comportamento evolutivo da barreira costeira junto ao ... · e transicional. o sistema deposicional...

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GRAVEL ISSN 1678-5975 Novembro - 2014 V. 12 nº 1 109-118 Porto Alegre Comportamento Evolutivo da Barreira Costeira junto ao Balneário do Camacho, Jaguaruna/SC Martins, E.M. 1 , Oliveira, J.F. 1 , Bitencourt, V.J.B. 1 , Scarelli, F.M. 1 , Biancini da Silva, A. 1 , Gruber, N.L.S. 2 , Rosa, M.L.C.C. 2 , & Barboza, E.G. 1,2 1 Programa de Pós-Graduação em Geociências, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). 2 Centro de Estudos em Geologia Costeira e Oceânica (CECO), Instituto de Geociências, UFRGS. Endereço para correspondência: Av. Bento Gonçalves, 9500 Prédio 43125 (CECO), Sala 209, Bairro Agronomia, 91500-070 - Porto Alegre, RS Brasil. E-mail: [email protected]. Recebido em 09 de setembro de 2014; aceito em 29 de outubro de 2014. RESUMO Nas regiões costeiras são encontrados ambientes complexos influenciados por fatores alóctones e autóctones, principalmente relacionados a variações do espaço de acomodação e à dinâmica local. O comportamento desses ambientes varia no espaço e de acordo com a escala de tempo considerada. Neste estudo, com o apoio de métodos de Sensoriamento Remoto e de Geofísica, são apresentados os resultados da avaliação do comportamento da linha de costa no Balneário do Camacho, município de Jaguaruna/SC. Esses resultados indicam um comportamento transgressivo em duas escalas temporais na ordem de décadas e de milhares de anos. Essa determinação deve ser considerada por gestores municipais e estaduais na elaboração de um plano de ocupação e preservação da área em questão, já que os processos relacionados à erosão costeira, associados com a ocupação humana, causam sérios problemas de ordem socioeconômica. Assim, a aplicação dos métodos utilizados permitiu entender o comportamento da região, gerando subsídios para o Gerenciamento Costeiro Integrado. ABSTRACT In coastal regions complex environments are influenced by allogenic and autogenic factors, mainly related to accommodation and local dynamics. The behavior of these environments varies in space and according to the time range considered. In this study remote sensing and geophysical methods were applied allowing establishing the shoreline behavior for Camacho Beach, in Jaguaruna municipality, state of Santa Catarina. The results indicate a transgressive behavior in two time scales on the order of decades and thousands of years. This determination must be considered by municipal and state managers in order to develop an occupation and preservation plan, as the processes related to coastal erosion associated to human occupation lead to many socioeconomic problems. Thus, the methods applied allowed understanding the behavior of the region, generating subsides for Integrated Coastal Management. Palavras chave: erosão costeira, Gerenciamento Costeiro Integrado, Georradar.

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GRAVEL ISSN 1678-5975 Novembro - 2014 V. 12 – nº 1 109-118 Porto Alegre

Comportamento Evolutivo da Barreira Costeira junto ao Balneário do

Camacho, Jaguaruna/SC

Martins, E.M.1, Oliveira, J.F.1, Bitencourt, V.J.B.1, Scarelli, F.M.1, Biancini da Silva, A.1,

Gruber, N.L.S.2, Rosa, M.L.C.C.2, & Barboza, E.G.1,2

1 Programa de Pós-Graduação em Geociências, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio

Grande do Sul (UFRGS). 2 Centro de Estudos em Geologia Costeira e Oceânica (CECO), Instituto de Geociências, UFRGS.

Endereço para correspondência: Av. Bento Gonçalves, 9500 Prédio 43125 (CECO), Sala 209, Bairro

Agronomia, 91500-070 - Porto Alegre, RS – Brasil. E-mail: [email protected].

Recebido em 09 de setembro de 2014; aceito em 29 de outubro de 2014.

