizado

 Venda de itens dos investimentos

Total das origens

2. Aplicações de recursos

• Aquisição de novos itens do imobilizado.

• Aquisição de novos investimentos.

• Pagamento de financiamentos.

• Distribuição de dividendos.

Total das aplicações

3. Aumento/Redução do CCL

4.2 Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)

Introdução

A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), a partir de 01/01/2008, passou a ser uma demonstração

obrigatória, conforme estabeleceu a lei 11.638/07, que alterou a lei 6.404/76. Essa alteração formalizouuma tendência internacional no sentido de que a Doar fosse substituída pela DFC, pelo fato de ser aDoar um demonstrativo contábil de difícil interpretação pelos não contadores, apesar de sua inegávelutilidade na análise da situação econômica e financeira das empresas.

 Observação

A Doar é mais abrangente em termos de informações do que a DFC,entretanto, as técnicas utilizadas na elaboração da Doar fazem com que elaseja, por vezes, de difícil compreensão.

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CONTABILIDADE

Assim, ao se tornar a DFC uma demonstração contábil obrigatória, o Brasil passou a seguir a orientaçãodo International Accounting Standards   Board   (Iasb), órgão que estabelece as normas internacionaisde contabilidade, e do Financial Accounting Standards Board  (Fasb), órgão normatizador das práticascontábeis americanas, engajando-se nas práticas dos principais mercados financeiros internacionais.

Durante a elaboração desta unidade, a proposta de normatização da DFC, que estava em audiênciapública colocada pelo CPC, acabara de ser aprovada. Assim sendo, será aplicado o CPC-3, que trata daelaboração da DFC que desenvolve o conteúdo sobre esse demonstrativo contábil.

 Saiba mais

O objetivo primário da DFC é prover informações relevantes sobre os

pagamentos e recebimentos, em dinheiro, de uma empresa, ocorridosdurante um determinado período. Para mais informações, acesse http://www.cpc.org.br, consulte o CPC 3, e veja: Deliberação da CVM, Resoluçãodo CMN e Circular da Susep acerca do assunto.

4.2.1 Conceito

A demonstração dos fluxos de caixa é um demonstrativo contábil que explica as modificações ocorridasno saldo das disponibilidades da empresa em um determinado período, por meio da exposição dos fluxos derecebimentos, registrados a débito (aumentos), e de pagamentos, registrados a crédito (reduções) da conta caixa.

Apesar do nome, devemos considerar, no saldo da conta caixa, as chamadas disponibilidades, ou seja,os equivalentes de caixa, assim constituídos por:

• recursos disponíveis em caixa;

• recursos disponíveis nas contas-correntes bancárias;

• aplicações financeiras conversíveis imediatamente em moeda.

4.2.2 Estrutura da demonstração dos fluxos de caixa

Considerando-se a estrutura como forma de apresentação, a DFC deve ser estruturada conforme asatividades, operações que provocam aumentos ou reduções de caixa, em três tipos, a saber:

• atividades operacionais;

• atividades de investimentos;

• atividades de financiamentos.

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Unidade II

4.2.2.1 As atividades operacionais

As atividades operacionais estão diretamente relacionadas à demonstração do resultado do exercícioe devem corresponder às entradas e saídas em dinheiro ou equivalente referentes às operações principaisda empresa, tais como:

Entradas

• recebimentos de vendas (à vista e a prazo);

• recebimentos de outras receitas (aluguéis, juros);

• recebimentos de indenização por sinistros, sentenças judiciais.

Saídas

• pagamentos de compras (fornecedores em geral);

• pagamentos de despesas (salários, aluguéis, impostos, juros).

4.2.2.2 Atividades de investimentos

As atividades de investimentos estão diretamente relacionadas às operações que provocam aumentos ediminuições dos ativos de vida útil longa, utilizados na produção de bens e serviços, bem como a aquisição

de títulos e valores de outras sociedades, classificados no ativo circulante ou permanente, tais como:

Entradas

• recebimentos do principal de empréstimos e financiamentos concedidos;

• recebimentos de alienação e participação societárias;

• recebimentos de alienação de títulos de investimentos;

• recebimentos da venda de imobilizado e outros ativos utilizados na produção de bens e serviços.

