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FÁBRICA DE SOFTWARE INFO 200 Como as fábricas de software estão mudando a cara do desenvolvimento de tecnologia no Brasil POR ROSA SPOSITO 96 I INFO I AGOSTO 2004

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cena que você vê na foto aolado foi clicada no escritórioda consultoria TCS, do grupoTBA, em Brasília, mas pode-ria estar na IBM, na Itautec,

na G&P, na CPM, na Stefanini, na Softtekou em dezenas de outras empresas detecnologia instaladas no país. Nomes co-mo esses são apenas alguns dos exem-plos que aderiram com vigor à onda dasfábricas de software. Por trás de uma ver-dadeira concentração de programadores,movidos a linhas e linhas de código, estáo desenvolvimento de programas sob en-comenda para clientes das mais variadasáreas — e com todo tipo de tecnologia.Hoje, o funcionário pode estar alocadonum projeto de software para o chão defábrica de uma empresa da indústria au-tomobilística. Semana que vem, num sis-tema de CRM para uma operadora de te-lefonia celular. Ou ainda num software pa-ra transações bancárias.

Não é difícil explicar por que as fábricasde software estão se expandindo tão ra-pidamente pelo país. E a razão está qua-se sempre ligada ao bolso dos clientes.Fica mais caro manter equipes internas (ebancar todos os treinamentos e atualiza-ções) para fazer o desenvolvimento den-tro de casa. Além disso, a tendência é seconcentrar cada vez mais o foco no negó-cio e se livrar de atividades-meio. “Aequipe de TI hoje está mais preocupadacom o próprio negócio da empresa e eminteragir com outras áreas do que com aconstrução de códigos de programas”,afirma Genivaldo Mota, diretor de desen-volvimento de sistemas e fábrica de soft-ware da G&P, a Gennari & Peartree.

Não é qualquer atividade de desenvolvi-mento, entretanto, que pode ser classifica-da como fábrica de software. O conceitoenvolve sofisticadas metodologias, gerên-cia do projeto e padrões de qualidade in-ternacionais, como os estipulados pelacertificação CMM (Capability Maturity Mo-del). É um serviço de maior valor agregadodo que a construção de códigos de progra-mas e parte de especificações predefini-

das pelo cliente. Para distinguir os dois ti-pos de serviço, o mercado costuma cha-mar de fábrica de software, ou de projetos,o trabalho de desenvolvimento completode sistemas, que envolve todas as etapasde produção — do projeto lógico e físicoaté os testes, implantação e entrega da do-cumentação ao cliente.

Já a construção de códigos foi batizadade fábrica de programas, ou de compo-nentes. “Nesse caso, basicamente, ela re-cebe a especificação e entrega o código eos testes”, explica Mota, da G&P. Na fábri-ca de projetos, há um envolvimento maiorcom o cliente, uma vez que é preciso en-tender seu negócio e necessidades paradefinir as especificações do sistema — oque, em geral, é feito em conjunto.

A maioria das empresas que atua nessemercado oferece os dois tipos de servi-ços — e, muitas vezes, estão instaladasonde existem faculdades de tecnologia,que costumam servir de fonte para o re-crutamento de mão-de-obra. É comum afábrica de projetos usar a fábrica de pro-gramas da própria empresa, no momen-to da construção dos códigos. Corpora-ções que mantêm equipes internas dedesenvolvimento e até outros prestado-res de serviços de TI, como empresas deanálise e consultoria, também costumamcomprar a codificação das fábricas deprogramas. Elas funcionam como fábri-cas convencionais, com linhas de produ-ção específicas, geralmente organizadaspor tecnologia — Java, Cobol, Adabas elinguagens web, por exemplo. “Quandochega a demanda, ou a especificação,uma equipe de distribuição encaminha otrabalho para a linha de produção ade-quada”, diz Newton Alarcão, diretor daPolitec, de Brasília.

Há uma diferença no perfil dos profis-sionais usados nos dois tipos de servi-ços. “Na fábrica de projetos, temos con-sultores, analistas, gerentes de projetose especialistas em arquiteturas e bancosde dados, praticamente todos com for-mação superior”, afirma Alarcão. Para afábrica de programas, a Politec contrata

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Como as fábricas de software estãomudando a cara do desenvolvimentode tecnologia no BrasilPOR ROSA SPOSITO

Fábrica desof tware da TCS,em Brasí l ia: desenvolvimentopara f i l ia is daRenault na Europa

9 6 I I N F O I AGOSTO 2004 AGOSTO 2004 I I N F O I Ç Ç Ç© FOTO ANDERSON SCHNEIDER

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cena que você vê na foto aolado foi clicada no escritórioda consultoria TCS, do grupoTBA, em Brasília, mas pode-ria estar na IBM, na Itautec,

na G&P, na CPM, na Stefanini, na Softtekou em dezenas de outras empresas detecnologia instaladas no país. Nomes co-mo esses são apenas alguns dos exem-plos que aderiram com vigor à onda dasfábricas de software. Por trás de uma ver-dadeira concentração de programadores,movidos a linhas e linhas de código, estáo desenvolvimento de programas sob en-comenda para clientes das mais variadasáreas — e com todo tipo de tecnologia.Hoje, o funcionário pode estar alocadonum projeto de software para o chão defábrica de uma empresa da indústria au-tomobilística. Semana que vem, num sis-tema de CRM para uma operadora de te-lefonia celular. Ou ainda num software pa-ra transações bancárias.

