marketing em obras raras

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Marketing Em Obras Raras: promovendo e preservando a informação através da tecnologia

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  • Universidade de Braslia

    Faculdade de Cincia da Informao

    Alessandro Meneses da Silva

    Marketing em obras raras: promovendo e preservando a informao atravs da tecnologia

    Braslia

    2011

  • Alessandro Meneses da Silva

    Marketing em obras raras: promovendo e preservando a

    informao atravs da tecnologia

    Monografia apresentada

    Faculdade de Cincia da Informao da

    Universidade de Braslia (UnB), como

    requisito parcial para obteno do ttulo

    de bacharel em Biblioteconomia.

    Orientadora: Professora Doutora Dulce Maria Baptista

    Braslia

    2011

  • SILVA, Alessandro Meneses da.

    Marketing em obras raras: promovendo e preservando a informao atravs

    da tecnologia / Alessandro Meneses da Silva. Braslia. 2011.

    66 f.: Il.

    Orientadora: Professora Doutora Dulce Maria Baptista

    Monografia (graduao)

    Universidade de Braslia. Faculdade de Cincia da Informao, 2011.

    1. Marketing. 2. Obras raras. 3. Digitalizao. 4. Biblioteca Digital.

    5.Preservao. 6. Segurana. 7. Acesso. I. Silva, Alessandro Meneses da. II. Ttulo.

  • Aos meus pais, amigos e

    professores que acompanharam toda esta

    minha fase universitria dando todo o

    apoio necessrio para a conquista de

    meus objetivos acadmicos.

  • RESUMO

    Este trabalho visa demonstrar os benefcios advindos da divulgao das obras raras

    por meio da digitalizao e disponibilizao em biblioteca digital. Apresenta uma

    reviso de literatura nas reas de Marketing da informao, Obras raras, Biblioteca

    digital, Preservao e Digitalizao de documentos. Define o que o marketing da

    informao. Aponta os critrios para a definio de obras raras. Demonstra o

    processo de digitalizao de documentos e disponibilizao dos arquivos

    digitalizados em biblioteca digital. Expe a necessidade de preservao das obras

    raras e o marketing dessas obras raras para a disseminao da informao aos

    usurios. E por fim, mostra os resultados das entrevistas de estudo de campo

    realizadas nas bibliotecas do Supremo Tribunal Federal e Senado.

    Palavras-chave: Marketing. Obras raras. Digitalizao. Biblioteca Digital.

    Preservao. Segurana. Acesso.

  • ABSTRACT

    This paper demonstrates the benefits resulting from disclosure of rare books by

    scanning and making them available in digital library. Presents a literature review in

    the areas of Marketing of information, Rare books, Digital library, Preservation and

    Digitization of documents. Defines what is marketing of information. It sets out the

    criteria for the definition of rare books. Demonstrates the process of scanning and

    making available documents and files in the digital library. Exposes the need for

    preservation of rare books and marketing of these rare books for dissemination of

    information to users. And finally, shows the results of interviews from the field study

    conducted in the libraries of the Supreme Court and Senate.

    Keywords: Marketing. Rare works. Digitalization. Digital Library. Preservation.

    Security. Access.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Estantes deslizantes do acervo do STF ........................................................ 49

    Figura 2 - Obras Raras (Biblioteca do STF) ................................................................... 50

    Figura 3 - Estantes deslizantes do acervo do Senado .................................................. 54

    Figura 4 - Obras Raras (Biblioteca do Senado) ............................................................. 55

    Figura 5 - Scanner planetrio Copibook HD I2S do STF .............................................. 56

    Figura 6 - Scanner planetrio Copibook HD I2S do Senado ........................................ 57

    Figura 7 - Demonstrao de livro sendo digitalizado .................................................... 58

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 - Trs Eras na Histria do Marketing ............................................................. 20

    Quadro 2 - Caractersticas dos arquivos de imagens ................................................... 38

  • LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

    BCE - Biblioteca Central da Universidade de Braslia

    BDM - Biblioteca Digital de Monografias

    BDSF - Biblioteca Digital do Senado Federal

    BDTD - Biblioteca Digital de Teses e Dissertaes

    bit - Binary digit

    BMP Bitmap (formato de arquivo)

    CAPES - Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Ensino Superior

    CD - Compact Disc

    DOC Documento (formato arquivo)

    dpi - dots per inch

    DVD - Digital Versatile Disc

    GIF - Graphics Interchange Format (formato de arquivo)

    IEEE - Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrnicos

    IR Raios Infravermelho

    JPEG - Joint Photographic Experts Group (formato de arquivo)

    PDF - Portable Document Format (formato de arquivo)

    Pxel - aglutinao de Picture e Element

    PRODASEN - Processamento de Dados do Senado Federal

    RAM - Random Access Memory

    RIUNB - Repositrio Institucional da Universidade de Braslia

    RVBI - Rede Virtual de Bibliotecas

    SciELO - Scientific Electronic Library Online

    STF Supremo Tribunal Federal

    TIFF - Tagged Image File Format (formato de arquivo)

    TB Terabyte

    USB - Universal Serial Bus

    UV Raios Ultravioleta

    XLS Excel (formato de arquivo)

  • SUMRIO

    1 INTRODUO.............................................................................................................. 12

    1.1 Contextualizao ................................................................................................................... 12

    1.2 Justificativa e Definio do problema ................................................................................... 14

    2 OBJETIVOS ................................................................................................................. 15

    2.1 Objetivo geral ........................................................................................................................ 15

    2.2 Objetivos especficos ............................................................................................................. 15

    3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 16

    3.1 Objeto da pesquisa ................................................................................................................ 17

    3.2 Etapas da pesquisa ................................................................................................................ 17

    3.3 Instrumentos para coleta de dados ...................................................................................... 18

    4 REVISO DE LITERATURA ......................................................................................... 18

    4.1 Marketing da informao ...................................................................................................... 18

    4.2 Obras Raras ........................................................................................................................... 25

    4.3 Digitalizao de documentos ................................................................................................ 33

    4.4 Biblioteca Digital.................................................................................................................... 39

    4.5 Preservao das obras raras ................................................................................................. 42

    4.6 O marketing em obras raras .................................................................................................. 44

    5 ESTUDO DE CAMPO: entrevistas nas bibliotecas do STF e Senado ........................... 45

    5.1 Biblioteca do STF ................................................................................................................... 46

    5.1.1 Entrevista na Biblioteca do STF ..................................................................................... 47

    5.2 Biblioteca do Senado ............................................................................................................. 50

    5.2.1 Entrevista na biblioteca do Senado ............................................................................... 51

    5.3 Equipamento utilizado para a digitalizao das obras raras ................................................. 55

    5.4 Anlise das entrevistas das bibliotecas ................................................................................. 58

    6 CONCLUSO ............................................................................................................... 61

    7 REFERNCIAS ............................................................................................................ 63

  • 12

    1 INTRODUO

    O Marketing em obras raras um tema bastante oportuno e de grande

    relevncia na atualidade, j que as obras raras esto comeando a ter nova

    visibilidade graas tecnologia, mas precisam de um marketing no s em funo

    de sua relevncia intrnseca, como para serem efetivamente conhecidas pelo grande

    pblico.

    A presente pesquisa visa analisar a questo do marketing dentro do setor de

    obras raras com o uso da tecnologia, por meio da digitalizao de documentos e da

    biblioteca digital. Procura tambm fornecer elementos para resolver a problemtica

    da restrio do acesso a essas obras. A preservao fsica desses documentos, que

    por serem frgeis, torna-se necessria para evitar as conseqncias danosas do

    manuseio excessivo por parte dos usurios. Portanto foi necessrio fazer-se uma

    extensa reviso de literatura em diversas reas dentro do campo da biblioteconomia

    para reunir argumentos adequados para a discusso deste tema de grande

    importncia para uma unidade de informao.

    1.1 Contextualizao

    Ao longo dos anos a informao passou a ganhar muita importncia na

    sociedade, devido ao fenmeno chamado globalizao. Com o advento da Internet

    na sociedade, essa importncia foi intensificada. Com a expanso da tecnologia

    digital e das redes de comunicao virtual via computador, a troca de informaes

    atualizadas comeou a ser feita de forma rpida e acessvel a todas as pessoas que

    estavam inseridas nesse tipo de ambiente digital.

    As organizaes que detm um grande volume de informaes so as

    unidades de informao, sendo por isso necessrio um tratamento e divulgao

    adequada dessas informaes. Antigamente as bibliotecas tradicionais tinham seu

    acervo delimitado em seu espao fsico, onde as informaes eram registradas

    somente em algum suporte fsico, como os registros impressos. Mas com o

  • 13

    surgimento da Internet, as bibliotecas que disponibilizaram seus servios e produtos

    atravs desse novo mecanismo, passaram a ter seu ambiente de atuao sem

    fronteiras. Ou seja, o acesso a qualquer tipo de informao pode ser obtido por uma

    enorme variedade de mecanismos, meios, sistemas e associao de servios

    eletrnicos.

    Com o grande poder de atualizao que a informao eletrnica tem, a

    forma de promoo deste servio o mais adequado para as empresas que

    desejam divulgar seus servios e produtos de forma cmoda aos seus clientes. No

    caso das bibliotecas tradicionais, os servios ligados s bibliotecas digitais so os

    mais adequados, pois disponibilizam o acervo fsico em meio digital, fornecendo

    acessibilidade aos usurios, e por isso que muitas unidades de informao tm

    aderido a este tipo de servio.

    Com o avano da tecnologia e os benefcios dela decorrentes, criaram-se

    condies para que muitas bibliotecas usassem esses benefcios para seus acervos,

    divulgando melhor no s o contedo histrico da humanidade, como tambm o

    avano da cincia e da sociedade. Passou ento a existir uma maior preocupao

    com a preservao de documentos antigos, considerados de grande importncia

    histrica e cultural. Esses documentos so conhecidos nas bibliotecas como obras

    raras, sendo que muitas delas possuem extremo valor por conta de sua raridade.

    Atualmente o que podemos perceber em um setor de obras raras de uma

    biblioteca que as obras contidas neste setor so de acesso restrito, e que neste

    local estas obras recebem um tratamento especial por conterem um valor histrico

    alto, e por isso necessitam de uma rigorosa proteo contra extravios. Por conta

    disso, o setor de obras raras das bibliotecas de todo o mundo presenciam um

    dilema, o de restringir o acesso para preservar o documento raro. Devido a isso, a

    disseminao do conhecimento acaba sendo prejudicada e os documentos raros e

    de grande valor histrico acabam tendo seu acesso restrito a poucas pessoas.

