construção magazine 47
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DOSSIERSistemas de Informação na Construção
CONVERSASRui Campos
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N ° 4 8 . m a r ç o / a b r i l 2 0 1 2 . 6 . 5 0
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sumário
ficha técnicadiretor
Eduardo Jú[email protected]
diretora executivaCarla Santos Silva
conselho científicoAbel Henriques (UP), Albano Neves e Sousa (UTL),
Álvaro Cunha (UP), Álvaro Seco (UC), Aníbal Costa (UA), António Pais Antunes (UC),
António Pinheiro (UTL), Carlos Borrego (UA), Conceição Cunha (UC), Daniel Dias da Costa (UC),
Diogo Mateus (UC), Elsa Caetano (UP), Emanuel Maranha das Neves (UTL)
Fernando Branco (UTL), Fernando Garrido Branco (UC),Fernando Sanchez Salvador (UTL),
Francisco Taveira Pinto (UP), Helder Araújo (UC), Helena Cruz (LNEC), Helena Gervásio (UC),
Helena Sousa (IPL), Hipólito de Sousa (UP), Humberto Varum (UA), João Mendes Ribeiro (UC),
João Pedroso de Lima (UC), Joaquim Figueiras (UP), Jorge Alfaiate (UTL), Jorge Almeida e Sousa (UC),
Jorge Coelho (UC), Jorge de Brito (UTL), Jorge Lourenço (IPC), José Aguiar (UTL),
José Amorim Faria (UP), José António Bandeirinha (UC), Júlio Appleton (UTL), Luciano Lima (UERJ),
Luis Calado (UTL), Luís Canhoto Neves (UNL), Luís Godinho (UC), Luís Guerreiro (UTL) ,
Luís Juvandes (UP), Luís Lemos (UC), Luís Oliveira Santos (LNEC), Luís Picado Santos (UTL),
Luís Simões da Silva (UC), Paulo Coelho (UC), Paulo Cruz (UM), Paulo Lourenço (UM),
Paulo Maranha Tiago (IPC), Paulo Providência (UC), Pedro Vellasco (UER, Brasil), Paulo Vila Real (UA),
Raimundo Mendes da Silva (UC), Rosário Veiga (LNEC), Rui Faria (UP), Said Jalali (UM),
Valter Lúcio (UNL), Vasco Freitas (UP),Vítor Abrantes (UP), Walter Rossa (UC)
redaçãoJoana Correia
marketing e publicidadeVera Oliveira
[email protected] Sanches Silva
editor António Malheiro
grafismo avawise
assinaturasTel. 22 589 96 25
redação e ediçãoEngenho e Média, Lda.
Grupo Publindústria
propriedadePublindústria, Lda.
Praça da Corujeira, 38 - 4300-144 PORTOTel. 22 589 96 20, Fax 22 589 96 29
[email protected] | www.publindustria.pt
publicação periódicaRegisto n.o 123.765
tiragem6.500 exemplares
issn1645 – 1767
depósito legal164 778/01
capa Imagem © Tekla BIMsight, Tekla Corporation
Os artigos publicados são da exclusiva responsabilidade dos autores.
2editorial
4_24dossier | “sistemas de informação na construção“
4_8conversasRui Campos
9_13Sistema automático de informação na manutenção de edifícios – Projeto RFID – rui calejo rodrigues e luís martins
14_17Papel da tecnologia BIM na gestão da informação na construção – joão poças martins
18_23Parque Escolar – um caso prático da aplicação pronic – sara de sá caetano
24_28Benchmarking na indústria da construção – jorge moreira da costa, mónica santos, isabel horta, henriqueta nóvoa, miguel fernandes, e nuno almeida
29_32Fatores de sucesso para a implementação de metodologias de aquisição por meioseletrónicos: o e-sourcing na construção civil – pedro vaz paulo
33_35sísmicaVerificação da segurança sísmica de edifícios em alvenaria através de metodologias simplificadas – rui marques e paulo b. lourenço
36i&d empresarial
37sustentabilidadeDeclarações ambientais de produtos na construção
38_39térmicaComportamento térmico dos edifícios de habitação– Ênfase no conforto para se obterem edifícios com necessidades térmicas quase nulas
40_41alvenaria e construções antigasConstruir em terra ainda faz sentido?
42_43betão estruturalMobiliário urbano em betão de ultra-elevado desempenho
44_46notícias
47_49mercado
50estante
51projeto pessoalNuno Valentim
52eventos
Próxima edição > Dossier FRP e Resistência ao Fogo
A actual crise económica deve ser encarada pelo País, não como uma fatalidade, mas como uma oportu-
nidade para melhorar, optimizar recursos, desenvolver produtos inovadores, métodos mais eficientes
e procurar novos mercados. Só apostando na excelência, fazendo um “reajuste em alta”, do ponto de
vista tecnológico, e não somente um “reajuste em baixa” nos salários, como repetidas vezes ouvimos
os políticos curtos de vistas anunciar, será possível ultrapassar a presente situação. Neste contexto, o
tema do presente número da Construção Magazine, “Sistemas de Informação na Construção”, ganha uma
importância redobrada. Como habitualmente, convidámos para co-editor um especialista de renome na
área temática do dossier, o Prof. Hipólito de Sousa da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto,
nosso colaborador de longa data. Para entrevistado, e procurando cumprir o objectivo primeiro da revista
– aproximar investigação, indústria e sociedade, convidámos o Eng.º Rui Campos da Mota-Engil para nos
dar a perspectiva de uma grande empresa de construção sobre o tema abordado.
Eduardo Júlio, Director
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editorial
O setor da construção português padece de algumas debilidades relativamente a outras indústrias,
de que podemos destacar como mais limitativas o menor recurso às TI, a reduzida consolidação
empresarial, a baixa produtividade, a falta de indicadores técnicos sobre o setor, a pouca
standardização da procura e da oferta, a grande variabilidade de resultados e as derrapagens
frequentes ao nível dos custos.
Não sendo seguramente estas limitações a causa principal da crise que o setor atravessa, é
indispensável que este seja capaz de as ultrapassar para conseguir sobreviver e ser competitivo.
Uma maior aposta nas Tecnologias e Sistemas de Informação é sem dúvida fundamental como
forma de normalizar processos, aumentar a eficácia, aproximarmo-nos das melhores práticas
internacionais, conseguindo obter múltiplos indicadores objetivos sobre os projetos, as obras e o
setor em geral.
Sendo os processos na construção desenvolvidos por diversas organizações e atores, é muito
importante que o resultado final não seja demasiado influenciado pelas abordagens especificas
ou debilidades de algum dos intervenientes.
Apesar de Portugal ter apostado em algumas inovações associadas ao CCP, designadamente a
desmaterialização dos procedimentos concursais de obras públicas, na medida em que não temos
um Sistema de Informação pensado de forma articulada para o setor, muitas das potencialidades
que essa desmaterialização permitiria não são alcancáveis.
Alguns destes assuntos têm sido discutidos em diversos fóruns, designadamente no GESCON 2008
e 2011, levado a cabo pelo GEQUALTEC da FEUP, no âmbito da Gestão da Construção em geral e dos
Sistemas de Informação em particular.
Neste número da Construção Magazine procura-se sensibilizar o meio para o tema dos SI na Indústria
da Construção, com destaque para alguns aspetos mais decisivos, bem como para desenvolvimentos
já em curso. Dá-se conta da importância e do potencial das ferramentas BIM para a integração
da informação da construção e os benefícios que podem decorrer das mesmas na melhoria e
automatização dos processos. Nesta linha dá-se especial destaque à fase de serviço das obras,
e à possibilidade de ligação entre a identificação automática das necessidades de manutenção
através de RFID (Radio-Frequency IDentification), conjugada com as vantagens da utilização de
bases de dados técnicas em BIM.
hipólito de sousaco-editor da cM48
*O Professor Eduardo Júlio escreve de acordo com a antiga ortografia.
Ao nível de processos já em curso destaca-se a
utilização do ProNIC no contexto das obras do
Programa de Modernização do Parque Escolar
e a visão dos benefícios da aplicação do mesmo
na perspetiva da Parque Escolar. Dá-se destaque
aos primeiros resultados da monitorização da
Indústria de Construção portuguesa através da
plataforma ICBENCH e em que medida esta pode
ser uma ferramenta potente de benchmarking do
setor. Analisam-se também os fatores de sucesso
na implementação de metodologias de aquisição
através de plataformas de e-sourcing
Por último, na entrevista, tem-se a oportunidade
interessante de conhecer, através do Engº Rui
Campos da Mota Engil, a aposta que esta Empresa
está a fazer nos SI como forma de aumentar a sua
competitividade.
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2012PRÉMIO NACIONAL DE INOVAÇÃO AMBIENTAL
Um Prémio não é tudo, mas pode ser uma ”escada” para se projetar no Mundo.E o nosso Mundo tem futuro, porque é Inovador e protege o Ambiente.
ORGANIZAÇÃO APOIO
Data-limite para entrega de candidaturas: 12 de abril de 2012 Consulte o regulamento e as vantagens na participação em http://pnia.industriaeambiente.pt
Participe no PRÉMIO NACIONAL DE INOVAÇÃO AMBIENTAL e represente Portugal no EUROPEAN ENVIRONMENTAL PRESS AWARD*
BRONZE 2011*waydip com Waynergy
PRATA 2009*algafuel com Sequestração de CO2 com microalgas
MECENAS
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Construção Magazine (CM) – O setor da construção está, no contexto atual, conotado negativa-
mente. Associa-se-lhe uma imagem de grande pulverização de atividades, baixa competitividade e
produtividade, mesmo em comparação com outros setores industriais nacionais, pouca aposta no
conhecimento e reduzido uso das TI. O que pensa deste retrato?
Rui Campos (RC) – Na realidade, o setor tem uma má imagem que, na minha opinião, passa em parte
pela “utilização” em seu próprio interesse dos diversos poderes políticos, mas também por culpa do
próprio setor. Desde há muito anos, este setor tem vivido com políticas que estão em permanente
mutação conforme os ciclos de poder, gerando impactos gravíssimos para o mesmo. A solução passaria
por haver políticas num contexto nacional amplo com planos estratégicos para 15/20 anos, que ultra-
passassem os próprios ciclos eleitorais. A Espanha, um país latino como o nosso, é um bom exemplo
de como se deve fazer. Além disso, o próprio setor é muito desorganizado, demasiado extenso, pouco
coeso e solidário, pelo que também tem uma quota parte de responsabilidade no que se está a passar.
Atualmente os Média estão muito interessados naquilo que corre mal, no escândalo, na notícia que
vende. Tudo o que a engenharia portuguesa e a construção possam fazer de bem, muito dificilmente
será notícia. Todos nós nos deveríamos empenhar mais em mostrar a excelência do nosso setor
aos portugueses. Desde o Operário da Construção, ao Técnico, ao Arquiteto, ao Engenheiro, existem
excelentes profissionais e com competências reconhecidas internacionalmente.
CM – Foi referido que o setor em geral recorre de uma forma muito reduzida aos Sistemas de Infor-
mação e às TI. De que forma este facto tem influenciado o desempenho do setor?
RC – O facto da utilização das TI ser reduzida tem várias causas. Uma tem a ver com uma inércia tradicional
do próprio setor. Embora tenhamos técnicos muito bons, não existe uma grande abertura à mudança.
Trata-se de um setor que, em vários aspetos, e não só nas TI, não responde de uma forma ágil àquilo que
é novo. Portanto, em relação às Tecnologias de Informação, o processo é lento. Outro fator que também
contribui para isso é a dispersão da própria cadeia de valor, com muitos intervenientes, em que cada
elo da cadeia é uma zona de constrangimento. Relembro que os sistemas de informação obrigam a três
fatores críticos de sucesso: planeamento, organização, rigor. Como o setor não é organizado, nem coeso,
isso gera dificuldades na implementação de quaisquer ferramentas transversais que poderiam ser muito
úteis para todos. Considero que é essencial a utilização das TI, com melhorias relevantes para o setor.
Entrevista conduzida por Hipólito de Sousa
Jornalismo e Fotografia por Joana Correia
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Rui Campos trabalha há 22 anos na Mota-Engil Engenharia, tendo feito um percurso na organização sempre com proximidade às Tecnologias e Sistemas de Informação na área da Construção. Otimista confesso, Rui Campos acredita que apesar da crise do setor tudo irá ser ultrapassado, sendo necessário “identificar as oportunidades“ no meio da desgraça. Para isso, não tem dúvidas de que as TI serão fundamentais.
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CM – Acha que é possível adotar processos que
sejam verdadeiramente transversais, donos
de obra, projetistas, construtores, empresas
de materiais, a todo o ciclo, incluindo a utiliza-
ção e manutenção?
RC – Eu não “acho”, eu tenho a convição de que
o futuro vai mesmo passar por aí! A Mota-Engil
Engenharia tem vindo a desenvolver contribu-
tos a diversos níveis para que algo mude. Dou o
exemplo do e-constroi ou da iniciativa, que me é
próxima, do lançamento do fórum BIM Portugal,
no qual a nossa posição é promover o trabalho
conjunto das diversas entidades da cadeia de
valor da construção nacional, de modo a criar
standards e processos que levem ao pleno
sucesso da nova abordagem BIM (Building Infor-
mation Modeling). Outro exemplo é a promoção
do Pronic, que a Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto tem vindo a desenvolver.
Estamos a falar de novos relacionamentos entre
os intervenientes da construção e de trabalho
em equipa para um bem comum.
CM – A fileira da construção é muito alargada e
variável em dimensão, competências/especia-
lização e organização. Parece-lhe compatível
conseguir eficácias e recurso alargado aos
SI, tendo um setor a modernizar-se a várias
velocidades?
RC – Essa definição iria facilitar bastante. Criar
a especialização/categorização das empresas,
só ajudará a estruturar este setor. Neste caso,
mais uma vez o Estado e o setor têm a sua
quota parte de trabalho a realizar. Mas os pro-
cessos arrastam-se, assim como o caso dos
alvarás de construção. No entanto, considero
que este setor tem de fazer muito mais do que
tem feito. Nós, empresas e instituições, e mes-
mo os cidadãos, temos de criar mais iniciativa
que ultrapasse a fase dos diagnósticos e das
ideias. Isto é, devemos organizar-nos e desen-
volver soluções credíveis, bem estruturadas
e consensuais, de maneira a criarmos uma
pressão sobre o próprio estado. Penso que o
caminho pode passar por aí. É isso que esta-
mos a tentar fazer com o arranque do forum
BIM Portugal, no que se refere à concepção,
projeto, licenciamento, construção e utilização
de edifícios. Neste caso, independentemente
do Estado nos querer acompanhar desde já,
ou não, achamos que há um trabalho a fazer
na comunidade da construção e que este não
pode esperar. Está na altura do setor procurar
as suas soluções, independentemente da
complexidade da conjuntura.
CM – O setor nacional padece de uma genera-
lizada falta de abordagens normalizadas que
facilitem os processos e a comunicação entre
os vários agentes. Considera que os SI poderão
ser a forma de provocar essas mudanças?
Será o mercado capaz de ajustar-se por si ou
são necessárias orientações nacionais que
direcionem essas mudanças?
RC – O diagnóstico é por demais conhecido.
Soluções teóricas não faltam. Apenas falta
a palavra mágica: “AÇÃO”, e é nesta fase que
aparecem os constrangimentos lusitanos.
Sabemos que todos os dias andamos a fazer
retrabalhos e, como já referi, tudo seria di-
ferente se todo o setor nacional trabalhasse
como uma verdadeira “linha de produção”. Mas
infelizmente continuamos a não ter quaisquer
abordagens normalizadas. Todas as peças
de um projeto vão diferindo de contrato para
contrato, com especificações técnicas, articu-
lados, estruturas de preço, etc. a variar cons-
tantemente. Para além de todo o trabalho não
produtivo, a ausência de standards dificulta
enormemente a organização do conhecimento,
nomeadamente a memória coletiva de experi-
ências e lições aprendidas. Fazia muito mais
sentido termos as partes administrativas e
especificações gerais de um projeto norma-
lizadas, de forma a termos mais tempo para
nos dedicarmos aos verdadeiros desafios e
especificidades de cada projeto de construção.
O nosso passado tem excelentes exemplos de
normalização que se perderam. Quem não se
lembra dos referenciais do LNEC, JAE, SMAS,
entre outros, que ser perderam no tempo?
Em Portugal gostamos de complicar e muitos
consideram que quanto mais complicado for,
mais saber e competência existe. Puro erro!
Hoje temos de ser extremamente eficazes e
ágeis, senão outros nos ultrapassarão neste
mundo global.
CM – Então quer dizer que neste domínio
dos Sistemas de Informação há ferramentas
disponíveis mas há também muito trabalho a
fazer. É isso?
RC – Sim. Nós, em Portugal, temos tecnologi-
camente as ferramentas todas: web, portais
colaborativos, infraestruturas de dados de
conversas
“trata-se de um setor que, em vários aspetos, e não só nas ti,
não responde de uma forma ágil àquilo que é novo. “
alto débito, especialistas e excelentes empresas e uni-
versidades na área dos sistemas de informação. O que
nos falta é criar meios que sejam adequados à nossa
realidade, que sejam úteis e, sobretudo, cativantes
para mobilizar o setor. Eu próprio já tive oportunidade
de partilhar num seminário da COTEC a experiência
Mota-Engil Engenharia no âmbito da utilização das
plataformas eletrónicas colaborativas em ambiente
empresarial. É uma tecnologia recente que carece
de cuidados, pois o desafio maior não é a tecnologia
em si mas sim o relacionamento das pessoas com a
tecnologia. É um bom exemplo em que os fatores de
sucesso têm de estar alinhados com os comporta-
mentos sociológicos e as culturas empresariais, e
estes são cuidados que também devem existir nas
abordagens informáticas à construção.
Hoje cria-se uma plataforma eletrónica sobre
qualquer coisa (é moda!) e o futuro dessas plata-
formas pode ser o insucesso se, além de não se
garantir informação atualizada e com qualidade,
não garantirmos também um público-alvo perfei-
tamente identificado, habilitado e interessado.
Os Sistemas de Informação são uma condição
necessária mas não suficiente.
CM – O Eng. Rui Campos está ligado à maior em-
presa portuguesa de construção na atualidade.
Como valoriza a empresa os SI, e qual a impor-
tância das mesmas na estratégia da empresa?
RC – Tenho a satisfação pessoal de, na Mota-
Engil, ter estado sempre em funções associa-
das a projetos de desenvolvimento em diversos
âmbitos, contribuindo para criar mudança den-
tro desta organização. E um facto que sempre
esteve presente foi a importância estratégica
dos sistemas de informação, assim como os
investimentos associados terem sido uma
constante nos últimos vinte anos. É perfei-
tamente percetível que esta aposta nos tem
ajudado a sermos mais competitivos e tem
facilitado os fluxos de trabalho à dimensão
da nossa empresa e à dispersão geográfica
dos nossos projetos. Contudo, há ainda
espaço de melhoria, especialmente ao
nível das operações, apesar de iniciativas
de sucesso, como por exemplo o projeto
“Encarregados Online”, que permitiu que
aos nossos encarregados a utilização de
portáteis e a sua inclusão no Novo Mundo
da Comunicação e do Conhecimento. Este
projeto correu muito bem, permitindo
que esta profissão, tradicionalmente
conversas
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Mota-Engil, com um portátil da empresa, aceder
em segurança e em qualquer parte do mundo
ao Portal Corporativo do Grupo Mota-Engil e aos
seus próprios documentos de trabalho.
O outro constrangimento refere-se à barreira
linguística. Por exemplo, na Europa Central a
esmagadora maioria dos colaboradores é local.
No Peru, o mesmo acontece. E assim sucessi-
vamente para outros mercados com diferentes
línguas. A solução seria termos todas as apli-
cações e conteúdos em inglês, algo que não
é praticável para o nosso negócio. Resta-nos
pesquisar soluções de compromisso.
Em 2011 lançámos as comunidades cola-
borativas “prof issionais”, que permitem
que preparadores, topógrafos e técnicos de
laboratórios da nossa empresa, em qualquer
mercado internacional (Angola, Peru, México,
Moçambique), possam colaborar e interagir na
sua comunidade. Estas comunidades estão em
língua portuguesa.
CM – As grandes empresas nacionais são
por vezes acusadas de não terem ajudado
afastada da informática, se habituasse a lidar
diariamente com este tipo de ferramentas e
com informação necessária para a sua função.
CM – E, nesse ponto de vista, estão a conseguir
adesão?
RC – Sim, apesar de os resultados nunca serem
imediatos. Estamos a falar de mudanças de
comportamentos e hábitos. Outro exemplo
que posso dar é o do Sitec – Portal de Conhe-
cimento Técnico, um projeto já maduro e com
boa adesão; no entanto, para potenciar mais
ainda o seu valor, decidimos este ano investir
em intervenções de proximidade com sessões
presenciais em obra, para promover a partilha
e utilização do conhecimento técnico, intera-
gindo com os profissionais no terreno. Uma
complementariedade Tecnologia/Pessoas
sempre necessária para o sucesso de projetos
deste tipo... Com esta iniciativa, para além da
mobilização, queremos também perceber as
necessidades dos nossos clientes “internos”.
Um eixo de desenvolvimento que temos vindo
a explorar é o da utilização da informática no
apoio à Gestão de Obra.
Outra aposta forte foi a plataforma de gestão de
inovação da Mota-Engil Engenharia, o Innovcen-
ter. Criada com base na arquitetura das redes
sociais, neste caso empresarial, permite-nos
suportar todo o ciclo da Inovação: problema,
ideias, oportunidade, projeto, inovação e fase
de integração na empresa ou no negócio.
CM – Estas práticas da Mota-Engil, são uni-
versais em termos geográficos, estando a
empresa a operar em tantos locais diferentes
do globo?
RC – Existem aplicações, no âmbito da gestão
empresarial, que são universais nas diversas
geografias onde intervimos. Para outras fer-
ramentas, mais operacionais, essa universa-
lidade não tem sido possível por duas razões:
tecnológica e linguística. No caso da tecnologia,
estamos a falar da segurança de acessos, da
segurança da informação e a existência e qua-
lidade das infraestruras de dados nos locais das
nossas obras internacionais. Mas existe evolu-
ção. Hoje já é possível para um colaborador da
ArchiCAD colabora com a Mota-Engil
na integração do BIM nos
seus processos
Rua Primeiro de Maio, 192, 1º tras. | 4450-230 Matosinhos | PORTUGAL
Tel. 22 938 51 34 | Tlm: 91 030 96 94 | Fax. 22 938 51 77
[email protected] | www.infor.pt
Imagem cortesia de Miguel Krippahl, Arquitecto
PUB
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conversas
suficientemente a mudança no setor, particu-
larmente no período do “boom da construção”.
Pouca engenharia nos processos e nas obras,
desvalorização dos outros agentes da fileira
não os vendo como parceiros, pouca adesão
às TI, e um certo alheamento da necessidade
do setor ter uma estratégia de longo prazo.
Como vê estes comentários?
RC – Quando refere as grandes empresas, penso
que faz referência às construtoras, mas não nos
podemos esquecer que a cadeia de valor da
construção começa nos Donos de Obra, sendo
estes os primeiros responsáveis pela qualidade
do projeto e pelo sucesso da própria obra.
