comercio internacional regular 19 acordo geral sobre o comércio de serviços (gats)

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1 AULA 19 Oi, pessoal. Esta é a última aula do curso e vamos hoje estudar os seguintes tópicos: “2. ... O Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços (GATS). O Acordo sobre Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio (TRIPS). O Acordo sobre Medidas de Investimento Relacionadas ao Comércio (TRIMS). O Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS). O Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio (TBT). O sistema de solução de controvérsias da OMC. As negociações na OMC. 11. Regras de origem. Acordo sobre regras de origem do GATT-1994. 14. Seguro no comércio internacional. Seguro de transporte da carga. Seguro de crédito à exportação. Resseguro.” Não temos como nos aprofundar muito em cada um destes Acordos pedidos nos tópicos 2 e 11 dos editais de AFRF, pois eles são monstruosamente grandes. Quando a ESAF coloca estes Acordos no edital, ela não pode estar pedindo o conhecimento em detalhes de cada um deles, pois a Ata Final que os consolidou possui 160 páginas tamanho maior que A4, fonte tamanho 8. O que veremos nesta aula então? Vamos olhar o preâmbulo de cada um deles, onde constam os princípios e a motivação de criação. Veremos também os artigos principais. Coloquei os acordos em páginas diferentes para facilitar a visualização.

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Nas negociações travadas de 1986 a 1994 dentro da Rodada Uruguai, os países concluíram que faltava um acordo para o comércio de serviços, já que o GATT era um acordo que buscava o livre comércio para as mercadorias.

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AULA 19

Oi, pessoal.

Esta é a última aula do curso e vamos hoje estudar os seguintes tópicos:

“2. ... O Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços (GATS). O Acordo sobre Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio (TRIPS). O Acordo sobre Medidas de Investimento Relacionadas ao Comércio (TRIMS). O Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS). O Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio (TBT). O sistema de solução de controvérsias da OMC. As negociações na OMC.

11. Regras de origem. Acordo sobre regras de origem do GATT-1994.

14. Seguro no comércio internacional. Seguro de transporte da carga. Seguro de crédito à exportação. Resseguro.”

Não temos como nos aprofundar muito em cada um destes Acordos pedidos nos tópicos 2 e 11 dos editais de AFRF, pois eles são monstruosamente grandes.

Quando a ESAF coloca estes Acordos no edital, ela não pode estar pedindo o conhecimento em detalhes de cada um deles, pois a Ata Final que os consolidou possui 160 páginas tamanho maior que A4, fonte tamanho 8.

O que veremos nesta aula então?

Vamos olhar o preâmbulo de cada um deles, onde constam os princípios e a motivação de criação. Veremos também os artigos principais.

Coloquei os acordos em páginas diferentes para facilitar a visualização.

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Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços (GATS)

Nas negociações travadas de 1986 a 1994 dentro da Rodada Uruguai, os países concluíram que faltava um acordo para o comércio de serviços, já que o GATT era um acordo que buscava o livre comércio para as mercadorias.

O comércio de serviços havia crescido de forma substancial e decidiram criar um “GATT para serviços”. Deram ao acordo o nome de GATS – General Agreement on Trade in Services – Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços.

Esta motivação aparece no preâmbulo do Acordo:

“Os Membros,

Reconhecendo a importância crescente do comércio de serviços para o crescimento e desenvolvimento da economia mundial;

...”

Ainda no preâmbulo, aparecem os principais objetivos do Acordo:

“...

Desejando estabelecer um quadro de princípios e regras para o comércio de serviços com vistas à expansão do mesmo sob condições de transparência e liberalização progressiva e como forma de promover o crescimento de todos os parceiros comerciais e o desenvolvimento dos países em desenvolvimento;

...

Desejando facilitar a participação crescente dos países em desenvolvimento no comércio de serviços e a expansão de suas exportações de serviços, inclusive, inter alia, mediante o fortalecimento da capacidade nacional de seus serviços e sua eficiência e competitividade;

...”

(inter alia significa “entre outras coisas”)

Dentre os objetivos, podemos então destacar:

1) o estabelecimento de princípios e regras para o comércio de serviços;

2) expansão do comércio mundial de serviços de forma transparente;

3) liberalização progressiva do comércio de serviços;

4) promoção do crescimento dos países-membros no comércio de serviços; e

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5) promoção do desenvolvimento para os países em desenvolvimento, aumentando sua participação no comércio mundial e aumentando suas exportações de serviços.

Algumas informações relevantes sobre o GATS, encontráveis no texto do acordo:

1) Para se aplicar o acordo, é necessário que o prestador e o consumidor do serviço sejam residentes em países diferentes;

2) O GATS não se aplica aos serviços prestados no exercício próprio da autoridade governamental (serviços públicos) nem aos direitos de tráfego aéreo e os serviços a ele diretamente relacionados;

3) No GATS, há os seguintes princípios:

a. Cláusula da Nação Mais Favorecida, ou seja, todo benefício dado aos serviços de um país deve ser estendido incondicionalmente aos serviços dos demais países-membros da OMC;

b. Princípio da Transparência, pelo qual um Membro deve informar aos demais Membros, com razoável antecedência, a criação de qualquer norma relativa ao comércio de serviços;

c. Cláusulas de Salvaguarda, previstas no artigo X, simbolizando o direito de uma concessão em matéria de serviço ser revista caso traga problemas para o mercado interno;

d. Tratamento Nacional, que, como vimos na aula anterior, significa que o serviço importado deve receber um tratamento não-discriminatório em relação aos serviços nacionais; e

e. Acesso a Mercados, que é a definição de um conjunto de vantagens dentro de um setor econômico. O país relaciona as vantagens em uma lista (similar à do artigo II do GATT, visto na aula anterior) relativa a um setor econômico e se compromete em outorgar aos demais países um tratamento não menos favorável que aquele colocado na lista.

4) O artigo IV do GATS prevê que deve ser facilitada a participação crescente dos países em desenvolvimento no comércio mundial de serviços.

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Acordo sobre Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio (TRIPS)

“Os Membros

...

Desejando reduzir distorções e obstáculos ao comércio internacional e levando em consideração a necessidade de promover uma proteção eficaz e adequada dos direitos de propriedade intelectual e assegurar que as medidas e procedimentos destinados a fazê-los respeitar não se tornem, por sua vez, obstáculos ao comércio legítimo;

Reconhecendo, para tanto, a necessidade de novas regras e disciplinas relativas:

...

b) ao estabelecimento de padrões e princípios adequados relativos à existência, abrangência e exercício de direitos de propriedade intelectual relacionados ao comércio;

c) ao estabelecimento de meios eficazes e apropriados para a aplicação de normas de proteção de direitos de propriedade intelectual relacionados ao comércio, levando em consideração as diferenças existentes entre os sistemas jurídicos nacionais;

...”

No preâmbulo, podemos ver os principais objetivos do TRIPS:

1) Proteção dos direitos de propriedade intelectual;

2) Que a proteção não seja obstáculo ao comércio internacional; e

3) Definição de padrões e princípios a serem adotados pelos países na defesa da propriedade intelectual.

No TRIPS, encontramos os seguintes princípios, já conhecidos:

1) Cláusula da Nação Mais Favorecida

2) Princípio do Tratamento Nacional (Paridade)

3) Princípio da Transparência

Analisemos o artigo 1o do TRIPS, onde se conceitua a propriedade intelectual:

“ARTIGO 1 – Natureza e Abrangência das Obrigações

...

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2 - Para os fins deste Acordo, o termo "propriedade intelectual" refere-se a todas as categorias de propriedade intelectual que são objeto das Seções 1 a 7 da Parte II.

3 - Os Membros concederão aos nacionais de outros Membros o tratamento previsto neste Acordo.”

