conflitos em empresas familiares: um estudo de...

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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pós-Graduação “Latu Sensu” em Gestão de Pessoas e Desenvolvimento de Pessoas Isadora Carvalho Fidelis CONFLITOS EM EMPRESAS FAMILIARES: UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA GABRISA ARAMADOS – CAFELÂNDIA/SP. LINS - SP 2015

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pós-Graduação “Latu Sensu” em Gestão de Pessoas e

Desenvolvimento de Pessoas

Isadora Carvalho Fidelis

CONFLITOS EM EMPRESAS FAMILIARES: UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA GABRISA

ARAMADOS – CAFELÂNDIA/SP.

LINS - SP

2015

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ISADORA CARVALHO FIDELIS

CONFLITOS EM EMPRESAS FAMILIARES: UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA GABRISA

ARAMADOS – CAFELÂNDIA/SP.

Monografia apresentada à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Gestão de Pessoas e Desenvolvimento Gerencial sob a orientação do Professor Dr Eduardo Teraóka Tófoli e orientação técnica da Profª Mª Jovira Maria Sarraceni.

Lins - SP

2015

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Fidelis, Isadora Carvalho

Conflitos em empresas familiares: um estudo de caso na empresa Gabrisa Aramados – Cafelândia SP / Isadora Carvalho Fidelis. – – Lins, 2015.

57p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para pós graduação em Gestão de Pessoas e Desenvolvimento Gerencial, 2015.

Orientador: Eduardo Teraóka Tófoli; Jovira Maria Sarraceni.

1. Conflitos em empresas. 2. Empresas Familiares. 3. Gabrisa Aramados. I Título.

CDU 658

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ISADORA CARVALHO FIDELIS

CONFLITOS EM EMPRESAS FAMILIARES: UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA GABRISA ARAMADOS – CAFELÂNDIA/SP.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de especialista em Gestão de Pessoas e

Desenvolvimento Gerencial.

Aprovada em:___/___/____

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Eduardo Teraóka Tófoli

Doutor em Engenharia de Produção pela Unimep

Profª. Mª. Jovira Maria Sarraceni

Mestre em Administração pela Unimep

Lins - SP

2015

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“É indispensável estudar a natureza dos outros

antes de darmos livre curso à nossa.”

August Strindberg

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AGRADECIMENTO

Agradeço, acima de tudo, a Deus que é o meu verdadeiro amigo de

todas as horas, que sempre me abençoou e me guardou nesta jornada de 2

anos de estudo na cidade de Lins. Agradeço a minha família que sempre me

deu apoio para completar mais essa etapa da minha vida, com palavras de

apoio, conselhos sábios e ensinamentos que levarei comigo para a vida inteira.

Em especial, agradeço ao meu orientador Eduardo Teraóka Tófoli, que

me proporcionou momentos de grande sabedoria e conhecimento.

E, por fim, mas não menos importantes, aos meus amigos do curso de

pós graduação em Gestão de Pessoas, em especial a Carol e Laura, que eram

minhas companheiras de todo sábado de manhã, que não foram só minhas

companheiras de trabalhos na Universidade, mas também amigas e parceiras

em todas as horas, e aos outros parceiros que eu amo muito e sentirei muitas

saudades.

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RESUMO

A gestão de pessoas surgiu com o intuito de auxiliar os administradores a gerenciar e desenvolver o seu pessoal no seu trabalho, assim como, procura ajudar o administrador a desempenhar todas sua funções, porque ele não realiza seu trabalho sozinho, mas por meio das pessoas que formam sua equipe. Com sua equipe, o executivo alcança as metas, objetivos e resultados, mas, ao lidar com pessoas muitas vezes podem ocorrer alguns conflitos. Nas empresas, os conflitos são muito comuns, pois, eles acontecem onde há diferentes opiniões sobre um determinado problema e, nada mais comum que, no ambiente empresarial, as pessoas possuirem pontos de vista distorcidos de como as coisas realmente são, e através desse tipo de pensamento surgem os conflitos nas empresas e nas empresas familiares isso fica mais evidente. Os conflitos se não cuidado pode gerar grandes problemas para a aempresa. Com isso, o objetivo desse trabalho foi de verificar a influência da gestão de conflitos no resultado de uma empresa familiar. Para atingir esse objetivo, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, através de livros e artigos científicos, assim como foi realizado uma pesquisa de campo na empresa Gabrisa Aramados, uma empresa familiar. Com a realização da pesquisa percebeu que o conflito quando bem administrado evita problemas na empresa, como consegue gerar bons resultados para a empresa. Palavras-chave: Conflitos em empresas. Empresas familiares. Gabrisa Aramados.

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ABSTRACT

People management came in order to help administrators manage and develop its staff in their work, as well as seeks to help the administrator to perform all its functions, because he does not do his work alone, but through people form your team. With his team, the executive achieves goals, objectives and results, but when dealing with people can often be some conflicts. In business, the conflicts are very common because they take place where there are different opinions on a particular issue, and nothing more common than in the business environment, people possess distorted views of how things really are, and through such Thinking conflicts arise in businesses and family businesses it is more evident. Conflicts are not careful can lead to major problems for The COMPANY. Thus, the aim of this study was to verify the influence of conflict management in the result of a family business. To achieve this goal, a literature search was conducted through books and scientific papers, as done field research in the company Gabrisa wire fences, a family business. With the research he realized that the conflict when properly administered avoids problems in the company, as can generate good results for the company. Keywords: Conflict in companies. Family businesses. Gabrisa Aramados.

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LISTA DE FIGURAS Figura 1: Fachada da Empresa Gabrisa............................................................15

Figura 2: Logotipo da empresa antiga...............................................................17

Figura 3: Logotipo da empresa nova.................................................................17

Figura 4: Gaiola Calopsita Criadeira..................................................................19

Figura 5: Gaiola Papagaio.................................................................................19

Figura 6: Gaiola Canário 12...............................................................................19

Figura 7: Gaiola Canário 6 comedores..............................................................19

Figura 8: Gaiola Hamister .................................................................................20

Figura 9: Gaiola Periquito..................................................................................20

Figura 10: Poleiro Fixo.......................................................................................20

Figura 11: Focinheira Luxo................................................................................20

Figura 12: Processos Básicos da Gestão de Pessoas......................................29

LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Análise de Pontos Fortes e Fracos.................................................22

Quadro 2 – Análise dos Fatores........................................................................24

Quadro 3 – Análise dos Públicos.......................................................................24

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO .................................................................................................. 13 CAPÍTULO I – EMPRESA GABRISA .............................................................. 15

1 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ESTUDADA ........................... 15

1.1 Perfil da organização e trajetória histórica .............................................. 15

1.2 Estrutura organizacional e administrativa e diretrizes ............................ 18

1.3 Produtos e serviços ................................................................................. 19

1.3.1 Produtos fabricados na empresa Gabrisa ................................................ 19

1.4 Tecnologia .............................................................................................. 20

1.5 Análise do setor de atuação da organização .......................................... 21

1.6 Análise estratégica da empresa .............................................................. 21

1.6.1 Análise do Ambiente Interno ................................................................ 21

1.6.2 Análise do Ambiente Externo ............................................................... 23

1.7 Públicos estratégicos, relacionamento e comunicação ........................... 24

1.7.1 Mapeamento lógico dos públicos estratégicos .................................... 24

1.8 Benchmarking de práticas comunicacionais ........................................... 25

1.9 Análise do relacionamento com os públicos estratégicos ....................... 26

1.9.1 Clientes .................................................................................................... 26

1.9.2 Funcionários ........................................................................................ 26

1.9.3 Fornecedores ....................................................................................... 27

CAPITULO II – GESTÃO DE CONFLITOS ...................................................... 28

2 GESTÃO DE PESSOAS ............................................................................ 28

2.1 Gestão de conflitos ..................................................................................... 30

2.2 Tipos de Conflitos ....................................................................................... 31

2.3 Administração de Conflitos ......................................................................... 32

CAPITULO III – EMPRESA FAMILIAR ............................................................ 34

3 EMPRESA FAMILIAR................................................................................ 34

3.1 Processo de sucessão ............................................................................ 36

3.2 Cultura organizacional ............................................................................ 38

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CAPÍTULO IV - ESTUDO DE CASO ................................................................ 42

4 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 42

4.2 Conflito interno ........................................................................................ 44

4.3 Gerenciamento de conflitos .................................................................... 46

4.4 Vantagem do gerenciamento de conflito ................................................. 47

CONCLUSÃO ................................................................................................... 49

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 51 APÊNDICES .....................................................................................................54

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INTRODUÇÃO

Os conflitos são fenomenos que acontecem frequentemente na vida de

cada indivíduo, seja na sua vida particular, como no ambito profissional, pois,

cada um possui a sua forma de pensar, de sentir, de agir, e isso ocorre por

vários fatores: influencia genética, educação, cultura inserida, e experiencias

de vida. Através disso, são criados traços únicos em cada ser, criando assim a

personalidade de cada um, com seus proprios princípios e valores de vida, e

assim, nem sempre uma pessoa vai ser compatível com as características dos

integrantes de um grupo onde ela está inserida, “em síntese, nossa formação

nos tornou mais hábeis para lidar com o mundo físico do que com o social,

aprendemos mais coisas do mundo exterior que de nossa própria intimidade,

conhecemos mais os objetos que as pessoas do nosso convívio” (LEONARDI

2008, p.73 apud DANTAS, 2009).

