confissoes de um padre morto

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  • 7/30/2019 Confissoes de Um Padre Morto

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    EVANGELHO ETERNO (Apocalipse, 14, 6)

    PRINCPIO OU DEUS Essncia Divina Onipresente, Onisciente eOnipotente, que tudo origina, sustenta e destina, e cujo destino a Rein-tegrao Total. O Esprito e a Matria, os Mundos e as Humanidades, e asLeis Relativas, retornaro Unidade Essencial, ou Esprito e Verdade. Sedeixasse de Emanar, Manifestar ou Criar, nada haveria sem ser Ele, Princpio

    Onipresente. Como o Princpio Integral, no crescendo nem diminuindo,tudo gira em torno de ser Manifestador e Manifestao, tudo Manifestando etudo Reintegrando. Eis o Divino Monismo.

    ESPRITO FILHO As centelhas emanadas, no criadas, contm TO-DAS AS VIRTUDES DIVINAS EM POTENCIAL, devendo desabroch-lasno seio dos Mundos, das encarnaes e desencarnaes, at retornarem aoSeio Divino, como Unas ou Esprito e Verdade. Ningum ser eternamentelho de Deus, tudo voltar a ser Deus em Deus. Esta sabedoria foi ensinada

    por Hermes, Crisna e Pitgoras. Jesus viveu o Personagem Inconfundvelde VERBO EXEMPLAR, de tudo que deriva do UM ESSENCIAL e a Ele

    retorna como UNO TOTAL. O Tmulo Vazio mais do que a Manjedoura.(Entendam bem).CARRO DA ALMA OU PERISPRITO Ele se forma para o esprito

    lho ter meios de agir no Cosmos, ou Matria. Com a autodivinizao doesprito, ao atingir a Unio Divina, ou Reintegrao, nda a tarefa do perisp-rito. Lentssima a autodivinizao, isto , o desabrochamento das LatentesVirtudes Divinas. Tudo vai aumentando em Luz e Glria, at vir a ser Divin-dade Total, Unio Total, isto , perdendo em RELATIVIDADE, para ganharem DIVINDADE.

    MATRIA OU COSMO A Matria Essncia Divina, Luz Divina,Energia, ter, Substncia, Gs, Vapor, Lquido, Slido. Em qualquer nvel deapresentao ferramenta do esprito lho de Deus. ( muito infeliz quemno procura entender isso).

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    D E U S

    Eu Sou a Essncia Absoluta, Sou Arquinatural,Onisciente e Onipresente, Sou a Mente Universal,Sou a Causa Originria, Sou o Pai Onipotente,Sou Distinto e Sou o Todo, Eu Sou Ambivalente.

    Estou Fora e Dentro, Estou em Cima e em Baixo,Eu Sou o Todo e a Parte, Eu que a tudo enaixo,

    Sendo a Divina Essncia, Me Revelo tambm Criao,E Respiro na Minha Obra, sendo o Todo e a Frao.

    Estou em vossas proundezas, sempre a vos Manter,Pois Sou a vossa Existncia, a vossa Razo de Ser,E Falo no vosso ntimo, e tambm no vosso exterior,Estou no crebro e no corao, porque Sou o Senhor.

    Vinde pois a Meu Templo, retornai portanto a Mim,Estou em vs e no Infnito, Sou Princpio e Sou Fim,De Minha Mente sois flhos, vs sereis sempre deuses,

    E, marchando para a Verdade, ruireis as vossas cruzes.No vos entregueis a mistrios, enigmas e rituais,Eu quero Verdade e Virtude, nada de ismos que tais,Que de Mim partem as Leis, e, quando nelas crescerdes,Em Meus Fatos crescereis, para Minhas Glrias terdes.

    Eu no Venho e no Vou, Eu sou o Eterno e o Presente,Sempre Fui e Serei, em vs, a Essncia Divina Patente,A vossa presena em Mim, e Quero-a plena e crescida,Acima de simulacros, glorifcando em Mim a Eterna Vida.

    Abandonando os atrasados e mrbidos encaminhamentos,Que lembram tempos idlatras e paganismos poeirentos,Buscai a Mim no Templo Interior, em Virtude e Verdade,E unidos a Mim tereis, em Mim, a Glria e a Liberdade.

    Sempre Fui, Sou e Serei em vs a Fonte de Clemncia,Aguardando a vossa Santidade, na Integral Conscincia,Pois no quero ormas e babugens, mas flhos conscientes,Filhos colaboradores Meus, pela Unio de Nossas Mentes.

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    NDICE

    INTRODUO ....................................................................................... 10O SAGRADO LIVRO DA VIDA .......................................................... 20

    NOVA FAMLIA ..................................................................................... 24AGILDO, GAMA E SOFIA.................................................................... 30AGILDO FAZ UM CONVITE .............................................................. 34UMA DESCIDA TERRA ...................................................................38VIAJANDO PELOS ABISMOS ............................................................. 46REGRESSANDO ..................................................................................... 50O REVERSO DA MEDALHA ..............................................................56ENTRE IRMOS ENCARNADOS ...................................................... 62CONFORME O DITO, ASSIM O FEITO............................................ 66

    A CAMINHO DO CU ......................................................................... 70NO DIA SEGUINTE...............................................................................80AO RS DO CHO ................................................................................86TRINTA DIAS DEPOIS ......................................................................... 94ESPECIFICANDO .................................................................................. 98VISO DO SENHOR ........................................................................... 108AO RS DA CROSTA...........................................................................114NA TRILHA BENDITA .......................................................................120JASMIM EM CENA .............................................................................. 124

    UMA DOUTRINAO MAIS ...........................................................130H QUE SER DECENTE ....................................................................138MARCANTE VINCULAO VIBRATRIA .................................146AS PORTAS DO MUNDO FSICO.................................................... 156JUSTIFICATIVA? .................................................................................. 160

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    INTRODUO

    uem vive na carne, como homem educado emmoldes espirituais dogmticos, nunca poderiasupor, fossem as condies de vida no mundoespiritual, to a par com as condies humanas.

    Imaginar, seja no cu, no inferno ou no purgatrio correspon-de, para o encarnado em tais tons instrudo, a qualquer coisamuito diferente, estado de estar extremamente incorpreo,condio de estar totalmente inversa da vida nos quadrosda carne. Para o cu ou para o inferno, contanto se fale nops-morte, arranja-se logo a idia de lugar especial, de habi-

    tat excntrico. No pode ser que a mente humana funcioneem igualdade de idealizao, de concepo, desde tenha quepronunciar-se a respeito daquilo que tenha de ser e aconte-cer para depois da cancelagem do meio carnal.

    H que ser diferente! Gritaria a razo humana.Mas, porque um advrbio j suciente para por o mun-

    do mental humano em polvorosa, eis que existem verdadesque so como so, sem o beneplcito dessa mesma presu-mida senhora. E, ento, amigos, a coisa muda muito. E mudamuito porque em nada muda! Quando devia mudar-se, isto

    , quando devia tomar aquela feio por ns imaginada, edesejada, ainda que nas piores hipteses, eis que tudo con-tinua como dantes. Uma carne mais densa ca para trs? apenas sinal de que outra menos densa lhe estava espreita.Reclamava-lhe o posto, simplesmente. Tinha que ser. E todaa explicao. E para que mais explicao?

    Essa histria de explicar uma histria muito complica-da e cheia de tremendas incongruncias e responsabilidades.

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    Desde que o mundo mundo e talvez at consiga s-lo, gen-te haver falando em nome da autoridade, querendo ser o talque fala em seu nome. Mas, sobre as armativas humanas,precisamente por serem humanas, pairaro outras e outrasarmativas. Sobre isso, amigos, prero fazer silencioso res-peito. No por misticismo; mas por conscincia da mediocri-dade.

    Como posso rir dos mestres religiosos do mundo! Que nose limitam a dizer como Deus , mas querem viva foraimporem-lhe modo de ser e de conduta, em face dos pro-blemas de Moral e de Justia. Sofro em mim a dor de fa-zer pouco por mim mesmo, como cidado do mundo; mas,muito mais sofreria pelo prprio Deus, tivesse que ser Ele,como quisesse ou fosse do gosto do mais bem intencionadodos seus propagandistas entre as gentes. Cada um cr na suacrena; e se diz esclarecido a ponto de armar de ps juntos,ter de posse o retrato de Deus, com toda a congurao de

    Suas veleidades em geral.E a humanidade assim vive a ser orientada. Por ser igual o

    conduzido ao condutor, aquele que o conduz, eis que nadao mundo em mar sectrio, eis que temos os homens entre-gues ao culto do mais ferrenho esprito de facciosidade. Me-dram as seitas e com elas as estultices mais agravantes parao ps-morte da chamada criatura. Porque o homem que dei-xa o plano da carne empanturrado de idias exclusivistas, depretensos favoritismos da parte do Supremo Esprito, esse,

    s por isso, tem contra si o princpio de equilbrio que rege ouniverso em geral. Porque h uma LEI geral de equilbrio, que,fracionando-se ao innito, a tudo e todos abrange com o seutentculo. tolice exigir exclusivamente perante a SupremaJudicatura, por alegar preponderncia sectria ou mesmoreal conhecimento da VERDADE. E isso pelo simples fato deno se abalar ela pelo fanatismo de quem quer, nem pelosimples teorismo do seu mais arguto apologista.

    Que a VERDADE?

    A VERDADE que no a que salva, pois por ser sim-plesmente VERDADE no confere favor por aceitao terica,apenas. Ento, qual a VERDADE que liberta? A VERDADE queliberta aquela que o homem pratica, desde que em conso-nncia com aquela outra, a fundamental. Por isso, e simples-mente por isso, tanto melhor para aquele com quem esteja,

    em teoria e prtica decentes, a melhor verdade, a simplesverdade com v minsculo.

    Todavia, como facilmente se reconhece, o mundo est in-ado de religiosismos salvadores e absolvicionistas. Isso, po-rm, no impede que os tredais do espao se junquem cus-ta de seus adeptos. Como , ou como chega a ser ridcula aatitude daquele que deixa a carne mais densa, embebedadopela cantilena das sereias do milagrismo, dos favores sect-rios, dos conchavismos renitentes. Porque, assim o fornece-

    dor de bugigangas salvacionistas cessa a fala, a lei cclica ven-ce, colocando o ser imortal noutro continente vibratrio, j aLEI de equilbrio entra em funo, e especicamente, de den-tro para fora do mesmo ser, aquilatando segundo as obras,segundo as aes diuturnas no trato social, e no segundoos escapulrios com que se armou, pretendendo com issocolocar-se acima ou margem da mesma LEI.

    Tudo o que existe est embutido num princpio de CAUSAe EFEITO, que por isso mesmo signica universalidade. H queatender, portanto, para o tnus vibratrio interno, para o me-lhor em intensidade. E sem cuidar bem, por assim dizer, dascoisas do crebro e do corao, nada feito! O homem, pois, um ser inteligentizvel por natureza, por cuja razo subir naescala de si mesmo, no mbito das leis gerais de harmonia.Sem, porm, subir em PUREZA e SABEDORIA, ningum contecom cu algum! Os cerimoniais religiosos podem ser coisasdivertidas; menos, no entanto, libertadores de conscincias.