Outro aspeto é a dificuldade do nosso setor
poder fazer previsões, estando dependente
da definição das políticas dos governos, como
se pode constatar com o atual momento “de
suspensão” que vivemos.Sobre a afirmação
de termos sido agentes de mudança ou não,
na fase do “boom da construção”, penso que
ninguém nessa altura estava preocupado em
querer melhorar o quer que fosse. Era a fase do
“agora não tenho tempo”. Hoje estamos na fase
do “não vale a pena”, pelo que o oscilar entre
estes dois estados de alma é algo que nos é
conhecido. Temos em Portugal que proceder a
uma sincera reflexão do que todos temos feito,
ou não, para mudar o estado das coisas. Todos
temos responsabilidades e assumir isso deve
ser o nosso ponto de partida.
Como exemplo do que as grandes Empresas de
Construção podem fazer para ajudar o setor,
temos o lançamento da PTPC – Plataforma
Tecnológica Portuguesa da Construção (www.
ptpc.pt), que, apesar de ter demorado algum
tempo a ver a luz do dia, tem vindo a fazer um
percurso consistente e realista. É um exemplo
de que os concorrentes podem ser parceiros.
CM – A enorme crise que o setor atravessa
está a deixar cicatrizes profundas em toda
a fileira e o futuro não é animador para a ge-
neralidade dos agentes. No entanto é comum
ver nas crises grandes ameaças, mas também
oportunidades. Que oportunidades vislumbra
para o setor nacional neste contexto?
RC – Eu diria que este setor está num epicentro
de uma crise nacional, e que, por sua vez, o país
está no epicentro da crise europeia. Em resu-
mo, estamos mesmo metidos “num buraco”.
No entanto, sendo portugueses, temos que
acreditar na nossa capacidade de ultrapassar
obstáculos e de sair das situações difíceis. A
nossa história prova isso. Temos muitos casos
em que mostrámos ter uma grande capacidade
de sobrevivência. E mesmo no setor da Cons-
trução não faltam exemplos em que erguemos
obras com desafios técnicos e prazos que os
nossos congéneros estrangeiros achavam
impossíveis de cumprir. Vamos sair disto, mais
feridos ou menos feridos, isso não sei... mas
temos de o fazer! Temos alguns setores em
Portugal que há poucos anos estavam com
crises graves e que conseguiram dar a volta por
cima. O setor da construção neste momento
está numa má fase. Mas vamos dizer que não
há futuro? Eu prefiro pensar o contrário. Futuro
existirá sempre, temos é de percecionar como
vai ser e de que forma vamos fazer parte dele. A
construção nunca vai acabar em Portugal, pois
no mínimo, teremos de manter o que constru-
ímos. Depois não nos podemos esquecer que
estamos num mercado global, pelo que temos
de nos internacionalizar. O caminho a seguir
será análogo ao de outros setores que deram
a volta às suas crises com sucesso, apostando
em nichos de mercado, em criatividade, em
inovação, em elevada competência e excelente
serviço. Os caminhos apontados são bem co-
nhecidos; a decisão, atitude e preserverança
de os percorrer é que fará toda a diferença.
CM – O futuro do setor parece passar indis-
cutivelmente pela internacionalização e pela
aposta na reabilitação/manutenção de obras
e infraestruturas nacionais. Considera que
as TI podem influenciar estes processos? De
que maneira?
RC – Eu estou convencido que as TI poderão ser
um dos principais fatores de modernização e
mudança neste setor, até porque existe de uma
forma geral, pouca implementação das TI na
construção, se excluirmos as aplicações para
gestão empresarial, os CAD e os programas de
orçamentação.
Comparemos com o exemplo das instituições
públicas, em que temos de reconhecer a
simplificação e desburocratização de muitos
processos, antes penosos.
Imaginemos agora algumas dessas boas prá-
ticas aplicadas a toda a fileira da construção?
Tendo a casa arrumada em Portugal, que seria
um feito, façamos agora o exercício de pôr essa
“hoje temos de ser extremamente
eficazes e ágeis, senão outros nos
ultrapassarão neste mundo global.”
PerfilRui Campos é licenciado em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia da Universi-dade do Porto, com formação complementar em Gestão na AESE e EGP. Iniciou a actividade na Mota-Engil em 1989, tendo desenvolvido actividades nas áreas de Sistemas de Informa-ção, Formação, Produção, Novas Tecnologias, Betões, Gestão da Qualidade & Ambiente, Modelos de Gestão Integrados e Inovação.Presentemente, como Diretor de Performance e Desenvolvimento da Mota-Engil Engenharia, coordena as áreas de Performance & Planea-mento, Tecnologia, Assistência em Garantia, Marca & Comunicação e Inovação.É membro do Conselho de Administração da BERD (empresa tecnológica participada da Mota-Engil Engenharia) e membro da Comissão Executiva da PTPC (Plataforma Tecnológica Portuguesa da Construção).
capacidade tecnológica a alavancar a interna-
cionalização da construção portuguesa.
O mundo está a mudar. Reparem na evolução/
revolução que a internet, as redes sociais, as
aplicações em “cloud computing” estão a trazer
à sociedade em geral. Recuando alguns anos
no passado, era nas organizações que existiam
os computadores, os softwares e a utilização
do correio eletrónico, e em 20 anos o mundo
inverteu-se. Hoje são as pessoas, em sua casa
que utilizam as últimas novidades tecnológicas
propostas a um ritmo vertiginoso. O que está a
acontecer é que indivíduos ou grupos estão a
ter capacidade de criação de oportunidades,
conhecimento e serviços, e são já concorrentes
de muitas empresas. As TI são um fator impor-
tante a ter em atenção na internacionalização da
construção, quer por facilitarem e melhorarem
processos nas organizações ou no setor, com
ganhos de produtividade fáceis de reconhecer,
quer por criarem soluções e negócios que, por
serem únicos no mundo, podem dar às empresas
portugueses fatores de diferenciação. Existem
muitos casos de sucesso em Portugal e a Cons-
trução tem de aprender com eles e deixar de
lamentar-se por tempos que já não regressam.
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lise desta informação que permite fundamentar
a generalidade dos atos de manutenção.
A Gestão de Edifícios em Serviço está ainda lon-
ge de aproveitar toda a tecnologia disponível,
em particular no que se refere à armazenagem,
indexação e acesso à informação. Esta cons-
tatação esteve na base deste projeto o qual
procura através da utilização de etiquetas
eletromagnéticas – RFID associar informação
aos diversos componentes da construção.
Enquadra-se a GES em três grandes áreas de
intervenção. Identificam-se assim as ativida-
des Técnica, Económica e Funcional, e é na
atividade Técnica que se enquadra a Manuten-
ção de Edifícios que por sua vez é onde incide
o âmbito deste artigo.
1. INTRODUÇÃO
Para qualquer atividade que englobe um con-
junto de ações e procedimentos é possível
um enquadramento no domínio da gestão no
âmbito da qual se otimizem esses processos.
A Gestão de Edifícios em Serviço - GES, onde se
insere a Manutenção de Edifícios, compreende
todas as ações e procedimentos necessários
realizar a propósito de um empreendimento
na sua fase de exploração, com o objetivo de
otimizar o seu desempenho. Uma das maiores
ferramentas para uma boa gestão da constru-
ção em serviço é a quantidade e a qualidade da
informação, associado ao comportamento das
edificações. É a disponibilidade e respetiva aná-
2. MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS
Durante o tempo de vida útil de um edifício ele
vai-se deteriorando gradualmente, quer devido
a ações externas à própria utilização, quer por
motivo da utilização. Em consequência dessas
ações os elementos e componentes do edifício
vão perdendo a qualidade e usabilidade para o
qual foram projetados, sendo por isso neces-
sário proceder-se a uma intervenção.
Entende-se por manutenção de edifícios como
sendo “... a combinação de todas as ações
técnicas e administrativas com o objetivo de
reter em (...) ou, devolver a (...) elementos e
componentes um estado que lhes permita
desempenhar as funções para que foram proje-
sistemas de informação na construçãosistema automático de informação na manutenção de edifícios – projeto rfid
Rui Calejo Rodrigues
GEQUALTEC, FEUP
Luís Martins
GEQUALTEC, FEUP
Vive-se atualmente uma época de grande contenção económica que tem naturais implicações
na construção. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), “O Índice de novas encomen-
das na construção e obras públicas (Taxa de variação homóloga trimestral - Base 2000 - %)
desceu 20.8% no 4º trimestre de 2011.” Estes dados, que vêm na sequência de outros idênticos
publicados nos últimos trimestres, permitem concluir que com o abrandamento da construção
de novos edifícios e obras de engenharia civil terá que se prestar maior atenção à construção
existente o que vem potenciar o domínio da manutenção de edifícios. É neste domínio que se
iniciou no GEQUALTEC/FEUP um programa de investigação destinado a automatizar o acesso à
informação de manutenção em edifícios.
Os longos ciclos de intervenção dos componentes estáticos de edifícios carecem de um registo
de informação simples e disponível. Quem já não se confrontou com a dificuldade em encontrar
um fornecedor de um simples “espelho de interruptor” que tem de ser substituído?
A utilização de “tags” eletrónicas associadas a alguns componentes de edifícios permitem obviar
muitas das informações necessárias em manutenção.
Neste artigo explora-se a importância da manutenção de edifícios e a íntima relação desta com
sistemas de informação na construção – BIM, e dá-se nota da rotina MainTech® desenvolvida
no GEQUALTEC/FEUP a qual integra numa perspetiva BIM toda a informação de manutenção
associada a componentes da construção.
10_cm
> 1
tados.” Subdividiram-se essas ações em cinco
grandes áreas de intervenção intervenções:
– Inspeção;
– Limpeza;
– Proação;
– Correção;
– Substituição.
Para que as ações em cada uma destas áreas
possam ter êxito é necessário ter-se acesso
a informações importantes tais como planos
de manutenção, manuais de manutenção,
registo de ocorrências, peças desenhadas de
projeto, bem assim como como qualquer outra
informação extra que permita uma melhor ação
de manutenção, tais como fotos, informações
comportamentais etc.
Por outro lado entendeu-se subdividir um
edifício em partes com mecanismos de de-
gradação afins. Estas partes dos edifícios
denominaram-se Elemetnos Fonte de Manu-
tenção – EFM.
Para catalogar, de uma forma não computori-
zada, todos EFM de um edifício despendem-se
muitos recursos (tempo, papel, arquivos, etc.).
Estando esta informação disponível apenas
em papel, torna-se difícil o seu acesso no dia
a dia, pois tal facto dificulta a sua pesquisa
e consulta, o que limita algumas vantagens
que essas informações possam oferecer. Por
outro lado, muitos edifícios, com equipas de
manutenção profissionais, já têm bastante
informação computorizada, mas geralmente
dispersa em vários ficheiros, divididos por
tipos de componentes, de informação não
normalizada e sem correlação entre eles.
Ter estas informações em formato digital e
num modo organizado permite o tratamento
de dados por meio de software, facto que trará
significativas melhorias na performance da
manutenção de edifícios.
Além disso, a realização de atos de manuten-
ção implica muitas vezes a necessidade de
se estar fisicamente na proximidade do EFM
e desse ato é necessário ter evidência. Por
exemplo a inspeção de uma cobertura terá
muito a ganhar se em locais estratégicos
desta estiverem instalados “tags” que além
de devolverem informação sobre os locais a
mesmo desde a fase de projeto. Este manual
não é mais do que a compilação organizada
das informações contidas em cada entidade
desenhada e que pode ter edição para o uten-
te – Manual de Utilização – e edição técnica
Manual de Manutenção.
As ferramentas BIM poderam assim ajudar na
criação das informações “fixas”, úteis em ma-
nutenção tais como os manuais de manuten-
ção, mas já não foram tão úteis no que se refere
à criação de informações comportamentais
assim como no registo de ocorrências. Para
complementar esta necessidade recorreu-se
à tecnologia RFID.
4. RFID (RADIO-FREQUENCY IDENTIFICATION)
RFID é uma sigla de Radio-Frequency IDen-
tification. É um termo genérico usado para
descrever um sistema que transmite a iden-
tidade via ondas de rádio. É uma tecnologia
de identificação automática, assim como o
código de barras. Um sistema RFID é consti-
tuído por dois componentes de hardware, um
conjunto leitor antena e um transponder (tag
ou etiqueta). O objetivo é que o leitor consiga
ler a informação guardada no tag e transmiti-
la para um computador. O seu funcionamento
começa com o leitor a enviar um sinal através
de uma radiofrequência. O tag, sintonizado
para receber esse comprimento de onda,
transmite a informação armazenada também
através de radiofrequência, o leitor recebe-o,
descodifica-o e envia-o para um computador.
observar e as características de alerta de mau
comportamento – Fenómenos de Pré Patologia
– a ter em conta, possam evidenciar a presença
e as ações do inspetor.
3. BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)
Um dos maiores desafios da tarefa a que
este grupo se propõe reside na dificuldade
de normalizar dados muito diversos de modo
que um software os possa tratar. Trabalhando
numa fase de projeto, esta dificuldade pôde ser
ultrapassada dando uso às ferramentas BIM
(Building Information Modeling). Nesta ferra-
menta, além da modelação física do edifício,
tem-se a possibilidade de adicionar informação
relacionada com elementos desenhados do
projeto. Estas informações, tanto podem ser as
propriedades específicas de uma parede como
os custos associados á sua construção, como
ainda as necessidades de manutenção ao
nível da limpeza, inspeção, pró-ação correção
e substituição.Tem-se portanto uma enorme
liberdade no que toca a adicionar informações
associadas aos elementos desenhados em
forma digital. Com a utilização das ferramen-
tas BIM está a ser possível adicionar a um
projeto os processos de manutenção de cada
EFM de uma forma informática e organizada.
Desta forma, além de se organizarem todos
os processos de manutenção específicos de
cada EFM, tem-se também a possibilidade de
criar um manual de serviço de todo o edifício
estando esta informação já associado ao
> Figura 1: Interação “leitor-tag”.
sistemas de informação na construção
> 2
Após a receção da “resposta” do tag e, com o
devido tratamento do middleware, é neces-
sário ter um software capaz de interpretar os
dados recebidos.
As principais diferenças entre a tecnologia
RFID e Código de Barras relacionam-se com a
possibilidade desta tecnologia poder armaze-
nar informação e com o facto de não necessitar
de estar em linha de vista com o leitor. Esta
característica faz com que o tag esteja menos
sujeito a fatores de deterioração, e faz também
com que possa ser “escondido” dentro dos
EFM pois a radiofrequência atravessa vários
tipos de materiais normalmente utilizados na
construção.
Os diferentes tipos de tags diferem na memória
interna, na possibilidade de poderem ou não
realizar operações de escrita, nas frequências
de operação, na necessidade ou dispensa de
bateria interna, etc. Existem mesmo tag que
têm a possibilidade de possuírem sensores
para registo de temperatura, humidade, etc.
5. RFID MAINTECH
Com as potencialidades das propriedades
do sistema de identificação automático RFID
aliadas às vantagens da utilização de bases
de dados informáticas BIM, desenvolveu-se
um software capaz de responder às necessi-
dades da manutenção, quer do ponto de vista
do gestor quer do operador de manutenção.
Resumidamente, o operador lê um elemento
com o leitor RFID, que após tratamento pelo
software, mostra todos os dados associados
a esse elemento.
5.1. Operador de Manutenção
Este software permite que numa operação de
manutenção sejam consultados em tempo real
todos os registos de anteriores ocorrências ao
elemento a ser operado, sem que seja necessá-
ria qualquer pesquisa. Depois de identificado o
elemento tem-se acesso a todas as operações
de manutenção cuja execução está prevista (in-
formações como manuais de limpeza, inspeção,
pró-ação e substituição). Nestas informações
estão descritas a tarefa, o procedimento com-
pleto, o responsável, a periodicidade e ainda
o seu custo previsto associado. No caso de
existir uma anomalia no EFM em causa, existe
também uma lista das correções mais comuns,
as respetivas condições técnicas de execução
e um custo previsional. Como o manual de
manutenções do elemento se encontra em
base de dados, é também possível aceder a
informações dos processos de manutenção a
ter com o elemento, descrevendo sucintamente
todas essas operações para que não existam
erros de manutenção.
Ao executar uma operação de manutenção
(obrigatória a partir do momento que é feita
a leitura do tag) , esta ficará registada auto-
maticamente no cadastro do elemento para
que posteriormente possa ser consultado, até
mesmo como prova dessa intervenção (com
datas e observações da operação).
5.2. Gestor de Manutenção
Para o apoio à manutenção na ótica do gestor,
são criados planos de trabalho para períodos de
tempo específicos (semanais, mensais, anuais,
etc.). Com o preço associado a cada operação de
manutenção, são criadas previsões de custos
para esses mesmos períodos de tempo. O gestor
de manutenção, tanto um individuo no caso de
manutenção especializada, assim como uma
empresa de manutenção por exemplo, tem
a informação atualizada em tempo real, ou
seja, se algum cliente/utilizador questionar se
uma certa situação está resolvida, o software
apresentará todas as informações relativas ao
processo devidamente atualizadas.
Com a obrigação de o operador “estar nas pro-
ximidades” do EFM para poder abrir um registo
de manutenção (para o tag ficar ao alcance da
antena RFID), o gestor de manutenção teria de
fato a certeza de que o operador pelo menos
esteve no local.
Supondo dois elementos com a mesma função
e o mesmo nível de utilização, mas de empresas
fabricantes diferentes, o gestor de manutenção
teria acesso a informações que permitiriam
a longo prazo concluir qual dos elementos
implicaria uma maior despesa na sua fase de
utilização. Esta informação não seria apenas
proveitosa para o cliente que vai comprar um
> Figura 2: Sistema MainTech®.> Figura 1: Interação “leitor-tag”.
12_cm
> 4
produto novo mas também para o gestor de
manutenção que irá substituir um produto.
Da mesma maneira, as empresas fabricantes
podem aproveitar o acesso a estes dados, quer
para melhorias do seu produto, quer também
para referenciar uma potencial qualidade.
5.3. Utilizador
O utilizador do edifício é aquele que na realidade
maior partido pode tirar deste sistema. Uma vez
que o suporte informático está disponível via
internet, o utilizador pude entre outras funções,
enviar uma reclamação sobre um EFM específi-
co identificando-o a partir do respetivo RFID. O
desenvolvimento da situação referenciada pelo
utilizador é consultada e atualizada pelo gestor,
pelo operador e pelo próprio utilizador. Assim
que depois de aberto um registo de uma recla-
mação este é dado como executado, o utilizador
que a enviou é notificado do encerramento (
eventual resolução) da sua reclamação. Este
processo aumenta a confiança que o utilizador
deposita na equipa de manutenção, diminui os
casos de anomalias não tratadas (tão frequen-
tes nos edifícios) e contribuiu para a economia
da construção em serviços que nos tempos
atuais tem de ser muito otimizada.
6. APLICAÇÃO PRÁTICA
Para motivos de teste, procedeu-se à aplicação
deste sistema num edifício de restauração
localizado no campus da FEUP. Trata-se de um
edifício com área aberta ao público de 200 m2
destinado à restauração. Este edifício, entre
outras características, é climatizado, possui
largas superfície envidraçadas, um teto falso,
revestimentos de piso cimentícios e entre
outros automatismos, um sistema de deteção
de incêndio.
Como se trata de um teste inicial instalou-se
um número reduzido de EFM com identificação
por RFID. Os elementos identificados foram o
sistema de climatização na cobertura, o teto
falso em gesso cartonado e o sistemas de
extinção. A identificação dos EFM foi executada
sem grandes problemas, mas saliente-se que,
se esta operação fosse efetuada em tempo de
construção/projeto, além de mais fácil poderia
trazer outras mais-valias tais como a incorpo-
ração de tags no próprio fabricante.
Adicionar os elementos e toda a informação de
manutenção à na base de dados revelou-se ser
uma tarefa mais morosa. Além das informações
dos registos de ocorrências estarem dispersas,
estão geralmente em papel e sem qualquer
forma normalizada, muita da informação
simplesmente não existia. Neste caso não se
tornou um grande problema pois trata-se de
uma aplicação em muito pequena escala, mas
em grande escala poderá ser muito moroso,
podendo até compensar registar apenas as
intervenções executadas a partir do momento
da aplicação do sistema.
7. CONCLUSÕES E PERSPETIVAS FUTURAS
7.1. Conclusões
O sistema de identificação por RFID tem gran-
des capacidades quer em termos de carac-
terísticas quer no que diz respeito à relação
custo/benefício. O uso desta tecnologia pode
vir a colmatar uma lacuna na otimização de
custos no âmbito da manutenção de edifícios. A
tecnologia RFID torna todos os outros sistemas
de identificação automáticos, tais como código
de barras ou QR Code, obsoletos pois ter-se-ia a
necessidade de colocar estes identificadores
no exterior do EFM permitindo que fossem
facilmente danificados.
Conjugando uma base de dados com uma iden-
> Figura 3: Tag colocado num extintor
> Figura 4: Imagem da Base de Dados MainTech®.
sistemas de informação na construção
> 3
PUB
Climatização
Instalações Eléctricas
Instalações de Gás
Fundações e Estrutura
Cobertura e fachadas
Elevadores
Telecomunicações (ITED)
Águas e Saneamento
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Bureau Veritas Portugal www.bureauveritas.pt [email protected] 707 200 542
Atestado do Imóvel pelo Bureau Veritas dá mais confiança ao seu cliente
tificação automática à distância aumenta a sua
utilidade e facilidade de utilização, podendo
deste modo aproveitar todo o potencial de
possuir toda a informação normalizada relativa
à manutenção de um edifício acessível In loco.
A tecnologia RFID, apesar de estar em desen-
volvimento contínuo desde a Segunda Guerra
Mundial, tem ainda um grande potencial de
desenvolvimento. Contudo, cada vez mais,
os produtos associados (tags, leitores, etc)
têm preços mais reduzidos, insignificantes no
cenário da construção.
A aplicação prática realizada permite concluir
que existem várias vantagens diretamente
ligadas ao uso do sistema:
– Informação de todos os elementos fonte de
manutenção normalizada.
– Acesso a informação de proximidade, como,
por exemplo, o cadastro de ações e manuais
de manutenção.
– A abertura de um registo só é possível com a
proximidade do operador com o elemento, o
que implica a obrigatoriedade do mesmo se
deslocar efetivamente ao local impedindo
operações de manutenção fraudulentas.
– Substituições falaciosas seriam facilmente
detetáveis.
– Controlo da produtividade dos operários.
– Melhor organização para planos de traba-
lhos.
– Melhor previsão de custos.
– Empresas podem receber informações para
melhorar os seus produtos.
7.2. Perspetivas Futuras – Normalização
O uso desta tecnologia na área de manu-
tenção de edifícios é uma realidade, sendo
que, para otimizar o seu funcionamento,
necessita de uma normalização por parte da
Organização Internacional de Normalização.
Esta normalização permitiria que muitos dos
materiais ou sistemas construídos fossem
fabricados já com um tag embutido com fre-
quência de operação e formato normalizados.
Cada elemento poderá conter informações
fixas próprias tais como o lote do fabrico,
data, local onde esteve armazenado, detalhes
do transporte etc., assim como poderá conter
informações gerais tais como manuais de
serviço, etc.
