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Conceitos Bsicos de AC Parte 1 Behaviorismo.O Behaviorismo teve sua origem em 1913, com a publicao do artigo A psicologia como um behaviorista a v, de autoria de Watson; artigo este em que Watson criticava, dentre outras coisas, o uso da introspeco como mtodo investigativo da Psicologia. De acordo com Watson, este mtodo no era confivel porque estava muito sujeito aos caprichos do observador. Dois observadores diferentes podiam chegar a duas concluses diferentes, mesmo observando a mesma coisa.Ao publicar este artigo, Watson prope uma mudana radical na Psicologia, tanto em seu objeto de estudo quanto em seu mtodo de estud-lo. O objeto deixaria de ser a conscincia ou a mente, e passaria a ser o comportamento por si mesmo. A introspeco deixaria de ser usada e daria seu lugar a experimentao e observao direta. Deste modo, a psicologia se tornaria uma cincia natural capaz de explicar toda a atividade humana de maneira cientfica. Quem quiser conhecer melhor o pensamento de Watson, clique aqui.Posteriormente, na dcada de 30, nascia o Behaviorismo Radical, foco de nossa discusso. O Behaviorismo Radical traz questes como possvel uma cincia do comportamento?, ela poderia tratar todos os aspectos da natureza humana?, como deveria ser esta cincia?. Skinner, assim como Watson, acreditava que possvel sim uma cincia do comportamento que trate de todos os aspectos da natureza humana; no entanto, ao contrrio de Watson que preocupava-se mais com a criao dos mtodos que esta cincia deveria empregar para investigar estes aspectos, Skinner preocupou-se mais com a criao de termos e conceitos capazes de explic-los de maneira clara e precisa.O Behaviorismo de Skinner aproximou-se muito do pragmatismo de James e Peirce, corrente de pensamento que preconizava a idia de que algo mais ou menos verdadeiro medida em que nos permite explicar de maneira mais eficaz o que observado. Ao aproximar-se do pragmatismo, Skinner afasta-se do positivismo lgico, escola filosfica que teve sua origem no Crculo de Viena e preconizava que a verdade deve ser atingida por consenso entre observadores. Isto abria um leque bem maior de possibilidades para o Behaviorismo; inclusive de criar condies de estudar eventos privados, coisa que o Behaviorismo de Watson no admitia sob a justificativa de naquele momento no existir ainda tecnologia adequada.Na verdade, o Behaviorismo de Skinner no se encaixa completamente em nenhuma escola filosfica de seu tempo, mas possui aproximaes com vrias delas. Alm do Pragmatismo, Skinner aproxima-se tambm do Darwinismo e seu modelo selecionista. Para Darwin, as espcies so selecionadas naturalmente medida em que adquirem caractersticas que lhes permitam interagir de maneira mais eficaz com o ambiente que est em constante mudana. Com o conceito de Comportamento Operante, fortemente influenciado pelos estudos de Thorndike e a lei do efeito, Skinner diz que um processo semelhante acontece na aprendizagem de nossos comportamentos; onde, sabendo que comportamento interao constante entre o organismo e o ambiente, seriam selecionados aqueles comportamentos que produzissem alteraes no ambiente que posteriormente foram nomeadas como reforo, por Skinner -, de modo a aumentar sua freqncia; enquanto aqueles que no produzissem este mesmo tipo de conseqncias reforadoras, diminuiriam de freqncia, entrando em extino.Influenciado tambm pelo conceito de Comportamento Respondente de Pavlov e Watson, ao criar o conceito de Comportamento Operante, Skinner exclui de vez a necessidade de qualquer tipo de explicao para o comportamento que incorporasse entidades metafsicas, ou que estivesse alm dos elementos naturais. Skinner, deste modo, constituia-se um monista materialista. Ele defende que o comportamento deve ser explicado atravs da observao e descrio das relaes entre eventos naturais, como o organismo e o ambiente. Ambiente para Skinner um conceito que vai alm do tradicional. Ele define ambiente como tudo aquilo o que externo a uma ao. Deste modo, o prprio organismo pode ser parte do ambiente.O conceito de Comportamento tambm vai alm do tradicional. Ele define comportamento como a interao do organismo com o ambiente, e chama de resposta a ao ou ato emitido pelo organismo, seja este ato pblico, isto , observvel por mais de uma pessoa, ou privado, s acessvel a quem o emite. Exemplos de respostas privadas so o pensamento, a emoo e o sentimento. Outras pessoas podem no mximo inferir o que algum pensa ou sente a partir de algum ato (resposta) acompanhamento pblico, mas jamais pode saber exatamente. Estes eventos privados podem ser estudados atravs de relatos feitos por quem os emite. Estes relatos, do mesmo modo que outros comportamentos, tambm so aprendidos de acordo com a comunidade em que a pessoa cresce.Skinner no atribui somente ao ambiente a construo de nosso repertrio comportamental. Conforme ser explicado a seguir, o ser humano j nasce com um repertrio bsico, mnimo para a sua sobrevivncia, chamado de reflexo inato. Este repertrio foi selecionado num primeiro nvel de seleo, chamado filogentico, e constitudo de respostas como fechar o olho diante da aproximao sbita de um objeto, o sugar do beb ao entrar em contato com o seio materno, o corao disparar diante de um susto, etc. Estes comportamentos no so aprendidos durante a vida da pessoa, ela j nasce com eles. medida que o organismo vai vivendo, as relaes que ele estabelece com o ambiente vo modificando o seu comportamento, o que pode acontecer atravs de pareamento, como no caso do condicionamento respondente, ou condicionamento operante, conforme ser explicado adiante. A este nvel de aprendizagem, Skinner chamou de Ontogentico. Como o organismo vive inserido em uma comunidade de falantes, que selecionam determinados comportamentos, dizemos que ele vive inserido em uma cultura, terceiro nvel de aprendizagem, chamado por Skinner de Ontogentico-Cultural. Nas prximas postagens desta srie de conceitos bsicos de Anlise do Comportamento, estes nveis de seleo sero melhor explicados. Acompanhe, vai ser legal.

