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COMPORTAMENTO DA PERMEABILIDADE DAS FERRITAS DE NÍQUEL ZINCO U. R. L Silva 1 ; R. S. Nasar 2 ; J. E. M. da Silva 2 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte IFRN; 2 Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN Rua Serra do Mel, 7985 Pitimbú Natal/RN, CEP: 59068-170. e-mail: ulisandra,[email protected] RESUMO Foram sintetizadas diferentes composições da ferrita Ni 1-xZnxFe2O4 para x=0,4, x=0,5 e x=0,6 pelo método dos citratos precursores. As composições estequiométricas foram calcinadas em atmosfera ambiente na temperatura de 350°C e depois prensadas em pastilhas e toróides e sinterizadas a 1150°C/3h. As amostras sinterizadas na temperatura de 1150°C/3h em atmosfera ambiente com controle na velocidade de aquecimento e resfriamento foram caracterizada por difração de raios X (DRX), microscópia eletrônica de varredura (MEV) e magnetômetro de amostra vibrante (MAV). Observou-se a formação da fase ferrita inversa em todas as amostras sinterizadas sem formação de fase secundárias. Foram obtidos tamanhos de cristalitos pela análise de Rietveld, nanométricos, de 608 a 1689 nm para os pós sinterizados à 1150°C/3h. Por MEV, as amostras sinterizadas apresentaram tamanho de grãos entre 1 e 10 μm. As medidas magnéticas do pó revelaram características de um material ferrimagnético macio com campo coercitivo por volta de 0,0183 T. O baixo campo coercitivo é importante, pois denota as características de materiais macios com pequeno nível de perdas por inversão. Os processos de magnetização foram considerados, o superparamagnetismo em temperaturas baixas (350°C) e a formação de domínios magnéticos em altas temperaturas (1150°C). Os materiais sinterizados a 1150°C apresentaram permeabilidade (μ) de 50 a 800 MHz. A resposta de frequência dos núcleos toroidais está na faixa de 0,3 kHz a 0,2 GHz. Vários fatores da microestrutura contribuem para o comportamento das grandezas μ e tan delta, tais como: o tamanho dos grãos, porosidade inter e intragranular, 60º Congresso Brasileiro de Cerâmica 15 a 18 de maio de 2016, Águas de Lindóia, SP 1482

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COMPORTAMENTO DA PERMEABILIDADE DAS FERRITAS DE NÍQUEL ZINCO

U. R. L Silva1; R. S. Nasar2; J. E. M. da Silva2

1Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte –

IFRN;

2Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Rua Serra do Mel, 7985 – Pitimbú – Natal/RN, CEP: 59068-170. e-mail: ulisandra,[email protected]

RESUMO

Foram sintetizadas diferentes composições da ferrita Ni1-xZnxFe2O4 para x=0,4,

x=0,5 e x=0,6 pelo método dos citratos precursores. As composições

estequiométricas foram calcinadas em atmosfera ambiente na temperatura de 350°C

e depois prensadas em pastilhas e toróides e sinterizadas a 1150°C/3h. As amostras

sinterizadas na temperatura de 1150°C/3h em atmosfera ambiente com controle na

velocidade de aquecimento e resfriamento foram caracterizada por difração de raios

X (DRX), microscópia eletrônica de varredura (MEV) e magnetômetro de amostra

vibrante (MAV). Observou-se a formação da fase ferrita inversa em todas as

amostras sinterizadas sem formação de fase secundárias. Foram obtidos tamanhos

de cristalitos pela análise de Rietveld, nanométricos, de 608 a 1689 nm para os pós

sinterizados à 1150°C/3h. Por MEV, as amostras sinterizadas apresentaram

tamanho de grãos entre 1 e 10 µm. As medidas magnéticas do pó revelaram

características de um material ferrimagnético macio com campo coercitivo por volta

de 0,0183 T. O baixo campo coercitivo é importante, pois denota as características

de materiais macios com pequeno nível de perdas por inversão. Os processos de

magnetização foram considerados, o superparamagnetismo em temperaturas baixas

(350°C) e a formação de domínios magnéticos em altas temperaturas (1150°C). Os

materiais sinterizados a 1150°C apresentaram permeabilidade (µ) de 50 a 800 MHz.

