conselho pastoral da paróquia de n.ª senhora da gaiola das ... · encarnação marciano, fernando...

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Ano XX Número 52 31 Dezembro 2012 Deliberações índice edição digital Conselho Pastoral da Paróquia de N.ª Senhora da Gaiola das Cortes Refª: BD2012A-001 António Augusto dos Santos Marto, Bispo da Diocese de Leiria-Fátima, O reverendo padre Rui Acácio Amado Ribeiro, na qua- lidade de pároco, em seu requerimento de 11 de janeiro de 2012, solicitou-nos a instituição do Conselho Pastoral da Paróquia de Nossa Senhora da Gaiola das Cortes, a apro- vação dos respetivos Estatutos, que nos foram presentes, e a nomeação das pessoas que o vão constituir. Atendendo ao seu requerimento e verificando que os re- feridos Estatutos estão conformes às normas canónicas e à legislação diocesana, e exprimem as orientações pastorais que visam a renovação da vida cristã de toda a Diocese, havemos por bem: 1. Instituir o Conselho Pastoral da Paróquia de Nossa Senhora da Gaiola das Cortes; 2. Aprovar, a título experimental, os seus Estatutos, pe- los quais se há de reger no futuro; 3. Nomear, para o constituírem por um período de três anos, sob a presidência do Pároco, as pessoas seguintes: Encarnação Marciano, Fernando Gonçalves Oliveira, Jú- lia Ferreira, Graça Lopes, Alice Bento, Gabriel Vieira, António Ferrão Bernardo, Fátima Vieira, Conceição Prior, Maria de Jesus, Idalina Moreira, Jorge Vieira, Pedro Cunha, Fernando Silva e Manuel Frazão. Para maior eficácia pastoral, após o prazo de três anos, os Estatutos agora aprovados deverão ser revistos e atuali- zados, tirando proveito da experiência vivida na paróquia e da evolução que nela se verificar. Esperando que o novo Conselho Pastoral contribua efi- cazmente para a necessária renovação da vida de toda a comunidade paroquial, enviamos a todos os seus membros a nossa bênção pastoral. Leiria, 18 de janeiro de 2012. † António Augusto dos Santos Marto, Bispo de Leiria-Fátima deliberações Conselho Pastoral da Paróquia de N.ª Sr.ª da Gaiola das Cortes 1 Pároco de Monte Real e Diretor do Serviço de Animação Missionária 2 Diretor do Colégio de São Miguel 2 Título de Basílica para a Igreja da Santíssima Trindade 2 Nomeações em junho de 2012 3 Dispensa do Pároco da Caranguejeira 3 Nomeações em julho de 2012 4 Párocos de Caranguejeira e Freixianda 4 Estatutos da Confraria de Nossa Senhora da Encarnação 4 Estatutos da Junta de Acção Social da Diocese de Leiria-Fátima 8 Estatutos da Fraternidade Sacerdotal da Diocese de Leiria-Fátima 15 documentos Pastorais Mensagem quaresmal Caminhar na fé rumo à humanização da sociedade 17 Nota Pastoral O Tesouro da Fé, Dom para Todos 17 Mensagem de Natal Manter acesa a Esperança do Natal 23 textos diversos Homilia na peregrinação diocesana Testemunhas de Cristo no mundo, a convite de Maria 24 Homilia na Missa Crismal O sacerdote, o culto e a cultura 25 Nota de encerramento Jubileu do Colégio de S. Miguel 27 Simpósio Teológico-Pastoral - Abertura Quereis oferecer-vos a Deus? – Horizontes contemporâneos da entrega de si 28 Tomada de posse Diretor do Colégio de S. Miguel 29 Homilia na celebração do Padroeiro Santo Agostinho, modelo no caminho da fé 30 Nota episcopal Solidariedade às vítimas do incêndio em Ourém 31 Homilia de Natal Mistério de ternura e de alegria para o mundo 31 Homilia de fim-de-ano “Não tenhais medo” 32 vária Obituário 34 Clero de Leiria-Fátima em 2012 34

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Ano XXNúmero 52

31 Dezembro

2012

Deliberaçõesíndice

edição digital

Conselho Pastoral da Paróquia de N.ª Senhora da Gaiola das Cortes

Refª: BD2012A-001António Augusto dos Santos Marto,Bispo da Diocese de Leiria-Fátima,O reverendo padre Rui Acácio Amado Ribeiro, na qua-

lidade de pároco, em seu requerimento de 11 de janeiro de 2012, solicitou-nos a instituição do Conselho Pastoral da Paróquia de Nossa Senhora da Gaiola das Cortes, a apro-vação dos respetivos Estatutos, que nos foram presentes, e a nomeação das pessoas que o vão constituir.

Atendendo ao seu requerimento e verificando que os re-feridos Estatutos estão conformes às normas canónicas e à legislação diocesana, e exprimem as orientações pastorais que visam a renovação da vida cristã de toda a Diocese, havemos por bem:

1. Instituir o Conselho Pastoral da Paróquia de Nossa Senhora da Gaiola das Cortes;

2. Aprovar, a título experimental, os seus Estatutos, pe-los quais se há de reger no futuro;

3. Nomear, para o constituírem por um período de três anos, sob a presidência do Pároco, as pessoas seguintes: Encarnação Marciano, Fernando Gonçalves Oliveira, Jú-lia Ferreira, Graça Lopes, Alice Bento, Gabriel Vieira, António Ferrão Bernardo, Fátima Vieira, Conceição Prior, Maria de Jesus, Idalina Moreira, Jorge Vieira, Pedro Cunha, Fernando Silva e Manuel Frazão.

Para maior eficácia pastoral, após o prazo de três anos, os Estatutos agora aprovados deverão ser revistos e atuali-zados, tirando proveito da experiência vivida na paróquia e da evolução que nela se verificar.

Esperando que o novo Conselho Pastoral contribua efi-cazmente para a necessária renovação da vida de toda a comunidade paroquial, enviamos a todos os seus membros a nossa bênção pastoral.

Leiria, 18 de janeiro de 2012.† António Augusto dos Santos Marto,Bispo de Leiria-Fátima

deliberações

ConselhoPastoraldaParóquiadeN.ªSr.ªdaGaioladasCortes 1

PárocodeMonteRealeDiretordoServiçodeAnimaçãoMissionária 2

DiretordoColégiodeSãoMiguel 2

TítulodeBasílicaparaaIgrejadaSantíssimaTrindade 2

Nomeaçõesemjunhode2012 3

DispensadoPárocodaCaranguejeira 3

Nomeaçõesemjulhode2012 4

PárocosdeCaranguejeiraeFreixianda 4

EstatutosdaConfrariadeNossaSenhoradaEncarnação 4

EstatutosdaJuntadeAcçãoSocialdaDiocesedeLeiria-Fátima 8

EstatutosdaFraternidadeSacerdotaldaDiocesedeLeiria-Fátima15

documentos PastoraisMensagem quaresmal

Caminharnaférumoàhumanizaçãodasociedade17Nota Pastoral

OTesourodaFé,DomparaTodos17Mensagem de Natal

ManteracesaaEsperançadoNatal23

textos diversosHomilia na peregrinação diocesana

TestemunhasdeCristonomundo,aconvitedeMaria24Homilia na Missa Crismal

Osacerdote,ocultoeacultura25Nota de encerramento

JubileudoColégiodeS.Miguel27Simpósio Teológico-Pastoral - Abertura

Quereisoferecer-vosaDeus?–Horizontescontemporâneosdaentregadesi28Tomada de posse

DiretordoColégiodeS.Miguel29Homilia na celebração do Padroeiro

SantoAgostinho,modelonocaminhodafé30Nota episcopal

SolidariedadeàsvítimasdoincêndioemOurém31Homilia de Natal

Mistériodeternuraedealegriaparaomundo31Homilia de fim-de-ano

“Nãotenhaismedo”32

vária

Obituário34

ClerodeLeiria-Fátimaem201234

2 | LEIRIA-FÁTIMA | Ano XX | N.º 52 | 31 Dezembro 2012 |

Pároco de Monte Reale Diretor do Serviçode Animação Missionária

Refª: BD2012E-001O Senhor Bispo de Leiria-Fátima nomeou o P. Dr. Da-

vid Nogueira Ferreira Pároco de Monte Real e Diretor do Serviço de Animação Missionária.

O P. Dr. David Nogueira Ferreira tomará posse, da pa-róquia de Monte Real, no dia 18 de março durante a cele-bração da Eucaristia das 11h00.

Substitui no cargo de Diretor do Serviço de Animação Missionária o P. Vítor José Mira de Jesus que foi enviado para prestar serviço missionário na Diocese do Sumbe, em Angola.

Leiria, 8 de março de 2012.Vítor Coutinho, Chefe de Gabinete do Bispo Diocesano

Diretor do Colégio de São MiguelRefª: BD2012E-002

O Rev.º Padre Dr. Adelino Filipe Guarda foi nomeado, pelo Senhor Bispo de Leiria-Fátima, Diretor do Colégio de São Miguel, em Fátima.

Esta instituição de ensino, da Diocese de Leiria-Fátima, é frequentada por 1150 alunos e conta com a colaboração de cerca de 130 funcionários (docentes e não docentes).

O P. Adelino Guarda, de 49 anos de idade, é natural da Boavista (Leiria) e é padre desta Diocese há 23 anos.

Atualmente desempenha as funções de Diretor do Cen-tro de Formação e Cultura, Diretor do Gabinete de Apoio aos Serviços Pastorais, Diretor do Serviço de Apoio ao Clero, Coordenador do Serviço para o Diaconado Per-manente e Assistente Religioso da Escola de Formação Social Rural de Leiria. É também membro do Colégio de Consultores e Secretário do Conselho Presbiteral. Leciona diversas disciplinas de Teologia no Instituto Superior de Estudos Teológicos de Coimbra e no Centro de Formação e Cultura. É ainda docente na Escola de Formação Social Rural de Leiria.

Antes de iniciar os estudos teológicos, terminou o 1º ano do curso de Direito, na Universidade de Coimbra. Fez licenciatura em Teologia, na Universidade Católica Portu-guesa, e frequentou o Mestrado em Teologia Sistemática. Concluiu ainda Licenciatura Canónica / Mestrado em Teo-logia Pastoral, na Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma, onde fez também o curriculum para doutoramento. Na sua investigação académica dedicou especial atenção ao acompanhamento em situações de luto e ao aconselha-mento em cuidados de saúde, tendo sido já responsável pelo serviço diocesano de pastoral da saúde.

Há 15 anos que se dedica ao ensino e à formação, a diversos níveis (secundário e superior) e em diferentes âm-bitos (teológico, pastoral, profissional, cuidados de saúde). Foi também professor no Seminário de Leiria.

Durante 13 anos exerceu o ministério sacerdotal no ser-viço paroquial, foi assistente diocesano da Ação Católica Rural e do Movimento Católico de Estudantes, foi capelão militar e formador de candidatos ao sacerdócio no Semi-

nário de Coimbra. No Tribunal Eclesiástico da Diocese foi Defensor do Vínculo e Promotor da Justiça.

Tem proferido diversas conferências sobre temas da sua área de especialidade em cursos e seminários. Para além das tarefas oficiais, é solicitado frequentemente para orientar retiros em várias dioceses, sobretudo a sacerdotes e seminaristas, tendo-se dedicado também ao acompanha-mento do clero.

O Padre Dr. Adelino Guarda substitui no cargo o Padre Dr. Joaquim Rodrigues Ventura, que foi Diretor desta insti-tuição desde a sua fundação, em 1962.

O Senhor D. António Marto agradece, em nome da Diocese, ao P. Joaquim Ventura o serviço dedicado que prestou ao Colégio de S. Miguel ao longo de 50 anos, e ao P. Adelino Guarda a disponibilidade para acolher esta nomeação.

Leiria, 10 de maio de 2012.Vítor Coutinho, Chefe de Gabinete do Bispo Diocesano

Título de Basílica para aIgreja da Santíssima Trindade

Prot. N. 205/11/LInstante Excellentissimo ac Reverendissimo Domino

Antonio MARTO, Episcopo Leiriensi - Fatimensi, litteris die 26 mensis Februarii anno 2011 datis, preces et vota cleri atque christifidelium expromente, Congregario de Cultu Divino et Disciplina Sacramentorum, vigore fa-cultarum peculiarium eidem a Summo Pontifice BENE-DICTO XVI tributarum, ecclesiam in honorem Sanctis-simae Trinitatis intra fines Sanctuarii Dominae Nostrae dicatam in civitate Fatima, esiusdem Dioecesis, in qua christifideles copiosissimi, Immaculatae Virginis Matris Dei invocantes auxilium, ut in oratione pro mundi salute perseverantes, regnum Christi efficacius valeant promo-vere, admirabile Dei unius in unius Trinitate substantiae venerantur mysterium, tirulo et dignitate BASILICAE MINORlS a die 13 mensis Novembris anno 2012 omni-bus cum iuribus atque Iiturgicis concessionibus rite com-petentibus perlibenter exornat, servatis vero servandis, iuxta decretum «De titulo Basilicae Minoris» die 9 men-sis novembris anno 1989 evulgatum.

Contrariis quibuslibet minime obstantibus.Ex aedibus Congregacionis de Cultu Divino et Disci-

plina Sacramentorum, die 19 mensis Iunii anno 2012.Antonius Card. CAÑIZARES LLOVERA,Praefectus† Josephus Augustinus DI NOIA, O.P.,Archiepiscopus a Secretis

(Tradução)

A pedido do Excelentíssimo e Reverendíssimo Dom António Marto, Bispo de Leiria-Fátima, que, em carta de 26 de Fevereiro de 2011, expõe as preces e os votos tan-to do clero como dos fiéis, a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, em virtude das especiais faculdades que lhe foram atribuídas pelo Sumo Pontífice Bento XVI, de muito bom grado adorna a igreja erguida em honra da Santíssima Trindade dentro dos limi-

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tes do Santuário de Nossa Senhora, na cidade de Fátima, da mesma diocese, na qual numerosíssimos fiéis, invocan-do o auxílio da Imaculada Virgem Mãe de Deus, para que, perseverando na oração pela salvação do mundo, possam promover de forma mais eficaz o reino de Cristo, veneram o admirável mistério de um só Deus na Trindade da subs-tância, com o título e a dignidade de BASÍLICA MENOR, a partir do dia 13 de Novembro de 2012; devem, no entan-to, respeitar-se as normas estabelecidas pelo decreto «De titulo Basilicae Minoris», promulgado a 9 de Novembro de 1989.

Nada obsta em contrário.Dado na sede da Congregação para o Culto Divino e a

Disciplina dos Sacramentos, a 19 de Junho de 2012.António Card. CAÑIZARES LLOVERA,PrefeitoJosé Agostinho DI NOIA, O.P.,Arcebispo Secretário

Nomeações em junho de 2012Refª: BD2012E-003

Por mandato do Senhor Bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, são tornadas públicas as seguintes no-meações:

O P. Dr. Manuel Armindo Pereira Janeiro é nomeado Diretor do Centro de Formação e Cultura e Diretor do Centro Pastoral Diocesano, que funciona no Semi-nário. Acumula com as funções de Reitor do Seminário Diocesano e Diretor do Departamento de Património Cul-tural.

O P. Filipe da Fonseca Lopes é nomeado Pároco da Freixianda.

O P. Dr. Patrício Alexandre Lopes Oliveira é nomeado Vigário Paroquial da Marinha Grande. Deixa o serviço paroquial na Maceira.

O P. Dr. José Augusto Pereira Rodrigues é nomeado Assistente Pastoral da Escola de Formação Social Ru-ral de Leiria. Mantém as funções de Diretor do Departa-mento de Pastoral Familiar, Diretor do Serviço de Pastoral da Saúde e Vigário Paroquial de Leiria e da Cruz da Areia.

O P. José Lopes Baptista é nomeado Assistente do Movimento da Família do Sacerdote. Acumula com as funções de Pároco do Souto da Carpalhosa e Vigário da Vara da Vigararia de Monte Real.

O P. Isidro da Piedade Alberto é nomeado Assistente Regional da Associação Católica de Enfermeiros e Pro-fissionais de Saúde – Direção Regional de Leiria. Acu-mula com as funções de Pároco de Regueira de Pontes.

O P. Dr. Pedro Miguel Ferreira Viva é enviado para Roma, para fazer estudos de especialização em Pastoral da Saúde. É dispensado de todos os serviços na Diocese.

É nomeada uma comissão para reestruturar os jor-nais de caráter diocesano, constituída por: P. Vítor Ma-nuel Leitão Coutinho (coordenador), Dr. António Carlos Carvalho, P. Cristiano João Rodrigues Saraiva, P. Jacinto Pereira Gonçalves, P. Manuel Armindo Pereira Janeiro e P. Rui Acácio Amado Ribeiro.

É nomeada uma comissão para a edição de publica-ções relativas ao centenário da restauração da Diocese de Leiria-Fátima, constituída por: P. Manuel Armindo Pe-

reira Janeiro (coordenador), Cón. Luciano Coelho Cristino e Prof. Doutor Saul António Gomes.

O P. Benevenuto Vieira de Oliveira Dias é dispensado, a seu pedido, por motivos de saúde, da paroquialidade da Freixianda.

As tomadas de posse serão no início do próximo ano pastoral.

Leiria, 29 de junho de 2012,Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo.Vítor Coutinho, Chefe de Gabinete do Bispo Diocesano

Dispensa do Pároco da Caranguejeira

Refª: BD2012E-004O Senhor Bispo de Leiria-Fátima aceitou o pedido de

dispensa do múnus de Pároco da Caranguejeira do Revº Padre Joaquim de Almeida Baptista, que continua a exer-cer as suas funções nos serviços diocesanos de que é res-ponsável. Para a mesma paróquia foi nomeado Administra-dor Paroquial o Revº Padre Dr. Jorge Manuel Faria Guarda, Vigário Geral da Diocese.

Este pedido de dispensa é apresentado na sequência de divergências no seio da Direção do Centro Social Paro-quial relativamente à opção de dispensar um funcionário, também membro da Direção, a quem a Segurança Social tinha concedido reforma antecipada. Alguns membros da Direção são da opinião de que este funcionário deveria continuar a exercer funções e a ser remunerado por elas, o que não é legal nem ético. Tanto o Conselho Paroquial como o Vigário Geral concordaram com o Pároco em que, como habitualmente, também nesta situação se deveria de-cidir segundo a Lei e os princípios éticos.

Uma vez que, perante esta situação uma parte da Dire-ção continuava a não concordar com a demissão do funcio-nário, o P. Joaquim Baptista, enquanto presidente, declarou não haver condições para a Direção continuar em funções, o que não foi aceite por alguns elementos. Entretanto mul-tiplicaram-se junto do Pároco diversas formas de pressão e animosidade no sentido de manter a Direção e o referido colaborador em funções. Perante esta situação de mal-estar e desestabilização, o P. Joaquim Baptista entendeu que todo o processo deveria ser gerido por outras pessoas e, para bem da instituição e da paróquia, apresentou o pedido de dispensa das suas funções paroquiais na Caranguejeira.

O Senhor Bispo de Leiria-Fátima agradece reconheci-damente ao P. Joaquim Baptista o trabalho pastoral que rea-lizou na Caranguejeira e manifesta ao P. Jorge Guarda toda a sua confiança para a procura de soluções que promovam o espírito cristão e o bem comum de toda a comunidade paroquial, e em particular dos idosos e mais carenciados.

Aos paroquianos da Caranguejeira o Senhor Bispo en-via uma saudação afetuosa e pede que todos se esforcem por criar condições de convivência fraterna, no serviço de-sinteressado da comunidade e no respeito pelos princípios cristãos e pelos valores humanos.

Leiria, 17 de julho de 2012.Vítor Coutinho, Chefe de Gabinete do Bispo Diocesano

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Nomeações em julho de 2012Refª: BD2012E-005

Por mandato do Senhor Bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, são tornadas públicas as seguintes no-meações:

A Irª Drª Ângela de Fátima Coelho da Rocha Pereira da Silva, da congregação da Aliança de Santa Maria, até agora Vice-Postuladora da Causa de Canonização de Fran-cisco e Jacinta Marto, é nomeada Postuladora da mesma causa. Para além da prática da Medicina, mantém as fun-ções que exerce na Diocese e desempenhará o cargo de Postuladora junto da Congregação da Causa dos Santos em Roma.

O Cón. Dr. Emanuel André Matos e Silva, da Diocese de Portalegre-Castelo Branco, com a anuência do seu Bispo diocesano, é nomeado Capelão do Santuário de Fátima. Nos últimos anos foi Diretor Espiritual no Seminário da Sa-grada Família, em Coimbra, docente de teologia no Institu-to Superior de Estudos Teológicos da mesma cidade e, mais recentemente, Pároco da Sé de Castelo Branco, Vigário Episcopal do Clero, Reitor do Seminário Diocesano. Acu-mula as funções de Capelão do Santuário com o cargo de Secretário da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios.

O P. Eugeniusz Fasuga, da congregação dos Missio-nários Redentoristas, com a anuência do seu Superior, é nomeado Capelão do Santuário de Fátima pelo período de um ano. Fez trabalho missionário na Província da Baía, no Brasil, nos Estados Unidos da América e na Irlanda. Exerceu funções de Vigário Paroquial, Formador e traba-lhou em missões populares.

O P. Dr. Adelino Filipe Guarda, Diretor do Colégio de S. Miguel em Fátima e Diretor do Serviço de Apoio ao Cle-ro, é nomeado colaborador permanente do Santuário de Fátima.

A seu pedido, o P. Joaquim de Almeida Baptista é dis-pensado da paroquialidade da Caranguejeira. Para o subs-tituir é nomeado administrador paroquial o P. Dr. Jorge Manuel Faria Guarda, que acumula com o cargo de Vigá-rio Geral.

Leiria, 18 de julho de 2012.Vítor Coutinho, Chefe de Gabinete do Bispo Diocesano

Párocos de Caranguejeirae Freixianda

Refª: BD2012E-006A aceitação do pedido de dispensa de Pároco da Ca-

ranguejeira do Revº P. Joaquim de Almeida Baptista, por motivos tornados públicos em comunicado anterior, levou o Senhor Bispo de Leiria-Fátima a alterar a nomeação do pároco para a Freixianda, já anunciada a 29.06.2012.

Para atender às necessidades destas duas paróquias no tempo mais breve possível, o Senhor D. António Marto anuncia que o Rev.º Padre Filipe da Fonseca Lopes é no-meado Pároco da Caranguejeira e o Revº Padre Joaquim de Almeida Baptista é nomeado Pároco da Freixianda.

Estes párocos tomarão posse durante o mês de setembro.Leiria, 3 de setembro de 2012.Vítor Coutinho, Chefe de Gabinete do Bispo Diocesano

Estatutos da Confrariade Nossa Senhora da Encarnação

Refª: BD2012A-020

DecreTo De AprovAção

D. António Augusto dos Santos Marto, bispo de Leiria-Fátima, faz saber quanto segue:

Tendo o Provedor da Confraria de Nossa Senhora da Encarnação, Revº P. Manuel Pedrosa Melquíades, solici-tado a confirmação dos Estatutos da referida Confraria, aprovados em Assembleia Geral de 7.07.2012, havemos por bem:

1. Confirmar os presentes Estatutos da Confraria de Nossa Senhora da Encarnação, que substituem os anterio-res aprovados pelo meu predecessor em 25.03.2003 e que constam de 12 capítulos e 39 artigos, em 10 folhas, rubri-cadas por mim;

2. Determinar que os mesmos Estatutos entrem de ime-diato em vigor.

Leiria, 15 de agosto de 2012, Assunção da Virgem Santa Maria.† António Augusto dos Santos Marto,Bispo de Leiria-Fátima

cApÍTULo IInstituição e fins da confraria

Artigo 1ºA Confraria de Nossa Senhora da Encarnação, adiante

designada apenas por Confraria, é uma associação públi-ca de fiéis, com sede no Santuário de Nossa Senhora da Encarnação, sita na cidade de Leiria, Diocese de Leiria - Fátima.

