como avaliar um acervo de obras raras

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  • 8/3/2019 Como Avaliar Um Acervo de Obras Raras

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    Rev. Online Bibl. Prof. Joel Martins, Campinas, v.2, n.3, p.1-18 , jun. 2001 1

    CRITRIOS PARA A DEFINIO DE OBRAS RARAS

    Rizio Bruno Sant'Ana

    RESUMO: Discute-se a adoo de critrios de raridade em bibliotecas. Para tanto, so analisados oscritrios, muitas vezes antagnicos, adotados por colecionadores e por diversas instituies pblicas.Em seguida, so estudadas as normas presentes nos principais cdigos de catalogao de obras raras,incluindo textos recentemente disponibilizados na Internet. Finalmente, so estudados maisdetalhadamente vrios textos, encontrados nos catlogos de obras raras das bibliotecas brasileiras, bemcomo os critrios adotados na Biblioteca Mrio de Andrade, da Prefeitura Municipal de So Paulo.

    PALAVRAS-CHAVE: Obras raras; Critrios; Bibliotecas pblicas; Colecionadores de livros.

    ABSTRACT: The author analyzes the adoption of criteria for the definition of rare books in libraries,studying the criteria adopted by book collectors and many public institutions. After that, we studiedthe main cataloging codes for rare books, including texts recently in the Internet. Finally, some texts,found in catalogues of rare books of the Brazilian libraries are studied more at great length, as well asthe criteria adopted in the Mrio de Andrade Public Library of So Paulo.)

    KEY-WORDS: Rare books; Criteria; Public libraries; Book collectors.

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    O conceito de obra rara est mais ligado aolivro, mas pode incluir tambm os peridicos,mapas, folhas volantes, cartes-postais eoutros materiais impressos. Fotografias,manuscritos, gravuras e desenhos so obrasnicas e originais, e portanto no recebem

    esta denominao de obra rara; devemreceber, no entanto, o mesmo cuidadodispensado s obras raras em relao preservao e conservao. Neste texto, aspalavras livro e obra so algumas vezesempregadas indistintamente, no sentido decaracterizar qualquer material impresso. Dequalquer forma, as obras raras devem serconsideradas como um aspecto especfico deum conjunto maior, que seriam as coleesespeciais, dentro das bibliotecas.

    De acordo com o senso comum e a maioriados dicionrios, o livro raro aquele difcil deencontrar, invulgar, diferente do livro comum.A palavra raro significa tambm algo valiosoou precioso; uma obra rara seria portantoqualquer publicao incomum, difcil deachar, e com um valor maior do que os livrosdisponveis no mercado.

    O livro raro seria assim designado por serdetentor de alguma particularidade especial

    (contedo, papel, ilustraes), ou por j

    serem conhecidos poucos exemplares,segundo as autoras do Dicionrio do livro1.Da mesma forma, para Martnez de Sousa, um libro que por la materia de que trata, elcorto nmero de ejemplares impressos o

    conservados, su antigedad u otra

    caracterstica o circunstancia se convierte en

    una excepcin.2

    O uso de critrios de raridade, para criar umadistino entre as obras valiosas e as demais,tanto por parte de bibliotecas como entrecolecionadores, prende-se ao fato de que asobras raras merecem um tratamento

    1 FARIA, Maria Isabel; PERICO, Maria da Graa.

    Dicionrio do livro: terminologia relativa aosuporte, ao texto, edio e encadernao, aotratamento tcnico, etc. Lisboa: Guimares, 1988.

    p.209.2 MARTNEZ DE SOUSA, Jos. Diccionario debibliologa y ciencias afines. Madrid: FundacinGermn Snchez Ruiprez; Piramide, 1989. p.468.

    diferenciado, devido dificuldade naobteno dos exemplares e a seu alto valorhistrico e monetrio. Parte-se do princpio deque a obra rara mais difcil de ser reposta,caso desaparea; do mesmo modo, uma obravaliosa sempre mais visada, merecendo um

    cuidado maior quanto segurana do acervoonde est depositada.

    Em termos bibliogrficos, podem serconsiderados valiosos os aspectos ligados aolivro enquanto objeto fsico ou enquanto meiode transmitir informaes e novas vises demundo (tanto literrias como cientficas).Desta forma, o livro seria um representantefactual da histria do conhecimento, ou seja,um documento verdadeiro do

    desenvolvimento cultural e social dahumanidade.

    Existe, todavia, uma quase total divergnciaentre os pontos de vista dos colecionadores edos responsveis por bibliotecas pblicasespecializadas na guarda de livros raros,quanto definio do que seja uma raridadebibliogrfica. Embora ambos reconheam ovalor histrico de uma obra antiga ou de umclssico da literatura, em geral oscolecionadores no se prendem antigidadede uma obra para sua caracterizao comorara, utilizando este termo mais comosinnimo de algo valioso. As bibliotecas, porsua vez, referem-se data como um dosprincipais critrios de raridade, reconhecendona obra a sua possibilidade de uso e no osimples valor monetrio.

    EXEMPLARES NICOS

    Para os colecionadores, so por vezespequenos fatores acidentais que na verdadecriam os livros raros, fazendo com que obrasque poderiam ser consideradas comunsvenham a ser muito procuradas, peladificuldade de localizao dos exemplares. Hinmeros exemplos, inclusive do sculo XX:o primeiro volume da terceira edio daHistria geral do Brasil, de Varnhagen,impresso em 1907, teve sua tiragem quase

    inteiramente destruda em um incndio naeditora Laemmert, no Rio de Janeiro; ospoucos exemplares sobreviventes so to ou

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    mais raros quanto os da primeira edio, de1854. Da mesma forma, por um simples errotipogrfico (a troca de uma letra no texto deapresentao), a segunda edio das Poesiascompletas de Machado de Assis, publicadaem Paris pela Garnier, em 1902, muito mais

    valiosa e procurada que a maioria de suasoutras obras.

    A importncia maior de uma obra recai, paraestes colecionadores, no objeto livro, quedeve ser nico ou existir em pequeno nmeroe precisa estar em perfeitas condies deconservao. Isto significa manter, mesmoquando encadernado, a capa da brochuraoriginal, com o texto ntegro, sem falhas, ecom as pginas limpas, sem manchas e furos

    devido ao de insetos ou do tempo. Quantomais perfeito estiver o exemplar, mais valoralcanar no mercado livreiro. Marcas depropriedade (ex-libris, carimbos, anotaes eautgrafos do autor e/ou do possuidor daobra) ou outras indicaes que individualizemo exemplar, quando realizadas por pessoas derenome, podem at aumentar o valor de umaobra, mesmo se a cpia estiver em mau estadode conservao.