Saídas

• desembolsos dos empréstimos concedidos pela empresa a coligadas/controladas /acionistas;

• pagamentos na compra de títulos de investimento de outras entidades;

• pagamentos na compra de títulos patrimoniais de outras sociedades;

• pagamentos à vista referentes à compra de imóveis, máquinas etc.

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CONTABILIDADE

4.2.2.3 Atividades de financiamentos

As atividades de financiamentos estão diretamente relacionadas às operações de captação derecursos próprios e de recursos de terceiros, assim como o pagamento e a remuneração desses recursos.

Entradas

• integralização do capital em dinheiro;

• recebimentos em dinheiro de reservas de capital;

• recebimentos de empréstimos e financiamentos.

Saídas

• pagamentos de empréstimos e financiamentos contraídos;

• pagamentos de dividendos;

• pagamentos de juros e encargos sobre empréstimos e financiamentos.

 Saiba mais

Para outra visão do assunto, veja o livro Contabilidade empresarial ,de José Carlos Marion (São Paulo, Editora Atlas, 2009). Neste, o autorsalienta que a intitulação DFC não é a mais correta, uma vez que englobaas contas de caixa e bancos. Dessa forma, seria mais adequado denominarDemonstração do Fluxo Disponível. Vale a pena a leitura.

4.2.2.4 Transações que não afetam o caixa

Observemos agora algumas transações que não afetam o caixa da empresa, em virtude de não haver

pagamento nem recebimento:

• Depreciação, amortização, exaustão: reduções do ativo, sem afetar o caixa.

• Provisão para devedores duvidosos: uma estimativa de eventuais perdas com clientes que nãorepresentam desembolso para a empresa.

• Reavaliação: hoje não permitida pela atual legislação.

• Ganhos ou perdas com investimentos (participações) por meio da aplicação do método da

equivalência patrimonial.

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Unidade II

4.2.3 Métodos de elaboração da DFC

Existem dois métodos para a elaboração da DFC: método direto e método indireto.

As diferenças entre ambos estão exatamente nos fluxos das atividades operacionais. Osfluxos das atividades de investimentos e financiamentos são demonstrados de forma idênticanos dois métodos.

4.2.3.1 Método direto

A metodologia de elaboração da DFC direta mostra todos os recebimentos e pagamentos quecontribuíram para a variação das disponibilidades no período.

 Observação

A DFC pelo método direto é também denominada fluxo de caixano sentido restrito. Muitos se referem a ele como o verdadeiro fluxode caixa.

Essa metodologia divulga informações mais complexas para o usuário da contabilidade. A estruturada DFC pelo método direto pode ser assim exemplificada:

DFC

Fluxos das atividades operacionais

(+) Recebimentos de clientes (ajuste 1)

(+) Recebimentos de dividendos e juros

(+) Outros recebimentos provenientes das operações

(-) Pagamentos a fornecedores (ajuste 2)

(-) Pagamentos de despesas operacionais (ajuste 3)

(-) Pagamentos de despesas antecipadas (ajuste 4)

(-) Pagamentos de impostos e contribuições

(-) Outros pagamentos decorrentes das operações

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CONTABILIDADE

Fluxos das atividades de investimentos

(+) Recebimentos do principal de empréstimos e financiamentos concedidos

(+) Recebimentos provenientes do resgate de investimentos temporários

(+) Recebimentos provenientes da alienação de bens do imobilizado

(+) Recebimentos provenientes da alienação de investimentos permanentes

(-) Desembolsos de empréstimos e financiamentos concedidos

(-) Pagamentos na aquisição à vista de investimentos permanentes

(-) Pagamentos na aquisição à vista de bens do imobilizado

(-) Pagamentos na aquisição à vista de itens do intangível

(-) Pagamentos na aquisição de investimentos temporários

Fluxos das atividades de financiamentos

(+) Recebimentos provenientes da realização de capital em moeda

(+) Recebimentos provenientes de empréstimos e financiamentos obtidos

(+) Outros recebimentos provenientes de financiamentos

(-) Pagamentos do principal de empréstimos e financiamentos obtidos

(-) Outros pagamentos decorrentes das atividades de financiamentos

 Variação das disponibilidades no período

Saldo final das disponibilidades

(-) Saldo inicial das disponibilidades

 Vejamos agora os ajustes mencionados na estrutura da DFC como meios alternativos para amensuração de alguns itens das atividades operacionais e de investimentos.

