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CRIS INFORMA | 1 Informativo do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz Entrevista: Diretor de Farmanguinhos fala sobre perspectivas da Cooperação Internacional Parceria cria mestrado em Sistemas de Saúde em Moçambique Câmara Técnica de Cooperação Internacional realiza segunda reunião com debate sobre Agenda da Saúde Global PÁG.2 PÁG. 5 PÁG. 9 março 2014 13 Comissão internacional pede fortalecimento de ação global pela saúde Danielle Monteiro – CCS m documento (clique aqui para a versão original em in- glês ou aqui para uma versão em português) recentemente lançado pela Comissão Lancet sobre Governança Global para a Saúde, pu- blicado na revista científica The Lan- cet, promete chamar aten- ção da comunidade interna- cional para os chamados de- terminantes políticos globais da saúde. Intitulado As ori- gens políticas da iniquidade em saúde: perspectivas de mudança, o relatório, que foi elaborado com a participação da Fiocruz, por meio do Cris, analisa as disparidades e di- nâmicas de poder existentes em políticas que afetam a saúde, como crises econômi- cas, medidas de proprieda- de intelectual, segurança ali- mentar, conflitos violentos, imigração ilegal e atividades empresariais trans- nacionais. “Com este Informe, estamos pres- tando um excelente serviço às reflexões sobre as origens políticas das inequida- des em saúde e propondo mecanismos que podem ajudar na transformação das tamanhas injustiças vigentes”, destaca o co-autor do documento e coordenador geral do Cris/Fiocruz, Paulo Buss. A Comissão argumenta que os determinantes políticos globais que afe- tam negativamente a saúde de alguns grupos, quando comparados a outros, são desiguais. Para solucionar parte dos danos por eles causados, os autores propõem a melhoria da governança global. “É urgente que saibamos como melhor proteger e promo- ver a saúde pública no campo da governança global, que inclui a distribuição de recursos eco- nômicos, intelectuais, normati- vos e políticos. Para avaliar o im- pacto dessa governança sobre a saúde, é necessária a realização de uma análise de poder”, afir- ma trecho do documento. O relatório indica cinco dis- funções do sistema de governan- ça global que colaboram para que os efeitos adversos dos determinan- tes políticos globais da saúde per- Publicado na revista científica The Lancet, documento chama atenção para o papel da governança global em políticas que afetam a saúde U

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CRIS INFORMA | 1

Informativo do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz

Entrevista: Diretor deFarmanguinhos falasobre perspectivas daCooperação Internacional

Parceria cria mestradoem Sistemas de Saúdeem Moçambique

Câmara Técnica deCooperação Internacional realizasegunda reunião com debatesobre Agenda da Saúde Global

PÁG.2 PÁG. 5 PÁG. 9

março

2014

Nº13

Comissão internacionalpede fortalecimento deação global pela saúde

Danielle Monteiro – CCS

m documento (clique aquipara a versão original em in-glês ou aqui para uma versãoem português) recentemente

lançado pela Comissão Lancet sobreGovernança Global para a Saúde, pu-blicado na revista científica The Lan-cet, promete chamar aten-ção da comunidade interna-cional para os chamados de-terminantes políticos globaisda saúde. Intitulado As ori-gens políticas da iniquidadeem saúde: perspectivas demudança, o relatório, que foielaborado com a participaçãoda Fiocruz, por meio do Cris,analisa as disparidades e di-nâmicas de poder existentesem políticas que afetam asaúde, como crises econômi-cas, medidas de proprieda-de intelectual, segurança ali-

mentar, conflitos violentos, imigraçãoilegal e atividades empresariais trans-nacionais.

“Com este Informe, estamos pres-tando um excelente serviço às reflexõessobre as origens políticas das inequida-des em saúde e propondo mecanismosque podem ajudar na transformação dastamanhas injustiças vigentes”, destaca o

co-autor do documento e coordenadorgeral do Cris/Fiocruz, Paulo Buss.

A Comissão argumenta que osdeterminantes políticos globais que afe-tam negativamente a saúde de algunsgrupos, quando comparados a outros,são desiguais. Para solucionar parte dosdanos por eles causados, os autorespropõem a melhoria da governança

global. “É urgente que saibamoscomo melhor proteger e promo-ver a saúde pública no campoda governança global, que incluia distribuição de recursos eco-nômicos, intelectuais, normati-vos e políticos. Para avaliar o im-pacto dessa governança sobre asaúde, é necessária a realizaçãode uma análise de poder”, afir-ma trecho do documento.

O relatório indica cinco dis-funções do sistema de governan-ça global que colaboram para queos efeitos adversos dos determinan-tes políticos globais da saúde per-

Publicado na revista científica The Lancet, documento chama atençãopara o papel da governança global em políticas que afetam a saúde

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maneçam: o déficit democrático, os fra-cos mecanismos de responsabilização dosatores por suas ações, a imobilidade ins-titucional, o espaço político inadequadopara a saúde e a inexistência de institui-ções internacionais para a formulaçãode políticas. Como possíveis soluções,os autores propõem a criação de umaplataforma de governança para a saú-de, que funcione como um fórum dediscussão de políticas, e a elaboraçãode um Painel de Monitoramento Cientí-fico Independente, que analise os efei-tos das políticas sobre a saúde.

Ainda entre as propostas está aadoção de medidas que facilitem ocontrole dos determinantes políticos dasaúde, por meio do uso de instrumen-tos de direitos humanos, como a indi-cação de Relatores Especiais e a cria-ção de penalidades mais firmes con-tra violações cometidas por agentesnão estatais. “Esses relatores ajudari-am a acionar espaços de produção desanções. Ainda não há leis para essas

pessoas serem julgadas”, alerta Buss.Segundo ele, o documento será difun-dido para o apoio e crítica de países,associações médicas e outros setoresda sociedade. “Esperamos que o rela-tório seja encaminhado para o debatedas Nações Unidas e discutido ano quevem juntamente com a definição dosObjetivos de Desenvolvimento Susten-tável”, afirma.

