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1 UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA CONSTRUÇÃO DE UM PROTÓTIPO ADAPTADO PARA INICIANTES NA PRÁTICA DA MODALIDADE DE ARREMESSOS PARA ATLETAS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA FÍSICA Santos 2007

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UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA

CONSTRUÇÃO DE UM PROTÓTIPO ADAPTADO PARA

INICIANTES NA PRÁTICA DA MODALIDADE DE ARREMESSOS PARA ATLETAS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA FÍSICA

Santos

2007

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UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA

CONSTRUÇÃO DE UM PROTÓTIPO ADAPTADO PARA

INICIANTES NA PRÁTICA DA MODALIDADE DE ARREMESSOS PARA ATLETAS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA FÍSICA

José Sérgio Pereira

Lucas Garcia Estevam

Ronaldo José da Silva

Thiago Henrique de Santana

Viviane Rodrigues

Monografia apresentada à

Universidade Santa Cecília para

concorrer ao título de Engenheiro,

pelo curso de Graduação de

Engenharia Industrial Mecânica.

Orientador: Prof. Valmir Demarchi

Santos

2007

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À todos os portadores de deficiência física,

esportistas ou não. Pessoas que possuem

uma força de vontade e determinação fora

de série. Vocês são pessoas abençoadas!

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Agradecimentos

Aos Professores Valmir Demarchi, Carlos Alberto Amaral Moino, José Carlos

Morilla e Ricardo Patero que colaboraram diretamente no desenvolvimento

deste projeto, apoiando e ajudando a dar diretrizes para que o trabalho atingisse

o objetivo inicial proposto.

Aos familiares pelo incentivo dado para que o projeto fosse concluído com

sucesso.

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Sumário pg. Resumo .........................................................................................................

Summary / Abstract...................................................................................…

1. Motivação .................................................................................................1

1.1 Aplicação da biomecânica para atletas arremessadores......................5

1.2 Modalidades de arremesso e lançamentos..........................................10

2. Deficiência física no esporte.....................................................................11

3. Ergonomia.................................................................................................13

3.1 Ergonomia do objeto...........................................................................13

3.1.1 Requisitos considerados no projeto..........................................13

3.1.1.1 Design do Objeto.......................................................14

3.1.1.2 Fatores ergonômicos básicos.....................................15

3.1.1.3 Tarefa.........................................................................16

3.1.1.4 Segurança...................................................................17

3.1.1.5 Conforto.....................................................................18

3.1.1.6 Postura.......................................................................18

3.1.1.7 Aplicação de força.....................................................20

3.1.1.8 Materiais....................................................................20

3.1.1.9 Ações de Manejo........................................................21

3.1.1.10 Produtos para pessoas portadoras de deficiência

física..........................................................................25

3.1.2 Caracterísitcas de uma boa cadeira...........................................26

4. Fisiologia e mecânica do arremesso..........................................................28

4.1 Músculos que determinam o grau de rendimento do arremesso..........28

5. Material da cadeira: Alumínio...................................................................30

5.1 Características principais do alumínio.................................................30

5.2 Aplicações do alumínio.......................................................................30

6. Solda em alumínio.....................................................................................32

6.1 Introdução............................................................................................32

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6.2 Processos.............................................................................................33

6.2.1 Processo TIG............................................................................34

6.2.2 Processo MIG...........................................................................34

6.3 Processos de Produção........................................................................35

6.3.1 O processo................................................................................35

6.3.2 Extrusão....................................................................................35

6.3.3 Tipos de Processo.....................................................................35

7. Estrutura da cadeira...................................................................................40

7.1 Ajustes.................................................................................................40

7.1.1 Assento e Encosto.....................................................................41

7.1.2 Fixações....................................................................................41

7.1.3 Tubos........................................................................................42

7.2 Programa para computador utilizado para dimensionamento das

reações da estrutura.............................................................................42

7.3 Análise das reações na estrutura da cadeira........................................44

8. Análise de Custos......................................................................................51

8.1 Material...............................................................................................51

8.2 Estofamento.........................................................................................51

8.3 Outros Gastos......................................................................................51

Observações...................................................................................................53

Conclusões ....................................................................................................54

Ficha de desempenho do atleta......................................................................55

Referências bibliográficas..............................................................................58

Bibliografia....................................................................................................59

Anexos...........................................................................................................60

Anexo A.....................................................................................................60

Anexo B......................................................................................................63

Anexo C......................................................................................................64

Anexo D......................................................................................................65

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Lista de Figuras

pg.

Figura 1 – Cadeira utilizada para modalidades de arremessos....................................2 Figura 2 - Cadeira utilizada em competições..............................................................4 Figura 3 - Estudo do movimento realizado por atletas durante o lançamento ............7 Figura 4 – Músculos superiores que trabalham no lançamento do peso...................29 Figura 5 – Extrusão com um mandril flutuante........................................................37 Figura 6 - Extrusão com movimento independente do mandril................................38 Figura 7 – Matrizes com múltiplos orifícios.............................................................39 Figura 8 – Esboço da estrutura da cadeira................................................................40 Figura 9 - Visualização das reações na estrutura da cadeira.....................................44 Figura 10 – Visualização das reações de compressão na estrutura da cadeira...........45 Figura 11 – Visualização das reações de momento fletor na estrutura da cadeira.....46 Figura 12 – Visualização das reações de deslocamento na estrutura da cadeira........48 Figura 13 – Visualização do maior deslocamento vertical.......................................49 Figura 14 – Visualização do maior deslocamento horizontal...................................50 Figura 15 - Cadeira utilizada no Centro de Treinamento localizado no Guarujá......64 Figura 16 – Detalhe do apoio para o pé do atleta......................................................64 Figura 17 – Foto da cadeira construída.....................................................................65

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Lista de Tabelas

pg.

Tabela 1 - Características significantes do processo de extrusão lubrificada

e sem lubrificação...................................................................................36

Tabela 2 - Classificação das seções de alumínio extrudado de acordo com

o grau de dificuldade para extrusão........................................................39

Tabela 3 – Dados estatísticos do produto.................................................................55

Tabela 4 – Questionário ao atleta.............................................................................57

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Resumo

PEREIRA, J. S.; ESTEVAM, L.; DA SILVA, R. J.; SANTANA, T.; RODRIGUES, V. Construção de uma cadeira adaptada para a prática da modalidade de arremessos

para atletas portadores de deficiência física. 2006. 30. Monografia de Graduação –

Universidade Santa Cecília, Santos.

O projeto teve como objetivo o desenvolvimento de uma cadeira adaptada para

iniciantes na prática esportiva de lançamento de peso, vara e disco destinada a

portadores de deficiência física. Foi levado em consideração diversos fatores que

englobam e comprometem a eficiência do mesmo, tais como materiais, ergonomia, e

segurança. Outro fator importante, levado em consideração foi a oportunidade de

construir uma cadeira que englobasse o maior número de atletas, indiferente da lesão, e

fazendo com que iniciantes e veteranos pudessem utilizar o mesmo recurso. Foi

realizada uma avaliação geral do projeto para que todas as especificações e propostas

fossem atingidas. Ajudar a reintegração do deficiente físico na sociedade foi ponto chave

para o interesse do grupo, não apenas pelo projeto em si, mas também pela causa social

que o mesmo envolvia.

Palavra-chave: Deficiência física, Paraolimpíadas.

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Summary

PEREIRA, J. S.; ESTEVAM, L.; DA SILVA, R. J.; SANTANA, T.; RODRIGUES, V.

On the construction of an adaptable chair, specific for practice of throwing

modalities to athletes carriers of physical disability. 2006. 30. Monografia de

Graduação – Universidade Santa Cecília, Santos.

The project had as main goal the development of an adaptable chair for those

athletes with physical disability who are initiating the practice of weight, pole and dish

throwing. It were considered a variety of factors that enlace and may compromise the

efficiency of the project, such as materials, ergonomics, and safety. Another considered

issue was the opportunity to build a chair that would cover the greater number of

athletes, no matter the injury, allowing beginners and veterans to make use of the same

resource. A general evaluation was made in order to fulfill all the specifications and

proposals of the group. To help the reintegration of a person who has physical disability

was the key to the interest of the group, not only for the project itself, but also for the

social cause that is involved.

Keywords: Physical disability, Paralympic Games.

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1 - Motivação

Em um primeiro momento, quando se pensa em um trabalho de conclusão de

curso de Engenharia logo se imagina algo inovador, com grande tecnologia ou grandes

idéias.

O tema abordado não envolve apenas a tecnologia, mas aborda também o lado

humano, com a intenção de afetar diretamente a sociedade de maneira a acrescentar

valores.

Desta forma, foi realizado um estudo sobre um grupo de pessoas que cada vez

mais a sociedade reconhece seu valor, que são os portadores de deficiência física.

Baseado nisso, o enfoque nesta classe foi voltado para aqueles que buscam a

reintegração na sociedade através da prática de esportes.

A idéia deste projeto surgiu a partir de reuniões realizadas com o professor

Ricardo Patero que apresentou algumas demandas dentro do departamento de Educação

Física da Universidade Santa Cecília. Uma destas demandas envolvia a construção de

uma cadeira que auxiliasse a prática de lançamento de pesos para deficientes físicos.

Iniciando a parte de pesquisa sobre esportes adaptados, é inevitável não se

recordar das Paraolimpíadas, que a cada competição apresenta novos exemplos de

superação, não apenas daqueles que participam e recebem medalhas, mas também de

todos aqueles que possuem o entusiasmo de lutar a cada dia com o objetivo de superar

seus próprios limites e tornarem-se verdadeiros campeões na vida.

Na prática de esportes para a modalidade de arremesso de peso, vara e disco, não

é encontrada uma grande série de incentivos por parte de empresas ou até mesmo do

Governo. Na verdade, todo o recurso utilizado depende apenas do próprio esportista e de

sua força, tanto a física como a de vontade.

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Em uma modalidade como esta, é fácil constatar que a estrutura da cadeira é de

fundamental importância para a melhoria do desempenho. Sendo assim foi decidido

unificar as idéias com o propósito de auxiliar o esportista a dar o máximo de si,

permitindo desta forma que o atleta tenha como foco apenas a força exercida pelo seu

braço, e não mais o equilíbrio que ele deve manter durante o lançamento e preocupação

com desconforto. A figura 1 mostra um exemplo de cadeira utilizada no centro de

treinamentos localizado no Guarujá em que o atleta encontra todos os tipos de

dificuldades relatados acima.

Figura 1 – Cadeira utilizada para modalidades de arremessos

(foto tirada no Centro de Treinamento do Guarujá)

Como toda proposta, é difícil agradar todas as partes; este assunto não foi uma

exceção, pois o esporte adaptado é separado e classificado pelo grau de deficiência do

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atleta, o que no meio esportivo é conhecido como classe funcional (maiores detalhes

apresentados no anexo B).

Após a etapa de definição das classes funcionais que seriam aprofundadas, o

passo seguinte foi a busca de trabalhos e regras sobre a modalidade, e com isso a

pesquisa se baseou em um estudo australiano que é utilizado como referência em várias

competições, inclusive nos jogos paraolímpicos.

É válido lembrar também que a cadeira proposta de construção será de suma

importância nos treinos de desempenho e adequação do esportista.

