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1 A importância da atividade física após os 60 anos Miguel Marciano Rosa Neves da Silva 1 e-mail: [email protected] Dayana Priscila Maia Mejia 2 Pós-graduação em Fisiologia do Exercício Faculdade Faserra Resumo O aumento da população considerada idosa, vem se aumentando de forma acentuada e já neste século XXI, resultará em aumento nas demandas sociais e econômicas. Este fato implica inclusive a mudança no perfil de adoecimento e traz repercussões para a qualidade de vida e para políticas públicas, que passam a enfatizar a promoção da saúde, a manutenção da autonomia e a valorização das redes de suporte social. A prática regular de exercícios físicos é uma estratégia preventiva primária, atrativa e eficaz, para manter e melhorar o estado de saúde física e psíquica em qualquer idade, possuindo influências diretas e indiretas para prevenir e/ou retardar as perdas funcionais do envelhecimento, diminuindo o risco de enfermidades e transtornos frequentes na terceira idade. O objetivo do estudo é realizar uma revisão bibliográfica acerca da importância da atividade física na saúde das pessoas acima dos 60 anos e analisar os artigos, livros, periódicos produzidos sobre o tema. Utilizou-se como metodologia para atingir ao objetivo proposto, a pesquisa bibliográfica, de caráter descritivo e exploratório. Conclui-se que é urgentemente necessária a investigação sobre as melhores e mais eficazes intervenções de atividades físicas que melhorem o cumprimento de longo prazo para um estilo de vida fisicamente ativo. Palavras chave: Atividade física; Idosos; Qualidade de vida. 1 Pós-graduando em Fisiologia do Exercício. 2 Orientadora, Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestre em Bioética e Direito em Saúde.

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Page 1: A importância da atividade física após os 60 anos Miguel Marciano Rosa Neves da ... · 2017-04-11 · 1 A importância da atividade física após os 60 anos Miguel Marciano Rosa

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A importância da atividade física após os 60 anos

Miguel Marciano Rosa Neves da Silva1

e-mail: [email protected]

Dayana Priscila Maia Mejia2

Pós-graduação em Fisiologia do Exercício – Faculdade Faserra

Resumo

O aumento da população considerada idosa, vem se aumentando de forma

acentuada e já neste século XXI, resultará em aumento nas demandas sociais e

econômicas. Este fato implica inclusive a mudança no perfil de adoecimento e traz

repercussões para a qualidade de vida e para políticas públicas, que passam a

enfatizar a promoção da saúde, a manutenção da autonomia e a valorização das

redes de suporte social. A prática regular de exercícios físicos é uma estratégia

preventiva primária, atrativa e eficaz, para manter e melhorar o estado de saúde

física e psíquica em qualquer idade, possuindo influências diretas e indiretas para

prevenir e/ou retardar as perdas funcionais do envelhecimento, diminuindo o risco

de enfermidades e transtornos frequentes na terceira idade. O objetivo do estudo é

realizar uma revisão bibliográfica acerca da importância da atividade física na

saúde das pessoas acima dos 60 anos e analisar os artigos, livros, periódicos

produzidos sobre o tema. Utilizou-se como metodologia para atingir ao objetivo

proposto, a pesquisa bibliográfica, de caráter descritivo e exploratório. Conclui-se

que é urgentemente necessária a investigação sobre as melhores e mais eficazes

intervenções de atividades físicas que melhorem o cumprimento de longo prazo

para um estilo de vida fisicamente ativo.

Palavras chave: Atividade física; Idosos; Qualidade de vida.

1 Pós-graduando em Fisiologia do Exercício.

2 Orientadora, Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestre em Bioética e Direito

em Saúde.

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1. Introdução

Com a idade, o corpo demora um pouco mais para reparar em si, mas a atividade

física moderada é boa para pessoas de todas as idades e níveis de habilidade. Na

verdade, os benefícios para os idosos que se exercitam regularmente superam os

riscos. Mesmo as pessoas idosas com doenças crônicas podem exercer com

segurança uma atividade física. Várias condicionantes no dia a dia do idoso são

melhoradas com o exercício, incluindo a doença de Alzheimer e

demência, doenças cardíacas, diabetes, câncer, pressão arterial elevada e

obesidade1.