Conceitos Basicos da AC Parte 2 Reflexo IncondicionadoAtualmente uma preocupao da psicologia moderna, definies e conhecimentos sobre como as pessoas se comportam e como aprendemos e fazemos relaes entre eventos. J se perguntaram o porqu de uma criana chorar de medo ao ouvir o barulho da maquina do dentista? J se perguntaram como aquele belo prato de comida nos faz sentir a boca cheia de gua?Vamos explorar os conceitos de reflexo inato e mostrar como esses processos acontecem e por que so to importantes para o entendimento do comportamento humano em suas manifestaes.Reflexo Inato ou incondicionadoPara falar em reflexos na Analise do Comportamento devemos voltar na histria onde vamos encontrar um personagem chamado Ivan Petrovich Pavlov ( 1849 / 1936 ).Pavlov foi um fisiologista Russo que ganhou o Nobel de Medicina, mas conhecido at hoje pelos seus achados e contribuies a Psicologia.Pavlov estudava o sistema digestivo de ces apresentando diversos tipos de comida e media a quantidade de saliva que era produzida. No entanto Pavlov comeou a perceber que a saliva era produzida mesmo quando a comida no era apresentada.Observando o que acontecia, Pavlov percebeu que a comida quando apresentada junto a outros estmulos no ambiente sinalizavam a presena da mesma e como conseqncia produzia as mesmas reaes fisiolgicas em seus ces que a presena real da comida.Estava descoberto o Reflexo Condicionado.Para falar sobre o Reflexo Condicionado precisamos antes entender o que o reflexo incondicionado. O reflexo incondicionado tambm conhecido como comportamento respondente definido como uma resposta que filogeneticamente instalada no individuo e de regra geral esta ligada a sobrevivncia. eliciado por um estimulo incondicionado, ou seja, que naturalmente produza uma resposta quase sempre sem o controle ativo do organismo. Por ser incondicionado correto dizer que a resposta eliciada sem nenhum tipo de historia previa de pareamento. Como exemplo podemos citar que em um dia de muito calor o corpo produza suor ou quando existe uma luz muito forte , a pupila se contraia.Pavlov para falar de Estimulo incondicionado e respostas Incondicionadas partiu das suas observaes sobre a sua experincia, onde a comida sempre eliciava a salivao nos ces. Para tal relao Pavlov chamou a comida de Estimulo Incondicionado e a salivao de Resposta Incondicionada. Para essa relao entre um estimulo incondicionado e uma resposta incondicionada, Pavlov usou o termo reflexo Incondicionado. Um estimulo incondicionado vai eliciar uma resposta incondicionada ou automtica.A ilustrao abaixo mostra o processo de Comportamento Respondente ou inato.

Alguns exemplos de Estmulos incondicionados e respectivas respostas incondicionadas so :