ComissãoLancet/Oslo sobreGovernança Globalpara a Saúde

Promover um novo pensamentoque proporcione uma dimensão glo-bal para a saúde e supere o discursoconvencional cujo foco se concentramais na esfera da doença ou na “au-sência da doença”. Essa é a proposta

Danielle Monteiro – CCS

Câmara Técnica de Coopera-ção Internacional da Fiocruz,coordenada pelo Cris, promo-veu sua segunda reunião no

dia 18 de fevereiro. Na abertura do en-contro, o presidente da Fundação, PauloGadelha, destacou que o campo decooperação internacional está entre asprioridades da presidência e comentouque o Conselho Deliberativo, em par-ceria com todas as Câmaras, vai esta-belecer quais são os pontos centrais queservirão como insumos para políticas e

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Câmara Técnica de CooperaçãoInternacional debate Agendada Saúde GlobalCoordenado pelo Cris, o grupo também discutiu as propostas para o Plano Quadrienal da Fiocruz eapresentou novidades na gestão da informação em cooperação internacional

programas da instituição em cada umade suas áreas. “Esses temas mais ge-rais da cooperação internacional vãoservir de base para vocalizarmos e re-forçarmos o protagonismo da Fiocruzno cenário internacional”, afirmou.

Em seguida, o coordenador geraldo Cris, Paulo Buss, fez uma apresen-tação sobre a Agenda da Saúde Glo-bal, que reúne os temas prioritários emsaúde manejados pela OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS) e outrosagentes sociais globais. Uma das temá-ticas presentes nessa discussão diz res-peito ao 12° Plano Geral de Trabalho

da OMS, que será iniciado esse anocom o título “Não só a ausência de do-enças”. O plano é dividido em cincocategorias de trabalho que englobampropostas as quais, segundo Buss, têmenfoque somente nas enfermidades,deixando a ausência de doenças delado. “Mesmo quando o plano menci-ona a promoção da saúde, ele atentapara a questão da redução da morbi-dade e mortalidade, ou seja, foca so-mente na doença ou na ‘não saúde’”,advertiu.

Além disso, segundo o coordena-dor, apesar de o Plano de Trabalho cha-

da Comissão Lancet/Oslo sobre Go-vernança Global para a Saúde, quesurgiu em 2011, na capital da Norue-ga. Criado a pedido do ministro no-rueguês de Relações Exteriores, JonasGahr Store, o grupo é formado pordezoito pesquisadores e formuladoresde políticas selecionados e convida-dos pela Universidade de Oslo.

A Comissão, que conta com aparticipação da Fiocruz, por meio doCris, representado por seu coordena-dor geral Paulo Buss, defende um con-ceito horizontal e ampliado de umaagenda global para a saúde. Este con-ceito envolve uma visão ampla de se-tores como economia, trabalho, edu-cação, transporte e mobilidade, meioambiente e propriedade intelectual, fa-tores que exercem influências impor-tantes sobre a qualidade de vida daspopulações e dos sistemas de saúde,sendo, portanto, determinantes e in-fluenciadores de aspectos de vidasmais, ou menos, saudáveis.

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mar atenção para a importância dasDeterminantes Sociais da Saúde (DSS),ele não concede a elas o espaço quede fato merecem. “As DSS são o resí-duo, e não o centro do documento. Issovai impactar em uma série de decisõesque envolvem o financiamento e a ori-entação que a OMS dá aos países”,atentou. Outro alerta feito por Buss dizrespeito à visão da OMS sobre o con-ceito de sistemas de saúde. “A organi-zação enxerga os sistemas de saúdecomo cobertura universal com base emseguros. Essa mentalidade é oposta àda Constituição brasileira, que defen-de sistemas universais baseados no di-reito à saúde”, advertiu.

Propostaspara o PlanoQuadrienalda Fiocruz

A Câmara também discutiu a pro-posta do capítulo internacional do 7º Pla-no Quadrienal da Fundação (2014-2018).Segundo Buss, o conteúdo do documen-to, ainda em construção, será baseado

em uma agenda global para a saúde,cujas atividades intersetoriais deverão serlevadas em conta no planejamento, a fimde se evitar as inequidades em saúde.“Nós temos que fazer um plano mínimode cooperação internacional da Fiocruze as contribuições das unidades vão com-por esse planejamento”, afirmou.

Convêniosinternacionaise melhoriasna gestão dainformação

Na reunião também foram pon-tuados os convênios de cooperaçãoNorte-Sul e Sul-Sul, firmados por meiodo Cris, e algumas das visitas inter-nacionais recentes recebidas pelo Cen-tro, como a do Ministro de Ciência,Tecnologia e Inovação de Cuba, a docomissário de Saúde da União Euro-peia e de representantes de universi-dades como Glasgow, Bonn e Michi-gan. Segundo o assessor técnico do

Cris, José Roberto Ferreira, são 66 asinstituições com as quais a Fundaçãomantém convênio, incluindo univer-sidades, institutos de saúde e Minis-térios. Entre janeiro de 2013 e feve-reiro de 2014, foram firmados 25 acor-dos de cooperação Sul-Sul e 41 deNorte-Sul.

No encontro, foram tambémapresentadas algumas melhorias nagestão da informação em cooperaçãointernacional, que estão sendo desen-volvidas pelo Cris. Entre elas, o desen-volvimento de um cadastro online deestrangeiros, abrangendo seus diversosperfis, em parceria com a CGTI, e aconclusão do registro e digitalização dosconvênios internacionais que integramo acervo do Cris. “Também foram im-plantadas melhorias no Sistema deAfastamento de servidores que viajamao exterior, com o objetivo de aprimo-rar a visualização da motivação e osresultados de cooperações internacio-nais, assim como os procedimentos deexecução, controle e cumprimento deprazos e requisitos”, contou a assesso-ra de Gestão de Convênios Internacio-nais e Afastamentos do País, do Cris,Helena Distelfeld.

*Com a colaboração de Rebert Lima

A câmara Técnica discutiu a importância dainclusão dos determinantes sociais de formamais enfática nos documentos da OMS e opapel da Fiocruz nesta indução. Foto OMS

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specialistas em indicadores dejustiça, criminalidade e violên-cia dos países da América Lati-na e Caribe se reuniram na Fio-

cruz, nos dias 27 e 28 de janeiro, parao intercâmbio de experiências sobre ouso de informação estatística para aprevenção e redução da criminalidadee da violência na região, no âmbito daAgenda para o Desenvolvimento pós-2015. O debate, promovido em parce-ria com o Programa das Nações Uni-das para o Desenvolvimento (PNUD) ea Organização dos Estados Americanos

Fiocruz sedia debate sobreindicadores de violência e justiçaA discussão, realizada no âmbito da Agenda para o Desenvolvimento pós-2015, vai subsidiar trêsreuniões regionais da ONU

(OEA), deverá subsidiar três reuniõesregionais que serão realizadas pela ONUna América Latina e Caribe, África eÁsiaPacífico.

