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Comitê de Processamento de Produtos para Saúde: viabilidade e importância prática. Eliane Molina Psaltikidis Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas UNICAMP Centro Universitário São Camilo Curso de Atualização Resolução RDC. N.15 de 15 de março de 2013: Última Chamada

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Comitê de Processamento

de Produtos para Saúde:

viabilidade e importância prática.

Eliane Molina Psaltikidis Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP

Centro Universitário São Camilo

Curso de Atualização

Resolução RDC. N.15 de 15 de março de 2013: Última Chamada

Art. 8º O serviço de saúde que realize mais

de quinhentas cirurgias/mês, excluindo

partos, deve constituir um Comitê de

Processamento de Produtos para Saúde -

CPPS, composto minimamente, por um

representante:

I - da diretoria do serviço de saúde;

II - responsável pelo CME;

III - do serviço de enfermagem;

IV - da equipe médica;

V - da CCIH.

Comitê de Processamento de Produtos para Saúde

RDC 15/2012

Hospital tem diversas

comissões obrigatórias:

Ética médica, ética de

enfermagem, ética em

pesquisa

Infecção hospitalar

Segurança do Paciente

Hemotransfusão

Intra-hospitalar de

transplantes

Qualidade e Certificação –

ONA, Joint Commission, CQH

Equipe de Terapia Nutricional

Farmácia e terapêutica

Prontuário médico

Análise de óbitos e biópsia

CIPA e Brigada de incêndio

Ah, não... Mais uma comissão!!!!

Comissão de Reuso

Comissão de Gestão

Ambiental

Equipe de Feridas e Estomas

Grupo de Humanização

Hospital Sentinela

Núcleo de Avaliação de

Tecnologia em Saúde – NATS

Outras, outras, outras...

Cada uma com tema complexo,

objetivos específicos,

atividades obrigatórias e com

componentes da liderança da

instituição.

Descrédito dos

profissionais em

relação às comissões

Tem um ditado ácido que diz:

Se você quer que um

assunto NÃO se resolva,

crie uma comissão!!!

Apesar disso, por que ainda se

exige e se criam tantas

comissões na área da saúde???

Porque é necessário... Falta de diálogo multi e interdisciplinar

Falta de respeito pelo saber do outro

Carência de embasamento científico em

várias decisões do dia-a-dia

Poder e pressões interferindo em questões

técnicas

Pactuações frágeis, não respaldadas e não

documentadas

Conflitos intensos e de impacto à assistência

Fragilidade das áreas responsáveis pelos

temas

Ética médica, ética de

enfermagem, ética em

pesquisa

Infecção hospitalar

Segurança do Paciente

Hemotransfusão

Intra-hospitalar de

transplantes

Qualidade e Certificação –

ONA, Joint Commission,

CQH

Equipe de Terapia

Nutricional

Farmácia e terapêutica

Fragilidades e necessidade de suporte

Prontuário médico

Análise de óbitos e biópsia

CIPA e Brigada de incêndio

Comissão de Reuso

Comissão de Gestão

Ambiental

Equipe de Feridas e

Estomas

Grupo de Humanização

Hospital Sentinela

Núcleo de Avaliação de

Tecnologia em Saúde NATS

Outras, outras, outras...

Conflitos institucionais

“com base no conceito atual de que as organizações configuram-se em verdadeiras arenas onde os conflitos emergem inevitavelmente, é importante considerar que as equipes podem aprender a exercitar a análise das situações de conflito, permitindo que as questões implícitas ao conflito venham à tona, sejam explicitadas e exploradas, permitindo desenvolver a capacidade do grupo na autoanálise.”

Peduzzi M, Ciampone MHT. Trabalho em equipe e processo grupal. In: Kurcgant P. Gerenciamento de

Enfermagem. São Paulo, Guanabara Koogan, 2005. p 54-65

Negociação de conflitos

Conflito é algo inerente à organização. Não é patológico. Precisa ser explicitado e discutido.

