processo na integra, contra o vereador marciano filho

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08/08/13 Tebas - Resultado da Consulta Processual ww11.jfpe.gov.br/consultaProcessos/resconsproc.asp 1/34 0000049-10.2008.4.05.8302 (2008.83.02.000049-1) C lasse: 2 - AÇ ÃO C IVIL PÚBLIC A DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA Última Observação informada: Juntada Automática pelos Avisos da Movimentação. (08/08/2013 13:28) Última alteração: FAV Localização Atual: 16a. VARA FEDERAL Autuado em 17/01/2008 - Consulta Realizada em: 08/08/2013 às 21:22 AUTOR : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO RÉU : ANTÔNIO ALVES DOS SANTOS E OUTROS ADVOGADO: EDJANE MARIA DA SILVA NILO E OUTROS 16a. VARA FEDERAL - Juiz Substituto Objetos: 03.04.05.07 - FUNDEF/Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério - Contribuições Especiais - Contribuições - Tributário Existem Petições/Expedientes Vinculados Ainda Não Juntados ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 08/08/2013 13:28 - Juntada. Ofício 2013.0062.011225-3 ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 01/08/2013 15:04 - Juntada. Documentos da Secretaria - Aviso de Recebimento (AR) 2013.0062.010936-8 ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 31/07/2013 10:34 - Juntada - Expediente - Ofício: OFC .0016.000167-3/2013 ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 30/07/2013 00:00 - Publicação D.O.E, pág.29 a 30 Boletim: 2013.000301. ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 25/07/2013 17:46 - Juntada. Petição Diversa 2013.0062.010479-0 ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 24/07/2013 16:49 - Juntada - Expediente - Ofício: OFC .0016.000165-4/2013 ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 22/07/2013 11:12 - C ertidão. Certifico que, devido a um erro de numeração de páginas, procedi à renumeração das páginas 7018/7024. O referido é verdade. Dou fé. ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 22/07/2013 10:34 - Decisão. Usuário: LSO PROC ESSO Nº 0000049-10.2008.4.05.8302 AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL RÉUS: ANTÔNIO ALVES DOS SANTOS e OUTROS Decisão Vistos em inspeção. Cuida-se de pedido formulado pelo réu Marciano Lopes dos Santos Neto, objetivando a remessa dos autos ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região, bem como o recolhimento dos ofícios (expedidos às fls. 7.014/7.017), que comunicam a suspensão dos direitos políticos dos réus. Aduz o réu a ocorrência de erro material que consistiria na ausência do nome do advogado substabelecido na publicação da decisão que inadmitiu o Recurso Especial. Era o que importava relatar. Decido. Registro, de antemão, que a contestação (fls. 6.569/6.601), a petição de fls. 6.663/6.665, as alegações finais (fls. 6.667/6.704) e a apelação (fls. 6.770/6.793) foram assinadas pelo advogado Paulo Petronilo da Silva Nilo (OAB/PE nº 25.989), de modo que este já se encontra cadastrado no sistema processual desta Subseção Judiciária como patrono do réu (Procuração à fl. 6.794). Primeiramente, deve-se esclarecer que não basta apenas a protocolização de substabelecimento. É necessário que o requerimento de substabelecimento seja juntado aos autos do processo a que se destina. Na hipótese, embora o substabelecimento de fls. 7.004/7.005 tenha sido protocolado em 22/05/2013, verifica-se que, quando da juntada de tal substabelecimento em 21/06/2013, a decisão de fl. 7.002, que inadmitiu o Recurso Especial, já havia sido publicada (fl. 7.003). Vale salientar que o pedido de substabelecimento sequer foi apreciado pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região, o que significa dizer que, ao tempo da prolação (em 19/04/2013) e da publicação (em 24/05/2013) da decisão de fl. 7.002, os advogados substabelecentes ainda eram os patronos do réu Marciano Lopes dos Santos Neto. Além disso, nos termos do art. 45 do CPC, os advogados renunciantes deveriam permanecer, durante

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08/08/13 Tebas - Resultado da Consulta Processual

ww11.jfpe.gov.br/consultaProcessos/resconsproc.asp 1/34

0000049-10.2008.4.05.8302 (2008.83.02.000049-1) Classe: 2 - AÇÃO CIVIL PÚBLICA DEIMPROBIDADE ADMINISTRATIVA Última Observação informada: Juntada Automática pelos Avisos da Movimentação. (08/08/2013 13:28)Última alteração: FAV Localização Atual: 16a. VARA FEDERAL Autuado em 17/01/2008 - Consulta Realizada em: 08/08/2013 às 21:22 AUTOR : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO RÉU : ANTÔNIO ALVES DOS SANTOS E OUTROS ADVOGADO: EDJANE MARIA DA SILVA NILO E OUTROS 16a. VARA FEDERAL - Juiz Substituto Objetos: 03.04.05.07 - FUNDEF/Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e deValorização do Magistério - Contribuições Especiais - Contribuições - Tributário Existem Petições/Expedientes Vinculados Ainda Não Juntados -----------------------------------------------------------------------------------------------------

08/08/2013 13:28 - Juntada. Ofício 2013.0062.011225-3 -----------------------------------------------------------------------------------------------------01/08/2013 15:04 - Juntada. Documentos da Secretaria - Aviso de Recebimento (AR)2013.0062.010936-8 -----------------------------------------------------------------------------------------------------31/07/2013 10:34 - Juntada - Expediente - Ofício: OFC.0016.000167-3/2013 -----------------------------------------------------------------------------------------------------30/07/2013 00:00 - Publicação D.O.E, pág.29 a 30 Boletim: 2013.000301. -----------------------------------------------------------------------------------------------------25/07/2013 17:46 - Juntada. Petição Diversa 2013.0062.010479-0 -----------------------------------------------------------------------------------------------------24/07/2013 16:49 - Juntada - Expediente - Ofício: OFC.0016.000165-4/2013 -----------------------------------------------------------------------------------------------------22/07/2013 11:12 - Certidão.

Certifico que, devido a um erro de numeração de páginas, procedi à renumeração das páginas7018/7024. O referido é verdade. Dou fé.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------22/07/2013 10:34 - Decisão. Usuário: LSO

PROCESSO Nº 0000049-10.2008.4.05.8302 AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL RÉUS: ANTÔNIO ALVES DOS SANTOS e OUTROS

Decisão

Vistos em inspeção.

Cuida-se de pedido formulado pelo réu Marciano Lopes dos Santos Neto, objetivando a remessa dosautos ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região, bem como o recolhimento dos ofícios (expedidos àsfls. 7.014/7.017), que comunicam a suspensão dos direitos políticos dos réus.

Aduz o réu a ocorrência de erro material que consistiria na ausência do nome do advogadosubstabelecido na publicação da decisão que inadmitiu o Recurso Especial.

Era o que importava relatar. Decido.

Registro, de antemão, que a contestação (fls. 6.569/6.601), a petição de fls. 6.663/6.665, as alegaçõesfinais (fls. 6.667/6.704) e a apelação (fls. 6.770/6.793) foram assinadas pelo advogado Paulo Petroniloda Silva Nilo (OAB/PE nº 25.989), de modo que este já se encontra cadastrado no sistema processualdesta Subseção Judiciária como patrono do réu (Procuração à fl. 6.794).

Primeiramente, deve-se esclarecer que não basta apenas a protocolização de substabelecimento. Énecessário que o requerimento de substabelecimento seja juntado aos autos do processo a que sedestina.

Na hipótese, embora o substabelecimento de fls. 7.004/7.005 tenha sido protocolado em 22/05/2013,verifica-se que, quando da juntada de tal substabelecimento em 21/06/2013, a decisão de fl. 7.002,que inadmitiu o Recurso Especial, já havia sido publicada (fl. 7.003).

Vale salientar que o pedido de substabelecimento sequer foi apreciado pelo Tribunal Regional Federalda 5ª Região, o que significa dizer que, ao tempo da prolação (em 19/04/2013) e da publicação (em24/05/2013) da decisão de fl. 7.002, os advogados substabelecentes ainda eram os patronos do réuMarciano Lopes dos Santos Neto.

Além disso, nos termos do art. 45 do CPC, os advogados renunciantes deveriam permanecer, durante

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os 10 (dez) dias seguintes à renúncia do mandato, a representar o mandante para lhe evitar prejuízo.

Ressalte-se que há nos autos indícios suficientes de que o advogado substabelecido foi, de fato,intimado/comunicado da decisão de fl. 7.002, tanto que juntou aos autos informativo de publicação,fornecido pelo Data Legis - Tecnologia e Serviços Forenses Ltda. (fl. 7.024), mesmo estando aintimação em nome dos advogados anteriores.

Ademais, partindo-se da hipótese de ser verdadeira a alegação de que o réu ficara impedido deapresentar medida processual oportuna em face da decisão de fl. 7.002 publicada em nome dosadvogados substabelecentes, o ora requerente, ao tomar conhecimento da decisão, deveria terofertado o recurso cabível no juízo ad quem, já que o trânsito em julgado logicamente não teriaocorrido, em virtude da ausência de escorreita publicação em nome do advogado substabelecido.

Pelo exposto, indefiro o pedido formulado pelo réu Marciano Lopes dos Santos Neto às fls. 7.020/7.023.Dê-se prosseguimento a execução do julgado.

Caruaru, 22 de julho de 2013.

JOSÉ MOREIRA DA SILVA NETO Juiz Federal da 16ª Vara/PE

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRO GRAU DA 5ª REGIÃO Seção Judiciária de Pernambuco - 16ª Vara Federal - Caruaru/PE ____________________________________________________________________________________

Processo nº 0000049-10.2008.4.05.8302 2 lso

-----------------------------------------------------------------------------------------------------18/07/2013 13:48 - Conclusão para Decisão Usuário: LSO -----------------------------------------------------------------------------------------------------18/07/2013 13:05 - Juntada. 2013.0062.010169-3 -----------------------------------------------------------------------------------------------------16/07/2013 17:57 - Expedido - Ofício - OFC.0016.000171-0/2013 -----------------------------------------------------------------------------------------------------16/07/2013 17:48 - Expedido - Ofício - OFC.0016.000170-5/2013 -----------------------------------------------------------------------------------------------------15/07/2013 15:26 - Expedido - Ofício - OFC.0016.000168-8/2013 -----------------------------------------------------------------------------------------------------15/07/2013 15:16 - Expedido - Ofício - OFJ.0016.000053-7/2013 -----------------------------------------------------------------------------------------------------15/07/2013 14:10 - Expedido - Ofício - OFC.0016.000167-3/2013 -----------------------------------------------------------------------------------------------------23/07/2013 00:00 - Mandado/Ofício. OFC.0016.000167-3/2013 Devolvido - Resultado: Positiva -----------------------------------------------------------------------------------------------------12/07/2013 18:35 - Expedido - Ofício - OFC.0016.000166-9/2013 -----------------------------------------------------------------------------------------------------12/07/2013 15:19 - Certidão.

Certifico que, para cumprimento da sentença exarada nos presentes autos, procedi busca deinformações dos réus no sistema INFOSEG, obtendo o relatório que segue anexo. O referido é verdade,dou fé.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------11/07/2013 18:13 - Expedido - Ofício - OFC.0016.000165-4/2013 -----------------------------------------------------------------------------------------------------

08/08/13 Tebas - Resultado da Consulta Processual

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15/07/2013 00:00 - Mandado/Ofício. OFC.0016.000165-4/2013 Devolvido - Resultado: Positiva -----------------------------------------------------------------------------------------------------11/07/2013 17:43 - Certidão.

Certifico que em cumprimento a Resolução nº 44 do Conselho Nacional de Justiça - CNJ, os dadosreferentes à(s) condenação(ões) do(s) réu(s) foram registrados no Sistema do Cadastro Nacional deCondenações Cíveis por Ato de Improbidade Administrativa. O referido é verdade, dou fé.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------04/07/2013 17:04 - Certidão.

Certifico que, ante a necessidade de dar cumprimento a Sentença exarada às fls.6720/6762, bem como para facilitar o manuseio dos presentes autos, ARQUIVEI na Secretaria da 16ªVara, em local apropriado, os volumes de nº 02 ao nº 32, os quais ficarão disponíveis para consultadas partes. O referido é verdade, dou fé.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------04/07/2013 15:21 - Recebimento. Usuário: MJDS -----------------------------------------------------------------------------------------------------21/08/2009 11:51 - Remessa Externa. para TRF 5ª REGIÃO com AGUARDAR JULGAMENTO DERECURSO. Usuário: FASS Guia: GR2009.001009 -----------------------------------------------------------------------------------------------------19/08/2009 16:21 - Juntada. Parecer / Cota - Mpf 2009.0062.004427-0 -----------------------------------------------------------------------------------------------------19/08/2009 16:18 - Recebimento. Usuário: LSO -----------------------------------------------------------------------------------------------------17/08/2009 10:22 - Remessa Externa. para MINISTERIO PUBLICO com VISTA. Usuário: LSO Guia:GR2009.000984 -----------------------------------------------------------------------------------------------------10/06/2009 00:00 - Publicação D.O.E, pág.12 Boletim: 2009.000049. -----------------------------------------------------------------------------------------------------05/06/2009 13:54 - Decisão. Usuário: PQZ Autos n.º: 2009.83.02.000049-1 Embg(s): MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Embgd.(s): ANTÔNIO ALVES DOS SANTOS

EMENTA: EMBARGOS DECLARATÓRIOS. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO. IMPROVIMENTO. 1. Recurso de embargos declaratórios. 2. Inexistência de omissão, tendo o pronunciamento judicial optado pelo princípio daproporcionalidade quanto às sanções aplicáveis. 3. Improvimento.

Vistos...

I - Relatório 1. São embargos declaratórios opostos pelo MINITÉRIO PÚBLICO FEDERAL (fls. 6799-6703)em face da sentença de fls. 6720-6762. 2. Aduz-se que ela foi omissa porque não condenou os réus no pagamento de multa civilprevista nos incisos II ou III do art. 12 da Lei n.º 8.429/92, muito menos justificou a não aplicaçãodessa penalidade. 3. Era o que tinha de ser historiado. II - Fundamentação 4. Sem razão o embargante. 5. É fato que a inicial pediu as sanções atinentes aos arts. 10, II, VI, VIII, IX e XI, bemcomo 11, I e VI, todos da Lei n. 8.429/92. Porém, a douta sentença, com espeque no princípio daproporcionalidade (p. 6.755), entendeu de aplicar as demais sanções, não tratando da multa. 6. Trata-se de opção juridicamente aceitável e que na via própria deve ser cotejada,descabendo-lhe falar-se em omissão. 7. Daí que não merece provimento o recurso. III - Dispositivo 8. Ante todo o exposto, NEGO PROVIMENTO aos embargos declaratórios. Intimem-se. Caruaru, 05 de junho de 2009.

Francisco Glauber Pessoa Alves Juiz Federal

1

08/08/13 Tebas - Resultado da Consulta Processual

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA Seção Judiciária de Pernambuco 16ª Vara

2 Quadra A, Loteamento Jardim Ocidental, Maurício de Nassau, Caruaru, PE. CEP 55.016-900. Fone:(081) 3722-8100.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------01/06/2009 11:55 - Conclusão para Decisão Usuário: RJT -----------------------------------------------------------------------------------------------------05/05/2009 00:00 - Publicação D.O.E, pág.12/13 Boletim: 2009.000040. -----------------------------------------------------------------------------------------------------30/04/2009 15:00 - Despacho. Usuário: RJT Atento ao reiterado entendimento firmado pelas cortes de superposição (STF - EDCL em RE 144981/RJ;STJ - RESP 520467/SP), no sentido de que os embargos de declaração, que tenham naturezainfringente, impõem a intimação do embargado, em respeito ao princípio constitucional docontraditório, determino que a Secretaria deste Juízo providencie a intimação da parte embargada,com urgência, para que esta pronuncie, dentro em 05 (cinco) dias, sobre os embargos defls.6799/6802.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------29/04/2009 13:01 - Conclusão para Despacho Usuário: FASS -----------------------------------------------------------------------------------------------------29/04/2009 13:00 - Recebimento. Usuário: FASS -----------------------------------------------------------------------------------------------------28/04/2009 16:45 - Remessa Externa. para TRF 5ª REGIÃO com AGUARDAR JULGAMENTO DERECURSO. Usuário: FASS Guia: GR2009.000571 -----------------------------------------------------------------------------------------------------28/04/2009 16:28 - Certidão.

1) Certifico que as contra-razões à apelação (fls. 6808-6865) foram protocoladas tempestivamente em16/04/2009. O referido é verdade. Dou fé. 2) Certifico, ainda, que nesta data fiz remessa dos presentes autos ao Egrégio Tribunal RegionalFederal - TRF. O referido é verdade. Dou fé.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------22/04/2009 08:42 - Certidão.

TERMO DE ABERTURA DE VOLUME

Aos 22 de abril de 2009, iniciei o TRINTA E QUATRO volume dos autos doProcesso nº. 2008.83.02.000049-1, com a folha de nº. 6806. Do que para constar, lavrei o presentetermo.

RICARDO JOSÉ RODRIGUES DA TRINDADE TECNICO(A) JUDICIARIO(A)

08/08/13 Tebas - Resultado da Consulta Processual

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TERMO DE ENCERRAMENTO DE VOLUME

Aos 22 de abril de 2009, encerrei o TRINTA E TRES volume dos autos doProcesso nº. 2008.83.02.000049-1, com a folha de nº. 6803. Do que para constar, lavrei o presentetermo.

RICARDO JOSÉ RODRIGUES DA TRINDADE TECNICO(A) JUDICIARIO(A)

??

??

??

??

