considerações teóricas sobre a inteligência emocional

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Considerações teóricas sobre a Inteligência Emocional As vertiginosas transformações do mundo contemporâneo decorrentes de uma economia cada vez mais globalizada, ágil e voltada para a competição, e as constantes mudanças nas área política, económica, social e organizacional, estão progressivamente a influenciar as empresas a repensar a forma de lidar com os seus funcionários. É neste contexto que surge uma clara necessidade de reformulação dos conceitos básicos da gestão, nomeadamente através da mudança do conceito de pessoa, ou seja, que "o ser humano passe a ser visto novamente como "algo" com sentimento, e não simplesmente como um número ou um cargo numa organização" (J.R.Saviani). O que tem acontecido ultimamente é que na realidade, muitas organizações têm-se preocupado essencialmente com a reengenharia e outros aspectos afins e esquecem-se que nas suas organizações existem pessoas com sentimentos, percepções, ambições e desejos de serem compreendidos e considerados, nas quais é necessário investir. É neste contexto, e após alguns estudos sobre o assunto, que Daniel Goleman, num dos seus best-sellers, vem evidenciar que o conhecimento técnico não é garantia de sucesso empresarial, ou seja, os profissionais mais bem sucedidos não são aqueles que possuem o maior grau de inteligência ou conhecimento académico, mas sim aqueles que conseguem aliar esse conhecimento com a capacidade de iniciativa, empatia, trabalho em equipa, flexibilidade e liderança. Surge-nos então um conceito que vem contrariar as ideias formadas até ao momento, ou seja, a inteligência não se limita à razão, ao pensamento dito racional, claro e lógico como afirmava Descartes, mas é sim fundamental analisar qualquer questão com um nível adequado de emoção, ou seja, como refere Goleman "uma visão da natureza humana que ignore o poder das emoções é tristemente míope". Ainda dentro da ideia anterior, António Damásio, na sua obra "O erro de Descartes, emoção razão e cérebro humano", refere que a inteligência sem emoção pode tornar-se numa inteligência orientada para acções que não satisfaçam os mais elementares interesses da auto-preservação. Robert Coopper no seu livro "Inteligência emocional na empresa", define a inteligência emocional como a fonte primária da energia, autenticidade, aspiração e orientações humanas, que activa os nossos valores internos, transformando algo em que pensamos naquilo que vivemos. OBSERVAÇÃO: Documento disponível on-line em http://www.terravista.pt/nazare/4263/Intelig %C3%AAnciaEmocional.htm

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Considerações Teóricas Sobre a Inteligência Emocional

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Page 1: Considerações Teóricas Sobre a Inteligência Emocional

Considerações teóricas sobre a

Inteligência Emocional

 

As vertiginosas transformações do mundo contemporâneo decorrentes de uma economia cada vez mais

globalizada, ágil e voltada para a competição, e as constantes mudanças nas área política, económica,

social e organizacional, estão progressivamente a influenciar as empresas a repensar a forma de lidar

com os seus funcionários.

É neste contexto que surge uma clara necessidade de reformulação dos conceitos básicos da gestão,

nomeadamente através da mudança do conceito de pessoa, ou seja, que "o ser humano passe a ser

visto novamente como "algo" com sentimento, e não simplesmente como um número ou um cargo numa

organização" (J.R.Saviani).

O que tem acontecido ultimamente é que na realidade, muitas organizações têm-se preocupado

essencialmente com a reengenharia e outros aspectos afins e esquecem-se que nas suas organizações

existem pessoas com sentimentos, percepções, ambições e desejos de serem compreendidos e

considerados, nas quais é necessário investir.

É neste contexto, e após alguns estudos sobre o assunto, que Daniel Goleman, num dos seus best-

sellers, vem evidenciar que o conhecimento técnico não é garantia de sucesso empresarial, ou seja, os

profissionais mais bem sucedidos não são aqueles que possuem o maior grau de inteligência ou

conhecimento académico, mas sim aqueles que conseguem aliar esse conhecimento com a capacidade

de iniciativa, empatia, trabalho em equipa, flexibilidade e liderança.

Surge-nos então um conceito que vem contrariar as ideias formadas até ao momento, ou seja, a

inteligência não se limita à razão, ao pensamento dito racional, claro e lógico como afirmava Descartes,

mas é sim fundamental analisar qualquer questão com um nível adequado de emoção, ou seja, como

refere Goleman "uma visão da natureza humana que ignore o poder das emoções é tristemente míope".

Ainda dentro da ideia anterior, António Damásio, na sua obra "O erro de Descartes, emoção razão e

cérebro humano", refere que a inteligência sem emoção pode tornar-se numa inteligência orientada para

acções que não satisfaçam os mais elementares interesses da auto-preservação.

Robert Coopper no seu livro "Inteligência emocional na empresa", define a inteligência emocional como a

fonte primária da energia, autenticidade, aspiração e orientações humanas, que activa os nossos valores

internos, transformando algo em que pensamos naquilo que vivemos.