Este processo de normalização carece ainda
de estudos específicos, a saber:
– Identificação e organização das informa-
ções relevantes a estarem presentes na
memória interna da tag de forma a que o
software possa introduzir essa informação
por simples leitura do tag;
– Testar que tipo de tag teria uma melhor
performance num dado elemento. Cada
elemento é constituído por diferentes ma-
teriais, logo o tag necessitaria de diferentes
tipos de antenas de modo a que a distância
de leitura fosse idêntica entre os vários
elementos;
– A localização desses tags passaria também
por uma normalização, sendo necessário
efetuar um estudo de modo a descobrir qual
a localização com melhor performance para
cada tipo de elemento diferente.
Com a normalização deste sistema, seria possí-
vel a criação de uma base de dados internacional
onde constariam informações de desempenho e
custo de utilização dos mais variados elementos
de empresas diferentes.
14_ 17
do projeto de execução, cuja execução é um
processo em larga medida mecânico.
A maior parte das tarefas a realizar ao longo do
processo construtivo estarão numa posição
intermédia nesta escala, isto é, são práticas de
trabalho que se baseiam num misto de dados
de diferentes tipos para atingir um resultado
que será aferido segundo um conjunto de pa-
râmetros objetivos e de avaliações subjetivas.
Disciplinas como a qualidade na construção
têm contribuído para definir de forma mais ri-
gorosa os dados e os resultados de atividades,
isto é, para o esforço de transformar práticas
em processos.
Em síntese, o processo construtivo é com-
posto por atividades rigorosamente parame-
trizáveis e, necessária e desejavelmente, por
outras que são desenvolvidas segundo um
percurso arbitrário. É importante distinguir
claramente estes dois tipos de atividade e
caracterizar devidamente as primeiras bus-
cando os ganhos de eficiência decorrentes da
sua automatização.
Nas últimas décadas do século XX, a transfor-
mação das tarefas no sentido da automatiza-
ção foi devida fundamentalmente ao desenvol-
Da arte ao processo
Na construção civil, como em outras áreas
produtivas, à medida que as exigências para
o aumento de produtividade se tornam mais
explícitas, maior é a tendência para estudar e
otimizar os procedimentos de trabalho, resul-
tando frequentemente no desenvolvimento
de fluxos de trabalho com inputs e outputs
bem definidos. Na prática, estas influências
conduzem a um incentivo à padronização na
construção – à parametrização na fase de
projeto e à pré-fabricação e industrialização
na fase de execução.
Segundo a Fig. 1, as atividades da construção
podem ser classificadas em função da maior ou
menor precisão com que é possível descrever à
partida os respetivos dados e os seus resulta-
dos. A preparação de um estudo prévio por parte
de um arquiteto, por exemplo, pode partir de ele-
mentos diversos do contexto local ou global, que
são tidos em conta ao longo de um percurso em
larga medida arbitrário que resulta na definição
dos aspetos fundamentais do projeto. Do lado
oposto deste espectro de atividades estará,
por exemplo, a impressão de peças escritas
14_cm
vimento de algoritmos de cálculo automático
e de ferramentas de desenho assistido por
computador com o objetivo de tornar mais
expedita a realização de tarefas repetitivas
e trabalhosas, isto é, um desenvolvimento
essencialmente bottom-up, com um relevante
contributo dos profissionais da construção.
Desde os finais da década de 90, esta evolu-
ção tem sido suportada de forma crescente
pelo desenvolvimento de novos modelos de
informação que permitem representar mais
adequadamente os produtos da construção e
os recursos necessários à sua concretização.
Este esforço tem vindo a ser liderado por um
pequeno conjunto de organizações de carac-
terísticas distintas que tem desenvolvido
modelos de informação de âmbito abrangente.
É este desenvolvimento, marcadamente top-
down, de modelos de informação que tem cria-
do as condições necessárias para a elaboração
de aplicações que permitem a transferência
de dados entre os intervenientes do processo
construtivo e a automatização das tarefas que
estes realizam.
O papel dos especialistas da construção na
área dos sistemas de informação inclui, por-
sistemas de informação na construçãopapel da tecnologia bim na gestão da informação na construção
João poças Martins
FEUP, GEQUALTEC
No presente artigo faz-se uma apresentação da tecnologia BIM (Building Information Model ou
Modelo de Informação para a construção) tendo em conta o seu papel de agente de integração
de diferentes tipos de informação e de ferramentas que são utilizadas ao longo do ciclo de vida
dos edifícios. É esta característica definidora dos BIM que os tornam essenciais para a auto-
matização de diferentes tipos de tarefas do processo construtivo, em particular daquelas que
envolvem a participação conjunta de diversos intervenientes.
É sublinhado o papel fundamental que os especialistas da construção têm a desempenhar no
desenvolvimento e na aplicação desta tecnologia ainda jovem. aponta-se ainda alguns obstácu-
los à generalização do uso dos BIM e um conjunto de desafios que se colocam, em particular às
instituições ligadas ao ensino, relacionados com as competências necessárias ao uso eficiente
desta tecnologia.
tanto, não só o desenvolvimento e a validação
crítica de métodos de cálculo eficientes, mas
também de formatos padrão que suportem os
seus processos e práticas profissionais.
os BIM Na autoMatIzação De tarefas
Atualmente a designação BIM tem vindo a ser
atribuída quer aos modelos de informação
que representam os produtos da construção,
quer às aplicações informáticas a que estão
subjacentes. Assim, pode definir-se BIM como
um conjunto de métodos e de ferramentas
que permitem a parametrização e respetiva
> figura 1: Arte, práticas e processos. Adaptado a partir de (Grieves 2006).
representação de produtos da construção
ao longo de todo o seu ciclo de vida, seus
componentes e recursos necessários ao seu
desenvolvimento.
Embora existam atualmente diversos produtos
comerciais com grande abrangência nesta
área, só a existência de um modelo de dados
aberto, o IFC (Industry Foundation Classes)
tem vindo a permitir o desenvolvimento de
aplicações BIM para as mais diversas tarefas
do processo construtivo.
A s ferr amentas atualmente disponíveis
permitem, por exemplo, a automatização do
desenvolvimento de peças desenhadas e
escritas de projeto e a deteção de erros em
projetos existentes. Permitem que a informa-
ção desenvolvida pelos autores dos projetos
seja partilhada de forma eficiente, evitando a
necessidade de reintroduzir sucessivamente
os mesmos dados. Existem já ferramentas que
efetuam a avaliação da conformidade regula-
mentar de projetos. Nos anos mais recentes
têm sido desenvolvidas aplicações destinadas
a outras fases do processo construtivo, como
as que efetuam medições e orçamentos de
forma, em larga medida, automática.
Embora a variedade de usos potenciais para
a tecnologia BIM seja enorme, a escassa dis-
seminação atual destas ferramentas no meio
profissional merece reflexão.
PUB
sistemas de informação na construção
16_cm
oBstáculos e oportuNIDaDes De
DeseNvolvIMeNto
A adoção em larga escala dos BIM depende de
diversos fatores, não necessariamente rela-
cionados com aspetos tecnológicos.
Um dos obstáculos reconhecidos por profis-
sionais do setor da construção que avaliam a
possibilidade de recorrer a ferramentas BIM
é justamente o facto de a sua utilização não
constituir a norma. Assim, a possibilidade de
garantir vantagens na partilha de informação,
um dos mais relevantes benefícios dos BIM, é
fortemente limitada. Esta questão, por vezes
designada de problema de cooperação, coloca-
se em diferentes domínios perante tecnologias
com potencial para se tornarem um padrão na
respetiva área: dado que a sua utilidade está
diretamente relacionada com a sua populari-
dade, os benefícios reconhecidos na adoção
destas tecnologias são por vezes pouco signi-
ficativos tendo em conta os respetivos custos.
Um outro obstáculo relevante prende-se com
a carência de formatos padrão no setor da
construção e, em particular, na construção na-
cional. Esta carência verifica-se, naturalmen-
te, na área específica dos BIM mas também
nas questões da padronização de cadernos
de encargos, no estabelecimento de regras
de medição, entre outras. A automatização
de tarefas depende claramente da definição
destas regras.
Para além de formatos padrão, é importante
que sejam também padronizados alguns pro-
cedimentos relacionados com a modelação
BIM. A obtenção automática de medições, por
exemplo, exige que as tarefas ligadas à mode-
lação sejam efetuadas de acordo com regras
com aceitação geral. Existem várias iniciativas
a nível internacional que têm resultado em
regras de modelação. Dadas as especificida-
des nacionais do setor da construção que se
traduzem, por exemplo, ao nível legal, não é
possível importar estas regras diretamente,
mantendo-se as características únicas do
setor em cada país.
Como se referiu anteriormente, o desenvol-
vimento na área dos BIM tem seguido um
percurso marcadamente do tipo top-down, em
que um conjunto limitado de entidades define
as regras que deverão ser adotadas pela comu-
nidade profissional. Esta estratégia permitiu
o desenvolvimento daquele que é o primeiro
formato de representação padrão, ainda que
ad-hoc, para a construção tendo em conta as
suas diversas valências, o IFC. Em contrapar-
tida, este esforço criou uma separação entre
as características do modelo proposto e as
exigências práticas da comunidade profissio-
nal atual, que se traduzem em larga medida
nos métodos de trabalho correntes.
Os próximos anos ser ão provavelmente
caracterizados por uma maior aproximação
destes percursos top-down e bottom-up. A
disseminação de ferramentas informáticas
comerciais cria o contexto adequado para a
necessária validação empírica do modelo IFC
por parte dos especialistas da construção e
convida-os a desenvolver os seus próprios
métodos e ferramentas BIM.
Considera-se que o papel de engenheiros e
arquitetos será essencial nesta fase, o que
obriga ao desenvolvimento e à difusão de um
conjunto de competências que não são tradi-
cionais na sua formação de base atual.
O papel das entidades ligadas ao ensino será
também fundamental. Devem adaptar-se aos
BIM, respondendo de acordo com uma visão
estratégica própria do perfil desejável dos
seus formandos.
Em alguns casos, será adequado encarar as
ferramentas BIM do ponto de vista do utiliza-
dor, procurando fornecer competências direta-
mente relacionadas com o uso de ferramentas
informáticas específ icas. Esta estratégia
pode encarar-se como uma simples evolução
do ensino tradicional do desenho assistido
por computador, adaptando-o, naturalmente,
às novas aplicações informáticas. Este perfil
será provavelmente o mais indicado para os
técnicos a introduzir no imediato nas empresas
de construção que não pretendam realizar um
esforço significativo em I&D ou que prefiram
realizar uma transição mais suave a partir das
práticas de trabalho atuais.
Nos casos em que se pretenda formar espe-
cialistas capazes de intervir no processo de
gestão da informação, avaliando os métodos
de trabalho correntes e propondo alterações,
deve ser exigido um perfil técnico distinto.
Nestas situações, para além das competências
técnicas específicas do domínio da constru-
ção, torna-se necessário que os especialistas
da construção possuam conhecimentos de
base nas áreas da gestão da informação
para a construção e da modelação de dados.
Para além deste tipo de competências que
deverão ser adquiridas preferencialmente no
âmbito do ensino pós-graduado, considera-se
essencial que os especialistas da construção
disponham de ferramentas informáticas que
> figura 2: Ferramenta web desenvolvida no âmbito do projeto SIGABIM.
lhes permitam pesquisar e manipular ficheiros IFC, realizando
os seguintes tipos de tarefas:
– Pesquisar entidades na estrutura IFC usando linguagem
corrente, preferencialmente em língua portuguesa.
– Importar dados de ficheiros IFC para folhas de cálculo de
modo a permitir a automatização de tarefas sem o recurso a
linguagens e ambientes de programação.
– Editar a estrutura IFC, modificando o modelo de dados ofi-
cial, de modo a suportar os requisitos inerentes às tarefas a
realizar pela comunidade profissional. Por outras palavras,
criar as condições necessárias a um desenvolvimento do tipo
bottom-up do modelo IFC em complemento do atual esforço
top-down.
O grupo GEQUALTEC da Faculdade de Engenharia da Universi-
dade do Porto tem vindo a realizar trabalho de investigação
na área dos BIM, incluindo a análise de modelos e ferramentas
existentes e o desenvolvimento de métodos e aplicações infor-
máticas originais. Apresenta-se na Fig. 2, a título de exemplo,
uma ferramenta web desenvolvida no âmbito do projeto SIGABIM
com o objetivo de apoiar o ensino e a investigação na área dos
BIM por parte de especialistas da construção.
coNclusões
Os modelos de informação para a construção permitem repre-
sentar edifícios e seus componentes incluindo aspetos que vão
para além da sua geometria. É esta capacidade dos BIM para
gerirem informação acerca dos edifícios ao longo do seu ciclo
de vida que constitui a sua principal inovação e o seu mais re-
levante contributo para a gestão da informação na construção.
Apesar da crescente variedade de potenciais usos para os BIM
ao longo do processo construtivo, a sua disseminação entre
os profissionais da construção é ainda relativamente escassa.
O papel dos especialistas do setor da construção é fundamen-
tal para o desenvolvimento futuro dos BIM, não só através da
validação empírica dos formatos padrão e ferramentas existen-
tes, mas também pelo desenvolvimento de novos usos para a
informação que compõe estes modelos. É importante que estes
profissionais disponham das competências e ferramentas
necessárias para o efeito.
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16_ 2318_ 23
No final de 2009, dada a envergadura do pro-
jeto, a multiplicidade de agentes envolvidos
nos processos de conceção, fiscalização e
construção, o grande volume de informação
técnico-económica, a necessidade de moni-
torizar os processos em concurso e de me-
lhorar a qualidade técnica das intervenções,
associados ainda a uma alteração significativa
no enquadramento legislativo com a portaria
701-H/2008 e o novo Código para Contratação
Pública, a Parque Escolar EPE estabeleceu com
o Consórcio ProNIC (Protocolo para a Normali-
zação da Informação Técnica na Construção)
um contrato de prestação de serviços de inves-
tigação e desenvolvimento para adaptação da
metodologia ProNIC ao programa nacional de
modernização dos equipamentos escolares.
1. O prOjetO prONIC
Este projeto de investigação e desenvolvi-
mento visa a criação de um conjunto integrado
e sistematizado de conteúdos técnicos e
A Parque Escolar EPE tem por objeto o pla-
neamento, a gestão, o desenvolvimento e a
execução do Programa de Modernização do
Parque Escolar destinado ao Ensino Secun-
dário e assenta em três linhas fundamentais:
– A recuperação e modernização dos edifícios;
– A abertura da escola à comunidade;
– A criação de um sistema eficiente e eficaz
de gestão dos edifícios.
Em março de 2007, quando iniciou a sua
atividade, a Parque Escolar tinha por meta a
concretização de intervenções em 332 escolas
até 2015.
O Programa desenvolve-se em várias fases:
– A Fase 0 incluiu intervenções em 4 escolas
piloto: duas no Porto e duas em Lisboa;
– A Fase 1, que inclui intervenções em 26
escolas distribuídas na zona Norte, região
de Lisboa e Alentejo;
– As Fases 2 e 3 do Programa, contemplam
obras de modernização em 175 estabele-
cimentos de ensino espalhados de Norte a
Sul do país.
18_cm
funcionalidades informáticas de articulação,
gestão e interface com os utilizadores durante
as várias fases do processo construtivo que
possa constituir um referencial para o setor
da construção portuguesa.
A primeira fase do projeto ProNIC foi aprovada
no âmbito do Programa Operacional Sociedade
do Conhecimento (POSC) e teve como entidades
promotoras a DGEMN (Direção Geral dos Edifí-
cios e Monumentos Nacionais), o INH (Instituto
Nacional da Habitação), posteriormente desig-
nado de IHRU (Instituto da Habitação e Reabi-
litação Urbana) e a EP (Estradas de Portugal).
O desenvolvimento do trabalho técnico do
ProNIC é assegurado por um consórcio, criado
para o efeito, no qual participam o Instituto da
Construção (IC-FEUP), o Laboratório Nacional
de Engenharia Civil (LNEC) e o Instituto de
Engenharia de Sistemas e Computadores do
Porto (INESC-Porto).
O desenvolvimento visou duas grandes áreas
da construção:
– Os Edifícios (Construção Nova e Reabilitação);
– As Infraestruturas Rodoviárias.
parque escolar – um caso prático da aplicação pronicSara de Sá Caetano, Parque Escolar, [email protected]
sistemas de informação na construção
LICEU PASSOS MANUEL
cm_19
> 1
2. ObjETIvOS DO SISTEMA PRONIC NA
PARqUE ESCOLAR
A celebração do contrato entre a Parque Esco-
lar EPE e o Consórcio ProNIC, em novembro de
2009, marca uma nova fase deste projeto de
investigação e desenvolvimento e do Progra-
ma de Modernização do Parque Escolar desti-
nado ao Ensino Secundário, constituindo-se
uma parceria para concretização de um projeto
de investigação aplicada, de grande escala e à
escala nacional.
São objetivos fundamentais deste projeto:
– A viabilização da utilização em ambiente
real da aplicação ProNIC, através da sua
implementação nos processos das obras
em curso e a promover pela Parque Escolar
EPE, designadamente na geração de conte-
údos normalizados e de elevada fiabilidade
técnica, organizados segundo matrizes de
enquadramento de aplicação generalizada;
– O desenvolvimento da componente técnica
do projeto relativa à reabilitação de edifícios;
– O desenvolvimento e teste de metodologias
e funcionalidades destinadas à monitoriza-
ção de projetos públicos de investimento
imobiliário em matéria de controlo econó-
mico da fase de produção e também da fase
de utilização, por via da aplicação efetiva
destas ferramentas ao “Programa de Mo-
dernização do Parque Escolar”.
A aplicação da ferramenta ProNIC visa:
– Contribuir para a melhoria da qualidade na
construção, criando uma referência sobre
as melhores práticas, corretas especifica-
ções técnicas dos trabalhos da construção
e integração das várias fases do processo
construtivo;
– Potenciar a redução de custos na fase de ela-
boração e análise de Cadernos de Encargos;
– Induzir uma significativa redução de custos
e de incerteza na fase de orçamentação;
– Reduzir erros de interpretação dos docu-
mentos de concurso e projeto, minorando
os custos da não qualidade e o peso dos
trabalhos a mais;
– Simplificar a gestão de empreitadas e su-
bempreitadas;
dades de trabalhos destas escolas permitiu
fazer uma análise técnica prévia, originando al-
terações e adaptações ao modelo preconizado.
Esta adaptação na estrutura de classificação
da informação foi realizada de forma a melho-
rar os modelos de gestão e de organização
da informação para as obras da 3ª Fase do
Programa (Figura 2).
O modelo de Obra definido pela Parque Escolar
para as escolas da Fase 3, integra as unidades
de construção e as 25 especialidades de pro-
jeto (ver Figura 3).
A ferramenta ProNIC é constituída por uma
base de dados de conhecimento sobre os
trabalhos de construção e por um conjunto de
funcionalidades informáticas que permitem a
gestão, manuseio e articulação dos conteúdos
de uma forma versátil e intuitiva, podendo ser
utilizada pelos diferentes agentes do processo
– Aumentar a eficiência da gestão através da
criação e disponibilização de indicadores
técnicos e económicos apropriados.
Com a adoção do sistema ProNIC, a Parque
Escolar pretendeu desenvolver um conjunto
sistematizado e integrado de conteúdos técni-
cos de referência e de utilização generalizada
para o setor da Construção, nomeadamente
para as escolas integradas no programa.
3. SObRE A PLATAFORMA PRONIC
Numa fase inicial, e de modo a testar os mode-
los de organização das obras de reabilitação de
edifícios escolares, foram selecionadas como
exemplo pela Parque Escolar duas escolas da
Fase 2. O carregamento dos mapas de quanti-
> Figura 1: Transversalidade ProNIC.
> Figura 2: Modelo Parque Escolar – Estrutura de desagregação da informação em 12 capítulos.
> 2
sistemas de informação na construção
20_cm
> 3
construtivo (Figura 4).
A base de dados inclui a informação técnica
que permite gerar:
– Articulados detalhados para a criação de
Mapas de Trabalhos e quantidades (MTq);
– Fichas de Execução de Trabalhos;
– Fichas de Materiais;
– Estimativas Orçamentais com base em
preços de referência e em fichas de custos
e rendimentos (Figura 5).
As fichas de execução de trabalhos e as fichas
de materiais são geradas automaticamente,
em função do articulado de trabalhos criado,
e obedecem a uma estrutura de organização
comum, incluindo os conteúdos que dão corpo
às Especificações Técnicas dos Cadernos de
Encargos. Estes conteúdos refletem a apli-
cação da normalização nacional e europeia
atualizada e as boas práticas de construção,
integrando critérios de medição e disposições
sobre segurança e manutenção (Figura 6).
Para além da geração desta informação
técnica, o ProNIC disponibiliza um conjunto
de outras funcionalidades complementares
e de apoio ao trabalho aos diversos tipos de
utilizadores, designadamente:
– Possibilidade de agregação de elementos
externos – peças desenhadas e escritas do
projeto, estudos e reconhecimentos, docu-
mentação técnica, modelos de documentos,
etc – permitindo a organização estruturada
e integrada de processos de obra;
– Elaboração de medições detalhadas com
a importação automática dos valores das
quantidades dos artigos para os MTq;
– Desagregação da informação em diferentes
níveis para facilitar processos de consulta a
subempreiteiros e fornecedores;
– Possibilidade de efetuar comparação de pro-
postas de concorrentes em diferentes obras;
– Atualização da base de dados de preços de
referência, com base na retro informação
obtida a partir das obras tratadas no ProNIC
(só possível quando existe uma estandardi-
zação e codificação uniforme dos trabalhos
de construção).
> Figura 3: Modelo Parque Escolar – Modelo de Obra.
> Figura 4: Elementos de informação e sua articulação.
> Figura 5: Elementos de informação.
> 5
> 4
4. IMPLEMENTAçãO DO PROjETO PRONIC
NA PARqUE ESCOLAR
4.1. Ações de divulgação e formação
As ações de divulgação e formação da aplica-
ção ProNIC aos projetistas contratados pela
Parque Escolar para as escolas da Fase 3 foram
iniciadas em dezembro de 2009. Programa-
ram-se duas grandes ações de divulgação e
delineou-se um programa de formação dirigido
aos projetistas e seus colaboradores. Nestas
ações estiveram envolvidos 600 projetistas de
150 gabinetes de projeto. As sessões incluíram
também abordagens aos fundamentos técni-
cos dos conteúdos.
4.2. Dificuldades na implementação do
projeto ProNIC
A implementação do ProNIC na Parque Escolar
foi um processo complexo, em resultado de
um conjunto de diversos de fatores. Durante
o primeiro trimestre de 2010, evidenciaram-
se algumas debilidades do programa, desde a
lentidão de resposta na inserção e visualização
do articulado, até à inexistência de alguns
conteúdos chave. As f ichas de trabalho e
materiais associadas aos artigos não estive-
ram de imediato disponíveis aos projetistas e
também não existia um manual de utilização
do programa. A normalização e o rigor, este
> 6
traduzido pela necessidade de uma melhor e
mais completa especificação de materiais e
soluções, obrigavam à formação e ao estudo
dos projetistas, traduzindo-se num esforço
inicial importante.
A conjugação das lacunas e insuficiências
exibidas inicialmente pelo ProNIC, com os pra-
zos de execução dos projetos e as inevitáveis
derrapagens nestes processos, consubstan-
ciaram uma acumulação de dificuldades na
sua aplicação, gerando resistências por parte
dos intervenientes.