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE PERNAMBUCO 16ª VARA - Caruaru/PE

-----------------------------------------------------------------------------------------------------17/04/2009 10:52 - Juntada. Contra-Razões 2009.0062.001944-6 -----------------------------------------------------------------------------------------------------17/04/2009 10:51 - Juntada. Embargos De Declaração 2009.0062.001943-8 -----------------------------------------------------------------------------------------------------16/04/2009 15:19 - Recebimento. Usuário: RJT -----------------------------------------------------------------------------------------------------

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06/04/2009 10:34 - Remessa Externa. para MINISTERIO PUBLICO Usuário: RJT Guia: GR2009.000466 -----------------------------------------------------------------------------------------------------06/04/2009 10:31 - Despacho. Usuário: RJT 1- Recebo a apelação de fls.6769/6795 nos efeitos suspensivo e devolutivo, salvo tutela antecipadaeventualmente concedida ou revogada na sentença. 2- Dê-se vista à apelada para que, no prazo de 15(quinze) dias, ofereça contra-razões. 3- Após, remetam-se os presentes autos ao eg. Tribunal Regional Federal da 5ª Região, com ascautelas de praxe.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------02/04/2009 14:38 - Conclusão para Despacho Usuário: RJT -----------------------------------------------------------------------------------------------------02/04/2009 11:11 - Juntada. 2009.0062.001629-3 -----------------------------------------------------------------------------------------------------27/03/2009 09:55 - Juntada. Petição Diversa 2009.0062.001481-9 -----------------------------------------------------------------------------------------------------17/03/2009 00:00 - Publicação D.O.E, pág.5/6 Boletim: 2009.000019. -----------------------------------------------------------------------------------------------------05/03/2009 16:35 - Sentença. Usuário: PQZ Ação Civil Pública de Improbidade Administrativa Processo nº 2008.83.02.000049-1 Autor: Ministério Público Federal Réus: Antônio Alves dos Santos e outros.

REGISTRO DE SENTENÇA

Nº SEN. 0016. __________________/2009 Certifico que registrei esta sentença no Livro nº 01/2008 às fls. ______ Do que, para constar lavro este termo. Dou fé

Caruaru (PE), ____________________ de 2009.

_____________________________________ Servidor

S E N T E N Ç A

R E L A T Ó R I O

Trata-se de ação civil pública de improbidade administrativa ajuizada pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DOESTADO DE PERNAMBUCO em face de ANTÔNIO ALVES DOS SANTOS, MARCIANO LOPES DOSSANTOS NETO e ANA MARIA ALVES BATISTA, todos já qualificados nos presentes autos.

O Ministério Público Estadual afirmou que os réus, enquanto, respectivamente, Prefeito, Secretário deFinanças e Secretária de Educação do Município de Agrestina/PE, manejaram inadequadamente asverbas do FUNDEF nos anos de 1998 a 2000, por não aplicar o percentual mínimo de 60% (sessentapor cento) na remuneração dos profissionais do Magistério em efetivo exercício no ensino fundamental(art. 7º da Lei nº 9.424/96), ultrapassar o limite máximo de 40% (quarenta por cento) com outrosgastos do FUNDEF, aplicar recursos do fundo em dissonância com o disposto no art. 70 da Lei nº9.424/96, efetuar saques da conta corrente do FUNDEF sem comprovação, não repassar contribuiçõesprevidenciárias para o extinto IPSEP, sacar valores abatidos nos contracheques dos professoresmunicipais, em virtude de faltas ao serviço, sem restituí-los à conta do fundo e realizar despesasalusivas à manutenção do ensino fundamental sem o prévio certame licitatório. Requereu,liminarmente, o afastamento do réu Antônio Alves dos Santos, vice-prefeito à época, bem como aindisponibilidade de seus bens.

Em virtude da alteração do art. 84 do Código de Processo Penal, com a extensão do foro privilegiado aautoridades e ex-autoridades que praticaram atos de improbidade administrativa, o juízo estadual,reconhecendo a sua incompetência, remeteu os autos para o Tribunal de Justiça de Pernambuco - TJPE(fls. 5923/5927).

Diante da declaração de inconstitucionalidade da nova redação do art. 84 do Código de Processo Penal,pelo Supremo Tribunal Federal, em controle concentrado (ADIn 2797-2), o TJPE considerou prejudicadoo incidente de inconstitucionalidade, remetendo os autos ao foro que entendeu competente, qual seja,a Comarca estadual de Agrestina-PE (fls. 5940/5941).

Notificados, os réus apresentaram manifestação prévia. Suscitaram as preliminares de incompetênciada Justiça Comum Estadual, ilegitimidade ativa do Ministério Público Estadual e ilegitimidade passivados réus, em virtude da inaplicabilidade da Lei nº 8.429/92 aos agentes políticos. No mérito,destacaram a inexistência de justa causa para o afastamento do vice-prefeito, em virtude da nãocomprovação da prática de atos de obstrução do processo ou de colheita de provas.

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Defenderam a impossibilidade de determinação da indisponibilidade de seus bens, em face da nãodemonstração de enriquecimento ilícito. Asseveraram que as falhas na aplicação dos recursos doFUNDEF não caracterizam atos de improbidade administrativa. Por último, afirmaram a inexistência dedespesas sem comprovação e o recolhimento das contribuições sociais descontadas dos professores aoIPSEP. Requereram a extinção do processo, sem resolução de mérito, por ausência dos pressupostosde constituição e desenvolvimento válido e regular do processo, ou a sua suspensão, até que o STFproferisse decisão, na Reclamação nº 2.138/DF, acerca da aplicabilidade da Lei nº 8.429/92 aosagentes políticos.

Juntaram documentos (fls. 5995/6501).

O Ministério Público Estadual apresentou exceção de incompetência, requerendo a remessa dos autos àJustiça Federal - Subseção Judiciária de Caruaru (fls. 6502/6507).

Intimados para se manifestar acerca da incompetência, os réus pugnaram pelo não recebimento daação de improbidade, e pela ilegitimidade do Ministério Público Estadual (fls. 6513/6516).

O juízo estadual da Vara Única de Agrestina/PE, entendendo incompetente a Justiça Estadual paraprocessar e julgar a presente demanda, remeteu os autos a esta Subseção.

O Ministério Público Federal opinou pela competência da Justiça Federal, Subseção Judiciária deCaruaru, para processar e julgar o processo. Requereu a ratificação dos atos praticados e oprosseguimento do feito, com a apreciação da medida cautelar requerida (fls. 6261/6264).

Por meio da decisão de fls. 6536/6542, foi rejeitada a preliminar de ilegitimidade passiva e indeferidosos pedidos liminares de afastamento do réu Antônio Alves dos Santos do cargo de vice-prefeito e deindisponibilidade dos bens dos réus, e, com suporte no art. 17, § 9º, da Lei nº 8.429/92, em juízo deadmissibilidade, foi recebida a petição inicial e determinada a citação dos promovidos, para, querendo,apresentar contestação.

Citados, os réus apresentaram contestação (fls. 6569/6601). Preliminarmente, alegaraminaplicabilidade da Lei nº 8.429/92 aos agentes políticos, inconstitucionalidade da Lei nº 8.429/92, eaprovação das contas pelo Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco, o que exoneraria os réus deresponsabilidade.

No mérito, defendem que os fatos narrados na petição inicial não se enquadram como atos deimprobidade, tendo em vista não ter havido enriquecimento ilícito, dolo ou culpa dos réus, nem prejuízoao erário, tendo ocorrido apenas uma inabilidade na gestão administrativa.

Alegam, ainda, que todas as despesas relativas ao FUNDEF foram efetuadas em conformidade com aLei, e que todas as verbas públicas federais foram aplicadas no interesse público, ocorrendo merasirregularidades.

Requerem, ao final, o acolhimento das preliminares, ou, no mérito, a improcedência dos pedidos.

Juntaram documentos (fls. 6602/6607).

Pelo despacho de fls. 6612, as partes foram intimadas para especificarem as provas que pretendiamproduzir, indicando suas finalidades.

O Ministério Público Federal apresentou réplica às fls. 6614/6637, requerendo o afastamento daspreliminares levantadas.

Às fls. 6643, foi certificado que os réus, intimados para especificarem as provas que pretendiamproduzir, não se manifestaram.

O MPF (MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL), em razões finais (fls. 6649/6685), requereu a procedênciados pedidos contidos na inicial, bem como o seqüestro e a indisponibilidade de todos os bens dosdemandados.

A União aderiu, em alegações finais, à manifestação do Ministério Público Federal (fls. 6689/6693).

Os réus requereram a produção de provas, de forma extemporânea, às fls. 6663/6665. Suas alegaçõesfinais foram apresentadas às fls. 6667/6704, onde ratificaram os termos da contestação.

Pela decisão de fls. 6709, o pedido de produção de provas foi indeferido, uma vez que houve preclusãotemporal.

Dessa decisão foi interposto agravo de instrumento (fls. 6714/6717).

É o relatório.

F U N D A M E N T A Ç Ã O

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P R E L I M I N A R E S

1. Da aplicação da Lei de Improbidade aos Prefeitos, Vice-Prefeitos e demais agentes políticos

Não merece prosperar o argumento dos réus de que a Lei nº 8.429/92 seria inaplicável aos agentespolíticos.

Essa Lei, em seus primeiros artigos, declara:

Art. 1°. Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra aadministração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, doDistrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou deentidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta porcento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei.

Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade praticadoscontra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, deórgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorracom menos de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, asanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.

Art. 2°. Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda quetransitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualqueroutra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadasno artigo anterior.

Tal Lei serviu para dar executoriedade ao comando previsto no art. 37, § 4º, da Constituição daRepública:

§ 4º. Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda dafunção pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradaçãoprevistas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Sobre o conceito de "agente público" previsto na Lei de Improbidade, preciosas são as lições deEmerson Garcia e Rogério Pacheco:

Trata-se de um conceito amplo, que abrange os membros de todos os Poderes, qualquer que seja aatividade desempenhada, bem como os particulares que atuem em entidades que recebam verbaspúblicas, podendo ser subdividido nas seguintes categorias: agentes políticos, agentes particularescolaboradores, servidores públicos e agentes meramente particulares.1

Os réus levantam a tese de que a Lei de Improbidade não se aplicaria aos agentes políticos, comfundamento no julgamento proferido pelo Supremo Tribunal Federal na Reclamação nº 2.138-DF.

Tal argumento não procede, pois, além de tal decisão não ter efeito vinculante, ela ainda não alcançaas ações de improbidade ajuizadas em face de prefeitos, vice-prefeitos, ex-prefeitos e ex-vice-prefeitos, consoante orientação pacífica dos Tribunais Regionais Federais e do Superior Tribunal deJustiça.

Tais Cortes de Justiça têm decidido, de forma reiterada, que os precedentes do Supremo TribunalFederal acima delineados se restringem à aplicação das sanções da Lei de Improbidade para Ministrosde Estado e demais autoridades submetidas ao regime jurídico da Lei nº 1.079/50, o que não é o casode ex-prefeitos e ex-vice-prefeitos municipais. Aliás, o próprio Supremo Tribunal Federal afastou aextensão da tese vencedora na Reclamação nº 2.138-DF para ações de improbidade ajuizadas em facede ex-prefeitos.

A título de exemplo, vale destacar acórdão proferido no âmbito do Tribunal Regional Federal da 1ªRegião:

PROCESSO CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NA AÇÃO RESCISÓRIA. AÇÃO DE IMPROBIDADEADMINISTRATIVA. IMPROVIMENTO. 1. A decisão proferida pela Suprema Corte na Reclamação nº 2.138/DF não se aplica à situaçãojurídica do agravante, posto que ex ocupante do cargo de Prefeito Municipal, que possui regramentojurídico distinto, na forma do Decreto-Lei nº 201/67. Precedentes desta Corte e do colendo SuperiorTribunal de Justiça. 2. As alegações deduzidas pelo agravante, em suas razões recursais, não tiveram o condão de infirmara decisão agravada. 3. Agravo Regimental desprovido. (TRF da 1ª Região, AGRAR 2007.01.00.047716-3/AC, Rel. Juíza Federal Rosimayre Gonçalves deCarvalho (conv.), Segunda Seção, e-DJ 07.04.2008, p. 113, sem destaque no original).

No mesmo sentido, em caso idêntico ao dos autos, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região também jáse pronunciou no mesmo sentido:

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ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. EX-PREFEITO.FUNDEF. CONVÊNIO. PRESTAÇÃO DE CONTA IRREGULAR. VIA ELEITA. INÉPCIA DA INICIAL. 1. Caso em que houve indeferimento da inicial ao entendimento de ser cabível na espécie apenas aação por crime de responsabilidade. 2. A ação civil pública é via adequada para o Ministério Público Federal, e demais co-legitimados,promover ação de improbidade administrativa, pois o suposto ilícito malfere a proteção constitucionaldo patrimônio público, autorizando, ainda, a cumulação de pedidos para abranger as sanções previstasno art. 12 da Lei nº 8.429/92. 3. Precedentes: STJ - SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, RESP - 944295/SP, SEGUNDA TURMA,Decisão: 04/09/2007, DJ DATA: 18/09/2007 PÁGINA:291, Relator CASTRO MEIRA; TRIBUNAL - QUINTAREGIÃO, AC - 422422/CE, Primeira Turma, Decisão: 22/11/2007, DJ - Data: 15/01/2008 - Página: 571- Nº: 10, Desembargador Federal Francisco Cavalcanti. 4. Inaplicabilidade do art. 515, § 3.º, do Código de Processo Civil, por não ser a matéria unicamente dedireito. Anulação da sentença. Apelação cível provida. (TRF da 5ª Região, AC 411.877/PB, Processo originário nº 2005.82.00.015402-3, 1ª Turma, j.06.03.2008, rel. Juiz Federal Cesar Carvalho (convocado)).

Por fim, cabe salientar que o próprio Superior Tribunal de Justiça entende pela aplicação da Lei deImprobidade aos agentes políticos:

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. EX-PREFEITO. COMPETÊNCIA. FALTA DEPREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 7/STJ. I - Ex-prefeito não se enquadra dentre aquelas autoridades que estão submetidas à Lei nº 1.079/1950,que dispõe sobre os crimes de responsabilidade, podendo responder por seus atos na via da ação civilpública de improbidade administrativa. II - O STF, ao julgar a ADIN 2797, declarou a inconstitucionalidade dos parágrafos 1º e 2º do artigo 84do CPP, acrescidos por força da Lei nº 10.628/02, remanescendo patente a inexistência de foroprivilegiado na hipótese. III - Acerca da existência de improbidade administrativa, verifica-se que a irresignação do recorrente,forte na afirmação de que não configurada atitude ímproba, ou mesmo que seria desproporcional acondenação, impõe o reexame do conjunto probatório, o que é insusceptível no âmbito do recursoespecial. Incide na espécie o teor da súmula 7/STJ. IV - Sendo indicadas diversas matérias constantes de dispositivos infraconstitucionais, a nãoapreciação destas pelo Tribunal 'a quo' atrai o comando da súmula 282 do STF. V - Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte improvido. (STJ, REsp 764.836/SP, rel. Min. José Delgado, rel. p/ acórdão Min. Francisco Falcão, 1ª Turma, j.19.02.2008, DJ 10.03.2008, p. 1, destacou-se).

Conclui-se, portanto, que as decisões do Supremo Tribunal Federal nas Reclamações citadas pelosrequeridos não abrangem os ex-prefeitos e ex-vice-prefeitos. A orientação da Suprema Corte serestringe à aplicação da Lei de Improbidade em condutas de Ministros de Estado e demais autoridadessujeitas ao regime da Lei nº 1.079/50, o que não é o caso de ex-prefeitos e ex-vice-prefeitos.

2. A constitucionalidade formal da Lei nº 8.429/92

Os réus suscitam, em preliminar, a inconstitucionalidade formal da Lei de Improbidade Administrativa,sob o argumento de que não teria sido observado o princípio bicameral.

No entanto, sabe-se que o Plenário do Supremo Tribunal Federal já se posicionou sobre a questão,ocasião em que concluiu pela constitucionalidade da mencionada lei, uma vez que foi confeccionada emsintonia com as exigências formais consignadas na Constituição.

Assim:

"MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI Nº 8.429, DE 02.06.1992,QUE DISPÕE SOBRE AS SANÇÕES APLICÁVEIS AOS AGENTES PÚBLICOS NOS CASOS DEENRIQUECIMENTO ILÍCITO NO EXERCÍCIO DE MANDATO, CARGO, EMPREGO OU FUNÇÃO NAADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA, INDIRETA OU FUNDACIONAL E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.ALEGAÇÃO DE VÍCIO FORMAL OCORRIDO NA FASE DE ELABORAÇÃO LEGISLATIVA NO CONGRESSONACIONAL (CF, ARTIGO 65).

1. Preliminar de não-conhecimento suscitada pela Advocacia Geral da União: é desnecessária aarticulação, na inicial, do vício de cada uma das disposições da lei impugnada quando ainconstitucionalidade suscitada tem por escopo o reconhecimento de vício formal de toda a lei. 2. Projeto de lei aprovado na Casa Iniciadora (CD) e remetido à Casa Revisora (SF), na qual foiaprovado substitutivo, seguindo-se sua volta à Câmara (CF, artigo 65, par. único). A aprovação de substitutivo pelo Senado não equivale à rejeição do projeto, visto que "emendasubstitutiva é a apresentada à parte de outra proposição, denominando-se substitutivo quando aalterar, substancial ou formalmente, em seu conjunto" (§ 4º do artigo 118 do RI-CD); substitutivo,pois, nada mais é do que uma ampla emenda ao projeto inicial. 3. A rejeição do substitutivo pela Câmara, aprovando apenas alguns dispositivos dele destacados(artigo 190 do RI-CD), implica a remessa do projeto à sanção presidencial, e não na sua devolução aoSenado, porque já concluído o processo legislativo; caso contrário, dar-se-ia interminável repetição deidas e vindas de uma Casa Legislativa para outra, o que tornaria sem fim o processo legislativo.Medida cautelar indeferida."

