construÇÃo coletiva do diagnÓstico da destinaÇÃo do Óleo ... · reaproveitamento do óleo...
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CONSTRUÇÃO COLETIVA DO DIAGNÓSTICO DA DESTINAÇÃO DO ÓLEO COMESTÍVEL
DESCARTADO PELA COMUNIDADE DO COLÉGIO ESTADUAL OLINDAMIR MERLIN CLAUDINO
Marcilene Barcelar do Nascimento1
Edmilson Cezar Paglia2
Resumo
Este artigo apresenta informações a respeito do trabalho realizado com educandos que frequentavam a oitava série no ano de 2011 do Colégio Estadual Olindamir Merlin Claudino, localizado no município de Fazenda Rio Grande, no Estado do Paraná. A temática desenvolvida teve como ênfase a destinação e formas de reaproveitamento do óleo comestível usado pela comunidade em que o referido estabelecimento de ensino está inserido. O óleo de cozinha é uma substância muito utilizada pela população de maneira geral, principalmente no processo de frituras de alimentos. Diante disso, esta problemática foi utilizada como base, para descobrir com os educandos, por meio de estudos coletivos, como é realizado o descarte do óleo comestível e suas possibilidades de reutilização, pela comunidade escolar do mencionado colégio. Para isso usou-se como método de ensino a problematização de conteúdos com o intuito de provocar o interesse nos educandos, levando-os a realização de pesquisas bibliográficas e de campo para que o diagnóstico da destinação do óleo de cozinha fosse obtido. Além do diagnóstico os educandos também buscaram descobrir as formas de reciclagem deste material. O estímulo à geração de uma consciência ambiental fez com que os mesmos realizassem campanhas de coleta de óleo de cozinha para a produção do sabão, disseminando assim a problemática e envolvendo todos os segmentos da comunidade escolar.
Palavras-chave: problematização; óleo de cozinha; meio ambiente; reciclagem; pesquisa.
1 INTRODUÇÃO
O trabalho foi desenvolvido no segundo semestre do ano de 2011 e
realizado no Colégio Estadual Olindamir Merlin Claudino – EFM, situado no
município de Fazenda Rio Grande, área metropolitana de Curitiba. Contou com a
1Professora de Geografia da Rede Pública do Estado do Paraná, integrante do Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE) 2010. Email: [email protected]
2 Mediador da Universidade Federal do Paraná.
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participação de educandos de oitavas séries, matriculados no período da manhã que
participavam do projeto no contraturno. Este artigo visa relatar os fatos que
permearam o processo de estudo com os educandos para se descobrir, por meio de
estudos coletivos, como é realizado o descarte do óleo comestível e gorduras
residuais, bem como suas possibilidades de uso, pela comunidade escolar do
referido estabelecimento de ensino. O trabalho desenvolvido tinha por finalidade
problematizar um tema gerador, de modo que o mesmo fizesse parte da realidade
do educando. Freire (1994, p. 40) defende que o educador quando problematiza os
temas de estudo possibilita condições aos educandos para que ocorra a “superação
do conhecimento no nível da “doxa” pelo verdadeiro conhecimento, o que se dá, no
nível do “logos”.” O mesmo autor cita a educação problematizadora como reflexiva,
tendo como objetivo a emersão das consciências que resulte na inserção crítica na
realidade.
Levando em conta esta educação problematizadora resolvi utilizar nos
estudos, o tema “óleo de cozinha usado” associando a poluição do solo e das águas
com desenvolvimento de consciência.
Para Santos (2006, p.162-163) um evento é a causa do outro, nos dois
níveis de existência: global e local. Qualquer alteração realizada em um lugar causa
amplas modificações em outras áreas. Os eventos são interdependentes, e ocorrem
em vários níveis, entre eles os mais relevantes são: nível do mundo e o nível do
lugar.
A necessidade do descarte do óleo de cozinha gera resíduo, provoca
poluição, e não há nenhuma orientação por parte dos fabricantes que indique como
isso deve ser feito. É muito importante que os educandos ampliem seus
conhecimentos sobre os problemas ambientais que o óleo de cozinha pode causar
se depositados de forma inadequada nos seus domicílios. Do mesmo modo, se
torna indispensável que os educandos pesquisem e descubram que existem formas
de reciclagem desse produto, aprendendo a técnica caseira de fazer o sabão.
