composiÇÃo nutricional, qualidade tecnolÓgica de … · produção orgânica como forma viável...

202
KALI SIMIONI COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE GRÃOS EM CULTIVARES CRIOULAS DE FEIJÃO PROVENIENTE DE SISTEMA DE CULTIVO ORGÂNICO Dissertação apresentada ao curso de Pós-Graduação em Produção Vegetal do Centro de Ciências Agroveterinárias, da Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal. Orientador(a): Profª. Drª. Cileide Maria Medeiros Coelho Co-orientador: Prof. Dr. Clovis Arruda de Souza LAGES, SC 2014

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Page 1: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

KALI SIMIONI

COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA

DE GRÃOS EM CULTIVARES CRIOULAS DE FEIJÃO

PROVENIENTE DE SISTEMA DE CULTIVO ORGÂNICO

Dissertação apresentada ao curso de

Pós-Graduação em Produção Vegetal do Centro de Ciências Agroveterinárias, da

Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito parcial para a

obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal.

Orientador(a): Profª. Drª. Cileide Maria

Medeiros Coelho Co-orientador: Prof. Dr. Clovis Arruda

de Souza

LAGES, SC

2014

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S589c

Simioni, Kali

Composição nutricional, qualidade tecnológica de

grãos em cultivares crioulas de feijão proveniente

de sistema de cultivo orgânico/ Kali Simioni. –

Lages, 2014.

202p. :il. ; 21 cm

Orientadora: Cileide Maria Medeiros Coelho

Coorientador:Clovis Arruda de Souza

Inclui bibliografia.

Dissertação (mestrado) – Universidade do

Estado de

Santa Catarina, Centro de Ciências

Agroveterinárias, Programa de Pós-Graduação em

Produção Vegetal, Lages, 2014.

1. Phaseolus vulgaris L.2. Tempo de cozimento. 3.

Composição nutricional. 4. Pós-colheita.I.

Simioni, Kali

. II.Coelho, Cileide Maria Medeiros.

III.Universidade do Estado de Santa Catarina.

Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal. IV.

Título

CDD: 635.652– 20.ed.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Setorial do

CAV/ UDESC

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KALI SIMIONI

COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA

DE GRÃOS EM CULTIVARES CRIOULAS DE FEIJÃO

PROVENIENTE DE SISTEMA DE CULTIVO ORGÂNICO

Dissertação apresentada ao curso de Pós-Graduação em Produção

Vegetal do Centro de Ciências Agroveterinárias, da Universidade do

Estado de Santa Catarina, como requisito parcial para a obtenção do

título de Mestre em Produção Vegetal.

Banca Examinadora:

Orientador: _____________________________________

Prof. Dr (a). Cileide Maria Medeiros Coelho

UDESC – Lages/SC

Membro: _____________________________________

Prof. Ph.D. Pedro Boff

UDESC – Lages/SC

Membro: _____________________________________

Dr. Marcio Zilio

UNOESC – Campos Novos/SC

Lages, SC, 17/12/2014

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“Dedico a todos que contribuíram para que mais esta etapa da minha vida fosse concluída em especial a minha família, professores e

amigos.”

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AGRADECIMENTOS

A Deus e a Nossa Senhora Aparecida, por esta força

infinita que me impulsiona e me acompanha no dia-a-dia, guia

meus passos e concede proteção.

A minha mãe Teresa, por todo apoio, dedicação,

compreensão, carinho e incentivo. Dedico tudo que faço a você

mãe que sempre acreditou na minha capacidade de vencer e

acima de tudo me ensinou o caminho certo a seguir. Obrigada

pela Vida! Amo você!

Ao meu marido Cristiano, que entrou nesse sonho

comigo e foi indispensável para que ele pudesse se tornar

realidade. Juntos nós seguimos construindo a nossa história

página por página! Você é meu orgulho, a minha razão de

viver! Te Amo!

A minha irmã Kety, minha amiga e minha maior

incentivadora, um presente de Deus na minha vida e ao meu

cunhado Jair e meu padrasto Ilvo, pois sei que sem o apoio e a

compreensão de vocês eu jamais poderia terminar essa etapa

tão importante da minha vida, sei que vocês sempre estarão ao

meu lado.

A minha querida e sábia orientadora Cileide, que me

acolheu e fez com que esse sonho se torna-se realidade. Isso

jamais esquecerei!! Agradeço também pelos seus grandes

ensinamentos, apoio, compreensão e amizade que ficaram para

sempre na minha vida.

Agradeço aos professores Clóvis Arruda de Souza e

Leonardo Carvalho por todo o apoio concedido sempre que

precisei e em nome deles estender meus agradecimentos a todo

o corpo docente do Mestrado em Produção Vegetal – UDESC,

que contribuíram muito com a minha formação profissional e

pessoal.

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Ao mestre Círio Parizotto e em nome dele estender

meus agradecimentos a toda à equipe da Epagri/Campos Novos

pelo apoio incondicional na condução dos experimentos a

campo e pela confiança depositada.

Aos convidados da banca, professor Pedro Boff e

Márcio Zilio por dedicarem seu tempo em me auxiliar nessa

etapa tão importante da minha formação como mestre.

Aos queridos amigos que “Lages” me trouxe de

presente do Laboratório de Análise de Sementes

(CAV/UDESC) e Laboratório de Solos (UNOESC) em especial

ao Genésio Deretti, Analú Mantovani, Tamara Pereira, Jussara

Stinghen, Gesieli Buba, Julhana Sponchiado, Janice Gmach,

Márcio Zilio, Crizane Hackbarth, Carolina Delgado, Camila

Segalla, Heitor Prezzi e Isaac Heberle não tenho palavras para

agradecer o quanto vocês me ajudaram nesta etapa e o quanto

vocês se tornaram importantes na minha vida.

Não querendo esquecer ninguém, quero dizer a todos,

que de uma forma ou de outra, compartilharam comigo esta

etapa tão especial na minha vida, meu cordial e afetuoso

abraço.

Muito obrigado!

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RESUMO

SIMIONI, Kali. Composição nutricional, qualidade

tecnológica de grãos em cultivares crioulas de feijão

proveniente de sistema de cultivo orgânico. 2014, 202 f.

Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal - Áreas: fisiologia

e manejo de plantas) – Universidade do Estado de Santa

Catarina. Programa de Pós-Graduação em Ciências Agrárias.

Lages. 2014.

O feijão é um dos mais importantes constituintes da dieta

alimentar e está presente nas refeições diárias de grande parte

dos brasileiros. Sabe-se que a qualidade tecnológica, teor de

proteína e minerais e a menor suscetibilidade das alterações

pós-colheita são fatores fundamentais para a aceitação de uma

cultivar no mercado, aliados as esses fatores, cresce a busca por

alimentos mais saudáveis produzidos em sistema de produção

de base ecológica. Nesse sentido, a proposta desse trabalho foi

avaliar a qualidade tecnológica, teor de proteína e minerais e o

potencial de armazenamento dos grãos de cultivares crioulas e

comerciais de feijão produzidas no sistema de cultivo orgânico.

Foram utilizados 26 cultivares, sendo 22 crioulas selecionados

ao longo de 7 safras de autofecundação e 4 variedades

comerciais. Os grãos foram produzidos sob os princípios do

sistema de cultivo orgânico e convencional em dois ambientes

(safra 2012/2013 e 2013/2014). Os grãos produzidos sob o

sistema de cultivo orgânico apresentaram qualidade

tecnológica superior ou semelhante para a maioria das

cultivares avaliadas em ambos os ambientes. Os menores

tempo de cozimento foram obtidos nos grãos produzidos no

sistema de cultivo orgânico (18 minutos (Ambiente 1) e 22

minutos (ambiente 2)). As cultivares que apresentaram

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percentual de grãos inteiros entre 60-80% foram as que tiveram

maior teor de sólidos solúveis totais no caldo. As cultivares que

se destacaram para qualidade tecnológica no sistema de cultivo

orgânico foram os BAFs: 60, 23, 81, 13, 68, 55, 75 e 36. Os

maiores teores de proteína bruta foram encontrados nas

cultivares BAFs 36 (27,40%), 55 (26,92%) e 13 (26,39%)

produzidas no sistema de cultivo orgânico. Para o maior teor de

nutrientes (proteína total, fósforo, fitato, potássio, ferro e zinco)

foram identificados os BAFs: 13, 55, 68, 84, 7, 3, 75 e a

variedade comercial BAF 110. Para a tolerância aos defeitos

hard-to-cook ocasionados durante o armazenamento observou-

se que as cultivares crioulas apresentaram-se superiores as

variedades comerciais avaliadas, com destaque aos BAFs: 68,

13, 81, 36, 97 e 75. Os resultados permitem concluir e indicar a

produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para

as características de qualidade tecnológica e composição

química.

Palavras-Chave: Phaseolus vulgaris L., tempo de cozimento,

composição nutricional, pós-colheita.

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ABSTRACT

SIMIONI, Kali. Nutritional composition, technological

quality of landrace common beans cultivars produced in

organic farming system. 2014, 202 f. Dissertation (Master in

Plant Production – Research area: Physiology and plant

management) – Santa Catarina State University. Post Graduate

Program in Agricultural Sciences. Lages, 2014.

The common bean is one of the most important constituents of

the diet and is present in the daily meals of most Brazilians. It

is known that the technological quality, protein and minerals

level and the lower susceptibility of post-harvest changes are

the main factors for the acceptance of a cultivar on the market,

allies of these factors, grows the search for healthier foods

produced in ecologically-based production system. The

objective of this work was to evaluate the technological quality,

protein and minerals level and potential of the storage of

landrace common beans cultivars and commercial variety

produced in the organic farming system. 26 cultivars were

used, being selected 22 landrace bean cultivars, selected over 7

crops of selfing and 4 commercial varieties. The grains were

produced under the principles of organic and conventional

crops in two environments (growing 2012/2013 and

2013/2014). The grain produced under organic farming system

showed superior or similar technological quality for most

cultivars in both environments. The smaller cooking time were

obtained in the grains produced in the organic system (18

minutes (Environment 1) and 22 minutes (Environment 2)).

The percentage showing cultivars of whole grains 60-80%

were those who had higher levels of total soluble solids in the

broth. The cultivars that stood out for technical quality organic

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system were the BAFs: 60, 23, 81, 13, 68, 55, 75 and 36. The

highest crude protein levels were found in cultivars BAFs: 36

(27.40%), 55 (26.92%) and 13 (26.39%) produced in the

organic system. For the higher nutrient content (total protein,

phosphorus, phytate, potassium, iron and zinc) have been

identified the BAFs: 13, 55, 68, 84, 7, 3, 75 and commercial

variety BAF 110. For tolerance caused the hard-to-cook defects

during storage was observed that the landrace bean cultivars

showed up above the assessed commercial varieties, especially

the BAFs: 68, 13, 81, 36, 97 and 75. The results suggest and

indicate organic production as a viable form of bean cultivation

to the technological quality characteristics and chemical

composition.

Key-words: Phaseolus vulgaris L., cooking time, nutrient

content, post-harvest.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Identificação e imagens das cultivares crioulas e

comerciais de feijão (Phaseolus vulgaris L.) utilizadas nos

experimentos. ....................................................................... 83

Figura 2 - Tempo de cocção (minutos) dos grãos de cultivares

crioulas e comerciais de feijão avaliados em dois sistemas de

cultivo (orgânico e convencional) no Ambiente 1 (A) e

Ambiente 2 (B). .................................................................... 90

Figura 3 - Tempo de cocção dos grãos de cultivares crioulas e

comerciais de feijão proveniente do sistema de cultivo orgânico

e convencional em dois ambientes. ....................................... 92

Figura 4 - Distribuição de freqüência das classes de resistência

ao cozimento pela classificação de proctor e watts nos grãos de

cultivares crioulas e comerciais de feijão produzidos no sistema

de cultivo orgânico e convencional em dois ambientes.......... 94

Figura 5 - Percentual de grãos hardshell dos grãos de

cultivares crioulas e comerciais de feijão produzidas no sistema

de cultivo orgânico e convencional no Ambiente 1 (5A) e

Ambiente 2 (5B). .................................................................. 96

Figura 6 - Precipitação (mm), temperatura média e máxima

acumulados da floração-colheita no Ambiente 1 (safra

2012/2013 - A) e Ambiente 2 (safra 2013/2014 – B e C) no

sistema de cultivo orgânico e convencional no município de

Campos Novos (SC) ............................................................. 98

Figura 7 - Aumento relativo do percentual de embebição antes

com o após o cozimento dos grãos de cultivares crioulas e

comerciais de feijão produzidos sob sistema de cultivo

orgânico e convencional no Ambiente 1 (A) e Ambiente 2 (B).

........................................................................................... 104

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Figura 8 - Identificação e imagens das cultivares crioulas e

comerciais de feijão (Phaseolus vulgaris L.) utilizadas nos

experimentos. ..................................................................... 130

Figura 9 - Média geral do teor de proteína bruta nos grãos de

cultivares crioulas e comerciais de feijão produzidos no sistema

orgânico e convencional em dois ambientes. ....................... 139

Figura 10 - Média geral dos teores de fósforo dos grãos de

cultivares crioulas e comerciais de feijão produzidos no sistema

de cultivo orgânico e convencional em dois ambientes........ 141

Figura 11 - Média geral dos teores de fitato dos grãos de

cultivares crioulas e comerciais de feijão produzidos no sistema

de cultivo orgânico e convencional em dois ambientes........ 143

Figura 12 - Média geral dos teores de ferro dos grãos de

cultivares crioulas de feijão produzidos no sistema de cultivo

orgânico e convencional em dois ambientes. ....................... 146

Figura 13 - Média geral dos teores de zinco dos grãos de

cultivares crioulas e comerciais de feijão produzidos no sistema

de cultivo orgânico e convencional em dois ambientes........ 147

Figura 14 - Média geral dos teores de potássio dos grãos de

cultivares crioulas de feijão produzidos no sistema de cultivo

orgânico e convencional em dois ambientes. ....................... 151

Figura 15 - Distribuição aleatória dos frascos contendo as

amostras dentro da estufa (câmara bod) com controle de

temperatura (40 ± 1ºc) e umidade relativa (76%) aonde foram

realizado o envelhecimento acelerado durante 40 dias. ....... 168

Figura 16 - Escala de nota utilizada na avaliação do

escurecimento dos grãos de feijão. ...................................... 169

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Figura 17 - Padrão representativo de cores (escala de notas 1-

5) dos grãos das cultivares de feijão avaliadas considerando,

cor do tegumento (externo), cotilédones (interno) e brilho para

as cultivares de feijão preto nas avaliações de notas. ........... 170

Figura 18 - Equações de regressões individuais quanto ao

tempo de cozimento para cada cultivar agrupadas em A (< 100

minutos), B (100 a 120 minutos) e C (> 120 minutos) durante o

armazenamento................................................................... 173

Figura 19 - Distribuição de freqüência em relação ao aumento

relativo entre o tempo de cozimento inicial e após os 40 dias de

envelhecimento acelerado nos grãos de cultivares crioulas e

comerciais de feijão. ........................................................... 174

Figura 20 - Teor de água dos grãos (umidade) das cultivares

crioulas e comerciais durante o armazenamento. ................. 176

Figura 21 - Percentual de absorção de água dos grãos de

cultivares crioulas e comerciais de feijão ao longo do

armazenamento................................................................... 177

Figura 22 - Análise de regressão para a variável escurecimento

dos grãos de cultivares crioulas e comerciais de feijão durante

o período de armazenamento. ............................................. 179

Figura 23 - Fotos ilustrativas do escurecimento do tegumento

ao final do armazenamento dos grupos cores, preto e carioca

das cultivares avaliadas. ...................................................... 181

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Identificação e origem das cultivares crioulas e

comerciais de feijão (Phaseolus vulgaris L.) utilizados nos

experimentos. ....................................................................... 84

Tabela 2 - Resumo da análise de variância referente à

qualidade tecnológica dos grãos de cultivares crioulas e

comerciais de feijão proveniente do cultivo orgânico e

convencional no Ambiente 1 (safra 2012/2013). ................... 88

Tabela 3 - Resumo da análise de variância referente à

qualidade tecnológica dos grãos de cultivares crioulas e

comerciais de feijão proveniente do cultivo orgânico e

convencional no Ambiente 2 (safra 2013/2014) .. ................. 89

Tabela 4 - Classes de resistência ao processo de cozimento no

feijão. ................................................................................... 93

Tabela 5 - Médias do percentual de embebição antes do

cozimento (peanc) dos grãos de cultivares crioulas e comerciais

de feijão avaliados em dois sistemas de cultivo (orgânico e

convencional) e em dois ambientes. .................................... 100

Tabela 6 - Médias do percentual de embebição após o

cozimento (peapc) dos grãos de cultivares crioulas e comerciais

de feijão avaliadas em dois sistemas de cultivo e em dois

ambientes. .......................................................................... 103

Tabela 7 - Percentual de grãos inteiros (pgi) dos grãos de

cultivares crioulas de feijão produzidos em dois sistemas de

cultivo (orgânico e convencional) e em dois ambientes. ...... 106

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Tabela 8 - Teor de sólidos solúveis total do caldo (sstc) dos

grãos de cultivares crioulas de feijão produzidas em dois

sistemas de cultivo e em dois ambientes. ............................ 107

Tabela 9 - Médias da taxa de expansão volumétrica (ev - g ml-

1) dos grãos de cultivares crioulas e comerciais de feijão

cultivados em dois sistemas de cultivo (orgânico e

convencional) e em dois ambientes. .................................... 109

Tabela 10 - Correlação simples de pearson nas variáveis de

qualidade tecnológica1 dos grãos de cultivares crioulas de

feijão produzidos no sistema de cultivo orgânico e

convencional no Ambiente 1 (safra 2012/2013) e Ambiente 2

(safra 2013/2014). ............................................................... 111

Tabela 11 - Resumo da análise de variância referente ao teor de

nutrientes dos grãos de cultivares crioulas e comerciais de

feijão proveniente do cultivo orgânico e convencional no

Ambiente 1 (safra 2012/2013). ........................................... 135

Tabela 12 - Resumo da análise de variância referente ao teor

de nutrientes dos grãos de cultivares crioulas e comerciais de

feijão proveniente do cultivo orgânico e convencional no

Ambiente 2 (safra 2013/2014). ........................................... 136

Tabela 13 - Teor de proteína bruta dos grãos de cultivares

crioulas e comerciais de feijão produzidos no sistema de

cultivo orgânico e convencional em dois ambientes. ........... 137

Tabela 14 - Teores de fósforo (P) dos grãos de cultivares

crioulas e comerciais de feijão produzidos no sistema de

cultivo orgânico e convencional em dois ambientes. ........... 140

Tabela 15 - Teores de fitato dos grãos de cultivares crioulas e

comerciais de feijão produzidos no sistema de cultivo orgânico

e convencional em dois ambientes. ..................................... 142

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Tabela 16 - Teores de ferro (Fe) dos grãos de cultivares

crioulas de feijão produzidos no sistema de cultivo orgânico e

convencional em dois ambientes. ........................................ 145

Tabela 17 - Teores de zinco (Zn) dos grãos de cultivares

crioulas de feijão produzidos no sistema de cultivo orgânico e

convencional em dois ambientes. ........................................ 148

Tabela 18 - Teores de potássio (K) dos grãos de cultivares

crioulas de feijão produzidos no sistema de cultivo orgânico e

convencional em dois ambientes. ........................................ 150

Tabela 19 - Resumo da análise de variância das variáveis de

qualidade tecnológica dos grãos de cultivares crioulas e

comerciais de feijão durante o armazenamento. .................. 172

Tabela 20 - Correlação de Pearson entre as variáveis tempo de

cozimento (tc) e escurecimento dos grãos (notas) durante todos

os tempos de armazenamento (5 a 40 dias). ........................ 182

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LISTA DE APÊNDICE

Apêndice A - Montagem do teste de cocção com os grãos de

feijão dispostos no Cozedor de Mattson. ............................. 194

Apêndice B - Percentual de embebição após o cozimento,

percentual de grãos inteiros e taxa de expansão volumétrica.

........................................................................................... 194

Apêndice C - Percentual de embebição antes do cozimento

(absorção de água). ............................................................. 195

Apêndice D - Sólidos solúveis totais do caldo. ................... 195

Apêndice E - Fotos ilustrativas dos grãos normais e hardshell

........................................................................................... 196

Apêndice F - Determinação do fitato das amostras de feijão.

........................................................................................... 196

Apêndice G - Digestão das amostras e leitura (composição

química) ............................................................................. 197

Apêndice H - Fotos ilustrativas do escurecimento dos grãos

das cultivares crioulas e comerciais de feijão ao longo do

armazenamento (0, 5, 10, 20, 30 e 40 dias). ....................... 197

Apêndice I – Equações de regressão da variável escurecimento

(Figura 22) dos grãos das cultivares crioulas e comerciais de

feijão. ................................................................................. 202

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................... 37

2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................ 41

2.1 ASPECTOS GERAIS DA CULTURA, PRODUÇÃO DE

GRÃOS E AVANÇOS NO USO DA DIVERSIDADE

GENÉTICA .......................................................................... 41

2.2 IMPORTÂNCIA DA CARACTERIZAÇÃO DA

DIVERSIDADE GENÉTICA EM GENÓTIPOS CRIOULOS

DE FEIJÃO .......................................................................... 42

2.3 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E SOCIAL ASSOCIADA

À PRODUÇÃO ORGÂNICA DE GRÃOS DE FEIJÃO ....... 44

2.4 DIVERSIDADE NA QUALIDADE TECNOLÓGICA E

NUTRICIONAL DO FEIJÃO .............................................. 47

2.5 EFEITO DO AMBIENTE NA ALTERAÇÃO DAS

CARACTERÍSTICAS DE QUALIDADE TECNOLÓGICA E

COMPOSIÇÃO QUÍMICA .................................................. 52

2.6 CONSUMO DO FEIJÃO E FATORES QUE AFETAM A

ACEITABILIDADE DAS CULTIVARES ............................ 54

2.7 ALTERAÇÕES DURANTE O ARMAZENAMENTO

QUE REDUZEM A QUALIDADE TECNOLÓGICA DO

FEIJÃO ................................................................................ 55

REFERÊNCIAS ................................................................. 59

3 QUALIDADE TECNOLÓGICA DE GRÃOS EM

CULTIVARES CRIOULAS DE FEIJÃO PROVENIENTE

DE SISTEMA DE CULTIVO ORGÂNICO ...................... 77

3.1 RESUMO ....................................................................... 77

3.2 ABSTRACT ................................................................... 78

3.3 INTRODUÇÃO .............................................................. 78

3.4 MATERIAL E MÉTODOS ............................................. 81

3.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................... 88

3.6 CONCLUSÕES .............................................................114

REFERÊNCIAS ................................................................116

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4 TEOR DE PROTEÍNA E MINERAIS DOS GRÃOS EM

CULTIVARES CRIOULAS DE FEIJÃO PROVENIENTE

DE SISTEMA DE CULTIVO ORGÂNICO .................... 124

4.1 RESUMO ..................................................................... 124

4.2 ABSTRACT ................................................................. 125

4.3 INTRODUÇÃO ............................................................ 125

4.4 MATERIAL E MÉTODOS ........................................... 128

4.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................... 135

4.6 CONCLUSÃO.............................................................. 152

REFERÊNCIAS ............................................................... 154

5 INDICAÇÃO DE CULTIVARES CRIOULAS E

COMERCIAIS DE FEIJÃO QUANTO A TOLERÂNCIA

AOS DEFEITOS “HARD-TO-COOK” DURANTE O

ARMAZENAMENTO ...................................................... 162

5.1 RESUMO ..................................................................... 162

5.2 ABSTRACT ................................................................. 163

5.3 INTRODUÇÃO ............................................................ 163

5.4 MATERIAL E MÉTODOS ........................................... 167

5.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................... 171

5.6 CONCLUSÃO.............................................................. 183

REFERÊNCIAS ............................................................... 184

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................ 192

7 APÊNDICES .................................................................. 194

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37

1 INTRODUÇÃO

O feijão (Phaseolus vulgaris L.) é um dos mais

importantes constituintes da dieta alimentar brasileira e está

presente nas refeições diárias de grande parte dos brasileiros,

sendo uma excelente fonte nutricional de proteínas,

aminoácidos, carboidratos, ferro, vitaminas, minerais e fibra

(FARINELLI; LEMOS, 2010).

Pertencente á família Leguminosae, o feijão é uma das

culturas mais difundidas no mundo, sendo cultivada em quase

todos os países de clima tropical e subtropical, e em muitas

regiões, é possível a produção dos grãos em até três vezes ao

ano. O Brasil destaca-se como o maior produtor mundial, com

uma produção aproximada de três milhões de toneladas em

uma área de três milhões de hectares, sendo considerado o

sexto maior consumidor mundial (FAO, 2014; CONAB, 2014).

No entanto, seu consumo tem diminuído anualmente

(1% ao ano) pela mudança nos hábitos alimentares ocasionado

pelo restrito tempo disponível para o preparo das refeições em

função principalmente do processo de urbanização ocorrido nas

últimas décadas, bem como do crescimento da mulher no

mercado de trabalho e do aumento da preferência da população

por alimentos do tipo “fast food”, alimentos de mais rápido

preparo (WANDER; FERREIRA, 2014; RAMOS JUNIOR et

al., 2005).

Essa redução do consumo, aliado com as mudanças dos

hábitos alimentares faz com que as pesquisas explorem cada

vez mais informações que auxiliem na busca de alternativas

metodológicas para tornar o feijão mais atrativo para o

consumo como a seleção de genótipos promissores para

qualidade tecnológica, nutricional do feijão e a sua maior

viabilidade durante o armazenamento, visando menor tempo de

preparo. Costa et al. (2001), afirma que o menor tempo de

cozimento é fator fundamental para a aceitação de uma cultivar

de feijão pelos consumidores, proporcionando economia de

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38

tempo e de energia, além de que períodos prolongados de

cozimento causam mudanças estruturais em nível celular,

provocando perda de nutrientes (WASSIMI et al., 1988).

No mercado brasileiro, existe uma ampla diversidade

genética de feijão. No entanto, a maior produção atual é pelo

tipo carioca (52%), seguido pelo feijão preto (21%) e cores

(CONAB, 2013). Apesar da deficiência dos bancos de

germoplasmas, os estados do sul do Brasil se destacam pelo

grande número de variedades crioulas disponíveis. Essa ampla

diversidade associada a fatores sócio-econômicos permitiu a

permanência dos genótipos até os dias atuais, indicando grande

biodiversidade que têm sido mantida por geração a geração de

agricultores, constituindo um patrimônio genético que merece

ser estudado e conservado (GINDRI, 2013; GUERRA, 1998).

Vários estudos indicam uma grande diversidade para as

características de qualidade tecnológica, composição química e

variabilidade quanto à maior viabilidade durante o

armazenamento para as cultivares crioulas no sistema de

cultivo convencional (ZILIO et al., 2014; MICHELS et al.,

2014; ZILIO et al., 2013; PEREIRA et al., 2011; COELHO et

al., 2010; BORDIN et al., 2010; COELHO et al., 2009;

COELHO et al., 2008). Porém, ainda pouco se conhece a

respeito do comportamento dessas variedades no sistema de

cultivo orgânico (PREZZI et al., 2014).

A caracterização das cultivares crioulas para diferentes

características pode potencializar ganhos tanto para o

melhoramento quanto para o próprio agricultor (COELHO et

al., 2007). Entre essas, as características de qualidade

tecnológicas, nutricionais e de produtividade são as mais

desejadas e devem ser continuadamente estudadas, destacando-

se o menor tempo para o cozimento, maior valor protéico,

maior viabilidade durante o armazenamento, bem como a

adaptabilidade das cultivares ao seu local de cultivo (COELHO

et al., 2010; RIBEIRO et al., 2008; CARBONELL et al., 2003;

DURIGAN et al., 1978; SGARBIERI; WHITAKER, 1982).

Page 39: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

39

A ampla diversidade genética encontrada em cultivares

crioulas de feijão, para caracteres morfo-agronômicos

(PREZZI et al., 2014; ZILIO et al., 2013; RODRIGUES et al.,

2002; COELHO et al., 2007; PEREIRA et al., 2009; COELHO

et al., 2010a) de qualidade tecnológica (ZILIO et al., 2014;

COELHO et al., 2008; BORDIN et al., 2010), qualidade

nutricional (PEREIRA et al., 2011) e qualidade fisiológica de

sementes (COELHO et al., 2010b). Isto é um indicativo de que

as cultivares crioulas podem ser adaptadas a manutenção das

sementes na propriedade, possibilitando a produção de grãos

com qualidade superior.

O feijão no Brasil caracteriza-se na sua maioria como

sendo ainda uma produção de pequena e média propriedade.

Em Santa Catariana 70% do feijão produzido é oriundo da

agricultura familiar, e nesse contexto, o resgate de sementes de

variedades crioulas tem um papel estratégico no

desenvolvimento de sistemas de produção de base ecológica.

Essas variedades são capazes de manter produções

satisfatórias, mesmo em condições ambientais adversas, como

as que freqüentemente são encontradas em Santa Catarina

(CONAB, 2013).