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(STF, ADIn 2.182-6, Plenário, Rel. Min. Maurício Correia, DJ 19.03.2004).

Portanto, rejeito, também, esta preliminar.

3. Da aprovação de contas pelo TCE-PE

A mera aprovação administrativa das contas pelo Tribunal de Contas não é motivo suficiente paraimpedir a instauração da demanda.

Isto porque o controle exercido pelo Tribunal de Contas, ainda que nos termos do art. 71, II, daConstituição da República, não é jurisdicional, inexistindo vinculação da decisão proferida pelo órgãoadministrativo, havendo nítida separação de instâncias.

Dessa forma, existe sempre a possibilidade de o ato ser impugnado em sede de ação por improbidadeadministrativa, sujeitando o ato ao controle do Poder Judiciário, conforme expressa previsão contida noart. 21, II, da Lei nº 8.429/92.

Afasto, também, essa preliminar.

4. Da impossibilidade de nomeação de defensor dativo aos réus

Cabe destacar, antes de adentrar no exame do mérito, que o advogado dos réus, nas trêsoportunidades que teve para combater as acusações, oportunidades essas consistentes na defesapreliminar, contestação e alegações finais, apresentou o mesmo conteúdo em todas elas, sendo aspetições posteriores praticamente reprodução ipsis litteris das anteriores.

Com efeito, comparando-se o teor da defesa preliminar (fls. 5965/5994) com a contestação (fls.6569/6601) e com as alegações finais (6667/6704), percebe-se que essas duas últimas manifestaçõespraticamente não acrescentaram dado algum ao que já havia sido escrito na defesa preliminar.

Isso fica sobremodo evidente quando se examina o tópico denominado "mérito" de cada uma dessaspeças, particularmente no tocante ao item "Despesas sem comprovação - improcedência da acusação",respectivamente, fls. 5988/5993, 6593/6599 e 6694/6701, onde se percebe que a argumentaçãoexpendida na defesa preliminar foi transcrita para a contestação, com exceção dos últimos parágrafos,mas o conteúdo dessa última peça foi novamente repetido nas alegações finais.

No processo penal, quando a atuação do defensor dativo é feita de forma deficiente, é dever do juiznomear outro, para que o réu não fique sem defesa. Porém, se ele tiver defensor constituído,presume-se que ele assumiu o risco de sua constituição, não devendo fazer coisa alguma o juiz.

Mutatis mutandis, o mesmo raciocínio se aplica às ações de improbidade administrativa. Como os réusconstituíram advogado, eles assumiram o risco de sua constituição, não devendo o juiz nomeardefensor dativo se houver constatação de defesa deficiente.

Desse modo, não se pode alegar nulidade por ausência do exercício da ampla defesa, uma vez que odefensor foi constituído pelos réus.

M É R I T O

O cerne da presente ação está delimitado pela acusação da prática de ato de improbidadeadministrativa, apontado pelo Ministério Público Federal, em face dos réus, sendo que todas asacusações giram em torno da aplicação irregular de verbas do FUNDEF - Fundo Nacional deDesenvolvimento da Educação.

A educação foi um dos valores mais prestigiados pela Constituição da República, notadamente porque,além de ser considerada direito fundamental de caráter social, ainda teve ampla cobertura no quetange à instituição de normas que visassem dar concretização, ou seja, executoriedade, a esse direito.

Régis Fernandes de Oliveira leciona, com clareza, que "o valor maior encampado pelo constituinteoriginário foi o do ensino. Privilegiou-o inequivocamente com a maior dotação orçamentária eestabeleceu exceção ao princípio da não vinculação orçamentária".2

Assim, seja em sua redação original, seja por meio de atos normativos derivados, tais como a EmendaConstitucional nº 14, de setembro de 1996, que criou o Fundo Nacional de Desenvolvimento daEducação, o legislador constituinte estabeleceu a necessidade de que parcela das receitasorçamentárias ficasse vinculada a gastos com educação, e, mais do que isso, que algumas delasficassem vinculadas a determinadas despesas com educação.

No que tange à Emenda Constitucional nº 14/96, antes mesmo de sua regulamentação por meio da Leinº 9.424/96, já havia a determinação de que, pelo menos, sessenta por cento (60%) dos recursosdesse Fundo fossem destinados ao pagamento dos professores do ensino fundamental em efetivoexercício no magistério (art. 60, § 5º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias).

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Reconhece-se, destarte, em face da Constituição da República, a importância da educação enquantofator fundamental de desenvolvimento do Estado brasileiro, pois é somente através de um sistemaeducacional justo e de qualidade é que se poderá permitir que os cidadãos se posicionem de modoconsciente diante de ameaças ou violações a seus direitos, obtenham melhores condições profissionaisde trabalho e tenham acesso a condições mais dignas de vida.

Dentro desse raciocínio, percebe-se que um dos principais instrumentos para obter um sistemaeducacional estruturalmente digno são níveis mais justos de remuneração do magistério do ensinofundamental. Professores com salários melhores terão mais facilidade de acesso a bens culturais, epoderão repassar o novo conhecimento adquirido aos alunos.

1. FUNDEF: da aplicação irregular do percentual previsto em lei

A receita do FUNDEF tinha sua utilização regrada, à época dos fatos, pelo art. 7º, caput, da Lei nº9.424/96:

Art. 7º. Os recursos do Fundo, incluída a complementação da União, quando for o caso, serão utilizadospelos Estados, Distrito Federal e Municípios, assegurados, pelo menos, 60% (sessenta por cento) paraa remuneração dos profissionais do Magistério, em efetivo exercício de suas atividades no ensinofundamental público.

O percentual restante disponível, correspondente a 40% (quarenta por cento), deve ser utilizado emconsonância com as regras do art. 70 da Lei nº 9.394/96, que estabelece as diretrizes e bases daeducação nacional. Segundo o dispositivo, subtraindo-se o percentual legal de gastos com osprofissionais de magistério, o valor restante (40%) deve ser direcionado para despesas necessárias àconsecução dos objetivos básicos das instituições de ensino:

Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção e desenvolvimento do ensino as despesas realizadascom vistas à consecução dos objetivos básicos das instituições educacionais de todos os níveis,compreendendo as que se destinam a: I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissionais da educação; II - aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e equipamentos necessários aoensino; III - uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino; IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas visando precipuamente ao aprimoramento daqualidade e à expansão do ensino; V - realização de atividades-meio necessárias ao funcionamento dos sistemas de ensino; VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas públicas e privadas; VII - amortização e custeio de operações de crédito destinadas a atender ao disposto nos incisos desteartigo; VIII - aquisição de material didático-escolar e manutenção de programas de transporte escolar.

No exercício 1998, o Município de Agrestina recebeu, como receita do FUNDEF, a quantia de R$826.239,00 (oitocentos e vinte e seis mil, duzentos e trinta e nove reais). Segundo apurou o MinistérioPúblico de Pernambuco, foram aplicados, no desenvolvimento do magistério, desse total, a quantia deR$ 328.224,35 (trezentos e vinte e oito mil, duzentos e vinte e quatro reais e trinta e cinco centavos), oque corresponderia a apenas 39,3% das verbas do FUNDEF à disposição do Executivo Municipal.

A defesa alega que não foi observado o saldo restante em conta-corrente, que teria sido aplicado emforma de abono (rateio para os professores do ensino fundamental), no valor total de R$ 127.945,06(cento e vinte e sete mil, novecentos e quarenta e cinco reais e seis centavos), valor esse que, somadoao montante anterior de R$ 328.224,35 (trezentos e vinte e oito mil, duzentos e vinte e quatro reais etrinta e cinco centavos), perfazeria o valor total de R$ 456.150,07 (quatrocentos e cinqüenta e seis mil,cento e cinqüenta reais, e sete centavos), chegando, assim, ao percentual de 55,2%.

O percentual restante, de 4,8%, que faltaria para completar os 60%, teria sido empregado emdespesas abrangidas pelo art. 70 da Lei nº 9.424/96 e Lei Orçamentária Municipal, conforme demonstrao Boletim da Tesouraria de 31.12.1998 (fls. 6043).

Com efeito, examinando referido documento de fls. 6043 (volume 30), infere-se a presença de umadespesa no valor de R$ 127.945,06 (cento e vinte e sete mil, novecentos e quarenta e cinco reais eseis centavos), porém, ela está identificada somente pela rubrica "FEM", não se sabendo realmente seela corresponde ao pagamento de abono.

De qualquer forma, ainda que se considerasse acertado tal pagamento, as despesas restantes, de4,8%, foram efetuadas para cobrir outros gastos não relacionados com o pagamento de remuneraçãodo magistério. Observa-se, no mesmo documento de fls. 6043, pagamento de diversos impostos: ITR,IPVA, ICMS etc. Consta até o pagamento de despesa relativa a uma "cisterna".

A irregularidade até poderia ser relegada a um segundo plano devido ao seu baixo percentual (4,8%),não fosse o fato de que se repetiria, de forma consecutiva, durante os dois exercícios seguintes.

No exercício 1999, o Município de Agrestina recebeu verbas do FUNDEF no valor de R$ 897.204,73(oitocentos e noventa e sete mil, duzentos e quatro reais e setenta e três centavos). Porém, consoanteo Parecer Técnico nº 149/2004 (fls. 321/324), foram gastos com o magistério municipal apenas R$

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399.024,00 (trezentos e noventa e nove mil, e vinte e quatro reais, e trinta e três centavos), o quecorresponde a 44,4% do valor total, aquém do percentual de gastos obrigatórios com o magistério, quedeve corresponder, por força do art. 7º da Lei nº 9.424/96, a 60% dos valores percebidos.

Novamente, a defesa alega que não foi observado o saldo restante em conta-corrente, que teria sidoaplicado em forma de abono (rateio para os professores do ensino fundamental), no valor total de R$17.449,02 (dezessete mil, quatrocentos e quarenta e nove reais, e dois centavos), valor esse que,somado ao montante anterior de R$ 399.024,00 (trezentos e noventa e nove mil, e vinte e quatroreais, e trinta e três centavos), perfazeria o valor total de R$ 416.473,35 (quatrocentos e dezesseis mil,quatrocentos e setenta e três reais, e trinta e cinco centavos), chegando, assim, ao percentual de46,4%.

O percentual restante, de 15,60%, que faltaria para completar os 60%, teria sido empregado emdespesas abrangidas pelo art. 70 da Lei nº 9.424/96 e Lei Orçamentária Municipal (Lei nº 890/99),conforme demonstra o Boletim da Tesouraria de 30.12.1999 (fls. 6057).

Com efeito, examinando referido documento de fls. 6057 (volume 30), infere-se a presença de umadespesa no valor de R$ 17.449,02 (dezessete mil, quatrocentos e quarenta e nove reais, e doiscentavos), porém, ela está identificada somente pela rubrica "FEM", não se sabendo realmente se elacorresponde ao pagamento de abono.

De qualquer forma, ainda que se considerasse acertado tal pagamento, as despesas restantes, de15,60%, foram efetuadas para cobrir outros gastos não relacionados com o pagamento deremuneração do magistério. Observa-se, no mesmo documento de fls. 6057, pagamento de diversosimpostos: ITR, IPVA, ICMS etc. Consta, inclusive, de tal documento, um pagamento de R$ 490,56(quatrocentos e noventa reais e cinqüenta e seis centavos), relativo à "Telemar" (operadora detelefonia), a qual, evidentemente, nada tem a ver com a remuneração de magistério.

Isoladamente considerada, poder-se-ia, até, relegar a um segundo plano tal irregularidade. Acontece,porém, que a irregularidade consiste em conduta reiterada, houve reincidência na prática do mesmotipo de erro, o que caracteriza, por si, só, o ato de má-fé dos agentes responsáveis, pois, comoaplicadores e executores da Lei, deveriam nortear suas condutas de acordo com os parâmetros legais,e não, de forma reiterada, cometer infrações à Lei.

Como se tudo isso ainda não bastasse, houve, pela terceira vez consecutiva, nova infração ao art. 7º,caput, da Lei nº 9.424/96, no ano seguinte.

No exercício 2000, o Município de Agrestina recebeu verbas do FUNDEF no valor de R$ 1.145.534,77(um milhão, cento e quarenta e cinco mil, quinhentos e trinta e quatro reais, e setenta e setecentavos). Porém, foram gastos com o magistério municipal apenas R$ 492.562,18 (quatrocentos enoventa e dois mil, quinhentos e sessenta e dois reais, e dezoito centavos), o que corresponde a 43%do valor total.

Novamente, a defesa alega que não foi observado o saldo restante em conta-corrente, que teria sidoaplicado em forma de abono (rateio para os professores do ensino fundamental), no valor total de R$104.695,18 (cento e quatro mil, seiscentos e noventa e cinco reais e dezoito centavos), valor esse que,somado ao montante anterior de R$ 492.562,18 (quatrocentos e noventa e dois mil, quinhentos esessenta e dois reais, e dezoito centavos), perfazeria o valor total de R$ 597.257,36 (quinhentos enoventa e sete mil, duzentos e cinqüenta e sete reais e trinta e seis centavos), chegando, assim, aopercentual de 52,10%.

O percentual restante, de 7,90%, que faltaria para completar os 60%, teria sido empregado emdespesas abrangidas pelo art. 70 da Lei nº 9.424/96 e Lei Orçamentária Municipal (Lei nº 890/99),conforme demonstra o Boletim da Tesouraria de 28.12.2000 (fls. 6254).

Com efeito, examinando referido documento de fls. 6254 (volume 31), infere-se a presença de umadespesa no valor de R$ 104.695,18 (cento e quatro mil, seiscentos e noventa e cinco reais e dezoitocentavos), porém, ela está identificada somente pela rubrica "FEM", não se sabendo realmente se elacorresponde ao pagamento de abono.

De qualquer forma, ainda que se considerasse acertado tal pagamento, as despesas restantes, de7,90%, foram efetuadas para cobrir outros gastos não relacionados com o pagamento de remuneraçãodo magistério. Observa-se, no mesmo documento de fls. 6254, pagamento de diversos impostos: ITR,IPVA, ICMS etc.

A má-fé dos agentes está devidamente caracterizada pela reiteração das condutas de mesmo tipo. Nãohá dúvidas de que a remuneração dos professores do ensino fundamental ficou aquém do legalmenteprevisto. Os resultados foram desastrosos para a educação do Município de Agrestina.

1.1 Conseqüências da irregular aplicação da Lei

A violação do art. 60, § 5º, da ADCT, bem como do seu correspondente legal (art. 7º da Lei nº9.424/96) causou prejuízo ao erário a partir do momento em que o interesse público que se buscavaalcançar mediante a aplicação adequada das verbas do FUNDEF não foi atingido.

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Ao remunerar o magistério do Município de Agrestina em níveis mais baixos do que de Municípiossimilares, os réus fizeram com que os cidadãos desse Município tivessem um sistema educacional deiguais ou piores condições àquele existente antes da sua implantação.

Os resultados são visíveis, e a inadequada aplicação dos recursos do FUNDEF pode ser medida emnúmeros: o IDH-M do Município de Agrestina é de 0,612, situando-o em 102º no Estado dePernambuco, e em 4.444º no Brasil (de um total aproximado de 5.500 municípios). A seu turno, oíndice de exclusão social é de 0,310, situando-o em 152º no Estado de Pernambuco e de 5.089º noBrasil. Ou seja: Agrestina é um dos piores municípios do Brasil no quesito desenvolvimentoeducacional, como resultado direto das práticas irregulares ocorridas na gestão e administração dosréus.

2. Da não devolução dos valores descontados a título de faltas dos servidores municipais, e do nãorecolhimento da contribuição previdenciária

O Ministério Público aponta, ainda, que, no ano de 1998, das contribuições previdenciárias descontadasdos contra-cheques dos profissionais da educação municipal, cerca de R$ 49.736,17 (quarenta e novemil, setecentos e trinta e seis reais, e dezessete centavos), não foram repassados à instituiçãoprevidenciária própria. Tal conduta teria se repetido em 1999, no montante de R$ 58.939,22 (cinqüentae oito mil, novecentos e trinta e nove reais e vinte e dois centavos), e no exercício 2000, no valor deR$ 72.207,30 (setenta e dois mil, duzentos e sete reais, e trinta centavos), o que caracterizariatambém o crime de apropriação indébita previdenciária.

A defesa alega que a denúncia não procede, pois os repasses teriam sido feitos regularmente:

- em 1998, na quantia total de R$ 115.115,66 (cento e quinze mil, cento e quinze reais, e sessenta eseis centavos), consoante as guias de recebimento de fls. 6044/6055 (volume 30);

- em 1999, no valor global de R$ 69.437,43 (sessenta e nove mil, quatrocentos e trinta e sete reais equarenta e três centavos), consoante os recibos de depósitos e as guias de recebimento de fls.6247/6252 (volume 31);

- em 2000, no valor total de R$ 98.626,87 (noventa e oito mil, seiscentos e vinte e seis reais e oitentae sete centavos), consoante os recibos de depósito de fls. 6434/6435 (volume 32), os quais, pororientação da AMUPE, teriam sido feitos em conta de previdência de nº 5.600-6;

De fato, uma análise apurada da documentação acostada aos autos permite concluir que não procede aalegação do Ministério Público Federal. Referentes ao ano de 1998, a parte ré juntou as guias derecebimento (fls. 6044/6055), que eram recolhidas no extinto BANDEPE, e que tinham por objeto ascontribuições previdenciárias dos segurados, às alíquotas de 8% (fls. 6044) e 10% (fls. 6046/6055).

