colheita do sorgogranifero -...

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, , Sorgo Colheita do sorgogranifero Evandro Chartuni Mantovani 11 1llltônio Marcos Coelho 2~ -', Luiz Antônio Bastos Andrade li Edwin Orville Finch il A colheita, do sorgo granifero pode ser realizada manual ou mecanicamente, e a adoção de um destes métodos vai depender da área cultivada,' da mão- de-obra disponivel e dos custos de operação. COLHEITA MANUAL Quando feita manualmente pode- se colher a planta inteira, esperando-se a secagem da planta colhida para se pro- ceder à batedura, ou então colhe-se so- mente a panícula, processo mais usual, utilizando-se o facão ou outros instru- mentos equivalentes. Neste caso, as panículas cortadas são colocadas em local limpo na própria área de colhei- ta ou então são atiradas diretamente à carreta transportadora, sendo então levadas li terreiros, para a secagem. Pos- teriormente processa-se a bate dura da panícula, podendo ser feita manual ou mecanicamente. No processo manual elas são batidas numa tábua ou toco, semelhante ao processo de batedura de arroz, para que os grãos sejam soltos. Os grãos ficam então expostos ao sol por mais algum tempo, no terreiro, a fim de que a secagem se complete e possam ser ensacados e armazenados. .No processo mecânico são utilizados diversos tipos de trilhadeiras que fazem a batedura, abanação e, em algumas, o próprio ensaque dós grãos. COLHEITA MECÃNICA Geralmente, o agricultor só sepreo- cupa com a colheita do sorgo quando a cultura já está no final do ciclo. É bom lembrar, entretanto, que o pro- cesso de colheita se inicia no momento em que está sendo feito o planejamento para a instalação da cultu ra no campo. É, portanto, uma das fases mais comple- xas do processo de produção e seu su- cesso depende de um bom planeja- mento. A colheita mecânica do sorgo nor- malmente processa-se de três modos distintos: - somente colheita de sorgo; -- colheita de soja ou arroz e de- pois sorgo; - colheita de sorgo, soja, arroz e, no inverno, trigo. No primeiro caso, o manejo da cul- tura toma-se mais fácil, uma vez que as' máquinas de colheita serão utilizadas somente para o sorgo. Um fator impor- tante é planejar o sistema, observando os seguintes itens: 'teor de umidade do grão, quantidade a colher, escoamento de safra do campo, limpeza, secagem e armazenamento. Experiências passadas mostram que a secagem natural, no pé, até que os grãos atinjam baixos teores de umidade, não tem sido uma boa prática. A infestação de plantas dani- n~as aumenta muito, influindo no rendimento da colheitadeira, que ne- cessita sofrer~ ..paradas constantes para se proceder ao desembuchamento, além de haver acúrnulo de impurezas no sorgo, sobrecarregando o mecanismo de limpeza da máquina. E, dependendo da área a ser colhida, o número de co- lheitadeiras tem que ser aumentado para se poder colher o sorgo no espa- ço de tempo disponível pelo produtor. No segundo caso, a mesma máquina vai ser utilizada para colheita de mais de um produto, como é o caso da soja, e/ou do arroz. Nesse caso, o sorgo é colhido após as outras culturas e, por isso, numa faixa de umidade bem baixa. Nestas condições, a secagem' artificial fica' praticamente excluída do sistema, e o escoamento de safra do campo, lim- peza e armazenamento são os fatores !I EngC!Agr<?,Ph.D. - Pesq./CNPMS/EMBRAPA - Caixa Postal 151 - 35.700 Sete Lagoas-MG. ?J EngC!AgI'? - Pesq./EPAMIG/CRSM - Caixa Postal 176 - 37.200 Lavras-MG. 'ij EngC!Agr<?,M.Sc. - Prof./DeptC! Fitotecnia/ESAL - Caixa Postal 176 - 37.200 Lavras-MG. ~I Eng9 Agrícola, M.Sc. - Ford do Brasil/CNPMS - Caixa Postal, 151 - 35.700 Sete Lagoas-MG. Inf. Agropec., Belo Horizonte, g (144) dezembro de 1986 COE, A.M. 1986 mais importantes a serem o servauos no planejamento; do contrário, todo o sistema perde em eficiência, porque o processo é interrompido em uma dessas fases. Finalmente, o terceiro sistema apre- senta um cronograma de atividades b3.S- tante apertado, obrigando o produtor a um esforço muito grande para poder dar conta de duas safras num mesmo ano. Neste caso, o produtor terá que redobrar seus cuidados com o planeja- mento do sistema, porque a colheita é uma das fases de maior importância, acompanhada do escoamento de safra do campo, recepção, limpeza, secagem e armazenamento. A cornercializacão pode afetar o sistema, se não fore~ ii- berados silos e/ou armazéns para as ou- tras safras que virão. Planejamento da Colheita A colheita pode ser planejada a partir da colheitadeira de que o pro- dutor dispõe ou, em caso inverso, a partir da: área plantada. Em ambos os casos, é necessário calcular a capacidade de colheita da máquina. De acordo com Hunt (1977), a ca- pacidade efetiva de uma máquina, em ha/h, não é um indicador adequado para mostrar a eficiência das colheitadeiras. Diferenças em produtividade e condi- ções de uma cultura podem mostrar uma colheitadeira com baixo rendimen- to em lia/h, mas com um alto rendi- mento de massa colhida (kg/h), quando comparado com uma máquina seme- lhante em um campo com condições diferentes. Então, para mostrar a efi- ciência real de colheita, é sempre bom determinar a área colhida por intervalo de tempo e a quantidade de grão colhi- da naquele tempo. Para um sistema de produção em que o produtor vai começar a colher com um teor de umidade mais alto - em tomo de 25% - o planejamento deve levar em conta os seguintes itens: - Área plantada; - número de dias para colheita; - número de colheitadeíras; S9