Na ocasião, o presidente da Fio-cruz, Paulo Gadelha, lembrou que, noBrasil, a violência é a principal respon-sável por mortes de adultos jovens. “Aviolência vai ainda além dessa dimen-são, apresentando-se também como umindicador fundamental de doenças, dequalidade de vida e de possibilidades decondições de construção para a cidada-nia”, disse. “A Fiocruz tem estado mui-to presente nesse debate sobre comotrazer a questão da saúde para a dis-

cussão sobre os Objetivos de Desenvol-vimento Sustentável”, complementou.

O representante do PNUD no Bra-sil, Jorge Chediek, enfatizou que as soci-edades que não têm paz, nem seguran-ça, pagam preços enormes em termosde desenvolvimento. “Temos pesquisasque mostram que países com níveis simi-lares de desenvolvimento, após confron-tar uma crise na segurança, podem per-der até dez anos em termos de progres-so e desenvolvimento”, alertou. “Preci-samos de um esforço metodológico mui-to rigoroso para oferecer à comunidadeinternacional instrumentos que possamgerar indicadores sólidos e um compro-

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misso maior”, reforçou.Para o diretor do Centro Mundial

para o Desenvolvimento Sustentável (Cen-tro Rio+), Rômulo Paes, aferir a violênciaé difícil, uma vez que ela está associada aquatro temas complexos: a urbanização;a produção e o consumo de drogas; oextremismo político; e a comercializaçãode armamentos. Segundo ele, o desafioé encontrar um terreno técnico e científi-co em que sejam produzidos indicadoresde consenso que permitam uma compa-rabilidade. “Alguns indicadores tradicio-nais já nos dão alguma medida, mas épreciso avançar mais para falarmos efeti-vamente de indicadores de justiça de umaforma que possa abranger a complexida-de do mundo atual”, defendeu.

Segundo a secretária nacional desegurança pública, Regina Miki, sãomuitos os dados sobre segurança pú-blica, porém, as informações ainda sãoescassas e os números existentes se re-ferem em sua maioria ao campo da saú-de. Entre os avanços conquistados pelasecretaria, segundo Regina, está a cria-ção da lei do Sistema Nacional de Se-gurança Pública (Sinesp), que prevê oarmazenamento e a integração de da-dos e informações. “O grande desafionessa discussão é transitarmos de uma

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cooperação entre a Fiocruz eo Instituto Nacional de Saúde(INS), do Ministério da Saúdede Moçambique (MISAU),

está às vésperas de concretizar maisuma iniciativa. Em abril, as duas insti-tuições vão dar início a um mestrado emSistemas de Saúde, que será realizadoem Maputo, capital moçambicana. Ocurso, financiado pelo Centro de Pes-

Aquisa para o Desenvolvimento Interna-cional (IDRC, na sigla em inglês) “ agên-cia pública do governo canadense – vaiformar 14 profissionais que trabalhamno MISAU, no INS, em universidades eoutras instituições públicas do setor. Aproposta é que eles atuem diretamenteno sistema de saúde “ nos serviços, nagestão ou em pesquisa. O projeto inte-gra o Programa Estratégico de Coope-ração entre a Fiocruz e o INS, que foielaborado em conjunto sob a coordena-

cultura de esforço para indicadores daefetividade na política”, complementou.

Para a diretora do departamentode Segurança Pública da OEA, PaulinaDuarte, o debate acerca do tema éextremamente importante, pois vaipermitir a transposição de desafios noalcance da definição dos indicadores deviolência e justiça. “Durante muitosanos, tivemos rejeição da academia emestudar e manejar temas ligados à se-gurança pública, e rejeição da seguran-ça em se aproximar da academia. Isso,felizmente, vem mudando nos últimosanos. E a Fiocruz é uma das pioneirasnesse sentido”, finalizou.

Rumo àAgenda para oDesenvolvimentoPós-2015

O chefe de equipe do escritóriode Prevenção de Crises e de Recu-peração do PNUD, Samuel Doe, trou-xe ao debate as discussões que en-volvem a Agenda para o Desenvol-vimento Pós-2015. Uma delas, se-

gundo ele, diz respeito ao conceitode desenvolvimento, o qual, atual-mente, assume um significado maisamplo, deixando de ser visto comomero crescimento econômico, mastambém como crescimento social eque inclui o meio ambiente e os con-ceitos de sustentabilidade, solidarie-dade global, governança e parceriasglobais.

Para Doe, o debate mais impor-tante no âmbito da Agenda para oDesenvolvimento Pós-2015 diz respei-to à mensuração da paz e segurançapública e da governança. Alguns lí-deres, segundo ele, acreditam queconceitos como esses são impossíveisde ser medidos, alegando que não hácapacidade nacional para tal. “Acre-dito que podemos sim medi-los e oBrasil é exemplo disso, demonstran-do que, se a segurança pública formedida no contexto do desenvolvi-mento, os resultados serão extraordi-nários”, defendeu. “Os indicadoresaqui encontrados vão mostrar o linkentre desenvolvimento, segurançapública e sustentabilidade. Encontroscomo esse vão ajudar a convencer acomunidade internacional da impor-tância disso”, concluiu.

Parceria cria mestradoem Sistemas de Saúdeem MoçambiqueFruto de cooperação trilateral entre Brasil, Moçambique e Canadá,o curso será desenvolvido a partir de um modelo de cooperaçãoestruturante e vai formar profissionais para atuar no sistema desaúde moçambicano.

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Fiocruz e INS/Peru fazem planode trabalho em conjuntoA cooperação envolve a formação de tutores em saúde pública e a transferência detecnologia para a produção de medicamentos contra tuberculose e malária

Danielle Monteiro – CCS

o dia 10 de fevereiro, em reu-nião no Cris, a Fiocruz e oInstituto Nacional de Saúde(INS/Peru) elaboraram um

extenso plano de trabalho de coope-ração para a formação de RecursosHumanos em Saúde e TransferênciaInversa de Tecnologia para Produçãode Medicamentos.

A EPSJV/Fiocruz apresentou umaproposta de formação de tutores, com-posta das seguintes estratégias: um cur-so de Especialização em Saúde Ambi-ental e Controle de Vetores, para a for-mação de 30 técnicos, em Iquitos, noPeru; e um curso de Educação Profissi-onal em Saúde, que vai formar 60 tu-tores e será ministrado no INS/Peru enas Direções Regionais de Saúde prio-rizadas (DIRESAs). Outro curso propos-to foi a Formação de Técnicos em Saú-de Pública: uma vez concluído o cursode formação de tutores, o INS organi-zará e coordenará a execução de cur-sos de formação de técnicos priorizan-do regiões mais vulneráveis. A EPSJVgarantirá assistência técnica presencial(a cada três meses) e à distância.

