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UNIVERSIDADE POSITIVO PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ORGANIZAÇÕES DISSERTAÇÃO DE MESTRADO COMPETÊNCIAS E FORMAÇÃO DO ADMINISTRADOR VANIZE PACHECO DE ARAUJO CURITIBA 2010

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UNIVERSIDADE POSITIVO

PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO EM ADMINISTRAÇÃO

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ORGANIZAÇÕES

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

COMPETÊNCIAS E FORMAÇÃO DO ADMINISTRADOR

VANIZE PACHECO DE ARAUJO

CURITIBA

2010

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VANIZE PACHECO DE ARAUJO

COMPETÊNCIAS E FORMAÇÃO DO ADMINISTRADOR

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado e Doutorado em Administração da Universidade Positivo.

Orientador: Bruno Henrique Fernandes

CURITIBA

2010

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A minha querida mãe que participou de todo o

processo e, muitas vezes, esteve ao meu lado

esclarecendo dúvidas e me incentivando pela

busca do conhecimento.

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AGRADECIMENTOS

Após dois anos de pesquisa agradeço àqueles que, de diferentes

maneiras, tornaram esta experiência extremamente rica, contribuindo de forma

significativa para meu crescimento como pessoa e profissional.

A minha mãe, Vera Lucia Pacheco, meu mentor desde que ingressei na

área de Administração, pelos ensinamentos, pelas oportunidades de trabalho

conjunto, pelas discussões estimulantes, pelas palavras de incentivo, pelo apoio em

todos os momentos da minha trajetória profissional.

Ao meu querido orientador, Professor Bruno Henrique Fernandes, que

acreditou no meu projeto e na minha capacidade para desenvolvê-lo, por sua

paciência e empenho, dando-me tempo suficiente para amadurecer questões

teóricas e metodológicas; pelas lições que ampliaram meu conhecimento e minha

experiência; em especial, por sua confiança em meu desempenho profissional,

quando me convidou para atuar em um projeto de consultoria da Universidade sobre

competência, atendendo a uma empresa multinacional.

A todos os coordenadores que contribuíram com a pesquisa, de maneira

pessoal e/ ou virtualmente, pelas informações disponibilizadas de suas IES.

Ao professor Eros Eloy da Silva Nogueira e à professora Yára Lúcia

Mazziotti Bulgacov, por suas valiosas observações durante a qualificação. Aos

professores Eros Eloy da Silva Nogueira e Edson Ronaldo Guarido Filho, pelo

espaço para discussão do meu projeto com os meus colegas, em aulas da disciplina

de Seminário de Dissertação.

Aos colegas da disciplina Seminários de Dissertação, pelas intervenções

oportunas e pertinentes, que me levaram a refletir muito na análise da questão de

pesquisa, colaborando para o aprimoramento do projeto.

Aos meus alunos que, implicitamente, me motivaram a trabalhar com o

tema.

A Claudia Cristina de Lara Stadnick, pelo atendimento, pela atenção e

ajuda em vários momentos do curso.

Aos professores do Programa de Mestrado e Doutorado da Universidade

Positivo, pela oportunidade de conhecer pesquisas desenvolvidas por alguns

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teóricos da área e muito aprender, durante todo o período destinado ao cumprimento

dos créditos.

Aos colegas de todas as turmas das quais participei, em especial a minha

amiga para todos os momentos, Magali Maróstica, que me convidou a entrar no

programa, pelo estímulo constante nos momentos difíceis.

Ao meu amigo Ricardo Hengelbert, por poder contar com sua

disponibilidade para trocar experiências e dividir minhas preocupações, nos

momentos incertos.

Ao meu irmão, Junior (Luiz Antonio de Araujo), pela compreensão,

paciência e amizade, quando muitas vezes deixei de atendê-lo, para cumprir meus

créditos.

Ao meu namorado, Fabrício Allessi, pelo incentivo e companheirismo nos

momentos mais difíceis.

Gostaria, ainda, de deixar registrado um agradecimento especial ao

Professor Luiz Hamilton Berton (in memoriam), por sua amizade, pelo incentivo para

que eu fizesse o mestrado, pela forma leve e alegre de trabalhar suas disciplinas, no

transcorrer do programa, deixando em mim e nos demais alunos marcas

inesquecíveis.

Encerrando, muito obrigada a todos que contribuíram para este trabalho,

inclusive aqueles não citados.

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COMPETÊNCIAS E FORMAÇÃO DO ADMINISTRADOR

RESUMO

As propostas de mudança que, atualmente, vêm ocorrendo na educação

incorporam o desenvolvimento de competências na organização curricular e nos

projetos pedagógicos, em todos os níveis educacionais do País. Tendo em vista este

cenário, propõe-se o presente estudo com o objetivo de levantar as competências

trabalhadas nos cursos de Graduação em Administração e evidenciar a sua

adequação às competências recomendadas pelas DCNs, bem como de contribuir

com reflexões sobre a utilização de competências na formação do administrador, no

ensino superior, e sua relação com as demandas profissionais da área. Trata-se de

um estudo de caso múltiplo, realizado em cinco Instituições de Ensino Superior,

localizadas em Curitiba, Paraná. Os resultados revelam que existe uma tendência à

adoção do modelo de transmissão de conhecimento em detrimento do modelo de

formação de competências. Também apontam algumas limitações: de um lado, as

dificuldades de aferição no processo ensino - aprendizagem e, por outro, a distância

entre as competências trabalhadas na formação e as competências demandadas

pelo mercado em relação ao profissional administrador.

Palavras-chave: Graduação em Administração, Ensino Superior,

Competências e Profissional Administrador.

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COMPETENCIAS E FORMAÇÃO DO ADMINISTRADOR

ABSTRACT

The changes proposals that, currently, occur in education incorporate the

development of competences in the organization curricular and in the pedagogical

project of courses, in all educational level in the country. In view of this scenario, it is

proposing through this study about the competencies worked on business

administration under graduation courses with the object of evidence the adjustments

of competences listed in the “DCNS,” and so contribute with reflections about the

utilization of competences in the formation of the administrator on the undergraduate

course in relation to the demand required by professionals of the field. It is the

multiple case studies, of five institution of higher education located in Curitiba,

Paraná. The results point that exist a tendency to an adoption of a model of

transmission of knowledge in detriment to the formation of competences with some

limitations, on side show difficulties of gauging the process of education learning and

the other side the distance between the competences worked on the under

graduating program and the competences on demand for the professional

administrator.

Key words: under graduation on business administration, higher education,

competences, and professional administrator.

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LISTA DE QUADROS E FIGURAS

FIGURA 1 – TRIPÉ COMPETÊNCIA ........................................................................30

QUADRO 1 - COMPETÊNCIAS HABILIDADES A SEREM TRABALHADAS

SEGUNDO AS DCNS ................................................................................................40

QUADRO 2 - SÍNTESE DAS COMPETÊNCIAS DEMANDADAS PELO MERCADO,

SENDO ELAS ABERTAS POR CONHECIMENTO, HABILIDADES E

ATITUDES...................................................................................................................50

QUADRO 3 – IES QUE REPRESENTAVAM A AMOSTRA

INICIALMENTE ..........................................................................................................56

QUADRO 4 – RELAÇÃO DAS IES QUE RESPONDERAM A

PESQUESQUISA .......................................................................................................57

QUADRO 5 – CÓDIGOS DOS ENTREVISTADOS ...................................................58

QUADRO 6 – CATEGORIA E SUBCATEGORIAS PARA ANÁLISE .........................70

QUADRO 7 – RESUMO DAS COMPETÊNCIAS (CONHECIMENTOS, HABILIDADES

E ATITUDES) ENCONTRADAS NAS IES PARTICIPANTES.....................................79

QUADRO 8 – SÍNTESE DO QUE RECOMENDAM OS AUTORES, AS DCNS E O

QUE PRATICAM AS IES............................................................................................80

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LISTA DE ABREVIATURAS

ANGRAD - Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Administração

CFA - Conselho Federal de Administração

DCNs - Diretrizes Curriculares Nacionais

IES - Instituição de Ensino Superior

INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas em Educação Anísio Teixeira

MEC - Ministério da Educação

PDI - Plano de Desenvolvimento Institucional

PPC - Projeto Pedagógico de Curso

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Sumário

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 14

1.1 DELIMITAÇÕES DA PESQUISA E FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA ................................................................................................. 18

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA ...................................................................... 22 1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................ 22 1.2.2 Objetivos específicos ................................................................................. 22

1.3 JUSTIFICATIVA TEÓRICA E PRÁTICA.............................................................. 23

2. QUADRO TEÓRICO DE REFERÊNCIA ............................................................... 25

2.1 DEFINIÇÕES DE COMPETÊNCIA ..................................................................... 25

2.2 ENSINO DA ADMINISTRAÇÃO NO BRASIL ...................................................... 33

2.3 COMPETÊNCIAS, SABERES E HABILIDADES NO ENSINO. ........................... 42

2.4 COMPETÊNCIAS DO ADMINISTRADOR SEGUNDO AUTORES ..................... 47

3. METODOLOGIA ........................................................................................ 53

3.1 ABORDAGEM METODOLÓGICA: ...................................................................... 53

3.2 DEFINIÇÃO CONSTITUTIVA (DC) E DEFINIÇÃO OPERACIONAL (DO) DAS CATEGORIAS DE ANÁLISE. ............................................................ 54

3.3 DEFINIÇÃO DAS ETAPAS DA PESQUISA ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 3.3.1 Etapas da pesquisa .................................................................................... 56

3.3.1.1 Etapa 1: pesquisa bibliográfica e documental .............................................. 56

3.3.1.2 Etapa 2 - Escolha do método ........................................................................ 56 3.3.1.3 Etapa 3 - Pesquisa de campo ........................................................................ 57

4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS .......................................... 61

4.1 APRESENTAÇÃO DAS IES QUE PARTICIPARAM DA PESQUISA: ................. 61

4.1.1 Apresentação da IES 1 ..................................................................................... 61 4.1.1.1 Apresentação do curso de Administração da IES 1 .......................................... 62

4.1.2 Apresentação da IES 2 ..................................................................................... 63 4.1.2.1 Apresentação do curso de Administração da IES 2 .......................................... 63

4.1.3 Apresentação da IES 3 ..................................................................................... 63 4.1.3.1 Apresentação do curso de Administração da IES 3:......................................... 65

4.1.4 Apresentação da IES 4 ..................................................................................... 67 4.1.4.1 Apresentação do curso de Administração da IES 4. ......................................... 68

4.1.5 Apresentação da IES 5 ..................................................................................... 71 4.1.5.1 Apresentação do curso de Administração da IES 5 ...................................... 71

4.2 TRATAMENTO DOS DADOS ............................................................................. 72 4.2.1 Síntese dos resultados encontrados ................................................................ 73

4.3 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS. ........................................................... 85

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 89

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REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 95

APENDICE .............................................................................................................. 102

(selecione o índice ou todo o documento e pressione <F9> para atualizá-lo)

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1. INTRODUÇÃO

O mundo atual caracteriza-se por grandes transformações sociais,

econômicas, políticas, culturais, e humanas, reconhecidas como emergentes e

prioritárias.

Com o advento da globalização Levy (1999), as novas formas de

comunicação surgidas estremeceram o mercado e as organizações tornaram-se

frágeis diante de tantas inovações tecnológicas e de concorrentes cada vez mais

competitivos.

Em um mercado em que as ofertas são praticamente iguais, onde os

preços e as formas de pagamento e distribuição são similares, o diferencial de uma

organização passa a ser o seu capital intelectual. Assim considerando, impõe-se a

necessidade de incentivar a flexibilidade e a criatividade nas empresas, pois as

estruturas burocráticas perdem o seu sentido.

Passa-se, hoje, por um processo de humanização da burocracia como

cultura. Trata-se do deslocamento crucial da ênfase na eficiência da máquina

mecanizada para a cooperação interpessoal e a produtividade humana, uma

mudança que leva as empresas a buscar profissionais capazes de fazer frente a

questões fundamentais para a sua manutenção em um mercado cada vez mais

competitivo, complexo, interdependente, mutante e incerto. (GUIMARÃES, 2009). A

propósito, as organizações percebem que precisam ser globais e locais, grandes e

pequenas, centralizadas e descentralizadas (HANDY, 1995).

As estruturas e os processos organizacionais ideais passam a ser aqueles

que se identificam como uma organização flexível, na qual destacam-se as

habilidades de trabalho, em que possam mudar e os profissionais possam adquirir

habilidades conceituais e ter uma visão do todo. Almejando alcançar maiores níveis

de competitividade devido às exigências do mundo contemporâneo, as organizações,

nas últimas décadas, vêm buscando novas formas de estruturação e de

relacionamento interno e externo. Para marcar sua presença e até mesmo garantir

sua permanência no mercado, passam a pôr em prática novas formas de negociar e

se relacionar com seus clientes e profissionais, destacando não só a união entre as

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competências pessoais de cada colaborador e as organizacionais, mas também

novas formas de parceria e aliança com outras organizações.

Neste contexto de mudanças nas formas de trabalho, impõe-se um novo

perfil profissional, mais condizente com a atual dinâmica assumida pelas

organizações, em um ambiente globalizado, imprevisível e instável, que requer

novas competências para incrementar seu desenvolvimento. Para a sua

sobrevivência no mercado, o profissional necessita adquirir novas qualificações, pois,

cada vez mais, se exige um trabalhador cujos conhecimentos sejam atualizados, que

tenha iniciativa, flexibilidade mental, capacidade crítica, competência técnica e

capacidade inovadora, que saiba, enfim, lidar com as novas informações, que se

apresentam em maior quantidade e novos formatos e sob diferentes formas de

acesso (BRASIL,1998c).

No campo da formação e educação do trabalhador, explica Handfas

(2001, p.5), o novo cenário

[...] a necessidade de superação de um modelo de formação [...] baseado na aquisição de habilidades necessárias ao desempenho de tarefas de cada posto de trabalho e aponta outro, que traduza os requisitos necessários para a formação geral do trabalhador e sua maior capacidade de pensamento teórico-abstrato e lógico-matemático.

O vínculo entre a oferta de formação e a demanda por profissionais ditos

competentes aparece em várias vertentes, com objetivos específicos, tais como: no

sistema produtivo; nas instituições governamentais e privadas de ensino e formação

– ampliar as oportunidades e promover a aproximação do mundo do trabalho; na

comunidade internacional - padronizar e normalizar procedimentos operacionais,

reconhecendo as competências tácitas do trabalhador e levando em conta a questão

da segurança e saúde no trabalho bem como a da diversidade, e, nos órgãos

sindicais – estabelecer a certificação das competências, dando-se, porém, espaço

para negociar e ampliar o leque de qualificações, a fim de criar mais oportunidades

de emprego (BRÍGIO, 1999).

Surgem, assim, neste contexto de novas exigências para o bom

desempenho profissional, os trabalhadores do conhecimento (DRUCKER, 1995). É

oportuno destacar que as exigências saem do escopo do saber como fazer para

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saber por que fazer. A formação profissional passa do simples treinamento para o

desenvolvimento sistemático de habilidades reunidas sob o nome genérico de

“competências”. Muda o escopo de qualificação profissional (MACHADO, 1994).

Observe-se, entretanto, que, pela primeira vez na história da humanidade, as

competências adquiridas por uma pessoa no seu percurso profissional estarão, em

sua maioria, obsoletas no fim de sua carreira (LEVY, 1999). Trabalhar esta nova

modalidade pressupõe aprender cada vez mais e rapidamente, transmitir saberes e

produzir conhecimentos.

A temática que relaciona trabalho e educação tem sido objeto de reflexão

para educadores, sociólogos e outros profissionais na área das ciências humanas e

sociais sob os mais diversos encaminhamentos teóricos. Entende-se hoje que o

processo de ensino e aprendizagem não se limita apenas à sala de aula no contexto

da relação professor-aluno, mas ultrapassa tais limites físicos, dando oportunidade

ao discente de construir conhecimento no seu ambiente doméstico, de trabalho ou

onde mais desejar (SANTOS 2006).

Assim considerando, as organizações de ensino superior revêem a sua

oferta de educação. Para se adaptarem ao novo cenário, procuram identificar as

qualificações necessárias ao alcance dos objetivos estratégicos que as diferenciam

no mercado em que atuam e também passam a fazer uso de uma modalidade

segundo a qual aquele que ensina deve trabalhar as novas competências para

atender às necessidades básicas do egresso. Observe-se, portanto, que, neste

contexto inovador, buscam aprimorar o seu modelo organizacional, mediante a

criação de uma cultura de aprendizagem que realmente forneça respostas a um

ambiente exigente, complexo e dinâmico. Destaque-se, a propósito, que a existência

e a eficácia desta cultura dependeriam do estabelecimento de relações entre as

organizações educacionais e as organizações em geral, que não só proporcionariam

às organizações educacionais mais chances de sucesso como também o seu

alinhamento com os valores consolidados na sociedade.

A cultura de aprendizagem a que se faz referência no parágrafo anterior

pode ser definida como um processo contínuo de renovação da visão estratégica

institucional. Sua adoção implica formalizar alianças estratégicas para capacitação e

desenvolvimento das competências necessárias ao alcance dos objetivos

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organizacionais. Tal modelo surgiu com a proposta de unir a estratégia de negócio à

gestão do capital intelectual, visando ao desenvolvimento de competências

essenciais, que viabilizariam o deslocamento de todos na mesma direção, ao se

buscar atingir os objetivos organizacionais. Sob esta perspectiva, cabe destacar a

relevância que o desenvolvimento de competências e o seu exercício têm no âmbito

das organizações, pois se referem à capacidade de adequar e transformar

conhecimentos e tecnologias.

As Diretrizes Curriculares para os Cursos de Graduação em

Administração, instituídas pelo MEC, no parecer CNE/CES nº 23/05, incorporam o

conceito de competência profissional aodministrador e um conjunto de competências

a serem desenvolvidas nos estudantes, destacando que o professor é um dos

personagens chave no processo.

Considerando que os professores não podem ficar alheios a essas

competências, capacitá-los é o grande desafio que as instituições precisam encarar

se desejam garantir o aprendizado. Devem, portanto, basear seus projetos

pedagógicos em tais competências, pressupondo-se que são importantes para o

bom desempenho profissional nas organizações de trabalho que receberão os

futuros discentes. Acredita-se, que, por meio de estratégias pedagógicas delineadas

formalmente, os professores estarão devidamente preparados e aptos ao

desenvolvimento dessas competências.

De acordo com o que se vem expondo, optou-se por fazer a presente

pesquisa, buscando analisar se as competências trabalhadas na formação do

administrador, em instituições de ensino superior, relacionam-se às referendadas

pelas DCNs para o curso de Administração e àquelas sugeridas por estudiosos

como necessárias à formação do administrador para atender às demandas do

mundo contemporâneo.

Para se realizar a investigação, estruturou-se o trabalho em cinco partes,

além dos referenciais bibliográficos e anexos, a saber: introdução; referencial

teórico-metodológico; procedimentos metodológicos; apresentação dos resultados e

conclusões.

Na introdução, constam: o foco de estudo, a delimitação do tema e a

pergunta de pesquisa.

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Na parte destinada ao referencial teórico-empírico, primeiramente

explicitam-se o conceito de competência e conceitos afins, a saber: os conceitos de

conhecimento, habilidade e atitude. Na seqüência, relatam-se informações colhidas

no estudo do histórico do curso de administração no Brasil desde sua criação até os

dias atuais, realizado com o intuito de levantar o cumprimento do que as DCNs

exigem em relação às competências e habilidades para o curso de Administração.

Finalmente, destacam-se, por meio de consulta à literatura, as competências

exigidas para a atuação do profissional administrador.

Na terceira etapa, descrevem-se os procedimentos metodológicos

utilizados em todas as etapas da pesquisa, assim como o tratamento e a análise dos

dados.

Na quarta fase, faz-se a análise dos resultados.

Na quinta e última parte, apresentam-se as conclusões e delimitações da

pesquisa.

