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2016©ITPAC Porto Nacional

É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.

COLETÂNEA CIENTÍFICA PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS: Utilizando o DATASUS Como Ferramenta de Investigação

Publicação FAPAC – Faculdade Presidente Antônio Carlos

Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos Porto Ltda Coordenação de Trabalho de Conclusão de Curso

Diretoria Geral Diretoria Acadêmica

Cleber Decarli de Assis Maria Rosa Arantes Pavel [email protected] [email protected] Medicina Enfermagem

Dr. Cristiano da Silva Granadier Karine Kummer Gemelli [email protected] [email protected] Odontologia Coordenação de Laboratórios da Saúde

Ana Paula Mundim Carina Scolari Gosch [email protected] [email protected] CoPPEX Clínica Odontológica

Talita Caroline Miranda Bruna Mirelly Simões Vieira [email protected] [email protected]

Biblioteca

Raquel Modesto Ludmila Parreiras Pacheco Leite

[email protected] / [email protected]

Rua 02, Quadra07, S/N, Jardim dos Ipês CEP: 77500-Porto Nacional - TO

Tel.: (63) 3363-9600 E-mail: www.itpacporto.com.br

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Biblioteca FAPAC – Itpac Porto Nacional

C694

Coletânea Cientifica Presidente Antônio Carlos: utilizando o DATASUS como ferramenta de

investigação. / Josefa Moreira do Nascimento – Rocha et al. Porto Nacional - TO: FAPAC – Itpac Porto

Nacional, 2016.

In

ISBN 978-85-69629-06-1

144-274 p. (v.2)

1. Trabalhos científicos 2. Coletânea 3. DATASUS I. Título

CDD (22ª) 610

Responsável:

Processamento Técnico Biblioteca FAPAC – Itpac Porto Nacional TERESA RAQUEL FRANCO DA CONCEIÇÃO CRB 2 – 1291

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SUMÁRIO

ANÁLISE DE DADOS SECUNDÁRIOS DE HIPERTENSOS CADASTRADOS EM PORTO NACIONAL–TO

....................................................................................................................................................................... 144

Eliane Carvalho de Andrade1, Elson Santos Silva Carvalho2 Cristiano da Silva Granadier²; Danilo Felix

Daud²; Ronyere Olegário de Araujo²; Tania Maria Aires Gomes Rocha²; Thompson de Oliveira Turibio²;

Asterio Souza Magalhães Filho². ............................................................................................................... 144

ANÁLISE DE DADOS SECUNDÁRIOS DA SAÚDE E MORBIDADE DO HOMEM NA ATENÇÃO BÁSICA EM

PORTO NACIONAL-TO (2012-2014) ............................................................................................................ 150

Éder Rodrigues Matos¹; Juarez Dias Rodrigues1; Elson Santos Silva Carvalho2; Arthur Alves Borges de

Carvalho²; Carlline Barroso Vicentine²; Tiago Farret Gemelli²; Ronyere Olegário de Araujo²; Ozenilde Alves

Rocha Martins²; Asterio Souza Magalhães Filho². .................................................................................... 150

AVALIAÇÃO DOS SINAIS E SINTOMAS EM PACIENTES COM LEISHMANIOSE VISCERAL NO MUNICÍPIO

DE PORTO NACIONAL-TO NOS ANOS DE 2011 A 2013 ........................................................................... 154

Karina Cristina de Sá LimaKleverson Wessel de Oliveira2; Larissa Jacome B Silvestre2; ....................... 154

Obede Rodrigues Ferreira2; Tiago Farret Gemelli²; Ronyere Olegário de Araujo²; Ozenilde Alves Rocha

Martins². ..................................................................................................................................................... 154

ESTRATIFICAÇÃO DOS TIPOS DE VIOLÊNCIA NOTIFICADOS PELO SINAN, NO MUNICIPIO DE PORTO

NACIONAL-TO, EM 2014 .............................................................................................................................. 159

Kamilla Chrystina Ferreira Damasceno1, Lívia de Carvalho Farias Borges1, Grazielly Mendes de Sousa2.;

Ana Carolina Camargo Rocha²; Ana Paula Faria Moraes²; Ronyere Olegário de Araujo²; Tania Maria Aires

Gomes Rocha²; Thompson de Oliveira Turibio². ....................................................................................... 159

MAPEAMENTO DOS CASOS DE GESTANTES HIV+ NO CENTRO DE TESTAGEM ACONSELHAMENTO

DE PALMAS TOCANTINS 2007-2011 .......................................................................................................... 166

Márcio Pereira Cavalcante1, Marileide Florêncio Martins2; Raquel da Silva Aires²; Thompson de Oliveira

Turibio²; Viviane Tiemi Kenmoti²; Tiago Farret Gemelli²; Ronyere Olegário de Araujo²; Ozenilde Alves Rocha

Martins². ..................................................................................................................................................... 166

PACIENTES ACIDENTADOS POR RAIAS REGISTRADOS NO SINAN DE PORTO NACIONAL – TO ENTRE

2009 E 2013 .................................................................................................................................................. 173

Taynara Alves de Castro; Raquel da Silva Aires; Thompson de Oliveira Turibio²; Anne Caroline Dias Neves².

Tiago Farret Gemelli²; Ronyere Olegário de Araujo². ................................................................................ 173

PERFIL DE CASOS DE TUBERCULOSE NA REGIÃO NORTE DO BRASIL: REVISÃO DE LITERATURA

....................................................................................................................................................................... 180

Fernanda Moreno de Castro1, Weverson Sousa Monteiro1, André Moreira Rocha2.; Anne Caroline Dias

Neves²; Vanessa Regina Maciel Uzan²; Nelzir Martins Costa²; Asterio Souza Magalhães Filho². ........... 180

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS NOTIFICADOS DE ARANEISMO: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

....................................................................................................................................................................... 187

Ronelson Pinto Ciqueira1, Iwilson Oliveira Martins Júnior1, Bruna Mirelly Simões Vieira2; Carina Scolari

Gosch²; Fernanda Silva Magalhaes². ........................................................................................................ 187

PRÉ-NATAL ODONTOLÓGICO BASEADO EM PROTOCOLOS ................................................................ 192

Salvanir Rodrigues da Silva¹; Laura Souza de Castro Santos²; Cintia Ferreira Gonçalves²; Mariana Vargas

Lindemaier e Silva²; Valdir Francisco Odorizzi;² Viviane Tiemi Kenmoti². ................................................ 192

PREVENÇÃO DO CÂNCER DO COLO UTERINO PELOS ANTIOXIDANTES NA PROMOÇÃO DA SAÚDE:

Revisão de Literatura ..................................................................................................................................... 200

Andressa Azevedo Silva¹; Carolinny Cruvinel Maia¹; Laura Leão Martins¹; Raymundo do Espirito Santo

Pedreira²; Viviane Tiemi Kenmoti²; Flávio Dias Silva²; Nelzir Martins Costa²; Carlos Eduardo Bezerra do

Amaral Silva². ............................................................................................................................................ 200

MEDICAMENTOS ALIADOS À INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS VISANDO MELHORIAS NA SAÚDE DAS

COMUNIDADES PARKINSONIANAS: Revisão de Literatura ...................................................................... 204

Camilla Macedo Abreu¹; Matheus Andrade Rocha¹; Wanessa Araújo Machado¹; Asterio Souza Magalhães

Filho²; Raymundo do Espirito Santo Pedreira²; Viviane Tiemi Kenmoti; Carlos Eduardo Bezerra do Amaral

Silva².. ........................................................................................................................................................ 204

PRINCIPAIS MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO HUMANA UTILIZADOS NA PERÍCIA ODONTOLÓGICA . 210

Clara Cíntia Marinho Pires¹; Ana Paula Pedroso Brito²; Cristiano da Silva Granadier²; Danilo Felix

Daud²; Joelcy Pereira Tavares²; Jonas Eraldo de Lima Júnior². ....................................................... 210

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RECIDIVAS EM CASOS DE HANSENÍASE: REVISÃO DE LITERATURA ................................................. 216

Ana Paula Rodrigues Parente, Kleverson Wessel Oliveira²; Fernanda Silva Magalhaes²; Flavio Dias Silva²;

Tania Maria Aires Gomes Rocha²; Mribel Fernàndez Fernàndez². .......................................................... 217

RELAÇÃO ENTRE O NÚMERO DE CONSULTAS DE PRÉ-NATAL E QUANTIDADE DE EXAMES

REALIZADOS POR GESTANTES ................................................................................................................ 225

Marco Aurélio Leão Beltrami¹, Túlio César de Oliveira Júnio¹r, Natália Beltrami¹, Adriana Mendes Barros¹,

Bruna Araújo de Morais Borba¹, Thompson de Oliveira Turíbio²; Carlos Eduardo Bezerra do Amaral Silva².

................................................................................................................................................................... 225

REPERCUSSÕES DO USO DE DROGAS ILÍCITAS NO DESENVOLVIMENTO PRÉ-NATAL: Revisão de

Literatura ........................................................................................................................................................ 229

Larissa Rodrigues Vieira¹; Patrícia Magalhães Vieira¹; Nathália Frederico Giuvannucci¹; Hanna Paula

Carolayne Ferreira Pereira¹; Nelzir Martins Costa²; Albeliggia Barroso Vicentine²; Ana Carolina Camargo

Rocha². ...................................................................................................................................................... 229

REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA SEXUALIDADE DO IDOSO INSTITUCIONALIZADO, NA VISÃO DO

CUIDADOR .................................................................................................................................................... 234

Jairo Ribeiro Luz1 Tania Maria Aires Gomes Rocha2; Ana Carolina Camargo Rocha²; Ana Paula Faria

Moraes²; Valdir Francisco Odorizzi²; Asterio Souza Magalhães Filho²; Carlos Eduardo Bezerra do Amaral

Silva². ......................................................................................................................................................... 235

REVISÃO SISTEMÁTICA DO ESTADO NUTRICIONAL ANTROPOMÉTRICO DE GESTANTES

BRASILEIRAS ............................................................................................................................................... 241

Maria Izabel Saturnino dos Santos Lúcio, Fabiano Rodrigues de Souza²; Valdir Francisco Odorizzi²; Tania

Maria Aires Gomes Rocha²; Viviane Tiemi Kenmoti²; Jonas Eraldo de Lima Júnior². .............................. 241

SATISFAÇÃO DOS ENFERMEIROS QUANTO AOS ASPECTOS PROFISSIONAIS................................. 247

Luana Lima de Oliveira¹, Mylla Fabiele Ferreira Sousa¹, Renata Alves Bandeira²; Ana Carolina Camargo

Rocha²; Ana Paula Faria Moraes²; Ronyere Olegário de Araujo² ............................................................. 247

SAÚDE NA CULTURA KARAJÁ ................................................................................................................... 253

Patrícia de Souza e Sousa¹; Adriano Castorino²; Valdir Francisco Odorizzi²; Flavio Dias Silva²; Obede

Rodrigues Ferreira²; Asterio Souza Magalhães Filho² .............................................................................. 253

SEDAÇÃO CONSCIENTE COM ÓXIDO NITROSO PARA TRATAMENTO ODONTOPEDIÁTRICO: REVISÃO

DE LITERATURA .......................................................................................................................................... 260

Izabella Ferreira Neves¹; Mariana Vargas Lindemaier e Silva²; Cristiano da Silva Granadier²; Danilo Felix

Daud²; Flavio Dias Silva²; Ozenilde Alves Rocha Martins². ...................................................................... 260

TEMPO DE EFEITO DA TOXINA BOTULÍNICA EM PACIENTES MEDICADOS COM SUBSTÂNCIA A BASE

DE ZINCO- Revisão de Literatura ................................................................................................................. 266

Luara Gomes Valadares¹; Rafael Vinicius da Rocha²; Eduardo Fernandes Marquez²; Victor Cláudio de

Oliveira Alves²; Ronyere Olegário de Araujo²; Talita Rocha Cardoso²; Obede Rodrigues Ferreira². ....... 266

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ANÁLISE DE DADOS SECUNDÁRIOS DE HIPERTENSOS CADASTRADOS EM PORTO NACIONAL–TO

ANALYSIS OF SECONDARY DATA ON HYPERTENSION CASES REGISTERED IN PORTO

NACIONAL-TO

Eliane Carvalho de Andrade1, Elson Santos Silva Carvalho2 Cristiano da Silva Granadier²; Danilo Felix Daud²; Ronyere Olegário de Araujo²; Tania Maria Aires Gomes Rocha²; Thompson de Oliveira Turibio²;

Asterio Souza Magalhães Filho². _________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO: Introdução - A hipertensão arterial sistêmica é uma das mais importantes causas evitáveis de morte prematura Segundo a Organização Mundial de Saúde. Objetivo - Analisar pacientes com hipertensão arterial sistêmica no município de Porto Nacional Tocantins utilizando como métodos de obtenção dos dados o próprio sistema de informações o DATASUS. Métodos - Trata-se de uma pesquisa de caráter descritivo de revisão epidemiológica retrospectiva, cuja a trajetória metodológica a ser colhida apoia-se nos dados secundários públicos disponibilizados pelo Ministério da Saúde na plataforma do DATASUS. Resultados - prevaleceu em junho de 2012 o menor índice de cadastrado obteve 4.126 com apenas (67,94%) de acompanhamento. Já o mês que prevaleceu um maior índice de pacientes cadastrados foi em julho com 4.377 e acompanhados (81,59%). Em abril de 2013 foram 4.382 cadastros, porém observou-se um menor índice de acompanhamento com apenas (47,24%). Sendo que em 2014 houve o aumento no mês de fevereiro correspondendo ao cadastramento de 4.672 com (81,61%) de acompanhados. Conclusão - O presente estudo realizado no município atendeu as expectativas deste artigo, considerando a importância do cadastramento e acompanhamento de hipertensos para assim realizar o tratamento de forma eficaz, minimizando agravos à saúde dos usuários. Palavras-chave: Enfermagem. Hipertensão Arterial Sistêmica. Sistema de Informação. ABSTRACT: Introduction - Systemic arterial hypertension is one of the most important preventable causes of premature death, according to the World Health Organization. Objective - Analysis of patients with systemic arterial hypertension in Porto Nacional city, Tocantins state, using the suitable information system called DATASUS as methods of data collection. Methods - This is a descriptive research of retrospective epidemiologic review, whose methodological trajectory to be obtained is based on public secondary data provided by the Ministry of Health through its information platform called DATASUS. Results - prevailed, in June 2012, the lowest rate registered, out of (n = 4,126) with only 67.94% of monitoring. On the other hand, in July 2012, prevailed the highest rate of patients registered in this year: (n = 4377) and 81.59% received monitoring. By April 2013 (n = 4,382) hypertension cases were registered, but there was a lower monitoring rate of only 47.24%. And in 2014 there was an increase in February corresponding to (n = 4,672) patients registered with 81.61% monitored. Conclusion - This study conducted in the city matched the expectations of this article, considering the importance of registration and monitoring of hypertensive cases in order to carry out effective monitoring, minimizing users' health hazards. Key-words: Nursing. Hypertension. Information System.

1 INTRODUÇÃO

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é considerado pela maioria dos autores de suma

importância para o desenvolvimento de inúmeras patologias. A HAS tem sido considerada problema

de saúde pública de etiologia multifatorial, descrita como um dos maiores fatores de risco

prevalentes para desenvolvimento de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares (ULBRICH et

al. 2012).

O perfil epidemiológico brasileiro vem se modificando desde os anos 1950 e, neste cenário

complexo, as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) atualmente assumem papel de

destaque entre as principais causas de morbimortalidade (MARINHO et al. 2011). A HAS é uma das

mais importantes causas evitáveis de morte prematura. Segundo a Organização Mundial da Saúde

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(OMS), existem cerca de 800 milhões de pessoas com pressão arterial elevada em todo o mundo,

causando mais de 7 milhões de mortes por ano (MOREIRA et al. 2013).

Porém, o controle da doença ainda é muito baixo, apesar da comprovação de medidas

efetivas do tratamento medicamentoso e não medicamentoso (FREITAS et al. 2012; SILVA et al.

2012). Mundialmente, estima-se que a exposição a fatores de risco cardiovascular levara a 36

milhões de mortes prematuras até o ano de 2015, com especial atenção aos países em

desenvolvimento, que, ao contrário dos desenvolvidos, tem sua população contraindo doenças,

cada vez mais jovem, frequentemente com complicações e mortes precoces (GOMES et al. 2012).

No Brasil, os desafios do controle e prevenção da HAS e suas complicações são, sobretudo,

das equipes de Atenção Básica. As equipes são multiprofissionais, cujo processo de trabalho

pressupõe vínculo com a comunidade e a clientela descrita, levando em conta a diversidade racial,

cultural, religiosa e os fatores sociais envolvidos. Nesse contexto, o Ministério da Saúde preconiza

que sejam trabalhadas as modificações de estilo de vida, fundamentais no processo terapêutico e

na prevenção da hipertensão. A alimentação adequada, sobretudo quanto ao consumo de sal e ao

controle do peso, a prática de atividade física, o abandono do tabagismo e a redução do uso

excessivo de álcool são fatores que precisam ser adequadamente abordados e controlados, sem

os quais os níveis desejados da pressão arterial poderão não ser atingidos, mesmo com doses

progressivas de medicamentos (BRASIL, 2013).

De acordo com a Sociedade Brasileira de Hipertensão, a prevalência nacional de

hipertensão arterial sistêmica na população adulta varia de 22,3% a 43,9% (PINTO et al. 2011).

Embora a maior parte dos diagnósticos de hipertensão arterial sistêmica seja firmada em pacientes

com idade avançada, existem evidências de que a doença tem seu início na infância ou na

adolescência (PINTO et al. 2011).

De modo geral, o tratamento de qualquer doença crônica não transmissível representa

profundo desafio para clientes e profissionais de saúde, sobretudo porque o desaparecimento de

sintomas, logo no seu início, induz a pessoa adoecida a acreditar que a doença foi curada. Esta

atitude é observada em portadores de hipertensão arterial, os quais suspendem o tratamento diante

do desaparecimento dos sintomas, o que traz sérios prejuízos em decorrência deste

comportamento. Isso pode ser apontado como um dos motivos a levar à necessidade de

atendimento em serviços de urgência pela ocorrência do aumento da pressão arterial, podendo

desencadear sequelas transitórias ou permanentes, ou mesmo causar a morte da pessoa

acometida por tal agravo (GUEDES et al. 2011).

Para alcançar tais objetivos foi criado o Departamento de Informática do Sistema Único de

Saúde (SUS) - DATASUS. A partir de 2011 o DATASUS passa a integrar a Secretaria de Gestão

Estratégica e Participativa, conforme Decreto Nº 7.530 de 21 de julho de 2011 que trata da Estrutura

Regimental do Ministério da Saúde (BRASIL, 2015).

Uma política pública eficaz se cria conhecendo-se a epidemiologia que envolve determinada

enfermidade. No Brasil, os dados do SUS são organizados pelo DATASUS, o qual possibilita

informação ampla e acesso livre (OLIVEIRA et al. 2011).

O Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos (SisHiperdia)

é o mais recente sistema de monitoramento de programas instituído pelo Ministério da Saúde.

Implantado em 2002, como parte do Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e

Diabetes Mellitus (PRAHADM), é uma plataforma que permite cadastrar e acompanhar portadores

de hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus, captados e vinculados às unidades de saúde ou

equipes da Atenção Básica do SUS, gerando informações para profissionais e gestores de

secretarias municipais e estaduais e Ministério da Saúde (CORREIA et al. 2014). As informações

produzidas pelo SisHiperdia constituem ferramenta de apoio para auxiliar a gestão e a gerência das

ações de assistência e vigilância à saúde com vistas ao controle da hipertensão arterial (ZILLMER

et al. 2010).

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Desta maneira, no cuidado dos pacientes com HAS o enfermeiro é o profissional responsável

em acompanhá-lo diariamente, dando sua contribuição nas orientações, por meio de incentivos,

acolhimento, escuta qualificada e utilizando seus recursos disponíveis para incrementar e melhorar

a assistência prestada a essa clientela.

O objetivo do presente estudo foi realizar análise de pacientes com HAS no município de

Porto Nacional Tocantins utilizando como métodos de obtenção dos dados o próprio sistema de

informações o DATASUS, realizando uma revisão sistemática de literatura, buscando, assim,

informações mais atualizadas sobre o assunto exposto. A hipótese é que a quantidade de pacientes

acompanhados tem aumentado, em proporção direta ao número de cadastro no município de Porto

Nacional – TO.

2 METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa de caráter descritivo de revisão epidemiológica retrospectiva, cuja

trajetória metodológica a ser colhida apoia-se nos dados secundários públicos disponibilizados pelo

Ministério da Saúde, na plataforma do DATASUS.

Para o levantamento das informações, foi consultado o banco de dados de Atenção Básica

(SIAB), no qual é feito o registro do acompanhamento dos casos de HAS. Incluiu-se no estudo os

casos das Unidades Básicas de Saúde do município de Porto Nacional (TO) registrados entre os

anos de 2012 a março de 2014.

As variáveis estudadas, disponibilizadas via sistema, foi o recorte do município (Porto

Nacional), com os números absolutos de cadastro e acompanhamento (sem restrição a idade e

gênero).

Os dados foram reordenados e sistematizados em visualizadores estatísticos, como tabelas,

sem alteração metodológica do sistema de registro de informações e foram confrontados com

artigos de periódicos nacionais publicados entre 2009 e março de 2015, que relatam sobre

enfermagem, hipertensão arterial, sistêmica e HIPERDIA e SIAB/DATASUS.

Após o levantamento bibliográfico, realizou-se a leitura exploratória do material encontrado.

Com essa leitura, pôde-se obter uma visão ampla do material, considerando-o de interesse ou não

à pesquisa. Em seguida, efetuou-se a leitura seletiva, a qual permitiu determinar qual material

bibliográfico que se enquadre no perfil do estudo.

Os aspectos éticos e direitos autorais foram respeitados.

3 RESULTADOS

A amostra é constituída por pacientes portadores de Hipertensão Arterial Sistêmica que são

cadastrados e acompanhados pelas Unidades Básicas de Saúde do município, no período de março

de 2012 a março de 2014. Os dados estão apresentados em forma de tabelas, segue abaixo análise

das mesmas.

A tabela 1 apresenta a relação entre os pacientes cadastrados e acompanhados no ano de

2012. Nesse sentido, prevaleceu o mês de março com pacientes cadastrados (n=4.047),

correspondendo a 90,68% da relação dos acompanhados. O mês de abril apresentou cadastrado

(n=4.191) com 87,19% acompanhados. Em maio os cadastros corresponderam a (n=4.183), sendo

acompanhados 83,79%, e no mês de junho houve o menor índice na relação entre cadastrados

obteve (n=4.126) e acompanhados com apenas 67,94%. O mês que prevaleceu um maior índice

de pacientes cadastrados foi em julho com (n=4.377) com proporção de acompanhados 81,59%.

No mês de agosto e setembro foram cadastrados (n=4.339) com o acompanhamento de 82,63%.

Já o mês de outubro o número de cadastrados foram (n=4.292) e acompanhados cerca de 78,15%.

Novembro registra (n=4.345) cadastrados, numa relação de 79,63% de acompanhamento. E em

dezembro a relação foi de, respectivamente (n=4.314) cadastrados para 76,36% de

acompanhamento.

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TABELA 1 – Relação entre pacientes hipertensos cadastrados e acompanhados no DATASUS no ano de 2012.

MÊS/ANO

HIPERTENSOS CADASTRADOS NO DATASUS

HIPERTENSOS ACOMPANHADOS NO DATASUS

RELAÇÃO DE ACOMPANHADOS / CADASTRADOS ( % )

jan/12 0 0 0 fev/12 0 0 0 mar/12 4047 3670 90,68 abr/12 4191 3654 87,19 mai/12 4183 3505 83,79 jun/12 4126 2803 67,94 jul/12 4377 3571 81,59 ago/12 4339 3585 82,62 set/12 4339 3585 82,62 out/12 4292 3354 78,15 nov/12 4345 3460 79,63 dez/12 4314 3294 76,36

A tabela 2 corresponde ao ano de 2013 e demonstra que no mês de janeiro cadastrado

apontou (n=4.351), no qual foram acompanhados 85,61%. No mês de fevereiro observa-se o menor

número de cadastros realizados no ano com (n=4.321), sendo que destes foram acompanhados

87,53%. Março apresenta-se cadastrados (n=4.363) com o total de 87,78% de acompanhamento.

Já em abril (n=4.382) cadastros, porém observou-se um menor índice de acompanhamento com

apenas 47,24%. Em maio houve (n=4.435) cadastros, sendo que destes 79,01 foram

acompanhados. Junho aponta o número de cadastramento (n=4.451) totalizando 78,72 de

acompanhados, sendo que em julho acompanhados foram (n=4.468) com o acompanhamento de

67,48% destes. Agosto aponta (n=4.523) cadastros sendo acompanhados 83,22%. Já o mês que

apontou o maior número de cadastros realizados equivalendo a (n=4.538) foi setembro com o

acompanhamento de 78,4%. Sendo que em outubro o número de cadastros foi de (n=4.448)

realizando 80,76% de acompanhados, já novembro mostra que cadastrados foram (n=4.451) e que

81,71% destes foram acompanhados. Em dezembro podemos observar (n=4.534) cadastrados e

acompanhados 78,21%.

TABELA 2 – Relação entre pacientes hipertensos cadastrados e acompanhados no DATASUS no ano de 2013.

MÊS / ANO HIPERTENSOS CADASTRADOS NO DATASUS

HIPERTENSOS ACOMPANHADOS NO DATASUS

RELAÇÃO DE ACOMPANHADOS / CADASTRADOS ( % )

jan/13 4351 3725 85,61 fev/13 4321 3782 87,53 mar/13 4363 3830 87,78 abr/13 4382 2070 47,24 mai/13 4435 3504 79,01 jun/13 4451 3504 78,72 jul/13 4468 3015 67,48 ago/13 4523 3764 83,22 set/13 4538 3603 78,4 out/13 4448 3592 80,76 nov/13 4451 3637 81,71 dez/13 4534 3546 78,21

A tabela 3 apresenta indicadores dos três primeiros meses do ano de 2014, onde em janeiro

o número de pacientes cadastrados (n=4.571) com o acompanhamento de 80,14%, sendo que

houve o aumento no mês de fevereiro correspondendo ao cadastramento de (n=4.672) com 81,61%

de acompanhados. Em março cadastros realizados foram de (n=4.622) e que destes 81,11% foram

realizados o acompanhamento.

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TABELA 3 - Relação entre pacientes hipertensos cadastrados e acompanhados no DATASUS de janeiro a março de 2014.

4 DISCUSSÃO

Na avaliação dos pacientes hipertensos que estão cadastrados e que realizaram o

acompanhamento pelo DATASUS no ano de 2012, observou-se que no mês de junho houve o

menor índice de cadastrados com apenas 4.126, onde destes 67,94% realizaram o

acompanhamento. Estudos realizados apontam que a adesão ao tratamento reflete, ao menos em

parte, o modo como as pessoas compreendem e assumem o cuidado com sua saúde, determinada

por sua percepção e susceptibilidade à doença e a gravidade do problema. Pode estar relacionada

também com as características dos usuários, desde o seu comportamento em termos de tomar o

medicamento, comparecer nas consultas médicas, realizar mudanças no estilo de vida. Nesse

sentido, contém um forte componente relacional manifesto nos processos interativos entre pessoas

que necessitam de cuidado e o serviço de saúde que deve prestá-lo (RODRIGUES et al. 2012).

Quanto ao mês em que há o maior índice de pacientes cadastrados prevaleceu julho com

4.377, com equivalente de 81,59% acompanhados. Através de outros estudos, entende-se a

importância dos profissionais das Estratégia Saúde Família realizar busca ativa dos indivíduos que

abandonaram o Hiperdia e identificar os elementos dificultadores, buscando a reinserção dos

mesmos ao programa (CONTIERO et al. 2009). Com isso, o cadastramento dos habitantes

pertencentes as unidades de saúde podem ser utilizado como um indicador de situação de vida da

comunidade. Com a coleta de dados pessoais e familiares o cadastro torna-se capaz de identificar

subáreas de população expostas as piores condições de vida. Permite desse modo, um

planejamento de ações em saúde, seja na unidade de saúde ou na comunidade (RODRIGUES et

al. 2012).

A tabela 2 aponta que no ano de 2013 o mês de fevereiro obteve o menor número de

cadastros realizados no ano com 4.321 sendo que destes foram acompanhados 87,53%. Pesquisas

mostram que as políticas públicas devam contemplar a todos, atenção especial deve ser voltada

para os subgrupos mais vulneráveis, tanto para as ações de prevenção, de controle da hipertensão,

assim como para as de promoção à saúde (CASTRO et al. 2012).

Embora o mês de abril tenha apresentado 4.382 cadastros, é notória a indicação de um

menor índice de acompanhamento com apenas 47,24%. Estudos enfatizam a importância da

fidelidade no preenchimento de informações no cadastro de pacientes, para que através do

conhecimento destas, sejam elas utilizadas para planos de educação, promoção, prevenção e

recuperação de saúde. Ressaltamos a necessidade de melhorar a captação de pacientes

(OLIVEIRA et al. 2011).

A tabela 3 aponta o aumento do número de cadastros feitos no mês de fevereiro

correspondendo a 4.672 com 81,61% de acompanhados. Pesquisas afirmam que resta desenvolver

mecanismos de busca e abordagem ativa sobre os pacientes que se ausentaram do atendimento.

O papel dos profissionais de saúde em âmbito político mais amplo é crucial, lutando pelo

desenvolvimento de políticas de saúde que facilitem e motivem o acesso do paciente aos serviços

de saúde (GOMES et al. 2010).

A prática de modelos assistenciais mais coerentes como os princípios da universalidade,

equidade e integralidade da atenção deve permear o trabalho na Saúde da Família. Nesse sentido,

MÊS / ANO HIPERTENSOS CADASTRADOS NO DATASUS

HIPERTENSOS ACOMPANHADOS NO DATASUS

RELAÇÃO DE ACOMPANHADOS / CADASTRADOS ( % )

jan/14 4571 3663 80,14 fev/14 4672 3813 81,61 mar/14 4622 3749 81,11

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destaca-se a necessidade de fortalecer a implementação de ações estruturais voltadas para a

capacitação dos profissionais com vistas ao atendimento qualificado das pessoas hipertensas e/ou

diabéticas, de modo a estabelecer o vínculo desejável com a população descrita sob sua

responsabilidade sanitária. Tais ações devem envolver, sobretudo, o enfermeiro, que tem

demonstrado um profundo interesse e importante participação no monitoramento e avaliação destes

usuários, além de assegurar e ampliar o espaço de atuação deste profissional na Atenção Básica

(FILHA et al. 2012).

Uma rede integrada pressupõe uma porta de entrada preferencial que organize o acesso. É

a partir dos serviços de atenção básica em Saúde da Família que se estrutura o atendimento e o

acesso aos serviços especializados com efetivação de uma porta de entrada preferencial em

serviços de Atenção Primária a Saúde resolutivos. A integração da rede de serviços na perspectiva

da Atenção Primária em Saúde (APS) envolve a existência de um serviço de procura regular, a

constituição dos serviços de APS como porta de entrada preferencial, a garantia de acesso aos

diversos níveis de atenção por meio de estratégias que associem as ações e serviços necessários

para resolver necessidades menos frequentes e mais complexas com mecanismos formalizados de

referência e a coordenação das ações pela equipe de APS, garantindo o cuidado contínuo

(GIOVANELLA et al. 2012).

5 CONCLUSÃO

Esta pesquisa conclui-se que a análise de dados secundários, sua sistematização e

interpretação é fundamental na elaboração de estratégias de ação em saúde. Em relação à

quantidade de pacientes com hipertensão arterial cadastrados no DATASUS e os que realizam o

acompanhamento, é possível inferir o crescimento de uma rede de atendimento, suas dificuldades

e o efeito de ações coletivas de educação e promoção. Além disso, são de suma importância para

os profissionais de saúde, de forma que, por meio deles, prestem uma assistência de saúde

qualificada, realizando não apensas o cadastro, mas sim o acompanhamento adequado e digno, de

forma eficaz e humanizada, podendo assim evitar possíveis agravos aos usuários. Por isso, a

importância de campanhas, aumento de recursos e treinamento da equipe por parte do governo,

como também a conscientização desses profissionais em realizar a o preenchimento correto dos

dados e informa-los corretamente e no tempo estimado.

REFERÊNCIAS

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ANÁLISE DE DADOS SECUNDÁRIOS DA SAÚDE E MORBIDADE DO HOMEM NA ATENÇÃO BÁSICA EM PORTO NACIONAL-TO (2012-2014)

SECONDARY DATA ANALYSIS OF MALE HEALTH AND MORBIDITY IN PRIMARY CARE AT

PORTO NACIONAL, BRAZIL (2012-2014)

Éder Rodrigues Matos¹; Juarez Dias Rodrigues1; Elson Santos Silva Carvalho2; Arthur Alves Borges de Carvalho²; Carlline Barroso Vicentine²; Tiago Farret Gemelli²; Ronyere Olegário de Araujo²; Ozenilde Alves

Rocha Martins²; Asterio Souza Magalhães Filho². _________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO: Introdução - A população masculina possui uma restrição quanto a procura aos serviços, devido muitas vezes a fatores culturais, pois o homem é o provedor da casa e o mesmo não tem tempo para se preocupar-se com sua saúde. Objetivo - Analisar se a população masculina do município tem buscado os serviços de saúde precocemente reduzindo assim o índice de internações. Métodos - Trata se de pesquisa com abordagem predominantemente quantitativa, de caráter descritivo. Essa tipologia de estudo prioriza o que pode ser medido, exigindo descrição rigorosa das informações obtidas, possui como objetivo quantificar dados e generalizar os resultados da amostra para uma determinada população-alvo. Resultados - A análise conclui que devido à procura tardia aos serviços e ações de saúde há um maior índice de internações, devido às complicações e gravidade da patologia já instalada. Conclusão - Os homens do município de Porto Nacional resistem à procura precoce os serviços de saúde, e quando a fazem, a patologia instalada já está agravada, aumentado assim, o índice de internações. Palavras-chave: Atenção Primária. Datasus. Saúde do Homem. ABSTRACT: Introduction - The male population has a constraint as demand services, often due to cultural factors, for man and the provider of the house and it has no time to worry about it. Objective - To analyze the male population of the municipality has sought health services earlier thereby reducing the hospitalization rate. Methods - This research is predominantly quantitative approach, descriptive character. This study emphasizes the type that can be measured, requiring accurate description of the information obtained, has the objective of quantifying data and generalize the sample results for a given target population. Results - The analysis concludes that due to the late demand for health services and actions leads to a higher rate of hospitalization, complications and severity of already installed pathology. Conclusion - The man of the Porto Nacional city in early resist looking to health services, and when they seek is already installed pathology worsened, thereby increasing the hospitalization rate.

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Key-words: Primary Care. Datasus. Male Health.

1 INTRODUÇÃO

As diferenças em saúde entre homens e mulheres têm sido elemento de grande

interesse científico. Isso é representado por estudos que analisam diferenciais de morbidade e

utilização dos serviços de saúde. A constatação que no Brasil as mulheres vivem mais que os

homens e frequentam mais os serviços de saúde são produtos dessas investigações estatísticas

(AQUINO, 2006).

No âmbito da sociedade a definição do que é ser homem parte de dois conceitos, o que

considera a anatomia e a fisiologia expressando o “sexo” e por outro lado o conceito de “gênero”,

surgido nos anos de 70 do século passado dentro das Ciências Sociais e expressa o resultado da

construção social do homem tendo como base o sexo ao qual são acrescidas as características

culturais (MELO et al. 2008).

Durante a vida o fato de ser homem ou mulher determina riscos diferenciados, algumas

vezes tendo o fator biológico “sexo” um peso maior e, em outras, predominando a questão

socioeconômica e cultural. No decorrer da vida, ocorrem interações com fatores sociais e culturais,

levando a uma diminuição proporcional do papel do sexo (diferença biológica) em relação à

categoria mais ampla do gênero (MELO et al. 2008).

Ao reconhecer a importância do gênero como essencial na situação de saúde, criou-se a

Política Nacional de Atenção Integral à Saúde dos Homens (PNAISH) alinhada a Política

Nacional de Atenção Básica – PNAB (BRASIL, 2012). O modelo do Sistema Único de Saúde

(SUS) tem a Atenção Básica como porta de entrada ao sistema público de saúde baseada

na integralidade e no acesso universal (BRASIL, 2012).

A PNAISH é uma forma de organizar os sistemas locais de saúde e os tipos de gestão, de

maneira que se alcance o aumento da expectativa de vida e a redução dos índices de morbi-

mortalidade dos homens (ANDRADE et al. 2013).

Uma questão a ser debatida para que essa política tenha sucesso é a questão do

reconhecimento das necessidades da saúde do homem, porém, tais necessidades só

podem ser percebidas através da análise da procura de cuidados por estes usuários, o que

deve ser um aspecto importante para a organização das ações de saúde (KEIJER, 2003).

O objetivo principal deste trabalho foi analisar, com base nas estatísticas de atendimento,

no município de Porto Nacional, pela sistematização de dados de atendimentos entre 2012

a 2014 a relação entre patologias típicas da população masculina adulta, os índices de

internação e morbidade.

2 METODOLOGIA

Trata se de revisão sistemática de literatura com abordagem predominantemente

quantitativa, de caráter descritivo, com a utilização de dados públicos disponíveis no DataSUS. Essa

tipologia de estudo concentra-se no que pode ser medido, exigindo descrição rigorosa das

informações obtidas, possui como objetivo quantificar dados e generalizar os resultados da amostra

para uma determinada população-alvo (OLIVEIRA, 2013).

A pesquisa de caráter descritivo descreve características de uma determinada população ou

fenômeno, ou estabelece relações entre variáveis por meio da adoção de técnicas padronizadas

para coleta de dados como questionários e a observação sistemática, são muito comuns,

geralmente assume a forma de um levantamento de dados ou ainda de pesquisa bibliográfica e

documental (OLIVEIRA, 2013).

Foram coletados os dados dos atendimentos usando como critérios de inclusão o

atendimento aos indivíduos do sexo masculino com idade entre 25 e 59 anos por meio das

estatísticas de atendimento no município de Porto Nacional realizado entre 2012 e 2014 que

estejam dentro da faixa etária alvo da PNAISH (25 a 59 anos). A amostra (homens com idade entre

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25 e 59 anos) é global, com recorte temporal janeiro de 2012, 2013 e 2014, pela autodeclaração do

gênero masculino, nas respectivas unidades de saúde, considerando nossas variáveis; idade,

atendimento ao portador de neoplasia, atendimento por doença do aparelho circulatório,

atendimento por doenças do aparelho digestivo, atendimento a portador de doença mental e

atendimento por doenças do aparelho respiratório.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As doenças respiratórias constituem importante causa de morte em adultos e crianças

no mundo. A carga das doenças respiratórias crônicas em 2005 correspondia a 4% da carga total

de doenças no mundo. E tais agravos também ocupam posição de destaque entre as principais

causas de internação no Sistema Único de Saúde, em todas as faixas etárias e sexo (TOYOSHINA

et al. 2005).

O gráfico II demonstra uma oscilação na quantidade de homens acometidos por

doenças respiratórias, onde em 2012 teve 27 (0,11%) de casos, em 2013 o número de casos

aumentou para 34 (0,13%) e em 2014 caiu para 22(0,08%) casos. Aspectos relevantes para essa

constatação por estarem relacionadas a características e estilo de vida, diferentes em regiões

quentes e frias do Brasil, escolaridade e a renda, apresentaram expressiva relação com os sintomas

respiratórios. Quanto menor o nível educacional e o nível rendimentos dos indivíduos, maior será a

probabilidade de problemas respiratórios (BERNAT et al. 2009) que podem interferir decisivamente

neste índice de internação.

No gráfico II é observável uma queda significativa no índice de homens acometidos por

doenças e transtornos mentais. De 5 (0,02%) casos em 2012 caíram para 4 (0,016%) casos em

2013 e continuou a tendência em 2014, com 2(0,008%) casos. Como exemplo de transtorno mental

prevalente, reconhece-se o transtorno bipolar, que é influenciado por fatores determinados como

os demográficos (sexo, etnia), relacionados ao nascimento (complicações na gestação ou no parto,

estação do ano no nascimento, local de nascimento – urbano/rural, ordem de nascimento),

antecedentes pessoais, fatores sociais (padrão socioeconômico, eventos de vida estressantes),

antecedentes familiares (disfunção familiar, perda parental), história médica pregressa (epilepsia,

trauma cranio-encefálico), condição socioeconômica desfavorável, como desemprego ou baixa

renda, e estado civil. Importante salientar que mulheres também apresentam risco aumentado nos

três primeiros meses do pós-parto de modo consistente (MICHELON e VALLADA, 2005).

A figura 1 mostra a população masculina

(24.513) e feminina (24.616) residente no município

de Porto Nacional, onde podemos concluir que a

população feminina é pouco superior a população

masculina.

A figura 2 mostra uma mudança

significativa na quantidade de homens acometidos

por doenças no aparelho circulatório, tais como

Infarto agudo do miocárdio e hipertensão arterial.

Essas mudanças podem ser explicadas como um

reflexo da atenção integral a pessoas que vivem com

doenças crônicas não infecciosas, principalmente

doenças circulatórias, que representam a principal

causa de morte e incapacidade física no mundo

(OPAS, 2003). O enfrentamento desse grupo de

patologias está diretamente relacionado à melhoria no acesso a serviços de saúde. Em especial,

as ESF podem reduzir este índice de internações e consequentemente o risco de morte (MANSUR

et al. 1998).

FIGURA 1 – População masculina e feminina de Porto Nacional.

Fonte: DATA/SUS.

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O câncer é um grande problema de saúde pública em países desenvolvidos e em

desenvolvimento, ele é responsável por mais de seis milhões de óbitos por ano, cerca de 12% de

todas as causas de morte no mundo (GUERRA et al. 2005). O gráfico II mostra mudança

significativa na quantidade de homens acometidos pelo câncer de próstata nesse período, como a

aumento do acometimento desse tipo de câncer. De 1 (0,004%) caso em janeiro de 2012 para 5

(0,02%) em janeiro de 2014. Isto pode ser explicado pelo perfil da distribuição epidemiológica do

câncer no Brasil, envolvendo um aumento entre os tipos de câncer normalmente associados a alto

status sócio-econômicos, como por exemplo, o câncer de próstata, reto e pela presença de tumores

que na maioria das vezes são

associados com a pobreza, que

são o câncer de reto, câncer no

pênis, estômago e cavidade oral

(GUERRA et al. 2005).

Evidencia-se, no índice de

homens acometidos por doenças

no sistema digestório por

patologias, como gastrite e úlcera

péptica e que tais patologias

podem ser influenciada pelo

estresse agudo que altera as

funções gastrointestinais, através

do sistema nervoso autônomo

inibindo a inibição da atividade

vagal, diminuição de motilidade

levando ao aparecimento da

síndrome do cólon irritável, que é uma doença funcional caracterizada por cólicas (TSIGOS et al.

2016).

Os indicadores que tratam sobre doenças respiratórias conduzem à constatação de que

essa diminuição nos casos de internação é influenciada pela comportamento inverso ao

imediatamente descrito: a procura precoce aos serviços de saúde. Trata-se de um direito de todos,

assegurado pela regulamentação do PNAISH, e demonstra a importância de que os esforços, na

adesão das redes de atenção primária, adaptem-se às particularidades culturais desse gênero. Em

Porto Nacional, no período analisado, o movimento decrescente pode indicar uma aproximação dos

objetivos das políticas específicas ao grupo.

4 CONCLUSÃO

Concluímos por meio das estatísticas, dados secundários disponibilizados e sistematizados,

que a população masculina adulta do município de Porto Nacional oscilou muito na busca aos

serviços de saúde. O número de internações pode estar relacionado com a deficiência no acesso

desses homens aos serviços primários de saúde, e que muitas vezes demoram a procurar esses

serviços, alegando suas responsabilidades como os provedores de casa e que não tem tempo para

o tratamento indicado, optando pela automedicação. Ao procurarem tratamento, provavelmente

acometido de complicações nos sintomas, a patologia instalada já está avançada e acarretando um

aumento no índice de internação. Ao perceberem a necessidade da procura precoce aos serviços

de saúde, onde a patologia é tratada rapidamente, diminui-se assim, o índice de internações.

REFERÊNCIAS

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FIGURA 2 - Evolução quantitativa em patologias de acompanhamento prioritário no PNAISH

Fonte: DATA/SUS.

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AVALIAÇÃO DOS SINAIS E SINTOMAS EM PACIENTES COM LEISHMANIOSE VISCERAL NO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL-TO NOS ANOS DE 2011 A 2013

EVALUATION OF SIGNS AND SYMPTOMS IN PATIENTS WITH VISCERAL LEISHMANIASIS IN THE CITY OF PORTO NACIONAL-TO THROUGH THE RESEARCH DATA SHEETS FROM

2011 TO 2013

Karina Cristina de Sá Lima1; Kleverson Wessel de Oliveira2; Larissa Jacome B Silvestre2;

Obede Rodrigues Ferreira2; Tiago Farret Gemelli²; Ronyere Olegário de Araujo²; Ozenilde Alves Rocha Martins².

_________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO: Introdução - A leishmaniose visceral-LV poderá apresentar de duas formas; a tegumentar e a visceral (calazar). Sendo que a forma clinica da LV apresentam os sinais e sintomas semelhantes a outras doenças tais como: malária, esquistossomose, chagas, linfoma, leucemia. O diagnóstico clínico de leishmaniose visceral humana diagnosticada, devido à diversidade dos sintomas clínicos da doença, pois nenhum sinal é tido patognômonico da LV quando encontrado individualmente em um mesmo hospedeiro, tendo em vista que várias enfermidades também podem apresentar quadro sintomatológico semelhante. Desta forma, o diagnóstico definitivo requer uma associação entre os parâmetros clínicos, epidemiológicos, parasitológicos e sorológicos. Objetivo: Desta forma esse trabalho visa traçar uma sintomatologia desses pacientes, para que no futuro possa melhorar o diagnóstico diferencial com os de outra doença. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa retrospectiva, quantitativa de caráter descritiva junto à vigilância epidemiológica do município do Porto Nacional – TO, com a coleta de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), nos anos de 2011 a 2013, para avaliar os sinais e sintomas que mais ocorrem em pacientes com leishmaniose visceral no Município de Porto Nacional – TO. Resultados: De acordo com o SINAN, 2014 foram notificados 160 pacientes com a Leishmaniose Visceral, no município de porto nacional no período de janeiro a dezembro nos anos de 2011 a 2013. Sendo que no ano de 2011 apresentou o maior percentual de casos confirmados. No que se refere à sintomatologia predominou-se a: febre, fraqueza, edema, emagrecimento, tosse ou palidez,

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emagrecimento, hepatoesplenomegalia, quadro infeccioso, fenômeno hemorrágico, icterícia, outros. Conclusão: Observou-se que os sinais e sintomas mais predominantes foram a febre, hepatoesplenomegalia, fraqueza, emagrecimento. Palavra-chave: Diagnóstico Diferencial. Epidemiologia. Leishmanias. ABSTRACT: Introduction - Visceral leishmaniasis - LV can present in two ways; cutaneous and visceral (kalaazar). Since the clinical form of the LV show the signs and symptoms similar to other diseases such as malaria, schistosomiasis, sores, lymphoma, leukemia. The clinical diagnosis of human visceral leishmaniasis diagnosed because of the diversity of clinical symptoms of the disease, as no signal is considered pathognomonic of LV when found individually in the same host, given that various diseases may also present similar symptomatology. Thus, definitive diagnosis requires an association between clinical, - epidemiological, parasitological and serological. Objective - Thus this work aims to draw a symptomatology of these patients, so that in the future can improve the differential diagnosis with other disease. Methods - This is a retrospective search , quantitative of descriptive research status with the epidemiological surveillance of the city of Porto Nacional - TO with the collection of the Information System for Notifiable Diseases (SINAN) in the years 2011-2013, to assess the signs and symptoms that occur in most patients with visceral leishmaniasis in the city of Porto Nacional - TO. Results - According to the SINAN, 2014 were reported 160 patients with visceral leishmaniasis, the national port city in the period from January to December in 2011 to 2013. Since the year 2011 had the highest percentage of confirmed cases. As regards the predominant symptoms are to fever, weakness, swelling, weight loss, cough or paleness, weight loss, hepatosplenomegaly, infection, hemorrhagic phenomena, jaundice others. Conclusion - was observed that the most prevalent signs and symptoms were fever, hepatosplenomegaly, weakness, weight loss. Key-words: Differential diagnosis. Epidemiology. Leishmania.

1 INTRODUÇÃO

A leishmaniose é endemia presente nas regiões tropicais e subtropicais do globo terrestre,

acometendo um grande número de pessoas a cada ano. Apresentam como agentes etiológicos

tripanossomatídeos flagelados do gênero Leishmania, subgêneros Leishmanias e Vianna,

transmitidos ao homem através da picada de fêmeas hematófagas de dípteros flebotomíneos do

gênero Lutzomyia. De acordo com as manifestações clínicas apresentadas pelos pacientes, as

leishmanioses são classificadas em duas formas principais: tegumentar e visceral (calazar). Na

leishmaniose tegumentar são observadas lesões cutâneas ou mucosas¹.

As leishmanioses são consideradas zoonoses primárias, apresentando várias espécies de

animais silvestres como reservatórios (e.g. raposa, timbu, cotia, etc.). O homem, assim como o cão

doméstico, é considerado um hospedeiro eventual das leishmanias, infectando-se tanto no

ambiente silvestre, durante incursões no interior da mata, quanto nos ambientes intra e Peri

domiciliar. A leishmaniose tegumentar apresenta um quadro epidemiológico bastante complexo,

com várias espécies de parasitas, vetores e reservatórios envolvidos².

A leishmaniose visceral (LV) é uma doença que afeta os órgãos como o fígado, baço e

medula óssea sendo que os principais sinais e sintomas são: febre, fraqueza, edema,

emagrecimento, tosse ou diarreia palidez, icterícia, esplenomegalia, sendo observado

hepatomegalia, quadro infeccioso e poderá ocorre um fenômeno hemorrágico6.

De acordo com o relatório divulgado pelo Ministério da Saúde, em 2009, o Tocantins

registrou a maior taxa de incidência da doença no país (33.1 casos/100 mil habitantes)³.

Muitas doenças podem ter curso parecido com a leishmaniose visceral-LV, entre elas:

enterobacteriose de curso prolongado (associação com esquistossomose), malária, brucelose,

febre tifoide, esquistossomose hepatoesplênica, forma aguda da doença de Chagas, linfoma,

leucemias, mieloma múltiplo, anemia falciforme, tuberculose disseminada, histoplasmose,

granuloma tose de Wegener, endocardite, sarcoidose, melioidose, riquetsioses, Síndrome de

deficiência imunológica adquirida AIDS- e Vírus da Imunodeficiência Humana HIV4.

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Diferentes técnicas podem ser utilizadas para o diagnóstico de leishmaniose visceral

humana. O diagnóstico clínico é insuficiente devido à diversidade dos sintomas clínicos da doença,

pois nenhum sinal é tido patognomônico da LV quando encontrado individualmente em um mesmo

hospedeiro, porque podem ser compatíveis com outras enfermidades. Desta forma, o diagnóstico

definitivo requer uma associação entre os parâmetros clínicos, epidemiológicos, parasitológicos e

sorológicos6.

As alterações que se refere epidemiologia da AIDS e da LV no Brasil, bem como a

interiorização da infecção pelo HIV, apresentarão os sinais e sintomas mais comuns da doença e

estão relacionados com o diagnóstico confirmado e coinfecção para HIV; estão sendo apontadas

para maior exposição da população as duas infecções5.

As manifestações clínicas mais frequentes nos indivíduos coinfectados Leishmanias - HIV

apresenta febre, esplenomegalia e hepatomegalia, semelhantes às dos casos de LV imuno

competentes7.

Essa sintomatologia se assemelha bastante com as de outras parasitoses como os da

malária, esquistossomose, doença de Chagas5.

Desta forma esse trabalho visa traçar à sintomatologia desses pacientes para que no futuro

possa melhorar o diagnóstico diferencial com os de outra doença6.

2 MATERIAL E MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa retrospectiva, quantitativa de caráter descritiva junto à vigilância

epidemiológica do município do Porto Nacional – TO, com a coleta de dados do Sistema de

Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e através das fichas de notificações no período de

janeiro a dezembro nos anos de 2011 a 2013.

Para realização deste trabalho foram coletados os dados complementares dos casos no

sistema de informação manifestações clinicas como sinais e sintomas.

A coleta de dados das fichas de notificação compulsória de pacientes suspeito para a

Leishmaniose Visceral foi realizada pela própria pesquisadora no período de setembro de 2014

junto ao setor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Nacional –

TO.

Os dados foram extraídos de relatórios gerados pelo SINAN, e também do Tabwin

ferramenta de tabulação desenvolvida pelo, departamento de informática do Sistema Único de

Saúde do Brasil (DATASUS) que permite, dentre outras possibilidades, a obtenção de dados dos

Sistemas de Informação do SUS.

A tabulação e análise dos dados obtidos foram realizadas com o auxílio do programa

Microsoft Office Excel 2007, sendo apresentados em gráficos e tabelas.

Quanto ao aspecto ético o projeto de pesquisa foi submetido à apreciação do Comitê de

Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Tocantins (UFT), conforme estabelece a Resolução

466/12 do CNS – Conselho Nacional de Saúde, que normatiza pesquisas envolvendo seres

humanos. Sendo aprovado sob o parecer nº 274/2013.

3 RESULTADOS

De acordo com o SINAN, 2014 explícitos na tabela 1, foram notificados 160 pacientes com

a Leishmaniose Visceral, no município de porto nacional no período de janeiro a dezembro nos anos

de 2011 a 2013.

Após a referida sintomatologia, diagnosticada por exames parasitológico e imunológico se

obteve o resultado de 38 casos confirmados da doença, atingiram o percentual no total de 23,75%.

E foram descartados 121 casos atingindo a média no total de 75,62%.

Observa-se que no período de janeiro a dezembro no ano de 2011, houve o maior numero

casos notificados foram 43 de pacientes com LV e confirmados apresentaram 21 pacientes,

quantificando o percentual 48.8% dos casos confirmados no município de porto nacional- TO.

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TABELA 1: Número de casos notificados de Leishmaniose Visceral em porto nacional anos 2011 a 2013.

ANO IGN/BRANCO N(%)

CONFIRMADO N(%)

DESCARTADO N(%)

TOTAL Nº CASOS

2011 00 21 (48.8%) 22 (51.16%) 43

2012 01 08 (14.8%) 45 (83.33%) 54

2013 00 09 (14.2%) 54 (85.71%) 63

TOTAL 01 38 121 160

Fonte: Dados coletados no SINAN/Porto, no mês setembro 2014.

No período de janeiro a dezembro no ano de 2012, foram notificados 54 paciente por LV,

houve um decréscimo de pacientes confirmados para 08 casos com o percentual de 14,8% e no

ano seguinte foram notificados 63 casos somente 9 casos foram confirmados com o percentual de

14,2%.

No que se refere à figura 1 fonte SINAN, 2014; foram avaliados 160 pacientes da ficha de

notificação, com as principais sintomatologias do caso de Leishmaniose Visceral em porto nacional

no período de janeiro a dezembro nos anos de 2011 a 2013.

Nos últimos três anos, foram observados os principais sinais e sintomas: febre apresentou

em 48 pacientes nos anos de fraqueza apresentou em 45 pacientes no ano de 2013;

emagrecimento apresentou em 34 pacientes no ano de 2013; tosse ou diarreia e palidez apresentou

em 28 pacientes no ano de 2013; esplenomegalia apresentou em 27 pacientes no ano de 2013;

hepatomegalia apresentou em 26 pacientes no ano de 2011; icterícia apresentou em 12 pacientes

no ano de 2011; outros sintomas como cefaleia, anemia, vômito, inapetência e pele ressecada

apresentou em 11 pacientes no ano de 2012.

4 DISCUSSÃO

A leishmaniose visceral, no município de Porto Nacional nos anos 2011 a 2013, observou-

se que houve um decréscimo no número caso confirmado nos anos de 2012 e 2103 provavelmente

em decorrência de uma política pública assistida, voltada ao monitoramento e prevenção da doença

em virtude dos elevados casos no ano anterior.

Em 2012, pela primeira vez, o Brasil instituiu uma proposta de ações educativas denominada

de Semana Nacional de Controle e Combate à Leishmaniose – Lei nº 12.604, de 3 de abril de 2012,

que deverá ser celebrada anualmente na semana que incluir o dia 10 de agosto13.

RANGEL13 diz que ações de educação em saúde e de mobilização social desempenham um

papel essencial no âmbito da Vigilância e Controle da LV, na medida em que se constitui em saberes

e fazeres da sociedade em relação à prevenção e controle da doença. Mobiliza-se o serviço local,

na perspectiva de ações e práticas de saúde participativas, educativas, colaborando para aumentar

a consciência e compreensão sobre as condições de vida e as relações existentes com a saúde11.

Nos últimos três anos, os resultados obtidos da sintomatologia até a hospitalização LV, foram

tais como: febre apresentou em 48 pacientes nos anos de fraqueza apresentou em 45 pacientes

no ano de 2013; emagrecimento apresentou em 34 pacientes no ano de 2013; tosse ou diarreia e

palidez apresentou em 28 pacientes no ano de 2013; esplenomegalia apresentou em 27 pacientes

no ano de 2013; hepatomegalia apresentou em 26 pacientes no ano de 2011; icterícia apresentou

em 12 pacientes no ano de 2011; outros sintomas como cefaleia, anemia, vômito, inapetência e

pele ressecada apresentou em 11 pacientes no ano de 2012.12.

A análise deste estudo comprova que a primeira sintomatologia da visceralisação

apresentada foi a febre baixa, recorrente, frequentemente com dois ou três picos diários que

persistem com remissões durante todo o curso da infecção da doença. A febre é o sintoma mais

notável devido a sua característica irregular ou remitente12.

Já as doenças crônicas o autor refere que são marcadas pelo progressivo emagrecimento e

enfraquecimento geral, com aumento da suscetibilidade às infecções secundárias, isso ocorre em

pacientes não tratados ou com recidiva da LV12.

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A evolução da hepatoesplenomegalia é a segunda manifestação no desenvolvimento do

quadro clinico pode ser rápida, levando o paciente à caquexia e à morte dentro de algumas semanas

ou alguns meses, ou pode assumir caráter crônico. Nos resultados encontrados apresentou

esplenomegalia em 27 pacientes no ano de 2013; hepatomegalia em 26 pacientes no ano de 201112,

8.

Embora as alterações provocadas pelo parasito possam, por si só, determinar a morte dos

pacientes, frequentemente, ela é atribuída a infecções secundárias ou agravam com o decorrer da

doença; seguida de icterícia, diarreia ou palidez, posteriormente podem ocorre outros sintomas

poderá desencadear como

a cefaleia, anemia, vômito,

inapetência e um possível

ressecamento de pele8,.9.

Esses dados

discutidos corroboram com

os resultados da

sintomatologia do referido

estudo CAVALCANTE(5),

sendo que houve uma

predominância de febre,

fraqueza, emagrecimento,

hepatoesplenomegalia.

PALATNIK(10), diz

que o aparecimento de

doenças importante

espectro clínico e

diversidade

epidemiológica variam de

acordo com a espécie de

Leishmanias inoculada

pelo vetor, o indivíduo

infectado apresentará

quadros diferentes,

variando desde o

aparecimento de lesões

cutâneas, até a

visceralização da infecção.

5 CONCLUSÃO

As principais sintomatologias da LV que apresentaram neste referido estudo foram; febre

com o primeiro sintoma da visceralização com característica irregular ou remitente até mesmo em

casos de recidiva. Já em doenças crônicas apresentaram emagrecimento e enfraquecimento;

esplenomegalia, hepatomegalia; dentre outros achados clínicos seguida de icterícia, diarreia ou

palidez, posteriormente podem ocorre outros sintomas poderá desencadear como a cefaleia,

anemia, vômito, inapetência e um possível ressecamento de pele e a infecção pelo vírus da

imunodeficiência humana (HIV) que comparado com os casos de pacientes coinfectados por HIV e

atualmente será importância para a Saúde Pública.

A evolução é a manifestação do quadro clinico crônico, evidenciado no ano de 2011

hepatomegalia apresentou em 26 pacientes e já 2013 apresentou esplenomegalia em 27 pacientes.

FIGURA 1: Perfil da Sintomatologia dos casos de Leishmaniose Visceral

em porto nacional anos 2011 a 2013.

Fonte: Dados coletados no SINA/Porto no mês setembro/2014.

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4

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Conclui que os sinais e sintomas mais comuns da doença estão relacionados com a

precariedade das condições socioeconômicas da população, está associada à maior incidência de

doenças infecciosas, entre elas a LV.

