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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Enfermagem Mirelle da Silva Caroline Baravelli Verônica de Campos Silva CONCEPÇÕES DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM SOBRE O CUIDAR EM SAÚDE MENTAL PARA A REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL LINS SP 2014

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Page 1: CONCEPÇÕES DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM SOBRE … · Mirelle da Silva Caroline Baravelli Verônica de Campos Silva CONCEPÇÕES DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM SOBRE O CUIDAR EM SAÚDE

UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Enfermagem

Mirelle da Silva Caroline Baravelli

Verônica de Campos Silva

CONCEPÇÕES DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM SOBRE O CUIDAR EM SAÚDE

MENTAL PARA A REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL

LINS – SP

2014

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Mirelle da Silva Caroline Baravelli

Verônica de Campos Silva

CONCEPÇÕES DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM SOBRE O CUIDAR EM

SAÚDE MENTAL PARA A REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Enfermagem, sob a orientação da Prof.ª Ma. Taís Fernanda Maimoni Contieri Santana e orientação técnica da Prof.ª Ma. Jovira Maria Sarraceni.

LINS-SP

2014

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Baravelli, Mirelle Caroline da Silva; Silva, Verônica de Campos Concepções de estudantes de enfermagem sobre o cuidar em

saúde mental para a Reabilitação Psicossocial / Mirelle Caroline da Silva Baravelli; Verônica de Campos Silva. – – Lins, 2014.

91p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Enfermagem, 2014.

Orientadores: Jovira Maria Sarraceni; Tais Fernanda Maimoni Contieri Santana.

1. Saúde Mental. 2. Reforma Psiquiátrica. 3. Educação Técnica

em Enfermagem. I Título.

CDU 616-083

B181c

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MIRELLE CAROLINE DA SILVA BARAVELLI

VERÔNICA DE CAMPOS SILVA

CONCEPÇÕES DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM SOBRE O CUIDAR EM

SAÚDE MENTAL PARA A REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, para

obtenção do título de Bacharel em Enfermagem.

Aprovada em: ___/___/____

Banca Examinadora

Profª. Orientadora: Taís Fernanda Maimoni Contieri Santana

Titulação: Mestre em Enfermagem pela Unesp de Botucatu. Enfermeira,

Especialista em Saúde Mental.

Assinatura:______________________________

1°Prof.(a): Helena Ayako Mukai

Titulação: Mestrado em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina de São

José do Rio Preto, Brasil (2012), COORDENADOR do Missão Salesiana de Mato

Grosso Inspetoria de Campo Grande , Brasil.

Assinatura:________________________________

2°Prof.(a): Daniela da Silva Garcia

Titulação: Mestrado em Enfermagem pela Universidade Guarulhos, Brasil(2008)

Prof. Graduação de Enfermagem do Centro Universitário Católico Salesiano

Auxilium , Brasil

Assinatura:______________________________

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Um dia você aprende...

A construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam. E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Descobre que se levam anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que não importa aonde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer caminho serve. Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, sempre existem dois lados. Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se. Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha. Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo. Aprende que com a mesma severidade com que julga você será em algum momento condenado. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás. Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar que é forte, e que pode ir muito mais longe. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar.

William Shakespeare

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“Dedico a Deus a oportunidade de poder ter vivido de tudo que

foi me oferecido e por ter me guiado nas decisões que tomei. Não

teria conseguido sem a força que todos os dias o Senhor

plantava em mim. Aos meus pais, Álvaro e Lindinalva pelo

apoio, dedicação, esforços ilimitados para que eu pudesse

concluir com êxito uma escolha que foi minha... obrigada por

terem fomentado meu caráter e por serem meu exemplo. Não

existem palavras para descrever minha gratidão e amor. O meu

sucesso devo à vocês”

Amo vocês incondicionalmente.

Mirelle Caroline S. Baravelli

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Agradecimentos

DEUS

Agradeço à sabedoria, a paciência, a amizade, a força, a coragem, a tudo que me guiou nessa

caminhada que foi longa e árdua. Sou imensamente grata ao caminho que trilhamos juntos, e o

mais importante foram as pessoas que o Senhor colocou ao meu lado. Obrigada pela força e

ajuda quando os momentos mais difíceis me cercavam.

MEUS PAIS

Tudo que sou, tudo que vivi, tudo que sei, minhas atitudes, meu caráter, TUDO devo a vocês que

sempre estiveram presentes e me apoiando nessa caminhada. Vocês foram simplesmente

incríveis. Graças ao empenho e confiança de vocês que cheguei até aqui. Obrigada por serem

minha força, obrigada por toda dedicação, carinho, expectativas e amor que depositaram em

mim até hoje. Pai, obrigada por não medir esforços para ver a minha escolha se concretizar.

Mãe, obrigada por ser meu espelho e por ter me moldado para enfrentar a vida assim como

você, tenho ORGULHO de ser quem eu sou, e isso eu devo á vocês. Amo vocês demais.

MEUS IRMÃOS

Agradeço a minha Irmã Francielle por sempre estar ao meu lado me dando apoio. Esse apoio

foi crucial em todos os momentos para que eu não desistisse nunca. Ao meu irmão e anjo João

Vitor, que trouxe luz, alegria e vida para nossas vidas, você é sem dúvidas a força que Deus me

enviou. E que todas as vezes que eu chegava cansada em casa, não tinha como resistir quando

me pedia para brincar com você. Vocês são minha vida. Amo vocês demais.

MINHA AVÓ (in memoriam)

Deus não permitiu que você visse em vida tudo que tanto almejei para minha vida. Mas tenho

certeza que hoje a Senhora está vendo tudo que consegui. Você se foi me deixou sua sabedoria,

queria poder ter cuidado mais de você, mesmo você brincando que quando eu estivesse em um

hospital, correria de mim. Queria muito que estivesse aqui para ver a pessoa que me tornei.

Obrigada minha vó por ter me ensinado tantas coisas, sei que deixou para nós o melhor. Dedico

à senhora tudo que consegui conquistar. Saudades eterna, eu te amo muito.

MEU NAMORADO

Não tenho nem palavras para mencionar a importância que você tem na minha vida. Você sem

dúvidas me deu força quando eu não mais acreditava em mim. Obrigada por ter sido essa

pessoa tão especial e por ter me ajudado tanto e sempre. Desculpa pelos estresses e obrigada

pelo apoio, carinho, palavras que acalmaram meu coração, dedicação e por ter me aturado

quando tudo estava corrido e eu não conseguia lidar com a situação. Obrigada pelo amor

incondicional que me ofereceu durante todos esses anos. Sou extremamente grata á você, por

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tudo, tudo que ensinou, tudo que ajudou, tudo que vivemos juntos, tudo que planejamos juntos.

Só tenho que te agradecer, pois como sempre me diz que Deus está vendo a nossa luta, e que

tudo que fizermos de bom hoje, colheremos amanhã. Hoje quero compartilhar com você esse

momento tão especial para mim por que foi você quem me ajudou em todos os momentos,

naqueles momentos, inclusive, em que me apavorei, foi você que me ofereceu ajuda. Essa

conquista também é sua meu amor. Obrigada, Te amo Willian Felipe Bucatte.

MINHA FAMÍLIA

Quero agradecer imensamente a todos da minha família que sempre acreditaram em mim, e que

de uma forma ou outra contribuíram para esse sonho se tornar realidade. Obrigada tios, tias,

primos, primas, minha sogra e também aqueles que escolhemos como família.

PARCEIRA VERÔNICA

Cinco anos se passaram e hoje estamos juntas nessa missão, e que missão. Conseguimos vencer

barreiras e lutamos juntas até o final, obrigada pelo companheirismo. Valeu à pena tudo que

vivemos. Ás vezes nos preocupamos tanto com uma pessoa que acabamos que nos metemos na

vida dela mais que devemos, mas tudo que até hoje mencionei ao seu respeito, tanto para o lado

bom quanto para o que te fizesse refletir um pouco por algo, foi para seu bem, pois gosto de

você e quero que sua carreira seja incrível. Por isso deixo aqui minhas desculpas, por alguma

coisa que falei e te desejo sorte, que você tenha um futuro brilhante. Beijos

COMPANHEIRA JOSI

Não poderia deixar de agradecer á você, a contribuição que me deu, tanto na minha vida

pessoal quanto profissional. Obrigada pelas conversas, pelos desabafos escutados, pela sua

ajuda, pelo apoio, pelo carinho e por cada momento que passamos juntas. Obrigada por ser

meu ponto de equilíbrio. Te desejo tudo de bom nessa nova fase, e sei que fará isso de forma

espetacular. Beijos

AOS MEUS PROFESSORES

Deixo aqui meu muito obrigado á vocês professores que de forma brilhante desempenharam seu

papel. Agradeço a todos os professores que contribuíram com seu conhecimento, para que eu

pudesse chegar até aqui. Vocês foram essenciais para que hoje eu conquistasse o que sonhei.

Agradeço especialmente a professora Rosangela Badine que deixou em mim o seu melhor,

obrigada por ter me passado um pouco do tanto que a senhora sabe. Te amo e é de verdade. A

professora Viviane Armede que compartilhou de forma inexplicável tudo que ela sabe, obrigada

por ter sido essa mãe para mim na faculdade, você é realmente inesquecível. Me orgulho de

poder ter vivido a maior parte da minha formação com você. Obrigada, serei grata a você

sempre, te amo. Aos professores de estágio, Ludmila e Paulo que sem medirem esforços me

ajudaram a construir uma formação profissional de forma brilhante, obrigada por cada

ensinamento e por sempre terem acreditado em mim. Vocês são especiais. Á professora Helena

Mukai, embora não tenhamos sido professora e aluna exatamente, tenho um apreço muito

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grande pela senhora, pois você é muito parecida comigo e me fez várias vezes refletir sobre

tudo, principalmente na pessoa que me tornei. Obrigada.

A NOSSA ORIENTADORA TAÍS

Com palavras não consigo descrever tudo de bom e que a senhora me proporcionou e o quanto

contribuiu com sua experiência e sensatez. Obrigada pela dedicação, pelo amor naquilo que faz

e demonstra isso grandiosamente, pelo entusiasmo, pelo apoio, pelas conversas, pelo empenho,

por tudo. E principalmente, por ter acolhido o nosso trabalho de forma espetacular. Você é

incrível tanto como pessoa quanto profissional. Quando eu crescer quero ser assim, igual á

você. Agradeço de coração a contribuição acadêmica e de vida que me proporcionou. Existem

pessoas que simplesmente encantam só pelo fato de existir, a senhora é uma delas. Obrigada

pelo companheirismo e força.

AS ESCOLAS TÉCNICAS DE LINS E CAFELÂNDIA

Agradeço o acolhimento que tivemos nas duas escolas, tanto por parte da direção, coordenação

e os alunos, que foram incríveis para que nosso projeto progredisse. Meu muito obrigada.

A NOSSA ORIENTADORA JOVIRA

Agradeço as orientações para a realização desse trabalho. Obrigada, sua ajuda foi importante.

Meus agradecimentos.

A todos o meu carinho e admiração!

Mirelle Caroline S. Baravelli

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A Deus meu porto seguro, à minha mãe Celina, motivo pelo qual fez com que eu

lutasse por esse ideal, que sempre esteve ao meu lado apoiando-me e educando –

me, sendo meu maior incentivo nessa conquista. Ao meu pai José, (em memória)

Infelizmente não pude conhecê-lo como gostaria, por conta de uma fatalidade, mas

sei que de onde estiver estará feliz por mim. Ao meu amigo e namorado Guilherme,

por sempre estar ao meu lado sonhando comigo e apoiando-me na busca de meus

ideais, sem você não teria conseguido. Às minhas irmãs que acompanharam toda

minha trajetória na construção desse ideal e aos meus demais familiares que de

certa forma participaram da construção desse ideal.

A todos o meu carinho e amor incondicional

Verônica de Campos Silva

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Agradecimentos

Tudo conquistado nesta trajetória, por meio de muitos esforços e muita dedicação, só foi

possível por que algumas pessoas fizeram parte deste momento da minha história de vida. Sendo

assim, a todas elas agradeço.

Primeiramente a Deus, que esteve sempre ao meu lado me dando forças para continuar e me

carregando nos braços nos momentos mais difíceis da minha vida, pelo seu amor infinito, pela

sabedoria e por ensinar - me o que é amar o próximo no seu mais intimo significado.

As circunstâncias da vida, que se impuseram de forma tão difícil e dolorosa sem que eu pudesse

impedir, mas que me serviram de aprendizado e crescimento pessoal.

A minha mãezinha Celina, que é a prova de amor mais linda que Deus me deu. Agradeço-te

minha mãe pelo seu carinho, por ter me passado valores tão essenciais em um ser humano

como: humildade, simplicidade e honestidade; valores que com certeza vou carregar para

sempre comigo e que me ajudou muito a trilhar esse caminho tão importante na minha vida,

sendo meu maior estimulo para idealização desse trabalho.

Ao meu pai José (em memória) obrigado por tudo meu amado pai

“Haverá dias sem respostas, noites longas também, mas o regente de todas as coisas compõe

uma nova canção em silêncio”. (Bianca Toledo).

Mãe e pai amo vocês infinitamente!

Ao meu amigo e namorado Guilherme, companheiro de todas as horas que sempre que eu

pensava em desistir, ele me dava forças para continuar, sendo uma pessoal muito especial na

minha vida e que me ensinou muito e sempre me dizia: que por mais que o caminho fosse

doloroso e difícil eu deveria prosseguir, pois quando já estivesse no final olharia para trás e

sentiria-me vitoriosa. Amor obrigada pelos conselhos. Hoje parte de mim se sente assim!

Te amo. S2

As minhas irmãs Vânia e Valéria, que me acompanharam durante esses 5 anos de faculdade,

tendo paciência e me ajudando nessa e demais conquistas.

Ao restante da minha família que mesmo distante também auxiliaram na construção dessa

conquista.

Agradeço a todos os professores que são os maiores responsáveis por eu estar concluindo essa

etapa na minha vida, que compartilharam seus conhecimentos. Não somente por terem me

ensinado, mas por terem me feito aprender, pela amizade em mim depositada e principalmente

por todo apoio, compreensão e carinho.

Ao professor (as) de estágio: Paulo, Ludmila, Viviane “mamãe Smurf”, e Rosangela “mãe

adotiva também”, professores que contribuíram para minha formação e idealização desse meu

sonho realizando troca de conhecimento de forma espetacular, agradeço também o carinho com

que me acolheram, os conselhos, amizade e apoio. Minha imensa gratidão à vocês...

Sempre estarão no meu !!!

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Aos professores e alunos das Etec´s de Cafelândia e Lins que participaram da nossa pesquisa,

pelo acolhimento e confiança depositada em nosso trabalho.

Aos companheiros de classe pelos momentos maravilhosos que compartilhamos ao longo desse

percurso.

A minha querida amiga Josy, pela amizade, carinho, compreensão e apoio nos momentos de

alegria e tristeza.

E o que dizer de você parceira Mirelle?

Primeiramente obrigada pela paciência, incentivo, força, troca de risos, pelo apoio nos

momentos de tristeza e principalmente pelo carinho. Acredito que valeu a pena todo sofrimento,

todas as renuncias e “briguinhas”... Valeu a pena esperar... Esse trabalho é fruto de uma longa

história de amizade e cumplicidade foi muito bom ter concretizado esse ideal com você.

Josy e Mi

“Algumas pessoas marcam a nossa vida para sempre, umas porque nos vão ajudando na

construção, outras porque nos apresentam projetos de sonho e outras ainda porque nos

desafiam a construí-los” (autor desconhecido).

A orientadora Jovira,

Agradeço pelos ensinamentos, apoio e estímulo à superação dos meus limites, durante todo o

processo de criação e elaboração deste trabalho. Pela paciência e dedicação ao ensinar,

compartilhar as suas experiências e conhecimentos, os quais contribuíram, para o meu

crescimento profissional e pessoal.

Muito obrigada pela acolhida, carinho e amizade.

Helena Mukai

Agradeço pelo convívio, pelo apoio, pela compreensão e pela amizade.

Orientadora Taís

Foi um privilégio ter você como orientadora, todos os agradecimentos seriam pouco. O mérito

desse trabalho não é só meu e da Mi, mas também seu, pela forma brilhante que nos orientou,

pelo empenho, modo que nos acolheu, dedicação, carinho e apoio. Tenho imensa admiração

pela pessoa e professora que você é tão maravilhosa, dedicada, competente, enfim excelente em

tudo que faz. Orientador é uma palavra ideal para defini-la.

Obrigada por ter nos presenteado com sua presença entre nós!!!

[...] Sábia, ensina que cativar quer dizer conquistar e requer responsabilidade, por um amor,

por um amigo, pelo que conquistamos em nossa vida profissional e pessoal. [...]

Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas

(O Pequeno Príncipe).

A todos meu carinho e muito obrigada!

Verônica de Campos

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RESUMO

Pesquisa realizada com alunos do curso técnico em enfermagem, de duas escolas técnicas estaduais, tendo como objetivo conhecer as representações dos alunos do curso de enfermagem sobre o cuidar em saúde mental para a reabilitação psicossocial, bem como Identificar as ações dos alunos nos estágios supervisionados com as propostas da reforma psiquiátrica; compreender as ações desenvolvidas frente ao cuidar, no modelo de atenção psicossocial e desvelar os conceitos de exclusão, preconceito e cidadania na ótica dos alunos. O estudo teve caráter qualiquantitativo, norteado pelo referencial teórico do discurso do sujeito coletivo, de Lefréve, realizado através da aplicação de questionário estruturado a 30 alunos do curso técnico em enfermagem de duas escolas técnicas estaduais. Para análise foi utilizado o processamento de depoimentos, reunindo os dados, sob a forma de discursos únicos redigidos na primeira pessoa do singular, conteúdos de depoimentos com sentidos semelhantes, divididos em cinco temas com subeixos. Os resultados apontaram para o cuidado voltado apenas para o biológico, ações desarticuladas entre teoria e prática, fragilidade do ensino voltado aos princípios da Reforma Psiquiátrica, bem como o cuidado é ensinado, em que contexto é embasado, teórico-metodológico, científico-político ou ideológico. É importante que haja clareza nesses contextos, pois o ensino deve ser voltado para a libertação do aluno no momento em que ele está se preparando para essa formação Palavras chave: Saúde Mental. Reforma Psiquiátrica. Educação Técnica em Enfermagem.

