construindo um data center

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CONSTRUINDO UM DATA CENTER WAGNER LUIZ ZUCCHI ANDERSON BARRETO AMÂNCIO

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Construindo um Data Center

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  • 43REVISTA USP So PAUlo n. 97 P. 43-58 MARo/ABRIl/MAIo 2013

    Construindo um data center

    Wagner Luiz zucchi

    anderson Barreto amncio

  • dossi Computao em nuvemdossi Computao em nuvem

    RESUMO

    A construo de um moderno centro de processamento de dados exige um correto balano entre tendncias tecnolgicas, eficincia, fatores ambientais e baixo custo. Neste artigo os autores tentam apresentar os cuidados no projeto desse tipo de ambiente de forma acessvel ao pblico no especializado.

    Palavras-chave: data center, projeto de data center, projeto modular, infraestrutura para data center.

    ABSTRACT

    Building a modern center for processing data requires striking the right balance between technology trends, efficiency, environmental factors and low cost. In this article the authors seek to present the issues to consider when designing a project of this type of environment in a way that is accessible to a non-expert audience.

    Keywords: data center, data center project, modular project, data center infrastructure.

  • 45REVISTA USP So PAUlo n. 97 P. 43-58 MARo/ABRIl/MAIo 2013

    O termo data center, que pode ser tradu-zido como centro de dados, aparece com f requncia crescente na litera-tura especializada ou no. A importncia das informaes ar-mazenadas nos seus equipamentos e a quan-tidade de dinheiro que se gasta na construo de um data center explicam que eles sejam notcia na grande imprensa e chamem a aten-o do pblico, quase como novos templos da moderna civilizao.

    justificvel, portanto, que o no espe-cialista se pergunte: o que exatamente um data center? Quais suas principais funes? Como ele deve ser projetado e construdo? Por que so to caros? Que consideraes devem ser feitas para a preservao dos in-vestimentos realizados? Quais so seus im-pactos ambientais? Qual a importncia da cloud computing (computao em nuvem) para um data center moderno? Neste artigo dois professores do curso de projeto de data centers do programa de Educao Continua-da da Escola Politcnica tentam responder a essas perguntas para o pblico em geral, sem os detalhes de um curso para engenheiros.

    Um data center o sucessor dos centros de processamento de dados dos anos 70 e 80. Uma diferena importante que em um

    data center pode-se ter centenas ou milhares de computadores, ao invs de um nico, ou alguns poucos computadores, em um CPD. A segunda diferena consequncia do avan-o tecnolgico da informtica: a capacidade de processamento e de armazenagem de um centro moderno muito maior que a do am-biente legado. Uma terceira diferena ainda deve ser apontada: um CPD clssico essen-cialmente um produto, adquirido de um ni-co fornecedor, que atua como projetista, inte-grador e implementador de todo o ambiente. Em um moderno data center a convivncia de equipamentos de dezenas de fornecedores quase sempre inevitvel.

    A Figura 1 tenta ilustrar visualmente a diferena entre um CPD clssico e um data center moderno.

    A considerao dessas diferenas, ou me-lhor, dessas caractersticas de um moderno data center, faz surdirem algumas questes de modo quase inevitvel.

    Antes de tudo, um data center precisa ser bem planejado, ou melhor, precisa ser proje-tado. O aumento da quantidade de compu-tadores faz aumentar o nmero de conexes de forma geomtrica. As pessoas se surpre-enderiam se soubessem a frequncia com que se encontram situaes semelhantes da Figura 2.

    claro que ningum inauguraria um data center na situao mostrada nessa fi-

    WAGNER LUIZ ZUCCHI professor do Departamento de Sistemas Eletrnicos da Escola Politcnica da USP e coordenador do curso Data Centers na Era da Sustentabilidade do Programa de Educao Continuada (Pece) da Escola Politcnica da USP.

    ANDERSON BARRETO AMNCIO professor do curso Data Centers na Era da Sustentabilidade do Programa de Educao Continuada (Pece) da Escola Politcnica da USP.

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    dossi Computao em nuvem

    gura. O problema que o ambiente mais dinmico do que se imagina primeira vista: equipamentos vo se tornando obsoletos e re-tirados; novos equipamentos, que demandam novas interfaces e novos tipos de ligaes, so introduzidos; novos clientes e novas con-figuraes surgem a cada dia. A desordem sempre aumenta, j diz a segunda lei da ter-modinmica.