REFERÊNCIAS

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8. SILVA, E. S.; GAIOSO, A. C. I. LEISHMANIOSE VISCERAL NO ESTADO DO PARÁ. ARTIGO ORIGINAL; artigo revisado Recebido em 25.01.2013 – Aprovado em 06.03.2013. 9. MARCONDES, M.; ROSSI, N.C. Leishmaniose Visceral no Brasil, Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci., São Paulo, v. 50, n. 5, p. 341-352, 2013. 10. PALATNIK. D.S.; SANTOS D. C. B.; V.R.; FRANÇA. S.; , J.C.; et al.. Impact of Canine Control on the Epidemiology of Canine and Human Visceral leishmaniasis In Brazil. Am. J. Trop. Med. Hyg. v. 65, n.5, p. 510-517, 2001. SILVA, E. S.; GAIOSO, A. C. I. LEISHMANIOSE VISCERAL NO ESTADO DO PARÁ; artigo revisado Recebido em 25.01.2013 – Aprovado em 06.03.2013. 11. PIRES, A. M. S.; COSTA, G. C.; GONÇALVES, E. G. R.; ALVIM, A. C.; NASCIMENTO, F. R. F. Aspectos Imunológicos e Clínicos da Leishmaniose Tegumentar Americana: Rev. Ciênc. Saúde v.14, n. 1, p. 30-39, jan - jun, 2012. 12. SOUZA, M. A.; NUNES, R. F. de F.; VIANA, T. C. Leishmaniose Visceral Humana: do diagnostico ao tratamento; Artigo do Curso de Medicina da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN. Mossoró – RN, Trabalho realizado na Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará. (SESPA); Belém, Pará, Brasil. Recebido em: 09.07.12, Aceito em: 11.10.12. RANGEL, O.; HIRAMOTO, R.M; HENRIQUES, L.F; TANIGUCHI, H. H; CIARAVOLO, R. M.C; TOLEZANO, A. C. C. F.; etal.. Classificação epidemiológica dos municípios segundo o Programa de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral Americana no Estado de São Paulo, artigo de atualização, BEPA 2013; 10 (111) 3-14, São Paulo -Brasil

ESTRATIFICAÇÃO DOS TIPOS DE VIOLÊNCIA NOTIFICADOS PELO SINAN, NO MUNICIPIO DE PORTO NACIONAL-TO, EM 2014

STRATIFICATION OF TYPES OF VIOLENCE NOTIFIED THE SINAN DISORDERS IN THE

PORTO NATIONAL CITY -TO IN 2014

Kamilla Chrystina Ferreira Damasceno1, Lívia de Carvalho Farias Borges1, Grazielly Mendes de Sousa2.; Ana Carolina Camargo Rocha²; Ana Paula Faria Moraes²; Ronyere Olegário de Araujo²; Tania Maria Aires

Gomes Rocha²; Thompson de Oliveira Turibio². _________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO: Introdução - A violência pode ser percebida como o intencional uso da força física, em ameaça ou real, contra si próprio ou a outra pessoa, contra um grupo ou comunidade, que resulte ou tenha probabilidade de resultar em ofensa, morte, dano psicológico, privação ou prejuízos no desenvolvimento da pessoa. Objetivo - identificar os tipos de violência mais notificados no ano de 2014 no município de Porto Nacional utilizando a base de dados do SINAN. Métodos - Trata se de um estudo epidemiológico, descritivo e exploratório com abordagem quantitativa, com emprego da técnica de avaliação de fonte secundária baseado em dados do SINAN. Realizada através de relatórios emitidos pelo SINAN na Secretaria Municipal de Saúde de Porto Nacional. A população da pesquisa foi constituída de N=130 notificações de violência. A coleta de dados ocorreu no mês

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de outubro de 2015. As variáveis para coleta de dados foram: idade, sexo e tipologia da violência. A análise ocorreu de forma descritiva simples, os dados obtidos foram lançados primeiramente em uma planilha do EXCEL, posteriormente foram analisados através de estatística simples e apresentados em forma de tabelas. Resultados - Das 130 notificações sobre violências registradas, foi possível caracterizar a violência contra mulher, criança e adolescente, contra idoso e outras violências. Das formas de violência identificadas a violência física predominou em todos os tipos de violência. Discussão - Neste estudo os resultados revelaram que a violência contra a mulher foi o tipo mais notificado. Constatou-se que a violência física seguida da psicológica foi às formas de violência de maior predominância entre as mulheres. Em relação às formas de violência contra criança e adolescente as violências física, sexual e psicológica foram as mais notificadas. Quanto às formas de violência contra o idoso este estudo aponta somente a violência física. Conclusão - O tipo de violência mais notificado em 2014 no Município de Porto Nacional foi à violência contra mulher. Em relação às formas/natureza da violência, a física foi a que teve maior predominância entre os tipos mais notificados, seguido da sexual e psicológica. A identificação e notificação da violência é um passo decisivo para seu enfrentamento, pois pela sua mediação é possível mapear as ocorrências e determinar as características, que possibilitam traçar melhores intervenções que sejam mais efetivas na prevenção e combate da violência. Palavras-chave: Notificação Saúde. Sistema de Informação em Saúde. Violência ABSTRACT: Introduction - Violence can be perceived as the intentional use of physical force, threatened or actual, against oneself or the other person against a group or community , that either results in or is likely to result in injury, death , psychological harm , deprivation or losses in the development of the person. Objective - identify the types of more violence reported in 2014 in the city of Porto Nacional using the SINAN database. Methods - It is an epidemiological, descriptive and exploratory study with a quantitative approach to valuation technique employment secondary source based on SINAN data. Accomplished through reports issued by the SINAN in the Municipal Health Secretariat of Porto National, The research population consisted of N = 130 reports of violence. Data collection took place in October 2015. The variables for data collection were: age, sex and type of violence. The analysis was simple descriptive way, the data were first released in a EXCEL worksheet, they were subsequently analyzed by simple and presented in tables statistics. Results - Of the 130 notifications of recorded violence, it could characterize the violence against women, children and adolescents against elderly and other violence. Of the forms of violence identified physical violence predominated in all types of violence. Discussion - In this study the results showed that violence against women was the most commonly reported type. It was found that physical violence was followed by psychological forms of higher prevalence of violence among women. Regarding forms of violence against children and adolescents the physical, sexual and psychological violence were the most frequently reported. As for the forms of violence against the elderly this study only points to physical violence. Conclusion - The type of violence most commonly reported in 2014 in the city of Porto Nacional was violence against women. For forms / nature of violence, physical was the one that had the highest prevalence among the most reported types, followed by sexual and psychological. The identification and notification of violence is a decisive step towards solving them, as for its mediation is possible to map the occurrence and determine the characteristics which make it possible to trace best interventions that are most effective in preventing and combating violence. Key-words: Notification Health. Information System on health. Violence.

1 INTRODUÇÃO

A violência pode ser percebida como o intencional uso da força física, em ameaça ou real,

contra si próprio ou a outra pessoa, contra um grupo ou comunidade, que resulte ou tenha

probabilidade de resultar em ofensa, morte, dano psicológico, privação ou prejuízos no

desenvolvimento da pessoa. É vivenciada na forma de mortes no trânsito, no ambiente doméstico,

escolar, urbano e social, bem como nas relações internacionais. Nos últimos anos, a temática

violência e vulnerabilidade tem sido alvo de estudos na área da saúde tanto pelo impacto que

provoca na qualidade de vida, pelas lesões físicas, psíquicas e morais que acarreta, como pelas

exigências de atenção e cuidados nos serviços de saúde (BUDÓ et al. 2010; BHONA et al. 2011).

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No Brasil, as mortes por causas externas ocupam o segundo lugar no perfil da mortalidade

geral e é a primeira causa de óbitos na faixa etária de 5 a 49 anos. Desse modo, deve-se encarar

a violência como uma problemática, pois, o perfil de mortalidade e da morbidade da população

brasileira hoje é marcado mais pelas condições, situações e estilos de vida do que pelas doenças

tradicionais. A elevação das taxas de mortalidade por violência tem sido observada há muitos anos

(BUDÓ et al. 2010).

A discussão de violência como assunto relacionado à saúde teve seu início na segunda

metade do século XX, pela denúncia de profissionais da área em relação aos abusos perpetrados

contra crianças, adolescentes e mulheres. A violência contra os idosos foi à última a ser

contemplada nas agendas da política e da saúde na maioria dos países (MINAYO e SOUZA, 2010).

As consequências da violência podem afetar a multidimensionalidade das vítimas e são

responsáveis por mais de cinco milhões de mortes por ano em todo território nacional, isso gera

muitas hospitalizações, centenas de atendimento e milhares de consulta ambulatoriais. Ocasionam

problemas de saúde física, reprodutiva e mental como lesões corporais, principalmente a violência

sexual que causa gestação indesejada, doenças sexualmente transmissíveis, fobias, pânico,

síndrome do estresse pós-traumático, depressão e outras alterações psicológicas e, também,

problemas familiares e sociais como abandono dos estudos, perda de empregos, separações

conjugais, abandono de casa, entre outros (MATTAR et al. 2007; RODRIGUES, 2012).

Os profissionais hoje têm um desafio na prática do seu dia-dia, que é atender uma pessoa

em situação de violência ao procurar o serviço de saúde, até por que as dificuldades que existem

representam a possibilidade de criar estratégias para o enfrentamento da violência. Para que isso

ocorra é necessário um trabalho de parcerias com outros setores da sociedade (ANDRADE e

FONSECA, 2008).

A violência é apresentada de diversos tipos podendo ser caracterizada em violência contra

criança, mulher, idoso e intrafamiliar, também pode ser definida quanto a natureza de sua ação

como violência física, sexual, psicológica, tortura, tráfico de seres humanos, financeira, trabalho

infantil, negligência e abandono entre outros.

Violência intrafamiliar ocorre na família, envolvendo parentes que vivem ou não sob o

mesmo teto, embora a probabilidade de ocorrência seja maior entre parentes que convivem

cotidianamente no mesmo domicílio (ARAUJO, 2008).

A violência cometida contra a mulher é um fenômeno histórico que duram milênios, pois a

mulher era tida como um ser sem expressão, uma pessoa que não possuía vontade própria dentro

do ambiente familiar. Ela não podia sequer expor o seu pensamento e era obrigada a acatar ordens

que, primeiramente, vinham de seu pai e, após o casamento, de seu marido (MELLO, 2007).

A violência contra as crianças e os adolescentes tem deixado de ser tratada como um fato

natural ou como “apenas” um modo particular de os pais lidarem com os seus filhos, para ser tratada

como um grave problema a ser combatido tanto pelo Estado, como pela sociedade civil e as próprias

famílias (ZANELLA, 2009).

A violência contra o idoso é qualquer ação que cause dano físico, emocional ou financeiro

ao idoso, cometido por uma pessoa que está numa posição de confiança, seja um amigo, familiar,

vizinho ou cuidador. As preocupações com os maus-tratos aos idosos aumentaram, também, em

decorrência de uma conscientização mundial de que, nas próximas décadas, haverá um importante

aumento demográfico nesse segmento da população (BASTOS, 2007; SOUZA, 2007).

A violência física é a ofensa à vida, à saúde e integridade física. É uma das formas mais

frequentes de violência intrafamiliar, pois se origina de várias formas, através de punições e

disciplinamento, costume que foi introduzido no Brasil pelos jesuítas, que puniam quem ousasse

faltar à escola jesuítica com palmadas e o tronco (PORTO, 2012).

Violência sexual é ação que obriga uma pessoa a manter contato sexual, físico ou verbal,

ou a participar de outras relações sexuais com uso da força, intimidação, coação, chantagem,

suborno, manipulação, ameaça ou qualquer outro mecanismo que anule ou limite a vontade

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pessoal. Considera-se também o fato de o agressor obrigar a vítima a realizar alguns desses atos

com terceiros (BUDÓ et al. 2010).

A Violência psicológica é tão ou mais prejudicial que a física. É caracterizada por rejeição,

depreciação, discriminação, humilhação, desrespeito e punições exageradas. Trata-se de uma

agressão que não deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente causa cicatrizes indeléveis

para toda a vida.

Definições de tráfico são tão instáveis quanto o número de suas vítimas em alguns relatórios,

todos os imigrantes não documentados que são detidos nas fronteiras são contados como se

estivessem sendo traficados. Outros documentos se referem ao tráfico envolvendo exclusivamente

vítimas da exploração sexual (CHAPKIS, 2006).

O trabalho infantil tem como consequência diversos fatores, dentre eles os educacionais, os

econômicos, os políticos e ainda os efeitos diretos sobre o desenvolvimento físico e psicológico das

crianças e adolescentes. Dificilmente crianças e adolescentes exercerão com qualidade sua

prerrogativa de sujeitos de Direito sem uma sólida formação psicológica, social e intelectual (VIEIRA

e VERONESE, 2006).

A negligência é a modalidade entre as diferentes formas de maus-tratos que, segundo a

definição proposta, inclui tanto eventos isolados quanto um padrão de cuidado estável no tempo

por parte dos pais e/ou outros membros da família, pelos quais esses deixam de prover o

desenvolvimento e o bem-estar da criança/adolescente considerando que poderiam fazer isso em

uma das seguintes áreas: saúde, educação, desenvolvimento emocional, nutrição, abrigo e

condições seguras.

O Sistema de Informação de agravos de Notificações (SINAN) é um sistema informatizado

de base de dados, gerenciado pelo Ministério da Saúde (MS), alimentado a partir de informações

coletadas pelas Unidades de Saúde e transferidas para o nível municipal, estadual e federal. O

SINAN Foi gradualmente implantado no Brasil de 1990 até 1993 e em 1998 os instrumentos de

coleta, fluxo e software foram redefinidos. Tem por objetivo facilitar a formulação e avaliação das

políticas, planos e programas de saúde, subsidiando o processo de tomada de decisões, com intuito

de contribuir para a melhoria da situação da saúde da população através do registro e

processamento dos dados sobre agravos de notificação em todo o território nacional, fornecendo

assim informações para análise do perfil da morbidade e posteriormente para a tomada de decisões

(BRASIL, 2010).

A Notificação tem um papel estratégico no desencadeamento de ações de prevenção e

proteção, ela é um dos mecanismos definidos pelas políticas publicas especificas e está garantido

na legislação Brasileira, sendo um instrumento da garantia de direitos e de proteção social (BRASIL,

2012).

Diante do exposto pergunta-se: Quais os tipos de violência mais notificados pelo SINAN no

município de Porto Nacional – TO no ano de 2014? Dentre os diferentes tipos e formas de violência

à física e sexual são as mais notificadas levando em consideração ao grande número de violências

acometidas contra mulheres.

A violência é vista como um comportamento que causa intencionalmente dano ou

intimidação moral a outra pessoa ou ser vivo, pois tal comportamento pode invadir a autonomia,

integridade física ou psicológica e até mesmo a vida de outro. É considerada uma questão de ordem

social que permeia os grandes centros urbanos, causando um problema para área de saúde,

afetando a saúde individual e coletiva dos indivíduos envolvidos, sofrimento físico e mental. Avaliar

os tipos de violência que são mais registradas no município de Porto Nacional justifica-se com o

intuito de contribuir nas possíveis intervenções por parte do poder público e viabilizar nas medidas

específicas de prevenção e controle.

Neste sentido, o presente estudo teve como objetivo de identificar os tipos de violência mais

notificados no ano de 2014 no município de Porto Nacional utilizando a base de dados do SINAN.

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2 METODOLOGIA

Trata se de um estudo epidemiológico, descritivo e exploratório com abordagem quantitativa,

com emprego da técnica de avaliação de fonte secundária baseado em dados do SINAN.

A pesquisa foi realizada através de relatórios emitidos pelo SINAN na Secretaria Municipal

de Saúde de Porto Nacional no setor de vigilância epidemiológica. A população da pesquisa foi

constituída de N=130 notificações de violência suscitadas no ano de 2014 em Porto Nacional.

A coleta de dados ocorreu no mês de outubro de 2015. Foi utilizada como base um checklist

(APENDICE 1) baseado nos dados da ficha de investigação do SINAN (ANEXO 1) com a finalidade

de identificar as variáveis selecionadas. As variáveis para coleta de dados foram: idade, sexo e

tipologia da violência.

A análise ocorreu de forma descritiva simples, os dados obtidos foram lançados

primeiramente em uma planilha do EXCEL, posteriormente foram analisados através de estatística

simples, apresentados em forma de tabelas com apresentação dos valores absolutos e discutidos

posteriormente.

O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da

FAPAC/ITPAC ARAGUAÍNA, com o parecer de nº 1.244.282, conforme estabelece a resolução

466/12 do Conselho Nacional de Saúde.

3 RESULTADOS

De acordo com os dados estratificados, das 130 notificações sobre violências registradas no

ano de 2014 em Porto Nacional pela base de dados do SINAN, foi possível caracterizar a violência

contra mulher 61 (47%), criança e adolescente 49 (37,7%), contra idoso 05 (4%) e outras violências

15 (11,5%). Os dados estão apresentados na Tabela 1.

Das formas de violência identificadas a violência física predominou em todos os tipos de

violência: contra criança/adolescente, mulher e idoso com 21 (34%), 46 (61%) e 05 (100%)

respectivamente (Tabela 2).

TABELA 1: Distribuição e frequência dos tipos de violência notificados pelo SINAN no ano de 2014 em Porto Nacional – TO.

Tipos de Violência n (%)

Violência Contra Criança/Adolescente 49 37,7%

Violência Contra Mulher 61 47%

Violência Contra o Idoso 05 4%

Outros 15 11,5%

Total (N) 130 100%

Fonte: Dados coletados durante a pesquisa - outubro de 2015.

Considerando as demais formas de violência em relação às tipologias analisadas a violência

sexual foi a de maior ocorrência entre crianças/adolescentes 20 (32%), que também estiveram

expostas as violências: psicológica 08 (13%), negligência e abandono 02 (3%), tortura 01 (2%) e

outros tipos de violência 10 (16%). Em relação à violência contra mulher a violência psicológica 10

(13%) se destacou, o seguido foi a sexual 05 (7%), tortura 02 (3%), negligência e abandono 01

(1%), intervenção legal (1%) e outras formas de violência 11 (14%). No que tange a violência contra

o idoso não foram identificadas nenhuma outra forma de violência. A violência contra o idoso ocorre

de várias formas e geralmente não são notificadas por serem neutralizadas nas relações familiares,

por insegurança dos idosos e por isso não apresentam queixas formais contra seus agressores ou

por subnotificações por parte dos profissionais.

TABELA 2: Distribuição das formas de violência segundo a frequência dos tipos de violência notificada pelo SINAN no ano de 2014 em Porto Nacional – TO.

Formas de Violência Tipologia da Violência

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Violência Contra Criança/adolescente

Violência Contra Mulher

Violência Contra Idoso

Variáveis* N % n % n %

Física 21 34% 46 61% 05 100%

Psicológica 08 13% 10 13% - -

Tortura 01 2% 02 3% - -

Sexual 20 32% 05 7% - -

Tráfico de seres Humanos

- - - - - -

Financeira - - - - - -

Negligência e abandono

02 3% 01 1% - -

Trabalho infantil - - - - - -

Intervenção legal - - 01 1% - -

Outros 10 16% 11 14% - -

Total 62 100% 76 100% 05 100%

* As formas de violência poderiam ser apresentadas associadas em cada ficha de notificação. Fonte: Dados coletados durante a pesquisa - outubro de 2015.

4 DISCUSSÃO

A violência tem se tornado um problema mundial, social e de saúde pública. Tem relação

direta com a forma com que a sociedade se organiza e constrói seus valores. Compromete a saúde

e a qualidade de vida do indivíduo levando a maior vulnerabilidade.

Consiste em um problema social não específico da área da saúde, porém reconhecida como

um complexo problema de saúde pública, pois afeta os envolvidos não só pelas mortes, lesões ou

traumas, mas também pelo impacto que gera nas condições de vida e saúde de indivíduos e

coletividade. Por essa razão, o Brasil adotou a estratégia de notificação universal dos casos de

violência, tornando-a objeto de políticas públicas com o proposito de garantir e promover os direitos

sociais e de proteção às vítimas desse agravo (GUEDES et al. 2013).

Neste estudo os resultados revelaram que a violência contra a mulher foi o tipo mais

notificado. É provável que essa predominância seja porque o assunto sobre violência contra a

mulher tenha despertado o interesse da sociedade que a partir da pressão dos movimentos sociais

feministas tem buscado formas para o enfrentamento do problema.

No Brasil, nos últimos anos, vários estudos têm apontado a grande frequência com que as

mulheres têm sofrido violências, especialmente no ambiente doméstico e no âmbito das relações

afetivas (DIAS, 2009; SOUSA et al. 2015).

No que diz respeito sobre as formas de violência, foi verificado que a física está presente

em todos os tipos de violência, e é entendida como qualquer conduta que ofenda a integridade ou

a saúde corporal do indivíduo, podendo ocorrer com crianças, adolescentes, adultos e idosos sendo

eles homens ou mulheres, e por esse motivo muitas vezes são difíceis de serem ocultadas

tornando-as mais fáceis de serem identificadas e notificadas.

A diferença entre as formas de violência pode ser advinda pelo fato de algumas passarem

despercebidas pela sociedade ou mesmo ocultadas pela vítima como a psicológica e a sexual,

levando à subnotificação, o que torna mais difícil de acontecer com a violência física que geralmente

deixa marcas pelo corpo e são difíceis de esconder (ARAUJO, 2008); BUDÓ et al. 2010).

Constatou-se que a violência física seguida da psicológica foi às formas de violência de

maior predominância entre as mulheres. Esses achados corroboram com outro estudo, que

mostram características semelhantes e aponta a violência física como de maior ocorrência (57,97%)

seguida pela psicológica com (16,06%) nessa população (LABRONICI et al. 2013).

Em relação às formas de violência contra criança e adolescente as violências física, sexual

e psicológica foram as mais notificadas. Ao comparar esses dados com outro estudo realizado na

Bahia, observou-se que as formas mais identificadas foram à física (63,4%), sexual (43,7%) e

negligência/abandono (33,8%) (SOUZA et al. 2015). Ao analisar, percebe-se que as notificações de

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negligência/ abandono foram mais expressivas do que neste estudo, provavelmente tenha sido pela

sua difícil identificação, pois envolve aspectos sociais, culturais e econômicos.

Conforme o protocolo da Rede de Proteção, a negligência/abandono acontece quando não

há provimento das necessidades e cuidados básicos para o desenvolvimento físico, emocional e

social (GESSNER et al. 2014).

Quanto às formas de violência contra o idoso este estudo aponta somente a violência física.

Apesar disso traz-se aqui a ressalva de que a violência contra o idoso pode ocorrer de várias formas

(física, sexual, negligencia e abandono, financeira e psicológica), e muitas vezes sua identificação

se torna difícil dependendo do contexto cultural em que esteja inserida ou até mesmo os idosos por

medo, não denunciam seus agressores.

No estudo de Gil, et al., a violência física e psicológica foram os tipos mais identificados,

sendo (87,8%) e (69,6%) dos idosos estudados respectivamente. Quase metade das vítimas

(47,5%) mencionaram situações de violência financeira, (7,5%) violência sexual e (6,5%)

negligência (GIL et al. 2015).

Constatou-se que no ano de 2014 não houve registros de outras formas de violência

acometidas em idosos, porém não significa necessariamente que não tenham sido vitimizados, a

ausência de notificações pode estar relacionada à maior dificuldade de identificação.

Na violência contra o idoso, o fato muitas vezes é oculto pelas famílias, ainda não há uma

consciência coletiva de denúncia dos abusos e deve-se levar em consideração que alguns

profissionais de saúde ainda não focalizam seu olhar clínico para detecção do problema e gera

informações errôneas ou subnotificações (SOUSA et al. 2010).

5 CONCLUSÃO

A partir do desenvolvimento deste estudo e com base nos dados do SINAN, foi possível

identificar que entre os tipos de violência mais notificados em 2014 no Município de Porto Nacional

a violência contra mulher foi a que mais prevaleceu. Em relação às formas/natureza da violência, a

física foi a que teve maior predominância entre os tipos mais notificados, seguido da sexual e

psicológica. Considerando as tipologias estratificadas de maneira isolada, as formas mais

notificadas em relação à violência contra criança e adolescente foram à física, sexual e psicológica;

na violência contra mulher a física, psicológica e sexual e na violência contra o idoso somente a

física. Contudo, percebe-se que a identificação e notificação da violência é um passo decisivo para

seu enfrentamento, pois pela sua mediação é possível mapear as ocorrências e determinar as

características, que possibilitam traçar melhores intervenções que sejam mais efetivas na

prevenção e combate da violência.

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Editora: copes, 2009

MAPEAMENTO DOS CASOS DE GESTANTES HIV+ NO CENTRO DE TESTAGEM ACONSELHAMENTO DE PALMAS TOCANTINS 2007-2011

MAPPING IN PREGNANT WOMEN IN POSITIVE HIV TESTING AND COUNSELING CENTER

OF PALMS 2007-2011

Márcio Pereira Cavalcante1, Marileide Florêncio Martins2; Raquel da Silva Aires²; Thompson de Oliveira Turibio²; Viviane Tiemi Kenmoti²; Tiago Farret Gemelli²; Ronyere Olegário de Araujo²; Ozenilde Alves Rocha

Martins². _________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO: Introdução - No Brasil, o primeiro diagnóstico de HIV positivo aconteceu 2 (dois) anos mais tarde da confirmação em outros países, na cidade de São Paulo. Segundo dados do Ministério da Saúde (2011), o Tocantins possui um total de 1303 casos notificados de pacientes infectados pelo vírus HIV em vários estágios de doença. No ano de 2004, o município de Palmas-Tocantins tinha 167 casos de HIV. O CTA - Centro de Testagem e Aconselhamento, Henfil de Palmas, atende a uma média de 800 pacientes. Objetivo - Levantar os casos de Gestantes HIV (+) a partir do SINAN e Identificar a predominância através da idade e correlacionar com a escolaridade as gestantes HIV positivas. Metodologia - Pesquisa quantitativa de campo, descritiva, retrospectiva e epidemiológica realizada no CTA de Palmas-TO. N= 46 (quarenta e seis) gestantes HIV+ notificadas no SINAN no período proposto da pesquisa. Resultados - Entre 2007 a 2011 a maior frequência de casos de HIV+ esteve na faixa etária de 20-34 anos, totalizando 37 casos, um percentual de 80,4%. Das gestantes HIV+ que não concluíram o ensino médio (ensino médio incompleto), um total de 13 casos, ou seja, um percentual de 28, 26%. Os bairros da periferia de Palmas-TO, portanto, que apresentaram maior número de casos foi: Aureny III, Aureny IV e Santa Bárbara ambos com 3 casos (6,52%) respectivamente. Conclusão - A maior frequência de casos de HIV+ esteve na faixa etária

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de 20-34 anos. Quanto menor o grau de escolaridade mais vulneráveis à doença essas gestantes estão. A condição socioeconômica pode ser determinante na infecção pelo vírus HIV, o maior número de casos diagnosticados esteve entre as gestantes moradoras de bairros da periferia. No entanto, nota-se frequência significativa de casos em gestantes moradoras do centro, ficando clara que a doença está presente em todas as classes sociais. Palavras-chave: Gestante, HIV, Mapeamento. ABSTRACT: Introduction - In Brazil, the first diagnosis of HIV positive has happened two (2) years later confirmation in other countries, in the city of São Paulo. According to the Ministry of Health (2011), Tocantins has a total of 1303 reported cases of HIV-infected patients at various stages of disease. In 2004, the city of Palmas, Tocantins had 167 cases of HIV. CTA - Counseling and Testing Center - Henfil Palmas, serving an average of 800 patients. Objective - Raise cases of HIV (+) pregnant women from SINAN and identify the prevalence by age and education correlate with HIV-positive pregnant women. Methods - Quantitative research field, descriptive, retrospective epidemiological and CTA performed in Palmas-TO. N = 46 (forty six) HIV + pregnant women reported in SINAN the proposed survey period. Results - Between 2007 to 2011 the highest rate of HIV + was aged 20-34 years, totaling 37 cases, a percentage of 80.4%. Pregnant women with HIV+ who have not completed high school, a total of 13 cases, a percentage of 28, 26%. The neighborhoods on the outskirts of Palmas-TO, so that a higher number of cases were Aureny III, 3 cases (6.52%) Aureny IV, 3 cases (6.52%) and Santa Barbara, 3 cases (6, 52%) Conclusion - The higher frequency of HIV + cases was in the age group of 20-34 years. The pregnant women with lower educational level are the most vulnerable to the disease. The socioeconomic status may be a determinant in HIV infection; the greater the number of diagnosed cases has been among pregnant women living in marginal neighborhoods. However, note a significant frequency of cases in pregnant women residents of the center, becoming clear that the disease is present in all social classes. Key-words: Pregnancy, HIV, Mapping. 1 INTRODUÇÃO

Os primeiros casos de infecção pelo vírus HIV, responsável pela AIDS foram comprovados

na década de 80, mas precisamente em 1981, nos Estados Unidos, Haiti e África Central. No Brasil

o primeiro diagnóstico aconteceu 2 (dois) anos mais tarde da confirmação em outros países, na

cidade de São Paulo1.

Em 1983 é identificado o primeiro caso de Aids entre mulheres. No Tocantins, de acordo

com os relatórios do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde divulgados em 2006 pelo Ministério

da saúde, até 2004 foram relatados 691 casos, sendo a taxa de mortalidade foi de 1,6 óbitos por

100 mil habitantes1.

Denominada inicialmente como deficiência imune relacionada a gays (GRID, sigla em

inglês), ou “câncer gay”, termo amplamente divulgado, na época, pelos veículos de comunicação,

o vírus despertou no mundo sentimento de medo, preconceito, dúvida, preocupação, culpa1.

Em 1982, estudiosos concluíram que a doença estava relacionada ao sangue. E, a partir

deste diagnóstico, muda-se o perfil dos seus portadores que passam a incluir também os primeiros

casos em heterossexuais, hemofílicos, recém-nascidos e outros grupos que tinha se submetido à

transfusão de sangue. O vírus é rebatizado como Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS)

e classificado como epidemia1.

Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz, em 1987, conseguiram pela primeira vez, isolar o

vírus HIV-1, na América Latina e inicia a administração do AZT no tratamento da Aids. Percebe-se

uma mudança com relação ao quadro dos responsáveis pela transmissão. No topo da lista estão

as relações heterossexuais e não mais os homossexuais e usuários de drogas injetáveis2.

A evolução mostrou que o padrão de transmissão do vírus foi mudando com o crescimento

do número de mulheres infectadas. Com isso, aumentou-se também o número de crianças

portadoras do vírus. Esse fenômeno denominado de ‘feminização’ do vírus aconteceu

principalmente, a partir de 2003, começando assim, a igualar aos casos entre homens/mulheres3.

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Essa feminização ocorreu e ainda ocorre principalmente entre o grupo de mulheres com

menos acesso às informações; o sexo sem consentimento, ou violência sexual; o baixo poder de

negociação que muitas mulheres têm, se submetendo as relações sexuais desprotegidas; mulheres

que contraem o vírus dos seus maridos, parceiros fixos. Outro fator de relevância é a resistência

com relação ao uso de preservativo feminino3.

Esse quadro fez com que o Brasil repensasse sua política de atendimento e assistência à

saúde. É criado, com o propósito de mudar a situação epidemiológica vigente no País, pelo

Ministério da Saúde, o Programa Nacional de DST/AIDS. Em seguida, houve a implantação da

Rede Nacional de Laboratórios para o monitoramento de pacientes soropositivos em terapia

antirretroviral, disponibilização de antirretrovirais, implantação da Rede Nacional de Genotipagem

do HIV-1, criação dos primeiros Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA)1,4.

Mas era preciso que houvesse uma proposta que, de fato, reorganizasse o modelo de

atenção à saúde pública brasileira. É criado, com a Constituição 1988, o Sistema Único de Saúde -

SUS, onde designa ao Estado a obrigação e o dever de promover a saúde como direito fundamental

e de cidadania a todos, proporcionando assim, a universalização da saúde pública no Brasil5.

No Estado do Tocantins, foi criado na rede municipal de Palmas, o Núcleo de Assistência

Henfil para o tratamento ou acompanhamento dos portadores de doenças sexualmente

transmissíveis (DST), entre elas a Aids. Este centro de referência também realiza serviços de

promoção e prevenção das DST/Aids, como aconselhamentos, atividades educativas, educação

sexual e orientações gerais à população. Também faz parte do trabalho oferecido pelo Henfil a

realização de exames de sorologia para HIV, Sífilis, Hepatite B e C e o teste rápido para o

diagnóstico de HIV, gratuitamente6.

Essa pesquisa se justifica devido à necessidade de se conhecer real distribuição dos casos

de gestantes HIV++, levando em consideração que a região periférica tende a ser a menos

favorecida e a concentração de HIV nessa região merece melhor atenção no sentindo de se

fortalecer as políticas de prevenção e controle do HIV.

As gestantes soropositivas atendidas no CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento) em

Palmas em sua grande maioria residem nos bairros de periferia do município, o que dificulta o

acesso e adesão das mesmas ao tratamento durante a gestação.

As gestantes com HIV que foram atendidas no Henfil de Palmas nos anos de 2007 a 2011

apresentam ganhos e benefícios relacionados à saúde e a vida, sendo que as mesmas têm mais

informações sobre o risco de poder acometer a sua saúde e a do seu filho.

O aumento do número de casos em gestantes é preocupante, tendo como consequência a

possibilidade real de transmissão do vírus para a criança, intitulada transmissão vertical que pode

ocorrer durante o parto.

Aprender a lidar com uma nova realidade é considerada um grande desafio para a mulher,

população e profissionais, devido ao fato da mulher já encontrar-se fragilizada, tanto

psicologicamente quanto fisicamente, devido à própria gestação e principalmente pela existência

do HIV.

Nesse sentido a presente pesquisa se faz importante porque abrange um assunto que é

preocupante para a população de Palmas, especialmente para as gestantes portadoras do vírus

HIV que residem nos bairros periféricos.

Essa pesquisa faz parte de uma linha de pesquisa macro, cujo projeto foi elaborado no ano

de 2013, executado parte dos objetivos específicos, tendo em vista a dimensão da proposta anterior

e possibilidade e necessidade de se realizar uma intensificação do problema de pesquisa, optou-se

por executar os objetivos específicos que respondam as peculiaridades no que se refere o

mapeamento das gestantes HIV positivo, levando em consideração que as políticas de prevenção

só serão eficazes se forem traçadas a partir das necessidades da população a ser assistida. Os

objetivos foram levantar os casos de Gestantes HIV (+) a partir do SINAN; Identificar a

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predominância através da idade, bem como, correlacionar com a escolaridade e, com os bairros de

residência dessas gestantes.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Foi realizada uma pesquisa de dados epidemiológicos sobre gestantes HIV+, na secretaria

municipal de saúde, onde foram coletados dados através de fonte secundária (SINAN). Esse estudo

faz parte de uma linha de pesquisa maior. Trata-se de uma pesquisa, quantitativa de campo,

descritiva, retrospectiva e epidemiológica, cujo projeto foi elaborado no ano de 2013.

O presente estudo foi realizado na Secretaria Municipal de Saúde de Palmas, mais

especificamente no setor de Registro de informações da vigilância epidemiológica no banco de

dados do SINAN - Sistema de Informação de Agravos de Notificação, com foco nos dados

registrados na unidade notificadora Centro de Testagem e Aconselhamento HENFIL.

A população estudada foi composta por um total de 46 (quarenta e seis) gestantes

notificadas no SINAN no período proposto da pesquisa. Como o N= é representado por um número

reduzido de casos diagnosticados e lançados no SINAN, optou-se por estudar o todo. Os principais

critérios de inclusão foram as fichas de notificação e investigação de gestantes HIV positivas

lançadas no sistema de informação; bem como, as fichas de notificações e investigação em

completitude. Já os critérios de exclusão foram as fichas de notificação e investigação de gestantes

caso AIDS lançadas no sistema de informação.

Neste estudo foi utilizado um chek-list (roteiro de pesquisa) que continha as variáveis que

responderam os objetivos específicos. Esse roteiro foi elaborado de forma sistemática, embasado

na ficha de notificação e investigação do SINAN. A coleta de dados foi realizada entre o mês de

Agosto de 2013 à Junho de 2014.

Para análise dos dados, foi utilizado o programa Excel, programa que compõe o pacote office

da Windows destinado à realização de cálculos e análise de informações. Esse foi utilizado para

fazer a análise estatística do mapeamento dos casos de HIV em gestantes residentes nos bairros

de Palmas, a partir do SINAN e identifica a predominância das idades e escolaridades.

O projeto de pesquisa foi submetido à apreciação do comitê de Ética em pesquisa da

Universidade Federal do Tocantins, UFT, conforme estabelece a resolução CNS 196/96 do (466

12/12/12) CNS, que normatiza pesquisas envolvendo seres humanos. O projeto foi aprovado sob o

número de parecer 094/2011.

3 RESULTADOS

Com base nos dados coletados, o número de casos gestantes HIV+ no período de 2007 a

2011 totalizou 46. Dentro desse total, pode-se destacar a seguintes inferências, a partir das

variáveis adotadas para execução da análise dos dados as quais foram: idade, escolaridade e

bairros de Palmas-TO. Estes resultados estão apresentados nas Tabelas 1, 2 e 3.

Na variável idade as faixas etárias foram: 15 as 19 anos; 20 a 34 anos e 35 a 49 anos. No

ano de 2007 na faixa etária de 15 a 19 anos e 35 a 49 anos não houve casos de HIV+, porém os

indivíduos entre 20 e 34 anos houve um total de 7 casos (15,21%) sendo, portanto a faixa etária

com maior frequência de casos neste ano.

No ano de 2008 houve 1 caso (2,17%) na faixa etária de 15 a 19 anos, entre 20 e 34 anos

foram 6 casos (13,04%) e, de 35 a 49 anos não houve casos. Em 2009, na faixa etária entre 15 e

19 anos não houve casos, entre 20 a 34 anos houve 3 casos (6,52%) e, entre 35 e 49 anos houve

1 caso (2,17%). No ano de 2010 foram 2 casos (4,34%) na faixa etária de 15 a 19 anos, entre 20 e

34 anos houve 10 casos (21,76%) e, entre 35 e 49 anos não houve casos. Já no ano de 2011 foram

4 (8,69%) o número de casos diagnosticados entre as gestantes na faixa etária de 15 a 19 anos,

entre 20 e 34 anos foram 11 casos (23,91%), entre 35 e 49 anos foram 2 casos (4,34%).

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Tabela 1. Frequência e distribuição de casos de gestantes HIV+ por Faixa etária em Palmas-TO entre os anos de 2007 a 2011.

Ano Faixa Etária

2007 2008 2009 2010 2011 Total (n = 46)

15-19 0 (0%) 1(2,17%) 0 (0%) 2 (4,34%) 4 (8,69%) 7 (15,21%)

20-34 7(15,21%) 6(13,04%) 3(6,52%) 10(21,76%) 11(23,91%) 37(80,43%)

35-49 0 (0%) 0 (0%) 1(2,17%) 1(2,17%) 0(0%) 2(4,34%)

Total 7(15,21%) 7(15,21%) 4(8,69%) 13(28,26%) 15(32,60%) 46(100%)

Tabela 2. Frequência e distribuição de casos de gestantes HIV+ por escolaridade em Palmas-TO entre os de 2007 a 2011.

Ano Escolaridade

2007 2008 2009 2010 2011 Total

Ign/Branco 0 (0%) 0(0%) 1(2,17%) 0(0%) 1(2,17%) 2(4,34%)

1ª a 4ª série incompleta do EF

0(0%) 0(0%) 0(0%) 3 (6,52%) 1(2,17%) 4(8,69%)

4ª série completa do EF

0(0%) 0(0%) 0(0%) 1(2,17%) 1(2,17%) 2(4,34%)

5ª a 8ª série incompleta do EF

2(4,34%) 2(4,34%) 0(0%) 3(6,52%) 3(6,52%) 10 (21,76%)

Ensino fundamental completo

0(0%) 0(0%) 0(0%) 0(0%) 1(2,17%) 1(2,17%)

Ensino médio incompleto

3(6,52%) 3(6,52%) 1(2,17%) 3(6,52%) 3(6,52%) 13(28,26%)

Ensino médio completo

2(4,34%) 1(2,17%) 1(2,17%) 3(6,52%) 4(8,69%) 11(23,91%)

Educação superior incompleta

0(0%) 1(2,17%) 1(2,17%) 0(0%) 1(2,17%) 3(6,52%)

Total 7(15,21%) 7(15,21%) 4(8,69%) 13(28,26%) 15(32,6%) 46(100%)

Na variável escolaridade dividiu-se da seguinte forma: Ign (ignorados) /Branco, 1ª a 4ª série

incompleta do Ensino Fundamental, 4ª série completa do Ensino Fundamental, 5ª a 8ª série

incompleta do Ensino Fundamental, Ensino fundamental completo, Ensino médio incompleto Ensino

médio completo, Educação superior incompleta.

O número de casos diagnosticados entre as gestantes com escolaridade Ign/Branco em

2007 foi de 0 (0%); Esse número se manteve em 2008: 0(0%), Já em 2009 foi 1 caso (2,17%); Em

2010 não houve casos 0(0%); Em 2011 houve 1 caso (2,17%), um total de 2 casos (4,34%).

As que fizeram de 1ª a 4ª série incompleta do Ensino Fundamental, nos ano de 2007, 2008

e 2009 não houve casos (0%) respectivamente; Em 2010 esse número subiu para 3 (6,52%); Já em

2011 houve 1 caso (2,17%); Totalizando 4 casos (8,69%);

As que concluíram a 4ª série Ensino Fundamental em 2007, 2008 e 2009 não houve caso

(0%) respectivamente; nos anos em 2010 foi 1 caso diagnosticado (2,17%); no ano de 2011 também

se diagnosticou 1 caso; obtendo-se um total de 2 casos 2 (4,34%);

As que fizeram de 5ª a 8ª série incompleta do Ensino Fundamental: em 2007 foram 2 casos

(4,34%); em 2008 também foram 2 casos (4,34%); em 2009 não houve casos 0(0%); em 2010

houve 3 casos (6,52%); esse número se manteve em 2011: 3 casos (6,52%); Um total de 10 casos

(21,76%).

Das gestantes que concluíram o Ensino fundamental: em 2007, 2008, 2009 e 2010 não

houve casos 0(0%); Houve 1 caso (2,17%) em 2011.

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Já as participantes que tem o Ensino médio incompleto, em 2007 foram 3 casos (6,52%);

em 2008 também foram 3 casos (6,52%); em 2009 houve 1 caso (2,17%); Em 2010 houve 3 casos

(6,52%) e em 2011 foram 3 casos (6,52%). Um total de 13 casos (28,26%).

As gestantes infectadas que concluíram o Ensino médio, em 2007 foram 2 casos (4,34%);

Em 2008 foi 1 caso (2,17%); em 2009 também foi 1 caso (2,17%); em 2010 foram 3 casos (6,52%)

e em 2011 foram 4 casos (8,69%); um total de 11 casos (23,91%).

As gestantes HIV positivo que estão na Educação superior incompleta, em 2007 não houve

casos 0(0%); Já em 2008 houve 1 caso (2,17%); Em 2009 também houve 1 caso (2,17%); em 2010

não houve casos 0(0%); em 2011 houve 1 caso (2,17%); Totalizando 3 casos (6,52%).

Considerando a variável bairros, tendo os dados de 30 bairros de Palmas-TO, constatou-se

que no ano de 2007, os bairros que apresentaram casos de HIV foram: Aureny III 1 caso (2,17%),

Taquari 1 caso (2,17%), 504 NORTE (Arne 61) 1 caso (2,17%), 607 NORTE (Arno 73) 2 casos

(4,34%), Bela Vista 1 caso (2,17%), 603 S (Arso 61) 1 caso (2,17%), Totalizando 7 casos, um

percentual de 15,21%.

No ano de 2008 houve 1 caso (2,17%) na 407 NORTE -Arno 43 . Na 404 NORTE (Arne 51)

houve 1 caso (2,17%); Na 307 NORTE (Arno 33) também houve 1 caso (2,17%). No bairro Santa

Bárbara houve 1 caso (2,17%); Em Taquaralto houve 1 caso (2,17%); Na Zona Rural houve 1 caso

(2,17%); Totalizando 7 casos com um percentual de 15,21%.

Já em 2009, houve 1 caso (2,17%) no Bairro Santa Bárbara, no bairro Morada do Sol houve

1 caso (2,17%); no Taquaruçu houve 1 caso (2,17%); No bairro 1204 SUL (Arse 121) também houve

1 caso (2,17%), Totalizando 4 casos, com um percentual de 8,69%

Em 2010, houve 1 caso (2,17%); na 407 NORTE Arno 43; Na 303 NORTE (Arno 31) houve

1 caso (2,17%), na 603 NORTE houve 1 caso (2,17%); Na 712 SUL (Arse 75) houve 3 casos

(6,52%); na 612 SUL (Arse 65) houve 1 caso (2,17%); Na Morada do Sol II houve 1 caso (2,17%);

Em Taquaralto houve 1 caso; Em Taquaruçu houve 1 caso (2,17%); Na 1006 SUL (Arse 102) houve

1 caso (2,17%); Na 103 NORTE (Acne 01) houve 1 caso (2,17%); Totalizando 13 casos com

percentual de 28, 26%.

Em 2011 foi diagnosticado 1 caso (2,17%) na 904 SUL (Arse 91); Na 1203 SUL (Arso 121)

houve 1 caso (2,17%); No Aureny III houve 2 casos (4,34%); Na Aureny IV houve 3 casos (6,52%);

Na 405 NORTE (Arno 42) houve 1 caso (2,17%); Na 712 SUL (Arse 75) houve 1 caso (2,17%); Na

504 NORTE (Arne 61) houve 1 caso (2,17%); No Santa Bárbara houve 1 caso (2,17%); Na 2012

NORTE (Arse 25) houve 1 caso (2,17%); Na Zona Rural houve 1 caso (2,17%); Na 1306 SUL houve

1 caso (2,17%); No Bairro Morada do Sol III houve 1 caso (2,17%); Totalizando 15 casos com um

percentual de 32,6%. Foram diagnosticados 46 casos (100%) no período de 2007 a 2011.

4 DISCUSSÕES:

Após análise dos resultados da pesquisa pode-se notar que a maior frequência de casos de

HIV positivo se concentra na faixa etária de 20 a 34 anos, podendo-se dizer que a juventude é a

parcela da população mais vulnerável a essa doença. O jovem tem conhecimento sobre a doença

e sobre como se prevenir, porém não se previne(7). Esses resultados podem refletir o aumento da

prevalência da infecção que vem ocorrendo na população jovem, conforme informações do Boletim

Epidemiológico Aids – DST8.

De acordo com dados divulgados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF),

em 2008, no Relatório ‘Como prevenir a transmissão vertical do HIV e da sífilis no seu município

(Guia do Gestor)’, a prevalência de DST na população jovem acontece devido ao início da vida

sexual ser cada vez mais cedo. Isso se dá devido à vulnerabilidade dos jovens e sua inconsistência

no uso de preservativos9.

Os resultados apontam que, no período de 2007 a 2011, ao contrário do que se pode

imaginar, as gestantes com nível de escolaridade ensino médio incompleto, 13 casos (28,26%) e

ensino médio completo, 11 casos (23,91%) apresentam maior frequência de casos. Ou seja, menor

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frequência de casos está entre as participantes com menor escolaridade. Porém, o número de

gestantes infectadas que não concluíram o ensino superior não supera as que têm ensino médio

incompleto ou ensino médio completo. Infere-se que a escolaridade é um fator importante na

qualidade do conhecimento sobre HIV/AIDS. Um maior nível educacional estimula a demanda por

conhecimentos específicos sobre a doença e facilita o entendimento dos riscos de contágio quando

as informações são providas através da mídia, de parentes ou de outras pessoas10.

Quanto à frequência de casos nos bairros, nota-se a prevalência entre os bairros mais

carentes, ou seja, os fatores socioeconômicos estariam diretamente relacionados à questão de

infecção pelo vírus HIV. As gestantes das camadas mais pobres estariam mais vulneráveis a

infecção9. Os bairros da periferia de Palmas-TO, portanto, que apresentaram maior número de

casos foi: Aureny III, 3 casos (6,52%), Aureny IV, 3 casos (6,52%), e Santa Bárbara, 3 casos

(6,52%).

Nesse sentido, Garcia e Souza11 afirmam que as desigualdades socioeconômicas

influenciam diretamente na dinâmica da AIDS, o que pode ser observado no aumento da incidência

de casos na população de menor nível socioeconômico. Fazendo, uma relação com o contexto da

cidade de Palmas-TO onde os bairros que apresentam maior frequência de casos estão nas regiões

mais carentes e desprovidas de saneamento básico, serviço de saúde de qualidade, dentre outros11,

12. Além disso, o fato dessas gestantes residirem nesses bairros aparece como algo que dificulta o

acesso dessas mulheres a o tratamento adequado, uma vez que, precisam se deslocar para o

centro da cidade.

Notou-se, entretanto, que apesar de a maior frequência de casos de gestantes HIV+ estar

nos setores da periferia, percebeu-se que, também existe uma frequência significativa entre os

bairros do centro da cidade. Diferentemente do esperado um dos setores que aparece como

primeiro em números de casos está localizado no centro.

O foco da pesquisa estava em mapear os casos de gestantes HIV+ nos bairros periféricos,

no entanto, também foram diagnosticados casos em bairros do centro da cidade. Dentre eles, pode-

se destacar a 712 SUL-Arse 75, onde houve 4 casos (8,69%), nos anos de 2007 a 2011. Apesar

disso, nota-se que o percentual de gestantes HIV+ do centro não supera o número de casos nos

bairros periféricos.

Sendo assim, após análise dos resultados obtidos pode-se inferir que a população de

gestantes HIV+ infectadas está na faixa etária de 20-34 anos, podendo ser considerada uma parcela

da população palmense vulnerável a infeção pelo vírus, ou seja, percebe-se a população de jovens

como sendo mais vulneráveis devido às características da idade e a própria atitude que a juventude

em geral apresenta diante da prevenção do HIV. Entende-se ainda que quanto menor o grau de

escolaridade mais vulneráveis essas gestantes estão à doença. É notável, portanto, a necessidade

de mais políticas públicas voltadas para conscientização dessas gestantes com relação à

importância da realização do pré-natal a fim de reduzir o risco de crianças nascerem com HIV+.

REFERENCIAS 1. BRASIL. Ministério da Saúde. DST/AIDS.

Programa Nacional de DST e AIDS. 2008. Disponível em: http://www.aids.gov.br/main.asp. Acesso em: 20 de outubro de 2013. 2. LEITÃO, Thais. Contaminação pelo HIV é oito vezes maior entre usuários de crack. Agência Brasil,

2013. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-09-

19/contaminacao-pelo-hiv-e-oito-vezes-maior-entre-usuarios-de-crack>. Acesso: 03/10/2013. 3. GARCIA, Marcela. A evolução do estudo da Aids por um de seus descobridores. Ano: 2011

Disponível em: <http://www.fiocruz.br/ioc/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1174&sid=32> Acesso: 03/10/2013.

7. UNBEHAUM, Sandra; CAVASYN, Sylvia; SILVA, Valéria Nanci. Juventude e Prevenção das DST/Aids. Disponível

em: <https://sistema. planalto. gov.br/spmulheres/textos/ECOS/juventude.pdf>.Acesso em: 15 Out. 2014. 8. BRASIL. Boletim Epidemiológico - Aids e DST. Brasília: Ministério da Saúde: 2010. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/publicacao/2012/boletim-epidemiologico-aids-e-dst-2012>. Acesso em: 25 Out. 2014. 9. BRASIL. Ministério da Saúde. DST/AIDS. Programa Nacional de DST e AIDS. 2008. Disponível em: http://www.aids.gov.br/main.asp. Acesso em: 20 de outubro de 2013. 10. IRFFI, Guilherme Diniz; SOARES, Ricardo Brito; SOUZA, Sergio Aquino de. Fatores Socioeconômicos,

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4. GRANGEIRO, Alexandre; FERRAZ, Dulce (Org.). Centros de Testagem e Aconselhamento do Brasil: Desafios para a Eqüidade e o Acesso. Brasília,

2008. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/centros_testagem_aconselhamento_brasil.pdf>. Acesso: 01/11/2013. 5. SOUZA, Luis Eugenio Portela Fernandes de. O SUS necessário e o SUS Possível: estratégias de gestão. Uma reflexão a partir de uma experiência

concreta. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v14n3/27.pdf>. 6. PALMAS, Prefeitura de. NÚCLEO DE ASSISTÊNCIA HENFIL: Descrição do Serviço.

Disponível em: <http://www.palmas.to.gov.br/servicos/nucleo-de-assistencia-henfil/61/>. Acesso em: 2 set. 2014.

Demográficos, Regionais e Comportamentais que Influenciam no Conhecimento sobre HIV/AIDS. [Online]

Disponível em: < http://www.anpec.org.br/encontro2008/artigos/200807211735260-.pdf> Acesso em: 03 Nov. 2014. 11. GARCIA, Sandra; SOUZA, Fabiana Mendes de. Vulnerabilidades ao HIV/aids no Contexto Brasileiro: iniquidades de gênero, raça e geração. Revista Saúde Soc.

São Paulo, v.19, supl.2, p.9-20, 2010 11. Disponível em: <www.revistas.usp.br/sausoc/article/download/29687/31561>. Acesso em: 29 Out. 2011 12. SALDANHA, Ana Alayde Werba. Vulnerabilidade e construção de enfrentamento da soro positividade ao HIV por mulheres infectadas em relacionamentos estáveis.

(Tese de Doutorado). [Online]. Universidade de São Paulo. Departamento de Psicologia e Educação. Disponível em:< www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde.../Tesedoutorado.pdf>. Acesso em: 02 Out. 2014

PACIENTES ACIDENTADOS POR RAIAS REGISTRADOS NO SINAN DE PORTO NACIONAL – TO ENTRE 2009 E 2013

PATIENTS INJURED BY STINGRAYS SINAN LOGGED IN PORTO NACIONAL – TO

BETWEEN 2009 AND 2013

Taynara Alves de Castroi; Raquel da Silva Airesii; Thompson de Oliveira Turibio²; Anne Caroline Dias Neves². Tiago Farret Gemelli²; Ronyere Olegário de Araujo².

_________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO: Introdução - As raias são peixes peçonhentos responsáveis pela maioria dos acidentes entre habitantes das regiões Norte e Centro-Oeste do país. Os acidentes com estes animais são pouco estudados, apresentam elevada morbidade e são reconhecidos como um importante problema de saúde pública, merecendo maior atenção dos profissionais de saúde e pesquisadores. Objetivo - Traçar o perfil epidemiológico dos pacientes acidentados por raias registrados no SINAN no município de Porto Nacional-TO entre 2009 e 2013. Metodologia - A pesquisa é de natureza quali-quantitativa e com base nos seus objetivos é de natureza exploratória e descritiva. Os dados foram coletados através das fichas de investigação de acidentes por animais peçonhentos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde de Porto Nacional - TO. A amostra foi composta por 60 casos registrados no SINAN. Os dados foram analisados através do programa Bioestat 5.0. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Tocantins com o número 059/2014. Resultados - Dentre o total de casos encontrados, 49 (81,7%) são do gênero masculino, com faixa etária entre 21 a 31 anos. Em relação à escolaridade, 19(31,7%) possuem Ensino Fundamental Incompleto. Com base na zona de ocorrência, 54 (90%) casos se deram em zona urbana. Quanto à sazonalidade, 15 (25%) ocorreram no mês de Julho. Dos dados coletados, 59(98,3%) acidentados apresentaram manifestação clínica local. Quanto ao tempo decorrido entre a picada/atendimento, 27 (45%) procuraram o local de atendimento nos intervalos de 0 ⱶ 1h. Conclusão - Através dos dados apresentados na pesquisa, foi possível traçar o perfil epidemiológico dos pacientes acidentados por raias, concluindo que a maioria dos acidentes está relacionada ao sexo masculino, com faixa etária entre 21 e 31 anos, sendo possível identificar também a sazonalidade dos acidentes. Palavras-chave: Animais Peçonhentos. Epidemiologia. Raias. Saúde Pública. ABSTRACT: Introduction - The rays are responsible for most venomous fish on accidents among residents of northern and Midwestern regions of the country. Accidents involving these animals are little studied, have high morbidity and are recognized as an important public health issue deserving more attention from healthcare professionals and researchers. Objective - To describe the

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epidemiology of patients injured by stingrays SINAN registered in the municipality of Porto Nacional – TO between 2009 and 2013. Method - The research is qualitative in nature – quantitative and based on your goals is exploratory and descriptive in nature. Data were collected through the investigation files envenomations of the Notifiable Diseases Information System (SINAN), provided by Municipal Secretary of Health of Porto Nacional – TO. The sample consisted of 60 cases reported in SINAN. Data were analyzed using the Biostat 5.0 software. The study was approved by the Ethics Committee of the Federal University of Tocantins with number 059/2014. Results - Among the total number of cases found, 49(81.7%) were male, aged between 21 and 31 years. Regarding education, 19 (31,7%) have Completed Elementary Education. Based on the area of occurrence, 54(90%) patients took place in urban areas. Regarding seasonality, 15(25%) occurred in the month of July. The data collected, 59(98,3%) had local rough clinical manifestation. As the time elapsed betweenthe bite/care, 27(45%) returned to the place of attendance at intervals of 0 ⱶ 1pm. Conclusion - Through the data presented in the survey, it was possible to trace the Epidemiological profile of patients injured by stingrays, concluding that most accidents are related to male, with age range between 21 and 31 years, being also possible to identify the seasonality of accidents. Key-words: Animals Venomous. Epidemiology. Public Health. Rays.

1 INTRODUÇÃO

Animais peçonhentos possuem um aparelho inoculador de veneno, que injeta no homem e

em outros animais, no momento da picada ou ferroada, substâncias tóxicas ou venenosas

chamadas peçonha. Em território brasileiro, os maiores causadores de acidente humano são

escorpiões, serpentes, abelhas, marimbondos, vespas e arraias 1.

As arraias ou raias são peixes pertencentes da subclasse Elasmobranchii que representam

o organismo marinho mais conhecido na Antiguidade. Os primeiros registros sobre as arraias foram

feitos por Aristóteles em 384-322 a.C. Outros personagens da história fizeram referências sobre o

tema, referindo-se à gangrena que a picada da arraia pode causar e a descrição do ferrão como um

possuidor de veneno letal 2. São peixes exclusivamente encontrados em região neotropical e

pertencentes à família Potamotrygonidae. Fazem parte do filo Chordata, pertencem à ordem

Rajiforme, subordem Myliobatiformes (raias de espinho) classe Chondrichthyes grupo de peixes

cartilaginosos, que possuem maxilares, esqueleto cartilaginoso, nadadeiras pares e ímpares e duas

narinas, subdivisão Batoidea 3, 4, 5.

As raias são peixes considerados peçonhentos, podendo ser de água doce ou de água

marítima. As arraias fluviais são encontradas nas principais bacias hidrográficas da América do Sul,

sendo na Bacia Amazônica onde se encontra o maior número de espécies 2. Apresentam ferrões

de estrutura rígida recobertos por um epitélio contendo grandes quantidades de células glandulares

que produzem veneno, cuja composição e mecanismo de ação ainda não foram totalmente

esclarecidos. Além disso, o dorso destes animais é frequentemente coberto por muco que também

apresenta atividade tóxica6.

Esses peixes peçonhentos são normalmente encontrados em repouso no fundo arenoso ou

lamacento de águas rasas dos rios. Devido a estes hábitos, é grande a possibilidade de acidentes,

que ocorrem quando os humanos casualmente pisam na parte dorsal destes animais, que utilizam

a cauda com ferrões ósseos retrosserrilhados como mecanismo de defesa resultando na

penetração do aguilhão no corpo da vítima7.

Tais acidentes com arraias de água doce são bastante frequentes no estado do Tocantins e

são considerados como um problema de saúde pública, já que os ferimentos provocados pelos

ferrões das raias são dolorosos e de difícil cicatrização, podendo evoluir para processos graves de

necrose, podendo levar a amputações de membros. Infecções bacterianas também podem está

associada a estas lesões 7.

A dor de grande intensidade acompanhada de edema e eritema no local da ferroada é o

principal sintoma que ocorre nas vítimas de acidentes por raia, podendo ocorrer também alguns

sintomas sistêmicos como taquicardia, sudorese fria, náuseas, vômitos e agitação 8.

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Logo em seguida a área afetada apresenta flacidez no tecido, havendo formação de necrose

extensa e úlcera profunda rosa pálida, que lentamente, sendo essas uma característica própria

desse tipo de envenenamento 9,10.

A maioria dos acidentes por raias acontecem nas extremidades dos membros inferiores,

como o pé e tornozelo, em decorrência das vítimas, durante o banho em lagos, rios, mares, pisar

sobre a arraia que habitam o fundo das águas 2.

Os acidentes com este tipo de animal apresentam elevada morbidade e são frequentemente

observados entre habitantes das regiões norte e centro-oeste do país. Assim, os acidentes são

muito temidos, pelo fato deles estarem quase sempre associados a casos de incapacidade física

temporária ou permanente 7,11.

O fato de ainda não haver tratamento específico e eficaz para os acidentes por raias, a

terapêutica normalmente utilizada por populares vítimas do acidente baseia-se na utilização de

urina, bem como a utilização de ervas e óleos para cicatrização imediatamente após o acidente e

ao sair da água, como alternativas para minimizar o quadro clínico causado pela picada 3.

A abordagem terapêutica neste tipo de acidente é sintomática, onde são utilizados

analgésicos; anti-inflamatórios e antibióticos, pois não há disponível para o tratamento de lesões

por raia um antiveneno específico. O ideal seria um tratamento como a soroterapia específica que

é utilizada para a neutralização de venenos inoculados após acidente por animal peçonhento, como

nos casos dos acidentes ofídicos 10,15. A única forma de neutralizar as consequências das ferroadas

por raias é a inativação das toxinas, mesmo com o controle do quadro utilizando medidas clínicas.

O controle inicial da dor deve ser feito através da imersão do membro afetado em água quente não

escaldante, com a finalidade de inibir a ação das toxinas que foram depositadas na pele da vítima.

Outros procedimentos a ser realizado para minimizar o quadro clínico, incluem a limpeza de

ferimentos, procura por fragmentos de ferrões, profilaxia do tétano, infiltração de anestésica local

caso a dor não cesse durante as primeiras duas horas 11,12.

Estudos mostram que as maiores ocorrências de acidentes por raias acontecem com

pessoas do sexo masculino, com idade superior a 18 anos, estando relacionado ás atividades em

que as vítimas exercem durante o acidente. A maioria dessas vítimas é acidentada em ambiente de

trabalho (pescadores) e em atividades de lazer (banhistas), as quais necessitam deslocamento

dentro d’água. Com relação à sazonalidade, as maiores incidências de acidentes ocorrem no

período da tarde para o início da noite, durante o verão, se agravando durante o período chuvoso,

entre novembro e março quando a transparência da água reduz dificultando a visualização das

arraias 3,8.