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ABSTRACT

This research was held with students to technical nursing, of two state

technical schools, having with objective to know the representation of students to

study nurse about health care to rehabilitation psychosocial, as well as, identify the

actions this students in stage supervised with the psychiatric reform proposals; to

understand the actions realized to care, in psychosocial care model. To find out

the concept to exclusion, prejudice and citizenship in the look of students. This

study had qualitative and quantitative character, based the theoretical framework

of Collective discourse to Lefreve, accomplished through the use of questionnaire.

Was used technical analysis processing testimonials, gathering data, form of

written discourse only in the first person singular, contents of depositions with

similar meanings, divided into five themes. The results pointed to the care geared

only to biological, disjointed actions between theory and practice, fragility of

teaching for Psychiatric Reform, as well as the care that is taught in context is

based, theoretical- methodological , scientific , political or ideological. Is important

that there is clarity in these contexts, because the teaching must be returned for

the release of student in the moment he is preparing for this training

Keywords: Mental Health. Psychiatric Reform. Technical Education in Nursing

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LISTA DE SIGLAS

APS – Atenção Primária á Saúde

CAPS – Centro de Atenção Psicossocial

CAPSad – Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Droga

CAPSi – Centro de Atenção Psicossocial Infantil

CEETPS – Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza

CNS – Conselho Nacional de Saúde

CR – Consultório de Rua

DCNs – Diretrizes Curriculares Nacionais

DEET – Divisão Estadual de Ensino Técnico

DSC – Discurso do Sujeito Coletivo

EJA – Educação de Jovens e Adultos

ESF- Estratégia de Saúde da Família

ETEC – Escola Técnica Estadual

FATEC – Faculdade de Tecnologia

MTSM – Movimento dos Trabalhadores de Saúde Mental

NAPS- Núcleo de Atenção Psicossocial

NASF- Núcleo de Apoio à Saúde da Família

NAT – Núcleo de Atendimento Terapêutico

OPAS – Organização Pan-Americana de Saúde

PVC – Programa de Volta pra Casa

RAPS – Redes de Atenção Psicossocial

SDECTI – Secretaria de Desenvolvimento Econômico Tecnologia e Inovação

SRT – Serviço de Residência Terapêutica

SUS – Sistema Único de Saúde

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

USP – Universidade de São Paulo

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................... 16

CAPÍTULO I – SAÚDE MENTAL NO BRASIL................................................... 20

1 HISTÓRIA DA SAÚDE MENTAL............................................................. 20

1.1 Legislação em Saúde Mental.................................................................... 24

CAPÍTULO II – O CUIDAR EM SAÚDE MENTAL............................................. 31

2 DISPOSITIVOS DE SAÚDE MENTAL...................................................... 31

2.1 Atenção Primária a Saúde / Estratégia de Saúde da Família ligada à saúde mental.................................................................................................................. 32

2.2 Centro de Atenção Psicossocial................................................................ 33

2.3 Serviços de Residência Terapêuticos....................................................... 34

2.4 Programa de Volta para Casa................................................................... 34

2.5 Leitos de Atenção Integral......................................................................... 34

2.6 Consultórios de Rua................................................................................... 34

2.7 Cuidar de quem e para quê?..................................................................... 35

2.7.1 A Enfermagem Psiquiátrica e o Cuidar...................................................... 36

2.8 O Cuidado Embasado na Reabilitação Psicossocial................................. 38

CAPÍTULO III – FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NO CONTEXTO DE SAÚDE MENTAL...................................................................... 42

3 AÇÕES EM SAÚDE MENTAL DESENVOLVIDAS PELOS TÉCNICOS EM ENFERMAGEM.................................................................................................... 42

3.1 Técnico em Enfermagem............................................................................ 48

3.2 Competências Gerais, Segundo Plano de Curso do Técnico em Enfermagem do Centro Paula Souza (2011).....................................................................................................................49

CAPÍTULO IV – METODOLOGIA......................................................................... 51

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4 INTRODUÇÃO A METODOLOGIA............................................................ 51

4.1 Descrição das Instituições Colaboradoras.................................................. 51

4.2 Centro Paula Souza.................................................................................... 51

4.3 Escola Técnica Estadual de Cafelândia...................................................... 51

4.4 Escola Técnica Estadual de Lins................................................................ 52

4.5 Pesquisa..................................................................................................... 53

4.6 Sujeitos da Pesquisa................................................................................... 54

4.7 Método........................................................................................................ 54

4.8 Técnicas...................................................................................................... 55

4.9 Resultados e Discussão.............................................................................. 55

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO .........................................................................67

CONCLUSÃO ....................................................................................................... 68

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 70

APÊNDICES ......................................................................................................... 76

ANEXOS ............................................................................................................... 80

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INTRODUÇÃO

A Reforma Psiquiátrica no Brasil é um movimento histórico de cunho

político, social e econômico influenciado por grupos dominantes. O exercício da

Reforma Psiquiátrica faz parte do cotidiano de um número razoável de

profissionais que se dedicam à saúde mental. A Reforma Psiquiátrica, hoje é

defendida com uma maior conscientização da sociedade e se torna fruto de maior

maturidade teórica e política, alcançada ao longo das últimas décadas.

O conceito de desinstitucionalização vem sofrendo uma grande

metamorfose, se abrindo à novas possibilidades da Reforma Psiquiátrica,

exigindo que de fato haja um deslocamento das práticas psiquiátricas para

práticas de cuidado ofertado na comunidade. A questão chave da

desinstitucionalização é a devolução à comunidade da responsabilidade em

relação aos seus doentes e aos seus conflitos. (AMARANTE apud GONÇALVES,

SENA, 2001)

As substituições de manicômios por outras práticas terapêuticas e a

cidadania do doente mental vêm sendo objeto de discussão entre os profissionais

de saúde e a sociedade. Esse conceito restringe à substituição do hospital por um

aparato de cuidados externos envolvendo primordialmente questões de caráter

técnico-administrativo-assistencial. (GONÇALVES e SENA, 2001)

No Brasil, a reorganização da assistência em saúde mental é recente. A

Reforma Psiquiátrica, que completa 13 anos em 2014, traz uma nova perspectiva

de tratamento baseada na valorização do ser humano e no entendimento de que

o transtorno mental pode não ser apenas uma doença, mas também um problema

social. Em um novo contexto de pensamentos toma forma uma rede de

assistência psicossocial, que traz progressos, mas que também sofre críticas.

Apesar dos avanços na área de saúde mental, emergem os desafios. Se

por um lado o orçamento para a Saúde Mental aumentou 200% de 2002 a 2011,

por outro a distribuição dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) pelas

regiões do país ainda gera críticas. (MELLO, MELLO e KOHN, 2007). Junto à

Reforma Psiquiátrica, emerge uma responsabilidade ainda mais evidente, a de se

solidarizar com as pessoas, os grupos, as famílias e as comunidades, tendo como

objetivo a cooperação mútua entre os indivíduos na conservação e na

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manutenção da saúde. A família tem papel fundamental no tratamento em saúde

mental, o de cuidar. Corroborando com este pensamento, Villela e Scatena (2004)

relatam que doar-se faz parte da experiência humana, e cuidar faz parte da

doação e da cientificidade que é esperada diante deste caminhar.

Ao passar dos séculos atribuiu-se à equipe multiprofissional a função de

prestar o melhor cuidado em saúde mental, as assistências acompanham as

transformações ocorridas na prática médica e, paralelamente, às tentativas de

incorporação de novas técnicas e políticas direcionadas ao tratamento do doente

mental. O cuidado deve ser focado na promoção da saúde mental, na prevenção

da enfermidade, na ajuda ao doente a enfrentar as pressões e na capacidade de

assistir ao paciente, à família e à comunidade, ajudando-os a encontrarem o

verdadeiro sentido da doença que o acomete.

O que se espera da reforma psiquiátrica não é simplesmente a transferência do doente mental para fora dos muros do hospital, “confinando-o” à vida em casa, aos cuidados de quem puder assisti-lo ou entregue à própria sorte. Espera-se, muito mais, o resgate ou o estabelecimento da cidadania do doente mental, o respeito a sua singularidade e subjetividade, tornando-o sujeito de seu próprio tratamento sem a idéia de cura como o único horizonte. Espera-se, assim, a autonomia e a reintegração do sujeito à família e à sociedade. (GONÇALVES e SENA, 2001 p.51)

Diante ao exposto, esta pesquisa se justifica, uma vez que há uma

tendência ao crescimento acentuado de portadores de transtornos psíquicos,

fazendo-se necessário a criação ou reformulação do cuidar, principalmente

aquele cuidado que é ofertado intimamente e diretamente aos pacientes.

Estudos nacionais e internacionais indicam uma estimativa de 32 a 50

milhões de pessoas com algum transtorno mental, sendo que as doenças mentais

graves e persistentes atingem 6 e 3,1% dos brasileiros respectivamente. Já a

prevalência de transtornos mentais, para toda a vida, aponta os transtornos de

ansiedade, estados fóbicos, transtornos depressivos e a dependência ao álcool

como os mais frequentes, nessa população. (MELLO, MELLO e KOHN, 2007)

Os dados acima reforçam a necessidade de pesquisas na área de saúde

mental, que possam colaborar com o acolhimento e com o cuidado nos princípios

da Reforma Psiquiátrica. É no acolhimento do sujeito, com sua história de vida, no

contexto biopsicossocial e político cultural, que os profissionais de saúde

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oferecem uma intervenção terapêutica, pois o acolher, o ouvir e intervir por meio

de instrumentos e ações que possibilitem a reabilitação do paciente visa buscar a

construção de uma melhor qualidade de vida.

A reabilitação é considerada, nesse momento, como necessidade e

exigência ética, num espaço de trocas, quer seja no aspecto de produto social e

mercadológico, quer sob o ângulo psicossocial em que haja desabilidades. O

processo de reabilitação seria um processo de reconstrução, um exercício de

cidadania e de contratualidade. Ter como o foco principal a liberdade de ir e vir do

sujeito funde-se com o ato terapêutico a possibilidade da participação ativa do

paciente nas decisões pertinentes a sua vida, capaz de saber decidir por si só e

por sua vida, cumprindo-se aqui o papel da cidadania. (MIRANDA apud VILLELA

e SCATENA, 2004)

Para que se tenha de fato o resgate da cidadania e a reinserção social é

necessário que as ações dos profissionais da saúde não sejam isoladas e

fragmentadas, pautadas apenas na doença e medicalização.

Porém na prática cotidiana este modelo de atenção ao paciente é o que

mais se emprega, desta forma, desprende-se como hipótese que a formação em

saúde ainda baseia-se no modelo curativo e medicalocêntrico e, se tratando

especificamente da saúde mental, este modelo de atenção é focado apenas na

doença e na prescrição de psicotrópicos, sendo permeado também pela falta de

afinidade do profissional com a área de saúde mental e pelos estigmas ao

portador de transtorno psíquico.

Os serviços substitutivos ao modelo asilar-manicominal já são uma

realidade e exigem a criação de novas formas de cuidar, com ênfase no cuidado

integral e humanizado. Para que avanços apareçam, tornam-se relevantes novas

metodologias no processo ensino-aprendizagem e um currículo integrado com

outras áreas do saber, para que a formação profissional se volte aos princípios da

Reforma Psiquiátrica.

Há uma preocupação em relação à formação profissional em saúde mental,

assim a pesquisa busca compreender especificamente, o universo da formação

profissional de alunos técnicos em enfermagem, analisando a interlocução entre a

teoria e a prática (estágio supervisionado) no componente curricular de saúde

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mental, bem como desvelar se esta formação vai de encontro com o que a

Reforma Psiquiátrica propõe.

A pesquisa tem como objetivo conhecer as representações dos alunos do

curso de enfermagem sobre o cuidar em saúde mental para a reabilitação

psicossocial, bem como identificar as ações dos alunos nos estágios

supervisionados com as propostas da Reforma Psiquiátrica; compreender as

ações desenvolvidas frente ao cuidar, no modelo de atenção psicossocial.

Estrutura-se em quatro capítulos sendo abordado no capítulo I o percurso

histórico da saúde mental no Brasil; no capítulo II, o cuidado em saúde mental; no

capítulo III, a formação do profissional de enfermagem no contexto de saúde

mental e no capítulo IV se apresenta os resultados, tratamento dos dados,

discussão e proposta de intervenção.

Pretende-se que esse trabalho venha contribuir com a formação dos

profissionais e nortear o cuidado diante de um paciente portador de transtorno

psíquico, visando à reabilitação psicossocial.

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CAPÍTULO I

SAÚDE MENTAL NO BRASIL

1 HISTÓRIA DA SAÚDE MENTAL

Historicamente os pacientes portadores de transtornos psiquiátricos podem

ser considerados um grupo social de maior exclusão e desapossados de direitos

e cidadania.

As alterações no relacionamento do homem com o mundo são fomentadas

pelos sintomas psiquiátricos que surgem, tornando o transtorno mental uma

patologia que o aspecto fundamental é o sofrimento do corpo. Historicamente, a

psiquiatria não inquietava apenas classe médica como também filósofos,

curandeiros e religiosos. (FOUCAULT, 1972; MEDEIROS, 1977; KRAMER, 1993;

COLP, 1995 apud RIBEIRO, 1999)

Na Idade Média, o funcionamento da personalidade ainda era

desconhecido para todos, não existiam classificações das doenças e os

transtornos mentais eram considerados distúrbios cerebrais. Embora a prática de

exorcismo de pessoas supostamente possuídas pelo demônio também seja uma

característica deste período, foi nele, também, que surgiram estudos mais

avançados voltados para a doença. (BRASIL, 2003)

Segundo Bezerra (apud GONÇALVES; SENA, 2001), desde o início do

século XVII, houve um período de transição das antigas crenças relacionadas ao

doente mental para a aplicação de critérios metodológicos específicos. A

psiquiatria tornou-se, então, mais evidente e recorrente que a medicina e voltou-

se para o cuidado com o doente mental. A partir do século seguinte, o marco da

psiquiatria se fez, pois houve dominância dos critérios racionais e científicos da

doença, revolucionando a teoria do tratamento dos enfermos mentais, libertando-

os da condição de acorrentados nas prisões em que viviam. Surgiu então um

tratamento mais humanista.

No Brasil, durante o período colonial, não existia qualquer tipo de

assistência aos doentes mentais e os pacientes que eram internados

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permaneciam trancados e isolados em porões e quartos fortes. Durante o período

asilar ou de hospício, cogitava-se a ideia de que haveria renovação na assistência

prestada, porém os pacientes não eram atendidos adequadamente, permaneciam

em pavilhões sórdidos e com falta de alimento e vestuário. (RIBEIRO, 1999)

Segundo relatos históricos de Ribeiro (1999), naquele tempo, a

preservação da tranquilidade social era eficaz apenas com o isolamento dos

loucos. Já na era moderna da psiquiatria brasileira, surgiram as primeiras

comunidades terapêuticas com intuito de melhorar o ambiente dos hospitais

psiquiátricos e valorizar os pacientes sadios que por ali se tratavam.

A partir do processo da Reforma Psiquiátrica, houve uma conquista recente

no âmbito das políticas de saúde pública. Com a necessidade de se prestar

melhor assistência para os pacientes internados, surgem os primeiros hospícios

de cunho predominantemente asilar.

É possível constatar, muito frequentemente, que o que se entende por reforma psiquiátrica é uma simples reestruturação do modelo assistencial psiquiátrico. (AMARANTE, 2003, p. 45).

Quando se fala em saúde mental, é comum pensar em doença mental,

mas o termo significa muito mais do que a inexistência de doenças psiquiátricas.

Pessoas que são consideradas mentalmente sadias assimilam que todo mundo é

passível de erros e que todos dispõem de limites. Pessoas com transtorno mental

vivem diariamente um turbilhão de emoções, como amor, alegria, raiva,

frustração, satisfação e tristeza, e são preparados para encarar as mudanças de

vida. A saúde mental é pertinente à forma que a pessoa reage a vida e ao modo

que enfrenta as ideias, emoções, ações, reações e capacidades de lidar com o

mundo. Lembrando que todos estão sujeitos a apresentar algum tipo de

transtorno mental durante o ciclo de vida. (SECRETARIA DA SAÚDE, 2014)

Muitos chegavam aos hospícios após terem tido em casa um ataque de

loucura, outros eram levados por familiares que queriam se apoderar dos bens do

paciente e alguns acreditavam que usar a doença como álibi em questões

criminalísticas inocentaria ou amenizaria as penas judiciais. Porém, ao

comparecerem aos hospitais, os pacientes seriam submetidos às praticas

institucionais, como camisa de força, o eletrochoque e a medicação, entre outras

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rotinas terapêuticas para conter o paciente que se subentendia que estava em

crise. (BRASIL, 2003)

Nesse exato momento da história, o exercício predominante na área de

saúde mental sustentava os princípios de que a loucura era hereditária e que

passava de geração para geração, para a qual o tratamento só poderia ocorrer

dentro dos hospitais, ou seja, na hospitalização, já que todos os loucos eram

considerados perigosos, agressivos e incuráveis.