A relevância do desenvolvimento deste trabalho se dá pelo fato de que
possibilitará aos educandos reflexões críticas a respeito das alterações provocadas
nos espaços onde os estudantes da escola vivem seu dia-a-dia. É importante o
educando conhecer melhor a sua realidade para poder atuar de forma mais
consciente, bem como compreender que ações locais podem provocar alterações
ambientais regionais e até mesmo globais.
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Através deste, a escola passou a ser o espaço onde o conhecimento teórico
construído no coletivo é tratado na prática esclarecendo a sociedade, da importância
de utilizar métodos mais adequados para a realização do descarte de óleos de
cozinha e gorduras residuais com o intuito de minimizar os impactos ambientais
causados pelo mesmo.
Para a realização do trabalho citado acima, foi confeccionado um caderno
temático. Este caderno temático aborda temas que destacam a importância da
realização da reciclagem do óleo comestível e dos problemas ambientais que podem
ocorrer com a destinação inadequada do mesmo. Contém textos que tratam dos
problemas ambientais causados pelo descarte inadequado dos óleos e gorduras, da
produção do sabão como alternativa viável de reaproveitamento desse produto e
também sobre as vantagens ambientais da produção e uso do biodiesel a partir da
reciclagem do óleo de cozinha ou do plantio de oleaginosas para essa finalidade.
O projeto de intervenção foi desenvolvido em etapas que incluíram
pesquisas na internet, leitura e análise dos textos do caderno temático, confecção de
eslaides, apresentação para o grupo, confecção do questionário de pesquisa bem
como sua aplicação na comunidade em que a escola está inserida, análise,
tabulação e confecção de gráficos a partir das informações coletadas, campanha de
arrecadação de óleo de cozinha usado, construção e exposição de cartazes
expondo as necessidades da reciclagem do óleo de cozinha, confecção de sabão a
partir do óleo coletado na comunidade escolar.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 ALGUNS FUNDAMENTOS DE PROCESSOS DE ENSINO-APRENDIZAGEM
O ensino da Geografia na Educação Básica deve subsidiar a formação de
educandos que tenham condições de compreender o espaço geográfico, nas mais
variadas escalas, para atuar de forma crítica na produção sócio-espacial do seu
lugar, território, região, enfim de seu espaço (Diretrizes Curriculares de Geografia
2008 p.68).
Para as Diretrizes Curriculares de Geografia (2008 p.72) é fundamental
compreender tanto a origem da dinâmica da natureza quanto às mudanças a ela
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causadas pelo homem, como efeito de participar na composição da fisicidade do
espaço geográfico.
Rua et. al. (2005, p. 285) recomenda que o estudo do espaço geográfico
deva levar em conta a dinâmica da sociedade humana, que produz e vive nesse
espaço, e a dinâmica da natureza constantemente modificada pelo homem ao longo
de um processo histórico, na medida em que adquire técnicas que aceleram tal
transformação. O mesmo autor ainda salienta que no trabalho sobre a dinâmica da
natureza deve induzir o educando a criticar a ação do homem sobre a mesma e a
partir disso construir os conceitos de equilíbrio e desequilíbrio ecológico e levar o
mesmo a compreender que as relações homem-natureza, mediados pelo trabalho,
dependem da maneira como a sociedade se organiza e produz e, para produzir, se
apropria da natureza.
A principal forma de relação entre o homem e o meio ocorre através da
técnica, sendo essa o conjunto de meios instrumentais e sociais utilizados pelo
homem para viver, produzir e, ao mesmo tempo criar o espaço (SANTOS, 2006 p.
29). É através da técnica que o homem vai transformando, com o passar do tempo,
o meio em que vive: o lugar.
Ainda de acordo com as Diretrizes Curriculares de Geografia (2008, p.61-
62), o lugar “é o espaço onde o particular, o histórico, o cultural e a identidade
permanecem presentes, revelando especificidades, subjetividades e racionalidades”.
Os eventos locais relacionam com o global, devido ao fato de que as
particularidades dos lugares tornam-se visíveis e únicos pela sua relação dialética
com o universal ao qual estão atrelados. De acordo com Santos (2006, p.314) cada
lugar é na verdade, a sua maneira, o mundo, pois o mundo está em toda parte.
