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Comunicações Individuais Eixo Temático 1 Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

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Comunicações Individuais

Eixo Temático 1

Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

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SUMÁRIO O INÍCIO DO PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO NA FRONTEIRA BRASIL/PARAGUAI ............................................145 ALESSANDRA VIEGAS JOSGRILBERT...................................................................................................................145 PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES ENTRE URUGUAI E BRASIL: O CASO DO DIRETOR DA PRAÇA DE DESPORTOS DO MUNICÍPIO DE BAGÉ/RS (1927-1930)...............................................................................................................145 ALESSANDRO CARVALHO BICA..........................................................................................................................145 O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL........................................................................................................................................................146 ALEXANDRE GODOY DOTTA..............................................................................................................................146 A EDUCAÇÃO RURAL NO ESTADO NOVO EM PERNAMBUCO (1937-1945)........................................................146 ALINE CRISTINA PEREIRA DE ARAÚJO RAMOS....................................................................................................146 MAPAS DE MATRÍCULAS, SUBVENÇÕES E PROPAGANDAS: VESTÍGIOS DO PÚBLICO ESCOLAR NA CORTE IMPERIAL (1850-1880). ....................................................................................................................................147 ALINE DE MORAIS LIMEIRA PASCHE ..................................................................................................................147 FÁTIMA APARECIDA DO NASCIMENTO..............................................................................................................147 ANÁLISE DE POLÍTICAS INTERNACIONAIS DE EDUCAÇÃO E SAÚDE NA ESCOLA: A INICIATIVA DAS ESCOLAS PROMOTORAS DE SAÚDE ................................................................................................................................147 ALINE FABIANE BARBIERI ..................................................................................................................................147 AMÉLIA KIMIKO NOMA.....................................................................................................................................147 ANÁLISE DE POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS DE EDUCAÇÃO E SAÚDE NA ESCOLA: O PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA ............................................................................................................................................................148 ALINE FABIANE BARBIERI ..................................................................................................................................148 AMÉLIA KIMIKO NOMA.....................................................................................................................................148 NOVO PLANO, VELHOS DESAFIOS ....................................................................................................................149 ALZIRA BATALHA ALCÂNTARA...........................................................................................................................149 ROSELI MARITAN DE ABOIM COSTA..................................................................................................................149 "VOCÊ PODE,BASTA QUERER!":A BIOPOLÍTICA NO MOBRAL EM VARGINHA - MG(1973-1985)........................149 ANA CRISTINA PEDERIVA ..................................................................................................................................149 A ESCOLA PRIMÁRIA NA PRIMEIRA REPÚBLICA: DILEMAS DA ORGANIZAÇÃO EDUCACIONAL NOS ESTADOS DO PARANÁ, SÃO PAULO E RIO GRANDE DO NORTE (1890-1930)..........................................................................150 ANA EMÍLIA CORDEIRO SOUTO FERREIRA .........................................................................................................150 CARLOS HENRIQUE DE CARVALHO ....................................................................................................................150 POLÍTICAS EDUCACIONAIS E RENOVAÇÃO EDUCACIONAL NA ESCOLA PRIMÁRIA DE SANTA CATARINA (1911-1945): ESTRATÉGIA DISCURSIVA DE MODERNIZAÇÃO?....................................................................................150 ANA PAULA DA SILVA FREIRE ............................................................................................................................150 “CULTIVAR O ESPÍRITO, FORMAR O CARÁTER”: IDEOLOGIA DO PROGRESSO E A CONSTRUÇÃO DO CIDADÃO REPUBLICANO NOS GRUPOS ESCOLARES DA CIDADE DE SANTOS ....................................................................151 ANDRÉ LUIZ RODRIGUES CARREIRA...................................................................................................................151 POLÍTICA E EDUCAÇÃO NO BRASIL DO SÉCULO XIX: LIMITES E POSSIBILIDADES À ORGANIZAÇÃO DA INSTRUÇÃO PÚBLICA...........................................................................................................................................................152 ANDRÉ PAULO CASTANHA ................................................................................................................................152 O ENSINO SECUNDÁRIO ERA UM ESCÂNDALO, E VIROU MANCHETE DE PRIMEIRA PÁGINA............................152 ANDRÉA MÁRCIA SANT' ANA ............................................................................................................................152

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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ESCOLARIZAÇÃO, MODERNIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTISMO NA PARAÍBA (1950- 1954)...............................153 ANTONIO CARLOS FERREIRA PINHEIRO............................................................................................................. 153 A EDUCAÇÃO NO PROJETO DE PROGRESSO MINEIRO: REPERTÓRIOS DOS DISCURSOS DO SENADO................153 BÁRBARA BRAGA PENIDO LIMA........................................................................................................................ 153 A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO 2011-2020: RUPTURA OU CONTINUIDADE DE UMA TENDÊNCIA HISTÓRICA ...........................................................................................................................154 BRUNA DOS ANJOS VIEIRA................................................................................................................................ 154 ROSE MARY DE SOUZA ARAÚJO ........................................................................................................................ 154 ASPECTOS DA CULTURA POLÍTICA E O IDEÁRIO DE MODERNIZAÇÃO: PROJETOS PARA O ENSINO AGRÍCOLA EM MINAS GERAIS (1949-1955) .............................................................................................................................154 BRUNO GERALDO ALVES...................................................................................................................................154 A EXPANSÃO DA ESCOLA SECUNDÁRIA E O CAMPO POLÍTICO NO ESTADO DE SÃO PAULO (1947-1964) .........155 CARLOS ALBERTO DINIZ ....................................................................................................................................155 DO DIREITO À EDUCAÇÃO AO DIREITO À APRENDIZAGEM: UM ESTUDO SOBRE AS CULTURAS DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA (CAXIAS DO SUL 1988-2013) ......................................................................................................156 CAROLINE CALDAS LEMONS.............................................................................................................................. 156 DIVISÃO DO TRABALHO NA ESCOLA: UM OLHAR A PARTIR DO PARECER 252/69 ............................................156 CÁTIA CORRÊA MICHALOVICZ ........................................................................................................................... 156 RECONSTRUINDO A MEMÓRIA DA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR DO NOROESTE FLUMINENSE: 1960-1976 .......157 CECILIA NEVES LIMA .........................................................................................................................................157 PABLO SILVA MACHADO BISPO DOS SANTOS ....................................................................................................157 ESCOLA ESTADUAL 26 DE AGOSTO EM CAMPO GRANDE - MS: CONSTITUIÇÃO, ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS (1936-1982)..............................................157 CELEIDA MARIA COSTA DE SOUZA E SILVA ........................................................................................................157 REGINA TEREZA CESTARI DE OLIVEIRA .............................................................................................................. 157 ESCOLA ESTADUAL 26 DE AGOSTO EM CAMPO GRANDE - MS: CONSTITUIÇÃO, ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS (1936-1982)..............................................158 CELEIDA MARIA COSTA DE SOUZA E SILVA ........................................................................................................158 REGINA TEREZA CESTARI DE OLIVEIRA .............................................................................................................. 158 REGISTRO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL FEDERAL NO BRASIL: 1909-2008 ...................................159 CELIA REGINA OTRANTO...................................................................................................................................159 DIRETRIZES PARA A LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL BRASILEIRA NO INÍCIO DA DÉCADA DE 1950: PRINCÍPIOS, SIGNIFICADO E PAPEL DA LDBEN (4.024/61) EM ANÁLISE................................................................................159 CRISTIANE SILVA MÉLO.....................................................................................................................................159 MARIA CRISTINA GOMES MACHADO................................................................................................................. 159 EDUCAÇÃO REPUBLICANA: AS MARCAS DISCURSIVAS NAS PRÁTICAS DOS PROFESSORES ..............................160 DIMAS SANTANA SOUZA NEVES........................................................................................................................ 160 TEREZINHA DE JESUS AIRES CARNEIRO.............................................................................................................. 160 OBRIGATORIEDADE ESCOLAR: TENSÕES EM TORNO DA CULTURA DE ESCOLARIZAÇÃO (SÃO PAULO: 1874-1920) EDNÉIA REGINA ROSSI ......................................................................................................................................160 XVII CONEPE (1980): O DEBATE DOS DIRIGENTES DAS ESCOLAS PARTICULARES COMO UMA ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA .........................................................................................161 EDUARDO NORCIA SCARFONI ........................................................................................................................... 161 COUTTO FERRAZ E OS REGULAMENTOS DE EDUCAÇÃO NA PROVÍNCIA DO ESPÍRITO SANTO – 1848 E 1861 ...162 EDUARDO VIANNA GAUDIO.............................................................................................................................. 162

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VIII Congresso Brasileiro de História da Educação

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FREQUÊNCIA ESCOLAR EM MINAS GERAIS: QUESTÃO PEDAGÓGICA E POLÍTICA. ............................................162 FABIANA DE OLIVEIRA BERNARDO ....................................................................................................................162 ENSINO PROFISSIONAL: DO TRABALHO MANUAL NO BRASIL COLÔNIA À EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NA PRIMEIRA REPÚBLICA ......................................................................................................................................163 FABIO VASCONCELOS LIMA PEREIRA.................................................................................................................163 MILENE MAGALHÃES PINTO .............................................................................................................................163 ESCOLA COMPLEMENTAR DE COMÉRCIO DE SETE LAGOAS: HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL E EM MINAS GERAIS ........................................................................................................................................163 FABIO VASCONCELOS LIMA PEREIRA.................................................................................................................163 ENSINO SECUNDÁRIO NO BRASIL DA PRIMEIRA REPÚBLICA............................................................................164 FERNANDA BARROS..........................................................................................................................................164 GRUPO ESCOLAR DA CIDADE: AÇÃO DO ESTADO NA POLÍTICA DE ESTABELECER MODELO DE EDUCAÇÃO REPUBLICANA, DIAMANTINA, 1907 .................................................................................................................165 FLÁVIO CÉSAR FREITAS VIEIRA ..........................................................................................................................165 RENAN EUFRÁSIO ASSIS DE ALMEIDA................................................................................................................165 A POLÍTICA DE EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL: UM OLHAR PARA O IFRN.....................165 FRANCISCO DAS CHAGAS SILVA SOUZA .............................................................................................................165 IAPONIRA DA SILVA RODRIGUES .......................................................................................................................165 A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO 2011-2020: RUPTURA OU CONTINUIDADE DE UMA TENDÊNCIA HISTÓRICA ...........................................................................................................................166 GEDELI FERRAZZO.............................................................................................................................................166 CLÁUDIA BARBOSA LÔBO..................................................................................................................................166 ROSÂNGELA DE FÁTIMA CAVALCANTE FRANÇA.................................................................................................166 MARCO ANTÔNIO DE OLIVEIRA GOMES ............................................................................................................166 EDUCAÇÃO, HIGIENE E SAÚDE NAS REPRESENTAÇÕES SOBRE AS POPULAÇÕES RURAIS EM MINAS GERAIS: UMA ANÁLISE DOS ANAIS DO CONGRESSO MINEIRO (1889 - 1892)..........................................................................167 GILVANICE BARBOSA DA SILVA MUSIAL ............................................................................................................167 WALQUIRIA MIRANDA ROSA.............................................................................................................................167 A ESTATIZAÇÃO DO ENSINO E A LÍNGUA PORTUGUESA NO ALVARÁ DE REGULAMENTO DOS ESTUDOS MENORES DE 28 DE JUNHO DE 1759................................................................................................................167 GISELLE MACEDO BARBOZA..............................................................................................................................167 POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS PARA A EMPREGABILIDADE? UMA ANÁLISE DO PRONATEC ..................168 GUSTAVO CESAR LOPES GERALDINO.................................................................................................................168 ELMA JÚLIA GONÇALVES DE CARVALHO............................................................................................................168 AS REFORMAS DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NA CULTURA POLÍTICA REPUBLICANA: OS TRÂMITES DO CONGRESSO LEGISLATIVO MINEIRO (1892-1930).............................................................................................168 IRLEN ANTÔNIO GONÇALVES ............................................................................................................................168 MILENE MAGALHÃES PINTO .............................................................................................................................168 EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA DE SEGUNDA GERAÇÃO:O PROJETO MINERVA E A INFLUÊNCIA DO INSTITUTO DE POLÍTICAS E ESTUDOS SOCIAIS (IPES)...............................................................................................................169 JANE SANTOS DA SILVA.....................................................................................................................................169 EDUCAÇÃO BÁSICA E DITADURA MILITAR: CONTRIBUIÇÕES PARA A DISCUSSÃO SOBRE O PERÍODO DE 1964-1985.................................................................................................................................................................169 JANE SANTOS DA SILVA.....................................................................................................................................169 O FOMENTO À PESQUISA EM HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL NO ÂMBITO DO CNPQ NO PERÍODO 2009-2014.................................................................................................................................................................170 JOSENILSON GUILHERME DE ARAUJO ...............................................................................................................170

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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A INSTRUÇÃO MILITAR E O ENSINO DE FRANCÊS EM PORTUGAL E NO BRASIL (1761 - 1810)...........................171 KATE CONSTANTINO PINHEIRO DE ANDRADE OLIVEIRA .................................................................................... 171 A ESCOLARIZAÇÃO DA POPULAÇÃO POBRE NA PROVÍNCIA DA PARAHYBA DO NORTE: PRIMEIRAS IMPRESSÕES 1849 – 1889 .....................................................................................................................................................171 LAYS REGINA BATISTA DE MACENA MARTINS DOS SANTOS............................................................................... 171 MAURICEIA ANANIAS .......................................................................................................................................171 O TRABALHO COM ALUNOS NO ESTADO DA GUANABAR (1961 A 1974)..........................................................172 LEILA DE MACEDO VARELA BLANCO.................................................................................................................. 172 A CRIAÇÂO DA ESCOLA NORMAL LIVRE “JOSÉ BONIFÁCIO” DE SANTOS ..........................................................172 LUCIA TAVARES NASCIMENTO .......................................................................................................................... 172 CONCEPÇÕES SOBRE A OSSATURA MATERIAL DO ESTADO 'COISIFICADO' NAS INSTITUIÇÕES: OS CONSELHOS DE EDUCAÇÃO EM DISCUSSÃO. ............................................................................................................................173 LUÍS CARLOS FERREIRA .....................................................................................................................................173 ANÍSIO TEIXEIRA E O ENSINO SECUNDÁRIO .....................................................................................................173 MANNA NUNES MAIA.......................................................................................................................................173 INDAGANDO DISCURSOS, PROBLEMATIZANDO AÇÕES: O “BRASIL MODERNO” NO PROJETO POLÍTICO DO GOVERNO PROVISÓRIO (1930-1937) ...............................................................................................................174 MANNA NUNES MAIA.......................................................................................................................................174 DISPUTAS QUE ENVOLVERAM O SERVIÇO SANITÁRIO PAULISTA ENTRE A REPÚBLICA VELHA E O ESTADO NOVO MÁRCIA GUEDES SOARES .................................................................................................................................175 O ENSINO NAS ESCOLAS PÚBLICAS DO LITORAL PAULISTA NA DÉCADA DE 1930. A ATUAÇÃO DO DELEGADO DE ENSINO LUIZ DAMASCO PENNA.......................................................................................................................175 MARIA APPARECIDA FRANCO PEREIRA.............................................................................................................. 175 INFLUÊNCIA ESTRANGEIRA NO PENSAMENTO PEDAGÓGICO DE MÁRIO CASASANTA - MINAS GERAIS 1928 -1963.................................................................................................................................................................176 MARIA DO CARMO DE MATOS.......................................................................................................................... 176 POLÍTICA EDUCACIONAL PARA A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO PARÁ (1905-1909): A EXPANSÃO DE GRUPOS ESCOLARES E O CONTROLE DA EVASÃO ESCOLAR............................................................................................176 MARIA DO SOCORRO PEREIRA LIMA ................................................................................................................. 176 AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS PARA O MEIO RURAL PIAUIENSE NA DECADA DE 1980 .....................................177 MARLI CLEMENTINO GONÇALVES ..................................................................................................................... 177 ANTONIO DE PÁDUA CARVALHO LOPES ............................................................................................................ 177 A CONSTITUIÇÃO DO DIREITO SOCIAL À EDUCAÇÃO NAS LEGISLAÇÕES MINEIRAS DA DÉCADA DE 1920.........178 MARLOS BESSA MENDES DA ROCHA................................................................................................................. 178 PRÁTICAS POLÍTICAS DO PROCESSO DE INSERÇÃO DA POPULAÇÃO CAPIXABA A CULTURA ESCRITA NO FINAL DO SÉCULO XIX ................................................................................................................................................178 MAYARA FERREIRA SOARES .............................................................................................................................. 178 A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL A PARTIR DE 1990: O ESTADO E AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO SÉCULO XXI. ..................................................................................................................................................................179 MILLANY MACHADO LINO ................................................................................................................................ 179 A DISCUSSÃO SOBRE O RENDIMENTO ESCOLAR NA REVISTA DO ENSINO DO RIO GRANDE DO SUL.................179 NATÁLIA DE LACERDA GIL .................................................................................................................................179 MARLOS TADEU BEZERRA DE MELLO ................................................................................................................ 179 AS “NOVAS” ATRIBUIÇÕES DA CAPES E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO BRASIL.......................................180 NATHANAEL DA CRUZ E SILVA NETO................................................................................................................. 180

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VIII Congresso Brasileiro de História da Educação

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INSTRUÇÃO PÚBLICA E O DESENVOLVIMENTO LOCAL: CUIABÁ/MT - 1889-1906.............................................180 NILCE VIEIRA CAMPOS FERREIRA.......................................................................................................................180 OS CONVÊNIOS MEC/USAID PARA O ENSINO SECUNDÁRIO BRASILEIRO: AJUDA HUMANITÁRIA OU EXPANSÃO DO CAPITALISMO?...........................................................................................................................................181 NILTON FERREIRA BITTENCOURT JUNIOR..........................................................................................................181 A NOVA CONFIGURAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DA ESCOLA INDUSTRIAL DE NATAL A PARTIR DA REFORMA DO ENSINO INDUSTRIAL: LEI Nº 3.552/1959 ...................................................................................182 NINA MARIA DA GUIA DE SOUSA SILVA.............................................................................................................182 OLIVIA MORAIS DE MEDEIROS NETA.................................................................................................................182 DINÂMICA DE CIDADES UNIVERSITÁRIAS: HISTÓRIA, CONCEITO, PERFIL E CARACTERÍSTICAS DE CIDADES UNIVERSITÁRIAS..............................................................................................................................................182 REINALDO DOS SANTOS....................................................................................................................................182 O MÉTODO LANCASTERIANO SOB O ENFOQUE DA TRANSDISCURSIVIDADE....................................................183 RIVALDO ALFREDO PACCOLA ............................................................................................................................183 A LDB DE 1961 E A NÃO OBRIGATORIEDADE DO ENSINO DE INGLÊS NO BRASIL: ANTECEDENTES E CONSEQUÊNCIAS .............................................................................................................................................183 RODRIGO BELFORT GOMES...............................................................................................................................183 ANA LÚCIA SIMÕES BORGES FONSECA..............................................................................................................183 ESCOLA PRIMÁRIA NA PARAHYBA DO NORTE: SUA ORGANIZAÇÃO PARA A CIVILIDADE E PROGRESSO (1884-1886)................................................................................................................................................................184 ROSE MARY DE SOUZA ARAÚJO ........................................................................................................................184 OS FAZERES COTIDIANOS DO CONSELHO SUPERIOR DA INSTRUÇÃO PUBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO (1893 -1896) ..............................................................................................................................................................184 ROSILEY APARECIDA TEIXEIRA...........................................................................................................................185 IMIGRAÇÃO E POVOAMENTO EM GOIÁS (1949): A ESCOLARIZAÇÃO COMO DISPOSITIVO DE SEGURANÇA DAS POPULAÇÕES ...................................................................................................................................................185 RUBIA-MAR NUNES PINTO................................................................................................................................185 ESCOLA PRIMÁRIA NA BAHIA: POLÍTICAS PÚBLICAS E MODELOS DE ESCOLA DE 1930-1960 ............................186 SARA MARTHA DICK .........................................................................................................................................186 IMPACTOS E CONTRADIÇÕES NA GESTÃO MUNICIPAL DE MARIA YEDDA LINHARES: O CASO DO I PROGRAMA ESPECIAL DE EDUCAÇÃO NO RIO DE JANEIRO ..................................................................................................186 SHEILA CRISTINA MONTEIRO MATOS ................................................................................................................186 A POLIVALÊNCIA NA ORGANIZAÇÃO ESCOLAR PERNAMBUCANA ENTRE 1950- 1960: QUAIS PERSPECTIVAS? .187 SHIRLEIDE PEREIRA DA SILVA CRUZ...................................................................................................................187 O ENSINO PAULISTA NA IMPRENSA PERIÓDICA ENTRE 1935 E 1938: NOTICIÁRIO SOBRE A ADMINISTRAÇÃO ALMEIDA JÚNIOR.............................................................................................................................................187 SILVIA VALLEZI FULACHIO .................................................................................................................................187 A FUNÇÃO SOCIAL DO ENSINO SECUNDÁRIO NO CONTEXTO DE FORMAÇÃO DA SOCIEDADE CAPITALISTA BRASILEIRA ......................................................................................................................................................188 SOLANGE APARECIDA ZOTTI .............................................................................................................................188 PROFESSOR, MÉDICO E FAMÍLIA: UMA ANÁLISE DA MEDICINA ESCOLAR........................................................189 VALQUIRIA ELITA RENK.....................................................................................................................................189 EDINA DAYANE DE LARA BUENO.......................................................................................................................189

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL FEMININA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: QUESTÕES DE REPRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DO MOVIMENTO FEMINISTA (1919- 1929) ...................................................................................189 VIVIAN MACHADO DUTRA................................................................................................................................ 189 JOÃO CALMON E A LUTA PELA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DE RECURSOS À EDUCAÇÃO NO CONTEXTO DO REGIME MILITAR (1967-1985) NO BRASIL ........................................................................................................190 WELLINGTON FERREIRA DE JESUS..................................................................................................................... 190

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VIII Congresso Brasileiro de História da Educação

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O INÍCIO DO PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO NA FRONTEIRA BRASIL/PARAGUAI

ALESSANDRA VIEGAS JOSGRILBERT Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

A fronteira é um espaço que tem chamado a atenção de pesquisadores pois pode ser um local de intercâmbio ou embate, dependendo do posicionamento dos países e também dos sujeitos envolvidos. O presente trabalho tem como objetivo analisar o início do processo de escolarização na fronteira Brasil/Paraguai, especialmente nas cidades de Ponta Porã (Br) e Pedro Juan Caballero (Py). O recorte temporal dessa pesquisa vai dos primeiros anos do século XX, início da concentração da população na região até a metade da década de 1940, quando Ponta Porã é elevada a categoria de Território Federal e Pedro Juan Caballero se torna capital do Estado de Amambay; no período em que se percebe que a preocupação dos dois países aumenta sobre a região. Como são raras as fontes sobre o assunto na região, escolhemos para este ensaio, fazer um levantamento bibliográfico e uma pesquisa documental, baseada principalmente na legislação vigente no período e nas mensagens de Presidentes do Estado de Matto Grosso. Pretende-se propor uma aproximação entre autores paraguaios e brasileiros que comentam sobre a educação no período e depois analisar como se deu a criação das primeiras instituições escolares na fronteira Ponta Porã/Pedro Juan Caballero. Trabalhando na perspectiva da Nova História Cultural, será feita uma análise da bibliografia encontrada, dedicando-se especial atenção a dois autores, um brasileiro e um paraguaio e também um estudo da legislação dos dois países: Constituição Federal da época em questão, legislações educacionais e mensagens presidenciais. O autor brasileiro selecionado para este texto é José de Melo e Silva, que foi juiz de direito em Ponta Porã e Bela Vista por quase dez anos, durante a década de 1930, e escreveu Fronteiras Guaranis em 1939 e Canaã do Oeste: Sul de Mato Grosso, em 1947. As fontes paraguaias são muito mais escassas que as brasileiras, sendo encontrados somente dois autores que tratam da região Benítez (2008) e Goiris (1999), optamos para este trabalho o estudo de Benitez (2008), em razão do mesmo ser historiador formado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, e atualmente ser Secretário de Turismo da "municipalidad" Pedro Juanina que escreveu A la sombra de los Perobales: Historia del poblado de Punta Porã - Génesis de dos ciudades. Pelos estudos já realizados, pode-se concluir que, em 1912, o lado paraguaio da fronteira era mais estruturado no âmbito da educação, já possuía uma escola organizada, onde os brasileiros também estudavam. O lado brasileiro teve que esperar mais quinze anos para ver construída sua primeira escola.

PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES ENTRE URUGUAI E BRASIL: O CASO DO DIRETOR DA PRAÇA DE DESPORTOS DO MUNICÍPIO DE BAGÉ/RS

(1927-1930)

ALESSANDRO CARVALHO BICA Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Este artigo é parte do trabalho: A Sistematização da Educação Pública Municipal no Governo de Carlos Cavalcanti Mangabeira (1925-1929) no município de Bagé/RS e tem como objetivo estabelecer diálogos entre os discursos pedagógicos da Instrução Física e da figura do Maestro de Plaza de Desportes na cidade de Bagé na Primeira República. Portanto, buscou-se compreender as concepções educacionais encontradas nas práticas de Educação Física e nos discursos de civismo e ordem na municipalidade bajeense na Primeira República. Neste sentido, tem como objetivo principal compreender as concepções educacionais encontradas nas práticas de Educação Física e nos discursos de civismo, progresso e ordem imprimidos pela municipalidade bajeense na Primeira Republica. Logo, é extremamente relevante compreender as intenções educacionais da criação da Praça de Desportos no município de Bagé no ano de 1927. O esforço empreendido pela Intendência Municipal na construção deste espaço público evidencia os preceitos republicanos, isto é, a conjugação dos aspectos doutrinários da modernidade com os enfoques da instrução física, moral e cívica. A necessidade da construção de um espaço escolar que fosse destinado à prática da Instrução Física, à Educação e ao Civismo, pôde ser encontrada no Relatório Intendencial de 1925. Este relatório traz indícios para nossas análises iniciais, tais como, que a construção da praça de jogos infantis era uma intenção administrativa e educacional primordial no transcorrer da década de 1920 para a cidade de Bagé. No projeto de consecução da Praça de Desportos se evidencia fortemente a participação do Centro de Cultura Física do Uruguai, essa afirmação nos faz pensar que havia a necessidade de articular os discursos republicanos com os discursos das práticas desportivas. Pois, desde o inicio do século XX, o Uruguai começou a organizar seus programas de cultura física para as praças de desportos. A importância dos discursos outorgados às práticas desportivas no Uruguai no início do século XX é confirmada por Dogliotti (2012). Nestes espaços urbanos houve a consecução dos discursos de disciplina, de moral e de respeito agregados às

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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práticas da Educação Física, encontram ressonância nos discursos dos republicanos gaúchos, e consequentemente no projeto educacional de Carlos Cavalcanti Mangabeira. Os Relatórios Intendenciais afirmavam ser Bagé, a primeira cidade do Estado do Rio Grande do Sul que possuiria uma praça totalmente dedicada às práticas desportivas. Contudo, esta ideia deve ser relativizada, mas podemos suspeitar que ainda não existam outras praças iguais, no Estado do Rio Grande do Sul. Para tanto, ao iniciarmos nossas análises destes documentos, procuraremos historicizar o que significa afirmar que este espaço escolar tenha sido considerado um lugar único para a manutenção dos discursos cívicos e educacionais pensados pela municipalidade bageense.

O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL

ALEXANDRE GODOY DOTTA Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

O artigo busca resgatar historicamente o surgimento das políticas de avaliação da qualidade da educação superior no Brasil. Desenvolve-se mediante o levantamento e apresentação em síntese dos principais acontecimentos históricos, movimentos e instituição de normas em prol da melhoria da qualidade da educação superior. Descreve o surgimento do Grupo de Trabalho da Reforma Universitária (GTRU), criado após os acordos entre o MEC (Ministério da Educação e Cultura) e a USAID (United States Agency for International Development) em 1968. Destaca as ações envolvendo a UNE (União Nacional dos Estudantes) na década 1960-1970 e a atuação da ANDES (Associação dos Docentes do Ensino Superior) durante a década de 1980. Apresenta o Programa de Avaliação e Reforma Universitária (PARU) criado em 1983. Procura relatar o processo de criação da Comissão Nacional para a Reforma do Ensino Superior (CNRES) em 1985 e do Grupo Executivo para a Reformulação da Educação Superior (GERES) em 1986. Ressalta a atuação da Comissão Nacional de Avaliação (CNA) e o processo de implantação do Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras (PAIUB) em 1993. Assim como a inauguração do provão – ENC (Exame Nacional de Curso) e a instituição do ranking nacional dos cursos de graduação a partir de 1995 e a substituição da metodologia de avaliação realizada a partir da proposta de política de avaliação da Comissão Especial de Avaliação (CEA) que culminou na implantação da política vigente (SINAES - Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior) em 2003. A investigação descreve uma análise cronológica do processo de implantação das políticas de avaliação propostas pelo SINAES por meio de levantamentos das principais alterações realizadas por dispositivos de regulação no período de 2003 até 2011. O estudo fundamenta-se por meio de revisão bibliográfica na área da educação, documentos oficiais do Estado Brasileiro e de entidades de representação docente. Conclui apresentando considerações a respeito da qualidade aplicada ao contexto da educação. Considera que as instituições de ensino superior devem se atentar às frentes: teórico políticas, pesquisas acadêmicas e gestão administrativa. Ressalta que as relações ou processos e as estruturas que geram a educação deve ser entendida como um bem-público, assim avaliação se impõe sobre qualquer tipo de instituição educacional pelo Estado. Adverte que a instituição de ensino é uma instituição social, tendo em vista que seus processos são públicos. Nestes termos precisam se avaliar e têm o dever de deixar avaliar para conhecer e aprimorar a qualidade e os compromissos de sua inserção história na sociedade.