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Sorgo

Colheita do sorgograniferoEvandro Chartuni Mantovani 11

1llltônio Marcos Coelho 2~ -',Luiz Antônio Bastos Andrade li

Edwin Orville Finch il

A colheita, do sorgo granifero podeser realizada manual ou mecanicamente,e a adoção de um destes métodos vaidepender da área cultivada,' da mão-de-obra disponivel e dos custos deoperação.

COLHEITA MANUAL

Quando feita manualmente pode-se colher a planta inteira, esperando-sea secagem da planta colhida para se pro-ceder à batedura, ou então colhe-se so-mente a panícula, processo mais usual,utilizando-se o facão ou outros instru-mentos equivalentes. Neste caso, aspanículas cortadas são colocadas emlocal limpo na própria área de colhei-ta ou então são atiradas diretamente àcarreta transportadora, sendo entãolevadas li terreiros, para a secagem. Pos-teriormente processa-se a bate dura dapanícula, podendo ser feita manual oumecanicamente. No processo manualelas são batidas numa tábua ou toco,semelhante ao processo de batedura dearroz, para que os grãos sejam soltos.Os grãos ficam então expostos ao solpor mais algum tempo, no terreiro, afim de que a secagem se complete epossam ser ensacados e armazenados..No processo mecânico são utilizadosdiversos tipos de trilhadeiras que fazema batedura, abanação e, em algumas, opróprio ensaque dós grãos.

COLHEITA MECÃNICA

Geralmente, o agricultor só sepreo-cupa com a colheita do sorgo quandoa cultura já está no final do ciclo. Ébom lembrar, entretanto, que o pro-

cesso de colheita se inicia no momentoem que está sendo feito o planejamentopara a instalação da cultu ra no campo.É, portanto, uma das fases mais comple-xas do processo de produção e seu su-cesso depende de um bom planeja-mento.