O TRIPS traz um conjunto mínimo de medidas de proteção que devem obrigatoriamente ser implementadas pelos países, como se depreende do § 3o do artigo 1o transcrito acima.

E, de acordo com § 2o acima, podemos ver que o TRIPS considera sete categorias de propriedade intelectual:

I – Direito do Autor e Direitos Conexos (artigo 9o): “A proteção do direito do autor abrangerá expressões e não idéias, procedimentos, métodos de operação ou conceitos matemáticos como tais.”

II – Marcas (artigo 15): “Qualquer sinal, ou combinação de sinais, capaz de distinguir bens e serviços de um empreendimento daqueles de outro empreendimento, poderá constituir uma marca...”

III – Indicações Geográficas (artigo 22): “Indicações Geográficas são, para os efeitos deste Acordo, indicações que identifiquem um produto como originário do território de um Membro, ou região ou localidade deste território, quando determinada qualidade, reputação ou outra característica do produto seja essencialmente atribuída à sua origem geográfica.”

[Por exemplo, só se pode usar a denominação “Vinho do Porto” para o vinho que for efetivamente produzido naquela região de Portugal.]

IV – Desenhos Industriais (art. 25): “Os Membros estabelecerão proteção para desenhos industriais criados independentemente, que sejam novos ou originais...”

V – Patentes (art. 27): “Qualquer invenção, de produto ou de processo, em todos os setores tecnológicos, será patenteável, desde que seja nova, envolva um passo inventivo e seja passível de aplicação industrial...”

VI – Topografias de Circuitos Integrados (art. 35)

VII – Proteção de Informação Confidencial (art. 39): Há o direito de se guardar segredo sobre informação confidencial.

Em suma, os países, ao assinarem o TRIPS, assumiram o compromisso de proteger, em seus territórios, os direitos de propriedade intelectual dos demais países. Por exemplo, o Brasil protegerá:

a) O direito do autor alemão,

b) As patentes norte-americanas,

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c) As topografias de circuitos integrados criados nos EUA, evitando que sejam copiadas, e

d) a expressão “Champagne”, permitindo que apenas produtos daquela região francesa recebam e usem a indicação geográfica. Por conta disso, o guaraná Antarctica, que, no passado, era conhecido como guaraná Champagne, teve que deixar de usar tal nome.

Os países protegerão os direitos estrangeiros de propriedade intelectual como se fossem direitos nacionais (Princípio da Paridade).

Se o Brasil conceder às patentes norte-americanas um benefício maior do que o acordado no acordo de TRIPS, deve estender o mesmo benefício às patentes de todos os demais países membros da OMC (Cláusula da Nação Mais Favorecida).

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Acordo sobre Medidas de Investimento Relacionadas ao Comércio (TRIMS)

Perceba no preâmbulo do acordo as motivações para a criação do TRIMS:

1) Facilitar o investimento estrangeiro e

2) eliminar as barreiras protecionistas ao investimento estrangeiro.

“...

Desejando promover a expansão e a liberalização progressiva do comércio mundial e facilitar o investimento através das fronteiras internacionais, a fim de aumentar o crescimento econômico de todos os parceiros comerciais, em particular dos países em desenvolvimento, garantindo ao mesmo tempo a livre competição;

Reconhecendo que certas medidas de investimento podem causar efeitos restritivos e distorcivos ao comércio;

...

Artigo 1º - Alcance – O presente acordo se aplica somente a medidas de investimento relacionadas ao comércio de bens.

Artigo 2º - Tratamento Nacional e Restrições Quantitativas – Sem prejuízo de outros direitos e obrigações sob o GATT 1994, nenhum Membro aplicará qualquer TRIM incompatível com as disposições do artigo III ou do artigo XI do GATT 1994...”

O acordo de TRIMS é o menor dos acordos a serem estudados aqui. Ele tem um único objetivo, o qual é definido no artigo 2o, transcrito anteriormente.

O acordo de TRIMS foi criado na Rodada Uruguai com o objetivo de dar um basta às medidas protecionistas que vinham sendo aplicadas por meio de restrição aos investimentos.

Os países estavam dificultando os investimentos descumprindo os artigos III e XI do GATT, como se pode constatar da leitura do artigo 2o.

O que dizem os artigos III e XI do GATT?

O artigo III traz o princípio do Tratamento Nacional que, em síntese, determina que não haja discriminação, em matéria de tributos internos, das mercadorias originárias dos demais parceiros signatários do GATT. Este princípio também é chamado de Princípio da Paridade ou Princípio da Não-discriminação.

O artigo XI trata da eliminação das restrições quantitativas.

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“Parágrafo 1o – Nenhuma parte contratante imporá nem manterá – além dos direitos aduaneiros, impostos e outras taxas – proibições nem restrições à importação de um produto do território de outra parte contratante ou à exportação ou à venda para exportação de um produto destinado ao território de outra parte contratante que sejam aplicadas mediante contingentes, licenças de importação ou de exportação ou por meio de outras medidas.”

Portanto, a criação do TRIMS serviu para definir que:

1) não pode haver discriminação de investimento em função de sua origem. O investimento estrangeiro em um país deve receber o mesmo tratamento interno que o investimento nacional; e

2) não pode haver restrições aos investimentos. Não se podem impor limites ou termos para os investimentos estrangeiros.

Mais algumas observações:

1) O TRIMS só se aplica a medidas de investimento relacionadas ao comércio de bens, conforme dispõe o artigo 1o do Acordo; e

2) Para frisar: o TRIMS surgiu para fazer cumprir os artigos III e XI do GATT, como se verifica no artigo 2o do Acordo. Em outras palavras, os investimentos estrangeiros não podem ser discriminados nem limitados.

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Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS)

O SPS surgiu como resposta à criação de várias medidas arbitrárias sobre a importação de bens, as quais não possuíam nenhum embasamento científico. Barreiras sanitárias e fitossanitárias eram criadas alegando-se dano à saúde de pessoas, animais e vegetais, mas, muitas vezes, eram medidas com o objetivo único de restringir importações que concorriam com bens similares nacionais.

O SPS permite que os países continuem criando barreiras sanitárias e fitossanitárias (fito = que se refere a vegetais), mas desde que sejam barreiras baseadas na ciência. E somente podem ser aplicadas na medida necessária para a proteção da saúde humana, animal ou vegetal.

Podemos encontrar estas motivações (proteção à saúde e afastamento de medidas arbitrárias não-baseadas na ciência) no preâmbulo do acordo e no artigo 2o:

“Reafirmando que nenhum Membro deve ser impedido de adotar ou aplicar medidas necessárias à proteção da vida ou da saúde humana, animal ou vegetal, desde que tais medidas não sejam aplicadas de modo a constituir discriminação arbitrária ou injustificável entre Membros em situações em que prevaleçam as mesmas condições, ou uma restrição velada ao comércio internacional;

Desejando melhorar a saúde humana, a saúde animal e a situação sanitária no território de todos os Membros;

Desejando o estabelecimento de um arcabouço multilateral de regras e disciplinas para orientar a elaboração, adoção e aplicação de medidas sanitárias e fitossanitárias com vistas a reduzir ao mínimo seus efeitos negativos sobre o comércio;

Desejando estimular o uso de medidas sanitárias e fitossanitárias entre os Membros, com base em normas, guias e recomendações internacionais elaboradas pelas organizações internacionais competentes, ..., sem que com isso se exija dos Membros que modifiquem seu nível adequado de proteção da vida e saúde humana, animal ou vegetal;

Reconhecendo que os países em desenvolvimento Membros podem encontrar dificuldades especiais para cumprir com medidas sanitárias e fitossanitárias dos Membros importadores, e, como conseqüência, para ter acesso a seus mercados, e também para formular e aplicar medidas sanitárias e fitossanitárias em seus próprios territórios, e desejando assisti-los em seus esforços em tal sentido;

O artigo 2o dispõe ainda:

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“§ 1o Os Membros têm o direito de adotar medidas sanitárias e fitossanitárias para a proteção da vida ou saúde humana, animal ou vegetal, desde que tais medidas não sejam incompatíveis com as disposições do presente Acordo.

