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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS DE GOVERNO ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ORÇAMENTO PÚBLICO II CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ORÇAMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS CONSIDERAÇÕES E REFLEXÕES SOBRE UM PLANO DE AVALIAÇÃO E SUAS CONSEQÜÊNCIAS PARA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA MARCELO DE OLIVEIRA MIRANDA Brasília 2007

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS DE GOVERNO ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ORÇAMENTO PÚBLICO

II CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ORÇAMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS

CONSIDERAÇÕES E REFLEXÕES SOBRE UM PLANO DE AVALIAÇÃO E SUAS CONSEQÜÊNCIAS PARA A

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

MARCELO DE OLIVEIRA MIRANDA

Brasília 2007

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS DE GOVERNO

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ORÇAMENTO PÚBLICO II CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ORÇAMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS

CONSIDERAÇÕES E REFLEXÕES SOBRE UM PLANO DE AVALIAÇÃO E SUAS CONSEQÜÊNCIAS PARA A

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

MARCELO DE OLIVEIRA MIRANDA

Brasília 2007

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MARCELO DE OLIVEIRA MIRANDA

CONSIDERAÇÕES E REFLEXÕES SOBRE UM PLANO DE AVALIAÇÃO E SUAS

CONSEQÜÊNCIAS PARA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Monografia apresentada como requisito à obtenção do título de Especialista em Orçamento e Políticas Públicas do Programa de Pós-Graduação do Núcleo de Pesquisas em Políticas Públicas da Universidade de Brasília e a Associação Brasileira de Orçamento Público - ABOP.

Orientador: Prof. Dr. Paulo du Pin Calmon

Co-orientador: Prof. Nagib Abdala Filho

Brasília - 2007

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MARCELO DE OLIVEIRA MIRANDA

CONSIDERAÇÕES E REFLEXÕES SOBRE UM PLANO DE AVALIAÇÃO E SUAS CONSEQÜÊNCIAS PARA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Monografia apresentada como requisito à obtenção do título de Especialista em Orçamento e Políticas Públicas do Programa de Pós-Graduação do Núcleo de Pesquisas em Políticas Públicas da Universidade de Brasília e a Associação Brasileira de Orçamento Público - ABOP.

Aprovada em ____/______/______

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________ Prof. Dr. Paulo du Pin Calmon (ORIENTADOR)

Universidade de Brasília

___________________________________________

Prof. Nagib Abdala Filho (CO-ORIENTADOR)

Associação Brasileira de Orçamento Público

4

AGRADECIMENTOS

Ao Diretor do Departamento de Articulação Tecnológica, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Professor José Rincon Ferreira, por exercer, na minha vida profissional, o papel de verdadeiro mestre.

Aos meus amigos e familiares, que fizeram parte da minha formação profissional e

pessoal, conduzindo-me com seus conselhos e exemplos. Aos meus pais, que apesar de todas as dificuldades enfrentadas, não mediram

esforços para me proporcionar oportunidades de crescimento pessoal e profissional. Aos meus dois filhos, Giovanna e Guilherme, que têm sido fonte de muitas

alegrias. À minha esposa, que sempre esteve ao meu lado, estimulando-me a sempre

prosseguir para alcançar meus sonhos profissionais. Ao Senhor meu Deus, que com Sua magnífica graça, tem me abençoado e me

conduzido.

5

Porque eu, o Senhor, teu Deus, te tomo

pela tua mão direita e te digo: Não temas,

que eu te ajudo.

(Isaías 41.13)

6

RESUMO

Sabe-se que, a cada dia, as necessidades da sociedade por bens e serviços públicos

têm aumentado consideravelmente. Sabe-se também que os recursos orçamentários existentes

para provê-los, a cada ano, tornam-se mais escassos.

Diante dessa situação, e imbuído da responsabilidade existente em suas funções

alocativa, distributiva e estabilizadora, o Estado vem encontrando obstáculos na trajetória para

o alcance de seus objetivos mais fundamentais.

Nessa trajetória, é imprescindível o acompanhamento dos resultados, para que

intervenções possam ser realizadas, capazes de proporcionar a confirmação ou o

realinhamento das ações. Assim, torna-se possível o aprimoramento das políticas públicas, na

satisfação e na participação de seus clientes (a sociedade).

Este trabalho apresenta argumentos teóricos e considerações sobre uma ferramenta

administrativa capaz de proporcionar melhores resultados às práticas de gestão dos recursos

orçamentários. Um estudo de caso é apresentado e discutido como exemplo prático de

desenvolvimento de um plano avaliativo de gestão de recursos orçamentários.

7

ABSTRACT

It is well known that the demands of society for goods and services in the public

sector increase daily. It is also well known that the existing economic resources to provide

such demands become more scarce as years go by.

In such a context, and considering its allocative, distributive and stabilizing

functions, the State finds several obstacles in order to achieve its most fundamental aims.

It is mandatory that the State promotes an effective follow up examination of

results so that interventions can be made which are able to confirm or change a plan of action.

In doing so, it will be possible to improve the public policies aiming at providing satisfactory

services to society.

The purpose of this work is to present some theoretical considerations about a

managing tool able to provide better results related to the administration of public financing

resources. A case study is presented and discussed drawing on the work of Raupp e Reichle

(2003).

8

ABREVIATURAS

MDIC: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

TIC: Tecnologia da Informação e Comunicação

TIN: Telecentros de Informação e Negócios

PPA: Plano Plurianual

LDO: Lei de Diretrizes Orçamentária

LOA: Lei Orçamentária Anual

UF: Unidade da Federação

TCU: Tribunal de Contas da União

ME: Microempresa

EPP: Empresa de Pequeno Porte

SEBRAE: Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

DEART: Departamento de Articulação Tecnológica

CGU: Controladoria Geral da União

PIAP: Plano Integrado de Avaliação de Políticas Públicas

9

SUMÁRIO

Agradecimentos 3

Resumo 5

Abstract 6

Lista de abreviaturas e siglas 7

Capítulo I:

Contextualizações que destacam a importância da Avaliação Administrativa 13

Capítulo II:

Apresentação do Projeto Telecentros de Informação e Negócios (TIN) 18

Capítulo III:

Considerações sobre o Plano de Avaliação do Projeto TIN 26

Considerações Finais 39

Conclusão 42

Referências 44

Glossário 47

Anexos:

ANEXO A - Quadro Resumo do Projeto TIN 51

ANEXO B - Quadro Resumo do Desenho de Avaliação 56

ANEXO C - Fluxograma do Projeto TIN 58

10

APRESENTAÇÃO

Diariamente, a Administração Pública tem vivido, na prática, uma das premissas

da economia: a escassez dos recursos para atender as demandas ilimitadas. Dessa maneira, os

gestores públicos têm-se deparado com o seguinte questionamento: o que fazer diante de uma

situação em que as necessidades são cada vez maiores e os recursos para atendê-las cada vez

mais escassos? Essa pergunta pode ter sua resposta fundamentada sob vários aspectos. Entre

eles, destaca-se o que diz respeito ao aprimoramento da gestão das políticas públicas.

Diante da crise fiscal, da revolução gerada pelas tecnologias de informação e

comunicação, do crescimento em escala dos problemas vividos por uma sociedade civil mais

organizada, do descrédito e da deterioração dos serviços públicos prestados à sociedade, das

privatizações e terceirizações, da integração de mercados e da globalização financeira,

diversos países, percebendo suas precariedades estruturais, iniciaram um processo de

profunda reestruturação do setor público.

No Brasil, mais recentemente, a expressão “Choque de Gestão” tem sido bastante

utilizada, guardando sempre uma relação direta com cortes nos gastos públicos. Essa ação

vem sendo apresentada como uma solução para várias das problemáticas enfrentadas pela

Administração Pública brasileira.

Deve-se estar atento para não se deixar levar pela tentação de simplificar a análise

dessas situações, de forma a se imaginar uma solução imediata e precária. É, no mínimo,

sensato questionar o paradoxo de se tentar a racionalização dos gastos públicos, mantendo-se

um contexto no qual o orçamento é sancionado durante o seu próprio exercício financeiro, e a

11

política de avaliação dos gastos é voltada, geralmente, para a execução orçamentária e a

realização de produtos.