A EDUCAÇÃO RURAL NO ESTADO NOVO EM PERNAMBUCO (1937-1945)

ALINE CRISTINA PEREIRA DE ARAÚJO RAMOS Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Tendo por bases os registros referentes às estratégias educacionais empregadas na Interventoria de Agamenon Magalhães, em Pernambuco 1937-1945, encontrados nos: Relatórios dos Governadores de Pernambuco, 1939, 1940 e 1942; Programas de Ensino, 1938, 1939 e 1945; e o artigo, da então Diretora do Departamento de Educação Maria do Carmo R. Pinto, “O ruralismo em Pernambuco” publicado na Revista da Educação, 1942. Sob a guardado Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano (APEJE). Analisaremos as práticas educacionais desenvolvidas pela Interventoria, em diálogo com as ocorridas nacionalmente para a educação na zona rural. O regime estadonovista defendia a necessidade de ampliação do território nacional, com a delimitação de suas fronteiras, e foi naquele contexto que o “sertanejo” foi invocado como fundamental para projeto politico estadonovista. A escola rural ora foi concebida, no período, para instruir, civilizar, moralizar, higienizar e nacionalizar, ora como instrumento de modernização e fixação do homem no campo e sendo apresentada como elemento de estabilidade e de segurança nacional. Ao nos debruçarmos sobre o Estado Novo em Pernambuco identificamos que o debate sobre o ruralismo pedagógico possuía, também, papel de destaque nas políticas

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educacionais do governo. Como elemento coordenador das atividades ruralistas em Pernambuco, foram fundados “Clubes Agrícolas Escolares”. Sua finalidade, segundo a documentação estudada, era de despertar nas crianças, através do incentivo a cultura da terra, o gosto pela agricultura, o amor à vida do campo, aproveitando as tendências naturais e vocacionais dos alunos. No intuito de fiscalizar e orientar os trabalhos dos “Clubes Agrícolas Escolares” foi criado as “Missões Ruralistas Escolares”, as quais tinham como fim promover a aproximação entre o mundo urbano e rural. Nosso corpus teórico foi composto por autores relacionados à historiografia brasileira sobre o Estado Novo e História da Educação, tais como: José Beired, Luiz Bezerra Neto, Adonias Prado, Zélia Gominho, Maria Helena Capelato, Durval Munis Albuquerque Júnior, Ângela de Castro Gomes, Analete Schelbauer e Virgínia Ávila. O interesse pelo ensino rural partia de duas finalidades: a fixação do homem na zona rural e, consequentemente a ampliação das fronteiras nacionais; e a otimização da produção agrícola a partir do ensino de técnicas mais produtivas e eficientes no campo. A partir do discurso de civilização e modernidade argumentava-se que era necessário identificar os problemas do interior do Brasil. Defendia-se que apenas o poder de intervenção do Estado poderia transformar a situação do homem rural.

MAPAS DE MATRÍCULAS, SUBVENÇÕES E PROPAGANDAS: VESTÍGIOS DO PÚBLICO ESCOLAR NA CORTE IMPERIAL (1850-1880).

ALINE DE MORAIS LIMEIRA PASCHE FÁTIMA APARECIDA DO NASCIMENTO

Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Este estudo pretende colaborar com as pesquisas em História da Educação acerca do espaço escolar no Oitocentos. Reconhecemos o fenômeno de escolarização no Brasil, como um processo instituído ao longo do tempo a partir de movimentos específicos como a seleção de um público “potencialmente escolarizável”, o que quer dizer, nos termos da lei de 1827, homens e mulheres livres e vacinados contra moléstias contagiosas. Interessou-nos, portanto, a partir deste estudo, interrogar vestígios do público escolar de colégios particulares mantidos pela Igreja Católica. O interesse se justifica por reconhecer que se trata de uma instituição que criou e manteve em funcionamento grande número de estabelecimentos educacionais e iniciativas informais de ensino. A tarefa proposta tornou-se possível a partir da seleção e correlação de fontes datadas entre 1850 e 1880 que evidenciam traços relacionados à condição social destes alunos, bem como idade, nome, gênero, filiação, residência, naturalidade, “grau de instrução”, “conducta”, “moralidade”, “aplicação”, “inteligência”, faltas no trimestre, entre outros aspectos. Os documentos selecionados são os Mapas de Matrículas enviados à Inspetoria Geral da Instrução Pública da Corte Imperial a cada trimestre pelas escolas públicas e privadas e as propagandas publicadas pelos próprios colégios nas páginas do Almanak Laemmert, comunicando os valores cobrados pela instrução, além do número de alunos pobres recebidos gratuitamente no estabelecimento, quando o mesmo recebia subvenção do Estado Imperial para tal fim. Neste caso, os ofícios de Presidentes de Província e Ministros do Império atinentes aos processos de subvenção concedidos naquele tempo também nos deram mostras da constituição do público escolar no século XIX. De uma maneira geral, foi possível perceber que, tão heterogêneo quanto as instituições de ensino (formais e informais, públicas, privadas, católicas, maçons, protestantes, caras ou baratas), era o público que atendiam. Considerando a densidade das iniciativas privadas na Capital do Império Brasileiro não se pode afirmar que os colégios particulares eram frequentados exclusivamente por famílias abastadas, mas também por meninos e meninas pobres, negros, brancos, mestiços, indígenas. Desta feita, procuramos dar a ver alguns vestígios de parte do público escolar da Corte Imperial a partir do núcleo documental trabalhado que registrou aspectos das iniciativas patrocinadas pelo Estado Imperial e comerciantes da instrução no século XIX.

ANÁLISE DE POLÍTICAS INTERNACIONAIS DE EDUCAÇÃO E SAÚDE NA ESCOLA: A INICIATIVA DAS ESCOLAS PROMOTORAS DE SAÚDE

ALINE FABIANE BARBIERI AMÉLIA KIMIKO NOMA

Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

O trabalho aborda a configuração e a função social de políticas internacionais contemporâneas de educação e saúde na escola, enfatizando os antecedentes e o processo de construção e implementação da Iniciativa das Escolas Promotoras de Saúde (EPS). Apresenta resultados de pesquisa de caráter documental e bibliográfico fundada nos pressupostos teóricos e metodológicos do materialismo histórico. Foram analisados 18 documentos

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de políticas – Informes, Cartas, Declarações, Relatórios e Leis – provenientes dos setores da saúde e da educação. O estudo da reforma do sistema de saúde canadense e do desenvolvimento do Movimento da Nova Promoção da Saúde das décadas de 1960 e 1970 subsidiou o entendimento dos antecedentes históricos das políticas internacionais de educação e saúde na escola atualmente em vigor. Com o Movimento, premissas foram disseminadas mundialmente formando consensos internacionais que incluíram: a) a noção de empoderamento de sujeitos e comunidades para atuação na promoção e produção de saúde; b) a equidade em saúde como fator de desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza e; c) a valorização da intersetorialidade como mediação necessária para a superação de desafios no campo da saúde e dos demais setores sociais. A análise dos documentos dos anos 1990 desvelou a construção de uma “Agenda Globalmente Estruturada para a Educação” (DALE, 2004), na qual a saúde está inserida como política de apoio à melhoria da qualidade da educação básica, a qual, por sua vez, consta como fundamental à promoção do desenvolvimento socioeconômico e para o combate às desigualdades sociais, bem como à pobreza. A educação é entendida como peça chave para o processo de modificação de comportamentos individuais e formação de subjetividades ativas em saúde. As iniciativas intersetoriais entre as políticas de educação e saúde na escola começaram a ser implementadas, formalmente, a partir da década de 1990 com o lançamento da Iniciativa das Escolas Promotoras de Saúde. Na perspectiva das EPS, a instituição escolar deveria ser entendida como um campo privilegiado para a promoção da saúde por reunir crianças e adolescentes em etapa crítica de crescimento e desenvolvimento. A Iniciativa serviu de referência para a atuação de organizações internacionais – OMS e UNESCO – nos debates técnicos e políticos sobre o tema em âmbito internacional e na proposição de diretrizes e estratégias de ação para os governos nacionais no tocante às políticas de educação e à saúde na escola. Desenvolvida em um contexto mundial caracterizado pela crise estrutural do capital, a Iniciativa em foco é compreendida como parte das estratégias de regulação social forjadas no processo de reorganização capitalista na transição do século XX para o XXI.

ANÁLISE DE POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS DE EDUCAÇÃO E SAÚDE NA ESCOLA: O PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA

ALINE FABIANE BARBIERI AMÉLIA KIMIKO NOMA

Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Apresentam-se, neste trabalho, resultados de pesquisa que abordou os antecedentes e os principais elementos das políticas brasileiras contemporâneas de educação e saúde na escola, em especial da implementada pelo Programa Saúde na Escola (PSE). Com fundamento no método do materialismo histórico, foram analisadas 11 fontes documentais – Planos, Leis, Parâmetros e Diretrizes – que subsidiaram a implantação e a implementação das políticas de educação e saúde na escola pelo Estado brasileiro. Nos documentos de políticas brasileiras, foram identificadas similaridades das políticas nacionais com as internacionais no que se refere a objetivos, metas e estratégias das políticas enfocadas. Tal fato evidencia a construção de uma “Agenda Globalmente Estruturada para a Educação” (DALE, 2004). A análise realizada verificou que os fundamentos das ações intersetoriais entre educação e saúde na escola remontam à década de 1980 e ao Movimento de Reforma Sanitária. Nos anos 1990, documentos de políticas educacionais reforçaram a necessidade de ações articuladas entre os campos da educação e da saúde. O desenvolvimento das políticas brasileiras de educação e saúde na escola ocorreu em um contexto caracterizado pela vigência do movimento de luta pela redemocratização política e pelo processo de adoção das políticas de alinhamento neoliberal. O Programa Saúde na Escola - lançado em 2007, durante o mandato do presidente Lula da Silva - foi uma das principais expressões nacionais das políticas intersetoriais de educação e saúde na escola. O PSE propõe-se a ampliar as ações de saúde às crianças, adolescentes e jovens matriculados em escolas públicas de educação básica no Brasil bem como aos estudantes da modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA), no sentido de contribuir para a garantia dos direitos sociais à saúde e à educação. Visa a atuar na formação integral de estudantes da rede pública de educação básica por meio de ações de prevenção, promoção e atenção em saúde (BRASIL, 2007). Como um complexo social resultante da síntese de interesses e projetos sociais antagônicos em contínuo processo de configuração, o PSE é compreendido como um objeto contraditório. Por um lado, essa política compõe e objetiva fortalecer a proposta do Sistema Único de Saúde e melhorar a qualidade da educação básica no Brasil, atuando na perspectiva da garantia de direitos sociais, em especial, de educação e saúde. Por outro, o PSE contribui para a legitimação do afastamento do Estado de seus encargos sociais, na medida em que atua na formação de sujeitos autônomos e protagonistas em saúde, além de promover a garantia da educação e saúde em padrões mínimos, justamente aqueles necessários à promoção da estabilidade política e social no atual estágio de desenvolvimento do capital.

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NOVO PLANO, VELHOS DESAFIOS

ALZIRA BATALHA ALCÂNTARA ROSELI MARITAN DE ABOIM COSTA

Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

O presente trabalho analisa o federalismo e suas implicações para o planejamento educacional, em especial, o arranjo federativo de cooperação instituído na Constituição Federal (CF)/88. A metodologia baseou-se em pesquisa bibliográfica e análise documental. A discussão sobre a necessidade de um plano educacional em âmbito nacional remonta aos anos de 1930, com os educadores conhecidos como Pioneiros da Educação. Para os renovadores, um dos pilares da reconstrução nacional deveria ser por meio de um plano educacional, com possibilidades de superar reformas parciais e obter uma visão global do problema e respectivas soluções. Tal plano possibilitaria construir uma política de Estado, pois sua duração extrapola o mandato de um dado governo, permitindo articular as ações, como também evitaria a descontinuidade que tem marcado, de forma recorrente, a política educacional. Esta ideia fez-se presente na CF/34, que estabeleceu como competência da União fixar o Plano Nacional de Educação, em todos os graus e ramos do ensino, comuns e especializados; coordenar e fiscalizar sua execução em todo o país. O Plano Nacional de Educação (PNE) foi elaborado pelo Conselho Nacional de Educação e encaminhado ao Congresso Nacional em 1937. Entretanto, o Golpe de Estado não permitiu sua discussão. No seu lugar, surgiu o ato adicional que extinguiu qualquer vestígio do PNE. Por conta da correlação das forças sociais, os planos subsequentes, de iniciativa do executivo, não foram debatidos no legislativo. Tal quadro alterou-se com a promulgação da CF/88 que expressou as bandeiras da redemocratização, destacando, em seu art. 214, a ideia de um plano para educação. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, lei nº 9394/96, define que cabe à União elaborar o PNE em regime de colaboração com os entes subnacionais. Atendendo ao comando constitucional, foi elaborado o PNE, de duração decenal, aprovado pela Lei nº 10.172/ 01. Para além dos vetos presidenciais que dificultaram a execução do PNE, o Conselho Nacional de Educação, por meio da portaria CNE/CP nº 10, de 2008, expressou que um dos principais problemas externos à consecução das metas do PNE foi a ausência de normatização do Sistema Nacional de Educação e do regime de colaboração. A CF/88 prevê que o regime de colaboração deve ser regulamentado por meio de lei complementar, o que não ocorreu até a presente data. A ausência de regulamentação, talvez, seja, na política educacional recente, um dos maiores empecilhos para a consolidação das políticas educacionais. A aprovação do novo PNE, por meio da lei 13.005/14, pode permitir a superação de problemas educacionais que deveriam ter sido há muito sanados. Entretanto, a falta de regulamentação do regime de colaboração permanece um entrave para a efetivação das políticas educacionais, promovendo uma lógica organizativa fragmentada e desarticulada.

"VOCÊ PODE,BASTA QUERER!":A BIOPOLÍTICA NO MOBRAL EM VARGINHA - MG(1973-1985)

ANA CRISTINA PEDERIVA Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Este trabalho investiga o Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL em Varginha - MG, no período de 1973 a 1985. O MOBRAL foi criado em 1967, período de ditadura militar no Brasil. Freitas & Biccas (2009) salientam que o MOBRAL tinha como meta prioritária erradicar o analfabetismo no país em dez anos de atuação, já que o índice de analfabetismo da população brasileira se encontrava elevado. Os métodos de ensino utilizados no MOBRAL advinham da educação tecnicista, onde o uso da alfabetização funcional valorizava apenas a aquisição de técnicas elementares de leitura, escrita e cálculo, aperfeiçoando assim a mão de obra direcionada ao mercado de trabalho através de seu comprometimento com ideais da família, da comunidade e patriotismo. A educação tecnicista contrastava com a filosofia de educação proposta por Paulo Freire (1983), que visa preparar o educando como ser pensante e crítico, capaz de transformar a realidade em que vive. Porém, esse modo de educar passou a ser visto como ameaça à ditadura militar, época em que na sociedade não se podia manifestar contrariamente ao regime. O objetivo deste trabalho é compreender os conceitos, o funcionamento e as práticas pedagógicas relativas ao MOBRAL, relacionando-os com documentos utilizados nessa modalidade de ensino e memórias de ex-professores e ex-alunos. Como aporte teórico-metodológico, são adotadas algumas “ferramentas foucaultianas”. Especialmente aquelas que nos ajudam a compreender a “produção de saber e de verdade”, no que se refere à teoria do discurso, visando confrontar a metodologia de ensino adotada no MOBRAL com os ideais de educação propostos por Freire. E também, as ações da biopolítica e a promoção do “cuidado de si”, que atuam a fim de governar os sujeitos por meio de procedimentos disciplinares, usando como dispositivos a gestão da saúde, alimentação, sexualidade, entre outros (FOUCAULT, 1984, 1988). Como resultado parcial, constata-se que as professoras do MOBRAL de Varginha – MG cursaram o magistério numa escola

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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católica, o Colégio dos Santos Anjos, o único no município que passa a partir de 1970 a oferecer o curso. Verifica-se, portanto, que essas alfabetizadoras eram jovens e não tinham experiência na docência. Para tanto, havia o suporte do material didático pedagógico, distribuído nacionalmente, e, em larga escala no município. Além de orientar as alfabetizadoras, o material didático enfatizava o civismo, a saúde e alimentação, visando atuar na formação do trabalhador, indispensável ao progresso do Brasil. Desta forma, revigorava-se o discurso disciplinador, nacionalista e moralizante.

A ESCOLA PRIMÁRIA NA PRIMEIRA REPÚBLICA: DILEMAS DA ORGANIZAÇÃO EDUCACIONAL NOS ESTADOS DO PARANÁ, SÃO

PAULO E RIO GRANDE DO NORTE (1890-1930).

ANA EMÍLIA CORDEIRO SOUTO FERREIRA CARLOS HENRIQUE DE CARVALHO

Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

RESUMO Esta comunicação visa discutir a organização da escola primária no período republicano, tendo fonte as mensagens de presidentes dos estados do Paraná, São Paulo e Rio Grande do Norte, como ainda a legislações vigente à época; no período 1890 a 1930. Pelo mapeamento da constituição do ensino primário em cada estado foi possível à compreensão dos pilares que sustentavam o discurso republicano ao se incorporar neste a necessidade de estabelecer o ensino primário no país. Em termos teórico-metodológicos, o estudo se ancorou na história comparada da educação, que possibilita explicar (pelo menos em parte) as diferenças e convergências entre os três espaços estudados. Por outro lado, convém frisar que a comparação implica buscar tanto as similitudes e permanências quanto as rupturas. As fontes da pesquisa incluíram legislações, relatório e mensagens dos presidentes do Paraná, São Paulo e Rio Grande do Norte. Com base no referencial teórico e nos dados documentais, é possível asseverar a seguinte hipótese: houve dissonância entre os princípios externalizados nas mensagens dos presidentes dos três estados em relação à realidade concreta da organização da escola primária; ou seja, não se efetivaram ações capazes de materializar esse horizonte republicano de educação pública. Portanto, a pesquisa revelou como problema central nos três estados a implantação da escola primária e sua institucionalização; isto é, sua materialização, pois na maioria das vezes as escolas eram criadas, mas não ganharam concretude física. Isso evidenciou que os elementos educacionais do período imperial também continuaram prevalentes ao longo da República velha. Exemplo disso são as modalidades das escolas isoladas, escola singular, escola distrital, escola rural, escola urbana, escola modelo, escola unitária, escola das primeiras letras, escolas rudimentares. Por outro lado, essas “modalidades” de escolas passaram a conviver, ainda que de forma incipiente, com a forma mais racionalizada da educação primária: os grupos escolares, que colocaram em relevo o movimento de constituição de outra modalidade de escola no período estudado; ao mesmo tempo, apontaram m projeto civilizador republicano via educação tendo nos grupos escolares um importante espaço à compreensão da estratégia de intervenção estatal para civilizar as classes populares, como retratam os relatórios dos presidentes de estados. Ademais, essas modalidades de escolas acabaram por se constituírem em verdadeiras antíteses à tão almejada modernidade educacional, já que elas revelam e demarcam muito mais a contradição entre o arcaico e o moderno, o campo e a cidade, os grupos escolares e as escolas isoladas e — o principal — a constatação da permanência dessas dimensões nos três estados estudados, mesmo em São Paulo, unidade mais desenvolvida da federação brasileira.

POLÍTICAS EDUCACIONAIS E RENOVAÇÃO EDUCACIONAL NA ESCOLA PRIMÁRIA DE SANTA CATARINA (1911-1945): ESTRATÉGIA

DISCURSIVA DE MODERNIZAÇÃO?

ANA PAULA DA SILVA FREIRE Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Questiona os propósitos de políticas educacionais pautadas por pretensos projetos de renovação educacional em Santa Catarina com base no ideário político-pedagógico da Escola Nova, pondo em discussão a elaboração de estratégias discursivas para o enaltecimento de projetos renovadores, tanto no sentido de exaltação dos feitos modernizantes, quanto na tentativa de desqualificar os estatutos históricos precedentes. Discute-se o impacto das propostas de políticas educacionais de cunho escolanovista que inspiraram reformas entre 1911 e 1945, orientando-se pela análise das relações entre a “mudança da lei” e a “mudança social” (CURY, 2010) e pelos

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conceitos de “finalidade de objetivo” e “finalidades reais” (CHERVEL, 1998; 1990). A metodologia é embasada na legislação, ofícios da Diretoria de Instrução Pública e relatórios de inspeção escolar, que postulam elementos para a caracterização dos discursos reformadores da educação, ao mesmo tempo, permitem questionamentos: Até que ponto seria possível uma transformação social porque isto foi previsto pela mudança da lei? O estudo objetiva demonstrar como aparecem nos discursos dos dirigentes do campo educacional de Santa Catarina as prerrogativas existentes e que poderiam configurar estratégias à exaltação de políticas educacionais, sem, contudo ter o efeito no ambiente social e cultural proposto. Estabelecemos como âmbito cronológico a reforma de 1911, responsável por uma legislação que buscou regular o cenário educacional nas décadas de 1910 e 1920 e a reforma de 1935, que centralizou-se na reestruturação dos cursos de formação de professores e em princípios alinhados às campanhas nacionalistas do Estado Novo. Os resultados indicam a ação do Estado e sua influência ao longo do tempo, quer nas mudanças das políticas educacionais e formas de gestão da organização escolar associadas, quer na ênfase do cumprimento dos ditames das Reformas, expressos principalmente numa base normativa com fins de controle e regulação. As análises permitem dizer que a ação educativa, no período, configurou um embate teórico-metodológico entre as práticas político-pedagógicas tidas como tradicionais e os influxos do enaltecimento de um novo ideário vinculados aos pressupostos da Escola Nova e dos discursos a elas alinhados. Portanto, alertamos para o ufanismo historiográfico que traz à tona apenas os feitos reformadores alinhados às concepções de modernização e “republicanização” da escola primária de Santa Catarina, numa escrita que, conforme busco demonstrar, ignora o que o perscrutar nas fontes possibilita agora afirmar: as instituições escolares, naquele período, foram marcadas por um hibridismo no campo político, teórico e conceitual, nutrido por discursos, práticas e políticas que geraram um embate histórico que marca a historiografia sobre a instituição da escola em Santa Catarina.

“CULTIVAR O ESPÍRITO, FORMAR O CARÁTER”: IDEOLOGIA DO PROGRESSO E A CONSTRUÇÃO DO CIDADÃO REPUBLICANO NOS

GRUPOS ESCOLARES DA CIDADE DE SANTOS

ANDRÉ LUIZ RODRIGUES CARREIRA Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

O presente estudo, através da análise do processo histórico de formação e transformação dos primeiros grupos escolares da cidade de Santos, município portuário localizado no litoral paulista, tem por objetivo central colocar em discussão as finalidades sociais e políticas atribuídas à escola primária pública nos primeiros anos da República brasileira. Entre o final do século XIX e o início do século XX, a escola primária instituída no Estado de São Paulo consagrou um novo modelo de educação escolar. A escola passa a ser vista como principal símbolo da República e como elemento chave para o progresso e para a condução do país à modernidade. Vista como um instrumento de moralização e civilização do povo, a educação popular foi associada a um projeto de controle e ordem social. Nas instituições de ensino, mais especificamente nos grupos escolares que surgiram nesse momento, o país se tornaria uma nação e o habitante se tornaria um cidadão, moldado à luz do novo momento político instaurado em 1889. A pesquisa, partindo da perspectiva de autores como Escolano (2005), Viñao (2002), Souza (1998), Carvalho (1989) e Moraes (2006), procura compreender os limites dos discursos e das prescrições traduzidas em reformas da instrução pública e as formas através das quais os sujeitos do cotidiano escolar se apropriaram dos anseios normativos do período citado. Para tanto, e buscando ampliar o escopo de análise no curso da investigação, a pesquisa procurou ir além do plano legal e voltar-se para uma interrogação inscrita no âmbito das práticas, do modelo de organização escolar e do funcionamento interno das instituições educativas. O exame do corpus documental para a elaboração desse trabalho partiu da concepção de Thompson (1981) de que o percurso da investigação não cabe em esquemas prévios, sendo constituído através de um permanente diálogo entre os conceitos de uma teoria e as evidências encontradas nas fontes selecionadas. A pesquisa procurou captar, em convergência com as perspectivas do historiador britânico, o movimento interno de cada instituição escolar – como estudo de caso, os dois primeiros grupos escolares de Santos: Cesário Bastos e Barnabé – em relação ao contexto social e político da cidade de Santos na transição do século XIX para o século XX. Entre os materiais utilizados estão registros escritos dos grupos escolares citados, assim como os Anuários de Ensino do Estado de São Paulo dos anos de 1908, 1909, 1910 e 1911, o censo municipal santista de 1913, periódicos locais e regionais como A Tribuna, o Diário de Santos e publicações vinculadas ao movimento operário, além de imagens do acervo iconográfico da Fundação Arquivo e Memória de Santos.

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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POLÍTICA E EDUCAÇÃO NO BRASIL DO SÉCULO XIX: LIMITES E POSSIBILIDADES À ORGANIZAÇÃO DA INSTRUÇÃO PÚBLICA

ANDRÉ PAULO CASTANHA Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

O presente texto procura compreender o processo de organização da instrução pública elementar, no Brasil imperial, articulando-o a luta pelo poder político entre liberais e conservadores. Para tanto, realizei um estudo comparativo entre as ações implementadas pela Corte e as províncias do Rio de Janeiro, Mato Grosso e Paraná considerando a mobilidade no cargo de ministro, na pasta do Ministério do Império e, no de presidentes das províncias analisadas. Um dos pontos de partida para o estudo do tema política e educação foi o Ato Adicional de 1834, em virtude de a “emenda constitucional” garantir autonomia às províncias para que cada uma delas organizasse sua estrutura educacional. Parte significativa da historiografia educacional, capitaneada por Fernando de Azevedo, responsabilizou o Ato Adicional pelo fracasso e desorganização da educação elementar no Império, visto que o mesmo, ao conceder poder aos governos provinciais, descentralizou e fragmentou os parcos projetos e recursos existentes. Ao me debruçar sobre as relações entre política e educação no Império, a partir das fontes do século XIX, levantei um conjunto significativo de informações que permitem trazer para o debate historiográfico outros elementos, que, no meu entendimento foram bem mais nocivos à organização da instrução elementar, do que o processo de descentralização desencadeado pelo Ato Adicional. O estudo constatou que no Império houve uma intensa mobilidade na administração imperial e provincial, em virtude das lutas pela conquista da hegemonia política, entre liberais e conservadores. Para exemplificar trago os seguintes dados: entre 1827 e 1889 foram 92 mandatos diferentes de ministros na pasta do Ministério do Império, a qual era responsável pela instrução pública. Essa mesma instabilidade foi constatada nas províncias, visto que o cargo de presidente de província era de nomeação exclusiva do imperador. A questão da mobilidade nos cargos administrativos ou instabilidade na política imperial não tem sido considerada/analisada pelos estudiosos do período. O estudo revelou que a mobilidade nos cargos de ministro e presidente se constituiu em entrave para a organização da instrução pública, pois o tempo de mandato, geralmente não garantia o tempo necessário para implementar estudos e reformas na esfera educacional. Ao comparar o tempo de mandato com as ações em favor da organização de instrução pública, o estudo constatou, que as ações que produziram resultados mais concretos foram implementadas, justamente pelos ministros ou presidentes que tiveram mandatos mais longos. Diante disso, considero o estudo da questão da instabilidade política no Império, como fator muito relevante, para a compreensão da política de organização e difusão da instrução pública no Império.

