condiÇÕes crÔnicas nÃo transmissÍveis … por dcnt, via prevenção e tratamento (pnud, 2015)....

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CONDIÇÕES CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS RISCO CARDIOVASCULAR Brasília – DF 2017

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  • CONDIES CRNICAS NO TRANSMISSVEIS RISCO CARDIOVASCULAR

    Braslia DF

    2017

  • CONDIES CRNICAS NO TRANSMISSVEIS RISCO CARDIOVASCULAR

    Braslia - DF

    2017

  • APRESENTAO

    Com o objetivo de ampliar a resolubilidade das equipes de sade, proporcionando ampliao do escopo de

    prticas e apoio ao processo de trabalho a partir da oferta de tecnologias assistenciais e educacionais, o

    Departamento de Ateno Bsica (DAB) do Ministrio da Sade (MS) tem empregado esforos na produo

    de diversos materiais tcnicos norteadores para o processo de trabalho das equipes na Ateno Bsica

    (AB). Os Protocolos da Ateno Bsica (PAB) tm enfoque clnico e de gesto do cuidado, servindo como

    subsdios para a qualificada tomada de deciso por parte dos profissionais de sade, de acordo com

    aspectos essenciais produo do cuidado na AB. Trata-se de um instrumento potente para a

    implementao de boas prticas e deve funcionar efetivamente como material de consulta no dia a dia dos

    profissionais de sade. Deve tambm ser constantemente avaliado segundo sua realidade de aplicao,

    com acompanhamento gerencial sistemtico e revises peridicas, permitindo espao para criao e

    renovao dentro do processo de trabalho.

    A elaborao do presente protocolo foi balizada pelos pressupostos da Poltica Nacional de Ateno Bsica

    (PNAB), na busca por uma AB acolhedora, resolutiva e que avance na gesto e coordenao do cuidado ao

    usurio do Sistema nico de Sade (SUS). H o pressuposto de que os PAB sejam permeveis ao

    reconhecimento de um leque maior de modelagens de equipes para as diferentes populaes e possveis

    adequaes s diferentes realidades do Brasil, sendo de fcil acesso, de uso permanente, com

    diagramao e encadernao que facilitam seu uso como ferramenta de trabalho. Vale lembrar que este

    material no abarca todas as possibilidades de arranjos e prticas de cuidado das pessoas com condies

    crnicas na AB, nem nos demais nveis de ateno, mas traz ofertas que possam ser teis para qualificar a

    prtica na AB.

    Atendendo o objetivo de ser um protocolo, este material busca qualificar a ateno ao cuidado nas

    condies crnicas e a tomada de deciso dos profissionais com base nas evidncias, programas e

    polticas de mbito nacional, sendo complementar com outras publicaes do Ministrio da Sade, como os

    Cadernos de Ateno Bsica e os Protocolos de Encaminhamento da Ateno Bsica para a Ateno

    Especializada. Busca, ainda, incentivar a educao permanente dos profissionais da AB, sendo um material

    para aprimoramento profissional e para a organizao dos servios, contribuindo para a melhoria do acesso

    das pessoas AB.

    Aliados ao objetivo de qualificar as aes de sade na AB, os PAB cumprem uma funo primordial, que

    oferecer respaldo tcnico, tico e legal para a atuao dos(as) trabalhadores(as) da AB, conforme disposto

    em suas atribuies comuns e especficas constantes na PNAB, particularmente no que se refere ao

    processo de trabalho dos profissionais de enfermagem. Diante disso, os PAB se destinam ao servio e no,

    especificamente, a determinadas categorias profissionais.

    Reconhece-se que, para o alcance dos objetivos do sistema de sade e o cumprimento efetivo e qualificado

    de suas funes como porta de entrada preferencial, coordenao do cuidado e resolubilidade na AB, faz-

    se necessrio conferir maior qualificao, autonomia e responsabilidade a todos(as) os(as)

    trabalhadores(as) atuantes neste mbito de ateno. Tambm fundamental estimular dispositivos para o

    trabalho compartilhado, considerando a oferta de cuidado em contextos de difcil acesso, com barreiras

    geogrficas ou outras particularidades locorregionais.

  • Partindo de tais objetivos e pressupostos, o Ministrio da Sade firmou parceria com uma instituio de

    excelncia, cuja trajetria reconhecida no campo da formao de profissionais de sade e no

    desenvolvimento de projetos de apoio ao SUS: o Hospital Srio-Libans (HSL). Com recursos da filantropia,

    especfica para hospitais considerados de excelncia e voltados pesquisa e capacitao de

    profissionais, atravs do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUSI), o

    Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) do HSL desenvolveu o processo de produo dos PAB juntamente com

    o DAB.

    Por meio dessa parceria, foram realizadas diversas oficinas de trabalho com um coletivo de

    trabalhadores(as) de diferentes ncleos profissionais, com vivncia e saber na AB. Tais oficinas foram

    orientadas por metodologias ativas de ensino-aprendizagem, com o objetivo de facilitar a emerso dos

    temas a serem trabalhados na publicao e a criao de formato que pudesse dialogar mais

    significativamente com a lgica da AB. A continuidade do desenvolvimento dos temas se deu nos

    momentos de disperso, embasada pela produo prvia do Ministrio da Sade voltada para a AB e para

    a rea temtica do protocolo.

    Cabe ressaltar que as referncias que serviram de base para a produo desta publicao so obras que

    versam sobre prticas e saberes j consolidados no mbito da AB, isto , tratam do cuidado em sade,

    considerando a perspectiva do usurio, da pessoa que busca o cuidado e no de agravos ou uma

    tecnologia, contemplando o trabalho em equipe e a organizao do processo de trabalho sob a tica da

    integralidade e demais princpios da AB. Sendo assim, o contedo dos Cadernos de Ateno Bsica (CAB)

    serviu como ponto de partida para a elaborao deste material. Agregam-se aos CAB as diretrizes de

    polticas de sade, com destaque para a PNAB, alm de manuais, diretrizes, normas e notas tcnicas, leis,

    portarias e outras publicaes do MS. Alm disso, foram utilizados estudos e consensos de bases de dados

    nacionais e internacionais de reconhecido valor para a AB.

    Aps a elaborao, foi realizada a etapa de validao interna, que consistiu em um processo de discusso

    do material por um conjunto de especialistas (profissionais, gestores(as), docentes) em Sade da Famlia,

    Medicina de Famlia e Comunidade (MFC) e especialistas focais, em conjunto com as reas tcnicas do

    MS. Nesta etapa promoveu-se a anlise tcnica dos protocolos a fim de garantir o aprimoramento do

    material elaborado pela equipe de produo.

    IO Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema nico de Sade (PROADI-SUS) contribui para o desenvolvimento institucional do SUS por meio de intervenes tecnolgicas, gerenciais e capacitao profissional, atravs da parceria do Ministrio da Sade (MS) e entidades de sade portadoras do Certificado de Entidade Beneficente de Assistncia Social em Sade (CEBAS-SADE) e de Reconhecida Excelncia, regulamentada pela Lei Federal no 12.101, de 27 de novembro de 2009.

  • INTRODUO

    OS PROTOCOLOS DE ATENO BSICA E AS CONDIES CRN ICAS

    Para que a AB possa cumprir seu papel na Rede de Ateno Sade (RAS), fundamental que a

    populao reconhea que as Unidades Bsicas de Sade (UBS) esto prximas ao seu domiclio e podem

    resolver grande parte de suas necessidades em sade. Para isso, gestores e trabalhadores possuem a

    tarefa de organizar os servios e os processos de trabalho, de modo que eles sejam, de fato, acessveis e

    resolutivos s necessidades da populao. Por meio do acompanhamento longitudinal e do acolhimento,

    compreendido como uma escuta atenta e qualificada, que considera as demandas trazidas pelo usurio, a

    equipe de sade define as ofertas da UBS para o cuidado e estabelece critrios que definem as

    necessidades de encaminhamento desse usurio para outro ponto da RAS. (BRASIL, 2012)

    Nesse sentido, o presente protocolo, que tem abrangncia nacional, pode ser adotado na ntegra ou

    adaptado pelos gestores estaduais e municipais conforme as necessidades e particularidades regionais.

    Deve, ainda, ser utilizado de forma complementar a outras publicaes do Departamento de Ateno Bsica

    (DAB), como os Cadernos de Ateno Bsica (CAB) e os Protocolos de Encaminhamento da Ateno

    Bsica para a Ateno Especializada, num contexto de integrao, em que cada publicao tem sua

    funcionalidade e contribui para maximizar o potencial de ao do profissional de sade nas variadas

    situaes que se apresentam no cotidiano da Ateno Bsica (AB).

    referente ao cuidado das pessoas que apresentam condies crnicasII e dialoga com os princpios e

    diretrizes da PNAB, afirmando tambm um compromisso com a implementao de aes de sade no

    mbito da AB que reduzam a morbimortalidade por causas prevenveis e evitveis, a partir da adoo ou

    ampliao de boas prticas profissionais, com enfoque no apenas para a pessoa, mas tambm para a

    famlia e a comunidade. Contempla tambm os diversos arranjos de equipe de Sade da Famlia e equipes

    que agregam outros saberes (Ncleo de Apoio ao Sade da Famlia - NASF e Consultrio na Rua - CnR) e

    que atendem a populao geral e suas especificidades, como populaes ribeirinhas, povos e comunidades

    tradicionais, povos indgenas, quilombolas, assentados e em situao de rua, facilitando o acesso ao

    cuidado em sade integral e territorializado.

    As doenas crnicas no transmissveis (DCNT) so as principais causas de bito no mundo, sendo

    estimado cerca de 36 milhes de mortes globais por DCNT, incluindo 14 milhes de mortes prematuras

    (WHO, 2013) e perda de qualidade de vida com alto grau de limitao nas atividades de trabalho e de lazer,

    alm de impactos econmicos para as famlias, comunidades e a sociedade em geral, agravando as

    iniquidades e aumentando a pobreza (BRASIL, 2011). Estima-se que as DCNT representam 74% do total

    de mortes no mundo (WHO, 2014), sendo responsveis por 72,6% (BRASIL, 2014a) das mortes no Brasil

    em 2013, na populao de 30 a 69 anos, representando assim mortes precoces e evitveis. Os principais

    grupos de DCNT (doenas cardiovasculares, doenas respiratrias, cncer e diabetes) possuem fatores de

    risco modificveis em comum (tabagismo, consumo abusivo de lcool, inatividade fsica e obesidade).

    No contexto mundial das DCNT, algumas pactuaes tem sido realizadas. Dentre as metas do Terceiro

    Objetivo do Desenvolvimento Sustentvel destaca-se a reduo, at 2030, em um tero da mortalidade

    IIAs condies crnicas so aquelas condies de sade de curso mais ou menos longo ou permanente, que exigem respostas e aes contnuas, proativas e integradas do sistema de ateno sade, dos profissionais de sade e das pessoas usurias para o seu controle efetivo, eficiente e com qualidade. (OMS, 2003)

  • prematura por DCNT, via preveno e tratamento (PNUD, 2015). Alm disso, o Plano Global para a

    Preveno e Controle das Doenas Crnicas No Transmissveis 2013-2020, da Organizao Mundial da

    Sade, prev entre suas metas, a reduo em 25% do risco de mortes prematuras por DCNT (WHO, 2013).