Não é difícil explicar por que as fábricasde software estão se expandindo tão ra-pidamente pelo país. E a razão está qua-se sempre ligada ao bolso dos clientes.Fica mais caro manter equipes internas (ebancar todos os treinamentos e atualiza-ções) para fazer o desenvolvimento den-tro de casa. Além disso, a tendência é seconcentrar cada vez mais o foco no negó-cio e se livrar de atividades-meio. “Aequipe de TI hoje está mais preocupadacom o próprio negócio da empresa e eminteragir com outras áreas do que com aconstrução de códigos de programas”,afirma Genivaldo Mota, diretor de desen-volvimento de sistemas e fábrica de soft-ware da G&P, a Gennari & Peartree.

Não é qualquer atividade de desenvolvi-mento, entretanto, que pode ser classifica-da como fábrica de software. O conceitoenvolve sofisticadas metodologias, gerên-cia do projeto e padrões de qualidade in-ternacionais, como os estipulados pelacertificação CMM (Capability Maturity Mo-del). É um serviço de maior valor agregadodo que a construção de códigos de progra-mas e parte de especificações predefini-

das pelo cliente. Para distinguir os dois ti-pos de serviço, o mercado costuma cha-mar de fábrica de software, ou de projetos,o trabalho de desenvolvimento completode sistemas, que envolve todas as etapasde produção — do projeto lógico e físicoaté os testes, implantação e entrega da do-cumentação ao cliente.

Já a construção de códigos foi batizadade fábrica de programas, ou de compo-nentes. “Nesse caso, basicamente, ela re-cebe a especificação e entrega o código eos testes”, explica Mota, da G&P. Na fábri-ca de projetos, há um envolvimento maiorcom o cliente, uma vez que é preciso en-tender seu negócio e necessidades paradefinir as especificações do sistema — oque, em geral, é feito em conjunto.

A maioria das empresas que atua nessemercado oferece os dois tipos de servi-ços — e, muitas vezes, estão instaladasonde existem faculdades de tecnologia,que costumam servir de fonte para o re-crutamento de mão-de-obra. É comum afábrica de projetos usar a fábrica de pro-gramas da própria empresa, no momen-to da construção dos códigos. Corpora-ções que mantêm equipes internas dedesenvolvimento e até outros prestado-res de serviços de TI, como empresas deanálise e consultoria, também costumamcomprar a codificação das fábricas deprogramas. Elas funcionam como fábri-cas convencionais, com linhas de produ-ção específicas, geralmente organizadaspor tecnologia — Java, Cobol, Adabas elinguagens web, por exemplo. “Quandochega a demanda, ou a especificação,uma equipe de distribuição encaminha otrabalho para a linha de produção ade-quada”, diz Newton Alarcão, diretor daPolitec, de Brasília.

Há uma diferença no perfil dos profis-sionais usados nos dois tipos de servi-ços. “Na fábrica de projetos, temos con-sultores, analistas, gerentes de projetose especialistas em arquiteturas e bancosde dados, praticamente todos com for-mação superior”, afirma Alarcão. Para afábrica de programas, a Politec contrata

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Fábrica desof tware da TCS,em Brasí l ia: desenvolvimentopara f i l ia is daRenault na Europa

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estudantes de faculdades de tecnologia,que vai buscar nas universidades com asquais tem parceria — entre elas, a PUC ea Universidade de Brasília. No total, aempresa tem cerca de 350 profissionais,nas fábricas de projetos e de programas,instaladas em Brasília e em São Paulo.

Os principais clientes da Politec são ins-tituições financeiras, como o Banco doBrasil, o Itaú, o Bradesco e a Caixa Eco-nômica Federal, e vários órgãos de go-verno, como os ministérios da Justiça, doTrabalho e das Relações Exteriores, a Po-lícia Federal e a Secretaria da Fazendado Estado de São Paulo. A maior deman-da vai para as fábricas de projetos. Emvolume, porém, as fábricas de progra-mas têm demanda superior. “Um únicoprojeto pode gerar 200 programas, porexemplo”, afirma Alarcão.

WI-FI NO SUPERMERCADOOutros prestadores de serviços confir-mam que a tendência do mercado é acontratação de projetos completos de de-senvolvimento. A Itautec começou aprestar serviços de fábrica de softwareno segundo semestre do ano passado,justamente para atender aos pedidos deseus clientes. “Em geral, são projetos demaior complexidade, que envolvem a in-tegração com sistemas legados da em-presa”, afirma Elizabeth Costa, gerentegeral da área de soluções e-business daItautec. Ela conta que, ao adquirir equi-pamentos de automação comercial outerminais de auto-atendimento, muitosclientes solicitavam a aplicação para ro-dar nessas máquinas. Foi o caso do Pãode Açúcar, que comprou da Itautec o sis-tema de automação de suas lojas e de-pois encomendou uma aplicação comple-mentar, baseada no uso de PDAs equipa-dos com placas de rede Wi-Fi para comu-nicação sem fio nos supermercados.