Perante este cenário, a Parque Escolar e o
Consórcio ProNIC, intensificaram as ações de
formação, mobilizando de imediato equipas
móveis de apoio aos projetistas e promovendo
o rápido melhoramento do programa, quer ao
nível informático (funcionalidades e facilidade
de operação), quer ao nível dos conteúdos.
4.3. Necessidades específicas da
Parque Escolar
As ações desenvolvidas conduziram a uma
notável evolução do ProNIC. Em dezembro de
2009, o ProNIC apenas permitia a geração do
articulado para as diversas especialidades
de projeto. Contudo, a necessidade de lança-
mento de concurso da 3ª fase do Programa, a
partir do primeiro semestre de 2010, obrigou à
implementação de novas funcionalidades. Foi
necessário, em particular, definir e disponibi-
lizar todo o repositório documental do Projeto
de Execução e do respetivo workflow de subs-
crição, entrega e validação dos processos. Foi
realizada a interface e integração da platafor-
ma ProNIC com uma plataforma de contratação
eletrónica e foram desenvolvidos e integrados
na ferramenta todos os procedimentos de tra-
mitação de concurso público, designadamente
os processos de “Esclarecimentos” e de “Erros
e Omissões”.
Ao longo do ano de 2010, foram continuamente
implementadas várias melhorias das funcio-
nalidades operativas destinadas a agilizar o
trabalho dos utilizadores.
A utilização do ProNIC em contexto real foi
decisiva para o incremento da maturidade
do programa, sendo essencial o contributo
contínuo dos projetistas e a par ticipação
ativa das diversas áreas da Parque Escolar na
especificação dos novos desenvolvimentos.
Estabilizado o módulo relativo ao projeto,
desde a conceção ao lançamento de concurso
e tramitação processual, a Parque Escolar e o
Consórcio ProNIC concentraram os seus es-
forços no desenvolvimento de novos módulos
orientados para a gestão das empreitadas.
Em março de 2011, foi disponibilizado o módulo
de gestão dos autos de medição mensal que
permite à Parque Escolar e às fiscalizações fa-
> Figura 6: Estrutura comum de organização das especificações
22_cm
> 7
zer uma gestão mais eficiente da empreitada.
Neste módulo foram desenvolvidos mecanis-
mos de controle e validação, tendo sempre
como objetivo prioritário minimizar erros e
permitir um maior controle de desvios de
custos e prazos.
Em setembro de 2011 foram disponibilizados
os módulos relativos a Ordens de Execução,
contratos de Adicionais, Autos de Adicionais e
repositório de elementos adicionais ao projeto.
4.4. Resultados e benefícios esperados
na Parque Escolar
Após dois anos de utilização da metodologia Pro-
NIC, é possível listar um conjunto de benefícios e
resultados obtidos pela utilização da plataforma
nas várias fases dos processos relativos à Fase
3 do Programa de Modernização do Parque Es-
colar Destinado ao Ensino Secundário.
Na fase de conceção, foi decisivo para uma me-
lhor e mais eficiente coordenação do projeto, o
facto de toda a equipa – projetistas e Parque
Escolar estarem a trabalhar numa plataforma
colaborativa, permitindo o desenvolvimento
do seu trabalho sobre a mesma base – o mapa
de trabalhos.
A monitorização constante dos processos
permitiu à Parque Escolar um acompanha-
mento mais efetivo da evolução dos projetos,
em relação à organização a eventuais desvios
orçamentais.
> Figura 7: Resumo das principais funcionalidades do ProNIC.
> Figura 8: Modelo de organização da documentação de acordo com a legislação vigente.
sistemas de informação na construção
> 8
O desenvolvimento do repositório documental
foi essencial para garantir a uniformização na
instrução dos projetos, evitando a falta de do-
cumentos fundamentais. Realça-se o facto de
ter sido desenvolvido um mecanismo integra-
do para assinar digitalmente a documentação
gerada pelo ProNIC.
Na fase de contratação, tornando-se obriga-
tório o lançamento dos concursos públicos
atr avés de plataformas de contr atação
eletrónica, foi decisivo o mecanismo de
integração desenvolvido, agilizando o envio
dos processos para concurso. Foram dis-
ponibilizados mecanismos para uma mais
eficiente gestão dos processos a montante,
durante e após concurso por parte da Parque
Escolar, nomeadamente verif icações, tra-
mitação e agilização do envio de elementos
dos projetos.
Na fase de execução das obras, a gestão das
empreitadas e subempreitadas foi facilitada
pela flexibilidade na geração de documentos.
PUb
A geração automática dos modelos de autos
de medição e os mecanismos de controle
desenvolvidos e implementados conduziram
a um ganho de eficência.
Foram disponibilizados mecanismos de rece-
ção, validação e fecho dos autos mensais. A
ferramenta permite ainda gerar documentos
em formato “pdf” assinados pelos três in-
tervenientes – Adjudicatário, Fiscalização e
Parque Escolar.
Relativamente ao repositório documental, foi
desenvolvido um módulo que permite a agre-
gação de novos elementos ou a substituição
de peças obsoletas aos processos.
Foram recentemente disponibilizados os mó-
dulos para a instrução de Ordens de Execução,
formalização de Adicionais e emissão dos
respetivos autos, sendo igualmente possível
a emissão da “Conta Final” e “Relatório Final”,
como conclusão do processo de gestão da
empreitada.
A informação das diversas obras permite a
elaboração de relatórios detalhados com a
definição de indicadores económicos ao nível
da especialidade, capítulo ou unidade de cons-
trução, sendo também possível a definição de
preços de referência.
A participação permanente da Parque Escolar
foi essencial no desenvolvimento do ProNIC,
realçando-se também o esforço e a partici-
pação ativa dos diversos intervenientes dos
processos – projetistas, medidores e fiscali-
zações - indispensáveis para concretizar os
objetivos fundamentais da empresa nas diver-
sas etapas dos processos das obras da Fase 3.
Graças ao empenho e profissionalismo das
diversas competências da Parque Escolar,
através da partilha de conhecimento e experi-
ência, foi possível moldar a ferramenta ProNIC
às necessidades da empresa, obtendo óbvios
ganhos de eficácia.
O ProNIC é uma mais-valia decisiva na ope-
ração logística e administrativa da Parque
Escolar.
24_ 28
um indicador, isto é, um parâmetro que reflete
um aspeto da atividade das empresas – por
exemplo: liquidez, rentabilidade, satisfação
do cliente, cumprimento de custo.
A análise de benchmarking ordena as empre-
sas em função do resultado obtido no indica-
dor, desenhando um gráfico que possui, no eixo
das ordenadas, os valores do indicador e, nas
abcissas, uma escala de 0-100%. Cada empre-
sa, sabendo seu o resultado, pode intersetar a
curva com a linha horizontal correspondente e
determinar qual o seu benchmark, que indica a
percentagem de empresas que fazem parte do
universo analisado que obtiveram um resulta-
do igual ou inferior ao seu (Fig.1).
Como se pode verificar, um dos aspetos mais
BENCHMARKING – OS CONCEITOS
É corrente encontrar a menção que os re-
sultados de uma dada empresa definem o
“benchmark” no seu ramo de atividade. Esta
afirmação pode levar a encarar a análise de
benchmarking como se se tratasse de um
“ranking” de empresas, em que algumas se
destacam pelo seu sucesso e outras estão
no outro extremo. Umas são boas e outras
são más.
O benchmarking não tem – não deverá ter –
esse objetivo, de catalogar as empresas. É um
processo estatístico, simples na sua formu-
lação, em que se visualiza o desempenho de
um universo de empresas medido através de
24_cm
importantes, uma análise de benchmarking
é completamente confidencial. Na curva não
é identificada nenhuma empresa e o desem-
penho de cada uma só por esta é conhecido.
Agrega num único registo as componentes
quantitativa – qual a rentabilidade, qual o nível
de satisfação dos clientes – e qualitativa –
quantos concorrentes fazem melhor ou pior.
O reflexo desta informação na empresa ficará
a cargo dos seus gestores uma vez que as
razões para resultados similares podem ser
muito diversas, bem como os objetivos em-
presariais. Não existe o anátema de alguns
rankings com identificação nominal em que
várias das entidades analisadas se mantêm
sucessivamente nos postos mais baixos,
mesmo com esforços na melhoria do desem-
penho mas cujo resultado é condicionado por
circunstâncias fora do seu controlo.
Uma análise de benchmarking levanta, no
entanto, um problema: para que as curvas obti-
das sejam, realmente, uma radiografia credível
de uma indústria, essas curvas deverão ser
obtidas a partir dos dados originários de uma
amostra alargada do universo de empresas
que o compõem. Este é um obstáculo que se
tem revelado difícil de ultrapassar limitando
os benefícios possíveis de retirar deste maior
conhecimento sobre o modo como uma indús-
tria opera.
sistemas de informação na construçãobenchmarking na indústria da construçãoJorge Moreira da Costa, Professor Associado, GEQUALTEC, DEC, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto, [email protected]
Mónica Santos, MSc Engenharia Civil, Bolseira de Investigação, GEQUALTEC, DEC, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto, [email protected]
Isabel Horta, Engenheira Civil, PhD Engenharia Industrial e Gestão, GEQUALTEC, DEC, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto, [email protected]
Henriqueta Nóvoa, Professora Auxiliar, INEGI, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto, [email protected]
Miguel Fernandes, MSc Engenharia Informática, INEGI, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto, [email protected]
Nuno Almeida, MSc Engenharia Informática, INEGI, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto, [email protected]
> Figura 1: Exemplo de curva de benchmarking.
> 1
cm_25
> 2
EXPERIÊNCIAS DE BENCHMARKING NA
INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO
A preocupação com a avaliação do desem-
penho empresarial e do nível de qualidade
do produto teve a sua génese em ambientes
industriais clássicos, cuja atividade se desen-
rola em condições mais controladas e estáveis
e cuja produção é repetitiva e em ciclos de
relativa pequena duração. Abordagens como a
TQM Total Quality Management, produção Lean,
certificações ISO e o benchmarking surgiram,
inicialmente, em indústrias de produção em
série.
A Indústria da Construção (IC) sempre se olhou
como um caso à parte: produz protótipos, tem
um ciclo de produção longo e o seu resultado
dura décadas, não é renovado cada 5 ou 10
anos como um computador ou um automóvel.
Mas exatamente por esta característica é
responsável pela colocação no meio ambiente
de elementos de enorme longevidade, grande
impacto urbano (e, frequentemente, social),
além de requererem meios financeiros apre-
ciáveis. Construir um edifício, uma ponte, uma
ETAR, custa muito dinheiro e envolve o trabalho
direto e indireto de muitas pessoas.
Foi esta visão e a consciência da falta de
preocupação dos agentes da IC em relação à
satisfação dos seus clientes que foi retratada
no relatório Rethinking Construction, de 1998.
Este relatório é uma reflexão profunda sobre
a IC britânica, apresentada por um grupo de
trabalho que, ao contrário de outras iniciativas
similares, foi constituído não por membros da
indústria mas por representantes de grandes
clientes da mesma. Entre várias observações
e propostas avançadas, duas mereceram
destaque especial: (i) a necessidade da IC
se preocupar mais com os seus clientes,
informando-os (“educate them”, no original)
para que estes possam ser mais exigentes e
escolher com mais conhecimento e (ii) definir
processos de avaliação do desempenho, es-
tabelecer indicadores e objetivos para a sua
melhoria e estabelecer processos de recolha
de dados, análise e divulgação de resultados.
e ela era tratada automaticamente e produzia
as curvas de benchmarking em tempo real.
O resultado desta fase de teste deu origem a
uma publicação de divulgação relativamente
restrita mas a abertura da plataforma à gene-
ralidade das empresas, prevista no protocolo,
não foi possível de concretizar.
Entretanto, a Constructing Excellence criou,
igualmente, uma plataforma web similar,
de adesão voluntária (www.kpizone.com),
mantendo a publicação anual dos KPI’s da
IC britânica. No entanto constatou-se que o
número de empresas que contribuem para
as análises de benchmarking britânicas é
relativamente reduzido, podendo questionar-
se se representam um efetivo diagnóstico
da indústria. Apenas como exemplo, no único
relatório que explicita o universo de análise
(setor dos Consultores, 2004), os resultados
foram obtidos a partir de 210 respostas entre
8000 inquéritos distribuídos.
A PLATAFORMA ICBENCH
A IC, em qualquer país, engloba empresas de
dimensão muito diversa com nível de gestão
igualmente muito variável. A experiência dos
KPIs britânicos demonstra que mesmo num
contexto com maior tradição na recolha regular
de informação sobre a atividade produtiva e de
iniciativas de cooperação empresarial, como é
o Reino Unido, conseguir disponibilidade das
empresas para contribuir voluntariamente
para uma investigação mais profunda sobre
as forças e fraquezas do seu setor não é fácil.
Com estas ideias em mente foi possível rea-
tivar a plataforma icBench em 2010 (Fig.2),
com base num novo protocolo entre o InCI e
a FEUP, no qual se estabeleceram dois níveis
de abordagem da análise de benchmarking:
(i) um Nível 1, destinado a todas as empre-
sas construtoras com alvará, no qual são
analisados 6 indicadores económico-finan-
ceiros que utilizam a informação que o InCI
possui, pelo que não é necessária qualquer
intervenção por parte das empresas;
Uma das medidas implementadas na se-
quência deste estudo consistiu na criação
de um sistema de recolha e tratamento de
informação económica e operacional relativa
à atividade das empresas da IC – construtores,
consultores e produtores de materiais - que
permitiu o estabelecimento de um conjunto
de KPI’s Key Performance Indicators e a sua
publicação anual. Este projeto iniciou-se
em 1999 e é, atualmente, coordenado pelo
organismo Constructing Excellence (www.
constructingexcellence.org.uk).
Outras iniciativas semelhantes foram desen-
volvidas em vários países: nos EUA o Cons-
truction Industry Institute (CII) Benchmarking
and Metrics Programme (http://www.cons-
truction-institute.org), no Brasil o Sistema de
Indicadores para Benchmarking na Construção
Civil (http://www6.ufrgs.br/norie/), no Chile
o Sistema Nacional de Benchmarking para el
Setor Construcción - Corporation de Desarrolo
Tecnológico, na Dinamarca o DEN (http://www.
byggeevaluering.dk/). Em Portugal o IAPMEI
possui um programa de Benchmarking e
Boas Práticas (http://www.iapmei.pt/iapmei-
bmkindex.php), embora não especificamente
dirigido para a construção.
Entre todos estes projetos, apenas o britânico
tem mostrado sustentabilidade e sequência.
Vários dos outros atrás mencionados já encer-
raram ou mantêm-se praticamente inativos.
Em 2005 foi estabelecido um protocolo entre
o IMOPPI, antecessor do InCI, e a FEUP com o
objetivo de criar um modelo adaptado à IC por-
tuguesa. Este projeto foi delineado de modo que,
ao invés da abordagem britânica da altura base-
ada em suporte físico, a recolha e tratamento da
informação fosse feita numa plataforma web.
Nasceu, assim, a plataforma icBench – Ben-
chmarks da Indústria da Construção, que foi
desenvolvida pela FEUP e testada por um grupo
de 30 empresas entre 2006 e 2007. O objetivo
era, essencialmente, definir o modelo, estabe-
lecer os indicadores mais interessantes, tanto
no ponto de vista da entidade reguladora como
das empresas, e efetuar um teste de robustez
em que as empresas introduziam a informação
> Figura 2: Página de entrada da plataforma icBench (www.icbench.net).
sistemas de informação na construção
26_cm
> 3
(ii) um Nível 2, este já de adesão voluntária, que englobará outro grupo
de indicadores relacionados com informação que apenas as empre-
sas possuem, como Satisfação do Cliente, Desvio de Prazo e Custo,
Propostas com sucesso, entre outras.
A vantagem do Nível 1 é evidente: com base na informação InCI é possível
efetuar um diagnóstico de TODO o setor dos construtores em relação ao
seu desempenho económico-financeiro, podendo sustentar decisões
estratégicas do regulador e das associações empresariais.
Os 6 indicadores que foram possíveis de definir, limitados pelo detalhe
da informação disponível, surgem no Quadro 1. Como já referido, estes
indicadores são de perfil exclusivamente económico, mas traduzem
aspetos relevantes da atividade da empresa e sinalizam níveis de
eficiência em áreas cruciais.
A plataforma ficou online em novembro de 2011 em simultâneo com o
envio por via postal pelo InCI, para todas as empresas com alvará, das
suas credenciais de acesso à sua zona reservada. Nesta, além de dados
gerais da empresa e dos seus benchmarks relativos a 2008 e 2009 cor-
respondentes aos resultados globais da sua classe, podem ainda avaliar
o seu desempenho em relação a outras classes ou empresas com sede
num distrito específico (Figs. 3 e 4). Um gráfico de radar englobando
todos os indicadores está igualmente disponível.
Cada empresa acede unicamente às curvas gerais e aos seus resultados
individuais, não sendo possível identificar nenhuma empresa especí-
fica. É um processo totalmente reservado e, tanto quanto foi possível
investigar a nível nacional e internacional, trata-se da primeira vez que
um setor industrial desta dimensão é radiografado na sua totalidade.
Os resultados obtidos não correspondem a uma extrapolação de uma
amostra, foram obtidos a partir dos dados de todas as empresas cons-
trutoras com alvará.
PRIMEIROS RESULTADOS GLOBAIS ICBENCH
A análise dos dados de 2009 resultou, conforme já referido, num rela-
tório disponível nas páginas do InCI www.inci.pt (Estudos e Relatórios
Setoriais) ou www.icbench.net (Biblioteca). Entre os 6 indicadores
estudados o I1.01 – Índice de Produtividade merece um primeiro
comentário mais alargado, pelo reflexo que traduz em relação à atual
situação da indústria.
Na maioria dos casos em que se analisa a Produtividade, esta é definida
como a relação entre a Produção – medida, por exemplo, pelo Volume de Ne-
gócios da empresa – e os Fatores de Produção, isto é, os meios utilizados.
No caso particular da IC, tendo em conta os dados disponíveis e os critérios
seguidos pelo InCI, a produção pode ser medida através do parâmetro VNO
Volume de Negócios em Obra; em relação aos fatores de produção, sendo
a construção uma indústria com recurso a mão de obra intensiva, fará
sentido utilizar a dimensão dos recursos humanos como denominador.
> Figura 3: icBench – Avaliação interna de empresa / Índice de Produtividade.
> Figura 4: icBench – Benchmark de comparação com o mercado / Índice de Produtividade e Rentabilidade.
> 4
> Quadro 1: icBench – Nível 1: Indicadores contemplados.
No entanto, dados atualizados relativos a este
último parâmetro são apenas do conhecimento
das empresas uma vez que no processo de pedi-
do de alvará apenas é necessário identificar os
trabalhadores correspondentes às exigências
mínimas da classe; assim, muito provavelmente
a real dimensão do corpo técnico e trabalhador
das empresas será diversa da registada no InCI
podendo levar a conclusões incorretas.
Tendo estas condicionantes em conta mas não
pretendendo prescindir de uma análise que
refletisse o modo como a indústria se encontra
a operar e o efeito das mais recentes alterações
de conjuntura económica, decidiu-se definir um
Índice de Produtividade em que o VNO é compa-
rado com o valor médio da gama de classe, ou
seja, o valor intermédio entre o limite superior
da classe de alvará de cada empresa e o limite
da classe imediatamente abaixo. Este processo
alinha-se com a regra definida pelo InCI para a
manutenção de alvará – VNO médio nos três
últimos anos igual ou superior a 50% do limite
da classe inferior – seguindo o princípio que uma
empresa, preferencialmente, deverá realizar
trabalhos correspondentes à sua faixa de alvará.
O modo como o Índice de Produtividade (IP) é
determinado consta do Quadro 2.
Os gráficos de benchmarking resultantes po-
dem ser consultados no relatório referido. Os
correspondentes às classes 5 e 9 apresentam-
se na Fig. 5. Estes gráficos contemplam ape-
nas a gama 10-90%, uma vez que se verificou
que as empresas situadas nos extremos do
universo (0-10% e 90-100%) apresentavam
valores fora de escala, dificultando a perceção
da distribuição geral do desempenho.
Os resultados traduziram um cenário de que
se pressentia mas que, deste modo, foi eviden-
ciado. Usando o benchmarking para analisar o
desempenho de todas as empresas com alvará
válido e cuja informação registada permitiu a
quantificação do Índice de Produtividade (um
universo de 21.004 empresas), dividindo estas
pelas suas classes respetivas, concluiu-se que
(ver Quadro 3):
– Para a maioria das classes, metade das
empresas apenas consegue realizar um
VNO anual correspondente a pouco mais
do valor limite por contrato que o seu alvará
permite (IP entre 1,1 e 1,6);
– As exceções correspondem às classes 1, 8
e 9 mas, mesmo nestas, o VNO mantém-se
muito limitado;
– Cerca de 6% das empresas encontravam-se
em situação potencial de incumprimento
dos requisitos de permanência na classe,
com especial incidência nas classes (inter-
médias) onde esta percentagem sobe para
a vizinhança dos 10%;
– Se ainda subsistiam algumas dúvidas sobre
o sobredimensionamento empresarial do
setor dos construtores da IC portuguesa,
essa questão parece respondida.
Um segundo indicador importante é I1.02 –
Rentabilidade que, na abordagem icBench,
utiliza o parâmetro EBITDA (Earnings before
interest, taxes, amortization and depreciation)
de acordo com o estabelecido no Quadro 4.
As curvas correspondentes às classes 5 e 9
encontram-se na Fig. 6.
Estes resultados, confirmados pelos corres-
pondentes às restantes classes, demonstram
que o valor mínimo de RENT está próximo de 0%,
enquanto os valores máximos se estabelecem
na casa dos 35 50% para as classes mais bai-
xas (1-5), reduzindo-se nas classes mais altas,
até cerca de 15% para a classe 9.
Este facto merecerá atenção à medida que
dados mais recentes estejam disponíveis
para tratamento, uma vez que revela que as
empresas de menor dimensão e, em particular,
as de dimensão média (classes 3-5) parecem
> Quadro 2: icBench – Índice de Produtividade.
> Quadro 4: icBench – Rentabilidade.
> Quadro 3: IP para Benchmark de 50% e número de empresas em risco de descida de classe.
28_cm
ter uma maior capacidade de criar sistemas
produtivos com maior rentabilidade. À medida
que a dimensão dos contratos aumenta, o nível
de rentabilidade reduz-se consideravelmente.
NOTAS FINAIS
A plataforma icBench ambiciona tornar-se
num referencial de diagnóstico regular da IC
portuguesa. Ao utilizar dados que abrangem a
totalidade das empresas construtoras, a sua
análise do desempenho económico traduz uma
radiografia completa do setor, sendo informa-
ção essencial para os seus gestores, para o
regulador e para as associações empresariais.
Espera-se que, em breve, seja possível apre-
sentar os resultados relativos a 2010; depen-
dendo dos dados que estiverem disponíveis
poderá ser possível definir mais indicadores
ou aperfeiçoar os existentes.
Este Nível 1 de benchmarking, que será sempre
disponibilizado a todas as empresas, irá servir
de base para o lançamento de um segundo
nível, mais direcionado para empresas de clas-
ses mais elevadas e com nível de gestão mais
desenvolvido, que serão desafiadas a contribuir
para uma base de dados com informação mais
específica mas que permitirá uma análise em
outros prismas relevantes e a sua comparação
com outros países, nomeadamente Reino Unido.