§ 2o Os Membros assegurarão que qualquer medida sanitária e fitossanitária seja aplicada apenas na medida do necessário para proteger a vida ou a saúde humana, animal ou vegetal; seja baseada em princípios científicos e não seja mantida sem evidência científica suficiente, à exceção do determinado pelo parágrafo 7 do Artigo 5.”

No SPS, aparecem os seguintes princípios:

1) Princípio da Transparência, pelo qual um Membro deve informar aos demais Membros, com razoável antecedência, a criação de qualquer medida sanitária ou fitossanitária;

2) Princípio da Harmonização, pelo qual se busca atingir a harmonização das normas sanitárias por parte de todos os Membros partindo-se de “normas, guias e recomendações internacionais elaboradas pelas organizações internacionais competentes”, como consta no preâmbulo do acordo; e

3) Princípio da Equivalência, que consta no artigo 4o. Por este princípio, os países aceitarão as medidas sanitárias e fitossanitárias dos demais países como sendo equivalentes.

Um exemplo de efeito imediato disto é que, se o Brasil estiver importando uma mercadoria da França e se o Ministério da Agricultura francês tiver emitido um atestado com base nas suas normas sanitárias, o Ministério da Agricultura brasileiro irá aceitar este atestado sem necessidade de nova análise do bem.

“Artigo 4 - Equivalência

§ 1o Os Membros aceitarão as medidas sanitárias e fitossanitárias de outros Membros como equivalentes, mesmo se tais medidas diferirem de suas próprias medidas ou de medidas usadas por outros Membros que comercializem o mesmo produto, se o Membro exportador demonstrar objetivamente ao Membro importador que suas medidas alcançam o nível adequado de proteção sanitária e fitossanitária do Membro importador. Para tal fim, acesso razoável deve ser concedido, quando se solicite, ao Membro importador, com vistas a inspeção, teste e outros procedimentos relevantes...”

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Tanto este acordo (SPS) quanto o próximo (TBT) definem uma diretriz que é:

a) as normas sanitárias, fitossanitárias e técnicas usadas pelos países devem ser, na medida do possível, as normas criadas por organismos internacionais, tais como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO); e

b) os países podem criar normas nacionais para complementar as internacionais, mas desde que sejam justificáveis cientificamente, excluindo a arbitrariedade.

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Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio (TBT)

Enquanto o Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias é aplicável à importação de bens sujeitos à vigilância sanitária, o TBT é um acordo que permite a imposição de barreiras técnicas ao comércio.

A grosso modo, o Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias está voltado aos Ministérios da Agricultura e da Saúde. Já o Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio está mais voltado para o INMETRO, com seus padrões técnicos e de segurança.

O TBT admite, por exemplo, que sejam impostas normas que:

1) só permitam a importação de carros que tenham cinto de segurança;

2) só permitam a importação de botijões de gás que não tenham atingido um prazo máximo definido; e

3) só permitam a importação de brinquedos onde se indique a idade mínima permitida da criança.

Perceba no preâmbulo os objetivos do acordo:

1) Assegurar a qualidade das exportações

2) Proteger a vida ou a saúde humana, animal ou vegetal

3) Proteger o meio ambiente

4) Prevenir práticas enganosas

"Os Membros

...

Desejando encorajar o desenvolvimento de normas internacionais e sistemas de avaliação de conformidade;

Desejando, entretanto, assegurar que os regulamentos técnicos e as normas, inclusive requisitos para embalagem, marcação e rotulagem, e procedimentos para avaliação de conformidade com regulamentos técnicos e normas não criem obstáculos desnecessários ao comércio internacional;

Reconhecendo que não se deve impedir nenhum país de tomar medidas necessárias a assegurar a qualidade de suas exportações, ou para a proteção da vida ou saúde humana, animal ou vegetal, do meio ambiente ou para a prevenção de práticas enganosas, nos níveis que considere apropriados, à condição que não sejam aplicadas de maneira que constitua discriminação arbitrária ou injustificável entre países onde prevaleçam as mesmas condições ou uma restrição disfarçada ao

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comércio internacional, e que estejam no mais de acordo com as disposições deste Acordo;

Reconhecendo que não se deve impedir nenhum país de tomar medidas necessárias para a proteção de seus interesses essenciais em matéria de segurança;

Reconhecendo a contribuição que a normalização internacional pode dar à transferência de tecnologia dos países desenvolvidos aos países em desenvolvimento;...”

As barreiras não podem ser usadas como forma arbitrária, mas sempre como medida justificável de segurança.

São princípios presentes no TBT:

1) Transparência (artigo 2.9)

2) Equivalência (artigo 2.7)

3) Harmonização (artigo 2.6)

4) Tratamento Nacional (artigo 2.1)

5) Não-criação de barreiras desnecessárias (preâmbulo)

Os quatro primeiros princípios já foram explicados nos outros acordos. O quinto é auto-explicativo: barreiras só podem ser criadas se forem, de fato, necessárias.

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Acordo Sobre Regras de Origem

Estudamos na aula 11, nas páginas 17 a 19, que no Mercosul uma mercadoria é considerada originária se:

1) tiver sido totalmente produzida nos países do Mercosul;

2) os países do Mercosul forem responsáveis por mais de 60% do valor de exportação do produto para outro país-membro; OU

3) tiver havido uma transformação substancial, ou seja, se tiver havido uma mudança de posição da mercadoria (quatro primeiros dígitos do Sistema Harmonizado).

Vimos também nas páginas citadas que, na ALADI, é considerada originária a mercadoria daquele país que:

1) a tiver produzido integralmente;

2) que for responsável por mais de 50% do valor de exportação do produto para país-membro; OU

3) tiver promovido uma transformação substancial, ou seja, se tiver havido uma mudança de posição da mercadoria (quatro primeiros dígitos do Sistema Harmonizado).

O Acordo sobre Regras de Origem é um acordo internacional, também administrado pela OMC, cujo objetivo é definir as diretrizes para que os países ou blocos criem suas próprias regras de origem. Os países/blocos comerciais devem, ao criarem seus regimes de origem, se basear nos padrões definidos neste acordo internacional.

A origem de um produto pode ser identificada para uma das três intenções:

1) A de se reconhecer um tratamento tributário mais benéfico do que o dado às mercadorias dos outros países. Por exemplo, na ALADI, as regras de origem foram criadas para que se reduza a cobrança de imposto de acordo com os níveis do país exportador e do país importador. Na ALADI, as regras de origem são chamadas preferenciais;

2) Simplesmente identificar a origem, não para dar um tratamento mais benéfico, mas apenas para registrar corretamente de onde provêm as mercadorias importadas pelo país. Desta forma, o Brasil sabe, por exemplo, de onde vêm os automóveis que importamos e consegue ter uma visão mais precisa dos exportadores; OU

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3) Para onerar mais a mercadoria. Por exemplo, se a mercadoria provêm de um país já identificado como um que conceda subsídios à exportação, o Brasil poderá, depois de todo o processo já visto em aula anterior, cobrar uma medida compensatória.

Nos dois últimos casos, a regra de origem é chamada não-preferencial, pois não há o intuito de se conceder uma preferência tarifária.

