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1 Conferência Internacional CIDADES E ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS QUE FUTURO? CEG / UL, 15 e 16 de Maio de 2008 TEMA - Mitigação e Adaptação às Variações Climáticas O papel do Ordenamento do Território RISCOS DE INUNDAÇÃO E ORDENAMENTO DO ESPAÇO URBANO Maria da Graça Saraiva Profª Associada da FA/UTL Investigadora do CESUR/IST Assessora do MAOTDR [email protected] Riscos de Cheias e Inundações Grandes inundações nas últimas décadas Mais de 10 milhões de pessoas vivem na Europa em zonas de risco de inundações Prejuízos estimados entre 500 e 1000 milhares de euros Riscos para a saúde pública, o ambiente, as infra-estruturas e os usos sócio-económicos nas áreas inundáveis Destruição de zonas húmidas e redução da biodiversidade Cenários de alterações climáticas apontam para acréscimo da probabilidade de fenómenos extremos - cheias e secas - aumento de riscos de inundações

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Conferência InternacionalCIDADES E ALTERAÇÕES CLIMÁTICASQUE FUTURO?CEG / UL, 15 e 16 de Maio de 2008

TEMA - Mitigação e Adaptação às Variações ClimáticasO papel do Ordenamento do Território

RISCOS DE INUNDAÇÃO E ORDENAMENTO DOESPAÇO URBANO

Maria da Graça SaraivaProfª Associada da FA/UTLInvestigadora do CESUR/ISTAssessora do MAOTDR

[email protected]

Riscos de Cheias eInundações

Grandes inundações nas últimas décadasMais de 10 milhões de pessoas vivem na Europa em zonas de risco de inundaçõesPrejuízos estimados entre 500 e 1000 milhares de eurosRiscos para a saúde pública, o ambiente, as infra-estruturas eos usos sócio-económicos nas áreas inundáveisDestruição de zonas húmidas e redução da biodiversidade

Cenários de alterações climáticas apontam para acréscimo da probabilidade de fenómenos extremos -cheias e secas - aumento de riscos de inundações

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Orientações e Documentos de Enquadramento

• Directiva Quadro da Água (2000)

• Lei da Água (Lei nº 58/2005 de 29/12)

• Medidas de protecção contra cheias e inundações (artº 40º)

classificação e medidas especiais de prevenção e protecção

• Directiva Europeia relativa à avaliação e gestão dos

riscos de inundação D. 2007/60/CE de 23 de Outubro

• Livro Verde sobre Adaptação às Alterações Climáticas -possibilidades de acção na UE - 2007

• Contribuição dos Ministros Responsáveis pelo OT para a discussão pública do Livro Verde - integração da dimensão territorial

Gestão do risco de cheias e inundações - objectivo de redução da probabilidade e/ou impacte de cheias

e inundações

Prevenção: prevenção dos prejuízos causados pelas inundações, evitando a construção de habitações e indústrias em áreas de risco, no presente e no futuro e promovendo práticas de uso dos solos e agrícolas e florestais adequadas;

Protecção: tomada de medidas, tanto estruturais cono não-estruturais, para reduzir a probabilidade de cheias e/ou o seu impacto em deternminados locias;

Preparação: informação da população sobre os riscos e sobre o modo de agir em caso de ocorrência;

Resposta de emergência: criação de planos de emergência;

Recuperação e experiência adquirida:regresso às condições normais e mitigação do impacto social e económico sobre a população afectada.