Artigo 2ºA Confraria de Nossa Senhora da Encarnação, ereta nos

primórdios da fundação do Santuário (1588) e restaurada por D. José Alves Correia da Silva com Provisão de 31 de julho de 1945, será regida pelos Estatutos que ora se refundem, de acordo com a legislação canónica aplicável e mais recentemente, nos termos das Normas Gerais das As-sociações de Fiéis, publicadas pela Conferência Episcopal Portuguesa, em abril de 2008.

Artigo 3ºSão fins da Confraria:1 – Promover o culto à Virgem Maria, Mãe do Filho de

Deus, no Santuário da Padroeira da cidade de Leiria;2 – Estimular os Irmãos à santidade e sufragar os já

falecidos.3 – Preservar todo o património do Santuário;4 – Fomentar eventos de ordem religiosa, social e cul-

tural, só, ou em parceria com outras entidades:a) dar apoios a coletividades, com fins sociais;b) conceder bolsas de estudo;c) ajudar os pobres, sempre que seja possível.d) Satisfazer outras necessidades, que venham a surgir.

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cApÍTULo IIDos Irmãos

Artigo 4ºA Confraria é uma associação pública de fiéis e nela se

poderão inscrever clérigos, leigos e religiosos, que se com-prometam a cumprir o disposto nos presentes Estatutos.

Artigo 5ºPodem ser admitidos como Irmãos, mediante requeri-

mento dirigido ao Presidente da Direção:1 – os sacerdotes incardinados na Diocese de

Leiria-Fátima ou noutra Diocese, desde que se encontrem no exercício das ordens sacras ou aqueles que delas tenham sido legitimamente dispensados pela Santa Sé;

2 – os leigos, que não estejam abrangidos por nenhuma das situações indicadas no Artigo 6º;

3 – os religiosos, mediante aprovação, por escrito, do seu superior.

Artigo 6ºNão podem ser admitidos como Irmãos, aqueles que:1 – publicamente tiverem rejeitado a fé católica;2 – tiverem abandonado a comunhão eclesiástica;3 – tiverem incorrido em excomunhão aplicada ou de-

clarada (cfr. Cân. 316);4 – estiverem inscritos em associações que conspiram

contra a Igreja (cfr. Cân. 1374);5 – não gozarem de boa reputação moral e social;6 – não estiverem dispostos a aceitar os princípios cris-

tãos e as normas que regem as associações de fiéis (cfr. Cân. 915)

cApÍTULo IIIDos direitos e deveres dos Irmãos

Artigo 7ºSão direitos dos Irmãos:1 – participar nas Assembleias Gerais e noutras reuni-

ões legitimamente convocadas;2 – eleger e ser eleitos para os Órgãos Sociais, de acor-

do com os presentes Estatutos;3 –ser sufragados pela celebração de duas missas, após

o seu falecimento;4 – participar nos sufrágios gerais da Confraria;5 – tomar conhecimento das contas e de todas as inicia-

tivas que promovem os fins da Confraria.6 – Apresentar, em conjunto com outros Irmãos, listas

para os respetivos Órgãos Sociais, sempre que haja lugar a eleições.

Artigo 8ºSão deveres dos Irmãos:1 – contribuir para a promoção dos fins da Confraria,

nomeadamente, pelo bom desempenho dos serviços que lhes forem confiados;

2 – aceitar os cargos para que forem designados;3 – desempenhar com diligência os serviços que legiti-

mamente lhes forem pedidos;4 – pagar a quota estabelecida.

cApÍTULo IvDa demissão dos Irmãos

Artigo 9ºPerdem a qualidade de Irmãos aqueles que, depois de

legitimamente admitidos, tiverem incorrido em qualquer das situações previstas no Art. 6º, ou não pagarem as quo-tas anuais, durante dois anos.

1 – Se de uma situação irregular se tratar, a Direção convidará, por escrito, o Irmão em causa a aduzir a sua defesa. Passados 15 dias após a notificação, e não tendo o Irmão respondido, a Direção considerá-lo-á demitido;

2 – ao Irmão demitido assistirá sempre o direito de re-curso para a Assembleia Geral e para o Bispo Diocesano (cfr. Cân. 316 §2);

3 – o Irmão demitido deixa de pertencer à Confraria e perde nela todos os direitos e cargos.

cApÍTULo vDos corpos Gerentes

Artigo 10ºSão Órgãos da Confraria:1º – a Assembleia Geral;2º – a Direção;3º – o Conselho Fiscal.

Artigo 11ºSegundo uma tradição que remonta às origens, o Bispo

Diocesano é o Presidente nato da Confraria;Sem prejuízo do que determinam as normas canónicas

aplicáveis, é suficientemente representado pelo Provedor; e, como Membro da Direção que é, este é o Presidente da mesma.

Artigo 12º1 – Aos membros dos Corpos Gerente, não é permitido

o desempenho de mais de um cargo;2 – O exercício de qualquer cargo por parte dos mem-

bros dos Corpos Gerentes é gratuito, podendo, no entanto, justificar-se o pagamento de despesas dele derivadas, des-de que devidamente justificadas.

Artigo 13º1 – Em caso de vacatura de alguns dos lugares dos Cor-

pos Gerentes, o lugar será preenchido por um Irmão su-plente, do mesmo órgão;

2 – caso se justifique, poderão os membros em exercí-cio reajustar a distribuição das funções, de modo a garantir o melhor funcionamento.

Artigo 14º Os Corpos Gerentes são convocados pelo respetivo

Presidente e só poderão deliberar com a presença da maio-ria dos seus elementos. Nas votações em que estiverem em causa assuntos de caráter pessoal ou familiar dos membros dos Corpos Gerentes, as votações serão, obrigatoriamente, por escrutínio secreto.

Os Membros dos Corpos Gerentes, não poderão votar nas matérias em que haja conflitos de interesses, entre a Confraria e eles, ou seus familiares.

6 | LEIRIA-FÁTIMA | Ano XX | N.º 52 | 31 Dezembro 2012 |

Artigo 15ºOs membros dos Corpos Gerentes são responsáveis,

civil e criminalmente, pelas faltas ou irregularidades co-metidas no exercício do seu mandato.

1 – Além dos motivos previstos na lei, os membros dos Corpos Gerentes ficam ilibados de responsabilidade, quando:

a) não tiverem tomado parte nessa resolução e a repro-varem com declaração na Ata da sessão imediata em que se encontrem presentes;

b) tiverem votado contra essa resolução e o fizerem consignar na Ata respetiva.

Artigo 16ºAs Atas das reuniões de qualquer órgão, deverão ser

lavradas em livro próprio.

cApÍTULo vIDa Assembleia Geral

Artigo 17ºA Assembleia Geral é constituída por todos os Irmãos

da Confraria, no pleno gozo dos seus direitos e é dirigida pela respetiva Mesa.

1 – Reúne-se ordinariamente, duas vezes por ano, em janeiro e em junho;

2 – Reúne-se extraordinariamente, sempre que o Presi-dente da Mesa da Assembleia Geral a convoque, a pedido da Direção, do Conselho Fiscal ou por requerimento de, pelo menos, 15% dos Irmãos, no pleno gozo dos seus direitos.

Artigo 18ºA convocação da Assembleia Geral, quer ordinária, quer

extraordinária, deve ser feita por escrito, pelo Presidente da Mesa, com, pelo menos, quinze dias de antecedência.

1 – nela deve constar o dia, hora, local e ordem de tra-balhos;

2 – se for eleitoral, deve enviar-se a cada Irmão, lista atualizada dos Irmãos da Confraria;

3 – a convocatória da reunião extraordinária deverá ser feita no prazo de quinze dias após o pedido ou requerimen-to, e a reunião deverá realizar-se no prazo de trinta dias, a contar da data da receção do pedido ou requerimento.

Artigo 19º1 - A Mesa da Assembleia Geral é composta por um

Presidente, um Vice-Presidente e um Secretário , eleitos pela Assembleia e confirmados pelo Bispo Diocesano, por um triénio, podendo este ser renovado por um segundo tri-énio consecutivo;

2 – Na falta ou impedimento de qualquer dos membros da Mesa da Assembleia Geral, competirá a esta eleger os respetivos substitutos, de entre os associados presentes, os quais cessarão as suas funções no termo da reunião.

Artigo 20º1 - Compete à Assembleia Geral deliberar sobre as ma-

térias não reservadas à autoridade eclesiástica e não com-preendidas nas atribuições legais ou estatutárias dos outros órgãos, designadamente:

a) definir as linhas fundamentais de atuação da Confraria;b) eleger os membros dos diferentes órgãos de governo

da Confraria;

c) apreciar, discutir e votar, anualmente, as Contas de Ge-rência e o Relatório de Atividades, bem como o Orçamento e o Programa de Ação para o ano seguinte. Antes, porém, estes documentos deverão ter o parecer do Conselho Fiscal;

d) decidir sobre a aquisição onerosa, alienação a qual-quer título de bens imóveis e de outros quaisquer bens de fundo patrimonial estável, e sobre atos de administração extraordinária, de acordo com a legislação canónica;

e) deliberar sobre a alteração ou atualização dos esta-tutos;

f) propor à autoridade competente a extinção, fusão ou cisão da Confraria;

g) aprovar a adesão a uniões, federações ou confedera-ções de confrarias;

h) deliberar sobre a demissão da Direção e do Conselho Fiscal.

2 – As decisões referentes às alíneas d), e), f) e g), tor-nam-se efetivas após a homologação do Bispo Diocesano.

cApÍTULo vIIDa Direção

Artigo 21ºO governo ordinário da Confraria é confiado à Dire-

ção, eleita em Assembleia Geral e confirmada pelo Bispo Diocesano.

1 – A Direção é composta por três membros: Prove-dor, Secretário e Tesoureiro e outros tantos membros su-plentes;

2 – o mandato da Direção será de um triénio, podendo este ser renovado por um segundo triénio consecutivo;

3 – a nova Direção será empossada pelo Presidente ces-sante da Assembleia Geral, na presença da Direção ces-sante;

4 – a Direção reunir-se-á ordinariamente uma vez por mês e sempre que for convocada pelo Provedor/Presidente.

Artigo 22ºCompete à Direção, designadamente:1 – garantir a efetivação dos direitos dos Irmãos;2 – admitir os Irmãos que o pretendam e cumpram as

condições exigidas pelos estatutos;3 – promover a boa administração da Confraria e de

todos os seus bens;4 – fazer observar as disposições dos estatutos e demais

determinações da autoridade eclesiástica;5 – elaborar anualmente as Contas de Gerência e o Re-

latório de Atividades, bem como o Orçamento e o Progra-ma de Ação para o ano seguinte, submetendo-os ao Parecer do Conselho Fiscal;

6 – Enviar anualmente , ao Bispo Diocesano, para con-firmação, uma cópia dos documentos referidos no número 5, do presente Artigo;

7 – representar a Confraria em juízo e fora dele, sendo necessário, para a representar em juízo, a autorização do Bispo Diocesano, dada por escrito;

8 – promover, de acordo com o Capelão, as solenidades religiosas prescritas nos estatutos;

9 – sufragar os Irmãos, benfeitores e demais devotos falecidos;:

10 – satisfazer todos os legados pios segundo a vontade dos benfeitores;

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11 – manter atualizado o inventário do património da Confraria;

12 – celebrar acordos de cooperação e estabelecer parcerias com outras entidades, para a realização dos fins da Confraria;

13 – fornecer ao Conselho Fiscal outros elementos que este lhe solicitar, para o cumprimento das suas atribuições.

Artigo 23ºPara obrigar a Confraria, são necessárias e bastantes

as assinaturas conjuntas do Provedor e de qualquer outro membro da Direção.

1 – Nas operações financeiras, são obrigatórias as assi-naturas conjuntas do Provedor e do Tesoureiro;

2 – Nos atos de mero expediente, bastará a assinatura de qualquer membro da Direção.

Artigo 24ºO Presidente da Confraria, de acordo com o Artigo 11º,

é sempre o Bispo Diocesano, o qual será suficientemente representado na Direção pelo Provedor, que será sempre um Irmão Sacerdote.

Artigo 25ºCompete ao Provedor:1 – convocar e presidir às reuniões da Direção, dirigin-

do os respetivos trabalhos;2 – assinar a correspondência e, conjuntamente com o

Tesoureiro, as ordens de pagamento;3 – fazer os despachos de quaisquer requerimentos, de-

pois de ouvidos os restantes membros;4 – representar a Confraria em juízo e fora dele, de

acordo com o nº 7, do Artigo 22º;5 – assinar e rubricar os termos de abertura e encerra-

mento do livro de Atas da Direção;6 – despachar os assuntos do expediente ordinário e ou-

tros que careçam de solução urgente, sujeitando-se estes últimos à confirmação da Direção, na primeira reunião.

Artigo 26ºNa ausência de qualquer Membro da Direção, tomará o

seu lugar o membro suplente.

Artigo 27ºCompete ao Secretário:1 – lavrar as Atas das reuniões da Direção;2 – preparar, de acordo com o Provedor, a agenda de

trabalhos para as reuniões da Direção, organizando os pro-cessos dos assuntos a serem tratados;

3 – ter à sua guarda os livros de escrituração da Confra-ria e velar pela devida organização dos mesmos;

4 – receber do seu antecessor e entregar ao sucessor, por inventário, todos os livros e documentos da Confraria;

5 – inscrever os Irmãos admitidos no respetivo livro – manual ou informático –, e dar-lhes conhecimento;

Artigo 28ºCompete ao Tesoureiro:1 – receber e guardar os valores da Confraria;2 – promover a escrituração do(s) l.ivro(s) de receita e

despesa, pelo processo manual ou informático;3 – assinar as autorizações de pagamento e as guias de

receita, conjuntamente com o Provedor;

4 – elaborar as Contas de Gerência e o Relatório de Atividades, bem como o Orçamento e o Programa de Ação, para o ano seguinte, segundo o disposto nos estatutos, con-juntamente com os restantes Membros da Direção.

cApÍTULo vIIIDo conselho Fiscal

Artigo 29ºO Conselho Fiscal é constituído por três membros: o

Presidente e dois vogais e outros tantos membros suplentes.1 – é eleito em assembleia Geral e confirmado pelo Bis-

po Diocesano;2 – o seu mandato é de três anos, renovável apenas uma vez.

Artigo 30ºCompete ao Conselho Fiscal: vigiar o cumprimento da

lei e dos estatutos da Confraria, sem prejuízo das atribui-ções canónicas conferidas ao Ordinário Diocesano, nome-adamente:

1 – exercer vigilância sobre a escrituração e demais do-cumentos da Confraria, sempre que o julgue conveniente;

2 – assistir às reuniões da Direção, sempre que o julgue oportuno, mas sem direito a voto;

3 – emitir parecer sobre as Contas de Gerência e o Rela-tório de Atividades, bem como sobre o Orçamento e Progra-ma de Ação, para o ano seguinte, apresentados pela Direção;

4 – dar parecer sobre quaisquer assuntos que a Direção entenda submeter à sua apreciação.

Artigo 31ºO Conselho Fiscal reunir-se-á anualmente e sempre

que for convocado pelo Presidente.

cApÍTULo IXDo capelão

Artigo 32ºO Capelão é o sacerdote a quem o Bispo Diocesano,

sob proposta da Direção, confia, de modo estável e pelo período de três anos, o cuidado pastoral do Santuário. Ces-sará funções com a tomada de posse da nova Direção ou quando receber do Bispo Diocesano um cargo incompatí-vel com o seu múnus no Santuário.

cApÍTULo XDo património da confraria

Artigo 33ºO património da Confraria é constituído por:1 – bens imóveis: Monte, Santuário, Casa do Cabido e

Anexo;2 – bens móveis: obras de arte, ex-votos e outros valo-

res que lhes pertencem;3 – outros bens que venham a ser adquiridos pela mesma,

diretamente ou através de doações, heranças, legados e demais formas legais, de acordo com a legislação canónica em vigor.

Artigo 34ºSão receitas da Confraria:1 – os rendimentos de bens ou valores do seu património;

8 | LEIRIA-FÁTIMA | Ano XX | N.º 52 | 31 Dezembro 2012 |

2 – a quota anual dos Irmãos, que será equivalente ao estipêndio de uma missa;

3 – as esmolas, ofertas e peditórios realizados na Igreja, excluindo os que são consignados;

4 – os donativos de entidades públicas ou privadas;5 – o resultado de eventos, organizados por Irmãos ou

outros fiéis .

Artigo 35ºSão despesas da Confraria:1 – gratificações por serviços prestados;2 – reparação, conservação e valorização do património

imóvel e móvel, da Confraria;3 – contribuições e outros encargos ordinários;4 – taxas prescritas pela Cúria Diocesana;5 – donativos para fins sociais, bolsas de estudo, no

todo ou em parte, de acordo, ou não com parcerias a efeti-var com outras Entidades, nos termos do nº 4. do Artigo 3º;

cApÍTULo XIFestividades da confraria

Artigo 36ºSão festividades da Confraria, a celebrar com a soleni-

dade possível:1 – a Encarnação do Verbo, a 25 de março, ou noutro

dia mais conveniente, dando graças a Deus pela disponi-bilidade de Maria em servir os planos divinos. Neste con-texto, importa promover a cultura da vida, enquanto dom e bênção de Deus;

2 – a memória do primeiro milagre, a 11 de julho, ou noutro dia mais conveniente, e as demais graças concedi-das por Nossa Senhora da Encarnação a todos os devotos;

3 – a Assunção de Nossa Senhora, a 15 de agosto, Pa-droeira da cidade de Leiria, solenidade que celebra Maria, Mãe de Jesus, imagem da Igreja, primeiro exemplo da sal-vação plenamente realizada e testemunho da sublime voca-ção de todo o ser humano à comunhão com Deus (GS 22);

4 – os sufrágios pelos Irmãos, benfeitores e demais devotos falecidos, no mês de novembro, de preferência a um Domingo.

Artigo 37º A Direção, de acordo com o nº 8 do Artigo 22º, procu-

rará estabelecer as parcerias necessárias e possíveis com instituições religiosas, civis e culturais para a dignificação das festividades do Santuário.

cApÍTULo XIIDisposições diversas

Artigo 38ºOs presentes Estatutos poderão ser alterados por pro-

posta do Provedor, ou de, pelo menos 15% dos Irmãos no pleno gozo dos seus direitos, aprovada pela Assembleia Geral e confirmada pelo Bispo Diocesano

Artigo 39ºEm caso de dissolução da Confraria, os bens desta pas-

sarão para a Administração da Autoridade Eclesiástica da Diocese.

Estatutos da Junta de Acção Social da Diocese de Leiria-Fátima

Refª: BD2012A-021

DecreTo De AprovAçãoD. António Augusto dos Santos Marto, bispo de

Leiria-Fátima, faz saber quanto segue:Tendo o Presidente da Direção da Junta de Acção So-

cial da Diocese de Leiria-Fátima, António Cerejo Moreira Caseiro, solicitado a aprovação dos Estatutos desta asso-ciação, havemos por bem:

1. Aprovar os presentes Estatutos da Junta de Acção Social da Diocese de Leiria-Fátima, que substituem os an-teriores de 23 de junho de 1982 e que constam de 8 capítu-los e 61 artigos, em 15 folhas, rubricadas por mim;

2. Determinar que os mesmos Estatutos entrem de ime-diato em vigor.

Leiria, 20 de agosto de 2012.† António Augusto dos Santos Marto,Bispo de Leiria-Fátima

esTATUTos

cApÍTULo IDA DeNoMINAção, NATUreZA, orGANIZAção e FINs

Art.º 1.º1 – A Junta de Acção Social da Diocese de Leiria-Fátima,

daqui em diante designada por Junta, criada a 20 de junho de 1952, é uma associação de fiéis, constituída na ordem jurídica canónica, com objetivo de promover a solidarie-dade e a justiça entre os indivíduos e facultar serviços ou prestações de segurança social.

2 – Informada pelos princípios da doutrina e moral ca-tólicas, a Junta exercerá as atividades que constarem deste estatuto e vierem a ser consideradas convenientes.

3 – A junta tem personalidade jurídica civil e está reco-nhecida como instituição privada de solidariedade social.

4 – A Junta, criada por tempo indeterminado, tem a sua sede na Batalha e exerce a sua ação na região da Batalha.

Art.º 2.ºA Junta propõe-se melhorar a vida social da população,

qualquer que seja a sua crença religiosa, ideias políticas ou raça, com vista a contribuir para a transformar numa verdadeira comunidade humana.

Art.º 3.ºNo exercício das suas atividades, a Junta deverá ter

sempre presente:a) A natureza unitária da pessoa humana e o respeito

pela sua dignidade.b) A necessidade de aperfeiçoamento espiritual, moral

e cultural de todos.c) A participação ativa de todos na resolução das suas pró-

prias carências e na elevação do nível de vida da população.d) O espírito de convivência e de solidariedade social

como fator de trabalho em comum.e) A utilidade de recorrer a equipas de trabalho tecnica-

mente preparadas e devidamente qualificadas.

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Art.º 4.ºNa prossecução dos seus objetivos, a Junta poderá:a) Exercer, além de outras, atividades culturais, educa-

tivas e bem assim de saúde e assistência, tendo em vista as que já existem na sua área.

b) Amparar e ajudar todas as obras católicas similares, que o desejem, a realizar os seus fins caritativos e a desen-volver os seus serviços.

c) Fomentar e preparação de pessoal diretivo e admi-nistrativo que sirva de garantia ao bom funcionamento das obras.

d) Promover a criação das referidas obras a nível inter-paroquial ou diocesano que se considerem úteis ou neces-sárias.

§ ÚNICO – Os diferentes setores da Junta reger-se-ão por regulamentos internos elaborados pela direção, ouvida a assembleia geral.

Art.º 5.ºA criação e manutenção das atividades da Junta deve-

rão resultar da iniciativa da direção, secundada pela ajuda mútua entre a população e da consciencialização das ne-cessidades mais prementes do meio.

§ ÚNICO – Para efeitos do disposto no corpo deste arti-go, a direção poderá aceitar a colaboração de trabalhadores voluntários e de pessoas dotadas de aptidões especiais ou que constituam valores sociais locais.

Art.º 6.º1 – A Junta poderá colaborar com as demais institui-

ções existentes na Diocese e promoverá a colaboração e o melhor entendimento com as autoridades em tudo o que respeite à manutenção e ao desenvolvimento das obras so-ciais.

2 – A Junta poderá, assim, efetuar acordos de coopera-ção com outras instituições ou entidades oficiais para me-lhorar a realização dos seus fins.

3 – Igualmente poderá constituir uniões ou federações com outras associações para criar ou manter, de forma re-gular e permanente, serviços ou equipamentos de utiliza-ção comum e para desenvolver ações sociais de responsa-bilidade ou interesse comum.

