construção magazine 47

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DOSSIER Sistemas de Informação na Construção CONVERSAS Rui Campos 48 N° 48 . março/abril 2012 . 6.50

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Page 1: Construção Magazine 47

DOSSIERSistemas de Informação na Construção

CONVERSASRui Campos

48

N ° 4 8 . m a r ç o / a b r i l 2 0 1 2 . 6 . 5 0

Page 2: Construção Magazine 47
Page 3: Construção Magazine 47

1

sumário

ficha técnicadiretor

Eduardo Jú[email protected]

diretora executivaCarla Santos Silva

[email protected]

conselho científicoAbel Henriques (UP), Albano Neves e Sousa (UTL),

Álvaro Cunha (UP), Álvaro Seco (UC), Aníbal Costa (UA), António Pais Antunes (UC),

António Pinheiro (UTL), Carlos Borrego (UA), Conceição Cunha (UC), Daniel Dias da Costa (UC),

Diogo Mateus (UC), Elsa Caetano (UP), Emanuel Maranha das Neves (UTL)

Fernando Branco (UTL), Fernando Garrido Branco (UC),Fernando Sanchez Salvador (UTL),

Francisco Taveira Pinto (UP), Helder Araújo (UC), Helena Cruz (LNEC), Helena Gervásio (UC),

Helena Sousa (IPL), Hipólito de Sousa (UP), Humberto Varum (UA), João Mendes Ribeiro (UC),

João Pedroso de Lima (UC), Joaquim Figueiras (UP), Jorge Alfaiate (UTL), Jorge Almeida e Sousa (UC),

Jorge Coelho (UC), Jorge de Brito (UTL), Jorge Lourenço (IPC), José Aguiar (UTL),

José Amorim Faria (UP), José António Bandeirinha (UC), Júlio Appleton (UTL), Luciano Lima (UERJ),

Luis Calado (UTL), Luís Canhoto Neves (UNL), Luís Godinho (UC), Luís Guerreiro (UTL) ,

Luís Juvandes (UP), Luís Lemos (UC), Luís Oliveira Santos (LNEC), Luís Picado Santos (UTL),

Luís Simões da Silva (UC), Paulo Coelho (UC), Paulo Cruz (UM), Paulo Lourenço (UM),

Paulo Maranha Tiago (IPC), Paulo Providência (UC), Pedro Vellasco (UER, Brasil), Paulo Vila Real (UA),

Raimundo Mendes da Silva (UC), Rosário Veiga (LNEC), Rui Faria (UP), Said Jalali (UM),

Valter Lúcio (UNL), Vasco Freitas (UP),Vítor Abrantes (UP), Walter Rossa (UC)

redaçãoJoana Correia

[email protected]

marketing e publicidadeVera Oliveira

[email protected] Sanches Silva

[email protected]

editor António Malheiro

grafismo avawise

assinaturasTel. 22 589 96 25

[email protected]

redação e ediçãoEngenho e Média, Lda.

Grupo Publindústria

propriedadePublindústria, Lda.

Praça da Corujeira, 38 - 4300-144 PORTOTel. 22 589 96 20, Fax 22 589 96 29

[email protected] | www.publindustria.pt

publicação periódicaRegisto n.o 123.765

tiragem6.500 exemplares

issn1645 – 1767

depósito legal164 778/01

capa Imagem © Tekla BIMsight, Tekla Corporation

Os artigos publicados são da exclusiva responsabilidade dos autores.

2editorial

4_24dossier | “sistemas de informação na construção“

4_8conversasRui Campos

9_13Sistema automático de informação na manutenção de edifícios – Projeto RFID – rui calejo rodrigues e luís martins

14_17Papel da tecnologia BIM na gestão da informação na construção – joão poças martins

18_23Parque Escolar – um caso prático da aplicação pronic – sara de sá caetano

24_28Benchmarking na indústria da construção – jorge moreira da costa, mónica santos, isabel horta, henriqueta nóvoa, miguel fernandes, e nuno almeida

29_32Fatores de sucesso para a implementação de metodologias de aquisição por meioseletrónicos: o e-sourcing na construção civil – pedro vaz paulo

33_35sísmicaVerificação da segurança sísmica de edifícios em alvenaria através de metodologias simplificadas – rui marques e paulo b. lourenço

36i&d empresarial

37sustentabilidadeDeclarações ambientais de produtos na construção

38_39térmicaComportamento térmico dos edifícios de habitação– Ênfase no conforto para se obterem edifícios com necessidades térmicas quase nulas

40_41alvenaria e construções antigasConstruir em terra ainda faz sentido?

42_43betão estruturalMobiliário urbano em betão de ultra-elevado desempenho

44_46notícias

47_49mercado

50estante

51projeto pessoalNuno Valentim

52eventos

Próxima edição > Dossier FRP e Resistência ao Fogo

Page 4: Construção Magazine 47

A actual crise económica deve ser encarada pelo País, não como uma fatalidade, mas como uma oportu-

nidade para melhorar, optimizar recursos, desenvolver produtos inovadores, métodos mais eficientes

e procurar novos mercados. Só apostando na excelência, fazendo um “reajuste em alta”, do ponto de

vista tecnológico, e não somente um “reajuste em baixa” nos salários, como repetidas vezes ouvimos

os políticos curtos de vistas anunciar, será possível ultrapassar a presente situação. Neste contexto, o

tema do presente número da Construção Magazine, “Sistemas de Informação na Construção”, ganha uma

importância redobrada. Como habitualmente, convidámos para co-editor um especialista de renome na

área temática do dossier, o Prof. Hipólito de Sousa da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto,

nosso colaborador de longa data. Para entrevistado, e procurando cumprir o objectivo primeiro da revista

– aproximar investigação, indústria e sociedade, convidámos o Eng.º Rui Campos da Mota-Engil para nos

dar a perspectiva de uma grande empresa de construção sobre o tema abordado.

Eduardo Júlio, Director

2_

editorial

O setor da construção português padece de algumas debilidades relativamente a outras indústrias,

de que podemos destacar como mais limitativas o menor recurso às TI, a reduzida consolidação

empresarial, a baixa produtividade, a falta de indicadores técnicos sobre o setor, a pouca

standardização da procura e da oferta, a grande variabilidade de resultados e as derrapagens

frequentes ao nível dos custos.

Não sendo seguramente estas limitações a causa principal da crise que o setor atravessa, é

indispensável que este seja capaz de as ultrapassar para conseguir sobreviver e ser competitivo.

Uma maior aposta nas Tecnologias e Sistemas de Informação é sem dúvida fundamental como

forma de normalizar processos, aumentar a eficácia, aproximarmo-nos das melhores práticas

internacionais, conseguindo obter múltiplos indicadores objetivos sobre os projetos, as obras e o

setor em geral.

Sendo os processos na construção desenvolvidos por diversas organizações e atores, é muito

importante que o resultado final não seja demasiado influenciado pelas abordagens especificas

ou debilidades de algum dos intervenientes.

Apesar de Portugal ter apostado em algumas inovações associadas ao CCP, designadamente a

desmaterialização dos procedimentos concursais de obras públicas, na medida em que não temos

um Sistema de Informação pensado de forma articulada para o setor, muitas das potencialidades

que essa desmaterialização permitiria não são alcancáveis.

Alguns destes assuntos têm sido discutidos em diversos fóruns, designadamente no GESCON 2008

e 2011, levado a cabo pelo GEQUALTEC da FEUP, no âmbito da Gestão da Construção em geral e dos

Sistemas de Informação em particular.

Neste número da Construção Magazine procura-se sensibilizar o meio para o tema dos SI na Indústria

da Construção, com destaque para alguns aspetos mais decisivos, bem como para desenvolvimentos

já em curso. Dá-se conta da importância e do potencial das ferramentas BIM para a integração

da informação da construção e os benefícios que podem decorrer das mesmas na melhoria e

automatização dos processos. Nesta linha dá-se especial destaque à fase de serviço das obras,

e à possibilidade de ligação entre a identificação automática das necessidades de manutenção

através de RFID (Radio-Frequency IDentification), conjugada com as vantagens da utilização de

bases de dados técnicas em BIM.

hipólito de sousaco-editor da cM48

*O Professor Eduardo Júlio escreve de acordo com a antiga ortografia.

Ao nível de processos já em curso destaca-se a

utilização do ProNIC no contexto das obras do

Programa de Modernização do Parque Escolar

e a visão dos benefícios da aplicação do mesmo

na perspetiva da Parque Escolar. Dá-se destaque

aos primeiros resultados da monitorização da

Indústria de Construção portuguesa através da

plataforma ICBENCH e em que medida esta pode

ser uma ferramenta potente de benchmarking do

setor. Analisam-se também os fatores de sucesso

na implementação de metodologias de aquisição

através de plataformas de e-sourcing

Por último, na entrevista, tem-se a oportunidade

interessante de conhecer, através do Engº Rui

Campos da Mota Engil, a aposta que esta Empresa

está a fazer nos SI como forma de aumentar a sua

competitividade.

2_cm

Page 5: Construção Magazine 47

2012PRÉMIO NACIONAL DE INOVAÇÃO AMBIENTAL

Um Prémio não é tudo, mas pode ser uma ”escada” para se projetar no Mundo.E o nosso Mundo tem futuro, porque é Inovador e protege o Ambiente.

ORGANIZAÇÃO APOIO

Data-limite para entrega de candidaturas: 12 de abril de 2012 Consulte o regulamento e as vantagens na participação em http://pnia.industriaeambiente.pt

Participe no PRÉMIO NACIONAL DE INOVAÇÃO AMBIENTAL e represente Portugal no EUROPEAN ENVIRONMENTAL PRESS AWARD*

BRONZE 2011*waydip com Waynergy

PRATA 2009*algafuel com Sequestração de CO2 com microalgas

MECENAS

Page 6: Construção Magazine 47

4_8conversas

Construção Magazine (CM) – O setor da construção está, no contexto atual, conotado negativa-

mente. Associa-se-lhe uma imagem de grande pulverização de atividades, baixa competitividade e

produtividade, mesmo em comparação com outros setores industriais nacionais, pouca aposta no

conhecimento e reduzido uso das TI. O que pensa deste retrato?

Rui Campos (RC) – Na realidade, o setor tem uma má imagem que, na minha opinião, passa em parte

pela “utilização” em seu próprio interesse dos diversos poderes políticos, mas também por culpa do

próprio setor. Desde há muito anos, este setor tem vivido com políticas que estão em permanente

mutação conforme os ciclos de poder, gerando impactos gravíssimos para o mesmo. A solução passaria

por haver políticas num contexto nacional amplo com planos estratégicos para 15/20 anos, que ultra-

passassem os próprios ciclos eleitorais. A Espanha, um país latino como o nosso, é um bom exemplo

de como se deve fazer. Além disso, o próprio setor é muito desorganizado, demasiado extenso, pouco

coeso e solidário, pelo que também tem uma quota parte de responsabilidade no que se está a passar.

Atualmente os Média estão muito interessados naquilo que corre mal, no escândalo, na notícia que

vende. Tudo o que a engenharia portuguesa e a construção possam fazer de bem, muito dificilmente

será notícia. Todos nós nos deveríamos empenhar mais em mostrar a excelência do nosso setor

aos portugueses. Desde o Operário da Construção, ao Técnico, ao Arquiteto, ao Engenheiro, existem

excelentes profissionais e com competências reconhecidas internacionalmente.

CM – Foi referido que o setor em geral recorre de uma forma muito reduzida aos Sistemas de Infor-

mação e às TI. De que forma este facto tem influenciado o desempenho do setor?

RC – O facto da utilização das TI ser reduzida tem várias causas. Uma tem a ver com uma inércia tradicional

do próprio setor. Embora tenhamos técnicos muito bons, não existe uma grande abertura à mudança.

Trata-se de um setor que, em vários aspetos, e não só nas TI, não responde de uma forma ágil àquilo que

é novo. Portanto, em relação às Tecnologias de Informação, o processo é lento. Outro fator que também

contribui para isso é a dispersão da própria cadeia de valor, com muitos intervenientes, em que cada

elo da cadeia é uma zona de constrangimento. Relembro que os sistemas de informação obrigam a três

fatores críticos de sucesso: planeamento, organização, rigor. Como o setor não é organizado, nem coeso,

isso gera dificuldades na implementação de quaisquer ferramentas transversais que poderiam ser muito

úteis para todos. Considero que é essencial a utilização das TI, com melhorias relevantes para o setor.

Entrevista conduzida por Hipólito de Sousa

Jornalismo e Fotografia por Joana Correia

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Rui Campos trabalha há 22 anos na Mota-Engil Engenharia, tendo feito um percurso na organização sempre com proximidade às Tecnologias e Sistemas de Informação na área da Construção. Otimista confesso, Rui Campos acredita que apesar da crise do setor tudo irá ser ultrapassado, sendo necessário “identificar as oportunidades“ no meio da desgraça. Para isso, não tem dúvidas de que as TI serão fundamentais.

Page 7: Construção Magazine 47

cm_5

CM – Acha que é possível adotar processos que

sejam verdadeiramente transversais, donos

de obra, projetistas, construtores, empresas

de materiais, a todo o ciclo, incluindo a utiliza-

ção e manutenção?

RC – Eu não “acho”, eu tenho a convição de que

o futuro vai mesmo passar por aí! A Mota-Engil

Engenharia tem vindo a desenvolver contribu-

tos a diversos níveis para que algo mude. Dou o

exemplo do e-constroi ou da iniciativa, que me é

próxima, do lançamento do fórum BIM Portugal,

no qual a nossa posição é promover o trabalho

conjunto das diversas entidades da cadeia de

valor da construção nacional, de modo a criar

standards e processos que levem ao pleno

sucesso da nova abordagem BIM (Building Infor-

mation Modeling). Outro exemplo é a promoção

do Pronic, que a Faculdade de Engenharia da

Universidade do Porto tem vindo a desenvolver.

Estamos a falar de novos relacionamentos entre

os intervenientes da construção e de trabalho

em equipa para um bem comum.

CM – A fileira da construção é muito alargada e

variável em dimensão, competências/especia-

lização e organização. Parece-lhe compatível

conseguir eficácias e recurso alargado aos

SI, tendo um setor a modernizar-se a várias

velocidades?

RC – Essa definição iria facilitar bastante. Criar

a especialização/categorização das empresas,

só ajudará a estruturar este setor. Neste caso,

mais uma vez o Estado e o setor têm a sua

quota parte de trabalho a realizar. Mas os pro-

cessos arrastam-se, assim como o caso dos

alvarás de construção. No entanto, considero

que este setor tem de fazer muito mais do que

tem feito. Nós, empresas e instituições, e mes-

mo os cidadãos, temos de criar mais iniciativa

que ultrapasse a fase dos diagnósticos e das

ideias. Isto é, devemos organizar-nos e desen-

volver soluções credíveis, bem estruturadas

e consensuais, de maneira a criarmos uma

pressão sobre o próprio estado. Penso que o

caminho pode passar por aí. É isso que esta-

mos a tentar fazer com o arranque do forum

BIM Portugal, no que se refere à concepção,

projeto, licenciamento, construção e utilização

de edifícios. Neste caso, independentemente

do Estado nos querer acompanhar desde já,

ou não, achamos que há um trabalho a fazer

na comunidade da construção e que este não

pode esperar. Está na altura do setor procurar

as suas soluções, independentemente da

complexidade da conjuntura.

CM – O setor nacional padece de uma genera-

lizada falta de abordagens normalizadas que

facilitem os processos e a comunicação entre

os vários agentes. Considera que os SI poderão

ser a forma de provocar essas mudanças?

Será o mercado capaz de ajustar-se por si ou

são necessárias orientações nacionais que

direcionem essas mudanças?

RC – O diagnóstico é por demais conhecido.

Soluções teóricas não faltam. Apenas falta

a palavra mágica: “AÇÃO”, e é nesta fase que

aparecem os constrangimentos lusitanos.

Sabemos que todos os dias andamos a fazer

retrabalhos e, como já referi, tudo seria di-

ferente se todo o setor nacional trabalhasse

como uma verdadeira “linha de produção”. Mas

infelizmente continuamos a não ter quaisquer

abordagens normalizadas. Todas as peças

de um projeto vão diferindo de contrato para

contrato, com especificações técnicas, articu-

lados, estruturas de preço, etc. a variar cons-

tantemente. Para além de todo o trabalho não

produtivo, a ausência de standards dificulta

enormemente a organização do conhecimento,

nomeadamente a memória coletiva de experi-

ências e lições aprendidas. Fazia muito mais

sentido termos as partes administrativas e

especificações gerais de um projeto norma-

lizadas, de forma a termos mais tempo para

nos dedicarmos aos verdadeiros desafios e

especificidades de cada projeto de construção.

O nosso passado tem excelentes exemplos de

normalização que se perderam. Quem não se

lembra dos referenciais do LNEC, JAE, SMAS,

entre outros, que ser perderam no tempo?

Em Portugal gostamos de complicar e muitos

consideram que quanto mais complicado for,

mais saber e competência existe. Puro erro!

Hoje temos de ser extremamente eficazes e

ágeis, senão outros nos ultrapassarão neste

mundo global.

CM – Então quer dizer que neste domínio

dos Sistemas de Informação há ferramentas

disponíveis mas há também muito trabalho a

fazer. É isso?

RC – Sim. Nós, em Portugal, temos tecnologi-

camente as ferramentas todas: web, portais

colaborativos, infraestruturas de dados de

Page 8: Construção Magazine 47

conversas

“trata-se de um setor que, em vários aspetos, e não só nas ti,

não responde de uma forma ágil àquilo que é novo. “

alto débito, especialistas e excelentes empresas e uni-

versidades na área dos sistemas de informação. O que

nos falta é criar meios que sejam adequados à nossa

realidade, que sejam úteis e, sobretudo, cativantes

para mobilizar o setor. Eu próprio já tive oportunidade

de partilhar num seminário da COTEC a experiência

Mota-Engil Engenharia no âmbito da utilização das

plataformas eletrónicas colaborativas em ambiente

empresarial. É uma tecnologia recente que carece

de cuidados, pois o desafio maior não é a tecnologia

em si mas sim o relacionamento das pessoas com a

tecnologia. É um bom exemplo em que os fatores de

sucesso têm de estar alinhados com os comporta-

mentos sociológicos e as culturas empresariais, e

estes são cuidados que também devem existir nas

abordagens informáticas à construção.

Hoje cria-se uma plataforma eletrónica sobre

qualquer coisa (é moda!) e o futuro dessas plata-

formas pode ser o insucesso se, além de não se

garantir informação atualizada e com qualidade,

não garantirmos também um público-alvo perfei-

tamente identificado, habilitado e interessado.

Os Sistemas de Informação são uma condição

necessária mas não suficiente.

CM – O Eng. Rui Campos está ligado à maior em-

presa portuguesa de construção na atualidade.

Como valoriza a empresa os SI, e qual a impor-

tância das mesmas na estratégia da empresa?

RC – Tenho a satisfação pessoal de, na Mota-

Engil, ter estado sempre em funções associa-

das a projetos de desenvolvimento em diversos

âmbitos, contribuindo para criar mudança den-

tro desta organização. E um facto que sempre

esteve presente foi a importância estratégica

dos sistemas de informação, assim como os

investimentos associados terem sido uma

constante nos últimos vinte anos. É perfei-

tamente percetível que esta aposta nos tem

ajudado a sermos mais competitivos e tem

facilitado os fluxos de trabalho à dimensão

da nossa empresa e à dispersão geográfica

dos nossos projetos. Contudo, há ainda

espaço de melhoria, especialmente ao

nível das operações, apesar de iniciativas

de sucesso, como por exemplo o projeto

“Encarregados Online”, que permitiu que

aos nossos encarregados a utilização de

portáteis e a sua inclusão no Novo Mundo

da Comunicação e do Conhecimento. Este

projeto correu muito bem, permitindo

que esta profissão, tradicionalmente

conversas

6_cm

Page 9: Construção Magazine 47

Mota-Engil, com um portátil da empresa, aceder

em segurança e em qualquer parte do mundo

ao Portal Corporativo do Grupo Mota-Engil e aos

seus próprios documentos de trabalho.

O outro constrangimento refere-se à barreira

linguística. Por exemplo, na Europa Central a

esmagadora maioria dos colaboradores é local.

No Peru, o mesmo acontece. E assim sucessi-

vamente para outros mercados com diferentes

línguas. A solução seria termos todas as apli-

cações e conteúdos em inglês, algo que não

é praticável para o nosso negócio. Resta-nos

pesquisar soluções de compromisso.

Em 2011 lançámos as comunidades cola-

borativas “prof issionais”, que permitem

que preparadores, topógrafos e técnicos de

laboratórios da nossa empresa, em qualquer

mercado internacional (Angola, Peru, México,

Moçambique), possam colaborar e interagir na

sua comunidade. Estas comunidades estão em

língua portuguesa.

CM – As grandes empresas nacionais são

por vezes acusadas de não terem ajudado

afastada da informática, se habituasse a lidar

diariamente com este tipo de ferramentas e

com informação necessária para a sua função.

CM – E, nesse ponto de vista, estão a conseguir

adesão?

RC – Sim, apesar de os resultados nunca serem

imediatos. Estamos a falar de mudanças de

comportamentos e hábitos. Outro exemplo

que posso dar é o do Sitec – Portal de Conhe-

cimento Técnico, um projeto já maduro e com

boa adesão; no entanto, para potenciar mais

ainda o seu valor, decidimos este ano investir

em intervenções de proximidade com sessões

presenciais em obra, para promover a partilha

e utilização do conhecimento técnico, intera-

gindo com os profissionais no terreno. Uma

complementariedade Tecnologia/Pessoas

sempre necessária para o sucesso de projetos

deste tipo... Com esta iniciativa, para além da

mobilização, queremos também perceber as

necessidades dos nossos clientes “internos”.

Um eixo de desenvolvimento que temos vindo

a explorar é o da utilização da informática no

apoio à Gestão de Obra.

Outra aposta forte foi a plataforma de gestão de

inovação da Mota-Engil Engenharia, o Innovcen-

ter. Criada com base na arquitetura das redes

sociais, neste caso empresarial, permite-nos

suportar todo o ciclo da Inovação: problema,

ideias, oportunidade, projeto, inovação e fase

de integração na empresa ou no negócio.

CM – Estas práticas da Mota-Engil, são uni-

versais em termos geográficos, estando a

empresa a operar em tantos locais diferentes

do globo?

RC – Existem aplicações, no âmbito da gestão

empresarial, que são universais nas diversas

geografias onde intervimos. Para outras fer-

ramentas, mais operacionais, essa universa-

lidade não tem sido possível por duas razões:

tecnológica e linguística. No caso da tecnologia,

estamos a falar da segurança de acessos, da

segurança da informação e a existência e qua-

lidade das infraestruras de dados nos locais das

nossas obras internacionais. Mas existe evolu-

ção. Hoje já é possível para um colaborador da

ArchiCAD colabora com a Mota-Engil

na integração do BIM nos

seus processos

Rua Primeiro de Maio, 192, 1º tras. | 4450-230 Matosinhos | PORTUGAL

Tel. 22 938 51 34 | Tlm: 91 030 96 94 | Fax. 22 938 51 77

[email protected] | www.infor.pt

Imagem cortesia de Miguel Krippahl, Arquitecto

PUB

Page 10: Construção Magazine 47

8_cm

conversas

suficientemente a mudança no setor, particu-

larmente no período do “boom da construção”.

Pouca engenharia nos processos e nas obras,

desvalorização dos outros agentes da fileira

não os vendo como parceiros, pouca adesão

às TI, e um certo alheamento da necessidade

do setor ter uma estratégia de longo prazo.

Como vê estes comentários?

RC – Quando refere as grandes empresas, penso

que faz referência às construtoras, mas não nos

podemos esquecer que a cadeia de valor da

construção começa nos Donos de Obra, sendo

estes os primeiros responsáveis pela qualidade

do projeto e pelo sucesso da própria obra.