É importante citar o trabalho desenvolvido pelo professor Ricardo Patero (Mestre

em Educação Física da Universidade Santa Cecília, doutrinador da disciplina Esportes

Adaptados) junto a alguns atletas da cidade do Guarujá, onde são treinados e

incentivados para a prática da modalidade abordada aqui.

Como se trata, também, de um projeto social, esses treinos não possuem apenas a

intenção de formação de atletas competidores, e sim de pessoas que acabem se

utilizando do esporte como uma forma de ajuda, lazer e melhoria de qualidade de vida,

auxiliando na coordenação motora, fisioterapia, e até mesmo no aspecto psicológico do

indivíduo.

Um estudo australiano diz que o desempenho dos atletas lançadores depende de

uma combinação da cadeira em si, que normalmente é feita de ferro ou aço e, da técnica

de lançamento, que varia de atleta para atleta. A maioria das cadeiras possuem 4 pernas,

descanso para os pés e, dependendo da lesão do atleta, um sistema de fitas de fixação

que prendem o atleta à cadeira e a cadeira ao chão. Os assentos típicos são compostos de

uma superfície lisa com uma espécie de amortecimento. (Frossard, L. 2000 apud Estudo

australiano)

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Esse assento não pode ultrapassar o limite de 75cm de altura do chão. Um

encosto para descanso das costas pode ser utilizado e uma vara também pode ser

utilizada com o propósito de um melhor apoio, equilíbrio e até como forma de propulsão

de movimento. A figura 2 permitirá a visualização de uma cadeira que contém todos

estes elementos. (Frossard, L. 2000 apud Estudo australiano)

Figura 2 – Cadeira utilizada em competições

(foto cedida pelo Prof. Ricardo Patero)

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1.1 - Aplicação da Biomecânica para atletas arremessadores

Os atletas participantes nas competições de arremesso são divididos em classes

funcionais, o que garante a justiça na hora do evento. Eles são classificados de acordo

com seu gênero e nível funcional de capacidade de movimentos, assim como seu

controle e força de vários grupos musculares. (Frossard, L. 2000 apud Estudo

australiano)

A variação de uma classe para outra e de um atleta para outro é pequena, afinal

cada indivíduo tende a relatar suas próprias capacidades funcionais. (Frossard, L. 2000

apud Estudo australiano)

Os técnicos e os melhores atletas da atualidade costumam levar consigo análises

visuais de suas técnicas de lançamento, utilizando também o recurso de sistemas de

gravação de vídeos. Tais ferramentas como replay e câmera lenta são muito relevantes e

proporcionam um feedback de qualidade. (Frossard, L. 2000 apud Estudo australiano)

No entanto, essas análises proporcionam uma quantidade limitada de

informações biomecânicas para uma análise mais profunda da técnica do arremesso, ou

mesmo para uma melhor compreensão da interação que deve existir entre a cadeira de

arremesso e a técnica de lançamento do atleta. A pesquisa biomecânica é um método

atualmente disponível para melhorar a compreensão dessa interação. (Frossard, L. 2000

apud Estudo australiano)

Este mesmo estudo australiano afirma que seu principal motivo é de fornecer

uma melhor visão das abordagens que a pesquisa faz. Os principais dados que estas

pesquisas podem nos fornecer estão descritos abaixo: (Frossard, L. 2000 apud Estudo

australiano)

• Descrever o procedimento, resultados e limitações das abordagens convencionais

baseadas em pesquisas fundamentadas.

• Apresentar inovações e uma pesquisa dinâmica de uma nova abordagem baseada em

um estudo realizado em um grupo de atletas australianos que existe desde o ano de

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2000. Estes atletas pertencem ao Instituto Desportivo Australiano e à Universidade

de Tecnologia de Queensland.

A abordagem convencional é geralmente iniciada por técnicos nacionais ou

mesmo organizações de esportes que requisitam análises biomecânicas de seus atletas.

(Frossard, L. 2000 apud Estudo australiano)

Os dados são coletados nos treinos destes esportistas em um curto período de

tempo, normalmente nos famosos “Training Camp”, que são uma espécie de

acampamento focado ao treino intensivo de atletas. (Frossard, L. 2000 apud Estudo

australiano)

Profissionais biomecanistas desportivos normalmente enviam um relatório para

os técnicos e atletas fornecendo recomendações para melhorias do desempenho. Fica por

responsabilidade dos técnicos que tais recomendações sejam seguidas e implementadas.

(Frossard, L. 2000 apud Estudo australiano)

Alguns dos resultados dessas pesquisas podem até ser publicados em jornais

científicos que tratam de assuntos similares. Essencialmente essas pesquisas são focadas

para um melhor entendimento das técnicas de lançamento. (Frossard, L. 2000 apud

Estudo australiano)

Um exemplo disso são alguns estudos que procuram parâmetros que destacam a

seqüência de movimentos feitos pelo atleta até a hora do lançamento do peso, assim

como parâmetros que determinam a trajetória do peso em si. A figura 3 ilustra este

estudo com fotos. (Frossard, L. 2000 apud Estudo australiano)

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Figura 3 – Estudo do movimento realizado por atletas durante o lançamento

(foto cedida pelo Prof. Ricardo Patero)

Estes estudos podem também proporcionar informações que permitem uma

relação entre deficiência, classificação e desempenho a serem estabelecidas, já que

ambos os conjuntos de parâmetros citados acima refletem diretamente nos resultados e

desempenho dos atletas.

Preferencialmente, os resultados dessas pesquisas são restritos apenas aos

técnicos, atletas e cientistas esportivos. Especialistas dizem que uma maior quantidade

de informações tem de ser coletada ao longo do tempo para que se possa desenvolver um

banco de dados confiável que relate um perfil característico do atleta, ou seja, um estilo

ou uma tendência. (Frossard, L. 2000 apud Estudo australiano)

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Algumas limitações na implementação destes estudos são devido à cultura de

técnicos, nas quais os biomecanistas são eventualmente envolvidos no processo. A falta

de recursos normalmente significa que o esporte em si tem de priorizar as áreas que são

consideradas de maior importância e necessitam de um suporte/ajuda para seus atletas e

técnicos. Conseqüentemente, análises biomecânicas periódicas acabam sendo deixadas

para trás na lista de prioridades. (Frossard, L. 2000 apud Estudo australiano)

É justamente aí que o estudo australiano propõe uma abordagem inovadora que

foca a tentativa de encaminhar todas essas limitações para que a partir de agora exista

uma integração biomecânica na participação dos treinamentos dos atletas. Isso significa

que as escolhas que dizem respeito às técnicas de lançamento e design de novas cadeiras

serão baseadas nos dados biomecânicos coletados nos treinamentos.

Estas sujestões incluem:

• Criação de uma assembléia composta por um time multi-disciplinar de técnicos,

atletas, biomecanistas e também engenheiros. Isto permitirá que assuntos

biomecânicos sejam discutidos de uma melhor perspectiva por especialistas da área.

(Frossard, L. 2000 apud Estudo australiano)

• Ênfase significativa no design das cadeiras de lançamento. Mais de 20 modificações

nas cadeiras para 12 atletas australianos de elite já foram implementadas desde o

início desta parceria. Algumas dessas mudanças incluem alterações nos assentos,

utilização da vara de apoio, design e até nas posições dos atletas na hora do

lançamento. (Frossard, L. 2000 apud Estudo australiano)

• Mais de 1200 tentativas de arremesso, gerando mais de 2000 arquivos de vídeo

foram gravados durante as Paraolimpíadas de Sydney no ano de 2000,

correspondendo a um número acumulado de um pouco mais de 300 atletas

competindo em 12 classes. Em uma seção de treino de aproximadamente 2 horas que

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envolva a participação de um biomecanista, o seguinte cronograma é seguido:

(Frossard, L. 2000 apud Estudo australiano)

• Gravação de mais ou menos 20 a 30 lançamentos, focando em no máximo três

tópicos a serem analisados para cada atleta. (Frossard, L. 2000 apud Estudo

australiano)

• As análises dos vídeos serão quase que imediatas ou então poucas horas depois do

mesmo dia, dependendo das condições climáticas, de iluminação etc. (Frossard, L.

2000 apud Estudo australiano)

• Enfim, um feedback quase que instantâneo aos atletas, o que permite uma grande

ajuda para criar uma melhor representação gráfica dos seus movimentos. (Frossard,

L. 2000 apud Estudo australiano)

Um software chamado Matlab é usado para extrair informações interessantes

como faixas de movimentos, velocidades lineares e angulares, centros de massa de cada

segmento, energia mecânica consumida, posições, ângulos do instante do movimento

etc. No dia seguinte os resultados serão formatados em um documento não muito

extenso e entregue ao técnico e ao atleta. (Frossard, L. 2000 apud Estudo australiano)

O principal bem tirado disso é a possibilidade de técnico e atleta imediatamente

fazerem alterações no método de treinamento, reeducando a técnica de arremesso,

preparação física ou até mesmo, uma possível alteração no design da cadeira com o

intuito de conseguir um melhor desempenho. (Frossard, L. 2000 apud Estudo

australiano)

Um exemplo citado é que dias antes das Paraolimpíadas de Atenas em 2004, o

atleta mantenedor do recorde mundial de arremesso de peso em uma sessão de

treinamentos apresentou um lançamento de peso com velocidade de 0,49 m/s menor que

a do feito quando conseguiu o recorde mundial. Essa informação foi de extrema

importância para que fosse reorganizado todo seu regime de treinamento para as

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semanas subseqüentes com a intenção de alterar essa situação e aumentar suas

capacidades físicas até o evento em Atenas.

Esta pesquisa implica diretamente no resultado dos atletas, e o nível de

desempenho tem melhorado constantemente para a grande maioria desde seu ano de

implantação, no ano 2000.

Portanto, é mais do que justo dizer que a inclusão da biomecânica na prática

esportiva evidencia um impacto completamente positivo em todos os aspectos.

1.2 – Modalidades de Arremesso e Lançamentos

As modalidades oficiais de arremesso e lançamentos envolvem o arremesso de

peso e os lançamentos de martelo, lançamento de peso e de disco e dardo. O arremesso

de peso consiste no arremesso de uma esfera metálica que pesa 7,26 kg para os homens

(adultos) e 4 kg para as mulheres. O martelo é similar a essa esfera, mas possui um cabo,

o que permite imprimir momento linear à esfera e assim atingir uma distância maior. Já

o disco é um pouco mais leve, pesando 1 kg para as mulheres e 2 kg para os homens. E o

dardo pesa 600 gramas para as mulheres e 800 gramas para os homens. (Frossard, L.