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Unidade II

4.2.3.1.1 Ajustes de atividades operacionais

Recebimentos de clientes (ajuste 1)

A obtenção do valor dessa atividade operacional pode ser obtida pela seguinte soma algébrica:

 Vendas do exercício (à vista e a prazo)

(+) Saldo inicial de duplicatas a receber

(-) Saldo final de duplicatas a receber

(-) Saldo inicial de duplicatas descontadas

(+) Saldo final de duplicatas descontadas

= Total dos recebimentos de clientes no exercício

Exemplo

Suponhamos que uma determinada empresa tenha os seguintes saldos:

Duplicatas a receber – saldo inicial 30

Duplicatas descontadas – saldo inicial 20

Duplicatas a receber – saldo final 22

Duplicatas descontadas – saldo final 17

 Vendas 100

 Vendas do exercício 100

(+) Saldo inicial duplicatas a receber 30

(-) Saldo final duplicatas a receber (22)

(-) Saldo inicial duplicatas descontadas (20)

(+) Saldo final duplicatas descontadas 17

= Recebimento de clientes 105

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CONTABILIDADE

Recebimentos de clientes (ajuste 1) com perdas de créditos a receber e PDD

Se os clientes da empresa não pagaram seus compromissos, a perda com esses clientes deve serdeduzida da soma algébrica indicada no item anterior para que se obtenha o valor correto recebidopelas vendas, uma vez que esse recurso não ingressou no disponível da empresa. Assim, teremos:

 Vendas do exercício

(+) Saldo inicial de duplicatas a receber

(-) Saldo final de duplicatas a receber

(-) Saldo inicial de duplicatas descontadas

(+) Saldo final de duplicatas descontadas

(-) Perdas com duplicatas a receber

= Total de recebimentos de clientes do exercício

Por outro lado, se a empresa, prevendo o não pagamento, constituiu uma provisão para devedoresduvidosos (PDD) e lançou a perda a débito de PDD, o ajuste deverá ser feito diminuindo-se da PDD quenão foi revertida no exercício do valor das vendas.

Exemplo

 Vendas do exercício 200

Saldo inicial de clientes 40

Saldo final de clientes 30

PDD constituída no final do exercício anterior 10

Reversão de PDD no final do exercício 3

PDD constituída no final do exercício 12

A perda com clientes foi no exercício de setembro, correspondente à perda da PDD que não foirevertida. O valor recebido de clientes será assim calculado:

 Vendas do exercício 200

(+) Saldo inicial de clientes 40

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Unidade II

(-) Saldo final de clientes (30)

(-) PDD do exercício anterior (10)

(+) Reversão de PDD no exercício 3

= Recebimento de clientes 203

4.2.3.1.2 Pagamentos a fornecedores (ajuste 2)

O pagamento feito a fornecedores é obtido de maneira análoga à do recebimento de clientes,ou seja, toma-se o valor das compras no exercício e ajusta-se pela variação dos saldos da contafornecedores.

Compras do exercício

(+) Saldo inicial de fornecedores

(-) Saldo final de fornecedores

= Pagamento a fornecedores no exercício

Para empresas comerciais

O valor das compras em empresas comerciais pode ser obtido pela fórmula:

C = CMV – EI + EF

Exemplo

A empresa “X” apresenta os seguintes dados, extraídos de seus demonstrativos contábeis(BP e DRE):

Saldo inicial da conta fornecedores 100

Saldo final da conta fornecedores 130

Saldo inicial da conta mercadorias 200

Saldo final da conta mercadorias 190

Custo das mercadorias vendidas 500

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CONTABILIDADE

O valor das compras efetuadas no exercício (C) é:

C = CMV – EI + EF

C = 500 – 200 + 190 = 490

O valor pago a fornecedores no exercício é:

Compras do exercício 490

(+) Saldo inicial de fornecedores 100

(-) Saldo final de fornecedores (130)

= Pagamentos a fornecedores 460

Para empresas industriais

O valor das compras em empresas industriais pode ser obtido utilizando-se a fórmula seguinte paraobtenção do custo dos produtos vendidos (CPV):

Estoque inicial de materiais

(+) Compras de materiais

(-) Estoque final de materiais

= Materiais consumidos (MAT)

(+) Mão de obra direta (MOD)

(+) Custos indiretos de fabricação (CIF)

= Custo de produção do período (CPP)

(+) Estoque inicial de produtos em elaboração (Eipe)

(-) Estoque final de produtos em elaboração (EFPE)

= Custo da produção acabada (CPA)

(+) Estoque inicial de produtos acabados (Eipa)

(-) Estoque final de produtos acabados (EFPA)

= Custo dos produtos vendidos (CPV)

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Unidade II

 Lembrete

Uma vez obtido o valor das compras de materiais, utiliza-se de

forma semelhante à das empresas comerciais e obtém-se o valor pago afornecedores no exercício.

