constitucional iii

81
Direito Constitucional III Profª Ms. Meyre Elizabéth Carvalho Santana 1 Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana https://meyresantana.wordpress.com Meyre Elizabéth Carvalho Santana Especialista em Educação; Mestre em Direito; Doutoranda em Direito; Professora do Curso de Graduação em Direito da Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO Campus Goiânia Direito Constitucional III Goiânia Goiás 2013/1

Upload: vicente-costa

Post on 17-Dec-2015

215 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Apostila Dir Constitucional 3

TRANSCRIPT

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    1

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    Meyre Elizabth Carvalho Santana Especialista em Educao; Mestre em Direito; Doutoranda em Direito; Professora do

    Curso de Graduao em Direito da Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO Campus Goinia

    Direito Constitucional III

    Goinia Gois 2013/1

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    2

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    LISTA DE ABREVIATURAS

    AC Apelao Cvel Ac. Acrdo ADCT Ato das Disposies Constitucionais Transitrias ADECON Ao Declaratria de Constitucionalidade ADI Ao Direta de Inconstitucionalidade Ag.Ins. Agravo de Instrumento Ag.Rg. Agravo Regimental Ap.- Apelao

    art. - Artigo

    c/c combinado com CC Cdigo Civil (Lei n. 10.406/02) CCom. Cdigo Comercial (Lei n. 556, de 25-6-1850) CDC Cdigo de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/90) CF Constituio da Repblica Federativa do Brasil CLT Consolidao das Leis do Trabalho (Dec.Lei n. 5.452/43) CP Cdigo Penal (Dec.Lei n. 3.914/41) CPC Cdigo de Processo Civil (Lei n. 5.869/73) CPP Cdigo de Processo Penal (Dec.-Lei n. 3.931/41) CTN Cdigo Tributrio Nacional (Lei n. 5.172/66) Des. Desembargador Des.F. Desembargador Federal DJU Dirio da Justia da Unio DOU Dirio Oficial da Unio EC Emenda Constituio ECA Estatuto da Criana e do Adolescente (Lei n. 8.069/90) EDcl. Embargos Declaratrios EOAB Estatuto da OAB (Lei n. 8.906/94) FGTS - Fundo de Garantia do Tempo de Servio

    HC Habeas Corpus IES Instituio de Ensino Superior j. julgamento LC Lei Complementar LCP Lei das Contravenes Penais (Dec.-Lei n. 3.688/41) LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (Lei n. 9.394/96) LEP Lei das Execues Penais (Lei n. 7.210/64) LICC - Lei de Introduo ao Cdigo Civil (Dec.-Lei n. 4.657/42)

    LRF - Lei de Recuperao e Falncia (Lei n. 11.101/05)

    LRP Lei dos Registros Pblicos (Lei n. 6.015/73) MC Medida Cautelar MI Mandado de Injuno Min. - Ministro

    MP Ministrio Pblico

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    3

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    MS Mandado de Segurana Rec. - Recurso

    Rel. Relator REsp. - Recurso Especial

    REx. Recurso Extraordinrio RHC Recurso em Habeas Corpus RISTF Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal RISTJ Regimento Interno do Superior Tribunal de Justia RMS Recurso em Mandado de Segurana RO Recurso Ordinrio RT Revista dos Tribunais RTJ Revista Trimestral de Jurisprudncia STF Supremo Tribunal Federal STJ Superior Tribunal de Justia STM Superior Tribunal Militar Sm. Smula Sm.V. Smula Vinculante TGP Teoria Geral do Processo TJ Tribunal de Justia TRF Tribunal Regional Federal TRT Tribunal Regional do Trabalho TSE Tribunal Superior Eleitoral TST Tribunal Superior do Trabalho

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    4

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    Unidade I

    TRIPARTIO DOS PODERES E DAS FUNES ESTATAIS

    Fundamento legal:

    Art. 2, CF: So poderes da Unio, independentes e

    harmnicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judicirio.

    1 DIREITO CONSTITUCIONAL

    o principal ramo do direito pblico1 destinado ao estudo da Constituio, cujo fim

    a organizao da atividade do Estado.

    Conceito: Direito Constitucional, como cincia, o conhecimento sistematizado

    das regras jurdicas relativas forma do Estado, forma do governo, ao modo de aquisio

    e exerccio do poder, ao estabelecimento de seus rgos e aos limites de sua atuao.

    1.1. Evoluo do conceito de ESTADO:

    Na antiguidade, era condio de coisa ou pessoa (ex. statu civilis, status quo ante).

    Na Idade Mdia, eram os prprios corpos sociais da poca: clero, nobreza e povo.

    Macchiavelli: Primeiro a utilizar Estado com sentido de unidade poltica total (stato); em

    sua obra Il Prncipe (1513), dividiu o Estado em Repblicas e Principados.

    A Revoluo Francesa acrescentou ao conceito de Estado o elemento burguesia

    Atualmente, o Estado composto de:

    Povo, que o elemento humano constitutivo;

    Territrio, que o elemento material; e,

    Poder poltico, que a possibilidade de, legitimamente, impor a todos uma conduta

    destinada ao estabelecimento e manuteno da ordem social.

    2 SEPARAO DOS PODERES

    Concepo e evoluo da teoria da separao dos poderes:

    2.1.1 Concebida por Aristteles, na Antiguidade (Obra Poltica)

    1 Na doutrina moderna, discute-se esta dicotomia do direito, entre pblico e privado; para nosso estudo,

    classifica-se por pblico o ramo cujo interesse , predominantemente, pblico, como por ex., Direito

    Constitucional, Administrativo, Processual etc, e privado aquele em que o interesse , predominantemente,

    privado, como por ex., o Direito Civil

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    5

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    2.1.2 Formulao terica: John Locke (1632-1704) = doutrina contratualista (1690: Two treatise on government). Fundamentos: paz, assistncia mtua e conservao. Concebeu

    quatro poderes:

    2.1.2.1 Poder Federativo, encarregado das relaes exteriores; 2.1.2.2 Poder Legislativo; 2.1.2.3 Poder Judicirio; e, 2.1.2.4 Um quarto Poder, Prerrogativa: o Prncipe devia agir pelo bem comum, quando

    houvesse lacuna na lei.

    2.1.3 Russeau (1712-1778), em sua obra Contrato social, inspirou a revoluo francesa, afirmando que o pacto social celebrado entre homens, e no entre povo/governante

    2.1.4 Montesquieu (sc XVII-XVIII, O Esprito das Leis) concebeu os Poderes Legislativo, Executivo e Judicirio como encarregados das funes do Estado

    2.1.5 Art. 16 da Declarao Francesa dos Direitos do Homem e do Cidado, de 1789 2.1.6 No Constitucionalismo moderno: Poder uno; funes tripartites 2.1.7 No Direito Constitucional Brasileiro: Art. 2: Independncia (s relativa) e harmonia

    entre os poderes.

    3 SEPARAO DAS FUNES ESTATAIS:

    A doutrina norte-americana criou a teoria dos freios e contrapesos (checks and

    balances), que foi exportada para outros pases, inclusive o Brasil; por ela, h distribuio

    das funes estatais, entre os trs poderes, prevista na Constituio, de modo a estabelecer a

    harmonia entre eles, preservando a sua independncia.

    Na Amrica Latina, o tema foi discutido, pela primeira vez, em 1902, em Buenos

    Aires, por Leon Deguit, e, a partir de ento, a comunidade jurdica passou a incorpor-la

    em seus estudos.

    O fundamento que, para que haja a separao de poderes, faz-se necessria a

    observncia das seguintes CLUSULAS-PARMETROS:

    3.1 Independncia e harmonia 3.2 Indelegabilidade de funes 3.3 Inacumulabilidade de cargos e funes

    Outrossim, certo que a to-s separao de poderes no capaz de eliminar os

    aspectos absolutistas do poder, fazendo-se necessrio mesclar as funes entre os poderes,

    de forma que, mesmo independentes, possam ser harmnicos, tal como preceitua, a

    propsito, o art. 2 da CF/88.

    4 FUNES TPICAS E ATPICAS

    Existem algumas funes que so, tradicionalmente, atribudas a cada um dos

    poderes; so as chamadas funes tpicas; existem outras que, embora tradicionalmente

    pertenam a um Poder, so atribudas a outro, pela Constituio, justamente para

    estabelecer a harmonia entre os trs poderes.

    So elas:

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    6

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    Poder Tpicas Atpicas

    Legislativo Legislar

    Controlar

    Fiscalizar

    Julgar: Presidente, Vice, Ministros de Estado e

    Comandantes das trs foras, em crime de

    responsabilidade (art. 52, I); Ministros do STF, PGU e

    AGU, em crimes de responsabilidade (52, II)

    Administrar: aprovar indicao cargos - art. 52, III;

    exercer o autogoverno (elaborar e aprovar seu prprio

    Regimento Interno; elaborar proposta oramentria;

    exercer a administrao do Poder)

    Executivo Administrar Legislar: Expedir MPs (art.62), Decretos (art.84,VI) e leis

    delegadas (art.68);

    Iniciar processo legislativo (art.84,III);

    Vetar projetos de leis (art.84,V)

    Julgar: o contencioso administrativo

    Judicirio Exercer a

    jurisdio

    Legislar: iniciar processo legislativo em matria de sua

    competncia (art. 96,II); provimento de cargos de juiz (art.

    96,I,c); declarao da constitucionalidade e

    inconstitucionalidade das leis

    Administrar: exercer o autogoverno (elaborar e aprovar

    seu prprio Regimento Interno; elaborar proposta

    oramentria; exercer a administrao do Poder)

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    7

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    Unidade I Questionrio

    Ouo e esqueo; vejo e lembro; pratico e compreendo. (Confcio)

    1. Conceitue o Direito Constitucional 2. Quais os elementos que compem o Estado, segundo o constitucionalismo

    moderno?

    3. Quais as clusulas-parmetro que justificam a teoria da separao de poderes? 4. Quais as funes tpicas atribudas ao Poder Legislativo? 5. Quais as funes tpicas atribudas ao Poder Executivo? 6. Quais as funes tpicas atribudas ao Poder Judicirio? 7. Exemplifique trs (3) situaes em que o Poder Legislativo desempenha funes

    atpicas.