A resposta de frequência dos núcleos toroidais está na faixa de 0,3 kHz a 0,2 GHz.

Vários fatores da microestrutura contribuem para o comportamento das grandezas µ

e tan delta, tais como: o tamanho dos grãos, porosidade inter e intragranular,

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quantidade de contorno de grãos e os aspectos da dinâmica das paredes dos

domínios em altas frequências. Dessa forma os materiais sintetizados neste trabalho

são típicos para operações em banda larga de frequências.

Palavras-chaves: Ferrita. Fase ferrimagnética. Citrato precursor.

INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, a síntese de ferritas atraiu o interesse de muitos

pesquisadores e inúmeros métodos para obtenção desse material foram

desenvolvidos e aprimorados [1]. Historicamente, o tradicional método cerâmico

convencional foi o primeiro a surgir e atualmente é o mais empregado na fabricação

de ferritas em escala comercial.

Nesse contexto, as ferritas de níquel-zinco são consideradas como uma das

mais versáteis e macias, devido à sua alta resistividade elétrica e baixas perdas por

correntes parasitas. Esse material é comercialmente usado em circuitos para rádio-

freqüência, filtros de alta qualidade, substrato de antenas e núcleos de

transformadores, além de outros dispositivos como conversores DC/DC, indutores e

supressores de sinais

O bom desempenho dos componentes eletro-eletrônicos à base de ferrita está

diretamente relacionado com a técnica e qualidade do processamento desse

material [2], uma vez que a morfologia da microestrutura da ferrita é decisiva nos

parâmetros desse desempenho, já que as características elétricas e magnéticas são

dependentes, portanto, da microestrutura desenvolvida ao fim do processamento.

Fatores como tamanho de grão, região de contorno de grão, porosidade, densidade,

impurezas, fase(s) constituinte(s) e a estrutura da cela unitária geram as

informações necessárias para compreensão da relação da microestrutura e as

inerentes propriedades magnéticas e elétricas do produto final obtido.

As melhorias na performance de diversos componentes eletromagnéticos

proporcionam a redução de tamanho e peso em vários equipamentos eletrônicos [3].

Embora na maioria dos casos as ferritas de manganês-zinco sejam as mais

aplicadas para dispositivos de alta freqüência, as ferritas de níquel-zinco, entretanto,

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oferecem melhor perspectiva no papel da miniaturização de componentes, devido

justamente à sua alta resistividade elétrica, excedendo a ordem de 107 Ω.cm,

tornando-a hábil para núcleos diretamente envolvidos por bobinas existentes nos

conversores dc-dc e indutores [3], dois dos mais importantes dispositivos atuais nas

indústrias de eletrônica, capazes de compor em miniatura os módulos dos

equipamentos montados.

Na tentativa de superar as desvantagens do método convencional, outros

procedimentos são empregados para processar as ferritas do tipo espinélio, que

contêm ferro, oxigênio e outros materiais com fórmula química do tipo M+2[Fe23+]O4.

Pelo método dos citratos precursores, peculiarmente uma modificação do clássico

método Pechini, a ferrita de espinélio policristalina, ferrita de Ni-Zn, pode ser

preparada de maneira simples, partindo-se de materiais com alta pureza, o que

proporciona alta homogeneidade do pó e alta área de superfície [4].

Visando aplicações em altas freqüências, na região do espectro de rádio-

freqüência e microondas – 0,1 MHz - 1,5 GHz [5], a busca por ferritas de alta

qualidade está sendo extensiva, onde a possibilidade de miniaturização de

dispositivos indutivos, especialmente na faixa de 0,1-5 MHz, é sobremaneira

investigada para transformação de sinais, sensores de detecção de campos

magnéticos e fontes de potência de modo chaveado [6], entre outros.

