conexões e conectores: a mudança do bem?
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Histórico do conector luer e sua aplicação na área médico-hospitalar. O artigo trás evidencias de sua participação na ocorrência de diversos eventos adversos, incluindo a morte de pacientes, devido a "erros de conexão" (misconnection) e aborda as ações técnicas, normativas e recomendações práticas para evitar a ocorrência de eventos adversos decorrentes de erros de conexão.TRANSCRIPT
O conector luer – que foi uma vez a solução “fits-all” –
agora representa riscos consideráveis no crescente e
complexo ambiente hospitalar e, após mais de 115 anos, está
chegando ao fim sua hegemonia como o componente
terminal mais utilizado nos produtos da área da saúde.
O início do uso do conector luer é datado de 1897 e
foi batizado com o sobrenome de seu criador, Hermann
Wülfing Luer, que patenteou a primeira seringa de vidro com
uma ponta tipo macho, de conicidade 6% (Figura 1).
Conexões e conectores: a mudança do bem?
KODA, Elaine (1)
Enfermeira. Especialista em
Gerenciamento de Risco
(ISO 14971 e ISO 31000).
Secretária do CE 26.150.01
- “Gestão da qualidade e
aspectos gerais
correspondentes de
produtos para a saúde”,
Relatora do GT 6 e
membro do ISO/TC 210
JWG4.
(1)
2 Conexões e conectores: a mudança do bem?
“Vivamus porta est sed est.”
Em 1898, a então recém-nascida Becton &
Dickinson (de Maxwell W. Becton e Fairleigh S. Dickinson)
comprou a metade dos direitos de patente do projeto
“Seringa”, da francesa H. Wulfing Luer por US $40(1) . Em
1930, seu formato original – parte macho e parte fêmea
com conicidade 6% - foi aprimorado para resistir a
aplicações sob pressão e, assim, deu-se origem ao
conhecido conector luer-lock ou conector terminal com
travamento, patenteado pelo co-fundador da Becton &
Dickinson, Sir. Feirleigh S. Dickinson.(1, 33) A combinação
“facilidade de manusear” com a “simplicidade de seu
projeto fabril” provocou a popularização do uso do luer
nos produtos para a saúde, para as mais diversas
aplicações (2, 33), conforme apresentado no Quadro 1.
Quadro 1: Produtos para a saúde que possuem conector luer, segundo a via de aplicação
Produtos para a saúde Via de aplicação
• Catéteres venosos centrais: semi-implantável, implantável, de acesso periférico (ex.: Port-o-cath, cateter de Hickman, PICC)
• Catéteres venosos periféricos: cateter agulhado (tipo butterfly), cateter flexível (tipo abocath)
• Agulhas
• Seringas
• Equipos
• Intermediários (ex.: torneirinhas, filtros bacterianos, polifix, conectores needleless e similares
Parenteral (sistema vascular,
sistema arterial, subcutânea,
instramuscular,
intraperitoneal, intraóssea,
intrarticular)
• Equipos enterais
• Sondas (nasogástrica, nasoenteral)