    8. Exemplifique trs (3) situaes em que o Poder Executivo desempenha funes atpicas.

    9. Exemplifique trs (3) situaes em que o Poder Judicirio desempenha funes atpicas.

    10. Qual a teoria que justifica a independncia dos poderes, prevista no art. 2 da CF/88?

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    8

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    Unidade II

    PODER LEGISLATIVO

    1. ESTRUTURA:

    Federal (da Unio) Estadual Distrital Municipal Legislativo Congresso Nacional Assemblias

    Legislativas

    Cmaras Legislativas Cmaras Municipais

    Executivo Presidente da

    Repblica

    Governador do Estado Governador do Distrito

    Federal

    Prefeito Municipal

    Judicirio STF,

    Tribunais Superiores,

    Justia Federal,

    Justia do Trabalho e

    Justia Eleitoral

    Tribunais de Justia e

    Juzes Estaduais

    Tribunal de Justia e

    Juzes do DF/T*

    ---------------------

    2. FUNES:

    Tpicas: so aquelas para cujo exerccio cada um dos poderes foi, historicamente,

    criado. So elas:

    Legislativa: i. Criao de normas jurdicas obrigatrias que inovam o Direito

    Fiscalizadora: i. Fiscalizar os atos do Poder Executivo (art. 49, IX);

    ii. Exercer o controle externo da Administrao Pblica (Art. 70-71), com o auxlio do Tribunal de Contas da Unio

    Controladora: i. Controlar, prvia e concomitantemente, a atuao do Poder

    Executivo (Art. 49, II, III; 52, III etc)

    Constituinte: i. Atualizar a constituio, atravs de emendas (art. 60);

    ii. Elaborar as constituies estaduais e atualiza-las; e, iii. Elaborar as leis orgnicas dos municpios e atualiza-las.

    Deliberativa: i. Expedir decretos legislativos e resolues (art. 49, 51 e 52)

    Atpicas: so aquelas que, historicamente, so desempenhadas por outros poderes,

    mas, por definio poltica, definida na Constituio, so outorgadas a determinado poder,

    que, em regra, no a exerce. Compe o sistema de freios e contrapesos (checks and balances), cuja finalidade estabelecer a interrelao dos poderes. So elas: 4.1 Julgadora atribuda, excepcionalmente, ao poder executivo: 4.1.1 Julgamento de altas autoridades (art. 51, I; 52, I); 4.1.2 Contencioso administrativo; e, 4.2 Administrativa - atribuda, excepcionalmente, pela CF/88, aos poderes legislativo e

    executivo, possibilitando-lhes o exerccio do autogoverno.

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    9

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    3. HISTRICO:

    Magnun consilium (rgo de consulta do Rei para fazer leis e lanar impostos)

    Funo legislativa: conquistada na Inglaterra, me do Parlamento, no fim do sculo XIV, por meio de barganha: o Rei teria o consentimento de lanar

    impostos em troca da extenso da funo legislativa

    Importncia de Oliver Cromwell na posio de precedncia do Parlamento sobre o Rei Carlos I e, posteriormente, de seu filho Richard Cromwell sobre

    Carlos II

    Revoluo francesa: pice da posio de supremacia

    Ps-guerra (1914-1918): declnio da funo criadora do direito. Principal causa: Morosidade x interveno estatal (welfare state)

    Modernamente: expanso das atividades do Estado e lentido do processo de criao das leis = ampliao do espectro normativo do Executivo

    4. ORGANIZAO: PODER LEGISLATIVO FEDERAL

    Art. 44. O Poder Legislativo exercido pelo Congresso Nacional, que se

    compe da Cmara dos Deputados e do Senado Federal.

    Caractersticas Cmara dos Deputados Senado Federal Composio 513

    2 (8/70 p/Estado/DF; 4 T)* 81 (3 p/Estado/DF)

    3

    Representao Povo Estados

    Eleies Sistema proporcional 4 Sistema majoritrio

    Requisitos Brasileiro nato/naturalizado, 21 anos,

    eleitor, no inelegvel

    Brasileiro nato/naturalizado, 35 anos, eleitor,

    no inelegvel

    Presidente Brasileiro nato Brasileiro nato;

    preside o Congresso Nacional

    Renovao 4 em 4 anos 4 em 4 anos, 1/3 e 2/3, alternadamente

    *So 70 por SP, 53 MG, 46 RJ, 39 BA, 31 RS, 30 PR, 25 PE, 22 CE, 18 MA, 17 GO,

    16 SC, 12 PB, 10 ES/PI, 9 AL, 8 demais Estados.

    A CF/88 adotou o sistema bicameral federado, tradicional nas Constituies

    brasileiras, exceto a de 1934, quando o Senado apenas colaborava, e de 1937, quando o

    parlamento no funcionou.

    A representao dos Estados, pelo Senado, regra usual, exceto na Alemanha e na

    ustria, onde o nmero varia conforme a populao do Estado.

    A CF fixa o nmero total de Deputados Federais que compem a Cmara dos

    Deputados (513); a Lei Complementar n 78/93 fixou o nmero mnimo e mximo de

    2 Para comparao: nos EUA, h 435 membros na Cmara de Representantes.

    3 Para comparao: nos EUA, h 2 senadores por estado, totalizando 100, com mandato de 6 anos, com

    renovao de 1/3 a cada 2 anos 4 Na verdade, h uma semiproporcionalidade, porque no h uma relao direta entre o numero de habitantes

    e o de representantes, j que, em Roraima, h um deputado para cada 51 mil habitantes e, no outro extremo,

    em So Paulo, h um deputado para cada 585 mil habitantes

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    10

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    parlamentares, por Estado (art. 2), e o critrio de fixao de nmero de deputados por

    estado, com base no censo do nmero de habitantes, feito pelo IBGE no ano anterior s

    eleies. Cabe ao TSE fixar o nmero da representao por Estado.

    A principal vantagem do sistema bicameral o aprimoramento tcnica legislativa,

    atravs da votao nas duas casas; sua grande desvantagem a morosidade

    No h hierarquia entre as Casas; s primazia quanto iniciativa legislativa (art. 61,

    2 e 64), que da Cmara dos Deputados.

    Os Poderes Legislativos Estadual, Distrital e Municipal so unicamerais (art. 27, 29

    e 32).

    5. ATRIBUIES DO CONGRESSO NACIONAL

    CONGRESSO

    NACIONAL

    CMARA DOS

    DEPUTADOS

    SENADO FEDERAL

    Art. 48 com sano Art. 49 exclusiva

    Art. 51 privativa (=exclusiva)

    Art. 52 privativa (=exclusiva)

    5.1 COMPETNCIAS DO CONGRESSO NACIONAL

    No artigo 48 esto enumeradas as atribuies legislativas do Congresso Nacional,

    isto , sua competncia para elaborar normas jurdicas que inovam o direito positivo ptrio

    e que, ao final, sero submetidas sano presidencial antes de se tornarem obrigatrias.

    As matrias compreendidas nestas atribuies esto delimitadas nas competncias

    dos artigos 22 e 24 da CF, ao cuidar da organizao poltico-administrativa do Estado

    brasileiro. A ttulo de reviso, merece registro que as competncias do art. 22 so

    exclusivas da Unio, que pode delegar aos Estados, atravs de Lei Complementar ( nico),

    to somente, a competncia para legislar sobre questes especficas. J o art. 24 enumera as

    situaes em que a competncia legislativa concorrente, isto , cabe Unio estabelecer

    as regras gerais ( 1) e aos Estados e ao Distrito Federal, as normas especficas ou as

    normas que suplementem as normas gerais, j editadas pelo Congresso Nacional ( 2).

    Neste caso, entretanto, diversamente do que ocorre com as situaes do art. 22, se o

    Congresso Nacional for omisso, as Assemblias Legislativas e/ou a Cmara Legislativa

    podem estabelecer regras gerais ( 3), que, todavia, tero sua eficcia suspensa se o

    Congresso vier a editar, posteriormente, norma jurdica acerca do tema ( 4). Veja-se, a

    ttulo de exemplo, a questo sobre os Bingos, que foi objeto da Smula Vinculante n.2, de

    30/6/2007, do seguinte teor: inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou distrital que disponha sobre sistemas de consrcios e sorteios, inclusive bingos e loterias.

    Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sano do Presidente da Repblica, no

    exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matrias de

    competncia da Unio, especialmente sobre:

    I - sistema tributrio, arrecadao e distribuio de rendas;

    II - plano plurianual, diretrizes oramentrias, oramento anual, operaes de crdito, dvida

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    11

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    pblica e emisses de curso forado;

    III - fixao e modificao do efetivo das Foras Armadas;

    IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;

    V - limites do territrio nacional, espao areo e martimo e bens do domnio da Unio;

    VI - incorporao, subdiviso ou desmembramento de reas de Territrios ou Estados,

    ouvidas as respectivas Assemblias Legislativas;

    VII - transferncia temporria da sede do Governo Federal;

    VIII - concesso de anistia;

    IX - organizao administrativa, judiciria, do Ministrio Pblico e da Defensoria Pblica da

    Unio e dos Territrios e organizao judiciria, do Ministrio Pblico e da Defensoria

    Pblica do Distrito Federal;

    X - criao, transformao e extino de cargos, empregos e funes pblicas, observado o

    que estabelece o art. 84, VI, b;

    XI criao e extino de Ministrios e rgos da administrao pblica;

    XII - telecomunicaes e radiodifuso;

    XIII - matria financeira, cambial e monetria, instituies financeiras e suas operaes;

    XIV - moeda, seus limites de emisso, e montante da dvida mobiliria federal.

    XV - fixao do subsdio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, (suprimido p/ EC 41)

    observado o que dispem os arts. 39, 4, 150, II, 153, III, e 153, 2, I.

    No artigo 49 esto enumeradas as competncias poltico-administrativas do

    Congresso Nacional, isto , sua competncia para elaborar Resolues e/ou Decretos

    Legislativos acerca do prprio Poder (VII, XIII) e os atos de interrelacionamento com os

    demais poderes, notadamente com o Poder Executivo. Como bvio, nestes casos, a

    atuao parlamentar prescinde da participao do Chefe do Poder Executivo; trata-se,

    portanto, de competncia exclusiva5 do Congresso Nacional, posto que indelegvel.