    Neste caso, deveramos inclusive dizer que setratam de exemplares raros e no obrasraras, j que o conceito raro no se aplica atoda a edio (ou ao contedo textual daobra), mas sim apenas a uma determinadacpia individual. Conforme Flix Pacheco,as differenas de custo originam-se quasisempre do estado de conservao do volume,

    das peculiaridades da encadernao, ou de

    certos attributos de procedencia, que s vezes

    concorrem muito para valorizar oexemplar.3

    Rubens Borba de Moraes complementa: Nemtodos os exemplares de uma obra rara valem o

    mesmo preo. O valor de um livro antigo

    depende do estado em que se encontra, da

    encadernao que o veste ou de alguma

    particularidade que o exemplar apresenta. [...] se

    3 PACHECO, Felix. O valor immenso da bibliotheca

    brasiliense do Dr. J. Carlos Rodrigues: CollecoCristiano Ottoni, da Bibliotheca Nacional; posto emrelevo pelos ultimos catalogos de venda na Europa.Rio de Janeiro: Jornal do Comrcio, 1930. p.5.

    o exemplar est, como comum no Brasil,

    verdadeiramente rendado de furos, ento no

    digno de um biblifilo, nada vale para um

    colecionador.4

    Na verdade, o interesse e a procura pelos

    exemplares existentes que estabelecem opreo de venda e fazem com que os livrosvenham a ser considerados valiosos e,conseqentemente, raros. Segundo aindaRubens Borba,

    Um livro no valioso porque antigo e, provavelmente, raro.

    Existem milhes de livros antigos

    que nada valem porque no

    interessam a ningum. Toda

    biblioteca pblica est cheia de

    livros antigos, que, se fossem postos

    venda, no valeriam mais que o seu

    peso como papel velho. O valor de

    um livro nada tem que ver com a sua

    idade. A procura que torna um

    livro valioso.5

    discutvel a afirmao de que as bibliotecaspblicas esto cheias de livros antigos e seminteresse, j que neste caso o valor no podeser apenas monetrio, e um pesquisador queprocura uma obra especfica sabe muito bemquanto vale o esforo de encontr-la em umabiblioteca, sua disposio. O prprioRubens Borba, alis, reconhece a importnciade um exemplaire de travail, dizendo: Far a

    felicidade de um erudito, em vez de se tornar o

    desespero de um biblifilo. De qualquer forma,fica claro que para os colecionadores o valorda obra est ligado ao interesse que desperta,como alis acontece tambm com o mercadode artes. Neste sentido, Leny Cordeiro afirma:

    Na opinio autorizada dosbiblifilos, os elementos que fazem

    com que livros possam se tornar

    raros so o assunto da obra, a

    tiragem dela e a procura dos

    4 MORAES, Rubens Borba de. O biblifilo aprendiz:

    prosa de um velho colecionador para ser lida porquem gosta de livros, mas pode tambm servir depequeno guia aos que desejam formar uma coleo

    de obras raras antigas ou modernas. 3.ed. Braslia:Briquet de Lemos; Rio de Janeiro: Casa da Palavra,1998. p.83 e 89.

    5 MORAES, op. cit., p.65.

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    leitores. Livros antigos no so

    necessariamente raros. Obras sobre

    teologia publicadas no sculo XVI,

    por exemplo, so pouco procuradas,

    e por isso baratas.6

    No prefcio Bibliografia brasileira doperodo colonial, Rubens Borba comenta, aodescrever a raridade das obras citadas:

    Na sua grande maioria os livrosdescritos neste trabalho so raros,

    muitos, rarssimos, alguns,

    praticamente inachveis. No

    julguei pois necessrio repetir

    constantemente sses adjetivos que

    aguam tanto a gula dos

    colecionadores. Fica entendido que a

    maioria das obras aqui mencionadas rara, isto , no se encontra com

    freqencia no mercado de livros

    antigos.7

    Concordando com este conceito, Ana Mariade Almeida Camargo diz que a obra raranada mais do que aquilo que o sentido do

    atributo indica, isto , a obra difcil de

    encontrar.8 Logo depois, a autora comenta: Ao contrrio do que muitos pensam, avelhice no faz, por si s, a raridade de umlivro. Pginas rotas, amareladas, e

    encadernaes em pedaos tm o efeito de

    diminuir o possvel valor de um livro antigo.Ou seja, a raridade est diretamente ligada aovalor do livro no mercado. Discutindo aquesto da primeira edio, Camargo escreve:

    As primeiras edies so, freqentemente, mais raras que as

    subseqentes. A afirmao vlida

    tanto para os livros antigos como para os contemporneos, o que nos

    6 CORDEIRO, Leny. O livro como raridade. Arte

    Hoje, Rio de Janeiro, v.1, n.7, p.8-12, jan. 1978.7 MORAES, Rubens Borba de. Bibliografia brasileira

    do perodo colonial: catlogo comentado das obrasdos autores nascidos no Brasil e publicadas antes de1808. So Paulo: IEB, 1969. p.xvii.

    8 CAMARGO, Ana Maria de Almeida. Obra rara:critrios para definio. So Paulo, 1992. p.1.

    (Trabalho apresentado na Mesa Redonda Obra rara:critrios para definio, poltica de preservao e

    mercado, realizada na Biblioteca Mrio de Andradeem 8 de outubro de 1992. Mimeo.)

    leva a questionar o critrio

    puramente cronolgico para

    demarcao de um acervo de obras

    raras nas bibliotecas pblicas, como

    costume.

    Como vemos, existiria por parte dasbibliotecas pblicas, de acordo com a autora,a utilizao de um critrio puramentecronolgico na indicao das raridades deseus acervos. Este conceito ser analisadoposteriormente, ao se discutir o ponto de vistadas bibliotecas. O prprio Rubens Borbaconfirma a valorizao de alguns livrosantigos como raros, quando no prefcio segunda edio de sua Bibliographiabrasiliana (reunio de livros raros sobre o

    Brasil publicados desde 1504 at 1900) eleexplica:

    Nesta edio revista, h mais nfasenas entradas de livros dos sculos

    XVI, XVII e XVIII do que de livros

    publicados no sculo XIX, quando a

    produo cresceu. Como os livros se

    tornaram mais facilmente acessveis,

    publicaes deste ltimo perodo

    ficam fora do escopo de uma

    bibliografia sobre livros raros.9

    Ou seja, deste ponto de vista, os livros antigosso raros porque so menos acessveis, eportanto mais difceis de serem localizados. Avalorizao das primeiras descries doBrasil, mais do que confirmar a raridade deuma obra antiga, est ligada prpria arte decolecionar, tanto que o ndice destaBibliographia brasiliana apresenta a palavraFirst como um dos assuntos, indicando paracolecionadores e pesquisadores os livros queprimeiro trazem uma determinada ilustraoou informao relacionada ao Brasil.