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    Instruir o crebro e sensibilizar o corao, eis a medida geral.Direis que teremos assim apenas o homem terico? No real. Ningum se torna rico de conhecimento e grande emsentimentos nobre, sem praticar tais valores; porque para sernobre no basta ter s vontade. Faz-se preciso saber e aplicar.O senso de nobreza instiga no sentido de cada vez mais emelhor aplicao. O homem veramente nobre no feliz na

    ociosidade, bem assim como sabe bem que, para cada vezmais e melhor poder ser til, tanto mais precisa saber. , pois,aquele que avana perenemente em busca de mais subidosvalores, quer de ordem moral, quer cientcos, na conscinciade que, para dar, para aplicar, preciso ter.

    E em que ddalos se perdeu ou se perde, aquele que viveuou vive, conante nas expresses salvacionistas concentra-das nos escapulrios seitistas? Sou uma testemunha dessafalta de lgica natural. Sim, de lgica natural, pois os inven-

    tos salvadores humanos no alcanam impressionar as leisde harmonia, em que se espraia pelo innito a LEI GERAL DEEQUILBRIO, a Lei de Deus, a quem o homem sempre procu-rou dar congurao idlatra e situao externa. A lgica defato, embora em rudimentos de expresso, no se confundeante a viso total; o pingo dgua no teme os sete mares,por serem entre si similares. A infusibilidade em valores ostorna unidade perfeita.

    E os escapulrios seitistas conseguem, assim, tornarem-seinfusos LEI GERAL DE EQUILBRIO? Os simulacros compra-dos aos homens ou aos credos conseguem forar o cu, porassim dizer? Em nome de que ginsticas adquiridas no mun-do pode um esprito reclamar gozos nos rinces da morte?No pode falar em nome dos sacramentismos exteriores,porque a Justia Suprema no precisa de testemunhos estra-nhos; e no adianta alegar a autoridade dos vendedores detais simulacros, porque eles mesmo nada podero alegar emdefesa prpria.

    Quando aleguei minha condio de padre de certa igreja,ouvi resposta assim:

    Muito embora ainda possam prevalecer as atenuantes de-correntes da falta de melhores conhecimentos, de saber-seque o simples fato de viver custa da Religio imoralidade.No procure, portanto, eximir-se de culpa. No ter o que di-zer, a m de pr-se melhor em face das insucincias ntimas.

    O melhor compenetrar-se do que lhe falta e fazer por con-quistar. O cu, como o salientou o Divino Mestre, de ordemntima. E para t-lo, no h outro recurso sem ser despert-lo.No acuse o quer seja; seria perder tempo. Ou quereria infor-mar ao Deus interno?

    gas, o meu instrutor, passou a sorrir, vendo-me perplexo.Eu nada entendia, em s razo, de tudo isso que muito doconhecimento dos espritas. Deus me era exterior e tudo seconseguia junto Dele, atravs prosternaes de toda ordem.

    Compreendia o valor dos atos decentes, mas como comple-mento s obrigaes seitistas ou s prticas sacramentais.Antes da Lei de Deus, importava estivesse o catecismo sec-trio. Acima das elevadas virtudes do esprito, deviam pairaros cnones eclesisticos. Assim, bem assim que tinha sidoeducado mentalmente. De pai e me recebi tais encomendas;e mais tarde foi isso que me inculcaram os mestres em teolo-gia. Anal, quem l, como deve ler? Quem ouve, como deveouvir? E quem se emprega o que deve fazer, como deve agir,sem ser dando el guarida aos encargos subestimados? Por

    isso mesmo, que tinha a fazer, sem ser sofrer toda e qualquerimpulsividade ablaqueante?

    E o bom gas, instrutor consciente, e que tambm haviavindo do mundo nas mesmas condies em que eu vim, enla-ando-me pela cintura, e muito mais pelo corao falou comserenidade:

    Ado, no julgue a Sabedoria Divina pelo que sabe. Essa

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    tolice ca bem l pelo mundo da carne e aqui nos nossosplanos inferiores de vida. Aqueles que se julgam donos ou deposse de toda a VERDADE, esses mesmos esto-se a indicarcomo alheios a ela, por isso mesmo pensarem sobre si mes-mos. De tanto pensar em um Deus margem da chamadaCriao, o homem se isola de si mesmo, marchando cata deformalismos exteriores, como sendo a regra para a conquista

    dos bens eternos. Deus, amigo Ado, ntimo a ns e a tudo.Ir bem ao Supremo Esprito, sem despertar os divinos dotesinternos, isso jamais ser possvel.

    E as aes de graa?!... balbuciei, movido pelo recalque.

    So muito vlidas desde que praticadas junto dos irmosem origens e destinos, em forma de auxlio de fato...

    Mas no nos ouvia Deus?!... tornei, angustiado, comoque a sentir que se me derretia sob os ps, a rigidez do ali-cerce mais bem construdo.

    Nada h para fazer ouvir fora meu amigo; tudo questode despertar dentro. To m a educao recebida, to infe-liz a doutrina levantada pelos homens no lugar da do Senhor,que ao ingressarmos neste plano de vida pretendemos, e atodo custo, que nos valha Deus espiritualmente, por aqui-lo com que nos beneciamos materialmente. Convm, pois,lembrar, que Deus ntimo e para falar-lhe de fato, s mesmopela linguagem do amor ao prximo. E para amar ao prxi-mo, amigo Ado, s mesmo cooperando em suas necessida-

    des evolutveis. Fazer dele, pela f que deposita num Supre-mo Senhor, motivo de explorao, isso imoralidade. Almde ser imoralidade truncamento do princpio inteligente.Pois no certo que nos zemos junto dele, intermediriosperante Deus? No entanto, que se pretende ao coloc-lodistante de Deus, seno viver custa de sua ignorncia? Ovendeiro, o quitandeiro, o dentista, no fazem negcio muitomais honesto?

    Mas assim nos ensinaram!... argumentei, sofrido.

    Sim, os homens... Deus, porm, no ensinou assim pelosseus arautos mais credenciados. Como pode car sabendobem, por confrontar, nada h em nossa igreja l do mundo,e que aqui vive intensamente nos planos inferiores, daquiloque o Divino Mestre viveu nas ruas, nas praas e nos deser-tos da Palestina. Enquanto Ele ltrou a Vontade de Deus, por

    sintonizao, e isto por despertar interno, que faz a nossaIgreja, sem ser que em Seu nome impe formalismos vose caros? Que h na nossa igreja que se parea com os donsintimamente despertos e aplicados pelo Mestre, no sentidode curar, de expelir maus espritos, de manter contato comos bons, enm, de tudo aquilo que fez e recomendou pros-seguissem os homens fazendo? Tudo, no Cristo, no foi exer-ccio contnuo no sentido de intercmbio com o mundo dosespritos? E no salientou sempre que o Pai Lhe era uno? Eno repetiu que o cu era ntimo ao homem? E no armousempre que Deus era Seu Pai e nosso Pai? E no reclamousempre um amor a Deus base de toda a inteligncia e detodo o corao? E no deixou como pedido mximo o amormximo entre irmos? E por vivermos ns custa dos irmos,por terem uma f, e por lhes impormos simulacros vos, po-demos dizer que somos mestres em as coisas do esprito?Falsicar os ensinos vividos por Jesus, custa de seus pode-res internos despertos, porventura Cristianismo?

    Estava eu aturdido. De fato, entre o que diz o Evangelho,

    que Jesus Cristo fez e pediu repetissem sempre que possvelos homens, e aquilo que fazia e fez a Igreja de quem eu eraservo el, toda a diferena existe. Rtulo no essncia. Falarem nome do bom vinho no garantia contra a venda dovinho falsicado. E contra os argumentos de gas, tinha a an-tepor que arrazoados? Quem me teria lanado nas dores deum pas onde vendavais aulavam a tudo e todos, de manh noite? Que poder me teria para ali arremetido, no seio da-

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    quela gentalha que vivia para blasfemar contra Deus e contratudo e todos? Teria sido a argumentao de gas, o seu libelocontra a Igreja? No, pois ele fora, apenas, um daqueles quecompunham a caravana libertadora. E a palavra usada foraa mais simples e irretorquvel, a mais el tradutora de umarealidade que ser eterna:

    Ado, levante-se em seu pensar, erga-se em seu sentir,

    porque chegou para voc a hora marcada pela Vontade So-berana de Deus, para que goze da paz, aquilo de que se fezmerecedor, por purgao j experimentada.

    E como tinha aprendido a blasfemar, tambm, respondi-lhe:

    Esse Deus, ento, para que faa alguma coisa precisoque eu lhe conra as vantagens? Ele no pode fazer, por Simesmo, independente de meus sofrimentos?

    Ado repetiu o mentor quem no est bem aqui por sua prpria conta. Na terra o fator misso pode colocaro inocente no pelourinho; aqui, isso no se d. E se dizemosque hora, porque a aferio se d no ntimo do ser, porre-equilbrio. A dor foi, como o fogo, retemperante. Todavia,Ado, se lhe no aprouver a conquista de melhor posto, da-qui nos iremos, prometendo voltar ao trmino de outro per-odo cclico-purgatorial. Porque ns somos trabalhadores doSenhor, no diretamente, mas por escala hierrquica. E assimque chegue a hora, de um direito qualquer ser garantido, mo-ve-se a mquina jurdica organizada, em favor de quem deve

    ser movida. Nunca, porm, a ponto de espesinhar vontades.O que se quer repercusso vibratria, auxlio ao, paraque com menos trabalho se tire mais proveito.

    Consultaram-me para me mandarem para esta terra degente bruta e ventanias incessantes? H quantos anos estouaqui?... Dezenas! Dezenas!...

    E a voz serena tornava a doutrinar:

    Ningum consultou sua vontade, porque sua vontadeestava expressa na organizao do seu carter. O homem la-vra em si sentena, pelas obras, em padro vibratrio que sefaz. O Judicirio Supremo deixa a cargo do prprio homem aformao do julgamento especco. Como se fez o ser, preci-samente assim se tem. Portanto, amigo Ado, no de Deusque vem libertao ou condenao para quem quer que seja.

    No homem esto os elementos de edicao e a vontade dep-los em funo, assim como um fazendeiro d ao trabalha-dor, que racional e dispe de rgos e vontade, ferramentae seara onde aplicar-se. O homem que pensa ganhar o cude favor, ou por comendas compradas ou vendidas, como otrabalhador que se dispensa da razo, dos rgos e da vonta-de, desprezando ainda, por cima, a ferramenta e a seara ondelavrar. Sofrer inanio, por certo, por auto insucincia.

    Fiz-lhe ver que no podia pensar bem, ao que ele argu-mentou, com sublime inexo de voz:

    E quem lhe pede para que perca tempo, amigo Ado,com delongas contra a Soberana Lei, que no pode ser falhapor ser interior a tudo e todos? Ns o estamos convidandoa sair daqui deste triste pas, sem exigir mais do que pensa-mento de respeito pelas coisas superiores da VIDA.

    E com eles sa andando, andando, mas andando pelo espa-o em fora, at me ver noutra terra, noutro pas, onde um solmuito lindo enfeitava uma exuberante natureza, e onde umagente muito amiga tornava a vida uma doce embalagem do

    Senhor. E foi ali que senti imensa necessidade de dormir. E mederam de tudo para fazer, tempo, casa, leito, livros, amizades,atenes, etc.