A utilização de equipamentos de proteção, como barreiras físicas, redes ou telas, uso de

placas de advertência com informações, a fim de evitar o contato dos humanos com as raias,

recebem destaque como uma importante medida preventiva quanto aos acidentes. Outras ações

como alertar as populações que estão situadas em áreas de risco sobre a presença de arraias,

notificação dos casos de acidentes e capacitação dos profissionais de saúde para o atendimento

as vitimas, também devem acontecer, com o objetivo de minimizar os impactos causados à

população 8.

No Brasil, vários estudos sobre acidentes causados por animais aquáticos apresentam

comunicações dispersas e pouco conclusivas em se tratando de epidemiologia, relato dos sinais,

sintomas e medidas terapêuticas empregadas. Entre os acidentes com animais aquáticos, os

causados por raias tornam-se importantes pelo fato de ainda não existir tratamento específico e

muitos profissionais de saúde não receberem treinamento adequado sobre o tema em cursos de

graduação ou no decorrer da atividade profissional 13.

Acidentados por animais peçonhentos necessitam receber atendimento em unidades

equipadas para atenção às urgências clínicas, não só pelo fato do caso exigir rapidez na

neutralização das toxinas inoculadas durante o acidente, como pela frequente necessidade de

introduzir medidas de sustentação das condições vitais dos pacientes acidentados, proporcionando

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um cuidado adequado. Portando, os profissionais de saúde devem estar capacitados para o

atendimento às vítimas de acidentes por animais peçonhentos, tendo em vista a gravidade que

podem assumir determinados casos. O profissional enfermeiro, além de proporcionar cuidados

especializados e de qualidade a estes pacientes nos serviços de urgências e de internação,

necessitam utilizar-se de dados epidemiológicos com a finalidade de elaboração de atividades

educativas e de prevenção destes acidentes 1.

Diante do exposto acredita-se que as pacientes vítimas de acidentes por raias são em sua

maioria pertencentes ao sexo masculino, com faixa etária superior a 18 anos estando relacionado

ás atividades em que as vítimas exercem durante o acidente. A maioria dessas vítimas é acidentada

em ambientes de trabalho e em atividades de lazer, normalmente são pescadores e banhistas, que

necessitam se deslocar dentro d’ água.

Sendo assim, este estudo tem por objetivo traçar o perfil epidemiológico dos pacientes

acidentados por raias registrados no SINAN no município de Porto Nacional-TO entre 2009 e 2013.

Dessa forma, as informações resultantes deste trabalho poderão ser úteis para conhecer a

população de risco, a fim de traçar um plano de promoção da saúde para o público alvo, assim

como orientar as vítimas adequadamente como proceder em casos de acidente.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

De acordo com o modo de abordagem a pesquisa é de natureza quali-quantitativa e com

base nos seus objetivos é de natureza exploratória e descritiva.

Os dados dos acidentes com raias no município de Porto Nacional – TO entre os anos de

2009 a 2013 foram coletados a partir das fichas de investigação de acidentes por animais

peçonhentos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) do Ministério da Saúde

(MS). A presente pesquisa foi realizada em setembro de 2014, na Secretaria Municipal de Saúde

do município de Porto Nacional – TO. A amostra é constituída por 60 casos de pacientes

acidentados por raias.

Foram inclusos no estudo pacientes cadastrados no SINAN do município de Porto Nacional

- TO no período de 1º de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2013. Foram excluídos no presente

estudo, acidentes que não foram notificados no SINAN de Porto Nacional – TO e pacientes

cadastrados, porém fora do período de estudo.

Os dados foram coletados por meio de um instrumento elaborado pelos pesquisadores,

contendo para coleta de dados as seguintes variáveis: notificação individual (Mês/Ano da

notificação, idade, sexo, escolaridade, município de residência, zona, tempo decorrido

picada/acidente).

Foi realizada uma abordagem quantitativa das variáveis em estudo. Para as variáveis

quantitativas será empregada à técnica de estatística, utilizando o software Bioestat 5.0, disponível

na internet. Já para as variáveis qualitativas foi realizada a técnica de agrupamento e ordenação.

Tratou-se de procedimento não invasivo em seres humanos, e sim a avaliação das fichas

de cadastro dos pacientes acidentados por raias que foram registrados no SINAN no município de

Porto Nacional-TO. Foram seguidos aspectos éticos de acordo com resolução nº 466, que envolve

pesquisa com seres humanos. Segundo a Resolução n° 466 a pesquisa tem que ter os quatro

referenciais básica da bioética: autonomia, não maleficência, beneficência e justiça, entre outros, e

visa assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade cientifica, aos sujeitos da

pesquisa e ao Estado. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Federal do Tocantins com o número 059/2014.

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3 RESULTADOS

Na Secretaria Municipal de

Saúde do município de Porto

Nacional - TO foram registrados

através das fichas do SINAN, 60

casos de acidentes por raias entre

os anos de 2009 a 2013,

considerando todos os critérios de

inclusão e exclusão conforme a

metodologia apresentada para

obtenção dos dados.

Nos anos citados foram

registrados 2 (3,3%) casos de

acidentes por raias em 2009, 8

(13,3%) em 2010, 13 (21,7%) no ano

de 2011, a maioria dos casos foram

registrados em 2012 com total de 26

(43,3%) e em 2013 foram notificados

11 (18,3 %) casos, resultando um

total de 60 (100%) casos, conforme

figura 1.

Dentre o total de casos

notificados no SINAN do município de

Porto Nacional – TO, por acidentes

com animais peçonhentos raias nos

anos de 2009 a 2013, segundo o

sexo, 49 (81,7%) do gênero

masculino e 11 (18,3%) do gênero feminino,

evidenciando que a maioria dos acidentes

ocorreram em homens, dados mostrados na

figura 2.

Segundo a faixa etária, do total de

casos analisados, 15 (25,00%) possuem

entre 21 a 31 anos, 13 (21,67%) entre 31 a

41 anos, 10 (16,67%) entre 11 a 21 anos, 9

(15%) entre 41 a 51 anos, 6 (10,00%) entre

01 a 11 anos, 4 (6,67%) entre 61 a 71 anos,

3 (5,00%) entre 51 a 61 anos. A maior

prevalência dos acidentes foi em pacientes

com faixa etária entre 21 a 31 anos (média=

31,5), seguido da faixa etária entre 31 a 41 anos, conforme apresentado na tabela 1.

Em relação à escolaridade dos pacientes acometidos, 19 (31,7%) possuem de 5ª a 8ª série

incompleto, 11 (18,3%) possuem Ensino Médio Completo, 10 (16,7%) possuem 1ª a 4ª série

incompleto, 5 (8,3%) Ensino Médio Incompleto, 4 (6,7%) não se aplica, 4 (6,7%) Ensino Superior

Incompleto, 3 (5%) são analfabetos, 3 (5%) ignorados e 1 (1,7%) possui Ensino Fundamental

Completo. De acordo com o exposto, evidenciou – se que a maioria possui Ensino Fundamental

Incompleto de 5ª a 8ª série.

Com base na zona de ocorrência, a maioria dos acidentes ocorreram em zona urbana

registrando 54 (90%) casos de pacientes acometidos por picada de raias e 6 (10%) se deram em

zona rural.

FIGURA 1. Distribuição quanto ao número de pacientes acidentados por raias registrados no SINAN entre 2009 e 2013.

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FIGURA 2. Distribuição quanto ao sexo dos pacientes acidentados por raias registrados no SINAN de Porto Nacional - TO entre 2009 e 2013.

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Ano

Masculino Feminino

TABELA 1. Distribuição quanto à faixa etária dos pacientes acidentados por raias registrados no SINAN de Porto Nacional - TO entre 2009 e 2013.

Classes Xi Fi Percentual

1.0 – 11.0 6.0 6 10.00%

11.0 – 21.0 16.0 10 16.67%

21.0 – 31.0 26.0 15 25.00%

31.0 – 41.0 36.0 13 21.67%

41.0 – 51.0 46.0 9 15.00%

51.0 – 61.0 56.0 3 5.00%

61.0 – 71.0 66.0 4 6.67%

Total 60 - 100%

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Quanto a sazonalidade dos acidentes, como mostra a figura 3, foram notificados 3 (5%)

casos no mês de Janeiro, 3 (5%) no mês

de Fevereiro, 2 (3,3%) em Março, 4

(6,7%) em Abril, 7 (11,7%) casos no mês

de Maio, 4 (6,7%) no mês de Junho, 15

(25%) no mês de Julho, 4 (6,7%) no mês

de Agosto, 9 (15%) no mês de Setembro,

2 (3,3%) em Outubro, 3 (5%) no mês de

Novembro e 4 (6,7%) no mês de

Dezembro. Os dados mostram que a

época de maior prevalência de acidentes

por raias foi no mês de Julho, o que é

justificado pelo fato de estar relacionado

à temporada de praia e ao aumento do

número de turistas na região.

Com base no tempo decorrido

entre a picada/atendimento, a figura 4

mostra que 27 (45%) dos acidentados

por raias procuraram o local de

atendimento nos intervalos de 0 ⱶ 1h;

17(28,3%) entre 1ⱶ 3h; 4 (6,7%) entre

3ⱶ 6h; 2 (3,3%) entre 6 ⱶ12h; 3 (5,0%)

de 12 ⱶ 24h; 5 (8,3%) procuraram

atendimento após as 24 horas em

diante, e 2 (3,3%) foram ignorados,

dados observados na figura 4.

De acordo com os dados

coletados, dos pacientes acidentados

por raias 59 (98,3%) apresentaram

manifestações clinicas locais e

apenas 1 (1,7%) não apresentou

nenhuma manifestação clínica. Dos

60 (100%) casos de pacientes

acidentados por raias registrados no SINAN de Porto Nacional-TO nos anos de 2009 e 2013, 60

(100%) evoluíram para cura.

4 DISCUSSÃO

Na avaliação do perfil epidemiológico dos pacientes acidentados por raias, foi observada a

prevalência do sexo masculino 81,7% dos casos, como mostrado na figura 1, confirmando assim,

vários estudos realizados por outros pesquisadores. Sá- Oliveira, Costa e Pena (3), publicaram um

estudo realizado em quatro comunidades da área de proteção ambiental do Rio Curiaú, Macapá –

AP, com uma amostra composta por 22 vítimas de acidentes por raias no ano de 2009, confirmando

a prevalência do sexo masculino, onde 16 (72,73%) eram do sexo masculino e apenas 6 (27,27%)

eram do sexo feminino. Outra pesquisa realizada por Garrone Neto e Haddad Jr (8) em rios da região

Sudeste do Brasil, entre os anos 2004 e 2009, com uma amostra de 16 vítimas de acidentes por

raias, evidencia também que a prevalência dos acidentes ocorre em pessoas do sexo masculino,

onde 15 (94%) eram do sexo masculino e 1 (6%) era do sexo feminino.

A maior incidência de acidentes por raias no sexo masculino registrados no SINAN do

município de Porto Nacional - TO conferem com dados supracitados. Sá – Oliveira, Costa e Pena

(3) mostram em seus estudos que o fato da maior ocorrência dos acidentes serem em pessoas do

FIGURA 3. Distribuição quanto à sazonalidade de acidentes registrados no SINAN de Porto Nacional - TO entre 2009 e 2013.

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Ou

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Meses

FIGURA 4. Distribuição quanto tempo decorrido entre a picada e o atendimento dos pacientes acidentados por raias registrados no SINAN de Porto Nacional - TO entre 2009 e 2013.

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Tem

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número de casos

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sexo masculino, provavelmente está relacionado à frequência com que os homens realizam

atividades de pesca ou arrastões para captura de peixes.

Com base na faixa etária, a presente pesquisa mostra que 15 (25,00%) pacientes

acidentados por raias possuem idade entre 21 a 31 anos. Garrone Neto e Hadda Jr(8) mostram em

seus estudos realizado na região Sudeste do Brasil, que 62,5% das vítimas de acidentes por raias,

apresentavam faixa etária entre 16 e 30 anos.

Quanto à escolaridade, o estudo mostrou que a maioria 19(31,7%) acidentados apresentam

Ensino Fundamental Incompleto (EFI), o que provavelmente deve-se ao fato de muitos acidentados

possuírem vida simples e abandonarem os estudos para trabalhar. Foster (14), em um estudo no ano

de 2009, realizado em regiões ribeirinhas do rio Paraná, com uma amostra de 61 entrevistados,

onde 16 entrevistas realizadas na região de Itapura, 10 (62,5%) entrevistados possuem Ensino

Fundamental Incompleto, porém em todas as outras regiões em que a pesquisa foi submetida,

mostrou que os entrevistados também possuíam EFI.

Os dados obtidos no presente estudo quanto à zona de ocorrência desses acidentes,

mostraram que 90% dos acidentes ocorreram em zona urbana, o que pode ser justificado pela

existência do lago e a praia Porto Real.

Em relação à sazonalidade dos acidentes, Pardal (2) mostra em seu estudo realizado com

116 pacientes acidentados por raias, que a maior prevalência dos acidentes ocorreram no mês de

Julho registrando 44 (37,9%) casos, seguido do mês de Outubro com 18 (15,5%). Afirma ainda, o

que fato da maior prevalência dos acidentes ocorrerem no mês de Julho, pode estar relacionado ao

aumento da temperatura ambiente, fazendo com que a população procure praias, balneários para

atividade de lazer, agravando-se nos períodos de férias.

Quanto ao tempo decorrido entre picada/atendimento figura 4, os dados obtidos na pesquisa

conferem com Pardal (2), em que constatou que a maioria dos pacientes 92 (79,3%) procuraram

atendimento médico entre 0ⱶ01h. Confirmando assim os dados encontrados no presente estudo.

A presente pesquisa mostrou que 59 (98,3%) apresentaram manifestações clinicas.

Contrariando aos dados obtidos nessa pesquisa, Pardal (2) mostra em seu estudo, que dos 116

casos de acidentes por raias, 100% dos pacientes tiveram manifestações clinicas local, sendo

provavelmente dor, edema ou necrose, evoluindo para manifestações sistêmicas.

Embora não tenha sido encontrado dados que mostrem o período dos acidentes, estima-se

a maioria dos acidentes ocorreram no período vespertino. Garrone Neto e Haddad Jr (8) publicaram

estudo realizado entre 2004 e 2009 na região Sudeste, com 16 casos de acidentes por raias, onde

8 (50%) dos acidentes aconteceram no período da tarde, 4 (25%) no período da manhã e 4 (25%)

no período da noite.

Não foram encontrados dados que evidenciam o local da picada desses acidentes. Alguns

estudos mostram, que locais mais atingidos são os membros inferiores em região de pernas e pés

(3).

5 CONCLUSÃO

Os dados apresentados na pesquisa foram possíveis traçar o perfil epidemiológico dos

pacientes acidentados por raias, concluindo que a maioria dos acidentes está relacionada ao sexo

masculino, com idade entre 21 e 31 anos.

Torna-se possível através do presente estudo, identificar a sazonalidade dos acidentes,

onde a grande maioria ocorre entre a temporada de verão e inverno, possibilitando assim, a

elaboração de estratégias e medidas preventivas à população de risco. Dentre os dados coletados,

não foram encontrados registros de que os acidentes estejam relacionados à atividade de trabalho

ou atividade de lazer, porém outros estudos evidenciaram que possivelmente esses acidentes

devem-se a atividade de pesca, atividades de lazer e ao fato de que com o aumento da temperatura

ambiente, ocorre também o aumento das atividades turísticas em regiões de praias, balneários,

favorecendo assim, uma grande prevalência dos acidentes por raias.

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O papel da enfermagem nos acidentes por raias está relacionado à promoção de saúde ao

acometidos, e pelo fato de não existir um protocolo especifico para este tipo de acidente, o

profissional deve estar buscando capacitações com a finalidade de proporcionar um atendimento

especializado e de qualidade às vítimas por acidentes por raia, além disso, necessitam de dados

epidemiológicos, a fim de elaborar e coordenar as atividades educativas e preventivas dos

acidentes.

REFERÊNCIAS

1. Meschial WC, Martins BF, Reis LM, Ballani TSL, Barboza CL, Oliveira MLF. Internações hospitalares de vítimas de acidentes por animais peçonhentos. Rev Rene. 2013; 14 (2): 311-9. 2. Pardal PPO. Aspectos clínicos e epidemiológicos dos acidentes por arraias nos Distritos de Mosqueiro e Outeiro, Belém - Pará - Brasil/ Pedro Pereira de Oliveira Pardal. Belém, 2002. 3. Sá- Oliveira JC, Costa EA, Pena FPS. Acidentes por raias (Potamotrygonidae) em quatro comunidades da Área de Proteção Ambiental – APA do rio Curiaú, Macapá – AP. Biota Amazônica - Macapá, 2 (1), p.74-78, 2011. 4. Lameiras JLV, Costa OTF, Santos MC, Duncan WLP. Arraias de água doce (Chondrichthyes – Potamotrygonidae): Biologia, Veneno e Acidentes. Scientia Amazonia, 3 (2),11-27, 2013. 5. Frederico RG. Filogeografia e Conservação de Paratrygon aiereba Dumeril, (Chondrichthyes: Potamotrigonidae), na região Amazônica: notas sobre conservação/ Renata G. Frederico. Manaus – AM, 2006. 6. Garrone Neto D, Cordeiro RC, Haddad Jr V. Acidentes do trabalho em pescadores artesanais da região do Médio Rio Araguaia, TO, Brasil. Cad. Saúde Púb.,21(3):795-803,2005. 7. Haddad Jr V. Animais aquáticos de importância médica no Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical set-out, 36 (5): 591-597, 2003. 8. Garrone Neto D, Haddad Jr V. Arraias em rios da região Sudeste do Brasil: locais de ocorrência e impactos sobre a população. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 1 (43), Uberaba Jan./Feb, 2010

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PERFIL DE CASOS DE TUBERCULOSE NA REGIÃO NORTE DO BRASIL: REVISÃO DE

LITERATURA

TUBERCULOSIS PROFILE CASES IN NORTH REGION BRAZIL: LITERATURY REVEW

Fernanda Moreno de Castro1, Weverson Sousa Monteiro1, André Moreira Rocha2.; Anne Caroline Dias Neves²; Vanessa Regina Maciel Uzan²; Nelzir Martins Costa²; Asterio Souza Magalhães Filho².

_________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO: Introdução - Aproximadamente um terço da população está infectada pelo Mycobacterium tuberculosis e podem desenvolver a doença tuberculose transmitindo o bacilo de (Koch). Na América Latina, o Brasil é o único país de prioridade da OMS entre 22 países existentes nesse continente, pois foram notificados no Brasil 72.194 casos novos de Tuberculose no ano de 2007, que corresponde há uma incidência de 38/100.000 habitantes. Sendo que 41.117 casos novos de bacilíferos (baciloscopia de escarro positiva), justifica um coeficiente de 41/100.000 habitantes. Com esses indicadores o Brasil ficou em 19ª posição em relação aos números de casos, e na 104ª posição em relação à incidência da doença. Objetivo - Analisar o perfil sócio demográfico dos indivíduos infectados pela tuberculose na Região Norte do Brasil nos anos de 2005 a 2015. Métodos - Este trabalho se trata de uma pesquisa de caráter qualitativa e quantitativa analítica, foram realizadas coletas de dados utilizando métodos de pesquisa de múltiplos estudos originais de diferentes bibliotecas virtuais para o levantando dados sobre idade, sexo, raça, escolaridade e

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zona de residência. Resultado - O maior acometimento dessa patologia ocorreu em indivíduos do sexo masculino, pardos com faixa etária de 21 – 40 anos com 59,39% dos casos. Os homens demonstraram maior vulnerabilidade à doença aproximadamente 59,65% dos acometidos, e de raça parda (59,87%) Conclusão - Foi observado escassez de publicações que abordassem o perfil epidemiológico da tuberculose nos estados situados no norte do Brasil. Entretanto os resultados trazem a necessidade de uma atenção por parte das entidades de gestão da saúde pública e dos profissionais de saúde, de modo que trabalhem na implantação de medidas educativas e de orientação afim de esclarecimentos aos profissionais e a população diminuindo o contágio e a disseminação do Bacilo de koch. Palavras-chave: Pneumonia, Bacilo de Koch, Vigilância epidemiológica. ABSTRACT: Introduction - Approximately one third of the population is infected with Mycobacterium tuberculosis and can develop TB disease transmitting the bacillus (Koch). In Latin America, Brazil is the only country of WHO's priority among existing 22 countries on the continent as they have been reported in Brazil 72,194 new cases of TB in 2007, which corresponds there is an incidence of 38 / 100,000 inhabitants. Which 41,117 new cases of active tuberculosis (positive sputum smear), justifies a coefficient of 41 / 100,000 inhabitants. With these indicators Brazil ranked 19th place in the cases of numbers, and the 104th position in relation to the incidence of the disease. Objective - To analyze the socio-demographic profile of affected by tuberculosis in Northern Brazil between the years of 2007 to 2012. Methods - This paper is a qualitative research study and quantitative analytical, data collection was carried out using research methods of multiple original studies in different virtual libraries which there was a survey about old data, sex, race, scholarity, and area of residence. Results - The higher incidence of this disease occurred in males, aged to 21 to 40 years with 59.39% cases. Men showed greater vulnerability to disease with 59.65% of affected, and breed brown (59.87%). Conclusion - It was observed scarcity of publications that addressed the epidemiology of tuberculosis in the states located in Brazilian northern. However the results bring attention for the need from the management bodies of public health an health professionals, so that they work in the implementation of educational measures and guidance in order to clarifications to professionals and the population reducing the contagion and the spread of the bacillus of Koch. Key-words: Pneumonia. Bacillus Koch. Epdemiological surveillance.

1 INTRODUÇÃO

A tuberculose (TB) é problema de saúde pública, afeta uma grande parcela da população,

com elevado quadro de morbimortalidade e números expressivos de casos no Brasil como no

mundo. Aproximadamente um terço dos habitantes estão infectados pelo Mycobacterium

tuberculosis e poderão desenvolver o quadro da doença transmitida pelo o bacilo de Koch. Este é

um processo infecto-contagioso em emergência mundial, estando sempre ligados aos fatores

relacionados à vida do homem tal como as condições de vida e ao desenvolvimento do seu país. A

incidência e a prevalência da doença são estimulados através da expansão urbana desenfreada

seguida da taxa de co-infecções da TB, Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), Síndrome de

deficiência imunológica adquirida (AIDS), acompanhada da pobreza (ALMEIDA et al. 2013).

Estima-se que cerca de 50 milhões de brasileiros, estejam infectados com o bacilo de Koch,

havendo mais de 80 mil casos novos da doença por ano. O número de óbito é em torno de 4 a 5

mil anualmente, o sexo masculino tem uma prevalência de adoecimento duas vezes mais que o

feminino. Destaca-se a região sudeste pelos maiores números de casos da doença. A redução dos

casos de morbimortalidade e a diminuição da transmissão estão ligadas a um diagnóstico e

tratamento precoce (BRASIL, 2011).

No estado federativo do Tocantins, o coeficiente da infecção é de 16,7 casos a cada 100 mil

habitantes no período de 2013, colocando o estado na 3° colocação de menor índice de tuberculose

ficando atrás apenas de Distrito Federal e Goiás (Antunes et al. 2013).

A vigilância à saúde brasileira possui um aliado: o Sistema de Informação de Agravos de

Notificação (SINAN). Neste além de outros agravos, se registra notificações voltadas à investigação

e/ou confirmação de casos suspeitos de TB. A base de dados do SINAN é fonte para a Vigilância

Epidemiológica da TB nos municípios, nos estados ou em todo o país. Analisando estes dados

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obtêm-se todos os aspectos da tuberculose em cada cidade ou estados do país (ALMEIDA et al.

2013).

Um dos fatores de agravo à tuberculose é de causas sociais como renda familiar, má

alimentação e educação precária, então são recomendadas atenção dobrada aos indivíduos

etilistas, usuários de drogas, desnutridos e imunodeprimidos por ter um maior risco de desenvolver

á doença por causa da queda do estado imunológico. A tuberculose (TB) é compreendida pelo

paciente como uma doença curável, entretanto comportamentos negativos como álcool, drogas e

tabaco agravam a doença (PAIVA et al. 2011). A população mais afetada na TB são os mais pobres,

e homens com idade produtiva, isso dificulta o crescimento econômico, o desenvolver da sociedade,

gerando mais pobreza no país (CHIRINOS e MEIRELLES, 2011).

A tuberculose Pulmonar esta presente há séculos na humanidade, pois acredita que os

primeiros casos ocorridos foram confirmados em múmias egípcias, com mais de 500 anos a.C. É

uma doença infecciosa antiga, que no século XVIII foi denominada como “peste branca” ou também

“tísica pulmonar” por Hipócrates. As pessoas não sabiam que a doença era ocasionada pelo

Mycobacterium tuberculosis, o bacilo de Koch (MACIEL et al. 2012).

A incidência da Tuberculose Pulmonar teve seu aumento por suas relações, uma com a

pandemia do HIV, e a outra com um aumento da miséria em vários níveis socioeconômicos, por

causa das migrações e poucos investimentos na saúde do país sendo que por sua vez afeta

primeiramente a saúde publica em níveis primários (BRUNELLO et al. 2011).

O enfermeiro juntamente com agente comunitário de saúde (ACS) tem um papel

fundamental nas condutas realizadas em paciente com TB, pois as responsabilidades do tratamento

a esses indivíduos é de extrema responsabilidade dos profissionais (SÁ e GOMES, 2011).

A estratégia da Saúde da Família tem uma grande dificuldade no cuidado ao paciente

infectado pela TB, pois o vinculo que poderia ser estabelecido entre profissional e paciente não

existe, contribuindo assim para o abandono do tratamento. Por tanto, há uma enorme necessidade

por partes dos profissionais da atenção primaria buscarem melhorias na adesão do tratamento e

eliminação dos casos de abandono. O enfermeiro como líder da equipe de ESF, tem que está

extremamente ligado ao controle da TB, pois fornecer orientação e levantamento de dados

importância sobre a conduta dos medicamentos corretamente e o tratamento da doença, reduzindo

o numero de abandono por individuo.

Um dos problemas emergenciais e de prioridade na saúde publica do país é a Tuberculose

Pulmonar. A portaria nº. 104/2011 do Ministério da Saúde relata que o os casos confirmados de

Tuberculose Pulmonar serão de notificação obrigatória (Brasil, 2011).

Entre os tipos de tuberculose, classifica-se a Tuberculose extrapulmonar sendo aquela que

ocorre em qualquer órgão ou sistema do corpo humano, entretanto é difícil encontrar casos

notificados dessa Tuberculose, ou seja, seu percentual é bastante pequeno chegando a 16% ou

menos de casos. Destas a Tuberculose ganglionar vem a se desenvolver quando a pessoa esta

imunodeprimida, principalmente em casos de HIV, ou pessoas idosas2. Os linfonodos apresentam-

se inchados e indolores nas regiões supraclaviculares e cervicais (BETHLEM, 2012).

Há também outras formas de Tuberculose Extrapulmonares, entre estas o globo ocular

quando acometido pela TB ocasionando panoftalmite, corioretinite, uveíte, e conjuntivite flictenular;

A TB congênita disseminada para o feto através da placenta ou liquido amniótico acometendo

diversos órgãos como baço, linfonodo, fígado, e outros órgãos (ALMEIDA et al. 2013).

A população brasileira da região Norte está estimada entorno de 15.856.454 de habitantes

com densidade demográfica de 4,12 habitantes/km2, sendo classificados das seguintes formas

populacionais: Rondônia (1.562.409 hab), Acre (733.559 hab), Amazonas (3.483.985 hab), Roraima

(450.445 hab), Pará (7.581.051 hab), Amapá (669.526 hab), Tocantins (1.383.445 hab) (BARBOSA

e COSME, 2013).

A representação da região norte diante da base econômica sobre o Produto Interno Bruto

(PIB), que é o total de bens e serviços produzidos pela região, onde houve um aumento significativo

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em 2010 5,3% sendo que esse índice estava em baixa no ano de 2002 que era 4,7 da participação

regional. Já no foco das representações de cada estado referente ao seu produto interno bruto, o

Pará em 2010 destacou-se ao registrar o maior PIB da macrorregião, sendo de 38%, seguido por

amazonas 29% e Rondônia 11,69%. Já os demais estados em suas participações marcaram as

seguintes pontuações: Tocantins 5,56%, Acre 4,21%, Amapá 4,10% e Roraima 3,15% do PIB

(JERONIMO e SONAGLIO, 2014).

Ao que desrespeita sobre a renda dos brasileiros a regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste

estão em desataque. São Paulo, que tem o maior parque industrial do Brasil, o valor é R$ 1.432. Já

o Goiás com rendimento nominal domiciliar, por individuo, de R$ 1.031. O Distrito Federal e o estado

com o maior rendimento nominal domiciliar per capita entre as 27 unidades da federação, com R$

2.055. A menor renda por pessoa foi registrada em Alagoas (R$ 604). Atrás do Distrito Federal e de

São Paulo, estão os três estados do Sul: Rio Grande do Sul, com R$ 1.318; Santa Catarina, com

R$ 1.245, e o Paraná, com R$ 1.210. E logo depois está o Rio de Janeiro (R$ 1.193). Já na área

que engloba os estados do Norte e Nordeste têm rendimento nominal familiar per capita abaixo dos

R$ 1 mil, como valores de R$ 604, em Alagoas, e R$ 758, em Sergipe (OLIVEIRA, 2015).

De janeiro de 2005 a dezembro de 2010, 41.832 casos novos da tuberculose foram

confirmados na região norte do Brasil (Tabela 1), com a taxa média 6.972 casos diagnosticados por

ano. O Pará mostrou o maior índice de registros, sendo seguido pelo estado do Amazonas que

apresentou à média anual de (66,52 casos/100 hab) estando acima da média da região Norte

(46,04% casos/100 mil hab). Diante dos casos novos de tuberculose na macrorregião Norte, 84,9%

foi diagnosticado clinicamente sendo como forma pulmonar. Sendo que esse maior percentual

médio anual mostrou-se no estado do Acre sendo (87,7%) pulmonares, e a menor expressão

representativa da forma clínica foi observada no estado de Roraima (80,1%). Sendo que a taxa de

letalidade dos casos pulmonares para período mostrou-se 5,43%. Onde o estado do Tocantins

apresentou (7,66%) e logo em seguida o Acre (7,46%) sendo que os estados com a letalidade na

região acima da média. Já Roraima mostrou no período a menor taxa de letalidade sendo de 3,49%

(BARBOSA e COSME, 2013).

Com base nestes conhecimentos surge a pergunta: Qual seria o perfil sócio demográfico

dos casos notificados de tuberculose na região norte do Brasil? É esperado que a tuberculose

acomete indivíduos pardos do sexo masculino sendo jovens e adultos.

Esse trabalho justifica-se, pois ao apontar o perfil da tuberculose na região norte do país,

sendo possível identificar um determinado grupo que seja vulnerável à doença, que ao ser descrito

permitirá aos profissionais de saúde uma maior atenção permitido à detecção precoce dos casos,

seguido de medidas para o tratamento dos acometidos, contribuindo assim para o controle e

erradicação da doença.

O objetivo desta revisão foi analisar o perfil epidemiológico de casos de tuberculose na

região do norte do País, nos anos de 2005 a 2015.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho se trata de uma pesquisa de caráter qualitativa e quantitativa analítica, tendo

em vista a dimensão da necessidade de se realizar uma busca para se desenvolver os objetivos da

pesquisa. Sendo estudos epidemiológicos dos casos de Tuberculose na Região Norte do Brasil.

Foi realizada a coleta de dados utilizando métodos de pesquisa de múltiplos estudos

originais de diferentes pesquisas bibliográficas e artigos que possibilitaram os achados de

informações que respondessem aos objetivos específicos.

As buscas foram realizadas nas bases de dados eletrônicas Lilacs e SciELO, em que foram

investigados artigos publicados entre os anos de 2005 e 20015.

O conhecimento do tema investido foi construído mediante uma sistemática e organizada

pesquisa de seleção dos artigos realizada mediante as informações contidas em seus resumos,

observando o levantamento dados sobre idade, sexo, raça, escolaridade e zona de residência.

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As palavras-chave utilizadas foram: Tuberculose, Tuberculose Pulmonar, Vigilância

cadastrados no DECS – Descritores em Ciências da Saúde, no idioma português.

Foram incluídos na pesquisa para a revisão os dados de interesse como: sexo, raça, idade,

escolaridade e zona de residência.

As variáveis quantitativas receberam um tratamento descritivo utilizando software Excel de

domínio da Microsoft. Os dados foram expostos em formas de tabelas e gráficos, facilitando a

interpretação observacional do objeto estudo.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As buscas nas bibliotecas eletrônicas levaram ao encontro de quatro (4) artigos publicados

abordando os objetivos desta pesquisa, ou seja, estudos epidemiológicos dos casos de tuberculose

na região norte do Brasil. Para interpretação observacional do estudo, os dados epidemiológicos

registrados em cada um destes documentos foram organizados (Tabela 1) sistematicamente.

Os estudos analisados trazem dados dos Municípios de Gurupi-TO (ANTUNES et al. 2013),

Belém e Ananindeua – PA (RIBEIRO, 2011) e ainda dos Estados do Acre (GONÇALVES et al. 2006)

e do Amazonas (FARIAS,

2010). O período de estudo

de cada artigo avaliado é

diferente, ou seja, 18, 2, 4 e

1 ano de estudo

respectivamente. Então

para a finalidade de

comparar estes

documentos, os

pesquisadores optaram por

calcular a média anual de

cada dado epidemiológico

organizado

sistematicamente a partir

dos registros encontrados

nos artigos analisados.

A frequência dos dados epidemiológicos da idade, dos gêneros e da raça dos acometidos

foi expressa em gráficos (Anexos), pois eram variáveis de estudo de mais de um artigo, entretanto

os registros de escolaridade e zona de residência não foram considerados, pois eram variáveis de

estudo de somente um artigo cada uma dessas variáveis.

No que comporta variáveis referentes à idade dos indivíduos acometidos pela TB (Figura 1),

os dados analisados evidenciaram que a TB, acometi predominantemente a faixa etária de 21 a 40

anos como total de 263 casos (59,30%), seguido de 170 casos (35,50%) na faixa etária de 41 a 59

anos, 79 casos (17,70%) na faixa etária ≤ 20 anos e 57 casos (12,80%) na faixa etária ≥ 60 anos.

Comparando este resultado com o estudo realizado no município de Timóteo – MG

(FIRMINO e ASSIS, 2010), também houve maior índice nesta faixa etária (22 a 45), isto ocorre pelo

fato de pacientes nesta faixa serem mais expostos à doença, devido estarem expostos a fatores de

risco como o consumo de álcool e fumo. No perfil traçado pelo estudo realizado em Montes Claros

(SANTO et al. 2014) foi evidenciado que a faixa etária mais predominante é entre 20 a 49 anos e

este alerta que esta é a faixa etária relatada pela secretaria de vigilância em saúde como população

economicamente ativa.

Figura 1 – Frequência de Idade dos Acometidos em Médica Anual de Notificações no Municípios de Gurupi – TO, Belém e Ananindeua – PA, e no Estado do Acre.

Fonte: Artigos analisados pelos pesquisadores.

17,70%

40,20%

29,30%

12,80%

0,00%5,00%

10,00%15,00%20,00%25,00%30,00%35,00%40,00%45,00%

≤ 20 anos: 21├ 40 anos: 41├ 59 anos: ≥ 60 anos:

Frequência de Idade dos Acometidos em Média Anual deNotificações

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Já de acordo com os resultados que

envolve o gênero (Figura 1), o sexo masculino se

destacou com maiores índices totalizando 1064

(59,65%) casos constados. Já o feminino

mostrou-se com 720 (40,35%) dos casos

notificados divulgados nos artigos estudados.

Estudo realizado em São Gabriel da

Cachoeira (LEVINO e OLIVEIRA, 2007), confirma

que o sexo mais acometido também é o

masculino. Os estudos realizados em Piripiri – PI

(MASCARENHAS et al. 2005) e no Hospital

Universitário em Vitória – ES também confirmam

a predominância de acometidos do sexo

masculino (PRADO et al. 2008). As equipes de

saúde devem se atentar e orientar esses

pacientes, pois o sexo masculino visita com

menos frequência os serviços de saúde

acarretando ao diagnóstico tardio da doença entre

esses indivíduos (FIRMINO e ASSIS, 2007).

Com relação à etnia (Figura 3), os achados

evidenciaram maior grau de acometimento em

pessoas pardas (99,87%, n = 1210), estando logo

em seguida os brancos (0,1%, n = 1), os

acometidos negros e amarelos somam menos de

1 (0,01%) acometimento por ano.

No estudo realizado no estado do

Maranhão no período de 2001 a 2010, tem como

resultado a cor não branca como maior percentual

para pessoas acometidas com a TB, já as

pessoas brancas tem uma taxa menor, porem

existe muitos casos com essa etnia (SILVA e

MOURA, 2014).

O estudo realizado na região Sul do país

na cidade de Porto Alegre-RS, apontaram dados

diferentes aos resultados esperados pelos

pesquisadores onde a cor branca tem pessoas

mais acometidas pela TB, esses resultados é

esperado devido á raça branca ser mais

predominante na região, onde sabe-se que a

região foi colonizada pelos europeus (PAIVA et al.

2011).

No Mato Grosso do Sul a etnia mais prevalente de casos foi à cor branca, entretanto a cor

parda e apontada quando o estudo avalia taxas/habitantes no estado, prevalecendo então pacientes

da cor branca e parda no estado (FERRAZ e VALENTE, 2014).

O estudo feito na região Centro-oeste no estado de Minas Gerais-MG aponta que as raças

não brancas são de mais ocorrências que as brancas, como a raça parda, por exemplo, que é a

mais prevalente no país (PAIXÃO e GONTIJO, 2008).

Foi observado escassez de publicações que abordassem o perfil epidemiológico da

tuberculose nos estados situados no norte do Brasil. Com a busca realizada nas bases de dados

SciELO e Lilacs, foram encontrados trabalhos de somente 4 estados que foram consolidados e

FIGURA 2 – Frequência de Sexo dos Acometidos em édia Anual de Notificações nos Municípios de Gurupi – TO, Belém e Ananindeua – PA e no Estado do Amazonas.

Fonte: Artigos analisados pelos pesquisadores.

59,65%

40,35%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

M F

Frequência de Sexo dos Acomentidos emMédia Anual de Notificações

Figura 3 – Frequência da Raça dos Acometidos em Média Anual de Notificações no Município de Gurupi – TO e no Estado do Amazonas.

Fonte: Artigos analisados pelos pesquisadores.

99,88%

0,10% 0,01% 0,01%0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

120,00%

Parda Branca Negra Amarela

Frequência da Raça dos Acometidos emMédia Anual de Notificações

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processados os dados epidemiológicos de perfil de casos de pessoas acometidas pela TB, onde ao

analisar o perfil destes é encontrado um índice maior de indivíduos do sexo masculino, de faixa

etária de 20 a 41 anos da raça parda, ou seja, sendo estes os mais vulneráveis a doença. Por tanto

é visível a necessidade de uma atenção por parte das entidades de gestão da saúde pública e dos

profissionais de saúde, de modo que trabalhem na implantação de medidas educativas e de

orientação afim de esclarecimentos aos profissionais e a população diminuindo o contágio e a

disseminação do Bacilo de koch.

REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. G, BARBOSA, D. R. M, ALMEIDA, D. F. S, Epidemiologia e distribuição espacial de casos notificados de tuberculose multirresistente (TBMR) no Brasil, 2008-2012. Revista epidemiologia e controle de

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PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS NOTIFICADOS DE ARANEISMO: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF CASES NOTIFIED OF ARANEISM: LITERATURE REVIEW

Ronelson Pinto Ciqueira1, Iwilson Oliveira Martins Júnior1, Bruna Mirelly Simões Vieira2; Carina Scolari

Gosch²; Fernanda Silva Magalhaes². _________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO: Introdução - As aranhas são animais artrópodes e causam acidentes em diversos países, principalmente nos tropicais. Esses acidentes acontecem durantes todo o ano e há um aumento na época do acasalamento. No Brasil os dados de acidentes com animais peçonhentos são coletados e usados para alimentar o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Objetivo - Descrever o perfil epidemiológico de notificação de acidentes por aranhas durante os anos de 2010 a 2014. Métodos - O presente estudo descreve a epidemiologia com animais peçonhentos ao longo de 5 anos, os dados foram coletados de artigos publicados no período de 2010 a 2014, sendo uma revisão sistemática de literatura. Resultados - Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil apenas três gêneros apresentam espécies de importância; são os gêneros Latrodectus, Loxosceles e Phoneutria. A severidade dos acidentes pode ser classificada em leve, moderado e grave, os sintomas variam entre dor, sudorese, visão turva, vômitos, coma, etc. Em 2010 foram comprovados que 56% dos acidentes foram leves e 5% grave. No ano de 2011 80,2% dos acidentes foram leve e 0,5% grave. Já em 2013 83,4% à 91% leve e 0,5% grave14 e 100% leve24 e por último em 2014 dos acidentes ocorridos com aranhas 72,5% leve e 1,8% grave. Conclusão - O acidente com aranhas tem importância médica por ocorrerem frequentemente. Verifica-se assim a necessidade de políticas públicas voltadas a orientação da população sobre esses aracnídeos e capacitação dos servidores em saúde envolvidos nesse processo. Palavras-chave: Aranha. Epidemiologia. Animais Venenosos.

ABSTRACT: introduction - Spiders are arthropods animals and cause accidents in several countries, mainly in tropical. These accidents happen during all year and there is an increase in the mating sea son. In Brazil the accident data with venomous animals are collected and stored in the Notifiable Diseases Information System (SINAN). Objective - Describe the main epidemiological factors of accidents with poison ous animals notification type spider during the years 2010-2014. Methods - This study describes the epidemiology with venomous animals to long 5 years, data were collected from articles published in the period 2010 to 2014, and a systematic review of the literature. Results - According to the Minis try of Health in Brazil only three kind have species of importance; are the kind Latrodectus, Loxosceles and Phoneutria totaling about 20 species. The severity of accidents can be classified as mild, moderate and severe and the symptoms range from pain, sweating, blurred vision, vomiting, coma, etc. In 2010 it has been proven that 56% of accidents were mild and 5% severe. In 2011 80.2% of the accidents were mild and 0.5% severe. Already in 2012 383.4% to 91% lighter and 0.5% severe and 100% light and finally in 2014 of accidents involving piders72.5% light and1.8% serious. Conclusion - Accidents involving spider shave medical importance to occur frequently. It is therefore the need for public policies to guide the public about the sear achnids and training of the althorn server involved in this process. Key-words : Spider. Epidemiology. Animal Poisonous.

1 INTRODUÇÃO

Os acidentes causados por animais peçonhentos são uma emergência clinica em muitos

países tropicais sendo mais frequentes nas zonas rurais de países da América Latina, também nos

continentes Africano, Asiático e na Oceania (SILVA et al. 2015).

As Aranhas pertencem ao filo das Artrópodes e subfilo Chelicerata, classe Arachnida e

ordem Araneae (CHAGAS et al. 2010). Aranhas compõem um dos grupos zoológicos de maior

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abundância e diversidade do planeta. Atualmente são conhecidas cerca de 40.000 espécies

agrupadas em 110 famílias (PLATNICK, 1995).

Acidentes em seres humanos têm sido provocados por estes animais em muitas regiões do

mundo, incluindo países desenvolvidos, porém poucas são as espécies que têm sido consideradas

de interesse médico, embora em alguns casos se revistam de gravidade expressiva e com acidentes

fatais (GOYFFON e BON, 1996).

Estudo mostra que dos acidentes causados por animais peçonhentos, 28,9% foram

causados por aranhas, sendo 45,4% pelo Gênero Phoneutria e 5,1% por aranhas do Gênero

Loxosceles (MARTINS et al. 2012). Outro estudo mostra que dos acidentes causados por aranhas,

11% foram pelo gênero Loxosceles e 1% por aranhas do gênero Latrodectus (CHAGAS et al. 2010).

Apesar da última publicação do Ministério da Saúde com dados epidemiológicos sobre

acidentes por animais peçonhentos ser relativamente recente os dados nela contidos ainda se

referem aos registros de décadas passadas, sem refletir a realidade nacional (BRASIL, 2001).

Estima-se anualmente no Brasil quase 5.000 acidentes causados por aranhas (16%

identificados como de importância médica), dos quais 400 ocorrem na região Nordeste (BRASIL,

2001). Os acidentes causados por aracnídeos podem ocorrer durante todas as estações do ano,

notado um aumento durante o acasalamento, pois é nesse período que elas estão mais ativas

podendo ficar mais agressivas (GUERRA et al. 2014).

As Phoneutria (Aranha Armadeira) são encontradas na América do Sul e Central, tendo o

maior número de registros no Brasil. Lotrodectus (Viúva Negra) Costumam habitar as regiões mais

quentes de todos os continentes (CHAGAS et al. 2010). Loxosceles (Aranha Marrom) são

encontradas na Europa, África, Austrália, Partes da Ásia, América do Norte e América Central e

representadas por mais de 30 espécies na américa do Sul e no Brasil. Tanto o foneutrismo

(acidentes por Phoneutria) (Fig 1) como o loxoscelismo (acidentes por Loxosceles) (Fig 2) são

freqüentemente referidos para as regiões sul e sudeste do Brasil. O primeiro é mais conhecido em

São Paulo, onde é facilmente identificado em serviço especializado do Hospital Vital Brasil, no

Instituto Butantan, com uma média anual de mais de 700 casos, chegando a 50% dos casos de

araneismo nesse Estado (ANTUNES e MÁLAQUE, 2003).

FIGURA 1. Phoneutria bahiensis

Fonte: Simó, Brescovit 2001.

FIGURA 2. Loxosceles similis

Fonte: Antunes e Málaque, 2003.

Já os acidentes por Loxosceles têm sido mais freqüentes no Estado do Paraná, mais

especificamente na cidade de Curitiba, onde representam mais de 90% dos acidentes do país

(1.500 casos/ano). O registro do latrodectismo (acidentes por Latrodectus) (Fig 3), no entanto,

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revela menor freqüência (cerca de 2% dos

casos de araneismo no país) e está quase

restrito à região Nordeste (mais de 80% dos

casos) (ANTUNES e MÁLAQUE, 2003). Os

registros dos acidentes por animais

peçonhentos devem ser feitos através da

notificação compulsória dos casos.

O Sistema de Informação de

Agravos de Notificação (SINAN) é um

recurso de fins informatizado, que tem como

objetivo coletar e disseminar os dados

coletados e gerados com um sistema

rotineiro pelo sistema de vigilância

epidemiológica das secretarias municipais e

estaduais de saúde. Esse sistema foi

desenvolvido no inicio da década de 90,

mais precisamente em 1993 e permite

acompanhar doenças de notificações

compulsórias (CHAGAS et al. 2010).

O objetivo deste trabalho foi descrever o perfil epidemiológicos da notificação de acidentes

com animais peçonhentos do tipo aranha nos anos de 2010 à 2014.

2 METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão sistemática de literatura, referentes aos artigos publicados no

período de 2010 a 2014. Para a coleta de dados foi utilizado levantamento eletrônico de artigos

nacionais indexados na base de dados SCIELO, associados aos Descritores em Ciências da Saúde

(Decs). Sendo que para fazer a busca dos artigos usou-se os seguintes descritores: Aranha,

Epidemiologia e Animais Venenosos.

Foram utilizados como critério de inclusão os artigos publicados nos últimos 5 anos, os quais

correspondem aos anos de 2010 ao ano de 2015, bem como a inclusão de artigos publicados

relacionados, que abordassem no título e os descritores de acordo com a truncagem citada.

3 RESULTADOS E DICUSSÃO

Foram analisados 12 artigos após a seleção no banco de dados da Scielo, sendo que os

resultados consolidados deste trabalho encontram no quadro 1, nota-se que várias palavras chaves

não estão em consonância com os Descritores de Saúde (DEC’s) (Figura 4).

Constatou-se que embora o tema abordado fosse o perfil epidemiológico, alguns artigos

abordaram variáveis diferentes dos demais.

Com relação ao gênero as aranhas, verificou nessa revisão que a aranha pertencente ao

gênero Loxoceles apresentou maior descrição (Figura 5).

Ao analisar os 12 artigos, pode-se verificar que apenas 5 (33,33%) apresentaram a variável

severidade do agravo (Quadro 2).

Após listar as palavras chaves dos 12 artigos, contabilizou-se 34 termos os quais ao serem

cruzados com as palavras chaves com base nos Descritores em Ciência da Saúde

(http://decs.bvs.br/), notou-se que a maioria dos termos utilizados constam a lista de descritores,

entre elas pode-se citar: Aranha marrom, Loxoscelismo e picadura de insetos entre outros. Outro

ponto visto foi que a palavra chave modal N= 6 (17,64%) indicada foi Epidemiologia.

A Organização Mundial de Saúde considera apenas quatro gêneros com espécies de

importância médica no mundo: Latrodectus Walckenaer 1805 (Theridiidae), Loxosceles Heinecken

FIGURA 3. Latrodectus sp grupo mactans.

Fonte: Antunes e Málaque, 2003.

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& Löwe 1835 (Sicariidae), Phoneutria Perty 1833 (Ctenidae), todas Araneomorphae e Atrax

Cambridge 1877 (Hexathelidae – Mygalomorphae) (LUCAS, 2003).

No Brasil, as estatísticas do Ministério da Saúde indicam que apenas três gêneros

apresentam espécies de importância médica e de saúde pública pertencem aos gêneros

Latrodectus (viúva negra), Loxosceles (aranha marrom) e Phoneutria (armadeira) perfazendo um

total de cerca de 20 espécies (BRASIL, 2001; LISE e GARCIA, 2007).

O gênero Loxosceles é cosmopolita e possui mais de 100 espécies que têm como centro de

origem a África e as Américas (GERSTSH, 1967). Os grupos presentes no continente americano

são: reclusa, na América do Norte e Central e gaúcho, spadicea, amazônica e laeta, na América do

Sul.

O estudo das características clínicas e epidemiológicas do araneísmo permite relatar que

entre os acidentes com aranhas o loxoscelismo é predominante, e o araneísmo aumentou 36,3%

de 1995 a 2003 (LISE e GARCIA, 2007), possivelmente em decorrência aumento da densidade

populacional de aranhas do gênero Loxosceles por fatores antrópicos (LISE e GARCIA, 2007).

No que tange a severidade pode ser classificada em Leve, Moderado e Grave. No primeiro

caso, os principais sintomas são dor, irradiação da dor, parestesia, sudorese, hiperemia, edema e

o sinal da picada; como tratamento geral ,indica-se a observação clínica, anestésico local e/ou

analgésico.

Os sintomas dos acidentes classificados como moderados são a taquicardia, hipertensão

arterial, sudorese profusa, agitação psicomotora, visão turva, vômitos ocasionais, dor abdominal,

priapismo e sialorréia discreta; o tratamento geral é internação hospitalar, anestésico local e/ou

analgésico, além de soro antiaracnídico 2-4 ampolas IV (Intra-Venoso) (CUPO et al. 2003).

No caso de acidentes graves, os principais sintomas são vômitos profusos e freqüentes,

bradicardia, hipotensão arterial, insuficiência cardíaca, arritmias cardíacas, choque, dispnéia, coma,

convulsões, edema pulmonar agudo e parada cardiorespiratória; o tratamento indicado é internação

em Unidade de Cuidados Intensivos e soro antiaracnídico 5-10 ampolas IV (CUPO et al. 2003).

O veneno da Loxosceles possui atividade hemolítica e dermonecrótica, que parecem ser

causadas pela esfingnomielinase-D. A picada é praticamente imperceptível e raramente se

evidencia lesão imediata. Inicialmente, a picada causa dor de pequena intensidade passando

praticamente Imperceptível pela vítima, lembram picada de inseto e evolui lentamente. A ação do

veneno pode produzir lesões tanto cutâneas quanto cutâneo visceral (CUPO et al. 2003).

A evolução é caracterizada pela intensificação da dor, aparecimento de isquemia, vaso

espasmo, formigamento, eritema e edema, progredindo para uma lesão com áreas irregulares

posteriormente evoluindo para placas enduradas e escuras, dando origem a uma úlcera necrótica

com diâmetros diferenciados (BARBARO e CARDOSO, 2003).

Na grande maioria dos casos, os sintomas são localizados, como dor no local da picada e

vesículas, como surgimento posterior de áreas hemorrágicas associadas a alterações isquêmicas.

Quando surgem sintomas sistêmicos, em geral, são constituídos por febre e exantema, podendo

chegar a hemólise intravascular e coagulação intravascular disseminada (CIVD) (BARBARO e

CARDOSO, 2003).

Destaca-se a importância de uma avaliação detalhada da lesão pelo enfermeiro que deve

atentar-se para os sinais e sintomas locais de inflamação, o aparecimento de secreções, tecido

desvitalizado e necrose. O processo de enfermagem possibilita uma maior interação com o paciente

e o conhecimento das implicações do acidente aracnídeo, o que facilita o planejamento da

assistência de forma integralizada (KAMIMURA et al. 2009).

Ao analisar os artigos, com relação às alterações locais, em decorrência da picada de

aranha, foi verificado que em quatro (04) artigos mencionaram, que a característica principal foi a

dor (MARTINS et al. 2012; MEDEIROS et al. 2013), e bolhas e prurido 9 MARTINS et al. 2012;

GUERRA et al. 2014).

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Ao explorar a faixa etária dos acometidos com a picada da aranha, constatou-se que o

período das idades modal compreende entre 20Ⱶ39 anos (Chagas et al. 2010; MEDEIROS et al.

2013; GUERRA et al. 2014; SILVA et al. 2015). Estes dados são corroborados pelos dados

fornecidos por (MIRANDA et al. 2000; MÁLAQUE et al. 2002; HARADA, 2003), em que a faixa etária

em que as vítimas foram mais atingidas variou entre 20-40 anos e ao contrário de (SILVA et al.

2006), em que a maioria dos acometimentos ocorreram entre 30-50 anos.

4 CONCLUSÃO

Os acidentes por aranhas são de importância médica devido as morbidades evidenciadas

nos indivíduos acidentados, estudos que delineiam o perfil epidemiológico, a incidência e a

prevalência destes tipos de acidentes ainda são escassos no estado do Tocantins assim como na

Região Norte do Brasil.

Politicas públicas voltadas ao conhecimento e orientação da população sobre os hábitos das

aranhas assim como as características do araneismo, podem levar a diminuição do numero de

acidentes ou a minimização das mórbidas, pois a população melhor instruída procurará atendimento

médico logo após o acidente com estes aracnídeos.

Cabe ao enfermeiro o papel educativo no que tange ao esclarecimento da população quanto

a este tipo de acidente, prevenindo o contato com este artrópode por meio de medidas higiênicas

no ambiente doméstico. Assim como, a observação das vestimentas antes de usá-las, pois é

comum encontra-la em objetos de uso pessoal. Na ocorrência deste tipo de acidente, após a

identificação ou a suspeita do artrópode, deverá procurar atendimento imediato, pois com o passar

do tempo a ação do veneno é intensificada levando a destruição dos tecidos com alterações

sistêmicas. Portanto, quando o tratamento específico for instituído precocemente evitará a

hospitalização e complicações.

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PRÉ-NATAL ODONTOLÓGICO BASEADO EM PROTOCOLOS

PRENATAL DENTAL BASED PROTOCOLS

Salvanir Rodrigues da Silva¹; Laura Souza de Castro Santos²; Cintia Ferreira Gonçalves²; Mariana Vargas

Lindemaier e Silva²; Valdir Francisco Odorizzi;² Viviane Tiemi Kenmoti². _________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO: O período gestacional é marcado por inúmeras mudanças no organismo da mulher inclusive na cavidade bucal e, portanto, constitui um grupo de pacientes que apresenta risco temporário, devido às condições e mudanças tanto físicas, psicológicas e hormonais que são presentes neste período. Ainda existem muitas dificuldades enfrentadas pelos cirurgiões-dentistas frente ao atendimento odontológico à pacientes grávidas, principalmente no que diz respeito às crenças, mitos e a falta de conhecimento de se manter a saúde bucal no período gestacional. Com o intuito de auxiliar os cirurgiões dentistas na instituição de uma correta conduta profissional, ao elaborar e realizar um plano de tratamento odontológico para gestantes é necessário que esta asserção se inicie desde uma detalhada anamnese, auxiliado por um correto protocolo de atendimento. Assim este trabalho visa instituir protocolos e fichas de anamnese direcionados às pacientes no período gestacional fornecendo suporte à prescrição medicamentosa bem como aos exames radiográficos inerentes ao período gestacional, visando um plano de tratamento e atendimento adequado, seguro e eficaz. Os métodos aplicados incluíram estratégia de busca na literatura e critérios de inclusão e exclusão para a seleção dos artigos a serem adotados. As bases de dados incluídas foram Lilacs e Scielo no período de 2006 a 2016. De 1420 trabalhos encontrados, foram selecionados 15 artigos. Através da revisão verificou-se que existe uma grande carência de preparação dos cirurgiões-dentistas, em executar procedimentos voltados para o período gestacional. Palavras-chave: Gravidez. Saúde Bucal. Cirurgião-Dentista. ABSTRACT: The gestational period is marked by numerous changes in the woman's body including the oral cavity, and therefore this is a group of patients presenting temporary risk due to their condition and the changes both physical, psychological and hormonal that are present in this period. There are still many difficulties faced by dentists during dental care to pregnant women, especially in regard to beliefs, myths and lack of knowledge to maintain oral health during pregnancy. In order to assist dentists in establishing a proper professional conduct to prepare and carry out a dental care plan for pregnant women it is necessary that this assertion starts from a detailed history, aided by a correct care protocol. Thus, this work aims to establish protocols and anamnesis chips targeted at patients during pregnancy, providing support to drug prescription and the radiographic examination inherent to gestation, seeking adequate, safe and effective

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treatment plans. The methods applied included a literature search strategy and, inclusion and exclusion criteria for the studies selection characteristcs. The databases included were Lilacs and Scielo, at the period of 2006 a 2016. From the 1420 articles found, 15 articles were selected.

1 INTRODUÇÃO

O relatório da 1ª Conferência Nacional de Saúde Bucal de 1986 enfatiza a saúde bucal

como parte integrante e inseparável da saúde geral do indivíduo. A odontologia teve sua

importância reconhecida como promotora de melhorias nas condições de vida com a presença do

cirurgião-dentista como promotor de saúde. Atendendo o ser humano de forma humanista e

atuando diretamente na prevenção e na cura das patologias que acometem a cavidade oral.

(RODRIGUES et al., 2009) No entanto, o que se observa é que ainda existem algumas

indisposições relacionadas ao tratamento odontológico quando se refere especificamente a

mulheres grávidas, ou seja, não existe ainda uma integração no atendimento a esse público como

sugere a promoção de saúde bucal (REIS et al., 2010) Este fato deve- se a muitas crenças e

mitos que ainda não foram totalmente esclarecidos, o que de certa forma levam ao medo,

dificultando ou impedindo a procura por atendimento neste período (NOGUEIRA et al., 2012).

Outro aspecto a ser analisado é a falta de conhecimento com relação à importância do

acompanhamento odontológico das gestantes (CODATO, L, A, B; NAKAMA, L; MELCHIOR, R.

2008).

Compreende-se que esta é uma fase de grandes mudanças tanto do ponto de

vista físico e emocional como fisiológico, e é neste momento, onde a mulher passa por um

período de inúmeras alterações hormonais bem como algumas mudanças de hábitos. O fato de a

gravidez ser um fator modificador do organismo desencadeia algumas patologias pré-existentes

o que potencializam esses problemas e permitem o aparecimento e agravamento de alguns

problemas dentários, como cárie, gengivites, doença periodontal e algumas manifestações

tumorais, como o granuloma piogênico (MARTINS et al., 2013; OLIVEIRA et al., 2014).

A inserção de novos profissionais de odontologia no mercado de trabalho é muito

grande, com acentuada diferença no grau de conhecimento. Tornam-se necessárias

capacitações para os dentistas em relação à saúde das gestantes para o esclarecimento quanto

à importância do acompanhamento nesse período, bem como instalações físicas adequadas

para o atendimento a esse público (CANEPPELE et al., 2011). O objetivo deste trabalho

visa instituir protocolos e fichas de anamnese, tomando como base a revisão da literatura,

direcionada as pacientes no período gestacional fornecendo suporte à prescrição medicamentosa

bem como, aos exames radiográficos inerentes ao período gestacional.

2 METODOLOGIA

Foi realizada uma pesquisa bibliográfica na base de dados do Lilacs e Scielo, utilizando

os seguintes descritores: gravidez, “saúde bucal” e cirurgião- dentista. Para uma pré-seleção

destes artigos foram escolhidos somente artigos completos e na língua portuguesa.

Como critérios de inclusão foram selecionados apenas artigos publicados no período

entre os anos de 2006 e 2016. Como critérios de exclusão, artigos que em seu título e seu

resumo, não relacionavam ao tratamento odontológico no período gestacional. Em seguida,

foi realizada a leitura completa dos artigos para obtenção das informações necessárias para a

revisão.

A partir dos descritores utilizados foram encontrados 1420 trabalhos. A seleção dos

artigos foi somente na língua portuguesa, diante disso a quantidade de resultados caiu de 1420

para 1210 artigos. Dentre estes, 1140 artigos completos. Em seguida foi realizada a leitura do

título e do resumo dos artigos encontrados nas bases de dados, e selecionados de acordo com

os critérios de inclusão e excl usão mencionados anteriormente.

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Em seguida, foi realizada a leitura completa dos artigos para obtenção das

informações pertinentes para a revisão. Depois de aplicados os critérios de inclusão/exclusão,

foram selecionados 15 artigos para compor esta revisão.