    O setor de obras raras necessita de uma maior divulgao de seu servio,

    fazendo um marketing do seu acervo atravs da biblioteca digital. O benefcio que a

    biblioteca digital traz com a digitalizao imenso. Pois atravs da disponibilizao

    dessas obras em meio eletrnico, possvel que muitos usurios possam acessar

  • 14

    ao mesmo tempo uma mesma obra, fazendo com que sua disponibilidade no fique

    restrita ao formato fsico original, preservando assim a obra rara que necessita de

    tratamento especial.

    A biblioteca digital seria uma soluo para resolver tambm o problema da

    segurana de obras raras consideradas valiosas, disponibilizando o acesso em meio

    eletrnico ao invs de expor os materiais fsicos originais, dessa forma evitando

    extravios ou mesmo danos a esses materiais. Por outro lado, o marketing em obras

    raras divulgaria um servio que considerado por muitos apenas como um depsito

    de documentos velhos e raros em uma biblioteca, sem levar em considerao a

    importncia histrica, artstica e cultural dessas obras. A disponibilizao dessas

    obras em uma biblioteca digital possibilita o acesso ao conhecimento anteriormente

    de difcil acesso, devido a polticas burocrticas de muitas bibliotecas de todo o

    mundo, que no disponibilizam o acervo raro publicamente, em funo da fragilidade

    fsica que certos documentos possuem. A digitalizao dessas obras e a

    disponibilizao em meio eletrnico atravs da biblioteca digital traz grandes

    vantagens ao conhecimento e d maior visibilidade ao acervo raro e principalmente

    biblioteca fsica. Pois com a divulgao de seu conhecimento para o ambiente

    eletrnico, isso mostrar a muitos usurios a importncia cultural que a biblioteca

    possui para a sociedade, criando uma imagem positiva do seu acervo fsico.

    1.2 Justificativa e Definio do problema

    Os setores de obras raras das bibliotecas em todo o mundo atualmente

    presenciam uma problemtica na preservao, segurana e principalmente quanto

    ao acesso a documentos classificados como raros, em que os usurios, por

    exemplo, no podem ter acesso a esses documentos por questes de preservao e

    segurana do setor. Uma soluo para este problema seria o marketing no setor de

    obras raras de uma biblioteca utilizando ferramentas tecnolgicas, com o uso de

    diferentes suportes digitais, como o processo de digitalizao de documentos e a

    disponibilizao do acervo raro em uma biblioteca digital. Isso ajudaria no s a

    divulgar o servio que desconhecido por muitos usurios, mas tambm a

  • 15

    proporcionar melhor acesso aos contedos de informao existente nessas obras,

    ao mesmo tempo em que garantiria um melhor padro de qualidade na preservao

    do acervo fsico.

    2 OBJETIVOS

    2.1 Objetivo geral

    Demonstrar os benefcios que o marketing pode trazer divulgao de obras

    raras, com utilizao de recursos tecnolgicos.

    2.2 Objetivos especficos

    Analisar o marketing como promotor do servio de obras raras em uma

    biblioteca.

    Avaliar a importncia da digitalizao de documentos e da biblioteca digital

    para o acesso e preservao de documentos raros.

    Demonstrar que com a utilizao de recursos tecnolgicos ser aumentada a

    segurana das obras raras.

    Comprovar que a restrio ao acesso s obras raras no a melhor forma de

    preservar um documento raro. E sim, a divulgao e acesso ao servio

    trazendo mais benefcios sociedade.

    Fazer a comparao em diferentes aspectos de duas instituies que

    possuem biblioteca digital de obras raras, para assim determinar a relevncia

    na digitalizao de documentos, preservao, segurana e divulgao do

    acervo raro.

  • 16

    3 METODOLOGIA

    A metodologia utilizada para o desenvolvimento da pesquisa envolveu um

    levantamento bibliogrfico sobre o tema por meio de livros, peridicos, artigos

    cientficos, teses, dissertaes, trabalhos apresentados em congressos e outras

    monografias. O acesso a esses documentos foi feito atravs de buscas em

    diferentes locais, como: a Biblioteca Central da Universidade de Braslia (BCE), a

    Biblioteca do Ministrio Pblico do Trabalho, a Rede Virtual de Bibliotecas (RVBI), o

    Portal de Acesso Livre da Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Ensino

    Superior (CAPES), a Scientific Electronic Library Online (SciELO), o Repositrio

    Institucional da Universidade de Braslia (RIUNB), a Biblioteca Digital de

    Monografias (BDM), a Biblioteca Digital de Teses e Dissertaes (BDTD), o Google,

    entre outros.

    A pesquisa realizada foi classificada a partir de diferentes critrios apontados

    por Silva e Menezes (2005) e Gil (1991 apud SILVA; MENEZES, 2005):

    Do ponto de vista da sua natureza: pesquisa aplicada, pois busca analisar

    e solucionar um problema gerando conhecimento, atravs de uma aplicao prtica.

    Do ponto de vista da forma de abordagem do problema: a pesquisa pode

    ser considerada quantitativa e qualitativa, pois analisa e soluciona um problema por

    meio de duas anlises: uma baseada em dados que podem ser quantificados e outra

    baseada na subjetividade do pesquisador.

    Do ponto de vista de seus objetivos: pesquisa exploratria, pois tem a

    funo de proporcionar maior familiaridade com o problema, atravs de

    levantamento bibliogrfico e aplicao de questionrios e entrevistas com as

    instituies que tiveram experincias prticas com o assunto abordado.

    Do ponto de vista dos procedimentos tcnicos: pesquisa bibliogrfica e

    pesquisa documental. A pesquisa envolve o uso de artigos cientficos, livros, bases

    de dados, outros trabalhos acadmicos e materiais publicados na Internet com o

    objetivo de fornecer uma base terica slida para a compreenso das tcnicas e

    conceitos que so abordados neste estudo. Pois, a pesquisa visa analisar um

    assunto que ainda no possui uma abordagem adequada na literatura da rea; a

  • 17

    questo do Marketing em Obras raras. Ou seja, de acordo com o pr-projeto, foi

    identificado que o tema ainda no recebeu um tratamento analtico adequado para o

    campo da Biblioteconomia. Outro fator abordado o modo como o problema

    visualizado, tanto na tica das bibliotecas que possuem os setores de obras raras,

    como tambm para os usurios, ou seja, um problema coletivo. Pois vivenciam

    problemas semelhantes e de mesma origem; a questo da restrio do acesso para

    que seja garantida a preservao e segurana do acervo raro. Portanto, como

    usurios e pesquisadores, compartilhamos do mesmo problema com as bibliotecas e

    os profissionais que atuam nelas, procurando dar um enfoque cooperativo anlise

    e compreenso do problema da pesquisa.

    3.1 Objeto da pesquisa

    Esta pesquisa tem como seu objeto de estudo o problema atual encontrado

    nos setores de obras raras de diferentes tipos de bibliotecas, ou seja, o da

    dificuldade do acesso s obras raras devido a um grau de preservao e zelo

    excessivo por conta da fragilidade e valor dos acervos raros.

    3.2 Etapas da pesquisa

    A pesquisa desenvolvida nas seguintes etapas:

    Anlise documental baseada em reviso de literatura em trabalhos de

    autores que falam sobre: Marketing da informao, Obras raras,

    Digitalizao de documentos, Preservao e Biblioteca Digital.

    Anlise de campo em importantes bibliotecas de Braslia que possuem

    biblioteca digital de obras raras: Biblioteca do Senado e Biblioteca do

    Supremo Tribunal Federal.

    Comparao de resultados da anlise de campo, visando demonstrar

    as diferenas e semelhanas nos dois setores das diferentes

    bibliotecas.

  • 18

    3.3 Instrumentos para coleta de dados

    A coleta de dados feita por meio de anlise documental baseada em

    pesquisa bibliogrfica, e de entrevistas e questionrios com os representantes dos

    setores de obras raras das bibliotecas do Senado e Supremo Tribunal Federal, alm

    da observao da rotina de trabalho nos setores das duas instituies.

    4 REVISO DE LITERATURA

    4.1 Marketing da informao

    Atualmente a sociedade ps-industrial em que vivemos tambm denominada

    por Masuda (1982) como sociedade da informao, est atrelada ao grande fluxo da

    informao ocasionado pelo advento da globalizao. O avano das tecnologias da

    informao e o acesso remoto ao conhecimento possibilitado pelo uso do

    computador tem proporcionado uma maior comunicao e troca de informaes

    entre as pessoas e conseqentemente entre as organizaes.

    A informao pode ser vista como elemento essencial vida das pessoas,

    importante para o sucesso pessoal, profissional e acadmico, para uma melhor

    qualidade de vida, para o progresso cientfico, tecnolgico e outros, assim como

    fundamental para o crescimento e sobrevivncia das organizaes. Como afirma

    Masuda (1982 apud AMARAL, 1993, p.315) a informao passa a ser o insumo

    bsico ao desenvolvimento da sociedade-ps-industrial.

    Neste cenrio, a informao deve ser encarada como um produto necessrio

    ao crescimento, e as bibliotecas como uma organizao sem fins lucrativos com

    funes administrativas comuns a qualquer outro tipo de organizao que visa

    disseminar esse produto e oferecer servios de informao de qualidade a um

    pblico-alvo especfico, alcanando maior grau de competitividade e sobrevivendo

    em uma sociedade cada vez mais exigente.

  • 19

    Assim como uma empresa divulga seu produto visando atingir seu mercado

    consumidor, a biblioteca ou servio de informao deve divulgar o seu produto

    informacional e os servios que oferece visando despertar em seus usurios o

    interesse pelos mesmos. Nesse momento surge o papel do marketing da informao

    em estabelecer o elo de comunicao entre produtor (biblioteca ou sistemas de

    informao) e consumidor (usurios) demonstrando os benefcios dos produtos e

    servios de uma biblioteca e promovendo a mxima satisfao de seu pblico alvo.

    O objetivo principal do marketing segundo Amaral (1993, p.316), perceber

    as expectativas, necessidades e desejos do mercado que se pretende atender. Por

    isso, envolve a criao de planos e programas num processo gerencial. Marketing

    um conjunto de atividades administrativas que promovem o encontro entre

    necessidades, desejos e expectativas do mercado que a biblioteca precisa atender,

    alm dos objetivos e misso da mesma. Tais atividades precisam estar em equilbrio

    entre o que a biblioteca pode oferecer e os interesses do mercado.