Neste trabalho, empregou-se o método dos citratos precursores para síntese e

sinterização de ferritas de Ni-Zn. Caracterizações físico-químicas realizadas,

juntamente com as magnéticas demonstram que o material sintetizado nas

composições de Ni1-xZnxFe2O4, para 0,4x0,6, apresentam resposta em freqüência

na região de 0,3 MHz até 0,2 GHz de acordo com as composições escolhidas.

Realizou-se uma análise, em função da freqüência, sobre o comportamento da

permeabilidade magnética, fator de perdas e fator de dissipação, parâmetros estes,

primordiais nas caracterizações magnéticas de ferritas. Para a compreensão da

morfologia da microestrutura do material sinterizado, discute-se os resultados de

difração de raios X, DRX, microscopia eletrônica de varredura, MEV, análise pelo

método de Rietveld.

Outros resultados como curvas de histerese magnética complementam o

conjunto de informações a respeito das composições de Ni-Zn.

MATERIAIS E MÉTODOS

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Obtenção dos Citratos de Ferro, Níquel e Zinco

A síntese dos citratos de ferro, zinco e níquel foi iniciada dissolvendo-se o

ácido cítrico previamente pesado em água destilada. A mistura foi submetida à

temperatura de aproximadamente 70°C sob agitação magnética, sendo em seguida,

dependendo da síntese desejada, adicionado o nitrato de ferro, de zinco e níquel em

quantidades estequiométricas. Nessa etapa ocorre à reação de complexação do

metal com ácido cítrico, formando os citratos precursores. A razão estequiométrica

do metal: ácido cítrico foi de 1:3. A solução final foi filtrada para a remoção de

impurezas e estocada em frasco limpo e ao abrigo da luz.

Síntese do Sistema Ni1-xZnxFe2O4

O sistema Ni1-xZnxFe2O4 para x=0,4, x=0,5 e x=0,6 foi sintetizado misturando-

se os citratos de níquel, zinco e ferro. A mistura foi submetida à agitação magnética

por 2 horas visando obter uma melhor homogeneidade e em seguida foi pirolisada

em forno (EDG 3P - S) a 350ºC por 3h e 30 min, obtendo-se a degradação dos

citratos, formando um material de aparência esponjosa. O material foi

desaglomerado em almofariz de ágata e então peneirado em malha 200 ABNT,

obtendo-se um pó fino e homogêneo. Nesta etapa, uma pequena quantidade de

amostra de cada composição foi separada e encaminhada para análise difração de

raios X.

As composições estequiométricas foram calcinadas na temperatura citada e

prensadas em pastilhas e toroídes e sinterizadas a 1150ºC/3h num forno tubular

modelo Flyever FE 50 RP, sob fluxo de argônio, com razão de aquecimento de 5°C/

min com isotermas de 3 horas.

Concluído o processo de queima, os materiais obtidos foram peneirados em

malha 325 ABNT e, então, analisados por difração de raios X (DRX), método de

Rietveld e magnetômetria de amostra vibrante (MAV). As amostras obtidas em forma

de toróides na temperatura de 1150ºC/3 h, foram analisadas num analisador de rede

modelo HP 8714C para verificação da permeabilidade e perdas magnéticas em alta

freqüência (300 kHz - 200 MHz).

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Caracterizações

As difrações de raios X dos pós foram feitas em um difratômetro Shimadzu

XDR 6000, utilizando-se uma fonte de radiação CuK de 1,5418 Å, com uma tensão

de 30 kV e corrente de 20 mA, em atmosfera pulverizada. O tamanho de cristalito,

os parâmetros de rede e o posicionamento dos íons na estrutura foram obtidos com

o uso do método de Rietveld. Esse método baseia-se numa aproximação por

mínimos quadrados de um padrão de difração calculado em relação a um padrão

observado. O padrão calculado é obtido a partir da cela unitária como base para a

definição das posições dos picos. As posições atômicas e parâmetros térmicos

foram usados para a definição das intensidades, variando o ângulo de Bragg, para

descrever a forma, a largura dos picos, e a intensidade da radiação de fundo. A

versão utilizada neste trabalho foi o Maud 2,044.

