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Comunicado Técnico 59 ISSN 1679-0162 Dezembro, 2002 Sete Lagoas, MG CULTIVO DO MILHO Pragas Iniciais Paulo Afonso Viana 1 Ivan Cruz José Magid Waquil 1 Eng. Agr., PhD, Embrapa Milho e Sorgo. Caixa Postal 151 CEP 35 701-970 Sete Lagoas, MG. E-mail: [email protected] Vários insetos atacam as sementes, raízes e plântulas (plantas jovens) do milho após a semeadura. O tipo de ataque reduz o número de plantas na área cultivada e o potencial produtivo da lavoura. Esses insetos são de hábito subterrâneo ou superficiais e, na maioria das vezes, passam despercebidos pelo agricultor, dificultando o emprego de medidas para o seu controle. A importância desses insetos varia de acordo com o local, ano e sistema de cultivo. As principais espécies, sua importância para a cultura, sintomas de danos e métodos de controle disponíveis são descritos a seguir: Pragas que atacam sementes e raízes · Larva alfinete (Diabrotica spp.) Importância econômica - No Brasil, a espécie predominante é a D. speciosa, cujos adultos (Figura 1) alimentam-se das folhas de hortaliças, feijoeiro, soja, girassol, bananeira, algodoeiro e milho. As larvas atacam as raízes do milho e tubérculos de batata. O prejuízo causado por essa larva tem sido expressivo nos Estados do Sul e em algumas áreas das regiões Sudeste e Centro-Oeste. Sintomas de danos - a larva alimenta-se das raízes do milho (Figura 2), interfere na absorção de nutrientes e água e também reduz a sustentação das plantas. O ataque ocasiona o acamamento das plantas em situações de ventos fortes e de alta precipitação pluviométrica. Mais de 3,5 larvas por planta são suficientes para causar danos ao sistema radicular. Métodos de controle - No Brasil, o controle dessa larva é pouco realizado na cultura do milho e tem-se baseado quase que exclusivamente no emprego de inseticidas químicos (Tabela 1), aplicados via tratamento de sementes, granulados e pulverização no sulco de plantio. Excesso e baixa umidade do solo são

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ComunicadoTécnico

59ISSN 1679-0162Dezembro, 2002Sete Lagoas, MG

CULTIVO DO MILHOPragas Iniciais

Paulo Afonso Viana1

Ivan CruzJosé Magid Waquil

1 Eng. Agr., PhD, Embrapa Milho e Sorgo. Caixa Postal 151 CEP 35 701-970 Sete Lagoas, MG.E-mail: [email protected]

Vários insetos atacam as sementes, raízes eplântulas (plantas jovens) do milho após asemeadura. O tipo de ataque reduz o númerode plantas na área cultivada e o potencialprodutivo da lavoura. Esses insetos são dehábito subterrâneo ou superficiais e, na maioriadas vezes, passam despercebidos pelo agricultor,dificultando o emprego de medidas para o seucontrole. A importância desses insetos varia deacordo com o local, ano e sistema de cultivo.As principais espécies, sua importância para acultura, sintomas de danos e métodos decontrole disponíveis são descritos a seguir:

Pragas que atacam sementes e raízes

· Larva alfinete (Diabrotica spp.)

Importância econômica - No Brasil, a espéciepredominante é a D. speciosa, cujos adultos(Figura 1) alimentam-se das folhas de hortaliças,feijoeiro, soja, girassol, bananeira, algodoeiro e

milho. As larvas atacam as raízes do milho etubérculos de batata. O prejuízo causado poressa larva tem sido expressivo nos Estados doSul e em algumas áreas das regiões Sudeste eCentro-Oeste.

Sintomas de danos - a larva alimenta-se dasraízes do milho (Figura 2), interfere na absorçãode nutrientes e água e também reduz asustentação das plantas. O ataque ocasiona oacamamento das plantas em situações de ventosfortes e de alta precipitação pluviométrica. Maisde 3,5 larvas por planta são suficientes paracausar danos ao sistema radicular.

Métodos de controle - No Brasil, o controle dessalarva é pouco realizado na cultura do milho etem-se baseado quase que exclusivamente noemprego de inseticidas químicos (Tabela 1),aplicados via tratamento de sementes,granulados e pulverização no sulco de plantio.Excesso e baixa umidade do solo são

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desfavoráveis à larva. O método de preparo desolo influencia a população desse inseto. Aocorrência da larva é maior em sistema de plantiodireto do que em plantio convencional. Osagentes de controle biológico mais eficientessão os inimigos naturais, Celatoria bosqi,Centistes gasseni, e os fungos Beauveriabassiana e Metarhizium anisopliae.