    Para enfrentar a complexidade das DCNT, o Ministrio da Sade tem implementado importantes polticas e

    programas, com destaque para a Rede de Ateno Sade das Pessoas com Doenas Crnicas, instituda

    pela Portaria GM/MS n483 de 10 de abril de 2014. A Rede tem como objetivo a ateno integral sade

    das pessoas com doenas crnicas, em todos os pontos de ateno, atravs da realizao de aes e

    servios de promoo e proteo da sade, preveno de agravos, diagnstico, tratamento, reabilitao,

    reduo de danos e manuteno da sade. Outra frente em que o Ministrio vem atuando o Plano de

    Aes Estratgicas para o Enfrentamento das DCNT no Brasil, 2011 a 2022, o qual traz um compromisso

    de mais de 20 ministrios, com metas para o perodo, bem como as aes intersetorias estruturadas em

    trs eixos, considerando que o cuidado na AB se d de forma longitudinal, tendo como responsabilidade a

    articulao com os demais pontos da rede, de forma a garantir o acesso integral conforme necessidades

    individuais de sade (BRASIL, 2011).

    O cuidado das pessoas com DCNT envolve a identificao, partir do enfoque no risco cardiovascular, o

    cuidado clnico e o apoio psicossocial, atravs da construo do projeto teraputico singular, a avaliao de

    comorbidades, o estmulo ao autocuidado e a mudana de hbitos. As variaes e especificidades locais,

    tais como regionalidade, acesso aos servios, diferena por sexo, idade, escolaridade, entre outros, podem

    demandar um olhar diferenciado dos profissionais de sade e maior integrao entre as equipes e

    equipamentos do territrio na perspectiva da melhoria da qualidade do atendimento, da ampliao do

    escopo de aes ofertadas pelas equipes e do aumento da capacidade clnica, alm da articulao entre AB

    e vigilncia em sade em mbito local (BRASIL, 2014b).

    LINHAS ORIENTADORAS DO PROTOCOLO

    Tradicionalmente, nos sistemas de sade, tem-se priorizado o cuidado das pessoas com doenas crnicas

    estabelecidas, sobretudo hipertenso e diabetes mellitus, sendo uma prtica bem consolidada na AB. No

    entanto, o atendimento integral das pessoas com condies crnicas sem doena estabelecida, com

    acolhimento de suas demandas e necessidades, garantia do acesso e respostas a contento, ainda est em

    processo de consolidao.

    No cotidiano dos servios, a integralidade se expressa pela ateno sade dos usurios, sob a tica da

    clnica ampliada, com a oferta de cuidado (e com a) pessoa, e no apenas a seu adoecimento. Isso inclui

    tambm a prestao de cuidados abrangentes, que compreendem desde a promoo da sade, a

    preveno primria, o rastreamento e a deteco precoce de doenas, a reabilitao e os cuidados

    paliativos, alm da preveno de intervenes e danos desnecessrios, a denominada preveno

    quaternria (NORMAN, 2009). Isto , o alcance da integralidade na AB pressupe a superao da restrio

    do cuidado das pessoas a aes programticas por meio do desenvolvimento de aes abrangentes de

    sade e de acordo com as necessidades de sade dos usurios.

    Tendo como base o referencial do Modelo da Pirmide de Risco, proposto por Mendes (2011), este

    protocolo baseia seus captulos por estratos de risco, pois, ao conhecer os riscos de cada usurio, o

    profissional de sade ser capaz de adequar as aes, tanto individuais quanto coletivas, conforme as

    necessidades da populao adscrita, alm de utilizar melhor os recursos do servio.

  • As doenas crnicas no transmissveis abarcam um conjunto de condies crnicas com longa ou

    indefinida durao. Entretanto, o foco deste protocolo preveno primria da doena macrovascular,

    seguida da preveno secundria e terciria, pois atualmente as doenas cardiovasculares so as

    principais causas de morte em mulheres e homens no Brasil (BRASIL, 2015).

    Nesse sentido, o primeiro captulo intitulado Do Biolgico ao Biogrfico, apresenta os instrumentos para

    avaliar os diversos fatores de enfrentamento da enfermidade, promovendo fatores facilitadores e reduzindo

    os dificultadores, permitindo o desenvolvimento da autonomia e do autocuidado das pessoas com

    condies crnicas associadas.

    Por sua vez, os captulos subsequentes abordam os seguintes temas: rastreamento e estratificao de risco

    cardiovascular; comportamentos e situaes de risco modificveis na preveno das condies crnicas

    no transmissveis; condutas nas condies clnicas sem complicaes e com complicaes leves

    assintomticas; condutas nas condies clnicas associadas a multimorbidade e condutas nas condies

    clnicas com perda de autonomia e perda funcional grave.

    Os problemas e a respectiva abordagem pela equipe multiprofissional na AB so apresentados em formato

    de fluxogramas, que trazem, de forma objetiva, os passos do cuidado desde o primeiro contato da pessoa

    com a equipe de AB at o plano de cuidados, o qual sempre deve ser realizado de forma compartilhada

    com o usurio. Nos passos do fluxograma, faz-se referncia tambm s categorias profissionais habilitadas,

    do ponto de vista tcnico e tico-legal, para realizarem as atividades ou os procedimentos indicados. Alguns

    temas possuem quadros com informaes complementares aos fluxogramas. Em algumas situaes,

    apresenta-se um quadro inicial referente aos sinais de alerta, que contm: i) por um lado, os sinais,

    sintomas e dados clnicos que podem remeter a um risco mais elevado; e ii) por outro, as situaes que

    necessitam de avaliao clnica em carter de urgncia/emergncia ou prioritria (condies em que se

    pode prever alguma gravidade, embora sem risco de vida iminente no momento primordial da avaliao).

    O quadro-sntese sumariza o conjunto de aes de cada captulo, sob uma abordagem integral, e

    discrimina os profissionais responsveis pela realizao do cuidado qualificado do ponto de vista tcnico e

    tico-legal. O contedo segue a lgica de produo do cuidado s pessoas com condies crnicas,

    partindo do acolhimento demanda espontnea, com escuta qualificada, at as aes previstas como

    ofertas possveis para a ateno integral e promoo da sade desta populao. Estas aes esto

    agrupadas na avaliao global (entrevista e exame fsico geral e especfico) e no plano de cuidados de

    forma ampliada, incluindo aes de avaliao dos problemas (exames complementares), abordagem

    medicamentosa e no medicamentosa, atividades de educao em sade, acompanhamento e vigilncia

    em sade, a depender do tema em questo.

    Acolhimento com escuta qualificada a primeira categoria do quadro-sntese bem como dos

    fluxogramas de todas as sees e uma das diretrizes para qualificao e humanizao das prticas de

    sade no SUS, que devem estar fundamentadas no trabalho em equipe e na construo do relacionamento

    entre profissionais e usurios (BRASIL, 2003). Acolhimento pode ser entendido por diferentes perspectivas,

    tanto como um modo de organizao do processo de trabalho para ampliao do acesso e organizao da

    demanda espontnea, assim como uma postura tico-poltica dos(as) profissionais, ao estabelecerem

    vnculo de cuidado com os(as) usurios(as), com respeito autonomia das pessoas e considerao das

    necessidades, desejos e interesses dos atores envolvidos no cuidado (BRASIL, 2010).

  • Sendo assim, incluir o acolhimento com escuta qualificada como princpio bsico das aes dos

    profissionais de sade tem por objetivos:

    a melhoria do acesso das pessoas aos servios de sade, modificando a forma tradicional de entrada

    por filas e a ordem de chegada;

    a humanizao das relaes entre profissionais de sade e as pessoas no que se refere forma de

    escutar os(as) usurios(as) em seus problemas e suas demandas;

    a mudana de objeto (da doena para o sujeito);

    a abordagem integral a partir de parmetros humanitrios de solidariedade e cidadania;

    o aperfeioamento do trabalho em equipe, com a integrao e a complementaridade das atividades

    exercidas por categoria profissional, buscando-se orientar o atendimento nos servios de sade pelos

    riscos apresentados, pela complexidade do problema, pelo acmulo de conhecimentos, saberes e de

    tecnologias exigidas para a soluo;

    o aumento da responsabilizao dos(as) profissionais de sade em relao as pessoas e a elevao

    dos graus de vnculo e confiana entre eles; e

    a operacionalizao de uma clnica ampliada que implica a abordagem das pessoas para alm da

    doena e suas queixas, bem como a construo de vnculo teraputico para aumentar o grau de

    autonomia e de protagonismo dos sujeitos no processo de produo de sade.

    Ainda no detalhamento da categoria Acolhimento com escuta qualificada, foi utilizado como referencial o

    conceito de motivos de consulta (MC) da Classificao Internacional de Ateno Primria (CIAP),

    incorporado pelo Ministrio da Sade (MS) no Pronturio Clnico do Cidado (PEC) do Sistema e-SUS da

    Ateno Bsica (e-SUS AB) , adaptado nos Protocolos da Ateno Bsica como motivos de(o) contato

    (BRASIL, 2014c). Em analogia ao conceito de MC, o motivo de contato se refere a qualquer razo, fator ou

    motivao que leve a um encontro entre profissional de sade e usurio, com nfase na demanda

    apresentada pelo usurio ao servio de sade, nas necessidades apresentadas pelas pessoas que buscam

    cuidado: poder se tratar de sintomas ou queixas [...], doenas conhecidas [...], pedidos de exames de

    diagnstico ou preventivos [...], pedido de tratamento [...], conhecer os resultados de testes, ou por razes

    administrativas [...] (WONCA, 2009).

    A adoo do termo motivo de contato deve-se ao fato dos Protocolos da AB contemplarem amplo leque de

    aes em sade, realizadas por diferentes profissionais e que no se restringem a consultas, embora as

    contemplem. Alm disso, favorece que no seja feita a vinculao direta, sem a interpretao conjunta entre

    profissional e usurio(a), entre a demanda dos sujeitos e a necessidade de uma consulta como soluo

    daquela. Importante parcela do cuidado prestado na AB, resolutivo, ampliado e adequado s necessidades

    das pessoas, realizada em aes extra consultrio, como nas visitas domiciliares, atividades em grupos,

    espaos de educao em sade, aes coletivas e intersetoriais, bem como no prprio acolhimento do(a)

    usurio(a) nos servios de sade.

    De forma geral, as categorias dos quadros-sntese, dispostas nas linhas, foram inspiradas nas notas de

    evoluo (Subjetivo, Objetivo, Avaliao e Plano SOAP), do modelo de Registro Clnico Orientado para o

    Problema (RCOP) ou Pronturio Orientado para o Problema e para a Evidncia (POPE), tambm adotado

    pelo MS no PEC do e-SUS AB (BRASIL, 2014c). O SOAP um modelo de registro em sade adequado

    para o cuidado na AB e para as diferentes prticas profissionais, cuja estrutura reflete a complexidade dos

  • cuidados bsicos de sade (favorecendo a continuidade, a integralidade e a coordenao do cuidado), com

    destaque para suas categorias de problemas e avaliao (no restritas s categorias de doena e

    diagnstico, respectivamente), bem como de plano de cuidados (em suas dimenses de propedutica,

    teraputica, educativa e de seguimento/acompanhamento).

    Nos quadros-sntese dos Protocolos da AB, so utilizados trs termos ao denotar quem faz (ltima coluna

    dos quadros), isto , as categorias profissionais responsveis pela realizao das aes do ponto de vista

    tcnico e legal: Equipe Multiprofissional, Enfermeiro(a)/Mdico(a) e Mdico(a). A equipe multiprofissional

    contempla todos os profissionais das equipes de Ateno Bsica e do NASF, a depender da realidade de

    cada regio e servio de sade, dos profissionais presentes nas equipes (e seus saberes-prticas) e da

    forma de organizao do processo de trabalho que contemple as especificidades e singularidades de cada

    territrio.