Nas empresas, os conflitos são muito comuns, pois, eles acontecem

onde há diferentes opiniões sobre um determinado problema e, nada mais

comum que, no ambiente empresarial, as pessoas tenham pontos de vista

distorcidos de como as coisas relamente são, e através desse tipo de

pensamento surgem os conflitos nas empresas.

O mercado empresarial tem se deparado com um tipo de empresa onde

são muito comuns os conflitos, a chamada empresa familiar, que teoricamente

é aquela em que uma família tem o poder sobre a gestão, e os seus

membros participam e trabalham na empresa.

Neste ambiente empresarial, surgem diversos tipos de conflitos internos,

na questão da comunicação e na gestão de pessoas, pois o fato dos membros

que detém o poder desta empresa terem laços genealógicos, fazem com que

os conflitos se tornem pessoais e constantes, transformando os valores

pessoais em questões de âmbito empresarial. Para que não haja este tipo de

conflito, os membros de uma mesma família que fazem parte da gestão, devem

mostrar clareza e não confundir a questão particular da família com o questão

profissional, pois isto gera uma gestão paternalista em relação aos

empregados.

Os membros da diretoria desta empresa, por fazerem parte da mesma

família, acabam encontrando uma grande dificuldade em delimitar a vida

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profissional da vida pessoal, pois, trabalham mais horas do que o normal, os

problemas da empresa acabam sendo levados para o ambiente familiar,

fazendo com que as relações familiares sejam, muitas vezes, abaladas por

questões que deveriam ser deixadas na empresa.

Por outro lado, essas empresas têm maior facilidade em garantir a

união, a lealdade e dedicação dos membros da gestão da empresa, pois os

laços afetivos existentes nesse ambiente fazem com que haja harmonia entre

as opiniões e os interesses em comum, e o fato da empresa ser da família

exige que os membros exijam mais de si mesmo em prol do objetivo em

comum.

Neste estudo, será estudada uma empresa familiar chamada Gabrisa

Aramados. Esta empresa é basicamente familiar, onde não possui sócio e/ou

acionistas, sua administração é composta apenas pelos donos, o casal Maria

Regina Carvalho Fidelis e José Milton Fidelis, e sua filha Isadora Carvalho

Fidelis, sendo então, uma administração familiar e centralizadora, no qual

ambos os donos podem tomar decisões no ambiente empresarial.

Dentro da administração da Gabrisa Aramados não existe organograma,

o que significa não existir cargos dentro da empresa, sendo que, os donos

administram e supervisionam, sozinhos, o trabalho realizado dentro da

organização.

A sede da empresa Gabrisa Aramados não é composta por setores e

departamentos. Para que os donos avaliem o desempenho, mensalmente é

realizada uma reunião com todos os colaboradores, para que eles possam dar

sua opinião sobre o que ocorreu no mês, e ainda saber, por parte dos donos,

se desempenharam corretamente o que lhes foi determinado.

Assim, serão apresentadas as dificuldades de comunicação encontradas

no ambiente de uma empresa familiar, o que possibilitará a analise dos

conflitos de comunicação existentes entre as gerencias que são compostas por

membros de uma mesma família.

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CAPÍTULO I

EMPRESA GABRISA 1 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ESTUDADA

1.1 Perfil da organização e trajetória histórica

O cliente deste estudo é a empresa Gabrisa, que atua no setor produtivo

de aramados em geral. A razão social da organização é José Milton Fidelis -

ME, não possui filial e é composta apenas por uma fábrica que fica localizada

na cidade de Cafelândia, Estado de São Paulo e já está há 17 anos no

mercado.

A empresa possui um total de 32 funcionários.

Fonte: Link Agência, 2015

Figura 1 - Fachada da Empresa Gabrisa

A empresa Gabrisa originou-se a partir de uma necessidade encontrada

pelos donos, Maria Regina Carvalho Fidelis e José Milton Fidelis, de ter o seu

próprio negócio. Antes de começar a atuar no setor produtivo de aramados, os

dirigentes da Gabrisa possuíam uma confecção de roupas adultas e infantis,

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que produziam camisetas e shorts de malha e distribuíam para sacoleiras que

revendiam na região. Mas, infelizmente, não obtiveram muito sucesso, e então

as máquinas que possuíam para confecção ficaram sem utilidade.

A partir disso, a empresária Maria Regina, no início do ano de 1998,

começou a pesquisar sobre produtos que poderiam ser fabricados com as

máquinas da antiga confecção e encontrou um produto muito útil e prático de

ser trabalhado, que é capa de gaiola, um produto vendido pelos fornecedores

de produtos pet. Então, os donos com muito esforço, desenvolveram os

moldes, a embalagem, pesquisaram os materiais necessários para a fabricação

e, em torno de 6 meses, começaram a produção em sua residência. Com a

necessidade de aumentar produção, foram contratadas algumas pessoas para

ajudar na confecção.

Ao mesmo tempo em que os negócios vinculados à capa de gaiola

começaram a expandir surgiu, através de contatos, clientes e fornecedores,

outros produtos para serem desenvolvidos. Assim, o empresário José Milton

começa a expandir no setor produtivo desenvolvendo os produtos de

aramados. A partir dessa expansão dos negócios, surgiu a necessidade de

aumentar o espaço físico, pois, o local onde era a produção da Gabrisa não

oferecia as condições necessárias para a instalação da empresa.

Então, no ano de 2003, os empresários conseguiram mudar para um

local, que era um pouco maior, mas supria as necessidades da época.

Permaneceram ali muito tempo, em torno de 4 anos, mas, a necessidade de

expandir começou novamente, e então, por meio de muitos esforços,

conseguiram um espaço no setor industrial da cidade, e começaram a

construção de sua fábrica com toda a estrutura para sua produção.

Dessa forma, foi fundada a sede da empresa Gabrisa, em meados do

ano de 2007, localizada na Rua Antônio Ruiz Gimenez, 26, no distrito industrial,

na cidade de Cafelândia-SP.

A partir daí, os donos começaram a divulgar mais os seus produtos,

atingindo diretamente seu público de interesse (distribuidoras pet), indo a feiras

do ramo pet e através do marketing realizado diretamente para os clientes a

serem atingidos.

Para se destacar no mercado, os donos sempre procuraram trabalhar de

forma ética e transparente, fabricando materiais de primeira qualidade para

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seus clientes e, sempre atendendo- os da melhor forma possível. Este é o

diferencial que a empresa busca, que pretende conquistar cada vez mais o

mercado de aramados existente no Brasil.

No início, quando a Gabrisa ainda era uma pequena empresa

funcionando nos fundos da casa dos donos, surgiu a necessidade de criar um

logotipo, e assim, o José Milton, com a ajuda de um designer, desenhou o

logotipo, que constitui-se em uma montanha, com um sol e a marca Gabrisa

surgindo atrás da montanha, com cores claras. Mas com o passar do tempo

houve a necessidade da mudança de logotipo e então criou-se uma marca com

cores fortes e o simbolismo da montanha e dos pássaros continuaram

formando um conceito muito forte e aceito entre os clientes.

Fonte: arquivo pessoal.

Figura 2 - Logotipo da Empresa Antiga

Fonte: Link Agência, 2015.

Figura 3 - Logotipo da Empresa Nova

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Na sede da Gabrisa, localizada no distrito industrial, não existe fachada

com o logotipo e também não tem o nome, identificando que ali está localizada

a empresa Gabrisa.

Integrando um mercado muito amplo, a Gabrisa tem se destacado com

seus produtos de qualidade, e cada vez mais, tem alcançado suas metas de

sempre oferecer serviços e produtos confiáveis aos seus clientes. Sendo

assim, nunca passou por crises no mercado, mas, obviamente, tem as

temporadas menos favorecidas por conta de clima, mercado financeiro, etc.

1.2 Estrutura organizacional e administrativa e diretrizes

A Gabrisa é uma microempresa composta por dois proprietários Maria

Regina e José Milton, na qual são eles que podem tomar as decisões

pertinentes ao ambiente empresarial.

Dentro da administração da Gabrisa são os donos que administram e

supervisionam o trabalho realizado dentro da organização.

A sede da empresa não é composta por setores e departamentos.

Existem dois escritórios onde os donos trabalham, uma recepção e o espaço

físico onde ficam as máquinas e os colaboradores.

Para que os gestores avaliem o desempenho, mensalmente é realizada

uma reunião com todos os colaboradores, para que eles possam dar sua

opinião sobre o que ocorreu no mês, e ainda saber, por parte dos donos, se

desempenharam corretamente o que lhes foi determinado.

Na organização, as diretrizes são muito importantes para que os

colaboradores a conheçam e saibam quais são as metas a serem atingidas.

Segundo Porto (1997, p. 2) “A missão de uma organização representa a

razão de sua existência”, e “visão é um destino específico, uma imagem de um

futuro desejado”, o que revela a importância das diretrizes na organização,

para identificá-la, criar norteadores que facilitam os relacionamentos existentes

dentro da organização.

Considerando o conceito de diretrizes organizacionais como os

elementos básicos que compreendem a razão de existir e os anseios de uma

organização, são apresentadas a seguir as diretrizes da empresa, que são a

missão, visão e seus valores:

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a) Missão: “Trabalhar com ética e transparência, para que os produtos

cheguem até o consumidor com qualidade”.

b) Visão: “Com honestidade, conquistar maior visibilidade de mercado e

expandir o empreendimento”.

c) Valores: Ética; transparência; respeito; foco no cliente; integridade;

atitude.