    Art. 49. da competncia exclusiva do Congresso Nacional:

    I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem

    encargos ou compromissos gravosos ao patrimnio nacional;

    II - autorizar o Presidente da Repblica a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que

    foras estrangeiras transitem pelo territrio nacional ou nele permaneam temporariamente,

    ressalvados os casos previstos em lei complementar;

    III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da Repblica a se ausentarem do Pas, quando

    a ausncia exceder a quinze dias;

    IV - aprovar o estado de defesa e a interveno federal, autorizar o estado de stio, ou

    5 O texto constitucional no est sistematicamente organizado quanto ao emprego das expresses

    competncia exclusiva (art. 49, caput; art. 63, I; art. 68, 1.) e competncia privativa (art. 37, X; art. 51; art. 52; art. 61, 1.; art. 68, 1; art. 84), pois as utiliza indistintamente. A melhor compreenso que as

    competncias exclusivas so indelegveis, e as privativas, delegveis. Portanto, so exclusivas as

    competncias do Congresso Nacional (art. 48 e 49), da Cmara dos Deputados (art. 51), do Senado Federal

    (art. 52), do Presidente da Repblica (art. 84) neste caso, exceto quanto s mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, 1, parte, que so privativas, pois podem ser delegadas s autoridades mencionadas no Pargrafo

    nico do art. 84. Tambm so exclusivas, e no privativas, as competncias dos rgos do Poder Judicirio

    (art. 96). J as competncias do Ministrio Pblico (art. 129) so privativas, pois podem ser exercitadas pelo

    prprio lesado ou seu representante, nas hipteses legais, atravs da ao penal privada subsidiria da pblica,

    que estava prevista na ordem jurdica penal (ar. 29, CP) e foi erigida ao patamar de garantia constitucional

    (art. 5., inc. LIX , CF).

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    12

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    suspender qualquer uma dessas medidas;

    V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou

    dos limites de delegao legislativa;

    VI - mudar temporariamente sua sede;

    VII - fixar idntico subsdio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o

    que dispem os arts. 37, XI, 39, 4, 150, II, 153, III, e 153, 2, I;

    VIII - fixar os subsdios do Presidente e do Vice-Presidente da Repblica e dos

    Ministros de Estado, observado o que dispem os arts. 37, XI, 39, 4, 150, II, 153,

    III, e 153, 2, I;

    IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da Repblica e apreciar os

    relatrios sobre a execuo dos planos de governo;

    X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder

    Executivo, includos os da administrao indireta;

    XI - zelar pela preservao de sua competncia legislativa em face da atribuio normativa

    dos outros Poderes;

    XII - apreciar os atos de concesso e renovao de concesso de emissoras de rdio e

    televiso;

    XIII - escolher dois teros dos membros do Tribunal de Contas da Unio;

    XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;

    XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;

    XVI - autorizar, em terras indgenas, a explorao e o aproveitamento de recursos hdricos e a

    pesquisa e lavra de riquezas minerais;

    XVII - aprovar, previamente, a alienao ou concesso de terras pblicas com rea superior a

    dois mil e quinhentos hectares.

    5.2 COMPETNCIAS DA CMARA DOS DEPUTADOS

    Sugere-se desconsiderar a expresso competncia privativa6, contida no texto

    constitucional, que deve ser substituda por competncia exclusiva, pois no se trata de

    competncia delegvel (=privativa), mas exclusiva, posto que indelegvel, quer seja ao

    outra Casa legislativa, o Senado, quer seja a outros poderes.

    Art. 51. Compete privativamente Cmara dos Deputados:

    I autorizar, por dois teros de seus membros, a instaurao de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da Repblica e os Ministros de Estado

    II proceder tomada de contas do Presidente da Repblica, quando no apresentadas ao Congresso Nacional dentro de 60 dias aps a abertura da sesso legislativa

    III - elaborar seu regimento interno

    IV - dispor sobre sua organizao, funcionamento, polcia, criao, transformao ou

    extino de cargos, empregos e funes de seus servios, e a iniciativa de lei para fixao da

    respectiva remunerao, observados os parmetros estabelecidos na lei de diretrizes

    oramentrias

    V eleger membros do Conselho da Repblica, nos termos do art. 89, VII

    Acrescentamos, porque necessrio, em razo da EC-45, outras competncias,

    6 Vide nota anterior

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    13

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    igualmente exclusivas, da Cmara dos Deputados: eleger membros do Conselho

    Nacional de Justia (art. 103-B, XIII) e do Conselho Nacional do Ministrio Pblico

    (art. 130-A, VI).

    5.3 COMPETNCIAS DO SENADO FEDERAL

    Igualmente ao que foi dito quanto s competncias da Cmara dos Deputados,

    sugere-se desconsiderar o contido na CF (competncia privativa), substituindo-a por

    competncia por exclusiva, pois no se trata de competncia privativa (delegvel), mas

    exclusiva, posto que indelegvel.

    Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:

    I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da Repblica nos crimes de

    responsabilidade e os Ministros de Estado nos crimes da mesma natureza conexos com

    aqueles;

    II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os Membros do Conselho

    Nacional de Justia e do Conselho Nacional do Ministrio Pblico, o Procurador-Geral da

    Repblica e o Advogado-Geral da Unio nos crimes de responsabilidade;

    III - aprovar previamente, por voto secreto, aps argio pblica, a escolha de:

    a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituio;

    b) Ministros do Tribunal de Contas da Unio indicados pelo Presidente da Repblica;

    c) Governador de Territrio;

    d) Presidente e diretores do Banco Central;

    e) Procurador-Geral da Repblica;

    f) titulares de outros cargos que a lei determinar;

    IV - aprovar previamente, por voto secreto, aps argio em sesso secreta, a escolha dos

    chefes de misso diplomtica de carter permanente;

    V - autorizar operaes externas de natureza financeira, de interesse da Unio, dos Estados,

    do Distrito Federal, dos Territrios e dos Municpios;

    VI - fixar, por proposta do Presidente da Repblica, limites globais para o montante da

    dvida consolidada da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios;

    VII - dispor sobre limites globais e condies para as operaes de crdito externo e interno

    da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, de suas autarquias e demais

    entidades controladas pelo Poder Pblico federal;

    VIII - dispor sobre limites e condies para a concesso de garantia da Unio em operaes

    de crdito externo e interno;

    IX - estabelecer limites globais e condies para o montante da dvida mobiliria dos

    Estados, do Distrito Federal e dos Municpios;

    X - suspender a execuo, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por deciso

    definitiva do Supremo Tribunal Federal;

    XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exonerao, de ofcio, do

    Procurador-Geral da Repblica antes do trmino de seu mandato;

    XII elaborar seu regimento interno

    XIII - dispor sobre sua organizao, funcionamento, polcia, criao, transformao ou

    extino de cargos, empregos e funes de seus servios, e a iniciativa de lei para fixao da

    respectiva remunerao, observados os parmetros estabelecidos na lei de diretrizes

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    14

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    oramentrias

    XIV eleger membros do Conselho da Repblica, nos termos do art. 89, VII

    XV avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributrio Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administraes tributrias da Unio, dos

    Estados, do Distrito Federal e dos Municpios (acrscimo da EC42).

    Acrescentamos, porque necessrio, em razo da EC-45, outras competncias

    exclusivas do Senado Federal: eleger membros do Conselho Nacional de Justia (art.

    103-B, XIII) e Conselho Nacional do Ministrio Pblico (art. 130-A, VI).

    Quanto atividade julgadora do Senado (inc. I e II), a Lei n. 1.079/50 define os

    crimes de responsabilidade e traa o seu processamento e julgamento.

    A Lei n. 8.429/92, chamada Lei de Improbidade Administrativa, dispe sobre as

    sanes aplicveis aos agentes pblicos e particulares, em caso de enriquecimento ilcito

    e/ou leso ao errio pblico.

    6. AUTO-ORGANIZAO E REGIMENTO INTERNO

    A Constituio de 1988 consagra a autonomia do Poder Legislativo, expressa na

    faculdade de elaborar e aprovar seu prprio regimento interno, elaborar a proposta

    oramentria e dispor sobre a administrao da respectiva Casa. Assim dispe:

    a. Cmara dos Deputados - art. 51, III e IV; b. Senado Federal art. 52, XII e XIII, e c. Congresso Nacional art. 57, 3, II

    7 REGRAS PREFIXADAS NA CONSTITUIO

    Sem prejuzo da atribuio deferida pela Constituio ao Congresso Nacional, ao

    Senado Federal e Cmara dos Deputados de editar o prprio Regimento Interno, h, no

    texto constitucional, algumas normas de organizao e funcionamento do Poder Legislativo

    que devem ser observadas, no podendo ser alteradas, atravs de normas

    infraconstitucionais. Elas dizem respeito aos rgos diretivos e s comisses, inclusive,

    quanto sua respectiva composio, ao quorum para a votao e aprovao de

    determinadas matrias e ao perodo funcionamento, como se ver, adiante.

    7.1 MESAS DIRETORAS

    A direo e o funcionamento dos trabalhos do Poder Legislativo ficam a cargo das

    Mesas Diretoras - rgos administrativos e diretivos de cada um dos rgos, escolhidos por

    seus integrantes na forma prevista na CF (art. 57 e 58) e no respectivo Regimento Interno.

    H uma Mesa Diretora do Congresso Nacional, uma do Senado Federal e uma da

    Cmara dos Deputados; estas so compostas por membros da respectiva Casa, em votao e

    a do Congresso, pelos membros das duas casas, na forma do 5, do art. 57.

    O Presidente do Senado preside a Mesa do Congresso e os demais cargos da Mesa

    do Congresso so ocupados alternativamente, por membros da Cmara e do Senado (art.

    57, 5).

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    15

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    A eleio das Mesas da Cmara7 d-se por voto secreto, exigindo-se maioria

    absoluta no primeiro turno e maioria simples, em segundo; no Senado8, por maioria simples

    (presente a maioria de seus membros).

    A composio da Mesa Diretora do Senado e da Cmara feita por eleio,

    realizada bienalmente, por seus integrantes; j a composio da Mesa Diretora do

    Congresso Nacional feita pelos componentes das Mesas Diretoras das duas Casas

    Legislativas (art. 57, 5):

    Mesa do Congresso Ocupante

    Presidente Presidente do Senado

    1 Vice Presidente 1 Vice-Presidente da Cmara dos Deputados

    2 Vice Presidente 2 Vice Presidente do Senado Federal

    1 Secretrio 1 Secretrio da Cmara dos Deputados

    2 Secretrio 2 Secretrio do Senado Federal

    3 Secretrio 3 Secretrio da Cmara dos Deputados

    4 Secretrio 4 Secretrio do Senado Federal

    1 Suplente de Secretrio 1 Suplente de Secretrio da Cmara dos Deputados

    2 Suplente 2 Suplente de Secretrio do Senado Federal

    3 Suplente 3 Suplente de Secretrio da Cmara dos Deputados

    4 Suplente 4 Suplente de Secretrio do Senado Federal

    Veda-se a reconduo, para o mesmo cargo, na eleio imediatamente subseqente,

    na mesma legislatura (art. 57, 4-5 e 58, 1); todavia, pelo Regimento Interno da

    Cmara dos Deputados (art. 5, 1), permite-se a reeleio desde que no seja na mesma

    legislatura. Ora, como uma legislatura tem quatro anos e o mandato dos membros da Mesa

    Diretora de dois anos, tem-se que, no incio da legislatura, permitida a reeleio da mesa

    que dirigiu os trabalhos nos dois ltimos anos da legislatura anterior.