2000 apud Estudo australiano)

O arremesso e os lançamentos são feitos dentro de áreas limitadas, um círculo

demarcado no solo para o arremesso de peso, e os lançamentos de martelo e disco, e

antes de uma linha demarcada no solo para o lançamento do dardo. A partir dessas

marcas é que é contada a distância do arremesso e dos lançamentos. Normalmente as

competições envolvem várias tentativas por parte dos atletas, que aproveitam as

melhores marcas obtidas nessas tentativas. (Frossard, L. 2000 apud Estudo australiano)

As competições de arremesso e lançamentos normalmente são praticadas no

espaço interior à pista das corridas. (Frossard, L. 2000 apud Estudo australiano)

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A origem desta prova parece ser também irlandesa, pois nos Jogos Tailteanos, no

início da Era de Cristo, os celtas disputavam uma prova de arremesso de pedra que pelas

descrições se assemelhavam à prova atual. Alias, é interessante notar que na Península

Ibérica, nas províncias onde ainda se encontram concentrações humanas etnicamente

celtas, Galiza na Espanha e Trás-os-Montes em Portugal, ainda se disputa uma

competição chamada de “arremesso do callhau”, que se assemelha ao nosso moderno

arremesso do peso. De qualquer forma, a codificação da prova, tal como ela é hoje, é

totalmente britânica, inclusive o peso do implemento, 7,256kg, correspondente a 16

libras inglesas, que era precisamente o que pesavam os projéteis dos famosos canhões

britânicos do início do século XIX. As primeiras marcas registradas pertencem ao inglês

H. Williams, que em Londres, em 28 de maio de 1860, lançou o peso a 10,91m, e o da

Era IAAF ao americano Ralph Rose, que em 21 de agosto de 1909 arremessou 15,54m

em São Francisco. William Parry O’ Brien revolucionou esta prova, criando um novo

estilo, no qual o atleta começa o movimento de costas para o local do arremesso.

(Frossard, L. 2000 apud Estudo australiano)

2 – Deficiência Física no Esporte

Um fato curioso e muito importante que é válido de ser citado neste trabalho é a

diferença existente entre “Portadores de deficiência” e “Portadores de deficiência física

ou Deficientes físicos”. Aparentemente, para um leigo no assunto, não existe diferença

alguma entre uma expressão e outra. Porém, “Portadores de deficiência” fazem parte de

uma classe de atletas cujo baixo índice de habilidade motora não possibilita que os

mesmos participem de provas incluídas nas Olimpíadas Oficiais Especiais, porém fazem

parte da programação destas Olimpíadas.

Quando o termo é “portadores de deficiência física ou deficientes físicos”, a

perspectiva muda um pouco de lado, o significado de tal já é outro, foca em atletas que

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podem participar de qualquer atividade esportiva inclusa no evento, contanto que sejam

feitas as adequações quanto ao material e às regras existentes.

Dentre as modalidades que os portadores de deficiência física participam estão:

arco e flecha, boliche, atletismo, basquete, esgrima, natação, pingue-pongue e

halterofilismo, entre outros.

Para que o portador de deficiência física possa participar destas competições,

inúmeros testes de função motora são realizados e junto à isso ainda existe uma

classificação quanto ao grau de lesão. Segundo Rosadas, em seu livro Atividade física

adaptada e jogos esportivos para o deficiente, as classes são: (Rosadas, S. 1989)

CLASSE 1A – lesões cervicais completas ou incompletas, com tetraplegia,

apresentando fraqueza do tríceps braquial até grau 3.

CLASSE 1B – lesões cervicais completas ou incompletas, com tetraplegia, com

preservação do tríceps.

CLASSE 1C – lesões medulares cervicais com tetraplegia completa ou

incompleta, com boa atuação do tríceps, flexores e extensores dos dedos.

CLASSE 2 – paraplegia completa ou incompleta. Os músculos abdominais

fracos dificultam o equilíbrio do tronco.

CLASSE 3 – paraplegia. Tem equilíbrio para manter o corpo na posição sentada.

CLASSE 4 – paraplegia. Os glúteos estão paralisados e os quadríceps podem

apresentar função, embora reduzida.

CLASSE 5 – paraplegia com o quadríceps apresentando função em graus 3 e 5.

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3 – Ergonomia

Criada oficialmente na década de 50; possui um significado amplo, porém, o que

melhor define a palavra Ergonomia é a adaptação de objetos artificiais ao ambiente

natural do homem. Estes objetos artificiais podem estar ligados ao meio térmico, meio

sonoro, meio luminoso, e vibrações. (Lida, I. 1990)

Segundo Itico Lida a ergonomia pode ser classificada em 3 categorias: (Lida, I.

1990).

- Ergonomia em concepção: ocorre em fase inicial, ou seja, no projeto da

máquina, do produto ou do ambiente. Nesta fase inicia-se então a criação de protótipos

para se avaliar ergonomicamente.

- Ergonomia de correção: aplicada em situações já existentes, tem como função

a melhoria da posição, resolvendo problemas que se refletem na segurança, fadiga

excessiva, doenças físicas ao homem e até mesmo na quantidade e qualidade do trabalho

(eficiência).

- Ergonomia de conscientização: nós passamos por constantes alterações, com

os equipamentos não é diferente. Portanto, é importante conscientizar o homem quanto a

maneira correta e mais segura de efetuar uma tarefa. Esta categoria somente se aplica

quando os problemas ergonômicos não foram solucionados nas tarefas anteriores.

3.1 – Ergonomia do Objeto

3.1.1 – Requisitos considerados no projeto

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3.1.1.1 – Design do objeto

Um dos pontos principais para um projeto que envolve a construção de uma

cadeira para arremessos é o seu design, pois é neste que todas as qualidades desejadas

são planejadas, concebidas e especificadas, conciliando conforto e um melhor

rendimento para o atleta, por isso acreditamos que seja de fundamental importância a

abordagem deste tema. (Gomes Filho, J. 2003)

O design existe exatamente para possibilitar a concepção, a inovação, o

desenvolvimento tecnológico e elaboração de objetos que, dentro de um enfoque

sistêmico, possibilite reunir, integrar e harmonizar diversos fatores relativos à sua

metodologia projetual. (Gomes Filho, J. 2003)

Em síntese, podemos pensar em três pontos em que se consideram, pesquisam e

dão soluções para a configuração do projeto, que são: a função, a estrutura e a forma. A

correta adequação e coerência de soluções dadas em relação a estes três pontos, ainda na

fase de concepção e de projeto, por meio de soluções inteligentes, constitui-se na

primeira etapa de garantia global do projeto. A etapa seguinte, que é a da elaboração,

confecção ou fabricação efetiva, que vai depender, naturalmente, dos recursos humanos,

técnicos, tecnológicos, métodos de produção industrial, etc., adequados e suficientes

para o alcance da otimização da qualidade final do produto. (Gomes Filho, J. 2003)

O uso dos conhecimentos da ergonomia, atrelados à metodologia do design,

encontra-se hoje mais difundido e com numerosos exemplos de aplicação em áreas

tradicionais ligadas à organização do trabalho, destacando-se em diversos setores dos

sistemas de produção, como, por exemplo, nos objetivos de racionalização do trabalho

para o aumento de produtividade; na segurança, visando a prevenção dos acidentes de

trabalho, nas soluções ergonômicas, visando a eliminação ou minimização das doenças e

constrangimentos profissionais causados por acessórios de trabalho mal projetados; nas

pesquisas antropométricas com a população brasileira; no avanço da engenharia

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cognitiva; na ergonomia voltada para a informática; na psicologia e na medicina do

trabalho com ênfase, sobretudo, na aplicação dos conhecimentos ergonômicos; na

organização de linhas de produção, ambientes e postos de trabalho, correção de

equipamentos de uso individual e geral, entre outros. (Gomes Filho, J. 2003)

No entanto, conforme já mencionado, apesar de existir todo um repertório de

informações ergonômicas, no que diz respeito aos produtos de uso, aos sistemas

ambientais e arquitetônicos e ao design gráfico, a aplicação dos conhecimentos

ergonômicos na busca de uma correta adequação entre usuário-objeto realmente ainda

deixa muito a desejar. (Gomes Filho, J. 2003)

Acreditamos que isso aconteça por várias razões: pela falta de uma maior

conscientização da importância da ergonomia por parte dos próprios profissionais dessas

áreas: por uma boa parte dos educadores e, sobretudo, por falta de conhecimento, já que

a inserção da disciplina de ergonomia nos programas curriculares dos cursos é ainda

muito recente. (Gomes Filho, J. 2003)

Na seqüência serão fornecidas informações sobre ergonomia e também

desenvolver um conceito mais amplo de design e cultura ergonômica.

3.1.1.2 – Fatores ergonômicos básicos

Requisitos de projeto são as diversas qualidades desejadas para materialização de

um produto final. Abrange desde sua concepção, passando pelas fases do

desenvolvimento do projeto e, eventualmente, alcança até a sua fabricação ou confecção.

Tudo isso, naturalmente, consoante com a categoria, a classe, o tipo e demais atributos e

especificidades inerentes ao citado produto, os quais expomos a seguir de forma

genérica. (Gomes Filho, J. 2003)

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3.1.1.3 - Tarefa

Conceitua-se o termo tarefa restrito à utilização dos objetos (função de uso) na

sua maneira mais elementar, qual seja, e análise dos passos (sucessivos ou não)

necessários para fazer um dado produto funcionar ou dele usufruir vantagens práticas,

estéticas, psicológicas, etc., envolvendo mais o estudo das ações do que a descrição do

procedimento de uso. (Gomes Filho, J. 2003)

Os problemas ergonômicos em relação a esse fator são, sobretudo, aqueles que

contribuem ou trazem dificuldades ao usuário quanto à utilização do produto, em termos

de suas características antropométricas, seu sexo, grau de instrução, experiência anterior,

idade, habilidades especiais, etc., bem como quanto às ações que se concentram na

interface usuário-objeto em termos de informações e controles. (Gomes Filho, J. 2003)

As informações referem-se às interações com o nível sensorial do usuário e

envolvem os canais auditivo, visual e cinestésico, tipos de sinais, características dos

sinais (intensidade, forma, freqüência, duração, etc.) e características dos dispositivos de

informação (luzes, som, displays visuais, mostradores digitais ou analógicos). Referem-

se, ainda, aos controles no nível motor ou das atividades musculares, envolvendo o tipo

de postura corporal exigido, membros envolvidos no movimento, alcances manuais,

características dos movimentos (velocidade, força, precisão e duração) e tipos e

características dos instrumentos de controle (botões, teclas, alavancas, volantes, pedais, e

outros). (Gomes Filho, J. 2003)

Em síntese, o fator tarefa é aquele que se pode considerar de fundamental

importância, porque é a partir dele que se define, praticamente, o projeto do objeto ou

sistema de objetos em termos funcionais, operacionais, ergonômicos, e outros. (Gomes

Filho, J. 2003)

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O grupo analisou cada uma das etapas da construção da cadeira, e auxiliado por

estudos ligados a este esporte, entendeu a importância de se aprofundar não somente no

movimento dos atletas durante a execução do arremesso, mas também em itens muitas

vezes ignorados que podem fazer a diferença no seu resultado final, conforme será

apresentado mais à frente.

3.1.1.4 - Segurança

O fator segurança, genericamente, é uma condição daquilo em que se pode

confiar. A segurança conceitua-se como a utilização segura e confiável dos

objetos em relação às suas características funcionais, operacionais, perceptíveis, de

montagem, de fixação, conservação, e outras, fundamentalmente, contra riscos e

acidentes eventuais que possam envolver o usuário ou grupo de usuários. (Gomes Filho,

J. 2003)

Os problemas ergonômicos relacionados a esse fator dizem respeito à proteção

que o usuário deve ter das características da configuração formal dos objetos e seus

dispositivos, bem como dos aspectos de projetos mal resolvidos que induzem ao erro

humano em relação ao comportamento de uso e/ou operacionalidade dos objetos.