Reflexo Incondicionado e a Origem das EspciesO reflexo incondicionado como dito anteriormente selecionado filogeneticamente. Mas o que quer dizer isso? Quando dizemos filogeneticamente, queremos dizer que o reflexo esta impresso no organismo em seu DNA e faz parte de toda uma espcie. Lembra que quando falei no Reflexo incondicionado, foi dito que geralmente ele esta ligado a sobrevivncia da espcie ?Pois bem, o reflexo incondicionado acabou sendo impresso no organismo pois contribuiu para a sobrevivncia da espcie. O Behaviorismo Radical tem uma grande base na Evoluo das Espcies de Charles Darwin. A Seleo Natural das espcies tambm depende dos reflexos incondicionados. Por exemplo, um animal que nasceu com uma alterao biolgica onde o frio intenso a faz tremer e essa reao tem a funo de tentar aumentar a temperatura corporal e sinalizar a morte, serviu como um diferencial entre os indivduos que ao serem expostos ao frio morriam e aqueles que ao tremerem sabiam que precisavam aumentar sua temperatura rapidamente e com isso sobreviviam. O cruzamento entre os organismos que possuam o reflexo de tremer ao frio foi sendo passado de gerao em gerao e gerou herdeiros com esse reflexo instalado, ento todos os indivduos pertencentes ao grupo adquiriram filogeneticamente o reflexo de tremer ao frio e portanto sobreviveram. Aqueles que no tinham o reflexo incondicionado de tremer morreram. O reflexo incondicionado teve a funo de modificar organismos para serem mais fortes e mais adaptados ao ambiente.O conceito de reflexo Condicionado, que foi desenvolvido a partir dos conceitos de Reflexo incondicionado so importantssimos, tendo em vista que foi a partir deles que Skinner comeou a desenvolver os conceitos de comportamento Operante e revolucionar o prprio paradigma da Psicologia.1. Conceitos basicos da AC Parte 3 Reflexo CondicionadoComo prometido no texto sobre Reflexos Incondicionados, vamos prosseguir com a explicao e explorao do tema Reflexo Condicionado na Analise do ComportamentoO Reflexo Condicionado foi descoberto quase que por um acidente, Pavlov percebeu que o som dos seus passos foram pareados diversas vezes com um pedao de carne que era dado aos ces e aps um curto espao de tempo, mesmo que no se apresentasse a comida, apenas com o som dos passos os ces comeavam a salivar. O pareamento entre um estimulo incondicionado ( comida ) e um estimulo neutro ( som dos passos ) foi capaz de produzir uma resposta condicionada.Pavlov quando notou que os ces respondiam salivando apenas com o som dos seus passos, comeou a fazer experincias. Na sua pesquisa, adotou o seguinte procedimento : Antes de apresentar a comida, um estimulo sonoro era tocado, como campainhas. Apos algumas vezes que esse estimulo neutro era apresentado antes da comida, foi percebido que esse estimulo por si s j eliciaria o comportamento de salivar.A ilustrao abaixo mostra o processo do Pareamento de um estimulo Neutro ( Sn ) com um estimulo Incondicionado ( Si ) que a principio elicia uma resposta incondicionada ( Ri ) e no fim ela se transforma em uma resposta condicionada ( Rc )Colocando o diagrama acima no exemplo.Na Etapa 1 do procedimento de Pavlov, podemos dizer que a Comida ( Si ) eliciava a salivao ( Ri ). Na etapa 2, adicionamos um estimulo Neutro que no caso foi o som dos passos do Pavlov ( Sn ) precedendo a apresentao da Comida, ento percebemos que houve um pareamento entre o som dos passos de Pavlov ( Sn ) com a apresentao da Comida ( Si ). Na etapa 3, o som dos passos de Pavlov se tornou um estimulo condicionado ( Sc ) e agora produzem uma resposta igualmente condicionada ( Rc ).A partir disso, a comida no precisaria ser apresentada para que o som dos passos de Pavlov eliciem o comportamento de Salivar.Diferentemente do Reflexo incondicionado que controlado filogeneticamente, o reflexo condicionado controlado Ontogeneticamente, pois necessria uma histria prvia de pareamentos.O Condicionamento Reflexo ou Pavloviano muito comum na nossa vida. Agora com esses novos conceitos, podemos responder as perguntas feitas no inicio do texto com facilidade. A criana chora ao ouvir o barulho da maquina do dentista pois em sua vivncia, o som da maquina ( Estimulo Neutro ) era pareada com a dor ( estimulo incondicionado ) que a mesma provocava. Em algumas sesses de tratamento com o dentista, o som da maquina por s s foi capaz de eliciar ansiedade, medo e todos os respondentes que foram pareados no momento do uso da maquina.Um exemplo bem interessante so os dos Esquims da regio do Alaska. Um reflexo incondicionado caracterstico a espcie humana que quando sentimos dor intensa ou quando estamos muito tristes, choramos. um reflexo incondicionado comum ao homem. Porem no Alaska o homem no pode chorar.O reflexo incondicionado alterado para o condicionado de no chorar, o estimulo que leva ao choro produz uma outra resposta. Geralmente, quando sentem dor ou quando esto muito tristes, os esquims do risada. Um reflexo incondicionado que se transformou em condicionado ontogeneticamente.O organismo deles foi modificado, pois o frio to intenso que quando se chora, as lagrimas imediatamente se congelam e com isso ferem os olhos gravemente. Vejam, o organismo se modificou alterando um reflexo incondicionado para que o organismo se adaptasse ao ambiente. Aqueles que choram sofrem danos oculares, os que no possuem mais essa resposta se mantem intactos.Algumas leis so importantes quando falamos em Reflexo Condicionado. So elas :1. Um estimulo Neutro s adquire poder de eliciar respostas incondicionadas se for apresentado ao mesmo tempo do Estimulo Incondicionado2. Quanto mais o estimulo neutro for pareado com o estimulo incondicionado, mais poder de eliciar a resposta ele adquire.3. Quanto menor o tempo de ocorrncia entre um estmulo neutro e um incondicionado, mais eficiente ser o condicionamento.4. Em alguns casos os fatores biolgicos interferem na capacidade de um estimulo neutro se tornar um estimulo condicionado.Pavlov foi um marco dentro da Psicologia, pois foi atravs das suas idias que outros grandes nomes comearam, como o grande expoente do Behaviorismo Radical B. F. Skinner. interessante citar que Pavlov utilizou o termo Reforador quando discorria sobre o efeito do alimento no condicionamento de uma cachorro a salivar ao som de uma campainha. O Alimento reforava a coneco entre um estimulo neutro e a salivao. ( Keller, F. S. 1969 ).Os achados de Pavlov e as experincias de Condicionamento de reflexos foram muito importantes para a Psicologia, pois a partir de todos esses conceitos que os autores comportamentais puderam ampliar suas formas de entendimento do comportamento humano.1. Conceitos bsicos da AC Parte 4 O Comportamento Operante August 30, 2009Posted in Beh. Radical, Cincia, Conceitos.3 comments Conceitos bsicos da AC Parte 4 O Comportamento OperanteComo foi discutido at agora, h um tipo de comportamento que tem sua origem na histria evolutiva das espcies e caracterizado pela relao entre um estmulo eliciador e uma resposta. Porm h um tipo de comportamento caracterizado por outra propriedade: sua causa est nas modificaes que so operadas no mundo. Assim o comportamento operante, um tipo especial de responder que sensvel s conseqncias que produz. Por causa desta sensibilidade s conseqncias que cozinhamos, construmos, namoramos e brincamos, pois depois de fazer tais coisas obtemos saciao, abrigo, carinho e satisfao.O comportamento operante tem um componente derivado da seleo natural, que tal sensibilidade s conseqncias. Porm caracterizado por uma variedade infinita de possibilidades: uma conseqncia pode ser produzida de qualquer forma, seja por um toque de mos ou por um pedido, e a forma como se produziu aquela conseqncia tender a se repedir no tempo.O conceito de operante muito relevante para a cincia como um todo, pois contraria uma proposio cientfica que influenciou a psicologia por muito tempo. Em geral, entendia-se que um comportamento s poderia ser causado por algo que o precedesse. Porm a definio de controle pelas conseqncias trata-se de uma descoberta emprica (apoiada em dados observados com rigor experimental) e compatvel com compreenses cientficas contemporneas, como a fsica quntica e a seleo natural.A anlise do comportamento operante requer a compreenso de alguns conceitos. Os mais importantes aqui so comportamento, antecedente, resposta e conseqncia. Vamos a eles: Comportamento: a relao entre estmulos e respostas. Usualmente se diz que um comportamento algo que uma pessoa faz, como chutar. Na verdade, quando nos referimos a um comportamento precisamos descrever o que a pessoa faz e alguma relao entre este fazer e o ambiente. Podemos completar o exemplo acima dizendo que um comportamento algo que uma pessoa faz com alguma coisa, como chutar a bola que o outro jogador tocou e marcar um gol. Antecedente: alguma propriedade do ambiente que sinaliza uma oportunidade para a resposta ser emitida. No exemplo acima, o toque da bola pelo outro jogador um antecedente para chutar a gol. Este conceito ser melhor explorado na postagem sobre controle de estmulos. Resposta: o que uma pessoa faz, como olhar para a bola, mirar o gol, sentir a adrenalina, chutar, gritar, etc. Quando analisamos uma resposta, nem sempre necessrio descrever sua relao com os estmulos do ambiente. Nestes casos, o mais importante verificar se a resposta foi ou no emitida. Conseqncia: uma modificao no ambiente efetivamente produzida pela resposta. O gol de nosso exemplo foi produzido pelo chute.