RESUMO

Nas regiões costeiras são encontrados ambientes complexos

influenciados por fatores alóctones e autóctones, principalmente relacionados

a variações do espaço de acomodação e à dinâmica local. O comportamento

desses ambientes varia no espaço e de acordo com a escala de tempo

considerada. Neste estudo, com o apoio de métodos de Sensoriamento Remoto

e de Geofísica, são apresentados os resultados da avaliação do comportamento

da linha de costa no Balneário do Camacho, município de Jaguaruna/SC.

Esses resultados indicam um comportamento transgressivo em duas escalas

temporais – na ordem de décadas e de milhares de anos. Essa determinação

deve ser considerada por gestores municipais e estaduais na elaboração de um

plano de ocupação e preservação da área em questão, já que os processos

relacionados à erosão costeira, associados com a ocupação humana, causam

sérios problemas de ordem socioeconômica. Assim, a aplicação dos métodos

utilizados permitiu entender o comportamento da região, gerando subsídios

para o Gerenciamento Costeiro Integrado.

ABSTRACT

In coastal regions complex environments are influenced by allogenic and

autogenic factors, mainly related to accommodation and local dynamics. The

behavior of these environments varies in space and according to the time range

considered. In this study remote sensing and geophysical methods were

applied allowing establishing the shoreline behavior for Camacho Beach, in

Jaguaruna municipality, state of Santa Catarina. The results indicate a

transgressive behavior in two time scales – on the order of decades and

thousands of years. This determination must be considered by municipal and

state managers in order to develop an occupation and preservation plan, as the

processes related to coastal erosion associated to human occupation lead to

many socioeconomic problems. Thus, the methods applied allowed

understanding the behavior of the region, generating subsides for Integrated

Coastal Management.

Palavras chave: erosão costeira, Gerenciamento Costeiro Integrado, Georradar.

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Comportamento Evolutivo da Barreira Costeira junto ao Balneário do Camacho, Jaguaruna/SC

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INTRODUÇÃO

Regiões costeiras são ambientes complexos

que se comportam de maneiras distintas

dependendo da escala de tempo considerada,

sendo influenciadas por fatores alóctones e

autóctones principalmente relacionados a

variações do espaço de acomodação dos

sedimentos e à dinâmica local. Neste contexto

podemos afirmar que as barreiras costeiras são

parte integrante da formação e evolução desses

ambientes. Conforme Curray (1964), Davis &

Haies (1984) e Dillenburg & Hesp (2009), as

barreiras são geradas e evoluem devido à ação

dos processos associados às variações do nível

do mar, energia de ondas, declividade da

plataforma, amplitude de marés, balanço de

sedimentos, geometria da linha de costa e da

topografia antecedente junto à plataforma

continental rasa.

Dessa forma, entender o comportamento de

determinados setores da região costeira é de

grande importância para o uso e ocupação

costeira, e às questões básicas relacionadas ao

Gerenciamento Costeiro Integrado, pois regiões

com comportamento da linha de costa

transgressivo não são áreas propícias para a

urbanização. Neste caso, problemas futuros

estarão associados à erosão costeira e, dessa

forma, poderão gerar ônus para proprietários ou

para o poder público.

Assim, com o objetivo de se obter uma

melhor compreensão do comportamento da linha

de costa em um setor localizado ao norte da

Bacia de Pelotas, este estudo apresenta dados

obtidos através de métodos indiretos. Esses

métodos consistem em Sensoriamento Remoto

(fotografias aéreas) na caracterização da

Geomorfologia, em escala de dezenas de anos, e

na Geofísica (Georradar), caracterizando a

evolução estratigráfica em escala de centenas de

anos. Estudos demonstrando a variabilidade da

linha de costa ao longa da Bacia de Pelotas, com

a utilização de um Georradar são apresentados

por Caron et al. (2010), Barboza et al. (2011),

Rosa (2012), Lima et al. (2013), Dillenburg &

Barboza (2014).