    Por fim, os quadros e textos de leitura complementar foram includos para apoiar a compreenso do tema

    abordado no captulo, de forma um pouco mais detalhada, ainda que breve. E a seo Saiba mais traz

    alguns hiperlinks, que podem ser acessados para agregar conhecimentos ao tema abordado no captulo,

    alm de informaes relevantes que tangenciam ou atravessam o lcus da AB encontradas em documentos

    do Ministrio da Sade.

    importante reiterar que a abordagem proposta, embora apoiada em referncias qualificadas do MS e de

    publicaes cientficas de reconhecimento nacional e internacional, no contempla todas as possibilidades

    de cuidado e nem resolve, como iniciativa isolada, as questes inerentes ao cuidado em sade. Tais

    questes dependem de qualificada formao tcnica, tico, poltica e humanitria em sade, de um

    processo de educao permanente em sade e do julgamento clnico judicioso com respeito autonomia

    dos usurios.

    Este material pode ser entendido como oferta do Departamento de Ateno Bsica do Ministrio da Sade

    para os profissionais e gestores da Ateno Bsica e importante que esteja atrelado a outras iniciativas

    para potencializar e qualificar o cuidado na Ateno Bsica pelos trs entes federativos (governo federal,

    unidades da federao e municpios).

  • REFERNCIA BIBLIOGRFICA

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    BRASIL. Ministrio da Sade. Plano de Aes Estratgicas para o Enfrentamento da s Doenas

    Crnicas No Transmissveis no Brasil 2011-2022 . Braslia: Ministrio da Sade, 2011.

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    . Acesso em: 13 mai 2016.

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    NORMAN, A.H.; TESSER, C.D. Preveno quaternria na ateno primria sade: uma necessidade do

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    WORLD ORGANIZATION OF NATIONAL COLLEGES, ACADEMIES, AND ACADEMIC ASSOCIATIONS

    OF GENERAL PRACTITIONERS/FAMILY PHYSICIANS (WONCA). Classificao Internacional de

    Ateno Primria (CIAP 2) . Florianpolis: SBMFC, 2009.

  • 1. DO BIOLGICO AO BIOGRFICO

    Este captulo se dedica a centrar a ateno na pessoa (com

    relaes. Muito alm do prescrever o tratamento para o biolgico, importante que a equipe de sade

    conhea o biogrfico a histria da pessoa, como ela entende e convive com a sua enfermidade, qual a sua

    capacidade para o autocuidado, qual a sua vulnerabilidade, quais os seus valores e sentimentos

    qual a sua rede familiar / comunitria

    fazer, o processo que passa pelo aprendizado, perce

    desenvolve maior autonomia e o autocuidado no enfrentamento da sua enfermidade (ver figura 1.1).

    Fonte: autoria prpria

    Queiroz & Salum (2013), apresentam a Teoria da Determinao Social do Processo Sade

    destaca que os processos de fortalecimento e de desgaste, so os determinantes da sade e da doena

    fazendo parte da integrao do homem no trabalho (formas de trabalhar) e na vida

    destacar que entre o trabalho e a vida, h uma rede hierarquizada de determinao que estrutura o

    fortalecimento ou o desgaste do corpo biolgico. Entender esse processo fundamental para ampliar o

    olhar e identificar as necessidades de sade da pessoa que vive

    Nesse sentido, a observao da realidade de diferentes sociedades mostra que a forma como os diferentes

    grupos ou classes sociais trabalham vai influenciar o desgaste ou o fortalecimento dos membros das

    famlias destes mesmos grupos. As diferentes formas de integrao e acesso ao trabalho, na comunidade,

    formas de moradia, acesso aos alimentos e cultura correspondem distintas formas de viver, de consumir e

    adoecer (SOARES & CAMPOS; 2013).

    A Abordagem centrada na pessoa uma tendncia mundial, principalmente n

    condies crnicas. O Mtodo Clnico Centrado na Pessoa a aplicao dos conceitos da abordagem

    centrada na pessoa na prtica, prope um conjunto claro de orientaes atrav

    que tem ntima ligao entre si, cabendo ao profissional se mover entre eles, dependendo das demandas da

    pessoa e das pistas oferecidas por ela

    Autocuidado

    Empoderamento

    DO BIOLGICO AO BIOGRFICO

    tulo se dedica a centrar a ateno na pessoa (com condio crnica) e toda a sua rede de

    relaes. Muito alm do prescrever o tratamento para o biolgico, importante que a equipe de sade

    conhea o biogrfico a histria da pessoa, como ela entende e convive com a sua enfermidade, qual a sua

    a o autocuidado, qual a sua vulnerabilidade, quais os seus valores e sentimentos

    / comunitria / social. importante tambm entender a diferena entre o saber e o

    fazer, o processo que passa pelo aprendizado, percepo, motivao e vivncia em que o sujeito

    desenvolve maior autonomia e o autocuidado no enfrentamento da sua enfermidade (ver figura 1.1).

    FIGURA 1.1 CICLO DO SABER AO FAZER

    autoria prpria

    apresentam a Teoria da Determinao Social do Processo Sade

    processos de fortalecimento e de desgaste, so os determinantes da sade e da doena

    fazendo parte da integrao do homem no trabalho (formas de trabalhar) e na vida

    destacar que entre o trabalho e a vida, h uma rede hierarquizada de determinao que estrutura o

    fortalecimento ou o desgaste do corpo biolgico. Entender esse processo fundamental para ampliar o

    des de sade da pessoa que vive com condio crnica

    Nesse sentido, a observao da realidade de diferentes sociedades mostra que a forma como os diferentes

    grupos ou classes sociais trabalham vai influenciar o desgaste ou o fortalecimento dos membros das

    famlias destes mesmos grupos. As diferentes formas de integrao e acesso ao trabalho, na comunidade,

    formas de moradia, acesso aos alimentos e cultura correspondem distintas formas de viver, de consumir e

    CAMPOS; 2013).

    trada na pessoa uma tendncia mundial, principalmente no cuidado de pessoas com

    crnicas. O Mtodo Clnico Centrado na Pessoa a aplicao dos conceitos da abordagem

    centrada na pessoa na prtica, prope um conjunto claro de orientaes atravs dos seus componentes

    que tem ntima ligao entre si, cabendo ao profissional se mover entre eles, dependendo das demandas da

    pistas oferecidas por ela (ver figura 1.2).

    MotivaoAutocuidado

    Percepo da enfermidade

    Empoderamento

    Saber Sentir

    QuererFazer

    crnica) e toda a sua rede de

    relaes. Muito alm do prescrever o tratamento para o biolgico, importante que a equipe de sade

    conhea o biogrfico a histria da pessoa, como ela entende e convive com a sua enfermidade, qual a sua

    a o autocuidado, qual a sua vulnerabilidade, quais os seus valores e sentimentos envolvidos,

    a diferena entre o saber e o

    po, motivao e vivncia em que o sujeito

    desenvolve maior autonomia e o autocuidado no enfrentamento da sua enfermidade (ver figura 1.1).

    apresentam a Teoria da Determinao Social do Processo Sade-Doena em que

    processos de fortalecimento e de desgaste, so os determinantes da sade e da doena

    (formas de viver). Cabe

    destacar que entre o trabalho e a vida, h uma rede hierarquizada de determinao que estrutura o

    fortalecimento ou o desgaste do corpo biolgico. Entender esse processo fundamental para ampliar o

    com condio crnica.

    Nesse sentido, a observao da realidade de diferentes sociedades mostra que a forma como os diferentes

    grupos ou classes sociais trabalham vai influenciar o desgaste ou o fortalecimento dos membros das

    famlias destes mesmos grupos. As diferentes formas de integrao e acesso ao trabalho, na comunidade,

    formas de moradia, acesso aos alimentos e cultura correspondem distintas formas de viver, de consumir e

    o cuidado de pessoas com

    crnicas. O Mtodo Clnico Centrado na Pessoa a aplicao dos conceitos da abordagem

    s dos seus componentes

    que tem ntima ligao entre si, cabendo ao profissional se mover entre eles, dependendo das demandas da

  • O MTODO CLNICO CENTRADO NA PESSOA E SEUS COMPONEN TES

    Fonte: BRASIL (2014)

    Como j referido, a construo deste protocolo tem como base o referencial do Modelo da Pirmide de

    Risco, proposto por Mendes (2011)

    nica e o enfrentamento da enfermidade diferenciado

    IMPORTNCIA DO AUTOCUIDADO NAS CONDIES CRNICAS P OR ESTRATIFICAO DE RISCO

    Fonte: autoria prpria

    Condies crnicas sem complicaes ou com alteraes leves assintomticas

    Fatores de risco para condies

    Autocuidado das pessoas

    FIGURA 1.2 O MTODO CLNICO CENTRADO NA PESSOA E SEUS COMPONEN TES

    Como j referido, a construo deste protocolo tem como base o referencial do Modelo da Pirmide de

    to por Mendes (2011), em cada um destes extratos de risco a experincia do adoecimento

    enfermidade diferenciado (ver figura 1.3).

    FIGURA 1.3 IMPORTNCIA DO AUTOCUIDADO NAS CONDIES CRNICAS P OR ESTRATIFICAO DE RISCO

    Perda da Autonomia e Perda

    Funcional Grave

    Complicaes maiores e enfermidade

    Condies crnicas sem complicaes ou com alteraes leves assintomticas

    Fatores de risco para condies crnicas

    Autocuidado das pessoas

    O MTODO CLNICO CENTRADO NA PESSOA E SEUS COMPONEN TES

    Como j referido, a construo deste protocolo tem como base o referencial do Modelo da Pirmide de

    tratos de risco a experincia do adoecimento

    IMPORTNCIA DO AUTOCUIDADO NAS CONDIES CRNICAS P OR ESTRATIFICAO DE RISCO

    Cuidados da Equipe de

  • Existem diversos fatores que podem facilitar ou dificultar este processo de enfrentamento da enfermidade

    (ver figura 1.4). Cada pessoa se comporta de maneira diferente o que leva a um melhor ou pior e mais

    sofrido adoecimento.

    FIGURA 1.4 FATORES FACILITADORES E DIFICULTADORES DE ENFRENTAM ENTO DA ENFERMIDADE

    Fonte: autoria prpria

    De forma geral alguns fatores so mais caractersticos de alguns extratos de risco, por exemplo a

    resilincia, a espiritualidade e o suporte familiar so mais importantes de serem trabalhados nos pacientes

    com complicaes maiores e perda de autonomia e funcional grave. Existem diversos instrumentos para

    identificar e avaliar estes fatores e, dessa forma, promover os facilitadores e reduzir os dificultadores.

    No necessrio o uso de todas as ferramentas (ver quadro 1.1) para todas as pessoas. O uso desses

    instrumentos vai alm de simplesmente obter o resultado ou escore, e sim propor modos de repensar e

    avaliar criticamente como produzido o cuidado. Partir da abordagem centrada na pessoa, do princpio da

    equidade, do referencial da estratificao do risco e vulnerabilidades (AYRES, 2003), a equipe ser capaz

    de adequar as aes, tanto individuais como coletivas. Somadas clnica ampliada (CUNHA, 2005) e

    projetos teraputicos singulares (OLIVEIRA, 2008) que lidam com usurios enquanto sujeitos buscando a

    participao e autonomia na elaborao do plano teraputico olhar para as possibilidades de expandir o

    cuidado longitudinal (ver quadro 1.2), em equipe multiprofissional, na UBS e extramuros (na comunidade),

    promovendo uma melhor qualidade de vida para as pessoas com condies crnicas cardiovasculares.