Em relação ao ano de 1999, foram juntados aos autos recibos de valores recolhidos no extintoBANDEPE (fls. 6247 e 6252) e no Banco do Brasil (fls. 6248/6251), sendo todos eles referentes avalores empenhados junto ao IPSEP (Inst. Prev. Serv. Estado de Pernambuco).

A seu turno, no ano de 2000, foram apresentados os recibos de depósito recolhidos junto ao Banco doBrasil, na mencionada conta de nº 5.600-6 (fls. 6434/6435).

Dessa forma, os profissionais da educação tiveram, sim, descontados dos contra-cheques os valoresreferentes às contribuições previdenciárias, porém, tais valores foram devidamente repassados àentidade previdenciária credora, descaracterizando, destarte, a acusação formulada na denúncia.

Já o mesmo não se pode dizer em relação aos valores descontados a título de faltas dos servidoresmunicipais.

O Ministério Público aponta que, no exercício de 1998, cerca de R$ 4.835,44 (quatro mil, oitocentos etrinta e cinco reais e quarenta e quatro centavos) foram descontados a título de faltas ao serviço, valorque, sacado, não foi restituído à conta do FUNDEF (fls. 42).

Já no exercício de 1999, foram descontados, dos profissionais da educação, cerca de R$ 12.338,48(doze mil, trezentos e trinta e oito reais e quarenta e oito centavos), a título de falta ao serviço,montante que não retornou ao erário municipal, apesar dos descontos revelados nas folhas depagamento contidas nos autos em anexo e submetidas à perícia (fls. 45).

Por fim, no exercício de 2000, o Ministério Público aponta que R$ 36.091,76 (trinta e seis mil, noventa eum reais e setenta e seis centavos), descontados dos contra-cheques dos professores municipais, erelativos às faltas ocorridas, foram sacados da conta do FUNDEF, não retornado ao erário (fls. 48).

Temos, então, o seguinte quadro:

Exercício Saques relativos às faltas 1998 R$ 4.835,44 1999 R$ 12.338,48 2000 R$ 36.091,76 TOTAL R$53.265,68 Sobre esses valores sucessivamente descontados a título de faltas ao serviço, durante três anos

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consecutivos (1998, 1999 e 2000), e não restituídos à conta do FUNDEF, a defesa apresentou um únicoe mesmo argumento: "estes valores eram descontados, porém não eram sacados, prática esta comumem vários municípios de Pernambuco" (fls. 5989, defesa preliminar; fls. 6594, contestação; fls. 6695,alegações finais).

O fato de tal prática (desconto de valores, mas não seu efetivo saque) "ser comum em váriosmunicípios de Pernambuco", como alegado pela defesa, não pode ser considerado motivo suficientepara eliminar o caráter ímprobo de tal conduta. Em outras palavras: não é porque uma práticairregular seja adotada com habitualidade em vários Municípios que ela pode ser considerada motivoidôneo para "legalizar" tal costume.

Os saques relativos às faltas estão devidamente detalhados no Parecer Técnico nº 049/2000 acostadoaos autos, e foram impugnados pela defesa de maneira um tanto quanto genérica, ao afirmar que"estes valores eram descontados, porém não eram sacados, prática esta comum em vários municípiosde Pernambuco" (fls. 5989, defesa preliminar; fls. 6594, contestação; fls. 6695, alegações finais).

Está claro, portanto, que tais valores, por não terem sido restituídos à conta do FUNDEF, devem serobjeto de ressarcimento pelos réus, de forma pro rata, já que todos tiveram atuação decisiva naprática das condutas irregulares:

"... que os gestores do FUNDEF neste Município durante o seu mandato era ele na qualidade de prefeitoe os secretários de Finanças e Educação Municipais [...]; que o responsável pela realização, aprovaçãoe pagamento das despesas com os recursos do FUNDEF era da responsabilidade dele depoente e dossecretários de Finanças e Educação" - depoimento do réu ANTÔNIO ALVES DOS SANTOS, no Gabineteda Promotoria de Justiça de Agrestina (fls. 329/330).

"... que durante os anos de 1997 a 2000 exerceu a função de secretária de Educação do Município deAgrestina [...]; que se recorda que o Município passou a receber os recursos do FUNDEF nos anos de1998, quando a depoente era secretária de Educação e Marciano, secretário de Finanças; que osresponsáveis pela gestão do FUNDEF, bem como pela ordenação das despesas do Fundo, era o prefeitoe o secretário de Finanças [...]; que a folha de pagamento é elaborada na Secretaria de Administração,porém, quando de seu mandato como Secretária, era a depoente quem enviava para a Secretaria deAdministração os dados para a confecção da folha, tais como remuneração, gratificação de pó-de-giz;férias, descontos para a previdência, descontos de faltas, licenças etc." - depoimento da ré ANA MARIAALVES BATISTA, no Gabinete da Promotoria de Justiça de Agrestina (fls. 331).

"... que a gestão do FUNDEF era realizada pelo Prefeito, Secretária de Educação e ele depoente naqualidade de Secretário de Finanças [...]; que todas as despesas da educação eram previamenteempenhadas, analisadas e pagas pelo depoente na qualidade de Secretário de Finanças..." -depoimento do réu MARCIANO LOPES DOS SANTOS NETO, no Gabinete da Promotoria de Justiça deAgrestina (fls. 334).

Veja-se ainda que, diferentemente do que ocorreu em relação à acusação de não recolhimento decontribuição previdenciária, em que os réus juntaram toda a documentação comprobatória do repassede tais valores, nesse caso específico de valores descontados a título de faltas ao serviço, a parte rénão apresentou prova alguma da regularidade das operações realizadas, de modo que,especificamente no que tange a esse item, deve a acusação ser julgada procedente.

3. Efetivação de débitos bancários na conta do FUNDEF sem comprovação

No exercício de 1998, a acusação lastreia-se na existência de saques sem comprovação no valor totalde R$ 7.991,00 (sete mil, novecentos e noventa e um reais) na conta específica do programa (conta-corrente nº 58.021-X, agência 0196-1, do Banco do Brasil), consubstanciado nos cheques nº 34,emitido em 03 de agosto de 1998, com valor de R$ 431,00 (quatrocentos e trinta e um reais), e chequede nº 70, no valor de R$ 7.560,00 (sete mil, quinhentos e sessenta reais), emitido em 29 de setembrode 1998.

Em relação ao primeiro cheque, o Parquet reconhece que a prova produzida no processo judicial ésuficiente para confirmar a legalidade da despesa:

"Em análise à documentação apresentada pela própria Prefeitura Municipal de Agrestina, observa-seque apenas quanto a um dos cheques indicados, tem-se toda a documentação referente à liquidação dedespesa: o cheque nº 34, consubstanciado na nota de empenho nº 1019 tem toda a documentação a sireferente juntada, às fls. 1315 e seguintes dos autos, incluindo-se recibo (embora sem atesto, comotodos os demais) e nota fiscal correspondente (em primeira via - do consumidor)" (fls. 6671).

Em relação ao cheque nº 70, o Ministério Público Federal afirma que não há qualquer documentoreferente a essa nota de empenho.

No entanto, trata-se de despesa também comprovada, por meio do documento acostado às fls. 6055dos autos, sendo pago ao Sr. Adelson de Almeida Lima, representante da Metal UR - Metalúrgica deMaterial Urbano, e referente à manutenção de carteiras escolares, o que faz esta despesa estarabrangida pelo art. 70 da Lei nº 9.424/96.

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No exercício de 1999, o Ministério Público Federal acusa os réus de lançarem outros saques semcomprovação, totalizando uma inadequação de R$ 7.450,11 (sete mil, quatrocentos e cinqüenta reais eonze centavos), montante resultante da soma de valores consignados nos cheques de nº 110, emitidoem 04 de janeiro de 1999, com valor de R$ 3.029,43 (três mil e vinte e nove reais e quarenta e trêscentavos); de nº 108, emitido em 04.01.1999, no valor de R$ 264,60 (duzentos e sessenta e quatroreais e sessenta centavos); e de nº 180, no valor de R$ 4.156,68 (quatro mil, cento e cinqüenta e seisreais e sessenta e oito centavos).

A defesa alega que tais despesas foram resultantes do pagamento da folha de educação de abril/1999(fls. 6545).

Entretanto, compulsando os extratos relativos à folha de pagamento da educação de abril/1999 - fls.6213/6246 - verifica-se que não há correlação lógica alguma entre os pagamentos dos mencionadoscheques e os valores pagos aos professores.

Em outras palavras, não há prova de que os professores da rede municipal de ensino tenham sidopagos com os valores provenientes de tais cheques, e, ainda que houvesse, tal prova careceria deamparo, uma vez que não é comum, no âmbito do serviço público, serem os servidores públicosremunerados mediante a entrega de cheques, mas sim mediante o depósito em conta bancária de seussalários.

É evidente, portanto, que não está comprovado o saque no valor de R$ 7.450,11 (sete mil,quatrocentos e cinqüenta reais e onze centavos), devendo tal valor ser restituído pelos réus, de formapro rata, já que era da responsabilidade deles a gestão das verbas provenientes do FUNDEF.

Por fim, no exercício de 2000, o Ministério Público Federal afirma a efetivação de débitos bancários naconta do FUNDEF, sem qualquer comprovação de gastos, totalizando o montante de R$ 77.585,29(setenta e sete mil, quinhentos e oitenta e cinco reais e vinte e nove centavos).

Em alegações finais, a defesa aduz que tais valores correspondem a gastos com "pagamentos de folhade educação dos meses de maio e setembro de 2000, descontos bancários e pagamentos diversos,entendendo-se, pelos mesmos, aqueles pagamentos feitos a um único fornecedor ensejando diversosempenhos" (fls. 6698).

Examinando os autos, verifica-se que a parte ré produziu prova apta a sustentar a verossimilhança desuas alegações, e isto é constatado por meio da análise da documentação acostada às fls. 6375/6433.

Às fls. 6375, tem-se o Parecer Técnico nº 066/2004, do Setor de Contabilidade da Prefeitura deAgrestina, relacionando os débitos bancários sem comprovação, oriundos da conta do FUNDEF, bemcomo as datas, espécie de despesa e o valor respectivo de cada uma, todas referentes ao exercício2000. E, nas folhas seguintes, são apresentadas cópias dos documentos comprobatórios das despesasrelacionadas nesse Parecer Técnico.

Por exemplo, às fls. 6376, tem-se o extrato mensal da conta mantida pela Prefeitura de Agrestina,referente ao mês de janeiro de 2000, com dois lançamentos em destaque, um no valor de R$ 1.000,00(um mil reais), e outro no valor de R$ 1.611,00 (um mil, seiscentos e onze reais), ambos lançados, nodia 11.01, sob a rubrica de "pagtos. div". Confrontando tal valor com o Parecer Técnico de fls. 6375,verifica-se que esses lançamentos correspondem às duas primeiras despesas lançadas no Parecer.

A terceira despesa relacionada no Parecer, um cheque de nº 334, lançado na data de 08.02, no valorde R$ 197,40 (cento e noventa e sete reais e quarenta centavos), está devidamente comprovada noextrato mensal apresentado às fls. 6379 (volume 32), referente à conta mantida no Banco do Brasil,para o mês de fevereiro de 2000.

E assim também ocorreu com cada uma das demais despesas apresentadas no mencionado ParecerTécnico nº 066/2004, cujo total geral apresenta a quantia de R$ 77.585,20 (setenta e sete mil,quinhentos e oitenta e cinco reais e vinte centavos), exatamente o valor impugnado pelo MinistérioPúblico Federal.

4. Da realização de despesas irregulares

O Parquet aponta, ainda, que houve, nos anos de 1999 e 2000, a realização de despesas em desacordocom o art. 70 da Lei nº 9.394/96.

Os 40% (quarenta por cento) restantes dos recursos do FUNDEF deve ser utilizados em despesasdiversas, desde que consideradas como de manutenção e desenvolvimento do ensino fundamental, naforma da norma acima mencionada.

Nesse diapasão, o Ministério Público Federal aponta, para o exercício de 1999, despesas no valor de R$31.106,20 (trinta e um mil, cento e seis reais, e vinte centavos), que seriam incompatíveis com talnorma legal, pois teriam sido utilizadas para:

a) Pagamento de inativos (fls. 329); b) Confecção de móveis para pré-escolar (fls. 239);

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c) Energia de posto telefônico (fls. 100 do ICP);

A defesa alega que todo esse valor teria sido utilizado para pagar despesas próprias do FUNDEF,estando em harmonia com o disposto no art. 70 da Lei nº 9.424/96 (fls. 6697).

Verifico que razão assiste à defesa.

Examinando o documento de fls. 6253 (volume 31), constata-se que as despesas referentes aoscheques de números 143, 142, 186, 197, 202 e 262 são referentes ao custeio de gastos com merendaescolar e confecção de móveis para pré-escolar.

Tais despesas encontram-se abrangidas pelo disposto no art. 70 da Lei de Diretrizes e Bases daEducação: a confecção de móveis está compreendida dentro daquilo que se entende por "aquisição,manutenção, construção e conservação de instalações e equipamentos necessários ao ensino", assimcomo a merenda escolar, inerente ao serviço da rede de ensino fundamental.

As demais despesas, classificadas sob a rubrica "folha de pagamento Inativos" (fls. 6253), embora nãopossam ser classificadas como de manutenção e desenvolvimento do ensino fundamental stricto sensu,foram empregadas para atender ao interesse público consistente na remuneração dos servidorespúblicos inativos, de modo que não pode ser considerada conduta ímproba, de má-fé, caracterizandoapenas desvio de objeto, mas não de finalidade.

Nesse ponto, acompanho o entendimento sustentado pela defesa e exposto pelo Min. Adhemar PaladiniGuisi, do Tribunal de Contas da União, que foi relator do Acórdão nº 02/97:

"Como visto, tanto a Unidade Técnica quanto o Ministério Público são concordantes ao informar que nãohouve locupletamento dos recursos pelos responsáveis. Está comprovado nos autos que asimportâncias recebidas foram aplicadas em benefício dos Associados daqueles Sindicatos. Ajurisprudência desta Corte, em casos análogos, é pacífica pela não devolução dos recursos,especialmente quando não configurado o desvio de finalidade, mas apenas o desvio de objeto, como seafigura nestes autos. Em não havendo desvio de finalidade, mas apenas desvio de objeto, esta Cortetem decidido, também, pela regularidade, com ressalvas, das contas" (sem destaque no original).

Já em relação ao exercício de 2000, o Ministério Público Federal aponta a realização de despesas emdesconformidade com o disposto no artigo 70 da Lei nº 9.394/96, totalizando o valor de R$ 2.764,77(dois mil, setecentos e sessenta e quatro reais e setenta e sete centavos), desviados para gastos como pagamento de energia do posto telefônico, restauração de vias públicas, reforma do matadouromunicipal e outras relacionadas na planilha que compõe o Anexo I do Parecer Técnico de fls. 228 (fls.49, item 63, do volume 1 dos autos).

Em relação a esse fato, urge aduzir que a defesa não apresentou qualquer impugnação, seja na defesapreliminar, seja na contestação, seja nas alegações finais. Ou seja, trata-se de fato não impugnado, oque, somado ao fato de o Ministério Público ter produzido farta prova documental a respeito dasirregularidades de tais despesas, levam à conclusão de que a quantia de R$ 2.764,77 (dois mil,setecentos e sessenta e quatro reais e setenta e sete centavos) deve ser restituída aos cofres públicos,de forma solidária, pelos três réus da presente demanda. ^

5. Ausência de procedimento licitatório

O Ministério Público Federal aponta que, durante o exercício de 2000, despesas relativas à manutençãodo ensino fundamental, especificadas no art. 70 da Lei nº 9.394/96, no montante de R$ 187.375,05(cento e oitenta e sete mil, trezentos e setenta e cinco reais e cinco centavos), foram realizadas sem oprévio certame de licitação.

A defesa sustenta que as despesas que ensejaram esse valor não excederam os limites que a Lei nº8.666/93 em seus artigos 23 e seguintes determinam como procedimentos obrigatórios a realização delicitação, além de serem também despesas com folha de pagamento da educação (fls. 6699, volume33).

Não merece acolhida a alegação da parte ré.

Com efeito, conforme bem afirma o Ministério Público Federal, os réus, enquanto gestores dos recursosdo FUNDEF, promoveram, em alguns casos, ao fracionamento indevido de despesas, de modo a burlara necessidade de realização do procedimento licitatório, além de, em outros casos, celebrar contratosem valores superiores ao estabelecido para a dispensa de licitação.

Examinando os documentos, presentes nos autos, referentes às licitações, constata-se que, durante ostrês exercícios financeiros objeto da investigação - 1998, 1999 e 2000 - é possível identificar apresença de fornecedores/contratantes preferenciais, que se repetiram em inúmeras aquisiçõesdurante esses três anos, sem que a licitação ou a coleta de preços ou o procedimento de dispensafosse sequer realizado.

a) Auto Mecânica Novo Dia e Auto Peças Bahia

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Verifica-se que, no exercício de 1999, a Auto Mecânica Novo Dia e a Auto Peças Bahia foramfornecedores preferenciais de peças/serviços em manutenção de veículos.

Isso se infere, em relação à Auto Mecânica Novo Dia, por meio das notas de empenho juntadas aosautos às fls. 1887, 1890, 1893, 1896, 1899, 1902, 1905, 1908, 1977 e 1914, dentre outras. Já no quetange à Auto Peças Bahia, a comprovação de ser fornecedor preferencial é visível por meio das notasde empenho presentes às fls. 1979, 2074, 2077, 2099 e 2103, dentre outras.