1.3 Produtos e serviços

A Gabrisa destaca-se por oferecer produtos e serviços diferenciados

pela qualidade oferecida na fabricação de cada item. Os produtos oferecidos

pela Gabrisa são gaiolas, viveiros, ratoeiras, e capas de gaiola.

Os aramados representam cerca de 80% da produção mensal e as

capas de gaiola cerca de 20% da produção.

1.3.1 Produtos fabricados na empresa Gabrisa

Fonte: Link Agência, 2015 Fonte: Link Agência, 2015

Figura 4: Gaiola Calop Criad Figura 5: Gaiola Papagaio

Fonte: Link Agência, 2015 Fonte: Link Agência, 2015 Figura 6: Gaiola Canário 12 Figura 7: Gaiola 6 Comedores

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Fonte: Link Agência, 2015 Fonte: Link Agência, 2015 Figura 8: Gaiola Hamister Figura 9: Gaiola Periquito

Fonte: Link Agência, 2015 Fonte: Link Agência, 2015 Figura 10: Poleiro Fixo Figura 11: Focinheira Luxo

1.4 Tecnologia

No âmbito da tecnologia, Blauner (apud SILVA, 2002, p. 3) conceitua

que tecnologia “se concentra mais na fabricação, ou seja, se refere ao conjunto

de objetos físicos e operações técnicas (mecanizadas ou manuais)

empregadas na transformação de produtos em uma indústria”.

No que se refere ao processo de tecnologia, a Gabrisa possui máquinas

e equipamentos de última geração, mas também, máquinas mais antigas, que

foram adquiridas no início da empresa. Tanto os viveiros e ratoeiras como as

gaiolas constituem – se por materiais da mesma espécie, que são os arames e

chapas galvanizadas, utilizados para este tipo de segmento de produção de

aramados.

Alguns equipamentos são elaborados e desenhados pelo proprietário

que, certo da necessidade em produzir um determinado produto mais

específico para o cliente, desenvolve alguns equipamentos especiais.

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1.5 Análise do setor de atuação da organização

Considerando que a empresa Gabrisa trata-se de uma indústria de

fabricação de aramados, pode-se defini-la como uma organização do segundo

setor que oferece serviços para o setor público, algumas empresas particulares

e distribuidoras.

A empresa tem grandes concorrentes, principalmente na região onde se

encontra a Gabrisa, sendo a mais forte localizada na mesma cidade, a

empresa tem se destacado em todas as disputas de mercado por sempre

apresentar os produtos com mais qualidade.

Neste caso, é importante destacar que a empresa atua com diferenciais

de preço e qualidade dos produtos, e se destaca em relação às outras

fabricantes de gaiolas e viveiros fornecendo produtos com a qualidade superior

à do concorrente.

Daí, a necessidade de fabricar um material sob medida de acordo com

a preferência do cliente.

1.6 Análise estratégica da empresa

Para definir o termo análise estratégica Nunes (2009, p. 5) diz que:

A análise estratégica faz parte integrante da gestão estratégica das organizações e engloba o pensamento estratégico, a análise do meio envolvente e a análise da própria organização. O objetivo da análise estratégica é entender a posição estratégica da organização através da identificação do panorama das influências chave no presente e futuro da organização, bem como equacionar as oportunidades proporcionadas pelo ambiente e entender as competências da organização.

Diante deste posicionamento, percebe-se que a análise estratégica é

uma ferramenta fundamental para que haja um planejamento dentro da

empresa Gabrisa.

1.6.1 Análise do Ambiente Interno

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No ambiente organizacional da Gabrisa existem vários pontos fracos e

fortes em relação à itens como: gestão utilizada pelos dirigentes, mão-de-obra

dos funcionários, máquinas disponíveis para a produção, marketing para

divulgação dos produtos, qualidade dos materiais, preservação do meio

ambiente onde a empresa está inserida, e o meio físico da empresa.

Assim, a análise desses pontos é imprescindível para a identificação de

possíveis problemas existentes no ambiente interno da Gabrisa.

Quadro 1 - Análise dos pontos fortes e fracos

PONTOS FORTES PONTOS FRACOS PONTOS A

MELHORAR Gestão Abertura para opiniões

e críticas dos colaboradores.

Não possui autoridade diante dos colaboradores.

- credibilidade - autoridade - clima familiar

Mão-de-obra

Colaboradores trabalham unidos e produzem com qualidade.

Falta de visão de empresa, produção lenta, e desorganização.

- produção -conhecimento da empresa - organização

Máquinas

Algumas são modernas, de fácil manuseio.

Muitas são antigas, com difícil acesso a peças que danificarem ao longo do tempo.

- modernização

Marketing

Abordagem amigável com os clientes por parte do empresário criando a fidelidade deles.

Não existem propagandas em nenhum meio de comunicação, não tem slogan e nem o logotipo na fachada da empresa.

- veiculação da imagem da empresa - melhorar fachada da empresa - abordagem de publicidade

Materiais Ótima qualidade dos materiais utilizados para oferecer bons produtos.

Não é feita cotação para a compra dos materiais.

- cotação

Meio ambiente

Não utiliza produtos que agridem o meio ambiente, e os restos de materiais são encaminhados para locais que reaproveitam esses materiais.

Não existem muitos locais de reaproveitamento desses materiais na cidade onde fica localizada a empresa.

- procura de lugares de reaproveitamento de materiais.

Meio físico

Espaço físico bem estruturado, com máquinas bem distribuídas, sem risco de acidentes, banheiros bem limpos e cozinha.

O espaço físico da empresa está pequeno, pois, a empresa vem de expandindo e contratando mais funcionários.

- reforma do espaço físico da empresa.

Fonte: dados da pesquisa.

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A empresa Gabrisa possui infra-estrutura e mão–de–obra capacitada e

adequada para a fabricação de aramados e armadilhas para pesquisadores.

Além da estrutura física privilegiada, possui também um clima

organizacional favorável e tipicamente familiar, tornando o trabalho prazeroso.

Por outro lado, revela-se, como uma barreira comunicacional, pois acostumado

com o clima familiar da empresa, o funcionário não a vê como uma

organização séria e que também é uma indústria como qualquer outra.

É importante também destacar que a empresa necessita desenvolver

uma política de comunicação que possibilite criar uma trajetória para a

execução dos planos, além de formalizar algumas ações do proprietário dentro

da empresa.

1.6.2 Análise do Ambiente Externo

De acordo com o posicionamento de Sousa (2009, p. 2):

O ambiente externo à organização é o conjunto de indivíduos, grupos e organizações que se encontram no meio exterior da organização e que influenciam e são influenciados por ela. A nível operacional do ambiente à organização este é composto pelas seguintes componentes: Cliente - é o elementos que compra os produtos ou serviços disponibilizados pela empresa; Concorrência - consiste no conjunto de empresas que comercialização produtos ou serviços idênticos aos da empresa em questão; Mão-de-obra - consiste nos fatores humanos disponíveis para desempenhar as tarefas necessárias; Fornecedor - é o elemento que fornece produtos ou serviços adquiridos pela empresa que posteriormente os transforma no processo produtivo em mercadorias ou serviços finais.

Através da interpretação dos tópicos acima sobre ambiente externo,

pode-se apresentar a seguinte análise dos fatores encontrados na Gabrisa:

Quadro 2 – Análise dos Fatores

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FATORES Oportunidades Exposição dos produtos em feiras do ramo. Ameaças Aperfeiçoamento dos produtos dos

concorrentes, na tentativa de liderar o mercado.

Ofensores Empresa concorrente na mesma cidade da Gabrisa.

Fonte: dados da pesquisa.

Diante do exposto no quadro, pode-se inferir que as feiras realizadas no

ramo pet são oportunidades para os dirigentes da Gabrisa divulgarem seus

produtos.

Mas, também são apontados ameaças e ofensores, fatores que devem

ser analisados com cautela. Destaca-se que a falta de qualidade pode abrir as

portas para a concorrência, inclusive sua maior concorrente está localizada na

mesma cidade, e isso não é um fator positivo para a empresa.

1.7 Públicos estratégicos, relacionamento e comunicação

1.7.1 Mapeamento lógico dos públicos estratégicos

O mapeamento dos públicos que constituem a empresa Gabrisa:

Quadro 3 – Análise dos Públicos

Fonte: dados da pesquisa.

Públicos Tipo de público

Tipo de relação Objetivo da Organização com o público

Expectativas do público em relação à organização

Funcionários Interno Prestação de serviços

Oferecer subsídios para o desenvolvimento do trabalho diário, além da qualidade de vida.

Sentir-se parte integrante.

Fornecedores Externo Fornecer matéria – prima para a confecção dos produtos

Compra de matéria – prima.

Tornar – se o principal fornecedor para a empresa.

Distribuidoras Externo Revender os produtos produzidos pela empresa

Repassar materiais de qualidade.

Ser parte integrante da empresa.

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No quadro acima estão contemplados todos os públicos que envolvem a

empresa Gabrisa, mostrando qual o tipo de público, relação, objetivo e

expectativas em relação à organização.

Percebe-se que para a empresa, todos os públicos que a envolvem são

importantes, cada um tem um objetivo, uma relação diferente. E pelo contato

mantido e análise efetuada, é possível verificar que o tipo de relacionamento

deve ser diferenciado para cada público.