A cidade é o espaço de concentração da produção industrial e despejo do
consumo doméstico; de contaminação pelas funções de transporte e de
externalização de custos ecológicos para seu entorno rural para fornecer cada vez
mais as necessidades de água, alimento e energia (LEEF, 2005, p. 289).
Os problemas ambientais passaram a ser importantes desde que foram
difundidas ao mundo através da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente Humano, ocorrida em Estocolmo em 1972, tais como: o desmatamento,
extinção das espécies, erosão e a perda da fertilidade dos solos, desertificação,
contaminação química da atmosfera, dos solos e dos recursos hídricos, etc. (LEFF,
2005, p. 89). Essa degradação dos recursos naturais, e o seu impacto nos valores
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culturais e humanos causaram uma necessidade de orientar as formas de
desenvolvimento para minimizar a pobreza crítica e passar da sobrevivência à
melhoria da qualidade de vida (LEFF, 2005, p. 90).
Ainda segundo Leef (2005, p.93) a ética ambiental conecta a conservação
da diversidade biológica do planeta ao respeito à disparidade étnica e cultural da
espécie humana. Ambos os princípios se ajustam com a finalidade de preservar os
recursos naturais e envolver comunidades na gestão de seu ambiente.
De acordo com Leef (2005, p. 210- 237) a partir da Conferência de
Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano, ocorrida em 1972, a educação
ambiental foi apresentada como uma forma de alcançar os objetivos para um
desenvolvimento sustentável, e levou a criar o Programa Internacional de Educação
Ambiental Unesco/PNUMA. Após, a Conferência Intergovernamental de Educação
Ambiental, celebrada em Tbilisi, em 1977, estabeleceu os princípios que deveriam
nortear os esforços de uma educação relacionada ao meio ambiente. Para Leef
(2005, p. 210) a educação ambiental deve ser entendida como “a formação de uma
consciência fundada numa ética que deverá resistir à exploração, ao desperdício e à
exaltação da produtividade concebida como um fim em si mesma”.
Para Leef (2005, p. 250-251), a educação ambiental tenta articular
subjetivamente o educando a produção de conhecimentos e vinculá-lo aos sentidos
do saber. Isto implica promover o pensamento crítico, reflexivo e propositivo frente
aos comportamentos automatizados, próprios do pragmatismo e do utilitarismo da
sociedade recente. A educação ambiental assume um sentido estratégico na
condução do processo de transição para uma sociedade sustentável.
Loureiro (2005, p. 69) define a Educação ambiental como
uma práxis educativa e social que tem por finalidade a construção de valores, conceitos, habilidades e atitudes que possibilitem o entendimento da realidade de vida e a atuação lúcida e responsável de atores sociais individuais e coletivos no ambiente.
É fundamental integrar processos educativos formais às demais atividades
sociais que buscam pela qualidade de vida e sustentabilidade. São prioritários os
projetos que relacionem o trabalho desenvolvido na escola ao trabalho comunitário,
articulando o conhecimento, a reflexão e a ação concreta sobre o ambiente em que
se vive (LOUREIRO, 2005, P. 93).
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Os conteúdos da Geografia devem ser trabalhados de forma crítica e
dinâmica, conectados com a realidade próxima e distante dos educandos, sempre
levando em conta o conhecimento espacial prévio dos mesmos e, para que estes
tenham condições de relacioná-lo ao conhecimento científico com objetivo de
superar o senso comum (DIRETRIZES CURRICULARES DE GEOGRAFIA, 2008
p.75).
Para Freire (1994, p. 31) educador e educando, co-intencionados à
realidade, se deparam numa atividade em que ambos são sujeitos no ato, não só de
descoberta, assim, criticamente conhecê-la, bem como no de recriar esse
conhecimento.
Para Freire (1994, p.41) a tendência tanto do educador-educando quanto
dos educandos-educadores é constituir uma forma autêntica de raciocinar e agir.
Refletir sobre si mesmo e ao mundo, concomitantemente, sem dicotomizar este
pensar da ação. Assim os homens poderão compreender, de forma crítica, como
estão “sendo no mundo com que e em que se acham”.
Freire (1994, p.42) defende que a educação problematizadora leva em conta
a história dos homens e esta sugere aos homens a sua conjuntura como problema.
Problematizar é desempenhar uma análise crítica sobre a realidade em questão
(FREIRE, 1994, p.97).