• Dispositivos para PEG / PEJ
• Recipientes de alimentação enteral
• Seringas enterais
Enteral
Figura 1: Patente da seringa com ponta tipo macho
3 Conexões e conectores: a mudança do bem?
No final dos anos 60, o conector luer já
dominava o mercado, devido à liderança de
companhias norte americanas, que
fabricavam produtos para a aplicação
intravenosa. (33)
Estudos realizados em várias partes do
mundo evidenciam que o uso generalizado do
conector luer tem contribuído para a
ocorrência de eventos adversos que
resultaram em sérios danos a saúde dos
pacientes, incluindo a morte. (2, 16, 17, 18, 19, 21, 22, 23,
24, 28, 29, 31,32, 34)
No Reino Unido, entre 2001 e 2004, 3
mortes relacionadas a erro de conexão foram
notificadas. De 1997 a 2004, houve quatro
notificações de eventos adversos ligadas a
erro de via de administração.(34)
Em 2004, uma revisão da USP - United
States Pharmacopeia, revelou a existência de
mais de 300 casos documentados envolvendo
erros de conexão.(32)
No período de 1 de janeiro de 2005 a 31
de maio de 2006, o National Reporting and
Learning System identificou trinta e dois casos
de medicamento oral que foram administrados
via intravenosa, sete eventos nos quais
medicação epidural foi administrada via
intravenosa e mais seis onde a medicação
intravenosa foi administrada via epidural.(34)
Produtos para a saúde Via de aplicação
• Tubos para administração de gases
• Tubos para monitoramento e mensuração de pressão respiratória
• Dispositivos para sistema de ventilação mecanizada
• Dispositivos para sistema de nebulização
Respiratória
• Sondas vesicais
• Sistemas de coleta de urina
Uretral / Urinária
• Conectores para catéteres
epidural e intratecal
• Agulhas espinhais
• Agulhas para bloqueio caudal
• Outras agulhas para bloqueio
nervoso
• Seringas
• Intermediários (equipos,
torneirinhas, filtros bacterianos,
extensores e similares)
Neuroaxial
• Conectores para
equipamentos NIBP (Non
Invasive Blood Pressure –
Pressão de sangue não
invasivo)
• Conectores para
esfigmomanômetro
Sistemas de insuflação
4 Conexões e conectores: a mudança do bem?
O Patient Safety News – FDA, de outubro
de 2007 relatou a conexão equivocada entre
um tubo de medicação de pressão com um
cateter intravenoso, que resultou em uma
embolia gasosa fatal para o paciente. Outro
caso de erro de conexão ocorreu durante um
procedimento de litotripsia, onde o adaptador
do aparelho foi conectado a uma bomba de
infusão. Ao invés de drenar os resíduos oriundos
dos rins, ar foi bombeado para dentro deles. O
paciente evoluiu para uma parada cardíaca e
morte. De menor risco, também houve o
reporte de erro de conexão entre uma sonda
de Foley e um tubo nasogátrico, que resultou
em urina no estômago do paciente.
Em julho de 2009, na Espanha, um
prematuro de quinze dias foi óbito, após
receber alimentação por via intravenosa.(22)
A Figura 2 apresenta alguns tipos de
erros de conexão.
No Brasil, notícias relacionadas a
eventos adversos estão se tornando
frequentes. Um dos casos mais recentes,
ocorrido em 2 de março de 2012, envolve um
recém-nascido, com 1 mês de vida, que
recebeu leite materno via intravenosa,
resultando em sua morte. Com o mesmo infeliz
desfecho, idosa de 88 anos faleceu em 8 de
outubro de 2012, doze horas após de ter
recebido “sopa na veia”.
Ainda assim, é sabido que as
notificações de eventos adversos decorrentes
do erro de conexão (misconnection) ou da
administração de medicamentos é apenas a
ponta do iceberg (Figura 3). (16, 32)
Figura 2: Representação de alguns tipos de erros de conexão
Equipo de administração de droga via epidural conectado erroneamente a acesso intravenoso.
Conector NIBP de tubo de esfigmomanômetro conectado erroneamente a um adaptador para
injeção
Fonte: Imagens do FDA Medical Device Safety Calendar 2009 (20)
5 Conexões e conectores: a mudança do bem?
“Vivamus porta est sed est.”
Fonte: Imagem adaptada da Figura “The medication error iceberg”,do Building a Safer NHS:Improving Medication Safety (16)
Importante ressaltar que estes estudos e reportes são fundamentais para que os profissionais
da área aprendam a identificar os riscos, suas causas e como prevenir erros que podem resultar em
eventos adversos.
