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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 1

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 3VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 20072

DEZEMBRO DE 2007

4/8 ATOS E ATIVIDADES

DO SINDICATO

10 NOVA DIRETORIA

ASSUME SINDICATO

E INDICA PLANO DE

LUTAS POR MAIS

CONQUISTAS

14 SINDICATO/DIEESE

21 ARTIGO

Laurinda Grion

22 UGT - MOVIMENTO

SINDICAL

BRASILEIRO DÁ UM

NOVO PASSO

28 FAZ PARTE DO

COMÉRCIO

Liberdade é uma

calça azul e desbotada

32 HISTÓRIA DO

COMÉRCIO

Bom Retiro

40 ENTREVISTA

Marcel Solimeo

44 PARCERIAS DO

SINDICATO

46 JURÍDICO

50 EQUIPARAÇÃO

SALARIAL, ACÚMULO

DE FUNÇÃO E SALÁRIO

SUBSTITUIÇÃO

52 CENTRAIS SINDICAIS

54 MEDALHA ANCHIETA

PARA RICARDO PATAH

57 ARTIGO

Deputado Roberto

Santiago

63 ARTIGO

Prem Rawat

64 BICICLETA GANHA

ESPAÇO NAS RUAS

DE SÃO PAULO

66 FIBRAS

68 MOVIMENTE A SUA

SAÚDE

70 CARE BRASIL

76 GRAACC

ÍNDICE

CONQUISTAS SEMPRE

RICARDO PATAH,presidente do Sindicato

PALAVRA DO PRESIDENTE

O s trabalhadores comerciáriosde São Paulo estão celebran-do importantes conquistaspara a categoria. Em primei-ro lugar, o aumento que con-

quistamos este ano foi muito significa-tivo, pois pelo quarto ano consecuti-vo conseguimos fechar um importan-te acordo salarial, resultando em au-mento real para os 430 mil comerciá-rios paulistanos. A vitória é significati-va, pois para um INPC de 4,28%, nos-so reajuste em setembro foi de 6%, oque representa um ganho real de1,13%. A conquista do aumento realé importante, pois é um indicativo daforça de nossa categoria, da nossaunião e de nossa articulação.

Apesar de ser motivo para se comemorar, temos a certeza deque ainda não é o ideal, mas estamos próximos de recuperar as perdasque os trabalhadores acumularam nos últimos anos.

Outra importante conquista foi a regulamentação do trabalhoaos domingos e feriados. Apesar de ser uma vitória parcial, ela foi impor-tante, pois com a regulamentação da Medida Provisória (MP) 388/07em novembro, os comerciários terão uma folga a cada dois domingostrabalhados. Não foi o ideal, poderia ser melhor, mas foi uma importanteconquista, pois asseguramos nossas folgas aos domingos.

Uma importante bandeira empunhada pelos comerciários esteano foi o pedido de mudança da Lei do Fundo de Garantia por Tempo deServiço - FGTS - para impedir as continuadas perdas do patrimônio dotrabalhador. Para isso, nosso Sindicato está colhendo assinaturas dostrabalhadores para exigir do Congresso que a Lei 8.036/90 seja alterada.

A Marcha a Brasília também teve a presença dos comerciários deSão Paulo. Ao lado da central União Geral dos Trabalhadores (UGT) e deoutras centrais, fomos exigir a diminuição da jornada de trabalho, o fimda informalidade e das demissões sem justa causa, além da terceirizaçãoilegal no mercado de trabalho, que afeta diretamente o trabalhadorcomerciário. O primeiro resultado prático já conseguimos, que foi o Presi-dente Lula anunciar estudo de proposta para dificultar as demissõessem justa causa.

Apesar das conquistas, sabemos que ainda temos muito a fazerpara assegurar um trabalho decente e melhorar a qualidade de vida docomerciário e sua família, porém temos a certeza de que com o apoiodos companheiros de nossa diretoria e, principalmente, dos trabalhadoresno comércio vamos enfrentar novas batalhas em busca de novas con-quistas para a categoria.

COMERCIÁRIOS RECEBEM

HOMENAGEM NA CÂMARA

MUNICIPAL DE SÃO PAULO......12

GARANTIAS AO TRABALHAR NOS DOMINGOS E FERIADOS......16

SURDOS LUTAM

POR COMUNICAÇÃO

MAIS EFETIVA......58

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 5VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 20074

C&CPROCURA SINDICATO

PARA NEGOCIARhega de exploração! Essa foia palavra de ordem do pro-testo que o Sindicato realizouem frente à unidade da C&CCasa e Construção, na aveni-

da Dr. Chucri Zaidan, no dia 5 de outu-bro. O ato foi contra as violações aosdireitos dos trabalhadores cometidaspela empresa do ramo de material deconstrução.

Irregularidades: Entre as denún-cias, consta que a C&C obriga o empre-gado a passar o cartão de ponto no li-mite das duas horas excedentes e exi-ge que o mesmo continue trabalhando.No banco de horas, a chefia escolhe eimpõe o dia de folga, sem levar em con-sideração as necessidades dos traba-lhadores. Além disso, pressiona o co-merciário a cumprir metas e vendas ina-tingíveis e também o obriga a venderprodutos financeiros (cartões C&C Vi-sa). Caso contrário, o trabalhador levaadvertência da empresa. Há sobrecargade trabalho devido ao exercício de múl-tiplas funções.

A pressão e a mobilização da ca-tegoria deram resultado. No dia 9 de

outubro, os diretores da empresa LuizCarlos Griebel e Carlos Augusto, alémdo advogado Jair Tavares, estiveram nasede do Sindicato para mesa-redonda.Os representantes admitiram que é ne-cessário abrir um canal de comunica-ção com o Sindicato. Também promete-ram reunir toda a documentação exi-gida para averiguar as denúncias e en-tregá-las ao Sindicato.

No dia 7 de novembro a empre-sa retornou à sede da entidade e notocante às horas extras, banco de horase descontos indevidos, a empresa apre-sentou documentos e foi constatadoque está tudo em ordem. Quanto aosrepositores, ficou acordado que osreferidos empregados não efetuarãomais vendas. Além disso, no que serefere à pressão por vendas por partedos gerentes de loja, a empresa reali-zará reuniões periódicas, no sentido deorientar os referidos a não praticaremtal conduta. Foi marcada nova reuniãopara o dia 11 de dezembro, quando aempresa estará se manifestando sobreo aumento do vale-refeição fornecidoa seus empregados

C

ATOS DO SINDICATO

os dias 18 e 19 de outu-bro o Sindicato dos Co-merciários de São Pauloe o Sindicato dos Comer-ciários de Buenos Aires

(somente no dia 19) realizaram umato em frente à C&A Modas Ltda.das suas respectivas cidades paraque a empresa cumpra com suasobrigações e respeite os direitostrabalhistas da categoria.

Em São Paulo, houve atémesmo ‘sardinhada’ em protestocontra a exigência de metas muitoelevadas, dificilmente alcançáveis;pressão para vendas de produtosfinanceiros (cartões C&A); sobre-carga de trabalho e exercício demúltiplas funções; assédio moralpor parte da chefia; falta de mo-tivação e ausência de promoções.E, em conjunto com o Sindicatode Buenos Aires, com organizaçãoda UNI-Américas (SindicatoGlobal), tanto os comerciáriospaulistanos quanto os portenhossão contra a C&A não disponibilizarassentos para operadores de caixa,descumprindo a NR17, além daimposição da chefia em escolhero dia de folga do banco de horas,sem levar em consideração asnecessidades dos empregados.

Após dois dias de manifes-tação, a empresa compareceu aoSindicato tomando ciência das de-núncias e se comprometeu a seposicionar, no dia 23 de outubro,principalmente em relação à con-tribuição assistencial, além deverificar a possibilidade de um re-presentante da entidade sindicalentregar revistas, jornais e mate-riais informativos nas dependên-cias da empresa. Em relação aosdemais itens será agendada umadata posterior para tratar sobre asreferidas denúncias.

Manifestação naC&A no BRASIL e na ARGENTINA

N

O SINDICATO

DOS COMERCIÁRIOS

DE SÃO PAULO (acima)

E O SINDICATO DOS

COMERCIÁRIOS DE

BUENOS AIRES (ao lado)

EM PROTESTO

CONTRA A C&A

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 7VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 20076

passeata comandada pela Secretaria da Mulher do Sindica-to dos Comerciários de São Paulo, realizada no dia 24 denovembro, percorreu as ruas do centro da cidade até oTeatro Municipal com a faixa DIGA NÃO À VIOLÊNCIA.A diretora do Sindicato Cleonice Caetano Souza faz questão

de realizar esta marcha porque o dia 25 de novembro foi notificadocomo Dia Internacional da Eliminação da Violência Contra a Mulhere a Exploração Infantil, com o objetivo de que mulheres e criançassejam sempre respeitadas e nunca violentadas.

DIGA NÃO ÀVIOLÊNCIA

2o Encontro de Segurança e Saúdeno Trabalho no Setor Comerciário noEstado de São Paulo trouxe temasrelevantes para a categoria comonovos anexos da NR-17 sobre

Check-Out e Teleatendimento; Sistemas deGestão de SST e sua interface com as modi-ficações inseridas pela Previdência atravésdo Nexo Técnico Epidemiológico (NTEP) e aInserção da Pessoa com Deficiência noComércio. “Se não entrarmos numa discus-são tripartite não vamos caminhar na áreade SST. Não basta apenas fornecer o EPI aotrabalhador e dizer que ele tem que usá-lo,e sim explicar por que é importante que eleutilize e isso só se consegue trabalhando emconjunto.É uma responsabilidade do sindicatopatronal, dos trabalhadores e do Governo”,afirma a diretora do Sindicato e secretáriade SST da UGT Cleonice Caetano Souza.

2º ENCONTRODE SEGURANÇA

E SAÚDE NOTRABALHO

O

A

diretora Cleonice Caetano Souza do Sin-dicato dos Comerciários de São Paulo re-cebeu o Prêmio Personalidade SINTESP2007, no dia 27 de novembro, pelos servi-ços prestados em prol da Segurança e

Saúde do Trabalhador e contribuição para valori-zação da categoria dos Técnicos de Segurança doTrabalho. Hoje Cleonice atua na entidade comodiretora do Jurídico, mas a homenagem foi dedica-da aos seus quatro anos como diretora do depar-tamento da Mulher, Esporte, Cultura e Benefícios.

PRÊMIOPERSONALIDADE

SINTESP 2007

A

Dia da Consciência Negra, 20 de no-vembro, é um dia de reflexão de quea igualdade é a estrutura fundamen-tal de uma sociedade mais justa. Nomesmo dia comemora-se a imortali-

dade de Zumbi dos Palmares, um dos maio-res líderes negros do País e presente em nos-sa memória como exemplo de luta e digni-dade. Liderou com garra a luta do povo negrocontra a escravidão. Reviver Zumbi é ter amesma força para continuar a luta. E é comessa determinação que aos poucos a popu-lação negra está cada vez mais inserida nasuniversidades, mercado de trabalho, mídia,esporte, cultura etc. Mostrando que a cor dapele não faz diferença, pois são tão compe-tentes como qualquer outra pessoa. O Sindi-cato foi o primeiro no Brasil a firmar acordopara inclusão dos negros no comércio e a cadadia persiste nesse caminho para que todostenham igualdade e oportunidade.

No dia 21 de novembro o Sindicatosaiu às ruas com o lema DÊ UM CHUTE NADISCRIMINAÇÃO, uma passeata pacíficade conscientização.

O presidente do Sindicato Ricardo Pa-tah participou do Seminário Nacional de AçõesAfirmativas para Igualdade Racial realizadona Assembléia Legislativa do Estado de SãoPaulo, onde expôs as ações do Sindicato parainclusão dos negros no mercado de trabalho.Ações que também serviram de exemplo nasessão solene sobre o Estatuto de IgualdadeRacial, realizada em 26 de novembro na Câ-mara dos Deputados em Brasília.

IGUALDADERACIAL

O

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 9VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 20078

Os comerciários participaram da Copa Seme Interem-presas - Campeonato de Futebol Society para Trabalha-dores - organizada e dirigida pelo Departamento de Pro-moções Esportivas, Lazer e Recreação da Secretaria deEsportes, Lazer e Recreação da Cidade de São Paulo comapoio do Sindicato dos Comerciários de São Paulo. Os jo-gos foram realizados no período noturno nos meses demaio a novembro, na quadra instalada sob o Viaduto doChá, no Vale do Anhangabaú. Participaram 221 equipesde diversas categorias. Confira os primeiros colocados:Campeão: JC Abreu Matos Jóias-MEVice-Campeão: Fla Sampa Futebol Society3º lugar: Hipermercado Andorinha II

ATIVIDADES DO SINDICATO

III Copa Seme Interempresas

Festival Societydos Comerciários

O Sindicato dos Comerciários de São Paulo realizou, no dia 28 de ou-tubro, o Festival Society dos Comerciários, na quadra cedida pela Pre-feitura, no Vale do Anhangabaú, onde foram disputados cinco jogosentre os comerciários, entre eles duas equipes femininas. Houve entre-ga de troféus e medalhas aos vencedores. Confira os resultados:1o Jogo (feminino): Sindicato (equipe I) 4 X 3 Sindicato (equipe II)2o Jogo (masculino): Sindicato 4 X 5 Makro (Lapa)3o Jogo (masculino): Auto Service 4 X 7 Telha Norte (Marginal Tietê)4o Jogo (masculino): Sup. Pastorinho (Santana) 6 X 7 Sup. Miquelina5o Jogo (masculino): Ingra Micro 0 X 2 Farias Veículos

Baile do Havaí paraa Terceira Idade

O dia 30 de outubro, Dia do Comer-ciário, ficou marcado com a tarde dan-çante dedicada especialmente à ter-ceira idade. Estavam presentes cercade 200 pessoas que se divertiram notérreo da sede do Sindicato, que foidecorada sobre o tema. Dançaram ecantaram com o Conjunto CharlesMello músicas desde os anos 60 etípicas havaianas.

Ginástica para osComerciários

O mezanino do Sindicato, no dia 1o de novem-bro, foi transformado em uma sala de ginásticapara os comerciários. Durante a manhã foramministradas aulas de ginástica localizada,incentivando e mostrando a importância dosexercícios físicos.

Os comerciários do Hipermercado Andorinha IIficaram com o 3º lugar

O Sindicato dos Comerciários de São Pau-lo através do programa “Drogas nem Vivo”tem atendimento específico para orientaros comerciários sobre os males que as dro-gas provocam além de englobar tambémorientação aos familiares de como ajudaruma pessoa a sair das drogas.

INFORMAÇÕES:INFORMAÇÕES:INFORMAÇÕES:INFORMAÇÕES:INFORMAÇÕES:

(11) 2111-1767 / 2111-1833(11) 2111-1767 / 2111-1833(11) 2111-1767 / 2111-1833(11) 2111-1767 / 2111-1833(11) 2111-1767 / 2111-1833

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Patah defende a desoneraçãoda folha de pagamento. “É preciso re-duzir a carga tributária para que o mi-cro e pequeno empresários possamcontratar mais”, defende.

O Sindicato reivindica o fim dobanco de horas e a redução da jornadade trabalho. Pesquisa feita pelo Sindi-cato, em parceria com o Dieese, cons-tatou que a jornada média do comer-ciário é de 57 horas semanais, quan-do a lei diz que não pode ultrapassar44 horas.

“Banco de horas lesa a saúde eescraviza o comerciário, que não re-cebe pelas horas trabalhadas e perdedias de folga e lazer”, enfatiza a diretorado Departamento Jurídico, CleoniceCaetano Souza.

Hoje, 60% dos brasileiros, ouseja, mais da metade dos trabalhado-res, estão no setor de comércio e servi-ços. Apesar de parecer um local saudá-vel, esses companheiros vivem sob apressão de vender, o que pode provocarhipertensão, infarto, úlcera, entre ou-tras doenças.

Ampliar ação

social e políticaO Sindicato luta para garantir

melhores condições de trabalho, masnão pode deixar de atuar politicamentediante de questões que afetam o tra-balhador, como violência, exclusão ecombate à corrupção. “Somos a parcelamais organizada da sociedade e deve-mos atuar em defesa da cidadania ple-

na do trabalhador”, afirma Rubens Ro-mano, do Conselho Fiscal do Sindicato.

Participação

em convençãoUma das principais bandeiras

de luta do Sindicato é garantir Participa-ção nos Lucros e/ou Resultados (PLR)em Convenção Coletiva.

“A PLR deve se tornar uma ques-tão obrigatória nas empresas e fatorque incentiva produtividade e não comouma despesa”, destaca Marcos Afon-so de Oliveira, diretor de Relações Sindi-cais.

Enquanto prosseguem as nego-ciações junto ao patronato, o Sindicatonegocia acordos de PLR empresa porempresa.

Nova diretoria assume Sindicato e indica

Esse é o compromisso da nova gestão quevai dirigir o Sindicato nos próximos quatro anos

rabalhadores, dirigentes sin-dicais, parlamentares e autori-dades governamentais lota-ram a sede do Sindicato paraa posse da nova diretoria, dia

11 de julho.“Vamos manter o Sindicato pre-

sente na luta da categoria e do mo-vimento social organizado, com umagestão democrática e transparente”,enfatiza o presidente reeleito, RicardoPatah.

Para ele, o comércio é um dossetores estratégicos do desenvolvi-mento e precisa ocupar seu espaço:“Essa gestão tem como compromissoampliar as conquistas e garantir a valo-rização da categoria comerciária”.

O presidente da Federação dosEmpregados no Comércio do Estado deSão Paulo (Fecesp), Luiz Carlos Motta,conduziu a cerimônia de posse. “Me sin-to muito orgulhoso de empossar a dire-toria do maior Sindicato do setor pri-vado do País. A categoria elegeu e oSindicato está em boas mãos, pois essadiretoria tem sido exemplo de luta,garantindo conquistas aos trabalhado-res e ampliando o patrimônio dos co-merciários”, enfatiza Motta.

A diretoria empossada foi elei-ta com a maior votação já registra-da numa eleição, em que 15.348 co-merciários compareceram às urnaspara votar.

T

Vamos aumentar

o número de subsedesO secretário-geral Edson Ramos

destacou as principais metas da dire-toria para os próximos quatro anos:“Atualmente temos sete subsedes. Nos-

so compromisso é aumentar este nú-mero e atender ainda mais trabalha-dores”.

Edson destaca que a diretoriaestá empenhada em ampliar os acordosde Participação nos Lucros e Resultadose avançar nas parcerias, com as uni-versidades garantindo descontos nasmensalidades. “Fazer do Sindicato umexemplo pelas suas ações sindicais esociais”, declarou ele.

Carteira assinada e redução

da jornada são as

prioridadesO vice-presidente do Sindicato,

José Gonzaga da Cruz, destacou aimportância da unidade da categoria eapontou as prioridades da nova gestão.“Somos um Sindicato dedicado às lu-tas sindicais e sociais e representamosmais de 400 mil comerciários, sendo

outros 100 mil na informalidade. Que-remos qualificar e trazer essas pessoaspara a formalidade”, destacou.

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 13VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200712

Lourdes Martins70 anos, sócia desde 22/03/1972

Trabalhou nas Casas Pernambucanas durante25 anos.“Fiquei muito sensibilizada de participar des-sa homenagem em reconhecimento de nos-so trabalho no comércio e agradeço os be-nefícios que recebo sendo sócia do Sindicato”.

Neide Pieretti67 anos, sócia desde 21/02/1989

Trabalhou na empresa Comércio de TecidosTex Rome, onde se aposentou.“Trabalhar no comércio é o mesmo que for-mar uma família. Minhas amigas de trabalhosão minhas amigas até hoje. Nos encontra-mos e lembramos dos tempos passados commuitas recordações”.

Orlando Canichio Filho42 anos, sócio desde 23/01/1990

Trabalha na empresa Hidrau Torque Ind.Com. Imp. e Exp. Ltda. há 13 anos.“Ser comerciário é participar de uma dascategorias mais dinâmicas de nosso País. Égostar de se relacionar, atender e servirsempre”.

À esquerda José Gonzaga da Cruz,vice-presidente do Sindicato, parabenizaa categoria pelo Dia do Comerciário e aolado recebe do vereador Antonio Goularta aquarela do artista plástico Edson deSouza, que registrou na tela o edifícioda nova sede do Sindicato no Vale doAnhangabaú. Abaixo sindicalistas, a

área patronal e o vereador se unem aoshomenageados na plenária da Câmara.

COMERCIÁRIOS RECEBEM HOMENAGEM NA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULOoi com Sessão Solene queos comerciários foram ho-menageados pelo VereadorGoulart e pelo Sindicato dosComerciários de São Paulo,

em 29 de outubro, na Câmara Mu-nicipal de São Paulo, dia que ante-cede o Dia do Comerciário. Dataque consta no Calendário Oficial deEventos do Município de São Paulode acordo com a Lei 14.213, de ini-ciativa do Vereador Goulart, aten-dendo ao pedido de Ricardo Patah,presidente do Sindicato.

As conquistas da categoriaforam detalhadas por José Gonzagada Cruz, vice-presidente do Sindi-cato, que representou a entidadena cerimônia. “Parabenizo a cate-goria pelo Dia do Comerciário edigo que trabalhamos com muitoafinco em defesa dos benefícios edireitos da categoria, além da novasede e subsedes estruturadas paraoferecer sempre o melhor atendi-mento”, afirmou Gonzaga.

Durante o evento, seis co-merciários receberam as homena-gens representando os 430 mil dabase da entidade.

Benedito Peres94 anos, sócio desde 23/03/1938

Trabalhou nas Casas Pernambucanas duran-te 34 anos.“Tenho uma vida simples dedicada à famíliae ao trabalho. Sempre gostei de ouvir rádioe ler sobre esportes”.

José Augusto de Carvalho91 anos, sócio desde 01/03/1967

Trabalhou em várias empresas do comércio,entre elas Decorações Nicolas Timar, ondese aposentou.“Sempre tive orgulho de ser comerciário, poisquem gosta do que faz sempre faz o melhor,e essa foi a minha trajetória no comércio”.

Arnaldo Pereira Neto60 anos, sócio desde 22/07/1980

Trabalha na empresa Tecidos Cássia Nahashá 31 anos.“Para mim trabalhar no comércio é trilhar umcaminho de conquistas que me traz muitoprazer”.

F

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 15VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200714

sobre o serrado e a Amazônia. Sem le-var em consideração os muitos e diver-sos estudos que apontam para o au-mento da pobreza em regiões de mo-nocultura.

Outro fator a se levar em consi-deração é o crescimento na partici-pação de grandes empresas, sobretudomultinacionais, na produção de cana-de-açúcar para o etanol, uma vez queestas têm adquirido diversas usinasprodutoras. Se o etanol de fato ganharforça frente aos combustíveis fósseis,como ficará a regulação não só daprodução, mas de preços do primeirofrente à força de um número pequenode ofertantes e o risco de cartelização?

O professor da Universidade Fe-deral Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)e pesquisador do Observatório de Po-líticas Públicas para a Agricultura,Georges Flexor, em artigo publicadoressalta que “a presença crescente defirmas multinacionais na cadeia sucro-alcooleira acarreta não somente umaredefinição da relação Estado-economiano que se refere à soberania e à segu-rança energética do Brasil, mas tam-bém modifica os arranjos institucionaise organizacionais que sustentam a ca-deia produtiva”.

No curtíssimo prazo há o im-pacto direto sobre o emprego em todasas regiões produtoras, principalmenteno nordeste, onde se concentra o maiornúmero de trabalhadores do setor dacana. Não pela mecanização do setornestes estados, já que o relevo aciden-tado dos mesmos não é favorável aouso de máquinas, mas como a pro-dutividade intensiva em tecnologia émaior na região sudeste e centro-oeste,os próprios produtores do nordestetêm migrado seus investimentos pa-ra aquelas regiões. As áreas que anteseram usadas para a cana em Pernam-buco e Alagoas, estados que possuemgrande número de mão-de-obra braçal,seriam utilizadas para outras atividadesmais rentáveis que utilizassem núme-ro pequeno da mão-de-obra outro-ra exigida, o que levaria a um aumentoda marginalização de trabalhadores etrabalhadoras agora fora do processode produção.

(1) A região Centro-Sul compreende asregiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste.

SINDICATO / DIEESE

O agronegócio sucroalcoolei-ro fatura, direta e indireta-mente, cerca de R$ 40 bilhõespor ano, o que corresponde aaproximadamente 2,35% do

Produto Interno Bruto (PIB) nacional.É, também, um dos setores que maisemprega no país, com mais de 3,6milhões de empregos diretos e indire-tos, e reúne mais de 72 mil agricul-tores.

O Brasil é o maior produtor mun-dial de cana-de-açúcar e o principal paísdo mundo a implantar, em larga esca-la, um combustível renovável alter-nativo ao petróleo. A expansão do mer-cado mundial de açúcar e álcool temestimulado o aumento do investimen-to no setor em todo o país. Atualmen-te, o Brasil é também o maior expor-tador mundial de cana-de-açúcar, açú-car e álcool, exercendo forte influên-cia na determinação dos preços inter-nacionais do açúcar. O setor possuigrande importância econômica, sociale ambiental, sendo grande gerador deocupação no meio rural, com geraçãode divisas e produção de energia reno-vável e limpa. Mundialmente, o álcoolé reconhecido pelas suas vantagensambientais, sociais e econômicas, evem despertando o interesse de paísesdesenvolvidos na tecnologia deste com-bustível.

No Brasil, as primeiras experiên-cias de uso de álcool como combustí-vel ocorreram em 1925, em projetosdo antigo Ministério da Agricultura,Indústria e Comércio. A partir daí o paísdesenvolveu uma extensa experiênciana produção e uso deste combustível,

O trabalhador e o

DIEESEDepartamento Intersindicalde Estatística e EstudosSocioeconômicos

em particular com a criação do Progra-ma Nacional do Álcool (Proálcool), em1975.

Outra vantagem da utilização dacana-de-açúcar é como fonte de ener-gia, que dá origem, além do álcool con-sumido pelos veículos, ao bagaço queé utilizado nas usinas. O bagaço é oresíduo sólido da produção de açúcare álcool, destinado basicamente à ge-ração de energia, nas formas térmica,mecânica e elétrica. Essa energia é ca-paz de suprir toda a demanda das uni-dades produtoras e ainda gerar exce-dentes exportáveis à rede elétrica.

O potencial de geração de ener-gia canavieira é estimado em 12 milmegawats, sendo que a potência ins-talada no Brasil é de 70 mil megawats.O setor já produz 4% da energia elé-trica produzida no Brasil.

Na safra 2005/2006, a moagemde cana foi de 431,4 milhões de tone-ladas, que resultou na produção de26,7 milhões de toneladas de açúcar e17 bilhões de litros de álcool. Em 2006,o parque sucroalcooleiro nacional pos-suía 320 indústrias em atividade, sendo227 na região Centro-Sul1 e 94 naregião Norte/Nordeste, que impulsio-navam a atividade econômica de maisde mil municípios brasileiros. Havia, ain-da, no país, perto de 30 projetos emfase de implantação.

O potencial deste mercado égrande, uma vez que 50 mil empre-sas brasileiras sofrem o impacto doelevado volume de capital destinado ainvestimentos, compra de equipa-mentos/insumos e contratação de ser-viços por parte das usinas de açúcare álcool, o que ultrapassa R$ 4 bilhões/ano. Outro indicador da importância so-cial do agronegócio sucroalcooleiro é ageração de tributos, que a cada anorecolhe mais de R$ 12 bilhões aos co-fres públicos.

Estima-se, ainda, um avançomais expressivo do mercado dos carrosbicombustíveis. Acredita-se que as ven-das de carros com motor flexível podemvir a corresponder a 80% do total, oque exigirá um acréscimo na produção,até 2010, de 7 bilhões de litros de ál-cool. No mercado externo, há pers-pectivas de que as exportações de ál-cool dobrem para 5 bilhões de litrosem cinco anos.

No entanto, as condições de tra-balho, remuneração e de qualidade devida dos trabalhadores da cana sãoainda muito precárias em comparaçãocom as demais categorias de assalaria-dos do país. O cenário que ora se apre-senta e as perspectivas futuras indicamque este é um momento oportuno parase pactuar uma reversão no quadro dasrelações de trabalho no setor no país.

Ressalvas a uma atividade

em expansãoOs impactos da produção em

larga escala da cana-de-açúcar sãograndes, não só no mundo do trabalho,como nos diversos setores de nossa so-ciedade. Por conta disso, não só os efei-tos positivos devem ser levados emconsideração, mas o desafio da supe-ração dos nocivos também.

A alta lucratividade do setorsucroalcooleiro deve demandar um au-mento das grandes áreas de monocul-tura. Este modelo produtivo extensivotem também efeitos nocivos à biodiver-sidade e ao meio ambiente. Sem falarque o cultivo da cana-de-açúcar con-some alta quantidade de água, é inten-siva no uso de fertilizantes à base depetróleo e requer altas quantidades deagrotóxicos.

Uma regulação sobre as novasáreas plantadas faz-se necessária, umavez que o avanço da cana empurrariaoutras atividades, inclusive pastagens,

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 17VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200716

projeto do Senado para mudanças na Medi-da Provisória 388/2007, que condicionava aabertura do comércio aos domingos à Con-venção Coletiva e a inclusão dos super e hiper-mercados foi rejeitado no dia 20/11 pela Câ-

mara dos Deputados, em Brasília, com a seguinte vo-tação: 234 votos contra, 197 a favor e 5 abstenções.Sendo assim, fica mantido o texto da MP 388/2007.Para Ricardo Patah seria melhor a aprovação do projetodo Senado mas, mesmo assim, para ele a vitória foi‘parcial’, pois a Medida Provisória aprovada é melhordo que a Lei Federal 10.101/2000. Com a MP, a folgados comerciários será a cada três domingos trabalha-dos, mais do que previa a Lei 10.101 a qual nem sequermencionava o domingo como folga tendo o comerciárioque, na maioria das vezes, folgar durante a semana.

MP estabelece um domingo defolga após dois domingos traba-lhados e dá às negociações cole-tivas poder para dispor sobreabertura do comércio em feriados

Comerciários de todo o Brasilganham garantias ao trabalhar nos

MATÉRIA DE CAPA

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 19VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200718

de julho. Lupi lembrou, naexposição de motivos doprojeto, que a proposta deregulamentar o trabalho aosdomingos e feriados “estáem consonância com o textoda Constituição Federal queconsagra a proteção da fa-mília (CF, art. 206, caput),bem como insere o lazer co-mo direito fundamental so-cial (CF, art. 6o)”. Ele acres-centou que “a ConstituiçãoFederal reconhece a legitimi-dade das convenções e acor-dos coletivos de trabalho(CF, art. 7o, inciso XXVI)” e,

assim, “ao estipular mecanismos de ne-gociação coletiva como pressuposto paraque se permita o trabalho nos feriados, secoaduna com o dispositivo constitucionalem apreço”.