    H alguns anos a mxima taxa de trans-misso utilizada na interconexo de compu-tadores de pequeno porte era de 100 Mb/s. Hoje so utilizadas taxas de 10 Gb/s em ca-bos de cobre e de 100 Gb/s em fibra ptica. Provavelmente em dois anos, as taxas de transmisso estaro atingindo 1 Tb/s. Essa evoluo trouxe naturalmente uma mudana nos tipos de cabos, no formato dos conecto-res e nas distncias envolvidas.

    Sem um planejamento adequado, as co-nexes dos novos equipamentos comeam a ser feitas ad hoc, sem seguir os padres do ambiente. Uma linda locuo latina, adequa-damente traduzida como gambiarra.

    Mas como planejar um ambiente to complexo quanto um data center? A melhor resposta nos parece estar no equilbrio de trs fatores: conhecimento das tendncias tecnolgicas, padronizao e modularidade.

    lugar-comum dizer que a tecnologia

    de TI progride rapidamente. Uma conhecida anedota diz que, se os automveis tivessem progredido na mesma velocidade dos com-putadores, hoje, poderiam fazer quinhentos quilmetros com um litro de gasolina. Por outro lado, ocasionalmente o carro pararia sem maiores explicaes e s funcionaria novamente depois que todos os passageiros sassem, entrassem e o ligassem novamente.

    O que pouco dito, e geralmente mal compreendido, que a tecnologia de TI pro-

    Um CPD ClSSiCo ( ESqUErDA) E Um moDErNo Data Center ( DirEitA)

    FIGURA 1

    ProblEmAS Com o CAbEAmENto

    FIGURA 2

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    gride com diferentes velocidades em diferen-tes reas e que se esse progresso muitas vezes ocorre em diferentes direes. A capacidade de processamento aumenta mais depressa que a capacidade de armazenamento, e na rabeira fica a taxa de transmisso nas redes.

    O aumento da capacidade de processa-mento geralmente implica maior nmero de processadores no mesmo espao fsico, ou seja, no aumento da densidade de processa-dores. O aumento da capacidade de arma-zenagem tambm redunda no aumento da densidade espacial de bits. Mas o aumento da taxa de transmisso raramente se faz com a diminuio do tamanho dos cabos usados para a transmisso dos sinais.

    Em geral o contrrio que se v: maiores taxas de transmisso exigem cabos mais gros-sos ou maior nmero de cabos. Muitos novos padres de 100 Gb/s usam dez fibras pti-cas paralelas para a transmisso dos sinais.

    Isso significa que um data center que no se queira tornar precocemente obsoleto deve estar preparado para aumentos de carga de refrigerao, de demandas de alimentao eltrica e de espao fsico para passagem dos cabos.

    O dimensionamento desses e de outros recursos sempre difcil, mas melhor saber em qual direo as mudanas iro ocorrer para dimensionar as eventuais folgas em cada sistema.

    Exatamente aqui entra o segundo concei-to importante no projeto de um data center: a modularidade. No adianta ter folgas de potncia eltrica se essa energia no est dis-ponvel onde necessria. No adianta ter folgas para a passagem dos cabos em muitos pontos e um gargalo na entrada de um centro de distribuio.

    A principal vantagem de uma abordagem modular permitir um balano mais fcil en-tre capacidade de equipamentos e capacidade de infraestrutura. Em geral, mas no sempre, so os equipamentos que determinam a in-fraestrutura.

    A abordagem modular no projeto de um data center consiste em determinar um m-dulo de equipamentos adequado para o ser-

    vio a ser prestado. Trata-se de uma capaci-dade apenas bastante grande para satisfazer as demandas de um nmero significativo de clientes, mas no to pequena que torne o projeto economicamente invivel.

    Em cada mdulo devem ser previstas as folgas de energia eltrica, de refrigerao e espao fsico decorrentes das tendncias tecnolgicas anteriormente descritas. Os m-dulos de equipamentos vo sendo agrupados, de forma hierrquica, em mdulos de infra-estrutura que automaticamente incorporam as folgas de proteo tecnolgica.

    Um exemplo deve ilustrar melhor essa ideia de hierarquia. Suponha que um m-dulo de processamento formado por trs computadores. Conhecendo o tipo de com-putadores a ser utilizado, possvel obter as demandas de energia e de refrigerao para esse mdulo, bem como as necessidades de espaos para interligaes.

