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Conhecimento e Inovação Nas Empresas Renata Lèbre La Rovere Aula 7

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Conhecimento e Inovação Nas

Empresas

Renata Lèbre La Rovere

Aula 7

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 2

Estrutura da Aula

O Papel dos Clusters (Rocha)

Clusters e Distritos Industriais (Markusen)

Aglomeração e Diversidade (Desrochers e Hospers)

Redes e Economia Criativa (Scott)

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 3

Rocha: Entrepreneurship and Development: the role of clusters

• Questão: definindo empreendedorismo como criação de

novas empresas, qual o papel que aglomerações de

empresas têm para o empreendedorismo e o

desenvolvimento?

• Três diferentes impactos: empreendedorismo no

desenvolvimento, clusters no desenvolvimento, clusters

no empreendedorismo

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 4

Papel dos Clusters

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 5

Estudos sobre empreendedorismo e desenvolvimento

• Teóricos e empíricos

• Teóricos: partem da constatação de que atividade

empreendedora explica crescimento econômico

• Empíricos: tomam criação de MPMEs como medida de

atividade empreendedora

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 6

Estudos sobre Clusters

Variedade de definições:

Aglomeração de empresas que produzem o mesmo produto

(Marshall, Arthur)

Grupo de indústrias interrelacionadas próximas

geográficamente (Porter)

Redes de pequenas empresas e instituições (Beccatini,

Saxenian)

Firmas que usam a mesma tecnologia (Wade)

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 7

Estudos sobre Clusters - evolução

Final século XIX: estudos de Marshall apontam vantagens da

aglomeração e são ponto de partida para estudos sobre

clusters

5 traços principais:

1. Vantagens da aglomeração para economias de escala

2. Economias de especialização e eficiência

3. Proximidade como pré-condição para economias de

especialização

4. Spillovers, confiança e difusão de conhecimento

associados a aglomeração

5. Não explica por que aglomerações surgem

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 8

Estudos sobre Clusters - evolução

Até 1970, prevalência grandes empresas reduziu interesse

em clusters

Exceções: Perroux (pólos de crescimento que valorizam

aspecto econômico clusters), Steiner (vantagens de cadeias

produtivas localizadas)

Anos 70/80 => emergência de:

a)estudos sobre distritos industriais italianos (Becattini,

Brusco, Garofoli) enfatizam duas dimensões:

•Sucesso de comunidades de empresas pequenas e ganhos

de eficiência associados a divisão tarefas

•Fatores históricos e socio-culturais

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 9

Estudos sobre Clusters - evolução

b)Abordagem institucionalista dos clusters: ideia do New

Industrial Divide (Sabel e Piore)

Clusters apontados como uma nova forma organizacional,

que ocorre também em outras regiões – caso Alemanha

Mérito: apontar influência da localização no aprendizado

tecnológico (linha de pensamento que foi mais tarde

retomada por Ash Amin e outros)

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 10

Estudos sobre Clusters - evolução

c) Escola Californiana de Geografia (Scott, Storper)

Apontam para vantagens dos clusters na redução de custos

de transação

Apontam para a existência de interdependências não

comercializáveis, tais como convenções, regras informais,

hábitos que coordenam os agentes econômicos

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 11

Estudos sobre Clusters - evolução

A partir dos anos 90:globalização e inovação localizada

Literatura se divide em duas correntes principais:

1) Vantagens econômicas, seguindo a tradição de Marshall

(ex. Porter, Krugman)

2) Abordagem institucionalista, territorial, social e cultural

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 12

Estudos sobre Clusters – vantagens econômicas

Porter define clusters a partir de vantagens econômicas mas

depois amplia abordagem para analisar aspectos geográficos

e setoriais

Krugman foca nos retornos crescentes de escala associados à

aglomeração (forças centrípetas) e propõe modelo de análise

de forças centrípetas e centrífugas (p.ex. preços terra,

fatores fixos de produção, deseconomias de escala)

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 13

Estudos sobre Clusters – abordagem do territorio e de redes

Abordagem de redes: utiliza conceitos da sociologia tais como

enraizamento, redes sociais e interdependências não

comercializáveis

Correntes principais: spillovers de conhecimento (p.ex.