    Empoderamento

    Adeso ao tratamento

    Resilincia

    Espiritualidade

    Suporte Familiar

    Apoio Social

    Autonomia

    Auto cuidado

    Trabalho

    Tristeza, transtornos ansiosos e depressivos

    Estresse

    Uso de substncias psicoativas

    Falta de Motivao

    Baixa auto eficcia

    Trabalho

  • QUADRO 1.1 AVALIAO DOS FATORES DE ENFRENTAMENTO

    FATORES QUANDO PORQUE PARA QUE COMO

    Adeso ao tratamento medicamentoso pactuado

    Todas as pessoas com doenas no controladas e as com uso de polifarmcia

    O uso irregular da medicao leva a um maior risco de efeitos colaterais e complicaes

    Avaliar o uso regular da medicao e identificar qual a melhor opo de conduta

    Questionrio Morisky 8

    (Anexo 1.1)

    Resilincia

    As pessoas com doenas no controladas, ou com sofrimento pela enfermidade ou com quadros clnicos mais graves

    Associada a desfechos clnicos em doenas crnicas, adeso ao tratamento, risco de complicaes, internaes e morte.

    Avaliar o grau de resilincia, os fatores associados a ela e, quando necessrio, identificar qual a melhor opo de conduta.

    Escala de resilincia de

    Connor e Davidson 2003

    (Anexo 1.2)

    Espiritualidade

    Todas as pessoas com sofrimento pela enfermidade ou com quadros clnicos mais graves

    A espiritualidade um fator psicossocial diretamente associado a melhores desfechos clnicos em doenas crnica

    Identificar a importncia da espiritualidade, os fatores associados a ela e a melhor abordagem pelo profissional de sade

    Questionrios FICA, HOPE,

    Histria pessoal da ACP, CSI-

    MEMO

    (Anexo 1.3)

    Abordagem Familiar

    Todas as pessoas com sofrimento pela enfermidade ou com quadros clnicos mais graves

    A famlia pode contribuir para apoiar e incentivar prticas mais saudveis, alm de atuar como facilitadora na construo e adeso ao projeto teraputico, atravs de apoio, flexibilidade, pacincia e cuidado

    Avaliar a percepo da famlia e a relao com a pessoa com doena crnica

    PRACTICE, Genograma e

    Ecomapa

    (Anexo 1.4)

    Tristeza / Sintomas Ansiosos / Depressivos

    As pessoas com sintomas ansiosos / depressivos ou com sofrimento pela enfermidade ou com quadros clnicos mais graves

    Os distrbios ansiosos e depressivos esto diretamente relacionados piora das patologias e da qualidade de vida

    Identificar a necessidade de avaliao mdica e tratamento (no medicamentoso e/ou medicamentoso) destes distrbios

    Escala de Ansiedade e Depresso

    (HAD)

    (Anexo 1.5)

    Alcoolismo

    Pessoas ou familiares com histria de uso frequente ou de abuso de bebidas alcolicas

    O alcoolismo est diretamente relacionado com piora da adeso ao tratamento e com pior prognstico

    Avaliar a necessidade de interveno e qual o tipo adequado

    AUDIT - teste para

    identificao de problemas

    relacionados ao uso de

    lcool

    (Anexo 1.6)

    Fonte: autoria prpria

  • QUADRO 1.2 PROMOO DE FATORES DE ENFRENTAMENTO

    FATORES QUANDO PORQUE PARA QUE COMO

    Empoderamento / Autonomia

    Pessoas com baixo conhecimento (ou muitos mitos) sobre a doena / tratamento, pessoas com conflitos sobre a enfermidade

    O baixo empoderamento / conhecimento levam a maior possibilidade de falhas no tratamento e menor autonomia

    Capacitar as pessoas para entender melhor o processo do adoecimento / tratamento e assim dar maior autonomia as pessoas

    Educao em Sade / Grupos

    Operativos

    (ver Saiba Mais)

    Motivao e Auto Eficcia

    Pessoas com baixa motivao para o autocuidado, resistncia ao tratamento, baixa auto eficcia

    Fortalecimento da prpria motivao da pessoa e comprometimento com uma mudana, resoluo da ambivalncia

    Motivar a mudana de comportamento e aumentar a auto eficcia

    Entrevista Motivacional

    (Anexo 1.7)

    Autocuidado

    Pessoas que precisam desenvolver o autocuidado

    Educao para o autocuidado

    Construir conjuntamente o plano de autocuidado

    A Tcnica dos 5 As

    (ver Saiba Mais)

    Fonte: autoria prpria

  • SAIBA MAIS

    Para saber mais sobre o cuidado da pessoa com doena crnica, Empoderamento / Autonomia

    Educao em Sade / Grupo Operativo / Autocuidado / A Tcnica dos 5 AS leia o Caderno de Ateno

    Bsica no 35. Estratgias para o cuidado da pessoa com doena crnica. Braslia: Ministrio da Sade,

    2014. Disponvel em:

    http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategias_cuidado_pessoa_doenca_cronica_cab35.pdf.

    Para saber mais sobre os cuidados em sade mental, leia o Caderno de Ateno Bsica no 34. Sade

    Mental. Braslia: Ministrio da Sade, 2013. Disponvel em:

    http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_34.pdf

    Para saber mais sobre o conceito de vulnerabilidade, leia O conceito de vulnerabilidade e as prticas de

    sade: novas perspectivas e desafios. In: Czeresnia, D.; Freitas, C.M., organizadores. Promoo da

    sade: conceitos, reflexes, tendncias. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2003. P 117-39. Disponvel em:

    https://books.google.com.br/books?hl=en&lr=&id=-

    UEqBQAAQBAJ&oi=fnd&pg=PA121&ots=CS99Sv5iJg&sig=MIADNRKnwSRTUhta16KTrvxGjgs#v=one

    page&q&f=false

    Para saber mais sobre A Clnica Ampliada e Projeto Teraputico Singular leia a cartilha da Poltica

    Nacional de Humanizao, 2007 disponvel em:

    http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/clinica_ampliada_2ed.pdf.

  • REFERNCIAS BIBLIOGRAFICAS

    ARBES, J.A.; GUALB, A.; CASQUEROC, R.; BOBESD, J.; ORTEGAE, P. Posicionamiento de

    SEMERGEN para el abordaje de los transtornos por consumo de alcohol en atencin primaria. Revista

    Semergen - Medicina de Familia . v.41, Supplement 2, Sociedad Espaola de Mdicos de Atencin

    Primaria, Madrid, Espaa, 2015.

    BRASIL. Ministrio da Sade. Caderno de Ateno Bsica n o 35. Estratgias para o cuidado da pessoa

    com doena crnica. Braslia: Ministrio da Sade, 2014.

    BUTLER C.C., ROLLNICK S., COHEN D., BACHMANN M.,RUSSEL I., STOTT N. Motivational Consulting

    versus brief advice for smokers in general practice: a randomized trial. British Journal of General Practice .

    August 1999, p.611-616.

    DIAS, R.B.; GUIMARES, F. Ferramentas para promover mudana de hbitos e estilo de vida na Ateno

    Primria Sade. PROMEF. Porto Alegre, Ciclo 4, mdulo 1, 2009.

    FIGLIE N.B.; GUIMARES L.P. A Entrevista Motivacional: conversas sobre mudana. Bol. Acad. Paulista

    de Psicologia . So Paulo, v.34, n.87, p.472-489, 2013.

    CUNHA, G.T. A construo da clnica ampliada na ateno bsica . So Paulo: Hucitec, 2005.

    MILLER, W.R.; ROLLNICK, S. Motivational Interview helping people change . 3 ed. New York: The

    Guilford Press, 2013.

    MILLER, W.R.; ROLLNICK, S. Entrevista Motivacional preparando as pessoas par a a mudana de

    comportamentos aditivos . 1 ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.

    NAVARRO M.C. Estudio de Validacin de la escala EVEM para evaluar la Entrevista Motivacional em

    consultas de atencin primaria de salud. Tesis doctoral . Departamento de Medicina, Faculdad de Medicina

    de la Universidad Autnoma de Barcelona, 2015.

    OLIVEIRA, G.N. O projeto teraputico singular. In: CAMPOS, G.W,.S.; GUERRERO, A.V.P. Manual de

    praticas de ateno bsica sade ampliada e compart ilhada. So Paulo: Hucitec, 2008.

    QUEIROZ, V.M.; SALUM, M.J.L. Operacionalizando o conceito de coletivo na releitura da categoria da

    reproduo social. In: V Congresso Brasileiro de Sade Coletiva, 1997. Comunicao Coordenada. Lindia,

    1997. Apud SOARES, C.B.; CAMPOS, C.M.S. Fundamentos de Sade Coletiva e o Cuidado de

    Enfermagem . So Paulo: Ed. Manole, 2013.

    ROLLNICK, S.; MILLER, W.R.; BUTLER, C.C. Entrevista Motivacional no cuidado da sade: ajudan do

    pacientes a mudar o comportamento . Porto Alegre: Artmed, 2009.

    RUBAK, S.; SANDBAEK, A.; LAURITZEN, T.; CHRISTENSEN, B. Motivational interviewing: a systematic

    review and meta-analysis. The British journal of general practice : the journal of Royal College of General

    Practitioners, 2005.

    SERRABULHO L.; MOTA T.; RAPOSO J.; BOAVIDA J.; NUNES J.S.; CERNADAS R. et al. Mudana de

    estilo de vida e gesto do peso na diabetes: programa de formao de formadores Juntos Mais Fcil.

    Revista Factores de Risco . n.34, out-dez, Sociedade Portuguesa de Cardiologia, 2014.

  • SIGGY RAUSCH. Motivational Interviewing in Family Medicine in The World Book of Family Medicine

    European Edition 2015 . Disponvel em: http://www.woncaeurope.org/content/world-book-family-medicine-

    european-edition-2015-table-content.

    SILVA, E.S. O uso da tcnica da Entrevista Motivacional como es tratgia para adeso do paciente ao

    cuidado da sade periodontal . Faculdade de Odontologia de Piracicaba, da Universidade Estadual de

    Campinas, 2013.

  • ANEXO 1.1

    QUESTIONRIO MORISKY

    PERGUNTAS Pontuao

    SIM (0) NO (1)

    1. Voc s vezes esquece de tomar os seus remdios?

    2. Nas duas ltimas semanas, houve algum dia em que voc no tomou seus remdios?

    3. Voc j parou de tomar remdios ou diminuiu a dose sem avisar seu mdico porque se sentia pior quando os tomava?

    4. Quando voc viaja ou sai de casa, s vezes esquece de levar seus medicamentos?

    5. Voc tomou seus medicamentos para presso alta ontem?

    6. Quando sente que sua presso est controlada, voc s vezes para de tomar seus medicamentos?

    7. Voc j se sentiu incomodado por seguir corretamente o seu tratamento para presso alta?

    8. Com que frequncia voc tem dificuldade para se lembrar de tomar todos os seus remdios?

    Nunca / Quase Nunca / s vezes

    (0)

    Frequentemente / Sempre

    (1)

    RESULTADO

    ALTA ADESO (8 pontos)

    MDIA ADESO (6 a 7 pontos)

    BAIXA ADESO (0 a 5 pontos)

    O QUE FAZER

    As questes 01, 04 e 08 esto relacionadas ao esquecimento, caso as respostas forem sim utilizar

    estratgias de organizao (como caixinhas separadas pelos horrios / dias)

    As questes 03, 06 e 07 esto relacionadas no percepo da necessidade de uso da medicao, caso

    as respostas forem sim orientar a respeito da importncia do uso regular da medicao, esclarecer as

    possveis dvidas e avaliar necessidade de aes de educao em sade.

