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CONSELHO EDITORIAL

Ana Maria de MenezesFábio Alves dos Santos

Jorge Carvalho do NascimentoJosé Afonso do Nascimento

José Eduardo FrancoJosé Rodorval Ramalho

Justino Alves LimaLuiz Eduardo Oliveira MenezesMartin Hadsell do Nascimento

Rita de Cácia Santos Souza

www.editoracriacao.com.br

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Júlia Gomes de Azevedo

Aracaju | 2018

ESTUDO DA AÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL À LUZ DA JURISPRUDÊNCIA E DO

NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

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Editoração EletrônicaAdilma Menezes

Capa© Satori13 | Dreamstime.com

Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, com finalidade de comercialização ou aproveitamento de lucros ou vantagens, com observância da Lei de regência. Poderá ser reproduzido texto, entre aspas, desde que haja expressa marcação do nome da autora, título da obra, editora, edição e paginação.A violação dos direitos de autor (Lei nº 9.619/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código penal.

Catalogação Claudia Stocker – CRB5-1202

Azevedo, Júlia Gomes de A994e Estudo da ação de execução fiscal à luz da

jurisprudência e do Novo Código de Processo Civil / Júlia Gomes de Azevedo .- Aracaju: Criação, 2018.

68 p. 21 cm ISBN 978-85-8413-208-9

1. Direito Tributário 2. Execução fiscal 3. Jurisprudência

I. Título II. Júlia Gomes de Azevedo III. Assunto

34:336.2(813.7)

© 2018, Júlia Gomes de Azevedo

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 7

2. DESENVOLVIMENTO 11

2.1 Título Executivo 12

2.2 Legitimidade das Partes 19

2.3 Competência 25

2.4 Procedimento 27

2.5 Exceção de Pré-Executividade 45

2.6 Incidente de Desconsideração da

Personalidade Jurídica 47

CONCLUSÃO 59

REFERÊNCIAS 63

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I.INTRODUÇÃO

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8 >> Estudo da ação de execução fiscal à luz da jurisprudência e do Novo Código de Processo Civil

O Direito é um instrumento regulador das relações humanas cuja efetividade depende da simbiose entre as normas e a realidade social. Ou seja, para que a dita re-gulação tenha eficácia, a ciência jurídica deve acompa-nhar o ritmo da sociedade. Caso contrário, fica para trás, perde seu propósito e torna-se inócua. Por isso é que as alterações políticas, sociais, econômicas e culturais de-vem ser constantemente observadas pelos “criadores” do Direito.

Impõe-se como essencial, portanto, a atualização dos diplomas legais pátrios. Diga-se: não apenas pelo legislador em sua função típica, como também pelos in-térpretes e aplicadores do Direito, os quais exercem essa atividade criativa, ainda que de forma atípica. Assim, no momento em que o Supremo Tribunal Federal define se determinada interpretação está ou não em conformida-de com o texto constitucional, está atuando como legis-lador positivo ou negativo, conforme o caso.

Nesse ponto, insta ressaltar que muitas vezes a consolidação de certos entendimentos jurisprudenciais em súmulas - as quais podem ser vinculantes ou não – influencia diretamente a atividade legiferante exercida pelo Poder Legislativo, na medida em que o legislador, quando da elaboração do novo conjunto normativo, co-difica tais posicionamentos jurisprudenciais.

Com efeito, o Código de Processo Civil de 1973 fora criado num contexto fático completamente diferen-te do atual. Muitas de suas normas encontravam-se ob-soletas em relação às necessidades sociais que surgiram pós Constituição Federal de 1988, a exemplo da indis-pensabilidade de se dar máxima efetividade às normas

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constitucionais, notadamente aos direitos e garantias fundamentais.

Como se sabe, a nova ordem constitucional inau-gurou no Brasil o Estado Democrático de Direito, que tem como notas distintivas o reconhecimento definitivo da força normativa da Constituição; a ampliação do con-ceito de democracia, englobando seu aspecto substan-cial; a preocupação com a dimensão material dos direi-tos fundamentais, dentre outras.

Deixar de adequar as garantias presentes no cam-po processual à nova realidade constitucional que atual-mente se impõe seria como ir de encontro ao próprio fim preconizado pelo Estado Democrático de Direito. Dian-te disso, eis que no dia 17 de março de 2015 foi publicada a Lei nº 13.105, inaugurando no ordenamento jurídico um novo Código de Processo Civil, cujo regramento não tem sua aplicação restrita aos limites do processo civil, atinge também a órbita dos demais ritos processuais.

Logo, as ações que tinham como apoio o processo civil sofreram, direta ou indiretamente, os reflexos de sua mudança. O processo do trabalho, por exemplo, que utiliza o Código de Processo Civil em caso de omissão e, cumulativamente, compatibilidade entre os institutos, deve adequar os seus procedimentos à nova realidade processual, no que couber.

Em relação à execução fiscal, meio judicial utiliza-do pela Fazenda Pública para a cobrança de dívidas, a própria Lei 6830/80, que rege o procedimento, preconi-za a utilização subsidiária do Código de Processo Civil. Assim sendo, é de fácil percepção o fato de que a nova legislação repercutirá no âmbito da ação de execução

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10 >> Estudo da ação de execução fiscal à luz da jurisprudência e do Novo Código de Processo Civil

fiscal, em aspectos nos quais o código em comento já incidia de modo secundário, complementar.

A execução fiscal faz parte do conjunto de prer-rogativas de que dispõe a Fazenda Pública em juízo, dentre as quais também podem ser mencionadas impe-nhorabilidade de bens públicos, regime de precatórios e prazo em dobro para manifestação.

Deste modo, enquanto o particular cobra e executa seus créditos mediante processo regido pelo Código de Processo Civil, as pessoas jurídicas de direito público e, conforme sedimentado pela jurisprudência, as de direi-to privado prestadoras de serviço público, promovem a cobrança por procedimento especial.

Nesse contexto, o presente trabalho de conclusão de curso se justifica pela importância do executivo fiscal como instrumento que impulsiona a força arrecadató-ria do Estado, o qual precisa atender às necessidades da população, concretizando os direitos sociais constitucio-nais.

Tem por objetivo, portanto, delinear as peculiari-dades inerentes à ação de execução fiscal, e, concomitan-temente, minudenciar os entendimentos jurispruden-ciais mais relevantes, pontuando ainda a aplicabilidade das regras do novo Código de Processo Civil, notada-mente no que se refere à previsão do incidente de des-consideração da personalidade jurídica, apresentando o tema em sua completude.

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II.DESENVOLVIMENTO

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2.1 TíTULO ExEcUTIVO

Inicialmente, tem-se que o inadimplemento do crédito público faz nascer a necessidade da inscrição deste em dívida ativa, a qual, conforme classificação dada pelo art. 39, §2º, da Lei 4.320/64, pode ser tributá-ria - oriunda dos tributos e seus respectivos adicionais e multas - ou não tributária, composta pelos demais cré-ditos fazendários1. Neste ponto, vale ressalvar que para a mencionada Lei, tributos são apenas os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria2.

Tal inscrição é formalizada por meio da certidão de dívida ativa (CDA), um título executivo extrajudicial que compõe o substrato da ação de execução fiscal, cons-tituindo-se como instrumento idôneo e prova pré-cons-tituída para a propositura da demanda.

Este título goza liquidez, certeza e exigibilidade, tendo em vista que a sua produção perpassa por um procedimento administrativo prévio que pressupõe a realização de controle de legalidade pelo ente público. Tal presunção é relativa, com fulcro no art. 3º, parágrafo único, da LEF3.

1 LEITE, Harrison. Manual de Direito Financeiro. 4ª ed. rev., ampl., e atual. Salva-dor: Editora JusPODIVM, 2015, p. 180. 2 Com relação aos empréstimos compulsórios e às contribuições especiais, muito embora sejam considerados tributos pelo Direito Tributário, não o são pelo Di-reito Financeiro. Por esse motivo, se houver inadimplemento, eles serão inscritos como dívida ativa não tributária. 3 Art. 3º. A Dívida Ativa regularmente inscrita goza de presunção de certeza e liquidez. Parágrafo único. A presunção a que se refere este artigo é relativa e pode ser ilidida por prova inequívoca, a cargo do executado ou de terceiro, a quem aproveite.

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Corroborando com esta concepção, o STJ firmou entendimento segundo o qual as planilhas elaboradas unilateralmente pelo ente público são atos enunciativos e têm ao seu favor, portanto, a presunção de veracidade e legitimidade4.

Nada obsta, entretanto, que, posteriormente, a Ad-ministração Pública reveja a legalidade do ato de inscri-ção, exercendo o que se chama de poder de autotutela5.

Nesse sentido, mesmo após o ajuizamento da ação em comento, se verificado que a CDA não contempla al-gum dos elementos essenciais previstos na lei, poderá haver substituição pelo ente público, desde que ocorra até a decisão de primeira instância, ou seja, aquela que resolve sobre os embargos. No caso, será devolvido ao executado o prazo para propositura de embargos6. É essa a previsão do art. 2º, §8º, da Lei de Execuções Fiscais (Lei 6830/80)7 e do art. 203 do CTN8.

4 STJ, REsp 1.298.407/DF, S1 – Primeira Seção, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, julgado em 23/05/2012, DJe 29/05/2012.5 BARROS, Guilherme Freire de Melo. Poder público em juízo para concursos. 5ª ed. rev., ampl., e atual. Salvador: Editora JusPODIVM, 2015, p. 240. 6 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 240. 7 (...) § 8º - Até a decisão de primeira instância, a Certidão de Dívida Ativa poderá ser emendada ou substituída, assegurada ao executado a devolução do prazo para embargos.8 Art. 203. A omissão de quaisquer dos requisitos previstos no artigo anterior, ou o erro a eles relativo, são causas de nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela decorrente, mas a nulidade poderá ser sanada até a decisão de primeira instância, mediante substituição da certidão nula, devolvido ao sujeito passivo, acusado ou interessado o prazo para defesa, que somente poderá versar sobre a parte modificada.