4.2.3.1.2.1 Pagamento de despesas operacionais (ajuste 3) e despesas antecipadas (ajuste 4)

Os pagamentos de despesas no exercício englobam:

• o pagamento de despesas operacionais incorridas em exercícios anteriores e pagos no exercíciocorrente;

• o pagamento de despesas operacionais incorridas e pagas no próprio exercício;

• o pagamento de despesas operacionais ainda não incorridas (antecipadas).

Por outro lado, os pagamentos citados não englobam:

• os valores de despesas incorridas no presente exercício, a serem pagas no exercício seguinte;

• as transferências de despesas antecipadas pagas em exercícios anteriores e que foram computadas

como despesas do exercício seguinte;

• os valores de despesas que foram incorridas no período, mas que não representam saídas de caixa(depreciação/exaustão/amortização/saldo devedor de equivalência patrimonial).

Supondo-se que todas as despesas operacionais transitaram pelo contas a pagar, o pagamento dedespesas do exercício pode ser obtido da seguinte forma:

Despesas operacionais incorridas no exercício

(+) Saldo inicial de contas a pagar

(-) Saldo final de contas a pagar

(-) Despesas que não implicam desembolso

(-) Transferência de despesas antecipadas para o resultado do exercício

= Desembolso com despesas operacionais já incorridas

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CONTABILIDADE

(+) Transferências de despesas antecipadas

(-) Saldo inicial de despesas antecipadas

(+) Saldo final de despesas antecipadas

= Pagamentos de despesas operacionais e de despesas antecipadas no exercício.

Exemplo

A empresa Beta S.A. apresentou os seguintes dados referentes a despesas operacionais e despesasantecipadas:

Quadro 13

Saldo inicial de contas a pagar

Saldo final de contas a pagar

Saldo inicial de despesas antecipadas

Saldo final de despesas antecipadas

Despesas operacionais incorridas

Transferência de despesas antecipadas para despesas operacionais

Despesas que não implicaram desembolso

300

280

60

70

850

40

120 (depreciação 90 eequivalência patrimonial 30)

A movimentação do caixa e das contas correlatas pode assim ser decomposta:

• a empresa pagou o saldo de contas a pagar no início do exercício;

• o saldo inicial de despesas antecipadas era de 60 e o final, de 70; como houve no exercício umatransferência de 40 de despesas antecipadas para resultado (fato que não afetou o saldo de caixa),concluiu-se que a empresa pagou 50 de despesas antecipadas;

• as despesas de depreciação e equivalência patrimonial não afetam o caixa e tiveram um valor de

120; as despesas do exercício que teriam implicado desembolso equivalem a 690 (850 – (120 + 40));

• como havia um saldo final de 280 em contas a pagar e as despesas operacionais incorridas epagas no exercício somam 410 (690 – 280), no razonete as disponibilidades seriam:

Disponibilidades

300 (a)50 (b)410 (d)

760

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Unidade II

O mesmo valor de 760 poderia ser encontrado aplicando-se a fórmula:

Quadro 14

Despesas operacionais incorridas

(+) Saldo inicial contas a pagar

(-) Saldo final contas a pagar

(-) Despesas efetuadas sem desembolso

(-) Transferência de despesas antecipadas para resultado

= Desembolso com despesas operacionais

(+) Transferências de despesas antecipadas para resultado

(-) Saldo inicial de despesas antecipadas

(+) Saldo final de despesas antecipadas

= Desembolso total com despesas

850

300

(280)

(120)

(40)

710

40

(60)

70

760

4.2.3.2 Método indireto

Para Marion (2009, pp. 456-457), define-se como método indireto:

O fluxo obtido sob essa concepção é denominado fluxos de caixa pelométodo indireto ou fluxos de caixa no sentido amplo. Isso se explica pelaanálise dos fundamentos de sua elaboração.