A colheita mecânica do sorgo nor-malmente processa-se de três modosdistintos:

- somente colheita de sorgo;-- colheita de soja ou arroz e de-

pois sorgo;- colheita de sorgo, soja, arroz e,

no inverno, trigo.No primeiro caso, o manejo da cul-

tura toma-se mais fácil, uma vez que as'máquinas de colheita serão utilizadassomente para o sorgo. Um fator impor-tante é planejar o sistema, observandoos seguintes itens: 'teor de umidade dogrão, quantidade a colher, escoamentode safra do campo, limpeza, secagem earmazenamento. Experiências passadasmostram que a secagem natural, no pé,até que os grãos atinjam baixos teoresde umidade, não tem sido uma boaprática. A infestação de plantas dani-n~as aumenta muito, influindo norendimento da colheitadeira, que ne-cessi ta sofrer~ ..paradas constantes parase proceder ao desembuchamento, alémde haver acúrnulo de impurezas nosorgo, sobrecarregando o mecanismo delimpeza da máquina. E, dependendoda área a ser colhida, o número de co-lheitadeiras tem que ser aumentadopara se poder colher o sorgo no espa-ço de tempo disponível pelo produtor.

No segundo caso, a mesma máquinavai ser utilizada para colheita de maisde um produto, como é o caso da soja,e/ou do arroz. Nesse caso, o sorgo écolhido após as outras culturas e, porisso, numa faixa de umidade bem baixa.Nestas condições, a secagem' artificialfica' praticamente excluída do sistema,e o escoamento de safra do campo, lim-peza e armazenamento são os fatores

!I EngC!Agr<?,Ph.D. - Pesq./CNPMS/EMBRAPA - Caixa Postal 151 - 35.700 Sete Lagoas-MG.?J EngC!AgI'? - Pesq./EPAMIG/CRSM - Caixa Postal 176 - 37.200 Lavras-MG.'ij EngC!Agr<?,M.Sc. - Prof./DeptC! Fitotecnia/ESAL - Caixa Postal 176 - 37.200 Lavras-MG.~I Eng9 Agrícola, M.Sc. - Ford do Brasil/CNPMS - Caixa Postal, 151 - 35.700 Sete Lagoas-MG.

Inf. Agropec., Belo Horizonte, g (144) dezembro de 1986

COE, A.M.1986

mais importantes a serem o servauosno planejamento; do contrário, todo osistema perde em eficiência, porque oprocesso é interrompido em uma dessasfases.

Finalmente, o terceiro sistema apre-senta um cronograma de atividades b3.S-

tante apertado, obrigando o produtora um esforço muito grande para poderdar conta de duas safras num mesmoano. Neste caso, o produtor terá queredobrar seus cuidados com o planeja-mento do sistema, porque a colheita éuma das fases de maior importância,acompanhada do escoamento de safrado campo, recepção, limpeza, secageme armazenamento. A cornercializacãopode afetar o sistema, se não fore~ ii-berados silos e/ou armazéns para as ou-tras safras que virão.

Planejamento da ColheitaA colheita pode ser planejada a

partir da colheitadeira de que o pro-dutor dispõe ou, em caso inverso, apartir da: área plantada. Em ambos oscasos, é necessário calcular a capacidadede colheita da máquina.

De acordo com Hunt (1977), a ca-pacidade efetiva de uma máquina, emha/h, não é um indicador adequado paramostrar a eficiência das colheitadeiras.Diferenças em produtividade e condi-ções de uma cultura podem mostraruma colheitadeira com baixo rendimen-to em lia/h, mas com um alto rendi-mento de massa colhida (kg/h), quandocomparado com uma máquina seme-lhante em um campo com condiçõesdiferentes. Então, para mostrar a efi-ciência real de colheita, é sempre bomdeterminar a área colhida por intervalode tempo e a quantidade de grão colhi-da naquele tempo.

Para um sistema de produção emque o produtor vai começar a colhercom um teor de umidade mais alto -em tomo de 25% - o planejamento develevar em conta os seguintes itens:

- Área plantada;- número de dias para colheita;- número de colheitadeíras;

S9

Sorgo

distância entre o campo e o se-cador;

número de carretas granelei-ras;

mínimo de horas de colheita/dia;

tamanho do secador;tamanho do silo armazenador.