Outro aspeto é a dificuldade do nosso setor

poder fazer previsões, estando dependente

da definição das políticas dos governos, como

se pode constatar com o atual momento “de

suspensão” que vivemos.Sobre a afirmação

de termos sido agentes de mudança ou não,

na fase do “boom da construção”, penso que

ninguém nessa altura estava preocupado em

querer melhorar o quer que fosse. Era a fase do

“agora não tenho tempo”. Hoje estamos na fase

do “não vale a pena”, pelo que o oscilar entre

estes dois estados de alma é algo que nos é

conhecido. Temos em Portugal que proceder a

uma sincera reflexão do que todos temos feito,

ou não, para mudar o estado das coisas. Todos

temos responsabilidades e assumir isso deve

ser o nosso ponto de partida.

Como exemplo do que as grandes Empresas de

Construção podem fazer para ajudar o setor,

temos o lançamento da PTPC – Plataforma

Tecnológica Portuguesa da Construção (www.

ptpc.pt), que, apesar de ter demorado algum

tempo a ver a luz do dia, tem vindo a fazer um

percurso consistente e realista. É um exemplo

de que os concorrentes podem ser parceiros.

CM – A enorme crise que o setor atravessa

está a deixar cicatrizes profundas em toda

a fileira e o futuro não é animador para a ge-

neralidade dos agentes. No entanto é comum

ver nas crises grandes ameaças, mas também

oportunidades. Que oportunidades vislumbra

para o setor nacional neste contexto?

RC – Eu diria que este setor está num epicentro

de uma crise nacional, e que, por sua vez, o país

está no epicentro da crise europeia. Em resu-

mo, estamos mesmo metidos “num buraco”.

No entanto, sendo portugueses, temos que

acreditar na nossa capacidade de ultrapassar

obstáculos e de sair das situações difíceis. A

nossa história prova isso. Temos muitos casos

em que mostrámos ter uma grande capacidade

de sobrevivência. E mesmo no setor da Cons-

trução não faltam exemplos em que erguemos

obras com desafios técnicos e prazos que os

nossos congéneros estrangeiros achavam

impossíveis de cumprir. Vamos sair disto, mais

feridos ou menos feridos, isso não sei... mas

temos de o fazer! Temos alguns setores em

Portugal que há poucos anos estavam com

crises graves e que conseguiram dar a volta por

cima. O setor da construção neste momento

está numa má fase. Mas vamos dizer que não

há futuro? Eu prefiro pensar o contrário. Futuro

existirá sempre, temos é de percecionar como

vai ser e de que forma vamos fazer parte dele. A

construção nunca vai acabar em Portugal, pois

no mínimo, teremos de manter o que constru-

ímos. Depois não nos podemos esquecer que

estamos num mercado global, pelo que temos

de nos internacionalizar. O caminho a seguir

será análogo ao de outros setores que deram

a volta às suas crises com sucesso, apostando

em nichos de mercado, em criatividade, em

inovação, em elevada competência e excelente

serviço. Os caminhos apontados são bem co-

nhecidos; a decisão, atitude e preserverança

de os percorrer é que fará toda a diferença.

CM – O futuro do setor parece passar indis-

cutivelmente pela internacionalização e pela

aposta na reabilitação/manutenção de obras

e infraestruturas nacionais. Considera que

as TI podem influenciar estes processos? De

que maneira?

RC – Eu estou convencido que as TI poderão ser

um dos principais fatores de modernização e

mudança neste setor, até porque existe de uma

forma geral, pouca implementação das TI na

construção, se excluirmos as aplicações para

gestão empresarial, os CAD e os programas de

orçamentação.

Comparemos com o exemplo das instituições

públicas, em que temos de reconhecer a

simplificação e desburocratização de muitos

processos, antes penosos.

Imaginemos agora algumas dessas boas prá-

ticas aplicadas a toda a fileira da construção?

Tendo a casa arrumada em Portugal, que seria

um feito, façamos agora o exercício de pôr essa

“hoje temos de ser extremamente

eficazes e ágeis, senão outros nos

ultrapassarão neste mundo global.”

PerfilRui Campos é licenciado em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia da Universi-dade do Porto, com formação complementar em Gestão na AESE e EGP. Iniciou a actividade na Mota-Engil em 1989, tendo desenvolvido actividades nas áreas de Sistemas de Informa-ção, Formação, Produção, Novas Tecnologias, Betões, Gestão da Qualidade & Ambiente, Modelos de Gestão Integrados e Inovação.Presentemente, como Diretor de Performance e Desenvolvimento da Mota-Engil Engenharia, coordena as áreas de Performance & Planea-mento, Tecnologia, Assistência em Garantia, Marca & Comunicação e Inovação.É membro do Conselho de Administração da BERD (empresa tecnológica participada da Mota-Engil Engenharia) e membro da Comissão Executiva da PTPC (Plataforma Tecnológica Portuguesa da Construção).

capacidade tecnológica a alavancar a interna-

cionalização da construção portuguesa.

O mundo está a mudar. Reparem na evolução/

revolução que a internet, as redes sociais, as

aplicações em “cloud computing” estão a trazer

à sociedade em geral. Recuando alguns anos

no passado, era nas organizações que existiam

os computadores, os softwares e a utilização

do correio eletrónico, e em 20 anos o mundo

inverteu-se. Hoje são as pessoas, em sua casa

que utilizam as últimas novidades tecnológicas

propostas a um ritmo vertiginoso. O que está a

acontecer é que indivíduos ou grupos estão a

ter capacidade de criação de oportunidades,

conhecimento e serviços, e são já concorrentes

de muitas empresas. As TI são um fator impor-

tante a ter em atenção na internacionalização da

construção, quer por facilitarem e melhorarem

processos nas organizações ou no setor, com

ganhos de produtividade fáceis de reconhecer,

quer por criarem soluções e negócios que, por

serem únicos no mundo, podem dar às empresas

portugueses fatores de diferenciação. Existem

muitos casos de sucesso em Portugal e a Cons-

trução tem de aprender com eles e deixar de

lamentar-se por tempos que já não regressam.

Page 11: Construção Magazine 47

cm_9

9_ 13

lise desta informação que permite fundamentar

a generalidade dos atos de manutenção.

A Gestão de Edifícios em Serviço está ainda lon-

ge de aproveitar toda a tecnologia disponível,

em particular no que se refere à armazenagem,

indexação e acesso à informação. Esta cons-

tatação esteve na base deste projeto o qual

procura através da utilização de etiquetas

eletromagnéticas – RFID associar informação

aos diversos componentes da construção.

Enquadra-se a GES em três grandes áreas de

intervenção. Identificam-se assim as ativida-

des Técnica, Económica e Funcional, e é na

atividade Técnica que se enquadra a Manuten-

ção de Edifícios que por sua vez é onde incide

o âmbito deste artigo.

1. INTRODUÇÃO

Para qualquer atividade que englobe um con-

junto de ações e procedimentos é possível

um enquadramento no domínio da gestão no

âmbito da qual se otimizem esses processos.

A Gestão de Edifícios em Serviço - GES, onde se

insere a Manutenção de Edifícios, compreende

todas as ações e procedimentos necessários

realizar a propósito de um empreendimento

na sua fase de exploração, com o objetivo de

otimizar o seu desempenho. Uma das maiores

ferramentas para uma boa gestão da constru-

ção em serviço é a quantidade e a qualidade da

informação, associado ao comportamento das

edificações. É a disponibilidade e respetiva aná-

2. MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

Durante o tempo de vida útil de um edifício ele

vai-se deteriorando gradualmente, quer devido

a ações externas à própria utilização, quer por

motivo da utilização. Em consequência dessas

ações os elementos e componentes do edifício

vão perdendo a qualidade e usabilidade para o

qual foram projetados, sendo por isso neces-

sário proceder-se a uma intervenção.

Entende-se por manutenção de edifícios como

sendo “... a combinação de todas as ações

técnicas e administrativas com o objetivo de

reter em (...) ou, devolver a (...) elementos e

componentes um estado que lhes permita

desempenhar as funções para que foram proje-

sistemas de informação na construçãosistema automático de informação na manutenção de edifícios – projeto rfid

Rui Calejo Rodrigues

GEQUALTEC, FEUP

[email protected]

Luís Martins

GEQUALTEC, FEUP

Vive-se atualmente uma época de grande contenção económica que tem naturais implicações

na construção. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), “O Índice de novas encomen-

das na construção e obras públicas (Taxa de variação homóloga trimestral - Base 2000 - %)

desceu 20.8% no 4º trimestre de 2011.” Estes dados, que vêm na sequência de outros idênticos

publicados nos últimos trimestres, permitem concluir que com o abrandamento da construção

de novos edifícios e obras de engenharia civil terá que se prestar maior atenção à construção

existente o que vem potenciar o domínio da manutenção de edifícios. É neste domínio que se

iniciou no GEQUALTEC/FEUP um programa de investigação destinado a automatizar o acesso à

informação de manutenção em edifícios.

Os longos ciclos de intervenção dos componentes estáticos de edifícios carecem de um registo

de informação simples e disponível. Quem já não se confrontou com a dificuldade em encontrar

um fornecedor de um simples “espelho de interruptor” que tem de ser substituído?

A utilização de “tags” eletrónicas associadas a alguns componentes de edifícios permitem obviar

muitas das informações necessárias em manutenção.

Neste artigo explora-se a importância da manutenção de edifícios e a íntima relação desta com

sistemas de informação na construção – BIM, e dá-se nota da rotina MainTech® desenvolvida

no GEQUALTEC/FEUP a qual integra numa perspetiva BIM toda a informação de manutenção

associada a componentes da construção.

Page 12: Construção Magazine 47

10_cm

> 1

tados.” Subdividiram-se essas ações em cinco

grandes áreas de intervenção intervenções:

– Inspeção;

– Limpeza;

– Proação;

– Correção;

– Substituição.

Para que as ações em cada uma destas áreas

possam ter êxito é necessário ter-se acesso

a informações importantes tais como planos

de manutenção, manuais de manutenção,

registo de ocorrências, peças desenhadas de

projeto, bem assim como como qualquer outra

informação extra que permita uma melhor ação

de manutenção, tais como fotos, informações

comportamentais etc.

Por outro lado entendeu-se subdividir um

edifício em partes com mecanismos de de-

gradação afins. Estas partes dos edifícios

denominaram-se Elemetnos Fonte de Manu-

tenção – EFM.

Para catalogar, de uma forma não computori-

zada, todos EFM de um edifício despendem-se

muitos recursos (tempo, papel, arquivos, etc.).

Estando esta informação disponível apenas

em papel, torna-se difícil o seu acesso no dia

a dia, pois tal facto dificulta a sua pesquisa

e consulta, o que limita algumas vantagens

que essas informações possam oferecer. Por

outro lado, muitos edifícios, com equipas de

manutenção profissionais, já têm bastante

informação computorizada, mas geralmente

dispersa em vários ficheiros, divididos por

tipos de componentes, de informação não

normalizada e sem correlação entre eles.

Ter estas informações em formato digital e

num modo organizado permite o tratamento

de dados por meio de software, facto que trará

significativas melhorias na performance da

manutenção de edifícios.

Além disso, a realização de atos de manuten-

ção implica muitas vezes a necessidade de

se estar fisicamente na proximidade do EFM

e desse ato é necessário ter evidência. Por

exemplo a inspeção de uma cobertura terá

muito a ganhar se em locais estratégicos

desta estiverem instalados “tags” que além

de devolverem informação sobre os locais a

mesmo desde a fase de projeto. Este manual

não é mais do que a compilação organizada

das informações contidas em cada entidade

desenhada e que pode ter edição para o uten-

te – Manual de Utilização – e edição técnica

Manual de Manutenção.

As ferramentas BIM poderam assim ajudar na

criação das informações “fixas”, úteis em ma-

nutenção tais como os manuais de manuten-

ção, mas já não foram tão úteis no que se refere

à criação de informações comportamentais

assim como no registo de ocorrências. Para

complementar esta necessidade recorreu-se

à tecnologia RFID.

4. RFID (RADIO-FREQUENCY IDENTIFICATION)

RFID é uma sigla de Radio-Frequency IDen-

tification. É um termo genérico usado para

descrever um sistema que transmite a iden-

tidade via ondas de rádio. É uma tecnologia

de identificação automática, assim como o

código de barras. Um sistema RFID é consti-

tuído por dois componentes de hardware, um

conjunto leitor antena e um transponder (tag

ou etiqueta). O objetivo é que o leitor consiga

ler a informação guardada no tag e transmiti-

la para um computador. O seu funcionamento

começa com o leitor a enviar um sinal através

de uma radiofrequência. O tag, sintonizado

para receber esse comprimento de onda,

transmite a informação armazenada também

através de radiofrequência, o leitor recebe-o,

descodifica-o e envia-o para um computador.

observar e as características de alerta de mau

comportamento – Fenómenos de Pré Patologia

– a ter em conta, possam evidenciar a presença

e as ações do inspetor.

3. BIM (BUILDING INFORMATION MODELING)

Um dos maiores desafios da tarefa a que

este grupo se propõe reside na dificuldade

de normalizar dados muito diversos de modo

que um software os possa tratar. Trabalhando

numa fase de projeto, esta dificuldade pôde ser

ultrapassada dando uso às ferramentas BIM

(Building Information Modeling). Nesta ferra-

menta, além da modelação física do edifício,

tem-se a possibilidade de adicionar informação

relacionada com elementos desenhados do

projeto. Estas informações, tanto podem ser as

propriedades específicas de uma parede como

os custos associados á sua construção, como

ainda as necessidades de manutenção ao

nível da limpeza, inspeção, pró-ação correção

e substituição.Tem-se portanto uma enorme

liberdade no que toca a adicionar informações

associadas aos elementos desenhados em

forma digital. Com a utilização das ferramen-

tas BIM está a ser possível adicionar a um

projeto os processos de manutenção de cada

EFM de uma forma informática e organizada.

Desta forma, além de se organizarem todos

os processos de manutenção específicos de

cada EFM, tem-se também a possibilidade de

criar um manual de serviço de todo o edifício

estando esta informação já associado ao

> Figura 1: Interação “leitor-tag”.

sistemas de informação na construção

Page 13: Construção Magazine 47

> 2

Após a receção da “resposta” do tag e, com o

devido tratamento do middleware, é neces-

sário ter um software capaz de interpretar os

dados recebidos.

As principais diferenças entre a tecnologia

RFID e Código de Barras relacionam-se com a

possibilidade desta tecnologia poder armaze-

nar informação e com o facto de não necessitar

de estar em linha de vista com o leitor. Esta

característica faz com que o tag esteja menos

sujeito a fatores de deterioração, e faz também

com que possa ser “escondido” dentro dos

EFM pois a radiofrequência atravessa vários

tipos de materiais normalmente utilizados na

construção.

Os diferentes tipos de tags diferem na memória

interna, na possibilidade de poderem ou não

realizar operações de escrita, nas frequências

de operação, na necessidade ou dispensa de

bateria interna, etc. Existem mesmo tag que

têm a possibilidade de possuírem sensores

para registo de temperatura, humidade, etc.

5. RFID MAINTECH

Com as potencialidades das propriedades

do sistema de identificação automático RFID

aliadas às vantagens da utilização de bases

de dados informáticas BIM, desenvolveu-se

um software capaz de responder às necessi-

dades da manutenção, quer do ponto de vista

do gestor quer do operador de manutenção.

Resumidamente, o operador lê um elemento

com o leitor RFID, que após tratamento pelo

software, mostra todos os dados associados

a esse elemento.

5.1. Operador de Manutenção

Este software permite que numa operação de

manutenção sejam consultados em tempo real

todos os registos de anteriores ocorrências ao

elemento a ser operado, sem que seja necessá-

ria qualquer pesquisa. Depois de identificado o

elemento tem-se acesso a todas as operações

de manutenção cuja execução está prevista (in-

formações como manuais de limpeza, inspeção,

pró-ação e substituição). Nestas informações

estão descritas a tarefa, o procedimento com-

pleto, o responsável, a periodicidade e ainda

o seu custo previsto associado. No caso de

existir uma anomalia no EFM em causa, existe

também uma lista das correções mais comuns,

as respetivas condições técnicas de execução

e um custo previsional. Como o manual de

manutenções do elemento se encontra em

base de dados, é também possível aceder a

informações dos processos de manutenção a

ter com o elemento, descrevendo sucintamente

todas essas operações para que não existam

erros de manutenção.

Ao executar uma operação de manutenção

(obrigatória a partir do momento que é feita

a leitura do tag) , esta ficará registada auto-

maticamente no cadastro do elemento para

que posteriormente possa ser consultado, até

mesmo como prova dessa intervenção (com

datas e observações da operação).

5.2. Gestor de Manutenção

Para o apoio à manutenção na ótica do gestor,

são criados planos de trabalho para períodos de

tempo específicos (semanais, mensais, anuais,

etc.). Com o preço associado a cada operação de

manutenção, são criadas previsões de custos

para esses mesmos períodos de tempo. O gestor

de manutenção, tanto um individuo no caso de

manutenção especializada, assim como uma

empresa de manutenção por exemplo, tem

a informação atualizada em tempo real, ou

seja, se algum cliente/utilizador questionar se

uma certa situação está resolvida, o software

apresentará todas as informações relativas ao

processo devidamente atualizadas.

Com a obrigação de o operador “estar nas pro-

ximidades” do EFM para poder abrir um registo

de manutenção (para o tag ficar ao alcance da

antena RFID), o gestor de manutenção teria de

fato a certeza de que o operador pelo menos

esteve no local.

Supondo dois elementos com a mesma função

e o mesmo nível de utilização, mas de empresas

fabricantes diferentes, o gestor de manutenção

teria acesso a informações que permitiriam

a longo prazo concluir qual dos elementos

implicaria uma maior despesa na sua fase de

utilização. Esta informação não seria apenas

proveitosa para o cliente que vai comprar um

> Figura 2: Sistema MainTech®.> Figura 1: Interação “leitor-tag”.

Page 14: Construção Magazine 47

12_cm

> 4

produto novo mas também para o gestor de

manutenção que irá substituir um produto.

Da mesma maneira, as empresas fabricantes

podem aproveitar o acesso a estes dados, quer

para melhorias do seu produto, quer também

para referenciar uma potencial qualidade.

5.3. Utilizador

O utilizador do edifício é aquele que na realidade

maior partido pode tirar deste sistema. Uma vez

que o suporte informático está disponível via

internet, o utilizador pude entre outras funções,

enviar uma reclamação sobre um EFM específi-

co identificando-o a partir do respetivo RFID. O

desenvolvimento da situação referenciada pelo

utilizador é consultada e atualizada pelo gestor,

pelo operador e pelo próprio utilizador. Assim

que depois de aberto um registo de uma recla-

mação este é dado como executado, o utilizador

que a enviou é notificado do encerramento (

eventual resolução) da sua reclamação. Este

processo aumenta a confiança que o utilizador

deposita na equipa de manutenção, diminui os

casos de anomalias não tratadas (tão frequen-

tes nos edifícios) e contribuiu para a economia

da construção em serviços que nos tempos

atuais tem de ser muito otimizada.

6. APLICAÇÃO PRÁTICA

Para motivos de teste, procedeu-se à aplicação

deste sistema num edifício de restauração

localizado no campus da FEUP. Trata-se de um

edifício com área aberta ao público de 200 m2

destinado à restauração. Este edifício, entre

outras características, é climatizado, possui

largas superfície envidraçadas, um teto falso,

revestimentos de piso cimentícios e entre

outros automatismos, um sistema de deteção

de incêndio.

Como se trata de um teste inicial instalou-se

um número reduzido de EFM com identificação

por RFID. Os elementos identificados foram o

sistema de climatização na cobertura, o teto

falso em gesso cartonado e o sistemas de

extinção. A identificação dos EFM foi executada

sem grandes problemas, mas saliente-se que,

se esta operação fosse efetuada em tempo de

construção/projeto, além de mais fácil poderia

trazer outras mais-valias tais como a incorpo-

ração de tags no próprio fabricante.

Adicionar os elementos e toda a informação de

manutenção à na base de dados revelou-se ser

uma tarefa mais morosa. Além das informações

dos registos de ocorrências estarem dispersas,

estão geralmente em papel e sem qualquer

forma normalizada, muita da informação

simplesmente não existia. Neste caso não se

tornou um grande problema pois trata-se de

uma aplicação em muito pequena escala, mas

em grande escala poderá ser muito moroso,

podendo até compensar registar apenas as

intervenções executadas a partir do momento

da aplicação do sistema.

7. CONCLUSÕES E PERSPETIVAS FUTURAS

7.1. Conclusões

O sistema de identificação por RFID tem gran-

des capacidades quer em termos de carac-

terísticas quer no que diz respeito à relação

custo/benefício. O uso desta tecnologia pode

vir a colmatar uma lacuna na otimização de

custos no âmbito da manutenção de edifícios. A

tecnologia RFID torna todos os outros sistemas

de identificação automáticos, tais como código

de barras ou QR Code, obsoletos pois ter-se-ia a

necessidade de colocar estes identificadores

no exterior do EFM permitindo que fossem

facilmente danificados.

Conjugando uma base de dados com uma iden-

> Figura 3: Tag colocado num extintor

> Figura 4: Imagem da Base de Dados MainTech®.

sistemas de informação na construção

> 3

Page 15: Construção Magazine 47

PUB

Climatização

Instalações Eléctricas

Instalações de Gás

Fundações e Estrutura

Cobertura e fachadas

Elevadores

Telecomunicações (ITED)

Águas e Saneamento

Acústica e Ruído

Qualidade do Ar Interior

O Atestado do Imóvel é um documento emitido pelo Bureau Veritas em obras mediadas e que foram acompanhadas pelos seus técnicos, verificando a boa execução das mesmas.

O Bureau Veritas presta uma ampla gama de serviços de auditoria, inspecção e peritagem, nomeadamente:

n Cobertura e Fachadas; n Fundações e Estrutura; n Elevadores; n Telecomunicações; n Climatização; n Instalações de Gás; n Certificação Energética de Edifícios; n Construção Sustentável (LEED, BREEAM, GREEN RATING); n Acústica; n Qualidade do Ar Interior.

Bureau Veritas Portugal www.bureauveritas.pt [email protected] 707 200 542

Atestado do Imóvel pelo Bureau Veritas dá mais confiança ao seu cliente

tificação automática à distância aumenta a sua

utilidade e facilidade de utilização, podendo

deste modo aproveitar todo o potencial de

possuir toda a informação normalizada relativa

à manutenção de um edifício acessível In loco.

A tecnologia RFID, apesar de estar em desen-

volvimento contínuo desde a Segunda Guerra

Mundial, tem ainda um grande potencial de

desenvolvimento. Contudo, cada vez mais,

os produtos associados (tags, leitores, etc)

têm preços mais reduzidos, insignificantes no

cenário da construção.

A aplicação prática realizada permite concluir

que existem várias vantagens diretamente

ligadas ao uso do sistema:

– Informação de todos os elementos fonte de

manutenção normalizada.

– Acesso a informação de proximidade, como,

por exemplo, o cadastro de ações e manuais

de manutenção.

– A abertura de um registo só é possível com a

proximidade do operador com o elemento, o

que implica a obrigatoriedade do mesmo se

deslocar efetivamente ao local impedindo

operações de manutenção fraudulentas.

– Substituições falaciosas seriam facilmente

detetáveis.

– Controlo da produtividade dos operários.

– Melhor organização para planos de traba-

lhos.

– Melhor previsão de custos.

– Empresas podem receber informações para

melhorar os seus produtos.

7.2. Perspetivas Futuras – Normalização

O uso desta tecnologia na área de manu-

tenção de edifícios é uma realidade, sendo

que, para otimizar o seu funcionamento,

necessita de uma normalização por parte da

Organização Internacional de Normalização.

