conceitos básicos sobre estatuto da criança e do adolescente

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  • 7/21/2019 Conceitos bsicos sobre Estatuto da Criana e do Adolescente

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    Conceitos bsicos sobre Estatuto da Criana e do Adolescente

    Estatuto da Criana e do Adolescente

    Conceitos Bsicos.

    O Estatuto da Criana e do adolescente um microssistema legislativo e pode

    ser dividido em trs principais formas de garantias:

    Sistema Primrio, Secundrio e tercirio de Garantias.

    At 1990 o diploma que regia os direitos dos menores era o Cdigo de

    Menores. Baseado na doutrina da Situao irregular. A Constituio Federal de

    88 trouxe o princpio da proteo integral que, atualmente, rege o ECA. Este

    princpio s foi reconhecido em mbito internacional em 1989 na Assembleia

    da ONU, porm os constituintes originrios se adiantaram e j em 1988 ele foi

    inserido na CF, no art. 226.

    O Conceito de Princpio de Proteo integral: Na lei no h o conceito. Apenas

    diz que o princpio da proteo integral o norte do ECA. A CF atribui

    responsabilidades e elenca os direitos mas no conceitua proteo integral.

    Podemos conceituar como uma garantia dada a todas as crianas e

    adolescentes como possuidores de todos os direitos dados aos adultos, porm,

    de forma que sejam cumpridos com prioridade. Criando ainda o papel de

    responsveis por garantir esses direitos. Famlia, sociedade, Comunidade emgeral e o Estado.

    A lei 12010, chamada de nova lei de adoo, trata de vrios assuntos sobre

    adoo, no estando limitada a apenas esse assunto. O nome mais prprio

    seria a nova lei de convivncia familiar e comunitria. Aproveito para deixar

    claro que convivncia familiar no apenas a colocao em famlia substituta

    ou a adoo e sim a tentativa de manter a criana ou adolescente em sua

    famlia. A lei 12010 alterou inclusive o sistema recursal da lei de adoo.

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    No que tange aos garantidores, a responsabilidade, segundo os autores

    consagrados, prioritria do Estado, ou seja, o principal responsvel o

    Estado. Sempre que se aplicar medida de proteo ou na atuao do

    magistrado deve ser trazida a responsabilidade parental, porm, o principal

    responsvel o Estado. Pelo conceito de proteo integral, os responsveis

    so, o Estado, Famlia, Sociedade e comunidade em geral. Alguns autores

    alegam a necessidade de existir um quarto sistema de proteo, que eles

    chamam de sistema de responsabilizao. Este, por sua vez, teria o condo de

    obrigar o cumprimento das garantias da criana e do adolescente.Os sistemas de garantia so:

    Sistema primrio Garantias fundamentais, principais criana e

    adolescente. Art. 4 do ECA.Direito vida, Direito educao, direito a convivncia familiar e comunitria..

    Tentativa exaustiva de manuteno da criana sua famlia.

    Garantia da absoluta Prioridade. Gera uma obrigao aos entes pblicos de

    cuidar das questes da infncia e adolescncia com prioridade. Crianas e

    adolescentes tm tratamento com primazia, preferncia e prioridade. Verbas

    destinadas infncia, juventude, prestao de socorro e outros direitos, devem

    ter prioridade para as crianas e adolescentes. Entre um adulto e uma criana,

    o direito da criana deve prevalecer. Por isso se diz que o Estado o

    responsvel principal.

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    Sistema Secundrio: Art. 101 do ECA. Elenca as medidas de proteo. S se

    aciona quando o sistema primrio no vier a ser respeitado. Medidas de

    proteo surgem do Sistema secundrio. Sobre as medidas de proteo, havia

    uma chamada abrigamento. Hoje no existe mais, sendo substituda pelo

    acolhimento. Essas medidas de proteo s so acionadas quando as crianas

    e adolescentes so violadas em seus direitos.

    Antes de passar para o Sistema tercirio, destinado apenas aos adolescentes,

    deve se diferenciar crianas e adolescentes quanto lei.Criana nos termos do Estatuto o indivduo entre 0 e 12 anos incompletos.