    Pode-se dizer que o marketing o principal mecanismo para informar aos

    usurios da informao, os benefcios que a informao como produto e a biblioteca

    como organizao podem oferecer.

    O marketing pode ser entendido como um processo de troca no qual duas

    ou mais partes se do algo de valor com o objetivo de satisfazer necessidades

    recprocas. Segundo a American Marketing Association (apud BOONE; KURTZ,

    1998, p. 6) o Marketing:

    o processo de planejamento e execuo da concepo, preo, promoo e distribuio de idias, bens e servios, organizaes e eventos para criar trocas que venham a satisfazer os objetivos individuais e organizacionais.

    Limeira (2003) afirma que o conceito moderno de marketing teve sua origem

    no ps-guerra, quando o avano da industrializao acirrou a concorrncia entre as

    empresas e a disputa pelos mercados, trazendo novos desafios e fazendo com que

    a gerao de produtos e servios no fosse mais suficiente para obter lucros e

    receitas, sendo preciso agora entender os clientes e antecipar seus desejos. Para a

    autora, o marketing a funo empresarial que cria valor para o cliente e gera

    vantagem competitiva duradoura para a empresa, sendo esse valor entendido como

  • 20

    a diferena entre os benefcios obtidos com o consumo de um produto e os custos

    incorridos pelo cliente na sua compra e uso, como preo, tempo de espera, esforo

    fsico e outros.

    Boone e Kurtz (1998, p.7) identificam trs eras na histria do marketing,

    conforme visto a seguir:

    Quadro 1: Trs Eras na Histria do Marketing

    Era Perodo Aproximado de

    Tempo Atitude Predominante

    Era da

    produo

    Antes dos anos 20 Um bom produto se vender

    por si mesmo.

    Era das vendas

    Antes dos anos 50

    Propaganda e venda criativas

    vencero a resistncia dos

    consumidores e os convencero

    a comprar.

    Era do

    marketing

    Segunda metade do sculo XX O consumidor o rei! Busque

    uma necessidade e satisfaa-a.

    Fonte: BOONE, Louis E.; KURTZ, David L. Marketing contemporneo. 8. ed. Rio de janeiro: LTC, 1998.

    Na era atual graas proposta de ampliao do conceito de Marketing por

    Kotler e Levy (1969) este tem sido empregado no s em organizaes com fins

    lucrativos, mas tambm em organizaes que no possuem fins lucrativos que,

    porm, apresentam as mesmas funes administrativas de compra, produo,

    finanas, pessoal e marketing como as bibliotecas e os museus.

    O composto de marketing conhecido como os 4Ps (produto, preo,

    promoo e ponto de distribuio), conjunto de quatro ferramentas utilizadas pela

  • 21

    empresa para a criao de valor para os clientes pode ser utilizado tanto em

    organizaes que visam o lucro como em organizaes sem fins lucrativos.

    O marketing em sistemas de informao, organizaes sem fins lucrativos,

    uma aplicao nova e pode ser entendido segundo Ottoni (1995, p. 1) como:

    Uma filosofia de gesto administrativa na qual todos os esforos convergem em promover com a mxima eficincia possvel, a satisfao de quem precisa e de quem utiliza produtos e servios de informao. o ato de intercmbio de bens e satisfao de necessidades.

    Assim como em uma organizao com fins lucrativos deve-se analisar as

    variveis do composto de marketing para adquirir maior eficincia em sua atuao

    no mercado, num sistema de informao no diferente. necessrio avaliar que

    produtos e servios oferecer e a quem (anlise e segmentao de mercado), ou

    seja, qual o preo ideal, quais os mecanismos de divulgao e promoo desses

    produtos e servios e qual o ambiente ideal ou ponto de distribuio para oferec-

    los.

    O marketing uma ferramenta dos gestores das unidades de informao

    para a otimizao do fornecimento de servios e produtos atravs do estudo das

    necessidades e da comunicao interativa entre as unidades informacionais e seus

    usurios proporcionando maior visibilidade organizao.

    Atualmente existe ainda uma grande resistncia na adoo do marketing nas

    unidades de informao, devido ao fato de alguns profissionais bibliotecrios ainda

    no possurem total domnio sobre tcnicas administrativas e de aplicao de

    marketing nesse tipo de ambiente, j que vrios profissionais da rea desconhecem

    seu uso ou possuem ainda certo preconceito em aplic-lo. Tambm por

    relacionarem o marketing a um esteretipo associado somente a vendas, achando

    que no h uma ligao com o ambiente cultural de uma biblioteca, ou seja, que as

    tcnicas de marketing no seriam coerentes com a misso de uma biblioteca.

    A biblioteca uma organizao com funes administrativas como outra

    qualquer, e que por isso tem no marketing um mecanismo que estabelece troca de

    bens ou servios com o mercado, procurando meios para provocar e ampliar sua

    aceitao.

  • 22

    Como afirma Silveira (1986, p. 46):

    A informao um bem com custo real, que proporciona utilidade e deve ser visualizada como insumo de produo no sistema organizacional. Como tal, a informao transmite conhecimentos, subsidiando decises e aes, tendo, portanto, valor de troca.

    O emprego de marketing em sistemas de informao objetiva provocar trocas de informao onde no existem, isto , sensibilizar o usurio potencial para torn-lo beneficirio do sistema e incentivar a utilizao pelos usurios efetivos.

    Por isso tm-se uma necessidade maior de mudana dessa resistncia e da

    aplicao dessa tcnica nas unidades de informao.

    Para que esse cenrio mude necessrio que os bibliotecrios em geral e

    as prprias organizaes se adequem ao marketing moderno, onde alm de

    desenvolver um bom produto e estabelecer um preo atraente e acessvel aos seus

    consumidores, estabeleam metas para que os gestores e a prpria organizao em

    si assuma o papel de comunicadora e promotora de seus servios e produtos.

    Visando uma comunicao adequada aos seus clientes, definindo: o que dizer, a

    quem e com que freqncia.

    Com o grande fluxo da informao caracterstico dos dias atuais, preciso

    ver a informao sob uma viso mercadolgica. Para isso, preciso que o gestor

    determine qual usurio deve atender, qual o tipo de informao de que precisam,

    como vista a organizao sob a tica dos usurios, e qual o seu comportamento

    na busca de informaes. Para s assim poder determinar como sero oferecidos os

    produtos e servios.

    Para se determinar uma estratgia de marketing em uma biblioteca, primeiro

    preciso ter um conhecimento prvio sobre alguns aspectos, como a prpria

    biblioteca, sobre sua entidade mantenedora, proceder-se a anlise e segmentao

    do mercado, monitoramento dos concorrentes, anlise ambiental, anlise do cliente,

    composio dos servios, planejamento de produtos, e produtos e servios.

    As bibliotecas atualmente tem se preocupado com a imagem da instituio,

    pois com a nova era da informao a concorrncia no setor tem aumentado, e

    como a informao possui um alto valor, o marketing acaba se tornando o principal

  • 23

    aliado na divulgao das unidades de informao e seu alcance de destaque nesse

    cenrio.

    Uma das formas de expor a imagem da biblioteca aos usurios por meio

    do uso da biblioteca digital permitindo interatividade, personalizao e uma interface

    grfica adequada e de acordo com os objetivos da instituio. Permite tambm que

    produtos e servios sejam disponibilizados por meio de tecnologias da informao.

    Com essa nova realidade globalizada, as bibliotecas devem ter uma postura

    mais atenta s novas tecnologias. O uso do marketing por meio de biblioteca digital,

    s possvel graas ao acesso a Internet, a principal rede mundial de

    computadores.

    A imagem de uma biblioteca depende muito de como os produtos so

    oferecidos aos usurios. Muitas vezes essa imagem pode estar relacionada

    experincias desagradveis, como por exemplo, documentos mal conservados,

    poeira nas mesas, ambiente desagradvel para estudo, horrio de funcionamento

    no compatvel com as necessidades dos usurios. Por isso preciso realmente

    saber quais so as necessidades destes, para que as expectativas destes usurios

    possam ser atendidas positivamente. Para Kotler (1998), a imagem o que o

    pblico percebe e que nem sempre existe coerncia entre o que a organizao quer

    projetar e o que o usurio percebe.

    A imagem do profissional bibliotecrio tambm de extrema importncia,

    pois este tipo de profissional lida diretamente com o usurio. Portanto preciso que

    haja uma promoo adequada para ele. Segundo St. Clair (1996) existem trs

    formas para promover a imagem do bibliotecrio, que so: mostrar um bom trabalho,

    ser pr ativo, e aperfeioar sua comunicao, promovendo e tornando pblicas as

    suas atividades.

    O uso da promoo na imagem do bibliotecrio serve tambm para mudar

    um velho esteretipo que preocupa esses profissionais, que o da velha ranzinza e

    de coque, pedindo silncio, e que desmotiva muitas vezes o seu desempenho no

    mercado de trabalho.

  • 24

    A boa imagem do bibliotecrio e da unidade de informao conferida pela

    confiabilidade que prestada nos servios. Para adquirir essa confiabilidade dos

    usurios, preciso primeiramente ter um bom atendimento nas bibliotecas, pois o

    servio de referncia o principal servio em qualquer unidade de informao.

    Para que a biblioteca possa adquirir boa imagem e boa reputao, esta tem

    que perceber que seu usurio a sua razo de existncia, ou seja, todos os seus

    servios e produtos esto voltados para suas necessidades, e que a principal

    misso da unidade de informao transferir uma informao registrada e tratada

    de acordo com o que o usurio necessita.

    Portanto, a imagem da instituio e dos profissionais devem ser de grande

    importncia para os gerentes. Pois somente eles tm o poder de deciso para

    mudar e utilizar novas estratgias em relao promoo, visando uma melhor

    imagem da biblioteca e dos bibliotecrios, a qual ser transmitida aos usurios, e

    que, sem dvida, ir repercutir tambm na prpria qualidade dos servios. Isso s

    possvel atravs de uma comunicao interna da organizao, primeiramente em

    seu ambiente interno, e em seguida voltada ao ambiente externo, ou seja, ao

    mercado que pretende criar e ampliar.