Mas se parece lógico que este nível mais
avançado se concentre nas empresas de
maior dimensão – até pela influência que estas
possuem na sustentabilidade do mercado pela
subcontratação de empresas mais pequenas
– os resultados obtidos com os dados de 2008
e 2009 revelam que existem empresas com
desempenho muito interessante em quase
todas as classes.
Se observarmos as curvas de todos os indi-
cadores verificamos que na faixa de bench-
marking de 70-100% surgem empresas com
resultados duas, três vezes melhores que os
obtidos no benchmark de 50%. Isto é, existem
empresas que conseguem ultrapassar as
dif iculdades e encontrar estratégias para
uma atividade sustentável. E, de salientar, as
empresas que demonstram essa maior capa-
cidade, em que as curvas surgem com declives
mais acentuados – logo maior crescimento
relativo do desempenho – são as médias, das
classes 3-6.
Outro desafio será a ampliação desta platafor-
ma para outros setores da IC, nomeadamente
Consultores. Ao contrário dos construtores,
em que se possui um registo de dados para o
benchmarking de primeiro nível, a área da con-
sultoria na construção não possui essa parti-
cularidade. No mercado competem empresas
de diversas dimensões com profissionais
ou grupos de profissionais independentes,
sendo difícil transpor o modelo idealizado
de forma direta. Mesmo assim, e tendo em
conta a qualidade do trabalho dos consultores
portugueses que começa a ser ainda mais
reconhecido internacionalmente, será uma
evolução natural e importante para a IC, pelo
que constituirá um dos principais objetivos a
curto prazo deste projeto.
Como conclusão poderá fazer-se um paralelo
com o efeito que as TI estão a ter na sociedade
através da disponibilização e partilha de infor-
mação sobre quase tudo. Atualmente quase
ninguém compra um produto ou escolhe um
hotel sem pesquisar, na web, opiniões de quem
já o usa ou experimentou. Em concursos para
a seleção de um construtor, um consultor, o
conhecimento do nível de desempenho dos
concorrentes irá começar a ser ainda mais
relevante se suportado por um modelo de
análise independente e abrangente. E, no caso
da IC, poderá permitir que as boas empresas e
profissionais possam demonstrar a eficiência
do seu trabalho e manter-se no mercado. A
indústria da construção portuguesa tem de se
redimensionar e o benchmarking pode indicar
como o deverá fazer.
RefeRências
– Rethinking Construction, The Construction Task Force. DTI, UK, 1998. Acessível em http://www.constructin-gexcellence.org.uk/pdf/rethinking%20construction/rethinking_construction_report.pdf
– icBench – Resultados 2005. Jorge Moreira da Costa e Isabel Horta. FEUP/IMOPPI/ADI, Porto, 2006. ISBN 978-972-752-088-
– Indicadores 2009 – Construtores. Jorge Moreira da Costa. FEUP/InCI, 2011. Acessível em http://www.icbench.net/biblioteca#tab0
> Figura 5: icBench – Benchmarking do Índice de Produtividade: classes de alvará 5 e 9.
> Figura 6: icBench – Benchmarking da Rentabilidade: classes de alvará 5 e 9.
sistemas de informação na construção
> 5 > 6
29_ 32
e reavaliação dos fornecedores; a informação
de compra descreve o produto a ser compra-
do; declaração, na informação de compra,
as disposições de verificação pretendidas e
o método de entrega do produto e mapa de
fornecedores e subempreiteiros consultados.
Contudo, nem todas as entidades compra-
doras (empreiteiros gerais) conseguem criar
as condições necessárias e suficientes para
implementarem corretamente estas platafor-
mas eletrónicas.
2. Plataforma de e-Sourcing
Quer uma entidade compradora já tenha es-
colhido uma solução de e-Sourcing para uma
estratégia de aquisição, quer pense em mudar
de solução, as fases de adoção, implementa-
ção e gestão da mudança são fundamentais
para o sucesso do programa. Várias entidades
compradoras que investem em soluções de e-
Sourcing são confrontadas com o desafio das
mudanças culturais necessárias para garantir
uma adoção bem-sucedida em toda a empresa.
Através da correta adoção e uso eficiente de
uma solução de e-Sourcing, uma organização
1. Introdução
A Internet apresenta-se como um excelente
meio de comunicação para que as organizações
e as pessoas possam alcançar os seus objeti-
vos de forma rápida e eficaz. O desenvolvimen-
to de web services para a contratação, permite
criar valor no processo tradicional de consulta
dos empreiteiros aos fornecedores e de nego-
ciação entre eles. Atualmente, os mercados
eletrónicos têm-se adaptado aos processos
tradicionais e têm sido implementados pelo
que, é fundamental uma mudança de atitude
e de modernização na estrutura empresarial.
Quer para os compradores, quer para os
fornecedores a utilização destes sis-temas
permite um aumento de produtividade. Para
os primeiros, permite lançar uma consulta,
obter propostas e mapa comparativo em me-
nor espaço de tempo com maior organização.
Quanto aos segundos, permite aceder a um
maior número de consultas e responder de
forma rápida e eficaz. Para além disso, um
e-marketplace permite às organizações preen-
cher os requisitos da ISO 9001/2000 nomea-
damente: avaliação e seleção de fornecedores;
definição de critérios para seleção, avaliação
consegue obter resultados mais sustentá-
veis, incluindo uma maior economia, maior
produtividade, maior eficiência e uma redução
contínua de custos.
Os processos de aquisição tradicionais funda-
mentam-se fortemente em métodos baseados
em papel ou meios eletrónicos de comunicação
e interação como o correio eletrónico, ferra-
mentas de processamento de texto e folhas de
cálculo, com o objetivo de adquirir bens ou servi-
ços. Uma solução de e-Sourcing, por outro lado,
permite a utilização de ferramentas web-based
para executar eventos como RFx (request for
information, request for quotation and request
for proposals) com a grande vantagem de ter
toda a informação organizada em local próprio,
o que permite o acesso, leitura e entendimento
desta informação com maior eficiência.
Uma plataforma de e-Sourcing para a indústria
da construção civil e obras públicas é um e-ma-
rketplace que reúne todos os intervenientes
(empreiteiro gerais, subempreiteiros, forne-
cedores, empresas de mão de obra, empresas
de aluguer de equipamento) com o objetivo de
agilizar todo o processo entre envio de consul-
tas e recebimento de propostas, quer em fase
de preparação de propostas para concurso
sistemas de informação na construçãofatores de sucesso para a implementação de metodologias de aquisição por meios eletrónicos: o e-sourcing na construção civil
Pedro Vaz Paulo
Instituto Superior Técnico
a utilização das tecnologias de informação no setor da construção civil e obras públicas tem
permitido atingir níveis elevados de performance, e produtividade e melhorar a organização e
homogeneização dos processos internos das empresas e entre empresas. este artigo pretende
apresentar os fatores de sucesso para a correta implementação de metodologias de aquisição
de bens, serviços e subempreitadas através de meios eletrónicas, designadamente plataformas
de e-sourcing.
cm_29
sistemas de informação na construção
30_cm
> figura 1: Funcionamento de plataforma e-Sourcing [1].
> figura 2: Exemplos de plataformas de eSourcing (Gatewit, Bravosolution).
> figura 3: Organigrama de hierarquias de partilha de informação adaptado à utilização do Mercado Aberto em diversas obras.
> 1
(público/privado), quer em fase de execução
de obra (Figura 1).
A plataforma é um Sistema de Aquisição Dinâmi-
co de comércio eletrónico entre empresas (B2B
– Business to Business) que é acedido através
da Internet (Figura 2), permite que em qualquer
local com um computador com acesso à web se
possa aceder à plataforma sem necessidade
de instalar software. Atra-vés dele, o utilizador
pode lançar consultas, para diversos fornece-
dores, para obter propostas para qualquer tipo
de material, serviço, equipamento, mão de obra
ou até mesmo de subempreitada.
Estas respostas aos pedidos de preço (pro-
postas) são inseridas na plataforma para que
seja gerado automaticamente o Mapa Compa-
rativo. A plataforma é um meio de comunicação
de fácil utilização permitindo que todos os
forne-cedores estejam presentes, agilizando
todo o seu processo orçamental e de envio de
propostas. Para além disso, o sistema respeita
as hierarquias que cada empresa tenha na sua
estrutura orgânica (Figura 3).
A plataforma de e-Sourcing não se apresenta
como uma central de compras, ou seja, não existe
agregação de compras dos diferentes empreitei-
ros gerais, ou até mesmo dos diferentes diretores
de obra e também não apresenta uma de lista
de preços unitários médios. Entre compradores
(empreiteiros gerais) não existe partilha de pre-> 2
> 3
Organigrama de hierarquias internas em empreiteiro geral
Diretor do Centro de Exploração / Administrador
Diretor da Divisão A Diretor da Divisão B
Diretor de Obra A.1
Diretor de Obra A.2
Diretor de Obra A.3
Diretor de Obra B.1
Diretor de Obra B.2
Diretor de Obra B.3
Legenda
Total acesso à informação produzida entre utilizadores no Mercado Aberto. Há partilha de Informação.
Acesso limitado à informação produzida entre utilizadores no Mercado Aberto. Não há partilha de Informação.
FORNECEDORES
EMPREITEIROS
MERCADO ABERTOCONSTRULINK
ConcursosPúblicos Orçamento Lança
ConsultaEnvia
Proposta Adjudicação LançaConsulta
AnalisaPropostas Adjudica
RecebeConsulta
EnviaProposta
RecebeConsulta
EnviaProposta
cm_31
ços das diversas propostas que os fornecedores
enviam e não dispensa a negociação tradicional
(contacto direto, presencial) para obtenção de
melhores condições comerciais.
3. BenefícIos
As plataformas de e-Sourcing fornecem, quer
a compradores, quer a fornecedores signifi-
cativos e justificados benefícios. Num estudo
técnico realizado pelo The Boston Consulting
Group verifica-se que a redução de custos de
tran-sação é razão que leva 48 % das empresas
a aderirem a uma plataforma de e-Sourcing. De
seguida serão apresentados alguns desses
benefícios que as entidades podem usufruir,
sendo que os maiores se classif icam nas
atividades de aprovisionamento eletrónico
(e-procurement) e em gestão colaborativa.
– redução de custos diretos
As empresas que adotaram soluções de
plataformas de e-Sourcing têm reportado
ganhos na compra direta de materiais em
mais de 15% [2]. Esta redução é devida à
redução de margens dos fornecedores e da
transparência dos preços no mercado.
– redução dos custos de operação
A plataforma de e-Sourcing oferece a estan-
dardização e a regularização de processos
de consulta, nomeadamente criar consulta,
procura de fornecedores, lançar consulta,
receção de propostas, análise de propostas,
adjudicação, controlo de faturas e emissão
de pagamento. Tais atributos reduzem os
custos de operação e melhoram os proces-
sos de negócio.
– Pesquisa de novos fornecedores
Os empreiteiros podem encontrar novos
parceiros de negócio que antes não os conhe-
ciam ou que nunca tinham realizado qualquer
negócio. A globalização do mercado torna-se
cada vez mais eficaz permitindo o conheci-
mento e a promoção de empresas com custos
reduzidos e de processos eficazes.
– corresponder aos requisitos dos fornece-
dores
As plataformas de e-Sourcing permitem
aos compradores obter informação acerca
do modo como as compras estão a ser
realizadas para que possam alocar, con-
trolar e reduzir os custos de organização.
Os fornecedores podem também ser mais
exigentes quanto à informação de consulta
que recebem para que a proposta a elaborar
seja completa e correta.
– melhorar a integração com outras aplica-
ções existentes
De modo a tornar todo o processo de con-
sulta mais competitivo as empresas podem
integrar na plataforma de e-Sourcing outras
aplicações tais como os ERPs (Enterprise
Resource Planning) através de tecnologias
standard tais como Java, XML e HTML. O siste-
ma suporta o upload de variados formatos de
arquivos tais como peças escritas (minuta de
contrato, caderno de encargos, etc.) ou peças
desenhadas. Os arquivos são gravados num
formato de com-pressão até 50% *.gzip para
que a anexação de ficheiros seja mais rápida.
– redução do tempo de preparação do
processo de consulta
Todos os utilizadores e administradores
podem acompanhar em tempo real o de-
senvolvimento da cadeia de processos para
orçamentos ou aprovisionamento. Permite
que os compradores possam comunicar
automaticamente com os fornecedores se-
lecionados e possam ter mais recursos para
melhorar a negociação. Gera Mapas Compara-
tivos Automáticos, tornando o processo mais
organizado, eficiente e produtivo ao longo
de todo o fluxo de trabalho. As reduções de
tempo de preparação do processo de con-
sulta têm destaque nas seguintes etapas:
no desenvolvimento do pedido de cotação
de preço, na atualização da base de dados
de fornecedores, na receção propostas e na
análise comparativa de propostas.
– redução do número de intermediários
A globalização de contactos, a centralização
e a atualização da base de dados podem
tornar secundário o papel dos distribuidores
na cadeia de aprovi-sionamento. Através
da plataforma de e-Sourcing os contactos
podem ser realizados de forma direta e
simples automatizando o ciclo de compra.
Contudo, existem determinadas redes de
distribuição que continuarão a existir desde
que essa seja a estratégia dos fabricantes
para a venda dos produtos.
– aumentar o poder de compra
Alguns compradores (empreiteiros gerais)
podem encontrar uma oportunidade de negó-
cio em aderir ao e-marketplace para estarem
presentes numa plataforma que é utilizada
por outros compradores e fornecedores.
– Influenciar o desenvolvimento da plata-
forma
Os compradores aderentes à plataforma
e-Sourcing podem também ter o objetivo
de estar atentos e influenciar o desenvol-
vimento da aplicação em função da sua
estratégia e posicionamento no mercado
da construção civil e obras públicas.
4. fatores de sucesso
– formar uma equipa especializada
Projetos estratégicos de e-Sourcing ver-
dadeiramente bem-sucedidos devem ser
pensados de início e planeados para que
não existam dificuldades no futuro. Uma
maneira de o garantir é formar uma equipa
dedicada para lidar com a aplicação, liderada
por alguém com experiencia na área e que
siga os princípios geralmente aceites de
gestão de projetos e processos de gestão.
Uma equipa focada em objetivos pode
garantir o sucesso inicial do projeto, facto
fundamental para a adesão de fornecedo-
res, combater o ceticismo inicial e definir
tendências futuras.
– envolver os stakeholders
É necessário o envolvimento de todas as
partes interessadas de uma organização
em cada uma das categorias de compras
de uma estratégia de e-Sourcing, desta
forma é dado um entendimento mais geral
da utilização da solução de e-Sourcing,
são estabelecidas relações de confiança
entre a equipa responsável pelo projeto e
os stakeholders e tona-se mais fácil a iden-
tificação de possíveis constrangimentos.
É também importante descrever as metas,
requisitos, prazos do projeto, e comunicá-los
a todas os seus stakeholders, estando assim
a contribuir decisivamente para o sucesso
do projeto. É fundamental que toda a organi-
zação, com destaque para a administração,
devido ao papel que desempenham, esteja
sistemas de informação na construção
32_cm
alinhada com os benefícios que a implemen-
tação de uma solução e-Sourcing terá.
Quanto à comunicação, será útil analisar
os seus stakeholders, identificar todos os
que desempenham papéis chave para a
organização e comunicar com cada um deles
apenas a informação que lhes diz respeito.
– estabelecer relações fortes com os forne-
cedores
Os fornecedores são elementos essenciais
para a utilização bem-sucedida de uma
solução de e-Sourcing logo deve-se manter
uma relação próxima com eles e garantir
que dispõem de todas as condições que
necessitam. Responder proactivamente a
todas as objeções levantadas numa fase
inicial, garantir que os fornecedores estão
confortáveis com a solução selecionada
ou dar feedback aos fornecedores inde-
pendentemente dos resultados obtidos
é fundamental para garantir adoção da
solução e consequentemente o sucesso do
projeto. O resultado de não se acompanhar
devidamente um fornecedor não é apenas
um evento de aquisição com um sucesso
aquém das expectativas, como é provável
que a base de fornecedores da entidade
compradora diminua em eventos futu-ros.
Estabelecer processos de avaliação de
performance que definam - como e quando
os fornecedores serão reconhecidos pelos
bons resultados; como novos processos
de compra serão atribuídos a fornecedores
existentes; quando as relações com forne-
cedores deverão ser terminadas – também
são tarefas que permitirão tirar o melhor
partido da solução de e-Sourcing.
Incentivar a inovação dos fornecedores
pode melhorar os processos e encontrar
novas oportunidades de poupança. Deve
apoiar-se a criatividade dos forne-cedores
através de métodos de compra flexíveis
com modelos de avaliação avançados,
estratégias de categorização para futuras
reduções de custo em categorias-chave, e
relacionamentos estratégicos.
– desenvolver incentivos de desempenho
O uso de uma solução de e-Sourcing permite
alcançar economias de custo e uma redução
contínua de custos em toda a organiza-
ção, mas a eficácia de mesmo a melhor
tecnologia é largamente dependente da
sua utilização bem-sucedida. Dinamizar a
utilização começa com o uso adequado de
incentivos. Uma forma eficaz de o garantir
é ligar a utilização das ferramentas com o
desempenho dos funcionários. Programas
de compensação de incentivo variáveis
ou avaliações de desempenho podem fa-
cilmente incluir o uso de fer-ramentas de
e-Sourcing como critérios de sucesso.
E convém recordar que caso a adoção da
solução seja bem-sucedida e se obtenham
resultados claros de poupança na organiza-
ção, o resto da orga-nização também se irá
interessar pela solução e poder-se-á dessa
forma dis-seminar a sua utilização.
– utilização de métricas estatísticas
Estabelecer objetivos e utilizar métodos
analíticos de decisão no que concerne a
estratégias de e-Sourcing tem inúmeras
vantagens no cumprimento de metas e
eficácia de utilização.
Manter métricas estatísticas de avalia-
ção do estado do projeto, é um fator que
desempenha um papel fundamental na
obtenção de melhores resultados. Este é
especialmente útil no longo prazo, já que
permite ganhar um maior conhe-cimento do
estado do projeto e redefinir estratégias de
compra que não estejam a obter resultados
satisfatórios. Devem ser selecionadas entre
três e cinco métricas que sejam fáceis de
acompanhar ao longo de vários meses e
anos, mante-las durante o maior número
tempo possível, e ainda evitar escolher
novas métricas depois de alguns meses,
pois pode levar a mudanças ines-peradas
e indesejáveis de resultados e a impossi-
bilidade de os comparar com os resultados
anteriormente analisados.
Todos os funcionários e fornecedores são
mais propensos a comportarem-se de acor-
do com as políticas de e-Sourcing definidas
se a estratégia estiver a ser medida por
métricas consistentes.
5. conclusões
No atual contexto as empresas nacionais estão
a reagir lentamente às novas tecnologias – os
grandes compradores devem incentivar o
mercado nacional atuando de forma pedagó-
gica junto dos fornecedores. As PME s têm,
de forma generalizada, falta de massa critica e
desadequada formação profissional na área de
compras. As plataformas de e-Sourcing apre-
sentam grandes vantagens na perspetiva de
redução de custos operacionais das empresas
e têm o poten-cial de alavancagem da reen-
genharia dos processos na área de compras
de modo a ser o catalizador da “escalada” dos
e-marketplaces e ser o elemento diferenciador
de sucesso num futuro próximo.
Garantir o sucesso na utilização de uma solu-
ção de e-Sourcing depende em grande parte do
desenvolvimento e execução de um plano bem
concebido de implementação.
As melhores práticas fornecem uma base sóli-
da para qualquer iniciativa de lançamento e são
destinadas a garantir que os seus funcionários
e fornecedores compreendem o processo e são
competentes no uso da solução.
Para além disso a seleção da solução de e-Sour-
cing a implementar também terá um impacto
enorme sobre o empenho dos funcionários
e fornecedores para a adotar e utilizar numa
base de longo prazo. Garantir que se opta por
uma solução que seja de fácil compreensão e
que ofereça a flexibilidade que as caracterís-
ticas únicas da sua organização necessitam, é
fulcral para o sucesso do seu negócio.
6. RefeRências bibliogRáficas
[1] Paulo, Pedro (2004) “avaliação do Impacte da uti-
lização de mercados eletrónicos nos empreiteiros e
fornecedores.”, congresso nacional da construção
2004, faculdade de engenharia da universidade do
Porto, Porto.
[2] GHaZalY, sammy el (2005) “Benefits and Barriers
on B2B e-marketplaces“, emarket services - swe-
dish trade council, sweden.
[3] andreW, James P.; BlacKBurn, andy; sIrKen,
Harold (2000) “the B2B opportunity creating
advantage through e-marketplaces “,the Boston
con-sulting Group, u.s.a.
[4] Paulo, Pedro (2003) “e-business na construção:
tecnologias de Informação aplicadas ao setor“, tese
de mestrado, Instituto superior técnico, lisboa.
[5] Paulo, Pedro (2006) “o aprovisionamento como
estratégia para a obtenção da vantagem compe-
titiva”, curso de formação fundec-Ist, Instituto
superior técnico, lisboa.”
33_ 35verificação da segurança sísmica de edifícios em alvenaria através de metodologias simplificadas
Rui Marques1 e Paulo B. Lourenço2
ISISE, Departamento de Engenharia Civil,
Universidade do [email protected], [email protected]
IntRodução
A utilização de tijolos cerâmicos terá sido,
provavelmente, um dos maiores passos de
desenvolvimento na história da construção,
dadas as vantagens construtivas e funcionais
que este material permitiu relativamente à
pedra. A Revolução Industrial potenciou a
produção mecanizada de tijolos cerâmicos
perfurados, cujas potencialidades permiti-
ram um grande desenvolvimento e uso deste
material. As características dos tijolos foram
igualmente influenciadas pelo uso emergente
de estruturas em betão armado, ainda que
nesta solução os tijolos sejam usados como
alvenaria resistente simples na construção
de pequenos edifícios é potenciada como um
sistema com energia e custos reduzidos, per-
mitindo poupança de recursos económicos e
redução do impacto ambiental.
A indústr ia de unidades par a alvenaria,
especialmente de tijolos cerâmicos, está
par ticularmente desenvolvida em países
como a Alemanha e a Espanha, e disponível
no mercado português, onde unidades com
elevadas propriedades funcionais e mecâni-
cas permitem o uso de alvenaria estrutural
alternativamente ao betão armado, com todas
as vantagens: culturais, sociais, energéticas,
económicas, ambientais, de conforto, segu-
rança no trabalho, velocidade de construção,
trabalhabilidade, durabilidade e, em geral,
sustentabilidade. Por exemplo, o uso de parede
simples com o tijolo espanhol “Termobrick” de
31cm de espessura (transmitância térmica de
0.53W/m2ºK), ver Figura 1a, em alternativa a
parede dupla com tijolos de furação horizontal
(panos de 15+11cm + 3cm de isolamento XPS
conforme Fig. 1b; transmitância térmica de
0.54W/m2 ºK) permite uma economia de 25%
no custo da alvenaria.
Além do mais, a alvenaria simples é um sistema
de construção fechado, permitindo minimizar
as perdas de energia e a necessidade da sua
material de enchimento sem requisitos me-
cânicos significativos.