O cultivo orgânico, além do menor impacto da atividade

agrícola ao meio ambiente, pode auxiliar na identificação de

genótipos com qualidade nutricional superior aos cultivados no

sistema convencional, esse sistema, adota técnicas específicas,

visando a otimização do uso dos recursos naturais e

socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural

das comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade

econômica e ecológica (QUADROS; KOKUSZKA, 2007).

Sabe-se que existe uma crescente busca e interesse

pelos agricultores por o sistema de cultivo orgânico, visando

principalmente o aumento da rentabilidade e a melhoria da

qualidade de vida no meio rural (CUNHA et al., 2011) e nesse

sentido faz se necessário gerar mais informações e estudos

sobre o comportamento dos genótipos crioulos nesse sistema

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40

de cultivo potencializando o uso destes recursos pelo próprio

agricultor e ampliando também a possibilidade de manejo e a

conservação da agrobiodiversidade (COELHO et al., 2007).

Outra preocupação é quanto à manutenção da

viabilidade dos grãos durante o armazenamento, logo que o

feijão é colhido inicia-se o processo de escurecimento e

endurecimento natural do grão. A estocagem em condições

inadequadas (alta temperatura e umidade) resulta no aumento

do tempo de cocção e aumento da dureza final dos grãos de

feijão, além destas, o armazenamento provoca modificações de

coloração dos grãos, tornando-os menos aceitáveis pelos

consumidores (MORAIS et al., 2010; YOUSIF et al., 2002).

Diante disso, no intuito de obter informações sobre a

resposta genética de cada cultivar no sistema de cultivo

orgânico e caracterizar suas potencialidades, o objetivo desse

trabalho foi caracterizar a qualidade tecnológica, composição

química e o potencial de armazenamento dos grãos de

cultivares crioulas de feijão produzido sob o sistema de cultivo

orgânico.

Page 41: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

41

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 ASPECTOS GERAIS DA CULTURA, PRODUÇÃO DE

GRÃOS E AVANÇOS NO USO DA DIVERSIDADE

GENÉTICA

O feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) é uma planta

herbácea, dicotiledônea pertencente à família Leguminosae

(CASTELLANE et al., 1988). Estudos realizados ao longo do

tempo confirmam que o feijão é originário de múltiplos centros

de domesticação no continente Americano. Evidências

arqueológicas, morfológicas, bioquímicas e moleculares

sugerem dois centros de origem de feijão comum, o centro

Andino e Mesoamericano (DE LA CRUZ et al., 2005; GEPTS

et al., 1986; SINGH et al., 1991a; SANTALLA et al., 2004;

KOENIG e GEPTS, 1989; SOLANO, 2005; MACIEL et al.,

1999; PEREIRA e SOUZA, 1992; CHACÓN et al., 2005;

MACIEL et al., 2003 e BEEBE et al., 2000).

Os dois centros primários localizados na América

Central apresentam cultivares que exibem predominantemente

faseolina “S”, sementes pequenas (<25 g/100 sementes) e dos

Andes, cultivares com predominância do tipo de faseolina “T”,

sementes grandes (>40 g/100 sementes) (SINGH et al., 1991a).

Pereira (2008), caracterizando genótipos crioulo de feijão

concluiu predominância dos dois grupos de feijão do banco de

germoplasma do CAV/UDESC, os quais foram relacionados

com o centro de origem: Mesoamericano composto por

sementes pequenas (20,6 g/100 sementes), predominando tipo

de faseolina “S” (88%) e outro Andino com sementes grandes

(36,68 g/100 sementes) e predominância do tipo de faseolina

“T” (77%).

Na última década, constatou-se grande evolução na

cultura do feijão graças ao desempenho da pesquisa, sendo

oferecidas ao produtor rural, técnicas compatíveis aos vários

sistemas de produção, caracterização da diversidade genética e

Page 42: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

42

sua adaptabilidade ao local de origem e cultivo, estudo de

características que melhorem a aceitação do grão pelos

consumidores, qualidade tecnológica e composição nutricional

(ZILIO et al., 2014; COELHO et al., 2008; BASSINELLO et

al., 2013; PEREIRA et al, 2009; RIBEIRO et al., 2013;

YOKOYAMA et al., 2000; CARBONELL et al., 2003;

RAMALHO et al., 1993; DUARTE e ZIMERMANN, 1994).

De maneira geral, o feijão é produzido durante o ano

todo no país, em até três ciclos de semeadura-colheita

dependendo da região. A região sul que é a maior produtora

nacional do feijão tem uma produção de 930 mil toneladas em

600 mil hectares com produtividade média de 1.500 kg ha-1

.

Em Santa Catarina a produção é de 130 mil toneladas,

produtividade média de 1.730 kg ha-1

e a área plantada 75 mil

ha, 10 % maior que a última safra (CONAB, 2014).

Atualmente o Brasil destaca-se na produção mundial, sendo

considerado o maior produtor, com uma produção estimada em

quase 3 milhões de toneladas, numa área de aproximadamente

3 milhões de ha e produtividade média 1.033 kg ha-1

(CONAB,

2014; FAO, 2014).

2.2 IMPORTÂNCIA DA CARACTERIZAÇÃO DA

DIVERSIDADE GENÉTICA EM GENÓTIPOS CRIOULOS

DE FEIJÃO

Embora pouco conhecida, o Brasil, é considerado o país

com a maior diversidade vegetal do mundo. A variabilidade

genética é a maior garantia da estabilidade de produção e da

sobrevivência humana, no entanto a evolução da produtividade

agrícola tem se baseado, principalmente na uniformidade

genética, aumentando continuamente a vulnerabilidade

genética das espécies cultivadas e estreitando com isso a base

genética (PEIXOTO, 2003; MORIN, 2003; NASS et al., 2001)

A caracterização de genótipos é uma etapa essencial e é

iniciada em bancos de germoplasmas, esta, pode ser realizada

Page 43: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

43

com base em diferenças morfológicas das plantas, nos tipos de

proteínas, composição química e de seqüências de DNA, ou

ainda pela integração de marcadores morfológicos, moleculares

e bioquímicos (DE LA CRUZ et al., 2005; SANTALLA et al.,

2004; SOLANO, 2005; MACIEL et al., 2003; BEEBE et al.,

2000; FERREIRA, 1998).

O desenvolvimento tecnológico avançado das culturas,

através do uso de variedades melhoradas e a substituição das

variedades crioulas de ampla variabilidade genética podem

levar a perda de genótipos que possuem genes úteis tanto para

o melhoramento quanto potencializar o uso destes recursos

pelo próprio agricultor. Genes estes relacionados a produção,

qualidade tecnológica e nutricional dos grãos, resistência a

doenças ou tolerância a estresse bióticos e abióticos

(CONNER; MERCER, 2007).

A importância da biodiversidade tornou-se uma

preocupação mundial, no sentido de promover a conservação

das mais variadas espécies, com o propósito de constituir base

a sistemas mais estáveis, aptos a enfrentar ameaças

relacionadas às mudanças ambientais (GEPTS, 2006). Diante

do grande avanço do melhoramento e a perda de algumas

características de interesse, o resgate e manutenção da

diversidade genética das espécies crioulas são considerados

serviços ambientais (FEIJÓ et al., 2012) e são base estratégica

para uma agricultura que busca a sustentabilidade

(GLIESSMANN, 2000; PENTEADO, 2010a).

Várias razões justificam o estudo da diversidade

genética presente nas populações selvagens, incluindo sua

contribuição para a diversidade genética e uma melhor

definição do efeito da domesticação na assimilação genética

por cultivares melhoradas. Tal resultado foi relatado por Papa e

Gepts (2003), onde observaram que o fluxo gênico de

cultivares melhoradas para cultivares crioulas é três vezes

maior que o inverso.

Page 44: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

44

Observações sugerem que os agricultores, através de

suas atividades, podem influenciar a magnitude e as

características do fluxo gênico, e junto com isso, a

diferenciação das populações selvagens. Cruz et al. (2005),

trabalharam com genótipos crioulos no México concluíram que

novas maneiras de conservação e manutenção da

biodiversidade devem ser abordadas para evitar o risco do

fluxo gênico entre genótipos crioulos e as variedades

transgênicas causando a assimilação genética e perda da

variabilidade.

Através da preocupação em manter a diversidade

genética e a sustentabilidade da agricultura, cada vez mais se

observa a importância da coleta, preservação e principalmente

a caracterização dos genótipos crioulos. Os bancos de

germoplasmas estão distribuídos mundialmente, no Brasil, a

Embrapa organiza através do CENARGEM, os bancos ativos

de germoplasmas, com cerca de 14.000 acessos de feijão

(SILVA; FONSECA, 2005). Em Santa Catarina são compostos

por menor número, organizados por universidades como a

UDESC-Lages e centros de pesquisas como a Epagri. Na

Udesc-Lages o banco é considerado ativo, visando preservar a

variabilidade, de forma sustentável.

2.3 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E SOCIAL ASSOCIADA

À PRODUÇÃO ORGÂNICA DE GRÃOS DE FEIJÃO

O feijão é um alimento de grande importância

econômica e social, é o mais importante legume consumido,

sendo considerado a base da dieta alimentar da maioria dos

brasileiros e da população mundial. Sua produção excede 23

milhões de toneladas /ano no mundo, destes, 3,4 milhões de

toneladas colocam o Brasil como um dos maiores produtores

mundiais de feijão (CONAB, 2014).

A maioria do feijão produzido na América Latina é

oriundo da pequena e média propriedade, onde o cenário das

Page 45: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

45

áreas variam de 1 a 10 hectares, com predomínio de baixo nível

tecnológico, geralmente em áreas de encostas (BROUGHTON

et al., 2003).

Em Santa Catarina, 70% do feijão produzido é oriundo

da agricultura familiar, somando grande importância no cenário

sócio-econômico do estado. A cadeia produtiva de feijão tem

importante participação, principalmente como fonte de renda

para agricultura familiar, voltada para a subsistência,

geralmente cultivada em áreas com baixo nível tecnológico (D’

AGOSTINI et al., 2001). Estimativas indicam que nos estados

de Santa Catarina e Rio Grande do Sul existem expressivos

números de pequenos produtores que demandam de grandes

quantidades de cultivares crioulas para produção em sistema de

menor impacto ao meio ambiente (orgânico) (ANTUNES et al.,

2007).

Nesse contexto, o resgate de sementes de variedades

crioulas que tem um papel estratégico no desenvolvimento de

sistemas de produção de base ecológica, como a produção

orgânica são de fundamental importância. Essas variedades são

capazes de manter produções satisfatórias, mesmo em

condições ambientais adversas, como as que freqüentemente

são encontradas na realidade da agricultura familiar

(CARVALHO, 2003). Brasil (2003b), afirma que o material de

propagação utilizado pela agricultura orgânica deve ser

originário de espécies adaptadas as condições edafoclimáticas

locais.

A agricultura orgânica, também considerada agricultura

sustentável de base ecológica é um sistema de produção

agrícola que adota técnicas específicas, visando a otimização

do uso de recursos naturais e socieconômicos disponíveis e o

respeito à integridade cultural das comunidades rurais, tendo

por objetivo a sustentabilidade econômica e ecológica, bem

como a maximização dos benefícios sociais. A agricultura

orgânica é uma alternativa para a produção de forma

Page 46: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

46

sustentável, bem como a manutenção dos recursos genéticos

(SANTOS, 2011; PENTEADO, 2010a).

Saminêz (2000), afirma que a agricultura orgânica é

definida como um sistema holístico de manejo da unidade de

produção agrícola, que promove a agrobiodiversidade e os

ciclos biológicos, visando a sustentabilidade social, inclusive

com a geração de empregos. Fundamenta-se na conservação

dos recursos naturais e não utiliza fertilizantes sintéticos de alta

solubilidade, agrotóxicos, antibióticos e hormônios

(SAMINÊZ, 2000).

Dentre as inúmeras importâncias socioeconômicas da

produção orgânica de feijão, cabe salientar o crescimento do

mercado de orgânicos, considerado por muitos pesquisadores

como promissor. O sistema orgânico de produção é empregado

mundialmente em 26 milhões de hectares por

aproximadamente 560 mil agricultores, com um mercado, em

2003, de U$ 25 bilhões, tendo a Austrália como o país com

maior área sob produção orgânica com 11,3 milhões de ha,

seguido pela Argentina (2,8 milhões) e Itália (1 milhão). Em

termos de distribuição percentual da área cultivada sob o

sistema orgânico a Oceania é a primeira colocada com 43% da

área cultivada, seguida pela Europa com 23,8% e a América

Latina com 23,5% (YUSSEFI, 2005).

Na Europa a produção movimenta a economia em

quase o dobro de alguns anos atrás, a Federação Internacional

dos Movimentos de Agricultura Orgânica (Ifoam) calculou que

em 2011, o faturamento mundial dos produtos orgânicos foi de

US$ 62,9 bilhões. No Japão o mercado é estimado em U$ 1

bilhão e nos EUA a venda de alimentos orgânicos cresce a uma

taxa de 20% ao ano. No Brasil, atualmente, o mercado de

produtos orgânicos representa 2% da produção agrícola

brasileira, com projeção de expansão devido à sensibilidade

cada vez maior dos consumidores com questões de saúde e

meio ambiente, buscando cada vez mais por alimentos mais

saudáveis (IFOAN, 2012).

Page 47: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

47

Pesquisas indicam que os consumidores estão dispostos

a pagar mais pela qualidade orgânica agregada ao produto,

mesmo com preços cerca de 30 a 40% maior do que o feijão

cultivado no sistema convencional (SANTOS, 2011). Nesse

sentido, observa-se através da grande expansão da agricultura

orgânica no Brasil ocupando hoje uma área cultivada de

aproximadamente 1,6 milhões/ha com mais de 12 mil unidades

cadastradas como produtores orgânicos. Na região sul, 1.896

produtores e 3.165 unidades de produção já estão certificados.

Santa Catarina possui 353 produtores e 617 propriedades

cadastradas e certificadas como produtores orgânicos, com

grandes perspectivas de aumento tendo em vista a crescente

procura pelos consumidores de produtos de base mais

saudáveis (MAPA, 2014).

O governo brasileiro anualmente tem investido em

programas que promovem o consumo e a produção orgânica,

bem como financiamento de pesquisas que auxiliem aos

produtores nas práticas e técnicas adequadas a produção

orgânica, garantindo produtividade satisfatória e qualidade do

produto comercializado. As perspectivas para 2015 são de

continuidade e têm como meta atingir um total de 28 mil

unidades de produção orgânica (MAPA, 2014).

2.4 DIVERSIDADE NA QUALIDADE TECNOLÓGICA E

NUTRICIONAL DO FEIJÃO

A mudança nos hábitos alimentares, devido ao restrito

tempo para o preparo das refeições, tem nos últimos tempos

ocasionado uma redução no consumo do feijão pela maioria da

população. Os benefícios que o grão fornece já são conhecidos

e consolidados, sendo considerado um alimento com grande

importância socioeconômica, onde nos países e regiões em que

o consumo da proteína animal é limitado, este, constitui a

principal fonte de proteína por grande parte da população com

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48

menor custo em relação a outros ricos em proteínas

(MESQUITA et al., 2007; RIOS et al., 2003).

A qualidade tecnológica dos grãos apresenta desafios

que merecem ser explorados e estudados, já que depende de

uma série de atributos relacionados a parte física, química e

nutricional dos grãos. Nesse sentido, é importante que as

pesquisas explorem cada vez mais informações que auxiliem

na busca de alternativas metodológicas para selecionar

precocemente cultivares promissoras para qualidade

tecnológica e nutricional do feijão, bem como a manutenção

pós-colheita (CONNER; MERCER, 2007).

A pesquisa ao longo do tempo vem mostrando

preocupação a respeito da diversidade para as características

que envolvem pós-colheita, composição química e qualidade

tecnológica, muitos estudos já existem, mais ainda se faz

necessário caracterizar as cultivares em diferentes locais de

cultivo, ainda mais no que se refere a cultivares crioulas, com

uma ampla base de diversidade. A devida caracterização das

cultivares crioulas pode resgatar característica de grande

importância perdidas ao longo do tempo pelo melhoramento e

assim potencializar seu uso pelo próprio agricultor (ZILIO et

al., 2014; RIBEIRO et al., 2014; JOST et al., 2013; RIBEIRO

et al., 2013; PEREIRA et al., 2011; BORDIN et al., 2010;

COELHO et al., 2009).

O menor tempo de cozimento (cocção) é fator

indispensável para o consumo dos grãos, tanto pelo restrito

tempo para o preparo quanto à perda nutricional por ocasionar

mudanças estruturais em nível celular, provocando mudanças e

a perda de teores nutricionais importantes (WASSIMI et al.,

1988). Alta variabilidade genética para o tempo de cocção tem

sido constatada entre 13,51 minutos e 100,3 minutos

(SCHOLZ; FONSECA JUNIOR, 1999a; CARBONELL et al.,

2003; DALLA CORTE et al., 2003; RODRIGUES et al., 2004;

COELHO et al., 2008; BORDIN et al, 2010).

Page 49: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

49

Essa variabilidade para os diferentes tempos de cocção

encontrados nas linhagens e cultivares do feijoeiro podem ser

de origem genética, de influência ambiental, que atua no

desenvolvimento do grão durante o cultivo da planta e ou

tempo decorrido da colheita até o cozimento (armazenamento),

do tamanho da semente, entre outros. Essa grande variabilidade

encontrada faz com que as pesquisas sejam cada vez mais

direcionadas aos seus locais de cultivo, considerando forte

interação do genótipo e ambiente para essa característica

(DALLA CORTE et al., 2003).

Entre os fatores que contribuem para o aumento no

tempo de cocção estão os defeitos dos grãos ocasionados

durante a produção e armazenamento chamados de “hardshell”

(casca dura) e “hard-to-cook” (difícil de cozinhar),

respectivamente. Os grãos “hardshell” são aqueles que

apresentam sementes maduras e secas, e que falham em

absorver água dentro de um período razoavelmente longo

quando umedecidas, já os grãos “hard-to-cook” são aqueles

que absorvem água, mas requerem um tempo de cozimento

bastante prolongado para amolecer (BOURNE, 1967;

VINDOLA et al., 1986).

A capacidade de hidratação dos grãos antes e após o

cozimento são outros fatores importantes a serem estudados

tanto pelas exigências dos consumidores quanto pela existência

de variabilidade genética para estas características (ZILIO et

al., 2014; BORDIN et al., 2010; COSTA et al., 2001; RAMOS

JUNIOR e LEMOS, 2002; RIBEIRO et al., 2003;

RODRIGUES et al., 2005a). A capacidade de absorção da água

pelos grãos, antes do cozimento, tem sido utilizada, visto que a

capacidade de cocção pode estar relacionada à rápida absorção

(GARCIA-VELA; STANLEY, 1989; PLHAK et al., 1989).

Porém, esses resultados são contraditórios, há correlação

positiva entre a capacidade de absorção da água pelos grãos e o

tempo de cozimento (SCHOLZ; FONSECA JÚNIOR, 1999b;

DALLA CORTE et al., 2003) mas também pode existir baixa

Page 50: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

50

correlação, ou correlação negativa, o que torna difícil à

utilização desta característica para efetuar a seleção precoce de

cultivares de feijão com baixo tempo de cozimento (ZILIO et

al., 2014; COELHO et al., 2007; CARBONELL et al., 2003;

RODRIGUES et al., 2005; BORDIN et al., 2010).

Além das características de rápida hidratação e baixo

tempo de cozimento a espessura do caldo, sabor, textura, grãos

moderadamente rachados, aumento relativo do tamanho, casca

delgada e boa estabilidade de cor são características

importantes de qualidade (BASSINELLO et al., 2003). A

característica de espessura do caldo pode ser estimada pelo teor

de sólidos solúveis totais do caldo, o percentual de grãos

inteiros, caracteriza os grãos moderadamente rachados e a alta

expansão volumétrica pode evidenciar o aumento relativo dos

grãos após cozimento de grande interesse dos consumidores

(CARBONELL et al., 2003; PERINA et al., 2010).

Sob o ponto de vista nutricional, o feijão apresenta

substâncias que tornam o seu consumo vantajoso, entre os

quais, maior destaque para o teor de proteína, que pode variar

de 17,5% a 28,7% em feijão comercial (SATHE, 2002) e em

feijão crioulo 17% a 32% (PEREIRA et al., 2011; SALUNKHE

et al., 1982; BALDI; SALAMINI, 1973).

Além da proteína, minerais como ferro, zinco e potássio

presentes nos grãos de feijão, são considerados muito

importantes na dieta alimentar, portanto acessos que

apresentem maior teor nutricional são considerados superiores.

Teores médios de ferro nos grão de feijão foram caracterizados

por Pereira et al. (2011) entre 62 a 161,7 mg kg-1

. Mesquita et

al. (2007) encontrou uma variação de 71,37 a 126,9 mg kg-1

e

resultados inferiores foram encontrados em trabalhos com

cultivares de feijão comerciais variando 60 a 96 mg kg-1

.

Estudando 1.031 acessos provenientes do Centro Internacional

de Agricultura Tropical (CIAT) as variações encontradas foram

55 a 89 mg kg-1 (BEEBE et al., 2000).

Page 51: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

51

Além da importância do ferro como nutriente na dieta

humana, o zinco é considerado um micronutriente essencial

para a saúde humana, e pode também variar seu conteúdo de

acordo com o ambiente, genótipo, tipo de solo (RIBEIRO et

al., 2008). Pereira et al. (2011) estudando genótipos crioulos

observou uma variação de 32 a 68 mg kg-1

de zinco nos grãos

em dois anos de cultivo. House et al. (2002) e Beebe et al.

(2000) encontraram valores superiores ao encontrado por

outros autores. Além disso, alguns autores sugerem que o

conteúdo de ferro e zinco dos grãos de feijão pode ser

incrementado entre 60 a 80% para o ferro, e 50% para o zinco.

Apesar de o feijão apresentar elevados teores

nutricionais nos grãos estes teores pode estar pouco disponível

em função dos antinutrientes, entre eles estão o fitato, que é a

principal forma de armazenamento de fósforo nos grãos de

cereais e leguminosas. Por outro lado, algumas pesquisas citam

um aspecto positivo do efeito do fitato no organismo,

principalmente pela sua ação antioxidante e indiretamente

pelos efeitos anticarcinogênicos (FANTINI et al,. 2008). Existe

uma grande variação no teor de fitato, Pereira et al. (2011)

estudando 5 variedades comerciais e 29 cultivares crioulas

encontraram uma variação de 2,38 a 8,01 g kg-1

(ano 2) e 3,48

a 10,93 g kg-1

(ano 1), Coelho et al. (2007) e Silva et al. (2011)

citam variação de 7 a 14,8 g kg-1

de fitato.

Tendo em vista que a principal forma de

armazenamento do fósforo nos grão é na forma de fitato, a

devida caracterização tanto do teor de fósforo quanto de fitato é

muito importante. Cultivares com baixas teores de fósforo na

forma de fitato são considerados superiores e muito

importantes do ponto de vista nutricional, bem como para

estudos em nível bioquímico visando ao entendimento da

síntese de fitato nos grãos, ou ainda formas de manejo de

cultivo para reduzir os teores nos grãos (COELHO et al.,

2007). Pereira et al. (2011) observou que várias cultivares

crioulas aumentaram o teor de fósforo e reduziram o teor de

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52

fitato, o exemplo é o BAF 108 que apresentou teor de fósforo

de 5,14g kg-1

e de fitato de 4,62g kg-1.

2.5 EFEITO DO AMBIENTE NA ALTERAÇÃO DAS

CARACTERÍSTICAS DE QUALIDADE TECNOLÓGICA E

COMPOSIÇÃO QUÍMICA

A qualidade tecnológica e nutricional do feijão é

determinada em parte pelo genótipo e influenciada pelas

condições do ambiente de cultivo durante o desenvolvimento

da planta e dos grãos. É afetada principalmente por fatores

climáticos, alta temperatura no período de enchimento dos

grãos, e também pode sofrer alguma alteração por práticas de

cultivo, beneficiamento pós-colheita, condições de

armazenamento e tecnologia de processamento. (DALLA

CORTE et al., 2003).

O feijão, por ser uma espécie com ciclo anual, cultivado

em inúmeras propriedades em três safras/ano na maioria das

regiões, nas mais diversas condições de solo com

desenvolvimento relativamente precoce está mais sujeito às

variações ambientais (CARBONELL et al., 2003; ROSSE;

VENCOVSKY, 2000). Assim alterações nas condições

climáticas podem provocar mudanças acentuadas na

produtividade e na qualidade industrial, entendendo que a

identificação de cultivares adaptadas ao local de cultivo seja

muito desejável (RAMALHO et al., 1993).

Vários trabalhos na literatura vêm demonstrando

resultados importantes sobre as características tecnológicas e

nutricionais de grãos de feijão em diferentes ambientes

(CARBONELL et al., 2003). Lemos et al. (2004) durante a

safra das “águas” de dois anos agrícolas observaram diferentes

significativas em relação ao teor de proteína e tempo de

cozimento de 29 genótipos de feijoeiro. Zilio et al. (2014),

encontrou diferenças significativas em diferentes locais de

Page 53: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

53

cultivo para tempo de cocção e capacidade de hidratação em

três safras de cultivo em 26 cultivares de feijão comum, um

exemplo é o BAF 057 que apresentou variação entre 33

minutos a 70,9 minutos nos grãos cultivados em diferentes

ambientes e safras agrícolas. O conhecimento do

comportamento dessas características para diferentes ambientes

permite o uso correto das cultivares em diferentes ambientes.

Dentre diversas características, o tempo de cozimento

pode ser influenciado durante a fase de enchimento de grão e

pelas condições dos grãos no momento da colheita - seca ou

chuva, com interferência na qualidade e alteração na

integridade do tegumento dos grãos na capacidade de absorção

de água (hardshell) e no tempo de cozimento (SCHOLZ;

FONSECA JÚNIOR, 1999b). Carbonell et al. (2003) relataram

tempo médio de cozimento variável entre 22 minutos e 24

minutos, para as cultivares TPS Nobre e Pérola,

respectivamente, entretanto, valores entre 37 minutos e 42

minutos foram observados para as mesmas cultivares em outros

anos de cultivo e em diferentes ambientes (RAMOS JUNIOR

et al., 2002).

De acordo com Lemos et al., 2004 o uso de cultivares

crioulas pra estudar variabilidade é favorecido pela ampla base

genética existente. A ampla diversidade genética encontrada em

cultivares crioulas de feijão, para caracteres morfo-

agronômicos (PREZZI et al., 2014; ZILIO et al., 2013;

RODRIGUES et al., 2002; COELHO et al., 2007; PEREIRA et

al., 2009; COELHO et al., 2010a) de qualidade tecnológica

(ZILIO et al., 2014; COELHO et al., 2008; BORDIN et al.,

2010), qualidade nutricional (PEREIRA et al., 2011) e

qualidade fisiológica de sementes (COELHO et al., 2010), é

um indicativo de que as cultivares crioulas podem ser

adaptadas a manutenção dos grãos na propriedade, seja no

cultivo convencional ou orgânico, possibilitando a produção

dos grãos com superior qualidade principalmente no que se

refere a qualidade tecnológica e nutricional.

Page 54: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

54

2.6 CONSUMO DO FEIJÃO E FATORES QUE AFETAM A

ACEITABILIDADE DAS CULTIVARES

Os grãos de feijão comum apresentam significativa

composição nutricional com grande aceitação nos mais

diferentes hábitos alimentares. Para uma cultivar de feijão ser

bem aceita, ela deve atender inicialmente as exigências dos

consumidores, dentre elas a qualidade tecnológica, incluindo

conservação pós-colheita e composição química, sendo as

principais características físicas e químicas desejadas pelos

consumidores: rápida absorção de água antes e após o

cozimento, menor tempo de cozimento, percentagem de sólidos

solúveis no caldo, cor do tegumento e do caldo, alto teor

minerais, proteínas e vitaminas (BASSINELO, 2013).

A atratividade nutricional do feijão já é bem conhecida

e explorada, salientando que o feijão apresenta além de teores

significativos de proteínas, carboidratos, vitaminas, minerais e

fibra, apresenta baixo conteúdo de gordura e colesterol,

fornecem 10 a 20% dos nutrientes necessários para um adulto,

com teor de proteína de 20 a 30%, que constitui um valioso

complemento dos cereais, principalmente onde a população

tem limitado acesso à proteína animal (BASSINELLO, 2013;

SERRANO; GOÑI, 2004).

Além da rica composição nutricional, o consumidor tem

a preferência principalmente por cultivares de feijão com o

tempo de cocção inferior a 30 minutos, pois significa economia

de energia e de dinheiro. O cozimento é fundamental no

preparo do feijão pois além da economia de tempo e energia,

assegura a inativação dos fatores antinutricionais e

proporcionando a caracterização das propriedades sensoriais de

sabor e textura exigidos pelo consumidor. Além do sabor, a

consistência e a cor do caldo do feijão cozido são também

fatores importantes de aceitação de novas cultivares pelos

consumidores. Além da consistência e cor do caldo,

Page 55: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

55

características de coloração do tegumento, cor, formato,

tamanho são exigências que muitas vezes, estabelecem

prioridades dos programas de melhoramento e das linhas de

pesquisas (RIBEIRO et al., 2008; BASSINELO, 2003;

CARBONELL et al., 2003; DALLA CORTE et al., 2003).