NTambém se avançou na coo-

peração entre Farmanguinhos e oINS/Peru, na área de TransferênciaInversa de Tecnologia, para a pro-dução de antimaláricos e tubercu-lostáticos. O Plano de Trabalho seráoperacionalizado em duas etapas:primeiro, a gestão de registro sani-tário dos produtos antimaláricos, noPeru, depois, o desenvolvimento datransferência tecnológica. Ambosos planos de trabalho serão geren-ciados financeiramente pela Fiotec.

Para o responsável pela coo-peração entre os países da Améri-ca Latina e Caribe, Álvaro Matida,a cooperação atende os preceitose diretrizes da política externa bra-sileira em Cooperação Sul-Sul.“Trata-se de uma parceria, em úl-tima instância, que visa o desen-volvimento institucional das partesenvolvidas e, nesse sentido, umacooperação estruturante em saúde.No âmbito da região, da União dasNações Sul-Americanas (Unasul),trata-se de um caso modelo, a serpromovido com esse enfoque, tan-to por parte da Fiocruz quanto peloINS/Peru”, afirma.

ção do Cris/Fiocruz.O mestrado terá duração de dois

anos e a titulação dos alunos será pelaFiocruz. A iniciativa conta ainda comparcerias horizontais em ambos os pa-íses: no Brasil, entre os Programas dePós-Graduação em Saúde Pública daEnsp/Fiocruz e do CPqAM/Fiocruz Per-nambuco. Em Moçambique, entre oINS/MISAU e a Faculdade de Medici-na da Universidade Eduardo Mondla-ne (UEM), a maior e mais antiga uni-versidade pública do país.

A coordenadora do projeto noBrasil, Célia Almeida, da Ensp/Fio-cruz, conta que o programa do cursofoi elaborado com base em orienta-ções compartilhadas entre os parcei-

ros, levando-se em consideração asprioridades do MISAU e a realidadepolítica, econômica, sociocultural esanitária do país africano. “A coorde-nação é compartilhada e as aulas se-rão ministradas em Moçambique, porprofessores brasileiros e moçambica-nos, assim como as orientações dasdissertações. Os alunos vão passar umtempo na Fiocruz, trabalhando nassuas investigações, e os trabalhos decampo serão realizados em Moçam-bique”, explica.

Com aulas expositivas, seminári-os, trabalhos de grupo, discussões emsala e tarefas individuais, o conteúdoprogramático foi organizado em seismódulos temáticos, cada um contendo

duas ou mais disciplinas. A proposta éprovocar nos alunos uma reflexão críti-ca sobre o funcionamento e os resulta-dos alcançados pelo sistema de saúdede Moçambique. “Esperamos que elessejam capazes de sugerir possíveis so-luções para problemas e para o alcan-ce de melhores níveis de equidade equalidade nos cuidados de saúde àpopulação”, explica a coordenadora.

Para o responsável pela coope-ração com a África no Cris/Fiocruz, LuizEduardo Fonseca, o mestrado seráuma importante atividade. “Esta inici-ativa terá um papel relevante no re-forço da Rede de Institutos Nacionaisde Saúde Pública da Comunidade(RINSP-CPLP)”, conclui.

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fortalecimento da capacida-de de Moçambique na res-posta à epidemia de Aidsserá foco de uma coopera-

ção prevista entre a Fiocruz e a UniãoEuropeia. Em visita à Fundação nodia 24 de janeiro, o comissário deSaúde do bloco regional, Tonio Borg,declarou ter interesse na parceria quea instituição mantém com o país afri-cano. A ideia é ajudar a financiar ini-ciativas no campo, tendo como mo-delo o projeto de instalação da fá-brica de medicamentos em Moçam-bique, que contou com apoio de Far-manguinhos/Fiocruz.

Segundo Borg, o HIV/Aids é umadas principais preocupações da Comis-são de Saúde da União Europeia, par-ticularmente por uma razão: o perigode a doença futuramente não ocuparampla posição entre as prioridades po-líticas, uma vez que já há medicamen-tos desenvolvidos para seu controle.“Vamos lançar um segundo Plano deAção em Saúde contra o HIV/Aids, pois,

Oem algumas regiões da União Europeia,temos observado um sutil aumento nonúmero de casos”, disse. Ele comen-tou que a cooperação poderia contri-buir para a mudança de atitude de al-guns países que investem somente naajuda financeira externa, mas não re-servam parte de seu orçamento nacio-nal para de fato combater a enfermi-dade. “Há cooperações internacionaisque mostram que não é possível lutarcontra a Aids somente dependendo daajuda de outros países. Ela é importan-te, mas deve ser acompanhada de umprojeto e plano nacionais, principal-mente em nações severamente afeta-das pela doença”, advertiu.

Na ocasião, Borg ainda listou al-guns dos principais desafios no setorsaúde enfrentados pelo bloco regional.Entre eles, o envelhecimento da po-pulação, que tem provocado o aumen-to da incidência de doenças crônicascomo câncer e diabetes, demandan-do maior custo em saúde. “O grandedesafio é como gastar menos sem per-der padrões de excelência. Temos pro-curado solucionar esse problema com

o uso de tecnologias modernas, comoo E-Health (práticas de saúde com osuporte de comunicação e processoseletrônicos)”, disse.

Um grupo formado por integran-tes do Cris e da vice-presidência de Pro-dução e Inovação em Saúde (VPPIS),em conjunto com pesquisadores doIOC, Ipec e Ensp/Fiocruz, está elabo-rando a proposta de cooperação, quevai se articular nos seguintes eixos es-tratégicos institucionais: pesquisas es-tratégicas conjuntas nas áreas biomé-dicas, clínicas e em saúde pública; ca-pacidade de produção de medicamen-tos e de infraestrutura laboratorial parapesquisa, desenvolvimento e inovação;capacitação de Recursos Humanos; ecomunicação e informação. “Acrescen-tamos também uma sugestão de orça-mentação em torno de 4 milhões deeuros, para dois anos. Após finalizada,a proposta será apresentada à presidên-cia da Fundação e, em seguida, enca-minhada à Comissão de Saúde daUnião Europeia”, disse o responsávelpela cooperação com a África no Cris/Fiocruz, Luiz Eduardo Fonseca.