  • ANEXO 1.2

    ESCALA DE RESILINCIA DE CONNOR E DAVIDSON 2003 (TR ADUZIDA POR TRENTINI E SILVA)

    PERGUNTAS

    Pontuao NUNCA

    VERDADEIRO

    (0)

    RARAMENTE

    VERDADEIRO (1)

    ALGUMAS VEZES

    VERDADEIRO (2)

    MUITAS VEZES

    VERDADEIRO (3)

    VERDADEIRO QUASE

    SEMPRE (4)

    Eu tenho ao menos um relacionamento prximo e seguro que me ajuda quando estou estressado

    Quando no encontro solues claras para meus problemas, algumas vezes o destino ou Deus podem me ajudar.

    Eu posso enfrentar qualquer coisa que vier.

    Meus sucessos anteriores me do confiana para novos desafios.

    Eu tento ver com bom humor as coisas quando enfrento problemas.

    Enfrentar situaes com estresse me fortalece.

    Eu tenho tendncia a me recuperar aps uma doena ou sofrimento.

    O que acontece na vida na maioria das vezes tem uma razo.

    Eu dou o meu melhor, no importa em que seja.

    Eu acredito que posso alcanar minhas metas, ainda que existam obstculos.

    Mesmo quando as coisas parecem sem esperana, eu no desisto.

    Durante momentos difceis, eu sei onde buscar ajuda.

    Mesmo quando estou sendo pressionado, eu consigo me concentrar e pensar claramente.

    Eu prefiro ficar no comando na resoluo de problemas do que deixar outros tomarem as decises.

    No desanimo facilmente por causa de minhas falhas.

  • ESCALA DE RESILINCIA DE CONNOR E DAVIDSON 2003 (TR ADUZIDA POR TRENTINI E SILVA)

    PERGUNTAS

    Pontuao NUNCA

    VERDADEIRO

    (0)

    RARAMENTE

    VERDADEIRO (1)

    ALGUMAS VEZES

    VERDADEIRO (2)

    MUITAS VEZES

    VERDADEIRO (3)

    VERDADEIRO QUASE

    SEMPRE (4)

    Eu me vejo como uma pessoa forte quando enfrento desafios e dificuldades na vida.

    Se necessrio eu posso tomar decises difceis mesmo que desagradem outras pessoas.

    Posso lidar com sentimentos desagradveis, como tristeza, medo e raiva

    Quando enfrento problemas, algumas vezes tenho que agir na intuio

    Tenho forte sentimento de determinao

    Eu me sinto no controle da minha vida

    Eu gosto de desafios

    Eu batalho para alcanar meus objetivos no importa que dificuldades eu encontre no caminho

    Eu me orgulho de minhas conquistas

    RESULTADO

    QUANTO MAIOR O SCORE, MAIOR A RESILINCIA

    O SCORE ESPERADO EM TORNO DE 77

    O QUE FAZER

    Valores inferiores devem ser avaliados e de acordo com os itens assinalados com menor pontuao deve

    ser avaliada a espiritualidade (HOPE), identificado o apoio familiar atravs da abordagem familiar

    (PRACTICE, Genograma e Ecomapa) , reforada a auto-eficcia e a motivao (Entrevista Motivacional)

    e avaliados possiblidade de ansiedade / depresso (HAD).

  • ANEXO 1.3

    QUESTIONRIOS PARA ABORDAGEM DA ESPIRITUALIDADE

    Segundo Saporetti (2008), esprito, do latim spiritus significa sopro e se refere a algo que d ao corpo sua

    dimenso imaterial, oculta, divina ou sobrenatural que anima a matria. O esprito conecta o ser humano

    sua dimenso divina ou transcendente. mais este aspecto, o da transcendncia, do significado da vida,

    aliado ou no religio, que devemos estar preparados para abordar. Sempre lembrando que o sujeito o

    paciente, sua crena, seus princpios. Para Koenig (2001), Espiritualidade a busca pessoal pelo

    entendimento de respostas a questes sobre a vida, seu significado e relaes com o sagrado e

    transcendente.

    QUESTIONRIOS PARA ABORDAGEM DA ESPIRITUALIDADE

    QUESTIONRIO FICA QUESTIONRIO HOPE

    F F / CRENA

    Voc se considera religioso ou espiritualizado? Voc tem crenas espirituais ou religiosas que te

    ajudam a lidar com problemas? Se no: o que te d significado na vida?

    I IMPORTNCIA OU INFLUNCIA

    Que importncia voc d para a f ou crenas religiosas em sua vida?

    A f ou crenas j influenciaram voc a lidar com estresse ou problemas de sade?

    Voc tem alguma crena especfica que pode afetar decises mdicas ou o seu tratamento?

    C COMUNIDADE

    Voc faz parte de alguma comunidade religiosa ou espiritual?

    Ela te d suporte, como? Existe algum grupo de pessoas que voc realmente

    ama ou que seja importante para voc? Comunidades como igrejas, templos, centros, grupos de

    apoio so fontes de suporte importante?

    A AO NO TRATAMENTO

    Como voc gostaria que o seu mdico ou profissional da rea da sade considerasse a questo religiosidade / espiritualidade no seu tratamento?

    Indique, remeta a algum lder espiritual / religioso.

    H FONTES DE ESPERANA, SIGNIFICNCIA, CONFORTO, FORA, PAZ, AMOR E RELACIONAMENTO SOCIAL

    Quais so as suas fontes de esperana, fora, conforto e paz?

    Ao que voc se apega em tempos difceis? O que o sustenta e o faz seguir adiante?

    O RELIGIO ORGANIZADA

    Voc faz parte de uma comunidade religiosa ou espiritual? Ela o ajuda? Como?

    Em que aspectos a religio o ajuda e em quais no o ajuda muito?

    P ESPIRITUALIDADE PESSOAL E PRTICA

    Voc tem alguma crena espiritual que independente da sua religio organizada?

    Quais aspectos de sua espiritualidade ou prtica espiritual voc acha que so mais teis sua personalidade?

    E EFEITOS NO TRATAMENTO MDICO E ASSUNTOS TERMINAIS

    Ficar doente afetou sua habilidade de fazer coisas que o ajudam espiritualmente?

    Como mdico, h algo que eu possa fazer para ajudar voc a acessar os recursos que geralmente o apoiam?

    H alguma prtica ou restrio que eu deveria saber sobre seu tratamento mdico?

    HISTRIA ESPIRITUAL DO ACP CSIMEMO

    A f (religio/espiritualidade) importante para voc nesta doena?

    A f tem sido importante para voc em outras pocas da sua vida?

    Voc tem algum para falar sobre assuntos religiosos? Voc gostaria de tratar de assuntos religiosos com

    algum?

    1. Suas crenas religiosas/espirituais lhe do conforto ou so fontes de estresse? 2. Voc possui algum tipo de crena espiritual que pode influenciar suas decises mdicas? 3. Voc membro de alguma comunidade espiritual ou religiosa? Ela lhe ajuda de alguma forma? 4. Voc possui alguma outra necessidade espiritual que gostaria de conversar com algum?

    Fonte: adaptado de KOENIG et al (2001); SAGUIL & PHELPS (2012)

  • RESULTADO / O QUE FAZER

    A avaliao espiritual permite aos profissionais de sade apoiar as pessoas, ouvir com empatia,

    documentando preferncias espirituais para futuras visitas, incorporando os preceitos de tradies de f em

    planos de tratamento, e incentivando-as a usar os recursos de suas tradies espirituais e as comunidades

    de bem-estar geral.

    BIBLIOGRAFIA

    KOENIG, H.G.; MCCULLOUGH, M.; LARSON, D.B.B. Handbook of religion and health: a century of

    research reviewed . New York: Oxford University Press, 2001.

    SAGUIL, A.; PHELPS, K. The Spiritual Assessment . American Academy of Family Physicians. 2012; v.86,

    n.6, p.546-550. (Copyright 2012 American Academy of Family Physicians).

    SAPORETTI, L.A. Espiritualidade em Cuidados Paliativos. Cuidado paliativo. So Paulo: CREMESP,

    2008. p.522-523.

  • ANEXO 1.4

    PRACTICE

    A abordagem familiar avalia a percepo da famlia e a relao com a pessoa com doena crnica,

    podendo utilizar de instrumentos como a PRACTICE, o Genograma e o Ecomapa.

    PRACTICE: descreve melhor o problema na viso da famlia e como isso interfere em suas relaes,

    afeto e comunicao.

    Genograma : apresenta a famlia em suas diversas geraes, suas relaes e adoecimentos (Ver Saiba

    Mais).

    Ecomapa : demonstra a insero da famlia na sociedade. Instrumento de diagnstico, reflexo e

    tomada de deciso (Ver Saiba Mais).

    PRACTICE

    Abreviaes Ingls

    (original) Portugus (traduo)

    P Presenting problem

    Problema apresentado

    como a famlia percebe, define e enfrenta o problema atual (por exemplo, uma doena grave em um dos membros).

    R Roles and structure

    Papis e estrutura

    aprofunda aspectos do desempenho dos papis de cada um dos familiares e como eles evoluem a partir dos seus

    posicionamentos.

    A Affect Afeto como se estabelecem as trocas de afeto entre os membros e como esta troca reflete e interfere no problema apresentado.

    C Communication Comunicao como acontecem as diversas formas de comunicao entre as pessoas.

    T Time in life cycle Tempo no ciclo de vida correlaciona o problema com as dificuldades e as tarefas

    esperadas dentro das diversas fases do ciclo de vida.

    I Illness in Family

    Doenas na Famlia

    (passadas e presente)

    resgata a morbidade familiar e o modo de enfrentamento nas situaes pregressas. Trabalha com a longitudinalidade do

    cuidado e a importncia do suporte familiar.

    C Coping with stress

    Enfrentando o estresse

    Como a famlia lida com o estresse? A equipe parte das experincias anteriores e analisa a atual. Identifica fontes de recursos internos, explora alternativas de enfrentamento se

    requeridas, e interfere se a crise estiver fora de controle.

    E Ecology Ecologia

    identifica o tipo de sustentao familiar e como podem ser usados os recursos disponveis. Usar o instrumento

    ecomapa que um diagrama das relaes entre a famlia e a comunidade e ajuda a avaliar os apoios e suportes disponveis

    e sua utilizao pela famlia.

    Fonte: adaptado de DIAS & GUIMARES (2011)

  • ANEXO 1.5

    ESCALA DE ANSIEDADE E DEPRESSO (HAD) AUTO APLICADO

    Leia todas as frases. Marque com um X a resposta que melhor corresponder a como voc tem se sentido na LTIMA SEMANA. No preciso ficar pensando muito em cada questo. Neste questionrio as respostas espontneas tm mais valor do que aquelas em que se pensa muito. Marque apenas uma resposta para cada pergunta.