3 RESULTADO E DISCUSSÃO

Existe uma grande resistência quanto ao tratamento odontológico quando este

coincide com o período gestacional. Através de várias gerações as crenças populares afirmavam

que o tratamento odontológico era prejudicial para o bebê, fazendo com que muitas mulheres

recusassem o tratamento odontológico neste período (NOGUEIRA et al., 2012). Com o intuito

de desmistificar estas crenças e auxiliar no tratamento, foi implantado o pré-natal odontológico

(CODATO; NACAMA; MELCHIOR, 2008).

A gestação não é por si só causadora de doenças bucais, mas fatores como as

alterações hormonais, higienização bucal insatisfatória e aumento do fluxo salivar são

desencadeadores das manifestações de doenças bucais como a gengivite, periodontite e cáries

no período gestacional. Através do pré-natal odontológico é possível identificar os possíveis riscos

à saúde bucal da gestante, as necessidades de tratamento e a implantação de ações de caráter

educativo preventivos, pois na fase gestacional a mulher está muito receptiva a novas informações

que trarão saúde e bem-estar para seu filho (REIS et al., 2010).

Com a intensificação de estudos científicos foi possível comprovar que não existe

problemas associados ao tratamento odontológico no período gestacional, desde que se

obedeça alguns critérios para aplicação do mesmo, como a seleção de agentes mais seguros,

o tempo de duração de atendimento nas sessões e ao período gestacional, oferecendo um

tratamento seguro à gestante (OLIVEIRA et al., 2014).

É importante conhecer os diversos aspectos que envolvem o pré-natal odontológico,

pois este engloba o conhecimento e a percepção da gestante em relação às suas condições de

saúde, a assistência recebida e a capacitação dos profissionais envolvidos no serviço.

Enfermeiros, médicos, cirurgiões-dentistas e técnicos são fundamentais para a organização e

aplicação das ações em saúde nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) (MOIMAZ et al., 2010).

O pré-natal odontológico deveria ser visto como uma fase importante por todos os

integrantes que trabalham nas UBS tendo em vista que este é um dos quatro pilares para uma

maternidade segura (CABRAL et al., 2013).

Oliveira et al. (2014) afirmaram que, a época mais adequada para desmistificação de

crenças e orientações relacionadas à saúde bucal, como a importância de se manter o controle

do biofilme dentário e uma dieta adequada é durante o período gestacional.

Relataram ainda que, os inadequados hábitos alimentares das gestantes, a introdução

de mais carboidratos, a maior frequência alimentar, seguidos de precários hábitos de higienização

gerados pela desatenção ou dificuldades na escovação devido a náuseas, tem por consequência

um desequilíbrio no meio bucal, estando assim diretamente relacionados com o aparecimento e

agravamento de fatores de risco e o surgimento da cárie dentária e doenças periodontais.

A importância dos nutrientes advindos da dieta desempenha um importante papel para

a nutrição da mãe e para o desenvolvimento do bebê. Ao evitar a ingestão de alimentos ricos

em açúcares por esta futura mãe estará minimizando uma predileção do paladar do bebê para

alimentos doces, tendo em vista que o desenvolvimento do paladar começa por volta 14º semana

intrauterina. A ingestão de açúcares naturais dos alimentos é suficiente para suprir as

necessidades da mãe e do feto (SILVA et al., 2006).

Para o controle das doenças bucais como cárie e gengivite, recomenda- se que a

escovação dos dentes seja realizada pelo menos duas vezes ao dia, o uso do fio dental pelo

menos uma vez ao dia, seguido do uso de enxaguatórios bucais e regulares consultas

odontológicas para profilaxia profissional (OLIVEIRA et al., 2014).

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A insegurança dos cirurgiões-dentistas em atender as gestantes é um dos fatores

que impedem o atendimento assistencial odontológico a este público. Isso acontece devido a

heranças passadas, onde os cirurgiões-dentistas eram orientados a atender as gestantes

somente em casos de urgência. Ao observar atuação dos cirurgiões dentistas inseridos na

Estratégia de Saúde da Família (ESF), verificou que os profissionais apresentavam um perfil

com finalidades clínicas. Araújo et al. em (2006) afirmam que, poderia estar relacionado à sua

formação acadêmica, onde ainda se aplica práticas tradicionais isoladas, fragmentadas e

principalmente a falta de incentivo a estes profissionais para fazer com que os mesmos reflitam

sobre suas práticas e monitorarem a realização de suas ações.

Em estudo realizado por Nogueira et al. em (2012) sobre o retardo na procura do

tratamento odontológico e percepção da saúde bucal em mulheres grávidas, verificou-se que, 2%

das gestantes que procuraram por atendimento odontológico sentiram resistência por parte dos

profissionais em atendê-las. O que mostra o despreparo do cirurgião-dentista para prestar

assistência no acompanhamento deontológico durante o período gestacional, sendo, portanto mais

um dos empecilhos para o acompanhamento do pré-natal odontológico.

Sendo assim os autores se preocuparam em esclarecer que a gravidez

não deve ser vista como motivo para não se executar o atendimento odontológico, mas sim o

momento ideal para a implantação de bons hábitos, onde se observa uma preocupação da mãe

com relação à saúde e desenvolvimento do filho tornando-a receptiva a adquirir novos

conhecimentos, modificar alguns hábitos que influencie na saúde do filho, tornando as gestantes

um grupo estratégico para se implantar novos métodos de saúde, e neste contexto, garantir nesse

grupo a introdução de hábitos saudáveis (NOGUEIRA et al., 2012).

Costa et al. em (2012) observaram a atuação dos cirurgiões-dentistas inseridos

na Estratégia de Saúde da Família (ESF), constataram que, os profissionais

apresentavam um perfil com finalidades clínicas, com práticas tradicionais isoladas e

fragmentadas que estão diretamente relacionado à sua formação acadêmica.

No entanto, já se observa algumas mudanças nas atuações das equipes de saúde

bucal como foi observado em uma pesquisa realizada no estado de Minas Gerais, onde apesar

das dificuldades foi possível identificar pontos positivos como a ampliação da jornada de trabalho

para oito horas favorecendo a ampliação e a qualidade dos trabalhos oferecidos para a

comunidade.

Para tanto é de suma importância o conhecimento por parte do cirurgião dentista no

que diz respeito ao atendimento odontológico às gestantes com relação às principais

características de cada período gestacional no que se refere as recomendações e cuidados a

serem tomados durante o atendimento promovendo assim um atendimento mais seguro

(POLETTO et al., 2008).

Com base em pesquisas científicas comprovou-se que a maioria dos tratamentos

odontológicos pode ser prontamente realizada durante a gravidez, desde que se respeitem

todos os protocolos de atendimento à gestante (OLIVEIRA et al., 2014). Esses procedimentos

podem ser realizados mediante alguns cuidados, como o planejamento de sessões curtas,

adequar a posição da cadeira odontológica e sempre que possível evitar consultas matinais,

visto que é o período que apresenta maior índice de náuseas, aumentando o risco de

hipoglicemia (COSTA et al., 2012).

A redução do medo e do estresse nas consultas são resultados obtidos pelo vínculo

recíproco de confiança gerado entre o profissional dentista e a gestante, com uma abordagem

direcionada e diferenciada referente às mudanças inerentes ao período que se encontra

(OLIVEIRA et al., 2014). O primeiro trimestre de gestação é a época apontada como restrita por

ser o período da organogênese e onde acontece o início de formação do feto e da diferenciação

orgânica. Entende-se que é o momento de risco de aborto e risco teratogênico, ou seja, o risco

de má-formação pelo uso de medicamentos (SILVA; STUANI; QUEIROZ, 2006).

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O segundo trimestre é visto como sendo o período que oferece maior conforto para os

profissionais cirurgiões-dentistas, por isso é a época ideal para que intervenções odontológicas

sejam realizadas (OLIVEIRA et al., 2014). O último trimestre de gestação merece atenção especial

com relação à mãe, uma vez que houve um ganho de peso e tamanho por parte do bebê

prejudicando a postura da paciente na cadeira odontológica, neste momento o feto acaba

pressionando a veia cava inferior, podendo causar hipotensão, síncope, inconsciência e perda dos

sentidos da mesma (COSTA et al., 2012).

Nesta fase, devido ao aumento da frequência urinária, edema de pernas, hipotensão

postural, e o fato da gravida não apresentar comodidade em posição de decúbito dorsal, exige

mudanças para uma posição de decúbito lateral para o lado esquerdo ou até mesmo a postergação

do atendimento pelo profissional, tendo em vista a aproximação do término da gravidez (SILVA;

STUANI; QUEIROZ, 2006). Apesar de ser um fenômeno fisiológico, a gravidez exige que o

profissional cirurgião- dentista atente-se para as singularidades de cada período, e que, busquem

na anamnese todas as informações da saúde médica anterior e atual necessárias para se traçar

um plano de tratamento odontológico diferenciado e seguro para cada paciente (OLIVEIRA et al.,

2014;COSTA et al., 2012).

Os exames radiográficos têm se mostrado motivo de muitas preocupações

para os cirurgiões-dentistas quanto a suas aplicações em pacientes gestantes (CANEPPELE et

al., 2011). Problemas relacionados a radiações no embrião e no feto podem estar diretamente

associados a mutações, lesões no SNC, espinha bífida, catarata, microcefalia, dentre outras,

porém isto estará diretamente relacionado com a dose, o tempo de exposição, a região irradiada

e a fase da gestação (BASTOS et al., 2014).

Estudos apontaram que a quantidade de radiação emitida em uma radiografia

odontológica é bem inferior a dose máxima permitida, o que se pode dizer que a radiação

recebida pelo feto é mínima, e constatou que esta seria menor que as doses naturais de radiação

recebidas diariamente (POLETTO et al., 2008). Para tanto, torna-se indispensável os meios de

proteção tanto para a mãe como para o feto, como o uso de filmes ultra-rápidos, filtro de alumínio,

localizadores e avental de chumbo, e desta forma garantindo a proteção da mãe e do feto

mediante a exposição (BASTOS et al., 2014).

Foi constatado que o grupo dos anestésicos locais que oferece maior segurança e,

portanto estão indicados no tratamento de gestantes é o grupo dos amídicos, o qual inclui a

lidocaína, no caso de usar a mepivacaína deve se considerar o estado da paciente como

normal sendo que, a mepivacaína deve ser usada com cautela na gestação (SILVA; STUANI;

QUEIROZ, 2006).

Na década de 1950 e 1960 houve uma intensificação nos estudos sobre o uso de

medicamentos no período gestacional, isso ocorreu devido à grande incidência no nascimento de

crianças com malformações de membros, causado pelo uso indevido de medicamentos, como é o

caso da talidomida, usada para amenizar enjoos. Uma das maiores preocupações no momento de

se aplicar uma terapia medicamentosa em pacientes gestantes é de que esta não venha causar

efeitos teratogênicos ao feto, sabendo que pelo processo de difusão vários fármacos atravessam

a barreira placentária (VASCONSELOS et al., 2012).

Em pesquisa de revisão de literatura realizada por Bastos et al.(2014), sobre a

desmistificação do atendimento odontológico à gestante, verificou-se que os potenciais riscos

teratogênicos no feto, podem ser percebidos de várias formas como alterações anatômicas,

fisiológicas ou comportamentais. A administração de medicamentos à gestante deve restringir-se

ao mínimo considerando o fato de que o feto apresenta limitação para a metabolização das drogas

que chega até ele, porque o seu fígado encontra-se imaturo, do mesmo modo que o seu sistema

enzimático (CANEPPELE et al., 2011).

Sendo assim, é importante considerar a categorização da agência reguladora norte-

americana Food and Drug Administration (FDA) que, com base em estudos experimentais e

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clínicos, classifica os fármacos de acordo com seus riscos teratogênicos. Segundo a FDA, deve-

se optar por medicamentos das categorias A e B para o uso durante a gestação, como as

penicilinas, por exemplo, que estão na categoria B. Os de categoria C podem ser administrados

apenas quando os benefícios à gestante suplantarem os malefícios ao feto, como o caso da

administração do Ibuprofeno. Já a prescrição dos fármacos de categoria D justifica- se quando

houver absoluta necessidade e aqueles classificados na categoria X estão proibidos durante

a gravidez devido às evidencias de decorrências maléficas ao feto. Cabe ao profissional, portanto,

atentar-se para o risco fetal dos fármacos antes de instituir uma terapia medicamentosa à

paciente gestante (BASTOS et al, 2014).

Segundo a FDA os betas lactâmicos (penicilinas e cefalosporinas) pertencentes à

categoria B foram considerados seguros para uso em gestantes, sendo assim os de primeira

escolha, apesar de atravessarem a barreira placentária em baixas concentrações não provocam

danos ao feto. Em caso de alergia as penicilinas deve-se administrar os macrolídios

(eritromicina, clindamicina, azitromicina) também pertencentes à categoria B e que oferece as

mesmas condições dos betas lactâmicos, sendo considerados os mais indicados por não

oferecerem risco de toxicidade e teratogenicidade (SILVA; STUANI; QUEIROZ,

2006; CANEPPELE et al., 2011).

A antibioticoterapia se faz necessária em gestantes quando os benefícios superarem

os riscos, e, diante de uma infecção com potencial de disseminação sistêmica (septicemia) faz

se necessário o emprego da medicação, visto que o potencial de teratogenicidade e de causar

abortos da infecção é tão potencial quanto o uso do medicamento (BASTOS et al., 2014).

Dentre os anti-inflamatórios geralmente empregados na odontologia, podem-se citar

os não esteroidais (AINES) e os corticosteróides. Entre os AINES encontra-se uma grande

quantidade de medicamentos e, no entanto, a indicação dos mesmos para gestantes fica restrita

a algumas drogas da categoria, e quando o uso se faz necessário estes devem ser administrados

nas menores doses eficazes (BASTOS et al., 2014). Estudos apontam que o uso de anti-

inflamatórios não esteroidais por tempo prolongado tem provocado efeitos prejudiciais na

circulação do feto (SILVA; STUANI; QUEIROZ, 2006).

Dentre os efeitos indesejados causados por esses medicamentos observou-se o

bloqueio da síntese de prostaglandinas, podendo constringir o ducto arterioso intrauterino, causar

hipertensão pulmonar sustentada no recém-nascido, alterações hemostáticas como a inibição

da agregação plaquetária decorrente do uso de ácido acetilsalicílico, além de prolongar a

gestação e interferir no trabalho de parto. Vale ressaltar ainda que o uso do ibuprofeno foi

correlacionado com os casos de defeitos glomerulares, acarretando insuficiência renal (BASTOS

et al., 2014).

Os corticosteroides são classificados como C na categoria de risco e, contudo ainda

foi considerado como sendo mais seguros que os AINES, quando empregados topicamente nas

lesões inflamatórias da cavidade oral. Depois de vários estudos observou que a prednisona e

a prednisolona são considerados os medicamentos anti-inflamatórios de preferência para uso em

gestante, visto que a barreira placentária oferece maior resistência contra essas drogas. A

betametasona e a dexametasona são os medicamentos corticosteróides indicados para uso

procedimentos cirúrgicos ou endodônticos que tenham possibilidades de postergação, sempre

respeitando a dose terapêutica indicada para as grávidas que são doses únicas de 4 mg. Embora

sendo considerados seguros possam influenciar de forma negativa dependendo da administração

e, podem acarretar vários danos como diabetes, hipertensão arterial, pré-eclâmpsia, insuficiência

das supras renais e Síndrome de Cushing (BASTOS et al., 2014).

Os problemas relativamente causados pela administração dos analgésicos são

considerados pequenos diante dos problemas causados pela dor constante, onde esta irá

aumentar a descarga adrenérgica endógena, aumentando o estresse e outras alterações

fisiológicas que são considerados como mais prejudiciais para o feto do que o emprego

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dos analgésicos, essa dor pode ser tão prejudicial quanto um processo infeccioso (CANEPPELE

et al., 2011)

Os analgésicos opióides e não-opióides foram classificados pela FDA na categoria B,

e são considerados seguros no período gestacional. O paracetamol foi considerado como sendo

de primeira escolha para uso em gestante, respeitando a dose de 4g por dia/adulto (BASTOS et

al., 2014). A dipirona pode ser ministrada como segunda escolha quando extremamente

necessária, pois seu uso crônico pode provocar agranulocitose no sangue periférico do feto

provocando neutropenia deixando-o susceptível às infecções (CANEPPELE et al., 2011;

BASTOS et al., 2014).

Como forma de prevenção vale ressaltar que as aspirinas não devem ser

administradas durante a gestação, pois, pode provocar aumento no tempo de trabalho de parto,

devido a um tempo de sangramento aumentado e ainda pode provocar diminuição plaquetária no

bebê (CANEPPELE et al., 2011).

A dipirona pode ser ministrada como segunda escolha quando extremamente

necessária, pois seu uso crônico pode provocar agranulocitose no sangue periférico do feto

provocando neutropenia deixando-o susceptível às infecções (CANEPPELE et al., 2011; BASTOS

et al., 2014). Como forma de prevenção vale ressaltar que as aspirinas não devem ser

administradas durante a gestação, pois, pode provocar aumento no tempo de trabalho de parto,

devido a um tempo de sangramento aumentado e ainda pode provocar diminuição plaquetária no

bebê (CANEPPELE et al., 2011).

Codato et al. (2008) afirmam que, uma das principais preocupações da época era

quebrar mitos que a tantos anos foram sustentados acerca do tratamento odontológico no período

gestacional. Nogueira et al. (2012), relataram que mesmo depois da implantação do serviço

de atendimento de mulheres no período gestacional ainda era comum encontrar resistência

no momento do tratamento. Oliveira et al.(2014) e Reis et al.(2010), apontaram a necessidade

de intensificação do trabalho de esclarecimento quanto a importância de manter a saúde bucal no

período gestacional, enfatizando as principais alterações que ocorrem no período de gestação, e

os benefícios que são gerados com a manutenção da saúde bucal, tanto para mãe quanto para o

bebê.

Outro aspecto a ser considerado segundo Poletto et al.(2008) e Nogueira et

al.(2012), está diretamente ligado ao profissional cirurgião-dentista, que se mostra inseguro para

o atendimento de mulheres no período gestacional. Araujo; Dimenstion.(2006), apontaram que,

estas inseguranças estariam diretamente ligadas à formação acadêmica de muitos cirurgiões-

dentistas atuantes, principalmente, nas unidades básicas de saúde onde a preparação destes tinha

predileção para clínica e não para a coletividade. A principal dúvida que aflige o profissional

cirurgião-dentista estava diretamente ligada ao atendimento dessas pacientes, no que se refere a

procedimentos como: período de atendimento, tempo da consulta, quantidade de radiação,

medicação e principalmente com relação à posição da paciente durante o atendimento. Oliveira

et al.(2014) e Costa et al. (2012), afirmaram que, a identificação das necessidades e o

conhecimento das peculiaridades de cada período gestacional, dará ao cirurgião-dentista

segurança para traçar um plano de tratamento com maior segurança desde que respeite os

protocolos de atendimento.

Vasconcelos et al. (2012) e Martins et al. (2013) afirmaram que, o anestésico que

oferece maior segurança é a lidocaína 2% com adrenalina 1:100.000 respeitando a dose máxima

de 2 tubetes por sessão. A mepivacaína poderá ser usada com cautela, desde que seja feita uma

análise do estado de saúde geral da paciente (SILVA; STUANY; QUEIROZ, 2006).

Na administração de uma terapia antibiótica Caneppele et al. (2011),Bastos et al.

(2014) e Vasconcelos et al. (2012) sugerem que, seja feita uma análise criteriosa dos ricos

benefícios e que quando o uso se faz necessário, a classe das penicilinas e cefalosporinas

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são consideradas como as mais seguras, e em casos de relatos de alergias a classe dos

macrolídios também é considerada segura e portanto pode ser usada como substituta.

A indicação do uso de anti-inflamatórios no período gestacional tem indicação

extremamente restrita como relatam Silva; Stuani; Queiroz, (2006), Vasconcelos et al. (2012) e

Bastos et al. (2014). Ao comentar os riscos que os anti- inflamatórios não esteróides podem

causar ao bebê, deve se optar por medicamentos como os corticosteroides, isto quando

seu uso se faz extremamente necessário. Na presença de processos inflamatórios na cavidade

oral, e com indicação de forma tópica a prednisona e a prednisolona foram as que apresentaram

maior segurança por apresentarem maior dificuldade de atravessar a barreira placentária. Em

processos com necessidades de intervenção cirúrgica sem possibilidades de postergação a

dexametasona e a betametasona foram consideradas de escolha.

Caneppele et al. (2011) e Bastos et al. (2014) consideram que, os malefícios

causados pelo uso dos analgésicos são considerados pequenos mediante os prejuízos

desencadeados pelos processos dolorosos. Desta forma, o paracetamol foi considerado como

sendo a droga analgésica de primeira escolha para uso em pacientes gestantes, desde que leve

em consideração a intensidade da dor, a adequação da dose terapêutica aceitável para ser

considerada segura. A dipirona sódica poderá ser ministrada como segunda escolha em casos de

dores agudas, devido a sua ação rápida, mas quando isso se faz necessário recomenda-se dose

única, pois seu uso prolongado pode acarretar vários problemas como, por exemplo,

agranulocitose no sangue periférico do feto. Ao sentir a preocupação dos cirurgiões- dentistas

com o uso dos exames radiográficos Poletto et al.(2008),Caneppele et al. (2011) e Bastos et al.

(2014) observaram que, a dose de radiação emitida em uma tomada radiográfica odontológica é

consideravelmente inferior as doses permitidas diariamente e que a eleição de filmes ultrarrápidos,

localizadores apicais e aventais de chumbo propicia maior segurança no momento de execução

do exame.

4 CONCLUSÃO

A partir dessa revisão literária, foram encontrados e lidos 15 artigos que tratam sobre

o tema para realização desse trabalho. Observou-se uma grande carência de preparação por

parte dos profissionais cirurgiões-dentistas em executar um atendimento voltado para o período

gestacional, o que pode dificultar a conscientização dessas pacientes sobre a importância da

manutenção da saúde bucal no período gestacional.

Desta maneira, o cirurgião-dentista deve prescrever de forma racional e responsável,

com o intuito de evitar os efeitos indesejáveis que podem ser causados pelo uso dos

medicamentos. A instituição de métodos auxiliares como, fichas de anamnese direcionadas para

gestantes e de protocolos tanto de atendimento como medicamentoso tem o intuito de auxiliar o

profissional em um atendimento seguro e eficaz, acerca das peculiaridades de cada período

gestacional, bem como ressaltar a importância sobre as recomendações e cuidados durante o

atendimento.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Yanne Pinheiro; DIMENSTEIN, Magda. Estrutura e organização do trabalho do cirurgião-dentista no PSF de municípios do Rio Grande do Norte. Ciênc Saúde Coletiva 2006 jan/mar; 11(1): 219-27.

BASTOS, Reuja Diany Santos et al. Desmistificando o atendimento odontológico à gestante. Revista Bahiana de Odontologia. 5(2): 104-116, ago. 2014. [S.l.].

CABRAL, Marlo. Cesar Bomfim; SANTOS, Thiago Santana; MOREIRA, Thiago Pelúcio. Percepção das gestantes do Programa de Saúde da Família em relação à saúde bucal no município de Ribeirópolis, Sergipe, Brasil. Rev. Port saúde pública.

NOGUEIRA, Laís Trosdorf et al. Retardo na procura do tratamento odontológico e percepção da saúde bucal em mulheres grávidas Odontol. Clín.-Cient., Recife, 11

(2) 127-131, abr./jun., 2012. OLIVEIRA, Eliana Cristina et al. Atendimento odontológico as gestantes: A importância do conhecimento da saúde bucal. Revista de Iniciação Científica da Universidade Vale do Rio Verde, Três

Corações, v. 4, n. 1, p. 11-23, 2014. POLETTO, Vanessa Ceolin et al. Atendimento odontológico em gestante: Uma revisão de literatura. Stomatos, v.14, n.26, jan./jun. 2008. [S.l.].

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31(2), 2013. CANEPPELE, Taciana Marco Ferraz et al. Conhecimento dos cirurgiões-dentistas sobre o atendimento de pacientes especiais: hipertensos, diabéticos e gestantes. Journal of Biodentistry and Biomaterials mar./ago, n1: 31-41, 2011.[S.l. ].

CODATO, Lucimar Aparecida Brito; NAkAMA, Luiza; MELCHIOR, Regina. Percepções de gestantes sobre atenção odontológica durante a gravidez. Ciência & Saúde Coletiva, 13(3): 1075-1080 2008. [S. l.].

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PREVENÇÃO DO CÂNCER DO COLO UTERINO PELOS ANTIOXIDANTES NA PROMOÇÃO

DA SAÚDE: Revisão de Literatura

CERVICAL CANCER PREVENTION CANCER BY ANTIOXIDANTS IN HEALTH PROMOTION: Literature Review

Andressa Azevedo Silva¹; Carolinny Cruvinel Maia¹; Laura Leão Martins¹; Raymundo do Espirito Santo Pedreira²; Viviane Tiemi Kenmoti²; Flávio Dias Silva²; Nelzir Martins Costa²; Carlos Eduardo Bezerra do

Amaral Silva². ______________________________ 1 - Acadêmicos ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO - A Neoplasia do Colo do Útero é um problema de Saúde Pública e atinge todas as classes sociais e regiões econômicas do mundo. Por pressuposto, objetiva-se com esta pesquisa avaliar as evidências disponíveis na literatura a respeito dos fatores de risco para a neoplasia de colo do útero, visando obter maior conhecimento sobre a doença, seus fatores de risco e políticas públicas relacionadas. Trata-se de revisão integrativa de 18 trabalhos científicos a qual acarretará em benefícios aos profissionais da saúde, pois proporcionará uma sistematização do conhecimento acerca dos fatores de risco para a neoplasia do colo do útero, facilitando assim a interação profissional/paciente. São conhecidos os diversos fatores de risco para o desenvolvimento desse tumor, sendo este relacionado à infecção pelo papiloma vírus humano (HPV), tabagismo, iniciação sexual precoce, multiplicidade de parceiros, multiparidade, uso de contraceptivos orais, baixa ingestão de vitaminas e coinfecção por agentes infecciosos como HIV e Chlamydia trachomatis. A realização deste estudo acarretou na ampliação do conhecimento sobre os fatores de risco para a neoplasia do colo do útero, bem como aumentou a visão crítica a respeito das literaturas cientificas disponíveis. Palavras-chave: Neoplasias do Colo do Útero; Fatores de Risco; Colo do Útero. ABSTRACT - The Cervical Cancer is a public health problem and affects all social classes and economic regions of the world. By assumption, the objective of this research is to evaluate the evidence available in the literature regarding risk factors for cervical cancer in order to obtain more knowledge about the disease, its risk factors and related public policy. It is about the integrative review of 18 scientific papers, which will result in benefits to health professionals, because it will provide a systematization of knowledge about risk factors for cervical cancer, thereby facilitating the professional/patient interaction. Many are known risk factors for the development of this tumor, which is related to infection with human papilloma virus (HPV), smoking, early sexual initiation, multiple

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partners, multiparity, use of oral contraceptives, low consumption of vitamins and coinfection caused by infectious agents such as HIV and Chlamydia trachomatis. This study resulted in the expansion of knowledge about risk factors for cancer of the cervix, as well as increased the critical view regarding the scientific literature available. Keywords: Cervical Cancer; Risk Factors; Cervix.

1 INTRODUÇÃO

Carcinogênese é o processo de formação do câncer. Células cancerosas são definidas por

duas propriedades hereditárias, reproduzem-se desobedecendo por erro nos limitadores da divisão

celular e invadem regiões que seriam destinadas a outras células. O câncer do colo uterino, também

chamado de cervical, é a terceira neoplasia maligna mais comum nas mulheres, responsável pela

morte de aproximadamente 265 mil mulheres por ano (INCA, 2014). Apresenta elevado potencial

de cura e prevenção. É causado por um agente etiológico conhecido como Papilomavírus Humano

(HPV). Esse vírus induz lesões no epitélio cervical que podem evoluir para lesões precursoras e

neoplasia invasiva. Estudos apontam que vitaminas antioxidantes atuam identificando ações do

câncer e prevenindo lesões displásicas.

Os antioxidantes agem contra as espécies reativas de oxigênio, inibindo ou atrasando suas

taxas de oxidação. A priori, eles previnem a formação de substâncias agressoras, interceptando os

radicais livres e destruindo-os para que não se acumulem no organismo. Logo, é notório enfatizar

uma dieta rica em frutas, verduras e legumes. Universidades canadenses observaram através de

pesquisas que a ingestão diária de vegetais, consumidos semanalmente, está associada

positivamente na eliminação do HPV oncogênico.

As vitaminas A,C e E apresentam melhor eficácia nos estágios iniciais da carcinogênese

cervical inibindo a evolução de lesões malignas no epitélio do colo uterino. A vitamina A contém os

carotenóides que inibem ações de radicais livres, sendo também potentes moduladores da

diferenciação celular, inibindo o desenvolvimento do HPV. As vitaminas C e E, por sua vez, evitam

a formação de carcinógenos e aumentam a imunidade. Testes feitos em ratos com a 1,25-

Dihidroxivitamina D3 mostrou o encolhimento do tumor leiomioma uterino (tumor benigno), e dados

clínicos e epidemiológicos sugerem que a maior dosagem de vitamina D3 pode reduzir o risco de

câncer.

A camada basal do epitélio geralmente é a primeira a ser atingida pelo HPV. O mecanismo

da lesão se inicia por interferência genômica do vírus sobre a célula saudável, determinando a

síntese de proteínas anômalas que culminarão com a neoplasia. A complexidade dessas alterações

morfológicas ocorre no epitélio cervical, mas depende de vários fatores, desde o tipo de vírus, sua

persistência até as condições preexistentes do hospedeiro. Sendo assim, essa infecção também

está sujeita a fatores ambientais, físicos, genéticos, químicos, hormonais e a dieta alimentar.

Um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer cervical são as

condições socioeconômicas. A vulnerabilidade de grupos que residem em um local onde existem

barreiras de acesso à rede de serviços de saúde, para detecção e tratamento de patologia e de

suas lesões precursoras. O diagnóstico da doença requer procedimentos tecnológicos como, por

exemplo, testes de detecção do DNA do HPV em esfregaços citológicos ou espécimes

hispatológicos, e provavelmente numa região carente em recursos básicos é improvável que

existam condições para a realização desses procedimentos.

O câncer de colo uterino é um problema de saúde pública no Brasil. O diagnostico do câncer

pode determinar discriminação social, desde o âmbito familiar até as atividades produtivas, já que

numa sociedade o indivíduo é explorado de forma mercantilista e a perda de capacidade produtiva

gera um desamparo social. Além disso, a magnitude das taxas de mortalidade do câncer do colo

uterino, principalmente em mulheres de baixo nível econômico, exige maior atenção quanto ao

processo de controle e tratamento.

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Este trabalho propõe conhecer quais vitaminas antioxidantes estão relacionadas com a

prevenção do câncer de colo de útero. Apreciar quais são os alimentos fontes dessas vitaminas.

Compreender a importância de uma alimentação saudável para redução do desenvolvimento da

neoplasia de colo uterina.

2 METODOLOGIA

Em Fevereiro de 2015, foi conduzida uma busca nas bases de dados eletrônicos BIREME,

LILACS, INCA e SciELO englobando o período de 1996 a 2012. Foram utilizados os seguintes

descritores extraídos do vocabulário estruturado e trilíngue DeCS – Descritores em Ciência de

Saúde: Câncer do Colo Uterino and Antioxidantes. Foram encontrados 24 artigos, dentre os quais

15 foram selecionados por apresentar com eficácia a ação dos antioxidantes na prevenção do

câncer do colo uterino.

A partir da análise dos 15 artigos, foram identificados 03 que estavam diretamente

relacionados, por meio de desenvolvimento, avaliação, teste, tradução ou discussão aos índices

subjetivos atendendo aos objetivos de versar sobre a utilização de vitaminas antioxidantes na

prevenção do câncer de colo uterino. Consideraram-se os artigos publicados em português,

espanhol e inglês, tendo sido excluídos os estudos publicados nos demais idiomas, assim como

aqueles que disponibilizaram apenas resumos. Foram excluídos trabalhos científicos que relatavam

o tratamento e prevenção do carcinoma de colo uterino mediante controle do tabagismo.

A extração de dados dos artigos selecionados foi realizada pelos revisores deste trabalho,

utilizando roteiro pré-estruturado.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Foram encontrados 03 artigos nas bases de dados consultados que falavam sobre

neoplasia do câncer de colo uterino e a importância das vitaminas antioxidantes como sendo um

tratamento alternativo na prevenção dessa carcinogênese. Foram selecionados artigos que usuram

estudos clínicos comparativos, relatos de casos, pesquisa de campo e laboratorial que abordavam

de forma científica a relevância de uma dieta rica em nutrientes antioxidantes para melhorar a

qualidade de vida do indivíduo.

De acordo com Giuliano (2003), as vitaminas C e E são fundamentais para evitar a

formação de carcinógenos, além de aumentar a imunidade corporal. Enquanto que a vitamina A,

inibe a formação de radicais livres e a evolução de lesões malignas, atuando como moduladores da

resposta imune frente à presença ou persistência do vírus HPV.

Segundo os dados do Instituto Nacional do Câncer, um dos fatores de risco no

desenvolvimento de câncer de colo uterino é a alimentação pobre em nutrientes. Apesar de o vírus

HPV ser o principal fator etiológico do câncer, estudos apontaram que podem ser insuficientes para

causar o câncer cervical. É necessário ocorrer lesões displásicas no organismo existente de fatores

externos como o tabagismo, alta paridade e fatores dietéticos.

QUADRO 1- Eficácia dos antioxidantes na prevenção do colo uterino entre os autores pesquisados

Autores Resultados

SIEGEL (2010) Enfatiza a importância do mamão e da laranja como sendo nutrientes importantes na prevenção do câncer de colo uterino, pois contém substâncias como β-criptoxantina e α-caroteno.

GIULIANO (2003)

Descreve sobre os efeitos das vitaminas A, C e E, que inibem a formação de radicais livres, além de serem potentes moduladores de diferenciação celular, o que confere proteção para inibir o vírus HPV.

FUCHS-TARLOVSKY (2011)

Ressalta a melhora da qualidade de vida do paciente que recebeu vitaminas antioxidantes, determinando o efeito da suplementação de β-caroteno, vitamina C e E sobre o stress oxidativo durante o tratamento antineoplásico com cisplatina e radioterapia.

Fonte: AZEVEDO, A., MAIA, C. C., MARTINS, L. L., 2015.

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Entretanto, o autor Siegel (2010), faz uma associação inversa entre o estado nutricional do

indivíduo e a persistência do HPV. Especificamente, ingestão de luteína, zeaxantina, β-criptoxantina

e vitamina C encontradas em frutas como laranja e mamão apresentam efeito protetor contra a

displasia cervical. Esses antioxidantes impedem o desenvolvimento de lesões intra-epiteliais (SIL)

associadas ao HPV.

Fuchs-Tarlovsky (2011) fez uma pesquisa com pacientes que receberam antioxidantes e

outros que receberam placebo no tratamento de câncer de colo uterino. De acordo com os

resultados, a suplementação com antioxidantes melhorou a qualidade de vida dos doentes

suplementados em relação àqueles que não se alimentaram com as vitaminas recomendadas.

Alimentos como laranja, limão, cenoura, abóbora, mamão, couve, espinafre, leite, ovos, iogurte,

TABELA 1 – Média e erro-padrão do consumo semanaldos alimentos mais ricos em antioxidantes nos diferentes ciclos de quimioterapia.

Antioxidantes Alimentos 2° Ciclo 4° Ciclo 6° Ciclo

Vitamina A (µg/dia)

Fígado Batata doce Cenoura Espinafre

0,77 ± 0,20 0,92 ± 0,34 2,38 ± 0,36 1 ± 0,32

0,70 ± 0,30 1 ± 0,42 3 ± 0,39 2 ± 0,51

0,42 ± 0,20 1,42 ± 0,42 2,14 ± 0,14 1,85 ± 0,34

Vitamina C (mg/d)

Pimentão Laranja Mamão Manga

1,30 ± 0,38 2 ± 0,33 2,92 ± 0,41 1,15 ± 0,27

0,60 ± 0,40 2,2 ± 0,35 2 ± 0,47 1 ± 0,29

0,85 ± 0,40 1,57 ± 0,42 3,57 ± 0,29 1,28 ± 0,28

Vitamina E (md/d)

Óleo de girassol Óleo de soja Abacate Margarina

1,23 ± 0,53 2,77 ± 0,53 0,61 ± 0,24 2,23 ± 0,48

2 ± 0,66 2 ± 0,66 1 ± 0,25 1,70 ± 0,49

2,28 ± 0,80 0,71 ± 0,18 1,14 ± 0,59 3,28 ± 0,56

Zinco (mg/d)

Carne vermelha Peru Amendoim Queijo

3,15 ± 0,19 0,30 ± 0,13 0,92 ± 0,30 3 ± 0,25

3,10 ± 0,27 0,70 ± 0,33 1,40 ± 0,45 3,2 ± 0,32

3,28 ± 0,56 0,28 ± 0,18 1,77 ± 0,48 3 ± 0,48

Fonte: Adaptado de ROHENKOHL (2011). FIGURA 1 – Ressonância magnética da neoplasia do câncer de colo uterino. A: corte sagital que

mostra o tumor hipertenso no colo uterino. Parte do estroma cervical encontra-se intacto. O canal vaginal está preservado (estádio Ib). B: corte sagital que mostra o tumor levemente hipertenso na porção posterior do colo uterino, com extensão ao terço superior da vagina (estágio Ila).

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queijo, manteiga e fígado são importantes para serem consumidos no tratamento antineoplásico

associado à cisplatina e radioterapia.

Vários autores pesquisados concordam que as vitaminas são substâncias que mesmo em

baixas concentrações são capazes de inibir ou atrasar as taxas de oxidação, além de prevenirem a

formação de lesões displásicas e melhorar a qualidade de vida de pacientes em tratamento

(SIEGEL, 2010; GIULIANO, 2003; FUCHS-TARLOVSKY, 2011).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Frente aos estudos abordados, conclui-se que as vitaminas A, C e E que contém β-

caroteno, tocoferóis e carotenóides encontradas nos alimentos como mamão, laranja, limão e

cenoura principalmente atuam na diminuição do risco de câncer cervical do útero. As análises

realizadas demonstraram que a ingestão desses alimentos que contém vitaminas antioxidantes é

fundamental para aumentar a expectativa e a qualidade de vida, frente à prevenção do câncer.

É importante ressaltar que mesmo sendo algo aparentemente trivial a ênfase em uma

alimentação saudável pode de fato prevenir a ocorrência da neoplasia de colo uterino, frente à

importância epidemiológica dessa doença, faz-se necessária a divulgação exaustivamente dessas

informações por meio de campanhas públicas e educação em saúde, voltadas ao público feminino,

referindo a reeducação alimentar como medida validada na prevenção da patologia supra citada.

REFERÊNCIAS BRENNA, S.; HARDY, E.; ZEFERINO, L. et al. Conhecimento, atitude e prática do exame de Papanicolau em mulheres com câncer do colo uterino. Cad Saúde Pública. v.17, n.4, p.909-914. 2001. DIDOMENICO, F.; FOPPOLI, C. R. et al. Biochim Biophys Acta. v.1822, n.5, p.737-747. 2012.

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MEDICAMENTOS ALIADOS À INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS VISANDO MELHORIAS NA

SAÚDE DAS COMUNIDADES PARKINSONIANAS: Revisão de Literatura

MEDICINES ALLIES TO THERAPEUTIC INTERVENTION AIMED IMPROVING HEALTH OF COMMUNITIES PARKINSONIAN: Literature Review

Camilla Macedo Abreu¹; Matheus Andrade Rocha¹; Wanessa Araújo Machado¹; Asterio Souza Magalhães Filho²; Raymundo do Espirito Santo Pedreira²; Viviane Tiemi Kenmoti²; Carlos Eduardo Bezerra do Amaral

Silva². ______________________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO - Atualmente o Brasil passa pela mudança de perfil epidemiológico, onde a população está envelhecendo. Com o aumento da população idosa, amplia-se também o número de doenças crônicas associadas ao envelhecimento, dentre elas a Doença de Parkinson (DP), que é definida

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como uma doença degenerativa primária localizada na substância negra compacta onde é sintetizada a dopamina. Apesar de vários avanços relacionados ao tratamento da DP, sua cura ainda não foi encontrada, portanto todos os tratamentos existentes visam o controle dos sintomas com o objetivo de manter o portador com o máximo de autonomia e independência funcional possível, proporcionando assim uma melhor qualidade de vida. Vários tipos de tratamento são indicados no caso desta patologia, portanto é de grande importância conhecê-los, sendo assim este trabalho teve como objetivo analisar quais os tratamentos mais utilizados na DP, e qual o seu impacto na vida dos seus portadores, por meio de uma Pesquisa Bibliográfica, descritiva e retrospectiva relacionado à DP e seu tratamento. Foi realizado um levantamento nas bases de dados como Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), Scielo (Scientific Electronic Library Online) e Medline (Literatura Internacional em Ciência da Saúde), sendo utilizados materiais nas línguas portuguesa, inglesa e espanhola. Os termos usados na busca foram: Doença de Parkinson, tratamento, fisioterapia, atendimento domiciliar. Este trabalho mostrou que é primordial que o portador de DP seja tratado de maneira integral, sendo de extrema importância a atuação de uma equipe multiprofissional. Em se tratando de saúde pública pouco foi encontrado em relação a programas de atendimentos exclusivos aos portadores de DP, mostrando assim a necessidade de mais pesquisas relacionadas sobre a DP na assistência básica e também a implantação de programas que atinjam exclusivamente esta população nas Unidades Básicas de Saúde. Palavras-chave: Doença de Parkinson, tratamento, fisioterapia, atendimento domiciliar. ABSTRACT - Currently Brazil is the changing epidemiological profile, where the population is aging. With the aging population, increases also the number of chronic diseases associated with aging, among them Parkinson's disease (PD), which is defined as a primary degenerative disease located in the substantia nigra compact which is synthesized dopamine. Despite several advances related to the treatment of PD, its cure has yet been found, so all existing treatments aim to control symptoms in order to keep the wearer with maximum autonomy and functional independence as possible, thus providing a better quality of life. Several types of treatment are indicated in the case of this disease, so it is very important to know them, so this study aimed to analyze which treatments most commonly used in PD, and its impact on the lives of those affected, through. A literature search, descriptive and retrospective of the last twenty years (1990-2011) related to PD and its treatment. A survey in databases such as LILACS (Latin American and Caribbean Health Sciences Literature), SciELO (Scientific Electronic Library Online) and MEDLINE (International Literature on Health Sciences), using materials in Portuguese, English and Spanish. The terms used in the search were: Parkinson's disease, treatment, physiotherapy, home care, and manual search in the library collection of the University Center Philadelphia. This work showed that it is essential that the person with PD is treated in an integrated manner, it is extremely important the work of a multidisciplinary team. When it comes to public health was found in just about programs solely with the PD, thus showing the need for more research on the related SD in primary care and also to develop programs to reach this population only in the Basic Health Keywords: Parkinson's disease, treatment, physiotherapy, home care.

1 INTRODUÇÃO

O mal de Parkinson é uma doença degenerativa que afeta milhares de pessoas no

mundo, principalmente idosos, e se caracteriza por apresentar distúrbios motores e desequilíbrio

psíquico e mental. Os sintomas da doença prejudicam a qualidade de vida do afetado, a qual fica

comprometida seriamente.

Rigidez muscular, abalo, transtornos psíquicos, insônia, alterações cognitivas,

imobilidade, dificuldades nas articulações, salivação, problemas gastrointestinais, vertigens, passos

cambaleados, movimentos desordenados com alterações posturais e micrografia são algumas

características clínicas que aparecem no decorrer da progressão do Parkinson. O parkinsoniano,

quando ereto, faz uma flexão de todas as articulações, levando a uma posição característica. Estes

ocorrem devido ao desiquilíbrio químico causado pela morte das células que produzem Dopamina

(DOWNIE, 1987). Os pacientes sofrem gradativamente com o avanço da doença sendo esta mais

comum na terceira idade.

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O tratamento medicamentoso é o mais recomendado por ser o principal meio de controle

da doença, porém sem adesão á terapia, os resultados não são tão evidentes. Não existem

medicamentos capazes de cessar o mecanismo da patologia ou impedi-la, a terapêutica baseia-se

no controle dos sintomas, mediante reposição da dopamina estriatal. A levodopa é o medicamento

de primeira linha no tratamento. Na maioria das vezes, é preciso integrar outros remédios a fim de

potencializar a atuação da levodopa ou combater os efeitos colaterais, como náusea, midríase,

taquicardia e xerostomia (GONÇALVES, 2007).

O diagnóstico da enfermidade é complexo, pois não há exame específico para identificá-

la. Este é formado com a aparência de sinais da doença adicionados de assimetria do quadro e da

resposta primitiva ao uso de levedopa. Porém o estudo clínico do paciente ainda é condição

essencial para o diagnóstico exato. Diante da forma da descoberta do caso, a pessoa sofre com o

longo prazo e a incerteza dos resultados.

Estudos comprovam que intervenções terapêuticas auxiliam na manutenção da

qualidade de vida do enfermo. A busca por tratamentos inovadores para diminuir os efeitos do

Parkinson, como a fisioterapia aquática, exercícios, intervenção fonoaudiológica e a facilitação

neuromuscular proprioceptiva, é comum devido à severidade da doença. Estes buscam

restabelecer a potência muscular, a força, a velocidade da contração muscular, o equilíbrio e o

tempo de movimento em idosos.

Melhorar a qualidade de vida das pessoas é uma tarefa árdua, porém gratificante para

o ser humano, estudar novas alternativas é de extrema importância para viabilizar melhores

condições para o parkinsoniano. A atualização dos tratamentos deve ser feita regularmente devido

ao avanço progressivo e a característica incerta da patologia.

Esse trabalho propõe constatar a eficácia do tratamento medicamentoso para a doença

de Parkinson exposta pelos autores pesquisados. Conhecer intervenções terapêuticas alternativas

que possam contribuir para a melhor qualidade de vida desses pacientes e reconhecer benefícios

dessas terapias sobre a redução dos sintomas parkinsonianos.

2 METODOLOGIA

Entre fevereiro e março de 2015, foi coordenada uma busca nas bases de dados

eletrônicos MEDLINE, SciELO e Bireme abrangendo o período de 1987 a 2013. Para facilitar a

busca no campo de pesquisa, utilizamos os seguintes descritores: Parkinson. Qualidade de Vida.

Intervenções Terapêuticas. Foram encontrados 17 artigos, dentre os quais 10 foram aproveitados

por abordar novos métodos de intervenções terapêuticas para beneficiar a saúde das comunidades

parkinsonianas assim como os demais trabalhos associados àqualidade de vida dos pacientes e a

gravidade da patologia.

A partir da análise de 14 artigos, foram identificados 11 que estavam diretamente

relacionados por meio de desenvolvimento, avaliação, teste, tradução ou discussão aos índices

subjetivos atendendo os objetivos de relacionar o tratamento medicamentoso com métodos

alternativos para estabelecer uma melhor qualidade de vida para os portadores de Parkinson.

Decidiu-se por selecionar os artigos reconhecidos como versões originais os quais exibem

discussões executadas por seus autores e testes validados para a intervenção do Parkinson.

Consideraram-se os artigos publicados em português e inglês, tendo sido descartados os estudos

divulgados nos demais idiomas, assim como aqueles que disponibilizaram apenas resumos.

A extração de dados dos artigos selecionados foi realizada pelos revisores deste

trabalho, utilizando roteiro pré-estruturado. Foram colhidas as seguintes informações: como a

qualidade de vida dos pacientes portadores de Parkinson é afetada, a eficácia dos tratamentos

alternativos contra essa patologia, os medicamentos administrados e resultados dos estudos feitos

pelos autores citados.

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3 DISCUSSÃO E RESULTADOS

Foram encontrados 11 artigos nas bases de dados consultadas que falavam sobre a

doença Mal de Parkinson e suas particularidades, segundo os critérios de inclusão. Tratam-se de

aspectos gerais da doença e métodos de tratamento, tanto medicamentosos como terapêuticos,

que buscam melhorar a qualidade de vida dos portadores da doença.

A Doença de Parkinson tem prevalência avaliada de 3,3% no Brasil e afeta,

aproximadamente, 1% da população com mais de 65 anos e 4% dos idosos com mais de 80 anos.

É a segunda patologia neurodegenerativa mais corriqueira em idosos (depois da de Alzheimer) e

aborda a todos, sem relevância de classes sociais e raças (SANTOS, 2012). Esta possui maior

incidência nos homens, além de ser afecção comum em idosos e um grave problema de saúde

pública. (CHRISTOFOLETTI, 2012).

Seus sintomas (FIGURA 1) são motores e não motores, comprometendo todas as áreas

relacionadas à qualidade de vida. Estes limitam o desempenho de atividade física diária, aumentam

o comprometimento de forma física, emocional, social, econômica, pois causa perda de relações

sociais, atividades financeiras, trabalho e lazer. Cada pessoa tem uma percepção própria da sua

condição crônica de saúde e o conhecimento desta é importante para melhorar a pratica de médicos

e enfermeiros. Entre os sintomas não motores da DP, a depressão é altamente prevalente com

taxas em torno de 32% (SILBERMAN, 2013). Os sinais clínicos aparecem com a diminuição do

neurotransmissor dopamina e abrangem, dentre outros: diminuição ou ausência total dos

movimentos do corpo, tremor, rigidez (SANTOS, 2012).

De acordo com Gonçalves (2007), ainda não há remédios capazes de interromper o curso

da doença nem de evita-la, os que existem tendem ao controle dos sintomas, objetivando manter o

portador com

independência funcional,

autonomia e equilíbrio

psicológico, o que é

possível devido a

reposição da dopamina

estriatal. A terapia

medicamentosa mais

sugerida no controle

efetivo dos sintomas é a

administração de

levodopa, sendo

considerada como recurso de primeira linha no tratamento. Entretanto, torna-se necessário acrescer

a dose e reduzir o intervalo das tomadas à medida que a doença progride, pois em longo prazo

aparecem obstáculos ao seu emprego, tais como: flutuações do desempenho motor, perda da

eficácia e alterações mentais. Além disso, associam-se outros medicamentos para combater os

efeitos colaterais (náuseas, vômitos) ou para potencializar a ação da levodopa. O tratamento

neurocirúrgico, como atalamotomia ou palidotomia, é utilizado quando o doente não responde mais

à farmacoterapia. A estimulação cerebral crônica aplicada no tálamo, núcleo subtalâmico ou globo

pálido é outra técnica neurocirúrgicautilizada com o benefício de ser reversível, caso advenham

revelações adversas.

De acordo com Marchi (2013) et al, a adesão aos medicamentos tem sido foco de várias

pesquisas com doenças crônicas nos últimos anos, apesar do estudo em pacientes com DP ter sido

aprofundado apenas recentemente. Regimes terapêuticos complexos reduzem a aderência dos

enfermos à terapia, devido principalmente ao número de medicações e aos horários diversos de

administração por dia (pacientes com DP tomam em média 5,2 medicamentos em 3,8 doses ao

dia). A prevalência de depressão na DP é alta, podendo abordar até 68,1% dos pacientes. Pacientes

FIGURA 1 - Características clínicas que ocorrem no decorrer da progressão do Parkinson.

Fonte: ABREU, ROCHA, MACHADO (2015).

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deprimidos são três vezes mais predispostos a ter menor adesão aos medicamentos propostos do

que pacientes sem depressão. O baixo grau de adesão afeta de forma negativa a evolução clínica

do paciente e a sua qualidade de vida, tornando-se um acentuado problema de saúde pública.

Tratamentos inovadores (FIGURA 2) para diminuição dos efeitos do Parkinson, como a

fisioterapia aquática (SILVA, 2013), exercícios (RODRIGUES-DE-PAULA, 2011), intervenção

fonoaudiológica (PALERMO, 2009) e a facilitação neuromuscular proprioceptiva (SANTOS, 2011),

estão presentes em estudos recentes da doença. Estes, associados ao tratamento medicamentoso,

contribuem para a

melhoria da qualidade de

vida do parkinsoniano de

forma significativa, o que

justifica a atenção de

estudos e pesquisas

voltados a ele. Os

objetivos das pesquisas

em relação as terapias

dos artigos citados estão

no quadro abaixo:

A qualidade de

vida (QV) dos pacientes

pode ser influenciada de

forma positiva pela

fisioterapia aquática (FA).

Segundo Silva et al

(2013), a FA é um recurso

fisioterapêutico que utiliza

os efeitos físicos,

fisiológicos e cinesiológicos advindos da imersão do corpo em piscina aquecida como recurso para

ajudar na reabilitação ou prevenção de alterações funcionais. Seus estudos comprovaram que a FA

proporcionou uma melhora na qualidade de vida dos pacientes com doença de Parkinson.

Ainda de acordo com o autor anterior, a fisioterapia compõe um importante recurso

porque promove exercícios que conservam a atividade muscular e poupam a mobilidade,

minimizando e diferindo o desenvolvimento dos sintomas sendo seu foco a melhora do equilíbrio,

da instabilidade postural e do e redução do risco de queda. Já a ação terapêutica da imersão em

meio hídrico ocasiona aumento do metabolismo e diminuição da tensão muscular, proporcionando

um ambiente aconchegante, agradável e relaxante. A terapia da água aquecida aumenta os níveis

de dopamina no sistema nervoso central, que se mantêm por algumas horas após a imersão.

Rodrigues-de-Paula et al (2011) em estudo avaliativo sobre o efeito dos exercícios em

parkinsonianos concluíram que estes melhoraram o desempenho funcional e capacidade física,

além de contribuírem nas medidas de desempenho funcional de parkinsonianos: ganhos na

velocidade da marcha, no nível de atividade, na velocidade para subir e descer escadas e nos

sintomas clínicos expostos por tais sujeitos. Os dorsoflexores bilaterais foram o único grupo

muscular a exibir maior torque após a intervenção e os principais rendimentos notados foram nos

domínios de reação emocional, interação social e habilidade física: acréscimo dos níveis de energia,

aumento dechances de socialização e transformações nas alterações emocionais comuns em

indivíduos com DP. O tratamento tem como vantagem a fácil aplicação do programa de exercícios,

além da combinação de técnicas simples e não requerimento de equipamentos caros e complexos,

sendo facilmente implantado como abordagem terapêutica em clínicas, consultórios ou até em

domicílios. O uso de programas específicos de atividade física como estratégia de reabilitação de

QUADRO 1- Objetivos apresentados nos artigos sobre intervenções terapêuticas em conjunto com medicamentos que auxiliam na manutenção da qualidade de vida de portadores.

Autores Objetivos Rodrigues-de-Paula, et al (2011)

Mensurar os efeitos de um programa de exercícios aeróbios sobre a capacidade física dos pacientes com DP.

Santos, et al (2012) Explorar os efeitos da Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva em indivíduos com Parkinson.

Silva, et al (2013) Avaliar os efeitos da fisioterapia aquática na manutenção da qualidade de vida dos portadores do mal de Parkinson.

Palermo et al, (2009) Descrever o perfil clínico de 32 pacientes entre 2007 e 2008. Expor técnicas fonoaudiológicas aos profissionais da área para que possam atuar contra a doença.

Silberman, et al (2013)

Avaliar o número de mortes em uma amostra de parkinsonianos com e sem depressão.

Fonte: ABREU, ROCHA, MACHADO (2015).

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indivíduos com DP é justificado pela melhora da capacidade física, da mobilidade e o aumento da

socialização entre estes (RODRIGUES-DE-PAULA, 2011).

Outro tipo de terapêutica é o tratamento fonoaudiológico, que se define pela utilização de

exercícios de base com etapas de terapia indireta, manobras facilitadoras e técnicas posturaisem

função das alterações da comunicação oral e deglutição dos pacientes, a fim melhorar os aspectos

da mobilidade, possibilitar a articulação de sons, das palavras, coordenar as estruturas da fala,

aumentar e controlar a capacidade respiratória. Para isso, modifica a postura das estruturas

fonoarticulatórias e no momento

da avaliação fonoaudiológica é

sempre instruído ao paciente,

assim como aos familiaresa

manobra da retirada do

engasgo(Palermo et al, 2009).

Ainda segundo o autor

anterior este tratamento

fonoaudilógico apresenta

melhoria na qualidade de vida dos

doentes, contribuindo para a

manutenção das funções

assistidas em longo prazo. A

maior alíquota de alteração foi em

eficiência glótica e a menor na

hipercontração das pregas

vocais. As alterações

fonoaudiológicas relacionadas à

voz surgiram em praticamente

todos os pacientes com DP.

De acordo com Santos

et al (2012), a Facilitação

Neuromuscular Proprioceptiva

(FNP) foi escolhida como um

método alternativo de terapia porque propicia mecanismos que auxiliam na melhora da função

motora, além de abordar ao mesmo tempo diferentes aspectos que em outras terapias são utilizadas

de forma separadas. A FNP ajuda na manutenção das atividades diárias dos portadores através de

treinamentos de mobilidade, portanto essa terapia serve como base para a construção de

intervenções apropriadas para os pacientes. Os resultados da pesquisa foram animadores, pois

houve um relevante avanço nos movimentos e diminuição da dor.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho objetivou demonstrar medicamentos para a doença de Parkinson

aliados à métodos alternativos. Foi constatado que as intervenções terapêuticas foram eficientes

para a melhoria de alguns sintomas que os parkinsonianos apresentam. A Doença de Parkinson é

crônica e incurável, sendo necessária a manutenção da qualidade de vida dos portadores, os quais

sofrem com a progressão das características patológicas.

Todos os tratamentos alternativos expostos pelos artigos citados anteriormente

mostraram um relevante avanço na melhoria das manifestações clínicas. A fisioterapia aquática

proporcionou, assim como os exercícios aeróbios, a recuperação de parte do desenvolvimento

funcional muscular; a facilitação neuromuscular proprioceptiva teve um avanço significativo na

redução da dor. Destaca-se que exercícios aeróbios obtiveram maior sucesso dentre essas

terapias, pois teve maior número de benefícios para os parkinsonianos, como: contribuição na

capacidade física, no nível de atividade, na velocidade da marcha e interação social. O recurso

FIGURA 2 - Modelo esquemático das terapias alternativas aplicadas sobre os parkinsonianos.

Fonte: ABREU, ROCHA, MACHADO (2015).

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terapêutico fonoaudiológico ajudou na alteração da eficiência glótica com longos prazos de

tratamento.

O medicamento mais sugerido para o Parkinson é a Levedopa, por controlar os sintomas

da mesma. Entretanto, deve ser associada a outros fármacos para combater os efeitos colaterais.

Conclui-se que houve uma concordância entre os artigos citados sobre as intervenções

terapêuticas aliadas com medicamentos visando o bem-estar e manutenção da qualidade de vida

das comunidades parkinsonianas.

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PRINCIPAIS MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO HUMANA UTILIZADOS NA PERÍCIA ODONTOLÓGICA

MAIN METHODS OF IDENTIFICATION HUMAN EXPERTISE USED IN DENTAL

Clara Cíntia Marinho Pires¹; Ana Paula Pedroso Brito²; Cristiano da Silva Granadier²; Danilo Felix Daud²;

Joelcy Pereira Tavares²; Jonas Eraldo de Lima Júnior².

_________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO - A Odontologia legal adquire um papel relevante no processo de identificação, fornecendo esclarecimentos à justiça de maneira eficaz para uma identificação positiva. Nos dias de hoje, ela é imprescindível para resolver grande número de casos em que a identificação da vítima por outros métodos se torna moroso. Nos casos de identificação, a principal vantagem da evidência dentária é que, como qualquer outro tecido duro, geralmente é preservado indefinidamente após a morte. Apesar das características dos dentes de uma pessoa mudar, por causa dos tratamentos realizados ao longo da vida, a combinação dos dentes hígidos, cariados, ausentes e restaurados é reproduzível e pode ser comparada em qualquer tempo. O cirurgião-dentista possui papel ativo frente à nova realidade e deve participar de equipes laboratoriais que tenham como objetivo a busca de opções técnicas para a realização de exames de confiabilidade incontestável. Neste trabalho foi feito uma revisão de literatura, onde será abordado principais métodos de identificação humana na perícia odontológica: identificação humana, identificação pelas arcadas dentárias, identificação por fotografias de sorriso e finalizando com a identificação pela técnica de DNA.

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Palavras–chave: Odontologia Legal. Identificação. Arcada Dentária. ABSTRACT - Legal Dentistry acquires a relevant role in the identification process, providing clarification to justice effectively for positive identification. These days, it is essential to resolve large number of cases where the identification of the victim by other methods becomes cumbersome. In the case of identification, the main advantage of dental evidence is that, like any other hard tissue, is usually preserved indefinitely after death. Although the characteristics of the teeth of a person to change, because the treatments performed during the life of the combination healthy, decayed, missing, and filled teeth is reproducible and can be compared at any time. The dentist has active role with the new reality and must participate in laboratory teams that aim the search of technical options for conducting unquestionable reliability tests. This work will be done a literature review, which will address main methods of human identification in dental expertise: human identification, identification by dental arches, identification Smile photos and ending with the identification by DNA technique. Keywords: Forensic Dentistry. Identification. Dental Arch.

1 INTRODUÇÃO

A Odontologia Legal é a especialidade que tem como objetivo a pesquisa de fenômenos

psíquicos, físicos, químicos e biológicos que podem atingir ou ter atingido o ser humano vivo, morto

ou ossada, e mesmo fragmentos, que resulta em lesões parciais ou totais, reversíveis ou

irreversíveis1. Pode ser interpretada, de modo geral, como uma disciplina que visa fornecer

esclarecimentos técnicos à Justiça, referentes aos conhecimentos da Odontologia e de suas

diversas especialidades2.