Com cerca de cem profissionais, a fábri-ca de software da Itautec está instaladaem São Paulo e atende os clientes corpo-rativos da empresa no Brasil e em Portu-gal — onde tem uma filial, que presta

serviços para clientes como as redes desupermercados Carrefour e Auchan. Nes-se caso, o contato com as empresas émantido pela equipe do escritório emPortugal. As especificações dos sistemassão enviadas para a fábrica em São Pau-lo, onde é feito o desenvolvimento.

A CPM também inaugurou sua fábrica desoftware, há mais de dez anos, para aten-der aos clientes que tinham grande de-manda de desenvolvimento. “Muitas em-presas hoje usam a fábrica de software pa-ra não ter de investir em recursos própriosou no desenvolvimento de uma compe-tência profissional específica, por exemploem Assembler ou Adabas, que não têmdentro de casa”, afirma Lilian Picciotti, di-retora de serviços e competências da CPM.

De quebra, a empresa fica livre do pro-blema da gestão de picos de demanda,comuns na área de desenvolvimento desistemas — e que muitas vezes exigem acontratação de mão-de-obra temporária.Na terceirização, o problema é transferidopara a fábrica de software, que em geraltem parcerias para suprir necessidades demão-de-obra nos períodos de pico. É o ca-so da CPM, que costuma buscar profissio-nais para desenvolvimento em Java noCentro de Estudos e Sistemas Avançadosdo Recife (Cesar), da Universidade Federalde Pernambuco ou então treinar estudan-tes da Universidade Newton Paiva, de Mi-nas Gerais, quando aumenta a demandapor desenvolvimento de sistemas em lin-guagem Adabas/Natural.

A CPM tem fábricas instaladas em Al-phaville (na Grande São Paulo), no Rio deJaneiro, em Florianópolis e em PatoBranco (no Paraná) — as duas últimas emparceria com universidades locais — eatende a clientes como o Banco Real/ABN Amro, o Bradesco, a Nossa Caixa e aGE Consumer Finance, no México. Alémdisso, mantém uma unidade em Belo Ho-rizonte, voltada especificamente paraatender a Telemar (veja quadro na pág.102). Seus serviços incluem tanto a cons-trução de códigos de programas, como odesenvolvimento completo de sistemas,

EM GERAL, ASFÁBRICAS DESOFTWARE TÊMPARCERIAS PARACONTRATAR MÃO-DE-OBRA EM ÉPOCAS DE PICO

em diversos ambientes e tecnologias: Co-bol, Adabas/Natural, Assembler, Oracle,DB2, PL/1, SQL Server, Java, J2EE, Webs-phere, SAP e Visual Basic, entre outros.Ao todo, as fábricas da CPM (sem contara de Belo Horizonte) empregam cerca demil profissionais, a maioria com nível su-perior de formação. Muitos têm aindacertificação nas tecnologias em que seespecializaram.

A estratégia de trabalhar com várias tec-nologias e de manter unidades espalhadaspelo país — e até fora dele — é comum en-tre as fábricas de software. Dessa forma,elas procuram ficar mais perto dos clientese, ao mesmo tempo, suprir suas necessida-des nas diversas plataformas que caracte-rizam os ambientes de desenvolvimento,onde convivem sistemas novos e antigosque precisam ser atualizados e integrados.

A mexicana Softtek inaugurou sua fábri-ca de software no Brasil em outubro de2002 porque a quantidade de projetos ede clientes no país havia aumentado. Des-de o final da década de 90, ela usava a fá-brica do México — criada com o objetivode atender principalmente aos Estados

Unidos — para desenvolver projetos tam-bém para empresas no Brasil, como a Em-braer e a Alcan. “Montamos uma estruturaespecífica para isso no México”, diz JoséMaria Gudiño, diretor do centro de desen-volvimento global da empresa no Brasil.

Instalada em São Paulo, a fábrica daSofttek hoje emprega cerca de 130 profis-sionais, especializados em diversos am-bientes, como mainframe, cliente-servi-dor e SAP, e atende perto de 20 clientes.Um deles é a Petrobras, para a qual aSofttek desenvolve sistemas usados noBrasil e na Colômbia. “No caso de desen-volvimento, o que os clientes querem éter seus projetos prontos em pouco tem-po e com qualidade, sem se preocuparcom picos de demanda. Já nos de suportee manutenção de sistemas, um dos princi-pais objetivos é a redução de custos”,afirma Gudiño. Até o fim do ano, a Softtekpretende inaugurar sua segunda fábricade software no Brasil, que ficará no RioGrande do Sul. Com ela, a empresa soma-rá seis fábricas no mundo — hoje são trêsno México, uma no Brasil e uma na Espa-nha, com um total de 2 mil profissionais.