Esta normalização permitiria que muitos dos

materiais ou sistemas construídos fossem

fabricados já com um tag embutido com fre-

quência de operação e formato normalizados.

Cada elemento poderá conter informações

fixas próprias tais como o lote do fabrico,

data, local onde esteve armazenado, detalhes

do transporte etc., assim como poderá conter

informações gerais tais como manuais de

serviço, etc.

Este processo de normalização carece ainda

de estudos específicos, a saber:

– Identificação e organização das informa-

ções relevantes a estarem presentes na

memória interna da tag de forma a que o

software possa introduzir essa informação

por simples leitura do tag;

– Testar que tipo de tag teria uma melhor

performance num dado elemento. Cada

elemento é constituído por diferentes ma-

teriais, logo o tag necessitaria de diferentes

tipos de antenas de modo a que a distância

de leitura fosse idêntica entre os vários

elementos;

– A localização desses tags passaria também

por uma normalização, sendo necessário

efetuar um estudo de modo a descobrir qual

a localização com melhor performance para

cada tipo de elemento diferente.

Com a normalização deste sistema, seria possí-

vel a criação de uma base de dados internacional

onde constariam informações de desempenho e

custo de utilização dos mais variados elementos

de empresas diferentes.

Page 16: Construção Magazine 47

14_ 17

do projeto de execução, cuja execução é um

processo em larga medida mecânico.

A maior parte das tarefas a realizar ao longo do

processo construtivo estarão numa posição

intermédia nesta escala, isto é, são práticas de

trabalho que se baseiam num misto de dados

de diferentes tipos para atingir um resultado

que será aferido segundo um conjunto de pa-

râmetros objetivos e de avaliações subjetivas.

Disciplinas como a qualidade na construção

têm contribuído para definir de forma mais ri-

gorosa os dados e os resultados de atividades,

isto é, para o esforço de transformar práticas

em processos.

Em síntese, o processo construtivo é com-

posto por atividades rigorosamente parame-

trizáveis e, necessária e desejavelmente, por

outras que são desenvolvidas segundo um

percurso arbitrário. É importante distinguir

claramente estes dois tipos de atividade e

caracterizar devidamente as primeiras bus-

cando os ganhos de eficiência decorrentes da

sua automatização.

Nas últimas décadas do século XX, a transfor-

mação das tarefas no sentido da automatiza-

ção foi devida fundamentalmente ao desenvol-

Da arte ao processo

Na construção civil, como em outras áreas

produtivas, à medida que as exigências para

o aumento de produtividade se tornam mais

explícitas, maior é a tendência para estudar e

otimizar os procedimentos de trabalho, resul-

tando frequentemente no desenvolvimento

de fluxos de trabalho com inputs e outputs

bem definidos. Na prática, estas influências

conduzem a um incentivo à padronização na

construção – à parametrização na fase de

projeto e à pré-fabricação e industrialização

na fase de execução.

Segundo a Fig. 1, as atividades da construção

podem ser classificadas em função da maior ou

menor precisão com que é possível descrever à

partida os respetivos dados e os seus resulta-

dos. A preparação de um estudo prévio por parte

de um arquiteto, por exemplo, pode partir de ele-

mentos diversos do contexto local ou global, que

são tidos em conta ao longo de um percurso em

larga medida arbitrário que resulta na definição

dos aspetos fundamentais do projeto. Do lado

oposto deste espectro de atividades estará,

por exemplo, a impressão de peças escritas

14_cm

vimento de algoritmos de cálculo automático

e de ferramentas de desenho assistido por

computador com o objetivo de tornar mais

expedita a realização de tarefas repetitivas

e trabalhosas, isto é, um desenvolvimento

essencialmente bottom-up, com um relevante

contributo dos profissionais da construção.

Desde os finais da década de 90, esta evolu-

ção tem sido suportada de forma crescente

pelo desenvolvimento de novos modelos de

informação que permitem representar mais

adequadamente os produtos da construção e

os recursos necessários à sua concretização.

Este esforço tem vindo a ser liderado por um

pequeno conjunto de organizações de carac-

terísticas distintas que tem desenvolvido

modelos de informação de âmbito abrangente.

É este desenvolvimento, marcadamente top-

down, de modelos de informação que tem cria-

do as condições necessárias para a elaboração

de aplicações que permitem a transferência

de dados entre os intervenientes do processo

construtivo e a automatização das tarefas que

estes realizam.

O papel dos especialistas da construção na

área dos sistemas de informação inclui, por-

sistemas de informação na construçãopapel da tecnologia bim na gestão da informação na construção

João poças Martins

FEUP, GEQUALTEC

[email protected]

No presente artigo faz-se uma apresentação da tecnologia BIM (Building Information Model ou

Modelo de Informação para a construção) tendo em conta o seu papel de agente de integração

de diferentes tipos de informação e de ferramentas que são utilizadas ao longo do ciclo de vida

dos edifícios. É esta característica definidora dos BIM que os tornam essenciais para a auto-

matização de diferentes tipos de tarefas do processo construtivo, em particular daquelas que

envolvem a participação conjunta de diversos intervenientes.

É sublinhado o papel fundamental que os especialistas da construção têm a desempenhar no

desenvolvimento e na aplicação desta tecnologia ainda jovem. aponta-se ainda alguns obstácu-

los à generalização do uso dos BIM e um conjunto de desafios que se colocam, em particular às

instituições ligadas ao ensino, relacionados com as competências necessárias ao uso eficiente

desta tecnologia.

Page 17: Construção Magazine 47

tanto, não só o desenvolvimento e a validação

crítica de métodos de cálculo eficientes, mas

também de formatos padrão que suportem os

seus processos e práticas profissionais.

os BIM Na autoMatIzação De tarefas

Atualmente a designação BIM tem vindo a ser

atribuída quer aos modelos de informação

que representam os produtos da construção,

quer às aplicações informáticas a que estão

subjacentes. Assim, pode definir-se BIM como

um conjunto de métodos e de ferramentas

que permitem a parametrização e respetiva

> figura 1: Arte, práticas e processos. Adaptado a partir de (Grieves 2006).

representação de produtos da construção

ao longo de todo o seu ciclo de vida, seus

componentes e recursos necessários ao seu

desenvolvimento.

Embora existam atualmente diversos produtos

comerciais com grande abrangência nesta

área, só a existência de um modelo de dados

aberto, o IFC (Industry Foundation Classes)

tem vindo a permitir o desenvolvimento de

aplicações BIM para as mais diversas tarefas

do processo construtivo.

A s ferr amentas atualmente disponíveis

permitem, por exemplo, a automatização do

desenvolvimento de peças desenhadas e

escritas de projeto e a deteção de erros em

projetos existentes. Permitem que a informa-

ção desenvolvida pelos autores dos projetos

seja partilhada de forma eficiente, evitando a

necessidade de reintroduzir sucessivamente

os mesmos dados. Existem já ferramentas que

efetuam a avaliação da conformidade regula-

mentar de projetos. Nos anos mais recentes

têm sido desenvolvidas aplicações destinadas

a outras fases do processo construtivo, como

as que efetuam medições e orçamentos de

forma, em larga medida, automática.

Embora a variedade de usos potenciais para

a tecnologia BIM seja enorme, a escassa dis-

seminação atual destas ferramentas no meio

profissional merece reflexão.

PUB

Page 18: Construção Magazine 47

sistemas de informação na construção

16_cm

oBstáculos e oportuNIDaDes De

DeseNvolvIMeNto

A adoção em larga escala dos BIM depende de

diversos fatores, não necessariamente rela-

cionados com aspetos tecnológicos.

Um dos obstáculos reconhecidos por profis-

sionais do setor da construção que avaliam a

possibilidade de recorrer a ferramentas BIM

é justamente o facto de a sua utilização não

constituir a norma. Assim, a possibilidade de

garantir vantagens na partilha de informação,

um dos mais relevantes benefícios dos BIM, é

fortemente limitada. Esta questão, por vezes

designada de problema de cooperação, coloca-

se em diferentes domínios perante tecnologias

com potencial para se tornarem um padrão na

respetiva área: dado que a sua utilidade está

diretamente relacionada com a sua populari-

dade, os benefícios reconhecidos na adoção

destas tecnologias são por vezes pouco signi-

ficativos tendo em conta os respetivos custos.

Um outro obstáculo relevante prende-se com

a carência de formatos padrão no setor da

construção e, em particular, na construção na-

cional. Esta carência verifica-se, naturalmen-

te, na área específica dos BIM mas também

nas questões da padronização de cadernos

de encargos, no estabelecimento de regras

de medição, entre outras. A automatização

de tarefas depende claramente da definição

destas regras.

Para além de formatos padrão, é importante

que sejam também padronizados alguns pro-

cedimentos relacionados com a modelação

BIM. A obtenção automática de medições, por

exemplo, exige que as tarefas ligadas à mode-

lação sejam efetuadas de acordo com regras

com aceitação geral. Existem várias iniciativas

a nível internacional que têm resultado em

regras de modelação. Dadas as especificida-

des nacionais do setor da construção que se

traduzem, por exemplo, ao nível legal, não é

possível importar estas regras diretamente,

mantendo-se as características únicas do

setor em cada país.

Como se referiu anteriormente, o desenvol-

vimento na área dos BIM tem seguido um

percurso marcadamente do tipo top-down, em

que um conjunto limitado de entidades define

as regras que deverão ser adotadas pela comu-

nidade profissional. Esta estratégia permitiu

o desenvolvimento daquele que é o primeiro

formato de representação padrão, ainda que

ad-hoc, para a construção tendo em conta as

suas diversas valências, o IFC. Em contrapar-

tida, este esforço criou uma separação entre

as características do modelo proposto e as

exigências práticas da comunidade profissio-

nal atual, que se traduzem em larga medida

nos métodos de trabalho correntes.

Os próximos anos ser ão provavelmente

caracterizados por uma maior aproximação

destes percursos top-down e bottom-up. A

disseminação de ferramentas informáticas

comerciais cria o contexto adequado para a

necessária validação empírica do modelo IFC

por parte dos especialistas da construção e

convida-os a desenvolver os seus próprios

métodos e ferramentas BIM.

Considera-se que o papel de engenheiros e

arquitetos será essencial nesta fase, o que

obriga ao desenvolvimento e à difusão de um

conjunto de competências que não são tradi-

cionais na sua formação de base atual.

O papel das entidades ligadas ao ensino será

também fundamental. Devem adaptar-se aos

BIM, respondendo de acordo com uma visão

estratégica própria do perfil desejável dos

seus formandos.

Em alguns casos, será adequado encarar as

ferramentas BIM do ponto de vista do utiliza-

dor, procurando fornecer competências direta-

mente relacionadas com o uso de ferramentas

informáticas específ icas. Esta estratégia

pode encarar-se como uma simples evolução

do ensino tradicional do desenho assistido

por computador, adaptando-o, naturalmente,

às novas aplicações informáticas. Este perfil

será provavelmente o mais indicado para os

técnicos a introduzir no imediato nas empresas

de construção que não pretendam realizar um

esforço significativo em I&D ou que prefiram

realizar uma transição mais suave a partir das

práticas de trabalho atuais.

Nos casos em que se pretenda formar espe-

cialistas capazes de intervir no processo de

gestão da informação, avaliando os métodos

de trabalho correntes e propondo alterações,

deve ser exigido um perfil técnico distinto.

Nestas situações, para além das competências

técnicas específicas do domínio da constru-

ção, torna-se necessário que os especialistas

da construção possuam conhecimentos de

base nas áreas da gestão da informação

para a construção e da modelação de dados.

Para além deste tipo de competências que

deverão ser adquiridas preferencialmente no

âmbito do ensino pós-graduado, considera-se

essencial que os especialistas da construção

disponham de ferramentas informáticas que

> figura 2: Ferramenta web desenvolvida no âmbito do projeto SIGABIM.

Page 19: Construção Magazine 47

lhes permitam pesquisar e manipular ficheiros IFC, realizando

os seguintes tipos de tarefas:

– Pesquisar entidades na estrutura IFC usando linguagem

corrente, preferencialmente em língua portuguesa.

– Importar dados de ficheiros IFC para folhas de cálculo de

modo a permitir a automatização de tarefas sem o recurso a

linguagens e ambientes de programação.

– Editar a estrutura IFC, modificando o modelo de dados ofi-

cial, de modo a suportar os requisitos inerentes às tarefas a

realizar pela comunidade profissional. Por outras palavras,

criar as condições necessárias a um desenvolvimento do tipo

bottom-up do modelo IFC em complemento do atual esforço

top-down.

O grupo GEQUALTEC da Faculdade de Engenharia da Universi-

dade do Porto tem vindo a realizar trabalho de investigação

na área dos BIM, incluindo a análise de modelos e ferramentas

existentes e o desenvolvimento de métodos e aplicações infor-

máticas originais. Apresenta-se na Fig. 2, a título de exemplo,

uma ferramenta web desenvolvida no âmbito do projeto SIGABIM

com o objetivo de apoiar o ensino e a investigação na área dos

BIM por parte de especialistas da construção.

coNclusões

Os modelos de informação para a construção permitem repre-

sentar edifícios e seus componentes incluindo aspetos que vão

para além da sua geometria. É esta capacidade dos BIM para

gerirem informação acerca dos edifícios ao longo do seu ciclo

de vida que constitui a sua principal inovação e o seu mais re-

levante contributo para a gestão da informação na construção.

Apesar da crescente variedade de potenciais usos para os BIM

ao longo do processo construtivo, a sua disseminação entre

os profissionais da construção é ainda relativamente escassa.

O papel dos especialistas do setor da construção é fundamen-

tal para o desenvolvimento futuro dos BIM, não só através da

validação empírica dos formatos padrão e ferramentas existen-

tes, mas também pelo desenvolvimento de novos usos para a

informação que compõe estes modelos. É importante que estes

profissionais disponham das competências e ferramentas

necessárias para o efeito.

RefeRências

– Grieves, M. (2006). Product Lifecycle Management. Nova Iorque,

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PUB

Page 20: Construção Magazine 47

16_ 2318_ 23

No final de 2009, dada a envergadura do pro-

jeto, a multiplicidade de agentes envolvidos

nos processos de conceção, fiscalização e

construção, o grande volume de informação

técnico-económica, a necessidade de moni-

torizar os processos em concurso e de me-

lhorar a qualidade técnica das intervenções,

associados ainda a uma alteração significativa

no enquadramento legislativo com a portaria

701-H/2008 e o novo Código para Contratação

Pública, a Parque Escolar EPE estabeleceu com

o Consórcio ProNIC (Protocolo para a Normali-

zação da Informação Técnica na Construção)

um contrato de prestação de serviços de inves-

tigação e desenvolvimento para adaptação da

metodologia ProNIC ao programa nacional de

modernização dos equipamentos escolares.

1. O prOjetO prONIC

Este projeto de investigação e desenvolvi-

mento visa a criação de um conjunto integrado

e sistematizado de conteúdos técnicos e

A Parque Escolar EPE tem por objeto o pla-

neamento, a gestão, o desenvolvimento e a

execução do Programa de Modernização do

Parque Escolar destinado ao Ensino Secun-

dário e assenta em três linhas fundamentais:

– A recuperação e modernização dos edifícios;

– A abertura da escola à comunidade;

– A criação de um sistema eficiente e eficaz

de gestão dos edifícios.

Em março de 2007, quando iniciou a sua

atividade, a Parque Escolar tinha por meta a

concretização de intervenções em 332 escolas

até 2015.

O Programa desenvolve-se em várias fases:

– A Fase 0 incluiu intervenções em 4 escolas

piloto: duas no Porto e duas em Lisboa;

– A Fase 1, que inclui intervenções em 26

escolas distribuídas na zona Norte, região

de Lisboa e Alentejo;

– As Fases 2 e 3 do Programa, contemplam

obras de modernização em 175 estabele-

cimentos de ensino espalhados de Norte a

Sul do país.

18_cm

funcionalidades informáticas de articulação,

gestão e interface com os utilizadores durante

as várias fases do processo construtivo que

possa constituir um referencial para o setor

da construção portuguesa.

A primeira fase do projeto ProNIC foi aprovada

no âmbito do Programa Operacional Sociedade

do Conhecimento (POSC) e teve como entidades

promotoras a DGEMN (Direção Geral dos Edifí-

cios e Monumentos Nacionais), o INH (Instituto

Nacional da Habitação), posteriormente desig-

nado de IHRU (Instituto da Habitação e Reabi-

litação Urbana) e a EP (Estradas de Portugal).

O desenvolvimento do trabalho técnico do

ProNIC é assegurado por um consórcio, criado

para o efeito, no qual participam o Instituto da

Construção (IC-FEUP), o Laboratório Nacional

de Engenharia Civil (LNEC) e o Instituto de

Engenharia de Sistemas e Computadores do

Porto (INESC-Porto).

O desenvolvimento visou duas grandes áreas

da construção:

– Os Edifícios (Construção Nova e Reabilitação);

– As Infraestruturas Rodoviárias.

parque escolar – um caso prático da aplicação pronicSara de Sá Caetano, Parque Escolar, [email protected]

sistemas de informação na construção

LICEU PASSOS MANUEL

Page 21: Construção Magazine 47

cm_19

> 1

2. ObjETIvOS DO SISTEMA PRONIC NA

PARqUE ESCOLAR

A celebração do contrato entre a Parque Esco-

lar EPE e o Consórcio ProNIC, em novembro de

2009, marca uma nova fase deste projeto de

investigação e desenvolvimento e do Progra-

ma de Modernização do Parque Escolar desti-

nado ao Ensino Secundário, constituindo-se

uma parceria para concretização de um projeto

de investigação aplicada, de grande escala e à

escala nacional.

São objetivos fundamentais deste projeto:

– A viabilização da utilização em ambiente

real da aplicação ProNIC, através da sua

implementação nos processos das obras

em curso e a promover pela Parque Escolar

EPE, designadamente na geração de conte-

údos normalizados e de elevada fiabilidade

técnica, organizados segundo matrizes de

enquadramento de aplicação generalizada;

– O desenvolvimento da componente técnica

do projeto relativa à reabilitação de edifícios;

– O desenvolvimento e teste de metodologias

e funcionalidades destinadas à monitoriza-

ção de projetos públicos de investimento

imobiliário em matéria de controlo econó-

mico da fase de produção e também da fase

de utilização, por via da aplicação efetiva

destas ferramentas ao “Programa de Mo-

dernização do Parque Escolar”.

A aplicação da ferramenta ProNIC visa:

– Contribuir para a melhoria da qualidade na

construção, criando uma referência sobre

as melhores práticas, corretas especifica-

ções técnicas dos trabalhos da construção

e integração das várias fases do processo

construtivo;

– Potenciar a redução de custos na fase de ela-

boração e análise de Cadernos de Encargos;

– Induzir uma significativa redução de custos

e de incerteza na fase de orçamentação;

– Reduzir erros de interpretação dos docu-

mentos de concurso e projeto, minorando

os custos da não qualidade e o peso dos

trabalhos a mais;

– Simplificar a gestão de empreitadas e su-

bempreitadas;

dades de trabalhos destas escolas permitiu

fazer uma análise técnica prévia, originando al-

terações e adaptações ao modelo preconizado.

Esta adaptação na estrutura de classificação

da informação foi realizada de forma a melho-

rar os modelos de gestão e de organização

da informação para as obras da 3ª Fase do

Programa (Figura 2).

O modelo de Obra definido pela Parque Escolar

para as escolas da Fase 3, integra as unidades

de construção e as 25 especialidades de pro-

jeto (ver Figura 3).

A ferramenta ProNIC é constituída por uma

base de dados de conhecimento sobre os

trabalhos de construção e por um conjunto de

funcionalidades informáticas que permitem a

gestão, manuseio e articulação dos conteúdos

de uma forma versátil e intuitiva, podendo ser

utilizada pelos diferentes agentes do processo

– Aumentar a eficiência da gestão através da

criação e disponibilização de indicadores

técnicos e económicos apropriados.

Com a adoção do sistema ProNIC, a Parque

Escolar pretendeu desenvolver um conjunto

sistematizado e integrado de conteúdos técni-

cos de referência e de utilização generalizada

para o setor da Construção, nomeadamente

para as escolas integradas no programa.

3. SObRE A PLATAFORMA PRONIC

Numa fase inicial, e de modo a testar os mode-

los de organização das obras de reabilitação de

edifícios escolares, foram selecionadas como

exemplo pela Parque Escolar duas escolas da

Fase 2. O carregamento dos mapas de quanti-

> Figura 1: Transversalidade ProNIC.

> Figura 2: Modelo Parque Escolar – Estrutura de desagregação da informação em 12 capítulos.

> 2

Page 22: Construção Magazine 47

sistemas de informação na construção

20_cm

> 3

construtivo (Figura 4).

A base de dados inclui a informação técnica

que permite gerar:

– Articulados detalhados para a criação de

Mapas de Trabalhos e quantidades (MTq);

– Fichas de Execução de Trabalhos;

– Fichas de Materiais;

– Estimativas Orçamentais com base em

preços de referência e em fichas de custos

e rendimentos (Figura 5).

As fichas de execução de trabalhos e as fichas

de materiais são geradas automaticamente,

em função do articulado de trabalhos criado,

e obedecem a uma estrutura de organização

comum, incluindo os conteúdos que dão corpo

às Especificações Técnicas dos Cadernos de

Encargos. Estes conteúdos refletem a apli-

cação da normalização nacional e europeia

atualizada e as boas práticas de construção,

integrando critérios de medição e disposições

sobre segurança e manutenção (Figura 6).

Para além da geração desta informação

técnica, o ProNIC disponibiliza um conjunto

de outras funcionalidades complementares

e de apoio ao trabalho aos diversos tipos de

utilizadores, designadamente:

– Possibilidade de agregação de elementos

externos – peças desenhadas e escritas do

projeto, estudos e reconhecimentos, docu-

mentação técnica, modelos de documentos,

etc – permitindo a organização estruturada

e integrada de processos de obra;

– Elaboração de medições detalhadas com

a importação automática dos valores das

quantidades dos artigos para os MTq;

– Desagregação da informação em diferentes

níveis para facilitar processos de consulta a

subempreiteiros e fornecedores;

– Possibilidade de efetuar comparação de pro-

postas de concorrentes em diferentes obras;

– Atualização da base de dados de preços de

referência, com base na retro informação

obtida a partir das obras tratadas no ProNIC

(só possível quando existe uma estandardi-

zação e codificação uniforme dos trabalhos

de construção).

> Figura 3: Modelo Parque Escolar – Modelo de Obra.

> Figura 4: Elementos de informação e sua articulação.

> Figura 5: Elementos de informação.

> 5

> 4

Page 23: Construção Magazine 47

4. IMPLEMENTAçãO DO PROjETO PRONIC

NA PARqUE ESCOLAR

4.1. Ações de divulgação e formação

As ações de divulgação e formação da aplica-

ção ProNIC aos projetistas contratados pela

Parque Escolar para as escolas da Fase 3 foram

iniciadas em dezembro de 2009. Programa-

ram-se duas grandes ações de divulgação e

delineou-se um programa de formação dirigido

aos projetistas e seus colaboradores. Nestas

ações estiveram envolvidos 600 projetistas de

150 gabinetes de projeto. As sessões incluíram

também abordagens aos fundamentos técni-

cos dos conteúdos.

4.2. Dificuldades na implementação do

projeto ProNIC

A implementação do ProNIC na Parque Escolar

foi um processo complexo, em resultado de

um conjunto de diversos de fatores. Durante

o primeiro trimestre de 2010, evidenciaram-

se algumas debilidades do programa, desde a

lentidão de resposta na inserção e visualização

do articulado, até à inexistência de alguns

conteúdos chave. As f ichas de trabalho e

materiais associadas aos artigos não estive-

ram de imediato disponíveis aos projetistas e

também não existia um manual de utilização

do programa. A normalização e o rigor, este

> 6

traduzido pela necessidade de uma melhor e

mais completa especificação de materiais e

soluções, obrigavam à formação e ao estudo

dos projetistas, traduzindo-se num esforço

inicial importante.