Resende et al. (2008) reafirmam que além do menor

tempo de cocção os consumidores também prezam por grãos

com melhor aptidão culinária, que reúnam aspectos positivos,

tais como facilidade de embebição, alta expansão volumétrica

e percentual de grãos inteiros após cozimento. Cabe ressaltar

que todas essas características podem ser influenciadas pelas

constituições genéticas dos grãos e influenciadas pelas

condições ambientais de sua produção, bem como pela

interação de ambos (OLIVEIRA et al., 2012).

Outro caractere que afeta a aceitação das cultivares do

feijão é a cor do tegumento do grão, pois há uma associação de

que todo feijão de fundo mais escuro é considerado feijão

velho e de difícil cozimento, característica essa mais visível no

feijão carioca. Para os consumidores, grãos com coloração

mais clara são tidos como macios, com preparo rápido e

produção de caldo espesso, bem como de bom sabor e textura

(BASSINELLO et al., 2003). Contudo, o que nem todos os

consumidores sabem é que existem genótipos de feijão que

apresentam a cor bem clara e essa tonalidade persiste durante o

armazenamento, e outras que, pouco tempo após a colheita,

apresentam escurecimento dos grãos sem associação direta

com o tempo de cozimento (SIQUEIRA, 2013).

2.7 ALTERAÇÕES DURANTE O ARMAZENAMENTO

QUE REDUZEM A QUALIDADE TECNOLÓGICA DO

FEIJÃO

Assim que o feijão é colhido, inicia-se o processo de

escurecimento enzimático do tegumento com conseqüente

endurecimento natural do grão, isso ocorre devido à oxidação

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56

de compostos fenólicos pelas enzimas Peroxidase (PER) e

Polifenoloxidase (PFO) resultando na formação de pigmentos

escuros e causando o endurecimento do grão (WHITEHEAD e

SWARDT, 1982). Esse processo é acumulativo e irreversível e

se o armazenamento não for adequado as características de

qualidade tecnológica são reduzidas, levando a perdas de

qualidade dos grãos que serão comercializados.

A estocagem em condições inadequadas (alta

temperatura e umidade) resulta em aumento do tempo de

cocção e aumenta a dureza final dos grãos de feijão (YOUSIF

et al., 2002). Além destas alterações, o armazenamento provoca

modificações de coloração dos grãos e do caldo, tornando-os

menos aceitáveis pelos consumidores (MORAIS et al., 2010).

Estas características podem ser alteradas durante o

armazenamento e podem ser ainda mais reduzidas se

armazenadas em condições inadequadas de alta temperatura

(acima de 30ºC) e umidade (acima de 50%) (BASSINELO,

2003 e RESENDE et al., 2008).

No entanto, o armazenamento de feijão geralmente é

realizado em condições ambientais não controladas, com alta

temperatura e umidade relativa dependendo das condições do

ambiente e do local (região) aonde os grãos serão armazenados

(SANTOS et al., 2005). Condições controladas (refrigeração ±

5ºC) de armazenamento são essenciais para a preservação da

qualidade do grão (SCHOENINGER et al., 2013). Assim, grãos

armazenados em condições de alta temperatura e umidade

relativa tornam-se endurecidos e resistentes ao cozimento

devido principalmente a um defeito chamado “hard-to-cook”

(HTC).

O defeito hard-to-cook (HTC) difere do hardshell, que se

refere à impermeabilidade do tegumento á absorção de água,

isto é os grão falham durante o processo de absorção (grãos

duros), enquanto que no defeito hard-to-cook os grãos são

capazes de absorver água, mas os cotilédones não amaciam

durante o processo de cozimento, sendo necessário aumento do

Page 57: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

57

tempo de cozimento para que ocorra esse amaciamento,

aumento esse que acarreta uma menor aceitação pelo

consumidor, bem como, diminuição do valor nutritivo pela

perda de vitaminas e minerais, teor de proteína, alterações de

sabor, perda de consistência do caldo e modificações da cor dos

grãos (REYES-MORENO; PAREDES-LOPES, 1993; LIU,

1995; BRAGANTINI, 2005; BOURNE, 1967; VINDIOLA et

al., 1986).

Dentre os fatores ocasionados durante o armazenamento

o escurecimento do tegumento (cor) é a característica mais

visível. Os consumidores presumem que grão de feijão com

tegumento escuro requer maior tempo de embebição e

cozimento e são menos palatáveis quando comparadas com os

grãos recém colhidos (JACINTO-HERNÁNDES et al., 2011).

Existe pelo menos três tipos de fenótipos para o escurecimento

pós-colheita: (1) grão que não apresentam o fenômeno de

escurecimento, (2) grãos que apresentam escurecimento lento e

(3) grão com velocidade de escurecimento regular. Feijão com

escurecimento regular tendem a apresentar padrões de

qualidade mais baixos, devido a se aparentarem mais velhos

em comparação com aquele que não sofrem o fenômeno de

escurecimento ou que apresentam escurecimento lento.

Quanto ao teor nutricional os resultados das pesquisas

mostram que qualidade nutricional do grão cru não é

comprometida com o envelhecimento, salientando que a perda

do teor nutricional vem após o cozimento devido ao maior

tempo de fervura do grão ocasionado pelo defeito hard-to-cook

(HTC) favorecido durante o armazenamento inadequado

(ELSADR, 2011; RIBEIRO et al., 2008; WASSIMI et al.,

1988).

Diante disso, a pesquisa tem buscado metodologias que

permitam caracterizar precocemente as cultivares de feijão

quanto à tolerância ao armazenamento, e avaliar de forma mais

rápida as modificações ocorridas em pós-colheita, combinando

Page 58: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

58

os principais fatores que influenciam estas modificações

(tempo, temperatura e umidade relativa do ambiente).

Entre estas metodologias, a mais utilizada e tem sido

empregada por diversos autores é aquela que promove o

envelhecimento acelerado (40ºC e 76%UR) dos grãos

(SEVIDANIS et al., 2014; SCHOENINGER et al., 2013;

COELHO et al., 2009; RESENDE et al., 2008; SHIGA et al.,

2003; BRACKMANN et al., 2002).

Estudos realizados por Coelho et al. (2009) avaliando a

dureza dos grãos concluíram que um tempo de cerca de 20 dias

de envelhecimento acelerado do feijão (temperatura 40°C e

umidade relativa de 76%) é equivalente a um ano de estocagem

em condições naturais.

Page 59: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

59

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77

3 QUALIDADE TECNOLÓGICA DE GRÃOS EM

CULTIVARES CRIOULAS DE FEIJÃO

PROVENIENTE DE SISTEMA DE CULTIVO

ORGÂNICO

3.1 RESUMO

O feijão é um dos mais importantes alimentos produzidos em

todo o território nacional, sendo intensa a busca por cultivares

adaptadas ao local de cultivo e com boas características

culinárias. Sabe-se que existe uma ampla diversidade para as

cultivares crioulas de feijão, mas pouco é explorado o

comportamento dessas cultivares quando produzidas em

sistema de cultivo orgânico. O objetivo deste trabalho foi

avaliar a qualidade tecnológica de grãos de cultivares crioulas

de feijão produzidos em sistema de cultivo orgânico. Foram

utilizados 26 cultivares sendo 4 comerciais e 22 crioulas. Os

grãos foram produzidos sob os princípios do sistema de cultivo

orgânico e convencional em dois ambientes. De maneira geral

os grãos produzidos sob o sistema de cultivo orgânico

apresentaram qualidade tecnológica superior ou semelhante

para a maioria das cultivares avaliadas em ambos os ambientes.

Os menores tempo de cozimento foram obtidos nos grãos

produzidos no sistema orgânico (18 minutos (ambiente 1) e 22

minutos (ambiente 2)). As cultivares que tiveram percentual de

grãos inteiros entre 60-80% foram as que tiveram maior teor de

sólidos solúveis totais no caldo. Dentre as 26 cultivares

avaliadas, as identificadas como BAFs: 60, 23, 81, 13, 68, 55,

75 e 36 foram as que se destacaram quanto a qualidade

tecnológica para todas as variáveis avaliadas, podendo ser

indicado para o uso direto pelos agricultores na região.

Palavras-Chave: Phaseolus vulgaris L., qualidade para

cozimento, agroecologia, diversidade genética

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78

3.2 ABSTRACT

The common bean are one of the most important foods

produced throughout the national territory, with intense the

search for cultivars adapted to the local cultivation and with

good culinary characteristics. There is a wide diversity in the

landrace common beans cultivars, but little is known about the

behavior of these cultivars when grown in organic system. The

objective of this work was to evaluate the technological quality

of landrace common beans cultivars grown under organic

farming system. 26 cultivars were used, being selected 22

landrace bean cultivars and 4 commercial varieties. The grains

were produced under the principles of organic and

conventional crops in two environments. In general, the grain

produced under organic farming system showed superior

technological quality or similar for most cultivars in both

environments. The smaller cooking time were obtained in the

grains produced in the organic system (18 minutes

(environment 1) and 22 minutes (environment 2)). The

percentage showing cultivars of whole grains 60-80% were

those who had higher levels of total soluble solids in the broth.

Among the 26 cultivars, those identified as BAFs: 60, 23, 81,

13, 68, 55, 75 and 36 were the ones that stood out most in

technological quality for all evaluated variables, which may be

suitable for direct use by farmers in the region.

Key-words: Phaseolus vulgaris L., cooking time, agroecology,

genetic diversity

3.3 INTRODUÇÃO

O feijão está presente nas refeições diárias de grande

parte dos brasileiros, constituindo um dos mais importantes

alimentos da dieta alimentar pela sua excelente fonte

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79

nutricional. No entanto, seu consumo tem diminuído

anualmente (1,3% ao ano) devido ao restrito tempo disponível

para o preparo das refeições, fazendo com que a pesquisa

explore cada vez mais cultivares com boas características

culinária e principalmente adaptadas ao local de cultivo

(FARINELLI; LEMOS, 2010; WANDER; FERREIRA, 2014).

As características relacionadas ao cozimento e pós-

cozimento são fatores fundamentais da aceitação de uma

cultivar no mercado. O menor tempo de cocção, por exemplo,

além de significar economia de tempo e energia (COSTA et al.,

2001), proporciona menor perda de nutrientes para o caldo

(WASSIMI et al., 1988).

Anualmente, a pesquisa promove a divulgação de

cultivares com boas características tecnológicas dos grãos de

acordo com a preferência do mercado consumidor, entre elas,

tamanho, formato, coloração do tegumento antes e após o

cozimento, menor presença de grãos com casca dura e menor

tempo de cozimento. Essas características são determinadas

pelo genótipo e influenciadas pelas condições do ambiente

durante o desenvolvimento da planta e dos grãos (ZILIO et al.,

2014; CARBONELL et al., 2003; DALLA CORTE et al., 2003;

RIBEIRO et al., 2008).

No que se refere à influência do genótipo sobre as

características de qualidade tecnológicas sabe-se que existe

uma grande diversidade, para o tempo de cozimento a

diversidade encontrada na literatura é entre 13,5 a 100,3

minutos (CARNEIRO et al., 1999ab; SCHOLZ; FONSECA

JÚNIOR, 1999 ab; ZILIO et al., 2014, BORDIN et al., 2010,

RODRIGUES et al., 2005; CARBONELL et al., 2003; DALLA

CORTE et al., 2003). Essa variabilidade pode ser de origem

genética, mas também de grande influência ambiental durante

o desenvolvimento dos grãos até o cultivo (CARBONELL et

al., 2003).

De acordo com Lam-Sanchez et al. (1990), as diferentes

situações climáticas afetam as características de hidratação e o

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80

tempo de cozimento dos grãos das cultivares de feijão

avaliadas. Os autores observaram uma incidência maior de

grãos com casca dura na época “da seca” para as cultivares

Ayso (7,4%) e Carioca-80 (19,5%). No entanto, na época “das

águas”, a porcentagem destes grãos foi quase nula, com apenas

a cultivar Paraná-1 apresentando 4,5% de grãos duros. A

ocorrência de grãos duros, sem a capacidade de absorção de

água durante o processo de embebição, é conhecida como

situações de estresse hídrico (seca e altas temperaturas),

próximas à época de colheita (CARBONELL et al., 2003).

Resultados semelhantes foram obtidos por Scholz &

Fonseca Junior (1999b), que avaliando oito genótipos em três

ambientes para tempo de cozimento, capacidade de absorção

de água, sólidos solúveis totais no caldo e grãos inteiros após

cozimento concluíram que na análise tecnológica há efeitos de

ambientes, genótipos e de interações genótipo x ambiente. Os

autores verificaram que o tempo de cozimento apresentou

correlação significativa e negativa com a concentração de

sólidos solúveis totais no caldo após o cozimento, indicando

que esta característica provavelmente está associada com

características do tegumento de cada genótipo.

Essa diversidade também pode ser observada na

capacidade de absorção de água dos grãos, que segundo Souza

(2003) é influenciado por diversas características como a

permeabilidade do tegumento, temperatura e composição

química. Os fatores genéticos também podem afetar capacidade

de hidratação, pois a interação cultivar x tempo de embebição

foi constatado em diversos trabalhos encontrados na literatura

(BORDIN et al., 2010; RODRIGUES et al., 2004). Essa ampla

interação precisa ser cada vez mais estuda e explorada pela

pesquisa, permitindo que essas informações sejam utilizadas

tanto nos programas de melhoramento quanto para o próprio

agricultor.

Sabe-se que o cultivo do feijão em Santa Catarina é

caracterizado na sua maioria pela produção em pequena e

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81

média propriedade onde muitas vezes novas tecnologias e

cultivares não chegam de forma adequada a este sistema de

cultivo. O uso de genótipos crioulos adaptados ao seu local de

cultivo é cada vez mais uma alternativa viável para obter

produções satisfatórias e resgatar características importantes

perdidas ao longo do processo de melhoramento, bem como a

importância do resgate e a caracterização adequada dessas

variedades atuando como papel estratégico no desenvolvimento

de sistemas de base ecológica como segue os princípios da

produção orgânica (CONAB, 2013).

Cada vez mais tem-se uma crescente busca e interesse

pelos agricultores pelo sistema de cultivo orgânico, visando

principalmente o aumento da rentabilidade e a melhoria da

qualidade de vida no meio rural (CUNHA et al., 2011),

fazendo-se necessário gerar mais informações em relação ao

comportamento das cultivares crioulas nesse sistema de cultivo

potencializando o uso destes recursos pelo próprio agricultor e

ampliando também a possibilidade de manejo e a conservação

da agrobiodiversidade (COELHO et al., 2007).

O que já se sabe é que existe uma ampla diversidade

entre as cultivares crioulas de feijão que são mantidos em uso

pelos próprios agricultores em pequenas e médias propriedades

(COELHO et al., 2009; PEREIRA et al., 2011), mas ainda

pouco se conhece a respeito das características tecnológicas

dessas cultivares quando produzidos em diferentes ambientes e

no sistema de produção orgânica.

Diante disso, o objetivo desse trabalho foi avaliar a

qualidade tecnológica dos grãos em cultivares crioulas e

comerciais de feijão produzidas em dois ambientes sob o

sistema de cultivo orgânico.

3.4 MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na estação experimental

da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de

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Santa Catarina – Epagri, no município de Campos Novos / SC

(27°23’24” Sul, 51°12’58” Oeste e 940 m de altitude). Esta

área já é manejada segundo os princípios do sistema de cultivo

orgânico.

Os grãos foram produzidos em duas safras

considerando a primeira safra (2012/2013) como Ambiente 1

com a produção durante os meses de outubro/2012 a

fevereiro/2013 tanto para o cultivo orgânico quanto

convencional e a segunda safra (2013/2014) como Ambiente 2

com a produção durante os meses de novembro/2013 a

fevereiro/2014 produção no sistema convencional e de

dezembro/2013 à março/2014 no cultivo orgânico.

O delineamento utilizado a campo foi de blocos ao

acaso com quatro repetições. As parcelas foram constituídas de

quatro linhas de quatro metros, espaçada 0,5 m cada uma, com

densidade de 15 sementes m-1

. A área útil de cada parcela foi

composta por duas linhas centrais, excluindo 0,5m de cada uma

das extremidades.

Para a produção orgânica foram utilizadas aveia branca

(Avena sativa) e ervilhaca (Vicia sativa) nas densidades de 50

kg ha-1

e 30 kg ha-1

respectivamente, semeadas a lanço, para

implementação de cobertura de inverno. Para adubação foi

utilizado 5.000 kg ha-1

de esterco de cama de aves, sendo 1/3

na base e 2/3 na cobertura. Para o manejo de pragas e doenças

foram utilizados 0,5% de óleo de Nim, na fase inicial e depois

1% até o final do ciclo. Juntamente com óleo de Nim foi

aplicado extrato de pimenta plantil plus - 40 mL/20L e mais

terra diatomácea a 1% para repelência de insetos sempre que

foi necessário. Para o controle de ervas espontâneas foi

realizada quatro capinas durante todo o ciclo.

No manejo da área convencional também foram

utilizadas as espécies de aveia branca (Avena sativa) e

ervilhaca (Vicia sativa) como cobertura nas densidades de 50

kg ha-1

e 30 kg ha-1

respectivamente, semeadas a lanço, para

implementação de cobertura de inverno. Para adubação foi

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83

utilizado adubo químico solúvel (5-25-25) no momento da

semeadura na dosagem de 400 kg ha-1

e 15 dias após a

emergência das plantas foi realizada adubação de cobertura

com uréia (45-00-00) na dosagem de 80 kg/ha, divididas em

duas épocas de aplicação (V3 e V6).

Um total de vinte e seis cultivares de feijão foram

utilizadas, onde 22 são cultivares crioulas e 4 variedades

comerciais (Tabela 1 e Figura 1). Estas foram selecionadas

previamente quanto às características de diversidade genética

associadas aos componentes morfo-agronômicas, de qualidade

tecnológica e potencial fisiológico das sementes ao longo de

sete safras de autofecundação (ZILIO et al., 2014; PREZZI et

al., 2014; ZILIO et al., 2013; PEREIRA et al., 2011; BORDIN

et al., 2010; COELHO et al., 2010a; COELHO et al., 2008).

Figura 1 - Identificação e imagens das cultivares crioulas e comerciais de

feijão (Phaseolus vulgaris L.) utilizadas nos experimentos.

Fonte: produção do próprio autor.

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Tabela 1 - Identificação e origem das cultivares crioulas e comerciais de

feijão (Phaseolus vulgaris L.) utilizados nos experimentos.

Nome acesso Nome origem Local origem

BAF03 Manchinha Palmitos/SC

BAF04 Amendoim Lages Lages/SC

BAF07 Preto Lages Lages/SC

BAF13 Taquara Caxanbú do Sul/SC

BAF23 Preto Chapecó Chapecó/SC

BAF36 Rasga São José do Cerrito/SC

BAF42 Vagem Branca Capão Alto/SC

BAF44 Vermelho Capão Alto/SC

BAF46 Sem nome Lages/SC

BAF47 Preto (Precoce) Piratuba/SC

BAF 50 Carioca Brilhante Lebom Régis/SC

BAF 55 Preto Cunha Porã/SC

BAF 57 Preto Cunha Porã/SC

BAF 60 Preto 60 dias Lebom Régis/SC

BAF 68 Vermelho Lagoa Vermelha/RS

BAF 75 Serrano Formigueiro/RS

BAF 81 Preto 70 dias Lebom Régis/SC

BAF 84 Carioca Rosado Pinheiro Machado/RS

BAF 97 Charque Iraí/RS

BAF 102 México 309 Goiânia/GO

BAF 108 Branco Recife/PE

BAF 110 SCS 202 Guará Lages/SC

BAF 112 IPR 88 Uirapuru Lages/SC

BAF 115 BRS Valente Lages/SC

BAF 120 Roxinho Lages/SC

BAF 121 IAPAR 81 Lages/SC 1BAF = número da coleção no banco ativo de germoplasma do CAV-

UDESC, Santa Catarina, Brasil. BAF’s: 110 = SCS 202 Guará; 112 = IPR 88 Uirapuru; 115 = BRS Valente; 121 = IAPAR 81, são cultivares

comerciais.

Fonte: Produção do próprio autor.

A colheita das sementes foi realizada manualmente,

com teor de água próximo a 12%, arrancando-se as plantas

individualmente da área útil, constituída pelas duas linhas

centrais da parcela em toda sua extensão, exceto 0,5 m de cada

uma das extremidades. Após a colheita realizou-se a trilha

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também manualmente com o auxílio de um bastão de madeira.

Os grãos oriundos da área útil de cada parcela foram

acondicionadas em sacos de papel e armazenadas em câmara

seca (± 10ºC e UR 45%) até o momento das análises.

As análises dos grãos foram realizadas no Laboratório

de Análise de Sementes (LAS), do Centro de Ciências

Agroveterinárias da Universidade do Estado de Santa Catarina

– CAV/UDESC. Após a colheita foi obtido a amostra de

trabalho (BRASIL, 2009) e armazenadas em câmara seca

(±10ºC e UR 45%) até o momento das análises de tempo de

cocção (TC), grãos hardshell ou grãos de casca dura (CD),

percentual de embebição antes do cozimento (PEANC),

percentual de embebição após cozimento (PEAPC), percentual

de grãos inteiros (PGI), taxa de expansão volumétrica (EV) e

teor de sólidos solúveis totais do caldo (SSTc) com três

repetições cada.

O percentual de absorção de água foi determinado

utilizando 3 repetições de 16g de grãos de feijão imersos em

100 mL de água destilada a 25°C (COELHO et al., 2008), por 8

horas (BORDIN et al., 2010), o percentual de embebição antes

do cozimento (Apêndice C) foi determinado conforme a

equação de BERRIOS et al. (1999):

Peanc (%) = Massa Úmida x Massa Seca x100 Massa Seca

O percentual de grãos normais e duros (hardshell)

foram determinados em três repetições logo após hidratação.

Nas amostras foram quantificados a fração de grãos duros e

grãos normais (Apêndice E).

Os grãos previamente hidratados (metodologia descrita

para o percentual de absorção de água) foram submetidos ao

teste de cozimento realizado através do cozedor de Mattson

(MATTSON, 1946), modificado por Proctor e Watts (1987) e

Sartori (1982), onde foram aquecidos 1 litro de água destilada

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até a fervura em recipiente com capacidade de 3 litros. Os 25

grãos previamente hidratados foram acondicionados no

cozedor, e colocados na água destilada em temperatura de

fervura (± 100 °C), cronometrando-se o tempo de cozimento

das amostras, em minutos e segundos, considerando o tempo

de cocção quando a 13ª vareta perfurou os grãos (Apêndice A).

O percentual de embebição após cozimento (PEAPC),

percentual de grãos inteiros após cozimento (PGI) e taxa de

expansão volumétrica foram realizadas de acordo com a

metodologia descrita por Carbonell et al. (2003) e adaptação

descrita por Siqueira et al. (2013), onde após os grãos

previamente hidratados foram colocados para cozinhar em

autoclave a 110°C por 15 minutos. Após o cozimento avaliou-

se o percentual de embebição através da pesagem dos grãos

(inteiros e fragmentados), obtendo-se a massa úmida após

cozimento (MUc) (Apêndice B). O cálculo para a determinação

do percentual de embebição foi realizado conforme a seguinte

fórmula:

Peapc (%) = Massa Úmida Após Cozimento x Massa Seca x100

Massa Seca

A porcentagem de grãos inteiros (PGI) foi realizada

com as mesmas amostras do PEAPC, onde após cozimento os

grãos foram contados e separados em duas porções: inteiros e

partidos (CARBONELL et al., 2003). A taxa de expansão

volumétrica (EV) foi realizada conforme método proposto por

Martin-Cabrejas et al. (1997) e adaptado por Carbonell et al.

(2003) onde após o cozimento os grãos foram retirados do

recipiente, pré-lavados com água destilada e levemente secos

em papel-toalha. As amostras foram colocadas em uma proveta

com capacidade para 500ml, contendo 250mL de água

destilada. Em seguida, mediu-se, em mL, o volume deslocado

da água (VD). A taxa de expansão volumétrica foi determinada

através do resultado da fração da matéria seca inicial dividindo

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87

pelo volume deslocado, o resultado é expresso em g/mL

(Apêndice B).

Para a determinação do teor de sólidos solúveis total do

caldo, foi utilizado o método baseado na metodologia descrita

por Sartori (1982). O processo de embebição foi realizado

conforme as metodologias descritas por Coelho et al., 2008 e

Bordin et al., 2010. Em béqueres de forma alta, foram

amostradas 16g de sementes uniformes e inteiras, obtendo-se,

deste modo, a massa seca das sementes. Após o período de

embebição, em 100 mL de água destilada por 8 horas, os

béqueres com os feijões foram cozidos em fogão a gás,

empregando-se os tempos de cozimento previamente

estabelecidos para cada cultivar nos testes de cozimento. Em

seguida, os caldos obtidos com a cozimento foram filtrados,

sendo coletados em béqueres de massa conhecida, utilizando-se

como instrumento de filtração uma peneira com 0,70 mm de

abertura. Durante a filtração, os feijões e os recipientes onde

foram realizados os cozimentos foram lavados com água

destilada até completa extração dos sólidos solúveis, sendo a

água de lavagem recolhida juntamente com o caldo. Os

béqueres com os caldos foram secos em estufa com circulação

de ar forçado, a 60ºC. Após a secagem completa do caldo, os

béqueres com os sólidos foram novamente pesados (peso

final). Os teores de sólidos solúveis totais no caldo foram

determinados por diferença em relação ao peso final a massa

do béquer e o resultado disso dividido pela matéria seca inicial,

o resultado é expresso em porcentagem (Apêndice D).

Todas as variáveis avaliadas foram submetidas à análise

de variância pelo teste F. As comparações entre os valores

médios, de cada uma das variáveis analisadas, nos diferentes

genótipos em cada local de cultivo, foram efetuadas pelo teste

de Scott-Knott e entre os locais, para cada genótipo, pelo teste

de Tukey. Também foi realizado análise de correlação simples

de Pearson para todas as variáveis a fim de identificar

possíveis correlações entre elas. Para todos os testes foi

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88

considerado o nível de 1% e 5% de significância. Os testes

foram realizados através dos programas estatísticos SAS® 9.1.3

e GENES (SAS INSTITUTE, 2007; CRUZ, 2006).

3.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Através da análise de variância observou-se que na

primeira safra (Ambiente 1) que houve interação significativa

entre genótipos, sistemas de cultivo (orgânico e convencional)

e a interação entre o sistema de cultivo e genótipos para todas

as variáveis avaliadas, com exceção ao percentual de grãos

hardshell (casca dura) que não apresentou efeito significativo

entre os sistemas de cultivo (Tabela 2).

Tabela 2 - Resumo da análise de variância referente à qualidade

tecnológica dos grãos de cultivares crioulas e comerciais de feijão

proveniente do cultivo orgânico e convencional no Ambiente 1 (safra 2012/2013).

Fontes de

Variação GL

VARIÁVEIS (F)1

TC CD PEANC PEAPC SSTc EV PGI

Cultivar

(G) 25 23,87** 431,16** 69,64** 25,49** 436,31** 114,12** 52,89**

Sistemas

(S) 1 23,88** 0,01ns 37,84** 61,39** 89,99** 265,74** 8,54**

G X S

25 10,85** 0,40* 10,03** 11,54** 12,35** 77,17** 2,78**

MÉDIA 24,35 4,51 93,11 132,46 9,33 0,49 75,53

CV (%) 5,21 23,09 2,58 3,61 2,25 1,67 3,30 1(TC) tempo do cocção, CD grãos harshell, (PEANC) percentual de

embebição antes do cozimento, (PEAPC) percentual de embebição após

cozimento, (SSTc) sólidos solúveis totais do caldo, (EV) taxa de expansão

volumétrica, (PGI) percentual de grãos inteiros antes do cozimento. * e **

significativo a 5 e 1%, respectivamente e ns é não significativo pelo teste F.

Fonte: produção do próprio autor.

Na segunda safra (Ambiente 2) observou-se interação

semelhante a encontrada no Ambiente 1, onde todas as

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89

variáveis, com exceção ao percentual de grãos hardshell (casca

dura), apresentaram interação tanto para sistemas de cultivo e

para cultivares, indicando alta diversidade genética para estas

características conforme a analise de variância (Tabela 3).

Tabela 3 - Resumo da análise de variância referente à qualidade

tecnológica dos grãos de cultivares crioulas e comerciais de feijão

proveniente do cultivo orgânico e convencional no Ambiente 2 (safra

2013/2014).