Nessa época, em plena ditadura militar, o espaço para os questionamentos

sociais e políticos eram excludentes. As leituras científicas que retratam os fatos

históricos revelaram que toda e qualquer pessoa que fosse considerada louca

apresentava uma difícil convivência com a sociedade e, por isso, era mais fácil

prendê-la em um lugar onde não ofereceria nenhum tipo de perigo.

O Movimento dos Trabalhadores de Saúde Mental (MTSM) se mostrou

expressivo quanto às críticas que marcaram sua entrada no sistema público, onde

as más condições de trabalho, os tratamentos inadequados e opressivos e a

assistência privatizada cada vez mais eram evidentes como formas de tratar um

paciente psiquiátrico. (AMARANTE apud BORGES, BAPTISTA, 2008)

Com novas propostas oferecidas, desprendeu-se a necessidade de criar

mudanças na assistência, buscando expandir a psiquiatria preventiva e

comunitária com bases em serviços estritamente terapêuticos, visando obter

humanização nos hospitais. Foi em meados de 1978 que a Reforma Psiquiátrica

ganhou formas e começou a tomar rumos para que o hospitalocentrismo fosse

substituído. (AMARANTE apud BORGES, BAPTISTA, 2008)

No final da década de 80 ocorreu um desvio de trajetória, com a inclusão

da desinstitucionalização como novo paradigma para a saúde mental. Torna-se

evidente que o melhor caminho não seria curar, mas sim reabilitar com novas

apostas na destruição dos institutos manicomialistas, criando-se um novo

dispositivo assistencial. A implantação de uma rede especialmente pública de

atenção territorial com caráter substitutivo ao hospital com assistência asilar é

considerado apto a atender qualquer público especificamente psiquiátrico. Com

uma nova configuração no desenvolvimento e surgimento de patologias

psiquiátricas e com estudos avançados sobre as mesmas, fez-se necessário criar

e re-criar novos dispositivos assistenciais para portadores de transtornos

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psíquicos tendo como meta a reabilitação do paciente e familiares. (GONÇALVES

e SENA, 2001)

A Coordenação Nacional de Saúde em parceria com a Organização Pan-

Americana de Saúde (OPAS) incentivou um encontro tendo como meta erigir um

instrumento para ser referência para o país e para o cotidiano do trabalho. (KALIL

apud BORGES E BATISTA, 2008)

Após ser publicada, a política de saúde mental do Ministério da Saúde

expôs a necessidade de ultrapassar um cenário de uma assistência de má

qualidade, de cunho social e financeiro caro, através da variação de recursos

terapêuticos. Firmou-se então uma nova aposta nas relações políticas e culturais.

Fez-se essencial o resgate da cidadania, que buscou desobrigar a internação,

além do que facilitou a participação ativa do portador com transtorno mental na

condução do seu tratamento. (BORGES e BATISTA, 2008)

As estratégias terapêuticas para pacientes crônicos que buscam recuperar

sua identidade ainda geram averiguação importante dos asilos psiquiátricos, pois

não se sabe até que ponto ou quais as características comportamentais que os

pacientes perdem por conta da vida asilar. O primeiro objetivo que se deve buscar

é uma estratégia de ressocialização.

Todo ato técnico mantenedor do asilo é um gesto de desqualificação:

sejam atos nitidamente disciplinares, como o diagnóstico e o castigo, sejam

aqueles mediados pela ambiguidade, como as relações de paternalismo e

servidão. A maneira como os pacientes eram tratados, com maus tratos, falta de

higiene, sujeira, fome ou ausência da alimentação e espancamentos nos

manicômios, descreve bem a situação dos primeiros hospitais psiquiátricos.

Esse tratamento aos doentes mentais ocorria, pois os hospitais eram

administrados por leigos e o conhecimento do médico tão pouco importava ou não

era utilizado corretamente. Houve um tempo, que a administração por leigos

perdeu espaço para a psiquiatria científica. Sobre a evolução da assistência aos

portadores de transtorno mental no Brasil, vale ressaltar algumas datas

importantes que se tornaram marcos histórico para psiquiatria:

- 1890, o Hospício D. Pedro II passou a se chamar Hospício Nacional dos Alienados;

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- 1903, o Hospício Nacional dos Alienados passa a ser administrado por Juliano Moreira, nome importante para a psiquiatria no país; - 1903, é promulgada a primeira lei federal de assistência aos doentes mentais; - 1905, surgem Arquivos Brasileiros de Psiquiatria, Neurologia e Ciências Afins; - 1907, é criada a Sociedade Brasileira de Psiquiatria, Neurologia e Medicina Legal; -1912, a psiquiatria torna-se especialidade médica independente, pois até então era vinculada à Medicina Legal; - 1923, foi fundada, no Rio de Janeiro, por Gustavo Riedel, a Liga Brasileira de Higiene Mental, que tinha por meta aperfeiçoar e reformar a assistência psiquiátrica, tendo influência marcante na ação da Psiquiatria no Brasil por muitos anos; - 1927, é criado um Serviço de Assistência aos Doentes Mentais, que passa a coordenar administrativamente todos os hospitais psiquiátricos públicos do Rio de Janeiro, e posteriormente ao ser incorporado ao Ministério da Educação e Saúde (1930), torna-se responsável por toda assistência psiquiátrica no país. (MEDEIROS 1952; MAIA, 1961; COSTA 1981; ROCHA 1989 apud RIBEIRO 1999, p. 23)

Neste período, a psiquiatria republicana realçou três nomes com papel

importante: João Carlos Teixeira Brandão (1854 – 1921), Juliano Moreira (1873 –

1933) e Francisco Franco da Rocha (1864 – 1933).

Entre o caos e os avanços da psiquiatria, surgiram espaços para a

elaboração e o aprofundamento de leis direcionadas para questões sociais, que

propiciassem um ambiente de trabalho adequado na luta antimanicomial e

garantissem os direitos dos pacientes psiquiátricos. Orientados pelos princípios

do Sistema Único de Saúde (SUS), universalidade, integralidade, equidade,

descentralização e participação popular proporcionou a efetivação da

desconstrução de modelos asilares, sendo substituídos por dispositivos

alternativos com diversificada prática terapêutica, aduzindo os doentes mentais a

esse sistema de saúde, minimizando por sua vez as internações, restabelecendo

os vínculos com a sociedade provendo então de uma assistência de melhor

qualidade.

O principal objetivo da criação de modelos substitutivos é resgatar a

inclusão, cidadania, solidariedade e a ética.

1.1 Legislação em Saúde Mental

Em meados dos anos 70 iniciou-se uma franca transformação da

assistência psiquiátrica no Brasil, em 1978 surgia o MTSM, pautado no Decreto-

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Lei do deputado Paulo Delgado, a qual propunha a regulamentação dos direitos

do portador de transtorno psíquico e a extinção da terapêutica embasada na

institucionalização dos mesmos, assim iniciaram-se as lutas da Reforma

Psiquiátrica nas áreas normativa e legislativa. (BRASIL, 2005)

Consoante a este movimento, outro grande marco em relação à

estruturação da saúde dos brasileiros também acontecia.

Em 1989, o deputado Paulo Delgado (PTMG) apresentou o projeto de lei nº 3.657/89, que viria a ser conhecido como a Lei da Reforma Psiquiátrica. O projeto era simples, com três artigos estruturantes: o primeiro impedia a construção ou a contratação de novos hospitais psiquiátricos pelo poder público; o segundo previa o direcionamento dos recursos públicos para a criação de “recursos não-manicomiais de atendimento”; e o terceiro obrigava a comunicação das internações compulsórias à autoridade judiciária. (VASCONSCELOS apud PITTA, 2011, p. 4585)

Analisando-se a legislação em saúde mental não se pode deixar de

mencionar um marco histórico que foi a Conferência Regional para

Reestruturação da Assistência Psiquiátrica realizada em Caracas, em 1990, no

qual foi promulgado o principal documento norteador das políticas em saúde

mental ao nível de Ministério da Saúde.

Em 2005, foi retomada a “Declaração de Caracas” sob a forma de um documento intitulado “Princípios Orientadores para o Desenvolvimento da Atenção em Saúde Mental nas Américas”, a Carta de Brasília, com o objetivo de avaliar os resultados obtidos desde 1990. (HIRDES, 2009, p.298).

Buscava-se, então, a substituição dos manicômios por novos modelos de

atendimento como: redes de atenção à saúde mental, CAPS, leitos psiquiátricos

em hospitais gerais, oficinas terapêuticas, residências terapêuticas, respeitando-

se as particularidades e necessidades de cada local, pautados nos direitos do

portador de transtorno psíquico como cidadão, com intuito de promover a

autonomia para a reinserção desses na sociedade. (BRANCO NETO, LIMA,

2011)

A proposta de serviços substitutivos da internação hospitalar vem como

estratégia no Brasil para programar a política de saúde mental e como política

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passa pela regulamentação do sistema, por meio do arcabouço normativo dentro

do SUS.

O Ministério da Saúde publicou, de 1990 a 2010, 68 portarias tratando da

área de saúde mental: regulamentação dos serviços, formas e valores no

financiamento, criação de programas e grupos de trabalho. (BRASIL 2011)

A Lei 8.080 dispõe sobre as condições para promoção, proteção e

recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços

correspondentes e dá outras providências. (BRASIL, 1990)

É relevante considerar que a saúde é direito do ser humano e dever do

estado, que deve buscar condições apropriadas indispensáveis em seu exercício.

Assim, a Lei Federal 10.216 redireciona a assistência em saúde mental, privilegiando o oferecimento de tratamento em serviços de base comunitária, dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais, mas não institui mecanismos claros para a progressiva extinção dos manicômios. Ainda assim, a promulgação da lei 10.216 impõe novo impulso e novo ritmo para o processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil. É no contexto da promulgação da lei 10.216 e da realização da III Conferência Nacional de Saúde Mental, que a política de saúde mental do governo federal, alinhada com as diretrizes da Reforma Psiquiátrica, passa a consolidar-se, ganhando maior sustentação e visibilidade. (BRASIL, 2001)

Ainda em relação aos serviços substitutivos vale destacar a criação dos

CAPS, sendo a grande aposta da Reforma Psiquiátrica, para a reinserção social e

resgate da cidadania.

Considerando a necessidade de atualização das normas constantes da Portaria MS/SAS nº 224, de 29 de janeiro de 1992, resolve: Estabelecer que os Centros de Atenção Psicossocial poderão constituir-se nas seguintes modalidades de serviços: CAPS I, CAPS II e CAPS III, definidos por ordem crescente de porte/complexidade e abrangência populacional, conforme disposto nesta Portaria; as três modalidades de serviços cumprem a mesma função no atendimento público em saúde mental, distinguindo-se pelas características descritas e deverão estar capacitadas para realizar prioritariamente o atendimento de pacientes com transtornos mentais severos e persistentes em sua área territorial, em regime de tratamento intensivo. (BRASIL, 2005)

Brasil (2005) destaca ainda a Portaria nº 384 de 05 de julho de 2005, que

define as normas e diretrizes para a organização dos serviços que prestam

assistência em saúde mental:

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Considerando as informações epidemiológicas relativas ao uso e dependência de álcool e outras drogas nas cidades de grande, médio e pequeno porte; Considerando as recomendações do Colegiado de Coordenadores de Saúde Mental, realizado nos dias 24 a 26 de Novembro de 2004; Considerando a necessidade de potencializar a atenção a dependentes de álcool e outras drogas em municípios de pequeno porte e; Considerando a urgência na ampliação da oferta de atendimentos para dependentes de álcool e outras drogas realizados em Centros de Atenção Psicossocial I (CAPS I). (BRASIL, 2005)

As portarias 336 e 189 expandem os CAPS em duas portarias, 106 e

1.220, ambas de 2000, instituem os SRT a fim de viabilizar a reinserção social na

comunidade dos moradores de hospitais cronicamente internados. Aliadas às

portarias que deram existência institucional aos CAPS e NAPS (336/2001),

constituem importantes instrumentos normativos da Reforma. (PITTA, 2011)

“Segundo a Lei estadual nº 12.060, é necessário que a internação

hospitalar seja feita preferencialmente em leitos hospitalares de saúde mental em

hospital geral.” (ALVES e ARRONES 2010, p. 34)

O programa de volta para casa, descrito na Lei 10.708/2003 como parte de

um programa de ressocialização, com coordenação do Ministério da Saúde,

institui que deve prestar auxilio reabilitação psicossocial para acompanhar a

integração social dos pacientes hospitalizados. (BRASIL, 2003)

A portaria nº 344, de 12 de maio de 1998, aprova o regulamento técnico

sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial. (BRASIL, 1998)

Entretanto, tem-se a portaria 3.916/98 a qual assegura o uso racional e

controlado desses medicamentos. (BRASIL, 1998)

De acordo com Baldesarini (apud ANDRADE et al.; 2004), o uso de

psicotrópicos faz parte da espécie humana, e convém lembrar que esses

medicamentos visam alterar o comportamento, ânimo e emoções, podendo ser

utilizados para abrandar enfermidades mentais.

Afirma que a dependência psíquica favorece o desenvolvimento da procura compulsiva do fármaco, surgindo o vício, o que leva á distorção dos valores pessoais e sociais do individuo, prejudicando o seu comportamento social. (Andrade; Andrade; Santos, 2004, p.472)

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De acordo com Mastroianni (2009), é importante ressaltar que a prescrição

deve ser entendida como um documento terapêutico, pois assim seria um recurso

eficiente para testificar o uso coerente dos medicamentos, assim evitando a

imprecisão e o abuso do uso de medicamentos.

Corroborando Andrade; Andrade; Santos, (2004), segundo pesquisas

realizadas no âmbito dos medicamentos, não se deve pensar que estes podem

ser o recurso perfeito para solucionar os problemas, visto que médicos, ao

receitá-los, correspondem às expectativas do cliente e às suas próprias. E neste

sentido vale lembrar que em diversos momentos, a prescrição figurou como a

etapa mais relevante da consulta, afetando o diagnóstico e a busca de possíveis

escolhas terapêuticas.

A portaria GM nº 1077/99 norteia o programa para aquisição de

medicamentos psicotrópicos e fomenta a implementação e potencialização da

rede de assistência, com o propósito de acolher a demanda de portadores de

transtorno psíquico, instituindo que os medicamentos deverão ser acessíveis

onde existam atendimentos a esses pacientes. (BRASIL, 1999)

A portaria n.º 154 do Ministério da saúde criou nucleos de apoio à saúde da familia (NASF), visando “ a responsabilização compartilhada entre as Equipes Saúde da Familia e as equipes do NASF na comunidade que prevê a revisão da prática atual do encaminhamento com base nos processos de referência e contra referência, ampliando-a para um processo de acompanhamento longitudinal de responsabilidade da Equipe de Atenção Básica /Saúde da família (...)” (BRASlL, 2009)

Para Tonini, Schneider e Kantorski (2003), esse novo contexto sugere uma

nova proposta de entendimento de saúde mental, que passa a ser considerada

tão importante quanto à saúde física para o bem-estar dos indivíduos, das

famílias, das sociedades e das comunidades. A saúde mental e a física são dois

elementos da vida estreitamente unidos e intensamente interdependentes.

Uma lei federal estabelecida em 1999, relacionada com a reforma dos serviços de saúde mental no Brasil, sublinha que a população Brasileira tem o direito de ser tratada na comunidade. A Política Nacional de Saúde Mental menciona especificamente a formação e a supervisão de profissionais de saúde geral em questões de saúde mental como uma prioridade estratégica para a integração da saúde mental nos cuidados primários. (WHO, 2008)

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Em nosso país, princípios e práticas vêm avançando com as contribuições

originais, ainda que tardiamente, para a esfera da Atenção Primária à Saúde.

Uma das concepções norteadoras nesse cenário é o da integralidade, diante do

qual o método de implantação em nível nacional da Estratégia de Saúde da

Família é o grande objetivo do trabalho. (TOFOLI e FORTES, 2007)

Ainda concomitante aos novos planos para a assistência municipal à

Saúde Mental foi implantado segundo Tofoli e Fortes (2007 p. 35) a ESF, a qual

se constitui de equipes especializadas de apoio para a interação com as equipes

de saúde da família.

O Núcleo de Apoio á Saúde da Família foi criado em 2008 pela Portaria

GM/ MS nº154 de 24 de junho de 2008 (revogada pela Portaria GM/ MS nº 2.488

de 21 de outubro de2011), com o intuito de melhorar a resolutividade e eficácia de

resposta das equipes de saúde da família as limitações da população. (BRASIL,

2014)

O NASF não se configura em um serviço de especialidades na Atenção Básica e deve realizar ações compartilhadas com as equipes de saúde da família, visando à ampliação da clínica e mudança das práticas, contribuindo para uma melhor qualidade de vida para as comunidades. (BRASIL, 2014)

Esse núcleo é constituído por profissionais de diferentes áreas do

conhecimento que atuam de forma integrada às equipes de saúde da família,

nelas incluídas as equipes de saúde bucal e qualificam a assistência às pessoas.

Espera-se que, com estes profissionais, amplifique o olhar e as ações do cuidado,

trazendo como resultado a diminuição do número de encaminhamentos a outros

serviços e maior agrado aos usuários.