Além da aplicação indiscriminada do conector luer, diversos são os fatores que levam ao
erro de conexão na administração de medicamentos (21, 22, 23, 34), tais como:
• Uso de tubos ou cateteres fora de seu uso pretendido: isto inclui o uso de equipos
extensores intravenosos como linhas para epidural, irrigação, drenagem, ou até como
extensão de sondas enterais;(19, 32, 34)
• Fixação de tubos ou cateteres, com aplicações de uso diferentes, posicionados em
estreita proximidade, no paciente. Por exemplo: extremidade da sonda nasoenteral
posicionada próxima ao ponto de conexão do cateter venoso central e equipo;( 32, 34)
• Falta de padronização no tratamento de tubos, drenos e acessos do paciente;( 32, 34)
• Erro humano decorrente de uma variedade de condições, como, por exemplo: pouca
iluminação, falta de treinamento, pressão para o cumprimento de horários ou fadiga.(22, 23,
32, 34)
Figura 3: Desenho esquemático da relação de ocorrência de diferentes tipos de erros e a notificação de erros que resultaram em evento adverso
6 Conexões e conectores: a mudança do bem?
“Vivamus porta est sed est.”
A ocorrência de
eventos adversos, mesmo
que não relacionada ao
erro na administração de
medicamentos, é,
normalmente, resultado de
uma cascata de eventos
envolvendo o ser humano e
fatores externos, muitas
vezes complexos e
integrados como uma
cadeia. Portanto, a
possibilidade de uma
atuação individual como
causa raiz do erro é pouco
provável e, na maioria das
vezes, equivocada. Isso
significa que “Os seres
humanos cometem erros
porque trabalham em
sistemas, tarefas e processos
mal concebidos” (“Human
beings make mistakes
because the systems, tasks
and processes they work in
are poorly designed” -
Lucian Leape. Médico e
professor na Harvard School
of Public Health).
Esta premissa está
bem sustentada pela Teoria
do Queijo Suíço, de James
Reason. Renomado
professor da Universidade
de Manchester – Reino
Unido, James Reason refere
que estudos de análise da
causa dos problemas
apontam como principais
responsáveis ou fatores
contribuintes de sua
ocorrência, o erro do
sistema ou a própria
debilidade do projeto no
qual o problema está
inserido, além do erro
humano.(2, 29, 30) A Figura 4
exemplifica a Teoria do
Queijo Suíço aplicada a um
caso de erro na
administração de
medicamento, relacionado
a erro de conexão
(misconnection).
Figura 4: Teoria do Queijo Suíço aplicada a exemplo de erro de conexão
7 Conexões e conectores: a mudança do bem?
“Vivamus porta est sed est.”
CARVALHO et al. (1999) evidenciaram
a “via errada,” na administração de
medicamentos, como o erro de maior
frequência, na percepção de enfermeiros,
técnicos e auxiliares de enfermagem que
participaram do seu estudo.(14)
Se considerarmos que em uma
unidade de terapia intensiva cardiológica é
estimada a presença de aproximadamente
40 conectores terminais, em dispositivos de
aplicações diferentes, num único paciente,
fica fácil de entender o perigo que o uso
generalizado do luer representa ao resultado
terapêutico esperado para o paciente.(15)
Preocupados com o crescente risco
para os pacientes, autoridades técnicas,
sanitárias e regulatórias da área vêm se
mobilizando para minimizar os impactos
decorrentes dos erros de conexão na
administração de medicamentos.
Após iniciativas de codificação por cor
e melhoria de rotulagem, que se mostraram
insuficientes para evitar erros de conexão(33),
uma solução recaiu sobre a alteração física
(alteração do design) dos conectores
terminais, de forma a tornar os mesmos não-
interconectáveis entre as diferentes
aplicações existentes no cenário prático.(19, 21,
24, 27, 31) Apesar de não serem considerados
produtos para a saúde, mas sim,
componentes, os conectores terminais de
pequeno diâmetro (diâmetro interno menor
que 8,5mm)(33) possuem grande impacto na
segurança de aplicação destes produtos. Por
consequência, acabam seguindo o mesmo
princípio estabelecido de “segurança sob
condição de falha única” para os produtos para
a saúde, ou seja, erros de conexão não devem
resultar em risco inaceitável para o paciente.
Neste sentido, para evitar a ocorrência
de erros de conexão por meio da criação de
barreiras físicas (formato/design), está em
desenvolvimento uma série de normas técnicas
endereçadas aos diferentes tipos de aplicações
na área da saúde, visando a não
interconectividade entre dispositivos com
diferentes usos pretendidos ou para aplicação
em sistemas/vias distintas.(16, 28) A Figura 5
descreve as diferentes partes da série de normas
ISO 80369.