O ENSINO SECUNDÁRIO ERA UM ESCÂNDALO, E VIROU MANCHETE DE PRIMEIRA PÁGINA

ANDRÉA MÁRCIA SANT' ANA Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Partindo da investigação de três jornais da cidade de Ribeirão Preto/SP, com diferentes matrizes ideológicas e culturais, enquanto os periódicos, “O Diário da Manhã” e “A Cidade”, apresentavam os princípios do liberalismo, o “Diário de Notícias”, era mantido pela igreja católica, este trabalho procura reconstituir parcialmente, na ótica da imprensa escrita, o debate educacional na década de 1950, no estado de São Paulo. A pesquisa teve como objetivo examinar como o Ensino Secundário era noticiado na imprensa. A análise dos jornais revelou um número bastante significativo de reportagens, notícias, artigos e colunas sobre a temática. As denúncias eram as mais variadas: concessões de abertura de novos estabelecimentos de ensino sem nenhum critério ou fiscalização, favorecendo o funcionamento de “escolas fantasmas”, fraudes nos exames de admissão e madureza, venda de diplomas, currículos enciclopédicos, mudanças nos livros didáticos para favorecer as editoras, exclusão e o caráter elitista da educação no Brasil. Embora houvesse uma pressão pela expansão do Ensino Secundário, debates em torno da centralização e/ou descentralização do ensino, maior valorização ou não do ensino profissionalizante e secundário, bem como o embate entre ensino público e privado, não havia nos periódicos um questionamento mais aprofundado, que contemplasse mudanças efetivas para um acesso maior da população a este grau de ensino. Os exames de admissão não eram vistos como um gargalo que excluía parcela significativa da sociedade das escolas, já que para as classes populares, deveria haver outro tipo de escola. Apesar das ações, principalmente do governo estadual, e as mudanças na legislação, que buscaram garantir maior acesso ao Ensino Secundário, prevalecia a mentalidade conservadora, que permeava o pensamento dos jornalistas e articulistas da época: “o Ensino Secundário não era para o povão”. Desta forma, pode-se concluir que os problemas eram percebidos, apontados, denunciados, ridicularizados, mas não havia efetivamente um debate, um projeto para que mudanças concretas e estruturais fossem feitas no Ensino Secundário. Os três jornais defendiam no Brasil,

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um padrão dualista na educação, mantendo dois sistemas paralelos de ensino, um para o povo e outro para a elite. O primeiro começava na escola primária e continuava nas poucas escolas profissionalizantes de Ensino Médio. O segundo sistema, também iniciado no ensino primário, continuava na escola secundária, organizada com a intenção de encaminhar as elites para o Ensino Superior e para posições mais privilegiadas na sociedade.

ESCOLARIZAÇÃO, MODERNIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTISMO NA PARAÍBA (1950- 1954)

ANTONIO CARLOS FERREIRA PINHEIRO Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Este trabalho apresenta resultados parciais de um projeto que se encontra em andamento intitulado: “Permanências e mudanças na escolarização paraibana durante o processo de redemocratização do estado brasileiro (1950-1954): a influência dos ideais norte-americanos no ensino urbano e rural”, parcialmente financiado pelo – CNPq/UFPB. A delimitação do referido período corresponde ao retorno de Getúlio Vargas ao poder após o mesmo ter sido eleito democraticamente em 1950 e permanecendo no poder até 1954. Nesse sentido, desenvolvemos algumas reflexões sobre atuação do Estado brasileiro acerca das políticas educacionais que foram induzidas, especialmente, pelo INEP e parcialmente efetivadas no âmbito estadual paraibano. Considerando mais especificamente, os seus desdobramentos no processo de criação de novos grupos escolares, grupos escolares rurais e de escolas rurais. Procuramos também identificar a influencia do pensamento pedagógico, permeado pela perspectiva desenvolvimentista, originariamente norte-americano, consubstanciado pela retomada dos princípios escolanovistas, tomando como referência os estudos e atividades gestoras desenvolvidas por Anísio Teixeira. Na condução da política local estiveram à frente Oswaldo Trigueiro de Albuquerque Mello (1947-1951) e José Américo de Almeida (1951-1956). Entretanto, no período de 1951 a 1954, o referido governador assumiu a pasta do Ministério de Viação e Obras a convite Getúlio Vargas, ficando no comando do Estado paraibano, interinamente, João Fernandes de Lima. Até o ano de 1950, foram entregues, inclusive com o apoio de recursos federais, para a sua construção, mais de 38 grupos escolares e aproximadamente 82 prédios destinados ao funcionamento de escolas rurais. As fontes com as quais estamos trabalhando são as leis e regulamentos produzidos no período aqui em estudo além das mensagens, relatórios elaborados pelos governadores e encaminhados à Assembleia Legislativa da Paraíba. Consultamos, ainda, as notícias sobre educação publicadas no Jornal A União, acervo esse que se encontra no Arquivo Histórico Waldemar Bispo Duarte, da Fundação Espaço Cultural – FUNESC, localizado em João Pessoa, PB. Efetuamos a análise da documentação realizando um intercruzamento com leituras críticas acerca da historiografia relacionada ao período, procurando observar a maneira como as políticas educacionais acabaram por incentivar uma nova fase de expansão de escolas primárias, além de procurarmos perceber, mesmo que parcialmente, as atividades didático-pedagógicas nos grupos escolares e nas escolas rurais paraibanas. Realizamos a construção textual considerando o referencial teórico propugnado por Hobsbawm (1998) no que concernem as mudanças e permanências, processadas tanto pela política local, no seu sentido mais amplo, quanto àquelas que atingiram mais diretamente o funcionamento das referidas instituições de ensino.

A EDUCAÇÃO NO PROJETO DE PROGRESSO MINEIRO: REPERTÓRIOS DOS DISCURSOS DO SENADO

BÁRBARA BRAGA PENIDO LIMA Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Esta comunicação propõe discutir os repertórios dos discursos produzidos no Senado Mineiro, entre 1891 e 1906, relacionados a instalação e organização da educação pública no Estado, como meio de se alcançar o desenvolvimento econômico e social. Busca compreender os sentidos de progresso associados a um projeto de modernidade, conforme as perspectivas dos senadores a respeito do programa educacional que procuravam instituir; ou seja, a relação entre as propostas educativas e as propostas de constituição de uma nação civilizada. A leitura dos discursos demonstrou que, em sua maioria, os senadores indicaram a educação como um dos caminhos para o desenvolvimento mineiro, interpretada como instrumento de transformação social e meio civilizador. A comunidade política considerava a educação um dos elementos de progresso, modernização e civilização. A educação pública possibilitaria o desenvolvimento social na concepção das elites políticas, destacando-se a formação técnica como meio para aprimorar a produção e promover os avanços almejados na economia. A constituição de uma sociedade moderna estaria relacionada ao avanço da cultura intelectual através da difusão do ensino primário e avanço da produção econômica através da instituição do ensino profissional.

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Trata-se de um estudo documental dos Anais do Senado Mineiro. Para a leitura das fontes, será tomado como suporte teórico o entrecruzamento da história dos conceitos com a história política e a história cultural. Ainda, o conceito de repertório será um aporte importante para a análise. Isto porque, o conceito de repertório trabalhado foi compreendido como “um conjunto de criações culturais aprendidas” à qual o sujeito recorria seletivamente de acordo com suas necessidades de “compreender certas situações e definir estratégias de ação”, de acordo com Ângela Alonso. Os discursos foram usados para compreender o imaginário das elites mineiras sobre educação pública, percebidos como indicadores de uma prática social, circunscrita a um espaço público, permeado por relações de poderes. Compreendeu-se o discurso como narrativa construída segundo condições históricas e sociais específicas, sendo uma representação do imaginário social de um grupo de interlocutores, ao qual seu autor pertence. O discurso dos senadores, imbricado no jogo político e social do Estado, demonstrou sua forte preocupação em desenvolver a economia, a fim de superar o atraso mineiro. Logo, no imaginário político mineiro, era preciso “educar” o povo, transmitindo-lhe os saberes necessários a uma sociedade dita civilizada, correspondente aos referenciais de modernidade e progresso que se tinha em vista. A metodologia que se fará uso é o da análise do discurso, em especial a partir de Patrick Charaudeau, por contribuir com a análise do discurso político.

A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO 2011-2020: RUPTURA OU CONTINUIDADE DE UMA TENDÊNCIA HISTÓRICA

BRUNA DOS ANJOS VIEIRA ROSE MARY DE SOUZA ARAÚJO

Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

O presente trabalho trata de um breve estudo sobre a educação escolar primária na Parahyba do Norte no período de 1884 a 1886. O objetivo primordial foi o de analisar o funcionamento das escolas primárias para o alcance da civilidade e do progresso social da província. A historiografia revela que após a Lei de Outubro de 1827 e do Ato Adicional de 1834, a educação ganhou centralidade nos debates entre intelectuais e gestores públicos. Todo o debate de época esteve ancorado nos princípios propugnados pelo ideário iluminista que dinamizou a chamada modernidade, ou seja, a escolarização surge como instrumento de construção de um novo homem e de progresso social. Considerando o atraso e a deficiência nas práticas educativas inerentes a instrução pública, se fez necessário a implementação de novas práticas, de novos métodos pedagógicos nas escolas primárias de modo que possibilitassem os novos rumos almejados pelas lideranças políticas para o Brasil, ou seja, a construção do Estado Nacional através da construção do novo homem. Os estudos sobre o processo de escolarização primária na Parahyba do Norte oitocentista, tem grande relevância por tratar-se de um tema ainda um pouco explorado e pela possível contribuição no âmbito da história da educação escolar tanto local quanto nacional buscando portanto, uma articulação das questões educacionais numa diversidade local, temporal e social. A sua realização esteve ancorada nas contribuições teóricas de Edward Thompson e Antonio Gramsci. De Thompson tomou-se os elementos conceituais a partir do materialismo histórico que possibilitam a mediação da teoria e prática, dos fatos e evidências, do singular e geral sem perder de vista a totalidade do objeto de estudo. Gramsci por sua vez concede a concepção de Estado investigando como este contribui para legitimar a dominação burguesa e manter uma certa ordem; abranger a sua função hegemônica a fim de garantir a expansão do poder da burguesia e relacionar dialeticamente a estrutura e superestrutura nas funções de coerção e de hegemonia. Trata-se de uma pesquisa documental a partir das seguintes fontes: regulamentos, jornais, discursos, mensagens e relatórios elaborados pelos gestores públicos locais. Observou-se que a instrução pública primária assumiu o caráter de instrumento necessário para a organização e condução reguladora da sociedade, buscando a manutenção da estrutura de poder vigente. Em síntese, pode-se afirmar que as primeiras informações apontaram que pouco ou quase nada foi efetivado para o alcance do ideal difundindo, ou seja, escolarizar para a civilidade e progresso social.

ASPECTOS DA CULTURA POLÍTICA E O IDEÁRIO DE MODERNIZAÇÃO: PROJETOS PARA O ENSINO AGRÍCOLA EM MINAS GERAIS (1949-1955)

BRUNO GERALDO ALVES Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Esta pesquisa buscou investigar possíveis diálogos entre a cultura política mineira e o Ensino Agrícola em Minas Gerais, no período de 1948 a 1955, enquanto produto de políticas imersas em um discurso modernizador tomando a formação para o trabalho como um dos eixos articuladores. Este enfoque se deu a partir de um leque

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de ações empreendidas pelo governo mineiro em especial a criação de Escolas Médias de Agricultura, que nesta pesquisa tomaremos parte da trajetória institucional de uma dessas instituições de ensino: a Escola Média de e Agricultura de Florestal-MG. Entendendo os fatos sociais e históricos como em si complexos, e a educação destacadamente, busca-se olhar a constituição da instituição educacional para além das polarizações, incorporando elementos presentes nas documentações sobre um determinado período da trajetória dessas instituições para discutir aspectos que possibilitam apreendê-las frente ao debate social sobre a educação rural. Sob a abordagem que busca apreendê-la, atenta-se para os conflitos internos, discursos, propostas e ações presentes, tentando ouvir os ecos da dinâmica social na qual essas trajetórias institucionais se inscrevem. Considera-se que, assim procedendo, podemos apreender as lógicas, nem sempre consensuais, que ordenavam as práticas pedagógicas, inscreviam-se no cotidiano e expressavam-se, ainda, na cultura material das instituições. Para isso tomamos como substratos, a análise de fontes escritas localizadas nos acervos da referida Instituição, do Arquivo Histórico Central da Universidade Federal de Viçosa e do Museu Histórico de Pará de Minas, todos situados no estado de Minas Gerais, além de vários outros acervos públicos, analisou-se as leis e decretos que orientam legalmente as ações, além de jornais estaduais que circularam na época, bem como revistas estaduais. Como resultado, destacamos que o discurso ruralista permanece acentado como base, buscava defender, dentro de um campo de forças, projetos de educação que estavam intimamente sintonizados com projetos de nação e que para isso mobilizou um repertório de ações - por vezes paradoxais -, agentes e agências. Ao mesmo tempo, que a vocação eminentemente agrícola - pautada na ideia do rural como espaço solidário, essencial e salvador - é invocada como argumento de base, eixo de estruturação econômica e social, que se contrapõem radicalmente às investidas de projetos eminentemente industriais e urbanos, vemos também o diagnóstico do rural como a causa imediata do atraso moral, técnico e econômico do Brasil, lugar de barbárie, que se deveria civilizar, modernizar via instrução.

A EXPANSÃO DA ESCOLA SECUNDÁRIA E O CAMPO POLÍTICO NO ESTADO DE SÃO PAULO (1947-1964)

CARLOS ALBERTO DINIZ Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

No Estado de São Paulo, a expansão da rede de estabelecimentos secundaristas se deu em dois momentos: o primeiro, a partir da década de 1930, quando o Estado, chefiado pelos Interventores Federais, contou com a contrapartida dos Municípios para a criação de 55 ginásios oficiais (das 58 escolas secundaristas criadas nesse período); o segundo, a partir do fim da Era Vargas, com o restabelecimento do Poder Legislativo e, por conseguinte, da ação dos deputados estaduais, que viam na escola secundária uma grande oportunidade política, ampliando assim o número desses estabelecimentos de ensino para 561 escolas (96 na Capital e 465 nos municípios do interior). Tendo em vista que a atuação dos legisladores estaduais entre os anos de 1947 e 1964 é algo pouco investigado na historiografia da educação paulista, podemos afirmar que há uma lacuna a ser preenchida referente ao mapeamento da atuação destes atores e dos partidos políticos nesse período diante da política educacional do Poder Executivo Estadual de expansão do ensino secundário que se instaurava nesse período, bem como os critérios adotados e a maneira pela qual era debatida pelos legisladores a criação de um ginásio oficial em um determinado município paulista, uma vez que alguns municípios com menor representatividade no cenário estadual eram contemplados com ginásios oficiais em detrimento de outros com maior expressão, sobretudo pelo viés econômico, que não possuíam tais estabelecimentos de ensino até então. Logo, esta reflexão tem por objetivo investigar a expansão das escolas secundaristas e, nesse contexto, como se davam as relações entre deputados, partidos políticos e Poder Executivo Estadual. Para melhor compreendermos o jogo político implicado nesse período, recorremos do arcabouço teórico da História Cultural, especialmente da Nova História Política, além dos trabalhos de Roger Chartier sobre o conceito de representação e de Pierre Bourdieu sobre a noção de campo, que irão nortear a análise documental. Utilizamos como fontes a legislação educacional e os projetos de lei que tramitaram na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo entre 1947 e 1964 e que culminaram na efetiva criação e implantação de ginásios oficiais em vários municípios paulistas que, até o momento, nos levaram a perceber que os deputados estaduais tiveram um papel decisivo na difusão do secundário, e o fizeram de forma estratégica utilizando-se da demanda social pela escola secundária como artifício político em benefício próprio, com o objetivo de se manterem no poder. Com efeito, estudos em torno da política educacional revelam-se um recurso potencial para compreender o papel que a escola secundária exercia na sociedade em geral no recorte histórico pretendido; além disso, possibilita reconstituir a história da educação no Estado de São Paulo. Assim, esperamos com esse estudo uma compreensão mais aprofundada de como se deu a expansão da escola secundária do interior do Estado de São Paulo à época estudada.

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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DO DIREITO À EDUCAÇÃO AO DIREITO À APRENDIZAGEM: UM ESTUDO SOBRE AS CULTURAS DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

(CAXIAS DO SUL 1988-2013)

CAROLINE CALDAS LEMONS Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

O estudo ora apresentado constitui uma pesquisa em nível de mestrado que estuda as culturas de intervenção pedagógica na busca da garantia do direito à aprendizagem. Com a Constituição Federal de 1988 o Brasil passou a entender a educação como um direito de todos e um dever do Estado. A partir de então, leis como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional-LDB (Lei Nº 9.394/1996) e o Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA (Lei Nº 8.069/1990) passaram a respaldar essa orientação. Transcorridos 25 anos, o direito à aprendizagem, situado num contexto de direito à educação, tem sido, por vezes, negligenciado nas práticas docentes realizadas em âmbito escolar. Partindo da premissa que garantir legalmente o direito à educação não assegurou completamente o direito à aprendizagem, fez-se necessário explorar como as concepções de educação e de aprendizagem estão presentes nos Projetos Políticos Pedagógicos (PPPs) elaborados pelos professores da Rede Municipal de Ensino (RME) de Caxias do Sul e, fundamentalmente, como as práticas decorrentes se orientam, reorientam ou subvertem essas recomendações. O objetivo dessa pesquisa é elucidar quais as concepções de direito à educação e de direito à aprendizagem perpassam as narrativas dos professores e os projetos políticos pedagógicos das escolas da Rede Municipal de Ensino de Caxias do Sul de modo a identificar quais culturas de intervenção pedagógica são vivenciadas para a efetivação do que está preconizado na Constituição Brasileira e nas políticas educacionais promulgadas a partir de então. Pensar a respeito da efetivação desse direito, desafiada a partir das políticas educacionais nacionais sobre o direito à educação e escolarização obrigatória e daquelas da Rede Municipal de Ensino de Caxias do Sul, relaciona-se com a necessidade de compreender como as orientações legais traduzem-se no cotidiano da escola. Nessa direção, o encaminhamento teórico sobre a história das legislações educacionais, a construção dos Projetos Políticos Pedagógicos (PPPs) da Rede Municipal de Ensino de Caxias do Sul e as possíveis culturas de intervenção pedagógica em favor da garantia do direito à aprendizagem expõem as discussões aqui levantadas. A abordagem contempla uma reflexão acerca da cultura escolar nos PPPs construídos no recorte temporal anunciado (1988-2013) enriquecida com os dados empíricos construídos a partir de instrumento de pesquisa semiestruturado, envolvendo, portanto, análise documental e história oral como procedimentos metodológicos. As contribuições teórico-metodológicas de autores filiados à História da Educação e às Políticas Educacionais fazem parte da interlocução teórica acessada para o desenvolvimento da pesquisa, bem como o diálogo com a produção do conhecimento atinente à Sociologia e à Filosofia da Educação.

DIVISÃO DO TRABALHO NA ESCOLA: UM OLHAR A PARTIR DO PARECER 252/69

CÁTIA CORRÊA MICHALOVICZ Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Identificar a influência das políticas públicas para a educação sobre o estado atual da divisão do trabalho na escola, no contexto da sociedade de classes, é o objetivo principal desta pesquisa ainda em andamento. A análise, aqui, centra-se especificamente na divisão do curso de Pedagogia em habilitações, instituída pelo Parecer 252/69 do Conselho Federal de Educação. Tal parecer refletiu, à época, a divisão social do trabalho na escola e figura, para alguns autores, como marco inicial da produção de uma visão fragmentada da instituição escolar e suas atribuições através da criação dos especialistas. Uma questão central norteia o trabalho: Qual a influência do Parecer 252/69 no estado atual da divisão do trabalho no interior da escola? Além disso, almeja-se lançar luz sobre outras questões: Qual a relação entre políticas públicas para a educação e a fragmentação do trabalho escolar? Qual a atual configuração da divisão do trabalho na escola? Como a função docente estabelece-se na escola? Qual o papel do professor no âmbito da separação entre concepção e execução do trabalho pedagógico? Parte-se de uma constatação, tanto da prática docente, quanto da literatura especializada: os indícios dessa fragmentação do trabalho educativo decorrentes, em parte, do parecer supracitado e de outras políticas de reforma do ensino, ainda perduram no interior da escola. Por mais embaralhada que as funções pareçam estar atualmente, cada profissional procura defender e instituir os limites de suas atribuições no processo educativo. É assim, também, que a divisão entre trabalho de concepção e execução se configura e se institui, tanto no plano espacial quanto no plano funcional. Cada especialista é responsável por uma parcela da produção na instituição escolar, seja na área administrativa, seja na pedagógica. E, no regime de urgência em que funciona a escola, as áreas e suas parcelas de responsabilidades não conseguem manter uma relação dialógica, ampliando os aspectos

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negativos de uma fragmentação do trabalho pedagógico. Toma-se como mote o referencial teórico do campo da sociologia da educação e sociologia das profissões, os conceitos de habitus, de Bourdieu(1983), e os conceitos de divisão social do trabalho, de Durkheim (1960). Faz-se uso, também, de referenciais da História da Educação e da profissão docente, assim como de políticas públicas e educação: Libâneo, Pimenta (1999); Saviani (1998, 2011); Santos (1985); Simões, Mendonça, Corrêa (2011); Vicentini, Lugli (2009); Oliveira (2003, 2007); Oliveira, Duarte (2011); Oliveira, Pini, Feldfeber (2011). Analisa-se, na parte documental, sobretudo, o parecer 252 de 1969 do antigo Conselho Federal de Educação.

RECONSTRUINDO A MEMÓRIA DA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR DO NOROESTE FLUMINENSE: 1960-1976

CECILIA NEVES LIMA PABLO SILVA MACHADO BISPO DOS SANTOS

Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Este é um trabalho que tem como base as relações entre memória e história, em especial no que se refere à História da Educação Brasil. O mesmo consiste em pesquisa em andamento, na qual conforme diversos estudos a respeito da temática têm demonstrado ao longo dos últimos anos, as experiências educativas desenvolvidas em escolas e redes de ensino fluminense carecem de mais investigações acerca dos aspectos históricos de sua existência. A investigação ora proposta procura estabelecer relações entre a memória presente nos documentos escolares e nos relatos orais a respeito dos diretores escolares do período concernente aos anos de 1960-1976, e, a historiografia oficial da educação acerca do período. A investigação se desenvolve em dois municípios da Região Noroeste Fluminense do Estado do Rio de Janeiro: Itaperuna e Santo Antônio de Pádua. No que tange aos municípios escolhidos, cabe indicar que o Município de Itaperuna foi escolhido por se tratar da cidade com maior população e maior PIB da Região Noroeste Fluminense, bem como por conter informações importantes sobre o desenvolvimento das redes locais de ensino. Já o Município de Santo Antônio de Pádua foi escolhido por possuir uma importância grande para a Região Noroeste Fluminense, sendo a segunda cidade em população e PIB. Em relação ao período da investigação, o mesmo foi escolhido por reunir importantes marcos para a política e para a educação do Estado do Rio de Janeiro e do Brasil, quais sejam: a) a promulgação da LDB de 1961 (Lei 4.024/61); b) a instauração da Lei 5.692/71; c) o processo de fusão entre o Estado do Rio de Janeiro e o Estado da Guanabara. O primeiro dos marcos (Lei 4.024/61) diz respeito a implicações políticas para o ensino como a regulamentação do ensino normal e a possibilidade de desenvolvimento de classes experimentais, a esse respeito, pretendemos verificar de que modo tais elementos presentes na referida lei se apresentam na trajetória dos(as) diretores(as) escolares do período. No que se refere ao marco temporal relativo à Lei 5.692/71, este foi escolhido pelo fato de promover significativas modificações na estrutura do ensino escolar ao instituir os níveis do primeiro e segundo grau, bem como ao relacionar o ensino de segundo grau à educação profissional, igualmente procura-se identificar as relações entre a proposta da Lei 5.692/71 e a dinâmica da administração escolar do município do ponto de vista dos atores investigados. O período dos anos de 1975-1976 diz respeito aos possíveis reflexos das mudanças ocorridas com a fusão do Estado do Rio de Janeiro com o Estado da Guanabara no que se refere às escolas dos municípios supracitados. Apesar de se basear em pesquisa em andamento, alguns resultados já podem ser destacados como: uma concepção de administração escolar calcada muito mais na personalidade do diretor do que nos aspectos técnicos da administração escolar.

ESCOLA ESTADUAL 26 DE AGOSTO EM CAMPO GRANDE - MS: CONSTITUIÇÃO, ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO NO CONTEXTO

DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS (1936-1982)

CELEIDA MARIA COSTA DE SOUZA E SILVA REGINA TEREZA CESTARI DE OLIVEIRA

Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Este texto apresenta resultados de pesquisa que busca compreender o processo histórico de implantação e consolidação de instituições escolares, no âmbito das políticas educacionais na região sul do Estado de Mato Grosso. Este estado foi desmembrado em 1977, criando-se o Estado de Mato Grosso do Sul (MS), o que justifica o recorte espacial. Parte-se do entendimento de que as instituições escolares são necessariamente sociais, criadas como unidades de ação, construindo, no seu próprio funcionamento, uma identidade ao longo do tempo. Objetiva-se aqui analisar o processo de constituição, organização e funcionamento da Escola Estadual 26 de

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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agosto, uma das escolas mais antigas de Campo Grande (atual capital do Estado de Mato Grosso do Sul), tomando-se como referência as reformas educacionais em âmbito nacional. O recorte temporal abrange o período de 1936 a 1982, considerando-se os convênios realizados entre o público, representado pelo Governo do Estado de Mato Grosso, e, depois, pelo Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, e o privado, pela Seleta Sociedade Caritativa Humanitária (SSCH), na concretização dessa escola. As atividades da instituição escolar tiveram início em 1932, sendo, porém, oficialmente fundada em 1936, por membros da SSCH, no período correspondente ao governo Getúlio Vargas (1930-1945) com o nome de Escola Mista 26 de agosto, levando-se em conta a data da fundação da cidade, atendendo o ensino primário. Tornou-se em 1957 Escolas Reunidas 26 de agosto e passou a denominar-se Ginásio Comercial 26 de agosto em 1968. Em 1970 recebeu o nome de Colégio Estadual 26 de agosto, alterando-se para Escola de 1° e 2° Graus 26 de Agosto, por ocasião da Lei 5.692, de 1971, quando foram instituídos cursos profissionalizantes, no período dos governos militares. A investigação baseia-se em fontes documentais formadas por leis, regulamentos, mensagens governamentais encaminhadas à Assembleia legislativa do estado, termos de convênio, regimento interno e livros de ocorrência da escola, levantados em arquivos públicos e particulares e nos arquivos da mencionada escola. Os resultados mostram que a Escola sempre funcionou em prédio da SSCH, por meio de convênios efetivados com os governos estaduais e evidenciam a interferência dessa Seleta Sociedade na organização escolar, por exemplo, com a presença de seus membros em reuniões para tomada de decisões e definição de diretrizes e ações da escola; com a indicação dos diretores escolares, mesmo quando esses são professores aprovados em concurso público realizado pela administração estadual, enfim, na organização e funcionamento da escola como um todo.

ESCOLA ESTADUAL 26 DE AGOSTO EM CAMPO GRANDE - MS: CONSTITUIÇÃO, ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO NO CONTEXTO

DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS (1936-1982)

CELEIDA MARIA COSTA DE SOUZA E SILVA REGINA TEREZA CESTARI DE OLIVEIRA

Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Este texto apresenta resultados de pesquisa que busca compreender o processo histórico de implantação e consolidação de instituições escolares, no âmbito das políticas educacionais na região sul do Estado de Mato Grosso. Este estado foi desmembrado em 1977, criando-se o Estado de Mato Grosso do Sul (MS), o que justifica o recorte espacial. Parte-se do entendimento de que as instituições escolares são necessariamente sociais, criadas como unidades de ação, construindo, no seu próprio funcionamento, uma identidade ao longo do tempo. Objetiva-se aqui analisar o processo de constituição, organização e funcionamento da Escola Estadual 26 de agosto, uma das escolas mais antigas de Campo Grande (atual capital do Estado de Mato Grosso do Sul), tomando-se como referência as reformas educacionais em âmbito nacional. O recorte temporal abrange o período de 1936 a 1982, considerando-se os convênios realizados entre o público, representado pelo Governo do Estado de Mato Grosso, e, depois, pelo Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, e o privado, pela Seleta Sociedade Caritativa Humanitária (SSCH), na concretização dessa escola. As atividades da instituição escolar tiveram início em 1932, sendo, porém, oficialmente fundada em 1936, por membros da SSCH, no período correspondente ao governo Getúlio Vargas (1930-1945) com o nome de Escola Mista 26 de agosto, levando-se em conta a data da fundação da cidade, atendendo o ensino primário. Tornou-se em 1957 Escolas Reunidas 26 de agosto e passou a denominar-se Ginásio Comercial 26 de agosto em 1968. Em 1970 recebeu o nome de Colégio Estadual 26 de agosto, alterando-se para Escola de 1° e 2° Graus 26 de Agosto, por ocasião da Lei 5.692, de 1971, quando foram instituídos cursos profissionalizantes, no período dos governos militares. A investigação baseia-se em fontes documentais formadas por leis, regulamentos, mensagens governamentais encaminhadas à Assembleia legislativa do estado, termos de convênio, regimento interno e livros de ocorrência da escola, levantados em arquivos públicos e particulares e nos arquivos da mencionada escola. Os resultados mostram que a Escola sempre funcionou em prédio da SSCH, por meio de convênios efetivados com os governos estaduais e evidenciam a interferência dessa Seleta Sociedade na organização escolar, por exemplo, com a presença de seus membros em reuniões para tomada de decisões e definição de diretrizes e ações da escola; com a indicação dos diretores escolares, mesmo quando esses são professores aprovados em concurso público realizado pela administração estadual, enfim, na organização e funcionamento da escola como um todo.