Fiocruz e UE estudam parceriapara combate à Aids na ÁfricaProjeto de instalação da fábrica de medicamentos em Moçambique, que contou com apoiode Farmanguinhos/Fiocruz, servirá de modelo para a cooperação com a União Europeia

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Fiocruz promove eventode acolhimento de alunos

Leonardo Azevedo - CCS

studantes de pós-graduação doscampi do Rio de Janeiro oriun-dos de outros estados e paísesse reuniram, no dia 13 de mar-

ço, na primeira edição do Fiocruz Aco-lhe, evento realizado no auditório do Mu-seu da Vida, no Campus de Manguinhos.Os alunos conheceram um pouco maisda história, estrutura e organização daFiocruz, as áreas de atuação, parceriasinternacionais, assim como informaçõesde mobilidade, lazer, cultura e entrete-nimento na cidade do Rio de Janeiro.Organizado pelo Grupo de AcolhimentoFiocruz, o evento é promovido pela Vice-presidência de Ensino, Informação e Co-municação (VPEIC) e conta com apoiodo Cris, da Ensp e do IOC/Fiocruz.

Os valores institucionais foramlembrados pela vice-presidente de En-sino, Informação e Comunicação, NísiaTrindade Lima. “A Fiocruz espera queseus estudantes sejam embaixadoresdos valores e da missão da instituição,pois o conhecimento cientifico é maisrico quando está associado a princípiosdemocráticos”, disse. Já o diretor deRecursos Humanos, Juliano Lima, abor-dou as atividades realizadas nas unida-des e escritórios da Fundação, caracte-rísticas que explicam a importância dainstituição para o país. “Tudo que faze-mos, em todas as áreas e unidades, estávoltado para o fortalecimento do Siste-ma Único de Saúde”, ressaltou.

EDificuldadesna CidadeMaravilhosa

Um dos entraves para quem vemde fora, além da língua e o clima, éo preço do aluguel dos imóveis. Parase ter uma ideia, o aluguel mensalde um apartamento de 85 metrosquadrados mobiliado em uma áreanobre da cidade custa R$ 5.341, deacordo com estudo realizado pelo siteExpantistan. Outro obstáculo é a bu-rocracia. “Para abrir uma conta ban-cária, é necessário um comprovantede residência, mas para alugar umimóvel, preciso de um fiador, o quetornar a tarefa mais difícil, uma vezque venho de outro lugar e não co-nheço ninguém aqui”, lembrou o co-lombiano Juan Camilo Sánchez, alu-no de doutorado do IOC/Fiocruz.

Editora FiocruzOs estudantes que participaram

do evento receberam um kit com omapa do campus, o Guia do Estudan-te e um da cidade do Rio e um vale-livros no valor de R$ 90, oferecido pelaEditora Fiocruz. O vale pode ser utili-zado para a aquisição de livros nasede da Editora, no prédio da Expan-são, até o dia 14/4. “Nosso objetivo

é facilitar o acesso e promover a lei-tura entre os alunos e a sociedade,contribuindo na formação acadêmi-ca dos estudantes de pós-graduação,que muitas vezes têm dificuldadespara adquirir livros e material deapoio”, afirmou o editor executivo daEditora, João Canossa.

CooperaçãoInternacional

O coordenador do Cris/Fiocruz,Paulo Buss, fez uma apresentação so-bre a Fundação e sua atuação no cam-po de cooperação internacional, espe-cialmente com instituições públicas daAmérica Latina e Caribe. Buss criticoua elaboração e execução de projetosisolados em outros países e destacouque a Fiocruz fornece apoio estruturanteaos sistemas e instituições públicas desaúde para garantir a sustentabilidadee continuidade das ações. Ele tambémreforçou a importância do fortalecimen-to da formação de recursos humanospara as instituições públicas de saúde.“Não queremos que vocês sejam clíni-cos especializados em clínicas privadas.Queremos que vocês tenham coloca-ção na instituição pública e que pos-sam colaborar em saúde nos seus paí-ses”, afirmou.

Com a colaboração de Rebert Lima - Cris

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curtas

Artigo analisaPesquisa Nacionalpara os Sistemasde Saúde naAmérica Latina

Foi publicado na revista Health Re-search Policy and Systems (Sistemas ePolítica de Pesquisa em Saúde) o artigoNational Research for Health Systems inLatin America and the Caribbean: mo-ving towards the right direction (PesquisaNacional para os Sistemas de Saúde naAmérica Latina e Caribe: movendo rumoà direção correta), de co-autoria da coor-denadora do projeto EU LAC Health,Miryam Minayo, do Cris, e da pesquisa-dora Cristiane Quental, da Ensp.

A partir de entrevistas realizadascom gestores de saúde dos países daAmérica Latina e Caribe que integrama Rede Ministerial Ibero-americana paraPesquisa e Educação em Saúde (Ri-mais), o artigo traz informações sobreas estruturas de governança e gestãodos Sistemas Nacionais de Pesquisa emSaúde (SNPS), a atual situação políti-ca e jurídica dos Sistemas, as priorida-des de pesquisa em saúde, os esque-mas de financiamento existentes e osprincipais atores institucionais.

Ao comparar os dados obtidos comuma revisão realizada em 2008, o arti-go comprova os avanços na pesquisapara o desenvolvimento dos SNPS naregião, principalmente através do esta-belecimento de estruturas de governan-ça, coordenação, políticas e regulamen-tos, fundamental para a melhor funcio-nalidade da pesquisa para os sistemasde saúde. No entanto, conclui que aconsolidação e o crescimento da pes-quisa para os sistemas de saúde na re-gião continuam ainda muito desiguais.Acesse aqui o artigo completo.

Fernanda Marques – Editora Fiocruz

A Editora Fiocruz começou o anode 2014 com quatro títulos estrangei-ros em processo de tradução: um origi-nal em italiano – La Linea Curva, deErnesto Venturini; e três em inglês –Launching Global Health, de StevenPalmer, The Economics of Health Equi-ty, de Di McIntyre e Gavin Mooney(orgs.), e The Global Eradication ofSmallpox, de Sanjoy Bhattacharya eSharon Messenger (orgs.). “Se esseslivros estão hoje em processo de tradu-ção, é porque o nosso trabalho come-çou bem antes, com a escolha dos títu-los estrangeiros de interesse nas nos-sas áreas de atuação e a negociaçãodos direitos autorais”, explica o editorexecutivo da Editora, João Canossa.

