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Consórcios Intermunicipais e outras formas de associação entre Municípios na
organização regional no SUS
Campos do Jordão/SP 18 de março de 2015
XXIX CONGRESSO DE SECRETÁRIOS MUNICIPAIS DE SAÚDE DO ESTADO DE SÃO PAULO – COSEMS-SP
Estado democrático de direito, com descentralização político-administrativa
Federação com três entes autônomos
Base tributária dos governos subnacionais
Sistema de proteção social sob a forma de políticas sociais de acesso universal e gratuito
Participação e controle social na elaboração e implementação das políticas sociais.
Constituição Federal de 1988
Município
Estado
União
Agenda Política do Estado Brasileiropós Constituição Federal de 1988
Seguridade social como
direito universal
Participação e controle social
Atuação sistêmica das três esferas de
governo
Parceria com sociedade civil
organizada
Transparência e Eficiência
Administrativa
Agenda SocialComplexa
Objetivo:Sociedade livre, justa e solidária
Desenvolvimento nacionalBem-estar de todos, sem discriminação
Articulação intersetorial em cada esfera da federação
Aprofundamento da autonomia vs tensionamento da aliança (pacto federativo)
Articulação intergovernamental (entre as três esferas da Federação)
Desafios da agenda Federalista Brasileira
Universalização do acesso e garantia da qualidade dos
serviços públicos em todo o território nacional
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (Art. 196, CF/88).
As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo;II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;III - participação da comunidade (Art. 198/CF 88).
Descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo:
a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde (Art. 7º, Lei n°
8.080/90).
A Saúde e o Novo Contrato Social
Marcado por grandes diferenças: densidade demográfica, situação socioeconômica, arrecadação tributária, capacidade técnica e gerencial de sua administração
São Paulo, SP - 11,9 milhões/hab*
Serra da Saudade, MG – 822/hab*
Grande parte dos municípios depende das transferências constitucionais e não possui base própria de arrecadação
Perfil dos Municípios Brasileiros
73% dos 5.570 municípios brasileiros possuem até 20 mil habitantes e 10% dos
municípios no país concentram quase 80% da
população brasileira
*Estimativa IBGE, 2014.
Cuidar das pessoas prioritariamente em locais próximos de suas casas, resolvendo problemas e alcançando a satisfação de suas necessidades de saúde
Garantir acesso com qualidade, oportunidade e equidade em casos que exijam tecnologias simples e complexas
Operar com eficácia e eficiência, priorizando a efetividade
Garantir transparência no uso dos recursos de todas as fontes e naturezas
Prestar contas ao controle social e aos órgãos públicos com clareza e objetividade
Macro desafios da gestão do SUS
Racionalidade econômica e operacional: integralidade
da atenção à saúde por meio de redes de serviços
hierarquizados e regionalizados, o que exige disposição para o diálogo e
o entendimento entre os entes da Federação
Formas de atuação do Estado
Administração Pública
• Administração Direta• Administração Indireta
Sociedade e Mercado
• Atuação indireta, por meio de relações contratuais entre o Estado e agentes de mercado
Formas Jurídico-Institucionais da Administração Pública
Administração Direta
Autarquia
Fundação Pública de Direito Público
Fundação Pública de Direito Privado
Empresa Estatal
Consórcio Público
Sociedade de Economia Mista
Adm
inist
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o In
dire
ta
Estruturas criadas por lei ou mediante autorização legal Regidas pelas regras de direito público estabelecidas na Constituição Federal Regime de propriedade estatal Exercem competências estatais delegáveis Governança estatal, podendo haver participação minoritária de particulares Financiamento: recursos públicos Controle estatal direto
• Descentralização não deve implicar perda da capacidade de direção do Poder Público – é preciso haver capacidade técnica de coordenar e supervisionar a atividade da entidade descentralizada, com foco em resultado