Em regra, não se criam regras de origem preferenciais diferentes de regras de origem não-preferenciais. Mas isto pode ser feito conforme permite o Acordo sobre Regras de Origem. No entanto, ainda que as regras de origem preferenciais sejam diferentes das regras não-preferenciais, elas devem obedecer aos mesmos princípios estabelecidos no Acordo sobre Regras de Origem, ou seja, têm que ser transparentes, imparciais, previsíveis, coerentes, ...

“Os Membros, ...

Reconhecendo que a existência de regras de origem claras e previsíveis e sua aplicação facilitam o fluxo do comércio internacional;

Desejosos de tomar medidas no sentido de que as regras de origem não criem obstáculos desnecessários ao comércio;

...

Reconhecendo ser desejável que as leis, regulamentos e práticas relativos às regras de origem sejam transparentes;

Desejosos de tomar medidas no sentido de que as regras de origem sejam elaboradas e aplicadas de forma imparcial, transparente, previsível, consistente e neutra;

Reconhecendo a disponibilidade de um mecanismo de consultas e procedimentos visando à solução rápida, efetiva e eqüitativa de controvérsias surgidas no âmbito do presente Acordo;

Desejosos de harmonizar e tornar claras as regras de origem;

Acordam o seguinte:

...

HARMONIZAÇÃO DE REGRAS DE ORIGEM

Artigo 9 - Objetivos e Princípios

1. Visando harmonizar regras de origem e, inter alia, criar um ambiente mais previsível na condução do comércio mundial, a Conferência Ministerial desenvolverá o programa de trabalho descrito adiante juntamente com o CCA, com base nos seguintes princípios:

(a) as regras de origem deverão ser igualmente aplicadas para todos os fins estabelecidos no Artigo 1;

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(b) as regras de origem deverão prever que o país a ser identificado como a origem de uma determinada mercadoria seja o país onde a mercadoria em questão tenha sido produzida em sua totalidade ou, quando mais de um país estiver envolvido na produção da mercadoria, o país onde a última transformação substancial tenha sido efetuada;

(c) as regras de origem deverão ser objetivas, compreensíveis e previsíveis;

(d) independentemente da medida ou instrumento ao qual possam estar vinculadas, as regras de origem não deverão ser utilizadas como instrumentos para a consecução direta ou indireta de objetivos comerciais. Não deverão, elas mesmas, criar efeitos restritivos, distorcivos ou desorganizadores do comércio internacional. Elas não implicarão exigências excessivamente rigorosas e não exigirão a observância de condições não relacionadas à fabricação ou ao processamento como um pré-requisito para a determinação do país de origem. No entanto, custos não diretamente relacionados à fabricação ou ao processamento poderão ser incluídos para fins de aplicação de um critério de percentagem ad valorem;

(e) as regras de origem deverão ser administradas de forma consistente, uniforme, imparcial e razoável;

(f) as regras de origem deverão ser coerentes;

(g) as regras de origem deverão basear-se numa regra positiva. As regras negativas poderão ser usadas para fins de esclarecer uma regra positiva.”

Por conta da alínea “b”, foram previstas, tanto no Mercosul, quanto na ALADI, regras de origem reconhecendo como originária a mercadoria totalmente produzida e aquela que recebeu transformação substancial, a qual é definida como transformação que altere a posição da mercadoria.

No final da alínea “d”, podemos perceber que os países ou blocos comerciais podem criar, se quiserem, criar um critério de percentagem ad valorem, tal como fez o Mercosul em relação aos 60% e como fez a ALADI em relação aos 50%.

A alínea “g” define que os países e blocos, ao criarem uma regra de origem, devem escrevê-la de forma positiva, como por exemplo: “É originária do bloco a mercadoria que for assim e assim e assim...” Os países não podem definir as regras de forma negativa, pois faltaria a vinculação. Por exemplo, um bloco não deve criar uma regra assim: “Não é originária do bloco a mercadoria assim e assim e assim...” Regras negativas dizem o que não é originário, e regras de origem devem indicar claramente quando a mercadoria é originária.

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Sistema de solução de controvérsias da OMC

Ao estudarmos a estrutura da OMC, na aula 17, vimos no artigo IV do Acordo Constitutivo da OMC, que o órgão responsável pela solução de controvérsias é o Conselho Geral.

“Art. IV, § 3o –

O Conselho Geral se reunirá quando couber para desempenhar as funções do Órgão de Solução de Controvérsias (OSC) estabelecido no Entendimento sobre Solução de Controvérsias.”

O sistema de solução de controvérsias está previsto no Anexo 2 do Acordo Constitutivo da OMC.

No seu artigo 4o, está definido que a primeira etapa do sistema de solução de controvérsias é a realização de consultas entre os países:

“Art. 4o Cada Membro se compromete a examinar com compreensão a argumentação apresentada por outro Membro e a conceder oportunidade adequada para consulta com relação a medidas adotadas dentro de seu território que afetem o funcionamento de qualquer acordo abrangido.”

Dentro dessas negociações diretas, o Diretor-Geral da OMC “...poderá oferecer seus bons ofícios, conciliação ou mediação com o objetivo de auxiliar os Membros a resolver uma controvérsia.” (artigo 5o, § 6o)

“Se as consultas não produzirem a solução de uma controvérsia no prazo de 60 dias contados a partir da data de recebimento da solicitação, a parte reclamante poderá requerer o estabelecimento de um grupo especial.” (artigo 4o, § 7o)

O artigo 6o dispõe sobre o estabelecimento do grupo especial:

“Se a parte reclamante assim o solicitar, um grupo especial será estabelecido, no mais tardar, na reunião do OSC seguinte àquela em que a solicitação aparece pela primeira vez como item da agenda do OSC, a menos que nessa reunião o OSC decida por consenso não estabelecer o grupo especial.”

Em outras palavras, o país reclamado pode obstruir a constituição do grupo especial uma vez, mas não pode voltar a fazê-lo quando o órgão de solução de controvérsias se reunir pela segunda vez (a não ser que haja consenso contra a constituição do grupo especial).

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O grupo especial é um órgão “composto por pessoas qualificadas” (artigo 8o), estabelecido pelo OSC.

Portanto:

1) A primeira etapa são as negociações diretas entre as partes na controvérsia (podendo haver a intervenção do Diretor-Geral da OMC); e

2) A segunda etapa do sistema de solução de controvérsias é o estabelecimento do grupo especial.

O grupo especial ajuda o órgão de solução de controvérsias a ditar resoluções ou fazer recomendações, mas, como seu relatório pode ser rejeitado somente por consenso no órgão de solução de controvérsias, é difícil revogar suas conclusões. Tais conclusões devem basear-se nos acordos invocados.

As principais etapas da atuação dos grupos especiais são as seguintes:

1) antes da primeira audiência: cada parte na controvérsia expõe seus argumentos, por escrito, ao grupo especial.

2) primeira audiência: os países na controvérsia expõem seus argumentos: o país reclamante, o país reclamado e terceiros que tenham interesse na controvérsia expõem seus argumentos na primeira audiência.

3) Defesas: os países acusados apresentam defesas por escrito e expõem verbalmente seus argumentos na segunda reunião do grupo especial.

4) Especialistas: quando uma parte na controvérsia levanta questões de caráter científico ou técnico, o grupo especial pode consultar especialistas ou designar um grupo consultivo de especialistas para que prepare um relatório a respeito.

5) Projeto inicial: o grupo especial dá conhecimento dos fatos (parte expositiva) tal como descritos pelas partes. E dá a estas um prazo para eventuais correções. Nas informações dadas a conhecer não se incluem as constatações nem conclusões.

6) Relatório provisório: em seguida, o grupo especial dá a conhecer um relatório provisório (em que se incluem suas constatações e conclusões) a ambas as partes e lhes dá um prazo para que solicitem um reexame.