    Adolescente est contido entre 12 e 18 anos. No existe conceito subjetivo

    nesta definio, ele um conceito cronolgico-objetivo ou cronolgico-

    absoluto. A importncia da definio est em saber se ser aplicado o sistema

    tercirio ou no. Criana pratica ato infracional? No ponto de vista de alguns

    doutrinadores, sim. No art. 105, o ECA confirma esta teoria e diz que se

    aplicam medidas de proteo, ou seja, do Sistema secundrio.

    Sistema Tercirio- Direcionado ao Adolescente, a apurao de ato infracional

    ou sistema scio educativo ou sistema de justia, s ser aplicado nico e

    exclusivamente, ao adolescente, cujo conceito segue, tambm o critrio

    cronolgico objetivo, sendo o indivduo entre 12 e 18 anos. Mesmo que o

    menor seja emancipado ser ele protegido pelo ECA, pois com o critrio

    cronolgico- objetivo s interessa a idade. Na antiguidade existia o critrio da

    ma de Lubeca, o qual levava em considerao o discernimento. Com o

    crtrio da maa de lubeca, uma moeda era oferecida ao menor em uma mo,

    enquanto em outra mo estava uma ma. Se a criana se interessasse mais

    pela moeda que pela maa estaria detectada a malcia e doravante o mesmo

    tratamento do adulto.OBS:A dependncia previdenciria persiste, mantendo-se aos 21 anos. A idade

    de 21 anos no tem a ver com maioridade civil. No foi reduzida para os 18

    anos.

    OBS: Por uma questo de poltica criminal, os efeitos de um ato infracional

    podem ultrapassar os 18 anos do adolescente. Imagine que se o adolescentecomete crime aos 17 anos e 11 meses. Ele pode ser enviado para entidade

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    educacional por trs anos. Sendo assim, ele poder ficar como interno at os

    21 anos.A idade para se candidatar ao cargo de conselho tutelar de 21 anos. Houve

    alterao com o novo cdigo? No. Mas a idade se equipara a uma condio

    de elegibilidade. Al h o critrio de discernimento. Lembrando que no h

    eleio para conselho tutelar e sim um critrio de escolha.

    Art. 129 Reflexo das medidas aplicado aos pais. A criana tem direito a

    matricula em estabelecimento de ensino. O pai obrigado a matricular e caso

    no faa, sofre reflexo da medida direcionada criana.

    Lembrando, criana pratica ato infracional apenas no submetida ao sistema

    tercirio e sim ao primrio.

    Critrio de interpretao do ECA:Os critrios interpretativos de todas as leis, segundo a LICC, so: Exigncia de

    bem comum e fim social ao qual a lei se dirige. O ECA complementa trazendo

    os direitos individuais e a condio peculiar da criana e do adolescente como

    pessoas em desenvolvimento. Disso decorre uma princpio, chamado de

    princpio da participao progressiva. Assim, quando classificamos como

    criana ou adolescente, ns afastamos a terminologia do menor e se aplica

    criana e adolescente. Da mesma forma, quando se trata de crianas e

    adolescentes, eles no devem ser tratados como incapazes. Devem sempre

    serem ouvidos.

    Princpio da participao progressiva.

    At os 12 anos recebe um tratamento, aps, recebe outro tipo de tratamento,

    em forma de progresso. Pode votar a partir dos 16 anos.

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    Teoria Natalista x Teoria Concepcionista:

    Art. 2A personalidade civil da pessoa comea do nascimento com vida; mas a

    lei pe a salvo, desde a concepo, os direitos do nascituro.

    Flvio Tartuce, em excelente trabalho sobre o tema, informa que duas so

    as principais teorias no tocante ao incio da personalidade jurdica do nascituro:

    a natalista e a concepcionista. Pela teoria natalista, o nascituro no poderia ser

    considerado pessoa, pois, o Cdigo Civil exigiria o nascimento com vida e o

    nascituro teria mera expectativa de direitos. So adeptos dessa teoria Silvio

    Rodrigues, San Tiago Dantas, Caio Mario da Silva Pereira e Slvio de Salvo

    Venosa. Pela teoria concepcionista, o nascituro pessoa humana, tendo seus

    direitos resguardados pela lei. Seguem a teoria em questo: Rubens Limongi

    Frana, Giselda Hironaka, Francisco Amaral, Renan Lotufo e Maria Helena

    Diniz (Situao Jurdica do nascituro, in Questes controvertidas, v. 6, Editora

    Mtodo, 2007).