As necessidades em saúde mental cresceram e se complexificaram, exigindo uma permanente atualização e diversificação das formas de mobilização e articulação política, de gestão, e de construção de estratégias inovadoras de cuidado. Os avanços no campo da saúde mental dependem hoje fundamentalmente da capacidade de os gestores se articularem intersetorialmente, assegurando apoio político e trabalho integrado entre todas as linhas e níveis de atuação governamental no campo da saúde mental. A instalação do Colegiado Nacional de Saúde Mental, com composição intersetorial, no SUS, passa a ser assim instância de pactuação fundamental para a gestão pública das Políticas de Saúde Mental. Usuários e familiares começam a se organizar e reivindicam sua participação formal no Colegiado Nacional. Esta inclusão

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representará um avanço ainda maior para a consolidação de uma direção coletiva e democrática da Política de Saúde Mental no Brasil. (BRASIL, 2011)

Portanto, a Reforma Psiquiátrica junto às leis vem com o propósito de

desconstruir o tratamento institucionalizado, restringindo danos e desvantagens

que o confinamento traz, além do uso abusivo de substâncias psicoativas, porém,

êxitos da implantação desses novos dispositivos de saúde mental não dependem

apenas da Reforma Psiquiátrica e das leis, mas de uma enorme rede de cuidados

e de profissionais capacitados que compreendam essas mudanças que

ocorreram, a fim de estimular pacientes a terem autonomia e inclusão social, pois

sem tais cuidados estes estariam fadados a viver esquecidos pelas ruas ou ficar

confinados por logos períodos em casas de internação.

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CAPITULO II

O CUIDAR EM SAÚDE MENTAL

2 DISPOSITIVOS DE SAÚDE MENTAL

De acordo com Berlinck; Magtaz; Teixeira (2008), as mudanças no modelo

de assistência aos portadores de doença mental no Brasil iniciaram-se em

meados de 1990 com a Declaração de Caracas, e, com o decorrer dos anos, foi

tomando rumos favoráveis à saúde mental, tendo, assim, portarias ministeriais e

leis estaduais e municipais redigidas, o que permitiu a extinção do antigo modelo

pautado na exclusão social do doente mantendo-o em regime fechado em

condições desumanas.

Para se contemplar a Reforma Psiquiátrica, deu inicio a criação de novos

dispositivos de atendimento e novas práticas terapêuticas, sendo essas extra-

hospitalares utilizando da atenção básica para articular o atendimento nesses

novos dispositivos, visando à autonomia e a reinserção desses pacientes na

sociedade. (BERLINCK; MAGTAZ; TEIXEIRA, 2008)

Corroborando com o trecho anterior Monteiro (2006, p. 736)

No novo modelo proposto pela Reforma psiquiátrica, a assistência está voltada para reinserção social, o desenvolvimento da autonomia do sujeito, a convivência e a comunicação com o outro, a participação em grupo e o desenvolvimento do pragmatismo.

Nesse sentido Mielke et al., (2009) aborda sobre o novo conceito de

assistência do doente mental, lembrando que esses serviços substitutivos

compõem-se em uma rede de atenção a saúde mental integrado a atenção básica

à saúde.

Esta rede é constituída tanto pela atenção básica em saúde, como as unidades básicas de saúde, quanto pelos serviços especializados, incluindo ambulatórios em saúde mental, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), hospital dia, serviços de urgência e emergência psiquiátricas, leito ou unidade em hospital geral e serviços residências terapêuticos. (BRASIL apud MIELKE et al., 2009 p.160).

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O Ministério da Saúde, baseado nos ideais apresentados pelo SUS como

uma rede de serviços e equipamentos diversos, propõem uma reorganização no

amparo hospitalar psiquiátrico fundamentado nas políticas do movimento da luta

antimanicomial. (ALVES; ARRONES, 2010)

Então, ao pensar em novos dispositivos, embasados na nova política de

saúde mental, o governo criou os CAPS, SRT, o Programa de Volta para Casa

(PVC), os Leitos de Atenção Integral, os Consultórios de Ruas (CR) e a Saúde

Mental na Atenção básica e na ESF. Estes dispositivos encontram-se atualmente

articulados pelas Redes de Atenção Psicossociais (RAPS). (PORTAL DA SAÚDE,

2014)

O fluxo da estrutura dessas redes de atendimento devem ser realizados em ordem crescente, articuladas, integrando os usuários, sendo a Atenção básica / Saúde da Família a base da hierarquia, em seguida o CAPS, ambulatórios, SRT, Hospitais Gerais e Centro de Convivência, (OHARA; SAITO apud ALVES; ARRONES, 2010 p.23)

2.1 Atenção Primária a Saúde/ Estratégia de Saúde da Família ligada a Saúde

Mental

A ligação do APS ao ESF é de extrema relevância para a saúde mental,

pois, por intermédio desses dispositivos de atendimento, o portador de transtorno

psíquico pode ser introduzido na comunidade, em virtude da aproximação da

equipe no acompanhamento junto aos agentes comunitários e os atendimentos

na unidade. (ALVES; ARRONES, 2010)

Destaca-se a importância da integração entre as equipes de Saúde da Família e o CAPs, com a organização de espaços coletivos de trocas, discussões de casos, construções de projetos terapêuticos, intervenções conjuntas entre as diferentes equipes, tendo como foco a singularidade de cada situação de saúde mental. (MINOZZO et al.; 2011, p.58)

Entende-se, então, a importância destes novos dispositivos substitutivos de

saúde mental, alicerçados nos pressupostos da Reforma Psiquiátrica, estarem

articulados, devido à complexidade de se socializar e tornar autônomos esses

sujeitos que são excluídos do convívio social por conta do transtorno mental.

(BRASIL, 2004)

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2.2 Centro de Atenção Psicossocial

De acordo com Silva (2011, p. 22), “os CAPS são considerados

dispositivos estratégicos para a organização da rede de atenção em saúde

mental, sendo seus profissionais responsáveis pelo matriciamento”.

Os CAPS são instituições destinadas a acolher os pacientes com transtornos mentais, estimular sua integração social e familiar, apoiá-los em suas iniciativas de busca da autonomia, oferecer-lhes atendimento médico e psicológico. Sua característica principal é buscar integrá-los a um ambiente social e cultural concreto, designado como seu “território”, o espaço da cidade onde se desenvolve a vida cotidiana de usuários e familiares. Os CAPS constituem a principal estratégia do processo de reforma psiquiátrica. (BRASIL, 2004, p.9)

O CAPS é um serviço de saúde pública do SUS, sendo este um lugar de

referência e tratamento aos portadores de doença mental, cuja gravidade e a

constância justifiquem a estadia do paciente no serviço de atendimento intensivo,

comunitário, singular e promotor de saúde. (BRASIL, 2004)

Os CAPS, assumindo um papel estratégico na organização da rede comunitária de cuidados, farão o direcionamento local das políticas e programas de Saúde Mental: desenvolvendo projetos terapêuticos e comunitários, dispensando medicamentos, encaminhando e acompanhando usuários que moram em residências terapêuticas, assessorando e sendo retaguarda para o trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde e Equipes de Saúde da Família no cuidado domiciliar. Esses são os direcionamentos atuais da Política de Saúde Mental para os CAPS – Centros de Atenção Psicossocial, e esperamos que esta publicação sirva como contribuição para que esses serviços se tornem cada vez mais promotores de saúde e de cidadania das pessoas com sofrimento psíquico. (BRASIL, 2004 p.12)

Os CAPS poderão constituir-se nas seguintes modalidades de

atendimento: CAPS I, CAPS II, CAPS III, CAPSi e CAPSad, tendo modalidades

de atendimentos intensivo, semi-intensivo e não intensivo, onde cada usuário

deverá receber atendimento conforme sua necessidade devendo ter um projeto

terapêutico individual. (BRASIL, 2004)

Cada CAPS, por sua vez, deve ter um projeto terapêutico do serviço, que leve em consideração as diferentes contribuições técnicas dos

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profissionais dos CAPS, as iniciativas de familiares e usuários e o território onde se situa, com sua identidade, sua cultura local e regional. (BRASIL, 2004, p.16)

2.3 Serviços de Residência Terapêuticos

Os SRT são casas situadas no território urbano, construídas a fim de

atender as necessidades de moradia de portadores com transtornos psíquicos

graves egressos de tratamento em instituições psiquiátricas, que perderam o elo

com a família e o ambiente extra-hospitalar, sendo esses acompanhados no

CAPS. (PORTAL DA SAÚDE, 2014)

2.4 Programa de Volta para Casa

Segundo Brasil (2005), o PVC se estabeleceu em 2003 através da lei

10.708/03, tornando-se um instrumento de grande efetividade, essencial para o

processo de desinstitucionalização de portadores de transtorno psíquico, pois

esses doentes podem receber um auxílio para reabilitação.

2.5 Leitos de Atenção Integral

Oferece retaguarda em Hospital Geral para os usuários com transtornos

mentais e com necessidades decorrentes do uso de álcool, crack e outras drogas,

com internações de curta duração, até a estabilidade clínica do usuário. (BRASIL,

2014)

Permanece em funcionamento 24 horas diárias, de segunda a sexta, com

frequência de turnos sem interrupção. (BRASIL, 2005)

“Vale ressaltar que o enfermeiro deverá ser preparado para atuar em novos

modelos, com enfoque extra-hospitalar e de reabilitação psicossocial”.

(MONTEIRO; 2006, p.736)

2.6 Consultórios de Rua (CR)

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São equipes de saúde móveis que dispensam atenção integral à saúde da

população em situação de rua levando em consideração as diferentes

necessidades de saúde dessa população, e trabalhando junto aos usuários de

álcool, crack e outras drogas com técnicas para redução de danos. Essas equipes

possuem profissionais de diversas formações que formam uma equipe

multiprofissional, que coordena o cuidado e realiza serviços de atenção à saúde

de forma longitudinal formando um elo com os outros pontos de atenção da rede

(BRASIL, 2014)

Segundo Berlinck (2008), o êxito da Reforma Psiquiátrica

consequentemente depende de novas linhas de clinicar e desenvolver o

tratamento, e presumir que o trabalhador da área de saúde mental seja capaz de

executar essas atividades de forma a desconsiderar o atendimento

hospitalocêntrico que era utilizado no passado. Assim, além dos novos

dispositivos de atendimento, supõe-se a necessidade de também ter novas

condutas de atendimento nesses dispositivos levando em consideração todo o

histórico do paciente e principalmente sua singularidade.

2.7 Cuidar de quem e para quê? Cuidar significa mais que um ato é uma conduta, uma ação, que representa

mais que uma ocasião de atenção e desvelo, indo além; onde revela um

comportamento de preocupação, respeito, de responsabilização e crescimento

afetivo com o próximo, e se leva em consideração a história do sujeito, sua

cultura, suas crenças e dificuldades, seus conhecimentos, medos e anseios.

(BARROS; OLIVEIRA; SILVA, 2007)

De acordo com Schoeller; Leopardi; Ramos (2011), é importante ressaltar

que, no processo de cuidar do próximo, é primordial que haja um cuidado com o

profissional e que ele se aceite; só é plausível conhecer o outro sem misturá-lo

consigo mesmo, pois, senão, corre-se o risco de projetarem-se ideias próprias no

outro, pois o cuidado é algo essencial do ser humano.

No momento em que se presta o cuidado, é necessário presumir-se que,

reproduza-se um sentimento de gratificação, afeição, proteção e compreensão e,

pode-se dizer que é oferecido um sentimento que gera diversas maneiras como

forma de retribuição. Vale ressaltar que ao doar-se desta forma é o que se tem de

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melhor, quando se pensa no bem estar do próximo, resgata-se e aprimora-se o

sentimento dos outros.

Ao cuidarmos mostramos ao outro o quanto ele é importante para nós, e para isso é preciso ter atitudes de responsabilidade, preocupação e dedicar parte da vida ao outro [...] É importante estabelecer uma relação de confiança entre cuidador e ser cuidado, porém se o cuidador se mostrar ao outro com atitudes de carinho, respeito, essa relação já será estabelecida automaticamente. (SEGURO et al.; 2008, p.6)

Segundo Seguro et al (2008), a enfermagem, que tem em sua origem

profissional engajada no cuidar, exige que esse cuidado não se dê por caridade

ou doação, mas sim de modo científico e profissional, devendo ser moral e

responsável, sendo somente adquirido por aqueles que investem em uma

formação, capacitando-se através de cursos.

3.1 A Enfermagem Psiquiátrica e o Cuidar A origem que conduziu a enfermagem até os dias atuais é a de

responsabilidade, solidariedade com o próximo, com grupos, comunidades e

famílias, com o intuito de contribuir na manutenção e promoção da saúde entre

esses indivíduos. (VILLELA; SCATENA, 2004)

Barros; Oliveira; Silva, (2007, p.817) corroboram com trecho anterior

quando afirmam “que o ponto central é o fortalecimento dos laços entre o sujeito

que busca o atendimento, o serviço e o território onde deve ser baseado o

atendimento”.

Concorda-se com Villela; Scatena (2004, p. 739), ”quando destacam que

doar-se faz parte desta experiência, e cuidar faz parte da doação e da

cientificidade que é esperada nesse caminhar”.

Vale ressaltar que a enfermagem psiquiátrica trilhou um caminho árduo,

sabendo-se que a assistência antes prestada em instituições psiquiátricas era de

má qualidade, realizada por pessoas sem conhecimento científico e técnico que

embasavam suas ações no modelo hospitalocêntrico. (VILLELA; SCATENA,

2004)

Complementando, Alves; Arrones (2010, p.27) consideram que:

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A enfermagem teve participação importante no que se refere ao conhecimento e organização interna do espaço asilar/hospitalar. Todo o preparo da equipe de enfermagem nas instituições psiquiátricas não seguiu o modelo Nightingale (modelo centrado no ser humano, sadio ou doente, e não na saúde ou doença propriamente dita). Dessa forma acompanhou o processo de medicalização dos asilos.

Pode-se dizer que a enfermagem como profissão tem em sua essência o

cuidado, e tendo esta incumbência, torna-se grande responsável no processo de

assistência à saúde.

Esta preposição não quer dizer que esses outros profissionais da saúde

não desempenhem ações de cuidado, porém o fazem de forma fragmentada. É a

enfermagem que tem, em seu fundamento profissional, o cuidado como alicerce.

(SCHOELLER; LEOPARDI; RAMOS, 2011)

O cuidado ao ser humano é um ato complexo, que exige do cuidador

conhecimento, empatia e sensibilidade. (MIELKE et al., 2009)

Neste sentido, fica evidente que a enfermagem pode ser considerada a

profissão do cuidado, pois é a que mais fica próximo do paciente, e faz isto de

modo sistematizado. A assistência de enfermagem tem como peculiaridade o

cuidado contínuo nas 24 horas diárias, o que viabiliza a classificação das

necessidades dos pacientes pela interação, ou seja, o cuidado ocorre por meio do

convívio e, como efeito, a particularidade de cada um é que vai designar as

ações. (DANTAS, 2013)

As mudanças que ocorreram na saúde mental com a Reforma Psiquiátrica

trouxeram consigo um grande desafio aos profissionais da saúde mental, pois

estes têm de buscar novos conhecimentos acerca do cuidado. (BARROS;

OLIVEIRA; SILVA, 2007)

Ainda é necessário desmistificar um pré-conceito que se gerou com o

passado, transformar e inovar a assistência aos portadores de transtorno

psíquico, sistematizando o cuidado a fim de promover saúde, prevenir doenças e,

junto de toda a equipe que trabalha nesses novos dispositivos de saúde, buscar a

autonomia desses indivíduos e, primordialmente, as suas reintegrações na família

e comunidade, podendo, assim, usufruir de seus direitos como cidadão.

Barros; Oliveira; Silva (2007, p.816) destacam que:

Desta maneira, é importante construir um novo olhar para o cuidado baseando no dialogo e na criatividade que possibilite a transformação

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social do papel dos profissionais no exercício da sua prática. É sobre esse novo olhar para o cuidar que queremos nos deter.

Corroborando com o autor anterior, Villela; Scatena (2004) consideram

que, ao se repensar a prática de enfermagem, é necessário realizar suas ações

de cuidado numa dimensão humanística, dinâmica e reflexiva, considerando que

a enfermagem, como classe indispensável da profissão do cuidar, é entendida

como dinâmica, versátil e renovadora.

“Assim, na perspectiva da reabilitação, cuidar é considerar a importância da

construção de projetos de vida, significativos para cada usuário, como eixo central

da ação terapêutica”. (BARROS; OLIVEIRA; SILVA, 2007, p.818)

Portanto nota-se que a enfermagem pode aperfeiçoar suas ações de

reabilitação que se destinam a ajudar portadores de transtornos psíquicos a

conviver com a realidade, assimilar a dinâmica de suas afinidades, reconhecer e

permitir suas habilidades, competências e potencialidades, mas também

considerar suas limitações. E, neste sentido “[...] a dinâmica da assistência de

enfermagem passa a ser desenvolvida de maneira abrangente, consistente,

qualificada, sistemática, dialética e ética”. (VILLELA; SCATENA, 2004, p.740)

2.8 O Cuidado Embasado na Reabilitação Psicossocial

A reabilitação psicossocial abrange três vértices do ciclo da vida de

qualquer pessoa: lar, trabalho e lazer. Nessa óptica, a reabilitação baseia-se em

um plano capaz de reaver as particularidades do ser humano, tanto objetivamente

quanto subjetivamente, e proporcionar o respeito à pessoa com um transtorno

psíquico. É função e dever da equipe que presta a assistência a esse paciente

conhecer a plenitude do ser humano e ser capaz de idealizar um novo protótipo

em relação à saúde e doença mental que propague uma relação benéfica a todos

os envolvidos. (SARACENO, 1999)

Segundo Kinoshita (apud JORGE et al., 2006, p. 734), assegura que:

A reabilitação psicossocial do portador de transtorno mental é um conceito forjado no interior do movimento brasileiro de Reforma Psiquiátrica, tendo como referência, propostas da Psiquiatria Democrática, responsável pelo aprofundamento, na década de 1970, na Itália, da crítica aos asilos, dando vez à promulgação da Lei n° 180/78.

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Liderada por Franco Basaglia, a Psiquiatria Democrática defendia a ruptura com o paradigma clínico, com a relação linear causa e efeito, na concepção da loucura, e com o rótulo de periculosidade do doente mental, negando a instituição psiquiátrica e propondo uma alternativa nova de tratamento.