Na escolha de livros a serem tra-duzidos para o português, são conside-radas prioritárias obras de referência, queapresentam o estado da arte de umdeterminado campo do conhecimento,bem como obras inovadoras, que inau-guram novas perspectivas de pesquisa.Muitas vezes, os projetos de traduçãosurgem por demanda de grupos de pes-quisa brasileiros, da Fiocruz ou de ou-tras instituições, que participam de re-des internacionais de colaboração.

Quando um livro traduzido chegaàs mãos do leitor, ele já percorreu umlongo caminho. A conversão de uma

língua para outra é apenas um dos de-safios – especialmente no caso de umlivro científico. Este, após a traduçãopropriamente dita, deve passar por umarevisão técnica, na qual um especialis-ta no assunto abordado na obra verifi-ca se o conteúdo traduzido é fiel aosconceitos originais. Depois de todo essepercurso, faltam ainda as etapas ‘tra-dicionais’, pelas quais qualquer origi-nal passa, seja ou não traduzido. Sãoelas: a revisão do texto em português– o que inclui não apenas correçõesortográficas e gramaticais, mas tam-bém outros ajustes para garantir umaleitura mais fluente e agradável; e oprojeto gráfico, a editoração eletrônicae a capa. Dos cerca de 380 livros docatálogo da Editora Fiocruz, pelo me-nos um décimo envolve outras línguas,além do português.

Fundação éredesignadaCentroColaborador daOpas/OMS emSaúde Pública eAmbiente

A Fiocruz foi redesignada CentroColaborador da Organização Pan-Ame-ricana de Saúde (OPAS/OMS) em Saú-de Pública e Ambiente por mais quatroanos. Em fevereiro, após alinhamentoscom o organismo internacional, a Fun-dação teve seu Plano de Trabalho apro-vado e continuará, até 2018, a parce-ria iniciada em 2010, quando inaugu-rou uma nova modalidade de CentroColaborador. Até então, todos os cen-tros colaboradores - inclusive quatrodentro da própria Fiocruz - atuavam emuma área específica e delimitada deconhecimento. Como Centro Colabo-rador em Saúde Pública e Ambiente, aFiocruz disponibiliza à OPAS/OMS, demaneira mais ampla, toda a sua exper-tise e excelência técnica-científica nocampo de saúde e ambiente. Saibamais (www.fiocruz.br/omsambiental)

Fonte: VPAAPS

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De olho no leitorde línguaportuguesa

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Fiocruz integradiretoria deFundação paraDiagnósticosInovadores

Danielle Monteiro - CCS

O diretor do CDTS/Fiocruz, Car-los Morel, vai integrar o Conselho deDiretores da Fundação para Novos Di-agnósticos Inovadores (FIND, na siglaem inglês), organização sem fins lucra-tivos que desenvolve testes para diag-nosticar doenças negligenciadas. Parao diretor, sua participação no Conselhode Diretores poderá representar novaspossibilidades de colaborações entre aFundação e a FIND e seus parceiros emtodo o mundo, já que a Fiocruz temunidades e setores que desenvolvematividades de pesquisa, desenvolvimen-to e inovação em áreas de trabalhomuito próximas às da organização.“Tendo em vista a necessidade de de-senvolvimento de novos testes diagnós-ticos, rápidos, precisos e de baixo cus-to para doenças de importância sanitá-ria no país, espero que nossa participa-ção possa contribuir para um papelmaior daquela organização em proje-tos prioritários de P&D&I relevantes parao Brasil”, afirma.

Juntamente com Morel, foramconvidados a integrar o Conselho deDiretores da FIND o diretor geral da Fe-deração Nacional de Energia Solar daÍndia, Deepak Gupta, e o líder da equi-pe responsável pela Política e Defesa daImunização Global no instituto francêsSanofi Pasteur, Michael Watson.

Cooperaçãorende tese sobreAids e tuberculose

Priscila Sarmento - Ipec

A parceria entre a Fiocruz e oInstituto Nacional de Saúde (INS/Mo-çambique) rendeu mais um fruto: atese de doutorado com o tema HIV eTuberculose: interações farmacológi-cas entre Nevirapina e Rifampicina/Isoniazida em indivíduos infectadospelo HIV e com tuberculose ativa. De-fendida no Ipec/Fiocruz pelo médicoe coordenador do Centro de Investi-gação em Saúde Polana Caniço, doINS/Moçambique, Nilesh Bhatt, o es-tudo compara a eficácia e tolerânciada terapia antirretroviral com base emNevirapina ou Efavirenz quando coa-dministrado com a terapia padrãopara a tuberculose.

Moçambique é um dos países daÁfrica que apresenta as maiores pre-valências de HIV/AIDS: 11,5% da po-pulação. No entanto, o número demortes no país tem apresentado redu-ção devido ao maior acesso ao trata-mento e aos melhores esquemas tera-pêuticos antirretrovirais. Clique aqui paraler a tese.

Fórum deestudantes deRelaçõesInternacionais

Criado para promover a integra-ção entre estudantes e graduados dediversos países da América do Sul, oEncontro de Estudantes e Graduados emRelações Internacionais do Cone Sul serárealizado esse ano no Brasil, entre 25 e29 de março. Mais conhecido comoCONOSUR, o evento é promovido peloInstituto Universitário de Pesquisas do Riode Janeiro (IUPERJ) e Conselho Institu-cional de Estudantes de Relações Inter-nacionais do Diretório Acadêmico deHerbert de Souza (CIERI D.A.H.S.). Emsua 15° edição, o fórum, que a cadaano acontece em um país da Américado Sul, será realizado no IUPERJ e naAssociação Comercial do Rio de Janeiro(ACRJ). A Fiocruz é uma das instituiçõesque prestaram apoio ao evento, com adoação de blocos, canetas, certificados,crachás, entre outros materiais.

O fórum, que esse ano deve con-tar com mil participantes, é voltado aestudantes e profissionais envolvidoscom a área de Relações Internacionais,Comunicação Social, Direito, Economia,Defesa e Estratégia Internacional, His-tória e Geografia. Mais informações nosite do evento.

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Palestra sobrecooperação Sul-Sul

O próximo Ciclo de Debates so-bre Bioética, Diplomacia e Saúde Pú-blica, do Núcleo de Estudos sobre Bio-ética e Diplomacia em Saúde (Nethis/Fiocruz Brasília), será realizado na Ensp/Fiocruz. Com o tema Cooperação Sul-Sul: desafios para a Fiocruz, o eventoterá como palestrante o coordenadorgeral do Cris/Fiocruz, Paulo Buss. Oencontro acontecerá de 9h às 12h, noSalão Internacional da unidade.