1. Conceitos bsicos da AC Parte 5 O reforamentoPor reforamento pode-se entender qualquer operao que altere a chance de uma resposta ocorrer no futuro. Assim, operaes como reforamento positivo, reforamento negativo, extino, punio positiva e punio negativa podem ser englobadas em um nico e amplo conceito chamado reforamento.Primeiramente vamos nos ater s operaes conhecidas como reforamento (ou reforo) positivo e reforamento (ou reforo) negativo. Um breve parntese pode ser importante: quando usamos a palavra reforo, podemos estar nos referindo a trs coisas diferentes: 1. Um reforador, quer dizer, um estmulo que quando produzido por uma resposta aumenta a probabilidade desta; 2. Um reforamento, ou seja, uma operao em que reforadores so apresentados; e 3. Um reforamento enquanto procedimento, ou seja, uma situao em que algum deliberadamente prov conseqncias especialmente para instalar, manter ou manejar o responder de um organismo.Agora podemos passar a uma apresentao melhor das operaes de reforo.O reforo positivoReforo positivo uma operao em que um evento produzido por uma resposta aumenta a probabilidade desta resposta ocorrer no futuro.Vejamos uma situao natural em que esta operao pode ocorrer. Se uma criana, brincando com materiais grficos, produz no papel um risco colorido com um lpis de cor e, depois disto, passa a riscar papis quando os encontra pela frente, podemos dizer que o risco (ou o papel riscado) reforou positivamente a resposta de riscar.O mesmo pode acontecer em uma situao planejada, como quando um terapeuta discute com o cliente como ele pode resolver os problemas que ele acabou de contar na sesso o terapeuta reforou respostas do cliente relacionadas a discutir as dificuldades de sua vida, o que de muito interesse de um terapeuta.

De maneira mais geral, uma representao grfica da relao entre a resposta e o reforador positivo pode ser formulada da seguinte maneira:

Esta representao provavelmente ser lida por um analista do comportamento da seguinte forma: dada a emisso de uma resposta, um estmulo produzido e este estmulo retroage sobre a probabilidade futura de ocorrncia desta resposta. Isso quer dizer que, se a pessoa faz algo que produz um reforo, ento bem capaz que ela volte a fazer isso.Uma observao final a de que muitos autores j definiram o reforo como um estmulo agradvel, apetitivo, prazeroso, etc. Hoje este tipo de definio no aceita, sendo que a nica caracterstica do estimulo que o caracteriza como reforador o aumento da probabilidade de ocorrncia da resposta que o produziu.O reforo negativoSe por um lado o reforo positivo marcado pela produo de um evento, o reforo negativo marcado pela eliminao de um evento. Da os nomes positivo (produo, adio) e negativo (eliminao, subtrao). Desta forma, reforamento negativo uma operao em que uma resposta tem sua probabilidade de ocorrncia aumentada pela eliminao de um estmulo.Por exemplo, se uma pessoa est do lado de uma janela e comea a chover no seu rosto, ela pode fechar a janela e impedir que a chuva continue a molhando. Se das prximas vezes que chover ela fechar a janela, a porta, etc., podemos dizer que estas respostas foram negativamente reforadas pela remoo da chuva.Os analistas do comportamento chamam de estmulo aversivo o evento que eliminado no reforamento negativo. Existem muitos estmulos aversivos conhecidos, como o choque eltrico, os jatos de ar quente, as estimulaes dolorosas diversas, etc. Mas definiremos um estmulo aversivo baseados principalmente na probabilidade de uma pessoa, ou um animal, se comportar para eliminar este estmulo.As respostas negativamente reforadas so chamadas de fuga na literatura analtico-comportamental. Um esquema grfico de uma resposta de fuga pode ser este apresentado a seguir:

Voc pode ler este esquema da seguinte forma: dado um estmulo aversivo, uma resposta que o elimine ser negativamente reforada. Isso quer dizer que se uma pessoa fizer algo que termine uma estimulao aversiva, muito provvel que ela volte a fazer isso quando a estimulao aversiva voltar a acontecer.Um outro tipo de resposta negativamente reforada chamado de esquiva. Na esquiva, o estimulo aversivo no precisa ser apresentado exige-se apenas a presena de um outro evento que indique que o aversivo pode aparecer. Por exemplo, aquela pessoa que aprendeu a fechar a janela pra se livrar da chuva pode comear a fechar a casa toda quando o cu ficar cheio de nuvens carregadas.Em resumo, pode-se dizer que reforo positivo e negativo so processos em que as conseqncias do responder aumentam a probabilidade futura da emisso de uma dada resposta.

1. Conceitos bsicos da AC Parte 6 A punio, o controle aversivo e a extinoNeste post trataremos dos conceitos relacionados aos processos de punio, de controle aversivo e de extino.A punio uma operao que faz parte do reforamento, isso porque tambm se trata de uma conseqncia que altera a probabilidade de uma resposta.Porm a forma como a punio produz tal alterao uma questo controversa. H duas correntes tericas que definem a punio de formas diferentes. Uma delas defende que a punio um processo que diminui a probabilidade da emisso das respostas. Isso quer dizer que se algum se comporta de determinada maneira, ou seja, se costuma fazer algo como andar de bicicleta ou pintar quadros, e tem esse comportamento punido, a probabilidade dessa pessoa voltar a fazer estas mesmas coisas ser menor.