1.1 DELIMITAÇÕES DA PESQUISA E FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE

PESQUISA

Nesta seção, apresentam-se o problema de pesquisa e as perguntas que

nortearam sua escolha e abordagem. Relacionam-se também suas definições

constitutivas e operacionais, bem como os objetivos gerais e específicos e as

variáveis de análise utilizadas no estudo.

No Brasil, o curso de Administração foi criado nos anos de hum mil,

novecentos e quarenta e um (1941). Atualmente consta como o primeiro curso no

ranking de demanda, superando o de Direito. Mais de duas mil instituições oferecem

esta modalidade de graduação, abrangendo quinze por cento de todos os alunos

matriculados no ensino superior.

Essa demanda também se destaca em pesquisa divulgada pelo

Departamento do Trabalho dos Estados Unidos, onde o curso de Administração

aparece entre os de maior probabilidade de crescimento nas próximas décadas

(BRAGA, 2004).

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O Conselho Federal de Administração afirma que a busca de qualidade

no ensino de Administração não apenas atende às exigências da sociedade, que

precisa de profissionais adequadamente preparados ao exercício de suas funções,

assim como contribui, por meio da gestão profissional, para o fortalecimento das

organizações e o desenvolvimento socioeconômico do país (ANDRADE, 2006).

Essa busca de qualidade está atrelada às grandes mudanças no

mercado competitivo cujas exigências são cada vez maiores, cujas referências não

são mais locais, mas globais. A propósito, um dos grandes desafios que este

mercado traz é a convergência da individualidade e da totalidade, do global e do

local, fazendo com que as organizações e os profissionais revejam suas estratégias

de atuação e se contraponham às práticas voltadas somente a processos, optando

por ações que promovam resultados, considerando as complexidades inerentes aos

processos de mudança e a sustentação do negócio.

Nessa realidade é imprescindível que a competência esteja presente

como uma alternativa para atender às demandas das organizações e dos

profissionais. A competência estaria sustentada na idéia de agregação de valor e

entrega a determinado contexto de forma independente do cargo, ou seja, a partir

da própria pessoa (BOTERF, 1997 e ZARIFIAN, 2001).

Segundo Ruas (2005) e Fleury (2000) as competências decorrem da

gênese e do processo de desenvolvimento da organização e são concretizadas em

seu patrimônio de conhecimentos, que estabelece as vantagens competitivas da

organização no contexto em que estão inseridas. A interação natural entre as

competências mobilizadas por pessoas e empresas é abordada por Fleury (2000),

ao afirmar que há uma relação natural entre o intento estratégico da organização,

suas competências organizacionais e as competências das pessoas.

Já Perrenoud (2002) propõe que se analise o parentesco semântico entre

as idéias de competência e competitividade, dada a sua origem comum, o verbo

competir (com + petere) que, em latim, significa buscar junto com, esforçar-se junto

com ou pedir junto com. Este estudo leva a uma reflexão sobre o vínculo entre

pessoas e organizações que interagem e compartilham objetivos, num processo de

inclusão.

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Considerando que as competências são pertinentes aos indivíduos e às

organizações e que constituem estratégia competitiva para ambos, procura-se, a

seguir, explicar o que realmente significam.

É aconselhável salientar, como sugerem Dutra (2001), Ruas (2005),

Zarifian (2001), Fleury e Fleury (2000), Leboyer (2000), Klemp (1999), Mclagan

(1997), Manfredi (1998) e Parry (1996), que não há um consenso sobre o conceito

de competência e que as competências ganham força na medida em que integram

um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes inter-relacionadas, que

podem ser desenvolvidos nos indivíduos, nas equipes e em toda a organização em

busca do alcance dos resultados esperados.

A competência, para Dutra (1998), deve ser considerada como um

conceito em construção, que não representa não um modismo, mas um expediente

adequado para explicar a realidade vivenciada nas empresas pela gestão de

pessoas. Assim, as competências se prestam a fomentar reflexões e viabilizar

aprendizados mais duradouros e compatíveis com as necessidades do mundo

organizacional, bem como a exercer maior influência em ambientes formais de

educação e formação profissional, uma vez que o ensino-aprendizagem é também

um processo de construção. Nas escolas de administração, destaca-se o enfoque

de educação e formação de gerentes que reconhece o potencial não só de informar,

mas também de transformar, ajudando o aluno a se descobrir, tornado-se um

indivíduo mais capaz de compreender e lidar com as mudanças (QUINN ET AL,

2004).

Entretanto alguns estudos indicam que, nos ambientes acadêmicos,

persiste a tendência de centrar as práticas pedagógicas na aquisição de

conhecimento, priorizando-se habilidades intelectuais em detrimento de outras. As

reflexões propostas em mesa-redonda do ENANPAD/2004, intitulada "A relação

entre a Pós-Graduação no Ensino e Pesquisa em Administração no Brasil",

ressaltam a necessidade de alertar as mantenedoras para o poder competitivo

institucional, de modo que desenvolvam competências que permitam aos egressos

um melhor desempenho como empreendedores, na gestão profissional, e estejam

preparadas para enfrentar a possível discrepância entre as demandas das

expectativas formativas da academia e das organizações. A crítica que se faz ao

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modo de desenvolvimento de competências reside na priorização de habilidades

analíticas, dando-se pouca importância às ações na resolução de problemas e

tomada de decisões no âmbito da academia.

Dessa maneira, as instituições de ensino que integram o sistema de

educação nacional são criticadas por desenvolverem práticas antagônicas,

buscando atender a diferentes exigências: ora necessitam investir na qualidade de

suas políticas pedagógicas, ora precisam controlar gastos e diminuir custos, ora

empenham-se em cobrar mensalidades justas da comunidade acadêmica. Assim

sendo, o desafio para alinhar estratégias de qualidade, tendo em vista a formação

de seus alunos, a absorção destes pelas empresas e a necessidade de continuarem

competitivas, torna-se um imperativo para as IES.

Como a maioria das pessoas busca a educação superior para ser,

posteriormente, absorvida pelas empresas, como egressa do curso de

Administração, torna-se imprescindível concentrar esforços para garantir a este

público o desenvolvimento das competências requisitadas pelas organizações.

Levando em conta as necessidades do mercado e o contexto em que

estão inseridas as organizações, os profissionais das IES devem ter consciência de

que precisam se atualizar continuamente na busca de aprimoramento, pois a

competitividade se viabiliza por meio do desenvolvimento e da apropriação de

competências.

De acordo com Andrade (2006), "Estamos na Era dos Administradores" e

a requisição destes profissionais ocorre em todas as áreas: no segmento da

indústria, do comércio, de serviços e do terceiro setor. Observe-se, contudo, que se

clama por profissionais que tenham a visão do todo e valorizem o comportamento

ético, a atitude empreendedora e o aprendizado contínuo.

Para conhecer melhor o assunto que se destaca, propõe-se, no presente

estudo, avaliar o desenvolvimento das competências trabalhadas no curso de

Administração de algumas IES da cidade de Curitiba, partindo-se da concepção de

competência que implica em três pilares conhecimento, habilidades e atitudes do ser

humano e das competências estabelecidas pelas DCNs. Coloca-se, então, a

seguinte questão:

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Até que ponto as competências apontadas pelas DCNs vão ao

encontro das demandas profissionais do administrador e são trabalhadas na

formação do aluno nos cursos de Administração?

Observe-se que o estudo foi feito em cinco Instituições de Ensino Superior

da cidade de Curitiba que aceitaram participar da investigação, no período de março

a julho, mediante entrevistas com os coordenadores de seus cursos de

administração.

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA

Com o intuito de nortear o desenvolvimento e a estruturação da presente

pesquisa, partindo-se obviamente do questionamento proposto, estabeleceu-se um

objetivo geral e cinco específicos.

1.2.1 Objetivo Geral

Levantar as competências trabalhadas na formação do administrador nas

instituições pesquisadas e as requeridas pelas DCNs para o curso de graduação em

administração, analisando sua relação com as competências demandadas pelo

mercado de trabalho.

1.2.2 Objetivos específicos

a) Listar as competências do curso de Administração instituídas pelas

DCNs.

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b) Rever junto aos coordenadores dos cursos de Administração das IES

que participam da pesquisa, as competências trabalhadas nos seus

projetos pedagógicos.

c) Enumerar as competências exigidas para o profissional de

administração no mercado de trabalho.

d) Identificar as práticas adotadas pelas IES investigadas para o

desenvolvimento das competências.

e) Fazer a correlação das competências trabalhadas na formação com as

exigidas pelo mercado.

1.3 JUSTIFICATIVA TEÓRICA E PRÁTICA

Após um levantamento de publicações referentes à questão da

competência, em periódicos e anais de congressos nas áreas de educação e

administração e nos programas de pós-graduação das instituições de ensino que

são referência nas linhas de pesquisa sobre o tema, verificou-se que, embora haja

uma grande variedade de produções científicas que tratam do assunto, em nenhuma

delas se registra o desenvolvimento de uma pesquisa de campo para levantar que

competências são trabalhadas no curso de administração e analisar sua relação com

as demandas postas ao profissional administrador. Entende-se que esta constatação

configura uma lacuna que por si só justificaria o presente trabalho.

Outros fatores ajudam a justificar o desenvolvimento desta pesquisa,

como, por exemplo, a manifestação de uma forte tendência em se abandonar o

enfoque científico da administração, em prol da adoção do enfoque das sofisticadas

relações humanas. Entende-se, atualmente, que a motivação dos colaboradores é

um fator chave para a produtividade no trabalho, que as empresas precisam se

empenhar cada vez mais para reter pessoal qualificado, a partir do pressuposto de

que investir nas pessoas é tão importante quanto investir em outras áreas dos

negócios ou da vida empresarial.

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Ressalta, pois, o fato de que as prioridades empresariais estão mudando.

Registra-se o crescimento cada vez mais rápido da importância das competências,

das aptidões e do conhecimento. Para muitas organizações este será seu maior

recurso, se não o único. Reconhece-se, então, o grande valor do capital intelectual,

representado pelo conhecimento adquirido pelas pessoas.

O modelo priorizado pelas empresas, a partir da nova LDB - Lei de

Diretrizes e Bases da Educação - passa a ser utilizado também na proposta

curricular do curso de graduação em Administração, definindo competências e

habilidades básicas desejáveis na formação do administrador. Este modelo propõe:

Complementar os estudos sobre competências por meio do cruzamento

dos conceitos estudados e das necessidades demandadas pelo profissional da área;

Ampliar os estudos sobre competências a partir do ponto de vista das

organizações, visto que o tema não é comumente abordado na academia;

Trabalhar competências na formação do administrador como um tema

atual e complexo, considerando a possibilidade de, ao final do curso, já serem

obsoletas, diante do mundo globalizado e conturbado em que hoje se vive;

Trabalhar competências de modo que atenda às necessidades do

mercado, que é dinâmico e competitivo, assim contribuindo para que as instituições

de ensino promovam a adequação de seus currículos e de suas ações práticas.

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2. QUADRO TEÓRICO DE REFERÊNCIA

2.1 DEFINIÇÕES DE COMPETÊNCIA

No domínio do senso comum, a competência é compreendida como um

saber ou como “fazer qualquer coisa bem”.

Em termos organizacionais o conceito de competência passa por uma

grande evolução.

As competências profissionais constituem um conjunto de conhecimentos,

habilidades e atitudes que capacitam um profissional a desempenhar as suas tarefas

de forma satisfatória, tomando como critério avaliativo os padrões esperados em um

determinado momento histórico, em uma determinada cultura.

Alguns autores conceituam competência como um conjunto de

qualificações que a pessoa possui para executar um trabalho com um nível superior

de desempenho (McCLELLAND, ET AL, 1973 e BOYATZIS, 1982).

O autor, Parry (1996), resume o conjunto de competência como

conhecimentos, habilidades e atitudes relacionados que afetam a maior parte de

uma responsabilidade, que se correlaciona com a performance desse papel ou

responsabilidade, que possa ser medido contra parâmetros bem aceitos e que pode

ser melhorado através de treinamento.

O conceito acima explicitado foi negado, nos anos 80 e 90, por vários

autores, segundo os quais a competência não é um estado ou conhecimento que se

tem nem resulta de treinamento. Significa, na verdade, colocar em prática, em

determinado contexto, o que se sabe.

Atualmente, diferentes autores definem a competência não só como a

capacidade de entrega de uma pessoa assim como o conjunto de qualificações que

possui para entregar. Considerando que as pessoas fazem essa entrega de

maneiras diferentes, ou por suas qualificações, no campo pessoal, ou por suas

qualificações técnicas, a competência pode ser atribuída a diferentes atores. De um

lado à organização, que detém um conjunto de competências características de seu

patrimônio, que lhe conferem vantagens competitivas no contexto onde se insere. De

outro, às pessoas, que possuem um conjunto de competências que podem ou não

ser aproveitadas pela organização.

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Pode-se, então, detectar um processo continuo de troca de competências

entre a organização e as pessoas. A organização transfere seu patrimônio de

conhecimentos para as pessoas, enriquecendo-as e preparando-as para enfrentar

novas situações pessoais e profissionais tanto dentro como fora dela. Ao

desenvolver sua capacidade individual, as pessoas transferem para a organização

seu aprendizado, capacitando-a para novos desafios. Tal processo, natural em

qualquer comunidade, pode ser gerenciado em benefício da organização e das

pessoas. Dessa maneira, pessoas e organizações estão juntas em um processo de

troca de competências que deve se dar antes ou durante o exercício da atuação

profissional. As competências só serão evidentes se forem transmitidas aos

colaboradores da organização, para que possam internalizá-las.

A organização e seus funcionários, envolvidos nesse processo de troca

de competências, conseguem, juntos, não apenas analisar situações e compreender

seus problemas, mas também decidir que estratégia adotar para viabilizar soluções

pretendidas. Para isso, precisam medir os custos e benefícios de sua escolha,

determinar os recursos necessários e mobilizá-los. A própria organização oferece

capacitação a seus funcionários que, por sua vez, retornam à empresa os ganhos

que advêm de seu aprendizado, preparando-a para novos e maiores desafios

(DUTRA, 2001).

É oportuno ressaltar que trabalhar mediante competências é um processo

bastante complexo, exigindo que todos os envolvidos façam escolhas, julgamentos e

tomem decisões imprevistas. Estas mudanças na forma de desenvolver suas

atividades estão levando as organizações formais a se reestruturarem, o que,

inevitavelmente, repercute no delineamento de um perfil profissional mais compatível

com a realidade.

O perfil profissional desejado se alicerça em três grandes grupos de

habilidades: i) as cognitivas, comumente obtidas no processo de educação formal,

como raciocínio lógico e abstrato, capacidade para resolver problemas, criatividade,

capacidade de compreensão, julgamento crítico e conhecimento geral; ii) as técnicas

especializadas, como informática, língua estrangeira, operação de equipamentos e

processos de trabalho, e iii) as comportamentais e de atitude, como cooperação,

iniciativa, empreendedorismo (traço psicológico ou habilidade para gerar rendas

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alternativas, que não as oferecidas pelo mercado formal de trabalho), motivação,

responsabilidade, participação, disciplina, ética e, finalmente, a atitude de aprender a

aprender (ASSIS, 1999; GÍLIO, 2000 e WHITAKER, 1997 apud GONDIM).

A composição desse perfil está atrelada à contínua qualificação dos

profissionais pelas empresas, que têm de produzir inovações para atender à

competitividade do mercado, qualificação esta que, muitas vezes, pode pôr em jogo

a formação do ser humano.

A aprendizagem nas organizações pode ser entendida como um processo

permanente de construção e desenvolvimento de competências baseado na

apropriação de novos conhecimentos, para a elaboração de novos mapas cognitivos,

que possibilitam às pessoas compreender a si mesmas, a organização e o ambiente

que as cerca, estabelecendo novas atitudes em relação a seu trabalho, sua empresa

e o mundo externo (FLEURY, 2000 e SWIERINGA, 1992).

Koening (1994), ao escrever sobre a aprendizagem nas organizações,

afirma que esta deve ser entendida como fenômeno coletivo de aquisição e

elaboração de competências, que pode contribuir efetivamente para o processo de

mudança, e apresenta as seguintes formas de ativar o processo de aprendizagem

coletiva: (I) difusão de competências por meio de trabalho interativo e em equipe; (2)

intercâmbio de experiências com especialistas ou entre domínios de competências,

mediante reuniões, projetos comuns, ou, ainda, de maneiras mais informais, e (3)

coleta de novos conhecimentos acessíveis aos funcionários.

Essa relação entre ensinar e comunicar conhecimentos, ou entre a

educação e a comunicação, tem repercussões importantes sobre o modo de

funcionamento da relação pedagógica e sobre a dinâmica geral do processo de

transposição dos saberes, tendo em vista a grande quantidade de informações

atualmente disponível na sociedade, a velocidade com que os novos conhecimentos

são construídos e as interações cotidianas que os indivíduos realizam com as novas

mídias.

A reflexão de Lino Macedo é também esclarecedora porque evidencia a

relação entre competência e habilidade:

A diferença entre competência e habilidade, em uma primeira aproximação

depende do recorte. Resolver problemas, por exemplo, é uma competência

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que supõe o domínio de várias habilidades: calcular, ler, interpretar, tomar

decisões, responder por escrito, etc. são exemplos de habilidades

requeridas para a solução dos problemas de aritmética [...]. Para dizer de

outro modo, a competência é uma habilidade de ordem geral, enquanto a

habilidade é uma competência de ordem particular, específica. A solução de

um problema, por exemplo, não se reduz especificamente aos cálculos que

implica o que não significa dizer que o cálculo não seja uma condição

importante. (p.64)

Ao discutir os aspectos conceituais, Demo (1998) define competência como a

capacidade de fazer e fazer-se diariamente, ou seja, para este autor ter competência

não é apenas executar bem uma tarefa, mas, acima de tudo, refazer-se para

antecipar as demandas, reconstruindo, questionando, inovando, de modo a enfrentar

os desafios da qualidade formal (inovação pelo conhecimento) e política

(intervenção ética e cidadania). Sob este ponto de vista, competência é atributo da

cidadania, do sujeito consciente e organizado.

Zarifian (2001), por sua vez, afirma que a competência é de iniciativa e

responsabilidade do indivíduo relativamente às situações profissionais com as quais

se defronta. Para ele, ter competência é assumir responsabilidade frente a situações

de trabalho complexas, a partir de uma postura reflexiva. Na abordagem do autor,

observa-se que se refere à metacognição e a atitudes relacionadas ao trabalho,

atribuindo menor importância aos aspectos técnicos.

Alguns estudiosos, entretanto, definem a competência não somente como um

conjunto de qualificações que um indivíduo detém, mas como o resultado ou efeito

da aplicação de tais qualificações ao ambiente de trabalho. Sob esta perspectiva as

competências profissionais constroem-se em formação e ao sabor da navegação

diária de um profissional de uma situação de trabalho a outra, (LÊ BOTERF, 2003).

Segundo este autor, cada ação competente produz-se por uma combinação de

recursos e, no saber mobilizar e aplicar esses recursos, reside a riqueza profissional,

ou seja, a competência (LÊ BOTERF, 2003). Para ele, o profissional deve não

somente executar o que é prescrito, mas ir além. Se sua competência se revela mais

no “saber agir” do que no “saber fazer”, é porque existe verdadeiramente, porque

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sabe encarar o acontecimento, o imprevisto. O autor considera, pois, que não há

outra competência que a competência em ação. Nesse sentido, a competência não

se reduz a um estado ou conhecimento, a um saber ou habilidade. Observa ainda

que a formação da competência se caracteriza por três eixos: a pessoa, sua

biografia e socialização, e sua situação profissional.