Os dados necessários ao planeja-mento deste sistema são obtidos em ta-belas e através de cálculos que se ba-seiam nas informações de campo, ondeserá instalada a cultura, e em dadostécnicos dos equipamentos disponíveis.Todo esse planejamento pode ser ori-entado por um técnico especialista doServiço de Ex tensão Rural.

Para melhor eficiência durante aco1heita mecânica do sorgo, a divisãodos campos deve ser feita de modo afacilitar a movimentação da colheita-deira e o transporte dos grãos colhidos.Deve-se executar um bom preparo do< - " a fim de que a máquina possa de-se-ovolver uma velocidade o mais cons-tante possível em tomo da velocidadeprogramada para a colheita.

Momento de ColheitaO grão deve estar fisiologicamente

maduro quando as sementes .mais ver-des têm em tomo de 35% de umidade.A translocação da matéria em direçãoao grão e seu aumento de peso secocessam nesta etapa.

Os dados de teor de umidade dosgrãos, em relação ao número de diasapós ~ maturação fisiológica, (Fig. 1),são variáveis de acordo com os dadosclimáticos da região e do ano; portan-to, há necessidade de observação e adap-tação. - A partir da maturação fisiológi-,. é muito importante que a colheita-

~eiIa já tenha passado por todos oscuidados de manutenção e reparos, dei-xando para o início da operação apenasa colocação do cilindro de barra, apro-priado para colheita de sorgo, e as regu-lagens finais de campo, como distânciaentre o cilindro e o côncavo, rotaçãodo cilíndrico, ajustes da peneira inferiore superior, rotação do ventilador.

O grão de sorgo pode ser colhidos.atisfatoriamente, do ponto de vista me-cânico, quando sua umidade estiver en-tre 20% e 25%. Entretanto, não haven-do motivos para se colher cedo, pode-

60

se aguardar que esta umidade caia para19% ou menos. Não havendo secagemartificial, em secadores mecânicos outerreiros, deve-se aguardar a reduçãoda umidade para menos de 16%, ressal-tando-se que o mesmo deve ser arma-zenado com um teor de umidade emtomo de 13%.

Um meio prático de se determinaro momento da colheita consiste em sefazer uma amostragem das plantas numalavoura, quando o grão está maduro ecom a cor característica da variedade,tomando as amostras sempre na parteinferior da panícula, pois esta é a partemais len ta para secar. Esfregando-seas amostras entre as mãos e se a de-grana é fácil, o sorgo já pode ser colhi-do. Outra maneira seria testar a resis-tência do' grão à pressão da unha ou dodente. Em ambos os casos, porém, háde se ressaltar que o grão pode aindaapresentar um teor de umidade quecause perdas na armazenagem. Poristo, o grão colhido deve ainda passarpor um período de seca.

É preferível antecipar a colheita,enquanto a umidade está ainda umpouco acima do padrão (13%), por-que hoje já se reconhece que o atrasodesnecessário na colheita dos grãos,com fatores climáticos desfavoráveis,contribui consideravelmente para a

sua deterioração. De fato, o atraso nacolheita após a maturação é a mesmacoisa que armazenar grãos no campo,sob condições, em alguns casos, ampla-mente desfavoráveis, pois os grãos ma-duros já se desligaram fisiologicamenteda planta-mãe; a relação entre ambasé apenas um elo mecânico. A Figura 2mostra um exemplo das perdas e do ín-dice de danos numa variedade de sorgocolhida num ano em que as condiçõesclimáticas foram desfavoráveis.

Ficando os grãos expostos por mui-to tempo no campo, podem ocorrer,dentre outros problemas, maior ataquede carunchos e germinação dos grãosna panícula, quando ocorrem chuvas,maiores perdas por ocasião da colheitamecanizada, maior ataque de pássarosetc. Por outro lado, não se deve colhermuito cedo, com grãos apresentandoalto teor de umidade, a não ser quese tenha facilidade para secagem adequa-da. Há de se ressaltar que os grãos co-·lhidos muito cedo e secados rapidamen-te podem apresentar o fenômeno dedormência, o que é prejudicial no casode u tilizá-Ios para o plan tio.