Equipe da G&P, em São Paulo: s istemasque vão do Cobol àplataforma .Net

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estudantes de faculdades de tecnologia,que vai buscar nas universidades com asquais tem parceria — entre elas, a PUC ea Universidade de Brasília. No total, aempresa tem cerca de 350 profissionais,nas fábricas de projetos e de programas,instaladas em Brasília e em São Paulo.

Os principais clientes da Politec são ins-tituições financeiras, como o Banco doBrasil, o Itaú, o Bradesco e a Caixa Eco-nômica Federal, e vários órgãos de go-verno, como os ministérios da Justiça, doTrabalho e das Relações Exteriores, a Po-lícia Federal e a Secretaria da Fazendado Estado de São Paulo. A maior deman-da vai para as fábricas de projetos. Emvolume, porém, as fábricas de progra-mas têm demanda superior. “Um únicoprojeto pode gerar 200 programas, porexemplo”, afirma Alarcão.

WI-FI NO SUPERMERCADOOutros prestadores de serviços confir-mam que a tendência do mercado é acontratação de projetos completos de de-senvolvimento. A Itautec começou aprestar serviços de fábrica de softwareno segundo semestre do ano passado,justamente para atender aos pedidos deseus clientes. “Em geral, são projetos demaior complexidade, que envolvem a in-tegração com sistemas legados da em-presa”, afirma Elizabeth Costa, gerentegeral da área de soluções e-business daItautec. Ela conta que, ao adquirir equi-pamentos de automação comercial outerminais de auto-atendimento, muitosclientes solicitavam a aplicação para ro-dar nessas máquinas. Foi o caso do Pãode Açúcar, que comprou da Itautec o sis-tema de automação de suas lojas e de-pois encomendou uma aplicação comple-mentar, baseada no uso de PDAs equipa-dos com placas de rede Wi-Fi para comu-nicação sem fio nos supermercados.

Com cerca de cem profissionais, a fábri-ca de software da Itautec está instaladaem São Paulo e atende os clientes corpo-rativos da empresa no Brasil e em Portu-gal — onde tem uma filial, que presta

serviços para clientes como as redes desupermercados Carrefour e Auchan. Nes-se caso, o contato com as empresas émantido pela equipe do escritório emPortugal. As especificações dos sistemassão enviadas para a fábrica em São Pau-lo, onde é feito o desenvolvimento.

A CPM também inaugurou sua fábrica desoftware, há mais de dez anos, para aten-der aos clientes que tinham grande de-manda de desenvolvimento. “Muitas em-presas hoje usam a fábrica de software pa-ra não ter de investir em recursos própriosou no desenvolvimento de uma compe-tência profissional específica, por exemploem Assembler ou Adabas, que não têmdentro de casa”, afirma Lilian Picciotti, di-retora de serviços e competências da CPM.

De quebra, a empresa fica livre do pro-blema da gestão de picos de demanda,comuns na área de desenvolvimento desistemas — e que muitas vezes exigem acontratação de mão-de-obra temporária.Na terceirização, o problema é transferidopara a fábrica de software, que em geraltem parcerias para suprir necessidades demão-de-obra nos períodos de pico. É o ca-so da CPM, que costuma buscar profissio-nais para desenvolvimento em Java noCentro de Estudos e Sistemas Avançadosdo Recife (Cesar), da Universidade Federalde Pernambuco ou então treinar estudan-tes da Universidade Newton Paiva, de Mi-nas Gerais, quando aumenta a demandapor desenvolvimento de sistemas em lin-guagem Adabas/Natural.

A CPM tem fábricas instaladas em Al-phaville (na Grande São Paulo), no Rio deJaneiro, em Florianópolis e em PatoBranco (no Paraná) — as duas últimas emparceria com universidades locais — eatende a clientes como o Banco Real/ABN Amro, o Bradesco, a Nossa Caixa e aGE Consumer Finance, no México. Alémdisso, mantém uma unidade em Belo Ho-rizonte, voltada especificamente paraatender a Telemar (veja quadro na pág.102). Seus serviços incluem tanto a cons-trução de códigos de programas, como odesenvolvimento completo de sistemas,

EM GERAL, ASFÁBRICAS DESOFTWARE TÊMPARCERIAS PARACONTRATAR MÃO-DE-OBRA EM ÉPOCAS DE PICO

em diversos ambientes e tecnologias: Co-bol, Adabas/Natural, Assembler, Oracle,DB2, PL/1, SQL Server, Java, J2EE, Webs-phere, SAP e Visual Basic, entre outros.Ao todo, as fábricas da CPM (sem contara de Belo Horizonte) empregam cerca demil profissionais, a maioria com nível su-perior de formação. Muitos têm aindacertificação nas tecnologias em que seespecializaram.

A estratégia de trabalhar com várias tec-nologias e de manter unidades espalhadaspelo país — e até fora dele — é comum en-tre as fábricas de software. Dessa forma,elas procuram ficar mais perto dos clientese, ao mesmo tempo, suprir suas necessida-des nas diversas plataformas que caracte-rizam os ambientes de desenvolvimento,onde convivem sistemas novos e antigosque precisam ser atualizados e integrados.