    Para se definir uma boa imagem do profissional ou da organizao, deve-se

    primeiramente fazer com que os funcionrios e os usurios da instituio conheam

    os objetivos e a misso da mesma. Algumas reflexes a respeito disso devem ser

    feitas, referentes a quem seria o principal pblico, quais as necessidades dos

    usurios preferenciais, identificar qual o ambiente da biblioteca e qual a viso da

    organizao para o futuro. Ou seja, deve ser feito um planejamento estratgico

    dessa biblioteca.

    Segundo Amaral (2008, p. 31), a rejeio ao marketing est presente entre

    os profissionais de todas as reas e muito forte na Cincia da Informao, mas

    essa uma postura que deve ser mudada na rea, pois um profissional da

    informao deve ter o marketing como seu aliado devido ao leque de benefcios que

    essa ferramenta lhe proporciona em seu ambiente de trabalho.

  • 25

    4.2 Obras Raras

    Em funo de tornar a informao acessvel a todos, no sculo XX o livro foi

    se industrializando cada vez mais e acabou adquirindo um status menos nobre, na

    medida em que passou a ser vendido a preos baixos no mercado, e em que sua

    beleza material tornava-se um aspecto secundrio. Com isso, a definio de obras

    raras tomou outra dimenso, mas afinal, o que uma obra rara?

    O conceito de obra rara algo extremamente difcil de definir uma vez que

    envolve diferentes aspectos, sendo estes altamente subjetivos como afirma

    Rodrigues (2006). De acordo com o senso comum, uma obra rara pode ser

    entendida como uma publicao de difcil acesso ou com caractersticas incomuns,

    seja por ser muito antiga, ter sido feita de forma artesanal, por ter pertencido a

    alguma personalidade de reconhecida importncia, por ser reconhecidamente

    importante para alguma rea do conhecimento ou por seu valor histrico.

    Segundo Faria (1988, p.209), um livro considerado raro seria assim

    designado por ser detentor de alguma particularidade especial (contedo, papel,

    ilustraes), ou por j serem conhecidos poucos exemplares. Cordeiro (1978 apud

    SANTANA, 2001, p. 3-4) afirma que:

    Na opinio autorizada dos biblifilos, os elementos que fazem com que livros possam se tornar raros so o assunto da obra, a tiragem dela e a procura dos leitores. Livros antigos no so necessariamente raros. Obras sobre teologia publicadas no sculo XVI, por exemplo, so pouco procuradas, e por isso baratas.

    Camargo (1992, p.1) considera que a obra rara nada mais do que aquilo

    que o sentido do atributo indica, isto , a obra difcil de encontrar. A autora faz o

    seguinte comentrio: ao contrrio do que muitos pensam, a velhice no faz, por si

    s, a raridade de um livro. Pginas rotas, amareladas, e encadernaes em pedaos

    tm o efeito de diminuir o possvel valor de um livro antigo.

    Santana (2001) escreve que as normas de catalogao utilizadas por

    bibliotecas definem como raros todos os livros publicados at 1801, independente do

    nmero de exemplares existentes. J as obras mais recentes, principalmente

    quando publicadas de forma artesanal, tambm podem merecer uma catalogao

  • 26

    especial, de acordo com a poltica da instituio. Para o autor existem padres

    internacionais de definio do que seja uma raridade bibliogrfica que se valem do

    princpio de que todos os livros publicados de forma artesanal merecem ser

    considerados raros. Assim, a utilizao do limite da data de publicao como um

    critrio de demarcao no feita por uma questo puramente cronolgica, mas

    est baseada em um fato historicamente dado, qual seja, a mudana na tecnologia

    dos meios de produo. Como foram vrios os aperfeioamentos no decorrer do

    tempo, por motivos de simplificao esta data foi estabelecida como sendo o ano de

    1801. Ele afirma ainda que existe a possibilidade de se ter dois nveis de raridade:

    um nvel mais estrito, reservado para aquelas obras que so raras em qualquer

    parte do mundo (publicadas at certa data, restando um nmero pequeno de cpias,

    com um valor monetrio alto), e das quais se poderia indicar como raro qualquer

    exemplar existente, e um segundo nvel mais amplo, para os exemplares de obras

    com aspectos particulares, de interesse especfico de uma biblioteca, reunindo, por

    exemplo, as obras autografadas, apresentando ex-lbris ou com encadernaes

    artsticas.

    A carncia de critrios e padres para a identificao dessas obras se tornou

    um impasse na realidade biblioteconmica brasileira. Entretanto, na literatura norte

    americana h um nvel de maior consistncia na identificao de livros raros, onde

    so elencados fatores bastante relevantes. Nathanson e Vogt-OConnor (1993, p.1,

    traduo nossa) apontam que:

    A definio tradicional de um livro raro qualquer livro que tem um valor maior porque a procura do livro excede a oferta, normalmente devido sua importncia, a escassez, a idade, a condio, propriedades fsicas e estticas, associao, ou assunto. Se no houver procura de um livro, ele provavelmente no ser um livro raro, mesmo se os outros fatores existirem. de pouco ou nenhum valor se ningum o quiser. Demanda pode mudar, alterar interesses.

    Portanto, cada biblioteca possui a sua forma de classificar uma obra como

    rara. Mas incontestvel a importncia delas em uma biblioteca.

    Acervos raros podem, ainda, ser usados como fonte de pesquisa para gerar novas informaes, pois informaes antigas, transportadas para uma nova gerao e inseridas no cotidiano de uma realidade existente no presente, servem de base para a criao de informaes futuras. (RODRIGUES, 2006, p.116)

  • 27

    No Brasil, o livro raro ainda no tem uma relevncia considervel quando

    comparado a outros pases. Os acervos das bibliotecas brasileiras precisam investir

    em mais segurana, preservao e treinamento de profissionais adequados para o

    tratamento dessas obras. Reifschneider afirma que

    [...] o livro raro no ocupa ainda no Brasil o papel que lhe cabe: o de encantar as pessoas, promovendo o interesse em aspectos scio-culturais da histria, que ele to bem ilustra, incentivando a leitura e o estudo. (REIFSCHNEIDER, 2008, p.74)

    Quanto ao treinamento, segundo o autor, so exigidos os seguintes

    conhecimentos para que profissionais gerenciem um setor de obras raras nos

    Estados Unidos:

    [...] que tenham mestrado, por vezes doutorado, que consigam ler latim, e outra lngua alm de ingls, e, claro, os salrios so condignos s qualificaes exigidas. tambm pedido que tenham conhecimento do mercado livreiro antiqurio, pois as colees esto sempre em desenvolvimento. Alm disso, os bibliotecrios responsveis por colees especiais, alm de bibliotecrios de outros setores, so quase sempre os professores de biblioteconomia em suas universidades.

    Devido grande importncia que as obras raras possuem no acervo de uma

    biblioteca, preciso que se tenha cuidado em seu tratamento, e para isso preciso

    que pessoas com qualificaes adequadas sejam designadas para este tratamento

    especial. Pois uma responsabilidade imensa preservar uma informao rara, e

    caso uma informao como essa seja perdida, uma parte da histria se perder

    tambm.

    Os fatores que definem a raridade de uma obra justificam-se pelo fato dela

    ter um valor cultural, histrico e monetrio elevado, ou simplesmente pelo fato da

    dificuldade em obter alguns exemplares. Por isso deve-se ter um tratamento

    diferenciado com essas obras.

    Diferentes critrios so adotados em bibliotecas do mundo todo para abrigar

    uma obra como rara em seus acervos. Muitos levam em considerao a antiguidade

    dos livros como um critrio. Por exemplo, o surgimento da imprensa fez com que os

    primeiros livros impressos fossem publicados artesanalmente, portanto todos esses

    livros se tornaram raros e ganharam nvel elevado de valor.

  • 28

    No existe uma poltica nacional que determine as obras como raras.

    Portanto cada instituio deve elaborar seus critrios para determinar a raridade de

    suas obras. Pinheiro (1989, p. 29-32), sugere alguns critrios que podem ser

    adotados pelas instituies, como:

    limite histrico: observar, por exemplo, os perodos que caracterizam a

    produo artesanal de impressos, bem como a fase inicial da imprensa

    em determinado lugar;

    aspectos bibliolgicos: observar aspectos como a presena de

    ilustraes produzidas artesanalmente, os materiais utilizados para a

    confeco do suporte na impresso, como tipo de papel, emprego de

    pedras ou materiais preciosos na encadernao;

    valor cultural: observar as publicaes em pequenas tiragens,

    personalizadas, censuradas, expurgadas, as primeiras edies etc.;

    pesquisa bibliogrfica: existem dicionrios e enciclopdias

    bibliogrficos especializados nesse tipo de publicao, que apontam

    certas peculiaridades da obra, como preciosidade e raridade;

    caractersticas do exemplar: observar as caractersticas particulares do

    exemplar que se tem em mos, como a presena de autgrafo ou

    dedicatria de personalidade importante, marcas de propriedade e

    outros.

    Exemplares nicos: alguns exemplares com pequenos erros

    tipogrficos ou primeiras edies de obras de autores renomados so

    consideradas raras. Algumas indicaes, como: ex-lbris, carimbos,

    anotaes e autgrafos do autor ou do possuidor da obra

    individualizam o exemplar.

    Livros antigos: o valor cultural e histrico do contedo da obra so

    relevantes para qualific-la como obra rara. Todos os livros

    denominados incunbulos, que foram os primeiros livros da chamada

    infncia da imprensa, publicados no perodo do surgimento da

    imprensa at 1500, so considerados livros raros.

    Edies de tiragem reduzida: algumas edies com tiragens at 300

    exemplares tem uma importncia grande, pois a maioria dessas obras

  • 29

    so autografas ou possuem dedicatrias dos autores. E geralmente

    confeccionadas com capas especiais.

    Edies de luxo: so obras confeccionadas com matrias de qualidade

    superior: papel artesanal, capas em couro, aplicaes com detalhes

    em ouro e pedras preciosas.

    Edies censuradas: so algumas edies que no foram publicadas

    por possurem contedos considerados inadequados s pocas em

    que foram inseridas.

    Edies clandestinas: foram algumas edies publicadas sem a devida

    autorizao. Como por exemplo edies publicadas sem: o Privilgio

    (licena concedida por um rei), o Nihil obstat (licena de impresso

    concedida pela Igreja), a Licena do Santo Ofcio (concedida pela

    Inquisio), ou ainda a Licena do Ordinrio (licena dada pelo bispo

    para impresso da obra).