Diante da vasta literatura sobre competências, é oportuno ressaltar o

questionamento de alguns autores, citados por Lobato (2001), referindo-se às suas

alterações que, ao modo como estão sendo processadas no cenário tecnológico e à

sua relação com a exigência de qualificação profissional e a empregabilidade. Para

esses autores, as competências estão inseridas em um ciclo de relevância que, ao

longo do tempo, sofre alterações, sendo possível classificá-las em quatro categorias:

Emergentes – surgem com mudanças significativas que ocorrem no mercado de trabalho e estão relacionadas, por exemplo, ao domínio do idioma, ao eficaz uso de novas tecnologias, entre outros fatores;

Declinantes – estão relacionadas às mudanças de tecnologias ou do modo de operacionalização das atividades das organizações;

Estáveis ou essenciais – são aquelas que permanecem relevantes ao longo do tempo;

Transitórias - embora essenciais em momentos críticos de

transição, podem ser necessárias para um determinado momento.

O caráter dinâmico das competências se revela em todos os segmentos

produtivos, sendo possível classificá-las em humanas ou profissionais – as que se

relacionam ao indivíduo ou à equipe de trabalho - e em organizacionais – as que se

referem à instituição ou uma unidade produtiva.

Em alguns casos o grau de mutação dos conhecimentos bem como das

habilidades e atitudes humanas depende dos impactos que sofrem não somente

pelos avanços tecnológicos, como também pela dinamicidade imposta a

profissionais que atuam, por exemplo, na produção, organização e difusão de

informações, tendo em vista a sua utilização, ou seja, àqueles que necessitam ter

uma postura investigativa e crítica para poderem contribuir na consolidação de um

processo de transformação social.

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Reitere-se que, certamente, ocorre um aumento crescente e acelerado da

importância das competências, das aptidões e do conhecimento nas organizações e

que, para muitas, serão estes o seu recurso mais significativo. Destaque-se mais

uma vez que só se pode preservar o capital intelectual representado pelo

conhecimento adquirido e pelas pessoas quando se sabe o que se tem.

Pelo que se vem expondo, conclui-se que é necessário articular os conteúdos

conceituais, procedimentais e atitudinais que delineiam a capacidade e, por

conseguinte, a competência do indivíduo. A competência envolve, portanto, um

conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes, três dimensões interligadas e

interdependentes. O conhecimento corresponde a uma série de informações

assimiladas e estruturadas pelo indivíduo, que lhe permite entender o mundo, é a

dimensão do saber. A habilidade está associada ao saber fazer, ou seja, à

capacidade de aplicar, de fazer uso produtivo do conhecimento adquirido. A atitude

é a dimensão do querer- saber - fazer, que diz respeito aos aspectos sociais e

afetivos relacionados ao trabalho.

É importante salientar que o conceito de competências freqüentemente é

tratado de forma indistinta relacionada com conhecimentos, habilidades e atitudes.

Para alguns autores, a competência relaciona-se apenas a conhecimentos e

habilidades. Neste estudo define-se competência, conforme se representa na figura

abaixo, como um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes interligados e

interdependentes, para se promover uma ação consciente.

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Figura – TRIPÉ COMPETÊNCIA (BRANDÃO,2001,p.10 apud SANTIAGO,

1994, p.30).

“Denomina-se o conhecimento pela expressão “o que eu sei sobre”, com

relação à habilidade seu conceito será definido pela expressão” eu sou capaz de”, já

a atitude será indicada pela expressão “eu estou disposto a” (FERNANDES, 2008).

De acordo com Fernandes (2008), busca-se definir conhecimento,

habilidade e atitude, relacionando estes termos às seguintes expressões,

respectivamente: “o que eu sei sobre”, “eu sou capaz de” e ”eu estou disposto a”.

Com efeito, a dimensão do conhecimento é a face da competência que

coloca o indivíduo em contato com o saber, que lhe dá condição de entender o que

deve ser feito e como agir, configurando assim a sua necessidade de posicionar-se

diante das questões, para atuar. Tal ação só é eficaz com a união das técnicas

existentes, que, se bem selecionadas, estabelecem a destreza do agir, e da

determinação, motivada pelo interesse em colocar-se diante a situação. Este

conjunto deve ser mobilizado na resolução de situações concretas; a competência é

do indivíduo e deve ser “entregue”. A necessidade de articular os conteúdos

conceituais, de procedimentos e atitudes delineiam a capacidade do indivíduo e, por

conseguinte, a sua competência.

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Outro aspecto pertinente ao se enfocar a questão da competência é a

necessidade de considerá-la em situação ou contexto profissional, onde é usada

para agregar valor econômico à organização. Em outras palavras: a organização de

alguma forma se apropria da competência individual para criar valor econômico.

É oportuno ressaltar que a complexa definição de competência já foi muito

utilizada pelas empresas como a capacidade de realizar tarefas exigidas para a

ocupação de variados cargos, sem se preocuparem em estimular os seus

funcionários, que não precisariam ir além das tarefas descritas para os cargos que

ocupavam. Atualmente, contrariando este modelo fragmentado das tarefas, é

possível constatar que o ambiente complexo de trabalho exige dos colaboradores

novas posturas, mais agilidade na atuação, não se prendendo aos excessos da

burocracia, e capacidade para desenvolver maturidade profissional, considerando o

grau de complexidade do seu trabalho.

As organizações tiveram, pois, que buscar um novo modelo, que

promovesse o alinhamento entre a estratégia organizacional e o desenvolvimento

dos colaboradores da empresa, fortalecendo o seu quadro funcional, incorporando o

conceito de competência. Assim um modelo baseado em competências corporativas

e pessoais emergiu nas empresas brasileiras, um modelo que permitia a

combinação dos conhecimentos com as habilidades técnicas e sociais, que

possibilitava desenvolver algumas competências chave na esfera da produção,

conscientizando seus colaboradores quanto a seu papel e seus cargos, mediante

discussão de suas competências atuais e das que deveriam se desenvolvidas. Sob

este ponto de vista, a cada colaborador cabe descobrir aquilo que o entusiasma,

pois o seu entusiasmo, além de motivar, permite desenvolver a criatividade e

compreender as várias etapas do modelo.

Os conceitos de competência apresentados assumem relevância não só

em estudos que procedem à revisão das práticas nas organizações, mas também no

âmbito das instituições de ensino. Considerando o teor dos estudos feitos pelos

autores consultados nesta pesquisa, trabalhar competências grupais e individuais,

tanto na área das empresas como no campo da educação, é um desafio do mundo

pós-moderno.

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2.2 ENSINO DA ADMINISTRAÇÃO NO BRASIL

O curso de administração no Brasil tem a sua origem associada ao ensino

do Direito e sua avaliação, deve ser feita, considerando os diferentes períodos de

sua história: Colonial, Imperial e Republicano.

A preocupação com o ensino jurídico, que nasceu no Império, traz em seu

bojo a atenção, ainda que tênue, ao ensino de Administração, destacada por

Benedito apud TREVISAN (1977), na proposta do deputado Angelo da Silva Ferraz,

de 1854, quando, incomodado com a influência do preparo profissional dos

servidores públicos nas aulas de Comércio, propõe a criação de escolas de Direito,

Administração e Comércio. Em 1857, o ministro Luiz Pereira Ferraz, acatando a

proposta do deputado, propõe a criação do curso ou faculdade de Ciências

Administrativas.

A Reforma “Liberato Barroso”, de 1865, corrobora as propostas anteriores,

ao dividir o curso de Direito em: Ciências Jurídicas e Ciências Sociais. Tal divisão,

que permitiria a formação do magistrado e do advogado no núcleo de Ciências

Jurídicas, e a dos políticos e administradores no curso de Ciências Sociais,

constituiu-se na grande transformação do ensino na época.

Em 1879, com a necessidade de maior especificidade no curso de

Ciências Sociais, a Reforma “Leôncio de Carvalho” propõe a inclusão de cadeiras

específicas de administração, ou seja, as disciplinas de Higiene Pública, Ciências

das Finanças, Contabilidade do Estado, Diplomacia e História dos Tratados.

A conjuntura internacional, no entanto, interfere, exigindo ações mais

efetivas para se implantar o ensino de administração, influência que também se

registrou no desenvolvimento do ensino de administração nos Estados Unidos, que

destacava, em 1881, a criação do primeiro curso de Administração, (Wharton Scholl,

RBA, 1999).

O parecer de Rui Barbosa, exarado em 1882, praticamente confirma as

necessidades já manifestadas, ao ratificar a importância da criação de um curso de

alto nível para formar administradores públicos, mas se resume à introdução das

cadeiras de Sociologia, Crédito, Moeda e Bancos, não se consolidando ainda o

curso de Administração.

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Outras reformas são propostas, como as de 1925, 1931, 1935, 1937,

1941, 1945, 1961, mas, somente em 09 de setembro de 1965, é regulamentada a

profissão de Administradores através da Lei 4.769. Em 08 de julho de 1966, o

Parecer nº 307, que estabelece a duração do curso superior de graduação em

Administração, foi substituído pela Resolução nº 02, de 1993, do CFE, que define

critérios, conteúdo e duração dos cursos de administração, oportunidade em que fica

definido um novo currículo mínimo.

Em 10 de outubro de 1996 são estabelecidos procedimentos para o

processo de avaliação dos cursos das Instituições de Ensino Superior, o Exame

Nacional de Cursos, inicialmente previsto para avaliar os egressos dos cursos de

graduação em Administração, Direito e Engenharia Civil. Em novembro de 1996,

egressos de 335 Instituições são avaliados.

Dois meses depois, em 20 de dezembro de 1996, é promulgada a lei

9.394, que define as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, fato que implica nova

revisão das Diretrizes Curriculares dos cursos de graduação superior do país. Em

Janeiro de 2000, a Comissão de Especialistas de Ensino de Administração - CEEAD,

vinculada à Secretaria de Educação Superior - SESU, do ministério da Educação –

MEC, protocola a proposta de revisão das Diretrizes Curriculares do curso superior

de graduação em Administração no Conselho Nacional de Educação – CNE.

Com a reformulação proposta por 41 Comissões de Especialistas de

Ensino Superior, o curso de administração passa por outras revisões curriculares e

sua oferta cresce: de 31 cursos, em 1967, passa-se para 177, em 1973{...}, e, nos

anos 1980, são oferecidos 245. Em 1990, registram-se 330 cursos {.} e, em 1998, já

existem 549 escolas de Administração (NICOLLINI, 2003, p.47).

Após aproximadamente quatro anos de apreciações, considerações e

críticas, ou seja, em 04 de junho de 2003, através do Parecer CNE/CES nº134, a

Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação aprova as Novas

Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos superiores de graduação em

Administração, documento homologado em 03 de setembro de 2003, pelo Ministro

da Educação.

A concepção dos currículos mínimos, de acordo com Andrade (2006),

resulta no detalhamento excessivo de disciplinas e cargas horárias que

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obrigatoriamente devem ser cumpridas, como condicionante ao reconhecimento ou à

autorização do curso, inibindo a inovação e criatividade dos projetos pedagógicos.

A flexibilidade e a atualidade da grade curricular derivam da Resolução n°

2/93, no entanto se inserem no módulo das disciplinas eletivas ou complementares,

sobretudo nos “Tópicos Especiais” ou ”Tópicos Avançados”, disciplina sem ementa

fixa, cujo conteúdo é definido semestralmente pela coordenação ou pelo colegiado

do curso.

O Parecer nº 134/2003 de 04 de junho de 2003 reforça a distinção entre

as diretrizes curriculares e os currículos mínimos, destacando que as diretrizes se

propõem a evitar o caráter normativo rígido e a capacidade de engessar que

caracteriza os currículos mínimos. O parecer admite a possibilidade de linhas de

formação específicas nas diversas áreas da administração. O bacharel em

administração, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais, deve ser capaz

de compreender as questões científicas, técnicas, sociais e econômicas “da

produção e de seu gerenciamento no conjunto”. Segundo o conjunto de

competências e habilidades que ratificam o perfil desejado para o formando,

estabelecem-se conteúdos curriculares que possibilitem interrelações com a

realidade nacional e internacional. No que tange à organização curricular, o

documento reforça o exercício do potencial inovador e criativo pela IES, valendo-se

da liberdade e flexibilidade para definir as condições que levem à efetiva

consecução do curso, “desde que comprovadas a indispensável integralização

curricular e o tempo útil fixado pelo curso” (Parecer CNE/CES, nº 134/2003, p.4).

Em julho de 2005, é publicada a Resolução nº 04, que traz uma revisão

do que havia sido previsto na anterior, bem como no Parecer nº 134, sobretudo com

referência a aspectos pontuais e específicos, destacando-se, como exceções, a não

obrigatoriedade do estágio supervisionado e do trabalho de conclusão de curso.

Com as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Administração,

define-se, para a adequação das IES, o prazo de 02 (dois) anos, após a sua

publicação, ou seja, 15 de julho de 2007.

A instituição de ensino superior tem a incumbência de formar profissionais

aptos ao desempenho de diferentes atividades, atendendo à demanda social, e em

condições de competir no mercado, envolvendo-os em estruturas de aprendizado

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contínuo. O esforço e comprometimento pessoal na realização de um trabalho com

qualidade podem expressar-se em níveis de "competência" profissional. No entanto,

ao se observarem os perfis traçados anteriormente, o que se apresenta como

desafio é compor um perfil que compreenda e conjugue conhecimentos, habilidades

e atitudes, traduzidos em competências que sejam relevantes para o egresso de um

curso de Administração, (EVERS, RUSH e BERDROW, 1998).

Não é de espantar que a legislação para o ensino de Administração tenha

permanecido inalterada, por 27 anos, considerando que o curso de Administração se

desenvolvia desvinculado da realidade, insensível às mudanças por que passava o

mundo, (NICOLLINI, 2003). A dissociação entre a teoria e a prática é uma grande

crítica feita aos cursos de graduação, inclusive o de Administração. O foco desses

cursos é, quase exclusivamente, o conhecimento, reafirmando-se, entretanto, que o

desenvolvimento de seus conteúdos não é contextualizado, ou seja, não leva em

conta a realidade na qual se insere a instituição que os administra.

Levitt (1986), Mintzberg (1996), Mintzberg e Lampel (2001), Mintzberg e

Goling, (2002), referindo-se ao curso de Administração, fazem inferências sobre as

questões analíticas. Comentam que, embora sendo muito focadas, esta ênfase é

insuficiente, se contrastada à importância que se dá à identificação e resolução de

problemas. Observe-se que identificar e resolver problemas, bem como tomar

decisões, são competências estratégicas descritas nos perfis profissionais

abordados anteriormente.

A uniformidade na abordagem do conhecimento é criticada por Pfeffer e

Fong (2003), que enfatizam a semelhança dos programas e livros na maioria das

escolas de administração. Embora se aponte que têm níveis de seletividade

distintos, é difícil argumentar que haja grandes diferenças no conhecimento que

oferecem. Nos projetos pedagógicos dos cursos de graduação, estão expressas as

concepções que identificam as suas propostas pedagógicas que, como práticas

pedagógicas, são distintas. Acrescente-se que também os recursos de apoio

didático, como os livros, são muito semelhantes. Assim sendo, pode-se concluir que

as escolas de administração nem sempre atingem a qualidade esperada, ou seja,

nem sempre alcançam os diferenciais pretendidos para uma IES.

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O problema fundamental dos currículos para Nicollini (2003) não é a

ordenação das matérias que o compõem, mas a interrelação delas. A divisão do

estudo e a fragmentação do saber ganham contornos preocupantes, quando os

mecanismos de interação entre as matérias são esquecidos, ignorados ou mesmo

desconhecidos.

Morin (2002), ao tratar da interdependência nos currículos, explica que as

mentes formadas pelas disciplinas perdem suas aptidões naturais para

contextualizar os saberes, do mesmo modo que para integrá-las em seus conjuntos

naturais. Para o autor, enfraquecendo-se a percepção do global, enfraquece-se

também a responsabilidade - cada qual tende a ser responsável apenas por sua

tarefa especializada.

A noção de competências permite distinguir e relacionar duas dimensões

do conhecimento: a "formação" - própria dos cursos mais convencionais – e a

"atuação" - própria das práticas profissionais (RUAS, 2000).

A fragmentação do conhecimento em aspectos mais informativos do que

formativos e o saber não contextualizado em geral não preparam adequadamente o

profissional para atuar no ambiente de negócios. Já as competências, quando bem

trabalhadas, levam o indivíduo ao domínio profissional. Em outras palavras, a

efetividade da competência ocorre quando o indivíduo consegue aplicá-la em uma

situação real de trabalho.

Refletir sobre que competência se deseja desenvolver e aplicar no

mercado, atendendo às necessidades do ambiente das empresas, pode representar

uma credencial importante e valorizada no mercado onde as IES concorrem. Os

espaços de aprendizagem do administrador devem estimular simulações de

aplicação que impliquem o aprofundamento de conhecimentos, para se

programarem habilidades e atitudes necessárias aos desafios competitivos.

Dessa maneira, para delinear o perfil do egresso dos cursos de

Administração, as instituições de ensino têm que considerar as DCNs, os conteúdos

a serem desenvolvidos no programa de formação, a flexibilidade e a priorização de

áreas de conhecimento na construção de currículos plenos, privilegiando, no perfil

de seus formados, competências intelectuais que reflitam a heterogeneidade das

demandas sociais.

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O Ministério de Educação e Cultura (MEC), através do parecer n°

CES/CNE 0146/2002, definiu as DCNs do curso de Administração expressas

literalmente a seguir.

1 Diretrizes Curriculares Nacionais - Curso de Administração

• Perfil Desejado do Formando

O curso de Administração deve ensejar condições para que o bacharel em Administração esteja capacitado a compreender as questões científicas, técnicas, sociais e econômicas da produção e de seu gerenciamento no seu conjunto, observados os níveis graduais do processo de tomada de decisão, bem como a desenvolver o alto gerenciamento e a assimilação de novas informações, apresentando flexibilidade intelectual e adaptabilidade contextualizada no trato de situações diversas presentes ou emergentes nos vários segmentos do campo de atuação do administrador.

• Competências e Habilidades

Os cursos de graduação de Administração devem formar profissionais que revelem, pelo menos, as seguintes competências e habilidades:

• reconhecer e definir problemas, equacionar soluções, pensar

estrategicamente, introduzir modificações no processo produtivo, atuar preventivamente, transferir e generalizar conhecimentos e exercer, em diferentes graus de complexidade, o processo da tomada de decisão;

• desenvolver expressão e comunicação compatíveis com o exercício profissional, inclusive profissional, inclusive nos processos de negociação e nas comunicações interpessoais ou inter-grupais;

• refletir e atuar criticamente sobre a esfera da produção, compreendendo sua posição e função na estrutura produtiva sob seu controle e gerenciamento;

• desenvolver raciocínio lógico, crítico e analítico para operar com valores e formulações matemáticas presentes nas relações formais e causais entre fenômenos produtivos, administrativos e de controle, bem assim expressando-se de modo crítico e criativo diante dos diferentes contextos organizacionais e sociais;

• ter iniciativa, criatividade, determinação, vontade política e administrativa, vontade de aprender, abertura às mudanças e consciência da qualidade e das implicações éticas do seu exercício profissional;

• desenvolver capacidade de transferir conhecimentos da vida e da experiência cotidianas para o ambiente de trabalho e do seu campo de atuação profissional, em diferentes modelos organizacionais, revelando-se profissional adaptável.

O Ministério da Educação define o termo competência como um conjunto

de conhecimentos (que muitos denominam saberes, habilidades), um saber-fazer

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relacionado à prática do trabalho, que vai além da mera ação motora e de atitudes, e

um saber-ser, que compreende uma série de aspectos inerentes a um trabalho ético

e de qualidade, realizado por meio de cooperação, solidariedade e participação na

tomada de decisões, (BRASIL, 1996, p.30-31).

É necessário destacar que, nas DCNs, os conceitos de competência e

habilidades são considerados como parte de um todo. Em outras palavras, a

definição de competência considerada pelo MEC trata de um conjunto que inclui

conhecimento, habilidades e atitudes, sem distinguir competências e habilidades.

Nas DCNs, quando se definem objetivos para o curso de Administração,

destaca-se que se deve levar o aluno a desenvolver “a capacidade de transferir

conhecimentos de vida e da experiência cotidiana para o ambiente de trabalho e do

seu campo de atuação profissional, em diferentes modelos organizacionais,

revelando-se profissional adaptável", para a vida profissional. Também se orienta

acerca de conhecimentos e habilidades que precisam ser ministrados, a fim de

desenvolver tal competência. Em uma proposta interdisciplinar, as disciplinas,

independentemente de sua natureza, precisariam eleger um fio condutor que

permeasse esses conteúdos e a consequente formação dessa competência.