A mexicana Softtek inaugurou sua fábri-ca de software no Brasil em outubro de2002 porque a quantidade de projetos ede clientes no país havia aumentado. Des-de o final da década de 90, ela usava a fá-brica do México — criada com o objetivode atender principalmente aos Estados

Unidos — para desenvolver projetos tam-bém para empresas no Brasil, como a Em-braer e a Alcan. “Montamos uma estruturaespecífica para isso no México”, diz JoséMaria Gudiño, diretor do centro de desen-volvimento global da empresa no Brasil.

Instalada em São Paulo, a fábrica daSofttek hoje emprega cerca de 130 profis-sionais, especializados em diversos am-bientes, como mainframe, cliente-servi-dor e SAP, e atende perto de 20 clientes.Um deles é a Petrobras, para a qual aSofttek desenvolve sistemas usados noBrasil e na Colômbia. “No caso de desen-volvimento, o que os clientes querem éter seus projetos prontos em pouco tem-po e com qualidade, sem se preocuparcom picos de demanda. Já nos de suportee manutenção de sistemas, um dos princi-pais objetivos é a redução de custos”,afirma Gudiño. Até o fim do ano, a Softtekpretende inaugurar sua segunda fábricade software no Brasil, que ficará no RioGrande do Sul. Com ela, a empresa soma-rá seis fábricas no mundo — hoje são trêsno México, uma no Brasil e uma na Espa-nha, com um total de 2 mil profissionais.

Equipe da G&P, em São Paulo: s istemasque vão do Cobol àplataforma .Net

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A Stefanini IT Solutions é outra empresaque vem investindo na ampliação de seumercado por meio da disseminação de fá-bricas de software. Atualmente, ela tem 11no Brasil — nos estados de São Paulo, Riode Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul,Ceará, Bahia e no Distrito Federal — e umaem Buenos Aires, na Argentina. São maisde mil profissionais dedicados ao desen-volvimento de projetos baseados em tec-nologias como Oracle, Java, SAP, Microsoft.NET e em mainframe IBM.

Marco Stefanini, presidente da empresa,explica que a variedade permite escolher afábrica mais adequada para cada projeto.São quatro critérios básicos: tecnologia, lín-gua, conhecimento do negócio (a fábricaem São Paulo costuma atender clientes daárea financeira; a do Rio de Janeiro dividecom São Paulo os projetos de companhiasde seguros e de telecomunicações) e locali-zação física do cliente. Segundo ele, meta-de do faturamento de sua empresa na áreade fábricas de software vem do setor finan-ceiro, incluindo bancos, empresas de segu-ros e administradoras de cartões. “É umsegmento que trabalha com grande volu-me de sistemas sob medida”, diz Stefanini.

Também para a G&P, a maior parte dademanda por serviços de fábrica de soft-ware é proveniente desse mercado. Geni-valdo Mota diz que a receita da empresacom essa atividade vem aumentando anoa ano. Entre 1999 e 2002, a taxa de cresci-mento girou em torno de 40% ao ano. Em2003, o aumento foi menor (cerca de 10%)e o faturamento ficou em 58 milhões dereais. Para este ano, a previsão é crescer30% em relação a 2003. Com cerca decem clientes, a maioria empresas de gran-de porte, a G&P tem seis fábricas no país —três no estado de São Paulo e as outras noRio de Janeiro, Curitiba e Brasília. “A inten-ção é estar mais próximo do cliente”, afir-ma Mota. A fábrica de Brasília, por exem-plo, atende principalmente o governo fe-deral e clientes da região Centro-Oeste.

Todas as unidades possuem profissionaisespecializados em três ambientes básicos:mainframe, cliente-servidor e web. Cadaum envolve diversas linguagens e tecnolo-gias – entre elas, Cobol, DB2 e Natural, emmainframe; Visual Basic, Delphi e C, emcliente-servidor; .NET, J2EE e Java, em web;além de bancos de dados como Oracle eSQL Server. As seis fábricas da G&P empre-

gam aproximadamente 600 profissionais.Muitos deles são recrutados e treinadosem empresas do próprio grupo, que temtrês faculdades de tecnologia e uma divi-são de treinamento que certifica profissio-nais nas tecnologias Oracle e Microsoft.

COMO FICA A QUALIDADE?Com o aumento da demanda, crescemtambém as exigências dos usuários, prin-cipalmente em relação a prazos e à quali-dade dos serviços, o chamado QoS (Qua-lity of Service). Genivaldo Mota diz que,dependendo da urgência do cliente, a G&Pmantém equipes de plantão trabalhando24 horas, sete dias da semana, tanto paradesenvolver projetos como para implantarou dar suporte a sistemas. O principal re-quisito, contudo, hoje se refere à qualida-de. “Existem empresas no Brasil que exi-gem que as fábricas de software tenhamcertificação CMM, pelo menos nível 2 paraparticipar de concorrências”, afirma Mota.