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Todavia, é preciso pontuar que o poder de autotu-tela do ente público, além de se limitar no aspecto tem-poral (até a decisão de primeira instância), encontra cer-ta limitação substancial, uma vez que, à luz da Súmula nº 392 do STJ, a correção só poderá se pautar nos erros meramente materiais ou formais e não será possível se ocasionar modificação do sujeito passivo da execução.

Sobre o tema, já decidiu o STJ:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO - EMBAR-GOS À EXECUÇÃO FISCAL - IPTU E TAXAS - LANÇAMENTO EFETUADO SOBRE ÁREA À MAIOR - NULIDADE - SUBSTITUIÇÃO DA CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA - IMPOSSIBI-LIDADE - INEXISTÊNCIA DE SIMPLES ERRO MATERIAL APEL. N° 618 326 5/7-00 (1 071 462-6) - MOGI DAS CRUZES - VOTO 3805 - TJ 41 0035 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUS-TIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO - FORMAL PASSÍVEL DE COR R E ÇÃO - LEI 6 830/80, ART 2o, PARÁGRAFO 8o e CTN - VIOLAÇÃO AO ART 203 DO CTN NÃO CONFIGURADA -PREQUESTIONAMENTO AUSENTE - SÚMU-LAS 282 E 356 STF- Inadmissível a substituição de CDA referente à cobrança de IPTU e Taxas lançados sobre área a maior, por isso que não se trata de simples correção de erro material ou formal do título executivo, mas de modificação do próprio lançamento, com alteração do valor do débito, o que não guarda apoio no art. 2º, §

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8º da Lei 6.830/80 - Se o Tribunal sequer ventilou o preceito da lei tributária inquinado de contra-riado pelo recorrente e não foram opostos os ca-bíveis embargos de declaração suscitando a sua apreciação, carece o apelo do prequestionamen-to. Requisito indispensável à sua admissibilidade - Recurso não conhecido.9 Grifei.

Segundo o art. 203 do CTN, a ausência ou o erro em relação a qualquer pressuposto legal quando da ins-crição da dívida é causa de nulidade da mesma, e, con-sequentemente, da própria CDA e do respectivo proces-so de cobrança10.

No entanto, conforme já decidido pelo STF, a nu-lidade da CDA, e, consequentemente, do procedimento, só será proclamada se houver prejuízo à defesa do exe-cutado, de forma que deverá prevalecer a substância do ato e não apenas a sua forma11.

Nesse contexto, o STJ já se posicionou pela va-lidade do processo de cobrança quando, equivocada-mente, a CDA foi substituída pelo termo de inscrição de dívida, tendo em vista que as informações de ambos os documentos são equivalentes12, conforme se conclui

9 STJ, 2ª T., REsp n° 87768/SP. Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, j. 03/10/2000, DJU 27/11/2000.10 ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 10 ed. rev., atual., e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2016, p. 553. 11 STF, 1ª Turma, AI-AgR 81.681/MG, Rel. Ministro Rafael Mayer, julgado em 24/02/1981, DJ 27/03/1981, p. 2535. 12 STJ, AgRg no REsp 709664/RS, Rel. Ministro Herman Benjamin, 2ª Turma, julgado em 14/10/2008, DJ 19/12/2008.

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pela leitura do art. 2º, §6º, da LEF13. Logo, não houve, na situação, cerceamento do direito de defesa do exe-cutado.

Aproveitando o ensejo, cumpre mencionar os ele-mentos essenciais do termo de inscrição de dívida – e, por conseguinte, da CDA - os quais estão previstos no art. 2º, §5º da Lei de Execuções Fiscais. Veja:

I - o nome do devedor, dos co-responsáveis e, sempre que conhecido, o domicílio ou residência de um e de outros;II - o valor originário da dívida, bem como o ter-mo inicial e a forma de calcular os juros de mora e demais encargos previstos em lei ou contrato;III - a origem, a natureza e o fundamento legal ou contratual da dívida;IV - a indicação, se for o caso, de estar a dívida sujeita à atualização monetária, bem como o res-pectivo fundamento legal e o termo inicial para o cálculo;V - a data e o número da inscrição, no Registro de Dívida Ativa; eVI - o número do processo administrativo ou do auto de infração, se neles estiver apurado o valor da dívida.

Em relação às dívidas de natureza tributária, deve ser observado o regramento especial disposto no art.

13 Art. 2º. (...) §6º A Certidão de Dívida Ativa conterá os mesmos elementos do Termo de Inscrição e será autenticada pela autoridade competente.

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202 do CTN, que tem uma redação bastante similar à transcrita acima, diferindo-se apenas por não trazer em seu bojo a previsão da indicação obrigatória de “estar a dívida sujeita à atualização monetária, bem como o res-pectivo fundamento legal e o termo inicial para o cálcu-lo, bem como o respectivo fundamento legal e o termo inicial para o cálculo”.

No que diz respeito à possibilidade de protesto da CDA, até o advento da Lei 12.767 de 2012, havia dis-cussão no âmbito doutrinário e jurisprudencial envol-vendo, principalmente, sua aplicabilidade às execuções fiscais de pequeno valor.

Nesta senda, Harrison Leite sustenta que:

(...) enquanto a execução fiscal é medida ade-quada para as execuções de alto valor, o mesmo não ocorre com os débitos de pequena monta, pois poluem o Judiciário com uma infinidade de processos judiciais, fazendo com que o Esta-do gaste mais recursos com o processo de exe-cução em si, quando comparado com a receita advinda das execuções fiscais, em clara afronta ao princípio constitucional da economicidade14.

O STJ, ora defendia que a tutela jurisdicional não deveria ser prestada se restasse evidente a sua inutilida-de, após sopesados os custos da cobrança judicial com o

14 LEITE, Harrison, op. cit., p. 180.

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valor do crédito15; ora se posicionava pela indisponibili-dade do crédito tributário lançado e pela impossibilida-de de decretação pelo magistrado, ex officio, da extinção da execução fiscal, sob o fundamento de se tratar de co-brança de valor irrisório16.

Com a Lei 12.767/12, que alterou a Lei 9492/97, as cer-tidões de dívida ativa de todos os entes federativos, inclusi-ve de suas autarquias e fundações públicas, foram incluídas dentre os títulos sujeitos a protesto, ou seja, atualmente en-contra-se juridicamente legitimado o protesto da CDA17.

Ainda quanto à inscrição da dívida, o art. 2º, §3º, da LEF estabelece como efeito da sua ocorrência a sus-pensão da prescrição por 180 dias ou até a distribuição da ação de execução fiscal, o que ocorrer primeiro. Por outro lado, prevê o art. 174, parágrafo único, inciso I, do CTN que a prescrição se interromperá com o despacho do magistrado que ordenar a citação.

Inobstante o aparente conflito de normas, os dois dispositivos mencionados coexistem pacificamente no mundo jurídico, tendo em vista que a aplicação do art. 2º, §3º da LEF se restringe às dívidas não tributárias, en-quanto a do segundo art. 174, parágrafo único, inciso I, do CTN, às dívidas tributárias18.

15 STJ – REsp. 429.788/PR. Re. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 16/11/2004, DJ 14/03/2005, p. 248. 16 STJ – Resp. 999.639/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 06/05/2008, DJe 18/06/2008.17 LEITE, Harrison, op. cit., p. 181.18 ALEXANDRE, Ricardo, op. cit., p. 553.

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Tal entendimento encontra-se em consonância com a jurisprudência do STJ, no sentido de que a LEF, por se tratar de lei ordinária, não poderia contemplar causa de suspensão do prazo prescricional de crédito tributário, matéria afeta à lei complementar19.

2.2 LEgITIMIDaDE DaS PaRTES

No que concerne à legitimidade das partes, a sujeição ativa é de fácil constatação, sendo correlacionada ao conceito de Fazenda Pública. Desse modo, serão legitimados para propositura da ação de execução fiscal os entes políticos – União, Estado, Distrito Federal e Mu-nicípios – bem como suas autarquias e fundações públi-cas. Estão excluídas desse conceito as empresas públicas e as sociedades de economia mista, por possuírem per-sonalidade jurídica de direito privado20.

Essa regra tem sido excepcionada pelas Cortes Su-periores, as quais têm aceitado que a Empresa Brasilei-ra de Correios e Telégrafos (EBCT), a Caixa Econômica Federal (CEF) e os Conselhos Profissionais também têm legitimidade para ajuizar a ação. O primeiro caso se jus-tifica porque, embora seja pessoa jurídica de direito pri-vado, a EBCT desempenha serviço público de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, sendo, portanto, equi-parada à Fazenda Pública21.

19 STJ – 1 Turma, REsp 249.262/DF, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 18/05/2000, DJU 19/06/2000, p. 120.20 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 242.21 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 242.

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Em relação à Caixa Econômica Federal, é preci-so ressalvar que sua legitimidade se restringe apenas à execução dos débitos relativos ao Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS).

Os Conselhos Profissionais, por sua vez, podem utilizar a prerrogativa do executivo fiscal para cobrar suas anuidades inadimplidas, conforme trecho de julga-do proferido pelo STJ, abaixo transcrito:

(...) 2. As anuidades dos conselhos profissionais, à exceção da OAB, têm natureza tributária e, por isso, seus valores somente podem ser fixados nos limites estabelecidos em lei, não podendo ser ar-bitrados por resolução e em valores além dos es-tabelecidos pela norma legal22. Grifei.