    Tais computadores provavelmente esta-ro dentro de um rack, que pode conter trs ou quatro mdulos de processamento. O rack far parte de um setor: oito ou doze racks lado a lado. Dois ou trs setores formaro um corredor, e o data center ser formado pela justaposio de vrios corredores.

    A partir das demandas de um mdulo de equipamento, possvel conhecer como cada componente de hierarquia se comporta e au-mentar o ambiente gradualmente de acordo com as necessidades.

    Assim, se um rack acrescentado ao am-biente, sabe-se que, por um lado, trs ou qua-tro mdulos de processamento podero ser acrescentados e, por outro, as novas deman-das de infraestrutura podero ser atendidas dentro do espao fsico disponvel.

    Existem vrios mtodos para a determi-nao de mdulos de processamento adequa-dos. O mtodo RLU (rack location unit) um dos mais conhecidos e consiste em di-mensionar os servios de infraestrutura em cada local de rack. A capacidade funcional de um mdulo corresponde a quantidades de memria, quantidades de espao em disco, nmero de instrues por segundo, taxa de operaes de banco de dados e outras. Em

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    dossi Computao em nuvem

    um mesmo ambiente, possvel ter vrios tipos de RLUs.

    A partir da definio do mdulo de equi-pamentos, so dimensionados os elementos de infraestrutura, que so representados na Figura 3. Esses elementos devem ser recalcu-lados em cada nvel da hierarquia de agrupa-mento, pois sempre h equipamentos extras a serem acrescentados, novas conexes, e assim por diante.

    claro que, se as demandas forem sem-pre crescentes, um dia a capacidade de aloca-o de novos mdulos, em qualquer uma das hierarquias do data center, estar esgotada. Espera-se que isso possa ocorrer em um pra-zo semelhante ao da prpria obsolescncia dos equipamentos.

    Pode-se perguntar se essa abordagem de modularidade aplicvel a data centers de diferentes tamanhos, com requisitos bem diferentes de confiabilidade e de tempos de parada. Aqui, entra o terceiro elemento im-portante do projeto: a normalizao.

    A principal referncia tcnica dispon-vel no momento para o projeto de um data center a norma EIA/TIA-942 (Telecom-

    munications Infrastructure Standard for Data Centers). Esse padro prev vrios nveis de confiabilidade em data centers, classifi-cando-os de acordo com o tempo em que o ambiente possa estar inoperante. A Tabela 1 mostra as caractersticas funcionais de cada categoria de ambiente.

    A abordagem usada nessa norma consiste em definir uma srie de elementos funcionais que se conectam hierarquicamente. Os data centers de menor porte e de menor confia-bilidade possuem um subconjunto menor de elementos funcionais, mas os padres de construo permanecem sempre os mesmos.

    Assim, qualquer que seja o tamanho do data center sempre teremos elementos como uma rea de distribuio horizontal e uma rea de distribuio principal. medida que o nmero de mdulos de equipamentos se amplia, outros desses centros de distribuio podem ser agregados ao ambiente, mantendo a estrutura modular, que a base do projeto.

    A Figura 4, baseada em um modelo da norma citada, mostra os elementos funcio-nais em um tpico data center de nvel 1. Como mostra essa figura, um data center

    ElEmENtoS DE Um mDUlo NA mEtoDologiA rlU

    FIGURA 3

    Espaofsico

    Peso

    Conectividade

    Potncia

    resfriamento

    Capacidadefuncional

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    ElEmENtoS fUNCioNAiS DE Um Data Center DE ACorDo Com A EiA/tiA-942

    NvEiS DE Data Center DE ACorDo Com A EiA/tiA-942

    FIGURA 4

    TABELA 1

    tier 1

    tier 2

    tier 3

    tier 4

    Disponibilidade

    99,671%

    99,741%

    99,982%

    99,995%

    Downtime

    28,8 horas

    22 horas

    1,6 hora

    0,4 hora

    Redundncia, alimentao e resfriamento

    No possui

    Caminho nico com componentes redundantes

    mltiplos caminhos, mas s um ativo

    mlitplos caminhos ativos

    Implementao

    3 meses

    3 a 6 meses

    15 a 20 meses

    15 a 20 meses

    Sala deentrada

    Distribuioprincipal

    Sala detelecom.