    7 A atual composio (54. legislatura) a seguinte: Presidente: Henrique Eduardo Alves

    (PMDB-RN);1. Vice-Presidente: Andr Vargas (PT-PR); 2 Vice-Presidente: Fbio Faria

    (PSD-RN); 1 Secretrio: Mrcio Bitar (PSDB-AC); 2 Secretrio: Simo Sessim (PP-RJ);

    3 Secretrio: Maurcio Quintella Lessa (PR-AL); 4 Secretrio: Biffi (PT-MS); 1 Suplente

    de Secretrio: Gonzaga Patriota (PSB-PE); 2 Suplente de Secretrio: Wolnei Queiroz

    (PDT-PE); 3 Suplente de Secretrio: Victor Penido (DEM-MG); 4 Suplente de Secretrio:

    Takayama (PSC-PR) 8 A atual composio (54. legislatura) a seguinte: Presidente: Renan Calheiros (PMDB-

    AL);1. Vice-Presidente: Jorge Viana (PT-AC); 2 Vice-Presidente: Romero Juc (PMDB-

    RR); 1 Secretrio: Flexa Ribeiro (PSDB-PA); 2 Secretrio: Angela Portela (PT-RR); 3

    Secretrio: Ciro Nogueira (PP-PI); 4 Secretrio: Joo Vicente Claudino (PTP-PI); 1

    Suplente de Secretrio: Magno Malta (PR-ES); 2 Suplente de Secretrio: Jaime Campos

    (DEM-MT); 3 Suplente de Secretrio: Joo Durval (PDT-BA); 4 Suplente de Secretrio:

    Casildo Maldaner (PMDB-SC)

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    16

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    7.2 QURUM

    A idia de quorum ope-se de unanimidade, e parte do princpio de que, quando a

    atuao colegiada, ou seja, mais que uma pessoa atua, na produo do ato, nem sempre

    possvel que todas as pessoas componentes do grupo compaream ao ato, quer seja

    simplesmente para a reunio, quer seja para qualquer espcie de deliberao e/ou votao.

    Neste contexto, tem-se que QUORUM o nmero mnimo para reunio e/ou

    votao. O quorum fixado com base num referencial mnimo de pessoas, e pode ser:

    Simples considera o nmero de presentes Quorum: Maioria absoluta

    Qualificada 2/3

    (N membros) 3/5

    A regra, prevista no art. 47, para as deliberaes tomadas pelo Poder Legislativo, a

    maioria de votos dos presentes (maioria simples, portanto), presente a maioria absoluta.

    Maioria, por sua vez, a metade + o que falta p/ completar o prximo algarismo.

    (Ex. STF: 11/6; Senado: 81/41; Cmara: 513/257)

    Na maioria simples, leva-se em considerao o nmero de presentes. Metade de

    votos, + 1, desde que esteja presente a maioria dos membros.

    Situaes: Aprovao de lei ordinria (art. 47)

    Deliberao para a apresentao de projeto de emenda Constituio

    pelas Assembleias estaduais (art. 60, III)

    Na maioria qualificada, leva-se em considerao o nmero de membros,

    independentemente do nmero de presentes. Pode ser absoluta ou no porcentual exigido,

    expressamente, no texto constitucional.

    7.2.1 Situaes previstas na CF de maioria qualificada:

    Maioria Absoluta: metade + um dos membros (50%)

    No Poder Legislativo:

    . Instalao das reunies (art. 47)

    . Aprovao de leis complementares (art. 69)

    . Perda de mandato de Senador e Deputado Federal (art.55 2) voto secreto

    No Poder Judicirio:

    . Declarao de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo (art. 97)

    . Remoo, disponibilidade e aposentadoria dos magistrados (art. 93, VIII, alterado pela

    EC-45/04), bem como perda da garantia de inamovibilidade (art. 95, II)

    No Ministrio Pblico:

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    17

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    . Aprovao do Senado para a exonerao do Procurador Geral durante o mandato (art. 52,

    XI)

    . Perda da garantia da inamovibilidade (art. 128, I, b)

    Maioria de 3/5: 60%

    . Aprovao de emendas constitucionais (308 Deputados ou 49 Senadores)

    Maioria de 2/3: 66,66%

    . Processo de impeachement (Art. 51, I: 52, nico e 86)

    . Suspenso das imunidades de membros do Congresso Nacional (art.53, 8).

    7.3 PERODO DE ATUAO ORDINRIA

    Coube CF/88 a fixao do perodo de atuao ordinria do Poder Legislativo,

    fixando a data da abertura e do trmino das sesses legislativas (art.57):

    Abertura: o 02 de fevereiro e 1 de agosto

    Encerramento: o 17 de julho e 22 de dezembro

    Perodos legislativos: o de 02 de fevereiro a 17 de julho; e, o de 1 de agosto a 22 de dezembro (h dois por anos)

    Este , portanto, o perodo de atuao ordinria do parlamento brasileiro; nos

    interregnos, eventual atuao extraordinria.

    Sesso legislativa: lapso temporal de um ano - de 02 de fevereiro a 22 de dezembro

    Legislatura: o lapso temporal de quatro (4) anos; compreende quatro sesses ou oito perodos. Estamos na 54. Legislatura da 6. Repblica (2011-2015).

    Cada legislatura divide-se em quatro sesses legislativas ordinrias, de dois

    perodos legislativos cada.

    As sesses legislativas ordinrias ocorrem durante os perodos legislativos; as

    extraordinrias, fora, para apreciar determinada matria ou encerrar votao iniciada, nos

    casos e na forma previstos no texto constitucional.

    02/02 a 17/07 18/07 a 31/07 1/08 a 22/12 23/12 a 01/02

    1 perodo 1 Recesso 2 perodo 2 Recesso

    Sesso legislativa

    H, tambm, as sesses preparatrias (ver abaixo), destinadas posse membros e

    eleio das mesas (art. 57 4). So criadas s 15 horas do dia 1 de fevereiro do primeiro

    ano da legislatura; por incrvel que parea, tais sesses duram apenas um (1) dia!

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    18

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    A sesso legislativa no se interrompe antes da aprovao do projeto de diretrizes

    oramentrias (art. 57, 2)

    A compreenso do conceito de legislatura, sesso e perodo revela algumas

    utilidades prticas na aplicao da Constituio, tais como:

    EC rejeitada no pode ser reapresentada na mesma sesso (art. 60 5).

    Projeto de lei rejeitado s pode ser reapresentado, na mesma sesso, por deliberao de maioria absoluta dos membros de qualquer casa (art. 67)

    Perde o mandato quem faltar a 1/3 das sesses ordinrias de cada sesso legislativa (art. 55, III).

    7.4 CONVOCAO EXTRAORDINRIA

    Para que o parlamento funcione extraordinariamente, no lapso temporal

    compreendido entre os perodos, denominados recessos, faz-se necessria convocao

    extraordinria (art. 57, 6), que ser feita:

    Pelo Presidente da Repblica;

    Pelo Presidente do Senado;

    Pelo Presidente da Cmara; ou,

    Pela maioria dos membros de ambas as casas.

    As sesses extraordinrias sero convocadas para deliberao exclusiva sobre o

    objeto da convocao e os parlamentares recebero pagamento igual ou inferior ao subsdio

    mensal. Admite-se dupla convocao, para assuntos diversos. Ex.: Estado de stio, de

    defesa, interveno federal ou qualquer assunto de urgncia ou interesse publico relevante.

    7.5 SESSES PREPARATRIAS

    No primeiro ano da legislatura, haver sesses preparatrias (Art. 57, 4), cuja

    funo preparar o trabalho legislativo. Elas se instalam a partir do dia 1 de fevereiro do

    primeiro ano da legislatura, para dar posse a seus membros e eleio das Mesas Diretoras,

    para mandato de dois anos, vedada a reeleio.

    7.6 SESSES CONJUNTAS

    A regra do bicameralismo o funcionamento separado de cada uma das Casas do

    Parlamento; entretanto, h situaes em que as sesses so realizadas conjuntamente, ou

    seja, em que atua o Congresso Nacional. So excees (art. 57, 3, I a IV):

    Inaugurao da seo legislativa

    Elaborar RI e regular criao de servios comuns s duas casas

    Receber o compromisso do Presidente e do Vice

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    19

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    Conhecer e deliberar sobre o veto

    7.7 SUBSDIOS DOS PARLAMENTARES - EC 19/98

    Constituem-se de parcela nica, vedado o acrscimo de qualquer gratificao,

    adicional, abono, verba de representao ou outra espcie remuneratria (art. 39, 4).

    Os subsdios dos parlamentares federais9 so fixados em igual valor (para

    Deputados e Senadores) por ato exclusivo do Congresso Nacional (art. 49, VII), tendo

    como limite (teto) os subsdios dos Ministros do STF (Art. 37, XI); estes, por seu turno, so

    fixados por lei (Art. 48, XV), que, antes da EC 41/03, era de iniciativa conjunta do

    Presidente da Repblica, do Presidente do Congresso Nacional e do Presidente do Supremo

    Tribunal Federal; agora, a iniciativa do Presidente da Repblica, por se tratar de lei de

    natureza financeira.

    Os subsdios dos Deputados Estaduais, cujo nmero de membros ser obtido pelo

    critrio do art. 27 (modelo abaixo), no podero ser superiores a 75% dos subsdios dos

    Deputados Federais (art. 27, 2).

    Deputados

    Federais

    Deputados

    Estaduais (at

    12 DF)

    + de 12

    Deputados

    Federais

    Clculo Deputados

    Estaduais

    8 (3x8) 24

    9 (3x9) 27

    10 (3x10) 30

    11 (3x11) 33

    12 (3x12) 36

    13 ---- 13-12=1 36+1 37

    14 --- 14-12=2 36+2 38

    ...

    17 --- 17-12=5 36+5 41

    ...

    70 --- 70-12=58 36+58 94

    Na esfera municipal, o nmero de Vereadores fixado conforme o nmero de

    habitantes do Municpio, bem como o limite dos gastos do Poder Pblico com as Cmaras

    Municipais, proporcionalmente receita total do Municpio, e, tambm, o percentual dos

    gastos das Cmaras com seus parlamentares. Abaixo, os limites mnimos e mximos:

    At 1.000.000 hab. De 1.000.001 a 5.000.000 hab. Mais de 5.000.000 hab.