7) Reexame: Durante o reexame, o grupo especial pode celebrar novas reuniões com as partes na controvérsia.

8) Relatório definitivo: o relatório definitivo é enviado às partes na controvérsia e, um tempo mais tarde, distribuído a todos

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os membros da OMC. Se o grupo especial decide que a medida comercial objeto da controvérsia constitui uma infração ao acordo da OMC ou um descumprimento de uma obrigação decorrente das disposições da OMC, recomenda que se ajuste tal medida. O grupo especial pode sugerir o modo em que se poderia fazê-lo.

9) O relatório se converte numa resolução: passado um prazo, o relatório se converte em uma resolução ou recomendação do órgão de solução de controvérsias, a não ser que seja rejeitado por consenso. Ambas as partes na controvérsia podem apelar.

10) Apelação: uma e outra parte podem apelar contra a resolução do grupo especial. As apelações devem basear-se em questões de direito, como, por exemplo, interpretação jurídica. Não é possível examinar de novo as questões de fato nem examinar novas questões. A apelação é examinada pelo Órgão Permanente de Apelação estabelecido pelo Órgão de Solução de Controvérsias.

A apelação pode gerar a confirmação, modificação ou revogação das constatações e conclusões jurídicas do grupo especial.

O órgão de solução de controvérsias tem que aceitar ou rejeitar o relatório da apelação em um prazo determinado. Somente pode ser rejeitado por consenso.

Depois de decidida a questão, quais as medidas a serem tomadas?

Caso o demandado tenha perdido a questão, a primeira coisa a ser feita é ajustar sua política em conformidade com a resolução ou recomendação. Consta no acordo sobre solução de controvérsias:

"Para assegurar a eficaz solução das controvérsias em benefício de todos membros, é essencial o pronto cumprimento das recomendações ou resoluções do órgão de solução de controvérsias.”

O país perdedor deve manifestar sua intenção de ajuste na próxima reunião do órgão de solução de controvérsias. Caso não seja possível cumprir imediatamente as recomendações de resoluções, será dado ao país um prazo razoável para fazê-lo. Se as medidas não forem adotadas neste prazo, terá que abrir negociações com o país reclamante para estabelecer uma compensação mutuamente aceitável: por exemplo, reduções alfandegárias em áreas de interesse para a parte reclamante.

Se, passado um determinado tempo, não se tenha chegado a uma compensação satisfatória, a parte reclamante poderá pedir a autorização do órgão de solução de controvérsias para impor sanções comerciais limitadas relativamente à outra parte. O órgão de solução

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de controvérsias deverá outorgar essa autorização, a menos que se decida por consenso indeferir a petição.

Em princípio, as sanções devem ser impostas no mesmo setor em que tiver surgido a controvérsia, ou seja, se a controvérsia surgiu em virtude da criação de uma medida sanitária abusiva, então as sanções devem ser aplicadas sobre o setor que havia sido protegido.

Se isto é impossível ou ineficaz, poderão ser impostas em um setor diferente amparado pelo mesmo acordo. Por exemplo, pode ser aplicado sobre o comércio de outro setor sujeito a medidas sanitárias.

Se isto também é impossível ou ineficaz, e as circunstâncias forem suficientemente graves, poderão ser adotadas medidas relativas a outro acordo comercial. Podem ser adotadas sanções em produtos não sujeitos a medidas sanitárias.

O objetivo é reduzir ao mínimo a possibilidade de que se adotem medidas que gerem efeitos em setores não relacionados com a controvérsia e procurar, ao mesmo tempo, que as medidas sejam eficazes.

Sobre o sistema de solução de controvérsias, caiu a seguinte questão na prova de TRF/2005: (TRF/2005) 21- Atribua a letra (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas. Em seguida, marque a opção que contenha a seqüência correta. ( ) No âmbito do sistema de solução de controvérsias da Organização Mundial do Comércio (OMC), caso o país que perca um litígio não cumpra a decisão do Órgão de Solução de Controvérsias, o país vencedor pode ser autorizado a aplicar-lhe sanções comerciais. ( ) É possível que dois países que façam parte do Mercosul levem um litígio à apreciação do sistema de solução de controvérsias da OMC ao invés de apresentá-lo ao mecanismo do Mercosul. ( ) Tal como o sistema de solução de controvérsias da OMC, o mecanismo do Mercosul conta com uma instância capaz de analisar recursos contra as decisões proferidas em primeiro grau por seus árbitros. ( ) As regras da OMC prevêem que um país possa ser expulso da Organização caso não cumpra uma decisão do seu Órgão de Solução de Controvérsias. ( ) É possível que uma decisão do Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul seja tomada mesmo não havendo consenso entre seus membros. a) V, V, V, F, V b) F, F, V, F, F c) V, F, V, V, F d) V, V, F, F, V e) V, F, V, F, F

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Solução: Primeiro item: Verdadeiro. O Sistema de Solução de Controvérsias da OMC está apenso ao Decreto 1.455/95. Nele se encontra a permissão para a imposição de sanções comerciais para o país que sair perdedor na hipótese de descumprimento da decisão do Órgão de Solução de Controvérsias. Segundo item: Verdadeiro. A eleição de foro está prevista no artigo 1o do Protocolo de Olivos, de 2002. Terceiro item: Verdadeiro. Na OMC, há o Órgão Permanente de Apelação e, no Mercosul, há o Tribunal Permanente de Revisão. Quarto item: Falso. A previsão para o descumprimento é a imposição de sanções e não a expulsão, o que colocaria o país à margem do sistema multilateral de comércio e poderia provocar a inobservância generalizada dos acordos multilaterais de comércio. O sistema multilateral de comércio objetiva a inclusão e não a exclusão. Quinto item: Verdadeiro. O julgamento é por maioria de votos. Gabarito: Letra A.

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As negociações na OMC

Por “negociações na OMC”, devemos entender as rodadas de negociação. O edital não está perfeito ao se referir a “negociações na OMC”, já que as negociações multilaterais surgiram mesmo antes da existência da OMC, como podemos ver pelas datas abaixo.

Aconteceram as seguintes Rodadas:

1a) Genebra/1947 – A primeira é a que constituiu o GATT.

2a) Annecy/1949 – Redução das barreiras tarifárias

3a) Torquay/1951 – Redução das barreiras tarifárias

4a) Genebra/1956 - Redução das barreiras tarifárias

5a) Genebra (Rodada Dillon)/1960-1961 – Redução das barreiras tarifárias

6a) Genebra (Rodada Kennedy)/1964/1967 – Redução das barreiras tarifárias e aprovação do Acordo Antidumping

As primeiras rodadas foram basicamente para redução de barreiras tarifárias cumprindo o que fora acordado nos artigos II e XXVIIIb. Haviam combinado a tarificação e a redução das tarifas nas rodadas de negociação. E assim ocorreu.

Criaram também o Acordo Antidumping.

Quando chegou a década de 1970, barreiras não-tarifárias foram “inventadas” e levantadas, como vimos na aula anterior. Isto ocorreu por causa das duas crises do petróleo e pelo fim do Sistema Bretton Woods. Estas barreiras não-tarifárias começaram então a ser atacadas na Rodada Tóquio.

7a) Genebra (Rodada Tóquio)/1973-1979 – O coração desta rodada foi a decisão de se tomarem medidas para combater as barreiras não-tarifárias que estavam proliferando por causa dos problemas mundiais.

Nela surgiu, por exemplo, o Acordo sobre Licenciamento das Importações e o Acordo sobre Barreiras Técnicas.

Estes acordos foram revistos, alterados e atualizados na Rodada seguinte: a Rodada Uruguai.

A Rodada Tóquio também se destaca porque foi nela que se sancionou o uso do Sistema Geral de Preferências, criado em 1970 pela UNCTAD e administrado até hoje por ela.