Muitos adultos com 60 anos ou mais gastam, em média, 10 horas ou mais por dia

sentado ou deitado, tornando-se um grupo etário mais sedentário.

Há fortes evidências de que as pessoas que são ativas têm um menor risco de

cardiopatias, acidente vascular cerebral, diabetes tipo 2, alguns tipos de câncer,

depressão e demência. Se a pessoa quiser ficar livre de dor, reduzir o risco de

doença mental, e ser capaz de sair e ficar bem independente na velhice, são

aconselhados a manter-se em movimento2,3,4.

À medida que as pessoas envelhecem e seus corpos declinam da função, a

atividade física ajuda a retardar esse declínio. É importante que se permaneça

ativo ou até mesmo aumente a atividade à medida que se envelhece5.

A inatividade física é reconhecida como um fator de risco para doença arterial

coronariana. A atividade física aeróbica regular aumenta a capacidade de exercício

e desempenha um papel tanto na prevenção primária e secundária de doença6.

O exercício físico aumenta a capacidade funcional cardiovascular e diminui a

demanda de oxigênio do miocárdio em qualquer nível de atividade física em

pessoas aparentemente saudáveis, bem como na maioria dos indivíduos com

doença cardiovascular. A atividade física regular é necessária para manter estes

efeitos de formação. O risco potencial de atividade física pode ser reduzida por

avaliação médica, estratificação de risco, supervisão e educação1,7.

O exercício pode ajudar a controlar alterações lipídicas no sangue, diabetes e

obesidade. Além disso, o exercício aeróbico adiciona um efeito de redução da

pressão arterial independente em certos grupos hipertensos com uma diminuição

considerável, bem como, a pressão arterial sistólica e diastólica8.

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Há uma relação direta entre inatividade física e mortalidade cardiovascular. A

inatividade física é um fator de risco independente para o desenvolvimento da

doença da artéria coronária9.

Existe uma relação entre a quantidade de exercício realizada a partir de cerca de

700-2000 kcal de gasto de energia por semana e todas as causas de mortalidade

por doenças cardiovasculares em populações de meia-idade e idosos.10.

Os efeitos mais benéficos da atividade física na mortalidade por doenças

cardiovasculares pode ser alcançado através de atividade de intensidade

moderada (40 % a 60% do consumo máximo de oxigênio, dependendo da idade). A

atividade pode ser acumulada por meio de programas de treinamento formal ou

atividades físicas no lazer. Embora a maioria dos dados de suporte sejam

baseados em estudos em homens, descobertas mais recentes mostram resultados

similares para mulheres11.

Resultados de estudos agrupados revelam que pessoas que modificam o seu

comportamento após o infarto do miocárdio e que passam a incluir o exercício

regular tem aumentado as taxas de sobrevida. Estudos recentes revelaram que

várias intervenções intensivas, como a cessação do tabagismo, redução de lipídios

no sangue, controle de peso e atividade física diminuiu significativamente a taxa de

progressão e, em alguns casos, levou à regressão na gravidade das lesões

ateroscleróticas em pessoas com disfunção coronária. Além disso, dados limitados

indicam que o exercício de maior intensidade em comparação com o exercício de

baixa intensidade melhora a fração de ejeção ventricular esquerda em pessoas

com doenças das artérias coronárias2,8.

2. Fundamentação Teórica

2.1 Conceitos relevantes de velhice, envelhecimento e idosos.

Ao tentar-se conceituar idoso se faz necessário estabelecer duas diferenciações:

envelhecimento e velhice3. O envelhecimento é implacável para todo. É um

processo que se inicia com o nascimento e vai até à morte.

Embora existam definições comumente usadas da velhice, não há consenso sobre

a idade em que uma pessoa fica velha. A utilização conjunta de uma idade de

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calendário para marcar o limiar da velhice assume similaridade com a idade

biológica, mas, ao mesmo tempo, é geralmente aceito que estes dois não são

necessariamente sinônimos12.

Falar sobre a velhice é falar sobre tempo, história, memória e valores. A velhice é

associada com a morte, com o declínio irreversível e com a fraqueza do corpo,

fantasmas que rodeiam a todos, a despeito dos esforços que venham a fazer em

relação à manutenção da juventude e à melhoria da aparência e do estilo13.