(Gomes Filho, J. 2003)

O fator de segurança sempre depende do tipo e da natureza do objeto. Em alguns

produtos, a segurança é uma condição crucial; em outros, apenas relativa e, em outros

ainda, até inexistente. Desse modo, pode-se pensar o fator segurança em termos de

maior ou menor qualidade em relação a sua importância. (Gomes Filho, J. 2003)

No caso da construção de um dispositivo para atletas, é imprescindível levarmos

em conta este fator, pois qualquer deslize com a segurança pode significar uma lesão

grave, podendo até mesmo comprometer a carreira do esportista.

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3.1.1.5 - Conforto

De modo geral, o conceito de conforto está ligado à sensação de bem-estar,

comodidade e segurança percebida pelo usuário nos níveis físico e sensorial. (Gomes

Filho, J. 2003)

Os problemas ergonômicos referentes a esse fator dizem respeito às condições ou

situações de uso dos objetos que contrariam esta conceituação, principalmente com

relação às tarefas de uso que possam provocar diversos tipos de fadiga, doenças e

constrangimentos no organismo humano. O fator de conforto apresenta-se também

muitas vezes atrelado ao fator de segurança e às condições subjetivas – e tem a ver,

sobretudo, com as condições físicas, psicológicas, experiência de vida e idiossincrasias

do usuário do objeto -, o que o torna, de certo modo, difícil de ser qualificado ou

quantificado. (Gomes Filho, J. 2003)

Considerando que em esportes de alto rendimento os pequenos fatores podem

significar a vitória ou o fracasso, o grupo focou o conforto como um de seus pontos

principais, pois sentir-se a vontade em seu equipamento para a competição pode resultar

em uma preocupação a menos para o esportista. (Gomes Filho, J. 2003)

3.1.1.6 - Postura

Define-se a postura como a organização dos segmentos corporais no espaço. A

atividade postural se expressa na imobilização de partes do esqueleto em posições

determinadas, solidárias uma às outras e que conferem ao corpo uma atitude de

conjunto. (Gomes Filho, J. 2003)

A postura submete-se às características anatômicas e fisiológicas do corpo

humano, ligando-se às limitações do equilíbrio obedecendo as leis da Física e da

Biomecânica. De outra parte, mantém um estreito relacionamento com a atividade do

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indivíduo; uma mesma pessoa adotará posturas diferentes praticando ações diferentes.

(Gomes Filho, J. 2003)

As posturas assumidas podem ser as mais variadas: do corpo em pé, reclinado,

recostado, sentado, deitado e em outras situações mais específicas, como em outros tipos

de posicionamento e de utilização de outras partes do corpo: da cabeça (na prática de

inúmeros esportes, no dentista, etc.); das mãos e dos dedos (nos mais variados trabalhos

manuais) da boca (no controle de algum objeto, na mastigação de alimentos, no ato de

fumar, mascar, etc.) – dependendo sempre do tipo de relação ou de envolvimento com o

objeto de uso. (Gomes Filho, J. 2003)

Os problemas ergonômicos relacionados a esse fator dizem respeito ao conforto,

à segurança e à facilidade de acomodação e/ou operacionalidade de determinados

objetos, sobretudo em postos de trabalho, em função de características especifícas de uso

pelo indivíduo em relação às tarefas exigidas para sua utilização: de descanso, lazer,

aspecto lúcido ou de trabalho, levando-se em consideração eventuais interfaces de uso

com outros objetos. (Gomes Filho, J. 2003)

Más posturas geram a médio ou longo prazo problemas de fadiga muscular com

numerosos efeitos danosos e constrangimentos físicos, como sobrecarga imposta ao

aparelho circulatório, afecções nas articulações, deformação na coluna vertebral, hérnias

de disco, tendinites, entre outros – associados as condições de uso quanto as suas

exigências, precisão de movimentos, exigências visuais, força a ser excercida, e outras.

Evidentemente, estão associadas à condição de postura do indivíduo outras

características que se referem, por exemplo, ao seu sexo, biótipo, hábitos sociais e suas

demais idiossincrasias. No caso de atletas deve-se tomar o cuidado para que sua postura

na cadeira permita que o mesmo possa realizar todos os movimentos e que o mantenha

acomodado e com a postura adequada, visando assim, uma redução no número de lesões

e dores causadas por erros de postura. (Gomes Filho, J. 2003)

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3.1.1.7 – Aplicação de força

Os esforços humanos são o resultado de contrações musculares. Alguns deles

dependem apenas de alguns músculos, enquanto outros exigem uma contração

coordenada de diversos músculos, principalmente, se envolverem combinações

complexas de movimentos como tração e rotação simultânea. (Gomes Filho, J. 2003)

Esse fator é interessante do ponto de vista de movimentos e esforços físicos

dispendidos pelo usuário em relação às ações de manejo e controle de determinados

objetos. Nesse caso, as atividades motoras envolvem o uso de critérios e métodos

adequados que o projeto do objeto deve prever, principalmente relacionando o esforço

físico aos parâmetros de velocidade e grau de precisão da ação realizada. (Gomes Filho,

J. 2003)

Os problemas ergonômicos relacionados a esse fator dizem respeito ao projeto

inadequado de peças e componentes de manejos que exijam esforços físicos

incompatíveis com a capacidade física do usuário, principalmente em postos de trabalho

e de atividades. Naturalmente, aqui também esse fator se condiciona, fundamentalmente,

às características de biotipo, sexo e idade do usuário. (Gomes Filho, J. 2003)

Analisando o caso de atletas que podem ter diferentes condições em seu biotipo,

é óbvio constatar que a aplicação da força caminha paralelamente com o item segurança,

pois a força praticada por um atleta com uma massa corporal maior exigirá uma maior

condição de segurança para a cadeira do que um atleta que possua uma massa corporal

menor. (Gomes Filho, J. 2003)

3.1.1.8 - Materiais

Conceitua-se material como todo e qualquer componente do objeto.

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A escolha do tipo e natureza dos materiais deve levar em conta, sobretudo, a

adequação das características de uso, funcionais, operacionais, técnicas, tecnológicas,

econômicas, perceptivas e estético-formais do objeto. (Gomes Filho, J. 2003)

Os problemas ergonômicos no tocante a esse fator dizem respeito à não-

especificação e utilização correta de materiais adequados em termos compatibilidade

com as diversas exigências técnicas, tecnológicas e de uso, em termos de durabilidade,

de limpeza, de proteção e de segurança em relação à proteção da saúde do usuário.

(Gomes Filho, J. 2003)

Para a construção da cadeira de arremessos foi feita a escolha do alumínio devido

a fatores como a facilidade de se encontrar este material no mercado e principalmente o

seu peso, pois assim o seu proprietário poderá levá-la facilmente para diversas

competições. (Gomes Filho, J. 2003)

3.1.1.9 – Ações de manejo

A ergonomia do manejo é uma categoria conceitual e ao mesmo tempo um

parâmetro de fundamental importância na metodologia do projeto em design – razão

pela qual aprofundamos um pouco mais este tema. (Gomes Filho, J. 2003)

O manejo pode ser definido como um ato ou uma ação física que se relaciona

com o manuseio ou operacionalidade de qualquer produto, por parte do usuário ou

operador através de seu corpo ou partes de seu corpo (cabeça, boca, braços, mãos,

pernas, pés, etc.). Envolve e diz respeito à praticamente tudo que se relaciona com o

manuseio das coisas, desde as operações simples até as mais complexas que exijam ou

impliquem séries ou seqüência operacionais mais prolongadas. (Gomes Filho, J. 2003)

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Associada ao manejo existe também, predominantemente, a ação de controle –

pois, como se pode constatar, dificilmente se maneja alguma coisa sem uma determinada

ação de controle por parte do usuário. (Gomes Filho, J. 2003)

Para efeito deste Fator Ergonômico Básico, entretanto, estamos ampliando esse

conceito para inumeráveis outros exemplos que abarcam praticamente todas as

atividades em que as pessoas mantêm interfaces de uso, não só com produtos físicos,

mas que também desenvolvem outros tipos de contato, como por exemplo: (Gomes

Filho, J. 2003)

Ações mais simples: amarrar o cadarço de um sapato, vestir uma roupa, prender

um relógio no pulso, colocar ou retirar um brinco da orelha, acender um cigarro, folhear

um jornal, virar a página de um livro, etc. (Gomes Filho, J. 2003)

Ações mais complexas: são aquelas que exigem maior número de atos

operacionais, maior freqüência, maior velocidade, maior tempo, etc: digitar um texto

longo, andar de bicicleta, pilotar um avião, operar um software de computação gráfica

(manejo virtual), disputar uma partida num esporte qualquer, e assim por diante. (Gomes

Filho, J. 2003)

Outro aspecto importante diz respeito a três conceitos básicos associados ao

controle e manejo. O primeiro se relaciona aos atributos em termos de qualificação do

usuário; o segundo em termos do nível de qualificação dos manejos e controle e o

terceiro está relacionado à sua qualificação. (Gomes Filho, J. 2003)

De acordo com João Gomes Filho em seu livro Ergonomia do Objeto os atributos

do usuário são: (Gomes Filho, J. 2003)

• Habilidade: facilidade e agilidade de manipulação do objeto.

• Sensibilidade: propriedade de sentir e perceber as ações a serem realizadas de

agir e reagir às necessidades operacionais.

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• Força: compatível com as necessidades exigidas para a manipulação do objeto.

• Precisão: capacidade de agir, reagir ou interagir com exatidão às exigências da

tarefa.

• Compatibilidade: coerência em relação às ações a serem desenvolvidas durante a

operação no objeto.

• Sincronismo: capacidade de agir, reagir ou interagir em atos operacionais que

exijam simultaneidade de ações.

• Treinamento: tempo de uso em relação à utilização ou trabalho com um

determinado produto ou sistema de produtos.

• Experiência: conhecimentos adquiridos ao longo do tempo, exercitados

principalmente na prática freqüente.

De acordo com João Gomes Filho em seu livro Ergonomia do Objeto o nível de

qualificação dos manejos e controles são: (Gomes Filho, J. 2003)

• Muito Fino: manejo geralmente associado a uma ação que exige muita

habilidade, precisão e sensibilidade. Exemplo: manipulação de instrumentos

numa delicada cirurgia cerebral.

• Fino: manejo geralmente associado a uma ação que exige habilidade, precisão e

sensibilidade, porém pouco menor que a anterior. Exemplo: dar o nó em um

cadarço, enfiar linha numa agulha.

• Médio: entre o manejo fino e o grosseiro. Geralmente associado a uma ação que

exige certa habilidade, força, precisão, treinamento e experiência. Exemplo: fazer

rosca em um parafuso, movimentar um volante de veículo.

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• Grosseiro: manejo geralmente associado à uma ação que exige certa habilidade,

um pouco mais de força, certa precisão, baixo treinamento e experiência.

Exemplo: bater um prego, serrar uma tábua.

• Muito grosseiro: manejo geralmente associado a uma ação que exige certa

habilidade, muita força, precisão, treinamento e experiência. Exemplo: trabalho

com britadeira quebrando asfalto.

Claro que, obviamente, a atribuição da qualificação pode variar dependendo de

cada tipo de produto e/ou da situação de uso ou de trabalho. Muitas vezes vários desses

níveis são exercitados em uma mesma tarefa ou trabalho.