Indubitavelmente, a formação de competências representa um desafio

para a elaboração de práticas pedagógicas mais eficazes, pois os processos de

ensino-aprendizagem ainda são centrados nos conhecimentos. Assim, utilizar

práticas pedagógicas, que também valorizem habilidades e atitudes, pode colaborar

para uma formação mais efetiva e adequada no atendimento aos constantes desafios

do mercado.

Alinhar a formação acadêmico-profissional do administrador e o contexto

de trabalho, por meio de metodologias apropriadas, é uma forma de fazê-lo refletir

sobre suas ações e perceber o quanto o comportamento individual e /ou coletivo está

associado a certas crenças e influencia as atitudes. O saber fazer e a reflexão sobre

a ação levam a uma experiência crítica de aprendizagem e ao desenvolvimento da

competência profissional para atuar em diferenciados contextos.

O conceito de competência ganha força no espaço educacional quando

surge a necessidade de reformular o conceito de qualificação, (GUEDES, 2004). De

um modo geral, nessa linha, próxima da formação profissional, argumenta-se que as

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competências técnicas não seriam suficientes para o novo contexto produtivo, que

uma ação de caráter mais pedagógico se torna necessária. Uma instituição de

ensino, que agrega à sua missão a tarefa de desenvolver ações pedagógicas

fazendo uso da competência, é capaz de formar o administrador e atender à

demanda do mercado.

Para comparar as DCNs à formação de administradores pelas IES o

quadro 1 classifica as “competências e habilidades para efeitos de comparar as

DCNs à formação de administradores pelas IES, o Quadro 2 classifica as

“competências e habilidades” das DCNs dentro dos termos desta pesquisa –

conhecimentos, habilidades e atitudes –, entendendo-se que o uso que as DCNs

fazem da expressão “competência” não corresponde à utilização empregada no

presente trabalho.

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QUADRO 1 - COMPETÊNCIAS HABILIDADES A SEREM TRABALHADAS

SEGUNDO AS DCNS:

Conhecimento Habilidades Atitude

- Conteúdos de Formação Básica: relacionados com estudos antropológicos, sociológicos, filosóficos, psicológicos, ético profissionais, políticos, comportamentais, econômicos e contábeis, bem como os relacionados com as tecnologias da comunicação e da informação e das ciências jurídicas;

- Conteúdos de Formação Profissional: relacionados com as áreas específicas, envolvendo teorias da administração e das organizações e a administração de recursos humanos, mercado e marketing, materiais, produção e logística, financeira e orçamentária, sistemas de informações, planejamento estratégico e serviços;

- Conteúdos de Estudos Quantitativos e suas Tecnologias: abrangendo pesquisa operacional, teoria dos jogos, modelos matemáticos e estatísticos e aplicação de tecnologias que contribuam para a definição e utilização de estratégias e procedimentos inerentes à administração;

- Conteúdos de Formação Complementar: estudos opcionais de caráter transversal e interdisciplinar para o enriquecimento do perfil do formando.

- reconhecer e definir problemas - equacionar soluções, - pensar estrategicamente, - introduzir modificações no processo produtivo, - atuar preventivamente, - transferir e generalizar conhecimentos, - exercer em diferentes graus de complexidade o processo da tomada de decisão, - desenvolver expressão e comunicação compatíveis com o exercício profissional, inclusive nos processos de negociação e nas comunicações interpessoais ou intergrupais, - refletir e atuar criticamente sobre a esfera da produção, compreendendo sua posição e função na estrutura produtiva sob seu controle e gerenciamento; - desenvolver raciocínio lógico, crítico e analítico para operar com valores e formulações matemáticas presentes nas relações formais e causais entre fenômenos produtivos, administrativos e de controle, bem assim expressando-se de modo crítico e criativo diante dos diferentes contextos organizacionais e sociais; - capacidade de transferir conhecimentos da vida e da experiência cotidianas para o ambiente de trabalho e do seu campo de atuação profissional, em diferentes modelos organizacionais, revelando-se profissional adaptável; - capacidade para elaborar, implementar e consolidar projetos em organizações; - capacidade para realizar consultoria em gestão e administração, pareceres e perícias administrativas, gerenciais, organizacionais, estratégicos e operacionais. - vontade de aprender, - abertura às mudanças.

- iniciativa, - criatividade, -determinação, - vontade política e administrativa, - consciência da qualidade e das implicações éticas do seu exercício profissional;

Fonte: DCNs e autora.

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2.3 COMPETÊNCIAS, SABERES E HABILIDADES NO ENSINO.

No Brasil, a noção de competência é introduzida no ensino por volta dos

anos 90, com a Lei Nº 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional),

por meio da reforma educacional no país.

Diferentes autores afirmam que a introdução desse conceito tem o

objetivo de subordinar a produção educacional às necessidades do mercado de

trabalho. Por exemplo, Desaulniers (1997) afirma que "o modelo das competências

invade o mundo da educação no quadro de questionamentos feito aos sistemas

educacionais diante das exigências de competitividade e produtividade".

O uso da noção de competência pela organização educacional é

pertinente porque pode promover o encontro entre educação e trabalho. No âmbito

do trabalho verifica-se o deslocamento do conceito de qualificação para o de

competência. No pedagógico, testemunha-se a passagem de um ensino centrado

em saberes disciplinares para um ensino definido pela produção de competências

verificáveis em situações concretas e especificas e determinadas por processos de

trabalho que os sujeitos terão de compreender e dominar.

Do ponto de vista pedagógico, o professor e sociólogo Perrenoud (2000)

define competência como "a capacidade de articular um conjunto de esquemas,

situando-se, portanto, além dos conhecimentos, permitindo mobilizar os

conhecimentos na situação, no momento certo e com discernimento".

Desauliniers (1997) reforça a reflexão acima mencionada, quando destaca

que, além de se questionar a pertinência do conjunto de competências conforme

enunciado nos países centrais da realidade brasileira, deve-se prestar a devida

atenção ao deslocamento das noções de competência que hoje se articula. Longe

de representar um “mero preciosismo”, a preocupação com o conteúdo/sentido dos

termos se justifica, pois eles constituem uma categoria de pensamento exprimem o

tempo comum de um grupo. Portanto, os termos são indispensáveis à comunicação

e à coordenação das atividades de seus membros. ”Percebemos nas últimas

décadas, junto à esfera de trabalho a qualificação sendo substituída pela noção de

competência e na esfera educativa, a instauração de saberes sendo englobada pela

construção de competência”. (DESAULNIERS, 1997, p.53).

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A autora, Desaulniers (1997), sugere alguns caminhos para a aquisição

das competências e explicita cinco de seus componentes:

Conhecimento explícito: implica o conhecimento dos fatos. É adquirido

principalmente através da informação, quase sempre pela educação formal.

Habilidade: é a arte de “saber fazer”, que implica proficiência prática –

física e mental. É adquirida, sobretudo, por treinamento e prática. Inclui o

conhecimento de regras e procedimentos e habilidades de comunicação.

Experiência: adquirida principalmente pela reflexão sobre erros e

sucessos passados.

Julgamento de valor: percepções que o indivíduo tem e acredita que

estão certas. Agem como filtros conscientes e inconscientes no processo de saber

de cada indivíduo.

Rede social: formada pelas relações do indivíduo com outros seres

humanos dentro de um ambiente e de uma cultura relacionados pela tradição .

Preocupada em sugerir alguns indicadores para operacionalizar as

habilidades que configuram a construção de competências, (DESAULNIERS 1997)

menciona alguns procedimentos de cunho pedagógico necessários:

Definir, o mais precisamente possível, o perfil a ser formado,

configurando-o, no conjunto da suas dimensões, como um ser integral.

Instaurar estratégias de aprendizagem que se vinculam ao conjunto de

conhecimentos já acumulados pelo formando, a partir de situações-problema a

serem desenvolvidas por ele.

Articular teoria e prática, por meio de uma visão oriunda do senso

comum. Esta postura repousa na idéia de que os conhecimentos não se apóiam nos

saberes disciplinares, e menos ainda nos conhecimentos técnicos.

Propor uma dinâmica que envolva qualidades humanas, formação

técnico-científica e instrumentos especializados confiáveis, devidamente ratificados

pela ciência, a qual desempenha um papel decisivo/fundamental no

desenvolvimento da competência.

Priorizar as propostas educativas de cunho interdisciplinar, com o

intuito de instaurar uma visão mais globalizada do real, que seja capaz de combater

a sua fragmentação.

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Insistir em relações baseadas na interação e flexibilidade entre os

vários agentes que atuam na construção do processo.

Acrescente-se, ainda, que, conforme resume Desaulniers (1997, p.55):

a construção de competência implica em planejar situações desafiadoras a ponto de produzirem um estado, um clima de instigação/investigação junto ao formando; e as ações pedagógicas que se sustentem em problemáticas que contenham, desvelem, impliquem ou tenham outras problemáticas nelas imbricadas, capazes de despertar o contínuo interesse do formando pela descoberta, pelo novo, pelo inusitado. Ou seja, pela busca de maior compreensão sobre a complexidade que constitui o real e, assim, tenha condições de interagir com mais eficácia: com competência, como trabalhador e cidadão.

Para Perrenoud 2001, p.28, as competências do professor profissional

constituem um “conjunto formado por conhecimentos, saber-fazer (savoir-faire) e

posturas, mas também as ações e as atitudes necessárias ao exercício da profissão

de professores”. São de ordem técnica, afetiva e prática, e também envolvem a

capacidade de atualização de saberes.

Para ele competência é definida como:

A mobilização correta, rápida, pertinente e criativa de múltiplos recursos cognitivos (saberes, informações, valores, atitudes, habilidades, inteligências, esquemas de percepção, de avaliação e de raciocínio) para solucionar um problema de uma família de situações análogas.

Em seu enfoque, Perrenoud (2001) relaciona competência com saberes,

com recursos cognitivos, ou seja, toma a competência como capacidade para avaliar

um assunto, tanto no âmbito administrativo (gerindo, ministrando, regendo,

conferindo e aplicando) como no organizacional (planejando, preparando,

constituindo e estabelecendo).

Segundo o autor, descrever uma competência equivale, na maioria das

vezes, a evocar três elementos complementares:

os tipos de situações das quais se tem um certo domínio;

os recursos que mobilizam: os conhecimentos teóricos ou

metodológicos; as atitudes; o saber fazer e as competências mais específicas, como

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os esquemas motores e os esquemas de percepção, avaliação, antecipação e

decisão;

a natureza dos esquemas de pensamento que permitem solicitar,

mobilizar e operar os recursos pertinentes em situação complexa e em tempo real,

(PERRENOUD, 2000, p.16).

A análise das competências implica uma teoria do pensamento e da ação,

como também o trabalho da prática como profissão.

Para se trabalhar a progressão das aprendizagens, cinco competências

mais especificas são mobilizadas:

conceber e trabalhar situações problema ajustadas ao nível e às

condições dos alunos;

adquirir uma visão longitudinal dos objetivos de ensino;

estabelecer laços com as teorias subjacentes às atividades de

aprendizagem;

observar e avaliar os alunos em situações de aprendizagem, de acordo

com uma abordagem formativa, e

fazer balanços periódicos de competências e tomar decisões de

progressão, Perrenoud, (2000, p. 17).

Competências são capacidades que se apóiam em conhecimentos. A capacidade de envolver os alunos em suas aulas vai requerer o conhecimento do conteúdo que se vai levar ao aluno”. A competência se revela na ação. É na prática do profissional que se mostram suas capacidades, que se exercitam suas possibilidades, que se atualizam suas potencialidades. É no fazer que se revela o domínio dos saberes, e o compromisso com o que é necessário, concretamente, e que se qualifica como bom – por que e para quem. Rios, (2001, p. 88).

No dia a dia, as pessoas conseguem agir , modificar-se e desenvolver sua

forma de aprender: tiram lições de sua experiência, questionando-a e reconstruindo-

a, a partir de projetos, e aprendem a aprender, mobilizando os recursos de

competência.

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Dar primazia a essa dimensão de aprendizagem em uma organização

implica na criação de condições estruturais que tornem possível uma organização

onde as pessoas estejam disponíveis e tomem atitudes para aprender em contexto

de trabalho, tanto ao gerar conhecimentos e promover o seu intercâmbio a partir da

prática, como ao processar socialmente o conhecimento procedente de outros

profissionais. A aquisição de conhecimentos é um processo relacionado ao de

aprendizagem, muito mais profundo do que a mera acumulação de dados, é um

processo que impõe o reconhecimento da importância que tem o contexto social

onde os indivíduos estão inseridos e a consideração de suas relações.

Podem-se assinalar algumas conclusões a partir das considerações que

vêm sendo feitas a respeito do tema em questão: a competência envolve um

conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes, três dimensões interligadas e

interdependentes; o conhecimento corresponde a uma série de informações

assimiladas e estruturadas pelo indivíduo, que lhe permite entender o mundo, é a

dimensão do saber; a habilidade está associada ao saber-fazer, ou seja, à

capacidade de aplicar o conhecimento adquirido (uso produtivo); a atitude é a

dimensão do querer- saber - fazer, que diz respeito aos aspectos sociais e afetivos

relacionados ao trabalho.

O conhecimento é a face da competência que coloca o indivíduo em

contato com o saber, levando-o a entender o que deve ser feito e o como fazer,

configurando a necessidade de atuar e posicionar-se diante as questões. Esta ação

só se torna eficaz com a união das técnicas existentes, que, sendo bem

selecionadas, estabelecem a destreza do agir, em consonância com a determinação

em colocar-se diante da situação, motivada pelo interesse.

Esse conjunto deve ser aplicado ou mobilizado na resolução de situações

concretas; a competência é do indivíduo e deve ser “entregue”. A necessidade de

articulação entre os conteúdos conceituais, procedimentais e de atitudes delineiam a

capacidade e, por conseguinte, a competência do indivíduo.

É oportuno ressaltar outra conclusão, referente à competência em

situação ou contexto profissional, agregando valor econômico à organização: a

organização de alguma forma se apropria da competência individual para criar valor

econômico.

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A definição de competência, que é bastante complexa e envolve sua

consideração sob vários aspectos, sempre foi muito utilizada pelas empresas em

relação aos cargos ocupados por seus funcionários. Atualmente, contrariando o

taylorismo, que implica tarefas fragmentadas e funcionários não estimulados a ir

além das tarefas descritas para os cargos que ocupam, o ambiente complexo de

trabalho exige dos colaboradores novas posturas, como: serem ágeis em sua

atuação, sem se prenderem aos excessos da burocracia, e adquirem maturidade

profissional, conforme o grau de complexidade do seu trabalho. As organizações

tiveram que buscar um modelo que promovesse o alinhamento da estratégia

organizacional com o desenvolvimento dos colaboradores da empresa, fortalecendo

o seu quadro funcional, incorporando, portanto, um novo conceito de competência.

Nas empresas brasileiras foi emergindo um novo modelo, com as

seguintes características: fundamenta-se em competências corporativas e pessoais;

propõe a combinação de conhecimentos com habilidades técnicas e sociais;

possibilita desenvolver competências chave na esfera da produção; estimula seus

colaboradores a se conscientizarem de suas atuais competências e das que deverão

desenvolver, mediante a discussão de tais questões. A propósito, destaque-se que a

cada colaborador caberia descobrir aquilo que o entusiasma, pois o seu entusiasmo,

além de motivador, permitiria desenvolver a criatividade e compreender as várias

etapas do modelo.

2.4 COMPETÊNCIAS DO ADMINISTRADOR SEGUNDO AUTORES

O tema “competências requeridas ao profissional de administração” é

abordado nas DCNs e por diversos autores. Nesta seção compilam-se algumas de

suas idéias.

A base do perfil de competência delineado para os profissionais da

administração consiste na capacidade intelectual de saber - a partir de conteúdos

conceituais - e de saber fazer - em termos da atuação baseada em procedimentos

sedimentados por uma prática consciente e voltada para uma ação social que

consolide o processo de mudança coletiva ou individual. Com efeito, o conceito de

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competência, como exposto anteriormente, refere-se ao conjunto de capacidades,

bem como a seus níveis de integração nos diferentes âmbitos da vida individual ou

social, que se expressa na síntese das experiências de vida que cada profissional

possui, constituindo um saber fazer consciente. Contudo, cabe destacar que os

diferentes atributos que os profissionais da administração devem ter podem ser

classificados, segundo diversos autores, como capacidade de: trabalho em equipe;

solução de problemas; relacionamento interpessoal; comunicação oral; saber ouvir;

desenvolvimento profissional e pessoal; pensamento criativo; liderança; motivação

para alcançar objetivos e metas; redação própria; desenvolvimento organizacional;

informática e leitura.

O que distingue os administradores profissionais não é o fato de terem

concluído o curso de Administração e, conseqüentemente, possuírem um diploma. A

importância de tal curso é inegável e poderá ser de extraordinária ajuda, mas não o

essencial (BRESSER PEREIRA, 1974). Observa ainda o autor que, assim como o

curso de graduação, o cargo ocupado não diferencia aqueles que são de fato

administradores. O que os distingue é a competência. Pode-se daí depreender que a

posse de um diploma não garante competência administrativa, embora esta possa

ser nutrida pela formação em administração. O simples exercício de listar um rol de

competências que devem ser apresentadas por um gestor em situação de trabalho

pode revelar - como afirma Ruas (2003), referindo-se à figura do "super-homem" –

uma série de atributos que se identificam como competências difíceis e até mesmo

impossíveis de encontrar em um único executivo. Entretanto, os estudos realizados

na área, para sondar as competências necessárias à atuação profissional, trazem

exatamente um leque de exigências, em termos de capacidades, atributos,

habilidades, conhecimentos e comportamentos, muitas vezes descontextualizadas,

ou seja, não vinculadas ao ambiente, à natureza e às características dos negócios

das próprias organizações.

Situações como as descritas acima criam inúmeras fronteiras entre as

exigências das organizações, o processo de formação educacional dos profissionais

e o perfil que deles se espera.

O autor Leboyer (1996) lista um total de 22 competências genéricas para

a área gerencial: comunicação verbal e escrita, resolução de problemas,

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planejamento, organização, delegação de tarefas, formação de equipes,

sensibilidade, uso de autoridade com responsabilidade e bom senso, tenacidade e

persistência, habilidade de negociação, capacidade de análise e síntese, sensatez,

criatividade, aceitação de riscos, conhecimento técnico, energia, amplitude de

interesses, iniciativa, tolerância ao estresse, adaptabilidade, autonomia e ética.

Outra pesquisa - realizada por Echevest (1999) em quatro estados

brasileiros - aponta 48 atributos que devem compor o perfil de um gestor, dos quais

se destacam os 12 mais relevantes: integridade, visão estratégica, liderança, visão

da empresa, capacidade de decisão, foco no resultado, ética no trato das questões

profissionais e sociais, capacidade de negociação, motivação, coordenação de

trabalhos em equipe, habilidade interpessoal e atitude pró-ativa.

Em pesquisa sobre os Fatores de Avaliação de Executivos Barbieri et al.

apud Wood Jr; Picarelli (1999), são apontados os seguintes: capacidade de lidar

com situações complexas, capacidade de comprometer-se com desafios, objetivos e

metas, capacidade de orientar-se para processos, resultados e pessoas, capacidade

de inovar e criar; visão de futuro e capacidade de planejar, capacidade de realizar e

assumir riscos, capacidade de solucionar problemas, capacidade de comunicar-se,

capacidade de negociar, flexibilidade para mudanças e diferenças, saber ouvir;

transparência e responsabilidade social.