A preocupação com a normatização
relacionada a conectores terminais tem um
histórico não tão recente, conforme descrito a
seguir:
1986
A primeira norma técnica relacionada a
conectores de pequeno diâmetro foi a ISO
(International Standardization for Organization)
594-1:1986 Conical fittings with a 6 % (Luer) taper
for syringes, needles and certain other medical
equipment -- Part 1: General requirements. Será
substituída por norma da série ISO 80369.
1987
ISO 5356-1:1987. Anaesthetic and
respiratory equipment -- Conical connectors --
Part 1: Cones and sockets. Revisada em 1996.
ISO 5356-2:1987. Anaesthetic and
respiratory equipment -- Conical connectors --
Part 2: Screw-threaded weight-bearing
connectors. Revisada em 2006.
8 Conexões e conectores: a mudança do bem?
1991
BS 3930-2:1991. Conical fittings with a 6%
(Luer) taper for syringes, needles and other
medical equipment. Specification for lock
fittings. Substituída pela BS EN 1707:1997
ISO 594-2:1991. Conical fittings with a 6%
(Luer) taper for syringes, needles and other
medical equipment. Specification for lock
fittings. Revisada em 1998 e será substituída por
norma da série ISO 80369.
1994
BS 7711-1:1994. Respiratory therapy
equipment. Specification for tubing and
connectors. Substituída em 2002.
1996
“ANSI/AAMI ID54:1996. Enteral feeding
set adapters and connectors”, com o objetivo
“minimizar a possibilidade da ocorrência de
uma conexão potencialmente danosa entre
dispositivos enterais e o conector luer fêmea ou
outros conectores intravenosos.”
ISO 5356-1:1996. Anaesthetic and
respiratory equipment -- Conical connectors --
Part 1: Cones and sockets. Revisada em 2004.
1997
BS EN 1707:1997. Conical fittings with a 6 %
(Luer) taper for syringes, needles and certain
other medical equipment. Lock fittings.
Publicada em junho e ainda vigente.
Em julho, foi publicada a norma “BS EN
1060-3:1997 Non-invasive sphygmomanometers.
Supplementary requirements for electro-
mechanical blood pressure measuring systems”,
que continha a seguinte declaração:
“conectores luer não devem ser utilizados com
sistemas NIBP”.
A série de normas ISO 80369:
- ISO 80369-1 - Small-bore connectors for liquids and gases in healthcare
applications -- Part 1: General requirements
- ISO 80369-2 - Connectors for breathing systems and driving gases applications
- ISO 80369-3 - Part 3: Connectors for enteral applications
- ISO 80368-4 – Part 4: Connectors for urethral and urinary applications
- ISO 80369-5 – Part 5: Connectors for limb cuff inflation applications
- ISO 80369-6 - Part 6: Connectors for neuraxial applications
- ISO 80369-7 – Part 7: Connectors with 6% (Luer) taper for intravascular or
hypodermic applications
Figura 5: Detalhamento das partes da série de normas ISO 80369
9 Conexões e conectores: a mudança do bem?
2000
De iniciativa européia, foi criada a força tarefa “CEN/BT/TF 123” (Comité Europeén
Normalisation/Technical Board/Task Force), para tratar da questão “erros de conexão”. Deste
grupo, foi gerado um relatório com extensa análise de risco sobre os possíveis erros de conexão
que poderiam ocorrer quando o conector luer é utilizado em produtos com finalidades de uso
diferentes. Em resumo, foram identificadas 1.640 conexões possíveis, das quais:
• 654 foram consideradas de risco amplamente aceitável (dano menor ou desconforto).
• 608 foram consideradas de risco tão baixo quanto possível (dano reversível).
• 378 foram consideradas de risco inaceitável (dano irreversível ou morte).
2002
EN 13544-2:2002, Respiratory therapy equipment — Part 2: Tubing and connectors. Essa
Norma substituiu a BS 7711-1:1994.
2004
ISO 5356-1:2004, Anaesthetic and respiratory equipment — Conical connectors — Part 1:
Cones and sockets.