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    O SAGRADO LIVRO DA VIDA

    os livros dos homens esto incisos os erros e

    os acertos inerentes aos homens; no SAGRA-DO LIVRO DA VIDA esto as marcas do prprioDeus. Onde haja natureza h expresso de lei

    ordenante. E o homem pode estudar e car sabendo coisasque muito lhe valero. Porque as leis naturais, por nmasque sejam em grau de expoena, dizem respeito Harmo-nia do Todo. Isso mesmo no se d com o que de feiturahumana, em virtude de o homem s poder agir por fora deconcepo pessoal, concepo que, muitas vezes, enveredaaos abismos.

    Quando acordei, pois, a primeira coisa que z foi sondarna biblioteca uma obra que me interessasse. E vi uma cujottulo era: O MONISMO DIVINO E O HOMEM. Era um livri-nho pequenino, coisa de umas cento e vinte pginas, ape-nas. E em o tendo folheado s pressas, notei-lhe sentenasfortes, armando sempre e no cogitando jamais. Nada deargumentao hipottica; tudo cabalmente armado. O quesalientava era a necessidade de aprofundagem na matria,invaso pelos seus campos inndos de ser. Convidava ao sa-

    ber mais, para mais poder saber, para em mais sabendo tantomais poder ser til. Uma sentena dizia:Todo homem tem em si o cu e o caminho que a ele con-

    duz.Outra sentena dizia:Compreender isso, e fazer com que os semelhantes disso

    tenham conhecimento, e fazer que pelo caminho invadam oprprio cu, eis a Religio.

    C f d P d MO ld P lid

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    Ainda dizia uma outra:

    O mal das Religies distanciar o homem de Deus e docu interno, para que os seus padres se locupletem.

    Perdido no meio de um largo comentrio, eis um trechointeressante a que pude ler:

    O esprito individualizado uma fora da natureza; a na-

    tureza a parte manifesta de Deus. Logo, por natureza somosmanifestao divina e portadores de sagrados dotes ntimos.Como patentear tais dotes? Como despertar tais dons parai-los gozando? No h outro recurso sem ser o culto mais in-tensivo das virtudes crists. E Jesus Cristo no perdeu tempocom a feitura de atos superciais, tendo-se antes dedicadoao trabalho de ser til, humanamente bom, plantando-se aolado dos chaguentos, dos coxos, dos leprosos, dos cegos, doscomprimidos por espritos sofredores, dos perseguidos pelosmandes do mundo. O Cristo no acenou jamais a um cu

    que fosse conquistvel por meio de baboseiras formais, debajulagens rendosas. Para o Cristo, pois, o caminho do cu foio culto do mais sadio humanismo. No distraiu a quem quercom idolatrias estultas, com pseudos atos salvacionistas. Suavida inteira foi um modelo de delidade s pungentes neces-sidades da alma humana. No foi dizer aos rfos e s vi-vas, ou a qualquer outro sofrido do mundo, que comprandosacramentos ganhariam o cu ou remediariam a situao; oque fez foi dizer que a vitria estava era no conhecimento daVERDADE, pois tudo se d e passa por questo de CAUSA E

    EFEITO. Explicava com lgica irrefutvel e servia como irmo,metendo a mo nas chagas humanas. No entanto, em nomedo Cristo, que fazem os donos de credos? Falam no Cristo, in-ventam escapulrios, vivem custa da f do prximo, meten-do a mo no suor dos irmos. E que diremos da Revelao,da pedra sobre a qual edicou o Senhor o arcabouo doutri-nrio? Essa foi banida, do quarto sculo em diante, quandoo catolicismo se organizou sob o plio de Constantino, para

    que o culto do paganismo pudesse ter curso livre e os seuspadres mercado franco. Onde est, em tal Igreja, o culto da-queles dons medinicos de que Paulo faz fulgurante comen-trio, no captulo doze de sua primeira carta aos Corntios? Eo sistema de reunio, para culto desses dons intermedirios,exposto dois captulos adiante? E que direitos tinham paratruncarem assim a doutrina do Cristo em seu curso de espiri-

    tualizao da humanidade?Pouco adiante, lia-se tambm:

    Nunca, porm, a treva venceria a luz. A VERDADE jamaisseria banida eternamente pela mentira. E o Senhor ordena, nopresente, que os seus mensageiros falem aos homens peloconduto medinico, por aqueles dons e processo de reuniocitados por Paulo. Para tanto, preposto esprito encarnou, ar-rastando em aps de si legies de amigos e servos do BEM.Com as suas instrues e o trabalho das legies do Senhor, a

    VERDADE revolve ao mundo mental humano, preparando-opara os dias que ho de vir.

    Abaixo se lia, ainda:

    sabido que nos cus inferiores da terra, o nmero ele-vadssimo de humanidades palmilha sendas de ignorantismoe dores sem conta. Do mesmo modo, sabe-se que s peloconhecimento da VERDADE se obter a libertao de tais ir-mos. Compenetrado, pois, do imenso cabedal de recursosque o mediunismo signica, apela o Senhor, pelos Seus arau-

    tos, boa vontade de quantos queiram formar na coluna dosapstolos da renovao humana. Sem saber do melhor nin-gum mais responsvel. preciso o conhecimento para quea responsabilidade surja espontaneamente. E a nalidade doConsolador restaurado essa. Fazer conhecer para tornarresponsvel, e tornar responsvel, para que das obras repon-tem os gozos pela cooperao no servio de ascenso dasalmas irms.

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    Rematava o livro estas linhas:

    Nenhum ato, pois, mais religioso do que aquele quederiva de informar aos semelhantes sobre sua divinal origeme gloriosa nalidade, incutindo sempre que dos recursos in-ternos que a glria deve levantar-se. Todo e qualquer ato ditoou tido como religioso, desde que afastando o esprito de simesmo, de seus deveres de humanidade, para lembrar-lhe

    obrigaes de ordem externa, formais e idlatras, constituisuborno ao esprito do Evangelho, Doutrina do Cristo.

    Ao por, portanto, os ps para fora da porta, f-lo adverti-do sobre questo altamente sria. No fundo, porm, dizia amim mesmo que havia herdado longos anos de peregrinaopelos sulcos angustos do plano astral, custa de que, senodo que havia feito e ensinado no mundo? De duas uma ouos meus feitos eram falhos perante a VERDADE ou a DivinaJustia que falhava. E no tive dvidas em optar pelo mais

    justo.

    NOVA FAMLIA

    aos de sangue, laos intelectuais, laos morais etantos outros possveis liames unem os seres en-tre si, pessoal ou coletivamente. No seio daquelafamlia dei-me bem com todos, espontaneamente.

    s vezes me parecia que nossas idias iriam colidir; mas, comuma lgica de pasmar e bondade extrema, eis que punhamminhas idias contra o barranco. Doces anos vivi engastadono seio daquela famlia, cuja lembrana me traz ao coraosublime enlevo.

    Foi naquele ambiente de paz e suavidade crist, ondeaprendi que o pensar em ser mais e melhor que os outros,por ostentar ttulo outorgado por instituio humana, almde nada signicar como valor de fato, ainda acarreta sriacumplicidade em face das corrupes, mesmo agindo sin-ceramente, mesmo desconhecendo os porqus delituosos.Nenhum ttulo, nenhuma outorga humana, jamais garantira quem quer que seja o vir encontrar aqui garantia em postohierrquico superior.

    Faz uns trinta e cinco anos que fui liberto daquele pas deventos e humanidade torturantes. E j me encontrei, por cen-tenas de vezes, com criatura a quem pensei ter, no mundo,

    ensinado o caminho do Senhor, atravs os sortilgios, quedisso alm no vo, os formalismos igrejsticos do mundo. Ocerto , porm, que essa gente e pode mais do que eu, porsuperioridade evolutiva. Isso quer dizer, ento, que os igre-jismos do mundo, alm de nada fazerem pelos inferiores emhierarquia, por lhes atroar o poder pensante com os seusdogmas e acenos infernais, ainda se tornam caminho de cor-rupo para os mais evoludos!

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    A morte confunde os presumidos e exalta os simples decorao. Os proprietrios de religies perdem posses e ttu-los, porque em geral os prezam em demasia, os querem tor-nar instrumentos perante os quais o prprio Deus se curve.Como disse bem certo pensador, os religiosismos no que-rem fazer a Vontade de Deus, mas sim querem que Deus lhesfaa a criminosa vontade.

    Resumindo, h uma dolorosa verdade por confessar; quevimos para aqui com recalques tais, com lastros tais de pre-tensos direitos, que ao topar com a negao dos mesmos,nos damos mais rebeldia que ao reconhecimento do errovivido. Nas zonas infernais, onde o despotismo e o mal cam-peiam vontade, ttulos fazem-se respeitar e violentamente.As Igrejas do mundo carnal possuem aqui suas duplicatas te-mveis, seu sustentculo tremendo! Dentro das casas ondemercadejam a valer, e donde infundiram o erro s humani-dades, sofrem dolorosamente milhares de duendes clericais.

    Seguem a uns e outros, muitas vezes, surrupiando de uns eoutros udos retemperantes. Esfarrapados, sujos, seminus,legies deles acotovelam-se aos is encarnados, nem delonge sonhando com os postos gloriosos com que se julga-vam de direito, por fazerem da f dos semelhantes um meiode vida e instrumento de corrupo doutrinria.

    Enm, as prerrogativas do mundo aqui no prevalecem;todavia, por que no diz-lo? Elas deixam largo crdito nomundo, a bem de quem as conduza, quer em virtude da ig-

    norncia de uns, quer em vista do cinismo de outros. debom alvitre, porm, ningum se iluda com falsos apangios.Porque duro ter de enfrentar uma situao antpoda quelato profundamente cultivada, no mundo das fantasias inte-riores. E para el da balana tomemos este pensamento poraxioma:

    Boa religio todo o bem que se faa ao semelhante,indo mesmo ao sacrifcio, se possvel e necessrio for, mor-

    mente em se tratando de lhe amparar com todo o carinho,aos menores interesses de sua emancipao espiritual.

    Quem assim pensar, por certo que se no dar ao tris-te mister de fazer dos sentimentos destas do seu prximo,um meio de vida. Porque a Deus ningum iludiria, em Seunome fazendo mercancias; pode-se, porm, iludir muito bemaquele que tributando ao Supremo Poder uma obrigao de

    respeito, nos tome por autoridade intermediria. certo queesta autoridade innitamente discutvel, o quanto inni-tamente, deploravelmente oca de provas. Assim como o fei-ticeiro pode dar provas de suas artes, mas deixando de parteo sentido moral das mesmas, assim tambm o vendilho dequalquer templo ou credo, jamais poderia provar as vanta-gens de sua mercadoria. H uma vantagem imediata, querpara quem venda, quer para quem compre; quem vende re-cebe dinheiro e goza dos ttulos e veleidades decorrentes, equem compra se alivia por pouco na satisfao que o gesto

    tradicional e recalcado consigo traz. Mas, nem um e nem ou-tro podem falar em nome da Suprema Judicatura, da ltimaPalavra. A mercancia ca como um engodo entre partes entresi interessadas, enquanto o tempo de encarnao durar, en-quanto espesso vu encobrir a viso da realidade.