    Distribuiohorizontal

    Distribuiohorizontal

    Distribuiohorizontal

    ZDAEquipamentos

    ZDAEquipamentos

    ZDAEquipamentos

    ZDAEquipamentos

    Provedor 2Provedor 1

    Cabeamento de backbone

    Cabeamento horizontal

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    dossi Computao em nuvem

    pode comear bem pequeno, com um nico mdulo de equipamentos, mas pode crescer sem perder sua organizao.

    As caractersticas de atualizao tecno-lgica, modularidade e padronizao apare-cem tambm na infraestrutura de energia, refrigerao e outros aspectos ambientais do data center, como se ver a seguir.

    ASPECTOS AMBIENTAIS DE UM DATA CENTER

    O desafio dos novos projetos de data cen-ter conseguir maior eficincia dos diver-sos elementos construtivos e de instalao, o que se traduz em menor consumo. Entre os vrios elementos a serem considerados, pode-se citar:

    n energia para alimentao dos equipamen-tos de rede e servidores;

    n ar condicionado;n gerao e manuteno da energia; n elementos de deteco e combate a incn-

    dio que no agridam a natureza e que no coloquem em risco a continuidade das ati-vidades;

    n segurana e controle de acesso uma vez que os dados armazenados podem ser de extre-ma importncia para quem os armazena.

    A energia para o IDC (internet data cen-ter) o elemento sensvel, uma vez que fundamental no s para a alimentao dos servidores e equipamentos de rede como tam-bm para o ar-condicionado, que conside-rado o vilo do consumo de energia eltrica.

    Quando se projeta a distribuio de ener-gia, deve-se ter em mente os seguintes crit-rios de projeto:

    n queda de tenso;n fator de agrupamento;n temperatura;n proteo.

    Vale lembrar que toda a distribuio, por meio de cabos, tambm uma resistncia que consome energia e a dissipa em forma

    de calor. O custo da energia cada vez mais um componente importante nos custos ope-racionais na construo de um IDC. Nesse sentido, todos os esforos possveis devem ser feitos para conter gastos desnecessrios.

    Deve ser observado que as perdas por calor geradas em um cabo caminham lado a lado com uma reduo na tenso disponvel na extremidade junto carga. Desse modo, de bom senso supor que se devam adotar projetos de distribuio que visem reduzir, na prtica, as perdas de energia.

    Teoricamente, seria possvel reduzir a perda de energia a valores insignificantes, aumentando-se a seo do condutor. No en-tanto, como isso significa aumentar o custo do cabo, tende-se a anular a economia con-seguida pela melhoria da eficincia na distri-buio, sendo necessrio encontrar-se ento um compromisso entre essas duas variveis.

    A melhor ocasio para incorporar uma distribuio de alta eficincia na etapa de projeto, quando custos adicionais so margi-nais. fcil compreender que, aps a insta-lao, muito mais difcil e caro incorporar melhorias a um circuito.

    O problema central o de identificar uma seo de condutor que reduza o custo da energia desperdiada, sem incorrer em custos iniciais excessivos de compra e insta-lao de um cabo. Cabe ao projetista, durante a fase de planejamento, estudar a melhor for-ma para que, no tempo, um correto dimensio-namento da distribuio do sistema eltrico se torne eficiente e retorne em benefcios para a instalao.

    Outro ponto que deve ser levado em con-siderao e que tambm afeta o clculo dos condutores eltricos a utilizao de cabos com capa externa do tipo livre de halognios e baixa emisso de fumaa, mantendo, des-sa forma, maior tempo para que os usurios possam deixar o local de forma adequada no caso de um princpio de incndio.

    Tambm deve ser considerada, no projeto, a maneira de se instalar o cabo, ou seja, por meio de piso elevado com eletrocalhas, tubu-laes metlicas rgidas, flexveis, canaletas de parede, espaos de construo, eletrocalhas

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    entre forro e teto, por meio de leitos para ca-bos, o que tambm impacta no clculo eficien-te e fator determinante para a construo de um data center adequado e que permita a fcil modificao no layout no decorrer do tempo.

    No se pode esquecer, nesse cenrio el-trico, os seguintes pontos:

    1. Uma proteo eficiente por meios de seccionadores do tipo disjuntores de boa qualidade ou fusveis, conforme o caso.

    2. Um projeto levando em conta a sele-tividade dos quadros de forma a no desli-gar circuitos que no fazem parte da falha e prejudicam o funcionamento do data center.