Regulagem da ColheitadeiraA colheita é processada mecanica-

mente através de combinadas, colheita-deiras au tomo trizes ou tracionadas, que

• o CM5-30 1 - 1977

v IV CMS-309 - 1978

o • AG-1002 - 1977

"40

.o 4 BR-301 - 1985;ft..,"O 30"~E"" 20

"OM

o.,f-

IO

20 50 60Dias após m aturaçâo fisiológica

10 30 40

Fig.l - Teores de umidade dos grãos de algumas cultivares de sorgo granífero emrelação ao número de dias após a maturação fisiológica. CNPMS. Sete Lagoas-MG.

Fonte: Mantovani (1986).

Inf. Agropec., Belo Horize~t.e, .!l (144) dezembro de 1986

Trilhagem, separação elimpeza.

(g/52.5 ml)

r O-L--~--L--~GRAMAS 400 rpm 550 rpm 710 rpm 900 rpm

Rotação do cilindro -

Sorgo

em que os grãos não são levados parafora, o que proporcionaria perdas des-necessárias.

b) Velocidade do Cilindro de Tri-lhagem

É muito importante ter a veloci-dade regulada para obter uma boa tri-lhagem sem alto índice de perdas esem danos significan teso Estes danos,desde quebra de grãos até cortes, racha-duras e danos menos visíveis, são cau-sados por impactos, abrasões, cortese pressões a que são submetidos os grãosdurante a colheita, principalmente du-rante a trilhagem. Se a umidade dosgrãos for superior a 17%, deve-se operarcom uma rotação de 700 rpm a 800rpm. Umidade abaixo desta, opera-secom uma rotação de 550 rpm a 650rpm (Fig. 3).' A rotação mais adequadapara a trilhagem do sorgo depende davariedade, umidade dos grãos, hora nodia da colheita, fatores climáticos e fa-tores culturais. Verificar sempre a ope-ração em termos de perda da colheita-deira e danos de grãos no seu depósito.

Perdas acima dos limites mostrados na

~-----------------------}O190.+--'1---------------------26ISO170160ISO 181404-l\---\-,:=--L--,.._==-""-~---- 16130 14120-I--\---.-r'--------------- 1~110 <, fn.ltn' Jl" Janl'" l"midao.k '1

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A.t\'aI5!.~ rn11

1-2 9 11 I S .24 março 6 1 ~ 1'1 ahlll

Fig. 2 - Relação de umidade,danos e perdas na trilhagem em relação

à data de colheita.Fonte: Finch & Chowdhury (1977).

realizam as operações de corte, trilha-gem, separação da palha, abanação emesmo o ensacamento ou despejo emcarretas. São as mesmas utilizadas paraa soja, o trigo e o arroz, propiciandoassim uma melhor utilização da máqui-na, de alto investimento inicial.

Para que a colheitadeira seja utili-zada racionalmente, o terreno deveapresentar topografia uniforme, nãomais de 15% de declividade, e a culturadeve estar livre de matos, com rnatura-ção uniforme, e o plantio deve ter sidofeito em grandes áreas. Assim, com oseu uso, podem-se colher até quatro oucinco linhas numa Í1nica passada, dandoum alto rendimento, sendo necessário,no entanto, proceder-se à colheita coma máquina perfeitamente limpa, em per-

.feito funcionamento mecânico e muitobem regulada. Para tanto, torna-se ne-cessário consultar sempre o manual queacompanha cada máquina ou mesmo oagente vendedor, de maneira a seremobtidos os melhores rendimentos possí-veis. Mas, de uma maneira geral, reco-menda-se observar os seguintes pontos:

a) Abertura do VentiladorDevido ao grande volume de pro-

duto colhido de uma só vez, pode haverentrada de pedaços de talos e folhas quecausariam o aumento do teor de umida-de no grão. Deve-se abrir até o ponto