· Larva-arame (Conoderus spp., Melanotus spp)

Importância econômica - esse grupo de insetocausa danos esporádicos a várias culturas. Parao milho, os danos são mais severos em lavourassemeadas em áreas de pastagens, situação emque o solo não é preparado anualmente,proporcionando uma condição favorável para odesenvolvimento da larva.

Sintomas de danos - as larvas danificam assementes após a semeadura e o sistemaradicular da planta de milho e de outrasgramíneas. Geralmente, constroem galerias edestroem a base do colmo das plantas (Figura3).

Embora o controle químico tenha sido realizadoem áreas experimentais, não há inseticidasregistrados para o controle desse inseto. Emáreas que apresentam histórico de ataque dalarva-arame, medidas de controle deverão serutilizadas preventivamente na semeadura.Inseticidas utilizados no controle da larva-alfinete também apresentam boa performancepara a larva-arame. A umidade do solo é umfator importante no manejo dessa praga. Emsistemas irrigados, a suspensão da irrigação e aconseqüente drenagem da camada agricultáveldo solo força a larva aprofundar-se, reduzindoo dano no sistema radicular.

· Bicho-bolo, coró ou pão de gal inha(Diloboderus abderus, Eutheola humilis,Dyscinetus dubius, Stenocrates sp, Liogenys,sp.)

Importância econômica - para o milho, aimportância econômica dessa praga é maior paralavouras de safrinha, instaladas em semeaduradireta sobre a resteva da soja. Geralmente, apopulação do inseto é alta em áreas cultivadasanteriormente com gramíneas, como é o casode pastagem.

Sintomas de danos - As larvas danificam assementes após o plantio prejudicando suagerminação (Figura 4). Também alimentam-sedas raízes, provocando o definhamento e amorte das plantas. O nível de dano para esseinseto ocorre a partir de 5 larvas/m2.

Figura 1

Figura 2

Métodos de controle - ainda não existeminformações sobre o nível de controle para essegrupo de inseto. A biologia dessas espécies nãoé bem conhecida e os hábitos são variados.

Métodos de controle - agentes de controlebiológico natural de larvas do bicho-bolo sãonematóides, bactérias, fungos, principalmenteMetarhizium e Beauveria sp e parasitóides daordem Diptera. O preparo de solo comimplementos de disco é uma alternativa decontrole cultural da larva. Com essa prática,ocorre o efeito mecânico do implemento sobreas larvas, que possuem corpo mole e são

Figura 3

Figura 4

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expostas à radiação solar e aos inimigos naturais,especialmente pássaros. O controle químicopode ser utilizado via tratamento de sementes(Tabela 1). Experimentalmente, a pulverizaçãode inseticidas no sulco de semeadura tem-semostrado viável para o controle dessa larva.

· Percevejo castanho (Scaptocoris castanea eAtarsocoris brachiariae)

Importância econômica - essa praga ataca váriasculturas, podendo causar danos à soja, algodão,pastagens, feijão e milho. Em áreas localizadas,o percevejo ataca o milho, acarretando sériosprejuízos. A ocorrência deste inseto é esporádicao que dificulta o estabelecimento de umprograma de manejo para impedir os danoscausados pelo mesmo.

Sintomas de danos - as ninfas e os adultos(Figura 5) alimentam-se as raízes e sugam a seiva.O ataque severo causa o definhamento e morteda planta. Os sintomas de ataques variam coma intensidade e a época e, muitas vezes, sãoconfundidos com deficiência nutricional oudoença da planta.

Somente alta população do inseto causaprejuízos para culturas de baixa densidade desementes, como a do milho.

Sintomas de danos - as larvas (Figura 6)alimentam-se preferencialmente das sementesdo milho, após a semeadura, e de raízes,reduzindo a germinação e o número de plantasna lavoura.

Métodos de controle - O método cultural podeser empregado para o manejo desse inseto. Aaração e a gradagem expõem os insetos aospredadores e causam o esmagamento das ninfase adultos. A aração com arado de aiveca é aque apresenta maior eficiência no controle dopercevejo castanho. O fungo Metarhiziumanisopliae é um agente de controle biológicoda praga. Devido ao hábito subterrâneo dopercevejo, o controle químico (Tabela 1) é difícilde ser realizado e recomenda-se o uso preventivode inseticidas.

· Larva Angorá (Astylus variegatus)

Importância econômica – a larva ataca váriasespécies de plantas cultivadas e é consideradauma praga secundária da cultura do milho.