Assim sendo, aprofundando a tomada de consciência da situação, os
homens se “apropriam” dela como realidade histórica, por isto mesmo, capaz de ser
transformada por eles (FREIRE, 1994, p.43).
Para Freire (1985, p.16)
só se aprende verdadeiramente aquele que se apropria do aprendido, transformando-o em apreendido, o que pode, por isto mesmo, reinventá-lo; àquele que é capaz de aplicar o aprendido-apreendido a situações
existenciais concretas.
Ainda de acordo com Freire (1985, p.57) “a problematização é a reflexão que
alguém exerce sobre o conteúdo, fruto de um ato, para agir melhor, com os demais,
na realidade”.
Demo (1999, p. 42-44) considera que a “pesquisa como princípio científico
educativo faz parte integrante de todo processo emancipatório, no qual se constrói o
indivíduo autossuficiente, crítico e autocrítico, participante”, em condições de
dialogar com a realidade.
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Segundo Demo (1999, p. 64) “a verdadeira aprendizagem é aquela
construída com o esforço próprio, através da elaboração pessoal” e a leitura farta
dos conteúdos favorecem a escolha da teoria mais aceitável, sendo assim capaz de
elaborar a sua própria.
Desta forma a aprendizagem se torna efetiva de acordo com o pressuposto
de Paulo Freire e de Pedro Demo, sendo problematizadora e baseada em pesquisas
realizadas pelos educandos em busca de conhecimentos que favoreçam a ação
crítica em seu meio ambiente.
2.2 – FUNDAMENTOS SOBRE O TEMA ESTUDADO
Muitos estabelecimentos comerciais e residências lançam óleo comestível
usado na rede de esgoto, ocasionado entupimento e mau funcionamento das
estações de tratamento de esgoto, além de causar problemas de higiene e mau
cheiro. Para retirar o óleo ou desentupir são usados componentes químicos de
grande toxidade causando danos ao meio ambiente, além de constituir uma prática
punível por lei (BATISTA, 2004, p. 55).
Por outro lado Moretto e Feet (1998, p. 29-30) discorrem sobre a existência
de uma relação entre o tipo de alimentação e o aumento das doenças e coração e
das vias circulatórias. A quantidade e a qualidade do tipo de gorduras consumidas
podem estar relacionadas ao aumento do nível de colesterol no sangue. Ainda, de
acordo com esses autores a função básica das gorduras é o fornecimento de
energia, tendo como principais componentes dos óleos e gorduras os ácidos graxos.
Moretto e Fett (1998, p. 1), definem os óleos e gorduras como
substâncias insolúveis em água (hidrofóbicas), de origem animal, vegetal ou mesmo microbiana, formadas predominantemente de produtos de condensação entre “glicerol” e “ácido graxos” chamados triglicerídeos. A diferença entre óleos (líquidos) e gorduras (sólidas), à temperatura ambiente, reside na proporção de grupos acila saturados e insaturados presentes nos triglicerídeos, já que os ácidos graxos correspondentes representam mais de 95% do peso molecular dos seus triacilgliceróis. A resolução nº20/77 do CNNPA (conselho Nacional de Normas e Padrões para alimentos) define a temperatura de 20ºC como limite inferior para o ponto de fusão das gorduras, classificando como óleo quando o ponto de fusão situa-se abaixo de tal temperatura. A palavra azeite é usada somente para óleos provenientes de frutos, como por exemplo, azeite de oliva, azeite de dendê.
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Atualmente é grande o consumo de alimentos que utilizam grande quantidade
de óleo em sua produção. E de acordo com Ans, Matos e Jorge (1999)
Durante o aquecimento do óleo no processo de fritura uma série
complexa de reações produz numerosos compostos de degradação. Com o decorrer das reações, as qualidades funcionais, sensoriais e nutricionais se modificam e podem chegar a níveis em que não se consegue mais produzir alimentos de qualidade.
Na preparação de alimentos submetidos a processos de fritura, devido à
elevada temperatura o óleo começa a sofrer degradação chegando até ao momento
de ser necessário realizar o descarte do mesmo.