Neste trabalho são apresentados os

resultados do comportamento da linha de costa

no Balneário do Camacho, município de

Jaguaruna/SC (Fig. 1). Esses resultados denotam

um comportamento transgressivo da linha de

costa, o que fornece subsídios para os gestores

municipais e estaduais para um plano de

ocupação/preservação da área em questão, visto

que regiões costeiras onde estão associados

problemas de erosão com a ocupação humana

tem causado sérios problemas de ordem

socioeconômica.

CONTEXTO

GEOLÓGICO/OCEANOGRÁFICO

A área de estudo compreende a região sul da

planície costeira do estado de Santa Catarina,

inserida na província costeira da região Sul do

Brasil. A barreira holocênica presente na área de

estudo corresponde a uma sequência

deposicional de alta frequência, tal como

identificado no Rio Grande do Sul como o

sistema deposicional Laguna/Barreira IV (Rosa

et al., 2011; Villwock et al., 1986).

A deriva litorânea na região, associada ao

processo de transferência de sedimentos da

plataforma adjacente, é um dos fatores

responsáveis pela grande disponibilidade de

sedimentos na construção das barreiras costeiras

(Dillenburg & Barboza, 2014). O clima na

região é temperado ou subtropical úmido, com

temperaturas elevadas no verão e baixas no

inverno. O vento predominante é de nordeste,

com um incremento durante os meses de

setembro a março. Entre os meses de abril e

agosto os ventos provenientes de sul e sudoeste

são predominantes. A amplitude de chuvas está

entre 1.000 e 1.500 mm e bem distribuída ao

longo do ano (Nimer, 1990).

O swell é proveniente do quadrante sudeste,

entretanto menos frequente, porém de alta

energia e longo período, atuando como o agente

principal no transporte de sedimentos ao longo

da costa (littoral drift) para o sentido nordeste

(Siegle & Asp, 2007). A altura significativa das

ondas é de 1,5 m, mas durante tempestades o

nível do mar pode elevar-se mais 1,3 m (Barletta

& Calliari, 2001; Calliari et al., 1998). Essa

relativa alta energia de ondas limita a extensão

da shoreface em direção ao oceano entre as

profundidades de -16 e -25 m (Gruber et al.,

2003 e 2006). A costa ainda possui micro maré

semidiurna com um range médio de 0,5 m

(Dillenburg et al., 2009). O nível do mar na

região teve seu máximo entre +2 a +3 m

alcançado por volta de 6 – 5 cal ka,

subsequentemente seguido de uma lenta queda

(Angulo et al., 2006).

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Figura 1. Localização dos perfis adquiridos com o Georradar (linhas contínuas vermelhas) no entorno do

Balneário Camacho, no Município de Jaguaruna/SC – Imagem SPOT (2005) banda pancromática.

Os aspectos geológicos e geomorfológicos

da área de estudo e suas adjacências foram

estudados e caracterizados por Horn Filho et al.

(2010, 2012, 2014). Os autores definiram dois

principais sistemas geológicos sedimentares para

Planície Costeira de Santa Catarina: continental

e transicional. O sistema deposicional

continental consiste na deposição dos

sedimentos continentais durante todo o

Quaternário, gerando feições geomorfológicas

de rampas e leques e planícies aluviais. O

sistema deposicional litorâneo ou transicional

compreende os depósitos formados

principalmente por sedimentos arenosos que

constituem os depósitos marinho e eólico, que

estão diretamente associados aos processos

costeiros, como a variação do nível do mar, ação

das ondas, das marés, dos ventos e das correntes

litorâneas. Estes processos costeiros resultaram

em complexos sistemas do tipo laguna-barreira.

Os depósitos do sistema litorâneo, na área de

estudo, abrangem sedimentos eólicos do

Pleistoceno superior e do Holoceno (Barreiras

II, III, e IV, respectivamente), sedimentos

lagunares do Pleistoceno superior e do

Holoceno, além dos depósitos holocênicos dos

ambientes lagunar, flúvio-lagunar, deltaico

intralagunar, paludial, estuarino, de baía,

chenier, marinho praial, lagunar praial e

estuarino praial.