1.8 Benchmarking de práticas comunicacionais

Utilizado como ferramenta que possui a finalidade de medir a

competitividade da organização, o Benchmarking permite a avaliação de todos

os quesitos que a envolvem, assim como é destacado no pensamento de Sorio

(2010, p. 1):

Benchmarking é um processo contínuo de comparação dos produtos, serviços e práticas empresarias entre os mais fortes concorrentes ou empresas reconhecidas como líderes. É um processo de pesquisa que permite realizar comparações de processos e práticas companhia-a-companhia para identificar o melhor do melhor e alcançar um nível de superioridade ou vantagem competitiva (SORIO, 2010, p.1).

Diante deste posicionamento, a empresa Gabrisa entende que deve

praticar o benchmarking como forma de conhecer os seus defeitos e qualidade

e assim conseguir o diferencial para competir com o concorrente.

Por meio desta análise do setor e de informações obtidas pode-se inferir

que os concorrentes da empresa em estudo não possuem o mesmo nível de

qualidade da mesma, sendo que alguns clientes tentaram comprar os produtos

dos concorrentes, mas se arrependeram e voltaram a consumir os aramados

da Gabrisa.

Os concorrentes com maior potencial em relação à Gabrisa são

indústrias do mesmo setor localizadas na cidade da sede da empresa, o que

facilita a disputa entre as empresas em questão.

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1.9 Análise do relacionamento com os públicos estratégicos

Os públicos estratégicos são parte essencial para a empresa, pois, ela

depende desses públicos para seu desenvolvimento. Os públicos internos

correspondem aos funcionários que produzem o produto que gera renda para a

empresa, Já os públicos externos são os clientes, que compram e geram a

renda da empresa e os fornecedores são aqueles que fornecem para a

empresa a matéria-prima do produto. Abaixo, estão as análises de cada público

com sua importância.

1.9.1 Clientes

Para Gil (2009, p.173) os clientes:

São um dos maiores ativos que a organização possui, seus desejos e necessidades fazem com que a empresa desenvolva novos produtos e ofereça novos serviços com o objetivo de garantir qualidade e conquistar seus clientes.

De acordo com Gil (2009), o cliente é o público que proporciona os

maiores capitais que a organização conquistou ao longo do tempo, e também é

responsável pelo sucesso ou fracasso da empresa.

Diante deste posicionamento, empresa Gabrisa busca desenvolver um

plano de comunicação voltado para esse público, tão importante para a

evolução da empresa, captando suas necessidades e desejos em relação aos

produtos oferecidos.

Assim, os clientes se tornam os maiores responsáveis pelo faturamento

da empresa, sem eles a organização não conseguiria se sustentar. Por isso é

considerado um público de suma importância para a sua sobrevivência.

1.9.2 Funcionários

Os funcionários são imprescindíveis para a organização. Eles são

considerados o cartão de visita da organização, já que muitos deles são

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responsáveis pelo atendimento e também por produzirem os produtos e

serviços.

Por isso, os funcionários da Gabrisa devem sempre estar motivados e

conquistados pela empresa, fortalecendo as relações e conseguindo manter o

comprometimento de todos.

Uma das maiores necessidades encontradas pela empresa Gabrisa é

embutir em sua cultura ações motivacionais para que o funcionário se torne

cada vez mais comprometido com seu trabalho, pois, na empresa existe um

clima muito familiar. Isso dificulta ações mais sérias de comunicação para

melhorar a relação entre dirigentes/funcionários e também de mostrar que a

empresa é séria, com regras e normas a serem seguidas.

1.9.3 Fornecedores

Hoje, é comum encontrar empresas que ainda estabelecem relações

com seus fornecedores somente de negócios, prevalecendo a antiga filosofia

de ganha quem faz o menor preço. É errôneo esse pensamento, pois, as

empresas, atualmente, tem que ter a mesma preocupação com todos os seus

públicos, incluindo os fornecedores.

Os fornecedores são as empresas que abastecem a organização: é

através deles que todo o material chega às mãos do proprietário para que os

produtos sejam confeccionados. Se o fornecedor não for comprometido com a

empresa e não fornecer o material no período correto, a empresa fica

prejudicada com os seus clientes, criando assim crises externas, difíceis de

serem acalmadas.

Neste contexto, a empresa Gabrisa tem ganhado espaço no mercado

por entregar os produtos no prazo exigido pelos consumidores. Isso só é

possível porque os dirigentes têm relações duradouras e sólidas com os seus

fornecedores, e esses sempre primaram pelo comprometimento com a

empresa e entregam as mercadorias necessárias no prazo esperado, com

materiais de qualidade utilizados nos produtos.

As análises realizadas, tanto no ambiente interno, quanto externo da

Gabrisa apresentaram resultados que merecem atenção de quem a conduz.

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CAPITULO II

GESTÃO DE CONFLITOS 2 GESTÃO DE PESSOAS

As empresas atuais têm, cada vez mais entendido que é fundamental

investir e valorizar o capital humano, para que as pessoas desenvolvam o

aperfeiçoamento de suas funções e aptidões para que assim consigam dar o

melhor de si nos resultados desenvolvidos na empresa.

A gestão de pessoas surgiu com o intuito de auxiliar os administradores

a gerenciar e desenvolver o seu pessoal, como explica Chiavenato (2014) no

seu trabalho, cada administrador desempenha as quatro funções

administrativas que constituem o processo administrativo: planejar, organizar,

dirigir e controlar. A Gestão de Pessoas procura ajudar o administrador a

desempenhar todas essas funções porque ele não realiza seu trabalho

sozinho, mas por meio das pessoas que formam sua equipe. Com sua equipe,

o executivo alcança as metas, objetivos e resultados.

Basicamente, a gestão de pessoas conceitua-se em praticas

fundamentais a empresa, como agregação de talentos, motivação de equipes e

individual, recompensas por bons resultados adquiridos, avaliações de

desempenhos, treinamento de pessoal, melhoras na qualidade de vida no

trabalho, e manter boas relações com os públicos envolvidos na empresa.

Chivenato (2014)

Para de desenvolver a Gestão de Pessoas, existem seis processos

básicos a serem seguidos, segundo Chivenato (2014):

a) Processos de agregar pessoas: usados para interagir novas pessoas

com a empresa, como recrutamento e seleção de pessoas;

b) Processos de aplicar pessoas: desenvolve as funções que as

pessoas terão na empresa, tanto na orientação como no desempenho

das mesmas;

c) Processos de recompensar pessoas: são aqueles que incentivam as

necessidades pessoais de cada individuo, como remuneração e

beneficio;

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d) Processos de desenvolver pessoas: servem para a capacitação da

pessoa tanto profissionalmente como pessoalmente, como

treinamento e plano de carreira;

e) Processos de manter pessoas: utilizadas para criar ambientes

satisfatórios na empresa, como cultura organizacional e qualidade de

vida no trabalho; e

f) Processos de monitorar pessoas: servem para acompanhar e

monitorar as atividades realizadas na empresa, como banco de dados

e sistema de informações.

Estes seis processos estão estruturados na figura a seguir:

Fonte: Chiavenato, 2014

Figura 12: Processos básicos de gestão de pessoas

Alguns fatores condicionantes da Gestão de Pessoas, para Chiavenato

(2014) influenciam no desempenho das pessoas dentro das organizações, e

essa Gestão pode ser influenciada tanto por fatores internos como externos:

a) Fatores Internos: Tecnologia (andamento de máquinas e tecnologia

utilizada para desempenho de funções), Organização do Trabalho

(busca as estratégias utilizadas para saber o comportamento

requerido pelo trabalho), Cultura Organizacional (busca mostrar como

é a cultura existente no ambiente de trabalho), Estrutura

Organizacional (mostra detalhes sobre a estrutura da organização,

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que pode ser dividida em departamental que segue um modelo

segmentado e matricial que segue um modelo por negócios).

b) Fatores Externos: através desses fatores, são definidos os perfis da

organização e as competências de negócios e, com isso, é possível

ser feito o feedback, que mostra a empresa se o que está sendo feito

está trazendo ou não, bons resultados a organização.

Diante do exposto, a Gestão de Pessoas busca a melhor forma de se

relacionar com as pessoas dentro das organizações, para transformar o

ambiente de trabalho em algo de completa satisfação de todos os públicos

envolvidos nesse ambiente.

Nas empresas familiares não é diferente, pois a Gestão de Pessoas tem

a função de profissionalizar os relacionamentos que muitas vezes são de

caráter paternalista pelo fato de membros de uma mesma família trabalharem

no mesmo ambiente envolvendo sentimentos, o que prejudica o desempenho

das atividades organizacionais.

Isto posto, a Gestão de Pessoas deve sempre ser direcionada

estrategicamente em cada ambiente das diferentes organizações, tanto em

empresas familiares como em qualquer outra para que não tenha nenhuma

fragilidade nas relações, o que poderá ocasionar conflitos internos e externos

que afete os negócios dessa organização, o que ocasionará o desenvolvimento

da Gestão de Conflitos na empresa.

2.1 Gestão de conflitos

Desde o começo da humanidade, os conflitos existem entre os grupos,

gerando ideias novas, discussões sobre todos os tipos de assuntos, o que

ocasiona assuntos positivos e negativos. Geralmente, as pessoas pensam que

conflito é apenas com discussões negativas, que ocasionam brigas e mal

entendidos, mas quando o conflito é positivo, surgem diferentes pontos de

vista, interesses diversificados e valores extremamente importantes para as

pessoas que estiverem envolvidas nessa discussão, tornando-se necessário

para que estas não entrem em um processo de estagnação.