Fontes de

Variação GL

VARIÁVEIS (F)1

TC CD PEANC PEAPC SSTc EV PGI

Cultivar

(G) 25 34,08** 49,90** 76,60** 44,22** 222,90** 39,02** 28,75**

Sistemas

(S) 1 807,1** 0,61ns 40,08** 15,27** 53,05** 64,02** 263,9**

G X S

25 17,45** 1,66* 5,66** 5,86** 7,96** 17,12** 4,03**

MÉDIA 31,50 4,93 91,74 127,61 8,20 0,48 82,74

CV (%) 4,88 51,54 3,33 4,50 3,51 4,37 3,48 1(TC) tempo do cocção, CD grãos harshell, (PEANC) percentual de

embebição antes do cozimento, (PEAPC) percentual de embebição após

cozimento, (SSTc) sólidos solúveis totais do caldo, (EV) taxa de expansão

volumétrica, (PGI) percentual de grãos inteiros antes do cozimento. * e **

significativo a 5 e 1%, respectivamente e ns é não significativo pelo teste F.

Fonte: produção do próprio autor.

Para a variável tempo de cocção (TC) observou-se

interação significativa entre as cultivares avaliadas, sistema de

cultivo (orgânico e convencional) e a interação entre as duas

fontes de variação tanto no Ambiente 1 (safra 2012/2013) e

Ambiente 2 (safra 2013/2014). Dessa forma, desdobrou-se os

resultados por ambiente nos gráficos 2A e 2B respectivamente

para determinar a resposta dentro de cada ambiente de cultivo

(Figura 2A e 2B).

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90

Figura 2 - Tempo de cocção (minutos) dos grãos de cultivares crioulas e

comerciais de feijão avaliados em dois sistemas de cultivo (orgânico e

convencional) no Ambiente 1 (A) e Ambiente 2 (B).

Médias seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre cultivar pelo

teste de Scott Knott e * representa a diferença significativa entre os sistemas

de cultivo para cada cultivar, pelo teste de Tukey em nível de 5% de

probabilidade.

Fonte: produção do próprio autor.

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91

No Ambiente 1 observou-se um tempo médio de cocção

de 24,5 minutos e no Ambiente 2 de 31,50 minutos. No

Ambiente 2 o aumento no tempo de cozimento foi evidenciado

tanto no sistema de cultivo orgânico como no convencional

(Figura 2A e 2B). As cultivares que mais contribuíram para

esse aumento foi os grãos provenientes das cultivares crioulas

BAFs: 84, 97, 44, 47 e 57 (aumento médio de 11 minutos) e as

variedades comerciais 112, 121 e 110 (aumento médio de 18

minutos). Esta ocorrência pode estar relacionada com a maior

precipitação acumulada na fase que compreende a maturidade

fisiológica até a colheita, que correspondeu a 150 mm, com

temperatura média próxima à 25ºC (orgânico) e 114 mm, com

temperatura média próxima à 31ºC (convencional) no

Ambiente 2 enquanto que no Ambiente 1 a precipitação

acumulada foi de 5,10 mm e temperatura máxima média

próxima a 27ºC (orgânico e convencional). Isto significa que a

diversidade genética contribuiu para a maior tolerância a

situação de estresse em pré-colheita.

Resultado semelhante foi encontrado por Carbonell et

al. (2003), onde o maior tempo de cozimento foram para as

cultivares cultivadas na época das águas (com maior

precipitação durante a fase de pré-colheita). Segundo,

Carbonell et al. (2003), a maior precipitação pluvial

provavelmente teria ocasionado alterações na qualidade

fisiológica dos grãos de feijão, modificando a integridade do

tegumento e a absorção de água. Farinelli e Lemos (2010)

estudando 24 genótipos de feijão em três épocas verificaram

que os tempos de cozimento foram maiores na safra que ele

considerou das “águas” do que na safra considerada de “seca”.

A variação encontrada no tempo de cozimento no

Ambiente 1 foi de 18,33 minutos (BAF 102) à 47,33 minutos

(BAF 57) e no Ambiente 2 aonde a precipitação foi maior em

ambos os sistema de cultivo a variação foi de 22,69 minutos

(BAF 60) à 48,55 minutos (BAF 57) (Figura 2). Zilio et al.,

2014 avaliando os mesmos genótipos em diferentes locais de

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92

cultivo na safra 2010/2011 encontrou uma variação ainda

maior, em Anchieta foi de 43 à 77,5 minutos. Em Joaçaba a

variação foi de 26 à 51 minutos e em Lages (SC) a variação foi

de 28,5 à 49,5 minutos.

As cultivares BAFs: 36, 46, 47, 57 e 68 diferiram entre

sistema de cultivo no Ambiente 1 (Figura 2A), no Ambiente 2 a

maioria das cultivares apresentaram efeito significativo entre

os sistemas de cultivo, com exceção dos BAFs: 46, 75, 108 e

115 (Figura 2B). Quando comparou-se os dois sistemas de

cultivo em ambos ambientes observou-se que os melhores

tempo de cocção foram encontrados nos BAFs: 102 (18,33

minutos) e 112 (18,70 minutos) no Ambiente 1 tanto no cultivo

orgânico quanto no convencional e os BAFs: 60, 23, 4, 81 13,

68, 112, 121 no Ambiente 2 no sistema de cultivo orgânico. O

tempo de cocção foi menor no sistema de cultivo orgânico (24

e 28 minutos) quando comparada com o sistema convencional

(25 e 35 minutos) nos dois ambientes (Figura 3).

Figura 3 - Tempo de cocção dos grãos de cultivares crioulas e comerciais

de feijão proveniente do sistema de cultivo orgânico e convencional em dois

ambientes.

Médias seguidas de letras maiúsculas iguais não diferem entre si entre

sistema de cultivo no mesmo ambiente e mesma letra minúscula não diferem entre si levando em consideração os dois ambientes e os sistemas

de cultivo em nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

Fonte: produção do próprio autor

Page 93: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

93

Outra forma de classificar quanto a resistência ao

cozimento é a distribuição em classes conforme proposto por

Proctor e Watts (1987) (Tabela 4).

Tabela 4 - Classes de resistência ao processo de cozimento no feijão.

Nível de resistência Tempo para cozimento

(minutos)

Muito suscetível < 16

Susceptibilidade média 16 – 20

Resistência normal 21 – 28

Resistência média 20 – 32

Resistente 33 – 36

Muito resistente > 36

Fonte: Proctor e Watts (1987)

No Ambiente 1, no sistema de cultivo orgânico

observou-se que 23,08% dos grãos das cultivares crioulas e

comerciais (BAFs: 102, 84, 112, 75, 60 e 115) apresentaram

tempo de cocção entre 16 e 20 minutos considerado como

susceptibilidade média e 65,38% foram classificados como

resistência normal (BAFs: 55, 81, 13, 121, 110, 42, 68, 97, 4,

36, 23, 50, 120, 44, 3, 108 e 46), classes essas adequadas ás

exigências dos consumidores. Apenas 3 cultivares (11,34%)

ficaram classificadas como resistência média (BAFs: 7, 47 e

57) indesejáveis as exigências dos consumidores (Figura 4).

Já no sistema de cultivo convencional no mesmo

Ambiente 1, observou-se que 26,92% das cultivares (BAFs:

115, 112, 102, 36, 60, 121 e 75) foram classificadas como

susceptibilidade média e 57,60% (BAFs: 84, 55, 4, 13, 42, 81,

110, 68, 23, 3, 44, 50, 46, 120 e 108) ficaram classificadas

como resistência normal atendendo as exigências do

consumidor. Das 26 cultivares avaliadas, 15,48% ficaram

classificadas como resistência média (BAFs: 97 e 7) e muito

resistente (BAFs: 47 e 57) indesejável pelo consumidor (Figura

4).

Page 94: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

94

Figura 4 - Distribuição de freqüência das classes de resistência ao

cozimento pela classificação de Proctor e Watts nos grãos de cultivares

crioulas e comerciais de feijão produzidos no sistema de cultivo orgânico e

convencional em dois ambientes.

MS (muito suscetível), SM (susceptibilidade média), RN (resistência

normal), RM (resistência média), R (resistente), MR (muito resistência). Fonte: produção próprio autor

Page 95: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

95

Quanto às classes de cozimento observou-se que os

grãos produzidos no sistema de cultivo orgânico ficaram

enquadrados na sua maioria até as classes de resistência normal

em ambos os ambientes, adequada às exigências dos

consumidores enquanto no cultivo convencional os grãos

ficaram na sua maioria até a classe de muito resistente,

indesejável ao consumidor, proporcionando gasto de tempo e

energia (Figura 4).

As cultivares crioulas que apresentaram superioridade

quanto as classes de resistência foram os BAFs: 102, 84, 75 e

60 e as variedades comerciais 112 e 115 no Ambiente 1,

ficando enquadradas nas classes de susceptibilidade média

(Figura 4).

Durante o processo de embebição, observou-se que

40% das cultivares apresentaram sementes duras, fato esse

conhecido na produção de grãos/sementes em situação de

estresse hídrico (seca e temperaturas altas) próximos a época

de colheita, em momentos pontuais (Carbonell et al., 2003).

Nesse estudo a presença de grãos hardshell não foi

influenciado pelo sistema de cultivo (orgânico e convencional)

e nem pelo ambiente, apenas pela cultivar. O percentual médio

em ambos os ambientes foram de 4,71% e 4,93% para o

Ambiente 1 e 2 respectivamente (Figura 5A e 5B ).

As cultivares (BAFs: 44, 07, 03, 84, 47, 50, 108, 102,

57, e 81 (crioulo) e 115 e 121 (comerciais)) que apresentaram o

defeito hardshell foram coincidentes nos dois ambientes e nos

dois sistemas de cultivo (orgânico e convencional) com

exceção aos BAF 97 (crioulo) e 110 (comercial) que

apresentaram esse defeito apenas no ambiente 2, o que

evidencia mais uma vez o efeito do genótipo sobre essas

características de defeito hardshell (Figura 5A e 5B).

Resultado semelhante foi encontrado por Oliveira et al. (2012)

que observou que os defeitos de hardshell foram apenas entre

cultivar.

Page 96: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

96

Figura 5 - Percentual de grãos hardshell dos grãos de cultivares crioulas e

comerciais de feijão produzidas no sistema de cultivo orgânico e

convencional no Ambiente 1 (5A) e Ambiente 2 (5B).

Fonte: produção próprio autor

5A

5B

Page 97: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

97

Nesse estudo não foi possível observar diferenças do

defeito hardshell nos grãos entre clima, porque apesar de

apresentar maior deficiência hídrica na fase de pré-colheita

(5,10mm - Ambiente 1 (dois sistema de cultivo) e 150 mm

(orgânico - Ambiente 2) e 114 mm (convencional - Ambiente

2) não houve diferença no acumulado durante a floração e pré-

colheita para ambos os sistemas de cultivo (Figura 6), não

podendo com isso inferir o efeito de clima conforme foi

constatado por Ribeiro et al. (2008), que evidenciou essa

diferença e observou maior percentual de grãos hardshell nos

grãos que sofreram estresse hídrico entre a floração e pré-

colheita quando comparados ao ambiente aonde houve melhor

distribuição das chuvas durante essas fases, mesmo ocorrido

deficiência hídrica em período próximo a colheita.

As cultivares que apresentaram defeito hardshell acima

de 5% foram os BAFs: 44, 7, 3, 84 e 47 (Ambiente 1) e BAFs:

44, 7, 3, 84, 47, 50, 57 e 97 (Ambiente 2).

Nas Figuras 5A e 5B foi possível observar que 50% das

variedades comerciais estudadas (BAFs: 110, 115 e 121)

apresentaram grãos hardshell entre ± 2%, semelhante ao

observado por Ramos Junior et al. (2002) que avaliando

cultivares comerciais de feijão observou que os grãos

denominados duros, sem a capacidade de absorver água

apresentaram em torno de 0,1 a 1,2%, salientando que as

variedades comerciais podem também apresentar este defeito,

mesmo após o processo de melhoramento.

Por outro lado nesse estudo, foi possível caracterizar 11

cultivares crioulas (BAFs: 4, 13, 23, 36, 60, 42, 46, 55, 68, 75 e

81) superiores, que não apresentaram o defeito de grãos com

casca dura, independente do ambiente (Ambiente 1 e Ambiente

2) e do sistema de cultivo (orgânico e convencional).

Essas cultivares crioulas que apresentaram resistência

aos defeitos hardshell podem ser indicadas para programas de

melhoramento, bem como, utilização direta dessas cultivares

pelos agricultores.

Page 98: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

98

Figura 6 - Precipitação (mm), temperatura média e máxima acumulados da

floração-colheita no Ambiente 1 (safra 2012/2013 - A) e Ambiente 2 (safra

2013/2014 -- B e C) no sistema de cultivo orgânico e convencional no

município de Campos Novos (SC)

A (Floração - Colheita: 322mm (acum chuva) e 27°C; Pré-colheita: 5,10mm

e 27°C); B (Floração – Colheita: 304mm (acum chuva) e 28°C; Pré-

colheita:114 mm e 30°C); C (Floração – Colheita: 311mm (acum chuva) e

26°C; Pré-colheita: 150mm e 24°C)

Fonte: Epagri/Ciram (2014).

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99

Para a variável percentual de embebição antes do

cozimento verificou-se no Ambiente 1 uma variação de 72,01%

(BAF 44) a 103,83% do BAF 97 (Tabela 5) nos grãos

produzidos no sistema de cultivo orgânico. No sistema

convencional a variação foi de 73,67% (BAF 44) a 108,54%

(BAF 97).

No Ambiente 2 a variação foi maior, 65,02% (BAF 97)

a 105,86% (BAF 120) no sistema orgânico e no sistema

convencional foi de 67,24% (BAF 97) a 109,50% (BAF 23)

(Tabela 4). Resultados semelhantes foram encontrados por

Bordin et al. (2010) que avaliando cultivares crioulas e

comerciais verificou-se variação entre 69,8% a 96,3% na safra

2007/2008 avaliando as mesmas cultivares desse estudo.

No Ambiente 1 observou-se que 77% das cultivares

apresentaram capacidade de hidratação acima de 90% em

ambos os sistemas de cultivo. Destes 11% e 19% foram

superiores a 100% na capacidade de absorção de água, com

destaque aos BAFs: 46, 97 e 120 e BAFs: 23, 42, 46, 84, e 97

para os cultivos orgânico e convencional respectivamente.

Apenas 7% das cultivares apresentaram a capacidade de

absorção de água abaixo de 80% (BAFs: 03, 07, 44) (Tabela 5).

No Ambiente 2, observou-se que 65% e 77% das

cultivares apresentaram capacidade de hidratação acima de

90% em ambos os sistemas de cultivo, destes 15% e 19%

foram superiores a 100%, com destaque aos BAF 36, 55, 75 e

120 e BAF 13, 23, 46, 60, 75 e 120 no cultivo orgânico e

convencional respectivamente (Tabela 5).

Zilio et al. (2014) encontraram uma variação maior

estudando as mesmas cultivares em diferentes locais, em

Joaçaba a variação no percentual de absorção de água foi 102%

(BAF 36) a 43,20% (BAF 50) em 2009/2010 e 103% (BAF

120) a 59,3% (BAF 13) na safra 2010/2011. Em Lages, a

variação foi 104% (BAF 121) a 32,9% (BAF 192), 2009/2010

e 109,9% (BAF 112) a 44,7% (BAF 84) na safra 2010/2011.

Page 100: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

100

Tabela 5 - Médias do percentual de embebição antes do cozimento

(PEANC) dos grãos de cultivares crioulas e comerciais de feijão avaliados

em dois sistemas de cultivo (orgânico e convencional) e em dois ambientes.

BAF

Ambiente 1 Ambiente 2

Orgânico Convencional Orgânico Convencional

BAF 03 78,27 D* 85,21 E 82,52 E* 94,16 D

BAF 04 93,96 B 95,91 C 94,17 C 96,85 C BAF 07 74,90 E 63,10 G* 80,12 E* 92,19 D BAF 13 93,55 B 91,48 D 99,14 B 100,83 C BAF 23 84,82 C* 101,56 B 97,15 C* 109,50 A BAF 36 96,69 B 95,20 C 104,70 A 98,44 C* BAF 42 93,96 B* 102,68 B 96,19 C 99,96 C BAF 44 72,01 E 73,67 F 69,80 F 71,68 F BAF 46 102,20 A* 106,25 A 96,34 C 100,19 C

BAF 47 93,27 B 95,93 C 78,52 E* 83,86 E BAF 50 83,38 C 85,77 E 73,58 F* 90,63 D BAF 55 96,00 B 96,46 C 101,00 B 98,68 C BAF 57 99,34 A 89,50 D* 83,58 E 75,53 F* BAF 60 95,71 B* 99,69 B 95,43 C* 103,16 B BAF 68 92,79 B 94,04 C 97,56 C 96,80 C BAF 75 94,11 B* 98,70 B 103,05 A* 108,42 A BAF 81 96,21 B 98,05 B 92,53 D 85,22 E*

BAF 84 82,86 C* 101,32 B 69,10 F 71,57 F BAF 97 103,83 A* 108,54 A 65,02 G 67,24 G

BAF 102 90,72 B 90,60 D 90,13 D 91,20 D BAF 108 93,67 B 94,59 C 96,74 C 97,40 C BAF 110 92,26 B 95,77 C 89,44 D 92,57 D BAF 112 93,55 B 94,80 C 95,53 C 98,93 C BAF 115 93,52 B 95,66 C 94,46 C 98,25 C BAF 120 102,28 A 99,92 B 105,86 A 103,67 B BAF 121 96,34 B 97,44 B 93,44 D* 98,60 C

MÉDIA 91,93 94,30 90,20 93,29

Médias seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre cultivar pelo

teste de Scott Knott e * representa a diferença significativa entre os sistemas

de cultivo para cada cultivar, pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.

Fonte: produção do próprio autor.

A existência de variabilidade genética para o teste de

absorção de água em grãos de feijão tem sido relatada por

diversos autores (ZILIO et al., 2014; BORDIN et al., 2010,

COSTA et al., 2001; RIBEIRO et al., 2003; CARBONELL et

Page 101: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

101

al., 2010; RODRIGUES et al., 2005a; LEMOS et al., 2004).

São várias as causas de variação para o percentual de

embebição, segundo Lemos et al. (2004), as características da

cultivar, o tempo transcorrido após a colheita, o histórico do

armazenamento, diferenças no tempo de embebição para o

teste de absorção de água e condições ambientais durante o

cultivo do feijoeiro podem influenciar na absorção de água

pelos grãos.

No entanto os resultados encontrados na literatura são

divergentes porque entre outros fatores ambientais, ainda não

existe padronização quanto à permanência dos grãos em

embebição para capacidade de absorção de água

(RODRIGUES et al. (2005a). Bordin et al. (2010) e Coelho et

al. (2008) padronizaram o tempo de embebição, bem como a

água e a temperatura utilizada, mas na literatura ainda

encontra-se diferente tempos de embebição para o teste de

capacidade de hidratação em grãos de feijão (FARINELLI;

LEMOS, 2010; OLIVEIRA et al., 2012; OLIVEIRA et al.,

2011; PERINA et al., 2010).

De acordo com Rodrigues et al., 2005 a variação na

capacidade de hidratação dos grãos é em função do genótipo e

das condições ambientais a que esses grãos são submetidos

durante o seu desenvolvimento.

Farinelli e Lemos (2010), observaram que os grãos

apresentaram menor absorção de água, na época da "seca”,

devido à alta temperatura (30°C) e ausência de chuva ocorrida

durante a maturação fisiológica. Já Ribeiro et al. 2007, 2008

observaram menor percentual de embebição antes do

cozimento quando a deficiência hídrica ocorreu entre a floração

e enchimento de grãos.

Neste trabalho observou-se que a maioria das cultivares

(70%) não apresentou diferença significativa quanto à

capacidade de absorção de água entre sistema de cultivo em

ambos os ambientes, indicando que o sistema de cultivo não

influenciou na capacidade de absorção de água pelos grãos de

Page 102: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

102

feijão e que essa característica mostrou-se mais dependente do

genótipo e do ambiente durante a fase de pré-colheita (estresse

hídrico) para aquelas cultivares susceptíveis (Tabela 5).

Para percentual de embebição após o cozimento

observou-se comportamento similar ao percentual de

embebição antes do cozimento. O aumento relativo foi de

aproximadamente 70% do percentual de embebição antes do

cozimento no Ambiente 1 em ambos sistemas de cultivo . No

Ambiente 2 observou se um aumento relativo na ordem de 72%

em ambos os sistemas de cultivos (Tabela 6).

A variação encontrada no percentual de embebição após

o cozimento (PEAPC) no Ambiente 1 foi de 109,30% (BAF

81) à 151,51% (BAF 75) para os grãos produzidos em sistema

de cultivo orgânico e em sistema convencional a variação foi

de 110,23% (BAF 44) à 155,63% (BAF 04). Para o Ambiente 2

a variação foi maior, os grãos apresentaram entre 94,87% (BAF

57) a 154,09% (BAF 112) no sistema orgânico e no sistema

convencional entre 91,77% (BAF 97) a 151,19% (BAF 04)

(Tabela 6).

A média do percentual de embebição após o cozimento

para o Ambiente 1 foi de 130,34% (orgânico) e 134,08%

(convencional) e no Ambiente 2 o aumento foi de 125,91%

(orgânico) a 129,41% (convencional) no sistema de cultivo

orgânico e convencional respectivamente (Tabela 6).

Esses resultados indicam que em média os grãos

embeberam água 1,3 vezes o seu peso após cozimento. Esses

resultados foram maiores aos encontrados por Oliveira et al.

(2012), que avaliando variedades comerciais encontrou valores

de aumento na ordem de 1%, com variação entre 95,58% à

108,36% e semelhantes aos encontrados por Perina et al.

(2010) que observou variação de 138,74% a 145,11% (1,4% de

aumento no seu peso) nos grãos de 19 variedades de feijão

pertencente ao ensaio de VCU em São Paulo.

Page 103: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

103

Tabela 6 - Médias do percentual de embebição após o cozimento (PEAPC)

dos grãos de cultivares crioulas e comerciais de feijão avaliadas em dois

sistemas de cultivo e em dois ambientes.

BAF Ambiente 1 Ambiente 2

Orgânico Convencional Orgânico Convencional

BAF 03 119,82 D 124,61 D 122,05 D 128,61 D BAF 04 148,60 A 155,63 A 146,68 A 151,19 A BAF 07 130,89 C 116,43 E* 134,13 C 140,44 B BAF 13 138,33 B 136,59 C 141,97 B 140,41 B BAF 23 138,36 B 139,76 C 148,91 A 142,34 B BAF 36 124,74 C* 146,85 B 130,75 C* 145,33 B BAF 42 122,58 C 129,70 D 122,85 D 121,95 D BAF 44 119,33 D 110,23 E* 115,10 D 103,29 F* BAF 46 127,76 C 134,80 C 119,97 D 123,24 D BAF 47 122,55 C 123,05 D 105,77 E 105,56 F BAF 50 122,97 C* 132,31 C 111,27 E* 132,44 C BAF 55 113,95 D* 135,23 C 116,95 D* 132,66 C BAF 57 111,83 D 114,55 E 94,87 E 95,30 G BAF 60 125,62 C* 143,56 C 123,79 D* 142,61 B BAF 68 124,15 C* 115,51 D 126,83 D* 149,38 A BAF 75 151,51 A 139,74 C 122,61 D* 144,52 B BAF 81 109,30 D* 135,29 C 103,24 E* 117,28 E BAF 84 118,11 D* 146,47 B 102,35 E 111,27 E BAF 97 141,62 B 137,84 C 100,78 E 91,77 G

BAF 102 139,93 B 140,51 C 137,78 C 136,62 C BAF 108 147,11 A 153,90 A 148,67 A 151,34 A BAF 110 135,03 B 138,20 C 130,22 C 130,53 C BAF 112 154,05 A 137,65 C* 154,09 A 136,87 C* BAF 115 143,47 B 129,32 D* 142,43 B 126,85 D* BAF 120 125,07 C 133,15 C 126,55 D 131,47 C BAF 121 145,29 A 135,27 C* 140,48 B 131,36 C

MÉDIA 130,84 134,08 125,81 129,41

Médias seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre cultivar pelo

teste de Scott Knott e * representa a diferença significativa entre os sistemas

de cultivo para cada cultivar, pelo teste de Tukey em nível de 5% de

probabilidade.

Fonte: produção do próprio autor.

Na Figura 7 foi possível observar que para todas as

cultivares houve um aumento relativo no volume de água

Page 104: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

104

absorvido em relação ao percentual de embebição antes do

cozimento.

Figura 7 - Aumento relativo do percentual de embebição antes com o após

o cozimento dos grãos de cultivares crioulas e comerciais de feijão

produzidos sob sistema de cultivo orgânico e convencional no Ambiente 1

(A) e Ambiente 2 (B).

Fonte: produção próprio autor.

As cultivares que tiveram um aumento relativo maior

que 50 % no Ambiente 1 foram as cultivares BAFs: 36, 68,

108, 4 e 7 para os grãos produzidos em sistema convencional e

as cultivares BAFs: 108, 23, 4, 7 e 112 em cultivo orgânico

Page 105: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

105

(Figura 7A). No Ambiente 2 as cultivares que tiveram maior

que 50% de aumento relativo foram os BAFs: 60, 121 e 102

cultivados em sistema convencional e BAFs: 23, 108, 04, 07 e

112 em sistema orgânico (Figura 7B). De acordo com Perina et

al. (2010), grãos de feijão com altos percentuais de embebição

após o cozimento são mais preferidos por refeitórios e cozinhas

industriais, pois proporcionam maior rendimento após o seu

cozimento.

Na variável percentual de grãos inteiros após o

cozimento (PGI), observou-se no Ambiente 1, uma variação de

55,72% (BAF 102) a 86,30% (BAF 57) nos grãos cultivados

em sistema orgânico e de 66,36% (BAF 13) a 97,54% (BAF

57) para os grãos cultivados em sistema convencional. No

Ambiente 2, a amplitude de variação foi entre 64,51% (BAF

102) a 92,32% (BAF 44) e de 75,13% (BAF 13) a 99,12%

(BAF 44) no sistema orgânico e convencional respectivamente

(Tabela 7).

Esse resultado é superior ao que encontrado por Perina

et al. (2010), onde a porcentagem de grãos inteiros em

variedades comerciais de feijão variaram entre 35,89% (épocas

da seca) a 47,13% (época das águas) e inferior ao encontrado

por Oliveria et al. (2012), onde o percentual de grãos inteiros

foram de 98%. A presença de grãos inteiros é um aspecto ainda

pouco estudado, mas importante a ser considerado na

comercialização de feijão, consumidores preferem por grãos

moderadamente rachados após o cozimento, mas não

totalmente partidos, auxiliando na formação de caldo mais

espesso (PERINA et al., 2010).

De maneira geral, o percentual de grãos inteiros não

diferiu entre os sistemas de cultivo no Ambiente 1, 88% das

cultivares tiveram comportamento semelhante em ambos os

sistemas. Por outro lado, no Ambiente 2, observou-se que a

maioria das cultivares apresentaram maior percentual de grãos

inteiros no sistema convencional (Tabela 7). Este resultado esta

relacionado com o tempo de cozimento, aonde foi evidenciado

Page 106: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

106

maior tempo de cocção no sistema convencional e dessa forma

a maior presença de grãos inteiros.

Tabela 7 - Percentual de grãos inteiros (PGI) dos grãos de cultivares

crioulas de feijão produzidos em dois sistemas de cultivo (orgânico e

convencional) e em dois ambientes.

BAF Ambiente 1 Ambiente 2

Orgânico Convencional Orgânico Convencional

BAF 03 83,37 A 81,58 C 90,11 A 93,01 B BAF 04 76,47 B 75,55 D 77,70 C 81,21 D BAF 07 84,14 A 84,70 C 83,46 B 85,44 D BAF 13 68,27 D 66,36 E 69,23 D* 75,13 E BAF 23 76,49 B 76,49 D 76,18 C 77,56 E

BAF 36 73,93 C 70,44 E 77,44 C* 88,39 C BAF 42 69,45 D 69,73 E 76,33 C 80,25 E BAF 44 78,87 B 79,74 C 92,32 A* 99,12 A BAF 46 81,47 A 79,33 C 82,09 B 85,66 D BAF 47 83,58 A 92,74 B 85,53 B* 93,14 B BAF 50 78,61 B 81,67 C 83,08 B* 89,53 C BAF 55 69,50 D 70,60 E 71,40 D* 77,51 E BAF 57 86,30 A* 97,54 A 86,31 B* 91,62 C

BAF 60 73,15 C 72,86 D 75,38 C* 87,55 C BAF 68 74,82 C 76,46 D 78,61 C* 84,15 D BAF 75 71,12 D 71,73 E 78,34 C* 88,23 C BAF 81 69,38 D 69,49 E 70,28 D* 79,79 E BAF 84 73,11 C 73,41 D 77,12 C* 84,30 D BAF 97 74,65 C* 82,42 C 79,50 C* 88,19 C

BAF 102 55,72 E 57,50 F 64,51 E* 76,33 E BAF 108 83,90 A 83,59 C 84,87 B 88,30 C BAF 110 72,90 C 74,62 D 82,20 B* 98,47 A

BAF 112 69,89 D 70,40 E 76,49 C* 97,32 A BAF 115 70,57 D 69,28 E 80,52 B* 94,95 B BAF 120 78,58 B 80,94 C 81,60 B* 87,31 C BAF 121 70,46 D 69,82 E 73,47 C 76,16 E

MÉDIA 74,95 76,12 79,00 86,49

Médias seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre cultivar pelo

teste de Scott Knott e * representa a diferença significativa entre os sistemas

de cultivo para cada cultivar, pelo teste de Tukey a nível de 5% de

probabilidade.