A conjugação das lacunas e insuficiências

exibidas inicialmente pelo ProNIC, com os pra-

zos de execução dos projetos e as inevitáveis

derrapagens nestes processos, consubstan-

ciaram uma acumulação de dificuldades na

sua aplicação, gerando resistências por parte

dos intervenientes.

Perante este cenário, a Parque Escolar e o

Consórcio ProNIC, intensificaram as ações de

formação, mobilizando de imediato equipas

móveis de apoio aos projetistas e promovendo

o rápido melhoramento do programa, quer ao

nível informático (funcionalidades e facilidade

de operação), quer ao nível dos conteúdos.

4.3. Necessidades específicas da

Parque Escolar

As ações desenvolvidas conduziram a uma

notável evolução do ProNIC. Em dezembro de

2009, o ProNIC apenas permitia a geração do

articulado para as diversas especialidades

de projeto. Contudo, a necessidade de lança-

mento de concurso da 3ª fase do Programa, a

partir do primeiro semestre de 2010, obrigou à

implementação de novas funcionalidades. Foi

necessário, em particular, definir e disponibi-

lizar todo o repositório documental do Projeto

de Execução e do respetivo workflow de subs-

crição, entrega e validação dos processos. Foi

realizada a interface e integração da platafor-

ma ProNIC com uma plataforma de contratação

eletrónica e foram desenvolvidos e integrados

na ferramenta todos os procedimentos de tra-

mitação de concurso público, designadamente

os processos de “Esclarecimentos” e de “Erros

e Omissões”.

Ao longo do ano de 2010, foram continuamente

implementadas várias melhorias das funcio-

nalidades operativas destinadas a agilizar o

trabalho dos utilizadores.

A utilização do ProNIC em contexto real foi

decisiva para o incremento da maturidade

do programa, sendo essencial o contributo

contínuo dos projetistas e a par ticipação

ativa das diversas áreas da Parque Escolar na

especificação dos novos desenvolvimentos.

Estabilizado o módulo relativo ao projeto,

desde a conceção ao lançamento de concurso

e tramitação processual, a Parque Escolar e o

Consórcio ProNIC concentraram os seus es-

forços no desenvolvimento de novos módulos

orientados para a gestão das empreitadas.

Em março de 2011, foi disponibilizado o módulo

de gestão dos autos de medição mensal que

permite à Parque Escolar e às fiscalizações fa-

> Figura 6: Estrutura comum de organização das especificações

Page 24: Construção Magazine 47

22_cm

> 7

zer uma gestão mais eficiente da empreitada.

Neste módulo foram desenvolvidos mecanis-

mos de controle e validação, tendo sempre

como objetivo prioritário minimizar erros e

permitir um maior controle de desvios de

custos e prazos.

Em setembro de 2011 foram disponibilizados

os módulos relativos a Ordens de Execução,

contratos de Adicionais, Autos de Adicionais e

repositório de elementos adicionais ao projeto.

4.4. Resultados e benefícios esperados

na Parque Escolar

Após dois anos de utilização da metodologia Pro-

NIC, é possível listar um conjunto de benefícios e

resultados obtidos pela utilização da plataforma

nas várias fases dos processos relativos à Fase

3 do Programa de Modernização do Parque Es-

colar Destinado ao Ensino Secundário.

Na fase de conceção, foi decisivo para uma me-

lhor e mais eficiente coordenação do projeto, o

facto de toda a equipa – projetistas e Parque

Escolar estarem a trabalhar numa plataforma

colaborativa, permitindo o desenvolvimento

do seu trabalho sobre a mesma base – o mapa

de trabalhos.

A monitorização constante dos processos

permitiu à Parque Escolar um acompanha-

mento mais efetivo da evolução dos projetos,

em relação à organização a eventuais desvios

orçamentais.

> Figura 7: Resumo das principais funcionalidades do ProNIC.

> Figura 8: Modelo de organização da documentação de acordo com a legislação vigente.

sistemas de informação na construção

> 8

Page 25: Construção Magazine 47

O desenvolvimento do repositório documental

foi essencial para garantir a uniformização na

instrução dos projetos, evitando a falta de do-

cumentos fundamentais. Realça-se o facto de

ter sido desenvolvido um mecanismo integra-

do para assinar digitalmente a documentação

gerada pelo ProNIC.

Na fase de contratação, tornando-se obriga-

tório o lançamento dos concursos públicos

atr avés de plataformas de contr atação

eletrónica, foi decisivo o mecanismo de

integração desenvolvido, agilizando o envio

dos processos para concurso. Foram dis-

ponibilizados mecanismos para uma mais

eficiente gestão dos processos a montante,

durante e após concurso por parte da Parque

Escolar, nomeadamente verif icações, tra-

mitação e agilização do envio de elementos

dos projetos.

Na fase de execução das obras, a gestão das

empreitadas e subempreitadas foi facilitada

pela flexibilidade na geração de documentos.

PUb

A geração automática dos modelos de autos

de medição e os mecanismos de controle

desenvolvidos e implementados conduziram

a um ganho de eficência.

Foram disponibilizados mecanismos de rece-

ção, validação e fecho dos autos mensais. A

ferramenta permite ainda gerar documentos

em formato “pdf” assinados pelos três in-

tervenientes – Adjudicatário, Fiscalização e

Parque Escolar.

Relativamente ao repositório documental, foi

desenvolvido um módulo que permite a agre-

gação de novos elementos ou a substituição

de peças obsoletas aos processos.

Foram recentemente disponibilizados os mó-

dulos para a instrução de Ordens de Execução,

formalização de Adicionais e emissão dos

respetivos autos, sendo igualmente possível

a emissão da “Conta Final” e “Relatório Final”,

como conclusão do processo de gestão da

empreitada.

A informação das diversas obras permite a

elaboração de relatórios detalhados com a

definição de indicadores económicos ao nível

da especialidade, capítulo ou unidade de cons-

trução, sendo também possível a definição de

preços de referência.

A participação permanente da Parque Escolar

foi essencial no desenvolvimento do ProNIC,

realçando-se também o esforço e a partici-

pação ativa dos diversos intervenientes dos

processos – projetistas, medidores e fiscali-

zações - indispensáveis para concretizar os

objetivos fundamentais da empresa nas diver-

sas etapas dos processos das obras da Fase 3.

Graças ao empenho e profissionalismo das

diversas competências da Parque Escolar,

através da partilha de conhecimento e experi-

ência, foi possível moldar a ferramenta ProNIC

às necessidades da empresa, obtendo óbvios

ganhos de eficácia.

O ProNIC é uma mais-valia decisiva na ope-

ração logística e administrativa da Parque

Escolar.

Page 26: Construção Magazine 47

24_ 28

um indicador, isto é, um parâmetro que reflete

um aspeto da atividade das empresas – por

exemplo: liquidez, rentabilidade, satisfação

do cliente, cumprimento de custo.

A análise de benchmarking ordena as empre-

sas em função do resultado obtido no indica-

dor, desenhando um gráfico que possui, no eixo

das ordenadas, os valores do indicador e, nas

abcissas, uma escala de 0-100%. Cada empre-

sa, sabendo seu o resultado, pode intersetar a

curva com a linha horizontal correspondente e

determinar qual o seu benchmark, que indica a

percentagem de empresas que fazem parte do

universo analisado que obtiveram um resulta-

do igual ou inferior ao seu (Fig.1).

Como se pode verificar, um dos aspetos mais

BENCHMARKING – OS CONCEITOS

É corrente encontrar a menção que os re-

sultados de uma dada empresa definem o

“benchmark” no seu ramo de atividade. Esta

afirmação pode levar a encarar a análise de

benchmarking como se se tratasse de um

“ranking” de empresas, em que algumas se

destacam pelo seu sucesso e outras estão

no outro extremo. Umas são boas e outras

são más.

O benchmarking não tem – não deverá ter –

esse objetivo, de catalogar as empresas. É um

processo estatístico, simples na sua formu-

lação, em que se visualiza o desempenho de

um universo de empresas medido através de

24_cm

importantes, uma análise de benchmarking

é completamente confidencial. Na curva não

é identificada nenhuma empresa e o desem-

penho de cada uma só por esta é conhecido.

Agrega num único registo as componentes

quantitativa – qual a rentabilidade, qual o nível

de satisfação dos clientes – e qualitativa –

quantos concorrentes fazem melhor ou pior.

O reflexo desta informação na empresa ficará

a cargo dos seus gestores uma vez que as

razões para resultados similares podem ser

muito diversas, bem como os objetivos em-

presariais. Não existe o anátema de alguns

rankings com identificação nominal em que

várias das entidades analisadas se mantêm

sucessivamente nos postos mais baixos,

mesmo com esforços na melhoria do desem-

penho mas cujo resultado é condicionado por

circunstâncias fora do seu controlo.

Uma análise de benchmarking levanta, no

entanto, um problema: para que as curvas obti-

das sejam, realmente, uma radiografia credível

de uma indústria, essas curvas deverão ser

obtidas a partir dos dados originários de uma

amostra alargada do universo de empresas

que o compõem. Este é um obstáculo que se

tem revelado difícil de ultrapassar limitando

os benefícios possíveis de retirar deste maior

conhecimento sobre o modo como uma indús-

tria opera.

sistemas de informação na construçãobenchmarking na indústria da construçãoJorge Moreira da Costa, Professor Associado, GEQUALTEC, DEC, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto, [email protected]

Mónica Santos, MSc Engenharia Civil, Bolseira de Investigação, GEQUALTEC, DEC, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto, [email protected]

Isabel Horta, Engenheira Civil, PhD Engenharia Industrial e Gestão, GEQUALTEC, DEC, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto, [email protected]

Henriqueta Nóvoa, Professora Auxiliar, INEGI, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto, [email protected]

Miguel Fernandes, MSc Engenharia Informática, INEGI, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto, [email protected]

Nuno Almeida, MSc Engenharia Informática, INEGI, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto, [email protected]

> Figura 1: Exemplo de curva de benchmarking.

> 1

Page 27: Construção Magazine 47

cm_25

> 2

EXPERIÊNCIAS DE BENCHMARKING NA

INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO

A preocupação com a avaliação do desem-

penho empresarial e do nível de qualidade

do produto teve a sua génese em ambientes

industriais clássicos, cuja atividade se desen-

rola em condições mais controladas e estáveis

e cuja produção é repetitiva e em ciclos de

relativa pequena duração. Abordagens como a

TQM Total Quality Management, produção Lean,

certificações ISO e o benchmarking surgiram,

inicialmente, em indústrias de produção em

série.

A Indústria da Construção (IC) sempre se olhou

como um caso à parte: produz protótipos, tem

um ciclo de produção longo e o seu resultado

dura décadas, não é renovado cada 5 ou 10

anos como um computador ou um automóvel.

Mas exatamente por esta característica é

responsável pela colocação no meio ambiente

de elementos de enorme longevidade, grande

impacto urbano (e, frequentemente, social),

além de requererem meios financeiros apre-

ciáveis. Construir um edifício, uma ponte, uma

ETAR, custa muito dinheiro e envolve o trabalho

direto e indireto de muitas pessoas.

Foi esta visão e a consciência da falta de

preocupação dos agentes da IC em relação à

satisfação dos seus clientes que foi retratada

no relatório Rethinking Construction, de 1998.

Este relatório é uma reflexão profunda sobre

a IC britânica, apresentada por um grupo de

trabalho que, ao contrário de outras iniciativas

similares, foi constituído não por membros da

indústria mas por representantes de grandes

clientes da mesma. Entre várias observações

e propostas avançadas, duas mereceram

destaque especial: (i) a necessidade da IC

se preocupar mais com os seus clientes,

informando-os (“educate them”, no original)

para que estes possam ser mais exigentes e

escolher com mais conhecimento e (ii) definir

processos de avaliação do desempenho, es-

tabelecer indicadores e objetivos para a sua

melhoria e estabelecer processos de recolha

de dados, análise e divulgação de resultados.

e ela era tratada automaticamente e produzia

as curvas de benchmarking em tempo real.

O resultado desta fase de teste deu origem a

uma publicação de divulgação relativamente

restrita mas a abertura da plataforma à gene-

ralidade das empresas, prevista no protocolo,

não foi possível de concretizar.

Entretanto, a Constructing Excellence criou,

igualmente, uma plataforma web similar,

de adesão voluntária (www.kpizone.com),

mantendo a publicação anual dos KPI’s da

IC britânica. No entanto constatou-se que o

número de empresas que contribuem para

as análises de benchmarking britânicas é

relativamente reduzido, podendo questionar-

se se representam um efetivo diagnóstico

da indústria. Apenas como exemplo, no único

relatório que explicita o universo de análise

(setor dos Consultores, 2004), os resultados

foram obtidos a partir de 210 respostas entre

8000 inquéritos distribuídos.

A PLATAFORMA ICBENCH

A IC, em qualquer país, engloba empresas de

dimensão muito diversa com nível de gestão

igualmente muito variável. A experiência dos

KPIs britânicos demonstra que mesmo num

contexto com maior tradição na recolha regular

de informação sobre a atividade produtiva e de

iniciativas de cooperação empresarial, como é

o Reino Unido, conseguir disponibilidade das

empresas para contribuir voluntariamente

para uma investigação mais profunda sobre

as forças e fraquezas do seu setor não é fácil.

Com estas ideias em mente foi possível rea-

tivar a plataforma icBench em 2010 (Fig.2),

com base num novo protocolo entre o InCI e

a FEUP, no qual se estabeleceram dois níveis

de abordagem da análise de benchmarking:

(i) um Nível 1, destinado a todas as empre-

sas construtoras com alvará, no qual são

analisados 6 indicadores económico-finan-

ceiros que utilizam a informação que o InCI

possui, pelo que não é necessária qualquer

intervenção por parte das empresas;

Uma das medidas implementadas na se-

quência deste estudo consistiu na criação

de um sistema de recolha e tratamento de

informação económica e operacional relativa

à atividade das empresas da IC – construtores,

consultores e produtores de materiais - que

permitiu o estabelecimento de um conjunto

de KPI’s Key Performance Indicators e a sua

publicação anual. Este projeto iniciou-se

em 1999 e é, atualmente, coordenado pelo

organismo Constructing Excellence (www.

constructingexcellence.org.uk).

Outras iniciativas semelhantes foram desen-

volvidas em vários países: nos EUA o Cons-

truction Industry Institute (CII) Benchmarking

and Metrics Programme (http://www.cons-

truction-institute.org), no Brasil o Sistema de

Indicadores para Benchmarking na Construção

Civil (http://www6.ufrgs.br/norie/), no Chile

o Sistema Nacional de Benchmarking para el

Setor Construcción - Corporation de Desarrolo

Tecnológico, na Dinamarca o DEN (http://www.

byggeevaluering.dk/). Em Portugal o IAPMEI

possui um programa de Benchmarking e

Boas Práticas (http://www.iapmei.pt/iapmei-

bmkindex.php), embora não especificamente

dirigido para a construção.

Entre todos estes projetos, apenas o britânico

tem mostrado sustentabilidade e sequência.

Vários dos outros atrás mencionados já encer-

raram ou mantêm-se praticamente inativos.

Em 2005 foi estabelecido um protocolo entre

o IMOPPI, antecessor do InCI, e a FEUP com o

objetivo de criar um modelo adaptado à IC por-

tuguesa. Este projeto foi delineado de modo que,

ao invés da abordagem britânica da altura base-

ada em suporte físico, a recolha e tratamento da

informação fosse feita numa plataforma web.

Nasceu, assim, a plataforma icBench – Ben-

chmarks da Indústria da Construção, que foi

desenvolvida pela FEUP e testada por um grupo

de 30 empresas entre 2006 e 2007. O objetivo

era, essencialmente, definir o modelo, estabe-

lecer os indicadores mais interessantes, tanto

no ponto de vista da entidade reguladora como

das empresas, e efetuar um teste de robustez

em que as empresas introduziam a informação

> Figura 2: Página de entrada da plataforma icBench (www.icbench.net).

Page 28: Construção Magazine 47

sistemas de informação na construção

26_cm

> 3

(ii) um Nível 2, este já de adesão voluntária, que englobará outro grupo

de indicadores relacionados com informação que apenas as empre-

sas possuem, como Satisfação do Cliente, Desvio de Prazo e Custo,

Propostas com sucesso, entre outras.

A vantagem do Nível 1 é evidente: com base na informação InCI é possível

efetuar um diagnóstico de TODO o setor dos construtores em relação ao

seu desempenho económico-financeiro, podendo sustentar decisões

estratégicas do regulador e das associações empresariais.

Os 6 indicadores que foram possíveis de definir, limitados pelo detalhe

da informação disponível, surgem no Quadro 1. Como já referido, estes

indicadores são de perfil exclusivamente económico, mas traduzem

aspetos relevantes da atividade da empresa e sinalizam níveis de

eficiência em áreas cruciais.

A plataforma ficou online em novembro de 2011 em simultâneo com o

envio por via postal pelo InCI, para todas as empresas com alvará, das

suas credenciais de acesso à sua zona reservada. Nesta, além de dados

gerais da empresa e dos seus benchmarks relativos a 2008 e 2009 cor-

respondentes aos resultados globais da sua classe, podem ainda avaliar

o seu desempenho em relação a outras classes ou empresas com sede

num distrito específico (Figs. 3 e 4). Um gráfico de radar englobando

todos os indicadores está igualmente disponível.

Cada empresa acede unicamente às curvas gerais e aos seus resultados

individuais, não sendo possível identificar nenhuma empresa especí-

fica. É um processo totalmente reservado e, tanto quanto foi possível

investigar a nível nacional e internacional, trata-se da primeira vez que

um setor industrial desta dimensão é radiografado na sua totalidade.

Os resultados obtidos não correspondem a uma extrapolação de uma

amostra, foram obtidos a partir dos dados de todas as empresas cons-

trutoras com alvará.

PRIMEIROS RESULTADOS GLOBAIS ICBENCH

A análise dos dados de 2009 resultou, conforme já referido, num rela-

tório disponível nas páginas do InCI www.inci.pt (Estudos e Relatórios

Setoriais) ou www.icbench.net (Biblioteca). Entre os 6 indicadores

estudados o I1.01 – Índice de Produtividade merece um primeiro

comentário mais alargado, pelo reflexo que traduz em relação à atual

situação da indústria.

Na maioria dos casos em que se analisa a Produtividade, esta é definida

como a relação entre a Produção – medida, por exemplo, pelo Volume de Ne-

gócios da empresa – e os Fatores de Produção, isto é, os meios utilizados.

No caso particular da IC, tendo em conta os dados disponíveis e os critérios

seguidos pelo InCI, a produção pode ser medida através do parâmetro VNO

Volume de Negócios em Obra; em relação aos fatores de produção, sendo

a construção uma indústria com recurso a mão de obra intensiva, fará

sentido utilizar a dimensão dos recursos humanos como denominador.

> Figura 3: icBench – Avaliação interna de empresa / Índice de Produtividade.

> Figura 4: icBench – Benchmark de comparação com o mercado / Índice de Produtividade e Rentabilidade.

> 4

> Quadro 1: icBench – Nível 1: Indicadores contemplados.

Page 29: Construção Magazine 47

No entanto, dados atualizados relativos a este

último parâmetro são apenas do conhecimento

das empresas uma vez que no processo de pedi-

do de alvará apenas é necessário identificar os

trabalhadores correspondentes às exigências

mínimas da classe; assim, muito provavelmente

a real dimensão do corpo técnico e trabalhador

das empresas será diversa da registada no InCI

podendo levar a conclusões incorretas.

Tendo estas condicionantes em conta mas não

pretendendo prescindir de uma análise que

refletisse o modo como a indústria se encontra

a operar e o efeito das mais recentes alterações

de conjuntura económica, decidiu-se definir um

Índice de Produtividade em que o VNO é compa-

rado com o valor médio da gama de classe, ou

seja, o valor intermédio entre o limite superior

da classe de alvará de cada empresa e o limite

da classe imediatamente abaixo. Este processo

alinha-se com a regra definida pelo InCI para a

manutenção de alvará – VNO médio nos três

últimos anos igual ou superior a 50% do limite

da classe inferior – seguindo o princípio que uma

empresa, preferencialmente, deverá realizar

trabalhos correspondentes à sua faixa de alvará.

O modo como o Índice de Produtividade (IP) é

determinado consta do Quadro 2.

Os gráficos de benchmarking resultantes po-

dem ser consultados no relatório referido. Os

correspondentes às classes 5 e 9 apresentam-

se na Fig. 5. Estes gráficos contemplam ape-

nas a gama 10-90%, uma vez que se verificou

que as empresas situadas nos extremos do

universo (0-10% e 90-100%) apresentavam

valores fora de escala, dificultando a perceção

da distribuição geral do desempenho.

Os resultados traduziram um cenário de que

se pressentia mas que, deste modo, foi eviden-

ciado. Usando o benchmarking para analisar o

desempenho de todas as empresas com alvará

válido e cuja informação registada permitiu a

quantificação do Índice de Produtividade (um

universo de 21.004 empresas), dividindo estas

pelas suas classes respetivas, concluiu-se que

(ver Quadro 3):

– Para a maioria das classes, metade das

empresas apenas consegue realizar um

VNO anual correspondente a pouco mais

do valor limite por contrato que o seu alvará

permite (IP entre 1,1 e 1,6);

– As exceções correspondem às classes 1, 8

e 9 mas, mesmo nestas, o VNO mantém-se

muito limitado;

– Cerca de 6% das empresas encontravam-se

em situação potencial de incumprimento

dos requisitos de permanência na classe,

com especial incidência nas classes (inter-

médias) onde esta percentagem sobe para

a vizinhança dos 10%;

– Se ainda subsistiam algumas dúvidas sobre

o sobredimensionamento empresarial do

setor dos construtores da IC portuguesa,

essa questão parece respondida.

Um segundo indicador importante é I1.02 –

Rentabilidade que, na abordagem icBench,

utiliza o parâmetro EBITDA (Earnings before

interest, taxes, amortization and depreciation)

de acordo com o estabelecido no Quadro 4.

As curvas correspondentes às classes 5 e 9

encontram-se na Fig. 6.

Estes resultados, confirmados pelos corres-

pondentes às restantes classes, demonstram

que o valor mínimo de RENT está próximo de 0%,

enquanto os valores máximos se estabelecem

na casa dos 35 50% para as classes mais bai-

xas (1-5), reduzindo-se nas classes mais altas,

até cerca de 15% para a classe 9.

Este facto merecerá atenção à medida que

dados mais recentes estejam disponíveis

para tratamento, uma vez que revela que as

empresas de menor dimensão e, em particular,

as de dimensão média (classes 3-5) parecem

> Quadro 2: icBench – Índice de Produtividade.

> Quadro 4: icBench – Rentabilidade.

> Quadro 3: IP para Benchmark de 50% e número de empresas em risco de descida de classe.

Page 30: Construção Magazine 47

28_cm

ter uma maior capacidade de criar sistemas

produtivos com maior rentabilidade. À medida

que a dimensão dos contratos aumenta, o nível

de rentabilidade reduz-se consideravelmente.

NOTAS FINAIS

A plataforma icBench ambiciona tornar-se

num referencial de diagnóstico regular da IC

portuguesa. Ao utilizar dados que abrangem a

totalidade das empresas construtoras, a sua

análise do desempenho económico traduz uma

radiografia completa do setor, sendo informa-

ção essencial para os seus gestores, para o

regulador e para as associações empresariais.