Uma outra corrente terica diz que a punio na verdade elicia reaes emocionais e aumenta a probabilidade de respostas de fuga e esquiva e por causa destes processos que a resposta sob anlise se torna menos provvel de ocorrer. Isso quer dizer que se eu puno o comportamento andar de bicicleta de algum, essa pessoa passa a andar menos para no sentir ansiedade, medo ou para evitar que eu a puna novamente.Apesar da semelhana entre as duas correntes, a diferena entre elas subsidia discusses sobre questes ticas para o uso da punio como mtodo de modificao do comportamento. Porm, esclarecidas estas duas possibilidades de entender os processos punitivos, vamos s definies de punio positiva e negativaA punio positivaA compreenso deste processo requer um retorno ao conceito de reforo negativo. Lembre-se que um reforador negativo um estmulo que uma pessoa se comporta para remover. Lembre-se tambm que este estmulo tambm pode ser chamado de estmulo aversivo.Pense agora em uma situao em que algum faz alguma coisa e, como conseqncia, aquele mesmo estmulo aversivo produzido pela resposta daquela pessoa. Por isso este processo chamado de punio positiva, porque se trata da produo/adio de um estmulo aversivo.Vamos supor que aquela mesma pessoa que fecha a janela pra evitar a chuva agora descobre uma chave em uma parede de sua casa. A pessoa gira a chave e um cano comea a jorrar gua fria sobre a cabea dela. Este um processo de punio positiva: a resposta produz um estmulo aversivo. Um critrio para averiguar se de fato se tratou de uma punio a observao da diminuio da taxa da resposta. Se a pessoa no abrir mais aquela chave, de fato o jato de gua fria puniu.A punio negativaEste processo recai sobre o conceito de reforo positivo. Lembre-se que um estmulo reforador aquele que, quando produzido, aumenta a probabilidade da resposta que o produziu. Ento, se passarmos agora a retirar um estmulo reforador que est presente no ambiente da pessoa quando ela emite uma determinada resposta, dizemos que houve punio negativa e este processo deve implicar na diminuio da probabilidade de emisso da resposta. da que surge o nome de punio negativa, pois trata-se da retirada/subtrao de um estmulo reforador produzida pela resposta.Por exemplo, imagine um terapeuta que est sempre atento e pronto a discutir os temas relevantes na vida de seu cliente e isto tem feito o cliente trazer, a cada sesso, mais e mais temas para discutir com seu terapeuta. Porm agora o cliente passa a abordar temas que tratam da vida pessoal do terapeuta e, nestes momentos, o terapeuta se cala e no d oportunidades para que o cliente prossiga na discusso. A partir da, o cliente provavelmente no perguntar mais sobre este assunto. O terapeuta estaria, provavelmente, punindo negativamente a resposta de seu cliente. Este um exemplo que dificilmente acontecer na prtica, mas serve apenas para ilustrar o conceito.O controle aversivo importante considerar brevemente que o reforo negativo e a punio so estudados sob o tema de controle aversivo, pois todos tratam-se de variveis de controle do comportamento por outras vias que no o reforamento positivo. So processos amplamente discutidos devido aos efeitos que este tipo de controle pode gerar no comportamento, como supresso condicionada (parar de responder), os subprodutos emocionais (como o medo e a ansiedade) e o aumento de respostas de agresso quando uma pessoa est sob controle aversivo.A extinoOutra considerao importante se faz necessria para quando conseqncias que vinham sendo produzidas pelas respostas no mais as so. Se determinados estmulos reforadores ou aversivos no so mais apresentados ou retirados, a tendncia do responder retornar probabilidade de ocorrncia anterior do processo de reforamento.Assim, se riscar o papel no o pinta mais, a criana desiste de desenhar; se fechar a janela no impede mais a chuva, a pessoa a larga como est; se abrir a chave no mais produz um banho frio, a pessoa volta a abri-la quando quiser; e se o terapeuta volta a atentar aos tpicos abordados pelo cliente, este volta a perguntar o que havia deixado de lado.Ou seja, a extino o efeito da suspenso do reforamento sobre o responder - significa o retorno da probabilidade do responder a taxas anteriores.

1. Conceitos Bsicos de AC Parte 7 Contexto (Controle de Estmulos)

Compreender a ideia de contexto um excelente passo para se comear a entender a Psicologia. Ns, psiclogos (sejamos analistas do comportamento ou no) adoramos este conceito. Para ser honesto, a noo de contexto no querida apenas por psiclogos, mas por todos os cientistas que lidam com aspectos da conduta humana. A paixo pelo termo deriva de um fato muito simples: ele ajuda a tornar clara a complexidade humana.Dada a amplitude da noo de contexto e sua apropriao por diversas reas, no cabe neste texto explicar cada um dos seus usos. Ao invs disso, discutirei como contexto definido e utilizado na anlise do comportamento (no entanto, no vou falar sobre cultura).Vamos comear, ento. O primeiro passo esquecer o nome contexto e entender o que controle de estmulos.Controle de EstmulosA histria comea com pombos e ratos. Acalmem-se, chegaremos at o conceito de ateno. Por enquanto, vamos entender como animais inferiores podem nos ajudar a compreender comportamentos humanos complexos.No incio dos seus estudos, Skinner colocava ratos e pompos em caixas de condicionamento (popularmente conhecidas como caixas de Skinner). Os animais podiam ganhar alimento ou gua caso fizessem alguma coisa que o investigador julgasse bacana. Geralmente, os experimentadores achavam supimpa que os pombos bicassem um disco e os ratos pressionassem uma barra. E assim era. Quando eles emitiam esses comportamentos podiam se regozijar em um delicioso banquete de gua e rao. Skinner percebeu que todo comportamento que precedia o banquete ocorria com mais frequncia. A relao era relativamente simples: uma resposta (pressionar a barra) produzia um estmulo (o banquete). A comida produzida fortalecia a resposta que a precedia. Esse fenmeno chamado de reforamento. Voc pode ler sobre ele aqui. Divirta-se.O conceito de reforamento abalou a Psicologia. Mas Skinner, que nunca foi um cara distrado, percebeu que havia mais na relao comportamental do que simplesmente o reforo. Ele notou que o contexto (olha ele a) controlava o comportamento e fez experimentos que demonstraram que isso de fato ocorria. Os experimentos eram muito simples, mas mudaram o mundo dos pombos e ratos. Agora, os animais s podiam desfrutar de seu banquete caso uma luz colorida estivesse acesa. Quando ela estava apagada, os animais no recebiam suas delcias; no importava se danassem, cantassem ou recitassem Shakespeare, no havia comida com a luz apagada.Resumindo: com a luz acesa, pressionar a barra produzia gua. Com a luz apagada, nada feito. Inicialmente, os animais agiam da mesma forma quer a luz estivesse ligada ou no. No entanto, no demorava muito para que eles passassem a pressionar a barra apenas com a luz acesa. Parecia que os ratos sabiam que s poderiam mergulhar em rao quando a luz banhasse sua calorosa morada. Skinner assim definiu o ocorrido: a luz sinaliza a disponibilidade do reforador contingente resposta. Traduzindo em palavras mais normais, os estmulos controlam o comportamento por estarem relacionados a eventos reforadores. Eis uma notao do ocorrido:contexto > resposta > resultadoluz acesa > pressionar a barra > luxuoso banqueteluz apagada > pressionar a barra > nada noDiz-se que a resposta de pressionar a barra est sob controle da luz: da o termo controle de estmulos.Olhando a notao acima, comum pensar at eu que sou mais bobo deixaria de pressionar a barra com a luz apagada. Eu no poderia concordar mais. Acontece que essa descoberta simples ajudou a entender o que a percepo. Vamos a ela?Percepo