    9 a 21 33 a 42 43 a 55

    9 Para comparao, veja-se os ganhos ANUAIS dos congressistas americanos: Em 1 de janeiro de 2005, eles

    passaram a receber US$ 162.100. O presidente temporrio do senado e os lderes majoritrios e minoritrios

    de ambas as casas recebem US$ 180.100. O presidente da Cmara dos Deputados dos Estados Unidos recebe

    US$ 208.100 [fonte: CRS Report for Congress].

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    20

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    Os subsdios dos Vereadores no podem ultrapassar 75% dos subsdios dos

    Deputados Estaduais, observado o nmero de habitantes (art. 29, V):

    N habitantes

    Limites

    At 10.000 10.001

    50.000

    50.001

    100.000

    100.001

    300.000

    300.001

    500.000

    +

    500.000

    % s/ subsidio de Deputado

    Estadual

    20% 30% 40% 50% 60% 75%

    Despesa do PL: % s/Renda

    Municpio (Transf + Rec)

    8% 8% 8% 7% 6% 5%

    FP do PL: % s/ a Receita Poder

    Legislativo

    70% 70% 70% 70% 70% 70%

    8 COMISSES (art. 58)

    As Comisses so rgos compostos de um nmero reduzido de parlamentares para

    examinar determinadas questes, racionalizando os trabalhos parlamentares.

    Na composio das comisses (58, 1), deve-se observar, tanto quanto possvel, a

    representao proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares; idntico critrio, que

    leva em conta a pluralidade poltica, deve ser observado, tambm, na composio das

    Mesas Diretoras.

    As Comisses tm competncia (58, 2) para:

    Discutir e votar projetos de lei, exceto os da competncia do plenrio, salvo recurso de 1/10

    Receber peties, reclamaes representaes ou queixas de qualquer pessoa, contra ato ou omisso de autoridades e realizar audincias pblicas c/ a

    sociedade civil

    Convocar autoridades, inclusive Ministros de Estado

    Apreciar e emitir parecer sobre programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento.

    As Comisses classificam-se, quanto espcie, em:

    1. Quanto composio: a. Unicamerais

    i. Constituio e Justia ii. Temticas

    b. Bicamerais i. Oramento

    ii. Representativas (58, 4) iii. MPs (62, 9)

    2. Quanto ao tempo de durao a. PERMANENTES

    i. Constituio e Justia ii. Temticas

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    21

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    iii. Oramento iv. MPs

    b. TEMPORRIAS i. CPIs ( 3) uni ou bicamerais

    1. requisitos a. requerimento de 1/3 b. fato determinado c. prazo certo d. pertinncia

    2. Poderes a. investigao judicialiforme b. convocar e inquirir testemunhas c. requisitar e buscar documentos d. quebrar sigilo

    i. fiscal, bancrio ii. telefnico (c/autorizao)

    3. limitaes a. formular acusaes b. punir delitos c. decretar priso (salvo flagrante) d. desrespeitar privilgios e. atos reservados exclusivamente ao

    Poder Judicirio.

    ii. REPRESENTATIVAS ( 4) 1. bicamerais 2. eleio dos membros na ultima sesso 3. durao: recessos

    iii. ASSUNTOS ESPECFICOS

    As comisses unicamerais so compostas de membros de uma s Casa (Senado ou

    Cmara); as mistas, composta por representantes das duas casas. Ex. Oramento (art. 58,

    4).

    So permanentes as comisses que, em razo da matria, devem existir durante

    toda a legislatura. Ex. Constituio e Justia e Oramento.

    As comisses temporrias ou especiais so criadas para finalidade determinada,

    extinguindo-se quando concludos os trabalhos, pelo decurso do prazo ou trmino da

    legislatura (art. 58).

    As mais importantes so as Comisses Parlamentares de Inqurito/CPI, pois so

    forma vigorosa de atuao do poder de fiscalizao do legislativo sobre os demais poderes.

    Podem ser institudas para apurar fato determinado, por tempo certo, com poderes de

    investigao prprios das autoridades judiciais, cujas concluses devem ser encaminhadas

    ao Ministrio Pblico.

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    22

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    Requisitos: requerimento de 1/3 dos membros da casa, prazo certo (que pode ser

    prorrogado) e fato determinado (relacionado com as atribuies do poder Legislativo

    federal, estadual ou municipal, em que foram institudas).

    Poderes: investigao judicial (colher depoimentos; ouvir indiciados; inquirir

    testemunhas, notificando-as a comparecer; requisitar documentos e buscar todos os meios

    de prova legalmente admitidos; quebrar sigilo bancrio, fiscal, telefnico, determinando

    buscas e apreenses, mediante prvia autorizao judicial (cf. deciso do STF).

    Limitaes: No pode: formular acusaes, punir delitos, decretar priso, exceto em

    flagrante, desrespeitar privilgios de testemunhas, praticar atos que a lei reserva, com

    exclusividade, aos membros do Poder Judicirio (medida assecuratria ou restritiva, como

    apreenso, seqestro e indisponibilidade de bens ou proibio de ausentar do pas).

    9 GARANTIAS LEGISLATIVAS: IMUNIDADES E PRERROGATIVAS

    As garantias legislativas, previstas na Constituio (art. 53), constituem-se de

    imunidades e prerrogativas, e tm por objetivo assegurar a independncia do exerccio da

    funo legislativa.

    Beneficiam os parlamentares, diretamente, e, indiretamente, as respectivas Cmaras.

    9.1 Imunidades ou Inviolabilidades

    As imunidades so classificadas, pela doutrina, em:

    o IMUNIDADE MATERIAL ou INVIOLABILIDADE (freedom of speech)- art. 53, EC 35/2001:

    objeto: palavras, opinies e votos absoluta (independe do local em que foi praticado o ato) exclui o crime de opinio (calnia, injria e difamao) exclui a reparao material e/ou moral exclui o processo administrativo tem incio com a posse

    o IMUNIDADE FORMAL ou PROCESSUAL (freedom from arrest): no exclui o crime; objeto: priso e processabilidade

    garante contra priso, exceto: o priso em flagrante delito de crime inafianvel

    garante a possibilidade de suspenso do processo criminal relativa, porque depende da deliberao da respectiva Casa

    iniciativa do partido poltico do acusado

    voto da maioria dos membros da Casa

    apreciao do pedido em 45 dias do recebimento, pela Mesa tem incio com a diplomao

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    23

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    So direitos especialmente concedidos a Deputados e Senadores, como garantia de

    atuao independente no como deferncia pessoal. Prevalecem em estado de stio e s suspendem por 2/3, atos praticados fora do recinto e incompatveis com a medida (art. 53,

    8). No se estendem aos suplentes, a no ser quando estes tomam posse, deixando,

    obviamente, a condio de suplentes.

    9.1.1. Imunidade material

    As imunidades materiais so assim reconhecidas pela doutrina porque dizem

    respeito essncia, ou seja, atuao do parlamento, e so tidas, historicamente, como

    necessrias independncia dos parlamentares no exerccio de seu ofcio, que a

    representao, ora do povo (no Brasil, os deputados), ora de entes federativos (no Brasil, os

    Estados). Elas so contempladas, em regra, pela legislao dos pases democrticos,

    variando, apenas, quanto extenso. No Brasil, compreendem a inviolabilidade dos

    parlamentares por suas opinies, palavras e votos (art. 53). Na rea penal e cvel,

    absoluta: Deputados e Senadores no cometem crime contra a honra, nem podem ser

    acionados em indenizao por danos materiais e morais, nem por responsabilidade civil

    (art. 53). Estende-se a manifestaes fora do recinto, inclusive declaraes imprensa

    9.1.2. Imunidade formal, processual ou relativa, em matria penal

    Ao contrrio das imunidades materiais, as formais no constituem condio para o

    exerccio da atividade parlamentar; so inviolabilidades que o legislador constituinte

    brasileiro houve por bem em deferir aos parlamentares brasileiros (art. 53, 3 a 5),

    fazendo-o de modo at muito generoso tanto assim que, passada uma dcada de vigncia da atual Constituio, foram restringidas. Dizem respeito priso e ao processamento de

    parlamentares por fatos alheios sua atividade, no contemplados pela imunidade material,

    como por exemplo, praticar crime de homicdio, furto, apropriao indbita etc.

    Assim, aps a EC 35, de dezembro/2001, Deputados e Senadores podem ser

    processados, criminalmente, pela pratica de condutas no compreendidas pela imunidade

    material, sem prvia licena da respectiva Casa. Recebida a denncia, pelo STF foro privilegiado para Deputados e Senadores - cientifica-se a respectiva Casa, que, a pedido do

    partido, pelo voto da maioria absoluta, pode sustar ou no - o andamento do processo. O prazo para apreciao da sustao pela Mesa de 45 dias, aps a cincia da instaurao do

    processo. Se ocorrer a sustao, fica tambm suspensa a prescrio, enquanto durar o

    mandato.

    Tambm por fora das imunidades formais, os parlamentares no podem ser

    presos, salvo em flagrante de crime inafianvel (recluso superior a 2 anos: art. 323, I,

    CPP).

    9.2 PRERROGATIVAS

    O art. 53, CF/88, disciplina, indistintamente, as inviolabilidades - ou imunidades - e

    as prerrogativas dos congressistas, dispondo, especificamente, sobre suas imunidades

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    24

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    durante o estado de stio, no 8. Noutro ponto, a CF coloca as inviolabilidade ao lado das

    imunidades, nos art. 27, 1, ao cuidar dos Deputados Estaduais; finalmente, estabelece a

    inviolabilidade dos vereadores, no art. 29, inc. VIII. Todavia, necessrio identificar cada

    um destes institutos, para melhor identificar a quais situaes correspondem.

    As prerrogativas so privilgios atribudos a algum em razo do cargo que

    exerce; no se confundem com as imunidades, pois estas so situaes fatos ou relaes jurdicas imunizados pelo legislador constituinte - em que a regra geral, aplicvel a todos, no alcana o destinatrio da imunidade. Enquanto a prerrogativa cria uma situao

    especial para as pessoas que so detentoras de elevados cargos pblicos, como por

    exemplo, ser processado por um determinado tribunal, que no o juzo natural, a

    imunidade afasta o seu beneficirio do alcance da norma geral, quer seja da obrigao de

    pagar tributos, quer seja das hipteses legais de priso e/ou de processamento, blindando a

    pessoa e impedindo que o legislador ordinrio crie normas jurdicas sobre os fatos ou

    situaes jurdicas imunes. Assim, diz-se que o parlamentar federal tem a prerrogativa de

    ser processado, criminalmente, pelo Supremo Tribunal Federal, bem como a imunidade de

    no ser processado pela prtica de situaes tipificadas, pelo Cdigo Penal, como sendo

    crime contra a honra (calnia, injria e difamao) ao que a Constituio denomina inviolabilidade.