Em hospitais psiquiátricos existem críticas que afirmam a carência de

ações reabilitadoras para modelos formalizados, onde titulam a influência do local

sobre os procedimentos e os resultados atingidos. E, quando se fala nesses

modelos, há controvérsias no que diz respeito às habilidades e inabilidades do

paciente, pois são termos distintos e aplicados a depender das intervenções

prestadas e a composição do serviço entre outros fatores importantes para

prestar uma assistência de qualidade e precisa a um paciente portador de

transtorno psíquico. O termo reabilitação não se refere a permutar as

desabilidades em habilidades, mas sim em criar recursos viáveis para trazer o

paciente para o seu ambiente de convívio e propiciar-lhe oportunidades junto à

sociedade. Pode-se denotar que reabilitar, demanda de oportunidades para o

paciente e sua família serem inseridos com direitos e deveres que os circundam e

não transformar a doença em uma contrariedade que inviabiliza o seu papel de

cidadão. (SARACENO, 1999)

O conceito de desinstitucionalizar alberga em suas estratégias não só a

desconstrução dos manicômios como também salienta uma assistência pautada

no sofrimento do paciente naquele hospital. Há dificuldades em compreender o

processo de desinstitucionalização, haja vista, que se funda um problema ético e

de cidadania. A ética compreende uma conduta que impugna a exclusão e

qualquer tipo de violência ao paciente doente mental. Por sua vez a cidadania

implica a hostilidade pelos direitos sociais, civis e políticos. (SARACENO, 1999).

A propósito, ética e cidadania estão intimamente ligadas pelas ações sociais e por

aqueles que querem efetivá-las. A cidadania representa a oportunidade e

igualdade entre os seres da mesma espécie, inclusive o exercício da cidadania

que simboliza ter acesso à educação e à saúde de qualidade, e são esses os

deveres políticos que a sociedade deve dispor aos pacientes.

O direito de cidadania do doente mental deve ser o direito de receber assistência adequada, a garantia de participar da sociedade e de não ser simplesmente jogado em depósitos, como ainda é uma realidade

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brasileira, na sua forma mais brutal, nos grandes hospícios públicos ou, nas formas mais sutis, em clínicas privadas e conveniadas. (MARSIGLIA apud JORGE et al.; 2006, p.735)

A concepção do que é cidadania para portadores de doença mental é

versátil e quando se fala em dignidade humana é presumível que ela seja

desrespeitada. O doente mental é excluído de exercer seus direitos de cidadão

devido a esse desrespeito que acarreta a privação gradativa de sua emancipação

individual e coletiva e de sua autoestima. Na realidade da psiquiatria brasileira, à

medida que se descreve o termo cidadania nota-se que há vários bloqueios no

exercício desse papel, que é ainda mais evidente quando se fala em reabilitação

psicossocial, haja vista, que o doente mental tem o direito de participar desse

processo, que deve partir da sociedade brasileira. Nessa lógica, uma luta em

busca do respeito pelos direitos iguais e o olhar para o próximo facilita esse

processo.

Em tempos anteriores, a reabilitação era compreendida como o retorno a um estado anterior ou à normalidade do convívio social ou de atividades profissionais. Atualmente, considera-se reabilitação psicossocial como o processo que facilita, ao usuário, com limitações, uma melhor reestruturação de autonomia de suas funções, na comunidade. (PITTA apud JORGE et al., 2006, p.735)

Deve partir da sociedade uma postura harmoniosa para os portadores de

transtorno mental, sendo que a proposta atual da Reforma Psiquiátrica no Brasil

tem como propósito principal a inclusão e desinstitucionalização de pessoas com

algum sofrimento psíquico. Desinstitucionalizar não se trata apenas de tirar os

pacientes de dentro de um manicômio, mas sim desempenhar uma função

reabilitadora para reconstruir as particularidades de cada indivíduo que tem um

transtorno, correlacionando com o resgate social e pessoal do paciente.

É necessária a percepção do que é reabilitar por parte dos profissionais de

saúde, pois vai estar presente tanto no decorrer da profissão quanto no dia a dia

do profissional que se empenhar nas ações que são realizadas com esse tipo de

paciente. Entretanto, a família tem um papel importante e fundamental no

processo de reabilitar, embora seja notável que o paciente doente mental sofre

com a exclusão que a própria família exerce contra ele. Levando em consideração

o mundo capitalista em que se vive hoje em dia, o doente mental passa a ser

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frágil e vulnerável diante da sociedade, pois é considerado inapto para o trabalho.

Logo, perde seu valor de gerar mais recurso para família. A inaptidão para o

trabalho desencadeia uma exclusão moral e social, haja vista, que a sociedade

concebe mais valor a quem produz mais financeiramente. Há resistência para o

portador de transtorno psíquico ser acolhido pela família, tanto por não terem

condições financeiras e emocionais ou físicas. (JORGE et al., 2006)

A desinstitucionalização ainda gera conflitos para os seus doentes em

relação à devolução dos mesmos à comunidade, pois uma vez que haja a

internação psiquiátrica há uma resistência para o paciente psiquiátrico, onde ele

se recusa a construir um novo papel social para si próprio diante da comunidade.

De nada adiantaria as transformações nos modelos psiquiátricos, onde deixariam

de existir os modelos asilares e manicomiais e não haver investimentos para a

reabilitação e ressocialização dos doentes mentais. A busca pela identidade

social desses pacientes deve partir de estratégias terapêuticas que proporcionem

a recuperação total ou parcial para devolvê-lo à comunidade.

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CAPÍTULO III

FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NO CONTEXTO DE

SAÚDE MENTAL

3 AÇÕES EM SAÚDE MENTAL DESENVOLVIDAS PELOS TÉCNICOS EM

ENFERMAGEM

O serviço que o auxiliar ou técnico de enfermagem presta aos pacientes

que são enquadrados como doentes mentais passa por uma reflexão. Existem

pontos que devem ser relevados como: o modelo psicossocial que busca a

substituição dos modelos asilares e a inovação em relação à intervenção na

assistência. Com base nessas afirmações, Zerbetto e Pereira (2005) propõe uma

reflexão: qual a efetividade do cuidado prestado por esse grupo de profissionais

neste tipo de modelo assistencial?

O capitalismo que predomina na enfermagem, denomina aos auxiliares e

técnicos cuidados básicos e diretos como banho, alimentação, medicação entre

outros, nesse caso esses cuidados deixam em evidência qual é o papel do

auxiliar ou técnico dentro de uma instituição, pois se sabe que além dessas ações

eles desenvolvem atividades que para o paciente são de extrema importância,

uma vez que eles estão muito próximos deste.

Segundo Almeida (apud ZERBETTO, PEREIRA; 2005, p.113).

A atividade profissional da enfermagem é caracterizada pela divisão técnica e social do trabalho, fragmentando as suas atividades em tarefas, procedimentos e atribuições, que são designadas aos outros componentes da equipe.

Historicamente, em relação à saúde mental, a assistência de enfermagem

é caracterizada pela violência, sejam elas morais ou físicas. Onde o único

tratamento era feito no manicômio. Com a Reforma Psiquiátrica esse conceito

vem sendo destruído aos poucos, um dia de cada vez e com a ajuda desses

profissionais espera-se que os serviços substitutivos firmem cada vez mais qual é

a sua função perante a sociedade. (ZERBETTO, PEREIRA, 2005)

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Segundo Zerbetto, Pereira (2005), afirmam que atualmente espera-se a

construção de um novo sujeito da saúde mental, onde haja a preservação da sua

objetividade e subjetividade, priorização das relações interpessoais e rompimento

de ações que potencializem a marginalidade do doente. É necessário que ele seja

considerado um cidadão como todos os outros, mesmo com um transtorno

mental. Busca-se a inovação no cuidado que é ofertado a esses pacientes, e os

profissionais devem ir de encontro com outra maneira de pensar e agir em relação

a eles, uma vez que é esta a proposta oferecida pela Reforma Psiquiátrica.

É dever da equipe que está intimamente ligada à prestação do cuidado a

esta clientela se transformar e transformar as necessidades que existem no

produto de trabalho, ou seja, idealizar, antecipadamente, o que deve ser feito de

forma consciente, com ações intencionais, onde o único objetivo é a resolução do

estado de saúde do paciente. Neste contexto, Gonçalves (apud ZERBETTO,

PEREIRA, 2005, p.113) afirma: “Assim, o homem é um ser social e sujeito da

história, pois ele é o criador de sua própria história, mas como indivíduo concreto”.

Já o trabalho em saúde, busca produzir a capacidade de intervir nas ações

em saúde, tais como: proteção, socialização, promoção, reabilitação, prevenção

dentre outros que visem atender as necessidades do paciente, e não apenas

procedimentos técnicos para intervir no tratamento. A equipe atua na

problemática das ações, agindo para modificá-la e com conseqüência buscar a

satisfação de alguma necessidade que o paciente tem por direito, e que talvez

pela sua patologia tenha perdido. Conclui-se, então, que ações como essas

permitem produzir saúde, ou seja, diminuir o impacto negativo que a doença

causa. (MERHY apud ZERBETTO, PEREIRA, 2005)

O trabalho em saúde é centrado no trabalho vivo em ato e não pode ser capturado na lógica do trabalho morto, expresso somente nos equipamentos/máquinas (tecnologia dura) e nos saberes estruturados (tecnologia leve-dura), pois no campo das intervenções assistenciais há abordagem assistencial de um trabalhador de saúde junto a um usuário/cidadão, em um processo de relações, que envolve tecnologia de relações (tecnologia leve) de encontros de subjetividades, de produção de vínculo, autonomização (aqui definida como a capacidade do indivíduo de governar o modo de conduzir a sua própria vida) e acolhimento. (MERHY, ONOCKO apud ZERBETTO, PEREIRA, 1997, p. 113)

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Quando se fala em modelo psicossocial e o trabalho do profissional do

nível médio de enfermagem, há uma reconstituição do sujeito que está sofrendo

com transtorno mental. O objetivo que os tratamentos nesse modelo

proporcionam, buscam a qualidade de vida do sujeito, pois nem sempre a cura é

efetiva. O sofrimento psíquico e os conflitos fazem parte da vida social desse

paciente. São nessas vertentes que a equipe multiprofissional deve agir,

possibilitando então sua reinserção na sociedade. (ZERBETTO, PEREIRA, 2005).

Essa equipe deve objetivar uma ação integral, usufruindo todos os recursos

cabíveis e disponíveis como a música, arte, leitura, entre outros, para cuidar do

sujeito, deixando, então, de existir o cuidado fragmentado, que é prestado através

de especialidades.

O auxiliar e o técnico de enfermagem assumem outra postura quando estabelecem relação com o usuário (tecnologia leve), ou seja, estão atentos à problemática de saúde do indivíduo que busca ajuda e, portanto, o profissional pode utilizar-se do acolhimento como instrumento de intervenção. (ZERBETTO, PEREIRA, 2005, p. 114)

O trabalho em equipe deve se amparar em métodos sistematizados e

objetivos, tendo como base as ações reabilitadoras, para não deixar em evidência

que os tratamentos só devem ser aplicados em instituições psiquiátricas. A

criação de novos instrumentos para prestar uma assistência de qualidade

proporciona aos sujeitos envolvidos um resultado favorável ao tratamento,

excluindo as ideias de que o doente mental pode ser tratado apenas em

manicômios. Nesse contexto, investiga-se como pode ser oferecido um ensino

voltado à pacientes psiquiátricos a partir das diretrizes que a Reforma Psiquiátrica

sugere. Envolver os estudantes no processo ensino-aprendizagem implica em

compartilhar experiências que favoreçam o desempenho do aluno.

Acredita-se que, no ensino dos auxiliares e técnicos de enfermagem, se deve também dar noções teóricas sobre o relacionamento interpessoal e ajudá-los a refletir em campo de estágio sobre a sua execução, principalmente que tal instrumento não pode ser valorizado somente durante a realização dos procedimentos técnicos. (ZERBETTO, PEREIRA, 2005, p.115)

O ensino do cuidado abrange, de forma cautelosa, a individualidade do

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mesmo, pois priorizam as práticas do cuidado. O aluno deve ser flexível e

reflexivo enquanto presta um cuidado, sendo imparcial com seus sentimentos e

reações emocionais. A individualidade de cada um não pode ser transparecida

quando se cuida, haja vista que estes alunos se tornarão, um dia, profissionais

dessa área. Deve-se desenvolver, interna e externamente, a questão profissional

em relação à pessoal. O que deve prevalecer é a competência profissional

enquanto presta o cuidado a um portador de transtorno mental. Nesse contexto os

autores Campoy, Merighi e Stefanelli (apud RODRIGUES, SANTOS,

SPRICCIGO, 2012, p. 619) afirmam:

[...] a disciplina de enfermagem em saúde mental e psiquiátrica quer um aluno comprometido com o paciente, prestador de um cuidado individualizado e inserido na realidade, que veja o paciente como pessoa que tem dimensões biopsicossociais.

O cuidado que o paciente recebe é resultado de um ensino aprendizagem

dependente de interesse, motivação e afinidade, tanto da parte do aluno, quanto

do professor, pois o cuidado começa quando há uma questão a ser

desembaraçada, sendo esta o sujeito que sofre com problema mental. A

avaliação deste paciente deve ser integral, de modo que o atenda física e

psiquicamente, visando o bem estar e a qualidade de vida do paciente. O ensino

do cuidado deve criar vínculos, pois é uma das estratégias que prioriza o cuidar.

Segundo Rodrigues, Santos, Spriccigo (2012, p. 619):

Portanto, para que as práticas de ensino e do cuidado de enfermagem em saúde mental tornem-se mais criteriosas em relação às escolhas teórico-metodológicas, a reforma psiquiátrica – imbuída de paradigmas em transição –, conjuga-se com a reforma curricular, também inserida nos paradigmas pedagógicos, que necessitam ser refletidos pelos docentes.

Os cursos da área da saúde devem ser elaborados a partir da educação,

de políticas públicas, da população atendida e da necessidade do local. Para

instrução desses profissionais, aplica-se a transformação progressiva na ciência.

(VILLELA; MAFTUM, PAES, 2013)

Atualmente, o processo ensino aprendizagem exige-se muito que o

educador drible a educação conservadora e crie modelos inovadores para esse

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processo. Esses modelos se fundamentam no desenvolvimento do aprender com

base na habilidade de resolver as tarefas mais importantes da prática profissional

com ações simuladas ou reais e são bastante usados quando se planeja

colaborar para uma aprendizagem apreciável, fundada na resolução de

problemas em situações que instiguem os alunos a entender o porquê daquilo e,

o que é mais importante, indicar soluções através do processo ação-reflexão-

ação. Tudo isto propicia uma avaliação do estudante, onde as instituições

discernem o que os alunos sabem ou não. É dever das instituições levantarem

outros métodos para a aprendizagem, pois o título que o aluno obtém é dado por

esta instituição. (MITRE et al.; apud VILLELA, MAFTUM, PAES, 2013).

Para o professor que intenta utilizar métodos inovadores e diferenciados de ensinar, a seleção das atividades que serão desenvolvidas com os estudantes constitui etapa importante que deve ocorrer mediante um olhar crítico do contexto social e político da sua realidade territorial e dos sujeitos envolvidos. (VILLELA, MAFTUM, PAES, 2013, p. 398)

Tratando-se de ensinar para cuidar em saúde mental existem aptidões e

competências que o estudante necessita desenvolver no processo de cuidar de

pacientes com transtorno psíquico que são os princípios impostos pela Reforma

Psiquiátrica. Nesse contexto mudanças viabilizam meios para cuidar de pessoas

com transtorno mental e implica que o profissional tenha uma postura ética

coerente com cuidado prestado. Há um desafio na formação desses profissionais,

pois ainda existem regras no que diz respeito ao paciente, e esses devem

desenvolver competências que colaborem com o cuidado. (FERNANDES et al.,

2009). Para a eficiência do cuidar, é fundamental que os alunos tenham a

oportunidade de estar em todo local de atenção à saúde mental, pois a vivência

nesses ambientes facilita e auxilia no cuidado em saúde mental.

O aprimoramento da competência técnica dos alunos em relação à

prestação da assistência entende-se que deve ser colocada em prática, isto

fomenta sua vida diante a sociedade. Ou seja, perpetuar que as situações que

foram aprendidas em sala de aula sejam colocadas em prática nos campos de

trabalho. É importante induzir que o aluno tenha motivação para aprender nas

situações que o cerquem no dia-a-dia, tanto situações profissionais quanto

pessoais. (BARROS, CLARO, 2011)

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O ensinar na enfermagem na psiquiatria é uma prática de saúde que quase

sempre está ligada a outras práticas, sendo essas transformadas para que seja

prestada uma assistência que o objeto e objetivo sejam apenas o paciente. Com

esse processo a prioridade é a assistência de qualidade, onde o ensino é a

questão chave nesse processo. (BARROS et al.; 1999)

Baseado em ensinar em saúde mental, o aluno é o objeto do processo de

aprendizagem, considerando que o mesmo deve ir à busca de experiências e

conhecimento que a ele for direcionado. Deve levar em consideração que a

Reforma psiquiátrica tem como conceitos principais a cidadania, inclusão social e

reabilitação psicossocial e a disciplina de Enfermagem em saúde mental deve

estar embasada nesses conceitos, para que as representações desses alunos

tenham um eixo norteador quando prestar uma assistência à um portador de

transtorno psíquico. (BARROS, CLARO, 2011)

[...] desenvolver competências nos alunos, para que como futuros enfermeiros atuem na área de enfermagem psiquiátrica e saúde mental de forma satisfatória, é necessário mobilizar saberes e habilidades relacionadas à cidadania e a inclusão social. (BARROS, CLARO, 2011, p. 701)

Os alunos no decorrer do curso passam por constantes mudanças, e

aprendem a desenvolver competências que irá prepará-los para a vida diante de

uma sociedade. Ações essas que são desenvolvidas perante um problema, onde

buscar a solução implica que o aluno utilize das facetas que vivenciaram em

situações reais. Ao desenvolver tais competências o aluno deve saber e fazer as

práticas, pois as mudanças que vieram junto com a Reforma Psiquiátrica

permitem que os alunos tenham base e competências para essa prática.