L est voc, mais jovem, aprendendo o que so garotos(as). Inicialmente, voc se comporta comoumametralhadora e atira seus papos e esforos para todos os lados. Depois de muitas falhas e algumas conquistas, voc quase que automaticamente passa a notar um padro bem claro. As pessoas que te olham e sorriem so aquelas com quem a conversa flui melhor. Com o tempo, sua percepo aguada e seus esforos no so mais desperdiados; seu alvo claro: a pessoa com sorriso aberto e olhar insinuante. isso: voc percebe os sinais. J que o rato ganhou uma, eis tambm para voc uma notao do ocorrido:pessoa bacana sorrindo > puxar conversa > papo agradvel (beijos, at)pessoa bacana sria > puxar conversa > tente outra vezNesse momento, algo deve ficar clarssimo: aprendemos a perceber somente os objetos e eventos relacionados ao que nos importante de alguma forma. o que ocorre aps a resposta (seu resultado) que produz a percepo. Voc no teria aprendido a diferenciar qual o melhor tipo de pessoa para paquerar se no tivesse resultados diferentes em situaes diferentes. Foi o papo agradvel, no seu caso, e a gua, no caso do rato, que tornaram a luz acesa e os sorrisos eventos a serem notados. Se voc obtivesse a mesma consequncia com pessoas sorridentes e srias, o sorriso no seria algo notvel.Pense em profissionais de diferentes reas. Um dermatologista capaz de dizer muito mais sobre um pedao da pele do que voc. Um psiclogo experiente parece ter uma percepo quase sobrenatural sobre os padres de comportamento de algum. Um bom engenheiro pode dizer sobre os pontos fortes e fracos de uma casa apenas observando suas colunas. Os pintores olham para um quadro e so capazes de descrever a direo das pinceladas, a tcnica utilizada e o estilo do autor. A percepo aguada dos bons profissionais resultado de treino especial para detectar detalhes que outras pessoas no notam; isso o que os faz especialistas. Mas eu disse que o controle pelo contexto (o controle de estmulos) estabelecido por sua relao com algo importante. O que os profissionais ganham sabendo se comportar de forma diferente diante de estmulos especficos? Ora, para comear, dinheiro. E, mais importante ainda, sucesso e reconhecimento por algo que fazem bem. comum a muitas correntes da Psicologia, e mesmo pessoas leigas, afirmarem que a Percepo pessoal e moldada pela experincia de cada um. Isso no podia ser mais verdade. Uma rvore percebida de forma diferente por pessoas distintas. Um lenhador, por exemplo, que aprendeu sobre diferentes tipos de madeira durante sua profisso, provavelmente percebe a rvore em termos financeiros. Um casal de namorados pode perceber a rvore como um espao romntico para estender uma toalha e dizer palavras de amor. O lenhador e os namorados percebem a rvore de forma diferente, pois ela est relacionada com consequncias e respostas distintas para eles.O exemplo dado acima satisfatrio, mas o comportamento humano muito mais complexo. O lenhador pode perceber a rvore de forma diferente em contextos diferentes. Quando ele pe sua roupa de trabalho e pressionado pelo chefe, uma rvore dinheiro. Por outro lado, se ele est passeando com sua namorada em um parque, uma rvore pode lhe parecer o local perfeito para o amor. Essas aparentes, e falsas, contradies ocorrem porque o comportamento , geralmente, controlado por muitos estmulos simultaneamente. Eis uma notao do comportamento do lenhador nos dois exemplos dados:no trabalho + rvore > derrubar > dinheirocom a namorada + rvore > conversar > carinhos e palavras de amorH algo a ser dito. Vejam como cada contexto controla uma resposta diferente. Por que? Porque se o lenhador levar a namorada para conversar debaixo de uma rvore no meio do trabalho, vai ser mandado embora. Da mesma forma, se derrubar uma rvore no parque quando passeia com a namorada, provavelmente levar um fora. Os diferentes contextos controlam respostas diferentes porque cada contexto est relacionado a um reforador especfico. No caso, ora dinheiro, ora carinho.Chega de percepo. Como fao para manter a ateno de vocs? Vamos ver!AtenoAssim como a percepo, a ateno est relacionada a consequncias importantes para o comportamento. Vamos ao exemplo que vocs adoram: a paquera. Quando voc est em um bar procura de algum interessante, voc deliberadamente olha para todos os lados procurando o sinal da fortuna: sorrisos. Em outras palavras, voc est atento. Atentar, nesse sentido, nada mais do que procurar por uma indicao de que algo interessante est disponvel. Achar esse sinal importantssimo para as pessoas. Para os animais tambm! O pombo que ganha gua quando bica o disco na presena da luz azul e nunca da vermelha, praticamente no se importa quando a luz vermelha aparece. Mas a luz azul to interessante para o bichinho que at parece amor. Agora, duvido algum me contrariar e afirmar que no adora o sorriso de quem se est paquerando.Outro modo de entender o que a ateno no caso em que olhamos fixamente para algo (ou nos concentramos em ouvir, saborear, etc). De forma semelhante ao que foi dito anteriormente, essa forma de atentar est sob controle de estmulos relacionados a eventos importantes para ns. Os exemplos so muitos. Algum que ouve msica fica atento a ela porque isso lhe d prazer. Um segurana olha fixamente para a tela que mostra o exterior do edifcio porque caso algo lhe escape ele ter problemas. Prestamos ateno especialmente em alguns textos porque disso depende a nossa boa nota em uma disciplina ou simplesmente porque o texto prazeroso.Ateno tambm pode ser compreendida de outro modo, como uma reao natural a mudanas do ambiente. Parece que o nosso organismo foi filogeneticamente preparado para atentar a novos estmulos automaticamente. Isso, claro, uma forma de defesa: evita que sejamos pegos de surpresa. Qualquer barulho ou movimento inesperado chama a nossa ateno rapidamente, permitindo que nos preparemos para o que pode acontecer.Os conceito de ateno e percepo tm implicaes importantssimas para a educao. Alunos s prestam ateno a informaes que lhes so relevantes em algum nvel. O fato de ser comum ouvir alunos reclamando sobre o que aprendem e ouvir professores reclamando sobre a falta de ateno e interesse dos alunos aponta para algo alarmante: esto ensinando contedos sem relao com o cotidiano dos estudantes.Se voc professor, ou apenas algum que gosta de chamar a ateno para si, lembrem-se da mxima: ateno interesse. Enquanto voc estiver mostrando informaes relevantes ter toda a ateno da platia.Concluso: o ContextoTodas as ideias apresentadas acima se relacionam ao tema maior contexto. Quando dizemos que as pessoas se comportam de acordo com seu contexto, estamos nos referindo ao tipo de eventos descritos como controle de estmulos, percepo e ateno. H, ainda, mais conceitos que poderiam ser discutidos dentro deste tema, como abstrao, inteligncia e cultura. No entanto, isso extrapolaria o objetivo central de explicar de forma resumida como a anlise do comportamento compreende o contexto (controle de estmulos).1. Conceitos Bsicos de AC Parte 8 Esquemas de reforo.Grande parte de nossas respostas no so reforadas em 100% das vezes em que so emitidas. Por exemplo, no so todas as vezes em que voc liga a sua televiso que voc encontra alguma coisa interessante para assistir o comportamento ligar a televiso, neste caso, no reforado todas as vezes-, mas mesmo assim voc volta a lig-la em outra ocasio.Se um comportamento mantido por reforo, como explicar o fato de que ele volta a ocorrer mesmo no sendo reforado em todas s vezes? a que entra o que os Analistas do Comportamento chamam de Esquemas de reforo, conceito que traz consigo a idia de que no s a apresentao de uma consequncia vai alterar a frequncia de ocorrncia de uma resposta, mas tambm, o modo ou esquema em que esta consequncia apresentada ir exercer controle sobre ela.Na natureza existem diversos esquemas de reforo. Este texto, no entanto, ir se prender apenas aos principais.