MÉTODOS

Para o diagnóstico geomorfológico foi feita

uma análise multitemporal utilizando-se

fotografias aéreas na escala 1:20.000 do ano de

1938, e de cartas imagens na escala de 1:25.000

do ano de 2002 (IBGE, 2007a, b, c). As

aerofotos foram ortorretificadas e

georreferenciadas aos pontos notáveis do

embasamento cristalino e de sambaquis

presentes na área de estudo. Um conjunto de

imagens de satélites multitemporais do banco de

dados do Google™ Earth também foram

avaliados.

Na busca por informações

geológicas/evolutivas em subsuperfície do setor

em estudo foi utilizado um sistema de aquisição

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de dados geofísicos. Esse sistema consiste de um

Georradar (GPR – Ground Penetrating Radar),

com o qual foi possível identificar o

comportamento evolutivo da barreira costeira.

Foram adquiridos perfis ao longo de ruas junto

ao Balneário do Camacho, totalizando

6.773,27m de extensão (Fig. 2). Para a aquisição

dos dados foi utilizado o método proposto por

Barboza et al. (2014), o posicionamento em

tempo real e os ajustes topográficos, quando

necessários no processamento dos dados,

contaram com um GNSS (Global Navigation

Satellite System) Trimble PROXRT GNSS com

opção GLONASS (datum: WGS84) e analisados

espacialmente em um Sistema de Informações

Geográficas (SIG).

O sistema de Georradar utilizado foi o da

GSSI™ (Geophysical Survey Systems, Inc.)

console SIR-3000 utilizando-se uma antena de

200 MHz (GSSI™), com um tempo de emissão

e recepção (TWTT) com janela de 80 – 330 ns,

com penetração de até -20 m de profundidade.

Filtros de ganho e ruídos foram aplicados

durante a aquisição. Os dados foram pós

processados utilizando-se os programas

Radan™, Reflex-Win® e Prism2®, procedendo

com:

1. Aplicação do filtro digital IIR, como

resposta ao impulso de duração infinita;

2. Aplicação do filtro digital FIR, como

resposta ao impulso de duração finita: filtragem

passa-banda (passa-baixa e passa-alta) e

remoção do background (retirada da linha

aérea); este comando tende a ressaltar refletores

inclinados com a atenuação de refletores

horizontalizados (Moura et al., 2006).

3. Aplicação do filtro de frequência do

tipo Ormsby para remover o ruído do sinal e da

rotina Gain para adicionar ganho ao sinal e

permitir uma melhor visualização dos refletores.

4. Aplicação da rotina Range Gain para

aprimorar ainda mais a visualização do sinal e

excluir intervalos do sinal que não interessam à

análise;

5. “Estaqueamento” das linhas para

melhor a visualização dos refletores ao longo de

toda a seção pela compactação do sinal.

A interpretação foi baseada no método da

Sismoestratigrafia (Payton, 1977) adaptado para

dados de Georradar (Neal, 2004). Esse método

foi baseado na terminação de refletores (onlap,

downlap, toplap e truncamentos), geometria e

padrão de preenchimento dos refletores

(Mitchum Jr. et al., 1977; Vail, 1987; Catuneanu

et al., 2009; Abreu et al., 2010).

Figura 2. Método de levantamento utilizado nas seções adquiridas: à esquerda, tração manual e deslocamento a

pé; à direita, tração motorizada com os operadores a bordo do veículo.

RESULTADOS

Na análise multitemporal dos dados obtidos

através do Sensoriamento Remoto observa-se

que o atual canal do Camacho é o produto de

uma intervenção humana. Na análise das

fotografias aéreas de 1938, na posição do atual

canal existe uma drenagem que nasce onde

estavam localizados os interdunas do antigo

campo de dunas (Fig. 3). Esse mesmo tipo de

feição canalizada é discutida por Tomazelli et al.

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(2014) para a região da Barra Falsa no Rio

Grande do Sul.