Art.º 7.º1 – Na prossecução dos seus objetivos, a Junta propõe-

se manter as seguintes secções:a) Crecheb) Jardim de Infância.c) Ocupação dos tempos livres.2 – A Junta poderá novas criar novas secções ou servi-

ços, mediante autorização do Ordinário Diocesano.

Art.º 8.º1 – A Junta é constituída pelos associados que nela vie-

rem a ser admitidos.2 – O número de associados é ilimitado.

Art.º 9.º1 – Dentro dos objetivos estatutários, o governo da

Junta reside na assembleia geral e, por delegação desta, na direção.

2 – A direção poderá ser coadjuvada e assistida por as-sociados, livremente por ela escolhidos de entre os asso-ciados que revelem melhores conhecimentos técnicos, ou outros dos diversos setores, que manifestem maior interes-se pelos respetivos problemas.

cApITULo IIDos AssocIADos

Art.º 10.ºPodem ser admitidos como associados os indivíduos de

ambos os sexos que reúnam as seguintes condições:a) Sejam de maioridade.b) Sejam, de preferência, naturais ou residentes na área

da Batalha.c) Aceitem os princípios da doutrina e moral católicas

que informam a Junta.d) Não contradigam nem hostilizem por qualquer meio

a religião católica e os seus fundamentos.e) Se comprometam ao pagamento da quota que for es-

tabelecida pela assembleia geral.

Art.º 11.º1 – A admissão dos associados é feita por meio de pro-

posta, assinada por dois associados proponentes e pelo próprio candidato, na qual o mesmo declara nome, idade, estado, profissão, naturalidade, residência, e que se obriga a cumprir os deveres que a sua condição de associado lhe impõe.

2 – Tal proposta será submetida à apreciação da direção na primeira reunião ordinária posterior à apresentação na secretaria.

3 – Só se consideram admitidos os propostos que tive-rem reunido, em escrutínio secreto, a maioria dos votos dos membros da direção que estiverem presentes na respetiva votação, e consideram-se equivalentes a votos contra, as abstenções e os votos nulos e em branco.

4 – A admissão dos novos associados somente será considerada definitiva depois de estes assinarem, perante o presidente da direção, o documento pelo qual se compro-metem, sob juramento, a desempenhar com fidelidade os seus deveres de associados.

5 – O pagamento das quotas é devido a contar do início do mês em que os associados foram admitidos.

Art.º 12.ºTodos os associados têm direito:1 – A assistir a todas as reuniões da assembleia geral e

nelas intervir e votar; não poderão, porém, votar nas deli-berações em que forem direta ou pessoalmente interessa-dos.

2 – A ser eleitos para os corpos gerentes.3 – A requerer a convocação extraordinária da

assembleia geral, devendo o pedido ser apresentado por escrito, com indicação do assunto a tratar e assinado pelo mínimo de dez associados.

4 – A visitar gratuitamente as obras e serviços da Junta com observância dos respetivos regulamentos.

5 – A receber um exemplar dos estatutos e cartão de identificação.

10 | LEIRIA-FÁTIMA | Ano XX | N.º 52 | 31 Dezembro 2012 |

6 – A ter prioridade nos serviços da Junta em igualdade de circunstância e de acordo com os critérios a estabelecer.

Art.º 13.ºTodos os associados são obrigados a:1 – Pagamento da respetiva quota, exceto durante o

exercício de funções como membro dos corpos gerentes.2 – Desempenhar com zelo e dedicação os lugares dos

corpos gerentes para os quais tiverem sido eleitos, salvo se tiver sido deferido o pedido de escusa que, por motivo justificado, apresentarem.

3 – A colaborar no desenvolvimento e progresso da Junta de modo a prestigiá-la a torná-la cada vez mais res-peitada, eficiente e útil perante a comunidade.

4 – A defender e a proteger a Junta em todas as eventu-alidades, principalmente quando ela for injustamente acu-sada ou atacada.

Art.º 14.ºSão excluídos da Junta os associados que:1 – Solicitarem a sua exoneração.2 – Deixarem de satisfazer as suas quotas por tempo

superior a um ano e que, depois de notificados, não cum-pram essa obrigação ou não justifiquem a sua atitude no prazo de 30 dias.

3 – Não prestarem contas dos valores que lhes tenham sido confiados.

4 – Se recusarem, sem motivo justificado, a servir nos lugares dos corpos gerentes para que tiverem sido eleitos.

5 – Perderem a boa reputação moral e social ou volun-tariamente causarem danos à Junta.

6 – Tomarem atitudes hostis à religião e à Igreja Cató-lica.

§ ÚNICO – A pena de exclusão só poderá ser imposta pelo voto da maioria dos associados presentes na reunião da assembleia geral em que o assunto for tratado.

cApÍTULo IIIAssIsTÊNcIA espIrITUAL e reLIGIosA

Art.º 15.º1 – A Junta cuidará de prestar a adequada assistência

espiritual e religiosa aos seus utentes, funcionários e mem-bros dos órgãos diretivos:

2 – A assistência espiritual e religiosa visa promover o aperfeiçoamento espiritual das pessoas, oferecendo-lhes meios para alimentarem e crescerem na fé cristã ou nas próprias convicções religiosas e humanitárias.

3 – Compete ao pároco promover e coordenar o serviço de assistência espiritual e religiosa mediante as pessoas e as iniciativas que julgue oportunas.

cApÍTULo IvDo pATrIMÓNIo e Do reGIMe FINANceIro

Art.º 16.º1 – O património da Junta é constituído por todos os

seus bens atuais e pelos que venha a adquirir por título le-gítimo.

2 – A Junta não poderá alienar ou onerar os seus bens imóveis ou mesmo móveis que tiverem especial valor ar-tístico ou histórico, sem prévia deliberação favorável da assembleia geral e sem o necessário cumprimento das dis-posições canónicas e civis.

Art.º 17.ºAs receitas da Junta são ordinárias e extraordinárias.§ PRIMEIRO – Constituem receitas ordinárias:1 – Os rendimentos e bens próprios.2 – O produto das quotas dos associados.3 – As pensões e percentagens de compensação pagas

pelos utentes dos diversos setores.4 – Outros rendimentos de serviços e obras sociais.5 – Os subsídios, comparticipações e compensações

pagos pelo Estado e Autarquias locais com caráter de regu-laridade ou permanência, em troca de serviços prestados.

§ SEGUNDO – Constituem receitas extraordinárias:1 – Os legados, heranças e doações.2 – O produto de empréstimos.3 – O produto de alienação de bens.4 – O produto de cortejos de oferendas e donativos par-

ticulares.5 – Os subsídios eventuais do Estado e das Autarquias

locais.6 – Quaisquer outros rendimentos que por sua natureza

não devem normalmente repetir-se em anos económicos sucessivos.

7 – O espólio dos utentes que não for legitimamente reclamado pelos respetivos interessados no prazo legal.

Art.º 18.ºAs despesas da Junta são classificadas de ordinárias e

extraordinárias.§ PRIMEIRO – São despesas ordinárias:1 – As que resultem da execução dos presentes estatu-

tos.2 – As do exercício do culto e as que resultem do cum-

primento de encargos da responsabilidade da Junta.3 – As que assegurem a conservação e a reparação dos

bens e a manutenção dos serviços, incluindo vencimentos de pessoal e encargos patronais.

4 – Os impostos, contribuições e taxas que onerem bens e serviços.

5 – As cotizações devidas a uniões e federações em que a Junta estiver inscrita ou filiada.

6 – As que resultem da deslocação de utentes, corpos gerentes e pessoal em serviço.

7 – Quaisquer outras que tenham caráter de continuida-de e permanência e estiverem de harmonia com a lei e com os fins estatutários.

§ SEGUNDO – São despesas extraordinárias:1 – As despesas de construção e equipamento de novos

edifícios, serviços e obras ou de ampliação dos já existentes.2 – As despesas de aquisição de novos terrenos para

construção ou de novos prédios rústicos e urbanos.3 – As despesas que constituem auxílios imperiosos e

extraordinários a indivíduos que delas necessitem com ur-gência.

4 – As outras despesas que se justifiquem pela sua utili-dade ou necessidade e que forem previamente deliberadas e autorizadas pela assembleia geral ou pela direção.

| LEIRIA-FÁTIMA | Ano XX | N.º 52 | 31 Dezembro 2012 | 11

Art.º 19.ºO exercício anual da Junta corresponde ao ano civil.

Art.º 20.º1 – Até trinta e um de outubro de cada ano será elabora-

do e submetido à aprovação o orçamento do ano seguinte, com descriminação das receitas e despesas de cada setor de atividade e com dotação separada das verbas de pessoal e material.

2 – No decorrer de cada ano poderá ser elaborado e sub-metido à competente aprovação um orçamento suplemen-tar, par ocorrer a despesas que não hajam sido previstas no orçamento ordinário, ou que nele hajam sido insuficiente-mente dotadas.

3 – Em casos muito especiais e devidamente justifica-dos, poderá ainda ser elaborado e aprovado um segundo orçamento suplementar.

Art.º 21.º1 – Todos os meses, até ao dia dez, cada setor de ati-

vidades da Junta apresentará à direção o balancete do mês anterior.

2 – Por sua vez a direção elaborará até ao dia vinte de cada mês o balancete – resumo de todas as atividades.

Art.º 22.ºEm cada setor ou serviço, bem como na direção, existi-

rá um serviço de registo e de contabilidade.

Art.º 23.ºAté trinta e um de março de cada ano serão apresen-

tadas à apreciação e votação da assembleia geral as cotas de gerência do exercício do ano anterior, com o respetivo relatório da direção e parecer do Conselho Fiscal, acompa-nhados dos mapas e documentos justificativos.

Art.º 24.ºNa elaboração e execução dos orçamentos e no funcio-

namento dos serviços de contabilidade e tesouraria, serão tomadas na devida consideração as normas orientadoras de caráter genérico da atividade.

Tutelar do Estado, de modo que seja obtido o melhor aperfeiçoamento possível dos serviços.

Art.º 25.º1 – Os capitais da Junta serão depositados à ordem ou a

prazo na Caixa Geral de Depósitos ou em qualquer banco nacional.

2 – Ficam excetuados deste preceito os dinheiros ne-cessários ao movimento normal diário.

cApÍTULo v

secção IDA ADMINIsTrAção

Art.º 26.ºOs corpos gerentes da Junta são a assembleia geral, a

direção e o conselho fiscal.

Art.º 27.ºOs membros dos corpos gerentes não podem ser reelei-

tos consecutivamente mais de uma vez, a não ser quando a assembleia geral reconhecer que é inconveniente a sua substituição.

Art.º 28.ºO exercício dos cargos nos corpos gerentes é gratuito,

mas justifica o pagamento das despesas dele derivadas.§ ÚNICO – Quando o volume do movimento finan-

ceiro ou a complexidade dos serviços exijam o trabalho e a presença prolongada de algum ou de alguns membros dos corpos gerentes, ou até de algum perito associado ou não, podem eles começar a ser remunerados, desde que a assembleia geral assim o delibere e fixe a respetiva remu-neração.

secção IIDA AsseMBLeIA GerAL

Art.º 29.º1 – A assembleia geral é constituída pela reunião dos

associados e só pode funcionar, em primeira convocação, com a presença da maioria absoluta dos associados inscri-tos.

2 – Se qualquer reunião não puder realizar-se, por falta de maioria legal, no dia e hora designados, far-se-á meia hora depois, na segunda convocação, com qualquer núme-ro de associados.

Art.º 30.º1 – Na convocação das reuniões da assembleia geral se-

rão sempre indicados os fins, o local e a hora das reuniões.2 – Nas reuniões ordinárias poderão ser tratados quais-

quer assuntos, ainda que estranhos aos fins designados na convocatória; mas, nas reuniões extraordinárias, somente poderão ser tratados os assuntos expressamente referidos na respetiva convocatória.

3 – As deliberações da assembleia geral serão tomadas por maioria absoluta dos votos presentes.

4 – Não são consideradas aprovadas as alterações do estatuto que não reunirem, pelo menos, os votos conformes de 25% do número dos associados inscritos.

5 – A votação em assembleia geral poderá ser feita tam-bém por correspondência ou ainda por delegação noutro associado, desde que, antes do início da votação, se dê co-nhecimento dessa situação com entrega da respetiva cre-dencial à mesa que preside.

Art.º 31.º1 – A assembleia geral reúne, ordinariamente, duas ve-

zes por ano. Uma no mês de novembro, para votar o plano de atividades e orçamento para o ano seguinte e proceder à eleição dos corpos gerentes, quando for caso disso. A outra no mês de março, para apreciação e votação das contas do exercício anterior.

2 – Haverá, além disso, as reuniões extraordinárias que forem necessárias ou convenientes, sempre que forem requeridas pelo presidente da assembleia geral, pela dire-ção ou de acordo com o Art.º 12.º, n.º 3, ao presidente da assembleia geral, com indicação expressa dos assuntos a tratar.

12 | LEIRIA-FÁTIMA | Ano XX | N.º 52 | 31 Dezembro 2012 |

3 – Igualmente poderá qualquer associado, e bem as-sim o Ministério Público, requerer ao tribunal competente a convocação da assembleia geral nos casos graves enume-rados no Art.º 63.º do Estatuto das Instituições Particulares de Solidariedade Social, promulgado pelo Dec. Lei 119/83 de 25 de fevereiro.

4 – As reuniões da assembleia geral serão convocadas pelo respetivo presidente ou seu substituto, com a antece-dência mínima de oito dias, e, quando se tratar de reuniões extraordinárias, serão realizadas no prazo de trinta dias a contar da data em que o mesmo presidente receber o pedi-do da convocação.

5 – As convocações serão feitas por meio de aviso es-crito aos associados, por anúncio público no periódico ofi-cial da Diocese e por edital afixado na sede da Junta.

Art.º 32.º1 – Compete à mesa da assembleia geral dirigir os tra-

balhos das reuniões.2 – A mesa é constituída por um presidente, que será

sempre o Pároco da Batalha, um vice-presidente e primeiro e segundo secretários.

3.- No caso de não estar presente o presidente, assumi-rá a presidência um dos outros membros, com a respetiva prioridade.

4.- Na falta dos secretários, competirá ao presidente da mesa designá-los, dentre os associados presentes para aquela reunião.

Art.º 33.ºCompete à assembleia geral:1 – Proceder à eleição da própria mesa da assembleia,

exceto o presidente (Art.º 32.º, 2), da direção, exceto o pre-sidente (Art.º 35.º, 1) e do conselho fiscal.

2 – Apreciar e votar os orçamentos e contas de gerên-cia.

3 – Deliberar sobre a exclusão de associados.4 – Apreciar e votar alterações aos estatutos.5 – Decidir os recursos interpostos das deliberações da

direção.6 – Autorizar a aquisição, alienação, arrendamento e

oneração de bens imóveis e móveis com especial valor ar-tístico ou histórico e a realização de empréstimos.

7 – Fiscalizar o cumprimento dos estatutos.8 – Deliberar sobre os casos não previstos nestes esta-

tutos.

Art.º 34.ºDas reuniões da assembleia geral será lavrada ata em

livro próprio, a qual será lida e aprovada nessa reunião ou reunião seguinte e assinada pelos membros da mesa.

§ ÚNICO – A assembleia geral poderá delegar na sua mesa a competência para redigir a ata, que considerará logo aprovada na parte relativa às deliberações tomadas.

secção IIIDA DIreção

Art.º 35.º1 – A direção é constituída pelo Presidente, nomeado

pelo Ordinário da Diocese, por sua iniciativa ou sob pro-posta do Pároco da Batalha, e por quatro associados, elei-

tos pela assembleia geral, sendo um vice-presidente, outro secretário, outro tesoureiro e outro vogal.

2 – Se o movimento da Junta o justificar, poderão fazer parte da direção mais vogais, conforme os setores ou servi-ços, igualmente eleitos pela assembleia geral.

3 – A direção designará entre os seus membros os ele-mentos que em especial ficarão encarregados dos diversos setores da Junta.

4 – A direção só poderá funcionar validamente com a maioria absoluta dos seus membros e o seu presidente tem sempre voto de qualidade.

Art.º 36.ºA direção tomará posse no primeiro dia útil do período

para que foi eleita e reunirá uma vez por mês.§ ÚNICO – A direção cessante continuará em exercício

até à posse da nova direção eleita e, nessa ocasião, deve fazer a entrega dos bens e valores da Junta.

Art.º 37.ºA direção terá, além disso, as reuniões extraordinárias

que forem julgadas convenientes, e, nessas reuniões, serão, em princípio, tratados apenas os assuntos para os quais foi expressamente convocada.

§ ÚNICO – As reuniões extraordinárias são convoca-das pelo presidente a pedido justificado de qualquer mem-bro da direção.

Art.º 38.ºNão podem ser membros da direção os associados da

Junta que:1 – Lhe forem devedores por dívidas já vencidas.2 – Mantenham com ela qualquer contracto ou pleito.

Art.º 39.ºOs membros da direção são solidariamente responsá-

veis pela administração dos bens e pelos negócios da Jun-ta, mas os que não tiverem aprovado essas resoluções, não incorrem nessa responsabilidade.

Art.º 40.ºCompete à direção:1 – Executar e fazer executar as deliberações da

assembleia geral e os preceitos deste estatuto e do regula-mentos que o vierem a completar.

2 – Admitir ou rejeitar novos associados e propor à assembleia geral a exclusão, quando for caso disso.

3 – Administrar os bens, obras e serviços e zelar pelo bom funcionamento dos seus vários setores.

4 – Elaborar orçamentos e relatórios e organizar contas de gerência.

5 – Cobrar receitas e liquidar despesas.6 – Efetuar, a título oneroso, aquisições e fornecimen-

tos, aceitar heranças, legados e donativos. E alienar bens, quando tudo isso não for da competência exclusiva da assembleia geral.

7 – Elaborar os regulamentos aconselháveis para a boa organização dos serviços.

8 – Aprovar quadros de pessoal.9 – Criar e extinguir lugares e fixar vencimentos.10 – Nomear, suspender e admitir empregados e servi-

dores da Junta, estabelecer os seus horários, condições de

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trabalho e exercer sobre eles o necessário poder disciplinar, mas sempre de harmonia com as normas estatutárias e le-gais aplicáveis.

11 – Dar posse, no final do seu mandato, aos corpos gerentes seguintes e fazer-lhes a entrega dos documentos e valores da Junta.

12 – Representar a Junta em juízo e fora dele através dos seus próprios membros para tal expressamente desig-nados.

13 – Constituir grupos de trabalho, estudo e reflexão, com objetivo de melhorar e desenvolver as atividades so-ciais, designadamente através da divulgação do seu espíri-to, da sua obra, dos seus propósitos, das suas iniciativas e reuniões de convívio e festividades.

14 – Promover por todos os meios lícitos o desenvolvi-mento e a prosperidade da Junta e praticar todos os atos que a sua administração ou as leis exijam, permitam e aconse-lhem e não seja da competência de outro órgão estatutário.

15 – Comunicar superiormente os atos sujeitos a re-gisto.

Art.º 41.ºA direção pode delegar em qualquer dos seus membros,

todas as vezes que achar conveniente, qualquer das suas atribuições.

Art.º 42.ºCompete ao presidente:1 – Presidir às reuniões.2 – Superintender diretamente, ou por intermédio de

pessoa para tal efeito nomeada, na administração da Junta e consequentemente orientar e fiscalizar as diversas ativi-dades e serviços.

3 – Propor à direção os orçamentos, relatórios e contas de gerência.

4 – Despachar os assuntos de expediente e outros que pareçam de solução urgente, mas estes últimos, se exce-derem a sua competência normal, devem ser submetidos à confirmação da direção na primeira reunião seguinte.

5 – Assinar a correspondência, as ordens de pagamento e as guias de receita ou recibos.

6 – Representar e obrigar a Junta em juízo e fora dele em casos de urgência e enquanto pela direção não for to-mada a respetiva deliberação.

7 – Fazer executar as deliberações da assembleia geral e da direção e cumprir quaisquer outras deliberações ine-rentes ao seu cargo ou que as leis vigentes ou os costumes antigos lhe imponham.

§ ÚNICO – Na ausência e no impedimento do presi-dente serão as respetivas funções desempenhadas pelo vi-ce-presidente e, na falta de ambos, por quem o presidente nomear.

Art.º 43.ºCompete ao secretário:1 – Redigir e assinar as atas das reuniões e superinten-

der em especial nos serviços de secretaria e na organização dos respetivos arquivos.

2 – Assinar com o presidente as ordens de pagamento.3 – Preparar a agenda de trabalho das reuniões de di-

reção.4 – Coadjuvar o presidente na execução do seu cargo.

Art.º 44 .ºCompete ao tesoureiro:1 – Promover a cobrança e arrecadação de todas as re-

ceitas da Junta.2 – Efetuar os pagamentos.3 – Orientar e fiscalizar a contabilidade, de modo a

vigiar o correto arquivamento de todos os documentos de receita e despesa.

4 – Apresentar mensalmente à direção o balancete das despesas e receitas do mês anterior.

secção IvDo coNseLHo FIscAL

Art.º 45.º1 – O conselho fiscal é constituído por três associa-

dos, sendo um presidente e dois vogais, todos eleitos pela assembleia geral.

2 – Para tal cargo devem ser escolhidos, sempre que isso seja possível, elementos que possuam os necessários conhecimentos que lhes permitam uma correta fiscalização dos serviços de contabilidade.

3 – É aplicável aos membros do conselho fiscal o dis-postos no Art.º 38.º destes estatutos.

Art.º 46.º1 – O conselho fiscal terá, pelo menos, uma reunião

anual e poderá, além disso, efetuar as reuniões que consi-derar convenientes.

2 – As decisões serão tomadas com pluralidade de vo-tos e o conselho só poderá reunir desde que estejam presen-tes todos os seus membros.

3 – Das suas reuniões serão lavradas atas em livro pró-prio.

Art.º 47.ºAo conselho fiscal compete:1 – Apreciar e fiscalizar o funcionamento dos serviços

administrativos.2 – Examinar e conferir os valores existentes nos co-

fres, sempre que o considerem oportuno.3 – Verificar os balancetes de tesouraria quando o en-

tender.4 – Dar parecer sobre qualquer problema que a direção

lhe propuser.5 – Apresentar à direção qualquer sugestão que consi-

dere útil ao funcionamento dos serviços administrativos ou qualquer proposta que vise a melhoria do regime de conta-bilidade usado.

6 – Apresentar no fim de cada exercício anual o seu parecer sobre o relatório e contas de gerência para serem apreciados em conjunto pela assembleia geral.

7 – Requerer a convocação da assembleia geral sempre que o considere conveniente.

cApÍTULo vIDAs eLeIçÕes

Art.º 48.º1 – A eleição da mesa da assembleia geral, da direção

e do conselho fiscal será feita por escrutínio secreto com pluralidade e votos dos associados presentes ou por procu-

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rador e dos votos por correspondência, na reunião ordiná-ria, realizada no mês de novembro do ano em que termina o mandato dos corpos gerentes, e no local previamente de-signado para o efeito.

2 – O mandato dos corpos gerentes é de três anos civis.3 – Os nomes a figurar nas listas, a apresentar a sufrá-

gio, deverão ser entregues à mesa da assembleia geral até dez dias antes da data marcada para as eleições.

4 – O presidente da assembleia geral mandará preparar, a expensas da Junta de Acção Social, as listas concorrentes.