Na verdade, existem outras funções que devem ser consideradas em uma proposta

estruturada de reforma. A solução deve abranger todas as funções da Administração:

planejamento, organização, direção e controle. Essa última fundamenta-se no

acompanhamento da execução, realização de produtos e alcance de resultados. O

acompanhamento deve ser realizado no escopo de um plano de avaliação que vá além da

observação do cumprimento das legislações, execução da previsão orçamentária, geração de

produtos estimados. Embora essas etapas do monitoramento sejam importantes para o

acompanhamento da execução do orçamento brasileiro, o ponto fundamental a ser verificado

é o alcance da solução para o problema que deu origem à determinada política pública. Nesse

caso, o que importa, não é somente a execução dos insumos, a geração dos produtos, mas,

principalmente, o alcance da solução do problema. Todos esses são pontos que devem ser

medidos e analisados em uma estrutura avaliativa.

12

ESTRUTURA DO TRABALHO

Mais do que um instrumento de fiscalização externa, a avaliação precisa ser vista

como ferramenta de gestão e cidadania, capaz de promover melhoria na administração dos

recursos públicos, qualidade dos serviços prestados, alcance de resultados e o

acompanhamento da implementação das ações de governo.

Este trabalho de pesquisa busca trazer para o campo da discussão teórica, a

avaliação como instrumentos de melhores práticas para a gestão de recursos orçamentários.

Trata-se de uma pesquisa documental que apresentará, com essa perspectiva, pontos relativos

à administração, à escassez de recursos, ao papel do Estado, ao orçamento público como fonte

de recursos para realização das políticas públicas. Também apresentará alguns comentários a

partir de uma proposta prática para o desenvolvimento do plano de avaliação do Projeto

Telecentros de Informação e Negócios.

Nesse contexto, este trabalho está estruturado da seguinte maneira: em seu

primeiro capítulo, fará contextualizações que destacam a importância da avaliação

administrativa como valiosa ferramenta para monitoramento das atividades planejadas e

avaliação dos resultados obtidos. Portanto, serão apresentados pontos relativos às funções de

Estado, ao orçamento público, ao princípio econômico da escassez, à administração e à

avaliação.

O objetivo do capítulo 1, portanto, é o de apresentar temas que viabilizam a

contextualização e completam a argumentação sobre a importância do desenvolvimento e

implantação de um sistema de avaliação das políticas públicas implementadas com recursos

cada vez mais escassos, para atender a necessidades cada vez maiores da sociedade.

13

O segundo capítulo apresenta o projeto Telecentros de Informação e Negócios

(TIN), suas parcerias e seus números.

O terceiro capítulo aborda algumas considerações importantes para o

desenvolvimento do desenho de avaliação do projeto TIN. Elas trarão aspectos que dizem

respeito aos objetivos da avaliação, metodologia a ser utilizada, perguntas da avaliação,

desenho de avaliação, indicadores de desempenho, métodos e procedimentos para coleta de

dados, métodos e procedimentos estatísticos da análise de dados, detalhamento do custo,

relatório final, estratégias de divulgação dos resultados, estratégias de implantação e execução

do plano.

Finalmente, serão apresentadas as conclusões onde ficarão demonstrados alguns

dos complicadores encontrados na elaboração e implantação de um desenho de avaliação.

14

CAPÍTULO I

CONTEXTUALIZAÇÕES QUE DESTACAM A IMPORTÂNCIA DA

AVALIAÇÃO ADMINISTRATIVA

INTRODUÇÃO

Vários estudiosos como Adam Smith, Locke, Durkheim, Max, Weber e Keynes

desenvolveram teorias que tratam do papel do Estado diante das necessidades da sociedade.

Numa tentativa de se resumir os conceitos já estabelecidos, chega-se às funções alocativa,

distributiva e estabilizadora.

De forma bem sintetizada, pode-se dizer que o Estado é responsável pela

organização e segurança na vida do cidadão, possibilitando a estabilidade e proporcionando o

bem comum, utilizando-se da política fiscal, regulatória e monetária.

Observando a Constituição Federal brasileira, verifica-se que, em seu texto, há

descrição não da totalidade dos objetivos do Estado brasileiro, mas dos objetivos

fundamentais: construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento

nacional; erradicar a pobreza e a marginalização, reduzir as desigualdades sociais e regionais;

e promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e de outras

formas de discriminação (art. 3º, CF).

15

1. CONTEXTUALIZAÇÃO

O Estado representa uma grande estrutura, objetivando servir à sociedade na busca

de seu bem-estar, não representando, de forma alguma, um fim em si. Para tanto, alinhado a

esse fim com o objetivo de servir à sociedade, desenvolve-se o processo orçamentário.

Os primeiros orçamentos denominados tradicionais enfatizavam os gastos

independentes de qualquer tipo de planejamento. Posteriormente, desenvolveu-se o chamado

orçamento-programa, que contém atividades, projetos e programas com metas e objetivos a

serem cumpridos no exercício. O programa representa o módulo integrador do planejamento

com orçamento, possuindo as chamadas operações orçamentárias (projetos e atividades) e

operações especiais.

Atualmente, o que se tem buscado é o orçamento focado nos resultados, pois se

acredita que a simples execução orçamentária não garanta o alcance dos objetivos, ou seja,

pode-se executar o orçamento e, ainda assim, a sociedade não ser atendida da melhor forma

possível.

Nesse contexto, percebe-se que a implantação de políticas de acompanhamento

que permitam a realização de confirmações ou ajustes na trajetória traçada para

implementação das políticas públicas é fundamental, pois possibilitará e confirmará o alcance

dos objetivos estabelecidos.

O orçamento público desempenha um papel importante para o Estado, pois a

operacionalização das políticas públicas depende da elaboração, aprovação e execução do

orçamento. É nele que o Poder Executivo prevê a arrecadação de receitas e fixa a realização

de despesas para o período de um ano.

16

A soma das arrecadações representa os recursos financeiros, que serão previstos

no orçamento, para que o Estado cumpra suas funções diante da sociedade. O fato irrefutável

é que esses recursos são escassos e, assim, a escassez, que é um fundamento da ciência

econômica, o qual trata do conflito entre recursos e necessidades humanas, passa a fazer parte

da relação do Estado com a sociedade.

Nesse cenário, no qual se tem como principal provedor o Governo Federal e como

demandante a sociedade brasileira, percebe-se um desequilíbrio estrutural, mantido em função

da escassez dos recursos do Governo Federal frente à crescente necessidade da população

brasileira. Essa problemática, que acarreta uma oferta de bens e serviços públicos limitada e

insuficiente, pode ser agravada pela imperícia gerencial na destinação e implementação dos

recursos públicos.

Os gestores públicos, dessa maneira, devem buscar a eficiência, a eficácia e a

efetividade na implementação dos recursos alocados, visando, principalmente, a alcançar os

resultados esperados.

O ato de gerenciar ou reger negócios públicos ou particulares é composto das

funções de planejamento, organização, direção e controle, formando um processo cíclico,

dinâmico e interativo. Ele é exercido pelos administradores, que são essenciais a todas

organizações dinâmicas e bem-sucedidas, pois assim devem planejar, organizar, dirigir e

controlar as operações do negócio de suas instituições.

É sempre bom relembrar que as organizações existem para alcançar objetivos e

gerar resultados. Não devem ser um fim em si próprias. Suas estruturas devem ser

desenvolvidas visando aos seus objetivos e resultados. Assim, o desempenho institucional

pode ser auferido a partir da medição, isto é, da avaliação do alcance dos resultados

pretendidos, o que ocorre com a implementação da função denominada controle. Essa função

17

tem como finalidade o acompanhamento e execução da ação, para que o resultado obtido seja

o mais próximo possível do planejado, guiando a atividade executada para um fim

previamente estabelecido.

Portanto, o processo de observar, medir, analisar e interpretar os resultados

atingidos é fundamental na prática da gestão. O sistema de avaliação deve englobar o

monitoramento das atividades planejadas e a avaliação dos resultados obtidos com a

implementação da respectiva ação governamental.

Michael Scriven (1996 apud RAUPP; RECHLE, 2003) divide o processo de

avaliação em duas fases: formativa e somativa.

Avaliação formativa é realizada ao longo da implementação de um projeto,

objetivando medir o progresso em relação aos objetivos estabelecidos. Examina os processos,

buscando a melhoria da eficácia e efetividade da ação. Essa atividade pode ser exercida pela

própria equipe do projeto ou por avaliadores externos.

Já a avaliação somativa é executada ao fim da implementação de um projeto,

apresentando os resultados obtidos e o impacto gerado. Sua execução deve ser realizada por

avaliadores externos.

Além das já citadas, a avaliação pode receber outros tipos de classificação

(COHEN, 2004, p. 108-117):

- em função do momento em que é realizada: ex-ante e ex-post;

- em função de quem realiza: interna, externa, mista e participativa;

- em função da escala dos projetos: grandes e pequenos;

18

- em função dos destinatários da avaliação.

Este trabalho abordará a avaliação, considerando a classificação de Michael

Scriven (1996 apud RAUPP; RECHLE, 2003) (formativa e somativa) e enfatizará a

importância do sistema de avaliação como ferramenta gerencial, deixando de ser entendido e

aplicado apenas como parte da prestação de contas, passando a compor o processo de

modernização da gestão pública brasileira.

É valiosa a observação de que o uso das informações geradas por um sistema de

avaliação pode não ser apenas instrumental, dando suporte às decisões para busca de solução

dos problemas identificados, mas também simbólico, apoiando conflitos, os quais podem ser

gerados por grupos de oposição ao projeto, programa, órgão, município, estado, país ou bloco

econômico.

Vale lembrar que há diferentes “racionalidades” na formulação e implementação

das políticas públicas. Elas podem se dar com argumentações políticas ou técnicas. É

interessante atentar para essa situação, pois, muitas vezes, os protagonistas das políticas

públicas (de acordo com os ideais de seus respectivos grupos) desconsideram uma ou outra

vertente. Vale realçar que, embora as decisões realizadas no âmbito da Administração Pública

ocorram em um contexto político, deve-se trabalhar para que elas possam, sempre que

possível, estar apoiadas em suportes técnicos e que a avaliação é imprescindível para a

efetivação desse suporte.

“A arte da boa condução econômica é estender ao máximo o limite da esfera

técnica de decisão”. “É preciso esticar a racionalidade técnica – o que a Escola de Frankfurt

chamaria racionalidade instrumental – ao seu limite” (ARIDA 1987, p. 128).

19

CAPÍTULO II

APRESENTAÇÃO DO PROJETO TELECENTROS

DE INFORMAÇÃO E NEGÓCIOS (TIN)

2. PROJETO TELECENTROS DE INFORMAÇÃO E NEGÓCIOS (TIN)

Os conceitos expostos no capítulo anterior buscam realçar a necessidade de se

realizar avaliações administrativas como ferramentas para melhor utilização dos recursos

orçamentários e escassos do Poder Público.

Certo da necessidade de se medir os resultados alcançados pelo projeto

Telecentros de Informação e Negócios (TIN), o Departamento de Articulação Tecnológica, do

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior decide desenvolver um

sistema de avaliação do projeto, implementado pelo referido Departamento.

O projeto TIN nasceu no Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de

Pequeno Porte e teve seu primeiro Telecentro implantado no ano de 2001 (Gráfico 1).

Tratando-se inicialmente da relevância das Tecnologias de Informação e

Comunicação (TICs), observa-se que, nos últimos tempos, com o avanço tecnológico e do

processo de globalização vivenciados em todo o mundo, a inclusão digital passou a ser

estratégica para o desenvolvimento social e econômico de uma nação. Sua ausência, no rol

das políticas públicas de um governo, pode aumentar ainda mais o fosso que separa os países

desenvolvidos daqueles em desenvolvimento.

20

O fato é que a exclusão digital representa exclusão à informação, ao

conhecimento, ao mundo de oportunidades que são geradas mediante o acesso às TICs. Na

prática, representa exclusão a meios que proporcionam o desenvolvimento de um indivíduo,

de uma classe e de uma nação.

De acordo com pesquisa de 2005 divulgada pelo Comitê Gestor da Internet no

Brasil, o país ocupa a 64ª posição do ranking global de acessos a Internet, ficando atrás do

Uruguai, Argentina e Chile. Nessa pesquisa, verificou-se também que 54,79 % dos brasileiros

nunca utilizaram o computador.

Um dos desafios de nosso país é ampliar o acesso e a possibilidade de

incorporação das tecnologias ao mercado de trabalho e às cadeias produtivas, habilitando os

empresários a atenderem às crescentes e exigentes demandas do mundo contemporâneo,

tecnologicamente desenvolvido e economicamente globalizado.

Pode-se constatar, em pesquisas já realizadas (IBGE, 2004; SEBRAE, 2005), que

92% das Microempresas (MEs) e Empresas de Pequeno Porte (EPPs) não têm acesso às TICs

e que as MEs e EPPs representam 98% das empresas brasileiras em funcionamento e

englobam cerca de 80% da força de trabalho do país.

Diante do elevado índice de exclusão digital das MEs e EPPs, da importância

dessa classe empresarial para economia do país e da crescente necessidade que ela possui de

buscar melhoria no nível de eficiência e competitividade, nasce o projeto Telecentros de

Informação e Negócios.

O projeto TIN é uma política pública constante do PPA 2004/ 2007 que visa a

estimular a inserção das MEs e das EPPs na economia da informação e do conhecimento,

fortalecendo-as e proporcionando-lhes novas oportunidades de negócios. Esse projeto é

21

coordenado pelo Departamento de Articulação Tecnológica, da Secretaria de Tecnologia

Industrial, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Sua

equipe técnica possui como missão a implantação, a estruturação e a consolidação da Rede de

Telecentros de Informação e Negócios.

O conceito de Telecentros utilizado no escopo do projeto é o de ambiente

informativo e educativo, propício ao compartilhamento e a transferência de conhecimentos e

informações tecnológicas. Os Telecentros de Informação e Negócios são valiosos

instrumentos para facilitar a realização de negócios com o uso do computador e da Internet e

para promover ações de fortalecimento das MEs e as EPPs, contribuindo, assim, para o

desenvolvimento da comunidade local.

Vale destacar que a efetivação da inclusão digital proporciona a oportunidade de

exercício da cidadania e fortalecimento empresarial. Portanto, é imprescindível constar das

políticas públicas para o desenvolvimento de um país.

Para alcançar seus objetivos, o projeto possui como principais estratégias de

implementação a oferta de microcomputadores (infra-estrutura), a capacitação de recursos

humanos direta (Gestores, Educadores e Multiplicadores) e indireta (MEs e EPPs), a

identificação, produção e disseminação de conteúdos de interesse das MEs e EPPs, o acesso a

serviços e a oportunidades de realização de negócios.

O ambiente desenhado para um Telecentro de Informação e Negócios possui dez

microcomputadores ligados a um terminal server e tem como público-alvo as MEs e as EPPs.

Esse ambiente é administrado por um profissional denominado Gestor e possui também um

Educador, que orienta os microempresários e os empresários de pequeno porte nas ações de

inclusão digital desenvolvidas nos Telecentros. De acordo com a realidade de cada instituição

sede, essas atividades de gestão e orientação podem ser exercidas pelo mesmo profissional.

22

Os computadores, em sua grande maioria, não são equipamentos novos e

comprados, mas, sim, usados, revisados e doados por instituições como a Caixa Econômica

Federal, Banco do Brasil e o Banco da Amazônia. No todo, são mais de 100 instituições que

atuam em parceria com o MDIC na implantação, estruturação e consolidação da Rede TIN.

As ações decorrentes dessas parcerias vão desde o fornecimento de equipamentos,

passando pela disponibilidade de recursos econômicos e financeiros, pela produção e

disseminação de conteúdos de informação e negócios, chegando até a oferta de crédito para as

MEs e EPPs.

Dados levantados durante esta pesquisa revelam que, em 2006, no âmbito da

atuação do projeto, foram capacitados 614 colaboradores (Gestores, Educadores e

Multiplicadores), realizados mais de 110.000 acessos ao Portal TIN e implantadas 1.198

novas unidades. Os 11.980 microcomputadores foram entregues no período equivalente a 8

meses, em função de restrição legal imposta pela Justiça Eleitoral, impedindo a distribuição

dos equipamentos por quatro meses relativos ao ano de 2006. Observa-se que, para implantar

o mesmo número de unidades com equipamentos novos (orçados no valor de R$ 1.400,00 –

preço estimado de cada microcomputador no escopo do programa “Computador para Todos”

em 31 de dezembro de 2006), seriam necessários mais de R$ 16 milhões. Vale ressaltar que,

em 2006, foram alocados no projeto Telecentros de Informação e Negócios o valor

orçamentário de R$ 1 milhão apenas.

23

Cadastramento de Telecentros de Informação e Negócios

2 25 56155

1501

1198

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Ano

Núm

ero

de T

IN im

plan

tado

s

Gráfico 1. Processo de Cadastramento (Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).

Atualmente, o projeto possui mais de 2.600 unidades implantadas (somadas às

unidades associadas – redes já existentes que se aliaram ao projeto no esforço de incluir

digitalmente as MEs e EPPs, tornando-se TIN). Esse número representa mais de 20 mil

computadores, ou seja, mais de 20 mil portas de acesso à informação, elemento fundamental

para o desenvolvimento de um país.

O alcance dessa marca poderia ter representado aos cofres públicos a utilização de

mais de R$ 30 milhões de recursos orçamentários, considerando-se, nesse cálculo, somente os

gastos relativos à compra de equipamentos (caso o projeto utilizasse somente

microcomputadores novos na implantação dos Telecentros).

Além disso, essa ação governamental dá utilidade pública ao descarte tecnológico

de algumas instituições de grande porte na economia nacional. Assim, computadores usados e

revisados têm proporcionado a inclusão digital do Brasil.

24

Os Telecentros de Informação e Negócios estão presentes em todas as Unidades

da Federação – UFs (Quadro 1) e, como já mencionado, possui mais de cem instituições

parceiras que apóiam sua implementação, isso sem considerar as instituições que sediam os

Telecentros.

REGIÕES/ ESTADOS FUNCIONANDO EM INSTITITUIÇÕES CIVIS

FUNCIONANDO EM INSTITUIÇÕES

MILITARES

NORTE 196 21

Rondônia 19 2

Acre 24 3

Amazonas 46 7

Roraima 2 2

Pará 35 5

Amapá 3 2

Tocantins 67 0

NORDESTE 473 32

Maranhão 49 2

Piauí 22 3

Ceará 55 3

Rio Grande do Norte 26 4

25

Paraíba 152 2

Pernambuco 36 11

Alagoas 48 1

Sergipe 8 1

Bahia 77 5

SUDESTE 633 43

Minas Gerais 421 12

Espírito Santo 52 1

Rio de Janeiro 47 20

São Paulo 113 10

SUL 382 28

Paraná 178 9

Santa Catarina 142 5

Rio Grande do Sul 62 14

CENTRO-OESTE 275 8

Mato Grosso do Sul 40 2

Mato Grosso 17 1

26

Goiás 191 3

Distrito Federal 27 2

TOTAL BRASIL 1.959 132

TOTAL GERAL BRASIL 2.091

Quadro 1. Distribuição geográfica dos TINs em novembro de 2006 (Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior)

Verifica-se, na Tabela 1, a última coluna que diz respeito à existência de 132

Telecentros implantados em Organizações Militares. Essa é uma iniciativa que visa a dar a

oportunidade da inclusão digital aos jovens de perfil sócio-econômico carente e em regime de

prestação de serviço militar obrigatório. Dessa forma, eles terão melhores possibilidades para,

mais tarde, buscarem um lugar no mercado de trabalho, podendo, ainda, transformarem-se em

difusores das TICs em suas localidades. Busca-se, portanto, levar capacitação para esses

jovens que, em muitos casos, serão os funcionários das MEs e EPPs de sua região.

Agora, após compreender um pouco melhor o projeto, pode-se seguir para as

considerações sobre a proposta de desenvolvimento do plano de avaliação para o projeto

Telecentros de Informação e Negócios (TIN), coordenado pelo Departamento de Articulação

Tecnológica, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

27

CAPÍTULO III

PLANO DE AVALIAÇÃO DO PROJETO TIN

3. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ACERCA DA AVALIAÇÃO DO PROJETO TIN

Tendo em vista a importância da avaliação administrativa para a melhor gerência

dos recursos públicos, o alcance dos objetivos, a abrangência nacional do projeto TIN e a

heterogeneidade de seu público-alvo, este capítulo se propõe a apresentar algumas

considerações que devem ser observadas no desenvolvimento de um plano de avaliação para o

projeto Telecentros.

Buscando facilitar o entendimento das considerações sobre o desenho de avaliação

do projeto TIN, a atuação do projeto será dividida nas seguintes atividades: Habilitação,

Implantação, Capacitação e Informação. Essas considerações serão realizadas a partir de

alguns pontos existentes na estrutura de plano de avaliação proposto pelas autoras Raupp e

Reichle (2003, p. 58-64). Cabe ressaltar que os objetivos da avaliação TIN são monitorar a

operação e os produtos e medir os resultados e a efetividade proporcionados pela atuação do

projeto. Para tanto, cada atividade gerará um grupo de dados distintos.

28

3. 1 ATIVIDADES

3.1.1 Habilitação

A Habilitação produzirá aqueles que dizem respeito ao número e distribuição

geográfica das propostas apresentadas durante a fase de recepção, complementação de

documentação e habilitação;

3.1.2 Implantação

A Implantação apresentará dados relativos à disponibilidade e entrega de

equipamentos – por parte dos parceiros fornecedores de Personal Computer (PC), preparação

de infra-estrutura e início de atividades nos Telecentros – por parte das instituições

interessadas em sediar um Telecentro;

3.1.3 Capacitação

Já a Capacitação trará dados relativos ao treinamento de colaboradores, das MEs,

das EPPs e da comunidade local.

3.1.4 Informação

A Informação fornecerá dados sobre a oferta de serviços às MEs, às EPPs e à

comunidade local no ambiente dos Telecentros, acesso a oportunidades de negócios via web,

quantidade de pesquisas realizadas nas ferramentas de busca do site do Projeto e o número de

acessos ao Portal TIN.

29

Além desses, pode-se criar um grupo de dados denominado aqui “cesta digital”. A

utilização dessa “cesta” pelas MEs e EPPs representará a sua inclusão digital. Esse grupo de

dados pode ser composto do seguinte modo:

a. Números extraídos das MEs e EPPs usuárias dos Telecentros: páginas web

desenvolvidas nos Telecentros, vagas de emprego ofertadas na Internet;

b. Números extraídos das MEs e EPPs instaladas em localidades onde há um Telecentro:

aumento do número de computadores em seus estabelecimentos, incremento no número

de MEs e EPPs que utilizam o computador, no mínimo, cinco horas por semana,

incremento da capacitação profissional via PCs, realização de negócios, marketing,

organização e gestão empresarial via computador, aumento do macro indicador de

inclusão digital da localidade, aumento do uso da Internet. A criação dessa “cesta” será

fundamental para a verificação do cumprimento do objetivo do Projeto (incluir

digitalmente as MEs e EPPs). Em relação aos dados gerados nas atividades de

Habilitação e Implantação é valiosa a observação de se acrescentar às informações de

cada Estado o número de habitantes, o IDH, o PIB e o número de municípios existentes.

c. Números extraídos das localidades onde há um Telecentro: utilização de prestação de

serviços.

1) HABILITAÇÃO:

Número e distribuição geográfica das propostas;

Número de instituições habilitadas;

Quantidade de instituições que faltam complementar documentação;

30

Número de instituições habilitadas e com exigências documentais atendidas, mas sem

receberem equipamentos.

2) IMPLANTAÇÃO:

Disponibilidade de equipamentos;

Entrega de equipamentos;

Quantidade de máquinas distribuídas;

Preparação de infra-estrutura;

Telecentros em funcionamento.

3) CAPACITAÇÃO:

Número de Gestores, Educadores e Multiplicadores treinados;

Número de MEs e EPPs capacitadas;

Número de outras pessoas capacitadas na comunidade local.

4) INFORMAÇÃO:

Número de serviços prestados às MEs e às EPPs;

Número de serviços prestados à outros segmentos da comunidade;

Número de MEs e EPPs atendidas;

Número de outros segmentos da comunidade local atendidos;

Quantidade de acessos à ferramenta de busca do site;

Número de acessos ao Portal TIN.

Quadro 2. Verificação de produtos (Fonte: próprio autor).

31

3.2 PROPOSTA DE ROTEIRO

A partir do modelo apresentado por Raupp e Reichele (2003), neste tópico, serão

realizadas algumas ponderações, visando sua aplicação à proposta de roteiro para o

projeto TIN.