8a) Genebra (Rodada Uruguai)/1986-1994 – A Rodada Uruguai é considerada a mais importante rodada pois foi nela que se criou a

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Organização Mundial do Comércio e foram criados novos acordos comerciais multilaterais.

Na Rodada Uruguai foram criados:

a) o Acordo sobre Serviços (GATS),

b) o Acordo sobre Direitos de Propriedade Intelectual (TRIPS)

c) Acordo sobre Agricultura

d) Acordo sobre Aplicação de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias

e) Acordo sobre Têxteis e Vestuário

f) Acordo sobre Medidas de Investimento Relacionadas com o Comércio (TRIMS)

g) Acordo sobre Inspeção Pré-Embarque

h) Acordo sobre Regras de Origem

i) Acordo sobre Salvaguarda

j) Entendimento Relativo às Normas e Procedimentos sobre Solução de Controvérsias

k) Mecanismo de Exame de Políticas Comerciais

l) Acordos de Comércio Plurilaterais

9a) Seattle (Rodada do Milênio)/1999 – Tinha por objetivo a redução dos subsídios agrícolas, mas os EUA levaram-na ao fracasso ao se recusar a negociar a eliminação de seus subsídios. Dá para entender: era véspera de eleição lá...

Por ter sido um fracasso total, nem a própria OMC a considera uma Rodada de negociação. No site da OMC (www.wto.org), eles referenciam a Rodada Uruguai como a última. Mas há aqueles que a consideram uma Rodada pelo próprio nome dela: Rodada do Milênio.

Para efeito de prova, não sei a resposta já que nunca caiu questão sobre esta Rodada. Não temos com o que comparar.

10a) A Atual: Rodada de Doha/2001-... –

É conhecida por Rodada do Desenvolvimento, pois o objetivo principal dela é criar formas de gerar desenvolvimento para os países em desenvolvimento, aumentando sua inserção na economia mundial.

Busca-se um desenvolvimento que seja integrado com os países desenvolvidos e não uma “compensação” por longos anos de subdesenvolvimento.

Em Comércio Internacional, toda vez que se fala a palavra “desenvolvimento”, tem que se fazer a ligação com “políticas que gerem desenvolvimento para os países em desenvolvimento”.

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A Rodada de Doha, que deveria ter sido encerrada em 2005, será reaberta neste ano de 2007, conforme noticiado no dia 29/01/2007 nas primeiras páginas dos principais jornais do país.

Vejamos algumas questões:

(AFRF 2003) Com o surgimento do Acordo Geral de Comércio e Tarifas (GATT), iniciou-se um movimento de progressiva liberalização das trocas comerciais em escala global; ainda, após mais de cinco décadas, o protecionismo subsiste e apresenta-se sob novas roupagens. São exemplos de formas contemporâneas de protecionismo observadas no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC):

a) restrições ao investimento e cláusulas sociais nos acordos de integração.

b) o recurso abusivo a medidas anti-dumping e à concessão de subsídios à produção e à exportação.

c) a adoção de quotas e outras restrições de natureza quantitativa.

d) arranjos preferenciais bilaterais e acordos regionais de integração.

e) direitos compensatórios e regras sobre direitos de propriedade intelectual.

Resp.: Letra B.

Esta questão tem uma pegadinha.

Vamos interpretar a pergunta: “após mais de cinco décadas do GATT, ou seja, após 1997, o protecionismo subsiste e apresenta-se sob novas roupagens”.

Esta questão é por eliminação.

Letra A: Restrição ao investimento é coisa nova, ou seja, a partir de 1997? Não, já que existe um acordo (TRIMS) negociado e firmado no final da Rodada Uruguai que ocorreu entre 1986 e 1994.

Letra C: Adoção de quotas é coisa nova? Não. O artigo XI do GATT de 1947 já atacava as quotas porque na década de 1930 elas já existiam.

Letra D: Arranjos preferenciais: Isto é forma de protecionismo? Lógico que não. Isto é liberalização do comércio.

Letra E: Direitos compensatórios são coisas novas? Não, já eram previstos no artigo XVI do GATT de 1947.

Letra B: Recurso a medidas antidumping é coisa nova? Não, mas o recurso “abusivo” é. E a concessão “abusiva” de subsídios também.

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SEGURO

Seguro é conceituado como sendo um contrato, onde uma das partes (o Segurador) se obriga para com a outra (o Segurado), mediante o recebimento de uma importância estipulada (o Prêmio), a indenizá-la de um prejuízo (o Sinistro), resultante de um evento futuro, possível e incerto (o Risco), indicado no Contrato.

Portanto, temos no conceito do contrato os intervenientes e os elementos do contrato:

Os intervenientes no contrato de seguro são:

1) Segurador – É a empresa legalmente constituída para assumir e gerir riscos. É, portanto, a pessoa jurídica que assume a responsabilidade de determinados riscos, devidamente especificados no contrato de seguro. É ele quem paga a indenização ao segurado ou aos seus beneficiários, no caso da ocorrência do sinistro.

2) Segurado – É o dono do bem, podendo ser uma pessoa física ou jurídica.

3) Estipulante – É a pessoa física ou jurídica que contrata um seguro a favor do segurado.

4) Beneficiário – É aquele que será indenizado num eventual sinistro com o bem segurado.

O exemplo que sempre dou em aula é: João, pai de Antônio e avô de Pedro, contrata um seguro de vida para Antônio, cujo beneficiário é Pedro.

Neste exemplo, João é estipulante (celebrou o contrato), Antônio é o segurado (a vida é dele) e Pedro é o beneficiário (ele receberá a indenização em caso de sinistro).

Os elementos do contrato de seguro são:

1) Prêmio - É o valor pago pelo segurado à empresa seguradora, de modo a ter os seus bens protegidos.

2) Sinistro - É a concretização de um risco previsto que causa dano ou perda aos bens segurados por qualquer motivo, atingindo-os parcial ou totalmente e trazendo prejuízos ao segurado, que deverá ser devidamente indenizado pela seguradora.

3) Risco - É algo a que o bem segurado está sujeito e que independe da vontade das partes envolvidas, podendo

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ocorrer a qualquer tempo e em qualquer lugar, sendo algo possível, porém futuro e incerto.

Somente deve ser segurado um bem cujo risco seja possível e sempre futuro, não podendo o seguro cobrir algo que já passou do risco ao fato concreto, ou seja, um sinistro já ocorrido.

O risco é o objeto do seguro (“Sem risco não há seguro”).

4) Indenização - É o valor pago ao segurado, pela seguradora, em face de sinistro da mercadoria previamente segurada.

5) Franquia - É a parcela que deve ser suportada pelo segurado e que não é coberta pelo seguro. É uma forma de desestimular reembolsos de pequenas quantias, reduzindo os gastos das seguradoras e, portanto, reduzindo o valor dos prêmios para os próprios segurados.

São características do contrato de seguro:

1) Consensual – o contrato se torna perfeito e obrigatório no consenso (Observação: quando um tipo de contrato não é consensual, ele é classificado como “Real”)

2) Bilateral – gera direitos e obrigações para as duas partes (quando um tipo de contrato não é bilateral, ele é classificado como “unilateral”)

3) Aleatório – a prestação da seguradora somente ocorrerá se houver o sinistro, ou seja, a prestação não é certa. (quando um tipo de contrato não é aleatório, ele é classificado como “Comutativo”)

4) Oneroso – pois não é gratuito

5) Formal – a forma do contrato está prevista em lei

6) De adesão – De acordo com o Código de Defesa do Consumidor: “Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.” (Quando um tipo de contrato não é por adesão, ele é classificado como “por colaboração”)

7) Típico – Previsto em lei

8) De boa-fé – a seguradora confia nas informações do segurado. No entanto, se a seguradora descobre que o segurado mentiu ou omitiu algo, ela pode se eximir do pagamento da indenização.