Atentas a esse movimento, as empresastêm buscado certificações internacionaisque atestam a qualidade dos seus serviços.A mais importante nessa área é a CMM,que tem cinco níveis de maturidade. NoBrasil, a maioria das fábricas de softwaretem CMM nível 2 (caso da G&P, Stefanini,CPM e Politec) ou 3 (Softtek). Em junho, aTata Consultancy Services (TCS) foi a pri-meira no país a obter a certificação CMMnível 5. Criada a partir de uma joint ventureentre a gigante indiana Tata e o grupo TBA,de Brasília, a empresa tem um centro dedesenvolvimento de software, com cercade 200 profissionais, que presta serviçospara grandes clientes como a Renault e aBrasil Telecom. “Muitos deles são clientesmundiais da Tata que estão partindo parao outsourcing de serviços de desenvolvi-mento e manutenção de sistemas tambémna América Latina”, diz Cesar Castelli, pre-sidente da TCS do Brasil.

A idéia é juntar a vantagem da proximi-dade geográfica — e do fuso horário — àexperiência da Índia na área de fábricasde software, para conquistar esses clien-tes. O centro de desenvolvimento da TCS,

que funciona desde julho de 2002 emBrasília, já não se limita a atender ao mer-cado interno. A Renault, por exemplo, usaseus serviços no desenvolvimento de sis-temas para várias filiais na Europa.

Com o CMM 5, a TCS do Brasil dá um pas-so importante para ampliar sua presençatambém no mercado externo. “O clienteestá cada vez mais exigente”, afirma Cas-telli. Por isso, desde que inaugurou seucentro de desenvolvimento no país, a em-presa vem investindo na melhoria dosseus processos, com o objetivo de obter acertificação internacional. Castelli contaque o trabalho começou em 2002, quando20 profissionais foram enviados à Índia,onde ficaram três meses em treinamento.Agora, a meta da empresa é a certificaçãoCMMI (Capability Maturity Model Integra-ted), que espera alcançar ainda neste ano.

A IBM foi a primeira empresa no Brasila receber essa certificação, que integradiversos modelos de capacidade e matu-ridade. Sua fábrica de software, que co-meçou a atuar no país em 2001, com 250profissionais, também vem fazendo in-vestimentos contínuos em processos — oque, segundo a IBM, não só propicia ga-nhos de qualidade e de produtividade,como também permite reduzir os custosem até 30%. Hoje, a empresa tem trêsfábricas de software próprias — em Hor-tolândia (no interior de São Paulo), SãoPaulo e no Rio de Janeiro —, que empre-gam mais de 900 profissionais, além devárias instalações dentro de clientes.

O CMMI nível 3 foi alcançado em novem-bro de 2003, um ano após a conquista dacertificação CMM nível 2. “Agora estamoscaminhando para o CMMI nível 5”, dizAyrton Torres, executivo de ApplicationManagement Services (AMS) da IBM Bra-sil. Com isso, a empresa quer abrir cami-nho para a exportação desse tipo de ser-viço. “O Brasil pode se posicionar comoum player, ao lado da Índia, dentro daglobalização desse mercado”, afirma Tor-res. Segundo ele, a Índia exportou 12 bi-lhões de dólares no ano passado e é opaís que vem abocanhando todos os

Fábrica da CPM, em Alphavi l le (SP): maisde mil profissionais naárea de desenvolvimento

NO BRASIL, A MAIORIA DASFÁBRICAS TEMCERTIFICAÇÃOCMM NOS NÍVEIS 2 E 3. A TCS FOI A PRIMEIRA A CHEGAR AO 5

1 0 0 I I N F O I AGOSTO 2004 AGOSTO 2004 I I N F O I Ç Ç Ç© FOTO LUIS USHIROBIRA

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A Stefanini IT Solutions é outra empresaque vem investindo na ampliação de seumercado por meio da disseminação de fá-bricas de software. Atualmente, ela tem 11no Brasil — nos estados de São Paulo, Riode Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul,Ceará, Bahia e no Distrito Federal — e umaem Buenos Aires, na Argentina. São maisde mil profissionais dedicados ao desen-volvimento de projetos baseados em tec-nologias como Oracle, Java, SAP, Microsoft.NET e em mainframe IBM.

Marco Stefanini, presidente da empresa,explica que a variedade permite escolher afábrica mais adequada para cada projeto.São quatro critérios básicos: tecnologia, lín-gua, conhecimento do negócio (a fábricaem São Paulo costuma atender clientes daárea financeira; a do Rio de Janeiro dividecom São Paulo os projetos de companhiasde seguros e de telecomunicações) e locali-zação física do cliente. Segundo ele, meta-de do faturamento de sua empresa na áreade fábricas de software vem do setor finan-ceiro, incluindo bancos, empresas de segu-ros e administradoras de cartões. “É umsegmento que trabalha com grande volu-me de sistemas sob medida”, diz Stefanini.

