7/24/2019 Como aprender a voar - Letcia e Clarice - Cena 2

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Cena Montagem Indac S1 Turma 63 Lucas e Simone

Letcia entra em cena arrumada para sair. Ela vai ato

espelho para conferir se a maquiagem est boa, quando

ouve batidas desesperadas e insistentes porta. Elareage com surpresa e vai atporta. No abre.

LETICIA Quem ?

CLARICE- Abre a porta. Me ajuda, por favor!

Ela abre a porta e CLARICE entra correndo. Ela est

cansada. Exausta. Desaba na cadeira mais prxima que

encontra.

Letcia fecha a porta correndo. Estsurpresa e ainda

atnita.

LETICIA (surpresa) - O que isso?! (CLARICE gagueja

qualquer coisa incompreensvel). Pelo amor de Deus, o que

tacontecendo?! Vocestbem?

Letcia fica consternada com a situao, mas logo

compreende que aquela mulher precisa de ajuda. Pega um

copo de gua, alcanando-o para CLARICE. Esta bebe a gua

e comea a se acalmar.

LETICIA -O que houve?

CLARICE (falando mais alto) - Eu fui atacada! (com

dificuldade de falar) Um homem... Me seguiu do ponto de

nibus e...

Letcia fica chocada. Ela vque CLARICE estmachucada:

LETICIA - Voc t toda machucada! (vai at a estante

pegar um kit de primeiros socorros)

Ela senta-se em frente CLARICE e comea a limpar o

ferimento. CLARICE vai se acalmando. Ela termina o

curativo:

LETICIA Calma... Vocvai ficar boa. (meio sem saber o

que fazer, levanta para guardar a caixa de primeiros

socorros) Posso te oferecer mais uma gua...? (pega o

copo para servir mais gua CLARICE, dirigindo-se moringa).

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CLARICE (mais tranquila, tirando o sapato) - Posso usar

seu telefone?

LETICIA- Claro!

Letcia alcana o telefone para Clarice, que pega-o e

fica sem reao momento tenso. Letcia, sem saber o que

fazer:

LETICIA- Vocquer que eu ligue pra algum? Uma amiga,

um parente...

Clarice continua fitando o telefone, sem responder.

Balanando a cabea com um no, ela levanta os olhos para

Letcia. Nessa hora, ela percebe algo de errado. Ela medeLetcia:

CLARICE (levantando-se da cadeira) - Eu... J to me

sentindo bem melhor... Eu... tomei demais o seu tempo. Eu

preciso ir embora. (ela sai andando rpido para a porta)

LETICIA- E se ele ainda estiver lfora? (CLARICE para

porta)... Fica mais um pouco... Voc est segura aqui

dentro.

CLARICE (ainda de frente para a porta e de costas para

Letcia) - Porque vocesta vestido de mulher?

LETICIA (explicando-se) - Porque eu sou uma mulher.

CLARICE(vira-se, irritada, assustada e confusa) - No

no! Vocum homem! Vestido de mulher! Voc... Voc

um travesti!? (pergunta quase afirmando)

LETICIA- No, diferente. E eu tambm no sou um homem.

Eu sou uma mulher!

CLARICE (ficando mais irritada) - No no! Voc

claramente um homem. Isso no normal! (comeando a se

descontrolar) VocNO PODE ser uma mulher!

LETICIA (tentando manter a calma) - Voc t muito

nervosa! Tenta se se acalmar...

CLARICE (mais irritada) - Me acalmar? Olha pra voc! O

que te faz achar que vocpode ir contra a natureza? Vocnasceu um homem, no nasceu?

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LETICIA(tenta se impor) - Claro que no! No o rgo

que eu nasci que me define, mas como eu me sinto! E eu me

sinto uma mulher. To mulher quanto voc!

CLARICE (descontrolada) - Voc louco?! EU sou umamulher! NASCI ASSIM! Vocacha que tomar hormnio e usar

calcinha fazem de vocuma mulher?

LETICIA (desamparada, mas tentando manter o controle) -

No nada disso! Eu no quero me tornar algo que eu no

sou. Eu no tenho culpa de ter nascido nesse corpo. Mas

eu sei. Sempre soube que eu sou uma mulher.

CLARICE(interrompendo) - Isso errado! Vocdevia ter

vergonha de se olhar no espelho e ver essa aberrao quevocvirou!

Clarice sai correndo pela porta. Letcia fica

desconcertada, parada no lugar. Ela se olha no espelho,

arrasada. Lentamente, ela anda ata porta e a fecha. Ela

tira as prolas e vai, devagar, ato telefone. Disca

para uma amiga:

LETICIA (ao telefone) - Oi, Silvia? Eu no to me sentindo

muito bem... (ela vai andando em direo a P2) Vamos

deixar pra outro dia... (e sai pela P2)