Métodos de controle - métodos culturais, comoa aração e gradagem, ocasionam a morte daslarvas. O controle químico (Tabela 1) deve serrealizado em áreas com histórico de ocorrênciada praga. O tratamento de sementes cominseticidas evita o dano da praga.

· Cupim (Procorniterms sp., Cornitermes sp.,Syntermes sp. e Heterotermes sp.)

Importância econômica - os cupins são insetossociais, organizados em castas, que sealimentam de celulose e atacam inúmerasculturas. Entre a grande variação existente paraesse grupo de inseto, os cupins de hábitossubterrâneos, dos gêneros Proconitermes eSyntermes (Figura 7), são os mais importantespara a cultura do milho.

Sintomas de danos - esses insetos atacam assementes após a semeadura do milho,destruindo-as antes da germinação, acarretandofalhas na lavoura. As raízes também sãoatacadas, causando descortiçamento dascamadas externas, e as plantas amarelecem,murcham e morrem.

Métodos de controle - os cupins subterrâneossão difíceis de controlar. Pode-se reduzir a

Figura 5

Figura 6

Figura 7

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infestação e os danos na lavoura com o empregode inseticidas (Tabela 1), aplicados no sulco deplantio ou através de tratamento de sementes.

Pragas que atacam as plântulas (plantasjovens)

· Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)

Importância econômica - é uma pragaesporádica, com grande capacidade dedestruição num intervalo curto de tempo. Seusdanos estão associados à estiagem logo após aemergência das plantas, condição que aumentaa susceptibilidade da planta, pelo atraso no seudesenvolvimento, e favorece a explosãopopulacional de lagartas na lavoura. Maioresdanos são observados em solos leves e bemdrenados, sendo sua incidência menor sobplantio direto.

Sintomas de danos - as lagartas recém-eclodidasiniciam raspando as folhas e dirigem-se para aregião do coleto da planta (Figura 8), onde cavamuma galeria vertical. A destruição do ponto decrescimento provoca inicialmente murcha e,posteriormente, morte das folhas centrais,provocando o sintoma conhecido como “coraçãomorto” (Figura 9).

· Tripes (Frankliniela williamsi)

Importância econômica - reclamações deprodutores são freqüentes nos Estados doParaná e Mato Grosso do Sul. Os danoscausados pelos tripes têm sido verificados nosperíodos de estiagem, logo após a emergênciadas plântulas, podendo, sob altas infestações,causar até a morte das plantas, com perdaseconômicas significativas.

Sintomas de danos - devido à raspadura dolimbo fol iar, as folhas apresentam-seamarelecidas, esbranquiçadas ou prateadas. Ainfestação pode ser confirmada pela verificaçãode pequenos insetos amarelados (Figura 10) nointerior do cartucho e, sob altas infestações,ocorre murcha das folhas.

Figura 9

Figura 8

Métodos de controle - em áreas de risco, deveser usado o tratamento de sementes cominseticidas sistêmicos à base de tiodicarb,carbofuran ou imidacloprid (Tabela 1). Sobcondições de estresse hídrico, mesmo essetratamento não é efetivo, recomendando-se aaplicação de um inseticida de ação de contatoe profundidade, como os à base de clorpirifós.A alta umidade do solo contribui para reduziros problemas causados pela lagarta-elasmo nomilho.

Métodos de controle - inicialmente, o tratamentode sementes com inseticidas sistêmicos dá boaproteção às plantas (Tabela 1); entretanto, sobcondições de altas refinfestação, podem sernecessárias pulverizações.

· Percevejos - barriga-verde (Dichelops furcatus,D. melacanthus), verde (Nezara viridula)

Importância econômica - os percevejos sãopragas tipicamente da soja, mas, com o plantiodo milho em sucessão ou mesmo em rotação,passaram a causar danos também ao milho, logoapós a emergência das plantas. Os danosocorrem na fase inicial de desenvolvimento dacultura, podendo causar perdas parciais ou totaisdas lavouras.

Sintomas de danos - os adultos e ninfas, ao sealimentarem na base das plântulas (Figura 11)de milho, introduzem seus estiletes através dabainha até as folhas internas, causando lesõesque, posteriormente, após a abertura das folhas,mostram vários furos de distribuição simétricano limbo foliar, apresentando halos amarelados

Figura 10

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ao redor dos furos. Outros sintomas são adeformação das plantas, podendo levá-las àmorte e/ou intenso perfilhamento, que sãototalmente improdutivos.

nanismo acentuado, com os últimos internódiospouco desenvolvidos, dando à planta aaparência de uma palmeira, o que é facilmenteconfundido com plantas “dominadas”.