2006
ISO 5356-2:2006, Anaesthetic and respiratory equipment — Conical connectors — Part 2:
Screw-threaded weight-bearing connectors.
Em outubro, sob o “Acordo de Viena”, foi proposta a formação de um “Grupo de Trabalho
Conjunto” (JWG - Joint Working Group) para a elaboração de normas relacionadas a
“conectores de pequeno diâmetro para líquidos e gases aplicados à área da saúde”, que seria
formado por experts nominados pelos ISO/TC 210 (International Standardization for
Organization/Tecnichal Committee), IEC/SC 62 (International Electrotechnical
Commission/Subtecnichal Committee), CEN/BT/TF 123 e ou CEN/TC 257.
2007
Sob a coordenação do ISO/TC 210, foi formado o JWG4, grupo de trabalho conjunto
responsável pelo desenvolvimento da série de normas “ISO 80369 - Small bore connectors for
liquids and gases in healthcare applications” (Conectores de pequeno diâmetro para liquidos e
gases de aplicação na área da saúde), que iniciou o trabalho contando com dois importantes
documentos:
• Draft pr-EN 15546-1, projeto da versão européia da norma.
• Análise de risco, realizada pela CEN/BT/TF123, dos possíveis erros de conexão que
podem ocorrer quando o luer é utilizado em produtos para a saúde pretendidos para
(Continua)
10 Conexões e conectores: a mudança do bem?
A participação dos
profissionais da área da
saúde é de vital importância
para o desenvolvimento de
normas técnicas. O usuário
representa o participante
que detém o mais relevante
conhecimento no uso e
aplicação dos produtos para
a saúde no cenário prático e
sua opinião é fundamental
para a correta aplicação de
normas de usabilidade e
determinação de risco destes
produtos.
diferentes aplicações.
2010
Foi publicada a primeira parte, de um total de sete,
da série ISO 80369. Com a sua versão “ABNT NBR ISO 80369-
1. Conectores de pequeno diâmetro para líquidos e gases
de aplicação na área da saúde. Parte 1: Requisitos Gerais”
em fase final de internalização (prevista para 2012), o
JWG4 possui colaboradores brasileiros participando
ativamente deste projeto.
A prioridade de trabalho do grupo foi estipulada de
acordo com os riscos identificados para os diferentes tipos
de aplicação dos conectores. Visando otimizar o
desenvolvimento das demais partes da série ISO 80369, o
próprio JWG4 foi subdividido em grupos menores, um para
cada “Parte” da série de normas.
A previsão é que a Parte 3 (aplicação enteral) e a
Parte 7 (aplicação intravascular ou hipodérmica) sejam as
próximas normas a serem publicadas.
Aqui no Brasil, os interessados em acompanhar ou
colaborar no desenvolvimento das normas ISO 80369
podem fazê-lo participando das reuniões do Comitê de
Estudo CE 26.150.01 – “Gestão da qualidade e aspectos
gerais correspondentes de produtos para a saúde” e ou
fazendo parte do GT6, Grupo de Trabalho desta CE que
acompanha os trabalhos do JWG4.
O CE 26.150.01 faz parte do CB 26 - Comitê Brasileiro
Odonto Médico Hospitalar da ABNT (Associação Brasileira
de Normas Técnicas), e realiza reuniões mensais na sede
da ABIMO (Associação Brasileira da Indústria de Artigos e
Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de
Laboratórios). Para contato: [email protected]
11 Conexões e conectores: a mudança do bem?
No Brasil, estas normas certamente terão
impacto, dentre outros, no âmbito regulatório,
devido a sua relação com o arcabouço legal e
regulatório, tais como:
• RDC nº32, de 29 de maio de 2007, que
dispõe sobre a certificação
compulsória dos Equipamentos
Eletromédicos sob Regime de
Vigilância Sanitária e dá outras
providências.
• IN Nº 3, de 21 de junho de 2011, que
estabelece as normas técnicas
adotadas para fins de certificação de
conformidade dos Equipamentos
Eletromédicos sob Regime de
Vigilância Sanitária.