Conforme Reis, Ellwanger e Fleck (2007, p.2) o óleo utilizado repetidas
vezes em frituras por imersão sofre deterioração, acelerada pela alta temperatura do
processo, o que resulta na alteração de suas características físicas e químicas. O
óleo escurece e torna-se viscoso, tem sua acidez aumentada e desenvolve odor
desagradável, normalmente denominado de ranço, passando à condição de
esgotado quando não mais serve para novas frituras, em decorrência de conferir
sabor e aroma desagradáveis aos alimentos, bem como adquirir características
químicas comprovadamente prejudiciais à saúde. No sistema de esgotos, os
entupimentos podem provocar pressões que levam à infiltração do esgoto no solo,
poluindo o lençol freático ou acarretando refluxo à superfície; quando há a ligação do
esgoto à rede pluvial, arroios e rios, em função da imiscibilidade do óleo com a água
e de sua inferior densidade, há a tendência da geração de películas oleosas na
superfície, dificultando a troca de gases da água com a atmosfera proporcionando a
diminuição gradual das concentrações de oxigênio, ocasionando a morte de peixes e
outros seres. Nos rios, lagos e mares prejudica a qualidade das águas e sua
temperatura sob o sol pode chegar a 60ºC, causando a morte de animais e vegetais
microscópicos. Lopes (2009, p. 2) acrescenta que na decomposição do óleo de
cozinha há produção do gás metano lançado na atmosfera, um dos principais
agentes do aquecimento global.
Diante desses fatos é cada vez maior a preocupação em reduzir, reutilizar e
reciclar os resíduos gerados pelo óleo resultante de frituras. É possível diminuir o
impacto ambiental através a busca de alternativas com a finalidade de melhorar a
qualidade de vida da população. Entre as formas mais comuns de reaproveitamento
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desse recurso estão à produção de sabão, tintas, de massa de vidraceiro, de ração
animal e na produção de biodiesel.
Santos Filho et al. (2006, p. 1) define o sabão como “um produto obtido a
partir da reação química de um álcali e uma matéria graxa, usualmente chamada de
reação de saponificação”.
Os conteúdos relacionados ao impacto ambiental provocado pelo descarte
inadequado de óleos e gorduras fazem parte da dimensão socioambiental do espaço
geográfico, pois o assunto deste trabalho versa sobre “à interdependência das
relações entre sociedade, elementos naturais, aspectos econômicos, sociais e
culturais.” (DIRETRIZES CURRICULARES DE GEOGRAFIA, 2008, p. 71).
3 METODOLOGIA
Quanto ao procedimento, esta pesquisa foi: bibliográfica; uma pesquisa-
ação; participante; uma pesquisa de campo. É bibliográfica, pois, os educandos
realizaram pesquisas no laboratório de informática, bem como no caderno temático
para descobrir os problemas ambientais provocados pelo descarte incorreto do óleo
comestível e das gorduras e as formas de reaproveitamento desses recursos. Do
mesmo modo foi pesquisa-ação, pois implica na resolução de um problema da
comunidade escolar, pois após a fase de análise de dados, em conjunto com os
educandos, houve uma ampla campanha no interior do colégio para a arrecadação
de óleo de cozinha usado. Também foi uma pesquisa participante, pois proporciona
a interação e participação de todos os envolvidos no processo. Com isso houve uma
sensibilização de todos os envolvidos, pois houve distribuição de receitas de sabão
que utilizam óleos e gorduras, para que os mesmos aprendessem e passassem a
realizar a reciclagem do óleo de cozinha e das gorduras em seus domicílios. E uma
pesquisa de campo devido ao uso de questionários, produzidos pelos educandos da
oitava série do período matutino, como instrumento de coleta de dados aplicado na
comunidade a fim de obter o diagnóstico da destinação do óleo comestível e das
gorduras residuais.
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Quanto aos dados da pesquisa foi quantitativa. A pesquisa poderá gerar
novos temas de estudo de interesse dos estudantes, ao verificar quantidades de
óleo e gorduras que são descartadas. Como qualitativa procurou investigar os tipos
de óleos que são usados, como são descartados e os materiais que podem ser
produzidos com o reaproveitamento do óleo de cozinha usado e das gorduras
residuais.
4 DESENVOLVIMENTO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA
O projeto foi desenvolvido no decorrer do segundo semestre do ano de dois
mil e onze. Participaram, no contraturno, quarenta educandos que frequentavam a
oitava série do período da manhã do Colégio Estadual Olindamir Merlin Claudino –
EFM.
Para o desenvolvimento deste houve a necessidade da produção de um
material didático de apoio, no caso um caderno temático, composto por textos que
tratam dos problemas ambientais causados pelo descarte inadequado dos óleos e
gorduras, da produção do sabão como alternativa viável de reaproveitamento desse
produto e também sobre as vantagens ambientais da produção e uso do biodiesel a
partir da reciclagem do óleo de cozinha ou do plantio de oleaginosas para essa
finalidade. A produção deste caderno temático foi necessária para subsidiar o
desenvolvimento do projeto de intervenção pedagógica, a partir de textos que tratam
desses assuntos de forma didática, facilitando a compreensão do educando e
favorecendo a melhoria do processo de ensino-aprendizagem.
O projeto iniciou-se por meio de uma conversa de sensibilização das turmas
envolvidas, para motivar a participação dos educandos, para que estes recebessem
orientações sobre como seria o desenvolvimento dos trabalhos.
O laboratório de informática da escola foi muito utilizado como meio para a
realização das pesquisas. Sendo assim os educandos manusearam os
computadores, cadastraram emails, aprenderam a fazer o uso da internet, do
BrOffice.org Writer (editor de texto) e dos programas BrOffice.org Impress
(apresentação), BrOffice.org Calc (cálculos e tabelas). O uso destes mecanismos
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permitiu a percepção de que muitos educandos ainda não dominavam essa
tecnologia e tiveram a oportunidade de aprender a fazer o uso dessa ferramenta.
Inicialmente os educandos, dispostos em círculos, em uma conversa, foram
questionados sobre os tipos de alimentos que os mesmos costumam comer, sobre
frituras e sobre o descarte do óleo de cozinha. Foi consensual a preferência por
alguns alimentos que passam por processos de fritura, como por exemplo, a batata
frita. Essa conversa foi realizada para problematizar o conteúdo e motivar os
mesmos para as pesquisas que seriam posteriormente desenvolvidas.
A seguir os educandos realizaram a pesquisa na internet sobre os impactos
ambientais provocados pelo descarte incorreto do óleo de cozinha e das gorduras
residuais no meio ambiente. Os educandos anotaram no caderno as novas
descobertas. Organizados em grupos, os educandos, fizeram a leitura do texto do
caderno temático: “Problemas ambientais causados pelo descarte inadequado dos
óleos e gorduras” destacaram os pontos mais importantes encontrados na pesquisa
e no texto recebido. Uma das educandas comentou: “eu não sabia que não se deve
jogar o óleo na terra, eu jogava, agora não faço mais isso”.
Com isso foi pedido aos educandos que criassem uma apresentação no
computador para mostrar aos colegas do grupo. Foi interessante, pois alguns
educandos que não sabiam fazer e aprenderam a montar a mesma.
Após, os educandos iniciaram a elaboração de perguntas que fizeram parte
do questionário de pesquisa que foi aplicada na comunidade do entorno da escola.
O questionário foi confeccionado com o intuito de determinar o diagnóstico da
destinação do óleo de cozinha realizada pela comunidade em que a escola está
localizada.
Com a intenção de ampliar a divulgação do projeto, foram confeccionadas
camisetas. O uso desta se tornou importante para identificação durante a ida a
comunidade para fazer as pesquisas e coletar óleo de cozinha usado.
A próxima etapa de trabalho contou com a participação e colaboração de
outros quatro professores da escola, pois neste momento realizaríamos a pesquisa
na comunidade para obter o diagnóstico da destinação do óleo na comunidade.
Assim os educandos foram divididos em cinco grupos e cada um, acompanhados
por um professor. Foram percorridas várias ruas próximas da escola, totalizando 43
residências onde os questionários foram aplicados. Muitas casas estavam fechadas.
Os educandos, usando as camisetas confeccionadas para o projeto, se
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identificavam e realizavam as entrevistas, e ao final perguntavam se havia óleo de
cozinha para doar para o projeto de reciclagem do óleo, pois haveria produção de
sabão na escola. Nesse primeiro momento foram coletados cerca de 20 litros de
óleo de cozinha usado. Alguns moradores se prontificaram a juntar o óleo comestível
para que os grupos passassem na próxima semana para recolher. E assim se iniciou
a campanha de coleta de óleo comestível usado.