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São dois os instrumentos do seguro:

- Proposta, a qual representa a vontade do segurado;

- Apólice, a qual representa a concretização do contrato de seguro e é emitida pelo segurador.

O que acontece quando, após a seguradora ter indenizado o segurado em virtude de um sinistro, o bem segurado for recuperado? Por exemplo, quando uma seguradora paga a indenização ao importador por causa de extravio da mercadoria?

A resposta se baseia no direito de sub-rogação. O que é isso?

Depois que a seguradora indeniza o segurado, assume a mercadoria como sua (se sub-roga nos direitos do importador) e “corre atrás” daquele que foi responsável pelo extravio.

Sub-rogação é, portanto, o direito de o segurador tomar posse das mercadorias indenizadas e de recorrer contra o responsável pelo sinistro.

É necessário que ocorra primeiro a indenização para que o segurador possa ter o direito de sub-rogação.

Formas Especiais de Seguro

Das três formas especiais de seguro, o edital só pede o resseguro, mas para entendê-lo melhor é importante conhecer as outras duas. Vejamos então as três formas especiais:

1) Cosseguro,

2) Resseguro e

3) Retrocessão

1) Cosseguro

É a operação onde há mais de uma seguradora responsável pela cobertura de um mesmo contrato de seguro. Cada cosseguradora tem a responsabilidade por um percentual da indenização na mesma proporção do rateio do prêmio recebido (valor pago pelo segurado).

2) Resseguro

O resseguro é o seguro do seguro.

Pode ocorrer de uma empresa seguradora ficar em “maus lençóis” depois de celebrar um contrato. Depois de celebrar o contrato, ela percebeu que não tem capacidade para indenizar caso ocorra um sinistro.

Por questão de segurança para todo o mercado segurador nacional, a seguradora é obrigada a repassar o excesso de sua capacidade de

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indenizar. Este repasse pode ser para outra seguradora, celebrando-se o cosseguro.

No entanto, caso nenhuma outra seguradora aceite receber parcela de responsabilidade, a seguradora que está em “maus lençóis” deve fazer o resseguro. No Brasil, a celebração de resseguro é monopólio do IRB-Brasil Resseguros.

O IRB-Brasil Resseguros existe como um grande “colchão” para manter a estabilidade no mercado segurador nacional. O IRB faz isso para evitar que uma empresa seguradora quebre, pois isto poderia gerar desconfiança no mercado, desestimulando as pessoas a fazerem novos seguros. Como o setor de seguros é importantíssimo em qualquer economia, o IRB promove a estabilidade.

3) Retrocessão

A retrocessão é o seguro do resseguro. Se a própria resseguradora se vê em “maus lençóis”, ela pode repassar o excesso de sua capacidade de indenizar. Isto é a retrocessão.

Pela legislação nacional, define-se que todas as companhias de seguros que operam no Brasil são retrocessionárias obrigatórias.

Modalidades de Seguro Internacional pedidas no edital: Seguro de transporte da carga e Seguro de Crédito à Exportação.

1) O Seguro de Transporte da Carga é para cobrir a viagem internacional e, por norma brasileira, somente pode ser contratado com empresa seguradora nacional. Há uma exceção a esta regra: se as empresas nacionais não tiverem capacidade ou se não quiserem assumir o risco, então o cliente pode contratar o seguro no exterior, mas desde que seja previamente autorizado pelo IRB-Brasil Resseguros.

Quem contrata este seguro?

Depende do INCOTERM (vocês viram os INCOTERMS com o Missagia). Tem que ver de quem é a mercadoria durante a viagem.

Nos termos E e F, a mercadoria é do comprador. Logo, ele, SE QUISER, contrata o seguro.

Nos termos D, a mercadoria é do vendedor. Logo, ele, SE QUISER, contrata o seguro.

Nos termos do grupo C, a mercadoria é considerada entregue no país de origem. Mas temos uma particularidade: os termos CIP e CIF exigem a contratação por parte do vendedor, indicando o importador como beneficiário. Ou

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seja, no CIP e no CIF, o vendedor contrata, mas quem receberá a indenização, em caso de sinistro, será o comprador.

Já nos termos CPT e CFR, como a mercadoria já é do comprador durante a viagem, ele, comprador, SE QUISER, contrata o seguro.

Há causas de não-indenização no caso de ocorrência de sinistros como, por exemplo, culpa do segurado no sinistro, vício próprio da mercadoria ou defeito na mesma ou em sua embalagem e inadequação do veículo transportador para o transporte da carga.

2) O Seguro de Crédito à Exportação é uma modalidade de seguro baseada num crédito dado pelo exportador brasileiro a um importador estrangeiro.

Por exemplo, o exportador deu um prazo de 90 dias para o comprador estrangeiro pagar.

Pode ocorrer de este crédito não ser honrado. Por causa deste risco, o Governo brasileiro criou a modalidade de seguro de crédito à exportação. Assim, o exportador não tem tanto medo de exportar. Por isso, esta modalidade de seguro é inclusive tratada como um “incentivo às exportações”.

Por que o importador não pagou?

Existem três possíveis situações:

1) Porque é um caloteiro safado ou foi à falência, por exemplo;

2) Porque o Governo do país dele não deixou que pagasse; OU

3) Por motivos extraordinários, ou seja, porque houve, por exemplo, um furacão, um terremoto, uma guerra ou uma erupção vulcânica, inviabilizando o pagamento.

No primeiro caso, diz-se que houve a concretização de um risco COMERCIAL.

No segundo, risco POLÍTICO.

No terceiro, risco EXTRAORDINÁRIO.

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Veja os dois primeiros artigos do Decreto 3.937, de 2001, o qual dispõe sobre o SCE:

“Art. 1o - O Seguro de Crédito à Exportação – SCE tem por objetivo segurar as exportações brasileiras de bens e serviços contra os riscos comerciais, políticos e extraordinários que possam afetar as transações econômicas e financeiras vinculadas a operações de crédito à exportação.

Art. 2o – Consideram-se riscos comerciais as situações de insolvência do devedor, caracterizando-se esta quando:

I – ocorrer mora pura e simples do devedor por prazo igual ou superior a 180 (cento e oitenta) dias do vencimento da data da primeira parcela não-paga, desde que não provocada pelos fatos enumerados nos incisos I a VI do art. 3o;

II – executado o devedor, seus bens revelarem-se insuficientes ou insuscetíveis de arresto, seqüestro ou penhora;

III – decretada a falência ou a concordata do devedor ou outro ato administrativo ou judicial de efeito equivalente;

IV – celebrado acordo do devedor com o segurado, com anuência da seguradora, para pagamento com redução do débito.

Art. 3o – Consideram-se riscos políticos e extraordinários a ocorrência, isolada ou cumulativamente, das seguintes situações:

I – mora pura e simples do devedor público por prazo igual ou superior a 180 (cento e oitenta) dias do vencimento da primeira parcela não-paga;

II – rescisão arbitrária, pelo devedor público, do contrato garantido;

III – moratória geral decretada pelas autoridades do país do devedor ou de outro país por intermédio do qual o pagamento deva ser efetuado;

IV – qualquer outro ato ou decisão das autoridades de um outro país que impeça a execução do contrato garantido;

V – por decisão do Governo Brasileiro, de governos estrangeiros ou de organismos internacionais, posterior aos contratos firmados, resulte a impossibilidade de se realizar o pagamento pelo devedor;

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VI – superveniência, fora do Brasil, de guerra, revolução ou motim, de catástrofes naturais, tais como ciclones, inundações, terremotos, erupções vulcânicas e maremotos, que impeçam a execução do contrato garantido.”