    Assim estabelecida a diferena, poder-se-ia, no mximo, dizer que as prerrogativas

    so o gnero do qual as imunidades so espcie.

    Alm das imunidades ou inviolabilidades materiais e formais, os congressistas tm as seguintes prerrogativas:

    9.2.1. Foro especial, por prerrogativa de funo (art. 53, 1), durante o mandato

    (revogada a Sumula 394, STF).

    9.2.2. Limitao ao poder de testemunhar sobre informaes recebidas e sobre

    fontes (art. 53, 6). Possuem sigilo da fonte sobre informaes recebidas

    9.2.3. Iseno do servio militar (art. 53, 7). Ainda que militares, mesmo em

    tempo de guerra, s sero incorporados s Foras Armadas aps prvia licena da

    respectiva Casa.

    9.3 Extenso das regras s demais esferas

    Deputados Estaduais: Conforme disposto no art. 27, 1, aplica-se-lhes as mesmas

    regras quanto inviolabilidade ou imunidade (art. 53); remunerao; perda de mandato

    (art. 55), s licenas, bem como quanto aos impedimentos (art. 54) e prerrogativas, tais

    como incorporao as foras armadas.

    Vereadores: Consoante preceito contido no art. 29, VIII, aplica-se aos

    parlamentares municipais as regras aplicveis aos federais quanto inviolabilidade por suas

    opinies, palavras e votos no exerccio do mandato, apenas, nos limites do Municpio.

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    25

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    As proibies e incompatibilidades so as mesmas (art. 29, IX).

    10 IMPEDIMENTOS ou VEDAES

    Sob a suave expresso no podero, a Constituio dispe que Deputados e Senadores so impedidos de exercer determinadas atividades negociais e funcionais, aps a

    diplomao, s quais so acrescentadas outras, de natureza poltica, aps a posse.

    Assim, sofrem os seguintes IMPEDIMENTOS:

    Aps a diplomao e antes da posse: o Negociais (art. 54, I, a): firmar ou manter contratos com rgos da

    Administrao Pblica, salvo quando este obedecer a clusulas uniformes.

    o Funcionais (art. 54, I, b e II, b): aceitar ou exercer cargo, funo ou emprego remunerado em entidades da Administrao Pblica direta e

    indireta, inclusive em comisso.

    Aps a posse: o Negociais: (art. 54, II, a): ser proprietrios, controladores ou diretores de

    empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurdica de direito

    pblico, ou nela exercer funo remunerada;

    o Funcionais: (art. 54, II, b): ocupar cargo ou funo comissionados em entidades

    da Administrao Pblica direta e indireta;

    (art. 54, II, c): patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I, "a";

    o Polticos (art. 54, II, d): ser titular de mais de um cargo ou mandato pblico eletivo.

    Acontece que a violao desses impedimentos, por si s, no leva a nenhuma

    conseqncia, salvo se a Casa onde o parlamentar tem assento instaurar processo

    administrativo e, por deliberao de maioria absoluta, em votao secreta, concluir pela

    cassao do mandato. o que dispe o art. 55, I, CF.

    11 PERDA DO MANDATO

    H situaes em que os parlamentares perdem o cargo, por declarao da Mesa, e

    outras em que pode vir a perd-lo, por deliberao da maioria absoluta, em votao secreta.

    Declarao de oficio, pela Mesa (tambm chamada extino do mandato) o Deixar de comparecer a 1/3 das sesses ordinrias em cada sesso legislativa

    (art. 55, III).

    o Perder ou tiver suspensos seus direitos polticos (art. 55, IV) o Quando o decretar a justia eleitoral (art. 55, V).

    Nesses casos, a perda ser declarada pela Mesa Diretora da Casa onde o parlamentar

    faltoso tem assento, de ofcio ou a requerimento de qualquer de seus membros, ou de

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    26

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    partido poltico que tenha representao no Congresso Nacional, e no haver deliberao,

    embora se assegure ao faltoso o direito ampla defesa.

    Deliberao da Mesa: votao secreta, maioria absoluta (diz-se que h cassao do mandato)

    o Violao dos impedimentos (art. 55, I). o Falta de decoro parlamentar (art. 55, II)

    O 1. do art. 55 define o que falta de decoro parlamentar: O que constar do regimento interno;

    O abuso de prerrogativas (na verdade, no se abusa de prerrogativas; no mximo, abusa-se das imunidades); e

    A percepo de vantagens indevidas. o Condenao criminal passada em julgado (art. 55, VI)10

    Nesses casos, o processo administrativo poder ser aberto pela Casa onde o

    parlamentar faltoso tem assento, por iniciativa da Mesa Diretora ou de partido poltico que

    tenha representao no Congresso Nacional, e a deliberao pela condenao ou absolvio

    depender de votao da maioria absoluta e o voto ser secreto.

    Excees: o Parlamentares no perdem o cargo se nomeados Ministro de Estado,

    Governador de Territrio, Secretario de Estado ou de Prefeitura Municipal

    ou Chefe de Misso Diplomtica. Nestes casos, devero optar por uma s

    remunerao e convocar suplente (art. 56, I e 1).

    10

    O tema foi apreciado pelo STF no caso do Mensalo, quando condenou parlamentares, que, todavia, continuam ocupando seus cargos parlamentares. O Presidente da Cmara diz que a deciso da Casa e o

    Presidente do STF diz que do Poder Judicirio, que estaria aguardando, apenas, o trnsito em julgado da

    deciso para que a perda do mandato se efetive. Estamos atentos!

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    27

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    UNIDADE II Questionrio

    1. Mencione o lapso temporal de: a. Uma Legislatura b. Uma Sesso ordinria c. Um Perodo legislativo

    2. Qual o sistema de eleio dos Deputados Federais? 3. E dos Senadores? 4. Qual a composio do Senado? 5. E da Cmara dos Deputados? 6. Quais so as funes tpicas do Poder Legislativo? 7. Sobre a imunidade material, responda:

    a. Qual o objeto? b. absoluta ou relativa?

    8. Sobre a imunidade formal, responda: a. Qual o objeto? b. absoluta ou relativa?

    9. Qual o sujeito da imunidade formal? 10. As imunidades beneficiam os parlamentares aps a diplomao ou aps a posse?

    Explique.

    11. A instaurao de processo criminal contra os parlamentares depende de autorizao da respectiva Casa ou no?

    12. Quais so os impedimentos negociais, funcionais e polticos dos parlamentares desde a diplomao?

    13. E aps a posse? 14. Quais as situaes em que a perda do mandato parlamentar no depende de

    deliberao da respectiva casa?

    15. E as situaes em que a perda do mandato parlamentar sujeita-se deciso da respectiva Casa?

    16. Neste caso, como ser a votao e o quorum? 17. Mencione trs cargos pblicos que o parlamentar pode ocupar, sem sujeitar-se

    perda do mandato.

    18. A Assemblia Legislativa de um Estado pode instaurar uma Comisso Parlamentar de Inqurito para apurar um ato praticado pelo poder pblico municipal?

    19. Quais as funes das sesses preparatrias? Quando elas so instaladas? 20. E da Comisso Representativa? Quando elas so instaladas?

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    28

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    UNIDADE II-A - PROCESSO LEGISLATIVO

    Os atos do processo legislativo

    Art. 59 a 69: Os procedimentos legislativos

    As espcies normativas

    Denomina-se processo legislativo o conjunto de regras que informam a elaborao

    das leis, em seu sentido amplo (art. 59).

    Forma: votao BICAMERAL, na esfera federal (unicameral, nos estados e

    municpios), nas duas casas (iniciadora e revisora): Emendas Constituio, leis

    complementares, leis ordinrias e Medidas Provisrias (EC-32/01).

    I ATOS DO PROCESSO LEGISLATIVO: Iniciativa

    Discusso

    Deliberao

    Sano/Veto

    Promulgao

    Publicao

    1.1 INICIATIVA a legitimidade para apresentao de proposies legislativas, que

    podem ser Projetos de Lei (PL), Projetos de Lei Complementar (PLC) e Projetos de

    Emenda Constituio (PEC).

    1.1.1 Concorrente: Qualquer parlamentar, comisso ou mesa diretora, assim como o Presidente da

    Repblica, pode apresentar projetos cuja iniciativa no for exclusivamente

    reservada.

    1.1.2 Privativa (na verdade, exclusiva; tambm chamada reservada): H determinadas situaes em que, em razo da matria, a iniciativa legislativa est

    a cargo de determinadas pessoas, em razo dos cargos que ocupam;

    a) Presidente da Repblica (art. 61, par. 1.)

    b) Presidente dos Tribunais Superiores (art. 96, I e II)

    1.1.3 Parlamentar Cada parlamentar pode, individualmente, ou atravs de Comisses, apresentar

    projetos de Lei e Projetos de Lei Complementar, fazendo-o atravs da Mesa Diretora de sua

    respectiva casa.

    Excees: art. 61, 2 e 64: inicia-se na Cmara

    1.1.4 Popular instrumento de democracia popular semidireta (art. 14, III e 61, 2) Requisitos: 1% eleitorado nacional, distribudo em pelo menos 5 Estados, com no

    menos de 0,3% em cada.

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    29

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    1.1.5 Conjunta (ou consensual) fixao de subsdios de Ministros do STF: Presidente da Repblica, Presidente da Cmara, Presidente do Senado e Presidente do Supremo

    Tribunal Federal (art. 48, XV). A Emenda 41/03 acabou com esta modalidade de

    iniciativa de lei.

    Conseqncia da inobservncia (usurpao de iniciativa): inconstitucionalidade

    formal por vcio de iniciativa do projeto de lei.

    A sano no supre o vicio a falta de iniciativa do Poder Executivo (Smula 5,

    STF).

    2 DISCUSSO a fase em que as proposies legislativas so discutidas, no parlamento. Ocorre:

    Nas comisses temticas (58, 2) = parecer tcnico e no poltico; e/ou

    No plenrio = aspectos polticos; manifestao deliberativa do plenrio.

    Os projetos podem ser discutidos e votados nas comisses, desde que no haja

    vedao, quanto matria, no Regimento Interno da respectiva Casa e no haja recurso de,

    pelo menos, 1/10 de seus membros.

    Durante a discusso, podem ser apresentados:

    2.1. Emendas, Subemendas e/ou Substitutivos: so proposies acessrias apresentadas

    pelos parlamentares, visando alteraes no projeto de lei original

    Legitimidade: qualquer parlamentar, comisses e mesa diretora

    As emendas podem ser assim classificadas:

    Quanto finalidade:

    Aditiva: acrescentar outra proposio

    Aglutinativa: fuso de outras emendas ou desta com o texto

    Modificativa: altera a proposio, de forma no substancial

    Substitutiva: sucednea de outra proposio

    Supressiva: eliminar, suprimir dispositivos do projeto

    Quanto ao contedo:

    Substancial (objeto da proposta)

    Formal (distribuio topogrfica do texto)

    De redao (sanar vcios de linguagem, correes de atecnia legislativas, eliminar

    incoerncia ou contradies).