Fonte: produção do próprio autor.

Para a variável teor de sólidos solúveis totais no caldo

foi possível observar que a média foi maior no sistema de

Page 107: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

107

cultivo orgânico do que no convencional em ambos os

ambientes para a maioria das cultivares avaliadas (Tabela 8).

Tabela 8 - Teor de sólidos solúveis total do caldo (SSTc) dos grãos de

cultivares crioulas de feijão produzidas em dois sistemas de cultivo e em

dois ambientes.

BAF Ambiente 1 Ambiente 2

Orgânico Convencional Orgânico Convencional

BAF 03 5,07 M 5,40 I 3,89 J* 4,72 I BAF 04 8,09 H 8,33 F 6,76 G* 7,42 F

BAF 07 7,63 I 7,70 G 6,47 G 6,62 G BAF 13 11,59 B 11,12 B* 10,27 B 10,19 B

BAF 23 9,25 F 8,50 F* 8,76 D 7,09 F* BAF 36 11,47 B 10,35 C* 10,68 B 9,21 C*

BAF 42 10,54 D 9,30 D* 9,54 C 8,59 D* BAF 44 8,11 H 7,43 G* 6,85 G 6,68 G

BAF 46 8,77 G 9,04 E 7,36 F 7,46 F BAF 47 9,34 F 9,61 D 8,40 E 8,41 D

BAF 50 6,78 J 6,74 H 5,17 H 5,48 H BAF 55 11,76 B 10,18 C* 10,41 B 9,60 C*

BAF 57 11,48 B 10,11 C* 10,34 B 9,28 C* BAF 60 9,33 F 9,65 D 8,20 E* 8,74 D

BAF 68 8,80 G 8,78 E 7,79 F 7,55 F BAF 75 10,43 D 10,48 C 9,50 C 9,39 C

BAF 81 10,41 D 10,40 C 9,64 C 9,22 C

BAF 84 10,90 C 10,19 C* 9,84 C 8,70 D*

BAF 97 9,09 F* 9,71 D 7,70 F 7,51 F

BAF 102 12,47 A 12,69 A 11,27 A 11,25 A

BAF 108 5,67 L 5,41 I 4,57 I 4,87 I

BAF 110 10,32 D 9,58 D* 9,61 C 8,15 E*

BAF 112 10,38 D 10,63 C 9,65 C 9,32 C

BAF 115 11,64 B 11,11 B* 10,00 C 9,40 C*

BAF 120 7,90 H 7,27 G* 6,98 G 6,30 G*

BAF 121 9,67 E 8,91 E* 8,15 E 7,91 E

MÉDIA 9,50 9,18 8,38 8,04

Médias seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre cultivar pelo

teste de Scott Knott e * representa a diferença significativa entre os sistemas

de cultivo para cada cultivar, pelo teste de Tukey em nível de 5% de

probabilidade.

Fonte: produção do próprio autor.

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108

A variação do teor de sólidos solúveis totais no caldo

(SSTc) no Ambiente 1 foi entre 5,07% (BAF 03) a 12,47 (BAF

102) no cultivo orgânico e entre 5,40% (BAF 03) a 12,69%

(BAF 102) no cultivo convencional. No Ambiente 2 as

variações foram entre 3,89% (BAF 03) a 11,27% (BAF 102) e

4,72% (BAF 03) a 11,25% (BAF 102) no sistema de cultivo

orgânico e convencional respectivamente (Tabela 8).

A característica de espessura do caldo é uma

característica desejável para a melhor aceitação de uma cultivar

no mercado (BASSINELO et al., 2003). Com base nos

resultados obtidos por Perina et al. (2010), observou-se que na

época das águas, o teor de sólidos solúveis totais no caldo foi

menor de 10%, provavelmente porque o tempo de cozimento

foi maior e a porcentagem de grãos inteiros superior, não

permitindo a liberação dos sólidos solúveis para o caldo,

semelhante ao encontrado nesse estudo. Na época da seca,

embora o tempo de cozimento tenha sido igual, o teor de

sólidos solúveis totais no caldo foi de 11,57%, resultado que

pode ser explicado pela porcentagem maior de grãos partidos

(64,11%), o que teria facilitado a liberação dos sólidos solúveis

para o caldo. De forma geral, o teor de sólidos totais no caldo,

pode ser influenciado pelo tempo de cozimento e porcentagem

de grãos inteiros (PERINA et al., 2010; CARBONELL et al.,

2003).

Para a maioria das cultivares avaliadas nesse estudo foi

possível verificar que o teor de sólidos solúveis totais do caldo

não diferiu ou foi maior no sistema de cultivo orgânico quando

comparado com os grãos produzidos no sistema convencional

em ambos ambientes, o que permitiu concluir que este

resultado está diretamente relacionado com o tempo de

cozimento que foi menor nos grãos produzidos em cultivo

orgânico em ambos os ambientes e no percentual de grão

inteiros, o qual foi evidenciado menor percentual também nos

grãos produzidos sob sistema de cultivo orgânico.

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109

Para a variável expansão volumétrica (EV) observou-se

variação entre 0,40 g mL-1

(BAF 112) a 0,61 g mL-1

(BAF 60)

no sistema de cultivo orgânico e entre 0,42 g mL-1

(BAF 04) a

0,64 g mL-1

(BAF 44) no sistema de cultivo convencional para

os grãos cultivados no Ambiente 1 (Tabela 9).

Tabela 9 - Médias da taxa de expansão volumétrica (EV - g mL-1) dos grãos

de cultivares crioulas e comerciais de feijão cultivados em dois sistemas de

cultivo (orgânico e convencional) e em dois ambientes.

BAF Ambiente 1 Ambiente 2

Orgânico Convencional Orgânico Convencional

BAF 03 0,56 B* 0,59 B 0,57 A* 0,62 B BAF 04 0,47 G 0,42 H* 0,46 D 0,41 E* BAF 07 0,52 D* 0,54 C 0,53 B* 0,65 A BAF 13 0,49 F* 0,54 C 0,50 C* 0,55 C

BAF 23 0,47 G 0,45 G* 0,51 C 0,46 D* BAF 36 0,54 C 0,44 H* 0,56 A 0,43 E* BAF 42 0,50 E 0,46 G* 0,50 C 0,43 E* BAF 44 0,53 D* 0,64 A 0,51 C* 0,61 B BAF 46 0,54 C 0,47 F* 0,50 C 0,43 E* BAF 47 0,53 C 0,48 F* 0,46 D 0,41 E* BAF 50 0,53 C 0,51 D* 0,48 D 0,51 D BAF 55 0,52 D 0,48 F* 0,53 B 0,47 D*

BAF 57 0,51 E* 0,54 C 0,43 E 0,45 D BAF 60 0,61 A 0,46 G* 0,60 A 0,46 D* BAF 68 0,56 B 0,46 G* 0,57 A 0,45 D* BAF 75 0,51 E 0,46 G* 0,54 B 0,48 D* BAF 81 0,56 B 0,48 F* 0,53 B 0,41 E* BAF 84 0,54 C 0,48 F* 0,47 D 0,36 F* BAF 97 0,55 B 0,47 F* 0,39 E 0,31 G*

BAF 102 0,43 H* 0,46 G 0,42 E 0,45 D BAF 108 0,48 F 0,46 G* 0,49 D 0,46 D

BAF 110 0,49 F 0,45 G* 0,48 D 0,43 E* BAF 112 0,40 I* 0,47 F 0,40 E* 0,47 D BAF 115 0,46 G 0,46 G 0,46 D 0,45 D BAF 120 0,49 F 0,48 F 0,49 D 0,48 D BAF 121 0,46 G* 0,49 E 0,45 D 0,48 D

MÉDIA 0,51 0,49 0,49 0,47

Médias seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre cultivar pelo

teste de Scott Knott e * representa a diferença significativa entre os sistemas

de cultivo para cada cultivar, pelo teste de Tukey a nível de 5% de

probabilidade.

Fonte: produção do próprio autor

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110

Para o Ambiente 2 os valores da taxa de expansão

foram menores em ambos os cultivos (orgânico e

convencional) entre 0,39 g mL-1

(BAF 97) a 0,60 g mL-1

(BAF

60) para o sistema orgânico e entre 0,31 g mL-1

(BAF 97) a

0,65 g mL-1

(BAF 07) no sistema convencional (Tabela 9).

De maneira geral, a taxa de expansão volumétrica foi

maior no sistema de cultivo orgânico em ambos ambientes,

com aumento de volume na ordem de 51% e 49% no Ambiente

1 e 2 respectivamente (Tabela 9).

Carbonell et al. (2003) observaram variação semelhante

a esse estudo, entre 40 a 53% do aumento do volume avaliando

19 linhagens em diferentes ambientes. Oliveira et al. (2012)

observou a taxa de expansão volumétrica correspondente ao

aumento do volume dos grãos de feijão após o cozimento na

ordem de 55% avaliando variedades comerciais de feijão na

safra das águas.

A taxa de expansão volumétrica expressa à difusão de

água no interior dos grãos. Essa característica permite

caracterizar precocemente o rendimento de panela dos grãos

após o cozimento, pois caracteriza o aumento de volume após

cozimento, característica desejável pelo consumidor

(OLIVEIRA et al., 2012; PERINA et al., 2010; RESENDE;

CORRÊA, 2007; CARBONELL et al., 2003).

As cultivares (BAFs: 60, 23, 81, 13, 68, 55, 75 e 36)

que apresentaram superioridade quanto a qualidade tecnológica

também apresentam produtividade satisfatória (superior ou

próximas) de 2.000 kg ha-1

conforme constatado em trabalhos

prévios (PREZZI et al., 2014; ZILIO et al., 2011).

Através da correlação simples de Pearson foi possível

observar alta correlação entre o tempo de cozimento e o

percentual de grãos inteiros (Tabela 10). No Ambiente 1 foi

possível observar que os grãos produzidos no sistema de

cultivo orgânico apresentaram correlação significativa de 0,84

e no sistema convencional de 0,89. No Ambiente 2 observou

valores de 0,78 e 0,54 no cultivo orgânico e convencional

Page 111: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

111

respectivamente, podendo concluir que quanto maior o tempo

de cozimento maior é a presença de grãos inteiros (Tabela 10).

Tabela 10 - Correlação simples de Pearson nas variáveis de qualidade

tecnológica1 dos grãos de cultivares crioulas de feijão produzidos no

sistema de cultivo orgânico e convencional no Ambiente 1 (safra

2012/2013) e Ambiente 2 (safra 2013/2014).

Sistema

Variáveis1

PEANC PEAPC PGI EV SSTc CD

Org

ân

ico TC -0,13 -0,36* 0,84** 0,31 -0,37 0,33

Am

bie

nte

1

PEANC 0,12 -0,19 -0,08 0,36 -0,92**

PEAPC -0,20 -0,66** -0,07 -0,26

PGI 0,35 -0,67** 0,41

EV -0,26 0,47

SSTc -0,51

Con

ven

cion

al TC -0,21 -0,53** 0,89** 0,33 -0,24 0,09

PEANC 0,55** -0,22 -0,68** 0,31 -0,82**

PEAPC -0,43* -0,75** 0,10 -0,53

PGI 0,33 -0,54** 0,26

EV -0,36 0,75**

SSTc -0,46

Am

bie

nte

2

Orgân

ico

TC -0,44* -0,33* 0,78** -0,02 -0,26 -0,16

PEANC 0,55** -0,42* 0,35 0,28 -0,82**

PEAPC -0,25 -0,02 -0,04 -0,70**

PGI 0,08 -0,64** 0,16

EV -0,22 -0,34

SSTc -0,07

Con

ven

cion

al TC -0,56** -0,65** 0,54** -0,20 0,17 0,19

PEANC 0,81** -0,30 0,21 0,03 -0,63**

PEAPC -0,31 0,26 -0,07 -0,51

PGI 0,12 -0,59** 0,06

EV -0,34 0,01

SSTc -0,21 1(TC) Tempo de Cozimento; (PEANC) Percentual de Embebição Antes do

Cozimento; (PEAPC) Percentual de Embebição Após o Cozimento; (PGI)

Percentual de Grãos Inteiros; (EV) Expansão Volumétrica; (SSTc) Sólidos

Solúveis Totais no Caldo; (CD) grãos de casca dura (hardshell). * e **:

significativo a 1 e 5% de probabilidade pelo teste “t”.

Fonte: produção do próprio autor

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112

Resultado semelhante foi encontrado por Carbonell et

al. (2003) aonde avaliando 19 cultivares em três ambientes

distintos observou mesmo que menor do que a encontrada

nesse estudo correlação significativa de 0,61 e 0,57 entre o

tempo de cozimento e o percentual de grãos inteiros.

Outras correlações significativas foram evidenciadas,

como a correlação negativa entre o percentual de grãos inteiros

e o percentual de sólidos solúveis totais do caldo (Tabela 10). A

correlação observada foi significativa, com valores de -0,67

(orgânico) e -0,54 (convencional) no ambiente 1 e -0,64

(orgânico) e -0,59 (convencional) no Ambiente 2 (Tabela 10).

Podendo concluir que quanto maior foi o percentual de grãos

inteiros menor foi o teor de sólidos solúveis totais no caldo

para os grãos das cultivares crioulas e comerciais avaliadas

nesse estudo.

Na literatura, não existe um percentual de grãos inteiros

padronizado ao que o consumidor deseja, o que se sabe é que

os consumidores na maioria das regiões preferem consumir o

feijão com caldo mais encorpado e que essa característica é

influenciada pelo porcentual de sólidos solúveis totais no caldo

presente nos grãos de feijão (BASSINELO, 2014).

Neste trabalho, verificou-se que quanto maior foi o

percentual de grãos inteiros menor foi a quantidade de sólidos

solúveis totais no caldo (Tabela 10) e que para a maioria das

cultivares avaliadas que apresentaram grãos inteiros entre 60-

80% apresentaram maior teor de sólidos solúveis totais no

caldo, característica desejável as preferências dos

consumidores (Tabela 7 e 8).

Perina et al. (2010) observou correlação entre a

porcentagem dos grãos inteiros, tempo de cozimento e

percentual de sólidos solúveis totais, mas não inferiu sobre o

percentual de grãos inteiros adequados para proporcionar um

maior percentual de sólidos solúveis totais no caldo.

Observou-se também através da correlação simples de

Pearson que o percentual de embebição antes do cozimento

Page 113: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

113

teve correlação significativa (negativa) com o tempo de cocção

apenas no Ambiente 2 (-0,44 e -0,56 no cultivo orgânico e

convencional respectivamente), não sendo verificado essa

correlação no Ambiente 1, não podendo com isso concluir que

o percentual de embebição antes do cozimento pode ser

utilizado como estimativa de avaliar precocemente cultivares

para o tempo de cozimento (Tabela 10).

Resultado semelhante foi encontrado por Zilio et al.

(2014), observou-se que a capacidade de hidratação teve

correlação fraca e negativa com o tempo de cozimento. Assim,

o uso da capacidade de hidratação para a seleção precoce de

genótipos com baixo tempo de cozimento deve ser aplicada

apenas em épocas de clima regular (temperatura e

precipitação), o que não foi constatado nesse estudo.

Lopes (2011) observou que o teste de absorção de água

pelos grãos como indicativo de tempo de cozimento é pouco

expressivo, mostrando que as diferenças encontradas podem

ser decorrentes de diferenças genéticas, ambientais e da

interação genótipo x ambiente, mas encontrou baixa correlação

para estimar o tempo de cozimento com a capacidade de

absorção de água. Existem muitos resultados contraditórios na

literatura, alguns autores observaram correlação positiva entre

a capacidade de absorção da água pelos grãos e o tempo de

cozimento (SCHOLZ; FONSECA JÚNIOR, 1999, 1999b;

DALLA CORTE et al., 2003), mas outros trabalhos mais

recentes observaram baixa correlação, ou correlação negativa,

o que torna difícil à utilização desta característica para efetuar a

seleção precoce de genótipos de feijão com baixo tempo de

cozimento, como as encontrada nesse estudo (ZILIO et al.,

2014; COELHO et al., 2007; CARBONELL et al., 2003;

RODRIGUES et al., 2005; BORDIN et al., 2010).

Por outro lado, foi possível observar correlação

significativa entre o percentual de embebição após o cozimento

e o tempo de cocção para os dois sistemas de cultivo nos dois

anos (-0,36 (orgânico - Ambiente 1); 0,53 (convencional -

Page 114: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

114

Ambiente 1); -0,33 (orgânico - Ambiente 2); -

0,65(convencional - Ambiente 2). Esse resultado afirma que

quanto menor é o tempo de cozimento maior foi o percentual

de embebição após o cozimento (Tabela 10). Resultado

semelhante foi encontrado por Carbonell et al. (2003)

avaliando 19 genótipos em três diferentes ambientes.

Quanto ao percentual de grãos hardshell (grãos duros)

foi possível correlação negativa e significativa de -0,92

(orgânico - Ambiente 1), -0,82 (convencional - Ambiente 1), -

0,82 (orgânico - Ambiente 2) e -0,63 (convencional - Ambiente

2) entre o percentual de embebição antes do cozimento com o

percentual de grãos hardshell (CD). Esse resultado permite

concluir que quanto maior é o percentual de embebição menor

foi à quantidade de grãos hardshell presente na amostra (Tabela

10).

3.6 CONCLUSÕES

Os grãos de feijão produzidos no sistema de cultivo

orgânico apresentaram qualidade tecnológica superior ou

semelhante ao sistema convencional. Os grãos produzidos no

sistema de cultivo orgânico apresentaram tempo de cozimento,

percentual de embebição antes e após cozimento, teor de

sólidos solúveis totais do caldo e taxa de expansão volumétrica

satisfatória quando comparados aos grãos produzidos sob o

sistema convencional, o que permitiu indicar o sistema

orgânico de produção como uma alternativa viável de cultivo

para o estado Santa Catarina.

Dentre as 26 cultivares avaliadas, as identificadas como

BAFs: 60, 23, 81, 13, 68, 55, 75 e 36 foram as que se

destacaram quanto a qualidade tecnológica por apresentarem

tempo de cocção inferior a 28 minutos (classes de

susceptibilidade média à resistência normal), por não

apresentarem defeitos de grãos hardshell e apresentarem

percentual de embebição antes do cozimento acima de 90% e

Page 115: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

115

após o cozimento acima de 120%, percentual de grãos inteiros

ente 60-80% , teor de sólidos solúveis totais do caldo entre 9-

12% e aumento do seu volume acima de 45% após o cozimento

pela taxa de expansão volumétrica, atendendo os padrões de

qualidades exigidos pelos consumidores.

Concluiu-se que as cultivares que apresentaram

percentual de grãos inteiros entre 60-80% foram as que tiveram

maior percentual de sólidos solúveis totais no caldo,

característica desejável para a maioria dos consumidores por

representar a consistência do caldo após o cozimento.

Através da correlação foi possível concluir que quanto

maior foi o tempo de cozimento, maior foi o percentual de

grãos inteiros e menor foi o teor de sólidos solúveis totais em

todos os ambientes e sistemas de cultivos.

Pela ampla diversidade genética encontrada nas

cultivares crioulas para as variáveis de qualidade tecnológica,

permite indicar a possibilidade de fazer a categorização das

cultivares por qualquer uma dessas variáveis. Estas podem ser

utilizadas em programas de melhoramento bem como de forma

direta pelos agricultores da região para a produção de feijão

em sistema de cultivo orgânico.

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124

4 TEOR DE PROTEÍNA E MINERAIS DOS GRÃOS

EM CULTIVARES CRIOULAS DE FEIJÃO

PROVENIENTE DE SISTEMA DE CULTIVO

ORGÂNICO

4.1 RESUMO

Os grãos de feijão representam componentes nutricionais de

grande importância mundial, garantindo uma dieta equilibrada

principalmente quanto aos teores de proteínas e minerais.

Aliados aos fatores nutricionais crescem anualmente a busca

por alimentos saudáveis produzidos em sistemas de produção

com base ecológica, e nesse sentido, o uso de cultivares

crioulas atuam como papel estratégico no desenvolvimento de

sistemas de produção com base ecológica. O objetivo deste

trabalho foi quantificar os teores de proteína e minerais nos

grãos de cultivares crioulas de feijão produzidas no sistema de

cultivo orgânico. Foram utilizados 26 cultivares sendo 22

crioulas e 4 comerciais selecionadas ao longo de 7 safras de

autofecundação. A variabilidade fenotípica foi observada entre

as cultivares crioulas e comerciais para todos os nutrientes

analisados em ambos os ambientes. Os maiores teores de

proteína bruta foram encontrados no sistema de cultivo

orgânico nos BAFs: 36 (27,40%), 55 (26,92%) e 13 (26,39%).

De maneira geral os grãos de feijão produzidos no sistema de

cultivo orgânico apresentaram teor de nutrientes (proteína total,

fósforo, fitato, potássio e ferro) superior ou semelhante aos

grãos produzidos no sistema de cultivo convencional, com

destaque as cultivares BAFs: 13, 55, 68, 84, 7, 3, 75 e a

variedade comercial BAF 110.

Palavras-Chave: Phaseolus vulgaris L., diversidade genética,

agroecologia, teor de nutrientes.

Page 125: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

125

4.2 ABSTRACT

The grains common beans represent nutritional components of

great importance worldwide, ensuring a balanced diet

especially for the levels of protein and minerals. Allies to

nutritional factors grow annually to search for healthy foods

produced in production systems with ecological basis, and this

sense, the use of landrace cultivars act as a strategic role in the

development of production systems with ecological basic. The

objective of this study was to quantify the protein and minerals

in landrace common bean cultivars produced in the organic

system. 26 cultivars were used, being selected 22 landrace bean

cultivars, selected over 7 crops of selfing and 4 commercial

varieties. The phenotypic variability was observed between

landrace cultivars and commercial cultivars for all nutrients in

both environments. The highest protein content was found in

the organic system in BAFs: 36 (27.40%), 55 (26.92%) and 13

(26.39%). In general, the beans produced in the organic system

presented nutrient content (total protein, phosphorus, phytate,

potassium and iron) greater or similar to the grains produced in

the conventional system, especially the BAFs cultivars: 13, 55 ,

68, 84, 7, 3, 75 and the commercial variety BAF 110.

Key-words: Phaseolus vulgaris L., genetic diversity,

agroecology, nutrient content

4.3 INTRODUÇÃO

Os grãos de feijão representam componentes nutricionais

de grande importância mundial (BURATTO et al., 2009),

fornecendo nutrientes essenciais ao ser humano e garantindo

uma dieta equilibrada principalmente quanto aos teores de

Page 126: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

126

proteínas e minerais (RIBEIRO et al., 2007a; RIBEIRO et al.,

2008a).

Uma alimentação desequilibrada pode causar uma série

de problemas de saúde em virtude da deficiência de minerais,

baixa ingestão de proteína e fibras. Nesse sentido o feijão

constitui-se uma ótima opção de incremento na qualidade

nutricional da dieta devido principalmente a sua contribuição

protéica, associado ao seu baixo custo em relação às proteínas

de origem animal (FAO, 2013).

A proteína encontrada no feijão é considerada de elevada

qualidade, devido principalmente a sua digestibilidade protéica

e a grande diversidade de aminoácidos essenciais e não

essenciais adequados para suprir as necessidades nutricionais

diárias (RIBEIRO et al., 2007a). Além da proteína, minerais

como ferro e zinco presentes nos grãos de feijão são

considerados muito importantes na dieta alimentar (BOUIS,

2003; FRANCO et al., 2004).

O fitato, que é a principal forma de armazenamento de

fósforo nos grãos de cereais e leguminosas como o feijão

(REDDY et al., 1989), apesar de ser considerado um anti-

nutriente pela sua interação com proteínas e sais minerais,

possui efeitos benéficos a saúde apresentando propriedades

antioxidantes e anti carcinogênicas (BROUGHTON et al.,

2003).

A composição nutricional dos grãos de feijão pode

variar em função de diversos fatores, entre eles a constituição

genética e as características edafoclimáticas dos locais de

cultivo (ARAÚJO et al., 2003; RIBEIRO et al., 2014;

RIBEIRO et al., 2008). Diversos estudos ao longo do tempo

indicam uma grande diversidade para a composição química,

para proteína existem vários estudos mostrando uma variação

entre 16 a 36% (PEREIRA, et al., 2011; SILVA et al., 2011;

PINHEIRO et al., 2010; RIBEIRO et al., 2008; MESQUITA et

al., 2007; SATHE, 2002; MALDONADO; SAMMAM, 2000;

OSBORN, 1988).

Page 127: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

127

Para os teores de minerais a variação encontrada é de

2,2 à 7,97 g kg-1

quanto aos teores de fósforo, 8,9 à 161,50 mg

kg-1

quanto aos teores de ferro, 11,5 a 69,9 mg kg-1

de zinco;

4,42 a 24,8 g kg-1

de potássio e de 2,0 a 14 g kg-1

de ácido fítico

(PEREIRA et al., 2011; SILVA et al., 2011; RIBEIRO et al.,

2008; MESQUITA et al., 2007; ISLAM et al., 2002; SATHE,

2002; MALDONADO; SAMMAM, 2000; BARAMPAMA;

SIMARD, 1993; OSBORN, 1989).

Para cultivares crioulas tem sido relatada uma variação

maior, exemplo são os teores de ferro observados por Zilio

(2010), que observou teores superiores aos encontrados na

literatura entre 116 mg kg-1

a 215,6 mg kg-1

para os BAF 13 e

44 respectivamente. Quanto aos teores de potássio encontrou-

se variação entre 14,4 g kg-1

(BAF 97) a 22,4 g kg-1

(BAF 07)

(ZILIO, 2010; PEREIRA et al., 2011; BORDIN, 2008).

O conhecimento da variabilidade genética para as

características relacionadas aos teores de minerais e a

correlação entre eles, bem como o comportamento desses

caracteres frente às variações ambientais, são fundamentais.

Mesmo tendo em vista essa ampla variação já encontrada e

caracterizada para composição nutricional pouco ainda se

conhece a respeito do comportamento das cultivares crioulas

em sistema de produção de base ecológica, como no caso do

sistema de produção orgânico.

Nesse sentido, cresce a necessidade de encontrar

genótipos adaptados ao local de cultivo que apresentem maior

teor de nutrientes. Porém, ainda são poucos os estudos

relacionando o sistema de cultivo orgânico para cultivares

crioulas de feijão evidenciando os benefícios da produção

orgânica na produção de feijão. O que se observa nos trabalhos

já realizados, de forma geral é quanto à tendência na redução

do teor de nitratos entre 25% e 50% em alimentos produzidos

organicamente (DAROLT, 2003).

Nesse sentido, apesar do aumento da demanda devido a

busca dos consumidores por alimentos mais saudáveis, estudos

Page 128: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

128

ainda são incipientes (WILLIANS, 2002; DAROLT, 2003).

Willians (2002), fazendo uma revisão bibliográfica dos

trabalhos que compararam os teores de nutrientes entre o

sistema convencional e orgânico concluiu que ainda são muito

poucos os estudos de qualidade nutricional em relação a

demanda crescente por alimentos oriundos da produção

orgânica, entre esses, apenas 35 estudos foram encontrados

comparando o comportamento do teor de ferro e zinco entre o

sistema orgânico e convencional nos últimos 10 anos. Entre

esses, 42% dos trabalhos relataram que incremento de no teor

de ferro e 25% quanto ao teor de zinco.

Aliado a preocupação em produzir e consumir

alimentos mais saudáveis, com maior composição nutricional,

menor uso de agrotóxico e menor impacto ao meio ambiente, o

uso de cultivares crioulas tem papel estratégico para o

desenvolvimento de sistemas de produção de base ecológica. Já

existem vários trabalhos mais recentes que visam estudar as

características de qualidade tecnológica e composição química

das cultivares crioulas para o sistema convencional (ZILIO et

al., 2014; ZILIO et al., 2013; PEREIRA et al., 2011, COELHO

et al., 2009; COELHO et al., 2008), porém pouco se conhece o

comportamento dessas cultivares crioulas no sistema de cultivo

orgânico.

Nesse sentido, o objetivo desse trabalho foi avaliar o

teor de proteína e minerais dos grãos de cultivares crioulas e

comerciais de feijão produzidas em dois ambientes sob o

sistema de cultivo orgânico.

4.4 MATERIAL E MÉTODOS

Para este estudo foram utilizados 26 cultivares, sendo

22 crioulas selecionados ao longo de 7 safras de

autofecundação, com origem do Banco Ativo de Feijão (BAF)

e 4 variedades comerciais (Figura 8). Estes foram selecionados

Page 129: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

129

em função das características promissoras de produtividade,

caracteres agronômicos e qualidade fisiológica (PREZI et al.,

2014; COELHO et al., 2007; PEREIRA et al., 2009; ZILIO et

al., 2011; ZILIO et al., 2013)

Os grãos provenientes das cultivares crioulas e

comerciais foram produzidos em experimento a campo na

estação experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária e

Extensão Rural de Santa Catarina - Epagri, no município de

Campos Novos/SC (27°23’24” Sul, 51°12’58” Oeste e 940 m

de altitude) em duas safras agrícolas (Ambiente 1 - 2012/2013

e Ambiente 2 - 2013/2014) e no sistema de cultivo orgânico e

convencional.