Note-se que a OAB foi expressamente excepciona-da pelo entendimento jurisprudencial. A título de apro-fundamento, é preciso informar que atualmente o STF não a reconhece como entidade da Administração Indi-reta, motivo pelo qual não se encontra sujeita ao con-trole promovido pelo TCU nem pela obrigatoriedade do dever de realizar concurso ou licitação23. Veja:

(...) 3. A OAB não é uma entidade da Adminis-tração Indireta da União. A Ordem é um serviço público independente, categoria ímpar no elenco

22 STJ – Resp. 1074932/RS, Rel. Ministro Castro Meira, 2ª Turma, julgado em 07/10//2008, DJe 05/11/2008.23 SCATOLINO, Gustavo; TRINDADE, João. Manual de Direito Administrativo. 3ª ed. rev., ampl. e atual. Salvador: Editora JusPODIVM, 2015, p. 145.

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das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. (...) 5. Por não consubstanciar uma enti-dade da Administração Indireta, a OAB não está sujeita a controle da Administração, nem a qual-quer das suas partes está vinculada. Essa não-vin-culação é formal e materialmente necessária24.

O STJ, por outro lado, já julgou a favor da natureza de autarquia sui generis da OAB, porém, em outros jul-gados, encampou o posicionamento do STF. Inobstante, vem se posicionando reiteradamente pela competência da Justiça Federal para o julgamento das ações que te-nham como parte a referida entidade25.

Esgotada a análise da sujeição ativa, é imperioso adentrar nas discussões a respeito da legitimidade passiva.

O art. 4º da LEF prevê em face de quem poderá ser promovida a ação de execução fiscal, a saber: devedor, fiador, espólio, massa, responsável por dívidas tributá-rias ou não tributárias e sucessores a qualquer título.

Dentro dessa sujeição passiva, destaca-se que a execução fiscal ajuizada inicialmente contra o devedor poderá ser redirecionada para o responsável tributário, independentemente de o seu nome constar ou não da CDA26. Segundo Robson Zanetti, na prática, o que se

24 ADI, 3026, Relator (a): Min. Eros Grau, Tribunal Pleno, julgado em 08/06/2006, DJ 29/09/2006, PP-00031 EMENT VOL-02249-03 PP-00478 RTJ VOL-00201-01 PP-00093.25 SCATOLINO, Gustavo; TRINDADE, João, op. cit., p. 147.26 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 243.

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verifica na maior parte dos casos é a responsabilização subsidiária do sócio administrador pelas dívidas tribu-tárias contraídas pela pessoa jurídica27.

Esta imputação dependerá da demonstração, pelo credor, de que inexistem bens penhoráveis de titulari-dade da executada28. Assim, pelo fato de a responsabili-dade ser subsidiária, deve ser observado o denominado benefício de ordem em favor do responsável, à luz do art. 4º, §3º, da LEF29.

Deve-se atentar ainda para o fato de que o art. 135, III, do CTN prevê uma hipótese de redirecionamento que não pode ser autorizado a partir do mero inadim-plemento tributário30. Para tanto, deverá restar compro-vada alguma das situações contempladas no referido dispositivo – excesso de poderes, infração à lei, ao es-tatuto ou ao contrato – ou, ainda, a dissolução irregular da empresa, com fulcro na Súmula 435 do STJ, in verbis: “Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comuni-cação aos órgãos competentes, legitimando o redirecio-namento da execução fiscal para o sócio-gerente”.

27 ZANETTI, Robson. Execuções Fiscais. Disponível em: <http://drrobsonzanetti.blogspot.com.br>. Acesso em: 05/06/2016.28 STJ - AgRg no REsp 676.754/AL, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, 2ª Turma, julgado em 25/11/2008, DJ 17/12/2008.29 (...) §3º. Os responsáveis, inclusive as pessoas indicadas no §1º deste artigo, poderão nomear bens livres e desembaraçados do devedor, tantos quantos bas-tem para pagar a dívida. Os bens dos responsáveis ficarão, porém, sujeitos à exe-cução, se os do devedor forem insuficientes à satisfação da dívida. 30 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 243.

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O ônus da prova de que houve infração à lei, ao es-tatuto ou ao contrato irá variar conforme conste ou não o nome do sócio na CDA. No primeiro caso, ao próprio sócio compete a incumbência de provar que não prati-cou qualquer infração. Já em caso de não constar o seu nome na certidão, o credor é que ficará responsável pela prova31.

Além disso, o STJ possui entendimento consoli-dado no sentido de que o responsável que deve ser in-cluído no processo executivo é o sócio-gerente (e não o sócio-cotista) presente no momento em que se verificou a dissolução irregular, conforme se extrai do excerto transcrito abaixo:

(...) 4. O pedido de redirecionamento da execução fiscal, quando fundado na dissolução irregular da sociedade executada, pressupõe a permanên-cia de determinado sócio na administração da empresa no momento da ocorrência dessa dis-solução, que é, afinal, o fato que desencadeia a responsabilidade pessoal do administrador. Ain-da, embora seja necessário demonstrar quem ocupava o posto de gerente no momento da dissolução, é necessário, antes, que aquele res-ponsável pela dissolução tenha sido também, simultaneamente, o detentor da gerência na oportunidade do vencimento do tributo. É que só se dirá responsável o sócio que, tendo pode-res para tanto, não pagou o tributo (daí exigir-se

31 ZANETTI, Robson, op. cit.

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seja demonstrada a detenção de gerência no mo-mento do vencimento do débito) e que, ademais, conscientemente, optou pela irregular dissolução da sociedade (por isso, também exigível a pro-va da permanência no momento da dissolução irregular)32. Grifei.

Ainda dentro do tema redirecionamento, Guilher-me Freire de Melo Barros aduz que a partir do momento em que se inclui a pessoa física no polo passivo da de-manda, ela é que poderá recorrer das decisões, não po-dendo fazê-lo, em seu lugar, a pessoa jurídica33, entendi-mento este que possui respaldo na jurisprudência34.

Para concluir a abordagem sobre a legitimidade passiva, duas observações importantes devem ser leva-das em consideração. A primeira diz respeito à hipótese de pluralidade de executados, caso em que a responsabi-lidade será solidária, isto é, cada um poderá ser deman-dado pela integralidade da dívida. A segunda observa-ção é em relação à execução de dívida ativa contra outra Fazenda Pública, a qual deverá ocorrer em observância aos trâmites previstos no CPC, e não à Lei 6830/8035.

32 STJ – AgRg no REsp 1034238/SP, Rel. Min. Denise Arruda, 1ª Turma, julgado em 14/04/2015, DJe 20/04/2015. 33 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 245.34 STJ – Resp 1347627/SP, Rel. Min. Ari Pargendler, 1ª Seção, julgado em 09/10/2-13, DJe 21/10/2013. 35 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 246.

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2.3 cOMPETêNcIa

No quesito competência, não houve regulamenta-ção específica pela Lei de Execuções Fiscais, limitando--se esta a dispor, no art. 5º, que, uma vez estabelecido o juízo competente para a tramitação do processo de cobrança de dívida fiscal, o processo não poderá mais ser apreciado por qualquer outro juízo, englobando-se nesta regra inclusive os juízos de falência, recuperação judicial, liquidação, insolvência e inventário36.

Diante disso, pode-se afirmar que o processo exe-cutivo fiscal é exceção à universalidade dos juízos ante-riormente mencionados, ou seja, a Fazenda Pública tem a faculdade de ajuizar sua ação executória individual no seu juízo privativo37.

Essa premissa, no entanto, não leva à conclusão de que o quantum arrecadado pela penhora no executivo fiscal esteja também excluído do juízo universal. Assim, deverá o produto da arrecadação ser remetido ao res-pectivo juízo a fim de que não seja burlada a ordem de preferência dos credores38.

Nesse contexto, o STJ estabeleceu que “(...) decre-tada a falência da executada, (...) o produto da alienação deve ser remetido ao juízo falimentar, para que ali seja

36 Art. 5º - A competência para processar e julgar a execução da Dívida Ativa da Fazenda Pública exclui a de qualquer outro Juízo, inclusive o da falência, da concordata, da liquidação, da insolvência ou do inventário.37 ALEXANDRE, Ricardo, op. cit., p. 527.38 ZANETTI, Robson, op. cit.

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entregue aos credores, observada a ordem de preferên-cia legal”39.

Ademais, até o advento da Lei 13043 de 2014, exis-tia autorização legal (art. 15, I, da Lei 5010/66) para a competência delegada da Justiça Estadual em maté-ria de execução fiscal, onde não houvesse vara federal. Atualmente, com a publicação da lei em questão, as exe-cuções fiscais propostas por entes federais só poderão ser processadas e julgadas pela Justiça Federal40.

Vale ressaltar que a revogação expressa do art. 15, I, da Lei 5010/66 não conduziu, de imediato, à remessa de todos os feitos que tramitavam nas comarcas esta-duais para as varas federais41, tendo em vista que, con-forme o art. 75 da Lei 13043/14, “A revogação do inciso I do art. 15 da Lei nº 5.010, de 30 de maio de 1966 (...) não alcança as execuções fiscais da União e de suas autar-quias e fundações públicas ajuizadas na Justiça Estadual antes da vigência desta Lei”.

Em sendo omissa a LEF quanto à competência territorial, deve-se recorrer ao art. 46 do CPC/2015, se-gundo a qual “a execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no lugar onde for encontrado”. Importa esclarecer que à ação em

39 STJ - REsp 399.724-RS, Rel. Min. Eliana Calmon, 2ª Turma, julgado em 25/02/2004, DJ 25/02/2004.40 BASTOS, Fabrício; FLEXA, Alexandre; MACEDO, Daniel. Novo Código de Pro-cesso Civil: temas inéditos, mudanças e supressões. 2ª ed. rev. ampl. e atual. Sal-vador: Editora JusPODIVM, 2016, p. 523.41 BASTOS, Fabrício; FLEXA, Alexandre; MACEDO, Daniel, op. cit., p. 523.