No entanto, tendo em vista a sustentabilidade
da construção, nomeadamente através da
otimização de recursos naturais, as unidades
de alvenaria têm sido desenvolvidas de modo
a que permitam o seu uso estrutural moder-
no, particularmente através do sistema de
alvenaria resistente simples. Mais do que
o número de pisos ou o vão dos edifícios, o
desafio para a indústria da construção passa
pelo desenvolvimento de soluções permitindo
uma dependência mínima de fontes energé-
ticas artificiais. Desta forma, a tipologia em
Este artigo introduz conceitos de base para o cálculo sísmico de edifícios sustentáveis em alvenaria sim-
ples de pequeno porte (até 2 pisos), usando metodologias de análise estrutural a nível global e simplifica-
das. Estas metodologias, ainda que relativamente simples e passíveis de utilização através de um cálculo
manual, foram desenvolvidas em países com sismicidade média a alta, e ainda assim com forte tradição de
construção em alvenaria simples moderna (i.e., empregando unidades robustas e estruturas com paredes
bem ligadas e dispostas em ambas as direções). O desempenho sísmico de edifícios assim dimensionados
mostrou-se bastante satisfatório.
> Figura 1: Tipologias de alvenaria (a) resistente simples e (b) de enchimento com dois panos.
(a) (b)
> 1
cm_33
sísmica
compensação, e consequentemente o impacto
nas sensações físicas humanas. Desta forma,
os edifícios em alvenaria simples resultam
mais confortáveis e saudáveis para os utili-
zadores. Também por esta razão, significativa
parte da economia conseguida com o sistema
estrutural em alvenaria simples advém dos
custos de utilização a médio-longo prazo, e a
longo prazo por razões de durabilidade.
VeRIFIcação da SeguRança SíSMIca
Para além do desempenho energético dos
edifícios, a sua segurança estrutural, particu-
larmente a sua segurança sísmica, necessita
igualmente de ser verificada. A ocorrência de
sismos severos recentes, tais como os terra-
motos do Haiti e do Chile em 2010, tem colo-
cado em evidência a vulnerabilidade sísmica
de edifícios deficientemente dimensionados.
Sobre este aspeto, convém não esquecer que
Portugal é um país com sismicidade média a
elevada, trazendo-se aqui à memória os sis-
mos destrutivos de Lisboa (1755), Benavente
(1909) e Açores (1998). Para além das perdas
materiais, estes eventos deixaram marcas
irreversíveis nas populações, seja por morte
ou trauma sofridos.
Na década de 1970, como reação à ocorrência
de sismos destrutivos na ex-Jugoslávia e em
Itália (e.g., Skopje em 1963, Friuli em 1976), um
método pioneiro foi introduzido para a verifica-
ção da segurança sísmica de edifícios em alve-
naria, o POR [1], o qual resultou da experiência
adquirida na observação dos efeitos dos sismos
sobre os edifícos, e também de campanhas
experimentais alargadas [2-4]. Este método
considerava uma resposta força-deslocamento
laterais (V-d) bilinear e conjunta (aditiva) das
paredes em cada piso do edifício (Fig. 2a).
Ainda que bastante simples, e baseado num
“mecanismo de piso” exemplificado na Figura 2b
que mostra o colapso de um edifício ensaiado
em platafoma sísmica devido a um mecanismo
do piso-térreo, este método é ainda hoje usado
em Itália no cálculo de edifícios até 2 pisos. Por
outro lado, em Portugal o método POR é ainda
hoje desconhecido, sendo o dimensionamento
sísmico de edifícios baseado em metodologias
de análise local essencialmente elásticas, as
quais substimam significativamente a capa-
cidade das estruturas em alvenaria. Por esta
razão, neste trabalho introduzem-se conceitos
básicos para o cálculo de edifícios em alvenaria
considerando o comportamento não-linear e
global dos edifícios.
Com respeito à Figura 2a, a resposta bilinear
a ações laterais assumida para uma parede
de alvenaria, entenda-se para um nembo de
alvenaria, consiste de um primeiro tramo com
rigidez elástica kl admitindo uma condição de
deformação com dupla curvatura (Eq. 1):
kl = g ∙ B ∙ s /(χ ∙ H) ∙ 1/(1 + g/(χ ∙ e) ∙ (H/B)2) (1)
onde E e G são respetivamente os módulos de
elasticidade normal e tangencial da alvenaria;
B, H e s são respetivamente o comprimento, a
altura e a espessura do painel; χ é o fator de
corte, o qual para secções retangulares assume
valor de 1.2. A resposta elástica é limitada pela
ativação de um mecanismo de colapso, que em
função das condições da parede (propriedades
mecânicas, esforço normal e esbeltez) pode ser
por flexão composta, deslizamento horizontal,
deslizamento diagonal ou corte diagonal, tal
como ilustrado na Figura 3. O limite de resis-
tência de uma parede pode ser formulado
através das Equações 2-4, em função do tipo
de mecanismo condicionante:
– Flexão composta:
Vf = B/H ∙ (n – n2/(f
k ∙ B ∙ s)) (2)
– Deslizamento horizontal ou diagonal:
Vd = (B ∙ s ∙ f
vk0 + 0.4 ∙ n) / (0.75 + 0.25 ∙ H/B) (3)
– Corte diagonal:
Vt = ((f
tk0 ∙ B ∙ s)2 + (f
tk0 ∙ B ∙ s ∙ n)/(0.75 + 0.25 ∙ H/B ))1/2 (4)
onde N é a força axial sobre o painel; fk é a re-
sistência à compressão, fvk0
é a resistência ao
corte sob compressão nula, e ftk0
é a resistência
pura ao corte por tração diagonal da alvenaria.
Atingida a resistência limite da parede, a
evidência experimental [6] demonstra que a
parede possui uma reserva de capacidade não
linear, relacionada com a capacidade de defor-
mação cíclica inelástica e com a dissipação
de energia. Esta característica é considerada
na resposta através da definição de um ramo
plástico com ductilidade (du/d
e) na ordem de
5.0 para o mecanismo de flexão composta e
de 2.0 para o mecanismo de corte [7].
Depois de calculada a resposta bilinear para
as várias paredes, a resposta global do piso
é definida como a linha multilinear resultante
da soma das respostas individuais (Fig. 2a).
> 2
> Figura 2: (a) Princípio de cálculo do POR [1] assumindo (b) um mecanismo de piso [5].
> Figura 3: Mecanismos de colapso típicos de nembos em alvenaria: (a) flexão composta, (b) deslizamento horizontal, (c) deslizamento diagonal e (d) corte diagonal.
(a) (b)
> 3
(a) (b) (c) (d)
34_cm
Ainda que o método POR obrigue a uma análise
piso-por-piso, a verificação do piso-térreo é
normalmente condicionante, face ao nível
máximo de solicitação ali mobilizado. Note-se
que, tal como proposto em [8] a resistência do
edifício deve ser determinada com base quer
na capacidade de carga lateral, quer na ducti-
lidade disponível do piso crítico. Desta forma,
a resistência sísmica do edifício Vu,p
deve ser
avaliada a partir de uma envolvente idealizada
bilinear (a tracejado na Fig. 2a) para verificar os
requisitos de ductilidade estrutural.
Tal envolvente bilinear é definida assumindo a
rigidez elástica inicial da envolvente calculada,
e um patamar plástico que se prolonga até um
nível de deslocamento em correspondência
com uma queda de 20% de Vu,tot
sobre a curva
de capacidade calculada, assegurando que a
área abaixo da envolvente calculada é igual à
área sob a envolvente idealizada bilinear (con-
dição de energia). Por outro lado, a ductilidade
global do piso em análise, estimada como a
relação entre o deslocamento último (dp) da
envolvente bilinear e o seu deslocamento de
cedência (dy), deve resultar pelo menos igual
a 1.6 (condição de ductilidade).
A verificação da segurança em termos de força
é feita comparando a resistência sísmica do
edifício Vu,p
com a força lateral de cálculo a que
o piso é solicitado, a qual pode ser calculada
através do “método por forças laterais” defi-
nido no Eurocódigo 8 [9]:
ca ∙ S
d (t
1) ∙ m ∙ λ ≤ V
u,p (5)
onde ca é o coeficiente de afetação da ação de
corte basal ao piso em análise, no cálculo do
qual se pode assumir uma distribuição de força
em altura proporcional à massa ou proporcio-
nal à massa ou proporcional ao primeiro modo
de vibração na direção estudada multiplicado
pela massa; Sd(T
1) é a ordenada do espectro de
cálculo para o período fundamental de vibração
do edifício, T1; m é a massa total do edifício; λ é
um fator de correção que depende do número
de pisos e do valor de T1: 0.85 se T
1 ≤ 2T
C e o
edifício tiver mais de dois pisos, ou 1.0 caso
contrário; TC é o limite superior do período no
patamar de aceleração espectral constante. Os
valores dos parâmetros envolvidos no cálculo
da ordenada do espectro de cálculo podem ser
obtidos em [9].
Alternativamente à análise piso-por-piso atra-
vés do método POR, um procedimento baseado
na análise da resposta do edifício no seu todo
tem vindo a ser implementado por Marques e
Lourenço [10]. Trata-se de um método ideali-
zado por Augenti [7] com inspiração no POR,
o qual permite no entanto evoluir para uma
análise da resposta global de edifícios, basea-
do na assumpção de uma resposta cumulativa
de pisos e paredes. O uso de metodologias
de análise global permite, em geral, obter
soluções estruturalmente mais equilibradas.
Ainda que suportado por uma formulação com-
plexa incremental-iterativa, tal método pode
ser implementado numa folha de cálculo, com
referência à Figura 4, seguindo os passos de:
(1) cálculo da curva característica T-d de cada
parede de piso considerando a contribuição
dos nembos que a constituem, (2) cálculo da
curva de capacidade V-D de cada parede mul-
tipiso integrando as curvas características in-
dividuais de cada piso e (3) cálculo da curva de
capacidade do edifício como a soma das curvas
de paredes multipiso resistentes na direção
em estudo. O procedimento de verificação da
segurança é análogo ao apresentado atrás.
concLuSõeS
Neste artigo são identificadas vantagens a
curto, médio e longo prazo na construção de
edifícios de pequeno porte (até 2 pisos) com
estrutura resistente em alvenaria simples, par-
ticularmente aquelas relacionadas com o custo
da construção, com o ciclo energético e com a
durabilidade, permitindo poupança de recursos
económicos e menores impactos ambientais.
Os métodos apresentados para verificação
sísmica de edifícios em alvenaria simples estão
amplamente validados face à sua base cientí-
fica e experimental, assim como largamente
disseminados em países com forte tradição
de construção em alvenaria. Tais métodos
permitem um cálculo e interpretação de resul-
tados simples e intuitivos, dismistificando a
dificuldade de aplicação de métodos inelásticos
no dimensionamento de estruturas. Ainda que
existam ferramentas sofisticadas para análise
estrutural, acredita-se que o sucesso no cálculo
de estruturas em alvenaria passa pela introdu-
ção de metodologias simples de análise global.
4. ReFeRÊncIaS
[1] Tomaževic, M. 1978. The computer program POR. Report ZRMK, Liubliana (em esloveno).
[2] Turnšek, V. e Cacovic, F. 1970. Some experimental results on the strength of brick masonry walls. Proceedings of the Second International Brick Masonry Conference, Stoke-on-Trent, 149-156
[3] Tomaževic, M., Turnšek, V. e Tercelj, S. 1978. Computation of the shear resistance of masonry buildings. Report ZRMK-IK, Liubliana (em esloveno).
[4] Tomaževic, M. e Turnšek, V. 1982. Verification of the seis-mic resistance of masonry buildings. Proceedings of the British Ceramic Society, Stoke-on-Trent, No. 30, 360-369.
[5] Tomaževic, M., Modena, C., Velechovsky, T. e Weiss, P. 1990. The influence of structural layout and reinforcement on the seismic behaviour of masonry buildings: An experimental study. The Masonry Society Journal, 9(1):26-50.
[6] Anthoine, A., Magenes, G. e Magonette, G. 1995. Shear-compression testing and analysis of brick masonry walls. Proceedings of the 10th European Conference on Earthquake Engineering, Viena.
[7] Augenti, N. 2004. Il calcolo sismico degli edifici in mura-tura. UTET Libreria, Turim (em italiano).
[8] Tomaževic, M. e Weiss, P. 1990. A rational, experimentally based method for the verification of earthquake resis-tance of masonry buildings. Proceedings of the 4th U.S. National Conference on Earthquake Engineering, Palm Springs, Vol. 2, 349-358.
[9] IPQ 2010. NP EN 1998-1:2010: Eurocódigo 8 – Projeto de estruturas para resistência aos sismos, Parte 1: Regras gerais, ações sísmicas e regras para edifícios. CT 115 (LNEC), março de 2010.
[10] Marques, R. e Lourenço, P.B. 2011. Possibilities and com-parison of structural component models for the seismic assessment of modern unreinforced masonry buildings. Computers and Structures, 89(21-22):2079-2091.
> Figura 4: Cálculo da curva de capacidade de (a) parede e (b) edifício [10].
> 4
(a) (b)
cm_35
36_cm
36 i&d empresarial
A Sika lançou em Portugal um novo sistema de
revestimento de pavimentos, especialmente,
destinado a áreas onde as pessoas tenham
de permanecer muito tempo de pé, tais como,
infantários, creches, hotéis, hospitais, clínicas
e museus. Proporcionar conforto é o objetivo
primordial deste material.
A solução Sika ComfortFloor reduz o ruído refletido e o
ruído transmitido. Comparativamente com outros reves-
timentos de pavimentos, este tem a vantagem de conseguir
diminuir a perceção do risco e das deformações. “Em termos arquitetónicos permite a obtenção
de pavimentos contínuos, sem juntas, o que se torna uma mais-valia em termos estéticos, fun-
cionais e de higiene”, explica a Sika em comunicado. Estas soluções estão disponíveis numa
vasta gama de cores, incluindo afinações.
A gama Sika ComfortFloor é composta por 4
sistemas:
– O Sika ComfortFloor é um sistema autoalisante
elástico, liso e com baixa emissão de COV’s, está
disponível nas cores do catálogo RAL e NCS;
– O Sika ComfortFloor Pro é um sistema autoali-
sante elástico com características de isolamen-
to do ruído (19 dB) (tanto no ruído transmitido
como no refletido), liso e colorido, com baixa
emissão de COV’s;
– O Sika ComfortFloor Decorative é um sistema
autoalisante elástico, liso e decorativo que tem
a vantagem de poder ser polvilhado com chips
coloridos, aumentando dessa forma a possibi-
lidade de diferentes designs;
– O Sika ComfortFloor Decorative Pro é um sistema
autoalisante elástico, liso e decorativo, com
características de isolamento acústico (17 dB),
que tem a vantagem de poder ser polvilhado
com chips coloridos mantendo dessa forma a
possibilidade de diferentes designs.
http://prt.sika.com/
Novo sistema de revestimento de pavimentos
CaraCterístiCas/vaNtageNs:
− Baixaemissãodecomponentesorgânicosvoláteis (COv);
− Absorçãoderuídoambiente;− Bomisolamentodosruídosdeimpacto;− Elevadoconforto;− Boaresistênciaaodesgaste;− Boaresistênciaaoimpacto;− Pontedefissuras-elástico;− Decorativas.
cm_37
37
Assim, torna-se necessário ferramentas de
comunicação com informação rigorosa e
certificada sobre aspetos ambientais, com as
quais os produtores possam passar a infor-
mação ambiental dos seus produtos para os
consumidores.
Neste sentido, a rotulagem ecológica de pro-
dutos é incentivada como uma ferramenta de
mercado [2], a fim de promover o comércio de
produtos com baixo impacto ambiental e esti-
mular a exigência por parte dos consumidores
de produtos mais ecológicos.
No setor da construção a rotulagem ecológica
de produtos pode ser utilizada para verificação
da conformidade com os diversos critérios
ambientais desde que [3]: (i) os requisitos
sejam baseados em informações científicas,
(ii) sejam adotadas tendo em consideração a
participação de todas as partes interessadas
(tais como entidades governamentais, consu-
midores, fabricantes, distribuidores e organi-
zações ambientais), (iii) serem acessíveis a
todos os interessados; e (iv) as especificações
definidas pelos rótulos sejam adequadas para
o tipo de contrato em questão.
O Comité Internacional de Normalização (ISO)
define três tipos de rotulagem ambiental:
– Tipo I [4] - programa voluntário de terceira
parte, baseado em critérios múltiplos que
atribui uma licença para a utilização de
rótulos ambientais em produtos indicando
a superioridade ambiental global de um
produto, baseada em considerações do
ciclo de vida;
– Tipo II [5] - declaração ambiental efetuada
sem a certificação de uma terceira-parte
independente (autodeclaração);
– Tipo III [6] - informação quantificada sobre
DECLARAÇÕES AMBIENTAIS DE PRODUTOS NA CONSTRUÇÃO
Helena Gervásio, DEC - U.Coimbra
sustentabilidade
Bruxelas um Memoradum de entendimento,
designado “ECO” , para o lançamento de uma
plataforma europeia de registo de DAPs. Este
Memoradum foi assinado por programas de
declarações ambientais de diversos países,
incluindo Portugal. A ECO plataforma tem por
objetivo o desenvolvimento de DAPs que sejam
reconhecidas a nível europeu.
As DAPs são ferramentas fundamentais para
um habitat mais sustentável e constituem
um processo incontornável para a competi-
tividade e internacionalização dos produtos
nacionais para a construção.
RefeRêncIas
[1] Philippe Osset, P., charbonnier, s., Troadec, P. e Ghoumi-dh, a. How environment product declarations pratically contributes to an efficient policy setting in the building setor in europe. (http://fdes.ecobilan.com/documents/PaP5458.pdf).
[2] cOM(2003) 302 final. 2003. cOMMUnIcaTIOn fROM THe cOMMIssIOn TO THe cOUncIL anD THe eUROPean PaRLIaMenT. Integrated Product Policy. Building on environmental Life-cycle Thinking. Brussels.
[3] Buying green! a handbook on environmental public procurement. 2004. Luxembourg: Office for Official Publications of the european communities. (http://ec.europa.eu/environment /gpp/pdf/buying _ gre-en_handbook_en.pdf).
[4] IsO 14024. 1999. environmental labels and declara-tions – Type I environmental labelling – Principles and procedures. International Organisation of standardi-sation, Geneva, switzerland.
[5] IsO 14021. 1999. environmental labels and declara-tions – self-declared environmental claims (Type II environmental labelling). International Organisation of standardisation, Geneva, switzerland.
[6] IsO 14025. 2006. environmental labels and declara-tions – Type III environmental declarations – Principles and procedures. International Organisation of standar-disation, Geneva, switzerland.
[7] en 15804: 2012. sustainability of construction works – environmental product declarations – core rules for the product category of construction products. european committee for standardization, Brussels.
[8] Registo nacional DaP para o Habitat - www.daphabitat.pt (brevemente disponível).
o desempenho ambiental de um produto ao
longo do seu ciclo de vida e verificada por
terceira parte independente – Declaração
Ambiental de Produto (DAP).
As últimas foram definidas precisamente
para permitir aos produtores comunicar aos
consumidores a informação ambiental dos
seus produtos.
As normas acima referidas têm uma aplicação
generalizada. Relativamente a produtos da
construção, o Comité Europeu de Normalização
(CEN), através do Mandato 350 “Sustainability
of construction works”, tem vindo a desenvol-
ver uma série de normas com o objetivo de
desenvolver rotulagem ambiental do tipo III
específicos para produtos da construção. Foi
assim recentemente aprovada a norma EN
15804 [7], a qual define os critérios, requisitos
e linhas de orientação para a identificação de
categorias de produtos específicos, definindo
os parâmetros para preparar e desenvolver
uma DAP.
Para que as DAP sejam um contributo impor-
tante para competir no mercado da exportação
é imprescindível que elas estejam registadas
num sistema de registo público. Assim, foi
recentemente lançado em Por tugal pela
Plataforma para a Construção Sustentável,
em parceria com várias associações, o pro-
jeto DAPHabitat [8]. Este projeto tem como
principal objetivo a criação de um sistema de
registo nacional das declarações ambientais
de produto para o habitat desenvolvidas em
território nacional, e foi desenvolvido com base
no mais recente enquadramento normativo
europeu CEN/TC 350 e nas práticas comuns
dos programas de registo europeu já ativos.
Além disso, em finais de 2011 foi assinado em
No âmbito da política europeia ambiental, a responsabilidade dos produtores em relação aos impactos ambientais dos seus produtos já não
está limitada à porta das suas instalações industriais. A Comissão Europeia realça o facto de os produtores partilharem também a respon-
sabilidade dos impactos dos seus produtos até ao seu final de vida, incluindo a sua utilização [1]. Simultaneamente, tem vindo a promover
uma atitude mais responsável por parte dos estados membros através do desenvolvimento de políticas de compras públicas ecológias
(utilização de critérios ambientais).
38_cm
38_39
O regulamento sobre o compor tamento
térmico de edifícios de 2006 (RCCTE2006),
atualizou as metodologias de cálculo e o nível
de exigência em relação à qualidade térmica
da envolvente. De uma forma geral os coefi-
cientes de transmissão térmica dos elementos
opacos da envolvente foram reduzidos para
sensivelmente metade dos especif icados
no regulamento de 1990. O RCCTE de 2006
pressupõe que as necessidades térmicas
de aquecimento e de arrefecimento são su-
pridas por sistemas de climatização, sendo
muito valorizada esta componente na classe
energética do edifício. No balanço térmico do
edifício admite-se que este é aquecido a 20 ° C,
o que corresponde a uma condição próxima
da neutralidade térmica dos ocupantes. Con-
tudo, durante a noite, quando os ocupantes
se encontram agasalhados, essa condição de
neutralidade térmica é alcançada para uma
temperatura interior de 16 °C. Estudos mais
recentes indiciam que no período de inverno
e em edifícios não climatizados os utentes
expressam uma sensação térmica satisfatória
para temperaturas de 16 °C ou mesmo 14 °C.
Aceitando temperaturas de conforto mais
baixas que os 20 °C, os períodos de retorno
de dezenas de anos referidos em alguns
estudos de viabilidade económica sobre a
qualidade térmica da envolvente aumentam
ainda mais, sendo a opção da climatização,
teoricamente, mais económica face à melhoria
da construção. No atual contexto ambiental e
sócio-económico, com o objetivo de reduzir
os consumos de energia de climatização e
assegurar condições de conforto, o desafio
deve ser o de construir (reabilitar) edifícios
para que possam ser alcançadas temperaturas
interiores de conforto razoáveis, através do
aproveitamento dos ganhos de calor internos
e dos ganhos solares, e sem o recurso a siste-
mas de climatização.
Será este princípio de edifícios com necessi-
dades térmicas de aquecimento quase nulas
aplicável a um pais com um clima ameno e com
radiação solar abundante?
COmpORTAmENTO TéRmiCO DOS EDifíCiOS DE hAbiTAçãO– ÊNfASE NO CONfORTO pARA SE ObTEREm EDifíCiOS COm NECESSiDADES TéRmiCAS quASE NulAS
Armando Pinto, Eng.º mecânico, investigador Auxiliar do lNEC
térmica
TemPerATurA de equilíbrio
quando a temperatura exterior é inferior à temperatura interior, a temperatura média interior pode
ser obtida com base na condição de equilíbrio entre os ganhos e as perdas térmicas do edifício
(eq. 1 e eq. 2), abordagem em tudo semelhante ao cálculo de Nic
(RCCTE2006).