• Não deve representar perda da capacidade estatal de regulação – risco de captura dos interesses públicos por privado
Necessidade de
descentralizar
Capacidade de
descentralizar
Requisitos para a administração indireta
É preciso haver forças políticas que possam dar sustentação à proposta do Poder Executivo perante o Poder Legislativo
Avaliar o grau de organização e preparo das forças políticas sociais para o accountability; ou seja, o nível de cidadania e de representação política das partes interessas nas atividade estatal a ser descentralizada, capaz de exercer controle social
Capacidade financeira de arcar com os
custos da descentralização
AutarquiaFundação
Pública Direito Público
Fundação Pública de
Direito PrivadoAssociação
PúblicaEmpresa pública
Sociedade de economia
mista
Regime jurídico
Direito Público integral
Direito Público integral
Direito Público com regras de direito privado
Direito Público integral
Direito Público com regras de direito privado
Direito Público com regras de direito privado
Área de atuação
Poderes de estado
Social/com poderes de
estadosocial
Poderes de estado Econômica e
social
Econômica e social
Instituidor Poder Público Poder Público Poder PúblicoPoder Público(2 ou + entes federativos)
Poder Público Poder Público
Criação lei lei autorização legislativa
leis dos entes instituidores
autorização legislativa
autorização legislativa
Vínculo com a Ad. Direta
Pertencem à administração indireta e são supervisionadas pelo órgão da administração direta responsável pela área de competência em que atua
Quadro de pessoal
EstatuárioProvido por
concurso
EstatuárioProvido por
concurso
Celetista provido por
concurso
Celetista provido por
concurso
Celetista provido por
concurso
Celetista provido por
concurso
Compras e contratos Lei 8.666 Lei 8.666 Lei 8.666 Lei 8.666 Lei 8.666 Lei 8.666
AutarquiaFundação
Pública Direito Público
Fundação Pública de
Direito PrivadoAssociação
Pública Empresa pública Sociedade de economia mista
Aprovação do orçamento LOA LOA
Se independente,
por decretoContrato de
rateioSe
independente, por decreto
Se independente,
por decreto
Imunidade tributária sim sim sim sim não não
Imunidade previdenciária Não se aplica Não se aplica Não não não não
penhora impenhorável impenhorável Penhora especial
impenhorável penhorável penhorável
precatório sim sim não não não
sistemas administrativos
Da Administração
Direta
Da Administração
Diretapróprios próprios próprios próprios
Controle interno e externo
sim sim sim sim sim sim
Consórcios Públicos: Fundamentos Legais
• Art. 241 da Constituição Federal de 1988: A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos.
Consagra a possibilidade de
celebração de consórcios com a
União
Município Estado União
Consórcios Públicos: Fundamentos Legais
• Lei Federal nº 11.107 de 2005: Disciplinou as normas gerais sobre a contratação de consórcios públicos para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
Atribui personalidade jurídica aos consórcios públicos: como associação pública ou como
pessoa jurídica de direito privado, logo podem diferenciar-se como consórcios públicos e consórcio público privados (Art. 1º, § 1º )
Consórcio Público
Associação pública
De Direito Público
Formas do Código Civil sem fins econômicos:
Associação ou Fundação
Entidade pública de Direito Privado
Os consórcios públicos, na área de saúde, deverão obedecer aos princípios, diretrizes e
normas que regulam o SUS (Art. 1º, § 3º )
Consórcios Públicos: Fundamentos Legais
• Decreto Federal nº. 6.017 de 2007: Estabeleceu normas para a execução da Lei Federal nº 11.107 de 2005.
Os consórcios públicos, ou entidades a eles vinculadas, poderão desenvolver
ações e serviços de saúde, obedecidos os princípios, diretrizes e normas pertinentes
Art. 10 da Lei Federal n.º 8.080 de 1990Os municípios poderão constituir consórcios para desenvolver em conjunto as ações e os serviços de saúde que lhes correspondam.& 1º Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais o princípio da direção única, e os respectivos atos constitutivos disporão sobre sua observância.