O processo de envelhecimento é, naturalmente, uma realidade biológica que tem a

sua dinâmica própria, em grande parte fora do controle humano12.

O envelhecer é um processo natural e inevitável que faz parte da vida de todo

indivíduo, tal como a infância, adolescência e maturidade, com características e

oportunidades próprias. É neste momento que o indivíduo passa a deixar o vigor da

juventude e começa a se aproximar da velhice, pois com o tempo o corpo vai se

modificando gradualmente.

Velho é aquele que tem diversas idades: a idade do seu

corpo, da sua história genética, da sua parte psicológica e da

ligação com a sua sociedade. É a mesma pessoa que sempre

foi. Se foi um batalhador, vai continuar batalhando; se foi uma

pessoa alegre, vai continuar alegrando; se foi uma pessoa

insatisfeita, vai continuar insatisfeita; se for ranzinza, vai

continuar ranzinza14.

Os velhos se configuram como uma categoria independente do resto da sociedade,

separados como grupo com características próprias. Psicologicamente, para a

maioria dos indivíduos, a velhice é difícil de ser percebida, quanto mais, tornar-se

consciente e assumida. Para a maioria, ela é um irrealizável. Portanto, envelhecer

pressupõe uma crise de identidade, com uma autoimagem de declínio,

dificuldades, doenças, morte15.

É preciso conhecer a idade cronológica, mas também as condições psíquicas,

econômicas e sociais da pessoa, para que o conceito resultante represente a

totalidade, e não somente aquela dimensão que impressione mais o observador.

Para isso é necessária uma mentalidade aberta, que supere preconceitos e

atitudes negativas em relação à velhice, e que se considere a idade não como algo

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determinante das possibilidades vitais de uma pessoa, mas como uma variável

acrescida às que condicionam sua situação14.

Porém, atualmente, além da idade, são consideradas outras características

pessoais, como por exemplo, o estado físico, as doenças, a história pessoal e

profissional, o equilíbrio familiar e social, de tal maneira que é avaliada a pessoa

em sua complexidade, e não somente por uma variável histórica importante, mas

não determinante da capacidade vital individual14,15.

A autora lembra ainda que, uma vez que em nós é o outro que é velho, a revelação

de nossa idade vem através dos outros, referindo que, mesmo enfraquecido,

empobrecido, exilado no seu tempo, o idoso permanece, sempre, o mesmo ser

humano, o que varia é como ele envelhece com a origem nas condições de vida16.

O envelhecimento populacional significa um crescimento mais elevado da

população idosa em relação aos demais grupos etários. Isso é resultado de suas

mais altas taxas de crescimento, dada a alta fecundidade prevalecente no passado,

comparativamente à atual, e também à redução da mortalidade12.

A velhice e o envelhecimento são partes integrantes da condição humana, mesmo

assim, existe muito desconhecimento e preconceito sobre esses fenômenos,

provavelmente porque são associados ao declínio e à morte, ideias mal toleradas

pelo ser humano, mas que são contraditórios a medida que se tem buscado na

ciência o prolongamento da vida10.

Ser velho não é o contrário de ser jovem. Envelhecer é simplesmente passar para

uma nova etapa da vida, que deve ser vivida de uma maneira mais positiva,

saudável e feliz possível. Portanto, ao conceituarmos velhice, dessa ou daquela

maneira, estaremos apenas captando parte do todo, não toda a sua essência. E

estaremos imprimindo nessa interpretação, da qual surgirá um conceito, uma

apropriação, uma recriação de algo14.

2.2 Processos do envelhecimento

Envelhecer pressupõe alterações físicas, psicológicas e sociais no indivíduo.

Tais alterações são naturais e gradativas e estão registrados em estudos

demográficos que mostram como é rápido e expressivo o crescimento da

população de idosos no mundo, resultado da diminuição progressiva das taxas de

fecundidade e mortalidade, e do aumento da expectativa de vida das pessoas14.

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A teoria que mais se destaca é a de que parte do princípio da deterioração dos

mecanismos de síntese proteica realizada pelas células do corpo é um processo

fundamental para a manutenção da vitalidade orgânica14.