    PERGUNTAS PONTUAO

    0 1 2 3

    Eu me sinto tenso ou contrado Nunca De vez em quando Boa parte do

    tempo A maior parte do

    tempo

    Eu sinto uma espcie de medo, como se alguma coisa ruim fosse acontecer

    No sinto nada disso

    Um pouco, mas isso no me

    preocupa

    Sim, mas no to forte

    Sim, e de um jeito muito forte

    Estou com a cabea cheia de preocupaes Raramente De vez em quando

    Boa parte do tempo

    A maior parte do tempo

    Consigo ficar sentado vontade e me sentir relaxado Sim, quase sempre Muitas vezes Poucas vezes Nunca

    Eu tenho uma sensao ruim de medo, como um frio na barriga ou um aperto no estmago Nunca

    De vez em quando Muitas vezes Quase sempre

    Eu me sinto inquieto, como se eu no pudesse ficar parado em lugar nenhum

    No me sinto assim Um pouco Bastante Sim, demais

    De repente, tenho a sensao de entrar em pnico No sinto isso De vez em quando Vrias vezes

    A quase todo momento

    RESULTADO

    0 a 8 - SEM ANSIEDADE 9 a 21 - SUGESTIVO DE ANSIEDADE

    Eu ainda sinto gosto pelas mesmas coisas de antes Sim, do

    mesmo jeito que antes

    No tanto quanto antes S um pouco

    J no sinto mais prazer em

    nada

    Dou risada e me divirto quando vejo coisas engraadas Do mesmo jeito que antes Atualmente um pouco menos

    Atualmente bem menos

    No consigo mais

    Eu me sinto alegre A maior parte do tempo Muitas vezes Poucas vezes Nunca

    Eu estou lento para pensar e fazer as coisas Nunca De vez em quando Muitas vezes Quase sempre

    Eu perdi o interesse em cuidar da minha aparncia Me cuido do mesmo jeito que antes

    Talvez no tanto quanto antes

    No estou mais me cuidando como deveria

    Completamente

    Fico esperando animado as coisas boas que esto por vir Do mesmo jeito que antes

    Um pouco menos do que antes

    Bem menos do que antes Quase nunca

    Consigo sentir prazer quando assisto a um bom programa de televiso, de rdio ou quando leio alguma coisa Quase sempre Vrias vezes Poucas vezes Quase nunca

    RESULTADO

    0 a 8 - SEM DEPRESSO 9 a 21 SUGESTIVO DE DEPRESSO

  • O QUE FAZER

    Esta escala auto aplicada e usada para uma triagem inicial pela equipe. Casos de pontuao de 9 a 21

    em alguma das subescalas encaminhar para avaliao mdica para confirmao diagnstica e seguimento

    se necessrio.

    importante sempre orientar a ter:

    Boa qualidade e quantidade de sono.

    Alimentao saudvel.

    Atividade fsica regular.

    Atividades relaxantes.

    Saiba mais sobre transtornos ansiosos depressivos em:

    BRASIL. Ministrio da Sade. Caderno de Ateno Bsica no 34. Sade Mental. Braslia: Ministrio da

    Sade, 2013. Disponvel em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_34.pdf.

    PACK Brasil Adulto, Florianpolis, 2016.

  • ANEXO 1.6 AUDIT TESTE PARA IDENTIFICAO DE PROBLEMAS RELAC IONADOS AO USO DE LCOOL

    O uso das questes do AUDIT como uma ferramenta importante para sensibilizar equipe e usurio para

    identificar como a relao da pessoa com o uso do lcool e que necessidades surgem a partir dessa

    relao. Mais importante que o escore final realizar uma abordagem em que a pessoa reconhea essas

    necessidades e, tanto profissional como usurio estabeleam acordos que visem a mudanas no

    comportamento em busca da reduo dessas necessidades.

    AUDIT TESTE PARA IDENTIFICAO DE PROBLEMAS RELACIONADOS AO USO DE LCOOL

    PERGUNTAS Pontuao

    (0) (1) (2) (3) (4)

    1. Com que frequncia voc toma bebidas alcolicas? Nunca

    (v para a questo 9)

    Mensal-mente ou

    menos

    de 2 a 4 vezes por

    ms

    de 2 a 3 vezes por semana

    4 ou mais vezes por semana

    2. Quando voc bebe, quantas doses voc consome normalmente? 1 ou 2 3 ou 4 5 ou 6 7 a 9 10 ou mais

    3. Com que frequncia voc toma 5 ou mais doses de uma vez? Nunca Menos de uma vez ao ms

    Mensal-mente

    Semanal-mente

    Todos ou quase

    todos os dias

    RESULTADO

    SE A SOMA DAS QUESTES 2 e 3 FOR 0, AVANCE PARA AS QUESTES 9 e 10

    PERGUNTAS Pontuao

    (0) (1) (2) (3) (4)

    4. Quantas vezes, ao longo dos ltimos 12 meses, voc achou que no conseguiria parar de beber uma vez tendo comeado? Nunca

    Menos do que uma

    vez ao ms

    Mensal-mente

    Semanal-mente

    Todos ou quase

    todos os dias

    5. Quantas vezes, ao longo dos ltimos 12 meses, voc, por causa do lcool, no conseguiu fazer o que era esperado de voc?

    Nunca Menos do que uma

    vez ao ms

    Mensal-mente

    Semanal-mente

    Todos ou quase

    todos os dias

    6. Quantas vezes, ao longo dos ltimos 12 meses, voc precisou beber pela manh para se sentir bem ao longo do dia aps ter bebido bastante no dia anterior?

    Nunca Menos do que uma

    vez ao ms

    Mensal-mente

    Semanal-mente

    Todos ou quase

    todos os dias

    7. Quantas vezes, ao longo dos ltimos 12 meses, voc se sentiu culpado ou com remorso depois de ter bebido? Nunca

    Menos do que uma

    vez ao ms

    Mensal-mente

    Semanal-mente

    Todos ou quase

    todos os dias

    8. Quantas vezes, ao longo dos ltimos 12 meses, voc foi incapaz de lembrar o que aconteceu devido bebida?

    Nunca Menos do que uma

    vez ao ms

    Mensal-mente

    Semanal-mente

    Todos ou quase

    todos os dias

    9. Alguma vez na vida voc j causou ferimentos ou prejuzos a voc mesmo ou a outra pessoa aps ter bebido? No -

    Sim, mas no nos

    ltimos 12 meses

    - Sim, nos

    ltimos 12 meses

    10. Alguma vez na vida algum parente, amigo, mdico ou outro profissional da Sade j se preocupou com o fato de voc beber ou sugeriu que voc parasse?

    No -

    Sim, mas no nos

    ltimos 12 meses

    - Sim, nos

    ltimos 12 meses

    RESULTADO

    EQUIVALNCIAS DE DOSE PADRO

    CERVEJA: 1 DOSE = 1 chope/1 lata/1 longneck (~340ml) ou 2 DOSES = 1 garrafa VINHO: 2 DOSES = 1 copo comum (250ml) ou 8 DOSES = 1 garrafa (1l) CACHAA, VODCA, USQUE ou CONHAQUE: 1,5 DOSE = meio copo americano (60ml) ou mais de 20 DOSES = 1 garrafa USQUE, RUM, LICOR etc.: 1 DOSE = 1 dose de dosador (40ml)

  • O QUE FAZER A PARTIR DO VALOR DA SOMA DAS DEZ RESPOSTAS, VOC DEVE ORIENTAR A SUA CONDUTA ESCORES DE INTERVENO 0 7: Preveno primria - dialogo sobre a questo 8 15: Orientao bsica (ver Saiba Mais Captulo 1). Educao em sade e/ou apoio matricial (NASF) 16 19: Interveno breve e monitoramento (ver Saib a Mais Captulo 1). Projeto teraputico singular e /ou

    NASF 20 40: Encaminhamento para servio especializado - CAPS

  • ANEXO 1.7

    ENTREVISTA MOTIVACIONAL

    A EM um estilo de conversa colaborativa voltada para o fortalecimento da prpria motivao da pessoa e

    comprometimento com uma mudana. A meta especfica resolver a ambivalncia (definida como a

    experincia de um conflito psicolgico para decidir entre dois caminhos diferentes) e promover a

    autoeficcia (conceito criado por Bandura, pode ser definida como a crena das pessoas sobre as suas

    capacidades para produzir determinados nveis de desempenho ou habilidade para executar uma tarefa). A

    EM compreendida com carter de interveno breve, podendo assim, ser utilizada por uma ampla gama

    de profissionais em diferentes servios

    CONCEITOS INICIAIS

    FIGURA 1.7.1

    CONCEITOS INICIAIS DA ENTREVISTA MOTIVACIONAL

    Fonte: autoria prpria

    Entrevista

    Motivacional

    Empatia

    Escuta reflexiva

    Aceitar a ambivalncia

    Criar discrepncia

    Razes para a mudana do

    comportamento atual X objetivos

    futuros

    Evitar discusses

    No confrontar

    Pessoa a Protagonista

    Fluir com a Resistncia

    No impor Solues so

    encontradas pela pessoa

    Apoiar a auto

    eficcia

    Acreditar na mudana

    automotivao

  • ANEXO 1.7 continuao

    ENTREVISTA MOTIVACIONAL

    ESTILOS DE COMUNICAO

    Para verdadeiramente motivar precisamos desenvolver estilos de comunicao adequados a este propsito.

    Existem trs estilos bsicos de comunicao: o direcionamento, o acompanhamento e a orientao que

    seria um intermedirio entre os outros dois. A comunicao habilidosa baseada no estilo orientados, mas

    com o equilbrio dinmico entre estes trs estilos, mudando de um para o outro conforme a situao o exija.

    QUADRO 1.7.1

    ESTILOS DE COMUNICAO

    ESTILOS DE COMUNICAO DIRECIONAMENTO ACOMPANHAMENTO ORIENTAO

    Caractersticas

    Implica em uma relao desigual de poder,

    conhecimento, experincia ou autoridade. Tem seu lugar

    em situaes de risco e necessidade de liderana

    Saber escutar, sem interromper, sem advertir, analisar,

    concordar ou discordar,

    um ouvinte qualificado e oferece informaes de

    especialistas, quando necessrio. Ajuda a

    encontrar o caminho e a resolver os problemas

    Ideia "Eu sei o que voc deve fazer e como voc deve

    faz-lo "

    no vou mudar ou forar voc, e vou

    deixar voc resolver isso em seu prprio

    tempo e do seu prprio jeito

    posso ajud-lo a resolver isso por sua

    prpria conta

    Verbos relacionados

    Gerenciar, Prescrever, assumir o controle, liderar,

    mostrar o caminho, governar, autorizar, conduzir, guiar,

    administrar, comandar

    Permitir, Seguir, andar junto, tolerar, ser

    solidrio, confiar, ser receptivo, prestar ateno, observar

    Esclarecer, encorajar, cuidar, motivar, amparar,

    acordar, evocar, apresentar, inspirar

    Fonte: adaptado de MILLER (2013)

  • ANEXO 1.7 continuao

    ENTREVISTA MOTIVACIONAL

    O ESPRITO DA ENTREVISTA MOTIVACIONAL

    O Esprito da EM envolve um estilo colaborativo, evocativo e com respeito autonomia da pessoa. A

    postura do profissional deve ser equnime e equilibrada. Ao esprito da EM compem quatro elementos,

    sendo eles:

    FIGURA 1.7.2 QUATRO ELEMENTOS QUE COMPEM O ESPRITO DA ENTREVIS TA MOTIVACIONAL

    Fonte: autoria prpria

    1. Parceria: A EM feita com e no para a pessoa, refora a necessidade do profissional interagir e se

    interessar pela histria e evoluo da pessoa e no se ater a uma conduta prescritiva.