As micrografias das composições ferritas estudadas neste trabalho foram

realizadas em um microscópio eletrônico de varredura com microanálise, modelo

Shimadzu SSX-550 de resolução até 3,5 nm, ampliação 5-300.000 vezes, voltagem

de aceleração na faixa 0,5-30 kV, além de metalizador modular de alto vácuo IC-50

para a preparação das amostras. Para se revelar a microestrutura observável por

MEV, as amostras receberam um ataque químico por ácido fluorídrico comercial

(sem diluição), de ação rápida (~ 3 s). Esta etapa se deu após o desbaste com lixas

d’água e polimento com grãos de alumina (0,5 µm) em solução aquosa.

Os parâmetros magnéticos, tais como, campo coercitivo, HC, magnetização de

saturação, MS e permeabilidade magnética, µ, foram determinadas através da curva

de histerese, (MS x H). As medidas foram feitas com campo magnético de até 10

kOe com ciclos de histerese que pode ser traçados de -10 a 10 kOe. Tais medidas

foram obtidas em um magnetômetro de amostra vibrante (MAV) montado e

desenvolvido no Laboratório de Magnetismo e Materiais Magnéticos (LMMM).

Nas medidas de impedância e por conseguinte, obtenção da permeabilidade

e perdas magnéticas dos toróides foram realizadas em modernos medidores que

possuem fonte integrada com receptor e condição de amplitude e fase. Todos esses

sistemas citados anteriormente estão embutidos no analisador de redes modelo HP

8714C, com varredura em freqüência no intervalo 300 kHz - 3 GHz.

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DISCUSSÃO

As ferritas de Ni-Zn foram identificadas quanto à sua estrutura cristalina pelos

difratogramas e tratadas pela técnica de refinamento Rietveld, que possibilitou a

extração das informações detalhadas sobre os parâmetros da estrutura cristalina

obtida. A análise por Rietveld confirma a formação da fase tipo espinélio (100%)

para todas as composições. Na Tabela I observam-se os parâmetros de rede e o

tamanho médio de cristalitos, notando-se que o incremento da concentração de

zinco aumenta o volume da cela unitária de 585,79 Å3 (x=0,4) para 587,98 Å3

(x=0,6). O tamanho médio de cristalito foi da ordem de alguns nanômetros, 12 nm

para as composições x= 0,4 e x= 0,6 e 21 nm para x=0,5.

Tabela I - Análise de Rietveld das composições calcinadas a 350C/3,5 h.

Ni1-xZnx % FE Par. Rêde

(Angstron)

T.C. (nm) Sig. Rw

X = 0,4 100 8,3672 12 1,31 13,45

X = 0,5 100 8,3777 21 1,22 12,94

X = 0,6 100 8,3776 12 1,28 12,91

%FE= Porcentagem de fase espinélio, Sig.= Otimização de refinamento, Rw=

indicador de convergência numérica.

As composições calcinadas a 350C/3,5 h foram prensadas e sinterizada na

temperatura de 1150/3 h em atmosfera de argônio. Observa-se a formação de fase

única tipo espinélio independente da concentração de zinco a partir de 1150ºC/3 h,

Tabela II. Na referida tabela, são observados os dados da análise por Rietveld,

verificando-se que na sinterização a 1150C/3 h ocorreu o aumento do volume da

cela unitária atingindo 590,04 Å3 para x=0,5, devido às alterações dos parâmetros

de rede. O tamanho médio do cristalito da composição x=0,5 foi de 1689 nm,

enquanto que para as composições x=0,4 foi de 945 nm e para x=0,6 608 nm,

confirmando a maior cristalinidade da composição x=0,5.