Negociação de conflito:

Separar as pessoas do problema

Concentra-se no interesses comuns

Critérios justos e objetivos de solução de problemas

Buscar alternativas de ganhos mútuos

Estilo “ganha-ganha”

Ciampone MHT, Kurkgant P. Gerenciamento de conflitos e negociação. In: Kurcgant P.

Gerenciamento de Enfermagem. São Paulo, Guanabara Koogan, 2005. p 54-65

Trabalho em equipe Complexidade da atuação na área da saúde gera:

Necessidade de diferentes perspectivas para ação

efetiva

Quebra da divisão do processo de trabalho em

segmentos estanques por categoria profissional;

Propósito ou conjunto de metas comuns que seja

mais do que a soma dos objetivos individuais

Responsabilização da equipe pelo conjunto de

problemas e planejamento de medidas

resolutivas;

Interdependência dos membros do grupo

Riscos – dominância de um discurso em particular ou

falta de confiança interprofissional resultante de

relações de poder entre as profissões.

Pinho MCG de. Trabalho em equipe de saúde: limites e possibilidades

de atuação eficaz. Ciência & cognição 2006; 8: 68-87.

Interdisciplinaridade “se a realidade é complexa, ela requer um

pensamento abrangente,

multidimensional, capaz de compreender a

complexidade do real e construir um

conhecimento que leve em consideração

essa mesma amplitude”

A interdisciplinaridade é uma necessidade

imposta pelos complexos problemas que

são colocados para a ciência e que não

são respondidos por enfoque

unidisciplinar ou pela justaposição de

várias disciplinas. Trentin VRM. Práticas interdisciplinares nos processos de formação em serviços de saúde. Universidade Federal do

Rio Grande do Sul e Grupo Hospitalar Conceição. Porto Alegre, 2010. (Trabalho de Conclusão de Curso)

Moraes MC. O paradigma educacional emergente. São Paulo: Papirus, 2002.

Interdisciplinaridade Aspectos do agir interdisciplinar:

flexibilidade, confiança, paciência, intuição,

capacidade de adaptação, sensibilidade com

o outro, aceitação de riscos, aceitar novos

papéis.

Obstáculos:

Forte tradição positivista

Espaços de poder da disciplinarização

Estrutura em departamento que não se

comunicam

Operacionalização da interdisciplinaridade

Trentin VRM. Práticas interdisciplinares nos processos de formação em serviços de saúde. Universidade Federal do

Rio Grande do Sul e Grupo Hospitalar Conceição. Porto Alegre, 2010. (Trabalho de Conclusão de Curso)

Moraes MC. O paradigma educacional emergente. São Paulo: Papirus, 2002.

Romeu G, Deslandes SF. Interdisciplinaridade na saúde pública: um campo em construção. Rev. Latino-am.

enfermagem – Ribeirão Preto – v. 2 – n. 2 – p. 103-114 – julho 1994

Comissões interdisciplinares

As comissões devem ser pró-ativas, com espaço aberto junto à gestão, propondo atitudes preventivas e corretivas e, desta forma, legitimando seu papel no hospital. O trabalho desenvolvido pelas comissões hospitalares representa uma ferramenta de gestão, como um diferencial na proposta de modernização dos hospitais.

Treviso P., Brandão F. H., Saitovith D. Construção de indicadores de saúde: (revisão). Revista Administração

Saúde, 11(45):182-186, out-dez. 2009.

Martins C et al. Comissões Hospitalares: A Produção de Indicadores de Gestão Hospitalar . Revista de Gestão em

Sistemas de Saúde - RGSS, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 97-107, jan./jun. 2012

As comissões hospitalares surgiram para viabilizar

ações de melhoria conjunta com a administração da

instituição. São consideradas necessárias na

formulação de políticas, coordenação e monitoramento,

em todo o hospital, em atividades que são

consideradas críticas na prestação de serviços de

saúde de qualidade.

