concurso de pessoas - artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, cp

27
Título da aula CONCURSO DE AGENTES IV Professora Cristiane Dupret [email protected] www.direitopenalbrasileiro.com.br www.metodosdeestudo.com.br www.direitocriancaeadolescente.com. br www.cristianedupret.com.br

Upload: crisdupret

Post on 16-Apr-2017

7.244 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: Concurso de pessoas - Artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, CP

Título da aulaCONCURSO DE AGENTES IV

Professora Cristiane Dupretprofessora@cristianedupret.com.brwww.direitopenalbrasileiro.com.br

www.metodosdeestudo.com.brwww.direitocriancaeadolescente.com.br

www.cristianedupret.com.br

Page 2: Concurso de pessoas - Artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, CP

AULA EMERJ

CONCURSO DE AGENTES IVProfessora Cristiane Dupret Tema: Concurso de pessoas IV.1) A participação de menor importância: exame do artigo 29, §1º do Código Penal Brasileiro.2) Os desvios subjetivos entre os participantes: análise do artigo 29, §2º do Código Penal.3) O artigo 30 do Código Penal e suas controvérsias.4) O artigo 31 do Código Penal como limitador da responsabilidade penal.

Page 3: Concurso de pessoas - Artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, CP

1) A participação de menor importância: exame do artigo 29, §1º do Código Penal Brasileiro. A participação de menor importância teve sua natureza jurídica alterada na reforma da parte geral do CP em 1984. Antes, era prevista no art. 48, II como circunstância atenuante. Com a nova parte geral, passou a ser prevista como causa de diminuição de um sexto a um terço.Esta causa de diminuição somente pode ser aplicada ao partícipe, nunca ao coautor, até mesmo porque de acordo com uma ideia de divisão de tarefas entre os coautores, todos têm importância equivalente para a consecução do resultado.

Page 4: Concurso de pessoas - Artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, CP

Sendo assim, até mesmo pela adoção da teoria do domínio funcional do fato, não se poderia admitir a aplicação da referida causa de diminuição ao coautor.

Se estivermos diante de uma participação mínima, que não chegue a colaborar para o resultado final, não há de se falar em participação de menor importância, mas sim na impossibilidade de punição, já que um dos requisitos para o concurso de agentes é justamente a relevância causal de cada conduta. Ou seja, o instituto é aplicada para a conduta relevante do partícipe, mas de menor importância.

Page 5: Concurso de pessoas - Artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, CP

O art. 29 estabelece que se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. Esse “pode” desafia controvérsia na doutrina. Alguns entendem que representa facultatividade, pois o juiz pode analisar a intensidade da vontade do partícipe, havendo equiparação no plano da culpabilidade. Este é o entendimento de Dotti e Mirabete. No entanto, para a doutrina majoritária, a redução só é facultativa em relação ao quantum de diminuição a ser aplicado. A redução em si é obrigatória.

Page 6: Concurso de pessoas - Artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, CP

TJ RJ - 2008.050.01368 - APELACAO - 1ª Ementa

DES. MARCO AURELIO BELLIZZE - Julgamento: 12/08/2008 - TERCEIRA CAMARA CRIMINAL APELAÇÃO. Concurso de crimes. Crime de roubo majorado pelo emprego de arma de fogo e pelo concurso de agentes. Crime de receptação. Sentença condenatória. Apelo defensivo buscando o reconhecimento da participação de menor importância e a fixação de regime prisional menos gravoso. Conjunto probatório firme e suficiente para embasar o decreto de censura estampado na sentença. Participação de menor importância não caracterizada. Divisão de tarefas imprescindíveis para o sucesso da empreitada criminosa. Apelante que conduzia veículo produto de crime, dando cobertura ao comparsa que subtraía o outro veículo. Versão inverossímil do apelante, isolada do contexto probatório, no sentido de que apenas estava dirigindo o carro de amigo que havia ingerido bebida alcoólica. Dosagem da pena. Pena base do crime de roubo fixada no mínimo legal. Incidência das majorantes de emprego de arma de fogo e concurso de agentes. Redução para a fração mínima. Fundamentação estabelecida apenas em razão do quantitativo de circunstâncias. Pena base do crime de receptação fixada acima do mínimo legal. Fundamentação idônea. Ajuste das penas de multa à luz do que dispõe o artigo 49 do CP. Regimes prisionais. Adequação e suficiência. Parcial provimento do recurso.