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comento aplica-se a regra da perpetuação da jurisdição, isto é, não haverá deslocamento de competência já fixa-da, ainda que haja posterior alteração do domicílio do executado42.

2.4 PROcEDIMENTO

Definido o juízo competente, o procedimento executivo será inaugurado a partir da petição inicial, cujos requisitos são mais restritos do que os previstos no art. 319 do CPC/201543 e limitam-se à: indicação do juízo, pedido e requerimento de citação (art. 6º, I, II e III, da LEF).

Percebe-se que estão ausentes neste sucinto rol o requerimento para produção de provas e o valor da cau-sa, sendo, então, inexigíveis – no primeiro caso devido à formação do conjunto probatório pelo ente público não depender de requerimento, e, no outro caso, pelo valor da causa já se encontrar subscrito na CDA44.

42 É o teor da Súmula 58 do STJ: Proposta a execução fiscal, a posterior mudança de domicílio do executado não desloca a competência já fixada. 43 Art. 319. A petição inicial indicará:I - o juízo a que é dirigida;II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profis-são, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacio-nal da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;IV - o pedido com as suas especificações;V - o valor da causa;VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alega-dos;VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.44 ZANETTI, Robson, op. cit.

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A propósito, a exordial deverá ser instruída com a CDA, a qual poderá, inclusive, formar com aquela um único documento, nos termos do art. 6º, §2º, da LEF. Po-derá haver também a cumulação de várias certidões de dívida em um único processo45. Deve-se atentar ainda para o fato de que, de acordo com a Súmula 515 do STJ, “A reunião de execuções fiscais contra o mesmo deve-dor constitui faculdade do juiz”, não sendo, portanto, uma prerrogativa da Fazenda Pública.

Proposta a demanda e recebida por meio de des-pacho liminar, este englobará ordem para citação, pe-nhora, arresto, registro de penhora ou de arresto e ava-liação de bens (art. 7º da LEF).

Nos termos do art. 8º da LEF, o executado será ci-tado para, no prazo de 5 dias, pagar a dívida com os acréscimos legais - juros, multa de mora e encargos in-dicados na CDA – ou garantir o juízo. Em regra, a cita-ção será realizada por correio com aviso de recebimento (AR), sendo que o marco inicial da contagem do prazo será a entrega da carta no endereço. Sendo omisso o AR, o prazo terá início após o 10º dia da entrega da carta à agência postal46.

Destaca-se que a validade da citação por correio não depende da assinatura do próprio executado ou do representante legal da pessoa jurídica executada. Se-gundo jurisprudência consolidada do STJ, será válida a

45 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 248.46 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 255.

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citação pela simples entrega da correspondência no en-dereço correto47.

Se frustrada a citação postal, a lei de regência prevê como formas alternativas subsidiárias as espécies de cita-ção por oficial de justiça e por edital (art. 8º, III, LEF). Dou-trina e jurisprudência, no entanto, defendem a utilização da citação por edital apenas como ultima ratio48. Prescreve a Súmula 414 do STJ que “A citação por edital na execução fiscal é cabível quando frustradas as demais modalidades”.

Com relação à citação da pessoa jurídica, para que seja autorizada a citação por edital, não é necessária a tentativa no domicílio dos seus representantes legais, bastando, para tanto, a tentativa ineficaz do oficial de justiça de realizar a citação na sede do estabelecimento do ente jurídico49.

A penhora será ordenada quando não for paga a dívida ou não for garantido o juízo através de depósi-to, fiança ou seguro garantia, devendo ser observada a ordem legal de preferência. Assim, deverá a penhora re-cair preferivelmente sobre dinheiro e, consecutivamen-te, sobre título da dívida pública e título de crédito com cotação em Bolsa de Valores; pedras e metais preciosos; imóveis; navios e aeronaves; veículos; móveis ou semo-ventes; e por fim, direito a ações50.

47 STJ – AgRg no REsp 1208741/MG, Rel. Min. Og Fernandes, 2ª Turma, julgado em 17/03/2015, DJe 24/03/2015. 48 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 256.49 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 256.50 É o teor do art. 11, I a VIII, da LEF.

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Vale destacar que a penhora de numerário em di-nheiro poderá ser efetivada via bloqueio on line de ati-vos financeiros, sendo pressuposto para tanto a prévia citação do executado, a defluência do prazo para ofe-recimento de bens e o requerimento expresso do exe-quente51, como assevera fragmento de recente julgado do STJ:

1. O entendimento desta Corte Superior orienta--se no sentido de que apenas o executado valida-mente citado que não pagar nem nomear bens à penhora é que poderá ter seus ativos financeiros bloqueados por meio do sistema conhecido como BACEN-JUD, sob pena de violação ao princípio do devido processo legal. 2. A constrição de ativos financeiros da executada por meio do Sistema Bacen Jud depende de re-querimento expresso do exequente, não podendo ser determinado ex officio pelo magistrado (...)52.

Acrescente-se ainda que a realização sucessiva de constrição é prática legitimada pela Corte Superior53.

A regra é a observância à ordem legal, contudo, esta poderá ser excepcionada caso o executado compro-ve a possibilidade de garantir o direito do exequente de outra forma tão satisfatória quanto, mas menos gravosa

51 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 259.52 STJ - AgRg no REsp 1296737/BA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, 1ª Turma, julgado em 05/02/2013, DJe 21/02/2013. 53 STJ - AgRg no REsp 1471065/PA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 2ª Tur-ma, julgado em 16/10/2014, DJe 28/10/2014.

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para ele54. Em contrapartida, se o devedor ofertar um determinado bem desconsiderando a descrição do art. 11, havendo outro melhor posicionado, será legítima a recusa por parte da Fazenda Pública55.

Ao ensejo, convém ressaltar que, ao contrário do que se poderia pensar, o precatório não se configura como “dinheiro” para fins de adequação à ordem de preferência, mas sim como direito de crédito, estando, portanto, ao final da lista56. Daí se conclui que ele só de-verá ser aceito pelo ente público diante da inexistência de bem de melhor posição57.

A esse respeito, aliás, há a Súmula 406 do STJ pre-vendo que “a Fazenda Pública pode recusar a substitui-ção do bem penhorado por precatório”.

Ainda sobre a penhora, imperioso aludir à exceção trazida no caput do art. 10 da LEF, referente aos bens declarados como absolutamente impenhoráveis. Nesse ponto, deve-se reportar ao art. 3º da Lei 8.009/90, que prevê ser oponível a impenhorabilidade do bem de fa-mília a qualquer execução, inclusive fiscal. Veja:

Art. 3º. A impenhorabilidade é oponível em qual-quer processo de execução civil, fiscal, previden-

54 STJ - AgRg no REsp 1103760/CE, Rel. Min. Herman Benjamin, 2ª Turma, jul-gado em 03/04/2009, DJ 19/05/2009.55 STJ - AgRg no REsp 863.808/PE, Rel. Min. Humberto Martins, 2ª Turma, jul-gado em 06/05/2008, DJ 15/05/2008. 56 STJ - REsp 1146057/RS, Rel. Min. Eliana Calmon, 2ª Turma, julgado em 17/12/2009, DJ 08/02/2010.57 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 260.

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ciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:II - pelo titular do crédito decorrente do financia-mento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos cons-tituídos em função do respectivo contrato;III – pelo credor da pensão alimentícia, resguar-dados os direitos, sobre o bem, do seu copro-prietário que, com o devedor, integre união es-tável ou conjugal, observadas as hipóteses em que ambos responderão pela dívida; IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, ta-xas e contribuições devidas em função do imó-vel familiar;V - para execução de hipoteca sobre o imóvel ofe-recido como garantia real pelo casal ou pela enti-dade familiar; VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.VII - por obrigação decorrente de fiança concedi-da em contrato de locação.

Do dispositivo citado, pode-se deduzir que o ente público exequente não poderá expropriar das mãos do executado o seu único imóvel, utilizado com fins de mo-radia, para satisfazer o crédito58. Todavia, tal premissa comporta exceções contempladas pelo próprio artigo, dentre as quais uma possui grande relevância para o

58 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 263.

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executivo fiscal – a cobrança de impostos, taxas e contri-buições correlatas ao imóvel59.

Segundo o Relator Ministro João Otávio de No-ronha, em julgamento proferido em sede de embargos declaratórios, se a penhora recair sobre bem de proprie-dade conjunta do executado e seu cônjuge, poderá ser alienado em hasta pública, contanto que seja reservada a meação do cônjuge60.

Para finalizar o estudo da penhora, é preciso res-saltar que já restou sedimentada a possibilidade de pe-nhora da sede do estabelecimento comercial, conforme consta da Súmula 451 do STJ.

Em relação ao depósito para coibir a penhora, este deverá ser feito em dinheiro, e, se coincidir com o mon-tante integral da dívida, afastará a incidência de juros de mora a partir da data de sua efetivação. Cumpre escla-recer que o depósito integral suspende a execução fiscal, com base no art. 151, II, do CTN, enquanto o parcial tem o condão de suspender apenas a parte do crédito que tiver sido garantida61.

Outrossim, o depósito do montante integral pode-rá ser utilizado para afastar o ajuizamento da ação de execução fiscal, se realizado em sede de ação anulatória fiscal. Vale lembrar que a integralidade do depósito é

59 ZANETTI, Robson, op. cit.60 STJ - EDcl no REsp 522.263/PR, julgado em 11/09/2007, DJ 19/10/2007.61 ZANETTI, Robson, op. cit.

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pressuposto indispensável para impedir o ajuizamento. Se, após ter sido depositado o montante integral do dé-bito na ação anulatória, ainda assim a execução fiscal for proposta, esta deverá ser extinta62.