    De qualquer forma, deve-se estar sempreatento s possveis mudanas de avaliao,com o passar do tempo, no caso de livrosraros. Segundo nos informa mais uma vez

    9 MORAES, Rubens Borba de. Bibliographia

    brasiliana: rare books about Brazil published from

    1504 to 1900 and works by brazilian authors of thecolonial period. Rev. and enl. ed. Los Angeles:University of California; Rio de Janeiro: Liv.Kosmos, 1983. v.1, p.[xxiii].

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    Rubens Borba, nesta mesma obra, O queInocncio considera livro comum e sem valor

    literrio hoje procurado e raro, os autores,

    que no incluiu no seu Dicionrio por julg-

    los sem intersse, so hoje objeto de leitura e

    estudo.10

    OS LIVROS ANTIGOS

    Os responsveis por bibliotecas e outrasinstituies pblicas que guardam livrosconsiderados raros no utilizam, em geral, ovalor de mercado ou a dificuldade delocalizao de um dado exemplar como oprincipal argumento para a determinao doque seja uma obra rara, mas sim a importnciahistrica do livro e do seu contedo.

    Um dos motivos para que isto acontea afalta de uma poltica consistente de aquisiode obras raras pelas bibliotecas brasileiras.Embora algumas instituies (em geral,bibliotecas universitrias) tenham adquiridonos ltimos anos grandes colees de livrosde biblifilos j falecidos (na sua maioriaantigos pesquisadores ou professores), acompra de exemplares especficos em leilesou livrarias especializadas feita quase queexclusivamente por colecionadores.

    Estas bibliotecas adquirem as colees peloseu valor de conjunto, ou seja, mais pelapossibilidade de criar novas reas de pesquisado que pela importncia de alguma obra emparticular. Deste modo, a compra de obrasraras fica quase sempre condicionada suapresena ou no dentro das colees.Infelizmente, nem mesmo estas aquisies

    garantem a posterior utilizao do acervo,como aconteceu com a biblioteca quepertenceu a Jos Honrio Rodrigues.11

    Ao mesmo tempo, as bibliotecas, como locaisde pesquisa, naturalmente tendem sempre avalorizar o aspecto histrico da obra aoavaliar a sua importncia. Se um livro antigofor considerado raro, por exemplo, e estiver

    10 MORAES, Bib. bras. perodo colonial, p.viii.11 GRAIEB, Carlos. Acervos raros so alvo de descasoe desrespeito. O Estado de S. Paulo, So Paulo, 25maio 1996. p. D-3.

    em ms condies de conservao, dever serpreservado e eventualmente restaurado, o queinclui muitas vezes o trabalho demicrofilmagem ou duplicao fac-similar,para evitar a constante manipulao dooriginal.

    Neste sentido, a desvalorizao do original,em termos mercadolgicos, devido ao seumau estado de conservao ou suaduplicao, no retira de uma obra a condiode raridade bibliogrfica. Para estasinstituies, a definio do que uma obrarara passa necessariamente pela anlisehistrica dos aspectos ligados ao modo comoos livros foram produzidos, independente daquantidade de exemplares existentes ou de

    seu valor de mercado. Conforme Martnez deSousa, sin embargo, la rareza no es,biblioflicamente, un criterio absoluto de

    valor: algunos libros comunes pueden

    alcanzar cotas altas, mientras que otros

    relativamente escasos pueden venderse a

    precios no elevados.12

    Durante quase 350 anos, no perodo que vaide Gutenberg at o final do sculo XVIII,todos os livros foram produzidos praticamentedo mesmo modo. A quantidade de livrosproduzidos sempre foi muito grande, e apenasnos primeiros cinqenta anos de impresso,at 1500, houve uma produo estimada emdez milhes de incunbulos, em toda aEuropa. Mesmo podendo existir vriosexemplares de cada ttulo (calcula-se queforam impressos mais de 29 mil ttulos, comuma tiragem mdia de 300 exemplares poredio), bibliotecas e outras instituies

    pblicas consideram todos os incunbuloscomo livros raros, no importando seu valorde mercado. A concepo que prevalece nestecaso a da raridade enquanto valor histrico.

    Deste ponto de vista, um livro antigo carregaem si mesmo as marcas da sua forma deproduo artesanal, servindo como umdocumento representativo dos processosutilizados na poca para a transmisso deinformaes. Assim, a prpria estrutura do

    livro (sua forma de encadernao, tipo de12 MARTNEZ DE SOUSA, op. cit., p.468.

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    papel usado, ilustraes, etc.) uma rica fontede informaes sobre o modo de se pensar acultura de um determinado perodo dahistria, levando concluso de que todas asobras publicadas de forma artesanal devemser preservadas como raras.

    Devido forma manual da impresso delivros, podiam existir diferenas entre osexemplares de uma edio, pois erros detipografia detectados durante o trabalho deimpresso eram corrigidos apenas nasprximas cpias. Da mesma forma, uma dadatiragem podia apresentar dois ou maisexemplares distintos, os chamados estadosda tiragem. O papel usado nesta pocatambm era produzido manualmente, em

    folhas individuais, usando principalmentetrapos de linho e algodo.

    Com as novas invenes que revolucionarama tipografia, no incio do sculo XIX, como amquina de fabricar papis de Nicolas Robert,aperfeioada por Fourdrinier em 1803, asrotativas de impresso off-set e a linotipo, ecom o uso da fora motriz a vapor, autilizao da polpa da madeira na fabricaodo papel e as novas reproduesfotomecnicas de ilustraes, as editoraspassaram a automatizar a produo do livro.A uniformizao na publicao de livros nos aumentou incrivelmente a quantidade deexemplares disponveis por edio, como fezcom que todas as cpias de uma mesmaedio passassem a ser idnticas entre si.Deste momento em diante, como j vimos, asnicas diferenas possveis sero devidas scaractersticas individualizantes de algum

    exemplar em particular.Como reao a esta forma de produo, desdeo final do sculo XIX pequenas editoraspassaram a publicar obras utilizando papisartesanais, ilustraes artsticas ou novostipos de letras. Destacam-se, neste contexto,as produes de William Morris, designer,arquiteto e poeta ingls que criou a Arts andCrafts Society visando a revalorizao dotrabalho artesanal em vrias reas, como um

    desdobramento de seu ideal socialista. Morriscriava novos tipos fundidos manualmentepara imprimir os textos, usando sempre papis

    artesanais em suas publicaes, feitas atravsda editora Kelmscott, fundada por ele em1891 e que deu incio s modernas private

    press existentes atualmente em diversospases.13

    J no sculo XX, ficaram famosos os livros dearte produzidos por Picasso, Matisse e Mir,entre outros, trazendo gravuras originaisassinadas pelos autores. Existem, alis, vriosexemplos de livros recentes, produzidos paraserem considerados raros (e que so tambmchamados de livros de luxo ou artsticos),com uma tiragem bem reduzida, usandogravuras exclusivas e informando que asmatrizes sero inutilizadas aps a impresso.