A Odontologia Legal emergiu da casualidade e tornou-se evidente após alguns acidentes,

que apontaram para a necessidade de técnicas de identificação das vítimas e uma das

alternativas utilizadas foi o reconhecimento dos corpos através dos dentes3. Está sendo um

papel importante no dia-a-dia da população, principalmente através de perícias civis e criminais,

contribuindo para aplicação da lei sem riscos de cometer injustiças, por desconhecer dos

magistrados sobre a ciência odontológica4.

A identificação pela arcada dentária são características dentais únicas para cada indivíduo

e os dentes mostram um grande número de detalhes individuais, além da resistência 5. A

identificação por fotografias do sorriso apresenta imagens que mostram características dentais

específicas do individuo, por meio da análise comparative 6. E as técnicas de exame de DNA que

são amostras de referência direta ou familiar, possui características únicas que não se alteram ao

longo do tempo. Tem alto custo e necessita de maior tempo para obtenção dos resultados 5

O Odontolegista no Instituto Médico Legal compreende perícia no vivo (lesões corporais e

determinações de idade), perícias no morto (necroscopia e identificações), perícias em objetos

(próteses e instrumentos) 7.

O cirurgião-dentista possui papel ativo frente à nova realidade e deve

participar de equipes laboratoriais que tenham como objetivo a busca de opções técnicas para a

realização de exames de confiabilidade incontestável 8.

Nesse trabalho será feito uma revisão de literatura, onde será abordado principais métodos

de identificação humana que se justifica pelo fato que os remanescentes ósseos e estruturas

dentais compreendidas no aparelho estomatognático que contribuem para o sucesso dessa

identificação e apresenta fundamentos valiosos para as técnicas utilizadas na perícia odontológica.

2 OBJETIVOS

O objetivo desse trabalho é descrever, através de uma revisão de literatura,

métodos de identificação humana utilizados na perícia odontológica; Demonstrar a identificação

pelas arcadas dentárias; Destacar a identificação por fotografias de sorriso; Definir a identificação

pela técnica de DNA.

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3 REULTADO DE DISCUSSÃO

A identificação humana é, sem dúvida, a mais conhecida aplicação da Odontologia no

campo forense 10. O perito cirurgião-dentista é um auxiliar da justiça e trata de problemas diversos

de ordem judicial. Em geral de ordem penal e civil. No campo do direito penal que se tem com

maior freqüência, pretende resolver dois grupos de problemas: identificação de pessoas e

reconstrução dos fatos. Algumas das aplicações práticas e de maior interesse estão na identificação

de pessoas 9.

O mais importante para obter a identificação de um indivíduo através da odontologia

forense, é poder fazer um estudo minucioso da dentadura questionada de modo a poder captar o

maior número possível de informações que permitam a sua caracterização 11.

Alguns conceitos são importantes para que se possa entender melhor sobre o método de

identificação humana, como a perícia que é um procedimento especial de constatação, prova ou

demonstração científica ou técnica que se relaciona com a veracidade de uma situação ou análise.

Identidade, conjunto de caracteres que permitem distinguir uma pessoa das demais,

individualizando-a física e juridicamente, e por fim a identificação que é um processo técnico

científico pelo qual se determina a identidade de uma pessoa ou de um objeto 12.

Em 1897 o doutor Oscar Amoedo Valdés, desenvolveu o primeiro tratado sobre

identificação usando a arcada dentária. O estudo dos dentes é de fundamental importância para a

determinação da identidade, especialmente em cadáveres carbonizados13.

Não houve, não há e nunca haverá duas pessoas com as arcadas dentárias iguais, pois

suas características são absolutamente singulars 14. Diversas características particulares podem

estar presentes na arcada dentária, incluindo as anomalias e alterações dentárias 15.

A identificação pela arcada dentária exige duas ocasiões especiais: a ante-mortem que

diz respeito às informações antes da morte, quanto mais precisas, melhores serão. A segunda

ocasião é a post-mortem, que coletará dados do cadáver e através dela se fará a comparação

com as informações ante-mortem 16.

Informações como posição e características dos dentes, ausência de um ou vários

dentes, cáries, e muito mais contribuirá para a identificação. Após a comparação dos dois

registros, se afirmará ou negará que o material estudado é da pessoa procurada 16.

A comparação é feita com os raios-X feitos pelo dentista do suposto falecido e

raios-X do cadáver, tiradas exatamente do mesmo ângulo. As imagens são sobrepostas no

computador para aferir semelhanças. Sua importância neste sentido talvez seja decorrente da

extraordinária resistência das peças dentárias às situações que, via de regra, produzem a

destruição das partes moles, como a putrefação e as energias lesivas como, por exemplo,

agentes traumáticos, energias físicas, energias químicas 17.

As radiografias intraorais comuns podem fornecer evidências importantes quando

empregadas em Odontologia Legal devido à grande quantidade de informações registradas no

filme. Características anatômicas, como tamanho e forma das coroas, anatomia pulpar, posição

e forma da crista do osso alveolar, podem ser muito úteis. O tratamento dentário resulta em

características únicas e individuais que, na maioria das vezes, são bem visíveis nas radiografias

comuns 17.

Os arcos dentários, por serem de difícil destruição permitem uma identificação bastante

precisa do indivíduo. Mesmo que o cadáver nunca tenha freqüentado um consultório odontológico 18.

Espécie - Diferenciação entre humanos e animais. Os dentes humanos possuem coroa

e raiz que se encontra em um mesmo plano, enquanto que nos outros animais, a raiz descreve

curvas. Além da presença de prismas de esmalte que são ondulados e tem 2 mm de comprimento

nos dentes humanos 18.

Grupo Racial - Os molares são os principais dentes para identificação racial. Pessoas

brancas possuem os molares superiores com cúspides disto palatinas pequenas quando

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comparadas com as mesio palatinas. Já, indivíduos negros possuem as cúspides disto palatinas

dos molares superiores com mesmo tamanho das mesio palatinas, e as cúspides dos

molares inferiores bem demarcadas 18.

Gênero - Os incisivos superiores exibem o maior dimorfismo sexual; os incisivos centrais

superiores são mais volumosos no gênero masculino;

Idade - Se relaciona ao fato de que a erupção definitiva é mais precoce na mulher;

Altura - Existe proporcionalidade entre os diâmetros dos dentes e a altura do indivíduo;

Dados Particulares - Comparação com fichas odontológicas existentes (restaurações,

perdas dentárias, implantes); elementos congênitos (supranumerários, micro e macrodontia,

rotações, diastemas); formas dos arcos dentários(elipse, trapezoidal triangular, redonda,

assimétrica);

Estigmas resultantes das profissões - Certas profissões podem produzir marcas

permanentes nos dentes por razões mecânicas ou químicas; como por exemplo, nos sapateiros,

costureiras devido a ação mecânica, nos operários graças a ação química de determinadas

substâncias como chumbo, ferro e cobre 16.

Um fato que chama atenção que ocorreu em 1912, no qual o transatlântico Titanic

naufragou após chocar-se contra um iceberg. Dos 2.220 passageiros, 1.513 foram a óbito. Muitos

desses corpos foram reconhecidos pelo exame da arcada dentária 18.

Amoedo realizou a primeira identificação odontológica em um desastre ocorrido em

Paris em 04 de maio de 1897, onde morreram 126 pessoas 13.

Uma técnica que tem encontrado grande aceitação em todo mundo é a aplicação de

fotografias do sorriso para a identificação humana de desconhecido apresentam imagens que

mostram características dentais específicas, por meio da análise comparative 5.

A avaliação odontológica para identificação humana em sua maioria é constituída de

metodologias classificadas como comparativas, pois confrontam informações obtidas de

documentação ante-mortem com dados coletados post- mortem. O sucesso dessa técnica

depende, primordialmente, das informações ante- mortem fornecidas e de registros post-mortem

adequados, sendo o processo de identificação dificultado na ausência de registros das condições

de saúde bucal 20.

Quando se trata de uma ossada, é muito mais simples, porquanto podem se estudar

ambos os arcos, superior e inferior, separadamente. Já, quando se trata de cadáver fresco,

completo ou de cabeça decepada quando o homicida pretende que não se identifique o cadáver,

deverá proceder-se a retirada do arco maxilar e do mandibular, para facilitar o manuseio, obtendo

toda a informação dental, inclusive permitir a tomada de radiografias 17.

O exame do cadáver inicia-se, geralmente, analisando as características extraorais.

Em seguida, possíveis detritos encontrados na cavidade oral devem ser eliminados. O exame intra-

oral é, então, realizado, observando-se as condições anatômicas e fisiológicas. Para realizar exame

intra-oral, o profissional deve utilizar roupas protetoras, instrumentos dentários, material de

impressão, material para registro dos dados e uma máquina fotográfica, de forma a recolher

toda a informação necessária 21.

Muitas vezes, porém, o acesso adequado à cavidade oral torna-se difícil e comprometido.

Por isso, em alguns casos, recomenda-se a remoção dos maxilares para a realização da autópsia

oral, possibilitando, assim, a preservação dos dentes, melhorando a visualização da cavidade

oral e facilitando a realização de radiografias. Todas as informações obtidas no exame

dentário devem ser registradas em odontograma próprio para cada individuo 21.

Para que se proceda à identificação odontológica, é necessário que o cirurgião-dentista

responsável pelo atendimento daquele indivíduo tenha confeccionado e armazenado corretamente

o prontuário odontológico, de modo que as informações contidas possam ser utilizadas pelo perito,

que buscará pontos de semelhança entre a documentação fornecida e os dados levantados no

cadaver 22.

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Importa enfatizar que os dentes ocupam uma posição anatômica privilegiada,

pois estão protegidos pelos lábios, língua e bochechas, e são constituídos pelos tecidos mais

resistentes do corpo, sendo um dos últimos a sofrer danos frente a uma agressão externa, como

a que ocorre em casos de carbonizações 7.

A identificação positiva envolve a comparação das características físicas do morto

(avaliação post-mortem) com registros daquelas características feitos antes da morte (avaliação

ante-mortem). O dentista forense obtém informações odontológicas post-mortem, incluindo

exame das estruturas bucais (como: tratamento endodôntico, implantes dentais, características

anatômicas não usuais e registro completo das restaurações existentes) e radiográfico (de boca

toda, interproximais e panorâmicas). Fotografias do rosto e intraorais também são úteis. Modelos

da dentição do morto fornecem uma vista tridimensional que não pode ser observada em

radiografias bidimensionais, e esses modelos podem ser particularmente úteis se evidencias ante-

mortem documentarem o uso de aparelhos protéticos restauradores e aparelhos de tratamento 17.

Apenas se tem uma identificação positiva caso haja uma base de dados para comparar.

Sem o registro primário, não haverá confirmação 16. Quando a identificação não acontece com

sucesso, o Instituto Médico Legal não pode fornecer o atestado de óbito, impossibilitando a

devolução do cadáver aos familiares e deixando-o como desconhecido 23.

Relato de caso pericial verificou, por análise antropológica, que a idade era de

aproximadamente, 19 a 28 anos, sexo masculino, estatura entre 1,67m a 1,76m e ancestralidade

provavelmente caucasiana. Foram solicitados aos familiars toda e qualquer documentação

relevante (fotografias, fichas médicas e odontológicas, radiografias, etc). Porém, a família não

possuía históricos médicos e odontológicos, sendo entregue uma fotografia onde se destaca o

sorriso do suspeito. Na análise do registro fotográfico entregue, observou-se que o canino superior

esquerdo se encontrava vestibularizado em relação aos outros elementos dentais superiores. Os

dados da fotografia foram comparados aos arcos dentais do crânio da ossada encontrada e

assim, confirmada a identidade do cadaver 6.

A identificação utilizando-se essa técnica não deve ser encarada como modo simplista;

visto que a técnica, assim como outras, apresenta suas limitações, pois as fotografias apresentam

diferenças de posicionamento. Vale ainda ressaltar que a fotografia utilizada deve ser recente 6.

No Brasil, a maior parte dos exames de DNA é realizada para atender a demanda da

justiça civil, na investigação de paternidade, a qual é feita por diversos laboratórios, públicos e

privados. Os exames de DNA realizados para fins criminais, por outro lado, é realizada nos

laboratórios das instituições de perícia oficial dos estados e da União, na qual engloba uma maior

variedade de aplicações como violência sexual, partenidade criminal, identificação de cadáver e

amostras de local de crime 24.

Na Odontologia Legal, as técnicas de DNA abriram uma grande perspectiva

para o dentista, porque até mesmo naqueles casos onde o vestígio humano é íntimo, ele tende ser

sempre ou quase sempre os dentes, pois eles são as peças mais resistentes do corpo humano. O

dentista é constantemente chamado, porque têm a possibilidade de executar a identificação por

meio dos exames de DNA das peças mais resistentes do organismo, os dentes 25.

As chegadas do exame de DNA na investigação em Odontologia Legal vêm por esses

casos realmente históricos e em milhares de outros eventos (guerras, acidentes aéreos, incêndios,

assassinatos acompanhados pela imprensa) que “análises odontológicas foram um determinante

seguro na procura por identificação de restos humanos específicos nos últimos séculos” 25.

Com os avanços da biologia molecular, a técnica de DNA em amostras forenses tem sido

crescentemente utilizada nos processos de identificação humana, e a Odontologia Legal vem a

participar cada vez mais desses processos, tendo em vista que os dentes (principalmente a

polpa dentária) são importantes fontes de DNA 15.

A polpa dental é um dos poucos materiais orgânicos disponíveis para a técnica de DNA,

pelo fato de o esmalte dentário ser a substância mais dura do corpo humano, não é surpresa que

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os dentes e estruturas dentais freqüentemente resistem a eventos post-mortem que provocam

a destruição de outros tecidos 26.

O exame de DNA é classificado como um recurso confiável que por depender do grau de

degradação do corpo, pode ainda ser recolhido e comparado. Quando as impressões digitais,

exames de arcos dentários e exames antropométricos são inviáveis de serem realizados, utiliza-se

a tipagem de DNA 3.

Os métodos de análise de DNA vêm sendo utilizados mundialmente para solucionar

identidades em crimes violentos, atentados terroristas, desastres em massa e para encontrar

pessoas desaparecidas. A análise do DNA é feita a partir do perfil genético, que é obtido por meio

da decodificação do exame de DNA nuclear ou mitocondrial. Os gêmeos monozigóticos são os

únicos que possuem perfis genéticos iguais, portanto, quando estes são suspeitos de um crime, a

análise do DNA não pode ser utilizada no esclarecimento dos fatos 21.

A análise genética pode, ainda, ser feita por meio da saliva humana, pois o DNA salivar

mantém-se estável e pode ser recuperado sobre a vítima viva ou no cadáver, dependendo do

tempo em que ocorreu a lesão. A análise da saliva pode ser feita, por exemplo, em casos de

violência em que restaram na vítima marcas de mordida. Nessas circunstâncias, o DNA salivar

encontrado na marca de mordida pode ser fundamental para a descoberta do agressor. As

investigações criminais podem contar, também, com a análise de DNA salivar encontrado em

objetos e restos de alimentos na cena do crime, o que pode levar à identificação do

criminoso 27.

No passado, confiamos em impressões digitais, métodos odontológicos, radiológicos e

patológicos para identificação, agora, em adição a esses métodos, as ferramentas da biologia

molecular estão sendo usados com uma freqüência cada vez maior, e a identificação vem sendo

baseada em tipificação de DNA, uma nova abordagem para a busca da identidade 25.

Dentro das metodologias de identificação pôde-se verificar que a identificação através do

exame de DNA, é sem dúvida alguma, o método de maior confiabilidade para a identificação,

entretanto possui limitações como o alto custo e a dificuldade de localizar parentes próximos da

vítima que possam ser utilizados para estabelecer o vínculo genético com a vítima, para que a

mesma possa ser positivamente identificada 28.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os métodos de identificação humana são de extrema importância para a sociedade e

buscam fornecer os elementos necessários ao estudo minucioso para a identificação de ossadas,

fragmentos de ossos ou outros elementos que possam apresentar o maior número de

informações, que venham possibilitar a caracterização. Como atividade pericial a identificação

humana que pode ser realizada através de diferentes técnicas. Os métodos odontológicos de

identificação humana possuem características fundamentais que são vistos como vantajosos, por

serem feitos de forma comparativa através de dados obtidos da vítima ainda em vida. As

técnicas de identificação utilizadas em Odontologia Forense, área que vem se aprimorando, a cada

dia, na busca de tecnologias que permitam resultados mais sensíveis, específicos e, a cada vez,

mais rápidos. Conclui-se que o método de identificação pelas arcadas dentárias, permanece como

a mais utilizada no campo forense, só que, o método de identificação por fotografia de sorriso está

sendo muito eficiente e por fim o método de identificação pela técnica de DNA que é um método

de alta confiabilidade utilizado quando nenhum desses métodos anteriores são eficazes, possui

alto custo e necessita de maior tempo para obtenção dos resultados.

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Educação - segunda- feira, 14 de maio de 2012. Disponível em: http://www.portaleducacao.com.br/ odontologia /artigos/12342/identificacao-humana-pelos-dentes>acessado em: 15 de maio de 2015.

Oficiais do Serviço de Saúde) Programa de Pós-Graduação em Aplicações Complementares às Ciências Militares, Escola de Saúde do Exército, Rio de Janeiro 17. Vanrell J. e Borborema M. Vademecum de Medicina Legal e Odontologia Legal. 2. ed., São Paulo: J.H. Mizuno; 2007, 67-91. 18. Kallyne K.F.A.F., Odontologia Legal: Os arcos dentários na identificação humana. 3 de maio 2014.

Mostrando também o artigo 342 do Código Penal Brasileiro. Disponível em: <HTTP://www.portaleeducação.com.br/odontologia/ artigos/56722/odontologia-legal-os- arcosdentáriosnaidentificaçãohumana.Acessado em 28 de maio de 2015. 19. Vanrell J.P. Odontologia Legal e antropologia forense. 2.ed. Rio de

Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. 20. Silva RF, Pereira SDR, Mendes SDSC, Marinho DEA, Daruge E Jr. Radiografias odontológicas: fonte de informação

para a identificação humana. Odontologia Clín-Científ. 2006; 5: 239-42 21. Carine G. V. C. O papel do odontolegista nas perícias criminais. RFO, Passo Fundo, maio/ago.

2013; 18 (2); 217-223. 22. Raquel A. S. Identificação humana por meio de estudo de imagens radiográficas odontológicas: relato de caso. Ver. Odontol. UNESP.

42(1): 67-71. São Paulo; 2013 jan-Feb 23. Paranhos L.R; Caldas, J.C.F; Iwashita, A.L; Scanavini, M.A; Paschini, R.C. A importância do prontuário odontológico nas perícias de identificação humana. RFO, janeiro-abril 2009. 14(1),

14-17. Citada também Código de Ética Odontológica 24. Jesus A V, Gustavo C G, A E, Carlos E P M, Marta R P F, Pablo L, R H A S. Casuística dos exames de DNA no Brasil - Ciências Forenses. [S.d] [S.a.

25. Odontologia Legal. Disponível em: <http://odontologika.uol.com.br/odontolegal.htm> acessado em: 05 de maio de 2015. 26. Willems apud Negreiros, E.F.F. A importância da odontologia legal na identificação em desastres em massa. João Pessoa: UFPB, 2010.

Tese (Graduação em Odontologia). Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Paraíba-PB, João Pessoa. 27. Silveira E.M.S.Z.S.F. Odontologia legal: a importância do DNA para as perícias e peritos.

Saúde, Ética & Justiça 2006; 11 (1/2): 12-8. 28. Frari F, Iwashita P, A. R, F.G. C, J. C, Scanavin, M. A, Daruge J, E. A importância do odontolegista no processo de identificação humana de vítima de desastre em massa. Sugestão de protocolo de exame

técnico- pericial. Revista Odonto. 16 (31) jan-jun (2008)

São Bernardo do Campo, SP, Metodista

RECIDIVAS EM CASOS DE HANSENÍASE: REVISÃO DE LITERATURA

RELAPSES IN LEPROSY CASES: LITERATURE REVIEW

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Ana Paula Rodrigues Parenteiii, Kleverson Wessel Oliveira²; Fernanda Silva Magalhaes²; Flavio Dias Silva²; Tania Maria Aires Gomes Rocha²; Mribel Fernàndez Fernàndez².

_________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional RESUMO: Introdução - A hanseníase é uma doença que possui relatos em documentos históricos bíblicos, caracterizando-se por ser contagiosa, mutilante e incurável, provocando uma atitude de rejeição, discriminação e exclusão da sociedade. É causada por um bacilo intracelular, Mycobacterium leprae, que foi identificado no século XIX, pelo médico norueguês Gerhard Hansen. É uma doença infectocontagiosa, de evolução lenta, que se manifesta, principalmente, através sintomas dermatológicos e neurológicos. O comprometimento nervoso é característica marcante da doença e confere potencial para provocar incapacidades físicas e deformidades, sendo definida pelo Ministério da Saúde como doença de notificação e investigação compulsória. Um importante fator na avaliação epidemiológica da doença é a ocorrência de recidiva. A recidiva da Hanseníase é definida como ocorrência de sinais de atividade clínica da doença, após a alta por cura e afastando-se a possibilidade de estados reacionais. Objetivo - Realizar um levantamento de artigos científicos sobre a epidemiologia da recidiva, fatores associados e medidas a serem aplicadas em sua temática. Materiais e Métodos - Estudo retrospectivo e descritivo bibliográfico concebido pela análise de literatura: revisão bibliográfica. Os estudos selecionados encontram-se distribuídos entre os anos de 2005 a 2014. Os principais bancos de dados utilizados para a coleta dos artigos foram BIREME, SciELO e BDENF. Resultados - Evidenciou-se significância correlata em casos de recidiva por hanseníase em relação à idade (adultos), sexo (masculino), raça (parda ou negra), forma clínica (MB), índice baciloscópico, abandono do tratamento ou tratamento irregular, baixo nível de instrução, tipo de residência e fatores habitacionais. Conclusão - Artigos especializados em hanseníase e fatores associados à suas recidivas apontam estratos sociais que devem ser alvos de ações de educação sanitária e objetos de uma vigilância mais atenta e duradoura. As estratégias em saúde devem observar diversos caminhos no enfrentamento desta ou alterações na epidemiologia da enfermidade. Palavras chaves: Epidemiologia. Hanseníase. Recidivas. ABSTRACT: Introduction - Leprosy is a disease reported on biblical historical documents, characterized by being contagious, muti-latent and incurable, causing an attitude of rejection, discrimination and exclusion. Hansen's disease or leprosy is caused by an intracellular bacillus, Mycobacterium leprae, which was identified in the nineteenth century by the Norwegian physician Gerhard Hansen. It is an infectious contagious disease of slow evolution, manifested mainly through dermatological and neurological symptoms. The nerve damage is the disease hallmark and provides a potential to cause physical disabilities and deformities, being defined by the Brazilian Ministry of Health as a notifiable disease and of mandatory investigation. The occurrence of relapse is an important factor for its epidemiological assessment. The relapse of leprosy is defined as the occurrence of clinical signs on the disease activity, after the patient discharge, and keeping away the possibility of reactive states. Objetive - to conduct a survey of scientific articles about the epidemiology of the relapse associated factors and measures to be applied in its subject. Materials and Methods - a retrospective bibliographic and descriptive study conceived by a literature analysis review. The chosen studies are distributed between the years 2005 to 2014. The main databases used in this research to collect the articles were BIREME, SciELO and BDENF. Results - it became evident a relative significance for leprosy cases due to relapse in terms of age (adults), gender (male), race (black or mixed), clinical form (MB), bacterial index, treatment abandon or irregular treatment, low education level, type of residence and housing factors. Conclusion - Articles specialized in leprosy and factors associated with its relapse point to social strata to be targets for health education actions and aimed for a closer and lasting surveillance. The health strategies must observe many ways in addressing this or changes in the disease epidemiology. Key-words: Epidemiology. Leprosy. Relapses.

1 INTRODUÇÃO

A hanseníase foi identificada no século XIX, pelo médico norueguês Gerhard Henrik Armauer

Hansen e possui a sinonímia: Mal de Hansen ou Doença de Hansen. É uma doença com

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características de infectividade e contágio causada pelo bacilo intracelular obrigatório

Mycobacterium leprae1. A hanseníase possuis relatos em documentos históricos bíblicos,

caracterizando-se por ser contagiosa e mutilante, provocando uma atitude de rejeição,

discriminação e exclusão pela sociedade2. Possui evolução lenta e se apresenta, principalmente,

através de sintomas dermatoneurológicos: lesões na pele e nos nervos periféricos, principalmente

os responsáveis pela inervação ocular e dos membros. O comprometimento nervoso é a

característica marcante da doença e lhe confere potencial para provocar incapacidades físicas e

deformidades, sendo definida pelo Ministério da Saúde (MS) como doença de notificação e

investigação compulsória3.

As vias aéreas superiores são a principal porta de entrada (PE) e via de eliminação (VE) do

bacilo. A pele previamente erodida ou lesionada (solução de continuidade) pode ser considerada

PE da infecção. As secreções orgânicas como leite, esperma, suor, e secreção vaginal funcionam

com VE, embora não possuam relevância na disseminação da enfermidade4.

Ridley e Jopling desenvolveram um sistema de classificação mundial para os pacientes de

hanseníase, agrupando-os em: virchowiano (VV), dimorfo-virchowiano (DV), dimorfo-dimorfo (DD),

dimorfo-tuberculóide (DT), tuberculóide (TT) ou indeterminadas (I)5. O Ministério da Saúde do Brasil

adotou a classificação de Madrid (1953) para o diagnóstico clínico dos casos, que considera os

aspectos morfológicos das lesões cutâneas em quatro formas clínicas: indeterminada, tuberculóide,

dimorfa e virchowiana. Entretanto, para fins de tratamento e ampliação da cobertura de diagnóstico,

o Brasil segue as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) que utiliza a

classificação operacional, baseada no número de lesões. Pacientes com até 5 lesões de pele, são

classificados como paucibacilares (PB), enquanto os pacientes com mais de 5 lesões são

classificados como multibacilares (MB)4.

O diagnóstico de hanseníase baseia-se em anamnese, diganóstico clínico, avaliação

dermatológica, avaliação neurológica e diagnóstico laboratorial. Estes são basilares na abordagem

do paciente, devendo-se atentar para possíveis diagnósticos diferenciais e para o estado reacional

(principalmente em pacientes já em alta)6. O diagnóstico da hanseníase é clínico-laboratorial e é

feito para ter um ou mais dos sinais cardinais: máculas hipopigmentadas ou eritematosas (com

edema ou não) com diminuição da sensibilidade, espessamento dos nervos periféricos e

demonstração de Bacilos Álcool-Ácido Resistentes (BAAR)1.

Alguns testes laboratoriais como a baciloscopia e exame histopatológico de biópsia de lesão

de pele podem auxiliar no diagnóstico de hanseníase. A biópsia de lesão de pele pode auxiliar e

baseia-se na análise microscópica de cortes de tecidos corados por hematoxilina-eosina visando

identificar presença de granulomas de células epitelióides, agressão neural, vasculite na derme e/ou

hipoderme, paniculite, infiltrado celular e espessamento de tecidos4. A baciloscopia é um exame

microscópico que permite identificar a presença de bacilos nos esfregaços de raspados

intradérmicos, corados pela técnica de Ziehl-Neelsen, coletados de lesões, lóbulos auriculares,

cotovelos e/ou joelhos ou material de biópsia. A carga bacilar é expressa como um índice

baciloscópico (IB) que reflete o número de bacilos por campo microscópico em escala logarítmica7.

Em pacientes tuberculóides a baciloscopia é geralmente negativa, enquanto em virchowianos é

positiva. Entretanto, um resultado negativo não afasta o diagnóstico da hanseníase, pois o exame

é de baixa sensibilidade para pacientes PB1.

O tempo médio de incubação da doença é de 5 anos e para aparecerem os primeiros

sintomas pode demorar até 20 anos, fato que atrapalha na redução dos casos da doença e prejudica

sua irradicação no mundo8. A evolução em pesquisas clínicas e terapêuticas tem ajudado no

processo de cura e afastamento da exclusão social como forma única de impedir a cadeia

epidemiológica da doença. Por volta de 1940 o medicamento diaminodifenilsulfona e seus derivados

(fórmula química: C12H12N2O2S - Dapsona®) passam a ser utilizados no tratamento das pessoas

com hanseníase, em regime ambulatorial, afastando o isolamento em leprosários como medida

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salutar4. Entre as estratégias para controle de endemia da hanseníase destaca-se o tratamento

adequado dos pacientes com o regime de poliquimioterapia (PQT) recomendado pela OMS7.

Os esquemas de tratamento são esquema paucibacilar (PQT/PB): dose mensal

supervisionada de rifampicina (600mg) e dapsona (100 mg), e uso diário de dapsona (100mg) com

duração de seis doses mensais, as quais devem ser feitas em até nove meses; esquema

multibacilar (PQT/MB): dose mensal supervisionada de rifampicina (600mg) e dapsona (100 mg) e

clofazimina (300mg), e uso diário de dapsona (100mg) e clofazimina (50mg) com duração de doze

doses mensais, que devem ser utilizadas em até dezoito meses. Os pacientes que não

apresentarem melhora clínica, cujas lesões estejam ativas ao final do tratamento, podem ser

avaliados em unidades de referência para possível utilização de 12 doses adicionais de PQT/MB8.

O controle da hanseníase tem melhorado em virtude de campanhas na maioria dos países

endêmicos, integração de serviços primários com colaborações e parcerias eficazes que levaram a

uma redução considerável nos casos. As atividades focalizadas na intensificação do tratamento

com múltiplas drogas foi um dos responsáveis pela redução dos casos9. A cura em hanseníase é

definida pelo MS com base na regularidade e efetividade do tratamento. O paciente curado é aquele

que conclui o tratamento nos prazos estabelecidos em protocolos, conforme esquemas terapêuticos

modulados pela OMS e adotados pelo MS10.

Apesar dos avanços no entendimento da doença, a mesma continua sendo um problema de

saúde pública mundial7. A recidiva da hanseníase é caracterizada pela ocorrência de sinais de

atividade clínica da doença após a alta por cura, afastada a possibilidade de surtos reacionais

(surtos imunológicos causados por reação hansênica)11. De acordo com boletins epidemiológicos

compilados pela OMS: o Brasil é o país com maior número de recidivas (relapses). Em 2012, o país

foi responsável por 1.709 (49,8%) do total de 3.427 casos de recidiva registrados no mundo,

superando o número de casos de recidivas na Índia – 697 casos7.

A constante avaliação das taxas de recidiva é considerada por alguns pesquisadores como

método singular para medir a eficácia do tratamento12. O estudo sistemático e o enfrentamento em

casos de recidiva de hanseníase devem ser tratados como prioritários13. E tomando por base esse

importante fato supracitado – a relevância da ocorrência de recidivas de hanseníase no Brasil – que

se elabora este documento a fim de se realizar um levantamento de artigos científicos sobre a

epidemiologia da recidiva, fatores associados e medidas assertivas, aumentando e disponibilizando,

assim, mais informações sobre este assunto.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

O presente material baseia-se em um estudo retrospectivo (análise de acervo previamente

escrito à redação do trabalho em questão) e descritivo (observação e análise descritiva do material

estudado) bibliográfico concebido pela análise de literatura: revisão bibliográfica.

A busca pelos materiais visava levantar artigos científicos sobre a epidemiologia da recidiva,

fatores associados e medidas a serem aplicadas em sua temática. Em vista da preponderância de

casos de recidiva no Brasil (conforme dados da OMS) esta busca se deu por critérios qualitativos

que prezaram pela relevância e tecnificação dos artigos.

Os estudos selecionados para o desenvolvimento deste trabalhado encontram-se distribuídos

entre os anos de 2009 a 2015 (conforme Tabela 01) e foram coletados e acessados em bancos de

dados livres por meio da Internet. Compoem-se de artigos de pesquisa originais, guias de vigilância

e epidemiologia emitidos por órgãos ou instituições oficiais de saúde – MS e OMS - específicos

sobre a hanseníase e interface com as recidivas.

A seleção e análise constitutiva dos materiais se deu entre os meses de setembro e outubro

de 2015, onde foram analisadas a semântica e a pertinência dos mesmos quanto à temática que

baseou-se na tríplice: hanseníase, recidiva e análise epidemiológica. Materiais que fugissem à esta

tríplice referência foram descartados ou ainda aqueles que embora primassem pela mesma não

trouxessem significância à sua inclusão no presente trabalho. Buscando refinar a pesquisa e

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restringir os artigos quanto ao tema proposto, foram ainda determinados o seguintes requisito:

artigos originais e manuais técnicos que abordassem a doença levando em consideração o seu

efeito social. Os dados de interesse de cada publicação então foram selecionados e agrupados

tematicamente de modo a melhor contribuir na arquitetura do trabalho.

Os principais bancos de dados utilizados para a coleta dos artigos foram BIREME (Biblioteca

Virtual em Saúde), a SciELO (Scientific Electronic Library Online) e a BDENF (Base de Dados de

Enfermagem).

A pesquisa foi realizada utilizando as seguintes palavras ou expressões-chaves: (1)

hanseníase; (2) recidivas; (3) epidemiologia das recidivas de hanseníase. Os artigos foram

organizados na Tabela 01, apresenta classificando-os por país de origem do pesquisador e data de

publicação, contendo todos os materiais usados na elaboração deste trabalho acadêmico.

3 RESULTADOS

Os resultados gerados pela análise e revisão integrativa de literatura dos trabalhos apontaram

resultados convergentes (em sua maioria) e um dissonante14 quanto à valores ou parâmetros

apontados como preditivos à ocorrência de recidivas em hanseníase.

Ao se abordar a temática hanseníase e sua recidiva são necessárias atentar para indicadores

epidemiológicos específicos, tais como: taxa bruta de recidiva (taxa bruta de recidiva = nº

recidivas/nº total de pacientes que completaram a PQT na época da análise X 100); taxa pessoas-

ano de recidiva (taxa pessoas-ano de recidiva = nº de recidivas X 1000/nº de pessoas-ano do

acompanhamento); risco cumulativo de recidiva (calculado por métodos estatísticos) e a magnitude

de recidiva4.

A revisão de diversos artigos aponta que os melhores indicadores para medir a eficácia do

tratamento são os fatores supracitados1. Todavia, são negligenciados em bioestatística aplicada à

hanseníase e em grande parte das organizações de saúde15.

Não existe padronização para cálculos estatísticos e nem todos estes parâmetros são gerados

pelos Serviços de Saúde, dificultando assim a geração, análise e comparação de diferentes

trabalhos e documentos técnicos. Logo os dados a serem analisados por vezes são esparsos, mas

cabe a citação de dados tabulados pela OMS que registram que o risco cumulativo de recidiva é

baixo para pacientes MB (0.77%) e para pacientes PB (1,07%)16. Outro artigo cita dados

semelhantes, trazendo ainda o fator temporal: risco estimado de recidiva após a implementação da

PQT é de 1,1% para os casos paucibacilares (PB) e de 0,8% para os multibacilares (MB) em nove

anos após tratamento10.

Corroboram aos valores supracitadoss as baixas taxas de recidiva demonstradas por diversos

estudos a excelente resposta ao PQT dose fixa1,4,8,10.

Embora diversos autores relatem a relevância desses parâmetros as taxas de recidiva não

integram os indicadores epidemiológicos para monitoramento e avaliação para a redução da carga

de hanseníase propostos pelo MS17. Após o levantamento bibliográfico constatou-se que estudos

que busquem a associação de hanseníase a características socioeconômicas são raros, embora

dados da OMS (onde se extraem os países com mais casos de hanseníase e suas recidivas)

permitam inferir que estas sejam relevantes. A OMS informa que o baixo nível socioeconômico está

comumente associado à hanseníase em todas as populações, porém as razões que levam a esse

fato ainda permanecem sem uma profunda e correta concatenação - análise de dados de forma

ampla e padronizada15.

A produção de estudos que caracterizem os casos de recidiva que tracem associações com

fatores associados (socioeconômicos ou não) são essenciais para que busquem melhores

protocolos em diagnóstico clínico e laboratorial, avaliações epidemiológicas dotadas de maior

assertividade, uma melhor terapêutica em recidivas e uma reestruturação nos Serviços de Saúde1.

Alguns autores apontam como responsáveis pela recidiva: a persistência do bacilo (o

Mycobacterium leprae tornar-se pouco ativo e passa a se multiplicar após o término da PQT)11, a

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resistência medicamentosa e a reinfecção4. Já outros relatam que os fatores preditivos de recidiva

relacionam-se com condições de moradia, hábitos de vida, organização dos serviços de saúde,

formas clínicas e esquemas terapêuticos4,5,10,11,12,13.

Uma pesquisa aponta dominâncias em relação a indivíduos masculinos (59,2%), pardos ou

negros (83,3%)4. Em relação aos níveis de estudo a maior parte dos pacientes (79,7%) não estudou

ou não concluiu o ensino fundamenta e 5% deles tiveram acesso ao nível médio completo ou ao

ensino superior4. A proporção de contatos examinados entre os contatos intradomiciliares

registrados de casos novos de hanseníase é um dos indicadores epidemiológicos utilizados pelo

MS para avaliar a qualidade das ações e serviços oferecidos (considera-se precário quando menor

de 75%) e a proporção evidenciada foi menor que 60%10.

Um trabalho ao analisar fatores de recidivas de hanseníase no Mato Grosso demonstrou que

os fatores correlacionados são: indivíduos residentes em casas alugadas, em domicílio de

madeira/taipa, que moravam com mais de cinco pessoas, com transtorno de uso de álcool,

irregularidade do tratamento, sem esclarecimento sobre a doença/tratamento que usavam

transporte coletivo para o acesso à unidade de saúde12.

Em outra publicação a maioria dos recidivantes (74,1%) era do sexo masculino, a idade variou

entre 17 a a 83 anos, sendo que a faixa etária mais encontrada foi a de 29 a 42 anos (44,4%). Os

sinais e sintomas que demonstraram a recidiva da hanseníase foram lesões novas em sua maioria

(81,5%) e as formas clínicas predominantes foram as MB (dimorfa e virchowiana), com 48,1% de

ocorrência em cada16. A classificação operacional MB esteve presente em 96,3% dos pacientes. Já

o tempo de aparecimento da recidiva após a alta por cura do primeiro tratamento foi entre cinco a

dez anos, com percentual de 55,6% e de 11 a 16 anos em 25,9% dos pacientes1.

Outro trabalho apresenta os seguintes dados: predominância masculina (70,9%), maiores que

15 anos (98,5%) e com idade média de 42,6 anos, forma MB (82,4%) e predominância dimorfa

(48,3%) e apresentando taxa de recidiva global de 1%13. Já outra publicação dispõe que o

percentual de recidiva foi de 3,2%, o sexo masculino 59,3% e multibacilar 72,6%10.

Em outro estudo observa-se um fato discrepante: inexiste significância nos casos de recidiva

em relação à idade, sexo e forma clínica14. De forma que se apresenta de forma contrastante à

maioria dos trabalhos avaliados, exigindo maior acesso para análise de seus dados para que sejam

evidenciadas as razões desta discrepância.

O tratamento inadequado ou irregular pode ocasionar casos de recidiva da doença1. Outros

fatores relacionados ao desenvolvimento da recidiva podem estar relacionados à persistência ou

resistência do bacilo, à imunossupressão, gravidez, formas virchowianas avançadas do hospedeiro,

à endemicidade do meio (reinfecção) e ao diagnóstico tardio e erro de classificação4. Além disso, as

taxas de detecção de hanseníase e recidivas de hanseníase tem alta variabilidade entres os estados

e regiões brasileiras, demonstrando a necessidade de avaliação sistemática e minuciosa de tais

dados, tais como 0,31 (região Sul) a 3,93 (região Centro-Oeste) e 0,10 (Rio Grande do Sul) a 10,19

(Mato Grosso)18.

Dados compilados pelo MS demonstram que de 1994 a 2000 foram inseridos na base de

dados governamental 2.221 casos de recidiva, cabendo ressaltar que já no ano de 2002 foram 1.394

casos de recidiva4. A ocorrência de recidiva, no começo de 2007, foram de 2.270 casos no mundo

segundo dados da OMS, dois quais 1.584 (69,8%) foram registrados no Brasil, ressaltando a

importância do levantamento e análise dos dados sobre recidivas11. Dentro do país existem

diferenças importantes em taxas de recidivas em regiões brasileiras nas quais a prevalência da

doença é alta, como nos estados que compõem a Amazônia Legal1.

Em estudo realizado em Unidades Básicas de Saúde de Imperatriz - MA, observou-se que

40% dos pacientes faltaram ao menos uma vez ao tratamento e outros 4,8% abandonaram1. Outro

estudo retrospectivo no Maranhão com dados epidemiológicos de 2001 a 2012 encontrou dados de

recidivas na proporção de 2,73% (1493 casos) do total de casos notificados (54.719 casos de

hanseníase), logo dados ligeiramente superiores aos encontrados em outros levantamentos2.

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Dados epidemiológicos de área de alta endemicidade no Pará demonstram que de um total

de 27 pacientes (14,55%) com recidiva (de um total de 393 tratados em Marituba – PA),

demonstrando a relevância das recidivas em área de alta endemicidade e da manutenção da

enfermidade na população11. Infere-se que a recidiva pode ser causada por persistência bacilar e à

reinfecção, porém esta é uma condição estritamente difícil de ser analisada em uma área endêmica

ou hiperendêmica como esta11.

Em levantamento de casos de recidiva no estado do Mato Grosso englobando dados de 2004

a 2006, totalizando 323 casos de recidiva em hanseníase. Das novas entradas de recidiva, 20% foi

confirmado nas Unidades Especializadas e 80% em Unidades Básicas de Saúde, entretanto, a

maioria dos diagnósticos em UBS tinham baciloscopia negativa. O sexo masculino atingiu 71%,

com idade média de 43 anos. Cabe ressaltar que não foi observada diferença nos percentuais

segundo forma clínica e grau de incapacidade física. Do total de municípios do estado, 64,7%

apresentou recidiva, com percentual variando 6% e 20% dos casos10.

Em trabalho que abordou casos de recidiva em Rondonópolis – MT entre os anos de 1994 e

2010 encontrou os seguintes achados: foram avaliados 1.863 prontuários (92,6% adultos e 7,4%

menores de 15 anos), com idade média 38 anos, sendo 818 indivíduos tratados com esquema PB,

886 MB e 158 com outros esquemas terapêuticos. Entre os indivíduos avaliados, 151 apresentaram

reativação da hanseníase, porém entre os indivíduos que fizeram esquema PB, somente 8 eram

recidivas verdadeiras, 16 reativaram como MB e 17 fizeram tratamento irregular. Dentre os que

fizeram esquema MB, 16 recidivaram e 8 fizeram tratamento irregular. Após avaliação de

prontuários e reclassificação de alguns dados detectou-se porcentagem real de recidivas foi

1,28%12.

Analisando dados sobre recidivas em Teresina – PI de 2001 a 2011 observou-se 8.659 casos

de hanseníase, sendo que 8.374 casos novos e 285 recidivas, onde o percentual de recidiva foi de

3,2%, o sexo masculino 59,3%, multibacilar 72,6%, PQT 12 doses com 65% e 40% sem nenhuma

dose supervisionada. Cabe ressaltar que a análise dos dados pelo pesquisador concluiu que

existem falhas no preenchimento das fichas de notificação, afetando a vigilância em casos de

recidiva13.

No que condiz aos aspectos do bacilo, incluem-se sua persistência e resistência. Contribuem,

ainda, características e hábitos do hospedeiro, como imunossupressão, gravidez, abuso do álcool,

formas virchowianas e avançadas. O meio em que vive a pessoa (moradia, utilização de transporte

público) pode propiciar a reinfecção, e os serviços de saúde ineficientes e despreparados levam ao

diagnóstico tardio, à terapia irregular, como já pontuado, e ao erro de classificação em formas MB

ou PB, determinando tratamento insuficiente 1,4,10,12.

Em levantamento feito em área de alta endemicidade no Pará demonstrou-se que dentre os

recidivantes 96,3% pertenciam à classificação multibacilar, predominantemente no sexo masculino

(74,1%), com a faixa etária de 29 a 42 anos de idade (44,4%), a maioria da região metropolitana de

Belém (70,4%). A manifestação clínica caracterizou-se por lesões novas (81,5%), com tempo de

aparecimento entre cinco a dez anos (55,6%). O diagnóstico usou avaliação clínica e de índice

baciloscópico (63%), destes 40,7% obtiveram baciloscopia entre 4 a 6+11.

Na abordagem das recidivas, especial tratamento deve ser dado aos surtos reacionais

(episódios inflamatórios gerados por alterações agudas na reação imunomediada entre hospedeiro

e o Mycobacterium leprae). É indispensável afastar esta possibilidade (reduzindo os falsos positivos

de recidiva), devendo-se observar para o paciente PB: alta por cura, dor no trajeto de nervos, novas

áreas com alterações de sensibilidade, lesões novas ou exacerbação de lesões anteriores com

baixa ou nenhuma responsividade ao tratamento com corticoide, por pelo menos 90 dias; ou surtos

reacionais tardios, em geral, cinco anos após a alta. Já para o paciente MB: alta por cura, lesões

novas ou exacerbação de lesões antigas, novas alterações neurológicas que não respondem às

doses e prazos recomendados e baciloscopia positiva ou ainda pacientes com surtos reacionais

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tardios (geralmente cinco anos após a alta) ; aumento do índice baciloscópico em 2+ em qualquer

sítio de coleta, comparado ao de exame anterior do paciente após-alta da PQT 15.

Um estudo desenvolvido em Araguaína – TO demonstra a importância da avaliação correta

de reações hansênicas, frente a seus dados apresentados: de 282 pessoas acometidas pela

hanseníase, um total de 56 (19,8%) indivíduos apresentou reação hansênica no momento do

diagnóstico. Desses, 53 (94,6%) permaneceram com reação hansênica até o final do tratamento, e

outros 35 (12,4%) desencadearam novo episódio durante o tratamento. Dos 88 (31,2%) casos

identificados com episódios reacionais no momento da alta, 72 (25,5%) permaneceram em reação

após o final do tratamento, enquanto que 27 (9,6%) novos episódios reacionais surgiram neste

período. Por fim, 99 (35,1%) apresentaram reação no período do pós-alta, cabendo a estes últimos

um acompanhamento sistemático que venha a evitar seu errôneo diagnóstico como redicivante6.

O intervalo de tempo entre o término do primeiro tratamento e o início dos sintomas de recidiva

têm sido relatados como, geralmente, superior há 3 anos7. Já OMS relata que pacientes que

apresentam índice baciloscópico alto (IB ≥ 4) no início do tratamento têm maior risco de recidiva, a

qual geralmente ocorre no período superior a cinco anos após a cura15. Observam-se taxas de

recidiva entre 3% e 17% com intervalo de tempo entre 2 e 15 anos para a ocorrência de recidiva

Um estudo da OMS revelou tempo médio para recidivar de 2,75 anos nos PB e 3,42 anos4. Cabe

aos Serviços de Saúde oferecer orientações adequadas aos pacientes, bem como garantir a

regularidade do tratamento, pois a vigilância efetiva sobre os pacientes em recidiva e após esta é

fator primordial para diminuir os índices de recidiva e elucidar suas causas8.

4 DISCUSSÃO

Os resultados analisados apontam que a hanseníase continua a ser problema de saúde

pública relevante no Brasil, seja por sua característica debilitante ou por sua capacidade de persistir

e incorrer em recidivas. Dados apresentados da OMS e do MS permitem inferir que fatores

relacionados às recidivas e sua vigilância devem ser melhor estudados e evidenciados, reduzindo

suas taxas e preservando o usuário do Sistema de Saúde4. Existe a necessidade de padronização

estatística e inserção de certos parâmetros na avaliação oficial (OMS e MS) para acompanhamento

sistemático das recidivas em hanseníase, tais como: taxa bruta de recidiva; taxa pessoas-ano de

recidiva; risco cumulativo de recidiva) e a magnitude de recidiva1,4,10. A OMS calcula o risco

cumulativo de é 0,77% para MB e 1,07% para PB15.

Por vezes os trabalhos demonstram que alguns parâmetros não são levantados e/ou

avaliados pelas unidades de saúde, refletindo em ausência de dados relevantes à elucidação do

ciclo epidemiológico das recidivas por Mycobacterium leprae1. Outro fator relevante a ser

considerado na avaliação e vigilância de recidivas em hanseníase é a circunstância temporal, pois

o tempo necessário para aparição dos sinais de recidiva é longo. O ínterim demonstrado nos

trabalhos pode ser de 3 a 16 anos, apontando a necessidade de acompanhamento no pós-cura a

longo prazo4,15.

A OMS relata fatores socioeconômicos estão associado à hanseníase em todas as

populações, porém as razões ainda necessitam de maior investigação que venha a gerar

acreditação da comunidade científica7. A valoração preditiva positiva de tais fatores pode se tornar

uma excelente auxiliar na estratégia de eliminação da hanseníase4. A avaliação dos perfis

epidemiológicos extraídos dos trabalhos dá a dimensão do problema, pois diversos autores dispões

sobre a significância correlata em casos de recidiva por hanseníase em relação à idade (adultos),

sexo (masculino), raça (parda ou negra) e forma clínica (MB)4,10,11,12,15,16.

Resta prejudicada a avaliação que tenta elucidar o porquê de um trabalho não apresentar

correlação em certos parâmetros com a ocorrência de recidiva em virtude de sua exposição de

dados ser condensada, porém seus dados não devem ser desconsiderados pelo fato de serem

advindos instituição de ensino e saúde proba e dignatária. Cabe ressaltar que houve significância

correlata aos outros trabalhos quanto à forma, sendo ela a MB14.

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Diversos fatores podem ser apontados pelos trabalhos como parâmetros relevantes: índice

baciloscópico (embora por vezes seja relatada sua negligência nas rotinas dos serviços de saúde)

abandono do tratamento ou tratamento irregular, baixo nível de instrução/ escolaridade, tipo de

residência e fatores relacionados à habitação1,4,5,10,13,16. Um quesito exposto e abordado por

diversos trabalhos dispõe sobre a indissociável necessidade de diferenciação de reação hansênica

com quadros de recidiva, pois se incorre em retratamentos desprovidos de real causa, incremento

errôneo nas taxas de recidiva e risco aos pacientes. Um ponto (inclusive sendo citado por alguns

autores) a ser atingido pelas autoridades em saúde no Brasil é a disseminação do treinamento das

equipes multiprofissionais em diagnóstico diferencial de recidivas, focando em sua diferenciação

com recidivas1,2,3,4,16,17.

Outro fator evidenciado na análise dos trabalhos por parte de seus autores é o baixo número

de oferta de trabalhos especializados na avaliação de recidivas e seus fatores intrínsecos,

denotando a massiva abordagem terapêutica ou a outros fatores terapêuticos1,4. O presente fato é

evidenciado buscando-se trabalhos que se concentrem em recidivas e a constatação do baixo

número de publicações especializadas, inclusive fontes de dados oficiais dos serviços de saúde.

Alguns autores chamam a atenção à reflexão de evidência encontradas na análise de dados

estatísticos e de prontuários in loco: incompletude de preenchimento de informações em formulário

específicos e, por vezes, protocolos operacionais de diagnóstico, terapêutica e vigilância não

seguidos completamente4. A sistematização na assistência do paciente recidivante de hanseníase

e sua completude pode ser ponto chave no processo de mitigação em manutenção e ocorrência de

recidivas em hanseníase1.

A temática recidiva e hanseníase são extensas e não se resumem às quantificações e

abordagens terapêuticas. O seu enfrentamento passa pela avaliação corriqueira e por alçar os

fatores socioambientais ao protagonismo, avaliando toda a cadeia epidemiológica da enfermidade

(incluídos os fatores: meio ambiente, contatos e determinantes sociais).

5 CONCLUSÃO

O levantamento de artigos especializados em hanseníase e fatores associados à suas

recidivas apontam tendências que revelam estratos sociais que devem ser alvos de ações de

educação sanitária e objetos de uma vigilância mais atenta e duradoura. Estes estratos devem ser

objeto de ações específicas voltadas ao atendimento de suas necessidades. O traçar de estratégias

em saúde não deve deixar de observar as conclusões científicas, pois estas por vezes demonstram

caminhos no enfrentamento da doença ou alterações significativas na epidemiologia das

enfermidades, incluindo aí a hanseníase e seu quadro de recidiva.

Embora já notória (frente à extensa produção sobre o fato) a importância da instituição da

PQT e seus protocolos, fica patente a necessidade de acompanhamento das equipes de saúde

sobre a irregularidade e evasão ao tratamento. Estes últimos são apontados como fatores

relevantes à ocorrência de recidivas e consequente manutenção da enfermidade na população.

Buscar a instrução sanitária e o engajamento da família no tratamento devem ser considerados na

abordagem temática.

A equipe de saúde é fator indissociável ao sucesso do tratamento, mas aspira por maior

disponibilidade de treinamento e abordagens transdisciplinares para se configurarem como

sentinelas na detecção de pacientes com reações hansênicas e sua diferenciação com pacientes

em recidivas, evitando conforme alguns relatos de autores o retratamento daqueles e sua

consequente inserção em tabulação de dados oficiais. A abordagem ao paciente recidivante em

hanseníase é complexa e multifatorial como assim dispõe os pilares do SUS, buscando por sua

integralidade e abrangência. É necessário voltar-se para elaboração de estratégias diferenciadas

ao enfermo e à sociedade íntima no qual se insere.

Negar a importância de fatores sociais é relegar a epidemiologia a segundo plano, culminando

com a manutenção da enfermidade em nosso meio e o status negativo que o país carrega frente à

suas taxas de distribuição e de recidiva em dados da OMS. A conscientização pública e política das

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peculiaridades da enfermidade e sua recidiva – por seus fatores clínicos e epidemiológicos – é meio

eficaz para atingir os objetivos da Portaria nº 3.125, de 7 de outubro de 2010 que aprova as

Diretrizes para Vigilância, Atenção e Controle da hanseníase.

Assistir ao paciente que se encontra em recidiva de hanseníase não passa apenas por instituir

um esquema terapêutico, mas também por avaliar e reavaliar os fatores determinantes no quadro

saúde-doença deste enfermo. A vigilância contínua é algo indissociável ao processo de eliminação

da enfermidade e de suas sequelas.

REFERÊNCIAS 1. Costa GC. Aspectos clínico-epidemiológicos e imunológicos da hanseníase em área hiperendêmica do estado do Maranhão [Tese]. Salvador – Bahia: Universidade Federal da Bahia; 2014. 2. Barbosa DRM, Almeida MG, Santos AG. Características epidemiológicas e espaciais da hanseníase no Estado do Maranhão, Brasil, 2001-2012. Revista da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. 2014. 47 (9): 347-356. 3. Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Vigilância em Saúde. Saúde Brasil 2009: Uma análise da situação de saúde e da agenda nacional e internacional de prioridades em saúde. Brasília (DF); 2010. 4. Silva FL. Recidiva da Hanseníase no estado da Bahia [Dissertação]. Salvador – Bahia: Universidade Federal da Bahia; 2014. 5. Diniz LM, Moreira MV, Puppin MA, Oliveira MLWDR. Estudo retrospectivo de recidiva da hanseníase no Estado do Espírito Santo. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 2009. 42(4):420-424. 6. Monteiro LD, Alencar CHM, Barbosa JC, Braga KP, Castro MD, Heukelbach J. Incapacidade físicas em pessoas acometidas pela hanseníase no período pós-alta da poliquimioterapia em um município no Norte do Brasil. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro. 2013. 29(11):909-920. 7. World Health Organization (SWZ). WHO Expert Committee on Leprosy: Eighth Report. Genebra (SWZ); 2012. 8. Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Vigilância em Saúde. Portaria nº 3.125, de 7 de outubro de 2010 - Aprova as Diretrizes para Vigilância, Atenção e Controle da hanseníase (DF); 2010. 9. Neves TV, Valentim IM, Vasconcelos KB, Rocha ESD, Nobre MSRS, Castro JGD. Perfil de pacientes com incapacidades físicas por hanseníase tratados na cidade de Palmas-Tocantins. Revista Eletrônica Gestão & Saúde. 2013. 04 (02): 139-48

10. Ferreia SMB, Ignotti E, Gamba MA. Fatores associados à recidiva em hanseníase em Mato Grosso. Revista de Saúde Pública. 2011. 45(4):756-64. 11. Melo SL, Macedo GMM, Pires CAA, Cunha MHCM. Recidiva hansênica em área de alta endemicidade no Estado do Pará, Brasil. Revista Pan-Amazônica de Saúde. 2014. 5(3):19-24. 12. Coelho NMB. Caracterização dos casos de recidiva de hanseníase diagnosticados entre 1994 e 2010 no município de Rondonópolis-MT [Dissertação]. Goiânia-GO. Pontífica Universidade Católica de Goiás;2013. 13. Oliveira AS, Macedo CMS, Filho ACBC. Percentual de casos de recidiva de hanseníase notificados em Teresina – PI de 2001 a 2011. Revista Multiprofissional de Saúde do Hosital São Marcos. 2013. 1 (2): 26-34 14. Pachoal AB, Gonçalves A. recidiva em hanseníase: investigação das notificações epidemiológicas de Hospital Universitário. Anais do V Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação; 2015 set 22-23; Campinas, Brasil. 15. World Health Organization (SWZ). Weekly epidemiological record. Genebra (SWZ); 2013. 16. Ferreira SMB, Ignotti E, Senigalia LM, Silva DRX, Gamba MA. Recidivas de casos de hanseníase no estado de Mato Grosso. Revista de Saúde Pública. 2010.44(4):650-7. 17. Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Vigilância em Saúde. Plano integrado de ações estratégicas de eliminação da hanseníase, filariose, esquistossomose e oncocercose como problema de saúde pública, tracoma como causa de cegueira e controle das geohelmintíases: Plano de ação 2011-2015. Brasília (DF); 2012. Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Vigilância em Saúde. Informe Técnico: Campanha Nacional de Hanseníase, Verminoses, Tracoma e Esquistossomose 2015. Brasília (DF); 2015.

RELAÇÃO ENTRE O NÚMERO DE CONSULTAS DE PRÉ-NATAL E QUANTIDADE DE

EXAMES REALIZADOS POR GESTANTES

RELATIONSHIP BETWEEN THE NUMBER OF PRENATAL CARE CONSULTATIONS AND

QUANTITY OF LAB TESTS PERFORMED FOR PREGNANT WOMEN

Marco Aurélio Leão Beltrami¹, Túlio César de Oliveira Júnio¹r, Natália Beltrami¹, Adriana Mendes Barros¹, Bruna Araújo de Morais Borba¹, Thompson de Oliveira Turíbio²; Carlos Eduardo Bezerra do Amaral Silva²

_________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

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RESUMO: Os cuidados no pré-natal são de fundamental importância para o êxito da gestação. Sabendo da importância que deve ser dispensada ao pré-natal, foram normatizados pelo Ministério da Saúde uma política de assistencialismo que prioriza consultas e exames de cuidados com a gestante. É indispensável que estratégias de atendimento sejam empreendidas, desenvolvendo políticas que visem o aumento da acessibilidade e qualidade de atendimentos do pré-natal. Para isso, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) devem manter uma consonância entre equipe médica e gestante que, em alguns casos, se faz inexperiente nos cuidados do pré-natal. Este trabalho pretende correlacionar o número de consultas de pré-natal com a quantidade de exames realizados por gestantes. Para tanto, foram coletados os dados sobre a organização e a assistência ao pré-natal de Porto Nacional - TO disponíveis na Secretaria de Saúde do Município. A correlação baseou-se em uma amostra populacional de 577 gestantes em 16 UBS de Porto Nacional. Destas Unidades, foram selecionadas 3, de modo a privilegiar a maior quantidade de gestantes acompanhadas. Palavras-chave: Pré-natal; Gestantes; Centros de Saúde. ABSTRACT: Prenatal care is fundamental for the success of pregnancy. Knowing the importance that should be given to prenatal, Ministry of Health of Brazil has standardized a program that gives priority to consultations and examinations to women in this situation. It is essential to plan strategies for the development of policies with the objective of increasing the accessibility and quality of pregnant’s care. For this, the Basic Healthcare Units (BHU) must maintain a conection between medical team and pregnant women, who is inexperienced in pregnancy care sometimes. This work intends to correlate the number of consultations with the amount of lab tests realized for women during the prenatal care. Therefore, were collected data about the organization and assistance of prenatal in Porto Nacional - TO, available at Health Department of the city. The correlation was based on a population sample of 577 pregnant women registred in 16 BHU of Porto Nacional city. Were selected the three with the highest number of pregnant women cataloged. Keywords: Prenatal care; Preganant women, Health Centers 1 INTRODUÇÃO

Os números da mortalidade de gestantes e bebês são diretamente proporcionais às

condições de assistência durante o parto e o pré-natal, aos aspectos fisiológicos da reprodução

humana e a presença de doenças provocadas pelo ciclo gravídico (COIMBRA et al, 2003).

A assistência ao pré-natal e puerperal são prioridades no nível de atenção básica, e são

regidos por normas definidas pelo Ministério da Saúde por meio do Programa de Humanização no

Pré-Natal e Nascimento – PHPN para que haja um atendimento de qualidade e acessível a

população (BRASIL, 2000). O calendário de atendimento do pré-natal deve ser programado em

função dos períodos gestacionais, sendo iniciado precocemente e cumprido de forma regular.

Durante o período de gestação devem ser realizadas no mínimo 6 consultas, uma no primeiro

trimestre, duas no segundo trimestre e três no terceiro trimestre, esquema esse que deve ser

priorizado. As consultas devem ser regulares e só terminarem após o 42º dia após o parto (BRASIL,

2006).

Durante o pré-natal exames como dosagem de hemoglobina e hematócrito; grupo sanguíneo

e fator Rh; sorologia para sífilis; glicemia em jejum; exame de urina; sorologia anti-HIV; sorologia

para hepatite B; sorologia para toxoplasmose e ultrassonografia são complementares da consulta

médica e indispensáveis para segurança e bom acompanhamento da gestação (BRASIL, 2006). Os

exames laboratoriais mostram a condição fisiológica da mãe e previne a ocorrência de possíveis

complicações durante a gravidez como a hipertensão e a diabetes.