“A MP 388 foi saudada com entu-siasmo pelos comerciários” afirmou Ricar-do Patah, presidente do Sindicato dos Co-merciários de São Paulo e da central sindi-cal União Geral dos Trabalhadores (UGT).Já o presidente da Federação dos Comer-ciários do Estado de São Paulo (Fecesp),Luiz Carlos Motta, afirma que, embora aMP seja um avanço, está aquém dos an-seios dos comerciários. Motta acha que o

ideal seria permitir o trabalho apenasem domingos intercalados – ou seja,para cada domingo trabalhado folga-se no seguinte – e a definição de regraspara o trabalho em feriados.

Novela longaA luta para impor restrições ao

trabalho dos comerciários no domingoé antiga e seus lances lembram o enre-do de uma novela muito longa... Come-çou em novembro de 1997, quando oGoverno do então presidente FernandoHenrique Cardoso publicou a MP 1539,que trata da Participação nos Lucros eResultados (PLR) das empresas. Mas,no artigo 6o deste projeto, estava em-butida a autorização para a aberturado comércio aos domingos, desde quepermitida pelo respectivo governo mu-nicipal. A partir daí, o domingo foi consi-derado um dia normal de trabalho emuitos comerciários foram obrigadosa trabalhar neste dia sem qualquercompensação.

Mas ainda restava a questão daregulamentação da Lei 13.473, quepermanecia pendente. Por isso, os dire-tores do Sindicato foram várias vezesfalar com a então prefeita, Marta Supli-cy. Foi somente às vésperas de entregaro cargo, em 28 de dezembro, que Marta

assinou o Decreto 45.676/04, que regu-lamentou a autorização do funciona-mento do comércio aos domingos aoexigir a concordância do empregado,expressa por escrito, em trabalhar nes-ses dias. Em março de 2005, o novoprefeito, José Serra, assinou o Decreto45.750 com o objetivo de simplificaros procedimentos para pedir autori-zação para abrir lojas nos domingos.Enquanto o decreto de Marta obriga-va o próprio lojista a protocolar nassubprefeituras o pedido de abertura,o decreto de Serra permite que o lojistaenvie o requerimento ao Sindicato dosLojistas que, então, realizará os de-mais procedimentos. Com a posse daautorização para abertura aos domin-gos, o lojista comprovará que sua em-presa pertence à respectiva catego-ria econômica e que cumpre a Con-venção Coletiva de Trabalho corres-pondente.

Apesar de o problema ter sidoresolvido na cidade de São Paulo, o tra-balho aos domingos continuava sendoum terror para os comerciários de to-do o Brasil até a edição da MP 388/07.No município de São Paulo o comércioemprega cerca de 430 mil trabalha-dores. Em todo o Brasil, esse númerosobe para 10 milhões.

O comércio de todo Brasil deve res-peitar as normas da MP 388/07 que passoua ter força de Lei quando publicada no DiárioOficial da União, no dia 6 de setembro. As-sim, o comerciário tem garantida uma folgano domingo após dois domingos seguidostrabalhados, o que dá 17 folgas em um totalde 52 domingos no ano.

A MP 388 estipula que os municípiostêm competência para legislar sobre a per-missão do funcionamento do comércio aosdomingos e, neste caso, o repouso semanalremunerado dos comerciários deverá coin-cidir com o domingo pelo menos uma vezno período máximo de três semanas. As de-mais regras para o trabalho neste dia ficama cargo das negociações coletivas, que tam-bém vão dispor sobre a abertura do comér-cio em feriados. Desta forma, devem cons-tar nas convenções coletivas locais as garan-tias e direitos trabalhistas em feriados, comoo pagamento de hora extra, de vale-refeiçãoe de transporte e a jornada de trabalho,entre outros itens. Isso acontece na cidadede São Paulo que está condicionada aoDecreto Lei 45.750/05.

A nova legislação é fruto de um acor-do firmado no dia 23 de maio entre o Go-verno, representantes dos trabalhadores eempresários, bem como o protocolo de in-tenções assinado no dia 4 de junho na De-legacia Regional do Trabalho do Rio deJaneiro. O projeto da MP foi apresentadoao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pe-lo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, em 10

O projeto da MP foi apresentado ao presidente Lulapelo ministro do Trabalho Carlos Lupi (direita).

“A MP 388/07 foi saudada com entusiasmo pelos comerciários”afirmou Ricardo Patah (esquerda).

O Sindicato dos Comerciários realizou atos,carreatas, passeatas e mobilizações além

de contatos com autoridades para aregulamentação do trabalho no comércio

aos domingos

1918

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 21VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200720

V

ARTIGO

ATENDIMENTO E APRESENTAÇÃO

Laurinda Grion

Consultora empresarial eprofessora universitária

www.cursosgrion.com.br

Telefones:(11) 6865-4564 e 3464-1411

ivemos em uma socie-dade globalizada onde acompetição e a igualda-de de condições de dis-puta de mercado entre

as empresas atingiram níveis nun-ca antes vistos. Um mau atendi-mento ou apresentação é o bas-tante para que um cliente migrepara a concorrência.

Assim, uma função queganhou tanta importância não po-de ser desempenhada de modomecânico e burocrático. O atendi-mento não foge à necessidade deespecialização que afeta cada vezmais todos os níveis de trabalhonas empresas. Portanto, é impres-cindível que se invista na prepa-ração dos funcionários, capacitan-do-os constantemente para tomardecisões que podem fazer a dife-rença em momentos mais delica-dos da relação empresa/cliente.

Sabemos que não deve-mos nos prender a aparências nemavaliar as pessoas unicamente pelaforma como se vestem. De fato,julgar o caráter de uma pessoapelas suas roupas ou jeito de serpode ser um preconceito. Mas apsicologia nos ensina que nos pau-tamos muito mais por estímulosvisuais do que imaginamos.

No atendimento direto, aaparência representa o primeiroimpacto visual do cliente em rela-ção a um atendente. A aparênciaengloba roupas, calçados, pentea-dos, adornos e higiene. O som e otom de voz e a forma de falar sãotambém importantes, às vezesmais até do que as palavras quese empregam. São instrumentosfundamentais na transmissão deatitudes e comportamentos posi-tivos, tanto no atendimento diretocomo no telefônico.

Existem outros cuidados, no en-tanto, que podem nem sempre serobservados da mesma forma. Trata-sede hábitos de nossa vida privada que,de tão corriqueiros, fogem à nossaavaliação crítica e acabam transpostosimpropriamente para a vida profis-sional. Gostos e preferências pessoaisdevem ser respeitados. Mas é inevitá-vel que eles sejam submetidos a opi-niões externas e causem rejeição deacordo com o público.

A começar pelo perfume. O gos-to por fragrâncias é algo absolutamentepessoal, o que significa que ninguém éobrigado a sentir prazer em aspirar umdeterminado perfume que outra pessoaconsidera o máximo. O que é bom parauns, nesse caso, pode ser enjoativopara outros. Por isso, convém evitar ouso de perfumes ou colônias de cheiromuito acentuado e, preferencialmente,usar com certa parcimônia.

Os odores naturais da trans-piração devem ser evitados, é claro. Tersempre à mão um frasco de desodo-rante para aplicações no decorrer doexpediente é aconselhável, especial-

mente para o caso de pessoas quetranspirem excessivamente. Paraquem não tem pele sensível, de-sodorantes anti-transpirantes sãoos mais recomendáveis.

Para os fumantes, é impor-tante não levar o cigarro ao localde trabalho. A fumaça de cigar-ro e seu odor deixado em quemfuma causam freqüentemen-te rejeição a quem não fuma. Pa-ra quem não tem como deixar ohábito de fumar, o melhor a fazeré procurar lugares arejados oupróprios como, por exemplo, osfumódromos.

Quanto à moda, os mode-los mais sóbrios e neutros são osmais adequados. A ousadia quede tempos em tempos marca ojeito de se vestir, sejam no com-primento das saias, nos decotesou nas transparências devem serevitados.

Para as mulheres, umaatenção especial deve ser dada àmaquiagem, que deve ser discre-ta. Na maior parte dos ambientesde trabalho, o uso de coloraçõesmais ousadas nos cabelos causaestranheza.

Para o homem que não usagravatas, nunca se deve manteralém do primeiro botão da cami-sa aberto. Cabelos curtos sãorecomendáveis, assim como a bar-ba feita. No caso de quem preferirusar bigode ou barba, os fios de-vem ser bem aparados, evitando-se a imagem de desleixo.

MEDIDA PROVISÓRIA Nº 388,DE 5 DE SETEMBRO DE 2007

Altera e acresce dispositivosà Lei nº 10.101, de 19 de

dezembro de 2000

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no usoda atribuição que lhe confere o art. 62da Constituição, adota a seguinte Medi-da Provisória, com força de Lei:

Art. 1º - O art. 6º da Lei nº 10.101, de19 de dezembro de 2000, passa avigorar com a seguinte redação:

“Art. 6º - Fica autorizado o trabalhoaos domingos nas atividades do co-mércio em geral, observada a legis-lação municipal, nos termos do art. 30,inciso I, da Constituição.

Parágrafo único - O repouso semanalremunerado deverá coincidir, pelo me-nos uma vez no período máximo detrês semanas, com o domingo, respei-tadas as demais normas de proteçãoao trabalho e outras a serem estipula-das em negociação coletiva.” (NR)

Art. 2º - A Lei nº 10.101, de 2000, pas-sa a vigorar acrescida dos seguintesdispositivos:

“Art. 6º A - É permitido o trabalho emferiados nas atividades do comércio emgeral, desde que autorizado em con-venção coletiva de trabalho e obser-vada a legislação municipal, nos ter-mos do art. 30, inciso I, da Consti-tuição.” (NR)

“Art. 6º B - As infrações ao dispostonos arts. 6º e 6º A desta Lei serão pu-nidas com a multa prevista no art. 75da Consolidação das Leis do Trabalho,aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452,de 1º de maio de 1943.

Parágrafo único - O processo de fiscali-zação, de autuação e de imposição demultas reger-se-á pelo disposto no Tí-tulo VII da Consolidação das Leis doTrabalho.” (NR)

Art. 3º - Esta Medida Provisória entraem vigor na data de sua publicação.

Brasília, 5 de setembro de 2007; 186ºda Independência e 119º da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Carlos Lupi

Desta forma, a regulamentaçãodo trabalho dos comerciários aos do-mingos tornou-se uma das principaisbandeiras da luta do movimento sindi-cal. Reivindicou-se que era preciso ter,pelo menos, o pagamento de refeiçãoe transporte no domingo, folga paracompensar o trabalho neste dia, alémde garantir que o trabalhador pudesseter um domingo livre a cada 15 diaspara ir à missa, reunir a família, ver osamigos, estudar para uma prova ousimplesmente descansar.

Como uma MP tem prazo paraser votada ou perde a validade, a medi-da provisória sobre PLR foi reeditadadiversas vezes, com o mesmo texto,mas com números diferentes. Foi so-mente em dezembro de 2000 que aMP que trata da PLR foi votada peloCongresso e transformada na Lei no

10.101. O artigo 6o. desta Lei conti-nuou sendo uma pedra no sapato doscomerciários, pois diz: “Fica autori-zado(...) o trabalho aos domingos nocomércio varejista em geral”. O pará-grafo único deste artigo diz que: “o re-pouso semanal remunerado deve coin-cidir, pelo menos uma vez no períodomáximo de quatro semanas, com o do-mingo, respeitadas as demais normasde proteção ao trabalho e outras previs-tas em acordo ou convenção coletiva”.

Por isso, os sindicatos de co-merciários de todo o país se engajaramem um movimento para tentar mudara Lei. Foram realizadas várias manifes-tações locais contra o trabalho aosdomingos em regime que poderia sercomparado ao da escravidão. Patah foivárias vezes a Brasília, em companhiade outros sindicalistas, para pedir àsautoridades que fosse revogada a le-gislação que permitia às lojas tomar adecisão unilateral de abrir as portas aosdomingos.

São PauloNa cidade de São Paulo, o então

prefeito Celso Pitta foi conivente coma MP 1539, que colocou o domingo co-mo dia útil para o comércio, e, em 30de dezembro de 1997, assinou o De-creto no. 37.271, que permitia o funcio-namento do comércio aos domingos.Com isso, os comerciários da cidadeforam submetidos a um regime de tra-

balho absurdo, em que eram obrigadosa dar expediente todos os domingos ea trabalhar 50 horas por semana semreceber ao menos vale-transporte e dealimentação nestes dias.

O Sindicato dos Comerciários deSão Paulo imediatamente encampou aluta para humanizar o trabalho nosdomingos e feriados. “Queremos ape-nas humanizar as relações entre pa-trões e empregados”, afirmava RicardoPatah em várias manifestações pelasgarantias dos comerciários que traba-lhavam aos domingos. Uma das formasde luta adotadas foi a de recorrer a par-lamentares. Assim, logo após tomarposse como vereador no início de 2001,o sindicalista Toninho Campanha apre-sentou o Projeto de Lei nº 86/2001,que condicionava o funcionamento daslojas aos domingos a um acordo entreo Sindicato dos Comerciários e a entida-de patronal. “O trabalho dos comer-ciários aos domingos era um regimede escravidão e era preciso acabar comisso”, explicou Campanha.

Repetidas manifestações doscomerciários em frente à Câmara Mu-nicipal de São Paulo convenceram osvereadores a aprovar o projeto de To-ninho Campanha, que foi transforma-do na Lei 13.473, de 26 de dezembrode 2002. Nos domingos de janeiro de2003, enquanto as lojas continua-vam a funcionar, diretores do Sindicatodos Comerciários percorriam shoppingcenters e centros comerciais na ten-tativa de conscientizar os trabalhado-res da nova lei.

Mas, logo em março de 2003, oSindicato dos Lojistas entrou com açãodireta de inconstitucionalidade contraa Lei 13.473. No dia seguinte, uma limi-nar suspendeu os efeitos da nova lei e,desta forma, o comércio continuou fun-cionando aos domingos. Foi o própriopresidente do Sindicato dos Comerciá-rios, Ricardo Patah, que é advogadoformado, que vestiu uma toga e foi fa-zer a defesa dos interesses dos comer-ciários em juízo. Patah conseguiu des-montar a argumentação de Yves Gan-dra Martins, advogado dos lojistas e,em março de 2004, o Tribunal de Jus-tiça decidiu, sem exame de mérito, ex-tinguir a ação e revogou a liminar.

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 23VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200722

movimento sindical brasileirodeu um novo passo em 19,20 e 21 de julho de 2007, coma fundação da União Geral dosTrabalhadores (UGT). A nova

entidade nasce sob o signo da solidarie-dade com a proposta de enfrentar osprincipais desafios do movimento dostrabalhadores no século XXI. Entre suasprincipais bandeiras estão a defesa dosexcluídos e uma pauta de questões decidadania, que ultrapassam os limitesdo ambiente de trabalho – como educa-ção, saúde, moradia, transporte públi-co, distribuição de renda etc.

A UGT foi formada pela fusãode três centrais sindicais importantes– a Central Autônoma dos Trabalhado-res (CAT), a Central Geral dos Trabalha-dores (CGT) e a Social Democracia Sin-dical (SDS) – que resolveram unir suasforças em prol dos interesses dos traba-lhadores, algo inédito na história sin-dical brasileira. Ao final do Congressode Fundação da UGT, em 21 de julho,a nova entidade já reunia 600 sindica-tos que representam conjuntamentecinco milhões de trabalhadores brasi-

O

Nova entidade - UGT- vailutar pelos direitos dostrabalhadores informaise por questões ligadasà cidadania

Sílvia Kochen

leiros. A meta é chegar a um mil sindi-catos, com representação conjunta deoito milhões de trabalhadores, até o fi-nal do ano.

Os debates entre os três mil de-legados presentes ao Congresso deFundação da UGT, realizado em SãoPaulo, deixaram claro que o sindicalis-mo tradicional, que se centra apenasem questões corporativas como saláriose condições de trabalho, está esgotado.Isto porque, hoje, da mesma forma queacontece em outros países, a maioriados trabalhadores brasileiros está ex-cluída do mercado de trabalho formale não tem como se filiar aos sindica-tos tradicionais. Por isso, estes sindica-tos vêem o número de seus associadosdiminuir, assim como sua força.Construindo um novo Brasil

O Congresso de Fundação daUGT foi aberto com a presença de cercade três mil delegados brasileiros, 25 im-portantes nomes do sindicalismo mun-dial e dezenas de convidados, que fo-ram dar seu apoio à nova entidade.Também compareceram muitos políti-cos, sendo que alguns deles começa-ram na vida pública como dirigentessindicais.

O ex-sindicalista Luis Dulci, quehoje é o ministro-chefe da SecretariaGeral da Presidência da República, de-clarou que “para o movimento sindical,a fusão das três centrais sindicais, SDS,CAT e CGT, resulta em uma entidademuito mais forte e poderosa para ne-gociar com o governo e o patronato”.O ministro da Previdência Social e

Movimento Sindical Brasileiro

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 25VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200724

Rita Marli Santos

José Álvaro Franca Rios

Márcio Fattel

José Maria Oliveira Garcia

Raimundo Nonato Fernandes

A presença de um grupo de 42índios Karajás como delegados no Con-gresso de Fundação da UGT mostrauma pluralidade de reivindicações nun-ca vista antes no movimento sindicalbrasileiro. Lykana Karajá, cuja tribo viveem São Félix do Araguaia, conta que

Para José Maria Oliveira Garcia,diretor do Sindicato dos Empregadosno Comércio do Estado do Pará, a deci-são de se filiar à UGT foi natural, jáque seu sindicato já era filiado à CGT.

Ele acrescenta que vê comopontos prioritários que a UGT deveabraçar a questão do trabalho aos do-mingos e feriados, o respeito às nego-ciações e acordos coletivos (que nemsempre são respeitados) e a questãodo lazer do comerciário, que ainda nãotem sua profissão regulamentada.“A UGT tem de ir a cada categoria paraconhecer sua realidade”, diz.

O presidente do Sindicato dosEmpregados em Imobiliárias do RioGrande do Sul, Cícero Pereira da Silva,observa que a UGT é uma experiênciaúnica de fusão no movimento sindicaltrabalhista e esta oferece uma ex-pectativa favorável à inserção de ques-tões sociais no movimento sindical. “OPatah, em São Paulo, já negociou cotapara negros nas contratações”, lembrao sindicalista.

Cícero argumenta que os an-seios dos trabalhadores ultrapassam asquestões corporativas, já que “os traba-lhadores vivem em locais sujeitos a en-chentes, têm crianças que vão à escolapública e usam hospitais públicos quan-do precisam; por isso, as questões so-ciais também são prioritárias para ostrabalhadores”. Isto o faz afirmar que

“a UGT vai tomar um lugar no movi-mento sindical que ninguém ocupa”.

Raimundo Nonato Fernandes,presidente do Sindicato dos Taxistasdo Município de Ananindeua, no Pará,afirma que a UGT nasce forte. Ana-nindeua, a segunda maior cidade doPará, que fica na região metropolitanade Belém, tem cerca de mil taxistas sin-dicalizados. Entre as suas reivindica-ções estão a desburocratização da Pre-vidência Social no Brasil, para facilitara vida dos trabalhadores, e o acessoao gás natural veicular (GNV) no Pará,já que hoje mais da metade do ganhodo taxista vai para os gastos com com-bustível. “O ganho com o uso de GNVpoderia ser usado na renovação da fro-ta, pois hoje a idade média dos táxisdo Pará é de dez anos”, diz Nonato Ta-xista, como é conhecido em sua cidade.

também ex-sindicalista, Luiz Marinho,afirmou que “a UGT cria uma situaçãode equilíbrio entre as centrais sindicaise, pela primeira vez, os trabalhadoresinformais estão representados. Dulci eMarinho foram à abertura do eventode fundação da UGT representando opresidente Luiz Inácio Lula da Silva, quenão compareceu em razão dos proble-mas causados pelo desastre do aviãoda TAM, que havia caído em Congonhasdois dias antes.

Também estava presente o de-putado Luiz Antônio de Medeiros, outropolítico que ganhou fama como diri-gente sindical. Ele comentou que a UGT“nasce forte e muito prestigiada, e res-gata o passado do movimento sindical”.Medeiros lembrou que a maioria dossindicatos brasileiros não é filiada a umacentral sindical porque não se sente re-presentada por nenhuma das opçõesexistentes e, segundo ele, a UGT po-derá ser uma opção atraente para umaparcela destes sindicatos.

Também prestigiaram a criaçãoda UGT o governador paulista, JoséSerra, e o prefeito de São Paulo, Gilber-to Kassab. Serra lembrou que foi líderestudantil em sua juventude e disse quepara o desenvolvimento social é preci-so uma união forte e de combate. “Istoé muito importante para o povo brasi-leiro”, disse o governador. Já o prefeitoKassab desejou boa sorte à nova enti-dade. “Que consigam atingir seus obje-tivos, que são os nossos, de construirum grande Brasil”, afirmou Kassab.Anseios dos trabalhadores

Os delegados presentes ao Con-gresso de Fundação da UGT demons-travam contentamento com a possibili-dade de incluir os anseios dos trabalha-dores na pauta do movimento sindical.Rita Marli Santos, por exemplo, diretorado Sindicato do Comércio Varejista deFeirantes e Vendedores de Ilhéus, naBahia, observava que um sindicato detrabalhadores autônomos, como o dela,não podia se filiar às centrais sindicaisestabelecidas, como a CUT e a ForçaSindical. “Mas como a UGT tem umaproposta de inclusão sindical, nos filia-mos a esta central.” Ela declarou que:“Até que enfim, os pequenos sindicatosmereceram atenção”.

Há 52 anos, o sindicato de Ritareúne feirantes e artesãos que vendemseus produtos nas ruas. A entidade temcerca de 850 associados em uma base

avaliada em cerca de 10 mil pessoas.Rita avalia que na longa lista de pautade reivindicações da UGT, as mais im-portantes são a inclusão da mulher nomercado de trabalho; a promoção dacultura da feira, que movimenta um vo-lume significativo de negócios pelo Bra-sil afora; e o apoio a pequenas e microempresas. A sindicalista avalia que acarência maior para sua categoria éuma proteção econômica e acha que aUGT deve lutar por programas de apoioa empreendedores no setor.

José Álvaro Franca Rios, diretordo Sindicato dos trabalhadores de Rá-dio e TV de Feira de Santana, tambémna Bahia, diz que acha que a fusãodas três centrais que criou a UGT é umavanço. “Achamos importante um sin-dicalismo cidadão e a formalização dotrabalho.” Entre as bandeiras mais im-portantes, para José Álvaro, estão ocombate à corrupção, a defesa da unici-dade sindical e a melhoria de qualifi-

cação do trabalhador. O sindicato dele temcerca de 700 filiados em uma base de cer-ca de 1,5 mil trabalhadores.

Márcio Fattel, presidente da Fede-ração dos Comerciários da Bahia, explicaque sua entidade não era filiada a nenhu-ma das centrais sindicais estabelecidas por-que estas não defendiam pontos que ele eseus companheiros consideram prioritários,como a unicidade sindical, políticas efetivasde emprego e salário, organização sindicalno local de trabalho etc. A Federação dosComerciários da Bahia reúne 40 sindicatosem uma base de 200 mil trabalhadorescom cerca de 15 mil sindicalizados.

Fattell conta que resolveu se unir àUGT por causa de seu compromisso de for-mular políticas voltadas à inclusão no mer-cado de trabalho, de combate à informali-dade e por levantar o debate das questõesdas mulheres e dos jovens. “É uma centralque já nasce forte por conta da fusão dastrês centrais e pela adesão de dissidentesda Força Sindical.”

No destaque (da esquerda para a direita), Gilberto Kassab,Luis Dulci, José Serra e Ricardo Patah

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 27VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200726

bastante carinhosa, que a UGT é umacentral cidadã.VC - Em relação à questão da re-forma sindical que está em dis-cussão no Brasil, quais as propos-tas da UGT?Patah - Achamos importante que sefaçam mudanças na área sindical, masnão abrimos mão de algumas questões,como a unicidade sindical e o custeiocompulsório. Também acreditamos quealgumas questões são muito importan-tes, como o representante sindical nasempresas. As empresas que permitemrepresentação do trabalhador no localde trabalho são as que menos têm pro-cesso na Justiça do Trabalho, pois resol-vem os problemas dentro de casa. Con-sideramos fundamental a questão dalegitimidade, com a exigência de umaquantidade mínima de sócios. Não po-demos permitir mais aquele sindicatode carimbo, que não representa efetiva-mente a sua categoria. É preciso que osindicato tenha transparência nas suascontas, portas abertas para a categoria,eleições e estatuto democráticos.VC - E em relação à reforma traba-lhista que está em processo degestação no governo?Patah - É preciso adequar a CLT aosnovos tempos, mas não se pode abrirmão de direitos pétreos dos trabalha-dores, como férias, FGTS etc. Vamosacompanhar o trabalho de todos os mi-nistérios que estão ligados à reformatrabalhista e ter uma atuação para in-fluir em todas as políticas públicas rela-

cionadas a esta questão. Por exemplo,hoje vamos visitar o Ministério do Tra-balho ou da Previdência para acompa-nhar as propostas e influir nelas. Istovai acontecer também em relação aoorçamento público, inclusive para ga-rantir mais verbas para a educação pú-blica, que hoje é de péssima qualida-de. É muito difícil alguém que passoupela escola pública, onde estudam osfilhos de trabalhadores, conseguirentrar na universidade pública, ondeestuda a classe média e pessoas deposses. Alguma coisa está errada aí.Vamos também apresentar nossos pro-jetos para transformar o Brasil.VC - Um dos problemas vividosatualmente pelos sindicatos nomundo inteiro é a questão da pre-carização do trabalho. Os sindica-tos tradicionais só aceitam traba-lhadores formais como sócios,mas a UGT está abrindo as portaspara os trabalhadores informais esuas associações. Qual o plano detrabalho da UGT em relação aosinformais?Patah - Hoje há muito mais gente tra-balhando como informal do que comcarteira assinada. Por isso, uma dasprincipais bandeiras da UGT é a inclu-são dos excluídos da CLT. Isto acon-tece devido a vários motivos e vamosbuscar alternativas para estas ques-tões. Uma questão é a desoneração dafolha de pagamento com um projetode tributação especial ou outros meios.Nós já estamos desenvolvendo estesprojetos. Já sabemos o que queremose temos técnicos com a missão de tor-nar factível a nossa proposta de inclu-são social. Temos uma equipe de eco-nomistas e sociólogos nos auxiliando.Estamos em meio a um processo deconscientização da classe trabalhado-ra em relação a vários problemas. Nãopodemos ficar alheios ao custo dacorrupção no Brasil, que é de cerca deR$ 40 bilhões ao ano; ao ônus exces-sivo do enfraquecimento das institui-ções; ao problema da concentração derenda no País, onde 130 mil pessoasdetêm 50% do PIB.VC - Muita gente se pergunta porque se cria mais uma central sindi-cal no País. O que a UGT tem dediferente das demais?Patah - Para começar, não é mais uma

central porque esta é a união de trêscentrais, isto é algo inédito e dá umaqualidade diferente para a UGT. Em se-gundo lugar, as bandeiras da UGTsão muito distintas das bandeirasdas demais centrais sindicais, que prio-rizam redução da jornada de trabalhoe melhores salários, por exemplo. Sãobandeiras importantes, mas como amaioria dos trabalhadores não tem nememprego, não adianta sair com bandei-ras irrealistas. Temos de sair com ban-deiras que podem se tornar factíveis.A redução da jornada de trabalho, porexemplo; hoje os comerciários traba-lham em média 50 horas por semana,muito acima das 44 horas constitucio-nais. Nossas preocupações são outras.E se tivermos a capacidade de instru-mentalizar uma realidade mais pró-xima, poderemos concentrar estagrande massa de trabalhadores. Outrodiferencial é que não somos politi-camente ligados a ninguém, somos plu-rais. Há vários partidos abrigados naUGT, mas nenhum deles domina. A UGTnão tem partido. Isto não quer dizerque vamos colocar obstáculos se al-guém quiser se candidatar.VC - E quanto à relação da UGTcom a política e os políticos?Patah - O movimento sindical temde participar da política, mas uma cen-tral não deve ser de partido nenhum.Acredito até que se um sindicalista foreleito para um cargo político, deve abrirmão de sua atividade sindical, pois achoincompatível casar a atividade parla-mentar com a sindical, duas tarefasgrandiosas. A imparcialidade é impor-tante nas relações, que devem ser derespeito, tanto com empresários quantocom o governo, e vamos nos submeterapenas ao trabalhador, sempre. Muitosdos participantes deste Congresso quefundou a UGT se disseram impressiona-dos com a quantidade de autoridadesque estiveram aqui presentes – o pre-feito, o governador, dois ministros etc.O próprio Lula só não veio por questõespontuais (o acidente com o avião daTAM, ocorrido dois dias antes do iníciodo Congresso). Também estavam pre-sentes representantes das demaiscentrais sindicais brasileiras, o que re-força a nossa proposta de solidarieda-de no movimento sindical. Quanto maissolidário ele for, mais força terá.Ricardo Patah

O presidente do Sindicato dosComerciários de São Paulo, RicardoPatah, foi eleito presidente da UniãoGeral dos Trabalhadores (UGT) noCongresso que fundou a entidade. Elefalou sobre os projetos da nova centralna entrevista que segue:Voz Comerciária - O que levou àfundação da UGT?Patah - Os comerciários de São Paulosão fundadores da Força Sindical. Du-rante 16 anos, ajudamos a construireste projeto de âmbito nacional. Mas,nos últimos tempos, com a perspectivade uma reforma sindical se aproximan-do, três centrais sindicais – CAT, CGTe SDS — resolveram se antecipar a es-te processo e iniciar um processo deunião, seguindo a unificação de duasgrandes centrais sindicais internacio-nais, a CMT e a Ciosl, que resultou naConfederação Sindical Internacional(CSI).Este é um processo novo e os comerciá-rios de São Paulo resolveram participardesta proposta por dois motivos. Pri-meiro entra a questão da solidariedade,da unificação, a participação conjunta.O movimento sindical está muito dividi-do, muitos sindicatos acabam sendocriados por questões pessoais, e estaé uma proposta totalmente inversa, ade construir algo que agregue, que soli-difique. O segundo motivo é que o sin-dicato no Brasil tem cem anos e nuncaantes um comerciário, que hoje é umadas maiores categorias do País, ocupoua presidência de uma central sindical.Isto nos deu a possibilidade de partici-par de uma central que prestigia os tra-balhadores do comércio e dos serviçosem geral, sem menosprezar outras ca-tegorias. E há todo um projeto que estásendo criado que tem como alma aquebra de paradigmas. Por isso, a UGTestará em toda e qualquer situação quetenha conseqüência para o trabalhador– na educação, no saneamento básico,no meio ambiente, na violência, emtudo. Precisamos quebrar esta barreirae transformar a central sindical em umaatividade muito próxima do cidadão.Por isso, estamos dizendo, de forma

PATAH É O 1ºCOMERCIÁRIO A PRESIDIRUMA CENTRAL SINDICAL

NO BRASIL

chegou ao Congresso através da Asso-ciação Iñy Bededyynana (AIB), quesignifica associação das pessoas deidioma Karajá na língua nativa destaetnia. Lykana, que vive em uma aldeiade 900 pessoas, conta que está cadavez mais difícil preservar a cultura indí-gena, que já entrou em contato comas drogas da civilização, como álcool,cigarro, cola etc. Por isso, ele vê naUGT um caminho para viver um futu-ro melhor.