    2. Aceitao: o profissional se interessa e valoriza o potencial de cada pessoa. Aceitar no significa

    aprovar ou endossar o comportamento ou as aes da pessoa, a aceitao consiste no reconhecimento

    absoluto, na empatia acurada, no suporte autonomia e no reforo positivo de falas, e posturas em prol da

    sade e integridade de vida da pessoa.

    3. Evocao : ajudar a pessoa a verbalizar seus argumentos para mudar, procurar as foras que motivam

    a pessoa, ao invs de persuadir.

    4. Compaixo: . Compreendida como o sentimento que se compartilha com o semelhante. O profissional

    demonstra de maneira evidente que sua inteno se dirige a uma relao de ajuda incondicional e genuna,

    acima de seus prprios interesses.

    Equilbrio e

    Equanimidade

    Parceria

    Aceitao

    Evocao

    Compaixo

  • ANEXO 1.7 continuao

    ENTREVISTA MOTIVACIONAL

    PROCESSOS FUNDAMENTAIS DA EM

    Segundo Miller, existem quatro processos fundamentais para a realizao da EM que so desenvolvidos

    por meio do engajamento, do foco, da evocao e do planejamento, permeados pela aplicao da

    metodologia PARR (Perguntas abertas afirmao- reforo positivo e reflexes em uma relao de duas

    estratgias para cada uma pergunta, de preferencia aberta).

    ENGAJAMENTO

    O engajamento consiste na construo de uma aliana teraputica, uma conexo til e uma relao de

    trabalho, que busca uma soluo para o problema apontado, pautada no respeito e na confiana mtuos.

    Alguns fatores podem facilitar no engajamento, outros so armadilhas que prejudicam ou at impedem o

    engajamento:

    Fatores facilitadores Armadilhas

    Identificar os desejos e objetivos da pessoa; avaliar

    junto com ela o grau de importncia dado aos seus

    objetivos;

    Acolher de forma positiva, possibilitando que a mesma

    se sinta valorizada e respeitada; trabalhar suas

    expectativas;

    Oferecer esperana.

    Perguntas fechadas / Respostas curtas; Confrontar a

    Negao;

    Assumir o papel de Expert;

    Rotular;

    Focalizao prematura;

    Culpar

    FOCO

    Manter o foco na conversa ajuda na elaborao e no resgate do sentido, bem como possibilita a construo

    de uma direo para a mudana.

    EVOCAO

    Evocar implica em obter, atravs da conversao, os prprios sentimentos concernentes ao propsito de

    mudana da pessoa. Todas as concluses ou caminhos a serem percorridos, devem ser uma concluso

    que a pessoa alcana sozinha, com o auxlio do profissional e no com a sua induo

    PLANEJAMENTO

    Quando a pessoa atinge o estgio de preparao (estgios de prontido para a mudana) ela diminui os

    seus questionamentos e comea a se preparar para uma tomada de atitude. O planejamento est na

    construo do movimento de quando e como mudar e no mais no porque mudar.

    hora de desenvolver a formulao de um plano de ao especfico com metas definidas pela prpria

    pessoa, assim como analisando as opes definir o plano de mudana, que pode ser por escrito.

  • ANEXO 1.7 continuao

    ENTREVISTA MOTIVACIONAL

    METODOLOGIA DA ENTREVISTA MOTIVACIONAL: PARR

    A metodologia PARR, a caixa de ferramentas da EM. Consiste na utilizao de reflexes, reforos

    positivos, resumos e perguntas abertas em uma relao de no mnimo 2:1, ou seja, a utilizao de cada

    duas estratgias para cada pergunta, com preferncia das reflexes.

    Perguntas Abertas : So aquelas que no podem ser respondidas com apenas uma ou duas palavras, por

    exemplo. Como este problema afeta sua vida? ou Quais aspectos da sua sade que mais te preocupam?

    Essas perguntas permitem e incentivam a pessoa a explicar-se aumentando assim a sua percepo do

    problema, j que quando uma pessoa fala, ela elabora informaes e emoes associadas com o que est

    dizendo.

    Afirmar Reforo Positivo: o processo de validar as atitudes, habilidades e interesses da pessoa, um

    exerccio de incremento na sua auto eficcia e sua auto estima. uma forma de dizer-lhe acredito em

    voc, confio em voc, no com uma perspectiva aduladora, mas sim assertiva voc pode fazer.

    Refletir : A escuta reflexiva a principal estratgia na EM e deve constituir uma proporo substancial

    durante a fase inicial da EM, principalmente entre os pr contempladores e os contempladores. Trata-se de

    averiguar o que quer dizer a pessoa e devolver sua fala por meio de afirmaes que podem ser de cinco

    tipos:

    Repetio de um trecho ou uma palavra dita e que achamos que importante;

    Pessoa: to difcil no fumar depois que se para, mas eu estou conseguindo.

    Profissional: Voc est conseguindo>

    Refrasear: como o anterior, mas mudando uma palavra por um ou alterando um pouco o que foi dito.

    Pessoa: Eu acredito que quando meu joelho melhorar ser o momento de voltar a tentar fazer exerccios

    todos os dias.

    Profissional: Quando estiver recuperado ser o momento de voltar a tentar.

    Parafraseando: aqui se reflete o dito com novas palavras quando o profissional intui o significado do

    que foi falado.

    Pessoa: No meu caso se digo que agora, agora, e se eu digo, eu fao!

    Profissional: Quando voc se prope a algo, voc consegue.

    Apontamento emocional. a forma mais profunda de reflexo, so frases que revelam sentimentos ou

    emoes: "Te percebo um pouco triste ou Parece que este assunto te emociona."

    Silncios: utilizados de forma adequada, causam um potente efeito reflexivo no cliente. De forma no-

    verbal estamos indicando que o entendemos e aceitamos. Permite tambm um momento crucial de

    auto-observao sobre o que disse e sente.

  • Resumo : tambm conhecido como sumarizao, podem ser utilizado para conectar os assuntos que foram

    discutidos, demonstrando que voc escutou a pessoa, alm de funcionarem como estratgia didtica para

    ela possa organizar suas ideias.

    Depois de um resumo, muito interessante adicionar uma pergunta ativadora que convida a pessoa a uma

    atitude dinmica e resolutiva:

    Depois de conversarmos sobre tudo isto, o que voc pensa que pode fazer?

    CONCLUSO

    A EM uma metodologia prtica e objetiva, muito til em vrios campos da APS, aplicvel por qualquer

    profissional, desde que capacitado para tal. uma interveno de baixo custo, efetiva em aumentar a

    motivao para a mudana de estilo de vida.

  • 2. RASTREAMENTO E ESTRATIFICAO DE RISCO CARDIOVAS CULAR

    O rastreamento e estratificao de risco cardiovascular so fundamentais para reconhecer as pessoas e

    classificar o risco/vulnerabilidade a partir de suas necessidades, possibilitando a organizao das aes

    individuais e coletivas que a equipe de sade pode oferecer (ver fluxograma 2.1). Para cada grupo ou

    estrato de risco/vulnerabilidade a equipe planejar aes que levaro em considerao a necessidade e

    adeso do usurio, bem como a racionalidade dos recursos disponveis nos servios de sade.

    As pessoas com menor risco/vulnerabilidade podero se beneficiar de atividades coletivas como grupos de

    educao em sade e atendimentos coletivos que possibilitam a interao entre profissionais e usurios,

    trocas de experincias, esclarecimento de dvidas, espaos de convivncia colaborativa, estabelecimento

    de vnculos e estmulo ao autocuidado.

    Para pessoas com risco intermedirio podem-se organizar ofertas de consultas individuais e atendimentos

    coletivos de maneira intercalada. Aos usurios com maior risco a equipe organizar uma agenda mais

    intensiva de cuidado individual, com a construo de projetos teraputicos singulares, visitas domiciliares e

    abordagem familiar.

    No existe ainda um instrumento de estratificao de risco cardiovascular seguido de intervenes

    multifatoriais com poder de evidncia, forte o suficiente para tomar uma deciso assertiva no tocante

    preveno primria de reduo de risco cardiovascular (WILLIS et al, 2012), em especial voltado para a

    populao brasileira. Sendo assim, a avaliao de risco global pode ser feita sem a aplicao de escalas de

    estratificao, ou utilizando a escala apenas como uma das ferramentas na avaliao global da pessoa.

    Apesar disso, existem diversos instrumentos de estratificao de uso simples que podem ser utilizados,

    especialmente para fins demonstrativo/educativo. O mais conhecido, estudado e validado em vrios pases

    o escore de Framingham (ver Saiba Mais e quadro 2.1). O QRisk2, verso internacional (disponvel em

    https://qrisk.org/2016) agrega a histria familiar e a condio social, tornando-se tambm interessante em

    nosso contexto. Uma vez realizada a estratificao de risco, o planejamento e a gesto de cuidados segue

    conforme o agrupamento populacional que ser abordado nos captulos posteriores deste protocolo (ver

    quadros 2.2. e 2.3). Dois critrios importantes devem ser levados em considerao:

    A gravidade/complexidade da condio crnica estabelecida (por exemplo, baixo risco, mdio risco, alto

    risco e/ou comorbidades).

    A capacidade de autocuidado, que contempla, entre outros aspectos, o grau de confiana e o apoio que

    as pessoas tm para cuidar de si mesmas. (MENDES, 2012).

  • FLUXOGRAMA 2.1 ESTRATIFICAO DE RISCO NAS CONDIES CRNICAS NO TRANSMISSVEIS

    Fonte: adaptado de BRASIL (2010) e RIO DE JANEIRO (2013a)

    Sim

    Procura da pessoa Equipe de Sade Acolhimento e Entrevista (Quadro 2.1)

    Equipe Multiprofissional

    Avaliao inicial

    Equipe Multiprofissional

    Sim Apresenta pelo menos um fator de alto risco**

    Equipe Multiprofissional

    No

    Apresenta mais de um fator de risco

    baixo/intermedirio*

    Equipe Multiprofissional

    No

    Apresenta apenas um fator de risco

    baixo/intermedirio*

    Equipe Multiprofissional

    No

    Sim

    No h necessidade de calcular o risco cardiovascular, pois podemos considerar como alto

    risco cardiovascular ( 20% de chance de um evento cardiovascular nos prximos 10 anos)

    Enfermeiro(a) / Mdico(a)

    Calcular o risco cardiovascular ver Quadro 2.2 ou QRisk 2, quando disponvel (ver Saiba Mais)

    Na suspeita de HAS e/ou Diabetes ver Fluxograma 2.2

    Enfermeiro(a) / Mdico(a)

    No h necessidade de calcular o risco cardiovascular, pois podemos considerar como baixo risco

    cardiovascular ( 65 anos - Histrico familiar prvio de evento cardiovascular (homens abaixo dos 55 anos e mulheres abaixo dos 65 anos) - HAS - DM - Dislipidemia

    **ALTO RISCO

    - Histrico de AVC - Histrico de IAM - AIT - HVE - Nefropatia - Retinopatia - Aneurisma de aorta abdominal - Estenose de cartida sintomtica - Claudicao intermitente

    A primeira etapa da avaliao do risco cardiovascular identificar aquelas pessoas que, por critrios clnicos, j apresentam risco cardiovascular elevado e que devero receber intervenes de preveno primria ou secundria.