A fiança bancária tem uma estrutura similar à fian-ça civil, devendo ser formada uma relação jurídica en-tre três sujeitos, dentre os quais, o banco-fiador63. Dessa forma, não é possível a prestação de fiança bancária na execução fiscal pelo próprio devedor, ante a ausência de um terceiro garantidor da dívida alheia64.

De acordo com o STJ, ao contrário do que ocorre com o depósito, a fiança bancária não tem aptidão para suspender a execução65. Entretanto, tem idoneidade para substituir a penhora realizada em dinheiro, seja na modalidade convencional ou online66. Acrescente-se que, tanto no depósito67 quanto na fiança, só haverá le-vantamento após o trânsito em julgado da sentença68.

O arresto, por seu turno, é a medida executiva uti-lizada quando o executado não tem domicílio ou dele se oculta, consoante o inciso III do art. 7º da LEF, que, uma vez realizado, será convertido em penhora.

62 ZANETTI, Robson, op. cit.63 ZANETTI, Robson, op. cit.64 STJ - REsp 183.648/SP, Rel. Ministro Franciulli Netto, Segunda Turma, julga-do em 26/03/2002, DJ 01/07/2002 p. 277.65 STJ - AgRg no REsp 1046930/ES, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 03/03/2009, DJ 25/03/2009.66 ZANETTI, Robson, op. cit.67 É o que prescreve o art. 32, §2º, da LEF.68 STJ - REsp 1033545/RJ, Rel. Ministro Luiz Fux, 1ª Turma, julgado em 28/04/2009, DJ 28/05/2009.

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Como já foi abordado, o despacho liminar po-sitivo abrange ordem para citação, penhora, arresto, registro de penhora e arresto e avaliação de bens. Não há, portanto, autorização legal para a fixação de ho-norários advocatícios nessa ocasião69. Contudo, o STJ já consolidou entendimento segundo o qual o arbi-tramento dos honorários em sede de execução fiscal deve ser feito quando do recebimento da demanda e de forma provisória, vez que o valor poderá ser pos-teriormente modificado70.

Convém informar que o valor dos honorários ad-vocatícios sucumbenciais arbitrados em sentença judi-cial transitada em julgado não poderá ser inscrito em dívida ativa, devendo ser exigido sem necessidade do ajuizamento de demanda autônoma71. Manifestando-se a respeito, o STJ rechaçou a possibilidade de inscrição de tal verba em dívida ativa não-tributária72.

No âmbito federal, o Decreto-Lei 1.025/6973 regu-lou o tema prevendo um encargo fixo de 20%, o qual tem o condão de custear o próprio sistema de cobrança da dívida ativa e já engloba os honorários advocatícios, inclu-

69 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 248-249.70 STJ - AgRg no REsp 1078374/MG, Rel. Min. Francisco Falcão, 1ª Turma, julga-do em 06/11/2008, DJe 17/11/2008.71 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 251.72 STJ - ArRg no REsp 1224752/PR, Rel. Min. Assussete Magalhães, 2ª Turma, julgado em 03/03/2015, DJe 10/03/2015.73 Art 1º É declarada extinta a participação de servidores públicos na cobrança da Dívida da União, a que se referem os artigos 21 da Lei nº 4.439, de 27 de outu-bro de 1964, e 1º, inciso II, da Lei nº 5.421, de 25 de abril de 1968, passando a taxa, no total de 20% (vinte por cento), paga pelo executado, a ser recolhida aos cofres públicos, como renda da União.

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sive os referentes aos embargos à execução, não havendo que se falar em nova fixação pelo juízo da execução74.

Nesse contexto, segundo o art. 3º do Decreto-Lei 1569/77,

O encargo previsto no art. 1º do Decreto-lei nº 1.025, de 21 de outubro de 1969, calculado sobre montante do débito, inclusive multas, atualizado monetariamente e acrescido dos juros e multa de mora, será reduzido para 10% (dez por cento), caso o débito, inscrito como Dívida Ativada da União, seja pago antes da remessa da respectiva certidão ao competente órgão do Ministério Público, fede-ral ou estadual, para o devido ajuizamento.

Destaque-se que o encargo fixo de 20% deverá ser pago ainda que a executada tenha tido sua falência de-cretada, segundo entendimento que se encontra sumu-lado75.

Ato contínuo, o art. 8º, §2º da LEF dispõe que “o despacho do juiz, que ordenar a citação, interrompe a prescrição”. Acerca do tema, cumpre esclarecer que exis-tia uma discrepância entre o dispositivo em comento e o art. 174, I, do CTN, de forma que aquele só se aplicava às dividas ativas não tributárias, em razão da especiali-dade do CTN. Todavia, com a reforma efetuada pela LC

74 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 249.75 Súmula 400, STJ: O encargo previsto no DL n. 1025/1969 é exigível na execu-ção fiscal proposta contra a massa falida.

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118/2005, atualmente as duas normas se encontram em consonância76.

Divergência paira sobre a possibilidade de o juiz po-der decretar a prescrição ex officio quando do recebimento da petição inicial. Sob a égide do CPC/1973, a doutrina, respaldada no art. 219, §5º, o qual previa ter o juiz o poder de determinar a prescrição de ofício, era uníssona quanto à aplicação do mesmo às execuções fiscais77. Aliás, o pró-prio STJ já havia encampado tal posicionamento78.

No entanto, com o advento do CPC/2015, dúvidas pairam sobre a continuidade dessa posição doutrinária e jurisprudencial, uma vez que o seu fundamento não foi reproduzido pelo diploma legal, nem há qualquer dis-positivo que se assemelhe. Por esse motivo, Guilherme Freire de Melo Barros aduz que “(...) à luz do regramen-to processual novo, não será possível o reconhecimento de ofício da prescrição”79.

No tocante à intimação da Fazenda Pública, o art. 25 da LEF outorga a ela a prerrogativa de intimação pes-soal, que alcança até mesmo os embargos à execução. Já em relação à intervenção do Ministério Público na de-manda, há súmula do STJ consubstanciando ser desne-cessária no trâmite da ação de execução fiscal80.

76 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 253.77 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 25378 Súmula 409, STJ: Em execução fiscal, a prescrição ocorrida antes da propositu-ra da ação pode ser decretada de ofício. 79 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 253.80 Súmula 240, STJ: A intimação do representante judicial da Fazenda Pública, nos embargos à execução fiscal, será feita pessoalmente.

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Por seu turno, o executado deverá ser intimado da penhora mediante publicação em Diário Oficial e somente em caso de não existir circulação do D.O. na comarca é que deverá ocorrer via correio, com aviso de recepção (AR). A intimação só será pessoal se a citação tiver sido realizada por correio e o AR não contiver a assinatura do executado81.

Necessário ressalvar que nas situações em que a penhora é efetuada na presença do devedor, ocasião na qual se lavra de imediato o auto de penhora, é dispensa-da a publicação no Diário Oficial82.

Quando o bem penhorado for imóvel, será neces-sária a intimação do cônjuge, nos termos do §2º do art. 12 da LEF. Sobre esse dispositivo, Robson Zanetti lecio-na, de forma precisa, que eventual ausência de intima-ção não maculará o ato de penhora, mas tão somente o próprio ato de comunicação judicial83, posição perfilha-da pelo STJ84.

A doutrina diverge no que se refere à natureza ju-rídica dos embargos à execução. Contudo, parece mais acertado o pensamento segundo o qual os embargos são, em sua essência, uma ação, apesar de ontologicamente se constituírem como meio de defesa85.

81 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 263.82 Esse era o teor da Súmula 190 do extinto TRF, hoje consolidado no âmbito do STJ.83 ZANETTI, Robson, op. cit.84 STJ - REsp 629320/DF, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, 3ª Turma, julga-do em 07/05/2007, DJ 04.06.2007.85 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 265.

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Assim, poderá o embargante arguir toda matéria de defesa que lhe for disponível, inclusive a compensa-ção, uma vez que a vedação contida no § 3º do art. 16 da LEF86 não mais se aplica, em virtude do advento da Lei 8383/91, que regulamentou a disciplina87.

Em reforço, dispõe a Súmula 394 do STJ: “É ad-missível, em embargos à execução, compensar os va-lores de imposto de renda retidos indevidamente na fonte com os valores restituídos apurados na declara-ção anual”. Continua não sendo possível, entretanto, a reconvenção88.

O novo CPC, por sua vez, especifica as defesas cabíveis em sede de embargos, quais sejam: inexequi-bilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; equívoco na penhora ou na avaliação; excesso de exe-cução ou acúmulo indevido de execuções; retenção por benfeitorias necessárias ou úteis; incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; e, por fim, qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo cognitivo89. Vê-se que o rol é me-ramente exemplificativo, em razão da amplitude da última previsão, que deixa em aberto o conteúdo do instrumento processual em estudo.

86 Art. 16, §3º. Não será admitida reconvenção, nem compensação, e as exceções, salvo as de suspeição, incompetência e impedimento, serão arguidas como maté-ria preliminar e serão processadas e julgadas com os embargos. 87 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 270.88 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 270.89 Este rol está previsto no art. 917 do CPC.

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Cumpre informar ainda que à execução fiscal se aplica o art. 917, §3º e §4º do CPC/2015, pelo qual o em-bargante deverá indicar o valor que entender correto quando alegar excesso de execução, sob pena de indefe-rimento liminar, em caso de ser este o único fundamento dos embargos90.

Em conformidade com o art. 16 da LEF, o execu-tado possui 30 dias para o oferecimento de embargos, a contar do depósito, da juntada da prova de fiança ban-cária ou da intimação da penhora. Na norma processual geral, esse prazo é de 15 dias (art. 915, caput, CPC/2015).

Insta salientar que na execução por carta, os em-bargos deverão ser oferecidos no juízo deprecado para, em seguida, ser remetidos ao deprecante, a fim de que sejam por ele julgados (art. 20, LEF). Excepcionalmente, serão julgados pelo próprio deprecado, se o conteúdo da peça processual remeter a vícios ou irregularidades de atos ocorridos neste juízo, na dicção do parágrafo único do dispositivo aludido.

De forma diferente, o CPC/2015 faculta a oposição dos embargos na execução por carta no juízo deprecante ou no deprecado, mas contém igual disciplina quanto ao julgamento91.

90 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 270.91 CPC, Art. 914, §2º. Na execução por carta, os embargos serão oferecidos no juí-zo deprecante ou no juízo deprecado, mas a competência para julgá-los é do juízo deprecante, salvo se versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, avaliação ou alienação dos bens efetuadas no juízo deprecado.

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Quanto à sistemática de contagem do prazo para oposição de embargos, nota-se uma diferença em relação ao processo civil, já que na ação de execução fiscal, conta--se da data da efetiva intimação, enquanto no regramento processual geral, a regra é o início da contagem a partir da juntada aos autos do mandado cumprido92.

Outra discrepância existente entre os dois diplo-mas processuais diz respeito à garantia do juízo para o oferecimento dos embargos, na medida em que o regime geral previsto no CPC/2015 não a prevê como pressuposto, ao passo que no executivo fiscal, é indis-pensável essa forma de precaução. A garantia poderá ser dada por meio de depósito em dinheiro, fiança ban-cária, seguro garantia, nomeação de bens à penhora e indicação à penhora de bens oferecidos por terceiros e aceitos pela Fazenda Pública (art. 9º da LEF)93.

Já a concessão de efeito suspensivo aos embargos é matéria que não possui regulamentação específica na LEF, devendo ser utilizado subsidiariamente o regime do CPC/2015. Nesta senda, o recebimento dos embar-gos não irá promover, de forma imediata, a suspensão do curso processual, dependendo esta de requerimento do embargante e preenchimento dos requisitos legais94. Veja:

92 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 267.93 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 268.94 ZANETTI, Robson, op. cit.

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Art. 919. Os embargos à execução não terão efeito suspensivo.§1º O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando verificados os requisitos para a concessão da tutela provisória, e desde que a execução já esteja garan-tida por penhora, depósito ou caução suficientes. § 2o Cessando as circunstâncias que a motiva-ram, a decisão relativa aos efeitos dos embargos poderá, a requerimento da parte, ser modificada ou revogada a qualquer tempo, em decisão fun-damentada.§ 3o Quando o efeito suspensivo atribuído aos embargos disser respeito apenas a parte do ob-jeto da execução, esta prosseguirá quanto à parte restante.§ 4o A concessão de efeito suspensivo aos em-bargos oferecidos por um dos executados não suspenderá a execução contra os que não embar-garam quando o respectivo fundamento disser respeito exclusivamente ao embargante.§ 5o A concessão de efeito suspensivo não im-pedirá a efetivação dos atos de substituição, de reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos bens.

Em continuidade ao procedimento dos embargos,

tendo sido estes recebidos, o embargado será intimado para apresentar impugnação no prazo de 30 dias, sendo então designada audiência de instrução e julgamento. Há que se ressalvar os casos em que tal audiência não

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será realizada, a saber: se o conteúdo dos embargos se restringir à matéria de direito ou, sendo de direito e de fato, a prova for unicamente documental95.

Ao final da fase instrutória, será prolatada senten-ça de julgamento dos embargos recorrível por meio de apelação, a qual, de acordo com o art. 1012 do CPC/2015, via de regra, terá efeito suspensivo. Excepcionalmente, o §1º do mesmo artigo estabelece as hipóteses em que este recurso terá efeito meramente devolutivo, dentre as quais está o julgamento pela improcedência dos embar-gos à execução96.

Em caso de não terem sido oferecidos embargos ou de rejeição dos mesmos, terá início a fase de expropriação, na qual a Fazenda Pública procederá ao levantamento (se for dinheiro) ou à adjudicação ou alienação (se forem bens). Se for realizada alienação através de leilão, é indispensável a intimação pessoal do devedor sobre o dia e a hora em que será realizado, com fulcro na Súmula 121 do STJ97.

A doutrina, analisando o conjunto normativo do novo CPC, sustenta eventual derrogação da referida sú-mula, tendo em vista o estabelecido no art. 889, I, pelo qual, em regra, o advogado do executado é que deverá ser cientificado da alienação judicial, com no mínimo 5 dias de antecedência98.

95 Essas previsões constam do art. 17 e seu parágrafo único da LEF.96 BASTOS, Fabrício; FLEXA, Alexandre; MACEDO, Daniel, op. cit., p. 725.97 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 276.98 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 276.

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Por fim, convém delinear o instituto da prescrição intercorrente no âmbito da execução fiscal. Trata-se de espécie de prescrição que ocorre no curso do processo, sendo provocada pela inércia do exequente99.

A Lei de Execuções Fiscais estipula que inicialmen-te será suspenso o curso da execução por no máximo 1 ano, enquanto não for encontrado o devedor ou bens pe-nhoráveis, circunstância na qual ficará suspenso também o prazo prescricional. Decorrido esse interregno sem que se altere o estado processual que originou a suspensão, o juiz determinará o arquivamento provisório dos autos100.

Dispõe o art. 40, §4º, da LEF que, se desta última decisão transcorrer o prazo da prescrição quinquenal, sem que se encontre o devedor ou bens passíveis de pe-nhora, ocorrerá a prescrição intercorrente, que poderá ser declarada de ofício pelo magistrado, desde que haja prévia manifestação da Fazenda Pública101.

Nesse sentido, a Súmula 314 do STJ solidificou como termo inicial da fluência do prazo prescricional o fim do prazo suspensivo de 1 ano, in verbis: “Em execu-ção fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende--se o processo por um ano, findo o qual se inicia o prazo da prescrição quinquenal intercorrente”.

99 BRESSAN, Gabriel Barreira; GUILHERME, Luiz Fernando do Vale de Almeida. Novo CPC inova ao estipular início da contagem da prescrição intercorrente. 2015. Disponí-vel em: <http://www.conjur.com.br/2015-jun-19>. Acesso em: 20/06/2016.100 BARROS, Guilherme Freire de Melo, op. cit., p. 278.101 Será dispensada essa manifestação prévia em caso de cobrança judicial de valor inferior ao mínimo fixado pelo Ministério da Fazenda, nos termos do §5º do art. 40 da LEF.

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O CPC/2015, por sua vez, trouxe regra inovadora ao fixar como marco para o cômputo da prescrição in-tercorrente “a data da formalização nos autos da inércia do titular da pretensão”102. Ou seja, o início de contagem do prazo não decorrerá diretamente do escoamento do prazo de suspensão, com base no art. 921, §4º do CPC.

Quanto à exceção da pré-executividade, dúvidas surgiram acerca da sua permanência como instrumento hábil de defesa do executado, motivo pelo qual, diante da importância do tema, passa-se a analisar em tópico apartado.

2.5 ExcEÇÃO DE PRé-ExEcUTIVIDaDE

Desde o CPC/1973, a exceção de pré-executivida-de vem sendo utilizada, ao lado dos embargos à exe-cução, como meio alternativo de defesa do executado. Trata-se de uma forma atípica de impugnação, de cria-ção doutrinária e jurisprudência, pela qual o devedor se manifesta por simples petição que pode ser apresentada até o trânsito em julgado da decisão, criando-se uma es-pécie de incidente dentro do curso da execução103.

Na ação de execução fiscal, oferece a vantagem de não demandar prévia constrição patrimonial para que seja oposta, em contraponto à necessidade de garantia

102 BASTOS, Fabrício; FLEXA, Alexandre; MACEDO, Daniel, op. cit., p. 622.103 COSTA, Lara Lobo. Exceção de pré-executividade pode ser usada no novo CPC. 2016. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2016-abr-21>. Acesso em: 20/06/2016.

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de juízo inerente aos embargos. Ademais, seu conteúdo deve se limitar às matérias de ordem pública e, conse-quentemente, cognoscíveis de ofício pelo juiz, bem como as que não demandem dilação probatória104 e sejam ati-nentes ao mérito da causa105.

Discute-se atualmente se tal instrumento ainda permanece aplicável na prática processual, vez que o CPC/2015 poderia tê-lo positivado expressamente, mas não o fez. Em defesa da sua manutenção, parte da dou-trina pondera que a falta de regulamentação específica pelo CPC não afasta sua utilização já com base fortaleci-da pela doutrina e jurisprudência106.

No mesmo sentido, há quem afirme que deter-minados dispositivos da novel legislação são aptos a justificar legalmente a permanência do instituto, a exem-plo do art. 803 e seu parágrafo único107, a saber:

Art. 803. É nula a execução se:I – o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível;II – o executado não for regularmente citado;III – instaurada antes de se verificar a condição ou de ter ocorrido o termo. Parágrafo único. A nulidade de que cuida este

104 Súmula 393, STJ: A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente às matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória. 105 BASTOS, Fabrício; FLEXA, Alexandre; MACEDO, Daniel, op. cit., p. 435.106 COSTA, Lara Lobo, op. cit. 107 BASTOS, Fabrício; FLEXA, Alexandre; MACEDO, Daniel, op. cit., p. 546.

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artigo será pronunciada pelo juiz, de ofício ou a requerimento da parte, independentemente de embargos à execução. Grifei.

Muito embora não exista pronunciamento da Cor-te Superior até o momento, parece evidente que, pelas pesquisas realizadas no âmbito doutrinário, tem mais aceitação a tese da continuidade da exceção de pré-exe-cutividade no ordenamento jurídico.

Enfim, devido a relevância da inovação consagra-da pelo CPC/2015 e dos debates emblemáticos surgidos em torno da sua aplicação, faz-se necessário um breve estudo sobre o incidente de desconsideração da perso-nalidade jurídica.

2.6 INcIDENTE DE DEScONSIDERaÇÃO Da PERSONaLIDaDE JURíDIca

A princípio, deve-se compreender que, em regra, a responsabilidade dos sócios pelas dívidas da sociedade é subsidiária, isto é, em primeiro lugar são alcançados os bens da pessoa jurídica para, em seguida, e desde que a espécie societária adotada autorize, ser executado o pa-trimônio particular dos sócios108.

Nesse contexto, acobertados pela personalidade jurídica, sócios e administradores por vezes se utiliza-vam da sociedade para cometer abusos e atos ilícitos,

108 TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único. 5ª ed. rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2015, p. 153.

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desviando a finalidade para a qual ela havia sido cria-da. Diante dessa realidade, surge o instituto da descon-sideração da personalidade jurídica, cujo intuito é o de alcançar o patrimônio das pessoas físicas que se utiliza-ram da pessoa jurídica para tais fins109.

Trata-se de medida que possibilita a responsabiliza-ção dos bens particulares dos sócios pelos danos causados a terceiros, positivada no art. 50 do CC, abaixo transcrito:

Em caso de abuso da personalidade jurídica ca-racterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a re-querimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obri-gações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.

De acordo com a doutrina dominante, o dispositi-vo citado retrata a adoção da Teoria Maior pelo diploma civilista, tendo em vista que o deferimento da descon-sideração requer a conjunção de dois pressupostos: o abuso da personalidade jurídica e o prejuízo do credor.

Em contrapartida, a Teoria Menor foi adotada pela Lei 9605/98, que prevê a responsabilidade por danos ambientais, e pelo Código de Defesa do Consumidor, o qual dispõe, em seu artigo 28, §5º, ser também possível

109 TARTUCE, Flávio, op. cit., p. 153.

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a utilização do instituto “sempre que sua personalida-de for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores”110.

Fácil vislumbrar que nessa hipótese o único requi-sito para o deferimento da desconsideração é o prejuízo ao credor, sendo irrelevante a configuração de fraude ou abuso de direito. Assim, pode-se dizer que a Teoria Me-nor se aplica a qualquer caso em que haja insolvência da sociedade, havendo presunção de fraude111.

Além disso, não se pode confundir o instituto em comento com a despersonificação, uma vez que esta últi-ma provoca a dissolução da pessoa jurídica112. Ao revés, segundo o STJ, a desconsideração da personalidade jurí-dica acarreta apenas a “suspensão episódica da eficácia do ato constitutivo da pessoa jurídica”113.

Importa ainda conceituar a desconsideração da personalidade jurídica inversa. Como a própria nomen-clatura sugere, o seu objetivo é oposto ao da figura da desconsideração comum, ou seja, o que se busca é atin-gir os bens que o sócio havia integralizado na sociedade com intuito de ocultá-los e tornar infrutífero qualquer ato que visasse atingi-los114. Com efeito, proferiu o STJ:

110 GARCIA, Leonardo de Medeiros. Código de Defesa do Consumidor Comentado: artigo por artigo. 12 ed. rev. ampl. e atual. Salvador: JusPODIVM, 2016, p. 267.111 GARCIA, Leonardo de Medeiros, op. cit., p. 271. 112 TARTUCE, Flávio, op. cit., p. 157.113 STJ, REsp 86502, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, DJ 26/08/1996.114 TALAMINI, Eduardo (coord.). Processo e Administração Pública (Coleção Re-percussões do Novo CPC, v. 10, coordenador geral: Fredie Didier Jr.). Salvador: JusPODIVM, 2016, p. 407.

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A desconsideração inversa da personalidade jurídica caracteriza-se pelo afastamento da au-tonomia patrimonial da sociedade, para, contra-riamente do que ocorre na desconsideração da personalidade propriamente dita, atingir o ente coletivo e seu patrimônio social, de modo a res-ponsabilizar a pessoa jurídica por obrigações do sócio controlador. (...) Considerando-se que a fi-nalidade da disregard doctrine é combater a utili-zação indevida do ente societário por seus sócios, o que pode ocorrer também nos casos em que o sócio controlador esvazia o seu patrimônio pes-soal e o integraliza na pessoa jurídica, conclui-se, de uma interpretação teleológica do art. 50 do CC/02, ser possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica, de modo a atingir bens da sociedade em razão de dívidas contraídas pelo sócio controlador, conquanto preenchidos os re-quisitos da norma. (...)115.

Antes de passar ao estudo das questões proces-suais que envolvem o tema, é preciso lembrar que no presente trabalho foram delineadas importantes cons-truções doutrinária e jurisprudencial que envolvem o fenômeno do redirecionamento da responsabilidade tri-butária para o sócio-gerente ou administrador (art. 135, III, do CTN), sendo certo que, segundo balizada dou-trina, frequentemente este é equiparado ao instituto da desconsideração116.

115 STJ, REsp 948117/MS, Min. Rel. Nacy Andrighi, DJe 03/08/2010.116 TALAMINI, Eduardo (coord.), op. cit., p. 408.

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No entanto, existem diferenças entre os institutos, dentre as quais deve ser destacado que o referido dis-positivo do CTN versa sobre a imputação do débito ao sócio que possui poder de gerência ou administração, por este ter agido em contrariedade à lei ou com exces-so de poder. Há, portanto, nesse caso, responsabilidade subjetiva, pessoal e direta117.

Por outro lado, o incidente da desconsideração po-derá atingir qualquer dos sócios se restar demonstrado que houve utilização indevida da sociedade mediante confusão patrimonial ou abuso de direito, independen-temente de ser ou não o gerente ou administrador118.

Corroborando com essa distinção, o Enunciado de nº 6, aprovado no Fórum de Execuções Fiscais da 2ª Re-gião no ano de 2015, preceitua que “a responsabilidade tributária regulada no artigo 135 do CTN não constitui hipótese de desconsideração da personalidade jurídica (...)119”.

Esgotada a parte material, passa-se agora à análise do regramento consagrado pelo novo CPC e a (im) pos-sibilidade de aplicação à ação de execução fiscal.

Visando regulamentar e dar efetividade ao ins-tituto da desconsideração da personalidade jurídica, o CPC/2015 previu um incidente, como modalidade

117 TALAMINI, Eduardo (coord.), op. cit., p. 408.118 TALAMINI, Eduardo (coord.), op. cit., p. 409.119 Disponível em: <http://www.enfam.jus.br/wp-content/uploads/2015/10/enunciadosforexec2015.pdf>. Acesso em: 19/06/2016.

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de intervenção de terceiros, para que se provoque “o ingresso de terceiro (sócio ou outra pessoa jurídica do mesmo grupo econômico) em juízo”120 e que se aplica inclusive à desconsideração em sua modalidade inversa (art. 133, §2º, CPC).

Ressalte-se, quanto ao seu cabimento, que este é admitido em qualquer fase do processo de conhecimen-to, bem como no cumprimento de sentença e na execução de título executivo extrajudicial (art. 134, caput, CPC).

Nos termos do caput do art. 133 do CPC121, o in-cidente poderá ser instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando cabível a sua intervenção. A respeito da abrangência da expressão “parte”, a doutri-na leciona que, embora seja mais crível o interesse do credor na instauração, nada obsta que o devedor o faça, vez que a lei utilizou-se de vocábulo genérico. Note-se que o diploma processual se lastreou no art. 50 do CC, afastando a possibilidade de o magistrado instaurá-lo ex officio122.

Com relação ao polo passivo da demanda, em prestígio ao corolário do contraditório que permeia toda a atual normatização processual, instaurado o incidente, os sócios serão citados e terão a oportunidade de con-vencer o juiz pela não decretação da desconsideração da

120 GARCIA, Leonardo de Medeiros, op. cit., p. 268.121 Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será ins-taurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo. 122 BASTOS, Fabrício; FLEXA, Alexandre; MACEDO, Daniel, op. cit., p. 148.

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personalidade jurídica, mediante motivação plausível, podendo inclusive requerer provas123.

A instauração do incidente suspenderá o curso da demanda, mas trata-se de uma suspensão imprópria, tendo em vista que nem todos os atos ficarão suspensos, como aqueles que serão praticados no bojo do próprio processo incidental. A decisão prolatada terá natureza interlocutória e, por conseguinte, deverá ser impugnada mediante agravo de instrumento ou agravo interno, nes-sa última hipótese se for proferida no tribunal124.

Ademais, insta ressalvar que o incidente não preci-sará ser formado se a desconsideração da personalidade jurídica já tiver sido requerida na peça exordial125, situ-ação na qual a contestação dos citados deverá abarcar todos os pontos afirmados pelo autor, sob pena de pre-clusão, nos ditames do Enunciado de nº 248 do Fórum Permanente de Processualistas Civis126.

Como consequência da decisão final favorável à desconsideração, o art. 137 do CPC estabelece a ineficá-cia da “alienação ou oneração de bens, havida em fraude de execução” em relação ao requerente”, sendo que o

123 Art. 135. Instaurado o incide, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias. 124 BASTOS, Fabrício; FLEXA, Alexandre; MACEDO, Daniel, op. cit., p. 150.125 Art. 134, §2º Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica.126 Encontro do Fórum Permanente de Processualistas Civis (3.: 2015: Curitiba, PR). Enunciados do Fórum Permanente de Processualistas Civis: de 01, 02 e 03 de maio de 2015. Coordenadores gerais: Fredie Didier Jr.; Eduardo Talamini; ... [et al]. Salvador: Editora JusPODIVM, 2016, p. 59.

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marco para verificar a existência de tal fraude será a pró-pria citação efetivada nos autos do incidente (art. 792, §3º, CPC)127.