    AS NORMAS DE CATALOGAO

    Baseadas nesta distino entre livrosartesanais e industrializados, as normas decatalogao utilizadas por bibliotecas definemcomo raros todos os livros publicados at1801, independente do nmero de exemplaresexistentes. Obras mais recentes,principalmente quando publicadas de formaartesanal, tambm podem merecer umacatalogao especial, de acordo com a polticada instituio.

    Entre os manuais de catalogao, distinguem-se a segunda edio das Anglo-AmericanCataloging Rules (conhecidas comoAACR2), o International Standard BookDescription, principalmente a parte relativa amaterial antigo, o ISBD(A), e maisrecentemente o Descriptive Cataloging ofRare Books, tambm chamado de DCRB.

    O DCRB, publicado em 1991, a segundaedio revista do Bibliographic descriptionof rare books, editado pela Library ofCongress em 1981 para servir de norma decatalogao de suas obras raras, emcomplementao ao AACR2. Logo no inciodeste texto, quando so determinados oescopo e os propsitos do trabalho, dito que

    Estas regras (...) indicam instrues

    para a catalogao de livros13 FEATHER, John. A dictionary of book history.

    London: Routledge, 1986. p.152.

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    impressos, folhetos e publicaes de

    uma folha, cuja raridade, valor ou

    interesse torna uma descrio

    especial necessria ou desejvel.

    Elas so especialmente apropriadas

    para aquelas publicaes produzidas

    antes da introduo da impresso

    por mquinas no sculo XIX.Todavia, elas podem ser usadas na

    descrio de qualquer livro,

    particularmente aqueles produzidos

    manualmente ou por mtodos que

    do continuidade tradio do livro

    feito mo. (...) Esta regras podem

    tanto ser aplicadas de forma

    categrica aos livros, baseado na

    data ou lugar de publicao (por

    exemplo, todos os livros ingleses ou

    norte-americanos impressos antes de

    1801), como ser aplicadas

    seletivamente, de acordo com a

    poltica administrativa da

    instituio.14

    A nota 2, nesta mesma pgina, confirma: A Library of Congress aplica esta regra de

    forma consistente aos livros publicados antes

    de 1801, enquanto geralmente aplica o

    AACR2 s publicaes posteriores.

    A obra que acompanha o DCRB tem o ttulode Examples to accompany DescriptiveCataloging of Rare Books e foi publicadapelo Bibliographic Standards Committee ofthe Rare Books and Manuscripts Section daACRL/ALA em Chicago, em 1993. Entre osexemplos apresentados, esto algumas obrasdos sculos XIX e XX, como demonstraode obras recentes tratadas como raras (livrosde tiragem limitada ou com marcas de

    propriedade).Estes dois manuais de catalogao, alis,esto a merecer uma traduo brasileira,realizada preferencialmente por um grupo detrabalho reunindo bibliotecriosespecializados no manejo de obras raras, nosmoldes daquele grupo responsvel pelatraduo e adaptao do AACR2 para uso denossas bibliotecas.

    14 WASHINGTON. Library of Congress. Descriptivecataloging of rare books. 2.ed. Washington, 1991.p.1.

    Outro texto bastante importante sobre estaquesto o Guidelines on the selection ofgeneral collection materials for transfer tospecial collections, publicado pela Seo deObras Raras e Manuscritos da American

    Library Association, em Chicago. Este guiaindica quais as polticas a serem adotadas nosprocedimentos de seleo e transferncia deobras raras de colees gerais para acervosespeciais, listando as principais caractersticasa serem consideradas para a definio deobras raras. Em relao data de publicaodo material bibliogrfico, dito que

    Quanto mais tempo um item tiversobrevivido, mais valioso em termos

    de preservao ele se torna, pois umitem antigo passa a ser um dentre um

    nmero decrescente de testemunhas

    de seu prprio tempo. (...) H uma

    crescente concordncia quanto

    proteo, nas mesmas condies, de

    todos os materiais impressos antes

    de 1801, no importando sua forma

    ou condio.15

    Complementando este quadro, ser lanado

    em breve nos EUA o Descriptive Catalogingof 19th-Century Books, que dever serutilizado para a catalogao das obras dosculo XIX. Este perodo estava como que emsuspenso entre os dois principais cdigos decatalogao, pois o DCRB destinadoprimariamente para os materiais pr-1801, e oAACR2 para os materiais do sculo XX emdiante. Alm disso, com o incio da chamadaera industrial na tipografia, a partir de 1825,mudaram muito os mtodos de impresso,

    ilustrao, encadernao, etc., e houve umamaior separao entre as funes deimpressor, editor e livreiro, aumentando aimportncia de uma catalogao especficapara este tipo de material.

    Atualmente, encontram-se disponveis naInternet, entre outros, os seguintes guias paraauxiliar na catalogao de obras raras:

    15 ACRL/RBMS Ad Hoc Committee for DevelopingTransfer Guidelines. Guidelines on the selectionof general collection materials for transfer tospecial collections. Chicago: ACRL, 1990. 4 p.

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    ISBD(A):http://www.ifla.org/VII/s13/pubs/isbda.htmDCRB:http://www.tlcdelivers.com/tlc/crs/rare0170.htmDC19:

    http://www.library.yale.edu/~mtheroux/19cAACR2, 1999 amendment:http://www.ala.org/editions/updates/aacr2/aacr299print.htmlGuidelines:http://www.ala.org/acrl/guides/sel-tran.html

    Existem, portanto, padres internacionais dedefinio do que seja uma raridadebibliogrfica que se valem do princpio de quetodos os livros publicados de forma artesanal

    merecem ser considerados raros. Assim, autilizao do limite da data de publicaocomo um critrio de demarcao no feitapor uma questo puramente cronolgica,como havia sido dito anteriormente, mas estbaseada em um fato historicamente dado, qualseja, a mudana na tecnologia dos meios deproduo. Como foram vrios osaperfeioamentos durante o tempo, pormotivos de simplificao esta data foiestabelecida como sendo o ano de 1801.

    Entretanto, os responsveis por bibliotecaspblicas ou outras instituies mantidas peloEstado no devem identificar uma obra comorara levando em conta apenas seu carterhistrico ou cronolgico. Cada instituio quemantm acervo de obras raras precisa criaruma poltica prpria para a definio dascaractersticas particulares que os livrosdevem possuir para que sejam considerados

    raros, como consta inclusive do textoanteriormente citado.