Métodos de controle - pode ser feito medianteo tratamento de sementes com inseticidassistêmicos (Tabela 1) ou através de pulverizaçõeslogo após a emergência das plantas, quandoconstatada a presença dos insetos.

· Cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis)

Importância econômica - os danos diretoscausados pela sucção de seiva dos adultos eninfas pode reduzir pr incipalmente odesenvolvimento do sistema radicular, mas osprincipais prejuízos causados por essa espéciesão devido à transmissão de fitopatógenos comoo vírus do rayado fino e dois molicutes,Spiroplasma kunkelli (enfezamento pálido) efitoplasma (enfezamento vermelho). Os prejuízoscausados por essas doenças pode chegar a maisde 80%, dependendo do patógeno, dos fatoresambientais e da sensibilidade dos híbridoscultivados. A incidência da doença estáassociada à alta densidade populacional deinsetos infectivos o que ocorre no final do verão(plantios tardios).

Sintomas de danos - a presença do inseto (Figura12) pode ser constatada diretamente pelo examedo cartucho das plantas ou através deamostragem com rede entomológica, passadano topo das plantas. A incidência das doençassó é confirmada depois do aparecimento dossintomas: Rayado fino - folhas com riscasamareladas (paralelas às nervuras) com aparênciapontilhada, Enfezamento pálido - no início,plantas podem apresentar folhas comdeformações e, posteriormente, inicia-se peladescoloração (clorose) das bordas da base dasfolhas, que pode progredir para toda a planta,

Enfezamento vermelho - dependendo do estádiode infecção das plantas, pode não se observaro nanismo, mas geralmente ele está presente,com últimos internódios pouco desenvolvidose folhas com avermelhamento generalizado. Nafase reprodutiva, notam-se manchasdescoloridas nos grãos incompletamente cheios,o que dá à espiga certa flexibilidade, ao sertorcida nas mãos.

Métodos de controle - os mais eficientes são osculturais, evitando-se a multiplicação do vetorem plantios sucessivos, erradicação de plantasvoluntárias na área antes do plantio e uso decultivares menos susceptíveis aos patógenos.Evitar o plantio de milho pipoca e milho doceem áreas com histórico recente de alta incidênciados enfezamentos, dada a alta susceptibilidadeda maioria dessas cultivares. Finalmente, podetambém ser utilizado o tratamento de sementecom inseticidas sistêmicos (Tabela 1).

· Pulgão-do-milho (Rhopalosiphum maidis)

Importância econômica - esta é a espécie deinseto de ocorrência mais endêmica no milho,mas raramente constitui problema para a culturapela ação eficiente dos inimigos naturais(predadores e parasitóide). Ataca as partesjovens da planta, preferencialmente o cartucho,mas pode infestar também o pendão e gemasflorais. Seus danos diretos ocorrem somentequando a densidade populacional é muito altae a planta esteja sofrendo estresse hídrico. Os

Figura 11

Figura 12

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maiores danos ocorrem sob condiçõesfavoráveis para transmissão do vírus do mosaico.Neste caso, mesmo sob densidades muitasvezes não detectáveis, podem ocorrer perdassignificativas, pois o principal vetor é a formaalada e o vírus é de transmissão estiletar, ouseja, transmite de plantas doentes para sadiassimplesmente por via mecânica, através dapicada de prova.

Sintomas de danos - sob altas populações, sãovisíveis as colônias sobre as plantas (Figura 13)e, sob estresse hídrico, as folhas mostram-semurchas e com bordas necrosadas. O sintomada doença aparece no limbo foliar na forma deum mosaico de coloração verde claro, numfundo verde escuro.

que pode ocorrer desde a emergência até opendoamento, quando o ataque ocorre no iníciode desenvolvimento da cultura, a lagarta podeperfurar a base da planta, atingir o ponto decrescimento e provocar o sintoma de “coraçãomorto”, típico da elasmo.

Métodos de controle – para o controle dadoença, os métodos culturais, na forma deeliminação dos hospedeiros nativos do patógenoe do vetor (gramíneas em geral), têm sido osmais eficientes. No início da desenvolvimentodas plantas, o tratamento de sementes ofereceproteção (Tabela 1). Durante o ciclo da planta,os inimigos naturais têm ação primordial namanutenção do equilíbrio. Raramente tem sidonecessário tomar outras medidas de controle.

· Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)

Importância econômica - a lagarta-do-cartuchoatacando plantas mais jovens de milho podecausar a sua morte, especialmente quando acultura é instalada após a dessecação no sistemade plantio direto. Nessas condições, a lagartajá está presente na área e, quando o milhoemerge, as lagartas podem causar danos nasplantas ainda jovens, aumentandosignificativamente sua importância noestabelecimento da população de plantas idealna lavoura.