Tal conduta ímproba repetiu-se no ano 2000. É importante ressaltar que os valores gastos na aquisiçãode peças/manutenção de veículos durante esse ano foram substanciais, demonstrando a necessidadede realização de procedimento licitatório, conforme bem apontado pelo Ministério Público Federal naplanilha de fls. 6676/6678.

Embora alguns desses gastos, de fato, tenham ficado dentro do limite que permite a dispensa dalicitação, vale ressaltar que, em nenhuma das hipóteses, houve qualquer procedimento administrativojustificando a dispensa.

A ausência de prova documental justificando a dispensa de licitação demonstra a falta de zelo dosgestores do FUNDEF em relação à administração das verbas públicas federais, caracterizando,portanto, ato de improbidade administrativa.

b) Maria Edileni Bezerra da Silva

A Prefeitura Municipal de Agrestina celebrou, em julho de 1999, contrato de prestação de serviços derecuperação de escolas na quantia total de R$ 102.657,47 (cento e dois mil, seiscentos e cinqüenta esete reais e quarenta e sete centavos), com a empreiteira Maria Edileni Bezerra da Silva, sendo quegrande parte das obras foram executadas e pagas durante o ano de 2000.

Esse valor, por evidente, ultrapassa o limite legal de dispensa de licitação previsto no art. 24, incisos Ie II da Lei nº 8.666/93.

Entretanto, é importante destacara que vários outros contratos de valores menores foram celebradoscom a empreiteira Maria Edileni Bezerra da Silva, e todos visavam a um mesmo objeto: recuperaçãode escolas. Às fls. 2921, há documento comprobatório de liquidação de despesa relativo a um contratode R$ 5.156,28 (cinco mil, cento e cinqüenta e seis reais e vinte e oito centavos), e, às fls. 3608, há umoutro contrato com a mesma empreiteira, no valor total de R$ 6.534,99 (seis mil, quinhentos e trinta equatro reais e noventa e nove centavos).

A caracterização de ato de improbidade administrativa se revela na medida em que tais contratos,além de beneficiarem uma única empresa, não poderiam ter sido realizados de forma fracionada, poisse tratava de obras e serviços de idêntica natureza, praticamente no mesmo local, e que poderiam serrealizadas de forma concomitante. Percebe-se, pois, clara violação do art. 23, § 5º, da Lei nº 8.666/93.

Ademais, cabe dizer que, no caso dessa prestação de serviços de recuperação de escolas, não houvecoleta de preços por parte dos réus, nem a comprovação de realização de obra/ serviço. Aliás, nessecaso não houve sequer projeto executivo e identificação detalhada da obra a ser executada, masapenas uma relação de escolas beneficiadas e uma lista genérica dos serviços realizados e do materialque seria utilizado, mas sem mais informações a respeito.

c) Aquisição de combustíveis e lubrificantes

Outra irregularidade flagrante é que, durante o exercício de 2000, foi realizada a despesa no valor deR$ 73.630,06 (setenta e três mil, seiscentos e trinta reais e seis centavos) na compra de combustíveisa um mesmo e único posto, sem que houvesse procedimento administrativo - exigido por lei - acercada inexigibilidade de licitação pela ocorrência de fornecedor único, ou, eventualmente, algum outrocaso que autorizasse a não realização de licitação.

A existência de fornecedor único está comprovada por meio dos documentos juntados aos autos, defls. 3222, 3316, 3382, 3506, 3540, 3589, 3627, 3635, 3665, 3689, 3732, 3747, 3755.

Em relação a esse fato, novamente a defesa faz uma sustentação genérica, afirmando que os valoresgastos estariam dentro do limite que autoriza a dispensa de licitação, e que seria despesa com folha depagamento de educação (fls. 6699). Ora, é evidente a fragilidade da alegação, uma vez que compra decombustível nada tem a ver com pagamento de educação.

E mais: o fato de determinada despesa, em face de seu baixo valor, não obrigar a realização delicitação, não desobriga a Administração Pública de fundamentar, em procedimento administrativopróprio, as razões pelas quais deixou de licitar. E isso, ou seja, o devido procedimento administrativode inexigibilidade ou de dispensa de licitação, não ficou comprovado, simplesmente porque não existiu.

A gravidade desse fato até poderia ser atenuada caso ocorresse de forma isolada, porém, no caso dosautos, ocorreu exatamente o inverso, ou seja, a gravidade de tal fato foi acentuada pela reiteraçãodesse mesmo tipo de conduta.

d) Transporte escolar

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Também aqui observou-se fraude à lei de licitações, uma vez que o serviço de transporte escolar foi"repartido" entre cinco pessoas físicas, totalizando a sua contratação, globalmente, o valor de R$14.850,00 (quatorze mil, oitocentos e cinqüenta reais), quando, em realidade, a dispensa de licitaçãosó é possível para serviços de até R$ 8.000,00, nos termos do art. 24, I e II, da Lei nº 8.666/93.

Sobre a dispensa indevida de licitação, assim se manifesta FÁBIO MEDINA OSÓRIO:

O dever de licitar está intimamente ligado ao dever de probidade. A dispensa indevida de licitações,com a seleção de um competidor em detrimento da paridade dos candidatos, é um caso bastantecomum de improbidade. Pior que tal hipótese só mesmo a enorme quantidade de licitaçõesformalmente corretas e substancialmente viciadas. Os desvios interagem com aspectos de uma culturaao mesmo tempo permissiva e condescendente para com os corruptores, expostos que se encontramaos anseios e poderes de funcionários públicos. É claro que tanto a dispensa indevida quanto a licitaçãoviciada constituem improbidade administrativa, uma vez presentes os elementos básicos da figuratípica aplicável à matéria.3

A prova documental de tais irregularidades encontra-se acostada aos autos, por meio das notas deempenho e contratos de fls. 2.871, 2.874, 2.939, 2.942, 3.100, 3.109, 3.168, 3.182, 3.250, 3.253,3.259, 3.265, 3.310, 3.387, 3.397, 3.400, 3.403, 3.406, 3.549, 3.555, 3.564, 3.570, 3.641, 3.644, 3.662,3.666, 3.680, 3.669, 3.663, 3.738, 3.741, 3.744, 3.776, 3.779, 3.782, 3.802.

e) Arlindo Miguel Santana ME

No mês de março de 2000, foi celebrado contrato com o fornecedor Arlindo Miguel Santana ME visandoa compra de matéria didático. O valor do contrato chegou no patamar de R$ 14.400,00 (quatorze mil equatrocentos reais), portanto, superior ao limite legal de R$ 8.000,00 (oito mil reais) para a realizaçãode dispensa, nos termos do art. 24, I e II, da Lei nº 8.666/93.

Ocorre que a realização do contrato foi feita sem a devida licitação na modalidade convite.

A dispensa indevida de procedimento administrativo de licitação caracteriza ato de improbidadeadministrativa, com fulcro no art. 10, VIII, da Lei nº 8.429/92, e causou, sim, ao contrário do quedisseram os réus, prejuízo à população do Município de Agrestina, porque impediram, ou ao menosdificultaram, a contratação de fornecedor mais apto, que fornecesse os melhores serviços e bens aomenor custo possível.

Restou evidenciado, pelo farto conjunto probatório presente nos autos, que a ausência de critério naescolha dos fornecedores violou também o princípio da impessoalidade, o que equivale dizer que oscritérios foram de ordem eminentemente subjetiva, fato ainda mais notório pela circunstância de nãoter havido qualquer procedimento administrativo justificando a dispensa ou inexigibilidade de licitação.

Esse é o magistério da doutrina:

Não se deve permitir que o administrador escolha o contratante em potencial com base em critério denatureza eminentemente subjetiva, o que poderia afastar outros interessados igualmente habilitados,comprometendo a impessoalidade que deve reger a atividade estatal [...] a lesividade está ínsita naconduta do agente, sendo despicienda a ocorrência do prejuízo patrimonial imediato.4

Evidentemente, a quantia de R$ 187.375,05 (cento e oitenta e sete mil, trezentos e setenta e cincoreais e cinco centavos), que foi gasta sem o prévio certame de licitação, não pode ser objeto derestituição, por parte dos réus, porque já foi empregada para custear as despesas com educação,conforme já mencionado.

Entretanto, o modo irregular como foi gasto esse valor deve ser penalizado por meio da aplicação deoutras sanções, sobretudo as de proibição de contratar com o Poder Público, a suspensão dos direitospolíticos e a perda da função pública, conforme se verá detalhadamente abaixo.

6. O elemento subjetivo do ato de improbidade: a má-fé, ínsita pela reiteração de condutas durantetrês exercícios consecutivos

A defesa alega não ter havido dolo na conduta dos agentes, uma vez que as dificuldades na aplicaçãoda lei teriam ocorrido em diversos outros Municípios do Brasil:

"O FUNDEF foi implantado em 1998, a partir de 01.01.1998. De início, houve muitas dúvidas quanto àaplicação dessas verbas, sobretudo em razão da complexidade da lei e falta de habilitação do pessoal.Só depois de algum tempo começaram os cursos de orientação ministrados pelo Tribunal de Contas,instruindo como se administrar os recursos do FUNDEF. Aliás, esse fato foi constatado em váriosMunicípios do Brasil, o que revela não ser específico do denunciado, afastando, por conseguinte, odolo" (fls. 6679).

O argumento merece ser afastado, uma vez que, não é porque uma pessoa pratica violação à lei(administração irregular dos recursos do FUNDEF), que outra pessoa passe a ter autorização detambém violá-la. O erro na aplicação da lei deve ser coibido, ao invés de incentivado e utilizado comoargumento para se isentar das responsabilidades legais.

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Prossegue a defesa:

"É importante registrar que os fatos narrados na denúncia são referentes aos exercícios de 1998 e1999. E o Tribunal de Contas de Pernambuco só veio a editar a CARTILHA DO FUNDEF, contendoinstruções e orientações para gestão do fundo, em abril de 2004, conforme demonstra com a cópiaanexa. Esta cartilha foi fruto de uma constatação pelo Tribunal de Contas das grandes dificuldades edúvidas dos administradores públicos quanto à correta aplicação da lei. As dúvidas e dificuldades nãoeram específicas do Município de Agrestina, mas de todos os Municípios de Pernambuco, quiçá doBrasil. Assim, por mais esta razão fica afastado o dolo, requisito indispensável para a caracterização docrime" (fls. 6679).

Mais uma vez os argumentos devem ser rejeitados.

Em primeiro lugar, esse é um processo cível, e não um processo criminal. Portanto, o que se discuteaqui é a caracterização de ato de improbidade, e não a prática de crime.

Em segundo lugar, o administrador público deve ter a capacidade de cumprir a lei desde o primeiromomento em que se depara com ela, e não ficar esperando pela edição de uma cartilha, apostila oumanual ensinando como aplicá-la. Se levarmos às últimas conseqüências o raciocínio articulado peladefesa, então precisaríamos da edição de cartilhas toda vez que uma lei fosse publicada, instruindo apopulação o modo correto de aplicar as leis, o que, evidentemente, não se sustenta, ainda mais em setratando de administradores públicos, que podem e devem zelar pelo fiel cumprimento e execução dasleis, para bem servir a população.

Na verdade, o que se percebe, examinando as alegações e provas produzidas pela defesa, é aconfissão parcial de que os réus, de fato, não souberam aplicar a lei do FUNDEF como deveriam:

"A conduta dos réus não gerou prejuízo ao erário, o que houve no caso em tela foi uma inabilidade"(fls. 6682).

O problema é que essa "inabilidade" não foi uma conduta isolada, ocorrida num único ano, e tendo porobjeto apenas um único contrato, e resultando em apenas uma conseqüência ou irregularidadeespecífica.

Pelo contrário.

Essa inabilidade foi caracterizada pela existência de uma reiteração consistente de condutas, ocorridasdurante três exercícios consecutivos - 1998, 1999 e 2000 - , e tendo por objeto uma multiplicidade decontratos, gerando uma seqüência enorme de repercussões para toda a população de Agrestina,especialmente das crianças que utilizavam os serviços de educação fundamental.

As conseqüências não se limitaram aos aspectos puramente "contábeis", tais como aplicação depercentuais menores na educação do que os previstos em lei: abrangeram também não devolução dosvalores descontados a título de faltas ao serviço, efetivação de débitos bancários na conta do FUNDEFsem comprovação, realização de despesas irregulares e ausência de procedimento licitatório paraaquisição de mercadorias e serviços, tais como fornecimento de peças/serviços e manutenção deveículos, prestação de serviços de recuperação de escolas, aquisição de serviços e lubrificantes,transporte escolar e aquisição de material didático.

Há fartas provas documentais, ao longo dos 33 volumes que compõem esse processo, da existência deatos de improbidade, os quais já foram expostos nessa sentença.

Embora algumas acusações não procedam, o fato é que os atos tidos como de improbidade sãosuficientes para a aplicação das penalidades previstas em lei.

A respeito do elemento subjetivo necessário à caracterização do ato de improbidade administrativa,assim leciona MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO:

O enquadramento na lei de improbidade exige culpa ou dolo por parte do sujeito ativo. Mesmo quandoalgum ato ilegal seja praticado, é preciso verificar se houve culpa ou dolo, se houve um mínimo de má-fé que revele realmente a presença de um comportamento desonesto. A quantidade de leis, decretos,medidas provisórias, regulamentos, portarias torna praticamente impossível a aplicação do velhoprincípio de que todos conhecem a lei. Além disso, algumas normas admitem diferentes interpretaçõese são aplicadas por servidores públicos estranhos à área jurídica. Por isso mesmo, a aplicação da lei deimprobidade exige bom-senso, pesquisa da intenção do agente, sob pena de sobrecarregar-seinutilmente o Judiciário com questões irrelevantes, que podem ser adequadamente resolvidas naprópria esfera administrativa. A própria severidade das sanções previstas na Constituição está ademonstrar que o objetivo foi o de punir infrações que tenham um mínimo de gravidade, porapresentarem conseqüências danosas para o patrimônio público (em sentido amplo), ou propiciarembenefícios indevidos para o agente ou para terceiros. A aplicação das medidas previstas em lei exigeobservância do princípio da razoabilidade, sob o seu aspecto da proporcionalidade entre meios e fins. [...] A responsabilidade objetiva, além de ser admissível somente quando prevista expressamente, destoado sistema jurídico brasileiro, no que diz respeito à responsabilidade do agente público, a começar pela

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própria norma contida no artigo 37, § 6º, da Constituição, que consagra a responsabilidade objetiva doEstado por danos causados a terceiros, mas preserva a responsabilidade subjetiva do agente causadordo dano. [...] No caso da lei de improbidade, a presença do elemento subjetivo é tanto mais relevante pelo fato deser objetivo primordial do legislador constituinte o de assegurar a probidade, a moralidade, ahonestidade dentro da Administração Pública. Sem um mínimo de má-fé, não se pode cogitar daaplicação de penalidades tão severas como a suspensão dos direitos políticos e a perda da funçãopública.5

O ônus da prova, como se sabe, incumbe ao autor da ação:

A regra estampada no art. 333 [do Código de Processo Civil] é bastante simples, e recorre aparadigmas já consolidados no direito processual. O ônus da prova incumbe a quem alega (ou, maisprecisamente, a quem tem o ônus de alegar). Assim, incumbe ao autor demonstrar os fatosconstitutivos de seu direito, cabendo ao réu comprovar as exceções substanciais indiretas, ou seja, osfatos modificativos, extintivos ou impeditivos do direito do autor. A determinação assim exposta, pois,dirige-se de um lado à parte, para indicar-lhe qual atitude deve adotar frente à prova (quais fatos devedesincumbir-se de demonstrar ao magistrado), e de outro ao próprio juiz, para guiá-lo na imputação doônus decorrente da ausência de prova sobre certo fato.6

No caso dos autos, o Ministério Público Federal logrou êxito em comprovar a existência de várias dasacusações constantes na petição inicial.

Como bem afirma a representante do Parquet:

"Indique-se, ainda, que, em vários aspectos, as irregularidades praticadas, mais do que violar a Lei doFUNDEF, ou mesmo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, também atingiu normas legais bemanteriores, como a Lei de Licitações e a Lei nº 4.320/64 (despesas sem comprovação, liquidação dedespesas sem atesto, dentre outras irregularidades), o que demonstra que os atos praticados nãoforam frutos de desconhecimento da lei, e sim voluntária e conscientemente praticados" (fls. 6677).

A caracterização do ato de improbidade administrativa requer a presença dos seguintes elementos,segundo a lição de MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO:

a) sujeito passivo: uma das entidades mencionadas no artigo 1º da Lei nº. 8.429/92; b) sujeito ativo: o agente público ou terceiro que induza ou concorra para a prática do ato deimprobidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta (arts. 1º e 3º); c) ocorrência do ato danoso descrito na lei, causador de enriquecimento ilícito para o sujeito ativo,prejuízo para o erário ou atentado contra os princípios da Administração Pública; o enquadramento doato pode dar-se isoladamente, em uma das três hipóteses, ou, cumulativamente, em duas ou nas três; d) elemento subjetivo: dolo ou culpa. 7

Há nos autos elementos fartos a demonstrar que os réus tinham conhecimento dos fatos que lhesforam imputados, havendo os réus agido de forma dolosa no exercício de suas funções.