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Para Marquis e Huston apud Dantas (2009, p. 15):

No início do século XX, entendia-se o conflito como um indicador de uma administração deficiente na organização sendo considerado destrutivo e evitado de todas as formas. Quando ocorria, era ignorado, negado ou administrado imediatamente e de maneira ríspida. Os teóricos deste período acreditavam que os conflitos poderiam ser evitados se aos funcionários fosse ensinada uma única maneira correta de fazer as coisas e, ainda, se qualquer insatisfação por parte dos funcionários fosse imediatamente recebida com desaprovação.

Em muitas empresas, a ausência de conflitos era considerada como

sinônimo de competência dos profissionais de comunicação, pois, os conflitos

eram vistos como algo negativo, sendo resultado de agressividade, confrontos

verbais, físicos, que são ações prejudiciais ao relacionamento entre as pessoas

dentro das organizações, e assim o bom ambiente organizacional só podia

existir se não houvesse conflitos.

2.2 Tipos de Conflitos

O conflito em empresas pode surgir de várias formas, desde uma

pequena discussão de diferença de opiniões até atingir um nível maior de

conflito podendo ser destrutivo nas relações dentro da empresa.

Assim, existem vários tipos de conflitos e quanto antes foi identificado o conflito

na empresa, mais fácil será para desenvolver estratégias para superá-los.

Segundo Silva (2008) os tipos de conflitos existentes são:

Conflito latente: é aquele conflito que não existe em sua essência, mas é

a etapa que antecede o surgimento do conflito, nem sempre precisa ser

trabalhado. Robbins apud Dantas (2009, p.23) “denomina este estágio

oposição potencial ou incompatibilidade, e elenca aspectos relacionados à

comunicação, estrutura e variáveis pessoais como sendo as principais

condições antecedentes à deflagração do conflito.”

Conflito percebido: o conflito já é percebido pelos elementos envolvidos

mas ainda não há manifestações abertas, e para Dantas (2009) nesta fase “a

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desavença em curso é percebida por pelo menos uma das partes, porém ainda

é tratada de maneira impessoal.”

Conflito sentido: é o conflito que envolve ambas as partes, é percebido e

sentido com emoções e forma consciente. Vieira apud Dantas (2009, p.23)

propôs o que para os três primeiros estágios do conflito (latente, percebido e

sentido) podem ser relacionados como etapas, e expõe vasta relação de

atitudes, comuns nos conflitos, por exemplo: agressões, rixas, acobertamentos,

cochichos pelos cantos, disfarces das intenções reais, discórdias e falta de

diálogos.

Conflito manifesto: é quando o conflito é percebido por todas as partes e

influencia na dinâmica e comunicação da empresa, alterando comportamentos

e atitudes de todos envolvidos. Para Dantas (2009, p.24) as ações ocorridas

nesta fase podem ser de, por exemplo, retraimento, disputa, oposição ou de

busca de uma solução para o problema vivenciado.

Há também outros dois tipos de conflitos que são muito comuns em

empresas familiares, que segundo Dantas (2009) os conflitos interpessoais que

basicamente ocorre entre duas pessoas ou em um grupo maior, e ocorre por

motivos como diferença de idade, sexo, valores, crenças, falta de recursos

financeiros e são subdivididos em outros dois tipos hierárquicos e pessoais:

Hierárquicos: quando envolvem relações de autoridade na empresa, ou

seja, quando uma pessoa responsável por algum setor ou grupo dentro da

empresa não tem apoio de seus subordinados na tomada de decisão, ou

também pode ocorrer o contrario.

Pessoais: surgem a partir de conflitos internos do individuo, ou seja, faz

referencia a maneira de agir e falar da pessoa, e essas rixas individuais nunca

são abordadas pelas partes envolvidas.

2.3 Administração de Conflitos

As empresas são um ambiente muito favorável para o surgimento de

conflitos, pois nelas estão reunidas pessoas com divergências de opiniões, e

quanto mais rígidos os processos educacionais pelo qual a pessoa passou,

menor será a capacidade de se adaptar a novas situações e assim maior será

a chance de o conflito ser gerado.

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Atualmente, administrar os conflitos é algo simples e de extrema

importância para as empresas. Por causa das inúmeras mudanças que o

ambiente empresarial tem passado, os conflitos tem se tornado uma constante

nas relações empresariais, e assim, surge a necessidade de administrá-los, e

para Wisinski (1995, p.19) “o conflito é inevitável, no entanto, a verdadeira

questão é como lidar com ele. Nem sempre podemos evitá-lo ou solucioná-lo,

mas normalmente é possível administrá-lo e chegar a uma conclusão”.

Na administração de conflitos existem cinco métodos que auxiliam nesse

processo Wisinski (1995):

a) Competição: reflete a tentativa de dominação do conflito, por meio de

poder, ou seja, não busca solução adequada, e força os envolvidos a se

adaptar por meio da força do poder.

b) Acomodação: ocorre ao contrario da competição, pois, é percebido

que não existe disputa, ao ponto de uma das partes abrir mão do

questionamento e aceitar a solução da outra parte envolvida no conflito.

c) Afastamento: quando ele for aplicado de forma adequada, ele ajuda a

resolver as diferenças encontradas nas pessoas que ocasiona o conflito,

mas quando aplicado de forma errônea, pode parecer falta de vontade

de ajudar, disfarce do problema ou até vontade de se distanciar do

problema.

d) Acordo: é uma tentativa de resolver o problema com um senso

comum, pois, ambas as partes podem sair com vantagens ao final, ao

mesmo tempo que abrem mão de algumas opiniões para acertarem o

acordo.

e) Colaboração: pode ser considerada a melhor opção, mas o mais difícil

de realizar, onde as duas partes tem que estar totalmente empenhadas

em resolver o conflito. A colaboração requer um clima de confiança,

concordâncias e escolha de soluções que contam com o total apoio de

comprometimento de ambas as partes.

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CAPITULO III

EMPRESA FAMILIAR 3 EMPRESA FAMILIAR

As empresas familiares são aquelas em que uma família tem o controle

da gestão, onde os membros dessa família participam e trabalham na empresa,

e segundo LODI (1993, p. 6 apud TRAJANO, 2008, p. 10) “a empresa familiar é

aquela em que a importância da sucessão da diretoria está ligada ao fator

hereditário e onde os valores institucionais da firma identificam-se com o

sobrenome da família ou com a figura de um fundador”.

Uma empresa pode ser considerada familiar quando ela está totalmente

identificada por uma determinada família por pelo menos duas gerações, e

essas influenciam na política e nos objetivos da família.

Bornholdt, 2005 apud (GALLI et AL:, 2013) aponta seis itens que,

quando presentes em uma organização, podem identifica-la como familiar:

a) o controle acionário pertence a uma família;

b) os laços familiares determinam a sucessão do poder;

c) os parentes ocupam posições estratégicas na administração;

d) os valores da organização identificam-se com os da família;

e) os atos dos membros da família repercutem gestão da empresa, não

importando se nela atuam;

f) ausência de liberdade para vender as participações/quotas herdadas

da empresa.

Diante do cenário de empresas familiares, muitos acreditam que quando

a família e a empresa se unem isso acaba por enfraquecer a eficiência da

gestão dos negócios, e como pode-se destacar, existem hoje no mercado

grandes empresas que tem como inicio a gestão familiar.

Os grandes problemas existentes nas empresas familiares são aqueles

ligados ao relacionamento, como a falta de um código de ética, a cultura

organizacional vista com sentimentalismo e paternalismo e por essa razão a

função de cada membro da família tem que ser definida com muita

objetividade, sendo realizadas avaliações de diretoria, para que possam ser

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identificadas as oportunidades e ameaças no ambiente de empresa familiar

Miorin (2014).

Para Miorin (2014) os erros mais comuns cometidos em empresas

familiares são:

a) ausência de qualificação profissional;

b) centralização do poder;

c) misturar contas pessoais e corporativas;

d) permanecer na zona de conforto;

e) demora para iniciar o processo de sucessão;

f) dois profissionais dirigindo a mesma área e

g) não buscar ajuda externa de empresas especializadas em

administração.

Com o decorrer do tempo, nota-se que a empresa familiar passa por

algumas fases no seu desenvolvimento que são: a fase da criação da empresa,

que é o momento em que o fundador tem a ideia de um produto, desenvolve o

produto com o seu lançamento e recruta pessoas familiares ou não para

auxiliar na produção, em seguida vem a fase de crescimento onde o fundador

percebe que é incapaz de gerir todos os setores da empresa, e então tem o

inicio da divisão de responsabilidades, a transição de poder e a distribuição de

valores, e logo depois surge a fase da maturidade que é quando o sucessor

começa a ter uma visão da empresa diferente da visão do fundador, por

questões de formação acadêmica e ideologias pessoais e isso gera conflitos

internos, ocasionando problemas na comunição entre esses dois cargos, e por

fim vem a última fase que é aquela onde é encontrada a necessidade de

abandonar praticas mercadológicas antigas para atender exigências atuais de

mercado, e com isso a empresa passa de uma gestão com características

familiares para ser uma gestão profissional, com recrutamento de profissionais

que não sejam membros da família (TRAJANO, 2008).