O processo de envelhecimento se reflete na pele, na saúde e no sistema

imunológico. Com a idade, algumas capacidades, como a velocidade de

aprendizagem e memória, diminuem. Os fatores psicológicos, como a inteligência e

a capacidade cognitiva, são fatores importantes para a esperança de vida saudável

e contra os fatores do envelhecimento12,13.

As proteínas estão ligadas a produção de energia no nosso organismo pela

constituição de tecidos, órgãos e enzimas. As mudanças relacionadas às proteínas

interferem profundamente no envelhecimento, diminuindo a energia e vitalidade do

organismo17.

Por outro lado os genes, componentes dos aminoácidos e que formam o nosso

patrimônio genético, também podem sofrer a influência de fatores externos e se

alterarem, sofrendo as denominadas mudanças, que ocorrem nas radiações que ao

alterarem os genes provocam alguns tipos de câncer, influenciando

psicologicamente na vida dos idosos, que sentem-se muitas vezes,

menosprezados pela própria família e tidos como um grande fardo15,17.

Assim, o processo de envelhecimento é um processo ativo sendo de certa maneira

imposto pelo próprio organismo segundo um programa localizado dentro de nosso

patrimônio genético e que também recebe influencia do meio externo, e assim o

idoso recebe influências que afetam direto sua maneira de ver a velhice e o seu

próprio processo de envelhecimento.

Alguns fatores que influenciam o meio interno são a radiação, altitude, temperatura,

poluição, alimentação e tensão emocional. As alterações sofridas pelo corpo são

inúmeras, sendo elas:

a) alterações na forma do corpo: o nariz e a orelha continuam crescendo, o corpo

diminui, os órgãos sofrem com a diminuição da função essencial17,18.

b) alterações no sistema respiratório: há uma diminuição na expansibilidade da

caixa torácica pelas fibras de colágeno se espessarem e o depósito de cálcio

naquele local aumentar, provocando uma rigidez da cartilagem.

c) alterações no sistema digestório: O número de células do fígado diminui. d)

alterações no sistema urinário:

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Com o aumento do tecido fibroso há uma diminuição na contagem de glomérulos.

Em cerca de 75% dos idosos a próstata aumenta de volume, independentemente

da ocorrência de enfermidades”, o que altera nos homens a questão referente a

qualidade social18.

O envelhecimento de um indivíduo está associado a um processo biológico de

declínio das capacidades físicas, relacionados às novas fragilidades psicológicas e

comportamentais. Então, o estar saudável deixa de ser relacionado com a idade

cronológica e passa a ser entendido como a capacidade do organismo de

responder às necessidades da vida cotidiana, a capacidade e a motivação física e

psicológica para continuar na busca de objetivos e novas conquistas pessoais e

familiares12,15.

Envelhecer é um processo lento e progressivo. Ninguém envelhece da noite para o

dia. Como estas mudanças acontecem de forma contínua, é necessário adaptar-se

a elas durante toda a vida. No princípio do século passado, a expectativa de vida

da população era de 35 anos. Atualmente, calcula-se que, nos países

desenvolvidos, seja de 74 anos para homens e 82 para mulheres. No Brasil,

segundo pesquisa feita em 2000, a expectativa de vida é de 64 anos para homens

e 72 para mulheres, e infelizmente o Estado ainda está muito aquém de atender à

demanda destes e direcionar políticas públicas de qualidade para este segmento

da população17.

A velhice é um fenômeno preponderantemente feminino. A expectativa de vida das

mulheres nos países menos desenvolvidos é de 50 anos e nos desenvolvidos é de

80, mas, em ambos, elas vivem mais que os homens. Nos países desenvolvidos,

essa vantagem varia entre cinco e oito anos14.

O comportamento é parte crucial do envelhecimento no que se condiz ao aspecto

psicológico. A pessoa que está em constante envelhecimento procura se inserir em

um cotidiano em que seu corpo e mente não suportam mais, e devido a isso,

começam a se sentir sem utilidade para a sociedade, o que é o reflexo do mal

cuidado com a vida social em que há uma necessidade de reinventar a forma de

viver o envelhecimento12,18.