Outra liderança indígena presen-te ao congresso foi a cacique Tupinam-bá Maria Valdelice Amaral de Jesus, aprimeira mulher a liderar uma tribo noBrasil. Valdelice, que vive em Ilhéus,explica que atualmente há 1.054 famí-lias Tupinambás, o que soma cerca3.400 índios distribuídos em 23 comu-nidades que vivem em três municípios.

A cacique guerreira luta pela de-marcação de suas terras, pois isto di-minuiria os conflitos entre índios e fa-zendeiros. “Só no último mês morreramsete índios”, diz Valdelice. Ela constataque os velhos estão desaparecendo, osjovens emigram e as crianças andamdesnutridas e, assim, os índios Tupi-nambás estão ameaçados de extinção.Entre as tradições da tribo está a Ca-minhada em Memória dos Mártires, to-do último domingo de setembro, de Oli-vença a Cururupe, para lembrar a maiorcarnificina sofrida por seu povo. Conta-se que a margem do rio ficou cobertade corpos nos nove quilômetros do per-curso. Por isso, “a questão indígena éde todos os brasileiros”, diz.

Os Tupinambás hoje vivem depesca e de artesanato. Há cinco anos,conseguiram o apoio de outros sin-dicatos do Sul da Bahia, onde vivem,para a causa indígena e desde entãomilitam no movimento sindical. “So-zinho, ninguém vai a lugar algum”, diza cacique.

Apoio internacionalO evento de fundação da UGT

mereceu a atenção de importanteslideranças sindicais internacionais econtou com a presença de 25 delega-dos de mais de uma dezena de paí-ses. Entre eles estava o inglês Guy Ry-der, secretário geral da ConfederaçãoSindical Internacional (CSI) que, falan-do em espanhol na abertura do evento,destacou que “o processo de unificaçãorepresentado pela nova entidade sindi-cal brasileira será um passo importantepara a modernização do movimentosindical brasileiro”.

Guy RyderRyder deu como exemplo a pró-

pria CSI, que é resultado da fusão emnível mundial entre a Confederação In-ternacional das Organizações SindicaisLivres (Ciosl) e a Confederação Mun-dial do Trabalho (CMT). O sindicalistaafirmou que esse processo está ocor-rendo em todo o mundo e é “uma exi-gência, em função das transformaçõesque ocorreram com a globalização daeconomia”. Ele acrescentou que “é pre-ciso mudar, modernizar nossas estru-turas”. Ryder destacou que “daqui parafrente, CSI e UGT lutarão juntas”.

Outra importante liderança pre-sente foi Eduardo Garcia, presidente daConfederação Latino Americana dosTrabalhadores (CLAT), braço regionalda CMT que está em processo de fusão.“Estamos em uma fase de crise do mo-vimento sindical tradicional, é precisoum novo movimento sindical para re-solver o problema da cidadania”, disseGarcia. Ele observa que a OrganizaçãoInternacional do Trabalho (OIT) só falade emprego decente, bem remunera-do, com seguridade social e com todosos direitos trabalhistas, mas, na Amé-rica Latina, 52% dos trabalhadores es-tão na informalidade. “Por isso, é pre-ciso lutar para garantir o direito fun-damental que é o direito ao trabalho,salário justo, seguridade e a elimina-ção do trabalho infantil e informal”,disse Garcia.

Valdelice Amaral de Jesus

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 29VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200728

Tudo azul, tudo índigo blue“Índigo blues... Índigo blue jeans.”A canção de Gil está no nosso incons-ciente e faz referência à cor maisfamosa da peça criada por Strauss.Mas, como já se sabe, não foi sem-pre assim. As calças eram feitasaté então com lona de barraca enão havia muita variedade demodelos. Apesar de resistentes,não havia preocupação com oestilo. Assim, os modelos ficavamentre algo marrom e bege. Eeram duros demais. Semprepreocupado com a opinião daclientela, Strauss pesquisou eencontrou um tecido melhor.

mão, Claude Levi-Strauss, um gênio da época. Masveio assim meio por acaso, a partir de - como diriamos marketeiros do nosso tempo - uma nova utilizaçãopara um produto já bastante banalizado, no caso alona, e com pouco mercado. A moda é realmente oespelho da vida. O surgimento do jeans é fruto danecessidade de diversificar os negócios. Mas vamossaber um pouco de história.No auge da corrida do ouro e conquista do oesteamericano, por volta de 1850, muitos comercian-tes aproveitavam para vender os produtos usadosna mineração e exploração, como ferramentas,mantimentos, roupas e lonas. A lona era o pro-duto mais lucrativo e logo todos passaram a co-mercializá-la. Foi aí que Levi-Strauss, um co-merciante com um grande estoque de lonas,que, sem conseguir vendê-las, procurou outraaplicação para o produto. Ele observou quedevido a grande exigência física no trabalhodas minas, os mineradores tinham que subs-tituir freqüentemente as roupas utilizadas, eisso lhes custava caro. Havia a necessidadede uma roupa resistente, então, Straussinventou algumas calças de lona que tinhamtrês bolsos que se prendiam com tiras, deu-as aos mineradores e o sucesso foi imediato.Utilizava-se o tecido, vindo de Maryland, egeralmente na cor marrom, para cobrir car-roças. Quando a venda de tecido para essafinalidade caiu, ele passou a ser utilizadona fabricação de calças, em uma modela-gem resistente e própria para o trabalhodas minas. Foi patenteado em 1873. Oinvento foi aceito imediatamente, nãosó pelos mineiros, como também pelosagricultores, ferroviários e os vaqueiros.Depois, ao ser vendido em larga escala,o jeans se tornaria o elemento principalde uma verdadeira revolução no modode vestir.

Esse jeans mais macio eraproduzido por um alfaiate da

Califórnia, que, mais tarde, se associouà Levi-Strauss. Produzido com algo-dão, o que parecia uma espécie de sar-ja ou estopa bem trançada, era naverdade brim, mais resistente e, aindaassim, mais flexível. O local de origemdesse tecido acabou por nomeá-lo:Nîmes, cidade francesa. Daí, Denim,uma corruptela do francês De Nîmes.Já tingido de azul - na verdade um tomverde, que com o tempo e a luz, aindana tecelagem, vai se transformandono índigo blue.

Mas como aconteceu essa idéiade Strauss? Esperto, ele resolveu tin-gir o brim de Nîmes com uma plantinhachamada “Indigus”, que continha nasua raiz um forte corante capaz de darao tecido, originalmente branco, aque-la cor que ficou universalmente conhe-cida. Índigo, o corante azul, é conheci-do e tem sido utilizado há milhares deanos em várias civilizações, influencian-do seus aspectos sócio-culturais. Detodos os corantes naturais, além de serum dos mais antigos, é também o maisimportante. A palavra “Índigo” é deriva-da do grego “Indikon” ou do latim “In-dicum” e significa “substância da Índia”,em referência direta à região de ondeo pigmento era proveniente no períododo Império Greco-Romano. O coranteíndigo é produzido a partir de plantasdas quais se extrai o pigmento em tomazul, sendo a principal delas a Indigo-fera, encontrada nos trópicos e sub-trópicos.

A partir do século XIX, foi criadoo corante sintético produzido atravésde substâncias químicas. Um dos indí-cios mais antigos da utilização destecorante foi encontrado na China, ondeas cores sempre foram carregadas degrande simbologia, representando sta-tus social. O azul representava o altoescalão da sociedade chinesa, vestindoseus príncipes e a nobreza. A utilizaçãodo índigo estendeu-se no decorrer dahistória, no tingimento das vestimentasde vários povos, como os camponesesmedievais e até mesmo os trabalha-dores de tribos africanas. O azul sempreesteve associado ao poder, ao infinito,à magia e à transformação e por issomerece tanta atenção. Depois da Revo-lução Industrial, o índigo se popularizoupela fabricação do jeans que atualmen-te atinge as mais variadas culturas,faixas etárias e classes sociais. O índigo

Glória Alves

E

FAZ PARTE DO COMÉRCIO

le está em toda parte. De algu-mas décadas para cá, tornou-se uma verdadeira febre, umaepidemia. Altamente contagio-so, não faz distinção de raça,

classe, gênero, ideologia, nem idade.E, apesar de não ter qualquer con-traindicação, vicia. Estamos falando dojeans, esse velho conhecido de 135anos e que, a cada aniversário, se tornamais moderno e atual. Quem não temum no armário? Serve para todas asocasiões e combina com qualquer aces-sório. Encontrado em todas as cores,

formatos e preços, ele é a indumentáriamais conhecida do planeta. Usada por qual-quer mortal, artistas e caretas, políticos eecologistas, bandidos e mocinhos, ele com-põe o figurino da humanidade desde queapareceu ainda no século XIX, de uma ma-neira democrática e universal.

Imortal a partir da década de 50,graças à preferência de ícones da músicae do cinema como Marlon Brando, JamesDean e Elvis Presley, o jeans demonstrousua versatilidade incorporando o espíritode inúmeras personalidades e tendências.A peça surgiu da cabeça de um judeu ale-

Este era o jingle de um comercialde jeans nos anos 70 que procu-rava retratar o sentimento dajuventude quando vestia suacalça jeans e saía por aí. Usadoem todos os cantos do planeta,espécie de uniforme que diminuias diferenças sociais semrestringir as interpretaçõespessoais, o jeans representa,além de moda eterna, umnegócio bilionário em todo omundo. Da versão mais popularà que traz a assinatura doestilista mais famoso, o quemuda é a qualidade, jamais seusmúltiplos significados.

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Tradicional: o certinho, com os cincobolsos tradicionais, criado por Strauss eeternizado no seu modelo 501. Nestejeans, a cintura está no lugar certo e abarra vai afunilando num corte reto atéterminar numa boca discreta. Veste bemqualquer tipo de corpo.Antifit: parece com o 501, mas é maisdespojado e, por isso, com liberdadepara ter aqui e ali mais sobras. Podemter botões em vez de zíperes e outrasousadias mais. Apesar do conforto,cuidado: o caimento está longe de serideal.Slim Fit: É o jeans apertadão, de cintu-ra baixa, tipo Saint-tropez, que deixamarcados os quadris e valoriza obumbum. Seu corte afunilado marcaa silhueta e ajuda a esconder asgordurinhas sobressalentes. Semibaggy: é um jeans mais feminino,para quem tem cinturinha fina e quadrilde Carla Perez. É bem verdade que játeve seus dias de glória, ao menos noBrasil, lá atrás, no passado.Cigarrete: em algumas versões demais um jeans apertadinho, podementrar tecidos como a Lycra que confereuma textura diferente e uma aderênciaainda maior, sem ser muito longa. Masas gordinhas devem fugir dele!Oversized: é o jeans do “largadão”.Folgado, tem formas “tamanho-gigante”, mas podem ser apertados nacintura e na boca. Algumas versõesabusam dos bolsos. É o preferido dosskatistas.

Uma modaeterna e bilionáriaPode ter sido quase um escân-

dalo, mas era inevitável. Afinal, não setem notícia de outro tipo de roupa,tecido e estilo, que tenha alterado tãoprofundamente hábitos de vestir econceitos de elegância em qualquerépoca, e em todo o mundo. Nestes 135anos - os jeans completaram ofi-cialmente seu centenário de sucesso em1972 - nenhuma outra peça do vestuáriose multiplicou tanto, em modelos,modelagens e lavagens, rompendo asbarreiras que dividiam a moda femininae masculina, permitindo todas as par-cerias e combinações como se tivessenascido para cada uma delas emparticular. Até mudou radicalmente decor, tempos atrás, explodindo num ver-dadeiro arco-íris, para enfrentar um dosmomentos de crise, pois jamais faltaram

profecias de que, na próxima estação,os jeans estariam finalmente venci-dos. E não perdeu a personalidade aoganhar novas texturas e tramas.

A comodidade e praticidade queo jeans proporciona, aliadas a sua fácilmanutenção, foram definitivas para suafixação como vestuário básico. Numaépoca em que estamos cada vez maissem tempo livre esses fatores são fun-damentais. Percebe-se também a in-trodução e continuidade do jeans nosambientes de trabalho mais formais,em escritórios, grandes empresas einstituições financeiras, principalmen-te após a instituição da sexta-feiracomo o “Casual Day” e muitas vezes aabolição total da obrigatoriedade douso de terno e gravata.

Hoje em dia, os jeans represen-tam, além de moda eterna, um negóciobilionário em todo o mundo. Literal-mente, são usados em todos os cantosdo planeta, espécie de uniforme quediminui as diferenças sociais sem res-tringir as interpretações pessoais. Daversão mais popular à que traz a as-sinatura do estilista mais famoso, o quemuda é a qualidade, jamais seus múl-tiplos significados. São justamenteesses significados que compõem a ba-se da longevidade e da fama dos jeans.Não importa o que sejam, mas o quequerem dizer. Vestido por James Dean,já foi sinônimo de rebeldia. No corpode Catherine Deneuve transforma-seem puro charme. Em Madonna, é sen-sualidade. Com jeans, os hippies dosanos 60 e 70 do século 20 pediram paze amor. Uma década mais tarde, ves-tindo jeans, os yuppies fizeram fortunaem Wall Street.

No Brasil, acontece a mes-ma coisa. Somos o segundo merca-do de jeans no mundo, perdendo ape-nas para os Estados Unidos. Nosso con-sumo ultrapassa a casa dos 100 mi-lhões de peças vendidas anualmente.E nossa produção trilha os mes-mos caminhos de prosperidade. Osfabricantes poderiam dizer que, noquesito exportação, tudo anda azul,azulzinho. Liberdade é uma calça azule desbotada, definiu um jingle, parahorror de muita gente, que sentiu aliberdade assim ultrajada. Aquela calçadesbotada, ou coisa assim, vai fazervocê lembrar de mim, diz uma outra

canção. Porque, afinal, negóciosbilionários, moda que não sai de modae versatilidade à parte, a paixãotambém veste jeans.

Os números do

sucesso no BrasilApesar da pressão dos produ-

tos importados, particularmente doschineses, o mercado brasileiro de jeansencerrou 2006 com superávit, con-siderando apenas os resultados dossegmentos de denim (tecido índigo) ejeans (tecido confeccionado) – as duasprincipais áreas em comércio exteriordo setor. O país exportou US$ 139,63milhões em denim e US$ 41,37 milhõesde jeans, segundo dados consolidadosdo Ministério do Desenvolvimento,Indústria e Comércio Exterior e doIEMI - Instituto de Estudos e MarketingIndustrial.

Segundo o economista LuizAtollini, do IEMI, no mesmo período,foram importados US$ 33,46 milhõesde jeans e US$ 6,53 milhões em denim.O saldo da balança é favorável para oBrasil em US$ 133,09 milhões paradenim e em US$ 7,91 milhões parajeans. Mas o avanço das importaçõescombinado com a queda das vendasexternas fez o superávit do segmentode jeans despencar a partir de 2004.Já em 2005, o país importou 6,1milhões de jeans avaliados em US$17,63 milhões. Em compensação, em-barcou 8,04 milhões de peças em ope-rações que renderam US$ 69,95milhões, aponta a balança comercial.

Atollini diz que em 2006, o paísimportou 9,22 milhões de jeans e ex-portou 4,12 milhões de unidades,pouco mais da metade das vendasexternas no ano passado. A indústriatêxtil registrou redução do volume dasvendas externas, enquanto o mercadocomprou mais tecido de fora. Apesardisso, a participação do fornecedorinterno continua grande. As tecelagensdespacharam para o exterior em 2006o equivalente a 34,5 mil toneladas, queestá abaixo das 37,8 mil toneladas de2005, que, por sua vez, já foi menorque o registrado no ano anterior. Asimportações mantêm tendência de alta.Em 2005, foram importadas 997,8toneladas. “Em 2006, esse volumepraticamente dobrou, alcançando 1,9mil toneladas”, explica o economista.

é uma cor universal que representa aliberdade, a uniformidade e a união.“Oíndigo tem sido a cor de faraós, deusese princesas - dos poucos e seletos -mas ultrapassou seus limites nahistória, transformando-se na cor dosmuitos, vestindo os camponeseschineses e trabalhadores africanos.Oíndigo é uma cor carregada de quali-dades e por isso merece o título de “ORei das Cores”.

Já o nome, Jeans, vem de outrocanto, mais precisamente de Gênova,cidade portuária da Itália. Desde oséculo XVI que os marinheiros geno-veses se referiam às calças que usavampara exercer seu ofício pelo apelidocarinhoso de Genes. Experimente agorafalar essa palavra com o sotaque italia-no. Percebeu de onde veio a palavramais famosa da moda? Entretanto, ojeans só passou a ser utilizado no dia-a-dia já no século XX. Quando morreu,em 1902, Levi-Strauss deixou umafortuna de 1.600.000 dólares.

Paixão entre os famososO tempo passou e a indústria

da moda foi adotando o Jeans em suaslinhas de produção. Mas ainda nãohavia virado revolução. Aconteceu právaler mesmo a partir da década de 50,quando os queridinhos do cinema, dorádio e TV começaram a adotar a peçacomo uma segunda pele. Ao vê-locolado nas pernas de Elvis Presley,Marlon Brando, James Dean, MarilynMonroe, a turma da saia rodada, dosapatinho de verniz e da calça socialpirou. O que era aquilo? No requebradodo rei do rock, parece que a criação deStrauss tomava um novo sentido. Nadança dos quadris de Elvis havia algomístico-mágico-religioso, que levariaadolescentes de todas as idades à beirade catarse pessoal.

Os beatniks adotaram, assimcomo os rockers e mais tarde todomundo. E olha que eles nem imagina-vam o que estavam fazendo. Que aprópria calça que usavam se tornariauma espécie de símbolo daquilo tudo,levando a humanidade a repensar umasérie de conceitos e comportamentos.Com o surgimento no cinema, encabe-çado por James Dean e Marlon Brando,a roupa começou a associar-se ao con-ceito de juventude rebelde, conquis-tando este público.

Depois disso, o mundo jamaisseria o mesmo. Vieram os Beatles, BobDylan, Jimi Hendrix, Janis Joplin.Veio Woodstock e os outros festivaisde paz e amor. Vieram existencialistas,hippies, progressivos, punks, yuppies,darks, new wave, pós-modernos ecowboys do asfalto que, com suasHarley-Davidsons, aterrorizavam aCalifórnia. E todos embarcaram namesma onda - vestidos de jeans, cla-ro. Mas a peça só chegou a conquistaro restante da população após a proli-feração social do seu conceito comoroupa despojada e do cotidiano, semperder seu charme e elegância. Consa-gravam-se os gigantes do Jeans, comoLevi’s, Lee e Mustang.

O primeiro estilista a colocar ojeans na passarela foi Calvin Klein, nadécada de 70. Isso provocou os maisconservadores. Mesmo assim, ele foiseguido pelos demais estilistas daépoca e o jeans definitivamente con-quistou seu espaço na sociedade. Apropaganda de Klein, na época, tornou-

se famosa. Ele colocou Brooke Shields,então a ninfeta do momento, num imensooutdoor em plena Times Square, em NovaYork, declarando: “Entre mim e o jeansnão existe mais nada”. Nomes da altacostura, como Jacques Fath, Pierre Car-din, Givenchy, Pierre Balmain e até o mui-to esnobe Van Cleef Arpels acabaram porligar suas etiquetas à trajetória do jeanscomo moda. Ele tornou-se um fenôme-no bastante singular. Usado em todos oscontinentes por trabalhadores do cam-po e da cidade, foi adotado tanto pelosricos quanto pelos pobres, curiosamentesempre conservando as característi-cas originais das primeiras calças feitaspor Levi-Strauss.

Os muitos tipos de jeansLiberdade. Quando se pensa em

jeans, se associa o produto a esseconceito. Mas, graças ao trabalho criativodos estilistas, a coisa não fica apenas noabstrato. É refletido em inúmeras formas,estilos e cores. Aproveitando o embalo,apresentamos alguns dos tipos maisconhecidos:

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XIX, intensificado pela presença dosimigrantes. Nesse período houve umaexpansão em todos os sentidos, fazen-do com que a cidade fosse redesenha-da de acordo com o comércio do café,e proporcionando, assim, um grande cres-cimento populacional. Todos estes imi-grantes trouxeram suas culturas, fundaraminúmeros templos e igrejas, bem comodiversas organizações mutualistas e as-sociações culturais. Não se pode esque-cer que, além da estação de trem, a re-gião abrigava o Terminal Rodoviário, poronde começavam a chegar também osnordestinos.

Na virada para o século XX, foramconstruídos os grandes monumentos re-publicanos como a nova Estação da LuzSorocabana, a Pinacoteca do Estado e aEscola Politécnica. O Jardim da Luz foi to-talmente remodelado à feição inglesa, comfontes, grutas, lagos e pontes rústicas.Por essa época aconteceram na chácarado norte-americano Charles Dulley, en-genheiro da ferrovia, os primeiros jogos de“foot-ball”, com as bolas trazidas por seuprimo Charles Miller. O esporte se popu-larizou e deu origem a inúmeros times devárzea e ao próprio Corinthians, fundadopela comunidade espanhola em 1910, sópara citar algumas peculiaridades.

Hoje, pólo qualificado da indústriade moda, lugar de monumentos e cons-truções de valor histórico e exemplo de con-vivência multicultural, o Bom Retiro, alémde boas lojas, tem uma trajetória interes-sante que retrata a pluralidade de São Pau-lo. Como demonstração de seu vigor ur-bano, abriga uma impressionante ativi-dade econômica produtiva consolidada,com características e valores essencial-mente contemporâneos: a indústria da mo-da. O principal diferencial do Bom Reti-ro é ser um bairro 80% atacadista querecebe clientes do Brasil todo. 20% dasvendas acontecem no varejo com preçosaté 50% a menos que os praticados emShoppings. Reúne, ainda, dezenas de res-taurantes e empórios com as mais variadasexpressões gastronômicas.

HISTÓRIA DO COMÉRCIO

Pólo qualificado da indústria demoda, lugar de monumentos econstruções de valor histórico eexemplo de convivência multicul-tural. Um grande centro de negó-cios de roupas e tecidos. Alémdos italianos, judeus e coreanos,o bairro foi abrigo escolhido porarmênios, árabes, poloneses, ja-poneses, búlgaros e gregos, o quetornou o bairro o mais cosmopoli-ta de São Paulo. Depois dos itali-anos e dos judeus, hoje são asfamílias coreanas que possuema maioria dos negócios no ramoda confecção. O volume do fatura-mento em suas mais de 1.200unidades produtivas que respon-dem por 25% do vestuário fabrica-do no País supera os R$ 6 bilhõespor ano, gerando cerca de 50 milempregos, demonstrando a forçaeconômica do bairro. A imensamaioria das vendas é feita paraatacadistas, alguns representan-do grandes redes varejistas, quevêm de várias regiões do país, daAmérica Latina e de países da Áfri-ca. O grupo de exportação localvende para quase toda a Europae já começa relações comerciaiscom a Rússia. Recebe, em mé-dia, 70 mil compradores e consu-midores que circulam diariamentepor suas efervescentes e colori-das ruas

BOM RETIRO: o bairro das ruas que são o CENTRO DA MODAGlória Alves

uem passa pelo Bom Retiro,um dos locais mais tradicio-nais da região central de SãoPaulo, localizado entre os riosTietê e Tamanduateí, não ima-

gina que aquelas ruas comerciais jáforam, durante todo o período colonial,lugar de conventos e de chácaras de“retiro”. Ali, as pessoas costumavampassear nos finais de semana entreseus pomares e jardins. Porém, a histó-ria do bairro, que ganhou o apelido ca-rinhoso de “Bonrá”’, começou em 1532,quando o Cacique Tibiriçá estabeleceuo primeiro contato com Martim Afonsode Souza na Aldeia de Nhapuambuçu,local onde, hoje, a Avenida Tiradentessepara a Pinacoteca do Estado da IgrejaSão Cristóvão. Mais tarde, o bairroganha em 1798 o primeiro Jardim Botâ-nico do país que, aberto ao público,passou a ser o Jardim da Luz.

Quase um século depois, já em1867, foi inaugurada a ferrovia da SãoPaulo Railway, ligando Santos a Jun-diaí. Com o surgimento dessa estrada,o bairro tornou-se a primeira paradados imigrantes que chegavam a SãoPaulo, o que marcou, de fato, o desen-volvimento do Bom Retiro. Pelos trenschegaram os italianos, os portuguesese os espanhóis fugindo da fome e damiséria de seus países. Trabalhandocomo operários nas fábricas que seinstalavam ao longo da ferrovia, fixa-ram-se em vilas e casas de aluguel dobairro. No período entre guerras chega-ram mais imigrantes fugindo das perse-guições e das tristes condições de vidado velho mundo. Os judeus, os gregos,os armênios e os árabes trouxeramuma longa tradição comercial e segui-ram trajetórias diferentes das demaiscomunidades.

Com a facilidade de locomoçãoe as chances de emprego, além dospreços baixos dos terrenos recém-disponibilizados, o bairro passou porum processo de loteamento e urbani-zação nas últimas décadas do século

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Preços:o grande chamariz do bairro

Como vimos, depois de séculosinabitada e de passar a sediar chácarasde retiro, a região tornou-se passagemobrigatória de ciclos migratórios inti-mamente ligados à moda brasileira. Aárea nasceu e se criou sob a égide dosteares e máquinas de costura. Por voltade 1882, foi construída uma hospedariapara imigrantes no bairro. Curioso saberque o lugar foi a primeira morada demuitos estrangeiros. Parece que, de al-guma forma, essa vocação para abrigargente de países distantes permane-ceu. Na década de 50 a vocação co-mercial da região se revelou. Multipli-cavam-se as pequenas oficinas de rou-pas finas, as mecânicas e os estabele-cimentos comerciais de atacado e va-rejo. Nessa época surgiram as primei-ras galerias e centros comerciais, comcentenas de lojas cada uma, principal-mente de artigos de vestuário. Muitasdelas tinham nos fundos suas própriasoficinas de costura ou fábricas de ma-lhas, gravatas e mercadorias seme-lhantes.

Hoje, os preços são o grandechamariz do comércio popular de SãoPaulo. Mas o que poucos sabem é que,além de valores justos, os consumido-res procuram o Bom Retiro porque acre-ditam encontrar a qualidade aliada àvariedade de produtos. Diante disso,não é de se estranhar que cerca de70 mil pessoas passem todos os dias

pelo bairro, ansiosas para aproveitaras novidades dignas de qualquerShopping Center. “O Bom Retiro nãopára de crescer e de se modernizar.” Aafirmação é de Antonio Ary Martorelli,presidente da Câmara de DirigentesLojistas (CDL), entidade sem finslucrativos que dá suporte aos empreen-dedores da região, colaborando com ocrescimento dos negócios e o aqueci-mento contínuo das vendas. SegundoMartorelli, em torno de mil empresasconfeccionistas e 55% de toda a modafeminina consumida no País sai do BomRetiro. Além disso, a diversidade deprodutos com qualidade e o preço justosão algumas das características prin-cipais das lojas da região. “O bairro re-cebe gente do país inteiro atrás de rou-pas para revender ou para uso pessoalcerca de 50% mais baratas que nosshoppings. Diferença que aumenta emépoca de liquidação”, diz.

Aliás, os clientes da região nãose limitam a pessoas de baixa renda –como se presume pela referência decomércio popular. O bairro, na verdade,recebe visitantes de todo o País e atéde outras nações, curiosos por conhe-cer as confecções desse grande centroa céu aberto, que se tornou referênciano mundo da moda. Ao andar pelo lo-cal, você se depara com pessoas dejeitos, estilos, idades e sotaques di-ferentes... e muitas sacolas nas mãos.E, afinal, quem faz mais compras noBom Retiro?

Rua José Paulino, uma das mais conhecidas no bairro

Linha do TempoBastava pegar o trem e descer

na primeira estação. Essa porta de en-trada de São Paulo foi um dos moti-vos que influenciaram a vinda de muitosimigrantes para o Bom Retiro. A opor-tunidade de empregos e moradias bara-tas; esse era o cenário ideal para queos estrangeiros viessem e se espalhas-sem pela região. Os italianos, que fo-ram os primeiros a chegar, se instala-ram no bairro para trabalhar como ope-rários nas indústrias que começavama se formar. Muitos vinham direto daItália ou das fazendas do interior deSão Paulo, onde havia as plantaçõesde café. A grande massa não permane-ceu muito tempo – apesar de, aindahoje, esbarrarmos com italianos pe-las ruas locais. Eles deixaram suasmarcas na religião, nas tradições, noscostumes e, até mesmo, na rua queresgata a saga deste povo: a Rua dosItalianos, uma justa homenagem a essacolônia. Mesmo com a instalação daoutra hospedaria no Brás (onde hojefunciona o Memorial do Imigrante) oBom Retiro continuou atraindo estran-geiros em função da proximidade coma linha do trem.

Depois dos italianos, foi a vezdos judeus e dos gregos. Mas o registromais marcante da história da presençade imigrantes foi, sem dúvida, o dosjudeus. Por volta dos anos 30, devidoà Segunda Guerra Mundial e à perse-guição nazista, um grande número de-les se instalou para valer no bairro. Essapresença se tornou mais forte em umaesquina: o ponto que liga as Ruas daGraça, Correia de Melo e Ribeiro deLima. Era ali que, nessa época da guer-ra, os judeus recém-chegados se reu-niam para ouvir as notícias no rádio etorcer pela derrota do nazismo. Assim,a praça foi instituída como o palco dediscussão de qualquer assunto impor-tante. Os judeus saíram basicamenteda Polônia, da Rússia, da Lituânia, daRomênia e da Hungria para exercer, apartir dos anos 20, o comércio no Brasil.Na verdade, fugiam das más condiçõese do clima aterrorizante do Leste Eu-ropeu, sem saber ao certo o que en-contrariam na América.

Em dez anos, a maioria dos mo-radores era dessa origem. Mas isso sóaconteceu porque, quando os judeuscomeçaram a chegar, os italianos esta-vam deixando o bairro, o que facilitou

a adaptação dos que vieram depois.Com o tempo, o bairro foi ficando coma cara deles, revelando sinagogas e es-colas judaicas, além de restaurantes epensões bem típicos. E como esses ju-deus não eram agricultores – como ositalianos -, acabaram optando pelo co-mércio, começando inicialmente a tra-balhar vendendo tecidos de porta emporta, e só depois se estabilizando comlojas de tecidos. Nos anos 50 investiramem lojas de roupas prontas, reflexo dasnecessidades de praticidade criadas pe-la escassez da guerra, tocando os negó-cios em família por um bom tempo.

No final da década de 60, teveinício o esvaziamento da região centralda cidade e a deterioração do trans-porte ferroviário. Já a partir desse mo-mento e do começo dos anos 70, foi avez dos coreanos - vindos na sua maio-ria de Seul - chegarem aos poucos aobairro que passou por uma fase de de-cadência ao longo dos anos 80. Mesmoassim, eles começaram a comprar asprincipais lojas do bairro e a imigraçãose acentuou, fazendo com que o limita-do comércio familiar se transformassenuma estrutura empresarial. Até mes-mo porque os judeus começaram a mi-grar para outros pontos da cidade – asgerações mais novas se tornaram

profissionais liberais e não queriam as-sumir os negócios da família. Mas, ain-da hoje, apesar da presença maciça doscoreanos, algumas confecções, sinago-gas e os ótimos restaurantes de comidatípica registram a importância do povojudeu no bairro.