No Brasil, a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde mostra o crescimento da

fecundidade de mulheres de 15-19 anos, em confronto à queda significativa no grupo de 20-24

(GAMA et al, 2001). Diversos fatores podem contribuir de forma direta para isso, tais como: menarca

precoce; deficiência na educação sexual; ausência de serviços de saúde especializados em

adolescentes, entre outros (LOPEZ et al, 1989).

Os resultados de uma gravidez na adolescência podem trazer riscos para as jovens que

passam por essa situação, dentre os quais: o abandono da família, afastamento de amigos, a

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interrupção de projetos de vida, além de riscos tanto para a sua vida quanto para o bebê. Vale

ressaltar como problemas principais a vida a doença hipertensiva da gestação, parto prematuro e

nascimento de crianças abaixo do peso normal, pois a mãe se encontra em um momento de sua

vida em que ainda estão ocorrendo transformações corporais e psicológicas (SPINDOLA e SILVA,

2009).

Este trabalho objetiva correlacionar as consultas feitas por gestantes com o número de

exames realizados por essa mesma amostra da população. Os dados foram coletados de bases de

dados do Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento junto à Secretaria Municipal de

Saúde de Porto Nacional. Este programa foi desenvolvido com o objetivo de aumentar o nível de

assistência às gestantes, traçando dados que mostram a organização e a assistência ao Pré-natal

(CARDOSO, 2007).

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Este trabalho se constitui de um estudo retrospectivo de dados dos anos de 2009 e 2010

gerados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Porto Nacional. Os dados foram gerenciados

pela Secretaria Municipal de Saúde do Município. No estudo, foram levados em consideração os

números de consultas realizadas durante o pré-natal das gestantes dentro de um intervalo pré-

estabelecido que considera o tempo e a quantidade de exames por gestante. Para os resultados

finais, foram selecionadas três unidades de saúde que apresentavam maior quantidade gestantes.

Com junção dessas duas variáveis, a consulta e a quantidade de exames, é possível

classificar, de acordo com o critério de Kessner (modificado por Takeda), a qualidade do pré-natal

das gestantes em: adequado (seis ou mais consultas com início antes de 20 semanas de gestação),

inadequado (menos de 3 consultas ou início com mais de 28 semanas de gestação) e intermediário

(outras situações) (SILVEIRA; SANTOS e COSTA, 2001)

Os resultados do estudo foram apresentados em forma de tabelas (quando se tratavam de

frequências), e gráficos (quando foram mostrados outros dados estatísticos).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A contagem dos dados revelou a uma população de 577 gestantes em 16 Unidades Básicas

de Saúde de Porto nacional, após a seleção das três UBS com maior número de gestantes, que

foram: UBS Dr. Carlos Alberto, UBS Maria da Conceição F. Moura Aires e UBS Brigadeiro Eduardo

Gomes, o espaço amostral se limitou a 211 mulheres grávidas. Com isso foi possível correlacionar

a quantidade de consultas e o número de exames realizados por essas gestantes e avaliar,

utilizando o índice de Kessner (modificado por Takeda), a qualidade do pré-natal.

A faixa etária das mulheres varia dos 15 a 55 anos, havendo prevalência de gestantes entre 20 e

24 anos em duas das unidades de saúde, e dos 25 aos 29 em uma das unidades, como descrito na

tabela 1. Rios e Vieira (2007) relatam como resultado de uma coleta de dados no ambulatório de

um hospital universitário do Maranhão a incidência de 31,8% das gestantes na faixa dos 20 aos 24

anos e 13,3% abaixo dos vinte anos. As gestantes adolescentes merecem a tenção especial devido

aos riscos que a gravidez precoce pode ocasionar, muitas vezes devido a não finalização do estágio

de amadurecimento físico e mental, falta de experiência, problemas relacionados a família, como

vícios e violência e riscos à saúde do bebê (SPINDOLA e SILVA, 2009; RIOS e VIERIA, 2007;

SIMÕES et al, 2003).

Quando se compara o número de consultas com a data de início do pré-natal percebe-se

que a classificação da gestação em duas UBS é considerada adequada e em uma UBS inadequada

(tabela 2), isso segundo parâmetros baseados no índice de Kessner. Na cidade de Juiz de Fora -

MG, os estudos de Coutinho et al (2003) mostraram que a adequação do pré-natal ocorre na maioria

dos casos de forma intermediária (60,5%), seguido pela forma adequada (27,6%) e inadequada

(11,9%). Nessa comparação, as gestantes de Porto Nacional se mostram, em sua maioria, adeptas

a forma adequada em relação aos cuidados do pré-natal.

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TABELA 1 – Quantidade de gestantes por faixa etária.

10 a 14 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 55

Dr. Carlos Alberto

0 1 15 21 18 6 5 0 0

Brigadeiro Eduardo Gomes

0 3 34 30 11 9 1 1 1

Maria da Conceição F. M.

Aires 0 7 28 29 14 9 4 0 0

TABELA 2 – Classificação segundo índice de Kessner.

Avaliação do processo Adequado Inadequado Intermediário

Maria da Conceição F.M. Aires

37 (53%) 13 (18%) 19 (27%)

Brigadeiro Eduardo Gomes 39 (48%) 18 (22%) 24 (29%)

Dr. Carlos Alberto 15 (24%) 29 (47%) 17 (27%)

A média de consultas por

gestantes foi de 4,65 e a do período

de gestação na data de início do pré-

natal foi de 2,86 meses. Cerca de

76% das gestantes aderiram ao

programa no primeiro trimestre, 23%

no segundo 0.95% no terceiro. Os

estudos realizados por Silveira,

Santos e Costa (2001) com uma

amostra de 839 gestantes, no

município de Pelotas - RS mostrou

uma média de consultas de 5,3 e de

idade gestacional para início do pré-

natal 17,8 semanas (4,45 meses), em

relação ao período de gestação 46%

iniciaram no primei, 41% no segundo

e 13% no terceiro. O Ministério da

Saúde preconiza que cada gestante

realize no mínimo 6 consultas de pré-

natal, dessa forma tanto em Porto

Nacional como em Pelotas os

números se encontram abaixo do

recomendado.

Ao analisar o número de

consultas das gestantes e a

quantidade de exames realizada,

observa-se uma baixa correlação

entre os valores. O que está de

acordo com Silveira, Santos e Costa (2001) que afirma que uma maior quantidade de consultas não

determina o melhor nível de pré-natal. Os gráficos com os dados da relação entre as consultas e os

exames da amostra pesquisada apresentaram coeficiente de variação variando de 0,351 a 0.698,

como demonstrado nas figuras 3, 4 e 5.

y = 2,2555x - 0,622R² = 0,6987

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0 2 4 6 8

Qu

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e e

xa

me

s

Número de consultas

Figura 3 - Correlação entre o número de consultase a quantidade de exames das gestantes da UBSDr. Carlos Alberto

Série1

y = 1,5373x + 1,7448R² = 0,4997

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0 5 10

Quantidade d

e c

onsultas

Quantidade de exames

Figura 4 - Correlação entre o número deconsultas e a quantidade de exames dasgestantes da UBS Brigadeiro Eduardo Gomes

Série1

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4 CONCLUSÃO

As consultas de pré-natal, apesar de não serem determinantes de uma boa qualidade do

processo, exercem papel

extremamente importante no cuidado e

prevensão de riscos à saúde da mãe e

do bebê. A maioria das gestantes

analisadas em Porto Nacional se

mostrou fiel à rotina de

acompanhamento da equipe de saúde

das UBS, apresentando porcentegens

altas de adequação ao programa. A

correlação da quantidade de consultas

e o número de exames realizados pelas

grávidas mostrou que as duas variáveis

são independentes em sua relação.

Apesar da média de consultas se

encontrar abaixo do valor preconizado

pelo Ministério da saúde, a maioria das gestantes aderiam ao pré-natal no primeiro trimestre de

gravidez, o que mostra, dentre outras coisas a preocupação em relação aos cuidados que a

gestação necessita. O program do pré-natal merece atenção especial dos gestores, pois ele prevê

os possíveis riscos da gestação e consequentemente diminui o risco de morte tanto da mãe quanto

da criança em desenvolvimento.

REFERÊNCIAS 1. COIMBRA, L. C; SILVA, A.A.M; MOCHEL, E.G;

ALVES, M.T.S.S.B; RIBEIRO, V.S; ARAGÃO, V.M.F; BETTIOL, H. Revista Saúde Pública. São Paulo,

2003. 2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas

de Saúde. Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento. Brasília: Ministério da Saúde; 2000.

3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Pré-Natal e Puerpério. Brasília: Ministério

da saúde; 2006. 4. GAMA, S.G.N; SZWARCWALD, L.C; LEAL, M.C;

THEME FILHA, M. M. Gravidez na adolescência como fator de risco para baixo peso ao nascer no Município do Rio de Janeiro, 1996 a 1998. Revista Saúde Pública. São Paulo, 2001.

5. LOPEZ, A., F.V; SCHOR, N; SIQUEIRA, A. A. F. Gravidez na adolescência: estudo comparativo. Revista Saúde pública, São Paulo, 1989.

6. SPINDOLA, T; SILVA, L. F. F. Perfil epidemiológico de adolescentes atendidas no pré-natal de um hospital universitário. Escola Anna Nery. Rio de

Janeiro, 2009.

7. CARDOSO, R.S. Programa de humanização no pré-natal e nascimento: avaliando e construindo para avançar. Dissertação (Mestrado em

Enfermagem) – Curso de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2007.

8. SILVEIRA, D.S; SANTOS, I. S; COSTA, J.S.D. Atenção pré-natal na rede básica: uma avaliação da estrutura e do processo. Caderno de Saúde Pública.

Rio de Janeiro, 2001. 9. COUTINHO, T.; TEIXEIRA, M.T.B.; DAIN, S.; SAYD,

J.D.; COUTINHO, L.M. Adequação do Processo de Assistência Pré-natal entre as Usuárias do Sistema Único de Saúde em Juiz de Fora-MG. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2003.

10. RIOS, C. T. F. e VIEIRA, N. F. C. Ações educativas no pré-natal: reflexão sobre a consulta de enfermagem como um espaço para educação em saúde. Revista Ciência e Saúde Coletiva. 2007

11. SIMÕES, V.M.F.; SILVA, A.A.M.; BETTIOL, H.; LAMY-FILHO, F.; TONIAL, S.R.; MOCHELE, E.G. Características da gravidez na adolescência em São Luís, Maranhão. Revista Saúde Pública, 2003

REPERCUSSÕES DO USO DE DROGAS ILÍCITAS NO DESENVOLVIMENTO PRÉ-NATAL:

Revisão de Literatura

REPERCUSSIONS OF ILLICIT DRUG USE IN PRENATAL DEVELOPMENT: Literature Review

Larissa Rodrigues Vieira¹; Patrícia Magalhães Vieira¹; Nathália Frederico Giuvannucci¹; Hanna Paula Carolayne Ferreira Pereira¹; Nelzir Martins Costa²; Albeliggia Barroso Vicentine²; Ana Carolina Camargo

Rocha².

y = 1,2512x + 2,3744R² = 0,3517

0

2

4

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12

14

0 5 10T

ítulo

do E

ixo

Título do Eixo

Figura 5 - Correlação entre o número deconsultas e a quantidade de exames dasgestantes da UBS Maria da Conceição F. M.Aires

Série1

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______________________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO - O uso de drogas ilícitas na gravidez é um problema complexo de cunho social e de saúde pública. Com ocorrência crescente na população mundial, resulta no aumento significativo da morbiletalidade materno-fetal, com maiores taxas da exposição às drogas e da síndrome de abstinência neonatal, além de prejuízos no desenvolvimento subsequente das crianças expostas a tais substâncias. Em virtude da variedade de fatores sociais, psicossociais, comportamentais e biomédicos que estão implicados nos resultados neonatais adversos, as usuárias devem receber orientações acerca dos riscos periconcepcionais, anteparto e pós-parto causados pelas drogas de abuso. Idealmente, a assistência pré-natal deve ser realizada por uma equipe multidisciplinar. Os tocoginecologistas têm a obrigação ética de aprender e utilizar protocolos para rastreio universal do uso das substâncias ilegais, empreender intervenções iniciais e encaminhar as usuárias e seus familiares para tratamento médico especializado. A construção de uma relação médico-paciente desprovida de preconceitos e baseada em confiança recíproca é também pré-requisito fundamental. A frequência das consultas pré-natais e a avaliação da vitalidade fetal devem ser pautadas pela análise constante e individualizada dos riscos, segundo as diretrizes de assistência às gestações de alto risco. Após o parto, o seguimento das mães, dos recém-nascidos e de suas famílias deve prosseguir em serviços devidamente capacitados. Palavras-chave: Drogas ilícitas/gravidez; Cannabis/cuidado pré-natal; Cocaína/cuidado pré-natal; Opioides/cuidado pré-natal; Complicações na gravidez. ABSTRACT - Illicit drugs use in pregnancy is a complex social and public health issue. As a growing problem worldwide, it results in significant increase of maternal and fetal morbidity and mortality, with higher rates of drug exposure and neonatal abstinence syndrome, besides loss in the subsequent development of children exposed to such substances. Due to the variety of social, psychosocial, behavioral and biomedical factors that are implicated in adverse neonatal outcomes, users should receive guidance regarding conception, antepartum and postpartum risks caused by illicit drugs. Ideally, prenatal care should be performed by a multidisciplinary team. Obstetricians and gynecologists have an ethical obligation to learn and utilize universal screening protocols for the use of illegal substances, undertake initial interventions and refer users and their families for specialized medical treatment. The construction of a non-judgemental physician-patient relationship based on reciprocal trust is also a fundamental prerequisite. The frequency of antenatal visits and assessment of fetal well-being must be guided by constant and individualized analysis of risks, according to the guidelines of care for high-risk pregnancies. After birth, the follow-up of mothers, newborns and their families should continue in properly prepared health care services. Keywords: Illicit drugs/pregnancy; Cannabis/prenatal care; Cocaine/prenatal care; Opioids/prenatal care; Pregnancy complications.

1 INTRODUÇÃO

O ambiente, o estilo de vida e os hábitos da progenitora são determinantes para o

desenvolvimento embrionário. O uso de certos fármacos, substâncias alucinógenas, bebidas

alcoólicas ou até mesmo alguns tipos de infecções maternas poderão vir a comprometer o

desenvolvimento normal do embrião, podendo ocasionar, inclusive, severas anomalias anatômicas.

Analisar o contexto em que uma gestante se encontra e sua forma vida é imprescindível

para determinar sua posição no grupo de risco, ou seja, aquelas que são propensas a sofrerem as

consequências da ingestão ou inalação de determinadas substâncias. O histórico familiar,

acompanhamento médico e o acesso à informação são dados que ajudam a identificar o foco da

abordagem. As diversas pesquisas já divulgadas apontam aumentos significativos no consumo dos

mais diversos tipos de produtos nocivos, entre os principais encontra-se maconha, cocaína, crack,

entre outros, em território nacional e internacional, que estão diretamente relacionados com o

crescente índice de anomalias congênitas.

Em alguns casos, o uso indiscriminado de narcóticos durante a gestação acarreta

alterações teratogênica, as quais acometem com maior frequência o sistema nervoso central e o

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circulatório. A droga ilícita estimula o sistema noradrenergético, responsável pela manutenção do

estado geral de ativação do organismo, esse estímulo pode resultar em uma taquicardia e uma

possível vasoconstricção, o que dificulta a chegada de oxigênio e nutrientes para o feto, o que

compromete uma gestação segura.

Entre as etapas do desenvolvimento, a organogênese é considerada a mais sensível e

particularmente a mais susceptível a erros, que se tornam mais prováveis em casos em que a

gestante é usuária de algum tipo de droga. Nesses casos, a substância utilizada torna-se capaz de

atravessar a barreira placentária, expondo o feto a certa concentração da droga, que se torna ainda

mais preocupante devido ao fato do metabolismo e eliminação desta substância no feto serem mais

lentos.

O número de gestantes que utilizam de drogas ilícitas é crescente. A divulgação das

consequências de tais usos é crucial para que haja uma maior atenção ao assunto. É interessante

o relato do uso de drogas no período gestacional, uma vez que a maior parcela da sociedade não

recebe a informação necessária quanto ao grau de risco desencadeado por esse comportamento.

É perceptível em programas de assistência ao pré-natal que aspectos primordiais à saúde da

gestante e do feto não são plenamente abordados. A intervenção para minimizar o abuso de drogas

são indispensáveis, porém nos serviços públicos diários isso não ocorre com a frequência

necessária.

O objetivo deste artigo é verificar os fatores de risco inerentes a utilização de

substâncias ilícitas. Visa também detalhar a interferência destas sobre o crescimento fetal e

constatar de que forma o modo de vida e o contexto social influenciam no uso ou não de drogas

durante o período gestacional.

2 METODOLOGIA

Em fevereiro de 2015, foi conduzida uma busca nas bases de dados eletrônicos Google

Acadêmico e Scielo englobando o período de 2002 a 2013. Foram utilizados os seguintes

descritores extraídos do vocabulário estruturado e trilíngue DeCs – Descritores em Ciências da

Saúde. Desenvolvimento Embrionário. Embriologia. Gravidez de alto risco. Foram encontrados 10

artigos, dentre os quais foram selecionados por abordar as consequências do uso indiscriminao de

drogas ilícitas no desenvolvimento pré-natal.

A partir da análise dos 10 artigos, foram identificados 10 que estavam diretamente

relacionados, por meio de desenvolvimento, avaliação, teste, tradução ou discussão aos índices

subjetivos atendendo aos objetivos de esclarecer a fase de desenvolvimento embrionário mais

propícia aos danos promovidos pelo consumo de drogas, detalhar a interferência destas sobre o

crescimento fetal e verificar de que forma o modo de vida e o contexto social influenciam no uso ou

não de drogas durante o período gestacional. Optou-se por selecionar os artigos confirmados como

versões originais os quais apresentaram discussões realizadas por seus autores e a partir de testes

validados para os efeitos do uso de drogas ilícitas no desenvolvimento embrionário. Consideraram-

se os artigos publicados em português, tendo sido excluídos os estudos publicados nos demais

idiomas, assim como aqueles que disponibilizaram apenas resumos.

A extração de dados dos artigos selecionados foi realizada pelos revisores deste

trabalho, utilizando roteiro pré-estruturado. Foram colhidas as seguintes informações: autores, local

de publicação, ano de publicação, período de estudo, tipos de diagnósticos aplicados, principais

achados e problemas identificados.

3 RESULTADO E DISCUSSÃO

Foram encontrados 10 artigos nas bases consultadas sobre defeitos embrionários

causados pelo uso indiscriminado de drogas ilícitas, segundo os critérios de inclusão. Tratam-se de

estudos de casos, entrevistas, pesquisas de campo e outras formas de obtenção de dados.

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Yabuuti et al (2014) propõe que 80% das grávidas que foram entrevistadas durante sua

pesquisa, relataram uso indiscriminado de crack, em conjunto com outras substâncias como

maconha, inalantes, tabaco e cola. 13% afirmaram abstinência no período gravídico e 6,66% não

relatou.

Entre outubro de 1997 e fevereiro de 2012 foram recrutadas 845 pacientes soropositivas atendidas no serviço de pré-natal de alto risco do HC-UFMG. Entre essas, 64 (7,6%) afirmaram ter usado drogas ilícitas em algum momento durante a gestação, ao serem perguntadas durante as consultas do pré-natal. Com relação a drogas consideradas lícitas, 52,9% afirmaram fumar durante a gravidez, 30,6% relataram uso de álcool e 18,8% fizeram uso de ambas as substâncias. Entre as 64 gestantes que afirmaram ser usuárias, 16,7% relataram uso de cocaína e 43,3% usaram crack; 8,3% usaram cocaína e crack; 15% usaram maconha; 8,3% usaram cocaína, crack e maconha simultaneamente e 8,4% usaram outros tipos de drogas, como inalantes. (MELO et al, 2014, p. 557).

Sob a perspectiva de Marangoni et al (2012), da singularidade analisada do relato de

caso de uma usuária de drogas ilícitas de 32 anos (começou aos 14) que teve 11 gestações, das

quais uma resultou em morte fetal, é possível observar as deficiências no acolhimento dos usuários

de drogas, reconhecer o contexto sociocultural no qual o indivíduo está inserido, nesta situação

específica, encontra-se a influências que os pais exerciam ao fumar e ingerir bebida alcoólica na

frente da vítima e seu o filho mais novo (6 anos), foi achado complemente alterado pelo álcool na

rua e foi levado ao Conselho Tutelar. É importante identificar os fatores de risco que permeiam o

uso disfuncional de drogas para a criação de estratégias de melhoria da saúde com equipes

especializadas unidas à população em prol das pessoas mais vulneráveis.

Silva et al (2011) percebeu que os membros de uma das famílias observadas em seu

estudo não possuíam uma rotina de estudo e nem de trabalho que lhes proporcionassem uma

melhoria de vida no futuro. Os indivíduos são vulneráveis aos atrativos maléficos de fatores

específicos autodestrutivos a essa condição psicossocial, tais como álcool e drogas, devido as

responsabilidades para cada membro e a falta de orientações paternas.

Em complementação às afirmações de Silva et al (2011), Caputo et al (2008) afirma que

a gravidez na adolescência independentemente da influência de fatores como uso inadequado de

métodos contraceptivos, idade da mãe na primeira gestação e baixa escolaridade dos pais, está

associada ao uso de drogas ilícitas por familiares que residem no mesmo domicilio. Por outra

vertente, em um contexto de baixa renda familiar e baixa escolaridade dos pais, o anseio de cursar

a faculdade funciona como proteção à gravidez antes dos 18 anos entre estudantes de escolas

públicas.

Conforme Portela et al (2013), das nove puérperas entrevistadas, sendo estas de idades

entre 15 e 28 anos, seis primíparas e três multíparas, somente duas delas possuíam o ensino

fundamental completo e as demais não o havia completado. Os fatores de risco mais relacionados

ao uso de drogas pelas mães entrevistadas foram: problemas familiares, ausência de parceiro,

instabilidade financeira, baixa autoestima e solidão. Muitas delas alegaram baixa adesão ao pré -

natal pelo fato de não deixarem de utilizar de drogas ilícitas para receberem o acompanhamento

médico. O uso de drogas no período gestacional é também um problema de saúde pública, uma

vez que causa vários danos aos recém – nascidos, como malformações congênitas, desconforto

respiratório, infecção neonatal, baixo peso, icterícia, edema agudo de pulmão, sífilis congênita e

sofrimento fetal.

De acordo com Cunha et al (2001), as deformações teratogênicas são usuais em fetos

de mães que utilizam algum tipo de substância ilícita, como a cocaína, dentre essas podem-se citar:

deformidades distais, gastrosquise, anomalidades urogenitais, defeitos cardíacos, malformações do

SNC, distúrbios na migração neuronal e no desenvolvimento prosencefálico como agenesia de

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corpo caloso, ausência de septo pelúcido, hipoplasia do nervo ótico displasia septo-ótica,

esquizencefalia, disgenesia e coloboma.

Segundo Renner et al (2012), o paciente cuja progenitora usava drogas ilícitas durante

a gestação, em especial o crack, apresentava prematuridade extrema (24 – 25 semanas de

gestação, pequeno em relação a idade gestacional e não havia abertura ocular ao exame físico).

Este possuía também insuficiência respiratória associada à cianose e ao diagnóstico de hérnia

diafragmática volumosa. Recebeu ventilação mecânica e duas doses de surfactante. Cateterismos

de vasos umbilicais foram feitos para a preservação de membros. A mãe é VDRL positiva, por isso

associado ao quadro respiratório foi iniciado com penicilina G cristalina e gentamicina. Os exames

realizados no período de internação pós – nascimento foram: Radiografia de tórax e Hemograma,

verificando ausência de anemia (hemoglobina 12,6), ausência de leucocitose ou leucopenia, leve

plaquetopenia, PCR e VDRL

negativos.

Do ponto de vista

de Nunes et al (2011), o uso

do haxixe durante a gestação

poderá desencadear na

criança, ao nascer, uma crise

de abstinência, devido à

brusca ausência da droga, o

que incluirá a manifestação de

sinais e sintomas de doenças

como tremores, diarreia, etc.

Além disso, o consumo dessa

substância no período

gestacional proporciona um

efeito analgésico tanto na mãe

quanto no feto, a diminuição do teor de oxigênio durante a gravidez e a redução do volume do

Sistema Nervoso Central fetal. Devido ao fato do haxixe ser muito lipossolúvel e sua eliminação do

organismo ser lenta, a exposição fetal a essa substância se torna potencializada. Em alguns casos,

a depender do tipo e da dose da droga utilizada, essa prática poderá repercutir, inclusive, em

alterações do desenvolvimento, comportamento e rendimento escolar de crianças mais velhas.

Já para Martins et al (2008), os recém nascidos de mães usuárias de alguns opiáceos

e cocaína, geralmente desenvolvem síndrome de abstinência e nascem com baixo peso, mas

apesar da toxicodependência materna, as crianças também podem apresentar crescimento e

QUADRO 1 – Alterações congênitas relacionadas ao uso de drogas de acordo com o período de gestação, dentre os autores selecionados.

AUTORES ALTERAÇÕES CONGÊNITAS DROGA USADA

PERÍODO GESTACIONAL DO USO

Cunha et al (2001)

Anormalidades urogenitais, deformidades fetais, gastrosquise, mal formação do SNC.

Cocaína

Toda a gestação

Renner et al (2012)

Insuficiência respiratória, hérnia diafragmática volumosa, prematuridade.

Crack

Toda a gestação

Nunes et al (2011)

Síndrome de abstinência fetal, diminuição do SNC, atraso no desenvolvimento psicomotor à nível de linguagem motricidade com 1 ano.

Maconha e Haxixe

Haxixe durante toda a gestação e maconha até a 8ª semana.

Figura 1 – Deformações embrionárias causadas por fatores teratogênicos.

Fonte: SOUZA et al. (2015).

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desenvolvimento normais. Portanto, a quase totalidade das crianças apresenta um crescimento

dentro da normalidade. Apesar do baixo peso ao nascer, acabam por ter uma boa evolução ponderal

e apesar do sistema nervoso central ser muito frequentemente atingido, o perímetro cefálico é, em

média, normal.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso de drogas ilícitas é prejudicial ao ser humano em amplos aspectos, em especial,

no período de gestação. Pesquisas indicam que o consumo e abuso de substâncias ilícitas durante

o período gravídico aumentaram nos últimos anos, principalmente em mulheres jovens, com pouca

escolaridade, baixa renda e instabilidade familiar.

Entre as principais drogas usadas, está a cocaína que atravessa a barreira placentária,

sendo metabolizada e eliminada lentamente, além de agir na vascularização fetal, viabilizando

vasoconstrição, mal formação urogenital e cardiovasculares. A maconha diminui a perfusão

uteroplacentária, retardo da maturação do sistema nervoso fetal, aumenta os níveis plasmáticos de

norepinefrina ao nascimento, o que prejudica o crescimento fetal e provoca distúrbios

neurocomportamentais precoces. O uso do crack por parte da gestante poderá acarretar no

nascimento prematuro do feto e em insuficiência respiratória.

A maneira como a progenitora vive é determinante para a saúde do feto. Problemas

familiares, violência doméstica, instabilidade financeira e baixo autoestima podem influenciar no

desenvolvimento seguro. O apoio à gestante, o acompanhamento pré-natal regular, ambiente calmo

e acolhedor são primordiais para que a mulher não sinta necessidade de recorrer a substâncias

psicoativas.

5 REFERÊNCIAS PORTELA, G.L.C.; BARROS, L.M.; FROTA, N.M. et al. Percepção da gestante sobre o consumo de drogas ilícitas na gestação. Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas. Ceará, v. 02, n. 09, p. 58-63, mar./.ago. 2013.

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http://drogasteratogenicas-farma.blogspot.com.br/2011/11/tipos-de-agentes-teratogenicos.html. Acessado em: 15/03/2015

REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA SEXUALIDADE DO IDOSO INSTITUCIONALIZADO, NA VISÃO DO CUIDADOR

REPRESENTATION OF SOCIAL INSTITUTIONALIZED ELDERLY SEXUALITY, IN CAREGIVER

VISION

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Jairo Ribeiro Luz1 Tania Maria Aires Gomes Rocha2; Ana Carolina Camargo Rocha²; Ana Paula Faria Moraes²; Valdir Francisco Odorizzi²; Asterio Souza Magalhães Filho²; Carlos Eduardo

Bezerra do Amaral Silva². _________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO: Introdução - A sexualidade dos idosos institucionalizados é algo que muito às vezes passa despercebida aos olhos das pessoas, porem o cuidador desses idosos precisa ter uma visão diferenciada, respeitando a sexualidade dos idosos institucionalizados. Objetivo - O presente artigo tem como objetivo identificar através de revisão de literatura, o olhar do cuidador sobre à vivencia da sexualidade do idoso institucionalizado. Metodologia - Trata-se de um estudo de caráter descritivo de revisão bibliográfica, e surgiu como contribuição científica na área de enfermagem, com a finalidade de incentivar os profissionais desta área a atuarem e se aprofundarem em relação à temática voltada para a visão do cuidador sobre a sexualidade do idoso institucionalizado. Resultados e Discussão - A representação social sobre a sexualidade dos idosos institucionalizado na visão do cuidador é vista de modos diferentes, pois cada cuidador tem seu modo de pensar, ser e viver. Vê se que o preconceito que vem sendo vencido ao decorrer do tempo. Conclusão - A sexualidade dos idosos institucionalizados esta sendo vista de forma mais livre e respeitosa em relação à visão do cuidador. Palavras-chaves: Cuidador. Idoso. Institucionalizado. Sexualidade. ABSTRACT: Introduction - Sexuality of institutionalized elderly is something that a lot of the times goes unnoticed in the eyes of the people, however the caregiver of the elderly need to have a different vision, respecting the sexuality of institutionalized elderly. Objective - This article have to objective for selective literature review, the look caregive about the experiences of sexuality of institutionalizes elderly. Methodology - This is a descriptive study of bibliographical review, and emerged as scientific contribution in the nursing field, in order to encourage professionals in this area to act and go deep in relation to the theme focused on the caregiver's view of the sexuality of the institutionalized elderly. Results and Discussion - The social representation of sexuality of the elderly institutionalized in the caregiver's vision is seen in different ways because each caregiver has his way of thinking, being and living. See that the prejudice that has been won to over time. Conclusion - The sexuality of the institutionalized elderly is being seen more freely and respectfully towards the caregiver. Key-words: Caregiver. Elderly. Institutionalized. Sexuality.

1 INTRODUÇÃO

A velhice deve ser compreendida em sua totalidade, porque é simultaneamente, um

fenômeno biológico com conseqüências psicológicas, considerando que certos comportamentos

são apontados como características da velhice. Como todas as situações humanas, a velhice tem

uma dimensão existencial, que modifica a relação das pessoas com o tempo, gerando mudanças

em suas relações com o mundo e com sua própria história. Assim, a velhice não poderia ser

compreendida senão em sua totalidade; também como um fato cultural (1).

Ao longo dos anos, a velhice vem despertando o interesse de pesquisadores das mais

diversas áreas do conhecimento científico, dentre elas a profissão de Enfermagem. Para a ciência,

um de seus desafios é conciliar os conceitos de desenvolvimento e envelhecimento. Entretanto, na

atualidade, estes processos já são concebidos como coexistentes ao longo do ciclo vital, embora

com pesos diferentes na determinação das mudanças evolutivas, onde são chamadas de ganhos

ou perdas (2).

Os estudos acerca da sexualidade da pessoa idosa são escassos e limita­ se, quase sempre,

a uma abordagem médico terapêutico que, invariavelmente, aborda a temática em questão a partir

de concepções patológicas associadas a distúrbios fisiológicos. De modo geral, ignoram todos os

aspectos psicológicos, sociais e culturais que permeiam e condicionam as vivências sexuais dos

idosos (3).

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As pessoas idosas definem e expressam sua sexualidade de forma singular, diferentemente

das demais fases do desenvolvimento. À medida que envelhece, o ser humano apresenta

mudanças em sua vida, entre elas as sexuais. A velhice é uma etapa em que a sexualidade gira

mais em torno da intimidade, da companhia, da admiração, das conversas eróticas e do consumo

de material cinematográfico ou visual erótico. Os idosos devem estar conscientes das mudanças

que estão ocorrendo em seus corpos decorrentes do processo de envelhecimento. Destaca-se que

os parceiros precisam investir mais em carícias, toques, beijos e carinhos durante todo o dia, e não

apenas, durante a relação sexual (4).

Entende-se por institucionalização o atendimento integral, em regime de internato, às

pessoas de 60 anos ou mais, dependentes ou independentes, sem vínculo familiar ou que não

dispõem de condições para prover sua própria subsistência. As Instituições de Longa Permanência

para Idosos (ILPIs), conhecidas também como asilos, abrigos, lares, casas de repouso, clínicas

geriátricas e ancionatos, devem satisfazer às necessidades desses idosos, quanto à moradia,

alimentação, saúde e convivência social, por meio do trabalho da assistência social, enfermagem,

medicina, psicologia, fisioterapia, terapia ocupacional, odontologia, nutrição, entre outros serviços (5).

A institucionalização não se constitui ainda uma prática comum em nossa sociedade.

Segundo o Censo Demográfico de 2000, havia 103 mil idosos residentes em domicílios coletivos

incluindo os asilos, representando em torno de 0,8% da população idosa (6). Contudo, fatores

demográficos, sociais e de saúde constituem-se em causas que tendem a levar idosos a residir em

instituições de longa permanência para idosos, denominação atual para os tradicionais asilos (7).

O surgimento de instituições para idosos não é recente. A história dessas instituições

remonta à Grécia Antiga, com a existência dos gerontokomeions (do grego géron, gérontos, velho

+ kómeo, cuidar), que funcionavam tanto como hospício, quanto hospital, asilo, abrigo ou albergue

para velhos (8).

Havia cerca de 10 milhões de idosos em 1990. Em 2000, este número foi de 15 milhões de

idosos, em 2025 espera-se que alcance a 34 milhões. A lei 8.842/94 e o Estatuto dos Idosos 2004

consideram idosa, a pessoa que se encontra na faixa etária a partir de 60 anos (9).

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2013) o Brasil tem, hoje,

cerca de 190.732.694 habitantes. Existente 8.000.000 de população estão entre 60 e 64 anos,

conforme gráfico 02 (10).

O cuidador é a pessoa, membro ou não da família, que, com ou sem remuneração, cuida do

idoso em exercício de suas atividades diárias, tais como alimentação, higiene pessoal, medicação

de rotina, acompanhamento aos serviços de saúde, excluídas as técnicas ou procedimentos

identificados com profissões legalmente estabelecidas, particularmente na área da Enfermagem (11).

Os cuidadores têm importante papel em auxiliar os idosos nas suas adaptações físicas e

emocionais necessárias ao autocuidado e, para tanto, devem ser capacitados para isso (11). Diante

disso, entende-se ser fundamental trabalhar esses aspectos com os cuidadores que atuam nas

ILPIs para que tenham uma prática que respeite o tempo de execução das tarefas pelo idoso,

evitando a superproteção e o estímulo à dependência.

O Cuidador de Idoso é a pessoa capacitada para auxiliar o idoso o qual apresenta limitações

para realizar as atividades e tarefas da vida cotidiana, fazendo elo entre o idoso, a família e serviços

de saúde ou da comunidade. O Cuidador de idosos poderá atuar de forma autônoma ou voluntária

no atendimento ao público da terceira idade, em Instituições de Longa Permanência para Idosos

(ILPI), clínicas, hospitais, centros de atenção ao idoso ou em domicílio (12).

Pouco se conhece sobre o perfil de cuidadores de idosos, suas necessidades e sua

formação. A urgência de se estruturar uma equipe multidisciplinar qualificada com amplo

conhecimento geriátrico é iminente, na busca da melhoria da qualidade de vida dos idosos

institucionalizados (9).

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Os profissionais de saúde devem ter uma visão holística das pessoas idosas que lhes

possibilite desenvolver estratégias para facilitar o envelhecimento harmonioso, que compreenda a

vertente sexual. Os enfermeiros podem contribuir para desmistificar esta temática, encarando-a

com naturalidade, de modo a permitir que os idosos vivenciem de forma saudável e satisfatória esta

etapa da vida através da realização de sessões de educação para a saúde na comunidade, com o

objetivo de sensibilizar idosos, cuidadores e família (13).

A institucionalização é outro dos fatores que pode comprometer a vida sexual dos idosos

pela perda de privacidade, pela inflexibilidade dos regulamentos das instituições e pelo

comportamento dos cuidadores. Embora alguns reconheçam que os idosos têm o direito de

expressar a sua sexualidade dentro de determinados parâmetros, outros ignoram por completo esta

realidade considerando-a, muitas vezes, como uma afronta aos seus códigos morais. Embora no

decorrer do envelhecimento as necessidades do indivíduo sofram alterações, o direito de

permanecer sexualmente ativo mantém-se, desde que respeite a sua vontade e não interfira com

os direitos dos outros, independentemente da idade, capacidade ou preferência sexual (13).

Um estudo realizado em 2011 teve o objetivo descrever o modo como os cuidadores

percebem o processo de envelhecimento de si e do outro, destacou-se que o cuidador possui uma

visão negativa em relação à maneira de definir o ser idoso; onde se foi para a temática “O cuidador

tem um olhar crítico para a sexualidade do idoso institucionalizado, muito das vezes esquecida e

não lembrada pelos cuidadores” Os cuidadores devem ser profissionais em relação ao processo de

envelhecimento, levando em conta o termo sexualidade ao idoso institucionalizado. (14).

O artigo presente tem o tendência de amadurecer o pensamento do cuidador em relação à

sexualidade do idosos institucionalizado, procurando esclarecer a realidade que por muitas das

vezes está escondida por detrás de muros de uma instituição para idosos.

Deste modo, este artigo tem como objetivo identificar através de revisão de literatura, o olhar

do cuidador sobre à vivencia da sexualidade do idoso institucionalizado.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo trata-se de um estudo de caráter descritivo de revisão bibliográfica, e surgiu

como contribuição científica na área de enfermagem, com a finalidade de incentivar os profissionais

desta área a atuarem e se aprofundarem em relação à temática voltada para a visão do cuidador

sobre a sexualidade do idoso institucionalizado.

Os artigos que foram selecionados em beneficio deste estudo; foram específicos entre os

períodos e 2008 a 2015. Foram inclusos os artigos e estudos que constituíram em seus escritos

assuntos sobre a percepção social da sexualidade dos idosos institucionalizados na visão do

cuidador. O levantamento de dados baseou-se na análise de artigos escrito em português,

disponíveis on-line, a partir de pesquisas na internet em bases como Scielo (Scientific Eletronic

Library on Line), Bireme e revistas científicas oficiais, com as seguintes palavras-chaves: Idoso,

Institucionalizado, Sexualidade e Cuidador.; todas as palavras chaves são reconhecidas pelo DECS

(Descritores em Ciências da Saúde).

Para a organização das informações, contidas inicialmente foi utilizada a leitura dos resumos

dos trabalhos, identificando-se o objeto, os objetivos do estudo e os resultados. Os dados foram

registrados em forma de fichas de leitura. Para o estudo dos dados, utilizou-se a análise de conteúdo

que se caracteriza por um conjunto de técnicas de análise de comunicação que visa obter, por

procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram encontrados 5.160 resumos de artigos, utilizando as palavras-chaves nas bases de

dados citadas anteriormente. Destes artigos, 35 foram considerados estudos com relevância para

realização da seguinte pesquisa bibliográfica, os quais foram analisados criteriosamente. Porém,

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apenas 18 artigos realmente se enquadraram dentro dos critérios utilizados para serem validados

e incluídos na pesquisa.

A pessoa idosa, ao se institucionalizar, perde o domínio sobre seus atos, que passam a ser

administrados pela instituição que, por sua vez, regula toda sua vida. Nesses termos, a disciplina é

reforçada pela percepção pouco compreensiva que os funcionários têm da necessidade das

atividades mental, física e sexual para dar sentido à vida das pessoas dessa faixa etária; foi feito

estudos em torno da percepção de funcionários e idosos da casa São Vicente Paulo na Amazonas

sobre a sexualidade na terceira idade; Como resultado principal, 75% dos funcionários ainda

apresentam resistência para aceitar a representação sexual do idoso institucionalizado, o que

contrasta com a percepção dos idosos, uma vez que 90% afirmaram que o sexo é natural nesta

fase da vida como em qualquer outra fase, pois é um processo natural do ser humano (15).

O cuidador do idoso institucionalizado em si próprio é natural o preconceito quanto a

representação sexual de pessoas mais velhas fisiologicamente, os cuidadores que trabalham a mais

tempo tem uma visão mais centrada pensamento e viver do idosos institucionalizado. Apesar da

grande maioria dos cuidadores afirmarem que a sexualidade dos idosos institucionalizados é

natural, 25% deles tem certo preconceito quanto ao assunto. Os 10% dos idosos que não optaram

pela liberdade a representação sexual podem ser assexuado ou escondem suas sexualidades por

receio do que vão falar, julgar ou aceitar.

A nossa sociedade ainda está repleta de mitos e tabus em relação a sexualidade na velhice

e em especial aos idosos institucionalizados. Para uma melhor compreensão da sexualidade na

velhice é preciso ter maior tolerância das pessoas que convivem e trabalham nesse ambiente.

Percebeu-se que, dentro da perspectiva dos funcionários já há uma visão mais positiva e realista

da sexualidade longeva. Os cuidadores tem uma visão sexual acerca dos idosos institucionalizados

como um ser sexuado, ao mesmo tempo em que vê isso normal, tem em si também certo

preconceito, vendo essa sexualidade como algo desnecessário, chamando esses atos de tarados

ou sem-vergonhas (12).

Os idosos e os enfermeiros devem compreender que a sexualidade não significa

absolutamente ter relações sexuais freqüentes. O enfermeiro deve ajudar o idoso a compreender

que toda a forma de expressão está impregnada de emoções e estas fazem parte da sexualidade.

Portanto é necessário que o enfermeiro, juntamente com o idoso, seja capaz de construir estratégias

para estimular o interesse e a criatividade em relação à sexualidade deste (13).

É vasta a contribuição do enfermeiro sobre a vivência da sexualidade saudável dos idosos;

acredita-se na importante e eficaz atuação da enfermagem no cuidar dos idosos. O profissional de

saúde (cuidador) deve ter uma visão holística das pessoas idosas que lhes possibilite desenvolver

estratégias para facilitar o envelhecimento harmonioso, que compreenda a uma vertente sexual (13).

É percebível neste estudo, que os autores identificaram um olhar respeitoso para com a

sexualidade dos idosos institucionalizados, mostrando a real importância da visão do cuidador aos

idosos institucionalizados nas mãos dos enfermeiros. O enfermeiro como cuidador é de excelência

escolha, pois a enfermagem olha não só a doença, estado psicossocial ou a questão sexualidade,

a enfermagem olha a pessoa em si, o ser humano por completo. O enfermeiro pode influenciar na

visão do cuidador de idosos institucionalizados quando a sexualidade na terceira idade, fazendo

isso com palestras, mini cursos e realizando periodicamente uma inter-relação entre idosos

institucionalizados e seus cuidadores.

O cuidado ao idoso institucionalizado exige o respeito pela pessoa humana como ser único,

cujo significado e finalidade de vida é prioridade máxima do cuidador, o qual deve canalizar todos

os esforços no respeito à liberdade, pontos de vista e comportamentos do indivíduo que está a

cuidar. Os idosos merecem serem cuidados de forma segura, responsável e digna (16).

O idoso é uma pessoa como outro qualquer, deve-se olhar para ele como olhamos para nos

mesmos, é uma etapa da vida onde tem-se os sentimentos, vontades, desejos e sonhos ativos e

livres para realizá-los, mesmos que estejam em uma instituição de longa permanência ou não.

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Para se tornar apto a ser um cuidador de idosos institucionalizados, a pessoa precisa estar

ciente quanto a algumas características, como a de ter simpatia, ser paciente, ter expectativas

realistas, manter fortaleza física e mental, ter serenidade, calma e confiança para enfrentar diversas

circunstâncias que são obrigações de um profissional em uma casa de institucionalização de idosos.

De acordo com um trabalho realizado, 82,8% de uma amostra, discorda que os idosos já

não tenham capacidade de amar e de se relacionar emocionalmente. Estes dados comprovam que

a capacidade de amar e de se relacionar emocionalmente acompanha o indivíduo ao longo de todo

o ciclo vital (17).

O gráfico 01 faz direito a um estudo, onde mostra que a maioria dos inquiridos consideram

que a forma como o cuidador encara a sexualidade dos idosos, condicionando a compreensão e

aceitação da vivência e expressão da sexualidade do idoso. Discordando desta afirmação cerca de

10,3% da amostra, 24,1% não concorda e nem discorda, apresentando 55,2% concorda e 10,3%

concorda totalmente (17).

Em meio a concordâncias e discordâncias em pró da sexualidade dos idosos

institucionalizados, percebe-se que nas pesquisas realizadas, existem cuidadores conservadores e

os liberais, pois cada um pensa de uma maneira diferente. A maioria dos cuidadores tem boa

aceitação sobre o tema abordado. Ressalto que muitos cuidadores podem ter um distúrbio de

pensamentos e idéias que mudam o ver de acordo com modo de vida em que esta vivenciando.

Devido a algumas limitações evidenciadas no processo de envelhecimento, como a falta de

tempo para cuidar de seus idosos leva as famílias a optarem pela sua institucionalização.

Entretanto, a institucionalização se deu em decorrência das circunstâncias que envolvem o cuidado,

como a falta de tempo, a insuficiência de pessoas da família para cuidar, dentre outras. Para

algumas famílias, os idosos estão sendo bem cuidados pelos funcionários do lar, muitos

manifestando satisfação pelo cuidado dispensado ao idoso, fazendo o que podem, dentro das

possibilidades de cada um (9).

Esse estudo é bastante interessante, porem ele ressalta o idoso que foi institucionalizado

pela família, que se julga estar cansada ou sem tempo na vida para cuidar do mesmo. E esse

modelo de família é muitas vezes mal interpretado pela sociedade e pelos cuidadores em

Instituições de Longa Permanência para Idosos; as mesmas famílias que institucionaliza seus

idosos, é satisfeita pelo cuidado ministrado pelos cuidadores. Não se sabe se elas realmente

confiam nos cuidadores de idosos ou querem apenas afastar uma pessoa idosa de suas obrigações

como família. Aplicando isso à representação social da sexualidade dos idosos institucionalizados,

vê se uma visão mais quebrantada, pois o cuidador aceita essa sexualidade dos idosos, vendo nele

uma forma de substituir a ausência da família.

Para os cuidadores de idosos que conseguem obter satisfações e enxergam recompensas

no serviço de cuidar, o próprio processo de envelhecimento pode ser mais saudável e mais tranquilo

porque eles procuram compreender tudo o que acontece com cada idoso; no entanto, para os

outros, “envelhecer” ainda é muito difícil, humilhante, principalmente por haver dependência física

e financeira (10).

Observa-se que o autor procura passar neste artigo, que para o cuidador ter um bom

envelhecimento, é aconselhável respeitar e procurar entender os idosos; encarando com seriedade

os deveres, afazeres e ate mesmo o modo e a escolha sexual do idoso, valendo para os idosos de

forma geral, seja ele institucionalizado ou não.

Nos dias de hoje, o estudo da sexualidade na terceira idade assume cada vez mais

importância, não só devido ao aumento do número de idosos, como também pelo aumento da

duração da vida que é cada vez maior (acima dos 80 anos). Estas são duas razões que levaram à

tomada de consciência que a terceira idade é um importante e longo período da vida do qual a

sexualidade faz parte (17).

Estamos em uma fase de vida onde vivemos em mundo repleto de adultos com idade de 60

a 80 anos, pois é nesta idade que as pessoas são consideradas idosas; esta é à base da idade dos

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idosos que estão institucionalizados, e o cuidador vê a proporção do aumento deste número

(Gráfico2).

Existem fatores que podem influenciar a visão do cuidador sobre a sexualidade dos idosos

institucionalizados, como exemplo a falta de oportunidade de outros empregos; ou a infra-estrutura

precária da instituição; ate mesmo o salário baixo, a falta de conhecimento necessário para exercer

o cuidado; esses são fatores que tem o poder de negativar o olhar do cuidador em relação a

sexualidade do idosos institucionalizado. Porem os cuidadores que trabalham por amor pelo seu

trabalho, os que mais tempo de serviço tem um olhar maduro, mais centralizado sobre o tema,

enxergando a sexualidade como essencial da vida do ser humano.

O envolvimento emocional ou o tempo de serviço podem alterar a relação e a visão do

cuidador perante a sexualidade do idoso institucionalizado; lembrando que a própria

institucionalização é outro fator que compromete a sexualidade dos idosos pela perda de

privacidade em meio aos estudos percebe-se que os profissionais cuidadores mais antigos tem uma

visão mais ampla e respeitosa da representação sexual dos idosos institucionalizados, eles vêem e

não a ignoram suas sexualidades, reconhecendo que os idosos têm o direito de expressar sua

sexualidade dentro do parâmetro institucional; os cuidadores mais novos no termo profissional, têm

um olhar mais critico, onde suas atitudes

demonstram julgamento, muito das vezes não enxergando ou procurando não enxergar a

sexualidade existente entre esses idosos, visando o idosos institucionalizado sem o direito de expor

suas sexualidades, vendo isso uma afronta aos seus códigos morais.

5 CONCLUSÕES

O cuidador precisa ter em si, respeito e credibilidade ao idoso institucionalizado, dentro

representação social sobre sexualidade; pois essa mesma visão que é tida hoje em relação à sua

sexualidade, poderá ser refletida ao decorre de sua vida pessoal, pois o adulto jovem de hoje será

o idoso de amanhã.

REFERÊNCIAS

1. FREITAS, M.C., QUEIROZ T.A., SOUSA J.A.V. O significado da velhice e da experiência de envelhecer para os idosos. Rev Esc Enferm USP 2010; 44(2):407-12 2. MARTINS, M. B. Violência silenciada: violência física e psicológica contra idosas no contexto familiar (Dissertação de Mestrado não publicada). Universidade Federal do Amazonas, Manaus. 2012. 3. ROUCO, N.F., GONZÁLEZ, R.J.C., CARVALHO, V.A.M.L., & SÁNCHEZ, F.L. Mito o Realidade?: A sexualidade na velhice. Em L.F.Araújo, C.M.R.G. Carvalho, & Carvalho, V.A.M.L. (Eds.), As Diversidades do Envelhecer: uma abordagem multidisciplinar (pp.87­99). Curitiba: CRV. 2009. 4. RODRIGUES, P.C., ANDRADE, S.B.C., & FARO, A.C.M. Envelhecimento, Sexualidade e Qualidade de Vida: revisão da literatura. Estudos Interdisciplinares sobre Envelhecimento, 13(2), 205­220. 2008. 5. FERREIRA, Denise Cristina de Oliveira; Yoshitome, Aparecida Yoshie. Prevalência e Características as Quedas de Idosos Institucionalizados. Universidade Federal de São Paulo. Departamento de Enfermagem. São Paulo, SP. Rev Bras Enferm, Brasília 2010 nov-dez; 63(6): 991-7. 6. GONÇALVES, Lucia Hisako Takase; ET al. O idosos institucionalizado: avaliação da capacidade funcional e aptidão física. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 26(9):1738-1746, set, 2010. 7. Yamamoto A, Diogo MJD. Os idosos e as instituições asilares do Município de Campinas. Rev Latinoam Enferm 2002; 10:660-6.

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8. MOREIRA, Pricilla de Almeida. QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal da Bahia. Escola de Nutrição, 2014. 9. TIER, Cenir Gonçalves; FONTANA, Rosane Terezinha; SOARES, Narciso Vieira. Refletindo sobre idosos institucionalizados. Rev Bras Enferm, Brasília (DF) 2004 maio/jun;57(3):332-5

2003. CUSTODIO, Carla Maria de Faria. REPRESENTAÇÕES E VIVÊNCIAS DA SEXUALIDADE NO IDOSO INSTITUCIONALIZADO. Universidade Aberta. Dissertação de Mestrado em Comunicação em Saúde. Lisboa, Maio, 2008

REVISÃO SISTEMÁTICA DO ESTADO NUTRICIONAL ANTROPOMÉTRICO DE GESTANTES BRASILEIRAS

ANTHROPOMETRIC NUTRITIONAL STATE SYSTEMATIC REVIEW OF PREGNANT

BRAZILIAN

Maria Izabel Saturnino dos Santos Lúcioiv, Fabiano Rodrigues de Souza²; Valdir Francisco Odorizzi²; Tania Maria Aires Gomes Rocha²; Viviane Tiemi Kenmoti²; Jonas Eraldo de Lima Júnior².

_________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO: Introdução - A gravidez é um fenômeno fisiológico que ocasiona uma série de transformações no organismo da mãe. A assistência nutricional durante a gestação tem grande relevância, e as equipes de saúde têm papel importante na ampliação da cobertura do cuidado pré-natal. O Ministério da Saúde institui que a gestante deva ter seu estado nutricional avaliado como rotina do pré-natal. A assistência nutricional é fundamental para esta avaliação nutricional e o preparo da maternidade sem intercorrêcias gestacionais. Objetivos - Descrever o estado nutricional antropométrico gestacional adotado no Brasil para avaliar o ganho de peso gestacional nos últimos dez anos conforme método proposto por Atalah et al. Metodologia - Trata-se de uma revisão sistemática, onde foram selecionados artigos publicados entre 2004 e 2014, em português e espanhol , nas bases eletrônicas de dados , Medline, Lilacs e Scielo. As palavras-chave foram: Gestantes. Estado Nutricional. Índice de massa corporal. Ganho de peso. Foram excluídos estudos em que as gestantes tinham sido avaliadas por outros métodos de avaliação nutricional e estudos com gestantes adolescente. Resultados - O estado nutricional inicial mostrou uma alta prevalência de sobrepeso e obesidade (39,4%) porém não superior a o estado eutrófico segundo os estudos analisados. Conclusão - A seleção de um método de avaliação nutricional na gestação é alvo de amplas discussões na literatura e nos órgãos responsáveis pelo monitoramento nutricional nos serviços de saúde no Brasil. Palavras chaves: Estado Nutricional. Ganho de peso. Gestantes. Índice de massa corporal. ABSTRACT: Introduction - Pregnancy is a physiological phenomenon that causes many changes in the mother's body. Nutritional care during pregnancy has great relevance, and the health teams play an important role in expanding the coverage of prenatal care. The Brazilian Ministry of Health establishes that the mother should have her nutritional status evaluated as prenatal routine. Nutritional care is critical to this assessment and the preparation of motherhood should be without pregnancy complications. Objectives - This study aims to describe the gestational anthropometric nutritional status adopted in Brazil to evaluate the gestational weight gain over the past decade, according to the Atallah et al. Methodology - This study is a systematic review of selected articles in Portuguese and Spanish published from 2004 to 2014 in electronic databases of Literature Latin American Health Sciences (Lilacs), Scientific Electronic Library Online (Scielo), and Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline). The keywords were pregnant women, Nutritional Status, Body mass index, and Weight gain. Studies concerning pregnant women evaluated by other nutritional assessment methods and studies focusing teenager pregnant women were excluded. Results - The initial nutritional status showed a high prevalence of overweight and obesity,1.639 (39.4%), according to the analyzed studies. Conclusion - The selection of a nutritional assessment method during pregnancy is a subject of extensive discussions in the literature and by the bodies responsible for monitoring the nutritional health services in Brazil. Key-words: Body mass index. Nutritional status. Weight gain. Pregnant women.

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1 INTRODUÇÃO

O período gestacional é marcado por mudanças de aspectos psicológicos, físicos e

fisiológicos para possibilitar o crescimento e desenvolvimento do feto e ao mesmo tempo, garantir

a manutenção da composição corporal materna. O metabolismo energético na gestação é afetado

pelo crescimento fetal e pelas necessidades do organismo materno que se adapta à gravidez 1, 2.

Para que o período gestacional transcorra normalmente, há uma necessidade que a

alimentação materna seja precedida de um bom aporte nutricional, que esse será a exclusiva fonte

de nutrição fetal no transcorrer da gestação. A inadequação do estado nutricional antropométrico

materno, tanto pré-gestacional quanto gestacional, favorece o desenvolvimento de intercorrências

na gravidez e no período pós-parto, além de atuar sobre as condições de saúde do concepto 3, 4, 5.

A deficiência nutricional materna é um fator de risco evidente, mas não definitivo, podendo

ser modificado por meio da assistência adequada no pré-natal, que tem como um dos objetivos

identificar gestantes sob-risco nutricional (baixo peso, sobrepeso ou obesidade) principalmente no

início da gestação, mediante a avaliação e monitoramento da relação peso/altura/idade gestacional,

possibilitando detectar as situações de peso insuficiente ou excessivo conforme a idade gestacional 6,7.

O estado nutricional é caracterizado utilizando-se as medidas de peso e altura, para o cálculo

do Índice de Massa Corporal (IMC) e os indicadores propostos pelo Ministério da Saúde. Segundo

a Organização Mundial da Saúde (OMS), o monitoramento do ganho de peso durante a gestação é

uma conduta de baixo custo e de grande importância para determinar as intervenções nutricionais

adequadas, e também diminuir os riscos maternos e fetais 8, 9.

A orientação nutricional, pode proporcionar um ganho de peso adequado, prevenindo o

ganho elevado ou diagnosticando o ganho ponderal insuficiente. A OMS através de seu comitê de

especialistas em Nutrição, considera que o peso gravídico, não deve ser analisado apenas em

função do objetivo de prognóstico e monitorizarão do baixo peso do recém-nascido 4,8,10.

O método para avaliação nutricional de gestantes tem sido especialmente estudado no Brasil

com o apoio técnico da OMS nos últimos 20 anos. Na década de 90, Atallah et al., propôs um novo

método para a avaliação antropométrica de gestantes com base no IMC gestacional, no período da

10ª a 42ª semanas a partir de um estudo prospectivo populacional, realizado no Chile, como uma

abordagem alternativa à curva de Rosso, método utilizado anteriormente4,8 .

O conhecimento do estado nutricional materno antes e durante a gravidez, é fator

fundamental para a saúde da mãe, e de seu filho. No Brasil, a preocupação com a persistência do

baixo peso e com o crescente aumento da prevalência da obesidade feminina é premente,

particularmente em mulheres em idade reprodutiva, devido aos riscos para desfechos gestacionais

e neonatais desfavoráveis e seus respectivos efeitos imediatos e em longo prazo10.

Quais as condições nutricionais antropométricas das gestantes brasileiras? O método

utilizado e fidedigno? Este estudo foi elaborado no intuito de contribuir para avaliação das

características nutricionais antropométricas de gestantes brasileiras. Com os resultados, esperar-

se-á reforçar a importância do conhecimento sobre o método de avaliação nutricional

antropométrica utilizado para as gestantes brasileiras.

Diante do exposto, o atual estudo, pretende através de uma revisão sistemática, descrever

o estado nutricional antropométrico gestacional, adotado no Brasil, para avaliar o ganho de peso

gestacional nos últimos dez anos conforme método proposto por Atalah et al.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo é uma revisão sistemática, de artigos científicos sobre a avaliação

nutricional antropométrica e ganho ponderal de gestantes brasileiras segundo o método proposto

por Atalah et al. Para utilização dos artigos, realizou-se, uma busca nas bases eletrônicas de dados:

Medical Literature Analises and Retrieval System Online (Medline), Literatura Latino-Americano e

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do Caribe em Ciencias da Saúde (Lilacs) e Scientific Electronic Library Online (Scielo) de todos os

artigos publicados sobre Avaliação Nutricional Antropométrica da gestante pelo método de Atalah,

no período de 2004 a 2014. A busca bibliográfica dos artigos compreendeu o período de fevereiro

e abril de 2015, onde se realizou uma seleção a partir dos títulos dos artigos encontrados

inicialmente e, quando disponíveis, dos resumos obtidos a partir da busca eletrônica.

A busca nas bases de dados fora realizada utilizando às palavras-chaves cadastradas nos

descritores em Ciências da Saúde, criados pela biblioteca virtual em saúde, que permite o uso da

terminologia comum em português e espanhol, todos os resumos de artigos contendo as palavras-

chaves foram lidos.

Os critérios de inclusão dos estudos encontrados foram: utilização do método de Atalah,

classificação nutricional da gestante, conter nos títulos as palavras chaves completas ou em parte,

são eles: estado nutricional, ganho de peso, gestantes e índice de massa corporal, e estarem

escritos nos idiomas espanhol e português.

Os critérios de exclusão foram estudos em que as gestantes tiveram avaliação nutricional

por outros métodos e estudos com gestantes adolescentes devido faixa etária da escala de

avaliação nutricional de Atalah, ser aplicada, apenas para mulheres maiores de 19 anos.

As informações selecionadas nos artigos para compor o estudo foram: ano de publicação,

tipo do estudo, tamanho da amostra, local do estudo, faixa etária, variáveis de controle utilizadas,

método utilizado na avaliação antropométrica, e principais resultados encontrados nos estudos

utilizados como base. Foram respeitados os direitos autorais de todos artigos utilizados no

respectivo estudo.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Inicialmente foram identificados 82 artigos na base de dados Medline, Lilacs e Scielo e após

primeira análise, destes, foram selecionados 43 artigos. Em seguida após uma análise criteriosa e

a leitura dos artigos na integra, 9 papers em vocábulo espanhol, foram excluídos. Tal exclusão, se

justifica, por terem sido estudos realizados em outros países. Ressalta-se ainda, que 11 artigos,

não foram avaliados, pois não calculavam o IMC de gestantes e 9 utilizavam outros métodos de

avaliação nutricional. Apenas 14 artigos seguiam os critérios de inclusão do estudo vigente. Foram

excluídos os trabalhos identificados como sem relação com o tema de revisão, e que relatavam o

emprego de outras modalidades de avaliações nutricionais antropométrica.