Art. 49.º1 – As listas para a mesa da assembleia geral, da dire-

ção e do conselho fiscal devem conter os nomes e a desig-nação dos cargos.

2 – As listas devem ser feitas em papel e formato legais e devidamente dobradas no ato da eleição.

3 – Só podem ser submetidas a votação as listas que forem apresentadas por um mínimo de cinco associados e que derem entrada na mesa da assembleia geral dentro do prazo estabelecido no n.º 3 do artigo anterior.

Art.º 50.º1 – Considerar-se-ão eleitos os associados que figurem

na lista mais votada.2 – Finda a eleição, o presidente da assembleia pro-

clamará os eleitos, e de tudo o que se tiver passado será lavrada e assinada a respetiva ata.

3 – No prazo de cinco dias, a contar da eleição, o presi-dente da assembleia oficiará aos eleitos a comunicar-lhes o resultado eleitoral na parte que a cada um respetivamente interessa, salvo se os mesmos estiverem presentes e se de-clararem devidamente notificados.

4 – Após a eleição e a notificação aos eleitos, o presi-dente da Assembleia Geral enviará a lista dos eleitos ao Or-dinário do Diocese para a respetiva confirmação. Recebida esta, far-se-á a tomada de posse, a que presidirá o presiden-te da Assembleia Geral.

5 – Os termos de posse ficarão em livro especial a eles reservado.

Art.º 51.ºOs casos omissos destes estatutos serão decididos pela

assembleia geral, quando lhes forem aplicáveis preceitos legais definidos.

cApÍTULo vIIDA ForMA De eXTINção

Art.º 52.ºA Junta só poderá ser extinta pela autoridade compe-

tente e na forma legal, mediante deliberação favorável da assembleia geral, que reúna, pelo menos, a votação con-cordante de três quartos do número total de associados ins-critos.

Art.º 53.ºEm caso de extinção, os seus bens reverterão para a

Fábrica da Igreja Paroquial da Batalha, tendo em conside-ração o disposto no Art.º 27.º, 28.º e 29.º do Dec. Lei n.º 119 de 83.02.25, e mais legislação aplicável.

cApÍTULo vIIIDAs DIsposIçÕes GerAIs

Art.º 54.ºA Junta só pode aceitar heranças, legados ou doações a

benefício de inventário e desde que os encargos não exce-dam a terça parte das forças da herança, legado ou doação ou dos respetivos rendimentos, se estes forem afetados a prestações futuras e repetidas.

Art.º 55.º1 – Podem ser declarados benfeitores da Junta as pesso-

as, mesmo estranhas à mesma, que por lhe haverem pres-tado assinalados e relevantes serviços ou por a auxiliarem com donativos eventuais de montante considerável, sejam merecedoras de tal distinção.

2 – A declaração de benfeitores compete à assembleia geral e devem os mesmos ser inscritos em livro especial.

Art.º 56.ºA direção elaborará os regulamentos e as instruções

que forem necessários à boa organização dos vários seto-res e obras com inclusão das condições de trabalho do seu pessoal e de tudo o mais que o bom esclarecimento dos serviços aconselhar.

Art.º 57.ºIgualmente a direção elaborará cadastro-inventário de

todos os bens e valores que pertençam à Junta, o qual deve estar permanentemente atualizado.

Art.º 58.ºTais regulamentos e cadastro-inventário serão oportu-

namente submetidos à apreciação da assembleia geral.

Art.º 59.ºA Junta observará os preceitos da legislação que for

aplicável.

Art.º 60.ºDe acordo com as normas do Direito Canónico, as de-

liberações a que se referem os números 4 e 6 do Art.º 33.º não poderão ser realizadas sem prévia autorização do Or-dinário do lugar, de acordo com o n.º 2 do Art.º 16.º destes Estatutos.

Art.º 61.ºOs presentes estatutos substituem os anteriores, apro-

vados em 23 de junho de 1982, e entrarão em vigor na data em que forem aprovados pelo Ordinário da Diocese.

Batalha, 25 de julho de 2012.O Presidente da DireçãoAntónio Cerejo Moreira Caseiro

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Estatutos da Fraternidade Sacerdotal da Diocesede Leiria-Fátima

cApÍTULo INATUreZA e FINs

Artigo 1ºA Fraternidade Sacerdotal da Diocese de Leiria-Fátima,

com sede no Seminário Diocesano, é uma associação pri-vada de fiéis para ajuda mútua dos membros do presbitério diocesano, constituída segundo o espírito do n.º 21 do De-creto sobre o Ministério e a Vida dos Sacerdotes, do Se-gundo Concílio do Vaticano, e de acordo com as normas aplicáveis do Direito Canónico e do Direito Civil.

Artigo 2ºA Fraternidade resulta da união da Associação de Au-

xílio Mútuo do Clero da Diocese de Leiria e da Associação de Sufrágios do Clero de Leiria.

Artigo 3ºA Fraternidade tem por fins:1 - estimular a união entre os presbíteros, promover o

espírito de caridade fraterna;2 - prestar assistência pessoal e espiritual aos irmãos;3 - sufragar as almas dos irmãos e benfeitores falecidos.

cApÍTULo IIDos IrMãos

Artigo 4ºSão irmãos da Fraternidade os membros atuais e os

presbíteros incardinados na Diocese de Leiria-Fátima que o desejem e sejam admitidos pela Direção.

§ 1. Para ser admitido na Fraternidade, o candidato a irmão enviará ao presidente da Direção re-querimento es-crito, no qual indicará o nome completo, as datas e locais do seu nascimento e orde-nação presbiteral, e o múnus que exerce.

§ 2. Obtido despacho favorável, e paga a quota anual, o candidato é considerado admitido.

Artigo 5ºSão direitos gerais dos irmãos:1 - participar nas reuniões da Assembleia Geral;2 - tomar conhecimento das contas e examinar os livros

respeitantes à Fraternidade;3 - eleger e ser eleito para os corpos gerentes;4 - ser sufragado, por sua morte, nos termos do artigo

9º §2.

Artigo 6ºSão deveres gerais dos irmãos:1 - pagar anualmente a quota até 60 dias a contar da

data da Assembleia Geral anual;2 - desempenhar os cargos para que forem eleitos;3 - participar nas reuniões da Assembleia Geral.

Artigo 7ºPerde-se a qualidade de irmão, para além do que decor-

re do c. 290 do Código de Direito Canónico, pelos motivos seguintes:

1 - se, não tendo pago a quota anual no prazo estabele-cido nos presentes Estatutos, o não fizer, sem justificação reconhecida, nos trinta dias após a notificação;

2 - abandono de motu proprio do exercício do ministé-rio presbiteral.

Artigo 8ºQuem perder a qualidade de irmão, removido o motivo

da exclusão, pode ser readmitido, mediante o pagamento do valor correspondente às quotas dos anos decorridos.

cApÍTULo IIIDo FUNcIoNAMeNTo

Artigo 9ºOs irmãos têm direito à solidariedade espiritual na vida

e na morte.A solidariedade espiritual entre os irmãos exprimir-se-

á:§ 1. Quanto aos vivos: visitar, rezar e apoiar o irmão,

especialmente em situação de doença.§ 2. Quanto aos mortos:1 - participar no funeral do irmão;2 - celebrar, por si ou por outrem, dentro de um mês

ou o mais depressa possível, cinco Missas por cada irmão falecido, e comunicar que cumpriu;

3 - participar, por ocasião da Assembleia anual, na eu-caristia em memória dos irmãos falecidos.

§ 3. Se algum presbítero, por doença ou por idade, se encontrar impedido de cumprir as obriga-ções do §2. 2, a Fraternidade providenciará para que nenhum irmão faleci-do fique privado de to-dos os sufrágios a que tem direito.

cApÍTULo IvDA AsseMBLeIA GerAL

Artigo 10ºA Assembleia Geral da Fraternidade reúne-se ordina-

riamente na segunda quinzena de maio, em dia e local a determinar pelo presidente da Direção; extraordinariamen-te, reunir-se-á a pedido de, pelo menos, dez irmãos ou por motu proprio da Direção.

1 - Todos os irmãos têm assento na Assembleia Geral, mas, quando legitimamente impedidos de as-sistir, podem enviar por escrito o seu voto e parecer sobre os assuntos em agenda.

2 - A mesa da Assembleia Geral será constituída pelos membros da Direção.

3 - O presidente da Direção elaborará a agenda e co-municá-la-á com a antecedência de quinze dias. No caso de funcionar como Assembleia Eleitoral, enviará também uma lista de todos os irmãos.

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Artigo 11ºCompete à Assembleia Geral:1 - eleger a Direção;2 - alterar os Estatutos;3 - aprovar as contas do ano anterior;4 - definir o valor da quota anual,5 - tomar quaisquer decisões de interesse geral da

Fraternidade.

Artigo 12ºFuncionamento da Assembleia Geral1 - As deliberações serão nela tomadas pela maioria

absoluta de votos dos presentes e por carta à Direção dos ausentes, na primeira votação; por maioria relativa, se for necessária uma segunda vo-tação.

2 - O parecer e o sentido de voto dos irmãos ausentes que os apresentarem por escrito serão toma-dos públicos após os presentes se pronunciarem sobre os assuntos em questão. Se houver mais que uma votação, o sentido de voto enviado por escrito é válido apenas para a primeira.

3 - Quando houver eleições, o processo eleitoral será, em cada caso, regulamentado pela Direção.

4 - Nenhum associado poderá ser eleito para mais de dois mandatos consecutivos.

5 - De tudo o que se passar na Assembleia Geral, o se-cretário lavrará ata.

cApÍTULo vDA DIreção

Artigo 13ºA Direção é constituída por um presidente, um secretá-

rio e um tesoureiro.§ 1. Os membros da Direção são eleitos pela Assembleia

Geral, por um período de três anos, e en-tram em exercício no dia da eleição.

§ 2. Após a eleição, o secretário cessante comunicará à Secretaria Episcopal o resultado da mesma.

§ 3. Os membros da Direção consideram-se solidaria-mente responsáveis por todas as decisões da mesma, a não ser que tenham feito declaração de voto em sentido con-trário.

Artigo 14º1- Compete à Direção:a) cumprir e fazer cumprir os Estatutos e as delibera-

ções da Assembleia Geral;b) deliberar sobre a admissão dos irmãos;c) acompanhar particularmente, por si ou por outrem,

os irmãos que se encontram doentes ou noutras condições difíceis;

d) administrar os bens da Fraternidade;e) elaborar e publicar anualmente as contas da

Fraternidade e enviar uma cópia delas a cada ir-mão;f) organizar atividades que promovam os fins da

Fraternidade (cf. art.º 3º).2 - Condições de funcionamento:a) as despesas necessárias que os membros da Direção

fizerem no desempenho das suas funções correrão por con-ta da Fraternidade;

b) a Direção reunir-se-á as vezes que for necessário ou parecer oportuno.

Artigo 15ºCompete ao Presidente:1 - representar a Fraternidade; para a vincular, é neces-

sário o acordo de, pelo menos, dois membros da Direção;2 - convocar a Assembleia Geral, elaborar a respetiva

agenda e presidir às reuniões.

Artigo 16ºCompete ao Secretário:1 - Exercer também as funções de vice-presidente;2 - lavrar as atas das reuniões da Assembleia Geral e

da Direção;3 - ter a seu cargo a escrituração e correspondência da

Fraternidade;4 - por ocasião da morte de um irmão lembrar os res-

tantes da obrigação de cumprir o disposto no art.º 9º, §2.

Artigo 17ºCompete ao Tesoureiro:1 - receber as quotas e outros donativos;2 - proceder aos pagamentos;3 - ter em boa ordem a contabilidade da Fraternidade;4 - apresentar anualmente as contas na Assembleia Ge-

ral.

DIsposIçÕes FINAIs

Artigo 18ºA Fraternidade dissolver-se-á por decisão da Assembleia

Geral convocada para o efeito.

Artigo 19ºSe, depois de liquidadas as dívidas e encargos da

Fraternidade, ainda restarem alguns bens, estes serão apli-cados conforme deliberação da Assembleia Geral.

Artigo 20ºOs presentes Estatutos, após aprovação da Assembleia

Geral e do Bispo diocesano, entram em vigor em 1 de ja-neiro do ano seguinte.

Leiria, 29 de maio de 2012.

Estatutos aprovados pelo Bispo de Leiria-Fátima, D. António Augusto dos Santos Marto, no dia 8 de dezem-bro de 2012. (Refª: BD2012C-038)

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Mensagem quaresmalCaminhar na fé rumo à humanização da sociedade

Refª: BD2012B-001Cada ano volta a quaresma. Não volta como um tempo

repetitivo, monótono ou triste. É antes um “tempo cheio” de quarenta dias, que nos é oferecido como dom de Deus para renovarmos o nosso caminho pessoal e comunitário de fé.

A Igreja pede que este tempo seja vivido simultanea-mente por todos os cristãos, que seja um caminho percor-rido por todos em comunhão e solidariedade. São, pois, quarenta dias para nos despertar do estado de “anestesia espiritual” em que por vezes caímos: despertar no íntimo do coração o desejo de Deus, tantas vezes esquecido; re-nunciar aos ídolos sedutores mas alienantes; alcançar um maior conhecimento da misericórdia infinita do Senhor; exercitar mais intensamente a caridade fraterna.

Na nossa diocese costumamos dar à vivência quaresmal a tonalidade do tema condutor do ano pastoral: “Testemu-nhas de Cristo no mundo” sobre a missão dos cristãos na sociedade de hoje. Esta vivência é ainda iluminada e en-riquecida pela bela Mensagem do Santo Padre para a qua-resma de 2012, cuja leitura e meditação recomendo viva-mente, inspirada em Heb 10, 24 “Prestemos atenção uns aos outros para nos estimularmos ao amor e às boas obras”.

o dom da reciprocidade e da partilha fraternas A identidade e a missão do cristão no mundo distingue-

se, sem dúvida, pelo amor fraterno: “Nisto conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros como eu vos amei” (Jo 13, 35). A vivência da quaresma convida-nos, particularmente, “a estar atentos uns aos outros, a não se mostrar alheio e indiferente aos destino dos irmãos. (...) Se cultivarmos este olhar de fraternidade, brotarão natu-ralmente do nosso coração a solidariedade, a justiça, bem como a misericórdia e a compaixão. O Servo de Deus Pau-lo VI afirmava que o mundo atual sofre sobretudo de falta de fraternidade: ‘O mundo está doente. O seu mal reside mais na crise de fraternidade entre os homens e entre os povos, do que na esterilização ou no monopólio que alguns fazem dos recursos do universo’ “(Bento XVI).

O agravamento da crise sócio-económica que atraves-samos urge, da nossa parte, um interesse maior pelas pes-soas e famílias mais atingidas, quer dizer, abrir os olhos às suas necessidades, uma maior e mais efetiva solidarieda-de. Para este efeito, tendo ouvido o Conselho presbiteral, decidimos que a renúncia quaresmal deste ano – fruto do dom e da partilha de cada um – será destinada à Caritas diocesana.

caminhar juntos na santidade no meio do nosso mundoPara realizarmos a nossa missão de cristãos no mun-

do, a quaresma convida-nos também a caminhar juntos na santidade através do testemunho de fidelidade ao Senhor

Documentos Pastoraisno amor, nas boas obras de justiça e desenvolvimento hu-mano, no serviço de humanização do mundo. Com efeito, o mundo é para os cristãos um verdadeiro lugar de graça, de vocação e missão, de santificação. A cultura alimentada pela fé leva à verdadeira humanização. O Evangelho vivi-do eleva a qualidade de vida, o tecido cultural e fecunda os talentos e as riquezas materiais e espirituais na perspetiva do bem comum.

Em ordem a cultivar e alimentar esta espiritualidade do compromisso social e da santificação no mundo pro-pomos, como nos anos anteriores, a realização do Retiro para o Povo de Deus, durante a quaresma, sob a forma de lectio divina enriquecida pelo testemunho de alguns santos ou de outros exemplos luminosos de empenho social.

Acompanhando-vos com a oração desejo a todos uma quaresma santa e rica de frutos de graça e santidade, de modo a fazer brilhar no mundo a luz de Cristo, por inter-cessão da Bem-Aventurada Virgem Maria.

Leiria, 17 de fevereiro de 2012.† António Marto, Bispo de Leiria-Fátima

Nota PastoralO Tesouro da Fé, Dom para Todos

Refª: BD2012B-003O Santo Padre Bento XVI proclamou um “Ano da

Fé” para toda a Igreja, precisamente na altura em que nós completamos o percurso do Projeto Pastoral traçado pelo Sínodo Diocesano para um período de seis anos, a que acrescentámos mais um. Assim, para o ano de 2012/2013 decidimos acolher, com grande alegria e plena disponibili-dade, a proposta do Santo Padre. Nesta Nota Pastoral apre-sento à Diocese o horizonte e as linhas de ação para o ano que agora iniciamos.

1. o anúncio do Ano da Fé

Eis os termos em que o Ano da Fé foi anunciado pela primeira vez, pelo Papa, no dia 16 de outubro de 2011: “Precisamente para dar renovado impulso à missão de toda a Igreja de conduzir os homens fora do deserto, em que muitas vezes se encontram, para o lugar da vida, para a amizade com Cristo que dá a vida em plenitude, desejo anunciar nesta celebração eucarística que decidi proclamar um Ano da Fé. Este Ano da Fé começará em 11 de outu-bro de 2012, no 50.º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II, e terminará em 24 de novembro de 2013, so-lenidade de Cristo Rei. Será um momento de graça e de empenho para uma mais plena conversão a Deus, para re-forçar a nossa fé n’Ele e para anunciá-Lo com alegria ao homem do nosso tempo”.

No mesmo dia, na oração do Angelus, o Papa especifica este primeiro anúncio: “Considero que, meio século após a abertura do Concílio ligado à feliz memória do Beato Papa João XXIII, seja oportuno chamar à beleza e à centralida-de da fé, à exigência de reforçá-la e aprofundá-la a nível pessoal e comunitário, e fazê-lo numa perspetiva não tanto celebrativa, mas antes missionária, na perspetiva precisa-mente da missão ad gentes e da nova evangelização”.

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Todo o Povo de Deus é chamado a fazer face ao desa-fio do futuro da fé reencontrando um novo impulso e uma nova vitalidade. Neste sentido, o Papa Bento XVI escre-veu uma Carta Apostólica intitulada “Porta da Fé”, que é uma meditação profunda e bela sobre o que é neces-sário para viver com coerência o Ano da Fé. Aí nos diz que, na presente situação cultural, a fé não pode ser dada como um pressuposto adquirido. Afirma “a necessidade de redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evi-dência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo” (n. 2). Mais à frente, o Papa lança o desafio: “É necessário um empenho eclesial mais convicto a favor de uma nova evangelização para descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé... A fé cresce quando é vivida como experiência de um amor recebido e é comunicada como experiência de graça e de alegria” (n. 7).

3. o Tesouro da Fé, Dom para Todos

Evocando uma bela imagem dos Atos dos Apóstolos (cf. 14, 27), o Papa começa assim a sua Carta Apostólica: “A porta da fé, que introduz na comunhão com Deus e per-mite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta. É possível cruzar este limiar, quando a Palavra de Deus é anunciada e o coração se deixa plasmar pela graça que transforma. Atravessar esta porta implica embrenhar-se num caminho que dura a vida inteira” (n. 1).

3.1. A fé vivida como experiência de um amor recebidoA fé – participação na própria vida de Deus que é Amor

– não é uma experiência inacessível, nem muito menos su-pérflua de tal modo que sem ela tudo fique na mesma. Ver-dadeiramente, com Deus ou sem Deus tudo muda na vida. Acolher o dom de Deus não só é possível, mas é também realizador e belo para cada pessoa.

A fé é possível porque Aquele que nos fez para Ele, criando-nos livres e chamados a amar no mais profundo do nosso ser, veio ao nosso encontro na história da salvação, a ponto de não poupar o próprio Filho e oferecê-Lo por todos nós. É este dom inesperado de Deus que abre à experiência vivificante de comunhão com Ele. Isto que parece impossí-vel à pequenez e fraqueza humanas, torna-se possível gra-ças ao dom de Deus. Este Amor é o seio em que a fé vem ao mundo: fá-la surgir e alimenta-a.

Redescobrir este dom, celebrar a sua beleza, abrir nova-mente de par em par as portas do próprio coração a Cristo, é querer ser verdadeiramente humanos, livres e realizados no cumprimento do projeto divino de salvação. Compre-ender cada vez mais e viver cada vez melhor esta gra-ça é a primeira finalidade do Ano da Fé. Esta finalidade abrange todos os batizados e deseja despertar cada um do torpor em que tenha caído o seu amor a Deus, acendendo em todos o renovado desejo do seu Rosto e a experiência do encontro vivificante com Ele.

Com a referência explícita aos 50 anos da abertura do Concílio, Bento XVI quer fazer-nos compreender que esta foi também a primeira e verdadeira finalidade do Concílio para responder às grandes transformações do nosso tempo. De facto, o Concílio Vaticano II é para o Papa “a grande graça de que a Igreja beneficiou no século XX” e “uma

2. A renovação da fé, prioridade no empenho de toda a Igreja

O Ano da Fé foi, pois, convocado por Bento XVI para celebrar o quinquagésimo aniversário da abertura do Con-cílio Vaticano II e o vigésimo da promulgação do Catecis-mo da Igreja Católica. Porém, a intenção do Papa não é limitar-se a uma simples comemoração histórica através de sessões académicas ou eventos mediáticos bem organiza-dos. O objetivo é que esta comemoração seja vivida como uma grande renovação do ato de fé da Igreja no seu con-junto, de cada um dos seus membros e de cada comunidade cristã. Está bem presente a intenção explícita de chamar à centralidade e à beleza da fé em perspetiva missionária, isto é, no desejo de propô-la a todos como fonte de vida boa, verdadeira, bela, plena, feliz.

Com esta iniciativa, o Santo Padre procura responder a uma profunda crise de fé que atravessa o mundo e atingiu muitas pessoas e a própria Igreja. Neste sentido, numa alo-cução à Congregação da Doutrina da Fé, Bento XVI vê no Ano da Fé “um momento propício para voltar a propor a to-dos o dom da fé em Cristo ressuscitado, o luminoso ensina-mento do Concílio Vaticano II e a preciosa síntese oferecida pelo Catecismo da Igreja Católica”. E justifica: “Como sabe-mos, em vastas zonas da terra, a fé corre o risco de apagar-se como uma chama que não encontra mais alimento. Estamos diante de uma profunda crise de fé, de uma perda de sentido religioso que constitui o maior desafio para a Igreja de hoje. A renovação da fé deve ser, pois, a prioridade no empenho de toda a Igreja nos nossos dias. Desejo que o Ano da Fé possa contribuir, com a colaboração de todas as componen-tes do Povo de Deus, para tornar Deus de novo presente nes-te mundo e abrir aos homens o acesso à fé, para confiar-se àquele Deus que nos amou até ao extremo (cf. Jo 13, 1) em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado”.