COM(2004)472 final - Gestão dos riscos de inundação

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PROTECÇÃO CONTRA CHEIAS E INUNDAÇÕESMedidas estruturais• barragens, reservatórios e bacias de retenção• regularização fluvial• diques• modificações da bacia de escoamento• leitos alternativos• …

Medidas não-estruturais• ordenamento/planeamento dos usos do solo• regulamentação e/ou zonamento de zonas inundáveis• legislação• códigos de construção• sistemas de seguros• sistemas de aviso• planos de emergência• acções de informação e sensibilização públicas • …

Medidas não-estruturais BMP (best management practices)Gestão integrada de cheias e

inundações urbanas

Fonte - Andjelkovic, 2001

Med. institucionais

Med. controlo na origem

BMP

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Ocupação urbana evulnerabilidade acheias repentinas(flash floods)

Tempo depois do início da chuvada

Caudal (m3/s)

Drenagem do tipo urbano

Drenagem natural (florestal) Gestão de zonas inundáveis e políticas de ordenamento do território

Regulamentação de leitos de cheia e zonas inundáveis

Fonte - Andjelkovic, 2001

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Gestão de zonas inundáveis e políticas de ordenamento do território

Regulamentação de leitos de cheia e zonas inundáveis - mapeamento e cartografia de riscos

http://www.eomd.esa.int/booklets/ibooklet172_8.aspFlood Risk Map. Red - Planned Urban Growth. Transparent Blue - Flood Prone Areas By overlaying the historical flood extents on the urban sprawl it is possible to infer the risk associated with potential flooding events. Processed by SERTIT.Earth Observation Market Development

Gestão de zonas inundáveis e políticas de ordenamento do território

Corredores verdes e corredores ambientais

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Gestão de zonas inundáveis e informação pública

Tomada de consciência e participação

Fonte - PNA, INAG, 2001Fonte - LNEC, 1990

Áreas de risco de cheias em Portugal

Flash flood risk areas

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Áreas de risco de cheias em PortugalGestão de zonas inundáveis em cheias repentinasCheias repentinas na AM de Lisboa -1967,1983, 2008alguns exemplos• regulamentação de leitos de cheia• Mapeamento de zonas inundáveis• Corredores verdes e ambientais• Informação e envolvimento do público

Cheia na Ribeira das Vinhas em Cascais, 1983 Setúbal, 2008

Ribeira d

o Livr

ament

o

Setúbal

Área Urbana

Área Urbanizável*

* PDM de Setúbal

Leito de Cheia**

** LNEC, 1986; DGRN, 1990

Gestão de risco de cheias e ordenamento do território

Zonamento e legislação REN (Reserva Ecológica Nacional) D.L. nº 93/90 de 19/3 e nº 180/2006Dec.-Lei nº 364/98 de 21/11 - delimitação de zonas de risco de cheias nos PDM

Proposta de REN no PDM de Setúbal Leito de cheia na ribeira doLivramento, Setúbal

Setúbal

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Gestão de risco de cheias e ordenamento do território

Regulamentação de zonas inundáveis- Zona Adjacente Dec.-Lei nº 468/71 de 5/11

Zona Adjacente á Ribeira da Laje,Algueirão-Mem Martins, concelhode Sintra

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Zonas Adjacentes (AML)1 Ribª da Laje (1986)2 Rio Jamor (1989)3 Ribª dasVinhas (1988)4 Ribª de Colares (1993)

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Avaliação ex-post de medidas não-estruturais de defesa contra cheiasna bacia hidrográfica da ribeira da Laje (conc. de Sintra, Cascais e Oeiras)

10 anos após a delimitação da Zona Adjacente para controlo da

expansão urbana:

• aumento da ocupação urbana na área de risco

• acréscimo da população exposta a riscos de cheia

• ausência de vontade política para o cumprimento de regras de ordenamento

nas zonas inundáveis

• falta de fiscalização

• divergências de percepção entre técnicos de planeamento urbanístico e de

infraestruturas

• falta de coordenação entre autoridades locais e entidades centrais e regionais

• ausência de informação pública e de consciencialização das populações.

(Saraiva et al., 1998)

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Gestão de risco de cheias e ordenamento do território

Corredores verdes e corredores ambientais

Corredor verde da Ribeira das Jardas, Cacém, concelho de Sintra

Gestão do risco de cheias e informação pública

Informação pública, consciencialização e envolvimento

Reguengo do Alviela, vale do Tejo Bairro dos Pescadores, Setúbal

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Causas das cheias identificadas pelos inquiridos

SetSetúúbal bal --investigainvestigaçção sobre percepão sobre percepçção de riscos de cheia ão de riscos de cheia População em estudo

1994-1998

Rede de Esgotos

Ribeira

Uso do Solo

Localização Geográfica

Vontade de Deus

Mal Estruturado

Falta de Limpeza

Obstrução por Detritos

Nível das Marés

Erosão

Mau Planeamento

Impermeabilização

Nível Freático

Localização Geográfica

População Situada no Leito de Cheias

Profissionais

VereadoresTécnicos da C.M.S.