7. Aplicação das penalidades da Lei de Improbidade

Por não terem os recursos federais sido empregados de forma regular, é imperioso a condenação dosréus nas penas da lei de improbidade, pois houve violação à moralidade administrativa. Neste sentido éa lição de MARCELO FIGUEIREDO:

Entendemos que se pretendeu afirmar que a lei pune não somente o dano material à Administração,como também qualquer sorte de lesão ou violação à moralidade administrativa, havendo ou nãoprejuízo no sentido econômico. De fato, pretendeu a lei, em seu conjunto, punir os agentes ímprobos,vedar comportamentos e práticas usuais de 'corrupção' (sentido leigo). Muitas dessas práticasrevertem em benefício do agente e nem sempre causam prejuízo 'econômico-financeiro' àAdministração. O dispositivo, ainda, ao não exigir 'a efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público',pode levar o intérprete a imaginar que o juiz será obrigado a aplicar as sanções da leiindependentemente de dano. Não parece a melhor exegese, como vimos. Já desenvolvemos alhures aidéia de que ao Judiciário é cometida a ampla análise da conduta do agente. Assim, poderá, ao aplicara pena, dosá-la em função do prejuízo causado ao erário. Nota-se que, ausente qualquer tipo deprejuízo, mesmo moral, seria um verdadeiro 'nonsense' punir o agente.8

Os réus não se desincumbiram do ônus de provar que os recursos foram regularmente empregados.Pelo contrário, as provas produzidas lhe são desfavoráveis. Assim, o dolo se extrai da conduta dosagentes de não gerir bem os recursos, e de repassá-los corretamente aos destinatários, sabendo-se,aliás, que tais funções são inerentes aos cargos ocupados. Esta conduta se choca frontalmente com osdeveres de zelo e atenção na gestão da coisa pública, dado o princípio da indisponibilidade do interessepúblico.

Não se pode afirmar inexistir o dolo pela simples negação da prática do ato, mas sim verificar a suapresença pelo resultado, em que constatou a incompatibilidade entre os recursos gastos e o atualestado de precariedade em que se encontra o Município de Agrestina, inclusive pelo não restituição dealguns valores, quantia esta que necessita ser ressarcida ao erário, sob pena de prejuízo ao patrimônio

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público, bem jurídico que é tutelado nesta ação civil pública.

Por conseguinte, comprovada a realização de despesa sem adequação legal deve ser aplicada aosagentes públicos responsáveis a penalidade prevista no art. 12, inciso II, da Lei 8.429/92, ou seja, oressarcimento integral do dano, sem prejuízo da aplicação de outras penalidades.

Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas, previstas na legislaçãoespecífica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações: [...] II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidosilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dosdireitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano eproibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,pelo prazo de cinco anos; [...] Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta a extensão do danocausado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente.

Como o citado inciso prevê a possibilidade de aplicação de outras penalidades (perda da funçãopública, suspensão dos direitos políticos etc.), constata-se que deve haver uma proporcionalidade entrea gravidade da conduta e a gravidade da pena, como, aliás, está previsto no parágrafo único do citadoartigo.

As penas para a prática de atos de improbidade devem ser proporcionais à gravidade dos fatos, semdescurar para o fato de que, para a gradação das sanções, não se leva apenas em conta o prejuízomaterial, mas também a violação aos princípios da Administração Pública, dispostos no art. 37, caput,da CF.

Neste sentido é o magistério de EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR, que assevera:

Alguns questionamentos surgem quanto às sanções da Lei 8.429/92. O primeiro deles reside naincidência do princípio da proporcionalidade. A resposta é, indiscutivelmente, afirmativa. As leispunitivas, bem como as restritivas de direitos, são indissociáveis dos limites da adequação enecessidade. A Lei 8.429/92, no parágrafo único do seu art. 12, contém nota indicativa nesse sentido,ao estatuir que, na fixação das penas, o juiz levará em conta a extensão do dano e o proveitopatrimonial auferido pelo agente. O postulado da proporcionalidade, conforme sistematiza Fábio MedinaOsório, ora atua no sentido de excluir o ato ímprobo, ora com o fim de ajustar a dosimetria na sançãoa ser imposta. Na primeira hipótese, têm-se situações em que é recusável a caracterização de ato de improbidade emface da insignificância da violação à ordem jurídica. Assim, se determinado servidor desvia, emproveito próprio, algumas folhas de papel timbrado da repartição, a fim de executar tarefa de interessepessoal, tal comportamento, embora tipificado pela Lei 8.429/92, não justifica qualquer punição, emface do ínfimo valor da lesão sofrida pela Administração. Não esquecer aqui também que aproporcionalidade possui influência para afastar o ilícito pela adequação da conduta ao contexto social.Há situações em que o servidor tem em sua guarda bem público, com vistas a realizar a sua missão;nada impedindo que, eventualmente, utilize-o em atividade de interesse particular. Por exemplo, umcomputador destinado ao serviço de determinada repartição, poderá, ocasionalmente, vir a serutilizado pelo servidor para a realização de um serviço particular, sem que tal fato provoque graveatentado ao interesse público.9

No mesmo sentido é o posicionamento da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

ADMINISTRATIVO. LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. APLICAÇÃO DA PENA. 1. A aplicação da pena, em improbidade administrativa, deve ser empregada de forma que sejaconsiderada a gravidade do ilícito, a extensão do dano e o proveito patrimonial obtido. 2. Pena de multa pecuniária no valor de 12 (doze) vezes o valor do subsídio pago a vereador domunicípio. 3. Publicidade de promoção pessoal para fins eleitorais por conta do erário público. 4. Aplicação das penas de suspensão de direitos políticos e perda do cargo que não se justificam. 5. Razoabilidade e proporcionalidade da pena aplicada. 6. Recurso especial conhecido e não-provido (REsp 929.289/MG, rel. Min. José Delgado, 1ª Turma,julgado em 18.12.2007, DJ 28.02.2008 p. 77, sem destaque no original).

Deste modo, entendo como razoável e proporcional à gravidade da conduta, a aplicação das seguintespenas aos réus: ressarcimento integral do dano, perda da função pública que eventualmente ocupem,suspensão dos direitos políticos e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefício ouincentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica.

a) Ressarcimento integral do dano

Durante a instrução processual, ficou comprovado que algumas despesas não foram objeto derestituição por parte dos réus, ficando, assim, o patrimônio público, desfalcado de algumas quantias.

Em relação à não devolução dos valores descontados a título de faltas dos servidores municipais,

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observa-se que os seguintes valores não foram objeto de restituição:

Exercício Saques relativos às faltas 1998 R$ 4.835,44 1999 R$ 12.338,48 2000 R$ 36.091,76 TOTAL R$53.265,68 Essa quantia, de R$ 53.265,68 (cinqüenta e três mil, duzentos e sessenta e cinco reais, e sessenta eoito centavos), deve ser restituída ao patrimônio público.

Outrossim, em relação à efetivação dos débitos bancários na conta do FUNDEF sem comprovação,constatou-se que, em relação ao exercício de 1999, a quantia de R$ 7.450,11 (sete mil, quatrocentos ecinqüenta reais e onze centavos), não foi comprovada, devendo, também, ser objeto de integralressarcimento.

Por fim, em relação às demais despesas irregulares do FUNDEF, relativos à aplicação dos 40%restantes previstos em lei, chegou-se à conclusão de que, no exercício de 2000, a quantia de R$2.764,77 (dois mil, setecentos e sessenta e quatro reais e setenta e sete centavos) também não foiobjeto de prova pela defesa, devendo tal montante, igualmente, ser restituído ao patrimônio público.

Os réus poderiam argumentar, como de fato parecem querer argumentar, a teor do agravo deinstrumento interposto às fls. 6714/6717, que seria indevida a aplicação dessa penalidade, com baseno argumento de que não houve enriquecimento ilícito, ou seja, que os valores que desfalcam opatrimônio público não se incorporaram ao patrimônio particular dos réus.

Porém, esse argumento não procede, uma vez que os réus não estão sendo condenados por atos deimprobidade que causaram enriquecimento ilícito - art. 9º da Lei nº 8.429/92 - mas sim por ato deimprobidade que causaram prejuízo (considerável) ao erário e que atentam contra os princípios daAdministração Pública - arts. 10 e 11 da mesma Lei. São coisas distintas e completamente diferentes.

Se os réus estivessem sendo condenados pela prática de atos causadores de enriquecimento ilícito,teria toda a procedência a solicitação de produção das provas delineadas às fls. 6715, porque taisprovas estão relacionadas à afirmação da inexistência de enriquecimento ilícito dos réus.

A título exemplificativo: a prova requerida no item (a) da mencionada petição, consistente naapresentação de declarações do imposto de renda dos réus no período de 1998 a 2008 tem comoobjetivo precípuo sustentar que os réus não se enriqueceram indevidamente durante o períodoquestionado - 1998 a 2000.

Trata-se, porém, de prova que não tem pertinência lógica com o que se está sendo discutido nesseprocesso, uma vez que os atos aqui questionados dizem com o prejuízo ao erário, e não com umsuposto enriquecimento ilícito dos réus (que não foi, aliás, objeto de alegação por parte do MinistérioPúblico Federal em razões finais).

Frise-se, ademais, que, além de serem impertinentes, tais provas, requeridas às fls. 6715, foramobjeto de pedido completamente extemporâneo, conforme decidido às fls. 6709.

Assim, somando-se esses três valores irregulares, tem-se o seguinte quadro:

Irregularidade Valor a ser ressarcido Valores descontados a título de faltas ao serviço R$ 53.265,68Débitos bancários na conta do FUNDEF sem comprovação R$ 7.450,11 Despesas irregulares do FUNDEF(40%) R$ 2.764,77 TOTAL R$ 63.480,45 A condenação dos réus ao ressarcimento integral do dano, ou seja, da quantia de R$ 63.480,45(sessenta e três mil, quatrocentos e oitenta reais e quarenta e cinco centavos), com os acréscimoslegais, pro rata, é, portanto, medida que se impõe.

b) Perda da função pública que eventualmente ocupem

Ficou demonstrado que os réus não têm capacidade de gerir recursos públicos, uma vez que: (i)alegaram ser necessária a elaboração de uma cartilha para poderem bem administrar os recursos doFUNDEF; (ii) misturaram o pagamento de recursos com educação com outras despesas, notadamente opagamento de impostos, para justificar a aplicação dos percentuais previstos em lei; (iii) efetuaramdébitos bancários na conta do FUNDEF sem comprovação; (iv) não devolveram aos cofres públicos osvalores descontados a título de faltas dos servidores municipais; (v) aplicaram irregularmente opercentual de 40% das verbas do FUNDEF, previstos no art. 70 da Lei nº 9.394/96; (vi) não realizaramprocedimento licitatório para manutenção de veículos, reparação e construção de escolas, compra decombustíveis, prestação de serviço de transporte escolar e compra de material didático.

Todos esses fatos ocorreram durante três anos consecutivos - 1998, 1999 e 2000 - ou seja, nodecorrer de um mandato, e caracterizam mais do que uma mera e simples "inabilidade", como alegam,e sim um profundo desconhecimento da gestão da coisa pública - pelo menos da gestão da coisapública de acordo com a lei, e não contra a lei.

Assim, a perda da função pública que eventualmente ocupem é medida que se impõe, como coroláriodos atos de improbidade praticados ao longo de três anos, cujas conseqüências concretas,infelizmente, repercutiram sobre esse Município do agreste do Estado de Pernambuco:

O IDH-M do Município de Agrestina é de 0,612, situando-o em 102º no Estado de Pernambuco, e em

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4.444º no Brasil (de um total aproximado de 5.500 municípios). A seu turno, o índice de exclusão socialé de 0,310, situando-o em 152º no Estado de Pernambuco e de 5.089º no Brasil. Ou seja: Agrestina éum dos piores municípios do Brasil no quesito desenvolvimento educacional, como resultado direto daspráticas irregulares ocorridas na gestão e administração dos réus.

Ressalte-se, convém lembrar, que essa penalidade só será efetivada com o trânsito em julgado dasentença condenatória, a teor do art. 20, caput, da Lei nº 8.429/92.

c) Suspensão dos direitos políticos

Como visto acima, pelas inúmeras irregularidades cometidas durante os anos de 1998 a 200, objeto deinvestigação pelo Ministério Público, constatou-se que os réus não souberam lidar com a gestão daadministração pública. Assim, a suspensão dos direitos políticos é medida que se impõe, pois está emconsonância com os objetivos da Lei de Improbidade Administrativa, sendo, aliás, prevista no seu art.12, inciso I, II e III.

Como seu inciso II prevê um prazo de 5 (cinco) a 8 (oito) anos, e o inciso III prevê um prazo de 3(três) a 5 (cinco) anos, e considerando que as condutas dos réus se enquadram em ambos os incisos,vê-se que o prazo de suspensão não pode ser inferior a 5 anos (inciso II), razão pela qual deve seresse o prazo de duração dessa penalidade.

Consoante magistério de Emerson Garcia:

Identificada a prática da improbidade e aplicada a sanção de suspensão dos direitos políticos, acidadania do ímprobo será restringida em suas acepções ativa e passiva, vale dizer, no direito de votar(cidadania ativa) e de ser votado (cidadania passiva), isto sem prejuízo de erigir-se como óbice aoexercício dos demais direitos que pressuponham a condição de cidadão. Conforme deflui da própriaexpressão, a privação ao exercício da cidadania é temporária, sendo esta sanção mais ampla do queas causas de inelegibilidade previstas no texto constitucional e na legislação infraconstitucional. Estaslimitam-se a restringir o exercício da cidadania em sua acepção passiva, naquela a restrição é total.10

Frise-se, por oportuno, que essa penalidade só será efetivada com o trânsito em julgado da sentençacondenatória, a teor do art. 20, caput, da Lei nº 8.429/92.

d) Proibição de contratar com o Poder Público ou dele receber incentivos ou benefícios fiscais oucreditícios

Como visto, dentre os inúmeros atos de improbidade administrativa, um deles se refere à completaausência de procedimento licitatório para diversas obras e serviços envolvendo a aplicação dosrecursos do FUNDEF.

Disso decorre a conclusão lógica de que os réus não têm condições de celebrar negócios jurídicos como Poder Público, uma vez que, quando o fizeram, o fizeram de um modo um tanto quanto irregular,sempre fraudando a Lei nº 8.666/93, seja por meio de fracionamento indevido de obras e serviços,seja por meio da completa ausência de procedimento administrativo de justificação de dispensa ouinexigibilidade de licitação, seja, ainda, por meio da constatação de existência de fornecedorespreferenciais, escolhidos com base em critérios eminentemente subjetivos, visando a beneficiardeterminadas pessoas e sociedades empresariais.

A penalidade cabível, para esse específico ato de improbidade administrativa, é a proibição decontratar com o Poder Público ou dele receber incentivos ou benefícios fiscais ou creditícios, direta ouindiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário.

Sobre essa espécie de sanção punitiva, assim se manifesta Emerson Garcia:

Anteriormente à celebração de qualquer contrato, é aconselhável que seja aferida a idoneidade daspartes, o que representa relevante fator de segurança para o cumprimento das avenças de naturezaonerosa. O Poder Público, em que pese dissociar-se do princípio da legalidade em certas ocasiões,sempre terminará por adimplir as obrigações pecuniárias que estiverem a seu cargo, sendo vários osinstrumentos existentes para compeli-lo a tanto. No que concerne ao pólo oposto da relação obrigacional, deverá ser ocupado por quem demonstrepossuir retidão de conduta compatível com a natureza do contrato e do seu destinatário final. Essacaracterística, prima facie, não será encontrada naquele que infringiu os princípios da legalidade e damoralidade, vindo a praticar atos de improbidade em detrimento do interesse público. Assim, éplenamente justificável que lhe seja defeso contratar com o Poder Público.11

O inciso II do art. 12 da Lei nº 8.429/92 prevê, para essa pena, o prazo de 5 (cinco) anos, ao passoque o inciso I do mesmo artigo prevê o prazo de 3 (três) anos. Como os réus estão incursos em ambosos artigos, a pena a ser aplicada é a do inciso II, ou seja, a de 5 (cinco) anos.

8. Do pedido cautelar de indisponibilidade dos bens

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O Ministério Público Federal requer a decretação de seqüestro e a indisponibilidade de todos os bens depropriedade dos demandados, inclusive todos os ativos financeiros, que sejam encontrados em nomedos requeridos, determinando-se o bloqueio imediato de saques, resgates, retiradas, pagamentos,compensações e quaisquer outras operações que impliquem liberação de valores, devendo, ainda, ossaldos porventura existentes, bem assim os que vierem a existir, serem transferidos para a CaixaEconômica Federal, para que fiquem à disposição desse Juízo, até o julgamento final da ação deimprobidade.

Apesar de o pedido ser bem fundamentado (fls. 6681/6684), e haver a condenação ao ressarcimentointegral do dano, entendo que o seqüestro e a indisponibilidade são, diante das circunstâncias e dosfatos verificados durante a instrução processual, medidas extremas e desproporcionais à conduta dosréus.

Em outros termos: durante o transcorrer do processo, não houve o aparecimento de elementos queindicassem que os réus estejam se desfazendo de seu patrimônio, de forma a evidenciar a necessidadeda medida.

Embora o seqüestro e a indisponibilidade possam ser instrumentos úteis para garantir a execução dasentença condenatória, só podem ser aplicados se ficar demonstrado, de forma concreta, nos autos,por meio da indicação de elementos probatórios firmes e convincentes, a necessidade da medida.

Assim, conquanto sejam ferramentas úteis, não são, no panorama processual atual, medidas tidascomo necessárias, sem prejuízo de, futuramente, surgirem elementos ou provas de que os réus tentemfugir à aplicação dos efeitos dessa sentença.