Considerando a partir do século XX, quando o envelhecimento passou a ser mais

amplamente estudado, foi ficando cada vez mais claro que o processo não poderia

ser contextualizado só por fatores orgânicos e fisiológicos, porque, junto às

transformações corporais, e interagindo com elas, as pessoas apresentavam

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mudanças de comportamento, de papeis, de valores, de status, de crenças, de

acordo com as diferentes fases e grupos etários a que pertenciam e também em

função de suas escolhas e adaptações individuais ao longo do seu ciclo de vida14.

2.3 Atividade física

As atividades físicas são desenvolvidas com o intuito de proporcionar na pessoa

idosa o bem estar físico, como também exercitá-los a fim de evitar as possíveis

consequências do sedentarismo que contribui para uma péssima qualidade de

vida. Com a realização das atividades como: movimentação corporal, exercícios

respiratórios, alongamentos, relaxamento e treinamentos tanto de coreografias

como para competição em olimpíadas, fazem com que a pessoa idosa se sinta

mais animada, aumenta a força muscular e a capacidade cardiorespiratória

melhora a qualidade do sono, ajuda as dietas para perda e para ganho de peso,

reduz as gorduras, também aumenta a autoestima, alivia o estresse, reduz o

isolamento social, combate a depressão e ajuda na prevenção de doenças como

hipertensão arterial, diabetes mellitus, osteoporose, entre outras19.

A atividade física também funciona como fonte de conhecimento e comunicação,

de sentimentos e emoções, de prazer estético e fator de desenvolvimento de

evolução da espécie humana. A atividade física regular contribui muito para evitar

as incapacidades associadas ao envelhecimento e de fundamental importância

para controlar a doença e evitar sua progressão20.

Quando bem organizadas, constante e prazerosa, promove benefícios à saúde e

propicia maior longevidade, amenizando as alterações fisiológicas, funcionais,

sócio-afetivas e psíquicas comuns ao envelhecimento21.

Sem dúvida, um dos melhores remédios para enfrentar a chegada da terceira idade

é a prática regular de uma atividade física. Ela é uma modalidade de intervenção

efetiva para reduzir e prevenir um número de declínios funcionais associados ao

envelhecimento7,13.

A atividade física regular tem valor no aumento da capacidade funcional, assim

evitando e/ou corrigindo tais problemas. Como uma consequência do

condicionamento, a sensação de energia do indivíduo é aumentada e o bem-estar

físico é aumentado. Em muitas condições de doença, a atividade física regular

também é capaz de maximizar a função residual”. Novamente, essa resposta é

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geralmente acompanhada por uma redução de sintomas e um aumento do bem-

estar físico22.

Os ganhos individuais de bem estar nem sempre estavam intimamente

correlacionados aos ganhos de aptidão física, sugerindo que o beneficio para a

saúde possa ser derivado dos efeitos psicológicos positivos da participação,

independentemente de qualquer reação fisiológica de condicionamento ao

programa de exercícios22.

A atividade física regular pode ter efeitos benéficos sobre o apetite e os

movimentos intestinais, que são frequentes preocupações dos idosos frágeis.

Certos autores observaram que o exercício regular aumentava a quantidade,

porém não necessariamente a qualidade, dos alimentos ingeridos. Muita coisa

depende da motivação para o exercício19,22.

A dificuldade de dormir é uma razão comum para uma deficiência do bem-estar no

idoso e, caso o exercício seja realizado bem cedo durante o dia, ele pode auxiliar a

corrigir essa dificuldade Contudo, se as sessões de exercícios forem organizadas

muito tarde no período da noite, seu efeito estimulante pode aumentar a dificuldade

do participante em adormecer. Talvez mais importante que essas descobertas de

alterações físicas seja a evidência de que o exercício geralmente induz pelo menos

uma melhora temporária do estado de ânimo. De fato, muitas pessoas indicam que

a principal razão pela qual se exercitam é para "se sentir melhor20,21.

Os especialistas são unânimes em afirmar que o exercício físico mesmo para quem

começa a praticar aos sessenta anos alcança benefícios importantes para a saúde.

A escolha da modalidade deve ser individualizada. Não há receita única para as

pessoas, por isso é importante a procura de um profissional competente que

escolha a atividade ideal de acordo com as condições e preferências pessoais.