Este Ano insere-se, ainda, num contexto mais amplo de uma crise generalizada que investe também a fé. As gigan-tescas transformações culturais e sociais do nosso tempo têm consequências visíveis também na dimensão religio-sa. O Ocidente esquece ou rejeita o património espiritual e moral das suas raízes cristãs. Muitos batizados perderam a sua identidade e pertença cristã e eclesial. Assistimos à erosão da memória da fé. “Os elementos fundamentais da fé, que antes qualquer criança sabia, são cada vez menos conhecidos. Para poder viver e amar a nossa fé, para poder amar a Deus e chegar, portanto, a ser capazes de escutá-Lo de modo justo, devemos saber o que Deus nos disse; a nossa razão e o nosso coração hão de ser interpelados pela sua Palavra” (Bento XVI).

Acresce que em certos ambientes existe uma hostilidade subtil em relação ao cristianismo como sendo uma subcul-tura ultrapassada, ou em relação aos cristãos como cidadãos de segunda série, submetidos ao desprezo ou ao ridículo – a chamada cristianofobia. É o martírio quotidiano, segundo a expressão de Kierkegaard: “Se hoje Cristo tivesse que voltar, não o poriam na cruz, mas pô-lo-iam a ridículo”!

Muitas comunidades cristãs ainda não se aperceberam plenamente do alcance e da dimensão da crise, gerados por este clima cultural dentro e fora da Igreja. Bento XVI iden-tificou na crise da fé o desafio epocal que a Igreja deve en-frentar. O problema da renovação da Igreja não está tanto no défice organizativo, mas no défice de fé.

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bússola segura para nos orientar no caminho do século que começa” (n. 5). Foi e é, na verdade, um novo Pentecostes, uma primavera do Espírito: uma reserva de luz, de graça, de beleza da fé e da vida eclesial, de que todos somos cha-mados a participar com nova consciência e novo impulso.

Precisamente assim, o Ano da Fé responde a uma segunda finalidade: anunciar ao mundo, de modo re-novado, a beleza de Deus, especialmente a quem não a conheça ou se sinta estranho à comunhão com Jesus e o seu Evangelho, vivido na Igreja.

3.2 A fé comunicada como experiência de graça, beleza e alegria

Bento XVI, ao relançar o empenho da nova evangelização, não hesitou em falar de uma crise disse-minada, que pesca no mar da pretensão moderna da au-tossuficiência sem Deus, que confia exclusivamente nas forças humanas, ou no mar da desilusão, do desencanto e da desorientação gerados pelos falhanços históricos des-ta pretensão do progresso sem Deus. Trata-se do chamado “eclipse de Deus”, em que Ele é excluído do horizonte de muitas pessoas, marginalizado da cultura e da consciência pública. Assiste-se à perda do desejo e do gosto de Deus, que leva muitos, mesmo cristãos, a viverem “como se Deus não existisse”, como se fosse um Deus longínquo que não se interessa pelos homens, nem desperta nos homens qual-quer interesse por Ele.

É esta “noite do mundo” que o Papa adverte como dor e desafio atual e decisivo. E o seu amor aos homens leva-o a relançar-lhes a proposta da Boa Nova, a pedir a toda a Igreja o sobressalto de uma nova evangelização, em cuja base está este “amor ferido”, este desejo vivo e angustiado de irradiar sobre todos a bondade, a verdade e a beleza de Deus. Isto só acon-tecerá se os crentes se abrirem mais intensamente ao dom de um coração novo, capaz de cantar o cântico da vida nova que vence a morte. O Ano da Fé pede pois aos batizados para se tornarem novos, para dizerem a todos a novidade da beleza de Deus e atrair os corações à meta do seu desejo mais verdadeiro e profundo: ver o Seu Rosto Santo e Misericordioso!

Dar testemunho luminoso e credível da alegria que o en-contro com Cristo comunica à vida é a consequência natural de uma fé viva, adorante e enamorada de Deus, como nos faz com-preender a Primeira Carta de Pedro: “Adorai o Senhor, Cristo, nos vossos corações sempre prontos a responder, com doçura, respeito e retidão de consciência, a quem vos pede razão da esperança que está em vós” (3, 15).

O grande teólogo alemão do século passado Karl Rah-ner dizia muito certeiramente: “À nossa Igreja sobram-lhe papéis e faltam-lhe testemunhas. A primeira coisa que nos falta para que surjam testemunhas é a experiência de Deus... Temos de reconhecer, sem dúvida, a pobreza de espiritualidade na Igreja atual. Sobram-nos palavras e fal-ta-nos a Palavra”.

Por sua vez, Bento XVI adverte: “Num tempo em que Deus se tornou para muitos o grande Desconhecido e Jesus simplesmente uma grande personagem do passado, não ha-verá relançamento da ação missionária sem a renovação da qualidade da nossa fé e da nossa oração; não estaremos em condições de oferecer respostas adequadas sem um novo acolhimento do dom da Graça; não saberemos conquistar os homens ao Evangelho se não voltarmos nós mesmos, em primeiro lugar, a uma profunda experiência de Deus...

É sempre importante recordarmos que a primeira condição para falar de Deus é falar com Deus, tornar-se cada vez mais homens de Deus, alimentados por uma intensa vida de oração e plasmados pela sua graça”.

Celebrar a fé, redescobrir o seu encanto e a sua força, será inseparavelmente anunciá-la a cada homem, a todo o homem, para que o seu coração possa saborear no tempo algo da vida eterna revelada e dada em Cristo Jesus e a porta da fé se abra a quantos quiserem atravessá-la para o encontro com Ele. A fé é bela porque torna bela a vida e é fonte de autêntica alegria.

Se o mundo não crê, deve-se, em parte, ao facto de que o nosso testemunho não é tão forte, convicto e alegre como devia ser. Não basta uma repetição cansada de fórmulas e tradições do passado. É o estilo de vida que faz a diferença sobre o sentido da existência, o valor e o respeito da pessoa e da vida humana, o verdadeiro matrimónio entre um homem e uma mulher, a família, a busca da Verdade e o viver nela, o empenho na transformação do mundo, sobre a morte e a vida para além da morte... Como dizia o grande artista catalão e cristão, Gaudí: “A minha vida é a minha mensagem”.

Se hoje acreditamos, se hoje a gente das nossas terras ainda está aberta à fé, se numa sociedade secularizada não faltam sinais autênticos do Evangelho, devemo-lo a tantos homens e mulheres que nos ofereceram um testemunho au-têntico e alegre de fé e amor, mesmo em tempos difíceis, a começar pelos nossos pais, familiares, catequistas, sacer-dotes.

4. Novo impulso para um modo novo de ser cristão e de ser Igreja

O Ano da Fé é também uma bela ocasião para fazer uma revisão da vitalidade da fé das nossas comunida-des e da receção do Concílio. De modo concreto e práti-co, queremos fazê-lo a partir do percurso pastoral nos anos após o Sínodo Diocesano. Para esse efeito, oferecemos uma grelha de leitura e discernimento.1

Neste exame de consciência pastoral, também nos podemos inspirar num notável discurso do Santo Padre à Cúria romana em que, a partir das Jornadas Mundiais da Juventude, nos oferece cinco linhas-guia para um modo novo e rejuvenescido de ser cristão e de ser Igreja no Ocidente onde se sente o cansaço da fé e o tédio de ser cristão. Ei-las:

a experiência da Igreja como fraternidade, em que a própria “liturgia comum constitui uma espécie de pátria do coração e nos une numa grande família”. Resulta de todos nos sentirmos tocados pelo mesmo Senhor. É uma experi-ência comum que gera alegria;

a beleza da generosidade de ser para os outros, dando-se aos outros benévola e gratuitamente: dando uma parte do seu tempo, do seu trabalho, da sua vida, de si mesmo. Dá uma consolação de felicidade. Fazer o bem é belo; ser para os outros é belo. “Há mais alegria no dar que em rece-ber”: o voluntariado é um belo exemplo disso;

a adoração de Cristo Ressuscitado na Eucaristia como Deus no meio de nós, para nós e connosco, Deus íntimo a nós;

1 Em anexo a esta Nota Pastoral.

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a celebração da misericórdia e do perdão que nos purifica e limpa do nosso egoísmo, que renova e reabre o nosso coração a Deus e aos irmãos, que desperta em nós o dinamismo da reconciliação e a força para resistir ao mal e vencê-lo;

a alegria que nos vem da fé, da certeza de sermos queri-dos, aceites e amados por Deus e de nos confiarmos ao seu amor. A fé faz-nos felizes por dentro, mesmo em tempos difíceis. É uma experiência maravilhosa.

5. Linhas de ação pastoral

Eis à nossa frente um ano para redescobrir, celebrar, viver e testemunhar o dom da fé e sentir, de modo novo, o impulso e a paixão para tornar os outros participantes deste dom, no respeito e amor por cada um. Neste sentido, com o contributo dos vários órgãos diocesanos de consulta, a quem agradeço, traçámos algumas linhas de ação pastoral.

Como tema geral, achámos pertinente sublinhar o dom divino e precioso da fé, a sua universalidade e atualidade: “O Tesouro da Fé, Dom para Todos”. De facto, a fé é de-finida como “dom muito mais precioso do que o ouro” (1 Pe 1, 7). E o Reino de Deus, acolhido na fé, é semelhante a um “tesouro” e a uma “pérola preciosa” (Mt 13, 44.46). A primeira pergunta que o cristão deverá colocar-se é se con-sidera verdadeiramente um tesouro, se considera precioso o dom da fé, ou se não o sabe apreciar e o banaliza.

Como lema bíblico, escolhemos a frase de S. Paulo “Pela fé caminhamos...” (2 Cor 5, 7), a lembrar-nos que somos peregrinos na fé, chamados a caminhar com o olhar fixo em Cristo, “autor e consumador da nossa fé”: na sua companhia, na sua luz, na sua Palavra, na força do seu Es-pírito, a perseverar no meio das dificuldades, até à Plenitu-de da Vida na ressurreição.

Como símbolo, retomámos a imagem do Sínodo Diocesano: um povo de peregrinos, caminhando juntamen-te com todo o Povo de Deus, numa comunhão de solida-riedade em que todos somos apoio uns dos outros e dando testemunho da fé para levar ao mundo a luz e a alegria de Cristo.

Como objetivos a alcançar, propusemo-nos os três se-guintes: 1) Redescobrir a alegria de acreditar em Jesus Cristo; 2) Avivar o entusiasmo pelo testemunho e anúncio da fé; 3) Avaliar a vitalidade das comunidades cristãs à luz do percurso pastoral dos últimos anos.

A nível diocesano, destacamos três momentos signifi-cativos para celebrar o Ano da Fé: a abertura solene, no dia 14 de outubro de 2012, com a assembleia diocesana nos claustros da Sé e a celebração eucarística; a Festa da Fé, em edição renovada, na cidade de Leiria, nos dias 31 de maio, 1 e 2 de junho de 2013; e o encerramento festivo, a 24 de novembro de 2013, com a celebração da Eucaristia na Sé, na Solenidade de Cristo Rei.

Em ordem à realização de cada um dos objetivos in-dicados propomos, sumariamente, uma série de iniciati-vas, dinamismos e ações a implementar a nível diocesano, vicarial, paroquial ou comunitário pelos vários agentes da pastoral, comunidades, movimentos, grupos, associações, departamentos, apelando à criatividade pastoral e à comu-nhão de esforços entre todos.

5.1. para redescobrir a alegria de acreditar em Jesus cristo:- o “Retiro para o Povo de Deus”, durante a Quaresma,

na forma de lectio divina, sobre temas e figuras exempla-res de fé;

- proposta de retiros periódicos e específicos para avi-var a fé, especialmente, na preparação dos crismandos;

- celebração comunitária da profissão de fé (o credo) do Povo de Deus, ao modo da antiga “traditio symboli” dos catecúmenos na Quaresma, com uma catequese pró-pria elaborada pelo Bispo: “Creio, mas aumenta a minha fé”. Não basta recitar o credo; é preciso compreendê-lo em profundidade. Rezamos ou cantamos o credo porque é uma proclamação da fé em Deus-Amor, um ato de louvor, um reconhecimento de ação de graças;

- divulgação e estudo do Catecismo da Igreja Católica ou do Compêndio (resumo) do mesmo e do YouCat (Catecismo Jovem da Igreja Católica) nas escolas da fé ou em encontros de grupos, como subsídios preciosos para o conhecimento dos conteúdos da fé e para guiar ao encontro com Cristo;

- incentivar a participação na Escola Diocesana Razões da Esperança e nas propostas formativas do Centro de For-mação e Cultura;

- conhecimento mais aprofundado do Concílio Vaticano II, em oito encontros, num curso oferecido no Centro de Formação e Cultura;

- especial cuidado na celebração e na formação li-túrgicas. A Liturgia desde sempre celebrou, guardou e transmitiu a fé; é a ação mais eficaz da Igreja, o ato mais educativo da fé. Ela exprime e plasma a fé de cada um e da comunidade. Para uma boa experiência litúrgica, requere-se competência e atenção, dedicação de tempo e adequada disposição espiritual, amor apaixonado a Cristo e aos seus mistérios, dignidade e beleza para não cair na banalização.

- experimentar fazer a oração do Terço, sobretudo nos meses de outubro e maio, de modo renovado, com fervor, devoção e confiança, meditando no próprio coração as pa-lavras que se rezam e os mistérios que se contemplam, na perspetiva do Ano da Fé: “A oração do Terço permite-nos fixar o nosso olhar e o nosso coração em Jesus, como sua Mãe, modelo insuperável da contemplação do Filho” (Ben-to XVI).

5.2. para avivar o entusiasmo pelo testemunho e anúncio da fé:

- a “tenda da fé”: promover tertúlias ou serões de di-álogo e partilha sobre a fé, em grupo. As pessoas têm ne-cessidade de ocasiões e lugares onde possam falar, com à-vontade e liberdade, de modo coloquial, da sua nostalgia interior, das suas ânsias, experiências, dúvidas, dificulda-des, interrogações e dramas, para que se faça a luz da fé;

- nesta sequência, sugere-se a leitura pessoal ou em grupo das “Confissões” de Santo Agostinho, porque aí está descrito um caminho de fé com todas as dificuldades, as suas crises e os seus entusiasmos. É um caminho sugestivo e interpelador para o homem contemporâneo;

- iniciativas de diálogo da fé com a cultura e o mundo fora do templo e dos círculos habituais. Se não dialogarmos com a sensibilidade dos homens e das mulheres de hoje, corremos o risco de ter um tesouro e não saber ou poder oferecê-lo. Nesta perspetiva, o Centro de Formação e Cul-tura e o Departamento Diocesano do Património Cultural propõem-se realizar duas iniciativas em tempo oportuno;

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- “olhares sobre a fé a partir da arte” como via catequética da beleza capaz de abrir a porta da fé. Nesta linha, o Departamento Diocesano do Património Cultu-ral vai organizar alguns percursos ou roteiros por toda a Diocese;

- aproveitar o recurso dos cursos Alpha ou outras propos-tas existentes na Igreja para primeiro anúncio;

- valorizar a figura e a formação do catequista como testemunha enamorada de Jesus Cristo;

- dedicar especial atenção à transmissão de fé na famí-lia;

- valorizar as celebrações dos ritos de iniciação ou de passagem (ex. batismos, bênção das grávidas ou dos bebés, funerais ou memória dos defuntos), como ocasiões propí-cias para tocar o coração e a mente de pessoas porventura distantes da fé;

- promover o voluntariado missionário ou da caridade;- a realização da “Festa da Fé” dentro da cidade dos

homens: 31 de maio, 1 e 2 de junho de 2013.

5.3. para avaliar a vitalidade da fé das comunidades cristãs à luz do percurso pastoral dos últimos anos:

- encontros vicariais para os principais agentes pasto-rais sobre o Concílio Vaticano II: “A graça e as graças do Concílio para a renovação da fé e da Igreja”, com a presen-ça do Bispo diocesano;

- apresentação e reflexão sobre os dados do recensea-mento da prática dominical na Diocese;

- avaliar a nível paroquial, vicarial e diocesano o im-pacto do Projeto Pastoral Diocesano para 2005-2012, se-gundo a grelha que se apresenta em anexo. Quais as prin-cipais iniciativas que surgiram como fruto da caminhada nestes anos?

Uma das propostas do Santo Padre para o Ano da Fé é fazer do Credo a oração diária, aprendida de memória, como era costume nos primeiros séculos do cristianismo, segundo o testemunho de Santo Agostinho: “Recebei a fórmula da fé que é chamada Símbolo. E quando a receberdes, imprimi-a no co-ração e repeti-a, cada dia, interiormente. Antes de adormecer, antes de sair, tende o Símbolo convosco. Ninguém escreve o Símbolo com a única finalidade de ser lido, mas para que seja meditado”. O Símbolo ou Credo dos Apóstolos será, pois, a oração que nos acompanhará neste ano pastoral.

6. Nossa senhora acolhe-nos à porta da fé

A Virgem Maria, Mãe da Igreja, proclamada “feliz por-que acreditou”, é o ícone, por excelência, da fé de todo o crente, onde se reflete a beleza e a alegria da fé. Ela acolhe-nos à porta da fé, introduzindo-nos na intimidade do misté-rio de Deus em Cristo, tal como fez com os Pastorinhos de Fátima. Também a nós, hoje, diz como a eles: “Não tenhas medo... O meu Imaculado Coração será o caminho que te conduzirá até Deus”, como reza o lema deste ano da come-moração do centenário das Aparições de Fátima. À sua ma-terna intercessão confiamos o bom êxito do ano pastoral.

Leiria, 8 de setembro de 2012,Festa da Natividade de Nossa Senhora† António Marto, Bispo de Leiria-Fátima

ANeXo

«TesTeMUNHAr crIsTo, FoNTe De esperANçA»Linhas de avaliação geral do projeto pastoral

da Diocese de Leiria-Fátima em 2005-2012

2005-2006: Acolhimento«partilhar da mesma água»

objetivo:Impulsionar a pastoral do acolhimento e o espírito de

serviço.

Linhas de reflexão (textos sobre o acolhimento):Acolher é aceitar-se a si mesmo; Acolher é estar dis-

ponível; Acolher é adaptar-se e assumir desafios; Acolher é escutar a Palavra e dizer sim a Deus; Acolher é realizar a própria vocação; Acolher é atender com alegria; Acolher é receber com o coração; Acolher é dar tempo e ouvir; Aco-lher é fazer-se irmão do próximo; Acolher é aceitar, incluir e fazer comunidade.

Questões para avaliação:1. A pastoral do acolhimento está estruturada na paró-

quia/comunidade? Como se faz?2. Existem estruturas (humanas e físicas) para o aco-

lhimento?

2006-2007: vocação«Descobrir a beleza e a alegria da vocação cristã»

Linhas de ação (carta pastoral):A comunidade cristã, casa e escola vocacional; Acom-

panhamento vocacional em cada idade; Testemunho vocacional contagiante; Grande Oração pelas Vocações; Serviços de apoio e dinamização.

Questões para avaliação:1. A pastoral do vocacional está estruturada na paró-

quia/comunidade?2. Há animadores vocacionais?3. A dimensão vocacional está presente na catequese e

nos grupos juvenis?4. A oração pelas vocações está presente na vida da pa-

róquia/comunidade?

2007-2008: Acolhimento e vocação«Testemunhas da Ternura de Deus»

objetivos:1. Cultivar a espiritualidade do acolhimento;2. Promover a presença de proximidade na paróquia;3. Proporcionar acolhimento especial nas situações de

fragilidade;4. Imprimir um novo ardor à pastoral vocacional.

Questões para avaliação:1. A preparação e celebração dos sacramentos é tempo

de verdadeiro acolhimento na paróquia/comunidade?2. A preparação para a celebração do Crisma é vivida

como um particular momento vocacional?

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3. Estão estruturados pequenos grupos de partilha e oração para o Retiro Popular (ou outros)?

4. As pessoas em situação de fragilidade (por diversas formas de pobreza ou sofrimento) são acolhidas e acompa-nhadas? De que forma?

5. Está estruturada a pastoral familiar?

2008-2009: Formação cristã / Ano paulino«Ir ao coração da Fé»

objetivos:Geral - Formar para uma fé adulta.1. Intensificar a formação cristã de adultos;2. Reacender a chama da fé e permanecer firmes nela;3. Cuidar da formação dos colaboradores.

Questões para avaliação:1. Existem propostas de formação para as diversas ida-

des e necessidades dos elementos da paróquia/comunida-de?

2. Quais as principais formas de primeiro anúncio que existem?

3. A catequese de iniciação cristã está a desempenhar a sua missão de itinerário de estruturação e amadurecimento da fé dos catequizandos?

4. Que formas de catequese ou de formação de adultos são promovidas?

5. Existem propostas de formação para os diversos agentes pastorais da paróquia/comunidade?

2009-2010: comunidade cristã:comunhão e corresponsabilidade

«Ir ao coração da Igreja»

objetivos (carta pastoral):A edificação da comunidade cristã, a revitalização do

seu tecido interior e das suas estruturas e a (re)organização pastoral que isso exige.

Questões para avaliação:1. Estão constituídos grupos ou movimentos que cola-

borem nos vários setores da pastoral da comunidade: anún-cio da fé, preparação e celebração dos sacramentos, serviço da caridade, partilha de bens e sua administração?

2. É celebrado o «dia da paróquia»? Realizam-se assembleias paroquiais?

3. Estão constituídos, e exercem a sua função, o Con-selho Pastoral Paroquial e o Conselho para os Assuntos Económicos?

4. A paróquia trabalha num modelo de pastoral integra-da e integral com as outras paróquia da vigararia?

2010-2011: caridade«chamados à caridade»

objetivos:Geral - Promover a caridade e a pastoral sócio-carita-

tiva:1. Redescobrir a caridade como forma de ser da exis-

tência cristã, pessoal e comunitária;2. Desenvolver a espiritualidade da gratuidade, dispo-

nibilidade, partilha e serviço aos irmãos;

3. Repensar e reorganizar os serviços sócio-caritativos nas comunidades cristãs.

Questões para avaliação:1. A dimensão caritativa é parte integrante da reflexão

e oração, da programação e vida da comunidade/paróquia?2. Na nossa comunidade existe um serviço organizado

de apoio sócio-caritativo? Está a ser uma resposta às neces-sidades reais? Trabalha em rede com os outros serviços da vigararia e da diocese?

3. Estão identificadas as diversas formas de pobreza e fragilidade existentes, e definido um plano de ação para ir ao encontro dessas situações?

2011-2012: compromisso cristão no mundo«Testemunhas de cristo no Mundo»

objetivos:Geral - Testemunhar a caridade de Cristo através das

obras de justiça, de promoção do desenvolvimento humano e de paz, ao serviço da dignidade da pessoa numa socieda-de justa e fraterna:

1. Despertar nos cristãos a consciência da sua missão no mundo em ordem à evangelização e humanização das realidades temporais;

2. Promover uma espiritualidade e uma formação do compromisso cristão na sociedade;

3. Desenvolver o apostolado laical, pessoal e associa-do, nos diferentes âmbitos da vida.

Questões para avaliação:1. A nossa comunidade/paróquia promove a conscien-

cialização de jovens e adultos para um testemunho cristão associado à competência, profissionalismo e qualidade nos empenhos no mundo?

2. Os cristãos da nossa comunidade/paróquia partici-pam na vida social e pública a favor do bem comum?

3. Existe formação sobre a Doutrina Social da Igreja?4. Qual o nível cultural das festas populares da nossa

comunidade/paróquia?