Essa drenagem, de natureza geomorfológica

pode ser visualizada nas fotografias aéreas. A

morfologia desse canal se expressa por uma

reentrância que abre no sentido da lagoa,

acunhando-se no sentido do campo de dunas

(Fig. 3). Esta morfologia é o contrário do que se

poderia esperar se a feição correspondesse a um

canal fluvial que tivesse sua foz no mar. Se isso

fosse verdade, a drenagem deveria se abrir no

sentido do mar e não no sentido da lagoa como

observado. Os canais fluviais atuais (estuários) e

os paleovales (vales incisos) apresentam essa

assinatura geomorfológica (Tomazelli et al.,

2014).

Outra informação extraída desta comparação

multitemporal é o comportamento da linha de

costa em 64 anos. Tomando como base os

afloramentos de rochas ao sul da praia do

Cardoso e o sambaqui Fortaleza, localizado em

Gapobaba do Sul, pontos notáveis nas duas datas

de aquisição, observa-se um deslocamento

entorno de 50 m da linha de costa no sentido do

continente. Caracterizando, assim, um

comportamento transgressivo da linha de costa.

Durante o mapeamento das dunas barcanas,

localizadas entre a zona urbanizada e o oceano,

foram executadas medidas do sentido de

migração das dunas. Essas medidas indicam um

azimute no sentido de migração entre 205º e

225º, para o quadrante SW. Conforme a direção

da linha de costa na área de estudo (208º – 28º) é

fato que grande parte dos sedimentos

transportados pelas dunas são incorporados na

deriva litorânea.

Figura 3. Acima, fotomosáico georreferenciado de fotografias aéreas na escala 1:20.000 do ano de 1938. Abaixo,

carta imagem na escala 1:25.000 de imagens de satélite obtidas no ano de 2002. Observam-se nas duas

cenas a comparação da evolução nos últimos 64 anos das linhas de costas lagunar e marinha, bem

como a geometria da drenagem oriunda do campo de dunas em 1938 e o atual canal artificial do

Camacho.

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Para um entendimento acerca do

comportamento transgressivo da linha de costa,

observado nos produtos multitemporais obtidos

através do sensoriamento remoto, foram

executados perfis de Georradar perpendiculares

à linha de costa (Figs. 1 e 4). Através da

interpretação do padrão de empilhamento dos

refletores observados nas seções, foi possível

identificar refletores com sentido de mergulho

em direção ao continente. Esses refletores estão

com terminação em downlap sobre uma unidade

sem reflexão interna alguma. Conforme

trabalhos anteriores (Fracalossi et al., 2010;

Silva et al., 2010; Barboza et al., 2011; Rosa,

2012) essa unidade na qual o sinal está atenuado

é composta por argilas condutivas, as quais

absorvem/espalham a onda eletromagnética

(Fig. 5). Os refletores identificados como

progradantes são oriundos dos processos

relacionados à progradação dos sistemas

deposicionais localizados nas margens

lagunares. No caso, caracterizados como terraço

lagunar e/ou como deltas oriundos do processo

de aporte proveniente da drenagem dos

interdunas, e seu consequente deslocamento

lateral devido ao movimento das dunas,

formando um by-pass lateral no sentido leste dos

depósitos na paleomargem lagunar. Essa

interpretação é também corroborada pelas

características encontradas na margem lagunar

(Fig. 4).

Nesta seção, além da bem caracterizada

progradação da margem lagunar, observa-se o

recobrimento por depósitos eólicos com

estratificação cruzada acanalada perpendiculares

à seção. São identificados na posição de 300 m

refletores na profundidade máxima de -11,40 m

com sentido de mergulho para o continente,

provavelmente associados a uma fase inicial da

retrogradação do sistema laguna/barreira.

Figura 4. Carta imagem com base em imagem de satélite SPOT do ano 2005, banda pancromática. As setas

vermelhas indicam o vetor de migração das dunas medidos através de bússola em campo. Em verde

a localização das linhas adquiridas com o Georradar que melhor caracterizam o empilhamento

estratigráfico, na linha 007 em tracejado vermelho o detalhe da seção apresentada na Figura 5. Na

parte norte são identificados os paleodeltas formados a partir da drenagem dos interdunas.