    (PINHEIRO, 1989, p. 29-32).

    Do mesmo modo que uma obra valiosa sempre mais visada, h um

    aumento da preocupao quanto sua segurana. Mas o termo valioso muito

    relativo em se tratando de um acervo raro. Por isso, o valor de uma obra rara se

    deve ao fato da dificuldade de sua reposio caso uma obra seja extraviada, ou

    seja, em funo da unicidade deste exemplar:

    Um livro no valioso porque antigo e, provavelmente, raro. Existem milhes de livros antigos que nada valem porque no interessam a ningum. Toda biblioteca pblica est cheia de livros antigos, que, se fossem postos venda, no valeriam mais que o seu peso como papel velho. O valor de um livro nada tem que ver com a sua idade. A procura que torna um livro valioso. (MORAES, 2005, p.67)

    Alm dos critrios de polticas de bibliotecas utilizados para definir obras raras, existem alguns fatores utilizados por pesquisadores e biblifilos para identificar um livro como obra rara, sendo eles:

    A importncia: retrata valores sobre o conhecimento humano, primeiras

    edies de obras importantes, autores renomados, a importncia para a

    interpretao local, etc.

  • 30

    A escassez: fator decisivo quando combinado a outros critrios. necessrio

    um conhecimento sobre o nmero de cpias impressas e o nmero de cpias

    existentes. Alguns livros j so publicados com a inteno de torn-los raros,

    pois, normalmente suas edies so limitadas e possivelmente autografadas

    por autores. Qualquer livro publicado em quantidades menores que 500

    exemplares potencialmente raro.

    Idade e impresso: qualquer livro publicado antes de 1900 potencialmente

    valioso. Por outro lado, existem muitos livros raros que no tm mais de 20

    anos de idade. Normalmente, esses livros tm demanda e so raros por

    causa da combinao de fatores da importncia e da escassez. A impresso

    que a editora, o local e data de publicao, so frequentemente um bom

    indicador do valor potencial de um livro. A regra geral : quanto mais tarde o

    lugar de publicao foi estabelecido e quanto mais cedo a data de publicao,

    potencialmente mais valioso ser o livro. Alguns editores so o assunto de

    muitas colees, geralmente editores pequenos com muito orgulho em

    selecionar ttulos e a produo do livro em si, Derrydale Press e Merrymount

    Press so dois dos muitos exemplos.

    Condio: leva em considerao se a encadernao original e o grau de

    desgaste; se as pginas so sinais frgeis ou demonstrao de danos, se a

    cpia completa com todos as suas pginas e ilustraes, e se existem

    inscries na lombada ou folha de rosto. Qualquer dano ou deteriorao, que

    diminua algum aspecto do livro tambm diminui seu valor de mercado, mas

    no necessariamente sua utilidade ou valor informativo.

    Propriedades fsicas e estticas: analisa detalhes trabalhados a mo,

    fotografias originais, ilustraes refinadas, detalhes pintados em ouro. Estes

    so muito valiosos e devem ser bem conservadas. Uma das propriedades

    fsicas mais valiosas que um livro pode ter uma pintura na borda das

    pginas. Esta feita a mo em um livro fechado, as vezes difceis de ver. A

    menos que o livro esteja aberto e as bordas das pginas no ngulo correto,

    possvel ver a borda do papel refletir o dourado.

  • 31

    Associao: relaciona a posse anterior de personalidades importantes. O

    valor da obra aumenta se houver assinatura do proprietrio anterior, ou mais

    ainda, se na obra houver anotaes deste.

    Assunto: museus e stios histricos normalmente tm muitos livros e folhetos

    que so altamente colecionveis devido ao seu assunto, mesmo sem um

    grande valor monetrio, e apesar disso devem ser considerados obras raras.

    Todos estes fatores esto interrelacionados e contribuem para a

    determinao da raridade de um livro. Um livro raro em uma pequena

    biblioteca pode no ser considerado raro em um grande repositrio como a

    Biblioteca do Congresso, que, devido limitaes (por exemplo, espao ou

    recursos), muito mais seletiva sobre o que considera um livro raro. Uma

    biblioteca de livros raros pode estar nas prateleiras abertas de outra

    biblioteca. Ou seja, se um livro passvel de ser raro, trate-o como raro at

    que se prove o contrrio. Assim como Reifschneider afirma que

    [...] coloc-lo nas Obras Raras no significaria restringir o acesso, mas preservar algo que dificilmente poder ser substitudo. O desconhecimento leva no-preservao e, portanto, indisponibilidade de obras raras a pesquisadores. (REIFSCHNEIDER, 2008, p.71)

    A ttulo de ilustrao, demonstraremos o exemplo da renomada livraria

    Barnes and Noble que comercializa livros raros e colecionveis, e estabelece

    critrios prprios para tal, priorizando, claro, a escassez e a demanda.

    A livraria tentou classificar o inventrio com base em informaes fornecidas

    por seus vendedores; detalhes como procedncia, edio, formato e assinaturas.

    Abaixo esto relacionados alguns dos critrios gerais usados para considerar um

    livro raro e colecionvel, que so:

    Livros de artistas;

    Dedicatrias;

    Exemplar nico;

    Primeiras edies (quando so por mais de U$ 50);

    Pinturas em bordas de pginas ;

    Couro, velino, ou camura;

  • 32

    Edies limitadas;

    Livros em miniatura;

    Esgotado;

    Impresso confidencialmente;

    Cpias assinadas.

    Portanto, a obra rara deve ser vista como um documento com caractersticas

    nicas, com peculiaridades que nenhuma outra obra ou poucas obras de uma

    mesma edio possuem, o que a torna mais visada e procurada. Contudo, deve-se

    ter um tratamento especial e um maior cuidado com a segurana delas nas

    bibliotecas ou em outros tipos de instituies onde os acervos esto localizados.

    Devido a essas caractersticas nicas, esses documentos ganham um valor muito

    elevado, sendo comercializadas por colecionadores e biblifilos.

    As obras raras possuem um importante papel na histria de uma instituio,

    autor ou at mesmo de uma civilizao. Por isso, elas recebem um tratamento

    especial em sua preservao e segurana. Pois possuem um contedo nico, e

    perdendo-se este rico contedo, pode-se perder um relato que jamais poder ser

    substitudo. Por conta disso, o acesso a essas obras acaba-se tornando muito

    restrito, onde s possvel acess-los muitas vezes com a superviso de um

    funcionrio e com agendamento em horrio de visitas. Esses so apenas alguns dos

    cuidados que uma instituio exerce quanto ao acesso a essas importantes obras.

    Alm de usar mtodos na poltica de acesso e consulta de obras raras,

    muitas bibliotecas investem em uma alta segurana, pois o que determina o valor de

    uma obra rara a sua procura, e se uma obra identificada como nica ela se torna

    muito valiosa e muito procurada, o que pode acarretar um possvel caso de extravio

    dessa obra na instituio em que ela se encontra. Devido ao alto valor de alguns

    exemplares, muitos so guardados em cofres, onde somente os chefes das sees

    de obras raras da instituio tem acesso, pois uma responsabilidade enorme tal

    acesso a essas obras. Com isso, obras consideradas extremamente importantes

    para pesquisas em diversas reas, possuem acesso muito restrito, dificultando

    assim a disseminao da informao e do conhecimento.

  • 33

    Outro fator que determina a dificuldade no acesso a questo da

    preservao dessas obras, pois como a maioria delas data de um perodo antigo,

    muitas encontram-se em estado frgil por causa da deteriorao do material fsico

    ao longo do tempo. Por isso, o manuseio das obras deve ser feito com o mximo de

    cuidado possvel para que o formato fsico delas no seja danificado. Portanto, para

    que essas obras no sejam danificadas com a consulta excessiva dos usurios,

    muitas possuem acesso restrito para que assim possam ser conservadas por mais

    tempo.

    Diante do exposto, a segurana e a preservao de obras raras surgem

    como os principais empecilhos para o acesso s obras raras de uma instituio.

    Mas o tratamento especial fornecido a essas obras extremamente necessrio, j

    que elas constituem o suporte fsico da informao contida nesses documentos, pois

    s assim possvel conservar o contedo valioso e frgil desse acervo.

    4.3 Digitalizao de documentos

    A digitalizao de documentos surge com um importante papel para a

    preservao da informao e disseminao do conhecimento no ambiente digital.

    Pois atravs da digitalizao das obras raras originais das bibliotecas tradicionais,

    torna-se mais cmodo para o usurio e para a instituio o acesso s obras em um

    suporte eletrnico. A digitalizao de obra rara definida como:

    [...] processo de codificao ou converso de informaes analgicas em informaes digitais. Processo de captao, armazenamento, manipulao transmisso e recuperao de imagens em formato digital, por meio de escner. (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p.125)

    Para as obras raras, alm de aumentar a acessibilidade e a disponibilidade

    das obras, outros benefcios podem ser obtidos com a digitalizao dos documentos

    raros, como: melhor nvel de preservao destes, pois com a diminuio do

    manuseio e exposio das obras, o documento pode ser acessado por outro meio

    que no seja o fsico; a garantia de segurana dessas obras, pois com a opo do

    acesso eletrnico, possveis casos de extravios de obras valiosas podero ser

    evitados.

  • 34

    A digitalizao de documentos de obras raras tem um importante papel que

    o de preservar o contedo histrico e cultural de obras importantes do passado,

    com grande valor simblico para muitas reas do conhecimento. Muitas dessas

    obras demonstram o incio de teorias importantes de grandes pensadores e at

    mesmo o comeo do grande desenvolvimento da cincia e da imprensa. Elas so o

    marco para muitas reas, por isso possuem grande valor histrico e financeiro.

    O grande mecanismo que auxilia o processo de disseminao das obras via

    ambiente eletrnico a Internet. Pois atravs dela, os documentos sero

    democraticamente acessados por quem possuir acesso rede. Diemer (2010, p.39)

    afirma, que com a digitalizao e a disponibilizao das colees de obras raras

    digitalizadas na Internet, a procura pelo material impresso se reduzir, beneficiando

    a sua preservao sem dificultar o seu acesso. Webb (2006 apud NARDINO;

    CAREGNATO, 2005, p.399) lembra, que o documento digitalizado uma cpia de

    um documento original existente em outro suporte e consult-lo poupa o original do

    manuseio e conseqente degradao.