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VIII Congresso Brasileiro de História da Educação

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REGISTRO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL FEDERAL NO BRASIL: 1909-2008

CELIA REGINA OTRANTO Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

O texto é parte da pesquisa que tem por objetivo registrar a evolução histórica da Rede Federal de Educação Profissional no Brasil entre os anos de 1909 e 2008. É uma pesquisa básica, qualitativa, descritiva, que adotou como procedimentos técnicos a pesquisa bibliográfica e documental, complementada pelo levantamento de informações, através de questionários semiestruturados. O registro histórico da Rede Federal de Educação Profissional se inicia com o Decreto-Lei nº 7.566, do presidente Nilo Peçanha, que instituiu 19 Escolas de Aprendizes Artífices. No final da década de 1930, essas Escolas se transformaram em Liceus Industriais e, em 1942, nas Escolas Industriais e Técnicas. No ano de 1959, passaram à categoria de autarquias e assumiram a denominação de Escolas Técnicas Federais, se fossem voltadas para a indústria ou comércio, e Escolas Agrotécnicas Federais, se tivessem como objetivo o ensino agrícola. Os primeiros Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets) surgiram no ano de 1978, em decorrência do crescimento de três Escolas Técnicas Federais que se destacaram no cenário Nacional, dando origem aos Cefets de Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro, que passaram a servir de exemplo para todas as demais escolas da Rede. No ano de 2004, pelo Decreto nº 5225, todos os Cefets legalmente instituídos até aquela data foram alçados à categoria de instituições de educação superior, com autonomia equivalente à das universidades. O fato aumentou o interesse das demais instituições da rede em se transformarem Cefets, que se consolidavam como os mais importantes integrantes da educação profissional federal brasileira. No ano de 2005, o Cefet Paraná se transformou em Universidade Tecnológica, o que ocasionou um novo direcionamento nos interesses das instituições de educação profissional: as Escolas Técnicas e Agrotécnicas, tradicionais no oferecimento dos ensinos médio e técnico, queriam se transformar em Cefets para adquirirem maior autonomia ao serem alçadas à categoria de instituições de educação superior; já os Cefets passaram a almejar a transformação em universidades tecnológicas. No entanto, no ano de 2008, o governo brasileiro criou uma nova instituição – os Institutos Federais de Educação Ciência e Tecnologia (IFs), a partir da agregação de instituições já existentes, que passaram a se constituir em referência para a Rede de Educação Profissional. O registro histórico está acompanhado de reflexões políticas que apontam as principais consequências da evolução da Rede. As escolas que compuseram os IFs perderam suas identidades e tiveram que se adequar ao novo modelo de instituição de educação básica, profissional e superior, que oferece todos os níveis e modalidades de ensino e são equivalentes às universidades federais, tanto para fins de autonomia, quanto para avaliação institucional.

DIRETRIZES PARA A LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL BRASILEIRA NO INÍCIO DA DÉCADA DE 1950: PRINCÍPIOS, SIGNIFICADO E PAPEL DA

LDBEN (4.024/61) EM ANÁLISE

CRISTIANE SILVA MÉLO MARIA CRISTINA GOMES MACHADO

Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Esta comunicação apresenta discussões sobre as diretrizes gerais a nortear a legislação educacional brasileira, ressaltadas no âmbito dos debates em torno da elaboração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 4.024/61), nos anos iniciais da década de 1950. Indaga-se acerca dos princípios fundamentais, do significado e do papel atribuído à LDBEN, como Lei específica sobre a educação, a orientar toda a legislação educacional e estrutura do sistema de ensino nacional vigente no período. Para tanto, analisa-se os discursos de Almeida Júnior (1952), de Lourenço Filho (1952) e de Anísio Teixeira (1952) pronunciados em Conferências realizadas na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, em julho de 1952, em apreciação ao Projeto de Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Esses materiais documentais constituem importantes fontes para a história das políticas educacionais no Brasil, contribuem para o conhecimento dos debates que precederam a publicação da LDBEN 4.024/61 e da definição de rumos para o estabelecimento de um sistema nacional de ensino articulado, bem como das reivindicações direcionadas ao Estado para investimentos e custeamento do ensino público no país. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em consonância com o texto constitucional, foi pensada como elemento fundamental para indicar a direção geral à legislação educacional, caracterizada como conjunto de leis que abordavam a educação. Assim, a Lei foi compreendida como “linha de orientação”, “norma de conduta”, “superfície de apoio”, “alicerce” de estrutura a ser constituída. Almeida Júnior (1952) argumentou que “diretrizes” eram preceitos gerais, o Estado União devia formular diretrizes e não

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prescrever a organização das instituições educacionais. Nessa perspectiva, defendia-se a autonomia para a adequação de cada sistema escolar às condições de sua região, os sistemas de ensino municipais e estaduais precisavam de liberdade, flexibilidade e iniciativa. Nos debates acerca da elaboração da LDBEN emergiram-se intensas discussões sobre a “unidade”, “flexibilidade” e “descentralização” da Lei para a constituição de um sistema de ensino democrático e articulado. As propostas referentes aos princípios da LDBEN expressavam um projeto de modernização da sociedade. Esperava-se que a Lei se adequasse a dinâmica social, que exigia soluções a problemas encontrados no contexto educacional, como a insuficiência de vagas para matrículas e de investimentos para fundação e custeamento de escolas urbanas e rurais. O contexto econômico, político, cultural e social do país desencadearam a necessária valorização da escola pública, sendo a LDBEN definida como importante para o desenvolvimento do ensino público e garantia da educação popular. A expectativa quanto a uma legislação específica a orientar a estrutura de toda a educação nacional, promoveu mobilização de diversas instâncias sociais, que percebiam na educação instrumento de civilidade e progresso social.

EDUCAÇÃO REPUBLICANA: AS MARCAS DISCURSIVAS NAS PRÁTICAS DOS PROFESSORES

DIMAS SANTANA SOUZA NEVES TEREZINHA DE JESUS AIRES CARNEIRO

Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

A educação da era republicana procurou demonstrar suas compreensões em torno do papel das instituições educativas e as práticas que deveriam ter os sujeitos nelas investidos. Em Mato Grosso, as primeiras manifestações desse regime acentuava aspectos educativos que ofereciam uma outra compreensão em torno da educação, almejada pelos dirigentes, para os mais amplos setores sociais, desejando fazer avanços nos princípios iluministas de universalização da educação. As ideias de profissionalização dos professores e de cidadania foram discursos indutores destes procedimentos de captura de sujeitos para servir ao Estado. Por isso, os discursos entremeavam entre a necessidade de expressão dos indivíduos e força motivadora da instrução inspirada na ação da coletividade. Efeitos de poder que se manifestava nos discursos políticos, administrativos e educativos. A partir dessas assertivas, os documentos existentes e trabalhados neste texto auxiliaram a compreender os modos pelos quais os relatórios de presidentes de Estado e também as normatizações regulamentares da escola mato-grossense procuravam consolidar um ideário morigerador e indutor de sentimento de pertença aos quadros estatais do ensino por parte do professor e como membros efetivos de sociedade nacional, no caso do patriotismo, difundido por entre alunos e professores. Com essas compreensões os dirigentes aumentavam a visão do potencial de poder estatal, competindo com outras instituições, como a igreja e os jornais, no trabalho de educador das gerações republicanas. Assim foi que o ideal educativo desse período difundiu as ideias de modernidade, progresso, educação, estado, sociedade, participação e educação. Um conjunto discursivo com alto grau de comprometimento e de convencimento em busca de estabelecer os novos rumos que a educação brasileira deveria tomar. Com apoio em teorias de Foucault, Chartier, Marta Carvalho e outros pensadores da história da educação conseguimos identificar e compreender como os acontecimentos produzidos, nessa dimensão, demonstram que as práticas discursivas dos dirigentes do Estado foram disseminadas para apresentar uma certa qualidade e objetivo da escolarização a partir dos instrumentos da profissionalização dos professores e mudanças nos métodos e nos saberes por ensinar. Questões estas que se tornaram ferramentas de disciplinarização dos corpos e das práticas dos sujeitos, principalmente de crianças visando a formação do bom cidadão, patriota, brasileiro. Diante deste quadro, podemos afirmar, mesmo provisoriamente, que o intento dos republicanos foi de instaurar um intenso processo de biopolitica a partir da escolarização, forjando uma governamentalidade qualitativa e especifica centrada na ação de professores e buscaram assegurar uma instrucionalidade minuciosamente produzida pelos efeitos de poder produzidos com os discursos educativos que conformaram um modelo de educação altamente elitista.

OBRIGATORIEDADE ESCOLAR: TENSÕES EM TORNO DA CULTURA DE ESCOLARIZAÇÃO (SÃO PAULO: 1874-1920)

EDNÉIA REGINA ROSSI Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

A história recente do país em torno da educação básica obrigatória e gratuita dos 4(quatro) aos 17(dezessete) anos, aprovação da Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013, recoloca a necessidade de uma reflexão em torno da escolarização. A obrigatoriedade legal da educação escolar induz, por um lado, à exigência de expansão de

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escolas públicas pelo Estado e, por outro, a ida assídua e o não abandono dos bancos escolares pelos alunos. A escolarização obrigatória é um importante mecanismo de homogeneização cultural e de constituição de novos costumes. Contudo, não se pode descrever a conduta dos sujeitos da escolarização pelos objetivos que a lei prescreve. O que queremos problematizar é como a imposição da instituição escolar à vida social e a escolarização obrigatória dos sujeitos foi recebida por seus utilizadores na história. Tomando como fonte os relatórios de inspetores e diretores escolares e de diretores gerais de ensino, depoimentos e memórias impressas de professores primários, além do Jornal “Folha da manhã”, me propus a analisar esta problemática a partir da implantação da obrigatoriedade escolar do ensino primário no estado de São Paulo nos anos 20 do século XX, observando as tensões advindas dos diferentes usos feitos, pelos alunos, da instituição escolar. A obrigatoriedade do ensino primário foi instituída legalmente em São Paulo em 1874, por meio da Lei nº 9, denominada Lei da Obrigatoriedade do ensino. No entanto, os inspetores escolares e diretores de ensino, nos relatórios que perpassam a década de 1910, são unânimes em assinalar a necessidade de uma maior e melhor aplicação da lei. A execução, com maior rigor, do dispositivo de obrigatoriedade do ensino primário, a partir da reforma do ensino paulista de 1920, assinala uma face importante do processo da escolarização das crianças. Indago sob quais circunstâncias os inspetores escolares, os diretores de ensino, os(as) professores(as) e demais profissionais da educação reclamaram pelo efetivo cumprimento dos dispositivos legais? Sob que estado de coisas os legisladores instituíram a obrigatoriedade e a colocaram em execução de forma, às vezes, autoritária? A escola pública primária, ao ampliar as possibilidades de acesso ao ensino, multiplicara as possibilidades de sua utilização. A obrigatoriedade de frequência escolar, embora estipulada em lei, pouco alterara a prática de utilização da escola pelas camadas mais pobres. O tempo de permanência das crianças na escola variava, podendo ser de alguns meses, um ou dois anos. Tal fato, de certo modo, frustrara os objetivos de modernização da sociedade através da escola, levando muitos políticos e agentes do ensino a representar as populações mais pobres como indiferentes à escola e ao ensino.

XVII CONEPE (1980): O DEBATE DOS DIRIGENTES DAS ESCOLAS PARTICULARES COMO UMA ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO

DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

EDUARDO NORCIA SCARFONI Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Esse trabalho é parte de uma tese de doutoramento em desenvolvimento e pretende contribuir com o debate sobre a privatização de ensino no Brasil, desde o início da ditadura militar, em 1964, até a promulgação da Constituição de 1988. Será evidenciada a visão dos intelectuais defensores da iniciativa privada na educação em seu XVII Congresso Nacional dos Estabelecimentos Particulares de Ensino – CONEPE. Esses congressos reuniam, segundo o Art.9 de seu regimento, dirigentes de estabelecimentos de ensino, especialistas em educação, membros representativos da sociedade civil e professores convidados. A Federação Nacional de Estabelecimentos de Ensino – FENEN era a entidade responsável pela organização desses congressos. A Associação de Escolas Católicas – AEC era uma das organizações presentes nesses congressos, tendo um papel de destaque em sua organização, já que grande parte do ensino secundário particular estava nas mãos de estabelecimentos católicos. Além dessas associações diversos sindicatos de estabelecimentos particulares de ensino se reuniam nesses congressos, que, após 1948, viriam a ter representantes na maioria dos estados brasileiros. O foco desse trabalho será a análise da conferência “A escola particular na estratégia do desenvolvimento” de autoria de Clodomir Grande Colino, presidente do sindicato dos estabelecimentos de ensino de Belém, que foi apresentada no referido congresso, tentando identificar os diversos grupos sociais presentes nesse debate, analisando a construção de sua hegemonia na educação nacional. Tal conferência está dividida em sete tópicos, que apontam fatores para o desenvolvimento econômico, o papel que a educação deve ter nesse desenvolvimento, além dos elementos que dificultam e favorecem o desenvolvimento da educação. Para tanto, o discurso de Colino defende a tese segundo a qual a escola é antes de tudo “delegada da família” e, principalmente, a escola particular uma opção da família. O décimo sétimo CONEPE aconteceu de 20 a 24 de janeiro de 1980, na cidade de Fortaleza, e tinha como um de seus objetivos analisar a participação da escola particular na educação brasileira. Esses sujeitos, defensores da iniciativa privada na educação, entendidos aqui como uma força social ativa, acreditavam que o objetivo dessa era de “humanizar e personalizar o homem” e para isso definem três objetivos que a escola não poderia perder de vista, quais sejam: desenvolver uma função crítica; tornar o educando sujeito do desenvolvimento nacional e integrar-se no processo sócio-politico-econômico brasileiro. A escola particular era vista como uma prestadora de serviço público, porém com delegação das famílias e, por isso, deveria participar ativamente do processo do desenvolvimento nacional. O contexto da ditadura civil-militar exigia um posicionamento desses sujeitos que nesse momento reivindicavam que o caminho do progresso era o caminho de uma maior liberdade pessoal e nacional.

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COUTTO FERRAZ E OS REGULAMENTOS DE EDUCAÇÃO NA PROVÍNCIA DO ESPÍRITO SANTO – 1848 E 1861

EDUARDO VIANNA GAUDIO Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

A intencionalidade deste texto é apresentar o brasileiro Luis Pedreira Couto Ferraz como um bacharel, homem de governo, monarquista, conservador, articulador e relator de reformas educacionais durante o império brasileiro. A fértil careira política desse bacharel traz consigo alguns elementos significativos para a educação provincial e nacional. Figura ilustre no poder, que dentre suas atuações, como presidente da província do Espírito Santo, e Ministro do Império vislumbrou uma nação imperial mais soberana e culta, principalmente, se oportunizasse novos rumos para a educação. Neste artigo buscamos constituir o papel de sujeito reformador da educação na província do Espírito Santo ocupado por Luiz Pedreira de Coutto Ferraz a partir do Regulamento da Lei nº 6, de 04 de maio de 1848 na província do Espírito Santo; do Decreto nº 1331-A, de 17 de fevereiro de 1854, “Regulamento para a reforma do ensino primário e secundário do Município da Côrte”, ambos construídos por Coutto Ferraz, sendo o segundo conhecido como a “Reforma Couto Ferraz”; e do Regulamento da instrucção pública de 1º de setembro de 1861 da província do Espírito Santo, que apontamos como uma reforma educacional provincial com forte influência à reforma implementada na corte imperial. Entendemos a pessoa pública de Couto Ferraz em 1848, como presidente da província do Espírito Santo, buscando construir um regulamento que fosse adequado ao estado de coisas que se encontrava a província capixaba; em 1854 como ministro e secretario de Estado dos negócios do império buscando a consolidação do Estado imperial como promotor e regulador desse processo; e em 1861 como influenciador na construção de uma reforma de ensino na província do Espírito Santo. O que fez não foi tanto assim, se olharmos em termos de possibilitar investimentos para tal segmento da administração pública, mas, foi muito, se olharmos para seus feitos, nos dois momentos de grande poder, no Espírito Santo e na Corte, onde dedicou parte de sua história política na busca de um projeto educacional que possibilitasse a educação do povo. Será que o insucesso deve ser atribuído ao Legislador, Político, Conselheiro do Império, Coutto Ferraz? Acreditamos que as condições não eram favoráveis a sua ambiciosa legislação, mas existia maleabilidade nela, e esta foi incompreendida pela inabilidade dos promotores da educação da época: professores, inspetores e diretores da educação pública, e dirigentes governamentais. Talvez, o inexpressivo destaque que se dá a Coutto Ferraz se faz a partir de todo este “em torno” de suas políticas, de seus Regulamentos, de suas reformas. Não podemos deixar de considerar que ele apenas tentava contribuir para o fortalecimento das ideias inovadoras na educação, e legislar sobre elas. Aparentemente suas manifestações legais foram inovadoras, ou até mesmo revolucionárias, pois conseguiram ser aprovadas e aceitas pelos demais dirigentes da época.

FREQUÊNCIA ESCOLAR EM MINAS GERAIS: QUESTÃO PEDAGÓGICA E POLÍTICA.

FABIANA DE OLIVEIRA BERNARDO Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Ao analisar o projeto de educação mineiro e as ações promovidas pelo Estado, no início do século XX, podemos vislumbrar elementos de uma concepção educacional que tinha como objetivo reformar a sociedade. A garantia dos alunos nas escolas primárias mineiras na primeira década do século XIX era também a garantia de que esses sujeitos estariam em contato com a cultura legítima, transmitida pelas escolas públicas. Dessa maneira, o Estado de Minas Gerais implementou, através de leis e regulamentos, a obrigatoriedade da educação e, com ela a previsão de pagamento de multa naqueles casos em que os pais não garantissem a educação de seus filhos em idade escolar. A frequência escolar das crianças e crianças pobres era considerada, pelas autoridades responsáveis pela educação, como um entrave e podemos reputá-la como um problema preexistente ao regime republicano e atestar a existência, desde o século XIX, de medidas que tinham o intuito de sanar essa questão que, geralmente, acometia camadas populares da sociedade. Dentre essas medidas podemos citar a caixa escolar que pressupunha a aquisição de recursos financeiros para estimular a assiduidade escolar. A adoção do método de ensino mútuo e simultâneo pode ser considerada um dos elementos que determinaram a busca pela garantia da frequência escolar uma vez que esses novos métodos de ensino permitiriam a educação de maiores quadros de alunos, com menor gasto recursos materiais e humanos, mas pressuporiam a presença de todos nas aulas e ao mesmo tempo. Em cada tempo histórico a sociedade constrói uma série de vetores de socialização que sustentam a reprodução de sua cultura e valores através de instituições em geral como a família e a escola. Para tanto, era necessário que os alunos estivessem presentes nesses ambientes, o que colocava a frequência escolar em lugar de destaque nas questões educacionais a serem resolvidas. Para a elaboração desse artigo foram

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utilizadas fontes presentes no Arquivo Público Mineiro, tais como correspondências entre diretores de Grupos Escolares e Secretária do Interior. Além disso, outras fontes que tratavam da frequência escolar foram consultadas, como mapas de matrícula e relatórios de final de ano. Podemos concluir que vários eram os fatores que impactavam a frequência escolar de crianças e crianças pobres na educação pública mineira no período analisado. Dentre eles podemos elencar a falta de adesão dos pais dos alunos à educação escolar. A falta de recursos para a manutenção da vida nestes grupos também causava impacto negativo na frequência escolar. A falta de uniforme e material escolar também eram fatores determinantes da baixa frequência, assim como as doenças que ou causavam óbito nos alunos, ou os mantinham afastados da escola por longos meses, interrompendo sua formação no ano escolar e todos os exemplos eram alvo de intervenção dos agentes escolares através da caixa escolar e demonstram como essa associação agiu em favor de frequência escolar em Minas Gerais.

ENSINO PROFISSIONAL: DO TRABALHO MANUAL NO BRASIL COLÔNIA À EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NA PRIMEIRA REPÚBLICA

FABIO VASCONCELOS LIMA PEREIRA MILENE MAGALHÃES PINTO

Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Esta comunicação é parte de uma pesquisa em desenvolvimento sobre o Conceito de Ensino Profissional nos discursos do Congresso Legislativo Mineiro (1892-1930). A partir desse campo de pesquisa, propomos trazer reflexões sobre educação profissional e formação de mão de obra levando-se em consideração as multifacetadas transformações ocorridas na instrução pública de Minas Gerais. O procedimento metodológico utilizado, que conta com o aporte da análise de discurso, constituiu-se autores como Charaudeau, Maingueneau e Pêcheux para a leitura dos relatórios dos presidentes do Estado de Minas Gerais. Tomando a discussão sobre conceito de ensino profissional como pano de fundo, essa comunicação remonta, dentro do recorte temporal proposto, uma trajetória desde os tempos do Brasil colônia, em Minas Gerais, tendo como referência os trabalhos de formação profissional da Ordem Religiosa Companhia de Jesus. Neste marco inicial, é levada em consideração a educação técnica para trabalhos manuais de índios, negros, desvalidos e órfãos nas casas de educandos artífices e nos liceus de artes e ofícios a partir das propostas identificadas no Legislativo Mineiro. Ao se pesquisar a História da Educação Profissional no Brasil, ainda que o objeto dessa comunicação seja especificamente o ensino profissional em Minas Gerais, é importante remontar o percurso da educação nos tempos do Brasil colônia. A identificação desses desdobramentos históricos é necessária para se compreender o caráter reformador da República com vistas a acompanhar a industrialização e suas implicações socioeconômicas em cada momento histórico. É no cenário construído pelos jesuítas para capacitação de índios e negros, por meio do modelo pedagógico da Companhia de Jesus, que tinha como objetivo a qualificação técnica e a ação civilizatória, que emergem as primeiras práticas de ensino e formação para o trabalho manual. Essas ações civilizadoras dos jesuítas, que visavam a educação do corpo e da alma dos nativos, se deram de forma mais sistemática no século XVI, através dos aldeamentos composto por colégios colônias e sedes administrativas. Foi possível identificar nos discursos legislativos os desdobramentos desse ensino jesuítico que, ao se tornar responsabilidade dos Estados, novas abordagens foram dadas ao ensino profissional. Embora esse ensino profissional ainda fosse destino aos desafortunados da sorte e tida como trabalho típico da população negra e pobre, é possível observar nos discursos um novo contorno, mais formador da mão de obra, para combate à pobreza e à formação do cidadão útil à Nação. As primeiras reformas para com vistas a uma instrução pública se deram ainda no Brasil Império, mas foi na República que ensejada pela cultura política republicana que o ensino profissional passou a ser entendido como elemento para elevar a nação, por vias do trabalhador tecnicamente qualificado, ao progresso.

ESCOLA COMPLEMENTAR DE COMÉRCIO DE SETE LAGOAS: HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL E EM MINAS GERAIS

FABIO VASCONCELOS LIMA PEREIRA Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Esta comunicação, que faz parte de uma pesquisa inserida dentro do Programa de Pós-graduação em Educação Tecnológica do CEFETMG, apresenta uma reflexão sobre a o ensino primário comercial em Minas Gerais, a partir da trajetória da Escola Complementar de Comércio de Sete Lagoas – ECCSL. Ao se analisar as fontes que permitiram compreender a ECCSL, dentro do projeto republicano de progresso, foi possível perceber que a imprensa e as instituições escolares serviram como importantes meios de propagação dos ideais desse regime. A

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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partir desses projetos, descrevemos um histórico da formação do trabalhador do comércio em Minas Gerais a partir do recorte temporal definido em função da proposta curricular original da instituição escolar pesquisada. ECCSL foi criada por meio do Decreto nº. 7.114, de 09/2/1926, em conformidade curricular com o Decreto nº. 7.007, de 13/10/1925. O objetivo curricular original era formar Guarda-Livros e Auxiliar do Comércio para o exercício de atividades comerciais mais gerais. A extinção desses cursos ocorreu em atenção à Reforma Capanema, instituída por meio do Decreto nº 6.141, de 28/12/1943. Trata-se de um estudo documental, de problematização de fontes, que permitiram compreender as tendências de pesquisa histórica sobre instituições educacionais, ao considerar as especificidades e singularidades regionais e locais como importantes referências. Tomando como aporte teórico pesquisadores como Magalhães, Gatti Jr. e Sanfelice, esse artigo foi desenvolvido seguindo a metodologia de pesquisa da micro-história, em relação à delimitação do campo social estudado. Nesse aspecto, a utilização dos relatórios e mensagens de presidentes do Brasil e de Minas Gerais justifica-se pela necessidade de integrar a instituição escolar, em análise, a uma realidade mais ampla, para que ela possa ser compreendida e explicada a partir da multidimensionalidade de sua existência histórica. Para analisar essas fontes, recorremos às contribuições da História da Educação, pelo viés da História das Instituições Escolares, cujos pressupostos contribuíram para evidenciar a dinâmica da historicidade da Escola. A opção pela História das Instituições Escolares tem a ver com a possibilidade dessa abordagem na apreensão dos elementos que conferem identidade à instituição educacional. Tornou-se possível, desse modo, construir uma escrita capaz de ilustrar sujeições, negociações, burlas e conflitos ocorridos nos processos legislativos, nas inter-relações sociais e nas rotinas escolares. Ademais, tal abordagem permitiu identificar os vínculos entre a ECCSL e as propostas estaduais inseridas em um discurso republicano, além de esclarecer a opção de se pensar uma escola de formação do trabalhador do comércio em Minas Gerais consoante com propostas republicanas nacionalmente difundidas pelo Governo Central nas primeiras décadas da República.

ENSINO SECUNDÁRIO NO BRASIL DA PRIMEIRA REPÚBLICA

FERNANDA BARROS Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Este texto tem como objeto o ensino secundário brasileiro na Primeira República. Trata-se de uma investigação em andamento que tem como problema compreender como a educação secundária brasileira foi descrita na documentação oficial produzida pelos poderes legislativo e executivo nacionais. A proposta é mapear o ensino secundário no Brasil na Primeira República a partir da publicação da Reforma Epitácio Pessoa de 1901, que possibilita equiparação ao Colégio Pedro II a todas as instituições de Ensino Secundário brasileiras. As instituições secundárias mantidas pelos recém-criados Estados brasileiros foram, em sua maioria, criadas ainda no século XIX, na esteira do Ato Adicional de 1834, e se mantiveram funcionando segundo as políticas estaduais e nacionais durante o séc. XIX e início do século XX, momento que foram afetadas diretamente pelas reformas educacionais da Primeira República. As reformas foram suficientes para fortalecer ou fechar as instituições estaduais a partir de 1901, e neste trabalho espera-se entender os dados oficiais sobre estas escolas, a partir de documentos dos poderes executivo e legislativo brasileiros, publicados em meio eletrônico pela Câmara Federal Brasileira e o Senado Federal Brasileiro. A Metodologia de pesquisa será a pesquisa documental. Será feita uma leitura das principais obras que tratam da História da Educação em âmbito nacional especificamente da Primeira República, para que se possa ter uma noção do movimento em sua totalidade e não apenas dos aspectos conjunturais contidos nas informações coletadas. Os instrumentos básicos da pesquisa serão construídos pelos acervos digitalizado de fontes primárias, periódicos regionais ligados diretamente, e mesmo indiretamente, à temática educacional. Na sequência, deverá ser feito um estudo da realidade política nacional, para se perceber a influência da elite e de suas lideranças sobre o processo de expansão do ensino. O esforço para a catalogação de fontes primárias e secundárias para o estudo da História da Educação levará à identificação de diversos tipos de documentação ainda desconhecidos ou não catalogados e à colocação à disposição dos pesquisadores de um imenso manancial de dados que poderá não apenas contribuir para aprimorar o espectro da história da educação nacional. A investigação que se propõe terá uma contribuição substancial ao campo da História da Educação, pois vários são os trabalhos de pesquisa sobre o ensino secundário nos programas de mestrado e doutorado brasileiros, porém, estudos localizados que não traçaram ainda uma abordagem geral sobre o ensino secundário brasileiro da primeira República, a ponto de compreender os intercruzamentos que foram traçados pelas instituições existentes neste momento.

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GRUPO ESCOLAR DA CIDADE: AÇÃO DO ESTADO NA POLÍTICA DE ESTABELECER MODELO DE EDUCAÇÃO REPUBLICANA, DIAMANTINA,

1907

FLÁVIO CÉSAR FREITAS VIEIRA RENAN EUFRÁSIO ASSIS DE ALMEIDA

Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

A presente pesquisa objetivou compreender sobre Política de Estado no primeiro ano de instalação do Grupo Escolar na cidade de Diamantina, Minas Gerais, a partir da reforma da escola pública primária no governo de João Pinheiro, no início do Século XX, com intenção implementar um ideário novo para formação do cidadão republicano. As fontes primárias utilizadas foram as escritas e imagéticas, etc., e o referencial teórico contou com Martins, 1996; Bencostta, 2005, Faria Filho, 2000, entre outros. Os procedimentos metodológicos utilizados foram norteados pela realização da pesquisa documental no campo da História da Educação tendo três etapas: identificação, catalogação e análises. Nos resultados obtidos verificou-se que houve necessidade por parte dos governos republicanos de fortalecer o processo da escolarização com vistas implantar na população brasileira o pensamento republicano, numa proposta de formação de nova cidadania, tendo por referência a educação urbana. A reforma João Pinheiro de 1906, convergiu nessa direção, e estabeleceu o suporte legal para agrupar escolas isoladas em um único prédio, o então chamado de Grupo Escolar. Diamantina foi uma das quatro primeiras cidades do Estado de Minas a receber um Grupo Escolar, e que no final do século XIX e no início do século XX, a cidade desenvolveu sua economia nas áreas da mineração, com experiências em atividades de indústria e, principalmente, do comércio, ao ponto de ser considerada uma das mais importantes cidades da região de distribuição de tecidos, objetos de luxo, ferragens, louças, fumo, sal, querosene, etc. As riquezas geradas pela mineração, indústria e comércio fizeram com que a modernidade chegasse a cidade, sendo fortalecida com a construção da estrada de ferro por volta de 1910. Dessa forma, firmou-se como um entreposto comercial do nordeste mineiro e se tornou o principal centro comercial e cultural, além de cidade que sediava as repartições do governo que cuidavam de toda a região, sendo a única cidade que possuía hospitais e escolas de segundo grau. Devido a isso, o número de pessoas que enviavam seus filhos para estudar, e doentes para obterem tratamento nos hospitais era expressivo. Com esse cenário educacional e político, Diamantina tem a instalação de um dos quatro primeiros grupos escolares após a reforma João Pinheiro. Pelo Decreto nº 2.091, de 20/09/1907 foi criado o grupo escolar em Diamantina, e abrigou em um único prédio as escolas que encontravam-se dispersas de cadeiras em vários povoados isoladas da cidade. Em coerência a regra geral, a localização do prédio do Grupo Escolar da Cidade, obedeceu a diretriz de funcionar como ponto de destaque na cena urbana, visível enquanto signo de um ideal republicano de uma gramática discursiva arquitetônica que enaltecia o novo regime.