As competências, para Klemp (1999), distinguem-se como práticas ou

atributos. Define as práticas como o que as pessoas fazem, no exercício de suas

funções, para obter resultados Os principais atributos que caracterizam melhor os

líderes das organizações são: integridade, sinceridade e ética; capacidade de

realização, habilidade de lidar com pessoas e orientação para o aprendizado;

capacidade de dimensionar e controlar; capacidade de influenciar pessoas;

raciocínio estratégico; compreensão de conceitos; flexibilidade e adaptabilidade;

autoconfiança e coragem. As competências reconhecidas como atributos são os

conhecimentos, as técnicas e outras características que as pessoas trazem para a

função e lhes permitem exercer as tarefas de liderança.

Nos estudos sobre competência SANT'ANNA, KILIMNIK e CASTILHO

(2004) evidenciam maior concordância quanto às competências relacionadas ao

desempenho organizacional. A relevância das competências, como recursos que

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podem ser utilizados para resolver situações de trabalho, é aplicável a diferentes

contextos, representando um conjunto de experiências, de características de

personalidade, de padrões recorrentes e de conhecimentos que podem resultar em

diferenciais profissionais para o indivíduo e para a empresa.

O conjunto de atributos e qualidades que compõem o perfil de um líder,

segundo Bower (1999), traduz-se em confiabilidade, justiça, comportamento

despretensioso, capacidade de ouvir, mente aberta, sensibilidade às pessoas,

sensibilidade às situações, iniciativa, bom senso, liberalidade, flexibilidade e

adaptabilidade, capacidade de tomar decisões precisas e oportunas, capacidade de

motivar e senso de urgência.

A partir de levantamento bibliográfico, Oderich (2005) aponta os

seguintes componentes do perfil do gestor atual: visão sistêmica e estratégica,

domínio pessoal, capacidade de trabalhar em equipe, habilidades humanas e

interculturais, criatividade, flexibilidade, capacidade de inovação, comportamento

ético e capacidade de aprender, liderar e educar. Mesmo considerando a natureza

própria de cada organização e o universo onde se encontram inseridas, não é

possível esgotar a ampla gama de competências que precisam compor o perfil de

um gestor, de um profissional. Na verdade, o que parece criar-se é um sentimento

de frustração e inadequação, tamanha a exigência que se faz aos profissionais para

que se apropriem dessas competências e as use nos espaços de trabalho.

As capacidades comportamentais utilizadas por diversas empresas

citadas por Buckinghan e Coffman (2004) - 50 das maiores empresas, revista

Fortune são: administrar a mudança, ter autoconhecimento, fixar planos, ter visão

poderosa e capaz de persuadir, inspiração, agilidade estratégica, reagrupamento de

um líder forte, métodos e controles empresariais, orientação para resultados,

administrar a diversidade, perspectiva ampla, calma sob fogo, sensibilidade

interpessoal.

Uma vez que o desenvolvimento de competência (conhecimento,

habilidade e atitude) se faz necessário nos estudos direcionados à formação do

administrador, como um profissional que atua em diferentes setores, a formação

acadêmica profissional é, sem dúvida, corresponsável por ações que atendam às

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demandas do mercado e preparem profissionais que possam interagir nestas

realidades.

Como síntese do pensamento dos diversos autores estudados, apresenta-se,

a seguir, o Quadro 2, no qual se procura classificar os atributos que apresentaram e

discutiram, distribuindo-os nas categorias “conhecimento”, “habilidades” e “atitudes”,

conforme a revisão conceitual que consta deste trabalho.

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2 - QUADRO SÍNTESE DAS COMPETÊNCIAS DEMANDADAS PELO MERCADO,

SENDO ELAS ABERTAS POR CONHECIMENTO, HABILIDADES E ATITUDES:

Lista de Conhecimentos Lista de Habilidades Lista de Atitudes

conhecimento técnico aceitação de riscos Adaptabilidade

compreensão de conceitos administrar a diversidade atitude pró-ativa

administrar a mudança autoconfiança

agilidade estratégica Autoconhecimento

amplitude de interesses autonomia

capacidade de análise e síntese bom senso

capacidade de aprender calma sob fogo

capacidade de comprometer-se com desafios comportamento despretensioso,

capacidade de comunicar-se ( verbal e escrita) Confiabilidade

capacidade de decisão Coragem

capacidade de dimensionar e controlar Criatividade

capacidade de influenciar pessoas Energia

capacidade de inovar e criar flexibilidade e adaptabilidade

capacidade de lidar com situações complexas Iniciativa

capacidade de liderança Inspiração

capacidade de motivar Integridade

capacidade de negociar Justiça

capacidade de ouvir Liberalidade

capacidade de planejar e organizar mente aberta

capacidade de realizar e assumir riscos Responsabilidade social

capacidade de solucionar problemas Sensatez

capacidade de tomar decisões precisas e oportunas Sensibilidade

capacidade de trabalhar em equipe sinceridade e ética

capacidade para resolução de problemas, tenacidade e persistência

Delegação transparência

Educar uso de autoridade com responsabilidade

métodos e controles empresariais bom senso

orientar-se para processos, resultados e pessoas

perspectiva ampla

raciocínio estratégico

reagrupamento de um líder forte

senso de urgência

ter visão poderosa e capaz de persuadir

visão sistêmica e estratégica

Fonte: Autora e pesquisadores das competências demandadas no trabalho do

profissional administrador.

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3. METODOLOGIA

Desenvolveu-se este estudo a partir da seguinte questão de pesquisa:

Até que ponto as competências apontadas pelas DCNs vão ao

encontro das demandas profissionais do administrador e são trabalhadas na

formação do aluno nos cursos de Administração?

Deste questionamento surgiram outras perguntas que contribuíram para

reflexões em todas as etapas da pesquisa:

Que competências e habilidades apontadas pelas DCNs estão

presentes na formação do administrador?

Como estas competências (conhecimentos, habilidades e atitudes) são

trabalhadas na prática dos cursos de graduação em administração?

As competências trabalhadas na formação do administrador estão

relacionadas às demandas do mercado de trabalho?

3.1 ABORDAGEM METODOLÓGICA:

Para realizar a pesquisa, utilizou-se uma abordagem metodológica

classificada como qualitativo – descritiva. Julgou-se que esta escolha seria

adequada, considerando a complexidade e amplitude do objeto de estudo. A opção

metodológica atenderia à expectativa do investigador: buscar e encontrar o novo,

aquilo que não foi estudado em pesquisas anteriores.

A metodologia escolhida justifica-se por suas características.

É oportuno lembrar a diferença fundamental entre pesquisa qualitativa e

quantitativa. A pesquisa quantitativa emprega dados estatísticos como centro do

processo de análise de um problema, enquanto o método qualitativo não tem como

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pretensão quantificar ou medir as unidades ou categorias homogêneas, (CHIZOTTI,

1991).

A pesquisa qualitativa dá relevância aos dados e ao campo de estudo em

contraste com as suposições teóricas, “que não devem ser aplicadas ao sujeito que

está sendo estudado, mas descobertas e formuladas ao lidar com os dados

empíricos a serem encontrados”. (FLICK, 2004, p.58).

Um aspecto metodológico relevante na pesquisa qualitativa é a entrevista

aberta, em especial a semi-estruturada:

Tal interesse está vinculado à expectativa de que é mais provável que os

pontos de vista dos sujeitos entrevistados sejam expressos em uma

situação de entrevista com um planejamento relativamente aberto do que

em uma entrevista padronizada ou em um questionamento. (FLICK, 2004,

p.89).

A pesquisa qualitativa usa textos como material empírico, que serve a três

finalidades: ”representam não apenas os dados essenciais nos quais as descobertas

se baseiam, mas também a base das interpretações e o meio central para a

apresentação e a comunicação de descobertas”. (FLICK, 2004, p.45).

Nesta pesquisa, em que se utilizou o recurso da entrevista, algumas

entrevistas foram transformadas em transcrições, ou seja, em textos, cujas

interpretações foram, posteriormente, produzidas. Reitere-se, assim, que a pesquisa

se iniciou com a gravação de conversas depois transcritas e interpretadas.

3.2 DEFINIÇÃO CONSTITUTIVA (DC) E DEFINIÇÃO OPERACIONAL (DO)

DAS CATEGORIAS DE ANÁLISE.

Competência, neste estudo, designa um conjunto de conhecimentos,

habilidades e atitudes integrados e interligados.

O constructo competências não foi avaliado diretamente, mas por meio de

seus componentes, uma vez que trabalhar competência é ainda uma experiência

bastante complexa, que se encontra em desenvolvimento segundo a visão dos

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teóricos, por falta de instrumentos fidedignos para medir sua validade,

principalmente as atitudes.

Conhecimentos

DC: dados e informações que armazenamos no intelecto e recuperamos

para interpretar a realidade (FERNANDES, 2008).

DO: as grades curriculares dos 22 cursos de Administração avaliados

nesta pesquisa, para verificar a sua adequação às DCNS determinadas pelo MEC.

Operacionalmente, o conhecimento é identificado pela expressão “o que eu sei

sobre...”. A expressão foi usada neste estudo para ajudar o pesquisador a distinguir

o que é conhecimento (FERNANDES, 2008).

Habilidades

DC: destreza para uma operação mental ou manual que se adquire na

prática (FERNANDES, 2008).

DO: as habilidades que constam nas DCNS, do conteúdo informado nos

site das IES estudadas e nas entrevistas com os coordenadores destas IES, para

levantamento de suas práticas. Operacionalmente, a habilidade é definida pela

expressão “eu sou capaz de”. Esta expressão foi usada, na pesquisa, para auxiliar o

entrevistado e o entrevistador a distinguir o que é uma habilidade. (FERNANDES,

2008).

Atitudes

DC: predisposição em relação a algo (FERNANDES, 2008).

DO: foram avaliadas nas entrevistas com os coordenadores das IES que

ofertam o curso de Administração, nas práticas desenvolvidas nas mesmas IES para

a avaliação do discente. Operacionalmente, a atitude é indicada pela expressão “eu

estou disposto a...”. O uso da expressão, neste trabalho, auxiliou o entrevistado e o

entrevistador a distinguir o que é atitude. (FERNANDES, 2008).

Para Triviños (1987), a necessidade da teoria surgirá diante das

interrogativas que se apresentarão.

À luz do que se relatou, a pesquisa realizou-se em três etapas:

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Etapa 1 – pesquisa bibliográfica e documental;

Etapa 2 – escolha do método;

Etapa 3 – pesquisa de campo.

3.3.1 Etapas da pesquisa

3.3.1.1 Etapa 1: pesquisa bibliográfica e documental

Na primeira etapa, fez-se um levantamento bibliográfico e documental com a

finalidade de se conhecer o tema competência de forma ampla e em profundidade,

construindo-se um referencial teórico que pudesse dar sustentação a este trabalho

de pesquisa. Estudou-se a competência como é definida no âmbito do Ministério da

Educação, de instituições de ensino superior de administração e das demandas

profissionais do administrador.

Nesta etapa contou-se com informações levantadas nas áreas de

Administração e Educação. Foram consultadas as publicações pertinentes em anais

de congressos, livros e periódicos das duas áreas mencionadas. Parte do material

foi obtida virtualmente, nos sites das instituições, ministério da educação e anais de

congressos do ANPAD e ANPED.

No presente trabalho, as pesquisa documental baseou-se na pesquisa de

documentos do Ministério da Educação, tais como resoluções, pareceres, normas e

manuais, com o objetivo de levantar informações a respeito das competências que

deveriam ser desenvolvidas no curso de Administração.

3.3.1.2 Etapa 2 - Escolha do método

Entende-se que se escolheu o método mais adequado ao estudo do

problema proposto. Considerando a base qualitativa do trabalho e a diversidade de

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abordagens que este método oferece, optou-se pela utilização de estudo de caso

múltiplo.

A abordagem metodológica em questão, o estudo multi-casos, também

denominado, por Yin (2001), “estudo de casos múltiplos”, foi selecionada tendo em

vista que, se comparada aos estudos de casos únicos, pode apresentar resultados

em que as provas “são consideradas mais convincentes, e o estudo global é visto,

como sendo robusto” (YIN, 2001, p.68).

3.3.1.3 Etapa 3 - Pesquisa de campo

Nesta parte abordam-se os aspectos operacionais da investigação: as

unidades caso, as técnicas de coleta e os métodos de análise escolhidos. Explique-

se, a propósito, que as unidades-caso selecionadas são os cursos de graduação em

administração de IES localizadas em Curitiba.

A primeira providência tomada foi levantar, em Curitiba, quais eram as

IES que ofertavam cursos de graduação. Foram identificadas 25 IES e 64 cursos de

Administração, com suas respectivas ênfases/habilitações. Para se fazer este

trabalho, utilizou-se a base de dados do INEP – Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisa em Educação - que constitui uma base de dados de caráter nacional.

A partir do levantamento, primeiro se organizou uma lista com nome,

endereço, telefone e site de cada instituição, fazendo-se, depois, contato telefônico

com as IES, para levantar os nomes dos seus coordenadores e e-mails, tendo em

vista futura aproximação, para tratar de sua possível participação na pesquisa.

Definira-se anteriormente que os cursos que participariam da pesquisa

seriam aqueles que já tivessem sido avaliados pelo ENADE – Exame Nacional de

Desempenho de Estudante, em consonância com as suas respectivas Diretrizes

Curriculares Nacionais, com o seguinte objetivo:

avaliar a aquisição das competências, em termos de conhecimentos,

habilidades e atitudes necessárias ao pleno exercício da profissão e da

cidadania; ( ENADE, 2006).

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Na seqüência, foi realizado contato telefônico com os responsáveis pela

coordenação dos cursos, a fim de convidá-los a participar da pesquisa. Apenas em

duas das IES que compunham a amostra não foi possível fazer o contato telefônico,

entretanto o convite foi feito por e-mail.

Inicialmente todas as 25 IES aceitaram o convite e participaram da

pesquisa. No entanto, no transcorrer do processo, algumas desistiram por motivo de

proibição institucional e/ou limitações pessoais.

QUADRO 3 - IES QUE REPRESENTAVAM A AMOSTRA INICIALMENTE:

IES Participantes ENADE – 2006

Centro Universitário Campos de Andrade

Centro Universitário Curitiba

Centro Universitário Franciscano do Paraná

Escola Superior de Gestão Comercial e Marketing

Faculdade Anchieta

Faculdade CBES

Faculdade de Administração, Ciências, Educação e Letras

Faculdade de Ciências Sociais e Aplicadas do Paraná

Faculdade Dom Bosco

Faculdade Doutor Leocádio José Correia

Faculdade Internacional de Curitiba

Faculdade Modelo

Faculdade Opet

Faculdade Padre João Bagozzi

Faculdade Radial Curitiba

Faculdades Integradas do Brasil

Faculdades Integradas Santa Cruz de Curitiba

Faculdades SPEI

Instituto de Ciências Sociais do Paraná

Instituto de Ensino e Cultura do Paraná – Iecp

Pontifícia Universidade Católica do Paraná

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Unidade de Ensino Superior Expoente

Universidade Federal do Paraná

Universidade Positivo

Universidade Tuiuti do Paraná

Fonte: Inep, acessado 2010.

Utilizou-se a entrevista como instrumento de coleta de dados. A propósito,

atente-se para a definição na qual se apóia esta escolha.

Triviños (1987) define a entrevista semi-estruturada como aquela que

parte de questionamentos básicos, apoiados em teorias e perguntas, as que

interessam à pesquisa e as que surgem com as respostas dos entrevistados.

Em cinco das IES contatadas, inicialmente, aplicou-se o instrumento.

Destas respondentes, apenas uma solicitou uma entrevista pessoal, que durou

aproximadamente 1h, com gravação e posterior transcrição das respostas. As outras

quatro IES preferiram que as questões fossem enviadas por e-mail, alegando que,

se necessário, marcariam entrevistas pessoais. No entanto, todas responderam por

e-mail e não houve necessidade de conversar pessoalmente com seus

coordenadores. Entre as respondentes duas são universidades com mais de 50

anos de existência, que incluem três faculdades isoladas.

QUADRO 4 – RELAÇÃO DAS IES QUE RESPONDERAM À PESQUISA:

Fonte: Inep, acessado 2010.

Curso de Administração IES Categorias Administrativa Ano de Início do Curso

Administração 1 Privada 1959

Administração 2 Privada 1993

Administração 3 Privada 1994

Administração 4 Privada 1994

Administração 5 Privada 2000

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Decidiu-se por entrevistar os coordenadores dos cursos atendendo-se ao

critério de adequação aos objetivos da pesquisa e porque têm uma visão geral dos

cursos e comprometimento com as instituições em que trabalham. Em todas as IES

respondentes, os coordenadores cumprem carga horária integral de 40 horas, sejam

elas faculdades ou universidades.

Para facilitar a atividade investigativa, elaborou-se um roteiro de

entrevistas semi-estruturadas, com dez questões abertas, conforme documento

anexo.

Reitere-se que o período de coleta dos dados se estendeu de abril a

maio de 2010, tendo se realizado uma entrevista pessoal e quatro entrevistas

virtuais, das quais participaram cinco coordenadores de cursos.

QUADRO 5 - QUADRO DE CÓDIGOS DOS ENTREVISTADOS:

IES Função Código Entrevistado

1 Diretor do Departamento E1

2 Coordenador do Curso E2

3 Coordenador do Curso E3

4 Coordenador do Curso E4

5 Coordenador do Curso E5

Fonte: Dados da pesquisa

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4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Neste capítulo, serão apresentadas as análises e interpretações dos

principais resultados, a partir dos dados coletados nas entrevistas semi-estruturadas

em profundidade, realizadas nas IES participantes que ofertam o curso de

Administração na cidade de Curitiba. Considerando-se os objetivos da pesquisa,

estruturou-se o capítulo nas partes desenvolvidas a seguir.

4.1 APRESENTAÇÃO DAS IES QUE PARTICIPARAM DA PESQUISA:

4.1.1 Apresentação da IES 1

Foi fundada há mais de 50 anos, embora a história das instituições e faculdades que passaram a integrá-la seja mais antiga.

A missão da IES 1 é desenvolver e difundir o conhecimento e a cultura e

promover a formação integral e permanente dos cidadãos e profissionais

comprometidos com a vida e com o progresso da sociedade.

É uma organização composta por um conjunto de pessoas com objetivos

comuns, uma empreitada coletiva de um grupo cujo sonho é torná-la uma instituição

de reconhecida qualidade, um centro de excelência.

Destaque-se que a busca de excelência é um objetivo que a instituição

persegue continuamente. Considera que só conseguirá chegar à qualidade

pretendida, quanto mais plenamente atingir os seus objetivos, quanto melhor cumprir

a sua missão.

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4.1.1.1 Apresentação do curso de Administração da IES 1

A IES 1 define seu curso de Administração como o curso que implica a

arte de liderar pessoas e gerenciar recursos visando melhores resultados para a

organização.

Para esta instituição, o administrador é um profissional que deve possuir

uma visão completa da organização e ser capaz de promover ações internas que

criem sinergia entre pessoas e recursos disponíveis, gerando processos eficazes.

Explica que a carreira do bacharel em Administração é dinâmica e flexível e agrega

constantemente novos campos de atuação.

O curso da IES 1 também destaca, em seu site, que:

além de atuar na área financeira, logística, marketing, produção, gestão de pessoas, planejamento estratégico e análise organizacional, o administrador pode atuar também exercendo suas funções em organizações familiares, esportivas, na área da saúde, cooperativas, terceiro setor e serviços públicos.

A sua proposta é formar um profissional tecnicamente preparado,

empreendedor e criativo, que se preocupe com a sociedade e tenha senso crítico e

consciência da necessidade de aprendizagem e atualização permanente.

De acordo com o seu projeto pedagógico, o curso de Administração busca

atender às necessidades do mercado. Seus programas de aprendizagem são

agrupados em eixos temáticos: humano-comportamental, técnico-operacional e

institucional. Durante o curso os alunos participam de atividades que possibilitam o

desenvolvimento de habilidades, competências e atitudes importantes para a sua

formação profissional.

A sua infra-estrutura física, tecnológica e funcional permite ao aluno

aproveitar melhor os conteúdos e desenvolver atividades dentro e fora da IES.