    Porm, a digitalizao no garante a salvaguarda dos objetos fsicos, mas

    contribui para o uso menos frequente dos originais, cumprindo assim com seu papel

    preservacionista. (ARELLANO, 1998, p.31)

    Com isso, a digitalizao de documentos tem o objetivo de promover o

    contedo importante das obras raras, preservando a informao histrica do

    passado para disseminar o conhecimento e gerar novas informaes de obras

    importantes no futuro.

    Todo documento que submetido ao processo de digitalizao

    processado por meio de escaneamento do material e simbolicamente representado

    pela combinao de nmeros, consistindo esta numa representao em bits. A

    representao binria, que a mais simples representao digital que existe,

    composta unicamente em dois valores lgicos: 0 e 1. Combinando esses

    valores, cria-se um sistema de representao digital atravs do qual podem-se

    representar documentos em formato fsico, transformando-os em documentos em

    formato digital.

  • 35

    Depois de digitalizadas, as imagens so formadas por conjunto de pontos, chamados pixels. Quanto maior for esse nmero, melhor a resoluo da imagem. Cada pixel possui um valor tonal (branco ou preto e passando por tons de cinza ou colorido) e digitalmente a representao do cdigo binrio (tambm conhecido como bits). Esses bits so armazenados e depois interpretados por um software. (DIEMER; BRAGA, 2010, p.24)

    Segundo Falco (20--), para escanear um documento preciso fazer alguns

    ajustes no software do equipamento a ser utilizado para a digitalizao. Com esse

    software possvel gerenciar as funes do scanner, que pode ser acionado por

    meio de um editor de imagens. Qualquer alterao nos procedimentos do processo

    de digitalizao afeta diretamente o tamanho do arquivo, portanto para fazer uma

    digitalizao adequada e posterior uso em ambiente eletrnico, preciso seguir os

    trs ajustes a seguir:

    1 ajuste (resoluo): o scanner "quebra" a imagem e armazena suas

    formas e cores em pequenos pontos chamados pixels. O valor da resoluo define a

    quantidade de pontos por polegada (em ingls, dots per inch, ou dpi) a serem

    capturados. Assim, ao dizer que uma imagem tem 300 dpi, queremos dizer que em

    cada polegada da imagem h 300 pontos. Quanto maior este nmero, mais definida

    (e maior) ser a imagem resultante no computador.

    Em caso de fotos, ou documentos com letras de tamanho comum

    (procuraes, etc.) uma resoluo de 100 dpi deve ser suficiente; e em casos de

    documentos cujas letras sejam pequenas, aconselhvel uma definio maior, algo

    em torno de 150 dpi.

    2 ajuste (profundidade de cores ou qualidade da cor - 1 bit, 8 bits, 16

    bits, 24 bits): basicamente, existem trs opes: colorido, escala de cinza e preto-e-

    branco, sendo que uma imagem,

    preto-e-branco ocupa 1 bit para cada pixel;

    256 cores ou escala de cinza ocupa 8 bits para cada pixel;

    65.536 cores ocupa 16 bits para cada pixel e

    16,8 milhes de cores ou True Color ocupam 24 bits para cada pixel.

  • 36

    Quanto maior a profundidade de cores (bits), maior a quantidade de

    informaes capturada pelo scanner, e, portanto, maior a similaridade entre a cpia

    e o original. O arquivo gerado tambm ser maior.

    3 ajuste (formato do arquivo): o formato em que voc salva seus

    documentos digitalizados tambm uma deciso importante a ser tomada. Entre os

    mais comuns esto BMP, JPEG, TIFF, DOC, XLS e PDF. Cada um desses formatos

    possui suas vantagens e desvantagens, sendo que a escolha de um ou outro est

    diretamente relacionada com a utilizao posterior do arquivo final.

    (FALCO, 20--, p.2)

    De acordo com Tammaro e Salarelli (2008), a principal vantagem da

    representao digital o da universalidade da prpria representao do documento.

    Pois a partir do momento em que todo meio, texto, imagem ou som codificado num

    formato nico conversvel para uma sequncia de bits, todos os diferentes tipos de

    informao podem ser tratados da mesma maneira e pelo mesmo tipo de

    equipamento.

    Uma vantagem do documento digital comparado com o documento

    tradicional segundo Tammaro e Salarelli (2008, p.13), a possibilidade de ser

    formalmente manipulado, de ser desmontado e remontado em mil combinaes

    diferentes sem jamais perder a possibilidade de manter intacto o original.

    O processo de digitalizao de documentos um novo marco para a

    informao, assim como foi o surgimento do papel, e posteriormente o da imprensa,

    o que acarretou tambm mudanas quanto aos formatos de registro bibliogrfico

    fazendo com que pudessem representar os respectivos contedos com preciso.

    Agora com o avano da tecnologia, a digitalizao surge para facilitar o acesso

    informao contida no documento, disponibilizando o que antes era exclusivamente

    fsico, para o meio eletrnico.

    De acordo com Nascimento (2006) um dos desafios para o processo de

    digitalizao est relacionado aos hardwares e softwares utilizados, pois com a

    rapidez do avano da tecnologia muitos deles se tornam obsoletos com o tempo. Por

    isso os itens bsicos para uma boa digitalizao so:

  • 37

    Computador: o mximo de memria RAM possvel para armazenagem

    dos dados, processador otimizado para manipulao de imagens, conexo do tipo

    USB ou IEEE1394, e gravador de CD e DVD.

    Monitor: de alta qualidade, com tela acima de 17 polegadas, alta

    resoluo e velocidade, e sem tremulaes.

    Scanner: sensor de imagem com a maior resoluo ptica possvel, maior

    profundidade de cores com preto e branco (1 bit), 256 cores ou escala de cinzas (8

    bits), e True Color (24 bits). Com maior profundidade de cores, maior a similaridade

    entre a cpia digitalizada e o original impresso.

    Softwares: so necessrios os softwares para escaneamento, por meio

    do qual possvel salvar os arquivos em formatos TIFF, JPEG, GIF, por exemplo. E

    os softwares para edio de imagem aps a digitalizao, como por exemplo, o

    Adobe Photoshop.

    (NASCIMENTO, 2006, p.20-24)

    Ainda segundo Nascimento (2006), para o processo de digitalizao

    preciso que se criem trs verses de arquivos de imagens, sendo eles: a imagem

    mestra, a imagem de acesso e a imagem em miniatura, pois atravs desse

    procedimento; assegura-se o nvel elevado de qualidade nas imagens, facilita-se o

    acesso a imagens digitais, e evita-se a duplicao na digitalizao. Abaixo so

    caracterizadas essas verses de imagens:

  • 38

    Quadro 2 - Caractersticas dos arquivos de imagens

    Fonte: NASCIMENTO, A. C. A. A. et al. Guia para digitalizao de documentos: verso 2.0. Braslia: EMBRAPA, 2006.

    A informao eletrnica est entrando cada vez mais em questo devido

    rpida disseminao dos meios eletrnicos que as tecnologias de informao

    proporcionam sociedade. De acordo com Amaral (2005, p.3), O uso de novas

    tecnologias de informao e a associao do computador s tecnologias de

    comunicao propiciaram o aumento das facilidades em relao ao fluxo e acesso

    informao e ao conhecimento.

    A informao eletrnica se adequou ao novo cenrio de mercado que surgiu

    ao longo dos anos. Com isso, ela classificada de acordo com as necessidades de

    cada profissional e define seu mercado da seguinte maneira:

    (a) orientado para a pesquisa, integrado pelos pesquisadores ligados pesquisa bsica, que necessitam da documentao que fundamente seus trabalhos; (b) orientado para a misso tecnolgica,

  • 39

    composto pelos que fazem pesquisa aplicada e cientistas da rea das exatas e humanas com misses definidas, (c) orientado para o pblico em geral, o de negcios e os tomadores de deciso. (SMITH, 1980 apud AMARAL, 1994, p.2)

    Assim pode-se perceber todo um potencial mercadolgico da informao

    eletrnica, em se tratando de marketing da informao. Tendo uma viso da

    informao como produto ou servio, ela tem uma funo crucial e de acordo com

    Amaral (1998, p.2) torna-se um recurso necessrio, tanto no ambiente de pesquisa,

    como no ambiente de negcios, podendo assim ser considerado um desafio para os

    profissionais interessados em marketing.

    4.4 Biblioteca Digital

    Com o progresso da tecnologia instaurado pelo processo de globalizao, a

    rea da informao sofreu uma srie de transformaes que, cada vez mais visveis

    desde a exploso informacional no perodo ps-segunda guerra mundial,

    culminaram no surgimento das bibliotecas digitais nos anos 90, como sendo o futuro

    das bibliotecas fsicas. Muitos acreditavam que as bibliotecas fsicas seriam

    totalmente substitudas pelas futuras bibliotecas digitais, e que a informao

    impressa desapareceria. Mas hoje, alguns afirmam que o que acontecer ser um

    processo de biblioteca hbrida, onde a biblioteca fsica atuar conjuntamente com a

    biblioteca digital, formando um sistema hbrido em que a informao ser

    disponibilizada tanto em suporte fsico, como em suporte digital. Beneficiando ainda

    mais o usurio com diferentes tipos de formas de acesso a uma mesma informao.

    A rede mundial de computadores, a Internet, surge como grande aliada

    nesse marco das unidades de informao. Graas a isso, as bibliotecas digitais

    surgiram e a informao que antes era fornecida somente no ambiente delimitado e

    fsico, pode se expandir em um ambiente sem fronteiras pelo mundo todo atravs da

    tecnologia em rede de computadores. Antigamente muitas bibliotecas visavam a

    riqueza de seu contedo pelo tamanho de seu acervo, mas atualmente, com o

    surgimento das bibliotecas digitais esse paradigma mudou, e hoje a riqueza do

  • 40

    contedo de uma biblioteca reside na maior facilidade de acesso informao

    disponibilizado em rede. Nardino e Caregnato explicam que:

    [...] hoje as bibliotecas digitais esto disponibilizadas na rede e podem ser acessadas 24h por dia, de qualquer ponto do planeta onde haja conexo disponvel. O cerne da biblioteca passou a ser o acesso, e no mais o acervo. Passou a ser a informao, no mais o documento. [...] (NARDINO; CAREGNATO, 2005, p.393)

    A economia de espao, a preservao do acervo e o acesso simultneo de

    vrios usurios para um mesmo documento so algumas vantagens advindas do

    surgimento da biblioteca digital. Segundo Arellano (1998, p.24) as tarefas bsicas

    que caracterizam os servios das bibliotecas digitais so:

    Criar um ambiente compartilhado que conecte os usurios colees de

    informao pessoal, colees encontradas em bibliotecas convencionais e colees

    de dados usadas por cientistas.