Há também três tipologias básicas usadas para classificar as empresas

familiares, e estas são: a tradicional onde basicamente a família detém o poder

por completo, com pouca transparência administrativa e o capital é fechado, a

híbrida que a família ainda detém o controle dos negócios, mas pelo capital ser

aberto, há mais transparência e participação de pessoas que não fazem parte

de família, e a de influência familiar em que família está afastada do poder,

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mas tem participação acionária e o seu capital está investido em ações do

mercado. “Vale destacar que transformar uma empresa familiar do tipo

tradicional em uma organização de influência familiar é um processo de longo

prazo que requer a profissionalização efetiva da gestão” (STEIER, WARD,

2006 apud GALLI et AL:, 2013).

Nesse âmbito, as empresas familiares também têm várias formas e

classificações, e nessa vertente podemos destacar três formas diferentes

(TRAJANO, 2008):

a) proprietário controlador: nesta fase apenas o fundador tem o controle

total e está no comando dos negócios, é o estagio inicial da empresa

e todos os outros estágios serão afetados por esta fase;

b) sociedade entre irmãos: esta segunda fase a empresa começa a sua

expansão, e então o poder não é mais de apenas um controlador, e

sim compartilhado entre irmãos, ou é passado de pai para filho;

c) propriedade de primos: fase da empresa em que já está em um nível

maduro de desenvolvimento, onde a maioria dos acionistas já não

está na empresa, apenas alguns membros da família tem acesso

direto aos negócios.

Normalmente as empresas familiares começam como porte pequeno,

com um ou dois membros da família como fundadores e gestores de negócios,

e conforme vão ampliando, outros membros da família são nomeados com

cargos de confiança. Na maioria dos casos, essas pessoas que são nomeadas

não são capacitadas para os cargos, e isso acaba gerando vários problemas

estruturais, principalmente quando ocorre o crescimento da empresa.

3.1 Processo de sucessão

Para conduzir uma empresa em crescimento são exigidas capacidades

que muitas vezes não são encontradas em qualquer pessoa, onde são

necessárias estratégias, planejamento e muita dedicação dos gestores, pois

são estes que terão que preparar seus sucessores que irão assumir os

negócios em um cenário futuro. Quanto mais cedo for planejado e iniciado o

processo de sucessão, menos problemas e traumas serão desenvolvidos

nesse processo. O importante é que o sucessor passe por todas as áreas da

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organização para adquirir experiência e responsabilidade na tomada de

decisões (TRAJANO, 2008).

Outro ponto importante é o fundador saber encontrar o sucessor

adequado para empresa, e em muitos casos o fundador acha de extrema

importância esse sucessor ser seu filho, o herdeiro da família, e isso acaba

levando a empresa à falência, pois, o sucessor muitas vezes não quer esse

cargo, ou não tem as competências necessárias para essa função. (LODI,

1993).

Essas posições, herdeiro e sucessor, devem ser tratadas de maneira

muito delicada pelo fundador, porque para assumir a sucessão e ela ser bem

sucedida, esse cargo deve ser preenchido por alguém que tenha capacidade e

requisitos exigidos pela função, independente de ser ou não da família. Para

Lodi (1993, p.21):

O êxito de um programa sucessório depende da maneira como o pai, que também é o presidente da empresa, preparou sua família para o poder e a riqueza. Quando esta próxima à sucessão, o presidente que se retira deve estar alerta para os seus próprios problemas existenciais, os quais podem retarda a decisão de afastamento.

Esse período de sucessão deve ser iniciado o quanto antes, pois, se for

maior o tempo de preparação do sucessor, há mais chances desse processo

ocorrer com maturidade, compromisso e liderança no período da transição.

Assim, com o sucessor sendo preparado antecipadamente, ele já se adaptará

aos problemas que possam surgir no cotidiano da empresa, e o fundador

poderá avaliar se o sucessor satisfaz a expectativa esperada.

Esse processo sucessório em empresas familiares é algo de

extrema relevância e muito delicado, pois, não envolve apenas aspectos

ligados à administração empresarial, mas também pontos afetivos,

paternalistas, que podem afetar a estrutura familiar e seus relacionamentos

fora da empresa, o que acaba ocasionando conflitos de âmbito familiar. Muitas

vezes esses conflitos acabam fragilizando a relação familiar tanto dentro como

fora da empresa.

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3.2 Cultura organizacional

Para melhor compreensão do termo é necessário primeiramente

distinguir o que é cultura e organização.

Entende-se por organização uma reunião de pessoas que buscam

produzir um mesmo bem ou serviço, utilizando-se recursos humanos e

materiais necessários para atingirem o objetivo pré-determinado. Para que as

etapas dessa produção sejam realizadas de forma correta, a comunicação

deve ser imprescindível para o bom entendimento entre as pessoas que fazem

parte desse processo.

Como demonstra Chiavenato (1995, p. 194):

A organização é um sistema de atividades conscientemente coordenadas de duas ou mais pessoas. A cooperação entre elas é essencial para a existência da organização. Uma organização somente existe quando há pessoas capazes de se comunicarem e que estão dispostas a contribuir com a ação a fim de cumprirem um propósito comum.

Alguns autores dão outro enfoque para as organizações, afirmando que

elas são também culturas, de modo que no ambiente organizacional existem

valores, objetivos comuns, crenças, idéias, sendo assim, essa troca de

informações, que é evidente neste contexto, faz com que a organização seja

vista como cultura.

Morgan (1996, p. 135) explica que:

A visão representativa da cultura leva a ver que as organizações são em essência realidades socialmente construídas que estão muito mais nas cabeças e mentes de seus membros do que em conjuntos concretos de regras e relacionamentos.

Essa percepção da organização fez com que os dirigentes tivessem uma

nova visão de como administrar as relações internas e externas que existem na

mesma.

A necessidade de encontrar soluções para melhorar a administração ou

a tomada de decisões, fez com que dirigentes das organizações levassem em

consideração características como o potencial e as necessidades de seus

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colaboradores, que são extremamente importantes para o bem-estar da

empresa, pois as conseqüências da má administração dos valores

organizacionais podem ser fatais para sua saúde.

Esta análise da organização vem sendo considerada muito importante

para os dirigentes de empresa, uma vez que cria as condições para que o

colaborador deixe de ser visto como um mero funcionário sem importância e

passe a ser fator vital para o desenvolvimento e evolução da empresa. O antigo

operário que era oprimido e discriminado passa a ser, atualmente, um

colaborador que tem suas expectativas, é capacitado e qualificado para suas

funções e, acima de tudo, motivado a sempre dar o melhor para a organização

onde está inserido. A cultura é algo essencial para que o novo colaborador

passe a interagir melhor com a organização na qual ele convive.

Isto posto, percebe-se hoje que a cultura é algo imprescindível para o

entendimento das diferentes idéias existentes dentro de uma organização.

Para Srour (1998, p. 174), cultura é entendida como “um conjunto de

padrões que permitem a adaptação dos agentes sociais à natureza e à

sociedade a qual pertencem, e faculta o controle sobre o meio ambiente”.

Dessa forma, pode-se compreender que cultura é algo que o homem,

como ser social, pode mudar, não é uma herança genética, e sim fatores que o

próprio membro dela faz de acordo com suas crenças, valores e objetivos.

Cada sociedade evidencia sua cultura de forma diferenciada, por exemplo, uma

pessoa que nasce no Japão não tem os mesmos costumes, crenças, valores,

modos, língua, de uma pessoa que nasce no Brasil. Essa mudança de uma

para outra é feita pelo homem, que define as diferenças existentes em cada

grupo social.

Para Thayer (1972) cultura é aquele todo complexo que inclui

conhecimento, crença, arte, moral, direito, costume e outras capacidades e

hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade.

Diante desse contexto, pode-se evidenciar a necessidade do estudo das

diferentes culturas existentes no mundo, para que a organização possa sempre

melhorar suas relações com seus diversos públicos e entender mais facilmente

o significado de cultura organizacional.

A cultura organizacional, dentro das empresas, pode ser caracterizada

como um conjunto de informações que são criadas pelos seus membros para

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melhor compreensão das atitudes realizadas. Partindo deste pressuposto, a

empresa deve partilhar crenças abrangentes a todos os seus membros, pois,

se ela não possuir valores sólidos e referências próprias, ficará à mercê de

crenças individualizadas, o que ocasionará disputas, intrigas e prejuízos. Dessa

forma, a cultura organizacional, preferencialmente, deve abranger todos os

colaboradores, para que eles possam partilhar e transmitir objetivos comuns.

Outro fato de relevância na construção de uma cultura dinâmica são os

componentes organizacionais e seus sintomas culturais especificados como

perfil dos líderes e clientes internos, os tipos de comunicação existentes na

organização, a filosofia que guia o cotidiano organizacional, o clima

organizacional, a relação entre a missão da organização e as atitudes

comportamentais de seus colaboradores, enfim fatores que podem ter valores

significativos para a cultura organizacional.

Para que essa ferramenta seja praticada de forma correta é importante

salientar que as organizações estão inseridas em um mesmo contexto sócio-

econômico-cultural, mas apresentam características particulares como a

gestão, o tipo de liderança, o comprometimento de seus colaboradores, a

cultura do local onde atua a organização com suas crenças e ritos. Contudo, há

uma infinidade de fatores que influenciam na construção da cultura

organizacional.