    Para pessoas com diagnstico prvio de hipertenso e/ou diabetes, com baixo risco cardiovascular, verificar a presena de comorbidades associadas.

    No h evidncias que apoiem o rastreamento rotineiro para doena cardiovascular perifrica em pessoas assintomticas.

    Dar seguimento conforme Quadros 2.3 e 2.4

    Equipe Multiprofissional

  • QUADRO 2.1. ENTREVISTA NAS CONDIES CRNICAS NO T RANSMISSVEIS

    ENTREVISTA QUANDO AVALIAR O QUE AVALIAR

    Presena de sintomas e queixas Todas as consultas

    Cefaleia Alteraes visuais Dficit neurolgico (diminuio da fora muscular / dormncia) Dor precordial Dispneia

    Poliria, Polidipsia, Perda inexplicada de peso, Polifagia

    Fadiga, fraqueza e letargia

    Prurido vulvar ou cutneo, balanopostite

    Histrico prvio e/ou atual de distrbios na cavidade oral, como:

    o Doena periodontal e crie dentria

    o Xerostomia, hipossalivao, distrbios de degustao

    o Infeco bucal (como, por exemplo candidase)

    o Sndrome de ardncia bucal e glossodnia

    o Doenas da mucosa oral (como por exemplo lquen plano)

    Rede familiar e social

    Primeira consulta

    Nas demais consultas verificar se houve

    mudanas

    Relacionamento familiar e conjugal para identificar relaes conflituosas

    Rede social utilizada

    Condies de moradia, de trabalho

    e exposies ambientais

    Primeira consulta

    Nas demais consultas verificar se houve

    mudanas

    Tipo de moradia e de saneamento Renda Grau de esforo fsico Estresse, jornada de trabalho e trabalho noturno Exposio a agentes nocivos (fsicos, qumicos e biolgicos)

    Atividade fsica

    Primeira consulta

    Nas demais consultas verificar se houve

    mudana

    Tipo de atividade fsica Grau de esforo Periodicidade Deslocamento para o trabalho ou curso Lazer

    Histria nutricional

    Primeira consulta

    Nas demais consultas verificar se houve

    mudana

    Histrico de desnutrio, sobrepeso, obesidade, cirurgia baritrica

    Hbito alimentar Transtornos alimentares Carncia nutricional

    Tabagismo e exposio fumaa

    do cigarro

    Primeira consulta

    Nas demais consultas verificar se houve

    mudana

    Status em relao ao cigarro (fumante, ex-fumante, tempo de abstinncia, tipo de fumo)

    Exposio ambiental fumaa de cigarro Para os fumantes, avaliar se pensam em parar de fumar nesse

    momento

    lcool e outras substncias

    psicoativas (lcitas e ilcitas)

    Primeira consulta

    Nas demais consultas verificar se houve

    mudana

    Padro prvio e/ou atual de consumo de lcool e outras substncias psicoativas (lcitas e ilcitas)

    Tratamentos realizados

    Antecedentes clnicos Primeira consulta

    Histrico de AVC e/ou IAM Leso Perifrica: AIT, HVE, Nefropatia, Retinopatia, Aneurisma

    de aorta abdominal, Estenose de cartida sintomtica.

    Histrico de HAS e/ou DM

    Antecedentes familiares Primeira consulta

    Histrico familiar prvio de evento cardiovascular (homens abaixo dos 55 anos e mulheres abaixo dos 65 anos)

    Fonte: adaptado de BRASIL (2013a, 2013b)

  • QUADRO 2.2. ESCORE DE FRAMINGHAM PARA CLASSIFICAO DO RISCO GLOBAL

    PASSO 2 DOSAGEM DO COLESTEROL TOTAL

    PASSO 3 DOSAGEM DO HDL

    PASSO 1 - IDADE COLESTEROL TOTAL HOMEM MULHER HDL HOMEM MULHER

    IDADE HOMEM MULHER

  • QUADRO 2.3

    READEQUAO DO RISCO CARDIOVASCULAR NAS CONDIES C RNICAS CONFORME A CAPACIDADE PARA O AUTOCUIDADO

    RISCO CRITRIOS DE FRAMINGHAM E A CAPACIDADE PARA O AUTOC UIDADO QUEM FAZ

    BAIXO

    < 10% de risco de evento cardiovascular maior em 10 anos, com capacidade de autocuidado suficiente e

    Ausncia de Leses em rgos Alvo identificadas*

    Enfermeiro(a) / Mdico(a)

    MODERADO

    < 10% de risco de evento cardiovascular maior em 10 anos, com capacidade de autocuidado insuficiente** ou

    10% a 20% de risco de evento cardiovascular maior em 10 anos.

    - Em qualquer uma das opes obrigatria a:

    Ausncia de Leses em rgos Alvo identificadas*

    ALTO

    20% de risco de evento cardiovascular maior em 10 anos ou

    10% a 20% de risco de evento cardiovascular maior em 10 anos, com capacidade de autocuidado insuficiente** ou

    Presena de Leses em rgos Alvo identificadas*

    *Entende-se por Leses de rgos-Alvo (LOA): hipertrofia de ventrculo esquerdo identificada no eletrocardiograma de rotina, doena cerebrovascular (acidente vascular enceflico isqumico ou hemorrgico, ataque isqumico transitrio); doena cardiovascular (angina, infarto agudo do miocrdio, insuficincia cardaca); doena arterial perifrica; retinopatia avanada (papiledema, hemorragias e exsudatos) e doena renal crnica (taxa de filtrao glomerular < 30). **Entende-se como capacidade de autocuidado insuficiente a limitao em nveis relevantes da capacidade de autocuidado dos indivduos pelas seguintes situaes: dificuldade de compreenso de sua condio crnica; desinteresse na mudana de comportamento necessria para melhoria da sua condio; baixo suporte familiar e social; no se ver como agente de mudana de sua sade; recolher-se em sua condio crnica; estar sem ao para melhoria de sua condio; abandonar o acompanhamento porque no atingiu uma de suas metas e depresso grave com prejuzo nas atividades dirias. Fonte: adaptado de MINAS GERAIS (2013)

  • QUADRO 2.4

    GRAU DE GRAVIDADE E AES RECOMENDADAS NAS CONDIE S CRNICAS

    ESTRATO DE RISCO CAPITULO

    GRAU DE GRAVIDADE DA CONDIO

    CRNICA AES DE SADE PREDOMINANTES PERIODICIDADE

    B A I X O

    03 SOMENTE FATORES

    DE RISCO

    Grupo de Educao em Sade (grupo de cessao de tabagismo, de caminhada,

    de alimentao saudvel, bebedor saudvel, praticas integrativas e complementares)

    Conforme necessidade

    M O D E R A D O

    A L T O

    04 CONDIES

    CRNICAS SEM COMPLICAES

    Ateno Individual / Compartilhada em Atividade de Grupo

    (consultas sequenciais, multidisciplinares e/ou consulta coletiva)

    Conforme necessidade,

    mas no mnimo a cada 6 meses

    05 CONDIES CRNICAS E

    MULTiMORBIDADE

    Ateno Individual

    (consulta sequenciais, multidisciplinares)

    Conforme a necessidade,

    mas no mnimo a cada 3 meses

    06 PERDA DE

    AUTONOMIA E PERDA FUNCIONAL GRAVE

    Gesto de Caso

    (Projeto teraputico singular, discusso de caso, visitas/atendimentos domiciliares,

    abordagem familiar)

    Conforme necessidade,

    mas no mnimo,

    acompanhamento mensal

    Fonte: adaptado de MENDES (2012) e BRASIL (2014)

    A equipe poder planejar as ofertas e periodicidade das aes a partir da demanda populacional existente no

    territrio e a disponibilidade de profissionais no servio. A realizao da territorializao, identificao constante

    dos casos em conjunto com agentes comunitrios de sade e realizao sistemtica da estratificao de risco das

    pessoas em acompanhamento, poder fundamentar as decises da equipe quanto previso de atendimentos

    individuais na agenda, bem como o planejamento de atividades coletivas e visitas/atendimentos domiciliares.

    A qualificao do cuidado, ampliao do acesso ao servio e cobertura de aes adequada realidade local com

    mais equidade, pode ser apoiada pela utilizao de ferramentas de programao de aes da equipe (ver Saiba

    Mais) ou o clculo mdio de atendimentos individuais necessrios no ano, ms e semana para o total previsto de

    pessoas com risco cardiovascular no territrio de responsabilidade da equipe.

    Os atendimentos individuais com Enfermeiro(a) / Mdico(a) para acompanhamento dos casos que atingiram as

    metas pactuadas em tratamento devero ser preferencialmente intercalados, com periodicidade sugerida no

    Quadro 2.4 e de acordo com as necessidades individuais, considerando-se as diretrizes locais (BRASIL, 2013b).

    Durante os atendimentos do(a) Enfermeiro(a), se houver avaliao que descarte a necessidade de mudana na

    prescrio medicamentosa, ele(a) a renovar at a data da prxima consulta mdica.

  • FLUXOGRAMA 2.2. RASTREAMENTO E DIAGNSTICO NA SUSPEITA DE HAS E/OU DM

    ***Nos diabticos tipo II, utilizar o Escore UKPDS (ver quadro 2.6) para classificao do risco cardiovascular Fonte: adaptado de BRASIL (2013a, 2013b) e RIO DE JANEIRO (2013b, 2013c)

    Verificar a PA em trs dias diferentes com intervalo mnimo

    de uma semana. Enfermeiro(a) / Mdico(a)

    Sim

    Indicado rastreamento para DM* e/ou HAS**

    Equipe Multiprofissional

    No

    PA 140/90mmHg

    Equipe Multiprofissional

    Sim

    Glicemia entre 110 e 126 mg/dL

    Enfermeiro(a) / Mdico(a)

    No

    Glicemia 200 ou duas Glicemias 126

    mg/dL

    Enfermeiro(a) / Mdico(a)

    Sim

    Solicitar Glicemia Plasmtica em Jejum

    Enfermeiro(a) / Mdico(a)

    Solicitar TTG e HbA1C

    Enfermeiro(a) / Mdico(a)

    DM confirmado***

    Mdico(a)

    Sem complicaes ou complicaes assintomticas (ver captulo 4) Associado a multimorbidade (ver captulo 5)

    Associado a perda da autonomia ou perda funcional (ver capitulo 6) Equipe Multiprofissional

    **CRITRIOS DE RASTREAMENTO PARA HAS

    - Idade >18 anos

    - Sintomas de crise hipertensiva:

    Cefaleia (dor de cabea) Alteraes visuais Dficit neurolgico (diminuio da fora muscular / dormncia) Dor precordial (dor no peito) Dispneia (falta de ar)

    TTG 200 mg/dL e/ou HbA1C >

    6,5%

    Enfermeiro(a) / Mdico(a)

    Sim

    No

    Glicemia 25 kg/m2) e um dos seguintes fatores de risco:

    Histria de pai ou me com diabetes

    HAS

    Obesidade severa, acanthosis nigricans

    Histria de diabetes gestacional ou de recm-nascido com mais de 4 kg

    Sndrome de ovrios policsticos

    Hipertrigliceridemia (>250 mg/dL) ou HDL-C baixo (

  • QUADRO 2.5

    QUESTIONRIO FINDRISC PARA RASTREAR ALTO RISCO PARA DIABETES

    PASSO 1- IDADE (ANOS)

    PASSO 2 IMC (Kg/m 2)

    IDADE PONTUAO IMC PONTUAO

    65 4

    PASSO 3 CIRCUNFERNCIA