De acordo com João Gomes Filho em seu livro Ergonomia do Objeto os atributos

dos manejos e controles são: (Gomes Filho, J. 2003)

• Baixíssimo: significa que a exigência da ação de manejo e controle é muito

pequena.

• Baixo: significa que a exigência da ação de manejo e controle é pequena.

• Médio: significa que a exigência da ação de manejo e controle é como o próprio

nome indica intermediária.

• Alto: significa que a exigência da ação de manejo e controle é um pouco maior.

• Precisão: capacidade de agir, reagir ou interagir com exatidão às exigências da

tarefa.

• Altíssimo: significa que a exigência da ação de manejo e controle é muito maior.

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O objetivo da construção da cadeira para atletas é abranger a maioria de todos os

grupos citados acima, independente de seus atributos, nível de qualificação ou até

mesmo fatores como biotipo, raça ou sexo, pois o custo baixo de sua montagem,

permitirá não somente a atletas de ponta alcançarem melhores resultados em suas

provas, mas também introduzirá novos atletas com condições de obterem resultados

satisfatórios, desde que o mesmo a utilize os recursos da cadeira de forma adequada e

tenha dedicação nos seus treinamentos.

3.1.1.10 - Produtos para Pessoas Portadoras de Deficiência Física

“Em geral, o padrão do design desse tipo de produto para pessoa portadora de

deficiência física está atrasado algumas décadas, quando comparado à setores dinâmicos

da indústria, como por exemplo, o setor imobiliário ou o setor de produtos

eletroeletrônicos. (Gomes Filho, J. 2003)

O caráter obsoleto da maioria dos produtos para PPDF disponíveis no mercado

manifesta-se na falta de atenção às necessidades não só funcionais, mas, principalmente,

psicológicas do usuário. Uma prótese ou uma cadeira de rodas não deveria ter o aspecto

de um objeto estigmatizante. Suposta pobreza dos recursos econômicos e tecnológicos

não justifica desenhos ruins, de baixo padrão estético-formal. Pelo contrário, exige

maior criatividade projetual” (Gui Bonsiepe, Desenho industrial para pessoas

deficientes.) (Gomes Filho, J. 2003)

O universo dos objetos para pessoas portadoras de deficiência física, e também

de pessoas com deficiência mental, é complexo e abrange inúmeros produtos

diferenciados e classificados em grupos, como, por exemplo: produtos para diagnósticos,

terapia, prótese e ortose, vida diária, entre outros, e abrangem diferenciados indivíduos

(bebês, crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos) com problemas físicos e mentais

de nascença ou contraídos ao longo da vida. (Gomes Filho, J. 2003)

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O papel da ergonomia no design desses produtos tem uma importância

fundamental. Tanto na concepção, que deve contemplar soluções criativas em termos

funcionais e operacionais, quanta na correta determinação da sua configuração estático-

formal (tendo em conta os aspectos psicológicos dos usuários) e, sobretudo, na correta

utilização dos dados antropométricos (normalmente os produtos são ajustados

especialmente a cada indivíduo) e, finalmente, em relação às facilidades, praticidade e

conforto que esses produtos devem proporcionar aos usuários. (Gomes Filho, J. 2003)

Na prática, esses requisitos configuram a necessidade de produtos projetados e

fabricados sob medida para a maioria das pessoas, daí a importância crucial da aplicação

de conceitos ergonômicos no seu design. (Gomes Filho, J. 2003)

A construção de uma cadeira seja ela para deficientes ou não, deve conter

algumas características que vamos detalhar em seguida.

3.1.2 - Características de uma boa cadeira

A principal qualidade da boa cadeira é ser apropriada à atividade que o usuário

desenvolve no dia-a-dia. As cadeiras de escritório para funções que exigem o uso

constante do computador devem ser invariavelmente estofadas. Quanto maior a

densidade da espuma, maior será a durabilidade do móvel; as laminadas, por sua vez,

tem vida útil curta. (Weineck, J. 1990)

De acordo com Weineck a espuma ideal tem densidade entre 45 e 65,

dependendo da qualidade do material, do design, da largura e da espessura do assento e

do encosto. Segundo Clovis Bucich, professor das disciplinas de projeto e avaliação

ergonômica de produto do Departamento de Engenharia Industrial da UFRJ e

coordenador da comissão de estudos sobre normas de mobiliário da Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), as regulagens obrigatórias envolvem a altura do

assento e a posição do apoio lombar no encosto; porém, quanto mais regulagens o

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modelo oferece, mais facilmente ele se adapta aos diferentes usuários. (Weineck, J.

1990)

É importante que o assento seja liso e tenha pequena inclinação para trás;

também deve ter dimensões adequadas para acomodar nádegas e coxas, deixando

somente as dobras do joelho para fora. As bordas do assento requerem acabamento

arredondado para não comprometer a circulação sangüínea dos membros inferiores

causando desta forma problemas. (Weineck, J. 1990)

Wasni Esqueisaro Júnior, professor de ergonomia, médico do trabalho e diretor

da WES Ergonomia e Saúde Ocupacional, sediada em Santo André, SP, acrescenta que

as cadeiras para as funções que implicam o uso constante devem apresentar também

encosto dorsal mediano e levemente côncavo, acompanhando a curvatura do dorso no

sentido horizontal. (Weineck, J. 1990)

No caso de cadeiras utilizadas no dia-a-dia, os rodízios não podem, em hipótese

alguma, ter seu movimento dificultado pelo piso. Por sua vez, o encosto ideal oferece

ajuste de altura e a possibilidade de pequena inclinação para trás, recurso que ajuda na

correta alternância postural. O apoio para os braços é desaconselhável, pois muitas vezes

restringe a aproximação entre a cadeira e a mesa, obrigando o usuário a assumir posturas

incorretas. Caso esse item esteja previsto, convém que ele tenha altura e largura

reguláveis, para se adaptar a usuários mais altos ou mais obesos, lembra Bucich.

(Weineck, J. 1990)

Nas funções em que o uso do computador é eventual, é admissível um

mobiliário de concepção diferente. O encosto pode ser mais alto e a inclinação abranger

o conjunto encosto-assento, de modo que a cadeira acompanhe os movimentos do

usuário sem comprometer a postura correta. Neste caso, é ideal que a cadeira tenha

braços, mas eles devem permitir ajustes de altura e largura, e desta forma atendendo

todos os tipos de usuários. (Weineck, J. 1990)

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4 – Fisiologia e Mecânica do arremesso 4.1 - Músculos que determinam o grau de rendimento do arremesso:

- Força do tronco: Os movimentos executados durante o lançamento do peso

vão da torção (distensão preliminar) do tronco para a extensão com rotação, exigindo

enorme força contrátil por parte dos músculos que participam da rotação e da extensão

do corpo. (Weineck, J. 1990)

- Musculatura dos braços: o músculo peitoral maior age em conjunto com o

músculo bíceps braquial (porção curta), o músculo coracobraquial e o músculo deltóide

(porção anterior), realizando a anteversão do braço mantido lateralmente (Fig.4), e

contribuindo desta maneira para a extensão progressiva do cotovelo (músculo tríceps

braquial) para diante. (Weineck, J. 1990)

O peso é deslanchado ao nível do punho, respectivamente, dos dedos, com

auxílio dos respectivos músculos flexores.

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Figura 4 – Músculos superiores que trabalham no lançamento do peso (Weineck, J.1990)

- Treino especial: exercícios de compressão em decúbito dorsal oblíquo

(simulando o ângulo de lançamento do peso), com os dedos voltados para o lado interno

(imitando a posição da mão no momento do arremesso) seguidos de flexão final do

punho. (Weineck, J. 1990)

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5 – Material da cadeira: Alumínio

A adoção do alumínio foi baseada em algumas características importantes tais

como: leveza, condutividade elétrica, resistência à corrosão e baixo ponto de fusão.

Estas propriedades conferem uma multiplicidade de aplicações, especialmente na

aeronáutica. Entretanto, a elevada quantidade de energia necessária para a sua obtenção

reduzem o seu campo de aplicação. No entanto, o baixo custo para a sua reciclagem

aumenta o seu tempo de vida útil e a estabilidade do seu valor. (Abdo, N. 1983)

É dado a Friedrich Wöhler o reconhecimento do isolamento do alumínio, em

1827. (Abdo, N. 1983)

5.1 – Características principais do alumínio

O alumínio é um metal leve, macio porém resistente, de aspecto cinza prateado; e

fosco, devido à fina camada de oxidação que se forma rapidamente quando exposto ao

ar. O alumínio não é tóxico (como metal), não-magnético, e não cria faíscas quando

exposto à atrito. Sua densidade é aproximadamente de um terço da do aço ou cobre. É

muito maleável, muito dúctil e apto para a mecanização e para a fundição, além de ter

uma excelente resistência à corrosão e durabilidade devido à camada protetora de óxido.

É o segundo metal mais maleável (o primeiro é o ouro) e o sexto mais dúctil. Por ser um

bom condutor de calor, é muito utilizado em panelas de cozinha. (Abdo, N. 1983)

5.2 – Aplicações do alumínio

Considerando a quantidade e o valor do metal empregado, o uso do alumínio

excede o de qualquer outro metal, exceto o aço. É um material importante em múltiplas

atividades econômicas. (Abdo, N. 1983)

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O alumínio puro é maleável e frágil, porém suas ligas com pequenas quantidades

de cobre, manganês, silício, magnésio e outros elementos apresentam uma grande

quantidade de características adequadas às mais diversas aplicações. Estas ligas

constituem o material principal para a produção de muitos componentes dos aviões e

foguetes. (Abdo, N. 1983)

Quando se evapora o alumínio no vácuo, forma-se um revestimento que reflete

tanto a luz visível como a infravermelha. Como a capa de óxido que se forma impede a

deterioração do revestimento, utiliza-se o alumínio para a fabricação de espelhos de

telescópios, em substituição aos de prata. (Abdo, N. 1983)

Devido à sua grande reatividade química é usado, quando finamente pulverizado,

como combustível sólido para foguetes e para a produção de explosivos. Ainda usado

como ánodo de sacrifício e em processos de aluminotermia para a obtenção de metais.

(Abdo, N. 1983)

Outros usos do alumínio são:

· Transporte: Como material estrutural em aviões, barcos, automóveis,

tanques, blindagens e outros.

· Embalagens: Papel de alumínio, latas, tetrabriks e outras. (Abdo, N. 1983)

· Construção civil: Janelas, portas, divisórias, grades e outros. (Abdo, N.

1983)

· Bens de uso: Utensílios de cozinha, ferramentas e outros. (Abdo, N. 1983)

· Transmissão elétrica: Ainda que a condutibilidade elétrica do alumínio seja

60% menor que a do cobre, o seu uso em redes de transmissão elétricas é compensado

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pela sua grande maleabilidade, permitindo maior distância entre as torres de transmissão

e reduzindo, desta maneira, os custos da infra estrutura. (Abdo, N. 1983)

· Como recipientes criogênicos até -200 ºC e, no sentido oposto, para a

fabricação de caldeiras. (Abdo, N. 1983)

6 - Solda em Alumínio

6.1 – Introdução

Por se tratar de um assunto relativamente novo em algumas empresas que estão

migrando aos poucos para o uso do alumínio, os procedimentos corretos de soldagem e

de controle de qualidade chamaram a atenção do público. As características do alumínio

facilitam seu manuseio, ao lado de outras propriedades que dificultam sua manipulação.