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Tabela II- Análise de Rietveld das composições sinterizadas a 1150C/3 h.

Ni1-xZnx % FE Par. Rêde

(Angstron)

T.C. (nm) Sig. Rw

X = 0,4 100 8,3857 945 1,29 40,31

X = 0,5 100 8,3874 1689 1,31 40,45

X = 0,6 100 8,3873 608 1,27 40,52

A tendência de aumento de volume da cela unitária foi observada para ambas

as temperaturas de 350ºC e 1150ºC, indicando que o incremento de zinco aumenta

o volume da cela unitária no cristal, devido às alterações dos parâmetros de rede

das amostras [7].

Figura 1- Microscopia eletrônica de varredura, MEV, das composições x=0,4

(A), x=0,5 (B) e x=0,6 (C) sinterizadas a 1150C/3 h.

B A

C

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A composição x=0,5 sinterizada a 1150ºC/3 h, Figura 1 (B), apresenta a

formação de poros nos contornos dos grãos, entretanto, a microestrutura é mais

homogênea a microestrutura não apresenta poros intragranulares. Estes resultados

para os tamanhos médios das partículas estão de acordo com os obtidos pelo

refinamento de Rietveld.

A microestrutura da composição x=0,4 sinterizada a 1150ºC/3 h, Figura 1 (A),

mostra uma distribuição de grãos entre 3 e 7 μm, poros nos contornos dos grãos e

assim como ocorreu para x=0,6 (Figura 1 C), poros intragranulares aprisionados na

microestrutura. Para essa temperatura de 1150ºC, a composição x=0,6 apresenta o

maior tamanho médio de grãos, enquanto que para x=0,5 o menor, sendo no

entanto, a mais uniforme.

Nas análises de medidas magnéticas, como observado na Tabela III, os

resultados das medidas magnéticas a diferentes concentrações à 1150ºC/3h. Na

análise do valor de magnetização, Ms, baixa magnetização remanescente, Mr e

baixo campo coercitivo, Hc, quase a totalidade dos melhores valores foram obtidos

nas amostras x=0,4 e x=0,6. O baixo campo coercitivo é importante, pois denota as

características de materiais macios com pequeno nível de perdas por inversão do

campo magnético externo aplicado. Ms e Mr em emu/g, Hc em T.

Tabela III - Análise da histerese ferrimagnética a 1150°C/3h das composição x-0,4,

x-0,5 e x=0,6.

O fator de perdas das três composições, Figura 2, nota-se que a amostra

Ni0,5Zn0,5 apresenta a maior perda entre as demais em toda a faixa de frequências

acima de 2 MHz até 100 MHz. A composição x=0,6 mantém-se como a mais estável,

enquanto x=0,4 já apresenta uma tendência de aumento de perdas a partir de 60

MHz juntamente com a composição x=0,5.

Ms Mr Hc

X=0,4 53,7 14,2 0,0104

X=0,5 32,52 9 0,0100

X=0,6 52,8 14 0,0183

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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

Ni0,4

Zn0,6

Ni0,5

Zn0,5

Ni0,6

Zn0,4

Fat

or

de

Per

das

(ta

n)

Freqüência (MHz)

Figura 2 - Fator de perdas versus freqüência das composições x=0,6, 0,5 e 0,4.

A ordem de grandeza desses valores (<1) está de acordo com os obtidos por

outros autores [8] em nível de laboratório, ressaltando-se que os presentes

resultados abrangem uma faixa maior de resposta em freqüência.

Quanto à permeabilidade das amostras, Figura 3, há um destaque para x=0,5

tendo os maiores valores, em torno de 10, enquanto as demais apresentam

semelhança por volta de 7.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

0

5

10

15

20

25

30

35

Ni0,4

Zn0,6

Ni0,5

Zn0,5

Ni0,6

Zn0,4

Per

m. re

lati

va

(r)

Freqüência (MHz)

Figura 3 - Permeabilidade magnética relativa (µr) em função da freqüência

das composições x=0,6, 0,5 e 0,4.