Comissões em Serviços de

Saúde Forma de colocar todos na mesa para

discutir um tema conflituoso e de alto

impacto para a instituição e pacientes

Ambiente intencionalmente criado para

pactuações interdisciplinares

Por que 500?

Outros membros?

Ponderar necessidades locais

Risco de equipes muito

grandes

Comitê de Processamento de Produtos para Saúde

RDC 15/2012

Art. 8º O serviço de saúde que realize mais

de quinhentas cirurgias/mês, excluindo

partos, deve constituir um Comitê de

Processamento de Produtos para Saúde -

CPPS, composto minimamente, por um

representante:

I - da diretoria do serviço de saúde;

II - responsável pelo CME;

III - do serviço de enfermagem;

IV - da equipe médica;

V - da CCIH.

Definir os produtos para saúde a serem processados;

Participar da especificação para a aquisição de

produtos para saúde, equipamentos e insumos para

processamento;

Participar da especificação para a aquisição de

produtos para saúde a serem processados pelo CME;

Estabelecer critérios de avaliação das empresas

processadoras terceirizadas, para contratação e

avaliação;

Analisar e aprovar os indicadores para o controle de

qualidade do processamento dos produtos propostos

pelo responsável pelo CME;

Manter registros das reuniões realizadas e decisões

tomadas.

Comitê de Processamento de Produtos para Saúde - Atribuições

Comitê de Processamento de Produtos para Saúde - Atribuições

Quando o serviço de saúde não se enquadrar na

condição estabelecida no Art. 8º, as competências do

comitê ficam atribuídas ao Profissional Responsável

pelo CME.

Art. 23 O Comitê de Processamento do serviço de

saúde poderá definir critérios de aceitabilidade de

produtos para saúde, não pertencentes ao serviço,

esterilizados em empresas processadoras.

Art. 63 O responsável pelo CME Classe II, em

situações de comprovada urgência, pode receber

produtos para saúde não definidos pelo Comitê de

Processamento de Produtos para Saúde, devendo

proceder ao registro e, posteriormente, comunicar o

fato ao Comitê.

Oportunidade de...

Mostrar a relevância e conhecimento

técnico

Trazer para a mesa de discussão

questões fundamentais para o

processamento seguro

Trabalhar os conflitos de forma

positiva

Obter força política para

enfrentamento de dificuldades

Riscos desta comissão...

PRINCIPAL RISCO:

CME SE FECHAR!!!

Outros riscos:

Ficar apenas no papel

Discussões superficiais e “protocolares”

Não ter foco / objetividade / resolutividade

Não ter apoio político

Esvaziar-se

Como evitar...

Respaldo político e representatividade

Objetivos claros

Pauta e periodicidade – atas das

decisões e implantação

Forte respaldo científico e técnico

CME - disposição, abertura e

transparência

Enquete – Agosto 2013 Implantação do Comitê, resultados e dificuldades

Enquete enviada por e-mail a 47 profissionais

de CME e CCIH, de 7 Estados (SP, MG, PR,

BA, RS, ES, PE), de instituições públicas e

privadas. Disponibilizada no Facebook, em

grupo de alunos de MBE em CME/SP.

Obtivemos 11 respostas de prof. atuantes em

14 hospitais.

Disponibilizada no site Nasce. Obtivemos 80

respostas, sendo 72 de prof. atuantes em

hospitais.

Total = 86 respostas do público-alvo

Enquete Implantação do Comitê, resultados e dificuldades

Comitê instituído;

28; 33%

Sem comitê; 58; 67%

0

10

20

30

40

Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul

0 2 2

17

7

5 8 3

32

10

Sem comitê

Com comitê

Enquete Implantação do Comitê, resultados e dificuldades

58 respostas relatando não ter o comitê

Motivos da não implantação até o momento:

Não atingiu 500 cirurgias

Está planejando organizar

Aguarda aprovação/apoio da diretoria

Dificuldades políticas para implantar

Dificuldade em envolver/comprometer os profissionais

Sobrecarga de trabalho / falta de recursos humanos

Desconhecimento

Enquete Implantação do Comitê, resultados e dificuldades

Das 28 respostas de hospitais que implantaram, 22 (79%) já têm vivenciado

resultados positivos do Comitê.