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Cooperaçãocom Paraguaivira exemplopara as Américas

A experiência de sucesso da coo-peração bilateral Brasil - Paraguai ga-nhou uma publicação da OrganizaçãoPan-Americana de Saúde (Opas/OMS)na série Boas Práticas da Gestão de Ter-mos de Cooperação. A iniciativa teveorigem em 2008, quando a Ensp/Fiocruzpassou a apoiar o Paraguai no processode reordenamento de seu sistema desaúde, por meio de uma assessoria téc-nica para a implementação da Estraté-gia de Saúde da Família (ESF) no país.

Toda a metodologia utilizada noprocesso foi detalhada na publicaçãoe, segundo o documento, é possível queela seja aplicada em outras iniciativasde cooperação Sul-Sul, levando-se emconsideração os sistemas de saúde e ahistória de cada sociedade.

Fonte: Informe Ensp

As ministras e os ministros de Saú-de dos Países da Comunidade de Lín-gua Portuguesa (CPLP) estiveram reuni-dos em Maputo, Moçambique, de 10 a12 de fevereiro, para sua III ReuniãoOrdinária. O objetivo foi discutir o ba-lanço, a sustentabilidade e a continui-dade do Plano Estratégico de Coopera-ção em Saúde da CPLP (PECS/CPLP).Também participou da reunião, José LuizTelles, representante da Fiocruz na Áfri-ca, em Maputo. Tendo sido, portanto,acordado, entre eles, em dar continui-

Fiocruz obtémselo de BoasPráticas da OMS

O INCQS obteve o reconheci-mento da adequação aos requisitos dasBoas Práticas da Organização Mundi-al da Saúde (OMS) para Laboratóriosde Controle de Qualidade de Produ-tos Farmacêuticos. Trata-se da confir-mação da expertise do Instituto naanálise desses produtos. Há algunsanos, o mesmo reconhecimento foiobtido pelo setor de imunobiológicos.Com isso, o INCQS se mantém na ca-tegoria dos laboratórios em todo omundo que participam do programade pré-qualificação da OMS.

Fonte: INCQS

Estão abertas as inscrições para oIV Simpósio Brasil Noruega – SBN, queacontecerá de 08 a 11 de abril, no Riode Janeiro. Nos dois primeiros dias, ha-verá um curso de Cuidados Centradosna Pessoa com Demência. O objetivoé trabalhar o método VIPS, modelo prá-tico para cuidado centrado na pessoa.

Ministros da CPLP avaliam cooperação eelaboram novos planos

dade ao PECS, agora para o quadriênio2014-2017. Após a reunião, eles fize-ram uma visita à fábrica de medicamen-tos de Moçambique, dando um pesooficial nesta iniciativa que vem sendoimplementada com o apoio da Fiocruz.

Fonte: CPLP

SAIBA MAIS:

http://www.cplp.org/id-316.aspx?Action=1&NewsId=3120&M=NewsV2&PID=304)

Simpósio Internacional Brasil-Noruega

Nos dias 10 e 11, as mesas abor-darão os temas: Identificação e trata-mento de depressão e demência nasaúde primária e Demência em jovense demência tardia - quais são as dife-renças?, respectivamente.

Para mais informações: http://www.simposiobrasilnoruega.org/

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Representantedo Ministérioda Saúde falasobre ações emcooperaçãointernacional

O diretor do Departamento deCiência e Tecnologia da Secretária deCiência, Tecnologia e Insumos Estraté-gicos do Ministério da Saúde (DECIT/SCTIE/MS), Antônio Carlos Campos deCarvalho, falou, em visita à Fiocruz,sobre suas próximas ações. Segundoele, a prioridade é fazer cooperaçõesinternacionais que visam financiar pro-jetos, bem como o intercâmbio de alu-nos de mestrado e doutorado. Assistaao vídeo da conversa aqui.(www.ioc.fiocruz.br)

Doutorado noReino Unido

A Coordenação de Aperfeiçoa-mento de Pessoal de Nível Superior(Capes) está com o edital aberto paraseleção de bolsistas para todas as áre-as do conhecimento existentes nas uni-versidades de destino e também paraas prioritárias do Programa Ciência semFronteiras, abrangendo especialmenteas áreas de ciências biomédicas e dasaúde. O objetivo do programa é apoi-ar estudantes a realizar o doutoradopleno nas Universidades de Nottighamou na Universidade de Birmingham, vi-sando à formação de docentes e pes-quisadores de alto nível e à consolida-ção da cooperação científica entre oBrasil e o Reino Unido.

PERÍODODE INSCRIÇÕES:

Até 02 de abril na Capes

E-MAIL PARACONTATO:

[email protected]

Pesquisa emVigilância Sanitária

Estão abertas, até 10 de abril,as inscrições em Pesquisas em Vigi-lância Sanitária. O objetivo é desen-volver pesquisas na área que venhama suprir lacunas do conhecimento so-bre temática específica: Políticas, or-ganização e gestão do Sistema Naci-onal de Vigilância Sanitária, Objetosde intervenção nas áreas de medica-mentos, alimentos, serviços de inte-resse à saúde, laboratórios de SaúdePública, sangue, tecidos, células, ór-gãos e Nanotecnologia em produtosde interesse à saúde.

As propostas devem ser acom-panhadas de arquivo contendo o pro-jeto e a declaração de potenciais con-flitos de interesse e ser encaminha-das ao CNPq exclusivamente via In-ternet, por intermédio do Formuláriode Propostas Online, disponível naPlataforma Carlos Chagas (http://carloschagas.cnpq.br/).

Programa Brasil –Estados Unidos

A Coordenação de Aperfeiçoa-mento de Pessoal de Nível Superior(Capes) e a Comissão Fulbright lança-ram o edital do Programa Brasil-Esta-dos Unidos Fulbright-NEXUS de RedesRegionais de Pesquisa Aplicada 2014-2016. As inscrições vão até dia 9 deabril. A ideia é aprofundar a coopera-ção acadêmica e científica entre gru-pos de pesquisas do Brasil, dos EUA, edos demais países das Américas e doCaribe, por meio do incentivo à for-mação de redes de pesquisadores.Serão selecionados cinco cientistas. Osinteressados devem ter nacionalidadebrasileira, ter concluído o doutoradoantes de 31 de dezembro de 2004,possuir atuação acadêmica qualifica-da e residir no Brasil no momento dacandidatura e durante todo o proces-so de seleção.