Questões finais

1. Que impacto teve o Projeto Pastoral Diocesano (2005-2012) na vida da nossa paróquia/comunidade?

2. Quais as principais iniciativas que surgiram na vida da paróquia/comunidade como fruto da caminhada destes anos?

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Mensagem de NatalManter acesa a Esperança do Natal

Refª: BD2012B-004

1. o Natal de cristo e a “arte de viver”Neste ano de 2012, somos chamados a celebrar o Natal

cristão no contexto eclesial do Ano da Fé e no contexto so-cial da crise que atravessa o nosso país e toda a Europa. Re-centemente, os meios de comunicação social procuraram excitar a opinião pública com a discussão sobre a presença do burro e da vaca no presépio, como se essa fosse a grande questão. Assim se desvia a atenção do centro da festa para um pormenor periférico e se dá a impressão de que o Natal é folclore e pouco ou nada tem a ver com o momento difícil e trepidante que o mundo está a viver.

Antes de mais, o Natal convida-nos a ir ao coração da fé cristã no mistério da Incarnação – Deus connosco na nossa carne humana –, e a renovar a certeza de que Ele está sempre presente nas nossas vidas. “Deus não é uma hipó-tese longínqua sobre a origem do mundo; não é uma inte-ligência matemática muito longe de nós. Deus interessa-se por nós, ama-nos, entrou pessoalmente na realidade da nossa história, comunicou-se até fazer-se homem. Assim, Deus é uma realidade da nossa vida; é tão grande que tem tempo para nós, se ocupa de nós. Em Jesus de Nazaré, nós encontramos o rosto de Deus, que desceu do seu Céu para entrar em cheio no mundo dos homens, no nosso mundo, e ensinar a “arte de viver”, o caminho da felicidade, e para nos libertar do pecado e nos tornar filhos de Deus. Jesus veio para salvar-nos e mostrar-nos a vida boa do Evange-lho” (Bento XVI). Ele continua a vir trazer aos homens a paz, a vida e a alegria verdadeira.

2. Manter acesa a esperança O mistério que celebramos no Natal encoraja e conforta

o nosso caminho incerto e obscuro, ilumina o sentido da história, é fonte de esperança perene para o mundo.

A fé cristã tem um enorme potencial de esperança para o momento difícil que vivemos e nos traz inquietos, inse-guros e assustados. A nossa esperança tem o fundamento sólido no Deus fiel “que levará a bom termo a obra que em nós começou”, mas que pede também a nossa colaboração.

Em concreto, a esperança cristã oferece-nos:- a confiança na bondade da vida face à tentação do

desencanto;- a luz que nos orienta no meio da escuridão e da con-

fusão que abala as nossas certezas;- a perseverança que supera o desânimo no meio da

provação e da adversidade;- o despertar para a consciência de que são necessá-

rios os valores espirituais para se dar verdadeiro funda-mento à vida e à sociedade;

- a descoberta da necessidade de novos modos ou esti-los de vida frente às ilusões do facilitismo, do consumismo e do desperdício;

- o grande sentido da história que nos permite ver a presente crise como fim de um ciclo, ou de um mundo que passa pelas dores de parto de uma nova realidade ainda em gestação;

- o impulso da solidariedade fraterna e da partilha que

nos ajudam a superar o individualismo, nos levam a dar-mos as mãos, a sermos apoio uns dos outros e a estarmos junto dos mais carenciados, dos sem trabalho, dos desam-parados ou desesperados;

- o empenho na transformação dos mecanismos e do modelo que causaram esta situação socioeconómica tão desumana, para construir uma sociedade mais justa, equi-tativa e fraterna. Todos solidários, venceremos com a força do Senhor!

Nós, cristãos, somos chamados a manter acesa esta es-perança que Jesus veio atear no mundo: através de redes de solidariedade, de acolhimento, de construção de respos-tas às necessidades fundamentais, de promoção dos laços de vizinhança e coesão social, de educação para uma nova cultura do social e da política, do anúncio da beleza, da bondade e da novidade de Cristo, nossa esperança.

Quero ainda apelar a todos os diocesanos para a parti-cipação ativa e generosa na campanha natalícia promovi-da pela Cáritas Portuguesa: “10 milhões de estrelas, um gesto pela paz”. Comprando uma vela por um euro, cada um está a acender uma estrela de esperança no coração de alguém necessitado.

A todos os diocesanos e suas famílias, desejo um Santo Natal de Esperança, de Solidariedade e de Alegria fraterna!

Leiria, 13 de dezembro de 2012.† António Marto, Bispo de Leiria-Fátima

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textos Diversos

Homilia na peregrinação diocesanaTestemunhas de Cristo no mundo,a convite de Maria

Salve, povo peregrino de Deus, aqui reunido neste San-tuário, dos vários ângulos da diocese de Leiria-Fátima, de Portugal e do mundo!

Sinto-me feliz e dou graças a Deus por mais uma vez estar aqui a presidir à peregrinação da minha querida diocese. É uma alegria para mim poder dirigir uma caloro-sa saudação a todos os diocesanos, extensiva também aos outros peregrinos. Permitam-me endereçar uma saudação carinhosa e uma bênção especial aos mais pequenitos, os meus amiguitos e amiguitas, que vejo aqui à frente em grande número; e uma outra saudação cordial aos jovens com quem estive ontem à noite no festival da canção. Foi um momento de beleza e de graça. A vossa presença em número significativo, a alegria dos vossos rostos, a beleza das vossas canções, o calor do vosso entusiasmo fizeram-me pressentir – se o meu sexto sentido não me engana – que estamos perante um novo entusiasmo na pastoral juve-nil na nossa diocese e nas nossas paróquias. Afloraram-me à mente as palavras do profeta Isaías: “Eis que faço algo de novo. Já brota. Ainda não vedes?”.

Viemos todos aqui hoje a convite de Maria, como reza o lema da nossa peregrinação: “Testemunhas de Cristo no mundo, a convite de Maria”. Esta peregrinação diocesana constitui um momento alto do nosso percurso pastoral. Queremos vivê-la como uma experiência espiritual rica de graça, deixando-nos iluminar pela Palavra de Deus que escutámos.

A nossa vocação como povo da AliançaA primeira leitura, do profeta Jeremias, é cheia de en-

canto e ternura. Apresenta-nos Deus a falar ao coração do povo, abrindo-o à esperança numa primavera espiritual de grande renovação. Esta mensagem encontro-a expressa e atualizada, de modo belo e sintético, num dos prefácios eucarísticos da quaresma: “Vós, Senhor, abris de novo à Igreja o caminho do êxodo, através do deserto quaresmal, para que aos pés da montanha santa, de coração contrito e humilhado, tome consciência da sua vocação como povo da Aliança, reunido para escutar a vossa Palavra, cantar o vosso louvor e viver a experiência admirável dos prodígios da vossa graça”.

Também aqui aos pés da montanha na Cova da Iria, Deus fala hoje, como outrora ao coração do seu povo: “Eu serei o vosso Deus e vós sereis o meu povo. Imprimirei a minha Lei no íntimo das vossas almas e gravá-la-ei no vosso coração”.

Também nós hoje queremos renovar-lhe a nossa per-tença cheia de confiança, dizendo: “Nós reconhecemos que Tu és o nosso Deus e nós somos o teu povo. Queremos

que a tua Lei (Luz e Amor) esteja impressa no íntimos das nossas almas e gravada no nosso coração e não em tábuas de pedra ou folhas de papel”.

Deste modo, renovamos a nossa fé e assumimos o com-promisso de ser testemunhas desta fé com e como Maria, dizendo: “Faça-se em mim segundo a tua Palavra”, segun-do o teu desígnio de amor, o teu projeto de salvação.

Queremos ver JesusA passagem do Evangelho leva-nos a viver esta expe-

riência da Aliança com Deus na pessoa de Jesus. De facto, põe à nossa contemplação um grupo de peregrinos gregos que subiram a Jerusalém para adorar a Deus, por ocasião da festa da páscoa hebraica. A verdadeira finalidade da pe-regrinação deve ser a de encontrar Deus e adorá-Lo.

Mas atraídos por tudo quanto Jesus anunciava e fazia em nome de Deus, estes gregos exprimiram ao apóstolo Fi-lipe um seu desejo íntimo: “Queremos ver Jesus”! Filipe e André transmitiram-no a Jesus. Para surpresa nossa, Jesus na sua resposta aponta o encontro para mais tarde, como quem diz: não basta um colóquio mais ou menos breve, uma troca de poucas palavras como quem pede um autó-grafo ou tira uma fotografia com um VIP e volta para casa na mesma.

Jesus marca encontro com os homens e o mundo de um modo novo e inaudito, no momento mais inesperado, na Cruz e na Ressurreição: “Chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado...Quando for elevado da terra atrairei todos a mim”. Referia-se à sua elevação na Cruz. Sim, na Cruz nós tocamos o mistério de Deus “que amou tanto o mundo que lhe entregou o seu Filho único para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”: tocamos o mistério maravilhoso do Amor de Deus que, nas dimensões da cruz, desce do alto em vertical, jorrando do lado aberto de Cristo, e se expande em horizontal abra-çando a todos os homens e todas as gerações através dos braços abertos de Cristo.

Queremos ver Jesus: estas palavras tocam profunda-mente cada um de nós. Como homens e mulheres do Evan-gelho queremos ver Jesus, conhecê-lo de perto, amá-lo, segui-lo, servi-lo, testemunha-lo num só coração e numa só alma.

Mostrar Jesus através do testemunhoda santidade de vida no mundo Queremos ver Jesus: este é o pedido que a humanidade

dirige também hoje aos discípulos de Cristo.É urgente mostrar o rosto de Cristo, a beleza do seu

amor que salva, para dar uma alma (vida) nova à nossa sociedade que está espiritualmente envelhecida e cansada. A cruz de Cristo educa-nos a mostrar o seu rosto sobretudo mediante a caridade. A Beata Madre Teresa de Calcutá gos-tava de distribuir o seu cartão de visita onde estava escrito: “Fruto do silêncio é a oração; fruto da oração é a fé; fruto da fé é o amor; fruto do amor é o serviço; fruto do serviço é a paz”.

Eis aqui traçado o caminho do encontro com Jesus. O mundo tem necessidade urgente do grande sinal profético da caridade fraterna, sobretudo em relação aos mais ca-renciados e sofredores: “sempre que fizestes isto a um só destes meus irmãos mais pequenos, a mim o fizestes”(Mt 25, 40). Não basta falar de Jesus. É preciso fazer vê-lo, de

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silêncio, transmitindo-nos o dom santo e sublime do sa-cerdócio.

Todos recordamos hoje os companheiros de caminho, de modo particular, os que este ano celebram o seu jubileu a quem endereçamos os nossos parabéns e ainda os que desde o ano passado partiram para a casa eterna do Pai.

o padre, sentinela da humanidade e dignidade do homemCelebramos esta festa do nosso sacerdócio dentro do

Ano Pastoral diocesano, que tem como lema “Testemu-nhas de Cristo no mundo”, e por ocasião do 50º aniversá-rio da abertura do II Concílio do Vaticano cujo propósito, segundo a bula convocatória do Papa João XXIII, era “pôr o mundo moderno em contacto com a força vivificante do Evangelho” e, nesta linha, pôr a Igreja em diálogo com o mundo para realizar a sua missão salvífica. O Concílio que-ria uma Igreja mais próxima do mundo e um mundo mais próximo do Evangelho. Eis porque a nossa meditação de hoje sobre o sacerdócio se situa nesta perspetiva.

A Palavra de Deus proclamada é iluminadora a este respeito. A homilia de Jesus na sinagoga de Nazaré tem a mesma importância que o sermão da montanha em S. Mateus. É, de facto, o programa do Reino de Deus que Jesus vem inaugurar na história. Nós podemos aplicar ao momento da ordenação sacerdotal as palavras de Isaías citadas por Jesus: “O Espírito do Senhor está sobre mim, consagrou-me com a unção e enviou-me...”. Compreende-mos que, pelo ministério ordenado, somos sacerdotes com Cristo para a realização do Reino de Deus no mundo e para o mundo, neste tempo concreto em que vivemos.

O sacerdócio é na verdade um “sacramento social”, como lhe chamou João Paulo II, sacramento da compaixão de Deus pela humanidade. O sacerdote é escolhido dentre os homens e constituído para o bem dos homens, para curar as chagas dos corações atribulados, proclamar a libertação dos males que escravizam o homem, para o consolar no meio das múltiplas aflições e da solidão. Em síntese, trata-se de levar aos homens a ternura e a misericórdia, o perdão e a reconciliação, a fraternidade, a verdade e a liberdade, a esperança e a alegria que Jesus lhes oferece através do nosso ministério e da nossa vida.

É um serviço grande e fundamental em relação a cada pessoa e ao mundo pois toca as raízes da existência huma-na sobre a terra, os fundamentos da nossa humanidade e dignidade e ninguém pode substituir-nos nessa missão. Só o padre cuida, deste modo, da saúde e da beleza espirituais da sociedade e do mundo. Não basta só a prosperidade eco-nómica. É importante que isto seja dito, para não cedermos à tentação de nos sentirmos supérfluos ou inúteis. “Nós somos mais necessários que nunca, porque Cristo é mais necessário que nunca” – afirmou João Paulo II.

o culto e a culturaO sacerdote não deve permanecer sempre num âmbito

puramente sacral, fechado no perímetro do templo. Não poderá servir bem os homens alheando-se da sua vida e do seu ambiente. Ele deve ir ao encontro do mundo. A sua palavra é um testemunho que deve chegar a todas as en-cruzilhadas da história, às praças da cidade e confrontar-se com a cultura. Hoje, é uma urgência evangelizar a cultura contemporânea porque é ela que determina os modos de pensar, que propõe os modelos de comportamento e inspira

algum modo, com o testemunho eloquente da própria vida no mundo.

Queremos ver Jesus – dizem alguns nossos contempo-râneos afastados da fé – na santidade de vida quotidiana dos cristãos, na pessoa e na vida dos leigos, dos sacerdotes e dos consagrados: no testemunho duma fé viva, alegre, irradiante; na presença dos cristãos no mundo como lugar de vocação e missão, de graça e santificação; na qualidade de serviço, competência e dedicação com que trabalham no seu setor profissional; no empenho em contribuir para o bem comum na edificação duma sociedade justa, fraterna, solidária, pacífica. A transformação da sociedade, o pro-jeto de sociedade não se reduz a um boletim de voto. É inseparável do empenho social pela dignidade da pessoa e da vida humana, pela justiça, pela verdade e transparência contra a corrupção e a fraude.

Para ver Jesus e dar a vê-lo aos outros digo com o Beato João Paulo II “precisamos de santos que vivam no mundo; que não tenham medo de viver no mundo; que saboreiem as coisas boas do mundo; que se santifiquem no mundo, mas que não sejam mundanos”!

Dirigindo-nos agora a Maria Santíssima, também nós lhe suplicamos: “mostrai-nos Jesus bendito fruto do vosso ventre”! Mostrai-no-lo hoje na vossa ternura materna como O mostrastes aqui aos Pastorinhos deixando-os encanta-dos pela beleza do seu amor. Mostrai-no-lo hoje como o fizestes através do Beato João Paulo II, há precisamente 27 anos, no dia da solenidade da Anunciação do Senhor, ao dar cumprimento ao vosso pedido de consagração do mun-do ao vosso Imaculado Coração e desde então começaram a cair os muros de divisão entre os povos. Ajudai-nos a ser testemunhas autênticas de Cristo no mundo de hoje de modo que resplandeça e brilhe a beleza do rosto de Cristo, verdadeira Luz do mundo.

Santuário de Fátima, 25 de março de 2012.† António Marto, Bispo de Leiria-Fátima

Homilia na Missa CrismalO sacerdote, o culto e a cultura

A Quinta-Feira Santa é um grande dia festivo para todo o Povo de Deus que celebra três dons preciosos que o Se-nhor Jesus lhe deixou em testamento perene: a eucaristia, o sacerdócio ministerial e o mandamento novo do amor, a caridade! É também um dia extraordinário para os sacerdo-tes. É a festa anual do nosso sacerdócio que reúne todo o presbitério diocesano com o bispo na celebração da missa crismal. Saúdo pois festivamente todos os fiéis aqui reu-nidos – leigos, consagrados, seminaristas –, mas de modo particular os sacerdotes a quem quero testemunhar a minha profunda comunhão fraterna, parafraseando Santo Agosti-nho: “Para vós sou bispo; convosco sou sacerdote”.

Cada um de nós, caros irmãos padres, percorre hoje, com a mente e o coração, o próprio caminho que o levou ao sacerdócio e, em seguida, o próprio itinerário do seu sacerdócio que é, sem dúvida, um percurso de vida e de serviço a Deus e aos homens.

Todos recordamos, com grata emoção, o dia e a hora em que, após o canto das Ladainhas prostrados por terra, o bispo impôs as mãos sobre cada um de nós, em profundo

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os modos de ver a realidade. Limito-me a sublinhar três aspetos mais prementes.

Antes de mais, é importante que o sacerdote entre no mundo e se dê conta da “perda (ou erosão) da memória” como fenómeno típico da sociedade em que vivemos. A cultura pós moderna, na ânsia de viver sofregamente o ins-tante imediato, corre o risco de “não recordar”, de perder as próprias raízes, a sua matriz cristã. Goethe dizia que a língua materna da Europa é o cristianismo. Hoje fala-se cada vez mais inglês, mas esquece-se que na base desta e doutras línguas e culturas da Europa está uma visão cristã quase esquecida na sua totalidade e até apagada. Eis então a importância do recordar a beleza e a riqueza da fé cristã geradora do melhor humanismo, do recordar que entre o céu e a terra há um canal de comunicação.

“Recordar” é um termo muito belo que quer dizer “re-portar ao coração”. A este propósito desejaria citar as pa-lavras de Bernanos, grande escritor católico francês, que na sua obra La France contre les Robots escrevia: “Uma civilização não rui como um edifício. Dir-se-ia mais exata-mente que se esvazia, pouco a pouco, da sua substância até que só resta a casca”.

Lutar contra esta “desmemorização” é fazer frente à cultura do vazio de ideais e valores, à cultura do efémero e do provisório, da superficialidade e da banalidade, para pro-por de novo a ética, a moral, o Decálogo, a espiritualidade. Assistimos à expansão de um deserto espiritual e moral na cultura e na sociedade, que revela não só a falta de ética, mas também a falta de estética, de beleza, de estilo e de dignidade. Eis aqui um segundo aspeto premente.

É importante voltar a propor os valores perante o vazio espiritual atual. Os dez mandamentos permanecem sem-pre válidos para a relação do homem com Deus e com os outros homens, não obstante sejam violados todos os dias. Permanecem como uma advertência clara e precisa e é nos-sa missão lembrá-lo. “Não vos afadigueis em pensar para onde vai o mundo, mas sim para onde é preciso que vós vades, para não calcardes cinicamente a vossa consciência, para não vos envergonhardes da moralidade atraiçoada”, escreve o filósofo italiano, Benedetto Croce, consciente do grande risco de se renunciar a uma moralidade necessária.

Uma terceira e última consideração diz respeito à ten-tação dos extremismos que ameaçam atingir e fragmentar a sociedade: o primeiro é o relativismo, o sincretismo que dissolve a nossa identidade e nega a possibilidade de al-cançar e partilhar verdades e valores universais; o outro é o fundamentalismo que defende os seus valores e exclui todo o diálogo. Não devemos renunciar à nossa peculiar identidade; mas, por outro lado, não podemos rejeitar o di-álogo. O cristianismo é por natureza diálogo, abertura ao outro, respeito do outro no mundo plural em que vivemos: diálogo com o mundo, com a cultura, com todos os homens e mulheres de boa vontade.

Este é um campo aberto à nossa missão de padres para este tempo. Pede-nos um grande investimento de ou-sadia, de criatividade e de autêntica conversão pastoral, para que a Igreja seja sal da terra e luz do mundo e não uma Igreja fechada em si mesma, de costas voltada para o mundo. Começámos a abrir caminho neste ano pastoral. Nos encontros com os grupos socioprofissionais em cada vigararia tenho encontrado abertura, apreço e entusiasmo por esta iniciativa que parece corresponder a um anseio e a

uma necessidade sentida. A presença e a missão dos cristãos no mundo requerem

porém que sejamos capazes de sair de nós mesmos e de estabelecer pontes e criar laços com a sociedade nas suas variadas expressões; e também exige uma boa formação cultural dos padres que lhes permita fazer a síntese entre fé e cultura para ajudar os fiéis a ler a realidade complexa atual, a discernir os sinais dos tempos, a estar neste mundo como cristãos. Outrora, o padre era uma figura de refe-rência cultural. Hoje, com a democratização do ensino, a sólida formação cultural do presbítero torna-se ainda mais necessária para a sua missão e para a sua estatura humana e espiritual à altura do nosso tempo.

Um teólogo russo ortodoxo e leigo, Pavel Evdokimov, falando da liturgia, escreve que nós construímos catedrais com portais belíssimos que isolam a área sagrada. Dentro está a perfeição e a beleza do culto, a plenitude; lá fora está a praça com os seus ruídos e comércios, com o riso e as lágrimas, as alegrias e as dores, até com as blasfémias, com tudo o que faz parte da existência quotidiana. Seria neces-sário, porém, um portal aberto através do qual o vento do Espírito pudesse sair do templo para ir em direção à praça e torná-la fecunda levando luz, beleza, perfume, esperança; depondo uma semente de eternidade mesmo onde tudo é profano, secular, a semente da santidade no mundo. “A fé, a oração e a justiça devem andar abraçadas”.

“Quereis oferecer-vos a Deus?”A liturgia da Quinta-feira Santa é um momento especial

no qual somos convidados a renovar e reavivar em nós a graça sacramental do sacerdócio e o “sim” do nosso aco-lhimento e da nossa entrega total. É também uma ocasião para o fazermos em íntima ligação com a espiritualidade da mensagem de Fátima neste ano da comemoração do cente-nário das Aparições. A formulação da renovação das nos-sas promessas é traduzida esplendidamente pela pergunta de Nossa Senhora aos Pastorinhos “Quereis oferecer-vos a Deus?” para colaborar mesmo com os vossos sofrimen-tos no seu desígnio sobre o mundo? Sim, também nós que suportamos “o cansaço do dia e o seu calor”(Mt 20, 12) nos múltiplos afazeres na vinha do Senhor ouvimos hoje esta mesma pergunta acompanhada pela mesma promessa consoladora “a graça de Deus será o vosso conforto”. Tal como os pastorinhos, também nós queremos dizer um sim de entrega inteira, sem reservas, ao Senhor, sendo todos de Deus, todos de Jesus e da sua Igreja.

A Virgem Santíssima, mãe solícita dos sacerdotes, nos assista e ajude a dar esta resposta de total oblação da nos-sa vida sacerdotal: Totus tuus! Todo teu, Senhor, nas mãos de Maria Imaculada! Todo teu pelo Coração Imaculado de Maria!