Consiste em estender à análise dos itens não circulantes – própria daquele relatório – as alteraçõesocorridas nos itens circulantes (passivo e ativo circulante), excluindo, logicamente, as disponibilidades,cuja variação estamos buscando demonstrar.

Assim, são efetuados ajustes ao lucro líquido pelo valor das operações consideradas como receitasou despesas, mas que, então, não afetaram as disponibilidades, de forma que se possa demonstrar suavariação no período. Enfocando o caixa, consideramos como aplicações (saídas) do caixa o aumentonas contas do ativo circulante e as diminuições no passivo circulante. Por outro lado, as diminuiçõesde ativo circulante e aumentos nas contas do passivo circulante correspondem às origens (entradas)

de caixa.Apesar de evidenciar a variação ocorrida nas disponibilidades, o fluxo estruturado, dessa maneira,

não demonstra as diversas entradas e saídas de dinheiro do caixa por seus valores efetivos, mas forneceuma simplificação com base em uma diferença de saldos ou inclusão de alguns itens que não afetam asdisponibilidades como despesas antecipadas, provisão para Imposto de Renda etc.

Esse modelo é muitas vezes preferido por aqueles que elaboram o fluxo de caixa, justamente pelassemelhanças existentes em relação ao método de montagem da demonstração de origens e aplicaçõesde recursos, com o qual estão mais habituados. Entretanto, deixa lacunas importantes na evidenciação

das informações.

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CONTABILIDADE

Por esse método, também conhecido como “método da reconciliação”, a DFC é elaborada a partir doresultado de exercício, efetuando-se ajustes para:

• somar ao resultado todas as despesas que não representam desembolso (depreciação/amortização/exaustão/gastos em constituição de provisão/perda na venda de itens do imobilizado/perda com aaplicação do método da equivalência patrimonial) e diminuir todas as receitas que não impliquementrada de numerário (reversão de provisões/ganhos na venda de itens do imobilizado/ganhoscom a aplicação de método da equivalência patrimonial);

• excluir do lucro a parcela que foi aplicada no aumento de outros bens e direitos do AC (excetodisponível) ou na diminuição das obrigações do PC e somar a ele os recursos advindos dadiminuição do AC (exceto disponível) e do aumento do PC.

O fluxo de caixa das atividades de investimentos e financiamentos é igual ao do método direto.

A estrutura da DFC pelo método indireto é:

1. Fluxo de caixa de atividades operacionais

Lucro líquido do exercício

(+) Depreciação/amortização/exaustão

(+) Despesas com constituição de provisões

(+) Transferências de despesas antecipadas para resultado

(-) Reversão de provisões

(-) Despesas antecipadas pagas no exercício

(+) Receita negativa (positiva da equivalência patrimonial)

(+) Perda (ganho) de capital

(+) Outras receitas e despesas que não envolvam numerário

(+) Aumento/diminuição em bens e direitos do AC

(+) Decréscimo/aumento em obrigações do PC

2. Fluxo de caixa das atividades de investimentos

Igual à do método direto

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Unidade II

3. Fluxo de caixa das atividades de financiamentos

Igual à do método direto

4. Variação do disponível (1 + 2 + 3)

5. Saldo inicial das disponibilidades

6. Saldo final das disponibilidades

 Resumo

Nesta unidade, foi possível entrar em contato com a importância do

balanço patrimonial, suas principais contas de ativo, passivo e patrimôniolíquido. Avançou-se para o tratamento da DRE, apresentando seusconceitos, funções e importância como instrumento de análise contábil.A unidade ainda ofereceu um exemplo de construção de uma DRE parasolidificação dos conceitos apresentados.

Outro demonstrativo contábil que a unidade abordou foi o Doar, cujoobjetivo principal é o de demonstrar a variação do capital circulante líquidode uma empresa, ocorrida entre um e outro período contábil. Após o Doar,a unidade apresentou a DFC e seus métodos de elaboração.

 Exercícios

Questão 1. Observe atentamente o balanço patrimonial da Companhia Magnun, que apresenta, emmilhares de reais, informações contábeis dos anos 2006 e 2007.