Ganhos internos + Ganhos solares = perdas por condução + perdas por renovação de ar (eq. 1)
[qi.A + G
sul/(30x24) x ΣY.g.A
env]η = [Σ A.u+0,34.Rph.V](Ti-Te) (eq. 2)
Numa sala exposta a norte, com inércia forte, com ganhos internos de calor de cerca de 5 W/m2,
mediu-se uma diferença média de temperatura de 5,7 °C entre a temperatura média interior
(16,1 °C) e a temperatura média exterior (10,4 °C) no período mais frio (fig. 1) estes valores são
compatíveis com a aplicação da eq. 2. mesmo em fevereiro (fig. 1) é satisfeito o limiar mínimo
de conforto de 16 °C, sem recurso a sistemas de aquecimento ambiente.
> Figura 1: Registos das temperaturas numa sala de uma habitação
SoluçõeS PASSivAS – o conforTo Térmico como referenciAl PArA
A quAlidAde TérmicA dA envolvenTe
Neste contexto, para se obterem edifícios com necessidades de aquecimento nulas estes deve-
riam permitir satisfazer à condição de equilibro entre as perdas e os ganhos térmicos, sob condi-
ções médias de funcionamento durante o mês mais frio e para uma temperatura interior de 16°C.
Além disso, para prevenir variações relevantes da temperatura do ar durante o dia e maximizar
o aproveitamento dos ganhos solares no inverno, os edifícios devem ter inércia térmica forte. A
questão do verão será abordada numa outra edição.
Aplicando este princípio a uma fração T2 com 64 m2,e considerando diferentes áreas da envolvente
expostas ao exterior (fator de forma (ff) de 0,18, 0,58 e 0,75), uma área envidraçada de 15% da
área de pavimento, conclui-se que a temperatura média interior é satisfatória para tipologias
Resultados de medições numa sala exposta a norte em Lisboa
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com um FF baixo, quando são utilizados ele-
mentos construtivos que satisfazem aos U de
referência indicados no atual RCCTE (Quadro 1).
Contudo, na zona climática I3 seria necessário
um reforço do isolamento térmico ou um maior
aproveitamento da radiação solar. Para tipo-
logias com uma maior superfície exposta ao
exterior (FF=0,58 e 0,75) é necessário reduzir
as perdas térmicas entre 12% na zona I1 a 50%
na zona I3 (ou aumentar os ganhos de calor)
para obter uma temperatura média de 16°C,
dado as perdas térmicas globais serem mais
PUB
tamento térmico passivo dos edifícios espe-
cificado no atual RCCTE (2006) e desde que
os edifícios tenham inércia forte. Nas zonas
climáticas mais frias e em frações com um FF
mais elevado (superior a 0,50), a aplicação
do conceito atrás enunciado conduz à ne-
cessidade de reforçar o isolamento térmico
da envolvente, a otimizar o aproveitamento
dos ganhos solares e a reduzir perdas por
ventilação.
A temperatura de equilíbrio média mensal é em
tudo semelhante ao indicador Nic
, mas talvez
seja mais facilmente apreensível para popula-
ções que não estão habituadas a aquecer as
habitações, permitindo uma melhor perceção
do comportamento térmico dos edifícios e de
eventuais melhorias.
Nas habitações a questão que se coloca é:
queremos construções confortáveis e com
necessidades de climatização quase nulas,
ou iremos continuar a considerar que as
habitações são climatizadas e a valorizar os
respetivos sistemas?
Localização/ z. climática
Beja, Lisboa, Coimbra, Aveiro e Porto
(I1)
Viseu, Vila Real
(I2)
Bragança
(I3)
Te média mensal mês mais frio (°C) 10 7,5 5
FF (m-1) 0,18 0,58 0,75 0,18 0,58 0,75 0,18 0,58 0,7575%
Ti média mensal (°C) 17,9 15,6 14,7 16,3 13,6 12,7 14,1 11,4 10,6
Coef. perdas edifício - (W/(m2pav.°C)) 1,19 1,69 2,00 1,01 1,46 1,72 0,98 1,38 1,60
Limite para Ti=16 ºC (W/(m2pav.°C)) 1,57 1,05 0,81
> Quadro 1: Estimativa da temperatura interior de equilíbrio para o T2 para os Uref
do RCCTE 2006.
elevadas, para os mesmos ganhos de calor
considerados.
HabiTações Com neCessidades TérmiCas
quase nuLas em PorTugaL e sem sisTema
de CLimaTização
Dependendo da zona climática e do FF, as
frações de habitação com necessidades de
aquecimento quase nulas são uma realidade
em Portugal, face às exigências do compor-
40_cm
40_41
Devido à sua abundância e facilidade de utili-
zação, a terra é um dos materiais de constru-
ção mais antigos usados pelo Homem, facto
comprovado por evidências arqueológicas que
sugerem a existência de cidades milenares
construídas em terra como Jericó (Israel),
Çatal Huyuk (Turquia), Harappa (Paquistão) e
Akhlet-Aton (Egito), entre outras.
A construção em terra está de tal forma
disseminada que cerca de 30% da população
mundial vive atualmente em construções
feitas em terra crua, ao passo que nos países
em desenvolvimento este número representa
mais de metade da população. Por outro lado,
em consequência da utilização massiva da
terra como material de construção ao longo
dos últimos séculos, existe atualmente um
património arquitetónico significativo que
urge preservar. De destacar que dos sítios e
monumentos classificados como Património
Mundial, 10% são total ou parcialmente cons-
truídos em terra e dos que se encontram na
lista do património em risco 16% são igual-
mente em terra.
As técnicas de construção em terra mais
comuns são o adobe e a taipa. A construção
em adobe consiste na execução de uma al-
venaria de blocos de terra moldados e secos
ao sol, cuja argamassa de assentamento é
ConsTruIr EM TErrA AInDA fAz sEnTIDo?
Daniel V. Oliveira, IsIsE, DEC, universidade do MinhoRui A. Silva, IsIsE, DEC, universidade do Minho
alvenaria e construções antigas
tipicamente à base de terra. Por seu lado,
a taipa consiste na construção de paredes
monolíticas através da execução de camadas
delgadas de terra compactada entre taipais
(cofragem), ver figura 1.
A construção em terra apresenta uma série
de vantagens, entre as quais se inclui o bom
desempenho térmico (muito relevante em
climas com amplitudes térmicas diárias con-
sideráveis) e acústico, elevada sustentabili-
dade (devido ao reduzido impacte ambiental
e ausência de resíduos), resistência ao fogo
e simplicidade técnica. Como principais
deficiências aparece a reduzida resistência
mecânica (especialmente preocupante em
zonas de perigosidade sísmica moderada
a elevada) e a baixa resistência à água. se
o contato com a água pode ser fortemente
limitado, através da adoção de boas práticas
construtivas tradicionais, o aumento da re-
sistência sísmica da construção é mais difícil,
requerendo a adição de estabilizantes ao solo
ou a inclusão de outros materiais estruturais
(resultando daqui maior impacto económico
e ambiental), ver figura 2. As construções
em terra exigem também manutenção fre-
quente para se assegurar boas condições de
durabilidade.
A adequabilidade dos solos para construção
pode ser analisada através de ensaios de cam-
po, que permitem formar uma ideia qualitativa,
ou (preferencialmente) através de ensaios
laboratoriais normalizados que fornecem
informação quantitativa. Apesar de nem todos
os solos poderem ser usados para construção
em terra no seu estado natural, a sua correção
granulométrica e/ou estabilização com ligan-
tes pode permitir o seu uso.
nos países desenvolvidos, a pr ática da
construção em terra caiu em desuso durante
o século passado, como consequência do
desenvolvimento tecnológico e uso intensivo
dos novos materiais de construção (essencial-
mente betão e aço). Esta prática construtiva
foi (erradamente) associada a uma imagem
de pobreza, típica de países em vias de de-
senvolvimento ou de situações extremas de
carência habitacional e económica, como foi
o caso da Alemanha após a segunda guerra
mundial. no caso de Portugal, a construção em
adobe e taipa foi utilizada até sensivelmente
meados do século passado, em diferentes
regiões do país. A construção em adobe pode
ser observada nas regiões da Beira Litoral
e ribatejo, podendo-se encontrar inúmeras
construções de taipa no Alentejo e Algarve.
Pela sua importância histórica, refere-se o
Castelo de Paderne, no Algarve, uma constru-
> Figura 1: Construção em terra: (a) parede de adobe; (b) parede de taipa.
(a) (b)
cm_41
ção em taipa erigida no séc. XII durante a fase
final da ocupação muçulmana de Portugal,
ver figura 3.
no final dos anos 80, a construção em terra em
Portugal começou lentamente a reaparecer
nos meios rurais do sul do país, impulsionada
pela tomada de consciência da necessidade
de recuperação e preservação dos velhos sa-
beres associados à construção em terra. Por
outro lado, as recentes preocupações ambien-
tais e de sustentabilidade associadas ao setor
da construção fizeram renascer o interesse
pela terra como material de construção. face a
este renovado interesse, o grande desafio que
se coloca atualmente à construção em terra
centra-se na necessidade de desenvolver dis-
posições regulamentares que permitam aos
técnicos projetar construções em terra mais
seguras, eventualmente incluindo melhorias
ao nível da resistência mecânica do material.
Por outro lado, o desenvolvimento de técnicas
e materiais para a reabilitação e preservação
eficientes do vasto património existente em
terra, algum de valor arquitetónico conside-
rável, constitui ainda um desafio para o meio
técnico. A simples reparação eficiente da
fendilhação estrutural das paredes coloca
desafios técnicos complicados.
face ao exposto, conclui-se que a construção
em terra constitui uma solução construtiva
claramente a considerar. Há, porém, uma
série de desafios técnicos a resolver, sendo
necessário que as universidades assumam
um papel mais ativo, através da geração de
conhecimento científico sobre estas cons-
truções.
> Figura 3: Castelo de Paderne, Algarve: (a) vista geral; (b) torre albarrã.
(a) (b)
(a) (b)
> Figura 2: Construção em taipa: (a) correção do solo; (b) estrutura auxiliar de betão armado.
betão estrutural
Este espaço dedicado ao ‘Betão Estrutural’
tem contado, desde que foi criado, com artigos
sobre o comportamento do material betão e das
estruturas de betão armado e pré-esforçado. No
entanto, o betão, para além de ser o mais extra-
ordinário material de construção, é igualmente
muito interessante para outro tipo de aplica-
ções, incluindo-se nestas o mobiliário urbano.
O presente artigo pretende dar a conhecer um
projecto científico desenvolvido neste contexto
em co-promoção com a indústria.
As peças de mobiliário urbano actualmente
comercializadas no mercado nacional caracte-
rizam-se por apresentarem um design pouco
elaborado, dimensões generosas, um peso
muito significativo e uma estética discutível.
Com o objectivo ambicioso de desenvolver um
produto, mais do que inovador, verdadeiramen-
te arrojado, foram reunidas em consórcio todas
as competências consideradas necessárias:
(i) um arquitecto de renome internacional,
Eduardo Souto de Moura, prémio Pritzker 2011;
(ii) uma conceituada empresa de prefabrica-
ção, a Prégaia, e (iii) um prestigiado centro de
investigação científica, o Instituto de Enge-
nharia de Estruturas, Território e Construção
(ICIST). Foram envolvidos investigadores com
expertise em: modelação numérica – Jorge
Alfaiate (IST) e Daniel Dias da Costa (FCTUC),
formulação de betões – Hugo Costa (ISEC), du-
42_43
rabilidade – António Costa (IST) e um bolseiro
de investigação – Carlos Fernandes (FCTUC).
O projecto foi submetido ao Instituto de Apoio
às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação
(IAPMEI), tendo sido aprovado o seu finan-
ciamento através do Quadro de Referência
Estratégica Nacional (QREN).
Contando com o entusiasmo de todos os en-
volvidos, as partes reuniram pela primeira vez
MObIlIáRIO URbANO EM bETãO DE UlTRA-ElEvADO DESEMPENHO
Eduardo Júlio, Prof. Catedrático DECivil IST-UTl
> Figura 1: Esboço de algumas peças de mobiliário urbano da autoria do Arq.º Souto Moura.
ainda antes da homologação do projecto, tendo
o Arq. Eduardo Souto de Moura desenhado os
primeiros esquiços (Fig. 1) na toalha (de papel)
do restaurante onde o encontro teve lugar.
Com base nestes desenhos, foi construído um
modelo numérico simples (Fig. 2), recorrendo a
um programa comercial de elementos finitos,
AbAQUS, das peças a produzir pela Prégaia.
Em função dos valores máximos estimados
> Figura 3: Tensões principais de tracção.> Figura 2: Malha de elementos finitos.
42_cm
para as tensões de compressão e de tracção,
foram definidas as características mecânicas
do betão a utilizar.
Devido à extrema esbelteza das peças de-
senhadas, revelou-se como especialmente
condicionante o valor da resistência à tracção
(da ordem dos 15 MPa, Fig. 3). Optou-se por
um betão branco auto-compactável de ultra-
elevado desempenho reforçado com fibras
metálicas. A primeira mistura formulada apre-
sentou, aos 28 dias, uma resistência à tracção
da ordem de 25 MPa, determinada a partir de
ensaio à flexão (Fig. 4), e uma resistência à
compressão de 130 MPa, determinada a partir
do ensaio à compressão das metades dos
provetes usados no ensaio à flexão (Fig. 5).
Estes valores foram ultrapassados com uma
segunda mistura entretanto formulada. Na
Tabela 1, sintetizam-se os valores obtidos do
peso volúmico e da fluidez, no estado fresco,
assim como da resistência à tracção por flexão
(apresentando-se o valor correspondente ao
início da fissuração, fcr
, e o valor corresponden-
te à rotura, fct
) e da resistência à compressão,
fc, a diferentes idades, para as duas misturas
formuladas. Está ainda a decorrer o estudo
para definição da mistura a adoptar em fábrica.
Presentemente, está em preparação a pro-
dução de um primeiro protótipo, para aná-
lise experimental e calibração do modelo
numérico. Os passos seguintes, consistem:
(i) na definição detalhada de todas as peças
a produzir; (ii) na modelação numérica do
comportamento estrutural destas, primeiro
através de análise linear elástica recorrendo
ao programa comercial AbAQUS e, depois, de
análise não-linear recorrendo a software de-
senvolvido no seio do grupo de investigação, o
qual incorpora elementos finitos enriquecidos
com descontinuidades embebidas, permitindo
deste modo a simulação da f issuração no
betão; (iii) a formulação de betões brancos e
cinzentos auto-compactáveis de ultra-elevado
desempenho reforçados com fibras metálicas
e, eventualmente, incorporando agregados
leves de argila expandida, optimizados em
função dos requisitos das peças a produzir; e
(iv) a produção e caracterização experimental
do comportamento estrutural de protótipos,
assim como da sua durabilidade e resistência
à fadiga.
Este projecto demonstra o potencial do ma-
terial betão para aplicações em áreas fora do
> Figura 4: Ensaio para determinação da resistência à tracção por flexão.
> Figura 5: Ensaio para determinação da resistência à compressão.
sector da construção, ilustra a inovação que
é possível, e desejável, promover na indústria
nacional no sentido de potenciar as exporta-
ções e evidencia as vantagens que resultam da
interacção indústria/centros de investigação
científica.
O Professor Eduardo Júlio escreve de acordo com a antiga ortografia.
MisturaPeso
volúmico(kg/m3)
FluidezIdade(dias)
Resistência (MPa)
Tracção Compressão
fcr
fct
fc
M1 2450 auto-compactável
0 0 0 0
3 10,2 15,9 115
7 13,4 21,6 126
28 15,4 25,8 130
M1 2480 auto-compactável
0 0 0 0
3 14,4 31,5 136
7 21,4 32,7 152
28 19,9 33,2 155
> Tabela 1: Características das primeiras misturas de UHPFRC formuladas
44_cm
notícias44_46
A Federação Portuguesa da Indústria da Cons-
trução e Obras Públicas (FEPICOP) pediu ao
governo que declare a atividade construção
como setor em reestruturação e reivindicou a
possibilidade de ultrapassar os limites legais
para o acesso ao subsídio de desemprego em
cessações de contratos por mútuo acordo.
Na resposta, o secretário de Estado adjunto da
Economia e do Desenvolvimento Regional, An-
tónio Almeida Henriques, disse que “o Governo
estava disponível para analisar a situação em
função dos pedidos”, afirmou à Lusa o presi-
dente da FEPICOP, Ricardo Pedrosa Gomes.
De acordo com a FEPICOP, “numa altura em
que acumulam perdas consecutivas, seja em
termos de produção, seja no que se refere ao
número de empresas e postos de trabalho, para
a Federação da Construção esta é a única forma
de assegurar a sobrevivência das poucas uni-
dades que, a muito custo, ainda se conseguem
manter no mercado”.
O objetivo é ver estendida a todas as empre-
sas do Setor a possibilidade de invocarem a
condição de “empresa em reestruturação”,
sem ter de recorrer a pedidos individuais, cuja
burocracia e morosidade são incompatíveis
com a urgência que a atual situação exige.
Além disso, querem que se permita às em-
presas, de forma expressa, ultrapassarem os
limites legais para o acesso ao subsídio de de-
semprego no caso das cessações de contratos
de trabalho por mútuo acordo.
www.fepicop.pt
atividade como setor em reestruturação
setor da construção quer facilitar rescisões amigáveis
O edifício está na melhor posição da tabela de
classificação energética, tendo obtido um A,
o que significa que dispõe de várias soluções
de consumo eficiente de energia, incluindo
sistemas de aquecimento e iluminação.
O elevador fornecido pela Kone, vai consumir
substancialmente menos energia que um
elevador tr adicional, pois a energia de
travagem é de novo injetada na rede elétrica.
Além disso, os moradores serão capazes de
monitorizar, ajustar e minimizar o consumo de
energia através da tecnologia da ABB baseada
no protocolo KNX, a ser instalada em cada
apartamento, o que lhes permite controlar
com precisão a temperatura e iluminação das
residências, mesmo que estejam fora, através
da internet.
“Os aparelhos e iluminação, bem como o
si s tema d e a q u eci mento el étr i co d o s
apartamentos, estão ligados a uma rede. Os
controladores de rede permitem ao utilizador
ajustar o sistema às suas preferências, o que
significa que mesmo pequenas poupanças
de energia podem ser feitas com precisão
e sem esforço“, comenta Paavo Tammisto,
responsável de produtos de baixa tensão da
ABB na Finlândia
Serão também colocados painéis solares. A
Fortum, uma empresa de energia finlandesa,
instalará no terraço do edifício painéis solares
que produzem 15.000 kW de eletricidade por
ano, proporcionando iluminação às escadas
comuns e permitindo o recarregamento de um
veículo elétrico, a ser utilizado em conjunto
pelos moradores. O complexo habitacional
vai ofer ecer também quatr o pontos de
carregamento para carros elétricos, a serem
instalados na expectativa do aumento do uso
deste tipo de veículos.
“O fornecimento de eletricidade produzida a
partir dos painéis solares, juntamente com a
tecnologia de ponta de poupança de energia,
permite que o impacte ambiental deste
edifício seja menor do que o de qualquer outro
complexo de apartamentos convencionais, de
tipologia e dimensões equivalentes”, explica a
ABB em comunicado.
www.abb.pt
edifícios energeticamente sustentáveis
Está a ser desenvolvido na cidade de Espoo,
no sul da Finlândia, um novo conceito de vida
urbana sustentável, com a construção de
casas energeticamente eficientes. Nesse
sentido, a empresa Skanska está a construir
um edifício de apartamentos com a ajuda de
outras empresas como a ABB, a Fortum e a
Kone, que será concluído ainda este ano.
© H
ANS
THOu
RSIE
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A Doka decidiu apostar mais na internet e criou um novo website caracterizado pela interação e
facilidade de acesso e design atrativo.
Com o novo site é possível uma pesquisa interativa de produtos e serviços, não só porque pro-
duz imediatamente um resultado eficaz, mas sobretudo porque sugere ainda outros produtos
e serviços adequados. uma outra funcionalidade é a área correspondente às referências, que
reforçada a nível visual e de qualidade, contando agora com hotspots das imagens, onde poderá
ampliar ou reduzir, pormenores e detalhes interessantes da estrutura e Google Maps, permitindo
aos visitantes localizar facilmente projetos individuais, com apenas um click.
Vai também dispor de uma secção de Notícias que vai “informar os utilizadores, em tempo real, so-
bre o que de mais interessante e importante está a acontecer no Mundo Doka”. Inclui hiperligações
para os vários canais das redes sociais e informa sobre as últimas notícias, artigos de imprensa
e novidades. Os conteúdos estarão também disponíveis para utilização móvel, via smartphone.
doka lança novo website
www.doka.pt
Mais de 80 milhões de euros é quanto a Luso-
ponte está disposta a investir na construção
de uma via rápida de 11 quilómetros que ligue
a península do Barreiro à Ponte Vasco da Gama.
O objetivo é desviar o trânsito da saturada 25
de Abril para a Vasco da Gama e constituir uma
alternativa à terceira travessia do Tejo (TTT) na
zona do Barreiro.
O município da Moita já se assumiu contra
esta opção, rejeitando o traçado proposto,
sobretudo pelo impacte ambiental e social que
teria na chamada “bacia Moita-Sarilhos”, onde
está prevista uma ponte de quatro quilómetros
com 76 pilares e apenas um vão com condições
de navegabilidade.
Como alternativa, os autarcas propõem a
construção da Estrada Regional 11-2, também
conhecida por Circular Regional Exterior da
Moita (CREM), há muitos anos prevista no Pla-
no Rodoviário Nacional. Afirmam que cumpre
praticamente os mesmos objetivos de ligação
à Vasco da Gama, tem menores custos e a
vantagem de não afetar aquele plano de água
do estuário do Tejo e de assentar “em meio
terrestre, segundo uma topografia suave e
sem constrangimentos de maior”.
No entanto, a Lusoponte apresentou, em janei-
ro, aos municípios do Barreiro, Moita, Montijo
e Alcochete um programa preliminar de cons-
trução desta ligação Barreiro-Montijo, também
conhecida por “Circular do Arco Ribeirinho Sul”.
No projeto é proposta a construção de uma
estrada com duas vias de circulação em cada
sentido, entre a Rotunda 25 de Abril (junto à
antiga Quimiparque no Barreiro) e um novo nó
de ligação à A12 (acesso à Vasco da Gama) na
zona do Montijo. O trajeto proposto de 11 qui-
lómetros inclui um troço de quatro quilómetros
totalmente sobre água da bacia Moita-Sarilhos,
que passaria a sul da ilha do Rato, a partir da
zona da nova Estação de Tratamento de Águas
Residuais Barreiro-Moita, e até ao cais fluvial
do Seixalinho, a sul da Base Aérea do Montijo.
Os estudos levados a cabo pela Lusoponte
apontam para um investimento que pode
situar-se entre os 54 e os 83 milhões de euros
que, segundo os autarcas, a Lusoponte estará
disposta a suportar.