Um diferencial do curso de Administração é a “Casa do Empreendedor”,

um espaço para a integração universidade-empresa, que possibilita ao aluno

observar, compreender e experimentar a realidade empresarial.

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No último ENADE publicado pela MEC, sua nota foi 3 (três).

4.1.2 Apresentação da IES 2

Fundada em 1993, teve origem na integração de duas faculdades isoladas.

Ao começar suas atividades, a IES 2 possuía, em seu quadro profissional,

sete professores, que ministravam aulas para 180 alunos iniciantes (100, em

Processamento de Dados e 80, em Administração). Em 2008, já contava com mais

de 150 professores, ministrando aulas para 14 cursos superiores ativos, e somava

mais de 4000 alunos regularmente matriculados.

Sua missão é "Desenvolver competências e valores com seriedade,

formando cidadãos e profissionais para o mundo".

4.1.2.1 Apresentação do curso de Administração da IES 2

O curso de Administração, em funcionamento desde 1993, tem o objetivo de

formar profissionais capacitados para analisar a sociedade moderna e com ela

interagir. Durante a realização do curso, do aluno pode seguir para as áreas de

Negócios, Recursos Humanos, Marketing, Logística ou Comércio Exterior. Por isso,

esta graduação oferece uma possibilidade de vasta atuação no mercado de trabalho,

em diferentes áreas, como: Financeira e Contábil, de Recursos Humanos,

Mercadológica, Produção de Materiais e Logística.

No último ENADE publicado pela MEC, sua nota foi 3 (três).

4.1.3 Apresentação da IES 3

Tem mais de 50 anos de existência, é uma instituição de ensino, pesquisa e

extensão, integrada por uma comunidade de professores, alunos e pessoal técnico e

de apoio administrativo, para a concretização de sua missão.

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Destaca-se, em sua missão, promover o ser humano por intermédio da

produção e transmissão de conhecimento, pelo fomento à cultura e ao progresso

científico. Entende que assim pode contribuir com o desenvolvimento da

humanidade.

Em seu site, a IES declara que tem os seguintes objetivos:

Promover a educação integral, sob os princípios da liberdade, da fraternidade e da solidariedade humanas, desenvolver o ensino, a pesquisa e a extensão, de forma integrada e indissociável, abrangendo todas as áreas dos conhecimentos humanos;

Promover a educação continuada, com a utilização da tecnologia educacional disponível; consolidar a pesquisa como fonte renovadora e motivadora do ensino; estimular a criação artística, as manifestações culturais e as práticas desportivas;

Promover estudos e atividades relacionados a defesa e preservação do meio ambiente e a educação ambiental;

Participar do processo de desenvolvimento regional e do país, mediante ações extensionistas e de pesquisa;

Contribuir para o fortalecimento dos laços de solidariedade entre todos os homens e nações;

Promover ações educativas para a conscientização de sua comunidade educacional, visando a compreensão dos direitos e deveres humanos, do exercício da cidadania e da presença do estado na sociedade;

Promover o intercâmbio científico e cultural com as demais IES e a cooperação com entidades que visem o desenvolvimento de atividades do interesse comum;

Formar e aperfeiçoar educadores, profissionais e pesquisadores, conferindo pela realização e aproveitamento de seus cursos, atividades ou programas, os graus e títulos respectivos;

Promover a integração entre os diversos ramos do saber, pela investigação e busca da verdade, para auxiliar nas soluções dos problemas das diferentes comunidades e da humanidade;

Conscientizar a sua comunidade educacional, por todos os meios disponíveis, para a compreensão dos direitos e deveres da pessoa humana, do cidadão, da família, do estado e dos demais grupos sociais existentes, como forma de promover o desenvolvimento educacional em sintonia com os anseios da sociedade;

Atender os demais objetivos estatutários da Mantenedora, compatíveis com a amplitude da atuação universitária;

Busca, de acordo com seu perfil, principalmente no nível de graduação, o

desenvolvimento de competências e habilidades humanas, voltadas para o exercício

da cidadania, em atividades comunitárias, estreitamente relacionadas com o

mercado de trabalho.

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4.1.3.1 Apresentação do curso de Administração da IES 3:

O curso de administração foi criado no ano de 1994. Atualmente oferta 200

vagas anuais.

Segundo a IES 3, em seu curso, busca-se a formação de profissionais aptos a

exercer funções de organização, planejamento, controle e a desempenhar atividades

estratégicas de gestão em organizações dos setores público e privado,

comprometidos com processos de desenvolvimento econômicos e sociais,

preparados para o gerenciamento de forma responsável e crítica, atentos às

mudanças relacionadas ao meio no qual estão inseridos. Formou cerca de 3.500

administradores.

Para a IES 3, na condição de gestor, o profissional poderá elaborar

planejamentos de forma inovadora e realizar ações e controle sustentáveis, para

maximizar os recursos materiais, humanos, financeiros e tecnológicos.

Faz parte do perfil do administrador atuar e transitar nos ambientes internos e

externos das empresas. Como gestor, pode trabalhar nas seguintes áreas:

administração; finanças; produção; marketing; recursos humanos; materiais e

logística; qualidade; projetos de negócios e sociais. Pode ocupar as funções de

assistente, supervisor, coordenador, gerente, diretor e presidente nas organizações.

A IES 3 declara que o curso de administração visa desenvolver ações de

ensino, pesquisa e extensão, para formar profissionais competentes, criativos e

empreendedores, fundamentadas no princípio institucional primeiro da promoção

humana.

Ainda, conforme o site da IES 3, seu principal objetivo é formar

administradores capazes de atuar como gestores de negócios junto aos diversos

tipos de organizações existentes, nas esferas internacional, nacional e regional, e de

adaptar-se às mudanças de contexto social, econômico, político e cultural, possuidor

de sólidos conhecimentos técnicos associados a um conjunto de habilidades

humanas.

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Com relação a seus alunos, A IES 3 informa que pretende:

Estimular a compreensão do todo administrativo, de modo integrado, sistêmico e estratégico, bem como de suas relações com o ambiente externo;

Estimular a habilidade de integrar criticamente face aos diferentes contextos organizacionais e sociais;

Estimular a habilidade de resolver situações com flexibilidade e adaptatividade diante de problemas e desafios organizacionais, decidindo entre alternativas e identificando e dimensionando riscos;

Desenvolver a habilidade de comunicação interpessoal, como fator de coesão e de seleção de estratégias adequadas de ação, visando atendera interesses institucionais;

Estimular a utilização do raciocínio lógico, crítico e analítico, operando com valores e formulações matemáticas e estabelecendo relações formais e causais entre fenômenos organizacionais;

Desenvolver a capacidade de expressão oral e escrita e interpretação de documentação técnica específica;

Estimular a produção de novos conhecimentos, através de incentivo à pesquisa, extensão e produção científica, desenvolvendo a criatividade e o espírito crítico;

Desenvolver e interiorizar os valores de ética profissional, cidadania e responsabilidade social, promovendo a valorização profissional e a qualidade de vida.

Segundo relatado no site da IES 3, busca-se levar o estudante a: internalizar

valores e desenvolver responsabilidade social, justiça e ética profissional; a tomar

decisões em um cenário diversificado e interdependente, por meio de uma visão

sistêmica e humanística; ter flexibilidade intelectual suficiente para resolver

problemas e implementar propostas alternativas e inovadoras; planejar, organizar e

controlar o funcionamento de qualquer tipo de organização, particular, pública ou do

terceiro setor, visando atingir os objetivos com o máximo de eficiência e eficácia;

adquirir competências para empreender e atuar de forma interdisciplinar; selecionar

avançados métodos e técnicas administrativas que privilegiem a realização de

projetos e ações de melhoria e expansão das atividades organizacionais,

desenvolver estratégias adequadas de acordo com o ambiente competitivo e aos

interesses institucionais; buscar o contínuo aperfeiçoamento pessoal e profissional.

O profissional que deseja se formar no curso de administração da IES 3

deverá ainda desenvolver competências essenciais, que o capacitem a: diagnosticar,

formular e controlar estratégias de negócios capazes de aumentar a competitividade

das organizações, fazendo uso das ferramentas de gestão empresarial; identificar

oportunidades, desenvolver análises organizacionais, formular estratégias de

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negócios e resolver problemas complexos de gestão através da criação de

mecanismos interdisciplinares efetivos; desenvolver a capacidade de negociação

para solucionar impasses e problemas de gestão capazes de influenciar a eficiência

e eficácia das organizações; demonstrar iniciativa e autossuficiência na busca de

novos métodos de trabalho e gestão para facilitar o processo de administração

empreendedora.

Além das competências descritas, o egresso deverá desenvolver, ao longo do

curso, as habilidades complementares de comunicação, trabalho em equipe,

liderança, negociação, autogestão, vontade de aprender e abertura às mudanças.

Para alcançar o perfil pretendido, os acadêmicos necessitarão desenvolver as

seguintes capacidades: de raciocínio abstrato, autogerenciamento e assimilação de

novas informações e tecnologias, analisando criticamente as organizações; de

compreender o meio sócio-político-econômico e cultural onde está inserido; de atuar

em qualquer nível ou cargo nas organizações, demonstrando formação técnica e

científica compatíveis; de flexibilidade intelectual suficiente para resolver problemas

e implementar propostas alternativas e inovadoras; de internalizar valores de

responsabilidade social, justiça e ética profissional; de adquirir competências para

empreender e atuar de forma interdisciplinar. Destaca-se, por fim, que o estudante

deve preocupar-se constantemente com seu desenvolvimento profissional mediante

um processo de aperfeiçoamento e atualização contínua.

No último ENADE publicado pela MEC, nota da IES 3 foi 2 (dois).

4.1.4 Apresentação da IES 4

Esta IES atua no ensino superior desde 1994, oferecendo atualmente cursos

de Administração de Empresas, Ciências Contábeis e Sistemas de Informação, além

de pós-graduação Latu Senso e extensão em diversas áreas.

Sua missão é formar profissionais capacitados e cidadãos conscientes da

importância dos princípios e valores éticos e humanísticos, dessa forma contribuindo

para o desenvolvimento da sociedade.

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4.1.4.1 Apresentação do curso de Administração da IES 4.

O curso de Administração de Empresas possui duração de 4 anos.

No site da IES destacam-se as disciplinas e os objetivos:

incluem-se entre as disciplinas estudadas: Análise Organizacional, Sistemas de Informações Gerenciais, Planejamento Empresarial, além de Seminários de Gestão e tópicos especiais em Comportamento do Consumidor, entre outras. Além de conhecimentos teóricos, o curso também oferece formação prática proporcionando a oportunidade de analisar casos específicos, realizar simulações e resolver problemas ligados a sua área de atuação, estimulando no aluno capacidades necessárias ao administrador moderno: visão ampla do negócio, empreendedorismo, criatividade, capacidade analítica e de negociação, visando a lidar com as constantes mudanças no ambiente global. A IES dispõe de laboratórios de informática, biblioteca e empresa de consultoria júnior, que permitem ao aluno aplicar em situações reais as teorias estudadas e aplicadas em sala de aula.

Um de seus trabalhos de prática pedagógica é o projeto “empresa na prática”,

que propõe as seguintes atividades: direção, assessoria, planejamento e consultoria

em empresas públicas e privadas, de pequeno e grande porte, além de negócio

próprio.

Segundo a IES 4, é tarefa do administrador, basicamente, planejar e conduzir

os negócios de uma empresa, desenvolvendo os objetivos e as estratégias da

organização, bem como planos, políticas e métodos de trabalho.

A IES utiliza, em seu site, a seguinte definição para o administrador:

O administrador é o responsável pela gestão dos recursos financeiros, dos materiais e, principalmente, das pessoas, das informações e da imagem da empresa. Em tempos de globalização, de intenso desenvolvimento tecnológico e de ampla necessidade de informações precisas num curto espaço de tempo, a prática eficiente da administração vem se tornando elemento essencial para o sucesso das empresas. Nesse contexto, o administrador contemporâneo deve ser capacitado a lidar com a mudança, enfrentar desafios e criar um ambiente de trabalho adequado a essas transformações.

Espera-se que atue como líder, mobilizando equipes, compreendendo

diferenças, solucionando problemas e permitindo a participação. O administrador

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atual é o responsável pela satisfação dos funcionários e clientes e pela realização

dos objetivos da empresa.

No projeto Empresa na Prática das IES busca-se apresentar ao aluno situações e desafios inerentes ao processo de administrar, possibilitando que eles vivenciem as atividades organizacionais e estimulando a iniciativa empreendedora e o trabalho em equipe. Em 2009, o projeto foi novamente um sucesso e contou com a participação de quatro grupos do 2º período de Administração. Os integrantes das empresas Art in Box, Art Stilo, Decorart e Sinapse Confecções utilizaram suas habilidades para conceber, desenvolver e administrar uma empresa. Eles realmente se esforçaram e levaram para frente este grande trabalho, atingindo os objetivos estipulados. De forma geral, vale ressaltar a participação animada dos grupos durante o projeto. Todos entenderam a idéia do projeto e se mostraram dispostos a aprender o funcionamento de uma empresa e colocar em prática os conhecimentos adquiridos em sala, diminuindo a injusta distância entre teoria e prática. Ainda, deve-se mencionar o crescimento dos grupos e dos participantes na execução do projeto. Eles apresentaram uma grande percepção de negócio, a iniciativa empreendedora e uma imensa dedicação. Mais importante ainda, transformaram seus grupos em equipes de trabalho, resolvendo as situações que apareceram de forma satisfatória. A aceitação e a avaliação pelos próprios alunos é o que estimula a realização do projeto. Todos percebem os benefícios de traduzirmos os conhecimentos técnicos de sala de aula em atividades práticas, mostrando a importância do entendimento e aplicação do que foi aprendido. Os grupos, os professores participantes, os coordenadores e a faculdade estão de parabéns e espera-se que o Empresa na Prática continue cada vez melhor.

O projeto “Empreendedores Sociais” constitui uma outra prática

pedagógica da IES 4. Para a instituição, o projeto se justifica porque, na atualidade,

é fundamental a existência de uma consciência global que engaje todos os

indivíduos num processo de desenvolvimento sustentável, tendo, como meta, a

promoção contínua das pessoas e dos direitos humanos, a preservação do meio

ambiente e do patrimônio cultural e a construção de uma sociedade com melhor

distribuição de renda e menor exclusão social.

Ao adicionar às suas competências básicas um comportamento ético e

socialmente responsável, as empresas estão redefinindo seus papéis, entendendo

que, juntamente com o Estado e a sociedade civil, podem ser poderosos agentes de

mudança na construção de um mundo melhor”, segundo consta do site da IES.

Tendo em vista estes princípios, em 2000, a Organização das Nações Unidas aprovou a Declaração do Milênio, assinada por 189 países membros, inclusive o Brasil. Visando a sustentabilidade do planeta, foram

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estabelecidos oito macro-objetivos a serem atingidos pelos países até 2015, focando as prioridades regionais de desenvolvimento social, propondo ações concretas dos governos e de toda a sociedade. A divulgação dos “8 Jeitos de Mudar o Mundo” busca mobilizar empresas, organizações sociais, órgãos governamentais, e todas as pessoas para que envolvam-se com os Objetivos e sejam multiplicadores de iniciativas conscientes, organizadas e eficientes na sua concretização. Com base nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, cada grupo de alunos desenvolve uma proposta de prática socialmente responsável a ser implantada por uma empresa, considerando a melhoria dos indicadores relativos a um dos ODM. Os trabalhos selecionados são expostos por meio de uma feira aberta a toda comunidade bem como aos empresários convidados para o evento. Desta forma, este projeto busca formar profissionais socialmente responsáveis e contribuir para um mundo melhor.

Outra atividade destacada é o TCC interativo cuja característica geral é

promover a capacidade de tomada de decisão, mediante processos de análise e

solução de problemas, e com isso estimular as habilidades de lidar com informações,

identificar oportunidades e ameaças, raciocinar sobre alternativas e conseqüências.

Sendo assim, o trabalho final de conclusão de curso de administração possui características de um projeto de intervenção sobre a realidade organizacional, ou seja, os alunos são incentivados a tomarem decisões para a solução de problemas e/ou dificuldades vivenciadas por uma empresa real. Desta forma, o aprendizado se faz na prática e o aluno formado pela Faculdade Facet adquire uma formação profissional mais sólida e apta para lidar com os desafios do mundo contemporâneo.

A IES 4 ainda propõe aos seus discentes as seguintes atividades: as

oficinas de comunicação, que têm o objetivo de desenvolver habilidades de

comunicação escrita e oral, preparando o aluno para as mais diferentes situações

impostas pelo mercado de trabalho, e as visitas técnicas cujo objetivo é trazer os

alunos para uma convivência mais próxima do mercado de trabalho. Com isso os

alunos têm a oportunidade de conhecer a prática organizacional. Outra fonte

utilizada pela IES é a Revista de Gestão e Conhecimento, publicada semestralmente,

uma revista científica, que traz artigos sobre os principais temas das áreas de

interesse da IES. A instituição ainda ressalta, como uma das práticas do curso de

administração, os jogos de empresa, sem mencionar como se dá o desenvolvimento

deste trabalho.

No último ENADE publicado pela MEC, sua nota foi 3 (três).

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4.1.5 Apresentação da IES 5

Foi criada por de um grupo de professores. Iniciou suas atividades no primeiro

semestre de 2000, apenas com o curso de Direito, e, em 2009, passou a ofertar

outros, sendo um deles o de Administração.

Possui cerca de 6.600 alunos na graduação e perto de 500 alunos nos

cursos de pós-graduação. Aproximadamente 75% dos professores que compõem

seu corpo docente têm títulos de mestre ou doutor.

A IES 5 almeja passar de Faculdade Isolada a Centro Universitário. Acredita

que, atingindo este nível, poderia desenvolver um planejamento compatível com sua

forte vocação para ser uma instituição que assume o ideal do ensino associado à

pesquisa (como princípio educativo) e à extensão. Sua missão é a de formar, por

meio de processos sustentáveis, pessoas que venham a atingir a plenitude da

condição humana, pela geração e experimentação de saberes, idéias e valores

comprometidos com a realidade brasileira.

4.1.5.1 Apresentação do curso de Administração da IES 5

O curso de administração da IES 5 está em funcionamento desde o ano

2000. Seu objetivo é formar profissionais que sejam cidadãos capacitados para o

exercício crítico das atividades de planejamento, organização, direção e controle,

buscando o desenvolvimento das empresas, da sociedade e dos indivíduos de forma

responsável e ética.

Entre as habilidades que procura desenvolver, destacam-se: reconhecer e

definir problemas; equacionar soluções; pensar estrategicamente; introduzir

modificações no processo produtivo; atuar preventivamente; transferir e generalizar

conhecimentos e desenvolver raciocínio lógico, crítico e analítico para operar com

valores e formulações matemáticas.

Na IES 5, o administrador terá uma formação que lhe permitirá atuar no

setor de serviços em geral, inclusive consultoria, comércio, atividade industrial e

terceiro setor.

No último ENADE publicado pela MEC, sua nota foi 3 (três).

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4.2 TRATAMENTO DOS DADOS

Os dados foram analisados com base em procedimentos de análise

qualitativa. Desenvolveu-se o estudo por meio de um conjunto de categorias

utilizadas em campo, apresentadas no Quadro 6.

QUADRO 6 - CATEGORIA E SUBCATEGORIAS PARA ANÁLISE:

Categoria Subcategorias Subcategorias

Competência - Conhecimento,

Habilidades e Atitudes

1. Competências trabalhadas no

curso.

2. Onde estão documentadas.

3. Como são selecionadas

4. Práticas para o desenvolvimento

de competências.

5. Estratégia de avaliação e

desenvolvimento de competências.

6. Acervo bibliográfico e

competências.

7. Infra-estrutura física e tecnológica

para o desenvolvimento de

competências.

8. Papel do professor no

desenvolvimento de competências.