    Naqueles dias, pois, sentia o cu despertar dentro de mim.E quem o forava a tanto era a amizade daquela gente sim-ples e feliz, com quem passei a conviver. O tom hierrquicodo plano correspondia bem ao da terra, em certos pontos.

    Um deles, por exemplo, era o que concernia aos bens ne-cessrios mantenncia da vida fsica e indumentria. Outro,era o que dizia respeito aos divertimentos, pois, ao que noproduzisse, no se lhe permitia tomar parte em divertimentosorganizados. Como ser fcil identicar, o plano era de rela-tiva prova. E o ser ainda, pois que o deixei e no mais o quisver, de vez que, aos que l estimava, tambm outros rumosforam indicados.

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    Com certa soma de servios, determinados direitos empasseios e regalias que tais. Eis o retrato poltico-social-eco-nmico da regio. Quanto ao sistema governativo, experi-mentava-se ali o menos pessoal possvel. Comisses tcnicasorganizavam programas especcos; e um conselho admi-nistrativo aplicava-os. Pessoalismos no prevaleciam; isto ,prevaleciam o menos possvel. Para os diferentes ramos de

    aplicao tcnico-legislo-administrativa, indicados eram ele-mentos de reconhecido merecimento na matria. E a lei dosteros prevalecia para todos os efeitos, em matria de su-cesso. Onde quer houvesse necessidade de organizao deprograma, s elementos tcnicos eram indicados votao.E para a funo mxima, a executiva, tambm elementos ex-perimentados, principalmente do ponto de vista moral. Seteeram os presidentes, sendo que entre si dividiam equitativa-mente a presidncia em exerccio e tempo. Nunca faltava umconselho superiormente capaz, nunca poderia tornar-se um

    caso executivo em oportunidade de chicana partidria. Enca-rava-se o homem, sua honorabilidade e capacidade tcnica;o teor partidrio a ningum interessava.

    Economicamente, ningum acumulava, ningum tinha essedireito. E fcil saber-se que, onde todos trabalham, ondeningum acumula e onde no h advocacia administrativa,todos podem viver bem. O plano, pois, era verdadeiramentesmile da terra em certos pontos; economicamente, porm,no se via a um cidado como miservel e a outro como per-dulrio.

    Educao, instruo e aplicao do homem? Sempre lem-brando que todos eram iguais perante a Suprema Lei, emorigens e destinos. Mas a regra A CADA UM SEGUNDO ASSUAS OBRAS, jamais deixaria de intervir na vida pblica eprivada de todos os cidados da regio. E como nos planosfelizes, embora relativamente inferiores, o mrito reponta doser espontaneamente, com um nada de esforo, a qualquer

    seria dado subentender, o melhor por fazer e querer. De qual-quer forma, para efeito qualquer, educacional e administrati-vamente, tudo obedecia a um princpio isentar a formaomental do ser de toda e qualquer sabuja partidarista, sectriaou personalista.

    O complexo dos ngulos de viso, para todos os sentidosde aplicao do pensamento, no me deixa hoje confuso.

    Nos planos inferiores, experimentados so todos os sistemasimaginados ideais. A terra se perderia de vista, com relaoao que se passa por aqui, nas esferas onde o sentido de du-plicata paira em muito de par com aquilo que por a se co-nhece. O que aqui se repete, no que diz respeito ao que sejainferior ou superior, de muito suplanta ao que a se conhece.As intensidades daqui, no bem ou no mal e na amplido dosambientes, onde deixaria a terra? O que no difere, isso sim, a natureza do porqu, o m em vista, o mrito da ao, o relativismo da possibilidade. No faltam os que julgam isto

    como sendo a perfeio em todos os sentidos. Pois saibamque nada temos de perfeito em sentido algum; que somos,na soma dos planos e nos problemas por solver, acanhados,bem acanhados estudantes. Ningum, pois, despreze o tor-ro encarnacionista. Gente h por aqui, que em desencar-nando, em deixando um corpo no mundo das formas, outroem piores condies ganhou. E ningum ganhou um de fa-vor, difano, isento de obrigaes para com leis ambientais.Gradativo como a, assim aqui o problema da evoluo, doconhecimento, das lutas ascensionais.

    O esprito sempre um funcionrio, sendo um grau hie-rrquico ou um plano de trabalho, apenas condies exigidaspara o seu bem. Ningum mais na carne, por estar encar-nado, assim como menos ou mais o no ser, quem por aquiadeje. Basta cada qual se compenetre da funo, tomandomedidas para no falhar em virtude da possvel ou indiscu-tvel presso ambiental. De resto, a no ser nos excelsos pla-

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    nos, que os no conheo, infelizmente, por toda parte imperao princpio de causa e efeito. E quem fala nessa augusta re-gra, fala em tudo que diga respeito aos direitos, mas direitosrelativos aos deveres executados. E quem tem deveres, porcerto que os tem de maneira, circunstancial, isto , segun-do limites e possibilidades relativas. Eu s conheo, portanto,funcionrios, quer nos planos inferiores, quer naquele que

    posso relativamente chamar superiores. Nada poderia adian-tar sobre os extremos hierrquicos. E nem conheo quem opudesse fazer.

    AGILDO, GAMA E SOFIA

    gildo era o chefe de famlia. Gama, um seu lho

    na ltima encarnao. E Soa, uma excelentedona de casa. Esse triunvirato enchia minhalmade doces satisfaes familiares. Havia, tambm,

    uma jovem que vinha de quando em quando visitar os seuspais e irmos; era Ema, um esprito bem mais crescido em va-lores despertos. Esta, porque no sei, se me agurou algumde quem tinha eu vaga recordao. Assim a vi pela vez pri-meira, z por isso dizer-lhe. E o belo ser teceu sua explicao:

    De fato, o senhor me conhece; ministrou-me a extremauno quando deixei a carne. No se lembra?...

    Fiz todo o esforo possvel e nada consegui relembrar. No me lembro... Nem mesmo de seus pais... Creio que

    os anos passados nos lugares feios me embotaram a mem-ria...

    No se turbe em coisa alguma. convidou ela Faremosque um passado e laos profundos revolvam um vu que nosobscurece uns aos outros. Ns temos umas questes por re-solver... E o bom Deus, que sempre presente nos conferiros elementos necessrios. Demos apenas tempo ao tempo.H que atender para essa lgica irremovvel.

    Suas palavras me tornavam excelentemente conante. Suainuncia superior me alentava. L nos conns de mim mes-mo, porm, algum parecia perguntar:

    Quem lhe ministrou a extrema uno fui eu... Como queest assim, e eu venho das brumas, de um mundo onde shavia muito vento e gente nada escrupulosa?

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    Achei bom, porm, no discutir alto. Por vaidade ou o querfosse, preferi silenciar. Aquela jovem lcida, depois de sorririnteligentemente, perorou:

    No tenha receio de pensar como bem quiser, to altoquanto puder. Cada um de ns, aqui, ou j fez o mesmo oupoder vir a fazer. Somos, pois, bem irmos em tudo. E sobreter pretendido libertar a mim ou a muita gente custa das

    atitudes que tomou em certas ocasies, presumindo perdo-ar pecados ou salvar, disso tambm no faa conta... Anal,senhor Ado, no fez isso por primeiro e nem por ltimo.Muita gente faz isso ainda e julga-se certa, quer na terra, quernestas plagas da morte. Antes que melhor verdade ordeneas mentes para melhor destino, quanto disso ainda haver?Deixe-se, portanto, arrastar pelo aluvio da vida, pois est ga-rantido contra perigos bem menores, estando a ombrear-sepor estes stios. O pior j se foi... Basta queira ser sincero paraque melhores tons psquicos em si mesmo se manifestem.

    Escancare sua alma... No faa caso do seu orgulho... A sim-plicidade fora poderosa...

    E tal era o poder de inuenciao dela imanente, que lhedisse tudo o que pela alma dorida me rondava, como se foravrus perigoso. Fiz-lhe saber do que em mim se passava, comrelao aos direitos que julgava ter, pelos ofcios no mun-do esposados. E quando, por imprevidncia lhe quis contarum pouco daquele pas feio onde tantos anos arrastei-me,disse-me ela, ponderadamente:

    O que fazemos devemos fazer de fato. Acenar com pro-messas no convm, principalmente quando essas promes-sas, sobre pretensas prerrogativas espirituais, nos forram deimediato o bolso e o estmago, sem falar a outros respeitos.Cobrar caro por prometer apenas dura chantagem. No en-tanto, senhor Ado, prometeu e cobrou no momento, en-quanto os crentes em suas armaes, com nada saam desua presena. Que direito tinha de fazer isso? No alegue a

    tradio e nem a sua prpria crena, porque a Justia Divinanada tem com isso. Ns somos emanao divina e trilhamosa senda do progresso; ningum, por alegar a tradio ou oquer seja, aliena-se ao dever de melhorar sempre, de forarsempre no sentido do mais puro e do mais verdadeiro. Cle-ros, estatutos e rotinas, senhor Ado, so coisas do homem.

    Nunca julgaria ser a coisa desse modo.. confessei-lhe,

    compungido, por relembrar tristes aes. No entanto emendou ela basta queira ser igual aos

    outros para que venha a sentir-se cada vez melhor... No prefervel ser verdadeiro a ser alhado de estatutos huma-nos? No melhor car bem na ordem das leis de causa eefeito, do que julgar-se amparado por favoritismos e espe-cialismos? No mais digno tomar parte consciente na leide origem e destino comuns, do que pretender encontrar emDeus guarida para precedentes indecorosos? Que seria dos

    pequeninos se a atoarda dos religiosismos valesse mais doque a Sabedoria Divina? Ou devemos querer que a SoberanaVontade do Todo perca para o nosso rastejante sectarismo?

    Singulares radiaes a envolviam, talvez por estar falandoto sinceramente a respeito de assunto to sublime. E notan-do o meu cansao, convidou-me a sair um pouco, em passeiopela interessante cidade. Deixando os seus, acompanhou-mepor longo tempo, conversando sobre coisas de sua regio.Depois, despedindo-se, foi sumindo nos conns de um cu,que tambm era como o da terra, embora mais vivo o azul e

    mais sonhadora a distncia.

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    AGILDO FAZ UM CONVITE

    oisa realmente de estranhar o que se passa com

    os planos errticos, com as inmeras duplicatasetreas da terra. Porque ltram a prpria vida dacrosta, embora variando tenuemente os tons, do

    muito mais denso ao muito mais sublimado. O que se pas-sa nas zonas ou gamas internas para ser alcunhado entrehorrvel e hediondo. E vem ganhando o exterior, alcanandoa esfera dos encarnados, atravessando-a, ultrapassando-a,bifurcando-se innito em fora, numa projeo indizvel rumoaos celestes empreos. Mas, cada zona ou faixa tem suas r-gidas condies, marcantemente o que . Particularmen-

    te, o que h um especismo real e inviolvel. Em qualquerparte o homem vive como se preparou para viver, colhendona rvore da vida, assim como sua estatura lhe facilite podercolher.