Espera-se que, em breve, seja possível apre-

sentar os resultados relativos a 2010; depen-

dendo dos dados que estiverem disponíveis

poderá ser possível definir mais indicadores

ou aperfeiçoar os existentes.

Este Nível 1 de benchmarking, que será sempre

disponibilizado a todas as empresas, irá servir

de base para o lançamento de um segundo

nível, mais direcionado para empresas de clas-

ses mais elevadas e com nível de gestão mais

desenvolvido, que serão desafiadas a contribuir

para uma base de dados com informação mais

específica mas que permitirá uma análise em

outros prismas relevantes e a sua comparação

com outros países, nomeadamente Reino Unido.

Mas se parece lógico que este nível mais

avançado se concentre nas empresas de

maior dimensão – até pela influência que estas

possuem na sustentabilidade do mercado pela

subcontratação de empresas mais pequenas

– os resultados obtidos com os dados de 2008

e 2009 revelam que existem empresas com

desempenho muito interessante em quase

todas as classes.

Se observarmos as curvas de todos os indi-

cadores verificamos que na faixa de bench-

marking de 70-100% surgem empresas com

resultados duas, três vezes melhores que os

obtidos no benchmark de 50%. Isto é, existem

empresas que conseguem ultrapassar as

dif iculdades e encontrar estratégias para

uma atividade sustentável. E, de salientar, as

empresas que demonstram essa maior capa-

cidade, em que as curvas surgem com declives

mais acentuados – logo maior crescimento

relativo do desempenho – são as médias, das

classes 3-6.

Outro desafio será a ampliação desta platafor-

ma para outros setores da IC, nomeadamente

Consultores. Ao contrário dos construtores,

em que se possui um registo de dados para o

benchmarking de primeiro nível, a área da con-

sultoria na construção não possui essa parti-

cularidade. No mercado competem empresas

de diversas dimensões com profissionais

ou grupos de profissionais independentes,

sendo difícil transpor o modelo idealizado

de forma direta. Mesmo assim, e tendo em

conta a qualidade do trabalho dos consultores

portugueses que começa a ser ainda mais

reconhecido internacionalmente, será uma

evolução natural e importante para a IC, pelo

que constituirá um dos principais objetivos a

curto prazo deste projeto.

Como conclusão poderá fazer-se um paralelo

com o efeito que as TI estão a ter na sociedade

através da disponibilização e partilha de infor-

mação sobre quase tudo. Atualmente quase

ninguém compra um produto ou escolhe um

hotel sem pesquisar, na web, opiniões de quem

já o usa ou experimentou. Em concursos para

a seleção de um construtor, um consultor, o

conhecimento do nível de desempenho dos

concorrentes irá começar a ser ainda mais

relevante se suportado por um modelo de

análise independente e abrangente. E, no caso

da IC, poderá permitir que as boas empresas e

profissionais possam demonstrar a eficiência

do seu trabalho e manter-se no mercado. A

indústria da construção portuguesa tem de se

redimensionar e o benchmarking pode indicar

como o deverá fazer.

RefeRências

– Rethinking Construction, The Construction Task Force. DTI, UK, 1998. Acessível em http://www.constructin-gexcellence.org.uk/pdf/rethinking%20construction/rethinking_construction_report.pdf

– icBench – Resultados 2005. Jorge Moreira da Costa e Isabel Horta. FEUP/IMOPPI/ADI, Porto, 2006. ISBN 978-972-752-088-

– Indicadores 2009 – Construtores. Jorge Moreira da Costa. FEUP/InCI, 2011. Acessível em http://www.icbench.net/biblioteca#tab0

> Figura 5: icBench – Benchmarking do Índice de Produtividade: classes de alvará 5 e 9.

> Figura 6: icBench – Benchmarking da Rentabilidade: classes de alvará 5 e 9.

sistemas de informação na construção

> 5 > 6

Page 31: Construção Magazine 47

29_ 32

e reavaliação dos fornecedores; a informação

de compra descreve o produto a ser compra-

do; declaração, na informação de compra,

as disposições de verificação pretendidas e

o método de entrega do produto e mapa de

fornecedores e subempreiteiros consultados.

Contudo, nem todas as entidades compra-

doras (empreiteiros gerais) conseguem criar

as condições necessárias e suficientes para

implementarem corretamente estas platafor-

mas eletrónicas.

2. Plataforma de e-Sourcing

Quer uma entidade compradora já tenha es-

colhido uma solução de e-Sourcing para uma

estratégia de aquisição, quer pense em mudar

de solução, as fases de adoção, implementa-

ção e gestão da mudança são fundamentais

para o sucesso do programa. Várias entidades

compradoras que investem em soluções de e-

Sourcing são confrontadas com o desafio das

mudanças culturais necessárias para garantir

uma adoção bem-sucedida em toda a empresa.

Através da correta adoção e uso eficiente de

uma solução de e-Sourcing, uma organização

1. Introdução

A Internet apresenta-se como um excelente

meio de comunicação para que as organizações

e as pessoas possam alcançar os seus objeti-

vos de forma rápida e eficaz. O desenvolvimen-

to de web services para a contratação, permite

criar valor no processo tradicional de consulta

dos empreiteiros aos fornecedores e de nego-

ciação entre eles. Atualmente, os mercados

eletrónicos têm-se adaptado aos processos

tradicionais e têm sido implementados pelo

que, é fundamental uma mudança de atitude

e de modernização na estrutura empresarial.

Quer para os compradores, quer para os

fornecedores a utilização destes sis-temas

permite um aumento de produtividade. Para

os primeiros, permite lançar uma consulta,

obter propostas e mapa comparativo em me-

nor espaço de tempo com maior organização.

Quanto aos segundos, permite aceder a um

maior número de consultas e responder de

forma rápida e eficaz. Para além disso, um

e-marketplace permite às organizações preen-

cher os requisitos da ISO 9001/2000 nomea-

damente: avaliação e seleção de fornecedores;

definição de critérios para seleção, avaliação

consegue obter resultados mais sustentá-

veis, incluindo uma maior economia, maior

produtividade, maior eficiência e uma redução

contínua de custos.

Os processos de aquisição tradicionais funda-

mentam-se fortemente em métodos baseados

em papel ou meios eletrónicos de comunicação

e interação como o correio eletrónico, ferra-

mentas de processamento de texto e folhas de

cálculo, com o objetivo de adquirir bens ou servi-

ços. Uma solução de e-Sourcing, por outro lado,

permite a utilização de ferramentas web-based

para executar eventos como RFx (request for

information, request for quotation and request

for proposals) com a grande vantagem de ter

toda a informação organizada em local próprio,

o que permite o acesso, leitura e entendimento

desta informação com maior eficiência.

Uma plataforma de e-Sourcing para a indústria

da construção civil e obras públicas é um e-ma-

rketplace que reúne todos os intervenientes

(empreiteiro gerais, subempreiteiros, forne-

cedores, empresas de mão de obra, empresas

de aluguer de equipamento) com o objetivo de

agilizar todo o processo entre envio de consul-

tas e recebimento de propostas, quer em fase

de preparação de propostas para concurso

sistemas de informação na construçãofatores de sucesso para a implementação de metodologias de aquisição por meios eletrónicos: o e-sourcing na construção civil

Pedro Vaz Paulo

Instituto Superior Técnico

[email protected]

a utilização das tecnologias de informação no setor da construção civil e obras públicas tem

permitido atingir níveis elevados de performance, e produtividade e melhorar a organização e

homogeneização dos processos internos das empresas e entre empresas. este artigo pretende

apresentar os fatores de sucesso para a correta implementação de metodologias de aquisição

de bens, serviços e subempreitadas através de meios eletrónicas, designadamente plataformas

de e-sourcing.

cm_29

Page 32: Construção Magazine 47

sistemas de informação na construção

30_cm

> figura 1: Funcionamento de plataforma e-Sourcing [1].

> figura 2: Exemplos de plataformas de eSourcing (Gatewit, Bravosolution).

> figura 3: Organigrama de hierarquias de partilha de informação adaptado à utilização do Mercado Aberto em diversas obras.

> 1

(público/privado), quer em fase de execução

de obra (Figura 1).

A plataforma é um Sistema de Aquisição Dinâmi-

co de comércio eletrónico entre empresas (B2B

– Business to Business) que é acedido através

da Internet (Figura 2), permite que em qualquer

local com um computador com acesso à web se

possa aceder à plataforma sem necessidade

de instalar software. Atra-vés dele, o utilizador

pode lançar consultas, para diversos fornece-

dores, para obter propostas para qualquer tipo

de material, serviço, equipamento, mão de obra

ou até mesmo de subempreitada.

Estas respostas aos pedidos de preço (pro-

postas) são inseridas na plataforma para que

seja gerado automaticamente o Mapa Compa-

rativo. A plataforma é um meio de comunicação

de fácil utilização permitindo que todos os

forne-cedores estejam presentes, agilizando

todo o seu processo orçamental e de envio de

propostas. Para além disso, o sistema respeita

as hierarquias que cada empresa tenha na sua

estrutura orgânica (Figura 3).

A plataforma de e-Sourcing não se apresenta

como uma central de compras, ou seja, não existe

agregação de compras dos diferentes empreitei-

ros gerais, ou até mesmo dos diferentes diretores

de obra e também não apresenta uma de lista

de preços unitários médios. Entre compradores

(empreiteiros gerais) não existe partilha de pre-> 2

> 3

Organigrama de hierarquias internas em empreiteiro geral

Diretor do Centro de Exploração / Administrador

Diretor da Divisão A Diretor da Divisão B

Diretor de Obra A.1

Diretor de Obra A.2

Diretor de Obra A.3

Diretor de Obra B.1

Diretor de Obra B.2

Diretor de Obra B.3

Legenda

Total acesso à informação produzida entre utilizadores no Mercado Aberto. Há partilha de Informação.

Acesso limitado à informação produzida entre utilizadores no Mercado Aberto. Não há partilha de Informação.

FORNECEDORES

EMPREITEIROS

MERCADO ABERTOCONSTRULINK

ConcursosPúblicos Orçamento Lança

ConsultaEnvia

Proposta Adjudicação LançaConsulta

AnalisaPropostas Adjudica

RecebeConsulta

EnviaProposta

RecebeConsulta

EnviaProposta

Page 33: Construção Magazine 47

cm_31

ços das diversas propostas que os fornecedores

enviam e não dispensa a negociação tradicional

(contacto direto, presencial) para obtenção de

melhores condições comerciais.

3. BenefícIos

As plataformas de e-Sourcing fornecem, quer

a compradores, quer a fornecedores signifi-

cativos e justificados benefícios. Num estudo

técnico realizado pelo The Boston Consulting

Group verifica-se que a redução de custos de

tran-sação é razão que leva 48 % das empresas

a aderirem a uma plataforma de e-Sourcing. De

seguida serão apresentados alguns desses

benefícios que as entidades podem usufruir,

sendo que os maiores se classif icam nas

atividades de aprovisionamento eletrónico

(e-procurement) e em gestão colaborativa.

– redução de custos diretos

As empresas que adotaram soluções de

plataformas de e-Sourcing têm reportado

ganhos na compra direta de materiais em

mais de 15% [2]. Esta redução é devida à

redução de margens dos fornecedores e da

transparência dos preços no mercado.

– redução dos custos de operação

A plataforma de e-Sourcing oferece a estan-

dardização e a regularização de processos

de consulta, nomeadamente criar consulta,

procura de fornecedores, lançar consulta,

receção de propostas, análise de propostas,

adjudicação, controlo de faturas e emissão

de pagamento. Tais atributos reduzem os

custos de operação e melhoram os proces-

sos de negócio.

– Pesquisa de novos fornecedores

Os empreiteiros podem encontrar novos

parceiros de negócio que antes não os conhe-

ciam ou que nunca tinham realizado qualquer

negócio. A globalização do mercado torna-se

cada vez mais eficaz permitindo o conheci-

mento e a promoção de empresas com custos

reduzidos e de processos eficazes.

– corresponder aos requisitos dos fornece-

dores

As plataformas de e-Sourcing permitem

aos compradores obter informação acerca

do modo como as compras estão a ser

realizadas para que possam alocar, con-

trolar e reduzir os custos de organização.

Os fornecedores podem também ser mais

exigentes quanto à informação de consulta

que recebem para que a proposta a elaborar

seja completa e correta.

– melhorar a integração com outras aplica-

ções existentes

De modo a tornar todo o processo de con-

sulta mais competitivo as empresas podem

integrar na plataforma de e-Sourcing outras

aplicações tais como os ERPs (Enterprise

Resource Planning) através de tecnologias

standard tais como Java, XML e HTML. O siste-

ma suporta o upload de variados formatos de

arquivos tais como peças escritas (minuta de

contrato, caderno de encargos, etc.) ou peças

desenhadas. Os arquivos são gravados num

formato de com-pressão até 50% *.gzip para

que a anexação de ficheiros seja mais rápida.

– redução do tempo de preparação do

processo de consulta

Todos os utilizadores e administradores

podem acompanhar em tempo real o de-

senvolvimento da cadeia de processos para

orçamentos ou aprovisionamento. Permite

que os compradores possam comunicar

automaticamente com os fornecedores se-

lecionados e possam ter mais recursos para

melhorar a negociação. Gera Mapas Compara-

tivos Automáticos, tornando o processo mais

organizado, eficiente e produtivo ao longo

de todo o fluxo de trabalho. As reduções de

tempo de preparação do processo de con-

sulta têm destaque nas seguintes etapas:

no desenvolvimento do pedido de cotação

de preço, na atualização da base de dados

de fornecedores, na receção propostas e na

análise comparativa de propostas.

– redução do número de intermediários

A globalização de contactos, a centralização

e a atualização da base de dados podem

tornar secundário o papel dos distribuidores

na cadeia de aprovi-sionamento. Através

da plataforma de e-Sourcing os contactos

podem ser realizados de forma direta e

simples automatizando o ciclo de compra.

Contudo, existem determinadas redes de

distribuição que continuarão a existir desde

que essa seja a estratégia dos fabricantes

para a venda dos produtos.

– aumentar o poder de compra

Alguns compradores (empreiteiros gerais)

podem encontrar uma oportunidade de negó-

cio em aderir ao e-marketplace para estarem

presentes numa plataforma que é utilizada

por outros compradores e fornecedores.

– Influenciar o desenvolvimento da plata-

forma

Os compradores aderentes à plataforma

e-Sourcing podem também ter o objetivo

de estar atentos e influenciar o desenvol-

vimento da aplicação em função da sua

estratégia e posicionamento no mercado

da construção civil e obras públicas.

4. fatores de sucesso

– formar uma equipa especializada

Projetos estratégicos de e-Sourcing ver-

dadeiramente bem-sucedidos devem ser

pensados de início e planeados para que

não existam dificuldades no futuro. Uma

maneira de o garantir é formar uma equipa

dedicada para lidar com a aplicação, liderada

por alguém com experiencia na área e que

siga os princípios geralmente aceites de

gestão de projetos e processos de gestão.

Uma equipa focada em objetivos pode

garantir o sucesso inicial do projeto, facto

fundamental para a adesão de fornecedo-

res, combater o ceticismo inicial e definir

tendências futuras.

– envolver os stakeholders

É necessário o envolvimento de todas as

partes interessadas de uma organização

em cada uma das categorias de compras

de uma estratégia de e-Sourcing, desta

forma é dado um entendimento mais geral

da utilização da solução de e-Sourcing,

são estabelecidas relações de confiança

entre a equipa responsável pelo projeto e

os stakeholders e tona-se mais fácil a iden-

tificação de possíveis constrangimentos.

É também importante descrever as metas,

requisitos, prazos do projeto, e comunicá-los

a todas os seus stakeholders, estando assim

a contribuir decisivamente para o sucesso

do projeto. É fundamental que toda a organi-

zação, com destaque para a administração,

devido ao papel que desempenham, esteja

Page 34: Construção Magazine 47

sistemas de informação na construção

32_cm

alinhada com os benefícios que a implemen-

tação de uma solução e-Sourcing terá.

Quanto à comunicação, será útil analisar

os seus stakeholders, identificar todos os

que desempenham papéis chave para a

organização e comunicar com cada um deles

apenas a informação que lhes diz respeito.

– estabelecer relações fortes com os forne-

cedores

Os fornecedores são elementos essenciais

para a utilização bem-sucedida de uma

solução de e-Sourcing logo deve-se manter

uma relação próxima com eles e garantir

que dispõem de todas as condições que

necessitam. Responder proactivamente a

todas as objeções levantadas numa fase

inicial, garantir que os fornecedores estão

confortáveis com a solução selecionada

ou dar feedback aos fornecedores inde-

pendentemente dos resultados obtidos

é fundamental para garantir adoção da

solução e consequentemente o sucesso do

projeto. O resultado de não se acompanhar

devidamente um fornecedor não é apenas

um evento de aquisição com um sucesso

aquém das expectativas, como é provável

que a base de fornecedores da entidade

compradora diminua em eventos futu-ros.

Estabelecer processos de avaliação de

performance que definam - como e quando

os fornecedores serão reconhecidos pelos

bons resultados; como novos processos

de compra serão atribuídos a fornecedores

existentes; quando as relações com forne-

cedores deverão ser terminadas – também

são tarefas que permitirão tirar o melhor

partido da solução de e-Sourcing.

Incentivar a inovação dos fornecedores

pode melhorar os processos e encontrar

novas oportunidades de poupança. Deve

apoiar-se a criatividade dos forne-cedores

através de métodos de compra flexíveis

com modelos de avaliação avançados,

estratégias de categorização para futuras

reduções de custo em categorias-chave, e

relacionamentos estratégicos.

– desenvolver incentivos de desempenho

O uso de uma solução de e-Sourcing permite

alcançar economias de custo e uma redução

contínua de custos em toda a organiza-

ção, mas a eficácia de mesmo a melhor

tecnologia é largamente dependente da

sua utilização bem-sucedida. Dinamizar a

utilização começa com o uso adequado de

incentivos. Uma forma eficaz de o garantir

é ligar a utilização das ferramentas com o

desempenho dos funcionários. Programas

de compensação de incentivo variáveis

ou avaliações de desempenho podem fa-

cilmente incluir o uso de fer-ramentas de

e-Sourcing como critérios de sucesso.

E convém recordar que caso a adoção da

solução seja bem-sucedida e se obtenham

resultados claros de poupança na organiza-

ção, o resto da orga-nização também se irá

interessar pela solução e poder-se-á dessa

forma dis-seminar a sua utilização.

– utilização de métricas estatísticas

Estabelecer objetivos e utilizar métodos

analíticos de decisão no que concerne a

estratégias de e-Sourcing tem inúmeras

vantagens no cumprimento de metas e

eficácia de utilização.

Manter métricas estatísticas de avalia-

ção do estado do projeto, é um fator que

desempenha um papel fundamental na

obtenção de melhores resultados. Este é

especialmente útil no longo prazo, já que

permite ganhar um maior conhe-cimento do

estado do projeto e redefinir estratégias de

compra que não estejam a obter resultados

satisfatórios. Devem ser selecionadas entre

três e cinco métricas que sejam fáceis de

acompanhar ao longo de vários meses e

anos, mante-las durante o maior número

tempo possível, e ainda evitar escolher

novas métricas depois de alguns meses,

pois pode levar a mudanças ines-peradas

e indesejáveis de resultados e a impossi-

bilidade de os comparar com os resultados

anteriormente analisados.

Todos os funcionários e fornecedores são

mais propensos a comportarem-se de acor-

do com as políticas de e-Sourcing definidas

se a estratégia estiver a ser medida por

métricas consistentes.

5. conclusões

No atual contexto as empresas nacionais estão

a reagir lentamente às novas tecnologias – os

grandes compradores devem incentivar o

mercado nacional atuando de forma pedagó-

gica junto dos fornecedores. As PME s têm,

de forma generalizada, falta de massa critica e

desadequada formação profissional na área de

compras. As plataformas de e-Sourcing apre-

sentam grandes vantagens na perspetiva de

redução de custos operacionais das empresas

e têm o poten-cial de alavancagem da reen-

genharia dos processos na área de compras

de modo a ser o catalizador da “escalada” dos

e-marketplaces e ser o elemento diferenciador

de sucesso num futuro próximo.

Garantir o sucesso na utilização de uma solu-

ção de e-Sourcing depende em grande parte do

desenvolvimento e execução de um plano bem

concebido de implementação.

As melhores práticas fornecem uma base sóli-

da para qualquer iniciativa de lançamento e são

destinadas a garantir que os seus funcionários

e fornecedores compreendem o processo e são

competentes no uso da solução.

Para além disso a seleção da solução de e-Sour-

cing a implementar também terá um impacto

enorme sobre o empenho dos funcionários

e fornecedores para a adotar e utilizar numa

base de longo prazo. Garantir que se opta por

uma solução que seja de fácil compreensão e

que ofereça a flexibilidade que as caracterís-

ticas únicas da sua organização necessitam, é

fulcral para o sucesso do seu negócio.

6. RefeRências bibliogRáficas

[1] Paulo, Pedro (2004) “avaliação do Impacte da uti-

lização de mercados eletrónicos nos empreiteiros e

fornecedores.”, congresso nacional da construção

2004, faculdade de engenharia da universidade do

Porto, Porto.

[2] GHaZalY, sammy el (2005) “Benefits and Barriers

on B2B e-marketplaces“, emarket services - swe-

dish trade council, sweden.

[3] andreW, James P.; BlacKBurn, andy; sIrKen,

Harold (2000) “the B2B opportunity creating

advantage through e-marketplaces “,the Boston

con-sulting Group, u.s.a.

[4] Paulo, Pedro (2003) “e-business na construção:

tecnologias de Informação aplicadas ao setor“, tese

de mestrado, Instituto superior técnico, lisboa.

[5] Paulo, Pedro (2006) “o aprovisionamento como

estratégia para a obtenção da vantagem compe-

titiva”, curso de formação fundec-Ist, Instituto

superior técnico, lisboa.”

Page 35: Construção Magazine 47

33_ 35verificação da segurança sísmica de edifícios em alvenaria através de metodologias simplificadas

Rui Marques1 e Paulo B. Lourenço2

ISISE, Departamento de Engenharia Civil,

Universidade do [email protected], [email protected]

IntRodução

A utilização de tijolos cerâmicos terá sido,

provavelmente, um dos maiores passos de

desenvolvimento na história da construção,

dadas as vantagens construtivas e funcionais

que este material permitiu relativamente à

pedra. A Revolução Industrial potenciou a

produção mecanizada de tijolos cerâmicos

perfurados, cujas potencialidades permiti-

ram um grande desenvolvimento e uso deste

material. As características dos tijolos foram

igualmente influenciadas pelo uso emergente

de estruturas em betão armado, ainda que

nesta solução os tijolos sejam usados como

alvenaria resistente simples na construção

de pequenos edifícios é potenciada como um

sistema com energia e custos reduzidos, per-

mitindo poupança de recursos económicos e

redução do impacto ambiental.

A indústr ia de unidades par a alvenaria,

especialmente de tijolos cerâmicos, está

par ticularmente desenvolvida em países

como a Alemanha e a Espanha, e disponível

no mercado português, onde unidades com

elevadas propriedades funcionais e mecâni-

cas permitem o uso de alvenaria estrutural

alternativamente ao betão armado, com todas

as vantagens: culturais, sociais, energéticas,

económicas, ambientais, de conforto, segu-

rança no trabalho, velocidade de construção,

trabalhabilidade, durabilidade e, em geral,

sustentabilidade. Por exemplo, o uso de parede

simples com o tijolo espanhol “Termobrick” de

31cm de espessura (transmitância térmica de

0.53W/m2ºK), ver Figura 1a, em alternativa a

parede dupla com tijolos de furação horizontal

(panos de 15+11cm + 3cm de isolamento XPS

conforme Fig. 1b; transmitância térmica de

0.54W/m2 ºK) permite uma economia de 25%

no custo da alvenaria.

