como escrever um memorial descritivo artístico

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Page 1: Como escrever um memorial descritivo artístico

Como escrever um memorial descritivo artístico?

by Artquest 

IntroduçãoO memorial descritivo artístico é uma pequena redação sobre seu trabalho, prática artística e outras preocupações intelectuais mais amplas. Deve atuar como uma introdução para a prática artística como um todo, destacando em linhas gerais, os conceitos, motivações e processos de seu trabalho. Numa declaração mais longa, já pode-se detalhar sobre obras específicas.

Ignat Bednarik

O memorial descritivo deve dar ao leitor uma melhor compreensão de onde sua prática e seus interesses vêm, suas influências pessoais ou de seu trabalho e apoiá-los na interpretação sobre o que você faz. Você vai precisar de um memorial descritivo artístico para a maioria das inscrições para oportunidades, para assessoria de imprensa, sites e ao abordar galerias e curadores. Escrever um memorial descritivo artístico também ajudará a focar e ordenar suas idéias sobre sua prática artística.

Conteúdo Declarações artísticas variam e se diversificam de acordo com as práticas a que elas se destinam, sendo assim, as sugestões a seguir servem muito mais como orientações e observações, ao invés de regras rígidas e estritas.

Coisas para se pensar que podem ajudar você a escrever seu próprio memorial, algumas perguntas que você talvez possa considerar:

• Com que suportes você trabalha? O que lhe interessa sobre este tipo de trabalhos?

Page 2: Como escrever um memorial descritivo artístico

• Por que você trabalha nesse suporte? Existe uma relação entre o suporte e as idéias

com as quais você trabalha?

• Que processos estão envolvidos no trabalho e como eles são relevantes para com as

idéias que você está lidando?

• Quais temas, idéias e preocupações que você considera exclusivamente em seu

trabalho?

• Existem quaisquer influências externas ou idéias, talvez fora do universo das artes, que

têm influência sobre seu trabalho?

• O que liga as peças individuais do seu trabalho em uma prática artística?

• Existem teorias, artistas ou escolas de pensamento em particular que sejam relevantes

para seu trabalho?

• Há uma "intenção" por trás do trabalho, o que você quer que o trabalho alcance?

Coisas que você não deve incluir num memorial descritivo são:

• Informações sobre a sua carreira como um artista • Histórico de exposições • Histórico de trabalho

Se requerido, estes temas devem ser incluídos em um texto biográfico em separado da sua memorial descritivo artístico. Ao escrever, inclua citações de críticas e revisões, e qualquer referência na imprensa.

Escreve-los na terceira pessoa (o trabalho de Jane é...) ao invés da primeira pessoa (meu trabalho é...) torna-os mais fáceis de serem usados em release, e podem ser usados literalmente, se necessário, por jornalistas.

Caravaggio

Estilo Além de oferecer informações adequadas, a apresentação também é importante. As seguintes qualidades fazem um bom memorial descritivo artístico:

• Seja claro: use o português mais básico possível, a menos que você esteja lidando com

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conceitos específicos, e explique-os rapidamente. Não utilize linguagem complexa ou específica sem necessidade.

• Precisão: não disfarce o seu trabalho transformando-o em algo que não é. Uma declaração exata sobre um bom trabalho que lida com uma idéia relativamente simples, é muito melhor do que tentar fazer algo parecer inteligente cobrindo-o com hipérboles.

• Diga o que você vê: pode ser útil para se referir a qualquer qualidade física do seu trabalho em referência aos conceitos. Explique as decisões que você tomou sobre como o trabalho tomou forma e por que você o fez.

• Atenha-se ao assunto, que é a sua prática artística. O objetivo da memorial descritivo artístico é falar de uma maneira focada sobre sua prática, e não questões filosóficas ou conceitos mais amplos.

• Objetividade: o uso de superlativos e grandes afirmações ao descrever seu trabalho não vão lhe fazer nenhum favor. Tente ser objetivo ou pelo menos usar uma linguagem objetiva, ao descrever seu próprio trabalho.

Comprimento Uma pergunta comum é: "Quão longo deve ser um memorial descritivo artístico? Isso depende muito do objetivo da declaração. É uma boa idéia ter um memorial descritivo básico que você pode adaptar, aumentar ou diminuir à medida que precisa dela para coisas diferentes, fornecendo um ponto de partida rápida para inscrições e afins. Isso pode ser um parágrafo direto de cerca de 100-200 palavras, que poderá ser adaptado e estendido dependendo do caso.

fonte:

http://www.artquest.org.uk/

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Neste Brasil em que nasci houve, até o início deste ano, um dos maiores arquitetos da história, o Oscar Niemeyer. Tive a sorte de conhecê-lo pessoalmente, melhor dizendo de tê-lo entrevistado uma vez, pois o interesse dele por nós era mínimo e isso é bastante lógico.

Mas o interessantíssimo dele é que seu método de projeto tinha coisas notáveis. Ele fazia um croquis da ideia e criava uma justificativa do projeto ser daquele jeito. E aí o interessante... caso não conseguisse justificar ele rasgava o projeto e fazia outro!

De modo geral, a mesma coisa vale para a fotografia. Mas tanto no mundo da arquitetura quanto da fotografia os envolvidos no assunto não se educam como ele se educava. No mundo da fotografia o fotógrafo quer tão somente falar e aquilo servir para sua obra. O Oscar não se servia, ele escrevia para toda obra um memorial pois esse memorial servia para explicar a si mesmo o que fizera, para entender melhor sua obra.

Então, quando na fotografia o fotógrafo que só fazer um texto, isso não vale muita coisa. O texto vale quando ele é o reconhecimento de um processo, de um objetivo, de um arranjo simbólico na fotografia, etc. Fora disso é embromação, é texto chato que nada diz e o fotógrafo só finge que sua obra é inteligível e explanável, quando, na maioria das vezes, é só banal.

O memorial de uma obra deve ser verdadeiro, não inventado. Deve de fato explicar as opções. Deve conter uma compreensão pelo próprio fotógrafo do que fez, do que faz, do que as escolhas acarretam. Um memorial não é embromação.

Obviamente estou falando para quem quer um caminho para si mesmo, para aperfeiçoar-se, para elevar-se, para conhecer a si mesmo. Quem só quer fazer o banal nem precisa ler isso.