Segundo palestra realizada por Paulo Eduardo A. Fernandes do Serviço Nacional

de Aprendizagem Industrial (SENAI) na ABAL:

“O alumínio, quando tratado termicamente, apresenta propriedades

mecânicas interessantes para o uso em soldagem. Por outro lado, sua alta

condutividade elétrica e térmica faz, por exemplo, com que o calor não se

concentre num ponto na solda, o que requer uma dose maior de atenção

por parte do soldador”.

A primeira mudança em relação ao aço é o tratamento dado antes da soldagem.

Quando se trabalha o alumínio, é preciso retirar, momentos antes do processo, a camada

de óxido de alumínio (Al2O3) que se forma com a exposição do metal ao ar.

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Segundo João Carlos Correa, da Behr Brasil, empresa que produz sistemas de

refrigeração de motores e ar condicionado, em palestra realizada na Abal: (Abal, 2006)

“É importante recebermos essas informações, para utilizarmos essa

tecnologia de forma correta e obtermos um bom resultado no

produto final”.

O calor gerado pela soldagem pode reduzir as propriedades mecânicas das ligas

trabalháveis tratáveis termicamente, mas elas podem, contudo, ser retratadas após a

solda, recuperando suas características.

Na soldagem, a seleção do metal de adição deve levar em conta a soldabilidade

da liga, resistência mecânica, ductilidade da solda, temperatura de serviço, resistência à

corrosão, coloração e tratamento térmico. Ainda assim existem guias que já fazem o

cruzamento entre os metais bases para a correta escolha do metal de adição. (Abal,

2006)

6.2 – Processos

O desenvolvimento de métodos para a soldagem do alumínio e suas ligas abriu

um novo segmento de mercado em aplicações, como pontes, construções, transportes

(embarcações, trens e automóveis), etc. O alumínio e suas ligas podem ser soldados

satisfatoriamente com a escolha adequada da liga de adição, por meio da utilização de

técnicas apropriadas, visto que as linhas de solda são bastante resistentes para as suas

várias aplicações.

��������A escolha do processo de soldagem é determinada pela espessura do material, tipo

de cordão de solda, requisitos de qualidade, aparência e custo. A soldagem envolve a

fusão conjunta das bordas a serem unidas, freqüentemente pela adição de metal líquido

para preencher um canal com a forma de V. O cordão de solda é composto, parcial ou

totalmente, por um metal-base de ressolidificação com uma estrutura bruta de fusão.

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Tradicionalmente, a solda de oxiacetileno utiliza um fluxo de sal líquido para

dissolver o óxido de alumínio e cobrir o metal líquido. A maioria dos métodos modernos

protege o alumínio líquido com um gás inerte (argônio ou hélio), sendo que os dois

processos mais conhecidos e utilizados são o MIG e o TIG, descritos a seguir:

6.2.1 – Processo TIG

O processo TIG é o mais aplicado na soldagem das ligas de alumínio e foi o

primeiro a ser desenvolvido com proteção de gás inerte adequado para soldar o

alumínio. Na soldagem TIG, o arco elétrico é estabelecido entre um eletrodo de

tungstênio não consumível e a peça, numa atmosfera de gás inerte. Neste processo, o

arco elétrico pode ser obtido por meio de corrente alternada (CA), corrente contínua

(CC) e eletrodo positivo ou corrente contínua e eletrodo negativo. (Abal, 2006)

6.2.2 – Processo MIG

A soldagem MIG é um processo em que o arco elétrico, obtido por meio de uma

corrente contínua, é estabelecido entre a peça e um arame de alumínio ou liga de

alumínio, que combina as funções de eletrodo e metal de adição, numa atmosfera de gás

inerte. No processo MIG o eletrodo é sempre o pólo positivo do arco elétrico.

Utilizando-se as versões automática e semi-automática é possível soldar o alumínio

desde espessuras finas, cerca de 1,0 mm, até espessuras sem limite.(Abal, 2006)

Tal como no processo TIG, o gás inerte protege a região do arco contra a

contaminação atmosférica durante a soldagem. Na soldagem MIG do alumínio,

normalmente, são utilizados os gases argônio, hélio ou uma mistura de argônio/hélio.

(Abal, 2006)

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6.3 - Processos de Produção

6.3.1 – O processo Como já foi dito, a cadeira em estudo possui sua estrutura constituída com tubos

de alumínio. Estes tubos possuem seção transversal anelar com 48,0 mm de diâmetro

externo e 38,0 mm de diâmetro interno.

Estes tubos foram obtidos pelo processo de extrusão.

6.3.2 - Extrusão

É o processo metalúrgico que consiste na deformação plástica a quente do tarugo

de alumínio fazendo-o passar pela ação de um pistão, através do orifício de uma matriz

que apresenta o contorno da seção do produto que se quer obter. (Alcoa, 2007)

6.3.3 Tipos de processo

Extrusão a quente é o processo de forçar um tarugo aquecido a fluir através de

uma matriz aberta com a forma desejada. Este processo é usado para a fabricação de

produtos de metal semi-acabados de forma longa e reta com seção transversal constante,

tais como barras, seções sólidas e ocas, tubos, arames e tiras. Existem basicamente três

variações de extrusão, dependendo da técnica de lubrificação usada. (Gegel, H. 1999)

O processo de extrusão é executado de maneiras distintas que dependem da

temperatura e da ductilidade.

De acordo com Gegel, os tipos mais conhecidos do processos de extrusão são a

extrusão não lubrificada, a lubrificada e a hidrostática, que serão detalhadas a seguir:

(Gegel, H.1999)

No processo de extrusão não lubrificada, um punção de face plana é usado e o

material flui por cisalhamento interno e causa uma “zona morta de metal” que se forma

na frente do punção.

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Na extrusão lubrificada , um lubrificante adequado é empregado entre o tarugo e

a matriz.

A terceira é mais recente técnica desenvolvida é a extrusão hidrostática, na qual

um filme fluido entre o punção e o tarugo exerce pressão neste. Esta técnica é usada

somente em aplicações não usuais para extrusão de ligas especiais, compósitos ou “clad

materials” (materiais recobertos ou soldados – exemplo: placas de alumínio em titânio),

em que uma lubrificação adequada não pode ser facilmente conseguida com

lubrificantes convencionais. Para todos os propósitos práticos a extrusão hidrostática

pode ser considerada como uma versão especial avançada do processo de extrusão

lubrificada. (Gegel, H. 1999)

A diferença significativa entre o processo de extrusão lubrificada e sem

lubrificação está resumida na Tabela 1.

Tabela 1 - Características significantes do processo de extrusão lubrificada e sem

lubrificação (Gegel, H. 1999)

Características Extrusão não lubrificada Extrusão lubrificada

Materiais Ligas de alumínio, cobre, magnésio e zinco Aços, ligas de titânio, níquel e cobre

Projeto/fabricação de matriz Relativamente simples, plano Entrada suave, mais complexa

Desgaste de matriz Não é excessivo Muito significante

Geometria do componente

Seções muito finas e intrincadas, tolerâncias fechadas

Formas não trincadas devido à complexidade da matriz e dificuldade de extrusão das ligas

Acabamento superficial Brilhante, muito bom Não muito liso

Pressão de extrusão Relativamente alta devido ao atrito e cisalhamento interno

Relativamente baixa devido ao baixo atrito

Velocidade de extrusão

Alta na extrusão de ligas macias de Al, baixa para ligas duras de Al, devido à alta geração interna de calor

Independente da liga

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A extrusão a frio é semelhante ao processo de extrusão a quente e é a ductilidade

do material a ser trabalhado o principal parâmetro na escolha do tipo de processo.

(Gegel, H. 1999)

Ambos os métodos de extrusão, direto e indireto podem ser usados para extrudar

produtos tubulares. Para produzir uma seção oca, o metal deve fluir através de uma folga

formada pela matriz e um mandril. Há basicamente dois métodos para extrudar produtos

tubulares. (Gegel, H. 1999)

O primeito método usa um tarugo com um furo interno usinado ou produzido por

um punção ou prensa. Neste caso, o mandril é guiado para garantir a concentricidade.

Durante a extrusão, o mandril permanece estacionário (Figura 5) ou move-se com o

punção (Figura 6)

Figura 5 - Extrusão com um mandril flutuante (a) início da operação; (b) posição

final antes do corte das sobras. (Gegel, H. 1999)

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Figura 6 - Extrusão com movimento independente do mandril: (a) início da

operação; (b) posição final antes do corte das sobras. (Gegel, H.1999)

Para extrusão de uma seção oca, matrizes especiais com múltiplos orifícios de

alimentação podem ser usadas se o material se soldas sob pressão. As matrizes de

múltiplos orifícios alimentadores, mostrados na Figura 7, possuem aberturas na

superfície da matriz, é soldado e forçado através da matriz final para formar o

componente. A porção tubular no produto extrudado é formada por um mandril fixado

no lado de baixo do segmento superior da matriz. Isto fornece um suporte fixo para o

mandril e um furo contínuo na extrusão. Seções do tipo H até N na figura 8

compreendem formas complexas típicas que podem ser fabricadas em alumínio com o

emprego das ferramentas de múltiplos orifícios de alimentação. (Gegel, H. 1999)

Altas pressões de extrusão são requeridas com matrizes de múltiplos orifícios de

alimentação, comparadas com as matrizes de face plana* com mandris, na extrusão da

mesma seção. O material deve ser cisalhado, a fim de fluir através de vários segmentos e

soldar-se perfeitamente antes de ser extrudado. Portanto, este processo é limitado a

materiais como o alumínio, que tem baixa resistência ao cisalhamento nas temperaturas

de extrusão. Ligas de cobre, por exemplo, não são geralmente extrudadas usando-se

matrizes de múltiplos orifícios alimentadores.(Gegel, H.1999)

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Figura 7 - Matrizes com múltiplos orifícios alimentadores usados para extrusão

de alumínio: (a) matriz com múltiplos orifícios do tipo “port hole”; (b) matriz com

múltiplos orifícios do tipo estrela; e (c) do tipo ponte.(Gegel, H. 1999)

Tabela 2 - Classificação das seções de alumínio extrudado de acordo com o grau

de dificuldade para extrusão. (Gegel, H. 1999)

Seção categoria Seção Tipo

A Barras simples

B Barras com forma

C Seções-padrão

D Seções sólidas simples

E Seções semi-ocas

F Seções com transições abruptas e paredes finas

G Seções com detalhes simples e entradas estreitas

H Tubos

J Seções ocas simples

K Seções ocas dificeis, com duas ou mais cavidades

L Tubos com projeções externas

M Tubos com projeções internas

N Seções ocas, largas ou grandes

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7 - Estrutura da cadeira

7.1. Ajustes

Figura 8 – Esboço do protótipo a ser construído

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7.1.1 – Assento e Encosto

Para não haver limitações na altura, o assento terá um eixo de maior diâmetro

preso à um outro eixo, este de menor diâmetro, que dará a possibilidade de

movimentação da altura onde será colocada a perna lesionada.