Page 7: Concurso de pessoas - Artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, CP

2005.050.04727 - APELACAO - 1ª Ementa

DES. SERGIO DE SOUZA VERANI - Julgamento: 27/02/2007 - QUINTA CAMARA CRIMINAL

ROUBO(ART.157, § 2º, II, C.P). AUTORIA COMPROVADA. MENOR PARTICIPAÇÃO: IMPOSSIBILIDADE. Demonstrada a autoria e presente a qualificadora do concurso de pessoas, mantém-se a condenação. Não há falar-se em participação de menor importância, se os co-autores agiram com divisão de tarefas causalmente relevantes.Recurso improvido.

Page 8: Concurso de pessoas - Artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, CP

2005.050.04727 - APELACAO - 1ª Ementa

DES. SERGIO DE SOUZA VERANI - Julgamento: 27/02/2007 - QUINTA CAMARA CRIMINAL

ROUBO(ART.157, § 2º, II, C.P). AUTORIA COMPROVADA. MENOR PARTICIPAÇÃO: IMPOSSIBILIDADE. Demonstrada a autoria e presente a qualificadora do concurso de pessoas, mantém-se a condenação. Não há falar-se em participação de menor importância, se os co-autores agiram com divisão de tarefas causalmente relevantes.Recurso improvido.

2002.050.02312 - APELACAO - 1ª Ementa

DES. SERGIO DE SOUZA VERANI - Julgamento: 13/02/2007 - QUINTA CAMARA CRIMINAL

ROUBO (ART.157, § 2º, I, II, C.P). PROVA. PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA (ART. 29, §1º, CP).Demonstrada a participação dos réus no roubo, confirma-se a condenação. Se a sentença reconhece que os acusados tiveram uma participação de somenos importância na empreitada criminosa, deve ser feita a redução do art. 29, §1º, CP. Recursos providos parcialmente.

Page 9: Concurso de pessoas - Artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, CP

2000.050.04154 - APELACAO - 1ª Ementa

DES. SERGIO DE SOUZA VERANI - Julgamento: 25/02/2003 - QUINTA CAMARA CRIMINAL

ROUBO CO-AUTORIA PARTICIPACAO DE MENOR IMPORTANCIA REDUCAO DA PENA Roubo. Participação de menor importância (art. 29, par. 1., C.P.). Receptação. Regime. Demonstrada a participação dos réus no roubo, presentes as qualificadoras, mantém-se a condenação, reduzido, porem, o aumento em razão destas a um terço, não motivada a majoração de metade. Se a pena e' inferior a 08 anos, favoráveis as circunstancias do art. 59, do C.P., o regime adequado e' o semi-aberto, imposto na sentença, e nao o fechado, como pretende o M.P., baseado apenas na mera gravidade do crime. Se um dos co-Reus nao realiza qualquer ato de execucao, limitando-se a aguardar com o carro na rua para assegurar a fuga, a sua participacao e' de menor importancia (art. 29, par. 1., C.P.), reduzida a pena de um terço. Comprovada a receptação praticada por um coReu, mantém-se a sua condenação. Condenados dois Apelantes a 05 anos e 04 meses de reclusão, presos ha' 04 anos e 07 meses, sem qualquer beneficio da execução, concede-se H.C. de oficio para que aguardem em liberdade o processamento do pedido de livramento condicional.