Ademais, os réus têm residência fixa, não apresentam antecedentes de fuga de processos, e, de ummodo geral, não tiveram atitude procrastinatória durante o transcorrer desse processo, de modo queafasto o pedido cautelar de seqüestro e indisponibilidade de bens, formulado pelo Ministério PúblicoFederal.

D I S P O S I T I V O

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE, em parte, o pedido deduzido na petição inicial, extinguindo oprocesso com resolução de mérito (CPC, art. 269, inciso I), e CONDENO os réus ANTÔNIO ALVES DOSSANTOS, MARCIANO LOPES DOS SANTOS NETO e ANA MARIA ALVES BATISTA, todos já qualificadosnos presentes autos, às seguintes penalidades, pelo cometimento de atos de improbidadeadministrativa que causaram prejuízo ao erário e atentaram contra os princípios da AdministraçãoPública, respectivamente, arts. 10 e 11 da Lei nº 8.429/92:

a) ressarcimento integral do dano causado ao patrimônio público federal, ou seja, à União (art. 18 daLei 8.429/92), na quantia de R$ 63.480,45 (sessenta e três mil, quatrocentos e oitenta reais e quarentae cinco centavos), pro rata, penalidade prevista no art. 12, incisos II e III, da Lei 8.429/92, porincidência nos arts. 10, caput, e 11, caput, da mesma Lei. O montante a ser restituído deverá serapurado em liquidação de sentença, acrescido de juros legais de 1% ao mês e correção monetária,sendo facultado ao Ministério Público Federal, desde já, liquidar a sentença, nos termos do § 2º do art.475-A, do CPC.

b) perda da função pública que os réus estejam eventualmente ocupando, penalidade prevista no art.12, incisos II e III, da Lei 8.429/92, por incidência nos arts. 10, caput, e 11, caput, da mesma Lei.

c) suspensão dos direitos políticos, pelo prazo de 5 (cinco) anos, penalidade prevista no art. 12, incisosII e III, da Lei 8.429/92, por incidência nos arts. 10, caput, e 11, caput, da mesma Lei.

d) proibição de contratar com o Poder Público ou dele receber incentivos ou benefícios fiscais oucreditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sóciomajoritário, pelo prazo de 5 (cinco) anos, penalidade prevista no art. 12, incisos II e III, da Lei8.429/92, por incidência nos arts. 10, caput, e 11, caput, da mesma Lei.

Destaco que as penas de perda da função pública e suspensão dos direitos políticos só serão efetivadascom o trânsito em julgado da sentença condenatória, a teor do art. 20, caput, da Lei nº 8.429/92.

Também após o trânsito em julgado, oficie-se à Justiça Eleitoral, com remessa de cópia da sentença.

Indefiro o pedido cautelar de seqüestro e indisponibilidade de bens, formulado pelo Ministério PúblicoFederal, sem prejuízo de novo requerimento, desde que surjam elementos novos aptos a justificarem adecretação de tais medidas.

Condeno os réus, ainda, ao pagamento das custas e despesas do processo.

Sentença sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório por aplicação analógica do art. 19 da Lei nº4.717/65 (Ação Popular).

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

08/08/13 Tebas - Resultado da Consulta Processual

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Caruaru (PE), 5 de março de 2009.

Guilherme Masaiti Hirata Yendo Juiz Federal Substituto

1 Improbidade administrativa. Rio de Janeiro : Lumen Juris, 2006, p. 224. 2 Curso de Direito Financeiro. São Paulo : RT, 2006, p. 255. 3 Teoria da improbidade administrativa. São Paulo : RT, 2007, p. 345. 4 GARCIA, Emerson. Improbidade administrativa. 3. ed. Rio de Janeiro : Lumen Juris, 2006, p. 351-352. 5 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella, ob. cit., p. 689. 6 MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz. Manual do processo de conhecimento. 3. ed.São Paulo : RT, 2004, p. 316. 7 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 14. ed. São Paulo : Atlas, 2002, p. 680. 8 FIGUEIREDO, Marcelo. Probidade administrativa. Comentários à Lei 8.429/92 e legislaçãocomplementar. São Paulo : Malheiros, 1997, p. 688. 9 NOBRE JÚNIOR, Edilson Pereira. Improbidade administrativa: alguns aspectos controvertidos. Escritoa consubstanciar exposição realizada pelo autor no Curso de Especialização em Direito, pertencente aoPrograma de Pós-Graduação da Universidade Potiguar, no dia 23 de agosto de 2003, ao qual foramagregados informes posteriores, p. 20. 10 Idem, p. 483. 11 Idem, p. 488. ??

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5

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRO GRAU SEÇÃO JUDICIÁRIA DE PERNAMBUCO 16ª VARA

Processo nº 2008.83.02.000049-1 Sentença Tipo A 43

-----------------------------------------------------------------------------------------------------05/03/2009 16:33 - Conclusão para Sentença Usuário: PQZ -----------------------------------------------------------------------------------------------------05/03/2009 15:25 - Sentença. Usuário: PQZ Tendo em conta que os autos estão conclusos para a sentença, converto o julgamento em diligênciaapenas para apreciar o agravo de instrumento interposto pelo réu.

Nesse diapasão, analisando a decisão agravada a mantenho pelos seus próprios fundamentos.

Voltem-me os autos conclusos para sentença.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------07/01/2009 12:00 - Conclusão para Sentença Usuário: RJT -----------------------------------------------------------------------------------------------------12/12/2008 00:00 - Publicação D.O.E, pág.4/5 Boletim: 2008.000086. -----------------------------------------------------------------------------------------------------10/12/2008 14:22 - Decisão. Usuário: PQZ AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA PROCESSO Nº 2008.83.02.000049-1 AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL RÉUS: ANTÔNIO ALVES DOS SANTOS E OUTROS

D E C I S Ã O

08/08/13 Tebas - Resultado da Consulta Processual

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Trata-se de pedido de produção de provas formulado pela defesa, às fls. 6663/6665.

Tal pedido deve ser indeferido, não implicando, tal indeferimento, em cerceamento de defesa, comoalega a parte ré.

Com efeito, às fls. 6612 foi proferida decisão intimando as partes para especificarem as provas quepretendiam produzir.

Às fls. 6640, certificou-se que houve a publicação de tal decisão.

E, por meio da certidão de fls. 6643, constata-se de modo claro: "certifico que os réus, intimados paraespecificar as provas que pretendem produzir, no prazo de 05 (cinco) dias, não se manifestaram"(destacou-se).

Ocorreu, portanto, o fenômeno da preclusão temporal.

Os atos processuais devem ser praticados dentro dos limites traçados pela lei, isto é, não hácerceamento de defesa quando o Juízo pratica ato visando adequar o procedimento ao devido processolegal.

Ora, só há cerceamento de defesa quando se viola o devido processo legal. No caso dos autos, como anão manifestação foi dentro das balizas do nosso ordenamento jurídico, não há, por questão de lógica,violação a qualquer princípio ou garantia constitucional. Deferir o pedido de produção de provasquando já ultrapassada a fase própria para tal seria não só causar tumulto desnecessário ao processo,como também violar o próprio devido processo legal.

Diante do exposto, INDEFIRO o pedido de produção de provas, requerido às fls. 6663/6665.

Intime-se.

Caruaru (PE), 16 de dezembro de 2008.

Guilherme Masaiti Hirata Yendo Juiz Federal Substituto

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL DE 1ª GRAU SEÇÃO JUDICIÁRIA DE PERNAMBUCO 16ª VARA-CARUARU

-----------------------------------------------------------------------------------------------------01/12/2008 10:52 - Conclusão para Decisão Usuário: RJT -----------------------------------------------------------------------------------------------------18/11/2008 09:28 - Juntada. Petição 2008.0062.006725-5 -----------------------------------------------------------------------------------------------------17/11/2008 12:15 - Juntada. Petição 2008.0062.006679-8 -----------------------------------------------------------------------------------------------------17/11/2008 12:14 - Juntada. Petição 2008.0062.006678-0 -----------------------------------------------------------------------------------------------------14/11/2008 14:14 - Recebimento. Usuário: RJT -----------------------------------------------------------------------------------------------------12/11/2008 08:45 - Remessa Externa. para ADVOGADO DO REU Prazo: 15 Dias (Simples). Usuário:RJT Guia: GR2008.001809 -----------------------------------------------------------------------------------------------------07/11/2008 12:51 - Juntada - Expediente - Mandado: MAN.0016.000628-0/2008 -----------------------------------------------------------------------------------------------------07/11/2008 12:50 - Juntada - Expediente - Mandado: MAN.0016.000627-6/2008 -----------------------------------------------------------------------------------------------------07/11/2008 12:49 - Juntada - Expediente - Mandado: MAN.0016.000626-1/2008 -----------------------------------------------------------------------------------------------------07/11/2008 12:48 - Recebimento. Usuário: GCD -----------------------------------------------------------------------------------------------------17/10/2008 10:08 - Remessa Externa. para MINISTERIO PUBLICO com VISTA. Usuário: GCD Guia:GR2008.001675 -----------------------------------------------------------------------------------------------------17/10/2008 10:06 - Despacho. Usuário: GCD

08/08/13 Tebas - Resultado da Consulta Processual

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1. R.H. 2. Defiro o requerido à fl. 6651. 3. Remetam-se os presentes autos ao Ministério Público Federal, para vista, com prazo de 5 (cinco)dias, contados da data do recebimento.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------15/10/2008 15:13 - Conclusão para Despacho Usuário: GCD -----------------------------------------------------------------------------------------------------14/10/2008 15:22 - Juntada. Ofício 2008.0062.005826-4 -----------------------------------------------------------------------------------------------------06/10/2008 15:04 - Expedido - Mandado - MAN.0016.000626-1/2008 -----------------------------------------------------------------------------------------------------20/10/2008 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0016.000628-0/2008 Devolvido - Resultado: Positiva -----------------------------------------------------------------------------------------------------06/10/2008 15:04 - Expedido - Mandado - MAN.0016.000628-0/2008 -----------------------------------------------------------------------------------------------------20/10/2008 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0016.000627-6/2008 Devolvido - Resultado: Positiva -----------------------------------------------------------------------------------------------------06/10/2008 15:04 - Expedido - Mandado - MAN.0016.000627-6/2008 -----------------------------------------------------------------------------------------------------20/10/2008 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0016.000626-1/2008 Devolvido - Resultado: Positiva -----------------------------------------------------------------------------------------------------06/10/2008 10:53 - Juntada. Petição Diversa 2008.0052.111925-7 -----------------------------------------------------------------------------------------------------06/10/2008 10:31 - Recebimento. Usuário: RJT -----------------------------------------------------------------------------------------------------22/09/2008 09:42 - Remessa Externa. para ADVOCACIA GERAL DA UNIAO - PRU com VISTA. Usuário:SSA Guia: GR2008.001509 -----------------------------------------------------------------------------------------------------22/08/2008 00:00 - Publicação D.O.E, pág. Boletim: 2008.000057. -----------------------------------------------------------------------------------------------------18/08/2008 15:26 - Juntada. Parecer / Cota - Mpf 2008.0062.004602-9 -----------------------------------------------------------------------------------------------------18/08/2008 15:25 - Recebimento. Usuário: RJT -----------------------------------------------------------------------------------------------------08/08/2008 08:50 - Remessa Externa. para MINISTERIO PUBLICO Usuário: RJT Guia: GR2008.001258 -----------------------------------------------------------------------------------------------------07/08/2008 11:21 - Despacho. Usuário: IMOB Intimem-se as partes para apresentarem alegações finais, no prazo de 10 (dez) dias.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------06/08/2008 09:44 - Conclusão para Despacho Usuário: IMOB -----------------------------------------------------------------------------------------------------06/08/2008 09:25 - Certidão.

Fls.____

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA Seção Judiciária de Pernambuco 16.ª Vara Federal - Caruaru (PE).

Processo nº: 2008.83.02.000049-1 Classe: 2 - AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO RÉU: ANTÔNIO ALVES DOS SANTOS

CERTIDÃO

Certifico que os réus, intimados para especificar as provas que pretendem produzir, no prazo de 05(cinco) dias (fl. 6.640), não se manifestaram. Dou fé. Caruaru, 06 de agosto de 2008

Icléa Maria de Oliveira Braga TECNICO(A) JUDICIARIO(A)

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-----------------------------------------------------------------------------------------------------04/08/2008 15:32 - Juntada. Ofício 2008.0062.004267-8 -----------------------------------------------------------------------------------------------------25/07/2008 00:00 - Publicação D.O.E, pág.16/17 Boletim: 2008.000049. -----------------------------------------------------------------------------------------------------17/07/2008 09:01 - Certidão.

TERMO DE ABERTURA DE VOLUME

Aos 17 de julho de 2008, iniciei o trigesimo terceiro volume dos autos doProcesso nº. 2008.83.02.000049-1, com a folha de nº. 6611. Do que para constar, lavrei o presentetermo.

RICARDO JOSE RODRIGUES DA TRINDADE TECNICO(A) JUDICIARIO(A)

TERMO DE ENCERRAMENTO DE VOLUME

Aos 17 de julho de 2008, encerrei o trigesimo segundo volume dos autos doProcesso nº. 2008.83.02.000049-1, com a folha de nº. 6608. Do que para constar, lavrei o presentetermo.

08/08/13 Tebas - Resultado da Consulta Processual

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RICARDO JOSE RODRIGUES DA TRINDADE TECNICO(A) JUDICIARIO(A)

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE PERNAMBUCO 16ª VARA - Caruaru/PE

-----------------------------------------------------------------------------------------------------16/07/2008 08:54 - Juntada. Réplica 2008.0062.003852-2 -----------------------------------------------------------------------------------------------------16/07/2008 08:53 - Recebimento. Usuário: RJT -----------------------------------------------------------------------------------------------------11/07/2008 08:25 - Remessa Externa. para MINISTERIO PUBLICO Usuário: RJT Guia: GR2008.001071 -----------------------------------------------------------------------------------------------------11/07/2008 08:24 - Despacho. Usuário: RJT 1. R.H. 2. Fica a parte autora intimada, para, em 10 (dez) dias, manifestar-se sobre a resposta apresentadapelo(s) réu(s); 3. Após, com ou sem a apresentação da réplica, ficam as partes desde já intimadas, para, no prazo de5 (cinco) dias, especificarem as provas que porventura pretendem produzir, indicando as suasfinalidades.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------11/07/2008 08:23 - Juntada. Petição 2008.0062.003754-2 -----------------------------------------------------------------------------------------------------07/07/2008 14:55 - Conclusão para Despacho Usuário: RJT -----------------------------------------------------------------------------------------------------04/07/2008 11:02 - Juntada. Petição 2008.0062.003592-2 -----------------------------------------------------------------------------------------------------20/06/2008 11:02 - Juntada. Petição Diversa 2008.0052.067926-7 -----------------------------------------------------------------------------------------------------19/06/2008 15:31 - Juntada - Expediente - Mandado: MCT.0016.000042-6/2008 -----------------------------------------------------------------------------------------------------19/06/2008 15:30 - Juntada - Expediente - Mandado: MCT.0016.000040-7/2008 -----------------------------------------------------------------------------------------------------02/06/2008 13:12 - Juntada - Expediente - Mandado: MAN.0016.000274-0/2008 -----------------------------------------------------------------------------------------------------28/05/2008 13:51 - Expedido - Mandado - MCT.0016.000043-0/2008 -----------------------------------------------------------------------------------------------------02/06/2008 00:00 - Mandado/Ofício. MCT.0016.000043-0/2008 Devolvido - Resultado: Positiva -----------------------------------------------------------------------------------------------------28/05/2008 13:35 - Expedido - Mandado - MCT.0016.000042-6/2008 -----------------------------------------------------------------------------------------------------18/06/2008 00:00 - Mandado/Ofício. MCT.0016.000042-6/2008 Devolvido - Resultado: Positiva -----------------------------------------------------------------------------------------------------27/05/2008 11:01 - Remessa interna para 16a. VARA FEDERAL com Devolução após verificação deprevenção usuário: JJC. Número da Guia: 2008000263. Recebido por: HFB em 28/05/2008 14:22 -----------------------------------------------------------------------------------------------------27/05/2008 10:45 - Remessa interna para Setor de Distribuição - Caruaru usuário: JJC. -----------------------------------------------------------------------------------------------------26/05/2008 14:52 - Remessa interna para Setor de Protocolo - Caruaru com MODIFICACOES NADISTRIBUICAO usuário: HFB. Número da Guia: 2008000784. Recebido por: JJC em 26/05/2008 15:58 -----------------------------------------------------------------------------------------------------26/05/2008 13:52 - Expedido - Mandado - MCT.0016.000040-7/2008 -----------------------------------------------------------------------------------------------------

08/08/13 Tebas - Resultado da Consulta Processual

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18/06/2008 00:00 - Mandado/Ofício. MCT.0016.000040-7/2008 Devolvido - Resultado: Positiva -----------------------------------------------------------------------------------------------------26/05/2008 13:18 - Expedido - Mandado - MAN.0016.000274-0/2008 -----------------------------------------------------------------------------------------------------28/05/2008 00:00 - Mandado/Ofício. MAN.0016.000274-0/2008 Devolvido - Resultado: Positiva -----------------------------------------------------------------------------------------------------20/05/2008 00:00 - Publicação D.O.E, pág.13 Boletim: 2008.000033. -----------------------------------------------------------------------------------------------------14/05/2008 15:38 - Decisão. Usuário: LFR Processo n. 2008.83.02.000049-1 Ação Civil Pública de Improbidade Administrativa. Autor: Ministério Público Federal Réu: Antônio Alves Neto e outros

D E C I S Ã O

Trata-se de Ação Civil Pública de Improbidade Administrativa movida inicialmente pelo MINISTÉRIOPÚBLICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO em face de ANTÔNIO ALVES DOS SANTOS, MARCIANO LOPESDOS SANTOS NETO E ANA MARIA ALVES BATISTA .