Alguns Comitês nasceram a partir do Grupo de

Reprocessamento, ampliando a equipe e atribuições.

Experiências – H1

Formamos o Comitê em junho deste ano, mas bastante

animados. Procuramos colocar pessoas chaves

politicamente e tecnicamente, pois temos muito o que

fazer..... Na segunda reunião decidimos dar uma aula sobre

conceitos de produtos, esterilização, desinfecção, etc, pois

algumas pessoas estavam desatualizadas nesta área.

Definimos, como primeira atividade, a avaliação do

processo de esterilização, segundo a RDC15, e também

aproveitamos para analisar a desinfecção, segundo a

RDC6. Criamos um indicador para estes achados e já

estamos trabalhando com planos de ação para melhoria.

Pretendemos aplicar o checklist mais uma vez, em

novembro ou dezembro, para verificarmos o andamento

das ações. Outra ação será circular por todo o hospital e

unidades externas para avaliação de materiais/produtos

utilizados e seus processos (manipulação, transporte,

embalagem, armazenamento, etc).

Experiências – H2

Temos o grupo de reprocesamento há cerca

de 10 anos. É um dos grupos de estudo

ligados à Coordenação de Enfermagem. É

composto por enfermeiros e uma médica,

com participação do CC, CME, CCIH,

Especificação de Materiais, hemodinânica,

Radiologia e diretoria. Os resultados têm sido

muito positivos e há um fortalecimento e

reconhecimento institucional, pois a CME não

fica sozinha no parecer do processamento,

possui o apoio da CCIH e do Grupo de

Reprocessamento.

Experiências – H3

Temos um Grupo de reprocessamento

onde participa: CME, CCIH, Fisioterapia

e Compras. Este grupo trabalhou em

cima de todos os materiais que

reprocessávamos e determinamos

dentro da instituição os materiais que

poderia ser reprocessado, inclusive os

respiratórios. Para essas decisões o

CME teve mais força. Com a publicação

da RDC 15, estamos reformulando este

grupo.

Experiências – H4

Nossa Comissão, desde 2008, é

multidisciplinar com participantes da CCIH,

CME, Administração do Bloco Cirúrgico,

Centro Cirúrgico Ambulatorial,

Hemodinâmica, Parecer Técnico e Análise

de Materiais, Cirurgião. Reúne-se

quinzenalmente analisando demandas

trazidas pelas diversas áreas do hospital e

revisando materiais novos. Temos o apoio

da administração central do hospital para a

nossa atuação.

Experiências – H5

O grupo é ativo e composto de

membros do SCIH, CME, CC, setor

de padronização de material e

suprimentos. Temos reuniões

mensais e por meio do grupo temos

nos posicionado a cerca dos

materiais que não podem ser

reprocessados.

Experiências – H6

Já temos comitê de processamento há

9 anos, bem antes da RDC e funciona

muito bem. Temos reuniões mensais e

aquelas em caráter de urgência, temos

total apoio da diretoria do hospital. Já

realizamos muitos trabalhos com

resultados positivos (exemplo: não

reprocessamos cateteres há seis anos).

“Decidir é um processo árduo, que

pretende equilibrar normas, contextos,

custos, consequências e eleger a melhor

alternativa a seguir. Necessário considerar

cada alternativa pelos distintos pontos de

vista e suas derivações. Requer organizar

competências e otimizar a comunicação

entre os membros”

Castro LR. Interdisciplinariedad y

comitês de ética. Rev latinoam bioet.

2012; 8(2): 70-77.

Prazo para implantação:

15 de março de 2014

Eliane Molina Psaltikidis

[email protected]

[email protected]