    SUBEMENDAS: so emendas apresentadas em comisso a outras emendas

    anteriores

    SUBSTITUTIVOS:

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    30

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    Finalidade: substituir, no todo ou em parte, todo o projeto.

    Pressuposto: relao com a matria substituenda e no ser contrrio s proposies.

    Aprovao: retira a autoria da proposio substituda

    Limitao:

    Iniciativa exclusiva: no podem ser emendados os projetos de iniciativa reservada

    (aplicao analgica do art. 63,I).

    - Presidente da Repblica, Art. 63, 1: admite-se emendas de Deputados e Senadores, pertinentes ao tema, no importando aumento despesas.

    Exceo: Leis oramentrias (admite-se emendas que acarretem aumento

    despesas: art. 63, I e 166, 3 e 4).

    - Presidente do STF e Tribunais Superiores: s aperfeioamento

    Prtica parlamentar: admite mensagens aditivas dos titulares extraparlamentares

    3 VOTAO ou DELIBERAO: a manifestao deliberativa do Poder Legislativo acerca das proposies legislativas.

    Regra: em plenrio

    Pode ocorrer votao pelas Comisses (art. 58, 2, I)

    A votao bicameral, na esfera federal, e unicameral, no mbito dos Estados-

    Membros, do DF e dos Municpios.

    So formas de votao:

    Ostensiva:

    nominal: (contagem dos votos nominais)

    simblica: contagem simblica dos votos: os contrrios se levantam e

    proclama-se o resultado

    Secreta: o placar eletrnico aponta, apenas, o nmero de votos,s em indicar o nome

    do parlamentar. Situaes em que, antidemocraticamente, ainda permanece a exigncia do

    voto secreto:

    rejeio veto do chefe do Poder Executivo: art. 66, 4;

    perda (ou, como vulgarmente se diz, cassao) do mandato de parlamentar: art. 55,

    2;

    autorizao do Senado para a exonerao do Procurador Geral da Repblica durante

    o mandato: art. 52, XI.

    Haver inconstitucionalidade por inobservncia da forma, se no for observada a

    formalidade definida pela Constituio.

    Voto de liderana: embora sem previso constitucional, muito utilizado, com

    base na previso dos Regimentos Internos. H opinies abalizadas pela

    inconstitucionalidade.

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    31

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    3.1.1 Casa iniciadora e Casa revisora

    Regra: Casa Iniciadora a Cmara dos Deputados (art. 64) e Casa Revisora o

    Senado Federal

    Exceo: Projetos de iniciativa de Senadores ou Comisses do Senado tm por Casa

    iniciadora o Senado e Casa Revisora, a Cmara dos Deputados (Ex. Estatuto da Cidade Lei 10.257/01).

    3.1.2 Papel da casa revisora:

    Aplicvel s Emendas Constituio, s leis complementares, leis ordinrias e

    Medidas Provisrias (EC-32/01); inaplicvel s demais hipteses do art. 59.

    Projeto aprovado na Casa Iniciadora, vai para a Casa Revisora (art. 65), que:

    APROVA:

    Sem emendas = envia projeto Lei Ordinria/Complementar sano (art. 65)

    = envia projeto Emenda Complementar promulgao (Art. 60, 3)

    Com emendas = projeto volta Casa Iniciadora (para aprovao

    Emendas aprovadas: (art. 65, nico). Mantendo ou rejeitando, envia o projeto

    p/sano/promulgao.

    REJEITA: Arquivamento do projeto

    Retorno: Lei Ordinria/Complementar = maioria (na mesma sesso)

    Emenda Constitucional/Medida Provisria (art. 62, 10) = na prxima sesso

    QUORUM: Lei Ordinria = maioria simples (art. 47)

    Lei Complementar = maioria absoluta (art. 69)

    Emenda Constituio Federal = 3/5 (art. 60, 2)

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    32

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    Projeto de Lei

    Casa iniciadora

    Rejeita; ao arquivo Aprova

    casa Revisora

    Rejeita ao arquivo Aprova sem emendas Aprova com emendas

    Autografo de lei

    sano

    Casa Iniciadora

    (apreciao das emendas)

    Rejeita as emendas;

    sano SEM emendas

    Aprova as emendas; sano

    (as emendas integram o

    autografo) COM emendas

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    33

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    Autgrafo: aprovado o projeto em ambas as casas, elabora-se o autgrafo:

    instrumento aprovado pelo Congresso Nacional encaminhado ao Presidente da Repblica

    para sano ou veto.

    4 SANO E VETO: a forma de participao, afirmativa ou negativa do Chefe Executivo no processo legislativo (concordncia/discordncia)

    - competncia privativa: o Federal: Presidente da Repblica (art. 84, IV e V) o Estadual e Distrital: Governador o Municipal: Prefeito

    Sano: Aquiescncia que transforma o projeto em lei (art. 66). Pode ser:

    - Expressa - Tcita (silncio, por 15 dias teis: art. 66, 3)

    Veto: discordncia ( relativo, podendo ser derrubado)

    Caractersticas do Veto:

    Fundamentado: art. 66, 1

    Motivo Poltico: contrariedade ao interesse pblico

    Razo jurdica: inconstitucionalidade

    Prazo: Para vetar: 15 dias teis

    Para comunicar os motivos do veto ao Presidente do Senado: 48 horas

    Relativo (ou limitado ou condicional): Pode ser derrubado:

    sesso conjunta ( 4 e 57, 3, IV

    prazo de 30 dias do recebimento

    (se no apreciado, ser colocado na ordem do dia na sesso imediata,

    sobrestando as demais deliberaes, at votao final: 6)

    quorum: maioria absoluta ( 4)

    votao secreta ( 4)

    Se for derrubado: autgrafo enviado ao Presidente, para promulgao ( 5), se no

    o fizer em 48 horas, o far o Presidente do Senado ou o Vice ( 7)

    AUTOGRAFO DE

    LEI: Ao chefe do Poder

    Executivo

    SANO tcita

    =

    Silncio por 15 dias

    SANO expressa, dentro

    de 15 dias teis

    VETO, em 15 dias teis;

    Razes do veto, em 48 hs

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    34

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    Suspensivo (ou supervel): impede a entrada em vigor da norma vetada, at reapreciao

    do Congresso Nacional

    Irretratvel manifestado, no pode voltar atrs.

    Quanto amplitude:

    Total (todo o projeto), ou,

    Parcial (artigo, pargrafo, inciso ou alnea) Art. 66, 2

    Sendo o veto parcial, a parte sancionada imediatamente promulgada e a parte vetada, se

    ocorrer rejeio do veto, entrar em vigor posteriormente.

    5 PROMULGAAO: Ato que atesta a existncia da lei. Prazo para o Presidente da Republica: 48 hs (84, IV)

    Omisso: Presidente e Vice Presidente do Senado (art. 66, 7)

    6 PUBLICAO: comunicao feita pelo Dirio Oficial da existncia da lei.

    Competncia: quem promulga deve publicar

    Vigncia: 45 dias aps publicao, salvo disposio em contrario (art. 1, LICC) vacatio legis

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    35

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    II. PROCEDIMENTOS LEGISLATIVOS

    PROCEDIMENTO ORDINRIO (comum ou normal)

    PROCEDIMENTO SUMRIO (OU ABREVIADO OU EM REGIME DE

    URGNCIA) - Art. 64, 1.

    O Presidente da Repblica pode solicitar urgncia na aprovao de projetos de sua

    iniciativa (em substituio a esta faculdade, vinha sendo utilizada, at a EC-32/01, a

    edio/reedio de MPs).

    Neste caso, Cmara e Senado devem manifestar-se, sucessivamente, em at 45 dias

    (suspende-se o prazo no recesso).

    Omisso: incluso do projeto na ordem do dia, sobrestando outras deliberaes (art.

    64, 2).

    Emendas feitas pelo Senado devero ser apreciadas pela Cmara em at 10 dias (art.

    64, 3). Prazo total: 100 dias.

    Exceo: processos de cdigos (art. 64, 4).

    No mais se admite a aprovao de lei por decurso de prazo.

    PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

    1 ESPCIES:

    EMENDAS CONSTITUCIONAIS - EC

    LEIS DELEGADAS - LD

    MEDIDAS PROVISRIAS - MP

    LEIS COMPLEMENTARES - LC

    LEIS FINANCEIRAS art. 166 e lei do plano plurianual PPA; lei de diretrizes oramentrias LDO; lei do oramento anual LOA; e, lei de abertura de crditos adicionais

    2. CONTROLE JUDICIAL DO PROCESSO LEGISLATIVO

    O STF admite, em carter excepcional, o controle judicial incidental da

    constitucionalidade do processo legislativo, quando suscitado por membro do Congresso

    Nacional (no a destinatrio da norma).

    3. APLICAAO DAS REGRAS DO PROCESSO LEGISLATIVO FEDERAL NAS

    DEMAIS ESFERAS

    Pelo principio do paralelismo federativo (art. 25, 29 e 32): observncia das mesmas

    regras (esfera estadual, distrital e municipal), especialmente s de iniciativa reservada do

    Poder Executivo e Judicirio

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    36

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    III. ESPCIES NORMATIVAS

    EMENDAS CONSTITUIAO Art. 59,I e 60 e

    Iniciativa: concorrente, de:

    1/3 deputados ou senadores

    Presidente Republica

    Mais da metade das Assemblias Legislativas dos Estados (maioria simples de cada uma)

    Procedimento: Votao nas duas casas

    Dois turnos

    Maioria qualificada de 3/5 (membros)

    Admite emendas (votadas em conjunto)

    Promulgao: Pelas Mesas Cmara e Senado, conjuntamente (60, 3)

    No sujeitas sano ou veto

    Se rejeitadas, s podem ser reapresentadas em outra sesso legislativa

    Publicao: Dirio Oficial, com incorporao ao texto original

    Vigncia: Imediata, no dia seguinte publicao

    Limites: Formais (regras acima)

    Materiais (clusulas ptreas, cerne fixo, partes imutveis): forma federativa

    de estado; voto direto, secreto, universal e peridico; separao de poderes; e, direitos e

    garantias fundamentais (art. 60, 4).