Page 10: Concurso de pessoas - Artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, CP

1999.050.02786 - APELACAO - 1ª Ementa

DES. SERGIO DE SOUZA VERANI - Julgamento: 06/04/2000 - QUINTA CAMARA CRIMINAL

LATROCINIO (ART. 157, § 3º,C.P.). PARTICIPACAO DE MENOR IMPORTANCIA (ART.29,§1º,CP). PENA-BASE. AGENTE QUE PARTICIPA DO FATO CRIMINOSO COM SUA VONTADE DIRIGIDA PARA O LATROCIMIO, MAS NAO E O AUTOR DOS DISPAROS, EMBORA CONTRIBUINDO, COM SUA ATIVIDADE, PARA A PRODUCAO DO EVENTO. SE A SUA CONTRIBUICAO, POREM, E DE MENOR IMPORTANCIA AO CONTRARIO DOS DEMAIS AGENTES, QUE EFETUARAM OS DISPAROS E A SUBTRACAO - , DEVE-SE RECONHECER A SUA MENOR PARTICIPACAO, REDUZINDO-SE A PENA NA FORMA DO ART. 29, 1º, DO C.P. A PENA-BASE NAO PODE SER FIXADA EM 26 ANOS, TAO ACIMA DO MINIMO, SE NAO SAO INDICADAS, DE MODO ADEQUADO E OBJETIVO, AS CIRCUNSTANCIAS JUDICIAIS QUE JUSTIFICARIAM TAMANHA EXACERBACAO. RECURSO PROVIDO PARCIALMENTE.

Page 11: Concurso de pessoas - Artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, CP

2007.050.04765 - APELACAO - 1ª Ementa

DES. VALMIR DE OLIVEIRA SILVA - Julgamento: 13/11/2007 - TERCEIRA CAMARA CRIMINAL

EMENTA - ROUBOS DUPLAMENTE MAJORADOS, EM CONTINUAÇÃO DELITIVA - PRISÃO EM FLAGRANTE INÉPCIA DA DENÚNCIA - NULIDADE INOCORRENTE - PROVA CONVINCENTE DA CO-AUTORIA E NÃO MERA PARTICIPAÇÃO EMBRIAGUEZ INCOMPROVADA - IMPUTABILIDADE PRESENTE DOSIMETRIA PENAL - DIAS-MULTA EM FRAÇÃO - CORRETIVO - INTELIGÊNCIA DO ART. 11 DO CP - LEITURA RECOMENDADA.Evidenciando a prova judicial que os apelantes e o co-réu do processo desmembrado, este fazendo uso de arma de brinquedo, unidos pelo mesmo propósito criminoso, roubaram os pertences de quatro vítimas que caminhavam pela via pública, em locais diversos, inquestionável afigura-se o decreto condenatório, por isso que caracterizados os roubos duplamente majorados a eles imputados, descabendo falar de participação de menor importância se cada qual executou sua tarefa no momento das abordagens das vítimas, atuando como autênticos co-autores, ora dando ordens ao comparsa que portava a arma de brinquedo, ora ajudando a atemorizar as vítimas.A tese da embriaguez lançada pela defesa de Francisco não pode ser acolhida, porque sem a mínima comprovação, e mesmo estivesse ele sob o efeito de bebida alcoólica sua imputabilidade só seria excluída se a embriaguez fosse proveniente de caso fortuito ou força maior e não na voluntária ou culposa.A dosimetria penal foi medida no mínimo legal, o que inviabiliza a incidência de atenuantes, conforme sumulado pelo STJ, merecendo corretivo, no entanto, a pena de multa, que deverá seguir a mesma proporção de aumento da privativa de liberdade, isto é, 10 DM, mais 1/3, igual a 13 DM e mais 1/4, perfazendo 16 DM, recomendando-se ao magistrado a leitura do art. 11 do CP. O regime prisional indicado é mesmo o fechado, não só pela quantidade de roubos praticados, mas também pela incontestável periculosidade dos apelantes. Recursos parcialmente providos.