Além do mais, a alvenaria simples é um sistema

de construção fechado, permitindo minimizar

as perdas de energia e a necessidade da sua

material de enchimento sem requisitos me-

cânicos significativos.

No entanto, tendo em vista a sustentabilidade

da construção, nomeadamente através da

otimização de recursos naturais, as unidades

de alvenaria têm sido desenvolvidas de modo

a que permitam o seu uso estrutural moder-

no, particularmente através do sistema de

alvenaria resistente simples. Mais do que

o número de pisos ou o vão dos edifícios, o

desafio para a indústria da construção passa

pelo desenvolvimento de soluções permitindo

uma dependência mínima de fontes energé-

ticas artificiais. Desta forma, a tipologia em

Este artigo introduz conceitos de base para o cálculo sísmico de edifícios sustentáveis em alvenaria sim-

ples de pequeno porte (até 2 pisos), usando metodologias de análise estrutural a nível global e simplifica-

das. Estas metodologias, ainda que relativamente simples e passíveis de utilização através de um cálculo

manual, foram desenvolvidas em países com sismicidade média a alta, e ainda assim com forte tradição de

construção em alvenaria simples moderna (i.e., empregando unidades robustas e estruturas com paredes

bem ligadas e dispostas em ambas as direções). O desempenho sísmico de edifícios assim dimensionados

mostrou-se bastante satisfatório.

> Figura 1: Tipologias de alvenaria (a) resistente simples e (b) de enchimento com dois panos.

(a) (b)

> 1

cm_33

Page 36: Construção Magazine 47

sísmica

compensação, e consequentemente o impacto

nas sensações físicas humanas. Desta forma,

os edifícios em alvenaria simples resultam

mais confortáveis e saudáveis para os utili-

zadores. Também por esta razão, significativa

parte da economia conseguida com o sistema

estrutural em alvenaria simples advém dos

custos de utilização a médio-longo prazo, e a

longo prazo por razões de durabilidade.

VeRIFIcação da SeguRança SíSMIca

Para além do desempenho energético dos

edifícios, a sua segurança estrutural, particu-

larmente a sua segurança sísmica, necessita

igualmente de ser verificada. A ocorrência de

sismos severos recentes, tais como os terra-

motos do Haiti e do Chile em 2010, tem colo-

cado em evidência a vulnerabilidade sísmica

de edifícios deficientemente dimensionados.

Sobre este aspeto, convém não esquecer que

Portugal é um país com sismicidade média a

elevada, trazendo-se aqui à memória os sis-

mos destrutivos de Lisboa (1755), Benavente

(1909) e Açores (1998). Para além das perdas

materiais, estes eventos deixaram marcas

irreversíveis nas populações, seja por morte

ou trauma sofridos.

Na década de 1970, como reação à ocorrência

de sismos destrutivos na ex-Jugoslávia e em

Itália (e.g., Skopje em 1963, Friuli em 1976), um

método pioneiro foi introduzido para a verifica-

ção da segurança sísmica de edifícios em alve-

naria, o POR [1], o qual resultou da experiência

adquirida na observação dos efeitos dos sismos

sobre os edifícos, e também de campanhas

experimentais alargadas [2-4]. Este método

considerava uma resposta força-deslocamento

laterais (V-d) bilinear e conjunta (aditiva) das

paredes em cada piso do edifício (Fig. 2a).

Ainda que bastante simples, e baseado num

“mecanismo de piso” exemplificado na Figura 2b

que mostra o colapso de um edifício ensaiado

em platafoma sísmica devido a um mecanismo

do piso-térreo, este método é ainda hoje usado

em Itália no cálculo de edifícios até 2 pisos. Por

outro lado, em Portugal o método POR é ainda

hoje desconhecido, sendo o dimensionamento

sísmico de edifícios baseado em metodologias

de análise local essencialmente elásticas, as

quais substimam significativamente a capa-

cidade das estruturas em alvenaria. Por esta

razão, neste trabalho introduzem-se conceitos

básicos para o cálculo de edifícios em alvenaria

considerando o comportamento não-linear e

global dos edifícios.

Com respeito à Figura 2a, a resposta bilinear

a ações laterais assumida para uma parede

de alvenaria, entenda-se para um nembo de

alvenaria, consiste de um primeiro tramo com

rigidez elástica kl admitindo uma condição de

deformação com dupla curvatura (Eq. 1):

kl = g ∙ B ∙ s /(χ ∙ H) ∙ 1/(1 + g/(χ ∙ e) ∙ (H/B)2) (1)

onde E e G são respetivamente os módulos de

elasticidade normal e tangencial da alvenaria;

B, H e s são respetivamente o comprimento, a

altura e a espessura do painel; χ é o fator de

corte, o qual para secções retangulares assume

valor de 1.2. A resposta elástica é limitada pela

ativação de um mecanismo de colapso, que em

função das condições da parede (propriedades

mecânicas, esforço normal e esbeltez) pode ser

por flexão composta, deslizamento horizontal,

deslizamento diagonal ou corte diagonal, tal

como ilustrado na Figura 3. O limite de resis-

tência de uma parede pode ser formulado

através das Equações 2-4, em função do tipo

de mecanismo condicionante:

– Flexão composta:

Vf = B/H ∙ (n – n2/(f

k ∙ B ∙ s)) (2)

– Deslizamento horizontal ou diagonal:

Vd = (B ∙ s ∙ f

vk0 + 0.4 ∙ n) / (0.75 + 0.25 ∙ H/B) (3)

– Corte diagonal:

Vt = ((f

tk0 ∙ B ∙ s)2 + (f

tk0 ∙ B ∙ s ∙ n)/(0.75 + 0.25 ∙ H/B ))1/2 (4)

onde N é a força axial sobre o painel; fk é a re-

sistência à compressão, fvk0

é a resistência ao

corte sob compressão nula, e ftk0

é a resistência

pura ao corte por tração diagonal da alvenaria.

Atingida a resistência limite da parede, a

evidência experimental [6] demonstra que a

parede possui uma reserva de capacidade não

linear, relacionada com a capacidade de defor-

mação cíclica inelástica e com a dissipação

de energia. Esta característica é considerada

na resposta através da definição de um ramo

plástico com ductilidade (du/d

e) na ordem de

5.0 para o mecanismo de flexão composta e

de 2.0 para o mecanismo de corte [7].

Depois de calculada a resposta bilinear para

as várias paredes, a resposta global do piso

é definida como a linha multilinear resultante

da soma das respostas individuais (Fig. 2a).

> 2

> Figura 2: (a) Princípio de cálculo do POR [1] assumindo (b) um mecanismo de piso [5].

> Figura 3: Mecanismos de colapso típicos de nembos em alvenaria: (a) flexão composta, (b) deslizamento horizontal, (c) deslizamento diagonal e (d) corte diagonal.

(a) (b)

> 3

(a) (b) (c) (d)

34_cm

Page 37: Construção Magazine 47

Ainda que o método POR obrigue a uma análise

piso-por-piso, a verificação do piso-térreo é

normalmente condicionante, face ao nível

máximo de solicitação ali mobilizado. Note-se

que, tal como proposto em [8] a resistência do

edifício deve ser determinada com base quer

na capacidade de carga lateral, quer na ducti-

lidade disponível do piso crítico. Desta forma,

a resistência sísmica do edifício Vu,p

deve ser

avaliada a partir de uma envolvente idealizada

bilinear (a tracejado na Fig. 2a) para verificar os

requisitos de ductilidade estrutural.

Tal envolvente bilinear é definida assumindo a

rigidez elástica inicial da envolvente calculada,

e um patamar plástico que se prolonga até um

nível de deslocamento em correspondência

com uma queda de 20% de Vu,tot

sobre a curva

de capacidade calculada, assegurando que a

área abaixo da envolvente calculada é igual à

área sob a envolvente idealizada bilinear (con-

dição de energia). Por outro lado, a ductilidade

global do piso em análise, estimada como a

relação entre o deslocamento último (dp) da

envolvente bilinear e o seu deslocamento de

cedência (dy), deve resultar pelo menos igual

a 1.6 (condição de ductilidade).

A verificação da segurança em termos de força

é feita comparando a resistência sísmica do

edifício Vu,p

com a força lateral de cálculo a que

o piso é solicitado, a qual pode ser calculada

através do “método por forças laterais” defi-

nido no Eurocódigo 8 [9]:

ca ∙ S

d (t

1) ∙ m ∙ λ ≤ V

u,p (5)

onde ca é o coeficiente de afetação da ação de

corte basal ao piso em análise, no cálculo do

qual se pode assumir uma distribuição de força

em altura proporcional à massa ou proporcio-

nal à massa ou proporcional ao primeiro modo

de vibração na direção estudada multiplicado

pela massa; Sd(T

1) é a ordenada do espectro de

cálculo para o período fundamental de vibração

do edifício, T1; m é a massa total do edifício; λ é

um fator de correção que depende do número

de pisos e do valor de T1: 0.85 se T

1 ≤ 2T

C e o

edifício tiver mais de dois pisos, ou 1.0 caso

contrário; TC é o limite superior do período no

patamar de aceleração espectral constante. Os

valores dos parâmetros envolvidos no cálculo

da ordenada do espectro de cálculo podem ser

obtidos em [9].

Alternativamente à análise piso-por-piso atra-

vés do método POR, um procedimento baseado

na análise da resposta do edifício no seu todo

tem vindo a ser implementado por Marques e

Lourenço [10]. Trata-se de um método ideali-

zado por Augenti [7] com inspiração no POR,

o qual permite no entanto evoluir para uma

análise da resposta global de edifícios, basea-

do na assumpção de uma resposta cumulativa

de pisos e paredes. O uso de metodologias

de análise global permite, em geral, obter

soluções estruturalmente mais equilibradas.

Ainda que suportado por uma formulação com-

plexa incremental-iterativa, tal método pode

ser implementado numa folha de cálculo, com

referência à Figura 4, seguindo os passos de:

(1) cálculo da curva característica T-d de cada

parede de piso considerando a contribuição

dos nembos que a constituem, (2) cálculo da

curva de capacidade V-D de cada parede mul-

tipiso integrando as curvas características in-

dividuais de cada piso e (3) cálculo da curva de

capacidade do edifício como a soma das curvas

de paredes multipiso resistentes na direção

em estudo. O procedimento de verificação da

segurança é análogo ao apresentado atrás.

concLuSõeS

Neste artigo são identificadas vantagens a

curto, médio e longo prazo na construção de

edifícios de pequeno porte (até 2 pisos) com

estrutura resistente em alvenaria simples, par-

ticularmente aquelas relacionadas com o custo

da construção, com o ciclo energético e com a

durabilidade, permitindo poupança de recursos

económicos e menores impactos ambientais.

Os métodos apresentados para verificação

sísmica de edifícios em alvenaria simples estão

amplamente validados face à sua base cientí-

fica e experimental, assim como largamente

disseminados em países com forte tradição

de construção em alvenaria. Tais métodos

permitem um cálculo e interpretação de resul-

tados simples e intuitivos, dismistificando a

dificuldade de aplicação de métodos inelásticos

no dimensionamento de estruturas. Ainda que

existam ferramentas sofisticadas para análise

estrutural, acredita-se que o sucesso no cálculo

de estruturas em alvenaria passa pela introdu-

ção de metodologias simples de análise global.

4. ReFeRÊncIaS

[1] Tomaževic, M. 1978. The computer program POR. Report ZRMK, Liubliana (em esloveno).

[2] Turnšek, V. e Cacovic, F. 1970. Some experimental results on the strength of brick masonry walls. Proceedings of the Second International Brick Masonry Conference, Stoke-on-Trent, 149-156

[3] Tomaževic, M., Turnšek, V. e Tercelj, S. 1978. Computation of the shear resistance of masonry buildings. Report ZRMK-IK, Liubliana (em esloveno).

[4] Tomaževic, M. e Turnšek, V. 1982. Verification of the seis-mic resistance of masonry buildings. Proceedings of the British Ceramic Society, Stoke-on-Trent, No. 30, 360-369.

[5] Tomaževic, M., Modena, C., Velechovsky, T. e Weiss, P. 1990. The influence of structural layout and reinforcement on the seismic behaviour of masonry buildings: An experimental study. The Masonry Society Journal, 9(1):26-50.

[6] Anthoine, A., Magenes, G. e Magonette, G. 1995. Shear-compression testing and analysis of brick masonry walls. Proceedings of the 10th European Conference on Earthquake Engineering, Viena.

[7] Augenti, N. 2004. Il calcolo sismico degli edifici in mura-tura. UTET Libreria, Turim (em italiano).

[8] Tomaževic, M. e Weiss, P. 1990. A rational, experimentally based method for the verification of earthquake resis-tance of masonry buildings. Proceedings of the 4th U.S. National Conference on Earthquake Engineering, Palm Springs, Vol. 2, 349-358.

[9] IPQ 2010. NP EN 1998-1:2010: Eurocódigo 8 – Projeto de estruturas para resistência aos sismos, Parte 1: Regras gerais, ações sísmicas e regras para edifícios. CT 115 (LNEC), março de 2010.

[10] Marques, R. e Lourenço, P.B. 2011. Possibilities and com-parison of structural component models for the seismic assessment of modern unreinforced masonry buildings. Computers and Structures, 89(21-22):2079-2091.

> Figura 4: Cálculo da curva de capacidade de (a) parede e (b) edifício [10].

> 4

(a) (b)

cm_35

Page 38: Construção Magazine 47

36_cm

36 i&d empresarial

A Sika lançou em Portugal um novo sistema de

revestimento de pavimentos, especialmente,

destinado a áreas onde as pessoas tenham

de permanecer muito tempo de pé, tais como,

infantários, creches, hotéis, hospitais, clínicas

e museus. Proporcionar conforto é o objetivo

primordial deste material.

A solução Sika ComfortFloor reduz o ruído refletido e o

ruído transmitido. Comparativamente com outros reves-

timentos de pavimentos, este tem a vantagem de conseguir

diminuir a perceção do risco e das deformações. “Em termos arquitetónicos permite a obtenção

de pavimentos contínuos, sem juntas, o que se torna uma mais-valia em termos estéticos, fun-

cionais e de higiene”, explica a Sika em comunicado. Estas soluções estão disponíveis numa

vasta gama de cores, incluindo afinações.

A gama Sika ComfortFloor é composta por 4

sistemas:

– O Sika ComfortFloor é um sistema autoalisante

elástico, liso e com baixa emissão de COV’s, está

disponível nas cores do catálogo RAL e NCS;

– O Sika ComfortFloor Pro é um sistema autoali-

sante elástico com características de isolamen-

to do ruído (19 dB) (tanto no ruído transmitido

como no refletido), liso e colorido, com baixa

emissão de COV’s;

– O Sika ComfortFloor Decorative é um sistema

autoalisante elástico, liso e decorativo que tem

a vantagem de poder ser polvilhado com chips

coloridos, aumentando dessa forma a possibi-

lidade de diferentes designs;

– O Sika ComfortFloor Decorative Pro é um sistema

autoalisante elástico, liso e decorativo, com

características de isolamento acústico (17 dB),

que tem a vantagem de poder ser polvilhado

com chips coloridos mantendo dessa forma a

possibilidade de diferentes designs.

http://prt.sika.com/

Novo sistema de revestimento de pavimentos

CaraCterístiCas/vaNtageNs:

− Baixaemissãodecomponentesorgânicosvoláteis (COv);

− Absorçãoderuídoambiente;− Bomisolamentodosruídosdeimpacto;− Elevadoconforto;− Boaresistênciaaodesgaste;− Boaresistênciaaoimpacto;− Pontedefissuras-elástico;− Decorativas.

Page 39: Construção Magazine 47

cm_37

37

Assim, torna-se necessário ferramentas de

comunicação com informação rigorosa e

certificada sobre aspetos ambientais, com as

quais os produtores possam passar a infor-

mação ambiental dos seus produtos para os

consumidores.

Neste sentido, a rotulagem ecológica de pro-

dutos é incentivada como uma ferramenta de

mercado [2], a fim de promover o comércio de

produtos com baixo impacto ambiental e esti-

mular a exigência por parte dos consumidores

de produtos mais ecológicos.

No setor da construção a rotulagem ecológica

de produtos pode ser utilizada para verificação

da conformidade com os diversos critérios

ambientais desde que [3]: (i) os requisitos

sejam baseados em informações científicas,

(ii) sejam adotadas tendo em consideração a

participação de todas as partes interessadas

(tais como entidades governamentais, consu-

midores, fabricantes, distribuidores e organi-

zações ambientais), (iii) serem acessíveis a

todos os interessados; e (iv) as especificações

definidas pelos rótulos sejam adequadas para

o tipo de contrato em questão.

O Comité Internacional de Normalização (ISO)

define três tipos de rotulagem ambiental:

– Tipo I [4] - programa voluntário de terceira

parte, baseado em critérios múltiplos que

atribui uma licença para a utilização de

rótulos ambientais em produtos indicando

a superioridade ambiental global de um

produto, baseada em considerações do

ciclo de vida;

– Tipo II [5] - declaração ambiental efetuada

sem a certificação de uma terceira-parte

independente (autodeclaração);

– Tipo III [6] - informação quantificada sobre

DECLARAÇÕES AMBIENTAIS DE PRODUTOS NA CONSTRUÇÃO

Helena Gervásio, DEC - U.Coimbra

sustentabilidade

Bruxelas um Memoradum de entendimento,

designado “ECO” , para o lançamento de uma

plataforma europeia de registo de DAPs. Este

Memoradum foi assinado por programas de

declarações ambientais de diversos países,

incluindo Portugal. A ECO plataforma tem por

objetivo o desenvolvimento de DAPs que sejam

reconhecidas a nível europeu.

As DAPs são ferramentas fundamentais para

um habitat mais sustentável e constituem

um processo incontornável para a competi-

tividade e internacionalização dos produtos

nacionais para a construção.

RefeRêncIas

[1] Philippe Osset, P., charbonnier, s., Troadec, P. e Ghoumi-dh, a. How environment product declarations pratically contributes to an efficient policy setting in the building setor in europe. (http://fdes.ecobilan.com/documents/PaP5458.pdf).

[2] cOM(2003) 302 final. 2003. cOMMUnIcaTIOn fROM THe cOMMIssIOn TO THe cOUncIL anD THe eUROPean PaRLIaMenT. Integrated Product Policy. Building on environmental Life-cycle Thinking. Brussels.

[3] Buying green! a handbook on environmental public procurement. 2004. Luxembourg: Office for Official Publications of the european communities. (http://ec.europa.eu/environment /gpp/pdf/buying _ gre-en_handbook_en.pdf).

[4] IsO 14024. 1999. environmental labels and declara-tions – Type I environmental labelling – Principles and procedures. International Organisation of standardi-sation, Geneva, switzerland.

[5] IsO 14021. 1999. environmental labels and declara-tions – self-declared environmental claims (Type II environmental labelling). International Organisation of standardisation, Geneva, switzerland.

[6] IsO 14025. 2006. environmental labels and declara-tions – Type III environmental declarations – Principles and procedures. International Organisation of standar-disation, Geneva, switzerland.

[7] en 15804: 2012. sustainability of construction works – environmental product declarations – core rules for the product category of construction products. european committee for standardization, Brussels.

[8] Registo nacional DaP para o Habitat - www.daphabitat.pt (brevemente disponível).

o desempenho ambiental de um produto ao

longo do seu ciclo de vida e verificada por

terceira parte independente – Declaração

Ambiental de Produto (DAP).

As últimas foram definidas precisamente

para permitir aos produtores comunicar aos

consumidores a informação ambiental dos

seus produtos.

As normas acima referidas têm uma aplicação

generalizada. Relativamente a produtos da

construção, o Comité Europeu de Normalização

(CEN), através do Mandato 350 “Sustainability

of construction works”, tem vindo a desenvol-

ver uma série de normas com o objetivo de

desenvolver rotulagem ambiental do tipo III

específicos para produtos da construção. Foi

assim recentemente aprovada a norma EN

15804 [7], a qual define os critérios, requisitos

e linhas de orientação para a identificação de

categorias de produtos específicos, definindo

os parâmetros para preparar e desenvolver

uma DAP.

Para que as DAP sejam um contributo impor-

tante para competir no mercado da exportação

é imprescindível que elas estejam registadas

num sistema de registo público. Assim, foi

recentemente lançado em Por tugal pela

Plataforma para a Construção Sustentável,

em parceria com várias associações, o pro-

jeto DAPHabitat [8]. Este projeto tem como

principal objetivo a criação de um sistema de

registo nacional das declarações ambientais

de produto para o habitat desenvolvidas em

território nacional, e foi desenvolvido com base

no mais recente enquadramento normativo

europeu CEN/TC 350 e nas práticas comuns

dos programas de registo europeu já ativos.

Além disso, em finais de 2011 foi assinado em

No âmbito da política europeia ambiental, a responsabilidade dos produtores em relação aos impactos ambientais dos seus produtos já não

está limitada à porta das suas instalações industriais. A Comissão Europeia realça o facto de os produtores partilharem também a respon-

sabilidade dos impactos dos seus produtos até ao seu final de vida, incluindo a sua utilização [1]. Simultaneamente, tem vindo a promover

uma atitude mais responsável por parte dos estados membros através do desenvolvimento de políticas de compras públicas ecológias

(utilização de critérios ambientais).

Page 40: Construção Magazine 47

38_cm

38_39

O regulamento sobre o compor tamento

térmico de edifícios de 2006 (RCCTE2006),

atualizou as metodologias de cálculo e o nível

de exigência em relação à qualidade térmica

da envolvente. De uma forma geral os coefi-

cientes de transmissão térmica dos elementos

opacos da envolvente foram reduzidos para

sensivelmente metade dos especif icados

no regulamento de 1990. O RCCTE de 2006

pressupõe que as necessidades térmicas

de aquecimento e de arrefecimento são su-

pridas por sistemas de climatização, sendo

muito valorizada esta componente na classe

energética do edifício. No balanço térmico do

edifício admite-se que este é aquecido a 20 ° C,

o que corresponde a uma condição próxima

da neutralidade térmica dos ocupantes. Con-

tudo, durante a noite, quando os ocupantes

se encontram agasalhados, essa condição de

neutralidade térmica é alcançada para uma

temperatura interior de 16 °C. Estudos mais

recentes indiciam que no período de inverno

e em edifícios não climatizados os utentes

expressam uma sensação térmica satisfatória

para temperaturas de 16 °C ou mesmo 14 °C.

Aceitando temperaturas de conforto mais

baixas que os 20 °C, os períodos de retorno

de dezenas de anos referidos em alguns

estudos de viabilidade económica sobre a

qualidade térmica da envolvente aumentam

ainda mais, sendo a opção da climatização,

teoricamente, mais económica face à melhoria

da construção. No atual contexto ambiental e

sócio-económico, com o objetivo de reduzir

os consumos de energia de climatização e

assegurar condições de conforto, o desafio

deve ser o de construir (reabilitar) edifícios

para que possam ser alcançadas temperaturas

interiores de conforto razoáveis, através do

aproveitamento dos ganhos de calor internos

e dos ganhos solares, e sem o recurso a siste-

mas de climatização.

Será este princípio de edifícios com necessi-

dades térmicas de aquecimento quase nulas

aplicável a um pais com um clima ameno e com

radiação solar abundante?

COmpORTAmENTO TéRmiCO DOS EDifíCiOS DE hAbiTAçãO– ÊNfASE NO CONfORTO pARA SE ObTEREm EDifíCiOS COm NECESSiDADES TéRmiCAS quASE NulAS

Armando Pinto, Eng.º mecânico, investigador Auxiliar do lNEC

térmica

TemPerATurA de equilíbrio

quando a temperatura exterior é inferior à temperatura interior, a temperatura média interior pode

ser obtida com base na condição de equilíbrio entre os ganhos e as perdas térmicas do edifício

(eq. 1 e eq. 2), abordagem em tudo semelhante ao cálculo de Nic

(RCCTE2006).