A empresa considera que a Vasco da Gama
está “claramente subutilizada e muito aquém
da sua capacidade máxima, gerando menos
receitas do que à partida seria expectável”,
refere um parecer da Câmara da Moita a que
o jornal PÚBLICO teve acesso. Por isso tem a
“expectativa” de que esta nova estrada possa
“vir a captar um maior número de utilizadores
para a Vasco da Gama” para as ligações a Lis-
boa e à restante margem norte do Tejo, porque
reduz também a distância entre o Barreiro e
zonas da capital.
lusoponte propõe nova ligação à ponte vasco da gama
© M
ORGA
INE
A empresa Lusoponte quer construir um novo acesso na
ponte do Barreiro à Vasco da Gama. Contudo, já conta com
oposição dos autarcas que apontam os impactes ambien-
tais da nova ponte e temem que esta via ponha em causa
a terceira travessia do Tejo.
notícias
46_cm
Nasceu o BIMFórum Portugal, uma plataforma
que pretende modernizar e revolucionar o
setor da construção nacional. Surgiu pela
mão de um conjunto de entidades nacionais
(públicas e privadas) que tinham vontade
de colaborar tendo em vista a otimização
dos processos na indústria da construção e
que partilham a visão de que a metodologia
Building Information Modeling pode ser um
catalisador para essa mudança.
bimfórum portugal
A missão do BIMFórum Portugal é facilitar e
acelerar a adoção do Building Information
Modeling (BIM) na indústria da Construção
nacional, desenvolvendo e par tilhando as
melhores práticas para projeto e construção
virtual (VDC) garantindo uma sincronização
com as entidades homólogas internacionais.
O Fórum está aberto à participação de todos
os interessados.
www.bimforum.com.pt
O Building Information Modeling é uma nova
abordagem que envolve a geração e gestão de
uma representação física e funcional virtual de
um empreendimento. O resultado é uma base
de conhecimento partilhada que suportará a
tomada de decisão ao longo do ciclo de vida
do empreendimento permitindo a redução
de custos, a eliminação de desperdícios e
a melhoria da comunicação entre todos os
intervenientes da cadeia de valor.
Souto Moura deu a conhecer o projeto de sua autoria para o edifício do Aproveitamento
Hidroelétrico de Foz Tua. Encomendado pela EDP, o projeto traduz a vontade da empresa de ter
o menor impacto possível na paisagem do Douro Vinhateiro.
Este é o primeiro projeto de barragem do conhecido
Arquiteto e, segundo ele o objetivo foi “eliminar
todo o caráter de ‘edifício’ a esta construção,
reduzindo a sua imagem ao caráter de ‘máquina’
inserida na paisagem”.
A obra será quase integralmente subterrânea
e adota formas e materiais característicos da
região. Estão presentes os socalcos, o granito,
as oliveiras. À superfície, descreve Souto Moura:
“tendo como pano de fundo a barragem, e em
primeiro plano a ponte do Eng. Edgar Cardoso, a imagem do edifício da Central ficará reduzida
a um complexo de máquinas que, obrigatoriamente, deverá ficar no exterior, na natureza,
artificialmente natural”.
Foram também pensadas outras medidas de menor impacto, tais como: a opção por uma
subestação compacta em edifício, a eliminação das torres das comportas junto aos bocais da
restituição, a adoção de um talude de escavação com elevada inclinação, com vista a diminuir a
sua altura e a oculta-lo pelo edifício da central, o arranjo arquitetónico integrado, a não execução
do acesso à margem esquerda através do coroamento da barragem, de forma a reduzir o impacto
paisagístico e proteger comunidades florísticas, ou ainda a definição de zonas de “não-afetação”
florística na margem direita, mantendo a vegetação ribeirinha natural.
A barragem de Foz Tua começou a ser construída em 2011 e tem a sua conclusão prevista para
2016, envolvendo um investimento da ordem dos 305 milhões de euros. O empreendimento
será constituído por uma barragem em betão, do tipo abóbada, por uma central subterrânea
com dois grupos reversíveis com uma potência total de 259 MW. Prevê-se uma produção bruta
anual de 585 GWh .
souto moura apresenta projeto para barragem de foz tua
Vitor Mar tins dos Reis foi nomeado
presidente do Instituto da Habitação e
da Reabilitação urbana (IHRu) no mês
de fevereiro.
O ex-deputado do PSD assume a pre-
sidência do IHRu em substituição de
António José Mendes Batista, que tinha
sido nomeado em 2010 presidente
desse organismo, na sequência de uma
polémica saída do instituto de Nuno
Vasconcelos.
Vitor Martins dos Reis estava no insti-
tuto público há alguns anos (2007) e já
tinha estado no Instituto Nacional de Ha-
bitação que deu origem ao IHRu. Entrou
no Instituto Nacional de Habitação em
1990. Entre 2000 e 2005 foi deputado
na Assembleia da República, eleito pelo
PSD por Lisboa.
Foi também nomeado Luís Roxo Gon-
çalves para vogal executivo do IHRu.
Este responsável coordenou a equipa
técnica para elaboração dos projetos de
reabilitação da Frente Ribeirinha da Baixa
Pombalina. A outra vogal é Marta d’Arruda
Moreira que esteve a exercer funções na
Caixa Geral de Depósitos até agora.
instituto de reabilitação urbana tem novo presidente
O TOCOR700 é o novo analisador de medição
analítica lançado no mercado nacional pela
F.Fonseca. Trata-se de um sistema de análise
de COT (carbono orgânico total) que oxida
todo o carbono orgânico da amostra de água
em contínuo e analisa os gases resultantes
por NDIR. Previamente, o carbono inorgânico
é removido por “stripping”.
O gás de arrasto necessário é produzido pelo
próprio TOCOR700, sendo que funciona inde-
pendente do ar de instrumentação.
O sistema conta com um filtro secundário de
lavagem para amostras de água turva e uma
unidade de diluição da amostra com altas
concentrações salinas, estão disponíveis
como opção.
O TOCOR700 está disponível em duas varian-
tes: TOCOR700 TH, com reator térmico de
elevada temperatura, especialmente indicado
como um analisador preciso para águas com
contaminantes desconhecidos; e TOCOR700
UV, com reator ultra violeta para monitorizar
limites no caso de águas com contaminantes
conhecidos.
Em termos de vantagens, a empresa F.Fonseca,
destaca a determinação de COT de acordo com
as especificações legais. Além disso, refere os
baixos custos de operação, sem necessidade
de gás de arraste dispendioso.
“A nível de aplicabilidade na indústria o TO-
COR700 da Sick é ideal para monitorização
de COT em rios e águas superficiais, monito-
rização dos efluentes de descarga em ETAR s
municipais e monitorização dos efluentes de
descarga em ETAR s Industriais em centrais
térmicas, químicas e petroquímicas, pasta de
papel”, explica a F.Fonseca.
www.ffonseca.com
analisador de medição analítica
A Municípia – Empresa de Cartografia e Sistemas de Informa-
ção desenvolveu um serviço de desenvolvimento e imple-
mentação de Planos Municipais de Emergência de Proteção
Civil, utilizando as mais modernas tecnologias num ambiente
de Sistemas de Informação Geográfica para a internet (se-
gundo a resolução nº 25/2008 da CNPC).
Trata-se de um instrumento de trabalho e suporte para a pre-
paração e organização das ações de resposta aos acidentes
graves e/ou catástrofes, onde a solução passa por otimizar
a relação entre indivíduos e organizações, identificar as
necessidades e articular as ações de resposta (de forma a
minimizar os efeitos e as consequências) e prevenir e asse-
gurar as medidas necessárias para reduzir riscos e o impacto
resultante de situações de emergência.
O mais recente sistema da Municípia tem como objetivos
identificar e localizar equipamentos e recursos, identificar
perigos, vulnerabilidades e riscos, mitigar e reduzir riscos,
definir procedimentos de atuação em situações de emergên-
cia, assim como prever as responsabilidades e atribuições
de cada interveniente.
www.municipia.pt
soluções tecnológicas para desenvolvimento de planos de emergência
PUB
47_49 mercado
48_cm
mercado
turbina a vapor para centrais elétricas geotérmicas
A Siemens Energy apresentou as novas turbinas a vapor para centrais elétricas geotérmicas que
contam com uma capacidade até 60 megawatts. A turbina a vapor SST-400 GEO foi concebida,
especialmente para aplicações geotérmicas, podendo ser instalada neste tipo de centrais, indepen-
dente do fluido térmico utilizado. “Este equipamento pretende dar resposta à crescente procura do
mercado mundial por turbinas a vapor geotérmicas uma vez que, de acordo com um estudo levado
a cabo pela IHS Emerging Energy Research, a capacidade instalada de energia geotérmica triplicará
mundialmente atingindo aproximadamente os 31 GW até 2020”, refere a Siemens.
A SST-400 GEO é adequada para temperaturas de vapor vivo até 250 °C, com pressões de vapor de
até 12 bar absolutas. A turbina é fabricada com materiais resistentes à corrosão e as pás estão
equipadas com dispositivos de purga de água, que libertam a carcaça de qualquer humidade em
cada andar da turbina. A Siemens destaca que estas turbinas incluem materiais de alta qualidade,
especiais para combater a corrosão e para prevenir a formação de fissuras e fraturas causadas
por fadiga do material.
nova geração de torneiras termostáticas
A Roca lançou uma nova geração de torneiras termostáticas Victoria-T. Estas torneiras garantem,
segundo a empresa, maior conforto e segurança, misturando, de forma automática, a água quente
e a água fria, de acordo com a temperatura previamente selecionada, mantendo-a constante
durante todo o tempo, mesmo que haja consumos simultâneos noutro espaço de banho ou até
na cozinha.
Os modelos estão equipados com dispositivos de segurança que impedem, por um lado, que a
temperatura da água ultrapasse os 38 graus e, por outro, que as capas cromadas sobreaqueçam.
Esta gama conta com uma boa performance ecológica. Quando acionado o botão limitador de
caudal, o consumo de água diminui em 50 por cento. Além disso, dado que a temperatura desejada
é atingida em três segundos e se mantém inalterável, há uma poupança energética significativa.
As torneiras termostáticas de duche e banheira podem ser exteriores ou de encastrar.
www.roca.com
novo painel de lã mineral
A Knauf volta a apostar no aproveitamento da
lã mineral e desta vez lançou um novo painel,
ideal para ombreiras e vergas superiores de
portas e janelas quando usado o sistema de
isolamento exterior ETICS.
Devido à sua incombustibilidade, estes painéis
oferecem proteção em caso de incêndio. A
natureza elástica das fibras entrelaçadas
melhora o isolamento acústico do edifício.
Do mesmo modo, a sua baixa condutividade
térmica garante a máxima proteção térmica
do edifício, e consequentemente, reduz os
custos energéticos.
“Ao contrário de outros isolantes, a estrutura
permeável de Lã Mineral permite o nível máximo
de respirabilidade e permeabilidade ao vapor
de água, evitando o risco de condensações
superficiais e a possibilidade de patologias por
humidade na fachada”, afirma a Knauf em comu-
nicado. As Lãs Minerais são materiais de origem
natural resistentes ao clima mais extremo e
ao envelhecimento. São inertes, inorgânicas,
imputrescíveis dimensionalmente estáveis,
não provocando rachaduras nas fachadas, con-
tribuindo para um menor custo de manutenção.
A elevada temperatura, a Lã Mineral permite
também uma grande liberdade no design ar-
quitetónico para a definição dos acabamentos
exteriores, numa ampla variedade de cores,
mesmo em cores escuras.
A Knauf conta com três tipos de painéis: ETICS
Painel FKD-U-RS-C2; Painel ETICS FKD-C-S1;
Lamela FKL-C2.
www.knaufinsulation.pt
www.siemens.com/energy
cm_49
O Tekla Structures 18 é mais recente versão deste software desenvolvido pela Tekla Corporation.
O objetivo é o de simplificar o longo processo de desenvolvimento de um projeto. Este software
permite desenvolver um projeto de construção de forma rápida, com melhor visualização, um
processo de modelação mais intuitivo e ferramentas de gestão simplificadas.
Cada vez é mais importante a articulação e colaboração estreita entre todos os intervenientes
no projeto e este software é direcionado para isso. Todos esses intervenientes desde arquitetos,
construtores, empreiteiros, projetistas e engenheiros podem, em obra, beneficiar de um melhor
acesso, mais preciso e completo aos dados do modelo 3D.
“Uma modelação mais rápida e simples dá aos nossos clientes uma vantagem competitiva,
adicionando aos benefícios do BIM a poupança de tempo e dinheiro”, afirma Risto Raty, o vice-
Presidente Executivo da Tekla Corporation.
O software BIM Tekla Structures foi lançado em 2004 e é usado por profissionais da construção
em todo o mundo, estando sempre em constante atualização, através das novas versões. Fun-
ciona perfeitamente com Tekla BIMsight, uma ferramenta livre, de colaboração em projetos de
construção.
software de gestão de projeto
www.teklastructures.com
nova gama de produtos de limpeza para construção
A Artebel apresentou um novo bloco de pavimento exterior em betão vibro-prensado de dupla
camada, indicado para a execução de pavimentos exteriores. Pode ser utilizado para todo o tipo
de tráfego. O pavimento Ecopavê é destinado à execução de pavimentos em espaços exteriores
de vários propósitos, seja o complemento de uma zona ajardinada, zonas pedonais, acessos e
estacionamentos, com mais ou menos área coberta, mais ou menos permeabilidade de águas.
Os pavês (blocos) contam com determinadas características, tais como: elevada resistência
mecânica; índice de escorregamento reduzido; facilidade e rapidez na aplicação; economia de
mão de obra; possibilidade de várias estereotomias.
A geometria única deste pavimento possibilita inúmeras opções de estereotomias, com diferentes
propósitos e resultados, seja por motivos estéticos ou por motivos funcionais. O Ecopavê está
disponível em diferentes cores.
novo pavimento exterior
A Baixens lançou a Gama Clean, que conta com vários produtos para resolver problemas de limpeza
de musgo, mofo,salitre,garfitti e cimento.
O sistema de pulverizador de 0,500 ml é adequado para uso particular. Existem também emba-
lagens de maior quantidade para uso profissional.
A empresa criou um catálogo explicativo da utilização de cada produto. Fazem parte desta gama
produtos como: Clean Musg; Clean Graff; Clean CIM; Clean Sal; Clean Energy.
Estes produtos estão certificados, estando em conformidade com as normas ISO 90001, ISO
14001 e OHSAS 18001.
www.baixens.com
www.artebel.pt
50 estantePUB
Este livro é o primeiro relatório referente à atividade
desenvolvida pelo Laboratório Nacional de Engenharia
Civil (LNEC) e pela Faculdade de Ciências e Tecnologias
da Universidade de Coimbra (FCT/UC) no âmbito do
projeto IRUMS – Infraestruturas Rodoviárias Urbanas
Mais Seguras.
Neste relatório apresenta-se o estado da prática corren-
te em medidas de engenharia de segurança rodoviária
em ambientes urbanos e o estado da arte em modelos
de estimativa da frequência de acidentes, elencando-se
também variáveis potencialmente úteis para a esti-
mação de volumes de tráfego de utentes rodoviários
vulneráveis com especial incidência nos peões.
A u t o r e s : Sandr a V ieir a Gomes; João L . Car doso; Car men Car va-
lheir a; Luís P icado S antos . e d i t o r A : L NEC . d A t A d e e d i ç ã o : 2011
ISBN: 978-972-49-2229-4 . PáginAs: 150 . Preço: 26,00 euros . à venda
em www.engebook.com
estado-da-arte sobre medidas de engenharia de segurança rodoviária em ambiente urbano e sobre modelos de estimativa da frequência de acidentes – resultados do projeto irums
A FCA lançou recentemente mais um livro técnico, o “Auto-
CAD Civil 3D – Depressa & Bem”. Este livro ensina a utilizar
eficazmente o AutoCAD® Civil 3D® (Civil 3D), uma ferramen-
ta que permite gerir, de forma partilhada e integrada, todo
o ciclo de execução de um projeto topográfico/rodoviário,
desde a recolha da informação de campo até à conclusão
dos trabalhos, passando pela modelação e avaliação de
vários cenários.
Desenvolvido a partir da versão 2012, a versão mais recen-
te do programa, esta obra disponibiliza inúmeros exercícios
práticos que ensinam a compreender as diversas aplica-
ções e conceitos do Civil 3D. São utilizados dados reais
na aplicação dos conceitos a situações reais com que os
profissionais se confrontam diariamente no desempenho
das suas funções.
Os capítulos estão estruturados de forma a serem lidos
sequencialmente, respeitando o desenvolvimento típico
de um projeto de Engenharia.
O livro é destinado a todos os profissionais envolvidos
em projetos de Engenharia Civil, sejam eles engenheiros,
projetistas, topógrafos ou desenhadores, “AutoCAD Civil 3D
– Depressa & Bem” é igualmente útil para as certificações
Autodesk Associate.
Autor: J. João Sousa . editorA: FCA . dAtA de edição: 2011 . ISBN: 978-972-722-
664-1 . PáginAs: 328 . Preço: 29,95 euros
autocad civil d – depressa bem
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projeto pessoal
biNasceu no Porto no ano de 1971. É licenciado em Arquitetura pela
Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (1995) e Mestre em
Reabilitação do Património Edificado pela Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto (2007). É docente na FAUP desde 2005, exerce
atividade profissional na área da arquitetura/reabilitação desde 1994 e
conta com diversas conferências e obras expostas e publicadas a nível
nacional e internacional. Foi finalista do Prémio Enor 2007 (Capela do
CREU-IL, Porto), dos Prémios FAD 2009 (Centro de Apoio a Imigrantes São
Cirilo e Edifício de Escritórios, Porto), do Prémio ENOR 2011 (Pavilhão de
Acolhimento da Escola Francesa do Porto) e recebeu a Menção Honrosa
do Prémio IHRU 2011 (Remodelação e Ampliação de Duas Habitações em
Edifício do séc. XIX, Porto). Pelo conjunto da obra do gabinete, em 2011
foi distinguido com a Menção “Highly Commended” dos Prémios “WAN 21
for 21” (21 Arquitetos para o Século 21).
sonho de criançaSer astronauta.
o seu maior desafioLutar por políticas, projetos e obras de reabilitação urbana e
arquitetónica mais qualificadas. Contribuir com a minha prática
profissional, a docência e a minha investigação de Doutoramento para
esta qualificação e para uma revisão do enquadramento regulamentar
dos processos de reabilitação.
um engenheiro civil ou arquiteto de referênciaAfirma ser impossível não pensar imediatamente no arquiteto
Siza Vieira. Na engenharia refere o Prof. Eng.º Vasco Freitas, com quem
tem tido o privilégio de trabalhar nas áreas da Reabilitação e da Física
das Construções.
uma obra de referênciaUma só, considera impossível! Casa Schroder (Rietveld) , o Pavilhão de
Barcelona (Mies), o Centro Histórico de Guimarães (Távora), a Piscina de
Leça (Siza), o Estádio do Braga (Souto Moura), ...
uma aposta no futuro ou projeto “na calha”A futura Galeria da Biodiversidade do Porto (2ª fase da reabilitação da
Casa Andresen e estufas do Jardim Botânico do Porto) e a Reabilitação
dos Albergues Noturnos do Porto (primeira linha de apoio aos Sem-Abrigo
da cidade).
NUNO VALENTIM Arquiteto
© MARIANA THEMUDO/JFF
dos projetos mais desafiantes, seleciona
Os projetos e obras destacados em alguns prémios internacionais,
que lhe conferem destaque:
Pavilhão de Acolhimento da Escola Francesa do Porto
Centro de Apoio a Imigrantes São Cirilo, Porto
Atelier des Createus – Reabilitação de edifício de 1902 para confeção artesanal no Porto
52_cm
Jornadas de Inves- recursos naturais e energia 21 a 26 e 29 março Lisboa LneCtIgação e Inovação 2012 Portugal http://jornadas2012.lnec.pt
teKtÓnICa 2012 Feira Internacional de Construção 8 a 12 maio Lisboa aIP - FIL e obras Públicas 2012 Portugal www.tektonica.fil.pt
CIrea2012 Conferência Int. sobre reabilitação 4 de maio Lisboa FCt - UnL de estruturas antigas de alvenaria 2012 Portugal http://eventos.fct.unl.pt/cirea2012/
enContro téCnICo Controlo de descargas de Águas 9 maio Lisboa IPQ e aPrHÁgUas resIdUaIs residuais Urbanas nos Meios Hídricos 2012 Portugal www.aprh.pt
ICds12 Conferência Int.“durable structures: 31 maio a 1 junho Lisboa dUratInet e LneC from construction to rehabilitation” 2012 Portugal http://durablestructures2012.lnec.pt
As informações constantes deste calendário poderão sofrer alterações. Para confirmação oficial, contactar a Organização.
ICnMMCs “Mechanics of nano, Micro 18 a 20 junho turim UP e tP and Macro Composite structures” 2012 Itália http://paginas.fe.up.pt/~icnmmcs/
CobertUras seminário sobre Coberturas 19 abril guimarães deC-UMinhode MadeIra de Madeira 2012 Portugal www.civil.uminho.pt/coberturas/
calendário de eventos
o LneC está a organizar a International Conference durable structures, que vai acontecer nos dias
3 1 de maio e 1 de junho, em Lisboa. o evento conta com o apoio da rede dUratInet do programa
Área atlântica e surge no seguimento de duas conferências internacionais anteriores sobre o mesmo
tema: MedaCHs’08 em Lisboa e MedaCHs’10 em La rochelle, França.
o objetivo é criar um fórum para discussão e transferência de conhecimentos entre investigadores, en-
genheiros de estruturas, construtores, fabricantes de materiais de reparação, proprietários e gestores
de estruturas. esta conferência pretende também proporcionar aos jovens engenheiros e estudantes
de engenharia civil a familiarização com os temas da durabilidade estrutural e sustentabilidade.
“na atual conjuntura económica, os gestores dos empreendimentos são particularmente con-
frontados com graves restrições orçamentais relativamente à gestão e conservação das suas
estruturas, acrescendo ainda que em muitos casos não dispõem das ferramentas necessárias
à otimização dos recursos à sua disposição. Para abordar de forma adequada estas questões, é
necessário diagnosticar corretamente os processos de deterioração, avaliar as suas consequên-
cias estruturais, decidir o momento mais apropriado para a reparação/reabilitação e selecionar os
sistemas que permitam otimizar os custos da conservação, tendo em conta todo o ciclo de vida
útil das estruturas”, refere a organização.
no evento, serão abordados vários temas, tais como: durabilidade dos materiais de construção;
Processos de deterioração e modelação; ação ambiental e previsão do tempo de vida útil das estru-
turas ; técnicas de ensaio e diagnóstico; tratamentos do betão e métodos de reparação; Métodos de
proteção do aço; sistemas de reparação e proteção sustentáveis e inovadores; betão sustentável
(p.ex., utilizando resíduos e materiais reciclados); gestão das estruturas, monitorização, fiabilidade
e segurança estrutural; Casos de estudo. http://durablestructures2012.lnec.pt
icds
eventos
vai decorrer de 18 a 20 de dezembro, em
Coimbra, o 4º Congresso nacional de Cons-
trução. o evento é organizado pela Universi-
dade de Coimbra, através do departamento
de engenharia Civil e do Centro de Investi-
gação em Ciências da Construção. tal como
nos anos anteriores, este ano o objetivo
passa por motivar a troca de experiências,
divulgação da investigação e reflexão sobre
os sempre crescentes desafios do setor da
construção em Portugal.
o Congresso vai contar com a participação de
vários especialistas da área da construção e
com a apresentação de diferentes comuni-
cações. destina-se a técnicos, Projetistas,
Licenciadores, Promotores, Investigadores,
estudantes, Industriais e a todos os que
sentem que têm um contribuo a dar ao setor
da Construção.
www.itecons.uc.pt/construcao2012/
congresso construção
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