Page 12: Concurso de pessoas - Artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, CP

2) Os desvios subjetivos entre os participantes: análise do artigo 29, §2º do Código Penal. Trata-se da chamada cooperação dolosamente distinta ou participação em crime menos grave ou ainda, segundo Pierangeli erro na participação, prevista no art. 29, par. 2º do CP. O parágrafo segundo do art. 29 é uma das situações de quebra à teoria monista, segundo a qual respondem pelo mesmo crime todos os concorrentes. Segundo Luiz Regis Prado, essa previsão legal reafirma o caráter individual da culpabilidade.   

Page 13: Concurso de pessoas - Artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, CP

Antes da reforma de 1984, o desvio subjetivo de conduta era previsto meramente como causa de diminuição de pena:

ATENUAÇÃO ESPECIAL DA PENAParágrafo único. Se o agente quis participar de crime menos grave, a pena é diminuida de um terço até metade, não podendo, porém, ser inferior ao mínimo da cominada ao crime cometido Já nessa época, a doutrina criticava a natureza do desvio subjetivo de conduta, afirmando que ele importava em responsabilidade penal objetiva.

Page 14: Concurso de pessoas - Artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, CP

Atualmente, o desvio subjetivo faz com que cada um responda de acordo com o seu dolo e não com o dolo do outro. Diferente do par. 1º, o par. 2º pode ser utilizado tanto para o coautor quanto para o partícipe, já que menciona a expressão “concorrentes”, abrangendo a figura do coautor e do partícipe.

Não há de se falar em aplicação do art. 29, par 2º se já terminou a execução do crime. Nesta hipótese teremos crime autônomo. Ex.: se após a consumação do crime de furto, terceira pessoa oculta o bem em favor do autor do crime –

Page 15: Concurso de pessoas - Artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, CP

O crime praticado pelo terceiro será de favorecimento real, mas não em virtude de aplicação do art. 29, par 2º do CP. Quanto ao aumento da pena de metade em caso de ter sido previsível o resultado mais grave, Zaffaroni e Pierangeli (Manual de Direito Penal Brasileiro – Parte Geral – 5a. Ed, 2004, RT, p. 657) sustentam que só será possível o aumento quando o crime pelo qual responde o sujeito tiver modalidade culposa, sob pena de se criar uma artificial tipicidade culposa: 

Page 16: Concurso de pessoas - Artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, CP

“Da mesma natureza complexa exsurge que, quando o resultado mais grave não estiver previsto como crime culposo, a pena não pode ser aumentada, porque não é razoável a existência de uma artificial tipicidade culposa, limitada à hipótese de concurso ideal com participação dolosa, o que viria contrariar a regra geral do parágrafo único do art. 18 do CP.” Para esses autores, se a hipótese for de dolo eventual, assumindo o risco do resultado mais grave, a hipótese será regida diretamente pelo art. 29, caput, não havendo razão para se dar um tratamento diferenciado ao dolo eventual. 

Page 17: Concurso de pessoas - Artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, CP