Inr. Agropec., Belo Horizonte, !1(144) dezembro de 1986

1000

1400 --+-----1

1200 --t-'t"------i

600 --1-- -+----i

500 --+-~---'l_1

400-+---~-+--=-~-T

Figura 4 não são aceitáveis em práticasnormais,

c) Distância Entre o Cilindro e oCôncavo

Dependendo da variedade, hora decolheita, umidade dos grãos, pequenosajustes podem ser feitos pelos contr~les ao alcance do operador. . Em sorgo,essa distância é geralmente -de 4 mm a12 rnm, dependendo do desenho doconjunto. Para estabelecer o pontoótimo, deve-se partir das recomenda-ções gerais do fabricante (para trigo,se não houver recomendações para sor-go) e fazer pequenos reajustes até obterperdas e danos que se encontrem den-tro da faixa satisfatória.

d) Velocidade de Deslocamento daColheitadeira

Uma das principais causas de perdasde trilhagem, separação e limpeza degrãos numa colheítadeira é o excesso develocidade no campo em relação à capa-cidade da colheitadeira. Um fluxo ex-cessivo de matéria leva grãos junto comos resíduos, aumentando assim as per-das. A melhor medida que deve ser to-

X DeKALB E 57013% U.

~ NORTHRUP KING 23314% U.

O TAYLOREVANSI0lll%U.

Fig. 3 - Perda em três variedades em relação à rotação do cilindro.Fonte: Finch & Chowdhury (1977).

61

Sorgo

o Perdas na Trilhagem

~ Perdas na Plataforma

~ Perdas no Campo antes da Colheita

% PERDAS

12- ----------F·:'·.~··:;"l.·· -11- :;::,:.::.

10 -

9 -

8 -7 -6 -

5 -

4 -3 -

2 -

1 -

0-28·25% 22· 18?é menos de 18~<

% de Urn id ade do Grão

Fig.4 - Limites máximos deperdas de grãos na colheita de sorqo.

Fonte.' Finch & Chowdhury (1979).

mada é determinar, na prática, a veloci-dade ideal, de acordo com o desenvol-vimento da cultura no campo, incidên-cia de ervas daninhas, topografia etc.A velocidade, em condições normaisé de 3 krn/h a 4 krn/h.

e) Velocidade do Molinete

À parte inferior do molinete deverodar em sentido contrário ao movi-mento da máquina, com uma velocidadede 125% a 175% maior do que a veloci-dade de deslocamento da máquina. Isto

significa que o molinete tem uma ligeiratendência a puxar as panículas para den-tro da plataforma da colheitadeira.

f) Posição do Molinete

Geralmente as colheitadeiras sãoequipadas com molinetes ajustáveis em

termos de distância vertical e horizontalem relação à segadeira. O mais comumé deslocar o centro do molinete a umapequena distância horizontal em frenteda segadeira. Isto deve ser feito inicial-mente no campo, de acordo com asinstruções do fabricante ou a própriaexperiência do operador.

Há um comando ao alcance dooperador, geralmente um sistema hi-dráulico, que permite controlar a alturado molinete em relação à plataforma. Aaltura certa é aquela que permite astábuas ou garras do molinete segaremplantas pouco abaixo das panículas, evi-tando a tendência de enrolar ou seremjogadas para fora da plataforma (Fig. 5).

g) Altura da Plataforma

Geralmente o comando de ajusteda plataforma é suficiente para se adap-tar às nossas variedades e híbridos desorgo granífero. No caso de sorgo for-rageiro, a altura normal de corte dascolheitadeiras é insuficiente para exe-cutar a colheita do grão.

Considerando que o sorgo, na horada colheita, apresenta-se ainda em es-tado vegetativo, deve-se regular a altu-ra da plataforma no sentido de pegaro mínimo de massa verde, colhendoapenas as panículas de importância eco-nômica ..

REFERÊNCIAS

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Inf. Agropec., Belo Horizonte, 11 (144) 'dezembro de 1986

Se as panÍculas têm atendência de enrolar

Levantar o molinete atéa tábua pegar bem abai-xo das panículas

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Fig. 5 - Ajuste da altura do molinete.Fonte.' Coelhoetal (1979).