    Para que se possa garantir a correta indicaoda raridade de uma obra, faz-se necessriotanto uma anlise detalhada do livro(incluindo o estudo de sua importnciahistrica e literria, a verificao do nmerode exemplares conhecidos e o registro demarcas que individualizem o exemplar)quanto o conhecimento da poltica especfica

    da biblioteca para a preservao de suasobras.

    Existe, por fim, a possibilidade de se ter doisnveis de raridade: um nvel mais estrito,reservado para aquelas obras que so raras emqualquer parte do mundo (publicadas at certadata, restando um nmero pequeno de cpias,com um valor monetrio alto), e das quais se

    poderia indicar como raro qualquer exemplarexistente, e um segundo nvel mais amplo,para os exemplares de obras com aspectosparticulares, de interesse especfico de umabiblioteca, reunindo por exemplo as obrasautografadas, apresentando ex-libris ou comencadernaes artsticas.

    ANLISE DOS CRITRIOS DERARIDADE EM BIBLIOTECASPBLICAS

    Em 1989, a Biblioteca Nacional publicou umfolheto16 que listava 64 catlogos debibliotecas brasileiras, dos quais vinte e umpublicados durante o sculo XIX e quarenta etrs catlogos de obras raras produzidos nosculo XX. A anlise de alguns destescatlogos mostra que, na sua maioria, osresponsveis pela publicao destas obras dereferncia no indicam quais foram oscritrios de raridade utilizados ou qual apoltica da instituio nesta rea. Em geral,so includas obras brasileiras e estrangeirasdos sculos XIX e XX, sem uma justificativaprecisa dos motivos que levaram a estaincluso.

    Os primeiros catlogos publicados no trazemnenhuma indicao dos critrios de raridadeutilizados, como o caso do Catlogo deobras raras da Biblioteca Municipal Mrio

    de Andrade, de 1969. O catlogo daBiblioteca Pblica do Estado do Rio Grandedo Sul, de 1972, indica algumas das obrasraras ou valiosas que a Biblioteca Pblica do

    Estado possui. Noah Moura, responsvelpela pesquisa e compilao deste catlogo,afirma:

    No pretendemos apresent-lo sem falhas tcnicas ou de julgamento.

    16 RIO DE JANEIRO. Biblioteca Nacional. Catlogosbrasileiros de obras raras: publicados porbibliotecas e instituies brasileiras. Rio de Janeiro,1989. 12f.

    http://www.ifla.org/VII/s13/pubs/isbda.htmhttp://www.tlcdelivers.com/tlc/crs/rare0170.htmhttp://www.tlcdelivers.com/tlc/crs/rare0170.htmhttp://www.library.yale.edu/~mtheroux/19chttp://www.ala.org/editions/updates/aacr2/aacr299print.htmlhttp://www.ala.org/editions/updates/aacr2/aacr299print.htmlhttp://www.ala.org/acrl/guides/raresecu.htmlhttp://www.ala.org/acrl/guides/raresecu.htmlhttp://www.ala.org/acrl/guides/raresecu.htmlhttp://www.ala.org/editions/updates/aacr2/aacr299print.htmlhttp://www.ala.org/editions/updates/aacr2/aacr299print.htmlhttp://www.library.yale.edu/~mtheroux/19chttp://www.tlcdelivers.com/tlc/crs/rare0170.htmhttp://www.tlcdelivers.com/tlc/crs/rare0170.htmhttp://www.ifla.org/VII/s13/pubs/isbda.htm
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    Como sabemos, o conceito de

    raridade, sendo relativo ao tempo e

    ao espao, passvel de

    interpretaes quanto ao equilbrio

    de valores intrnsecos e

    bibliogrficos, deixando, portanto,

    de ser absoluto.

    Igualmente, coletamos as obras quedevem figurar em nosso 'inferno', por

    compreender a utilidade ocasional

    destes livros, como marcos sempre

    vivos da linguagem, do esprito e dos

    hbitos de uma poca.17

    So listadas 46 obras dos sculos XVI aXVIII, 71 obras do sculo XIX e 30 obras dosculo XX ou doInferno (depsitos especiaisde antigas bibliotecas que guardavam, em

    geral, obras erticas ou censuradas), querene, na sua maioria, obras publicadas nestesculo. Mesmo sem apresentar uma definiomais clara do que sejam obras raras, um dosmelhores catlogos brasileiros, muito bemorganizado e apresentando extensa pesquisabibliogrfica.

    Publicado em 1981, o catlogo Obras rarasna Biblioteca do Ministrio da Justia, deresponsabilidade de Neuma PinheiroGonalves e Maria Cristina de Lima,apresenta 1.215 obras do acervo da Bibliotecade Affonso Penna Junior e mais preciso nasindicaes de critrios de seleo:

    - obras de autores brasileiros eestrangeiros editadas at 1860;

    - primeiras edies;

    - segundas edies at 1889;

    - edies de luxo;

    - edies com tiragem aproximada

    de 300 exemplares;- obras autografadas por autores

    renomados;

    - obras de personalidades de

    projeo poltica, cientfica, literria

    e religiosa;

    - teses;

    17 RIO GRANDE DO SUL. Biblioteca Pblica.Catlogo de obras raras ou valiosas daBiblioteca Pblica do Estado. Porto Alegre:Globo, 1972. s.p.

    - obras abonadas de prprio punho

    ou reunidas em coletneas por

    Affonso Penna Junior.18

    A simples meno de primeiras edies outeses no implica claramente na noo de

    obra rara, pois estas podem ser obras recentes,de autores sem renome ou de fcillocalizao, no caso de teses de grandesuniversidades. Por sua vez, muitas das obrass aparecem listadas aqui como sendo rarasporque pertenceram a Affonso Penna Junior,no possuindo nenhuma caractersticaintrnseca de raridade bibliogrfica.

    De um ponto de vista mais estrito, portanto,tais obras poderiam ser chamadas de especiais

    e no raras, mas deve ser levado em conta oaspecto da poltica da instituio, quedeterminou como um dos critrios o fatodestas obras terem pertencido a um biblifilo.

    Por sua vez, o Catlogo de obras raras daBiblioteca Pblica Arthur Vianna, deBelm do Par, indica que o levantamentoabrange publicaes datadas at 1850.Dentre vrias fontes bibliogrficas utilizadaspara indicao de raridade, citada

    especificamente o Trsor des livres rares etprcieux, de Jean Thodore Graesse, quandose informa o seguinte:

    Ressalta-se que, no desenvolvimentodos trabalhos do PLANOR, uma obra

    apenas mencionada no 'Graesse',

    mesmo sem citao de raridade

    considerada rara. O Catlogo arrola

    166 obras raras dos sculos XVII-

    XIX, acompanhadas de citaes de

    raridade e/ou importncia histrica,recuperadas nas fontes consultadas,

    assim como um aparato referencial,

    que fornecer ao pesquisador fontes

    especficas sobre a raridade da

    obra.19

    18 BRASIL. Ministrio da Justia. Obras raras na

    Biblioteca do Ministrio da Justia. Braslia,D.F.: Secr. Documentao e Informtica, 1981. p.5.