2008.050.01155 - APELACAO - 1ª Ementa

DES. VALMIR DE OLIVEIRA SILVA - Julgamento: 17/06/2008 - TERCEIRA CAMARA CRIMINAL

EMENTA - ROUBOS A TRANSEUNTES - EMPREGO DE ARMA DE FOGO E CONCURSO DE PESSOAS - PRISÃO EM FLAGRANTE DE UM DOS ROUBADORES - FUGA DE OUTROS DOIS - RECUPERAÇÃO DOS BENS - EMBRIAGUEZ AVANÇADA AUXÍLIO INSIGNIFICANTE NA EMPREITADA - DISPARO DEPOIS DA SUBTRAÇÃO, POR MERO SADISMO, SEM ATINGIR A VÍTIMA - DESVIO SUBJETIVO DE CONDUTA - AUSÊNCIA DE PREVISIBILIDADE POR PARTE DO APELANTE CARACTERIZAÇÃO DE DOIS ROUBOS MAJORADOS CONSUMADOS - CONTINUAÇÃO DELITIVA QUALIFICADA - AJUSTE NA DOSIMETRIA PENAL .Se durante toda tramitação processual a defesa nada alegou no tocante a defeito contido na denúncia, não pode fazê-lo depois de proferida a sentença, por se tratar de matéria preclusa. A propósito, a vestibular acusatória não contém qualquer vício, pois descreve satisfatoriamente a participação do apelante nos roubos, não sendo de se exigir descrição pormenorizada de cada roubador, mormente em se tratando de roubo, modalidade em que atuam concomitantemente, deixando suas vítimas desorientadas e com medo. Tampouco se pode criticar a atuação do patrono que antecedeu aos subscritores das razões recursais, por isso que exerceu o munus com responsabilidade e bastante dedicação, impetrando, inclusive, ordem de habeas corpus em favor do apelante na busca de sua liberdade, diferentemente dos profissionais que manejaram o recurso, porquanto deixaram de suscitar nas alegações finais a matéria argüida como preliminar no apelo, quando já atingida pela preclusão.Se o apelante, no estado de embriaguez voluntária, auxilia, ainda que minimamente, dois elementos, um deles usando arma de fogo, a subtrair as bicicletas das vítimas, sendo preso na posse de uma delas, comete os delitos de roubo duplamente majorado, que no caso consumaram-se, porque chegaram os roubadores a exercerem, mesmo momentaneamente, a posse tranqüila do produto roubado. Se depois de realizada a subtração dos bens, um dos elementos manda as vítimas correrem e, por mero sadismo, efetua disparo com a arma de fogo, sem atingi-las ou sem que esteja bem definida a direção dos tiros, não pode ser este atuar estendido ao apelante para atribuir-lhe o crime de latrocínio tentado, por configurar desvio subjetivo de conduta e por total ausência de previsibilidade. Evidenciado que os crimes foram cometidos nas mesmas condições de tempo, lugar e modo de execução, incide a regra do crime continuado qualificado, por serem vítimas diferentes.A sanção penal básica para cada delito fica mantida em 4 anos de reclusão e 10 DM, que se eleva de 1/3 em razão das majorantes, porque não houve motivação na opção pela fração máxima, perfazendo então 5 anos e 4 meses de reclusão e 13 DM, sobre a qual passa a incidir a redução de 1/6 pela participação de menor importância e sobre este resultado o aumento da fração de 1/6 decorrente da continuação delitiva qualificada, totalizando 5 anos, 2 meses e 6 dias de reclusão e 12 DM, mantido o regime prisional inicial fechado.Rejeição das preliminares. Parcial provimento do recurso.

Page 18: Concurso de pessoas - Artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, CP

3) O artigo 30 do Código Penal e suas controvérsias. Mais uma vez representando que a reforma de 1984 estava comprometida com o Direito Penal da culpabilidade, tentando eliminar quaisquer resquícios de responsabilidade penal objetiva, o art. 30 do CP estabelece uma regra, de que as circunstâncias ou condições de caráter pessoal não se comunicam, mas possibilita uma exceção: elas se comunicam quando elementares do crime. Estabelecendo que elas não se comunicam quando forem de caráter pessoal (ou seja, subjetivas), a contrario senso verificamos que elas se comunicam quando forem objetivas. 