9. DCNs versus profissionalização.

10. IES e profissionalização.

FONTE: PESQUISADORA

Após a categorização, passou-se ao trabalho de preparo do material, que

envolvia a organização e a transcrição das entrevistas. É oportuno lembrar que se

optou por manter as falas originais dos respondentes, a fim de reproduzi-las no texto,

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durante a análise, quando conveniente. Cada entrevistado recebeu um código,

utilizado na reprodução de sua fala, que consiste na letra E (entrevistado), seguida

do número dado à sua instituição de origem.

Em seguida, para analisar o material e fazer a sua descrição analítica,

realizou-se um estudo profundo deste material e estabeleceram-se os

procedimentos de codificação, classificação e categorização (TRIVINÕS, 1987).

Logo após, tomando por base os materiais empíricos, foi feita a interpretação dos dados para torná-los significativos, para tornar possível fazer inferências e interpretar os resultados.

4.2.1 Síntese dos resultados encontrados

Com base na análise dos cinco estudos de caso, pôde-se chegar a alguns resultados cuja síntese será apresentada, na seqüência, sob a forma de itens definidos conforme as respostas dadas às perguntas de pesquisa, com o intuito de se estruturar esta etapa.

1. Competências trabalhadas com os alunos no curso de Administração.

Entre as IES pesquisadas, somente na IES 5 se fez referência às

competências previstas, nas DCNs, para o curso de Administração e às emanadas

do Conselho Federal de Administração, porém sem detalhá-las. Nenhuma,

entretanto, relacionou as competências trabalhadas no curso de Administração.

Uma delas, detalhando o desenvolvimento de “conhecimentos e habilidades”,

destacou:

- Capacidade de equacionar soluções a problemas produtivos; - Introduzir modificações nos processos produtivos; - Tomar decisões em situações de incerteza, atuando de forma preventiva; - Postura ética em suas atitudes e comportamentos; - Ter iniciativa, criatividade e capacidade para aprender; - Ter flexibilidade a qual poderá ser exercida a partir das experiências vividas em outras situações organizacionais como também de situações novas. - Senso administrador e ético-profissional associados à responsabilidade social, com a compreensão da causalidade e finalidade das normas jurídicas e da busca constante da libertação do homem e do aprimoramento da sociedade; e, - Visão atualizada do mundo e, em particular, consciência solidária aos problemas de seu tempo e de seu espaço e possibilidade de um correto julgamento das situações humanas existentes e tomada de decisões coerentes.

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Os entrevistados E1 e E3 destacaram que, em suas instituições, as

competências desenvolvidas em seus alunos não são apenas para atuação

profissional.

Segundo o E3, o egresso do Curso de Administração deverá ser provido das condições básicas que garantam a competência para responder não somente às necessidades do mercado de trabalho, mas também mudar o seu enfoque de solucionador de problemas, reprodutor das forças produtivas das relações sociais, para promotor das novas relações produtivas e sociais. Constituir-se em agente transformador capaz de ajustar-se com rapidez aos avanços das ciências e da tecnologia no estabelecimento de uma nova ordem. A síntese da sua metodologia deve implicar uma integração dos conhecimentos parciais, num todo orgânico e lógico, podendo dar origem a um novo conhecimento ou novas formas de ação.

Já, para o E1, as competências e habilidades dos alunos de administração seguem basicamente dois princípios: (1) ligados a capacidade de utilizar os conhecimentos técnicos aprendidos durante o curso; (2) ligados à formação integral do aluno, ou seja, além dos conhecimentos técnicos. Por exemplo: compreender a realidade organizacional de maneira sistêmica, oferecendo soluções específicas para diferentes contextos de trabalho. Outras competências mais genéricas estão ligadas à própria Missão da Instituição, como por exemplo: humildade e respeito .

Para concluir, consta que E4 deu ênfase a uma competência, trabalhada em

todas as disciplinas do curso, a “tomada de decisão”.

2. A formalização das competências trabalhadas em um documento

institucional

A segunda questão visava descobrir se havia algum documento

institucional que formalizasse as competências definidas.

Para as cinco IES as competências estão formalizadas no Projeto

Pedagógico do curso de Administração. E3 e E5 relataram que as competências

constam dos planos de ensino do professores.

Somente uma delas atrelou o Projeto Pedagógico do Curso de

Administração ao Projeto Institucional PDI, explicando que:

Segundo o E1, existem alguns princípios básicos que servem de orientação para delinear aquelas competências comuns a todos os outros cursos (o que os autores da área chamariam de “genéricas”), como por exemplo: cidadãos preparados para a vida. É claro que o desdobramento das

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competências dos egressos têm um direcionamento específico para área de negócios.

3. A base que serviu de apoio à seleção das competências pelas IES.

A terceira questão visava aferir em que se fundamentavam as IES na

escolha das competências que privilegiam em seus cursos de formação de

administradores.

Segundo os E1 e E3, a escolha das competências foi evoluindo com o

desenvolvimento do curso, envolvendo professores, estudantes, egressos,

pesquisas na comunidade e mapeamento de variáveis ambientais.

E1 destacou que não existe uma pesquisa com egresso, “mas existe um

mapeamento freqüente de variáveis ambientais, ou seja, identificação de ameaças e

oportunidades (E1, 2010).”

Para E2 e E5 as competências foram selecionadas por meio das DCNs e

das diretrizes do CFA, mencionadas anteriormente.

E4 apresentou a seguinte justificativa para o desenvolvimento de uma

única competência:

Para o E4, você pode trabalhar muitas coisas na ADM, mas quando você trabalha em um ambiente competitivo. Numa empresa que está aqui no Brasil, à capacidade de tomar decisão nos saltou aos olhos. E daí acabou definida com uma competência que deveria ser desenvolvida mesmo. Não é fácil, porque eles têm um perfil muito mais de subordinação, então agente tem que trabalhar tudo isto. Quando ele se forma ele tem que responder um questionário tenta avaliar o aluno e como a instituição fez diferença para ele. Agente tem percebido que eles conseguem um bom desempenho no mercado. Geralmente eles conseguem promoção ou um novo emprego. Isto é bastante comum, até porque eles amadurecem como pessoa não só profissionalmente. Como um todo, eu acredito que os projetos ajudam muito. Os alunos elaboram quatro projetos diferentes.

4. Práticas para o desenvolvimento de competências

A quarta pergunta buscava descobrir se práticas concretas eram propostas

pelas IES, para garantir a formação de competências.

Segundo E3, podem-se identificar as práticas nos planos de ensino, “São

discutido com os professores a missão, visão e objetivos da IES e do curso. São

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feitas reflexões sobre erros e acertos e qual a correção de rumo que deve ser

tomada para manter as premissas previstas. (E3, 2010).”

No relato de E5, consta que as práticas estão formalizadas nos planos de

ensino. Não se explicou, porém, como se dá o seu desenvolvimento.

Para E1, o professor deve garantir um ambiente favorável ao

desenvolvimento de competência na prática. “Segundo E1, nesse sentido, duas

ações importantes são: (1) programa de capacitação docente; (2) encontros

freqüentes com professores e alunos com o objetivo de fortalecer a identidade com a

Instituição”.

E2 e E4 apresentaram suas práticas para o desenvolvimento das

competências. E2 mencionou apenas uma.

Vejo que pelo Trabalho de Conclusão de Curso há uma oportunidade para desenvolver estas competências, pois neste importante projeto de pesquisa os alunos trabalham unindo a ciência e a experiência profissional tomam decisões, exercitam o relacionamento interpessoal com empresas e empresários (no caso de Diagnósticos Empresariais), ou ainda elaboram projetos inovadores que poderão contribuir com a sociedade se levados à diante, nunca deixando de relatar fatores como responsabilidade social e a ética.

No relato de E4 são relacionadas práticas desenvolvidas pela IES com o

propósito de desenvolver competências,

No 1º. Ano ele monta uma empresa, no 2ª. Ano ele é um empreendedor social, tem o programa de Consultoria, que agente vai à empresa e presta serviço de consultoria. E daí, no último ano, não é montar um plano de negócios XY, na verdade ele vai a uma empresa, identifica o problema e resolve o problema bem focado na prática.

5. Avaliação do aproveitamento e desenvolvimento de competência.

A quinta questão buscou verificar se, nas instituições pesquisadas, eram

usados instrumentos para avaliar se efetivamente os alunos e egressos

desenvolviam as competências almejadas.

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Constatou-se que, nessas instituições, não há evidências de que façam

uso de estratégias para avaliar o desenvolvimento de competências. Ficou visível,

entretanto, que utilizam instrumentos avaliativos apenas para medir o processo de

ensino e aprendizagem.

Os respondentes E2 e E3 se prenderam à avaliação do processo ensino -

aprendizagem.

E1, por sua vez, relatou que:

Como o curso de Administração (não somente da nossa Instituição) não possui laboratórios, entendemos que a melhor forma de desenvolver competências na plenitude, é no próprio campo de trabalho. Sendo assim, não se trata de um padrão, mas percebemos que a conseqüência de boas notas estão ligadas a uma boa colocação no mercado de trabalho.

Porém E4 detalhou como se dá a avaliação nas práticas com o objetivo

de desenvolver competências.

Cada projeto tem um regimento específico, então é um conjunto de regras, então, por exemplo, no projeto de consultoria e no empresa na prática, uma parte da nota está vinculada a participação no projeto. Seu desempenho no projeto. Então, por exemplo, se eles entregarem os relatórios na data e cumprirem todas as especificações, em cada disciplina, tem um ponto relativo ao projeto. E, se o projeto não atender, se ele for relapso ele não participou, ela terá a nota que os próprios colegas darão a ele. Porque é feito uma avaliação que nos próprios colegas dão notas para cada um. É que na verdade todo o projeto tem tomada de decisão. Eles tem que tomar a decisão de qual produto precisa produzir como vão vender como vão gerar o setor RH, ou seja, tudo é tomada de decisão ali.

6. Acervo bibliográfico e desenvolvimento de competências

A sexta questão buscou verificar como os respondentes relacionavam o

acervo bibliográfico ao desenvolvimento de competências.

Na maioria das respostas destaca-se a importância do acervo para o

embasamento teórico dos alunos e dos professores.

Os entrevistados E1, E3, E4 e E5 consideraram a importância do acervo

na “construção das competências e habilidade”. E1 ressaltou: “O conhecimento

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(saber fazer) é a base para ter condições de colocar em prática seu conhecimento

(entrega), além de permitir o desenvolvimento de atitudes que estão ligados ao

próprio conceito de competências”

E2 manifestou sua opinião:

Se os materiais fossem elaborados pensando no trabalho de sala de aula a ser desenvolvido pelo professor utilizando-se da prática das competências e habilidades, mas o Professor também deverá saber trabalhar com esta metodologia, senão, de nada adianta.

7. Infra-estrutura física, tecnológica, de materiais e de competência

A sétima questão procurava aferir a importância da infra-estrutura para o

desenvolvimento de competências.

Para os respondentes E1 e E3, mais importante do que a infra-estrutura

física, tecnológica e material, é o desempenho do professor e o empenho dos

alunos. E2, corroborando este ponto de vista, afirmou que, embora os materiais

sejam importantes, o preparo do professor significa muito mais no exercício de sua

função, porque o ajuda a desenvolver a metodologia adotada.

E5 comentou que:

“Em especial, as habilidades esperadas, são desenvolvidas pela infra-

estrutura física e tecnológica, planejadas para a disciplina”.

E4 comentou que a infra-estrutura está à disposição dos alunos para o

desenvolvimento de todas as etapas dos trabalhos práticos, entretanto não informou

se esta permissão de uso contribui para o desenvolvimento de competências.

8. O papel do professor no desenvolvimento das competências

A oitava questão destacou o papel do professor no desenvolvimento de

competências.

A maioria dos respondentes afirmou que ”os seus professores conhecem

as competências previstas no programa e no plano de ensino”. Contudo, não relatou

quais competências devem ser desenvolvidas nas disciplinas do curso.

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E4 foi o único a destacar que, embora se tenha conhecimento das

competências, nem sempre elas são colocadas em prática.

É então assim, cada ementa está previsto isto, mas agente sabe que nem todos colocam na prática. Esta é uma dificuldade que agente tem. Quanto a ementa, quando chega um professor novo eu dou à antiga, mas peço a nova. Para ele desenvolver a dele. Porque é muito ruim estabelecer, você tem que ensinar isto. Acho que vale a pena ver o que o professor esta querendo propor. E aí, a diretriz é, qual competência você desenvolve com isto? Ele tem um campo da ementa que ele tem que descrever. Como ele vai desenvolver aquilo, para que serve aquilo, ele tem que ter um fundamento. É muito comum a ementa mudar quando muda o professor.

9. As competências conforme indicadas nas DCNs e a demanda profissional

A nona questão buscou avaliar como os respondentes relacionavam as

competências indicadas nas DCNs às demandas profissionais.

Os respondentes E1 e E5 afirmaram que as competências que constam

das DCNs atendem à demanda profissional. Já os respondentes E2, E3 e E4

comentaram que as DCNs atendem parcialmente à demanda do futuro administrador,

considerando que as mudanças das competências profissionais acontecem em uma

velocidade muito maior do que a sua implantação legal.

E4 e E5 destacaram que as competências e habilidades de seus

egressos devem ser dimensionadas segundo sua inserção regional, levando em

conta que cada instituição está inserida em um determinado contexto.

10. Instituição de Ensino Superior e Profissionalização.

Com a décima questão procurou-se saber como as IES buscavam

informações, tanto no mercado de trabalho quanto nas organizações, sobre as

competências que deveriam ser trabalhadas no desenvolvimento dos discentes.

Os respondentes E2, E3 e E4 fizeram referência à contratação de

docentes que atuam no mercado, cuja experiência poderia contribuir para a melhoria

da proposta e dos planos de ensino.

E1 e E5 destacaram que a formação envolve tanto pesquisa como

relacionamento com o próximo, que promovem atualização e mudanças.

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E2 e E4 informaram que fazem uso de pesquisa para implantar, na

estrutura curricular, novas disciplinas, que atendam às necessidades do profissional

de administração.

Vários de nossos Professores tem atividades profissionais durante o dia e contribuem para uma constante melhora na proposta dos Planos de Ensino e as atividades de rotina. Os próprios alunos trazem sugestões para a sala de aula, e que, na medida em que o Professor define como importante traz para a Coordenação para incluirmos nas atividades, nos planos de ensino e até no Projeto Pedagógico (alteração de grade curricular) (E2, 2010). Agente tem um professor, que inclusive ele faz, dentro do SESI, faz parte de um grupo de pesquisa sobre perfis profissionais de administração. Aí ele, isto é bem recente, ai ele diz que o mercado está precisando, sabe, não que agente vai mudar ementa, plano, não é isto. Por exemplo, vou te dar um exemplo bem prático, quando teve a crise em 2008. De economia, teve aquela crise de subprime, tudo, os alunos não entenderam o porquê daquilo. Aí eu senti falta de uma disciplina que explorasse o Mercado Financeiro e de Capitais, aí eu conversei com a direção e esta disciplina hoje ele já existe já. Então o que agente fez uma adaptação de currículo. E não foi só isto, agente trocou, por exemplo, uma disciplina que não existia empreendedorismo, comunicação e expressão também não existia, desde que eu assumi a coordenação eu troquei a estrutura curricular. Então esta disciplina passou a existir, uma outra disciplina que veio foi gestão de serviços. Porque agente viu que grande parte as empresas estão na área de serviços, o nosso é muito mais serviço. Foi uma maneira que agente encontrou para ficar mais alinhado com o mercado.

Para facilitar a compreensão do enfoque de competência adotado nos cursos

de Administração das IES participantes da pesquisa, considerando o problema

investigado, foi elaborado o Quadro 7, que sintetiza as respostas às perguntas que

compõem as entrevistas.

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QUADRO 7 - QUADRO RESUMO DAS COMPETÊNCIAS (CONHECIMENTO,

HABILIDADE E ATITUDE) ENCONTRADA NAS IES PARTICIPANTES.

IES1 IES2 IES3 IE4 IES5

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Não evidenciada em entrevista e no site da IES.

Não evidenciada em entrevista e no site da IES.

Não evidenciada em entrevista e no site da IES.

Fonte: Entrevistas e site das IES

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O Quadro 8 aprofunda os dados das entrevistas, indicando em que

medida os relatos assinalam que competências (conhecimentos, habilidades e

atitudes) são desenvolvidas pelas IES. Adicionando as necessidades requeridas para o

profissional segundo os autores especialistas.

QUARO 8 – SÍNTESE DO QUE RECOMENDAM OS AUTORES, AS DCNS E

O QUE PRATICAM AS IES.

LISTA DE COMPETÊNCIAS Fonte IES 1 IES 2 IES 3 IES 4 IES 5

CONHECIMENTO

1. conhecimento técnico Autores

Presente na grade

Presente na grade

Presente na grade

Presente na grade

Presente na grade

2. compreensão de conceitos Autores

Presente na grade

Presente na grade

Presente na grade

Presente na grade

Presente na grade

3. conteúdos de formação básica

DCNs Presente na

grade Presente na

grade Presente na

grade Presente na

grade Presente na

grade

4. conteúdos de formação profissional

DCNs Presente na

grade Presente na

grade Presente na

grade Presente na

grade Presente na

grade

5. conteúdos de estudos quantitativos e suas tecnologias

DCNs Presente na

grade Presente na

grade Presente na

grade Presente na

grade Presente na

grade

6. conteúdos de formação complementar

DCNs Presente na

grade Presente na

grade Presente na

grade Presente na

grade Presente na

grade

HABILIDADES

1. aceitação de riscos Autores/DCNs Mencionado na entrevista

Mencionado na entrevista

2. administrar a diversidade Autores

3. administrar a mudança Autores/DCNs Mencionado

na entrevista Mencionado

na entrevista

4. agilidade estratégica Autores/DCNs Mencionado

na entrevista Mencionado

na entrevista

5. amplitude de interesses Autores

6. capacidade de análise e síntese Autores/DCNs

Mencionado

na entrevista Mencionado na entrevista

Mencionado

na entrevista

7. capacidade de aprender Autores/DCNs Mencionado

na entrevista Mencionado

na entrevista

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83

8. capacidade de comprometer-se com

desafios Autores/DCNs

Mencionado na entrevista

Mencionado na entrevista

9. capacidade de comunicar-se ( verbal e

escrita) Autores/DCns

Mencionado

na entrevista Mencionado

na entrevista

10. capacidade de decisão Autores/DCNs Mencionado

na entrevista Mencionado na entrevista

Mencionado na entrevista

11. capacidade de dimensionar e controlar Autores/DCNs

Mencionado

na entrevista Mencionado na entrevista

12. capacidade de influenciar pessoas Autores

13. capacidade de inovar e criar Autores/DCNs

Mencionado

na entrevista Mencionado

na entrevista Mencionado

na entrevista Mencionado

na entrevista

14. capacidade de lidar com situações complexas Autores/DCNs

Mencionado na entrevista

Mencionado

na entrevista Mencionado

na entrevista

15. capacidade de liderança Autores

16. capacidade de motivar Autores

17. capacidade de negociar Autores/DCNs Mencionado na entrevista

Mencionado na entrevista

18. capacidade de ouvir Autores

19. capacidade de planejar e organizar Autores/DCNs

Mencionado

na entrevista Mencionado

na entrevista Mencionado

na entrevista

20. capacidade de realizar e assumir riscos Autores/DCNs

Mencionado

na entrevista Mencionado

na entrevista Mencionado

na entrevista

21. capacidade de solucionar problemas Autores/DCNs

Mencionado

na entrevista Mencionado

na entrevista Mencionado

na entrevista

22. capacidade de tomar decisões precisas e

oportunas Autores/DCNs

Mencionado

na entrevista Mencionado

na entrevista Mencionado

na entrevista

23. capacidade de trabalhar em equipe Autores/DCNs

Mencionado

na entrevista Mencionado

na entrevista Mencionado

na entrevista

24. capacidade para resolução de problemas, Autores/DCNs

Mencionado

na entrevista Mencionado

na entrevista Mencionado

na entrevista

25. Delegação Autores

26. Educar Autores/DCNs Mencionado

na entrevista Mencionado

na entrevista

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84

27. métodos e controles empresariais Autores/DCNs

Mencionado

na entrevista Mencionado

na entrevista

28. resultados e pessoas Autores

29. perspectiva ampla Autores/DCNs Mencionado

na entrevista Mencionado

na entrevista

30. raciocínio estratégico Autores/DCNs Mencionado

na entrevista Mencionado

na entrevista

31. reagrupamento de um líder forte Autores

32. senso de urgência Autores Mencionado na entrevista

33. ter visão poderosa e capaz de persuadir Autores

34. tolerância ao estresse Autores

35. visão sistêmica e estratégica Autores/DCns Mencionado

na entrevista Mencionado na entrevista

Mencionado na entrevista

ATITUDE

1. Adaptabilidade Autores

2. atitude pró-ativa Autores

3. autoconfiança Autores

4. Autoconhecimento Autores

5. autonomia Autores

6. bom senso Autores

7. calma sob fogo Autores

8. comportamento despretensioso, Autores

9. Confiabilidade Autores

10. Coragem Autores

11. Criatividade Autores/DCNS Mencionado na entrevista

Mencionado na entrevista

12. Energia Autores

13. flexibilidade e adaptabilidade Autores

14. Iniciativa Autores/DCNS Mencionado Mencionado

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85

na entrevista na entrevista

15. Inspiração Autores

16. Integridade Autores

17. Justiça Autores

18. Liberalidade Autores

19. mente aberta Autores

20. responsabilidade social Autores Mencionado na entrevista

Mencionado na entrevista

21. Sensatez Autores

22. Sensibilidade Autores

23. sinceridade e ética Autores/DNs Mencionado na entrevista

Mencionado na entrevista

24. tenacidade e persistência Autores

25. transparência Autores

26. uso de autoridade com responsabilidade e bom

senso Autores

27. determinação DCNS Mencionado na entrevista

Mencionado na entrevista

28. vontade política e administrativa DCNs

Mencionado na entrevista

Mencionado na entrevista

4.3 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS.

Em todos os cursos a noção de competência é mencionada de alguma forma.

Analisando como a competência é trabalhada, com base em seus

componentes – conhecimento, habilidades e atitudes – entende-se que os

resultados são díspares.

Com referência ao quesito “conhecimento”, verificou-se, nas informações

dadas pelos entrevistados, que integra as propostas curriculares dos cursos, sendo

tratado conforme as recomendações das DCNs. Reiterando, informou-se que todos

os cursos trazem, em suas grades, as disciplinas recomendadas pelas DCNs, o que,

de certa forma, leva a entender que a abordagem do conhecimento, nas IES

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investigadas, se aproxima, ao menos como proposta formalizada e explicitada, do

enfoque sob o qual as DCNs o consideram.

Relativamente ao quesito “habilidades”, de acordo com os relatos dos

entrevistados e consultas aos sites das IES, existem projetos diferenciados em cada

instituição para o seu desenvolvimento. Como o trabalho com habilidade requer

prática, é oportuno sublinhar que a atividade - empresa na prática da IES 4 pode ser

considerada fomentadora de habilidades, pois propicia espaço para a prática. Uma

conclusão mais assertiva exigiria um exame detalhado de como se dá a atividade

prática, mas esta pesquisa fiou-se apenas no depoimento do coordenador. Com

relação a outras atividades mencionadas, entende-se que de fato não estimulariam o

desenvolvimento de habilidades, já que privilegiam o aspecto teórico, o saber ou

conhecimento, enquanto a habilidade enfoca a prática e repetição.

Observou-se que, nas DCNs, há preocupação com conhecimentos e

habilidades, mas não se dá ênfase às atitudes. Entretanto, no conjunto de

habilidades, pôde-se notar a presença de algumas atitudes, tais como: “ter iniciativa,

criatividade, determinação, vontade política e administrativa e consciência da

qualidade e das implicações éticas do seu exercício profissional” (DCNs, 2004).

Apesar de a maioria dos entrevistados ter confirmado atender ao proposto,

nas DCNs, para o trabalho com competências, apenas um deles afirmou que a IES

desenvolve competência, trabalhando conhecimentos, habilidades e atitudes no

decorrer do curso.

Verificou-se que as competências estão formalizadas no Projeto Pedagógico

do Curso e nos planos de ensino das cinco IES investigadas. Constatou-se, também,

que, para o seu desenvolvimento, foram envolvidos professores e alunos, que não

existem pesquisas com egressos, empresas e nenhuma outra fonte.

Quanto às práticas pedagógicas destinadas ao desenvolvimento de

competências, afirmaram os entrevistados que constem no PPC e nos planos de

ensino. Observe-se, no entanto, que não são exemplificadas e que não se informam

o modo como foram trabalhadas nem os instrumentos empregados em tal processo.

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Em se tratando de avaliação, como forma de aferir os resultados decorrentes

de ações que enfatizariam o desenvolvimento de competências, nas cinco IES não

se registrou relato algum. Obtiveram-se informações sobre a existência de um

padrão para acompanhar o processo de formação de competências no curso.

Percebeu-se, nas respostas dos entrevistados, grande ênfase na avaliação do

processo de ensino e da aprendizagem, mas não um modelo para avaliar

competências.

Todas as IES citaram a importância do acervo bibliográfico. Duas entre as

cinco IES pesquisadas reconheceram a importância do acervo na construção das

competências.

Quanto ao papel da infra-estrutura no desenvolvimento das competências,

constatou-se, na fala dos respondentes, a sua valorização como suporte/meio para

facilitar o processo, ficando em evidência a importância dada à presença do

professor em sala de aula, muito maior do que a atribuída à infra-estrutura. Em uma

das IES estudadas, salientou-se especialmente que as ”habilidades esperadas são

desenvolvidas pela infra-estrutura física e tecnológica, planejadas para a disciplina”.

Em outra, citou-se, além da importância da infra-estrutura, a do professor, que

deveria se envolver e saber trabalhar com competências.

Todos os entrevistados, ao tratarem das competências previstas nos

programas e planos de ensino, confirmaram o seu conhecimento por parte dos

docentes, mas nenhum citou quais seriam as competências definidas no plano das

disciplinas.

Relacionando competências com demanda profissional, as IES entrevistadas

opinaram que não se pode acompanhar as mudanças e as diversidades regionais

por meio das competências recomendadas pelas DCNs.

As IES entrevistadas manifestaram preocupação em manter um

relacionamento mais afinado com as empresas, mas não deixaram claro como esse

relacionamento acontece. Em algumas das entrevistadas mencionou-se, como

proposta de melhoria da formação discente, a contratação de profissionais da área

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para atuar como professores, entendendo que assim se contribuiria para o constante

aperfeiçoamento do PPC e dos planos de ensino e pesquisa das organizações.

Concluindo, resumem-se as constatações relativas à abordagem dos diversos

componentes da competência na pesquisa feita.

Em termos de “conhecimento”, há uma correspondência entre o que é

proposto pelos teóricos e pelas DCNs e o trabalho desenvolvido nas IES estudadas.

Em termos de “habilidades”, as DCNs demonstram que se prendem mais à

questão pedagógica do que às profissionais, não fazem referência, em sua proposta,

a habilidades necessárias para atender à demanda profissional, tais como:

tolerância ao stress, capacidade de motivar e de liderança, delegação de tarefas,

entre outras.

Em termos de “atitudes”, atributo também apresentado, pelos teóricos, como

um dos componentes da competência profissional, não há o seu registro explícito

nas DCNs e no trabalho da maioria das IES entrevistadas.

Vale, ainda, ressaltar que, apesar das particularidades e grades curriculares

distintas das cinco IES estudadas, no ENADE do ano 2006, quatro obtiveram o

mesmo conceito, avaliação que, por si demonstra que a formação por competência é

complexa.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao rever a concepção de competência utilizada pelos autores consultados,

verificou-se que alguns, em consonância, destacam a seguinte acepção: a

competência é um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes dos indivíduos

e/ou das instituições. Estas três dimensões encontram-se presentes nos artigos

teóricos, nos artigos de pesquisa empírica, nos artigos que examinam a questão no

âmbito das empresas, assim como naqueles que buscam analisar como a noção de

competência tem sido usada pelos processos educativos formais e não formais

responsáveis pelo desenvolvimento das pessoas.

É oportuno reiterar que, no presente estudo, enfoca-se a competência

como a integração de conhecimentos, habilidades e atitudes trabalhada na formação

do administrador. Aplicou-se tal conceito, na pesquisa desenvolvida em cinco

instituições de Ensino Superior, localizadas na cidade de Curitiba, Paraná, mediante

entrevistas que envolveram, no total cinco (5) pessoas, diretor e coordenadores de

curso. Os resultados obtidos nas entrevistas são apresentados de maneira

consolidada a seguir.

Nas propostas curriculares dos cursos, observa-se, com referência ao

“conhecimento”, que há adequação ao proposto nas DCNs. Todas as IES possuem

uma carga horária mínima que atende às DCNs e os currículos de cada um dos seus

cursos são muito semelhantes. Esta uniformidade se confirma nas notas do ENADE

de 2006 para as instituições investigadas, uma avaliação efetuada pelo MEC para

identificar as competências e habilidades recomendadas nas DCNs e que estão

sendo utilizadas. Das cinco instituições de ensino quatro delas obtiveram a mesma

nota. Do ponto de vista curricular, portanto, os cursos são semelhantes e estão de

acordo com a DCNs.

O currículo traduz a dimensão “conhecimento” da competência, a mais

fácil de ser descrita e trabalhada sob perspectivas tradicionais de ensino. Entretanto,

é de se notar que nem todas as IES trabalharam este aspecto com igual

“competência”, uma vez que obtiveram notas diferentes no ENADE. Observe-se, em

tempo, que o ENADE avalia apenas o aspecto conhecimento.

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Algumas dificuldades foram detectadas na análise das DCNs quanto ao

conceito de competência e a formas de promover o seu desenvolvimento na prática.

Do ponto de vista conceitual, por exemplo, não oferecem distinção precisa entre

competências, conhecimentos, habilidades e atitudes. Em segundo lugar, ressalta

que não chegam a sugerir instrumentos pedagógicos que fomentem o

desenvolvimento de competências, demonstrando assim a dificuldade operacional

de se viabilizar uma formação voltada a desenvolver competências. O mesmo

problema se constatou em boa parte dos autores pesquisados, que tampouco

distinguem competências de seus componentes e/ou indicam práticas concretas

para desenvolver competências dentro da educação superior.

No estudo das DCNs pôde ser observada uma acentuada preocupação

com conhecimentos e habilidades em detrimento das atitudes. Destacou-se,

entretanto, o trabalho para desenvolver algumas atitudes, como: ”ter iniciativa,

criatividade, determinação, vontade política e administrativa e ciência da qualidade e

das implicações éticas do seu exercício profissional,”. (DCNs, 2004).

O componente “atitudes” é freqüentemente lembrado nas DCNs e

também o foi nas entrevistas, porém não se indicam práticas estruturadas para o seu

fomento e desenvolvimento. Esta abordagem teórica divorciada da prática traz um

resultado contraditório, visível nos vários projetos de cursos que, embora dêem

muita ênfase a atitudes (“ter iniciativa, ser empreendedor etc”.), não distinguem

instrumentos para desenvolvê-las e avaliá-las. Entretanto, por mais que seja

contraditório, é compreensível: atitudes constituem predisposições individuais,

vinculadas a traços de personalidade, atreladas a valores pessoais fomentados na

socialização primária, na família, e não são facilmente desenvolvidas a partir de

métodos de ensino massificados e formais. Faz-se, porém, uma advertência: apesar

da dificuldade relativa ao trabalho com tais instrumentos, é curioso que as IES

manifestem, em seus projetos, objetivos para desenvolver atitudes específicas.

Nas IES pesquisadas a relação entre conhecimento e habilidades é

trabalhada em alguns dos projetos analisados e somente uma delas trata de

conhecimentos, habilidades e atitudes no decorrer do curso. Entretanto, nenhuma

faz o detalhamento dessas competências, embora sejam formalizadas no Projeto

Pedagógico do Curso e nos planos de ensino e nas práticas pedagógicas. A

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propósito, observe-se que o desenvolvimento dessas competências está atrelado ao

professor da disciplina em sala de aula.

O componente “habilidade” pressupõe criar espaços para a prática, à

semelhança de formações como a residência médica. Tal tipo de prática tende a ter

impacto significativo sobre os custos das IES, de sorte que nenhuma das instituições

estudadas, por serem de natureza privada e atuarem num mercado competitivo,

manifestou “fôlego” para bancar iniciativas desta natureza. Da mesma forma, na

maioria dos casos não se observou nenhuma diretriz e instrumentos mais

estruturados para se trabalhar habilidades nas metodologias desenvolvidas em sala

de aula. Sobressai, portanto, que o esforço de pensar e desenvolver práticas

fomentadoras de habilidades “fica nas mãos” dos professores, mas sem um

acompanhamento sistemático ou mesmo um incentivo formal da IES .

Pode-se afirmar que, nas cinco IES pesquisadas, não há um modelo de

avaliação destinado a aferir resultados de trabalhos que almejam desenvolver

competências. Pelas respostas dos entrevistados, uma grande ênfase é dada à

avaliação do processo de ensino e aprendizagem, não se exemplificando um padrão

para avaliar competências.

Sobre o exposto, algumas ponderações se impõem

Embora, nas IES pesquisadas, haja a preocupação de desenvolver

trabalhos que possibilitariam formar competências, integrando conhecimentos,

habilidades e atitudes, é preponderante, em sua prática pedagógica, o processo de

ensino e aprendizagem baseado no modelo de transmissão de conhecimentos, cuja

avaliação se faz mediante instrumentos “mais tradicionais”.

A respeito do processo de avaliação, destaque-se o pensamento de

(PERRENOUD, 1999, p.77), segundo o qual “se a abordagem por competências não

transformar os procedimentos de avaliação - o que é avaliado e como é avaliado -,

são poucas as suas chances de seguir adiante”.

Apesar de se poder deduzir, pela análise e interpretação dos dados, que,

para os professores, trabalhar competências ainda é um procedimento muito

complexo, sobretudo quando relacionado com o saber-fazer e o saber-ser, em geral

o espaço da sala de aula parece estar totalmente entregue aos docentes, aos quais

cabe definir o planejamento e o processo de ensino-aprendizagem. A respeito de

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sua prática, Perrenoud (1999) traz elementos que confirmam a reflexão, ao enfatizar

que a maioria dos professores teve sua formação consolidada em escolas que se

centravam nos conhecimentos e, por isso, sentem-se à vontade para trabalhar com

tal modelo.

Depreende-se da investigação feita que trabalhar competências, nas IES

estudadas, resulta de uma ação coletiva de cunho pedagógico, não se podendo

afirmar que o processo de formação discente se baseie na formação de

competências.

Embora as DCNs indiquem as competências que devem ser

desenvolvidas na formação do administrador, não existem, ao menos formalmente,

normas que subsidiem o desenho do processo. Atente-se, entretanto, para o fato de

que estes sinais não podem ser considerados como representativos da realidade de

cada curso, evitando-se o risco de incorrer no erro de desconsiderar as

peculiaridades da atuação de cada um dos docentes nos cursos.

As informações levantadas permitem concluir que, nos curso de formação

do administrador, não é preponderante o trabalho voltado ao desenvolvimento da

competência. Este dado, por sua vez, leva a crer que se faz necessária uma

investigação mais abrangente sobre o assunto, sob a perspectiva de outros grupos e

sujeitos. Portanto, as reflexões geradas no estudo realizado trazem contribuições a

uma área ainda não suficientemente explorada no contexto nacional, o trabalho por

competência na formação do administrador.

É importante ressaltar que, embora todas as instituições formem

administradores, os seus discentes têm históricos heterogêneos que não são

levados em conta na sua formação. As DCNs recomendam às instituições o

desenvolvimento de um rol de competências, mas não mencionam a necessidade de

se levar em conta a heterogeneidade dos alunos e o contexto social e regional.

Nas instituições pesquisadas a política institucional relativa ao tema

também é pouco enfatizada. Todas as IES trabalham as competências indicadas nas

DCNs, contudo poucas vão além dos instrumentos. Esta limitação talvez se explique

pelo fato de que as habilidades práticas são difíceis de mensurar e que o trabalho

baseado no desenvolvimento de competências é uma abordagem que exige atitude,

um atributo interior de cada indivíduo.

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Com base nas ponderações feitas, conclui-se que não se pode afirmar

que as IES desenvolvam propriamente competências. Primeiro porque, por definição,

competência é algo que se entrega no exercício profissional: o profissional só

demonstra sua competência, em sentido estrito, no ambiente de trabalho, quando

agrega valor de forma recorrente e reiterada, enquanto a escola, quando muito, o

capacita ou predispõe para a “entrega” (competência), mas não a garante. Segundo,

porque as práticas docentes das IES enfatizam apenas o conhecimento, um dos

aspectos da competência, mas não outros, igualmente ou mais importantes, como

habilidades e atitudes. A propósito, mesmo no plano dos conhecimentos, as IES

revelam homogeneidade, pois todas, à exceção de uma, apresentam nota 3 no

ENADE.

Com referência às DCNs, também se observam algumas limitações. Por

um lado, do ponto de vista conceitual, porque não fazem uma distinção precisa entre

competências, conhecimentos, habilidades e atitudes. Por outro lado, porque não

sugerem instrumentos pedagógicos que fomentem competências, evidenciando

assim uma dificuldade operacional de viabilizar o processo. As mesmas limitações

se apresentam em boa parte dos autores pesquisados, que tampouco distinguem

competências de seus componentes e/ou indicam práticas concretas para o seu

desenvolvimento no âmbito da educação superior.

Limitações do estudo e recomendações de futuros estudos: Uma limitação do estudo diz respeito aos informantes da pesquisa. Foram

escolhidos em vista de sua representatividade: seriam aqueles que conheceriam o

curso como um todo, podendo, por isso, fornecer informação de qualidade. No

entanto, constatou-se que, embora tendessem a defender suas instituições,

responderam algumas perguntas parcialmente e deixaram outras sem resposta.

Enfim, tinham informações apenas parciais do que acontecia no espaço da sala de

aula.

Outra limitação diz respeito à escolha dos respondentes, que privilegiou

os coordenadores de curso, deixando-se de recorrer a outras fontes de dados:

alunos, egressos, professores, funcionários e parceiros das instituições.

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Concluindo, é oportuno destacar que os resultados desta pesquisa

poderão servir, em termos de uma reflexão sobre aspectos relativos ao trabalho com

“competências” na formação do administrador, como subsídios a futuros estudos nas

áreas de educação e da administração.

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APENDICE

Roteiro de entrevistas em profundidade realizadas com os coordenadores:

Nome da Instituição:

Data da portaria de credenciamento:

Data do reconhecimento do curso:

Nome do coordenador - titulação:

Tempo no cargo/ carga horária no curso:

1. Quais são as competências que o curso de administração procura

desenvolver nos alunos?

2. Estas competências estão formalizadas em algum documento

institucional (projeto pedagógico, plano de ensino dos professores, comunicação

institucional, etc.)?

3. Como vocês chegaram a estas competências? Pesquisa de mercado?

Pesquisa com egresso? Consideram o parecer CES/CNE no. 1? Alguma outra

fonte?

4. Quais as práticas pedagógicas que o curso utiliza para desenvolver as

competências? Poderia dar um exemplo de prática por competência?

5. De que maneira as estratégias de avaliação do aproveitamento escolar

podem contribuir para o desenvolvimento de competências? Existe algum padrão na

instituição?

6. De que forma o acervo (livros, periódicos etc.) pode ensejar o

desenvolvimento de competências?

7. De que forma a infra-estrutura física, tecnológica e de materiais pode

contribuir para a o desenvolvimento de competências?

8. Os docentes conhecem as competências dos seus programas? Eles

têm definido em seus planos de ensino qual competência devem desenvolver dentro

de suas disciplinas?

9. Em sua opinião as competências exigidas no parecer são as mesmas

exigidas pelo mercado?

10. Explique como a IES se relaciona com o mercado para verificar as

necessidades de formação de seus discentes?

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