O delineamento utilizado a campo foi de blocos ao

acaso com quatro repetições. As parcelas foram constituídas de

quatro linhas de quatro metros, espaçada 0,5 m cada uma, com

densidade de 15 sementes m-1

. A área útil de cada parcela foi

composta por duas linhas centrais, excluindo 0,5m de cada uma

das extremidades.

Nos dois sistemas foram utilizadas cobertura de aveia

branca (Avena sativa) e ervilhaca (Vicia sativa) nas densidades

de 50 kg ha-1

30 kg ha-1

respectivamente, semeadas a lanço,

para implementação de cobertura de inverno. Para a produção

orgânica foi realizado adubação com 5000 kg ha-1

de esterco de

aves, sendo 1/3 na base e 2/3 na cobertura. Para o manejo de

pragas e doenças foram utilizados insumos a base óleo de nim,

terra diatomácea e extrato de pimenta para repelência de

insetos, foi realizada quatro capinas como método de controle

de ervas espontâneas.

Para o manejo da área convencional foi utilizado adubo

químico solúvel (5-25-25) no momento da semeadura na

dosagem de 400 kg ha-1

e 15 dias após a emergência das

plantas foi realizada adubação de cobertura com uréia (45-00-

00) na dosagem de 80 kg ha-1

, divididas em duas épocas de

aplicação (V3 e V6).

Page 130: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

130

Figura 8 - Identificação e imagens das cultivares crioulas e comerciais de

feijão (Phaseolus vulgaris L.) utilizadas nos experimentos.

Descrição: BAF é número da coleção no banco ativo de feijão (germoplasma) CAV-UDESC, Santa Catarina, Brasil. Os BAF’s: 110 (SCS

202 Guará); 112 (IPR 88 Uirapuru); 115 (BRS Valente); 121 (IAPAR 81)

são cultivares comerciais.

Fonte: produção do próprio autor.

Page 131: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

131

A colheita dos grãos foi realizada manualmente, com

teor de água próximo a 12%, arrancando-se as plantas

individualmente da área útil, constituída pelas duas linhas

centrais da parcela em toda sua extensão, excetuando 0,5 m de

cada uma das extremidades. Após, as plantas das duas linhas

centrais de cada parcela (área útil) foram separadas e

debulhadas a mão com o auxílio de um bastão de madeira e

posterior os grãos oriundos da área útil de cada parcela foram

acondicionadas em sacos de papel para serem levadas ao

laboratório para a obtenção da amostra de trabalho (BRASIL,

2009).

As determinações dos teores dos nutrientes foram

realizadas no Laboratório de Análise de Sementes (LAS), do

Centro de Ciências Agroveterinárias da Universidade do

Estado de Santa Catarina - CAV/UDESC em Lages (SC) e no

Laboratório de Solos da Universidade do Estado de Santa

Catarina – UNOESC em Campos Novos (SC).

Para a determinação dos macronutrientes: Nitrogênio

(proteína bruta), Potássio (K) e Fósforo (P), realizou-se a

digestão sulfúrica. As amostras foram moídas, posteriormente

foi pesado 200 mg e foram colocados em tubo digestor (25 x

250 mm). Em cada tubo digestor, foi adicionado 0,7 g de

mistura catalítica (90% de sulfato de sódio, 9% de sulfato de

cobre e 1% de selênio), 2 mL de ácido sulfúrico concentrado e

1 mL de água oxigenada 30%. Na capela de exaustão, os tubos

foram colocados em blocos digestores à temperatura inicial de

180ºC e posteriormente até atingirem 375ºC, por um tempo

suficiente para tornar a amostra com coloração transparente. A

seguir, os tubos foram retirados do bloco digestor e deixados a

temperatura ambiente, sendo então adicionados água destilada

para um volume final de 50 mL (TEDESCO et al., 1995)

(Apêndice G).

Para a determinação de Zinco (Zn) e Ferro (Fe) foram

realizados a digestão nitroperclórica. Pesou-se 500 mg de grãos

moído para cada amostra e transferido para os tubos digestores.

Page 132: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

132

Após esse procedimento, foram adicionados ácido nítrico

concentrado e ácido perclórico concentrado na proporção de

2:1. Em capela de exaustão, os tubos foram colocados em

blocos digestores à temperatura inicial de 160ºC durante 30

minutos, até o volume ser reduzido à metade, em seguida à

temperatura foi gradualmente aumentada até 210ºC, mantendo

esta temperatura até obter uma alíquota transparente. A seguir,

os tubos foram retirados do bloco digestor e deixados a

temperatura ambiente, sendo então adicionados água destilada

para um volume final de 20 mL (TEDESCO et al., 1995 e

MALAVOLTA et al., 1989) (Apêndice G).

As proteínas e outros compostos nitrogenados foram

decompostos na presença do ácido sulfúrico concentrado a

quente, com produção de sulfato de amônio. O sulfato de

amônio resultante, na presença da solução concentrada de

hidróxido de sódio, libera NH3 que é recebido na solução de

ácido bórico. A titulação foi realizada com o equipamento

digitrat (Jencons digitrat - 50mL) e agitador magnético, onde a

amônia, na solução de ácido bórico é titulada com ácido

clorídrico na solução padrão 0,02N, com fator de 700 μg de N

para cada mL gasto da solução padrão de HCl 0,025 N, até

ponto de viragem do indicador de ácido bórico, ou seja, a

passagem da coloração verde da amostra para coloração rosa

claro.

O método utilizado para determinar o teor de proteína

total foi o proposto por KJEHDAHL, o qual se baseia no teor

de nitrogênio total contido na amostra. A partir de uma alíquota

de 10 mL da amostra diluída obtida da digestão sulfúrica,

procedeu-se a destilação em micro-destilador de nitrogênio e

ao final as amostras foram convertidas à proteína bruta por

meio do fator de multiplicação de 6,25 (AOAC, 1995).

A partir da alíquota diluída proveniente das digestões

determinou-se as concentrações de ferro, zinco e potássio

através de espectrofotometria de absorção atômica (TEDESCO

et al., 1995). O principio deste método consiste em determinar

Page 133: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

133

a presença de elementos químicos como ferro, zinco e potássio

usando como princípio à absorção da radiação ultravioleta por

parte dos átomos em estado neutro, onde estabelece que os

átomos livres em estado estável possam absorver a luz a certo

comprimento de onda. A absorção é específica a cada

elemento, nenhum outro elemento absorve este comprimento

de onda (MARTINS & REISMANN, 2007).

O conteúdo de fósforo total foi determinado por

espectrofotometria numa alíquota do extrato após adição de

molibdato de amônio (PB) e aminonaftolsulfônico (PC). Este

método possui sensibilidade adequada, sendo livre de

interferências por H2O2, e sais da mistura de digestão. O

procedimento foi realizado utilizando então uma alíquota de

1mL do extrato para copo plástico descartável, adicionado 2

mL de água destilada, 3ml de solução PB e adicionou-se 3

gotas de solução PC. Após agitação foi realizado a leitura em

espectrofotômetro, sob um comprimento de onda de 660 nm

após 15 minutos. A curva padrão para o fósforo foi obtida

através de uma solução estoque de 1000 mg.kg1 de fósforo

preparada com um padrão diluído para obter as concentrações

adequadas para o enquadramento das amostras (TEDESCO,

1995).

Para a determinação do fitato nos grãos foi utilizado a

metodologia utilizada foi proposta por Latta e Eskin (1980).

Esse método se baseia na formação do composto ferro-ácido-

sulfossalicílico de coloração azul escuro (Reagente de Wade).

Na presença de fitato o ferro é deslocado, reduzindo a

intensidade da coloração azul (Anexo7). As amostras foram

moídas e submetidas à passagem na peneira de 1 mm. Para o

preparo da resina trocadora de ânions, foi utilizada resina –

Dowex 1x 8-400 aniônica (Sigma) onde a mesma foi hidratada

em presença de água ultra pura por 1 hora e em seguida

adicionou-se NaCl a 0,7M e agitou-se por 5 minutos. A mesma

permaneceu em repouso por mais 1 hora para ocorrer à

saturação da resina com cloro (Cl-). A extração do fitato

Page 134: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

134

consistiu na pesagem do material (250 mg) com adição de 8

mL de HCl 2,4%, mantendo-se sob agitação, por um período de

3 horas e posterior centrifugação por 15 minutos a 2000 rpm a

temperatura ambiente. Para recuperação do fitato, retirou-se

uma alíquota de 3 mL do sobrenadante e adicionou-se em 1,0 g

de resina trocadora de ânions anteriormente saturada com NaCl

0,7 M, contendo 8 mL de água ultra pura. Após este processo,

promoveu a agitação em 2000 rpm durante 1 hora. Para a

eluição das impurezas, descartou-se o sobrenadante, e a resina

foi lavada com 8 mL de NaCl 0,07 M para eluir as impurezas,

como fósforo-inorgânico. Para a eluição do fitato retido na

resina, descartou-se a solução de lavagem e adicionaram-se 8

mL de NaCl 0,7 M para eluir o fitato retido na resina com

posterior agitação por 30 minutos.Após tal período

centrifugaram-se as amostras a 1500 rpm. A leitura das

amostras foi realizada retirando-se uma alíquota de 3 mL do

sobrenadante e adicionado 1 mL de reagente de Wade (0,03g de

cloreto férrico hexahidratado mais 0,3g de ácido

sulfossálicilico num volume de 100 mL). Formou-se neta

solução um precipitado de fitato de ferro, deste modo foi

necessário centrifugar por 10 minutos a 2000 rpm. Em seguida

realizou-se a leitura em espectrofotômetro, sob um

comprimento de onda de 500 nm (Apêndice F).

Todas as variáveis avaliadas (proteína total, fósforo,

potássio, ferro, zinco e fitato) foram submetidas à análise de

variância pelo teste F. As comparações entre os valores médios,

de cada uma das variáveis analisadas, nos diferentes genótipos

em cada local de cultivo, foram efetuadas pelo teste de Scott-

Knott e entre os locais, para cada genótipo, pelo teste de Tukey.

Para todos os testes foi considerado o nível de 1% e 5% de

significância. Os testes foram realizados através dos programas

estatísticos SAS® 9.1.3 e GENES (SAS INSTITUTE, 2007 e

CRUZ, 2006).

Page 135: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

135

4.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

No Ambiente 1 (safra 2012/2013) foi possível observar

na análise de variância diferença significativa entre cultivares,

sistemas de cultivo (orgânico e convencional), bem como a

interação entre as duas fontes de variação para quase todos os

nutrientes avaliados, com exceção apenas do teor de zinco que

não apresentou diferenças significativa entre sistemas de

cultivo (Tabela 11).

Tabela 11 - Resumo da análise de variância referente ao teor de nutrientes

dos grãos de cultivares crioulas e comerciais de feijão proveniente do

cultivo orgânico e convencional no Ambiente 1 (safra 2012/2013).

Fontes de

Variação

VARIÁVEIS (F)1

PB P Fe Zn K Fitato

Cultivares (G)

6,80* 31,05** 21,70** 31,02** 9,20** 62,00**

Sistemas (S) 15,67** 8,61** 6,10* 0,19ns 115,4** 549,5**

G X S

1,90* 0,17** 41,65** 27,55** 15,01** 15,67**

MÉDIA 23,17 4,68 74,58 31,76 18,07 5,91

CV (%) 5,10 5,40 5,96 6,04 6,21 7,19 1(PB) proteína bruta, (P) fósforo, (Fe) ferro, (Zn) zinco, (K) potássio e

fitato. * e ** significativo a 1% e 5 %, respectivamente e ns é não

significativo pelo teste F.

Fonte: produção do próprio autor.

No Ambiente 2 (safra 2013/2014) foi possível observar

na análise de variância que todos os nutrientes avaliados

apresentaram diferença significativa para todas as fontes de

variação (Tabela 12). Os resultados, tanto no Ambiente 1

quanto no Ambiente 2, indicam a presença de alta variabilidade

genética para os teores de minerais e proteínas nos grãos

provenientes das cultivares crioulas e comerciais estudadas.

Page 136: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

136

Tabela 12 - Resumo da análise de variância referente ao teor de nutrientes

dos grãos de cultivares crioulas e comerciais de feijão proveniente do

cultivo orgânico e convencional no Ambiente 2 (safra 2013/2014).

Fontes de

Variação

VARIÁVEIS (F)1

PB P Fe Zn K Fitato

Cultivares (G)

3,50** 7,59** 20,90** 13,64** 11,48** 31,53**

Sistemas (S)

9,28** 97,03** 23,95** 71,60** 297,7** 8,18**

G X S

3,54** 4,83** 12,81** 10,99** 8,75** 5,90**

MÉDIA 21,43 3,95 71,39 32,79 13,68 5,95

CV (%) 5,52 12,07 4,67 6,83 4,94 7,39 1(PB) proteína bruta, (P) fósforo, (Fe) ferro, (Zn) zinco, (K) potássio e

fitato. * e ** significativo a 1% e 5 %, respectivamente e ns é não

significativo pelo teste F.

Fonte: produção do próprio autor.

A presença de variabilidade para o teor de nutrientes nos

grãos também foi detectada em diversos trabalhos com grãos

provenientes de cultivares de bancos de germoplasmas, aonde

foi relatado que o teor de nutrientes podem ser influenciados

pelo ambiente, interação genótipo ambiente, bem como a

manifestação fenotípica. Isto demonstra que estas

características precisam ser avaliadas previamente no seu local

de cultivo (PEREIRA et al., 2011; SILVA et al., 2011;

PINHEIRO et al., 2010; COELHO et al., 2008; BURATTO,

2005; COELHO et al., 2004; ISLAM et al., 2002; COELHO et

al., 2002; BEEBE et al., 2000).

Observou-se que os teores de proteína bruta variaram

entre 18,21 a 27,40% levando em consideração o Ambiente 1 e

Ambiente 2 e os dois sistemas de cultivo (Tabela 13). No

Ambiente 1 a média foi de 23,17% diferindo entre o sistema

orgânico (23,41%) e convencional (22,92%) (Figura 13).

Quando avaliou os resultados individuais por cultivar

no Ambiente 1, verificou-se que apenas duas cultivares (BAFs:

47 e 60) diferiram significativamente entre os sistemas de

cultivo, permitindo afirmar que o sistema de cultivo orgânico

não reduziu o teor de proteína nos grãos e que na maioria das

Page 137: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

137

cultivares avaliadas o teor foi maior do que no sistema

convencional (Tabela 13).

Tabela 13 - Teor de proteína bruta dos grãos de cultivares crioulas e

comerciais de feijão produzidos no sistema de cultivo orgânico e

convencional em dois ambientes.

BAF Ambiente 1 Ambiente 2

Orgânico Convencional Orgânico Convencional

BAF 003 23,93 B 23,89 A 23,76 A 20,77 B* BAF 004 25,08 B 24,08 A 21,61 A* 24,26 A BAF 007 25,40 B 25,59 A 21,83 A 20,67 B BAF 013 26,39 A 25,06 A 22,67 A 22,91 A BAF 023 23,21 C 23,21 B 20,16 B 22,00 A BAF 036 27,40 A 26,24 A 22,12 A 22,55 A BAF 042 22,18 C 21,61 B 21,71 A 20,23 B BAF 044 20,74 C 22,18 B 20,68 B 22,14 A BAF 046 21,31 C 23,02 B 20,78 B 21,33 A

BAF 047 25,67 B 21,23 B* 21,64 A 19,87 B BAF 050 21,88 C 20,48 B 22,37 A 18,81 B* BAF 055 26,92 A 26,16 A 22,52 A 21,28 A BAF 057 20,76 C 20,66 B 21,87 A 18,46 B* BAF 060 24,15 B 20,44 B* 21,51 A 22,17 A BAF 068 25,45 B 25,40 A 22,61 A 22,98 A BAF 075 23,20 C 21,65 B 23,72 A 21,29 A* BAF 081 21,23 C 21,95 B 22,24 A 18,96 B*

BAF 084 24,87 B 24,23 A 23,30 A 21,72 A BAF 097 21,01 C 21,48 B 21,44 A 19,75 B BAF 102 21,16 C 22,06 B 20,84 B 21,84 A BAF 108 25,25 B 25,30 A 22,88 A 21,74 A BAF 110 25,17 B 24,46 A 22,25 A 21,13 A BAF 112 20,70 C 20,19 B 21,28 B 20,07 B BAF 115 22,01 C 21,99 B 18,21 C* 21,20 A BAF 120 21,66 C 21,65 B 20,60 B 21,01 A

BAF 121 22,13 C 21,84 B 20,33 B 20,77 B

MÉDIA 23,47 22,93 21,73 21,15

Médias seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre cultivar pelo

teste de Scott-Knott e * é a diferença significativa entre os sistemas de

cultivo no mesmo ano para cada cultivar, pelo teste de Tukey em nível de

5% de probabilidade.

Fonte: produção próprio autor

As cultivares que de destacaram com maior teor de

proteína no Ambiente 1 foram os BAFs: 13 (26,39%), 36

Page 138: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

138

(27,40%), 55 (26,92%) para os grãos produzidos no sistema de

cultivo orgânico e BAFs 36 (26,24%), 55 (26,16%) e 68

(25,40%), não diferindo dos BAFs 03 (23,89%), 04 (24,08%),

07 (25,59%), 13 (25,06%), 84 (24,23%), 108 (25,30%) e 110

(24,46%) para os grãos produzidos no sistema convencional

(Tabela 13). Esses resultados foram próximos aos encontrados

por Pereira et al. (2011) e Ribeiro et al. (2005) que estudando

cultivares de feijão observaram percentuais de 25% a 28% de

proteína bruta.

No Ambiente 2, observou-se uma média de 21,43% de

proteína bruta, 21,72% foi a média dos grãos produzidos sob o

sistema de cultivo orgânico e 21,15% no sistema convencional

(Figura 13). Verificou-se que sete cultivares (BAF 03, 04, 50,

57, 75 e 81) diferiram significativamente entre sistemas de

cultivo, indicando ainda uma estabilidade desse nutriente.

As cultivares que se destacaram com maior teor de

proteína para os grãos produzidos no Ambiente 2 foram os

BAFs 03 (23,76%), 75 (23,72%) e 84 (23,30%) não diferindo

estatisticamente dos BAFs: 04, 07, 13, 36, 42, 47, 50, 55, 57,

60, 68, 75, 81, 84, 97, 108 e 110 para o cultivo orgânico e para

os grãos produzidos no sistema convencional as cultivares

superiores quanto ao teor de proteína bruta foram os BAFs: 04

(24,26%), BAF 13 (22,91%) e BAF 68 (22,98%) não diferindo

dos BAF 23, 36, 44, 46, 50, 55, 60, 75, 84, 102, 108, 110, 115 e

120 (Tabela 13). Estes teores de proteínas foram semelhantes

aos encontrados por Dalla Corte et al. (2003) que observaram

variação de proteína bruta entre 20% a 27%.

Na média geral, observou-se diferença em relação ao

Ambiente 1 e Ambiente 2 tanto para os grãos provenientes das

cultivares crioulas como para as comerciais, no entanto de um

modo geral, os grãos produzidos no sistema de cultivo orgânico

apresentaram teor de proteína maior para a maioria das

cultivares avaliadas quando comparadas com os grãos

produzidos no sistema convencional (Figura 9).

Page 139: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

139

Figura 9 - Média geral do teor de proteína bruta nos grãos de cultivares

crioulas e comerciais de feijão produzidos no sistema orgânico e

convencional em dois ambientes.

Médias seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre sistema de cultivo no mesmo ambiente e média de mesma letra maiúscula não diferem

entre os ambientes ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

Fonte: produção próprio autor

Quanto ao teor de fósforo foi possível observar que as

cultivares avaliadas apresentaram variação entre 2,89 g kg-1

a

5,90 g kg-1

(Tabela 14). Os maiores teores de fósforos foram

encontrados no Ambiente 1 para os grãos produzidos sob o

sistema de cultivo orgânico (4,77 g kg1), com destaque aos

BAF 55 (5,90 g kg-1

), 108 (5,68 g kg-1

), 47 (5,72 g kg-1

) e BAF

75 (5,42 g kg-1

), com uma variação de 3,72 a 5,90 g kg-1

. No

sistema de cultivo convencional (Ambiente 1) os maiores

valores foram dos BAF 55 (5,81 g kg-1

), 108 (5,60 g kg-1

), 47

(5,64 g kg-1

) e BAF 75 (5,38 g kg-1

), a variação desse sistema

foi de 3,59 a 5,81 g kg-1

similar ao encontrado no sistema

orgânico (Tabela 14).

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140

Tabela 14 - Teores de fósforo (P) dos grãos de cultivares crioulas e

comerciais de feijão produzidos no sistema de cultivo orgânico e

convencional em dois ambientes.

BAF Ambiente 1 Ambiente 2

Orgânico Convencional Orgânico Convencional

BAF 003 4,73 C 4,63 C 5,85 A 4,43 A* BAF 004 4,98 B 4,94 B 3,80 C 3,85 A BAF 007 5,09 B 4,97 B 4,12 C 3,98 A BAF 013 5,07 B 4,96 B 4,11 C 3,37 B

BAF 023 4,67 C 4,58 C 3,72 C 3,18 B BAF 036 4,68 C 4,55 C 3,70 C 3,46 B BAF 042 4,78 C 4,66 C 4,33 C 3,71 A BAF 044 4,61 C 4,50 C 4,42 B 3,46 B* BAF 046 3,93 D 3,74 E 3,67 C 3,00 B BAF 047 5,72 A 5,64 A 5,59 A 2,89 B* BAF 050 4,89 C 4,76 C 4,80 B 3,61 B* BAF 055 5,90 A 5,81 A 4,91 B 3,85 A* BAF 057 3,72 D 3,59 E 4,68 B 3,38 B*

BAF 060 4,12 D 4,02 D 3,47 D 3,15 B BAF 068 4,60 C 4,50 C 4,94 B 4,17 A BAF 075 5,42 B 5,38 A 5,65 A 4,31 A* BAF 081 4,76 C 4,65 C 5,00 B 3,50 B* BAF 084 4,86 C 4,77 C 5,73 A 3,53 B* BAF 097 4,00 D 3,92 D 4,51 B 2,91 B* BAF 102 4,54 C 4,14 D 2,92 D 3,59 B BAF 108 5,68 A 5,60 A 4,26 C 3,69 A

BAF 110 5,31 B 5,28 B 5,43 A 3,71 A* BAF 112 4,76 C 4,38 C 3,07 D 3,16 B BAF 115 4,24 D 4,20 D 3,07 D* 3,94 A BAF 120 4,12 D 4,00 D 3,27 D 3,64 A BAF 121 4,17 D 4,09 D 3,54 D 3,55 B

MÉDIA 4,77 4,63 4,33 3,58

Médias seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre cultivar pelo

teste de Scott Knott e * é a diferença significativa entre os sistemas de

cultivo no mesmo ambiente para cada cultivar, pelo teste de Tukey em nível

de 5% de probabilidade.

Fonte: produção do próprio autor.

No Ambiente 2 os grãos produzidos no sistema de

cultivo orgânico apresentaram variação entre 2,92 a 5,85 g kg-1

.

Os BAFs: 03 (5,85 g kg-1

), 75 (5,65 g kg-1

) e 84 (5,73 g kg-1

) se

destacaram com maiores teores de fósforo. No sistema

convencional a variação encontrada foi de 2,89 a 4,43 g kg-1

e

Page 141: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

141

as cultivares que apresentaram maior teor de fósforo foram os

BAFs: 03 (4,43 g kg-1

), 75 (4,31 g kg-1

) e 68 (4,17 g kg-1

)

(Tabela 14). Estes resultados foram próximos ao encontrado

por Zilio (2010) que também estudando as mesmas cultivares

em locais diferentes observaram uma variação média

semelhante a esse estudo, entre 2,6 a 5,9 g kg-1

. Por outro lado

Silva et al., (2011) encontrou valores médios superiores aos

encontrados nesse estudo entre 4 e 6 g kg-1

estudando 100

acessos diferentes de feijão.

No Ambiente 1 não foi possível observar diferenças

significativa entre sistemas de cultivo para a média geral das

cultivares avaliadas quanto aos teores de fósforo (Figura 10).

Por outro lado, no Ambiente 2 houve diferença significativa

entre sistemas de cultivo (orgânico e convencional) em 50%

das cultivares avaliadas, indicando efeito da interação genótipo

e ambiente/safra para os teores de fósforo (Tabela 14).

Figura 10 - Média geral dos teores de fósforo dos grãos de cultivares

crioulas e comerciais de feijão produzidos no sistema de cultivo orgânico e

convencional em dois ambientes.

Médias seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre sistema de

cultivo no mesmo ambiente a e médias de mesma letra maiúscula não

diferem entre ambientes ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de

Tukey. Fonte: produção do próprio autor

Page 142: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

142

O teor de fitato foi o caractere que apresentou maior

variabilidade entre os genótipos, onde observou-se seis grupos

distintos (a - f) pelo agrupamento do teste de Scott Knott

(Tabela 15).

Tabela 15 - Teores de Fitato dos grãos de cultivares crioulas e comerciais

de feijão produzidos no sistema de cultivo orgânico e convencional em dois

ambientes.

BAF Ambiente 1 Ambiente 2

Orgânico Convencional Orgânico Convencional

BAF 003 6,83 D 4,18 F* 6,47 D 5,61 C* BAF 004 4,69 F 4,57 E 5,53 E 5,83 C BAF 007 8,35 B 7,64 A* 7,17 C 5,77 C* BAF 013 7,50 C 6,47 B* 7,94 B 7,20 A* BAF 023 6,88 D 5,18 D* 4,80 F 4,77 D BAF 036 5,80 E 4,86 E* 4,93 F 4,42 D BAF 042 4,95 F 4,82 E 4,74 F* 5,51 C BAF 044 4,81 F 4,77 E 4,78 F 4,79 D BAF 046 3,16 G 3,13 G 4,57 F 3,95 D

BAF 047 6,89 D 3,52 G* 6,20 D 6,51 B BAF 050 8,37 B 3,67 G* 5,05 F* 5,90 C BAF 055 8,09 B 6,50 B* 8,90 A 6,42 B* BAF 057 8,54 B 5,48 D* 6,63 D 6,93 A BAF 060 6,02 E 4,78 E* 4,78 F 5,39 C BAF 068 7,68 C 3,89 F* 6,07 D 6,37 B BAF 075 10,44 A 7,72 A* 8,95 A 7,24 A* BAF 081 5,72 E 4,73 E* 6,43 D 6,62 B

BAF 084 8,81 B 5,46 D* 6,67 D 6,98 A BAF 097 7,03 D 4,32 F* 5,95 D 6,33 B BAF 102 5,73 E 5,21 D 5,49 E 5,73 C BAF 108 5,80 E 3,97 F* 5,54 E 5,84 C BAF 110 10,35 A 7,58 A* 8,59 A 6,51 B* BAF 112 5,11 F 4,49 E 5,05 F 5,37 C BAF 115 6,24 E 5,82 C 5,29 E 5,34 C BAF 120 5,33 F 4,43 E* 5,21 E 5,56 C

BAF 121 5,29 F 5,73 C 5,82 D 5,42 C

MÉDIA 6,76 5,11 6,07 5,86

Médias seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre cultivar pelo teste de Scott Knott e * é a diferença significativa entre os sistemas de

cultivo no mesmo ambiente para cada cultivar, pelo teste de Tukey em nível

de 5% de probabilidade.

Fonte: produção do próprio autor.

Page 143: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

143

O teor de ácido fítico nos grãos produzidos no sistema

orgânico no Ambiente 1 variou de 3,16 g kg-1

(BAF 46) a 10,44

g kg-1

(BAF 75), com valor médio de 6,56 g kg-1

e no sistema

convencional os teores de fitato variaram entre 3,13 g kg-1

(BAF 46) a 7,72 g kg-1

(BAF 75), com média 5,11 g kg-1

menor

do que encontrado no sistema orgânico (Tabela 15).

No Ambiente 2 a variação quanto ao teor de fitato

encontrado no sistema orgânico foi de 4,57 g kg-1

(BAF 46) a

8,95 g kg-1

(BAF 75), com valor médio de 5,96 g kg-1

e no

sistema convencional a variação foi de 3,95 g kg-1

(BAF 46) a

7,24 g kg-1

(BAF 75), médio de 5,86 g kg-1

(Tabela 15).

Os maiores resultados médios de fitato para todas as

cultivares avaliadas foram observados no sistema orgânico

tanto no Ambiente 1 (6,76 g kg-1

) quanto no Ambiente 2 (6,07

g kg-1

) (Figura 11).

Figura 11 - Média geral dos teores de fitato dos grãos de cultivares crioulas

e comerciais de feijão produzidos no sistema de cultivo orgânico e

convencional em dois ambientes.

Médias seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre sistema de

cultivo no mesmo ambiente a e médias de mesma letra maiúscula não

diferem entre ambientes ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de

Tukey.