    19 PAR. Biblioteca Pblica Arthur Vianna. Catlogode obras raras da Biblioteca Pblica ArthurVianna: sculos XVII-XIX. Belm: Secr. Estadoda Cultura, 1989. p.13.

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    Novamente, aparecem aqui obras que noseriam consideradas raras num sentido maisrigoroso do termo. Obras publicadas empases europeus aps 1801, por exemplo, noso consideradas raridades absolutas,dependendo de uma anlise posterior, que

    levar em conta a sua forma de produo(artesanal ou industrial), tipo de papel eilustrao utilizados e quantidades deexemplares existentes. No entanto, autilizao de diversas fontes, consultadas paraa realizao da pesquisa e citadas aps asreferncias bibliogrficas, denota o usocuidadoso de um subsdio importante nestetipo de trabalho.

    TEXTOS SOBRE CRITRIOS DE

    RARIDADE

    A anlise de obras mais especficas sobrecritrios e definies de raridades mostra queos textos quase sempre tentam reunir livrosraros com outros que poderiam ser chamadosde especiais, e onde a distino de dataalgumas vezes no fica muito clara.

    No texto de Ana Virginia Pinheiro sobre oestabelecimento de critrios de raridadeapontam-se, entre outras, as seguintescaractersticas de obras que podem serconsideradas raras:

    1 limite histrico:1.1 todo o perodo que caracteriza a

    produo artesanal de impressos (...)

    do sculo XV, princpio da histria

    da imprensa, at antes de 1801,

    marco do incio da produo

    industrial de livros.

    1.2 todo o perodo que caracteriza a fase inicial da produo de

    impressos em qualquer lugar por

    exemplo, o sculo XIX, quando foram

    publicados os primeiros

    incunbulos brasileiros, com a

    criao da Imprensa Rgia. (...)

    2 aspectos bibliogrficos dos

    volumes produzidos artesanalmente,

    independente da poca de publicao

    (...).

    3 valor cultural:

    3.1 edies limitadas e esgotadas,especiais e fac-similares,

    personalizadas e numeradas,

    crticas, definitivas e diplomticas

    (...).

    3.4 edies de clssicos, assim

    considerados nas histrias das

    literaturas especficas (...).

    4pesquisa bibliogrfica:

    4.1 nas fontes de informao

    bibliogrficas (...);4.2 nas fontes de informao

    comerciais, que vo avaliar, em

    espcie, cada unidade bibliogrfica

    o preo passa a ser indicador de

    raridade.

    5 caracterstica do exemplar

    referindo-se queles elementos

    acrescentados a unidades

    bibliogrficas em perodo posterior a

    sua publicao:

    5.1 marcas de propriedade (...);

    5.3 dedicatrias de personalidades

    famosas e/ou importantes.20

    Embora os itens 1 e 2 englobem aquilo que em geral considerado raro, nos outros itensaparecem obras que dependero da anlise decada caso, para uma correta indicao deraridade. Por exemplo, quanto ao valorcultural, no qualquer exemplar em fac-smile que pode ou deve ser considerado raro,

    nem mesmo todas as edies crticas oudefinitivas.

    Da mesma forma, a citao de uma obra emuma fonte bibliogrfica importante ou umfamoso catlogo de leilo no garantia deque a obra seja rara. A advertncia final,inclusive, diz que

    cada biblifilo estar livre paraescolher, a despeito das bibliografias

    que apresentam diferentes julgamentos de valor indicativo as

    obras que correspondem ao seu

    esprito, ao seu humor, e, por tudo o

    que foi dito, sua sensibilidade, na

    formao de uma coleo deobras

    raras (grifo no original).

    20 PINHEIRO, Ana Virginia Teixeira da Paz. Que

    livro raro?: uma metodologia para oestabelecimento de critrios de raridadebibliogrfica. Rio de Janeiro: Presena, 1989. p.29-32.

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    Esta uma afirmao por demais abrangentepara poder servir de base para uma poltica deseleo e desenvolvimento de uma coleosignificativa de livros raros, dentro de umabiblioteca pblica, servindo mais para algunscolecionadores que queiram criar um acervo

    de interesse especfico.

    De todo modo, a poltica da instituio queguarda um acervo considerado raro deverditar os limites daquilo que for merecedor deuma proteo maior, e estas obras devero serarmazenadas junto s raras, mesmo queobjetivamente no pertenam a este grupo.Neste sentido, todos os materiaisbibliogrficos especiais merecem os cuidadosde preservao que as obras raras recebem.

    No livro Segurana em acervos raros,preparado pelo Grupo de Estudos em ObrasRaras do Rio de Janeiro, a questo do queseria uma obra rara colocada desta forma:

    Mas, o que uma obra rara? Quecritrios so empregados para se

    qualificar uma obra de rara,

    internacionalmente?

    - Primeiras impresses (sculo XV e

    XVI), onde esto includos osincunbulos (...).

    - Impresses dos sculos XVII e

    XVIII, at 1720 (na Biblioteca

    Nacional. Pode variar de acordo

    com a biblioteca).

    - Edies de tiragens reduzidas, isto

    , poucos exemplares disponveis no

    mercado, no importando a data.

    - Edies especiais (por exemplo, as

    edies de luxo para biblifilos).

    - Edies clandestinas (no oficiais).

    - Obras esgotadas.- Exemplares de colees, com

    encadernaes luxuosas ou belas,

    carimbos e ex-libris (...).

    - Exemplares com anotaes

    manuscritas de importncia,

    incluindo dedicatrias.21

    Quanto aos livros brasileiros, a distino quese faz a seguinte:

    21 GRUPO de Estudos em Obras Raras do Rio deJaneiro. Segurana em acervos raros. Rio deJaneiro: Fundao Biblioteca Nacional, 1994. p.11-12.

    No Brasil, a produo grfica sedesenvolveu, principalmente, a partir

    do Segundo Reinado; por isso, o

    Arquivo Nacional considera raros os

    livros publicados at 1889

    localizados na Seo de Publicaes

    Oficiais e Biblioteca. Para efeito de

    localizao na Seo de Obras

    Raras, a Biblioteca Nacional

    considera raros os livros publicados

    no Brasil at 1850.

    So dadas tambm outras indicaes deraridade:

    Os incunbulos locais primeiroslivros impressos numa determinada

    cidade tambm devem serobservados. Naturalmente, outros

    critrios podem ser estabelecidos, de

    acordo com os interesses prprios da

    instituio, ou do colecionador. De

    qualquer forma, devemos ressaltar o

    valor do apoio bibliogrfico para o

    estabelecimento de critrios, como

    consultas a bibliografias, catlogos

    especiais, conhecimento de histria

    do livro e outras fontes de

    informao e referncia, como o

    usurio, por exemplo.