Para mais informações acesse aíntegra do edital.

Fonte: Jornal da Ciência

oportunidades de treinamento

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HAYNE FELIPE DA SILVAentrevista

Diretor de Farmanguinhos fala sobreas novidades e perspectivas no campode cooperação internacional

Quais são as ações de desta-ques de Farmanguinhos no cam-po de cooperação internacional?

Hayne: Em termos gerais,pode-se dizer que as ações quemerecem destaque são a iniciativade instalação da fábrica de antirre-trovirais e outros medicamentos deMoçambique; o Projeto de Trans-ferência de Tecnologia para a Pro-dução de Insulina Humana Recom-binante, por parte de Farmangui-nhos, e a mais recente articulaçãocom o Instituto Nacional de Saúdedo Peru, visando a disponibilizaçãode medicamento antimaláricos noâmbito de uma transferência detecnologia para a produção de an-timaláricos e tuberculostáticos.Quanto a essa última ação com ogoverno do Peru, há um quadro decooperação mais ampliado quetambém inclui ações com a EscolaPolitécnica de Saúde Joaquim Ve-nâncio (EPSJV) e o Instituto Nacio-nal do Câncer (Inca).

Danielle Monteiro - CCS

Com o intuito de ampli-ar as ações da Fiocruz em co-operação internacional, o Cri-sinforma, a partir desta edi-ção, vai dar início a um ciclode entrevistas com os direto-res de cada uma das unidadesda Fundação que atuam naárea. Neste bate-papo, elesvão revelar quais são suasperspectivas e as novidadesno campo. O entrevistadodeste número do boletim é odiretor de Farmanguinhos,Hayne Felipe da Silva.

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A maior parte das ações colabo-rativas internacionais da Funda-ção ocorrem com países do nor-te. O que tem sido feito nesta áreapela unidade?

Hayne: As demandas de ações dire-tas governo a governo que mais che-gam em Farmanguinhos têm sido for-muladas pelos países do sul, porém,já se verifica o crescimento do inte-resse no estabelecimento de “iniciati-vas trianguladas”, ou seja, ações ten-do um país do norte (como financia-dor), um país do sul (como fornecedorda expertise) e outro do sul (como re-ceptor da expertise). Quando se tratade ações norte-sul, as demandas usu-almente têm sido no campo do desen-volvimento de novos medicamentos oupesquisas em segmentos muito espe-cíficos da saúde, a exemplo de recen-te contato feito pela Universidade deGeorgetown com diversas unidades daFiocruz, inclusive Farmanguinhos.

Quais são os principais desafiosno campo?

Hayne: Um dos principais desafios naprática da cooperação internacionalpara Farmanguinhos é superar a la-cuna do arcabouço legal necessárioà melhor execução das atividades decooperação internacional (situaçãoverificada não apenas na área de saú-de, mas em várias outras). A comple-xidade dos objetos de cooperação emsaúde é enorme, pois, ultimamente,temos nos deparado não apenas comdemandas que geraram iniciativas fo-cadas em formação e capacitação derecursos humanos em e de outros pa-

íses, mas também demandas muitosingulares em termos de transferên-cia de tecnologia, apoio para a ela-boração de políticas em saúde de for-ma integrada, intercâmbio de conhe-cimentos sobre processos e pesquisasque possuem arcabouços jurídicoscomplexos, entre outros. A prática dacooperação requer dos profissionaisuma elevada capacidade de análisedas realidades dos outros países, bemcomo a compreensão sobre como sãoos processos políticos e técnicos queenvolvem cada demanda a ser avali-ada no âmbito de atuação da Fiocruz.

Quais são as perspectivas/ações futuras de Farmanguinhospara os próximos anos na área?

Hayne: A oportunidade de exe-cutar as atuais atividades de coope-ração internacional já apresenta umconjunto de resultados significativos emtermos de melhoria da capacidade in-terna quanto à análise, discussão e re-finamento das demandas estrangeiras,bem como a própria proposição de al-ternativas às demandas que estejammais alinhadas às capacidades da uni-dade e até mesmo para os própriosdemandantes. A inserção de Farman-guinhos no contexto das relações in-ternacionais possibilitou a identificaçãode oportunidades até mesmo para adisponibilização de medicamentos agovernos de outros países e organis-mos internacionais, a exemplo dospaíses da América Latina que vem de-mandando medicamentos antimalári-cos, tuberculostáticos e para o trata-mento da AIDS e a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS). Essas pos-

sibilidades compõem parte do quadrode perspectivas a serem buscadas pelaunidade produtora de medicamentosda Fiocruz.

A Fiocruz recentemente instaurouuma Câmara Técnica de Coopera-ção Internacional, que visa, entreoutros objetivos, articular asações conduzidas pelas unidadestécnicas no campo. Que perspec-tivas teria Farmanguinhos en-quanto a participação na Câmara?

Hayne: Um dos elementos degrande importância relacionado aofuncionamento da Câmara Técnica éa possibilidade de se criar um espaçointerno para a troca de informações,resultados, demandas, desafios eoportunidades em termos da práticada cooperação internacional em saú-de, de tal modo que todos os repre-sentantes das unidades da Fiocruz,que compõem a Câmara, possam, pri-meiramente, conhecer o que é feitopela Fundação na esfera da diploma-cia em saúde e, em segundo lugar,saber da existência e disponibilidadede uma rede colaborativa, que pode-rá conectar a(s) demanda(s)estrangeira(s) com a(s) unidade(s) quemelhor terão condições de trabalharcom essa demanda apresentada. Nes-se contexto, a participação de Far-manguinhos nessa instância possibili-tará conhecer outras realidades, opor-tunidades e desafios presentes emoutras unidades, além de gerar um“centro” de apresentação das “solu-ções” para as diversas situações decooperação internacional em saúde,que podem ser muito singulares.

HAYNE FELIPE DA SILVAentrevista

CRIS INFORMA #13 | MARÇO DE 2014 - ExpedienteCoordenadoria de Comunicação Social (CCS) | Edição e redação: Danielle Monteiro comapoio da Coordenação de Informação e Comunicação do Cris/Fiocruz | Projeto gráfico e

edição de arte: Guto Mesquita e Rodrigo Carvalho | Fotografia: Peter Ilicciev e Arquivo CCS |Contato: Danielle Monteiro - Tel: (21) 3885-1065 - E-mail: [email protected]