As organizações, atualmente, não estão abertas às inovações que

eventualmente ocorrerão com a otimização do processo de cultura

organizacional e seus dirigentes, muitas vezes, tendem a barrar essas novas

concepções dentro do ambiente organizacional. Uma cultura organizacional

bem estruturada não pode ser aplicada de forma adequada se a organização

possuir estruturas hierárquicas rígidas, onde as decisões estão concentradas

em poucas mãos, ou ainda, as pessoas podem falar e mostrar sua opinião

somente se estiver em conformidade com os dirigentes, se ao contrário, não é

ouvido e nem respeitado.

Como demonstra Bueno (2009, p. 24):

Para construir uma cultura de comunicação, fundamental para a saúde da comunicação interna, é necessário que as organizações abandonem práticas antigas, baseadas na perspectiva de que informação é poder e, portanto, precisa

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estar sob o controle dos chefes, excluídos os que costumam pensar de maneira diferente.

Para otimizar a relação com os públicos, principalmente o interno, a

cultura organizacional deve ser implementada com ações que possibilitem que

esse público seja motivado e sinta que faz parte da organização. Trata-se de

um processo extremamente importante para os dirigentes que desejam

destacar-se no cenário competitivo.

Segundo Bueno (2009, p. 24):

Uma comunicação interna, apoiada em uma autêntica cultura de comunicação, estabelece canais personalizados para o relacionamento com os públicos internos, obedecidos seus perfis e necessidades, adapta discursos e conteúdos e busca incentivar a participação dos funcionários pelo fortalecimento dos fluxos ascendentes e lateral de comunicação.

Nas organizações modernas, que possuem um plano de comunicação

bem estruturado, e o processo de cultura organizacional formulado e

implantado de forma correta, a gestão é bem mais flexível do que naquelas em

que não há investimento em ferramentas de comunicação.

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CAPÍTULO IV

ESTUDO DE CASO 4 INTRODUÇÃO

Nos dias atuais, o mercado empresarial tem se deparado com um tipo

de empresa muito comum, a chamada empresa familiar, que teoricamente é

aquela em que uma família tem o poder sobre a gestão, e os seus membros

participam e trabalham na empresa, e também “a empresa familiar é aquela em

que a importância da sucessão da diretoria está ligada ao fator hereditário e

onde os valores institucionais da firma identificam-se com o sobrenome da

família ou com a figura de um fundador” (LODI, 1993, p. 6 apud TRAJANO,

2008, p. 10).

Neste ambiente empresarial, surgem diversos tipos de conflitos internos,

na questão da comunicação e na gestão de pessoas, pois o fato dos membros

que detém o poder desta empresa terem laços genealógicos, fazem com que

os conflitos se tornem pessoais e constantes, transformando os valores

pessoais em questões de âmbito empresarial.

Durante muitos anos, o conflito foi visto como uma variável prejudicial ao

ambiente organizacional, porém, em razão da complexidade que as

organizações modernas adquiriram, de um cenário de mudanças constantes e,

conseqüentemente, da evolução das teorias organizacionais, notadamente a

teoria estruturalista, o conceito de conflito ganhou novo escopo e, nos últimos

30 anos, tem sido estudado por diferentes perspectivas. (NASCIMENTO,

2012).

Sabendo disso, o objetivo deste trabalho foi o verificar a influência da

gestão de conflitos no resultado de uma empresa familiar.

O gerenciamento de conflito através da sua essência busca verificar os

motivos geradores destes fenômenos e a melhor maneira de lidar com eles.

Para realização da pesquisa, foram utilizados os seguintes métodos e

técnicas.

Método de Estudo de Caso: foi realizado estudo de caso na empresa

Gabrisa Aramados, localizada na cidade de Cafelândia - SP, situada na Rua

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Antônio Ruiz Gimenez, 29, no período de outubro de 2014 a abril de 2015, para

demonstrar a importância da gestão de conflitos no resultado de uma empresa

familiar.

Método de Observação Sistemática: foram observados e analisados os

aspectos que envolvem a gestão de conflitos na Empresa Gabrisa Aramados,

no desenvolvimento empresarial, como suporte para o desenvolvimento do

Estudo de Caso.

Método Histórico: foi observada a evolução histórica da empresa

Gabrisa Aramados de Cafelândia - SP.

Técnicas:

Roteiro de Estudo de Caso (Apêndice A)

Método de Observação Sistemática (Apêndice B)

Método Histórico da Empresa Gabrisa Aramados (Apêndice C)

4.1 Descrição do conflito

No ambiente empresarial familiar, surgem diversos tipos de conflitos

internos, na questão da comunicação e na gestão de pessoas, pois o fato dos

membros que detém o poder desta empresa terem laços genealógicos, fazem

com que os conflitos se tornem pessoais e constantes, transformando os

valores pessoais em questões de âmbito empresarial. Para que não haja este

tipo de conflito, os membros de uma mesma família que fazem parte da gestão,

devem mostrar clareza e não confundir a questão particular da família com o

questão profissional, pois isto, gera uma gestão paternalista em relação aos

empregados.

Os membros da diretoria desta empresa, por fazerem parte da mesma

família, acabam encontrando uma grande dificuldade em delimitar a vida

profissional da vida pessoal, pois, trabalham mais horas do que o normal, os

problemas da empresa acabam sendo levados para o ambiente familiar,

fazendo com que as relações familiares sejam, muitas vezes, abaladas por

questões que deveriam ser deixadas na empresa.

Por outro lado, essas empresas tem maior facilidade em garantir a

união, a lealdade e dedicação dos membros da gestão da empresa, pois os

laços afetivos existentes nesse ambiente fazem com que haja harmonia entre

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as opiniões e os interesses em comum, e o fato da empresa ser da família

exige que os membros exijam mais de si mesmo em prol do objetivo em

comum.

Neste estudo, onde foi pesquisada a empresa familiar chamada Gabrisa

Aramados, percebeu que a administração familiar é centralizadora, no qual

ambos os donos (casal) podem tomar decisões no ambiente empresarial.

Dentro da administração da Gabrisa Aramados não existe organograma,

o que significa não existir cargos bem definidos dentro da empresa, sendo que,

os donos administram e supervisionam, sozinhos, o trabalho realizado dentro

da organização.

A sede da empresa Gabrisa Aramados não é composta por setores e

departamentos. Para que os donos avaliem o desempenho, mensalmente é

realizada uma reunião com todos os colaboradores, para que eles possam dar

sua opinião sobre o que ocorreu no mês, e ainda saber, por parte dos donos,

se desempenharam corretamente o que lhes foi determinado.

Assim, percebe-se as dificuldades de comunicação encontradas no

ambiente dessa empresa familiar, o que possibilita a análise dos conflitos de

comunicação existentes entre as gerencias que são compostas por membros

de uma mesma família.

Pois, a comunicação só acontece nas reuniões mensais realizadas pelos

donos. Muitas vezes os donos não sabem direito o que está acontecendo na

empresa, por falta de informação e por falta de comunicação.

4.2 Conflito interno

Na empresa Gabrisa Aramados, o cotidiano é de muitos conflitos

internos entre os gestores, pois, por ser uma empresa familiar, observa-se que

muitas questões particulares de cada um dos gestores acabam envolvendo nas

discussões de situações do cotidiano da empresa.

Há algum tempo, um conflito com um funcionário fez com que a relação

dos gestores ficasse muito abalada a ponto de um deles querer se afastar do

comando da empresa.

Este conflito teve inicio com alguns boatos que surgiram em meio ao

chão de fabrica da empresa, pois, na produção existiam dois líderes, um do

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sexo masculino que controlava o setor operacional da fabricação da gaiola, e

uma líder do sexo feminino que controlava o setor de montagem da gaiola.

Um certo período, começaram alguns boatos de que o líder homem

estaria com comentários maldosos em relação à diretoria, com injurias e

reclamações e até infâmias sobre a empresa. Também começaram alguns

conflitos entre os líderes, onde o líder homem prejudicava propositalmente a

líder mulher, atrasando pedidos e fazendo com que a líder mulher tivesse que

trabalhar com horas extras, o que ocasionava um desconforto entre ela e a

diretoria da empresa.

Com isso, um dos gestores, começou a perceber esses mal entendidos

nos setores, e assim, começou a observar qual era a reação dos líderes no dia

a dia, e o líder homem sempre disfarçava os seus boatos, chegando a enganar

com falsos depoimentos os gestores da empresa.

Um dos gestores, não acreditava no outro que o alertou sobre esses

conflitos nos setores, pois, ele acreditava muito no seu líder homem, por ele ser

um dos seus primeiros funcionários e ter iniciado a formação da empresa

juntamente com ele.

Assim, os conflitos entre os gestores deram inicio, pois, além de serem

os gestores da empresa, eles são cônjuges, e as brigas e discussões acabam

por terem um fundo sentimental, além das questões profissionais. Essa

situação culminou em um ambiente muito conflituoso, de muitos insultos e

nervosismo, pois a líder mulher vinha até a gestora com muitas reclamações

sobre o líder homem, e ela não estava com soluções plausíveis para este

conflito.

Então, um dia ocorreu de o líder homem ofender a líder mulher em frente

a todos os funcionários da empresa, e essa situação acabou em uma briga

entre eles, fazendo com que o líder homem fosse embora da empresa,

abandonando o serviço durante o período de três dias. O gestor acabou

entendendo que os boatos eram todos verdadeiros, e que o líder homem não

estava mais trabalhando a favor da empresa, mostrando assim que a gestora

estava com a razão em querer resolver o quanto antes esta situação.