A tabulação e análise dos dados obtidos foram realizadas em conjunto com
os educandos, onde se fez o preenchimento de um quadro para reunir as
informações encontradas nas respostas do questionário. As percentagens foram
determinadas. Houve um pouco de dificuldade por parte dos educandos neste
cálculo, que foram sanadas durante uma revisão deste conteúdo. Os educandos,
após a tabulação das respostas obtidas aprenderam a confeccionar gráficos por
meio do uso do programa BrOffice.org Calc no laboratório de informática da escola.
Todos foram convidados a participar da campanha. A Diretora da escola em
um pronunciamento na rádio da escola divulgou o projeto, salientou da importância e
pediu que os demais educandos da escola trouxessem óleo de cozinha usado para
doar para a campanha. É importante ressaltar que a colaboração dos gestores do
colégio favoreceu o bom desenvolvimento das atividades previstas no projeto de
intervenção pedagógica.
Após esta etapa iniciou-se a pesquisa na internet dos produtos que podem
ser obtidos a partir reciclagem do óleo de cozinha. Até então o que os educandos
sabiam era sobre a produção do sabão, pois alguns conheciam pessoas que já
faziam o reaproveitamento. Além disso, realizaram leituras dos outros dois textos do
caderno temático: “A reciclagem de óleos e gorduras e a produção de sabão; O
Biodiesel e o meio ambiente” confeccionaram uma apresentação com o uso do
BrOffice.org Impress, onde demonstraram aos colegas o que descobriram.
Iniciou-se então a produção do sabão a partir da reciclagem do óleo de
cozinha usado. Estavam presentes educandos, professores e funcionários da
escola. Medidas de segurança foram tomadas, tais com o uso de luvas e máscaras
durante o processo de fabricação. Receitas do sabão sólido foram entregues aos
presentes.
Os gráficos produzidos pelos educandos com as respostas obtidas no
questionário de pesquisa foram organizados em cartazes para a divulgação dos
resultados. Além disso, também foram confeccionados outros cartazes com frases
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educativas sobre a poluição e o reaproveitamento do óleo de cozinha. Os
educandos também passaram nas salas de aula para pedir a colaboração dos
demais educandos da escola na arrecadação de óleo de cozinha usado para a
produção de sabão. Em todas as turmas os educandos explicaram o projeto e
relataram da importância da participação de todos. Os demais educandos
demonstraram interesse em contribuir. Assim ampliou-se ainda mais a campanha de
arrecadação do óleo comestível usado na escola.
A busca por receitas de sabão líquido trouxe mais uma professora
colaboradora no projeto. Assim o sabão líquido começou a ser produzido, já que os
funcionários da limpeza da escola utilizam muito esse tipo de sabão. Este foi muito
aprovado para a lavagem de louças. No site:
<http://www.youtube.com/watch?v=q3hByZZ1cIA> foi encontrada outra receita de
sabão líquido, que foi testada e aprovada mais uma vez pelas funcionárias da
escola.
Ocorreram algumas modificações no projeto original, e algumas sugestões
dos educandos e professores foram sendo incorporadas à medida que as atividades
foram se desenvolvendo.
As mães dos educandos que participaram do projeto foram convidadas a
presenciar a produção de sabão sólido e líquido, com o intuito de incentivar a
produção caseira deste material. Neste dia divulgaram-se as receitas de sabão
líquido e do sabão sólido. Além das mães estiveram presentes também as
funcionárias e professores que trabalham neste estabelecimento de ensino. Os
educandos, bem como os demais levaram uma amostra do sabão líquido e do sabão
em barra para casa.
A participação dos educandos durante todo o desenvolvimento do projeto foi
efetiva como denota o comentário de uma das participantes: “No meu ponto de vista,
o projeto foi excelente! Pois se tornou algo diferenciado do que uma aula, em sala
de aula. No projeto, nós mesmos pesquisávamos, e com isso achávamos sites
interessantes, do gosto de cada um, e que chamavam a atenção de todos! Os
pontos positivos foram que, fizemos cartazes, passamos de sala em sala, foi
anunciado pela radio, a divulgação do nosso projeto! Fizemos também apresentação
de PowerPoint sobre descarte inadequado do óleo, produtos feito em base de
sabão, e biodiesel. Fizemos pesquisa aos arredores da escola sobre o pensamento
e conhecimentos das pessoas perante o óleo. E, feito isso, fizemos tabelas,
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calculamos porcentagens, e fizemos gráficos sobre as respostas a cada pergunta
feita. Elaboramos sabão líquido, e em barra. Os pontos negativos são poucos, pois
foi muito legal e divertido aprender dessa maneira! O ruim foi apenas que houve
slides que não pudemos apresentar, pela falta de tempo! E o tempo das aulas do
projeto eram poucas. Mas tirando isso, foi muito legal!”.