• Lei nº 8078, de 11 de setembro de
1990, que dispõe sobre a proteção do
consumidor e dá outras providências,
define em seu Art. 39 que
“É vedado ao fornecedor de produtos
ou serviços, dentre outras práticas
abusivas:
...
VIII - colocar, no mercado de
consumo, qualquer produto ou
serviço em desacordo com as normas
expedidas pelos órgãos oficiais
competentes ou, se normas
específicas não existirem, pela
Associação Brasileira de Normas
Técnicas ou outra entidade
credenciada pelo Conselho Nacional
de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (Conmetro);”
• Portaria Interministerial MS/MDIC nº
692, de 8 de abril de 2009, que define
a operacionalização das ações de
cooperação técnica para a Garantia
da Qualidade e Segurança de
Dispositivos Médicos submetidos ao
regime de controle sanitário, conforme
o estabelecido no Termo de
Cooperação Técnica entre o
Ministério da Saúde (MS) e o Ministério
do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (MDIC).
• Portaria MDIC/INMETRO nº 350, de 6
de setembro de 2010, que trata dos
Requisitos de Avaliação da
Conformidade - RAC que
estabelecem os critérios para o
Programa de Avaliação da
Conformidade - PAC para
Equipamentos Elétricos sob regime de
Vigilância Sanitária.
• RDC nº 3, de 4 de fevereiro de 2011,
que estabelece os requisitos mínimos
de identidade e qualidade para
seringas hipodérmicas estéreis de uso
único.
• Portaria MDIC/INMETRO n.º 501, de 29
de dezembro de 2011, que trata do
RAC para agulhas hipodérmicas
estéreis para uso único e agulhas
gengivais estéreis para uso único.
12 Conexões e conectores: a mudança do bem?
• RDC n° 4, de 4 de
fevereiro de 2011,
que estabelece os
requisitos mínimos de
identidade e
qualidade para os
equipos de uso único
de transfusão, de
infusão gravitacional
e de infusão para uso
com bomba de
infusão.
• Portaria
MDIC/INMETRO n.º
502, de 29 de
dezembro de 2011,
que trata do RAC
para equipos.
• RDC n° 5, de 4 de
fevereiro de 2011,
que estabelece os
requisitos mínimos de
identidade e
qualidade para as
agulhas hipodérmicas
e agulhas gengivais
estéreis para uso
único.
• Portaria
MDIC/INMETRO n.º
503, de 29 de
dezembro de 2011,
que trata do RAC
para seringas
hipodérmicas
estéreis de uso
único.
A publicação das Normas Técnicas e
a adequação do mercado é um
importante passo, mas os cuidados não
podem se esgotar nesta medida. Neste
sentido, algumas recomendações
práticas devem ser adotadas para evitar
erros de conexão (misconnections), tais
como:
• Identificar e enfatizar, por meio de
treinamento, os riscos relacionados
aos erros de conexão e orientar as
formas de evitá-los;(18, 27, 28, 32, 34)
• Rastrear o tubo ou cateter do
paciente, do conector terminal ao
seu ponto de origem, antes de
realizar qualquer conexão ou
infusão;(17, 18, 19, 21, 22, 23, 24, 27, 28, 32, 34)
• Não modificar ou adaptar o
conector na sua utilização. Isto
pode comprometer sua utilização
segura;(17, 21, 23, 24, 29)
• Tubos e cateteres que possuam finalidade de
uso diferentes ou são aplicados à sistemas
diferentes, devem ser fixados em posições
opostas (exemplo: cateter venoso central
posicionado no sentido da cabeça do
paciente e sonda nasoenteral posicionada no
sentido dos pés do paciente).(18, 21, 24, 32) Esta
orientação é especialmente importante no
caso de unidades neonatais;(18)
• Cateteres de alto-risco (exemplo: epidural,
intratecal, arterial) devem ser rotulados e não
devem possuir entradas secundárias para
injeção;(18, 32, 34)
• Não forçar nenhuma conexão. Se uma
conexão está difícil de ser feita – ela requer
muito esforço – deve-se considerar a
possibilidade de erro de conexão. Da mesma
forma, se uma conexão parecer não segura,
checar se os componentes estão corretos;(19, 28,
29)
• Executar conexões somente sob condições
adequadas de iluminação (22, 23, 24);
• Rechecar as conexões e rastrear todos os tubos
e cateteres de um novo paciente no setor;(18, 22,
23, 24, 32, 34)
• Informar colaboradores não-clínicos, pacientes
e seus familiares para solicitar auxílio do corpo
de enfermagem ou médico, sempre que
houver a necessidade de conectar ou
desconectar dispositivos ou infusões;(17, 18, 22, 23, 24,
27, 32)
Imagem retirada da publicação do ECRI(16)