3.2.1 Metodologia a ser utilizada

O primeiro ponto especificado pelas autoras diz respeita à abordagem

metodológica a ser utilizada durante o plano de avaliação. A escolha deve ser explicada pelo

avaliador de forma clara, apresentando quais as vantagens em relação a outras metodologias e

a especificidades do projeto avaliado.

3.2.2 Perguntas da avaliação

Para o rol de perguntas que irão orientar a avaliação, sugerem-se as seguintes ao

avaliador:

- O projeto tem atendido às MEs e EPPs?

- Quais são as demandas de conteúdos e serviços realizadas por essa categoria

empresarial?

- As MEs e EPPs participam do programa de capacitação empresarial nos TINs?

- As empresas atendidas no ambiente dos Telecentros de Informação e Negócios

têm incorporado as Tecnologias da Informação e Comunicação em suas rotinas?

Para responder a esta última pergunta, são importantes a aplicação do conceito

“cesta digital” e o acompanhamento de sua utilização.

32

3.2.3 Desenho de avaliação

Considerando-se que só nos últimos dois anos a Rede recebeu um maior

adensamento capaz de tornar possível a alteração da realidade das MEs e EPPs, sugere-se a

realização de um diagnóstico da situação atual. Assim, no futuro, poderá ser feita uma

comparação do antes e depois. Dessa forma, recomenda-se um desenho de avaliação

longitudinal (série do tempo), baseado nos objetivos do projeto e que desenvolva o padrão

“com/sem” (RAUPP; REICHLE, 2003, p. 118, 122-123). Esse padrão visa a comparar a

situação “com” o projeto e “sem” o projeto.

3.2.4 Indicadores de desempenho

A realização do diagnóstico da situação atual é fundamental para a elaboração do

indicador. A partir do diagnóstico da situação e da análise do contexto do projeto

(instrumentos para transformação da situação atual alocados no projeto), é que se poderá

determinar a percentagem e o prazo em que se pretende alcançar a evolução definida.

Esses números devem ser, cuidadosamente, estudados e propostos em conjunto

com a Coordenação do Projeto, pois o conhecimento das condições reais, incluindo tempo e

recursos disponíveis, é fundamental para a produção de um valor que seja possível de ser

atingido. Indicadores fora da realidade do projeto, além de não serem atingidos podem, no

mínimo, frustrar a equipe.

3.2.5 Métodos e procedimentos para coleta de dados

Segundo Raupp e Reichle (2003, p. 61), existem algumas perguntas que devem

ser respondidas:

- Quais os instrumentos adequados?

33

Inicialmente, há a proposta de se utilizar informações obtidas mediante a

utilização do Sistema de Gestão de Telecentros (SIGT). Além dessas, há a sugestão de se

aplicar questionários via página web (Gestores e Educadores), emissão de mensagens de

correio eletrônico (Gestores, Educadores, MEs e EPPs usuárias dos TIN) e a realização de

entrevistas durante visitas técnicas. A proposta é de que esses instrumentos sejam aplicados

em dois grupos, experimental e de controle.

Em relação ao instrumento que objetiva conseguir informações das MEs e EPPs

não usuárias dos Telecentros (grupo de controle), ele poderá ser aplicado pelo Gestor do

Telecentro no primeiro contato com o empresário (antes do início da utilização dos serviços

TIN). Sua aplicação pode, ainda, além de coletar dados, gerar uma aproximação entre os dois.

- Quem será responsável pela seleção e elaboração dos instrumentos?

Não há dúvida de que o avaliador será responsável pela seleção e elaboração dos

instrumentos, porém, sempre acompanhado da Coordenação do Projeto, pois se essa tem

conhecimento maior sobre o Projeto, aquele possui conhecimento das melhore técnicas para

cada caso.

- Quais as fontes de informação?

As principais fontes serão os Gestores, Educadores, Usuários TIN, MEs e EPPs.

Como já mencionado, anteriormente, acredita-se que seja interessante o trabalho

com grupos de amostra, porém, sua composição deve ser estabelecida a partir de métricas que

contemplem a heterogeneidade da Rede, proporcionando representatividade dos dados.

- Quando serão coletados os dados?

34

Os dados relativos ao diagnóstico da situação devem ser coletados imediatamente.

Os relativos ao sistema de avaliação formativa deverão ser coletados durante todo o processo

de implementação do projeto.

Há alguns instrumentos que podem ser sugeridos para aplicação, como

questionários disponibilizados no portal TIN, ou aplicados por parceiros locais, ou, ainda,

entrevistas realizadas por equipes externas durante visitas técnicas. Como fontes de

informação, podem ser citados os Gestores TIN, os usuários TIN, MEs e EPPs atendidas pelos

TINs e MEs e EPPs não atendidas pelo projeto.

3.2.6 Métodos e procedimentos estatísticos da análise de dados

Este é um ponto que deve ser apresentado pelo Avaliador e que, de certa forma,

aumenta a credibilidade da análise.

3.2.7 Custo detalhado

Será trabalhado em conjunto pelo Avaliador e Coordenação do Projeto, pois deve

ser elaborado um sistema que atenda às necessidades do Projeto e que esteja dentro de suas

possibilidades financeiras de elaboração e implementação.

3.2.8 Relatório final

Ambos, Avaliador e Coordenador do Projeto devem discutir sobre sua melhor

formatação, visando a atender às necessidades mapeadas. Além disso, sua utilização como

ferramenta gerencial depende do cumprimento do cronograma de execução, pois importa à

Coordenação ter as informações certas na hora certa.

Esse relatório deve primar pela objetividade e clareza de redação, apresentando

informações relativas aos resultados obtidos e trazendo recomendações para correções futuras.

35

3.2.9 Estratégias de divulgação dos resultados

Inicialmente, é imprescindível estar claro quais são os destinatários das

informações constantes do relatório final:

a. Secretário de Tecnologia Industrial;

b. Diretor de Articulação Tecnológica;

c. Coordenador Geral e demais membros da equipe do projeto;

d. Parceiros institucionais;

e. Gestores e Instrutores dos TIN.

Além disso, é interessante já se contemplar a forma de divulgação para esse grupo

heterogêneo: qual instrumento utilizar para cada “audiência”?

3.3 ESTRATÉGIAS DE IMPLANTAÇÃO E EXECUÇÃO

Este item é acrescentado em virtude da possibilidade de o plano de avaliação ser

implementado pela própria equipe do projeto TIN, que terá pela frente a missão de realizar a

avaliação de uma rede heterogênea e com abrangência nacional.

Inicialmente, propõe-se que o sistema seja implantado em fase piloto por equipe

especializada e contratada para desenvolvimento do sistema de avaliação. Nessa etapa, a

equipe do projeto TIN que ficará responsável pela implantação e execução do sistema de

36

avaliação, em âmbito nacional, acompanhará os trabalhos e receberá treinamentos específicos,

visando à capacitação profissional necessária para implantação do sistema em toda Rede.

É fundamental a definição do método a ser utilizado para transferência de

conhecimento na fase piloto, para que o sistema de avaliação tenha sucesso na implantação

em âmbito nacional. Dessa forma, é ideal que se faça um levantamento, visando a reunir

informações sobre a formação da equipe que irá implantar o sistema, pois, a partir daí, poderá

ser feito um nivelamento técnico sobre o tema.

Essas são algumas reflexões que devem ser consideradas durante a elaboração de

um plano de avaliação formativa para o projeto Telecentros de Informação e Negócios.

Esse plano é imprescindível para que se possa manter a expectativa de sucesso do

Projeto, pois ele permite uma avaliação ativa capaz de apontar sucessos e falhas e, ainda,

realizar recomendações para melhoria da ação.

O desenho de avaliação objetivará prover informação ao Secretário de Tecnologia

Industrial, ao Diretor de Articulação Tecnológica, ao Coordenador Geral e aos demais

membros da equipe do projeto, os parceiros institucionais, os Gestores e Educadores dos

TINs, com vistas à confirmação ou realinhamento das estratégias adotadas.

A geração dessas informações auxiliará a verificação do alcance dos objetivos,

identificação dos resultados gerados, melhoria da etapa de implementação, identificação de

alguns dos fatores críticos para utilização dos Telecentros por MEs e EPPs, maior

racionalização das tomadas de decisão e sensibilização dos stakeholders.