Fonte: produção próprio autor

Page 144: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

144

Os resultados encontrados nesse estudo quanto aos

teores de fitato foram menores do que os teores encontrados

por Coelho et al. (2002); Silva et al. (2011) que encontraram

valores entre 7 a 14,8 g kg1 e próximos aos teores encontrados

por Pereira et al. (2011) (2,38 a 10,93 g kg1).

Algumas linhas de estudos que consideram apenas o

efeito antinutriente do fitato salientam que é interessante

identificar genótipos com baixo teor de fósforo na forma de

fitato (BENEVIDES et al., 2011 e PEREIRA et al., 2011). Por

outro lado, considerando o efeito do fitato como antioxidante e

anticarcinogênicos potencial, o maior teor de fitato é um

indicativo nutricional importante.

Quanto aos teores de ferro foi possível observar uma

variação entre 46,96 a 127,10 mg kg-1

considerando os dois

sistemas de cultivo nos dois ambientes (Tabela 16).

Os maiores teores de ferro foram encontrados nos grãos

produzidos no cultivo orgânico no Ambiente 1 (75,97 mg kg-1

),

com uma variação de 51,17 mg kg-1

(BAF 108) a 97,20 mg kg-1

(BAF 55).

Nos grãos produzidos no sistema de cultivo convencional

no Ambiente 1, a variação foi de 46,96 (BAF 47) mg kg-1

a

127, 10 mg kg-1

(BAF 23), com teor médio de 73,71 mg kg-1

.

(Tabela 16).

No ambiente 2, a amplitude foi menor, nos grãos

produzidos no sistema de cultivo orgânico foi possível observar

variação foi de 59,45 mg kg-1

(BAF 44) a 81,10 mg kg-1

(BAF

55), com teor médio de 69,54 mg kg-1

. No sistema

convencional também no ambiente 2 os teores de ferro foram

semelhantes aos encontrados no Ambiente 1 no mesmo sistema

de cultivo, a média foi de 72,70 mg kg-1

e a variação foi de

56,97 mg kg-1

(BAF 47) a 83,12 mg kg-1

(BAF 102 e 36)

(Tabela 16 e Figura 12).

Page 145: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

145

Tabela 16 - Teores de ferro (Fe) dos grãos de cultivares crioulas de feijão

produzidos no sistema de cultivo orgânico e convencional em dois

ambientes.

BAF

Ambiente 1 Ambiente 2

Orgânico Convencional Orgânico Convencional

BAF 03 77,55 C 75,31 D 73,64 B* 79,52 A

BAF 04 55,73 E 56,10 F 60,24 D 65,681 C

BAF 07 77,10 C* 91,90 B 70,35 C* 79,80 A

BAF 13 58,85 E* 86,89 B 64,59 D* 79,00 A

BAF 23 56,52 E* 127,1 A 66,50 C* 75,85 B

BAF 36 72,16 D 70,75 D 70,04 C* 83,11 A

BAF 42 81,93 C 69,74 D* 73,42 B 76,47 B

BAF 44 70,77 D 77,30 C 59,45 D 60,28 D

BAF 46 74,88 D 48,88 G* 60,61 D 61,77 D

BAF 47 94,58 A 46,96 G* 80,07 A 56,97 D*

BAF 50 97,20 A 66,11 E* 76,80 A 63,23 C*

BAF 55 95,38 A 74,01 D* 81,10 A 79,20 A

BAF 57 75,19 D 52,08 F* 61,90 D 61,61 D

BAF 60 86,02 B 82,44 C 68,22 C* 76,51 B

BAF 68 71,16 D 69,60 D 72,66 B 59,86 D*

BAF 75 84,82 B 79,92 C 68,03 C* 83,15 A

BAF 81 80,13 C* 91,78 B 65,54 C* 74,34 B

BAF 84 70,31 D* 83,63 C 67,84 C 64,94 C

BAF 97 69,40 D* 81,74 C 75,30 B 67,45 C*

BAF 102 79,54 C 65,42 E* 77,61 A* 83,12 A

BAF 108 51,17 E* 72,54 D 63,69 D* 82,99 A

BAF 110 69,58 D* 85,95 B 77,90 A 71,49 B*

BAF 112 84,41 B 56,33 F* 76,93 A 77,58 B

BAF 115 86,25 B 64,23 E* 80,65 A 82,49 A

BAF 120 67,06 D 64,80 E 60,62 D 63,47 C

BAF 121 74,49 D 74,94 D 68,48 C* 80,15 A

MÉDIA 75,86 73,71 70,54 72,70

Médias seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre cultivar pelo

teste de Scott Knott e * é a diferença significativa entre os sistemas de

cultivo no mesmo ambiente para cada cultivar, pelo teste de Tukey em

nível de 5% de probabilidade.

Fonte: produção do próprio autor

Os teores de ferro encontrado nesse trabalho foram

menores que os obtidos por Mesquita et al. (2011) que

observaram uma variação entre 71,37 a 126,0 mg kg-1

mas

foram semelhantes e superiores ao encontrado em genótipos

comerciais como o citado por Moda-Cirino (2006) com uma

Page 146: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

146

média de 55 mg kg-1

e aos resultados encontrados por Beebe et

al. (2000) com variação entre 60-96 mg kg-1

.

A média para o teor de ferro nos grãos das cultivares

crioulas e comerciais foram de 75,46 mg kg-1

(orgânico -

Ambiente 1), 73,71 mg kg-1

(convencional - Ambiente 1) e de

70,08 mg kg-1

(orgânico - Ambiente 2), 72,70 mg kg-1

(convencional - Ambiente 2) (Figura 12).

Figura 12 - Média geral dos teores de ferro dos grãos de cultivares crioulas

de feijão produzidos no sistema de cultivo orgânico e convencional em dois

ambientes.

Médias seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre sistema de

cultivo no mesmo ambiente a e médias de mesma letra maiúscula não

diferem entre ambientes ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de

Tukey.

Fonte: produção do próprio autor

Quanto aos teores de zinco observou-se que os maiores

valores foram encontrados nos grãos em cultivares crioulas e

comerciais produzidos no sistema convencional no Ambiente 2,

no entanto no Ambiente 1 não houve diferença significativa

entre os grãos produzidos sob o sistema de cultivo orgânico e

comercial (Figura 13). Os valores médios para o teor de zinco

encontrados foram de 32,05 mg kg-1

(orgânico - Ambiente 1),

Page 147: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

147

31,83 mg kg-1

(convencional - Ambiente 1) e de 31,74 mg kg-1

(orgânico - Ambiente 2) e 34,31 mg kg-1

(convencional -

Ambiente 2) (Figura 13).

Figura 13 - Média geral dos teores de zinco dos grãos de cultivares crioulas

e comerciais de feijão produzidos no sistema de cultivo orgânico e

convencional em dois ambientes.

Médias seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre sistema de

cultivo no mesmo ambiente a e médias de mesma letra maiúscula não

diferem entre ambientes ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de

Tukey.

Fonte: produção do próprio autor

De maneira geral os teores de zinco neste estudo

apresentaram variação entre 20,8 mg kg-1

a 49,22 mg kg-1

. Nos

grão produzidos no sistema de cultivo orgânico apresentaram

variação de 24,55 mg kg-1

(BAF 57) a 43,7 mg kg-1

(BAF 108),

com teor médio de 32,14 mg kg-1

e de 20,8 mg kg-1

(BAF 47) a

49,22 mg kg-1

(BAF 102), com teor médio de 31,83 no

Ambiente 1 (Tabela 17).

No Ambiente 2 a variação nos teores de zinco foram

entre 25,66 mg kg-1

(BAF 120) a 41,81 mg kg-1

(BAF 112),

com teor médio de 31,57 mg kg-1

, menor do que o encontrado

no sistema convencional (34,31 mg kg-1

), com variação de

Page 148: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

148

24,23 mg kg-1

(BAF 47) a 41,89 mg kg-1

(BAF 102) (Tabela

14). Estes resultados foram semelhantes aos encontrado por

Pereira et al. (2011), House et al (2002); Beebe et al. (2000)

que estudando acessos de feijão encontraram uma variação

entre 29 a 43 mg kg-1

Tabela 17 - Teores de zinco (Zn) dos grãos de cultivares crioulas de feijão

produzidos no sistema de cultivo orgânico e convencional em dois

ambientes.

BAF Ambiente 1 Ambiente 2

Orgânico Convencional Orgânico Convencional

BAF 03 32,35 C* 35,76 C 31,74 C* 39,80 A BAF 04 31,32 C 24,70 G* 26,04 D* 31,98 B BAF 07 35,84 B* 45,52 B 30,66 C* 36,73 A BAF 13 36,37 B* 35,62 C 34,06 B 39,40 A BAF 23 33,24 B* 38,53 C 26,39 D* 32,85 B BAF 36 36,31 B 31,15 E* 33,53 B 38,76 A BAF 42 27,78 D 29,96 E 34,89 B 31,61 B BAF 44 28,50 D 30,61 E 31,34 C 31,21 B

BAF 46 28,52 D 21,95 H* 34,30 B 26,70 C* BAF 47 43,04 A 20,80 H* 40,30 A 24,23 C* BAF 50 32,81 B 26,77 F* 29,74 C 34,88 A BAF 55 31,87 C 25,95 F* 32,40 C 34,39 A BAF 57 24,55 D 21,42 H 25,97 D 26,26 C BAF 60 35,08 B 28,40 F* 30,41 C* 38,96 A BAF 68 26,21 D 26,61 F 30,90 C 28,35 C BAF 75 34,43 B 33,13 D 35,20 B 37,12 A

BAF 81 28,63 D 27,76 F 26,72 D* 32,95 B BAF 84 28,77 D 26,08 F 27,77 D 27,01 C BAF 97 29,78 C* 32,97 D 27,80 D 32,33 B BAF 102 26,67 D* 49,22 A 34,55 B* 41,89 A BAF 108 43,70 A 36,62 C* 32,09 C* 40,00 A BAF 110 26,44 D* 35,13 D 31,36 C* 37,97 A BAF 112 34,89 B 34,88 D 41,81 A 37,31 A BAF 115 28,37 D* 34,17 D 30,56 C* 37,12 A BAF 120 31,83 C* 37,56 C 25,66 D* 33,61 B

BAF 121 26,89 D* 36,44 C 26,94 D* 38,57 A

MÉDIA 32,05 31,83 31,74 34,31

Médias seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre cultivar pelo

teste de Scott Knott e * é a diferença significativa entre os sistemas de

cultivo no mesmo ambiente para cada cultivar, pelo teste de Tukey a nível

de 5% de probabilidade.

Fonte: produção do próprio autor

Page 149: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

149

Os valores encontrados de zinco e ferro podem ser

considerados satisfatórios do ponto de vista nutricional. A

deficiência desses dois minerais (Fe e Zn) é considerada um

problema, afetando a saúde de milhares de pessoas no mundo.

Nesse sentido a caracterização dessas cultivares e a sua

expressão fenotípica é apontada como um fator importante por

Beebe et al. (2000), os quais afirmam que o conteúdo de ferro e

zinco nos grãos de feijão pode ter incremento dependendo do

ambiente de cultivo entre 60 a 80% para ferro e para zinco de

50%.

Quanto aos teores de potássio foi possível observar

variação entre 13,85 g kg-1

(BAF 121) a 23,78 g kg-1

(BAF 47)

e de 13,20 g kg-1

(BAF 108) a 22,69 g kg-1

(BAF 07) com

teores médios de 19,05 e 17,10 no cultivo orgânico e

convencional respectivamente no Ambiente 1 (Tabela 18).

No Ambiente 2, as variações quanto ao teor de potássio

foram entre 10,05 g kg-1

(BAF 110) a 17,31 g kg-1

(BAF 84) e

de 11,32 (BAF 50) a 14,57 (BAF 60), com teor médio de

potássio nos grãos de 14,80 g kg-1

e 12,75 g kg-1

no cultivo

orgânico e convencional respectivamente (Tabela 18). Na

média geral, o maior teor de potássio foi encontrado no

Ambiente 1 no sistema orgânico, seguido do convencional,

indicando maior efeito de ambiente (safra) e não do sistema de

cultivo (Figura 14).

Os valores do teor de potássio obtidos no Ambiente 1

foram superior ao encontrado por Pereira et al. (2011) que

encontraram uma variação entre 11 g kg-1

a 19 g kg-1

avaliando

34 genótipos crioulos e semelhantes ao encontrado no

Ambiente 2 nesse estudo.

Bordin (2008) estudando os mesmos genótipos em local

diferente encontrou uma variação entre 9,11 g kg-1

a 13,40 g

kg-1

menor do que a média obtida nesse estudo nos dois

ambientes. Por outro lado, Mesquita et al. (2007) encontrou

resultados médios (24,8 g kg-1

) semelhantes a esse estudo, mais

especificamente no Ambiente 1 (safra 2012/2013).

Page 150: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

150

Tabela 18 - Teores de potássio (K) dos grãos de cultivares crioulas de

feijão produzidos no sistema de cultivo orgânico e convencional em dois

ambientes.

BAF Ambiente 1 Ambiente 2

Orgânico Convencional Orgânico Convencional

BAF 03 17,18 D* 19,37 B 14,46 C 12,60 C* BAF 04 18,85 C 17,67 C 15,64 B 12,91 C* BAF 07 20,66 B* 22,69 A 15,13 B 14,21 A BAF 13 19,24 C 18,63 B 13,24 D 13,96 A BAF 23 17,96 D 18,99 B 13,27 D 12,55 C BAF 36 17,24 D 17,24 C 15,08 B 14,46 A BAF 42 19,26 C 16,78 C* 15,42 B 13,54 B* BAF 44 20,67 B 17,00 C* 15,74 B 12,18 C* BAF 46 21,74 B 15,92 C* 15,14 B 13,15 B* BAF 47 23,78 A 13,58 D* 16,96 A 11,54 C* BAF 50 18,17 D 14,42 D* 14,45 C 11,32 C* BAF 55 19,08 C 14,82 D* 14,64 C 11,69 C* BAF 57 19,60 C 14,78 D* 13,50 D 12,21 C* BAF 60 18,58 C 15,88 C* 14,53 C 14,57 A BAF 68 19,40 C 16,60 C* 15,81 B 12,21 C* BAF 75 23,12 A 16,24 C* 16,53 A 13,91 A* BAF 81 21,24 B 16,93 C* 14,58 C 12,85 C* BAF 84 22,21 B 16,50 C* 17,31 A 13,22 B* BAF 97 18,55 C 15,82 C* 12,21 E 12,02 C

BAF 102 17,28 D* 19,83 B 15,35 B 12,19 C* BAF 108 17,16 D 13,20 D* 14,02 D 12,84 C* BAF 110 18,75 C 15,43 D* 10,05 F* 12,20 C BAF 112 17,50 D* 19,49 B 13,53 D 12,22 C* BAF 115 18,32 C* 21,40 A 14,35 C 13,06 B* BAF 120 15,54 E* 17,76 C 15,32 B 11,71 C* BAF 121 13,85 E* 17,73 C 13,85 D 12,20 C*

MÉDIA 19,24 17,10 14,65 12,75

Médias seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre cultivar pelo

teste de Scott Knott e * é a diferença significativa entre os sistemas de

cultivo no mesmo ambiente para cada cultivar, pelo teste de Tukey a nível

de 5% de probabilidade.

Fonte: produção do próprio autor

Considerando os teores de potássio observou-se altos

valores desse nutriente nesse trabalho, muito importante do

ponto de vista nutricional, pois o potássio atua no balanço e

distribuição da água no organismo, age no relaxamento

Page 151: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

151

muscular, atua na manutenção do equilíbrio ácido-base e

participa dos processos de regulação das atividades

neuromusculares entre outros benefícios.

Quanto aos valores médios do teor de potássio para

todas as cultivares avaliadas observou-se teor de 19,03 g kg-1

(orgânico - Ambiente 1), 17,10 g kg-1

(convencional -

Ambiente 1) e de 14,65 g kg-1

(orgânico - Ambiente 2) e 12,75

g kg-1

(convencional - Ambiente 2) (Figura 14).

Figura 14 - Média geral dos teores de potássio dos grãos de cultivares

crioulas de feijão produzidos no sistema de cultivo orgânico e convencional

em dois ambientes.

Médias seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre sistema de

cultivo no mesmo ambiente a e médias de mesma letra maiúscula não diferem entre ambientes ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de

Tukey.

Fonte: produção do próprio autor

Ao comparar os dois ambientes, observou-se que os

teores de proteína, fósforo, potássio, ferro e fitato, com exceção

apenas do zinco tiveram redução significativa no acúmulo

destes nutrientes nos grãos produzidos no Ambiente 2 (Tabelas

13 à 18). Estas variações podem ser explicadas pelas diferentes

condições climáticas durante o período de florescimento e

Page 152: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

152

formação de vagens. No Ambiente 2, durante o período de

entre a floração e a formação das vagens (21/01/2014 a

02/02/2014 e 06/12/2013 a 18/12/2013 cultivo orgânico e

convencional respectivamente), observou-se alta precipitação

média acumulada (89,20mm (orgânico) e 52,60mm

(convencional)) e temperatura média de 30ºC (orgânico) e 27ºC

(convencional). Enquanto que no Ambiente 1, a fase de

florescimento e inicio de formação de vagens (24/11/2012 a

06/12/2012) coincidiu com menor volume de água (30mm).

Resultados semelhante foi verificado por Pereira et al.

(2011) aonde observaram redução significativa nos teores de

magnésio, potássio, proteína total e fitato em função na safra,

os autores observaram que aonde a precipitação foi maior, o

teor de nutrientes foi menor do que quando comparada na

safra que teve menor precipitação entre os períodos de

floração e início de formação das vagens.

4.6 CONCLUSÃO

Os grãos provenientes das cultivares crioulas e

comerciais de feijão produzidos no sistema de cultivo orgânico

apresentaram teor de nutrientes (proteína total, fósforo, fitato,

potássio e ferro) superior ou semelhante aos grãos produzidos

no sistema de cultivo convencional, permitindo indicar o

cultivo orgânico como uma forma viável de cultivo para Santa

Catarina.

As cultivares crioulas identificadas como BAFs: 13, 55,

68, 84, 7, 3, 75 e a variedade comercial BAF 110 destacaram-

se com níveis elevados de nutrientes (proteína total, fósforo,

fitato, potássio, ferro e zinco) no sistema de cultivo orgânico e

podem ser indicados para o uso em programas de

melhoramento, bem como de forma direta pelo próprio

agricultor para o consumo, produção e comercialização.

Page 153: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

153

Observou-se também uma ampla diversidade genética

das cultivares crioulas avaliadas para os teores de nutrientes,

bem como resposta diferenciada entre os dois ambientes,

demonstrando uma estreita relação entre as cultivares e as

condições climáticas. Nesse sentido indica-se que os teores de

nutrientes devem ser analisados nos ensaios de valor de cultivo

e uso ao indicar uma nova cultivar.

Page 154: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

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162

5 INDICAÇÃO DE CULTIVARES CRIOULAS E

COMERCIAIS DE FEIJÃO QUANTO A

TOLERÂNCIA AOS DEFEITOS “HARD-TO-COOK”

DURANTE O ARMAZENAMENTO

5.1 RESUMO

O armazenamento dos grãos de feijão em condições

inadequadas pode ocasionar redução na qualidade tecnológica,

através do aumento da dureza dos grãos e modificação de

coloração dos grãos e do caldo, tornando-os menos aceitável

pelos consumidores. Nesse sentido se faz necessário o uso de

metodologias que possam avaliar precocemente a

suscetibilidade aos defeitos hard-to-cook durante o

armazenamento. O objetivo desse trabalho foi avaliar as

modificações na qualidade tecnológica dos grãos de cultivares

crioulas e comerciais de feijão produzidas no sistema de

cultivo orgânico e posterior submetidas ao envelhecimento

acelerado. Foram utilizados 26 cultivares, sendo 22 crioulas e

4 comerciais. O armazenamento foi realizado através do

envelhecimento acelerado (± 40ºC e 76% UR) por 0, 5, 10, 20,

30 e 40 dias. Através do envelhecimento acelerando foi

possível identificar cultivares superiores quanto à menor

suscetibilidade aos defeitos hard-to-cook ocasionado durante o

armazenamento, com destaque aos BAFs: 13, 36, 68, 81, 97 e

75 que apresentaram menor aumento no tempo de cozimento (3

a 4 vezes) e maior tolerância aos fenômenos de escurecimento

dos grãos. As cultivares crioulas apresentaram superioridade

em comparação com as variedades comerciais e estas são

muito importante tanto do ponto de vista do melhoramento

quanto para a utilização de forma direta destes pelos próprios

agricultores.

Palavras-Chave: Envelhecimento acelerado, escurecimento

dos grãos, tempo de cozimento, pós-colheita

Page 163: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

163

5.2 ABSTRACT

The storage of beans in inadequate conditions can cause

reduction in technological quality by increasing the hardness of

the grains and grain color modification, making them less

acceptable to consumers. In that sense it is necessary to use

methodologies that can early evaluate the susceptibility to

hard-to-cook defects during storage. The objective of this study

was to evaluate changes in the technological quality of

landrace beans cultivars and commercial cultivars of beans

produced in the organic farming system and later submitted to

accelerated aging. We used 26 varieties, 22 landrace cultivars

and 4 commercial varieties . The grains were stored through the

accelerated aging (± 40 ° C and 76% RH) for 0, 5, 10, 20, 30

and 40 days. Through the aging accelerating was identified the

superior cultivars less susceptible to hard-to-cook defects

caused during storage, especially the BAFs: 13, 36, 68, 81, 97

and 75 which had smaller increase in cooking time (3-4 times)

and increased tolerance to grain browning phenomena. The

landrace common beans cultivars were superior compared to

commercial varieties and these are very important from the

point of view of improvement as to the use of these directly by

the farmers themselves.

Key-words: Accelerated aging, darkening of grains, cooking

time, post-harvest

5.3 INTRODUÇÃO

A aceitabilidade do feijão é dependente principalmente

das suas propriedades culinárias que incluem a cor, espessura

do caldo, tamanho, aparência do grão e especialmente o tempo

de cozimento. Um dos grandes entraves da aceitabilidade do

feijão é conhecido como hard-to-cook (HTC), defeito que

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164

provoca aumento do tempo de cozimento indesejável ao

consumidor, ocasionando maior gasto de tempo e mudanças

estruturais em nível celular provocando perda de nutrientes

importantes do ponto de vista nutricional (COELHO et al.,

2009; MORAIS et al., 2010; COSTA; VIEIRA, 2000).

A forma com que os grãos são armazenados influencia no

endurecimento do tegumento e dos cotilédones. Durante o

armazenamento ocorrem alterações químicas e estruturais que

levam a depreciação da qualidade geral e do valor nutritivo do

produto (BRACKMANN et al., 2002; SOUZA, 2003).

A preferência do consumidor é por um grão recém

colhido, e o fenômeno de envelhecimento fica associado ao

escurecimento do tegumento e ao endurecimento (defeito hard-

to-cook) que tornam os grãos resistentes ao amaciamento por

cocção e menos atrativo para o consumo (SHIGA, 2003 e

BASSINELO et al., 2003).

Várias causas podem explicar o desenvolvimento do

fenômeno hard-to-cook (HTC), entre elas a formação de

pectatos insolúveis, lignificação da lamela média, oxidação ou

polimerização lipídica, ligações cruzadas de proteínas

hidrolisadas e/ ou polifenólicos (GARCIA et al., 1998). Sabe-

se que a estocagem prolongada a altas temperaturas e alta

umidade relativa acelera o aparecimento do defeito HTC,

caracterizando-se como uma importante perda em pós-colheita

(RIBEIRO et al., 2007; ZIMMERMANN et al., 2009;

COELHO et al., 2007; SCHOENINGER et al., 2013;

COELHO et al., 2009).

O endurecimento dos tecidos vegetais da bainha das

vagens de muitas leguminosas, que acontece pouco depois da

colheita, está relacionado com a biossíntese dos compostos da

parede celular, entre eles, a lignina, substância orgânica de

natureza complexa, derivada do fenilpropano (EGG

MEDONÇA, 2001). A formação de lignina devido à

polimerização de fenóis pode estar relacionada com a enzima

peroxidase. Essa enzima, muito provavelmente, está envolvida

Page 165: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

165

no processo de lignificação da lamela média dos cotilédones. A

ação dos polifenóis, também tem sido atribuída ao

endurecimento dos grãos de feijão, por meio de dois

mecanismos: polimerização na casca ou pela lignificação dos

cotilédones (RIBEIRO et al., 2007).

O escurecimento do tegumento tem sido atribuído a

presença de compostos fenólicos e nos últimos anos pesquisas

intensificaram-se a respeito do papel que esses compostos

podem ter em leguminosas, especialmente no feijão. Esses

compostos ocorrem naturalmente nas sementes de cereais e

leguminosas e, se presentes em grandes quantidades, podem

diminuir a biodisponibilidade de proteínas e minerais (LOPES,

2011).

Para algumas cultivares, o teor fenólico aumenta

durante o período de armazenamento, tanto na colheita

realizada antecipada, como normal. A cor mais escura do

tegumento, após o armazenamento, pode ser conseqüência do

aumento da atividade da enzima polifenoloxidase associada à

atividade da enzima peroxidase e aumento do conteúdo de

compostos fenólicos, com isso, a perda de qualidade durante o

armazenamento manifesta-se pelo aumento no grau de dureza

do feijão, aumentando de forma significativa o tempo

necessário para o cozimento, além de alterar o sabor, e

provocar o escurecimento do tegumento em algumas cultivares

(RIOS et al., 2002).

Aliados aos interesses dos consumidores, a pesquisa

tem buscado anualmente melhorar as características que

aumentem o tempo de prateleira e reduzam os defeitos pós-

colheita como o hard-to-cook. Nesse sentido a caracterização

adequada dos acessos existentes no seu local de cultivo é

fundamental, tendo em vista que há evidencias de que nem

todos os grãos velhos são duros e ou escuros e que as

qualidades tecnológicas e nutricional dos grãos são

determinadas pelo genótipo e influenciada pelo ambiente

durante o crescimento da planta e desenvolvimento do grão, de

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166

forma que estes genótipos apresentem comportamentos

diferentes durante o armazenamento (TEIXEIRA et al., 2014).

Sabe-se que com o desenvolvimento tecnológico, tem-se

a substituição das variedades crioulas, de ampla variabilidade

genética, pelas cultivares melhoradas, levando a perda de

cultivares que possuem genes de interesse (úteis) para diversas

características, como a qualidade culinária. A existência da

ampla diversidade genética das cultivares crioulas permite

encontrar genes de interesse que não são mais observadas nas

variedades melhoradas devido a restrita base genética, como

por exemplo, a tolerância aos defeitos hard-to-cook

ocasionados durante o armazenamento, menor escurecimento e

menor tempo de cozimento (CONNER; MERCER, 2007).

Aliados ao conhecimento de que a forma com que os

grãos são armazenados influencia o endurecimento do

tegumento e que o defeito hard-to-cook é favorecido quando o

armazenamento é realizado em altas temperaturas e alta

umidade relativa do ar, o uso de metodologias que conseguem

caracterizar precocemente os genótipos quanto a tolerância ao

armazenamento são importantes, entre elas, a mais rápida e

eficaz é aquela que promove o envelhecimento acelerado dos

grãos (COELHO et al., 2009; SEVIDANIS et al., 2014).

Estudos realizados por Coelho et al. (2009) avaliando a

dureza dos grãos concluíram que um tempo de cerca de 20 dias

de envelhecimento acelerado (temperatura de 40º e umidade

relativa de 76%) é equivalente a um ano (12 meses) de

estocagem em condições naturais (25ºC (média) e 45-60%

UR).

Nesse sentido, com o intuito de caracterizar

precocemente as cultivares que apresentem maior tolerância ao

defeito “hard-to-cook” durante o armazenamento, o objetivo

desse trabalho foi avaliar as modificações na qualidade

tecnológica dos grãos de cultivares crioulas e comerciais de

feijão submetidas ao envelhecimento acelerado.

Page 167: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

167

5.4 MATERIAL E MÉTODOS

Para este estudo foram utilizados, 26 cultivares

(Apêndice H), sendo 22 crioulas selecionados ao longo de 7

safras de autofecundação, com origem do Banco Ativo de

Feijão (BAF) e 4 variedades comerciais. Estas foram

escolhidas em função das características promissoras de

produtividade, caracteres agronômicos e qualidade fisiológica

(COELHO et al., 2007; PEREIRA et al., 2009; ZILIO et al.,

2011; ZILIO et al,, 2013).

Os grãos provenientes das cultivares crioulas e

comerciais foram produzidos em experimento a campo,

conduzido na estação experimental da Empresa de Pesquisa

Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina – Epagri, no

município de Campos Novos / SC (27°23’24” Sul, 51°12’58”

Oeste e 940 mm de altitude) na safra 2011/2012 no sistema de

produção orgânico e a colheita foi realizada manualmente, com

teor de água próximo a 12%.

O delineamento utilizado a campo foi de blocos ao

acaso com quatro repetições. As parcelas foram constituídas de

quatro linhas de quatro metros, espaçada 0,5 m cada uma, com

densidade de 15 sementes m-1

. A área útil de cada parcela foi

composta por duas linhas centrais, excluindo 0,5m de cada uma

das extremidades.