    Desenvolver interfaces de informao gerais ou especializadas relevantes

    aos seus usurios.

    Prover acesso a um grande nmero de fontes de informao e colees

    de qualidade, ambas em verses on-line, integrando-as com os objetos fsicos da

    informao.

    Promover um ambiente que permita a experimentao e a incorporao

    de novos servios e produtos.

    Facilitar a proviso, disseminao e uso da informao por instituies,

    grupos e indivduos.

    Armazenar e processar informao em mltiplos formatos, incluindo texto,

    imagem, udio, vdeo, 3-D, etc.

    Intensificar a comunicao e colaborao entre os sistemas de

    informao para benefcio da sociedade em geral.

    A biblioteca digital tem uma importncia extrema no s para a

    disseminao da informao, mas como um novo meio de preservao do

    documento, facilidade no acesso, comodidade para o usurio dando maior eficincia

  • 41

    e eficcia na pesquisa, divulgando assim maiores benefcios aos servios da

    biblioteca para a sociedade.

    A biblioteca digital surge como grande aliada para a disseminao da

    informao rara em rede. Pois com a ajuda desta ferramenta tecnolgica, um servio

    que antes era considerado de difcil acesso em praticamente todas as bibliotecas

    que possuam uma sesso de obras raras, agora poder disponibilizar seu acervo

    com uma maior facilidade, desburocratizando as polticas de acesso s obras raras

    nas bibliotecas e democratizando o acesso informao e ao conhecimento.

    Problemas com o acesso devido segurana de obras consideradas

    valiosas e preservao do acervo fsico considerado frgil devido idade da obra,

    podem ser resolvidos com o advento da biblioteca digital de obras raras. Pois o

    acervo digital uma forma alternativa de acesso informao do documento raro.

    Atravs desse novo servio, ambos os lados so beneficiados, com o usurio tendo

    a informao com maior facilidade atravs da rede, e com a preservao do

    documento raro em seu acervo fsico.

    Segundo Falk (2003, NARDINO; CAREGNATO, 2005, p 400), as colees

    raras e especiais tm sido digitalizadas no apenas com propsitos de preservao,

    mas principalmente com a inteno de ampliar o acesso a esses materiais. A

    divulgao deste servio a resoluo de outro problema para este tipo de acervo,

    pois com uma maior visibilidade da obra possvel que o acesso aumente,

    beneficiando assim o servio.

    Atravs da biblioteca digital, possvel que vrios usurios, ao mesmo tempo, consultem a mesma obra, o que no seria possvel atravs da consulta realizada na biblioteca. Sendo assim, a biblioteca digital constitui a melhor alternativa para o mltiplo acesso. (NARDINO; CAREGNATO, 2005, p.401)

    O servio de biblioteca digital de obras raras contribuiria para que todos os

    problemas como a segurana, preservao e acesso s obras raras fossem

    resolvidos. Mas para que a eficcia desse servio seja alcanada, preciso uma

    divulgao adequada, ou seja, um marketing do servio direcionado s obras raras.

  • 42

    4.5 Preservao das obras raras

    Com muitos benefcios advindos da digitalizao de documentos e da

    biblioteca digital, como um aumento na segurana do acervo raro devido

    diminuio da consulta ao acervo fsico, e com o aumento do acesso s obras raras

    no acervo eletrnico disponvel na biblioteca digital de obras raras, por meio da

    Internet, surge mais um benefcio que e sempre foi ao longo dos anos um dos

    fatores de maior prioridade em um acervo raro, que a questo da preservao. De

    acordo com Hedstrom (1996, apud ARELLANO, 2004, p.17), a preservao digital

    o planejamento, alocao de recursos e aplicao de mtodos e tecnologias para

    assegurar que a informao digital permanea acessvel e utilizvel.

    A necessidade de preservao funciona como um dos argumentos para a

    restrio do acesso s obras raras ao longo dos anos. Com isso, procura-se justificar

    o zelo excessivo por parte dos bibliotecrios com o manuseio desses documentos, e

    principalmente quando se trata da consulta de usurios ao documento desejado.

    A consulta realizada pelo usurio no acervo fsico deve seguir as instrues

    do bibliotecrio para danificar o mnimo possvel a obra rara. Dependendo do

    material, luvas e mscaras devem ser utilizadas no apenas para a proteo do

    objeto manuseado, mas tambm para a proteo do usurio (REIFSCHNEIDER,

    2008). Com o surgimento da biblioteca digital de obras raras, atualmente esta

    consulta pode ser feita em meio eletrnico com muito mais comodidade e

    praticidade, e com a ajuda de recursos que antes no eram possveis, como: a

    funo do zoom, a disponibilizao da obra 24 horas e ilimitada para todos os

    usurios que desejam acess-las. Com isso, Arellano (1998, p. 28) afirma que a

    maior vantagem que a biblioteca digital trouxe sobre as outras formas de converso

    de textos antigos pelo fato dela prover um novo tipo de preservao dos materiais

    raros e frgeis, alm do uso simultneo de vrios usurios, o que resulta em

    economia de espao fsico, vantagens que no so possveis com o documento

    impresso.

    A digitalizao e disponibilizao destas obras raras em meio digital, devem

    garantir a originalidade das obras. Pois segundo Marchionini,

  • 43

    As cpias em suporte informtico de documentos originais no-nicos constitudos originalmente por suporte de papel ou, de qualquer modo, no-informticos, substituem, para todos os efeitos legais, os originais dos quais foram tiradas se sua conformidade com o original for garantida pelo responsvel pela conservao [...] (MARCHIONINI, 2003 apud TAMMARO, 2008, p.15):

    Pois somente assim ser possvel o acesso seguro a elas. Com a

    originalidade garantida, possvel a disponibilizao do acervo digitalizado nas

    bibliotecas digitais:

    [...] no momento em que as bibliotecas digitais decidem disponibilizar as obras raras, elas assumem a responsabilidade de garantir para o usurio que a informao disponibilizada autntica e de que a durabilidade do objeto digital persistente; a biblioteca passa assim a realizar a tarefa de preservao intelectual das obras digitalizadas. (ARELLANO, 1998, p.32)

    Portanto, assim a biblioteca digital passa a ter tambm um papel importante

    para o acervo raro, que o de preservar o contedo, ao mesmo tempo

    disponibilizando um maior acesso informao. A biblioteca digital possibilitada pelo

    advento da digitalizao de documentos contribui para a preservao das obras

    raras, tanto do acervo fsico, como cria tambm uma segunda alternativa de

    preservao, a do meio digital, representando assim um back up das informaes

    raras. Chepesiuk (2001, apud NARDINO; CAREGNATO, 2005, p.399) afirma que

    [...] a digitalizao ajuda a preservar os materiais frgeis, tirando-os de circulao e

    promovendo seu acesso atravs de um formato alternativo, reduzindo assim os

    riscos aos quais estariam sujeitos atravs do manuseio.

    Segundo Tammaro e Salarelli ,

    a capacidade de um documento digital sobreviver no tempo diretamente proporcional sua fcil reprodutibilidade e inversamente proporcional instabilidade dos suportes at hoje utilizados. (TAMMARO; SALARELLI, 2008, p.16)

    Ou seja, existe grande facilidade para escanear um documento e

    disponibiliz-lo em meio digital, porm com o rpido avano da tecnologia no

    possvel determinar a vida til de um documento digitalizado devido

    desatualizao acelerada dos suportes eletrnicos. Por conta disso Reifschneider

    explica que:

  • 44

    [...] os arquivos digitais no so meios absolutamente seguros para se manter toda a informao existente: a segurana das informaes preservadas digitalmente o mais novo desafio com o qual temos de lidar hoje. O importante que haja um empenho crescente na preservao das informaes produzidas, que se perdem em ritmo crescente. [...] (REIFSCHNEIDER, 2008, p. 72,73)

    Portanto, a digitalizao uma forma de preservao digital de obras raras.

    Porm como todo suporte, este deve tambm ter um tratamento especial no seu

    manuseio e preservao. Pois o suporte eletrnico vive em constante

    desatualizao, e para que a informao seja preservada com segurana, preciso

    que os suportes sejam atualizados periodicamente.

    4.6 O marketing em obras raras

    O marketing em obras raras pode ser exercido com o uso da tecnologia.

    Com todos os recursos tecnolgicos apresentados nos captulos anteriores

    possvel divulgar o servio da sesso de obras raras de uma biblioteca, promovendo

    de forma mais eficiente o produto, no caso o documento raro, para o usurio. Assim

    tem-se uma maior eficcia no acesso e disseminao da informao.

    O marketing digital aplicado com a finalidade de estreitar a comunicao entre o usurio e a biblioteca, utilizando-se da tecnologia, interligando funes e associando os mais diversos servios e produtos disponveis (MELGAREJO, 2008?, p.5)

    O grande desafio das bibliotecas para o setor de obras raras fazer com

    que a informao do passado se combine com o suporte do futuro, no caso a

    transformao do documento impresso em documento eletrnico atravs da

    digitalizao, e aps esse processo, disponibiliz-lo em rede para disseminao da

    informao em ambiente digital. Dessa forma, amplia-se o acesso por parte dos

    usurios e finalmente atinge-se o objetivo de todas as bibliotecas, que a

    disseminao do conhecimento. Pois somente assim a instituio, biblioteca, ser

    capaz de oferecer ao usurio o valor da informao digital e seus benefcios

    advindos do processo da digitalizao e disponibilizao do contedo na biblioteca

    digital de obras raras, como afirma Melgarejo,

  • 45

    [...] o marketing digital voltado s bibliotecas, uma forma instigante de universalizar a informao, promovendo e alavancando a gesto do conhecimento, que coleta, cria, organiza, compartilha e dissemina informaes com o propsito de reforar a importncia da informao na Sociedade da Informao. [...] (MELGAREJO, 2008?, p.6)

    Portanto de extrema importncia a criao de uma biblioteca digital de

    obras raras para uma biblioteca, pois atravs dela possvel fazer uma maior

    divulgao do acervo raro, atingindo assim o objetivo do marketing, que a

    promoo dos servios e produtos atravs do suporte digital trazendo benefcios aos

    usurios, como maior comodidade e rapidez no acesso s suas necessidades

    informacionais.