Os gregos também ainda habi-tam por lá. A especialidade desse po-vo são as camisas que até hoje marcampresença em lojas tradicionais na rua dosItalianos. Já nos anos 90, com a aber-tura para as importações de tecidos,os coreanos foram cada vez mais con-quistando o seu lugar. A força desse po-vo, literalmente, dominou a paisagemdas ruas, e hoje é uma grande colônia,respondendo por 80% de concentraçãona região. Voltados para a confecção devestuário, eles emprestaram sua estéti-ca oriental moderna às lojas. Essa pre-dominância de coreanos, responsáveispela florescente indústria de confecções,gera milhares de empregos para bra-sileiros, bolivianos e povos de outrasnacionalidades. Atualmente, 70% docomércio pertence aos coreanos, incen-tivando o crescimento do bairro por te-rem preços mais populares. O sucessosignificou muita dedicação e trabalho, in-cluindo viagens de pesquisa e muitainformação sobre moda.

Estação da Luz (acima) e Pinacoteca do Estado (abaixo)

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Outras vias do bairro desco-briram, com o decorrer do tempo, quea vocação da região como um todo eraa de se transformar num grande centrode negócios de roupas e tecidos. Al-gumas ruas, como a dos Aimorés, porexemplo, que atualmente abriga umaconfecção ao lado da outra, já viveude outro ramo - fábricas de camisas epulôveres. Vieram outros, e a rua pas-sou a abrigar confecções de blusas, cal-ças, camisas, gravatas e muitas peçasfemininas – até se transformar em umdos principais endereços para quemquer comprar moda no atacado. A RuaItaboca também mudou. Rebatizadade Professor Cesare Lombroso, é ho-je outro corredor imprescindível paraquem pretende desvendar o univer-so fashion do Bom Retiro. Já na Ruada Graça o foco é a malharia. A maio-ria das lojas dessa rua vende artigosde tricô e crochê, mas, além disso,também há saias, blusas e calças. Étambém onde se localizam as lojas detecidos e maquinários. Os estabeleci-mentos são mais ajeitadinhos e bemmenos movimentados que a José Pau-lino e, talvez por isso, um pouco maiscaros. Na Silva Pinto, transversal da

José Paulino, ficam as lojas que vendemroupas para senhoras e para quem usanúmero maior que 46. As butiques têmvestimentas também para quem buscauma roupa mais social. Já a Ribeiro deLima tem uma loja escondidinha que tembolsas incríveis e baratas, entre outras deacessórios e bijuterias.

Basta dar uma passada por essasruas e por tantas outras do Bom Retiropara se constatar que o bairro, que semprese firmou no comércio de roupas prontas,apesar de tantas migrações, não mudousua natureza. Podemos dizer que a regiãoestá dividida em dois segmentos: o ata-cado e varejo. Ao todo, são 1.200 lojasque fazem da região uma das maisfamosas do Brasil, se reinventando a cadadia, lançando tendências, simultanea-mente com o mercado da moda interna-cional. As lojas estão mais “clean”, moder-nas e espaçosas. Estes investimentos emmodernidade e tecnologia não acontecempor acaso. Por trás de tudo isso, está aparceria entre os lojistas e a CDL - BomRetiro, que vem atuando e conscienti-zando os lojistas para que cada vez maisa região se fortaleça como o pólo maisimportante de moda do país no mercadointernacional.

Bom Retiro Fashion

BusinessReconhecido nacionalmente

como um dos eventos mais movimenta-dos de moda, o “Bom Retiro FashionBusiness” chegou esse ano à 5ª ediçãoapostando nas reformulações. Nestaedição mudou de endereço e migrouda rua Ribeiro de Lima para a rua Car-mo Cintra. A idéia da troca de ruas éprestigiar o bairro como um todo, levan-do os desfiles a diferentes pontosda região a cada edição. O desfile, queaconteceu ao ar livre, contou com apresença da ex-BBB Íris Stefanelli, erecebeu na passarela cerca de 20 gri-fes, apresentando as últimas novida-des em moda masculina e feminina,além de acessórios para a primave-ra/verão 2008.

O Bom Retiro Fashion Businessé uma iniciativa da Câmara dos Di-rigentes Lojistas do Bom Retiro e temincentivado os estilistas da área a tra-duzirem para o consumidor final astendências reveladas em semanasde moda do mundo todo; de Tóquioao “São Paulo Fashion Week”. “A ca-da edição, notamos um aumento naquestão da profissionalização dascriações. Estamos melhorando cadavez mais o estilo das apresentaçõese investindo na qualidade dos desfiles.Com isso, o Bom Retiro Fashion Busi-ness é mais do que um evento de modana rua: é uma oportunidade de esti-listas que atuam diretamente no mer-cado exporem suas criações”, afirmaAry Martorelli, presidente da Câma-ra de Lojistas.

Além da questão financeira, osdesfiles valorizam o bairro, já que onúmero de visitantes e freqüentado-res tende a aumentar a cada edição,em razão da curiosidade em conhe-cer estilos e criações das empresasatacadistas que fazem a moda nas maisconceituadas lojas de shopping de to-do o país.

Ainda segundo Martorelli, asvendas aumentam de 5 a 8% duranteas duas semanas após o evento. Cercade 50% dos compradores vêm daregião Sul e Sudeste. Interior de SãoPaulo e Sul de Minas concentram 25%dos compradores vindos de fora. Já oNordeste soma 10% dos clientes doBom Retiro. Em torno de 90 mil pessoasassistiram aos desfiles.

Mulheres e compras...Sem dúvida, a grande maioria

dos clientes é do sexo feminino. A clas-se social varia muito. Segundo Kelly Cris-tina Lopes, secretária executiva da CDL,há desde donas de butique e de lojasde shoppings, até as famosas “sacolei-ras”. “É muito comum ver mulheres dasclasses B e C fazendo compras pelo bair-ro. A idade varia dos 12 aos 80 anos,pois oferecemos produtos para todos”,diz. Entre acessórios, armarinhos, avia-mentos, artigos para decoração, cama,mesa e banho, tecidos, roupas masculi-nas e femininas, este último quesito le-va o primeiro lugar no pódio, dispara-do! Afinal, há em torno de 830 lojas sópara as mulheres, o que não dá paracompetir com nenhum outro mercado.O gasto médio do cliente que vai aobairro para consumir é de R$ 200. Jápara os atacadistas, que compram aosmontes para revender em diferentespartes do Brasil, as compras podem va-riar de R$ 5 mil a RS 10 mil por pessoa.Se nas aquisições de varejo geralmentepredomina o uso de cartões de créditoe dinheiro, no atacado é praticamenteinevitável aceitar cheques – mas, nor-malmente, isso só ocorre com clientescadastrados.

O metro quadrado

mais caroAo lado da 25 de Março, uma das

ruas mais tradicionais em compras deSão Paulo, o metro quadrado da JoséPaulino, a Zêpa – apelido carinhoso –principal rua do Bom Retiro, não sai pormenos de R$ 10 mil. Para se ter umaidéia do quanto ela é valorizada, na Ave-nida Paulista, que é o centro financeiroda capital, o metro quadrado gira emtorno de R$ 9 mil. Até mesmo na luxuo-sa, cara e repleta de grifes internacio-nais Oscar Freire, o metro quadradocusta R$ 7 mil.

Aliás, a maior parte do comércio,desde o início, ficou concentrada ao lon-go dos seis quarteirões da Rua JoséPaulino, que até 1916 chamava-se Ruados Imigrantes. Nessa rua tem de tudo.É muito importante ter paciência parase aventurar dentro das lojas e galeriasque sempre oferecem roupas de todotipo e acessórios muito interessantes.Além do último grito da moda, hátambém muitas opções de moda fes-ta, inclusive nas linhas casamento eformatura.

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RUA JOSÉ PAULINOO Coronel José Paulino Nogueira, naturalde Campinas, foi grande agricultor eabastado capitalista. Dotado de largoespírito caritativo, prestou, durante aepidemia de febre amarela que assolou suacidade natal, inesquecíveis serviços.Presidiu o Banco Comercial de São Paulo edirigiu a Companhia Mogiana de Estradasde Ferro.RUA RIBEIRO DE LIMAO Dr. Tomaz Augusto Ribeiro de Limanasceu em 1860 e formou-se pelaFaculdade de Direito de São Paulo. Foiprofessor da Escola Normal durante 40anos. Exerceu o cargo de juiz de paz emdiversas legislaturas e suplente de vereadormunicipal. Foi considerado como um dosmelhores pintores da época.RUA PROFESSOR CESARELOMBROSOMédico e criminalista italiano, nasceu emVeneza, em 1836. Segundo suas teorias,o criminoso é muito mais um doente doque um culpado. Escreveu tambémnumerosas obras, inclusive sobreEspiritismo, pois se tornou espírita.RUA AIMORÉSCélebres ameríndios dos séculos XVI e XVIIque habitavam nas regiões pertencentesaos Estados da Bahia e Espírito Santo.RUA DA GRAÇANome tradicional de uma antiga capeladedicada a Nossa Senhora das Graças noBairro do Bom Retiro. Esta capela situava-se numa campina, tendo ao fundo o RioTietê, próxima à atual Rua Barra do Tibagi.A Rua da Graça, que tem sua origem naRua Ribeiro de Lima, rua esta vizinha aoJardim da Luz, é uma das mais tradicionaise conhecidas ruas de São Paulo. Toda essaregião era parte da Chácara Bom Retiro,de propriedade do Brigadeiro português,de origem suíça, João Jácomo Bauman.Emigrou para o Brasil junto com a famíliaReal portuguesa, instalando-se em SãoPaulo, em julho de 1815. Foi brigadeiro egeneral de Dom João VI e Dom Pedro I.

NÚMEROS DO

BOM RETIRO

Número de lojas:1.200 lojistas no bairro, sendo que 1000são fabricantes;Empregos:geração de 30 mil empregos diretos e 20mil indiretos;Peças produzidas:20 mil peças produzidas/mês por empresa;Circulação:70 mil pessoas circulam diariamente pelasruas da região do Bom Retiro;Novas peças:são criadas em média seis novas peças diá-riamente por grife.Compras:60% das compras são realizadas por reven-dedoras de moda;Visitantes de outras regiões:recebe cerca de 30 ônibus por dia comcompradores vindos de outras regiões dopaís;Ruas setorizadas:confecção, calçados, acessórios, maquiná-rios, aviamentos e tecidos.

RUA CORREIA DE MELOJoaquim Corrêa de Melo nasceu emCampinas, em 1816. Tentou ser advogadoe acabou se tornando farmacêutico. Maistarde, dedicou-se aos estudos botânicos,tornando-se um profundo conhecedor denossas plantas medicinais. Deixounumerosas obras importantes.RUA SILVA PINTOO Doutor Joaquim da Silva Pinto, médico,político e senador estadual, foi durantealguns anos diretor do serviço sanitário.RUA JÚLIO CONCEIÇÃOJúlio Conceição nasceu em Piracicaba.Homem de grande fortuna, era naturalista,historiador e biógrafo. Participou de todosos movimentos filantrópicos da cidade. Foieleito vereador municipal e presidiu aCâmara Municipal. Preocupou-se com aproteção e a defesa da flora e da fauna doBrasil e com a regulamentação da pesca.Amparou a Sociedade Protetora dosAnimais e foi criador do Parque Indígena.

AS PRINCIPAIS RUASDO BOM RETIRO

A CDL Bom Retiro prefere nãoentrar em detalhes, pois todas as nuan-ces estão sendo elaboradas com cui-dado; mas, com certeza, entre as açõesligadas à infra-estrutura estará a revi-são da rede de esgotos, água, energia,gás, telefonia, melhoria da ilumina-ção pública e da coleta seletiva de lixo.Pode acontecer ainda a padronizaçãodas barracas dos ambulantes regulari-

zados e a fiação do bairro ser convertidaem subterrânea.

É isso! Os coreanos transforma-ram completamente a paisagem do bair-ro, mesclando ainda mais as culturas quereinam por ali atualmente. Mais uma vezo Bom Retiro significou oportunidadee foi vestido de lojas novas, com criaçãoprópria, gosto apurado e grande capa-cidade produtiva. Sorte do consumidor!

O comerciante Hélio Joffe (centro) atendecliente em sua loja “Empório da Moda”

Eles são do Bom RetiroFilho de mãe brasileira e pai ju-

deu lituano, o comerciante Hélio Joffecresceu vendo o Bom Retiro se desen-volver. De 1929 até 1954, o pai, Fran-cisco Joffe, foi proprietário da famosa“Papelaria Para Todos”, na época umadas mais tradicionais de São Paulo. Em1964 a família resolveu mudar de ramoe seguir a trilha dos demais judeus noramo da confecção. Acabou por “rei-naugurar” a loja escolhendo o nomefantasia “Empório da Moda”. A loja ven-dia no atacado produtos multimarcase, até hoje, continua no mesmo ramo,só que agora no varejo. “Meus pais mo-ravam no bairro da Mooca quando che-garam ao Brasil. Naquele tempo, quemfazia o Bom Retiro eram os italianos.Depois viemos nós, os judeus. Eu eraainda muito menino quando vinha aju-dar meu pai na loja. O comércio fami-liar sempre foi tradição entre o povojudeu e era muito forte nos primei-ros tempos do Bom Retiro”, relembra ocomerciante.

“Na verdade, os pais judeus seentregavam ao trabalho de maneira de-dicada para dar aos filhos uma opor-tunidade de vida melhor através dosestudos”, complementa. Assim, pelodepoimento de Hélio Joffe, se confirmaa tendência que se mostrou anos maistarde. A maioria dos filhos dos judeus,depois de formados, não optou pela vo-cação comercial dos pais. O próprio Hé-lio foi um dia exemplo desse fato. For-mado em engenharia, foi trabalhar nu-ma usina, antes de se render novamen-te ao bairro. “O Bom Retiro é a ONUque deu certo”, diz ele. “Aqui existe amaior demonstração de harmonia en-tre os povos no planeta que eu conhe-ço. No Bom Retiro nós não nos tolera-mos, nós nos respeitamos. Não exis-te a segregação racial. Eu admiro mui-to esse lado do bairro por isso”, come-mora.

Já o sonho do comerciário JoãoCollado Navarro, 67 anos, era ser umdia advogado. Porém, a origem humildee as dificuldades naquele período desua vida fizeram com que ele dirigisseseus caminhos para a área de vendas.Começou ainda menino no Bairro doBom Retiro como office-boy, nas “Con-fecções Flanck”. Após tornar-se ven-dedor, seu João se afastou por 10 anospor causa de uma oportunidade melhor,nas confecções Vancil. Depois desse

período ele acabou voltado ao pontode origem. A mesma loja, os mesmosdonos, apenas o nome mudara para“357 Artigos Masculinos”. Nesse perío-do, o comerciário diz que aprendeu agostar do seu ofício e a admirar o povojudeu, com quem trabalhou a vidainteira. Para ele, um povo batalhador esério. “Aqui no Bom Retiro, com meutrabalho de vendedor, eu construíminha casa, casei, dei estudo superiora meus filhos. Eu amo o Bom Retiro,foi aqui que eu fiz minha vida” diz,emocionado, o comerciário. Mesmoaposentado, ele pretende continuartrabalhando até quando, segundo ele,Deus quiser.

Um renovado e promissor

Pólo de ModaO bairro central do Bom Retiro,

contíguo ao Distrito República, possuium perfil único ligado à indústria daconfecção. Concentra mais de milunidades produtivas que respondempor 25% do vestuário fabricado no país,um faturamento na casa dos bilhões.Gera 30 mil empregos diretos e 20 milindiretos. Uma comunidade étnica mul-tifacetada sem igual no Brasil, e aindaum dos principais bens tombados dacidade, a Estação da Luz. Recentemen-

te houve uma retomada dos grandesinvestimentos públicos que trouxerama região de volta ao centro da metró-pole.

Para fortalecer esse perfil, em-presários e a CDL Bom Retiro estão seunindo mais uma vez na elaboração deum projeto que venha atender as ne-cessidades do bairro. O projeto ante-rior não pôde ser levado adiante pormúltiplos impedimentos. Neste novoprojeto, os prazos ainda não estãodefinidos. A fase é de análise, inclusivejunto à Prefeitura de São Paulo. Trata-se de um conjunto de melhorias urba-nas acopladas ao desenvolvimen-to econômico, social e cultural da re-gião com o objetivo de firmar o BomRetiro como “O Bairro da Moda noBrasil”. Primeiro, é preciso dizer que hácerca de 10 anos já teve início o pro-cesso de modernização das lojas, comos empresários investindo em refor-mas, novas fachadas, instalações maisamplas e belíssimas vitrines. Este mo-vimento já provocou grandes mudan-ças, sobretudo nas ruas Aimorés e Pro-fessor Cesare Lombroso, e agora estáse estendendo às outras vias, como aJosé Paulino, Italianos, Silva Pinto eRibeiro de Lima, com o objetivo de revi-talizar o bairro como um todo.

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isso, hoje há alguns centros dinâmicosno interior que estão crescendo maisdo que a economia de São Paulo, egerando mais empregos. Mas o setorde serviços vem crescendo fortementee a tendência é que aumente a suaparticipação na economia, como vemocorrendo em todos os países industria-lizados. Mas este setor ainda não écapaz de oferecer postos de trabalhode boa qualidade porque ainda não es-tá com todo este dinamismo que aindústria dá.VC – O que se pode fazer para me-lhorar a qualidade dos postos detrabalho no comércio?MS – É preciso que a economia real-mente cresça mais fortemente aqui pa-

ra gerar mais emprego e maior dispu-ta pelo trabalhador. Isto é o que vaimelhorar a remuneração do setor.Mas hoje o comércio já vem requeren-do trabalhadores de mais qualifica-ção, principalmente nas grandes re-des, e já se fala em indústria dedistribuição. Você pega uma cadeiacomo o Pão de Açúcar, seus problemaslogísticos, de controle, de reposiçãode estoque e de atendimento, são tãoou mais complexos do que em mui-tas indústrias. E exigem pessoal quali-ficado. Os salários já são atrativos ecompetem no mercado nas outrasáreas do comércio, mais técnicas, queficam na retaguarda.O setor de informática de uma grande

rede como está hoje tem de terprofissionais da mais alta qualifica-ção porque todo o giro do comérciodepende da eficiência na compra,na entrada do produto e na colocaçãodo produto na loja, no menor prazopossível para aumentar o giro. Então,o comércio vem gerando empregosde maior qualidade.Mas o pequeno comércio ainda con-tinua naquele sistema tradicional,com o vendedor, que não exige umaqualificação muito grande. E muitagente sempre considerou o trabalhono comércio como uma etapa en-quanto se está estudando. O comér-cio não retinha, e a maior parte aindanão retém, trabalhadores qualifica-dos até por um problema da cargahorária do comércio.VC – A abertura do comércio aosdomingos não poderia ser usadapara aumentar o número de pos-tos de trabalho no setor?MS – O trabalho aos domingos au-menta postos de trabalho no setor. Seele não existisse, nem o trabalho ànoite, seguramente haveria pelomenos um turno a menos nas grandesempresas. Com o horário ampliado,é preciso contratar não quatro turmas,mas cinco turmas. E se contarmosas férias e substituições... Eu tinhanúmeros, antigos, sobre isto. Masé evidente que, quando se fica maishoras funcionando, é preciso aumen-tar o número de funcionários. Istotalvez não ocorra freqüentementeem empresas menores, tocadas poruma família. Algumas nem abremporque não têm gente para ficar,outras porque estão em uma re-gião sem grande movimento, em quenão compensa. Aqui na região cen-tral de São Paulo, por exemplo, nãotem ninguém aos domingos. Mas ocomércio aos domingos é umanecessidade de toda grande cida-de porque boa parte da populaçãonão tem tempo de fazer comprasdurante a semana. O comércio aosdomingos também mescla compracom lazer. O sábado à tarde e o do-mingo são extremamente importantespara alguns segmentos do varejo, co-mo os supermercados e as con-cessionárias de veículos.

Sílvia Kochen

ENTREVISTA

Comércio ajuda aeconomia do Brasil a

O economista Mar-cel Solimeo é um es-pecialista em ques-tões ligadas ao co-mércio. Diretor doInstituto de Econo-mia Gastão Vidigal,da Associação Co-mercial de São Pau-lo, ele acompanha osetor desde os anos60. Em entrevista àrevista Voz Comer-ciária, Solimeo anali-sa o desempenhoda economia brasi-leira e do comércioem geral no primeirosemestre de 2007,e dá o seu prognós-tico para o segundosemestre. Segundoo economista, hábonança no horizon-te com um bom cres-cimento da econo-mia, e das vendas,até o final de 2008

Voz Comerciária – Qual é o balan-ço da economia do primeiro semes-tre deste ano?Marcel Solimeo – Ainda não temos da-dos oficiais do primeiro semestre de 2007.O que temos são dados do primeiro tri-mestre e alguns outros indicadores econô-micos que indicam que a economia brasi-leira andou bem e cresceu em torno de4% em relação ao mesmo período do anopassado. O varejo cresceu um pouco aci-ma disto, em torno de 6%. A causa princi-pal disto começa pela grande expansãodo crédito combinada com uma queda detaxa de juro e o alargamento dos prazosde crediário, que faz cair o valor das pres-tações. Tudo isto permitiu um forte au-mento das vendas de bens duráveis, espe-cialmente de veículos, que estão batendorecordes sucessivos em termos de pro-dução e de venda. Ao mesmo tempo, ainflação vem se mantendo sob controleporque ela é monitorada pelo câmbio, quetem oscilado mais para baixo do que paracima. Isto segura os preços domésticos,não só pelo que se importa, mas pelo quese pode importar se os preços internoscomeçarem a subir muito. Então, temosuma combinação positiva de aumento doProduto Interno Bruto (PIB) com quedada inflação. Ao mesmo tempo, o cenárioexterno continua benigno e continuamostendo resultados bastante expressivos dabalança comercial. Embora o câmbio defa-sado prejudique as exportações de al-guns setores, a elevação dos preços dascommodities continua permitindo resulta-dos extremamente favoráveis da balançacomercial.

Com tudo isso, tivemos alguma recupe-ração de emprego e, também, da rendada massa salarial. Mas isto tudo não éuniforme. Não são todos os setores queestão em céu de brigadeiro. Não sãotodas as regiões que têm desempenhoigual e, dentro da massa de assala-riados, não são todos os que estão ten-do as mesmas facilidades no mercadode trabalho.VC – E quanto aos comerciários es-pecificamente?MS – O comércio vem tendo um bomdesempenho, embora não tenha sidoum grande gerador de empregos naregião metropolitana de São Paulo. Istoporque o comércio vem tendo umdesempenho melhor em outras regiões.O comércio cresce em São Paulo, mascresce muito mais em outras regiões,como Nordeste e Centro-Oeste, emfunção das transferências de renda quetêm ocorrido.VC – E por que não cresce tantoassim em São Paulo?MS – É até um problema mais geral daeconomia. São Paulo perdeu muitasindústrias e está se tornando, cada vezmais, uma cidade de serviços.VC – Mas isto não significa queo comércio deveria se expan-dir mais, junto com o setor deserviços?MS – Mas ainda não há no setor deserviços um dinamismo capaz desubstituir a perda havida no setor in-dustrial. Isto porque a indústria é umsetor mais empregador – especialmen-te a indústria tradicional, como calçadose têxteis – que ocupa mais mão-de-obra. E boa parte desta indústria mu-dou-se para o interior do Estado. Por

CRESCER

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 43VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200742

mos recuperando perdas. Mas há um pro-blema: não são todos os segmentos queestão recuperando a renda. A classe mé-dia está perdendo. Quando pegamos osdados de emprego e renda, observamosque na faixa de até um salário mínimo, oemprego e a renda estão crescendo. Deum a três, crescem menos, mas estão emexpansão. Com mais de três salários, háqueda de emprego e perda de salário real.E é essa faixa que forma o grande mercadoconsumidor, que é a classe média. Agoraassistimos à emergência da classe maisbaixa, que quantitativamente é maior, masnão substitui a perda do poder de comprada classe média em um prazo curto.VC – E a classe alta deve continuarconcentrando a renda?MS – Enquanto houver esta política da ta-xa de juros, vai se continuar a concentrarrenda. Isto porque a classe alta tem tan-ta renda que não tem como ampliar o seuconsumo; ela já tem satisfeitas todas assuas necessidades. Não dá para se almo-çar duas vezes. Por isto, ela não amplia oconsumo; só se ampliar marginalmente,para o consumo de BMWs, nada em termosde consumo de massa.VC – Qual a sua avaliação geral sobrea economia?MS – Cada um enxerga pelo seu ponto devista. Se duas pessoas observam um lam-pião de gás quebrado de um lado e inteirodo outro ao passar pelo Páteo do Colégio,uma vai dizer: “mas que belo lampião” e aoutra: “pena que este lampião está quebra-do”. Os dois viram o mesmo lampião, masde ângulos diferentes. O olhar do consumi-dor de baixa renda viu o salário mínimocrescer mais que a inflação, o que benefi-ciou a Previdência, mais o Bolsa Família etudo o mais. Este consumidor acha queestá tudo bem. Se for um assalariado declasse média, que ganhava R$ 6 mil quan-do perdeu o emprego e fica um tempãopara se reempregar e só consegue ganharR$ 4 mil, ele deve sentir que a situaçãonão é a mesma que ele vivia no passado.Já o economista não pode olhar só a super-fície, deve olhar o que acontece embaixoporque o amanhã é fruto destas coisas to-das que estão acontecendo hoje – a infra-estrutura, as contas públicas, os gastospúblicos crescendo descontroladamente,assim como a arrecadação fiscal; ou seja,a sociedade tem de pagar cada vez maispara sustentar o Estado. Se projetarmosno tempo estas coisas, elas têm um ônus.O economista tem de ser, não pessimista,mas muito realista. Já o empresário deve

ser otimista, senão tem de mudar deramo. Se hoje ele está vendendo bemveículos, por exemplo, talvez nem parepara pensar o que está acontecendocom as estradas. Para ele, a situaçãodeve estar muito boa. Já o diretor detrânsito deve estar arrancando os cabe-los. A visão do economista deve serum pouco mais profunda. Uma coisaé dizer que fazia tempo que o Brasilnão crescia tanto. Mas os outros paísesemergentes, como Índia e China, es-tão crescendo bem mais. Quando sefaz uma análise comparativa, não estábom.VC – Mas uma taxa de crescimen-to de 4% a 6% ao ano não é ex-tremamente boa para a economiaem geral?MS – Em condições normais, sim. Masnão quando não se aproveita um mo-mento em que o mundo oferece toda afacilidade para crescer mais... Nós esta-mos crescendo 4%, a China cresce10%; a Índia, 8%; a Rússia, 6%. Por-que não crescemos ao menos 6%? Emtermos relativos, estamos perdendo po-sições. O Brasil cresceu uma média de9% ao ano de 68 a 73. Aproveitou queo mundo estava crescendo e pegou ca-rona. Não estamos tirando todo o pro-veito de um cenário internacional extre-mamente benigno para os países emer-gentes. Estamos crescendo 4%, maspoderíamos estar com expansão de 6%ou 7% se tivéssemos feito as coisascorretamente antes. Agora até que agente consiga se ajeitar, não digo quevai virar um cenário de crise, mas nãovai ser tão favorável. Não somos osúnicos que estão crescendo, o mundointeiro está. E estamos crescendo me-nos do que os emergentes. Por isso queeu digo, depende do ângulo de visão,que é um em cima da ponte e outroembaixo dela.VC – E quais as expectativas queos comerciários podem ter?MS – A expectativa é que o comérciocontinue crescendo. O crescimento dasvendas sempre oferece uma expecta-tiva mais favorável para o comerciárioporque a oferta de emprego está muitoligada ao movimento do varejo. Há al-guma expectativa da vinda de novasredes, inclusive de fora, para o Brasil.Acaba de ser anunciada a vinda da re-de mexicana Electra. Quanto mais re-des vierem, aumenta a oferta de em-prego, e isto acaba melhorando o salá-

rio. Agora as perspectivas são sempremuito dependentes do cenário geral daeconomia. O comércio é o primeiro asofrer quando surge alguma crise. Feliz-mente, não há nenhuma perspectiva decrise até o final de 2008.VC – E, já que o comércio “vai nacola” da economia e de suas cri-ses, qual é a importância especí-fica do comércio na economia co-mo um todo?MS – O comércio “vai na cola” do cres-cimento da economia em termos. Naverdade, 65% do PIB é consumo. Esteano, a taxa de crescimento do comér-cio deve ser maior do que a da econo-mia em geral, e vai ajudar o crescimen-to da economia. Isto já aconteceu noano passado e deve acontecer no anoque vem porque tem um fator irrigadorque é o crédito. Mas não se pode cres-cer indefinidamente só com o crédito, épreciso renda. Mas o comércio é funda-mental porque se não houver consumo,não há produção industrial. A indústriade bens de consumo no Brasil é basica-mente voltada para o mercado de cré-dito, e isto é papel do comércio. Era elequem dava o crédito antigamente. Seolharmos os dados do Pnad (a PesquisaNacional por Amostragem de Domicílios,feita pelo IBGE), veremos que 98% doslares brasileiros têm fogão, um percen-tual extremamente alto tem geladeira,televisão etc. E tudo isto só aconteceporque tem uma estrutura de distribui-ção, que é o comércio, que chega aoconsumidor de baixa renda. Sem estaestrutura eficiente, o mercado seria mui-to mais estreito. O crediário é o grandealavancador das vendas no País, e o res-ponsável por 75% das vendas de bensduráveis no Brasil.

“O comércio vem tendoum bom desempenho,embora não tenha sidoum grande gerador deempregos na região

metropolitana de São Paulo.Isto porque o comércio

vem tendo um desempenhomelhor em outras regiões.O comércio cresce em SãoPaulo, mas cresce muitomais em outras regiões,como Nordeste e Centro-

Oeste, em função dastransferências de renda

que têm ocorrido”

VC – Mas a maioria das lojas deshoppings são pequenas empre-sas familiares e a abertura aos do-mingos sobrecarrega os funcio-nários...MS – Sim, é verdade. Mas existe umalegislação que tem de ser respeitada,com uma carga horária pré-determina-da. Vamos pegar o segmento de reven-das de veículos, por exemplo. Para ovendedor, o melhor dia é o domingo por-que vai o marido, a esposa, as crian-ças... E só dá para fazer isso no final desemana. Então, o domingo é extrema-mente relevante para alguns segmen-tos. Agora, sempre é possível encontraro ponto de equilíbrio em que acabacompensando para ambos os lados.VC – Neste primeiro semestre,quais os setores do comércio quemais cresceram?MS – O setor de veículos foi o principal,pois cresceu em um ritmo extremamen-te alto e a expectativa é de que continuea crescer ainda mais até o final do ano.Hoje já é possível comprar um veículoem até 84 meses, ou seja, pode-se pa-gar em até sete anos. Quando se com-bina a queda da taxa de juros com adilatação do prazo do crediário, o valorda prestação é reduzido e aumenta afaixa de consumidores. Mas não foi sóo setor de carros que cresceu. A linhabranca – geladeira, máquina de lavaretc – vendeu bem. O segmento de equi-pamentos de informática também tevealargamento do prazo para 24 vezes,o que fez cair significativamente o va-lor da prestação; então, está vendendobem. A chamada linha marrom, de tele-visores, não teve um desempenho tãoforte, mas é que estávamos comparan-do com o ano passado, quando teveCopa do Mundo e houve um incrementode vendas muito grande. Supermerca-dos vai bem, e este é o primeiro setor ase beneficiar com um aumento derenda, principalmente da camada maisbaixa, que vai para o consumo de ali-mentos. E o setor de calçados e con-fecções tem oscilado porque está muitosujeito ao clima. Vêm uns dias de frio ese tem melhora nas vendas; de repenteesquenta e há roupa de inverno navitrine; ou está com a roupa de verãoe faz frio... Mas este setor tem cresci-do, embora menos do que os outrossetores.VC – Quais as expectativas para ocomércio?