Afirmou o Ministério Público Estadual que os réus, enquanto, respectivamente prefeito, secretário definanças e secretária de educação do município de Agrestina/PE, manejaram inadequadamente verbasdo FUNDEF nos anos de 1998 a 2000, por não aplicar o percentual mínimo de 60% (sessenta por cento)na remuneração dos profissionais do Magistério em efetivo exercício no ensino fundamental (art. 7º daLei nº 9.424/96), ultrapassar o limite máximo de 40% (quarenta por cento) com outros gastos doFUNDEF, aplicar recursos do fundo em dissonância com o disposto no art, 70 da Lei nº 9.424/96,efetuar saques da conta corrente do FUNDEF sem comprovação, não repassar contribuiçõesprevidenciárias para o extinto IPSEP, sacar valores abatidos nos contracheques dos professoresmunicipais, em virtude de faltas ao serviço, sem restituí-los à conta do fundo. Requereu, liminarmente,o afastamento do réu Antônio Alves dos Santos, atual vice-prefeito daquela edilidade, bem como aindisponibilidade dos seus bens.

Em virtude da alteração do art. 84 do Código de Processo Penal, com a extensão do foro privilegiado aautoridades e ex-autoridades que praticaram atos de improbidade administrativa, o juízo estadual,reconhecendo sua incompetência, remeteu os autos para o Tribunal de Justiça de Pernambuco -TJPE(fls. 5923/5927).

Diante da declaração de inconstitucionalidade da nova redação do art. 84 do Código de Processo Penal,pelo Supremo Tribunal Federal, em controle concentrado (ADI nº 2797-2), o TJPE, considerouprejudicado o incidente de inconstitucionalidade, remetendo os autos ao foro que entendeucompetente, qual seja, a comarca estadual de Agrestina-PE (fls. 5940/5941).

Notificados, os réus apresentaram manifestação prévia. Suscitaram as preliminares de incompetênciada Justiça Estadual, ilegitimidade ativa do Ministério Público Estadual e de ilegitimidade passiva dosréus, em virtude da inaplicabilidade da Lei nº 8.429/92 aos agentes políticos. No mérito, destacaram ainexistência de justa causa para o afastamento do vice-prefeito, em virtude da não comprovação daprática de atos de obstrução do processo ou de colheita de provas. Defenderam a impossibilidade dedeterminação da indisponibilidade de seus bens, em face da não demonstração de enriquecimentoilícito. Asseverou que as falhas na aplicação dos recursos do FUNDEF não caracterizam atos deimprobidade administrativa. Por último, afirmou a inexistência de despesas sem comprovação e orecolhimento das contribuições sociais descontadas dos professores ao IPSEP. Requereu a extinção doprocesso sem resolução de mérito por ausência dos pressupostos de constituição e desenvolvimentoválido e regular do processo, ou a sua suspensão, até que o STF proferisse decisão, na Reclamação nº2138/DF, acerca da aplicabilidade da Lei nº 8.429/92 aos agentes políticos.

Juntaram documentos (fls. 5995/6501).

O Ministério Público Estadual apresentou exceção de incompetência, requerendo a remessa dos autos àJustiça Federal - Subseção Judiciária de Caruaru (fls. 6502/6507).

Intimados para se manifestar acerca da incompetência, os réus pugnaram pelo não recebimento daação de improbidade, pela ilegitimidade do Ministério Público Estadual (fls. 6513/6516).

O juízo estadual da Vara Única de Agrestina-PE, entendendo incompetente a Justiça Estadual paraprocessar e julgar a presente demanda, remeteu os autos a esta Subseção.

O Ministério Público Federal opinou pela competência da Justiça Federal, Subseção Judiciária deCaruaru, para processar e julgar o processo. Requereu a ratificação dos atos praticados e oprosseguimento do feito, com a apreciação da medida cautelar requerida (fls. 6261/6264).

É o relatório. Decido.

Assento, de logo, que a presente ação de improbidade administrativa é da competência da Justiça

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Federal. É que se discute a malversação de verbas provenientes do FUNDEF, destinadas ao municípiode Agrestina-PE, englobado na competência territorial desta Subseção de Caruaru. Aquela edilidaderecebe complementação da União para o fundo, para garantir a percepção de um valor por aluno/anoigual ou superior ao valor mínimo nacional. Por envolver verbas federais, patente é o interesse daUnião, a deslocar a competência para a Justiça Federal.

Feita esta observação, passo à análise do cabimento ou não da presente ação de improbidade.

Quanto à preliminar de ilegitimidade passiva suscitada, por entenderem os réus que a Lei deImprobidade Administrativa não se aplica aos agentes políticos, não a acolho. Na dicção da lei, não háqualquer exclusão dos agentes políticos à sua incidência. Ademais, as decisões proferidas nasreclamações processadas no STF não têm efeito vinculante, vigendo apenas entre as partes. Esse,aliás, o entendimento daquele sodalício, in vebis:

"EMENTA: CONSTITUCIONAL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECLAMAÇÃO. Alegado desrespeito à Rcl2.318, ainda não definitivamente julgada. Inexistência de decisão do STF, cuja autoridade se pretendegarantir. Ademais, em razão da sua índole subjetiva, a decisão a ser tomada na Rcl 2.138 somentegozará de eficácia vinculante quanto às partes nela envolvidas. Agravo regimental desprovido." (Pleno, Agravo Regimental na Reclamação nº 4.4000, Relator Min. Carlos Britto, julgamento em06/06/2007, publicado no DJ de 28/09/2007).

Diante das provas colacionadas aos autos e da argumentação esmiuçada pelo parquet, atento aodisposto no art. 17, § 8º, da Lei nº 8.429/92, e na ausência de elementos que demonstrem, de logo, ainexistência de ato de improbidade ou a manifesta improcedência do pedido, não vislumbrofundamento para rejeição da ação.

Veja-se que o autor ressalta, em sua defesa (fls. 5986/5987), que não houve desvio de finalidade nautilização das verbas do FUNDEF, pois o dinheiro teria sido aplicado no interesse público. No seuentendimento, meras irregularidades não caracterizam improbidade administrativa.

Ocorre que dos relatórios de auditoria do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco, ao se calcularos gastos dos recursos do FUNDEF da Prefeitura de Agrestina com os profissionais do magistério emexercícios no ensino fundamental, constatou-se que "no exercício de 1998, não foi cumprida adeterminação do artigo acima transcrito..." (fl. 421), qual seja o art. 7º da Lei Federal nº 9.424/96.Veja-se que o mesmo se repetiu nos anos de 1999 (fls. 428/445) e 2000 (452/474), não havendoqualquer movimentação dos réus no sentido de corrigir as condutas irregulares constatadas por aquelaCorte.

Após a apreciação da defesa dos interessados, a auditoria da Corte Estadual de Contas concluiu pelapersistência da irregularidade pelo não cumprimento do disposto no art. 7º da Lei nº 9.424/96 (fls.447/451), imputando-se débitos ao então alcaide daquela edilidade.

Ora, a aplicação de verba pública em dissonância ao que determina a lei configura, ao menos em tese,ato de improbidade que causa prejuízo ao erário (art. 10, IX e XI da Lei nº 8.429/92) e que atentacontra os princípios da administração pública, destacadamente praticar ato visando fim proibiido em leiou regulamento ou diverso daquele previsto na regra de competência.

Havendo indícios do cometimento de atos ímprobos, curial o recebimento da presente ação civilpública.

Diviso, ainda, a adequação da via eleita. Da exposição dos fatos manufaturada na petição inicial,firmam-se fortes indícios da prática de atos de improbidade capitulados nos artigos 10 e 11 da Lei nº8.429/92.

Impende destacar que o fato de comporem o pólo passivo da demanda não implica em qualquer juízoprévio de culpa dos envolvidos. A cognição exauriente da demanda, com análise aprofundada dosargumentos dos suplicados, será realizada amiúde no decorrer do processo.

Terão aos demandados oportunidade de demonstrar pontual e especificamente, de forma matemáticaou não, que não praticaram as condutas descritas na exordial.

Devo ressaltar que, verificada a inadequação da via eleita em qualquer fase processual, pode omagistrado extinguir o processo sem resolução de mérito. É a dicção do art. 17, §11, da Lei nº8429/92.

Quanto ao pedido de afastamento do vice-prefeito de Agrestina-PE, Antônio Alves dos Santos, e adecretação da indisponibilidade de bens dos réus, cabíveis algumas considerações.

O afastamento do cargo é medida extrema, de graves conseqüências para um agente político,justificável apenas quando há indícios de efetiva continuidade do ilícito, ocultação ou obstrução deprovas, ou qualquer ato ou resistência que prejudique a instrução processual. Com vistas a consolidara tese ora esposada, veja-se o seguinte precedente:

"PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CAUTELAR. IMPROBIDADE ADMINISTRTIVA.PEDIDO DE AFASTAMENTO DE PREFEITO INDEFERIDO. AUSÊNCIA DE PROVA DE QUE O AGRAVADO

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ESTEJA CAUSANDO EMBARAÇOS À INSTRUÇÃO PROCESSUAL. 1. Rejeitada a preliminar de descumprimento da exigência do art. 526 do CPC. O agravado juntou aprova da intempestividade da petição do Ministério Público depois de ter apresentado sua contraminuta.2. O afastamento cautelar de agente político é medida excepcional que só se justifica quando há provasde que o seu comportamento esteja dificultando a instrução. 3. Agravo improvido. (grifos e destaques nossos)."1

Compulsando os autos e os argumentos do autor, não há qualquer evidência de que esteja o réuAntônio Alves dos Santos dando continuidade ao ilícito, ou prejudicando a instrução processual. Nãobasta presumir que as condutas supostamente ímprobas irão se repetir ou que o réu irá suprimirprovas ou tumultuar a instrução. Fosse assim, todos os réus de ações de improbidade deveriam serafastados dos seus cargos, bastando que houvesse indícios da conduta ímproba a ele imputada. Aadoção de semelhante raciocínio poderia acarretar o absurdo de se decretar prisões preventivas deréus nas ações criminais pela simples possibilidade de empreendimento de fuga, sem qualquer fato quedemonstrasse a efetiva preparação desta.

Observe-se que o art. 20, parágrafo único da Lei nº 8.429/92 somente autoriza o afastamento doagente público do exercício do cargo "quando a medida se fizer necessária à instrução processual".

Sobre o tema, preleciona Mário Roberto Gomes de Mattos2:

"Essa medida apesar de ser excepcional tem se tornado uma constante no meio do serviço públicofederal, onde as autoridades administrativas afastam os agentes suspeitos, à custa do erário, paraverificar se cometeram atos ilícitos.

Este não é o espírito da lei, visto que o dispositivo legal em referência condiciona o afastamento doagente público liminarmente como forma de evitar qualquer prejuízo na instrução processual. Ora,textualmente o parágrafo único diz: 'Quando a medida se fizer necessária à instrução processual.' Entendemos que é necessária a instrução processual somente quando o agente público subtraielementos, ameaça testemunhas, cria situações embaraçosas para a chefia ou tumultua a instituição àqual ele está lotado. Fora da necessidade da instrução processual está o interesse público doafastamento imediato do servidor?

Ora, se o agente público não interfere nos trabalhos, o seu afastamento liminar possui o condão deconferir férias ao investigado, que deixa de trabalhar e no final do mês recebe os seus vencimentosintegrais, em igualdade de condições com,o o agente público que trabalha normalmente.

É um prêmio ou uma punição o afastamento nestas condições?

Parece que é um prêmio, tendo em vista que o agente público recebe os seus estipêndios integrais enão trabalha.

O princípio da moralidade, norma assente no caput do art. 37 da CF exige do Administrador Públicouma submissão ao interesse público, afastando o agente público que realmente atrapalha ou influenciaà instrução processual."

Ora, como sói acontecer, as presenças do fumus boni iuris e do periculum in mora são imprescindíveisà concessão das medidas cautelares, a teor do disposto no art. 798 do Código de Processo Civil.

Nesse descortino, também não se pode negar excepcionalidade da medida de decretação deindisponibilidade dos bens dos réus antes do julgamento da demanda. Nesse ponto, há que sediferenciar o "por quê" da medida do "para que". A finalidade da medida é a garantia do ressarcimentoao erário. Ocorre que o Ministério Público não pontuou o motivo do seu pedido, restringindo-se a exporsua finalidade. Para que se justifique a adoção de tamanha restrição, incumbia-lhe demonstrar que osréus estão se desfazendo de seu patrimônio, de forma a evidenciar a necessidade da medida, o quenão ocorreu. Sem qualquer causa que justifique o periculum in mora, não há como se determinar aconstrição pretendida.

Acerca da necessidade de presença do perigo na demora para se decretar a indisponibilidade dos bensdo réu em ação civil pública, colaciono o seguinte precedente do egrégio STJ:

"AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. INDISPONIBILIDADE DE BENS. LEI 8429/92.LIMINAR. "FUMUS BONI JURIS" E "PERICULUM IN MORA" CONFIGURADOS. NULIDADE DO ACÓRDÃO.INOCORRÊNCIA. 1. Rejeitada a preliminar de nulidade do acórdão porque suficientemente fundamentado, nãoincorrendo em violação do art. 458, II, do CPC. 2. Evidenciadas a relevância do pedido de indisponibilidade dos bens do recorrente e o perigo de lesãoirreparável ou de difícil reparação, devido à escassez dos referidos bens, não havia como negar-se aliminar pleiteada. 3. Recurso especial conhecido, porém, improvido."3

Ainda sobre o tema, preciosas as lições de Mauro Roberto Gomes de Mattos4:

"Assim, o requisito da necessidade inconteste deverá estar inequivocadamente demonstrado, pois setrata de exceção à regra o deferimento, inaudita altera parte, de indisponibilidade de bens, tendo em

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vista que o art. 5º e os incs. LIV e LV garantem o devido processo legal, o contraditório e a ampladefesa em processo judicial e administrativo, estipulando, via de conseqüência, que ninguém seráprivado de seus bens sem as garantias já citadas.

(omissis)

É de suma importância a cautela descrita nos dois arestos, pois, como os pedidos de indisponibilidadede bens e seqüestros são, geralmente, feitos contra vários sujeitos passivos com a cópia integral dosprocedimentos disciplinares que deram origem à competente representação ao MP, na maioria doscasos o Magistrado, em cognição sumária, defere o pedido liminar para após verificar a plausibilidadedas alegações de defesa. Esse tipo de ação sofre, antes de mais nada, um devido abalo moral dosagentes públicos acusados, que antes de julgados são condenados pela mídia e pela opinião pública. Nadúvida, em alguns casos, tenho observado o deferimento de indisponibilidade de bens de agentespúblicos que nem sequer fazem parte do rol dos investigados na representação feita ao MP pelosórgãos públicos de origem.

Com receio de repercussão negativa perante a opinião pública, em algumas situações, o PoderJudiciário tem deferido os pedidos de indisponibilidade de bens, sem a devida individualização daconduta dos acusados, para a posteriori reavaliar se continuam ou não indisponíveis.

Portanto, a cautela e a prudência são de suma importância, pois é mais cômodo para algunsmagistrados deferir a liminar para depois verificar se a indisponibilidade dos bens dos acusados possuia figura do fumus boni iuris e do periculum in mora."

Escudado nessas razões, rejeito a preliminar de ilegitimidade passiva e indefiro os pedidos liminares deafastamento do réu Antônio Alves Neto do cargo de vice-prefeito e de indisponibilidade dos bens dosréus e, com suporte no art. 17, § 9º, da Lei 8.429/92, em juízo de admissibilidade, recebo a petiçãoinicial e determino a citação dos promovidos para, querendo, apresentar contestação.

Intime-se a União, para os fins do art. 17, § 3º da Lei nº 8.429/92.

Dê-se ciência ao MPF.

Caruaru, 14 de maio de 2008.

NIVALDO LUIZ DIAS Juiz Federal Substituto da 16ª Vara

1 TRF 1ª Região, 4ª Turma, Relator Des. Federal Hilton Queiroz, Agravo de Instrumento nº200701000100482-MA, decisão em 02/07/2007, publicada no DJ de 20/07/2007, p. 47. 2 O Limite da Improbidade Administrativa. O Direito dos Administrados dentro da Lei nº 8.429/92, 3ªEdição, revista, atualizada e ampliada, Editora América Jurídica, 2006, p. 747. 3 STJ, 2ª Turma, relator Min. Francisco Peçanha Martins, Resp nº 220088-SP, julgamento em02/08/2001, publicado no DJ de 15/10/2001, p. 255. 4 Idem, pp. 144/146.

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL DE 1º GRAU SEÇÃO JUDICIÁRIA DE PERNAMBUCO 16ª VARA

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Processo n. 2008.83.02.000049-1 Nivaldo Luiz Dias Juiz Federal Substituto

-----------------------------------------------------------------------------------------------------01/04/2008 10:11 - Conclusão para Decisão Usuário: RJT -----------------------------------------------------------------------------------------------------26/03/2008 10:19 - Juntada. Parecer / Cota - Mpf 2008.0062.001444-5 -----------------------------------------------------------------------------------------------------26/03/2008 10:18 - Recebimento. Usuário: RJT -----------------------------------------------------------------------------------------------------18/03/2008 11:32 - Remessa Externa. para MINISTERIO PUBLICO Usuário: RJT Guia: GR2008.000397 -----------------------------------------------------------------------------------------------------

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18/03/2008 11:31 - Despacho. Usuário: RJT

Vista ao Ministério Público Federal.

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