14 Conexões e conectores: a mudança do bem?
• Identificar e gerenciar condições
ambientais e práticas que podem
contribuir para a fadiga do
profissional da saúde e tomar as
ações pertinentes para evitá-las; (18,
22, 23, 24, 32)
• Notificar os eventos adversos
decorrentes de erros de conexão
para a autoridade competente.(19,
22)
Bibliografia 1. BD. Syringe and Needle History. 2004. 2. BELL, D. Recurrent wrong-route drug error – a
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4. BRASIL. Resolução ANVISA RDC nº32, de 29 de junho de 2007. Dispõe sobre a certificação compulsória dos equipamentos elétricos sob regime de Vigilância Sanitária e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, p.92, col.2, 30 jun, 2007. Seção 1.
5. BRASIL. Portaria INMETRO/MDIC nº692, de 8 de abril de 2009. Define a operacionalização das ações de cooperação técnica para a Garantia da Qualidade e Segurança de Dispositivos Médicos submetidos ao regime de controle sanitário, conforme o estabelecido no Termo de Cooperação Técnica entre o Ministério da Saúde (MS) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Diário Oficial da União. Brasília, DF, n.68, p.39, col.1, 9 abr, 2009. Seção 1.
6. BRASIL. Portaria INMETRO/MDIC nº350, de 6 de setembro de 2010. Dispõe sobre a certificação compulsória dos equipamentos elétricos sob regime de Vigilância Sanitária e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, n. 173, p.67, col.2, 9 set, 2010. Seção 1.
7. BRASIL. Resolução ANVISA RDC nº3, de 4 de fevereiro de 2011. Estabelece requisitos mínimos de identidade e qualidade para seringas hipodérmicas estéreis de uso único. Diário Oficial da União. Brasília, DF, n. 26, p.67 col.1, 7 fev, 2011. Seção 1.
8. BRASIL. Resolução ANVISA RDC nº4, de 4 de fevereiro de 2011. Estabelece requisitos mínimos de identidade e qualidade para equipos de uso único de transfusão, de infusão gravitacional e infusão para uso com bomba de infusão. Diário Oficial da União. Brasília, DF, n. 26, p.68, col.1, 7 fev, 2011. Seção 1.
9. BRASIL. Resolução ANVISA RDC nº5, de 4 de fevereiro de 2011. Estabelece requisitos mínimos de identidade e qualidade para seringas hipodérmicas estéreis de uso único. Diário Oficial da União. Brasília, DF, n.26, p.69, col.1, 7 fev, 2011. Seção 1.
10. BRASIL. IN nº3, de 21 de junho de 2011. Estabelece a lista, indicada no Anexo desta Instrução Normativa, das normas técnicas cujas prescrições devem ser atendidas para Certificação de Conformidade, no âmbito do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade (SBAC), dos equipamentos sob regime de Vigilância Sanitária, nos termos da Resolução RDC ANVISA nº 27, de 21 de junho de 2011. Diário Oficial da União. Brasília, DF, p.87, col.1, 22 jun, 2011. Seção 1.
11. BRASIL. Portaria INMETRO/MDIC nº501, de 29 de dezembro de 2011. Requisitos de Avaliação da Conformidade para Agulhas Hipodérmicas Estéreis para Uso Único e Agulhas Gengivais Estéreis para Uso Único. Diário Oficial da União. Brasília, DF, n. 251, p.118, col.2, 30 dez, 2011. Seção 1.
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Leitura Recomendada
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