MS – Não vejo nenhum problema parao comércio para este ano nem para opróximo. Os fatores que estão impul-sionando o comércio até agora – a ex-pansão do crédito, queda das taxas dejuros, dilatação de prazo, melhora deemprego e da renda, e a exportaçãoajudando – devem continuar tranqüilosneste ano e no ano que vem.VC – E não há o risco de a expan-são do crédito chegar a um pontode saturação?MS – Há um risco, se o crédito conti-nuar com um crescimento muito maisforte do que a renda.VC – É o que acontece hoje em dia.MS – Mas nós partimos de um graude endividamento do consumidor mui-to baixo. Primeiro porque a inflaçãotinha praticamente destruído o crédi-to. Com o Plano Real, o crédito voltou.Mas quando chegou em 1998, comaquela crise externa, botaram o juroda taxa Selic a 43% e o crédito desa-bou, só começou a se recuperar pratica-mente em 2004. Então, partimos deum nível de endividamento baixo e po-demos ter um crescimento maior docrédito do que da renda, por enquanto;mas esta expansão não pode continuarindefinidamente.VC – Mas até quando haverá fô-lego para esta expansão do cré-dito?MS – Como eu disse antes, não ve-jo risco para este ano nem para o pró-ximo. Mais adiante, vai depender dasituação externa e de se vamos con-seguir equacionar os problemas inter-nos a tempo ou não.VC – Em relação ao curto prazo,quais as perspectivas para estesegundo semestre de 2007?MS – Eu acho que são boas. O comér-cio deve continuar crescendo na casade 6% a 7% sobre o ano passado, comestes mesmos fatores ajudando – cré-dito, prazo... O crescimento está maisforte no Nordeste e no Centro-Oeste,devido à transferência de renda no Nor-deste e à expansão da agricultura, dasoja, no Centro-Oeste. Algumas regiões– como o Sul, que teve setores impor-tantes afetados, como o de calçados –estão crescendo menos. Mas, na média,o crescimento é bom. Provavelmentevamos ter uma expansão da linha mar-rom porque a base de comparação estámelhor, houve muitos lançamentos eos preços estão caindo. O setor de infor-

mática também deve ter um bom cres-cimento por conta de muita coisa nova,como estes aparelhos de MP3 e câmerasdigitais. Já o segmento de celulares deveter apenas crescimento vegetativo, e nãomais aquela explosão que tivemos nos úl-timos três anos.VC – Há algum setor do comércio quenão deve crescer ou que seja parti-cularmente problemático?MS – Não deve haver problema com setoralgum, mas isto pode acontecer em algu-mas regiões. É o caso de Franca, cuja in-dústria de calçados está em crise e afetao comércio local.VC – Mas isto não pode prejudicar ocomércio de calçados?MS – Não, o comércio de calçados já pas-sou por muitas mudanças, assim como ode confecções, onde há quedas reais depreços. E agora a margem de lucro destaindústria está mais apertada por conta daconcorrência da China e da Ásia de modogeral, inclusive em ternos. Então, é precisoinvestir em novidade e produtividade por-que a concorrência aumentou, em vez dediminuir.VC – Há, inclusive, várias queixas deque a invasão de importados estáacabando com empregos dos brasi-leiros ...MS – Está ocorrendo uma perda líquidade empregos neste setor.VC – E não há perspectivas?MS – Não vejo nenhuma no curto prazo.O governo sempre acena com medidas,mas sempre acaba ficando em medidaspaliativas, como linha de crédito do BNDESetc. O que é preciso é investir muito emprodutividade.VC – Mas como isto afeta o comér-cio?MS – Não há grandes efeitos sobre ocomércio porque vai se mudando a ofertade produtos e o gosto do consumidor, enão dá para ficar vendendo a mesma coi-sa. No meu tempo de interior, vendiam-se aquelas botinas. Hoje, a meninada gos-ta daquelas coisas coloridas. Tem de seficar sempre moderno e acompanhar atendência. Quem pode, faz moda. Veja asandália havaiana: no meu tempo era só“pé-de-chinelo” que usava estas sandálias.VC – A economia está crescendo,mas a renda não está acompanhan-do este crescimento. Por que istoacontece?MS – Veja, tivemos uma queda muito for-te da renda até 2002 e praticamente es-tamos rompendo agora este limite. Esta-

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 45VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200744

CIST – Comissão Intersetorialde Saúde do Trabalhador

Existe nas três esferas do governo: mu-nicípio, estado e governo. Dá subsídios parao governo municipal de São Paulo discutir asaúde do trabalhador. Cada conselho temas suas comissões e a CIST é a comissãoque discute a saúde do trabalhador e leva oresultado para o conselho e suas propostaspodem ser aceitas ou negadas. Geralmen-te as CISTs são formadas por pessoas liga-das ao movimento sindical. A comissão éformada pelos usuários (trabalhadores), pro-fissionais e gestores da saúde.DIESAT - Departamento Intersindicalem Estudos da Saúde do TrabalhadorFoi constituído pelo movimento sindical paraque dê referências através de pesquisas,estudos e subsídios técnicos para discussõesdas diversas categorias sobre agravamentosda saúde do trabalhador. O DIESAT é repre-sentado por inúmeras categorias e centraissindicais, congregando a todos.

DRT - Delegacia Regionaldo Trabalho

A parceria ocorre há cerca de 15 anos eum dos projetos foi a realização em conjuntodo manual de prevenção de trabalhado-res em açougues. A parceria proporcionoualgumas conquistas, como o Anexo 1 daNR 17, que trata do posto de trabalho dosoperadores de caixa e virou uma norma emtodo o Brasil, publicada no Diário Oficial, noúltimo 2 de abril. Outra vitória é o progra-ma de Prevenção de Doenças relaciona-das ao Trabalho, que inspeciona locais detrabalho, faz prevenção de doenças comoLER e DORT em hiper e supermercados.

FUNDACENTROÉ o instituto de pesquisa do Ministériodo Trabalho que possui cursos de capacita-ção. São realizados eventos em conjun-to, publicação ou reprodução de materiaissobre a área de segurança do trabalho ou aFundacentro cede espaço para a realizaçãode eventos.

Prefeitura da Estância Balneáriade Praia Grande e Federação

dos QuímicosParceria existente há quatro anos no projetoVerão sem Aids, apoiando o evento do Carna-val sem Aids na região da Colônia de Fériasdo Sindicato dos Comerciários, que abrangeos associados e população local. São mon-tadas tendas, usados carros de som e há adistribuição de material informativo e educa-tivo, como preservativos, cartilhas de preven-

ção e brindes. A Prefeitura cede o espa-ço na praia e parte do material da cam-panha, que também conta com o apoioda Johnson & Johnson.

Setor de SaúdeOcupacional do HC - SSO

Trabalhadores são encaminhados pe-lo Sindicato ou médico do trabalho parao SSO do Hospital das Clínicas quandoprecisam ter tratamento contínuo.

SINTESP - Sindicato dosTécnicos de Segurança do

Estado de São PauloFornece informações e cursos de capa-citação para técnicos em segurança dotrabalho, além de engenheiros e médi-cos. Realiza constantemente encon-tros de profissionais de segurança dotrabalho de determinada categoria, pa-ra que os prevencionistas troquem in-formações.

INSPIR - Instituto SindicalInteramericano pela

Igualdade RacialFoi fundado em 1995 e nasceu como objetivo de subsidiar a luta sindicalem prol da igualdade racial no mundodo trabalho. O INSPIR já dialogou comcerca de 11 mil trabalhadores brasilei-ros e 500 estrangeiros, através de se-minários, palestras, debates, oficinas,sempre com intuito de incentivar a ca-pacitação daqueles que sofrem dis-criminação racial.

EDUCAFROA Educafro – Educação e Cidadania deAfrodescendentes e Carentes, rede decursinhos pré-vestibulares comunitá-rios, tem a função de incluir a popula-ção negra e pobre nas universidadespúblicas e particulares com bolsas deestudos, através de serviços dos seusvoluntários. A Educafro e o Sindicatolutam para que o Estado cumpra suasobrigações, através de políticaspúblicas.

FATECAFROOrganização que busca a qualifi-cação educacional e profissional dosafrodescendentes através de parceriasculturais e empresariais, buscandoo bem-estar da comunidade negra,como por exemplo, através do Cursinho20 de Novembro, destinado a prepa-rar o jovem desamparado para dispu-tar uma vaga nas melhores univer-sidades do país.

Secretaria deCoordenadoria

das Subprefeituras,Coordenadoria da mulher

e o CIM - Centro deInformação à Mulher

O Sindicato participou juntamen-te com as três instituições da 3º Con-ferência de políticas públicas para mu-lheres, onde foram discutidos temascomo trabalho e renda, educação, cul-tura, moradia, espaço urbano, mulhere poder, violência e saúde. A idéia visaproporcionar uma melhor qualidade devida para as mulheres através da cria-ção de creches 24 horas, inserção nocenário político com fundos partidários,concessão de vagas nos conjuntos ha-bitacionais para vítimas de violência do-méstica, inserção na grade curricularde ensinamentos sobre direitos repro-dutivos, ampliação dos serviços deatendimento à mulher e leis mais rigo-rosas que punam crimes de intolerânciaracial e sexual, entre outros.

Espaço CidadaniaParceria na divulgação das dificuldadesenfrentadas no campo profissional porportadores de deficiências físicas.

LABORIDADEDesenvolve trabalhos de oficinas coma terceira idade. A Laboridade é uminstituto de estudos, formação e asses-soria em políticas sociais do envelhe-cimento.

O BOTICÁRIOFaz demonstração para os funcionáriosdo Sindicato e as compras são descon-tadas na folha de pagamento, facili-tando a aquisição de produtos.

AVAPEAssociação para

valorização e promoçãode excepcionais

A AVAPE fez um estudo de acessibili-dade nas dependências do Sindicato esolicitou alterações para facilitar a en-trada e locomoção de deficientes físi-cos. Na Praia Grande foi realizada umaparceria no projeto Praia dos Sonhos,que era um espaço onde o visitantepodia vivenciar a rotina de portadoresde deficiência visual, tentando identi-ficar sons das praias, do ecossistemado litoral, além de conhecer texturas eanimais da fauna marinha e MataAtlântica, através do toque.

PARCERIAS DO

SINDICATO

CRSTO Município de São Paulo conta com cincoCentros de Referência em Saúde do Tra-balhador, onde os comerciários são enca-minhados para iniciar ou dar continuidadenum tratamento médico gerado por aciden-tes de trabalho, problemas de saúde co-mum ou decorrente de atividades produti-vas. Também é realizado um trabalho emconjunto na fiscalização de estabeleci-mentos comerciais.

Previdência SocialFoi firmado um contrato de cinco anos quedisponibiliza serviços de entrada para aaposentadoria, pensão, auxílio-doença eacidente de trabalho. O Sindicato faz a con-tagem de tempo para entrada na aposen-tadoria, analisa os documentos, protocolajunto à Previdência e acompanha todo oprocesso, que não tem ônus, até o deferi-mento ou indeferimento. Esse trabalho éexclusivo aos sócios. Para os não-sócios éfeito o preenchimento gratuito dos formulá-rios e é dada a orientação adequada.

Associação Comercial deSão Miguel Paulista e

Subprefeitura de São MateusA Associação Comercial e Subprefeiturade São Matheus têm um projeto de qualifi-cação profissional com jovens entre 16e 24 anos. O projeto inicial é do Ministériodo Trabalho e Educação que envolveu es-ses órgãos.

Associação de Anemia Falciformedo Estado de São Paulo

A anemia falciforme é caracterizada comouma doença exclusivamente da raça negra.A associação tem como objetivo levantar adiscussão no Estado de São Paulo, gerandopolíticas públicas e para que o SUS faça oatendimento da população da raça negracom o olhar voltado para essa questão.CEREST - Centro de Referência em

Saúde do EstadoTem como objetivo a capacitação dosCentros de Referência; inicialmente fazia avigilância e assistência. O objetivo é levan-tar o perfil do trabalhador comerciário deSão Paulo para que a equipe multidisciplinaranalise as questões que focam a saúde des-se trabalhador. São levadas as informaçõessobre a categoria para que suas necessi-dades sejam atendidas.

Sindicato dos Comerciários deSão Paulo é uma associaçãolegalmente constituída, queluta em defesa dos trabalha-dores que atuam neste seg-

mento. Para realizar suas tarefas commaior êxito, faz parcerias com outrasassociações ou entidades, buscandoaprimorar a qualidade de vida dos co-merciários e enfatizar a luta pelos di-reitos sindicais.

Uma força-tarefa foi criada porentidades preocupadas com o bem-estar das classes trabalhadoras querepresentam, resultando na criação daSemana de Saúde do Trabalhador,quando foram debatidos numa série depalestras informativas orientações ealertas sobre os perigos enfrentadospelos trabalhadores.

Em abril foram discutidas asações dos Centros de Referência emSaúde do Trabalhador na sede doSindicato. O evento contou com a pre-sença de Benedito Alves, presidente doDIESAT, representantes da área dasaúde, além de outras autoridades. Umdos temas abordados foi como proble-mas físicos podem afetar a saúde men-tal dos trabalhadores que sofrem geral-mente de LER (Lesões por Esforços Re-petitivos)/DORT (Distúrbios Osteomus-culares Relacionados ao Trabalho),lombalgias ou outros problemas relacio-nados à coluna e acabam desenvol-vendo um quadro crônico de stress e

Assim como grandesamigos, o Sindicatodos Comerciários fazparceiros para estrei-tar laços e lutar emprol de objetivos emcomumdepressão. Nem sempre o quadroclínico propicia o aparecimento dessasdoenças; às vezes, a falta de ambien-te de trabalho saudável ou pressão psi-cológica exercida por clientes ou pelopróprio empregador levam o trabalha-dor a procurar ajuda de um psiquiatraou psicólogo.

O CRST (Centro de Referênciaem Saúde do Trabalhador) é apenasuma das parcerias que o Sindicato pos-sui. Adriana Cardoso, terapeuta ocupa-cional do CRST da Lapa, enfatiza que aparceria entre as duas instituições émuito importante e que o Sindicato par-ticipa ativamente da vigilância nos es-tabelecimentos comerciais. “A parceriaé fundamental, principalmente nasações de vigilância, porque o Sindicatotem que conhecer junto com a equipetécnica os problemas que estão relacio-nados à saúde para poder direcionaras suas ações. E eles têm sido grandesparceiros”, relata Adriana.

A diretora do Sindicato dosComerciários, Cleonice Caetano Souza,diz que a parceria com o CRST propor-ciona a possibilidade de continuidadedo tratamento e melhores condições devida aos comerciários.

“O papel principal do Sindicatoé trabalhar essa função social, atenderos excluídos, aqueles que não têm con-dições de pagar um convênio médico,as mulheres e negros que são discrimi-nados e ganham menos, assim comoos deficientes físicos. Tem o dever deconscientizar a classe patronal, ogoverno”, afirma ela.

OTatiana Santiago

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 47VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200746

res efetivamente pagos”, diz. Certo do-mingo, ela entrou na loja às 9 horase, sem dinheiro, resolveu ir almoçar emcasa. Como ligou depois do almoçoe já não havia ninguém no local, ficouem casa. “Soube que o balanço ter-

minou às 16 horas e deram uma esfihado Habibs para cada um como almoçonaquele dia”, conta Fabiana. No dia se-guinte, mandaram ela voltar para ca-sa quando chegou à loja, mas ligaramnovamente à tarde para dizer que

ela deveria ir ao trabalho. Na quinta-feira, caiu seu pagamento, que foi deR$ 146,00 porque ela havia vendidopouco. Ela então pediu para ser demiti-da, o que acabou acontecendo.

Marta começou a trabalhar paraum patrão que tem três lojas de ramosdiferentes, mas que não fazia os reajus-tes de salário de acordo com o dissídioda categoria em nenhuma delas. Porconta disso, o pessoal que lá trabalha-va tinha ordenado menor do que ospisos salariais dos comerciários. Masos comerciários destas lojas só vierama saber disso quando representantesdo Sindicato passaram pelo local paraexplicar os itens do novo dissídio cole-tivo e descobriram que o patrão pagavamenos que o piso.

O Sindicato, então, pediu aodono das lojas que pagasse não só opiso estabelecido nos dissídios dacategoria como também os atrasados.O patrão fez o seu próprio cálculo dequanto “deveria” pagar e propôs aosfuncionários um acordo para receber50% daquele valor em prazos que va-riaram de quatro a oito meses. Algunsempregados, porém, foram se informarno Sindicato sobre os seus direitos eresolveram não assinar o acordo. Marta

Marcos Mathias

O departamento jurídico do Sindicato freqüentemente tem denúncias de muitos comerciáriosque recebem pagamentos bem menores do que o piso salarial da categoria

JURÍDICO

piso salarial dos comerciáriosé definido em Convenção Co-letiva de Trabalho e, por isso,o patrão que não paga o pi-so salarial a seu empregado

comete um crime. A Convenção Coleti-va tem força de Lei, explica o coorde-nador do departamento jurídico cole-tivo do Sindicato dos Comerciários deSão Paulo, Marcos Mathias, e “frustar,mediante fraude ou violência, direitoassegurado pela legislação do traba-lho” é crime, diz o artigo 203 do CódigoPenal. A punição pode alcançar até doisanos de detenção.

Mathias conta que o departa-mento jurídico do Sindicato freqüente-mente tem denúncias de muitos comer-ciários que recebem pagamentos bemmenores do que o piso salarial dacategoria, que varia de R$ 494,00 aR$ 742,00 conforme o tipo de comér-cio e a função exercida pelo empre-gado. Estes comerciários normalmentesão coagidos por seus patrões - que osameaçam com demissão ou outras re-presálias - a assinar o holerite, em queconsta o pagamento devido, como seestivessem recebendo o valor correto.Muitas vezes, eles ainda dão um vistoem outra folha, onde consta o valor efe-tivamente pago.

Salário abaixo do pisoJaqueline (esta reportagem usa

nomes fictícios para preservar o traba-lhador) é uma das vítimas dos mauspatrões. Ela trabalha há nove mesesem uma loja de roupas como vende-

NÃO PAGAM O PISOSílvia Kochen

Sindicato intensificacombate a empresas que

dora recebendo 4% de comissão. Masnormalmente não consegue cumprir ameta - o que só é possível quando entraa coleção de inverno ou no período deNatal – e seu pagamento fica muitoabaixo do piso.

“Nossa meta de vendas, deR$ 17 mil, é impossível porque a lojanão vende tanto e há vendedores de-mais”, diz Jaqueline. Ela explica que emsua loja, nenhum vendedor conseguecumprir a meta e, portanto, ninguémrecebe o piso. Isto não impede que seuholerite venha com o piso. Freqüen-temente lhe dão outras tarefas, comoarrumar o estoque e fazer a limpeza,quando poderia estar realizando ven-das. Embora seu horário de trabalhoseja das 9 às 17 horas, ela nunca saiantes das 18 horas.

Jaqueline conta que o trabalhoaos domingos é outro problema. Elatrabalha em uma loja de rua, mas queabre aos domingos. “No começo, elespagavam R$ 8,00 para o almoço, masnão davam nada para a condução; de-pois, tiraram até o dinheiro do almoçoe no último domingo trabalhei e vendiapenas R$ 240,00, ou seja, tirei R$ 9,00e ainda tive de pagar almoço”, diz ela.O que mais lhe dói é a falta de dinhei-ro para criar o filho. “Tenho um filhode três anos e pago gente para cuidardele; minha bronca maior é deixar faltarcoisa em casa para o meu filho.”

Como Jaqueline vendeu poucono último mês, sua comissão foi de ape-nas R$ 400,00 o que dá bem menoscom os descontos. Ela está revoltadaporque o patrão não paga o piso mas

faz todos os descontos (FGTS, vale-transporte etc.) como se ela recebesseo valor do holerite. Não admira que sóum empregado em sua loja tenha maisde um ano de casa. “Há uma pessoaque não sai porque precisa pagar a es-cola e eu preciso sustentar o meu filho,mas acho que este esquema é desu-mano.”

Outra que sofre o mesmo pro-blema é Fabiana, que começou a traba-lhar em uma rede de lojas como vende-dora há quase dois anos. Ela tambémera obrigada a assinar o holerite com opiso e outra folha com os valores efeti-vamente pagos. “Se alguém se recusas-se a assinar, era ameaçado velada-mente com advertência por desacatoà autoridade”, conta.

Depois de seis meses, Fabianafoi promovida à subgerente, mas apromoção só foi registrada na carteiradepois de seis meses e ela não recebeuos atrasados. Transferida para uma lojade shopping durante algum tempo, elaficava das 10 às 22 horas todos os diase nunca recebeu qualquer adicional portrabalhar nos domingos e feriados. Nofinal do ano, ficou um mês inteirotrabalhando direto, sem folgar. Comopassou no vestibular, pediu para cum-prir o horário contratual para voltar aestudar. Foi, então, rebaixada para ven-dedora e voltou a ganhar conformesuas vendas, o que dava um máximode R$ 400,00.

Fabiana acabou pegando “birra”e se recusava a assinar o holerite, emque constava o salário de subgerente.“Só assinava a outra folha, com os valo-

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 49VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200748

O propósito do Sindicato, ao criar esta coluna, foi o demanter os associados informados sobre os seus direi-tos conquistados por meio da legislação trabalhista oupela Convenção Coletiva da categoria. Quanto mais ostrabalhadores tiverem consciência dos benefícios, maisforça terão para reivindicar seus direitos.

CONHEÇA SEUS DIREITOS

Convenção Coletiva de Trabalho (na íntegra) no site do Sindicato:www.comerciarios.org.br

RecomendaçõesUma das dificuldades que o Sindi-

cato encontra para combater os maus pa-trões que se negam a pagar o piso salarialé o fato de que a empresa mantém em seupoder o recibo no valor do piso assinadopelo trabalhador. Por isso, Mathias aconse-lha aos comerciários que jamais assinemtal documento.

Se o comerciário não tiver condiçõesde se recusar a assinar (há pessoas quenão podem esperar pelo pagamento do sa-lário, mesmo que ele seja pago a menor),Mathias aconselha a, em primeiro lugar,denunciar o ocorrido ao Sindicato pelo tele-fone 2111-1818. Ele acrescenta que é bomreunir o máximo possível de testemunhaspara uma eventual ação na Justiça. E lem-bra que como as empresas que atuam des-ta forma normalmente têm muita rotativi-dade de pessoal, é bom que as pessoasfiquem com o telefone de quem sai da em-presa para o caso de precisar, eventual-mente, de uma testemunha.

“Normalmente, os casos de fraudesde pagamento a menor ocorrem com maisfreqüência no setor de lojas de roupa tipo‘modinha’, que emprega jovens inexpe-rientes e tem uma grande rotatividade demão-de-obra”, observa Mathias. Como nemsempre o trabalhador conhece seus pró-prios direitos, a situação torna-se ainda pior.

Vendedores que têm salário basea-do em comissão, os comissionistas, porexemplo, têm direito a um mínimo garan-tido (mesmo que não alcancem a meta devendas) e devem receber horas extras etodos os direitos trabalhistas sobre o piso -ou sobre o valor que consta em seus holeri-tes, quando este ultrapassar o piso -; masmuitas vezes conformam-se em receber amenor porque realizaram “poucas vendas”naquele mês.

O piso do comissionista puro do se-tor lojista hoje é de R$ 742,00 mensais.Mas o comissionista também tem direito areceber o adicional de hora extra. Se tra-balhar no domingo, além de dinheiro parao almoço e vale-transporte para aquele dia,ele também tem direito a uma folga com-pensatória durante a semana.

foi demitida, junto com os outros colegasque se recusaram a engolir o acordo.

Mas hoje, depois de três anos, Martacomemora porque a Justiça mandou seuantigo patrão lhe pagar tudo o que lhe édevido, dinheiro que vai ajudá-la a criar ofilho de dez meses. o consultar um dicionário, po-

de ser verificado que assédiosignifica cerco, sítio a um de-terminado lugar. Já no senti-do figurado, assediar significa

“uma insistência importuna junto a al-guém”, esta insistência pode ocorrerpor meio de indagações, comentários,sugestões, deduções precipitadas etc.

Já assédio moral no trabalho éo conjunto de atitudes e condutas inde-vidas que podem ser praticadas peloempregador e pelos superiores hierár-quicos (assédio vertical) ou até mesmopelos próprios colegas de trabalho (as-sédio horizontal), que caracterizam in-tensa perseguição com relação a deter-minado trabalhador.

O assédio moral no trabalho nãoé um fenômeno novo, entretanto elesomente passou a ser estudado cienti-ficamente há cerca de 10 anos, dada amaior intensidade com que vem ocor-rendo, pois com a globalização econô-mica, a concorrência e a competiçãoentre empresas e pessoas em buscade maior produtividade têm determina-do uma verdadeira inversão de valo-res, onde a solidariedade e o com-panheirismo dão lugar ao individua-lismo, muitas vezes deixando o trabalhoem equipe num plano inferior, sendocerto que o importante neste momentode chamado neoliberalismo é lucrar eapresentar resultados positivos, emprejuízo das relações e direitos sociais.

A violência psicológica relaciona-da ao assédio moral pode trazer conse-qüências nefastas à vítima, pois estatem sua dignidade atingida de forma aacarretar danos relevantes às suas con-dições físicas, psíquicas e morais, de-sestabilizando emocionalmente o as-sediado, sendo que existem inclusivecasos relatados de pessoas que foramlevadas à morte, seja por terem suasaúde comprometida ou mesmo por te-rem chegado ao ponto do suicídio.

No comércio tem sido consta-tada grande incidência de tal prática,exatamente quando o empregador ouseus prepostos não têm mais interesse

ASSÉDIO MORALNO TRABALHO

na permanência do empregado na em-presa, dando início a um verdadeiro ter-ror psicológico, que é praticado com ointuito de fazer com que o assediadosolicite sua demissão do emprego, nãosendo então necessário o pagamentode todas as verbas rescisórias.

Tal barbaridade vem ocorrendomuito no caso de comerciárias que fi-cam grávidas, ou seja, em um dos mo-mentos em que a mulher fica mais fra-gilizada psicologicamente, sendo quealgumas relatam que antes de teremnotificado à empresa quanto ao seuestado gravídico, eram consideradasótimas empregadas, porém, a partir domomento em que a empresa tem ciên-cia da gravidez, elas passam a não ser-vir mais, pois são consideradas um ver-dadeiro problema para a empresa.

O assédio moral pode ser carac-terizado quando ocorre a imposição desobrecarga de trabalho, estipulação demetas imbatíveis, desvio de função, tro-cas injustificadas de turno ou de loja,ordem para executar tarefas acima ouabaixo do conhecimento do assediado,isolamento do trabalhador (“geladei-ra”), quando são indevidamente impu-tadas qualidades pejorativas ao traba-lhador, inclusive com xingamentos etc.

O importante, comerciário, éque você deve procurar o departa-mento jurídico de seu Sindicato quandofor vítima de tais agressões psicológi-cas, pois, se você ainda estiver em vín-culo, a empresa será convocada paraprestar esclarecimentos, e caso vocêjá tenha saído da empresa, será pos-sível propor reclamação trabalhistacontra a empresa, pleiteando uma in-denização pelos danos morais sofridosno ambiente de trabalho.

Recentemente, o comerciário Sr.V.A.B. procurou o nosso departamentojurídico e contou sua triste história, nosentido de que durante todo o contratode trabalho, apesar de V.A.B. ter sem-pre cumprido com suas obrigações, seuex-patrão, Sr. S.A., proprietário da em-presa P.C.M. Ltda., o ofendeu com pala-vras de baixo calão e xingamentos, que

aqui não podem ser reproduzidos,sempre na presença de outros empre-gados.

Em audiência, dois colegas detrabalho confirmaram à Juíza da 6ª Varado Trabalho de São Paulo que semprepresenciaram tal humilhação, sendoque V.A.B. nunca revidou tais ofensas.

No dia 6 de novembro foi publi-cada a sentença, tendo a empresa sidocondenada ao pagamento de dez salá-rios a título de indenização pelos danosmorais sofridos, para assim reparar asofensas causadas, sendo que a Juíza,ao fundamentar sua decisão, ressaltouque: “É mais do que presumível que aspalavras dolosamente mal dirigidas aoreclamante pelo preposto da reclamadaocasionaram em si tristeza, vergonhae mágoa...” e ”Presta-se a indenizaçãonão só à reparação do dano sofrido peloreclamante, mas também como medidapedagógica direcionada à reclamada”.

Comerciário, se você é ou foivítima de assédio moral ou mesmo tes-temunha de tal prática, supere seu me-do e denuncie, venha até o Sindicato(Rua Formosa, 409 – 4º andar –Centro) e procure seus direitos.

José Adriano Benevenuto Mottaé advogado e Coordenador

Jurídico Individual do Sindicatodos Comerciários de São Paulo

Retire o folheto sobre “AssédioMoral” no Sindicato

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 51VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200750

Cláudia Campas Braga PatahProfessora e advogada trabalhista

Túlio de Oliveira MassoniProfessor e advogado trabalhista

A CLT em seu artigo 461, garante ao empregado o direito de receber o mesmosalário que outro empregado da empresa na mesma localidade, quando prestaros mesmos serviços com a mesma eficiência e perfeição técnica e, ainda, desde

que a diferença de tempo de serviço na função entre ambosnão seja superior a dois anos

além de ser vendedor, ele passe a fazercobranças de cheques devolvidos, aten-da a ligações telefônicas na loja e fi-que no caixa, tudo isso sem qualqueraumento no salário antes combinado.Nestas situações ocorre o chamado“acúmulo de função”.

A CLT não prevê de forma ex-pressa a figura do “acúmulo de função”,estabelecida na lei dos radialistas. Hádecisões que não acolhem pedido deacúmulo de função por inexistir previ-são legal explícita. Mas a maioria dosjulgados do TST o admite, ressaltandosua configuração, quando ocorrer emlinhas gerais: a) a diversidade de ativi-dades exercidas, não abrangidas pelafunção para a qual foi o empregadocontratado e b) não-eventualidade noexercício desta atividade, o que signi-fica que se em um dia apenas um traba-lhador “cobre” seu colega de trabalhoque faltou, isso não dá direito aoacúmulo de função, pois necessário éque as tarefas sejam acumuladas du-rante certo período.

Assim sendo, havendo discre-pância entre as atividades, a imposiçãode outra função/tarefa sem o respectivoacréscimo salarial, viola o art. 468 daCLT, por configurar alteração contra-tual prejudicial ao empregado. E qualo valor que o empregado receberia, ca-so configurado o acúmulo de função?O valor do aditivo remuneratório seráarbitrado pelo juiz, em cada caso con-creto, com base nos critérios da propor-cionalidade e da razoabilidade, levando-se em conta o aumento das tarefas edas responsabilidades que o empre-gado passou a ter.

Há, por fim, uma outra situação,parecida com as anteriores (equipara-ção salarial e acúmulo de função) masque com elas não se confunde. É o casodo “salário-substituição”, previsto naSúmula nº 159 do TST, que confere aoempregado o direito de receber o mes-mo salário de outro empregado que,por algum motivo, tenha substituído naempresa. Assim, por exemplo, se umempregado passa a ocupar o cargo de

outro que está em férias ou que estáafastado por motivo de doença, temo direito de receber a remuneraçãodo empregado afastado. Ou seja:quem substituiu fará jus ao saláriodo substituído, sempre maior, obvia-mente, pois a lei veda a redução sala-rial. O fundamento para o salário-substituição é o princípio da isonomiasalarial, embora se diferencie dahipótese de equiparação salarial, jáanalisada, na qual deve haver umasimultaneidade na prestação dos ser-viços. Atente-se que o salário-subs-tituição pressupõe uma “substituiçãonão-eventual”, de duração razoável.Não há salário-substituição quandoo deslocamento do empregado parao cargo do substituído for eventual,esporádico e em decorrência de umaimprevisibilidade (por exemplo,alguém adoece durante quatro diase falta ao trabalho, ou faz uma via-gem inesperada em virtude de fale-cimento de um parente e se ausentapor dois dias do trabalho, dentre ou-tras situações). A substituição pres-supõe o retorno do substituído ao car-go original que ocupava, vale dizer,a permanência de ambos no empre-go e que um esteja ocupando de for-ma precária a função de outro. Nessesentido, se um empregado é chama-do a ocupar um cargo vago por apo-sentadoria, morte, transferência ourescisão do contrato, não há que sefalar em substituição, pois não have-rá o retorno do antigo ocupante docargo.

O trabalhador deve estaratento a todas estas situações para,se for o caso, reunir provas e reivin-dicar os seus direitos perante seu em-pregador ou, se necessário, perantea Justiça do Trabalho. O departa-mento jurídico do Sindicato dos Co-merciários pode esclarecer dúvidase orientar os trabalhadores sobreseus direitos.

A equiparação salarial temfundamento constitucional(artigo 7º, XXX e XXXI) evisa evitar a discriminaçãono trabalho no tocante à re-

muneração, seja em virtude de raça,de idade, de gênero ou de orientaçãosexual. A CLT, em seu artigo 461,garante ao empregado o direito dereceber o mesmo salário que outroempregado da empresa na mesmalocalidade, quando prestar os mes-mos serviços com a mesma eficiênciae perfeição técnica e, ainda, desdeque a diferença de tempo de serviçona função entre ambos não sejasuperior a dois anos.

Assim, por exemplo, se eu fa-ço as mesmas tarefas que João, meusalário não pode ser inferior ao dele.Deve ser igual. Juridicamente, nestecaso, se diz que João é o paradigmaque fundamenta o meu pedido deequiparação salarial e me autoriza areceber a diferença entre o meu sa-lário e o salário do João.

Quando se fala em equipara-ção salarial, a idéia essencial é a decomparar os serviços de dois empre-gados, o que por vezes se mostradifícil quando se trata de um trabalhointelectual (por exemplo, dois jorna-listas ou dois cantores). Mas, ape-sar dessa dificuldade, o Tribunal Su-perior do Trabalho afirma ser possí-vel a equiparação salarial em si-tuações de trabalho intelectual. Ain-da, para que seja possível essa com-paração, é necessário que haja si-multaneidade na prestação de ser-

viços, isto é, que eu e João, durantecerto período, tenhamos trabalhado aomesmo tempo.

Há controvérsia quanto à pos-sibilidade de se pleitear equiparação sa-larial quando o caso envolve empre-gados de empresas distintas, mas inte-grantes do mesmo grupo econômico(por exemplo, matriz em São Paulo efilial em Campinas). Também há contro-vérsia quanto à equiparação salarialquando o paradigma presta serviço emoutro município.

As decisões da Justiça do Traba-lho nestes aspectos são divergentes.Para alguns juízes, o fato de seremempresas distintas, com CNPJ distintose estrutura organizacional administra-tiva independente afastaria a possibili-dade da equiparação, uma vez que setrataria de dois empregadores distintose a lei exige a prestação de serviços“ao mesmo empregador”. Outros juízesentendem que o grupo de empresasconfigura “empregador único” e admi-tem a equiparação salarial.

Com relação ao local da presta-ção de serviços, a Súmula 6, item X,do Tribunal Superior do Trabalho decla-ra que o conceito de “mesma localida-de” de que trata o artigo 461 da CLTrefere-se, em princípio, ao mesmo mu-nicípio, ou a municípios distintos que,comprovadamente, pertençam à mes-ma região metropolitana.

A razão de ser dessa interpre-tação é que, via de regra, municípiosdistintos têm diferentes custos de vida(aluguel, gastos com alimentação, edu-cação, transporte etc.), o que impediria

falar em igualdade salarial, já que opoder aquisitivo do salário varia de umaregião para outra. Assim, no exemploacima dado, para que um empregadode Campinas consiga equiparação sala-rial em relação a um empregado quepresta serviços em São Paulo, deve de-monstrar que não obstante as empre-sas tenham sede em cidades distintas,as condições geoeconômicas não as-sumem relevância significativa.

O fato de dois empregados ocu-parem formalmente cargos distintosnão impede o reconhecimento da equi-paração salarial, pois o que realmenteimporta é que as funções (misteres etarefas) efetivamente exercidas sejamidênticas, sendo irrelevante o nome queo empregador tenha dado ao cargo.

A desigualdade salarial injustifi-cada não é o único problema que umtrabalhador pode enfrentar no seutrabalho. Por meio do contrato de traba-lho o empregado integra-se à organiza-ção empresarial, nela assumindo de-terminada função, que pode ser defini-da como o conjunto de serviços e tare-fas que formam o objeto da prestaçãode serviços. Mas, muitas vezes, um em-pregado é contratado para executar de-terminada tarefa e, no curso do contra-to de trabalho, lhe são atribuídas outrastantas funções e responsabilidades,sem qualquer relação direta com as ta-refas anteriores e sem qualquer au-mento salarial. Por exemplo: um em-pregado é contratado como vendedorde uma loja recebendo R$ 800,00 men-sais para essa função. Depois de seismeses, o patrão passa a exigir que,

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 53VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200752

Centrais de lutaO movimento dos trabalhado-

res era extremamente efervescente,em todos os sentidos, no início dos anos80, o que provocou muitas divisões. Na1ª Conferência Nacional das ClassesTrabalhadoras, realizada na Praia Gran-de, em 1981, foi criada uma ComissãoPró-Central Única dos Trabalhadores(CUT). Mas houve um racha no movi-mento. Uma parte destes trabalhado-res fundou a CUT, em 1983, a outraacabou fundando depois a Confedera-ção Geral dos Trabalhadores (CGT), em1986. Também surgiram algumas ou-tras centrais sindicais naqueles anos,mas a maioria delas era liderada portrabalhadores do setor industrial, comoos metalúrgicos. A única que tinha tra-balhadores do comércio em sua dire-ção era a União Sindical Independente(USI), fundada em 1985.

Nos anos 90, lembra o profes-sor Krein, surgiram várias outras cen-trais sindicais no Brasil – como a ForçaSindical, a Social Democracia Sindical(SDS) e a Central Autônoma dos Traba-lhadores (CAT) – que disputavam o pa-pel de definir os rumos do movimentosindical brasileiro. Já em julho de 2007as centrais CGT, SDS e CAT e outrasentidades independentes se unem eformam a União Geral dos Trabalha-dores - UGT. “Os problemas fundamen-tais dos trabalhadores não são resolvi-dos no âmbito da categoria econômica,mas dependem de uma ação geral daclasse trabalhadora com o poder de in-tervir nos rumos do País”, diz Krein.

O pesquisador acrescenta queas federações e confederações têm opapel de organizar os trabalhadores apartir de suas estruturas verticais, apartir da ótica da categoria. Já as cen-trais têm funções diferenciadas, elastêm uma ação na sociedade como umtodo. Hoje, mais do que nunca, analisaKrein, as centrais sindicais têm um pa-pel fundamental na luta pela estrutu-ração do mercado de trabalho, já quepraticamente um terço dos assalariadosbrasileiros, cerca de 15 milhões de pes-soas, não têm registro em carteira.

Trabalhadores na “Era Vargas”

de uma central sindical, pela reduçãoda jornada de trabalho, pelo aumentodo salário mínimo ou por mais dias deférias?

No início dos anos 80, quandofoi iniciado o processo de redemocrati-zação, muitas coisas que existiam nasociedade brasileira começaram a serquestionadas. “Como a estrutura sindi-cal oficial proibia a reunião dos traba-lhadores em centrais, eles organizaram

estruturas paralelas que conviviam comas oficiais”, explica o economista JoséDari Krein, professor da UniversidadeEstadual de Campinas (Unicamp) e pes-quisador do Centro de Estudos Sindi-cais e de Economia do Trabalho da Uni-camp. “As estruturas paralelas foramcriadas para garantir um peso políticomaior para as organizações dos traba-lhadores.”

Com a nova Constituição de1988, os sindicatos foram liberados doregistro prévio no Ministério do Traba-lho e da tutela do governo. Com liber-dade de associação e de atuação, ossindicatos prosperaram e o seu númerocresceu muito. Isto porque havia sindi-catos que englobavam regiões imensas,que não representavam devidamenteos trabalhadores de todas as áreas.Muitos trabalhadores também pude-ram fundar sindicatos para sua cate-goria específica, sem ter de dependerda classificação do Ministério do Traba-lho. É o caso, por exemplo, de técnicosde uma determinado setor, que pude-ram fundar seu sindicato próprio emvez de ficarem restritos ao sindicato dostrabalhadores do setor.

Hoje não se tem uma avaliaçãoatualizada do número de sindicatos detrabalhadores existentes no Brasil. Osúltimos números são de 2001 e indicamum total de pouco mais de 11 mil sin-dicatos de trabalhadores com 19,6milhões de associados. Calcula-se que

a população economicamente ativa(PEA) – que inclui trabalhadores comou sem registro, além de profissionaisliberais e empregadores – era formadapor cerca de 83 milhões de pessoasnaquele ano.

ASílvia Kochen

criação de centrais sindicaisé a mais recente conquistados trabalhadores brasileirosem sua longa luta pelo res-peito aos seus direitos. Esta

história começa há cerca de um sécu-lo, época em que surgiam no Brasil asprimeiras grandes fábricas, locais ondediariamente um grande número deoperários passava horas trabalhando.Estes trabalhadores, em sua maioriaimigrantes italianos e alemães, come-çaram a perceber que tinham os mes-mos problemas. Também notaram quesozinhos não tinham força, mas juntoseram capazes de conseguir melhoressalários e de fazer valer seus direitos.Desta forma, associaram-se em sindi-catos para defender seus direitos.

A luta destes primeiros sindica-tos era bem árdua. Os patrões esta-vam acostumados com mão-de-obraescrava e era assim que achavam quedeveriam tratar homens livres. Os tra-balhadores, influenciados pelas idéiasanarquistas que rondavam a Europa,opunham-se a qualquer forma de au-toridade. Não raro, as disputas entreos dois lados transformavam-se emconflitos violentos que faziam das ruasverdadeiras praças de guerra. Mas ostrabalhadores começaram a perceberque tinham mais força quando se or-ganizavam em torno de sindicatos epromoviam greves e outras formas deprotesto. Assim, as entidades dos tra-balhadores foram, pouco a pouco, sefortalecendo.

Estrutura rígidaNos anos 30, o governo do pre-

sidente Getúlio Vargas resolveu dis-ciplinar as relações de trabalho e editouas primeiras leis sobre este tema. Elastambém tratavam sobre sindicatos.

Conquista recenteque unifica trabalha-dores

O Sindicato dos Comerciários de São Paulo,representa 430 mil trabalhadores na cidade de São Paulo

Novos rumosPor décadas, os trabalhadores

tentaram mudar este modelo. Ressen-tiam-se do fato de que seus sindicatosestavam sob a tutela do governo, quepoderia suspender a carta sindical. Ou-tra coisa que pesava era a restrição àassociação de trabalhadores em tornode bandeiras que não eram de uma ca-tegoria específica, mas de todos. Porque não lutarem todos juntos, através

Ficou estabelecido que os sindi-catos só seriam reconhecidos como re-presentantes dos trabalhadores em ne-gociações trabalhistas se tivessem acarta sindical, uma espécie de licençade funcionamento emitida pelo Minis-tério do Trabalho, e o governo teria opoder de intervir nas entidades dos tra-balhadores caso julgasse haver algumdesvio em sua atuação. Para negociarcom os sindicatos trabalhistas, a lei daépoca também criou os sindicatos pa-tronais e fixou várias normas, como aque estabeleceu que a representaçãodos sindicatos seria por categoria eco-nômica (ou seja, a cada profissão cor-responde um sindicato) e por localiza-ção geográfica (cidade ou região).

A estrutura sindical criada porGetúlio também previu que grupos desindicatos estariam vinculados a fede-rações conforme sua localização, nor-malmente por Estado ou grupo de Es-tados. As federações de sindicatos tra-balhistas, por sua vez, se vinculariamàs suas respectivas confederações na-cionais, uma para cada categoria. Masos critérios de representação local va-riam conforme as características dacategoria. Os aeronautas, por exemplo,que vivem voando pelo País afora, têmum sindicato nacional.

Esta estrutura continua preser-vada até hoje. Os comerciários da ci-dade de São Paulo, por exemplo, estãorepresentados por seu sindicato localnas negociações com seus patrões. Os64 sindicatos de comerciários do Estadode São Paulo – São Paulo, Osasco, Cam-pinas, Ribeirão Preto etc. – estão liga-dos à Federação dos Empregados noComércio do Estado de São Paulo (Fe-cesp). As 30 federações da categoriaexistentes no País (algumas englobamtrabalhadores de todos os setores docomércio de sua região, enquanto ou-tras representam apenas alguns seg-mentos), que representam 813 sindica-tos, estão filiadas à Confederação Na-cional dos Trabalhadores no Comércio(CNTC).

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 55VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200754

Câmara Municipal de SãoPaulo, em cerimônia realiza-da no dia 3 de dezembro,concedeu ao presidente doSindicato dos Comerciários

de São Paulo, Ricardo Patah, a MedalhaAnchieta e o Diploma de Gratidão daCidade de São Paulo. Indicado pelovereador Domingos Dissei, o sindicalis-ta teve votação unânime pelos parla-mentares por se destacar através deseu empenho e garra na defesa dotrabalhador, dos aposentados e

A

Medalha Anchieta para

A mesa foi composta por OctávioLeite Vallejo, presidente do Sindicatodos Concessionários e Distribuidoresde Veículos no Estado de São Paulo;

Nelson de Almeida Prado HerveyCosta, Secretário Adjunto da

Secretaria do Emprego e Relações doTrabalho do Estado de São Paulo;

Ricardo Patah, presidente doSindicato dos Comerciários de SãoPaulo; vereador Domingos Dissei;Luiz Carlos Motta, presidente daFederação dos Empregados no

Comércio do Estado de São Paulo eWilson Hiroshi Tanaka, presidente do

Sindicato do Comércio Varejista deGêneros Alimentícios do Estado de

São Paulo - Sincovaga(da esquerda para a direita)

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 57VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200756

União Geral dos Traba-lhadores (UGT) nasceforte porque surge daunião de três centraissindicais igualmente

fortes, a Social Democracia Sin-dical (SDS), a ConfederaçãoGeral dos Trabalhadores (CGT),a Central Autônoma dos Traba-lhadores (CAT) e os sindicatos in-dependentes.

A UGT surge orgulhosa deseu destino, ao reverter uma la-mentável tendência de fragmen-tação do sindicalismo brasilei-ro. Segundo o Instituto Brasilei-ro de Geografia e Estatística(IBGE), na sua pesquisa sindicalde 2001, entre 1991 e 2001 onúmero de sindicatos de empre-gados e de empregadores pas-sou de 11.193 para 15.963.

O Congresso de Fundaçãoda UGT, que tive a honra de pre-sidir, evidenciou o apoio que aUGT teve das bases organizadasda classe trabalhadora brasileira.Participaram do evento 2.800lideranças de 600 entidades sin-dicais, representando mais decinco milhões de trabalhadoresem todo o país. E, ao mesmotempo, trouxe para a mesa auto-ridades dos três níveis do podermunicipal, estadual e federal.

A nível federal prestigia-ram o evento o ministro-chefe daSecretaria Geral da Presidênciada República, Luis Dulci, re-presentando a Presidência da Re-pública; o ministro da Previdên-cia e Assistência Social, Luiz Ma-rinho e o Secretário Nacional doTrabalho, Luiz Antônio de Medei-

Deputado Roberto SantiagoE-mail: [email protected]

Tel.: (061) 3215-5533

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ARTIGO

UGT NASCE FORTE

ros. Na mesma mesa a UGT uniu aindao governador do Estado de São Paulo,José Serra e o prefeito de São Paulo,Gilberto Kassab.

A fusão que resultou na UGT,conforme registrou o Ministro-Chefeda Secretária Geral da Presidência daRepública, Luis Dulci, na abertura doCongresso de Fundação da entidade,significa um momento histórico parao País, pois, hoje, disse o ministro LuizDulci, “está nascendo um novo instru-mento de luta da classe trabalhado-ra brasileira”.

A ação integrada em torno daUGT, o novo instrumento de luta daclasse trabalhadora brasileira, só foipossível por ter contado com a visãode líderes como Ricardo Patah, queem função do seu desprendimento,espírito de luta e de patriotismo, foieleito o presidente da entidade.

Conseguimos provar coma criação da UGT que todos nósque temos a coragem de traba-lhar pela unidade da classe traba-lhadora e dos cidadãos brasilei-ros, percebemos a importânciade ver o todo e deixar de ladonossos egos e objetivos imedia-tos como partes secundárias doprocesso histórico.

E, ao se organizar para seinserir no processo históricobrasileiro, a UGT nasce forte. Poisconta, desde as negociações eentendimentos que levaram àsua fundação, com a contribuiçãodireta dos companheiros AntonioCarlos dos Reis, o Salim, da ex-CGT; de Enilson Simões de Mou-ra, o Alemão, da ex-SDS; e Laer-te Teixeira da Costa, da ex-CAT,que tiveram a visão e a coragemde promover a unidade que re-sultou neste novo momento his-tórico do sindicalismo e da cida-dania brasileira.

Ao se tornar uma entida-de que responde às tendênciasexigidas pela nova classe traba-lhadora brasileira, em torno daunião, da mobilização política eda cidadania, a UGT cresceráforte, para ampliar as iniciativasde seu presidente Ricardo Pataha favor de um Brasil mais justo,mais igualitário, em que todos,especialmente os brasileiros quepertencem à classe trabalhadora,tenham a garantia de que luta-remos unidos para melhorar nos-sa qualidade de vida.

HISTÓRIA DA

MEDALHA

ANCHIETA E

DIPLOMA DE

GRATIDÃO DA

CIDADE DE SÃO

PAULO

A Medalha Anchietafoi idealizada em 7 de se-tembro de 1969 e distribuí-da como brinde aos con-vidados que participaramda cerimônia de inaugura-ção do Palácio Anchieta,ocorrida nesta mesma data.

Quatro anos depois,em 26 de maio de 1973, elafoi instituída oficialmenteatravés de um PDL de auto-ria do ex-presidente da Câ-mara, João Brasil Vita. Em1975, um novo decreto fi-xou o Diploma de Gratidãoda Cidade de São Paulo aser outorgado junto com aMedalha Anchieta.

As honrarias sãoconcedidas a personalida-des que, através de suastrajetórias, tenham con-quistado a admiração e orespeito do povo paulis-tano.

A primeira MedalhaAnchieta e Diploma de Gra-tidão da Cidade de SãoPaulo foram entregues em2 de maio de 1974 ao pre-feito da cidade italiana deLucca, Mauro Favilla.

Já receberam a Me-dalha Anchieta e o Diplo-ma de Gratidão da Cidadede São Paulo, o então Pa-pa João Paulo II; os juristasMiguel Reale e Ives Gandra;o cientista Milton Santos;Dorina Nowill, da FundaçãoDorina Nowill para Cegos eo empresário Horácio LaferPiva, entre outras persona-lidades.

Fonte: www.camara.sp.gov.br/noticias

pensionistas e principalmente dos excluídos,como presidente do Sindicato e tambémda central União Geral dos Trabalhadores(UGT), atuando nos direitos trabalhistas,previdenciários, sociais, culturais, do meioambiente e econômicos. Fizeram parte damesa Octávio Leite Vallejo, presidente doSindicato dos Concessionários e Distribui-dores de Veículos no Estado de São Paulo;Nelson de Almeida Prado Hervey Costa,Secretário Adjunto da Secretaria do Empre-go e Relações do Trabalho do Estado deSão Paulo; vereador Domingos Dissei; LuizCarlos Motta, presidente da Federação dosEmpregados no Comércio do Estado de SãoPaulo e Wilson Hiroshi Tanaka, presiden-te do Sindicato do Comércio Varejista deGêneros Alimentícios do Estado de SãoPaulo - Sincovaga.

Graduado em duas universidades -em Administração pela Pontifícia Universi-dade Católica (PUC) e Direito pela São Ju-das -, também realizou cursos de qua-lificação sindical nos Estados Unidos e Israele iniciou como comerciário em 1972, noantigo Bazar Treze, que foi incorporado peloPão de Açúcar. Depois disso, nunca maisse distanciou da categoria, ocupando diver-sos cargos no Sindicato dos Comerciáriosde São Paulo até assumir, em 2003, a pre-sidência da entidade, onde já está no seu

segundo mandato. Trabalho decente,igualdade e oportunidade para todos sãoa essência do seu sindicalismo modernoe democrático.

“Nos meus 12 anos como verea-dor, sempre tive contato com represen-tantes de diversas categorias. Foi assimque conheci Ricardo Patah e, ao longodestes anos, percebi a importância deseu trabalho, sempre representando oscomerciários de maneira muitoequilibrada. Por isso, tenho o orgulho deter sido o proponente desta justa home-nagem que a Câmara de São Paulo fazaos grandes cidadãos paulistanos”, disseo vereador Dissei.

“Quero estender essa homena-gem a todos os 430 mil comerciáriosda base do Sindicato pelo orgulho desermos uma categoria esplêndida nasdiversas atividades do comércio, sem-pre oferecendo o melhor atendimento,o que acaba sendo um reflexo do tra-balho do Sindicato, que luta na defesade seus direitos como, por exemplo, aregulamentação do trabalho no comér-cio aos domingos e feriados, além deter parcerias com desconto para uni-versidades, áreas médica e odontoló-gica, lazer, moradia e muito mais”,afirmou Patah.

Ricardo Patah se destacou através de seu empenho e garra na defesa dotrabalhador, dos aposentados e pensionistas e principalmente dos excluídos

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 59VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200758

(Libras), reconhecida pela Lei n° 10.436/2002 como meio legal de comunicaçãoe expressão, em todos os setores dasociedade, preparando instituiçõesgovernamentais e empresas privadas ase comunicarem com os deficientesauditivos”, diz Neivaldo Augusto Zovi-co, Diretor Regional da FederaçãoNacional de Educação e Integração dosSurdos e Membro do Conselho Estadualpara Assuntos da Pessoa Portadora deDeficiência.

Com o projeto, pretende-se evi-tar que ocorram situações como a deAlexandre Pontes, que foi preso no dia21 de fevereiro deste ano, em Londrina(PR), acusado, injustamente, de ten-tativa de assalto em uma loja de con-veniências, por ter sido mal interpretadoao tentar se comunicar por sinais.Octalício Neto, assessor de imprensa doprojeto, lembra que é preciso dar odireito de defesa aos surdos em uma

situação como essa. Para isso, a pre-sença de um intérprete na delegacia éindispensável. Já o presidente da Feneisafirma que a pessoa surda ainda senteo preconceito social, pois, hoje, há certaorganização nas cidades para atendero cego e o deficiente físico, mas não odeficiente auditivo. Ele conta que essassituações acontecem diariamente, emespecial nos bancos, que não possuemintérpretes, e a maior parte do aten-dimento é feito por telefone. Além dis-so, a maior parte das pessoas não sabelidar com o surdo.

As Línguas de Sinais

e as Comunidades SurdasComo as línguas de modalidade

oral-auditiva, as línguas de sinaistambém não têm registro de utilização,mas sabe-se que elas existem há sé-culos. O mais antigo registro que tratasobre “Língua de Sinais” é de 368 AC,

NÚMEROSALFABETO

Aprenda a se Comunicar por Libras(Linguagem Brasileira de Sinais)

escrito pelo filósofo grego Sócrates.Na Bíblia Sagrada encontramos osfamiliares comunicando-se com osacerdote Zacarias por meio de sinais:“E perguntava ao pai, com acenos,como queria que o chamassem”(Lucas 1.62).

Estudos lingüísticos a partir dadécada de 70 sobre as línguas de si-nais vêm mostrando que elas sãocomparáveis em complexidade e ex-pressividade a quaisquer línguas orais.Estas línguas expressam idéias sutis,complexas e abstratas. Seus usuáriospodem discutir filosofia, literatura oupolítica, além de esportes, trabalho,moda e utilizá-la com função estéticapara fazer poesias, histórias, teatro ehumor. E, como toda língua, aumen-tam seu inventário lexical com novossinais introduzidos pelas ComunidadesSurdas em resposta às mudançasculturais e tecnológicas.

Projeto Libras

reforça inclusão socialAs rotineiras dificuldades de co-

municação dos surdos brasileiros coma sociedade são um dos temas da cam-panha Surdo Cidadão, do projeto Librasé Legal. “Um dos objetivos do projetoé difundir a Língua Brasileira de Sinais

tros da luta pelo reconhecimento daLibras até a conquista de sua regula-mentação. Além disso, muitas são asatividades e serviços que envolvem aLibras. Pensando numa melhor estrutu-ração e funcionamento, a Feneis criouo CELES - Centro de Estudos em Librase Educação de Surdos. O CELES funcio-na de forma regional, tanto a matrizcomo os escritórios regionais da entida-de possuem o seu próprio CELES. Den-tre as funções do CELES estão:

- Promover e realizar programasde capacitação profissional para pro-fessores, instrutores/professores dalinguagem de sinais ou intérpretes, queatuem na área de Libras e na área deinformática;

- Promover programas de inter-câmbio com organizações e instituiçõesrepresentativas da área dos surdos eenvolvidas com a Libras, visando o aper-feiçoamento das mesmas;

- Incentivar o uso de Libras, atravésda manutenção de serviços compe-tentes, para a preparação de leigos eprofissionais, objetivando garantir o usocorreto desta língua na comunidade,além da preparação e capacitação parao trabalho na área dos surdos;

- Promover, realizar e divulgar estu-dos e pesquisas na área de Libras, inclu-sive para elaboração e avaliação de me-todologias de ensino, técnicas pedagó-gicas e materiais didáticos, visando àmelhoria na qualidade do processo ensi-no/aprendizagem e do uso de Libras.

O último censo demográfico realizado peloIBGE no ano 2000 apontou que existem 5,7milhões de surdos no Brasil. Revelou aindaque 24,6 milhões de brasileiros possuemalguma deficiência e, deste total, 18,1% têmproblemas auditivos em diversos graus. Omaior desafio enfrentado pelos surdos, semdúvida, é a dificuldade de comunicação. Amaioria deles é alfabetizada através da LínguaBrasileira de Sinais-Libras. O objetivo éacelerar a inclusão destas pessoas nasociedade da mesma forma que qualqueroutro cidadãoGlória Alves

A “Cultura Surda” é muitorecente no Brasil, tem poucomais de cento e vinte anos,mas a maior barreira na vidados surdos ainda não foi

vencida: a da comunicação. Sabe-seque a comunidade Surda semprebuscou duas metas centrais no que serefere à coletividade: a integraçãoatravés do esporte e a luta em prol daLíngua de Sinais. Se por um lado osurdo busca a expressão através dodesporto, por outro lado ele grita emprol de uma comunicação mais efetiva.Ser respeitado e ver sua língua conhe-cida hoje é questão de honra para ossurdos brasileiros, apesar de todos osganhos e conquistas que norteiam suahistória enquanto grupo minoritário. Ahistória dos surdos brasileiros nãodifere muito da luta de outros gruposde surdos espalhados pelo mundo. Noseventos internacionais, quer de cunhoeducacional ou desportivo, os surdos

têm demonstrado que sua bandeira é amesma: por uma comunicação efetivaque vai realmente integrá-los à socie-dade e o reconhecimento de que sãoparte de um grupo minoritário que deveser respeitado como tal.

O que são LibrasA Libras - Língua Brasileira de

Sinais - é reconhecida, cientificamen-te, como um sistema lingüístico de co-municação gestual-visual, com estru-tura gramatical própria, oriunda das Co-munidades Surdas Brasileiras. É umalíngua natural, formada por regrasmorfológicas, sintáticas, semânticas epragmáticas próprias. É uma línguacompleta, com estrutura independenteda língua portuguesa. Além disso,possibilita o desenvolvimento cognitivodos surdos, favorecendo o acesso des-tes aos conceitos e conhecimentos exis-tentes. Os usuários da “Libras” são ossurdos, familiares, profissionais da áreae todas as pessoas que convivem ou

trabalham com surdos outenham interesse por utilizar,pesquisar e aprender estalíngua.

As Comunidades Sur-das do Brasil vêm lutando paraserem respeitadas enquantominorias lingüísticas e aFENEIS - Federação Nacionalde Educação e Integração dosSurdos - tem apoiado essacausa desde sua fundação. Aentidade possui vários regis-

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 61VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200760

26 de Setembro

Dia Nacional do SurdoA Comunidade Surda Brasileira co-

memora, em 26 de setembro, o Dia Nacio-nal do Surdo, data em que são relem-bradas as lutas históricas por melhorescondições de vida, trabalho, educação,saúde, dignidade e cidadania. No Brasil,esse dia é celebrado devido ao fato destadata lembrar a inauguração da primeiraescola para Surdos no país em 1857, como nome de Instituto Nacional de SurdosMudos do Rio de Janeiro, atual INES -Instituto Nacional de Educação de Surdos-, órgão de referência usado pelo MEC -Ministério da Educação e Cultura.