    5 ESTUDO DE CAMPO: entrevistas nas bibliotecas do STF e Senado

    As duas bibliotecas escolhidas para a pesquisa de campo e anlise dos

    dados com a comparao dos servios e produtos de unidades de informao foram

    as seguintes instituies: Biblioteca Ministro Victor Nunes Leal do Supremo Tribunal

    Federal e Biblioteca Acadmico Luiz Viana Filho do Senado Federal, que tiveram

    uma considervel contribuio em um mbito prtico do assunto abordado nesta

    monografia. Nessas instituies foram aplicados questionrios aos representantes

    dos setores de obras raras, perguntas subjetivas e objetivas para coleta dos dados,

    e posteriormente foram feitas visitas guiadas com os responsveis pelas sees de

    obras raras ao acervo, para coleta de imagens fotogrficas do ambiente fsico e

    equipamentos do setor.

    Como critrios para a seleo das bibliotecas a serem estudadas, a presente

    pesquisa considerou os seguintes requisitos: que a biblioteca possusse um setor de

    obras raras; que a biblioteca realizasse a digitalizao de obras raras; que a

    biblioteca disponibilizasse o acervo digitalizado em biblioteca digital. Portanto, as

    duas bibliotecas estudadas possuem os requisitos necessrios para estudo de

    campo.

  • 46

    5.1 Biblioteca do STF

    A Biblioteca Ministro Victor Nunes Leal especializada na rea de Direito e

    possui aproximadamente 100.000 obras divididas em livros, peridicos e materiais

    especiais, tanto nacionais como estrangeiros. A origem da biblioteca do STF

    coincide com a data da instalao do Tribunal, que foi mencionada no regimento

    interno de 1891. Porm o registro mais antigo da biblioteca data de 1912, sendo

    considerada essa a data de fundao da mesma. Em 1960, a biblioteca foi instalada

    no edifcio sede do STF com a mudana da capital federal para Braslia. Em 1979, o

    acervo passou a utilizar a classificao decimal de Dewey, que antes era o sistema

    topogrfico simples, melhorando a estrutura e organizao do acervo. Em 1987, a

    biblioteca comeou o seu processo de automao do acervo e fez a instalao de

    computadores com terminais para consulta. Em 2001, no dia 18 de abril a biblioteca

    passou a ser chamada oficialmente de Biblioteca Ministro Victor Nunes Leal,

    homenagem em razo da contribuio do Ministro para a sistematizao das

    decises predominantes do Tribunal por meio das smulas, das quais foi o grande

    idealizador. Em 2007, foi lanada pela Ministra Ellen Gracie, a primeira verso da

    Biblioteca Digital, que contava, inicialmente, com as Colees Obras Completas de

    Rui Barbosa, Obras Raras e Obras em Domnio Pblico. O projeto da biblioteca

    digital tinha o intuito de modernizar o acervo e disponibiliz-lo em rede para os

    usurios. No mesmo ano de 2007, foi implementado um novo site do STF, facilitando

    a atualizao dos contedos e a disponibilizao das informaes dos produtos,

    servios e informaes da Biblioteca aos seus usurios, onde o link para acesso

    biblioteca foi disponibilizada no menu principal da pgina do Supremo Tribunal

    Federal. Em 2010, foi feita a aquisio do scanner planetrio Copibook HD I2S (ver

    figura 5, p.54) para digitalizao de obras raras e material bibliogrfico em

    dimenses maiores. Disponibilizando em ambiente digital a partir da, arquivos

    digitalizados de obras importantes da biblioteca em altssima qualidade. No mesmo

    ano de 2010, no dia 15 de abril, foi lanada a segunda verso da Biblioteca Digital,

    no Salo Branco, pelo ministro presidente Gilmar Ferreira Mendes. (BRASIL,

    SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL).

  • 47

    5.1.1 Entrevista na Biblioteca do STF

    A biblioteca Victor Nunes Leal do Supremo Tribunal Federal possui cerca 3

    mil obras raras em seu acervo, que possui colees em diferentes reas das

    cincias humanas, como: Histria, Arte, Literatura, Filosofia e Direito, sendo a ltima

    o enfoque do acervo. As sugestes citadas para que o acesso ao setor de obras

    raras aumente foram: o conhecimento do acervo, a divulgao do acervo no site da

    biblioteca, a melhoria da estrutura fsica para alocao das obras raras, dando mais

    visibilidade ao setor.

    O acervo digitalizado em parte, ou seja, est em processo de digitalizao.

    A desvantagem da digitalizao citada na entrevista seria a manipulao das obras

    no processo de digitalizao tendo como conseqncia a danificao do material,

    que considerado frgil. J a vantagem seria principalmente a divulgao das obras

    tendo um maior acesso e a no manipulao do acervo no momento da consulta por

    parte dos usurios, preservando assim a estrutura fsica das obras originais. A

    biblioteca comeou a digitalizar seu acervo a partir da gesto da ministra Ellen

    Gracie no STF, que sugeriu que a biblioteca modernizasse seu acervo digitalizando

    suas obras e disponibilizando-as em ambiente digital. Foi afirmado na entrevista que

    a digitalizao das obras raras contribuiu mais para a divulgao do acervo. feito

    um treinamento de funcionrios da biblioteca para a digitalizao das obras raras.

    No processo de digitalizao, primeiro identificado se a obra precisa de uma

    restaurao, e em caso afirmativo, ela enviada ao laboratrio de restaurao de

    livros para posteriormente ser escaneada no scanner planetrio Copibook HD I2S,

    ou seja, o equipamento adequado para digitalizao de obras raras, uma ferramenta

    que contm todos os cuidados possveis para que a obra no seja danificada no

    momento da digitalizao, como a proteo de lombada (ver figura 7, p.56). A

    prioridade na digitalizao das obras so as demandas de usurios, ou seja, o

    usurio envia sua sugesto de obra desejada para que esta seja digitalizada, para

    assim o setor providenciar a digitalizao. A segunda prioridade a digitalizao de

    documentos na rea de Direito e documentos da instituio. O formato de imagem

    mestra o formato TIFF, a imagem para acesso o formato PDF, e a imagem em

  • 48

    miniatura o formato JPEG, com tamanhos de maior qualidade para menor,

    respectivamente. O aspecto positivo na digitalizao foi afirmado devido facilidade

    no acesso, e outro fator positivo citado na entrevista que atravs de um livro

    digitalizado, pode-se fazer uma busca textual dentro do arquivo em PDF.

    A biblioteca digital foi criada em 2007 com o intuito de modernizar e divulgar

    o acervo. O acesso biblioteca digital de obras raras totalmente livre, ou seja,

    qualquer usurio pode acessar o acervo sem que precise de algum tipo de senha ou

    cadastro no site da instituio.

    A nica troca de informaes no aspecto de cooperao entre instituies

    para comutao de material digitalizado foi a parceria com a instituio cultural

    Centro de Rui Barbosa, onde foram adquiridas obras digitalizadas do autor para

    serem inseridas no acervo raro da biblioteca digital de obras raras do STF.

    Em relao ao marketing, no intuito da divulgao do acervo raro em

    ambiente digital, houve uma melhoria. Mas no momento, ainda tem muito a

    melhorar, pois a divulgao dos produtos e servios no site da biblioteca ainda no

    possui uma visualizao adequada para que os usurios encontrem os links de

    acesso de forma rpida e eficaz. O entrevistado acredita que o marketing das obras

    raras est principalmente ligado poltica institucional, pois de acordo com ele a

    biblioteca uma rea meio para que a informao chegue at os seus usurios

    potenciais, no caso, os funcionrios do STF. Por isso necessita ainda de uma maior

    visibilidade para que a informao institucional seja disseminada de forma eficiente.

    Em relao segurana, houve uma melhoria para o acervo. Mas antes da

    digitalizao no havia casos de extravios de obras. Ento a digitalizao serviu

    como um cuidado a mais para o acervo, no s assegurando o valor das obras, mas

    a integridade das mesmas, preservando-as do manuseio constante em relao ao

    que acontecia antes da digitalizao. Ento, a digitalizao foi uma vantagem no s

    para a segurana das obras, mas tambm para a preservao fsica das mesmas.

    Na entrevista foi afirmado que a maioria dos usurios no sabe da existncia

    do setor de obras raras, e muito menos da biblioteca digital de obras raras. Pois h

    uma defasagem em relao divulgao desse setor. Em relao ao acesso por

    parte dos usurios, a consulta ao acervo livre, porm o manuseio das obras feita

    com o uso de luvas e mscaras para proteo prpria sade do usurio, e s

    feita com a superviso de um bibliotecrio para evitar-se a danificao do material

  • 49

    consultado. Em relao ao novo perfil do usurio em decorrncia da digitalizao,

    houve uma mudana, pois aumentou o acesso e estes usurios passaram a

    conhecer mais o acervo, os servios e produtos da biblioteca em ambiente digital. O

    acervo raro fsico tem uma importncia para a memria institucional e para a

    disseminao histrica da informao para os usurios da biblioteca. J o acervo

    raro digital tem uma importncia no alcance da divulgao da informao rara e a

    preservao do acervo raro.

    Figura 1. Estantes deslizantes do acervo do STF

  • 50

    Figura 2. Obras Raras (Biblioteca do STF)

    5.2 Biblioteca do Senado

    A biblioteca Acadmico Luiz Viana Filho possui aproximadamente 390 mil

    volumes, entre livros, folhetos, jornais peridicos, mapas e outros formatos na

    coleo de multimeios. Ela foi fundada em 1826, na poca o Senado Federal se

    chamava Cmara dos Senadores do Imprio do Brasil e a biblioteca, Livraria do

    Senado. A idia de criar a biblioteca partiu do ento Baro De Cair, que apresentou

    ao primeiro Presidente do Senado Federal, Visconde de Santo Amaro, a

    necessidade de aquisio de publicaes para auxiliar os senadores nos trabalhos

    legislativos. Com a mudana da capital da Repblica em 1960, a biblioteca foi

    transferida para Braslia no mesmo ano, para o Palcio do Congresso Nacional. O

    acervo comeou o seu processo de automao em 1972, a partir da parceria com o

    Centro de Informtica e Processamento de Dados do Senado Federal

    (PRODASEN), originando a Rede Sabi, uma das primeiras redes brasileiras de

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    bibliotecas. Em 1979, a partir