Catedral de Leiria, 5 de abril de 2012.† António Marto, Bispo de Leiria-Fátima

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Nota de encerramentoJubileu do Colégio de S. Miguel

Desejaria começar a minha intervenção com uma ci-tação do nosso escritor e poeta Miguel Torga. No XII volume do “Diário” escreveu esta frase de antologia, car-regada de humanidade e sabedoria: “Todos temos as nos-sas balizas humanas: rostos, nomes e memórias que nos ajudaram a ser quem somos, porque nos contaram uma história, porque nos valeram com uma palavra amiga em certos momentos, porque nos ensinaram uma verdade sim-ples”. Referia-se ao pai, se bem me lembro. Quer dizer, isto aplica-se antes de mais à família, pois somos quem somos por termos sido gerados por quem fomos, acalentados no seu regaço e acompanhados pela sua ternura. Mas aplica-se também à escola, aos seus mestres, aos companheiros e a toda a comunidade educativa onde recebemos uma forma-ção basilar que contribui para a nossa identidade existen-cial e histórica. De modo particular e apropriado aplica-se hoje a este Colégio de S. Miguel no cinquentenário da sua existência. Disto são testemunho eloquente as anteriores intervenções aqui partilhadas e os cerca de 800 ex-alunos que aqui se reuniram, no dia 11 de fevereiro passado, para celebrarem o jubileu memorável da sua escola e manifes-tarem-lhe o apreço e a gratidão pela qualidade da educação que receberam e que deixou marca na sua vida.

Na verdade, há momentos grandes na vida de cada pessoa, de cada família, comunidade ou instituição. São marcos históricos da vida pessoal ou comunitária, que con-densam uma enorme riqueza humana, social e cultural de caráter inolvidável. Por isso merecem e exigem ser evoca-dos, celebrados e cantados em festa e gratidão. Isto mesmo acontece com o nosso querido Colégio de S. Miguel no jubileu das suas bodas de oiro, dos seus 50 anos de existên-cia ao serviço da nobre e delicada missão da educação das crianças, dos adolescentes e dos jovens. O Colégio vive este momento com brio e saudável orgulho por este seu já longo itinerário histórico cujos méritos são socialmen-te reconhecidos. Também o bispo diocesano não poderia deixar de vibrar de regozijo, interior e exterior, com este acontecimento de uma das instituições mais prestigiadas património da sua diocese.

No dia do Arcanjo S. Miguel, Padroeiro do Colégio, associei-me com todo o gosto à abertura do Ano Jubilar comemorativo do cinquentenário presidindo à celebração da Eucaristia. Tive então a oportunidade de dirigir à comu-nidade educativa do Colégio a minha palavra afetuosa de congratulação e de parabéns bem como de elevar a Deus a ação de graças pelo dom precioso que tem sido esta escola católica para a nossa Igreja diocesana e para a sociedade. Também nessa altura me foi concedido gentilmente abrir o Livro de Honra do cinquentenário com uma breve e calo-rosa mensagem.

Hoje, no encerramento solene das comemorações do cinquentenário, venho com particular alegria reiterar a ex-pressão da minha estima, do meu afeto e do meu apreço e reconhecimento a toda esta grande família do Colégio de S. Miguel, docentes, alunos, pais e funcionários que, sob a liderança do seu estimado Diretor e timoneiro Senhor P. Dr. Joaquim Ventura, têm realizado, com toda a paixão, dedicação e competência, mesmo contra ventos e marés,

um magnífico projeto educativo de formação integral, de matriz cristã, sob o belo lema “amizade, verdade, exigên-cia”. Assim, o Colégio alcançou um lugar de reconhecido prestígio no panorama do ensino e na própria história da educação em Portugal como escola e escola católica de re-ferência. De facto, no respeito das normas comuns a todas as escolas, a escola católica tem a tarefa de desenvolver uma proposta pedagógica enraizada nos valores educativos inspirados no Evangelho, que são geradores do melhor humanismo e do desenvolvimento integral da pessoa hu-mana, em todas as dimensões do saber, das capacidades e dos valores. A este propósito, permitam-me lembrar a ur-gência cultural de colocar a situação hodierna da escola numa visão integral do homem e da sua vocação através de uma autêntica antropologia aberta à dimensão transcen-dente do espírito. “Se não percorrermos os caminhos in-teriores do espírito, não poderemos percorrer de pé e com dignidade os caminhos exteriores do mundo” (E. Bloch). Nisto, o Colégio tem sido exemplar nesta época confusa mas fascinante do novo milénio.

Parabéns, pois, a todos os obreiros deste grande proje-to! Coragem! Vamos em frente com esperança. Que o Pa-droeiro, Arcanjo S. Miguel, vos dê sempre “Asas prontas a voar” cada vez mais alto, mais longe e mais ao largo, como sugere o belo lema do Ano Jubilar.

Para todo o Colégio invoco as mais abundantes bênçãos de Nossa Senhora de Fátima a fim de que ele viva, cresça, floresça e continue a dar muitos, bons e saborosos frutos para a sociedade e para a Igreja! Que os alunos possam encontrar aqui a beleza e a alegria da fé em Jesus Cristo como a verdadeira Luz para o caminho da vida: uma vida boa, bela e feliz!

A beleza arquitetónica e a beleza paisagística no inte-rior e à volta do Colégio são o espelho da beleza interior do seu ambiente educativo, familiar, cultural e espiritual. Está de parabéns todo o Colégio, sobretudo na pessoa do diretor, por esta beleza; está de parabéns a cidade de Fáti-ma por albergar esta escola de referência incontornável e está de parabéns a Diocese por esta instituição cultural com que se sente honrada como sinal da presença qualificada da Igreja no mundo ao serviço da cultura e do país.

A minha última palavra é de louvor e gratidão a Deus que está na origem de toda a beleza e riqueza deste colé-gio através dos seus servidores, desde o seu diretor até ao mais humilde funcionário. Sirvo-me para isso do hino de louvor que usamos na celebração dos jubileus: Te Deum laudamus, Te Dominum confitemur! Nós te louvamos ó Deus, nós te bendizemos, Senhor, pelo nosso Colégio de S. Miguel e por todo o bem realizado nestes 50 anos!

Fátima, 4 de maio de 2012.† António Marto, Bispo de Leiria-Fátima

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Simpósio Teológico-Pastoral - AberturaQuereis oferecer-vos a Deus?– Horizontes contemporâneosda entrega de si

É para mim motivo de particular satisfação poder sau-dar cordialmente os participantes deste simpósio e poder dirigir uma breve palavra de abertura, a modo de meditação ou lectio divina, acerca do tema sobre o qual se debruça.

Trata-se, desde logo, de um tema de abertura da men-sagem de Nossa Senhora, de uma dimensão fundamental da mesma e de uma marca da vida inteira dos pequenos videntes: “Quereis oferecer-vos a Deus?”.

Fazer este convite pode soar, na cultura atual, a algo estranho, provocar porventura um sorriso despiciente de troça ou um encolher de ombros de indiferença. Por isso torna-se necessário refletir sobre o horizonte, o fundamen-to, as dimensões, a beleza e a atualidade desta “oferta de si” na existência cristã, na vida comunitária, na cultura e na configuração do mundo – os “horizontes contemporâneos da entrega de si”.

Horizonte histórico-cultural e salvífico deste apeloO Papa Bento XVI, na sua homilia de 13 de maio em

Fátima, oferece-nos uma chave hermenêutica deste apelo, lendo-o à luz da missão profética da mensagem, com toda a profundidade: “O homem pôde despoletar um ciclo de morte e de terror, mas não consegue interrompê-lo... Na Sagrada Escritura, é frequente aparecer Deus à procura de justos para salvar a cidade humana e o mesmo fez aqui, em Fátima, quando Nossa Senhora pergunta: «Quereis ofere-cer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele mesmo é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?». Com a família humana pronta a sacrificar os seus laços mais sagrados no altar de mesquinhos egoísmos de nação, raça, ideologia, grupo, indivíduo, veio do céu a nossa bendita Mãe oferecendo-se para transplantar no co-ração de quantos se Lhe entregam o Amor de Deus que arde no seu”.

O Santo Padre situa este aspeto no horizonte histórico-cultural e político da época e na perspetiva histórico-salví-fica. De facto, este apelo da Senhora não caiu “ex abrupto” aos ouvidos dos pastorinhos. Eles já tinham sido introdu-zidos pelo Anjo no mistério do Deus santo e adorável e no seu desígnio de misericórdia para com a humanidade caída no abismo da guerra e da banalidade do mal pelo afasta-mento em relação a Deus até à sua rejeição.

O acento tónico aqui recai sobre a misericórdia de Deus que suscita em resposta a oferta de si como dom e missão e que se deve manifestar na existência crente para glória de Deus e do seu amor e para reparação do pecado do mundo a começar pela conversão dos corações.

A vida no mundo como liturgia cósmicado dom de si no amor (rom 12,1-2)

Este horizonte é-nos ilustrado mais ampla e maravi-lhosamente por S. Paulo em Rom 12, 1-2: “Exorto-vos, ir-

mãos, pela misericórdia de Deus, a que ofereçais os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. É este o vosso verdadeiro culto espiritual. Não vos confor-meis a este mundo. Antes, deixai-vos transformar pela re-novação do vosso modo de pensar, para poderdes discernir qual é a vontade de Deus: o que é bom, o que lhe é agradá-vel, o que é perfeito”.

Deste texto queria sublinhar brevemente alguns aspetos que nos ajudam a compreender a profundidade e a beleza da “oferta de si” e nos abrem para largos horizontes da sua atualização.

a) Um apelo de ternura à cooperação na misericórdia: “exorto-vos”

Em primeiro lugar, a exortação do Apóstolo não é algo de moralista. Trata-se aqui dum apelo de quem fala com o coração, com a ternura do amor paterno ou materno, como nos faz ver o verbo grego usado “parakalo” (paraklesis-parakletos). Paulo acrescenta ainda: “pela misericórdia de Deus”. É Deus que, através de Paulo, nos fala com o amor entranhado de pai, com o seu cuidado solícito por nós. É pois um apelo à graça, à misericórdia que Deus pôs em nós para que a deixemos atuar, para que se torne ativa em nós, cooperando com Ele.

b) A vida no mundo como dom de si no amor: a liturgia cósmica

De seguida especifica o “como”: “oferecei os vossos corpos...”. Aqui está a manifestação mais clara da origina-lidade do culto cristão. Fala da liturgia não como cerimónia mas como vida. O corpo é o homem na sua totalidade indi-visível, o homem todo que se expressa, se relaciona e age no e através do corpo, lugar necessário da sua existência, da sua relação a Deus, aos outros e ao mundo. Assim, nós mesmos no nosso corpo e como corpo devemos ser liturgia com toda a nossa existência no mundo, em união com Cris-to e como Ele que fez a liturgia do mundo, a liturgia cósmi-ca oferecendo-se a si mesmo, em amor e por amor, fora do templo e da cidade santa, no meio do mundo, no coração da vida quotidiana.

O nosso viver quotidiano no nosso corpo, nas pequenas e grandes coisas, deve ser inspirado e permeado pela rea-lidade divina de modo a tornar-se cooperação com Deus e a transformar toda a nossa vida em verdadeiro louvor e adoração.

Do dom amoroso de si a Deus nasce o dom de si no amor aos homens.

c) o não conformismo cristãoDepois desta definição fundamental da nossa vida

como liturgia de Deus, de entrega amorosa de cada dia com Cristo, Paulo sublinha então uma consequência para a vida no mundo: “Não vos conformeis a este mundo...”: é o não conformismo do cristão perante a potência e a banalidade do mal, do pecado, que desfigura e desumaniza o mundo. Não se trata de desertar do mundo ou desinteressar-se dele; antes, trata-se de se deixar transformar por Deus, transfor-mando assim o mundo, a cultura dominante. Atualizemos com exemplos concretos.

Vemos o poder do mal hoje, por exemplo, em ação em dois grandes poderes, que embora úteis e bons em si, po-dem tornar-se ídolos, falsas divindades que subjugam o

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homem e o mundo: o poder dos mercados financeiros e o dos media.

“Estamos a ver como o mundo da finança pode dominar sobre o homem, que o ter e o aparecer dominam o mundo e o escravizam. O mundo da finança não representa mais um instrumento para favorecer o bem estar, a vida do homem, mas torna-se um poder que o oprime, que deve ser quase adorado: a mammona iniquitatis (o dinheiro da iniquida-de), real divindade falsa que domina o mundo... Depois, o poder da opinião publicada. Temos necessidade de infor-mações, de conhecimento das realidades do mundo, mas pode tornar-se num poder da aparência: no final, quanto é dito ou quanto é imagem conta mais que a verdadeira realidade. Uma aparência sobrepõe-se à realidade, torna-se mais importante e o homem não segue mais a verdade do seu ser, mas prefere sobretudo aparecer”(Bento XVI).

Perante isto, os cristãos são chamados ao não confor-mismo, a não sacrificar às divindades pagãs do poder, do ter, do aparecer, do consumir desenfreado, do gozar ime-diato e a todo o custo e a renovar a mentalidade e o co-ração.

Nesta perspetiva, o Papa Bento XVI convida a revi-gorar as experiências financeiras e económicas fundadas sobre uma economia ao serviço do bem comum, mediante a implementação da fraternidade, do dom e da gratuidade como bens relacionais, da justiça – expressões típicas da cultura do bem comum que exige a cultura da “entrega de si” para além da cultura estrita do mercado (cf CV n. 54).

A virgem oferente, ícone vivo da entrega de siNo momento em que a jovem de Nazaré aceita oferecer

a Deus a sua colaboração a favor da salvação dos homens, toda a sua vida assume o significado de uma entrega de si mesma. Esta oferta de si e da sua função materna pelo reino eterno que o Filho realizaria (Lc 1, 33), constitui uma dimensão fundamental do ser de Maria.

Segundo a Exortação apostólica Marialis Cultus de Paulo VI, este dom de si assume um caráter cultual numa tríplice dimensão, a saber, na apresentação do templo, jun-to à cruz e no sacrifício eucarístico, o que faz dela a “Vir-gem oferente”(cf n. 20), ícone vivo da entrega de si. Mes-mo junto à cruz é-lhe pedido para se entregar como Mãe de Misericórdia para estar junto de todos os crucificados pela dor ou pela injustiça.

“Bem cedo, os fiéis começaram a olhar para Maria, a fim de, como ela, fazerem da própria vida um culto a Deus, e do seu culto um compromisso vital... Maria é modelo sobretudo daquele culto que consiste em fazer da própria vida uma oferenda a Deus... O ‘sim’ de Maria é para todos os cristãos lição e exemplo, para fazerem da obediência à vontade do Pai o caminho e o meio da própria santificação” (MC n. 21).

os pastorinhos e a mística da entrega de si: inspiração e desafio para hojeNa escola de Maria e do seu Imaculado Coração, os

pequenos videntes aprenderam a dizer “sim, queremos” ao apelo da Senhora. Um sim total, inteiro, que lhes brota do coração. De facto, através do Anjo e de Nossa Senhora, Deus arrebatou o coração dos pastorinhos à sua misericór-dia, elevando-o à sua altura, de modo a que eles experi-mentassem a riqueza da sua misericórdia e a beleza do seu

amor. Deste modo gerou neles a mística do sim, da entrega a Ele, como estilo de vida embora cada um de modo pró-prio.

Esta mística deve também contagiar-nos, inspirando-nos e desafiando-nos a vivê-la hoje: a dar testemunho como eles da primazia de Deus e da nossa pertença a Ele através da nossa entrega, disponibilidade e adoração como modo de viver e tipo de cultura face a uma anticultura do esquecimento, da indiferença e até do desprezo de Deus e de Jesus Cristo; a dar testemunho da cultura do dom, da gratuidade, da partilha e da solidariedade face a uma anticultura mercantilista do dar para receber em troca; e ainda o testemunho da alegria e da felicidade nesta doa-ção de si a Deus e aos outros. Como bem sintetiza o Papa Bento XVI: “Exemplo e estímulo são os Pastorinhos, que fizeram da sua vida uma doação a Deus e uma partilha com os outros por amor de Deus. Nossa Senhora ajudou-os a abrir o coração à universalidade do amor.(...) Só com este amor de fraternidade e partilha construiremos a civilização do Amor e da Paz”.

Congratulamo-nos em que todos estes tópicos sejam aprofundados e declinados nos seus vários casos, em abor-dagem multidisciplinar, neste simpósio ao qual auguramos um feliz êxito, a fim de que Fátima, tendo como mestres Maria e os Pastorinhos, se torne para todos, pequenos e grandes, escola da mística da entrega de si a Deus para a redenção do mundo.

Fátima, 15 de junho de 2012.† António Marto, Bispo de Leiria-Fátima

Tomada de posseDiretor do Colégio de S. Miguel1. Gratidão ao p. Dr. Joaquim ventura

Em tão significativa circunstância, neste momento belo de “passagem de testemunho”, sinto o dever da justiça e a necessidade da virtude da gratidão como imperativos para exprimir ao senhor P. Dr Joaquim Ventura o mais vivo e sentido reconhecimento por toda a dedicação e competên-cia que colocou no desempenho da nobre missão de diretor do Colégio de S. Miguel desde os seus inícios.

Não é fácil dizer em poucas palavras o nosso apreço e a nossa gratidão. Mas, verdadeiramente, não se pode pensar neste colégio sem ressaltar a grande capacidade empreen-dedora de quem o sonhou, o ideou e o fez erguer nas suas linhas arquitetónicas e estéticas como um jardim rico de beleza; a estatura do pedagogo que o dotou de um projeto educativo de formação integral consubstanciado no lema “amizade, verdade e exigência” e fez dele uma escola de excelência e de referência nacional; o amor do diretor aos alunos, sobretudo aos pobres, que o levou a tirar a carta de pesados para os ir buscar às suas terras; a paixão de quem defendeu o colégio, sem medo, em momentos de hostili-dade ameaçadora; a competência do gestor diligente que deixa o colégio em bom estado de saúde administrativa e económica; o sentido pastoral do sacerdote que dotou o colégio com um conselho pastoral promotor da relação da fé com a cultura e aberto à colaboração com iniciativas diocesanas.

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Hoje deixa a direção do Colégio, a seu insistente pedi-do, como o guerreiro que merece o descanso após o bom combate de longos anos. A sua pessoa, a sua história e o seu nome ficarão porém ligados para sempre ao colégio e à família que o constitui. Em nome de toda esta família, da diocese e no meu pessoal digo-lhe de todo o coração: muito e muito obrigado, caro senhor Dr Ventura! Bendizemos a Deus por esta sua obra! Asseguro-lhe a minha sincera es-tima pessoal, a comunhão e o afeto de pastor da diocese e invoco a intercessão materna de Nossa Senhora de Fátima para que lhe alcance abundantes bênçãos de Deus por mui-tos e bons anos, na companhia de todos nós.

2. votos de congratulação ao novo diretorCaro P. Dr. Adelino Guarda: Vossa Rev.a acaba de tomar

posse como diretor do Colégio de S. Miguel, escola cató-lica de caráter diocesano, no coração de Fátima, com 1200 estudantes e de projeção nacional. É com grande regozijo que lhe endereço as mais vivas e sentidas felicitações e lhe agradeço reconhecidamente a sua inteira disponibilidade para esta missão como serviço à Igreja diocesana.

Este é também um momento propício para sublinhar a relevância da missão que acaba de lhe ser confiada. Ela é na verdade uma graça e um desafio porque, como diz o Papa Bento XVI, “a educação é a aventura mais difícil e fascinante da vida”.

A sua tomada de posse acontece num momento de cri-se cultural e espiritual global que põe em evidência uma “emergência educativa” como um desafio cultural difícil mas ao mesmo tempo apaixonante. De todos os lados au-menta o pedido de uma autêntica educação: da parte dos pais, dos professores, da sociedade, dos próprios adoles-centes e jovens que não se querem sentir sós e desampa-rados no meio da confusão e da ausência de horizontes e de valores.

Ortega y Gasset já no seu tempo traduziu isto em forma de interrogação, tocando a questão fundamental e incontor-nável: “Que ideia de homem têm os educadores dos meus filhos?”. Mais recentemente, também Edgar Morin, no li-vro “A cabeça bem formada. Reforma do ensino e reforma do pensamento” aponta certeiramente e com clareza: “O objetivo da formação não é dar ao aluno uma quantidade cada vez maior de conhecimentos, mas é constituir nele um estado interior profundo, uma espécie de polaridade da alma que o oriente em sentido definitivo, durante toda a vida. Isto significa que aprender a viver requer não só conhecimentos, mas também a transformação, no próprio ser mental, do conhecimento adquirido em sabedoria e a incorporação desta sabedoria na vida”.

Por sua vez, o Diretor Geral da Unesco, Matsuura, acrescenta: “Preocupados pelo progresso técnico cultiva-mos uma materialidade sem alma, incapaz de guiar as nos-sas ações, indiferente perante a força dos valores”.

Neste panorama cultural sobressai a missão da escola católica, na sua originalidade específica, com uma propos-ta pedagógica e cultural de qualidade e excelência enraiza-da nos valores educativos à luz do Evangelho. A fé cristã é geradora e promotora do melhor humanismo e do desen-volvimento integral da pessoa humana, assente na dimen-são espiritual. Isto tem sido a marca do colégio, a sua alma e continuará, sem dúvida, a sê-lo.

Caro P. Dr. Adelino: oxalá estas breves palavras pos-

sam servir de estímulo e ânimo para a nova missão. Os do-tes humanos e sacerdotais com que Deus o agraciou, a sua formação académica, a sua experiência pedagógica, o seu gosto pela área da educação, o seu grande sentido eclesial, a seriedade e ponderação nas suas decisões confortam-nos em saber que a direção do Colégio fica confiada em boas mãos. Asseguro-lhe a minha estima pessoal, a inteira con-fiança e a colaboração necessária. Espero que também aqui encontre o melhor acolhimento e a melhor colaboração de todos.

Por intercessão de Nossa Senhora de Fátima e do Ar-canjo S. Miguel imploro a luz e a fortaleza do Espírito Santo para a sua nobre, bela e delicada missão. Muitas fe-licidades!

Fátima, 9 de julho de 2012.† António Marto, Bispo de Leiria-Fátima

Homilia na celebração do PadroeiroSanto Agostinho,modelo no caminho da fé

Ontem recordámos a mãe, Santa Mónica, e hoje cele-bramos a solenidade do filho, Santo Agostinho, como Pa-droeiro da nossa diocese. O testemunho de ambos pode ser de grande iluminação e ajuda para o Ano da Fé, pro-clamado pelo Santo Padre, e assumido por nós como pro-posta pastoral para a diocese. Escolhemos como lema: “O Tesouro da fé, dom para todos”. Agostinho e sua mãe são testemunhas exemplares da fé vivida como experiência de um amor recebido; e da fé comunicada como experiência de graça, beleza e alegria. Eles são o comentário vivo e concreto da Palavra de Deus que escutámos nas leituras.

Mónica, nascida em Tagaste, na Argélia, viveu de modo exemplar a sua missão de esposa e de mãe, ajudando o ma-rido Patrício a descobrir a beleza da fé em Cristo e a força do amor evangélico, capaz de vencer o mal com o bem. Depois da morte precoce do marido, Mónica dedicou-se com coragem a cuidar dos três filhos, entre os quais Agos-tinho que a fez sofrer com o seu temperamento rebelde, como tantos jovens hoje.

Agostinho dirá mais tarde que a sua mãe o gerou duas vezes “uma para o dar à luz no tempo; outra para o gerar para a eternidade”. A segunda requereu um longo parto es-piritual bem mais difícil, feito de oração e de lágrimas, mas coroado, finalmente, pela alegria de o ver abraçar a fé, re-ceber o batismo e sobretudo de dedicar-se inteiramente ao serviço de Cristo. Quantas dificuldades também hoje nas relações familiares e quantas mães angustiadas porque os filhos andam por caminhos errados!