    Um sistema bem dimensionado leva em conta o clculo correto dos cabos, bem como a proteo para evitar que trabalhem em con-dies no permitidas ou que causem princ-pio de incndio ou aquecimento (sobrecarga), com consequente parada do data center, o que representa altos custos e falta de confia-bilidade na viso dos clientes.

    Como exemplo, o grfico da Figura 5 mos-tra a curva do cabo e do elemento de proteo.

    3. Um sistema de proteo do tipo DPS

    (dispositivo de proteo contra surtos de ori-gem atmosfrica).

    O sistema de DPS protege os equipamen-tos sensveis, como roteadores, switches, mo-dems e servidores, contra surtos de origem atmosfrica que danificam esses equipamen-tos forando a uma parada no desejada. A Figura 7 mostra um caso de surto atmosfri-co que danificou um sistema eletrnico.

    A instalao do DPS, quando bem pro-jetado, protege os equipamentos sensveis e pode ser instalado, conforme Figura 6, nos circuitos de distribuio monofsico, bifsico ou trifsico.

    4. Um bom sistema de fora ininterrupta (UPS) no-break.

    O UPS um equipamento obrigatrio no projeto de qualquer IDC, desde os mais sofis-ticados at os mais simples. Mantm os ser-vidores e equipamentos de rede energizados at que o gerador ou uma fonte alternativa de energia alimente o sistema, ou para que os administradores de rede possam ter tempo hbil para desligar os equipamentos e evitar que os arquivos sejam corrompidos ou que o sistema seja danificado pela queda abrup-

    FIGURA 5

    CUrvA Do CAbo X CUrvA DA ProtEo iNtEgrAl DE JoUlE

    iz in

    Sem proteoi2t > K2S2

    SEm ProtEo PArA SobrECorrENtEiz < in

    rea protegida i2t < K2S2

    K2S2

    im

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    dossi Computao em nuvem

    ligAo DE ProtEtorES DE SUrto

    EqUiPAmENto DANifiCADo Por DESCArgA AtmoSfriCA

    FIGURA 6

    FIGURA 7

    instalao do DPS antirraio

    instalao com proteo no modo comum:

    instalao com proteo no modo comum e transverso:

    moDElo moNofSiCo

    moDElo moNofSiCo

    moDElo bifSiCo

    moDElo bifSiCo

    moDElo trifSiCo

    moDElo trifSiCoEntradafaseNeutro

    EntradafaseNeutro

    EntradafasefaseNeutro

    EntradafasefaseNeutro

    EntradafasefasefaseNeutro

    EntradafasefasefaseNeutro

    Aterramento Aterramento Aterramento

    AterramentoAterramentoAterramento

    Dg

    Dg Dg Dg

    Dg Dg

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    ta de energia, o que comum no Brasil em funo da falta de qualidade da distribuio de energia, como temos visto nos noticirios nos ltimos tempos.

    Existem diversos modelos de UPS no mercado, sendo o mais comum o de bateria de chumbo cido, mas j existe a novidade apresentada no mercado japons de um sis-tema com bateria de ltio e carga por meio de luz solar (Figura 8).

    5. Um sistema de gerao de energia a gs ou leo combustvel com baixa emisso de poluentes.

    Os geradores so, assim como o UPS, equipamentos obrigatrios, principalmente nos grandes IDCs.

    O maior objetivo hoje minimizar o impacto desses equipamentos no meio am-biente, uma vez que so motores baseados em leo diesel que, mesmo com os novos combustveis dos dias de hoje, ainda tm seu fator poluente.

    Qual seria a alternativa?Alguns apostam no biogs. Outros apos-

    tariam no sistema elico ou sistema solar.

    Tais sistemas ainda esto longe de ser efi-cientes, alm do custo, que inviabiliza a ado-o desse tipo de tecnologia neste momento.

    A Figura 9 apresenta uma alternativa com a utilizao de biogs, menos agressivo ao meio ambiente.

    Os grupos geradores a biogs lean-burn so destinados s aplicaes de gerao e/ou cogerao, e utilizam o biogs derivado de aterros sanitrios, biodigestores e gases de mina. O biogs fornecido transformado em energia, possibilitando um ganho financeiro a partir de uma fonte de energia renovvel.

    A alternativa o uso de sistemas elicos, como mostra a Figura 10.

    6. Um sistema de para-raios eficiente. O SPDA minimiza o impacto de descar-

    gas diretas, o que deve ser complementado com o uso de DPS. No se deve esquecer de efetuar a devida equalizao dos poten-ciais interligando todas as massas metlicas, inclusive o sistema de aterramento do para--raios, eltrica e telemtica, em um nico ponto ou em uma caixa de equalizao de potenciais (LEP).