A POLÍTICA DE EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL: UM OLHAR PARA O IFRN

FRANCISCO DAS CHAGAS SILVA SOUZA IAPONIRA DA SILVA RODRIGUES

Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Um século depois de terem sido criadas as Escolas de Aprendizes Artífices, em 1909, considerada a primeira iniciativa do governo federal brasileiro em prol da Educação Profissional, o Presidente Luís Inácio Lula da Silva, por meio da Lei n. 11.892, de 29 de dezembro de 2008, instituiu a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, estabelecendo a Educação Profissional como uma política pública de desenvolvimento social e regional. Desde aquele ano, a ampliação do número dos Campi dos Institutos Federais tem fortalecido o debate acerca da história da Educação Profissional no Brasil, das políticas estatais para a educação e das instituições educativas. Nessa comunicação, temos como objetivo discutir a política de expansão da Educação Profissional no Brasil, enfocando as duas primeiras décadas do século atual. Pretendemos analisar, a princípio, como essa expansão tem ocorrido em nível nacional, para, em seguida, debater como esse processo tem se verificado no estado do Rio Grande do Norte. Portanto, nossa discussão parte do argumento de que a criação de uma instituição de ensino, seja para a formação geral ou profissional, não se dá sem as intencionalidades próprias de um contexto histórico e político nacional e regional. Cabe analisar, assim, de que maneira tem se dado essa expansão e avaliar os seus efeitos. A metodologia que utilizamos está alicerçada em pesquisa bibliográfica acerca das políticas estatais para a Educação Profissional, como também na análise de documentos norteadores dessa política como a Lei n. 11.892/08, o plano de

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expansão da Rede de Educação Profissional desenvolvido pelo MEC, os documentos internos do IFRN que tratam da criação dos Campi e os relatórios de gestão produzidos por esses Campi do IFRN. Os resultados da pesquisa apontam para muitos avanços na Educação Profissional no Brasil nas duas últimas décadas. No Rio Grande do Norte, que até fins do século XX possuía dois campi (Natal e Mossoró), nas primeiras décadas do século XXI foram criados mais 17 que estão espalhados pelas quatro microrregiões potiguares abrangendo uma média de 2 milhões de habitantes. Porém, para além desses avanços em termos numéricos, há grandes desafios que a Educação Profissional enfrenta e precisa solucionar para que se consolide e cumpra com os seus objetivos. São alguns deles: a formação de professores para atuar nessa modalidade, a manutenção da qualidade do ensino, a satisfação das necessidades da população abrangida, a dinamização das regiões e microrregiões onde se instalam, a destinação de recursos para a infraestrutura, dentre outros.

A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO 2011-2020: RUPTURA OU CONTINUIDADE DE UMA TENDÊNCIA HISTÓRICA

GEDELI FERRAZZO CLÁUDIA BARBOSA LÔBO

ROSÂNGELA DE FÁTIMA CAVALCANTE FRANÇA MARCO ANTÔNIO DE OLIVEIRA GOMES

Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

O objetivo deste trabalho versou em analisar as proposições de educação especial presentes no percurso da elaboração do Plano Nacional de Educação 2011- 2020. Para tanto, buscou-se situar historicamente a Educação Especial no Brasil desde o início do período republicano, com a expansão das instituições especializadas no atendimento aos deficientes, de cunho filantrópico- assistenciais, e suas respectivas configurações ao longo da história em consonância com as transformações sociais. Além de analisar o quadro das reformas educacionais dos anos 1990, pautadas pela lógica da organização do mercado mundial globalizado e pelas reformas neoliberais, momento que verifica-se a presença de movimentos em defesa dos direitos das pessoas com deficiência do qual as políticas públicas incorporaram algumas expressões, tais como inclusão, educação escolar inclusiva, entre outras. A retomada histórica se faz pertinente para o entendimento da formulação do PNE 2011- 2020, bem como o estudo das propostas: Documento final da CONAE, do Projeto de Lei 8.035/2010, do substitutivo Ângelo Vanhoni e da versão final do PNE 2011- 2020 aprovado pela lei nº 13.005, em 25 junho de 2014, afim de compreender e as concepções de Estado e de educação elucidadas em cada proposta, e seus limites estruturais e conjunturais acompanhado pela implementação de uma política educacional inclusiva. Da mesma forma, faz-se necessário também compreender os aspectos mais amplos da sociedade em sua totalidade, pois não há como desvincular a educação escolar das contradições presentes em uma sociedade de classes e dos diferentes projetos políticos pedagógicos em disputa. Dentro da perspectiva do materialismo histórico dialético o presente texto tomou como referência autores que analisam o processo histórico da educação especial em nossas terras tais como: Jannuzzi (2004; 2013), Bueno (1993), Kassar (1998; 2011), além das contribuições de Kuenzer (2006), Saviani (2011), entre outros. A análise dos documentos revela que as proposições de educação especial presentes na constituição do PNE 2011- 2020 se pautam em uma política educacional inclusiva sob a hegemonia das proposições neoliberais, realizadas dentro da perspectiva das pedagogias burguesas que contribuem para o esvaziamento da escola e pela fragilização formativa do professor. Diante da distância do que é proclamado nos marcos legais para educação inclusiva e a realidade material, faz-se necessário superar os obstáculos e construir respostas no âmbito da educação escolar que atendam as demandas dos alunos que tem direito ao atendimento educacional especializado. Para tanto, faz-se necessário a construção de um novo modelo de formação docente que não seja pautado nas pedagogias relativistas, além da adequação dos espaços escolares para o atendimento dos alunos.

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VIII Congresso Brasileiro de História da Educação

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EDUCAÇÃO, HIGIENE E SAÚDE NAS REPRESENTAÇÕES SOBRE AS POPULAÇÕES RURAIS EM MINAS GERAIS: UMA ANÁLISE DOS ANAIS

DO CONGRESSO MINEIRO (1889 - 1892)

GILVANICE BARBOSA DA SILVA MUSIAL WALQUIRIA MIRANDA ROSA

Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

O presente trabalho apresenta resultados parciais de uma pesquisa que tem como objetivo apreender, a partir da análise dos discursos produzidos no Congresso Mineiro, as representações sobre a educação, higiene e saúde das populações rurais e ver as possíveis relações entre esses discursos com os ideais republicanos de educação pública, gratuita, obrigatória e laica, entre os anos de 1889 e 1892. Do ponto de vista teórico-metodológico, trabalhamos com a noção de representação em consonância com o pensamento de Roger Chartier (2009). Segundo o autor, essa noção tem sido um suporte precioso para que sejam percebidas e articuladas “as diversas relações que os indivíduos e os grupos estabelecem com o mundo social” (p.210). Para Roger Chartier, a noção de representação nos conduz a um duplo sentido. Conforme uma de suas acepções, ela pode “fazer presente uma ausência, mas também exibir sua própria presença através de uma imagem, assim como, transformar aquilo que olhamos no objeto olhado” (p.205). Para a apreensão dos referidos discursos foram consultados os ‘Annaes do Congresso Constituinte do Estado de Minas Geraes’, 1891 e os ‘Annaes da Assembléa Legislativa Provincial de Minas Geraes’, 1889 e exemplares do Jornal Minas Gerais de 1892. Inicialmente a consulta aos Anais foi realizada nos exemplares impressos e posteriormente na versão eletrônica disponibilizada pelo Arquivo Público Mineiro-APM. Nesse trabalho buscamos apreender as representações sobre Educação, Higiene e Saúde das populações rurais nos debates que aconteceram nas sessões e em despachos feitos pelos parlamentares no Congresso Mineiro. Nas primeiras sessões os assuntos prioritários giravam em torno da mudança da capital e da divisão das regiões em freguesias e cantões, como também de transferências de fazendas para outros locais ou o aumento em suas extensões territoriais. Quanto à educação, os parlamentares mineiros ajustaram os termos da Constituição Federal ao projeto da Constituinte Mineira, garantindo a gratuidade somente ao ensino primário. Na questão que envolve a higiene, foram criados projetos para canalização de água potável, esgoto, iluminação pública para diversas cidades, construção de cemitérios em regiões consideradas importantes. Na área da saúde, houve liberação de verbas para as casas de misericórdia, auxilio aos hospitais e hospícios, construção de asilos para os alienados. Grande parte das iniciativas impactaram fortemente os espaços urbanos, em detrimento dos espaços rurais.

A ESTATIZAÇÃO DO ENSINO E A LÍNGUA PORTUGUESA NO ALVARÁ DE REGULAMENTO DOS ESTUDOS MENORES DE 28 DE JUNHO DE 1759.

GISELLE MACEDO BARBOZA Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Este trabalho é resultante da pesquisa “A gramática de Reis Lobato e o ensino de língua portuguesa no Brasil (1770-1828)”. Tem como objetivo investigar a década que se seguiu a publicação do Alvará de 1759, documento que tornou a educação razão de Estado. Este foi um período de “consolidação e ampliação das reformas” nesse setor. Pode-se dizer que houve um processo de estatização com livros e compêndios, pois estes deixaram de está sob o controle da Inquisição e passaram para os cuidados do Estado Português a partir de 1768, mediante a criação da Real Mesa Censória que se tornou responsável em julgar o que seria “aceitável para o público leitor português” (MAXWELL, 1996, p. 99-100). O interesse em analisar o discurso educacional em tal ordenamento jurídico justifica-se por esse documento ser um dos elementos que contribuíram para reconhecer a maioridade da língua portuguesa, em detrimento do latim, bem como os que deram subsídios para a produção de compêndios gramaticais. Vislumbrava-se também, com essa reforma, cultivar o interesse dos discípulos pelos estudos maiores, por isso a tentativa de simplificar o método de ensino da língua latina para aumentar a formação de pessoas capazes de assumir cargos e profissões que a Nação Lusitana precisava para iniciar a sua reconstrução, como advogados, médicos, engenheiros, comerciantes e bons militares. No âmbito cultural, nas palavras de Carvalho (1978, p. 84), a educação, em conformidade com o novo método, deveria centrar o seu ensino, não na língua latina, como imprescindível para ter acesso aos estudos maiores, mas em desenvolver a apreciação dos alunos pela latinidade, ou seja, pelos diversos aspectos da cultura clássica, uma vez que seu estudo despertaria a “consciência dos fatos pretéritos da vida portuguesa, porque representava um deliberado esforço no sentido de reviver a bela tradição humanista do quinhentismo” que as escolas jesuíticas” não teria concedido uma continuidade. Nesse momento, o que marcou e tornou possível a reforma da instrução pública foi

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a questão, como fora mencionado, da estatização do ensino, pois a educação passou a ser razão de Estado, que, no século XVIII, de acordo com Silvia Brügger (2007, p. 56), não é sinônimo de “uma entidade abstrata, mas sim de instituições e pessoas investidas de autoridade pela coroa portuguesa”. Com essa lei, a estrutura e a finalidade do ensino mudam completamente. Esta última deixa de focalizar a formação do homem temente a Deus para ser uma formação do homem civilizado apto à guerra e a realizações comerciais, a profissão docente e os métodos de ensino são regulamentados.

POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS PARA A EMPREGABILIDADE? UMA ANÁLISE DO PRONATEC

GUSTAVO CESAR LOPES GERALDINO ELMA JÚLIA GONÇALVES DE CARVALHO

Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

A partir de 1970, mudanças tecnológicas e organizacionais atingiram o mundo do trabalho contribuindo para a emergência de novas tendências no sistema de produção capitalista, caracterizadas por maior flexibilidade na produção. Novas concepções de gestão passaram a redesenhar os arranjos organizacionais, os quais produziram impactos na relação entre indivíduo e mercado de trabalho, provocando a reestruturação de ocupações e o desemprego. Tal situação impulsionou e continua impulsionando os trabalhadores a constantemente adquirirem novas competências e habilidades, por meio da qualificação profissional. A fim de atender as novas exigências produtivas, o sistema educacional brasileiro tem vivenciado reformulações, em particular na educação profissional. Nesse contexto, insere-se o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – PRONATEC, o qual abrange todo o território brasileiro com propostas e ações de Educação Profissional e Tecnológica (EPT), integrando aos diferentes níveis e modalidades de educação, do trabalho, da ciência e da tecnologia. Este programa tem como objetivos a expansão da oferta de cursos de educação profissional, fomentando a expansão da rede física de atendimento da EPT, ampliando as oportunidades educacionais dos trabalhadores, por meio do incremento da formação e qualificação profissional e estimulando a articulação entre a política de EPT e as políticas de geração de trabalho, emprego e renda. No presente trabalho, elegemos o PRONATEC como objeto de estudo, com o propósito de analisar as contradições presentes nos encaminhamentos deste programa, que tem como finalidade proporcionar a empregabilidade. Para tanto, buscamos investigar, por meio de uma pesquisa documental e bibliográfica, as mudanças nas políticas públicas destinadas à empregabilidade no sistema educacional brasileiro a partir da década de 1970, relacionando-as ao movimento mais amplo da sociedade. No estudo empreendido, constatamos que as atuais políticas públicas de EPT contribuem para a reprodução da divisão social do trabalho e para a manutenção das relações de dominação. Além disso, compreendemos que o PRONATEC faz parte de uma política nacional que apenas minimiza as contradições sociais existentes por meio da proposta de empregabilidade para geração de renda. Em nossa reflexão, a qualificação do trabalhador por meio destas políticas, está desvinculada da dimensão ontológica do trabalho, reduzida a uma perspectiva economicista do emprego e que se apoia na empregabilidade como estratégia para o desenvolvimento social.

AS REFORMAS DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NA CULTURA POLÍTICA REPUBLICANA: OS TRÂMITES DO CONGRESSO LEGISLATIVO MINEIRO

(1892-1930)

IRLEN ANTÔNIO GONÇALVES MILENE MAGALHÃES PINTO

Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Esta comunicação é parte de uma pesquisa em andamento sobre o ensino profissional no discurso do Congresso Legislativo Mineiro. Nosso objetivo é analisar como a cultura política republicana ensejou mudanças na instrução pública por meio das reformas para a formação e educação profissional na Primeira Republica, tomando como base sete trâmites de lei que ocorreram no Legislativo Mineiro, que tratavam de importantes alterações na proposição da formação profissional. O Congresso será tomado como espaço de produção de leis, onde se dava a produção legislativa que objetivava a normatização da vida social, nos seus mais variados âmbitos, entre os quais o educacional. Segundo a Constituição do Estado, de 1891, era da competência do Congresso fazer as leis, interpretá-las e suspendê-las. A primeira legislação que tratou, especificamente, do ensino profissional nesse período foi a Lei n0 41, de 03 de setembro de 1892, que tinha por objetivo elevar, pela instrução pública e

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técnica, o nível intelectual da população rural, preparando agricultores, veterinários e industriais esclarecidos pela aquisição de conhecimentos especiais que pudessem ser utilizados em escolas normais, de ensino agrícola e zootécnico, em cursos voltados para a indústria e farmácia. Outras importantes leis vieram como maneira de aprimoramento dessa Lei, e que também tratavam da organização do ensino profissional primário, do ensino de ofícios, como é o caso da Lei n0 203, de 1896, Lei n0 438 de 1906, Lei n0 439 de 1906, Lei n0 533 de 1910, Lei n0 800 de 1910 e Lei n0 895 de 1925, bem como de leis que visavam incrementar a formação de operários e contramestres nacionais na tentativa de amenizar os problemas da instrução profissional em Minas Gerais. Os discursos das reformas da educação profissional, no debate legislativo, são preponderantes, pois é nele que é possível captar a circulação das ideias de vários sujeitos que frequentaram aquele espaço, construindo um novo conceito de educação/ensino profissional para a realidade mineira. O recorte temporal, de 1891 a 1930, enquadra-se dentro de um período denominado República Velha, classificação essa recorrente na historiografia brasileira. O esforço republicano para reformar o ensino foi resultado de uma concepção de sociedade que ambicionava o adiantamento do país por vias do trabalhador nacional. As referências teóricas utilizadas para o diálogo com as fontes contam com o aporte da História Política e História dos Conceitos, notadamente a partir dos teóricos Berstein e Koselleck.

EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA DE SEGUNDA GERAÇÃO:O PROJETO MINERVA E A INFLUÊNCIA DO INSTITUTO DE POLÍTICAS E ESTUDOS

SOCIAIS (IPES)

JANE SANTOS DA SILVA Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

O texto que apresentamos é o resultado parcial do subprojeto da pesquisa A Educação Brasileira de 1964 a 1985: impactos da ditadura, que tem como objetivo analisar as políticas educacionais desenvolvidas pelo regime militar brasileiro (1964-1985), considerando as políticas hegemônicas para os primeiro e segundo graus (GERMANO, 1990; CARVALHO, 2007) e seus desdobramentos na educação por radiodifusão, considerando-a como educação a distância de segunda geração. Nesse sentido, faz-se mister dialogar tanto com a Lei 5.692/71 quanto com o Instituto de Políticas e Estudos Sociais (IPES), responsável por conduzir um amplo debate sobre as propostas pedagógicas que norteariam a elaboração da referida lei. Em seu capítulo IV, a Lei 5.692/71, ao regulamentar o ensino em sua modalidade supletiva, cria mecanismos para a transmissão das aulas através da radiodifusão e de programas por televisão no artigo 25, parágrafo segundo. No artigo 51, dá margem para a presença de empresas privadas neste projeto e no parágrafo único afirmará que estas corporações que recebam dinheiro público devem colaborar com esta modalidade de ensino (BRASIL, 1972). Inciativas como o Projeto Minerva (criado em 1970 e veiculado pela Rádio MEC), o Sistema Avançado de Comunicações Interdisciplinares (o Projeto SACI/ (1973), Telecurso (1978) e o Projeto Conquista (1979) são criados neste bojo. É importante destacar que o rádio será utilizado, nos termos da lei, apenas no ensino supletivo de jovens e adultos. José Germano (1990) propõe que esta preocupação com a escolarização ocorrerá tanto para suprir a necessidade populacional por educação, quanto ao Mercado de trabalho, que necessitava de profissionais mais produtivos e especializados, corroborando a proposta econômica - neste sentido, tais políticas não têm por objetivo principal promover uma ampliação das oportunidades educacionais, culturais ou científicas para todos, mas sim corroborar um discurso de legitimação do Estado naquele momento. A educação supracitada só será possível após a articulação do IPES através do fórum “A educação que nos convém” de 1968 (GERMANO, 1990; PAULA, 2014; CARVALHO, 2007; SAVIANI, 2008). A ampla influência do IPES, inclusive em políticas anticomunistas, se dá no contexto de ampliação do mercado e das políticas de capital monopolista, favorecendo a classe média em detrimento ao operariado, sendo o instituto o principal órgão de representatividade da elite dominante, composta por eclesiásticos, militares e empresários (CARVALHO, 2007; GERMANO, 1990; RAMIREZ, 2005). O fórum é realizado entre 10 de outubro e 14 de novembro como uma resposta as manifestações em função da reforma universitária.

EDUCAÇÃO BÁSICA E DITADURA MILITAR: CONTRIBUIÇÕES PARA A DISCUSSÃO SOBRE O PERÍODO DE 1964-1985.

JANE SANTOS DA SILVA Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

O trabalho aqui exposto tem como objetivo levantar aporte teóricos de questões históricas concernentes a educação brasileira, durante o período da Ditadura Militar/Empresarial nos anos 1964 a 1985. Ele é parte das

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conclusões da pesquisa A Educação Brasileira de 1964 a 1985: impactos da ditadura que tem como objetivo produzir elementos para a reflexão das formas estratégicas da educação pública brasileira para a atualidade. Sendo assim, partimos da premissa que as relações de força que se constituíram nos anos 1950/60 criaram uma sociabilidade que fortaleceu um aparato ideológico repressivo promovendo uma inflexão em toda sociedade brasileira e em especial nas políticas educacionais. No campo da História da Educação a memória das políticas institucionais - públicas e privadas - educacionais durante a ditadura militar, contribuirá para diminuir lacunas e superar a visão do senso comum sobre o período. Consideramos que mergulhar na análise do projeto educacional constituído pelos grupos que tomaram o governo através da força nos permite revelar as disputas contra hegemônicas constituindo os caminhos traçados nos governos militares através de suas diretrizes e estratégias de execução. Para tal, partimos da ideia de Florestan Fernandes (1980) de que o intuito do governo estabelecido pelo golpe era impedir a consolidação do regime democrático, constituído na área educacional nos anos 1950/60, através da recuperação das bandeiras de luta do Manifesto dos Pioneiros (1932), de forma ampliada pelo Manifesto "Mais uma vez convocados" (1959) onde educadores, intelectuais e políticos se organizaram reivindicando educação pública e gratuita. Podemos afirmar que estes foram anos férteis para a História da Educação Brasileira conduzida por nomes que consolidaram esse campo como, por exemplo, Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Carneiro Leão, Armando Hildebrand, Pachoal Leme, Paulo Freire, dentre outros. Esses anos já se tornaram referenciais para o contexto da educação. Nos propomos a decifrar a educação do período com a dualidade que ela se propõe: face condutora de um projeto emancipatório ou base para a estruturação e conservação de um projeto reacionário. É necessário pensar que mesmo em períodos de retração há um embate entre as forças hegemônicas e contra hegemônicas que revela o conflito inerente a sociedade de classes. É, nesse sentido, onde a História político-pedagógica se faz central que este texto se insere com o objetivo de revelar as forças políticas condutoras da educação no período histórico após o Golpe e suas consequências.

O FOMENTO À PESQUISA EM HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL NO ÂMBITO DO CNPQ NO PERÍODO 2009-2014

JOSENILSON GUILHERME DE ARAUJO Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

O trabalho tem como objetivo principal descrever e caracterizar o fomento à pesquisa em História da Educação no âmbito do CNPq a partir das modalidades de financiamento denominadas bolsa Produtividade em Pesquisa (PQ) e auxílio à Pesquisa (APQ) por meio das chamadas Universal e Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas (CHS), a fim de analisar e avaliar, de forma exploratória, as contribuições e os efeitos desse financiamento para a produção do conhecimento no campo da Educação e se a composição normativa do CNPq, sua estrutura decisória, suas práticas e seus processos de avaliação tendem a favorecer e a reforçar a concentração de investimentos em determinados temas e problemas de pesquisa que ocupam posições de domínio no campo. O mapeamento dos dados do fomento à pesquisa de Educação no período estabelecido pode permitir informações singulares sobre a pesquisa e a produção do conhecimento em História da Educação e os pesquisadores da área. Tais dados serão considerados no contexto das políticas de C&T para o investimento à pesquisa e à qualificação de recursos humanos no campo da Educação/História da Educação. Os dados permitirão caracterizar os percursos institucionais, as filiações temáticas, as estratégias para a pesquisa e a produção do conhecimento, as linhas de pesquisa, a trajetória/qualificação do pesquisador e sua produção científica, a difusão do conhecimento produzido, os temas de pesquisa, a formação de grupos/redes de pesquisa, as experiências de intercâmbio/cooperação acadêmico-científico, de circulação e de visibilidade dos pesquisadores no campo da Educação e da História da Educação, em particular, em correlação com o fomento à pesquisa praticado pelo CNPq. A coleta de dados ocorrerá no âmbito do Diretório dos Grupos de Pesquisa, das Plataformas Lattes e Carlos Chagas da Agência. Para o desenvolvimento do estudo será adotado o referencial teórico de Pierre Bourdieu, sobre campos sociais, e em particular sobre o campo científico, associado à noção de habitus (trajetória, sentido prático e estratégia), pensado como o mais adequado, considerando que as práticas acadêmicas, a formação universitária e a pesquisa científica constituem-se em um ethos específico por meio do qual determinados valores são requeridos e desenvolvidos com vistas à permanência dos agentes no campo e a própria reprodução do campo. Caso pertinentes outros referenciais poderão ser adotados para subsidiar a análise dos dados.

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A INSTRUÇÃO MILITAR E O ENSINO DE FRANCÊS EM PORTUGAL E NO BRASIL (1761 - 1810)

KATE CONSTANTINO PINHEIRO DE ANDRADE OLIVEIRA Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

A INSTRUÇÃO MILITAR E O ENSINO DE FRANCÊS EM PORTUGAL E NO BRASIL (1761-1810) O ensino das línguas estrangeiras, em Portugal, foi instituído no contexto das reformas pombalinas da instrução pública. Nos planos de estudos dos estabelecimentos dedicados à instrução militar, a pedra de toque é o desenvolvimento dado às “Ciências Matemáticas”, importantes para a formação do “perfeito militar”, que teria capacidade e instrução suficientes para lidar com fortificações, bombardeios e táticas de guerra, bem como para a arquitetura e construção civil. A primeira peça legislativa referente ao ensino de línguas estrangeiras modernas é a carta de lei de 7 de março de 1761, com a qual foram publicados os estatutos do Real Colégio dos Nobres. Seu plano de estudos, além das matérias usuais do ensino de humanidades (latim, grego, retórica, filosofia, teologia), incluía alguns elementos das matemáticas, astronomia e física, e se achava recomendado o estudo das línguas francesa, italiana e inglesa, justificando a sua importância, para os professores, pelos muitos livros escritos nas referidas línguas. Em 1763, dando continuidade a uma série de medidas tendentes à organização dos Corpos da Milícia de Terra e Mar, El Rei D. José I decretou, no dia 10 de maio, que os Corpos de Artilharia fossem reduzidos a quatro regimentos de doze companhias cada um. O regulamento de tais regimentos, expedido com o Alvará de 15 de julho, foi cometido ao Conde Reinante de Schaumbourg Lippe. Os livros indicados em seu plano de estudos eram todos em francês, pelo que a lei mandava que se traduzisse para a língua portuguesa as partes mais necessárias aos meninos. A Lei de 1.º de abril de 1796, que expediu o novo regulamento da Academia dos Guardas Marinhas, estabeleceu que os candidatos deveriam saber as quatro primeiras regras da aritmética a língua francesa. Em 1810, finalmente, quando foi criada a Academia Militar do Rio de Janeiro, os estatutos previam a nomeação de professores de línguas vivas, os quais deveriam dominar, ou pelo menos saber ensinar, no mínimo, três línguas – francês, inglês e alemão. Este trabalho investiga o processo de institucionalização do ensino da língua francesa no Brasil, relacionando-o com a instrução militar. Como fontes, usamos a legislação referente à matéria, bem como a historiografia educacional dedicada ao período. Serviram de referencial teórico para a pesquisa alguns pressupostos da história das disciplinas escolares (CHERVEL, 1990; CHERVEL & COMPÈRE, 1999), da história cultural (ANDERSON, 2008; HÉBRARD, 2000; CHARTIER, 2000), e da historiografia educacional (CARVALHO, 1978; HÉBRARD, 2000; OLIVEIRA, 2010).

A ESCOLARIZAÇÃO DA POPULAÇÃO POBRE NA PROVÍNCIA DA PARAHYBA DO NORTE: PRIMEIRAS IMPRESSÕES 1849 – 1889

LAYS REGINA BATISTA DE MACENA MARTINS DOS SANTOS MAURICEIA ANANIAS

Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Este trabalho busca apresentar as primeiras discussões acerca de uma pesquisa em andamento que tem por objetivo analisar a escolarização da população pobre na Província da Parahyba do Norte entre os anos de 1849 a 1889 como parte do processo de institucionalização da instrução pública primária. Escrever sobre a instrução da Província da Parahyba do Norte nos permite revisitar as fontes de pesquisa disponíveis sobre a temática, fazendo uma nova leitura acerca do que queremos apreender sobre as possíveis formas de escolarização do período. O estudo nos motiva a adentrar em um momento de efervescência no que tange às discussões acerca da instrução, sua institucionalização e tentativa de uniformização a partir de um modelo educativo exportado da Europa que se difundia tendo como suposto as ideias de civilização e de desenvolvimento social. O recorte temporal proposto leva em consideração os dois regulamentos da instrução pública, promulgados em 15 e 20 de Janeiro de 1849, que além de contribuírem para normatização e organização da instrução, criaram o cargo de diretor geral da instrução pública, que dentre tantas atribuições, tinha como meta inspecionar a instrução em toda a Província. O ano de 1889, pois marcou a política e a sociedade da época com a mudança de regime político. As fontes utilizadas para construção da narrativa foram, além dos regulamentos, os relatórios dos presidentes da Província e os documentos diversos sobre a instrução pública primária, bem como a bibliografia disponível referente à história e história da educação da Paraíba. O percurso metodológico utilizado para realização da análise das fontes considerou a organização da instrução na Província a partir do funcionamento das aulas de primeiras letras, dos métodos de ensino e as formas de controle e fiscalização; a atuação dos professores, ordenados, aposentadorias ou jubilações, concursos, transferência, afastamentos, licenças e gratificações e as verbas destinadas por parte do tesouro provincial à instrução pública à instrução pública destacando os conflitos percebidos no processo de escolarização. A partir das análises realizadas sobre o perfil etnicorracial e econômico

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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da população paraibana e as condições que se encontrava a instrução pública primária na Província, podemos inferir que a população pobre também teve acesso às primeiras letras pela defesa da instrução ser também considerada um meio de acesso à civilização. Mesmo que para isso fosse necessário enfrentar as precárias condições em que se encontrava o ensino paraibano.