Audrestch), millieu inovador (p.ex. Camagni) e economia

do aprendizado (p.ex. Lundvall)

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 14

Estudos sobre Clusters – abordagem institucional e cultural

Valoriza visão sistêmica (p.ex. DiMaggio e Powell, Saxenian)

Considera fatores institucionais, sociais e culturais mais

importantes que fatores econômicos

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 15

Estudos sobre Clusters – Críticas

Estudos mostram que proximidade é importante apenas

quando arranjos institucionais e spillovers de

conhecimento são informais

Proximidade organizacional por vezes é mais importante que

proximidade geográfica

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 16

Estudos sobre Clusters –Sintetizando

Diversidade de conceitos e pressupostos introduz “ruído” na

análise e impede que se possa afirmar que clusters

contribuem para o desenvolvimento

O que se pode dizer é que firmas em clusters têm melhor

desempenho

Se região só tem um ou dois clusters, lock-in pode ser

problema

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 17

Estudos sobre Clusters –Sintetizando

Se cluster é só de uma indústria, também pode haver

problemas para o desenvolvimento industrial

Estudos mostram que high-tech clusters podem criar fortes

disparidades regionais

Políticas de apoio a clusters também pode intensificar

disparidades regionais

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 18

Estudos sobre Clusters – Desafios

Diversas medidas de cluster

Impactos sobre empreendedorismo diferem de acordo com o

ciclo de vida das empresas e do cluster (clusters mais

maduros têm maior competição, o que desencoraja

criação de startups)

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 19

Estudos sobre Clusters – Desafios

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 20

Estudos sobre Clusters – Conclusões

Estudos sugerem associação positiva entre

empreendedorismo e crescimento econômico

Não é possível generalizar conclusões sobre impactos

positivos dos clusters sobre desenvolvimento e sobre

empreendedorismo

Ao nível da firma, clusters têm impacto positivo sobre

desempenho; ao nível regional, impactos podem ser

positivos ou negativos

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 21

Aglomeração e Diversidade: Desrochers & Hospers (2007)

• Trabalho Jane Jacobs sobre morte das cidades (1961) exerceu

influência muito grande sobre planejamento urbano

• Mas o trabalho que ela achava mais relevante era o seu

trabalho sobre a economia das cidades (1969)

•Em Cities and The Wealth of Nations (1984) ela chama a

atenção para o papel das cidades no cenário global

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 22

Aglomeração e Diversidade

• Principais ideias :

Cidades são criadas através do comércio

Cidades geram o seu próprio crescimento através da economia

local

Crescimento das cidades se dá à medida que economia cresce e

se diversifica

Capital financia processos de tentativa e erro por detrás da

diversificação

Desenvolvimento econômico é um processo que não pode ser

empacotado e depende de criatividade.

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 23

Aglomeração e Diversidade

• Principais ideias :

Características comuns de sistemas econômicos e biológicos:

Desenvolvimento – processo aberto onde diferenciação surge

de um quadro geral

Expansão – captura e uso de energia diversificada

Manutenção

Colapso

Visão dinâmica e crítica ao mainstream

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 24

Aglomeração e Diversidade

• Influência sobre Nova Teoria do Crescimento

Lucas (1988) = > reconhecimento importância capital humano

e externalidades associadas

Cidades como locus de capital humano

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 25

Aglomeração e Diversidade

Glaeser (1992): Três tipos de externalidade

Externalidades marshallianas (MAR) (empresas de um mesmo

setor)

Externalidades relacionadas a clusters (relacionadas a

aglomerados, não necessariamente do mesmo setor)

Externalidades de Jacobs – têm a ver com diversidade que

estimula criatividade

Economias de aglomeração são cruciais

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 26

Aglomeração e Diversidade

Conclusões

Contribuição importante para entendimento de economias de

aglomeração

Comparação com organismos não tem comprovação empírica –

cidades se reinventam

Mostra importância de estudos interdisciplinares

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 27

Scott (2006)

Papel da região na formação de conhecimento e aprendizado,

inovação e crescimento vem sendo revisitado

Redes e capital social têm papel fundamental na atividades

empreendedora

Laços fortes e fracos determinam capacidade do empreendedor

de acessar informações (quanto mais fortes, mais limitado será

o acesso)

Redes formam outras redes que reforçam economias de escala

e escopo

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 28

Redes e Economia Criativa

Decisão locacional do primeiro empreendedor provavelmente

terá impactos sobre a localização da rede através das

economias de aglomeração

Conhecimento tácito e codificado será disseminado e apropriado

pela região

Cultura afeta disseminação de conhecimento => vantagens dos

clusters sobre redes globais

Indústrias culturais estão sujeitas a padrões de referência e

tendem a se aglomerar em centros urbanos

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 29

Redes e Economia Criativa

Instrumentos de intervenção do setor público na economia

criativa:

Sistemas de propriedade intelectual

Planejamento Urbano

Arranjos institucionais

Grupo Inovação – Instituto de Economia da UFRJ 30

Redes e Economia Criativa

Questão: é a busca por conhecimento e energia inovadora que

induz firmas a se aglomerar num espaço geográfico ou é a

convergência prévia de grupos de firmas em redor de um

centro de gravidade (formando uma rede) que suscita altos

níveis de inovação observados em regiões?