Page 19: Concurso de pessoas - Artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, CP

Consoante Zafaroni e Pierangeli: “Disto resulta que tudo o que se refere à culpabilidade é eminentemente pessoal, e tem importância para a responsabilidade do autor ou do partícipe, em que as condições e circunstâncias que fazem parte da culpabilidade estejam presentes.” Ob cit, p. 657

Concluindo, Bitencourt sintetiza as duas regras básicas fixadas pelo art. 30 do CP: 

Page 20: Concurso de pessoas - Artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, CP

“a) as circunstâncias e condições de caráter pessoal não se comunicam entre coautores e partícipes, por expressa determinação legal; b) as circunstâncias objetivas e as elementares do tipo (sejam elas objetivas ou subjetivas) só se comunicam se entrarem na esfera de conhecimento dos participantes.”

Ob cit, p. 432

Conclusão: que no furto praticado com abuso de confiança, tal circunstância vai se comunicar, embora pessoal, por se tratar de elementar do crime, o que já não ocorreria no roubo praticado com abuso de confiança.

Page 21: Concurso de pessoas - Artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, CP

Circunstâncias são dados acessórios, periféricos, que gravitam em torno da figura típica, circundando o fato principal. As elementares são essenciais ao crime. As circunstâncias, em regra, influenciam na dosimetria da pena, mas não na figura típica em si, já as elementares conduzem a uma atipicidade absoluta ou relativa. A atipicidade absoluta leva à impossibilidade de punição, enquanto a atipicidade relativa leva à desclassificação.Quando as circunstâncias constituem elementares do crime, elas deixam de circundá-lo para integrá-lo.

Page 22: Concurso de pessoas - Artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, CP

Na reforma de 1984, diferenciou-se circunstância de condição.Podem ser objetivas ou subjetivas. Objetivas são aquelas que se referem à qualidade e condições da vítima, ao tempo, lugar, modo e meios de execução do crime. Subjetivas são as relacionadas ao agente que pratica o fato, suas qualidades, parentesco, motivos do crime. Condições de caráter pessoal são as relações do agente com o mundo exterior, com outros seres, com estado de pessoa, parentesco, etc.

Page 23: Concurso de pessoas - Artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, CP

Rogério Greco exemplifica com um roubo praticado por dois agentes contra a irmã de um deles. A agravante de ser o crime praticado contra irmão não poderá se comunicar ao outro sujeito, pois o parentesco é uma circunstância de caráter pessoal, que não caracteriza em nenhum momento uma elementar do crime de roubo. Prossegue com outro exemplo para explicar a diferença: particular que sabendo da qualidade de funcionário público do outro agente, o ajuda a praticar uma subtração na repartição onde trabalha, valendo–se da sua qualidade de funcionário público. Neste caso, estamos diante de uma condição de caráter pessoal que caracteriza elementar do crime de peculato, devendo se comunicar ao particular, respondendo ambos por peculato.

Page 24: Concurso de pessoas - Artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, CP

O mesmo raciocínio poderíamos fazer em ralação ao crime de infanticídio.

Importante ainda, destacar que, consoante afirmam Zafaroni e Pierangeli: “as condições e circunstâncias pessoais, que formam a elementar do injusto básico ou qualificado, comunicam-se dos autores aos partícipes, mas não dos partícipes aos autores, por ser a participação acessória da autoria e não ao contrário” Ob cit, p. 658 

Page 25: Concurso de pessoas - Artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, CP

4) o art. 31 do CP como limitador da responsabilidade penal O art. 31 do CP estabelece que o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. Este artigo demonstra a clara acessoriedade da participação. Só se permite a responsabilização penal pela participação se o autor der início à execução do crime.

Page 26: Concurso de pessoas - Artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, CP

O art. 31 possui a mesma linha de orientação da impunibilidade dos dois primeiros momentos do iter criminis – cogitação e preparação. A tentativa de participação é impunível porque a participação só constitui perigosidade criminal quando leva a um fato principal real e porque punir a simples tentativa de participação, principalmente em caso de cumplicidade, evocaria um verdadeiro Direito Penal de ânimo (Welzel, apud Bitencourt, Cezar Roberto, ob cit, p. 428).

Page 27: Concurso de pessoas - Artigo 29, par. 1o e 2o, 30 e 31, CP