(PERRENOUD, MEOLA apud BARROS, CLARO, 2011)

Portanto, o ensino de enfermagem na área de saúde mental deve permitir

ao estudante que ele possa aprimorar habilidades técnicas, científicas e

humanísticas e instrução na área em que ele está buscando atuar

profissionalmente. Entretanto, existem dificuldades em moldar o conteúdo prático-

teórico em relação à realidade da assistência. No ensino em enfermagem é

importante ter em mente que se deve encorajar as práticas de ensino, projetos de

extensão e pesquisas que estimulem e proporcionem atitudes inovadoras em

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relação ao cuidado em saúde mental. Há altercações entre intervir e como intervir,

pois a óptica de intervenção abrange apenas o campo de sintomatologia, sendo o

processo saúde-doença excludente. (BARROS, EGRY apud BARROS, CLARO,

2011)

3.1 O Técnico de Enfermagem

A Enfermagem é uma profissão comprometida com a saúde e qualidade de

vida da pessoa, família e coletividade, atua na promoção, prevenção, recuperação

e reabilitação da saúde, com autonomia e em consonância com os preceitos

éticos e legais.

O profissional de Enfermagem participa, como integrante da equipe de

saúde, das ações que visem satisfazer as necessidades de saúde da população e

da defesa dos princípios das políticas públicas de saúde e ambientais, que

garantam a universalidade de acesso aos serviços de saúde, integralidade da

assistência, resolutividade, preservação da autonomia das pessoas, participação

da comunidade, hierarquização e descentralização político-administrativa dos

serviços de saúde. Exerce suas atividades com competência para a promoção do

ser humano na sua integralidade, de acordo com os princípios da ética e da

bioética.

O Profissional de Enfermagem exerce suas atividades com competência

para a promoção da saúde do ser humano na sua integridade, de acordo com os

princípios da ética e da bioética. (COREN/SP, 2014)

O Técnico de Enfermagem é o profissional que atua na promoção,

prevenção, e reabilitação do processo saúde doença. Colabora com o

atendimento das necessidades de saúde do paciente / cliente, família e

comunidade, em todas as faixas etárias. Desenvolve ações para educação,

autocuidado, bem como de segurança no trabalho e de biossegurança nas ações

de enfermagem. Promove ações de orientação e preparo do paciente para

exames.

Realiza cuidados de enfermagem tais como: curativos, administração de

medicamentos e vacinas, nebulizações, procedimentos invasivos, mensuração

antropométrica e verificação de sinais vitais dentre outros. Presta assistência de

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enfermagem a pacientes clínicos e cirúrgicos em qualquer fase do ciclo vital.

Participa de uma equipe multiprofissional com visão crítica e reflexiva, atuando de

acordo com princípios éticos. Exerce ações de cidadania e de preservação

ambiental.

Tendo como campo de trabalho: instituições hospitalares; ambulatoriais;

clínicas; serviços sociais; serviços de urgência; unidades básicas de saúde;

Programa Saúde da Família; instituições de longa permanência para idosos.

(CENTRO PAULA SOUZA, 2014)

3.2 Competências gerais, segundo Plano de Curso do Técnico em Enfermagem

do Centro Paula Souza (2014)

Ao concluir o curso de TÉCNICO EM ENFERMAGEM, o aluno deverá ter

construído as seguintes competências gerais:

a) planejar e organizar o trabalho na perspectiva do atendimento integral e de

qualidade;

b) aplicar princípios e normas de higiene e saúde pessoal e ambiental;

c) interpretar e aplicar normas do exercício profissional e princípios éticos que

regem a conduta do profissional de saúde;

d) operar equipamentos próprios do campo de atuação, zelando pela sua

manutenção;

e) coletar e organizar dados relativos ao campo de atuação. Além dessas

competências deverá constituir, ainda, as seguintes competências básicas,

de caráter interprofissional;

f) dominar habilidades básicas de comunicação em contextos, situações e

circunstâncias profissionais, nos formatos e linguagens convencionados;

g) pautar-se na ética e solidariedade enquanto ser humano, cidadão e

profissional;

h) compreender as relações homem/ ambiente/ tecnologia/ sociedade e

comprometer-se com a preservação da biodiversidade no ambiente natural

e construído, com sustentabilidade e melhoria da qualidade de vida;

i) participar de pesquisas, interpretar dados e indicadores de saúde;

j) utilizar a informática como ferramenta de trabalho;

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k) aplicar os conceitos e princípios de gestão às atividades profissionais;

l) valorizar a saúde como direito individual e dever para com o coletivo.

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CAPÍTULO IV

METODOLOGIA

4 INTRODUÇÃO A METODOLOGIA

4.1 Descrição das instituições colaboradoras

Como campos de pesquisa foram utilizadas duas escolas técnicas

estaduais, localizadas nas cidades de Lins e Cafelândia do estado de São Paulo

(ANEXO A), estes locais foram escolhidos devido a proximidade e facilidade do

acesso das pesquisadoras. Estas unidades escolares são pertencentes do Centro

Paula Souza, o qual será melhor detalhado abaixo.

4.2 Centro Paula Souza

O Centro Paula Souza é uma autarquia do Governo do Estado de São

Paulo, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência,

Tecnologia e Inovação (SDECTI). A instituição administra 217 Escolas Técnicas

Estaduais (ETECs) e 63 Faculdades de Tecnologia (Fatecs), reunindo mais de

288 mil alunos em cursos técnicos de nível médio e superiores tecnológicos, em

cerca de 300 municípios.

As ETECs atendem 221 mil estudantes nos Ensinos Técnico, Médio e

Técnico Integrado ao Médio, com 132 cursos técnicos para os setores industrial,

agropecuário e de serviços, incluindo habilitações na modalidade semipresencial,

Educação de Jovens e Adultos (EJA) e especialização técnica. (CENTRO PAULA

SOUZA, 2014)

4.3 Escola Técnica Estadual de Cafelândia

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A escola foi criada em 1970, e com a denominação de Colégio Técnico

Agrícola Estadual de Cafelândia, foi instalada em propriedade adquirida pela

Prefeitura Municipal, onde funciona até hoje, prédio este construído pelas Irmãs

do Sagrado Coração de Jesus, patrimônio histórico de Cafelândia, e que contava

com as habilitações Técnico em Agropecuária, Técnico em Economia Doméstico

e Monitor Agrícola, onde estudavam aproximadamente 450 alunos, hoje 800

alunos. Em 1985, a ETEC passou a integrar as escolas da Divisão de Supervisão

e Apoio as Escolas Técnicas Estaduais e, em 1991, foi transferida para a Divisão

Estadual de Ensino Técnico (DEET) da (SDECTI). Em 1994, foi incorporada ao

Centro Paula Souza. Hoje a escola possui classe descentralizada na cidade de

Lins com três habilitações. (ETEC, 2014)

4.4 Escola Técnica Estadual de Lins

No final da década de 90 a Secretaria da Educação do Estado de São

Paulo tomou decisão de encerrar as atividades relacionadas aos cursos

profissionalizantes integrados ao ensino médio que mantinha na Escola Estadual

Fernando Costa na cidade de Lins.

A ETEC Centro Paula Souza unidade de Lins teve como finalidade de

implantação gerar mão de obra qualificada para atender o mercado regional

englobando os municípios de Lins, Guaiçara, Sabino, Promissão, Avanhandava,

Penápolis, Barbosa, Alto Alegre, José Bonifácio, Ubarana, Cafelândia, Guaimbê,

Júlio Mesquita, Uru e Pongaí, compreendendo uma população em torno de 300

mil habitantes. No ano de 1998 mais precisamente no mês de agosto, foi

implantada como Classe Descentralizada da ETEC Prof.ª Helcy Moreira Martins

de Aguiar, do município de Cafelândia com convênio Centro Paula Souza e

Secretaria da Educação, iniciaram-se duas turmas do curso Técnico em

Administração, sendo uma diurna e outra noturna, funcionando em salas

emprestadas pela Escola Estadual Fernando Costa de Lins.

No ano de 2002 o governo autorizou a separação de parte do antigo prédio

da EE Fernando Costa para que este fosse utilizado para completa implantação

da ETEC de Lins, após reformas e adaptações realizadas no imóvel, a escola

teve sua autorização de funcionamento publicada em 16 de junho de 2006 e

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passou a funcionar em prédio próprio, reformado e adaptado às necessidades da

Unidade Escolar, e passando a se chamar Escola Técnica Estadual de Lins ETEC

de Lins.

A partir do 1º semestre de 2007, o curso Técnico em Informática passou a

ser oferecido, no período da tarde. O Ensino Médio teve seu inicio no 1º semestre

de 2008. Já no 2º semestre do mesmo ano, houve a implantação do curso

Técnico em Química.

Desde o dia 17 de agosto de 2009, a ETEC oferece também os cursos de

técnico em Informática para Internet, Comercio Jurídico e Marketing. Fazendo

parte o Programa de Expansão II do Governo do Estado de São Paulo, nas

instalações da E.E Fernando Costa. Em parceria firmada entre a Secretaria da

Educação e o Centro Paula Souza, a partir de 2012, iniciou – se o Ensino Técnico

Integrado ao Ensino Médio, sendo que a Unidade Escolar foi contemplada com o

curso de Técnico em informática para internet integrado ao Ensino Médio, onde

os componentes Curriculares do Ensino Médio são de responsabilidade da Escola

Fernando Costa e a parte Técnica da ETEC de Lins.Seguindo a linha da

constante evolução no segundo semestre de 2012 iniciou-se o curso Técnico em

finanças.

Atualmente a ETEC oferece, também, cursos técnicos em parcerias com

outros municípios através de convênios como Classes Descentralizadas, dentre

eles: os cursos de Técnico em Logística e Técnico em Segurança do Trabalho, na

cidade de Guaiçara e o curso Técnico em Administração nas cidades de

Avanhandava e Sabino. (FERREIRA et al.; 2012)

4.5 Pesquisa

A pesquisa se baseia em avaliar e identificar as concepções de estudantes de

enfermagem sobre o cuidar em saúde mental, para reabilitar um paciente com

transtorno mental com base na formação desses estudantes. O estudo é

embasado em uma abordagem quantitativo e qualitativo, norteado pelo referencial

teórico do discurso do sujeito coletivo, este aborda “como técnica de

processamento de depoimentos, consiste em reunir, em pesquisas sociais

empíricas, sob a forma de discursos únicos redigidos na primeira pessoa do

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singular, conteúdos de depoimentos com sentidos semelhantes”. (LEFÉVRE,

LEFÉVRE E MARQUES, 2003, p. 1194)

A pesquisa seguiu os preceitos éticos da Resolução 466 de 12/12/2012 do

Conselho Nacional de Saúde (CNS), Comitê de Ética e pesquisa do Unisalesiano

e aprovado pelo Protocolo nº 764.451 em 30/06/2014 (ANEXO B). Foram

convidados a participar da coleta de dados os alunos do 4° ciclo do curso técnico

em enfermagem, de duas escolas técnicas estaduais, esta aceitação esteve

condicionada ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecida (TCLE), (ANEXO

C), o qual foi disponibilizado aos sujeitos pelos pesquisadores.

Após esta etapa, aplicou-se um questionário semi-estrutrado (APÊNDICE I)

aos alunos em sala de aula, cada qual em sua escola de origem, com data

anteriormente agendada pelos coordenadores dos cursos, visando não atrapalhar

as atividades docentes.

4. 6 Sujeitos da Pesquisa

Foram pesquisados 30 alunos do curso técnico em Enfermagem de duas

escolas públicas estaduais pertencentes ao CENTRO ESTADUAL DE

EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA (CEETPS) através de aplicação de

questionário estruturado.

Os critérios considerados relevantes para a participação dos alunos na

pesquisa alicerçavam-se na formação completa do 3º ciclo do referido curso uma

vez que tornava-se necessário que estes apresentassem um conhecimento

teórico referente à disciplina de saúde mental, outro requisito relevante era

estarem cursando ou ter cursado o estágio supervisionado em saúde mental, em

unidade de atendimento ambulatorial ou hospitalar.

A coleta de dados realizou-se no mês de setembro de 2014. Foram excluídos

da pesquisas os alunos que não compareceram no dia da aplicação do

questionário e alunos dos outros ciclos que não cursaram a disciplina de saúde

mental.

4.7 Método

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Para a análise dos depoimentos foi adotado o método do Discurso do

Sujeito Coletivo (DSC), este método consiste na reunião das expressões-chave

presentes nos depoimentos, que têm ideias-centrais de sentido semelhante ou

complementar, elabora uma síntese com partes dos discursos apresentado, onde

vão ser reunidos em um só discurso. Fundamenta-se na teoria da representação

social e os pressupostos sociológicos, e é considerado uma técnica onde tabula e

organiza os dados qualitativos, haja vista, que permite também através de

procedimento padrão e sistemático agregar as respostas sem precisar diminuí-

las. Essa técnica baseia-se em análise do material coletado em forma de

depoimentos para extrair de cada um deles uma ideia central, ancoragens e

também expressões chaves. E com essas informações colhidas compõe-se um

ou vários discursos. (LEFEVRE; LEFEVRE, 2003)

Dando suporte ao procedimento metodológico utilizou-se o software

Qualiquantisoft. O programa Qualiquantisoft é um software desenvolvido pela

Sales e Paschoal Informática em parceria com a Universidade de São Paulo

(USP), por intermédio da Faculdade de Saúde Pública, através dos professores

Fernando Lefevre e Ana Maria Cavalcanti Lefevre, criadores da metodologia do

DSC. Tanto o programa quanto o software do DSC, destinam-se a viabilizar

pesquisas desenvolvidas com essa metodologia, tornando a organização dos

dados mais ágeis, mais práticas, aumentando, em muito, o alcance e a validade

dos resultados. (LEFEVRE; LEFEVRE, 2003)

4.8 Técnicas

Como técnicas e instrumentos metodológicos foram utilizados o Roteiro de

estudo de caso (APÊNDICE II), um questionário semi-estruturado com questões

que versavam sobre o universo da formação em saúde mental, a abordagem dos

sujeitos através do TCLE.

4.9 Resultados e discussão

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Com o objetivo de conhecer as representações sobre a formação do

técnico de enfermagem face à Reforma Psiquiátrica, agrupou-se os discursos em

5 temas, dos quais se subdividiam em ideias centrais.

Vale a reflexão que o DSC é um discurso-síntese elaborado com partes de

discursos de sentido semelhante, por meio de procedimentos sistemáticos e

padronizados. Ele representa uma mudança nas pesquisas qualitativas porque

permitem que se conheçam os pensamentos, representações, crenças e valores

de uma coletividade sobre um determinado tema utilizando-se de métodos

científicos.

Ao analisar os questionários apresentaram-se como dados

sóciodemograficos dos sujeitos abordados: no que se refere ao sexo, 22 são do

sexo feminino e 8 do sexo masculino; quanto à idade, 23 pessoas estavam entre

19 e 35 anos e apenas 7 pessoas entre 36 e 55 anos; quanto a experiência

profissional na área da saúde, 17 pessoas possuem, 2 não possuem e 11 não

responderam. Por fim quanto à experiência ou convivência com portador de

transtorno mental 26 responderam já ter vivenciado e 4 responderam que não.

Portanto os dados revelaram uma predominância de mulheres no curso

técnico em enfermagem, sendo a maioria relativamente jovem e com alguma

experiência profissional na área da saúde.

Na seqüência apresentam-se os temas que tiveram como ancoragem o

ensino de saúde mental no curso técnico em enfermagem voltado aos princípios

da Reforma Psiquiátrica.

Tema 1 – Conhecimento sobre a Reforma Psiquiátrica

A - Foco nos cuidados em Instituição Psiquiátrica;

(E1, E5, E6, E8, E11, E12, E13, E19, E20, E21, E23, E24, E25, E26, E28,

E30)

É a tentativa de melhoria no tratamento e possível retorno do doente ao convívio da família... É levar o paciente e tentar incluir ele novamente na sociedade... Foi em mais ou menos 1994 quando foi solicitado recuperação do doente mental e não sua exclusão, depois da reforma os pacientes foram tratados e inseridos novamente na sociedade... A reforma vem ser tirar a visão manicomial dos hospitais psiquiátricos e incluir o paciente na sociedade... Foi uma reforma nas leis referente aos cuidados prestados aos doentes mentais, principalmente aos procedimentos e a finalidade da reabilitação... Refere de como eram

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vistos e tratados paciente com transtorno, com a reforma isso por certo teve uma outra visão (eram tratados de forma desumana)... Foi quando o paciente passou a ser tratado como um ser humano com transtorno mental... É o não internamento dos pacientes com transtorno mental em hospitais psiquiátricos... Foi quando o ser humano passou a ser tratado como ser humano, com dor e sentimentos... Antigamente a reforma psiquiátrica era excluída da sociedade e chegou a reforma para inserir ela na sociedade... Foi a partir dessa reforma que o “enfermeiro” passou a ver o paciente como um ser humano. Devolve-lo a sociedade... Que houve uma reforma para eles voltarem ao convívio na sociedade... Quando os manicômios foram desativados passando para hospitais especializados prestando serviços como um ser humano e não para qualquer pessoa... Eu acho que no Brasil poderia ter outra reforma, muito dos hospitais são desumanos ainda... Foi explicado que antigamente o tratamento para os pacientes era desumano e depois da reforma o tratamento toma outro rumo; melhorando e muito o atendimento... É a não internação de pessoas que apresente distúrbio mental.