O TRABALHO COM ALUNOS NO ESTADO DA GUANABAR (1961 A 1974)

LEILA DE MACEDO VARELA BLANCO Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Esta pesquisa busca responder a questões que me fiz a partir dos depoimentos autobiográficos de professoras de educação especial das escolas públicas da cidade do Rio de Janeiro no período em que, deixando de ser Distrito Federal, tornou-se cidade-estado, com o nome de Estado da Guanabara, até tornar-se município capital do Estado do Rio de Janeiro após a fusão dos dois estados. O que contam estas professoras sobre as práticas de ensino e propostas curriculares desenvolvidas no passado? Mignot (2010, p. 87), citando José Maria Hernandes Diaz, afirma que “tanto ontem como hoje, as paredes, o mobiliário e os utensílios da escola guardam uma ordem convencional, imposta, casual, visível ou um sistema de relações invisível, ordenado, permitido, negociado ou desestruturado em outras ocasiões”. Nos depoimentos analisados observei que aparecem referências sobre salas de aula, materiais pedagógicos confeccionados e equipamentos além de narrativas detalhadas sobre a metodologia de “demutização”, isto é, fazer com que o surdo use a língua oral para a comunicação com as demais pessoas. Buscando criar cenários verossímeis para a compreensão dos relatos, é possível observar pistas que dizem respeito às práticas de ensino, à organização de grupamentos e à representação da deficiência nas ações propostas e realizadas pela Secretaria de Educação em foco. Nas lembranças narradas, é citada a quantidade de turmas, também os equipamentos utilizados e a recepção das escolas às visitas de orientação, dentre outros aspectos. A formação de professores especialistas e daqueles que supervisionam o trabalho aparecem nos depoimentos com a importância dada à qualidade docente na época estudada. As citações sobre o uso de espaços inusitados para as práticas educativas com esses alunos permitem refletir, como proposto por Escolano (1998. p. 26), sobre a importância do espaço escolar como “um mediador cultural em relação à gênese e formação dos primeiros esquemas cognitivos e motores, ou seja, um elemento significativo do currículo, uma fonte de experiência e aprendizagem”. Dentre as práticas relatadas no que diz respeito ao ensino da fala, a seleção ou triagem dos alunos com suspeita de deficiência auditiva e a preparação e o acompanhamento de novos especialistas, se encontra outra história da educação que não está presente nos livros de história e nos museus pedagógicos. Investigar a educação da criança surda nas escolas públicas da cidade do Rio de Janeiro parece de fundamental importância tendo em vista tratar-se da escolarização de uma parcela da população carioca esquecida pela historiografia.

A CRIAÇÂO DA ESCOLA NORMAL LIVRE “JOSÉ BONIFÁCIO” DE SANTOS

LUCIA TAVARES NASCIMENTO Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

O objetivo deste estudo é pesquisar, a partir das várias legislações, a criação e evolução - nos primeiros anos - da primeira Escola Normal Livre da cidade de Santos (SP), criada em 1928. Implantada pela Associação Instrutiva José Bonifácio (AIJB), denominou-se “Escola Normal de Formação de Professores”, equiparada à Escola Normal da Capital. A Lei 2.269 (SP) de 31/12/1927 criou as denominadas Escolas Normais Livres no Estado de São Paulo. Essas escolas - municipais ou particulares - surgiram para auxiliar a administração educacional paulista a enfrentar um grande problema com o aumento da população: com o desenvolvimento da lavoura cafeeira inúmeras escolas primárias precisavam de professores. Haviam 8.000 professores atuando, porém, eram necessários mais de 25.000. No final do ano de 1930, era expressivo o número de professores leigos atuando na rede pública. As Escolas Normais Livres tinham os programas de ensino organizados pela Diretoria de Ensino, curso com duração de três anos e inspetor fiscal estadual. As décadas de 1920-1930 evidenciaram uma sequência de reformas educacionais paulistas, indicando que o Ensino Normal atraiu as atenções dos educadores do movimento de renovação pedagógica com experiência na rede escolar como Pedro Voss, João Toledo, Fernando Azevedo, Lourenço Filho etc. O Decreto nº 4.794 de 17/12/1930 estabeleceu novas condições para equiparação das escolas; posteriormente o Decreto nº 4.888 de 12/2/1931 reorganiza e dá outras providencias e o Ensino Normal voltou a ter quatro anos. O Decreto nº 5.846 de 21/2/1933 regulou a formação de professores primários

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e secundários, e transformou o instituto “Caetano de Campos” em instituto de educação de nível universitário. O Decreto nº 5.884 de 21/4/1933, normatiza a formação e a organização das escolas públicas primárias e secundárias. As Escolas Normais Livres tinham condições estabelecidas para equiparação: serem fundadas, mantidas e ter corpo docente nacional; cursos e programas de acordo com os adotados pelas escolas normais oficiais e cada município só poderia ter uma escola livre em regime de externato. Santos contou com a Escola Normal Livre do Colégio São José, em fevereiro de 1929, permitida em regime de internato. A metodologia utilizada é a pesquisa histórica documental nos acervos da instituição; (LIAME) Arquivo da Memória da Escola da Universidade Católica de Santos; (FAMS) Arquivo público da fundação Arquivo e Memória de Santos; legislações estadual e federal e jornais. Várias são as referencias: António Nóvoa, Almeida Junior, Casemiro dos Reis filho, Fernando de Azevedo, Leonor Maria Tanuri, Rosa Fátima de Souza, Maria Apparecida Franco Pereira. O estudo da constituição dessa Escola Normal Livre revela a importância dessa instituição para a vida escolar primária da cidade.

CONCEPÇÕES SOBRE A OSSATURA MATERIAL DO ESTADO 'COISIFICADO' NAS INSTITUIÇÕES: OS CONSELHOS DE EDUCAÇÃO EM

DISCUSSÃO.

LUÍS CARLOS FERREIRA Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Vamos buscar no limite desse texto, discutir sobre a criação dos Conselhos de Educação a partir da estruturação do Estado capitalista ‘corporificado’ em instituições e/ou aparelhos estatais, cuja representação assenta-se em ideais, interesses, pensamentos, normas e condutas que particularizam e/ou racionalizam as relações sociais. O esforço de sintetizarmos o que reconhecemos como de interesse amplo e ao mesmo tempo macro quando falamos de Estado capitalista, requer apontarmos para o é comum às suas diferentes formas e características, para então, restringirmos a alguns desses ‘aparelhamentos’ estatais que, ao longo da história, foram ‘coisificados’ em estruturas rígidas, organizadas e que foram se definindo como ‘porta-vozes’ de uma dominação, domesticação e burocratização dos bens e serviços apresentados por esses órgãos. Antes do ensaio preliminar, é necessário dizer que não há qualquer intenção em esgotar essa discussão, sobretudo, porque passa por inúmeras leituras acerca da complexa e problemática correlação entre as concepções teóricas de Estado e os reflexos na sociedade capitalista. Pelo contrário, o estudo aqui apresentado é uma tentativa de aprofundamento sobre a ‘ossatura material’ na construção do Estado capitalista, seus impactos e reflexos, nas representações ‘coisificadas’ em instituições estatais, como os Conselhos de Educação. O trabalho será desenvolvido em duas partes, no qual a primeira irá tratar sobre a formação histórica e a estruturação do Estado capitalista, como 'alimentador' da força produtiva, com base em Marx, O’Donell, Octávio Ianni e Carlos Nelson Coutinho; enquanto que, na segunda parte do texto, iremos trazer a discussão os aparelhos ‘coisificados’ ou ‘corporificados’ na forma de instituições estatais, em particular, nos Conselhos de Educação, dialogando com Nicos Poulantzas, Gramsci e Roberto Leher, como parte da literatura. Nesse sentido, a abordagem vem centrada no materialismo histórico-dialético, sobretudo, pensando a categoria educação e trabalho, seus desdobramentos e suas contribuições para a tomada de consciência da realidade histórica e concreta, nas políticas educacionais como totalidade. Esperamos que essa discussão possa ampliar o debate político-educacional, com a base na participação dos sujeitos sociais nas decisões coletivas, reconhecidamente, dando lugar à superação das estruturas dominantes, e com possibilidades para repensarmos uma educação para o desenvolvimento da pessoa-cidadã, diferente da pessoa-produtiva.

ANÍSIO TEIXEIRA E O ENSINO SECUNDÁRIO

MANNA NUNES MAIA Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

O crescente interesse acerca do cenário educacional do Brasil a partir da década de 1920 tem estimulado a produção de importantes trabalhos que discorrem sobre os diversos níveis e modalidades de ensino, a atuação de importantes atores, os discursos educacionais e as políticas públicas implementadas. Especificamente no que diz respeito ao ensino secundário, é possível perceber que há um conjunto de publicações que assinala a importância da atuação do Estado no processo de organização desse nível de ensino, principalmente por meio da aprovação de normas destinadas a sua regulamentação. Acerca dos usos da legislação educacional como fonte de pesquisa, Thompson (1987, p. 358) discorreu: “A lei enquanto prática portanto não se localizava em uma distante superestrutura, mas perpassava as próprias relações de produção como norma endossada pela comunidade. Por

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outro lado, ao invés de mecanismo de consenso, constituía-se no próprio campo onde o conflito social se desenvolvia”. Essa consideração estimula-nos a revisitar as medidas legais destinadas ao ensino secundário que foram implementadas no período pós-1930 e formular a hipótese de que as características atribuídas ao secundário por meio das políticas públicas aprovadas foram resultado da batalha de projetos distintos para esse nível de ensino. Foi nos ensaios de Clarice Nunes onde encontramos elementos para começar a ponderar sobre as concepções de educação secundária em disputa, concepções essas que resultaram das forças que rivalizavam pela direção do campo educacional no pós-1920: os católicos e os educadores profissionais. No grupo dos católicos, a autora destaca a atuação e as deliberações de Gustavo Capanema que, enquanto Ministro da Educação, instituiu uma reforma da educação secundária em 1931 e 1942. Já no grupo dos educadores profissionais, ela aponta Anísio Teixeira como um intelectual que elaborou e implementou, no então Distrito Federal, uma outra proposta de ensino secundário. A partir das observações sinalizadas, foi elaborada a proposta do presente artigo: ponderar sobre as ideias de Teixeira para o ensino secundário brasileiro, utilizando como fonte de investigação as suas próprias produções teóricas. Todo esse exercício de reflexão parece-nos fundamental para, de um lado, fugir daquelas perspectivas teórico-metodológicas ainda comuns nas pesquisas em História da Educação que trabalham tanto com as ideias de maneira descolada, desencarnada ou autônoma em relação às instâncias e às contradições da realidade e de maneira independente dos agentes históricos e das práticas sociais, como se elas tivessem vida própria. Por outro lado, tal exercício é importante na medida em que desenvolve uma temática ainda pouco explorada por aqueles que tomam o pensamento de Anísio Teixeira como objeto de investigação.

INDAGANDO DISCURSOS, PROBLEMATIZANDO AÇÕES: O “BRASIL MODERNO” NO PROJETO POLÍTICO DO GOVERNO PROVISÓRIO

(1930-1937)

MANNA NUNES MAIA Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Esse trabalho tem como finalidade evidenciar e entender quais seriam os atributos necessários para que o Brasil fosse considerado um país moderno de acordo com a intelectualidade a frente do Governo Provisório (1930-1937). Nesse exercício investigativo, utilizamos como metodologia a pesquisa documental e bibliográfica e definimos duas frentes de trabalho que são complementares. Na primeira, esforçamo-nos em entender o conceito de “moderno”. No âmbito do marco político-administrativo que se convencionou chamar de “Brasil República”, é recorrente o uso da palavra “moderno” e de suas derivações (modernidade, modernização e modernismo) para caracterizar as transformações ocorridas no país no período pós-1889. Contudo, o referido termo permanece cercado de dubiedades, devido, sobremaneira, à variedade de sentidos atribuída a ele. Essas observações evidenciam a necessidade de definir o(s) sentido(s) de “moderno”, entendendo que a atribuição de significado(s) a tal palavra implica na assunção de riscos, visto que ele tem limites e potencialidades que nos auxiliam a elucubrar sobre a realidade. Assim, na aventura de tentar compreender o conceito de “moderno”, optamos por trabalhar com a perspectiva de Jacques Le Goff, perspectiva essa que se encontra sintetizada no primeiro tópico deste trabalho. Na segunda frente de trabalho, conjeturamos aspectos entendidos como fundamentais para tornar o Brasil um país moderno. Para tanto, foram analisados os setenta e dois discursos presidenciais proferidos no marco temporal estipulado e também algumas leis implementadas pelo então chefe de Estado, Getúlio Vargas, entendido como porta-voz de um grupo cujo projeto político tornou-se hegemônico após Revolução de 1930. Por meio da análise dessas fontes, encontramos cinco predicados centrais que seriam fundamentais para superar os ranços do “Brasil antigo” e, consequentemente, para inserir o país em uma nova etapa de sua história, o que chamamos de “etapa moderna”. Os cinco pontos mencionados foram as reformas administrativa, eleitoral, econômica e educacional e o cuidado com a política externa. Por fim, já nas considerações finais, fazemos uma síntese do que foi abordado ao longo do trabalho, bem como ponderamos sobre a relação entre modernidade e revolução. Isso fomentou um último esforço, referente ao entendimento de alguns aspectos que perpassam o conceito de “revolução”, a partir das ideias do sociólogo Florestan Fernandes. Assim, por intermédio das reflexões desenvolvidas nessa pesquisa, pretendemos contribuir para as análises em torno do conceito de “moderno” no campo da História da Educação, entendendo-o como noção que ganha contornos e materialidade mediante as ideias e as ações dos sujeitos em um determinado tempo e espaço.

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DISPUTAS QUE ENVOLVERAM O SERVIÇO SANITÁRIO PAULISTA ENTRE A REPÚBLICA VELHA E O ESTADO NOVO

MÁRCIA GUEDES SOARES Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

O artigo aborda as políticas de educação do Serviço Sanitário paulista, tendo como foco a reforma de 1925, organizada por Geraldo Horácio Paula Souza e a reforma de 1931, promovida por Francisco Salles Gomes Júnior. Em 1922, Paula Souza assume a direção do Instituto de Higiene e a Diretoria Geral do Serviço Sanitário do Estado de São Paulo, deixando esse último cargo em 1927. Em 1930, o interventor nomeado para governar o estado de São Paulo, João Alberto Lins de Barros, nomeia Arthur Neiva como Secretário do Interior e Francisco Salles Gomes Júnior para a direção do Serviço Sanitário. Logo que assumem o poder, são baixados dois decretos, que alteram as políticas públicas vigentes relativas ao Serviço Sanitário. O Decreto 4.809 de dezembro de 1930, alegando necessidade de reorganização para melhor atender ao interior do estado, extinguiu a Inspetoria de Higiene dos Municípios e as Delegacias de Saúde do Interior do Estado e criou zonas, divididas em distritos, funcionando em cada uma delas uma delegacia de saúde. O Decreto 4.891, de 13 de fevereiro de 1931, reorganizou o Serviço Sanitário do Estado, passando a ter como atribuições a Higiene e Assistência à Infância e a Higiene Escolar e Educação Sanitária. Apesar da operação de mudança, há a permanência do Dr. Francisco Figueira de Mello, que fora diretor da extinta Inspetoria de Educação Sanitária e de Centros de Saúde desde sua criação, em 1925, e passa a ocupar o novo cargo de diretor da Inspetoria de Higiene Escolar e Educação Sanitária. Nosso objetivo é buscar compreender as estratégias de Salles Gomes no desmonte da reforma de Paula Souza, tendo em conta que as disputas entre esses dois sujeitos reflete os embates ocorridos desde os anos 1920 na Sociedade Brasileira de Higiene. Nossa questão é: após a revolução de 1930, como foi arquitetada a reforma de 1931 pelo grupo no poder dos quadros políticos de São Paulo? Como referência teórico-metodológica, nossa pesquisa, de caráter histórico, pautada em fontes documentais, baseia-se em Michel Foucault, na medida em que procuramos analisar os dispositivos que regulam os discursos legais e em Stephen Ball com o ciclo de política e as noções com as quais opera.Nas reformas de 1925 e de 1931, investigamos os limites impostos pela política como discurso e como texto, as ações dos sujeitos envolvidos e as variáveis que causaram impactos sobre os resultados das políticas de educação sanitária, que, por sua vez, estão relacionados às demais políticas da saúde pública. Pautamo-nos ainda em conceitos como estratégias e táticas, desenvolvidos por Michel de Certeau, bem como em seu método de escrita da história.

O ENSINO NAS ESCOLAS PÚBLICAS DO LITORAL PAULISTA NA DÉCADA DE 1930. A ATUAÇÃO DO DELEGADO DE ENSINO LUIZ DAMASCO

PENNA.

MARIA APPARECIDA FRANCO PEREIRA Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

O litoral paulista nas primeiras décadas do século XX formava – excetuando Santos,o porto do café Santos – uma extensa região de pobreza e deficiências urbanas ,que acompanhava o Oceano Atlântico desde os limites do Rio de Janeiro até o Paraná. Nesse sul, a população caiçara se estendia mais para o interior no Vale do Ribeira. A presente comunicação pretende mostrar a realidade histórica das escolas públicas dessa região na década de 1930, tendo presente os relatórios de Luiz Damasco Penna, então Delegado de Ensino da região. Com a população muito dispersa nas regiões fora dos núcleos urbanos, com dificuldades de comunicação, a Divisão de Ensino do litoral vai realizar grande serviço ao ensino público paulista no início do governo de Vargas, sob a batuta de Luiz Damasco Penna - da estirpe dos formados na Escola Normal de São Paulo e em diálogo com as políticas e as ideias de Fernando de Azevedo, Sud Mennucci, Sampaio Dória, João Toledo, Almeida Jr. Professor sempre atualizado nas modernas teorias, Penna formou sua bagagem profissional , peregrinando por escolas isoladas rurais e urbanas, grupos escolares, inspetorias, até chegar a Delegado de Santos em 1932, sob o Diretor de Ensino , Sud Mennucci. Seus ideais eram centrados na formação do professor competente, na localização efetiva das escolas, no crescimento da rede escolar para o atendimento das populações distantes e da criança, da fixação e do bem estar do professor no meio rural. A sua atuação no ensino - quando a presença do Estado no Litoral era precária, pois a região não estava, de modo geral, inserida na economia cafeeira – foi obra de bandeirantes, adentrando regiões de difícil acesso e contando com a colaboração de imigrantes e da Igreja Católica (sobretudo da Assistência ao Litoral de Anchieta), tendo a seu cargo a Divisão do Ensino Particular. Em 1936, a região tinha 133 escolas isoladas e 26 grupos escolares, em Santos, São Vicente, Itanhaém, Iguape, Xiririca, Iguape , Cananea, Jacupiranga; Ubatuba, Caraguatatuba, Vila Bela, São Sebastião. Atendeu a cerca de

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18.000 alunos, porém o índice de analfabetismo ainda era grande. Dedicado Luiz Damasco Penna à orientação das práticas pedagógicas deixou vários estudos, um deles “Horário para as escolas Isoladas” (1934), abordado neste estudo. Dão aporte teórico a esta pesquisa: Dosse, “O desafio biográfico – escrever uma vida ” (2009); a dissertação (UNISANTOS) de Silvio Luiz Pasquarelli, “A presença de Luiz Damasco Penna [...]”(2012); Frugeri, “A educação das classes populares no Litoral Norte Paulista (2006); Pereira,” Crise da educação brasileira: problema da educação rural(2011); Silva (“Ilhas de saber”( 2004). As obras do autor, seus relatórios e os Anuários de Ensino do Estado de São Paulo foram fundamentais.

INFLUÊNCIA ESTRANGEIRA NO PENSAMENTO PEDAGÓGICO DE MÁRIO CASASANTA - MINAS GERAIS 1928 -1963

MARIA DO CARMO DE MATOS Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Influência estrangeira no pensamento pedagógico de Mário Casasanta - Minas Gerais 1928/1963 O trabalho foca a influência de autores estrangeiros no pensamento de Mario Casasanta, intelectual reconhecidamente comprometido com o movimento de renovação pedagógica em Minas Gerais. Sua atuação na gestão pública da educação teve início no governo Antônio Carlos, 1926/1930, estendendo-se por cerca de 30 anos. Como intelectual e homem público, participou ativamente de debates sobre a educação mineira e, a partir de uma rede de sociabilidades construída desde a vida acadêmica, divulgou suas ideias e concepções em livros, jornais, como professor e na direção de instituições públicas do campo da educação. O estudo integra o programa de pesquisa “Moderno, Modernidade e Modernização: a educação nos projetos de Brasil séculos XIX e XX”, cujo objetivo é fazer avançar o entendimento sobre o lugar da intelectualidade brasileira na construção da esfera publica, em diferentes tempos e espaços. Orienta-se na perspectiva da História dos Intelectuais e se referencia em análises indicativas de que entre o século XIX e meados do século XX, as elites governamentais brasileiras mantiveram diálogo próximo ao ideário de modernidade europeia e norte-americana, construindo projetos de nação que concebiam a educação como recurso civilizatório, voltado à superação do atraso, do que era considerado arcaico ou inferiorizado em relação àquele ideário. Mario Casasanta foi um dos muitos intelectuais brasileiros envolvidos nesse debate priorizando as questões educacionais imbricadas nesse processo. Oriundos de segmentos sociais diversos, detentores de preparo científico e saberes diferenciados, esses intelectuais ocuparam espaços diversos e fizeram circular suas ideias e concepções, disseminando sua influência na educação e na escolarização. Com essa perspectiva, o estudo buscou identificar o que Mario Casasanta pensava e propunha para a educação, como se constituiu seu pensamento, a tradição científica, política e filosófica que norteou sua inserção no debate educacional, como seu pensamento e sua atuação se agregaram ao debate da modernização e que implicações sociais e teóricas trouxeram para as culturas escolares e urbanas. A análise evidenciou a importância de Mario Casasanta no cenário educacional mineiro, sinalizando nesse aspecto, em especial, a influência de autores americanos e europeus ligados ao movimento escolanovista na constituição do seu pensamento pedagógico. Importante registrar que essa relevância se eleva ao se considerar sua repercussão na educação mineira, tanto pelas posições estratégicas por ele ocupadas, junto à gestão pública da educação, como em razão da disseminação de suas ideias e concepções, por diferentes meios, a partir da rede de sociabilidades em que se inseria, o que também lhe conferia aceitação e credibilidade no meio educacional e na sociedade. Palavras-chave: renovação pedagógica, modernização, política educacional

POLÍTICA EDUCACIONAL PARA A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO PARÁ (1905-1909): A EXPANSÃO DE GRUPOS ESCOLARES E O CONTROLE DA

EVASÃO ESCOLAR

MARIA DO SOCORRO PEREIRA LIMA Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

RESUMO Este artigo está situado no período entre 1906 a 1909, correspondente ao segundo mandato do governador do Pará Augusto Montenegro e de grande importância econômica para o estado. Seu objetivo central é discorrer sobre as principais metas que caracterizaram o setor educacional no Pará, nesse período, quando o referido governador colocou em prática o projeto de desenvolvimento da educação no Pará, sobretudo em relação à expansão dos grupos escolares e o controle da evasão escolar, projeto iniciado no governo anterior a seu mandato. Colocar esse ideal republicano em prática significava a expressão de um movimento histórico-educacional do estado que procurava se enquadrar junto a outros estados brasileiros na proposta nacional em

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prol da escola pública e, nesse cenário, a forma de engendrar os segmentos da escola, sobretudo em relação à qualificação dos professores e a permanência dos alunos, que se consolidaram como principais metas desse segundo período governamental desse governo. Responder ao projeto de desenvolvimento do setor educacional no âmbito nacional da criação dessas metas compreendeu uma superestrutura que resultou em outros fatores como: o método de ensino, a organização curricular, a edificação ou arrendamento de prédios para servirem como instituição de ensino, além de outros de interesses políticos no alcance das metas traçadas no início do mandato de Augusto Montenegro (1901), quais foram: reunir escolas em grupos nos centros mais populosos; suprimir por inúteis as escolas de lugares e povoados, guardando as da sede de municípios e das vilas mais importantes em que grupos não pudessem ser reconstituídos; dotar grupos e escolas restantes de bom material escolar; fundar alguns internatos em torno dos quais se constituíssem externatos que servissem de centro para a população escolar; organizar uma inspeção escolar que oferecesse todas as condições de idoneidade e praticabilidade; investir no setor de pessoal qualificado, valorizar e recuperar a autoestima do docente; combater a evasão escolar e aumentar o número de matrículas nos grupos da capital e dos interiores, segundo a principal fonte de consulta limitada às Mensagens de Governo, as quais transcrevem os discursos políticos do período estudado. Assim sendo, enfocar uma compreensão da política educacional do Estado do Pará nesse período, representa um instrumento legítimo de construção do estado e da nação e de produção de uma suposta população culturalmente homogeneizada, encarnada no processo civilizador de um modelo de cidadania moderna, pois, a intenção de difundir principalmente o que correspondia à educação primária no estado do Pará já se projetava desde o final do século XIX quando a principal tarefa do projeto de modernização era educar a população em consonância com o ideário civilizatório.

AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS PARA O MEIO RURAL PIAUIENSE NA DECADA DE 1980

MARLI CLEMENTINO GONÇALVES ANTONIO DE PÁDUA CARVALHO LOPES

Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Como parte da história da educação rural no Piauí, analisamos as políticas educacionais para o meio rural piauiense desenvolvidas pela Secretaria Estadual de Educação do Estado do Piauí através do Departamento de Educação Rural – DERU na década de 1980. O foco são, especialmente, as ações que visavam a transformação da estrutura organizacional escolar do meio rural piauiense, tendo como eixos a formação de professores rurais, a construção de escolas e referenciais curriculares. Procuramos, dentre outras questões, compreender: Qual o diagnóstico feito do rural e da educação no meio rural no período em tela? Quais as políticas educacionais desenvolvidas especificamente para o meio rural? Quais programas foram desenvolvidos a partir do DERU? Trata-se de um estudo do tempo presente que, como explica Chartier (2001) “o pesquisador é contemporâneo do seu objeto”. A história do tempo presente pode permitir com mais facilidade a necessária articulação entre a descrição das determinações, interdependências desconhecidas que tecem as políticas para o meio rural piauiense. Utilizamos a categoria configuração social em Norbert Elias (1995, 1999) por entendermos ser necessário analisar os diferentes, mas interligados, aspectos que compõe a ação dos sujeitos sociais, neste caso, na construção de políticas educacionais para o meio rural. Além disto, recorremos a historiografia a partir dos estudos de Calazans et all (1981) que destaca que a ação educativa implícita nos programas e projetos desenvolvidos no meio rural parte de uma falsa noção do que costuma chamar-se de “atraso rural”, em Werthein e Bordenave (1981) e também em autores da historiografia local como Brito (1985). A pesquisa utiliza a documentação preservada no arquivo público de Teresina e na Secretaria Estadual de Educação e Cultura do Piauí. Analisamos Mensagens Governamentais, códigos de leis, jornais e documentos produzidos pelo DERU, quais sejam, os programas: Promunicipio, Edurural, Polonordeste e Educação Rural Integrada, além de referencial curricular produzido para a educação no meio rural. Compreendemos nesta investigação que os programas educacionais desenvolvidos no meio rural piauiense, inclusive a própria criação do DERU justificou-se pela necessidade de responder ao contexto nacional de discurso sobre a urgência de desenvolver o meio rural, tendo a educação como um dos eixos centrais com vistas a uma reorganização da escola rural. Nos programas e projetos desenvolvidos em parceria como governo federal e organismos internacionais, o discurso de modernização e desenvolvimento estipulava modos de fazer e resultados a serem alcançados para tirar o rural do atraso.