FENEIS – Lutando

pela Comunidade SurdaAtualmente, a FENEIS - Federação

Nacional de Educação e Integração dosSurdos - é constituída de 90 filiadas e trêsescritórios regionais. Possui conselhosde representantes em vários Estados doBrasil e encabeça a luta no sentido de cons-cientizar a sociedade sobre a importân-cia do reconhecimento da Língua Brasileirade Sinais em todo o território nacional esobre a urgência na oficialização da pro-fissão do intérprete para que possa atuarem todos os espaços onde os surdos es-tiverem presentes. Além disso, divulgatemas relacionados com essas metas. Suadiretoria possui representantes dos pro-fissionais da área, pais e amigos e Asso-ciações de Surdos. A FENEIS acredita queatravés dessas conquistas outros objeti-vos poderão ser alcançados em seqüência:a ampliação das oportunidades educa-cionais e laborativas dos surdos, atividadesque vêm sendo desenvolvidas desde suafundação, há 12 anos, além da formaçãode intérpretes e de instrutores surdos parao ensino da Língua de Sinais.

“A verdadeira integração dos sur-dos só será atingida se incorporar ospróprios surdos, os profissionais que comeles atuam e suas famílias, todos rumoa um mesmo alvo, num tripé integrativo”,acredita Neivaldo Zovico. Clínicas, esco-las, APAEs, empresas onde há surdos em-pregados podem e já fazem parte dessemovimento, estando conscientes de queo mundo surdo, como todas as subcul-turas, é formado em parte pela exclusão(do mundo auditivo) e em parte pelaformação de uma comunidade e ummundo em torno de um centro diferente -seu próprio centro.

Mercado de TrabalhoOs surdos já estão incluídos no

mercado de trabalho devido à cotaobrigatória instituída pela Lei nº 8.213,de 24 de julho de 1991. A empresa comcem ou mais empregados está obriga-da a preencher de 2% a 5% dos seuscargos com beneficiários reabilitados oupessoas portadoras de deficiência. Adispensa de trabalhador reabilitado oude deficiente habilitado ao final de con-trato por prazo determinado de maisde 90 dias, e a imotivada, no contra-to por prazo indeterminado, só pode-rá ocorrer após a contratação de subs-tituto de condição semelhante. “Mas,há um porém, as empresas procuramos surdos para trabalhar sempre emcargos de nível inferior, como ajudante,auxiliar de produção, operador de xe-rox. Não avaliam ou reconhecem a ca-pacidade dos surdos. Muitos deles es-tão aptos para trabalhar em cargosmais elevados, mas não conseguem avaga”, lamenta o presidente da FENEIS.

Os surdos e os meios de

ComunicaçãoQuanto à questão de progra-

mas legendados para surdos na tele-visão brasileira, o diretor da FENEISacrescenta que o meio oferece muitasdificuldades para a acessibilidade dossurdos. “As emissoras que exibem pro-gramas com legenda são a Globo,Record, SBT, TV Senado e TVE. E mes-mo assim, as três primeiras que citeinão exibem legenda 24 horas por dia.Apenas uns poucos programas, comoos telejornais. Já as demais emissorasnão têm esse tipo de preocupação,portanto, precisamos brigar muito ain-da”, explica Neivaldo.

A FENEIS enviou uma carta pa-ra o Ministério das Comunicações, pa-ra o CONADE - Conselho Nacional dosDireitos da Pessoa Portadora de De-ficiência -, CORDE - Coordenadoria Na-cional para a Integração da Pessoa Por-tadora de Deficiência -, além do Minis-tério de Direitos Humanos, para queas emissoras exibam todos os pro-gramas com legenda, 24 horas por dia.“O Papa visitou o Brasil, as emissoraspassaram horas de programação enenhuma delas legendou. Isso é nomínimo um desserviço, uma falta deconsideração com os 5,7 milhões desurdos no Brasil. Além disso, todos nóspagamos impostos, portanto é preciso

acabar com esse tipo de barreira nacomunicação”, indigna-se o diretor daFENEIS.

Ainda segundo as assistentessociais Maria Augusta e Luciana Fortu-nato, ao contrário do que muitos pos-sam supor, nem todo surdo é mudo enem todo surdo consegue fazer leitu-ra labial. “Estas premissas não são ver-dadeiras, pois dependem da análise demuitos fatores, como por exemplo, sea surdez foi pré ou pós-lingüística”, dizMaria Augusta. Para facilitar nossa co-municação com os surdos elas elabo-raram estas dicas a seguir:

- Falar de maneira clara, usando avelocidade de fala normal, a não serque seja sinalizado para que você falemais devagar;

- Só falar alto se lhe pedirem. Gritarnão adianta nada;

- Não colocar nada na frente desua boca, como papéis ou mesmo suasmãos. Isso pode atrapalhar a interpre-tação labial;

- As pessoas surdas não percebemmudanças no tom de voz; portanto,seja expressivo ao falar. Expressões fa-ciais, gestos e o movimento de seu cor-po facilitarão a compreensão.

- Se tiver alguma dificuldade decompreender algo dito por uma pessoasurda, não se acanhe: peça que elarepita o que foi dito.

- As tentativas de uso de algumtipo de linguagem de sinais são sempreapreciadas pelos deficientes auditivos.Se você não for entendido, a pessoalhe falará;

- Usar sempre que possível acomunicação por intermédio debilhetes.

De uma maneira geral, o que vo-cê deve fazer é agir naturalmente. Colo-cando isto em prática, estaremos aju-dando a diminuir as diferenças e cadavez mais positivando o sentido da diver-sidade humana. A Cultura Surda émuito rica. Para conhecê-la melhor hávários sites que trazem muito maisinformações. Anote:

www.dicionariolibras.com.br

www.vezdavoz.com.br

(jornal em Libras)

www.feneis.com.br

www.derdic.pucsp.br

E, ao contrário do que se pensa,as línguas de sinais não são universais,cada uma tem sua própria estruturagramatical. Por toda parte do mundoas pessoas surdas que estão inseridasem “Culturas Surdas” possuem suaspróprias línguas de sinais, como a fran-cesa, americana, argentina, inglesa,italiana, japonesa, chinesa, russa, citan-do apenas algumas. Há registros deuma outra língua de sinais que é utiliza-da pelos índios Urubus Kaapor na Flo-resta Amazônica.

Os Surdos enquanto

Minoria LingüísticaIndivíduos que fazem parte de

minorias geralmente são discrimina-dos e o surdo é uma delas. Sua integra-ção está no fato de poderem ter umespaço onde não há repressão ou discri-minação no ato de comunicação. Masquando se trata dos surdos, cuja formade comunicação é gestual-visual - e porserem utilizadas por pessoas conside-radas “deficientes” – a forma de certamaneira sofre certo “desprestígio”. Atébem pouco tempo, essa forma de co-municação era proibida de ser usadanas escolas e em casa de criança surdacom pais ouvintes.

Este desrespeito, fruto de umdesconhecimento, gerou muitos pre-conceitos. Por exemplo, pensava-seque este tipo de comunicação não po-deria ser considerada língua e que seos surdos ficassem se comunicando por“mímica”, eles não aprenderiam a lín-gua oficial de seu país. Porém, pesqui-sas que foram desenvolvidas nos Esta-dos Unidos e na Europa mostraram ocontrário. Se uma criança surda puderaprender a língua dos sinais da Comuni-dade Surda de sua cidade à qual se-rá inserida, ela terá mais facilidade emaprender a língua oral-auditiva daComunidade Ouvinte, à qual tambémpertencerá. Como os surdos estão emduas comunidades, precisam manterum bilingüismo social, mas uma línguaacaba ajudando na compreensão daoutra. É também acreditando nessaafirmação que as assistentes sociais econsultoras organizacionais prestandoserviços às Comunidades Surdas, MariaAugusta de Moraes e Luciana Fortuna-to, acreditam ser imprescindível o diag-nóstico precoce da surdez. “Quantomais cedo se diagnosticar a deficiência

auditiva, mais cedo se evita atrasos naformação educacional da criança, poisse usará a língua adequada para oaprendizado”, garantem.

No entanto, a inclusão da línguade sinais em todas as escolas e facul-dades ainda é uma questão difícil. Se-gundo Neivaldo, diretor da FENEIS,apenas algumas escolas já perceberamo problema e já adotaram a disciplinade Libras para professores e alunos.

“Estamos lutando para que todas as facul-dades de pedagogia incluam em seu cur-rículo a disciplina de Libras. Assim, os pro-fessores conseqüentemente poderão en-tender não só a linguagem dos surdos, massua cultura e passar para seus alunos. Jáque a inclusão está em pauta ultimamente,precisamos aproveitar o momento paraintegrar os surdos dentro da sociedade paraque finalmente tenham seus direitosrespeitados”, espera Neivaldo.

Fonte: Escola para Crianças Surdas Rio Branco

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 63VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200762

V

ARTIGO

O QUE FOR PRECISOou começar com uma pe-quena história. Havia umleão que certa manhã es-tava se sentindo muitobem, muito feliz. Saiu de

sua toca, viu um coelho, saltou ime-diatamente sobre ele e perguntou:“Quem é o rei da selva?” Terrivel-mente assustado, trêmulo, o coelhorespondeu: “É você”.

Isso deixou o leão ainda maisorgulhoso. Continuando o passeio,encontrou um cervo, saltou sobreele e perguntou: “Cervo, quem é orei da selva?” Trêmulo, o cervo res-pondeu: “É você”.

Nessa altura o leão já esta-va muito, muito satisfeito. Ele era orei. Mais adiante, vê um elefante,salta sobre ele e pergunta: “Elefan-te, quem é o rei desta selva?” O ele-fante agarrou o leão pelas costas,lançou-o ao chão várias vezes até oleão ficar tonto e o soltou. O leãoolhou para o elefante e disse: “Nãose aborreça se não souber a res-posta!”

Às vezes aceitamos as de-finições que os outros dão às coisas,mas nos esquecemos de algo sim-ples: você mesmo. Falo não daquiloque você pode realizar, não daquiloque você pode fazer, não das suasesperanças, sonhos, idéias - mas devocê, como uma dádiva que veio aeste mundo.

Sócrates não se enganouquando disse “Conheça-te a ti mes-mo”. Saiba quem você é. Entendaquem você é, sua natureza. Enten-da que, se você não sentir a paz,não conseguirá proporcioná-la aninguém. Se você quer saciar a sededo outro, vai precisar ao menos deágua. A água da paz flui dentro devocê. A serenidade do entendimen-to flui por você - por sua vida.

Em meio às coisas que vocêestá tentando entender, acrescente

Prem RawatAssista o Programa Palavra de Paz

Em São Paulo:TVA Canal 18 ou 36

3ª e 5ª às 9hNET Canal 9 – 6ª às 22h

sábados às 12h30 – domingos às 9hwww.palavrasdepaz.org.br

uma: entenda você mesmo. Em meioàs coisas que está tentando completar,complete mais uma. E além das pes-soas que está tentando ajudar, ajudemais uma: você. Você precisa sentircontentamento, independentemente doque esteja acontecendo. Você precisase sentir completo. Sim, você é o tijoloda sua existência. E se esse primeiropasso estiver faltando, o seguinte, oseguinte e o seguinte também faltarão.

Não é impossível. Não é miste-rioso. Não é estranho. E, definitiva-mente, não é egoísta. Desembrulharum presente que você ganhou não éegoísmo. Se eu der alguma coisa àscustas de outra pessoa, isso é egoísmo.Mas se eu sentir uma coceira e me co-çar, não às custas de ninguém mais,isso não é egoísmo. O presente foi da-do; o presente é você. A vida foi dada,e está em curso. Seu entendimentoexiste, sua sede existe, e a idéia depaz está disponível.

Convido para dar uma olhadadentro de você para que veja do queesta existência trata. A pessoa que dis-se “Conheça-te a ti mesmo” não disseisso para tornar sua vida mais difícil.Mas havia algo aí, um mistério que po-dia ser resolvido. A humanidade en-

frentará muitos, muitos desafios, eum dos maiores é encontrar a pazque há dentro de cada ser huma-no. Esse tem sido um desafio incrí-vel. As pessoas dizem: “A paz não épossível”. Mas a paz pessoal - a pazque existe dentro de você - é muitopossível e sempre esteve presente,e é por isso que se diz “Conheça-tea ti mesmo”.

Isso começa com o mais sim-ples entendimento, ouvindo aqui-lo que uma coisa simples está dizen-do a você. Não é sobre as suas res-ponsabilidades, mas sobre a opor-tunidade de ser preenchido. Essaânsia.

Lembro às pessoas que aquiloque elas procuram está dentro delas- não fora. Sempre esteve e sempreestará. Mesmo que decidam não des-cobrir, sempre estará dentro delas.Sempre. As respostas virão de den-tro, não de fora. O verdadeiro sentidoda realização acontecerá aí, não emoutro lugar. Seja quem você é.

Sinta a plenitude todos os diaspara que você possa proporcioná-laaos outros. Sinta a plenitude todosos dias para que possa cumprir comas responsabilidades que estão à suafrente. Mas começa com você. Vocêtem aquilo de que estou falando,quer você decida procurar ou não.Procure. Faça o que for preciso paraencontrar esse eu que preenche oseu eu, para que você possa servir,e servir bem. Sinta-se pleno. Sejafeliz. Há somente uma pessoa comovocê na face da Terra. Você é único.Brilhe com essa singularidade.

RELAÇÃO DAS ESCOLAS

DE 1º GRAU PARA SURDOS

EM SÃO PAULO:

Existem escolas que já fazem a inclusãodos surdos em classes de ouvintes,como a Escola e Faculdades Radial e oColégio e Faculdades Rio Branco.

Escolas Particulares:DERDIC:Rua Dra Neyde Aparecida Sollito, 435,Vila Clementino. Telefone: 5908-8000(vide site)Instituto Santa Teresinha:Rua Jaguari, 474 A, Bosque da Saúde.Telefone: 5581-1928 (primeira escola

para Surdos do Brasil. Tem 78 anos deexistência).Escola para Surdos doColégio Rio Branco:Rodovia Raposo Tavares, km 24, nº7200. Telefone: 4613-8478.SELI: Rua Dr. Ernesto Mariano, 196,Tatuapé. Telefone: 6197-6866.

Escolas Municipais:Hellen Keller – Jardim da AclimaçãoAnne Sullivan – Santo AmaroNeusa Basselto – MoocaMadre Luci Bray – JaçanãVera Lucia Apª Ribeiro – PiritubaMário Bicudo – Vila Nova Cachoei-rinhaOlga Benare – Diadema

Prestação de serviços:A Telefônica, através do número 142,oferece o serviço de intermediação nacomunicação do surdo e outro interlo-cutor. Para isto, o surdo deve ter o apa-relho TDD para que a telefonista possareceber suas mensagens e assim pas-sá-las verbalmente a outra pessoa ou-vinte com a qual o surdo queira se co-municar. Outro serviço que pode sersolicitado à Telefônica é a instalaçãode telefones especiais para surdos.FENEISFederação Nacional de Educaçãoe Integração de Surdos:Rua Padre Machado, 293, Vila Mariana.Telefone: 5575-5882 (vide site).

EXEMPLO DE VIDAQuando Wilson nasceu sua

mãe logo percebeu que ele tinhaproblemas de audição foi quando co-meçou a caminhada a todos os espe-cialistas da época, até que foi cons-tatada a sua deficiência auditiva. Co-meçou a usar aparelho auditivo e de-pois ia à escola especializada ondefoi alfabetizado, mas o mais difícil foiele aprender a falar, pois o aprendi-zado foi demorado mas depois pas-sou a se comunicar muito bem. Wil-son teve uma infância tranqüila: fezo primário numa escola para surdos,mas o ginásio e o colegial estudounuma escola normal. Houveram difi-culdades, pois alguns professoresescreviam na lousa e esqueciam deexplicar a matéria de frente para osalunos, pois, embora Wilson usasseaparelho auditivo, precisava ler oslábios dos professores para poder en-tender a aula. Wilson diz que foramtempos difíceis, pois ele foi o primeiroe era o único surdo numa escola dealunos normais, mas com a coope-ração e o entendimento de todosos professores e o companheirismodos alunos, as barreiras foram sen-do superadas.

Wilson mostra para a socieda-de que ser surdo não é ser incapaz.A prova disso é que além de ter sidosempre um ótimo aluno, principal-mente em física, química e matemá-tica, é um exemplo, pois há 30 anostrabalha em uma conceituada Editorade livros didáticos e paradidáticos,onde coordena o departamento co-

mo produtor gráfico e,por ironia do destino, fazos projetos gráficos doslivros de exatas que eleestudou no colégio, istoé, tem contato com osautores dos livros sendoque muitos foram seusprofessores e hoje éatravés dele que o pro-jeto gráfico é realizado.

Wilson possui umcelular o qual utiliza fre-qüentemente para secomunicar enviando erecebendo mensagens.A internet também oajuda muito a se apri-morar e principalmentese comunicar atravésdos e-mails, ferramentausada no trabalho, jáque não tem como se comunicar atra-vés do telefone. “Embora o avanço datecnologia ajude muito e hoje hajamais discussão sobre a inclusão dossurdos, ainda há muito a se fazer. Osurdo não tem problema de se loco-mover como tem um deficiente físicoou de enxergar como um cego, masencontra outras barreiras. Me interes-so bastante pelos telejornais, massomente alguns possuem legendas.A Comunidade Surda quer estar incluídana sociedade e para isso ainda é preci-so se fazer muito como, por exemplo,gostaria de assistir todos os progra-mas e entendê-los. Só para se ter umaidéia, tente assistir um programa detelevisão sem volume e entender o que

está sendo transmitido. É precisoque haja uma maior conscientizaçãodos meios de comunicação. Há di-versas dificuldades, mas quantomaior for a divulgação sobre o assun-to, mais as pessoas irão entender esaber que o surdo é apenas diferen-te sem deixar de ser ‘normal’”, afir-ma Wilson.

Extrovertido, simpático e deuma inteligência admirável, Wilsoné casado, dirige e é um ótimo profis-sional e, com certeza, está onde estádevido à oportunidade de poderdemonstrar sua capacidade, sendoum exemplo que ser surdo não é serincapaz, muito pelo contrário, suahistória é um exemplo de vida.

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 65VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200764

A Lei 14.266 cria o SistemaCicloviário de São Paulo e faz da bici-cleta um verdadeiro meio de trans-porte, com autorização e regulamen-tação para circular pelas ruas da cida-de. Entre as principais medidas dalei estão a criação de ciclovias e ciclo-faixa, definição de locais para estacio-namento de bikes e integração dosveículos de duas rodas com o sistemade transporte da cidade. De acordocom a prefeitura, são realizadasdiariamente cerca de 130 mil viagensem bicicleta na cidade de São Paulo,de acordo com pesquisa realizada em2002. A expectativa com a aprovaçãoda lei é a de que a bicicleta seja asso-ciada a outros modos de transportee registre aumento significativo nonúmero de viagens por dia.

A lei prevê que serão tomadasmedidas para implementar infra-estrutura para o trânsito de bicicletase para articular o transporte por bici-cleta com o Sistema Integrado deTransporte de Passageiros - SITP,

Para ver o Toni Nogueira andando em sua bike podeencontrar um vídeo em formato MP4 no site:

www.turnhere.com/city/sao_paulo/all/films/450.aspx.

LEI CRIA SISTEMACICLOVIÁRIO

DE SÃO PAULO1. É preciso elaborar uma estra-

tégia do caminho, ou seja, ver o itine-rário do ponto de vista do ciclista, quedificilmente é o mais curto. “É melhortransitar por ruas pequenas e com pou-co movimento”, aconselha.

2. Velocidade: “Na medida dopossível, a bicicleta deve andar maisrápido do que o trânsito”, diz Nogueira,já que assim ela fica a salvo dos carros.Isto acontece muito no horário do picode trânsito, em que há grandes con-gestionamentos que travam os carros,mas não as bicicletas.

3. Desenvolva a perícia e a au-dição. O ciclista deve estar atento a tu-do o que acontece ao seu redor parapoder pilotar sua bike com a devidaperícia. Por isso, ele não pode usarheadfones.

4. Faça barulho quando nece-sário. “Sempre ando com um apito”, dizNogueira. “Uma apitada bem dada párao trânsito”.

Nogueira é um ciclista radicalnão só em suas convicções, mastambém em segurança. Ele criticaalguns grupos que juntam ciclistas pa-ra passeios sem obedecer normas desegurança. E, embora acredite que anova lei é um grande avanço (ver box),acha que ainda faltam algumas medi-

CICLISTA COMEMORAAVANÇO PARA TORNARBIKE MAIS ACESSÍVEL

AOS PAULISTANOS viabilizando os deslocamentos comsegurança, eficiência e conforto parao ciclista. Também destaca que aprefeitura deverá introduzir critériosde planejamento para implantaçãode ciclovias ou ciclofaixas nos trechosde rodovias em zonas urbanizadas,nas vias públicas, nos terrenos mar-ginais às linhas férreas, nas mar-gens de cursos d’água, nos parquese em outros espaços naturais.

As ciclovias serão pistasexclusivas para bicicletas, patins,skates e patinetes, mas será permi-tida a passagem de ambulâncias eviaturas de polícia em situações deemergência. As ciclofaixas ocuparãoparte de calçadas em locais onde nãoé viável a criação de uma ciclovia.

Além disso, pelo artigo 8º dalei, “edifícios públicos, indústrias, es-colas, centros de compras, condomí-nios, parques e outros locais de gran-de afluxo de pessoas” devem terestacionamento de bicicletas. A im-plantação e operação dos bicicletá-rios passará a ser controlada e apro-vada pela CET (Companhia de En-genharia e Tráfego). Pontes, viadutose túneis também deverão possuiracesso para o ciclista.

das para apoiar os ciclistas, como apermissão para andar de bicicleta emcalçadas (o que é proibido pelalegislação atual) e a facilidade detransporte de bikes em ônibus, comoacontece na cidade de San Francisco,

nos Estados Unidos. Lá, como a cidadeé cheia de morros, as pessoas usammuito bikes e skates para se locomovere os ônibus da cidade têm um suportepara que os passageiros prendam suasbicicletas no lado de fora.

nas ruas de São Paulobicicleta não é apenas um brinquedoque toda criança quer, mas tambémum eficiente meio de transporte queganha cada vez mais adeptos em to-do o mundo. Suas vantagens são inú-

meras: a bicicleta é econômica, não polui e, aindapor cima, ajuda a manter a forma. Por isso, oprefeito Gilberto Kassab sancionou em feverei-ro a Lei 14.266, de autoria do vereador ChicoMacena (PT), que cria o Sistema Cicloviário de

São Paulo.Mas a maior parte dos paulistanos aindase pergunta se é viável andar de bici-cleta em meio ao trânsito pesado destametrópole. O ciclista radical urbano ToniNogueira garante que sim e comemoraos avanços da nova lei. “Podemos teruma melhora de 20% no trânsito sea vida do ciclista for facilitada”, diz.Aos 60 anos de idade, Nogueira preferesua bike ao carro. “Adoro bike porquechego aonde vou, independentemente

do trânsito”. Ele pedala de 20 a 30 quilômetrostodo dia para cumprir seus inúmeros compro-missos como vídeomaker e músico e estáanimado com a nova lei.

Nogueira tornou-se um ciclista convictohá cerca de nove anos, quando morava em umsítio no Mato Grosso. Um amigo ciclista foi visitá-lo e ele começou a acompanhá-lo na bike emsuas explorações por trilhas. Pouco depois,mudou-se para São Paulo e pegou o hábito decaminhar cerca de duas horas por dia. Masacabou ganhando uma bike de presente deaniversário e a partir daí não parou mais. Elechegou até a ir para a Bahia de bicicleta, pedalan-do pela estrada junto com um amigo.

Entre as vantagens da bicicleta, Nogueiradestaca a capacidade de locomoção rápida, semter de ficar preso em congestionamentos comoacontece com os motoristas; o treinamentoconstante dos sentidos e dos reflexos do ciclista,o que é um grande exercício de atenção; e odesenvolvimento do equilíbrio, físico e mental.O ciclista radical também dá uma série de dicaspara quem quer começar a dar suas primeiraspedaladas urbanas:

ASílvia Kochen

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 67VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200766

Contato: Tamara [email protected]

Tel.: (11) 3255-2187Associação Paulista de Nutrição

O intestino é um dos órgãos fun-damentais para o funcionamento ade-quado do organismo. É nele que ocorrea absorção da maioria dos nutrientes. Afalta de fibras reflete efeitos negativosdiretamente neste órgão, causando pri-são de ventre, acnes na pele, aumentode peso, dores abdominais etc.

Contudo, a ingestão de fibraspor si só não é suficiente para aceleraro trânsito intestinal e formar o bolo fe-cal. É necessário associar o consumo deágua. “Sem ela, o bolo fecal fica resseca-do e não consegue ser eliminado, cau-sando desconfortos gastrintestinais”,alerta a nutricionista.

Tipos de fibrasAs principais fontes de fibras são

frutas, legumes e verduras em geral -de preferência crus -, cereais integrais(arroz, pão, macarrão, biscoito), farelos,aveia e barrinhas de cereais. “É reco-mendável um adulto consumir de 25g a35g de fibras por dia, divididas entre to-das as refeições”, explica Tamara.

As fibras alimentares são compo-nentes das paredes dos vegetais, nãodigeridos pelas enzimas do sistema di-gestivo humano, portanto não têm calo-rias. A chamada fibra solúvel tem co-mo principais ações o aumento do tem-po de trânsito intestinal, diminuição doesvaziamento gástrico, retardo na absor-

ção de glicose e diminuição do coles-terol sangüíneo. As principais fontessão frutas, verduras, aveia, cevadae leguminosas. Por exemplo, feijão,grão de bico, lentilha, ervilha, maçã,laranja, cenoura etc.

Já as principais funções da fi-bra insolúvel são provocar o aumen-to do bolo fecal, diminuir o tempo detrânsito intestinal, retardar a absor-ção da glicose e hidrólise do amido,além de prevenir contra o câncer deintestino. Suas fontes alimentares sãofarelo de trigo, grãos integrais e ver-duras.

Cuidado com excessos! “Todoexagero sempre traz efeitos colate-rais. O excesso de fibras pode impe-dir a absorção de alguns nutrientescomo cálcio e ferro, além de provocar,em algumas pessoas, inflamações in-testinais”, finaliza Tamara.

Principais benefícios trazidospela ingestão de fibras: controle daglicose, diminuição do colesterol, e bomfuncionamento intestinal.

omer correndo, comer em pé, to-mar apenas um lanche... A cres-cente correria na rotina das pes-soas é um dos piores inimigos daalimentação saudável. E o alto con-

sumo de produtos ricos em carboidratos epobres em fibras e proteínas é conseqüên-cia disso.

Num efeito dominó, surgem, então,doenças como obesidade, diabetes e proble-mas no coração.

Para evitá-las, é necessário ter umbom funcionamento intestinal, manter está-veis os níveis de colesterol e glicose no san-gue, fazer a digestão, além, claro, do acom-panhamento médico.

De acordo com a nutricionista Tama-ra Lazarini, há um elemento cujas principaisfunções são justamente essas. Trata-se dasfibras alimentares! “Apesar de não seremconsideradas nutrientes, pois não são digeri-das pelo organismo, as fibras desenvolvemfunções importantes no organismo, comomanter o seu bom funcionamento, auxilian-do na eliminação de toxinas e na prisão deventre, e ainda contribuindo para a reduçãodo risco de doenças”, diz a diretora da Asso-ciação Paulista de Nutrição (APAN).

Dose certaUma alimentação balanceada aliada

a um consumo ideal de fibras pode pro-mover a redução do colesterol e glicose san-güínea e o controle do peso corporal, poisabsorve as moléculas de gordura, promo-ve saciedade, redução do risco de câncerde cólon e diverticulites e ainda possui umefeito laxante.

As fibras absorvem as moléculas de gordura e produzem substânciasque normalizam a síntese de colesterol. Elas não engordam, regulamo intestino e ainda estão em vários tipos de alimentos

CAna Castanho

Prá que te quero?

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 69VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200768

BENEFÍCIOS FISIOLÓGICOS:

- Aquecer, aumentar flexibilidade,

a resistência muscular localizada,

a coordenação e a mobilidade;

- Prevenir lesões musculares

relacionadas ao desgaste e

estresse no trabalho;

- Corrigir vícios postural;

- Melhorar o

condicionamento físico;

- Prevenir a fadiga muscular e,

conseqüentemente, LER (Lesões

por Esforços Repetitivos) /DORT.

BENEFÍCIOS PSICOSSOCIAIS:

- Proporcionar descontração;

- Estimular o auto-conhecimento

e a auto-estima;

- Melhorar o relacionamento

interpessoal e com o meio;

- Melhorar o ânimo e a disposição

para o trabalho;

- Promover a consciência corporal;

- Reduzir o estresse. Patricia Sakai, diretora técnica doCentro de Práticas Esportivas da Universidade de São Paulo (USP)

A principal finalidade da ginás-tica laboral é aliviar as tensões causa-das pelo excesso de tempo que umapessoa permanece numa mesma posi-ção, ou em repetições de determinadosmovimentos ou, ainda, em movimentosexecutados de forma incorreta.

Patricia explica que as principaislesões causadas em pessoas quetrabalham muito tempo sentadas e emfrente ao computador são tendinites(mãos, punhos e braços) e problemasna coluna (cervical e lombar). Para evi-tá-los, os exercícios indicados são alon-gamento/relaxamento nos grupos mus-culares mais utilizados no trabalho.

Há três tipos de ginástica labo-ral. A preparatória é realizada no inícioda jornada de trabalho e tem comoobjetivo preparar o trabalhador, aque-cendo os grupos musculares que serãomais utilizados nas suas tarefas. Já acompensatória acontece durante ajornada de trabalho, com exercíciosespecíficos de compensação aos esfor-ços repetitivos e às posturas inade-quadas. O terceiro tipo é o relaxamen-to, ou seja, a ginástica realizada apóso expediente para reduzir as tensõesmusculares adquiridas durante o dia.

A ginástica laboral promove nãoapenas benefícios físicos, mas tambémpsicológicos. Veja:

Entre os principais benefícios daginástica laboral para a empresa estãoa diminuição dos acidentes de trabalho,o aumento da produtividade, a melhorano ambiente organizacional, a diminui-ção de afastamentos por LER/DORT eo aumento da satisfação do empregadono ambiente de trabalho.

Estatísticas mostram um retor-no de três a cinco vezes sobre a verbaaplicada por uma empresa em um pro-grama de ginástica e hábitos de saúde,considerando faltas, encargos sociaise outros fatores relacionados à saúde,

afetando a produtividade da empresa.Enfim, esse tipo de exercício faz

muito bem para a saúde, mas lembre-se: a ginástica laboral não substitui aacademia nem o acompanhamentomédico. “Se for feita com regularidade,todos os dias, 15 minutos de ginásticalaboral serão suficientes para amenizaralgum problema. Agora, as pessoas quepossuem lesões já instaladas precisamprocurar um médico para identificá-las,tratá-las com fisioterapia e depois, sim,iniciar a ginástica laboral, que é umaatividade preventiva”, finaliza Patrícia.

ESTATÍSTICASMOSTRAM UM

RETORNO DE TRÊS ACINCO VEZES SOBREA VERBA APLICADAPOR UMA EMPRESAEM UM PROGRAMA

DE GINÁSTICA EHÁBITOS DE SAÚDE

ores no pescoço, ombros rígidos, colu-na, pernas e braços doloridos... Essessão alguns dos incômodos tão comunsem profissionais que passam o dia todoem pé ou o dia inteiro sentados.