B – Serviços substitutivos ao modelo hospital, centrado no CAPS;

(E07, E9, E14, E15, E16, E17, E18, E29,)

Foi quando se proibiram e extinguiram os manicômios e se construiu os projetos de CAPs e NAPs...Veio para mudar a saúde mental por que antigamente os pacientes eram tratados como animais, com a reforma psiquiátrica veio os CAPs I, CAPs II e CAPs III...São ações realizadas para a inclusão do PTM na sociedade, sem preconceito... Foi quando extinguiram os hospitais psiquiátricos e criaram as casas de recuperação como os NAPs e CAPs... Foi criado os NAPs e CAPs para não precisar da internação em manicômios... O paciente com transtorno mental é tratado com mais dignidade, através das terapias, boa alimentação, com carinho e cuidados adequados. (CAPs)... Aonde os pacientes não seriam mais hospitalizados e sim inseridos na sociedade, através de residências terapêuticas... Caráter democrático contando com participação ativa e efetiva dos usuários de serviços de saúde mental, seus familiares.

De acordo com os discursos dos estudantes entende-se que há a

necessidade da realização de uma remontagem dos conhecimentos que esses

têm sobre a Reforma Psiquiátrica, pois compreendem a reforma apenas como

desinstitucionalizar o portador de transtorno psíquico e devolvê-lo à sociedade. E

nesse sentido entende-se que esses desconhecem os serviços substitutivos e

suas finalidades no que tange o processo de cuidado do portador de transtorno

psíquico na APS, o que viabilizaria a revisão dos referenciais teóricos

fundamentais para motivar e propiciar a visão destes quanto à renovação de um

olhar histórico crítico sobre os paradigmas do saber e a prática da assistência

psiquiátrica.

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Sanduvette (2001, p. 179,) adverte que:

O impacto da reforma psiquiátrica sobre a questão da cidadania foi o de “promover (criando condições para que os pacientes fossem “vistos” de outro modo, e para que se reconstruísse as rotinas cotidianas) as possibilidades de resgate de sua dignidade e auto-estima” Prossegue a autora que este resgate é “condição para que eles próprios se autorizassem a (re)inclusão na própria organização, na comunidade e na sociedade.”

Neste momento faz-se necessária a compreensão sobre a formação profissional,

sendo esta crucial para o entendimento do processo da Reforma Psiquiátrica, que

perpassa os muros hospitalares e avança para além dos CAPS. Percebe-se que

quando o ensino é fragmentado, dissociando a prática da teoria, não ocorre a

devido fixação e compreensão do conhecimento teórico, pois o mesmo não é

contextualizado. Existe a necessidade expressa de mudança nas metodologias de

ensino.

Tema 2 – Cuidado realizado ao portador de transtorno psíquico

A – Cuidado biológico/modelo biomédico.

(E1, E19, E30)

Cuidados com paciente... Observação e conhecer cada tipo de transtorno de cada paciente... Saber observar as mudanças de comportamento durante o tratamento.

B – Cuidado biopsicossocial;

(E2, E3, E4, E5, E6, E7, E8, E9, E10, E11, E12, E13, E14, E15, E16, E17,

E18, E20, E21, E24, E25, E26, E27, E28, E29)

O respeito para com o cliente, tratamento humanizado. Respeitar os limites do cliente... Prestar cuidados com esse paciente e saber entender e tratá-lo com respeito, dar apoio psicológico... Atenção, cuidado individual e a reabilitação psicossocial... Ter muita paciência, estar ciente dos riscos e cuidados que devem ser levados em consideração... Tratar o paciente de forma humanizada, com compaixão e ética, uma vez que ele não tem noção do certo ou errado... Temos que ter em mente que uma pessoa com transtorno no mundo dela é normal, então temos que saber relevar, ter tolerância e ser humano, tentar auxiliá-la na melhor maneira possível... Paciência e atenção... Paciência... Trazer uma melhoria para o paciente, cuidado individual... O carinho, paciência, compreensão e principalmente se colocar no lugar do paciente... Trazer uma melhoria para ele e fazer com que ele melhore seu quadro e volte

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para sociedade... Conversar durante todo o período... É ter paciência com eles e dar carinho também... Cuidado, atenção, paciência, amor e dedicação... Humanização, ética, amor, atenção entre outros... É de extrema importância que o profissional goste do que faça. Então oferecer carinho ao paciente dever ser sempre o principal... Tratar ele bem, como deve ser com todas as pessoas... Inclusão na sociedade... Atenção total ao paciente e não tratá-lo como monstro. Respeito... Cuidar do portador de saúde mental é saber lidar com o paciente, dar assistência e apoio ao mesmo... Mostrar que ele pode confiar em você, sentir que é seu amigo, ganhar sua confiança... O tratamento igual ou pelo menos humano da parte do próximo, sem tratar a pessoa como se fosse um animal... É não excluir, tratar como se fosse um indivíduo normal... Paciência para com os doentes e os cuidados... Tratar com dignidade; respeito, priorizar a saúde como um todo, observação e avaliação das condições gerais do paciente, quanto ás lesões e piora do quadro... Paciência, atenção, humanização e ética.

No ensino de Enfermagem entende-se que há uma formação interligada

demasiadamente a teoria biologicista e na prática uma ambivalência entre

fundamentos e a finalidade da intervenção proposta, ou seja, a perspectiva de

intervenção não contempla os pressupostos da Reforma Psiquiátrica, mas

contempla a dialética do processo saúde doença. (BARROS e EGRY apud

BARROS, CLARO, 2011)

Dessa maneira Luchese e Barros, (2004) afirmam que há uma carência de

ir à busca de novos pressupostos pedagógicos para a concepção de competência

no aluno de enfermagem, frente às dificuldades percebidas neles para

impulsionar o aprendido diante de situações práticas vividas durante o ensino da

enfermagem psiquiátrica e saúde mental não apenas em âmbito institucional, mas

também nos dispositivos extra hospitalares.

Desta forma, o ensino de enfermagem em saúde mental não pode ficar

atrelado apenas aos aspectos patológicos, pois para contemplar os pressupostos

da Reforma Psiquiátrica há de se valer de projetos singulares que envolvem

várias áreas do saber e por isso a formação deve ser biopsicossocial.

(KANTORSKI et al.; 2005)

Tema 3 – Formação em Saúde Mental;

A – Formação biomédica/cuidados com o corpo biológico;

(E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7, E8, E9, E11, E12, E13, E14, E15, E16, E17,

E18, E19, E20, E21, E23, E24, E25, E26, E27, E28, E29,)

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Terapêutica com o tratamento, cuidados de enfermagem, cuidado na alimentação, vestimentas etc... Cuidados como auxílio na alimentação e

observação no comportamento... Assistência ao banho em pacientes acamados, mais orientação e ajuda aos que deambulam, auxílio na alimentação (dependentes), medicação e passeio em área verde do hospital... Banho, trocar de roupa e fralda e auxílio na alimentação... Passeios ao ar livre, acompanhamento na alimentação e ajuda na higienização... Trabalhos para melhorar a aparência (banho e passeio), entre outros. Posso dizer que o passeio é uma ajuda mental, ajuda tanto no físico quanto no mental... Passeios ao ar livre no território e recreação no NAT... Cuidados de higiene, passeio e recreação... Cuidados, recreação e assistência de enfermagem... Banho, alimentação, vacinação, sinais vitais e medicação... Banho, arrumação de cama, alimentação e passeio com os pacientes... Aferição de pressão arterial, dextro, banho e conversar com os pacientes... Higiene oral, banho, passeios dentro da unidade e alimentação... É auxiliar no cuidado com a higiene, nas dietas oferecidas, hidratação corporal e passeios recreativos... Banho, passeio com os pacientes, apoio psicológico, higiene oral, controle de sinais vitais etc... Passeio, banho, auxílio na alimentação... Dar banho, auxiliar na dieta e passear com o paciente... Auxiliar no banho, atividade de recreação, café da manhã, higienização dos dormitórios e apoio psicológico... Banho, alimentação, medicação recreação... Como estagiária cuidados com higiene pessoal e alimentação, medicações e conhecimento da patologia em que o transtorno foi instalado... Recreação e cuidados básicos... Controle de sinais vitais, auxiliar na alimentação e banho ajudando a ele desenvolver suas habilidades para ter mais autonomia... Todas as imagináveis, desde banho, alimentação, medicação, contenção física, apoio psicológico, paciência e orientações gerais... Observação no prontuário do paciente e histórico familiar... Estágio no Clemente Ferreira... Estágio no Clemente Ferreira, Estágio no Clemente Ferreira.

B – Formação biopsicossocial;

(E10, E22, E30)

Fazendo integração, desenvolvendo atividades e prestando afeto, carinho, escutar, compreender o paciente... Cuidados em geral com a saúde do paciente mental e social, tratar ele como um ser humano comum... O paciente deve ser tratado com muito carinho, pois na verdade ele sempre será uma “criança” grande.

Na enfermagem psiquiátrica o ensino é baseado pelo saber do médico, e

sua prática ocorre particularmente em ambiente hospitalar. O cuidado ao doente

mental é hegemônico onde se fundamenta em ações estritamente curativas. As

práticas assistenciais se fundem em ações econômicas, políticas e ideológicas

que de certa forma geram momentos conflitantes. Ações essas que são concretas

no ensino de enfermagem, onde o foco é a atenção. (BRAGA, SILVA, 2000)

As práticas em saúde são intimamente ligadas às praticas que a

enfermagem psiquiátrica desempenha, ocorrendo transformações na assistência

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para que esse processo ocorra de forma plausível. Sendo essas transformações

correlacionadas ao ensino e prática, onde o objetivo da assistência é o paciente,

para tentar torná-lo cada vez mais saudável, enfatizando sua dimensão subjetiva

e interpessoal. (BARROS et al.; 1999)

Portanto, é importante que haja uma relação entre o saber como

instrumento do cuidado e o modelo assistencial. Vários estudos apontam que há

uma divergência significante entre o saber e o fazer, onde implica que haja uma

reformulação nessas práticas, tanto em sala de aula, como em campos de

estágio, que vai ser onde o aluno colocará em prática o que aprendeu.

(REZENDE, 1986)

O profissional de enfermagem deve ser capaz de captar as necessidades

singulares de saúde, isto requer do profissional abertura para inclinar-se ao

usuário, para a escuta, para o estabelecimento de vínculo, de laços de confiança.

Implica acolher o outro, oferecer espaço para a fala e o diálogo, desenvolver um

relacionamento terapêutico, através das relações que vão além do diagnóstico e

prescrição de psicotrópicos, neste momento há de se valer das tecnologias leves.

Merhy et al (2002) lança mão da imagem de valises para analisar os

instrumentos de atuação profissional. Há uma valise de mão, onde estão os

equipamentos, que seriam as tecnologias duras; e outra valise que está na

cabeça, contendo os saberes estruturados, os conhecimentos técnicos, que

seriam as tecnologias leve-duras; uma terceira valise, a das relações, que está

entre o trabalhador e o usuário, com as tecnologias leves.

Portanto o território das tecnologias leves é um local fértil para a produção

de cuidado, a construção de vínculos, acolhimentos e responsabilizações.

Assim, uma assistência resolutiva, vai além da disponibilidade de

equipamentos e de diagnóstico-terapêutico, requer competência dos profissionais

nos aspectos técnico-científicos e também competência nos aspectos relacionais.

Tema 4 – Fatores sociais que influenciam o cuidar em saúde mental

A – Cidadania;

(E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7, E8, E9 E10, E11, E12 E13, E14, E15, E16,

E17 E18, E19, E20, E21, E22, E23, E24, E25, E26, E27, E28, E29, E30)

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Tratar com igualdade, trazê-lo para o convívio da população... Amar sua cidade, seu país... É saber compreender quando o doente precisa de sua ajuda e ajudá-lo... Ainda precisa muito ter apoio da sociedade... Independente do problema da pessoa tratar com igualdade... Volta do paciente na vida social da comunidade... É a pessoa cuidar do portador de saúde mental com todo carinho e atenção, pois eles são seres humanos e não bichos... Todos somos iguais e merecemos os mesmo direitos... Incluí-lo na sociedade... É como o ser humano deve ser tratado, como um cidadão com todos direitos e deveres... Igualdade, pois ele é um paciente como todos os outros e deve ser tratado com respeito e amor... Tratar com igualdade;... Hoje em dia há muitas pessoas que se importam e ajudam um paciente psiquiátrico... É bom eles conviverem com as pessoas fora dos hospitais psiquiátricos... Na maioria das vezes eles não são tratados como cidadão comum... Respeito; conscientização tanto do profissional com o paciente como do responsável pelo profissional... Pouco dos hospitais não tem este tópico... Ter bom convívio com as outras pessoas... Dever na sociedade... Não saber lidar com um portador de doença mental... Ter um convício na sociedade ter uma participação com as pessoas... Tratar o portador e deficiência mental com respeito e ser vivente... São tratados como se não fizessem parte da sociedade... Tratar todos iguais, mesmo com problemas mentais... Tratar os mesmos de forma humana, visando melhoria física, mental e social... É a forma como as pessoas devem tratar os pacientes, com respeito ao ser humano... Restrita/ há uma perda da prática dos atos comuns... Estamos longe de o doente mental desenvolver cidadania... Uma sociedade com muito preconceito e sem conhecimento... Ter respeito, saber que seus direitos terminam onde começam o do outro.

B – Preconceito

(E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7, E8, E9 E10, E11, E12 E13, E14, E15, E16,

E17 E18, E19, E20, E21, E22, E23, E24, E25, E26, E27, E28, E29, E30)

Apelido, brincadeiras... Quando você avalia uma pessoa antes de conhecê-la, ou se antipatize por ela... É muito ruim... Existe todo tipo, pessoas tem medo de chegar perto... Um erro do ser humano, pois não sabemos o dia de amanhã... Acabar com o preconceito principalmente existente na família... É você se afastar, fazer pouco caso de um portador de saúde mental, quem tem preconceito é uma pessoa sem caráter... Uma coisa muito ruim existente na sociedade... Um tratamento desumano... É um pré-conceito, deveria abrir novas oportunidades, pois todos merecem uma oportunidade... Um crime, pois esses pacientes são os que mais precisam de cuidados e ajuda... Apelidos, serem tratados como bicho... Ainda existe muito preconceito com paciente psiquiátrico... As pessoas têm preconceito sim... Existe muito preconceito e medo... Tratamento desigual, receio do profissional... Ainda existe no meio da população... Pessoas que não tem conhecimento de si próprio... Não tratar pacientes que apresentam quadros psiquiátricos... Existe muito... Existe por uma exclusão no convívio com outras pessoas... É tratar o paciente como um animal ou monstro... Medo, e quando você faz uma avaliação antes de conhecer a pessoa... É muito grande, mas temos que tentar minimizar todos os tipos de preconceito... Receio de se integrar com o paciente, tratando-o de forma desigual... É que ainda infelizmente prevalece na sociedade... Ainda possui muito, porém vem diminuindo com a inclusão social... Ainda existe, por falta de conhecimento... Um ato

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totalmente desconsiderável... A pior atitude do mundo existente no momento.

C- Exclusão;

(E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7, E8, E9 E10, E11, E12 E13, E14, E15, E16,

E17 E18, E19, E20, E21, E22, E23, E24, E25, E26, E27, E28, E29, E30)

Excluir o indivíduo da sociedade... Quando você sem motivo retira uma pessoa do seu grupo ou convívio... Totalmente excluído ate mesmo pelos familiares... Não deveria existir, pois um tratamento bem feito com um acompanhante ele pode sim voltar à cidade e ser como todos (normal)... Atividades para que o paciente volte a ter confiança em si próprio... Você sair de perto, excluir o portador de alguma tarefa, fazer pouco caso de um portador de saúde mental... É um preconceito muito grave causado pela sociedade... Não excluir ou banir da sociedade e ajudá-lo a interagir com a sociedade... Deveria acabar, pois todos merecemos crescer, ter novas oportunidades... Uma atitude inaceitável, pois nunca, jamais deve-se excluir um “paciente” seja por qualquer motivo... Excluir o indivíduo da sociedade... Mesmo em tempos de hoje, famílias do paciente preferem excluí-los da população... Não pode excluir eles, são pessoas igual a gente... Os pacientes com transtorno mental são excluídos da sociedade pela maioria dos cidadãos... É excluir o paciente de atividades como todos podem fazer... Muitos ainda não são aceitos no meio da sociedade... Não saber entender e compreender as pessoas, pensando ser diferentes de outras... Não excluir de atividades que possam melhorar seu quadro... Não deveria de haver, mas tem, população sente medo... Ainda existe... É colocar o paciente em um hospital psiquiátrico e esquecê-lo lá... São considerados excluídos da sociedade... Atrapalha o portador de transtorno mental ter uma melhora... Excluindo o paciente, desmotivando-o, como se não fosse capaz de algo, tirando-o de atividades etc... Ainda é um dos principais problemas na saúde mental, onde os primeiros a excluírem o paciente são os próprios familiares... É um fato que mesmo com a inclusão social vem crescendo... Tem que ser trabalhado na sociedade por que ainda existe... Um assunto que deveria ser seriamente discutido com a sociedade... Se fizer superior aos outros, falta de Deus no coração.

Como observado nos discursos, os estudantes de enfermagem tem

conceitos diferentes sobre preconceito e exclusão, porém é inegável que grande

parte destes perpassam o campo de saúde mental, ou seja, a maioria dos

entrevistados correlacionam estes conceitos com os estigmas e sofrimentos dos

portadores de transtornos mentais e compreendem a cidadania como uma porta

para a liberdade do sujeito que se “apagou” no longo do tempo dentro de

instituições psiquiátricas, colocando esta sob responsabilidade da enfermagem

quando praticam uma assistência digna, integral e respeitosa. Vale ressaltar que

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alguns apontam as dificuldades para o alcance da cidadania em saúde mental,

demonstrando até certa descrença desta possibilidade.