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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A CONSTITUIÇÃO DO DIREITO SOCIAL À EDUCAÇÃO NAS LEGISLAÇÕES MINEIRAS DA DÉCADA DE 1920

MARLOS BESSA MENDES DA ROCHA Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

O trabalho apresenta uma pesquisa sobre duas legislações surgidas nos anos de 1920 no Estado de Minas Gerais. A primeira refere-se à lei 800, de 27 de setembro de 1920 (reorganiza o ensino primário do Estado e contém outras disposições); a segunda, produz a regulamentação da lei 800, aprovada apenas em 1924. O suposto é de que a legislação expressa um tempo histórico, vale dizer, mais do que intenções de elites governantes, elas são expressão de uma época, com seus problemas, que a legislação busca enfrentar, bem como de valores que ordenam o tratamento das questões. A hipótese que procuramos demonstrar é de que tais legislações são indicadoras de um novo tempo histórico que vem se constituindo, qual seja o do direito social à educação. Tal direito não está em continuidade com a educação como obrigação civil ou como razão política, conforme se estruturou ao longo do séc.XIX. Trata-se agora do direito social dos indivíduos, significando isso um processo de restruturação da cidadania vigente entre nós brasileiros. O que buscamos observar é como ocorre a estruturação dessa cidadania educacional, sem qualquer paradigma valorativo prévio do que seja cidadania. Diga-se que o processo histórico é mais amplo, pois já vem ocorrendo desde meados do Oitocentos no Ocidente, incluindo nações próximas, como Argentina, Chile, Uruguai que adentraram as transformações ao final daquele século. Assim, fomos um tanto retardatários na entrada ao novo tempo, o do direito social à educação, pois só o fizemos no início da quarta década republicana. O fato de existir precedentes históricos de inúmeros outros países, entretanto, não pode significar precedência de modelos, pois o nosso passado nos distingue historicamente. A dificuldade de análise desses documentos se dá justamente no hibridismo do tempo histórico nessa fase. Por mais que possamos perceber rupturas constitutivas do novo tempo, com o surgimento de aspectos significativamente novos nos argumentos formulados, há, ainda assim, heranças passadas muito fortes que marcam as instituições educacionais. Nosso procedimento metodológico é o trabalho exegético sobre as fontes, buscando a dimensão compreensiva através da noção de temporalidade histórico, nos termos definidos por Paul Ricoeur, vale dizer, tempo cronológico que se cruza com as dimensões fenomênicas do tempo. As fontes que trabalhamos são as ditas legislações, bem como os debates ocorridos na Assembleia Legislativa do Estado de Minas no próprio ano de promulgação das legislações (1920/1924), assim como nos anos imediatamente anteriores a elas (1919/1923).

PRÁTICAS POLÍTICAS DO PROCESSO DE INSERÇÃO DA POPULAÇÃO CAPIXABA A CULTURA ESCRITA NO FINAL DO SÉCULO XIX

MAYARA FERREIRA SOARES Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Nosso Trabalho consistiu- se na inserção da população capixaba à cultura escrita no séc. XIX , com o foco nas práticas políticas adotadas. Ao pensar em educação no Brasil não podemos abdicar influências religiosas que contribuíram para o processo educacional brasileiro. Uma das maiores aliadas foi a religião católica que está presente em nossa história desde os tempos da colonização e a partir de nossas pesquisas podemos notar sua forte ligação com a educação brasileira durante o século XIX. Nesse período, assiste-se no Brasil a produção da escola como instância responsável pela consolidação do Estado nacional e do ideário civilizatório, o que contribuiu para a configuração de uma forma escolar que serviria para a formação de gerações de indivíduos que deveriam estar exercendo várias funções na sociedade, visto que, segundo Faria Filho (2000, p. 137), a instrução “possibilitaria arregimentar o povo para um projeto de país independente, criando também as condições para uma participação controlada na definição dos destinos do país”. Existia uma preocupação dessas autoridades responsáveis pela instrução pública em criar leis e decretos que reforçassem a educação primária como parte do processo de formação do cidadão no Espírito Santo e de pessoas, cronistas de jornais, jornalistas e afins em cobrar que ocorresse a mudança na educação. Essas mudanças exigidas fazia parte da transformação cultural pretendida, pois a cultura oral era predominante em grande parte da população. E a nação brasileira passava por um processo de formação sob um corpo jurídico baseado fundamentalmente na escrita, fator que tornava necessário ensinar a um maior contingente de homens livres a ler, escrever e contar. Essa mudança cultural expandiria as oportunidades de acesso ao saber, a partir disso o sistema escolar é ampliado e o foco torna-se o ensino da leitura. Como podemos notar o jornal enaltece a importância da instrução pública, colocando-a como um dos mais importantes ramos do serviço público e retrata o papel que é designado a escola, como instância responsável pela formação de filhos da pátria. Mas a fonte nos mostra que a instrução primária não tinha a atenção e os investimentos adequados, exemplo disso é o valor da remuneração dos professores, que não era a

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mais adequada, e levaria à outro problema, encontrar profissionais dignos ao cargo. Notamos que Não só os métodos de ensino são responsáveis por uma boa educação, mas também o ambiente escolar e a boa formação de professores são vistos como parte das práticas de ensino. E o edifício escolar e os materiais necessários para que ele funcione são os elementos da organização que merecem maior cuidado, sendo a escola responsável por habilitar o indivíduo a viver em sociedade.

A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL A PARTIR DE 1990: O ESTADO E AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO SÉCULO XXI.

MILLANY MACHADO LINO Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Este trabalho tem o objetivo de analisar as políticas implementadas pelo estado brasileiro no âmbito da educação inclusiva, a partir de 1990 quando as ações voltadas para a educação especial receberam uma atenção maior no território nacional. Busca-se, aqui, através das análises da legislação produzida sobre o tema, ressaltar os avanços e recuos das ações governamentais acerca do ensino para pessoas com necessidades especiais a partir de uma perspectiva histórica iniciada em 1990. No Brasil, como foi descrito na Resolução CNE/CEB nº 2/2011, no art. 3º, a Educação Especial é compreendida como uma modalidade da educação escolar que é definida por uma proposta pedagógica em que recursos e serviços educacionais são assegurados e institucionalmente organizados para complementar, apoiar, suplementar e, quando necessário, substituir serviços educacionais comuns, para assim garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos, em todas as etapas e modalidades da educação básica, que apresentem necessidades educacionais especiais. (BRASIL, 2001). O ensino inclusivo parte de uma filosofia, que todos podem aprender e fazer parte do cotidiano escolar, social e comunitário. A trajetória da educação inclusiva na busca pela igualdade de direitos coaduna com as políticas sociais que visam conceder ao indivíduo a prerrogativa de usufruir de sua cidadania. No desenrolar da década de 1990, período marcado pelas reformas educacionais na América Latina e em especial no Brasil, a Declaração de Salamanca foi um documento e que deu subsídios para a Conferência Mundial de Educação para Todos (1990) e a Declaração de Nova Delhi (UNESCO, 1993), tendo o Brasil assumido compromissos com agendas internacionais que influenciaram na elaboração das políticas educacionais. Parafraseando Kuenzer (2002), as políticas voltadas para os indivíduos portadores de necessidades especais vêm sendo uma inclusão excludente. Por mais que existam estratégias de inclusão, nas diferentes modalidades de ensino e no âmbito legal, como ocorre a partir de 1990, ao priorizar a racionalidade econômica o Estado brasileiro, em associação com as orientações dos organismos multilaterais de financiamento, não possibilita que os alunos portadores de necessidades especiais sejam efetivamente inseridos na sociedade. Afim de ampliar a compreensão do tema inclusão e sua utilização nos processos educativo, é mister conhecer o contexto em que a inclusão se faz presente. Este trabalho tem por objetivo contribuir para colocar em foco as questões relativas à inclusão educacional, destacando seu percurso desde 1990, perpassando sobre o interesse do Estado no ensino regular para os alunos com deficiência a partir do século XXI.

A DISCUSSÃO SOBRE O RENDIMENTO ESCOLAR NA REVISTA DO ENSINO DO RIO GRANDE DO SUL

NATÁLIA DE LACERDA GIL MARLOS TADEU BEZERRA DE MELLO

Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Este trabalho se propõe a apresentar uma reflexão focalizando a discussão sobre o rendimento escolar em artigos publicados na Revista do Ensino do Rio Grande do Sul entre os anos de 1939 e 1955. A pesquisa se valeu da abordagem histórica, inspirada nos pressupostos da Nova História Política, e busca compreender em que medida a questão do rendimento aparece como um problema educacional além de estabelecer sua relação com as políticas educacionais do período estudado. A Revista do Ensino foi escolhida como fonte por ser uma publicação vinculada à Secretaria da Educação e Cultura do Rio Grande do Sul. Trata-se de um periódico pedagógico que, segundo Maria Helena Bastos, constituiu-se como um veículo de divulgação das políticas educacionais refletindo distintos movimentos de ideias em nível regional e nacional e, sobretudo, procurando mobilizar e integrar os docentes pela normatização e homogeneização de determinados princípios e práticas

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escolares. A metodologia adotada consistiu na crítica documental, a partir de um levantamento inicial junto ao Acervo Histórico da Biblioteca da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no intuito de identificar e listar a ocorrência de artigos que abordassem os temas da classificação de alunos, organização de classes, desempenho, rendimento, frequência, repetência, entre outros. Foram consultados sessenta e dois números da Revista do Ensino, dos quais vinte e dois artigos foram selecionados por apresentarem características de vinculação específica à questão do rendimento escolar. O estudo permitiu constatar que há uma maior incidência ou presença do tema em artigos publicados entre os anos de 1951 e 1955. A partir da leitura dos mesmos foi possível identificar a presença de grupos que disputavam a influência na definição de rendimento escolar no âmbito dos problemas da educação. No entanto, sob esse aspecto, a forma como estes elementos são apresentados assume a conotação de prescrição, como uma espécie de “dever” de todos e de cada um. Tendo em conta que para a escrita da história das políticas públicas, conforme alerta Dominique Julia, importa perceber a distância entre a realidade e a norma prescrita, cabe observar como a discussão sobre o rendimento escolar aparece na Revista do Ensino, sempre visando à formação do discurso da política educacional. O trabalho procura demonstrar que no período estudado a circulação de estudos e a expressão de opiniões sobre o rendimento escolar teve como efeito ampliar o controle do Estado sobre os escolares e os docentes.

AS “NOVAS” ATRIBUIÇÕES DA CAPES E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO BRASIL

NATHANAEL DA CRUZ E SILVA NETO Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

A Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é uma agência de fomento à pesquisa brasileira vinculada ao Ministério da Educação e Cultura (MEC) e desempenha papel fundamental na expansão e consolidação da pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) no país. Contudo, desde a sua criação, no ano de 1951, a coordenadoria tem passado por diversas modificações, tanto no que diz respeito à sua estrutura organizacional quanto aos seus paradigmas de atuação. Em 9 de janeiro de 1992, por meio do disposto na Lei nº 8.405, o Poder Público autorizou a instituição da CAPES como fundação pública, e então ela passaria a ter como principal finalidade o incentivo à formação de recursos humanos altamente qualificados para a docência no Ensino Superior, a pesquisa e o atendimento da demanda dos setores públicos e privados, além da formulação de políticas para a área de pós-graduação, da coordenação e avaliação de cursos desse nível no país e do estímulo ao estudo por meio de bolsas, auxílios e outros mecanismos. Uma das mais recentes transformações a que assistimos fez com que a CAPES deixasse de ter seu campo de atuação concentrado exclusivamente na pós-graduação para subsidiar, também, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, a formação inicial e continuada dos profissionais do magistério para as redes públicas da educação básica.: trata-se do Decreto nº 6.755, de 29 de janeiro de 2009, que, entre outras providências, institui a Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica. Assim, a coordenadoria passou também a fomentar e organizar ações e programas voltados à formação de pessoal qualificado para atuar na Educação Básica. Objetivamos, no âmbito do presente trabalho, discutir as possíveis causas que tenham motivado a participação da CAPES junto à Educação Básica, ocasião em que buscamos, também, problematizar a situação atual da profissão docente no país. Abordamos, ainda, as ações resultantes das novas atribuições da referida coordenadoria, quais sejam os diversos programas voltados à formação inicial e continuada de professores e à valorização do magistério, além da articulação universidade-escola, que foram/estão sendo implementados, gerenciados e fomentados pela fundação. Ao longo da discussão, procuramos demonstrar que a necessidade de uma política nacional desse tipo dá-se por conta do desinteresse e do baixo prestígio social da profissão docente no Brasil.

INSTRUÇÃO PÚBLICA E O DESENVOLVIMENTO LOCAL: CUIABÁ/MT - 1889-1906

NILCE VIEIRA CAMPOS FERREIRA Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Em 15 de novembro de 1889, com a instauração de um novo regime de governo - a República, os municípios brasileiros emergiram como entidades distintas na definição e concretização de políticas públicas. Desse modo, proponho uma discussão na qual busco analisar como o município de Cuiabá/MT organizou a instrução pública frente a essa nova realidade no período delimitado. O estudo periodiza a legislação, descentralização e a

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intervenção municipal e pondera o conjunto de competências municipais em matéria de instrução pública. Utilizo como fontes documentação oficial, incluindo atas da Câmara Municipal e outros atos do executivo, complementados por reportagens da imprensa e bibliografia especializada, compondo um quadro que esteja inter-relacionado com o processo educacional de Mato Grosso e do Brasil. Procuro responder: a) Qual foi o papel atribuído pelos representantes políticos ao município cuiabano relacionado à instrução pública? b) Apreendendo a escola como uma ação local, como os documentos oficiais, relatórios e artigos de imprensa defenderam a necessidade de descentralização do ensino? Ressalvo que a Constituição Federal Brasileira só foi promulgada em 1891 e dispôs que as ações do Congresso Nacional naquilo que se referia à educação seria cumulativa considerando a ação dos governos locais. Essa Constituição reconheceu formalmente a autonomia municipal no artigo 68. Não foi diferente com a Constituição do Estado de Mato Grosso também promulgada em 1891 que definiu que o município seria autônomo, independente em seus negócios e acresceu que caberia a ele criar, manter e subvencionar escolas de instrução primária (Art. 52, § 16). Constato que nessa nova forma de governo transparece uma tentativa, ainda incipiente, de o município ocupar uma posição decisória no campo educacional no âmbito local. Nessa visão, percepções educativas circulantes no período, de um tempo e de uma proposta educativa coerente com as concepções modernas incidem na proposta que a República tencionava instalar. Nessa possível acepção, o poder local se entrelaçava aos objetivos de elevar valores morais, concepções, atitudes, enfim, modos específicos republicanos e, sobretudo de produção e reprodução de organização da vida política. Logo, os governantes precisavam prover novas formas para manutenção da instrução pública mato-grossense visando novas configurações para o ensino público. No caminho da descentralização era preciso um poder com capacidade de tomar iniciativas frente à educação pública, em complemento ou para além das atribuições concedidas pela União e pelo estado.

OS CONVÊNIOS MEC/USAID PARA O ENSINO SECUNDÁRIO BRASILEIRO: AJUDA HUMANITÁRIA OU EXPANSÃO DO CAPITALISMO?

NILTON FERREIRA BITTENCOURT JUNIOR Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

O artigo traz à tona uma reflexão baseada na pesquisa sobre a concepção, o projeto e os preparativos para implantação dos Ginásios Polivalentes (GPEs) no Brasil no período entre 1971 e 1974 e as implicações na formatação de consciências, no sistema capitalista, nos anos 1960 e 1970. Situado no contexto da reforma educacional de 1971 (Lei 5.692/1971) e no âmbito do acordo bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos da América, conhecido como MEC/USAID, o projeto GPE será de instituição de uma escola-modelo que trouxesse a oficina para dentro de si, dinamizasse o currículo e integrasse humanidades, ciências e trabalho. Os GPEs, juntamente com a lei 5692/71, tinham como parâmetro básico a ampliação do ensino obrigatório em todo território nacional. Autores como Luiz Antônio Cunha e Mirian Jorge Warde afirmam que esta reforma esta vinculada a um projeto de criação de uma escola que conformasse os assenseios das classes baixas, pois introduzisse no mundo do trabalho, ao mesmo tempo que dava uma formação mais geral. A meta do artigo é demonstrar como a presença americana se expressa num determinado modo de entendimento das relações entre trabalho e educação brasileira. A partir daí apontar para reflexões sobre a expanção e institucionalização do capitalismo no País. Utilizando a obra de José Oliveira Arapiraca buscarei demonstrar a natureza destes convênios descrevendo as particularidades, especialmente no grande convênio que tem por objetivo a reforma e expansão do ensino médio brasileiro,com suas as intencionalidades explícitas e implícitas. Discorrendo através da obra de Mirian Jorge Warde demonstrarei como foi a incorporação implícita da tentativa de reversão de expectativas da população de garantirem uma vaga para seus filhos na educação secundária, considerada de elite naquele tempo devido à seu caráter propedêutico aos estudos superiores (universitários), no projeto de reforma do ensino médio. Por fim, utilizando novamente a obra de Arapiraca e as reflexões do pensador Mézàros acerca das questões do capitalismo e educação, apresentarei como esta reforma do ensino médio trazia toda uma ideologia colonialista visando a expansão do capitalismo no formato way of live. No capitalismo a educação é mercadoria. Na década de 1960 se situa a formação como mercadoria. Mézàros afirma que a educação tornou-se um instrumento da sociedade capitalista. Para ele, antes havia o pré capitalismo, onde a desigualdade era explícita e assumida como tal, mas com o crescimento da sociedade capitalista isto mudou. Esta sociedade é desigual, mas essa desigualdade é velada pois, todos são iguais perante a lei, mas há mais convencimento do que realidade de igualdade. A educação institucionalizada no contexto capitalista moderno, muito mais que fornecer pessoal e conhecimento necessário à máquina, ela gera e legitima os interesses dominantes.

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A NOVA CONFIGURAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DA ESCOLA INDUSTRIAL DE NATAL A PARTIR DA REFORMA DO ENSINO

INDUSTRIAL: LEI Nº 3.552/1959

NINA MARIA DA GUIA DE SOUSA SILVA OLIVIA MORAIS DE MEDEIROS NETA

Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Este trabalho tem como objetivo analisar como a Escola Industrial de Natal (EIN) constituiu a sua estrutura político-administrativa com o intuito de atender às exigências da Lei n. 3.552, de 16 de fevereiro de 1959, que previu novo regulamento para as escolas de ensino industrial. O corpus documental para o trabalho é composto por leis, decretos e portarias referentes à educação profissional em âmbito nacional e, principalmente, os destinados à Escola Industrial de Natal, bem como por depoimentos de ex-alunos e servidores e fotografias que indiciam transformações desenvolvidas nessa instituição de ensino a partir de 1959. Nossa análise, metodologicamente, faz uso da interpretação histórica e do método indiciário para configurar a estrutura organizacional da EIN com vistas ao atendimento do que preconizava a referida Lei. Os autores Fonseca (1962), Machado (1982) e Cunha (2005) ajudam-nos a compreender o processo de mudanças ocorrido na educação brasileira, em particular, no ensino profissional, inserido nos acontecimentos político-sociais e econômicos que atingiam o país no contexto dos anos de 1950 e início dos anos de 1960, período em que a nova legislação foi elaborada e implementada nas escolas da rede federal de ensino industrial. Especificamente, a primeira grande mudança decorrente da aprovação da Lei n. 3.552, de 1959, refere-se à autonomia dessas escolas. Com a entrada dessa lei em vigor, cada uma delas passou a constituir personalidade jurídica própria, possuindo autonomia didática, administrativa, técnica e financeira. Além disso, foi alterada a configuração do poder institucional após a criação do Conselho de Representantes, até então centralizado no cargo do Diretor. Coube a esse Conselho, constituído por representantes da indústria e de outros setores da sociedade civil e da própria instituição, assumir a administração da escola, reduzindo as atribuições do cargo de Diretor ao cumprimento de funções apenas executivas. Nesses termos, a EIN passou por uma significativa reestruturação, o que incluiu, ainda, no campo didático-pedagógico, a criação do Conselho de Professores, como “órgão de direção pedagógico-didática da Escola, sob a presidência do Diretor”. Esse conselho foi formada por representantes do corpo docente dessa instituição de ensino. A criação do Conselho de Representantes possibilitou a constituição de novas relações no interior da Escola Industrial, alterando a sua estrutura de poder, historicamente estabelecida, e forjando o surgimento da liderança de Luis Carlos Abbott Galvão, representante da indústria, presidente desse Conselho durante todo o período de sua existência (1961-1974).

DINÂMICA DE CIDADES UNIVERSITÁRIAS: HISTÓRIA, CONCEITO, PERFIL E CARACTERÍSTICAS DE CIDADES UNIVERSITÁRIAS

REINALDO DOS SANTOS Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

A instalação de um forte setor de ensino superior em um município de médio porte do interior provoca impactos na educação, economia, dinâmica urbana, demografia e cultura da cidade. Ela pode se configurar como um leque de oportunidades de transformação da localidade, com geração de empregos, aumento no nível de escolaridade da população, surgimento de fluxos migratórios, atração de empresas, geração de negócios, incremento da cultura, vida artística e lazeres, enfim, uma simbiose cobiçada por governantes e populações. Por outro lado, pode implicar na não ocorrência de impactos relevantes ou na geração de impactos negativos, com polarização entre IES e município ou “guetização” da comunidade universitária, saturação do mercado de trabalho, congestionamentos de trânsito, aumento da criminalidade, enfim um parasitismo da universidade pela cidade ou vice-versa. Com o significativo processo de expansão do ensino superior brasileiro nos últimos vinte anos e a instalação de novas universidades, campi e vagas, sobretudo no interior do país, vários municípios de porte médio estão se configurando como cidades universitárias e coloca-se como urgente a demanda por estudos sobre o impacto destas IES na comunidade e sobre a dinâmica das chamadas “cidades universitárias”. A reflexão sobre tal objeto envolve demandas de caráter histórico, exigindo subsídios para a compreensão da história da implantação e desenvolvimento de cidades universitárias já estabelecidas e para o planejamento futuro de sustentabilidade das já existentes, das que estão em implantação e das que serão implantadas. Este trabalho se insere no campo de abordagens da história da educação e reflete sobre a historicidade, origem, conceito, perfil e características de cidades universitárias, em uma perspectiva interdisciplinar entre história, sociologia e economia, por meio do uso de fontes como obras bibliográficas, sítios de internet, jornais e revistas. Busca

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configurar o conceito de “cidade universitária”, refletir sobre disposições teóricas de arranjos econômicos temáticos, bem como sistematizar características das primeiras cidades universitárias medievais e de algumas das principais cidades universitárias contemporâneas no mundo e no brasil. Utiliza como referenciais teórico-metodológicos as concepções de Pierre Bourdieu no que se refere a campo, região e capital intelectual. Dialoga com a historiografia medievalista de Jacques Verger e Jacques Le Goff, quanto às cidades, universidades e intelectuais na idade média. Destaca, como resultados da pesquisa, o peso político, econômico e social que as universidades contemporâneas tem nas cidades universitárias da atualidade, em uma contradição entre a simbiose e o conflito, nas cidades universitárias de médio porte do interior brasileiro.

O MÉTODO LANCASTERIANO SOB O ENFOQUE DA TRANSDISCURSIVIDADE

RIVALDO ALFREDO PACCOLA Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Neste artigo pretendemos discutir se existem dispositivos discursivos que perduram, apesar de ocorrerem profundas e, às vezes, definitivas mutações. Nesse sentido, procuraremos refletir até que ponto se configura a transdiscursividade (Foucault, 1992), ao analisar fragmentos historicizados que, também, vão conformando a pedagogia nos dias atuais, já que se justapõem e se contradizem, num processo constante, a produzir novos discursos. A importância desses fragmentos é que constituem uma das descontinuidades que se integram à referida pedagogia, a qual é dada principalmente pela repercussão dos mecanismos discursivos que se instalam a cada momento e não por suas virtuais consequências no plano da prática educativa. Com isso, enfocaremos o campo da história das ideias e não o das repercussões desta na prática não discursiva. Para tanto, vamos encontrar na descontinuidade operada pela “pedagogia lancasteriana”, um caso modelar para a questão que se põe. O “método lancasteriano” ou “mútuo”, de evidente influência na teoria e na prática educativa na primeira metade do século XIX, gozou de grande popularidade e teve grande valor no desenvolvimento histórico da pedagogia. Enquanto os pedagogos dos séculos XVII e XVIII deram maior ênfase à instrução simultânea: La Salle e Charles Démia preocupam-se com a construção de um olhar docente único, capaz de abarcar em um só e único ato o conjunto do corpo infantil (Debesse; Mialaret, 1997), as primeiras décadas do século XIX vão encontrar a pedagogia revendo alguns dos elementos organizacionais que pareciam consolidados no que diz respeito à configuração da instituição escolar. Então, a partir da produção de alguns autores ingleses, generaliza-se na Europa e na América, uma maneira diferente de conceber as relações sociais da escola. Em 1823, D. Pedro I adota o método lancasteriano para o ensino no Brasil. Andrew Bell e Joseph Lancaster geraram uma polêmica de proporções mundiais acerca da pertinência da introdução de reformas na educação, mesmo respeitando o esquema sistêmico da simultaneidade; polêmica que, talvez, seja única por sua envergadura na história da pedagogia. O saber pedagógico estava decidindo sobre questões capitais relacionadas à educação do corpo infantil. De modo geral, a proposta pedagógica lancasteriana baseia-se no uso de alunos avançados, denominados “monitores”, que ensinam a seus companheiros os conhecimentos adquiridos (Kaestle, 1973). Somente os monitores precisam comunicar-se com um único mestre, numa estrutura piramidal que permite ter muitos alunos na base, os monitores na parte intermediária, e o mestre único, no ápice, controlando a totalidade do processo ensino-aprendizagem. É preciso analisar o desenvolvimento dessa alternativa que abala os alicerces da instrução simultânea. Suas condições de possibilidade e os mecanismos determinantes de sua extinção são aspectos fundamentais para a compreensão da pedagogia dos séculos XIX e XX, com consequências para a atualmente praticada.

A LDB DE 1961 E A NÃO OBRIGATORIEDADE DO ENSINO DE INGLÊS NO BRASIL: ANTECEDENTES E CONSEQUÊNCIAS

RODRIGO BELFORT GOMES ANA LÚCIA SIMÕES BORGES FONSECA

Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

É objetivo desta proposta compreender como o ensino das línguas estrangeiras se delineou no Brasil, através da análise das Leis de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), neste trabalho a LDB de 1961 - que retira a obrigatoriedade do ensino das mesmas de todo o ensino médio - bem como estudar o ensino de inglês no período que antecede e sucede essa legislação, as repercussões das medidas de outrora para a composição da referida lei e das Leis 5.692/71 e 9.394/96. É interessante perceber que, no momento da promulgação da Lei 4.024/61, o prestígio da língua inglesa aumentava frente ao estreitamento das relações econômicas e culturais

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do Brasil com os Estados Unidos e o ensino das línguas modernas adquiria maior valorização desde as reformas de 1931, propostas pelo ministro Francisco de Campos, que reestruturaram todo o ensino secundário, através do decreto N.º 20.833, de 21 de dezembro de 1921, e das orientações anexas ao documento, que, pela primeira vez, indicavam a metodologia a ser utilizada para as aulas das línguas vivas, instaurando, oficialmente, pelo menos na legislação, o Método Direto no Brasil, um marco de grande importância para a história do ensino das línguas no país. A Reforma Capanema, promulgada pelo decreto lei N.º 4.244, de 09 de abril de 1942, propõe uma reestruturação do ensino médio, e, no tocante ao ensino das línguas vivas, mantém o Método Direto como o oficial, amplia a carga horária de estudo dessas línguas, e discorre sobre a estruturação necessária para o ensino de idiomas, como a implantação do laboratório de línguas, por exemplo. Desta forma, nota-se que a importância dada ao ensino de idiomas era crescente no país. Entretanto, de forma paradoxal, a LDB de 1961 retira a obrigatoriedade do ensino de Língua Estrangeira em todo o ciclo ginasial e colegial, deixando a cargo dos Estados a opção pela sua inclusão nos currículos das últimas quatro séries do ginásio, cuja duração era de oito anos à época. Ao não incluir as línguas estrangeiras dentre as disciplinas obrigatórias – Português, Matemática, Geografia, História e Ciências –, a LDB de 1961 ignora a sua importância, deixando sob a responsabilidade dos Conselhos Estaduais decidirem sobre o seu ensino. Assim, visando à compreensão do porquê dessa não obrigatoriedade e, também, ao delineamento da dimensão formativa do ensino das línguas estrangeiras, têm sido investigados os discursos legislativos, pedagógicos e linguísticos que trataram da questão, desde 1961. Como pressupostos teóricos, utilizamos a História das Disciplinas Escolares (CHERVEL, 1990); os estudos sobre Currículo (GOODSON, 2005) e trabalhos pioneiros no campo da Linguística Aplicada que contribuíram para uma história do ensino das línguas no Brasil (CHAGAS, 1957; CARNEIRO LEÃO, 1935). Como fontes, utilizamos a legislação e a historiografia educacionais.