    SiStEmA DE UPS fAbriCADo No JAPo Com bAtEriA DE ltio E rECArgA Por ENErgiA SolAr

    FIGURA 8

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    dossi Computao em nuvem

    gErAo DE ENErgiA

    FIGURA 9

    SiStEmA DE gErAo DE ENErgiA limPA EliCo

    SiStEmA DE SPDA UtiliZAo DA fErrAgEm EStrUtUrAl

    FIGURA 10 FIGURA 11

    Cogerao para eficincia energtica

    o sistema de cogerao normalmente consiste em uma mquina motriz que gira um alternador para produzir eletricidade e em um sistema de recuperao para captar calor dos gases de escape e da gua de resfriamento da mquina motriz.Essa mquina motriz pode ser um motor lean-burn a gs natural ou uma turbina a gs. mais de 90% da energia do combustvel original pode ser aproveitada. A economia total de energia pode chegar a 35% ou mais.

    Biogs

    C1750N6C lbtUC2000N6C lbtU

    Pot. eltricacontnua

    kW**15702000

    Motor

    tipoqSv91gqSv91g

    Verso aberta open set

    Compr. (m)7,47,1

    larg. (m)2,12,2

    Peso (t)

    21,120,7

    Eficincia eltrica

    (%)*36,3 a 37,1

    37,1

    Emisso NOx

    (g/hph)1,20,5

    Rot. do motor

    rpm15001514

    Modelo

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    A Figura 11, obtida do catlogo de um fabricante, ilustra o sistema SPDA.

    7. Ar-condicionado. A instalao de sistemas de ar-condicio-

    nado, viles no consumo de energia, deve ser projetada de forma adequada com a utiliza-o de corredores quente e frio ou mesmo do confinamento das reas quentes, minimi-zando a rea para resfriamento, o que im-pacta em menores custos de energia eltrica e espao.

    O segredo para o projeto de um sistema de refrigerao eficiente a separao do ar quente e do ar frio, o que no ocorre em um sis-tema mal projetado, como mostra a Figura 12.

    A Figura 13 mostra uma alternativa mais eficiente, com corredores quentes e frios. Todo o ar passa do corredor frio para o quente atravs dos equipamentos a serem resfriados.

    8. Sistema de deteco e combate a in-cndio.

    Todo o sistema de processamento de da-

    dos deve tambm ter um sistema eficiente de deteco e combate a incndio.

    O combate deve ser tal que no agrida os equipamentos de rede e que possibilite o retorno ao funcionamento o mais breve possvel. Nesse cenrio foram desenvolvi-dos agentes extintores de incndio como o FM 200 e Novec 1230 (nomes comerciais) que garantem a extino sem prejudicar os equipamentos envolvidos, como acontecia anteriormente com extintores de p ou gua conforme o caso.

    A Figura 14 ilustra o sistema FM 200 com cilindros em linha.

    Na extino de incndio tem-se uma grande diversidade de sensores e sistemas que podem ser extremamente sensveis, como o caso da deteco por aspirao ou sensores de fumaa ou temperatura.

    A Figura 15 apresenta um sistema co-mum para deteco de incndio utilizando sistemas de distribuio serial (lao), com cada dispositivo endereado de forma a iden-tificar corretamente a localizao do princ-pio de incndio.

    SiStEmA trADiCioNAl: o Ar qUENtE SE miStUrA Com o Ar frio

    rEfrigErAo Com CorrEDor qUENtE E frio

    No resfriamento tradicional o espao todo inundado e mistura o ar quente e o frio

    FIGURA 12 FIGURA 13

    (plenum/cmara de distribuio)

    (teto)

    (piso)

    CrAC

    CrAC

    H H H

    HH C

    H

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    dossi Computao em nuvem

    liNhA DE CiliNDroS PArA ExtiNo DE iNCNDio UtiliZANDo fm-200

    SiStEmA DE DEtECo DE iNCNDio

    FIGURA 14

    FIGURA 15

    Detector ptico/trmico

    Soft de integrao

    SirenebiS

    CANbUS

    Software de programao

    Detector ptico invisvel

    mdulo dispositivo de campo

    mdulo dispositivo de campo

    Detector de fumaa/calor

    mdulo de 2 entradas

    Detector ptico/trmico

    teclado repetidor remoto

    Detector de aspirao

    Ar condicionado

    mdulode interface

    Comutador a presso de descarga(CP 1118773)

    mangueira flexvel de tamanho varivel (CP varivel)

    t de meio de linha de atuao piloto(CP 1118622)

    mangueira flexvel de 34 (864 mm) (CP 1118648) (40/1.016 mm para cilindro de 100 lb) (CP 1118650 ou 1118651)

    tubo coletor de descarga (fornecido pelo instalador)