Um pino será o responsável pela fixação do eixo do assento ao apoio da cadeira,

possibilitando uma regulagem para diversas alturas (conforme anexo D – Esboço da

cadeira), fato muito importante devido às lesões dos esportistas serem diferentes e

também pelo fato de possuírem diferentes medidas corporais.

Com a ajuda do 3º eixo localizado na região do encosto, que prenderá a

tubulação inferior à tubuluação superior, havendo possibilidade de movimentações no

ângulo da coluna, a cadeira possibilitará um apoio ou até mesmo impulso ao atleta no

momento do arremesso.

O ângulo referido no encosto poderá ultrapassar os 100º para não haver

travamento no momento do arremesso, e o retorno ocorrerá por parte do atleta, através

de um retorno mola.

É válido lembrar que o projeto da cadeira tem a intenção de facilitar a vida do

atleta, e baseado nisso foram destacados os ajustes necessários .

O conforto do atleta não foi um item dispensado, o assento e o encosto terão

revestimento de couro sintético, dando a possibilidade ao atleta de um apoio confortável.

7.1.2 – Fixações

Serão utilizados parafusos para a fixação da estrutura para que a cadeira seja

desmontável e facilite seu transporte. Esse foi um dos principais motivos da mesma ser

de alumínio, por este ser leve e contribuir para a fácil mobilidade.

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Cintas de nylon serão responsáveis tanto pela fixação da estrutura da cadeira ao

chão e cinta de neoprene fará a fixação do corpo do atleta à cadeira.

7.1.3 – Tubos

O diâmetro das tubulações será de 38,1mm. Foi escolhido um diâmetro grande

com a intenção de garantir maior estabilidade da estrutura durante o lançamento.

7.2. Programa para computador utilizado para dimensionamento das

reações da estrutura

Para a análise de reações, esforços e deslocamentos da estrutura da cadeira foi

utilizado um programa de computador específico chamado Ftool.

O Ftool (Two-dimensional Frame Analysis Tool) é uma ferramenta simples que

agrega em uma única interface recursos para uma eficiente criação e manipulação de

modelos (pré-processamento), aliados a uma análise da estrutura rápida e transparente e

a uma visualização rápidos e efetivos ( pós-processamento )

O software demonstrou ser uma valiosa ferramenta para o ensino de engenharia,

sendo utilizado nos cursos de Análise Estrutural, Estruturas de Concreto Armado e

Estruturas de Aço dos cursos de Engenharia Civil de diversas universidades no Brasil e

no exterior.

O desenvolvido do software foi inicialmente através de um projeto de pesquisa

integrado, coordenado pelo professor Marcelo Gattass do Departamento de Informática

da PUC-Rio e diretor do Grupo de Tecnologia em Computação Gráfica (Tecgraf/PUC-

Rio) e com apoio do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico). O idealizador e responsável pelo software é o professor Luiz Fernando

Martha do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio.

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Participaram no desenvolvimento do software os alunos de graduação Eduardo

Thadeu L. Corseuil, Vinícius Samu de Figueiredo e Adriane Cavalieri Barbosa, todos do

Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio, como bolsistas de iniciação científica

no período de março de 1991 a dezembro de 1992. O software, desenvolvido na

plataforma DOS, sofreu alguns aprimoramentos até abril de 1995.

Também colaborou para este software o então aluno de doutorado da PUC-Rio

Waldemar Celes Filho, que trabalhou no desenvolvimento da biblioteca de funções HED

(Half-Edge Data Structure), para representação interna dos dados, e no desenvolvimento

do software MTOOL, cuja interface gráfica e estrutura de dados foram tomadas como

ponto de partida deste software. O módulo de análise numérica do software recebeu a

colaboração do então aluno de doutorado da PUC-Rio Ivan Fábio M. Menezes.

Durante o período do final de 1997 ao início de 1998, o Ftool foi reescrito pelo

professor Luiz Fernando Martha utilizando o sistema de interface IUP e o sistema

gráfico CD, desenvolvidos pelo Tecgraf/PUC-Rio. Esta interface gráfica permite que o

software seja executado tanto no ambiente Windows quanto no ambiente Unix/X-

windows. Em fevereiro de 1998 foi lançada a versão 2.00 do Ftool. Deste então

sucessivas versões do Ftool foram lançadas, cada uma com pequenos melhoramentos,

até a última versão 2.11 de agosto de 2002.

Em agosto de 2000, a versão 2.08 foi liberada na plataforma Linux. Na versão

2.09 de janeiro de 2001 foram incorporados procedimentos específicos para o auxilio ao

ensino de análise estrutural, tais como considerações de barras inextensíveis ou

infinitamente rígidas e aplicação de momentos concentrados em extremidades de barras

para modelar cargas de hiperestáticos momentos fletores. Na versão 2.10 de novembro

de 2001 foram adicionados o traçado de linhas de influência e a consulta de resultados

por passos ao longo da barra. Na última versão 2.11 de agosto de 2002 foi melhorada a

definição das seções transversais de barras, sendo criados diversos tipos de seções

transversais especificadas por parâmetros e duas tabelas de perfis I. Também foram

criadas importação de propriedades e atributos de modelos do Ftool de outros arquivos,

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opção para desenhar diagramas de momentos fletor do lado das fibras tracionadas ou

comprimidas da barra, opção para desenho de resultados transversalmente as barras e

opção para desenho de valores por passo ao longo da barra, dentre outra melhorias.

7.3. Análise das reações na estrutura da cadeira

Foi estabelecido um peso para o atleta de 150 Kg em repouso na cadeira, antes

do lançamento do peso, provoca esforços de compressão sobre a estrutura com valor

máximo de 0,375 kN. Durante o movimento de arremesso são adicionadas mais 2

esforços na estrutura, sendo que um deles é uma força vertical para baixo e deve ter

0,200 kN, que age em função da inércia da massa do corpo do atleta e outro um

momento fletor de 0,200 kN.m ocasionado por uma rotação que age do centro de

gravidade do peso em lançamento até o centro da barra de apoio da cadeira.

A figura a seguir mostra os esforços aplicados e as reações na cadeira.

Figura 9 - Visualização das reações na estrutura da cadeira

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Através da Figura 9 é possível visualizar que pela solicitação de compressão, as barras 4, 5 e 6 evidenciam os maiores valores.

Pela figura 10, é possível observar que nas barras 4, 5 e 6 atuam forças de

compressão de maior módulo.

Figura 10 – Visualização das reações de compressão na estrutura da cadeira

A barra 6 apresenta maior compressão de estrutura, já a barra 5 apresenta valor de compressão próximo e comprimento um pouco maior. Na barra 4 se verifica o maior comprimento de todas e também se encontra comprimida.

Analisando a figura 11 a seguir, verifica-se que a maior solicitação por momento fletor acontece no ponto entre as barras 8 e 9. As barras 8 e 9 na verdade fazem parte de uma única barra, porém foi inserido um nó que dividisse a barra inteira em 2 partes para que o software Ftool interpretasse a existência de uma reação no ponto central da mesma.

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Como é possível visualizar, o valor máximo de tensão encontrado na barra 9 foi de 0,169kN na barra 9 enquanto o valor máximo de tensão na barra 8 foi de 0,031kN.

Figura 11 – Visualização das reações de momento fletor na estrutura da cadeira

Não foi encontrada norma que limita o deslocamentos oriundos à deformação dos

pontos da estrutura.

Por meio do maior momento fletor na cadeira, é possível calcular a máxima

tensão de cisalhamento e o coeficiente de segurança da cadeira.

Para isto utilizaremos as seguintes fórmulas:

{ } yIyM

Máx ×=σ Equação 1

Onde:

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mmy

mmIy

NmM

50,12109175,1

7,12844

=×=

=

Substituindo na Equação 1 temos:

{ } mmmm

NmmMáx 5,12

109175,1107,128

44

3

××

×=σ

{ }2

84mm

NMáx =σ ou { } MPaMáx 84=σ

Como a tensão de escoamento do aluminio é igual a 265 Mpa, é possível calcular

o coeficiente de segurança (s) através da Equação 2.

σσe

s = Equação 2

Onde:

MPa

Mpae

84265

==

σσ

Substituindo os valores na equação 2 temos:

MpaMPa

s84

265= 15,3=s

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Figura 12 – Visualização das reações de deslocamento na estrutura da cadeira

Através da figura 12 é possível visualizar os maiores valores de deslocamento

conforme as figuras abaixo.

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Figura 13 – Visualização do maior deslocamento vertical

Como é possível visualizar, o maior deslocamento vertical é de -1,010e-001mm

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Figura 14 – Visualização do maior deslocamento horizontal

A figura 14 mostra que o maior deslocamento horizontal da cadeira é igual a

-8,868e-003mm.

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8 - Análise de Custos

Para a análise de custos foram levados em conta a qualidade, quantidade e o

preço do material adquirido para construção:

Para isso, separamos cada etapa para melhor distribuir os custos em sua

respectiva operação.

8.1. Material

O material escolhido foi o alumínio de 38,1 mm Sch 80, ou seja com

diâmetro externo de 48,1 mm e espessura de 5mm. Para a construção utilizamos:

Chapa alumínio 4,76 mm – 600 mm x 600 mm R$ 180,00

Tubo em alumínio 38,1 mm Sch80 R$ 320,00

Tarugo em alumínio 50,8 mm x 100 mm R$ 187,65

Chapa alumínio 4,76mm - 2000 mm x 1000 mm R$ 350,56

Sub Total R$ 1038,21

8.2. Estofamento

Através de cotações com tapeceiros, o menor preço encontrado para

execução da operação de cobrir os assentos em couro está descrita a seguir:

Estofamento em couro no assento e R$ 160,00

na região inferior de apoio a perna

Sub Total R$ 160,00

8.3. Outros gastos

Os gastos não descritos anteriormente e considerados para fabricação da

cadeira estão descritos a seguir:

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Parafusos e porcas R$ 30,00

Cinta de neoprene para fixação do corpo R$ 30,00

Cinta em nylon para fixação no chão R$ 60,00

Sub Total R$ 120,00

Resumidamente os gastos podem ser descritos na seguinte forma:

• Material R$ 1038,21

• Estofamento R$ 160,00

• Outros gastos R$ 120,00

Total Geral R$ 1318,21

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Observações

Para o tema abordado nesta monografia foram encontradas dificuldades para a

reunião de informações. Não foram encontrados estudos específicos sobre o portador de

deficiência física participante de Paraolimpíada nas modalidades de arremesso de peso,

vara ou disco.

Os textos encontrados tratam apenas da deficiência, das Paraolimpíadas, dos

deficientes no esporte, do grau de deficiência ou até mesmo da inclusão do deficiente na

sociedade como um todo.

A fonte mais abundante é a rede mundial de computadores, a Internet, porém a

inclusão do portador de deficiência acaba sendo sempre redundante, abordando temas

que não apresentam nenhum tipo de novidade, afinal todos sabem, por exemplo, da

necessidade de construção de edifícios acessíveis aos deficientes, da igualdade de

direitos que os mesmos possuem, entre outras coisas.

Na aquisição de material a maior dificuldade foi manter contato com algum

fabricante, pois a quantidade à adquirir e o corte específico nas dimensões da cadeira

que precisávamos, seria pequena para qualquer fabricante. Isso nos tomou tempo para

aquisição, pois normalmente o alumínio é adquirido em grandes quantidades e sem

cortes específicos, na verdade, o mesmo é comercializado em tarugos de grandes

dimensões.