Assim, proporcionará benefícios físicos associados à sensação de bem-estar,

satisfação e prazer22.

3. Metodologia

Esta pesquisa se caracteriza por ser bibliográfica de cunho explicativo, onde será

desenvolvida a partir de material já elaborado e publicado, constituído

principalmente de livros, revistas e artigos científicos, realizado no período de abril

de 2016 a novembro do mesmo ano.

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Quanto aos fins a pesquisa é descritiva uma vez que esta trabalha com um arsenal

de significados, observações, percepções e valores nos que diz respeito ao objeto

estudado, representando a questão profunda no contexto dos fenômenos sociais.

Quanto aos meios, a pesquisa será teórica, de caráter bibliográfico e documental,

sendo consultados documentos que embasem o tema ora proposto.

A metodologia aplicada na realização deste trabalho foi uma revisão bibliográfica,

baseada em pesquisa de livros e periódicos das bibliotecas de instituições da

cidade de Manaus e acervos pessoais de especialistas da área. Também foram

pesquisados artigos em base de dados do Bireme (Lilacs e Medline), Pubmed e

Scielo.

Para a pesquisa dos artigos foram utilizadas as seguintes palavras-chave:

Atividade física, idosos, qualidade de vida, terceira idade.

A revisão literária enquanto pesquisa bibliográfica tem por função justificar os

objetivos e contribuir para própria pesquisa. E a pesquisa bibliográfica consiste no

exame desse manancial, para levantamento e análise do que já produziu sobre

determinado assunto que assumimos como tema de pesquisa científica.

4. Resultados e discussão

Os benefícios da atividade física e aptidão estendem-se a pacientes com

comprometimento cardiovascular estabelecido Isto é importante porque, por um

longo tempo, descanso e inatividade física tinham sido recomendado para

pacientes com doenças cardíacas2,7.

Várias revisões sistemáticas mostraram claramente a importância de engajar-se

em exercício regular para atenuar ou reverter o processo da doença em pacientes

com doença cardiovascular1,8,9. Em resumo, a atividade física regular é claramente

eficaz na prevenção secundária da doença cardiovascular e é eficiente em atenuar

o risco de morte prematura entre homens e mulheres2,4,8.

Um estudo prospectivo mostrou que caminhar pelo menos 2 horas por semana foi

associado com uma redução na incidência de morte prematura de 39% a 54% de

qualquer causa e de 34% a 53% de doença cardiovascular em doentes com

diabetes2,5.

Diversos ensaios clínicos foram conduzidos sobre a formação aeróbia e resistência

de forma benéfica para o controlo da diabetes; no entanto, o treinamento de

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resistência pode trazer maiores benefícios para o controle glicêmico do que o

treinamento aeróbico7.

Em resumo, as intervenções de exercício para pacientes com diabetes são

benéficas para melhorar a homeostase da glicose. Estudos prospectivos com

acompanhamento adequado mostram uma forte associação entre exercício e

redução das taxas de morte por qualquer causa e de diabetes em particular.

Pesquisa futura precisa se concentrar em examinar os efeitos da dose (intensidade

e frequência de exercício)23.

Ainda há uma escassez de informações sobre a eficácia da atividade física na

prevenção de morte por câncer ou de qualquer causa em pacientes com câncer.

Um estudo inicial de acompanhamento envolvendo mulheres com câncer da mama

revelou pouca associação entre atividade física recreativa total e o risco de morte

por câncer de mama24; no entanto, o estudo teve algumas importantes limitações.

Dois estudos recentes de acompanhamento envolvendo pacientes com câncer

(mama e cólon) revelou que o aumento da atividade física auto-relatada foi

associada a uma reincidência e diminuiu o risco de morte por câncer25. Uma

investigação revelou uma redução de 26% a 40% no risco relativo de morte

relacionada ao câncer e recorrência de câncer de mama entre as mulheres mais

ativas em comparação com as menos ativas23. Outros estudos têm mostrado

associação semelhante Há esforços em curso para tentar entender o mecanismo

deste efeito de sobrevivência, incluindo os efeitos do exercício sobre a eficácia da

atividade física regular. Também foi mostrado ser associado com uma melhoria na

qualidade geral da vida e estado de saúde dos pacientes com câncer22,23.