ESCOLA PRIMÁRIA NA PARAHYBA DO NORTE: SUA ORGANIZAÇÃO PARA A CIVILIDADE E PROGRESSO (1884-1886)

ROSE MARY DE SOUZA ARAÚJO Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Parahyba do Norte no período de 1884 a 1886. O objetivo é analisar a organização das escolas públicas primárias que foi normatizada com vistas o alcance da civilidade e o progresso social da Província paraibana. A historiografia revela que após a Lei de Outubro de 1827 e do Ato Adicional de 1834, a educação ganhou centralidade nos debates entre intelectuais e gestores públicos. Todo o debate de época esteve ancorado nos princípios propugnados pelo ideário iluminista que dinamizou a chamada modernidade, ou seja, a escolarização surge como instrumento de construção de um novo homem e de progresso social. Mediante a precariedade e a deficiência na organização e no funcionamento da instrução pública, se fez necessário medidas que reorganizassem especificamente a instrução primária, baseadas nas exigências da modernidade, para que assim, então, se tornassem possíveis os novos rumos almejados pelas lideranças políticas para o Brasil, ou seja, a construção do Estado Nacional. Os estudos sobre o processo de escolarização primária na Parahyba do Norte oitocentista, tem grande relevância por tratar-se de um tema ainda um pouco explorado e pela possível contribuição no âmbito da história da educação escolar tanto local quanto nacional buscando portanto, uma articulação das questões educacionais numa diversidade local, temporal e social. A sua realização esteve ancorada nas contribuições teóricas de Edward Thompson e Antonio Gramsci. De Thompson tomou-se os elementos conceituais a partir do materialismo histórico que possibilitam a mediação da teoria e prática, dos fatos e evidências, do singular e geral sem perder de vista a totalidade do objeto de estudo. Gramsci por sua vez concede a concepção de Estado investigando como este contribui para legitimar a dominação burguesa e manter uma certa ordem; abranger a sua função hegemônica a fim de garantir a expansão do poder da burguesia e relacionar dialeticamente a estrutura e superestrutura nas funções de coerção e de hegemonia. Assim, pode-se apreender e compreender as representações das medidas e propostas educacionais. Trata-se de uma pesquisa documental a partir das seguintes fontes: leis, decretos, regulamentos e portarias que foram publicadas em níveis locais. Observou-se que a instrução pública primária assumiu o caráter de instrumento necessário para a organização e condução reguladora da sociedade, buscando a manutenção da estrutura de poder vigente. Em síntese, pode-se afirmar que as primeiras informações apontaram que pouco ou quase nada foi efetivado para o alcance do ideal difundindo, ou seja, escolarizar para a civilidade e progresso social.

OS FAZERES COTIDIANOS DO CONSELHO SUPERIOR DA INSTRUÇÃO PUBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO (1893 -1896)

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ROSILEY APARECIDA TEIXEIRA Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Este texto tem por objetivo evidenciar a operacionalização do projeto republicano, de ordenação da escola pública, por meio dos fazeres cotidianos do Conselho Superior da Instrução Pública. Para tanto, foram analisados cinco livros Ata disponíveis no arquivo público do estado de São Paulo, em que foi possível averiguar as pautas e discussões disponíveis nessas. Criado, na Republica, pelo Decreto 2018 de 27 de novembro de 1893, o Conselho Superior da Instrução Pública, possuía por atribuição as questões administrativas e as pedagógicas e funcionava como um dos auxiliares da administração da Instrução. Os membros do Conselho Superior eram eleitos e, após a eleição, poderiam ser nomeados e exercerem suas atividades por três anos, sendo-lhes permitida a reeleição. Esses eram: um docente eleito pelos professores públicos primários do Estado; dois delegados da municipalidade, eleitos pelas Câmaras Municipais; e um docente, eleito pelos professores do ginásio. Os professores eleitos deveriam estar em efetivo exercício podendo ser diplomado ou não. Já os representantes municipais poderiam ser professores ou outros cidadãos comuns. Os demais membros não eleitos faziam parte do Conselho, por ocuparem outros cargos, como o de diretor geral da instrução pública, diretor da Escola Normal da Capital e diretor da Escola-Modelo da Capital. As atribuições, conferidas ao Conselho Superior, pelo regulamento, eram: organizar regulamentos especiais, consolidando todas as disposições contidas no Decreto e, em seguida, organizar o regulamento interno das escolas; inspecionar, principalmente as escolas normais e ginásios, além de outras atribuições; propor e organizar os concursos públicos; resolver sobre as penas a impor aos professores; dar ou sonegar aprovação à escolha dos professores interinos; propor, ao presidente do Estado, a nomeação dos inspetores do distrito; coibir as faltas cometidas pelos professores que fossem levadas ao seu conhecimento pelos inspetores do distrito; providenciar a organização de quadros estatística; decidir sobre a época em que os inspetores de distrito deveriam enviar seus relatórios anuais. Por meio das Atas foi possível identificar o modo como no Conselho Superior da Instrução Pública de São Paulo cumpria suas atribuições que eram: inspecionar, organizar, propor, fazer, aprovar, decidir e resolver as questões relativas às instituições de ensino de São Paulo. Funções essas que se desdobravam em uma série de atividades cotidianas relativas à organização de programas escolares, a seleção e adoção de material escolar dente eles os livros que seriam usados nas escolas, de modo que a vida das escolas públicas passavam pelas mãos dos conselheiros. Assim que o debate entre posições diversas do Conselho Superior da Instrução foi, em todo o período de sua existência, espaço de encontros, desencontros e expectativas de uma série de investimentos para a fabricação de sujeitos e instituições normalizadores da ordem social.

IMIGRAÇÃO E POVOAMENTO EM GOIÁS (1949): A ESCOLARIZAÇÃO COMO DISPOSITIVO DE SEGURANÇA DAS POPULAÇÕES

RUBIA-MAR NUNES PINTO Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

O trabalho interrogou discursos produzidos em torno do projeto de um povoamento dos chamados espaços vazios do centro territorial da nação - mais precisamente do estado de Goiás – por volta da metade do século XX com o objetivo de localizar e estudar as vinculações e entrelaçamentos - postos pelos discursos - entre a escolarização, o povoamento e o problema político do governo das populações no Brasil republicano. Como tal projeto de povoamento pretendeu constituir a população goiana como força de trabalho e fonte de riqueza da nação, optou-se pela analítica do poder foucaultiana e pelo diálogo com os historiadores da educação brasileira que vem manuseando a caixa de ferramentas de Michel Foucault para estudar a historia da escola primária em Goiás a partir dos jogos de saber-poder que a constituíram. Foram estudados os Anais da I Conferencia Brasileira de Imigração e Colonização, o livro Goiás, uma nova fronteira humana e a Revista de Educação do Estado de Goiás, todos publicados em 1949. Tais textos foram produzidos e divulgados no escopo das articulações então tecidas entre o governo do estado de Goiás e o Conselho Nacional de Imigração e Colonização da Presidência da República visando promover a ocupação produtiva do território através de um contingente de deslocados de guerra de nacionalidade norte-européia. Nestes discursos em que se confirma o vazio territorial do meio do mapa do Brasil, a população goiana torna-se dizível por distintas ordens de saber como a antropologia, a medicina, a geografia e, principalmente, a demografia e a estatística aparecendo como sendo o resultado de um fundo escuro de misturas primitivas, ao qual o mencionado projeto de povoamento intencionava adicionar o braço e da raça dos imigrantes europeus. Destacando o alto índice de analfabetos e as prolíficas famílias goianas, os discursos dizem que a educação é “problema da mais alta importância para o futuro da região [...]”, o que urgia estudá-la para identificar a “sua exata situação presente [e] ver quais as deficiências a suprir”. Dizendo a escola (primária e secundária) como instituição de pouca expressividade e influencia cultural na sociedade goiana, os discursos alertam para os riscos e perigos daí decorrentes, principalmente a fuga dos imigrantes (alfabetizados) das fazendas e roças para as cidades em busca de educação para seus filhos. A ausência de

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escolas secundárias nas zonas rurais também é relacionada à ausência de lideres camponeses, outra dimensão que poderia provocar o fracasso do povoamento uma vez que defendia-se a idéia de uma população que deveria exercer o auto governo e buscar – por seu trabalho e iniciativa – a construção das condições materiais e culturais necessárias a gestão da vida. De outro, os discursos sobre a imigração européia para Goiás produziam efeitos de mudanças, modelagens e remodelagens do campo educacional goiano impactando em programas e currículos escolares e no estatuto jurídico-político dos professores primários goianos.

ESCOLA PRIMÁRIA NA BAHIA: POLÍTICAS PÚBLICAS E MODELOS DE ESCOLA DE 1930-1960

SARA MARTHA DICK Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Este artigo integra os dados pertinentes a um estudo mais amplo, de uma pesquisa sobre a História da escola primária no Brasil, no período de 1930 a 1960, pretende discutir a institucionalização da escola primária na Bahia. O estudo compreende a análise da institucionalização da escola elementar para a população infantil na Bahia, envolvendo a atuação dos Poderes Públicos, por meio de programas, reformas educacionais e expansão do ensino e as diferentes modalidades de escolas primárias existentes no estado baiano. Nosso objetivo é obter uma interpretação sistemática, sobre a educação pública primária na Bahia no período indicado, utilizando uma concepção interpretativa de modo a explicitar as diferentes variações de escolas e suas singularidades presentes nas formas de produção, apropriação e difusão da escola primária. Discutimos as políticas públicas que constituem a história da escola primária na Bahia, durante os anos 40 do século XX. Destas, especialmente as modalidades de escola primária na Bahia, tendo em vista que durante o período estudado, podemos constatar a existência de escolas isoladas, reunidas, alguns grupos escolares, embora a predominância em todo estado , fosse de escolas isoladas, na maioria das vezes em zona rural , com precárias condições de trabalho. Buscamos analisar a institucionalização da escola primária baiana, sua tipologia, com objetivo de produzir, a partir da documentação da época em conjunto com as fontes secundárias - a exemplo de CARVALHO (2003); FARIA FILHO (2000); ARAÚJO (2006); NUNES (2001), VIDAL (2006); SAVIANI (2004) ; SOUZA (2008) -, um texto que contribua para a composição da História da Educação baiana. Neste sentido, analisamos os aspectos de implantação e de expansão da escola primária pelos municípios baianos; as ações empreendidas em conjunto com o governo federal, que nesta época se preocupou com as questões, sobretudo no que diz respeito à implantação de escolas rurais, desenvolvendo conjuntamente com o estado um plano para escolas rurais. Discutimos, ainda, o estudo e aplicação de modelos de escolas para o interior do estado, incluindo a expansão de escolas para o interior do território baiano promovido por ocasião da gestão de Anísio Teixeira como Secretário da Educação no estado entre 1947 e 1951. Ao mesmo tempo, procuramos analisar a estrutura física destas instituições; as especificidades da escola primária na capital e o ideário das escolas-classe e escola parque, apresentada por Anísio Teixeira , nos anos 50, buscando oferecer a educação integral e sua implantação no estado da Bahia, pois criticava o que denominava ensino parcial, presente na realidade educacional baiana. Considerando o estado ainda muito lacunar do estudo e pesquisa da História da Educação no estado da Bahia, compreendemos que tal discussão é da maior importância para a compreensão institucionalização da escola primária na Bahia, bem como para a composição do quadro geral da História da Educação no estado .

IMPACTOS E CONTRADIÇÕES NA GESTÃO MUNICIPAL DE MARIA YEDDA LINHARES: O CASO DO I PROGRAMA ESPECIAL DE EDUCAÇÃO

NO RIO DE JANEIRO

SHEILA CRISTINA MONTEIRO MATOS Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

A preocupação com a memória de grandes intelectuais que marcaram consideravelmente a política educacional na década de 1980, em especial no município do Rio de Janeiro, tornou se um estudo na historiografia cujo objetivo é recuperar que fazimentos estiveram na agenda da Educação nesse período ainda marcado por leis autoritárias e repressoras. Nesse contexto, este trabalho tem como aporte teórico os estudos gramscianos, de Le Goff, Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro. A abordagem é dialética histórica, pautada na análise documental do I Programa Especial de Educação, da mídia impressa da época e na história oral daqueles que estiveram compondo a assessoria de Maria Yedda Linhares quando esta foi secretária de educação (1983-1986). Maria Yedda e Darcy Ribeiro foram os grandes idealizadores em pensar uma escola que atendesse, de fato, às classes populares.

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Assim, combater uma escola desonesta, inadequada, foi a meta traçada para mitigar os índices alarmantes de analfabetismo crônico pelo qual o Rio de Janeiro estava acometido. A gestão de Yedda traz preocupações latentes para a arena de lutas que disputavam poderes tanto a nível do sindicato dos professores, quanto aos outros profissionais que não estavam envolvidos naquele Programa Especial. Os embates no pensamento educacional da época foram intensos e conflituosos, acabando por definhar a maior marca daquele Programa, os Centro Integrados de Educação Pública (CIEPs), sucumbidos posteriormente após a hegemonia brizolista e trabalhista. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é estudar os impactos e contradições das reformulações propostas enquanto metas no I Programa Especial de Educação. Tais metas foram destinadas aos mais diversos aspectos da gestão educacional que focalizava a classe historicamente marginalizada em nossa sociedade. Assim, Yedda e sua equipe gestora propôs, cautelosamente, metas ligadas ao currículo do ensino primário, a uma proposta inovadora de educação juvenil no horário noturno, à implantação de escolas de demonstração, ao treinamento de professores em serviço, ao plano de carreira e gratificações encampadas ao salário do professor regente, à merenda escolar de qualidade, bem como à criação dos CIEPs, dentre outras. Os CIEPs foram a grande revolução educacional do Rio de Janeiro, sobretudo por ter sido o marco da educação em tempo integral. Assim, espera se que este trabalho possa recuperar um período histórico importante na educação pública fluminense, que transitoriamente ora afirma ora desmente verdades acarretadas ao legado da Res pública no nosso país.

A POLIVALÊNCIA NA ORGANIZAÇÃO ESCOLAR PERNAMBUCANA ENTRE 1950- 1960: QUAIS PERSPECTIVAS?

SHIRLEIDE PEREIRA DA SILVA CRUZ Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

O presente trabalho se insere numa pesquisa mais ampla que busca analisar o processo de institucionalização da polivalência como organização do trabalho pedagógico da escola primária brasileira em diferentes períodos históricos. Reflete, então, como o contexto educacional da década de 1960, expressado por um movimento contraditório de participação político-cultural de diferentes atores sociais que questionavam a escola da época e o de implementação de um regime totalitário, trouxe ou não novos modos de se realizar a polivalência nas escolas. Baseamos-nos teórico-metodologicamente em estudos sobre a história da educação em Pernambuco e no Brasil sob a perspectiva da história cultural tendo como referenciais os documentos oficiais sobre currículo e modelos de formação constituídos neste período entendendo tais documentos como linguagem e prática Tomamos como eixo de análise os seguintes aspectos: i) processos de formação de professores, ii) a seleção e organização curricular e iii) a organização escolar nacional que foi se estruturando nesse processo. A década, no âmbito nacional, é marcada pela implementação da primeira Lei de diretrizes e Bases, a Lei 4024/61 que trouxe mudanças significativas na organização escolar e acentuou também a diferenciação de percursos formativos para o professor primário. No âmbito local, com influência de pesquisas educacionais de caráter técnico desenvolvidas desde a década anterior, houve a criação de uma comissão para a elaboração de um novo currículo organizado por níveis e não por séries ou anos como tradicionalmente era praticado no estado de Pernambuco. Os conteúdos, então, seriam abordados em nível crescente de dificuldade e complexidade. Tal programa curricular centrava-se na figura do aluno e apontava para a prerrogativa de que o desenvolvimento curricular deveria partir das aprendizagens que este apresentava nos diferentes componentes das áreas de conhecimento (Língua portuguesa, Matemática, Estudos sociais e etc). Os componentes curriculares de Estudos Sociais e de Ciências deveriam se apresentar como “centros de interesse” para se desenvolver a linguagem e a matemática. Essa configuração endossou um caráter multifuncional para o trabalho do professor polivalente de modo a atender, num mesmo grupo classe, as diferentes etapas de aprendizagens que apresentavam, requerendo também uma renovação e diversificação de materiais didáticos para o seu ensino, bem como um “trabalho diversificado” baseado em temas centrais de estudo, projetos de trabalhos, centros de interesses e outros. Assim a polivalência nesse período demandaria do professor a capacidade de realizar uma seleção curricular baseada não num elenco de conteúdos predefinidos mas a partir do nível de conhecimento apresentado por seus alunos.

O ENSINO PAULISTA NA IMPRENSA PERIÓDICA ENTRE 1935 E 1938: NOTICIÁRIO SOBRE A ADMINISTRAÇÃO ALMEIDA JÚNIOR

SILVIA VALLEZI FULACHIO Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Esta comunicação constitui-se na apresentação do projeto de pesquisa, em andamento, sobre a expansão do ensino no Estado de São Paulo no período de 1935 a 1938. A análise se pauta nas notícias sobre educação

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presentes na imprensa periódica. Para esse estudo, realizou-se um mapeamento no jornal “Folha da Manhã” em versão digital. Foram analisadas 897 edições, que correspondem à totalidade de números editados de agosto de 1935 a maio de 1938. Destas, foram selecionadas 476 edições que continham alguma informação sobre as questões educacionais do período, estabelecendo-se uma série. Buscando notícias sobre as práticas administrativas de Almeida Júnior enquanto diretor do ensino no estado de São Paulo, novos recortes estão sendo operados. O trabalho com a imprensa periódica tem a preocupação de realizar um mapeamento útil para a pesquisa, no sentido de apreender os detalhes do cotidiano que interessaram ser noticiado. A intenção é analisar as notícias sobre as ações de Almeida Júnior na Diretoria Geral de Instrução Pública do Estado de São Paulo. Na medida em que os debates relativos à educação costumam encontrar nos jornais um caminho para atingir amplos setores da população, um periódico pode, de acordo com Magaldi (2008), contribuir para a profusão de um ideário educacional ou de uma perspectiva acerca do que deve ser a educação e sua organização. Nesse sentido, a imprensa periódica como fonte para a pesquisa é entendida não como um receptáculo de informação, mas, segundo a compreensão de Luca (2006) como uma peça documental que traz consigo um amplo espectro de elementos socioculturais do momento em que foi produzida. Outro ponto que se observa no trabalho com a imprensa periódica é acerca do estatuto do conteúdo publicado. Nessa questão, analisa-se a objetividade, a neutralidade e, ainda considera o lugar do periódico, a representação social de seus atores e as relações de interesses que permearam sua produção. Além disso, se atenta para as motivações que levaram à decisão de se dar publicidade ou de preterir determinadas ações de governo. A presença de Almeida Júnior na imprensa produziu uma forma de discurso sobre a prática administrativa que interessa tanto pela intenção da escrita quanto pela possibilidade de comparação com as ações descritas em outros suportes. A imprensa periódica, assim delimitada, é tomada como objeto de construção histórica e uma fonte para a pesquisa que, apesar de seus limites, permite o acesso às decisões de Almeida Júnior alargando as condições de interpretação das práticas da administração do ensino público no período.

A FUNÇÃO SOCIAL DO ENSINO SECUNDÁRIO NO CONTEXTO DE FORMAÇÃO DA SOCIEDADE CAPITALISTA BRASILEIRA

SOLANGE APARECIDA ZOTTI Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

O presente trabalho tem como objetivo investigar a função social do ensino secundário no contexto de formação da sociedade capitalista brasileira, que compreende o período entre o século XVI e XIX, ou seja, no contexto da conjuntura política colonial e imperial. O período do qual nos ocupamos, em relação ao Brasil, tem como marca comum a estrutura econômica baseada na produção agrícola/extrativa e no trabalho escravo, submetida aos interesses de Portugal e do capitalismo europeu, caracterizando-se como espaço colonial, bem como uma educação estruturada a partir da transplantação de modelos da cultura europeia, que orientam as políticas educacionais do período. Num primeiro momento (1550-1822), como colônia de Portugal, significou a ocupação do espaço e a sujeição do povo no sentido de aculturação, isto é, que vai do meio cultural do colonizador para a situação objeto de colonização. Após a “independência”, o Brasil se mantém numa posição de colônia, mesmo como país livre politicamente, pois subjugado aos interesses econômicos de países desenvolvidos, especialmente a Inglaterra, bem como atrelado às concepções, valores e ideologias provenientes desses mesmos países. Tendo em vista o exposto, buscamos identificar o papel do Brasil no conjunto dos interesses do bloco hegemônico em cada momento estudado e como, nesse contexto, se organiza e se constitui a função do ensino secundário. Este estudo se propôs a tratar da organização e da função do ensino secundário, a partir de uma análise de totalidade, tendo em vista que nas diferentes conjunturas, a função desse nível de ensino se estabelece de acordo com os interesses do bloco histórico hegemônico. A investigação se pautou em documentos escritos, cujas fontes primárias foram os documentos oficiais que orientaram a organização do ensino secundário em cada período, como planos de estudos, alvarás, editais, orientações para professores, leis, decretos, regulamentos, relatórios de Estado. A partir do estudo da organização do ensino secundário, identificamos que as funções a ele estabelecidas estiveram atreladas à constituição dos blocos históricos, tornando-se espaço para a consolidação da hegemonia das classes no poder. Ficou evidenciado que, historicamente, o ensino secundário apresentou uma função propedêutica, visto que esteve submetido aos interesses da elite aristocrática que almejava o ensino superior para a formação profissionalizante. Por fim, no conjunto dos interesses dos diferentes blocos históricos que se constituíram em cada momento conjuntural, o ensino secundário e superior cumpre a função fundamental de formação dos quadros dirigentes e intelectuais afinados com os interesses hegemônicos.

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PROFESSOR, MÉDICO E FAMÍLIA: UMA ANÁLISE DA MEDICINA ESCOLAR

VALQUIRIA ELITA RENK EDINA DAYANE DE LARA BUENO

Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

Nas primeiras décadas do século XX, a formação física, moral e higiênica da infância foi objeto das políticas governamentais por meio da higiene e da medicina escolar, no Brasil e no Paraná. Neste sentido, intelectuais, médicos e educadores debatiam sobre a formação do cidadão nacional através das políticas higienistas, que visavam combater os vícios, as doenças, melhorar os hábitos da população. Caberia à escola a formação de uma infância saudável, robusta, afastada dos vícios e das moléstias. Objetiva-se neste estudo analisar as estratégias médico-pedagógicas implementadas nas escolas do Paraná e analisar o discurso médico escolar através dos textos publicados na Revista Médica do Paraná e Revista Ensino. O corpus documental é composto pelos documentos oficiais, como os Relatórios de Governo, a legislação escolar, o Programa Oficial de Ensino Primário do Paraná e a Revista Ensino, publicada pela Inspetoria de Ensino na década de 1920 e pelos documentos dos arquivos da Sociedade Médica, em especial a Revista Médica do Paraná, que publicou na década de 1930 inúmeros artigos sobre a medicina escolar. A Revista Ensino e Revista Médica do Paraná eram destinadas aos professores e médicos, ao divulgarem artigos sobre medicina e higiene escolar em que ensinavam a cuidar dos corpos, eliminarem os vícios e as crenças, objetivando a construção de novos hábitos de saúde. Neste sentido, o cotejamento das fontes documentais possibilita analisar como o Estado construiu uma política e uma ordem pedagógica para disciplinar os professores e os alunos e como o discurso médico sobre a construção de hábitos saudáveis e higienizados aos futuros cidadãos produtivos foi incorporado na escola. O aporte teórico da História Cultural orienta a análise do corpus documental através das falas dos médicos, dos pedagogos e das autoridades de ensino. Este discurso médico escolar delineava as práticas para proteger e cuidar dos alunos das escolas primárias, estabelecendo nova conformação para o espaço escolar, a profilaxia de doenças escolares e as práticas de atividades físicas. A missão do professor passou a ser a de auxiliar a estas práticas no seu fazer pedagógico e os ditames da higiene eram enunciados como verdades validadas para todos. Para efetivar as políticas higienistas no espaço escolar, foi criado o Serviço de Inspeção Médica Escolar, o Serviço de Profilaxia Rural e também foram instituídos os Pelotões de Saúde nas Escolas do estado. A escola passou a ser concebida como o centro irradiador das mudanças dos hábitos da população, sendo os professores responsáveis pela vigilância e o controle em seus estabelecimentos e seriam os propagadores das mensagens da moderna saúde pública e higiene. Diante disso, a escola tornou-se o espaço de formação de cidadãos saudáveis e produtivos, evidenciando a importância da ação médica sanitária, por meio de um projeto de higiene social.

A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL FEMININA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: QUESTÕES DE REPRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DO

MOVIMENTO FEMINISTA (1919- 1929)

VIVIAN MACHADO DUTRA Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

O artigo visa contribuir com a elaboração das pesquisas sobre fundação e difusão da Instrução feminina, no estado do Rio de janeiro, através das escolas profissionais femininas, no período entre 1919 e 1929, em meio aos conflitos pela disputa de hegemonias entre as oligarquias, e o papel do movimento de mulheres nas discussões sociais sobre educação das mulheres através da representação do feminino. Para tal são utilizadas fontes primárias, pesquisas anteriores e referencial teórico entre Thompson e Gramsci. A pesquisa se desenvolveu como parte da Dissertação de mestrado, concluída em 2013, que transcorre sobre o processo de interiorização da educação profissional Fluminense. A educação profissional feminina inicia sua difusão pelo Estado do Rio de Janeiro, nos primeiros anos do século XX, calcadas na questão da representação do feminino. Primeiramente na cidade do Rio de Janeiro e posteriormente, envoltos a lutas políticas, na Capital Niterói e em outras cidades. O Decreto 1723, de 29 de Dezembro de 1919, foi essencial pois demostra o interesse do governo de Raul de Moraes Veiga de difundir a educação profissional entre as meninas, para além da capital. As escolas profissionais femininas não procuravam atender apenas a um caráter assistencialista, extrapola essa condição, quando se olha para o momento político e econômico da Primeira República e o número de escolas criadas. Ao mesmo tempo em que há a necessidade pelos grupos dominantes de disputa, de aproximar populares para seus projetos, há a necessidade de se criar condições para a manutenção e aplicação desses projetos. Ocorre um esforço de garantir uma formação moral às mulheres populares, frequentadoras das escolas mantendo seu lugar social, e ainda uma

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preparação e oferta de empregos onde fosse mantido o papel da mulher, valorizando suas características. Na década de 1920, quando o Brasil participa de grandes transformações políticas e culturais e se define um grande embate entre oligarquias pela disputa de hegemonia nacional, o país assistiu uma ampla organização de mulheres, que em 1922 criaram a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, organização da sociedade civil que não buscava disputar a hegemonia, e sim ampliar os direitos dentro da ordem vigente, com influência internacional dos grupos sufragistas. A organização era composta por mulheres populares e por mulheres integrantes de grupos dominantes. Entende-se a Federação como um movimento em busca de reforma para ampliar os direitos das mulheres na vida pública, incluindo a educação, não extrapolando a questão da representação feminina e tarefas típicas femininas, se adaptavam a ela, procurando potencializar a área de atuação da mulher e nas discussões de conquistas de direitos.

JOÃO CALMON E A LUTA PELA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DE RECURSOS À EDUCAÇÃO NO CONTEXTO DO REGIME MILITAR (1967-

1985) NO BRASIL

WELLINGTON FERREIRA DE JESUS Eixo Temático: 1 - Estado e Políticas Educacionais na História da Educação Brasileira

O presente trabalho constituí-se em um estudo exploratório, que teve como referência uma pesquisa qualitativa, alicerçada em uma análise documental realizada nos Diários e Atas da Assembleia Constituinte e da Constituição de 1967, bem como nos Diários do Congresso Nacional, Emendas Constitucionais, em Jornais da imprensa brasileira e objetiva analisar o papel do Senador João Calmon no processo de retomada da proteção constitucional de recursos ao setor educacional durante o processo do regime militar instituído no Brasil entre 1964 e 1985. Eleito Deputado Federal nos anos de 1963-1967 e 1967-1961, posteriormente, Senador pelo Estado do Espírito Santo, João Calmon, empresário do setor de comunicações, ligado aos Diários Associados, pertenceu aos quadros da Aliança Renovadora Nacional (ARENA), posteriormente, a partir de 1979, Partido Democrático Social (PDS) e, durante a Assembleia Nacional Constituinte de 1987, filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). O Senador João Calmon pautou sua luta no Congresso Nacional pela educação, realizando discursos e propondo projetos e emendas em prol do referido setor desde o final dos anos 1960, quando ainda Deputado Federal. A concepção de educação de João Calmon aproximava-se da visão dos Pioneiros de 32, em particular do posicionamento de Anísio Teixeira, buscava a universalização e democratização do acesso, a responsabilização do Estado sobre a educação e também a ideia de que o desenvolvimento econômico e a ruptura com a desigualdade social passavam pela expansão do setor educacional. Contemporaneamente, observa-se a centralidade dos estudos e das pesquisas acerca das políticas de financiamento da educação, particularmente destacando o contexto histórico em que tal processo se desenvolve. A proteção constitucional de recursos a educação, também conhecida como vinculação constitucional de verbas, no Brasil foi inserida pela primeira vez na Carta Magna de 1934, e suprimida nos momentos da vigência de regime autoritários no País. Neste sentido, durante a vigência do Estado Novo (1937-1945) e, mais especificamente, durante o regime militar vinculação foi novamente suprimida pela Carta de 1967 e pela Emenda Constitucional n°. 1, de 1969. Tanto o processo histórico de retomada, quanto a implementação da vinculação ocorreram na vigência do Estado de democrático e direito. Nesse, sentido destaca-se o papel do Senador João Calmon que, ainda nos anos 1970 discutia a necessidade de retorno da vinculação e, principalmente, sua relevância para o desenvolvimento de um projeto educacional democrático e de qualidade no Brasil.