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Figura 5. Seção de Georradar 007, adquirida com uma antena de 200 MHz. São interpretadas três radarfácies: A)

deposição eólica; B) deposição subaquosa na margem lagunas; e C) atenuação do sinal devido ao fundo

lagunar lamoso.

DISCUSSÃO

A região do Balneário do Camacho,

atualmente, está sob discussão em vários

aspectos relacionados ao uso e ocupação.

Considera-se uma área com fins de segunda

residência e moradores permanentes, onde o

conflito relacionado à ocupação de área de

proteção permanente e de Marinha geram

processos judiciais os quais mantém uma

discussão prolongada. Pois, devido à falta de

conhecimento científico sobre questões

relacionadas necessitam-se estudos de

diagnóstico ambiental (Cristiano, 2014).

Assim, os dados obtidos através deste estudo

proporcionam novas informações que poderão

auxiliar nas tomadas de decisões pelos gestores

através da determinação do comportamento

transgressivo da linha de costa na região.

Comportamento esse já observado em outros

setores da Bacia de Pelotas por Rosa (2012) e

Caron (2014) em escala multitemporal de

produtos de fotografias aéreas e imagens de

satélites, e em dados obtidos por Georradar, na

ordem de décadas e de milhares de anos,

respectivamente.

Através da comparação da posição da linha

de costa junto aos afloramentos do embasamento

cristalino, observa-se uma retração de entorno

de 50 m em quase um século. Essa taxa foi

estabelecida, com o cálculo da linha máxima de

maré alta observada, com base no conjunto de

informações extraídas no processamento

executado nos dados Sensoriamento Remoto.

Os dados de subsuperfície neste setor norte

da Bacia de Pelotas, demonstram um padrão de

empilhamento retrogradacional dos sistemas

costeiros. Esse padrão já foi também

identificado por Barboza et al. (2011), Rosa

(2012), Lima et al. (2013), Caron (2014) e

Dillenburg & Barboza (2014) para outros setores

da mesma Bacia.

Fornari et al. (2012) propõem para esta área

uma evolução geomorfológica holocênica

baseada em um sistema de baía/estuário para

uma laguna. Os autores apresentam um modelo

onde o canal do Camacho estaria migrando para

NE. Porém, os dados obtidos não demonstram,

tanto na morfologia pretérita quanto nos dados

obtidos em subsuperfície com o Georradar, a

presença do canal ao longo da barreira.

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Através da medição do sentido de migração

das dunas barcanas, observou-se que existe uma

retroalimentação do sistema junto a região

costeira do Balneário do Camacho. Devido a

orientação da linha de costa em relação ao

azimute medido da migração das dunas, as

mesmas acabam contribuindo com o transporte

sedimentar ao longo da costa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como considerações finais pode-se destacar

que:

- Os dois métodos indiretos utilizados nesta

pesquisa contribuíram para caracterizar o

comportamento da linha de costa na área de

estudo. As fotografias aéreas através da análise

multitemporal auxiliaram, com o apoio de

referenciais notáveis, a identificar o

deslocamento no sentido do continente da

posição da praia úmida oceânica e da margem

lagunar;

- As medidas do sentido de migração das

dunas barcanas entre a zona urbanizada e a praia

oceânica, demonstram uma retroalimentação do

sistema eólico através da deriva litorânea;

- Os dados obtidos pelo Georradar

forneceram informações do padrão de

empilhamento dos estratos em subsuperfície e o

sentido de migração dos mesmos, caracterizando

uma retrogradação do sistema Laguna/Barreira.

Assim, através do conjunto de dados obtidos

é possível constatar que esse setor ao norte da

Bacia de Pelotas, sofre um processo de

transgressão da linha de costa no último século

com uma taxa de erosão de aproximadamente

0,5 m por ano.

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