    Quando tivemos de abandonar, de ordem superior, aquelaregio, onde recebi as primeiras instrues sobre a vida es-piritual consciente, gas, por razes de ordem tcnica e tam-bm efetivas, veio para o crculo da famlia Agildo, de quemem vida remota fora familiar. Juntos, pois, quase sempre, e custa de suas experimentadas opinies, fui formando o meu

    cabedal de pontos, de conhecimentos.E foi sempre por convites a mim extensivos, por um ou ou-tro deles feitos, que tive de enfrentar a mim mesmo, em as-saltos impressionantes que certos dolorosos acontecimentoscontra mim, arremetiam, em forma de impresses e psicosesdoentias. Criei, pois, em mim, por experincia prpria, campovasto para as mais intensas utuaes de ordem psquica. Porm, estava curtindo como convinha.

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    Certo dia, portanto, tive que atender a novo convite.

    E em face do convite a mim estendido por Agildo, tive queidenticar-me com essa realidade, logo nos primeiros mo-mentos de minha entrada para a sua adorvel famlia. Porquefomos encontrar legies de crentes de toda ordem, enxame-ando pelos vales inferiores. E por vales, alguns deles bem t-tricos. E por que estavam ali? No eram, em tempos, fregue-

    ses certos na banca de comrcio dos seus intermedirios?Quantos sacramentos haveriam sorvido, nos templos de todaordem, que medram pelo mundo? Sob quantos nomes nohaveriam apelado para o mesmo Deus?

    Todavia, eles mesmos eram prova de que nas prticas hu-manas haviam falhado, do mesmo modo como eu zera. Bemavisou o Mestre, de que gritar Senhor! Senhor!, na ltimahora, de nada valeria. Obras! Obras! Tal o caminho do cu.

    Voc habitou por alguns anos em zona astral inferior

    disse-me Agildo, em conversa prolongada que tivemos masno viu e nem sabe coisas de lugares muitas vezes mais tris-tes. Nem mesmo sabe de coisas que se passam no cu ter-rcola, por entre a vida cotidiana dos que palmilham a carnemais densa. Leu, no verdade, que Jesus passou pelo mun-do expelindo maus espritos?

    O Evangelho eterna prova disso!...

    Pois bem, amigo Ado. Vou faz-lo ver de perto essascoisas. Faremos uma aterrisagem a nosso talante por entre

    os embutidos na carne. E voc ir ver o que a humanidadeencarnada, em nmero, com relao desencarnada que lhevive de par, disputando um lugar no espao. Principalmente,quero que entre para dentro de alguns templos religiosos,vericando bem o que ocultam eles, para alm dos olhos ba-os da humanidade que os procura, julgando que Deus aliesteja trancaado.

    Ser uma viagem feliz!... De felizes aprendizados... con-siderei.

    Verdadeiramente comentou Agildo tudo o que sedeve fazer aprender e por em execuo.

    E o convite cou para ser vivido dois dias depois, quan-do Ema tambm dele pudesse ser partcipe. Com isso muitomais me alegrei, porque Ema era um esprito de uma perspi-cuidade notvel.

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    UMA DESCIDA TERRA

    uando da viagem em realizao, uma vez tor-

    nados ns mais identicveis com a atmosferada crosta, sulcamos como qualquer transeunteo cho cimentado de uma bela cidade. De cho-

    fre, em verdade, no se pode distinguir bem uma de outrahumanidade. Os sem-carne perambulam pressurosos uns, va-gueantes, outros falando sozinhos, outros disputando luga-res em bondes e outros veculos outros, assim mesmo comoo fazem os com-carne. Coisas piores fazem, ainda, exaurindoalguns encarnados, como verdadeiros vampiros. A densidadedos alimentos e do ar respirado ao natural, confere ao en-carnado uma intensidade enorme no mecanismo da emissodo udo animal eletromagnetizado. Um corpo fsico denso,pois, uma usina conversvel, transforma valores condensa-dos em elementos udicos que se esvaem perenemente. Ecertos agentes do mundo astral se aproveitam disso, quandopodem, ou quando leis crmicas assim lhes permitem.

    base de porcentagem, o plano da carne mais habitadopelos sem-carne, por assim dizer. Porque, anal, todos pos-suem carne, seja em proporo a mais variada. preciso por

    muita ateno para bem distinguir entre uns e outros. E taissem-carne existem, em condies tais de brutalidade, quequer dizer animalidade, que parece impossvel os no vejaqualquer olho encarnado. E quantas vezes um com-carne fazou tece queixas, sendo que repete apenas aquilo que vive alamuriar o sem-carne que o segue, muita vez em sua garupa,fazendo-o montaria.

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    Visto deste lado, portanto, o painel crostfero enormecampo para as mais profundas anlises antropolgicas; masuma antropologia transcendente, espiritual, e no como es-soutra, respeitvel sim, mas recalcada de chaves incuos,apenasmente escolsticos.

    Tambm, quem lhes pediria mais?

    Em penetrando recinto templrio frequentadssimo, cal-

    culamos ser de setenta ou mais por cento constituda a as-sistncia de desencarnados. Assim como deviam ter feito nacarne, assim como o faziam os com-carne, assim mesmo re-petiam eles, os sem-carne.

    E depois vo para as suas zonas astrais? indaguei.

    Qual nada! Vivem na duplicata do mundo carnal. Fazemtudo quanto faz o encarnado, tudinho, sem perderem nada.Como se educaram, ou como foram educados, assim se tem,assim so, assim vivem elucidou-me Ema.

    Sabem de seus estados?

    Esse problema complexo. A maioria no sabe. Dos pou-cos que sabero, por nada mais conseguirem que saber, -cam como esto. Vegetam perenemente pelas vielas de ummundo religioso que vale por um beco sem sada. Quando osencarnados vm, tambm vm eles. Quando vo, eles vo-setambm. Eis ao que chamam viver, eis a rotina inglria emperfeita funo.

    Isso doloroso!... considerei, francamente penalizado.

    O doloroso est para depois do espetculo... interveioAgildo, calmamente.

    E ante minha muda inquirio, prosseguiu:

    Espere por um pouco.

    De fato, em vendo como certos irmos da carne identi-cam-se, em sentimentos, com o ato religioso, tem-se a idia

    de que tais atos representam alguma coisa de vantagem emmatria religiosa. Tudo ca adstrito, porm ao saber certose a chamada criatura quem d de si ou se a religioquem de si confere valores. Cumpre no confundir entre daralguma coisa e explorar alguma coisa. Quando se pensa quese est dando oportunidades de religiosidade, em verdade,pode-se estar a explorar a religiosidade. E a situao mudade cem por cento. Isso o que se nota daqui, ao se encarar opanorama religioso do ngulo de vista formalstico. O crented tudo, paga por tudo, sustenta tudo, porque ele quemtudo faz custa de sua f, dos seus sentimentos. E o pseudointermedirio, o que passa por ministro de Deus, nada maisfaz que banquetear-se sua custa. A diferena, repito, cempor cento contra aquele que se julga melhor credenciado.No explora apenas a boa f; pela boa f explora tudo o quelhe constitua decorrncia.

    E o povo, de qualquer forma, deixou o templo. Assistiu a

    um ato formal, sem sentido progressivo, sem esclarecimentoalgum, sem nada cogitar dos problemas da vida e nem damorte. E o templo cou ainda regorgitante de gente! Gentevestida de hbitos vrios, identicando-se com ordens vrias.Gente que surgia de todas as portas, sarcsticos uns, ci-dos outros, mais limpos, outros mais sujos, menos embua-dos que outros tantos, etc. Ao cabo de minutos, o sacerdoteociante veio para a nave do templo, estando inconscienteda turba que o rodeava para alm das vistas. Uns diziam-lheumas coisas. E ele, claro, no podia dar resposta. Outros per-

    guntavam-lhe outras coisas, ferinas, mas tambm cavamperdidas no mutismo. E a chacota campeava solta, por par-te daquela gente um dia presumida, que por via da mesmapresuno, julgava-se agora premida pela justia do Senhor.Justia Suprema, que tens Tu com a Peanha dos homens,sem ser que aguardas dos mesmos reconhecimento internodas faltas cometidas?

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    Colocando-nos alm do ponto vibratrio que nos tornariavisveis, fomos de bem junto apreciar a alma, por assim dizer,do proco. Era um homem de bem, sem dvida, pois a sin-ceridade transpirava simplesmente de todo o seu ser. Maistarde, seria mais uma vtima de falsa concepo? Talvez no.O seu reexivo revelava o homem exclusivista, sectrio e an-gusto; mas, tambm, muito amigo dos pobres, dos doentes edos infelizes em geral. No parecia conar nas pseudo vanta-gens do eclesiasta puro e simples. As lies do Divino Mestrefalavam-lhe alma sincera. Em se olhando para o reexivo,notava-se a imanncia de uma imagem. E era a do Cristo vi-sitando os casebres, curando os enfermos, chorando com osque choravam... Essa viso do Cristo, ele a mentalizava decontnuo.

    E parece que isso o isolava de certas nocivas inuncias. Por-que alguns daqueles padres, alguns superiores, olhavam-nocom m f, capciosamente.

    E que espera essa gente toda? perguntei, vivamenteinteressado, fazendo um clculo sobre como poderiam tomardestino condigno.

    Outro problema complexo. tornou Ema Sabe bemque o ser tangido por leis gerais enquanto ronda os pla-nos inferiores da vida; mas que se vai tornando auto-senhordo prprio destino, auto-construtor, com a entrada cada vezmais denida no reino hominal, no plano da inteligncia. Hque atender, portanto, para o fator direo pessoal. Ns vi-

    vemos em marcha perene para um estado de estar ou outro,atravs o nosso proceder. Dentre esses, portanto, os mais po-derosos reticaro o modo de pensar e agir, subentendendoque se h falha no da parte da Justia Divina. Os outros, osteimosos, os que se julgam com toda a verdade e mais sobrasde razo, esses estaro, inconscientemente, enveredando pe-los caminhos mais trevosos da subcrosta. Creio que j lhecontamos sobre o que se passa no bojo da terra, pois no?

    Sim, de um modo geral. redargi Espero, porm, po-der constatar o que de fato ocorre em tais esferas da vida.To gentis tm sido para comigo, que me aano ho de mefacilitar instrutiva sondagem. Demais, sinto em mim incon-tido desejo de saber. O empirismo de outrora se me agurainfantilidade criminosa. Pois se tudo isto que hoje vejo partedo existente, e se faculdades nos permitem ver, estudar, sentire viver tais verdades, ou tais emanaes da VERDADE, porquetemer constitua esse desejo de saber, uma heresia contra aprpria VERDADE? Percebo, o quanto esto erradas as velhasconcepes religiosas!

    Pode dizer o que bem queira, Ado, em torno aos temo-res supersticiosos com que no mundo certos credos aureo-lam a idia de Deus e Seus domnios. O de que precisamos,em torno da VERDADE, de armar-nos de bons conhecimen-tos. Compreender e executar bem, eis o que quer Deus. Omais ca por conta daquilo que constitua o interesse munda-

    no dos donos de credos. E a os tem. Veja-os bem. Uns cogi-taram do econmico, outros de outros menos sadios ainda,pois abusaram da virtude, em vrios sentidos.