Mais do que simplesmente implantar Telecentros e ofertar conteúdos e serviços às

MEs e às EPPs, o Departamento de Articulação Tecnológica (DEART) tem a preocupação de

fazer com que seus produtos alcancem e gerem transformação na vida de seus beneficiários,

37

ou seja, que os produtos gerados pelo Projeto cheguem às MEs e EPPs e proporcionem o

fortalecimento empresarial.

3. 4 FATORES QUE DEVEM SER CONSIDERADOS

Para tanto, há alguns outros fatores que devem ser considerados e trabalhados pelo

Departamento, entre eles destacam-se três:

O primeiro é a falta de sensibilização das MEs e EPPs da importância das TICs

para o seu fortalecimento. Essa é uma variável que pode influir negativamente nos

indicadores, mas que pode ser trabalhada pelo Projeto. Atualmente, não há nenhuma ação que

atue, diretamente, nesse aspecto.

Sabe-se que há o risco de, mesmo com produtos e canais de distribuição

eficientes, havendo uma postura passiva por parte do projeto, não se conseguir alcançar o

“consumidor”. Portanto, deve-se avaliar como tem sido a atitude do Projeto em relação às

MEs e às EPPs.

O segundo é o que diz respeito à motivação dos Gestores e Educadores TIN. Eles

são peças fundamentais nesse método de inclusão digital adotado pelo projeto, pois eles

representam o elo entre o empresário e as TICs.

As capacitações oferecidas, as visitas e reuniões técnicas realizadas têm também

esse objetivo de motivar os colaboradores (Gestores e Educadores). Contudo, é preciso

pesquisar, identificar ou desenvolver outros meios de motivação além dos já existentes.

38

Esses dois pontos podem ser medidos pela avaliação. Devem fazer parte do rol de

indicadores a serem estabelecidos no plano de avaliação.

Por fim, o terceiro ponto diz respeito à aceitação dos conteúdos ofertados no

Portal TIN e o mapeamento de novos temas de interesse das MEs e EPPs.

É interessante que o sistema de avaliação seja também capaz de coletar

informações quanto à aceitação dos conteúdos, bem como de realizar o levantamento de

novas demandas dos usuários. Assim, o projeto viabilizará meios de ofertar, em seu portal,

conteúdos que atendam às legítimas demandas de seu público-alvo.

Além disso, é fundamental que, no escopo do sistema de avaliação, sejam

desenvolvidos indicadores que possam medir resultados como, por exemplo, o aumento do

uso da Internet pelas MEs e EPPs para realização de negócios, acréscimo da utilização das

TICs nas atividades empresariais, absorção de mão-de-obra qualificada nas TICs pelas MEs e

EPPs, aumento do interesse pelas TICs e ampliação do número de computadores nas MEs e

EPPs. Dessa maneira, serão desenvolvidos indicadores que possam representar uma possível

mudança na vida da empresa em função da utilização das TICs.

A construção e aplicação desses indicadores representam o esforço de, cada vez

mais, aproximar-se da medição da efetividade da ação.

SEQÜÊNCIA DESCRIÇÃO

PRIMEIRA Diagnóstico da situação atual

SEGUNDA Desenho da avaliação

39

TERCEIRA Levantamento de dados

QUARTA Análise dos dados

QUINTA Elaboração de relatórios

SEXTA Emissão de pareceres e recomendações

SÉTIMA Divulgação dos resultados

Tabela 1. Resumo das etapas do sistema de avaliação (Fonte: próprio autor).

40

CAPÍTULO IV

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Realizando-se uma breve análise sobre a administração, pode-se concluir que ela é

a integração de recursos (financeiros, materiais e humanos), visando a atingir objetivos

preestabelecidos, mediante a utilização das atividades de planejar, organizar, liderar e

controlar. Neste trabalho, observou-se que, embora o controle feche o processo administrativo

iniciado com o planejamento, ele gera informação que auxilia na gerência das ações, podendo,

ainda, ter uma abrangência em âmbito operacional, departamental ou global.

O controle mencionado não é aquele exercido pela Controladoria Geral da União

(CGU), nem tampouco, o realizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), mas, sim, o que

é realizado pelo próprio gestor mediante a implantação de um sistema de avaliação capaz de

revitalizar o ciclo das políticas públicas do país.

Especificamente em relação ao Projeto Telecentros de Informação e Negócios, sua

efetividade é representada pela melhora do nível de competitividade, aumento do faturamento,

redução do índice de mortalidade e ampliação da participação das MEs e EPPs na base

exportadora do país. No entanto, esses indicadores dependem de diversas outras variáveis que

fogem da envergadura de atuação do projeto TIN. A implantação do sistema de avaliação do

projeto não poderá levantar dados que garantam que a variação desses indicadores

(considerados como sendo os de máxima efetividade) seja fruto exclusivo do projeto. Esse

nível de efetividade dependerá da implementação de um conjunto de políticas públicas e não

somente da atuação de uma única ação governamental.

41

Acredita-se que esse fato não seja um privilégio dessa ação, mas que ele ocorra

com vários outros projetos e, até mesmo, com outros programas. Assim, pode-se constatar

que, nesses casos, o sistema de avaliação se restringirá (não por deficiência gerencial ou de

desenho avaliativo, mas por impossibilidade de relacionar indicadores de efetividade com a

atuação exclusiva da ação) à geração de informações relativas aos produtos e resultados

intermediários.

Situações como essa mostram algumas das dificuldades encontradas quando não

se tem um sistema de avaliação integrado. Em casos como esse, o levantamento da

efetividade, dependendo do seu nível, deve ser auferido em um sistema de avaliação mais

abrangente e integrado, incluindo a atuação de outras políticas públicas inter-relacionadas e

com indicadores que permitam a medição da efetividade e, não somente, produtos e resultados

intermediários.

Tendo em vista essas considerações e a convicção de que as estruturas de Governo

não representam um fim em si, ou seja, existem para atender a objetivos estabelecidos; o

acompanhamento mediante a implantação de avaliações formativas e somativas das ações

governamentais como um todo é fundamental. Essas avaliações deverão compor um sistema

integrado que servirá como instrumento gerencial dos respectivos Órgãos e Governo.

Havendo um Programa de Avaliação das Políticas Públicas (PIAP) com rotinas

padronizadas, participação e responsabilização dos profissionais que atuam de fato na gestão e

execução das respectivas ações governamentais, será possível obter um sistema integrado,

uniforme e transparente. A implantação desse sistema viabilizará o acompanhamento e

medição da atuação do Governo, possibilitando a confirmação da trajetória traçada, ou sua

reorientação. Além disso, sua transparência promoverá maior participação dos cidadãos no

controle das políticas públicas.

42

Por conseguinte, espera-se que a estrutura estatal funcione de maneira integrada e

seja gerenciada para alcançar seus objetivos com o máximo de eficiência, eficácia e

efetividade e que o Poder Executivo acompanhe e meça a implementação de seu conjunto de

políticas públicas, modernizando-se para desenvolver ações capazes de viabilizar o alcance de

seus resultados, que atendem a demandas novas, recorrentes ou reprimidas da população.

Assim, desenvolve-se uma melhor gestão dos recursos públicos e uma maior

participação do cidadão no acompanhamento da implementação das ações governamentais.

Em face da utilização da avaliação como um valioso instrumento de gestão e cidadania, que

pode ser desenvolvido e implementado no escopo de um verdadeiro “Choque de Gestão”.

43

CONCLUSÃO

Esta pesquisa objetivou apresentar considerações e reflexões que compõem a

argumentação sobre a importância da avaliação para a administração pública.

Para tanto, o primeiro capítulo realizou uma exposição de argumentos sob várias

perspectivas que diziam respeito às funções de Estado, ao orçamento público, ao princípio

econômico da escassez, à administração e à avaliação.

Desse modo, buscou-se preencher a argumentação sobre a importância do

desenvolvimento e implantação de um sistema de avaliação das políticas públicas.

Nos dois capítulos seguintes, foram feitas a apresentação do projeto TIN e

algumas considerações sobre aspectos mais práticos da elaboração de um plano de avaliação.