Ganhos internos + Ganhos solares = perdas por condução + perdas por renovação de ar (eq. 1)

[qi.A + G

sul/(30x24) x ΣY.g.A

env]η = [Σ A.u+0,34.Rph.V](Ti-Te) (eq. 2)

Numa sala exposta a norte, com inércia forte, com ganhos internos de calor de cerca de 5 W/m2,

mediu-se uma diferença média de temperatura de 5,7 °C entre a temperatura média interior

(16,1 °C) e a temperatura média exterior (10,4 °C) no período mais frio (fig. 1) estes valores são

compatíveis com a aplicação da eq. 2. mesmo em fevereiro (fig. 1) é satisfeito o limiar mínimo

de conforto de 16 °C, sem recurso a sistemas de aquecimento ambiente.

> Figura 1: Registos das temperaturas numa sala de uma habitação

SoluçõeS PASSivAS – o conforTo Térmico como referenciAl PArA

A quAlidAde TérmicA dA envolvenTe

Neste contexto, para se obterem edifícios com necessidades de aquecimento nulas estes deve-

riam permitir satisfazer à condição de equilibro entre as perdas e os ganhos térmicos, sob condi-

ções médias de funcionamento durante o mês mais frio e para uma temperatura interior de 16°C.

Além disso, para prevenir variações relevantes da temperatura do ar durante o dia e maximizar

o aproveitamento dos ganhos solares no inverno, os edifícios devem ter inércia térmica forte. A

questão do verão será abordada numa outra edição.

Aplicando este princípio a uma fração T2 com 64 m2,e considerando diferentes áreas da envolvente

expostas ao exterior (fator de forma (ff) de 0,18, 0,58 e 0,75), uma área envidraçada de 15% da

área de pavimento, conclui-se que a temperatura média interior é satisfatória para tipologias

Resultados de medições numa sala exposta a norte em Lisboa

Page 41: Construção Magazine 47

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com um FF baixo, quando são utilizados ele-

mentos construtivos que satisfazem aos U de

referência indicados no atual RCCTE (Quadro 1).

Contudo, na zona climática I3 seria necessário

um reforço do isolamento térmico ou um maior

aproveitamento da radiação solar. Para tipo-

logias com uma maior superfície exposta ao

exterior (FF=0,58 e 0,75) é necessário reduzir

as perdas térmicas entre 12% na zona I1 a 50%

na zona I3 (ou aumentar os ganhos de calor)

para obter uma temperatura média de 16°C,

dado as perdas térmicas globais serem mais

PUB

tamento térmico passivo dos edifícios espe-

cificado no atual RCCTE (2006) e desde que

os edifícios tenham inércia forte. Nas zonas

climáticas mais frias e em frações com um FF

mais elevado (superior a 0,50), a aplicação

do conceito atrás enunciado conduz à ne-

cessidade de reforçar o isolamento térmico

da envolvente, a otimizar o aproveitamento

dos ganhos solares e a reduzir perdas por

ventilação.

A temperatura de equilíbrio média mensal é em

tudo semelhante ao indicador Nic

, mas talvez

seja mais facilmente apreensível para popula-

ções que não estão habituadas a aquecer as

habitações, permitindo uma melhor perceção

do comportamento térmico dos edifícios e de

eventuais melhorias.

Nas habitações a questão que se coloca é:

queremos construções confortáveis e com

necessidades de climatização quase nulas,

ou iremos continuar a considerar que as

habitações são climatizadas e a valorizar os

respetivos sistemas?

Localização/ z. climática

Beja, Lisboa, Coimbra, Aveiro e Porto

(I1)

Viseu, Vila Real

(I2)

Bragança

(I3)

Te média mensal mês mais frio (°C) 10 7,5 5

FF (m-1) 0,18 0,58 0,75 0,18 0,58 0,75 0,18 0,58 0,7575%

Ti média mensal (°C) 17,9 15,6 14,7 16,3 13,6 12,7 14,1 11,4 10,6

Coef. perdas edifício - (W/(m2pav.°C)) 1,19 1,69 2,00 1,01 1,46 1,72 0,98 1,38 1,60

Limite para Ti=16 ºC (W/(m2pav.°C)) 1,57 1,05 0,81

> Quadro 1: Estimativa da temperatura interior de equilíbrio para o T2 para os Uref

do RCCTE 2006.

elevadas, para os mesmos ganhos de calor

considerados.

HabiTações Com neCessidades TérmiCas

quase nuLas em PorTugaL e sem sisTema

de CLimaTização

Dependendo da zona climática e do FF, as

frações de habitação com necessidades de

aquecimento quase nulas são uma realidade

em Portugal, face às exigências do compor-

Page 42: Construção Magazine 47

40_cm

40_41

Devido à sua abundância e facilidade de utili-

zação, a terra é um dos materiais de constru-

ção mais antigos usados pelo Homem, facto

comprovado por evidências arqueológicas que

sugerem a existência de cidades milenares

construídas em terra como Jericó (Israel),

Çatal Huyuk (Turquia), Harappa (Paquistão) e

Akhlet-Aton (Egito), entre outras.

A construção em terra está de tal forma

disseminada que cerca de 30% da população

mundial vive atualmente em construções

feitas em terra crua, ao passo que nos países

em desenvolvimento este número representa

mais de metade da população. Por outro lado,

em consequência da utilização massiva da

terra como material de construção ao longo

dos últimos séculos, existe atualmente um

património arquitetónico significativo que

urge preservar. De destacar que dos sítios e

monumentos classificados como Património

Mundial, 10% são total ou parcialmente cons-

truídos em terra e dos que se encontram na

lista do património em risco 16% são igual-

mente em terra.

As técnicas de construção em terra mais

comuns são o adobe e a taipa. A construção

em adobe consiste na execução de uma al-

venaria de blocos de terra moldados e secos

ao sol, cuja argamassa de assentamento é

ConsTruIr EM TErrA AInDA fAz sEnTIDo?

Daniel V. Oliveira, IsIsE, DEC, universidade do MinhoRui A. Silva, IsIsE, DEC, universidade do Minho

alvenaria e construções antigas

tipicamente à base de terra. Por seu lado,

a taipa consiste na construção de paredes

monolíticas através da execução de camadas

delgadas de terra compactada entre taipais

(cofragem), ver figura 1.

A construção em terra apresenta uma série

de vantagens, entre as quais se inclui o bom

desempenho térmico (muito relevante em

climas com amplitudes térmicas diárias con-

sideráveis) e acústico, elevada sustentabili-

dade (devido ao reduzido impacte ambiental

e ausência de resíduos), resistência ao fogo

e simplicidade técnica. Como principais

deficiências aparece a reduzida resistência

mecânica (especialmente preocupante em

zonas de perigosidade sísmica moderada

a elevada) e a baixa resistência à água. se

o contato com a água pode ser fortemente

limitado, através da adoção de boas práticas

construtivas tradicionais, o aumento da re-

sistência sísmica da construção é mais difícil,

requerendo a adição de estabilizantes ao solo

ou a inclusão de outros materiais estruturais

(resultando daqui maior impacto económico

e ambiental), ver figura 2. As construções

em terra exigem também manutenção fre-

quente para se assegurar boas condições de

durabilidade.

A adequabilidade dos solos para construção

pode ser analisada através de ensaios de cam-

po, que permitem formar uma ideia qualitativa,

ou (preferencialmente) através de ensaios

laboratoriais normalizados que fornecem

informação quantitativa. Apesar de nem todos

os solos poderem ser usados para construção

em terra no seu estado natural, a sua correção

granulométrica e/ou estabilização com ligan-

tes pode permitir o seu uso.

nos países desenvolvidos, a pr ática da

construção em terra caiu em desuso durante

o século passado, como consequência do

desenvolvimento tecnológico e uso intensivo

dos novos materiais de construção (essencial-

mente betão e aço). Esta prática construtiva

foi (erradamente) associada a uma imagem

de pobreza, típica de países em vias de de-

senvolvimento ou de situações extremas de

carência habitacional e económica, como foi

o caso da Alemanha após a segunda guerra

mundial. no caso de Portugal, a construção em

adobe e taipa foi utilizada até sensivelmente

meados do século passado, em diferentes

regiões do país. A construção em adobe pode

ser observada nas regiões da Beira Litoral

e ribatejo, podendo-se encontrar inúmeras

construções de taipa no Alentejo e Algarve.

Pela sua importância histórica, refere-se o

Castelo de Paderne, no Algarve, uma constru-

> Figura 1: Construção em terra: (a) parede de adobe; (b) parede de taipa.

(a) (b)

Page 43: Construção Magazine 47

cm_41

ção em taipa erigida no séc. XII durante a fase

final da ocupação muçulmana de Portugal,

ver figura 3.

no final dos anos 80, a construção em terra em

Portugal começou lentamente a reaparecer

nos meios rurais do sul do país, impulsionada

pela tomada de consciência da necessidade

de recuperação e preservação dos velhos sa-

beres associados à construção em terra. Por

outro lado, as recentes preocupações ambien-

tais e de sustentabilidade associadas ao setor

da construção fizeram renascer o interesse

pela terra como material de construção. face a

este renovado interesse, o grande desafio que

se coloca atualmente à construção em terra

centra-se na necessidade de desenvolver dis-

posições regulamentares que permitam aos

técnicos projetar construções em terra mais

seguras, eventualmente incluindo melhorias

ao nível da resistência mecânica do material.

Por outro lado, o desenvolvimento de técnicas

e materiais para a reabilitação e preservação

eficientes do vasto património existente em

terra, algum de valor arquitetónico conside-

rável, constitui ainda um desafio para o meio

técnico. A simples reparação eficiente da

fendilhação estrutural das paredes coloca

desafios técnicos complicados.

face ao exposto, conclui-se que a construção

em terra constitui uma solução construtiva

claramente a considerar. Há, porém, uma

série de desafios técnicos a resolver, sendo

necessário que as universidades assumam

um papel mais ativo, através da geração de

conhecimento científico sobre estas cons-

truções.

> Figura 3: Castelo de Paderne, Algarve: (a) vista geral; (b) torre albarrã.

(a) (b)

(a) (b)

> Figura 2: Construção em taipa: (a) correção do solo; (b) estrutura auxiliar de betão armado.

Page 44: Construção Magazine 47

betão estrutural

Este espaço dedicado ao ‘Betão Estrutural’

tem contado, desde que foi criado, com artigos

sobre o comportamento do material betão e das

estruturas de betão armado e pré-esforçado. No

entanto, o betão, para além de ser o mais extra-

ordinário material de construção, é igualmente

muito interessante para outro tipo de aplica-

ções, incluindo-se nestas o mobiliário urbano.

O presente artigo pretende dar a conhecer um

projecto científico desenvolvido neste contexto

em co-promoção com a indústria.

As peças de mobiliário urbano actualmente

comercializadas no mercado nacional caracte-

rizam-se por apresentarem um design pouco

elaborado, dimensões generosas, um peso

muito significativo e uma estética discutível.

Com o objectivo ambicioso de desenvolver um

produto, mais do que inovador, verdadeiramen-

te arrojado, foram reunidas em consórcio todas

as competências consideradas necessárias:

(i) um arquitecto de renome internacional,

Eduardo Souto de Moura, prémio Pritzker 2011;

(ii) uma conceituada empresa de prefabrica-

ção, a Prégaia, e (iii) um prestigiado centro de

investigação científica, o Instituto de Enge-

nharia de Estruturas, Território e Construção

(ICIST). Foram envolvidos investigadores com

expertise em: modelação numérica – Jorge

Alfaiate (IST) e Daniel Dias da Costa (FCTUC),

formulação de betões – Hugo Costa (ISEC), du-

42_43

rabilidade – António Costa (IST) e um bolseiro

de investigação – Carlos Fernandes (FCTUC).

O projecto foi submetido ao Instituto de Apoio

às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação

(IAPMEI), tendo sido aprovado o seu finan-

ciamento através do Quadro de Referência

Estratégica Nacional (QREN).

Contando com o entusiasmo de todos os en-

volvidos, as partes reuniram pela primeira vez

MObIlIáRIO URbANO EM bETãO DE UlTRA-ElEvADO DESEMPENHO

Eduardo Júlio, Prof. Catedrático DECivil IST-UTl

> Figura 1: Esboço de algumas peças de mobiliário urbano da autoria do Arq.º Souto Moura.

ainda antes da homologação do projecto, tendo

o Arq. Eduardo Souto de Moura desenhado os

primeiros esquiços (Fig. 1) na toalha (de papel)

do restaurante onde o encontro teve lugar.

Com base nestes desenhos, foi construído um

modelo numérico simples (Fig. 2), recorrendo a

um programa comercial de elementos finitos,

AbAQUS, das peças a produzir pela Prégaia.

Em função dos valores máximos estimados

> Figura 3: Tensões principais de tracção.> Figura 2: Malha de elementos finitos.

42_cm

Page 45: Construção Magazine 47

para as tensões de compressão e de tracção,

foram definidas as características mecânicas

do betão a utilizar.

Devido à extrema esbelteza das peças de-

senhadas, revelou-se como especialmente

condicionante o valor da resistência à tracção

(da ordem dos 15 MPa, Fig. 3). Optou-se por

um betão branco auto-compactável de ultra-

elevado desempenho reforçado com fibras

metálicas. A primeira mistura formulada apre-

sentou, aos 28 dias, uma resistência à tracção

da ordem de 25 MPa, determinada a partir de

ensaio à flexão (Fig. 4), e uma resistência à

compressão de 130 MPa, determinada a partir

do ensaio à compressão das metades dos

provetes usados no ensaio à flexão (Fig. 5).

Estes valores foram ultrapassados com uma

segunda mistura entretanto formulada. Na

Tabela 1, sintetizam-se os valores obtidos do

peso volúmico e da fluidez, no estado fresco,

assim como da resistência à tracção por flexão

(apresentando-se o valor correspondente ao

início da fissuração, fcr

, e o valor corresponden-

te à rotura, fct

) e da resistência à compressão,

fc, a diferentes idades, para as duas misturas

formuladas. Está ainda a decorrer o estudo

para definição da mistura a adoptar em fábrica.

Presentemente, está em preparação a pro-

dução de um primeiro protótipo, para aná-

lise experimental e calibração do modelo

numérico. Os passos seguintes, consistem:

(i) na definição detalhada de todas as peças

a produzir; (ii) na modelação numérica do

comportamento estrutural destas, primeiro

através de análise linear elástica recorrendo

ao programa comercial AbAQUS e, depois, de

análise não-linear recorrendo a software de-

senvolvido no seio do grupo de investigação, o

qual incorpora elementos finitos enriquecidos

com descontinuidades embebidas, permitindo

deste modo a simulação da f issuração no

betão; (iii) a formulação de betões brancos e

cinzentos auto-compactáveis de ultra-elevado

desempenho reforçados com fibras metálicas

e, eventualmente, incorporando agregados

leves de argila expandida, optimizados em

função dos requisitos das peças a produzir; e

(iv) a produção e caracterização experimental

do comportamento estrutural de protótipos,

assim como da sua durabilidade e resistência

à fadiga.

Este projecto demonstra o potencial do ma-

terial betão para aplicações em áreas fora do

> Figura 4: Ensaio para determinação da resistência à tracção por flexão.

> Figura 5: Ensaio para determinação da resistência à compressão.

sector da construção, ilustra a inovação que

é possível, e desejável, promover na indústria

nacional no sentido de potenciar as exporta-

ções e evidencia as vantagens que resultam da

interacção indústria/centros de investigação

científica.

O Professor Eduardo Júlio escreve de acordo com a antiga ortografia.

MisturaPeso

volúmico(kg/m3)

FluidezIdade(dias)

Resistência (MPa)

Tracção Compressão

fcr

fct

fc

M1 2450 auto-compactável

0 0 0 0

3 10,2 15,9 115

7 13,4 21,6 126

28 15,4 25,8 130

M1 2480 auto-compactável

0 0 0 0

3 14,4 31,5 136

7 21,4 32,7 152

28 19,9 33,2 155

> Tabela 1: Características das primeiras misturas de UHPFRC formuladas

Page 46: Construção Magazine 47

44_cm

notícias44_46

A Federação Portuguesa da Indústria da Cons-

trução e Obras Públicas (FEPICOP) pediu ao

governo que declare a atividade construção

como setor em reestruturação e reivindicou a

possibilidade de ultrapassar os limites legais

para o acesso ao subsídio de desemprego em

cessações de contratos por mútuo acordo.

Na resposta, o secretário de Estado adjunto da

Economia e do Desenvolvimento Regional, An-

tónio Almeida Henriques, disse que “o Governo

estava disponível para analisar a situação em

função dos pedidos”, afirmou à Lusa o presi-

dente da FEPICOP, Ricardo Pedrosa Gomes.

De acordo com a FEPICOP, “numa altura em

que acumulam perdas consecutivas, seja em

termos de produção, seja no que se refere ao

número de empresas e postos de trabalho, para

a Federação da Construção esta é a única forma

de assegurar a sobrevivência das poucas uni-

dades que, a muito custo, ainda se conseguem

manter no mercado”.

O objetivo é ver estendida a todas as empre-

sas do Setor a possibilidade de invocarem a

condição de “empresa em reestruturação”,

sem ter de recorrer a pedidos individuais, cuja

burocracia e morosidade são incompatíveis

com a urgência que a atual situação exige.

Além disso, querem que se permita às em-

presas, de forma expressa, ultrapassarem os

limites legais para o acesso ao subsídio de de-

semprego no caso das cessações de contratos

de trabalho por mútuo acordo.

www.fepicop.pt

atividade como setor em reestruturação

setor da construção quer facilitar rescisões amigáveis

O edifício está na melhor posição da tabela de

classificação energética, tendo obtido um A,

o que significa que dispõe de várias soluções

de consumo eficiente de energia, incluindo

sistemas de aquecimento e iluminação.

O elevador fornecido pela Kone, vai consumir

substancialmente menos energia que um

elevador tr adicional, pois a energia de

travagem é de novo injetada na rede elétrica.

Além disso, os moradores serão capazes de

monitorizar, ajustar e minimizar o consumo de

energia através da tecnologia da ABB baseada

no protocolo KNX, a ser instalada em cada

apartamento, o que lhes permite controlar

com precisão a temperatura e iluminação das

residências, mesmo que estejam fora, através

da internet.

“Os aparelhos e iluminação, bem como o

si s tema d e a q u eci mento el étr i co d o s

apartamentos, estão ligados a uma rede. Os

controladores de rede permitem ao utilizador

ajustar o sistema às suas preferências, o que

significa que mesmo pequenas poupanças

de energia podem ser feitas com precisão

e sem esforço“, comenta Paavo Tammisto,

responsável de produtos de baixa tensão da

ABB na Finlândia

Serão também colocados painéis solares. A

Fortum, uma empresa de energia finlandesa,

instalará no terraço do edifício painéis solares

que produzem 15.000 kW de eletricidade por

ano, proporcionando iluminação às escadas

comuns e permitindo o recarregamento de um

veículo elétrico, a ser utilizado em conjunto

pelos moradores. O complexo habitacional

vai ofer ecer também quatr o pontos de

carregamento para carros elétricos, a serem

instalados na expectativa do aumento do uso

deste tipo de veículos.

“O fornecimento de eletricidade produzida a

partir dos painéis solares, juntamente com a

tecnologia de ponta de poupança de energia,

permite que o impacte ambiental deste

edifício seja menor do que o de qualquer outro

complexo de apartamentos convencionais, de

tipologia e dimensões equivalentes”, explica a

ABB em comunicado.

www.abb.pt

edifícios energeticamente sustentáveis

Está a ser desenvolvido na cidade de Espoo,

no sul da Finlândia, um novo conceito de vida

urbana sustentável, com a construção de

casas energeticamente eficientes. Nesse

sentido, a empresa Skanska está a construir

um edifício de apartamentos com a ajuda de

outras empresas como a ABB, a Fortum e a

Kone, que será concluído ainda este ano.

© H

ANS

THOu

RSIE

Page 47: Construção Magazine 47

cm_45

A Doka decidiu apostar mais na internet e criou um novo website caracterizado pela interação e

facilidade de acesso e design atrativo.

Com o novo site é possível uma pesquisa interativa de produtos e serviços, não só porque pro-

duz imediatamente um resultado eficaz, mas sobretudo porque sugere ainda outros produtos

e serviços adequados. uma outra funcionalidade é a área correspondente às referências, que

reforçada a nível visual e de qualidade, contando agora com hotspots das imagens, onde poderá

ampliar ou reduzir, pormenores e detalhes interessantes da estrutura e Google Maps, permitindo

aos visitantes localizar facilmente projetos individuais, com apenas um click.

Vai também dispor de uma secção de Notícias que vai “informar os utilizadores, em tempo real, so-

bre o que de mais interessante e importante está a acontecer no Mundo Doka”. Inclui hiperligações

para os vários canais das redes sociais e informa sobre as últimas notícias, artigos de imprensa

e novidades. Os conteúdos estarão também disponíveis para utilização móvel, via smartphone.

doka lança novo website

www.doka.pt

Mais de 80 milhões de euros é quanto a Luso-

ponte está disposta a investir na construção

de uma via rápida de 11 quilómetros que ligue

a península do Barreiro à Ponte Vasco da Gama.

O objetivo é desviar o trânsito da saturada 25

de Abril para a Vasco da Gama e constituir uma

alternativa à terceira travessia do Tejo (TTT) na

zona do Barreiro.

O município da Moita já se assumiu contra

esta opção, rejeitando o traçado proposto,

sobretudo pelo impacte ambiental e social que

teria na chamada “bacia Moita-Sarilhos”, onde

está prevista uma ponte de quatro quilómetros

com 76 pilares e apenas um vão com condições

de navegabilidade.

Como alternativa, os autarcas propõem a

construção da Estrada Regional 11-2, também

conhecida por Circular Regional Exterior da

Moita (CREM), há muitos anos prevista no Pla-

no Rodoviário Nacional. Afirmam que cumpre

praticamente os mesmos objetivos de ligação

à Vasco da Gama, tem menores custos e a

vantagem de não afetar aquele plano de água

do estuário do Tejo e de assentar “em meio

terrestre, segundo uma topografia suave e

sem constrangimentos de maior”.

No entanto, a Lusoponte apresentou, em janei-

ro, aos municípios do Barreiro, Moita, Montijo

e Alcochete um programa preliminar de cons-

trução desta ligação Barreiro-Montijo, também

conhecida por “Circular do Arco Ribeirinho Sul”.

No projeto é proposta a construção de uma

estrada com duas vias de circulação em cada

sentido, entre a Rotunda 25 de Abril (junto à

antiga Quimiparque no Barreiro) e um novo nó

de ligação à A12 (acesso à Vasco da Gama) na

zona do Montijo. O trajeto proposto de 11 qui-

lómetros inclui um troço de quatro quilómetros

totalmente sobre água da bacia Moita-Sarilhos,

que passaria a sul da ilha do Rato, a partir da

zona da nova Estação de Tratamento de Águas

Residuais Barreiro-Moita, e até ao cais fluvial

do Seixalinho, a sul da Base Aérea do Montijo.

Os estudos levados a cabo pela Lusoponte

apontam para um investimento que pode

situar-se entre os 54 e os 83 milhões de euros

que, segundo os autarcas, a Lusoponte estará

disposta a suportar.

A empresa considera que a Vasco da Gama

está “claramente subutilizada e muito aquém

da sua capacidade máxima, gerando menos

receitas do que à partida seria expectável”,

refere um parecer da Câmara da Moita a que

o jornal PÚBLICO teve acesso. Por isso tem a

“expectativa” de que esta nova estrada possa

“vir a captar um maior número de utilizadores

para a Vasco da Gama” para as ligações a Lis-

boa e à restante margem norte do Tejo, porque

reduz também a distância entre o Barreiro e

zonas da capital.

lusoponte propõe nova ligação à ponte vasco da gama

© M

ORGA

INE

A empresa Lusoponte quer construir um novo acesso na

ponte do Barreiro à Vasco da Gama. Contudo, já conta com

oposição dos autarcas que apontam os impactes ambien-

tais da nova ponte e temem que esta via ponha em causa

a terceira travessia do Tejo.