    Temporal ou circunstancial: interveno federal, estado de defesa ou de stio

    ( 1)

    LEIS COMPLEMENTARES (Art. 59, II)

    So normas destinadas matria especificada na Constituio, como por exemplo:

    - proteo da relao empregatcia - 7, I, e art. 10 das DT

    - inelegibilidade - Art. 14, 9

    - criao, transformao ou reintegrao de territrios, incorporao, fuso e

    desmembramento de Estados-membros e Municpios 18, 2, 3 e 4 - permisso de trnsito de foras estrangeiras no territrio nacional 21, IV;

    - autorizao, pelo Congresso Nacional, para que o Presidente da Repblica declare

    guerra e/ou celebre a paz art. 49, II. - delegao de competncias legislativas da Unio aos Estados art. 22, nico - criao, pelos Estados, de regies metropolitanas ou microrregies formadas por

    aglomerao urbanas de municpios art. 25, 3 - definio da rea de atuao de fundaes pblicas criadas por lei art. 37, XIX - criao de procedimento de avaliao de desempenho do servidor pblico estvel art. 41, III

    - criao de medidas de combate desigualdade regional art. 43, 1, I e II

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    37

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    - fixao do nmero de deputados, entre 8 e 70, e representao por Estado e DF art. 44, 1

    - criao de normas para a elaborao de leis art. 59, nico - definio de atribuies do Vice-Presidente da Repblica art. 79, nico - dispor sobre o estatuto da magistratura (art. 93), a organizao e a competncia

    dos rgos da magistratura (art. 121), do Ministrio Pblico (art. 129, VI, VII), da

    Advocacia Geral da Unio (art. 131), da Defensoria Pblica (art. 134, nico) e das

    Procuradorias Estaduais e do DF (art. 128, 4)

    - dispor sobre precatrios (art. 100, 15)

    - organizao das Foras Armadas art. 142, nico - sistema tributrio art. 146 e incisos

    - instituio de emprstimo compulsrio art. 148 - imposto sobre grandes fortunas art. 153, VI e outros impostos, no cumulativos Art. 154, I

    - dispor sobre as finanas pblicas art. 163 - estabelecer os limites de gastos pblicos art. 168 Lei Complementar n. 101 - estabelecer o critrio para a desapropriao para reforma agrria art. 164, 3 - estabelecer a poltica de sade art. 198, 3 (reavaliao qinqenal) - poltica da previdncia social art. 198, 1 - poltica de previdncia privada art. 202 - poltica indgena art. 231, 6 - PIS e PASEP art. 239 LC 7 e 8, de 1970

    Histrico:

    A Lei Complementar foi introduzida na EC 4, CF/46 (parlamentarismo) em 1961,

    revogada a emenda, desapareceu, retornando com a EC 17, CF/46, em 1965.

    Procedimento: mesmo procedimento da lei ordinria, exceto quorum (maioria

    absoluta (membros). Resta, ento, saber se esta pequena alterao, no qurum, de maioria

    simples (metade mais um dos presentes, que deve ser metade mais um dos membros), para

    maioria absoluta (metade mais um dos membros), fornece a garantia de maior estabilidade

    pretendida pelo legislador constituinte..

    LEI ORDINRIA (art. 59, III, e 61)

    espcie normativa tpica, utilizada para inovao do direito, quando no h

    previso constitucional de outra espcie. Por isto, diz-se que a Lei Ordinria espcie

    normativa de mbito material residual: toda a matria constitucional no auto-aplicvel,

    no entregue Lei Complementar, pode ser regulamentada por Lei Ordinria.

    mbito especfico: art. 61, 1

    Quorum: maioria simples

    LEI DELEGADA (art. 59, IV e 68)

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    38

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    As Leis Delegadas so normas elaboradas pelo Presidente da Repblica, por

    delegao do Poder legislativo, atravs de Resoluo do Congresso Nacional, especificando

    o seu contedo e os termos do seu exerccio (art. 68, 2).

    No pode ser ilimitada.

    Matrias no delegveis: Art. 68, 1

    Pertinncia: No podem ser objeto de LD: (art. 49, 51 e 52), matrias reservadas

    lei complementar, leis organizao PJ e MP, nacionalidade, cidadania, direitos individuais,

    polticos, eleitorais, planos plurianuais, diretrizes e oramentrias (art. 68, 1).

    Procedimento: dispensa de sano

    Se o Congresso pretender apreciar o projeto, o far em sesso nica, vedadas

    emendas (art. 68, 3)

    Controle: eventual exorbitncia dos limites da resoluo do Congresso Nacional

    pode ser sustada por outra resoluo (art. 49, V)

    MEDIDAS PROVISRIAS (art. 59, V e 62 EC-32/01) - Previso Constitucional: Art. 62

    Atos editados pelo Presidente da Repblica, com fora de lei, em caso de relevncia

    e urgncia, submetidos ao Congresso imediatamente; perdem a eficcia se no convertidos

    em lei em 60 dias, prorrogvel uma nica vez por igual perodo.

    Origem: Constituio italiana de 1947; instrumento do regime parlamentarista. Veio

    substituir o Decreto-Lei (que era aprovado por decurso de prazo, se no apreciado em 45

    dias). Distines: prazo (30/45 dias) decurso do prazo; vedao.

    Efeitos: vigncia temporria; suspende a eficcia das leis anteriores, com ela

    conflitantes.

    Se no for apreciada em 45 dias, entrar em regime de urgncia, sobrestando outras

    deliberaes da Casa (o Senado pode iniciar a discusso antes mesmo de receber o projeto

    da Cmara).

    Se aprovadas no prazo legal (60+60) com alteraes, permanecer em vigor mesmo

    se a sano ou veto ocorrer aps 120 da publicao da MP.

    Se perder a eficcia, por decurso do prazo, ou se no for aprovada pelo

    Congresso, desaparece: so anulveis, retroativamente (ex tunc), cabendo ao Congresso disciplinar, por decreto legislativo, no prazo de 60 dias, as relaes jurdicas dela

    decorrentes. Se o Congresso no editar, no prazo legal, decreto legislativo, as relaes

    jurdicas disciplinadas pela MP prevalecem, enquanto vigeu, deixando de existir no

    momento em que perdeu a eficcia.

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    39

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    No podem ser reapresentadas na mesma sesso legislativa.

    A EC-32/01 limitou a edio de MPs, obstacularizando a reedio e reapresentao

    na mesma sesso legislativa (limitao formal).

    Criou, tambm, limitao material, mencionando as matrias que no podem ser

    objeto de MPs, no restringindo a edio de MPs sobre matria tributria (prevalece a

    orientao do STF, que j permitia a instituio e a disciplina de tributos, a concesso ou

    revogao de incentivos fiscais, enfim, legislar sobre toda matria no reservada LC).

    Podem regulamentar matria constante de Emenda Constitucional a partir de

    11.9.01 (o que era vedado, a partir de 1995, pelo art. 246)

    As MPs anteriores a 12.9.01 passam a ter vigncia indeterminada, sendo

    revogveis por outra MP ou ato do Congresso Nacional ( 2).

    Restries absolutas ( 1): matrias:

    relativas a nacionalidade, cidadania, direitos polticos, partidos polticos e direito eleitoral;

    direito penal, processual penal e processual civil;

    organizao do PJ e do MP, carreira e garantia de seus membros;

    planos plurianuais, diretrizes oramentrias, oramento, crditos adicionais e suplementares, exceto art. 167, 3 (abertura de crdito especial para despesas

    imprevisveis e urgentes, como em casos de calamidade, etc)

    que vise deteno ou seqestro de bens, poupana popular ou ativos financeiros;

    reservadas LC

    disciplinadas em projeto de lei sujeito a sano

    Restrio relativa ( 2): em matria tributria:

    majorao de impostos (no tributos) - produz efeitos no exerccio seguinte se houver sido convertida em lei no exerccio em que foi editada.

    o Excees (podem ser institudos por MPs, sem a observncia do principio da anterioridade):

    II, IE, IPI, IOF e Iex de guerra, no sujeitos ao principio da anterioridade.

    Taxas e contribuies do art. 149 (exceto contribuies da seguridade social, sujeitas anterioridade nonagesimal art. 195, 6) e contribuies de melhoria

    DECRETOS LEGISLATIVOS (59, VI)

    So deliberaes do plenrio sobre matria de sua exclusiva competncia e

    apreciao poltico-administrativa, promulgadas pelo Presidente da Mesa para operar

    efeitos fora da Casa. Difere da Resoluo, que surte efeitos internamente. Ambos se

    submetem ao processo legislativo comum, mas prescindem da sano do Chefe do Poder

    Executivo.

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    40

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    Utilizados para disciplinar relaes jurdicas decorrentes de MPs no apreciada ou

    rejeitada. So utilizados, tradicionalmente, para deliberaes do Congresso, tais como nos

    casos do art. 49, II a VI, IX e XII a XVII. Em se tratando de controle concreto (ex.

    autorizao de afastamento do Presidente da Repblica, inc. III) no esto sujeitos ao

    controle da constitucionalidade; se abstrato (ex. fixao de subsdios, inc. VII e VII),

    sujeitam-se.

    RESOLUES (59, VII):

    Destinam-se a regular matria da administrao interna das Casas do Poder

    Legislativo. No lei nem simples ato administrativo; +e deliberao poltico-

    administrativa. So utilizadas, tradicionalmente, para as competncias privativas de cada

    Casa (art. 51 e 52), Regimentos Internos, concesso de licena a parlamentares,

    organizao de servios da Mesa, regulamentao de outras atividades, tais como delegar a

    competncia legislativa ao Chefe do Executivo (Lei Delegada).

  • Direito Constitucional III Prof Ms. Meyre Elizabth Carvalho Santana

    41

    Professora Meyre Elizabeth Carvalho Santana

    https://meyresantana.wordpress.com

    UNIDADE II Questionrio sobre PROCESSO LEGISLATIVO

    1. O que processo legislativo? 2. Onde se encontram as regras do processo legislativo federal brasileiro? 3. Quais as espcies normativas existentes no ordenamento jurdico brasileiro, no plano

    federal?

    4. O que proposio, ou projeto? Quais as espcies de proposio? 5. O que emenda? 6. Quais as matrias cuja iniciativa legislativa reservada ao Presidente da Repblica? 7. Quais os assuntos sobre os quais o STF e os Tribunais Superiores podem apresentar

    projetos de lei:?

    8. E o Procurador Geral da Repblica? 9. Em que situaes d-se o arquivamento de um projeto? 10. Quais so os regimes de tramitao das proposies legislativas? 11. Quando um projeto tramita em regime de urgncia? 12. O chamado regime de urgncia urgentssima tem previso legal? Justifique. 13. Qual o procedimento legislativo de uma: a. Emenda constituio? b. Lei ordinria? c. Lei complementar? d. Medida Prov