    Nascituro o ente humano concebido e por nascer, "que ainda se encontra no

    ventre materno"(1). Nada obstante ter reservado o incio da personalidade do

    ente humano ao nascimento com vida, o Cdigo Civil salvaguarda, desde a

    concepo, os direitos do nascituro (art. 2).

    No nosso direito positivo, que perfilha a teoria natalista, o nascimento com

    vida constitui fato jurdico essencial para o surgimento da pessoa, de modo que

    no atribui personalidade ao nascituro, ou seja, no lhe conferido status de

    pessoa.

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    Porque h vida desde a concepo no ventre materno, inconcebvel a

    ausncia de proteo jurdica ao nascituro, sob pena de enquadr-lo como

    coisa, quando no o . O nascituro possui uma carga genrica prpria que o

    torna um ser, apesar de se encontrar ligado umbilicalmente gestante.Com efeito, a posio jurdica do nascituro especial. Embora no seja

    pessoa, o legislador criou mecanismos capazes de proteger-lhe a integridade

    fsica e psicolgica, garantindo-lhe o direito vida (5) e salvaguardando os

    direitos eventuais que possam tocar-lhe no futuro, se nascer vivo. Demais, em

    outras situaes o legislador conferiu-lhe a capacidade jurdica (no confundir

    compersonalidade).

    Em linhas gerais, o nascituro detm regime de proteo em torno de si, a

    salvaguarda de direitos compatveis com a sua posio especial e a

    capacidade jurdica em determinadas situaes.No tocante capacidade jurdica, sem embargo de o nascituro no ser

    pessoa, inegavelmente sujeito de direito; detm, assim, capacidade jurdica,

    mas nopersonalidade.

    A doutrina tradicional costuma equiparar os conceitos de capacidade

    jurdica e personalidade jurdica, depessoa e de sujeito de direito, mas, a fim

    de atender lgica do nosso sistema jurdico, h necessidade de reviso de

    tais conceitos, segundo prope com muita propriedade o Professor Marcos

    Bernardes de Mello, porquanto no se pode limitar a capacidade jurdica s

    pessoas, quando, na realidade, h mais entes capazes de direito (=sujeitos de

    direito) que pessoas (6).Sujeito de direito (sujeito juridicamente considerado) o ente a quem o

    ordenamento atribui capacidade jurdica e que, por isso, detm titularidade de

    direito ou dever. Pessoa, por sua vez, o ente fsico ou moral apto para

    contrair direitos e deveres. Toda pessoa sujeito de direito, mas nem todo

    sujeito de direito pessoa. inegvel que a ordem jurdica reconhecer a

    titularidade de determinados direitos materiais ou processual a certos entes

    sem, com isso, lhes atribuir a condio de pessoa (v.g., esplio, heranas

    jacentes e vacantes, sociedades irregulares).

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    A criao de mecanismos de proteo vida e de salvaguarda de direitos

    ao nascituro, ao contrrio do que muitos pensam, no pressupe lhe seja

    atribuda a condio de pessoa, tampouco se deve cogitar da existncia de

    direitos sem sujeitos, como forma de justificar as relaes envolvendo o

    nascituro, pois este sujeito de direito nas situaes previstas.

    Ou por outra: a proteo ao ente humano desde a concepo detm

    modernamente um carter social e humanitrio, devendo, para tanto, abstrair-

    se a discusso em torno da atribuio de personalidade. Ora, a proteo vida

    e integridade fsica atinge at os animais, que sequer so sujeitos de direito.

    Pois bem. A proteo do nascituro revela-se no Direito Penal, quando

    tipifica como crime o abortamento (arts. 124 a 126) - observada a ausncia de

    punibilidade nas hipteses de aborto necessrio ou de gravidez resultante de

    estupro -, bem como em regras destinadas a beneficiar a gestante, conferindo-

    lhe, por exemplo, estabilidade no emprego, salrio-maternidade e prioridade no

    atendimento.

    A salvaguarda de direitos, por sua vez, representa a postergao da definio

    das relaes jurdicas, em que ora o nascituro figurar como sujeito alternativo;

    ora o nascimento com vida se constituir fator de eficcia ou ineficcia.