Além disso, identificou-se a necessidade de se realizar pesquisas futuras nas

seguintes áreas:

a. Desenvolvimento de um Plano Integrado de Avaliação de Políticas Públicas (PIAP) no

âmbito do Poder Executivo;

b. Analise de efetividade de Órgãos Governamentais a partir dos resultados obtidos na

implementação de suas respectivas políticas públicas;

c. Estudos para medição dos níveis de efetividade gerados pela implementação de

projetos, programas e conjunto de ações de Órgãos e Governo.

44

Muito embora este trabalho tenha apresentado algumas limitações envolvendo

fontes de dados, tempo, instrumentos e recursos humanos, acredita-se que possa contribuir

para a elaboração do plano de avaliação TIN e estímulo para novas reflexões relacionadas

com a atual prática de gestão pública adotada no país.

45

REFERÊNCIAS

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______. Gestão Pública e Participação. Salvador: FLEM, 2005. p. 5-164. (Cadernos FLEM, vol. 8).

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LAVILLE, Christian; DIONNE, Jean. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: UFMG, 1999. 337p.

MARTINS, Paulo Emílio Matos; PIERANTI, Octavio Penna. Estado e Gestão Pública: visões do Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro: FGV, 2006. p.107-232.

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RAUPP, Magdala; REICHLE, Adriana. Avaliação: Ferramenta para melhores projetos. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2003. 251p.

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SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 12. ed. São Paulo: Malheiros, 1996. p.107.

48

GLOSSÁRIO

Alocativa: Função do Estado que diz respeito ao fornecimento de bens e serviços não ofertados, convenientemente, pelo mercado.

Atividades: As atividades são instrumentos de realização dos programas. Concorrem para a manutenção da ação de governo e têm caráter contínuo e permanente.

Avaliação formativa: Aquela que é realizada durante a implementação do projeto, apontando os sucessos, identificando as falhas, sugerindo alternativas e fazendo recomendações para melhoria.

Avaliação somativa: Aquela que é realizada após a implementação do projeto, apresentando os efeitos, resultados e impacto das ações executadas.

Avaliação: Processo de identificar, coletar, analisar, interpretar e utilizar a informação de maneira sistemática para permitir compreender e julgar um projeto.

Capacitação: Etapa do projeto TIN em que se capacita os colaboradores (Gestores, Educadores e Multiplicadores).

Distributiva: Função do Estado que está relacionada com o papel de agente redistribuidor de renda. O que ocorre à medida que ele retira recursos dos segmentos mais ricos e os transfere para os menos ricos por meio dos tributos.

Efetividade: É a relação entre os resultados e os objetivos estabelecidos.

Eficácia: Representa o grau com que se atinge as metas e os objetivos estabelecidos para uma ação em determinado período de tempo, independente dos custos.

Eficiência: É o grau de minimização do custo total ou dos meios necessários para o alcance

49

dos objetivos estabelecidos. Pode-se dizer também que é a otimização da combinação de insumos para maximização dos produtos desejados.

Empresas: Podem ser privadas, nacionais, multinacionais, transnacionais e públicas atuantes no país. São entes que contratam os fatores e os utilizam para transformar elementos da natureza em bens e serviços que são vendidos no mercado.

Escassez: Limitação de recursos, enquanto pobreza é a falta do mínimo de recursos para satisfazer as necessidades do homem. Ela ocorre em virtude da restrição física de recursos frente às necessidades ilimitadas do homem.

Estabilizadora: Uma das três funções de Estado que se refere à intervenção na economia, garantindo a utilização dos direitos coletivos e individuais.

Governo: Órgãos públicos nas esferas federais, estaduais e municipais cujos serviços são oferecidos sem a individualização própria dos demais agentes, podendo, nesse caso, ser entendido como Estado. Neste trabalho, a expressão Governo faz referência à esfera federal.

Habilitação: Etapa do projeto TIN em que se julga as propostas para sediar um Telecentro.

Implantação: Etapa do projeto TIN onde se verifica as condições para implantação de uma unidade TIN (disponibilidade de equipamentos para doação – parceiro doador; preparação do local da sala TIN – instituições habilitadas para sediar um TIN; entrega de equipamentos e capacitação de colaboradores – Gestores e Educadores) e efetiva operação do Telecentro.

Informação: Atividade do projeto que diz respeito à pesquisa, identificação e disseminação de informação e oportunidade de negócios.

LDO: É a Lei de Diretrizes orçamentária de iniciativa do Poder Executivo com principal função de estabelecer os parâmetros necessários à alocação dos recursos e definir metas e prioridades do Governo para o exercício financeiro seguinte ao de sua elaboração, ajustando as ações de Governo previstas no PPA às reais possibilidades de caixa do Tesouro Nacional.

LOA: A Lei Orçamentária Anual estima receitas e autoriza despesas de acordo com a previsão de arrecadação. A Secretaria de Orçamento e Finanças (SOF) consolida a proposta

50

orçamentária de todos os três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e envia ao Congresso Nacional. Nesse, em sua Comissão Mista, deputados e senadores discutem o projeto de lei, realizando emendas, quando necessário, votando e, posteriormente, encaminhado ao Presidente da República para sanção e publicação. Após essa última etapa, freqüentemente, há a necessidade de se realizar cortes nas despesas. O que ocorre mediante a edição de decreto com limites orçamentários e financeiros denominado “Decreto de Contingenciamento”.

Monitoramento: Também denominado acompanhamento, são verificações em todos os níveis hierárquicos do modo de como se está executando as atividades da ação governamental. O monitoramento verifica a entrega de insumos, os calendários de trabalho, as metas do plano estabelecido e outros, ou seja, é uma atividade gerencial de acompanhamento das ações internas que são praticadas durante a execução do projeto. É uma das partes de um sistema de avaliação.

Política fiscal: Está relacionada com a administração, geração de receitas e cumprimento de metas orçamentárias, impactando a renda e podendo aquecer a economia do país.

Política monetária: Influencia na decisão de produtores e consumidores, relacionando-se com o controle da taxa de juros e crédito em geral, além da oferta de moeda no mercado nacional. Esse tipo de política impacta, diretamente, os preços, as demandas e a inflação.

Política regulatória: Relaciona-se com estabilização econômica e distribuição de recursos, envolvendo medidas legais – decretos, leis, portarias e outros, evitando e banindo práticas abusivas na economia.

Políticas Públicas: Uma política pode ser considerada pública quando envolve um conjunto de problemas e atividades que não pertencem exclusivamente à esfera privada e que exigirão a regulação ou a intervenção do governo ou de toda a sociedade. São os princípios, metas, programas e objetivos da ação governamental definidos para orientar e coordenar a atuação de agentes públicos e privados e a locação de recursos públicos e privados, visando a alcançar interesses públicos considerados relevantes.

PPA: Seu projeto deve ser enviado pelo Presidente da República ao Congresso Nacional até o dia 31 de agosto do primeiro ano do mandato presidencial e diz respeito às prioridades do Governo para um período de quatro anos. É uma lei que deve conter as metas, os objetivos e as diretrizes da administração pública federal.

51

Projetos: Assim como as atividades, os projetos também são instrumentos de realização dos programas. Contudo, diferentemente das atividades, os projetos concorrem para expansão ou aperfeiçoamento da ação de governo e são limitados no tempo.

Programa: Elo entre o plano plurianual e os orçamentos anuais. Consiste de projetos e atividades com mesmo objetivo.

Roteiro de Cadastramento: Documento que orienta a elaboração de propostas para sediar um Telecentro de Infomação e Negócios. Assemelha-se a um edital.

Terminal Server: É uma solução em software que permite o compartilhamento do sistema operacional instalado em um servidor, ligando, remotamente, terminais leves (máquinas sem Hard Disk – HD).

52

ANEXOS

ANEXO A - Quadro resumo do projeto TIN

PROJETO TIN (FEVEREIRO DE 2007)

CONCEPÇÃO 29 de março de 2001

CONCEITO

Política pública constante do PPA 2004/ 2007 coordenada

pelo DEART/ STI/ MDIC, que visa a estimular a inserção das

MEs e das EPPs na economia da informação e do

conhecimento, fortalecendo-as e proporcionando-lhes novas

oportunidades de negócios.

DEFINIÇÃO DE TIN

Ambiente informativo e educativo, propício ao

compartilhamento e a transferência de conhecimentos e

informações tecnológicas mediante a participação de

colaboradores (gestores e educadores) que participarão da

orientação e capacitação empresarial.

MISSÃO DO DEART/ MDIC Promover e coordenar a implantação, estruturação e

consolidação da Rede TIN.