Diante o que é proposto pela Reforma Psiquiátrica, nota-se que a exclusão

de doentes mentais é tema de grande discussão ainda. Mesmo que a Reforma

proponha a inclusão desses pacientes a construção de um novo conceito de

cidadania para esses pacientes implica que haja a preservação de suas

especificidades e subjetividades que a condição de humano apresenta. (LEAL,

DELGADO, 2007)

Dessa maneira, a questão de inclusão de pacientes com transtorno mental,

gera desafios a serem superados para aqueles que estão intimamente ligados a

essa assistência, sendo esses os profissionais, usuários e sua família, bem como

os gestores dos serviços do SUS. (JUNIOR e MATTOS, 2007)

Com a Reforma Psiquiátrica os pacientes que são atendidos estão

resguardados pelas leis e diretrizes da política de saúde mental. Onde esse

tratamento busca a desospitalização, ou seja, retirá-los dos hospitais e

reintroduzi-los na sociedade, haja vista, que é um cidadão comum, onde deve

exercer seus direitos e deveres, embora seja um portador de transtorno psíquico,

isso não é motivo para que ele não possa ter uma cidadania e exercê-la perante

todos. (DALLARI, 1998)

A constituição federal de 1988 traz em sua legislação, quais são os direitos

que todos temos inclusive um portador de doença mental, sendo esses os direitos

sociais, como saúde, trabalho, educação, moradia, proteção à maternidade e à

infância, segurança, lazer, previdência social e assistência aos desamparados. É

importante o entendimento que a cidadania faz parte de qualquer processo, e é

fundamental no processo de cuidar. A cidadania já expressa um direito em si,

onde soma direitos negativos como não ser excluído e direitos positivos como ser

atendido nos serviços de saúde. (BRASIL, 1999)

Desta forma há de se considerar novos espaços de formação profissional,

que rompam a exclusão e preconceito e favoreçam o resgate da cidadania,

lembrando que esta se inviabiliza nos muros hospitalares. O processo de ensino

aprendizagem deve galgar novos espaços, principalmente os dispositivos extra-

hospitalares, com base territorial.

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A necessidade do ensino como ferramenta de trabalho é importante para

que haja transformação no processo de ensinar em saúde mental, pois os

estudantes devem desenvolver competências e habilidades para cuidar.

Para que isso ocorra, é necessário que o estudante conviva nos diversos

espaços de atenção em saúde mental, visando orientar o aprendizado em vários

eixos que esta abrange. (FERNANDES et al.; 2009, SOARES et al.; 2010)

Tema 5 – Relação teoria-prática na disciplina de saúde mental

A – A disciplina de saúde mental teve correlação com a prática;

(E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7, E8, E9, E10, E11, E12, E14, E13, E15, E16,

E17, E18, E19, E20, E21, E22, E24)

Sim... Sim... Sim... Sim... Sim... Sim... Sim... Sim, o objetivo maior hoje em dia é educar o paciente e devolver a sociedade... Sim, me ajudou a lidar com diversas situações envolvendo o comportamento do paciente... Sim, ajudou muito por que podemos vivenciar o que nos foi ensinado na sala de aula... É uma boa ação para o portador e para sociedade, pois o portador precisa conviver na sociedade para poder ajudar cada vez mais na sua recuperação a reabilitação psicossocial e muito importante para saúde mental... Sim, gostei muito, em minha opinião todos temos o direito de viver uma vida livre, eles também tem capacidade para isso basta ter uma pessoa para ajudá-los... A reabilitação é muito importante para diminuir a exclusão social... Sim, através de palestras, orientações da professora de estágio quanto às medidas tomadas nessa instituição para a reforma, e as atitudes já realizadas... Sim, ensinou como os profissionais da área se preocupam com essa questão da Reforma Psiquiátrica e como o poder público está tratando essas pessoas... Sim, hoje sei que os pacientes sofreram muito e muito já mudou e muito ainda vai mudar para melhorar a vida dos pacientes... Sim, sei que eles sofreram muito na antiguidade e hoje eles têm uma qualidade de vida e nós profissionais da saúde podemos colaborar com isso... Sim, mostrou que o paciente é um ser que como todos os outros precisam de cuidados especiais e específicos... Sim, Foi muito importante para reafirmar meus conceitos voltados para cuidados humanizados... Sim, o objetivo da reforma vem ser a reabilitação e eu como estudante tive que tomar conhecimento... Sim, referente ao que aprendemos e praticamos em campo de estágio podemos ver resultados da Reforma Psiquiátrica.

B – Pouco tempo de estágio/ melhorar as ações para Reforma psiquiátrica;

(E27, E28, E29, E30)

Sim, consegui adquirir conhecimentos nessa área apesar de pouco tempo de estágio... De certa forma sim, porém na prática o estágio oferece pouco tempo na disciplina, mas deu para adquirir uma noção... A Reforma foi uma coisa boa, mas precisa muito ainda para ser ideal... Sim, mas ainda tem que melhorar em algumas partes.

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Os discursos em sua maioria demonstraram que os alunos estavam

satisfeitos com os estágios supervisionados, momento este de prática com a

interlocução do conhecimento teórico, expressaram também que neste espaço de

aprendizagem foi possível verificar a Reforma Psiquiátrica. É inegável que

avanços ocorreram, porém é necessário refletir que os alunos vislumbraram as

práticas de estágios no modelo hospitalocêntrico, realizando cuidados básicos

como higiene e alimentação. No entanto, por conta das práticas de ensino ainda

ser vivida somente em hospitais psiquiátricos, o ensino em enfermagem não

contempla integralmente com o que a Reforma Psiquiátrica exige, implicando num

cuidado fragmentado, que por sua vez enfatiza a diferença que há entre teoria e

prática desses alunos. Uma vez que, dentre as disciplinas que os cursos têm

abrangido, não há especificamente o de Reforma Psiquiátrica. (KANTORSKI,

SILVA 2001)

Entretanto, o SUS passa por desafios ao se tratar no cuidar da

enfermagem na saúde mental, pois em sua essência é complexo e envolve seus

princípios como a integralidade. Há necessidade que haja uma busca de como o

cuidado é ensinado, e em que contexto é embasado, quer seja teórico-

metodológico, científico-político ou ideológico.

É importante que haja clareza nesses contextos, pois o ensino deve ser

voltado para a libertação do aluno no momento em que ele está se preparando

para essa formação. A saúde mental como campo de conhecimento e a

enfermagem como disciplina, se conectam como algo novo e em construção.

(RODRIGUES, SANTOS, SPRICCIGO, 2012)

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PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

O ensino do cuidado de enfermagem em saúde mental, enquanto

dimensão da integralidade em saúde, norteado pela reforma curricular, pela

Reforma Psiquiátrica, pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) e orientado

pelo paradigma de atenção psicossocial, enfrenta o desafio de integrar o campo

da saúde mental com o campo da saúde coletiva, desta forma sugerimos que haja

cada vez mais articulação da prática com a teoria e pensamento crítico/analítico

do aluno, reavaliação do componente curricular de Saúde mental, na grade do

curso técnico em enfermagem e também repensar o campo de estágio para além

do hospital psiquiátrico, repensando as RAPS que incluem ações de saúde

mental na atenção básica, principalmente na ESF.

Sugerimos também a sensibilização dos alunos através de filmes da área

da saúde mental, que mostrem a reversão do modelo psiquiátrico para além da

internação e posteriormente espaços de discussão sobre o processo da Reforma

Psiquiátrica

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CONCLUSÃO

Nesse caminhar reflexivo pelo universo da loucura, seus saberes e

práticas, constatamos que a realidade que se apresenta carece de mudanças

radicais e urgentes, na tentativa de corrigir distorções que se arrastam através da

história. Reconhecer os determinantes histórico-sociais e econômicos dessa

prática é fundamental na busca de soluções que se mostrem mais adequadas,

expondo pontos de partida em direção à construção de novos saberes e práticas.

O resgate da cidadania do doente mental deverá ser uma conquista em todos os

espaços sociais, rompendo-se os grilhões da exclusão/segregação a que vem

sendo submetido secularmente. A participação da enfermagem nesse processo

(já irreversível) poderá fazer a diferença, em busca da utopia de construir uma

prática mais digna, em que o homem seja visto em seu todo, como ator social e

construtor de sua própria história e da história do seu tempo.

A realização desse trabalho trouxe em reflexão vários pontos importantes,

mesmo com o que a Reforma Psiquiátrica propõe, pode-se perceber que a

assistência que os portadores de um transtorno psíquico recebem está longe de

ser a ideal, pois o que os estudantes aprendem não pode ser realizado na prática,

por que as práticas de estágios não saíram dos hospitais psiquiátricos ainda.

Portanto é necessária uma reformulação dentro dos centros de ensino que são

responsáveis pela formação dos profissionais em enfermagem, e que haja

também atuação em todos os campos que abrangem os pacientes psiquiátricos.

Vale refletir sobre uma inquietação, referente ao déficit de conhecimentos

dos sujeitos da pesquisa sobre o que de fato abrange a Reforma Psiquiátrica,

realidade esta dada pela incongruência das respostas obtidas e cuidados que são

realizados em campos de estágio frente ao compreender que o consenso da

Reforma Psiquiátrica é realizar uma verdadeira mudança no que tange saberes e

práticas. E no que se refere aos aspectos de assistência frente os novos modelos

de atenção psicossocial, precisa-se de profissionais que saibam realizar técnicas,

porém sejam dotados de capacidade de reflexão crítica, criatividade, e

compromisso com a cidadania e que envolvam-se na realização da prática de

cuidado para que com essa assistência obtenha-se transformações para todos os

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envolvidos. Em virtude dos dados mencionados, entende-se que a formação

desses profissionais no campo da saúde mental precisa ter como objetivo a

reformulação das práticas, que essas sejam menos biologicista, mas permeiem a

dimensão do desinstitucionalizar e que tenham ênfase em medidas de promoção,

prevenção e reabilitação, ainda considerando as dimensões sociais, econômicas

e culturais dessa população.

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APÊNDICES

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APÊNDICE I – Questionário

I - Dados de Identificação

Idade: _____Sexo:___________Formação:_____________________________

Experiência profissional na área da saúde:_____________________________

Experiência ou convivência com portador de transtorno mental: ( ) SIM ( ) NÃO

II – Perguntas Específicas:

1 – Você já ouviu falar em Reforma Psiquiátrica?

( ) Sim , Explique.

_________________________________________________________________________

____________________________________________________

( ) Não.

2 – Como você identifica uma pessoa portadora de transtorno psíquico?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

___________________________________________

3 - Qual sua percepção em relação ao cuidado ofertado ao paciente na assistência em

saúde mental?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

___________________________________________

4 - O que você considera relevante frente ao cuidar em saúde mental?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

___________________________________________

5- O que você entende por:

Cidadania:______________________________________________________

Preconceito:_____________________________________________________

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Exclusão:_________________________________________________________________

_____________________________________________________

6- A disciplina de saúde mental (teórica e prática) contemplou os conceitos da Reforma

Psiquiátrica e lhe preparou para a Reabilitação Psicossocial?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

____________________________________________

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APÊNDICE II - Roteiro de Estudo de Caso

O principal objetivo do estudo de caso será demonstrar as concepções dos

estudantes de enfermagem sobre o cuidar em saúde mental para a reabilitação

psicossocial. Utilizaremos a técnica de aplicação de questionário semi-

estruturado. Com isto esperamos garantir a uniformidade de entendimento dos

entrevistados.

1 Relato do trabalho realizado referente ao estudo.

A) Será realizado um estudo que se caracteriza como descritivo com

abordagem quantitativa e qualitativa, utilizando a técnica de aplicação de

questionário.

B) O depoimento será analisado através do questionário semi-estruturado

aplicado nos alunos que estão cursando o 4º ciclo do curso técnico em

enfermagem, referentes a disciplina de saúde mental.

2 Parecer final sobre o caso.

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ANEXOS

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ANEXO A – Declarações – Termo de Responsabilidade das Instituições

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ANEXO B - Parecer Consubstanciado do CEP

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ANEXO C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA – CEP / UniSALESIANO

(Resolução nº 01 de 13/06/98 – CNS)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO ALUNO

1. Nome do Aluno:

Documento de Identidade nº Sexo: Data de Nascimento:

Endereço: Cidade: U.F.

Telefone: CEP:

II – DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA

Título: Concepções de estudantes de enfermagem sobre o cuidar em saúde mental para a

Reabilitação Psicossocial.

1. Pesquisador responsável: TAÍS FERNANDA MAIMONI CONTIERI SANTANA

Cargo/função:

Docente

Inscr.Cons.Regional:

109443/SP

Unidade ou Departamento do Solicitante:

Enfermagem

3. Avaliação do risco da pesquisa: (probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano como

conseqüência imediata ou tardia do estudo).

SEM RISCO RISCO MÍNIMO RISCO MÉDIO RISCO MAIOR

4. Justificativa e os objetivos da pesquisa: O que se espera da reforma psiquiátrica não é simplesmente a transferência do doente mental

para fora dos muros do hospital, “confinando-o” à vida em casa, aos cuidados de quem puder

assisti-lo ou entregue à própria sorte. Espera-se, muito mais, o resgate ou o estabelecimento da

cidadania do doente mental, o respeito a sua singularidade e subjetividade, tornando-o sujeito de

seu próprio tratamento sem a idéia de cura como o único horizonte. Espera-se, assim, a

autonomia e a reintegração do sujeito à família e à sociedade”. (GONÇALVES e SENNA, 2001 p.51)

Diante ao exposto esta pesquisa se justifica uma vez que há uma tendência ao crescimento

acentuado de portadores de transtornos psíquicos, fazendo-se necessário a criação ou

reformulação do cuidar, principalmente aquele cuidado que é ofertado intimamente e

diretamente aos pacientes. No Brasil, estudos nacionais e estrangeiros indicam uma estimativa

de 32 a 50 milhões de pessoas com algum transtorno mental, sendo que as doenças mentais

graves e persistentes atingem 6 e 3,1% dos brasileiros respectivamente. Já a prevalência de

transtornos mentais, para toda a vida, aponta os transtornos de ansiedade, estados fóbicos,

x

x

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transtornos depressivos e a dependência ao álcool como os mais frequentes, nessa população.

(MELLO, MELLO e KOHN, 2007). Os dados acima reforçam a necessidade de pesquisas na área de

saúde mental, que possam colaborar com o acolhimento e com o cuidado nos princípios da

Reforma Psiquiátrica. É no acolhimento do sujeito, com sua história de vida, no contexto

biopsicossocial e político cultural, que os profissionais de saúde oferecem uma intervenção

terapêutica, pois o acolher, o ouvir e intervir por meio de instrumentos e ações que possibilitem a

reabilitação do paciente visa buscar a construção de uma melhor qualidade de vida.

Objetivos

Conhecer as representações de alunos de curso técnico em enfermagem sobre o cuidar

em saúde mental para a reabilitação psicossocial;

Identificar as ações dos alunos nos estágios supervisionados com as propostas da reforma

psiquiátrica;

Compreender as ações desenvolvidas frente ao cuidar, no modelo de atenção

psicossocial.

Desvelar os conceitos de exclusão, preconceitos e cidadania na ótica dos alunos.

5. Procedimentos que serão utilizados e propósitos, incluindo a identificação dos procedimentos que são experimentais:

Não se aplica

6. Desconfortos e riscos esperados:

Obstáculos quanto a dificuldades que possam emergir no contato com os sujeitos da pesquisa.

7. Benefícios que poderão ser obtidos:

Compreender a formação do aluno técnico em enfermagem na disciplina de saúde mental

relacionando-a com as propostas da reforma psiquiátrica e a partir desta propor uma nova

metodologia baseada na formação crítico-reflexiva e colaborar na reformulação das bases

tecnológicas voltadas não apenas para as doenças como também para o cuidar e reabilitar.

8. Procedimentos alternativos que possam ser vantajosos para o indivíduo:

Não se aplica.

9. Duração da pesquisa: 05 meses após a aprovação do Comitê de Ética.

10. Aprovação do Protocolo de pesquisa pelo Comitê de Ética para análise de projetos de

pesquisa em / /

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III - EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL

1. Recebi esclarecimentos sobre a garantia de resposta a qualquer pergunta, a qualquer dúvida acerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos relacionados com a pesquisa e o tratamento do indivíduo.

2. Recebi esclarecimentos sobre a liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e

deixar de participar no estudo, sem que isto traga prejuízo à continuação de meu tratamento.

3. Recebi esclarecimento sobre o compromisso de que minha identificação se manterá confidencial tanto quanto a informação relacionada com a minha privacidade.

4. Recebi esclarecimento sobre a disposição e o compromisso de receber informações obtidas

durante o estudo, quando solicitadas, ainda que possa afetar minha vontade de continuar

participando da pesquisa.

5. Recebi esclarecimento sobre a disponibilidade de assistência no caso de complicações e danos

decorrentes da pesquisa.

Observações complementares.

IV – CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO Declaro que, após ter sido convenientemente esclarecido (a) pelo pesquisador responsável e assistentes, conforme registro nos itens 1 a 6 do inciso III, consinto em participar, na qualidade de estudante, do Projeto de Pesquisa referido no inciso II. ________________________________ Local, / / .

Assinatura

____________________________________

Testemunha

Nome:

Endereço:

Telefone:

RG;

____________________________________

Testemunha

Nome:

Endereço:

Telefone:

RG:

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ANEXO D- Grade Curricular do Curso Técnico em Enfermagem

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