Mónica, mulher sábia e sólida na fé, convida-nos a não perder a coragem, mas a perseverar na missão que Deus nos confiou a cada um, mantendo firma a confiança em Deus e agarrando-se com perseverança à oração. Não de-sanimem pois os pais e as mães, os catequistas e os sacer-dotes nesta sua missão.

Em relação a Agostinho, toda a sua vida foi uma bus-ca apaixonada da verdade. Por fim, depois de um longo tormento interior, descobriu em Cristo o sentido último e pleno da própria vida e de toda a história humana.

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Na adolescência, atraído pela beleza terrena, “precipi-tou-se sobre ela” – como ele mesmo confessa –, de modo egoísta e possessivo, com comportamentos que causaram grande dor à sua piedosa mãe. Mas através de um percurso difícil e graças às orações da mãe, Agostinho abriu-se cada vez mais à plenitude da verdade e do amor, até à conversão, acontecida em Milão sob a guia do bispo Santo Ambrósio. “Tu criaste-nos para ti, ó Deus, e o nosso coração não tem sossego enquanto não descansar em ti”.

Ele permanecerá como modelo no caminho para Deus, suprema Verdade e sumo Bem. “Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei. Eis que tu estavas dentro de mim, mas eu estava fora, e fora de mim eu te procu-rava... Tu estavas comigo e eu não estava contigo.. Cha-maste-me, clamaste e rompeste a minha surdez. Brilhaste, resplandeceste e finalmente curaste a minha cegueira. Exa-laste sobre mim o teu perfume: aspirei-o profundamente e agora suspiro por ti. Saboreei-te, e agora tenho fome e sede de ti. Tocaste-me e agora desejo ardentemente a tua paz”.

Obtenha Santo Agostinho o dom de um sincero e pro-fundo encontro com Cristo a todos os jovens e menos jo-vens que, sedentos de felicidade, a procuram percorrendo caminhos errados e se perdem em becos sem saída. Ouça-mos o conselho que ele dá ao seu amigo Honorato, na sua obra “De utilitate credendi”, e serve também para nós, ao dizer que a fé supõe um mestre, isto é, a ajuda de alguém: “Acolhe quem é fraco na fé; estende a mão a quem está em dificuldade na fé”. Hoje, este apoio é cada vez mais neces-sário no mundo difícil em que vivemos, onde, por vezes, ter fé ou perseverar na fé é um autêntico milagre. Ninguém falte com este apoio a quem precisa.

Santa Mónica e S. Agostinho convidam-nos a dirigir-mo-nos com confiança a Maria, Mãe na fé, para nos ajudar a redescobrir a alegria de crer e o renovado entusiasmo de testemunhar Jesus Cristo. Só Ele sacia os desejos mais pro-fundos do coração humano.

Sé de Leiria, 28 de agosto de 2012.† António Marto, Bispo de Leiria-Fátima

Nota episcopalSolidariedade às vítimasdo incêndio em Ourém

Refª: BD2012B-002Um incêndio de grandes proporções atinge desde do-

mingo uma vasta área desta diocese de Leiria-Fátima, afetando áreas de várias paróquias da vigararia de Ourém. Acompanho a situação na comunicação social, que dá con-ta de crescentes prejuízos humanos, sociais e económicos, que é ainda impossível apurar na sua totalidade.

Sinto e sigo com preocupação esta calamidade e quero expressar, desde já, a minha solidariedade e comunhão es-piritual com todos aqueles que sofrem, de forma direta ou indireta, as suas mais terríveis consequências.

Em primeiro lugar, a minha nota de profundo pesar e condolências aos familiares e amigos da vítima mortal já registada. Sendo a vida humana o principal dos valores que defendemos, é essa a maior dimensão da tragédia e a principal consequência que lamentamos. Rogamos ao Se-

nhor para que acolha este nosso irmão no seu Reino e que acompanhe com a Sua graça e a sua fortaleza os familiares nesta hora de luto.

De igual forma, lembro na minha oração todos os que perderam as suas casas, as suas empresas, os seus terre-nos e outros haveres. A diocese de Leiria-Fátima, através da Cáritas Diocesana, contactou já o Exmo. Presidente da Câmara Municipal de Ourém, Dr. Paulo Fonseca, manifes-tando-lhe toda a disponibilidade para colaborar no apoio às vítimas, respondendo às necessidades imediatas da popula-ção local e à procura de soluções para, dentro do possível, recuperarem das perdas sofridas.

A mesma disponibilidade será oferecida pelos párocos e as estruturas e serviços sociais das paróquias afetadas, para que, dentro das suas possibilidades, acolham e ajudem os seus paroquianos a superar este flagelo. Faço um apelo do coração a todas as paróquias da Diocese, sobretudo às vizinhas, para que estabeleçam uma rede de solidariedade que torne este serviço mais amplo e eficaz.

Manifesto a minha gratidão e apreço, em nome dos diocesanos de Leiria-Fátima, para com todos os bombei-ros, empresas e instituições que se encontram no terreno, seja no combate ao fogo, seja no apoio mais direto às ví-timas.

Por fim, desejo que a fé, a esperança e a caridade cris-tãs sejam tónicos de alento para todas as pessoas que atra-vessam neste momento a especial provação da morte, dos ferimentos ou da perda dos seus bens. Apelando à especial intercessão dos nossos Padroeiros, Nossa Senhora do Ro-sário de Fátima e Santo Agostinho, a todos confio à prote-ção de Deus nosso Pai.

Com o meu fraterno afeto de Pastor,Leiria, 3 de setembro de 2012.† António Marto, Bispo de Leiria-Fátima

Homilia de NatalMistério de ternura e de alegria para o mundo1. o Natal de cristo: ir ao coração da fé

Sede bem vindos todos vós, caros irmãos e irmãs, que acorrestes à nossa catedral para celebrar nesta noite o san-to nascimento do Senhor Jesus. Com esta alegria natalícia saúdo-vos afetuosamente.

Neste ano de 2012, somos chamados a celebrar o Natal cristão no contexto eclesial do Ano da Fé e no contexto so-cial da crise que atravessa o nosso país e toda a Europa. Re-centemente, os meios de comunicação social procuraram excitar a opinião pública com a discussão sobre a presença do burro e da vaca no presépio, como se essa fosse a grande questão. Assim se desvia a atenção do centro da festa para um pormenor periférico e se dá a impressão de que o Natal é folclore e pouco ou nada tem a ver com a vida quotidiana e real da gente.

Antes de mais, o Natal convida-nos a ir ao coração da fé cristã no mistério da Incarnação – Deus connosco na nossa carne humana –, e a renovar a certeza de que Ele está sempre presente nas nossas vidas. “Deus não é uma hipó-tese longínqua sobre a origem do mundo; não é uma inte-

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ligência matemática muito longe de nós. Deus interessa-se por nós, ama-nos, entrou pessoalmente na realidade da nossa história, comunicou-se até fazer-se homem. Assim, Deus é uma realidade da nossa vida; é tão grande que tem tempo para nós, se ocupa de nós. Em Jesus de Nazaré, nós encontramos o rosto de Deus, que desceu do seu Céu para entrar em cheio no mundo dos homens, no nosso mundo, e ensinar a “arte de viver”, o caminho da felicidade, e para nos libertar do pecado e nos tornar filhos de Deus. Jesus veio para salvar-nos e mostrar-nos a vida boa do Evange-lho” (Bento XVI). Ele continua a vir trazer aos homens a paz, a vida e a alegria verdadeira.

2. Mistério de ternura e de alegria para o mundo Eis o encanto do mistério desta Noite Santa, a grande

noite do Natal de Cristo! É narrada uma história muito humilde e todavia, precisamente por isso, de uma grandeza desconcertante: o nascimento dum menino numa manje-doura. Indica-nos assim o modo surpreendente que Deus escolheu para vir ao nosso encontro: “Um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado. Será chamado Deus forte, Pai para sempre”(Is 9).

Na inocência e na fragilidade duma criança indefesa que se abre à vida, no estábulo de Belém e não no palácio dos poderosos, são-nos dadas a contemplar a humildade e a ternura com que Deus se aproxima, se faz próximo de nós. Neste menino pode-se, por assim dizer, tocar Deus, acariciá-Lo e deixar-se acariciar por Ele. As mãos estendi-das do menino Jesus são as mãos que Deus estende à hu-manidade para a introduzir no seu amor; mas são também as mãos de Deus mendigo do nosso amor.

Este encontro com a humildade e a ternura de Deus traz uma enorme alegria a quem aceita vivê-lo. Assim foi anunciado aos pastores: “Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor”. O Papa Bento XVI comenta deste modo: “É a alegria do ho-mem que é tocado no coração pela luz de Deus e pode ver que a sua esperança se realiza: a alegria daquele que encon-trou Deus e foi encontrado por Ele”. Esta alegria motiva o canto dos anjos (Glória a Deus e paz na terra aos homens) e ajuda a compreender que “o povo simples dos crentes te-nha ouvido cantar também os pastores e, até hoje, na noite santa, se una às suas melodias, exprimindo com o canto a grande alegria que desde então é dada a todos”.

É esta alegria que J. S. Bach cantava num Oratório de Natal: “Como poderei acolher-Te, de que modo poderei encontrar-Te, ó desejado de todo o mundo, ó tesouro da minha alma? Ó meu amado menino Jesus, prepara um ber-ço puro e terno no íntimo do meu coração a fim de que eu nunca me esqueça de Ti... Ó Jesus, sê tu o meu único desejo; está sempre no meu pensamento; não permitas que eu vacile”.

Não se trata de um mero sentimentalismo intimista. O Natal de Cristo é para o mundo. Por isso, nos pede para levarmos ao mundo a alegria da ternura e do amor em ges-tos de proximidade, de serviço, de ajuda concreta: na carí-cia a uma criança, no sorriso e no afeto a um idoso, na vi-sita a um enfermo ou recluso, na consolação a um aflito, na partilha generosa com os carenciados, na ternura e compre-ensão dentro do matrimónio e da família, na fraternidade das relações na comunidade cristã e na sociedade.

Como os pastores, depois de terem visto o menino, regressaram glorificando e louvando a Deus por lhes ter aberto os olhos do coração, assim também nós louvamos e anunciamos:

Um Menino nos foi dado E um Filho nos nasceuGlória a Deus e paz na terraCantam os Anjos no Céu.

Anjos no céu aparecemCantando glória e louvor, E os pastores reconhecem O Cordeiro do Senhor.

Glória seja dada ao PaiE ao Espírito tambémGlória seja dada ao FilhoNos braços da Virgem Mãe.

A todos vós, às vossas famílias, a todos os que vos são queridos, a toda a nossa Diocese desejo um Santo Natal de alegria, de fraternidade e de esperança no Senhor!

Catedral de Leiria, 25 de dezembro de 2012.† António Marto, Bispo de Leiria-Fátima

Homilia de fim-de-ano“Não tenhais medo”

Seguindo uma tradição já consolidada, celebramos nes-ta basílica da Santíssima Trindade a Eucaristia e cantamos o Te Deum no final do ano. Saúdo afetuosamente a todos vós aqui presentes, a quem me sinto intimamente unido nesta circunstância sempre rica de sentimentos e de sig-nificado.

A passagem de um ano a outro é de certo modo um fac-to convencional. Mas é também um apelo a refletir sobre o tempo e o seu significado para a nossa vida pessoal, para a vida da Igreja e do mundo, à luz da fé cristã.

“Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cris-to...” exclamamos com o apóstolo Paulo. Não viemos ao mundo por acaso, não andamos no mundo ao acaso nem confiamos a nossa vida ao mero acaso. Cada um de nós é pensado, querido, amado, acompanhado por Deus. Jesus é a imagem desse amor misericordioso e compassivo do Pai: “Vinde a mim vós que andais cansados...”. Um monge do nosso tempo comenta: “É o coração de Deus, um co-ração amigo dos homens, que marca o nosso tempo com o selo da caridade. Numa palavra, com Jesus o tempo da nossa vida não se reduz a um passar de anos, meses, dias e horas; torna-se tempo de graça, história de salvação, ha-bitado pelo amor misericordioso de Deus e pelo sopro da eternidade”(E. Bianchi).

A esta nova luz queremos ler o ano que está a findar: 2012 não está escrito só no calendário dos homens, mas também e sobretudo no de Deus. Por isso, nesta noite ele-vamos a nossa ação de graças por todos os dons que o Se-nhor na sua bondade concedeu a nós, aos nossos familiares, às nossas comunidades, à Igreja e à humanidade inteira, ao

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longo deste ano. Numa síntese rápida evocarei alguns des-tes dons ou apelos porventura mais significativos.

1. Antes de mais o Ano da Fé inaugurado no mês de ou-tubro. Com esta iniciativa, o Santo Padre propôs a questão da fé como o desafio pastoral prioritário para a Igreja face à cultura da descrença, da indiferença e do esquecimento de Deus. “Os discípulos do Senhor são chamados a fazer renascer em si mesmos e nos outros a nostalgia (i. é, o ape-tite e o gosto) de Deus e a alegria de vivê-lo e testemunhá-lo a partir da pergunta muito pessoal: porque creio?”(Bento XVI).

A verdadeira fé cristã não é um sentimento vago de uma crença qualquer nem se reduz a saber coisas sobre Deus ou sobre Jesus. É antes de mais experiência viva da presença íntima de Deus e do seu amor acolhido. Entre o saber e o crer n’Ele vai a distância que existe entre o saber coisas sobre o amor por ler livros que o explicam e o conhecê-lo por se ter a felicidade de ser amado e de amar.

Com Deus ou sem Ele, a vida é diferente. Daí a neces-sidade de redescobrir a beleza, a alegria e a atualidade da fé não só como ato isolado, mas como orientação constante da vida que nos comunica a arte de viver, o caminho da felicidade, mostrando-nos a vida justa, boa , bela, benéfica e ativa do Evangelho.

2. Redescobrir pois a alegria de crer e o entusiasmo de comunicar a força e a beleza da fé é uma questão essen-cial da nova evangelização. Para isso, o Papa convocou o sínodo sobre “A nova evangelização e a transmissão da fé” e convida toda a Igreja a celebrar ao longo do Ano da Fé o 50º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II como ocasião de uma grande renovação espiritual e pastoral. Não podemos esquecer quanto devemos a este concílio que orientou o caminho da Igreja nestes cinquenta anos para a vivência da fé na Igreja e no mundo atual. Só a título de exemplo: a redescoberta da Igreja que escuta religiosamen-te a Palavra de Deus e dela vive; a assembleia dos fiéis toda ela participativa e celebrante dos mistérios da redenção e não mera assistente espectadora e passiva; a Igreja mistério de comunhão de Deus com os homens e dos fiéis entre si onde todos são corresponsáveis na variedade das vocações e carismas; a Igreja em atitude de diálogo, solidariedade e serviço à humanidade, levando o Evangelho ao coração das realidades do mundo como fermento de renovação e humanização. No Concílio Vaticano II começou já a nova evangelização, no dizer de Bento XVI.

3. Nesta sequência desejo assinalar dois factos posi-tivos e promissores. Em primeiro lugar, os encontros de cristãos dos vários setores socioprofissionais em cada vigararia da nossa diocese, dentro do programa pastoral : “Testemunhas de Cristo no mundo”. Na verdade, foram encontros muito concorridos e apreciados para reavivar o entusiasmo do testemunho da fé capaz de gerar o empenho social e a melhor cultura humanista. A fé não afasta os cris-tãos do mundo. Antes, mostra-lhes que o mundo é o lugar da sua vocação, missão e santificação. Os grandes santos amaram o mundo do seu tempo mesmo em crise.

Outro facto significativo é a onda de voluntariado que se tem manifestado em tempo de crise no serviço aos ne-cessitados. Constitui um verdadeiro fenómeno expressivo

duma nova consciência social e duma cultura de solidarie-dade, aberta ao outro, sustentada pela atitude evangélica da gratuidade. É um sinal a apontar para uma nova cultura po-lítica nacional e internacional que, numa situação de emer-gência, seja capaz de vencer a sede de poder, de superar os muros dos interesses particulares e corporativos estranhos ao bem comum que deve ter a primazia.

4. No final de um ano que trouxe privações económicas e sociais para muitos, é também ocasião para uma reflexão profunda, para um exame de consciência num mundo em profunda mudança. Desafia-nos a repensar as nossas prio-ridades, os nossos valores, o nosso próprio modo de viver, a nossa vida espiritual.

No âmbito nacional ousarei indicar quatro prioridades ou exigências para uma boa prática política que ajude ao renascimento do país: o rigor que inclui um estilo de serie-dade, competência e honestidade; o desenvolvimento que implica confiança, tenacidade, corresponsabilidade e gene-rosa participação de todos os que podem pôr em marcha a produtividade e o emprego; a solidariedade, unindo as energias para objetivos comuns, em particular no apoio so-cial aos mais carenciados; a verdade feita de transparência, de diálogo e busca alargada de consenso social e político, pondo de parte a demagogia e a mentira como armas de luta política.

5. Por fim, não podíamos deixar de lembrar o Ano Pas-toral do nosso Santuário sob o lema “Não tenhais medo”. Neste terceiro ano de comemoração do Centenário das Aparições, ecoa, de modo particular, a mensagem de con-fiança que Nossa Senhora trouxe à Igreja e à humanidade para viver a fé em tempos difíceis e para viver os tempos difíceis com a coragem da fé e a confiança no coração da Mãe: “O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus... Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”!

Ao Coração Imaculado de Maria confiamos os nossos anseios e os dramas do nosso país e da humanidade. E pe-dimos-lhe que nos ajude a crescer na fé vivida como expe-riência de um Amor recebido e comunicada como experi-ência de graça, de beleza e de alegria, capaz de transformar os corações, a cultura e a convivência social.

A todos vós e àqueles que vos são queridos desejo um Bom Ano de 2013 na luz e na paz de Cristo, sob a proteção de Nossa Senhora, Rainha da Paz!

Santuário de Fátima, 31 de dezembro de 2012.† António Marto, Bispo de Leiria-Fátima

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Leiria-Fátima – Órgão Oficial da Diocese • Ano XX • Número 52 • 31 Dezembro 2012edição: GabinetedeInformaçãoeComunicaçãodaDiocesedeLeiria-Fátima

morada: CasaEpiscopal•RuaJoaquimRibeirodeCarvalho,2•2410-116LEIRIAtel: 244845030email:[email protected]:www.leiria-fatima.pt

vária

Obituáriocónego Aurélio Galamba

Faleceu, ao final do dia 10 de outubro, o Rev.º Cónego Aurélio Galamba de Oliveira, com 94 anos de idade. A missa exequial realizou-se no dia 12 de outubro, sexta-feira, às 10h30, na catedral de Leiria, seguindo-se o cortejo fúnebre para o Olival, onde foi sepultado.

O Cónego Aurélio era membro do Cabido desde 1951, do qual também foi Presidente, e residia desde 2005 em Fátima, na Casa Diocesana do Clero, obra da qual foi um dos principais impulsionadores e generoso benfeitor. Era membro da Irmandade de S. Pedro Celestino, de Leiria.

Era natural da freguesia do Olival e tinha entrado para o Seminário Diocesano de Leiria em 1931. Na Universidade Gregoriana, em Roma, fez o bacharelato em Teologia, que terminou em 1939. Em 1941 foi ordenado presbítero, no Santuário de Fátima.

Nos primeiros anos da sua vida sacerdotal, dedicou-se ao ensino e à formação de seminaristas, tendo sido docente de Teologia no Seminário de Leiria, onde também exerceu as funções de prefeito.

Na sua longa atividade pastoral, ficou conhecido sobre-tudo pelos serviços que desempenhou no âmbito hospitalar e prisional. Foi Capelão da Prisão Escola de Leiria (1947-1989) e prestou também assistência religiosa na Cadeia Regional de Leiria (1952-1989). Como testemunho destes trabalhos pastorais publicou o livro “Lírios na Lama”, cuja edição esgotou rapidamente. Foi capelão do Hospital de Leiria (1981-1995), prestou assistência pastoral no Hospi-tal de S. Francisco, em Leiria, e noutras casas de saúde.

Foi nomeado para diversas funções a nível diocesano: Adjunto do Diretor Diocesano da Obra das Migrações (em 1969), membro do Tribunal para a causa de beatificação dos Pastorinhos de Fátima (em 1973), Juiz Pró-Sinodal (em 1953 e novamente em 1975), Diretor Diocesano da Obra das Migrações (em 1974).

O Cón. Aurélio foi um dos dinamizadores da Escola Social Rural de Leiria, onde colaborou durante vários anos.

Orientou muitos retiros para casais, doentes, movimen-tos eclesiais e diversas instituições religiosas. Prestou ser-viço pastoral também na Catedral de Leiria e no Santuário de Fátima.

A Diocese de Leiria-Fátima agradece a Deus a vida deste sacerdote, a sua dedicada entrega ao serviço da Igreja e o seu testemunho apostólico de generosidade com que apoiou diversas obras eclesiais e sociais.

Vítor Coutinho, Chefe de Gabinete do Bispo Diocesano

p. virgílio da silvaFaleceu na madrugada de 13 de novembro, o Rev.º

P. Virgílio da Silva, com 79 anos de idade. A missa exe-quial realizou-se no dia 14 de novembro, quarta-feira, às 11h00, na igreja paroquial da Bajouca, seguindo-se o cor-tejo fúnebre para o cemitério do Souto da Carpalhosa, onde foi sepultado.

O P. Virgílio da Silva era padre há 54 anos e, desde 2009, era Vigário Paroquial da Bajouca e Carnide, embora nos últimos meses estivesse a residir na Casa do Clero, em Fátima, por motivos de saúde.

O P. Virgílio era natural do Souto da Carpalhosa e fez a sua preparação para o sacerdócio no Seminário de Leiria, onde entrou em 1945.

Nos primeiros anos do seu ministério trabalhou como formador e professor do Seminário Menor, onde ensinou Latim, Português e Ciências. Também lecionou Religião e Moral nas escolas de Leiria. Durante algum tempo exerceu ainda as funções de Ajudante do Ecónomo do Seminário.

Posteriormente dedicou-se ao trabalho paroquial, como Pároco: nos Pousos, durante 6 anos, 14 anos em Parceiros e 18 anos na Urqueira.

Acumulou este trabalho paroquial com a colaboração no serviço da Câmara Eclesiástica.

Quando em 2009, a seu pedido, foi dispensado das fun-ções de Pároco, passou a trabalhar pastoralmente como Vi-gário Paroquial na Bajouca e em Carnide.

Ao comunicar o falecimento deste sacerdote, a Diocese de Leiria-Fátima agradece a Deus todo o serviço que ele prestou à Igreja e confia-o, na oração, à misericórdia di-vina.

Vítor Coutinho, Chefe de Gabinete do Bispo Diocesano

Clero de Leiria-Fátima em 2012Em dezembro de 2012, estavam incardinados na

diocese de Leiria-Fátima 93 presbíteros: 86 residentes na diocese, 3 residentes noutras dioceses do País e 4 no es-trangeiro. Residiam nesta diocese, ainda, 6 presbíteros de outras dioceses e 10 religiosos prestavam serviço nesta diocese. Para além destes, habitavam na diocese cerca de 70 sacerdotes religiosos.

Para além do Bispo diocesano, residiam na diocese 2 Bispos eméritos, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva e D. Augusto César.

Durante o ano de 2012, faleceram os padres Aurélio Galamba de Oliveira e Virgílio da Silva.

Segundo os dados estatísticos, residiam nas comunida-des religiosas 689 religiosas professas e 16 religiosos pro-fessos não sacerdotes.