Ativo Passivo

2007 2006 2007 2006

Ativo circulante Passivo circulante

Disponível 800 500 Fornecedores 5.000 2.000

Duplicatas a receber 6.200 4.500 Salários a pagar 6.000 4.000

Estoques 10.000 8.000 Impostos a pagar 2.000 5.000

Total circulante 17.000 13.000 Encargos a pagar 1.000 1.000

Ativo não circulanteEmpréstimos bancários a pagar 2.800 1.000

Contas a pagar 200 1.000

Realizável a longoprazo 11.000 5.000 Total do passivo circulante 17.000 14.000

Investimentos 10.000 6.000 Passivo não circulante

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CONTABILIDADE

Imobilizado 18.000 9.000 Exigível a longo prazo 20.000 10.000

Intangível 7.000 4.000 Patrimônio líquido

Capital 20.000 10.000

Reservas de lucros 6.000 3.000

Total ativo nãocirculante 46.000 24.000 Total do patrimônio líquido 26.000 13.000

Total do ativo 63.000 37.000 Total do passivo 63.000 37.000

Fonte: Marion, J. C. Contabilidade Básica. 10.ed. São Paulo: Atlas, 2009, p. 74

Com base nas informações do balanço patrimonial, é errado afirmar que:

A) As dívidas de longo prazo diminuíram quando comparados os anos de 2007 e 2006.

B) Houve reforço de capital por parte dos sócios entre os anos de 2006 e 2007.

C) O dinheiro disponível, em caixa ou em bancos, entre os anos 2006 e 2007, aumentou 60%.

D) Os bens incorpóreos apresentam elevação em 2007, comparativamente ao ano de 2006.

E) A Companhia Magnun efetuou aquisições de máquinas e equipamentos no valor de R$ 9.000 noano de 2007.

Resposta correta: alternativa A

Resolução do exercício

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: as informações do balanço patrimonial indicam que, no ano de 2007, as dívidas delongo prazo são maiores do que foram em 2006. Tal informação está na conta exigível a longo prazo,que, em 2007, é de R$ 20.000.

B) Alternativa correta.

Justificativa: o capital da empresa, que era de R$ 10.000 em 2006, sobe para R$ 20.000 em 2007,representando o emprego de mais recursos dos proprietários na empresa.

C) Alternativa correta.

Justificativa: o saldo em caixa, ou em bancos, pode ser verificado pela conta disponível, no ativocirculante. No ano de 2006, o valor do disponível era de R$ 500 e, no ano de 2007, passa a ser R$ 800.Dividindo, então, R$ 800 por R$ 500, temos 1,60. Subtraindo 1 e multiplicando por 100, chegamos a

60%. Algebricamente: [(800,00 / 500,00) – 1] x 100 = 60%.

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Unidade II

D) Alternativa correta.

Justificativa: os bens incorpóreos, na maioria das vezes representados por marcas e patentes,aparecem na conta intangível, ativo não circulante. É possível perceber que, no ano de 2007, seu valoré de R$ 7.000 em comparação ao valor de R$ 4.000 no ano de 2006.

E) Alternativa correta.

Justificativa: a conta de imobilizado, no ativo não circulante, apresenta, em 2007, o valor deR$ 18.000. Comparativamente ao ano anterior, a diferença está em R$ 9.000, o que pode ser justificadopor aquisições de máquinas e equipamentos, já que nesta conta são registradas as aplicações relacionadasà manutenção da atividade operacional da empresa.

Questão 2. Conforme José Carlos Marion em Contabilidade básica (São Paulo, Editora Atlas, 2009,

10.ed. p.98), “a demonstração do resultado do exercício é um resumo ordenado das receitas e despesasda empresa em determinado período, normalmente 12 meses”. Acerca da demonstração de resultados,avalie as proposições e responda ao solicitado.

I – A Demonstração dos Resultados do Exercício (DRE) é apresentada de forma dedutiva, ou seja,vertical, iniciando-se pela demonstração das receitas para, após, serem delas subtraídas as despesas.

II – A receita bruta (disponível na DRE) representa o total bruto vendido num determinado período,inclusos aqueles impostos incidente sobre a venda que, via de regra, fazem parte do preço final de venda.

III – Todas as deduções que aparecem na DRE são consideradas como despesas, pois são abatidas dareceita bruta para que seja conhecida a receita líquida.

IV – As despesas com a administração da empresa são demonstradas na DRE como despesasoperacionais.

Estão corretas apenas:

A) I e II.

B) I, II e III.

C) II e IV.

D) I, II e IV.

E) II, III e IV.