    E os bons padres?... quis eu saber, pois os h.

    Os humanitrios? inteirou-se Agildo.

    Sim, pois conheci padres como esse, que viviam para a fe no da f.

    E os cticos que ganham alturas, por que o ser? Nesse

    caso, como est contido no mecanismo da questo, a van-tagem do humanitarismo e no do religiosismo. Demais,como sabe que trabalhamos nos meandros do Consoladorrestaurado, deve saber que aqueles que nele aplicam-se navida, em crena apenas terica, tambm e s por isso, nadaobtm de vantagens. O cu reclama despertar interno emPUREZA e SABEDORIA, e no em empirismos tericos. Quan-to ao mais, esteja certo, est no programa uma sortida aos

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    planos inferiores, onde muito ir aprender, para mais tardepoder empregar em servios teis.

    grato saber isso... Muito grato... comentei, enquantominha mente se distendia ao longo de respeitosas considera-es, pela Direo Intelectual do Planeta, cujo cetro repousana gura divinizada de Jesus Cristo.

    E como me visse Ema entregue meditao, em se che-

    gando mais, falou com a ternura que lhe era costumeira: -nos grato, tambm, hospedar irmos desejosos de re-

    cuperao. Meu pai um chefe de famlia, como milharesde outros nos cus inferiores, que precisam alojar hspedesem trnsito para melhores postos. Todo o ser precisa de umambiente familiar, para poder desempenhar-se bem nos ser-vios de edicao fundamental. Quem no conta com umabase slida tem suas possibilidades atroadas. E o meu pai,como j disse, faz isso por gosto e funo. Quase sempre, eu

    mesma que lhe arranjo os hspedes. Busco, em geral, cria-turas de certo modo ans, para que uns e outros sintam-sesatisfeitos e ganhem com a transao.

    Considerava, tambm falei-lhe o que lhes devo comofuncionrios do Senhor. No so apenas iguais em tudo... Somestres em alguma coisa. Quero saibam o quanto me sintodesvanecido por tudo o que tm feito por mim.

    Outros tambm zeram o mesmo por mim atalhou comsimplicidade Agildo.

    Tambm hei de querer fazer isso um dia, quando tenhauma oportunidade, um lar feliz numa zona qualquer.

    No seu quarto cabe mais um... Porque no arranja umirmo precisante? emendou Ema, olhando bem para a mi-nha indumentria de padre, como a dizer que devia lavrar emseara prpria, assim julgasse oportuno.

    exato... murmurei, considerando a extenso da oferta.

    E o lar j o tem, claro anuiu Agildo, apanhando-mepelo brao.

    Obrigado!... Muito obrigado!... pude dizer, comovidoante tanta bondade.

    Vamo-nos, que amanh iremos para outros lugares. Essapradaria cuida muito de suas importncias, sendo preciso queo tempo faa sua parte, antes que possamos iniciar cultura.

    So como as terras cidas; carecem de fosfatos. O tempo e ador faro o devido, no h dvida.

    Atendendo ao convite de Agildo, partimos para a nossaesfera. Estava minha retentiva enriquecida de mais coisas douniverso. E entre mim considerava no choque conceptivo,pois para a minha f de padre, o homem devia cuidar so-mente daquilo que convm aos donos da Igreja, cando orestante por conta do mistrio e do milagre. Agora, em facede tantas evidncias em contrrio, sabia que cada um devia

    preparar para si um posto, custa de conhecer e proceder,de saber e aplicar. No havia dvida alguma; seriam precisosbons esforos pessoais, conhecimento de fato, prticas de es-col. E confrontando o que via e aprendia agora, com as liesdo Evangelho, notava que Jesus, de fato, no perdeu tempoem se fazer um sacerdote ofertante de carne assada, nem deoutras coisas formais ou idlatras quaisquer. Foi antes, lidarcara a cara com o realismo da vida, procurando o homem emsi mesmo, e no homem o cu por despertar, fosse esse ho-mem encarnado ou desencarnado. A vida de Jesus foi o mais

    frisante exemplo de contato entre os dois planos. E aquelesque, como eu, zeram e fazem do Cristianismo um meio devida, que ensinam? Do bobagens, vendem formalidades, ne-gam a presena dos espritos! Trucidam o Cristianismo emnome do Cristianismo! Querem ser autoridade num assun-to que ignoram totalmente. E em nome da autoridade quede fato no possuem, pretendem impor condies prpriaVERDADE! Que diria eu se em vida me falassem do que havia

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    visto, daquilo de que est inado o mundo templrio? Lana-ria antemas, diria ser coisa do diabo. Por muito menos, emverdade, z pior. Fui um dos grandes adversrios do Espiritis-mo nascente... Momentos houve que julguei t-lo derribado,com minhas argumentaes. E me acreditava amparado noLivro Sagrado. To viciado estava na corrupo, que s podiaentend-lo de um modo.

    VIAJANDO PELOS ABISMOS

    egundo o programado na vspera, bem ao alvorecer

    do dia, partimos rumo aos interiores do Planeta s-lido. E este globo, aparentemente to rijo, em nadanos opunha obstculo. Tudo, verdadeiramente, ex-

    cessivamente poroso. Assim como se pode ver no homem aoser essencialmente espiritual, a chispa brilhante, assim tam-bm podemos ver a terra transcendente, ou o perisprito daterra. As camadas sedimentares nada mais so que refolhosdo seu duplo etreo, segundo clculo e dadas as condiescomo se acham dispostas. Assim como as clulas do homemrepousam nas do seu corpo perispirital, assim acontece entre

    as gamas slidas da terra e as suas zonas igualmente perispi-ritais, as duplicatas udicas.

    E quem quiser dizer em contrrio, que o faa. Ningumest aqui pretendendo catequizar. O tempo e a vida, o quezeram comigo, por certo que faro com os meus irmos queainda relutam, em vista do brutalismo que os tolhe para aspenetraes mais interessantes. Porm, de tudo aguarde-sea hora, que ela indeclinavelmente vir. E o fanatismo angustose derreter, pois que o meu, de muito no mais existe, gra-

    as a Deus! Mas um Deus Todo Presente, de que sou partee innitesimal representao. Um Deus que a profundezatotal em tudo e todos, de quem a JUSTIA no se faz ras-tejante, no se curva aos maneios nauseantes de pretensosministros. Sim, um Deus que o todo e a parte, porque o queexiste ser sempre manifestao Sua, seja l pela razo ouforma que for. Um Deus que no cria e nem descria, por serem si tudo, em ESSNCIA PRIMEIRA. E se digo ESSNCIA,

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    porque no encontro termo outro, que se aproxime sequer,para denir o indenvel, uma vez que o termo ESPRITO sofrea presso do conceito individualstico, do antropomorsmodegradante. No, pois Deus impessoal.

    Singramos, pois, o ter csmico, numa gama ou tom vi-bratrio que nos facilitava estar acima das contingncias am-bientais chocantes, aberrantes, ttricas. Vimos vales e montes,

    plancies e serras, mares e rios, matagais e regatos, desertosridos e vulces; tudo enm, como na crosta se observa, masem densidades outras, como se fossem, como de fato eram eso, duplicatas grosseiras da prpria crosta. Assim, portanto,como para fora vo-se sublimando as gamas ou zonas, assimmesmo para dentro, por assim dizer, vo-se materializando.H, porm, na profundeza de tudo o IDEAL em ESSNCIA, e,com isso, tons innitos de manifestao. Pois ns zemos,por determinao superior e faculdades despertas, um comocontrato com uma gama ou tom vibratrio, pelo que nos pu-

    semos acima das tristes contingncias ambientais. Atravessara terra em todos os sentidos o que h de mais comum paraum esprito que possa e queira.

    E que h por esses pases?H gente vivendo a seu modo e condio. Rastejando e

    pior que isso! Civilizaes mortais a vivem ou prosseguemvivendo! Dspotas de toda ordem estabeleceram seus do-mnios por a! Mandalhes chicanistas, donos de igrejismos,todas as coortes nefandas do mundo, diramos, tm nessespases as suas sedes de sustentao! Deus negado e invo-cado, comprado e vendido, adorado e blasfemado, tal qualcomo na crosta e em esferas exteriores prximas. Mas umDeus antropomrco, um Deus dspota, o mesmo Deus dosreligiosos da terra. O Deus VIDA, AMOR E JUSTIA, funda-mento em base de VIRTUDES, esse Deus no conhecido enem cultivado.

    Seres horripilantes dominam legies. Bilhes de infelizes

    seguem a orientao de ttricos caracteres. E no vm tonada crosta porque no podem vencer as intensidades vibrat-rias. O especismo vibratrio parede; barreira instranspo-nvel!

    No entanto, para a terra viver o seu drama oculto, o dramapungente dos desencarnados em procisso pelas vielas domediocrismo intelecto-moral, no preciso que subam ou-

    tros mais infelizes ainda, de suas moradas infernais. Basta oque fazem os religiosismos do mundo, afastando o homemda RELIGIO, do conhecimento da VERDADE que livra, na ex-presso augusta de Jesus Cristo. Sim, pois sem o conheci-mento do Deus AMOR, do Deus CINCIA, em resumo todoVERDADE, como poder o homem em si mesmo libertar-sedo jugo do que em si mesmo retrgrado? Apelando paraum Deus exterior, como compreender a grandeza das virtu-des internas por despertar? Os igrejismos formalsticos, fa-randuleiros, botequineiros do mundo, nada mais fazem que

    separar o homem de si mesmo, para o poderem separar deDeus e tornarem-No, assim, material de explorao fcil.No sou contra religio alguma! Sou contra a corrupo

    que lavra o mundo, em nome da religio. As religies noensinam a compreender e a amar a Deus; o que fazem, cadaqual faz, inventar modo prprio de compra e venda. Quan-do isso no faz um credo, ento, em lugar de fazer enten-der ser o homem a imagem e semelhana de Deus, em ES -SNCIA, procura incutir o inverso, fazendo de Deus, aquiloque o seu ignorantismo queira. Por que, pensando o homem

    rasteiramente, simiescamente, pretende impor a Deus estaou aquela condio? E onde se conhece a insensatez do ho-mem? No angustismo sectrio, nos exclusivismos em geral,nas particularizaes da VERDADE a seu modo e caprichosfanticos. Basta isto que o homem ainda serve para ser fa-ntico! E quem serve para isso, distingue-se pelo inferiorismohierrquico. E quem na terra inferior, sendo a terra um pas

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    csmico de ordem medocre, como pode classicar o que em si mesmo INFINITO? Quanto menos universal o homemfor, tanto mais tacanho! Eis a regra bsica. No universalismo,porm, tambm h lugar para os estrabismos. O taradismocampeia por todas as sries de tons fenomnicos. H o uni-versalismo dos tarados, sem esprito monstico, sem DEUS esem ORDEM, sem JUSTIA, sem compreenso e sem HAR-MONIA. o universalismo do homem animal, cuja congura-o cosmognica se reduz anatomia do seu bolso, do seuestmago e dos seus instintos inferiores. Existem dois univer-salismos extremos, e, entre eles, tons ou matizes inndos. preciso cautela. Despertar-se para os melhores conhecimen-tos, para poder-se aplicar de modo cada vez mais humanit-rio, mais decente, eis a prova que no falha. Por isso mesmoque, ao ndar o Cristo a Sua carreira na vida da carne, comochave de ouro, usou a mxima suprema, sem a qual nada valecrer ou saber sobre Deus AMAI-VOS UNS AOS OUTROS.