    Estes critrios esto melhor definidos do queos anteriores, limitando melhor o que deve serconsiderado como uma obra rara. No feitameno questo do livro enquanto artefatomanual, mas a indicao de obras em tiragensreduzidas ou com poucos exemplaresdisponveis no mercado aponta para a formacomo esta questo encarada peloscolecionadores, por exemplo.

    de se notar, todavia, que a fixao da datade 1850 para obras raras, como feita naBiblioteca Nacional, exclui todos osimpressos publicados na Provncia doAmazonas, que s ganhou uma imprensa apartir de 1852, em Manaus, ou na Provnciado Paran, que inicia a edio de obras apenasem 1854, aps sua separao de So Paulo.Nestes casos, de qualquer forma, existe a

    possibilidade de se tratar estas obras comoincunbulos locais.

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    A indicao de consulta a bibliografias ecatlogos especializados muito importante,mas, como se diz no texto, trata-se de umapoio para o estabelecimento dos critrios, eno de uma norma a ser rigidamente seguida. importante tambm ressaltar a lembrana

    dos interesses prprios da instituio nadefinio destes critrios, que todavia deverose ater principalmente aos aspectos histricose de valor cultural da obra para caracteriz-lacomo rara.

    A presena de um ex-libris, por exemplo, sser significativa se a poltica de seleo dainstituio determinar que todas as obras dacoleo que pertenceu a um antigo biblifilodevero ser mantidas reunidas no mesmo

    espao; mesmo assim, prefervel chamaresta coleo de especial e no de rara.

    Um bom exemplo de critrios prprios deidentificao de obras raras e especiaisaparece no texto escrito pelo grupo detrabalho criado na Universidade FederalFluminense para realizar a identificao depossveis obras raras existentes no acervogeral da biblioteca daquela instituio. Estetexto

    visa oferecer elementos quepossibilitem a identificao, reunio,

    tratamento e manuteno desse

    acervo valioso, j existente ou por

    existir, nas colees da UFF,

    destinando-se, principalmente, a

    profissionais que atuem nas suas

    bibliotecas.

    Pretende definir normas e

    procedimentos tcnicos, alm de

    propor recomendaes que poderocontribuir para identificao e

    manuteno das obras raras e/ou

    valiosas do acervo geral da UFF.22

    importante a preocupao com o acervo jexistente ou por existir, que indica a intenode utilizar os critrios como uma norma paraidentificao de futuras aquisies. Estescritrios so acompanhados de pequenas notas

    22 NITERI. Universidade Federal Fluminense.Ncleo de Documentao. Documentos raros e/ouvaliosos: critrios de seleo e conservao.Niteri, 1987. 35p.

    explicativas do motivo de sua incluso.Aparecem as seguintes indicaes (aquitranscritas sem as notas):

    Sero consideradas obras rarase/ou valiosas:

    - at o sculo XVIII- brasileiras do sculo XIX

    - edies princeps

    - 1as edies

    - preliminares

    - texto definitivo

    - crticas

    - especiais

    - apreendidas, suspensas ou

    recolhidas

    - repudiadas pelo autor

    - clandestinas

    - ilustradas por artistas de renomeou pelos prprios autores

    - UFF

    - editoras fluminenses

    - autores fluminenses

    - Rio de Janeiro

    - clssicos em todos os ramos da

    atividade humana

    - obras consagradas, no ensino da

    UFF

    - premiadas

    - tradues/tradutores

    - esgotadas/no reeditadas

    - fac-similares

    feita tambm uma lista de itens paraidentificao de exemplares raros e/ouvaliosos e peas raras e/ou valiosas, queincluem as seguintes categorias:

    - com dedicatrias manuscritas dosautores

    - autografados pelos autores

    - com dedicatrias e/ou autgrafosimportantes

    - com anotaes importantes

    - com marcas de propriedade:

    assinaturas, nomes, iniciais, ex-

    libris, carimbos, brases, etc.

    - que, comprovadamente,

    pertenceram a personalidades

    importantes

    - o de tiragem especial em edies

    comuns

    - os que contenham ilustraes

    especiais feitas por artistas ou

    personalidades importantes

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    - com encadernaes de luxo,

    curiosas ou exticas

    - os que contenham alguma

    particularidade ou caracterstica

    prpria que os distingam dos

    demais

    Estas indicaes so semelhantes s de outrostextos sobre o assunto. No entanto, estotambm contempladas aqui obras publicadaspela prpria UFF, por exemplo, que s nestecontexto especfico poderiam serconsideradas raras. Indicamos, finalmente, otexto sobre critrios que a FundaoBiblioteca Nacional lanou, durante o VEncontro Nacional de Acervo Raro, realizadoem 2000, em Porto Alegre. Em um CD-ROM,

    juntaram-se o Catlogo coletivo dopatrimnio bibliogrfico nacional dos acervosinventariados dos sculos XV-XVI e oscritrios de raridade adotados pela Diviso deObras Raras daquela Biblioteca.

    Todas estas obras servem de parmetro paraque outras instituies estabeleam umapoltica de obras raras, que deve sercombinada com seus prprios critrios. Para odesenvolvimento desta poltica, devero ser

    levados em conta tambm outros textos, talcomo o livro Rare book librarianship, deRoderick Cave, o nico existente sobre amatria, ainda sem traduo para o portugus.

    A EXPERINCIA DA BIBLIOTECAMRIO DE ANDRADE

    Na Biblioteca Mrio de Andrade foi tomada adeciso de se criar trs nveis paraidentificao dos livros: um nvel de obras

    raras, outro de obras especiais e o terceiro deobras comuns. Estas indicaes foram a basepara a separao dos acervos, na Seo deObras Raras e Especiais, em dois espaosdiferentes.

    Para que se discutissem os critrios deraridade que iriam definir nossa poltica, aSecretaria Municipal de Cultura agendou, em1992, reunies entre os funcionrios da Seode Obras Raras e Especiais e a Profa. Dra.

    Ana Maria de Almeida Camargo; dessasreunies participaram assessoras doDepartamento de Bibliotecas Pblicas e

    bibliotecrias do Centro Cultural So Paulo eda Biblioteca Monteiro Lobato, que tambmpossui uma coleo de obras raras.