Esquema de Reforo Contnuo (CRF)No esquema de Reforo Contnuo (CRF), todas as respostas sem exceo -, so reforadas. Para compreender melhor, pense naquele namorado apaixonado que realiza todos os pedidos de sua namorada. Ele simplesmente no nega nada a ela. Todas as vezes que o comportamento da namoradapedir algo emitido, ele reforado. Este o esquema de reforo mais adequado para que um determinado comportamento seja modelado.Esquemas de reforo intermitente.Agora, imagine um outro casal de namorados em que, nem todos os pedidos da namorada so atendidos pelo rapaz. Ele atender ou no, obedece a alguns critrios, dentre os quais podem estar a quantidade de vezes (insistncia) em que a namorada pede, ou o tempo (espera) entre um pedido e o outro. A este esquema, os Analistas do Comportamento chamam de Esquema de reforo intermitente.O esquema de reforo intermitente tido como o mais eficaz na manuteno de respostas j modeladas. Uma de suas principais caractersticas, tornar a resposta mais resistente extino; isto , pode ser emitida mais vezes sem que necessariamente o reforador tenha de ser apresentado.Os esquemas de reforo intermitente dividem-se em Esquemas de Razo e Esquemas de Intervalo. Nos esquemas de razo, a apresentao do reforador depende da quantidade de vezes em que uma resposta emitida. Nos esquemas de intervalo, a apresentao do reforador depende do tempo decorrido entre uma e outra apresentaes do reforador.Esquemas de Razo.Os esquemas de Razo dividem-se em Esquemas de Razo Fixa (FR) e Esquemas de Razo Variada (VR).Nos esquemas de Razo Fixa (FR), o organismo deve emitir uma quantidade fixa e invarivel de respostas para que o reforador seja apresentado. A quantidade de respostas no varia entre um reforador e outro.Pense naquele vendedor de botas de couro que s recebe o seu salrio a cada 30 botas vendidas. Antes que ele consiga vender as 30 botas, o seu patro no lhe paga. Neste caso, temos um esquema de reforo de Razo Fixa (FR = 30), no qual a cada 30 (essa quantidade no varia) botas vendidas o reforador apresentado.Este esquema caracterizado pela alta taxa de respostas produzidas, uma vez que, como o reforo depende nica e exclusivamente do responder do organismo, se ele responder com rapidez, ir produzir reforo tambm com maior rapidez. Logo aps o reforo, o organismo demora um pouco para voltar a responder. Este tempo chamado pausa aps reforo. Esta pausa atribuda ao fato de que no h produo de reforo imediatamente aps um reforamento anterior, permitindo discriminar de maneira clara que o prximo reforador no estar disponvel imediatamente aps a primeira resposta emitida.No esquema de Razo Varivel (VR), a quantidade de respostas exigida para a apresentao do reforador no fixa. Ela varia.Um cabeleireiro corta cabelos neste esquema. Se ele recebe uma quantia de oito reais por corte, o reforo ser contingente ao nmero de tesouradas que ele dar no cabelo de cada pessoa. No entanto, o nmero de tesouradas necessrias para cortar o cabelo de cada pessoa varia, o que significa que a razo (quantidade de tesouradas) varivel (VR).Este esquema caracterizado por pausas curtas, ou mesmo ausncia de pausa aps reforo. Isso ocorre porque no h como discriminar se o nmero de respostas para o prximo reforo grande ou pequeno, uma vez que varivel. Este esquema o que produz maiores taxas de respostas, j que exigem um nmero indeterminado de respostas para a disponibilizao do prximo reforo, e por no apresentarem pausas aps reforo. Para fazer algum trabalhar muito e ganhar pouco, este o esquema mais indicado.Esquemas de Intervalo.Nos esquemas de intervalo, a quantidade de respostas emitidas entre a apresentao de um reforador e outro irrelevante. Basta que alguma resposta seja emitida, de acordo com o intervalo. O que de fato determina se o reforador ser ou no apresentado, o tempo decorrido desde a ultima apresentao de reforo.Este esquema tambm se subdivide em Fixo e Varivel.No esquema de Intervalo Fixo (FI), o perodo exigido entre a apresentao do ltimo reforador e a disponibilidade do prximo reforador sempre o mesmo. Por exemplo, um atleta em treinamento recebe um beijo de sua namorada a cada 20 minutos de treino. Antes que ele complete os 20 minutos, sob hiptese alguma a sua namorada o beijar. Neste caso, temos um esquema de reforamento de Intervalo Fixo (FI = 20).Este o esquema que produz as menores taxas de respostas. Os motivos pelos quais isso acontece, so 1) no exigido um nmero mnimo de respostas para que o reforo seja disponibilizado; ou seja, tanto faz se o organismo responde muito ou pouco. O que importa para que o reforador seja apresentado, a resposta ser emitida no momento certo. E, 2) o esquema que produz as maiores pausas aps reforo. A discriminao temporal entre o reforamento e o no reforamento facilitada pela regularidade dos intervalos.O esquema de Intervalo Variado (VI) tem o mesmo raciocnio que o de intervalo fixo, com a diferena de que, no esquema em questo, os intervalos (tempo) entre o ltimo reforador e a prxima disponibilidade no so os mesmos, ou seja, so variveis.Achar uma msica agradvel no rdio est sob controle deste esquema. De tempos em tempos possvel encontrar, mas nunca se sabe quanto tempo exatamente preciso ficar procurando pra achar.Este esquema, apesar de ser um esquema de intervalo, produz um padro com uma taxa relativamente alta de respostas. No h como prever quando o prximo reforador estar disponvel. O organismo responder quase o tempo todo. Caso ele fique muito tempo sem responder, perder reforos; deste modo, permanecer respondendo moderadamente o tempo todo.