Os resultados da pesquisa em tela, denotam resultados de um déficit, notório nas regiões

Centro-Oeste e Norte, que talvez se justifique pela opção das bases de dados escolhidas para o

presente estudo, conforme, dados da Tabela 1. Com esta revisão, observou-se que no Brasil, são

poucos estudos que utilizam apenas o método determinado pelo Ministério da Saúde (MS), para

avaliação nutricional antropométrica de gestantes. Talvez, porque, desde o ano de 2004, o MS

tenha adotado tal método, e de suma importância enfatizar que o Brasil integra uma combinação

dos métodos para se realizar uma avaliação nutricional sendo eles o de Atalah, e a recomendação

do ganho ponderal determinada pelo Institute of Medicine dos Estados Unidos da América(IOM-

EUA), durante o acompanhamento de gestantes no pré-natal8,11.

TABELA 1. Artigos Avaliados sobre Classificação Nutricional Antropométrica entre 2004 e 2014. (*)

porcentagem estimada de acordo com o número da amostra do estudo original.

Autor local de estudo Classificação Nutricional

Antropométrica

Tamanho da

Amostra %

Niquine et.al

2008

Rio de Janeiro-RJ

Baixo Peso 11 6,4

Eutrófico 106 62,0

Sobrepeso 33 19,3

Obesidade 21 12,3

Totais 171 100

Campina Grande-PB Baixo Peso (*) 27 23,0

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Autor local de estudo Classificação Nutricional

Antropométrica

Tamanho da

Amostra %

Tavares et.al

2006

Eutrófico (*) 59 50,0

Sobrepeso (*) 16 13,5

Obesidade (*) 16 13,5

Totais 118 100

Fazio et.al

2008

São Paulo-SP

Baixo Peso 23 12,3

Eutrófico 84 44,9

Sobrepeso 37 19,8

Obesidade 43 23,0

Totais 187 100

Nast et.al

2010

Porto Alegre-RS

Baixo Peso 56 10,3

Eutrófico 209 38,4

Sobrepeso 151 27,8

Obesidade 128 23,5

Totais 544 100

Fonseca et.al

2011

São Paulo-SP

Baixo Peso 49 6,9

Eutrófico 416 58,4

Sobrepeso 171 24,0

Obesidade 76 10,7

Totais 712 100

Andreto et.al

206

Recife-PE

Baixo Peso 61 25,4

Eutrófico 116 48,3

Sobrepeso 30 12,5

Obesidade 33 13,8

Totais 240 100

Lima et.al

2004 Teresina-PI

Baixo Peso 49 17,7

Eutrófico 188 67,9

Sobrepeso 22 7,9

Obesidade 18 6,5

Totais 277 100

Melo et.al

2006 Recife-PE

Baixo Peso 199 20,1

Eutrófico 450 45,4

Sobrepeso* 181 18,2

Obesidade* 162 16,3

Totais 992 100

Hedrich et.al

2006 Guarapuava-PR

Baixo Peso 4 11,4

Eutrófico 25 71,4

Sobrepeso* 4 11,4

Obesidade* 2 5,7

Totais 35 100

Alves et.al

2011 Paranaguá-PR

Baixo Peso 4 8,3

Eutrófico 19 39,6

Sobrepeso 16 33,3

Obesidade 9 18,8

Totais 48 100

Sato et.al

2007 São Paulo-SP

Baixo Peso 3 10,0

Eutrófico 15 50,0

Sobrepeso 9 30,0

Obesidade 3 10,0

Totais 30 100

Melo O. et.al

2006 Campina Grande-PB

Baixo Peso 26 23,0

Eutrófico 58 50,0

Sobrepeso 22 19,0

Obesidade 9 8,0

Totais 115 100

Francisqueti et.al

2009 Botucatu-SP

Baixo Peso 33 12,0

Eutrófico 127 46,0

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Autor local de estudo Classificação Nutricional

Antropométrica

Tamanho da

Amostra %

Sobrepeso 36 13,0

Obesidade 80 29,0

Totais 276 100

Seabra et.al

2006

Rio de Janeiro-RJ

Baixo Peso 66 15,8

Eutrófico 40 9,7

Sobrepeso 196 47,0

Obesidade 115 27,6

Totais 417 100

Os estudos dos artigos avaliados evidenciam uma prevalência de sobrepeso e obesidade

nas diferentes regiões do País. A prevalência do ganho excessivo de peso é considerada um

problema de saúde pública, pois se apresenta elevadas taxas, tanto na gestação, quanto em outras

fases da vida. O estado antropométrico materno inadequado, tanto pré-gravídico quanto

gestacional, se constitui em um problema de saúde pública, pelo fato de estar associado

diretamente ao desenvolvimento de intercorrências gestacionais (morbidades), influência nas

condições de saúde do concepto, o peso ao

nascimento, o tipo de parto, a duração da

gestação e a saúde materna no período pós-

parto 4,8,12,14. Outros resultados, direcionam a

populações na região Nordeste, com uma maior

prevalência de mulheres com baixo peso,

entretanto, essa observação, não supera os

valores médio do sobrepeso e da obesidade no

País. Enquanto que na Região Sudeste as

gestantes com baixo peso, correspondem a um

número/porcentagem menor, como elencados nos estudos avaliados7.

O IOM-EUA, defende o peso pré-gestacional, como um dos principais determinantes do

ganho ponderal, indicando que o ganho de peso ideal seja avaliado em função do estado nutricional

inicial da gestante, sendo este definido de acordo com as condições do IMC 11,12. Em virtude da

junção de dois métodos distintos serem utilizados de forma simultânea, as recomendações, do

Ministério da Saúde do Brasil e do IOM- EUA recomendam ganhos de peso diferenciados de acordo

com o estado nutricional pré-gestacional. Mulheres que apresentam baixo peso devem ter um ganho

ponderal de 12,5 a 18,0 kg; gestantes de peso adequado de 11,5 a 16,0 kg; mulheres com

sobrepeso de 7,0 a 11,0 kg; e gestantes obesas devem apresentar ganho menor ou igual a 7,0 kg 6,11,12. Embora essas recomendações, estejam em vigor no País desde 2004, ainda são

consideradas insatisfatórias, e alvo de discussões na literatura, pois as populações dos estudos

nutricionais em mulheres grávidas realizado por Atalah e colaboradores eram americanas. Dessa

maneira, mais estudos são necessários para a proposição de uma curva de ganho de peso

adequada para a realidade da população brasileira13.

De acordo com os resultados da Tabela 2, de um total de 4.162 gestantes avaliadas nos

artigos, segundo o índice de massa corporal, e as determinações de ganho de peso do IOM-EUA,

determinou-se que 1.912 (45,9%) estavam inseridas na categoria de peso eutrófico. A maior parte

dos estudos evidenciaram à associação direta do estado nutricional das gestantes, adequado com,

desfechos positivos para o binômio mãe/filho15,16. O estado nutricional antropométrico materno

adequado como também ganho de peso a cada trimestre são fatores importantes para o bom

resultado da gravidez, bem como para a manutenção da saúde no decorrer dos anos, tanto para

mãe quanto para o concepto16,17. Os parâmetros adotados para a vigilância nutricional

antropométrica em gestantes são: IMC < 18,4 (Baixo peso), 18,5-24,9 (Eutrofico), 25-29,9

(Sobrepeso) e ≥ 30 (Obesa) e ganho de peso gestacional 18.

TABELA 2. Classificação Nutricional Antropométrica de Gestantes

Classificação Nutricional Antropométrica de Gestantes

Tamanho da Amostra

%

Baixo Peso 611 14,7

Eutrófico 1.912 45,9

Sobrepeso 924 22,2

Obesidade 715 17,2

Totais 4.162 100%

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Durante muitos anos, vários métodos foram utilizados para avaliação nutricional das

gestantes, mas a cada método utilizado, se percebia situações que superestimavam os reais

resultados das avaliações nutricionais das gestantes e de outros grupos também19, 20. Na variável

baixo peso analisada nesse trabalho, os resultados apontam que, 611 gestantes (14,7%), estavam

com ganho ponderal insuficiente. É importante citar

que os fatores de risco pré-gestacionais como a idade, as condições de saúde gestacional e os

fatores gestacionais modificáveis a exemplo: baixas ingestões calóricas, exercício físico,

influenciam diretamente e igualmente para o risco de baixo peso materno. Ainda, sob avaliação

das pesquisas, os resultados denotam que um total de 924 (22, 2%) mulheres, apresentavam

sobrepeso, e 715 gestantes (17,2%), foram classificadas como obesas. O sobrepeso e a obesidade

gestacional estão diretamente associados as complicações infecciosas no pós-parto, e

intercorrências gestacionais que aumentam a necessidade de intervenções obstétricas. Salienta-

se, neste estudo, uma observação de maior chance de hipertensão gestacional em obesas quando

comparadas aos grupos com sobrepeso e baixo peso19. É possível, que para o ganho de peso

excessivo e os fatores pré-gestacionais contribuam para complicações gravídicas,

substancialmente mais do que as condições de saúde gestacional e os fatores gestacionais

modificáveis 21,22.

Segundo resultados obtidos com as leituras, aproximadamente 1.639 gestantes (39,4%),

corresponderam a pacientes com sobrepeso ou obesas, Gráfico 1. Os estudos brasileiros

apresentam uma significante prevalência do excesso de peso entre as gestantes brasileiras, porem

apresentam variações nos percentuais a cada região avaliada, sendo evidenciados através dos

resultados realizados no Pais. O ganho de peso excessivo durante a gestação pode ocasionar a

retenção de peso no pós-parto, favorecendo a obesidade materna, que pode posteriormente pode

ser agravada por gestações subsequentes18, 23,24. Vários fatores podem interferir na evolução e no

prognóstico da gravidez, sendo um deles o estado nutricional materno, colocando em ênfase a

abordagem de realizar-se estudos com o tema “nutrição” entre as gestantes em virtude dos riscos

que a inadequação da mesma pode gerar ao binômio25,26. Ressalva-se que, não apenas o excesso

de peso pode acarretar desfechos maternos e perinatais indesejáveis, como também o baixo peso

da mãe, pode determinar riscos e aumento da morbimortalidade neonatal27.

A seleção de um método de avaliação nutricional na gestação é alvo de amplas discussões

na literatura e nos órgãos responsáveis pelo monitoramento nutricional nos serviços de saúde no

Brasil. O ganho ponderal gestacional é um indicante antropométrico amplamente utilizado, tanto

nos serviços de saúde quanto em pesquisas de avaliação da saúde materno-fetal.

A explanação dos resultados, de forma concluinte, das pesquisas aqui relacionadas, ao

ganho de peso na gestação devem levar em consideração a precisão de um método empregado

para o cálculo da idade gestacional, a forma de obtenção do peso pré-gestacional e a inclusão ou

não do peso fetal, como componente do ganho de peso materno. O método proposto por Atalah et

al., vem sendo utilizado há mais de 10 anos no Brasil conforme preconiza o Ministério da Saúde.

Porém, são poucos os estudos sobre avaliação nutricional para avaliar com precisão se o método

está adequado ao perfil das gestantes brasileiras.

REFERÊNCIAS 1 - Engstrom EM. Sisvan: Instrumento para o combate aos distúrbios nutricionais em serviços de saúde: Diagnóstico nutricional. 2ª ed. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2002. 2 - Burlandy L. A construção da política de segurança alimentar e nutricional no Brasil: estratégias e desafios para a promoção da intersetorialidade no âmbito federal de governo. Ciênc. Saúde Colet. 2009;14(3):851-60. 3 - Custódio MB, Furquim NR, Santos GMM, Cyrillo DC. Segurança alimentar e nutricional e a construção de sua política: uma visão histórica. Rev. San. 2011;18(1):10.

16 -Tavares JS, Melo ASO, Amorim MMR, Barros VO, Benício MHD, Takito MY, Cardoso MAA. Associação entre o padrão de atividade física materna, ganho ponderal gestacional e peso ao nascer em uma coorte de 118 gestantes no município de campina grande, nordeste do Brasil. Rev. Assoc Med Bras 2009; 55(3): 335-41. 17 -Atalah SE, Castillo CL,Gomez C. Desnutrición em la embarazada: um problema sobredimensionado? Rev Med Chile 1995; 123: 1531-8. 18 - Seabra G, Padilha PC, Queiroz JA, Saunders C. Sobrepeso e obesidade pré-gestacionais: prevalência e

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4 - Padilha PC, Saunders C, Machado RCM, Silva CL, Bull A, Sally EOF, Accioly E. Associação entre o estado nutricional pré-gestacional e a predição do risco de intercorrências gestacionais. Rev Bras Ginecol Obstet 2007; 29(10):511-518. 5 - Sato APS, Fujimori E. Estado nutricional e ganho de peso em gestantes. Rev. Latino-Am. Enfermagem.2012;20(3):7. 6 - Brasil. Ministério da Saúde. Secretária de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada: manual técnico. 3a ed. Brasília (DF); 2006. 7 - Francisqueti VF, Rugolo LMSS, Silva EG, Peraçolli JC,Hirakawa HB. Estado nutricional materno na gravidez e sua influência no crescimento fetal. Rev. Simbio-Logias, 2012 V.5, n.7. 8 - Brasil. Ministério da Saúde. Vigilância alimentar e nutricional. Orientações básicas para a coleta, o processamento, a análise de dados e a informação em serviços de saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2004. 9 - World Health Organization (WHO). Physical status: the use and interpretation of anthropometry: report of a WHO Expert Committee. Geneva: WHO;1995. 10 - Atalah SE, Castillo CC, Castro RS, Aldea AP. Propuesta de un novo estándarde evaluación nutricional en embarazadas. Rev Méd Chil 1997; 125:1429-36. 11 - Institute of Medicine (US); National Research Council. Weight gain during pregnancy: reexamining the guidelines. Washington, DC: The National Academies Press; 2009. 12 - Assunção PL, Melo ASO, Gondim SSR, Benício MHD, Amorim MMR, Cardoso MAA. Ganho ponderal e desfechos gestacionais em mulheres atendidas pelo Programa de Saúde da Família em Campina Grande, PB (Brasil). Rev Bras Epidemiol. 2007;10(3):352-60. 13- Lacerda EMA, Kac G, Cunha CB, Leal MC. Consumo alimentar na gestação e no pós-parto segundo cor da pele no município do Rio de Janeiro. Rev Saude Publica. 2007;41(6):985-94. 14 - Coelho KWS, Souza AI, Batista Filho M. Avaliação antropométrica do estado nutricional da gestante: visão retrospectiva e prospectiva. Rev Bras Saúde Matern Infant 2002; 2:57-61. 15 - Stulbach TE, Benício MHD, Ruez A, Kono S. Determinantes do ganho ponderal excessivo durante a gestação em um serviço público de pré-natal de baixo risco. Rev.Bras Epidemiol. 2007;10(1):99-108.

desfechos associados à gestação. Rev. Bras. Ginecol Obstet. 2011; 33(11):348-53 19 - Niquini RP, Bittencourt S, Lacerda EMA, Saunders C, Leal MC. Avaliação do processo da assistência nutricional no pré-natal em sete unidades de saúde da família do Município do Rio de Janeiro. Rev. Ciênc. saúde coletiva 2012; 17(10); 2805-2816. 20 - Nomura RMY, Paiva LV, Nunes Costa V, Liao AW,Zugaib M. Influência do estado nutricional materno,ganho de peso e consumo energético sobre o crescimento fetal, em gestações de risco. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. 2012; 34(3):107-112. 21 - Fazio ES, Nomura RMY, Dias MCG, Zugaib M. Consumo dietético de gestantes e ganho ponderal materno após aconselhamento nutricional. Rev Bras Ginecol Obstet. 2011; 33(2):87-92. 22 - Nast M, Oliveira A, Rauber F, Vitolo MR. Ganho de peso excessivo na gestação é fator de risco para o excesso de peso em mulheres. Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(12):536-40. 23 - Fonseca MRCC, Laurenti R, Marin CR, Traldi MC. Ganho de peso gestacional e peso ao nascer do concepto: estudo transversal na região de Jundiaí, São Paulo, Brasil. Rev Ciência & Saúde Coletiva 2014; 19(5):1401-1407. 24 - Melo MIB, Souza AI, Figueiroa JN, Cabral-Filho JE, Benício MHD, Batista-Filho M. Estado nutricional de gestantes avaliado por três diferentes métodos de classificação antropométrica. Rev. Nutr., Campinas 2011, 24(4):585-592. 25 - Lima GSP, Sampaio HAC. Influência de fatores obstétricos, socioeconômicos e nutricionais da gestante sobre o peso do recém-nascido: estudo realizado em uma maternidade em Teresina, Piauí. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife 2004; 4 (3): 253-261. 26 - Andreto LM, Souza AID, Figueiroa JN, Cabral-Filho JE. Fatores associados ao ganho ponderal excessivo em gestantes atendidas em um serviço público de pré-natal na cidade de Recife, Pernambuco, Brasil. Cad Saúde Pública 2006, 22(11), 2401-9. 27 - Melo ASO, Assunção PL, Gondrim SSR, Carvalho DF, Amorin MMR, Benício MHO ET AL. Estado Nutricional materno, ganho de peso gestacional e peso ao nascer. Revista Brasileira de Epidemiologia 2007;10 (2): 249-57.

SATISFAÇÃO DOS ENFERMEIROS QUANTO AOS ASPECTOS PROFISSIONAIS

SATISFACTION OF NURSES REGARDING ASPECTS PROFESSIONALS

Luana Lima de Oliveira¹v, Mylla Fabiele Ferreira Sousa¹, Renata Alves Bandeira²; Ana Carolina Camargo

Rocha²; Ana Paula Faria Moraes²; Ronyere Olegário de Araujo² _________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO: Introdução - Os enfermeiros, no seu ambiente de trabalho, realizam tarefas desgastantes e exaustivas, as quais são desenvolvidas a partir de uma relação intensiva e interpessoal com o paciente. Se por algum motivo este trabalhador não estiver satisfeito na instituição em que trabalha e com a profissão em si, o ato do cuidar e prestar assistência ao paciente poderá se comprometer, causando assim baixa qualidade na prestação do serviço. Objetivo - Reunir e sintetizar publicações e posteriormente realizar uma revisão sistemática de literatura visando identificar os fatores que mais influenciam na satisfação e insatisfação profissional dos

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enfermeiros. Metodologia - Realizou-se um estudo bibliográfico por meio da exploração das bases de dados Literatura Latino-Americana de Ciências da Saúde (Lilacs), Scientific Eletronic Library Online (Scielo) e Medline, com seleção de dez artigos científicos. Resultados - A remuneração é considerada o maior fator de insatisfação dos profissionais enfermeiros. Em decorrência dos baixos salários, a maioria dos profissionais de enfermagem optam por trabalhar em mais de um emprego. As condições de trabalho também contribuem para insatisfação dos profissionais, e os itens mais incluídos nessa categoria são: carga horária de trabalho, escassez de recursos e materiais e falta de estrutura por parte das instituições. Entretanto, enfermeiros satisfeitos ou realizados profissionalmente são os que gostam do que fazem, possuem bom relacionamento multiprofissional, afinidade com a assistência/cuidado prestado a pessoas/pacientes, além de serem bem remunerados. Conclusão - Através da análise dos estudos apresentados, conclui-se que os profissionais de enfermagem estão satisfeitos com o trabalho que realizam no processo saúde/doença, pois gostam do que fazem, entretanto, a profissão é tida como desafiadora e cheia de percalços. Palavras chave: Enfermagem. Motivação. Satisfação no Trabalho. ABSTRACT: Introduction - Nurses in their workplace perform stressful and exhausting tasks developing intensive and interpersonal relationship with the patient. If, for some reason, the employee is not satisfied in the institution where he works and with the profession itself, the act of to provide patient care may be compromised, thus, causing poor quality in service delivery. Objective - This study aims to gather and synthesize literature publications concerning the area and then to identify the factors that most affect the nurses’ job satisfaction. Methodology - Ten selected scientific articles were studied, using and operating the databases of Literature Latin American Health Sciences (Lilacs), Scientific Electronic Library Online (Scielo), and Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline). Results - The remuneration is considered the biggest factor of nursing professionals' dissatisfaction. As a result of low wages, most nurses choose to work in more than one job position. Working conditions also contribute to professionals’ dissatisfaction; and the most items included in this category are workload, lack of resources and materials, and lack of infrastructure in their working institutions. However, satisfied and successful professionals enjoy the labor, have good multiprofessional relationship, affinity with the assistance/care provided to people/patients, addition to being well-paid. Conclusion - Based on the analysis of different studies, it is concluded that nursing professionals are satisfied with their work in the health/disease process because they enjoy the labor; however, the profession is seen as challenging and full of mishaps. Key-words: Nursing. Motivation. Job Satisfaction.

1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, com o processo de globalização estão ocorrendo transformações

econômicas e sociais e isso tem alterado a relação entre o homem e o seu trabalho. O mercado de

trabalho exige dos profissionais melhor produtividade, com economia de produção e com o objetivo

de obter melhores produtos no cenário capitalista. Com relação a isto, observa-se um aumento dos

serviços e da carga horária de trabalho e uma diminuição da satisfação dos trabalhadores em

realizar as tarefas, o que pode refletir na qualidade de vida, interferindo no processo saúde/doença1.

O trabalho de enfermagem é diferenciado dos demais trabalhos porque é contínuo,

desgastante, exaustivo e desenvolvido a partir de uma relação interpessoal muito próxima com o

paciente sob seus cuidados. E proporciona sentimentos como alegria, satisfação e prazer aos

trabalhadores, sem os quais seria praticamente impossível o exercício da profissão2.

Para trabalhadores da saúde, em consequência do tipo de trabalho realizado, o assunto

qualidade toma um conceito diferente de outros setores que abrangem a produção de bens e

serviços, pois é de extrema importância uma assistência que tenha um olhar holístico em todo o

paciente, a fim de executar os cuidados com excelência para que o paciente/cliente e sua família

fiquem satisfeitos3.

A satisfação profissional é relevante aos gestores que devem ter um olhar diferenciado para

esta questão por inúmeros motivos: profissionais insatisfeitos são mais faltosos, apresentam uma

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tendência maior a pedir demissão, com reflexo de alta rotatividade. O bem estar profissional pode

ser visto como a conquista de metas, bens e probabilidades de crescimento profissional, assim a

ausência de motivação deve ser pensada como um obstáculo, visto que esta está ligada à

satisfação4.

É importante lembrar que embutidos na satisfação estão fatores que ajudam a estimular os

trabalhadores, como: instalações apropriadas, benefícios extras oferecidos pela empresa, formação

continuada, plano de carreira, segurança, bons salários e relacionamento interpessoal. Esse

conjunto de fatores estimula os funcionários a exercerem melhor e com mais qualidade suas

funções5.

Por outro lado, a insatisfação pode trazer vários elementos desfavoráveis que influenciam

na qualidade dos serviços e também na qualidade de vida dos profissionais, como: salários

inadequados ao cargo de atuação, ausência de benefícios e privação de crescimento na carreira6.

Conhecer a satisfação dos enfermeiros em relação a sua profissão e aspectos financeiros

pode ajudar como estratégia aos gestores para incentivar e melhorar a atuação de qualidade

durante a jornada de trabalho, levando em consideração a influência que essa satisfação exerce

sobre a assistência prestada à população7.

Sendo assim, a satisfação no trabalho é um acontecimento complexo e de difícil explicação,

pois é um estado subjetivo que apresenta variações que dependem do indivíduo

e da situação, e ao passar do tempo pode ser influenciada por agentes internos e externos do

ambiente de trabalho e que podem afetar os profissionais em seu bem-estar físico e emocional,

repercutindo sobre a vida, as instituições e nos cuidados ao paciente2.

Posto isto, o objetivo do estudo é realizar uma revisão sistemática de literatura visando

identificar os fatores que mais influenciam na satisfação e insatisfação profissional dos enfermeiros.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de uma revisão sistemática de literatura que obedeceu às seguintes etapas:

definição do tema, seleção de descritores, definição dos critérios de inclusão e exclusão,

levantamento do material bibliográfico, organização das informações e análise e discussão dos

dados obtidos.

O estudo visou reunir e sintetizar publicações e posteriormente avaliar quais os fatores que

mais influenciam na satisfação e insatisfação dos enfermeiros. A pesquisa bibliográfica foi realizada

entre setembro de 2014 e maio de 2015 através da exploração das bases de dados Literatura

Latino-Americana de Ciências da Saúde (Lilacs), Scientific Eletronic Library Online (Scielo) e

Medline. Utilizaram-se os seguintes descritores: “Enfermeiros”, “Motivação”, “Satisfação no

Trabalho”.

Para refinamento da pesquisa, os seguintes critérios de inclusão foram estabelecidos:

artigos que descrevessem a satisfação e insatisfação profissional dos enfermeiros; disponíveis na

íntegra; publicados em português, publicados entre os anos de 2005 e 2014. E como critérios de

exclusão: artigos indisponíveis gratuitamente. Os dados foram analisados, apresentados e

discutidos de forma descritiva.

Esta revisão assegura ainda os aspectos éticos, garantindo a autoria dos artigos

pesquisados, utilizando para citações e referências dos autores.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após a busca nas bases de dados utilizadas, foram encontradas 157 publicações. Seguindo

os critérios de inclusão e exclusão, o refinamento das referências gerou a amostra desta revisão,

que totalizou em 10 artigos.

Para tanto os resultados foram apresentados de forma descritiva e agrupados em duas

categorias: fatores de insatisfação e fatores de satisfação (Quadro ‘1 ).

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Em relação ao fator remuneração os estudos 4, 6, 7, 8, 9, (Quadro 1) evidenciaram que a

maioria dos profissionais entrevistados encontram-se insatisfeitos com seu salário. A baixa

remuneração foi vista como um fator de insatisfação por 73,53% dos profissionais do estudo 4

(Quadro 1) e por 70,8% do estudo 6 (Quadro 1)8, 9, 10, 11, 12.

Já no estudo 7 (Quadro 1) um dos entrevistados descreveu o seguinte: “A minha

insatisfação está em acreditar que eu não ganho o suficiente para o papel que desempenho, poderia

ser um salário melhor”10. Em concordância com a afirmação, os estudos 8 e 9 (Quadro 1) apontaram

a remuneração como o primeiro item de relevância para a insatisfação profissional, o primeiro com

um escore médio de 2,3, que variou de 1 a 6 na escala, e o segundo com uma media de 2,27 de

uma variação que foi de 1 a 7, levando em consideração que o que mais se aproxima de 1 recorre

como insatisfação e próximo de 6 e 7 analisa-se como satisfeitos10, 11, 12.

Seguindo a mesma proposta o estudo 1 (Quadro 1), entrevistou 52 profissionais, dos quais

(44), 84,6% julgam estar

insatisfeitos com seu salário13.

Porém entre as resposta às

questões abertas foi percebido o

seguinte: 30,7%, (16) pesquisados

relacionaram a remuneração com a

motivação, e justificaram que ela

melhora a qualidade de vida e

aumenta consequentemente a

qualidade do serviço prestado.

Quando perguntado se a

remuneração é o único fator

motivacional: 38,4%, (20)

pesquisados consideraram como fator motivador, porém destacaram que este não é o único fator

para se exercer com afinco a profissão. E por último quando perguntados se a remuneração

influencia na motivação no trabalho: 15,3%, (08) respondentes disseram que o salário não interfere

na motivação13.

Pensando nisso os resultados encontrados no estudo 1 (Quadro 1), evidenciam que

enquanto existem pessoas que se motivam pelo sucesso financeiro, outras se sentem felizes

fazendo o que gostam, desde que isso lhe dê retorno financeiro para sua sobrevivência13.

Portanto, percebe-se que o salário é considerado o maior fator de insatisfação dos

profissionais enfermeiros, pelo fato de que na maioria das vezes apresentam-se incompatíveis com

as funções desempenhadas, mas também por não atender e não se adequar à realidade capitalista

dos dias atuais5, 8, 13. A remuneração é vista como fator extrínseco para satisfação no trabalho, já

que a grande maioria dos enfermeiros a julgam como injusta14.

O salário é uma das principais razões que leva uma pessoa a procurar um emprego e ter

uma profissão, pois os benefícios e o dinheiro são de fundamental importância para que os

indivíduos atinjam suas metas pessoais e também suas necessidades básicas e de sua família.

Além disso, a maioria dos assalariados almejam sistemas de pagamento mais justos, que atendam

suas expectativas e/ou que o serviço executado tenha uma retribuição conforme a complexidade

e/ou de acordo com as demandas do cargo, a fim de que os empregados sintam-se satisfeitos e

motivados3.

Além disso, o estudo 9 (Quadro 1) evidencia que em decorrência dos baixos salários, a

maioria dos profissionais de enfermagem optam por trabalhar em mais de um emprego, o que os

leva a ficarem mais tempo no âmbito hospitalar. Isso provoca um maior período de exposição aos

perigos presentes nesses lugares, podendo prejudicar a qualidade de vida no trabalho12.

QUADRO 1. Fatores que mais influenciam na satisfação e insatisfação profissional dos enfermeiros.

Fatores de Insatisfação Fatores de Satisfação

Baixa Remuneração Realização Profissional

Condições de Trabalho Bom Relacionamento

Multiprofissional

Carga Horária Autonomia

Escassez de Recursos e

Materiais

Status Profissional

Estrutura Físicas precárias Segurança

Hierarquia Qualidade de Vida no

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Outro fator relevante para insatisfação é a diminuição de tempo para outros tipos de

atividades, como lazer, passar o tempo com a família, que são extremamente indispensáveis para

a conservação da saúde física, mental e espiritual dos profissionais12, 10.

As condições de trabalho também contribuem para a insatisfação dos profissionais, obtendo

um escore de 71 pontos em uma escala que varia de 38 a 180 ficando na terceira posição13. Esta

também aparece entre os descontentamentos da maioria dos enfermeiros pesquisados pelos

estudos 2, 3, 5 e 7, (Quadro 1) que mostram que os itens mais inclusos nessa categoria são: carga

horária de trabalho, escassez de recursos e materiais e falta de estrutura por parte das instituições14,

15, 16, 10.

Desse modo as condições de trabalho referem-se à falta e a precariedade de recursos de

materiais, jornada de trabalho excessiva e estruturas físicas de péssima qualidade10. Isso provoca

diretamente uma queda da qualidade da assistência prestada ao paciente, além de exigir mais

energia tanto física quanto mental à medida que não se consegue solucionar os problemas do

cliente e suas próprias necessidades em referência à qualidade da assistência oferecida, além

disso, uma jornada de trabalho muito longa limita o convívio com a família, que junto com os outros

dois fatores gera uma consequente insatisfação profissional13, 16, 17.

Por outro lado, os estudos 4 e 5 (Quadro 1) salientam que a hierarquia encontrada no

trabalho pode ser geradora de desentendimentos por parte dos membros das equipes e se os

profissionais não estiverem satisfeitos com seu emprego, com sua função ou não se sentirem

confortáveis no ambiente de trabalho, esses podem ser fatores geradores de um desempenho

profissional de baixa qualidade prejudicando e inclusive causando a evasão8, 16.

É de grande importância para a realidade do Brasil, reconhecer a inferência eminente de

que a carga horária está diretamente relacionada com a segurança dos clientes e que um quadro

de profissionais mais apropriados resulta em uma menor estadia no hospital17. Além disso, estudo

recente mostra que, os profissionais de enfermagem apresentam um maior número de faltas

correlacionadas às patologias originadas do cansaço físico e mental, pelas péssimas condições de

trabalho, o trabalho diário e a execução de suas atividades em ritmo acelerado18.

É visível que uma carga horária de trabalho maior, uma estrutura de trabalho inapropriada e

a falta de insumos e recursos interferem negativamente tanto na vida pessoal quanto na vida

profissional de cada trabalhador. Uma jornada extensa de trabalho impede que os indivíduos

desfrutem da vida e tenham novas experiências, visto que pessoas que possuem uma carga horária

de trabalho menor tendem a viver mais experiências positivas, sentimentos de prazer que

aumentam a qualidade de vida, consequentemente quando estão no trabalho tendem a produzir

mais e com menos risco de erros4, 15.

Outro fator que interfere é a precariedade da estrutura das instituições e a falta de materiais

que também predispõem os profissionais à insatisfação, refletindo diretamente na qualidade dos

atendimentos, pois os profissionais de enfermagem na maioria das vezes exercem suas funções

em condições insalubres, com um déficit de recurso e materiais que é extremamente necessário

para se prestar uma assistência de qualidade. Investimento para melhorar essas condições é sem

duvida umas das primeiras iniciativas a serem tomadas para recuperar a motivação e oferecer

condições dignas e justas para o desempenho de suas funções14.

A qualidade de vida no trabalho envolve muitas variáveis e subjetividades que dificultam o

estabelecimento exato dos determinantes para a sua obtenção e manutenção, todavia conforme

vários autores, fatores ambientais, estilo de vida, aspectos cognitivos, sociais e organizacionais

devem ser considerados na obtenção da qualidade de vida, o que está totalmente ligado à qualidade

de vida das pessoas no trabalho pela influência que uma área da vida exerce sobre a outra19.

Quando falamos em satisfação no desenvolvimento de atividades de trabalho, as condições

do local de atividades, salário, relações familiares, disposição, estado de saúde, longevidade, lazer,

prazer, hereditariedade, estilo de vida e até espiritualidade exercem muitas vezes papel importante

para satisfação pessoal do trabalhador20.

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Outros elementos importantes para satisfação são: a realização profissional (gostar do que

faz) e o bom relacionamento multiprofissional. Estes fatores são descritos como os mais importantes

para o bem – estar no trabalho pelos estudos pesquisados 1, 2, 6, 7 (Quadro 1)13, 14, 9, 10.

Diante disto vemos que a realização profissional, é um dos maiores fatores de satisfação

para os enfermeiros. Observando que o trabalho preenche uma área primordial na vida humana,

assim como educação, moradia e alimentação, este é uma necessidade básica do ser, sendo de

suma importância para se construir uma vida com qualidade15. O trabalho remete à busca da

realização pessoal e profissional, pois é por meio da atividade laboral que o homem relaciona-se

com a sociedade, visto que também é entendido como parte integrante da vida do ser humano14.

Emery e Trist, citados pelo estudo 6 (Quadro 1), mencionam em seus estudos que o trabalho

deve apresentar primordialmente seis características, sendo elas: variedade e desafio;

aprendizagem contínua; margem de manobra e autonomia; reconhecimento e apoio; uma

contribuição social que faça sentido e um futuro desejável9.

Isto vem nos mostrar que um trabalho que tem essência, é aquele que é fonte de

conhecimento dos vínculos humanos, cuja característica seja de proporcionar o trabalho em equipe

e prestar serviços aos outros, estabelecendo relação do tipo assistente – paciente8. Este resultado

indica o efeito positivo do trabalho em equipe, que quando é realizado de forma colaborativa visando

os mesmo propósitos aumenta o êxito da assistência e consequentemente contribui para a

satisfação no trabalho21.

Além do mais, uma organização que se preocupa e tem ações voltadas à qualidade de vida

de seus funcionários passará confiança a estes, pois são organizações que se preocupam com o

bem-estar, satisfação segurança, saúde e a motivação dos seus colaboradores18.

É importante que as organizações disponham para seus trabalhadores um ambiente de

trabalho confortável e seguro onde possam realizar suas atividades. Para que o bem-estar seja

gerado no ambiente de trabalho é relevante também que as organizações realizem atividades em

que as pessoas possam interagir de forma descontraída, pois, uma organização com funcionários

satisfeitos tende a ter maior produtividade22.

Desse modo, a qualidade de vida no trabalho é considerada um fator importante, pois tem

como objetivo fazer com que os funcionários sintam-se satisfeitos e que o ambiente de trabalho

gere bem-estar facilitando as atividades a serem realizadas. Deste modo ganha o trabalhador

satisfeito, o contratante de serviços e consequentemente os clientes/pacientes24.

Ao realizar a análise dos dez estudos, notamos que a satisfação no trabalho é uma avaliação

subjetiva realizada de forma individual por cada trabalhador. Refere-se a uma avaliação dinâmica,

ou seja, o nível de insatisfação ou satisfação pode variar de acordo com as condições de trabalho

oferecidas. O estudo mostrou que a dualidade satisfação e insatisfação no trabalho não ocorrem

isoladamente, apesar de se encontrarem em polos diferentes, são influenciadas por experiências

positivas e negativas. A ambiguidade encontrada nessa dualidade faz parte de um mesmo

fenômeno, onde a presença ou ausência de determinado fator é o responsável por gerar a

satisfação ou insatisfação no trabalho.

Indo de encontro com os resultados dessa pesquisa, chegou-se a conclusão de que no fator

satisfação, a maioria dos enfermeiros sente-se satisfeitos em fazer o que gostam, desde que o

empregador ofereça condições de trabalho adequadas. Já no fator insatisfação a remuneração foi

apontada como a principal causa de descontentamento por parte dos enfermeiros citadas pelos

estudos.

REFERÊNCIAS

1 Silva RMS. Satisfação profissional dos enfermeiros de um hospital universitário no trabalho noturno. Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, RS, Brasil 2008.

13 Batista AAV, Vieira MJ, Cardoso NCS, Carvalho GRP. Fatores de motivação e insatisfação no trabalho do enfermeiro. Revista da Escola de Enfermagem da USP 2005.

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2 Martins AMLP. Qualidade de vida no trabalho, satisfação profissional e saliência das actividades em adultos trabalhadores. Monografia (Mestrado em Psicologia). Lisboa, 2010.

3 Pires GS, Vasconcelos EOF. Nível de satisfação dos enfermeiros: um estudo na instituição de saúde pública fundação santa casa de misericórdia do Pará, 2012.

4 Castro J, Lago H, Fornelos MC, Novo P, Saleiro RM, Alves O. Satisfação profissional dos enfermeiros em Cuidados de Saúde Primários: o caso do Centro de Saúde de Barcelos/Barcelinhos. Revista Portuguesa de Saúde Pública vol.29 no.2.Lisboa jul. 2011.

5 Silva MRM. Enfermeiros especialistas em enfermagem de reabilitação: Satisfação profissional. (Mestrado em Enfermagem). Viseu: Instituto Politécnico de Viseu, 2012.

6 Silva RM, Beck CLC, Guido LA, Lopes LFD, Santos JLG. Análise quantitativa da satisfação profissional dos enfermeiros que atuam no período noturno. Florianópolis, 2009.

7 Raposo MS. A satisfação dos enfermeiros que exercem as suas funções em Centros de Saúde da Região Autônoma dos Açores, 2011.

8 Paiva FFS, Rocha AM, Cardoso LDF. Satisfação profissional entre enfermeiros que atuam na assistência domiciliar. Revista da Escola de Enfermagem da USP 2011; 45(6):1452-8.

9 Chaves DL, Ramos LH, Figueiredo EN. Satisfação profissional de enfermeiros do Trabalho no Brasil. Acta Paul Enferm 2011; 24(4):507-13.

10 Nunes MC, Tronchin DMR, Melleiro MM, Kurcgant P. Satisfação e insatisfação no trabalho na percepção de enfermeiros de um hospital universitário. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2010.

11 Siqueira VTA, Kurcgant P. Satisfação no trabalho: indicador de qualidade no gerenciamento de recursos humanos em enfermagem. Revista da Escola de Enfermagem da USP 2012; 46(1):151-7.

12 Schimidt DRC, Dantas RAS. Qualidade de vida no trabalho de profissionais de enfermagem, atuantes em unidades do bloco cirúrgico, sob a ótica da satisfação. Rev Latino-am Enfermagem 2006 janeiro-fevereiro; 14(1):54-60.

14 Mendes ACG, Junior JLACA, Furtado BMASM, Duarte PO, Silva ALA, Miranda GMD. Condições e motivações para o trabalho de enfermeiros e médicos em serviços de emergência de alta complexidade. Rev Bras Enferm, Brasília 2013 mar-abr; 66(2): 161-6.

15 Fernandes JS, Miranzi SSC, Iwamoto HH, Tavares DMS, Santos CBA. Relação dos aspectos profissionais na qualidade de vida dos enfermeiros das equipes Saúde da Família. Revista da Escola de Enfermagem da USP 2012; 46(2):404-12.

16 Jeong DJY, Kurcgant P. Fatores de insatisfação no trabalho segundo a percepção de enfermeiros de um hospital universitário. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre (RS) 2010 dez; 31(4):655-61.

17 Lima GR. Implicações da jornada de trabalho na qualidade de vida do Enfermeiro em Unidade de Emergência. Cabo Frio, RJ, 2012.

18 Magalhães AMM, Riboldi OC, Dall’Agnol CCM. Planejamento de recursos humanos de enfermagem: desafio para as lideranças. Rev Bras Enferm, Brasília 2009 jul-ago; 62(4): 608-12.

19 Martins MJR, Fernandes SJD. A visibilidade da enfermagem, dando voz à profissão. Rev Enferm UFPE online. Recife, 8 (supl. 1) :2422-33, jul., 2014.

20 Martins MM. Qualidade de vida e capacidade para o trabalho dos profissionais em enfermagem no trabalho em turnos. Florianópolis 2002.

21 Lima L, Pires DEP, Forte ECN, Medeiros F. Satisfação e insatisfação no trabalho de profissionais de saúde da atenção básica. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 18(1) Jan-Mar 2014.

22 Bortolozo A. Qualidade de vida no trabalho: os fatores que melhoram a qualidade de vida no trabalho. Centro Universitário Filadélfia – UniFil. 1º Simpósio Nacional de Iniciação Cientifica. Londrina 2011. Versai GLGS, Matsudaii LM. Satisfação profissional da equipe de enfermagem intensivista de um hospital de ensino. Rev enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2014

SAÚDE NA CULTURA KARAJÁ

HEALTH KARAJÁ CULTURE

Patrícia de Souza e Sousa¹; Adriano Castorino²; Valdir Francisco Odorizzi²; Flavio Dias Silva²; Obede Rodrigues Ferreira²; Asterio Souza Magalhães Filho²

______________________________________________

1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO - Introdução: A Constituição Federal brasileira diz que “A saúde é direito de todos e dever do estado”, significa dizer que os mais diversos povos indígenas têm direito, conforme a mesma lei constitucional, uma saúde integral e nos seus próprios termos. Por isso, o componente odontológico deve fazer parte do rol de atendimento garantido aos indígenas. Todavia, o conhecimento científico da odontologia ocidentalizada e os saberes indígenas pode ser um entrave nessa efetivação do direito à saúde bucal. Por isso, este trabalho visa conhecer a noção de saúde, de cura no saber Karajá, povo INY que vive na ilha do Bananal. Objetivo: Este artigo de revisão de literatura deseja compreender como se dá a significação de elementos de saúde no Povo Karajá. Metodologia: Este trabalho é um estudo dirigido sobre as bases antropológicas da cosmologia INY. É uma pesquisa, sobretudo bibliográfica, será listado e revisado a noção Karajá de

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saúde. Resultado e Discussão: Ampliação do aprendizado do aluno, compreensão de outras visões culturais, o que gerou respeito às diferenças étnicas, tornando o aluno pesquisador mais comprometido com os direitos humanos. Conclusão: Ampla análise da cultura INY de como representam a noção de saúde e doença. Palavras-chaves: Antropologia. Saúde indígena. Odontologia antropológica. ABSTRACT - Introduction: As the Brazilian Federal Constitution says “Health is everyone’s right and duty of the state” means that the various indigenous peoples have the right, according to the same constitutional law, a comprehensive health and on their own terms. Therefore, the dental component should be part of the guaranteed service list to the Indians. However, scientific knowledge of dentistry Westernized and indigenous knowledge can be an obstacle in this realization of the right to oral health. Therefore, this study aims to understand the nuances of the dentition, oral health, the role of teeth involved in the know Karajá INY people who live on the island of Bananal. Objective: To understand how is the significance of dental elements for the Karajá. Methodology: This study is a study conducted on the basis of anthropological INY cosmology. It is a research, especially literature, it will be listed and reviewed the Karajá notion of health and within this the health of the mouth and its cultural implications. Result and Discussion: Know how INY culture is the mouth. Conclusion: Understanding how this culture under the teeth are developed and as a dental operation would be possible at the same time guaranteeing health under the federal constitution and respect the Karajá perspective. Keywords: Anthropology. Indigenous health. Anthropological dentistry.

1. Introdução

A existência humana manifesta-se essencialmente como valores e significados de povos,

coisas e relações. É importante que profissionais da saúde compreendam as singularidades

culturais e sociais do homem para que possam trabalhar com respeito as diferenças. Neste

trabalho, a decisão de compreender como é o uso dos dentes para o Povo Karajá pressupõem que

as formas de existência desse povo prescindem de sistemas autorregulados. Para isso, esse

trabalho parte de uma pesquisa sobre a cultura Karajá. Essa pesquisa é essencialmente itinerário

de leituras.

Inicialmente este trabalho tinha uma previsão de fazer um percurso etnográfico para

conhecer como seriam as relações sociais de saúde envolvendo a boca, a saúde bucal e os dentes.

Não foi possível esse itinerário por uma série de razões, entre as quais a própria noção de que na

formação estudantil nas áreas de saúde a vivência antropológica não é tão necessária.

Superada essa limitação, aprofundei-me um pouco mais na leitura dos conceitos para que eu própria

entendesse melhor da temática. Por essa razão, sobretudo, utilizarei muito o texto de André Toral

(1992) que faz um apanhado mais denso da cultura Karajá.

Na seção de Metodologias se explicará melhor os procedimentos de processamento das

categorias de análise. Agora, portanto, cumpre dizer que a cultura Karajá, ou também cultura Iny, é

um mosaico de significados que perpassa por muitas áreas da expressão humana. Por isso, um

trabalho que vise, ao menos, entender um pouco dessa complexidade já é um imenso avanço.

Ainda mais se esse entendimento for atrelado a um objetivo de garantir para esse povo mais

possibilidades de acesso aos serviços de saúde.

Além disso, é importante ressaltar que o interesse por esse povo se deu em face de que

habitam o estado do Tocantins e também é nesse estado que o Curso de Odontologia da

FAPAC/ITPAC Porto Nacional se insere. É uma forma de explicitar o interesse tanto do curso quanto

meu de tentar contribuir com uma prática odontológica mais humana e mais comprometida com a

diversidade.

Este trabalho tem algumas partes. Uma explica um pouco a metodologia, a outra os

conceitos e última faz um balanço pessoal da experiência de lidar com essa temática. Em todas,

adoto a primeira pessoa do singular para relatar porque é nesta perspectiva que escrevo e leio

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além de que aprendi que nas ciências sociais é muito importante a minha percepção como parte

da minha atuação científica.

2. Metodologia

A premissa inicial desse trabalho era a minha própria compreensão, como estudante e, a

partir disso, como profissional da odontologia. O meu orientador disse ainda no início de minhas

leituras que nosso trabalho seria balizado por minhas próprias descobertas. Isso significa dizer que

eu precisava relatar no meu TCC um pouco de minhas experiências com a temática INY.

Partindo dessa premissa, fui ler os textos. A biblioteca digital Karajá, hospedada no site do

Núcleo de Estudos Indígenas – NEAI da UFT (http://www.uft.edu.br/neai/?p=438) me ajudou muito

nesses estudos.

Em especial porque há um mergulho na cultura. Todavia, é uma leitura ainda difícil para

mim, compreendo ainda muito pouco, sobretudo porque na nossa área esse conhecimento não é o

alvo principal. A gente parte, aqui na Faculdade de Odontologia, de um pressuposto que a nossa

prática é compreendida como uma coisa simples. Mas não é. A noção de saúde, "saúde é o

completo bem-estar físico, mental e social e não a simples ausência de doença”, foco maior

dessa pesquisa é muito diferente e envolvem tantas coisas, tantas variáveis que não dá nem

para dizer o mesmo conceito de doença e nem o mesmo de cura.

Depois dessas leituras, passei a fazer um diário de campo com os conceitos que eu ia

lendo e com os quais ia conversando com o orientador. Um dos conceitos que mais tenho

dificuldade de entender é a noção de cosmologia. Ainda vai demorar um pouco para eu

compreender.

Além das leituras mais relativas ao Povo Karajá, li também o artigo “Odontologia na aldeia:

a saúde bucal indígena numa perspectiva antropológica” de MACHADO JR, Et al., sobre a noção

de antropologia odontológica, de odontologia na aldeia. Não avancei muito nesses temas porque

fugiria do foco principal e levaria o estudo mais voltado à antropologia que saúde, o interesse mesmo

era apenas uma compreensão mais geral do assunto.

Por isso, organizei o trabalho numa concepção de conhecimento que não fosse tão

mecanicista como é nas ciências da saúde. Isso foi um desafio. Por isso, tive de ler um texto de

Boaventura de Sousa Santos (2007). No texto, o conceito de conhecimento é apresentado como

ecologia de saberes. Isso quer dizer que o conhecimento ocidental é estratificado e disjuntivo.

Foi bom ler esse texto e perceber como as ciências da saúde, por exemplo, separam as coisas

como se a gente pudesse conhecer as partes e disso soubesse como se compreende a soma

dessas partes. Lembrei das aulas de anatomia.

Também li alguns documentos oficiais sobre saúde indígena e pude perceber como é

ter uma política de atendimento específico, aliás esse tema é o TCC de meu colega Divino, também

sob os cuidados de meu orientador. Nesse trabalho não posso dizer, por tanto, que se aplica

um critério de revisão de literatura porque o alvo deste esforço foi o meu próprio entendimento. Além

disso, nas ciências sociais, como diz Santos (2007) não há como pesquisar sem ler e fazer um

apanhado de alguns conceitos que nos possa ajudar a entender o que queremos saber.

No que se refere ao eixo de sustentação desse trabalho, busco amparo no texto de André

Toral (1992). A pesquisa etnográfica desse autor é um dos pilares para compreensão dos sistemas

de significado atribuídos ao corpo, ao sentido de doença e de cura. Nesse mesmo sentido, o texto

de Eduardo Nunes (2010) me ajudou muito a compreender como os Karajá percebem a experiência

de conhecer, de se relacionar com o mundo.

Como parte do trabalho de pesquisa havia as discussões do que ia sendo lido. Isso era

necessário para que eu fosse me organizando mentalmente diante do que lia. Pela complexidade

conceitual que envolve essa temática não pode apenas fazer uma leitura que critérios de inclusão

de descritores, por exemplo. Porque não é um simples descritor, ou tantos artigos sobre o tema.

Não. Esse tema exige uma orientação, um rumo para que a gente possa ir compreendendo. Essa

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metodologia que eu escrevi aqui é justamente para dizer como é complicado usar os mesmos

critérios das ciências duras, ou desse conhecimento ocidental, como eu aprendi na Odontologia,

para estudar um tema mais complexo como este.

3. Resusltado e Discussão

Partindo de uma lógica em que um paciente indígena traz consigo sua interpretação do

mundo ao seu redor, da vida e da morte, das causas espirituais da doença, da cura e, seguramente,

um conceito de seu próprio “sistema de saúde” cultural, começo essa parte do trabalho falando um

pouco dos Karajá. Não posso deixar de frisar que o distanciamento entre a odontologia

ocidentalizada, que praticamos tanto na faculdade quanto nos consultórios, e os saberes tradicionais

dos índios pode causar prejuízos à saúde bucal.

Linguisticamente o idioma Karajá era tido como “isolado” até bem pouco tempo atrás, só

recentemente a família linguística Karajá foi considerada como definitivamente ligada ao tronco

Macro-Jê. Genericamente associados aos Jê, em boa parte pela origem linguística comum, os

Karajá, onde são melhor conhecidos, são vistos como seus “primos longínquos”. Os Karajá chamam

os Javaé de ixyju, que significa “índio bravo, aguerrido”. Os Javaé referem-se aos Karajá como

Berohoky mahãdu, “o pessoal do rio grande”. Tanto os Javaé como os Karajá referem-se a si

mesmos como “nós todos”, INY, inyboho, simplesmente (PORTELA, 2006).

A base de sua subsistência, a exploração dos recursos do rio, torna se particularmente

intensa durante o verão, restringindo-se durante a estação das chuvas, com o aumento da

quantidade e opacidade da água. Nessa estação buscam a proximidade de suas roças, nas

“barreiras”, junto aos terrenos mais altos, nos sopés dos raros morrotes e áreas não inundáveis.

Suas aldeias localizam-se, em geral, próximas às lagoas e/ou barras dos tributários do

Araguaia, os quais são percorridos na época seca, em excursões combinadas de pesca, coleta e

caça, pela ordem de importância desempenhada por essas atividades na sua subsistência. Uma

outra fonte de renda atual são os artesanatos vendidos aos turistas (TORAL,1992).

Os Karajá estão nas margens do rio Araguaia há pelo menos quatro séculos. As primeiras

informações sobre a localização do grupo, que datam do final do século XVI, caracteriza-os como

habitantes do baixo e médio curso desse rio. Ou seja, os Karajá nunca se afastaram daquilo que

consideram seu território tradicional, mesmo depois da ocupação de uma boa parte dele pelos

brasileiros. Ao contrário: a fundação de núcleos pioneiros no alto Araguaia serviu como um fator a

mais para o estabelecimento de aldeias nessa região. Alguns grupos locais, numericamente

insignificantes, viviam no baixo curso de alguns de seus afluentes (LIMA FILHO, 2012).

Para Nunes (2010) na cultura INY, os corpos-pessoas não nascem nem prontos, nem

mesmo humanos: é necessário que se os construa, desde dentro da barriga. E, importante, isso se

faz por diversos processos, que vão desde a alimentação e “técnicas corporais” (como o uso de

certos adornos, escarificações e aplicação de substâncias geralmente vegetais) aos cuidados e

carinhos dos parentes. Os “corpos aqui”, em suma, “são feitos, não dados, e uma etnografia após a

outra tem mostrado como os corpos são construídos e transformados por meio do compartilhamento

de substâncias como os alimentos, as palavras e as doenças.

Além disso, reforça Nunes (2010), esses conceitos certamente não dão conta da forma do

conhecimento indígena, pois aqui não se trata de abstrair algo – uma atividade da (nossa) mente –

, mas sim de experimentar um ponto de vista – uma atividade do corpo (indígena), por isso, como

eu disse na introdução, aprender a saber é uma forma essencial de um profissional de saúde ter

uma convivência mínima com esse povo.

Para os Karajá a relação entre saúde e doença é estabelecida entre os hàri, que são

curadores, em termos que nós conhecemos, ou comumente chamados de Pajé. A esse respeito me

amparei no trabalho de Toral (1992) para compreender a noção de cura.

Como explica Toral (1992) os hàri são os que curam. Para entendermos esses

curandeiros, teríamos de compreender, como disse Nunes (2010) que o corpo não é dado, é

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construído. Por isso, diz Toral (1992) os rituais de cura são feitos em geral na casa do

paciente, em esteiras postas no lado de fora ou nos cômodos interiores. Os hàri podem tratar

simultaneamente de diversos pacientes, trazidos para um só local.

Toral (1992) relata que os tratamentos em geral são feitos depois que escurece,

prolongando-se noite adentro. Casos graves são tratados durante o dia, enquanto durarem os

períodos de crise no estado do paciente. Ainda em casos graves são comuns tratamentos conjuntos

feitos por dois ou três hàri. O autor explica que o hàri dispõe de um arsenal de técnicas de tratamento

que incluem massagens, fricções, sucções com a boca, aplicação de fumaça de tabaco ou

substâncias mágicas que variam conforme a missão a que se dedicam.

“Os tratamentos que testemunhei entre os Karajá e Javaé ocorreram por volta das nove

horas da noite, na frente da casa dos pacientes, diante de grande audiência composta por crianças

e curiosos das casas vizinhas. O clima de descontração da audiência contrasta com a

preocupação das famílias dos pacientes e com o tom dramático da conduta e dos cantos do xamã.

Este caminha dançando para frente e para trás, sempre olhando para o levante, progressivamente

transtornado, suando muito enquanto canta apresentando-se, dizendo-se um hàri benigno (das

profundezas ou celeste), e apresentando a entidade que o orienta e que o possuirá durante certos

momentos dessa noite de tratamentos” (TORAL, 1992. p. 226).

Toral (1992) também fala da relação entre a saúde tóri, saúde de branco, e saúde praticada

pelo hàri. É muito comum a Funai reclamar, assim como os demais agentes públicos, de

que o hàri pode decidir interromper o tratamento ou também pode pedir que os INY procurem a

saúde da cidade. Essa relação demonstra como é conflituosa essa conexão entre a noção de

doença, de cura entre esses dois modos de ver. Depois dessa imensa dificuldade de levar a

diante um tratamento por razões de perspectiva cultural, eu fiquei pensando que, assim como

explica Toral (1992), entender como os Karajá pensa é fundamental para que nosso trabalho

odontológico faça-se necessário. Isso é uma lição para mim. É preciso, portanto, para a odontologia

além de perceber que os indígenas precisam do tratamento, do cuidado odontológico, que

observem também que esse procedimento precisa ser feito sob a noção de mundo que compartilhe

com os indígenas aspectos de sua cultura.

Quando eu comecei a ler sobre esses conceitos para mim era ao mesmo tempo desafiador

e obscuro. Não entendia, eu própria, como a explicação dada por André Toral (1992) poderia ser

aceitável. Por isso que fui tendo dificuldades. Para os profissionais de saúde é difícil porque

achamos que somos necessários e pronto. Mas não é assim. Não pode ser assim. Vou continuar

essa discussão na seção seguinte.

As diferenças étnicas e culturais características dos povos indígenas brasileiros, assim

como o difícil acesso geográfico às comunidades, são consideradas dificuldades na atenção à saúde

desses povos. Mesmo com o aumento expressivo do número de dentistas atuantes na assistência

aos indígenas (ALVES FILHO, 2007, Brasil, 2009b) faz-se necessário uma ampliação de atenção a

saúde onde o respeito e compreensão aos costumes indígenas estejam incluso. No

entanto,Segundo Moimaz et al (2001), o indígena percebe naturalmente a importância da saúde

bucal e dos dentes na mastigação, na aparência e na higiene bucal, e a associa ao bom

desempenho das atividades cotidianas na aldeia, logo a forma como os índios Karajá dão

significado aos seus dentes não difere muito da forma que a nossa cultura o faz. Evidentemente,

senão para igualmente enaltecer o saber local propondo uma postura dialógica e simétrica na

relação odontólogo-indígena.

Sousa (2010) também assevera o cuidado humano com os dentes desde a antiguidade.

Ele atribui a invenção da versão moderna da escova de dente a William Addis, prisioneiro britânico

do século 18, mas relata também um protótipo chinês, feito de bambu em 1490, e um ramo de planta

achado numa tumba Egípcia de cinco mil anos com uma das extremidades desfiada à semelhança

de cerdas de uma escova de dente moderna. Também fala da recomendação de Maomé (570-

633) do uso de gravetos de madeira aromática para limpar e clarear os dentes, e de vários outros

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registros de uso como o da hortelã, cinza, areia e até urina como meios empregados por vários

povos na antiguidade, no cuidado com dentes e hálito.

Além desses esclarecimentos sobre os dentes, trago aqui uma experiência de um trabalho

feito para orientar como a odontologia deveria atuar em contexto indígena. Para Machado Jr. ET al.

(2012), um paciente indígena, seja de que povo for, traz consigo sua interpretação do mundo ao seu

redor, da vida e da morte, das causas espirituais da doença, da cura e, seguramente, um conceito

de seu próprio “sistema de saúde” cultural.

Continua o autor, quando, então, o profissional de saúde desenvolve seu trabalho tratando

do paciente indígena como se este fosse um paciente de um contexto urbano, o choque

ocorrerá, pois a relação profissional-paciente é outra e, devido à diversidade das culturas

envolvidas, é provável que ocorra minimamente: (1) Descrédito do indígena quanto ao tratamento

oferecido; (2) Não aceitação de um tratamento contínuo tido por “demorado” aos olhos do paciente

indígena por exigir vários retornos ao dentista; e/ou (3) Não desenvolvimento de novos hábitos

preventivos de saúde. Essas observações de Machador Jr. at all (2012) vão no mesmo sentido de

que fala Toral quando diz que os hàri podem interromper o tratamento de saúde prescrito pelos

brancos, porque as relações de significado são outras. Por isso, para uma profissional de saúde,

como agora me encontro, já no final de minha formação, é necessário, bastante necessário,

conhecer um mínimo que seja como se organiza essas sociedades para que eu não faça uma

intervenção que caia no descrédito, como disse o autor acima.Além do que já foi dito, tenho de frisar

também que foi criada a Secretaria Especial de Saúde Indígena SESAI

(http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o- ministerio/principal/secretarias/secretaria-sesai).

Com essa secretaria há um objetivo de tornar a saúde indígena um tipo de serviço público

ofertado pelo estado brasileiro com finalidade específica. Aqui no Tocantins tem assistência

garantida aos povos indígenas, conforme consta do site da Sesai. Todavia, como venho defendendo

aqui, essa secretaria ainda é apenas uma possibilidade de atendimento, ainda se faz tão

necessário que o profissional, ele próprio, tenha junto ao conhecimento técnico um

conhecimento da cultura do povo para onde vai atender.

Num contexto mais amplo, eu pensei também que uma política dessas enfrenta muitas

dificuldades. Se é difícil a gente entender aqui na faculdade a importância de um conceito específico

de saúde, imagina criar uma secretaria, reservar dinheiro, contratar pessoas para atender. Nesse

trabalho pude tirar de meus olhos algumas vendas que me impediam de ver como a saúde indígena

precisa muito de uma compreensão que a veja como uma saúde específica e que tenha, por isso,

um atendimento específico.

Na cultura Karajá, como vi aqui nos textos que li, há desde uma visão indígena pura, própria

deles, e também há uma visão já construída a partir do contato com os não indígenas. Essa mistura

de sentidos pode ser um obstáculo para a gente compreender melhor a cultura INY e por isso ser

ainda mais difícil oferecer um atendimento. O que é possível eu entender por hora é que não há,

como percebi nas leituras, uma compartimentação de saúde bucal e saúde dos demais órgãos do

corpo humano.