Também para a G&P, a maior parte dademanda por serviços de fábrica de soft-ware é proveniente desse mercado. Geni-valdo Mota diz que a receita da empresacom essa atividade vem aumentando anoa ano. Entre 1999 e 2002, a taxa de cresci-mento girou em torno de 40% ao ano. Em2003, o aumento foi menor (cerca de 10%)e o faturamento ficou em 58 milhões dereais. Para este ano, a previsão é crescer30% em relação a 2003. Com cerca decem clientes, a maioria empresas de gran-de porte, a G&P tem seis fábricas no país —três no estado de São Paulo e as outras noRio de Janeiro, Curitiba e Brasília. “A inten-ção é estar mais próximo do cliente”, afir-ma Mota. A fábrica de Brasília, por exem-plo, atende principalmente o governo fe-deral e clientes da região Centro-Oeste.

Todas as unidades possuem profissionaisespecializados em três ambientes básicos:mainframe, cliente-servidor e web. Cadaum envolve diversas linguagens e tecnolo-gias – entre elas, Cobol, DB2 e Natural, emmainframe; Visual Basic, Delphi e C, emcliente-servidor; .NET, J2EE e Java, em web;além de bancos de dados como Oracle eSQL Server. As seis fábricas da G&P empre-

gam aproximadamente 600 profissionais.Muitos deles são recrutados e treinadosem empresas do próprio grupo, que temtrês faculdades de tecnologia e uma divi-são de treinamento que certifica profissio-nais nas tecnologias Oracle e Microsoft.

COMO FICA A QUALIDADE?Com o aumento da demanda, crescemtambém as exigências dos usuários, prin-cipalmente em relação a prazos e à quali-dade dos serviços, o chamado QoS (Qua-lity of Service). Genivaldo Mota diz que,dependendo da urgência do cliente, a G&Pmantém equipes de plantão trabalhando24 horas, sete dias da semana, tanto paradesenvolver projetos como para implantarou dar suporte a sistemas. O principal re-quisito, contudo, hoje se refere à qualida-de. “Existem empresas no Brasil que exi-gem que as fábricas de software tenhamcertificação CMM, pelo menos nível 2 paraparticipar de concorrências”, afirma Mota.

Atentas a esse movimento, as empresastêm buscado certificações internacionaisque atestam a qualidade dos seus serviços.A mais importante nessa área é a CMM,que tem cinco níveis de maturidade. NoBrasil, a maioria das fábricas de softwaretem CMM nível 2 (caso da G&P, Stefanini,CPM e Politec) ou 3 (Softtek). Em junho, aTata Consultancy Services (TCS) foi a pri-meira no país a obter a certificação CMMnível 5. Criada a partir de uma joint ventureentre a gigante indiana Tata e o grupo TBA,de Brasília, a empresa tem um centro dedesenvolvimento de software, com cercade 200 profissionais, que presta serviçospara grandes clientes como a Renault e aBrasil Telecom. “Muitos deles são clientesmundiais da Tata que estão partindo parao outsourcing de serviços de desenvolvi-mento e manutenção de sistemas tambémna América Latina”, diz Cesar Castelli, pre-sidente da TCS do Brasil.

A idéia é juntar a vantagem da proximi-dade geográfica — e do fuso horário — àexperiência da Índia na área de fábricasde software, para conquistar esses clien-tes. O centro de desenvolvimento da TCS,

que funciona desde julho de 2002 emBrasília, já não se limita a atender ao mer-cado interno. A Renault, por exemplo, usaseus serviços no desenvolvimento de sis-temas para várias filiais na Europa.

Com o CMM 5, a TCS do Brasil dá um pas-so importante para ampliar sua presençatambém no mercado externo. “O clienteestá cada vez mais exigente”, afirma Cas-telli. Por isso, desde que inaugurou seucentro de desenvolvimento no país, a em-presa vem investindo na melhoria dosseus processos, com o objetivo de obter acertificação internacional. Castelli contaque o trabalho começou em 2002, quando20 profissionais foram enviados à Índia,onde ficaram três meses em treinamento.Agora, a meta da empresa é a certificaçãoCMMI (Capability Maturity Model Integra-ted), que espera alcançar ainda neste ano.

A IBM foi a primeira empresa no Brasila receber essa certificação, que integradiversos modelos de capacidade e matu-ridade. Sua fábrica de software, que co-meçou a atuar no país em 2001, com 250profissionais, também vem fazendo in-vestimentos contínuos em processos — oque, segundo a IBM, não só propicia ga-nhos de qualidade e de produtividade,como também permite reduzir os custosem até 30%. Hoje, a empresa tem trêsfábricas de software próprias — em Hor-tolândia (no interior de São Paulo), SãoPaulo e no Rio de Janeiro —, que empre-gam mais de 900 profissionais, além devárias instalações dentro de clientes.