MISSÃO DOS TIN

Facilitar a realização de negócios com o uso do computador e

da Internet e promover ações que fortaleçam as

microempresas e as empresas de pequeno porte, contribuindo

para o desenvolvimento da comunidade.

MEGAOBJETIVOS

Promover o fortalecimento das MEs e EPPs mediante a

utilização das TICs, proporcionando-lhes aumento da

lucratividade, redução no índice de mortalidade, ampliação da

participação na base exportadora do país.

PÚBLICO-ALVO MEs e EPPs

53

VERTENTES DE ATUAÇÃO Capacitação, prestação de serviços, produção e disseminação

de conteúdos.

PARCEIROS

INSTITUCIONAIS

111

RECURSOS

ORÇAMENTÁRIOS NOS

ANOS DE 2004, 2005, 2006 E

2007 (EM R$)

4.734.665

METAS

1) Implantação de cinco mil Telecentros;

1) Desenvolvimento de banco de dados que facilite a

pesquisa de informação empresarial no Portal TIN;

2) Articulação de novas parcerias que permitam o

fornecimento de computadores ;

3) Integração do Sistema de Avaliação com o Sistema de

Gestão dos Telecentros;

4) Capacitação dos gestores de Telecentros nas práticas de

gestão recomendadas no Manual de Gestão editado;

5) Ampliação do leque de cursos oferecidos aos

colaboradores e usuários de Telecentros melhorando inclusive

o nível de escolaridade;

6) Desenvolvimento de ações que promovam a maior

mobilização dos colaboradores (Gestores, Educadores e

Multiplicadores);

DESAFIOS FUTUROS

1) Sensibilização das MEs e EPPs sobre a importância da TI

para o fortalecimento empresarial;

2) Aumento da presença das MEs e EPPs nos Telecentros;

54

3) Ampliação do número de negócios realizados na Internet

pelas MEs e EPPs;

4) Realização de parcerias estaduais que possibilitem a

coordenação local da Rede, visando a Integração com

políticas públicas locais, melhora da divulgação dos

Telecentros, sensibilização empresarial para importância das

TICs, oferta de conteúdos e serviços, apoio a sustentabilidade

dos Telecentros, acompanhamento local da execução do

projeto (visitas, implantação do SIGT entre outras ações),

capacitação (oferta de novos cursos, divulgação e

arregimentação), implantação de centrais de apoio

tecnológico e de reciclagem de computadores, integração da

Rede TIN e com outras redes locais.

TELECENTROS

HABILITADOS TOTAL 3.599

TELECENTROS EM

FUNCIONAMENTO TOTAL 2.661

TELECENTROS PRÓPRIOS

DO MDIC EM

FUNCIONAMENTO

1.518

TELECENTROS DE REDES

ASSOCIADAS EM

FUNCIONAMENTO

1.143

MÁQUINAS

DISTRIBUÍDAS NO

TERRITÓRIO NACIONAL

15.180

COLABORADORES*¹

CAPACITADOS 864

55

NÚMERO DE ACESSOS AO

PORTAL (NO ANO DE

2006)

110.575

NÚMERO DE PROPOSTAS

APRESENTADAS 3.830

PRODUTOS

DESENVOLVIDOS

1) Curso ferramentas TIN;

2) Curso de ferramentas de TI com aplicabilidade

empresarial;

3) Curso de manutenção de primeiro nível para Telecentros;

4) Curso de gestão de Telecentros;

5) Curso de empreendedorismo;

6) Sistema de Gestão de Telecentros;

7) Comunidades virtuais TIN;

8) Correspondente bancário TIN;

9) Crédito financeiro TIN;

10) Publicação técnica sobre Telecentros de Informação e

Negócios;

11) Manual de Operação dos Telecentros de Informação e

Negócios;

12) Laboratório de acessibilidade;

13) Aproveitamento de mais de 15.000 máquinas

classificadas como descarte tecnológico de empresas de

grande porte.

56

PRODUTOS A SEREM

FINALIZADOS

1) Kits de especialidades: desenvolvimento e distribuição de

“kits de serviços” (comércio eletrônico, compras

governamentais, associativismo, escritório virtual de negócios

e outros);

2) Kits de implantação TIN;

3) Estudos Exploratórios e Prospectivos para expansão da

Rede de Telecentros de Informação e Negócios;

4) Sistema de Avaliação do projeto;

5) Capacitação em ferramentas de TI em software livre;

6) Curso de alfabetização digital;

7) Ações de sensibilização empresarial;

8) Ações de incentivo a produção de sites das MEs e EPPs

usuárias TIN, buscando a exposição de seus produtos em

vitrines virtuais (BB, ECT, MDIC, MRE, Mc. Internet e

outros);

9) Ações de divulgação dos TIN em sua localidade;

10) Ações que fomentem a maior participação das MEs e

EPPs em compras governamentais via web.

EQUIPE (SERVIDORES) 8

EQUIPE (BOLSISTAS) 30

FORMAÇÃO ACADÊMICA

DA EQUIPE TIN

Engenharia, Direito, Administração, Relações Internacionais,

Comércio Exterior, Biblioteconomia, Economia, Turismo,

Comunicação Social, Ciência da Informação, Oceanografia.

*¹Gestores, Educadores e Multiplicadores.

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

57

ANEXO B - Quadro resumo do desenho de avaliação

SISTEMA DE AVALIAÇÃO

OBJETIVOS DA

AVALIAÇÃO

1) Identificação e medição da efetividade alcançada;

2) Identificação e medição dos resultados do projeto;

3) Identificação e medição dos produtos;

4) Melhoria da etapa de implementação;

5) Levantamento de demandas de conteúdos de maior

interesse realizadas pelos usuários TIN;

6) Maior racionalização das tomadas de decisão;

7) Sensibilização dos stakeholders.

LEVANTAMENTO PARA

AVALIAÇÃO FORMATIVA Realização de pesquisa de diagnóstico.

USUÁRIOS DA

INFORMAÇÃO

1) Secretário de Tecnologia Industrial;

2) Diretor de Articulação Tecnológica;

3) Coordenador Geral e demais membros da equipe do

Projeto;

4) Parceiros institucionais;

5) Gestores e Educadores TIN.

ESTRATÉGIAS DE

IMPLANTAÇÃO E

EXECUÇÃO

1ª Fase – Piloto: equipe especializada e contratada

para desenvolvimento do sistema de avaliação implantará

o sistema em estados e período a ser definido. Nessa fase

a equipe do DEART deverá receber capacitação e

58

realizará acompanhamento dos trabalhos, visando à

capacitação profissional necessária para implantação do

sistema em toda Rede TIN.

2ª Fase: A implantação do sistema será realizada no

restante da Rede. Nessa etapa, o DEART ficará

responsável por implantar o sistema em âmbito nacional.

INDICAÇÃO DE POSSÍVEIS

FONTES DE INFORMAÇÃO Gestores, Educadores, usuários, MEs e EPPs.

INSTRUMENTOS A SEREM

UTILIZADOS

1) Enquetes enviadas via e-mail;

2) Questionários disponibilizados no portal TIN;

3) Questionários aplicados por parceiros locais;

4) Entrevistas aplicadas durante visitas técnicas;

5) Pesquisas relacionadas com o tema desenvolvidas por

outras instituições.

Fonte: Próprio autor.

59

ANEXO C - Fluxograma do projeto TIN

Recepção de Candidaturas

Habilitação de Candidaturas Implantação

Monitoramento e Avaliação

Consolidação da Rede TIN

Julgamento de

Propostas

Articulação com

Parceiros

Complementação de Documentação

Entrega de Equipamentos

Articulação com

Instituições

Produção, identificação e disseminação de Conteúdos

Obtenção de Recursos

Capacitação (Gestores,Educadores e

Multiplicadores)

Acesso a serviços

(MEs, EPPs e Comunidade

Local)

Capacitação (MEs, EPPs e Comunidade

Local)

Acesso a oportunidades de negócios

(MEs e EPPs)

DivulgaçãoDivulgação Divulgação Divulgação

Operação do TIN

Roteiro de Cadastramento

Capacitação (Gestores,Educadores e

Multiplicadores)

Fonte: Próprio autor.

: Atividades executadas durante a realização de todo processo; : Sentido do fluxo de realização das etapas do projeto TIN; : Atividades ligadas às respectivas etapas.