O material é promissor para miniaturização na medida em que se consiga

otimizar a microestrutura para diminuir ou eliminar a porosidade, uniformizar o

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crescimento homogêneo dos grãos e manter a estrutura cristalina em fase única

espinélio, de modo a maximizar a permeabilidade e minimizar as perdas.

CONCLUSÕES

O método dos citratos precursores é eficaz para a síntese de ferritas Ni-Zn

calcinadas a 350ºC/3,5 h, proporcionando partículas de tamanho homogêneo,

nanocristalinas e com comportamento de superparamagnetismo. O comportamento

dinâmico das ferritas de Ni-Zn nas excitações eletrônicas de sinais alternados e em

altas freqüências (0,3 MHz – 0,2 GHz) está profundamente vinculada com a

morfologia da microestrutura, permitindo se estabelecer as relações de porosidade

intragranular como agentes fragmentadores de grãos, afetando sobremaneira a

permeabilidade magnética, enquanto que o tamanho de grão, que determina,

consequentemente, a quantidade de contornos existentes na microestrutura, lidera

na quantificação das perdas. Dessa forma o material é típico para operações em

banda larga de freqüências e muito promissores para aplicações na cobertura da

faixa de transmissão de VHF de televisão. Apesar de não está clara a viabilidade de

miniaturização de dispositivos tomando-se por base a performance dos núcleos

toroidais caracterizados neste trabalho, entretanto, a matriz de Ni-Zn desenvolvida

neste trabalho é útil para melhorias que posicionarão esse material como forte

competidor por aplicações em alta frequência abrangendo especialmente a área de

telecomunicações.

AGRADECIMENTOS

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.

REFERÊNCIAS

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fabricação e as propriedades permeabilidade magnética e constante dielétrica”.

Cerâmica 52, 2006, p. 221-231.

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Ferrimagnetismo. ANAIS, vol.1, 41º Congresso Brasileiro de Cerâmicas.

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[6] AMALOU, F.; BORNAND, E. L.; GIJS, M. A. M. Batch-type millimeter-size

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BEHAVIOR OF PERMEABILITY OF NICKEL ZINC FERRITES

ABSTRACT

Different compositions of Ni1-xZnxFe2O4 ferrite were synthesized for x = 0.4, x = 0.5 and x = 0.6 by the method of citrates precursors. The stoichiometric compositions were calcined in atmosphere at 350 ° C and then pressed into pellets and toroids and sintered at 1150 ° C / 3h. The samples sintered at temperatures of 1150 ° C / 3h in ambient atmosphere with control in the heating and cooling rate were characterized by X-ray diffraction (XRD), scanning electron microscopy (SEM) and vibrating sample magnetometer (MAV). It was noted the formation of reverse ferrite phase in all samples sintered without formation of secondary phase. Crystallite size was obtained by the Rietveld analysis, nanosized, 608-1689 nm for powders sintered at 1150 ° C / 3h. By SEM, the sintered samples had grain size between 1 and 10 micrometers. The magnetic measurements of the powder showed ferrimagnetic characteristics of a soft material with coercive field around 0.0183 T. The low coercive field is important because it shows the characteristics of soft materials with low level of loss by inversion. The magnetization processes were considered superparamagnetism at low temperatures (350 ° C) and the formation of magnetic domains at high temperatures (1150 ° C). The sinter at 1150 ° C had a permeability (μ) of 50 to 800 MHz. The frequency response of the toroidal core is in the range of 0.3 kHz to 0.2 GHz. Various factors contribute to the microstructure of the behavior of the quantities μ and tan delta, such as grain size, inter- and intragranular porosity, amount of grain

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boundary and dynamic aspects of the domain walls at high frequencies. Thus the materials synthesized in this researchare typical for operations in broadband frequencies. Keywords: Ferrite. ferrimagnetic phase. precursor citrate

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