O CMMI nível 3 foi alcançado em novem-bro de 2003, um ano após a conquista dacertificação CMM nível 2. “Agora estamoscaminhando para o CMMI nível 5”, dizAyrton Torres, executivo de ApplicationManagement Services (AMS) da IBM Bra-sil. Com isso, a empresa quer abrir cami-nho para a exportação desse tipo de ser-viço. “O Brasil pode se posicionar comoum player, ao lado da Índia, dentro daglobalização desse mercado”, afirma Tor-res. Segundo ele, a Índia exportou 12 bi-lhões de dólares no ano passado e é opaís que vem abocanhando todos os

Fábrica da CPM, em Alphavi l le (SP): maisde mil profissionais naárea de desenvolvimento

NO BRASIL, A MAIORIA DASFÁBRICAS TEMCERTIFICAÇÃOCMM NOS NÍVEIS 2 E 3. A TCS FOI A PRIMEIRA A CHEGAR AO 5

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Page 7: Como as fábricas de software estão · num projeto de software para o chão de fábrica de uma empresa da indústria au-tomobilística. Semana que vem, num sis-tema de CRM para uma

INFO

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0FÁ

BR

ICA

DE

SOFT

WA

RE

Quando decidiu transferir parte do seu trabalho

de desenvolvimento para fábricas de software, a

Telemar tinha uma meta: concentrar recursos e

investimentos na prestação de serviços de

telecomunicações. “Havia uma grande quantidade

de pessoas dedicadas a desenvolver sistemas e a

preocupação em prover treinamento e atualização

tecnológica para elas”, afirma Marcos Calixto, CIO

da Telemar. Somava-se a isso, ainda, o problema

dos custos de desmobilização de pessoal, quando

um projeto terminava — ou a demanda caía. A

idéia foi contratar empresas com experiência em

segmentos específicos, que assumiram a

responsabilidade pela atualização, manutenção e

até desenvolvimento de sistemas em sua área. O

primeiro contrato foi fechado com a CPM, que

cuida dos programas de mainframe — em uma

fábrica montada especificamente para isso em

Minas Gerais. Além dela, a Telemar contratou a

carioca Pimentel e a baiana Unitech, escolhidas

para manter e dar suporte a cerca de 30 sistemas,

entre eles o usado na área de help desk.

Segundo Sergio Luiz Rosin Ferreira, gerente de

tecnologia da informação e operações da

empresa, a capacidade de entrega de projetos

cresceu oito vezes desde que a Telemar começou

a usar as fábricas de software. Apesar de ainda

manter uma área interna de desenvolvimento, a

operadora ampliou o uso desse recurso para

novos projetos de sistemas, como o de retenção e

fidelização de clientes, de billing e CRM — todos já

implantados. Para desenvolvê-los, assinou novos

contratos com empresas como a IBM, Atos Origin,

TCS do Brasil e Stefanini.

SOB MEDIDA PARA A TELEMAR

grandes projetos de desenvolvimento desoftware fora dos Estados Unidos e depaíses da Europa — movimento conhecidocomo offshore outsourcing.

A verdade é que, por trás dos investi-mentos em qualidade, está o interesse dasfábricas de software brasileiras em con-quistar a confiança não só do mercado in-terno, mas também de clientes no exterior.Várias delas já prestam serviços para em-presas de fora do país. A Stefanini, porexemplo, tem o BankBoston no México e aJohnson & Johnson americana entre osclientes de suas fábricas de software. ACPM conta com projetos nos Estados Uni-dos, México e Argentina. A Politec desen-volveu, recentemente, um sistema de ges-tão orçamentária-financeira para o escri-tório das Forças Armadas brasileiras emWashington. A G&P está com trabalhos emandamento — principalmente de progra-mação — na Argentina, nos Estados Uni-dos (mantém um escritório em Nova York)e na Itália. Seu faturamento com esses tra-balhos, contudo, ainda é pequeno: repre-senta apenas de 4% a 5% da receita daempresa na área de fábrica de software.

Para estimular os negócios no exterior,um grupo de cinco empresas — CPM, Ste-fanini, Itautec, Politec e Datasul — criou,em março, a Associação Brasileira das

Empresas de Software e Serviços para Ex-portação (Brasscom). “O Brasil tem umasérie de vantagens em relação a outrospaíses que estão querendo vender servi-ços para os Estados Unidos”, afirma Antô-nio Carlos Rego Gil, presidente da Brass-com e da CPM. Segundo ele, só os negó-cios entre os Estados Unidos e a Índia naárea de software, hoje, estão na casa de 8bilhões a 10 bilhões de dólares por ano —o que tem atraído o interesse de paísescomo China, Rússia, Paquistão e Indoné-sia para esse mercado.

Em sua opinião, a existência de ummercado interno forte e sofisticado e aprópria experiência do país na área de TIcolocam o Brasil em posição de vanta-gem em relação a outros candidatos.Além disso, ele afirma que o país dispõede grande quantidade de mão-de-obraqualificada, formada por universidadesespalhadas por diferentes regiões, deuma avançada infra-estrutura de teleco-municações e de uma estrutura empre-sarial semelhante à dos Estados Unidos.E ainda está no mesmo fuso horário eoferece custos de mão-de-obra compatí-veis, na média, com os da Índia: cerca de20 dólares a hora de programação, en-quanto nos Estados Unidos, o preço é 60dólares a hora.

OS CUSTOS DEPROGRAMAÇÃONO BRASIL SÃOCOMPATÍVEIS COM OS DA ÍNDIA.PAGA-SE 20DÓLARES PORHORA CONTRA 60DÓLARES NOSESTADOS UNIDOS

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