    E como instrumento discernidor, pois sem compreensono h responsabilidade, lembrou o seguinte raciocnio, sim-ples, fcil, ao alcance de qualquer mente NO FAAIS AOSOUTROS, AQUILO QUE NO QUEREREIS VOS FIZESSEM.Porque no haver jamais dispositivo judicirio algum nomundo, que suplante a esse, a essa regra natural de soberanamoralidade social.

    Que vimos, pois, nos tredos pases subcrostianos?Vimos os inimigos da regra supra citada! Nada mais. Quem

    ama se sublima, assim mesmo como quem deseja o que in-ferior se entorpece, se brutaliza. O amor infunde angelitude;o dio fabrica monstros! O amor projeta aos cus etreos; odio chumba aos lodaais, aos abrazadores pases da sub-crosta. Os que muito amam brilham em fulguraes argen-tinas indenveis, sendo que os que odeiam e desejam mscoisas, revolvem em si as formas j vividas nos reinos inferio-res, tornando-se monstros horripilantes, fauciosos e sdicos.

    REGRESSANDO

    uando de volta ao domiclio, sentia-me asse-

    nhoreado de valorosos elementos em conhe-cimento. Digamos como a coisa . Na terra,pelo menos no credo que esposei e de modo

    protente, julga-se que em face do cu basta uma atitudeterico-contemplativa, uma vez que tudo cinge-se a gestose formalismos subservientes. Aqui, depois de um curso pr-tico pelos rinces da dor, e outro intelectual, e outro moral,e outro aplicado, sente-se a presso tremenda exercida pelofator ignorncia sobre o indivduo. A boa vontade s boavontade. fator respeitvel, mas, nada alm de boa vontade.

    E por isso que miradas de seres vivem se comunicando, portodas as medidas e tons de canaletas medinicas, nem porisso deixando de ser realidade, que noventa e nove por centodo que dizem, no vai alm do medocre, daquilo que cariabem na boca de qualquer encarnado de educao culturalbem inferior.

    Que lhes falta? Falta-lhes a viso da realidade, daquilo emque, graas ao Supremo Poder, se expande a vida em suastremendas realidades ingnitas. Os religiosismos do mundo,

    a respeito do cu, s ensinam a diminuir! E a operao maissingela, por aqui, multiplicar por muito e muito! Eis, por-tanto, que o candidato a morto, em alguns credos formado, antes de tudo preposto aos pores da atividade. Precisamrecomear de novo e custosamente, por falta de fora de em-balagem. E disso devem estar cientes todos aqueles que as-sistem a sesses de Espiritismo. Quase tudo ramerro, cpiarasa do linguajar dos planos da carne. No quer que pense, no

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    di f i d j d f i d l d d i

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    quer que diga, nota-se aumento em f mstica, em desejosde utilidade; mas a pobreza dos conceitos, como a curteza deviso e a carncia de concepes elevadas, patenteiam-se atodo instante. Noto isso em mim mesmo; por que, pois, nodiz-lo? Confessar tal verdade seria crime?

    Ambrsio, o vosso j conhecido amigo, estava presentequando chegamos, de volta. Tinha feito, por razes do servi-

    o, amizade com esta bela famlia. Assim apresentado, pas-sou a falar, a perguntar, a argumentar. Notei-lhe, pois, o em-barao. Tambm esse amigo sofria a inuncia do no saber.Tambm no tinha tido, no mundo, um bom roteiro intelec-tual sobre as coisas daqum tmulo. Admirava-se com poucoe com menos ainda se contentava. Julgue como quiser quemme ler, principalmente se for do apostolado de alguma cren-a formal. Mas ter que se haver com muitas diculdades,ter que car de boca-aberta em face de coisas bem simples,de acontecimentos e fenmenos ainda superciais, ao deixar

    a carne.Por esse tempo, j ia longe o exerccio de Ambrsio no

    campo socorrista. Desconhecia muito, certo, sobre o por-qu de muitos fenmenos; mas, praticamente, em seu dossiformavam excelentes haveres. A muitos havia servido comesforo, de muito lhe valiam aqueles poucos comandados deJasmim, a mulher de cor por quem se desfazia em respeitosespirituais. Foi para l que me convidou, assim julgou me es-tivesse com isso, propiciando fraternais favorabilidades.

    Aceito falei-lhe pois me sinto ansioso por todo aquelesaber que tanta falta me faz. Assistir a algum desses traba-lhos me far muito bem, principalmente no campo ilustrativo,onde, reconheo, sou como um vcuo. Lamento ter passadopelo mundo, a julgar tudo segundo o triste ngulo de viso,pelo qual me dei a ver. Sei que perdi oportunidades... Muitase sublimes oportunidades... de fato um crime o dispensaralgum, os elementos de aprendizado que da encarnao

    decorrem, por franca aceitao de um postulado dogmticoe idlatra, s aureolado pelo vazio de uma f contemplativa,formal e levianamente anti-racional.

    Conte, antes de mais nada, com o que de mais alto lheaponta a Direo Intelectual do Planeta; de cima que admi-nistram, isso o sei bem, mesmo tendo de confessar que nadasei de particularidades a si referentes.

    Fico-lhe, amigo Ambrsio, imensamente grato pela ami-zade e proposta em servios cooperadores. Com mais algunsamigos dessa ordem, estarei devendo ao Supremo Espritoa minha dvida de gratido. uma beno do cu ter bonsamigos.

    Muito maior beno j estar compenetrado de que emDeus no existem mgicas e nem sortilgios, e sim lei de rela-es, de causa e efeito. Quando toda a humanidade da terra,dos planos da carne e daqui, souber que Deus atua em uns

    por intermdio de outros, para efeito de aplicao de leis,ento teremos uma terra francamente integrada nos servi-os de redeno. Desse dia em avante, comear a diminuiro nmero dos que pranteiam e se debatem em misrias detoda ordem. Porque, o que de fato falta, para a boa realizaosocial, simplesmente a conscincia do fator bsico, que fraternidade exercitada destemidamente. A fraternidade dasreligies ainda emprica, apenas contemplativa e separa-tista. Falar no amor ao prximo, e virar o rosto ao topar como semelhante cado numa sarjeta, ou deixar de pagar uma d-

    vida, ou passar avante uma calnia, essa a fraternidade dasreligies e dos religiosos, por enquanto. E isso hipocrisia... Levantemos, no mundo, o estandarte do Cristianismo do

    Cristo, daquele vivido pelo Divino Mestre nas ruas, nas pra-as, nos desertos e nos casebres, custa do culto medini-co o mais ostensivo. De tal modo convidaremos os homensdo plano da carne a considerar sobre estes pases, que eles

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    h d t i i lh b J ti id t D t i C i t? N i d

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    mesmos ho de tecer raciocnios melhores sobre a JustiaDivina, que age no indivduo de dentro para fora. E quandoo homem souber bem, que se tem assim como se fez, entoestar ele preparado para melhores lanos em busca de simesmo. O reino do cu de ordem interna. Comear a des-pertar preparar campo para outras auroras, mais claras emais distintas. Chega de focalizar o cu pelo prisma dos ex-teriorismos fceis, porque apenas contemplativos e formais.O cu est no mago de tudo e todos, porque a EssnciaMxima que a tudo d origem e sustentao. Identicar-noscom ela, sem ser pelo despert-la, impossvel. E isso deve-mos relembrar aos homens em geral. Relembrar, sim, poisapenas estamos repetindo velhssimas lies, lies que fo-ram transmitidas pelos grandes arautos do Senhor, desde osVedas, passando pelos Budas, por Rama, pelos Zoroastros epelos Hermes, pelos Profetas e tantos mestres de verdade.A terra est passando por tremenda convulso transitria,como premissa de ingresso em ciclo superior de civilizao.Cumpre a todos essa compenetrao, para que a lei de equi-lbrio do fenmeno no seja obrigada a agir violentamente,causando maiores dores do que aquelas julgadas indispens-veis. Porque h necessidade de abalos. Consideramos, porm,ser obrigao geral o fazer que no se prolonguem para almdo necessrio, os cataclismos que assolam a humanidade dopresente ciclo.

    Em ouvindo assim falar a gas, voltei meu pensamentopara as profecias do Divino Mestre, quando da necessidade

    de reposio das coisas no lugar, citando mesmo o nome deElias, como sendo aquele que devia vir encabeando tal mo-vimento. E pensei na forma em que o faria, possivelmente.Estava meditando, quando gas, tornando fala, elucidou:

    Em que sentido poderia faz-lo, amigo Ado, sem serpela disseminao das leis medinicas para com isso forarinfusibilidade entre um e outro planos da vida? E sem o co-nhecimento dessa continuidade da vida, e das condies de

    vida, como restaurar a Doutrina Crist? No reparou ainda,Ado, que o batismo de Esprito, como tantas vezes deveter lido, foi em comunicao entre vivos e mortos, tendo osApstolos falado s gentes todos os idiomas? E se o Cristolanou, do alto de Sua Ctedra Diretora, a ordem de conbioentre um plano e outro, no foi para que o homem se capa-citasse da extenso mecnica da vida e da Justia em que sefunda? Que julga da lio do Pentecostes, ento?

    A Igreja, amigo gas, no interpreta assim... foi o queento respondi E eu s z o que a Igreja mandou fazer, in-felizmente.

    Por causa da Igreja que estamos trabalhando pela dis-seminao da Doutrina do Cristo; sem corrupo no haverianecessidade de restaurao. E o Consolador em si a verda-de que no Pentecostes uiu da orientao do Senhor. Assimcomo o Divino Mestre passou pela vida em perene contatocom o mundo dos espritos, expelindo maus, confabulando

    com os bons, curando mediunicamente, assim, tambm, terque fazer o Seu discpulo. Sem esse conhecimento, comochegar compreenso da Suprema Justia? Ficaria toda aeternidade a comprar bugigangas das mos dos corruptoresda Doutrina Excelsa? Precisamos de homens que conheame vivam a VERDADE; no porm, de servidores da tracnciae da corrupo. O Espiritismo est no mundo, no apenasexpresso pela vigncia eterna de suas leis fenomnicas, massim pela organizao em base doutrinria segura. A palavrado Cristo, com referncia reposio das coisas no lugar, est

    cumprida. Quem quiser, que de si mesmo d frutos pela pr-tica. O Espiritismo deplora a todo o exteriorismo; e faz preva-lecer a cincia e o amor.