Como não há essa compartimentação, percebo que é ainda mais difícil para eles

aceitarem nossas lógicas de dar diagnósticos separados. Na odontologia acadêmica, portanto,

científica e ocidental, sabe-se que esta área da saúde pressupõe uma divisão de competências e

diagnósticos. Numa outra oportunidade seria muito bom, por exemplo, fazer ume estudo sobre a

percepção dos indígenas em relação ao trabalho da odontologia. Infelizmente não foi possível fazer

a tão sonhada visita à aldeia no decorrer desse trabalho, porque primeiro precisávamos esperar a

autorização dos órgãos competente, como FUNAI/SESAI e lideranças dos chefes das aldeias para

nossa entrada. Precisava também conciliar os estágios práticos da clínica odontológica ITPAC,

da UBS em saúde comunidade, do estágio prático em odontologia Hospitalar, clínica de

pacientes especiais, clínica de Odontopediatria. Organizar um horário e datas que não prejudicasse

nenhuma dessas disciplinas que contém metas era muito improvável. A autorização para abonar ou

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justificar as faltas não seria difícil, mas planejar novas datas para permitir o alcance das metas

perdidas seria inviável. Era necessário também, que para esse trabalho atingisse esse desejo

de ir à aldeia, patrocinadores da pesquisa. Aluguel de uma camionete traçada por no mínimo 03

dias, pois as estradas para chegar ao território da aldeia não passam carros pequenos; Petróleo

para o abastecimento; hospedagem próxima à aldeia e alimentação

5. Conclusão

A atenção à saúde indígena, que respeita os métodos de tratamentos tradicionais e a

diversidade cultural e social dos povos indígenas tem apresentado evoluções. Pois há um encontro

entre o anseio das comunidades indígenas e as expectativas de sucesso dos profissionais da área

da saúde e gestores. Assim, torna-se necessário que o cirurgião dentista adquira competência

cultural e transceda limites de um modelo assistencialista com foco no individuo, voltando o olhar

para o coletivo. Quando se pensa sobre a aplicabilidade de modelos eficientes de saúde num

contexto sociocultural indígena, percebe-se que a solução deve ir muito além da introdução urgente

de profissionais de saúde qualificados em suas especialidades nas aldeias.

Falando também sobre meu ponto de vista em relação ao que li e estudei para esse

trabalho, posso afirmar que tanto no ensino superior quanto na educação básica nem sempre são

ministradas aulas que ensine com excelência quem são os povos indígenas. O que é mais grave:

agora que somos profissionais da saúde podemos trabalhar em contextos indígenas; quilombolas;

comunidades rurais e pouco sabemos da realidade dessas culturas. Nossa formação apesar de ser

bem humanizada, valorizar o trabalho com a pluralidade étnica e cultural, nos ensinar o respeito às

diferenças, ainda tem quesitos a serem melhorados.

Foi uma oportunidade imensa poder ler esses autores aqui elencados. Faltou apenas

uma oportunidade maior de viabilizar uma visita na aldeia, pelos motivos já citados anteriormente,

mas de resto esse trabalho me ajudou a ver uma coisa que eu ignorava por completo, quando

compreendo o outro, eu me torno parte do outro, e nos tornamos todos um só, ou seja, INY.

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SEDAÇÃO CONSCIENTE COM ÓXIDO NITROSO PARA TRATAMENTO ODONTOPEDIÁTRICO: REVISÃO DE LITERATURA

CONSCIOUS SEDATION WITH NITROUS OXIDE TREATMENT PEDIATRIC DENTISTRY:

LITERATURE REVIEW

Izabella Ferreira Neves¹; Mariana Vargas Lindemaier e Silva²; Cristiano da Silva Granadier²; Danilo Felix Daud²; Flavio Dias Silva²; Ozenilde Alves Rocha Martins².

_________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO - Atualmente uma das dificuldades encontradas pelo cirurgião-dentista durante o atendimento é o medo e a ansiedade que alguns pacientes manifestam em relação aos procedimentos que terão curso durante a sessão. Se tratando de pacientes infantis, a percepção do atendimento odontológico geralmente é realizada pelos pais ou responsáveis. A sedação consciente com a aplicação do gás óxido nitroso (N2O) em conjunto com oxigênio tornou-se um método eficaz para diminuir o medo e ansiedade do paciente no tratamento odontológico, melhorando sua cooperação. Por este motivo, a presente revisão de literatura tem como objetivo avaliar as indicações e contra indicações do óxido nitroso no atendimento infantil. O óxido nitroso atua no sistema nervoso com mecanismo de ação ainda não elucidado, promovendo uma leve depressão do córtex cerebral, tranquilizando o paciente durante o atendimento de forma rápida e segura. Para o profissional se dispor deste recurso deve ser adequadamente treinado, realizando exame criterioso e atentando às necessidades individuais de cada paciente, suas indicações e contra indicações. Palavras – Chave: Medo, Ansiedade, Óxido Nitroso. ABSTRACT - Currently one of the difficulties encountered by the dentist during service is the fear and anxiety that some patients manifest in relation to the procedures that will take place during the session. The case of pediatric patients, the perception of dental care is usually performed by parents or guardians. Conscious sedation with the application of nitrous oxide gas (N2O) together with oxygen has become an effective method to reduce the fear and anxiety of the patient at dental treatment, improving their cooperation. For this reason, this literature review aims to evaluate the indications and contraindications of nitrous oxide in child care. Nitrous oxide acts on the nervous system mechanism of action has not been elucidated, promoting a slight depression of the cerebral cortex, reassuring the patient during the service quickly and safely. For the professional to have this resource should be properly trained, performing careful examination and paying attention to the individual needs of each patient, their indications and contraindications. Key - words: Fear, Anxiety, Nitrous Oxide.

1 INTRODUÇÃO

A odontologia hoje, é acessível a uma grande parte da população independentemente

das suas condições sociais, porém o medo da dor e a rejeição dificultam o atendimento

odontológico de qualidade¹.

O medo é parte do desenvolvimento infantil, em geral é transitório e não produz grandes

perturbações na vida diária da criança. Embora a capacidade de vivenciar o medo, seja uma

função biológica inata, respostas de medo a certos objetos e situações são em grande parte

adquiridas através da aprendizagem. A ansiedade, por outro lado é entendida como uma resposta

à situações nas quais a fonte de ameaça ao indivíduo não está bem definida, é ambígua ou não

está objetivamente presente².

Uma das dificuldades encontradas pelo cirurgião-dentista durante o atendimento

clínico, é o medo e a ansiedade que alguns pacientes manifestam em relação aos procedimentos

que terão curso durante a sessão. A importância da observação do componente emocional nos

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pacientes submetidos ao tratamento odontológico surge como um diferencial clínico da mais alta

relevância. A interpretação cuidadosa do comportamento infantil auxilia o odontopediatra a utilizar

as técnicas que viabilizam e facilitam o comportamento da criança a agir com parceria

durante o tratamento odontológico. Assim, o atendimento odontológico infantil será facilitado

quanto maior o grau de conhecimento que o cirurgião-dentista possui em relação à ansiedade do

seu pequeno paciente³.

Na Odontologia existem diversas técnicas utilizadas para o controle e manejo da

ansiedade, medo e comportamento em pacientes infantil e/ou com necessidades especiais. Estes

métodos incluem modalidades do tipo psicológicas (não-farmacológicas) e farmacológicas.

Estratégias psicológicas incluem técnicas simples de relaxamento e comportamentais. Dentre os

métodos farmacológicos conhecidos para sedação consciente, os mais empregados em

odontologia são os que utilizam os benzodiazepínicos por via oral e a técnica inalatória

através da mistura de óxido nitroso (N2O) e oxigênio (O2)4.

A sedação consciente com óxido nitroso (N2O) em conjunto com o oxigênio, tornou-se

um método eficaz para diminuir o medo e ansiedade do paciente no tratamento odontológico,

melhorando sua cooperação. Administrada por meio de uma máscara nasal desenvolvida para

a odontologia, a combinação entre esses gases provocam uma leve e estável sedação no

paciente³. A aplicação da sedação consciente na odontologia gera bastante interesse aos

odontopediatra por se tratar de uma técnica segura e previsível5.

O óxido nitroso deve ser sempre associado ao oxigênio em dosagens pré- determinadas,

mantendo o paciente em estado sedativo, porém acordado e tranqüilo, conversando

normalmente com o profissional tornando-se cooperativo durante o tratamento, desta maneira a

sedação preserva a consciência do paciente e mantém intactos seus reflexos protetores, respira

voluntariamente e responde a estímulos físicos e a comandos verbais6.

O presente trabalho tem como objetivo discutir as indicações e contra- indicações,

vantagens e desvantagens da sedação consciente com óxido nitroso no tratamento odontológico.

2 OBJETIVOS

Estudar o uso da sedação consciente com óxido nitroso no tratamento

odontopediátrico através de uma revisão de literatura; Descrever as indicações específicas para o

uso adequado da sedação consciente com óxido nitroso; Abordar os benefícios do óxido nitroso

no tratamento odontológico; Descrever as vantagens e desvantagens da utilização dessa técnica.

3 RESULTADO E DISCUSSÃO

O tratamento odontológico é potencialmente ansiogênico para todos os envolvidos, do

ponto de vista do paciente, aspectos clínicos – em especial os invasivos, tais como a injeção da

anestesia – e os relacionados aos comportamentos do profissional podem gerar ansiedade e

resposta de esquiva ao paciente. Para o cirurgião-dentista, a necessidade de lidar com a

ansiedade do paciente, que requer muitas vezes estratégias diferenciadas de manejo do

comportamento, além de toda exigência pela perfeição técnica, atualização de conhecimentos

clínicos, pode tornar estressante sua rotina de trabalho. A situação segue na medida em que a

formação do profissional de odontologia seja deficiente na aquisição de conhecimentos

teóricos e práticos sobre a relação profissional-paciente e estratégias de manejo de

comportamento7.

A ansiedade é um estado emocional interno, não observável de grande importância no

processo cognitivo, uma auto descrição deste acontecimento subjetivo e individual pela própria

criança supriria valiosos dados inacessíveis em comparação com medidas técnicas mais

objetivas8.

Mastrantonio et al. (2004) afirmaram que, para um tratamento odontológico

adequado e seguro, é fundamental o controle do comportamento do paciente infantil, podendo ser

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possível conduzir crianças apreensivas e medrosas sem o uso de medicação. Sendo necessário

que o profissional que atende crianças, conheça o desenvolvimento psicológico infantil e seu

contexto familiar, tendo o domínio das técnicas de manejo de comportamento. Citando as mais

eficazes como a falar-mostrar-fazer, reforço positivo, controle de voz, distração, comunicação

não- verbal, contensão física e técnica da mão-sobre-a-boca9.

Segundo Ferreira et al. (2009), é comum na prática da clínica odontológica

infantil, manifestações de medo e ansiedade do paciente, que quando não controladas pelo

cirurgião-dentista podem causar danos aos mecanismos emocionais da criança e

comprometimento no atendimento. As técnicas não farmacológicas de controle do

comportamento são as mais usadas em odontopediatria como: comunicação verbal, dizer-mostrar-

fazer, controle de voz, comunicação não verbal, reforço positivo, distração, presença ou ausência

dos pais e contenção física10.

Singh et al. (2000), avaliaram o medo, a ansiedade e controle ao tratamento

odontológico. Foram selecionadas 364 crianças da faixa etária de 7 a 13 anos, três questionários

com questões de múltiplas escolhas foram aplicados em grupos de 10 crianças. O primeiro

questionário destinou-se a avaliação do medo ao tratamento odontológico e outras situações, o

segundo questionário contendo 20 itens sobre as situações potencialmente produtoras de

ansiedade, e terceiro questionário contendo 40 itens sendo 20 relacionados ao controle percebido

e 20 ao controle desejado. Se tratando do medo e ansiedade a média dos escolares foi mais

elevada para o sexo feminino em relação ao masculino, à idade das crianças de faixa de 11

a 13 anos mostraram mais temerosas que as de 7 a 9 anos. No geral os dados indicaram que

valores mais altos de medo, nas crianças que antes receberam anestesia mostraram-se mais

temerosas do que as que não foram submetidas, o que permite inferir que o medo pode estar

relacionado a esse procedimento12.

Arnez et al. (2011), afirmaram que, no consultório odontológico os cirurgiões-dentistas se

deparam com pacientes que apresentam certo grau de ansiedade e medo, consequentemente com

a saúde oral prejudicada, torna se indicado a esses pacientes o tratamento associado à sedação

consciente que deve ser utilizada para procedimentos odontológicos específicos e situações em

que o paciente se beneficie da sedação consciente como método farmacológico de

abordagem no controle da ansiedade, da dor e do medo4. Analisando funcionalmente a atuação

do odontopediatra, Morais et al. (2004) acompanharam o tratamento odontológico de 3 crianças

do gênero masculino não – colaboradoras (P1, P2 e P3) com idade de 4 e 5 anos, juntamente com

um cirurgião-dentista experiente em atendimento infantil. As sessões foram filmadas e registraram

os eventos clínicos e comportamentais dos participantes. A criança foi instruída sobre os

procedimentos que seriam realizados e como ela deveria se comportar, para que ganhasse a

permissão de brincar com os brinquedos disponíveis ao final de cada sessão. Os

resultados demonstraram que a colaboração das crianças deve ser observada como uma

condição estabelecedora para os comportamentos dos profissionais11.

Observando que o tratamento odontológico infantil está sendo pré-julgado como

desagradável e ameaçador, Alves (2005) avaliou o tratamento odontológico a partir da visão das

crianças. Foram analisadas 30 crianças de faixa etária de 6 a 10 anos de idade, que tinham se

submetido a tratamento odontológico há menos de um ano ou que ainda estivesse em tratamento.

Utilizou-se a técnica de desenho-estória com tema e entrevista em profundidade. Os resultados

possibilitaram entender determinadas reações representadas pelas crianças em relação ao

tratamento odontológico, como experiências passadas. As experiências médicas são apontadas

como fatores importantes no processo de cooperação infantil, o medo pode ser transferidos de

uma situação para a outra devido às semelhanças entre o médico e o dentista, os dois utilizam

roupa branca e são chamados de doutor. As crianças que já foram hospitalizadas diversas vezes

ou que ficam acamadas em casa em virtude de uma doença grave, tendem a apresentar-se

não cooperativa na consulta odontológica12.

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Com intuito de especificar os benefícios físicos e psicológicos da técnica de sedação

consciente com óxido nitroso e oxigênio em consultórios odontológicos, Gaujac et al. (2009)

analisaram que o óxido nitroso atua no sistema nervoso com mecanismo de ação ainda não

elucidado, promovendo uma leve depressão do córtex cerebral, tranqüilizando o paciente de

forma rápida e segura, diminui a sensibilidade à dor e garantindo sua propriedade analgésica e

sedativa. Indicadas para o controle do medo e para pacientes ASAI e ASA II e ASA III

para atendimentos de urgência e para o controle da dor em pacientes com insuficiência coronária,

sendo contra indicadas em infecções agudas das vias aéreas superiores, doenças sistêmicas

severas, pacientes psicóticos, desordens decorrentes da deficiência B12 e gravidez, por causa da

sua baixa solubilidade o NO2 pode causar aumento da pressão arterial14.

Oliveira (2003) afirma que o óxido nitroso é o único agente por inalação capaz de

promover os requisitos básicos para sedar, mantendo ao mesmo tempo a consciência é utilizado

em associação com o oxigênio, com pequeno efeito de depressor sobre o SNC (Sistema

Nervoso Central). O gás apresenta como eficiente agente sedativo, promovendo a realização de

um atendimento odontológico tranqüilo e confortável, quando utilizado corretamente e dentro dos

padrões recomendados de segurança, o óxido nitroso pode ser uma excelente escolha para

o controle de comportamento da criança durante o atendimento odontológico2.

O atendimento odontológico está geralmente associado ao medo da dor ou de algum

desconforto. Atualmente diversas medidas farmacológicas e não farmacológicas podem ser

utilizadas à redução da ansiedade. A utilização do óxido nitroso é uma boa opção para o controle

da ansiedade do paciente, produzindo uma sedação consciente e efeito relaxante que o torna

cooperador. Sua utilização deve ser empregada criteriosamente em pequenas concentrações de

forma gradativa e lenta. O cirurgião-dentista deve receber formação profissional adequada para

indicação e utilização do mesmo7.

Czlusniak et al (2007), objetivando avaliar os batimentos cardíacos (bpm) e a saturação

de oxigênio no sangue (SpO2), por meio da monitoração com oxímetro de pulso, realizaram

uma pesquisa antes, durante e após a administração de uma mistura de N2O/O2 na proporção

de 50% / 50%, durante 6 minutos. Para isto, 12 pacientes saudáveis (ASA1) foram selecionados

para serem monitorados, com idade variando de 21 a 58 anos, sendo 8 mulheres e 4 homens. A

análise dos dados obtidos, concluiu se que a sedação com óxido nitroso e oxigênio, realizada

por profissionais habilitados e com todo equipamento adequado é segura e eficaz, com a finalidade

de monitoração é recomendável a utilização do oxímetro de pulso antes, durante e após a

sedação. Esta é uma técnica que proporciona maior conforto e diminuição da ansiedade,

dor e medo durante o atendimento Odontológico15.

Lorenz et al. (2009), objetivaram caracterizar o perfil da utilização do óxido nitroso

pelos cirurgiões-dentistas da cidade de Porto Alegre/RS. Através de dados obtidos no Conselho

Regional de Odontologia/RS identificou-se 21 profissionais habilitados em sedação consciente.

Um questionário foi aplicado contendo perguntas abertas e fechadas, com retorno de 76% deles.

Concluiu se que na cidade de Porto Alegre/RS, 21 cirurgiões-dentistas possuem habilitação de

sedação consciente em óxido nitroso e oxigênio, que 70% deles utilizam da técnica e 40% são

especialistas em odontopediatra formados na década de 1990 e 192016.

Amarante et al. (2004), relacionaram quais os quesitos de segurança para que o

profissional tenha o conhecimento e possa avaliar os equipamentos disponíveis no mercado

brasileiro. A sedação consciente é uma técnica que leva a um estado mínimo de depressão de

consciência, que melhora a cooperação do paciente, diminuindo sua ansiedade sem que efeitos

colaterais importantes sejam notados. Os equipamentos utilizados para a aplicação da técnica

devem possuir dispositivos que garantam a segurança, sendo criteriosamente avaliados e

observados periodicamente. Considerou se que as publicações demonstraram ser inquestionável

a questão da segurança da técnica de sedação consciente por oxigênio/óxido nitroso, desde que

os quesitos de segurança dos equipamentos utilizados sejam cuidadosamente observados20.

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18 Soares et al. (2013) comentam as indicações da utilização do óxido nitroso e

oxigênio por via inalatória destacam-se: o medo, a ansiedade (pacientes odontofóbicos), a

hiperatividade, pacientes com distúrbios físicos e/ou mentais. Entretanto existem contra indicações

relativas como: obstrução de vias aéreas superiores (infecções respiratórias, desvio de septo

nasal, aumento das amídalas e/ou adenóides); fissura palatal, respirador bucal, pacientes com

problemas comportamentais severos que não cooperam com a instala da máscara nasal e na

respiração dos gases; gravidez (evitar no primeiro trimestre); doenças pulmonares; pacientes

psiquiátricos, pranoicos, esquizofrênicos e psicóticos17.

Não se deve ignorar que, em geral, todos pacientes apresentam um certo nível

determinado de ansiedade, medo e fobia, independente da faixa etária, mesmo que

conscientemente não transpassa. Uma das maiores metas do tratamento odontológico infantil é

desenvolver técnicas que possam levar atitudes positivas às crianças, uma vez que é trabalhoso

e demorado alterar comportamentos não- colaborativos20.

Dentre as indicações da utilização de óxido nitroso e oxigênio por via inalatória destacam-

se: o medo, a ansiedade (pacientes odontofóbicos), a hiperatividade, pacientes com distúrbios

físicos e/ou mentais e alergia17.

Um dos métodos que o profissional possui para o controle desse medo é a ultilização

de anestesia por via inalatória, uma técnica abrangente indicada em situações como pacientes

ASA I e ASA II para atendimento eletivo e ASA III para atendimento de emergências. Entretanto,

o paciente ASA III precisa de hospitalização, devendo-se observar se existe comprometimento no

sistema respiratório ou cardíaco, pois pode favorecer a dificuldade de oxigenação e perfusão

sanguínea em sistema nervoso central e depressão em sistema respiratório. Sabe- se, ainda, que

o controle da dor em pacientes com insuficiência coronariana é a segunda maior indicação14.

Não há indícios de contra-indicações absolutas para o uso da sedação consciente por

oxigênio e óxido nitroso desde que se utilize a concentração de no mínimo 30 a 40% de oxigênio

na mistura de gases. A maioria dos pacientes obtém níveis ideaiscom a concentração média de

43%. Como contra-indicação relativa foram observadas a obstrução das vias aéreassuperiores

(infecções respiratórias, desvio de septo nasal, aumento das amídalas e/ou adenóides); fissura

palatal, respirador bucal, pacientes com problemas comportamentais severos que não cooperam

com a instalação da mascara nasal e na respiração dos gases; gravidez (evitar no primeiro

trimestre); doenças pulmonares crônicas; Pacientes psiquiátricos, paranoicos, esquizofrênicos e

psicóticos17.

Singh et al. (2000), Alves (2005) e Arnez et al. (2011) afirmaram que uma das dificuldades

encontradas pelo odontopediatra durante o atendimento clínico, é o medo e a ansiedade que

alguns pacientes manifestam em relação aos procedimentos que terão curso durante a

sessão1,4,12.

Rank et al.(2002), Oliveira et al. (2012) enfatizam que não se deve ignorar, em

geral todos pacientes apresentam um nível determinado de ansiedade, medo e fobia,

independente da faixa etária, mesmo que conscientemente não transpassa3,8.

Segundo Ferreira et al. (2009), Possobon et al. (2003) e Mastrantonio et al. (2004)

existem várias técnicas utilizadas para controle e manejo da ansiedade, dor, do medo, e do

comportamento em pacientes infantis ou com necessidades especiais. Dentre esses métodos

incluem modalidades psicológicas (não- farmacólogicas), como estratégias que incluem técnicas

simples de relaxamento e comportamentais. Citando as mais eficazes como, falar-mostrar-fazer,

reforço positivo, controle de voz, distração, comunicação não-verbal, presença ou ausência dos

pais e contensão física6.9.10.

Enquanto para que Arnez et al.(2011), os métodos farmacológicos como a utilização de

benzodiazepínicos por via oral e a técnica inalatória através da mistura de óxido nitroso (NO2) e

oxigênio (02) também são eficazes para controle do medo, ansiedade e fobia de pacientes

odontopediátricos4.

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Oliveira (2003), Selow et al. (2006), Gaujac et al. 2009, Arnez et al (2011) afirmam que,

o óxido nitroso é o único agente por inalação capaz de promover os requisitos básicos para sedar

mantendo ao mesmo tempo a consciência, é utilizado com associação com oxigênio, com pequeno

efeito depressor sobre o SNC (Sistema Nervoso Central)3,4,5,14.

Soares et al. (2013) comentam as indicações da utilização de óxido nitroso e

oxigênio por via inalatória destacam-se: o medo, a ansiedade (pacientes odontofóbicos), a

hiperatividade, pacientes com distúrbios físicos e/ou mentais17.

Arnez et al. (2011), Soares et al. (2013) e Oliveira (2003) Não há indícios de contra

indicações absolutas para o uso de sedação consciente por oxigênio e óxido nitroso, desde que

se utilize a concentração de no mínimo 30 a 40% de oxigênio na mistura dos gases. A maioria

dos pacientes obtém níveis ideais com a concentração média de 43%2,4,’17.

Entretanto existem contra indicações relativas que segundo Soares et al. (2013),

observaram as: Obstrução das vias áreas superiores, fissura palatal, respirador bucal , pacientes

com problemas comportamentais severos que não cooperam com a instalação da máscara nasal

e na respiração dos gases, Gravidez (evitar primeiro trimestre), doenças pulmonares crônicas,

pacientes psiquiátricos, paranoicos, esquizofrênicos e psicóticos17. Amarante et al. (2004), relata

que os equipamentos que o profissional deve utilizar para aplicação dessa técnica devem

possuir dispositivos que garantam a segurança, sendo criteriosamente avaliados e observados

periodicamente. Porém, Coutinho et al. (1997), Selow et al. (2006), Monzó et al. (2015), Arnez et

al. (2011), e Gaujac et al. (2009) ressaltam que o uso da sedação consciente utilizando óxido

nitroso e oxigênio, somente deve ser realizada por profissionais legalmente habilitados

em cursos conceituados4,5,19,20.

Selow et al. (2006), Gaujac et al. (2009), Monzó et al. (2015), Amarante et al. (2004) e

Arnez et al. (2011) afirmam que a aplicação da sedação consciente na odontologia se trata de uma

técnica segura e previsível4,5,14,19.

Conforme foi descrito anteriormente a sedação consciente com óxido nitroso é eficaz, se

respeitada às indicações. É importante ressaltar que o uso de sedação consciente utilizando óxido

nitroso e oxigênio, somente deve ser realizado por profissionais legalmente habilitados em cursos

conceituados, principalmente por que essa técnica ainda levanta muitas discussões entre médicos

e cirurgiões- dentistas.

5 CONCLUSÃO

Conclui se com tudo que foi descrito na literatura, que o óxido nitroso juntamente com o

oxigênio é uma técnica muito simples, eficaz e segura para auxiliar no tratamento de pacientes

ansiosos e temerosos quanto ao atendimento odontopediátrico. A sedação consciente com óxido

nitroso é eficaz, se respeitada às indicações. É importante ressaltar que o uso de sedação

consciente utilizando óxido nitroso e oxigênio, somente deve ser realizado por profissionais

legalmente habilitados em cursos conceituados, principalmente por que essa técnica ainda levanta

muitas discussões entre médicos e cirurgiões-dentistas.

REFERÊNCIAS 1. Singh, K. A; Moraes, A. B. A. de; BOVI AMBROSANO, G. M. Medo, ansiedade e controle relacionados ao tratamento odontológico. Pesq Odont brs, v. 14, n. 2, p. 131-136, abr./jun. 2000.

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3. Oliveira, M. F. et al. Avaliação da ansiedade dos pais e crianças frente ao tratamento odontológico; Pesq Bras odontoped Clin Integr. João

Pessoa,12(4): 483-89,out./dez.,2012. 4. Arnez, M. F. M. et al. Sedação consciente: recurso farmacológico para o atendimento odontológico de

12. Alves, R. D. O tratamento odontológico sob o olhar da criança: um estudo representações sociais.

2005 98f. Dissertação (Mestrado em Odontologia/ odontologia Preventivo e Social). Programa de Pós-Graduação em odontologia. Universidade Estadual do rio Grande do Norte, Natal, 2005. 13. Castro, A.M; MARCHESOTI, M.G.N, Oliveira FS, Novaes MSP. Analysis of dental treatment provided under general anesthesia in patients with special needs. Rev Odontol UNESP. 2010; 39(3): 137.

14. Gaujac C, Santos HT, Garção MS, Silva Júnior, J, Brandão JRMCB, Silva TB. Sedação consciente em odontologia. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo. 2009 set-dez;21(3):251-7.

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crianças e pacientes especiais. Pedriatria (SÂO

PAULO) 2011:33(2):107-16. 5. Selow, M. L. C. et al. ÓXIDO NITROSO - UMA OPÇÃO DE SEDAÇÃO CONSCIENTE EM ODONTOLOGIA Nitrous Oxide – A conscientious option of sedation in dentistry. Revista Dens, v.14,

n.2, novembro/abril 2006. 6. Possobon, R. de. F. et al. O comportamento de crianças durante atendimento odontológico¹. Psic: Teor. E Pesq. v.19 n.1 Brasília Jan./Abr.2003.

7. Possobon, R. de. F. et al. O tratamento odontológico como gerador de ansiedade. Psicol. Estud. v.12 n.3 Maringá set./ dez. 2007.

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Anápolis, v.4, n.1, Jan./jun. 2002. 9. Mastrantonio, S. di S. et al. Manejo do comportamento infantil no consultório odontológico-Relato de caso clínico. Rev Ibero-am Odontopediatr Odontol Bebê 2004; 7(37): 230-7.

10. Ferreira et al. Técnicas de Controle no Comportamento do Paciente Infantil. Pesq Bras Odontoped Clin Integr, João Pessoa, 9(2):247-

251, maio/ago. 2009. 11. Morais, A. B. A. et al. (A) Psicologia e Odontopediatria: A contribuição da análise funcional do comportamento. Psicologia: Reflexão e Critica, 2004, 17(1), pp. 75-82. (B) Fear

assessment in brazilian children: the relevance of dental fear. Psic.: Teor. e Pesq. v.20 n.3 Brasília

set./dez. 2004.

15. Czlusniak, G. D. et al; Avaliação clínica pela oximetria.Publ.UEPG Ci. Biol. Saúde, Ponta Grossa, 13

(3/4): 23-28, set./dez. 2007. 16. Lorenz , Ana Carla Lima; CHACON ,Giovana, KRAMER, Paulo Floriani, LIMA , Paulo Valério Presser. Perfil da utilização do óxido nitroso por cirurgiões- dentistas na cidade de Porto Alegre. Stomatos , v.15,

n.29, jul./dez. 2009. 17. Soares, D. A. S et al; Sedação com óxido nitroso como adjuvante em procedimentos odon-tológicos. Sedation with nitrous oxide as an adjuvant in

dental procedures, Trabalho realizado no Centro Universitário do Pará. (CESUPA), 2013. 18. Barreto Rc, Pereira Gas. Farmacoterapia na clínica Odontológica. 1ª Ed. João Pessoa: Editora Universitária

da UFPB. 19. Bonafé-Monzó N, Rojo-Moreno J, Catalá-Pizarro M. Analgesic and physi- ological effects in conscious sedation with different nitrous oxide concen- trations. J Clin Exp Dent. 2015;7(1):e63-8.

20. Amarante, E.C, Amarante, E.S, Guedes-Pinto, A.C, Ciamponi A.L, Moraes, J.C.T.B. Sedação consciente por óxido nitroso e oxigênio em odontologia requisitos de segurança do equipamento para seu uso. Rev Ibero-am- Odontopediatr Odontol bebê 2004;7 (38): 391-6 21. Coutinho, T. C. L: O uso da sedação consciente em odontopediatria: Estágio atual da questão. Revista

Fluminense de Odontologia. N.5,1997. 22. Pereira, V. Z. et al. Avaliação dos Níveis de ansiedade em pacientes submetidos ao tratamento odontológico; Revista Brasileira de ciências e saúde.

TEMPO DE EFEITO DA TOXINA BOTULÍNICA EM PACIENTES MEDICADOS COM

SUBSTÂNCIA A BASE DE ZINCO- Revisão de Literatura

TIME EFFECT OF BOTULINUM TOXIN ON MEDICATED PATIENTS WITH SUBSTANCE BASE ZINC - LITERATURE REVIEW

Luara Gomes Valadares¹; Rafael Vinicius da Rocha²; Eduardo Fernandes Marquez²; Victor Cláudio de

Oliveira Alves²; Ronyere Olegário de Araujo²; Talita Rocha Cardoso²; Obede Rodrigues Ferreira². _________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional

RESUMO - A toxina botulínica é conhecida amplamente pelo seu uso estético, porém possui várias aplicações para fins terapêuticos. Os efeitos da injeção podem ser sentidos entre o terceiro e o décimo dia após a aplicação e duram em volta de seis semanas a seis meses, período em que o paciente poderá ser analisado quanto a possibilidade de se receitar uma nova aplicação. No entanto, para ser eficaz, cada molécula da toxina deve ser associada a uma molécula de zinco. O objetivo do presente trabalho é analisar a relação entre o zinco e a durabilidade do efeito da toxina Botulínica. A identificação dos artigos foi feita através de busca bibliográfica na base de dados do Google acadêmico, SciELO e ProQuest. Como estratégia de busca utilizou-se as palavras chaves: Toxina Botulínica, zinco e tempo de efeito. Segundo os pesquisadores, no tratamento com Botox, a complementação oral de zinco e fitase (uma enzima que estimula a absorção do zinco pelo intestino) prolongam a duração do efeito após a aplicação de toxina botulínica, quando comparada a indivíduos que não realizaram o procedimento. A literatura aponta recentemente através de estudos, pesquisas e experimentos que o medicamento composto por zinco combinado com a enzima fitase tem o potencial de influenciar de forma positiva para o aumento dos efeitos da Toxina botulínica quando envolvido em procedimentos terapêuticos e estéticos, sugerindo que seu uso pode levar a

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menos injeções de toxina, melhorando sua performance, seja no efeito, seja na duração em até 30%. Palavras chave: Toxina Botulínica. Zinco. Tempo de efeito. ABSTRACT - Botulinum toxin is widely known for its aesthetic use, but has several tions apply for therapeutic purposes. The effects of the injection can be felt between the third and deci-mo day after application and last around six weeks to six months, during which the patient may be analyzed for the possibility of prescribing a new application. However, to be effective, every toxin molecule should be linked to a zinc molecule. The objective of this study is to analyze the relationship between zinc and the durability of the effect of Botulinum toxin. The identification of the articles was made through bibliographic search in Google Scholar database, SciELO and ProQuest. As search strategy was used the key words: Botulinum Toxin, Zinc and effect time. According to the researchers, treatment with Botox, oral supplementation of zinc and phytase (an enzyme that stimulates the absorption of zinc by the intestine) extend the duration of effect after the application of botulinum toxin, compared to individuals who did not undergo the procedure. The recent literature points through studies, research and experiments that the drug consists of zinc combined with the phytase enzyme has the potential to influence positively to the increase in the effects of botulinum toxin when involved in therapeutic and cosmetic procedures, suggesting that its use may lead to less toxin injections, improving their performance, are in effect, is the length by 30%. Keywords: Botulinum Toxin. Zinc. Effect of time.

1 INTRODUÇÃO

A toxina botulínica é uma potente neurotoxina produzida pelo um bacilo gram-positivo,

anaeróbio estrito conhecido por Clostridium botulinum, que pode ser localizado principalmente no

solo e também em coleções de água doce ou salgado em todo mundo (BACHUR, 2009).

A história do C. botulinum e da toxina botulínica tem início no final do século XVIII, quando

foram relatados casos de envenenamentos alimentares após o consumo carnes e de linguiças de

sangue, com o registro da incidência de várias mortes no Reino de Württemberg na Alemanha

(ERBGUTH, 2008).

A epidemia ficou conhecida como envenenamento por linguiça e os sintomas exibidos

pelas vítimas eram a midríase e a paralisia muscular progressiva levando a princípio à suspeita de

intoxicação por atropina (Atropa belladonna) (ERBGUTH, 2008).

O Departamento de Assuntos Internos de Reino de Württemberg associou o

envenenamento por linguiças ao ácido prússico, uma substancia conhecida hoje como ácido

cianídrico. (ERBGUTH, 2008). Após a análise ao longo dos anos de casos relatados com sintomas

gastrointestinais, autonômicos e neuromusculares o governo alemão fez um anúnciopúblico

relacionando esses sintomas a envenenamentos alimentares, enfermidade posteriormente

chamada de botulismo (LEDERMANN, 2003; ERBGUTH, 2008).

Em 1822, Kerner publicou 155 relatos de caso de pacientes com dados obtidos através de

experimentos com animais realizados por ele próprio, onde fez as seguintes observações:

A toxina se desenvolve em lingüiças azedas em condições anaeróbias;

Tem a capacidade de interromper a transmissão motora no sistema nervoso periférico e

autonômico;

É letal em pequenas doses.

Somente em 1895, um microbiologista chamado Emile Van Ermengem, conseguiu isolar

esporos de um bacilo anaeróbio o qual chamou de Bacillus botulinus. Além disto, Van Ermengem

provou se tratar de uma toxina após utilizar o microorganismo isolado em animais de laboratório, os

quais apresentaram sinais de paralisia. Em seguida, o Bacillus botulinus foi renomeado, passando

a ser chamado de Clostridium botulinum (ERBGUTH, 2008).

Oito sorotipos imunologicamente caracterizados têm sido identificados. Destes, sete

sorotipos: A, B, C1, D, E, F e G são neurotoxinas. Outra toxina botulínica, a C2, é também produzida

pelo C. botulinum, mas não é uma neurotoxina (SPOSITO, 2009).

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Um dos primeiros países a produzir a toxina botulínica do tipo A, foi os Estados Unidos,

durante a segunda Guerra Mundial em resposta a suspeita da utilização desta arma biológica pelos

alemães. Posteriormente a Soviética produziu grandes depósitos de BoNT/A como arma biológica.

Outros países como Iraque, Síria e Coréia do Norte também são alvos de suspeita em envolvimento

neste tipo de produção (SPOSITO, 2009).

Em 1973 Scott e colaboradores foram os primeiros pesquisadores a estudar a utilização

terapêutica da toxina botulínica em experiências com primatas. No final da década de 1970 a toxina

foi introduzida como um agente terapêutico para o tratamento do estrabismo. Desde então suas

utilizações terapêuticas tem se desenvolvido em diferentes campos (BACHUR et., al 2009).

A toxina botulínica vem sendo empregada na terapêutica humana, há mais de 10 anos,

para um número crescente de indicações e pesquisas clínicas continuadas fazem com que, a cada

dia, novas recomendações sejam somadas àquelas já consagradas pelo uso. O bloqueio com TBA

tem as seguintes vantagens: 1- Não apresenta ausência de efeitos sensoriais nociceptivos; 2- Tem

efeito sustentável e reversível; 3- Permite acesso a músculos específicos (SPOSITO, 2004).

Os efeitos da injeção podem ser sentidos entre o terceiro e o décimo dia após a aplicação

e duram em volta de 6 semanas a 6 meses, período em que o paciente poderá ser analisado quanto

a possibilidade de se receitar uma nova aplicação em tempo devido (HUANG; FOSTER;

ROGACHEFSKY ,2005).

O zinco é um mineral que se encontra amplamente espalhado em todo o corpo humano,

todavia em pequenas concentrações (1,5g a 2,5g). Apesar da quantidade, a sua carência está

relacionada a quadros patológicos graves que surgem em sua grande maioria em função da

deficiência alimentar, presença de compostos quelantes nos alimentos, distúrbios no processo de

absorção gastrointestinal ou aumento na excreção urinária. Em algumas etapas da vida, as

necessidades deste mineral estão aumentadas, como na, infância, gestação, puberdade e velhice

(CRUZ; SOARES, 2011).

A ingestão insuficiente deste micronutriente pode gerar vários malefícios a saúde,

entretanto o excesso de zinco também é maléfico estando associada à supressão da resposta

imune, redução da lipoproteína de alta densidade (HDL) e à diminuição das concentrações de cobre

no plasma (JEN; YAN, 2010).

Para o tratamento de toxina botulínica ser eficaz, cada molécula da toxina deve ser ligado

a uma molécula de zinco. Sem zinco, a toxina tem pouco ou nenhum efeito. A suplementação de

zinco combinado com a enzima fitase, tem capacidade de aumentar 30%o tempo de efeito da toxina

botulínica (KOSHY et al., 2012).

O objetivo do trabalho é analisar a relação entre o zinco e a durabilidade do efeito da toxina

Botulínica.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Foi realizada uma revisão de trabalhos científicos. A identificação dos artigos foi feita

através de busca bibliográfica na base de dados do Google acadêmico, SciELO, ProQuest,

referente aos anos de 2003 a 2015. Como estratégia de busca utilizou-se as seguintes palavras

chaves: Toxina Botulínica, Zinco e Tempo de efeito. A busca foi conduzida a partir do ano de 2015.

A seleção dos artigos baseou-se na conformidade dos limites dos assuntos aos objetivos deste

trabalho, tendo sido desconsiderados aqueles que, apesar de aparecerem no resultado da busca,

não abordavam assuntos associados à Toxina botulínica, o zinco e a relação dos mesmos.

Foram considerados critérios de inclusão os estudos de caso-controle, ensaios clínicos/

estudos controlados que tenham sido publicados em português, inglês ou espanhol, sendo

excluídos os estudos publicados nos demais idiomas.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

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A bactéria anaeróbia Clostridium botulinum é responsável por produzir as neurotoxinas

Botulínicas, que são consideradas às toxinas mais potentes. Sua elevada toxicidade associada a

mecanismos de ação extremamente exclusivos lhes confere características singulares de alta

periculosidade, por um lado, adjunta a elevada utilidade nas ciências médicas por outro. A toxina

botulínica necessariamente bloqueia a liberação exocitótica da acetilcolina nos terminais nervosos

motores induzindo a uma diminuição da contração muscular. Esta característica a torna útil

clinicamente e terapeuticamente, em uma série de condições onde existe exagero de contração

muscular (BACHUR et al., 2007).

O modo de ação essencial da BTX é inibir a transmissão neuromuscular por meio do

bloqueio da liberação extracelular de Acetilcolina da (Ach)(HAMBIDGE, et al., 2015).

A neurotoxina botulínica ao impedir a liberação de Ach na junção neuromuscular pré-

sináptica produz uma paralisia flácida (LAM, 2003). Em um estudo de revisão da neurotoxina BTX,

BACHUR e colaboradores (2005) mencionam que a neurotoxina não penetra diretamente na

membrana celular, parecendo que a endocitose no lúmen da vesícula é um procedimento

dependente de energia e temperatura.

De acordo com HUANG, FOSTER &ROGACHEFSKY (2005) na internalização ocorre uma

endocitose intercedida por receptor e posteriormente esta etapa ocorre a clivagem das bandas da

neurotoxina. A fase seguinte consiste na acidificação do meio no interior da vesícula, o que ocasiona

alteração conformacional na estrutura da toxina, fazendo com que a porção N-terminal da cadeia

na estrutura da toxina e a porção N-terminal da cadeia pesada cause translocação da cadeia leve -

50KDa para o citossol.

Em trabalho realizado sobre toxina botulínica tipo A, constatou-se que esta toxina age

como uma protease zinco dependente com seletividade para a SNAP-25, sendo o ponto de

clivagem adjacente a região COOH terminal (BLOZI, 2007). De acordo com BACHUR (2008), o

mecanismo de ação da BTX propriamente dito se dá em quatro etapas após injeção da BTX, que

são 1- A internalização com endocitose da toxina, 2- mudança do PH com alteração conformacional

da cadeia pesada, 3-translocação da cadeia leve, e 4- proteólise das SNARES- proteínas pela

cadeia leve. Este mecanismo segue obedecendo um segmento de eventos que se inicia ao injetar

a BTX em determinado grupo muscular. A partir daí a cadeia pesada da neurotoxina botulínica,

através da região C-terminal, age em aceptores glico protéicos encontrados nas terminações

nervosas colinérgicas. A seletividade da BTX pelas sinapses colinérgicas se dá pela presença de

aceptores específicos (DRESSLER, 2005).

A quantidade total de zinco no corpo humano varia de 1,5g a 2,5g, estando presente em

todos os órgãos. Concentra-se no fígado, ossos, músculos voluntários, fígado e pele (90%) e é

encontrado também nos rins, pâncreas e em outros tecidos e fluidos corporais como

espermatozoides, próstata, cabelos e unhas. No sangue, cerca de 80% do zinco é encontrado nos

eritrócitos, 16% no plasma ligado especialmente a albumina (70%) e a2-macroglobulina. Na massa

corpórea magra a concentração de zinco é de aproximadamente 300mg/g e no osso a concentração

é de 100 a 200mg/g(SENA; PEDROSA, 2008).

O papel do zinco na nutrição humana tem sido cada vez mais enfatizado, e tem possuído

um avanço dos conhecimentos no que diz respeito aos aspectos clínicos, bioquímicos e

imunológicos. A importância desse nutriente foi evidenciada com a descoberta de métodos

metabólicos, envolvendo esse mineral em diversificadas atividades enzimático (MARET, 2001;

MARREIRO, 2006).

Analisando a importância do zinco no fator de crescimento e a alta prevalência da

deficiência deste nutriente, Brown et al. Conduziram uma investigação de meta-análise para analisar

os estudos publicados entre 1969 e 1996, sobre suplementação com zinco, incluída com as

variações de peso e estatura em crianças com idade abaixo dos 13 anos. Tal análise reforçou a

importância da implementação de programas de suplementação com zinco em grupos de crianças

com baixa estatura e com deficiência de zinco no plasma (MAFRA; COZZOLINO; SILVA, 2004).

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Quanto aos pacientes infectados por HIV, os estudos com suplementação de zinco não

são conclusivos, sugerindo a necessidade de pesquisas adicionais. Os trabalhos apontam para o

fato de a suplementação com zinco apresentar benefícios sobre o crescimento em diferentes

estágios de vida. Um aumento na velocidade de crescimento foi observado em pré-adolescentes e

adolescentes com baixa estatura, após suplementação com zinco (10mg Zn/dia, por um período de

doze meses) (SENA; PEDROSA, 2008).

O efeito da suplementação de zinco sobre o sistema imunológico proporciona melhores

resultados em crianças, ampliando o controle de infecções respiratórias e diarréias,

conseqüentemente favorece uma ligeira recuperação das funções do sistema imune em crianças

com desnutrição energética – protéica. Os benefícios são notáveis em adultos que possuem anemia

falciforme, verificando-se uma maior resistência as infecções por bactérias (SENA; PEDROSA,

2008).

De acordo com BACHUR et al. (2009), a suplementação com zinco oferecida no período

pré-natal pode beneficiar o crescimento da criança, particularmente nas regiões onde é comum a

deficiência deste mineral. Trabalhos têm mostrado que crianças suplementadas com zinco têm

menor incidência de diarréia, pneumonia e malária, quando comparadas com crianças que não

recebem zinco.O zinco está relacionado com o sistema reprodutivo e sua presença no testículo é

essencial para o processo de espermatogênese (MAFRA; COZZOLINO; SILVA, 2004).

O micronutriente zinco possui uma importância funcional durante o envelhecimento, devido

seus inúmeros benefícios, os programas de atenção ao idoso devem introduzir orientação

nutricional para alcançar níveis esperados de energia e equilíbrio entre os micronutrientes, com

participação de melhores fontes de zinco na alimentação, ou ainda orientação da utilização de

suplementos a fim de alcançar níveis apropriados do micronutriente no sangue (BORGUES; WADA;

CESAR, 2005). O zinco está relacionado à melhora da sensibilidade a insulina e a redução da

gordura corporal, assim favorecendo tanto os diabéticos tipo 2 quanto os obesos. A sua

concentração na membrana das células pode ser bastante elevada dependendo do tipo celular e é

influenciada pelo estado nutricional em zinco do organismo (SENA; PEDROSA, 2008).

Várias descobertas importantes sobre as funções do mineral zinco para o corpo humano

têm sido descobertas desde o final do século passado. O zinco participa como constituinte integral

de proteínas ou co-fator enzimático em mais de 300 reações químicas que abrange síntese e

degradação de carboidratos, proteínas, lipídios e ácidos nucléicos (COZZOLINO, 2009). Uma

melhor quantificação dos minerais em alimentos e fluidos biológicos, assim como o conhecimento

dos mecanismos através dos quais exercem suas funções no organismo, só foi possível através do

desenvolvimento de técnicas mais sensíveis e precisas que ocorreram a partir da década de setenta

(COZZOLINO, 2009).

O conhecimento a respeito dos mecanismos que os minerais em alimentos e fluidos

biológicos exercem bem como suas funções no organismo, só foi possível graças a técnicas mais

sensíveis e precisas que surgiram a partir da década de setenta (COZZOLINO, 2009). O zinco é

um mineral que desempenha papel na disposição polimérica de macromoléculas como RNA e DNA,

e é indispensável para a atividade de enzimas envolvidas inteiramente como a síntese de DNA e

RNA, como por exemplo, a RNA polimerase. Além disso, influencia a divisão celular, por meio da

atividade da dioxitimidinaquinase e adenosina (5’) tetrafosfato (5’) adenosina. Falhas na síntese ou

prejuízo da função do RNA mensageiro parecem ser levadas pela deficiência de zinco (SENA;

PEDROSA, 2008).

O zinco está relacionado com as células do sistema imune, incluindo atividade das células

T-Helper, desenvolvimento de linfócitos T-citotóxicos, hipersensibilidade retardada, proliferação de

linfócitos T, produção deinterleucina-2 e morte programada de células de origem mielóide e linfóide.

A presença de 5’NT(ecto-5'-nucleotidase) na membrana necessita de zinco14,34,35, visto que esta

enzima está presente nas subclasses de linfócitos T e B com maior expressão nos linfócitos B CD8+

(SENA; PEDROSA, 2008).

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O papel fisiológico do zinco como antioxidante é evidenciado por 2 mecanismos: proteção

de grupos sulfidrilas contra oxidação, como ocorre com a enzima d-ácido

aminolevulínicodesidratase e na inibição da produção de espécies reativas de oxigênio por metais

de transição como ferro e cobre. O zinco participa da estrutura da superóxido dismutase (SOD),

sendo a atividade desta enzima reduzida pela deficiência deste mineral. 14, 21, 22, 23,24 (SENA;

PEDROSA, 2008).

O zinco está relacionado com as células do sistema imune, incluindo atividade das células

T- Helper, proliferação e desenvolvimento de linfócitos T, produção de interleucina -2,

hipersensibilidade retardada, e morte programadas de células de origem mielóide e linfóide (SENA;

PEDROSA, 2008). O Zinco possui o papel fisiológico de atuar como antioxidade, que age por dois

mecanismos: na inibição da produção de espécies reativas de oxigênio por metais de transição, e

proteção de grupos sulfidrilas contra oxidação, como ocorre com a enzima d-ácido

aminolevulínicodesidratase (COZZOLINO, 2009).

O zinco possui um papel imprescindível na defesa do organismo, influenciando na

proliferação e maturação das células de defesa, assim indivíduos que apresentam deficiência deste

mineral ficam mais sujeitos a infecções (CRUZ; SOARES, 2011). O zinco é um dos nutrientes mais

importantes da dieta para obtenção de um adequado funcionamento dos sistemas antioxidantes.

Estes aparelhos de defesa celular neutralizam a proliferação ou protegem a membrana celular da

ação danosa das espécies reativas de oxigênio, podendo ser intra ou extracelulares, enzimáticos

ou não enzimáticos (CRUZ; SOARES 2011).

Nos últimos anos, a deficiência de micronutrientes vem ganhando importância como um

problema de saúde pública comparada à deficiência de macro nutriente (proteínas, carboidratos e

lipídeos), chamando a atenção de profissionais e autoridades de saúde em todo o mundo (CRUZ;

SOARES, 2011).

A deficiência de micronutrientes vem chamando a atenção de autoridades e profissionais

da área de saúde nos últimos anos (CRUZ; SOARES, 2011). A deficiência de zinco é considerada

um problema nutricional mundial, e afeta ao mesmo tempo grupos populacionais em países que se

encontram em processo de desenvolvimento e em países desenvolvidos. Estudos realizados em

países latino-americanos e nos EUA apontaram que o consumo médio de zinco varia entre 50% e

80% da recomendação, independente da raça, idade e gênero. Os grupos de maior risco para a

carência de zinco são os idosos, mulheres grávidas, crianças alguns grupos de atletas, pessoas

hospitalizadas, indivíduos com doenças crônicas e inflamatórias, entre outros sangues (BORGUES;

WADA; CESAR, 2005). A deficiência deste mineral pode acarretar prejuízos no metabolismo de

todos os processos em que ele está envolvido e afeta cerca de 2 bilhões de pessoas,

predominantemente, crianças e gestantes nos países em desenvolvimentos (BORGUES; WADA;

CESAR, 2005).

A primeira manifestação clínica da deficiência de zinco foi a acrodermatite enteropática,

uma desordem congênita que surge na infância e é caracterizada por alopécia, lesões de pele,

diarréia e imunodeficiência celular. A deficiência de zinco acarreta primeiro uma mobilização das

reservas funcionais e, com a deficiência prolongada, podem ocorrer , anorexia , pelo aumento dos

níveis de norepinefrina e alterações no hipotálamo ; retardo no crescimento e defeito no

desenvolvimento fetal ;defeitos no processo de cicatrização ,diminuição de produção de insulina ,

impotência sexual, atraso na maturação sexual e esquelética; restrição da utilização de vitamina A;

fragilidade osmótica dos eritrócitos; diminuição da atividade da interleucina-2; disfunções

imunológicas, ocorrendo infecções intercorrentes; hipogeusia (o Zn é componente da gustina, uma

proteína envolvida com o paladar); desordens de comportamento, aprendizado e memória; diarreia,

dermatite (BORGUES; WADA; CESAR, 2005).

Estudos conduzidos em adultos e crianças sobre suplementação com zinco em portadores

do vírus imunodeficiência humana (HIV) têm sugerido que a deficiência deste mineral pode

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aumentar a replicação do HIV, danificar a imunidade celular e acelerar a morte programada das

células envolvidas na resposta imune (BORGUES; WADA; CESAR, 2005).

Em circunstâncias de deficiência de zinco, o número absoluto de linfócitos B cai, pois, o

zinco participa da maturação destas células. Também ocorre um declínio no número absoluto de

linfócitos T CD8 e CD73+, pois estas células sofrem maturação no timo, órgão que pode atrofiar na

deficiência de zinco (BORGUES; WADA; CESAR, 2005). A deficiência moderada de zinco

especialmente em pacientes com doença renal, doenças gastrintestinais crônicas, anemia

falciforme, pacientes com AIDS e crianças com diarréia pode alterar os sistemas de defesa do

organismo, beneficiando o aumento de infecções oportunistas e, por tanto, da taxa de mortalidade.

Breves períodos de suplementação podem melhorar o sistema de defesa de pacientes com essas

enfermidades (JEN; YAN, 2010).

Alguns fatores podem induzir a deficiência de zinco, são eles: ingestão inadequada de

zinco; consumo de fitatos e fibras que diminuem a biodisponibilidade de zinco; má-absorção,

desnutrição energética – protéica (DEP); insuficiência renal crônica e outras patologias (JEN; YAN,

2010). O zinco presente em altas concentrações nas células pode interferir com outros processos

metalo-dependentes ou inibir proteínas. Assim, a tioneína (T) se acopla ao zinco e age como

marcador bioquímico que controla a concentração do zinco. Um aumento na concentração de zinco

disponível induz a síntese de tioneína, por meio da ação do zinco sobre os fatores de transcrição

zinco-dependentes, formando a metalotioneína (MT) (JEN; YAN, 2010).

Além da ingestão precária, o excesso de zinco também é maléfico para saúde humana,

estando associado a diminuição da lipoproteína de alta densidade (HDL) e a redução das

concentrações de cobre no plasma (JEN; YAN, 2010). Alta concentração de zinco presente nas

células pode intervir com outros processos metalo-dependentes ou bloquear proteínas. Um

aumento na concentração de zinco disponível induz a síntese de tioneína, por meio da ação do

zinco sobre os fatores de transcrição zinco-dependentes, formando a metalotioneína (JEN; YAN,

2010).

A fitase é um componente importante para a composição do medicamento a base de zinco,

e é uma enzima que pode ser encontrada em várias fontes vegetais, como trigo, milho, algumas

ervas, arbustos, alfaces e sementes oleaginosas (KUMAR et al., 2009). A combinação de citrato de

zinco e fitase – enzima que quebra osfitatos(presentes em grãos, feijão, soja, cereais integrais) faz

com que a toxina botulínica seja mais efetiva, ela deve se unir ao zinco presente no organismo. Os

fitatos, ao se ligarem ao zinco, impedem a máxima absorção do mineral pelo corpo humano. Com

esta combinação os fitatos são quebrados, potencializando a relação entre a toxina e o zinco

(existente no organismo e na medicação). Esse ligamento estende o efeito proporcionado pela

injeção da toxina. Um estudo recente com a substância tomada de forma oral por 4 dias antes de

injeções de toxina botulínica no tratamento do blefaroespasmo, espasmo hemifacial ou

procedimentos cosméticos resultou em um aumento em ambos os efeitos de tratamentos e da

duração da toxina botulínica. Este estudo sugere que seu uso pode levar a menos injeções de

toxina, melhorando sua performace, seja no efeito, seja na duração em até 30%. A descoberta,

publicada no JournalofDrugsinDermatology, ocorreu após uma pesquisa com 72 pacientes

acompanhadas por médicos da Faculdade de Medicina Baylor, do Centro de Câncer MD Anderson,

do Hospital Metodista e da Universidade Weill Cornell, todos no Estado do Texas, nos Estados

Unidos (KOSHY, et al., 2012).

O efeito das injeções de toxina botulínica dura cerca de seis meses. Para os que receberam

a suplementação de zinco, a duração foi 30% maior. Segundo os pesquisadores, no tratamento

com Botox, a complementação oral de zinco e fitase (uma enzima que estimula a absorção do zinco

pelo intestino) prolonga a duração do efeito após a aplicação de toxina botulínica, quando

comparada a indivíduos que não realizaram o procedimento. Os estudos foram realizados em

pacientes com rugas faciais, espasmo hemifacial e blefaroespasmo, alterações neurológicas que

provocam contrações involuntárias da face e das pálpebras, respectivamente. A utilização do zinco

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foi efetiva tanto no tratamento das desordens neurológicas, quanto nas queixas estéticas (KOSHY,

et al., 2012).

A administração é indicada por 5 dias, em duas doses diárias, totalizando 10 tomadas.

Deve ser iniciada 4 dias antes e mantida até o dia da aplicação, promovendo, dessa forma, uma

maior ligação da toxina botulínica nos pontos necessários, bloqueando a transmissão do impulso

nervoso que leva à contração muscular. Não há efeitos colaterais, desde que sejam respeitadas as

dosagens indicadas. Pacientes devem evitar a ingestão concomitante da suplementação com

outros medicamentos, observando um período de pelo menos 2 horas antes ou depois de qualquer

outro medicamento ou suplemento oral. Sugestão dosagem: Zinco (forma de Citrato) 25mg/Fitase

500mg (KOSHY, et al., 2012).

Pesquisadores do Departamento de Cirurgia Plástica da Faculdade de Medicina de Baylor,

EUA, conduziram um estudo clínico piloto, duplo-cego, placebo-controlado e cruzado para avaliar

os efeitos da suplementação de zinco sobre a eficácia e a duração do tratamento com toxina

botulínica. Em 77 pacientes que receberam tratamento individualizado para rugas faciais,

blefaroespasmo essencial benigno e espasmo hemifacial, foi avaliada a eficácia de três formulações

de toxina botulínica (onabotulinumtoxinA, abobotulinumtoxinA e rimabotulinumtoxinB) após a

suplementação de: Correspondem a aproximadamente e 17 mg de Zn elementar Grupo 1 Citrato

de zinco 50 mg + Fitase 3.000 PU Grupo 2 Gluconato de zinco 10 mg Grupo 3 Placebo actulose

(KOSHY, et al., 2012). O zinco em doses inadequadas pode diminuir a absorção de Tetraciclina e

Ciprofloxacina; É recomendável fazer uso pelo menos 2 horas antes ou depois de tomar estes

antibióticos: Aspirina, Azidotimidina,Captopril, Enalapril, pois os mesmos aumentam a perda de

zinco ou interferem na absorção pelo organismo de zinco; O uso do medicamento a base de zinco

está contra-indicado para grávidas e lactantes, (Literatura técnica da distribuidora do

zytase,EdenAestheticsdistribution, Londres).

O medicamento deve ser utilizado somente sobre a orientação e acompanhamento médico

e de maneira regrada; Pessoas com hipersensibilidade à substância não devem ingerir o produto;

Em caso de hipersensibilidade ao produto, recomenda- se descontinuar o uso e consultar o médico;

Não use o medicamento com o prazo de validade vencido; Todo medicamento deve ser mantido

fora do alcance das crianças, (Literatura técnica da distribuidora do

zytase,EdenAestheticsdistribution, Londres).

Quantidades excessivas de zinco podem reduzir os efeitos da toxina, podendo provocar

desconfortos gastrointestinais como náuseas, vômitos, diarréia, dor de estômago, assim como

tontura, disfunção renal, anemia e diminuição da função imunológica. A administração demasiada

da fitase pode causar absorção elevada de zinco, resultando nos efeitos secundários mencionados

anteriormente. Caso ocorra ingestão indevida do produto, o paciente deve ser monitorado durante

vários dias, observando-se o aparecimento de sinais ou sintomas de intoxicação (KOSHY, et al.,

2012).

Manter as condições para o medicamento continuar sendo próprio para o consumo, além

de respeitar o prazo de validade indicado na embalagem, mantê-lo em temperatura ambiente (15 a

30ºC). Proteger da luz, do calor e da umidade, (Literatura técnica da distribuidora do zytase,Eden

Aesthetics distribution, Londres 2015).

4 CONCLUSÃO

A literatura científica parece, de maneira geral, sustentar os efeitos benéficos que o

micronutriente zinco possui quando presente em quantidades adequadas no corpo humano,

indicando o fato de a suplementação com este mineral apresentar benefícios sobre o crescimento

e sob diversos sistemas do organismo humano em diferentes etapas da vida. A literatura aponta

recentemente através de estudos, pesquisas e experimentos que o medicamento composto por

zincocombinado com a enzima fitase tem o potencial de influenciar de forma positiva para o

aumento dos efeitos da Toxina botulínica quando envolvido em procedimentos terapêuticos e

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estéticos, sugerindo que seu uso pode levar a menos injeções de toxina, melhorando

suaperformance, seja no efeito, seja na duração em até 30%.Apesar disso há necessidade de mais

pesquisas sobre o assunto e que apresentem um maior rigor metodológico.

REFERÊNCIAS BACHUR, Tatiana Paschoalette Rodrigues, et al. TOXINA BOTULÍNICA: DE VENENO A TRATAMENTO. Revista Eletrônica Pesquisa Médica –REPM.V. 3, n. 1, jan/Mar

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