Dificuldade previamente discutida e encontrada durante a construção, foi quanto

ao conhecimento técnico específico para realizar diversas operações, dentre elas tornear,

furar, lixar e entre outras, pois somente um ou outro menbro do grupo detinha

experiência específica em alguma determinada atividade, e muitas vezes amador.

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Conclusões

A intenção do trabalho foi desenvolver um estudo de qualidade e clareza, com a

intenção de passar ao leitor uma idéia geral sobre o portador de deficiência física que

pratica uma atividade esportiva.

Foi visto que a importância do trabalho em grupo também é algo fundamental,

afinal em um trabalho de tal porte, desde a idéia inicial, dos primeiros passos até a

conclusão do conteúdo, a diversidade de opiniões, sugestões e controvérsias foram muito

grandes, porém foram superadas tais dificuldades e foi possível encontrar um consenso

que atingisse os principais propósitos e objetivos iniciais para que todos aprovassem o

resultado final.

Com o projeto fisicamente construído, a intenção previamente proposta fica cada

vez mais clara diante dos próprios olhos, e a utilização do público alvo, juntamente com

seus comentários e sugestões, fica fácil verificar que o objetivo foi atingido.

Fica eminente a necessidade que existe diante de um projeto, da confecção de um

propótipo para realizar ajustes e melhorias para o produto final, e com isso verificou-se

também que numa fase inicial de um projeto o custo inicial se torna muito maior do que

o custo que será realizado durante o processo em série. Diante disso, verificamos que o

custo estimado neste trabalho trata-se do custo do protótipo para este projeto.

Diversas melhorias ainda podem ser realizadas, diante do design e acabamento

inicialmente propostos.

Para finalizar, é importante mencionar que os objetivos inicialmente traçados

foram alcançados, pois hoje é possível de se enxergar melhorias que podem ser

implementadas com o intuito de facilitar o desempenho de atletas.

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Ficha de desempenho do atleta

Tabela 3 - Dados Estatísticos do Produto

Atl. A Atl. B Atl. C Atl. D Média

Conforto 3 5 5 4 4,25

Ergonomia 3 4 5 4 4,0

Particidade na montagem

2 5 5 5 4,25

Transporte 4 5 5 5 4,75

Design 4 5 5 5 4,75

Desempenho

A avaliação do produto pôde se dar entre 0 e 5, sendo:

0 – 1 = ruim

1 – 2 = regular

3 – 4 = Bom

5 = Excelente

Comentários poderão ser acrescentados.

Segue exemplo da avaliação sujerida ao atleta:

Nomes dos atletas avaliadores:

Edson Ferreira Abade

Maria Adriana Andrade Paiva

Robson Dee

Maria Gilda dos Santos

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Gráfico 1 – Médias das avaliações feitas pelos atletas

Avaliação de Desempenho e Melhorias da Cadeira de Arremesso

Favor avaliar de acordo com suas expectativas e desempenho durante o treino.

Para a avaliação serão considerados os parâmetro descritos de 0 à 5, sendo:

0 – 1 = ruim

1 – 2 = regular

3 – 4 = Bom

5 = Excelente

123

4

5 4.25 4 4.254.75 4.75

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Tabela 4 – Questionário ao Atleta

0 1 2 3 4 5

A cadeira é Confortável?

A posição e postura proposta é ideal?

Foi fácil a montagem e desmontagem da cadeira?

A cadeira é de fácil remoção? Leve para carregar?

O modelo da cadeira é inovador?

O seu desempenho foi melhorado utilizando a cadeira?

Identificação do Atleta: _____________________________________________

Modalidade Praticada: ______________________________________________

Sujestões:_________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

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Referências Bibliográficas

ABDO, Nazir Abrão. Estruturas de Alumínio. São Paulo. Editora Pini, 1983. 95 p.

CETLIN, Paulo. HELMAN, Horacio. Fundamentos da Conformação: Mecânica dos

Metais. Artibler Editora Ltda, 2005. 260 p.

DUL, Jan. WEERDMEESTER, B. Ergonomia Prática. São Paulo. Editora Edgard

Blucher Ltda, 2000. 144 p.

FILHO, João Gomes. Ergonomia do Objeto: Sistema técnico de leitura ergonômica.

São Paulo. Escrituras Editora e Distribuidora de Livros, 2003. 255 p.

GEGEL, Harold. Conformação de Metais: Fundamentos e Aplicações. São Carlos.

EESC – USP – São Carlos, 1999. 349 p.

LAVILLE, Antoine. Ergonomia. São Paulo. Editora Pedagógica e Universitária Ltda,

1977. 99 p.

LIDA, Itiro. Ergonomia – Projeto e Produção. São Paulo. Editora Edgard Blucher,

1990. 465 p.

ROSADAS, Sidney Carvalho. Atividade Física Adaptada e Jogos Esportivos para o

Deficiente. Rio de Janeiro. Livraria Atheneu, 1989. 297 p.

ROSADAS, Sidney Carvalho. Educação Física Especial para Deficientes. Rio de

Janeiro. Livraria Atheneu Editora, 1991. 214 p.

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SCHULTE, Hermann. YAGUI, Tioeturo. Estruturas Metálicas. São Carlos.

Universidade de São Paulo – Escola de Engenharia de São Carlos, 1964. 313 p.

WEINECK, J. Anatomia Aplicada ao Esporte. São Paulo. Editora Manole Ltda, 1990.

210 p.

FROSSARD, L. apud Estudo australiano. Publicação Eletrônica . Mensagem recebida

por [email protected] em 20 out. 2006

Visita ao sítio www.abal.org.br/aluminio/processos_soldagem.asp

Visita ao sítio http://www.abal.org.br/aluauto/ed06/mundoautomotivo1.asp

Visita ao sítio www.tecgraf.puc-rio.br/ftool

Visita ao sítio: http://www.alcoa.com/brazil/pt/alcoa_brazil/glossary.asp

Visita ao sítio: http://www.cpb.org.br/resources/16145.pdf

Bibliografia (consultadas mas não utilizadas)

Visita ao sítio www.incometal.com.br/materias/sobrealu.htm

Visita ao sítio www.arcoweb.com.br/tecnologiaI/tecnologia57.asp

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Anexo A

Classes do Atletismo (IPC- International Paralympic Committee)

(Comitê Para-Olímpico Brasileiro, 2006)

Este anexo apresenta as classes funcionais utilizadas no atletismo segundo o IPC

(International Paralympic Committee): http://www.cpb.org.br/resources/16145.pdf

Deficientes visuais

11 – Cego com ou sem percepção luminosa – Desde a ausência total de

percepção de luz em ambos os olhos, até a percepção luminosa sem a capacidade de

reconhecimento de forma de uma mão, a qualquer distância.

12 – Baixa Visão - Desde a capacidade de reconhecer a forma de uma mão, até a

acuidade de 2/60 e ou um campo visual inferior a 5º.

13 – Baixa visão - Desde uma acuidade visual superior a 2/60 até uma acuidade

visual 6/60 e ou um campo visual superior a 5º e inferior a 20º.

Deficientes físicos

Classe 30 PC’s (Paralisados Cerebrais)

1) Na cadeira

31 – Quadriplegia. Utiliza a musculatura de ombros para correr em cadeiras.

Corre geralmente de costas, por ter funcionais apenas os flexores de cotovelos.

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32 – Quadriplegia discreta. Não utiliza força dos membros inferiores e tem

dificuldade de controle de tronco.

33 – Diplegia com força discreta dos membros inferiores. Apresenta melhor

coordenação e equilibro sentado.

34 – Utiliza a cadeira para correr e arremessar. Tem força de pernas funcionais e

equilíbrio no tronco.

2) De pé

35 – Pode apresentar espasticidade em até 4 membros. Sem dificuldade de

coordenação e equilíbrio.

36 – Diplegia mais acentuada com espasticidade mínima nos membros inferiores.

37 – Possui diplegia, cláustica ao correr ou arremessar.

38 – Necessita de laudo médico para comprovar a deficiência – PC (paralisado

cerebral). Geralmente não apresenta monoplegia ou diplegia discreta.

Classe 40 – Amputados e anões

41 – Anões

42 – Apresentam amputação acima do joelho

43 – Apresentam amputação dupla acima do joelho

44 – Apresentam amputação abaixo do joelho

45 – Dupla amputação de membros superiores

46 – Amputação simples de membros superiores

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Classe 50 – Cadeirantes

Provas de pista (T)

T51 – Tetraplégicos

T52 – Tetra com braços funcionais

T53 – Coxas normais sem tronco ativo

T54 – Apresentam controle do tronco

Provas de campo (F)

F51 – Sem função do braço contrário ao do lançamento; não apresenta equilíbrio

sentado; ombros fracos; apresenta flexão de cotovelo e extensão do punho.

F52 – Apresenta função normal de membros superiores. Pode apresentar

disfunção nas mãos.

F53 – Pegada normal com o braço de lançamento; função normal de braços e

mãos; não apresenta tronco funcional.

F54 – Não apresenta equilíbrio sentado e com pouca ou nenhuma funcionalidade

de tronco.

F55 – Apresenta movimentos normais no tronco, equilíbrio sentando, sem flexão

de coxas.

F56 – Bom equilíbrio de movimentação de tronco. Função normal de coxas.

F57 – Semelhante ao 56 apresentado abdução de coxas e pressão dos pés sobre

um apoio.

F58 – Deficiência mínima.

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Anexo B

QUADRO REFERENTE ÀS CLASSES FUNCIONAIS

(Comitê Para-Olímpico Brasileiro, 2006)

Segundo Comitê Olímpico Brasileiro, 1999, o quadro abaixo refere-se às classes

funcionais: http://www.cpb.org.br/resources/16145.pdf

EM PÉ T42; T43; T44; T45; T46 PISTA

CADEIRA DE RODAS T50; T51; T52; T53

EM PÉ F41; F42; F43; F44; F45; F46 ATLETAS

AMPUTADOS CAMPO CADEIRANTE F51; F52; F53; F54; F55; F56;

F57; F58

EM PÉ T35; T36; T37; T38 PISTA

CADEIRA DE RODAS T31; T32; T33; T34

EM PÉ F35; F36; F37; F38

PARALIZADO

CEREBRAL CAMPO

CADEIRA DE RODAS F31; F32; F33; F34

EM PÉ T42; T43; T44; T45; T46 PISTA

CADEIRA DE RODAS T51; T52; T53; T54

EM PÉ ______________ LESÃO

MEDULAR CAMPO CADEIRA DE RODAS F51; F52; F53; F54; F55; F56;

F57; F58

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Anexo C

FOTOS ILUSTRATIVAS DE CADEIRA JÁ EXISTENTE QUE SERVIU DE BASE

PARA A CONSTRUÇÃO DO PROJETO (Centro de treinamento do Guarujá, 2006)

Figura 15 - Cadeira utilizada no Centro de Treinamento localizado no Guarujá

(foto tirada no Centro de Treinamento do Guarujá)

Figura 16 – Detalhe do apoio para o pé do atleta

(foto tirada no Centro de Treinamento do Guarujá)

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Anexo D

CADEIRA FINAL

Figura 17 – Foto da cadeira construída