Nos riscos comerciais, o problema se deu com o importador.

Note que o inciso VI do artigo 3o trata dos riscos extraordinários. Os demais incisos do artigo 3o tratam dos riscos políticos.

(ACE/97) Sob a regra do INCOTERM CFR-Exportação (Custo e Frete), a obrigação de contratar seguro marítimo recai sobre:

a) o vendedor

b) o importador

c) o transportador

d) a agência de financiamento à exportação

e) o órgão de comercio exterior do país de origem da mercadoria

Resp.: Letra B.

(Para resolver esta questão, tem que estar conhecendo os INCOTERMS.)

No CFR, durante a viagem, a mercadoria já é do comprador. Logo, cabe a ele contratar o seguro, SE QUISER. Não há obrigação. Portanto, a questão não está perfeita já que o enunciado fala de “obrigação”.

(ACE/97) O seguro de crédito a exportação tem a finalidade de

a) assegurar a liquidação de obrigações financeiras contraídas junto ao sistema financeiro nacional, destinadas ao financiamento das exportações

b) garantir ao exportador a indenização por perdas ocasionadas pelo não recebimento de crédito concedido a seus clientes no exterior

c) ressarcir o importador de mercadorias brasileiras de eventuais danos ocorridos no embarque, transporte e despacho no exterior

d) desonerar o exportador dos riscos de transporte das mercadorias embarcadas no Brasil

e) cobrir os riscos nos casos de rescisão de contratos de fabricação e de exportação em consignação

Resp.: Letra B. Resposta direta.

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(AFTN/98) A responsabilidade pela contratação do seguro para cobertura de riscos na movimentação de bens é do

a) exportador, em operações sob a modalidade CIF (Cost, Insurance and Freight).

b) exportador, nas operações FOB (Free on Board).

c) exportador, nas operações CFR (Cost and Freight).

d) importador, nas operações FOB (Free on Board).

e) exportador, nas operações EXW (Ex-Work).

Resp.: Esta questão foi anulada pela ESAF, mas eu não concordo com a anulação.

Antes de anularem, haviam dado a letra A como resposta. O que está correto.

Depois anularam porque viram que, na operação FOB, quem contrata o seguro é o importador. Mas se esqueceram de um detalhe importantíssimo: o seguro é facultativo. Portanto, não há “responsabilidade” no sentido de “obrigatoriamente contratar”.

Quando eles têm que anular, não o fazem.

Quando não precisam, aí anulam.

(AFTN/98) O seguro de crédito à exportação é instrumento de política comercial que visa:

a) garantir ao exportador o ressarcimento de valores referentes a operações comerciais não concretizadas por circunstâncias políticas

b) garantir o exportador contra o risco de não pagamento pelo importador ou a não transferência de divisas

c) conceder créditos para o importador, garantindo ao exportador a realização da venda

d) indenizar o exportador por destruição ou avaria da mercadoria durante o embarque, quando não relacionada a acontecimentos catastróficos e a acontecimentos políticos

e) garantir ao importador a cobertura contra avaria e danos que a mercadoria possa sofrer após embarcada

Resp.: Letra B. Resposta direta.

A letra A está errada porque a operação comercial foi concretizada. A venda ocorreu! O que não é concretizado para a cobertura do SCE é o pagamento pelo importador.

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(ACE/2002) Os riscos cobertos pelo seguro de crédito às exportações incluem:

a) circunstâncias imprevisíveis, como desastres naturais.

b) acidentes e danos sofridos durante o transporte da mercadoria.

c) danos sofridos durante permanência e manipulação em recinto alfandegário.

d) situações que comprometem a capacidade de pagamento do importador, como falência, mora, revoluções e guerras.

e) atrasos decorrentes de dificuldades no processamento das operações de pagamento.

Resp.: Letra D.

A letra A está errada porque o SCE não cobre desastres naturais, mas o “não-recebimento por desastres naturais”. Ok?

(AFRF/2005) 48- Atribua a letra (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas. Em seguida, marque a opção que contenha a seqüência correta. ( ) Para fins de concessão de benefício tributário, a origem de um produto nem sempre coincide com a sua procedência. ( ) O “Formulário A”, documento expedido pela Secretaria de Comércio Exterior (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), é o instrumento que atesta a origem do produto para fins de concessão de tratamento tributário diferenciado no âmbito do Sistema Geral de Preferências. ( ) O Acordo sobre Regras de Origem da OMC define, para cada Capítulo do Sistema Harmonizado, o critério utilizado para se conferir origem aos produtos do Capítulo. ( ) Entre os critérios possíveis para se conferir origem estão, por exemplo, o salto na classificação tarifária e a agregação de valor. ( ) Segundo o Acordo sobre Regras de Origem da OMC, as regras de origem não-preferenciais devem ser definidas de maneira positiva (ou seja, devem indicar o que confere origem, e não o que não confere origem). Normas negativas, contudo, podem ser empregadas para esclarecer uma norma positiva. ( ) O Certificado de Origem Mercosul apresentado será desqualificado pela autoridade aduaneira, para fins de reconhecimento do tratamento preferencial, quando ficar comprovado que não acoberta a mercadoria submetida a despacho, por ser originária de terceiro país ou não corresponder à mercadoria identificada na verificação física, conforme os elementos materiais juntados. Assinale a seqüência correta. a) V V F F V F b) F V V F V F

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c) F F V F F V d) V F V V V V e) V F F V V V Solução: 1 – Verdadeiro. País de origem é o país que produziu a mercadoria ou que promoveu uma transformação substancial. País de procedência é o país de onde vem a mercadoria. Pode ter sido produzida em um país, mas ter sido vendida para outro, do qual agora nós compramos. O país de origem será um; o de procedência, outro. Estes conceitos são explicitados no artigo 425 do Decreto 4.543/2002, que é o Regulamento Aduaneiro. 2 – Falso. Conforme dispõe o artigo 51 da Portaria SECEX 15, de 2004, a emissão do Formulário A é competência do Banco do Brasil e não da SECEX. Isto caiu na prova de AFRF 2003. Vocês viram o SGP com o Missagia. 3 – Falso. O Acordo sobre Regras de Origem apenas dá as diretrizes para os diversos países/blocos criarem suas próprias regras de origem. Ele não cria as regras de origem, mas direciona os países/blocos para o fazerem. É um acordo internacional, administrado pela OMC, cujo objetivo é definir regras claras para harmonizar as regras de origem usadas pelos vários países. Os países/blocos comerciais devem, ao manterem seus regimes de origem, se basear nos padrões definidos neste acordo internacional. 4 – Verdadeiro. O critério do salto tarifário no Mercosul, por exemplo, é previsto como mudando-se a posição da mercadoria no SH. E a agregação de valor se refere ao percentual mínimo que um país deve agregar à mercadoria para ser considerada originária dele e obter, por exemplo, o benefício da não-tributação (No Mercosul, o percentual básico é de 60% e na ALADI, 50%). 5 – Verdadeiro. Está escrito no Acordo Sobre Regras de Origem: “(g) as regras de origem deverão basear-se numa regra positiva. As regras negativas poderão ser usadas para fins de esclarecer uma regra positiva.” Isto inclui tanto as regras preferenciais como as não-preferenciais. 6 – Verdadeiro. Caso um certificado de origem de uma mercadoria seja fraudulento, ou seja, defina um país como originário daquele mercadoria, quando na verdade não o é, o certificado poderá ser rejeitado.

Gabarito: Letra E.

Chegamos ao fim, mas continuo à disposição de vocês no fórum para tirar dúvidas.

Bons estudos e um grande abraço a todos.

Rodrigo Luz