1. Conceitos bsicos de AC parte 9 Comportamento Verbal DefinioO modo como a linguagem definida e estudada na abordagem analtico-comportamental reverte inteiramente as idias com as quais estamos acostumados e apresenta uma forma prtica e cientfica de investigar a origem, o que mantm e como classificar funcionalmente comportamentos verbais. No cabe nos objetivos deste texto discutir as crticas aos sistemas tradicionais de entendimento da linguagem, portanto, vlido partir direto para o comportamento verbal de acordo com a anlise do comportamento.Dada a extenso do tema, vou dividi-lo em partes. Nesta primeira, vou definir comportamento verbal e comentar algumas de suas implicaes. Depois, vou comentar sobre os diferentes tipos de operantes verbais e como eles podem ajudar na prtica profissional.Em consonncia com o Behaviorismo Radical, Skinner definiu comportamento verbal como um (1) comportamento operante (2) reforado pela mediao de um ouvinte (3) especialmente treinado para faz-lo por uma comunidade verbal.1 Comportamento operanteDefinir comportamento verbal como operante significa dizer que a linguagem no tem nenhuma propriedade especial: ela afetada pelo ambiente da mesma forma que qualquer outro comportamento. Essa uma virada radical na concepo tradicional de linguagem como algo superior ou como uma ferramenta a ser utilizada por aqueles que a dominam. Sendo comportamento, no pode ser utilizada: a prpria ao; e no pode ser superior porque segue os mesmos princpios de qualquer comportamento. Vamos ver algumas implicaes disso.A primeira delas que temos que analisar cada comportamento verbal isoladamente. Por exemplo, pedir por gua no igual a dizer gua diante dela. Cada um desses comportamentos ocorre em um contexto especfico e aprendido separadamente. Pedimos por gua controlados pela sede e o reforador o prprio lquido. Dizer gua quando a vemos est sob controle do estmulo gua e o reforamento generalizado (no est sob controle de algo especfico).Na formulao de Skinner, portanto, a mesma forma verbal gua pode ter diferentes funes, e ser capaz de falar gua em um contexto no sinal de saber falar gua em todas as situaes possveis. A partir dessa concepo, Skinner criou algumas categorias funcionais para classificar o comportamento verbal (elas sero o assunto do prximo texto).

Clique para ampliarOutra implicao de o comportamento verbal ser operante o fato de que o repertrio de uma pessoa produto de sua histria de reforamento. O modo como falamos e o qu falamos esto relacionados com os contextos em que fomos ensinados e as respostas que foram reforadas. Um exemplo: ateno especial a verbalizaes de melhora do cliente fazem com que relatos de avano aumentem, enquanto o aparecimento de queixas diminui. A importncia de saber disso clara: necessrio tomar cuidado para no reforar somente queixas nem somente melhoras, caso contrrio a terapia pode ocorrer de maneira inadequada.2. Reforado pela mediao de um ouvinteApesar de o comportamento verbal ser operante, ele tem uma especificidade fundamental: verbal somente o que reforado pela mediao de um ouvinte. Ir cozinha e pegar a gua reforado pela prpria ao de quem se comportou. Pedir por gua reforado pela ao de algum que traz a gua.Dada que a especificidade do comportamento verbal o fato de ele ser mediado, abre-se um grande leque de comportamentos que so considerados verbais pela anlise do comportamento. Por exemplo, acenar, piscar o olho, cumprimentar apertando demasiadamente a mo, so comportamentos verbais, pois so reforados por conta da ao de outra pessoa. importante notar que falante e ouvinte so definies funcionais, e no se referem a duas pessoas necessariamente. Assim sendo, uma pessoa pode ser ouvinte de si mesma, reforando o prprio comportamento. comum que nos surpreendamos falando conosco mesmo, escrevendo planos em uma agenda ou descrevendo as nossas aes enquanto as executamos.3. Treinado especialmente para faz-lo por uma comunidade verbalPara que possamos dizer que uma pessoa ouvinte, precisamos estar certos de que ela foi treinada nas especificidades de determinado idioma. Pedir gua para um americano poderia no ser reforado e, portanto, no seria um comportamento verbal. No entanto, pedir water resultaria na gua. Isso acontece porque a comunidade verbal americana diferente da brasileira e disso decorre que os falantes e ouvintes dessas comunidades possuem comportamentos verbais prprios.SnteseAgora que cada trecho da definio foi apresentado, veja-a novamente: comportamento verbal um comportamento operante reforado pela mediao de um ouvinte especialmente treinado para faz-lo por uma comunidade verbal.Notem que uma definio funcional, no fazendo referncia a formas especficas de resposta. Uma grande vantagem de se considerar linguagem como comportamento a possibilidade de analis-la em suas unidades funcionais e pesquisar maneiras de mudar esse comportamento para o benefcio da comunidade. Um terapeuta ou professor experiente podem analisar os comportamentos verbais de seus clientes e alunos, identificando quais assuntos so necessrios tratar ou ensinar e que tipo de repertrio verbal vale a pena reforar.

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