Apesar de a desconsideração da personalidade ju-rídica já vir sendo aplicada nos casos concretos há anos, o lado procedimental ora estudado só foi positivado com a edição do novel CPC, com vigência apenas a par-tir de março do ano corrente. Assim, a aplicação prática do incidente (e, diga-se de passagem, de diversos outros institutos) ainda está atravessando uma fase de adap-tação, de tal modo que as vozes doutrinárias se encon-tram dissonantes acerca da sua aplicação às execuções fiscais128.

Ricardo de Lima Souza Queiroz, em parecer con-trário, aponta de forma peremptória para a incompatibi-lidade entre os dois procedimentos e se posiciona pela prevalência do rito especial previsto na Lei de Execu-ções Fiscais, notadamente devido às vicissitudes da ne-cessidade de garantia do juízo, que não guardam afini-dade com o curso do incidente de desconsideração da personalidade jurídica129.

Explanando seu posicionamento, o autor aduz ser inconciliável o fato de a mera instauração do incidente

127 BASTOS, Fabrício; FLEXA, Alexandre; MACEDO, Daniel, op. cit., p. 153.128 TALAMINI, Eduardo (coord.), op. cit., p. 416.129 QUEIROZ, Ricardo de Lima Souza. Incidente de desconsideração da PJ deve ser afastado em execução fiscal. 2016. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2016-fev-08/ricardo-queiroz-desconsideracao-pj-nao-cabe-execucao-fiscal>. Acesso em: 17/06/2016.

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suspender o curso do processo executivo com a indis-pensabilidade da garantia do juízo no executivo fiscal como pressuposto para tal suspensão130.

Além disso, surgiria no mundo jurídico uma hi-pótese anômala, e, pode-se até dizer, inconstitucional, em que a execução fiscal ficaria suspensa sem que hou-vesse a correspondente suspensão da prescrição para cobrança do crédito tributário, já que aquela não estaria prevista em lei complementar131, violando mandamento constitucional insculpido no art. 146, III, “b” 132.

Em seguida, o autor argumenta:

(...) Ora, assim como a suspensão do processo, a dilação probatória na execução fiscal está con-dicionada à “garantia do juízo”, vez que a úni-ca possibilidade de produção ampla de provas no procedimento regido pela Lei 6.830/80 se dá nos embargos à execução. (...) Já o incidente de desconsideração permite irrestrita produção de provas. Em última análise, o manejo do incidente de desconsideração da personalidade jurídica, no âmbito da execução fiscal, traria a vantagem ao executado de afastar, ao mesmo tempo, as condi-cionantes para oposição dos embargos à execução – garantia da execução - e para propositura da

130 QUEIROZ, Ricardo de Lima Souza, op. cit.131 QUEIROZ, Ricardo de Lima Souza, op. cit.132 Art. 146. Cabe à lei complementar (...) III – estabelecer normas gerais em ma-téria de legislação tributária, especialmente sobre: (...) b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários.

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exceção de pré-executividade - matérias que não dependam de dilação probatória. Fere-se, com isso, toda a lógica sistêmica da Lei 6.830/80133.

Sob outra perspectiva, parte da doutrina sustenta que deverá ser aplicado integralmente o procedimento do incidente de desconsideração ao processo de execu-ção fiscal, haja vista a ausência de norma similar na lei especial e a inexistência de conflito entre os dois proce-dimentos134.

Especificamente em relação aos casos de redire-cionamento da execução, há quem defenda a utilização do incidente para implementar o devido processo legal, ainda que a equiparação seja equivocada, como já expli-cado135.

Por outro lado, diz-se que o redirecionamento ocorrido em caso de dissolução irregular da empresa (Súmula 435 do STJ) se baseia em presunção dotada de fé pública (pelo oficial de justiça), fator que gera a veros-similhança das alegações e, juntamente com o risco da ineficácia do provimento final, autoriza o diferimento do contraditório136.

Fortalecendo o último posicionamento, o Enuncia-do de nº 53 da Escola Nacional de Formação e Aperfei-çoamento dos Magistrados dispõe que “o redireciona-

133 QUEIROZ, Ricardo de Lima Souza, op. cit.134 TALAMINI, Eduardo (coord.), op. cit., p. 416.135 TALAMINI, Eduardo (coord.), op. cit., p. 420.136 QUEIROZ, Ricardo de Lima Souza, op. cit.

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mento da execução fiscal para o sócio gerente prescinde do incidente de desconsideração da personalidade jurí-dica previsto no art. 133 do CPC/2015”137.

Nota-se que essa questão ainda está longe de atin-gir um ponto convergente, o que, muito provavelmente, só acontecerá no dia-a-dia da prática processual. Entre-tanto, mais do decidir pela incidência ou não do sistema criado pelo CPC na execução fiscal, há de se preocupar em salvaguardar, ao mesmo tempo, tanto as prerroga-tivas que detém o poder público, quanto as garantias processuais dos particulares em juízo, especialmente daqueles que se encontram na condição (diga-se, desfa-vorável) de executados.

137 Disponível em: <http://www.enfam.jus.br/>. Acesso em: 19/06/2016.

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cONcLUSÃO

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O presente trabalho se pautou em três pilares, a Lei de Execuções Fiscais, a jurisprudência do STJ e o atual Código de Processo Civil. A partir de um estu-do conjugado entre eles, restou demonstrado que não basta a coerência entre os dispositivos que constam em conjunto no instrumento legal; a lei deve conviver em harmonia com os demais diplomas normativos e com os precedentes judiciais. Ela deve fazer sentido dentro do ordenamento jurídico como um todo e, principalmente, deve alçar a efetividade social por meio da concretiza-ção dos valores constitucionais.

Quando analisada a aplicabilidade das alterações promovidas pelo CPC/2015 ao processo de execução fiscal, dois pontos em específico provocaram maior in-quietude doutrinária - a exceção de pré-executividade e o incidente de desconsideração da personalidade jurí-dica. E pelo fato de o CPC ser uma legislação “púbere”, por assim dizer, não existem ainda pensamentos incisi-vos acerca dessas matérias.

Apresentados os devidos posicionamentos, em re-lação à exceção de pré-executividade, parece mais con-veniente e consentâneo com os princípios processuais o pensamento que propugna pela sua permanência e con-sequente utilização no bojo da ação de execução fiscal, protegendo assim o direito de ampla defesa do execu-tado.

Quanto ao incidente de desconsideração da per-sonalidade jurídica, as discussões são mais complexas,

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de forma que dizer categoricamente se este deverá ou não ser aplicado ao executivo fiscal requer mais “matu-ridade” da referida codificação e sopesamento de valo-res pelos intérpretes e aplicadores do Direito. Espera-se, portanto, que a norma seja concretizada de modo a aten-der o corolário do devido processo legal, sem que com isso sacrifique a essência e as peculiaridades da execu-ção fiscal.

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REFERêNcIaS

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MEIOS FÍSICOS

ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquemati-zado. 10 ed. rev., atual., e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2016.

BARROS, Guilherme Freire de Melo. Poder público em juízo para concursos. 5ª ed. rev., ampl., e atual. Salva-dor: Editora JusPODIVM, 2015.

BASTOS, Fabrício; FLEXA, Alexandre; MACEDO, Da-niel. Novo Código de Processo Civil: temas inéditos, mudanças e supressões. 2ª ed. rev. ampl. e atual. Salva-dor: Editora JusPODIVM, 2016.

BRASIL. Código Civil. Vade Mecum Método – Legisla-ção 2016. 4 ed. rev., atual., e ampl. Rio de Janeiro: Foren-se; São Paulo: Método, 2016.

BRASIL. Código de Processo Civil. Vade Mecum Mé-todo – Legislação 2016. 4 ed. rev., atual., e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2016.

BRASIL. Código Tributário Nacional. Vade Mecum Método – Legislação 2016. 4 ed. rev., atual., e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2016.

BRASIL. Constituição (1988). Vade Mecum Método – Legislação 2016. 4 ed. rev., atual., e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2016.

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BRASIL. Lei 6.830/80. Dispõe sobre a cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública, e dá outras provi-dências. Brasília, 22 de setembro de 1980.

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BRASIL. Lei 5.010/66. Organiza a Justiça Federal de pri-meira instância, e dá outras providências. Brasília, 30 de maio de 1966.

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BRASIL, Decreto-Lei 1.569/77. Modifica o artigo 11 do Decreto-lei nº 352, de 17 de junho de 1968, alterado pelo artigo 1º do Decreto-lei nº 623, de 11 de junho de 1969, e dá outras providências. Brasília, 08 de agosto de 1977.

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Encontro do Fórum Permanente de Processualistas Civis (3.: 2015: Curitiba, PR). Enunciados do Fórum Perma-nente de Processualistas Civis: de 01, 02 e 03 de maio de 2015. Coordenadores gerais: Fredie Didier Jr.; Eduardo Talamini; ... [et al]. Salvador: Editora JusPODIVM, 2016.

GARCIA, Leonardo de Medeiros. Código de Defesa do Consumidor Comentado: artigo por artigo. 12 ed. rev. ampl. e atual. Salvador: JusPODIVM, 2016.

LEITE, Harrison. Manual de Direito Financeiro. 4ª ed. rev., ampl., e atual. Salvador: Editora JusPODIVM, 2015.

SCATOLINO, Gustavo; TRINDADE, João. Manual de Direito Administrativo. 3ª ed. rev., ampl. e atual. Salva-dor: Editora JusPODIVM, 2015.

TALAMINI, Eduardo (coord.). Processo e Administração Pública (Coleção Repercussões do Novo CPC, v. 10, coorde-nador geral: Fredie Didier Jr.). Salvador: JusPODIVM, 2016.

TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume úni-co. 5ª ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2015.

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