Após a colheita, as plantas das duas linhas centrais de

cada parcela (área útil) foram separadas e debulhadas a mão

com o auxílio de um bastão de madeira e posterior os grãos

oriundos da área útil de cada parcela foram acondicionadas em

sacos de papel para serem levadas ao laboratório para a

obtenção da amostra de trabalho (Brasil, 2009). As análises dos

grãos, bem como o armazenamento foram realizadas no

Laboratório de Análise de Sementes (LAS), do Centro de

Ciências Agroveterinárias da Universidade do Estado de Santa

Catarina – CAV/UDESC.

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168

O envelhecimento acelerado foi realizado utilizando as

26 amostras contendo as 26 cultivares, estas foram

acondicionadas em embalagens de tecido fino (poroso) e

colocados em frascos de vidro, mantendo-se suspenso, sem

tocar o fundo e hermeticamente fechados (Figura 15). Os

frascos continham solução salina saturada de cloreto de sódio

para formar a umidade relativa dor ar de 76% (RAO; RIZVI,

1986). Para acelerar o envelhecimento, os frascos com os

feijões foram armazenados em estufa (BOD) a 40 ± 1ºC

(COELHO et al., 2009; VALLE-VEJA et al., 1990; GARCIA;

LAJOLO, 1994; OCKENDEN, 1997) por 0, 5, 10, 20, 30 e 40

dias, onde o tempo zero foi tomado como controle (tempo

inicial). Foi realizado o monitoramento diário da temperatura

na estufa (BOD). Figura 15 - Distribuição aleatória dos frascos contendo as amostras dentro

da estufa (câmara BOD) com controle de temperatura (40 ± 1ºC) e umidade

relativa (76%) aonde foram realizado o envelhecimento acelerado durante

40 dias.

Fonte: produção do próprio autor.

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169

Em cada tempo (0, 5, 10, 20, 30 e 40 dias) foi

determinado o teor de água das sementes pelo método padrão

da estufa a 105ºC por 24 horas, utilizando-se duas repetições

para cada amostra, conforme as Regras para Análise de

Sementes (Brasil, 2009).

O percentual de absorção de água foi realizado em

todos os tempos de envelhecimento, com 3 repetições de 16g

de grãos de feijão imersos em 100 mL de água destilada a 25°C

(COELHO et al., 2008), por 8 horas (BORDIN et al., 2010). O

percentual de embebição antes do cozimento foi determinado

através do cálculo da matéria úmida (MU) menos a matéria

seca (MS), e o resultado foram divididos pela matéria seca

(MS) e multiplicado por 100 (porcentagem).

Os grãos previamente hidratados foram submetidos ao

teste de cozimento realizado através do cozedor de Mattson

(MATTSON, 1946), modificado por Proctor e Watts (1987) e

Sartori (1982). Foram realizadas três repetições de 25 grãos

previamente hidratados e distribuídos abaixo de cada uma das

hastes do cozedor. Após foram colocados na água destilada em

temperatura de fervura (± 100 °C), cronometrando-se o tempo

de cozimento das amostras, em minutos e segundos, até a

queda da 13ª vareta, perfurando os grãos.

A avaliação do escurecimento foi realizada por

adaptação da metodologia proposta por Silva (2007), com o

uso de notas para o escurecimento dos grãos (Figura 16 e 17). Figura 16 - Escala de nota utilizada na avaliação do escurecimento dos

grãos de feijão.

Fonte: Silva (2007)

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170

Figura 17 - Padrão representativo de cores (escala de notas 1-5) dos grãos

das cultivares de feijão avaliadas considerando, cor do tegumento (externo),

cotilédones (interno) e brilho para as cultivares de feijão preto nas

avaliações de notas.

1: cor e brilho normal (levando em consideração as características

intrínsecas de cada genótipo), 2: inicio visível do escurecimento e início de perda do brilho, 3: medianamente escuro com perda média do brilho, 4:

escuro e perda total do brilho e 5: muito escuro, perda total de brilho.

Fonte: produção próprio autor.

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171

Para cada tempo de armazenamento (5, 10, 20, 30 e 40

dias) foi realizado a avaliação do escurecimento dos grãos por

meio de uma escala de notas variando de 1 a 5, sendo 1 a cor

de fundo de grão muito clara, 2 medianamente claro, 2 claro, 4

medianamente escuro e 5 muito escuro (Figura 16 e 17)

(SILVA, 2007). Para esse estudo, foi adaptado à metodologia

de Silva (2007) a visualização da cor interna dos cotilédones e

a avaliação de brilho do tegumento por apresentar na sua

amostra feijões de cores e pretos (Figura 17).

Os dados obtidos para as variáveis tempo de cocção,

capacidade de hidratação, umidade e escurecimento dos grãos

foram submetidos à análise de variância conjunta pelo teste F.

Para agrupar as cultivares quanto a similaridade relacionada ao

aumento relativo do tempo de cozimento final em relação ao

tempo inicial foi realizado o teste de média por Scott Knott ao

nível 5% de probabilidade. Foi também realizado a análise de

regressão linear para todas as variáveis avaliadas e a análise de

correlação de Pearson para verificar possíveis correlações entre

o tempo de cozimento e o escurecimento ao longo do

armazenamento. Para todos os testes efetuados foram utilizados

os programas estatísticos SAS R® 9.1.3 e GENES (SAS

INSTITUE, 2007; CRUZ, 2006).

5.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise de variância indicou efeito significativo para o

tempo de armazenamento, cultivares, bem como a interação

destes para as variáveis de tempo de cozimento, cor

(escurecimento) e teor de água dos grãos das cultivares crioulas

e comerciais de feijão. A variável percentual de embebição

antes do cozimento apresentou efeito significativo apenas entre

cultivares (Tabela 19).

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172

Tabela 19 - Resumo da análise de variância das variáveis de qualidade

tecnológica dos grãos de cultivares crioulas e comerciais de feijão durante o

armazenamento.

Fontes de

Variação GL

VARIÁVEIS (F)1

TC COR PEANC TA

Cultivar (G) 25 694,93** 13,34** 149,46** 6,86**

Armazenamento (A)

5 29004,18** 540,80** 1,27ns 229,81**

G x A 125 149,11** 2,31** 0,72ns 1,39*

MÉDIA 22,30 4,32 72,98 32,28

CV% 3,08 19,58 2,94 4,06 1(TC) tempo de cocção, (COR) escurecimento/cor, (PEANC) percentual de

absorção de água (% de embebição antes do cozimento), (TA) teor de água

nos grãos. * e ** significativo a 5% a 1%, respectivamente e ns é não

significativo pelo teste F.

Fonte: produção do próprio autor.

Através da análise de regressão foi possível observar

aumento no tempo de cozimento dos grãos durante o

armazenamento para todas as cultivares avaliadas. Observou-se

que o modelo linear representou satisfatoriamente os valores

experimentais e foi significativo para todas as cultivares a 5%

de probabilidade pelo teste “t”. Os valores do coeficiente de

determinação foram acima de 0,90 para maioria dos genótipos

(Figura 18).

Os BAFs: 68, 13, 81, 36, 97, 75, 115, 44 e 60

apresentaram tempo de cozimento inferior a 100 minutos

(Figura 18A), os BAFs: 121, 50, 42, 3, 55, 4, 112 e 110 entre

100 a 120 minutos (Figura 18B) e os BAFs: 110, 84, 07, 46,

47, 120, 57, 23 e 108 apresentaram tempo de cozimento acima

de 120 minutos (Figura 18C). A cultivar BAF 108 apresentou

201,54 minutos de cozimento após 40 dias de armazenamento

em envelhecimento acelerado, apresentando baixa tolerância

aos defeitos hard-to-cook (Figura 18).

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173

Figura 18 - Equações de regressões individuais quanto ao tempo de

cozimento para cada cultivar agrupadas em A (< 100 minutos), B (100 a

120 minutos) e C (> 120 minutos) durante o armazenamento.

Fonte: produção do próprio autor.

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174

Na média geral as cultivares avaliadas apresentaram

aumento de 4,7 vezes o tempo de cozimento inicial após 40

dias de envelhecimento (40°C ± 76%UR), verificando que

houve incremento no tempo de cozimento dos grãos à medida

que foi exposto ao tempo de armazenamento. Por outro lado,

algumas cultivares foram mais tolerantes aos defeitos hard-to-

cook ocasionados pelo armazenamento, os BAFs: 13, 36, 81,

03, 68, 44 e 97 apresentaram aumento de entre 3 e 4 vezes em

relação ao tempo inicial, enquanto que os BAFs: 23 e 102

apresentaram entre 6,1 a 7 vezes e o BAF 108 entre 7,1 a 8

vezes de aumento em relação ao tempo inicial e após os 40 dias

de envelhecimento acelerado (armazenamento) (Tabela 19).

Figura 19 - Distribuição de freqüência em relação ao aumento relativo

entre o tempo de cozimento inicial e após os 40 dias de envelhecimento

acelerado nos grãos de cultivares crioulas e comerciais de feijão.

Fonte: produção do próprio autor.

Estes resultados foram melhores do que os encontrados

na literatura, Coelho et al. (2009) observou aumento na ordem

de 7 a 8 vezes de aumento avaliando variedades comerciais de

feijão carioca e preto aos 40 dias de armazenamento

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175

envelhecimento acelerado (40°C ± 76%UR) e de 14 a 18 vezes

após 75 dias.

Schoeninger et al. (2013) estudando a qualidade físico-

química e tempo de cozimento de feijões novos e envelhecidos

encontraram genótipos mais suscetíveis aos defeitos hard-to-

cook durante o armazenamento, estes apresentaram 9 a 12

vezes o aumento no tempo de cozimento para genótipos

armazenados por 40 dias a 41º e 76% de UR e após mantido

por 12 meses em ambiente climatizado refrigerado à 5ºC.

Maurer et al. (2004) observaram que o tempo de cozimento

sofreu acréscimo de 2,5 vezes o seu tempo inicial quando

submeteu os feijões ao armazenamento de 65%UR e 20°C

(condições de ambiente) por 3,5 meses.

Essa variabilidade também foi constatada por outros

autores, Sevidanis et al. (2014), observou modificações na

qualidade tecnológica de cultivares comerciais de feijão

durante o armazenamento acelerado um aumento duas vezes

maior em relação ao tempo inicial em 10 dias de

armazenamento (40°C ± 76%UR). Já, Siqueira et al, 2013

observou um aumento no tempo de cozimento mais gradativo

com diferentes graus para diferentes genótipos, evidenciando a

variabilidade para essa interação entre genótipo e tempo de

armazenamento.

Esses resultados demonstraram que o armazenamento em

condições inadequadas ocasiona aumento significativo do

tempo de cocção e aumento da dureza final dos grãos de feijão,

indesejável ao consumidor e dessa forma a metodologia de

envelhecimento acelerado utilizada nesse estudo para avaliar

precocemente os genótipos foi eficiente. Resultados

semelhantes foram observados por diversos autores

(SEVIDANIS et al., 2014; SCHOENINGER et al, 2013;

COELHO et al., 2009; RESENDE et al., 2008; RESENDE et

al., 2004; SHIGA et al., 2004; BRACKMANN et al. 2002;

RIBEIRO et al., 2007; YOUSIF et al., 2002).

Page 176: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

176

Levando em consideração que tempos de cozimento

menores são importantes tanto do ponto de vista nutricional

quanto tecnológico, de grande interesse para os consumidores,

encontrar cultivares que apresentem maior resistência aos

efeitos hard-to-cook ocasionados pelo armazenamento são

muito importantes. A maioria das cultivares crioulas

apresentaram essas características de menor tempo de

cozimento durante o armazenamento, essas foram mais

tolerantes ao estresse ocasionado pelo defeito hard-to-cook

durante armazenamento pós-colheita (Figura 18 e 19).

Observou-se pequena variação no teor de água dos grãos

(umidade) após cada tempo de armazenamento, de 12,43%

inicial para 15,32% após os 40 dias de armazenamento, ou seja

aumento de 2,89% ao longo do tempo. O teor de água dos

grãos permaneceu em equilíbrio com as condições de umidade

relativa do ar, no interior dos frascos (40ºC e 76% de UR) de

acordo com a metodologia utilizada (Figura 19).

Figura 20 - Teor de água dos grãos (umidade) das cultivares crioulas e

comerciais durante o armazenamento.

Fonte: produção do próprio autor

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177

Para o percentual de hidratação antes do cozimento

(capacidade de absorção de água) observou que permaneceu

estável para a maioria das cultivares avaliadas com o tempo de

armazenamento (40 dias) com exceção do BAF 108, que

apresentou uma redução em 10% (Figura 21).

Figura 21 - Percentual de absorção de água dos grãos de cultivares crioulas

e comerciais de feijão ao longo do armazenamento.

Fonte: produção do próprio autor

Durante o armazenamento, todas as cultivares

apresentaram comportamento semelhante e foi observado

pequenas reduções na absorção de água para algumas

cultivares, com destaque o BAF 108 que apresentou redução de

10%. No inicio do armazenamento (T0) os genótipos

apresentaram diferentes comportamentos com variação de

72,01% a 103,83% para genótipo BAFs: 044 e 097

respectivamente.

A variável absorção de água não é um fator de grandes

variações ao longo do armazenamento dos grãos. Resultados

semelhantes foram observados por Sevidanis et al. (2014) após

Page 178: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

178

avaliar 6 cultivares comerciais de feijão observou pequenas

diferenças durante o armazenamento para a capacidade de

absorção de água e apenas uma variedade apresentou

diferenças significativa durante o armazenamento, em torno de

10%.

De acordo com Ribeiro et al. (2007) a absorção de água

pode variar de acordo com as características de cada genótipo,

que podem estar relacionadas com o brilho, espessura e

uniformidade de deposição da camada de cera na superfície do

tegumento.

Oliveira et al. (2011), observaram comportamento

variável para as diferentes cultivares avaliadas, nas variedades

comerciais Macanudo, Carioca e Lh5 não observou-se

diferenças significativa durante o armazenamento, com valores

similares aos grãos recém colhidos, por outro lado as cultivares

Guapo Brilhante, BRS Campoeiro e Pérola apresentaram

redução na absorção de água após seis meses de

armazenamento em torno de 10%.

Esses resultados podem ser explicados entre as diferenças

dos defeitos hardshell, que ocorrem durante a formação dos

grãos a campo e dos defeitos hard-to-cook, mais associada ao o

armazenamento, pois está associado a exposição dos grãos a

alta temperatura e umidade relativa alta.

O defeito hard-to-cook (HTC) que ocorre principalmente

durante o armazenamento, difere do hardshell, que se refere à

impermeabilidade do tegumento á absorção de água, isto é os

grão falham durante o processo de absorção (grãos duros),

enquanto que no defeito hard-to-cook os grãos são capazes de

absorver água, mas os cotilédones não amaciam durante o

processo de cozimento, sendo necessário aumento do tempo de

cozimento para que ocorra esse amaciamento (BOURNE,

1967; VINDIOLA et al., 1986; REYES-MORENO, 1993; LIU

et al., 1995; BRAGANTINI, 2005).

Para a variável escurecimento dos grãos observou-se de

maneira geral que o aumento no tempo de armazenamento

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179

promoveu o maior escurecimento dos grãos de forma linear

para todos os genótipos, de forma similar ao tempo de

cozimento ao longo do armazenamento (Figura 22). Figura 22 - Análise de regressão para a variável escurecimento dos grãos

de cultivares crioulas e comerciais de feijão durante o período de

armazenamento.

Fonte: produção do próprio autor

O modelo linear observado na Figura 22 foi o que se

ajustou melhor aos resultados de escurecimento dos grãos. As

equações (R2) variaram entre 0,829 à 0,989 (APÊNDICE I).

O grau de escurecimento foi diferente para cada cultivar

avaliada, os BAFs: 75, 81 e 68 foram os que apresentaram

menor escurecimento durante o armazenamento e os BAFs: 04,

23 e 108, apresentaram maior escurecimento durante o

armazenamento quando comparada com a cor inicial (T0)

(Figura 22).

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180

Resultado semelhante de escurecimento do tegumento foi

encontrado por Siqueira (2013) estudando respostas para

escurecimento e endurecimento de feijão carioca armazenado

observou a alteração de cor mais dependente da característica

de suscetibilidade de cada genótipo.

Uma das grandes dificuldades é encontrar um parâmetro

que possa avaliar o escurecimento tardio dos grãos, uma

alternativa é por meio de uma escala de notas, utilizada nesse

estudo. Esse procedimento também foi utilizado por Silva et al.

(2008); Araújo et al. (2012); Brackmann et al. (2002); Junk-

knievel et al. (2007).

Rezende e Duarte (2007) avaliou a precisão e controle de

qualidade em experimento de avaliação de cultivares observou

que as estimativas superiores para a avaliação através de notas.

O uso dessa escala para estes autores mostraram factível pois,

embora ocorra diferença entre avaliadores o erro experimental

é ainda pequeno tendo em vista a padronização e treinamento

inicial (SILVA, 2007).

Na Figura 23 foi possível visualizar o escurecimento do

tegumento para os grupos cores (23B, 23C e 23E) e carioca

(23A), enquanto que nos grãos do grupo preto (23D) é possível

visualizar uma leve perda de brilho do tegumento e

escurecimento do hilium, porém de uma maneira em geral foi

possível visualizar a alteração de cor avaliando o conjunto,

tegumento (externo), cor dos cotilédones (interno) e brilho do

tegumento (Apêndice H).

Através da análise visual, foi a partir do 30º dia de

armazenamento foi possível visualizar com maior distinção o

escurecimento dos grãos entre genótipos, mesmo com

variações de intensidade em função da sua maior ou menor

suscetibilidade ao fenômeno do escurecimento (Apêndice H), o

que está conforme o citado por outros trabalhos, Silva (2007)

também observou diferentes intensidade de escurecimento

conforme o genótipo avaliado.

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181

Figura 23 - Fotos ilustrativas do escurecimento do tegumento ao final do

armazenamento dos grupos cores, preto e carioca das cultivares avaliadas.

Fonte: produção do próprio autor

A cor dos grãos de feijão é um atributo visual de grande

importância na aceitação comercial de uma cultivar, tanto no

varejo quanto no mercado atacadista, onde pode influenciar o

custo do produto. Os grãos mais escuros são menos aceitos

pelos consumidores devido à associação da cor escura dos

grãos com uma maior resistência ao cozimento (NASAR-

ABBAS et al., 2009).

Durante o armazenamento, os compostos presentes no

tegumento dos grãos podem sofrer oxidação ou outras

mudanças químicas que levam a novos compostos, que mudam

a cor dos mesmos. As causas exatas do escurecimento pós-

Page 182: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

182

colheita não são bem conhecidas, mas alguns autores indicam a

combinação de ambiente, genética e alterações químicas, que

ocorrem dentro do tegumento (ARAÚJO et al., 2012). O

escurecimento é acelerado pela exposição à luz, alta

temperatura e umidade durante o armazenamento (JUNK-

KNIEVEL et al., 2007).

Através da correlação de Pearson entre as variáveis

tempo de cozimento e escurecimento dos grãos durante os

tempos de armazenamento foi possível observar que houve

correlação alta e significativa nos tempos de 30 (0,51) e 40

(0,61) dias de armazenamento (Tabela 20).

Tabela 20 - Correlação de Pearson entre as variáveis tempo de cozimento

(TC) e escurecimento dos grãos (notas) durante todos os tempos de

armazenamento (5 a 40 dias).

Escurecimento dos

Grãos

Tempo de Cozimento

5 DIAS 10 DIAS 20 DIAS 30 DIAS 40 DIAS

5 DIAS 0,02ns

10 DIAS

0,12ns

20 DIAS

0,33*

30 DIAS

0,51**

40 DIAS

0,61**

** e *: significativo a 1 e 5% de probabilidade pelo teste “t”. ns: não

significativo.

Fonte: produção do próprio autor

Os resultados de correlação desse estudo foram

semelhantes ao encontrado por Araujo, (2012) estudando a

seleção indireta do tempo de cocção de linhagens de feijoeiro

com base no escurecimento tardio dos grãos observou

correlação significativa entre o escurecimento e tempo de

cocção, concluindo que de maneira geral os grãos mais claros

apresentam tempo de cozimento mais favorável.

De uma maneira em geral, foi possível encontrar

genótipos de grande interesse tanto para o melhoramento

quanto para o uso pelos próprios agricultores, e observou-se

Page 183: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

183

uma variabilidade entre tempos de cozimento e escurecimento

do tegumento, bem como uma forte relação entre essas duas

variáveis no final do armazenamento acelerado (40 dias).

Os BAFs: 13, 81, 36, 68, 97 e 75, todos cultivares

crioulas, se destacaram apresentando maior tolerância aos

defeitos hard-to-cook ocasionado por fatores adversos de alta

temperatura e umidade (41° ± 76% UR) pós-colheita,

apresentando tempo de cozimento inferior a 90 minutos aos 40

dias de armazenamento acelerado, tempo esse equivalente a 2

anos de armazenamento natural (COELHO et al., 2009).

5.6 CONCLUSÃO

As condições de armazenamento aplicadas

(envelhecimento acelerado de 40 ± 1ºC e 76% UR) foram

eficientes para diferenciar precocemente as cultivares de feijão

quanto a maior ou menor suscetibilidade aos defeitos “hard-to-

cook” ocasionado durante o armazenamento inadequado.

Observou-se superioridade dos grãos das cultivares crioulas

em relação às variedades comerciais, com destaque aos BAFs:

68, 13, 81, 36, 97 e 75 que apresentaram menor tempo de

cozimento e maior tolerância aos fenômenos de escurecimento

dos grãos durante o armazenamento.

As cultivares crioulas que apresentaram menor

suscetibilidade aos defeitos “hard-to-cook” são muito

importante tanto do ponto de vista do melhoramento como

também podem ser utilizadas de forma direta pelos próprios

agricultores, ampliando a possibilidade de manejo e

conservação agrobiodiversidade.

Page 184: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

184

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192

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A diversidade genética encontrada neste trabalho para

características de qualidade tecnológica, composição química e

suscetibilidade durante o armazenamento das cultivares

crioulas, reforça a ampla base genética existentes nesses

materiais. Devido essa ampla diversidade encontrada, nenhuma

cultivar deve ser descartada pelos resultados inferiores, pois

possuem outras características importantes, que devem ser

resgatadas, bem como encontradas alternativas de manejo para

alcançarem padrões adequados de qualidade.

Identificou-se cultivares crioulas superiores quanto ao

menor tempo de cozimento, maior composição nutricional e

menor suscetibilidade aos defeitos hard-to-cook ocasionados

durante o armazenamento, mas ainda, estudos mais

aprofundados são extremamente necessários e precisam ser

realizados de maneira a entender de forma mais detalhada a

estabilidade e adaptabilidade dessas cultivares no sistema de

cultivo orgânico em diferentes ambientes. Por exemplo, a

adubação orgânica, melhora a estruturação do solo, garantindo

melhor armazenamento de água e drenagem interna, que por

sua vez, favorece a redução do impacto negativo das variações

de temperatura auxiliando nos processos biológicos e na

absorção de nutrientes gradativos pelas plantas, além disso,

diminui a lixiviação de nutrientes causada pela chuva ou pela

irrigação mantendo a planta em equilíbrio nutricional.

A hipótese que infere sobre a melhoria da qualidade

tecnológica e composição bioquímica dos grãos produzidos no

sistema de cultivo orgânico está relacionada com o melhor

estado nutricional da planta e o equilibro entre o solo e o

ambiente, o que permite concluir que uma planta bem nutrida,

consegue realizar um melhor aproveitamento dos nutrientes em

todo o ciclo de produção incluindo a formação dos grãos que

Page 193: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

193

está ligada diretamente a qualidade tecnológica e composição

química.

Apesar do crescente avanço dos benefícios que a

agroecologia trás para a produção de alimentos, ainda é pouco

explorado estudos que comparam os incrementos relacionados

à qualidade tecnológica e o ter de nutrientes comparados ao

sistema convencional. Sabe-se que pesquisadores têm

desenvolvido trabalhos de pesquisa para avaliar o potencial das

variedades tradicionais, locais ou crioulas, em condições

agroecológicas, buscando dar um caráter científico ao cultivo

orgânico e apoiando a manutenção da agrobiodiversidade,

porém, ainda são incipientes e precisam ser cada vez mais

aprimorados, incentivados e explorados.

Além de explorar e caracterizar, essas informações

devem chegar até os agricultores. O conhecimento das

características e potencialidades das cultivares crioulas sob a

condição de cultivo orgânico pode auxiliar na retomada, por

parte dos agricultores, do hábito de conservação desses

materiais e ampliar cada vez mais a possibilidade de manejo e

a conservação da agrobiodiversidade, bem como a preservação

desta diversidade genética e uso direto para agregar valor ao

feijão produzido.

Page 194: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

194

7 APÊNDICES

APÊNDICE A - Montagem do teste de cocção com os grãos de feijão

dispostos no Cozedor de Mattson.

Fonte: produção do próprio autor

APÊNDICE B - Percentual de embebição após o cozimento, percentual de

grãos inteiros e taxa de expansão volumétrica.

Na seqüência: amostras nos béqueres antes do cozimento (A); cozimento

em auto-clave (B); pesagem (C); amostra seca após cozimento (D);

quantificação dos grãos inteiros e partidos (E) e medição da taxa de

expansão volumétrica (F).

Fonte: produção do próprio autor

Page 195: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

195

APÊNDICE C - Percentual de embebição antes do cozimento (absorção de

água).

Na seqüência: amostras logo após 8 horas de embebição (A); separação da

água (B); pesagem (C).

Fonte: produção do próprio autor

APÊNDICE D - Sólidos solúveis totais do caldo.

Na seqüência: amostras durante o cozimento (A); amostra cozida + caldo

(B); extração dos sólidos solúveis (C); sólidos solúvel + caldo (D); estufa com amostras (60°C); (E e F) e amostra após estufa (G).

Fonte: produção do próprio autor

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196

APÊNDICE E - Fotos ilustrativas dos grãos normais e hardshell.

Na seqüência: BAF 3 (A e B); BAF 50 (C); BAF 44 (D, E, F e G); BAF 47

(H) e BAF 97 (I).

Fonte: produção do próprio autor

APÊNDICE F - Determinação do fitato das amostras de feijão.

Na seqüência: preparação das amostras + extração (A, B e D); centrífuga

com amostras (C) e leitura em espectrofotômetro (E e F).

Fonte: produção do próprio autor

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197

APÊNDICE G - Digestão das amostras e leitura (composição química)

Na seqüência: pesagem da amostra (0,2g) (A); capela e bloco digestor (B e

C); amostra digerida (D) e equipamento de leitura - absorção atômica (E).

Fonte: produção do próprio autor

APÊNDICE H - Fotos ilustrativas do escurecimento dos grãos das

cultivares crioulas e comerciais de feijão ao longo do armazenamento (0, 5,

10, 20, 30 e 40 dias).

28 A

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198

28 B

Page 199: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

199

28 C

Page 200: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

200

28 D

Page 201: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

201

Fonte: produção do próprio autor

28 E

Page 202: COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL, QUALIDADE TECNOLÓGICA DE … · produção orgânica como forma viável de cultivo do feijão para as características de qualidade tecnológica e composição

202

APÊNDICE I – Equações de regressão da variável escurecimento (Figura

22) dos grãos das cultivares crioulas e comerciais de feijão.

BAF 03: y = 0,084x + 1,415 R² = 0,829

BAF 04: y = 0,089x + 1,607 R² = 0,836

BAF 07: y = 0,084x + 0,791 R² = 0,977

BAF 13: y = 0,080x + 1,309 R² = 0,955

BAF 23: y = 0,090x + 1,582 R² = 0,898

BAF 36: y = 0,072x + 1,124 R² = 0,888

BAF 42: y = 0,091x + 0,848 R² = 0,953

BAF 44: y = 0,086x + 0,545 R² = 0,876

BAF 46: y = 0,106x + 1,201 R² = 0,946

BAF 47: y = 0,103x + 0,849 R² = 0,945

BAF 50: y = 0,084x + 0,791 R² = 0,977

BAF 55: y = 0,083x + 0,705 R² = 0,914

BAF 57: y = 0,102x + 0,984 R² = 0,989

BAF 60: y = 0,090x + 0,915 R² = 0,936

BAF 68: y = 0,055x + 0,974 R² = 0,943

BAF 75: y = 0,037x + 0,849 R² = 0,844

BAF 81: y = 0,045x + 0,924 R² = 0,973

BAF 84: y = 0,086x + 0,989 R² = 0,953

BAF 97: y = 0,084x + 0,791 R² = 0,977

BAF 102: y = 0,083x + 1,038 R² = 0,937

BAF 108: y = 0,083x + 1,705 R² = 0,871

BAF 110: y = 0,092x + 1,045 R² = 0,975

BAF 112: y = 0,080x + 1,198 R² = 0,930

BAF 115: y = 0,082x + 0,952 R² = 0,937

BAF 120: y = 0,095x + 0,774 R² = 0,980

BAF 121: y = 0,082x + 0,952 R² = 0,937

Fonte: produção do próprio autor

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