Page 48: Construção Magazine 47

notícias

46_cm

Nasceu o BIMFórum Portugal, uma plataforma

que pretende modernizar e revolucionar o

setor da construção nacional. Surgiu pela

mão de um conjunto de entidades nacionais

(públicas e privadas) que tinham vontade

de colaborar tendo em vista a otimização

dos processos na indústria da construção e

que partilham a visão de que a metodologia

Building Information Modeling pode ser um

catalisador para essa mudança.

bimfórum portugal

A missão do BIMFórum Portugal é facilitar e

acelerar a adoção do Building Information

Modeling (BIM) na indústria da Construção

nacional, desenvolvendo e par tilhando as

melhores práticas para projeto e construção

virtual (VDC) garantindo uma sincronização

com as entidades homólogas internacionais.

O Fórum está aberto à participação de todos

os interessados.

www.bimforum.com.pt

O Building Information Modeling é uma nova

abordagem que envolve a geração e gestão de

uma representação física e funcional virtual de

um empreendimento. O resultado é uma base

de conhecimento partilhada que suportará a

tomada de decisão ao longo do ciclo de vida

do empreendimento permitindo a redução

de custos, a eliminação de desperdícios e

a melhoria da comunicação entre todos os

intervenientes da cadeia de valor.

Souto Moura deu a conhecer o projeto de sua autoria para o edifício do Aproveitamento

Hidroelétrico de Foz Tua. Encomendado pela EDP, o projeto traduz a vontade da empresa de ter

o menor impacto possível na paisagem do Douro Vinhateiro.

Este é o primeiro projeto de barragem do conhecido

Arquiteto e, segundo ele o objetivo foi “eliminar

todo o caráter de ‘edifício’ a esta construção,

reduzindo a sua imagem ao caráter de ‘máquina’

inserida na paisagem”.

A obra será quase integralmente subterrânea

e adota formas e materiais característicos da

região. Estão presentes os socalcos, o granito,

as oliveiras. À superfície, descreve Souto Moura:

“tendo como pano de fundo a barragem, e em

primeiro plano a ponte do Eng. Edgar Cardoso, a imagem do edifício da Central ficará reduzida

a um complexo de máquinas que, obrigatoriamente, deverá ficar no exterior, na natureza,

artificialmente natural”.

Foram também pensadas outras medidas de menor impacto, tais como: a opção por uma

subestação compacta em edifício, a eliminação das torres das comportas junto aos bocais da

restituição, a adoção de um talude de escavação com elevada inclinação, com vista a diminuir a

sua altura e a oculta-lo pelo edifício da central, o arranjo arquitetónico integrado, a não execução

do acesso à margem esquerda através do coroamento da barragem, de forma a reduzir o impacto

paisagístico e proteger comunidades florísticas, ou ainda a definição de zonas de “não-afetação”

florística na margem direita, mantendo a vegetação ribeirinha natural.

A barragem de Foz Tua começou a ser construída em 2011 e tem a sua conclusão prevista para

2016, envolvendo um investimento da ordem dos 305 milhões de euros. O empreendimento

será constituído por uma barragem em betão, do tipo abóbada, por uma central subterrânea

com dois grupos reversíveis com uma potência total de 259 MW. Prevê-se uma produção bruta

anual de 585 GWh .

souto moura apresenta projeto para barragem de foz tua

Vitor Mar tins dos Reis foi nomeado

presidente do Instituto da Habitação e

da Reabilitação urbana (IHRu) no mês

de fevereiro.

O ex-deputado do PSD assume a pre-

sidência do IHRu em substituição de

António José Mendes Batista, que tinha

sido nomeado em 2010 presidente

desse organismo, na sequência de uma

polémica saída do instituto de Nuno

Vasconcelos.

Vitor Martins dos Reis estava no insti-

tuto público há alguns anos (2007) e já

tinha estado no Instituto Nacional de Ha-

bitação que deu origem ao IHRu. Entrou

no Instituto Nacional de Habitação em

1990. Entre 2000 e 2005 foi deputado

na Assembleia da República, eleito pelo

PSD por Lisboa.

Foi também nomeado Luís Roxo Gon-

çalves para vogal executivo do IHRu.

Este responsável coordenou a equipa

técnica para elaboração dos projetos de

reabilitação da Frente Ribeirinha da Baixa

Pombalina. A outra vogal é Marta d’Arruda

Moreira que esteve a exercer funções na

Caixa Geral de Depósitos até agora.

instituto de reabilitação urbana tem novo presidente

Page 49: Construção Magazine 47

O TOCOR700 é o novo analisador de medição

analítica lançado no mercado nacional pela

F.Fonseca. Trata-se de um sistema de análise

de COT (carbono orgânico total) que oxida

todo o carbono orgânico da amostra de água

em contínuo e analisa os gases resultantes

por NDIR. Previamente, o carbono inorgânico

é removido por “stripping”.

O gás de arrasto necessário é produzido pelo

próprio TOCOR700, sendo que funciona inde-

pendente do ar de instrumentação.

O sistema conta com um filtro secundário de

lavagem para amostras de água turva e uma

unidade de diluição da amostra com altas

concentrações salinas, estão disponíveis

como opção.

O TOCOR700 está disponível em duas varian-

tes: TOCOR700 TH, com reator térmico de

elevada temperatura, especialmente indicado

como um analisador preciso para águas com

contaminantes desconhecidos; e TOCOR700

UV, com reator ultra violeta para monitorizar

limites no caso de águas com contaminantes

conhecidos.

Em termos de vantagens, a empresa F.Fonseca,

destaca a determinação de COT de acordo com

as especificações legais. Além disso, refere os

baixos custos de operação, sem necessidade

de gás de arraste dispendioso.

“A nível de aplicabilidade na indústria o TO-

COR700 da Sick é ideal para monitorização

de COT em rios e águas superficiais, monito-

rização dos efluentes de descarga em ETAR s

municipais e monitorização dos efluentes de

descarga em ETAR s Industriais em centrais

térmicas, químicas e petroquímicas, pasta de

papel”, explica a F.Fonseca.

www.ffonseca.com

analisador de medição analítica

A Municípia – Empresa de Cartografia e Sistemas de Informa-

ção desenvolveu um serviço de desenvolvimento e imple-

mentação de Planos Municipais de Emergência de Proteção

Civil, utilizando as mais modernas tecnologias num ambiente

de Sistemas de Informação Geográfica para a internet (se-

gundo a resolução nº 25/2008 da CNPC).

Trata-se de um instrumento de trabalho e suporte para a pre-

paração e organização das ações de resposta aos acidentes

graves e/ou catástrofes, onde a solução passa por otimizar

a relação entre indivíduos e organizações, identificar as

necessidades e articular as ações de resposta (de forma a

minimizar os efeitos e as consequências) e prevenir e asse-

gurar as medidas necessárias para reduzir riscos e o impacto

resultante de situações de emergência.

O mais recente sistema da Municípia tem como objetivos

identificar e localizar equipamentos e recursos, identificar

perigos, vulnerabilidades e riscos, mitigar e reduzir riscos,

definir procedimentos de atuação em situações de emergên-

cia, assim como prever as responsabilidades e atribuições

de cada interveniente.

www.municipia.pt

soluções tecnológicas para desenvolvimento de planos de emergência

PUB

47_49 mercado

Page 50: Construção Magazine 47

48_cm

mercado

turbina a vapor para centrais elétricas geotérmicas

A Siemens Energy apresentou as novas turbinas a vapor para centrais elétricas geotérmicas que

contam com uma capacidade até 60 megawatts. A turbina a vapor SST-400 GEO foi concebida,

especialmente para aplicações geotérmicas, podendo ser instalada neste tipo de centrais, indepen-

dente do fluido térmico utilizado. “Este equipamento pretende dar resposta à crescente procura do

mercado mundial por turbinas a vapor geotérmicas uma vez que, de acordo com um estudo levado

a cabo pela IHS Emerging Energy Research, a capacidade instalada de energia geotérmica triplicará

mundialmente atingindo aproximadamente os 31 GW até 2020”, refere a Siemens.

A SST-400 GEO é adequada para temperaturas de vapor vivo até 250 °C, com pressões de vapor de

até 12 bar absolutas. A turbina é fabricada com materiais resistentes à corrosão e as pás estão

equipadas com dispositivos de purga de água, que libertam a carcaça de qualquer humidade em

cada andar da turbina. A Siemens destaca que estas turbinas incluem materiais de alta qualidade,

especiais para combater a corrosão e para prevenir a formação de fissuras e fraturas causadas

por fadiga do material.

nova geração de torneiras termostáticas

A Roca lançou uma nova geração de torneiras termostáticas Victoria-T. Estas torneiras garantem,

segundo a empresa, maior conforto e segurança, misturando, de forma automática, a água quente

e a água fria, de acordo com a temperatura previamente selecionada, mantendo-a constante

durante todo o tempo, mesmo que haja consumos simultâneos noutro espaço de banho ou até

na cozinha.

Os modelos estão equipados com dispositivos de segurança que impedem, por um lado, que a

temperatura da água ultrapasse os 38 graus e, por outro, que as capas cromadas sobreaqueçam.

Esta gama conta com uma boa performance ecológica. Quando acionado o botão limitador de

caudal, o consumo de água diminui em 50 por cento. Além disso, dado que a temperatura desejada

é atingida em três segundos e se mantém inalterável, há uma poupança energética significativa.

As torneiras termostáticas de duche e banheira podem ser exteriores ou de encastrar.

www.roca.com

novo painel de lã mineral

A Knauf volta a apostar no aproveitamento da

lã mineral e desta vez lançou um novo painel,

ideal para ombreiras e vergas superiores de

portas e janelas quando usado o sistema de

isolamento exterior ETICS.

Devido à sua incombustibilidade, estes painéis

oferecem proteção em caso de incêndio. A

natureza elástica das fibras entrelaçadas

melhora o isolamento acústico do edifício.

Do mesmo modo, a sua baixa condutividade

térmica garante a máxima proteção térmica

do edifício, e consequentemente, reduz os

custos energéticos.

“Ao contrário de outros isolantes, a estrutura

permeável de Lã Mineral permite o nível máximo

de respirabilidade e permeabilidade ao vapor

de água, evitando o risco de condensações

superficiais e a possibilidade de patologias por

humidade na fachada”, afirma a Knauf em comu-

nicado. As Lãs Minerais são materiais de origem

natural resistentes ao clima mais extremo e

ao envelhecimento. São inertes, inorgânicas,

imputrescíveis dimensionalmente estáveis,

não provocando rachaduras nas fachadas, con-

tribuindo para um menor custo de manutenção.

A elevada temperatura, a Lã Mineral permite

também uma grande liberdade no design ar-

quitetónico para a definição dos acabamentos

exteriores, numa ampla variedade de cores,

mesmo em cores escuras.

A Knauf conta com três tipos de painéis: ETICS

Painel FKD-U-RS-C2; Painel ETICS FKD-C-S1;

Lamela FKL-C2.

www.knaufinsulation.pt

www.siemens.com/energy

Page 51: Construção Magazine 47

cm_49

O Tekla Structures 18 é mais recente versão deste software desenvolvido pela Tekla Corporation.

O objetivo é o de simplificar o longo processo de desenvolvimento de um projeto. Este software

permite desenvolver um projeto de construção de forma rápida, com melhor visualização, um

processo de modelação mais intuitivo e ferramentas de gestão simplificadas.

Cada vez é mais importante a articulação e colaboração estreita entre todos os intervenientes

no projeto e este software é direcionado para isso. Todos esses intervenientes desde arquitetos,

construtores, empreiteiros, projetistas e engenheiros podem, em obra, beneficiar de um melhor

acesso, mais preciso e completo aos dados do modelo 3D.

“Uma modelação mais rápida e simples dá aos nossos clientes uma vantagem competitiva,

adicionando aos benefícios do BIM a poupança de tempo e dinheiro”, afirma Risto Raty, o vice-

Presidente Executivo da Tekla Corporation.

O software BIM Tekla Structures foi lançado em 2004 e é usado por profissionais da construção

em todo o mundo, estando sempre em constante atualização, através das novas versões. Fun-

ciona perfeitamente com Tekla BIMsight, uma ferramenta livre, de colaboração em projetos de

construção.

software de gestão de projeto

www.teklastructures.com

nova gama de produtos de limpeza para construção

A Artebel apresentou um novo bloco de pavimento exterior em betão vibro-prensado de dupla

camada, indicado para a execução de pavimentos exteriores. Pode ser utilizado para todo o tipo

de tráfego. O pavimento Ecopavê é destinado à execução de pavimentos em espaços exteriores

de vários propósitos, seja o complemento de uma zona ajardinada, zonas pedonais, acessos e

estacionamentos, com mais ou menos área coberta, mais ou menos permeabilidade de águas.

Os pavês (blocos) contam com determinadas características, tais como: elevada resistência

mecânica; índice de escorregamento reduzido; facilidade e rapidez na aplicação; economia de

mão de obra; possibilidade de várias estereotomias.

A geometria única deste pavimento possibilita inúmeras opções de estereotomias, com diferentes

propósitos e resultados, seja por motivos estéticos ou por motivos funcionais. O Ecopavê está

disponível em diferentes cores.

novo pavimento exterior

A Baixens lançou a Gama Clean, que conta com vários produtos para resolver problemas de limpeza

de musgo, mofo,salitre,garfitti e cimento.

O sistema de pulverizador de 0,500 ml é adequado para uso particular. Existem também emba-

lagens de maior quantidade para uso profissional.

A empresa criou um catálogo explicativo da utilização de cada produto. Fazem parte desta gama

produtos como: Clean Musg; Clean Graff; Clean CIM; Clean Sal; Clean Energy.

Estes produtos estão certificados, estando em conformidade com as normas ISO 90001, ISO

14001 e OHSAS 18001.

www.baixens.com

www.artebel.pt

Page 52: Construção Magazine 47

50 estantePUB

Este livro é o primeiro relatório referente à atividade

desenvolvida pelo Laboratório Nacional de Engenharia

Civil (LNEC) e pela Faculdade de Ciências e Tecnologias

da Universidade de Coimbra (FCT/UC) no âmbito do

projeto IRUMS – Infraestruturas Rodoviárias Urbanas

Mais Seguras.

Neste relatório apresenta-se o estado da prática corren-

te em medidas de engenharia de segurança rodoviária

em ambientes urbanos e o estado da arte em modelos

de estimativa da frequência de acidentes, elencando-se

também variáveis potencialmente úteis para a esti-

mação de volumes de tráfego de utentes rodoviários

vulneráveis com especial incidência nos peões.

A u t o r e s : Sandr a V ieir a Gomes; João L . Car doso; Car men Car va-

lheir a; Luís P icado S antos . e d i t o r A : L NEC . d A t A d e e d i ç ã o : 2011

ISBN: 978-972-49-2229-4 . PáginAs: 150 . Preço: 26,00 euros . à venda

em www.engebook.com

estado-da-arte sobre medidas de engenharia de segurança rodoviária em ambiente urbano e sobre modelos de estimativa da frequência de acidentes – resultados do projeto irums

A FCA lançou recentemente mais um livro técnico, o “Auto-

CAD Civil 3D – Depressa & Bem”. Este livro ensina a utilizar

eficazmente o AutoCAD® Civil 3D® (Civil 3D), uma ferramen-

ta que permite gerir, de forma partilhada e integrada, todo

o ciclo de execução de um projeto topográfico/rodoviário,

desde a recolha da informação de campo até à conclusão

dos trabalhos, passando pela modelação e avaliação de

vários cenários.

Desenvolvido a partir da versão 2012, a versão mais recen-

te do programa, esta obra disponibiliza inúmeros exercícios

práticos que ensinam a compreender as diversas aplica-

ções e conceitos do Civil 3D. São utilizados dados reais

na aplicação dos conceitos a situações reais com que os

profissionais se confrontam diariamente no desempenho

das suas funções.

Os capítulos estão estruturados de forma a serem lidos

sequencialmente, respeitando o desenvolvimento típico

de um projeto de Engenharia.

O livro é destinado a todos os profissionais envolvidos

em projetos de Engenharia Civil, sejam eles engenheiros,

projetistas, topógrafos ou desenhadores, “AutoCAD Civil 3D

– Depressa & Bem” é igualmente útil para as certificações

Autodesk Associate.

Autor: J. João Sousa . editorA: FCA . dAtA de edição: 2011 . ISBN: 978-972-722-

664-1 . PáginAs: 328 . Preço: 29,95 euros

autocad civil d – depressa bem

Page 53: Construção Magazine 47

cm_51

projeto pessoal

biNasceu no Porto no ano de 1971. É licenciado em Arquitetura pela

Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (1995) e Mestre em

Reabilitação do Património Edificado pela Faculdade de Engenharia da

Universidade do Porto (2007). É docente na FAUP desde 2005, exerce

atividade profissional na área da arquitetura/reabilitação desde 1994 e

conta com diversas conferências e obras expostas e publicadas a nível

nacional e internacional. Foi finalista do Prémio Enor 2007 (Capela do

CREU-IL, Porto), dos Prémios FAD 2009 (Centro de Apoio a Imigrantes São

Cirilo e Edifício de Escritórios, Porto), do Prémio ENOR 2011 (Pavilhão de

Acolhimento da Escola Francesa do Porto) e recebeu a Menção Honrosa

do Prémio IHRU 2011 (Remodelação e Ampliação de Duas Habitações em

Edifício do séc. XIX, Porto). Pelo conjunto da obra do gabinete, em 2011

foi distinguido com a Menção “Highly Commended” dos Prémios “WAN 21

for 21” (21 Arquitetos para o Século 21).

sonho de criançaSer astronauta.

o seu maior desafioLutar por políticas, projetos e obras de reabilitação urbana e

arquitetónica mais qualificadas. Contribuir com a minha prática

profissional, a docência e a minha investigação de Doutoramento para

esta qualificação e para uma revisão do enquadramento regulamentar

dos processos de reabilitação.

um engenheiro civil ou arquiteto de referênciaAfirma ser impossível não pensar imediatamente no arquiteto

Siza Vieira. Na engenharia refere o Prof. Eng.º Vasco Freitas, com quem

tem tido o privilégio de trabalhar nas áreas da Reabilitação e da Física

das Construções.

uma obra de referênciaUma só, considera impossível! Casa Schroder (Rietveld) , o Pavilhão de

Barcelona (Mies), o Centro Histórico de Guimarães (Távora), a Piscina de

Leça (Siza), o Estádio do Braga (Souto Moura), ...

uma aposta no futuro ou projeto “na calha”A futura Galeria da Biodiversidade do Porto (2ª fase da reabilitação da

Casa Andresen e estufas do Jardim Botânico do Porto) e a Reabilitação

dos Albergues Noturnos do Porto (primeira linha de apoio aos Sem-Abrigo

da cidade).

NUNO VALENTIM Arquiteto

© MARIANA THEMUDO/JFF

dos projetos mais desafiantes, seleciona

Os projetos e obras destacados em alguns prémios internacionais,

que lhe conferem destaque:

Pavilhão de Acolhimento da Escola Francesa do Porto

Centro de Apoio a Imigrantes São Cirilo, Porto

Atelier des Createus – Reabilitação de edifício de 1902 para confeção artesanal no Porto

Page 54: Construção Magazine 47

52_cm

Jornadas de Inves- recursos naturais e energia 21 a 26 e 29 março Lisboa LneCtIgação e Inovação 2012 Portugal http://jornadas2012.lnec.pt

teKtÓnICa 2012 Feira Internacional de Construção 8 a 12 maio Lisboa aIP - FIL e obras Públicas 2012 Portugal www.tektonica.fil.pt

CIrea2012 Conferência Int. sobre reabilitação 4 de maio Lisboa FCt - UnL de estruturas antigas de alvenaria 2012 Portugal http://eventos.fct.unl.pt/cirea2012/

enContro téCnICo Controlo de descargas de Águas 9 maio Lisboa IPQ e aPrHÁgUas resIdUaIs residuais Urbanas nos Meios Hídricos 2012 Portugal www.aprh.pt

ICds12 Conferência Int.“durable structures: 31 maio a 1 junho Lisboa dUratInet e LneC from construction to rehabilitation” 2012 Portugal http://durablestructures2012.lnec.pt

As informações constantes deste calendário poderão sofrer alterações. Para confirmação oficial, contactar a Organização.

ICnMMCs “Mechanics of nano, Micro 18 a 20 junho turim UP e tP and Macro Composite structures” 2012 Itália http://paginas.fe.up.pt/~icnmmcs/

CobertUras seminário sobre Coberturas 19 abril guimarães deC-UMinhode MadeIra de Madeira 2012 Portugal www.civil.uminho.pt/coberturas/

calendário de eventos

o LneC está a organizar a International Conference durable structures, que vai acontecer nos dias

3 1 de maio e 1 de junho, em Lisboa. o evento conta com o apoio da rede dUratInet do programa

Área atlântica e surge no seguimento de duas conferências internacionais anteriores sobre o mesmo

tema: MedaCHs’08 em Lisboa e MedaCHs’10 em La rochelle, França.

o objetivo é criar um fórum para discussão e transferência de conhecimentos entre investigadores, en-

genheiros de estruturas, construtores, fabricantes de materiais de reparação, proprietários e gestores

de estruturas. esta conferência pretende também proporcionar aos jovens engenheiros e estudantes

de engenharia civil a familiarização com os temas da durabilidade estrutural e sustentabilidade.

“na atual conjuntura económica, os gestores dos empreendimentos são particularmente con-

frontados com graves restrições orçamentais relativamente à gestão e conservação das suas

estruturas, acrescendo ainda que em muitos casos não dispõem das ferramentas necessárias

à otimização dos recursos à sua disposição. Para abordar de forma adequada estas questões, é

necessário diagnosticar corretamente os processos de deterioração, avaliar as suas consequên-

cias estruturais, decidir o momento mais apropriado para a reparação/reabilitação e selecionar os

sistemas que permitam otimizar os custos da conservação, tendo em conta todo o ciclo de vida

útil das estruturas”, refere a organização.

no evento, serão abordados vários temas, tais como: durabilidade dos materiais de construção;

Processos de deterioração e modelação; ação ambiental e previsão do tempo de vida útil das estru-

turas ; técnicas de ensaio e diagnóstico; tratamentos do betão e métodos de reparação; Métodos de

proteção do aço; sistemas de reparação e proteção sustentáveis e inovadores; betão sustentável

(p.ex., utilizando resíduos e materiais reciclados); gestão das estruturas, monitorização, fiabilidade

e segurança estrutural; Casos de estudo. http://durablestructures2012.lnec.pt

icds

eventos

vai decorrer de 18 a 20 de dezembro, em

Coimbra, o 4º Congresso nacional de Cons-

trução. o evento é organizado pela Universi-

dade de Coimbra, através do departamento

de engenharia Civil e do Centro de Investi-

gação em Ciências da Construção. tal como

nos anos anteriores, este ano o objetivo

passa por motivar a troca de experiências,

divulgação da investigação e reflexão sobre

os sempre crescentes desafios do setor da

construção em Portugal.

o Congresso vai contar com a participação de

vários especialistas da área da construção e

com a apresentação de diferentes comuni-

cações. destina-se a técnicos, Projetistas,

Licenciadores, Promotores, Investigadores,

estudantes, Industriais e a todos os que

sentem que têm um contribuo a dar ao setor

da Construção.

www.itecons.uc.pt/construcao2012/

congresso construção

Page 55: Construção Magazine 47
Page 56: Construção Magazine 47

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