De um modo geral a inteligência emocional compreende as seguintes competências intrínsecas:

Competências pessoais (determinam a forma como nos gerimos a nós próprios)

Autoconsciência: Conhecer os estados interiores, preferências, impulsos e

recursos(consciência emocional, auto-estima e autoconfiança)

Auto-regulação: Saber gerir os estados interiores, impulsos e recursos (autocontrolo,

capacidade de transmitir confiança, ser fiel a princípios, adaptabilidade e inovação)

OBSERVAÇÃO: Documento disponível on-line em http://www.terravista.pt/nazare/4263/Intelig

%C3%AAnciaEmocional.htm

Page 2: Considerações Teóricas Sobre a Inteligência Emocional

Motivação: Tendências emocionais que facilitam o alcance de objectivos (empenho, iniciativa e

optimismo)

Competências sociais ( determinam a forma como nos relacionamos)

Empatia: consciência dos sentimentos e necessidades dos outros (compreender e contribuir

para o desenvolvimento dos outros, dominar a diversidade)

Aptidão: Capacidade para incutir respostas desejáveis nos outros (influência, comunicação,

gestão de conflitos, liderança, cooperação e capacidade de trabalho em equipa)

Repercussões do conceito de Inteligência Emocional na Gestão dos Recursos Humanos

O conceito de Inteligência Emocional veio de uma forma dinâmica, alterar os propósitos da

organização e fundamentalmente alertar os gestores de topo, para os perigos em se negligenciar os

aspectos humanos no trabalho.

Assim, alguns aspectos da Gestão de Recursos Humanos são fundamentais ter em conta, para evitar a

estagnação de muitas organizações :

Empatia: É fundamental ao Gestores colocarem-se no lugar do outro, sentindo inteiramente os

desejos, as preocupações, a alegria, a raiva e o medo, para se ter noção das necessidades alheias e

dessa forma contribuir para a sua motivação;

Liderança: A qualidade do sucesso na liderança depende da qualidade das habilidades pessoais

de se comunicar e da qualidade da relação durante o processo comunicativo. É pois necessário a

este nível, expressar os nossos objectivos com clareza, gerando dessa forma um clima de confiança,

com habilidade para influenciar a pessoa em causa. Daniel Goleman, refere em relação a este

aspecto que quanto mais alto se subir na escala da liderança, mais importantes se tornam os

aspectos da inteligência emocional, determinando, em muitos casos, os que são contratados ou

despedidos, e os que são promovidos ou não.

Criatividade: Trata-se de uma questão crucial e premente , o de assegurar que os trabalhadores

tenham autonomia suficiente para manifestarem os seus conhecimentos, pelo que deverá existir

uma atitude sinérgica e cooperante entre superior hierárquico e subordinado;

Decisão: Atendendo á noção de que uma boa decisão para o ser, tem que ter em conta não só o

aspecto racional mas também o emocional, é necessário da parte dos decisores, uma cuidada

reflexão interna e externa e auscultar todas as partes envolventes, de forma a garantir a maior

eficácia da decisão;

Mudança: No que concerne a este aspecto é preciso lembrar o aspecto racional e o emocional,

ou seja, o racional é todo o conhecimento que precisa ser transmitido e os argumentos da mudança,

por outro lado, o emocional é aquele que faz com que as pessoas efectivamente fiquem

sensibilizadas e partam para a acção, e dessa forma entendam a mudança como necessária ás suas

vidas;

OBSERVAÇÃO: Documento disponível on-line em http://www.terravista.pt/nazare/4263/Intelig

%C3%AAnciaEmocional.htm

Page 3: Considerações Teóricas Sobre a Inteligência Emocional

Carreiras: A importância dos relacionamentos para tornar as carreiras mais dinâmicas é

indiscutível. As informações precisam de ser compartilhadas por todos os que desejam "sentir o que

a empresa sente", e para que isso ocorra é necessário que a comunicação seja perfeita.

No entanto, é necessário também ter a noção que possuir um alto grau de inteligência emocional

não é condição sine qua non para o sucesso na execução da sua função, mas sim que se possui um

bom potencial para o adquirir.

Numa época de turbulência, em que as perspectivas para o futuro dependerão cada vez mais da

condução dos nossos relacionamentos, é fundamental a adopção de uma visão estratégica com forte

predominância humana.

"Da mesma forma como ficaram à margem da história e da evolução os que optaram pelo analfabetismo

racional, na virada da era industrial, os que optarem agora pelo analfabetismo emocional, amargarão a

posição de perdedores".

Robert Cooper, in Inteligência Emocional na Empresa

 

BIBLIOGRAFIA

"Inteligência Emocional"------------------------------------------------------------------------------------------Daniel Goleman

"Trabalhando com Inteligência Emocional"----------------------------------------------------------------------Daniel

Goleman

"A Inteligência Emocional na Empresa"--------------------------------------------------------------------------Ayman

Sawaf, Robert k. Cooper, Ph.D

"O Erro de Descartes"--------------------------------------------------------------------------------------------António Damásio

 

OBSERVAÇÃO: Documento disponível on-line em http://www.terravista.pt/nazare/4263/Intelig

%C3%AAnciaEmocional.htm