Em resumo, a atividade física regular parece conferir um benefício de saúde a

doentes com câncer estabelecido. No entanto, mais pesquisas são necessários

para examinar o seu papel na prevenção secundária do câncer. Em particular,

grandes ensaios clínicos randomizados que avaliaram a eficácia de uma

intervenção de exercícios são necessários para elucidar plenamente a importância

da atividade física regular para o estado de saúde de pacientes com câncer25.

Evidências preliminares de um estudo indicam que o treinamento é eficaz em

melhorar a densidade óssea em mulheres mais velhas (75-85 anos de idade) com

baixa densidade óssea. Além disso, um estudo envolvendo mulheres que iniciam

mais cedo o processo de pós-menopausa revelou que um programa de

treinamento intensivo de 2 anos foi eficaz em atenuar a taxa de osteoporose.26 Em

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resumo, as evidências preliminares indicam que a atividade física regular é uma

estratégia preventiva secundária eficaz para a manutenção da saúde dos ossos e

da luta contra a osteoporose.

Pessoas de todas as idades devem incluir a atividade física em um programa

abrangente de promoção da saúde e prevenção de doenças e deve aumentar sua

atividade física habitual a um nível adequado às suas capacidades, necessidades e

interesses 2,9,21.

Atividades como caminhadas, passeios pedestres, subir escadas, exercício

aeróbio, ginástica, treino de resistência, correr, andar de bicicleta, natação e

desportos como o tênis, futebol, basquetebol são especialmente benéficos quando

realizados regularmente 2,8,25.

A atividade física pode ter riscos, bem como benefícios, embora os riscos sejam

relativamente pouco frequentes3.

5. Conclusão

Há um grande campo de conhecimento sobre o exercício, mas os dados sobre o

exercício e os seus efeitos sobre o sistema cardiovascular e sobrevivência a longo

prazo ainda são limitadas.

O conhecimento básico das alterações anatômicas, bioquímicas e fisiológicas que

resultam de vários padrões de atividades físicas em pessoas de diferentes idades

são necessárias, como uma determinação para saber se é necessário um certo

limiar mínimo de intensidade da atividade física para obter o verdadeiro benefício.

O impacto biomédico e econômico da participação em programas de exercício

sobre a doença arterial coronariana, cerebrovascular e doença vascular periférica,

insuficiência cardíaca e hipertensão também deve ser avaliada. O funcionamento

psicossocial das pessoas com doença arterial coronariana e o valor potencial de

exercício na melhoria da qualidade de vida de pacientes cardíacos e outros justifica

um estudo mais aprofundado. Estudos futuros deverão incluir um número suficiente

de mulheres, grupos étnicos e os idosos para obter melhores resultados da

pesquisa.

A investigação deve ser continuada para estabelecer a relação custo-eficácia dos

programas de atividade física para a melhoria da saúde em pessoas acima de 60

anos, com foco no tipo de estratégias promocionais necessário para iniciar e

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manter a atividade física bem como o contexto social de tal atividade. A pesquisa

também deve envolver questões como a forma que atividade física pode prevenir

ou diminuir a duração de hospitalização de pacientes com doenças

cardiovasculares, osteoporose, diabetes e até o câncer.

Fatores sociais, culturais, étnicos e pessoais que afetam o desenvolvimento ou

manutenção de padrões ao longo da vida de atividade física devem ser

identificados e incorporados em estratégias de promoção do exercício.

É urgentemente necessária a investigação sobre as melhores e mais eficazes

intervenções de atividades físicas que melhorem o cumprimento de longo prazo

para um estilo de vida fisicamente ativo. Métodos inovadores, não tradicionais de

aumentar a atividade física na população devem ser desenvolvidos, implementados

e avaliados.

Em resumo, o desenvolvimento futuro de estudo deve incidir não só sobre os

benefícios da atividade física, mas também os métodos utilizados para facilitar a

disseminação do conhecimento presente e futuro a todos os membros da

sociedade.

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6. Referências

1 - VERAS, Renato Peixoto. Em busca de uma assistência adequada à saúde do idoso:

revisão da literatura e aplicação de um instrumento de detecção precoce e de previsibilidade

de agravos. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.19, n. 3, p.705-715, mai-jun,

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