Residentes

Comerciantes

Decisores

Ribeira d

o Livr

amento

Setúbal

Área Urbana

Área Urbanizável*

* PDM de Setúbal

Leito de Cheia**

** LNEC, 1986; DGRN, 1990

Leito de cheiaSetúbal

www.mun-setubal.pt/Municipio/Proteccao_Civil/default.asp

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Residentes de aglomerados tradicionais (rurais e urbanos)Cultura de cheiaComunidades tradicionaisprevenção, sinais de aviso, participaçãoserenidade, organização social, partilha de prejuízos sentido de comunidade:reconhecimento de sinais avisoocorrência vivida socialmente entreajuda na recuperação

Novos residentes situações dramáticas

Comunidades recentesstress, ansiedade, menor grau de participação

ausência de memória e de experiêncianegação da ocorrência e do riscoatribuição de culpas a terceirosausência de sentido de comunidade

Adaptação cultural à ocorrência de cheias

Bairro de KronsbergFonte - atelier Dreiseitl, Alemanha

Bacias de retençãoDenver, Colorado, USA

BMP (“best management practices”)Gestão integrada de águas pluviais (stormwater management) e medidas de controlo na origem (source control)

• armazenamento hídrico - infiltração, detenção, retenção

• redução de riscos de inundação

• capacidade de autodepuração e redução da poluição

• recarga natural de lençois subterrâneos

• criação de novos habitats de zonas húmidas

• valorização da paisagem urbana

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What is Green Stormwater Management?

• Definition: – Non-mechanized stormwater collection, conveyance, detention, treatment

• Benefits:– Reduces flood risk– Reduces pollution of streams and water supply

– Creates habitat and enhances ecosystem function

– Improves landscape beauty of a town

Green roofs

Cisterns

Creative re-use

Stormwater Treatment:Detention & Infiltration Typology

Drainage Area: 305,000 m2

Peak Flow (1yr 1hr storm): 0.4 cms

Stormwater runoff volume (20yr 24hr storm): 11,721 m3

Existing Basin Size (at 0.45m depth): 1,300 m2

(could detain 100% if 2m deep)

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Stormwater Treatment:Detention & Infiltration Typology

Drainage Area: 305,000 m2

Peak Flow (1yr 1hr storm): 0.4 cms

Stormwater runoff volume (20yr 24hr storm): 11,721 m3

Existing Basin Size (at 0.45m depth): 1,300 m2

(could detain 100% if 2m deep)

CONCLUSÕES:

• CONCEITO UNIFICADO PARA A GESTÃO DOS RISCOS DE CHEIA

EM MEIO URBANO - UMA NOVA ESTRATÉGIA DE PLANEAMENTO

E DESENHO URBANOS;

• CARTOGRAFIA DE ZONAS INUNDÁVEIS;

• GESTÃO INTEGRADA DE ÁGUAS PLUVIAIS COMO OPORTUNIDADE;

• USO ADEQUADO DAS BMPs;

• MELHORIA DA QUALIDADE DA ÁGUA E SUA REUTILIZAÇÃO;

• CORREDORES AMBIENTAIS, ESPAÇOS LIVRES E OPORTUNIDADES

PARA RECREIO;

• REABILITAÇÃO DOS CURSOS DE ÁGUA URBANOS;

• COMUNICAÇÃO ENTRE DECISORES, TÉCNICOS E PÚBLICO;

• DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO RELACIONANDO O ORDENA-

MENTO DO TERRITÓRIO, A REDUÇÃO DOS RISCOS DE CHEIA E

A ADAPTAÇÃO ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS.