competência conexão foro regional

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Page 1: Competência   conexão foro regional

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRATICA

REGISTRADO(A) SOB N°

A C Ó R D Ã O I MUI lllll llllljllljynyilllllliiii IHH wi m

Vistos, relatados e discutidos estes autos de

Agravo de Instrumento n° 992.09.081743-4, da Comarca

de Campinas, em que é agravante ASB ADMINISTRAÇÃO E

INCORPORAÇÃO LTDA e Parte J E GUIMARÃES & FILHO

COMÉRCIO DE ROUPAS E MODAS LTDA sendo agravados

GUIFMAN COMÉRCIO DE ROUPAS E MODAS LTDA e JOSÉ EDSON

GUIMARÃES.

ACORDAM, em 25a Câmara de Direito Privado do

Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte

decisão: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. V. U.", de

conformidade com o voto do Relator, que integra este

acórdão.

O julgamento teve a participação dos

Desembargadores VANDERCI ÁLVARES (Presidente) e

MARCONDES D'ÂNGELO.

São Paulo, 25 de fevereiro de 2010.

ANTÔNIO BENEDITO RIBEIRO PINTO RELATOR

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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO SEÇÀO DE DIREITO PRIVADO - 25a CÂMARA

Ref: AGRAVO DE INSTRUMENTO N° 992.09.081743-4 Ação de execução (proc. n° 8.108/09) Comarca de Campinas - Foro Regional da Vila Mimosa - 2a Vara Cível Competência: locação de imóveis

Agvte: ASB Administração e Incorporação Ltda. Agvdos: Guifman Comércio de Roupas e Modas Ltda.;

José Edson Guimarães; Vilma Aparecida Guimarães

VOTO n° 15.957

LOCAÇÃO DE IMÓVEL (não residencial) - AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL - Competência - Foro - Eleição de Juízo -Cláusula Contratual - Inadmissibilidade - Limitação à Lei de Organização Judiciária - A divisão da competência em Campinas entre o foro central e o regional, estabelecida na Lei de Organização Judiciária, é absoluta e não relativa, porque assentada no critério funcional, logo, pode ser declarada de ofício - Agravo não provido.

1. Trata-se de AGRAVO DE INSTRUMENTO com pedido liminar de

efeito suspensivo, tirado de r. decisão que, em ação de execução de título

extrajudicial movida por ASB ADMINISTRAÇÃO E INCORPORAÇÃO

LTDA. em face de GUIFMAN COMÉRCIO DE ROUPAS E MOpAS^x

LTDA., de EDSON GUIMARÃES e de VILMA APARECIDA \

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PODER JUDICIÁRJO 2

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

GUIMARÃES, determinou a redistribuição da ação a uma das Varas Cíveis

do Foro Central de Campinas/SP.

Insurge-se a autora. Alega, em suma, que: (a) no contrato, houve a

eleição do Foro Regional da Vila Mimosa para dirimir quaisquer questões; (b)

existe conexão com ação de cobrança (processo n° 12.531/07), com idênticos

objetos e causas de pedir, em trâmite no mesmo MM. Juízo. Ademais, torna-

se prevento o juiz que despachou em primeiro lugar (CPC, art. 106), e não se

pode declarar a incompetência relativa de ofício (Súmula n° 33 do E. Superior

Tribuna! de Justiça). Pugna, pois, pelo provimento do recurso para a

manutenção dos autos na 2a Vara Cível do Foro Regional da Vila Mimosa de

Campinas/SP.

Processado o recurso com efeito suspensivo.

E o relatório do necessário.

2. Conheço do recurso na medida em que presentes os requisitos de

admissibilidade. No mérito não procede.

Consta dos autos que a exequente ASB ADMINISTRAÇÃO E

INCORPORAÇÃO LTDA. (locadora) celebrou com a coexecutada

GUIFMAN COMÉRCIO DE ROUPAS E MODAS LTDA. (locatária) acordo

extrajudicial de confissão e assunção de dívida decorrentes do contrato de

locação do Campinas Shopping Center (fls. 115/117) que é o objeto da

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Voto n" 15.957

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

presente ação de execução.

Em primeiro lugar, cabe esclarecer que não existe conexão entre o

presente feito e a ação de cobrança (processo n° 12.531/07) que tramita no

mesmo juízo. As partes coincidem apenas parcialmente, e é bem de ver que

aquela ação tem lastro apenas em contrato de locação e ainda busca a certeza

(ação de conhecimento); por sua vez, esta se baseia em título executivo

extrajudicial, qualidade já conferida por lei (termo de confissão de dívida

assinado por duas testemunhas - CPC, art. 585, inc. II — fls. 115/118), e busca

a satisfarão do crédito

O "Acordo Extrajudicial Termo de Confissão, Composição, Assunção de

Dívida do Contrato de Locação do Campinas Shopping Center" em apreço

elegeu o foro Distrital de Vila Mimosa da Comarca de Campinas como

competente para dirigir qualquer pendência dele resultante (fl. 117), e nele foi

proposta a presente ação de execução.

As leis de organização judiciária, valendo-se de critérios combinados de

valor, matéria e território, estabeleceram os foros regionais, disciplinando

competência de juízos.

MOACYR AMARAL SANTOS anotou:

"Na comarca de São Paulo, exercem jurisdição numerosíssimos Juizes, cujas atribuições são disciplinadas pelas leis de organização judiciária, mas todos tendo jurisdição sobre o mesmo território, salvo os juizes dos Foros

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Voto n° 15.957

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Regionais, que a têm apenas nos limites das respectivas circunscrições regionais" (cf. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil, ed. Saraiva, 19a

edição, p. 225/226).

VICENTE GRECO FILHO preleciona:

"Em São Paulo, no Município da Capital e em outros, além das varas especializadas e varas cíveis comuns centrais, a lei de organização judiciária estabeleceu o sistema de varas distritais e Fóruns Regionais combinando critérios de valor, matéria e território. Não se trata de divisão de foro. porquanto todas elas estão na comarca da Capital, mas uma divisão de juízos, por critérios combinados, o que leva à conclusão de que a competência das varas distritais é absoluta e não territorial, ainda que o critério prevalente seja o da territorialidade" (Direito Processual Civil Brasileiro, Io volume, ed. Saraiva, p. 206/207).

Ora, Foro ou Comarca não se confunde com Juízo. O foro corresponde à

circunscrição territorial onde os Juizes exercem suas atividades jurisdicionais.

Por motivos de organização judiciária, procedeu o legislador à divisão interna

das comarcas em varas, de modo que na Comarca de Campinas estas estão

distribuídas ou no Foro Central, ou nos Foros Regionais, de modo que os

juízos são desmembramentos de uma mesma comarca, competentes para o

julgamento de determinados feitos, segundo critérios determinados pela Lei

Estadual local.

JOSÉ MANOEL DE ARRUDA ALVIM NETTO, ensinou:

"A competência dos foros regionais, no que diz respeito à matéria (curialmente) e ao valor (igualmente) é absoluta, no sentido de não admitir a preferência pelo foro central, em detrimento de um dado foro regional. Invoque-se, desde logo, o fundamento da própria lei de organização judiciária.

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Voton" 15.957

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que veda a competência cumulativa entre o foro central e os distritais (leia-se, hoje, regionais - art. 53, II, da Res. 2/76, e art. 4", da Lei n° 3.947/83). Trata-se, pois, de competência de juízos. Diga-se, ademais, que já entre os juízos de um mesmo foro regional, admite-se a competência cumulativa, circunscrita ao território respectivo (v. Res. 2/76, art. 53, III).

"A existência das varas e foros distritais, e, hoje, dos foros regionais, sempre foi e é, claramente, decorrente de razões de ordem pública, no sentido de: a) distribuir melhor a Justiça em si mesma, numa cidade de dimensões gigantescas, e, sem que essa estrutura fosse passível de fácil alteração; b) a finalidade desta distribuição, além de dizer com a própria organização do Poder Judiciário, em si mesmo, colima proporcionar um acesso mais cômodo à Justiça, com vantagens para todos os jurisdicionados.

"Ademais, é necessário sempre ter presente que, se admitisse a preferência pelo foro central, em detrimento dos foros regionais, é provável oue muitos narticiü?res e principalmente nessoas ".indicas, tendo em vista a sua estrita comodidade, ajustassem em contrato a "eleição do foro central" e o poderiam fazer, por exemplo, ademais de tudo, em detrimento constante do interesse do outro contratante. (Manual de Direito Processual Civil, Ed. RT., vol. I, 5a. edição, pgs. 273/274)."

Assim, a divisão da competência em Campinas entre os foro central e os

regionais, estabelecida na Lei de Organização Judiciária, é absoluta e não

relativa, porque assentada no critério funcional. Logo, pode ser declarada de

ofício.

3. Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso

É o meu voto.

ANTÔNIO BENEDÍTO RIBEIRO PINTO Desembargador Relator

Agravo de Instrumento n" 992.09.081743-4 Comarca de Campinas - Foro Regional da Vila Mimosa - 2a Vara Cível

Voto n° 15.957