    Atuador manual da vlvula (CP 1117001)

    Atuador pneumtico da vlvula (CP1117019)

    Adaptador macho NPt (CP 1118625)

    t de fim de linha de atuao piloto (CP 1118611)

    vlvula de alvio (CP 1110173)

    Adaptador macho NPt (CP 1118625)

    vlvula de reteno do tubo coletor de 3 (80 mm) (CP 1118538)

    vlvula de reteno de atuao piloto (CP 1118560)

    Atuador eltrico da vlvula (CP 1118481)

    Cilindro primrio Cilindro escravo Cilindro escravo Cilindro escravo Cilindro escravo

    Acionador manual enderevel

    Detector ptico/trmico

    Central fPA5000

    USb

    Ethernet

    Configurao tpica de cilindros primrio e escravos

  • 57REVISTA USP So PAUlo n. 97 P. 43-58 MARo/ABRIl/MAIo 2013

    Finalmente, entre os itens que se consi-deram importantes no projeto de data center, no se pode esquecer o controle de acesso a esse ambiente que to importante e vital.

    Existem hoje diversos sistemas de autenti-cao, sendo os mais sofisticados os biomtri-cos. Sistemas sofisticados de identificao pela ris, palma da mo, reconhecimento da face e at pelo odor podem ser encontrados. A Figura 16 apresenta uma ilustrao desses sistemas.

    Todos esses sistemas podem e devem ser monitorados por softwares de gerenciamento da infraestrutura baseado em rede de dados por meio de protocolos tipo SNMP ou geren-ciamentos baseados na Web. Sem um sistema efetivo de gerenciamento, as falhas demoram a ser detectadas e o so, muitas vezes, quan-do seus efeitos j se tornaram irreversveis.

    A Figura 17 ilustra a operao do sistema de gerenciamento de ambiente.

    Esses sistemas de gerenciamento so inte-

    grados a ponto de ativar ou desativar servido-res em momentos crticos, acionar um sistema de combate a incndio, gerao de energia, UPS, detectar intruso e avisar os gestores por meio de e-mail, SMS, ou outras formas sobre os eventos ocorridos no data center.

    COMPUTAO EM NUVEM

    As pessoas por vezes tm a impresso de que, com a disseminao da computao em nuvem, os data centers tendem a diminuir em tamanho e em importncia. pouco pro-vvel que tal ocorra.

    A computao em nuvem significa que a capacidade de processamento pode ser alocada de forma dinmica, independente de localizao fsica, mas exatamente nos data centers que essa capacidade computa-cional reside.

    moNitorAo E iDENtifiCAo biomtriCA

    FIGURA 16

  • 58 REVISTA USP So PAUlo n. 97 P. 43-58 MARo/ABRIl/MAIo 2013

    dossi Computao em nuvem

    Em outros tempos, uma aplicao execu-tava em uma mquina com especficas carac-tersticas fsicas e de sistema. De uma forma ou de outra acabavam por aparecer depen-dncias entre a aplicao e o seu ambiente, de modo que ficava difcil encontrar um am-biente equivalente quando se queria migrar a aplicao de uma mquina para outra.

    Com a virtualizao tudo mudou. As ca-ractersticas fsicas de um computador, bem

    como seu ambiente operacional, passam a ser virtuais e tambm podem ser mudados de um equipamento fsico para outro.

    bvio que isso aumenta muito a impor-tncia da normalizao. Ao invs de se ter um mdulo de processamento fsico, compa-tvel com algumas aplicaes, mas no com outras, ele passa a ser virtual e compatvel com um nmero muito maior de aplicaes de potenciais clientes.

    FIGURA 17

    SiStEmA DE gErENCiAmENto DA iNfrAEStrUtUrA

    ArcondicionadoDetector de gua

    temperatura

    internet

    NmS

    WW

    W

    SmS

    Email

    Detector AC

    Contatode porta

    h temp

    temperatura