Concomitante ao período de desenvolvimento do Projeto de Intervenção
Pedagógica também aconteceu o Grupo de Trabalho em Rede (GTR), que
compõem uma das atividades do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE)
e se constitui pela interação virtual entre os Professores PDE e os demais
professores da Rede Pública Estadual. O GTR teve como finalidade: proporcionar
aos professores da Rede Pública Estadual uma alternativa de formação continuada;
possibilitar um ambiente de estudo e discussão sobre as especificidades do
cotidiano escolar; estimular o aprofundamento teórico-metodológico por meio da
troca de ideias e experiências sobre as diversas áreas do currículo escolar;
socializar o Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola, bem como suas etapas
de desenvolvimento, com os demais professores da Rede.
As atividades desenvolvidas no GTR permitiu a interação dos participantes,
bem como o intercâmbio de conhecimento entre os mesmos. Através deste pode-se
perceber que a questão da destinação do óleo de cozinha já tem sido pensada por
alguns órgãos, escolas e empresas. A geração de consciência nas pessoas é
facilitada por meio de atividades práticas que induzem a reflexão dos atos
realizados. Percebeu-se que os participantes possuem grande preocupação e
envolvimento sobre a questão ambiental.
Quanto ao método de ensino os cursistas de maneira em geral comentaram
que consideram importante o trabalho sobre esse assunto e alguns participantes
relataram que pretendem desenvolver trabalhos sobre a poluição ambiental causada
pelo óleo de cozinha. Uma professora relatou que é “Muito importante que inicie na
base, na escola o processo de educação ambiental e que amplie para o sistema
público/políticas públicas, de forma a sensibilizar a população sobre os efeitos da
deposição inadequada do óleo de cozinha utilizado, com a destinação de verbas
para a proteção do meio ambiente”. A problematização de conteúdos como método
de ensino também foi citada como uma das maneiras de aproximar o conteúdo à
realidade do educando.
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O caderno temático produzido para auxiliar o desenvolvimento do projeto,
teve boa aceitação perante o grupo, pois segundo relatos contribuirá para o
desenvolvimento de um trabalho de conscientização com os nossos educandos para
a preservação ambiental. Outro aspecto exposto se deu quanto à organização dos
textos e da linguagem de fácil entendimento para qualquer pessoa. Alguns
professores já puderam aproveitá-lo com suas turmas. Houve um relato de que a
receita de sabão de óleo já foi executada com sucesso e disseminada entre as
vizinhanças.
O desenvolvimento deste GTR foi muito importante, pois os participantes
contribuíram efetivamente com o processo seja por meio de estímulos ou por
sugestões dadas durante o desenvolvimento das temáticas. Houve qualidade no teor
das respostas dos cursistas e muita interação entre os mesmos. Percebeu-se que a
problemática ambiental está presente entre as preocupações dos educadores do
Estado e muitas ações positivas neste sentido têm sido desenvolvidas.
CONCLUSÃO
A busca por diversificar metodologias de ensino deve ser uma preocupação
constante no cotidiano do professor. A problematização dos conteúdos pode ser
usada como uma forma de instigar a participação dos educandos e despertar nestes
o interesse pela pesquisa e o envolvimento necessário para a realização das
atividades propostas. Assim, o trabalho desenvolvido possibilitou ao educando maior
autonomia, pois o mesmo deixou de ser um mero expectador para ser o ator
principal na sua busca pelo conhecimento. Desta forma o professor deixou de ser o
agente central para dar lugar ao educando.
O uso da questão ambiental como tema gerou na comunidade escolar
reflexões e esclarecimentos importantes sobre a necessidade do descarte do óleo
de cozinha após estar exaurido, e que isso deve ser realizado de forma a minimizar
os impactos ambientais, sendo que uma das formas possíveis é a técnica de
produzir sabão caseiro para uso domiciliar ou como fonte de geração de renda.
Outro fator importante foi que as atividades realizadas ocorreram sempre no
coletivo, e a participação e empenho de todos favoreceu o desenvolvimento de
consciência que colaborou para o sucesso dos trabalhos.
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