    Foram discutidos todos os aspectosintrnsecos e extrnsecos que determinam a

    raridade absoluta ou relativa de uma obra,tomando por base tanto as informaesdisponveis sobre o tema, aqui analisadas,como o conhecimento da Prof. Dra. AnaMaria de Almeida Camargo e a prticavivenciada pelos funcionrios da Seo.Foram estabelecidos os seguintes critriospara definio de uma obra como sendo rara oespecial, dentro da coleo da BibliotecaMrio de Andrade, e portanto passvel de sertransferida para esta Seo:

    Nvel III:Livros editados at antes de 1801,qualquer que seja o local depublicao;Livros editados at antes de 1901no Brasil, sobre o Brasil ou porautores brasileiros (da chamadacoleo brasiliana);Livros editados at 1901 fora doBrasil, quando forem de literaturade viagem e primeiras edies deobras importantes ou em ediesluxuosas;Livros editados aps 1901, emprimeira edio, quando forem deeditores renomados e de escritoresmodernistas ou de vanguarda; eLivros artsticos ou de luxo, comtiragens limitadas e ilustraesoriginais.

    Nvel II:Livros publicados fora docomrcio, por rgosgovernamentais ou devido s leisde incentivo fiscal, desde quetenham algum interesse histrico,artstico ou literrio;Livros raros reimpressos de formafac-similar, que serviro de fontede consulta, para preservao dos

    originais;Livros, mesmo recentes, dos quaiss existam poucas cpias

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    conhecidas, por qualquer motivo(destruio dos exemplares pordesastre, acidente, perseguiomoral ou poltica, etc.); eLivros publicados em formatospouco usuais, especialmente

    aqueles com menos de dezcentmetros de altura.

    Nvel I:Livros comuns.

    A prtica vivenciada pelos funcionrios daSeo mostrou tambm que, durante otrabalho de reviso de um acervo antigo,como o caso da Biblioteca Mrio deAndrade, so grandes as possibilidades de

    serem encontrados diversos tipos de obrascatalogadas junto aos livros. Desta forma,selecionamos na Coleo Geral eincorporamos ao nosso acervo dezenas demanuscritos, tanto originais como cpias,escritos mo ou datilografados,encadernados ou em folhas soltas.Encontramos tambm, entre outros materiaisbibliogrficos, lbuns de fotografias originais,nmeros avulsos de peridicos, pastas derecorte de jornais e colees de cartes-postais.

    Conforme diz Ana Maria Camargo, valelembrar que um acervo de obras raras

    comportaria, em princpio, os mais diferentes

    gneros, formatos e suportes de informao. Os

    textos manuscritos no so, necessariamente,

    documentos de arquivo fora de seu domiclio

    legal, vivendo como intrusos em meio aos

    impressos.23 Ao mesmo tempo, fazendo anecessria distino entre bibliotecas e

    arquivos, ela alerta: ao documento dearquivo em que pese seu carter de

    exemplar nico e original no cabe nunca a

    qualidade de rara.

    Deve ficar claro que o estabelecimento decritrios de raridade servem apenas comoorientao geral e no como camisa-de-foraa determinar rigidamente o procedimento aser adotado em cada caso. Lembramosnovamente as palavras de Rubens Borba de

    23 CAMARGO, Obra rara, 1992. p.4.

    Moraes, como um exemplo das dificuldadesde definio da raridade de um exemplar:

    o livro com dedicatria uma coisacuriosa. A gente nunca sabe que

    destino a gente deve dar para livros

    com dedicatria. Se o livro raro,

    evidentemente ele raro em si e no

    pela dedicatria. Mas muitas vezes o

    livro no raro, mas a dedicatria

    do autor interessante. Ento, nesse

    caso, convm guardar (...) porque se

    ele no raro hoje em dia, ele ser

    mais tarde.24

    O perfil do acervo da Seo de Obras Raras eEspeciais da Biblioteca Mrio de Andradeest caracterizado, desde sua formao, comoum rico depsito de fontes bibliogrficasprincipalmente no que se refere histria doBrasil e de Portugal, descries de pases eviagens, literatura brasileira, portuguesa efrancesa e histria do livro e da imprensa.Temos recebido tanto os livros raros antigoscomo algumas produes mais recentes destasreas, como por exemplo uma primeira ediode Jorge Amado, um catlogo de exposiesde obras raras ou mesmo um dos vrios livros

    de correspondncia de Mrio de Andrade,como os que tm surgido nos ltimos anos.

    Vale destacar como exemplo de obras a seremtambm preservadas aqueles livros antigosque recentemente adquiriram importnciaespecial para a Seo, como as primeiraspublicaes na rea de biblioteconomia,principalmente os textos surgidos aps ocurso pioneiro criado por Rubens Borba deMoraes em nossa Biblioteca, na dcada de

    1940. Da mesma forma, esto nesta coleoas obras de autoria de biblifilos, como FlixPacheco e Paulo Prado, ou de antigosdiretores da Biblioteca Mrio de Andrade,como Eurico de Gis, Rubens Borba e SrgioMilliet, cujas antigas colees privadaspertencem hoje a nosso acervo.

    Temos tambm livros que complementamnossa coleo e nos auxiliam na compreenso

    24 Entrevista de Rubens Borba de Moraes a MariaRegina Rodrigues, Chefe da Seo de Obras Raras eEspeciais da BMA, em 1983.

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    do valor do acervo, tais como obras sobreencadernaes raras e artsticas, fac-smilesde obras raras, catlogos de leiles,bibliografias de autores importantes e deassuntos de interesse e outros instrumentos detrabalho e pesquisa.

    BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

    ACRL Rare Books & Manuscripts Section.Standards for ethical conduct for rare book,manuscript. College & Research LibrariesNews, Chicago, v.54, n.4, p.207-217, April1993.

    ACRL Rare Books and Manuscripts Section'sSecurity Committee. Guidelines for thesecurity of rare book, manuscript, and otherspecial collections. College & ResearchLibraries News, Chicago, v.60, n.4, p.741-748, April 1999.

    ARCHER, H. Richard, ed. Rare bookcollections: some theoretical and practicalsuggestions for use by librarians and students.Chicago: ALA, 1965. 128 p.

    BREILLAT, Pierre. The rare books sectionin the library. Paris: UNESCO, 1965. 38p.

    BURGADA, Gaetano. Libri rari. Milano:Mondadori, 1937. 169 p.

    CAMARGO, Ana Maria de Almeida. Obrasantigas, preciosas e raras: o livro comodocumento. In: SO PAULO. SIBi/USP.

    Bibliotheca universitatis: livros impressosdos sculos XV e XVI do acervo bibliogrficoda Universidade de So Paulo. So Paulo:EDUSP / Imprensa Oficial, 2000. p. 21-28.

    CARTER, John. ABC for book collectors.6.ed. rev. and enl. by Nicholas Barker. NewCastle, Delaware: Oak Knoll Books, 1992.

    CAVE, Roderick. Rare book librarianship.2.ed. rev. London: Clive Bingley, 1985. 162

    p.

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