Modelo administrativo de atuação interfederativa do Poder Público
• Entidade publica criada em conjunto por dois ou mais entes federativos
• Finalidade: realizar atividades públicas e prestar serviços diretos à população dos
entes consorciados, em regime de mútua cooperação
• Personalidade jurídica própria, distinta de seus entes instituidores
• Sujeito a direitos e obrigações e dotado de autonomia administrativa
• Exerce competências públicas delegadas pelos entes instituidores
Consórcios Públicos: Modelo de Atuação
ASPECTO ADMINISTRATIVO ASSOCIAÇÃO PÚBLICA CONSÓRCIO PÚBLICO DE DIREITO PRIVADO
Forma de InstituiçãoCriado por Lei (Lei de ratificação do contrato de consórcio)
Criado por autorização legal (Lei de ratificação do contrato de consórcio) e inscrição do estatuto no Registro Civil de Pessoas Jurídicas
Finalidade e Competências
Pode exercer atividades privativas de estado
Não pode exercer atividades privativas de estado.
Origem dos RecursosContrato de rateio, doações, auxílio, contribuições e subvenções e receitas próprias
Contrato de rateio, doações, auxílio, contribuições e subvenções e receitas próprias
Estatuto Aprovado pela Assembleia Geral Aprovado pela Assembleia Geral
Vinculação Administrativa
Integra a Administração Pública Indireta dos entes consorciados
Integra a Administração Pública Indireta dos entes consorciados
Assembleia GeralComposta por representantes dos entes consorciados e presidida por Chefe de Governo
Composta por representantes dos entes consorciados e presidida por Chefe de Governo
ASPECTO ADMINISTRATIVO ASSOCIAÇÃO PÚBLICA CONSÓRCIO PÚBLICO DE DIREITO PRIVADO
Regime de Compras Obrigado a realizar licitação. Observa regras especiais autorizadas pela Lei 11.107/2005
Obrigado a realizar licitação. Observa regras especiais autorizadas pela Lei 11.107/2005
Regime de Pessoal Celetista, contratado por concurso Celetista, contratado por concurso
Pessoal Cedido Pode ter quadro de servidores estatutários cedidos pelos entes consorciados
Pode ter quadro de servidores estatutários cedidos pelos entes consorciados
Contratos por Tempo Determinado
Observa regras de contratação por tempo determinado dispostas no contrato de consórcio (Lei)
Observa regras de contratação por tempo determinado dispostas no contrato de consórcio (Lei)
Teto Remuneratório Teto remuneratório estabelecido no contrato de consórcio
Teto remuneratório estabelecido no contrato de consórcio
Incidência dos Limites da LRF
Despesas com pessoal contabilizadas junto das despesas dos entes consorciados
Despesas com pessoal contabilizadas junto das despesas dos entes consorciados
Autonomia OrçamentariaNão tem autonomia orçamentária visto que é mantido com recursos orçamentários dos entes consorciados
Não tem autonomia orçamentária visto que é mantido com recursos orçamentários dos entes consorciados
Regime Financeiro e Contábil
Observa regras de direito público estabelecidas pela STN/MF
Observa regras de direito público estabelecidas pela STN/MF
ASPECTO ADMINISTRATIVO ASSOCIAÇÃO PÚBLICA CONSÓRCIO PÚBLICO DE DIREITO PRIVADO
Assessoria jurídica Tem assessoria jurídica própria Tem assessoria jurídica própria
Controle interno e externo Submete-se ao controle interno e externo
Falência e penhorabilidade
Não está sujeito a falência e seus bens são impenhoráveis Está sujeito à falência e a penhora de bens
Imunidade tributária Goza de imunidade tributária Goza de imunidade tributária
Imunidade previdenciária
Não goza de imunidade previdenciária sobre sua força de trabalho celetista
Não goza de imunidade previdenciária sobre sua força de trabalho celetista
Sistemas administrativos Sistemas próprios Sistemas próprios
Relacionamento com a União Podem estabelecer convênios com a União Não podem estabelecer convênios com a
União
Garantir que o funcionamento do consórcio público atenda tanto aos critérios de racionalidade e otimização de recursos disponíveis, quanto amplie o acesso às ações e serviços
Trabalhar o consórcio como instrumento auxiliar na estruturação de redes e na solução de problemas específicos
Constituir consórcio público quando existirem reais perspectivas de melhor uso dos recursos públicos melhoria de cobertura
Estimular o planejamento prévio à constituição do consórcio como iniciativa para reforçar o Pacto entre os gestores envolvidos
Garantir que o consórcio observe os princípios, as regras e políticas do SUS.