Mas, embora ainda pouco difundida, háuma forma de as empresas minimizarem es-ses problemas em seus funcionários: a ginásticalaboral, ou seja, exercícios orientados realizadosno local de trabalho.

“A ginástica laboral atua de forma preven-tiva e terapêutica, sem levar o trabalhador aocansaço, pois são exercícios de curta duração,enfatizando o alongamento e a compensação dasestruturas musculares envolvidas nas tarefasocupacionais diárias”, explica Patricia Sakai, dire-tora técnica do Centro de Práticas Esportivas daUniversidade de São Paulo.

DAna Castanho

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 71VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200770

A pobreza é, certamente, um dos maiores dramas do Brasile o seu combate, um dos caminhos que levam à melhoriada vida dos brasileiros. Por isso, a Care Brasil elegeucomo áreas prioritárias para suas atividades no País aeducação e a geração de trabalho e renda. Para realizar

um trabalho tão complexo, a Organização Não Governamen-tal (ONG) elegeu a estratégia de atuar em territórios, por meiode um conjunto de ações que visam diminuir a exclusão sociale criar um círculo virtuoso para melhorar o padrão de vida dascomunidades locais.

A Care Brasil trabalha com programas que contemplamáreas rurais do Nordeste, no Sul da Bahia e no Piauí; áreas urbanasdo Sudeste (entorno do complexo da Maré, no Rio de Janeiro;de Duque de Caxias; e na região de Perus, em São Paulo), etambém na Amazônia, na região de Urucutumba, explica agerente de mobilização de recursos da ONG, Renata MonteiroPereira. “Atuamos sempre por meio de parcerias, em redes demobilização social, com foco prioritário na juventude”, explica.

Sílvia Kochen

RESPONSABILIDADE SOCIAL

Entre os projetos da entidade no País está odesenvolvimento da região de Perus por meiode iniciativas que visam gerar renda

Care Brasil luta contra a pobreza para dar oportunidade a

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 73VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200772

corporado ao Plano Diretor do Municí-pio de São Paulo. O movimento ainda im-pediu, em 2003, a criação de um novoaterro sanitário no local.

Para tornar o projeto de desen-volvimento turístico realidade, a Care es-tá desenvolvendo várias ações quedevem frutificar mais tarde com a incu-bação de pequenos negócios na regiãopara melhorar a renda e a infra-estruturalocal. “Sabemos que é um processode médio prazo e, à medida em que acomunidade avança e começa a caminharsobre os próprios pés, a Care se retiragradativamente”, explica Ana MariaRibeiro, coordenadora da Care na região.

Ana Maria dá como exemplo das açõesda entidade a realização de cur-sos voltados para o empreendedo-rismo local.

Foram realizados cursos de ges-tão de negócios para um grupo de pes-soas, a maioria formada por mulhe-res que se dedicam a artesanato, comotricô e crochê. Estas pessoas estãose organizando para tornar este pas-satempo uma atividade rentável. Aentidade também promoveu outroscursos voltados a jovens e está for-mando suas primeiras turmas demarchetaria (técnica de trabalhoartístico em madeira) e cerâmica. En-

tre os que concluíram o curso de mar-chetaria, cinco jovens estão se or-ganizando em um projeto para oferecerseus produtos ao comércio local e,ainda, dar aulas gratuitas para ou-tros jovens.

Houve, ainda, um curso de mo-nitoria ambiental destinado a jovens pa-ra capacitar pessoal para desenvolvero ecoturismo na região. Ainda em ter-mos de turismo, há um projeto, aindamuito embrionário, de reativar a fer-rovia Perus-Pirapora para oferecer pas-seios turísticos e de transformar o pré-dio da fábrica da Portland, hoje tom-bado, em um centro cultural.

Um exemplo é o trabalho desen-volvido na periferia de São Paulo, naregião de Perus, tradicionalmente uma“área dormitório”, assim chamada por-que os residentes do local trabalhamem outros pontos da cidade e ficampor lá apenas para dormir. A região ain-da carrega o estigma de ser um “lixão”por abrigar um aterro sanitário, cujacapacidade já está esgotada, e ondea prefeitura queria construir um no-vo aterro. Assim, só pessoas bem po-bres moram por lá e a situação do lo-cal se agravou nos últimos anos como aumento do desemprego e a perdade renda.

Para se ter uma idéia, a regiãode Perus - que compreende também oeixo da Rodovia Anhanguera que cortadistritos como Francisco Morato, Caja-mar, Franco da Rocha e Pirituba - abriga132 mil pessoas e foi uma das que maiscresceu nos últimos tempos: 14% ao

ano, em média, na última década. Es-te crescimento desordenado trouxeuma série de problemas para a região,que precisa encontrar seu potencialpara crescer.

Potencial de

desenvolvimento“Há quatro anos começamos

nosso trabalho em Perus”, conta Rena-ta. Ela explica que a população localtinha um problema de baixa auto-esti-ma por causa do lixão e há muita dificul-dade de gerar renda local pelo fato deser um bairro dormitório. “Conversan-do com representantes da comunida-de local ao longo de dois anos, pu-demos identificar alguns pontos que in-dicavam um potencial de desenvol-vimento no local.”

Em Perus situa-se a fábrica decimento da Portland, hoje desativada,que foi a primeira cimenteira a operar

no País. Também há uma reserva de MataAtlântica na região, cuja importância foireconhecida pela Organização das NaçõesUnidas (ONU). A região ainda conta comuma ferrovia, também desativada, aPerus-Pirapora. “Por tudo isso, descobri-mos que há um potencial enorme de eco-turismo e de turismo histórico que podeser desenvolvido por lá”, conta Renata.Ao final de dois anos de discussões, oFórum de Desenvolvimento de Perus,integrado por representantes da comuni-dade e que conta com a participação devárias entidades – entre as quais está aCare —, criou um plano de desenvolvi-mento turístico para a região, que foi in-

Ana Maria (foto acima à direita), na locomotiva restauradada ferrovia Perus-Pirapora.

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 75VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200774

A Care International nasceu há 61anos nos Estados Unidos com a junção de22 Organizações Não Governamentais quese uniram para ajudar a recuperar a Europadevastada pela II Grande Guerra, umasituação de emergência. Sua primeira açãofoi a doação de “care packets” (pacotesde cuidado) para a França, em maio de1946. Passada a fase de emergência, asONGs reunidas na Care viram a necessi-dade de combater a pobreza e continuaramseu trabalho com este objetivo.

Hoje, a Care Internacional funcionacomo uma espécie de federação, com 12membros, e tem sede em Genebra, na Suí-ça. A entidade capta recursos junto a em-presas e pessoas físicas para a realizaçãode vários projetos em 69 países em desen-volvimento. Entre as diversas áreas deatuação da Care, destacam-se projetos emágua e saneamento, microcrédito, educa-ção de meninas (que em muitos países têmmenos oportunidades que os meninos) etc.

No Brasil, a Care iniciou sua atuaçãoem 2001. “Trata-se de um projeto estra-tégico da Care International porque o Brasilconta com um enorme volume de tecnolo-gias sociais, ou seja, processos e soluçõesna área social”, explica Renata MonteiroPereira, gerente de mobilização de recur-sos da Care Brasil. “Nossa idéia é ter umpapel diferenciado no Brasil e poder levaresta tecnologia para a federação queconstitui a Care International.”

ENTIDADE NASCEU PARA

RECUPERAR PAÍSES

DEVASTADOS PELA GUERRA

Para maiores informações,acesse o site da Care Brasil:

www.care.org.brPara dar sua contribuição

financeira, a partir de R$ 15,00mensais, procure o link no site ou,

então, entre em contato com acentral de atendimento da entidade

pelo telefone(11) 4062-2273

Geração de rendaMas também já há projetos que

estão em fase adiantada no local. Hátrês anos, a Care começou a trabalharem conjunto com um grupo de novepessoas que fazia coleta seletiva de lixona região de Perus. A entidade promo-veu cursos de capacitação e assistênciapara apoiar o projeto dos catadores decriar uma cooperativa de trabalho, quefoi batizada de Coopercose.

Luzia Maria Honorato, coordena-dora da Coopercose, explica que o pro-blema dos catadores não se restringeà renda. “Trata-se de uma luta pelo di-reito de se ter dignidade e exercer suacidadania.” Moradora da região de Pe-rus há 25 anos, a professora Luzia contaque ao encampar a luta dos catadores,percebeu que o lixo era uma forma degerar renda.

“Para gerar renda, era precisocriar uma estrutura que eles nãotinham”, explica a coordenadora daCare em Perus. Havia necessidade deuma série de equipamentos, como umcaminhão para a coleta de material, ba-

lança, prensa e máquina picadora depapel. “Sem estrutura, nenhum grupocresce. Acreditávamos no projeto, masnão conhecíamos os caminhos”, dizLuzia. A Care apoiou a elaboração doprojeto e o seu encaminhamento aoMinistério do Trabalho para que os cata-dores pudessem ter como adquirir osequipamentos.

“Mas o problema persistia, poiseles não tinham qualquer experiênciaem gestão”, observa Ana Maria. Erapreciso, por exemplo, garantir umaquantidade de material suficiente paraoferecer às indústrias que trabalhamcom resíduos recicláveis e a regularida-de da oferta. Aos poucos, foram criandoalternativas, como buscar doação deresíduos de empresas e de condomí-nios. Hoje, os catadores praticamen-te não mais dependem de políticaspúblicas.

Os participantes da Cooperco-se, que antes tinham uma renda emtorno de R$ 100 mensais, hoje têmganhos de R$ 400 graças à cooperativa,que reúne 17 pessoas atualmente.

Trata-se de uma oportunidade impor-tante na vida dos cooperados, pois en-tre eles há desde desempregados atémoradores de rua e ex-presidiários, quepraticamente não têm outra chance deganhar sua vida honestamente. A metaé abrir mais vagas e chegar a 25 coope-rados até o final do ano.

“Mas ainda há nós que precisamser desatados”, diz Luzia. Ela acreditaque é preciso sensibilizar a comunida-de para separar os materiais em plás-ticos, papéis e laminados porque arapidez na seleção é fundamental paraque o empreendimento dê certo. Luziafaz um apelo para que todos doem seulixo, tanto material reciclável comomóveis e utensílios, para as coopera-tivas. Ela trabalha na zona Oeste, masexplica que recebe doações de qual-quer ponto da cidade, pois trabalhacom uma rede de cooperativas decoleta seletiva. “Se o material estiverem um local longe para nós, passo acoleta para outra entidade”, explica.Quem quiser fazer doações, pode ligarpara o telefone 3918-5725.

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 77VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200776

m 1991 nasce o GRAACC - Gru-po de Apoio ao Adolescente e àCriança com Câncer - graças àiniciativa do Dr. Sérgio Petrilli,então chefe de setor de Oncolo-

gia do Departamento de Pediatria daEscola Paulista de Medicina, de JacintoAntonio Guidolin, então engenheiro vo-luntário, e de Léa Della Casa Mingione,na época experiente voluntária do Hos-pital do Câncer. O primeiro passo foitransferir o Setor de Oncologia Pediátri-ca do Hospital São Paulo para uma ca-sa, que ficou conhecida como a “casi-nha”. Os pequenos pacientes eramatendidos neste local, dentro do con-ceito hospital dia, onde os pacientesrecebiam atendimento médico e assis-tencial e voltavam para as suas casas.O GRAACC, fundamentado na parceriauniversidade/empresa/comunidade,despertou em empresas e instituiçõesde larga visão social a confiança e o in-teresse em participar da construção doInstituto de Oncologia Pediátrica - IOP.Em maio de 1998, esse sonho se tor-na realidade. É construído um modernohospital de nove andares e dois subso-los, em 4.200 m², especializado noatendimento de crianças e adolescentescom câncer. Hoje, o hospital é gerencia-do e administrado pelo GRAACC e aassistência médica, ensino e pesquisasão conduzidas graças a um convêniocom a Universidade Federal de São Pau-lo (UNIFESP/EPM).

O GRAACC - Grupo de Apoio ao Adolescente eà Criança com Câncer - é uma instituição semfins lucrativos, localizada na Capital de SãoPaulo, criada para garantir a crianças e adoles-centes com câncer o direito de alcançar todasas chances de cura com qualidade de vida, den-tro do mais avançado padrão científico. O hos-pital do GRAACC realiza mensalmente cerca de2.500 atendimentos, entre sessões de quimio-terapia, consultas, procedimentos ambula-toriais, cirurgias, transplantes de medula ósseae outros. Além do diagnóstico e tratamento docâncer infantil, o GRAACC atua no desenvolvi-mento do ensino e pesquisa

E Visão estratégica

Unindo valores como ética, com-petência, solidariedade, trabalho emequipe, entre outros, a missão doGRAACC, segundo seus fundadores, égarantir a crianças e adolescentes comcâncer, dentro do mais avançado pa-drão científico, o direito de alcançar to-das as chances de cura com qualidadede vida. Para isso adotou as seguintesestratégias:

Glória Alves

- Disponibilização de recursostécnicos, científicos e humanosadequados, atuando como centrode referência em diagnóstico etratamento do câncer infanto-juvenil.- Apoio multidisciplinar e suportesocial, com a finalidade de mantera adesão ao tratamento.- Treinamento e capacitaçãoprofissional, buscando multiplicarconhecimento e promover impactona assistência à saúde do país.- Trabalho constante em parceria,somando esforços com aComunidade, Universidade eEmpresariado, através demobilização de recursos, gestãoparticipativa e potencialização deconhecimento.- Atuação efetiva do voluntariado.- Garantia de acesso aotratamento às crianças e aosjovens de famílias de baixa renda.

Excelência no combate ao câncerinfantil e cura em 70% dos casos

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 79VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200778

Uma nova casa de apoioO GRAACC oferece atendimento

para crianças e adolescentes dediversos Estados do Brasil e de cidadesdo interior do Estado de São Paulo. Amaioria dessas crianças não tem ondese hospedar para poder dar seqüênciaao tratamento, que exige, em média,dezoito meses de cuidados intensos.Para dar suporte a essas crianças e seusacompanhantes, o GRAACC resolveuimplantar, em 1993, o projeto Casa deApoio, que tem a finalidade de hos-pedar pacientes de fora da capital. Aprimeira unidade inaugurada hospeda-va até oito pacientes e seus acom-panhantes. Como o atendimento dohospital passou a crescer constante-mente, as acomodações foram am-pliadas e, em 2001, foi inaugurada asegunda Casa de Apoio do GRAACC. Olocal acomodava até 15 famílias, comalimentação, recreação e uma ala es-pecialmente montada para receber ascrianças que sofreram transplante demedula óssea.

Porém, o atendimento às crian-ças e adolescentes não parava de cres-cer. Em 2007, o GRAACC e o Instituto

Ronald McDonald inauguraram a pri-meira Casa Ronald McDonald da cidadede São Paulo. A unidade é a terceirado País e a 265ª do mundo a integraro programa internacional da RonaldMcDonald House Charities. A nova casa,construída e gerenciada pelo GRAACC,tem capacidade para abrigar até 30 pa-cientes com acompanhantes. No localtrabalham dois funcionários e 50 volun-tários que acompanham o desenvolvi-mento das crianças e adolescentes. Ascrianças hospedadas recebem todo osuporte psicossocial, nutricional, peda-gógico, jurídico e, principalmente, afe-tivo. A Casa Ronald McDonald São Pauloestá localizada no Planalto Paulista etem 2.200 m² de área construída. Osapartamentos são exclusivos para opaciente e seu acompanhante, e o localainda conta com salas de estar e re-feição, cozinha equipada, lavanderia e

jardins, garantindo assim conforto equalidade de vida às crianças.

Brinquedoteca

terapêutica SenninhaA Brinquedoteca Terapêutica

Senninha é um espaço, dentro do hos-pital, onde os pacientes e seus acom-panhantes aguardam consultas eprocedimentos. Realizada pelo GRAACCem parceria com o Instituto AyrtonSenna, a Brinquedoteca é uma sala deespera diferenciada, que conta com oapoio de uma equipe profissional espe-cializada em garantir à criança seu di-reito de brincar. Mas a Brinquedotecatambém é o espaço do hospital ondese realizam as mais diversas ativi-dades, conduzidas pelos profissionaisda própria Brinquedoteca e por pro-fissionais e voluntários ligados a ativi-dades artísticas.

Ao lado do atendimento, promo-vemos por meio de nossa equipe desaúde, intenso programa de ensino naUniversidade, através do Departamentode Pediatria, para os níveis de gradua-ção em Medicina e cursos de Residênciaem Pediatria, Especialização em Onco-logia e Pós-Graduação. Participamosainda de cursos de atualização e escla-recimentos para as diferentes socieda-des médicas e para a comunidade, vi-sando orientar para o diagnóstico pre-coce, interpretando melhor a doença epromovendo sua desmistificação juntoà sociedade. Lembre-se: informação éo melhor remédio.Uma parceria que dá certo!

Segundo os dirigentes da enti-dade, projetos desenvolvidos por ins-tituições de porte, como é o caso doGRAACC, só serão bem-sucedidos secontarem com a participação efetiva daclasse empresarial. Não só pelo investi-mento financeiro, mas principalmentepela transferência de suas experiênciasadministrativas vencedoras ao hojedenominado Terceiro Setor. “Dizer quea comunidade e o empresariado no Bra-sil estão acordando para a solidariedadetambém é um pouco temeroso. Basea-do em nossa experiência e em fatoshistóricos, podemos afirmar que o po-vo brasileiro é e sempre foi solidário”,diz Dr. Petrilli.

As pessoas maiores de 40 anosdevem lembrar que na década de 70muitos serviços de saúde pública eramsuportados pelas Santas Casas e pe-los Hospitais das comunidades de imi-grantes, como Beneficência Portugue-sa, Sírio Libanês, Hospital Matarazzo,entre outros. Com o advento do SUS -Sistema Único de Saúde -, essas insti-tuições passaram a devolver ao Estadoa total responsabilidade do atendi-mento que, como quase tudo, acabousendo nivelado por baixo. Para grandeparte dessas entidades, as dificuldadesforam imensas, tanto que o HospitalMatarazzo (da colônia italiana) acaboufechando suas portas.

As organizações sem fins lucrati-vos vieram ocupar esse vazio deixadoe retomar essas atividades que, emparte, já foram suportadas pela comu-nidade, não somente por meio de rei-vindicações ao poder público, masespecificamente por parcerias com osetor privado. Para tanto, o Terceiro Se-tor se coloca à disposição da sociedade,

Palavras do Dr. PetrilliO câncer da criança e do adoles-

cente deve ser considerado, nos diasatuais, como uma nova doença. Deve-mos lutar para mudar suas feições, seuconceito, pois, diferente de anos atrás,quando era considerado como umadoença habitualmente fatal, é possívelconseguir índices de cura em cerca70% dos casos. Podemos ainda manterestas crianças inseridas na sociedade,com qualidade de vida, participando co-mo cidadãs atuantes e com direito aserem felizes. Para que tal objetivo sejaalcançado, dois fatores são indispen-sáveis. Primeiro, diagnóstico precoce,e segundo, condições adequadas detratamento.

Desta forma, o GRAACC propôsuma parceria à UNIFESP-EPM (Univer-sidade Federal de São Paulo - EscolaPaulista de Medicina) para prestar as-sistência, ensino e pesquisa nesta área,atendendo pacientes provenientes detodas as camadas da população, emespecial crianças e adolescentes pro-venientes do SUS - Sistema Único deSaúde. Com apoio da comunidade,construiu o Instituto de Oncologia Pe-diátrica, um centro de referência naárea médica e científica, com todos osrecursos para assistência ao pacientecom câncer. O GRAACC oferece aindasuporte para as famílias, fornecendovale-transporte, alimentação e acomo-dação para permanência na Casa deApoio, o que melhora a aderência dasfamílias ao tratamento.

dando transparência de seus atos,abrindo ao empresariado uma partici-pação efetiva em seus quadros, inclu-sive diretivos. Procura ainda juntar pe-ças como a solidariedade da comuni-dade, o saber de algumas instituiçõesgovernamentais, como as universida-des, e a agilidade administrativa e ge-rencial do empresariado.

Com isso o GRAACC - Grupo deApoio ao Adolescente e à Criança comCâncer - pôde, em poucos anos de vida,passar da chamada “casinha” - de pou-co mais de 80 m² - para um hospitalespecializado no tratamento do câncerinfantil de 4.200 m². Este espaço abri-ga área para Quimioterapia, Consul-tórios, Laboratórios de Genética, Hema-tologia e Transplante de Medula Óssea,Internação, Centro Cirúrgico, Unidadede Terapia Intensiva – UTI –, Centrode Diagnóstico por Imagem, Centro deTransplante de Medula Óssea e Áreade Reabilitação. Os serviços oferecidospelo GRAACC garantem cura em cercade 70% dos casos e 0% de abandonodo tratamento. Comunidade, universi-dade e empresários: uma parceria quedá certo. O GRAACC é uma prova disso.

Dr. Sérgio Petrilli

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 81VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200780

Para conhecer o hospital do GRAACC, basta entrarem contato e agendar uma visita pelos telefones:(11) 5908 9116/ 9111. O programa contém umapalestra de uma hora no auditório da instituição.

- Retinoblastoma, nos olhos (3%)- Doença de Hodgkin- Histiocitose- Tumores Germinativos

QuimioterapiaA quimioterapia é realizada

com medicamentos especiais paratratar o câncer, em geral aplicados naveia. Algumas formas de quimioterapiapodem ainda ser administradas por viaoral (por boca), via intramuscular e in-tratecal (diretamente no líquido da es-pinha). A quimioterapia destrói todasas células que estão se multiplican-do rapidamente. Os efeitos colateraissão variáveis. Os mais comuns são náu-seas, vômitos, queda de cabelo, paradada produção do sangue, que pode levarà anemia, diminuição das plaquetas(responsáveis pela coagulação do san-gue) e dos glóbulos brancos ou leucó-citos (responsáveis pelas defesas doorganismo contra as infecções). Às ve-zes, as crianças em quimioterapia pre-cisam de transfusões de sangue. O san-gue não pode ser produzido e nemcomprado. Todo o sangue tem que serdoado. Doando sangue estamos aju-dando as crianças com câncer.

Por isso, é necessário saber so-bre os diversos tipos de câncer infantile estar alerta para a ocorrência dequalquer sinal suspeito, a fim de levarao conhecimento do médico, que iden-tificará a doença logo no início paratratá-la com a maior rapidez. Como vi-mos, o câncer infantil deve ser tratado.Entretanto, os índices de sucesso de-pendem do diagnóstico precoce se-guido de tratamento imediato em cen-tros especializados. Quanto antes fordescoberto, maior a chance de cura.

RadioterapiaA radioterapia é aplicação de

irradiação no local do tumor, por meiode máquinas muito especiais. A radio-terapia deve ser realizada por médicosradioterapeutas com experiência no cui-dado de crianças, pois há muitas dife-renças na radioterapia de crianças, secomparadas com a de adultos.

Transplante

de medula ósseaO transplante de medula óssea

é indicado somente para o tratamentode alguns casos de câncer. Medula refe-

- Febre que não resolve.- Muitos hematomas,manchas roxas, em lugaresque geralmente nãoaparecem, sem a criança terbatido.- Dores nas pernas que fazema criança não querer andar.- Anemia muito importante.- Adenomegalias, aumentodos gânglios (ínguas), quevão crescendo, com ou semdor no local.- Dor e inchaço nasarticulações (juntas).- Todas as dores que nãocessam e que fazem a criançaparar de brincar ou acordar ànoite.- Cefaléia, dor de cabeça, queacontece com muitafreqüência, principalmente sefor de manhã ouacompanhada de vômitos.- Perda do equilíbrio.- Dor que não passa em umaperna ou um braço, com ousem inchaço e vermelhidão.- Inchaço na barriga que vaiaumentando sozinho.- Tumor, “bola” que se apalpana barriga, com ou sem dor.- Reflexo branco na pupila(“menina do olho”), quandotirada fotografia com flash.- Sangue na urina.- Pressão alta.- Aumento do escroto ouendurecimento de um dostestículos.

re-se à medula óssea, o tutano dos os-sos, onde o sangue é produzido. Trans-plante de medula é a transfusão de cé-lulas muito jovens, chamadas de célu-las progenitoras ou células-mãe, quetêm a capacidade de produzir todas ascélulas do sangue. A quimioterapia, uti-lizada para combater o câncer, não éespecífica e não tem a capacidade dedistinguir entre células cancerosas ecélulas normais. A quimioterapia matatodas as células que estão constante-mente se multiplicando.

Como as células do sangue es-tão sempre em multiplicação, a medulatambém é muito afetada. Em tumoresque não respondem ao tratamento emdoses comuns, muitas vezes é neces-sário utilizar doses de quimioterapiamuito mais altas. Estas doses normal-mente não são toleradas porque o efei-to sobre a medula é muito importantee as crianças podem falecer de sangra-mentos ou infecções. Uma maneira decontornar este problema é realizandoo transplante de medula, ou seja, infun-dindo células progenitoras, que não so-freram os efeitos da quimioterapia, pa-ra que produzam novamente as célu-las sanguíneas normais. Pode-se colhermedula do osso da bacia de um doa-dor compatível (geralmente irmão) ou,em alguns casos, do próprio indivíduo.Esse material é filtrado e aplicadona veia do paciente. Em duas ou trêssemanas, a medula já produz sanguenovo, o que pode ser constatado nohemograma.

DiagnósticoO diagnóstico precoce, a des-

coberta do câncer em fases iniciais, éa maior chance de cura que podemosdar para quem tem câncer. O câncer éfreqüente em adultos e, felizmente,raro em crianças. Nos adultos existemmétodos de prevenção, ou melhor, dediagnóstico precoce já bastante conhe-cidos para os cânceres mais comuns:pele, próstata, seio (mama) e colo doútero. Nas crianças, a maior parte dossintomas do câncer pode parecer com

doenças comuns. Mas, então, comosaber que uma criança pode ter câncer?Todos os sintomas devem desapare-cer em uma ou duas semanas. Se acriança continuar sentindo os mesmossintomas, devemos levá-la de volta aomédico para que seja examinada eoutros exames sejam feitos. Os sinaisde alarme para o Pediatra, que podemindicar que a criança pode ter câncer,são:

TratamentoQuanto antes o câncer é diag-

nosticado e o tratamento iniciado,maior é a chance de cura. Assim queidentifica o tipo de tumor, o oncologis-ta pediátrico determina o tratamen-to mais indicado. Cada tipo de câncerrequer um tratamento diferente, quepode incluir: cirurgia, quimioterapia,radioterapia e transplante de medu-la óssea.

CirurgiaA cirurgia pode ser realizada no

momento do diagnóstico ou depois daquimioterapia, que pode diminuir o ta-manho do tumor e tornar a cirurgiamais segura. Um oncologista pediátri-co deve ser sempre consultado antesda cirurgia. Algumas vezes outros exa-mes podem ser realizados para for-necer o diagnóstico do tumor, sem anecessidade de cirurgia. Existem tu-mores que não devem ser retirados,somente biopsiados e tratados comquimioterapia. Em outros casos, a ci-rurgia pode ser fundamental para a cu-ra, devendo-se planejar retirar o tumorem uma ou mais cirurgias.

Entre os serviços oferecidos es-tão as oficinas psicopedagógicas, orien-tação psicológica aos pais, brincadei-ras orientadas e atividades lúdicas du-rante a internação. Além disso, atravésda psicologia, a Brinquedoteca desen-volve projetos multidisciplinares impor-tantes para a melhoria da qualidade devida dos pacientes, envolvendo a pre-paração para procedimentos, com autilização de um boneco terapêutico, eo Projeto de Profissionalização, volta-do para o público adolescente. Tambémsão desenvolvidas outras atividades,como o empréstimo de livros, fitas devídeo e festas de comemoração emdatas significativas. A Brinquedotecamantém, nos andares de internação,três carrinhos fixos com brinquedos,organizados e limpos diariamente pelasua equipe de voluntários. No andarem que acontecem as quimioterapias,onde as crianças permanecem imobili-zadas por um longo tempo, existe abrinquedoteca Circulante.

Saiba o queé o câncer

Câncer é um conjunto de doen-ças, nas quais existe uma multiplicação

anormal de células doentes. Às vezes,as células continuam tendo uma apa-rência normal e ficam só no lugar ondenasceram. Dizemos, então, que existeum tumor “benigno”. Quando as célu-las têm aparência diferente do normal,multiplicam-se muito e têm a capacida-de de produzir metástases, ou seja, co-meçam a se espalhar por várias partesdo corpo, dizemos que existe um tumor“maligno” ou câncer. Apesar de o cân-cer ser raro em crianças, depois de aci-dentes e de doenças infecciosas, o cân-cer é a causa de morte mais freqüente!Câncer não é contagioso. Na maiorparte dos casos, não se sabe por queuma criança desenvolveu um tumor.Sabemos que, em geral, as criançasnão herdam e nem nascem com câncer.Os tipos de câncer mais comuns emcrianças são:

- Leucemias (33%)- Tumores do Sistema NervosoCentral (20%)- Os Linfomas (12%)- Neuroblastoma (8%)- Tumor de Wilms, dos rins (6%)- Tumores de Partes Moles (6%)- Tumores dos ossos (5%)

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 2007 83VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200782

PASSATEMPO

CRUZADAS

HORIZONTAIS1. Transmitido em circuito fechado de sinais deáudio ou vídeo para um ou mais pontos -2. Recipiente mais adequado para o mate ouchimarrão do gaúcho, já que não modifica o seusabor, não permite que a erva fique lavada pre-cocemente, e não alterando ainda, a temperatu-ra da água - 3. Exprime dor, surpresa, admira-ção - Sigla do Estado do Maranhão - O fim de to-do ser humano - 4. Óxido de Cálcio normalmenteutilizado na indústria da construção civil paraelaboração das argamassas - Sofrimento moral,mágoa, pesar - 5. Sigla do Rio Grande do Norte -Advérbio que exprime a idéia de lugar - AmericanAirlines - 6. Rio que passa pela Europa e Ásia,o seu leito é uma das linhas de divisa entre osdois continentes - 7. Que tem sabor adstringente,penetrante, desagradável.

VERTICAIS1. Retorno positivo de um investimento feito porum indíviduo ou uma pessoa nos negócios -2. Primeiro nome do criador do personagem‘James Bond ’, mais conhecido como 007 -3. Emenda Constitucional - Aquele ou aquilo queocupa o primeiro lugar numa série - 4. Bebidaalcoólica obtida a partir da destilação do melaço -Período geralmente longo, que dá origem a umanova ordem de coisas - 5. Dama de companhia -Larga extensão de água salgada conectada com

um oceano - 6. Contração da preposição decom o artigo a - Grande conglomerado Sul-Coreano, produz eletrônicos, telefones celula-res e produtos petroquímicos - 7. Município doEstado de São Paulo - 8. Cobra de pequenoporte, facilmente reconhecida por seu coloridovivo.

RESPOSTAS

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VOZ COMERCIÁRIA/DEZEMBRO DE 200784