concepção do gênero ofício em manuais oficiais de redação
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Concepção do Gênero Ofício em Manuais Oficiais de
Redação
Ismael Alves (PIBIC/UFPI)Beatrice Monteiro (PIBIC/CNPq)Orientador: Prof. Dr. Francisco Alves Filho
Embasamento teórico
• Miller (2009) Gênero como ação social
Embasamento teórico
• Swales e Askehave (2001) Propósito comunicativo do
gênero
Embasamento teórico
• Bhatia (1997b) Integridade genérica x
Tendência para a inovação
Objetivos
• Investigar as concepções de gênero veiculadas pelos Manuais Oficiais de Redação;
• Analisar as relações entre as concepções de ofício dos Manuais e as práticas reais de comunicação.
Procedimentos metodológicos
• Coleta e seleção de Manuais Oficiais de Redação;
• Análise dos Manuais da Presidência e do Governo do Estado do Piauí;
• Análise de um corpus de 60 ofícios;• Comparação dos ofícios reais com o que
é preconizado pelos Manuais Oficiais.
Definição de Ofício pelos Manuais
• Presidência: “Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial
praticamente idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso é expedido exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma hierarquia, ao passo que o ofício é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos têm como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e, no caso do ofício, também com particulares.”
• Governo do Piauí: “Correspondência destinada ao trato de assuntos do interesse dos
órgão e entidades do Governo Estadual, utilizada para formalizar a comunicação com dirigentes e demais autoridades de outras instituições, sejam elas públicas ou privadas, e com particulares.”
Aspectos observados pelos Manuais
• A abordagem dos Manuais sobre o gênero ofício foca-se em aspectos gráficos (como tipo e tamanho de fonte), diagramacionais (como espaçamento e margeamento) e em elementos estruturais.
Aspectos ignorados pelos Manuais
• Os manuais não trazem explicações acerca de que demandas situacionais requerem o uso do ofício;
• Depreende-se que os manuais não concebem o gênero como respostas a necessidades socio-comunicativas.
Análise do corpus de ofícios
• Propósitos comunicativos identificados:
Propósito Comunicativo Nº de OcorrênciasEncaminhar algo / alguém 26
Solicitar algo 21
Prestar informações 03
Fazer um convite 03
Devolver algo (Documento) 02
Louvar iniciativa 01
Elementos preconizados para o gênero ofício pelo Manual do Governo do Estado do Piauí
• Denominação do ato, sigla e número do ofício;• Local e data;• Vocativo;• Corpo do texto;• Fecho;• Identificação do emitente (nome e cargo);• Identificação do destinatário.
• Análise de aspectos estruturais:
Elemento Nº de Ocorrência
Timbre 43/60
Cabeçalho 49/60
Local e data 59/60
Identificação do Ofício 48/60
Vocativo 58/60
Fechamento 43/60
Nome do emitente 60/60
Cargo do emitente 58/60
Nome do destinatário 43/60
Cargo do destinatário 49/60
Aspectos dos Ofícios que divergem daquilo que preconiza o Manual
• Uso de fechos não-recomendados pelos Manuais;
• Ausência de identificação da sigla e do ano;
• O uso do ofício para comunicação interna.
Um exemplo real de ofício
• Presença de subjetividade;
• Ausência de brevidade no texto;
• Intenção velada do emitente.
Considerações finais
• Enquanto a teoria retórica atual compreende os gêneros como entidades dinâmicas de natureza social, orientadas para a realização de propósitos comunicativos, os Manuais concebem os gêneros como formas enrijecidas, de caráter burocrático;
Considerações finais
• Como afirma Bhatia (1997b), a recorrência de situações retóricas gera uma certa estabilidade na forma do gênero: o contexto burocrático no qual se produz o gênero ofício influencia na própria construção do texto.
Referências Bibliográficas
• ASKEHAVE, Inger; SWALES, John M. Identificação de gênero e propósito comunicativo: um problema e uma possível solução. In: BEZERRA, Benedito Gomes; BIASI-RODRIGUES, Bernadete; CAVALCANTE, Mônica Magalhães (Org.). Gêneros e seqüências textuais. Recife: Edupe, 2009. p. 221-247;
• BHATIA, Vijay K. A análise de gêneros hoje. In: BEZERRA, Benedito Gomes; BIASI-RODRIGUES, Bernadete; CAVALCANTE, Mônica Magalhães (Org.). Gêneros e seqüências textuais. Recife: Edupe, 2009. p. 159-195;
• MILLER, Carolyn R. Gênero como ação social. In: DIONÍSIO, Ângela Paiva; HOFFNAGEL, Judith Chambliss (Org.). Estudos sobre gênero textual, agência e tecnologia. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2009. p. 21-44.