Depois de uma reunião longa e de muitas revelações entre os gestores e

a líder mulher, foi decidido, que o cargo de líder seria retirado do líder homem e

que ele trabalharia na empresa apenas com os modelos das gaiolas, função

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essa que ele desempenhava perfeitamente, e com isso seria dada uma nova

chance de um convívio melhor na empresa.

Passado o tempo, cerca de uma semana, ocorreu outro conflito, onde o

ex-líder homem não aceitava o encontro entre ele e a líder dentro da empresa,

e isso ocasionou uma indisposição que quase ocasionou um pedido de

demissão por parte da outra líder.

Diante desse ocorrido, os gestores entraram em mais conflitos internos,

ocasionando brigas em frente aos funcionários, com insultos, e não decidindo

qual seria o futuro de ambos os líderes. Depois de uma longa reunião e

conversa entre os gestores, a decisão tomada foi a de que o ex-líder homem

deveria deixar a empresa de uma maneira amigável e a líder mulher assumiu

os setores da empresa, assumindo toda a responsabilidade da produção das

gaiolas e liderar os trinta e dois funcionários existente na empresa.

Afinal, o casal de gestores tomou a melhor decisão, mesmo em meio a

todos os conflitos e tumultos, pois depois disso, o convívio na empresa

melhorou e eles não tiveram mais conflitos entre os familiares.

Perceberam então que os gestores deveriam se comunicar mais e

melhor dentro da empresa.

4.3 Gerenciamento de conflitos

Esse conflito que ocorreu na empresa Gabrisa, mostra que,

primeiramente tem que ser entendido que gerenciar os conflitos é aceitar as

pessoas como sendo diferentes, existindo pensamentos diferentes, objetivos e

valores diferentes um dos outros, e mesmo assim, todos saberem conviver de

uma maneira saudável e amigável.

O primeiro passo para o gerenciamento é perceber e entender que as

diferenças existentes na empresa são uma forma de crescimento entre as

relações no ambiente interno. Saber ouvir, analisar, refletir sobre as situações

conflituosas são habilidades importantes para o gerenciamento.

No caso do conflito da empresa Gabrisa, os gestores estavam com

opiniões divergentes sobre a situação com seus líderes, e isso culminou em

diferenças que acabaram por estremecer a relação afetiva deles, e depois de

muitas reuniões e comunicação, perceberam que tinham que tomar uma

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decisão juntos ou o conflito não seria resolvido. Assim, o gerenciamento

demonstra que reconhecer a diferença de opinião não significa mudar de

opinião e sim o que ocorre é uma transmissão de ideias para um bem em

comum.

Se quando houve as reuniões, os gestores tivessem apenas visto o

conflito pelo lado agressivo, como estava no começo, o gerenciamento do

conflito teria sido dificultado, pois o embate não teria um bom entendimento e

aceitação.

Nestes casos de conflitos familiares nas empresas, saber ouvir e saber

falar são de extrema importância no gerenciamento tanto dos conflitos como

das emoções que acabam aflorando nas discussões, com comportamentos

auto defensivo que prejudicam as relações familiares e empresariais.

4.4 Vantagem do gerenciamento de conflito

O gerenciamento de conflitos consiste em pessoas que tem a liderança

como algo natural em si, pois, para resolver o problema do conflito as pessoas

esperam que isso seja vindo de decisões tomadas pelo líder. Se esse líder

deixar que o conflito se resolva sozinho, sem tomada de decisões por parte

dele, a equipe acaba passando por momentos de desmotivação, insatisfação e

insegurança.

Assim, é percebida uma vantagem, pois, o gerenciamento aguça o lado

da liderança nas pessoas,e aquele líder que conseguir ver no conflito uma

oportunidade de crescer na empresa, alcançando seus objetivos e assim,

acaba por motivar a equipe que se envolve na solução do problema, uni a

equipe, tem o aperfeiçoamento da criatividade e incentiva o crescimento tanto

da equipe como da empresa.

No caso do conflito da Gabrisa, a líder mulher soube aproveitar da

oportunidade do conflito dos gestores, pois, nesta situação ela teve o

favorecimento pelo seu bom comportamento, pelo seu espírito de liderança, e

conseguiu a confiança dos gestores e de sua equipe, pelo fato das opiniões e

soluções dadas diante do conflito.

Para os gestores, o gerenciamento de conflitos foi vantajoso pelo

equilíbrio que houve entre eles, porque em meio ao conflito e ao clima de

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brigas e desentendimentos, eles tiveram que tomar uma decisão em grupo, e

pensar de uma maneira que trouxesse benefícios para a empresa, e com

certeza isso aconteceu, pois, a equipe com a nova líder teve um andamento

muito melhor, com mais produção de gaiolas, com mais motivação por parte da

líder, e sem fofocas e mal entendidos.

O gerenciamento de conflitos é muito importante para que os gestores

da empresa familiar consigam entender que em meio aos conflitos familiares a

melhor maneira de resolvê-lo é pensar de uma maneira em conjunto e alcançar

a melhor solução que traga benefícios tanto para a empresa como para a

equipe que está envolvida.

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CONCLUSÃO

Dentro das empresas familiares conflitos são comuns por conta dos

interesses divergentes dos membros. O lado emocional fala mais alto e as

conseqüências podem abalar a estrutura da empresa e da família.

As empresas familiares ocupam um lugar de destaque na economia

brasileira e também no contexto mundial. Ao realizar a pesquisa de campo e o

levantamento bibliográfico, foi possível identificar as principais dificuldades na

gestão empresarial deste tipo de organização.

Neste estudo, pode-se destacar que a Gabrisa é uma organização que

preza pela construção de bons relacionamentos com seus colaboradores.

Porém, a questão da empresa ser com uma gestão em família e a falta de um

gerenciamento de conflitos estruturado acaba por desenvolver alguns

descontentamentos.

A análise realizada de um conflito que de fato existiu na empresa mostra

que a relação entre os gestores é muito fragilizada pelas questões familiares

que acabam aflorando em meio às questões profissionais, e isso acaba

influenciando na questão da postura profissional dos gestores diante seus

colaboradores.

Se analisados de forma estratégica, os conflitos podem favorecer a

identificação de melhorias nos processos comunicacionais internos e

conseqüentemente externos da empresa, ou se não administrado pode gerar

grandes problemas para a organização.

Com isso, o objetivo desse trabalho foi atingido, pois percebeu-se que

quando bem gerenciado o conflito, o mesmo consegue gerar bons resultados

em uma empresa familiar.

A elaboração do estudo de caso foi baseada em um conflito que gerou

muita discussão no ambiente interno da empresa que promoveu o

entendimento entre os gestores da empresa para que não haver mais

problemas familiares relacionados aos conflitos da empresa,gerando grandes

vantagens tanto para os gestores como para a líder e sua equipe.

Isto posto, conclui-se que as empresas familiares e sua realidade atual

necessitam de um bom gerenciamento de conflitos, pois são essas ações que

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proporcionam a melhoria e a eficácia dos relacionamentos familiares, fazendo

com que a empresa se torne referência de qualidade e transparência.

Acabar com conflitos dentro desse segmento é algo impossível, pois por

se tratar de uma empresa familiar, o ego sempre fala mais alto dentre os

membros da família. Cabe ao fundador, saber dividir os papéis de cada um,

evitando expor assuntos particulares diante de todos, para que não haja intriga

entre os familiares.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – Roteiro de estudo de caso

1 INTRODUÇÃO

Neste estudo serão apresentados os objetivos, técnicas de coletas de

dados e as dificuldades de comunicação encontradas no ambiente familiar da

empresa Gabrisa Aramados.

O estudo de caso será elaborado na empresa Gabrisa Aramados, que

possibilitara a análise dos conflitos de comunicação existentes entre as

gerencias que são compostas por membros de uma mesma família, onde serão

observados os principais motivos dos conflitos causados atualmente no âmbito

empresarial e diante desses aspectos serão apresentadas propostas de

melhorias.

1.1 Relato do trabalho realizado referente ao assunto estudado

Os aspectos apresentados diante da situação encontrada na

comunicação da empresa serão expostos e através disto serão levantadas

hipóteses referentes a comunicação existente entre os membros familiares da

empresa.

1.2 Discussão

Diante dos aspectos apresentados, será realizada uma comparação

entre a situação encontrada atualmente na empresa e a teoria apresentada

neste estudo.

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APÊNDICE B – Método de Observação Sistemática I IDENTIFICAÇÃO

Empresa: Gabrisa Aramados

Localização: Cafelândia S/P

Atividade Econômica: Aramados e trefilados de arame

II ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS

1 Histórico da empresa

1.1 Perfil da organização

1.2 Estrutura Organizacional e Administrativa

1.3 Diretrizes da empresa

2 Comunicação Interna da Gestão Familiar

2.1 Conflitos internos da Gestão

2.2 Vantagens e Desvantagens da Gestão Familiar

2.3 Sucessão na Empresa Familiar

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APÊNDICE C – Roteiro Histórico da Empresa

I IDENTIFICAÇÃO

Empresa: Gabrisa Aramados

Localização: Cafelândia S/P

Atividade Econômica: Aramados e trefilados de arame

II ASPECTOS HISTÓRICOS DA EMPRESA

1 Políticas existentes no ambiente empresarial

2 Ambiente de trabalho

3 Situação atual da comunicação da empresa

4 Propostas para melhorias na Comunicação da empresa