    Olhou-me signicativamente e sentenciou: Creio que entende para o que est sendo chamado...Busquei nas profundezas de mim mesmo o que dizer. E

    disse, reetindo o que me ia pela alma sensibilizada:

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    Um homem honesto no o que tem um ponto de vista

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    Um homem honesto no o que tem um ponto-de-vista,ou o que nisso faa ncap fantico; antes o que vive dealma escancarada ao progresso contnuo, s sbias lies queo Supremo Senhor oferece, pelos escaninhos da vida em si.Eu quero ser um homem honesto. Ensinem-me, guiem-me,que longe vai o tempo em que pretendia impor ao prprioSenhor, a minha sectria viso espiritual, o exclusivismo de-gradante que emanava da ignorncia em que me detinha,caprichosamente. A vida nos ensina, deste lado mais do quenaquele, que Deus quem governa, e no o estultismo sec-trio dos homens e dos seus religiosismos facciosos. Sinto,em mim, bem viva a sentena do Senhor A VERDADE VOSLIVRAR. No disse o Senhor que a libertao viria pela reli-gio, mas sim pela VERDADE.

    gas sorriu. Seus olhos brilharam mais e sua boca moveu-se,para dizer:

    A Religio salva, a Religio liberta... Mas a Religio com

    R maisculo. Quando o homem zer do culto da VERDADEa RELIGIO, ento, amigo Ado, aparecer no mundo quemdiga, com propriedade A RELIGIO VOS LIBERTAR. Issoacontecer.

    Era hora de refeio, naquela duplicata etrea da terra;Soa, a me de famlia, convidara-nos ao ato. E comemose bebemos daquilo que convinha e condizia s nossas ne-cessidades. Cada plano, como seja mais ou menos eterizado,assim confere elementos. H intransfervel relao entre osseres e as coisas, para efeito de comodidade. O padro vibra-

    trio interno limita e determina a necessidade de utilizaode fatores externos. Quem quiser o melhor, portanto, que semelhore. a lei. De resto, que melhor Justia do que essa, queemana do merecimento interno? Entender as leis vibratrias como entrar para um curso de aperfeioamento s restaexercit-lo praticamente.

    O REVERSO DA MEDALHA

    o curso do gape cou combinado que ira-

    mos, noite, assistir ao primeiro contato como Consolador em exerccio no mundo. Com oEspiritismo.

    Jesus Cristo perorou gas foi o mais conciso pregadorque jamais o mundo dos homens presenciou. Para despertaras virtudes intelecto-morais, recomendou servios prticos,vida intensiva no bem individual e coletivo. E para a ilustraonos campos do transcedentalismo, prometeu um consoladorinformante. Desse conbio, quem fugir, por certo que estarfugindo de todos os mais fatores apreciativos. Esse dueto o axioma sine qua non, sendo o mais tudo, pura questo decorolrios. Sem alicerce, como edicar com segurana?

    Ao trmino do petisco, pois, Ambrsio despediu-se, pro-metendo voltar pelas sete da noite, em companhia de outrosamigos e servidores do bem.

    Uma vez a ss, gas disse, desse amigo, qualquer coisa,informando ser ele um redimido do drama hediondo do Cal-vrio, onde teve parte saliente; disse que, em virtude de suasamizades e das suas condies de homem de dinheiro, muitopode fazer para a condenao do Divino Mestre, chegando apagar gente, a m de dizer o que era falso.

    Ainda bem que no h condenao eterna! tive que di-zer, movido por alguma razo ntima, sentido em mim revoltacontra qualquer coisa que me ia pelo subconsciente.

    Ento interveio Soa quem estaria por aqui e nos

    Confsses de um Padre MortoOsvaldo Polidoro

    planos mais celestializados? Tendo que vir subindo o esp interessante! disse eu entrando na familiar conver

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    planos mais celestializados? Tendo que vir subindo o esp-rito, pelas camadas da chamada Criao, da inconscinciapara a conscincia, como estaria o erro? E se Deus, que nostornou centelhas Suas individualizadas, e com o direito deauto-personalizao, por isso nos condenasse, onde estariaa Sua prpria sensatez? Todo e qualquer crime remissvel,sendo porm certo, que a cominao d-se pelo montanteem conhecimento de causa. Ns, pois, somos em ns mes-mos o tribunal todo acusadores, defensores, juzes, jurados,vtimas, algozes, etc. O Cdigo a VERDADE, Deus em si.

    Isto tremendamente belo! considerei, por confrontardentro de mim a distncia que medeava entre a verdade queera e os argumentos simplrios e extorsivos, com que a Igrejapensava expor e defender o princpio de Justia Divina.

    Pois ensinemos isso aos nossos irmos, quer aos da car-ne, quer aos daqum carne; isto a todos, achem-se metidosem corpos quaisquer, mais ou menos densos, contanto que

    vivam ainda nos vales da treva convidou Agildo, levantan-do-se em seguida, para atender a um casal que chegava.

    Uma vez introduzido o jovem casal, disse-me Agildo, apre-sentando-o:

    So amigos recm-vindos da terra; viajavam de aviopara a lua-de-mel, quando a libertao os colheu de fato...Como fomos os indicados para o socorro imediato, eles vmnos visitar, em sinal de gratido.

    E porque passamos a nutrir pela famlia Agildo uma ami-zade muito grande explicou a jovem, evanescente de ale-gria, envolvendo-se por entre os braos de Soa, que a rece-bia como se fora a uma lha.

    E queremos nos levem ao grupo esprita onde fomosdoutrinados! pediu o rapaz Sentimo-nos na obrigao dedizer qualquer coisa, um no sei o qu.

    interessante!... disse eu, entrando na familiar conver-sao.

    So leis. elucidou gas Eles fazem oraes pelos es-pritos de cujos nomes se lembram, vindo suas vibraesmentais atingir-nos. s vezes, o que se passa, que genteda assistncia retm nomes, fazendo preces em suas casas.De qualquer modo, porm, h sempre alguma lei em funo,

    para que o fenmeno se d. E ns iremos ver o que mesmo. na casa da tal senhora Jasmim? indaguei, lembrandoo combinado entre eles e Ambrsio.

    No; mas ns iremos a ambos os lugares... Dependemosdo querer e do pensar, apenas, para a locomoo respon-deu-me gas, inteirando-me do que nem me passava pelamente, pois calculava na distncia possvel, por vencer.

    Este padre onde habita? disse por sua vez o rapaz, es -tranhando ou parecendo estranhar, em mim, qualquer coisa.

    Este padre est passando por aquilo que vocs tambmpassaram... Ele um irmo que vem da terra e est fazendo asua introduo nas coisas aqui do nosso plano. Deve vir a serum batalhador do Espiritismo, dentro em pouco. Assim queest de cima determinado.

    Eu lhe estranhava as vestes... concluiu o jovem.

    Por que? indaguei, pondo em mim um pouco de aten-o, pela primeira vez depois de haver deixado a carne.

    Ora... Eu pensava... Quem sabe... deu-se a monologar ojovem, parece que sabendo o porqu e temendo expandir-se.

    que vestes simblicas por aqui no so usadas inter-veio gas, vindo em socorro do jovem.

    E enquanto minha mente trabalhava por descobrir mais,tornou gas, vencendo em si um pouco de timidez, parafalar-me francamente:

    Confsses de um Padre MortoOsvaldo Polidoro

    Nos pases inferiores do astral como sabe tambm vi- Mas voc no poder trocar de vestes por ora! senten-

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    Nos pases inferiores do astral, como sabe, tambm vivem os religiosismos do mundo, com todos os aparatos eformalismos. Aqui, embora ainda no seja um plano supe-rior, espera-se que cada um se compenetre de que a vesteimportante a de ordem interna. Precisamos acabar com osexteriorismos que medram soltos pela terra, e pelos astraisinferiores; mas aos poucos, de acordo com o esclarecimentodos seus elementos. Jorge foi educado na nossa escola, sen-do natural que estranhe ver algum nesses trajes, por aqui. Oamigo Ado, naturalmente, compreender tudo muito bem...

    Graas a Deus, j tenho vencido em muito ao meu erra-do personalismo em vrios sentidos. E tenho gosto em lhesdizer, que me sinto feliz com mais esta lio que me chegade modo to espontneo. Lembro, tambm, que Jesus Cris-to andou vestido com uma tnica pauprrima, sem costura,nunca tendo dito a Seus discpulos que se ornassem, sem sercom as vestiduras do AMOR e da SABEDORIA. Creio e atposso armar, que o valor de muitos padres s decorrer dasvestes que usam, de cuja capacidade de impresso psicol-gica pouca gente se inteira. Sem isso, diremos, que caria decertos padres, assim como de mim mesmo? E j que estouem ambiente familiar, graas a Deus, porque no devo dizera estes jovens que venho, agora, no da vida de encarnado,mas, dos planos tristes do astral? Por que no confessar devez que do mundo s trouxe material pesado, lastros de ma-zelas, toneladas de atraso em todos os sentidos? Como no

    confessar de pblico e razo que julguei honesto comprar evender a Justia Divina, separando uns dos outros, a seresque em nada de mim dependiam para estarem enquadradosno direito de Supremo Determinismo? Quem, pois, por cursaruma sabedoria sectria, por usar vestes ngidas, por susten-tar vs presunes, pode tirar ou pr um ceitil que seja aoque de exclusividade do Supremo Senhor?

    Mas voc no poder trocar de vestes por ora! sentenciou Agildo, com um tremendo poder de convico, que mefez estremecer todo.

    Por que no?!... indaguei-lhe, aturdido.

    Porque est para si destinado um acontecimento muitoimportante. No fale, que mais no quero falar, sobre o caso.E espere conante no Senhor, pois que jamais esquecer o

    que consigo se ir passar, quando soar a hora...E z silncio, conforme o pedido. Estas coisas me inunda-

    vam a alma de felizes anseios. E por s vir de merecer issopelas disposies dalma dos ltimos tempos, considerava ofator livre arbtrio, no oramento do Supremo Determinismo.Ento, por s desejar o bem sinceramente, a ponto de empre-gar esforos mentais no sentido de futuras aes redentoras,s por isso, j me via alado s alturas de tais recompensas?Como, pois, no recebero, no se plantaro s alcandoradas

    posies, aqueles que viverem em estado de perene evange-lidade? Que diremos dos que educam, dos que cuidam dosrfos, dos desvalidos, dos doentes, etc.?

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    ENTRE IRMOS ENCARNADOS

    tarde, como estava combinado, a casa se en-

    cheu de gente amiga. Todos queriam assistiraos trabalhos de Espiritismo; uns por vencerem si certos impasses, e outros por prosseguir

    em aes nobilitantes. O encanto estava naqueles que em simesmos no pensavam, balanceando s e apenasmente, obem ao prximo. Estes, certo, radiavam superioridade ex-celentemente psquica. Forravam-se de aura simptica ao ex-tremo, chegando a emanar ondas multicores e sonoras, pormais que as procurassem ocultar.

    Era uma grande casa, aquela onde por primeiro entramos.A sesso, no entanto, era privada aos servios de orientaode seres altamente endurecidos. Este termo, disseram-me,cabia a mais cristandade do que a expresso esprito imun-do, to repetida na Bblia. E ningum mais, em verdade,que sensvel ou endurecido, no quadro dos tons hierrqui-cos. Chegavam, aos poucos, trabalhadores do bem, arrastan-do emps de si levas de irmos relativamente ressarcidos.Outros vinham amarrados, enjaulados, etc. Outros monstru-osamente deformados, por via da corrupo intelecto-mo-

    ral, por desejarem insanos cometimentos. Assim, portanto,a assemblia estava seleta, constituda de gente de toda aordem hierrquica, que eu