Estimular a coincidência territorial entre o consórcio e a região de saúde.
Desafios
As fundações públicas adquirem personalidade jurídica com a inscrição da escritura pública de sua constituição no Registro civil de Pessoas Jurídicas, não se lhes aplicando a demais disposições do Código Civil concernentes às fundações (art. 5º, § 3º)
As fundações públicas são, portanto, de direito privado, mas NÃO DO CÓDIGO CIVIL, tendo regime jurídico próprio, não incidindo sobre elas o disposto nos arts. 62 a 69 do CC, nem os arts. 1.199 a 1.204 do CPC, sobre a organização e fiscalização das fundações.
Fundações Públicas
REFLEXÕES• É preciso avaliar com cuidado e escolher o mais adequado
para o contexto de cada estado e municípioTodos os modelos de arranjos jurídico-administrativos têm
vantagens e deficiências
• Quando a cartilha atrapalha, é preciso rever seu conteúdo (rever as regras do Direito Administrativo)
Não adianta “gastar conforme a cartilha” mas não produzir e gerar os
resultados esperados
• Objetivos e prioridades governamentais acabam se perdendo em discussões intermináveis sobre a letra da lei. Em um arcabouço legal desordenado “quem se aventura e faz” assume muita responsabilidade e fica sujeito à penalização
É preciso estancar a lógica de imobilismo e a “cultura do não-
fazer”
• Essa cultura vigente dentro e fora da administração gera a mentalidade de cerceamento e de criminalização do agente público, fechando um ciclo vicioso
As tantas e repetidas penalizações fomentam a natural desconfiança no gestor e no servidor público, que se consolida como uma cultura geral
• Comissões Intergestores: CIT, CIB e CIR
• Planejamento Regional Integrado/Contrato Organizativo da Ação Pública em saúde - COAP
• Programação Pactuada e Integrada - PPI
• Programação Geral de Ações e Serviços de Saúde -PGASS
Dispositivos que auxiliam a gestão compartilhada no SUS
Quais são as necessidades de saúde do usuários do SUS? E como será distribuição no território ?
O QUE deve ser ofertado em termos de ações e serviços individuais e coletivas?
QUANTO de cada tipo de serviço e ações deve ser ofertado?
Como e quem produzirá o quê? Quais os recursos financeiros necessários?
O PROCESSO DE CONTRATUALIZAÇÃO INTERFEDERATIVA
Como será garantido o acesso dos usuários?
Diretrizes do Planejamento Sanitário/ Mapa de Saúde
Sistema de Garantia de Acesso
Pactuação das políticas, responsabilidades e financiamento – Consenso Interfederativo
Programação Geral
RENASES e RENAME
Fragmentação da gestão e dos serviços, com insatisfação e descrédito dos usuários
Baixa capacidade gerencial e de diálogo entre gestores, gerentes, trabalhadores, usuários e órgãos de controle
Judicialização
Baixa capacidade de captação e fixação de profissionais capacitados, tanto no nível operacional quanto no nível estratégico
Competição entre entes federados por recursos e protagonismo
Excessiva normatização federal, com recursos financeiros distribuídos sem critérios uniformes e com transferência fragmentada
Financiamento insuficiente
Problemas que necessitam atenção urgente
Como fortalecer o pacto federativo tendo o cidadão como centro do sistema?
Como assegurar a integralidade através das redes, com foco no acesso do cidadão às ações e
serviços?
Como aumentar a resolutividade dos serviços?
Como captar mais recursos e financiar o sistema de forma solidária ?
Como fazer com que a Atenção Básica seja efetivamente ordenadora do cuidado ?
Como assegurar que a pactuação entre gestores resulte em benefícios palpáveis para a
cidadania?
Como instituir um processo de monitoramento e avaliação que auxilie na tomada de
decisão?
Algumas reflexões que permanecem
Apresentação organizada por:
• Wilma Miranda Tomé• João René de Mattos Filho
Referência técnica:
• Valéria Salgado
Neyde Glória GarridoCoordenadora-Geral de Contratualização Interfederativa
(61) [email protected]