Sintomas de danos - embora esta espécie ataquetipicamente o cartucho da planta (Figura 14), o

Métodos de controle - o tratamento de sementestem sido o método mais recomendado para ocontrole das pragas iniciais do milho (Tabela1). Os inseticidas sistêmicos dão controle atécerca de 17 dias após o plantio, sob condiçõessatisfatórias de suprimento de água. Sobestresse hídrico, os tratamento de semente nãoapresentam a mesma eficiência e devem sersuplementados por pulverizações dirigidas parao sítio de ataque do inseto.

· Cigarrinha-das-pastagens (Deois flavopicta)

Importância econômica - o milho, o arroz e osorgo não são considerados hospedeiros dessaespécie, por não permitirem o fechamento doseu ciclo biológico. Portanto, a infestação domilho pela cigarrinha é resultado da imigraçãode adultos provenientes de áreas de pastagens,principalmente daquelas formadas com capinsdo gênero Brachiaria.

Sintomas de danos - é relativamente fácilobservar a presença dos insetos (Figura 15)alimentando-se nas folhas, que após serempicadas, mostram áreas de clorose,amarelecimento e necrose, podendo causar amorte de toda a planta. A sensibilidade dasplantas é tanto maior quanto mais nova forem.

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Métodos de controle – evitar, sempre quepossível, o cultivo de milho em áreas próximasa pastagens de braquiárias. O tratamento desementes com inseticidas sistêmicos tambémpode reduzir significativamente os danoscausados às plantas (Tabela 1).

· Broca-da-cana (Diatraea saccharalis)

Importância econômica - tem sido mais problemaem plantas mais desenvolvidas, mas essa pragapode também infestar as plantas recém-emergidas. Neste caso, as plantas atacadas sãototalmente improdutivas, sendo os prejuízosproporcionais à redução da população deplantas.

Sintomas de danos – os danos pela broca-da-cana, em plantas novas, são semelhantes aoscausados pela lagarta-elasmo, folhas raspadasno início da infestação e, posteriormente, osintoma de “coração morto” e/ou perfilhamentodas plantas sobreviventes (Figura 16).

Métodos de controle - neste caso, os métodosrecomendados são os mesmos anteriormentecitados. Experimentalmente, o tratamento desementes com inseticidas sistêmicos oupulverização dirigida para a base da planta,utilizando inseticidas de efeito de profundidadee/ou de ação translaminar, possibilita um bomcontrole da praga.

· Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon)

Importância econômica - predomina em áreasde solos pesados, mal cultivado ou seja, áreas“sujas”. Os danos resultam da redução dapopulação de plantas produtivas, cujos prejuízossão proporcionais à taxa de infestação.

Sintomas de danos - as larvas atacam a regiãodo coleto, cortando as plantas na base (Figura17), o que provoca morte ou perfilhamento. Emáreas muito infestadas, notam-se muitas plantas

cortadas, mas os insetos não são facilmentevisíveis, já que têm atividade preferencialmentenoturna.

Métodos de controle - os culturais envolvem aantecipação da eliminação de plantas daninhas,principalmente via dessecante, o que podereduzir a infestação, pois as mariposas preferemovipositar em plantas ou restos culturais aindaverdes. O tratamento de sementes cominseticidas sistêmicos também é recomendadoem áreas com histórico de incidência dessapraga. Em áreas menores, é recomendadatambém a distribuição de iscas preparadas à basede farelo, melaço e um inseticida sem odor,como o trichlorfon (Tabela 1).

Figura 16

Figura 17

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Tabela 1. Inseticidas registrados para o controle de insetos-praga na cultura do milho. 2002.

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Tabela 1. Inseticidas registrados para o controle de insetos-praga na cultura do milho. 2002. - Continuação

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Comitê dePublicações

Presidente: Ivan CruzSecretário-Executivo: Frederico Ozanan Machado DurãesMembros: Antônio Carlos de Oliveira, Arnaldo Ferreira daSilva, Carlos Roberto Casela, Fernando Tavares Fernandes ePaulo Afonso Viana

Expediente Supervisor editorial: José Heitor VasconcellosRevisão de texto: Dilermando Lúcio de OliveiraEditoração eletrôncia: Tânia Mara Assunção Barbosa

ComunicadoTécnico, 59

Exemplares desta edição podem ser adquiridos na:Embrapa Milho e SorgoCaixa Postal 151 CEP 35701-970 Sete Lagoas, MGFone: 0xx31 3779 1000Fax: 0xx31 3779 1088E-mail: [email protected]

1ª edição1ª impressão (2002) Tiragem: 200

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